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FACULDADE
DE LETRAS
A Relação Entre o Consumo Mediático e a
Insatisfação Com o Corpo Metodologia da Investigação
Bárbara Abraúl, Eva Pinho e Henrique Figueiredo, Turma 2 Curso de Ciências da Comunicação
Docente: José Azevedo 18-01-2010
Porto, 18 de Janeiro de 2010
Resumo
Este estudo tem como objectivo analisar a relação dos media com a satisfação do
corpo por parte das pessoas. A amostra escolhida foi um conjunto de universitários, todos do
sexo feminino. Para atingirmos esta amostra utilizámos s o e-mail dinâmico da Faculdade de
Letras da Universidade do Porto. O método por nós escolhido para a realização deste estudo
foi o método de Inquéritos, pois permitem-nos obter respostas significativas que depois
cruzámos para atingirmos as conclusões pretendidas. Esperamos atingir resultados que nos
permitam verificar se há realmente uma relação entre o facto de as pessoas visionarem certos
e determinados programas, com a sua satisfação com o corpo. Em suma, é nosso objectivo
averiguar se a exposição aos media pode levar as pessoas a possuir tendências para sentir
aversão pelo seu corpo.
Índice
Índice ............................................................................................................................................ 3
I - Introdução............................................................................................................................... 4
II – Revisão da Literatura .......................................................................................................... 5
III – Métodos ............................................................................................................................... 8
IV – Resultados ......................................................................................................................... 12
V – Discussão ............................................................................................................................ 17
Bibliografia ................................................................................................................................ 24
Anexos ....................................................................................................................................... 25
I - Introdução
Este estudo tem como objectivo examinar a relação entre o consumo mediático e os
distúrbios alimentares em pessoas jovens, do sexo feminino. Esperamos assim encontrar de
facto uma ligação existente entre a influência dos meios de comunicação social, mais
especificamente a Televisão, e a existência e provável aumento insatisfação com o corpo.
O descontentamento com o corpo é uma constante, sobretudo entre os adolescentes.
Todos estes j| passaram pela fase de querer ter um “quilinho” a menos, ou um “quilinho” a
mais. Por vezes, quando estas preocupações atingem medidas desproporcionais ao problema
em si, atingindo níveis demasiado elevados, caso em que podemos falar de patologia. Neste
estudo pretendemos analisar o nível de preocupação que os jovens adultos (estudantes
universitários) têm em relação ao seu corpo. Pretendemos também através das perguntas
efectuadas no inquérito relacionar as preocupações das jovens com o seu corpo, com o
visionamento de certos conteúdos televisivos.
Os meios de comunicação podem tornar-se influências bastante significativas na
forma como os jovens vêm o seu corpo através do seu impacto sobre os valores, normas e
padrões estéticos existentes no nosso país bem como no resto do Mundo. A verdade é que a
televisão actualmente, no âmbito geral dos seus programas, mostra-nos e algumas vezes até
faz referências a corpos esbeltos e magros. Estes corpos possuem na maioria das vezes
medidas quase inalcançáveis. Este “perfeccionismo corporal” apresentado pelos media, leva a
que as pessoas que os visionam anseiem a ser como estes. Então, como na maioria das vezes
tal não é possível, dá-se o aparecimento de doenças do foro alimentar como consequência
desta ânsia de possuir o “corpo perfeito”.
II – Revisão da Literatura
Para a realização do presente trabalho, que pretende verificar se existe alguma
influência directa entre o que é veiculado pelos media e a imagem que as pessoas têm do seu
próprio corpoo, foram utilizados dois estudos. Um destes trabalhos de investigação foi
fundamental para o enquadramento teórico e metodologia no geral enquanto o outro deu
uma contribuição específica para uma parte da realização do trabalho, o inquérito, que será
referenciado mais à frente.
O estudo de Kristen Harrison e Joanne Cantor, da Universidade de Winsconsin-
Madison, publicado em 1997 no Journal of Communication intitulado “The Relationship
Between Media Consumption and Eating Disorders” constitui a principal base teórica. Este
investigou o consumo mediático de estudantes universitárias procurando relacionar tal factor
com o seu desejo em serem magras. This study examined the relationship between college
women’s media use and two sets of variables (disordered-eating symptomatology and a set of
related variables, including body dissatisfaction and drive for thinness) and assessed the
relationship between college men’s media use and their endorsement of thinness for themselves
and for wome” (Harrison e Cantor, 1997). Este estudo refere outros que foram realizados e
provam, de forma consensual, que há, efectivamente, um efeito dos media nos
comportamentos alimentares das pessoas: there is consensus that the reported prevalence of
disordered eating has risen steadily over the past 30 years, and disordered eating has begun to
filter down to groups other than initial victims: young, white, upper middle-class females.
(American Psychiatric Association, 1994; Dolan, 1989; Schwartz, Thompson, &Johnson, 1982;
Stoutjesdyk & Jevne, 1993). Harrison e Cantor procuraram ainda focar-se no contexto
sociocultural, onde os media desempenham um papel extremamente importante na difusão
de valores e ideais que podem influenciar quem os consome (The purpose of this study was to
examine the relationship between an important component of the sociocultural set of risks
factors – the mass media – and disordered eating among college students.).
Dois pioneiros no estudo dos distúrbios alimentares que são largamente referenciados
por Harrison e Cantor no seu artigo são Garfinkel e Garner (1982) que descreveram
primeiramente a tarefa dos media neste campo. Acusaram os meios de comunicação de
massas de representar os indivíduos bem sucedidos e bonitos enquanto pessoas magras, pelo
que tal passou a ser associado ao auto-controlo e ao sucesso: The media have capitalized upon
and promoted this image 8of thinness) and through popular programming have portrayed the
successful and beautiful protagonists as thin. Thinness has thus become associated with self-
control and success.
Historicamente, verifica-se que a mulher “ideal” tem sido, ao longo do tempo,
representada enquanto alguém bastante magro, na medida em que as alturas em que as
preocupações com a imagem e o corpo foram maiores coincidem com os períodos em que se
registaram maior número de casos de anorexia e bulimia. Como tal, foram feitas
investigações que o demonstraram: According to Mazur (1986) who tracked U.S. trends in
feminine beauty though the 20th century and matched these trend to female disorders prevailing
during the same periods, a sizable minority of women have overadapted to each beauty trend,
thus accounting for the prevalence of disorders such as anorexia and bulimia when the female
form has been in fashion (Harrison e Cantor, 1997). Um exemplo prático deste fenómeno diz
respeito aos concursos de beleza, nomeadamente o Miss América, em que se verificou, ano
após ano, uma diminuição no peso da concorrente vencedora: These analysis [Garner,
Garfinkel, Shwartz and Thompson (1980)] revealed that pageant contestants’ weight decreased
sharply and significantly each year, and for most of the years, pageant winners weighed
significantly less than other contestants.”
Os autores de “The Relationship Between Media Consumption and Eating Disorders”
tinham por objectivo principal analisarem a relação dos media e os distúrbios alimentares
enquadrando-a na teoria de aprendizagem social ( “examine the relationship between media
exposure and eating disorder symptomatology within the theoretical Framework of social
learning theory”), em que os comportamentos do indivíduo reflectem os conhecimentos
adquiridos em sociedade, isto é, o ser humano imita os outros pelo que o que faz depende do
contexto sócio-cultural em que está inserido desde o seu nascimento. O principal enunciador
da Teoria da Aprendizagem Social foi Bandura, e esta relaciona-se com o estudo uma vez que
este processo de imitação pode levar a que as mulheres anseiam ser como quem vêm na
televisão (na medida em que esta é bastante influente): The process of modeling (…) provides a
theoretical means by which young women may acquire the ideal of a thin body, the motivation to
engage in extreme dirting behavior, and instructions on how to do so from the mass media.
(Harrison e Cantor, 1997). Harrison e Cantor procuraram comprovar a relação anteriormente
referida through an examination of the link between media exposure variables and phychological
variables theoretically related to disordered eating, ou seja, com inquéritos, analisaram a
exposição mediática a que o público estudado estava sujeito e ainda lhes fizeram várias
questões do campo da psicologia que indicam que a pessoa em questão sofre de distúrbios
alimentares. A partir daí inferiram se os media tinham uma relação directa ou não. Baseando-
se nos estudos feitos anteriormente formularam as hipóteses: Television and magazine
consumption, especially TDP television and magazines, will be positively associated with eating
disorder symptomatology, body dissatisfaction, drive for thinness e Television and magazine
consumption will be more strongly related to anorexic (restrained eating) behavior than to bulimic
(bingeing and purging) behavior.
Neste momento, o principal estudo em que este trabalho se baseia já está delineado,
pelo que surgem as questões à volta das quais nos vamos debater. Harrison e Cantor
concluíram que In general, media consumption, especially TDP media, significantly predicted
women’s eating disorder symptomatology e foram ainda retiradas conclusões acerca do
comportamento dos homens. Será que o mesmo se passa em Portugal? Seria possível aplicar
a mesma metodologia a semelhante faixa etária (estudantes universitárias) mas a uma
população diferente da norte-americana? Terão os media a mesma influência nos
portugueses que têm nos norte-americanos provocando, indirectamente, distúrbios
alimentares? Não encontrámos um trabalho que efectuasse essa relação, pelo que nos surgiu
a seguinte hipótese:
Qual a relação entre o visionamento televisivo e a insatisfação com o corpo por parte das
mulheres portuguesas?
Deste modo, pretendemos saber se os media, principalmente a televisão, têm a
capacidade de influenciar as mulheres portuguesas de modo a que estas se apresentem
menos seguras em relação à sua imagem e queiram ser como quem vêem na TV.
Na realidade, já houve um estudo efectuado em Portugal que analisou os
comportamentos alimentares dos portugueses, na sua maioria mulheres. O “The Portuguese
Version of the Eating Disorders Inventory: Evalution of its Psychometric Properties” de Paulo
P. P. Machado, Sónia Gonçalvez, Carla Martins e Isabel C. Soares do Departamento de
Psicologia da Universidade do Minho. Este estudo pretendia examinar as características
psicométricas dos portugueses, traduzindo o EDI (Eating Disorders Iventory): The purpose of
the current study was to examine the psychometric characteristics of the Portuguese
translation of the EDI and its usefulness for research and clinical use (P.P.P. Machado et
al., 2001). Este apresentou-se relevante para o nosso estudo na medida em que o EDI
se revelou aplicável a esta investigação.
III – Métodos
Para a realização deste trabalho optámos por utilizar o método do inquérito, dado que
é um meio bastante objectivo, que atinge facilmente um número alargado de pessoas, e
assegura o anonimato. A verdade é que, actualmente, o inquérito é uma metodologia
bastante utilizada e fiável, principalmente se for preparado e enviado através do computador,
o que comporta várias vantagens, tal como o facto de sair mais barato e diminuir a
probabilidade de erros na inserção dos dados.
Deste modo, decidimos inquirir uma amostra de 150 pessoas do sexo feminino via
correio electrónico, visto ser uma forma mais prática e eficaz de proceder ao envio dos
inquéritos. Enviamos o mesmo a alunos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto
através do “webmail” din}mico, pertencente { Faculdade. Cingimo-nos apenas aos alunos do
1º ano, para conseguirmos assim controlar a faixa etária pretendida com a nossa investigação.
Enviámos o inquérito a alunos de ambos os sexos mas, para não nos alargarmos muito nem
complicar, seleccionámos apenas as respostas dadas pelos membros do sexo feminino. O
estudo no qual nos baseamos para a elaboraç~o deste inquérito foi “The Relationship
Between Media Consumption and Eating Disorders”. Resolvemos utilizar este estudo como
modelo, pois o inquérito que neste estava incluído apontava directamente para a relação que
os media têm com os distúrbios alimentares, ao relacionar os conteúdos presentes nos
programas televisivos e em revistas com os respectivos efeitos que teria nas pessoas.
No estudo em que nos apoiamos para o questionário amostra é-nos apresentada a
seguinte: We offered extra course credit for completing a questionnaire to 232 female and 190
male undergraduate students from communication courses…(Harrison e Cantor, 1997). O
procedimento utilizado para a obtenção dos resultados para suportar o estudo foi feito
através de inquéritos, como podemos reparar através do seguinte excerto:Both female and
male respondents were presented with same five documents: a consent form, Scantron sheet,
questionnaire, survey booklet, and final question sheet. Como no nosso trabalho não
necessitamos de resultados tão aprofundados, resolvemos cingir-nos apenas ao inquérito e
eliminar os outros passos. Deste modo, apresentaremos de seguida a ordem escolhida das
perguntas e a razão pela qual cada uma delas se encontra presente no questionário.
Começámos, assim, por inquirir os visados acerca do número de horas que viam
Televisão. Pedimos, porém, para separarem pelo número de horas que viam em média
durante a semana (segunda a sexta-feira) seguido do número de horas que viam no sábado e
no domingo (em separado). Colocámos esta questão, pois julgámos ser bastante pertinente
saber o número de horas que as pessoas estão expostas à influência da Televisão, pois assim,
poderemos percepcionar se o impacto televisivo é menor ou maior em determinadas pessoas.
E também procedemos à divisão do fim-de-semana visto os programas televisivos serem
completamente distintos dos que são transmitidos durante a semana. Também no inquérito
do nosso estudo-modelo foi feita uma questão semelhante: Respondents indicated the number
of hours they watched television on an average weekday, an average Saturday, and an average
Sunday…
A segunda pergunta prendia-se com a frequência com que os inquiridos visionavam
mulheres muito magras, mulheres de corpo normal ou mulher mais ‘pesadas’. Apesar de
serem classificações muito subjectivas, acreditamos que, na sociedade, existe um padrão pelo
qual as pessoas se guiam. As mulheres “magras” s~o os manequins ou mesmo as mulheres
chamadas “esqueléticas”; as normais correspondem aos membros do sexo feminino
geralmente apelidadas de “bens constituídas” e as mulheres gordas s~o as que têem peso a
mais para a sua altura. Aplicámos esta questão para percepcionarmos se, de facto, no mundo
televisivo, existem mais mulheres magras e de corpo normal em detrimento de mulheres mais
pesadas. Visionámos assim, a opinião pessoal de cada um e tentaremos perceber, através dos
resultados finais, se se verificou um padrão comum, ou não.
A nossa terceira pergunta encontra-se relacionada com o tipo de programas que mais
cativam as pessoas inquiridas. Foram dadas cinco opções, sendo estas Saúde e Fitness, Beleza
e Moda, Entretenimento, Notícias e Assuntos da Actualidade e “Quizz Shows”. Pretendemos
assim discernir quais os programas que atraem mais o interesse dos inquiridos, para
conseguirmos saber se realmente são os programas acerca de saúde e fitness que prendem
mais a atenção ou se preferem outro tipo de programas. Com esta questão é pretendido
verificar o índice de preocupação dos inquiridos com matéria relacionada com temas como a
beleza e a aparência física. No estudo-modelo é feita uma questão semelhante: Frequency
with which they viewed six popular television shows: “Beverly Hills 90210”, “Melrose Place”,
“Seinfield”, “Northern Exposure” , “Designing Women”, and “Roseanne”. Foram seleccionados
programas de acordo com o corpo das mulheres que aí figuravam. Assim foi possível concluir
que tipo de programas eram mais do agrado do público, se aqueles com mulheres mais
magras ou aqueles com mulheres mais gordas. Em Portugal, não é possível colocar a questão
desta maneira porque não há uma variedade tão abrangente de programas televisivos que
permitam a distinção entre estes, baseando-nos apenas no tipo de corpo das mulheres.
A quarta pergunta que colocámos foi se as pessoas inquiridas estariam interessadas
num programa novo programa televisivo que falasse de beleza e exercício físico. Decidimos
estabelecer uma ordem de 0 a 5 em que 0 corresponderia a ‘nada interessado’ e 5 ‘Muito
Interessado’. Ambicionamos, portanto, saber se as pessoas estariam de facto interessadas ou
não, num programa que abordasse esta temática.
A nossa quinta pergunta consistia em questionar os intervenientes acerca das suas
pretensões de ser parecido fisicamente com alguém que tivesse visto na Televisão. As opções
prendiam-se apenas com ‘sim’ ou ‘n~o’. Através das respostas obtidas poderemos ter uma
pequena noção do facto das pessoas serem atingidas pela imagem de certas pessoas que
aparecem na Televisão. E se, efectivamente, almejarem a ser como estas, isto pode tornar-se
numa causa de distúrbios alimentares, dado que as pessoas desejam possuir medidas
corporais que são, muitas vezes, impossíveis de alcançar, quase irreais. Esta situação torna-se
então um alvo de constante insatisfação e pode tornar-se , como já foi acima referido, causa
de distúrbios alimentares.
Em “The Relationship Between Media Consumption and Eating Disorders” os autores
utilizam o EAT (Eating Attitudes Test) para verificar se os questionados apresentam sintomas
que possam estar relacionados com distúrbios alimentares. No entanto, existe outro teste, o
EDI (Eating Disorders Inventory) que não é tão extenso e, conforme foi referido na revisão da
literatura, foi aplicado { populaç~o portuguesa em “The Portugueses Version of the Eating
Disorders Inventory: Evalution of its Psychometric Properties”. Mais uma vez eram muitas as
perguntas que este englobava mas como não tencionávamos realizar um inquérito demasiado
desenvolvido e maçados, seleccionámos apenas duas perguntas, as últimas do questionário.
Na sexta pergunta questionámos se já alguma vez a pessoa já tinha feito ou pensado
em fazer uma dieta (no EDI: I think about dieting, inserido na secção Drive for Thinness). Assim,
com esta questão, o nosso objectivo era percepcionar se, tendo em conta as respostas dadas
anteriormente, o desejo de ter um corpo diferente do que o que actualmente possui é real e as
pessoas já puseram em causa a sua saúde, iniciando uma dieta, ou apenas pensando em
alinhar numa. Não pretendemos saber mais pormenores, simplesmente se ‘sim’, j| pensou em
fazer dieta, ou ‘n~o’, nunca lhe passou pela cabeça.
Por fim, a sétima e última questão destinava-se a saber como os inquiridos se sentem
em relação ao seu corpo (no EDI: I feel satisfied with the shape of my body inserido na secção
Body Dissatisfaction). Deste modo, as respostas possíveis eram as seguintes: ‘Queria ser mais
magro/a’, ‘sinto-me bem’, e ‘queria ser mais gordo/a’. Com esta pergunta tencionamos
verificar, mais uma vez, relacionando com as questões anteriores, se a amostra inquirida
apresenta sinais de insatisfação para com o seu corpo, ou se, pelo contrário, sentem-se bem
com o mesmo, e toda a influência da Televisão é inútil quanto à proliferação de um padrão
comum em termos de aspecto físico.
Chegamos assim à conclusão que, como é óbvio, cada pergunta escolhida para o
inquérito tem a sua razão própria e pequena contribuição para o nosso estudo. Enquanto que
umas dão respostas por si mesmas, outras relacionam-se entre si, para nos fazer chegar às
conclusões previstas.
Por fim, para a organização dos dados obtidos resolvemos utilizar o SPSS. Decidimos
utilizá-lo porque além de nos permitir um melhor tratamento dos dados, é-nos através dele
possível o cruzamento destes últimos. Podemos assim relacionar as variáveis e chegar a
conclusões que nos permitem atingir a finalidade para a qual nos propusemos. Sem o SPSS tal
não seria possível, ou seria no mínimo bastante mais complicado.
IV – Resultados
Pergunta 1 – Qual o número médio de horas diárias que vê televisão?
Tabela 1 – Horas de televisão visionadas num dia de semana.
Horas de TV a dias de semana
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Menos de 2 horas 99 66,0 66,0 66,0
Entre 2 e 4 horas 43 28,7 28,7 94,7
Entre 4 e 6 horas 4 2,7 2,7 97,3
Mais de 8 horas 4 2,7 2,7 100,0
Total 150 100,0 100,0
Tabela 2 – Horas de televisão visionadas ao Sábado.
Horas de TV ao Sabado
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Menos de 2 horas 63 42,0 42,0 42,0
Entre 2 e 4 horas 53 35,3 35,3 77,3
Entre 4 e 6 horas 21 14,0 14,0 91,3
Entre 6 e 8 horas 4 2,7 2,7 94,0
Mais de 8 horas 9 6,0 6,0 100,0
Total 150 100,0 100,0
Tabela 3 – Horas de televisão visionadas ao Domingo.
Horas de TV ao Domingo
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Menos de 2 horas 53 35,3 35,3 35,3
Entre 2 e 4 horas 54 36,0 36,0 71,3
Entre 4 e 6 horas 26 17,3 17,3 88,7
Entre 6 e 8 horas 7 4,7 4,7 93,3
Mais de 8 horas 10 6,7 6,7 100,0
Total 150 100,0 100,0
Através da apresentação destas tabelas podemos verificar que, em primeiro lugar,
durante a semana, a maior parte dos inquiridos (66%) respondeu que vê televisão menos de
duas horas por dia, sendo que os valores mais aproximados a estes são os que se situam entre
as duas e quatro horas de visionamento (28,7% dos inquiridos). Foram poucos os que nos
disseram ver mais de oito horas diárias – cerca de 2,7%.
Ao sábado, os questionados vêem, maioritariamente, menos de duas horas de
televisão (42%). Por outro lado, a minoria dos inquiridos afirmou ver entre seis e oito horas
(2,7%).
Já em relação ao número médio de horas que vêm televisão ao Domingo, 36% dos
questionados afirma ver entre duas a quatro horas, e 35,3% menos de duas horas. Contudo,
existe um desfasamento no número de horas visto que 6,7% dos inquiridos vê mais de oito
horas de televisão e apenas 4,7% vê entre seis e oito horas.
Pergunta 2 – Qual é a aparência das mulheres que, normalmente, vê na TV?
Tabela 4 – Frequência com que vêem mulheres magras na TV.
Frequencia com que vê mulheres magras na TV
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Pouco frequentemente 30 20,0 22,7 22,7
Frequentemente 50 33,3 37,9 60,6
Muito Frequentemente 52 34,7 39,4 100,0
Total 132 88,0 100,0
Missing não respondeu 18 12,0
Total 150 100,0
Tabela 5 – Frequência com que vêem mulheres de corpo normal na TV.
Frequencia com que vê mulheres de corpo normal na TV
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Pouco frequentemente 4 2,7 3,0 3,0
Frequentemente 69 46,0 52,3 55,3
Muito Frequentemente 59 39,3 44,7 100,0
Total 132 88,0 100,0
Missing não respondeu 18 12,0
Total 150 100,0
Tabela 6 – Frequência com que vêem mulheres gordas na TV.
Frequencia com que vê mulheres gordas na TV
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Pouco frequentemente 95 63,3 72,0 72,0
Frequentemente 26 17,3 19,7 91,7
Muito Frequentemente 11 7,3 8,3 100,0
Total 132 88,0 100,0
Missing não respondeu 18 12,0
Total 150 100,0
Segundo a maior parte dos inquiridos, e seguindo a ordem das perguntas e
respectivas tabelas, na televisão, aparecem muito frequentemente mulheres magras (37,4%),
as mulheres denominadas de corpo normal aparecem frequentemente (46%) e as mulheres
gordas aparecem pouco frequentemente, ou seja, é raro aparecerem nos ecrãs (63,3%).
Pergunta 3 – Qual o tipo de programa que mais lhe interessa?
Tabela 7 – Tipo de programa de maior interesse.
Tipo de programa de maior interesse
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Beleza e moda 8 5,3 5,3 5,3
Entretenimento 93 62,0 62,0 67,3
Programas informativos 38 25,3 25,3 92,7
“Quizz shows” 11 7,3 7,3 100,0
Total 150 100,0 100,0
Através da tabela acima representada podemos observar que a maior parte da
amostra questionada (62%) declarou interessar-se mais por programas de entretenimento,
seguidos dos programas direccionados para a informação e notícias da actualidade (cerca de
25,3%). Em último lugar de preferências dos inquiridos encontram-se os programas
relacionados com as temáticas da beleza e moda – apenas 5,3%. O que significa que, de facto,
os programas de beleza e moda não captam tanto a atenção dos inquiridos como, por
exemplo, os programas de entretenimento. Porém isto não significa que as pessoas não sejam
afectadas por padrões de beleza estandardizados nos programas de entretenimento, até
porque, na maior parte das vezes são nestes que aparecem os modelos de corpo
“inalcanç|vel”.
Pergunta 4 – Estaria interessado num novo programa que falasse sobre beleza e exercício
físico?
Tabela 8 - Interesse num novo programa que falasse sobre beleza e exercício físico
Interesse num novo programa que falasse sobre beleza e exercício físico
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Nada Interessado 7 4,7 4,7 4,7
Pouco Interessado 29 19,3 19,3 24,0
Relativamente Interessado 44 29,3 29,3 53,3
Interessado 46 30,7 30,7 84,0
Bastante Interessado 15 10,0 10,0 94,0
Muito Interessado 9 6,0 6,0 100,0
Total 150 100,0 100,0
Os nossos inquiridos, relativamente ao facto de surgir um novo programa televisivo
que abordasse os temas da beleza e exercício físico, mostraram, na sua maior parte, um
‘interesse’ e ‘relativo interesse’ (cerca de 30,7% e 29,3%). Apenas 4,7% dos mesmos revelaram
que estavam ‘nada interessados0, e 6% muito interessados. Isto demonstra que um programa
deste género não é uma prioridade na amostra estudada, porém seria do interesse destes.
Pergunta 5 – Alguma vez aspirou a como alguém que viu na TV, tendo em conta a sua
aparência?
Tabela 9 – Desejo em ser alguém que viu na TV tendo em conta a sua aparência.
Alguma vez aspirou a ser como alguém que viu na TV tendo em conta a
sua aparência
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Sim 94 62,7 62,7 62,7
Não 56 37,3 37,3 100,0
Total 150 100,0 100,0
Gráfico 1 - Desejo em ser alguém que viu na TV tendo em conta a sua aparência.
A maior parte das respostas (62,7%) revela-se afirmativa, isto é, os inquiridos
confessam que já desejaram alguma vez ser como alguém que viram na televisão tendo em
conta a sua aparência. A minoria (37,3%) declara que nunca aspirou a ser como alguém que
apareceu na televisão, devido ao aspecto físico da mesma. É demonstrado aqui o impacto que
a televis~o tem na maioria das pessoas que a visionam, ao ponto de se quererem “moldar” de
maneira a atender a certos padrões que são transmitidos pelos media.
Pergunta 6 – Já alguma vez fez/pensou em fazer dieta?
Tabela 10 – Alguma vez pensou em fazer dieta.
Alguma vez pensou em fazer dieta
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Sim 83 55,3 55,3 55,3
Não 67 44,7 44,7 100,0
Total 150 100,0 100,0
Gráfico 2 – Alguma vez pensou em fazer dieta.
Apesar da diferença não se revelar muito representativa, a maior parte dos inquiridos
– 55,3% - confessou já ter pensado em fazer dieta, ou mesmo já tê-la feito. Já 44,7% da
amostra referiu nunca ter pensado em alinhar numa dieta, de forma a alterar as formas do seu
corpo.
Pergunta 7 – Como se sente em relação ao seu corpo?
Tabela 11 – Como se sente em relação ao seu corpo.
Como se sente em relação ao seu corpo
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Queria ser mais magra 82 54,7 54,7 54,7
Sinto-me bem 64 42,7 42,7 97,3
Queria ser mais gorda 4 2,7 2,7 100,0
Total 150 100,0 100,0
Por fim, esta tabela mostra-nos que 54,7% das pessoas inquiridas desejam emagrecer
para ter o corpo que mais anseiam, isto é, não estão satisfeitas com ele. De seguida, 42,7%
afirma sentir-se bem com o seu corpo, não sendo preciso aumentar ou diminuir o seu peso. E
apenas 2,7% dos inquiridos revelam que querem engordar, porque, provavelmente, se sentem
com peso inferior ao que lhes é proporcional.
V – Discussão
Para procedermos à análise dos resultados cuja finalidade é inferir conclusões que, por
um lado, respondam à hipótese acima formulada e, por outro, nos permitam discutir os dados
obtidos, tivemos de seleccionar apenas o domingo. Escolhemos este dia porque foi aquele em
que, segundo as respostas obtidas nos inquéritos, se verificou que as mulheres portuguesas
viam mais televisão.
Tabela 12 – Estatísticas do número de horas visionadas durante a semana, ao sábado e ao domingo.
Descriptive Statistics
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Número médio de horas de
TV visionadas num dia de
semana
146 ,0 5,0 2,027 1,2287
Número de horas de TV
visionadas num sábado
144 ,0 15,0 3,111 2,2302
Número de horas de TV
visionadas num domingo
144 ,0 15,0 3,444 2,3550
Valid N (listwise) 142
Segundo este quadro o Domingo foi o dia em que a média de horas visionadas foi
mais elevada (3,444) pelo que determinámos que iríamos iniciar as nossas comparações a
partir deste dia da semana.
Tabela 13 – Tipo de programa de maior interesse tendo em conta o número de horas de TV assistidas ao Domingo.
Tipo de programa de maior interesse * Horas de TV ao Domingo Crosstabulation
Horas de TV ao Domingo
Menos
de 2
horas
Entre 2 e
4 horas
Entre 4 e
6 horas
Entre 6 e
8 horas
Mais de 8
horas
Total
Tip
o d
e p
rog
ram
a d
e m
aio
r in
tere
sse
Beleza e
moda
Count 5 3 0 0 0 8
% within Horas
de TV ao
Domingo
9,4% 5,6% ,0% ,0% ,0% 5,3%
Entreteni-
mento
Count 26 37 17 4 9 93
% within Horas
de TV ao
Domingo
49,1% 68,5% 65,4% 57,1% 90,0% 62,0%
Programas
informativos
Count 16 12 9 1 0 38
% within Horas 30,2% 22,2% 34,6% 14,3% ,0% 25,3%
de TV ao
Domingo
“Quizz
shows”
Count 6 2 0 2 1 11
% within Horas
de TV ao
Domingo
11,3% 3,7% ,0% 28,6% 10,0% 7,3%
Total Count 53 54 26 7 10 150
% within Horas
de TV ao
Domingo
100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Através da análise deste quadro podemos concluir que, sem dúvida, os
programas de entretenimento são os predilectos das nossas inquiridas. Por outro lado
são as que vêm menos televisão (menos duas horas) que mais vêem programas de
Beleza e Moda. Contudo, não nos podemos esquecer que os programas de
entretenimento abordam frequentemente temáticas relacionadas com a imagem das
pessoas, ou apresentam indivíduos que são muito magros, logo o facto de 90% das
pessoas que vêem mais de oito horas de televisão, em média, ao Domingo, terem
enquanto programa favorito os de entretenimento leva-nos a afirmar que os media
podem influenciar a satisfação das pessoas em relação ao seu corpo. Tabela 14 – Desejo de ser como alguém que viu na TV tendo em conta as horas de TV visionadas ao Domingo.
Crosstab
Horas de TV ao Domingo
Menos de
2 horas
Entre 2 e
4 horas
Entre 4 e
6 horas
Entre 6 e
8 horas
Mais de
8 horas
Total
Alguma
vez
aspirou a
ser como
alguém
que viu na
TV tendo
em conta
a sua
aparência
Sim Count 23 44 17 4 6 94
% within
Horas de TV
ao Domingo
43,4% 81,5% 65,4% 57,1% 60,0% 62,7
%
Não Count 30 10 9 3 4 56
% within
Horas de TV
ao Domingo
56,6% 18,5% 34,6% 42,9% 40,0% 37,3
%
Total Count 53 54 26 7 10 150
% within
Horas de TV
ao Domingo
100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0
%
Efectivamente, esta tabela revela que as inquiridas que vêm menos de duas
horas de televisão ao domingo são as que, na sua maioria (56%), nunca desejaram ser
como alguém tendo em conta a sua aparência física. Inversamente, verifica-se o
oposto na amostra que vê mais de duas horas ao domingo, dado que a larga maioria
respondeu afirmativamente à questão. Tal demonstra que a televisão condiciona a
forma como as pessoas se sentem em relação ao seus aspecto físico porque se já
desejaram ser como alguém não se sentem totalmente confiantes. Tabela 15 – Sentimento em relação ao seu corpo tendo em conta as horas de TV visionadas ao Domingo.
Crosstab
Horas de TV ao Domingo
Menos
de 2
horas
Entre 2 e
4 horas
Entre 4 e
6 horas
Entre 6 e
8 horas
Mais de
8 horas
Total
Como
se
sente
em
relaçã
o ao
seu
corpo
Queria ser
mais
magra
Count 23 31 17 5 6 82
% within Horas de
TV ao Domingo
43,4% 57,4% 65,4% 71,4% 60,0% 54,7%
Sinto-me
bem
Count 27 22 9 2 4 64
% within Horas de
TV ao Domingo
50,9% 40,7% 34,6% 28,6% 40,0% 42,7%
Queria ser
mais gorda
Count 3 1 0 0 0 4
% within Horas de
TV ao Domingo
5,7% 1,9% ,0% ,0% ,0% 2,7%
Total Count 53 54 26 7 10 150
% within Horas de
TV ao Domingo
100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Neste caso as questionadas que vêem menos de duas horas de televisão ao
domingo são as que afirmaram sentir-se bem com o seu corpo mais frequentemente
(50,9%). No entanto todas as que vêem mais de duas horas responderam,
maioritariamente, que desejam emagrecer. Mais uma vez, verificamos que uma maior
exposição mediática leva as pessoas a reflectirem mais sobre a sua aparência, logo,
desejam ser mais magras.
Tabela 16 – Fazer dieta tendo em conta a frequência com que vê mulheres magras na TV.
Crosstab
Frequencia com que vê mulheres magras na TV
Pouco
frequentemente
Frequente-
mente
Muito
Frequentemente
Total
Alguma
vez fez/
pensou
em fazer
dieta
Sim Count 17 26 31 74
% within
Frequencia com
que vê mulheres
magras na TV
56,7% 52,0% 59,6% 56,1%
Não Count 13 24 21 58
% within
Frequencia com
que vê mulheres
magras na TV
43,3% 48,0% 40,4% 43,9%
Total Count 30 50 52 132
% within
Frequencia com
que vê mulheres
magras na TV
100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Podemos observar que apenas as inquiridas que responderam que vêem pouco
frequentemente mulheres magras na televisão são as que responderam mais vezes
“n~o” { pergunta, enquanto as que vêem muito frequentemente ou frequentemente,
na sua maioria, já fizeram ou pensaram em fazer uma dieta. Tal demonstra que o
facto de verem mulheres magras frequentemente na televisão pode fazer com que,
em parte dos casos, estas queiram fazer uma dieta para que possam perder peso e
igualar-se às que vêem na televisão. Ainda neste campo, estabelecemos a seguinte
comparação:
Crosstab
Frequencia com que vê mulheres magras na TV
Pouco
frequente
-mente
Frequente-
mente
Muito
Frequente-
mente
Total
Como se
sente em
relação ao
seu corpo
Queria
ser
mais
magra
Count 15 27 34 76
% within Frequencia
com que vê mulheres
magras na TV
50,0% 54,0% 65,4% 57,6%
Sinto-
me
bem
Count 15 21 16 52
% within Frequencia
com que vê mulheres
magras na TV
50,0% 42,0% 30,8% 39,4%
Queria
ser
mais
gorda
Count 0 2 2 4
% within Frequencia
com que vê mulheres
magras na TV
,0% 4,0% 3,8% 3,0%
Total Count 30 50 52 132
% within Frequencia
com que vê mulheres
magras na TV
100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Novamente, verificamos que quem vê mulheres magras na TV muito
frequentemente e frequentemente são as que, na sua maioria, queriam ser mais
magras, enquanto as que vêem pouco frequentemente apresentam um “empate”
entre as respostas “queria ser mais magra” e “sinto-me bem”.
Como se sente em relação ao seu corpo * Interesse num novo programa que falasse sobre beleza e
exercício físico Crosstabulation
Interesse num novo programa que falasse sobre beleza e exercício físico
Nada
Interes-
sado
Pouco
Interes-
sado
Relativa-
mente
Interessa-
do
Interes-
sado
Bastante
Interes-
sado
Muito
Interes-
sado
Total
Como
se
sente
em
relaçã
o ao
seu
corpo
Queria ser
mais magra
Count 0 8 24 31 13 6 82
% ,0% 27,6% 54,5% 67,4% 86,7% 66,7% 54,7%
Sinto-me
bem
Count 7 20 18 15 1 3 64
% 100,0% 69,0% 40,9% 32,6% 6,7% 33,3% 42,7%
Queria ser
mais gorda
Count 0 1 2 0 1 0 4
% ,0% 3,4% 4,5% ,0% 6,7% ,0% 2,7%
Total Count 7 29 44 46 15 9 150
% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Neste quadro podemos, facilmente, ver que as inquiridas que responderam
mais frequentemente estar “relativamente interessada”, “interessada”, “bastante
interessada” e “muito interessada” s~o as que querem ser mais magras, ao passo que
as que se “sentem bem” obtiveram a maioria (ou mesmo a totalidade das respostas)
em “nada interessada” e “pouco interessada”.
Concluindo, aferimos que existe uma estreita relação entre os meios de
comunicação social, em particular a televisão que foi, de modo especial, abordada
neste trabalho, e a insatisfação que as mulheres sentem face ao seu próprio corpo. Tal
foi comprovado na análise dos dados obtidos.
O estudo no qual nos base|mos primordialmente, “The relationship between
media comsumption and eating disorders” (Harrison e Cantor, 1997), conclui, na sua
discussão dos resultados, que as revistas tiveram maior influência no público feminino
que respondeu aos seus inquéritos do que a televisão. No entanto, no nosso trabalho
fizemos apenas questões relacionadas com os programas televisivos uma vez que não
tencionávamos estendermo-nos demasiado. Foi nesse sentido que as perguntas que
retirámos do EDI (Eating Disorders Iventory) estavam apenas relacionadas com o
desejo de emagrecer (drive for thinness) e a insatisfação com o corpo (body
dissatisfaction). Ora, o trabalho de Harrison e Cantor refere que foi na insatisfação em
relação ao seu corpo que a televisão executou um papel mais importante ao
influenciar a imagem que as mulheres têm de si mesmas. Salientamos o seguinte
excerto: Why does body dissastisfaction appear to be more strongly related to television
viewing than magazine reading (…)? (…) Body dissatisfaction, in contrast, is associated
with no particular action or behavior; it is a set of attitudes, not intentions. Deste modo
ao aplicar este estudo norte-americano às mulheres portuguesas, da mesma faixa
etárias que as americanas (raparigas universitárias), apesar de ter sido feito a uma
amostra menor e em moldes mais reduzidos, os resultados obtidos foram similares.
A hipótese formulada inicialmente, Qual a relação entre o visionamento
televisivo e a insatisfação com o corpo por parte das mulheres portuguesas?
obteve a seguinte resposta: a televisão faz com que muitas mulheres se sintam
inseguras em relação à sua imagem/corpo, pelo que muitas ambicionam ser como as
que vêem na TV e pensam fazer dietas.
Contudo, deparámo-nos com algumas limitações. Para começar a amostra não
é suficientemente representativa. O factor tempo e os recursos que nos estavam
disponíveis fizeram com que conseguíssemos apenas realizar o inquérito a 150
mulheres. Assim não podemos generalizar os resultados de um modo muito alargado.
Prova disso é o facto de a significância obtida nos testes do chi-square realizados no
SPSS. Por exemplo:
Chi-Square Tests
Value df Asymp. Sig.
(2-sided)
Pearson Chi-Square 19,993a 12 ,067
Likelihood Ratio 24,511 12 ,017
Linear-by-Linear
Association
,161 1 ,688
N of Valid Cases 150
a. 13 cells (65,0%) have expected count less than 5. The minimum
expected count is ,37.
Neste caso comparámos o tipo de programa de maior interesse tendo em
conta o número de horas vistas ao Domingo. A significância (0,067) é maior que 0,05,
pelo que há uma maior probabilidade de erro nos resultados obtidos.
Apesar de todos os obstáculos, a investigações revelou-se bastante
significativa para a compreensão de dois fenómenos com que nos deparamos: na
medida do possível, confirmámos que a televisão está intimamente relacionada com a
forma como as pessoas se olham ao espelho e constroem uma imagem de si próprias,
ao passo que são também essas construções que condicionam os conteúdos que estas
optam por ver na TV.
Bibliografia
HARRISON, Kristen; CANTOR, Joanne, The Relationship between Media
Consumption and Eating Disorders; University of Wisconsin
MACHADO, Paulo P. P.; GONÇALVES, Sónia; MARTINS, Carla e SOARES,
Isabel C., The Portuguese Version of the Eating Disorders Inventory: Evaluation of
its Psychometric Properties; Department of Psychology, University of Minho,
Braga, Portugal
Anexos
INQUÉRITO
Os Media e os Distúrbios Alimentares
Somos alunos do 1ºano do Curso de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do
Porto e, no âmbito da disciplina de Metodologia da Investigação estamos a fazer um trabalho sobre a
relação entre os media e os distúrbios alimentares. Como tal, agradecemos a sua colaboração no
preenchimento deste pequeno questionário.
Sexo: Feminino Masculino
1 - Qual o número médio de horas diárias que vê televisão…
Num dia de semana __
Num sábado __
Num domingo __
2 - Qual é a aparência das mulheres que, normalmente, vê na TV?
Pouco Frequentemente
Frequentemente Muito Frequentemente
Mulheres muito magras
Mulheres de estatura média
Mulheres muito gordas
3 - Qual o tipo de programa que mais lhe interessa?
Saúde e fitness
Beleza e moda
Entretenimento
Notícias e assuntos da actualidade
“Quizz shows”
Programas informativos
4 - Estaria interessado num novo programa que falasse sobre beleza e exercício físico?
Nada interessado
Pouco Interessado
Relativamente interessado
Interessado
Bastante interessado
Muito Interessado
5 - Alguma vez aspirou a como alguém que viu na TV, tendo em conta a sua aparência?
Sim
Não
6 - Já alguma vez fez/pensou em fazer dieta?
Sim
Não
7 - Como se sente em relação ao seu corpo?
Queria ser mais magro/a
Sinto-me bem
Queria ser mais gordo/a