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TÍTULO: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS QUE ACOMETEM O PACIENTE PORTADOR DA DOENÇA DE CROHN (DII) EM ASSOCIAÇÃO COM CRISES DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO TÍTULO: CATEGORIA: EM ANDAMENTO CATEGORIA: ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA: SUBÁREA: Biomedicina SUBÁREA: INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO - UNICID INSTITUIÇÃO(ÕES): AUTOR(ES): TAINÁ SABATER CORDEIRO, GABRIELA DIAS DOS SANTOS AUTOR(ES): ORIENTADOR(ES): RODRIGO DE ANDRADE RUFINO ORIENTADOR(ES): COLABORADOR(ES): HOSPITAL SANTA MARCELINA COLABORADOR(ES):

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TÍTULO: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS QUE ACOMETEM O PACIENTE PORTADOR DA DOENÇA DECROHN (DII) EM ASSOCIAÇÃO COM CRISES DE ANSIEDADE E DEPRESSÃOTÍTULO:

CATEGORIA: EM ANDAMENTOCATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDEÁREA:

SUBÁREA: BiomedicinaSUBÁREA:

INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO - UNICIDINSTITUIÇÃO(ÕES):

AUTOR(ES): TAINÁ SABATER CORDEIRO, GABRIELA DIAS DOS SANTOSAUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): RODRIGO DE ANDRADE RUFINOORIENTADOR(ES):

COLABORADOR(ES): HOSPITAL SANTA MARCELINACOLABORADOR(ES):

Universidade Cidade de São Paulo

(UNICID)

PROJETO DE PESQUISA

Manifestações clínicas que acometem o paciente

portador da Doença de Crohn (DII) em associação com

crises de ansiedade e depressão

Candidatas: Gabriela Dias dos Santos

Tainá Sabater Cordeiro

Orientador: Prof. Ms. Rodrigo de Andrade Rufino

São Paulo

2018

RESUMO

A Doença de Crohn (DC) é uma doença inflamatória em condições incuráveis que

pode acometer o trato intestinal, da boca até o ânus, sendo o íleo terminal e o cólon as

áreas frequentemente mais afetadas, de causas desconhecidas com um caráter crônico. As

apresentações clínicas podem variar desde crises recorrentes de diarreias, febre, fortes

dores abdominais, emagrecimento até o surgimento de complicações sistêmicas afetando

a qualidade de vida do portador. Além da influência genética e ambiental, leva-se em

maior consideração o fator imunológico, onde mudanças significativas nesse sistema

levam a efeitos sistêmicos e geram a doença auto-imune. No aspecto imunológico da DC,

pode ter como resultado uma falha primária na regulação de linfócitos e citocinas.

É uma patologia de causas multifatoriais, que enfoca também uma possível

modulação do processo da doença pelos aspectos emocionais, podendo agravar os

sintomas ou provocar recidivas. O trato gastrintestinal é um local afetado por sintomas

somáticos relacionados a fatores psíquicos, assim como é evidenciado que o fato de que

sintomas de depressão podem ter influência direta sob os distúrbios imunes associados à

DC e ter um efeito negativo. Já existem alguns estudos na literatura que destacam a

prevalência de ansiedade e depressão em portadores da DC. Foi evidenciado que

inúmeros pacientes relacionam o fato da perda de apetite, nauseas, diarreia antes ou apos

algum acontecimento que gere ansiedade.

Diante disto, este estudo visa investigar os aspectos psicológicos associado a

ansiedade e depressão que podem estar associado a manifestações clinicas da DC.

Palavras-chaves: Doença inflamatória intestinal; Doença de Crohn; Ansiedade;

Depressão.

ABSTRACT

Crohn Disease (CD) is a disease in incurable conditions that can compromise the

small intestine from the mouth to the anus, with the terminal ileum and colon being areas

most often affected, of unknown causes with a chronic character. Clinical manifestations

may range from recurrent bouts of diarrhea, fever, hypertension, and weight loss to the

development of systemic complications affecting the quality of life of the patient. Besides

the genetic and environmental influence, the immunological factor is taken in greater

consideration, where significant changes in this system lead to systemic effects and

generate the autoimmune disease. The aspect immune of the CD may result in a primary

failure in the regulation of lymphocytes and cytokines.

The pathology of multifactorial causes may be related on the process of

modification of the emotional clinical picture, which may aggravate the symptoms or

cause recidivism. The gastrointestinal tract is a site affected by somatic symptoms related

to psychic factors, as evidenced by the fact that symptoms of depression may have direct

influence on the immune disorders associated with CD and have a negative effect. There

are already some studies in the literature that highlight the presence of anxiety and

depression in patients with CD. It was evidenced that countless patients relate loss of

appetite, nausea, diarrhea before or after some event, that generates anxiety.

Therefore, the study aims to investigate the psychological aspects associated with

anxiety and the possibility of being associated with clinical manifestations of CD.

Keywords: Inflammatory bowel disease; Crohn's disease; Anxiety; Depression.

INTRODUÇÃO

As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), principalmente a Doença de Crohn

(DC) e a Colite Ulcerativa (UC), compreendem um conjunto de condições inflamatórias

intestinais distintas, de causas desconhecidas, que afetam o trato gastrintestinal com um

caráter crônico (MOTA et al., 2007). São mais prevalentes em países desenvolvidos,

acometendo cerca de 200 pessoas a cada 100.000 habitantes. Esta patologia pode

acometer qualquer faixa etária, porém existe uma incidência bimodal, de 15 a 30 anos,

posteriormente de 50 a 70 anos e também crianças (FALCÃO et al., 2016). No Brasil, a

incidência da DC é significativamente menor, mas devido ao número de trabalhos

epidemiológicos realizados, a preocupação vem aumentando (FALCÃO et al., 2016).

A DC é uma doença inflamatória em condições incuráveis que pode acometer o

trato intestinal, da boca até o ânus, sendo o íleo terminal e o cólon as áreas frequentemente

mais afetadas. As apresentações clínicas podem variar desde crises recorrentes de

diarreias, febre, fortes dores abdominais, emagrecimento até o surgimento de

complicações sistêmicas afetando fortemente a qualidade de vida do portador (CAMBUI

et al., 2015). Na fase inicial da DC, o intestino é marcado por uma hipertrofia da mucosa

e submucosa, com perda do padrão das pregas transversas normais e surgimento de

pequenas áreas de ulceração hemorrágica que, com o passar do tempo, transformam-se

em fissuras. Na fase crônica da doença, a mucosa intestinal apresenta um padrão em

“pedra de calçamento”, que é o resultado de uma combinação de edema da submucosa e

úlceras fissuradas que estão conectadas. Apesar disso, a doença não é contínua e áreas

saudáveis do intestino podem estar presentes entre os segmentos comprometidos

(CAMBUI et al., 2015).

O intestino normal possui um comportamento ativo de inflamação fisiológica, e

isto resulta em um equilíbrio entre os supostos fatores que podem ser ativadores ou

desencadeantes da DC. Leva-se em maior consideração o fator imunológico, onde

mudanças significativas nesse sistema levam a efeitos sistêmicos e geram a doença auto-

imune. No aspecto imunológico da DC, pode ter como resultado uma falha primária na

regulação de linfócitos e citocinas como a interleucina-10 (IL-10) e fator β de necrose

tumoral (TNF-β), em controlar a inflamação e alvos efetores (BAMIAS et al., 2005). Foi

demonstrado que a função intestinal pode ser influenciada por outras moléculas derivadas

do sistema imune, como a IL1-β e a IL-6. Nos segmentos intestinais afetados pela DC, as

citocinas possuem níveis elevados de IL12, interferon γ (IFN-γ) e fator α de necrose

tumoral (TNF-α), portanto, são anormalidades típicas dos processos inflamatórios

mediados pelos linfócitos auxiliares T1 (Th1). Na mucosa inflamada da DC, há maior

expressão de citocinas pró-inflamatórias (IL-1, IL-6, IL-8, TNF-α), quimiocinas e varios

mediadores lipídicos. O desequilíbrio entre citocinas pró e anti-inflamatórias dará a

intensidade e duração da resposta inflamatória (BALDAIA et al., 2002; GILMAN et al.,

2006; TAYLOR et al., 2007). Em indivíduos predispostos geneticamente, ou com

imunoregulação exacerbada, resulta em inflamação crônica, que acarreta lesões graves da

mucosa, destruição e fibrose. Já em indivíduos normais, lesões momentâneas podem

comprometer a mucosa, causadas por diversos fatores como infecções bacterianas, virais,

toxinas ambientais ou alguns tipos de drogas como os anti-inflamatórios não esteroidais;

porém, nesses indivíduos esse acontecimento é rapidamente solucionado com reparação

completa da mucosa tecidual, o que não acontece com quem possui a predisposição à DC.

Os fatores ambientais podem resultar em processos iniciais ou em recidivas desta

patologia (COTRAN et al., 2000; STEVENS et al., 2002).

Atualmente, a compreensão da DC é complexa, por conta de sua causalidade

multifatorial, que enfoca também uma possível modulação do processo da doença pelos

aspectos emocionais, podendo agravar os sintomas, provocar recidivas ou influenciar

positivamente a situação anterior. Estudos vem abordando a ocorrência de distúrbios

psicológicos que afetam o paciente com DC (LIMA et al., 2012; FALCÃO et al., 2016).

O trato gastrintestinal é um local afetado por sintomas somáticos relacionados a fatores

psíquicos, assim como é evidenciado que o fato de que sintomas de depressão podem ter

influência direta sob os distúrbios imunes associados à DC e ter um efeito negativo (LIMA

et al., 2012; FALCÃO et al., 2016).

Já existem estudos na literatura que destacam a prevalência de ansiedade e

depressão em portadores da DC. Foi evidenciado que inúmeros pacientes relacionam o

fato da perda de apetite, nauseas, diarreia antes ou apos algum acontecimento que gere

ansiedade. O estresse e a oscilação do humor que podem desencadear as crises na DC,

podem ser definidos como uma quebra da homeostase natural em que a resposta

multissistemica normal do corpo a qualquer agressão é ultrapassada, podendo iniciar ou

mesmo manter a inflamação da mucosa intestinal (LIMA et al., 2012; FALCÃO et al.,

2016). O paciente quando se encontra frente a enfermidade crônica e a constituição

biológica da DC, passa a enfrentar uma luta diária de inclusão das suas atividades e

relacionamentos sociais, portanto, muitos pacientes estudados apresentam um grau de

ansiedade, e aqueles relativamente mais enfermos passam a depressão. Alguns outros

sintomas podem se desenvolver, como as fístulas entéricas ou perianais, quadros

dermatologicos, articulares, oftalmologico e a eventual necessidade de cirurgias

abdominais e ostomias podendo culminar em ansiedade e depressão (LIMA et al., 2012;

FALCÃO et al., 2016).

Outra hipótese destacada na literatura, nos períodos de ansiedade, cita-se a rede

psiconeuroendócrina como moduladora da dor e da inflamação, evidenciando a

associação entre o tratamento farmacológico da depressão e o alívio das manifestações

gastrintestinais (LIMA et al., 2012; FALCÃO et al., 2016). Medidas para aliviar os

sintomas psicossomáticos já vem sendo estudadas, em forma de psicoterapias e

antidepressivos, que possam aliviar ou precaver os sintomas da ansiedade e a possível

depressão, contudo há uma necessidade de maiores avaliações para eficácia de tal achado

(LIMA et al., 2012; FALCÃO et al., 2016).

Frente a importância do tema, questiona-se a incidência dos sintomas fisiológicos

relacionado aos aspectos psicológicos que contribuem para diminuir a qualidade de vida

do paciente portador da DC.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho visa investigar as manifestações clínicas envolvidas

na Doença de Crohn, com predominância nas crises que o paciente é submetido, focando

nos aspectos psicológicos de ansiedade e depressão através de dados obtidos por pesquisa

de campo.

Objetivos específicos:

Avaliar o modo de vida do paciente que possui a DC;

Especificar por métodos qualitativos os pacientes que obtiveram suas crises

atenuantes em momentos de muita ansiedade e depressão;

Avaliar os aspectos biológicos (fator imunológico, genético e fisiológico) da

patologia que estão envolvidos nas crises da DC;

MATERIAIS E MÉTODOS

Revisão da Literatura

O presente projeto de pesquisa foi realizado através de revisão bibliográfica

baseada em artigos científicos, bancos de dados e livros presentes na literatura atual. Tais

artigos científicos estão disponíveis em:

< Https://www.ncbi.nlm.nih.gov/m/pubmed/ >

< Http://www.scielo.br >

< Http://lilacs.bvsalud.org >

Pesquisa de Campo

Foram coletados dados através da pesquisa de campo para avaliação psicológica

de 50 pacientes portadores de DC em acompanhamento regular no ambulatório do

Hospital Santa Marcelina de Itaquera – São Paulo no departamento de Gastroenterologia.

O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICID e do

Hospital Santa Marcelina como instituição coparticipante, todos os participantes

assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, com esclarecimento sobre os

objetivos e métodos desse estudo. Foi assegurado aos pacientes o direito de não

participação sem que isso alterasse seu tratamento na Instituição.

Dados demográficos como gênero, idade, estado civil e características clínicas

relacionadas com a DC foram incluídos.

O quesito foi avaliar a oscilação de humor em torno da ansiedade e pacientes que

se encontram depressivos, foi utilizado como instrumento de coleta de dados a Escala

Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) (Quadro – 1), sendo esta uma escala

simples, com 14 questões de múltipla escolha, sendo composta de duas subescalas para

ansiedade e depressão e 6 questões do perfil do paciente. Em duas revisões amplas da

literatura, a HADS apresentou propriedades de rastreamento adequadas para dimensões

separadas para ansiedade e depressão. A determinação dos “casos” de depressão e

ansiedade foi estabelecida por pontuação igual ou maior a nove na devida subescala.

Para avaliação do grau de atividade da doença foi utilizado o índice de Harvey-

Bradshaw (IHB). O IHB é composto por cinco itens, com avaliação do bem-estar geral,

de dor abdominal, do número de evacuações líquidas por dia, de presença de massa

abdominal ao exame físico e de manifestações extra intestinais. Classifica a doença em

remissão (menor que oito pontos) e em atividade leve (oito a dez pontos) e

moderada/grave (maior que dez pontos).

Foram utilizados os softwares: MS Office Excel versão 2013 para o

gerenciamento do banco de dados; SPSS Statistical Pachage for the Social Science for

Windows 22.0 para execução dos cálculos estatísticos; elaboração e edição de gráficos

através MS Office Word versão 2013 na formatação das tabelas.

RESULTADOS

Dentre os 50 pacientes entrevistados, houve maior prevalência no sexo feminino,

sendo 32 mulheres (64%) e 18 homens (36%). A idade superior foi 40 anos, achando-se

2 (5%) com idade menor de 21 anos, 18 (35%) de 21 a 40 anos e 30 (60%) acima de 40

anos. O estado civil com maior predominância foi o casado, contendo 18 (37%) solteiros,

28 (57%) casados e 4 (6%) divorciados. (Tabela – 1)

Variáveis Total: 50

Sexo

Feminino

Masculino

32 (64%)

18 (36%)

Idade

< 21 anos

21 a 40 anos

>40 anos

2 (5%)

18 (35%)

30 (60%)

Estado Civil

Solteiro

Casado

Divorciado

18 (37%)

28 (57%)

4 (6%)

Atividade da Doença

Leve

Moderada

Grave

28 (57%)

14 (28%)

8 (15%)

Intervenção Cirúrgica

Sim

Não

13 (26%)

37 (74%)

Internação

Sim

Não

26 (52%)

24 (48%)

Tabela 1. Perfil amostral da população analisada.

A atividade da doença variou entre leve, moderada ou grave, com 28 (57%)

pacientes em atividade leve, 14 (28%) moderada e 8 (15%) na sua forma grave.

Cerca de 13 (26%) pacientes já sofreram intervenção cirúrgica em decorrência da

DC e 26 (52%) deles já estiveram internados por causa da mesma. (Tabela - 1)

A prevalência de ansiedade e depressão foi 26 (51%) e 19 (38%) pacientes

respectivamente. (Tabela – 2)

Variáveis N (%)

Depressão

Sim

Não

19 (38%)

31 (62%)

Ansiedade

Sim

Não

26 (52%)

24 (48%)

Tabela 2. Prevalência de ansiedade e depressão na população analisada.

O sexo feminino foi predominante na depressão, com 13 (41%) pacientes. A idade

com maior número de pacientes foi a de 21 a 40 anos 7 (41%), 12 (43%) casados, 5 (58%)

com atividade grave da doença, 7 (53%) com intervenção cirúrgica e 12 (47%) já

estiveram internados. (Tabela – 3)

DEPRESSÃO N (%)

Sexo

Feminino

Masculino

13 (41%)

6 (33%)

Idade

<21 anos

21 a 40 anos

>40 anos

1 (25%)

7 (41%)

11 (37%)

Estado Civil

Solteiro

Casado

Divorciado

6 (33%)

12 (43%)

1 (37%)

Atividade da Doença

Leve

Moderada

Grave

7 (25%)

7 (52%)

5 (58%)

Intervenção Cirúrgica

Sim

Não

7 (53%)

12 (33%)

Internação

Sim

Não

12 (47%)

7 (30%)

Tabela 3. Fatores associados à depressão na população analisada.

Já na ansiedade, o sexo feminino também foi predominante, com 20 (64%)

pacientes. Sendo 9 (48%) deles maiores de 40 anos, 16 (58%) casados, 5 (63%) com

atividade grave da doença, 8 (62%) com intervenção cirúrgica e 15 (58%) já estiveram

internados. (Tabela – 4)

ANSIEDADE N (%)

Sexo

Feminino

Masculino

20 (64%)

6 (35%)

Idade

<21 anos

21 a 40 anos

>40 anos

1 (25%)

9 (48%)

16 (55%)

Estado Civil

Solteiro

Casado

Divorciado

8 (46%)

16 (58%)

2 (50%)

Atividade da Doença

Leve

Moderada

Grave

14 (50%)

7 (50%)

5 (63%)

Intervenção Cirúrgica

Sim

Não

8 (62%)

18 (51%)

Internação

Sim

Não

15 (58%)

11 (43%)

Tabela 4. Fatores associados à ansiedade na população analisada.

Verificou-se que a oscilação de humor no sexo feminino é relativamente maior do

que no sexo masculino.

DISCUSSÃO

Em 1886, Sigmund Freud foi o primeiro pesquisador a destacar o papel do

sofrimento psíquico como influenciador a alterações orgânicas. É estabelecido que

doenças psicológicas, principalmente a depressão, exercem influência na motilidade

gastrointestinal e na resposta imune humoral e celular. Os distúrbios do humor nos

portadores de DII são de etiologia multifatorial, com influência de fatores genéticos,

ambientais, imunológicos e medicamentosos.

O estresse na teoria imunológica citada por Zozaya et al. frente a DC foi destacado

na literatura, que evidenciou a importância de uma série de fatores na influência do

comportamento do indivíduo frente à recuperação em enfermidades crônicas, como a

constituição biológica do indivíduo, genética, fator ambiental e psicológico. Existem,

portanto, vários estudos que comprovam a importância de fatores psicológicos no

comportamento da doença, assim como na resposta ao tratamento de diversas doenças

crônicas. A depressão já foi relatada como fator de risco para pior prognóstico da DII,

bem como de menor resposta à terapia farmacológica. Ainda causa prejuízo nas relações

interpessoais e promove absenteísmo ou afastamento das atividades laborais.

Andrews et al. avaliaram 162 pacientes portadores de DII através da HADS e

observaram uma prevalência global de ansiedade e/ou depressão em cerca de 33% dos

pacientes. Verificou-se, ainda, que os pacientes mais clinicamente enfermos

apresentavam maior incidência de sintomas de ansiedade e/ou depressão do que aqueles

clinicamente bem (50% versus 8%, p = 0,01). Outros estudos também documentaram

maior incidência de sintomas depressivos e/ou ansiosos em portadores de DII, sendo que

essa associação, até o presente momento, parece ser mais consistente na colite ulcerativa

do que na DC.

Dentre os trabalhos brasileiros publicados envolvendo o tema, uma pesquisa

realizada com 110 pacientes concluiu que transtornos psicológicos parecem desempenhar

um papel que contribuem para o aumento dos sintomas e na recidiva precoce na DC

inativa.

Lerebours em 2007 obteve resultado semelhante sem diferença entre portadores

de RCU e DC. Estudo publicado em 2012 com 103 portadores de DII e grupo controles

e utilizando o HAD, observou distúrbio do humor em 27% versus 12%. Há também um

trabalho publicado por Goodhand et al. que avaliou em estudo transversal, 204 pacientes

portadores de DII (103 RCU e 101 DC) e 124 indivíduos saudáveis focando em transtorno

depressivo ou ansioso através da utilização do HADS. A ocorrência de depressão e

ansiedade foi duas vezes mais frequente em pacientes portadores de DII do que no grupo-

controle.

Nesta pesquisa, observou-se maior prevalência de depressão e ansiedade no sexo

feminino, com significância estatística, conciliando com os achados de outros autores,

apresentando pontos positivos, como o uso do questionário HAD, validado para a

população brasileira, autoaplicável, utilizado em diversas publicações. Com relação à

elevada taxa da oscilação do humor no sexo feminino (64%), ainda não há explicação

científica que justifique esse fato, no entanto alguns estudos apontam que as mulheres são

mais vulneráveis aos transtornos psicológico.

Em conclusão, este trabalho evidenciou elevada prevalência de ansiedade e

depressão nos portadores de DII, compatível com a literatura. Dentre as variáveis

estudadas apenas o sexo feminino foi estatisticamente associado à ansiedade e a gravidade

da doença associada à depressão. Estudos prospectivos são necessários para evidenciar a

real importância dos distúrbios psiquiátricos na gênese e evolução das doenças

inflamatórias intestinais como a DC.

Quadro 1 – Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão

Extraído de: Marcolino JAM, Mathias LAST, Piccinini Filho L, Guaratini AA, Suzuki FM, Alli LAC — Escala Hospitalar de

Ansiedade e Depressão: Estudo da Validade de Critério e da Confiabilidade com Pacientes no Pré-operatório.

CONOGRAMA DE ATIVIDADES

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ATIVIDADES 2018 2019

MESES Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Maio

Revisão da

Literatura

X X X X X X X X X X X X X

Pesquisa de Campo X X

Análise Resultados X X X X

Elaboração de

manuscrito

X X X X X

Publicação X X

DUARTE LANNA, C. C.; FERRARI, A. L. M.; CARVALHO, P. A. M.; CUNHA, S. A.

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