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Um Comentário Da Confissão de Fé Batista de 1689 Por Gary Marble - Sobre Capítulo 2 - Deus e a Santíssima Trindade

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  • UM COMENTRIO DA CONFISSO DE F

    BATISTA DE 1689, POR GARY MARBLE

    CAPTULO 2, SOBRE DEUS

    E A SANTSSIMA TRINDADE

  • Issuu.com/oEstandarteDeCristo

    Traduzido do original em Ingls

    A Laymans Commentary of the 1689/1677 Second London Baptist Confession of Faith

    By Gary Marble

    Este volume composto do Captulo 2,

    Sobre Deus e a Santssima Trindade, da obra supracitada

    Traduo por Camila Almeida

    Reviso e Capa por William Teixeira

    1 Edio: Junho de 2015

    Salvo indicao em contrrio, as citaes bblicas usadas nesta traduo so da verso Almeida

    Corrigida Fiel | ACF Copyright 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bblica Trinitariana do Brasil.

    Traduzido e publicado em Portugus pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a graciosa

    permisso do autor, Gary Marble (1689Commentary.org), sob a licena Creative Commons

    Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

    Voc est autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

    desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que tambm no altere o seu contedo

    nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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    Um Comentrio Da Confisso De F Batista De 1689

    Por Gary Marble

    Captulo 2*, Sobre Deus e a Santssima Trindade

    Este captulo da Confisso muito importante porque uma compreenso adequada de

    Deus o fundamento da nossa prpria existncia. O conhecimento exato de Deus neces-

    srio se quisermos entender o mundo ao nosso redor, a ns mesmos, a Escritura1 e o mais

    importante, se estamos adorando a Deus em Esprito e em verdade. Mas, como algum

    adquire esse conhecimento crtico? Louis Berkhof afirma em sua Teologia Sistemtica: o

    homem pode conhecer a Deus apenas na medida em que este ltimo ativamente se faz

    conhecido2. Felizmente, Deus de fato Se revelou. Ele fez isso por meio das Escrituras3. O

    __________

    * Para ler o Primeiro Capitulo e a Introduo deste Comentrio acesse oEstandarteDeCristo.com.

    [1] Uma compreenso acurada de Deus necessariamente o ponto de partida para a interpretao da

    Escritura. A Escritura deve ser interpretada luz da sua prpria teologia (ou seja, o princpio da analogia da

    Escritura).

    [2] Louis Berkhof, Teologia Sistemtica, contendo o texto integral da teologia sistemtica (1932) e o volume

    introdutrio original para a teologia sistemtica (1938), e um novo prefcio por Richard A. Muller (Grand

    Rapids e Cambridge: Eerdmans, 1996), 34.

    [3] Isto no deve negar o papel da revelao geral por meio da luz da natureza, criao e providncia.

    1. O Senhor, nosso Deus, somente um Deus vivo e verdadeiro1; cuja subsistncia

    em e de Si mesmo2, infinito em Seu ser e perfeio; cuja essncia no pode ser compre-

    endida por qualquer outro, seno por Ele mesmo3; um esprito purssimo4, invisvel, sem

    corpo, partes ou paixes, a Quem somente pertence a imortalidade, que habita em luz

    que nenhum homem pode acessar5; imutvel6, imenso7, eterno8, incompreensvel, oni-

    potente9, em tudo infinito, santssimo, sapientssimo10, completamente livre e absoluto,

    operando todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade imutvel e justssima11,

    para a Sua prpria glria12. cheio de amor, gracioso, misericordioso, longnimo,

    abundante em bondade e verdade, que perdoa a iniquidade, a transgresso e o pecado;

    o galardoador dos que O buscam13 e, contudo, justssimo e terrvel em Seus julga-

    mentos14; odiando todo pecado15; e que no tem o culpado por inocente16 (1 1 Corntios

    8:4, 6; Deuteronmio 6:4 2 Jeremias 10:10; Isaas 48:12 3 xodo 3:14 4 Joo 4:24

    5 1 Timteo 1:17; Deuteronmio 4:15-16 6 Malaquias 3:6 7 1 Reis 8:27; Jeremias

    23:23 8 Salmos 90:2 9 Gnesis 17:1 10 Isaas 6:3 11 Salmos 115:3; Isaas 46:10

    12 Provrbios 16:4; Romanos 11:36 13 xodo 34:6-7; Hebreus 11:6 14 Neemias 9:32-

    33 15 Salmos 5:5-6 16 xodo 34:7; Naum 1:2-3).

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    estudo de Deus no um campo de especulao, mas de revelao. A. W. Tozer afirma,

    com razo: A essncia da idolatria o entretenimento de pensamentos a respeito de Deus

    que so indignos dEle4. Assim, podemos contar apenas com a Palavra de Deus para en-

    tender quem Deus . Se confiarmos em nossas prprias ideias, inevitavelmente acabare-

    mos com uma viso deficiente de Deus, que Tozer claramente chama de idolatria.

    O captulo 1 da Confisso apresentou a doutrina da suficiente, correta e infalvel regra da

    Santa Escritura. Baseado no carter da Palavra de Deus, podemos chegar com confiana

    e com expectativa a ver o que o nosso glorioso Deus disse sobre Si mesmo! No entanto,

    uma palavra de cautela deve ser dita. R. C. Sproul afirma: A Teologia distingue entre um

    conhecimento abrangente (exaustivo) de Deus, o que no podemos ter, e um conhecimento

    apreensivo, que limitado, finito, humano, o conhecimento das criaturas, o qual podemos

    ter5. Portanto, temos que compreender que existem limites para o que podemos apreender

    de Deus, mas mesmo tendo em conta esta realidade, uma pessoa nunca poderia em uma

    vida plenamente sondar as profundezas da Escritura a respeito de Deus.

    Enquanto comeamos nossa jornada atravs deste captulo, pode ser til ter um roteiro

    bsico. Eu encontrei teis os ttulos dados aos pargrafos por Robert Letham para este

    captulo: Pargrafo 1. O nico Deus Vivo e Verdadeiro, Pargrafo 2. A Toda-Suficiente So-

    berania de Deus, e Pargrafo 3. A Trindade6.

    A Confisso de 1689 comea com esta afirmao fundamental: O Senhor nosso Deus

    somente um Deus vivo e verdadeiro. A Escritura afirma: Ouve, Israel, o Senhor nosso

    Deus o nico Senhor (Deuteronmio 6:4). A Confisso comea essencialmente com uma

    citao direta da Escritura. Pense nisso! O Senhor nosso Deus. De todos os chamados

    deuses deste mundo, o soberano Senhor o nosso Deus. Bem, esse Deus somente um,

    Ele no muitos deuses, Deus o nico Deus vivo. A Escritura afirma em Jeremias: Mas

    o Senhor Deus a verdade; ele mesmo o Deus vivo (Jeremias 10:10a). Todos os outros

    chamados deuses no so vivos, ou eles jamais viveram. Jeremias prossegue no verscu-

    lo 14, afirmando: Todo o homem embrutecido no seu conhecimento; envergonha-se todo

    o fundidor da sua imagem de escultura; porque sua imagem fundida mentira, e nelas no

    __________

    [4] Aiden Wilson Tozer, Conhecimento do Santo, Os Atributos de Deus: O Seu Significado na Vida Crist (San

    Francisco: Harper & Row Publishers, 1961), 3. Tozer tambm escreveu: Se insistirmos em tentar imagin-

    lO, acabamos com um dolo, no feito por mos, mas com pensamentos; e um dolo da mente to ofensivo

    a Deus quanto um dolo da mo. Ibid. pg.

    [5] R. C. Sproul, Verdades Que Ns Confessamos: Guia De Um Leigo Para a Confisso de F de Westminster,

    vol. I, O Deus Triuno (Phillipsburg, Ni.: P&R Publishing, 2006), 42.

    [6] Robert Letham, A Assembleia de Westminster: Lendo Sua Teologia no Contexto Histrico (Phillipsburg,

    Nj.: P&R Publishing, 2009), 159-73.

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    h esprito. Os deuses no so vivos ou reais; esses dolos so surdos, eles no podem

    ouvir as oraes; eles so mudos, eles no podem falar; e eles no existem, eles no podem

    agir. Eles so impessoais, objetos inanimados feitos de mera matria, no mais7. O cenrio

    histrico destas passagens em Jeremias a de um mundo politesta; dolos eram conside-

    rados vivos e capazes de agir em nome de seus adoradores. Para leitores ocidentais, que

    no esto envolvidos no mesmo tipo adorao grosseira de dolos (os dolos ocidentais so

    apenas de um tipo diferente), o contraste entre Deus e os dolos de madeira e pedra podem

    no parecer to grande, ou no mnimo no parecer to relevante. Para os leitores do Oriente

    essas passagens provavelmente parecem muito mais relevantes.

    Deus tambm o nico Deus verdadeiro. Em outras palavras, os dolos ou deuses adora-

    dos no so verdadeiramente deuses e no possuem qualquer Divindade, ao passo que

    Deus o nico que Divino. Em contraste com os dolos que so falsos, porque eles no

    existem e falsos porque ador-los uma iluso, Deus verdadeiro; Ele existe. Jeremias

    afirma sobre esses dolos: Vaidade so, obra de enganos: no tempo da sua visitao viro

    a perecer (Jeremias 10:15a). Eles no so verdadeiros deuses, pois eles no existem,

    seno na imaginao do enganado. Deus o nico que legitimamente chamado de

    Deus, porque Ele o nico. Eu sou o Senhor, e no h outro; fora de mim no h Deus

    (Isaas 45:5a). No Novo Testamento, Paulo afirma: Assim que, quanto ao comer das coisas

    sacrificadas aos dolos, sabemos que o dolo nada no mundo, e que no h outro Deus,

    seno um s (1 Corntios 8:4)8. Se toda a humanidade e, particularmente, o antigo povo

    de Deus, reconhecesse que a Divindade pertence somente a Deus, ento estas passagens

    bblicas, e muitas outras semelhantes seriam desnecessrias. Mas o fato que a humani-

    dade por sua supresso da verdade atribui caractersticas Divinas a outras coisas, como o

    sol, rios, animais, ou meros objetos materiais, at mesmo a algo que eles prprios fizeram...

    Ao longo da histria, Deus tem persistentemente lembrado a Seu povo que Ele o nico

    Deus (ou seja, no h mais ningum ou nada que tenha qualquer Divindade), o verdadeiro

    Deus (ou seja, real e todo-poderoso, ningum mais elevado ou maior).

    Imediatamente aps abordar a unidade e existncia de Deus, vemos essa frase na Confis-

    so: cuja subsistncia em e de Si mesmo9. O Dicionrio de Ingls Oxford define subsis-

    tncia como: Existncia como uma substncia ou entidade; substancial, real, ou existncia

    __________

    [7] Estou considerando uma abordagem generalizada e ajuntando deuses e dolos em uma categoria. Estou

    ciente de que pode haver uma distino em alguns casos, e em outros no, dependendo do sistema religioso.

    [8] Paulo parece estar citando um ditado familiar do Corntios, porm mesmo assim Paulo afirma o ditado

    como correto um dolo no tem existncia real; Paulo contesta a maneira insensvel como eles aplicaram

    esta verdade.

    [9] A Confisso de Westminster no inclui cuja subsistncia em e de Si mesmo. A Confisso de 1689 o

    adiciona a partir da Primeira Confisso Batista de Londres de 1646.

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    independente. Muller define como: indicando um ser ou existncia particular, uma instn-

    cia individual de uma determinada essncia10. Em certo sentido, podemos dizer que subsis-

    tncia refere-se existncia de Deus como uma pessoa, mas enquanto Deus uma pessoa

    (ou seja, Deus tem personalidade), contudo, Deus muito diferente de uma pessoa huma-

    na, de modo que hesita-se at mesmo em usar a palavra 'pessoa'. A Confisso nos diz que

    quem Deus , Ele em... Si mesmo. Em outras palavras, Deus no precisa de nada nem

    de ningum fora de Si mesmo para ser quem Ele . Deus no depende de nada nem de

    ningum para nada. Deus autossuficiente. Bem como, Deus quem Ele de Si mesmo.

    Se uma coisa de algo, isso significa que de ou originria de alguma coisa. Toda a frase

    aqui comunica que o ser de Deus provm de e a partir dEle mesmo. Nenhuma coisa nem

    ningum acrescenta a quem Deus . A no-provenincia de Deus autossuficiente, auto-

    contida e autoexistente. Dizer que Deus autossuficiente e auto-contido referido na teo-

    logia como a asseidade de Deus, a Sua independncia absoluta. J. I. Packer indica que os

    antigos telogos reformados referenciavam a autoexistncia e autossuficincia, chamando-

    a da independncia de Deus11. O prprio Senhor disse: EU SOU O QUE SOU (xodo 3:14).

    Ao estudar os atributos de Deus, h duas categorias bem utilizadas que sero teis para

    ns: os atributos incomunicveis e os atributos comunicveis de Deus. Os atributos incomu-

    nicveis so os atributos de Deus que Ele no concede s Suas criaturas, como a Sua eter-

    nidade, imutabilidade, oniscincia ou onipotncia. Estes pertencem somente a Deus. Os

    atributos comunicveis de Deus se referem aos Seus atributos que Ele tem dado, de uma

    forma finita, s Suas criaturas humanas, tais como: amor, inteligncia, ou outros atributos

    semelhantes. Conforme continuamos atravs da Confisso, voc pode reconhecer estas

    duas categorias.

    A Confisso afirma que Deus infinito em Seu ser e perfeio. Dizer que Deus infinito

    em Seu ser afirmar que Ele no tem nenhuma limitao, porm mais do que isso. Berk-

    hof indica que no devemos apenas pensar no ser infinito de Deus como uma extenso

    sem limites, como se Deus estivesse espalhado por todo o universo, uma parte estando

    aqui e outra ali, pois Deus no tem corpo e, portanto, nenhuma extenso12. Estes so as-

    suntos difceis com os quais lidar. Como se infinito em Seu ser no fosse forte o suficiente

    para abranger, a Confisso acrescenta que Deus infinito... em perfeio13. Deus sem

    __________

    [10] Richard A. Muller, Dicionrio de Termos Teolgicos em Latim e Grego: Retiradas Principalmente da Teo-

    logia Escolstica Protestante (1985; reimpresso, Grand Rapids: Baker Academic, 1995). 290.

    [11] J. I. Packer, Conhecendo a Deus (Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 1973), 89.

    [12] Louis Berkhof, Teologia Sistemtica, contendo o texto integral de Teologia Sistemtica (1932) e o volume

    introdutrio original para a teologia sistemtica (1938), e um novo prefcio de Richard A. Muller (Grand Rapids

    e Cambridge: Eerdmans, 1996), 59-60. Em termos de espacialidade, veja abaixo sobre a imensido de Deus.

    [13] A ausncia de infinito antes de perfeio explicada pelo uso de reticncias. A Confisso indica infinito

    em ser e [infinito em] perfeio.

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    defeito em toda a Sua infinitude. No h uma sombra ou mesmo indcio de imperfeio em

    Deus. A palavra perfeio uma palavra difcil para ns entendermos em nosso mundo a-

    doecido pelo pecado, mas quando acrescentamos a isso infinito algo muito maior do

    que qualquer coisa que ns conhecemos. Talvez todos ns j ouvimos a frase: ningum

    perfeito. Isso descreve toda a humanidade aps a Queda. Mas Deus, em contraste, per-

    feito. Berkhof novamente til para ns aqui: Ela [a perfeio de Deus] no deve ser enten-

    dida em sentido quantitativo, mas em um sentido qualitativo; isso qualifica todos os atributos

    comunicveis de Deus. Poder infinito no um quantum absoluto, mas uma potncia ines-

    gotvel de poder; e santidade infinita no quantum sem limites de santidade, mas a santi-

    dade, que , qualitativamente livre de qualquer limitao ou defeito14. Estas so coisas so-

    bre Deus nas quais quedamos em reverncia, coisas que nos levam a adorao.

    A Confisso continua: cuja essncia no pode ser compreendida por qualquer outro,

    seno por Ele mesmo. Muller afirma que essncia significa a natureza ou quidade de um

    ser, o que torna o ser precisamente o que ; por exemplo, a essncia de Pedro, Paulo e

    Joo a sua humanidade; a essncia de Deus a Deidade ou Divindade15. O Dicionrio

    de Ingls Oxford define essncia como o que uma coisa . A essncia de Deus quem

    Ele , ou o que Ele , a natureza de Deus. Quando fazemos a pergunta sobre alguma coi-

    sa, O que isso?, estamos perguntando qual a sua qualidade essencial, ou qual a

    sua propriedade mais fundamental. Lembro-me de ser convidado em uma aula de filosofia

    da faculdade a escrever sobre a essncia de um lpis. No to fcil quanto parece. A sua

    essncia o seu material, ou seja, madeira? A sua essncia a sua funo? Ser que o

    seu propsito? O que ele ? Quando se trata de essncia de Deus , assim, incompreen-

    svel. Ou seja, incompreensvel para qualquer outro, seno Ele mesmo. A essncia de

    Deus no pode ser compreendida. Como Sproul disse: ns, como criaturas s podemos ter

    conhecimento apreensivo de Deus. O que as Escrituras dizem? A quem, pois, me fareis

    semelhante, para que eu lhe seja igual? diz o Santo (Isaas 40:25). Estas palavras de Deus,

    em Isaas, implicam que Ele diferente de qualquer outro, e isso nos coloca, como meras

    criaturas, em uma posio em que no podemos compreender a essncia de Deus. Se isto

    assim, ento no deveramos simplesmente desistir da busca o conhecimento de Deus?

    No, mas til conhecermos os nossos limites; o fato de sermos limitados no significa

    que no podemos conhecer nada; isso implica que no podemos conhecer tudo sobre Deus

    de forma abrangente. Samuel Waldron afirma: Os credos da igreja so incompletos sobre

    este mistrio [da Divindade]. Eles no o explicam. A incompreensibilidade de Deus significa

    __________

    [14] Louis Berkhof, Teologia Sistemtica, contendo o texto integral de Teologia Sistemtica (1932) e o volume

    introdutrio original para a teologia sistemtica (1938), e um novo prefcio de Richard A. Muller (Grand Rapids

    e Cambridge: Eerdmans, 1996), 60, colchetes meus.

    [15] Richard A. Muller, Dicionrio de Termos Teolgicos em Latim e Grego: Retiradas Principalmente da

    Teologia Escolstica Protestante (1985; reimpresso, Grand Rapids: Baker Academic, 1995), 105-6.

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    que as doutrinas da f envolvero santos mistrios que transcendem a razo humana e

    contradizem a sabedoria natural. Tais mistrios devem ser acolhidos com humildade e reve-

    rncia por um intelecto desprovido da noo arrogante e tola do racionalismo; do tipo de

    racionalismo que acha que deve ou pode compreender plenamente o ser Divino16.

    Tendo estabelecido nossos limites, comeamos agora a abordar a essncia de Deus. A

    Confisso diz que Deus um esprito purssimo. Esta palavra, um superlativo na gramti-

    ca17, no se limita a dizer que Deus o esprito mais puro, mas que Deus esprito diferente

    de qualquer outro esprito criado. Dizer que Deus esprito puro, dizer que Ele total-

    mente esprito; Ele no mormente esprito e em parte alguma outra coisa. Ele puro ou

    completamente esprito. Jesus disse: Deus esprito (Joo 4:24a). Isto essencial para

    a nossa compreenso de Deus. No podemos entreter ideias de Deus como um homem

    velho, com um manto branco, com uma longa barba. Uma vez que Deus um esprito, no

    podemos imaginar qualquer coisa; voc no pode ver o esprito. E quanto a responder s

    nossas perguntas ao longo destas linhas, a Confisso continua com dois aspectos que es-

    to diretamente ligados e confirmam que Deus um esprito puro. A Confisso afirma que

    Deus invisvel e sem corpo. S um esprito puro invisvel. E s um esprito puro sem

    corpo. Deus no tem um corpo.

    A Bblia se refere a dedo, mo, brao, rosto, orelhas, olhos de Deus e assim por diante, mas

    no tomamos essas palavras para dizer que Deus tem, literalmente, essas partes do corpo.

    Estas so metforas que nos ensinam algo sobre o desconhecido por primeiro relacion-lo

    com algo que conhecido. Por exemplo, quando a Bblia diz que os olhos do Senhor esto

    em todo lugar (Provrbios 15:3), isso no implica em Deus literalmente ter olhos fsicos,

    mas aponta para o sentido elevado que transcende isso; no h nada escondido do conhe-

    cimento de Deus. Se insistirmos que tal metfora (dispositivos literrios figurativos) so des-

    cries literais de Deus, como se Ele tivesse um corpo, o que devemos fazer com passa-

    gens que descrevem Deus como algum que nos cobrir com Suas asas (Salmos 91:4)?

    Ser que Deus tambm tem penas? Isso ilustra o disparate de tratar a metfora como se

    fosse uma linguagem no-figurativa ou linguagem literal.

    Existem dois tipos de metfora que so especialmente importantes no estudo sobre Deus.

    __________

    [16] Samuel Waldron, A Confisso de F Batista de 1689: Uma Exposio Moderna, 3 ed. (Webster, Ny.:

    Evangelical Press, 1999), 56.

    [17] Um superlativo uma palavra que modifica outra e expressa graus de comparao. Por exemplo: grau

    1) Joo ativo em sua comunidade; grau 2) Joo mais ativo em sua comunidade do que outros; grau 3)

    Joo o mais ativo em sua comunidade. No h maior grau de comparao em relao atividade de Joo

    na comunidade do que o mais. Assim, Deus ser o mais Ele ser do mais alto grau de comparao.

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    Antropomorfismo designa a perspectiva que concebe Deus como tendo forma humana18.

    Normalmente, isso se refere a recursos humanos fsicos. O Dicionrio de Teologia de Baker

    afirma prestativamente: O antropomorfismo dos israelitas foi uma tentativa de expressar

    os aspectos no-racionais da experincia (o mysterium tremdum, majestade terrvel, dis-

    cutido por Rudolf Otto) em termos racionais, e expresses primitivas disso no eram to

    imperfeitas, como os assim chamados homens iluminados pensariam. As caractersticas

    humanas do Deus de Israel eram sistematicamente exaltadas, enquanto os deuses de seus

    vizinhos do oriente prximo partilhavam os vcios dos homens19. Um antropopatismo difere

    do antropomorfismo em que um antropopatismo descreve Deus como tendo emoes hu-

    manas ou paixes20. Isso tambm funciona como um dispositivo literrio figurativo de analo-

    gia ou comparao. Ambos os tipos de metfora funcionam como linguagem de acomoda-

    o para nos auxiliar a compreender aquilo que difcil.

    A Confisso continua afirmando que a essncia de Deus sem... partes. Isto refere-se

    simplicidade de Deus. R.C. Sproul diz: Esta uma maneira de afirmar a simplicidade de

    Deus. Deus um ser simples, em vez de um ser complexo, que pode ser dividido em par-

    tes21. J. I. Packer afirma sobre a simplicidade de Deus que o fato de que no h nEle

    elementos que podem entrar em conflito, de modo que, ao contrrio do homem, no pode

    ser dividido em maneiras diferentes por pensamentos e desejos divergentes22. Por exem-

    plo, Deus no em parte amor e em parte justia, Ele completamente amor e completa-

    mente justo, ao mesmo tempo, sem conflito. Novamente Sproul afirma: Cada atributo que

    atribumos a Ele se aplica totalidade de Deus. Todos os seus atributos existem mutuamen-

    te em uma espcie de reciprocidade de atributos23. Berkhof afirma: Quando falamos sobre

    __________

    [18] Dicionrio de Baker de Teologia (Grand Rapids: Baker Book House, 1983), pg. 45-46. Muller define

    antropomorfismo como: tendo uma forma humana. Richard Muller, Dicionrio de Termos Teolgicos em

    Latim e Grego: Retiradas Principalmente da Teologia Escolstica Protestante (1985; reimpresso, Grand

    Rapids: Baker Academic, 1995), 38.

    [19] O Dicionrio de Teologia de Baker afirma prestativamente: O antropomorfismo dos israelitas foi uma

    tentativa de expressar os aspectos no-racionais da experincia (o mysterium tremdum, majestade terrvel,

    discutido por Rudolf Otto) em termos racionais, e expresses primitivas disso no eram to imperfeitas,

    como os assim chamados homens iluminados pensariam. As caractersticas humanas do Deus de Israel eram

    sistematicamente exaltadas, enquanto os deuses de seus vizinhos do oriente prximo partilhavam os vcios

    dos homens. Dicionrio de Baker de Teologia. (Grand Rapids: Baker Book House, 1983), 45-6.

    [20] Muller define antropopatismo como ter sentimentos, afetos e paixes humanos. Richard A. Muller,

    Dicionrio de Termos Teolgicos em Latim e Grego: Retiradas Principalmente da Teologia Escolstica

    Protestante (1985; reimpresso, Grand Rapids, Baker Academic, 1995), 38.

    [21] R. C. Sproul, Verdades Que Ns Confessamos: Guia De Um Leigo Para a Confisso de F de

    Westminster, vol. I, O Deus Triuno (Phillipsburg, Ni.: P&R Publishing, 2006), 36-7.

    [22] J. I. Packer, Conhecendo Deus (Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 1973), 89.

    [23] R. C. Sproul, Verdades Que Ns Confessamos: Guia De Um Leigo Para a Confisso de F de

    Westminster, vol. Eu, o Deus trino (Phillipsburg, Ni.: P&R Publishing, 2006) 36-7.

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    a simplicidade de Deus, usamos o termo para descrever o estado ou qualidade de ser sim-

    ples, a condio de ser livre de diviso em partes, e, portanto, de composio. Isso significa

    que Deus no composto e no suscetvel de diviso, em qualquer sentido da palavra24.

    A Confisso continua: sem... paixes. Aqui est seu contexto imediato: um esprito purs-

    simo, invisvel, sem corpo, partes ou paixes, a Quem somente pertence a imortalidade,

    que habita em luz que nenhum homem pode acessar. Apenas no caso de que no estives-

    se claro no comentrio anterior desta seo, esta poro contrasta sobre o que Deus e

    em oposio ao que o homem : somente Deus esprito puro, e embora o homem tambm

    tenha um esprito, ainda assim este esprito est ligado para sempre a um corpo visvel25.

    Deus no dividido em partes; o homem . Deus no tem paixo; o homem tem. Somente

    Deus tem a imortalidade; o homem no a tem. Apenas Deus habita em luz inacessvel; o

    homem no pode aproximar-se disso. Este contraste especialmente relevante para a for-

    mulao de que Deus sem... paixes, porque no meio de uma seo que fornece uma

    srie de distines Criador versus criatura; assim, o homem tem paixes; mas Deus no

    tem paixes.

    importante que entendamos o que se entende por paixes. Em nossa era moderna, a

    palavra paixo frequentemente usada em um sentido positivo para se referir a algum

    que energtico (ou seja, apaixonado) em relao a algo. Mas aqui a palavra carrega um

    sentido diferente. A doutrina de que Deus sem paixes comumente referida como a im-

    passibilidade de Deus (ou seja, a impossibilidade de Deus ter paixo). O que isso significa?

    Aqui est uma definio formal: Impassibilidade aquele atributo Divino pelo que Deus

    dito no experimentar mudanas emocionais internas em Seu estado, sejam promulgadas

    livremente a partir do interior ou efetuadas por Sua relao e interao com os seres huma-

    nos e ordem criada26. Uma vez que Deus imutvel, no possvel que Deus mude, e,

    portanto, no possvel que Ele experimente mudanas emocionais, ou seja, paixes. Uma

    vez que Deus totalmente verdadeiro ou totalmente ativo, Ele no assume algo novo ou

    diferente; pois, o que Deus, Ele j . No h nada em Deus, que seja meramente poten-

    cial; Ele j completamente verdadeiro. Se Deus fosse capaz de experimentar paixes isso

    significaria que Deus no seria totalmente tudo o que Ele poderia ser, pois, ento, Ele Se

    tornaria algo que Ele no era anteriormente; Deus estaria em movimento, em tal caso, de

    __________

    [24] Louis Berkhof, Teologia Sistemtica, contendo o texto integral de Teologia Sistemtica (1932) e o volume

    introdutrio original para a teologia sistemtica (1938), e um novo prefcio de Richard A. Muller (Grand Rapids

    e Cambridge: Eerdmans, 1996), 62.

    [25] Para sempre o corpo e esprito esto conectados, embora na morte, o corpo seja separado do esprito

    por um tempo at a ltima ressurreio. Veja o Captulo 31, seo 2, da Confisso de 1689.

    [26] Nova Enciclopdia Catlica, editada por Thomas Carson, 2 ed., Vol. 7 (Farmington Hills, Mi.: Gale

    Publishing, 2002), 357.

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    menos verdadeiro para mais verdadeiro, ao invs de j ser totalmente verdadeiro.

    Mas, algum pode perguntar: E sobre Jesus? Ser que no O vemos nos Evangelhos rea-

    gindo emotivamente a diversas situaes? Ser que no O vemos com fome, irritado, rea-

    tivo, e sofrendo como resultado de Suas criaturas?. Na verdade, ns vemos. Mas Jesus,

    o Filho Divino, acrescentou Sua natureza Divina a natureza humana. Ele tem duas natu-

    rezas em uma s Pessoa. A Confisso, no captulo 8, pargrafo 2 afirma sobre Cristo que

    as ...duas naturezas inteiras, perfeitas e distintas, so inseparavelmente unidas em uma

    s Pessoa, sem converso, composio ou confuso. Esta Pessoa verdadeiro Deus e

    verdadeiro homem, mas um s Cristo, o nico Mediador entre Deus e o homem. Quando

    o Filho assumiu a natureza humana, essa foi adicionada natureza Divina; a natureza

    Divina no foi diminuda de modo algum. Estas duas naturezas inteiras, perfeitas e distintas

    foram inseparavelmente unidas em uma s Pessoa. Mas, enquanto isso verdade, tambm

    verdade que essas duas naturezas so, sem converso, composio ou confuso. Assim,

    as mudanas emotivas e sofrimento que Cristo experimentou estavam ocorreram em Sua

    natureza humana, no em Sua natureza Divina. Entendo que esta uma explicao resu-

    mida. Voc pode querer olhar adiante, para o captulo 8, e ler o comentrio sobre os par-

    grafos 2 e 7 para obter mais detalhes sobre as duas naturezas de Cristo em uma s Pessoa.

    H muito mais que poderia ser dito sobre o tema da impassibilidade de Deus27. Eu apenas

    abordei brevemente um tema sobre o qual livros j foram escritos.

    A Confisso continua: a Quem somente pertence a imortalidade, que habita em luz que

    nenhum homem pode acessar. Esta citao diretamente a partir da Escritura, 1 Timteo

    6:16: Aquele que tem, ele s, a imortalidade, e habita na luz inacessvel; a quem nenhum

    dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amm. Assim, ob-

    serva-se que ningum tem a imortalidade, seno Deus; o homem no pode ser imortal, pois

    ele deveria ter sempre existido. A Confisso afirma no captulo 4, pargrafo 2, que o homem

    foi criado com uma alma imortal, mas isso significa que uma vez que a alma do homem

    criada por Deus, a partir desse ponto em diante, ela no deixar de existir. Esta no a i-

    mortalidade no possui o mesmo que est aqui empregada em referncia a Deus. Deus

    eterno e incriado. A Escritura, e a Confisso, seguindo o exemplo, afirmam que Deus habita

    em luz inacessvel. Que imagem isto para ns, meros mortais, considerarmos. uma luz

    que to intensa que o homem no pode acess-la Sua glria, Sua santidade, Sua

    essncia to pura e to poderosa.

    A Confisso continua: imutvel, imenso, eterno, incompreensvel, onipotente, em tu-

    __________

    [27] H passagens que falam de Deus como se Ele mudasse emotivamente, mas essas passagens devem

    ser entendidas como antropopatismo. Elas falam de Deus de uma forma que possamos entender, mas elas

    esto apenas expressando uma analogia.

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    do infinito. O fato de Deus ser imutvel significa que Ele inaltervel. Esta uma verdade

    fundamental sobre Deus; Deus nunca mudar. J. I. Packer descreve a imutabilidade de

    Deus como total imunidade mudana, levando completa consistncia ao agir28. Se Deus

    fosse mutvel, as ramificaes seriam devastadoras. Tudo o que Deus revelou de Si mesmo

    seria pouco confivel, pois poderia mudar; no haveria nenhuma possibilidade de sustentar

    uma Confisso, pois ela poderia se tornar obsoleta a qualquer momento; o estudo da teolo-

    gia seria um exerccio intil, porque no momento em que fosse colocada no papel ela pode-

    ria mudar. Mas o fato que Deus imutvel. Isso traz uma grande estabilidade e conforto

    para as nossas vidas, porque tudo o que Deus revelou sobre Si mesmo nunca ser falso

    ou alterado. Toda a Sua bondade e graa e misericrdia nunca mudaro; Sua santidade e

    justia so constantes; Seu amor firme. Charles Spurgeon disse certa vez: Descanse

    tambm em Sua imutabilidade, esta ncora segura em meio ao mar agitado da vida. Voc

    passa por mudanas a cada dia; Ele nunca muda. Volumes poderiam ser escritos sobre o

    significado desse atributo pois ele sustenta todos os outros atributos; no que Deus mais

    imutvel do que qualquer outro atributo, mas um Deus mutvel prejudicaria todos os Seus

    outros atributos. A essncia de Deus sempre foi o que agora, e isso continuar assim por

    toda a eternidade pois Deus imutvel.

    Deus imenso. Isso se refere onipresena de Deus; Deus est em toda parte, mas tam-

    bm compreende mais do que isso. Louis Berkhof afirma prestativamente: Em certo senti-

    do, os termos imensido e onipresena, quando aplicados a Deus, denotam a mesma co-

    isa, e podem, portanto, ser considerados como sinnimos. No entanto, h um ponto de dife-

    rena que deve ser cuidadosamente observado: imensido aponta para o fato de que Deus

    transcende todo o espao e no est sujeito s suas limitaes, enquanto onipresena

    denota que Ele, no obstante, preenche todas as partes do espao com todo o Seu ser. A

    primeira enfatiza a transcendncia, e este ltimo, a imanncia de Deus29. A imensido de

    Deus, nesse sentido transcendente, ainda mais difcil de compreender do que a onipre-

    sena de Deus. 1 Reis 8:27 diz: Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os cus, e

    at o cu dos cus, no te poderiam conter, quanto menos esta casa que eu tenho edificado.

    Ao pensar sobre a onipresena de Deus, em termos da imanncia de Deus30, Stephen

    Charnock argumenta: Aqueles que querem limitar a essncia de Deus apenas ao Cu, e

    a excluem da terra incorrem em grandes inconvenientes. Pode ser questionado se Ele est

    em uma parte dos Cus ou em todo a vasta extenso deles. Se em uma parte deles, a Sua

    __________

    [28] J. I. Packer, Conhecendo Deus (Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 1973), 89.

    [29] Louis Berkhof, Teologia Sistemtica, contendo o texto integral de Teologia Sistemtica (1932) e o volume

    introdutrio original para a teologia sistemtica (1938), e um novo prefcio de Richard A. Muller (Grand Rapids

    e Cambridge: Eerdmans, 1996), 61.

    [30] A imanncia de Deus refere-se proximidade de Deus criao e s Suas criaturas (veja Atos 17:27b).

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    essncia limitada; se Ele se move desta parte, Ele mutvel, pois Ele muda de um lugar

    em que Ele estava, para outro onde Ele no estava. Se Ele estiver sempre fixado em uma

    parte do Cu, tal noo seria torn-lO um pouco melhor do que uma esttua viva. Se Ele

    est em todo o Cu, por que no pode a Sua essncia possuir um espao maior do que

    todo o Cu, que to vasto? Como ocorre dEle ser confinado dentro do compasso destes,

    desde que os Cus inteiros envolvem a terra?31. A imanncia de Deus a deduo neces-

    sria de Sua imensido. Charnock prossegue em discutir a influente presena de Deus32.

    Como tudo no mundo foi criado por Deus, assim tudo no mundo preservado por Deus, e

    uma vez que a preservao no totalmente distinta da criao, necessrio que Deus

    esteja presente com tudo, posto que Ele o preserva, bem como presente com ele enquanto

    Ele o criou33. E assim, a imanncia de Deus necessria tanto para a nossa criao quanto

    para a nossa existncia permanente. Pensamos em Hebreus 1:3b: sustentando todas as

    coisas pela palavra do seu poder. E depois em Atos 17:28: Porque nele vivemos, e nos

    movemos, e existimos.

    A gravidade dessa doutrina no Antigo Testamento vista pelo contraste do Deus imenso,

    e os deuses que as naes criam habitar apenas em determinados lugares. Eles no eram

    imensos, onipresentes, e, portanto, no eram imanentes. Eu ainda estou me utilizando de

    Charnock aqui34, quando ele cita 1 Reis 20:23: Porque os servos do rei da Sria lhe disse-

    ram: Seus deuses so deuses dos montes, por isso foram mais fortes do que ns; mas pe-

    lejemos com eles em campo raso, e por certo veremos, se no somos mais fortes do que

    eles!. Em contraste com os deuses de limitada e especial ocupao, o Senhor Deus

    transcendente alm do espao e imanente em cada espao. Bem como, ns pensamos

    sobre os profetas de Baal em 1 Reis 18: E tomaram o bezerro que lhes dera, e o prepara-

    ram; e invocaram o nome de Baal, desde a manh at ao meio-dia, dizendo: Ah! Baal, res-

    ponde-nos! Porm nem havia voz, nem quem respondesse; e saltavam sobre o altar que ti-

    nham feito. E sucedeu que ao meio-dia Elias zombava deles e dizia: Clamai em altas vozes,

    porque ele um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer,

    ou que intente alguma viagem; talvez esteja dormindo, e despertar [vv. 26-27]. Elias en-

    tendeu que nas mentes dos profetas de Baal, o deus deles no era imenso; ele no era oni-

    presente, e, portanto, no estava em todos os lugares ao mesmo tempo. Se Baal tivesse

    empreendido uma viagem, isso explicaria o porqu de Baal no estava respondendo aos

    seus profetas; Elias zomba deles; em contraste ao deus deles, o Senhor Deus est em toda

    parte ao mesmo tempo. Se Baal fosse imanente, ele teria ouvido as oraes dos profetas

    __________

    [31] Stephen Charnock, A Existncia e os Atributos de Deus (1853; reimpresso, Grand Rapids: Baker Book

    House, 1986), 372.

    [32] Ibid., 369.

    [33] Ibid.

    [34] Ibid., 368.

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    que prosseguiam desde a manh at o meio-dia. O contraste entre Baal ausente e o ima-

    nente Senhor Deus era dolorosamente bvio. Elias orou e, instantaneamente, o imenso e

    imanente Deus respondeu!

    difcil no pensar no Salmo 139:5-12: Tu me cercaste por detrs e por diante, e puseste

    sobre mim a tua mo. Tal cincia para mim maravilhosssima; to alta que no a posso

    atingir. Para onde me irei do teu esprito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao cu,

    l tu ests; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali ests tambm. Se tomar as asas

    da alva, se habitar nas extremidades do mar, at ali a tua mo me guiar e a tua destra me

    suster. Se disser: Decerto que as trevas me encobriro; ento a noite ser luz roda de

    mim. Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as tre-

    vas e a luz so para ti a mesma coisa. O ponto do salmista , naturalmente, no que ele

    ainda no havia encontrado um lugar em que Deus no estava, mas em qualquer lugar que

    ele pudesse ir ou imaginar ir, Deus estaria presente! Assim como isso prov muito conforto

    ao salmista, assim oferece conforto para ns. Talvez, esta doutrina pode tambm encorajar-

    nos a resistir tentao, j que Deus est sempre presente em todos os lugares, o Deus

    imenso e imanente.

    Deus eterno. A eternidade um conceito difcil, pois um conceito que infinito; o finito

    no pode compreender o infinito. E quase impossvel explicar a eternidade sem referncia

    s concepes de tempo. Stephen Charnock afirma: Devemos conceber sobre a eternida-

    de contrrio noo de tempo; como a natureza do tempo consiste na sucesso de partes,

    assim a natureza da eternidade em uma infinita durao imutvel35. Esta uma definio

    por meio de negao. pensar sobre a eternidade como no tempo. Isso dificilmente defi-

    ne o que , mas muitas vezes isso o melhor que os mortais finitos podem fazer. Podemos

    usar analogia, mas seja qual for a forma que a analogia tome, ainda assim ser uma mera

    ilustrao que utiliza o finito para tentar descrever o infinito. O que a eternidade e o que

    o infinito no pode ser alcanado por meio de analogia temporal e finita; estas somente

    nos ajudam a fazer comparaes, e no a defini-los ou compreend-los.

    Uma coisa discutir o que a eternidade, mas isso no exatamente o mesmo que dizer

    que Deus eterno. Deus descrito nas Escrituras como o Ancio de Dias. Eu estava o-

    lhando nas minhas vises da noite, e eis que vinha nas nuvens do cu um como o filho do

    homem; e dirigiu-se ao ancio de dias, e o fizeram chegar at ele (Daniel 7:13, veja tam-

    bm 7:22). Entendemos que o termo Ancio de Dias uma metfora que faz referncia a

    algo que j existe h muito tempo, mas a metfora aponta para algo mais elevado: a eterni-

    __________

    [35] Stephen Charnock, A Existncia e os Atributos de Deus (1853; reimpresso, Grand Rapids: Baker Book

    House, 1986), 280.

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    dade de Deus. Pensamos em passagens como Salmo 90:2: Antes que os montes nasces-

    sem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu s

    Deus (Salmos 90:2). De eternidade refere-se eternidade passada, a eternidade se refere

    eternidade futura. Essas passagens explicam que Deus eterno. A eternidade a ausn-

    cia do tempo, e falar de tais coisas falar de coisas alm de nossa experincia. Falar de

    Deus como eterno, em essncia, nos pressiona alm da nossa compreenso. Isso nos leva

    muito bem para o prximo atributo.

    Deus incompreensvel. Isto segue a prvia declarao na Confisso: Cuja essncia

    no pode ser compreendida por qualquer outro, seno por Ele mesmo. H coisas sobre

    Deus que ns podemos apreender de forma limitada e com uma perspectiva finita, mas tal

    compreenso finita no abrangente. Em todo o nosso estudo sobre os atributos de Deus,

    devemos entender que o nosso entendimento finito. Ns podemos, de fato, ter compreen-

    dido o que Deus intencionou que ns compreendssemos, ou seja, podemos ter entendido

    a Sua revelao, mas Deus ainda maior do que esta revelao. Enquanto Deus , em l-

    tima anlise, incompreensvel, isso no significa que no podemos conhecer nada sobre

    Ele. Sproul afirma: Quando dizemos que Deus incompreensvel, no queremos dizer que

    Ele to obscuro que no podemos saber nada de significativo sobre Ele. Lutero disse que

    Deus no apenas Deus absconditus. Deus oculto, mas tambm Deus revelatus, Deus

    revelado, o qual Se agradou em desvelar para ns coisas sobre Si mesmo. Na proporo

    em que possvel para as Suas criaturas apreend-lO, Deus Se fez conhecido36. Portanto,

    temos que ter em mente que a apreenso possvel, mas no a compreenso37.

    Deus onipotente. Este atributo refere-se onipotncia de Deus, o que significa que Deus

    todo-poderoso. Deus onipotente e no h nada que Ele no possa fazer. Vemos este

    ttulo de Deus por toda a Escritura; por exemplo: Disse-lhe [a Jac] mais Deus: Eu sou o

    Deus Todo-Poderoso (Gnesis 35:11a, colchetes meus). Lembro-me da pergunta de um

    corao insensato quando eu era jovem: Uma vez que Deus todo-poderoso, Ele pode

    criar algo to pesado que Ele no possa ergu-lo?. Esta pergunta est cheia de pressupos-

    tos errados, e raramente uma pergunta sincera. Ao longo destas linhas, a definio de A.

    A. Hodge sobre a onipotncia til: A onipotncia de Deus a infinita eficcia inerente ,

    e inseparvel da essncia Divina, para efetuar tudo o que Ele quer, sem qualquer limitao,

    seja qual for, exceto aquelas que so inerentes s perfeies absolutas e imutveis de Sua

    prpria natureza38. O atributo da onipotncia no deve ser separado de qualquer outro dos

    __________

    [36] R. C. Sproul, Verdades Que Ns Confessamos: Guia De Um Leigo Para a Confisso de F de

    Westminster, vol. Eu, o Deus trino (Phillipsburg, Nj.: P & R Publishing, 2006) 41.

    [37] Veja nota 4 para a explicao de Sproul sobre estes dois termos.

    [38] A. A. Hodge, A Confisso de Westminster: Um Comentrio (1869; reeditado, Carlisle, Pa.: Banner of Truth

    Trust, 2002), 52; os colchetes so meus.

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    atributos de Deus. Fazer a tola pergunta acima ignorar que o poder de Deus consistente

    com a Sua vontade.

    Deus em tudo infinito. Ns j meditamos sobre o tema do infinito por vrias vezes, mas

    aqui isso cobre toda a gama; Deus, em todos os sentidos e em todos os Seus atributos,

    infinito. Talvez possamos dizer isso desta forma: Tudo o que Deus , infinito. A Confisso

    de 1689 continua: Deus ... santssimo, sapientssimo, completamente livre e absoluto,

    operando todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade imutvel e justssima,

    para a Sua prpria glria. Aqui entramos em uma srie de atributos que tm se apresen-

    tam no grau superlativo; superlativo um termo gramatical que se refere ao mais alto grau

    possvel de comparao (por exemplo, bom, timo, melhor). O superlativo presente em ca-

    da palavra nesta srie indica aqueles que so atributos comunicveis de Deus. Deus comu-

    nicou ou deu esses atributos aos homens; esses atributos so de um grau mui elevado de

    tal qualidade em Deus que a palavra elevada ao grau superlativo apropriadamente em-

    pregada. Que no haja dvida de que uma vez que Deus infinito em todos os sentidos,

    cada um destes so de uma qualidade infinita acima dos atributos da humanidade.

    Deus ... santssimo. Edward Leigh fala de santidade como a beleza de todos os atributos

    de Deus, sem a qual a Sua sabedoria seria apenas astcia; Sua justia, crueldade; Sua so-

    berania, tirania; Sua misericrdia, piedade tola39. A santidade de Deus talvez o atributo

    de Deus mais proclamado. Quando olhamos para os textos bblicos, podemos concluir que

    parece haver dois aspectos da santidade de Deus. Um deles est relacionado transcen-

    dncia de Deus a Sua alteridade em relao criao. Ele to diferente de Sua cria-

    o que Ele santssimo. Deus muitas vezes referido como o Santo de Israel por toda

    a Escritura; este uso especialmente proeminente no livro de Isaas. Pensamos tambm

    sobre a viso de Isaas no templo, onde os serafins clamavam: Santo, Santo, Santo o

    Senhor dos Exrcitos (Isaas 6). Charles Hodge declara sobre esses serafins: Eles so os

    representantes de todo o universo, ao oferecer esta homenagem perptua santidade

    Divina40. O segundo aspecto da santidade de Deus relaciona-se com a dimenso tica ou

    moral. Deus nos disse para sermos santos porque Ele santo (Levtico 11:44; 20:26). Deus

    a perfeio moral perfeitas justia e santidade. Nos dois sentidos, Deus santssimo.

    Deus sapientssimo. A sabedoria de Deus infinita; ela no conhece limites. Vemos nas

    Escrituras vrias referncias ao Deus mui sbio. Por exemplo: Ao nico Deus, sbio, seja

    __________

    [39] Edward Leigh, Tratado Sobre a Divindade, 2:104. Como citado por Joel R. Beeke e Mark Jones, Uma

    Teologia Puritana: Doutrina para a Vida (Grand Rapids: Reformation Heritage Books, 2012), localizao do

    Kindle 2685.

    [40] Charles Hodge, Teologia Sistemtica, vol. I, Teologia (1873; reimpresso, Peabody, Ms.: Hendrickson

    Publishers, 2008), 413.

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    dada glria por Jesus Cristo para todo o sempre. Amm (Romanos 16:27). A sabedoria de

    Deus mais do que a oniscincia; isso sucede qualidade do conhecimento. Vemos pas-

    sagens como esta: Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistrio, a qual Deus or-

    denou antes dos sculos para nossa glria (1 Corntios 2:7). A sabedoria de Deus evi-

    dente em toda a criao na esfera tica, e na execuo e preservao da criao. A sabe-

    doria de Deus vista na efetivao de Seus decretos na providncia Divina. Que sabedoria

    isso deve envolver! No estudo das obras de criao (ou seja, as cincias), vemos evidncias

    dessa infinita sabedoria de Deus. Mas, enquanto a sabedoria de Deus evidente para ns

    na criao, ainda assim a criao apenas a manifestao de que Deus sapientssimo;

    Deus sabedoria em Sua essncia.

    Deus completamente livre. Isso se aplica a todos os aspectos de Deus e Suas aes,

    seja nos Seus decretos em geral, em Seu decreto na eleio, na execuo de Seus decre-

    tos, ou em qualquer outro aspecto de Deus; ele completamente livre para fazer o que qui-

    ser. Deus mui livre em Sua essncia. O Salmo 115:3 diz: Mas o nosso Deus est nos

    cus; fez tudo o que lhe agradou. E, Deus completamente livre em relao Sua criao;

    o Salmo 135:6 estabelece: Tudo o que o Senhor quis, fez, nos cus e na terra, nos mares

    e em todos os abismos. Em todos os atributos que estudamos, evidente que o que Deus

    , Ele em e de Si mesmo; Ele mui livre; Ele no depende de Suas criaturas para deter-

    minar a Sua vontade; Ele no determina o que fazer com base em algo que primeiro deve

    ocorrer, seja na natureza ou em um ser com livre agncia. Ele a causa primeira de todas

    as coisas, e Ele completamente livre para determinar aquelas causas decretadas livre-

    mente.

    Deus completamente... absoluto. A ideia do Absoluto na filosofia nem sempre corres-

    ponde ao da teologia, mas em alguns aspectos elas coincidem. Louis Berkhof afirma: Mas

    quando o Absoluto definido como a causa primeira de todas as coisas existentes, ou como

    o fundamento ltimo de toda a realidade, ou como o Ser autoexistente, este pode ser con-

    siderado como idntico ao Deus da teologia. Ele o Infinito, que no existe em nenhumas

    relaes necessrias, porque Ele autossuficiente, contudo, ao mesmo tempo pode entrar

    livremente em vrias relaes com a Sua criao, como um todo, e com as Suas criatu-

    ras41.

    A Confisso continua: operando todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade

    imutvel e justssima, para a Sua prpria glria. Deus faz todas as coisas somente como

    resultado do Seu conselho. Uma vez que Deus quem Ele , e em Sua essncia todas

    __________

    [41] Louis Berkhof, Teologia Sistemtica, contendo o texto integral de Teologia Sistemtica (1932) e o volume

    introdutrio original para a teologia sistemtica (1938), e um novo prefcio de Richard A. Muller (Grand Rapids

    e Cambridge: Eerdmans, 1996), 56.

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    aquelas coisas listadas acima, logo, tudo o que Deus faz ou opera resulta do Seu prprio

    conselho. Antes que Deus opere (aja ou entre em ao), Ele, na eternidade, tomou conse-

    lho consigo mesmo e determinou o que Ele faria. Esse conselho a vontade de Deus, e a

    vontade de Deus inaltervel (imutvel). A vontade de Deus no algo que Deus mudar,

    ceder ou desfar. Como eu j referi, Packer estabelece que a imutabilidade de Deus a

    total imunidade mudana, conduzindo completa consistncia em ao42. A vontade de

    Deus tambm justssima moral e judicialmente. Tudo na vontade de Deus para a

    Sua prpria glria. Deus age de acordo com os Seus prprios interesses, e, embora o inte-

    resse prprio do homem seja egosta, no assim com Deus; os Seus prprios interesses

    esto de acordo com os Seus atributos e somente podem redundar em Sua prpria glria.

    Vemos na Confisso um reflexo das prprias palavras da Escritura, aqui: Descobrindo-nos

    o mistrio da sua vontade, segundo o seu beneplcito, que propusera em si mesmo, de

    tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensao da plenitude dos tempos,

    tanto as que esto nos cus como as que esto na terra; nele, digo, em quem tambm fo-

    mos feitos herana, havendo sido predestinados, conforme o propsito daquele que faz

    todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade (Efsios 1:9-11). Abordaremos este

    assunto com mais detalhes no Captulo 3, Sobre os Decretos de Deus.

    Deus ... cheio de amor, gracioso, misericordioso, longnimo, abundante em bonda-

    de e verdade, que perdoa a iniquidade, a transgresso e o pecado; o galardoador dos

    que O buscam. Seria fcil anexar o superlativo a cada um desses atributos. Eu no vou

    inseri-lo em cada um dos meus comentrios abaixo, mas ele est implcito. Mais uma vez,

    a maioria destes so atributos comunicveis de Deus. Eu abordarei cada um deles de forma

    mui breve, mas eles so dignos de longa meditao.

    Deus cheio de amor. O amor de Deus elevadssimo, e de uma altura que transcende

    o nosso assim chamado amor, de modo que qualquer outro amor apenas um plido refle-

    xo do amor de Deus. Vemos em 1 Joo 4:8: Aquele que no ama no conhece a Deus;

    porque Deus amor. Deus amor em Sua simplicidade; Deus todo-amor, ao lado de to-

    dos os Seus outros atributos. O amor de Deus a fonte de todo o amor verdadeiro, e Deus

    define o que amor e o que no . Portanto, Deus define como os seres humanos devem

    amar uns aos outros. Por exemplo, o adltero no pode definir o amor como o que eles

    sentem por algum que no seu marido ou esposa; a comunidade gay no tem autoridade

    para definir o amor como o que inclui as relaes homossexuais; aqueles que promovem a

    poligamia no conseguem definir o amor como o que pode ser compartilhado por mais de

    uma esposa; uma pessoa solteira no consegue definir a atividade sexual extramarital co-

    mo uma expresso de amor. A lista de amor mpio praticamente interminvel, mas uma

    __________

    [42] J. I. Packer, Conhecendo Deus (Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 1973), 89.

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    vez que Deus o nosso Criador e cheio de amor, Ele define o que amor; qualquer outro

    que seja chamado amor e que no seja conforme o que Ele definiu, na verdade no amor,

    mas uma perverso egosta do deste.

    Os atributos de Deus que se seguem nesta prxima seo vm de xodo 34:6-7: Passan-

    do, pois, o Senhor perante ele, clamou: O Senhor, o Senhor Deus, misericordioso e piedoso,

    tardio em irar-se e grande em beneficncia e verdade; que guarda a beneficncia em milha-

    res; que perdoa a iniquidade, e a transgresso e o pecado; que ao culpado no tem por

    inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos at a

    terceira e quarta gerao43.

    Deus gracioso. Deus no restringe a concesso de Seus dons com base no que as Suas

    criaturas merecem; ao contrrio, Ele d a elas as coisas boas que elas no merecem. Ve-

    mos este atributo quando Deus revela a Si mesmo na passagem das Escrituras supra-

    citada. difcil superestimar a gravidade deste anncio; o prprio Deus proclama o Seu no-

    me a Moiss, e inerente ao nome de Deus est a revelao de Sua essncia graciosa. O

    prprio Deus inequivocamente declarou-Se gracioso, no apenas pela ao graciosa, mas

    esta a Sua prpria essncia. A essncia de Deus a graa. quase demasiado para as-

    similar. Claramente, enquanto Deus misericordioso em Sua essncia, isso no tudo o

    que Ele , em essncia. Toda a revelao do nome de Deus enumera outros atributos que

    so tanto a Sua essncia quanto outros.

    Deus misericordioso. Deus no somente nos d coisas que no merecemos, porm

    muitas vezes Ele no nos d o juzo que ns merecemos. como se a graa e a misericr-

    dia fossem uma moeda com dois lados. A misericrdia retm o juzo de Deus, e a graa

    __________

    [43] Quando estudamos a Confisso til observar as verses em Ingls da Bblia que eles tinham acesso.

    Claro, eles tambm tiveram acesso ao Hebraico e Grego, mas provvel que se basearam fortemente nas

    verses em Ingls. A seguir, uma lista de verses relevantes em ingls: Tyndale - 1526; Coverdale - 1535;

    Thomas Matthew 1537; The Great Bible (A Grande Bblia) - 1539; The Geneva Bible (A Bblia de Genebra) -

    1560; The Bishops Bible (A Bblia do Bispo) 1560; e The King James Version (A Verso King James) -

    1611. No houve grandes tradues inglesas da Bblia aps estas at a Verso Inglesa Revisada de 1885. A

    verso King James fez uso de todas essas tradues anteriores, e embora a Bblia de Genebra houvesse

    sido muito popular em 1611, eventualmente, a verso King James a ultrapassou em popularidade. Ns

    podemos seguramente assumir que a Bblia inglesa mais utilizada na poca da Assembleia de Westminster

    de 1646 era a VKJ de 1611. O mesmo se aplica Confisso de 1677/1689. Assim, til observar que texto

    bblico na Confisso era mais do que semelhante fraseologia da Verso King James. Isso relevante para

    a interpretao do texto confessional, por exemplo abundante em bondade e verdade, a expresso literal

    da VKJ. A English Standard Version (ESV Verso Padro Inglesa), que eu uso muitas vezes neste comen-

    trio, diz, cheio de amor e fidelidade. Todas as aluses bblicas na Confisso nos ajudam a entender o sig-

    nificado da Confisso da Confisso, mas tais aluses podem ser facilmente perdidas por aqueles que no

    esto familia-rizados com a fraseologia da VKJ.

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    nos fornece as bnos de Deus. Podemos subestimar a glria deste atributo Divino da mi-

    sericrdia, e sua maravilhosa irm gmea, a graa?

    Deus longnimo. Isso significa que Deus paciente, ou tardio em irar-Se. Nem sempre

    Deus julga instantaneamente o pecado como Ele tem o direito de fazer. Ele paciente com

    todos os homens; muitas vezes Ele concede aos pecadores tempo antes do julgamento

    para que possamos se arrepender do pecado. Vemos novamente que este atributo foi reve-

    lado diretamente por Deus em seu prprio nome na citao acima de xodo 34:5-6. A ex-

    presso tardio em irar-se que aparece nas verses modernas da Bblia correspondem

    palavra longanimidade na verso King James. Jonas ecoa esta revelao de xodo, quan-

    do explica por que ele no foi a Nnive: E [Jonas] orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor!

    No foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso que me preveni, fu-

    gindo para Trsis, pois sabia que s Deus compassivo e misericordioso, longnimo e gran-

    de em benignidade, e que te arrependes do mal. Vemos no Novo Testamento Deus ser

    tardio em irar-Se (juzo): O Senhor no retarda a sua promessa, ainda que alguns a tm

    por tardia; mas longnimo para conosco, no querendo que alguns se percam, seno que

    todos venham a arrepender-se (2 Pedro 3:9)44.

    Deus abundante em bondade e verdade. Deus grande em misericrdia. Deus bom,

    e isso, abundantemente. A grande bondade de Deus transborda em Sua criao. No Salmo

    145:8-9, ns vemos tambm uma aluso a xodo 34: Piedoso e benigno o Senhor, sofre-

    dor e de grande misericrdia. O Senhor bom para todos, e as suas misericrdias so so-

    bre todas as suas obras. Ser que estamos vendo aqui exatamente como a revelao do

    nome de Deus em xodo 34 foi significativa para o povo de Deus no Antigo Testamento, e

    posteriormente? Jesus reflete sobre a bondade do Pai: Porque faz que o seu sol se levante

    sobre maus e bons, e a chuva desa sobre justos e injustos (Mateus 5:45). Deus abun-

    dante em verdade. Deus a verdade, e Ele abundante na mesma. Deus trata em ver-

    dade, e Ele age em verdade. No h nada em Deus que seja inverdade, hipcrita ou falso.

    Na verso King James a palavra verdade traduzido como fidelidade. Isso pode nos ajudar

    a evitar pensar sobre a verdade apenas como algo que no falso. Deus a verdade, e

    como tal, Ele fiel em tudo o que Ele diz de Si mesmo e Suas aes. Se Deus diz que far

    alguma coisa, Ele fiel para cumpri-lo. Ele no ser verdadeiro ou fiel em uma rea, e infiel

    em outra. Ambos estes atributos so a essncia de Deus, e como tal eles fluem dEle em

    para a Sua criao.

    A Confisso continua a partir de xodo 34: que perdoa a iniquidade, a transgresso e o

    __________

    [44] No contexto, todos se limita ao arrependimento dos eleitos.

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    pecado. A lista anterior foi sobre os atributos de Deus, mas aqui vemos os anteriores atribu-

    tos de Deus (ou seja, gracioso, misericordioso, longnimo, abundante em bondade, e ver-

    dade) que se manifestam nas aes e obras que Deus realiza. Deus perdoa. Que coisa es-

    pantosa! Se Deus no perdoasse, qualquer esperana em relao humanidade estaria

    perdida, porque cada pessoa que j viveu, com exceo de Cristo, tem necessitado, ainda

    necessita, ou necessitar do perdo de Deus. O que necessita ser perdoado? O pecador

    necessita de perdo da iniquidade, da transgresso e do pecado.

    Deus tambm o galardoador dos que O buscam. Aqui ns nos afastamos de xodo 34.

    Aqui, a Confisso faz referncia a Hebreus 11:6: Ora, sem f impossvel agradar-lhe;

    porque necessrio que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que ga-

    lardoador dos que o buscam. Neste texto bblico, vemos como a f est relacionada bus-

    ca de Deus, e assim, no apenas que o homem faz bem ao buscar a Deus e Deus recom-

    pensa-o; antes, a recompensa est indissoluvelmente ligada com a f que opera a busca.

    Mas desde que o nosso tema aqui propriamente a teologia (o estudo de Deus), e no

    soteriologia (o estudo da salvao), vamos tratar disso agora somente em relao a Deus.

    Deus no somente perdoa os pecados, mas recompensa aqueles que O buscam pela f.

    Podemos ver aqui o ato duplo de Deus na justificao: 1) perdoa o pecado e 2) imputa a

    justia de Cristo? Eu certamente penso que sim. Deus perdoa e Deus recompensa, pela f.

    A Confisso afirma: e, contudo, justssimo. A Confisso est dizendo que juntamente com

    (ou seja, contudo)45 Seu perdo e recompensa, Ele continua a ser justssimo. Esta pode

    ser uma referncia especfica ao significado da poro de xodo 34:7, que diz: que ao cul-

    pado no tem por inocente. Enquanto todos os atributos que temos discutido, especialmen-

    te a partir de xodo 34, so a essncia de Deus, ainda assim, em todos esses atributos

    Deus ainda permanece justo. De fato, enquanto Deus misericordioso e perdoa os peca-

    dos, contudo, Ele continua a ser plenamente mui justo, porque essa misericrdia e perdo

    que Ele demonstra para com a humanidade s se encontra em Cristo, sobre quem a justia

    de Deus foi derramada como um substituto por aqueles a quem o Pai elege e justifica. Mas

    agora se manifestou sem a lei a justia de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas;

    isto , a justia de Deus pela f em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem;

    porque no h diferena. Porque todos pecaram e destitudos esto da glria de Deus;

    sendo justificados gratuitamente pela sua graa, pela redeno que h em Cristo Jesus. Ao

    qual Deus props para propiciao pela f no seu sangue, para demonstrar a sua justia

    __________

    [45] O uso de alm disso visto na VKJ de 1611: Atos 25:27 (VKJ) Porque me parece contra a razo enviar

    um preso, e alm disso no notificar contra ele as acusaes (traduo literal). Em outras palavras, parecia

    irrazovel enviar um preso e no tambm ou juntamente notificar as acusaes que eram contra Paulo. Este

    uso corresponde Confisso; enquanto Deus misericordioso e compassivo, ele tambm (juntamente)

    com os atributos justssimo. Veja o Dicionrio de Ingls Oxford que tambm apoia este uso.

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    pela remisso dos pecados dantes cometidos, sob a pacincia de Deus; para demonstrao

    da sua justia neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem

    f em Jesus (Romanos 3:21-26). Enquanto a humanidade tem um sentido de justia que

    lhe foi dada por Deus, a humanidade a exerce muito mal e a discerne imperfeitamente. Mas

    Deus justssimo muito alm, infinitamente em todos os sentidos a alm do atributo de

    justia da criatura. E, contudo, justssimo e terrvel em Seus julgamentos; odiando todo

    pecado; e que no tem o culpado por inocente

    Deus terrvel em Seus julgamentos. Isso decorre logicamente de Deus ser justo. Isso

    significa que o julgamento de Deus sobre o pecado terribilssimo. Hebreus 10:31 diz: Hor-

    renda coisa cair nas mos do Deus vivo. Terrvel refere-se severidade do julgamento

    de Deus, que uma coisa terrvel de se contemplar. Apesar do fato de que Deus perdoa o

    pecado, contudo, Ele tambm o julga. Por que Deus o julga? Porque Deus odeia todo o

    pecado. Deus santo e Ele criou o mundo bom; qualquer pecado uma afronta e um ato

    de traio e rebelio contra o governo do Santo. Como tal, Deus no tem por inocente o

    culpado. Aqui, voltamos s palavras de xodo 34. A essncia de Deus, a Sua natureza,

    exige perfeita justia e, como tal, Deus no ser indiferente ou ignorar o culpado. Deus

    no ser tolerante para com o pecador impenitente. Esta uma verdade que Deus fez

    questo de asseverar.

    Como foi dito no incio deste captulo, Robert Letham intitulou o pargrafo segundo de A

    Toda-Suficiente Soberania de Deus. A Confisso de 1689 afirma: Deus possui toda a vida,

    glria, bondade, bem-aventurana, em e de Si mesmo; Ele todo suficiente para Si,

    e no possui necessidade de quaisquer criaturas que Ele fez, nem delas deriva glria

    2. Deus possui toda a vida17, glria18, bondade19, bem-aventurana, em e de Si mesmo;

    Ele todo suficiente para Si, e no possui necessidade de quaisquer criaturas que Ele

    fez, nem delas deriva glria alguma20, mas apenas manifesta Sua prpria glria em, por,

    para e sobre elas; Ele a nica origem de todo ser, de quem, por quem e para quem

    so todas as coi-sas21; e exerce soberano domnio sobre todas as criaturas, para fazer

    por elas, para elas ou sobre elas tudo que Lhe apraz22. Todas as coisas esto manifestas

    e patentes diante dEle23; Seu conhecimento infinito, infalvel e independente da

    criatura; assim como nada para Ele contingente ou incerto24. Ele santssimo em todos

    os Seus conselhos, em todas as Suas obras25 e em todos os Seus comandos. Para Ele,

    devido da parte de anjos e homens todo o culto26, servio ou obedincia que, como

    criaturas, eles devem em relao ao seu Criador, e tudo quanto mais Ele se agrada em

    requerer deles (17 Joo 5:26 18 Salmos 148:13 19 Salmos 119:68 20 J 22:2-3 21

    Romanos 11:34-36 22 Daniel 4:25, 34, 35 23 Hebreus 4:13 24 Ezequiel 11:5; Atos

    15:18 25 Salmos 145:17 26 Apocalipse 5:12-14).

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    alguma, mas apenas manifesta Sua prpria glria em, por, para e sobre elas. A srie

    aqui sobre a vida, glria, bondade e bem-aventurana so todos atributos de Deus que

    mostram como Deus autossuficiente. Deus tem toda a vida, em e de Si mesmo. Esta

    uma questo separada de e no relacionada com a vida da criao. Antes da criao e por

    toda a eternidade Deus tinha toda a vida em e de Si mesmo. difcil para ns concebermos

    a vida fora da criao, mas Deus sempre ter vida em Si mesmo e, como tal, nunca est

    na necessidade da criao ou das criaturas. Deus tem toda a glria, em e de si mesmo.

    A criao traz glria a Deus, mas isso no por que havia alguma glria que foi retirada de

    Deus; a criao, por sua existncia, no adiciona glria essncia de Deus. Por qu? Por-

    que Deus j tinha toda a glria em e de Si mesmo, no havia mais glria a ser adicionada;

    Deus j tinha glria, totalmente. Deus tem toda a bondade, em e de Si mesmo. Tal como

    acontece com a vida e glria, Deus j totalmente bom, e nada nem ningum pode retirar

    ou acrescentar a essa bondade. Deus a bondade. A bondade da criao, antes da Queda,

    to boa como era, no adicionava mais bondade a Deus. Deus tem toda a bem-aventu-

    rana em e de Si mesmo. Deus bendito, mas esta bem-aventurana vem dEle; ns pode-

    ramos dizer que Deus auto-bem-aventurado. Quando pensamos em passagens que nos

    dizem para bendizer a Deus, isso no significa que podemos adicionar qualquer bem-aven-

    turana a Deus; isso se d simplesmente porque devido a Deus e por isso temos que

    bendiz-lO. Isso nos leva a lembrar da Escritura que diz: Porque dele e por ele, e para ele,

    so todas as coisas; glria, pois, a ele eternamente. Amm (Romanos 11:36). Seja a vida,

    glria, bondade, ou bem-aventurana, todas as coisas so dEle, por Ele e para Ele. Ao con-

    trrio da teologia centrada no homem, Deus no possui necessidade de quaisquer cria-

    turas que Ele fez. Na verdade, embora, como criaturas, Ele nos tenha feito para a Sua pr-

    pria glria, ainda assim no deriva delas glria alguma, mas apenas manifesta Sua pr-

    pria glria em, por, para e sobre elas. Isso se refere autoexistncia e autossuficincia

    de Deus, ou como eu mencionei anteriormente, independncia de Deus. O que dizem as

    Escrituras? Porventura ser o homem de algum proveito a Deus? Antes a si mesmo o pru-

    dente ser proveitoso. Ou tem o Todo-Poderoso prazer em que tu sejas justo, ou algum lu-

    cro em que tu faas perfeitos os teus caminhos? (J 22:2-3)46, ou, como j citamos em

    parte: Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou

    __________

    [46] Algum deve considerar antes de tomar uma declarao do [livro de] J como verdadeira; nem tudo o

    que os consoladores de J dizem deve ser tomado como doutrina verdadeira. Algumas das coisas que os

    consoladores de J dizem so falsas, e destinam-se a ser interpretadas como tal. Neste caso, sabemos a

    partir de outras passagens nas Escrituras que esta uma afirmao veraz por Elifaz, e por isso apropriado

    citar isso em apoio autossuficincia ou independncia de Deus. Curiosamente, o apstolo Paulo tambm

    cita Elifaz a partir de J 5:13 em 1 Corntios 3:19: Porque a sabedoria deste mundo loucura diante de Deus;

    pois est escrito: Ele apanha os sbios na sua prpria astcia. Ento, eu sinto que estou em boa companhia,

    hermeneuticamente falando, mas, no entanto, nem toda a citao da Bblia deve ser tomada em apoio a uma

    doutrina particular; afinal de contas, Satans citado na Bblia; geralmente desaconselhvel citar Satans

    em apoio a uma questo moral ou doutrinria disse o bastante.

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    quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e pa-

    ra ele, so todas as coisas; glria, pois, a ele eternamente. Amm (Romanos 11:34-36).

    A Confisso continua: e exerce soberano domnio sobre todas as criaturas, para fazer

    por elas, para elas ou sobre elas tudo que Lhe apraz. A Confisso estabeleceu que Deus

    no precisa de nada proveniente de Suas criaturas, e Deus no deriva qualquer glria de-

    las, mas, aqui pontua-se que Deus tem plenamente dentro de Seu domnio o fazer por

    elas, para elas ou sobre elas (tudo) o que Lhe apraz. O que dizem as Escrituras sobre

    este ponto? Nabucodonosor testemunha depois de ter tomado todo o crdito por seu dom-

    nio e glria, foi julgado por Deus e levado a comer grama, e andar como mero animal qua-

    drpede por um perodo de tempo. Depois deste julgamento, isso foi o que o rei da Babilnia

    disse: Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao cu, e

    tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive

    para sempre, cujo domnio um domnio sempiterno, e cujo reino de gerao em gerao

    (Daniel 4:34). Deus tinha controle sobre o grande e poderoso rei que governava grande

    parte do mundo conhecido, e, por fim, o rei foi levado a reconhecer que o domnio pertence,

    em ltima anlise, somente a Deus. Vemos em Salmos: Mas o nosso Deus est nos cus:

    ele faz tudo o que lhe apraz (Salmo 115:3). Ou: Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos c-

    us e na terra, nos mares e em todos os abismos (Salmo 135:6). Ou, Como ribeiros de -

    guas assim o corao do rei na mo do SENHOR, que o inclina a todo o seu querer (Pro-

    vrbios 21:1). Que as Suas criaturas nunca pensem que Deus no mui soberano sobre

    elas ou Ele lhes mostrar o seu erro.

    Esta sentena rica em significados: Todas as coisas esto manifestas e patentes di-

    ante dEle; Seu conhecimento infinito, infalvel e independente da criatura; assim

    como nada para Ele contingente ou incerto. O domnio soberano de Deus significa que

    Ele conhece todas as coisas (diante dEle todas as coisas esto manifestas) e nada est

    oculto; tudo revelado (patente). A Confisso reflete as palavras escrita da Escritura aqui:

    E no h criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas esto nuas e paten-

    tes aos olhos daquele com quem temos de tratar (Hebreus 4:13). Vemos tambm esta pas-

    sagem: Caiu, pois, sobre mim o Esprito do Senhor, e disse-me: Fala: Assim diz o Senhor:

    Assim haveis falado, casa de Israel, porque, quanto s coisas que vos sobem ao esprito,

    eu as conheo (Ezequiel 11:5). A Confisso afirma: o conhecimento de Deus infinito,

    no h conhecimento de que Deus restrinja-Se. O conhecimento de Deus infalvel; Deus

    no pode interpretar mal. O conhecimento de Deus independe da criatura; Deus no

    dependente do que ns revelamos a Ele, e conhecimento de Deus a nosso respeito no se

    restringe ao que ns sabemos sobre ns mesmos; Ele nos conhece completamente melhor

    do que o nosso prprio conhecimento limitado de ns mesmos. Isso significa que para Deus,

    nada contingente ou incerto. Nada dependente de Suas criaturas, a fim de que a vonta-

    de de Deus seja realizada, e nada incerto. Este importante assunto ser abordado no

    prximo Captulo, Sobre Os Decretos de Deus e no captulo 5, Sobre a Divina Providncia.

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    Em termos de domnio soberano de Deus, Ele santssimo em todos os Seus conse-

    lhos, em todas as Suas obras e em todos os Seus comandos. Deus santssimo em

    relao aos Seus conselhos e moralmente perfeito nesses conselhos. O mesmo verdade

    em tudo o que Deus faz (ou seja, Suas obras), e em todos os Seus mandamentos. O dom-

    nio soberano de Deus uma regra que santssima em todos os sentidos. Deus lida com

    Suas criaturas de acordo com Seu prprio interesse, mas Seu interesse santssimo. A

    Escritura diz: Justo o Senhor em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas

    obras (Salmos 145:17). Deus tem domnio soberano sobre as Suas criaturas, a Ele, devi-

    do da parte de anjos e homens todo o culto, servio ou obedincia que, como criatu-

    ras, eles devem em relao ao seu Criador, e tudo quanto mais Ele se agrada em

    requerer deles. Visto que os conselhos, obras e comandos de Deus so santssimos, no

    pode haver nenhuma objeo a partir da criatura quanto ao mandamento de obedecer ao

    seu Criador. Deus Criador e santssimo; Ele deve ser adorado, servido e obedecido por

    Seus sditos, e que estes faam tudo quanto mais Ele se agrada em requerer deles.

    No primeiro pargrafo a Confisso afirma que h somente um Deus. Ao lado desta verdade,

    e em perfeita harmonia com ela, este ponto refere que Deus Triuno (ou seja, tri-unidade)47.

    __________

    [47] Pode ser til notar que grande parte do terceiro pargrafo no est contido na Confisso de Westminster

    ou Declarao de Savoy. Citarei o pargrafo trs abaixo; em negrito est o texto que a Confisso de 1689

    acrescentou Confisso de Westminster e Declarao Savoy. A fonte para este texto adicional a Primeira

    Confisso de Londres de 1646, com a exceo do texto sublinhado que provem da Declarao de Savoy:

    Em Seu ser Divino e infinito h trs subsistncias, o Pai, a Palavra ou o Filho, e o Esprito Santo, de

    uma s substncia, poder e eternidade, cada um possuindo completa essncia Divina, e ainda a essncia

    indivisvel: O Pai de ningum gerado nem procedente; o Filho eternamente gerado do Pai; o Esprito

    Santo procedente do Pai e do Filho; todos infinitos e sem princpio de existncia. Portanto, um s

    Deus; que no deve ser divido em Seu ser ou natureza, mas, sim, distinguido pelas diversas proprie-

    dades peculiares e relativas, e relaes pessoais; esta doutrina da Trindade o fundamento de toda

    a nossa comunho com Deus, e confortvel dependncia dEle.

    3. Em Seu ser Divino e infinito h trs subsistncias, o Pai, a Palavra ou o Filho, e o

    Esprito Santo27, de uma s substncia, poder e eternidade, cada um possuindo com-

    pleta essncia Divina, e ainda assim, a essncia indivisvel28: O Pai de ningum ge-

    rado nem procedente; o Filho eternamente gerado do Pai29; o Esprito Santo proce-

    dente do Pai e do Filho30; todos infinitos e sem princpio de existncia. Portanto, um s

    Deus; que no deve ser divido em Seu ser ou natureza, mas, sim, distinguido pelas di-

    versas propriedades peculiares e relativas, e relaes pessoais; esta doutrina da Trinda-

    de o fundamento de toda a nossa comunho com Deus, e confortvel dependncia

    dEle (27 1 Joo 5:7; Mateus 28:19; 2 Corntios 13:14 28 xodo 3:14; Joo 14:11; 1

    Corntios 8:6 29 Joo 1:14, 18 30 Joo 15:26; Glatas 4:6).

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    A Trindade uma rea de doutrina essencial, pois a manuteno da ortodoxia neste ponto

    inegocivel para a F Crist. O que se quer dizer com ortodoxia? O Dicionrio de Baker

    de Teologia afirma: A palavra expressa a ideia de que certas declaraes expressam a

    verdade com preciso, o contedo revelado do Cristianismo, e so, portanto, em sua pr-

    pria natureza, normativas para a igreja universal48. A Confisso uma tremenda ajuda

    para auxiliar-nos nesta questo, pois fornece parmetros doutrinrios adequados, que ser-

    vem no somente para manter-nos livres de erros, mas tambm para nos mantermos dentro

    da ortodoxia. A Confisso fornece articulaes precisas sobre a Trindade que so histrica-

    mente ortodoxas. Tais declaraes so dignas de memorizao para a nossa prpria clare-

    za e sermos capazes de dar uma clara explicao para outras pessoas.

    A Confisso afirma que em Seu ser Divino e infinito h trs subsistncias. Vamos lidar

    com esta declarao tratando de um ponto de cada vez. O primeiro passo, o Ser Divino e

    infinito. James White explica:

    Biblicamente falando, existem trs tipos de seres que so pessoais: Deus, homens e

    anjos. Eu tenho existncia, eu existo. Todavia, eu sou pessoal. Meu ser limitado e fi-

    nito. limitado a um lugar, geograficamente falando, e a um tempo, temporalmente fa-

    lando. Apesar de todos os cenrios de Star Trek contrariem, eu estou limitado a um lu-

    gar em um momento. Essa a essncia de ser uma criatura. Meu ser compartilhado

    por uma pessoa: eu. Meu ser, uma vez que limitado, no pode ser distribudo entre

    duas, trs ou mais quaisquer pessoas. Um ser, uma pessoa: isso o que ser humano.

    O que estamos dizendo a respeito de Deus que o Seu ser no limitado e finito como o

    de uma criatura. Seu ser infinito e ilimitado, e, portanto, pode, de uma maneira completa-

    mente alm da nossa compreenso, ser partilhado totalmente por trs pessoas, Pai, Filho

    e Esprito Santo. O Ser Divino um; as pessoas Divinas so trs. Enquanto o Pai no o

    Filho, nem o Filho, o Esprito, cada um total e completamente Deus por Sua plena partici-

    pao no Ser Divino. A menos que reconheamos a diferena entre os termos ser e pessoa,

    nunca teremos uma compreenso acurada ou til da Trindade49.

    Assim, uma vez que este Ser Divino e infinito, racional que neste Ser haja trs pessoas.

    racional porque este Ser Divino; racional, porque este Ser infinito. Se tal coisa fosse

    dita de um ser finito e no-Divino (ou seja, os homens ou anjos), ento seria de fato uma

    __________

    [48] Dicionrio de Baker de Teologia (Grand Rapids: Baker Book House, 1983), p. 389-90.

    [49] James White, A Trindade Esquecida: Recuperando o Corao da F Crist (Minneapolis: Bethany House

    Publishers, 1998), 171. No fim da declarao de White, ele tem uma til nota final, que afirma: O Credo de

    Atansio h muito tempo, diz muito bem: ns adoramos um Deus na Trindade, e a Trindade na Unidade; no

    confundindo as Pessoas, nem dividindo a Substncia.

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    declarao irracional50.

    Passamos agora para o segundo ponto: neste Ser Divino e infinito h trs subsistncias.

    O que a palavra subsistncia significa?51 Muller define subsistncia, como voc pode recor-

    dar a partir do primeiro pargrafo, como: o que indica um ser ou existncia particular, uma

    instncia individual de uma determinada essncia52. Talvez seja mais fcil compreender a

    palavra subsistncias como pessoas53, mas temos que ter cuidado para que ns correta-

    mente identifiquemos quem so essas trs pessoas e como elas so, e, para esse sentido

    a Confisso, agora, se volta. Mas, antes de seguirmos em frente, tenhamos a certeza de

    que compreendemos os dois pontos importantes que a Confisso estabeleceu. Uma vez

    que este Ser Divino e infinito, esse Ser pode ter trs subsistncias, pois no estamos fa-

    lando apenas de qualquer ser. Portanto, neste Ser, h trs pessoas. Devemos manter firme-

    mente o ponto um: h um Ser; enquanto adicionamos o passo dois: h neste nico Ser trs

    subsistncias.

    No que se segue, a Confisso pode ser descrita da seguinte maneira:

    I. Os Nomes das Trs Subsistncias.

    II. A Igualdade das Trs Subsistncias.

    III. A Relao e Economia das Trs Subsistncias.

    I. Os Nomes das Subsistncias

    A Confisso nos d os nomes das trs subsistncias: o Pai, a Palavra ou Filho, e o Esprito

    Santo. H muitas referncias aos nomes dos trs membros da Trindade nas Escrituras.

    __________

    [50] Eu certamente no quero dizer que no h mistrio, ou que Deus deve encaixar-Se na racionalidade do

    homem antes que ns creiamos no que revelado. Estou afirmando, no entanto, que a revelao de Deus

    para a humanidade de uma natureza racional apreensvel, embora no possua um carcter totalmente

    compreensvel.

    [51] A Confisso de Westminster e a Declarao de Savoy afirmam: Na unidade da Divindade h trs Pesso-

    as. A Confisso de 1689, usando o texto da Primeira Confisso Batista de 1646, faz uma abordagem mais

    detalhada. Nota: o texto de Westminster e Savoy mostra que no errado referir-se s subsistncias como

    Pessoas. Porm subsistncia mais preciso, ou pelo menos tem a teologia mais histrica associada a si.

    [52] Richard A. Muller, Dicionrio de Termos Teolgicos em Latim e Grego: Retiradas Principalmente da

    Teologia Escolstica Protestante (1985; reimpresso, Grand Rapids: Baker Academic, 1995). 290.

    [53] James White afirma: Ainda assim, podemos notar o fato de que um outro termo oferecido para ajudar

    a definir a palavra pessoa, sendo este subsistncias. Por que sugerir este termo? Porque estamos acostu-

    mados a ler no termo pessoa todos os tipos de limitaes fsicas que de modo algum devem ser cogitados

    quando fala-se sobre a Trindade. A Trindade Esquecida: Recuperando o Corao da F Crist (Minneapolis:

    Bethany House Publishers, 1998), 170.

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    Por exemplo, em Mateus 28:19 Jesus nomeia as trs subsistncias: Portanto ide, fazei dis-

    cpulos de todas as naes, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Esprito Santo.

    E em 2 Corntios 13:14, Paulo mencionou os nomes das trs pessoas da Divindade: A

    graa do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunho do Esprito Santo seja com

    todos vs. Amm. Em outras passagens da Escritura o Pai menciona o Filho (por exemplo,

    Mateus 3:17, 17:5), e Jesus menciona o Pai e o Esprito (por exemplo, Lucas 24:49), e as-

    sim, esses nomes no so apenas criaes do homem, antes so utilizados pelos membros

    reais da Divindade ao referirem-se Um ao Outro. H um outro ponto importante aqui. A. A.

    Hodge afirma: Estes ttulos, Pai, Filho, Esprito Santo, no so nomes de uma mesma pes-

    soa em diferentes relaes, mas de pessoas diferentes54. Este ponto exclui a viso hertica

    de que h um Deus que se manifesta em trs diferentes formas; isso referido como mo-

    dalismo. Os nomes das trs pessoas da Divindade no so descries de modos, mas os

    nomes das trs pessoas da Santssima Trindade.

    II. A Igualdade das Subsistncias

    A Confisso afirma que esses trs so de uma s substncia, poder e eternidade. O ter-

    mo de uma s significa que cada membro deste Ser o mesmo em ou igual em substncia,

    poder e eternidade. Ns poderamos dizer que Eles so o mesmo em essncia (ou seja,

    natureza)55. No h diferena nas trs pessoas da Divindade em termos da Sua subs-

    tncia Sua essncia. No h nenhuma diferena em termos de Seu poder. Cada um

    deles tm igual poder, ou seja, o mesmo poder. Eles so da mesma eternidade. Os trs

    so eternos na medida em que Eles j existem pela mesma ausncia de tempo ou seja,

    desde a eternidade. importante notar Sua eternidade mesmo em funo da Sua relao

    de uns com os outros. Embora vejamos que o Filho gerado do Pai e o Esprito Santo pro-

    cede do Pai e do Filho, no entanto, o Filho e o Esprito no so criados; Eles compartilham

    a mesma eternidade com o Pai, Eles tm a mesma (ou seja, igual) 'eternidade'. No h de-

    sigualdade nas trs subsistncias; todos Eles tm igualmente a mesma substncia, poder

    e eternidade.

    A Confisso continua a falar sobre a igualdade das trs subsistncias, indicando: cada um

    possuindo completa essncia Divina, e ainda assim, a essncia indivisvel. Isso sig-

    nifica que cada uma das trs subsistncias (ou seja, pessoas) so individual e totalmente

    Divinas. Cada um tem a totalidade da essncia Divina, sem qualquer diviso. Se houvesse

    __________

    [54] A. A. Hodge, A Confisso de Westminster: Um Comentrio (1869; reeditado, Carlisle, Pa.: Banner of Truth

    Trust, 2002), 58.

    [55] O Catecismo Batista estabelece: Pergunta 10: Quantas pessoas h na Divindade? Resposta: H trs

    pessoas na Divindade: o Pai, o Filho, e do Esprito Santo; e estes trs so um s Deus, iguais em poder e

    glria.

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    uma divisria ou uma diviso da uma essncia Divina entre os trs, isso exigiria uma subtra-

    o de cada um; nesse caso, as trs subsistncias no poderiam ter, cada um, toda a es-

    sncia Divina. Sem essas grades de proteo, se poderia naturalmente supor que h trs

    possibilidades: 1) que h trs pessoas Divinas (trs Deuses), ou 2) que trs pessoas so

    cada um, um tero de pessoas Divinas, que equivalem a um ser Divino, ou que talvez 3) h

    um Deus que se manifesta de trs maneiras diferentes. Porm, todos esses trs pontos de

    vista so heresias contra as quais a Igreja Primitiva teve que lutar, e a Igreja Moderna ainda

    deve resistir. Mas a Confisso estabeleceu que Deus um s, que neste Ser Divino e infi-

    nito h trs pessoas, e estas trs pessoas so iguais, cada um sendo plenamente partici-

    pante da natureza Divina, individualmente, e que a essncia Divina no dividida entre

    eles. Mais uma vez, estas so importantes, ortodoxas e histricas grades de proteo que

    a igreja necessita.

    Assim, tendo estabelecido estas necessrias cercas ortodoxas, a Confisso agora passa a

    discutir a distino especfica das trs subsistncias. Pode ser til notar aqui que a palavra

    distino no implica em diviso56. Ser importante manter isso em mente enquanto nos

    movemos atravs da prxima poro, por enquanto, veremos como cada membro da Trin-

    dade distinto, mas isso em nada compromete a Sua unidade; no h diviso, embora haja

    distino.

    A Relao e Economia das Trs Subsistncias

    A Confisso avana para abordar as relaes ou a economia57 da Divindade. O Pai de nin-

    gum gerado nem procedente. A Confisso comea com o primeiro membro da Trin-

    dade. Esta formulao semelhante ao Credo de Atansio, que afirma: O Pai no de

    ningum, no feito, nem criado. A declarao da Confisso deve ser entendida luz das

    distines relacionais dentro da Divindade. primeira vista, pode-se entender que isso

    significa que o Pai no nasceu, mas que sempre existiu. Mas, quando ns consideramos o

    contexto, isso est realmente abordando a ordem relacional (ou seja, ordinal: primeiro, se-

    gundo, terceiro) dentro da Divindade. A Escritura estabelece o Pai como o primeiro, o Filho