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nova Economia_Belo Horizonte_12 (2)_57-78_julho-dezembro de 2002 Uma interpretação sobre a evolução da produtividade industrial no Brasil nos anos noventa e as “leis” de Kaldor Carmem Aparecida Feijo Economista do IBGE e professora da ENCE/IBGE Professora da Universidade Federal Fluminense Paulo Gonzaga M. de Carvalho Economista do IBGE e professor da ENCE/IBGE. Resumo O objetivo deste texto é recuperar as propo- sições de Kaldor para a discussão recente so- bre a produtividade no Brasil. O debate hoje sobre o tema reconhece que a abertura eco- nômica contribuiu de forma decisiva para os avanços na produtividade industrial na déca- da de noventa. Contudo, os argumentos têm sido centrados nos aspectos da “oferta”. Kal- dor, seguindo a tradição keynesiana, enfatiza a importância de se considerar argumentos do lado da “demanda”. Em conclusão cha- mamos a atenção para o fato de que a susten- tabilidade do crescimento da produtividade depende, essencialmente, de fatores atuando pelo lado da demanda agregada. Abstract The aim of this paper is to recover Kaldor´s propositions to shed some light on the recent debate about industrial productivity in Brazil. Nowadays, it is a well-disseminated idea that the opening of the economy has contributed to the increased industrial productivity in the nineties. However, theoretical arguments have emphasized supply sources as the main cause of such an increased productivity. Following the Keynesian tradition, Kaldor emphasizes the importance of the aggregate demand components to explain productivity growth. In conclusion, we call attention to the fact that sustainability of productivity growth depends basically on the factors working on the aggregate demand side. Palavras-chave produtividade industrial, crescimento industrial, mudança de estrutura. Classificação JEL L16 Key words industrial productivity, industrial growth, structural change. JEL Classification L16

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nova Economia_Belo Horizonte_12 (2)_57-78_julho-dezembro de 2002

Uma interpretação sobre a evoluçãoda produtividade industrial no Brasilnos anos noventa e as “leis” de Kaldor

Carmem Aparecida FeijoEconomista do IBGE e professora da ENCE/IBGE

Professora da Universidade Federal Fluminense

Paulo Gonzaga M. de CarvalhoEconomista do IBGE e professor da ENCE/IBGE.

ResumoO objetivo deste texto é recuperar as propo-sições de Kaldor para a discussão recente so-bre a produtividade no Brasil. O debate hojesobre o tema reconhece que a abertura eco-nômica contribuiu de forma decisiva para osavanços na produtividade industrial na déca-da de noventa. Contudo, os argumentos têmsido centrados nos aspectos da “oferta”. Kal-dor, seguindo a tradição keynesiana, enfatizaa importância de se considerar argumentosdo lado da “demanda”. Em conclusão cha-mamos a atenção para o fato de que a susten-tabilidade do crescimento da produtividadedepende, essencialmente, de fatores atuandopelo lado da demanda agregada.

AbstractThe aim of this paper is to recover Kaldor´s

propositions to shed some light on the recent

debate about industrial productivity in Brazil.

Nowadays, it is a well-disseminated idea that

the opening of the economy has contributed to the

increased industrial productivity in the nineties.

However, theoretical arguments have emphasized

supply sources as the main cause of such an

increased productivity. Following the Keynesian

tradition, Kaldor emphasizes the importance of

the aggregate demand components to explain

productivity growth. In conclusion, we call

attention to the fact that sustainability of

productivity growth depends basically on the

factors working on the aggregate demand side.

Palavras-chaveprodutividade industrial,crescimento industrial,mudança de estrutura.

Classificação JEL L16

Key wordsindustrial productivity, industrial

growth, structural change.

JEL Classification L16

1_ IntroduçãoO aumento surpreendente da produtivida-de industrial no Brasil na década de noven-ta,1 recolocou o tema como um dos maisimportantes para se entender o processo decrescimento recente e suas perspectivas.Os resultados da evolução da produtivida-de industrial nos primeiros anos da décadaforam atribuídos inicialmente a uma reaçãodefensiva das empresas à recessão, como jáhavia ocorrido no início dos anos oitenta.A persistência da tendência de aumento daprodução, contudo, mostrou que o ajustedefensivo foi profundo e implicou na mo-dernização gerencial e tecnológica (Kupfer,1998; Quadros et al., 1999, dentre outros).É consenso atualmente que a liberalizaçãocomercial no início da década e a estabiliza-ção dos preços a partir de 1994 e seus efei-tos sobre a taxa de câmbio propiciarammudanças na estrutura produtiva do país,com sensíveis ganhos de produtividade.

O objetivo deste trabalho é retomaras proposições de Kaldor sobre o cresci-mento econômico, colocando que as dis-cussões sobre os efeitos da abertura eco-nômica e da estabilização de preços sobre aestrutura industrial continuam em aberto, euma questão a ser respondida é até queponto o crescimento da produtividade in-dustrial persistirá no futuro próximo. Éneste contexto que introduzimos a discus-

são sobre Kaldor, que investiga a relaçãoteórica de causalidade entre crescimento daprodutividade e crescimento do produto.

Os autores dedicados ao tema daprodutividade reconhecem e aceitam achamada “lei” de Verdoorn, que relacio-na o crescimento da produtividade com ocrescimento do produto. No entanto, hádisputa quanto à relação de causalidade,ou seja: se é a oferta de fatores de produ-ção que induz o aumento da produtivida-de, ou se é a expansão do produto, ouseja, o crescimento da demanda agrega-da. Neste texto não temos a intenção deinvestigar a relação de causalidade entre ocrescimento da produtividade e o cresci-mento do produto na indústria brasileiranos anos noventa.2 Ao nos apoiarmos emKaldor reconhecemos que este autor,

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1 Crescimento de 8,4%, médiaanual, de 1991-1999, segundo oIBGE – Pesquisa IndustrialMensal de Produção Física e deEmprego. Este número podeser considerado superestimadose tomarmos como base aestimativa pelas ContasNacionais que é menos que 5%a. a. Para uma discussão sobreestimativas de produtividadenos anos noventa, ver Feijo eCarvalho (1999).2 Empiricamente, quando setrata de identificar relações de

causalidade entre variáveis,utiliza-se o teste de causalidadede Granger. No entanto,encontramos na literaturarestrição à interpretação desteteste. Kennedy (1992) refere-seao teste com a expressão“causalidade em termos deGranger”, para destacar acautela que se deve ter quantoao uso do termo. Para esteautor o teste de causalidadede Granger trata maisde precedência do quede causalidade.

mesmo tendo discutido em seus escritoso comportamento de economias capita-listas avançadas em fase de expansão ace-lerada, pode ter suas proposições aplicá-veis também a economias emergentes.

Kaldor deu uma interpretação par-ticular à “lei” de Verdoorn, argumentan-do que o crescimento da produtividade éum fenômeno macroeconômico, fruto docrescimento da demanda que permite quese explore as economias de escala dinâ-micas presentes principalmente no setormanufatureiro. É a ampliação de merca-dos, induzida pelo aumento da demanda,em particular a demanda por exporta-ções, que propicia o aumento da produti-vidade, que pode ser reforçada, a seguir,por aumento de produção. Kaldor, comesta linha de argumentação, se contrapôsàs análises de produtividade total de fato-res, que partem de uma linha de causaçãodistinta, ou seja, que o aumento no usodos fatores de produção induz o aumen-to de produtividade.

No debate recente sobre a produti-vidade no Brasil tem predominado argu-mentos microeconômicos, que associam oaumento de produtividade aos ganhos dasempresas associados às reduções dos cus-tos de transação. Este tipo de abordagemtem sido a base de orientação da política in-dustrial, que privilegia políticas horizonta-

is. Neste sentido, a abertura econômicae a estabilidade de preços teriam provo-cado o aumento da concorrência e induzi-do o aumento da produtividade nos anosnoventa. Os aumentos de produtividade nadécada de noventa decorreriam principal-mente de decisões de racionalização doprocesso produtivo, levando à adoção denovas formas de organização da produção,possibilitados pela abertura econômica. Aoresgatarmos Kaldor para este debate colo-camos a questão da produtividade comouma questão macroeconômica, onde o po-tencial de modernização do setor industrialestá associado ao crescimento sustentadoda economia a longo prazo. As evidênciasempíricas, baseadas nos dados do IBGE,apontam para um crescimento desbalance-ado dos setores industriais nos anos no-venta, que alterou o perfil da indústria, nãoconfigurando, contudo, nenhum processode desindustrialização (ver, por exemplo,Coutinho, 1997 e Tavares, 1998), nem dereintegração produtiva (ver por exemplo,Barros e Goldestein, 1997). Assim sendo,nossa análise sugere que há espaço para po-líticas industriais, que promovam o desen-volvimento de estruturas produtivas com-petitivas, aumentando o potencial exporta-dor do país.3

Vale observar ainda que as estatísti-cas de indústria do IBGE, as mais abran-

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3 Para uma visãocontrária, ver, por exemplo,Moreira (1999).

gentes em termos de cobertura espacial etemporal, sofreram um processo de revisãometodológico (mudança de classificaçãosetorial, âmbito e definição de conceitos)na década de noventa, com impacto sobrea disponibilidade de informações para estu-dos empíricos da indústria. Em particular asinformações da Pesquisa Industrial Anualficaram defasadas e de difícil comparaçãono tempo. Neste sentido, nossas conclu-sões neste texto são indicativas do proces-so de mudança estrutural na indústria nadécada passada, que podem ser aprofunda-das em estudos futuros, com quanto maisinformações oficiais estiverem disponíveis.

Este texto está dividido nas seguin-tes seções, além desta introdução: discuti-mos o modelo de Kaldor e depois avalia-mos suas propostas para o caso do Brasil.Numa última seção resumimos nossas pon-derações.

2_ As “leis” de KaldorSegundo Kaldor, em seus artigos escritosnos anos sessenta e setenta, para ser susten-tável, o crescimento econômico e o au-mento da produtividade devem estar apoi-ados na expansão da demanda agregada.Isto porque é a ampliação dos mercadosque permite que a economia se aproprie daincorporação do progresso técnico, que éendógeno em setores onde atuam econo-

mias de escala. O setor industrial desempe-nha papel fundamental nas economias demercado modernas por ser o mais dinâmi-co e irradiador de inovações.

São quatro as chamadas “leis” deKaldor que juntas buscam explicar porqueas taxas de crescimento entre os países di-vergem.4 Sua preocupação com a questãodo desenvolvimento econômico foi a deoferecer uma visão alternativa à teoria docrescimento neoclássica. Nos textos emque apresentou suas “leis”, procurou res-ponder a duas questões: o motivo de aInglaterra estar tendo baixo crescimento(Kaldor, 1989a, publicado originalmenteem 1966); e a causa do desenvolvimentodesigual dos países (Kaldor, 1967).5

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4 Nem Kaldor nem Verdoornapresentaram suas tesesbaseadas em constataçõesempíricas, como ‘leis’econômicas, mas foi assim queficaram registradas na históriado pensamento econômico. Ospróprios autores contribuírampara isso, pois no debate que seseguiu à apresentação das ‘leis’não questionaram tal rótulo.Neste sentido utilizaremosneste texto o termo lei entreaspas. O fato de Kaldor não terapresentado suas proposiçõesexplicitamente como ‘leis’ levoua que exista discordância quantoao seu número – se são três

(Targetti e Thirwall, 1989) ouquatro (Targetti, 1992).Optou-se aqui por seguirTargetti (1992).5 Embora o objetivo e aextensão dos textos sejamdiferentes, a apresentação dastrês primeiras ‘leis’ épraticamente idêntica nos doisartigos referentes às aulasinaugurais, onde Kaldorapresentou suas idéias nos anossessenta. A quarta “lei” – queem parte é uma reformulaçãodo pensamento de Kaldor – éapresentada em Kaldor (1989b,publicado originalmenteem 1981).

3_ A indústria como o motordo crescimento

Kaldor trabalhou no desenvolvimento desuas teorias com a hipótese de retornoscrescentes de escala, em contraposição àshipóteses de retornos decrescentes e deretornos constantes presentes nos mode-los de crescimento tradicionais. Baseadoem retornos crescentes, assume que mu-danças nos processos de produção sepropagam continuamente, de maneiracumulativa. Assim, a explicação para asdiferentes performances em termos decrescimento entre os países, passa a seruma tarefa de identificar a “natureza di-versa das respostas da oferta a variaçõesna demanda e das respostas da demandaque resultam de mudanças na oferta”(Kaldor, 1967, p. 6).

Sua primeira “lei” estabelece queexiste uma forte relação entre o cresci-mento da produção industrial e o cresci-

mento do PNB, e mais, que o acréscimodo PNB será tanto mais elevado quantomaior for o incremento da indústria emrelação aos demais setores. Kaldor che-gou a tal conclusão a partir da análise daperformance de doze países industrializa-dos,6 entre 1954 e 1964, regredindo ocrescimento anual da indústria manufa-tureira (variável independente) contra ocrescimento do PNB (variável depen-dente) (Thirlwall, 1983).7

Kaldor destaca especialmente aseconomias de escala dinâmicas que estãoassociadas a mudanças tecnológicas e,portanto, não são reversíveis. Estas eco-nomias advêm:

i. da crescente divisão do trabalhopropiciada pelo crescimento domercado;

ii. do learning by doing, que decorre da“maior diferenciação, emergên-cia de novos processos e novas

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6 Áustria, Bélgica, Canadá,Dinamarca, França,Alemanha, Japão, Itália,Holanda, Noruega, ReinoUnido e Estados Unidos.7 Kaldor rejeita que aexplicação para essacorrelação esteja no fato deque a indústria representa umaparcela significativa do PNB –pois, se isto fosse correto, a

Grã-Bretanha, onde o setorsecundário tem muito peso,deveria ter um incremento doPNB acima da média dospaíses da amostra, o que nãose verifica. Kaldor está seantecipando a uma possívelcrítica de que sua equaçãoseria tautológica, por se tratarde uma correlação de umaparte com o todo.

Na verdade, ele está apenasparcialmente correto.Dois fatores determinam ainfluência do incremento daprodução de um setor noacréscimo do PNB: a taxa decrescimento e o peso do setor.O impacto é dado peloproduto destes dois índices.Se um setor tem grande peso,é muito difícil não influenciar

no crescimento do PNB –precisaria estar praticamenteestagnado. Por causa destapossível correlação espúria,McCombie e Ridder (1983),por exemplo, testaram esta‘lei’ Kaldor regredindo oaumento da produçãoindustrial com o total dosetor não-industrial, e nãocom o PNB.

subsidiárias de empresas indus-triais” (Kaldor, 1989a, p. 288),8

que são eventos relacionados aocrescimento da indústria e, por-tanto, caracterizam-se por ser umfenômeno macroeconômico.

Desta forma ele identificou a in-dústria como o motor do crescimentoeconômico, pois a industrialização ace-lera a taxa de mudança tecnológica detoda a economia (Kaldor, 1989a, p. 294).Mesmo que o peso da indústria manufa-tureira na composição do produto agre-gado não seja o maior, seu encadeamen-to com os demais setores e seu dinamis-mo explicam a trajetória de crescimentoagregado.

4_ A “lei” Kaldor-VerdoornA segunda “lei” de Kaldor – também co-nhecida como “lei” Kaldor-Verdoorn –estabelece que “há uma relação positivaentre a taxa de crescimento da produtivi-dade na indústria e a taxa de crescimentoda produção industrial” (Thirlwall, 1983,p. 350). Nesta regressão, a variável inde-pendente é a taxa de crescimento da pro-dução industrial e a dependente é a taxade crescimento da produtividade indus-trial.9 Segundo o teste feito por Kaldorpara todos os setores produtivos, os coe-ficientes desta relação só explicariam aprodutividade para a indústria (valor rela-tivamente baixo da constante e coeficien-te positivo menor do que a unidade).10

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8 “A produtividade tende acrescer mais rápido, quantomais rápido for o incrementoda produção; isto tambémsignifica que o nível deprodutividade é uma funçãoda produção acumulada(desde o início) e não docrescimento da produção porunidade de tempo”.(Kaldor, 1989a, p. 288,grifado no original.)9 Kaldor trabalhou comvariantes desta relação paratestar sua robustez. Em umadelas, inclui a taxa de

investimento(investimento/produto) comouma segunda variávelindependente.10 Tal relação foioriginalmente descoberta porVerdoorn (1993) mas, apesarde Kaldor se basear na análisede Verdoorn, existemdiferenças muito significativasentre os dois autores. SegundoTargetti (1992, p. 167-168),“Verdoorn deduz oscoeficientes de sua equação defunções de produção estáticas,enquanto para Kaldor o

fenômeno dos retornoscrescentes era intrinsecamentedinâmico. Kaldor,diferentemente de Verdoorn eautores posteriores, relacionaestas regularidades apenas àsatividades do setor secundárioda economia e não àsatividades dos setoresprimário e terciário.Finalmente, Verdoorn usavaesta relação para indústriasindividuais, enquanto Kaldortratava o fenômeno comomacroeconômico. Ele, comoYoung (1928), acreditavam

que as economias de escaladerivavam menos da expansãode cada indústriaindividualmente e mais daexpansão do sistemamanufatureiro como umtodo”. Vale acrescentar aindaque, segundo Targetti, quemteria descoberto esta relaçãoteria sido Fabricant. Para umaapresentação sucinta da ‘lei’Kaldor-Verdoorn e dadiscussão que gerou, verMcCombie (1987).

Ele desejou mostrar que o pro-gresso técnico é endógeno na indústria.Autores que assumem progresso técnicoexógeno estabelecem a seguinte relaçãode causalidade: o avanço das técnicas e daciência acarretariam aumento da produti-vidade e induziriam, através da reduçãode preços e custos, o aumento da deman-da e, conseqüentemente, da produção.Kaldor (1967, p. 18-19), apoiado no tra-balho de Young (1928), criticou a se-qüência deste raciocínio, com os seguin-tes argumentos:

i. se o aumento na oferta levasse aum aumento da produtividade,não deveria existir tantas dife-renças no desempenho da mes-ma indústria, em idêntico perí-odo, em diferentes países;11

ii. que o aumento da produtividadedeveria se refletir plenamente nospreços relativos;

iii. seria preciso também assumir quea elasticidade preço da demandados produtos de uma indústria ouda indústria como um todo esti-vessem sempre acima da unidade,caso contrário não haveria razãopara se supor que o crescimentodo produto devesse exceder ocrescimento da produtividade.

Em resumo, a “lei” de Verdoorn,na interpretação de Kaldor, estabeleceuque a relação de causalidade entre a taxada produtividade e a taxa de crescimentoda produção é no sentido do aumento daprodução, induzido pelo aumento da de-manda, acarreta aumento de produtivida-de em setores onde se verifica a presençade economias de escala dinâmicas.

Uma conseqüência desta coloca-ção é que as taxas de crescimento da pro-dutividade entre setores não precisamconvergir. Setores com retornos crescen-tes de escala tenderão sistematicamente aapresentar um nível de produtividademais elevado e um maior dinamismo nasua evolução, à medida em que a deman-da agregada se expande.

5_ Crescimento industriale transferência intersetorialde mão-de-obra

A terceira “lei” de Kaldor define a dinâ-mica do crescimento da produtividadeagregada da economia, que está associadaao crescimento da produção e do empre-go na indústria. Thirwall (1983, p. 354)interpreta a mesma como:

quanto maior o crescimento da produção

industrial maior será a taxa de transfe-

rência de mão-de-obra de setores não in-

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11 Kaldor está implicitamentesupondo que no argumentocriticado por ele não haveriabarreiras à difusão da novatecnologia. Um dos motivosseria a presença, nos paísespesquisados, das mesmasgrandes empresas americanas.

dustriais para a indústria, portanto a

produtividade da economia está positi-

vamente relacionada ao crescimento da

produção e do emprego na indústria e ne-

gativamente associada ao crescimento do

emprego fora da indústria.

Esta relação foi inicialmente testa-da regredindo-se – com resultados satis-fatórios – a taxa de crescimento do em-prego industrial (variável independente)com a taxa de variação do PNB (variáveldependente). Verificou-se também queesta correlação não é espúria, pois nãoexiste associação entre aumento doPNB e do emprego total da economia,e a correlação do PNB com o empregonão-industrial é negativa.12 Logo, estaúltima variável e o emprego industrialnão estão correlacionados.13

A questão da transferência damão-de-obra foi um ponto polêmico.Kaldor inicialmente afirmou que a Grã-Bretanha apresentava baixo crescimentono período por ele estudado, devido àprematura maturidade industrial que“exauriu seu potencial de rápido crescimento

antes que atingisse elevados níveis de produti-

vidade” (Kaldor, 1989a, p. 284). Isto te-ria ocorrido devido à escassez de mão-de-obra industrial.14 Posteriormente, res-pondendo às críticas a seus artigos, Kal-dor (1975) reviu sua posição e passou a

defender que a causa da má performan-ce da Grã-Bretanha não seriam as restri-ções de oferta e sim as de demanda – es-pecificamente demanda externa. Comesta autocrítica, ele deixou claro que ocrescimento econômico é fundamental-mente induzido pela demanda, não sen-do restringido pela oferta de fatores.Desta forma ele se opôs a Solow e seusseguidores que defendem que as dife-renças internacionais de produtividadesão explicadas pela defasagem na difu-são da tecnologia dos países desenvolvi-dos para os de industrialização tardia.

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12 Kaldor regride o PNB como emprego industrial enão-industrial. Encontrou-seum coeficiente positivo paraa primeira, e um negativopara a segunda variável.13 Este raciocínio não éinteiramente convincente,pois pode haver umacorrelação negativa entrecrescimento do empregoindustrial e não-industrial.Mesmo porque – comoadmite Kaldor – hátransferência demão-de-obra da agriculturapara a indústria.

14 Para Kaldor, poderiahaver restrições de oferta aocrescimento industrial, tantode mão-de-obra quanto demercadorias. Esta últimaabrange os produtos eserviços consumidos pelaindústria, mas geradosfora dela.

6_ O multiplicador Kaldor-Thirlwallde comércio exterior

A ênfase de Kaldor no papel da demandaagregada para explicar a dinâmica de cres-cimento levou-o a formular o que ficouconhecido como a quarta “lei” que buscaexplicar o papel da demanda externa noseu modelo. Segundo Targetti (1992, p.177), a “lei” de Kaldor-Thirlwall conside-ra que a taxa de crescimento do produtoem cada país ou região é determinadaprincipalmente pela demanda externa.Desta forma, o crescimento das exporta-ções deve ser entendido – com a rendamundial permanecendo constante – comoo resultado dos esforços dos produtoresem procurar mercados potenciais e adap-tar sua estrutura produtiva a este propósi-to. A variação nas importações, por suavez, é governada pela variação da rendareal, e não pela variação nos preços. Emconclusão, a principal restrição ao cresci-mento econômico de um país é dada peloseu Balanço de Pagamentos.15

O ponto de partida de Kaldor paraa elaboração desta “lei” foram os escritos

de Hicks e Harrod sobre o multiplicadorkeynesiano. O aumento das exportaçõesaciona tanto o multiplicador do comércioexterior quanto o acelerador, o que acarre-ta elevação da renda agregada e, conse-qüentemente, do consumo e do inves-timento. A condição de equilíbrio de co-mércio exterior – em que as importaçõesse igualam às exportações – “será alcança-da quando a renda se igualar à soma dasexportações com os componentes endó-genos da demanda (consumo e investi-mento) gerado pelas exportações” (Kal-dor, 1989b, p. 337). Na versão dinâmicade Thirlwall desta relação, o aumento darenda é igual à taxa de crescimento das ex-portações pelo multiplicador de comércioexterior. Segundo Kaldor, a fórmula deThirlwall explicaria muito bem as diferen-ças entre as taxas de crescimento dos paí-ses desenvolvidos no pós-guerra.16

Dada a importância da dinâmicadas exportações para o desenvolvimentodos países, Kaldor identificou dois deter-minantes desta variável:

i. a taxa de crescimento da demandamundial pelos produtos de umdeterminado país ou região (fa-tor exógeno);

ii. o movimento do salário-eficiênciaem relação a outras regiões pro-dutoras (fator endógeno, ou qua-se endógeno).

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15 Para uma discussão recentesobre a ‘lei’ de Thirwallaplicada na América Latina,ver Lopez e Cruz (2000).16 Note-se mais uma vez queesta interpretação nitidamente

contrasta com as que explicamas diferenças nas taxas decrescimento em funçãoda difusão da tecnologiaou da disponibilidadede fatores produtivos.

O salário-eficiência foi definido co-mo o índice de salário monetário divididopelo índice da produtividade.17 Conside-rando o conjunto de países desenvolvidos, avariação dos salários tende a não ser grande,mesmo que o crescimento do emprego sejadiferenciado.18 Portanto, a varivel-chave nadeterminação da competitividade acaba sen-do a produtividade, cujo incremento serámaior onde maior for o aumento da produ-ção (“lei” de Kaldor-Verdoorn).

Em resumo, num processo de cau-sação cumulativa, o aumento da produtivi-dade, oriundo da expansão da demandaagregada, estimula o desenvolvimento dasregiões e dos países. Este círculo virtuosode crescimento é ainda reforçado pelo fatode – nos países desenvolvidos – a elastici-dade-renda das exportações ser superior aodas importações. Neste sentido, o desequi-

líbrio na balança comercial e, conseqüente-mente, no Balanço de Pagamentos, não se-ria um fator limitante. Neste processo pesatambém a habilidade dos exportadores emconquistar novos mercados e com isto in-fluenciar a elasticidade-renda dos merca-dos compradores.

7_ A atualidade das “leis”de Kaldor e sua relevânciapara o caso brasileiro

As “leis” de Kaldor, como já se mencio-nou, geraram intenso debate a respeito desua validade, em particular a “lei” Kal-dor-Verdoorn. Em meados dos anos se-tenta, após a crise do petróleo, estudosvisando atualizar a “lei” Kaldor-Verdo-orn para países da Comunidade Européianão encontraram resultados satisfatóriose, assim, esta “lei” perdeu força.19 Defen-

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17 O salário-eficiência definidopor Kaldor – segundo ele,inspirado em Keynes – é muitopróximo do que hoje se chamade custo unitário do trabalho,que representa o salário médio(ou custo do trabalho) realdividido pela produtividade. Ocusto unitário do trabalho éatualmente um indicador decompetitividade muito utilizado.É interessante notar que Kaldorutiliza esta relação comoindicador de competitividade e

adota – apesar de sempreentre aspas – a expressão“competitividade”, que era, nomínimo, pouco difundida naépoca (1970).18 Quando formulou esteraciocínio, Kaldor estava sereferindo a países desenvolvidose a diferentes regiões de um paísdesenvolvido. Entre paísesdesenvolvidos e emdesenvolvimento, as diferençassalariais e de poder sindical sãoobviamente muito grandes.

Está implícito no seu raciocínioque a vantagem competitiva desalários baixos nos países emdesenvolvimento seria algo defôlego curto, que se encerrariacom o desenvolvimento do país.Para os países emdesenvolvimento, Kaldorera um defensor dodesenvolvimento “para fora”,precedido de uma curta ebemorientada fase de substituiçãode importações. Não apoiava,no entanto, a tese de livre

comércio, porque ela se baseiaem pressupostos artificiais:funções de produção idênticas;competição perfeita erendimentos constantes emescala (Kaldor, 1989b).19 Targetti (1992, p. 186) cita osestudos de Boyer & Petit e deBoyer & Rall como exemplosdestas tentativas. Em Feijo &Carvalho (1997) apresentamosuma estimativa da ‘lei’ deKaldor-Verdoorn para aindústria brasileira.

sores de Kaldor observaram que estespaíses estariam em processo de transiçãopara um novo paradigma produtivo –que privilegia as economias de escopoem detrimento das economias de escala.Numa fase de transição, a difusão doprogresso técnico é lenta e, conseqüente-mente, o incremento dos níveis de pro-dutividade é menor em relação às fasesseguintes, em que a demanda também ga-nha importância como fator de estímuloà disseminação das inovações.

Targetti (1992) mostra que de umaforma geral esta “lei” tem sido verificadade forma mais fraca, ou seja, retornos deescala na indústria estão perdendo im-portância para explicar o produto (redu-ção no tamanho do coeficiente), e comgrau de significância menor. Ele contudosugere que os diferentes resultados paraos países são uma indicação de que a“lei” funciona de várias maneiras “sob di-

ferentes ondas tecnológicas schumpeterianas”(1992, p. 186).

O que podemos extrair das liçõesde Kaldor, para interpretar o comporta-mento da produtividade industrial nosanos noventa no Brasil? Para responder-mos a esta questão vamos inicialmentecomparar a performance da produtivida-de industrial nos anos setenta, oitenta e

noventa. Conforme mencionamos na in-trodução, a produtividade industrial apre-sentou um surpreendente aumento nadécada de noventa, porém com taxas decrescimento elevadas para o produto ecom queda sistemática do emprego. NoGráfico 1 (construído a partir das taxasde crescimento das Pesquisas IndustriaisMensais do IBGE), comparamos a evo-lução anual do crescimento do emprego,produção e produtividade do trabalhonas três últimas décadas, para ilustrar oque ocorreu com a produtividade indus-trial nos anos noventa.

Nos anos setenta a taxa de cresci-mento da produção, do emprego e conse-qüentemente da produtividade, moviam-se conjuntamente, resultado de uma cor-relação positiva entre variação da produ-ção e do emprego. Nos anos oitenta aprodutividade industrial ficou praticamen-te estagnada, mas a correlação entre oscrescimentos da produção e do empregoainda foi positiva. O resultado do cresci-mento da produtividade nos anos noventaapresentou como novidade a relação in-versa entre taxa de crescimento da produ-ção e do emprego, ou seja, os ganhos deprodutividade são, pelo menos em parte,decorrentes de quedas sistemáticas no vo-lume de emprego industrial.

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Este comportamento, somado aofraco desempenho das exportações indus-triais e dos investimentos, sinalizam para oimpacto do choque de oferta provocadopela abertura econômica na explicação doaumento da produtividade.20 Assim, po-demos sugerir que as economias de escaladinâmicas, ou seja, decorrentes de inova-ções incrementais, se apresentaram emmenor grau de importância para serem ex-ploradas. A introdução exógena de inova-ções (possivelmente através da abertura) ede maior impacto tecnológico, foi respon-sável pelo crescimento da produtividadeindustrial nos anos noventa. Segundo Tar-getti (1992, p. 188), a menor adaptabilida-de de um país à “lei” Kaldor-Verdoorn é

um indicador de que o grau de endogenei-dade do progresso técnico é baixo. Nestascircunstâncias, a evolução da produtivida-de vai depender de características da ofer-ta, do peso dos setores tecnologicamenteinovadores na estrutura industrial e do su-cesso das políticas de inovação.21 O au-mento da produtividade industrial mostraque a estrutura industrial mudou de formaacentuada ao longo dos anos noventa.

Um primeiro aspecto a ser ressal-tado neste movimento de mudança é queo aumento de produtividade industrialveio acompanhado de uma queda na im-portância da indústria de transformaçãono PIB brasileiro (passa de 23% em 1990para 18% em 1998, segundo as Contas

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20 Vale ressaltar que aestabilidade de preços após oPlano Real, ampliou o mercadointerno, assim como já haviaocorrido com os planos deestabilização anteriores.Contudo, as restrições aocrédito interno impostas pelasAutoridades Monetárias já nofinal de 1994, somados aocenário internacionaldesfavorável, reprimiu estemovimento expansivo.21 No caso do Brasil testamosas regressões de Kaldor parauma série histórica da indústriade transformação considerandodois períodos: de 1972 a 1985 ede 1972 a 1999. Encontramosque a relação entre a taxa decrescimento da produtividade ea taxa de crescimento doproduto é válida, porémbastante fraca e vemdiminuindo sua significância.

Gráfico 1_ Emprego, produção e produtividade na indústria – 1985=100

Fonte: IBGE – Pesquisa industrial mensal de produção física e emprego.

Nacionais do IBGE em valores corren-tes). Uma interpretação para este resulta-do é que esta queda poderia sinalizar queo aumento da produtividade estaria rela-cionado à eliminação de setores menoseficientes, que não teriam sobrevivido àconcorrência após a abertura econômica.Não associamos esta queda a uma desin-dustrialização da economia brasileira, en-tendida no sentido clássico da palavra, deredução absoluta no PIB industrial. Nos-sa interpretação do que ocorreu nos anosnoventa foi que a indústria cresceu me-nos relativamente a outros setores. Este éum fenômeno observável também emeconomias mais desenvolvidas e, portan-to, o Brasil, após a abertura econômica,principalmente seguiu esta tendência. Oaumento da produtividade industrial nãoestá, desta forma, associado significativa-mente a uma eliminação de setores pro-dutivos menos eficientes (Carvalho, 2000e Carvalho e Feijo, 2000).

O que constatamos é que a indús-tria, sob o impacto da estabilização depreços e da abertura econômica, alterousua estrutura; ou seja, alguns setores per-deram peso e outros ganharam mais ex-pressão. No agregado, observamos tam-bém que o componente de valor adicio-nado no produto industrial não sofreuvariação significativa. Citando as Contas

Nacionais do IBGE, a relação valor adi-cionado a preços correntes versus valor daprodução a preços correntes e a preçosconstantes se mantém estável em tornode 30% em 1990 e 1998 (Considera,1998). Se no agregado esta relação nãovaria, o mesmo não ocorre com os seto-res industriais, onde perderam espaço ossetores da cadeia têxtil-vestuário-calça-dos e de metalúrgica básica, e ganharamespaço os setores químico, refino de pe-tróleo, máquinas e equipamentos e ali-mentares. Na Tabela 1 colocamos a dis-tribuição do emprego, valor da transfor-mação industrial e produtividade médiaem 1985, 1996 e 1999, segundo a novaclassificação setorial da indústria a doisdígitos. Ilustramos assim as mudanças naestrutura produtiva, principalmente novalor da transformação industrial, que foimais acentuada de 1985 a 1996, ressaltan-do o forte impacto da abertura econômi-ca. Em relação à produtividade, perde-ram importância relativa, de forma maisacentuada, os setores tradicionais de têx-til-vestuário e calçados e ganharam impor-tância os setores de extração de mineraisnão-metálicos, fumo, refino de petróleo,fabricação de máquinas para escritório eequipamentos de informática, fabricaçãode material eletrônico e fabricação de ou-tros equipamentos de transporte.

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Tabela 1_ Distribuição percentual do Valor da Transformação Industrial, Pessoal Ocupadoe Produtividade Média – 1985, 1996 e 1999

DivisõesPessoal ocupado (%) VTI (%) Produtividade1

1985 1996 1999 1985 1996 1999 1985 1996 1999

Extração de carvão mineral 0,3 0,1 0,1 0,2 0,1 0,1 0,6 0,8 1,0

Extração de minerais metálicos 0,9 0,7 0,5 1,6 1,5 2,2 1,8 2,1 4,5

Extração de minerais não-metálicos 0,9 1,1 1,2 0,6 0,7 0,7 0,7 0,6 0,6

Fabricação de produtos alimentícios e bebidas 13,9 18,0 18,7 12,0 17,2 16,3 0,9 1,0 0,9

Fabricação de produtos do fumo 0,3 0,5 0,5 0,4 1,1 1,0 1,1 2,1 2,2

Fabricação de produtos têxteis 7,2 5,6 5,1 6,4 3,2 3,1 0,9 0,6 0,6

Confecção de artigos do vestuário e acessórios 6,8 7,5 7,4 3,2 2,3 1,9 0,5 0,3 0,3

Preparação de couroe fabricação de artefatos de couro

5,8 5,3 5,6 2,3 2,2 1,9 0,4 0,4 0,3

Fabricação de produtos de madeira 3,4 3,3 3,9 1,5 1,1 1,4 0,4 0,3 0,4

Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 2,8 2,8 2,8 3,2 3,7 4,0 1,1 1,3 1,5

Edição, impressão e reprodução de gravações 2,9 3,8 3,9 2,0 4,9 4,2 0,7 1,3 1,1

Fabricação de coque, refino de petróleoe produção de álcool

2,2 3,4 2,0 8,2 7,0 9,9 3,7 2,1 5,1

Fabricação de produtos químicos 5,6 5,8 5,9 11,5 12,7 14,0 2,1 2,2 2,4

Fabricação de artigos de borracha e plástico 4,0 4,8 5,0 4,1 4,1 3,8 1,0 0,8 0,8

Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 5,6 4,7 5,4 4,8 3,3 3,5 0,9 0,7 0,7

Metalurgia básica 5,7 3,7 3,7 8,5 5,5 6,2 1,5 1,5 1,7

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Fabricação de produtos de metal exclusive máquinas eequipamentos

5,5 5,5 5,7 4,1 3,9 3,5 0,8 0,7 0,6

Fabricação de máquias e equipamentos 7,6 6,5 6,2 7,8 6,9 5,7 1,0 1,1 0,9

Fabricação de máquinas para escritórioe equipamentos de informática

0,5 0,3 0,3 0,8 0,5 0,7 1,7 1,8 2,4

Fabricação de máquinas,aparelhos e materiais elétricos

3,0 2,8 2,7 3,2 2,6 2,4 1,1 0,9 0,9

Fabricação de materiais elétricos,aparelhos e equipamentos de comunicação

2,0 1,6 1,4 2,6 3,6 2,9 1,3 2,2 2,0

Fabricação de equipamentos de instrumentação 0,8 1,0 1,0 0,8 0,9 0,8 1,0 0,9 0,8

Fabricação e montagem de veículos automotores,reboques e carrocerias

5,4 5,6 5,2 5,5 8,0 6,0 1,0 1,4 1,1

Fabricação de outros equipamentos de transporte 1,5 0,8 0,8 1,6 0,8 1,5 1,1 1,1 1,8

Fabricação de móveis e indústrias diversas 5,4 4,8 5,2 3,1 2,3 2,1 0,6 0,5 0,4

Reciclagem 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,9 0,7 0,6

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 1,0 1,0 1,0

Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial 1996 e 1999.

Nota: (1) Relação entre a produtividade da divisão e a média da indústria.

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A alteração na estrutura produti-va da indústria não sinaliza de forma ní-tida que tenha ocorrido uma regressãono processo de industrialização do país.Na Tabela 2 agregamos os setores con-forme o grau de intensidade, empre-gando a classificação do grau de inten-sidade tecnológica da OCDE (1997).Setores classificados como de alta tec-nologia, média-alta tecnologia e baixa

tecnologia ganharam peso na estruturaindustrial de 1985 a 1998 em detrimen-to do setor de média-baixa tecnologia.No caso do emprego, apenas o setor debaixa tecnologia aumentou sua partici-pação na estrutura industrial. No casodos de alta e média-alta tecnologia esteaumento de participação foi acompa-nhado de ganhos expressivos em pro-dutividade relativa.

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Uma interpretação sobre a evolução da produtividade industrial no Brasil72

Tabela 2_ Participação (%) do Valor da Transformação Industriale do Pessoal Ocupado de setores da Indústria de Transformaçãopor grau de Intensidade Tecnológica – 1985 e 1998

Grau de intensidadetecnológica

Valor da transformaçãoindustrial

Pessoal ocupado Produtividade relativa

1985 1998 1985 1998 1985 1998

Alta tecnologia 6,3 8,4 4,0 3,8 157,5 221,1

Média-alta 27,4 27,8 21,7 19,7 126,3 141,1

Média-baixa 35,2 27,1 29,5 25,8 119,3 105,0

Baixa tecnologia 31,2 36,8 45,8 51,0 68,1 72,2

Fonte: Garcia (2001), a partir dos dados compatibilizados do Censo Industrial de 1985 e da Pesquisa Industrial de 1998.

Nota: (1) Produtividade relativa = (%VTI/% PO) * 100.

Outra constatação interessante nes-ta mudança de estrutura industrial é quenão se observou que o aumento da produ-tividade tenha sido resultado de um movi-mento de demissões em massa de ope-rários, atingindo exclusivamente setoresonde predomina a mão-de-obra intensi-va.22 A produtividade industrial cresceuem todos os setores ao longo dos anos no-venta com queda no emprego segundo osindicadores da Pesquisa Industrial Men-sal do IBGE (Carvalho e Feijo, 2000, Ta-bela 1),23 e não se observou uma tendênciaà convergência entre os níveis de produti-vidade nos diversos setores da indústria(Bonelli, 2000 e Saboia, 2002).24 Isto signi-fica que a produtividade cresceu para to-dos, mas com mais intensidade em setoresque já apresentavam, no início da década,níveis mais altos de produtividade.

Um segundo aspecto a ser ressal-tado é que o mercado de trabalho indus-

trial também se transformou, de manei-ra dramática, ao longo dos anos noven-ta. O fato que chama a atenção, par-ticularmente com respeito à discussãoda produtividade industrial é a queda sis-temática no volume de emprego, mes-mo com expansão do produto industri-al. Segundo informações da RAIS doMinistério do Trabalho, a participaçãodo emprego da indústria de transforma-ção caiu de 23,5% em 1990 para 18,4%em 1999. Esta queda correspondeu auma diminuição de 13% no número devínculos empregatícios, enquanto o em-prego formal da economia como umtodo se expandiu em 10,2% no mesmoperíodo. O impacto desta queda é du-plo: elevou as taxas de desemprego naeconomia e piorou a qualidade dos em-pregos no país, tendo em vista que osempregos industriais são, predominan-temente, com carteira assinada.

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22 Conforme Garcia (2001,p. 88) as indústrias intensivasem trabalho são as que maisperdem peso, tanto em termosde valor da transformaçãoindustrial como em termos depessoal ocupado de 1985 a1998.23 Aqui vale uma qualificaçãoem relação aos dados dasPesquisas Mensais do IBGE.Apontamos em Feijo e

Carvalho (1999) que asestatísticas mensais estão comsuas amostras defasadas, emparticular a de emprego (aPesquisa Industrial Mensal deDados Gerais foiinterrompida em abril de 2001e substituída por outrolevantamento mensal).Considerando estatísticas deamostras mais robustas comoas da Pesquisa Industrial

Anual (porém com série maiscurta de dados) de 1996 a2000 o emprego da Indústriade Transformação, nestesquatro anos, cresceu apenas3,6%. Alguns setoresapresentaram percentual dequeda acentuado como emFumo (-26,3%), Fabricação deCelulose, Papel e Produtos dePapel (-9,2%) e Fabricação deCoque, Refino de Petróleo e

Elaboração de CombustíveisNucleares e Produtos deÁlcool (-51,2%).24 Sabóia (2002), destaca quea divergência no crescimentoda produtividade foi maisacentuada de 1996 a 1999.

Não há como dissociar o aumentoda produtividade industrial na década denoventa da queda na absorção da mão-de-obra. A abertura econômica, neste sen-tido, provocou um enxugamento das estru-turas produtivas o que levou à contraçãodo emprego no setor manufatureiro.

Da mesma forma que não obser-vamos a “lei” Kaldor-Verdoorn, tambémnão encontramos respaldo para apoiar aterceira “lei” que se refere à transferênciade mão-de-obra dos demais setores paraa indústria. A indústria desempregou aolongo dos anos noventa e há indícios deque o grau de informalidade do empregoindustrial aumentou.25 Considerando se-tor formal os trabalhadores com carteiraassinada, estes perderam participação naindústria entre 1990 e 1998, mais do queem outros setores.

Nota-se que a boa performance daprodutividade industrial não se refletiu,como esperavam alguns autores, princi-palmente os das correntes ortodoxas, emresultados expressivos no volume de ex-portações industriais. Carvalho (2000,p. 215-216) apresenta o resultado de cor-relações do aumento da produtividadecom o coeficiente de exportações na déca-da de noventa e não encontra resultadopositivo e significativo para nenhum con-junto de setores industriais analisados.

Em resumo, fazendo um balançodas proposições de Kaldor para o con-texto da indústria brasileira nos anos no-venta, observamos que:

a. a indústria perdeu peso, mas ocrescimento da produtividade in-dustrial foi mais elevado do quenos demais setores produtivos,conforme dados fornecidos pelasContas Nacionais;

b. a estrutura industrial se alterou, masnão há indícios de que o conteú-do de valor adicionado tenha sereduzido, conforme informaçõesdas Contas Nacionais;

c. não ocorreu tendência à conver-gência nos níveis de produtivida-de entre os setores industriais;

d. o crescimento da produtividade in-dustrial foi acompanhado por que-da do emprego;

e. a indústria não absorveu mão-de-obra dos demais setores, ao con-trário o setor terciário tem incor-porado trabalhadores dispensa-dos da indústria;

f. a demanda externa tem um pesomuito menor que a demanda in-terna.

Este conjunto de observações indi-ca que a indústria brasileira nos anos no-

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25 Segundo a Pesquisa Mensalde Emprego do IBGE, o totaldos trabalhadores com carteiraassinada na indústria detransformação de 1990 a 1998caiu 28%. Na realidade, istosinaliza que se reduziu onúmero de postos de trabalhoformal e, apesar do grau deinformalidade ter aumentadorelativamente, a maioria dosempregos na indústria ainda écom carteira assinada.A princípio não houvesubstituição de mão-de-obraformal por informal.

venta passou por uma fase de transiçãopara um novo padrão produtivo.26 Nestafase, o aumento da produtividade deveu-se mais a condicionantes de oferta do quede demanda. Nossa conclusão é a de quea sustentação deste crescimento deve seapoiar no futuro na recuperação da de-manda agregada que, por sua vez, deve serpuxada pelas exportações e elevar os níve-is de investimento da economia.

8_ ConclusãoNa década de 90 e estrutura industrial doBrasil mudou. Aspectos visíveis desta mu-dança foram o aumento da produtivida-de, sem contudo haver retomada signifi-cativa do investimento e ganhos expres-sivos nas exportações, e a queda do em-

prego. Aceitando que a abertura econô-mica teve algum impacto modernizante,ou seja, houve avanço tecnológico em di-versos setores da indústria, foi discutidoneste texto a sustentabilidade do cresci-mento da produtividade, o qual deverávir acompanhado de crescimento subs-tantivo do produto e do emprego.

Explorando a contribuição de Kal-dor, destacamos a importância de fatoresde demanda para o crescimento sustentá-vel da economia. No entanto, observou-setambém que as “leis” de Kaldor perdemforça em momentos de transição na estru-tura produtiva, onde os condicionantes deoferta têm um maior impacto sobre ocomportamento do produto.

Nesta perspectiva, a pergunta a serrespondida no caso do Brasil é se a melho-ra na produtividade industrial nos anos 90induzirá as firmas no futuro a aumenta-rem suas capacidades inovativas ou seja, amelhorarem as suas competitividades. Aresposta não foge ao lugar comum de en-fatizar que depende do novo arranjo insti-tucional e de uma forte recuperação doinvestimento na economia. No entanto,seguindo a tradição keynesiana, esta recu-peração depende de como o novo ambi-ente econômico é apreendido pelas em-presas e como se sustenta sua confiançaem períodos de longo prazo. Skott e Au-

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26 As transformações naestrutura produtiva ao longodos anos noventa apontampara um pequeno aumento naparticipação dos setores dealta e média alta tecnologiaque, em termos de valor datransformação industrial,representavam 33,7%do total da Indústria deTransformação em 1985, e em1998 este percentual se elevapara 36,2%. Se este resultadonão indica que ocorreu um

movimento de regressãotecnológica na indústria, poroutro lado deve ser visto comcautela, pois trata-se de umainformação agregada. Apenasuma análise mais detalhada,por sub-setor, caracterizandoa situação de cadeiasprodutivas específicas, podeidentificar o potencial decrescimento e inovação.tecnológica de setores daindústria. Este propósito fogeao escopo deste trabalho.

erbach (1995) discutem o modelo de cres-cimento de Kaldor e mostram que a van-tagem de suas proposições é o fato deque é um modelo “aberto”, “incomple-to” (p. 386) no sentido de que deixa espa-ço para considerações sobre os fundamen-tos comportamentais das decisões de in-vestimento. Estes fundamentos não po-dem ser explicitados em modelos formais,porque as expectativas de longo prazo,que norteiam decisões de longa duração,não são passíveis de serem modeladas ade-quadamente.

Aspectos institucionais, que tam-bém interferem em decisões privadas, de-vem ser especialmente considerados nanova conjuntura brasileira, principalmen-te levando-se em conta que no passado aindução a decisões estratégicas vinha deum estado fortemente intervencionista e,hoje, tende a ser cada vez mais influencia-da pelo “mercado global”. Neste novocontexto, identifica-se a necessidade decriação de instrumentos de política quevisem a coordenação de decisões públi-cas e privadas.

As indicações deste texto, baseadasna tradição keynesiana, apontam no senti-do de se sugerir que o padrão de cresci-mento da produtividade com queda noemprego não deve persistir num contextoeconômico de crescimento sustentável. A

indústria, diferentemente de outros seto-res produtivos, apresenta economias cres-centes de escala, o que lhe permite crescera produção, o emprego e a produtividade.Este foi o padrão de crescimento na déca-da de setenta e voltará a ser no futuro,quando a economia retomar, com aumen-to dos investimentos, uma trajetória firmede crescimento. Enfatizar este ponto querdizer também que a indústria manufatu-reira continua a apresentar característi-cas de dinamismo no sentido de que seudesenvolvimento estimula outros setoresde atividade e abre novas fronteiras decrescimento. A maior disponibilidade deinformações estatísticas sobre o setor in-dustrial, com a atualização das bases com-paráveis das pesquisas industriais do IBGEabrirá novas oportunidades de aprofunda-mento do conhecimento sobre as caracte-rísticas de funcionamento do setor indus-trial brasileiro nos últimos anos e sobresuas perspectivas.

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nova Economia_Belo Horizonte_12 (2)_57-78_julho-dezembro de 2002

Uma interpretação sobre a evolução da produtividade industrial no Brasil78

Os autores agradecem os

comentários de Nelson

Carvalheiro e de dois referees

anônimos, que, no entanto,

estão isentos de quaisquer

falhas ou omissões.

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