um modelo democrático para os municípios

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[email protected] 1/5/2015 1 Um modelo democrático para os municípios (Para uma Constituição Democrática com caráter de urgência – 4 1 ) Um regime não é corrupto em função do número de casos que se vão conhecendo. Um regime é corrupto quando toda a sua arquitetura política e jurídica está feita para facilitar e legalizar a corrupção, como elemento fulcral da acumulação de capital. As câmaras têm sido a base para a continuidade histórica do caciquismo, ancorado em oligarcas partidários, protagonistas do desordenamento urbanístico, oleados pelo setor imobiliário, todos financiados pelos bancos. Sumário 11 – A soberania do povo é apropriada por um novo clero 12 - O retrato desolador da gestão camarária 13 - Municípios com uma estrutura democrática a) Configuração das Assembleias Municipais (AM) b) Configuração das Câmaras Municipais (CM) 1 Texto inicial em: http://grazia-tanta.blogspot.pt/2015/02/para-uma-constituicao-democratica- com.html o segundo em: http://grazia-tanta.blogspot.pt/2015/03/para-uma-constituicao-democratica- com.html e o terceiro em http://grazia-tanta.blogspot.pt/2015/03/para-uma-constituicao-democratica- com_22.html

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(Para uma Constituição Democrática com caráter de urgência – 4 )Um regime não é corrupto em função do número de casos que se vão conhecendo. Um regime é corrupto quando toda a sua arquitetura política e jurídica está feita para facilitar e legalizar a corrupção, como elemento fulcral da acumulação de capital.As câmaras têm sido a base para a continuidade histórica do caciquismo, ancorado em oligarcas partidários, protagonistas do desordenamento urbanístico, oleados pelo setor imobiliário, todos financiados pelos bancos.Sumário11 – A soberania do povo é apropriada por um novo clero 12 - O retrato desolador da gestão camarária13 - Municípios com uma estrutura democráticaa) Configuração das Assembleias Municipais (AM)b) Configuração das Câmaras Municipais (CM)

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  • [email protected] 1/5/2015 1

    Um modelo democrtico para os municpios

    (Para uma Constituio Democrtica com carter de urgncia 41)

    Um regime no corrupto em funo do nmero de casos que se vo conhecendo. Um regime corrupto quando toda a sua arquitetura poltica e jurdica est feita para facilitar e legalizar a corrupo, como elemento fulcral da acumulao de capital.

    As cmaras tm sido a base para a continuidade histrica do caciquismo, ancorado em oligarcas partidrios, protagonistas do desordenamento urbanstico, oleados pelo setor imobilirio, todos financiados pelos bancos.

    Sumrio

    11 A soberania do povo apropriada por um novo clero 12 - O retrato desolador da gesto camarria 13 - Municpios com uma estrutura democrtica

    a) Configurao das Assembleias Municipais (AM) b) Configurao das Cmaras Municipais (CM)

    1 Texto inicial em: http://grazia-tanta.blogspot.pt/2015/02/para-uma-constituicao-democratica-

    com.html o segundo em: http://grazia-tanta.blogspot.pt/2015/03/para-uma-constituicao-democratica-

    com.html e o terceiro em http://grazia-tanta.blogspot.pt/2015/03/para-uma-constituicao-democratica-

    com_22.html

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    11 A soberania do povo apropriada por um novo clero A CRP evidencia uma lgica piramidal, hierrquica, que coloca no vrtice da organizao do poder poltico as altas esferas de nvel nacional, os rgos de soberania - o Presidente da Repblica, a Assembleia da Repblica, o Governo e os Tribunais (art. 110). Contudo, logo no incio do texto (art 2) a CRP estabelece que A Repblica Portuguesa um Estado de direito democrtico, baseado na soberania popular e que (art 3) A soberania, una e indivisvel, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituio. Ora, acontece que a CRP atravs das ditas formas previstas, ao tornar, de facto, inamovveis pelo povo os membros dos tais rgos de soberania, nega precisamente a soberania popular

    Essa soberania, como se sabe, resume-se votao em actos eleitorais e truncada no que respeita elegibilidade para funes de representao, uma vez que a CRP estabelece a mediao dos partidos polticos para o efeito. Estando previstas frmulas para grupos de cidados a nvel autrquico, elas so colocadas fora dos procedimentos regulares da democracia representativa e rodeadas de dificuldades prticas de ordem burocrtica. Somente o PR objeto de concurso individual, sabendo-se que ningum ter hipteses de uma votao aprecivel sem apoios de partidos do regime, sem os seus financiamentos (e o dos meios dos negcios) para alm dos favores dos media; da que as pessoas comuns no tenham qualquer possibilidade de apresentar uma candidatura vivel uma vez que a disponibilidade de fortunas o grande condicionador da expresso que se diz democrtica. Helena Roseta disse isso mesmo, dias atrs, reconhecendo que lhe falta apoio partidrio e portanto dinheiro para se candidatar a residir perto dos pastis de Belm.

  • [email protected] 1/5/2015 3

    Outro aspeto da truncagem democrtica que os eleitos no cumprem minimamente as obrigaes inerentes a um contrato de mandato. O mandato um contrato em que o mandatrio recebe poderes do mandante para que possa atuar e praticar actos em funo dos interesses do ltimo. O facto da sua etimologia estar em manum datum (o aperto de mos que selaria o contrato), dispensando a materializao de uma procurao, significa que o mandato relacionava gente digna de respeito, que honraria os seus compromissos.

    Numa representao poltica, o potencial candidato elabora o seu programa que apresenta ao eleitorado; ao ser eleito torna-se mandatrio dos seus eleitores e o seu programa equipara-se a uma procurao, a cumprir escrupulosamente. Se no cumpre os termos dessa procurao, por si elaborada, por inpcia, por m avaliao das suas possibilidades ou, por m-f, isso dever permitir que os mandantes coloquem em causa o mandatrio e o possam substituir, por um acto formal, um referendo, se o faltoso no tiver a verticalidade de se demitir.

    Nada disto funciona na denominada democracia representativa ou de mercado e por vrias razes. Em regra, os membros da classe poltica no se sentem vinculados a contrato algum, nem a compromissos, nem a responsabilidades para com os eleitores; sentem-se membros de uma ordem superior, de uma casta e mais propriamente se deveriam designar por ungidos, sacralizados, em vez de eleitos. Por outro lado, o rol de promessas e futilidades chamado programa coletivo, elaborado pela corte do chefe partidrio, sem que com isso se possa ou deva eximir os membros individuais do partido de responsabilidades pessoais que possam ter, por atuao prpria ou por estarem includos num coletivo que no cumpre os seus compromissos.

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    Essa responsabilidade por um programa pode mesmo exigir classe poltica atitudes que ofeream uma justificao aceitvel para invalidar promessas eleitorais. Recordemos Scrates em 2005 quando pediu ao tratante Constncio, seu confrade partidrio, ento governador do Banco de Portugal, o conveniente estudo tcnico de onde emanasse a necessidade de aumentar o IVA. Por seu turno, Passos construiu um programa eleitoral absolutamente contrrio ao definido no Memorando da troika (assinado por ele) e, pior que isso, arranjou na interveno da troika argumentos para justificar o seu no cumprimento do prometido e acrescentar atitudes favorveis sua clientela.

    O pensamento nico que enforma a realidade poltica, econmica e meditica entra tambm na cultura da multido que acaba por no levar a srio as promessas eleitorais, tornando-se cmplice da classe poltica na ligeireza com que so encaradas as ditas promessas e ainda para que no existam mecanismos de colocao em causa dos eleitos durante os seus mandato. Neste contexto, a democracia representativa deve qualificar-se como farsa ou, para o no ser, a multido ter-se- de tornar exigente de uma verdadeira democracia, remetendo a classe poltica para os compndios da Histria.

    No deixa de ser curioso que a classe poltica, to lesta na defesa da precariedade - laboral e na vida de todos - como da liberalizao dos despedimentos, se exclua com mandatos a termo certo e geralmente prorrogveis, indemnizaes, subsdios de reintegrao e penses de reformas precoces e secretas.

    Outro exemplo interessante dos entendimentos capciosos contidos na CRP evidencia-se no seu art 239, n 2 onde consta que A assembleia (municipal ou de freguesia) eleita por

  • [email protected] 1/5/2015 5

    sufrgio universal, direto quando compaginado com o referido no n 4. do mesmo artigo, onde se estatui que As candidaturas para as eleies dos rgos das autarquias locais podem ser apresentadas por partidos polticos, isoladamente ou em coligao, ou por grupos de cidados eleitores. Ora, as assembleias so constitudas por pessoas e os eleitores votam em partidos ou grupos de cidados que assim se tornam em veculos para o preenchimento com pessoas das assembleias. Se existe um intermedirio entre o votante e os elementos que integraro as assembleias, que sentido far dizer-se que o sufrgio direto se quem as vai integrar s indiretamente votado pelo eleitor? E, por outro lado, o eleitor no controla minimamente o efetivo preenchimento das assembleias pois frequentemente os eleitos transitam para outras funes e so substitudos por figuras consideradas secundrias, colocadas em lugares menos cimeiros das listas pelos chefes partidrios que procedem sua hierarquizao.

    Ainda o n 4 do art 239 ao referir a potencial candidatura de listas de cidados estabelece uma franca desigualdade entre aquelas e os partidos polticos. Estes, ao constiturem-se, apresentam 7500 assinaturas de subscritores e podem concorrer em todos os mbitos, local, regional e nacional e sem limites temporais; as listas de cidados mesmo com um propsito local de interveno poltica vem-se confrontadas com um processo burocrtico, com uma recolha desproporcionada de assinaturas e que sero apenas vlidas para uma eleio.

    12 O retrato desolador da gesto camarria

    Os municpios tm uma relevncia muito superior das freguesias, cuja configurao democrtica foi exposta no captulo anterior destas cogitaes sobre uma Constituio alternativa.

  • [email protected] 1/5/2015 6

    Iniciaremos este captulo com alguns indicadores globais da gesto camarria em 2013, colocando entre parntesis valores de 2003, para comparao:

    a) As cmaras do trabalho a 121160 pessoas a que se devem somar 5402 dos servios municipalizados. Em 2014 aquele nmero ter-se- reduzido para 116560 trabalhadores2.

    O volume dos trabalhadores torna muitos municpios como os principais empregadores locais. Esse facto deve-se, por um lado, necessidade da prestao de servios populao e por outro, fragilidade das estruturas econmicas presentes em cerca de 80% do territrio, abundncia de negociantes encostados aos errios e favores pblicos com a ausncia de verdadeiros empresrios.

    Neste contexto de subdesenvolvimento econmico crnico, mantm-se uma cultura histrica de fatalismo, tanto maior quanto mais envelhecidas e dependentes ficam as populaes. Ali encastra-se uma estrutura poltica hierrquica e autoritria alicerada em mafias partidrias locais, que tm no topo oligarcas - os presidentes de cmara - com influncia direta na vida dos trabalhadores municipais e suas famlias, com o fomento de um acentuado clientelismo que atinge quase toda a populao e as atividades locais.

    b) Os executivos camarrios (vereaes) envolviam 2086 indivduos3 e 6487 eleitos para as assembleias municipais; em mdia, cada municpio tem 9 vereadores e 21 deputados municipais.

    2 http://expresso.sapo.pt/camaras-perdem-19-mil-trabalhadores-em-3-anos=f917055#ixzz3VWWVRS64

    3 http://grazia-tanta.blogspot.pt/2013/11/autarquicas-2013-e-putrefacao-do.html

  • [email protected] 1/5/2015 7

    O presidente , em regra, uma figura meditica, permanentemente rodeado de squito, como um senhor feudal. Os seus principais aclitos so o vereador do urbanismo, sobretudo pelo papel que desempenha no licenciamento de obras; e o da rea financeira, por razes evidentes. alis comum, haver na vereao empresrios da construo civil e no empreendedorismo imobilirio, indivduos que tirocinaram em vereaes, conformados na falta de gabarito para deputados, secretrios de estado ou ministros.

    Pode aquilatar-se a relevncia do mercado do licenciamento de obras atravs do seu nmero a nvel nacional em 2013 (16253) o que uma plida imagem dos bons tempos da orgia imobiliria (em 2003 aqueles licenciamentos foram de 55209). Todos sabemos como terrenos rsticos se tornam urbanos por licenciamento camarrio, com uma valorizao enorme; essa valorizao garantida, transformada em casas, enriquecia o requerente e poderia alegrar autarcas e/ou os seus partidos.

    c) O volume de impostos e taxas foi de 2547 M ( 2031 M) sobressaindo ali a cobrana de IMI, na ordem dos 1306 M ( 695 M)

    As receitas fiscais dos municpios representam apenas cerca de 38% das entradas de fundos (36%) embora tenham crescido 25,4% em dez anos, revelando-se assim a escassa capacidade da base tributria local para o financiamento das despesas municipais, mantendo-se, portanto, os municpios dependentes financeiramente do governo, como j acontecia no tempo do fascismo, quando no existiam impostos autrquicos. Acrescente-se que os impostos autrquicos so

  • [email protected] 1/5/2015 8

    cobrados pela Autoridade Tributria, dependente dos governos.

    Nessas receitas pesa particularmente o IMI que passou a representar 51.3% do seu total, contra apenas 34.2% em 2003 e enquanto as outras receitas fiscais que no o IMI cresceram apenas 7.7%, contra os 88% de crescimento da receita do IMI. A quebra das receitas do IMT, associadas s transaes imobilirias, em declnio com a crise financeira, foi o motivo para o enorme aumento do IMI. Este o principal imposto que se paga pela posse de um bem (como o IUC, batizado de circulao mas que qualquer veculo paga, mesmo que no circule); assemelha-se ao imposto francs sobre as grandes fortunas embora, em Portugal sejam as camadas populares os verdadeiros contribuintes. O IMI um imposto de total ilegitimidade quando se refere s casas de habitao que as famlias foram obrigadas a adquirir, com endividamento bancrio, com os riscos conhecidos em caso de desemprego, porque o regime cleptocrtico nunca (governos ou cmaras) cumpriram a prescrio constitucional de materializao do direito habitao. O partido-estado PSD/PS deixou a habitao ao sabor do mercado, alimentado por crdito bancrio de modo suicida, como se v pelas dificuldades do sistema bancrio portugus. Colocando a habitao como vulgar mercadoria, para lucrativo benefcio da especulao imobiliria, da corrupo camarria e dos bancos. Um novelo de desastres, como se vai observando e que desenvolvemos h pouco tempo4.

    4 http://grazia-tanta.blogspot.pt/2012/12/a-nao-politica-de-habitacao-e-o-imi-1.html

    http://grazia-tanta.blogspot.pt/2013/01/a-nao-politica-de-habitacao-e-o-imi.html

  • [email protected] 1/5/2015 9

    d) As vendas e os servios prestados corresponderam a 738 M ( 511 M)

    O seu crescimento no perodo considerado foi de 44.4% e foi mais um dos elementos de compensao das quebras em algumas receitas fiscais mormente o IMT bem como das transferncias. Uma das suas vantagens para os executivos camarrios que no dependem de prvias decises dos governos, s havendo a ponderar a no concretizao de aumentos na prestao de servios, nas proximidades de campanhas eleitorais autrquicas.

    e) As receitas de transferncias computam-se em 3383 M ( 3008 M)

    As transferncias, com origem essencial no Estado mas, tambm na UE, apresentam um acrscimo muito moderado no decnio (12.5%). Esse fraco crescimento resultou dos apertos da troika dos ltimos anos em que o governo fez as autarquias participar e por isso, a parcela das transferncias no total das receitas municipais passaram para 50.7% (eram 54.2% em 2003).

    Esta situao de dependncia face ao governo de turno mantm uma subalternidade financeira que no corresponde a uma desejvel autonomia poltica. Nas atuais disputas entre o poder autrquico e o governo a propsito da privatizao da gua e da gesto dos resduos bem clara essa subalternidade, que inquina na realidade o significado da autonomia autrquica. Em ambos os assuntos somente a populao de cada autarquia deveria escrutinar, de acordo com o princpio da subsidiariedade. A tradio centralista em Portugal, temerosa de perda de controlo sobre a populao mais no revela (e induz) a continuidade do atraso

  • [email protected] 1/5/2015 10

    portugus. Nenhum dos clubes instalados em S. Bento prescinde de monitorar a alta corrupo nem de cobrar a sua parcela na corrupo a nvel autrquico, atravs das suas antenas locais.

    f) O montante de emprstimos a mdio/longo prazo era de 4273 M ( 4016 M)

    O endividamento a mdio/longo prazo das cmaras no cresce particularmente entre os dois anos considerados. Isso no se dever tanto a uma viragem dos oligarcas para uma gesto pblica cuidada mas, s imposies da troika, empenhada em reduzir o nvel de endividamento das administraes pblicas, em geral. Em 2011 este tipo de endividamento era de 4517 M e reduziu-se por evidente retrao dos bancos, impossibilitados de refinanciamento no exterior, em conjunto com a aplicao do PAEL - Programa de Apoio Economia Local, (Lei n43/2012 de 28/8) no mbito do qual j tero sido concedidos a ttulo de emprstimo, 810 M a 110 municpios, num total previsto de 1000 M5. Neste campo, a relevncia deste endividamento mede-se melhor com a sua relao com as suas receitas fiscais ou de vendas e prestaes de servios. Assim, a dvida financeira correspondia em 2013 a 130% das receitas referidas, contra 158% em 2003. Para colmatar parte desta incria na gesto, os oligarcas nada melhor encontraram do que aumentar o IMI que, como vimos atrs, corresponde em 2013 a 30.6% das dvidas de mdio/longo prazo (17.3% dez anos antes).

    Este grande endividamento tornou-se estrutural e, na classe poltica que se arroga ao monoplio da ao poltica local e nacional, nada surgiu que viesse a evitar este endividamento; para o efeito preciso que a populao se

    5 http://grazia-tanta.blogspot.pt/2013/07/a-divida-autarquica-e-romaria-eleitoral.html

  • [email protected] 1/5/2015 11

    mantenha afastada e mesmo na ignorncia do que se passa na sua autarquia.

    g) Os outros dbitos para alm dos emprstimos a mdio/longo

    prazo equivaliam a 6437 M ( 1367 M)

    Este tipo de dbitos, de curto prazo, em princpio, serve para resolver problemas transitrios ligados ao funcionamento corrente e cresceu 4.7 vezes nos dez anos considerados; um verdadeira lio de gesto ao nvel rasteiro que carateriza a classe poltica. Porque se ter constitudo tamanho volume de responsabilidades, de dbitos que se renovam, sucessivamente? A que custos correntes se referiro? Fornecimento de bens e servios e quais? Crdito bancrio de curto prazo? O que se sabe que em 2003 estas dvidas equivaliam a 53.8% das receitas fiscais adicionadas das vendas e servios prestados, relao essa que evoluiu para 196% (!) em 2013.

    Os vereadores das oposies mesmo que denunciem estas situaes, estando em minoria, pouco podem fazer e nem sequer tm o poder de demitir o executivo camarrio. As Assembleias Municipais so, em regra, rplicas ainda mais cinzentas que a Assembleia da Repblica, uma vez que so constitudas por segundas linhas da classe poltica. Por seu turno, o Tribunal de Contas prende-se com o cumprimento das normas legais e no intervem na gesto financeira dos municpios. A populao, mantida margem da gesto pblica, remetida para o exerccio do voto nas romarias eleitorais, est longe da realidade. Finalmente, a imprensa local, muitas vezes dependente politica ou financeiramente dos poderes locais representados no executivo camarrio prefere outros temas; e a imprensa nacional perde todo o seu tempo a recolher

  • [email protected] 1/5/2015 12

    futilidades dos governantes ou dos chefes da oposio, no se envolvendo nas minudncias da gesto de 308 cmaras. Em suma, as maiorias no executivo, tm um poder quase absoluto at s eleies seguintes, embora o mais comum seja a continuidade, se no do partido dominante, das prticas que so transversais aquele e oposio. Neste contexto, falar de responsabilidade financeira e criminal, por gesto danosa, dos causadores desta situao apresenta-se como totalmente deslocado dado o carter cleptocrtico do atual regime poltico que legaliza, de facto, os desmandos e a corrupo.

    h) Os juros e outros encargos financeiros pagos foram de 1282 M

    ( 105 M)

    Como lgico corolrio do que se disse atrs, o volume dos juros e outros encargos com o financiamento cresceu 12 vezes (!) nos dez anos terminados em 2013.

    Assim, os juros absorveram, em 2013, 39% das receitas fiscais e das vendas e servios prestados pelas autarquias quando essa proporo era apenas de 4.1% em 2003. Em 2013 os juros e encargos financeiros pagos absorviam toda a receita de IMI evidenciando-se assim que o aumento do imposto foi concebido para que toda essa receita transite para os cofres do sistema financeiro.

    A situao calamitosa que a sntese anterior deixa aflorar evidencia o modo leviano ou criminoso como tem sido, em regra, efetuada a gesto autrquica por parte da classe poltica, que localmente se alicera e se funde com um caciquismo tradicional o qual, por seu turno, radica no subdesenvolvimento econmico, nos baixos nveis de instruo e na pouca ou nula democraticidade do sistema poltico e do modelo de representao.

  • [email protected] 1/5/2015 13

    As autarquias locais surgem na CRP depois de todas as vrias formas de poder (arts 235 a 254) perto, portanto, do final do documento que termina no art 296; a sua relevncia na organizao poltica revela a lgica piramidal da mesma. Ainda que se caraterizem pela presena de rgos eleitos pelas pessoas, pela maior proximidade face a estas, com responsabilidades administrativas e financeiras, com relevncia evidente na vida das comunidades, so relegados para o final. Note-se, por comparao, que o Conselho de Estado, apenas um rgo consultivo e com vrios membros de escolha pessoal do Presidente da Repblica, est colocado numa rea muito mais relevante para os constituintes (arts 141 a 146).

    A Lei das Autarquias Locais (Lei n. 75/2013 de 12/9) no seu art 23 n. 2 consagra dezasseis atribuies dos municpios no natural mbito da salvaguarda dos interesses da populao. Porm, uma anlise ligeira do que se passa na realidade revela que a lei aponta para atribuies esquecidas ou remetidas para outras instncias.

    No domnio da energia, a distribuio de eletricidade ou gs procede-se a partir de empresas privadas que pouco recorrero s instncias municipais. Os municpios intervm nas situaes em que famlias insolventes so objeto de cortes pelas empresas? Por outro lado, qual a interveno dos rgos municipais no fomento da utilizao de energias renovveis para autoconsumo, cuja presena em Portugal muito inferior a pases como a Turquia ou a Grcia?

    Na rea dos transportes e comunicaes prepondera a existncia de empresas privadas, intervindo, os municpios, na garantia dos transportes escolares, alugados a empresas rodovirias. Em regra, os transportes so caros, com escassas frequncias ou nem sequer existem, no se conhecendo a

  • [email protected] 1/5/2015 14

    existncia de muitos casos de empresas municipais, (Barreiro). Na sequncia da austeridade exigida pela troika em 2011, as empresas pblicas de transporte em Lisboa e Porto encareceram e reduziram o seu servio, sem que os municpios o possam ter obviado; e da mesma forma, no so considerados no mbito das privatizaes iniciadas pelo governo.

    No contexto da educao, a interveno municipal tambm reduzida, convivendo com a proliferao de negcios privados em creches ou escolas infantis e assistindo passivas aos compadrios entre o Estado e grupos econmicos na rea da educao, como por exemplo o grupo GPS6. Assiste-se atualmente a uma transferncia de competncias do Estado para as autarquias no mbito da educao, cujas divergncias sobre a repartio de custos certamente revertero em prejuzo das populaes. Por outro lado, se a colocao de professores constitui um drama constante para os docentes, em particular, a sua gesto a nvel municipal no ser um poder discricionrio para os oligarcas locais estenderem a sua influncia?

    No campo da cultura e desporto, para alm de algum trabalho meritrio haver um mrito especial em eventos estivais de duvidosa qualidade ou nas facilidades a clubes de futebol, mesmo que se utilize o argumento de que atraem turistas e receitas para as reas da restaurao e hotelaria?

    Na rea da sade, o SNS acossado com cortes e disfunes orquestradas por Paulo Macedo reparte com servios privados

    6 http://www.tvi24.iol.pt/aa---videos---sociedade/reporter-tvi-ana-leal-grupo-gps-dinheiros-publicos-vicios-privados-tvi24/1398555-5795.html http://www.youtube.com/watch?v=5YOnCK79cpw

  • [email protected] 1/5/2015 15

    (recolha de anlises, clinicas, consultrios e hospitais), com a intermediao de seguradoras, do SNS e da ADSE, os recursos na rea da sade, no se descortinando onde est a interveno dos municpios.

    No campo da ao social, sem prejuzo de alguns apoios a indigentes nas maiores cidades, as creches, os centros de dia e os lares de idosos so explorados por entidades privadas ou IPSS mais ou menos prximas da Igreja Catlica, com o suporte financeiro das famlias e da Segurana Social.

    Na habitao, h em alguns municpios casas com rendas sociais nem sempre to sociais como seria natural ou, em mau estado de conservao. No tradio dos entes pblicos portugueses promoverem habitao social, deixando o tema habitao ao sabor do idolatrado mercado. A interveno municipal tem-se feito no mbito do licenciamento de construo, palco de muita arbitrariedade, de pouca qualidade e de corrupo.

    A desastrosa poltica global de habitao mostra-se em centenas de milhar de casas arruinadas, abandonadas ou encerradas sem que os municpios intervenham para exigir obras, utilizao e menos ainda, com expropriaes ( horror dos horrores face ao amor pelo capitalismo que carateriza a classe poltica!).

    No caso do ordenamento do territrio e do urbanismo a promoo do turismo tornou-se o grande desgnio nacional e justifica fenmenos de gentrificao, desde que sirvam de ncora a um duvidoso desenvolvimento local.

    E, para terminar, no captulo da gua e do saneamento vai-se estendendo gradualmente a interveno privada com a

  • [email protected] 1/5/2015 16

    introduo de contratos leoninos que depauperam as finanas locais.

    13 - Municpios com uma estrutura democrtica

    Em termos mdios de populao e rea, os municpios portugueses so superiores aos correspondentes alemo, espanhol e francs, pelo que, em geral; a sua dimenso e mesmo a ancoragem na Histria, afirmam os municpios portugueses com uma grau de consolidao aceitvel. Porm, a desertificao do interior permite que se diga que Portugal est inclinado para o mar, ainda que de modo irregular e que a sua populao escorrega para o mar ou para o exterior. Por outro lado, o envelhecimento da populao que, certamente ir acentuar a referida desertificao, poder contribuir para que seja aconselhvel a considerao de casos de reviso da realidade concelhia. Esclarea-se que a CRP considera como uma das competncias exclusivas da Assembleia da Repblica a Criao, extino e modificao de autarquias locais (art 164 al. n) no admitindo, portanto iniciativas locais ou sequer qualquer tipo de audio vinculativa das populaes, no sentido da alterao do mapa concelhio.

    a. Configurao das Assembleias Municipais (AM) Como dissemos no segundo texto deste conjunto sobre a reviso

    da CRP7 os elementos centrais da expresso democrtica, no contexto dos vrios crculos de agregao territorial das pessoas, so as assembleias. Neste texto, dedicado aos municpios, essa pedra base das instituies autrquicas a Assembleia Municipal e no o executivo, como na prtica se verifica. 7 http://grazia-tanta.blogspot.pt/2015/03/para-uma-constituicao-democratica-com.html

  • [email protected] 1/5/2015 17

    Na terceira parcela destes textos subordinados ao tema Para uma Constituio Democrtica com Carter de Urgncia apresentmos uma configurao para os rgos das freguesias relativamente prxima da existente atualmente, embora com contedos e, sobretudo, por um modelo de representao distanciado do actual. Defendeu-se ali a existncia de Assembleias de Freguesia (AF) e Juntas de Freguesia (JF), com membros distintos, todos eleitos e, com a atribuio AF de um forte poder deliberativo e fiscalizador, com um papel essencialmente executivo para a JF.

    O nmero actual de membros das AM8 resultantes das eleies de 2013 de 6487 a que se devem somar os 3094 presidentes de Juntas de Freguesia. No que respeita aos deputados diretamente eleitos, o seu nmero varia entre 51 (Lisboa) e 15 para os concelhos com menos de 10000 eleitores, embora, na totalidade haja demasiadas excepes resultantes do modo displicente como a classe poltica organiza o recenseamento eleitoral, revelando assim o seu apreo pela democracia; ao contrrio do rigor que coloca no que concerne ao NIF, essencial para o exerccio da puno fiscal.

    Uma maior maturao permite a apresentao de dois modelos organizativos, alternativos, para as estruturas dos municpios e que poder, at mais facilmente, ser adoptada para as freguesias. Esses modelos, sinteticamente so:

    A - Eleio pela populao, em separado, dos membros da Assembleia Municipal (AM) e da Cmara Municipal (CM) com o j referido reforado papel deliberativo e

    8 Atualmente, o art 42 da Lei n 169/99 de 18/9 estabelece que o nmero de deputados eleitos

    diretamente pela populao ter sempre de ser superior ao nmero de presidentes de junta de freguesia que a integram e, simultaneamente, ter pelo menos o triplo do nmero de vereadores da cmara respetiva. A soma dos diretamente eleitos e dos presidentes de junta enformam o elenco das assembleias municipais. A ttulo de exemplo, em Lisboa, h 51 deputados municipais com eleio direta e 24 que acumulam com o cargo de presidentes das freguesias que representam.

  • [email protected] 1/5/2015 18

    fiscalizador da AM e um desempenho principalmente executivo da CM.

    Nesta hiptese, estaro presentes os vereadores e os representantes das Juntas de Freguesia do concelho, os ltimos sem direito de voto9, pelo menos nas situaes de gesto corrente do municpio.

    B - Eleio pela populao dos membros da Assembleia Municipal (AM) que escolhero entre si um elenco de trs a nove vereadores (consoante o nmero de eleitores) para proceder gesto da Cmara (CM).

    Nesta frmula, os vereadores tero todos os direitos como membros da AM para a qual foram eleitos enquanto os representantes das Juntas de Freguesia do concelho estaro presentes mas, sem direito de voto, pelo menos nas situaes de gesto corrente do municpio.

    As AM sero os rgos basilares do exerccio da democracia a nvel municipal e onde se tomam as decises mais relevantes da autarquia. E daqui que sejamos totalmente adversos a alteraes ao modelo vigente que visem a reduo ou mesmo a extino das AM, com o argumento de que a relao entre AM e CM nem sempre pacfica10. As divergncias confrontam-se abertamente e no devem ser anuladas ab initio para que vingue a paz celestial de que tanto gostam os apreciadores do pensamento nico. Na mesma lgica, discordamos da promoo de vereaes homogneas to do agrado dos defensores da gesto empresarial e da transformao das

    9 Atualmente os presidentes de JF so membros de corpo inteiro das AM. Sendo ambas as autarquias

    independentes, sem vnculos de subordinao e com legitimidades prprias, no nos parece lgico que

    aos presidentes de JF seja conferido um poder deliberativo de uma outra autarquia, pela mesma razo

    que as instncias municipais no tm poder deliberativo nas freguesias. 10 Por exemplo em A Atual Reforma da Administrao Local de Nuno J. Vasconcelos Albuquerque Sousa

  • [email protected] 1/5/2015 19

    autarquias em meras concesses a gangs partidrios para agilizar o pasto corrupto do errio pblico.

    As AM sero constitudas por um nmero varivel de membros eleitos, de acordo com o volume de eleitores, como no exerccio que se segue:

    Exerccio - Membros de Assembleias e Cmaras Municipais

    AM CM N eleitores Municpios cada total cada total < 10000 113 20 2260 3 339 10000-50000 145 30 4350 5 725 50000 - 100000 26 50 1300 7 182 > 100000 24 70 1680 9 216

    soma 308 9590 1462

    Como se observa, o total dos membros das AM no difere muito do actual, salientando-se que na hiptese B - acima referida - desse total, 1462 estaro a desempenhar tambm funes executivas nas CM. No modelo A os membros sero eleitos diretamente, tal como hoje acontece;

    Todos os residentes com idade superior a 16 anos11 sero eleitores;

    Todos os eleitores residentes h mais de um ano, podero candidatar-se pessoalmente a membros da AM, no havendo lugar a quaisquer candidaturas coletivas. A propsito da reduo da idade eleitoral pode levantar-se a questo de se considerar se os menores de 18 anos devero ser elegveis para funes de representao;

    11

    Considermos aqui a reduo da idade para o exerccio do voto http://grazia-

    tanta.blogspot.pt/2015/03/para-uma-constituicao-democratica-com.html

  • [email protected] 1/5/2015 20

    So eleitos os mais votados dos candidatos at ao preenchimento dos lugares estipulados e desde que, cada um, detenha, pelo menos 5% dos votos expressos;

    o Se no houver candidatos em nmero suficiente, depois de aplicado o atrs exposto, os restantes sero escolhidos por sorteio entre os eleitores;

    o Ao eleito mais votado cabem as funes de representao externa da autarquia.

    Nenhum eleito poder cumprir mais de dois mandatos seguidos e s poder voltar a candidatar-se depois de duas legislaturas sem mandato;

    Qualquer eleito poder ter o mandato retirado por referendo onde votem mais de 50% dos eleitores;

    As decises da AM sero tomadas por maioria, podendo encarar-se um leque de decises que exijam maioria qualificada dos seus membros;

    Todas as AM so pblicas, tendo os residentes um perodo prvio realizao da AM para a colocao de questes discusso e que devero ser divulgadas com antecedncia face data de realizao da AM;

    Fica estipulado um calendrio mensal para a realizao mnima de sesses das AM onde a vereao apresentar contas, propostas e um relato da sua atividade. As sesses da AM podem tambm ser objeto de convocao extraordinria atravs de petio que rena mais de 10% dos residentes (num mximo de 5000), por solicitao da CM ou por deciso da maioria dos membros da AM;

    Competir AM, particularmente:

  • [email protected] 1/5/2015 21

    escolher entre os seus membros, o executivo camarrio (vlido apenas para o modelo B), podendo ainda, por maioria absoluta exonerar qualquer ou mesmo todos os membros daquele executivo12;

    acompanhar o desempenho da Cmara Municipal, discutir e aprovar medidas corretivas da atuao da vereao;

    a aprovao das opes do plano e do oramento municipal e dos respetivos relatrios de execuo, elaborados pela CM;

    aprovar acordos, parcerias ou transferncias de servios de/para outras autarquias ou o Estado, bem como contratos de concesso;

    a aprovao de projetos de investimento ou melhoramento das infraestruturas fsicas ou dos equipamentos sociais, bem como de alteraes patrimoniais ou obrigaes correlacionadas e ainda, a assuno de responsabilidades financeiras;

    criar ou alterar taxas ou preos de servios, bem como autorizar o recrutamento de pessoal para quaisquer rgos da autarquia e ainda ainda aprovar alteraes na estrutura orgnica da autarquia;

    Aprovao dos planos de ordenamento e das normas da sua aplicao;

    12

    sintomtico que na lei portuguesa uma Assembleia Municipal no possa destituir uma vereao

    semelhana do que acontece coma Assembleia da Repblica face ao governo nacional; ou um vereador

    sequer. Trata-se de uma forma de introduzir um verniz democrtico nas autarquias mantendo todo o

    poder no executivo, mormente no presidente da cmara, como acontecia durante o fascismo. Em

    contrapartida cabem s assembleias as autorizaes to relevantes como as geminaes ( Lei 75/2013

    de 12/9, art 25 1, t))

  • [email protected] 1/5/2015 22

    Deciso sobre propostas governamentais que afetem as receitas municipais;

    Convocar referendos, por maioria simples dos seus membros, sem prejuzo das decises populares no sentido da sua realizao.

    b. Configurao das Cmaras Municipais (CM)

    As CM so rgos executivos cuja funo proceder gesto corrente da autarquia e cumprir as decises da AM.

    No caso do modelo A acima definido, sero eleitores da CM, todos os residentes com idade superior a 16 anos;

    No caso do modelo A, todos os eleitores residentes h mais de um ano, podero candidatar-se pessoalmente a membros da CM, no havendo lugar a quaisquer candidaturas coletivas. A propsito da reduo da idade eleitoral pode levantar-se a questo de se considerar se os menores de 18 anos devero ser elegveis para funes de representao;

    O elenco das vereaes camarrias foi definido acima e aplica-se para qualquer dos modelos de organizao autrquica municipal;

    No caso de haver eleio direta dos membros da CM, so eleitos os mais votados dos candidatos at ao preenchimento dos lugares estipulados e desde que detenham, cada um, pelo menos, 10% dos votos;

    Se no houver candidatos em nmero suficiente os restantes sero escolhidos por sorteio entre os eleitores;

    Ao eleito mais votado (modelo A) caber, em termos genricos, a representao (delegvel), da autarquia em

  • [email protected] 1/5/2015 23

    questes executivas, sem prejuzo da AM poder escolher outro representante para uma funo especfica. No caso do modelo B, os designados para as funes executivas escolhero entre si essa representao;

    Nenhum membro da CM poder cumprir mais de dois mandatos seguidos e s poder voltar a candidatar-se depois de duas legislaturas sem mandato, com as adequaes resultantes de cada um dos modelos acima definidos;

    o No caso do modelo A o limite dos dois mandatos aplicvel a todos os membros da AM quer haja ou no desempenho de funes camarrias.

    Qualquer eleito poder ter o mandato retirado por referendo no qual votem mais de 50% dos eleitores;

    As decises da CM sero tomadas por maioria;

    Compete CM, particularmente13:

    Apresentar AM propostas para deciso sobre assuntos que no se incluam na gesto corrente (ver acima nas competncias da AM);

    Executar as deliberaes da AM;

    Gerir todas as funes que no exijam um desempenho que, por razes de ordem financeira ou complexidade tcnica obriguem a outro nvel de coordenao, mormente a nvel regional ou no mbito de associao de municpios (princpio da subsidiariedade);

    13

    A Lei das Autarquias Locais (Lei n. 75/2013 de 12 de setembro), apresenta listas muito

    pormenorizadas de funes a cargo das CM

  • [email protected] 1/5/2015 24

    Divulgar publicamente as actas das reunies da CM, no mximo uma semana depois da sua realizao;

    Promover a divulgao mensal, pblica e detalhada dos balancetes e mapas de receitas e despesas, bem como propiciar aos residentes a visualizao de qualquer documento, sempre que tal seja solicitado (excepto de candidaturas a concursos ainda em aberto).