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Metodologia de leitura de texto | Uma jornada para Deus © Edelbra Editora | www.edelbra.com.br Uma jornada para Deus Autor: Louis Jensen Ilustrações: Otto Dickmeiss Tradução: Eloísa Lemos Fochi Gênero: narrativa Temas transversais: Ética — ética e moral, respeito mútuo, solidariedade, convivência Abordagem interdisciplinar: Língua Portuguesa e Literatura, Ciências Palavra-chave: solidariedade Apresente o livro como suporte do tex- to, mostre a capa e explore a ilustração, o título, fale sobre o autor e o ilustrador. Indique que é uma narrativa e incenti- ve-os a darem as suas primeiras impres- sões: “O que vocês imaginam que irão encontrar nesse livro? Como será a his- tória?”. Se for o caso, auxilie-os a desco- brirem o sentido de “jornada”. Mostre uma a uma as grandes ilustra- ções que ocupam as páginas ímpares. Em grande grupo, estimule-os a lê-las, chamando a atenção para os detalhes, os símbolos nelas presentes, como a cruz, a caveira, os raios de sol atraves- sando a nuvem, etc. Depois, sem compromisso ainda com o texto escrito, peça que, em pequenos grupos, imaginem a história. Nessa eta- pa, o objetivo é fazer com que os alunos comecem a interagir com a obra, para depois poderem confrontar suas previ- sões com o que encontrarão nela. Abra espaço para que exponham suas impressões e, depois, peça a leitura si- lenciosa do texto. Um garoto, uma folha de grama falante e um pássaro decidem fazer uma jornada em busca de Deus. Eles ganham a compa- nhia de um pato rabugento. No meio do percurso, deparam-se com um soldado, e algo muito bonito e estranho acontece. Louis Jensen, em seu estilo direto e sintético, oferece ao leitor um texto que, na contramão do pragmatismo e do fanatismo de tantas doutrinas religiosas atuais, valoriza o comportamento altruísta, a amizade, a generosidade e a brandura – virtudes ca- pazes de mostrar que um mundo melhor é possível se houver respeito mútuo, solidariedade e colaboração. A ilustração de Otto Dickmeiss acentua o simbolismo da narra- tiva e pode constituir, por si só, uma alternativa de atribuição de sentidos ao texto. Preparação para a leitura Compreensão global do texto Após leitura silenciosa, proponha uma conversa que retome a narrativa, a evo- lução da trama e algumas relações com o contexto do leitor. • Quem são os personagens da história? • Como eles se reúnem? • Quem é o narrador? • O que todos decidem fazer? • O que acontece à medida que avan- çam na sua jornada? • Tudo acontece sem sobressaltos? Por quê? • A narrativa pode ter alguma relação com o que acontece hoje? Por quê? • O que ela mostra a respeito da ação da folha de grama? E da reação do grupo? • O que ela mostra a respeito da ação do pato? E da reação do grupo? • O que ela mostra a respeito do solda- do? E da reação do grupo? • O que ela mostra a respeito da ação do pássaro tentilhão? E da reação do grupo? • O que ela mostra a respeito da ação do narrador? E da reação do grupo? Valorize cada resposta e organize-as de modo a destacar aspectos estruturais da narrativa: é dinâmica, apresenta perso- nagens que são diferentes, mas que se envolvem em uma busca comum (ir em direção a Deus), se respeitam e ajudam mutuamente.

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Metodologia de leitura de texto | Uma jornada para Deus

© Edelbra Editora | www.edelbra.com.br

Uma jornada para DeusAutor: Louis Jensen

Ilustrações: Otto Dickmeiss

Tradução: Eloísa Lemos Fochi

Gênero: narrativa

Temas transversais: Ética — ética e moral, respeito mútuo, solidariedade, convivência

Abordagem interdisciplinar: Língua Portuguesa e Literatura, Ciências

Palavra-chave: solidariedade

Apresente o livro como suporte do tex-to, mostre a capa e explore a ilustração, o título, fale sobre o autor e o ilustrador. Indique que é uma narrativa e incenti-ve-os a darem as suas primeiras impres-sões: “O que vocês imaginam que irão encontrar nesse livro? Como será a his-tória?”. Se for o caso, auxilie-os a desco-brirem o sentido de “jornada”.

Mostre uma a uma as grandes ilustra-ções que ocupam as páginas ímpares. Em grande grupo, estimule-os a lê-las, chamando a atenção para os detalhes, os símbolos nelas presentes, como a

cruz, a caveira, os raios de sol atraves-sando a nuvem, etc.

Depois, sem compromisso ainda com o texto escrito, peça que, em pequenos grupos, imaginem a história. Nessa eta-pa, o objetivo é fazer com que os alunos comecem a interagir com a obra, para depois poderem confrontar suas previ-sões com o que encontrarão nela.

Abra espaço para que exponham suas impressões e, depois, peça a leitura si-lenciosa do texto.

Um garoto, uma folha de grama falante e um pássaro decidem fazer uma jornada em busca de Deus. Eles ganham a compa-nhia de um pato rabugento. No meio do percurso, deparam-se com um soldado, e algo muito bonito e estranho acontece.

Louis Jensen, em seu estilo direto e sintético, oferece ao leitor um texto que, na contramão do pragmatismo e do fanatismo de tantas doutrinas religiosas atuais, valoriza o comportamento altruísta, a amizade, a generosidade e a brandura – virtudes ca-pazes de mostrar que um mundo melhor é possível se houver respeito mútuo, solidariedade e colaboração.

A ilustração de Otto Dickmeiss acentua o simbolismo da narra-tiva e pode constituir, por si só, uma alternativa de atribuição de sentidos ao texto.

Preparação para a leitura

Compreensão global do texto

Após leitura silenciosa, proponha uma conversa que retome a narrativa, a evo-lução da trama e algumas relações com o contexto do leitor.

• Quem são os personagens da história?

• Como eles se reúnem?

• Quem é o narrador?

• O que todos decidem fazer?

• O que acontece à medida que avan-çam na sua jornada?

• Tudo acontece sem sobressaltos? Por quê?

• A narrativa pode ter alguma relação com o que acontece hoje? Por quê?

• O que ela mostra a respeito da ação da

folha de grama? E da reação do grupo?

• O que ela mostra a respeito da ação do pato? E da reação do grupo?

• O que ela mostra a respeito do solda-do? E da reação do grupo?

• O que ela mostra a respeito da ação do pássaro tentilhão? E da reação do grupo?

• O que ela mostra a respeito da ação do narrador? E da reação do grupo?

Valorize cada resposta e organize-as de modo a destacar aspectos estruturais da narrativa: é dinâmica, apresenta perso-nagens que são diferentes, mas que se envolvem em uma busca comum (ir em direção a Deus), se respeitam e ajudam mutuamente.

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Aprofunde o estudo da caracterização de cada componente do grupo for-mado pelos personagens, ressaltando identidades e diferenças, tanto relativas ao temperamento (grama agradecida, pássaro bem-humorado, pato emburra-do...) quanto ao lugar a que pertencem nos reinos animal e vegetal (narrador e soldado – reino humano, vivo e morto / pato e pássaro – reino animal / folha de grama – reino vegetal).

A partir das respostas dos alunos, con-duza-os a observar que a convivência com as diferenças e o respeito mútuo dão suporte à solidariedade e são mo-tores para atingir o objetivo final, que é diferente para cada personagem e tam-bém inclui o leitor, uma vez que insinua que o sentido ou o significado de Deus pode ser encontrado bem perto de onde se está.

Personagens Principal característica Reino a que pertencem

Folha de grama agradecida vegetal

Pássaro tentilhão alegre, bem-humorado animal

Pato irado, mal-agradecido e descrente animal

Soldado está morto animal

Narrador agradecido animal

Chame a atenção para o contexto nar-rativo (onde? quando?) e seus persona-gens, e recupere oralmente a progres-são das ações que dão movimento à história da busca, recorrendo às ilustra-ções, conforme sugerido na Preparação para a leitura.

Destaque o papel do narrador. Ele tam-bém é personagem, conta e organiza a progressão das ações (narrador em 1ª pessoa), que começam em um tem-po determinado e seguem adiante de

forma linear e sucinta, isto é, seguindo a ordem cronológica dos fatos, sem di-gressões ou desvios.

No percurso, cada personagem se dá a conhecer melhor a partir de suas ações, na forma como enfrenta adversidades e no crédito ou descrédito que atribui à busca que todos estão empreenden-do. Proponha que os alunos construam uma tabela onde apareçam discrimi-nados personagens, ações e formas de enfrentamento.

Estudo do texto

Personagens AçõesFormas de enfrentamento

Folha de gramaConvida o narrador, indica o caminho a seguir

Segura e solidária

Pássaro tentilhãoParticipa da caminhada, canta e alegra os caminhantes, carrega a folha

Companheiro e solidário

PatoSe integra à caminhada, mas reclama e não colabora

Cético, rabugento e individualista

SoldadoSó age no final, quando dá a entender que é Deus, e carrega todos os personagens

Tolerante, condescendente

Narrador Caminha e observa Preocupado e solidário

Depois, fixe-se nas palavras utilizadas para indicar como enfrentam algumas situações e, a partir delas, discuta a função e a objetividade dos adjetivos. Proponha outras situações em que o

adjetivo seja usado com a mesma fina-lidade, desafiando-os, por exemplo, a acrescentarem um adjetivo a cada co-lega de modo a expressar com exatidão e precisamente o seu maior atributo

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(esteja vigilante para evitar manifesta-ções de bullying, problematize-as, caso ocorram, e dê destaque a atributos com caráter positivo).

Compare o efeito de usá-lo antes ou depois da palavra modificada e observe o que os alunos dizem a respeito. Para fundamentar suas inferências, retome alguns exemplos do texto:

Agradecida folha / folha agradecida

Volte à lista obtida no exercício com os nomes dos colegas e destaque alguns que poderiam ficar melhor se fossem indicados com uma expressão ou uma frase com valor adjetivo, em vez de uma só palavra, exercitando o uso de uma locução adjetiva ou de uma oração adjetiva.

• Marina bonita

• Marina com cabelos longos

• Marina que usa belas tranças

Por fim, indique o uso da adjetivação como um recurso importante na pro-dução de textos, pois, sempre que for usado com comedimento, possibilitará dizer mais a respeito das pessoas, das coisas ou dos acontecimentos.

Volte ao livro e retome aspectos relacio-nados à narrativa de busca. Pergunte: o que caracteriza esse gênero? A ideia é que infiram que a chave da busca é, basicamente, andar (envolvendo deslo-camento espacial e tempo) e, pouco a pouco, ir acrescentando personagens,

obstáculos ou dificuldades. Retome as imagens do livro e utilize-as como evi-dência das diferentes etapas da trama e sua crescente complexidade (num pri-meiro momento, cada personagem cui-da de si, depois estabelecem alianças, e um cuida de outro; por fim o narrador carrega um soldado morto e se propõe a fazer a travessia do oceano...). Esse aspecto da narrativa possibilita a convi-vência com a diferença e o respeito ao outro, como se pode observar na rela-ção que todos estabelecem com o pato.

Dependendo da maturidade de sua tur-ma, aprofunde o estudo da relação en-tre o pato e os outros. Ele é o cético, o descrente. Acompanha os demais, mas não acredita no resultado da busca. De alguma forma, representa um pensa-mento estritamente racional, materialis-ta e utilitário, não aposta na ação coleti-va nem na compaixão, como evidencia a sugestão que faz de abandonarem o corpo do soldado morto no mar, para que sirva de alimento aos peixes. Nesse sentido, ele representa uma grande par-cela de humanos contemporâneos, e você pode recorrer a exemplos da atua-lidade que evidenciem a legitimidade da aproximação. Ao ser acolhido pelos demais personagens e respeitado em sua diferença, o texto aponta a possibi-lidade de tolerância, respeito ao outro e solidariedade, sentimentos que pre-cisam ser incentivados na convivência social e que estão presentes em toda a narrativa.

Converse com os alunos a respeito dos sentidos que a leitura produziu. Valorize todas as contribuições, enfati-zando aquelas que, de alguma maneira, conduzem à compreensão do título da obra: a jornada para Deus, ainda que

aponte um caminho a ser percorrido, não corresponde apenas a um desloca-mento espacial, mas é, sobretudo, um percurso intimista, que qualifica cada ser e valoriza a convivência harmoniosa entre eles.

Resposta ao texto