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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO Gabinete da Conselheira CRISTIANA DE CASTRO MORAES 1 PRIMEIRA CÂMARA SESSÃO DE 10/05/2016 ITEM: 083 TC-000423/026/14 Prefeitura Municipal: Cristais Paulista. Exercício: 2014. Prefeito(s): Miguel Marques. Acompanha(m): TC-000423/126/14 e Expediente(s): TC-030920/026/15 e TC-035745/026/15. Procurador(es) de Contas: José Mendes Neto. Fiscalizada por: UR-17 – DSF-II. Fiscalização atual: UR-17 – DSF-II. - Aplicação total no ensino: 26% (mínimo 25%) Apurado pela ATJ - Investimento no magistério: 70,06% (mínimo 60%) - Total de despesas com Fundeb: 100% Apurado pela ATJ - Déficit orçamentário: 01,34% (R$ 327.201,04) - Transferências à Câmara: 2,62% (máximo 7%) - Gastos com Pessoal 56,54% (máximo 54%) - Despesas com Saúde: 22,40% (mínimo 15%) - Remuneração dos agentes políticos: em ordem - Encargos sociais: em ordem - Precatórios: em ordem B i-EGM Resultado A i-Educ Dados gerais educação, Avaliação Escolar, Conselho Municipal de Educação, Infraestrutura, Material Escolar, Merenda, Mínimo Constitucional, Plano Municipal de Educação, Professor, Transporte Escolar, Uniforme, Vagas. A i-Saúde Atenção Básica, Atendimento à População, Campanha, Conselho Municipal de Saúde, Equipe de Saúde da Família, Infraestrutura, Mínimo Constitucional, Profissionais da Saúde. B i-Planej. Investimento, Pessoal, Programas e Metas. B i-Fiscal Dívida Ativa, Dívida Fundada, Execução Orçamentária, Finanças, Gestão Fiscal, Precatórios, Transparência. C i-Amb Contingenciamento, Infraestrutura, IQR, Plano Municipal de Saneamento Básico, Programa Ambiental, Resíduos Sólidos. C i-Cidade Contingenciamento, Infraestrutura, Pessoal, Plano de Mobilidade Urbana, SIDEC (DEFESA CIVIL) B i-Gov-TI Diretrizes de TI, Pessoal, Sistema AUDESP, Transparência. A - Altamente Efetiva / B+ - Muito Efetiva / B - Efetiva / C+ - Em fase de adequação / C - Baixo nível de adequação Porte Pequeno Região Administrativa de Franca Quantidade de habitantes 7.939 Em exame as contas anuais do exercício de 2014 da Prefeitura Municipal de Cristais Paulista, cuja fiscalização “in loco” esteve a cargo da Unidade Regional de Ituverava UR/17 Os pontos destacados e consolidados no relatório elaborado às fls.13/60, encontram-se reproduzidos na Conclusão, dos quais destaco:

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Page 1: TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO · A Administração Direta do Município apresentou um déficit de 1,34% no resultado da execução orçamentária do exercício; ... Valor

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

Gabinete da Conselheira CRISTIANA DE CASTRO MORAES

1

PRIMEIRA CÂMARA SESSÃO DE 10/05/2016 ITEM: 083 TC-000423/026/14

Prefeitura Municipal: Cristais Paulista.

Exercício: 2014.

Prefeito(s): Miguel Marques.

Acompanha(m): TC-000423/126/14 e Expediente(s): TC-030920/026/15 e

TC-035745/026/15.

Procurador(es) de Contas: José Mendes Neto.

Fiscalizada por: UR-17 – DSF-II.

Fiscalização atual: UR-17 – DSF-II.

- Aplicação total no ensino: 26% (mínimo 25%) Apurado pela ATJ

- Investimento no magistério: 70,06% (mínimo 60%)

- Total de despesas com Fundeb: 100% Apurado pela ATJ

- Déficit orçamentário: 01,34% (R$ 327.201,04)

- Transferências à Câmara: 2,62% (máximo 7%)

- Gastos com Pessoal 56,54% (máximo 54%)

- Despesas com Saúde: 22,40% (mínimo 15%)

- Remuneração dos agentes políticos: em ordem

- Encargos sociais: em ordem

- Precatórios: em ordem B i-EGM Resultado

A i-Educ Dados gerais educação, Avaliação Escolar, Conselho Municipal de Educação, Infraestrutura, Material Escolar, Merenda, Mínimo Constitucional, Plano Municipal de Educação, Professor, Transporte Escolar, Uniforme, Vagas.

A i-Saúde Atenção Básica, Atendimento à População, Campanha, Conselho Municipal de Saúde, Equipe de Saúde da Família, Infraestrutura, Mínimo Constitucional, Profissionais da Saúde.

B i-Planej. Investimento, Pessoal, Programas e Metas.

B i-Fiscal Dívida Ativa, Dívida Fundada, Execução Orçamentária, Finanças, Gestão Fiscal, Precatórios, Transparência.

C i-Amb Contingenciamento, Infraestrutura, IQR, Plano Municipal de Saneamento

Básico, Programa Ambiental, Resíduos Sólidos. C i-Cidade Contingenciamento, Infraestrutura, Pessoal, Plano de Mobilidade Urbana, SIDEC (DEFESA CIVIL)

B i-Gov-TI Diretrizes de TI, Pessoal, Sistema AUDESP, Transparência.

A - Altamente Efetiva / B+ - Muito Efetiva / B - Efetiva / C+ - Em fase de adequação / C - Baixo nível de adequação

Porte Pequeno

Região Administrativa de Franca

Quantidade de habitantes 7.939

Em exame as contas anuais do exercício de 2014 da Prefeitura

Municipal de Cristais Paulista, cuja fiscalização “in loco” esteve a cargo da Unidade Regional de Ituverava – UR/17

Os pontos destacados e consolidados no relatório elaborado às

fls.13/60, encontram-se reproduzidos na Conclusão, dos quais destaco:

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A.1 - Planejamento das políticas públicas O Município não editou o Plano de Saneamento Básico nem o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos; A.2 - Lei de acesso à informação e lei da transparência fiscal Não houve divulgação dos repasses ao 3º setor, nem divulgação em tempo real das despesas, também não constaram informações relativas aos registros das competências e estruturas organizacionais, endereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendimento ao público; dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; nem de respostas às perguntas mais frequentes da sociedade na página eletrônica do Município; A.3 - Controle interno Em que pese ter sido regulamentado, o Sistema de Controle Interno, além de não apresentar relatórios periódicos quanto às suas funções institucionais, tem como responsável um servidor que não ocupa cargo efetivo na Administração Municipal; B.1.1 - Resultado da execução orçamentária A Administração Direta do Município apresentou um déficit de 1,34% no resultado da execução orçamentária do exercício; Insuficiente planejamento orçamentário, tendo em vista a abertura de créditos adicionais e a realização de transferências, remanejamentos e transposições em montante correspondente a 45,54% da despesa inicialmente fixada na Lei Orçamentária Anual para o exercício; Descumprimento às premissas contidas no art. 43 da Lei nº 4.320/64 e no art. 167, V, da Constituição Federal, haja vista a abertura de créditos adicionais sob a forma de “excesso de arrecadação” sem a efetiva ocorrência da respectiva fonte de recursos; B.1.2.1 – Influência do resultado orçamentário sobre o financeiro O déficit orçamentário de 2014 fez aumentar, em 248,38%, o déficit financeiro de 2013; B.1.3 - Dívida de curto prazo Considerando o resultado financeiro apurado, verifica-se que a Prefeitura não possui liquidez suficiente face aos seus compromissos de curto prazo; B.1.6 - Dívida ativa Em ofensa ao Princípio da Transparência, os valores da dívida ativa informados pela Origem ao Sistema Audesp não condiziam com aqueles verificados junto ao setor de tributação municipal; Em prejuízo à qualidade e à transparência da informação contábil, a Origem não providenciou a inclusão de valores de Provisão para perdas em seu demonstrativo da Dívida Ativa;

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B.2.2 - Despesa de pessoal Despesa com pessoal de montante superior ao limite de 54% da receita corrente líquida estabelecido pelo art. 20, III, ‘b’, da Lei de Responsabilidade Fiscal; Inobservância tanto às regras impostas pelo parágrafo único do artigo 22 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que impõe vedações ao órgão que houver incorrido no excesso, quanto àquela prevista pelo artigo 23 do mesmo dispositivo legal, que exige o restabelecimento do limite legal nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro; B.3 - Aplicação dos recursos vinculados Contabilização de despesas não amparadas em lei, o que demonstra a falta de critério no lançamento das despesas pelo setor responsável, bem como a inobservância da legislação em vigor; B.3.1 - Ensino Não obstante o Município tenha utilizado a integralidade do Fundeb recebido no exercício, seu índice de aplicação desta receita foi, em razão das glosas efetuadas por esta fiscalização, de apenas 99,67%; B.3.1.2 - Demais aspectos relacionados à educação O Município não conta com Plano Municipal de Educação, nem houve iniciativa de leis para sua elaboração; não vem atingindo as notas previstas no IDEB; Há demanda de vagas na Rede Municipal de Ensino; B.5.3 – Demais despesas elegíveis para análise Realização de despesas superiores a R$ 8.000,00 por meio de dispensa de licitação; Ocorrência de despesas que, não obstante individualmente consideradas, sejam inferiores a R$ 8.000,00, possuem naturezas semelhantes e foram efetuadas junto aos mesmos fornecedores, revelando a ausência de um planejamento prévio e adequado, que leve em consideração os projetos e atividades futuros da ação governamental Realização de adiantamentos diretamente em nome do Sr. Prefeito Municipal; B.6 - Tesouraria, Almoxarifado e Bens Patrimoniais Ausência de efetivo gerenciamento das contas da Prefeitura, haja vista as divergências existentes nos saldos de diversas contas contábeis, em comparação com aqueles apurados pelo Sistema Audesp; Município não providenciou o levantamento geral de seus bens móveis e imóveis, C.1 - Formalização das licitações, inexigibilidades e dispensas O expressivo montante de despesa licitável que foi efetivada sem instauração de certame licitatório revela que o Executivo Municipal tem preterido os instrumentos de concorrência previstos pela Lei de Licitações; C.2.3 – Execução contratual Obra paralisada e equipamentos danificados, não obstante encontrarem-se dentro do prazo de garantia;

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C.2.4.3 – Coleta e disposição final de rejeitos e resíduos sólidos Antes de aterrar o lixo, o Município não realiza o tratamento de resíduos, quer mediante reciclagem, compostagem, reutilização ou aproveitamento energético; D.1 - Cumprimento das exigências legais Ausência de divulgação, na página eletrônica do Município, do RREO e do RGF atualizados, bem como das peças de planejamento; D.2 - Fidedignidade dos dados informados ao sistema Audesp Diversas divergências entre os dados informados pela Origem e aqueles apurados no Sistema Audesp; D.5 - Atendimento à lei orgânica, instruções e recomendações do TCESP Desatendimento às recomendações feitas por esta Corte decorrentes da análise das contas dos exercícios de 2011 e de 2012.

Quanto ao Resultado da Execução Orçamentária, a fiscalização apurou a seguinte situação:

Receitas Previsão Realização AH % AV %

Receitas Correntes 28.222.108,62 25.593.555,26 -9,31% 104,85%Receitas de Capital 2.799.765,97 1.755.725,93 -37,29% 7,19%Receitas Intraorçamentárias - - #DIV/0! 0,00%Deduções da Receita (2.639.565,21) (2.639.565,21) 0,00% -10,81%Subtotal das Receitas 28.382.309,38 24.709.715,98 Outros Ajustes (300.000,00) Total das Receitas 28.382.309,38 24.409.715,98 100,00%

3.972.593,40 -14,00% 16,27%

Despesas Empenhadas Fixação Final Execução AH % AV %Despesas Correntes 21.870.500,00 21.179.737,05 -3,16% 85,62%Despesas de Capital 3.788.250,00 3.177.811,14 -16,11% 12,85%Reserva de Contingência 223.000,00 Despesas IntraorçamentáriasRepasses de duodécimos à CM 420.000,00 420.000,00 0,00% 1,70%Transf. Financeiras à Adm. IndiretaDedução: devolução de duodécimos (40.631,17) Subtotal das Despesas 26.301.750,00 24.736.917,02 OutrosAjustes - Total das Despesas 26.301.750,00 24.736.917,02 100,00%

1.564.832,98 -5,95% 6,33%

Resultado Ex. Orçamentária: Déficit (327.201,04) 1,34%

Déficit de arrecadação

Economia Orçamentária

Os repasses à Câmara foram efetuados nos termos do artigo 29-A

da Constituição Federal, conforme quadro abaixo:

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Valor utilizado pela Câmara (repasse menos devolução )

Despesas com inativos

Subtotal

Receita Tributária ampliada do exercício anterior: 2013

Percentual resultante 2,62%

379.368,83

379.368,83

14.454.571,20

Os gastos com pessoal, durante todo o exercício examinado,

atingiram percentual acima do limite de 54% da Receita Corrente Líquida, imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Dez Abr Ago Dez2013 2014 2014 2014

% Permitido Legal 54,00% 54,00% 54,00% 54,00%

Gasto Informado - A 11.997.015,33 12.273.101,08 12.354.900,18 12.809.283,16

Inclusões da Fiscalização - BExclusões da Fiscalização - CGastos Ajustados - D 12.273.101,08 12.354.900,18 12.809.283,16

Receita Corrente Líquida - E 20.904.965,49 21.882.423,55 22.699.723,24 22.953.990,05

Inclusões da Fiscalização - FExclusões da Fiscalização - G 300.000,00

21.882.423,55 22.699.723,24 22.653.990,05

% Gasto Informado A/E 57,39% 56,09% 54,43% 55,80%

% Gasto Ajustado - D/H 56,09% 54,43% 56,54%

Período

Receita Corrente Líquida Ajustada - H

As despesas com a área da Saúde superaram o percentual mínimo

de 15% das receitas exigido pela Constituição Federal e apresentaram a seguinte posição:

2015

SAÚDE

Total das despesas empenhadas com recursos próprios

Valores - R$

Receitas de impostosAjustes da FiscalizaçãoTotal das Receitas

15.879.013,11

15.879.013,11

3.732.111,98 Ajustes da Fiscalização (67.900,04)

(107.532,14) Restos a Pagar não pagos até 31 de janeiro de

Índice apurado 31,51%

3.556.679,80

Receita Prevista Atualizada 15.450.177,68 Despesa Fixada Atualizada 4.868.250,00

Valor e percentual aplicado em ações e serviços da Saúde22,40%

Planejamento atualizado da Saúde

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Na área do Ensino, o Poder Executivo apresentou os seguintes índices de aplicação:

RECEITAS 15.879.013,11

Ajustes da Fisca l ização

Total de Receitas de Impostos - T.R.I. 15.879.013,11

Retenções 2.639.565,21

Transferências recebidas 5.315.036,20

Receitas de apl icações financeiras 27.226,00

Ajustes da Fisca l ização

Total das Receitas do FUNDEB - T.R.F. 5.342.262,20

Despesas com Magistério 3.742.747,41

Outros a justes da Fisca l ização (60%)

Total das Despesas Líquidas com Magistério (mínimo: 60%) 3.742.747,41 70,06%

Demais Despesas 1.625.512,77

Outros a justes da Fisca l ização (40%) (43.514,58)

Total das Demais Despesas Líquidas (máximo: 40%) 1.581.998,19 29,61%

Total aplicado no FUNDEB 5.324.745,60 99,67%

Educação Bás ica (exceto FUNDEB) 1.792.713,72

Acréscimo: FUNDEB retido 2.639.565,21

Dedução: Ganhos de apl icações financeiras (3.627,82)

Deducão: FUNDEB retido e não apl icado no retorno

Aplicação apurada até o dia 31.12 . 2014 4.428.651,11 27,89%

Acréscimo: FUNDEB: retenção até 5%: Apl ic. no 1º trim. de 2015

Dedução: Restos a Pagar não pagos até 31.01. 2015 (70.128,70)

Outros a justes da Fisca l ização - Recursos Próprios (211.943,38)

Aplicação final na Educação Básica 4.146.579,03 26,11%

Receita Prevista Realizada 15.450.177,68

Despesa Fixada Atualizada 4.809.565,21

Índice Apurado 31,13%

IMPOSTOS E TRANSFERÊNCIAS DE IMPOSTOS

PLANEJAMENTO ATUALIZADO DA EDUCAÇÃO

FUNDEB - RECEITAS

FUNDEB - DESPESAS

DESPESAS PRÓPRIAS EM EDUCAÇÃO

O processo acessório TC-0423/126/14 (Acompanhamento da Gestão

Fiscal) subsidiou os trabalhos da fiscalização. E ainda, o seguinte Expediente:

TC-35745/026/15 – A Prefeitura encaminha informações sobre o funcionamento do Conselho Tutelar no Município em atendimento ao Oficio CG.DER nº 2437/2015. TC-30920/026/15 - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão encaminha o Of.SEI-3214/15, de 20/08/15 (Recomendações n°s 30/2015 e 29/2015, da Procuradoria da República no Município de Franca) assinado digitalmente pelo Dr. Cristiano Rocha

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Heckert, Secretário, noticiando que a União deixará de repassar transferências voluntárias aos Municípios de Cristais Paulista e São José da Bela Vista.

O responsável foi regularmente notificado, apresentando as alegações de fls.73/77.

Dentre elas, disse que o Município têm tomado as medidas no intuito

de fomentar os programas, ações e atividades, que visam assegurar o planejamento das políticas públicas; que em sua página eletrônica foram divulgados em tempo real todas as receitas e despesas, atendendo as demais determinações da legislação vigente.

Anotou que houve acompanhamento de todos os processos pelo

responsável pelo controle Interno, e que a emissão de relatórios mensais será regularizada.

Informou que o déficit apontado de 1,34% foi reflexo da queda na

arrecadação dos tributos Estadual e Federal, mas este déficit esta sendo ajustado para sua anulação no orçamento seguinte.

Aduziu que o planejamento orçamentário precisou de ajuste, pois

houve necessidade de aplicação de recursos nas áreas da educação e saúde, para melhor atendimento ao cidadão.

Ponderou que a falta de liquidez poderia ser explicada pelo fato de

que a variação positiva da receita, em relação ao exercício anterior, ter sido menor que a inflação registrada nos últimos doze meses, razão pela qual houve registro do déficit nas contas municipais.

Sobre a dívida ativa, anunciou que promoverá uma cobrança mais

efetiva. Disse que a apuração das despesas com pessoal pelo sistema

Audesp considerou gastos com os inativos, e que, se fosse excluído, o Município teria gasto o índice de 53,97%, o que deverá ser regularizado no exercício seguinte.

Anotou que os itens glosados pela fiscalização foram aplicados no

ensino infantil e fundamental, contemplando alunos e professores, e que o plano municipal da educação está em análise de estudo, aduzindo sobre índices do IDEB, que está tomando medidas para a evolução positiva nos próximos anos.

Quanto ao item B.5.3 - Demais despesas elegíveis para análise,

asseverou tratar-se de gastos necessários, que não ultrapassaram o valor máximo permitido e não acarretaram prejuízo aos cofres públicos.

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Sobre o item Tesouraria, Almoxarifado e Bens Patrimoniais, disse que as divergências dos dados em relação ao Audesp estão sendo regularizadas e que está em constante aprimoramento do controle patrimonial, para melhor transparência.

No que respeita à formalização das licitações, inexigibilidades e

despesas, diz que está realizando compras via processo de licitação em sua modalidades conforma a legislação, para melhorar os processos de compras; que os contratos estão sendo ajustados; que a coleta e disposição final de rejeitos e resíduos sólidos está em fase de estudo, da viabilidade da localização do destino final.

Afirmou que em sua página eletrônica divulgou todos os atos

necessários, atestando a fidedignidade dos dados informados ao sistema Audesp. A Assessoria Técnica, no que se relaciona aos aspectos

orçamentários e financeiros manifestou-se pela emissão de parecer desfavorável à aprovação das contas, em virtude da abertura de créditos suplementares no patamar de 45,54%, aumento do déficit financeiro, inconsistência de lançamentos e mecanismos insuficientes para cobrança da dívida ativa (fls.79//84).

Quanto aos gastos com ensino, após ajustes, a Assessoria Técnica

concluiu que o Município aplicou 26% das receitas vinculadas, demonstrando atendimento ao artigo 212 da Constituição Federal; 60% no Magistério, além de ter empenhado o equivalente a 100% dos recursos advindos do FUNDEB.

Isto porque verificou que o Município aplicou 100,49% no FUNDEB,

um excesso correspondente a 0,49% (R$25.997,98) dos recursos recebidos, custeados com recursos próprios, excedente este que depois foi considerado na aplicação com recursos próprios.

Com a glosa de R$17.516,60, relativa à aquisição de uniformes, a

aplicação dos recursos do FUNDEB foi reduzida para 99,67%, tendo a Assessoria Técnica ponderado que, se foi empenhado a maior o valor de R$ 25.997,98, a glosa de R$17.516,60, deveria ser deduzida do percentual de 100,49% e o excedente de R$ 8.481,38 (R$25.997,98 - R$17.516,60), deveria ser excluído do FUNDEB e incluído no cômputo dos recursos próprios, citando entendimento da E. Primeira Câmara, em sessão de 25/06/2013 (TC-1358/026/11).

No entanto, em relação aos gastos com pessoal, entendeu que não

poderia prosperar a pretensão da defesa em excluir as despesas com inativos, pois os gastos tem natureza salarial e são incorporados à remuneração para todos os efeitos, conforme estabelece o artigo 181 da Lei de Responsabilidade Fiscal:

1 Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da

Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência."

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Reiterou que a despesa com pessoal encerrou o exercício em exame em 56,54% e que não houve recondução dos gastos nos moldes previstos pelo artigo 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal (fls.87/91).

Quanto aos aspectos jurídicos, Assessoria Técnica e Chefia de ATJ

acompanharam suas preopinantes, pela emissão de parecer desfavorável à aprovação das contas (fls.93/96).

MPC, pelos mesmos motivos, manifestou-se pela emissão de

parecer desfavorável aos demonstrativos (fls.97/99). SDG perfilou igual entendimento, pela emissão de parecer

desfavorável à aprovação das contas, afastando, contudo, dos motivos capazes de reprovar as contas falhas relatadas junto ao setor econômico-financeiro, restando, tão somente, irregularidades em relação aos gastos com pessoal.

Por fim, as últimas contas da Prefeitura Municipal de Cristais Paulista

foram assim apreciadas:

Exercício Processo Parecer

2013 1950/026/13 Desfavorável – Gastos com Pessoal

2012 1882/026/12 Desfavorável – Artigo 42 LRF e Despesas com Publicidade

2011 1293/026/11 Favorável

É o relatório.

GC.CCM-23

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GC.CCM PRIMEIRA CÂMARA – SESSÃO DE 10/05/2016 – ITEM 083 Processo: TC-0423/026/14

Interessada: Prefeitura Municipal de Cristais Paulista Responsável:

Sr. Miguel Marques

Período:

01.01 01.01 a 31.12.14

Assunto: Contas Anuais do Exercício de 2014 Advogado(s): Não foi constituído Expediente(s) que acompanha(m): TCs-0423/126/14 , TC-30920/026/15 e TC-35745/026/15

- Aplicação total no ensino: 26% (mínimo 25%) Apurado pela ATJ

- Investimento no magistério: 70,06% (mínimo 60%)

- Total de despesas com Fundeb: 100% Apurado pela ATJ

- Déficit orçamentário: 01,34% (R$ 327.201,04)

- Transferências à Câmara: 2,62% (máximo 7%)

- Gastos com Pessoal 56,54% (máximo 54%)

- Despesas com Saúde: 22,40% (mínimo 15%)

- Remuneração dos agentes políticos: em ordem

- Encargos sociais: em ordem

- Precatórios: em ordem B i-EGM Resultado

A i-Educ Dados gerais educação, Avaliação Escolar, Conselho Municipal de Educação, Infraestrutura, Material Escolar, Merenda, Mínimo Constitucional, Plano Municipal de Educação, Professor, Transporte Escolar, Uniforme, Vagas.

A i-Saúde Atenção Básica, Atendimento à População, Campanha, Conselho Municipal de Saúde, Equipe de Saúde da Família, Infraestrutura, Mínimo Constitucional, Profissionais da Saúde.

B i-Planej. Investimento, Pessoal, Programas e Metas.

B i-Fiscal Dívida Ativa, Dívida Fundada, Execução Orçamentária, Finanças, Gestão Fiscal, Precatórios, Transparência.

C i-Amb Contingenciamento, Infraestrutura, IQR, Plano Municipal de Saneamento Básico, Programa Ambiental, Resíduos Sólidos.

C i-Cidade Contingenciamento, Infraestrutura, Pessoal, Plano de Mobilidade Urbana, SIDEC (DEFESA CIVIL)

B i-Gov-TI Diretrizes de TI, Pessoal, Sistema AUDESP, Transparência.

A - Altamente Efetiva / B+ - Muito Efetiva / B - Efetiva / C+ - Em fase de adequação / C - Baixo nível de adequação

Porte Pequeno

Região Administrativa de Franca

Quantidade de habitantes 7.939

O resultado da inspeção “in loco” consubstanciado no relatório da

fiscalização contempla informações e elementos capazes de propiciar a avaliação dos atos e procedimentos de gestão, envolvendo os aspectos administrativo, econômico-financeiro, contábil e patrimonial.

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Conforme os dados apurados pelo laudo da Assessoria Técnica especializada, cujos cálculos e ponderações (fls.87/91) acolho nesse momento, o Município aplicou 26% das receitas vinculadas, em atendimento ao artigo 212 da Constituição Federal, aplicando 100% do total recebido do FUNDEB, conforme dispõe o artigo 21 da Lei Federal nº 12.494/07. O Município investiu 70,06% na remuneração dos profissionais do magistério da Educação Básica, dando cumprimento ao artigo 60, inciso XII, do ADCT.

As transferências financeiras ao Legislativo situaram-se dentro da

limitação imposta pela Constituição Federal. Os recolhimentos dos encargos sociais foram efetuados

regularmente, além de não terem sido apontados pagamentos indevidos aos Agentes Políticos.

O Município não possuía dívidas judiciais e não efetuou qualquer

pagamento a título de requisitório de baixa monta durante o exercício fiscalizado. No que diz respeito à qualidade dos gastos, considerando as

informações prestadas a esta E. Corte para a formulação do IEGM – Índice de Eficiência da Gestão Municipal, destaca-se que o Município obteve índice B, sendo incluído na categoria “efetiva”.

Todavia, a instrução dos autos demonstra haver espaço para o

aperfeiçoamento dos setores envolvidos para a obtenção do índice, especialmente porque o Município obteve índice “C” no que diz respeito ao i-Amb e i-Cidade, ou seja, áreas que se encontram com baixo nível de adequação.

Também destaco que os exames realizados pela fiscalização

indicam que a Prefeitura Municipal não vem atingindo as metas do IDEB2 – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica; além de ter havido demanda de vagas na Rede Municipal, aliada a ausência de elaboração de um Plano Municipal de Educação, pontos que receberam anúncio de regularização pela defesa.

As informações prestadas ao IEGM indicaram que o Município

investiu R$ 6.313,43 por ano/aluno na educação, valor inferior à média regional de R$ 8.681,04.

Na saúde, observa-se que foi superada a meta mínima de 15%

fixada pela Constituição Federal para aplicação de recursos no setor. Segundo informações prestadas ao IEGM, o Município investiu R$ 692,78 habitante/ano, valor superior à média regional de R$ 608,76.

2 Fls.41-A do Anexo: 2013: Observado - 4,3 - Projetado - 4,9.

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Quanto aos demais apontamentos, a Administração deve editar o Plano de Saneamento Básico e o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, além de implantar medidas visando a redução no estoque de créditos inscritos na Dívida Ativa; deve realizar o levantamento geral dos bens móveis e imóveis, nos termos do art. 96 da Lei 4.320/64 , bem como cumprir as exigências legais em relação à Transparência da Gestão Pública.

De igual modo, quando da fiscalização “in loco”, foi detectada a

realização de compras diretas sem licitação, em inobservância aos princípios da legalidade, da impessoalidade, igualdade e publicidade (art. 3º da Lei Federal nº 8.666/93); além de uma obra paralisada e falta de adequada coleta e disposição final de rejeitos e resíduos sólidos, impropriedades que ensejam pronta regularização e alerta para que não mais ocorram.

Também é imperioso que a Administração implante um efetivo sistema de controle interno, a par das orientações traçadas junto ao Comunicado SDG nº 32/123.

Passo agora ao exame dos aspectos econômicos e orçamentários. O resultado da execução orçamentária foi deficitário em 1,34% ou R$

327.201,04 sem amparo financeiro, aumentando o déficit financeiro anterior de R$ 131.33,97 para R$ 458.935,10 em 20144, montante inferior a um mês de arrecadação5, patamar tido como incapaz de inquinar os demonstrativos por não comprometer a execução de futuros orçamentos, tendo, inclusive, a SDG verificado junto ao Sistema AUDESP sua reversão no exercício seguinte, obtendo o Município superávit financeiro de

3 COMUNICADO SDG Nº 32/2012 – DOE 29.09 e 10.10.12

O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO ressalta que, a mando dos artigos 31, 70 e 74 da Constituição Federal, bem assim do artigo 54, parágrafo único, e artigo 59, ambos da Lei de Responsabilidade Fiscal e, também, do artigo 38, parágrafo único, da Lei Orgânica desta Corte, a Prefeitura e a Câmara Municipal devem possuir seus próprios sistemas de controle interno, que atuarão de forma integrada. Sob aquele fundamento constitucional e legal, é dever dos Municípios, por meio de normas e instruções, instituir, se inexistentes, e regulamentar a operação do controle interno, de molde que o dirigente municipal disponha de informações qualificadas para a tomada de decisões, além de obter mais segurança sobre a legalidade, legitimidade, eficiência e publicidade dos atos financeiros chancelados, sem que hajam razões para alegar desconhecimento. Apenas servidores do quadro efetivo deverão compor o sistema de controle interno. Nesse contexto, tal normatização atentará, dentre outros aspectos, para as funções constitucionais e legais atribuídas ao controle interno: 1- Avaliar o cumprimento das metas físicas e financeiras dos planos orçamentários, bem como a eficiência de seus resultados. 2- Comprovar a legalidade da gestão orçamentária, financeira e patrimonial. 3- Comprovar a legalidade dos repasses a entidades do terceiro setor, avaliando a eficácia e a eficiência dos resultados alcançados. 4- Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres do Município. 5- Apoiar o Tribunal de Contas no exercício de sua missão institucional. 6- Em conjunto com autoridades da Administração Financeira do Município, assinar o Relatório de Gestão Fiscal. 7- Atestar a regularidade da tomada de contas dos ordenadores de despesa, recebedores, tesoureiros, pagadores ou assemelhados. De se registrar, ainda, que a adequada instituição do correspondente órgão de controle interno é medida que será verificada por ocasião da fiscalização levada a efeito pelo Tribunal de Contas, com repercussão no exame das contas anuais. 4

Resultado financeiro do exercício anterior 2013

Ajustes por Variações Ativas (exercício em exame) 2014 (*)

Ajustes por Variações Passivas (exercício em exame) 2014 (*)

Resultado Financeiro Retificado do exercício de 2013

Resultado Orçamentário do exercício de 2014

Resultado Financeiro do exercício de 2014 (458.935,01)

(*) - Que causam interferência no Resultado Financeiro do exercício anterior.

(131.733,97)

-

(131.733,97)

(327.201,04)

-

5 Receita Corrente Líquida de R$ 22,954 milhões que dividida por 12 meses equivale a R$ 1,912 milhão. Assim, R$ 458,9 / R$ 1,912 = 0,24%

de um único mês de arrecadação.

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aproximadamente R$ 251.000,00, a ser devidamente ratificado pela equipe de fiscalização.

Importante registrar que houve redução de 38,62% na posição da

dívida consolidada em relação ao exercício anterior. Ainda sob o prisma orçamentário, observo que as alterações

efetuadas pela Prefeitura Municipal no orçamento atingiram o equivalente a 45% da despesa inicial fixada, revelando um cenário de insuficiente planejamento.

Desse modo, alerto para que a Origem proceda com maior rigor

técnico na formulação e execução dos planos orçamentários. Aqui, de modo geral, destaco as orientações traçadas por esta

E.Corte sobre o tema, consubstanciados no Comunicado SDG nº 29/10, (DOE de 19/08/10), 18/15 (DOE de 29/04/15) e mais recentemente, do Comunicado SDG nº 32/15 (DOE de 16/09/2015).

Em que pesem tais aspectos, a instrução dos autos demonstra a

existência de falha grave, capaz de comprometer os presentes demonstrativos. Refiro-me à questão relativa aos gastos com pessoal. Inicialmente, observa-se que a Administração não procurou reduzir

suas despesas laborais mesmo depois de ter sido alertada a partir do último quadrimestre de 2013, cujas contas, inclusive, receberam a emissão de parecer desfavorável a sua aprovação, exatamente pelo excesso de gastos verificado (TC-1950/026/13).

Segundo a inspeção, desde o encerramento do exercício anterior,

quando a despesa com pessoal representou 57,39% da receita corrente líquida,a Prefeitura Municipal deveria ter promovido a recondução do excesso verificado ao limite legal nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, nos termos do artigo 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal, o que não ocorreu, como é possível observar no quadro abaixo:

Dez Abr Ago Dez

2013 2014 2014 2014

% Permitido Legal 54,00% 54,00% 54,00% 54,00%

Gasto Informado - A 11.997.015,33 12.273.101,08 12.354.900,18 12.809.283,16

Inclusões da Fiscalização - BExclusões da Fiscalização - CGastos Ajustados - D 12.273.101,08 12.354.900,18 12.809.283,16

Receita Corrente Líquida - E 20.904.965,49 21.882.423,55 22.699.723,24 22.953.990,05

Inclusões da Fiscalização - FExclusões da Fiscalização - G 300.000,00

21.882.423,55 22.699.723,24 22.653.990,05

% Gasto Informado A/E 57,39% 56,09% 54,43% 55,80%

% Gasto Ajustado - D/H 56,09% 54,43% 56,54%

Período

Receita Corrente Líquida Ajustada - H

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Além de não ter adotado as medidas de contenção de despesa de pessoal impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal, a fiscalização verificou que a Prefeitura Municipal realizou atos que, ao contrário, aumentaram esses gastos, como a nomeação de treze (13) servidores comissionados e outros trinta e oito (38) por tempo determinado, além de um (1) servidor efetivo; o pagamento de horas extraordinárias em todos os meses do ano; a manutenção das despesas com cargos comissionados, infringindo o disposto no inciso I, § 3º, artigo 169, da Constituição Federal; e por fim, editou Leis concedendo aumento na remuneração dos servidores.

Importante destacar que, conforme consulta feita pela Assessoria

Técnica junto ao Sistema AUDESP (fls.85/86), no 1º quadrimestre de 2015, o Executivo até reduziu o percentual de gastos para 54,66%, em patamar ainda acima do limite legal de 54%, mas voltou a aumentar esses gastos no quadrimestre seguinte para 56,43%, demonstrando que não vem logrando êxito em reconduzir suas despesas aos patamares e prazos legais, o que poderia, de acordo com o entendimento majoritário desta E. Corte, abrandar o juízo negativo aqui externado.

Nesse cenário, na esteira das manifestações das Assessorias

Técnicas, Chefia de ATJ, MPC e SDG, voto pela emissão de PARECER PRÉVIO DESFAVORÁVEL à aprovação das contas da Prefeitura Municipal de Cristais Paulista, exercício de 2014, excetuando-se ainda, os atos porventura pendentes de julgamento neste E. Tribunal.

Determino, à margem do parecer, a expedição de ofício ao Executivo

Municipal, com recomendações para que:

proceda com maior rigor técnico na formulação e execução do plano orçamentário, procurando estabelecer superávit, a fim de manter o equilíbrio de seus demonstrativos;

Edite o Plano de Saneamento Básico, bem como o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos;

Implemente as ações necessárias à elevação do IEGM, no que diz respeito ao i-Amb e i-Cidade;

Adote medidas visando redução no estoque de créditos inscritos na Dívida Ativa; Promova esforços para que as metas previstas para o IDEB sejam alcançadas;

atenda a demanda de vagas na rede municipal, bem como elabore seu Plano Municipal para Educação;

realize o levantamento geral dos bens móveis e imóveis, nos termos do art. 96 da Lei 4.320/64;

Implante um efetivo sistema de controle interno; Atenda às regras estabelecidas para a realização de licitações e contratos; Implemente e torne acessível à comunidade o Serviço de Informação ao Cidadão; Reduza as despesas com pessoal, nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal; Promova adequada coleta e disposição final de rejeitos e resíduos sólidos.

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Determino que a fiscalização se certifique das correções noticiadas e da implementação das recomendações aqui exaradas.

Os Expedientes TC-30920/026/15 e TC-35745/026/15 devm

acompanhar os presentes autos até o seu deslinde, tendo em vista que serviram de subsídio ao exame das contas.

É como voto.