trabalho literatura

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Cena Jantar na casa do Jorge Gui: Gente o zé se reuniu conosco. Mãe do Gui: Temo esse sujeito com nome do Manuel Tranca-Pés, todo ano ele manda uma carta para seu pai dizendo ”esse é seu último Natal dele”. Jorge (pai): Não se preocupe, eu conheço o Manuel, essa é a forma que ele encontrou de me desejar Boas-Festas. Gui: Estaria o papai enfrentando alguma situação desse tipo, alguma ameaça? Mãe do Gui: Não. Ameaça não, mas seu pai está preocupado a situação no Buraco. Gui: Que situação? Jorge (pai): O pregador. Ele está atraindo cada vez mais gente pra cá. Hoje mesmo chegou um caminhão cheio de gente e todas essas pessoas estão se instalando no Buraco. Montam barracos com lona plástica e lá ficam! Gui: Mas escute, este é um país livre. As pessoas podem morar onde quiserem. N Jorge (pai): Podem. A questão é saber por que escolheram um lugar tão precário como o Buraco e a questão também é saber o que pretende o Jesuíno Pregador. Gui: E não da pra perguntar o que ele pretende? Jorge (pai): Já perguntaram. O pessoal da rádio. Ele não responde. Diz que sua missão é secreta e sagrada, mas só fala com seus discípulos de confiança ou com Deus. O que não é meu caso, evidentemente. Jorge(pai): O time da cidade, o Sertãozinho, vai enfrentar seu grande rival, o Guarapé. Você quer ir comigo? Gui( telefona para martinha ): Meu pai continua preocupado. Como poderei ajuda-lo? Será que é por Jesuíno ter organizado um encontro de crentes? Dizem que há 5 mil pessoas. Terei que ler mais sobre a lei. -Toca a campainha- -Entra Martinha- Martinha: Fiquei acordada até de madrugada. Fiz o meu dever de casa direitinho. Cadê o Zé? Será que ele esqueceu?

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Trabalho sobre o livro Sertão Veredas

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Page 1: Trabalho Literatura

Cena Jantar na casa do Jorge

Gui: Gente o zé se reuniu conosco.Mãe do Gui: Temo esse sujeito com nome do Manuel Tranca-Pés, todo ano ele manda uma carta para seu pai dizendo ”esse é seu último Natal dele”.Jorge (pai): Não se preocupe, eu conheço o Manuel, essa é a forma que ele encontrou de me desejar Boas-Festas.Gui: Estaria o papai enfrentando alguma situação desse tipo, alguma ameaça?Mãe do Gui: Não. Ameaça não, mas seu pai está preocupado a situação no Buraco.Gui: Que situação?Jorge (pai): O pregador. Ele está atraindo cada vez mais gente pra cá. Hoje mesmo chegou um caminhão cheio de gente e todas essas pessoas estão se instalando no Buraco. Montam barracos com lona plástica e lá ficam!Gui: Mas escute, este é um país livre. As pessoas podem morar onde quiserem. NJorge (pai): Podem. A questão é saber por que escolheram um lugar tão precário como o Buraco e a questão também é saber o que pretende o Jesuíno Pregador.Gui: E não da pra perguntar o que ele pretende?Jorge (pai): Já perguntaram. O pessoal da rádio. Ele não responde. Diz que sua missão é secreta e sagrada, mas só fala com seus discípulos de confiança ou com Deus. O que não é meu caso, evidentemente.Jorge(pai): O time da cidade, o Sertãozinho, vai enfrentar seu grande rival, o Guarapé. Você quer ir comigo?Gui(telefona para martinha): Meu pai continua preocupado. Como poderei ajuda-lo? Será que é por Jesuíno ter organizado um encontro de crentes? Dizem que há 5 mil pessoas. Terei que ler mais sobre a lei.

-Toca a campainha--Entra Martinha-

Martinha: Fiquei acordada até de madrugada. Fiz o meu dever de casa direitinho. Cadê o Zé? Será que ele esqueceu?Gui: Ele está na porta de casa. Entra logo Zé. Estamos só esperando por você.Gui: Vamos nos sentar à mesa e ver como faremos.Martinha: Temos que nos deter em três pontos. Primeiro: quem foi Antônio Conselheiro; Segundo: o que era canudos; Terceiro: Qual foi a reação das autoridades. Mas temos que ser neutros.Gui: Martinha e eu conhecemos a primeira e a segunda parte do livro. Vamos direto ao trecho em que Antônio Conselheiro aparece pela primeira vez.Euclides conta primeiro os horrores da seca para tratar das crenças do sertanejo. O sertanejo é um homem primitivo, audacioso e forte, mas, ao mesmo tempo, crédulo.Martinha: Euclides diz que existe a questão da seca, da pobreza, da fome. Eu, se vivesse numa situação assim, acreditaria em qualquer coisa, como o sertanejo.

Page 2: Trabalho Literatura

Gui: Euclides aborda um tema importante: o messianismo. Ele mostra como, em meio ao sofrimento, surge a esperança de um Messias capaz de salvar as pessoas da catástrofe. Euclides fala no sebastianismo. Mas o que é isso?Zé: Sebastianismo refere-se à esperança de que Dom Sebastião, o homem rei de Portugal, desaparecido em uma batalha contra os mouros no século XVI, reaparecesse para trazer de volta ao país sua antiga glória.Martinha: Se o cara era maluco, como tinha tantos seguidores?Gui: Sobre isso Euclides não fala. Mas ele nos conta a história do Conselheiro, cujo nome completo era Antônio Vicente Mendes Macial. Era do Ceará. Euclides se vale do testemunho para retratá-lo como “um adolescente tranquilo e tímido, retraído, avesso à troça”. Tinha três irmãs, das quais cuidava muito. Tanto que só depois do casamento delas procurou uma esposa para si próprio. “A mulher foi a sobrecarga adicionada à tremenda tara hereditária . . .”(Tropeçamos naquela “tara hereditária” – paramos de ler)Zé: Tara era como eles chamavam certo tipo de doença menta, que deixava a pessoa retardada. Ou então pessoas com problemas sexuais...Gui: Os tarados.Zé: É. O pessoal acreditava que as taras fossem hereditárias: passavam dos pais para os filhos.Gui (com admiração): Você sabe um bocado!Zé: Nem tanto. Gosto de ler, só isso...Gui(continua): Euclides diz que, depois de casado, Antonio Macial começou a trocar de cidade e de emprego: foi para Sobral, depois para campo grande, depois para Ipu, onde trabalhou no fórum.Martinha: No Fórum? Mas então o cara não era tão inculto assim!Zé: Até latim ele sabia.Gui: Segundo Euclides, Antônio estava descambando para a “vadiagem franca”.Martinha (indignada): Espera aí, gente! Trabalhar no fórum é vadiagem? Meu tio trabalha lá e não é nenhum vadio! E o Gê, que quer ser advogado? Ele é vadio também?Gui: Talvez esse fosse o conceito naquela época. Ou talvez o ponto de vista pessoal de Euclides... Então, no nosso resumo simplesmente colocaremos que Antônio havia mudado de cidade e de emprego, sem fazer nenhuma observação sobre isso. Antônio Conselheiro “vivia de esmolas, das quais recusava qualquer excesso”. Sua fama foi se espelhando e os fiéis passaram a lhe seguir Em breve o movimento começava a chamar a atenção em outros lugares do Brasil (Além do Sergipe e Bahia). Ele vive a rezar terços e ladainhas e a pregar e a dar conselhos às multidões, movendo sentimentos religiosos, vai arrebanhando o povo e guiando-o ao seu gosto. Começavam a surgir as primeiras lendas a respeito do Conselheiro.Havia também suas numerosas profecias, como esta:

“Em 1896 hão de rebanhos mil correr da praia para o sertão, então o sertão virará praia e a praia virará sertão.”Martinha: Mas essa eu conheço. Só que com palavras um pouco diferentes: “O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. É até letra de uma música. . . Enfim, não entendi essa história do Brasil brigar com o Brasil. Que briga era essa?Zé: O Antônio Conselheiro era contra a república, proclamada poucos anos antes. Por uma série de razões: A Igreja e o Governo estavam separados, o casamento reconhecido passava a ser o civil, casar só no religioso não chegava; e o governo federal cobrava impostos, coisa que o deixava revoltado.

Page 3: Trabalho Literatura

Gui: Euclides até conta que o Conselheiro fez uns atos de protesto político. Queriam prendê-lo, mas os jagunços dele botaram os soldados pra correr. Foi então que o Conselheiro decidiu ir pra Canudos.Jorge(pai): O que é que vocês estão fazendo aí?Gui: Que isso pai!? Você me assustou!Jorge(pai): Não foi minha intenção. Você não vai me apresentar aos seus amigos?Gui: Esta é a Martinha, que você já deve conhecer. Este é o Zé, colega novo...Jorge(pai): Já faz tempo, mas lembro que fiquei muito impressionado com esse livro. Mas ajudou-me bastante no meu trabalho como delegado. Zé, onde você mora?Zé: ... No Buraco...

-Queco chega na casa de Gui-

Queco: Eu jurava que o Zé cabrito não iria na sua casa. Aquilo é bicho do mato, cara. Sabe o que me disseram? Que ele mora no buraco.