trabalho história, veiga simão

8
José Veiga Simão foi umprofessor de Física e político português. Irmão do Tenente-Coronel Júlio Veiga Simão, Oficial da Ordem Militar de Avis a 8 de Janeiro de 1960 e Comendador da mesma Ordem a 2 de Maio de 1972. Licenciou-se em Ciências Físico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, em 1951, e doutorou-se emFísica Nuclear na Universidade de Cambridge, em 1957. Professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra a partir de 1961, foi nomeado reitor da Universidade de Lourenço Marques (que foi, praticamente, uma criação sua), em 1963. Regressou a Portugal em 1970, para assumir o cargo de ministro da Educação Nacional, que abandonaria com a Revolução dos Cravos. Durante aquele período, afirmou-se como defensor da democratização do ensino (por ex: iniciou-se o ensino misto no ensino primário) e foi responsável pela criação das universidades do Minho e Aveiro, em 1973. Foi embaixador de Portugal nas Nações Unidas, entre 1974 e 1975, ano em que se estabeleceu nos Estados Unidos. Durante a sua estada foi visiting fellow da Universidade de Yale, consultor do National Assessment and Dissemination Center e dirigiu a Portuguese Heritage Foundation. Quando regressou a Portugal foi presidente do Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial, de 1978 a 1983, e contratado como professor catedrático daUniversidade da Beira Interior, entre 1985 e 1992. Voltou ao exercício de funções políticas na III República Portuguesa — eleito deputado à Assembleia da República, pelo Partido Socialista, em 1983, assumiu o cargo de ministro da Indústria e Energia no Bloco Central, até 1985; em Novembro de 1997, António Guterres nomeou-o ministro da Defesa do XIII Governo Constitucional. Como ministro lançou um concurso internacional para a compra de dois submarinos para a marinha portuguesa em 1998.3 Morreu de doença prolongada no Hospital dos Lusíadas, em Lisboa no dia 3 de Maio de 2014.1 4

Upload: bruna-rodrigues

Post on 18-Dec-2015

5 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

awsdfghbjkm

TRANSCRIPT

Jos Veiga Simo foi umprofessordeFsicaepolticoportugus. Irmo doTenente-CoronelJlio Veiga Simo, Oficial daOrdem Militar de Avisa 8 de Janeiro de 1960 e Comendador da mesma Ordem a 2 de Maio de 1972. Licenciou-seem CinciasFsico-QumicasnaFaculdade de CinciasdaUniversidade de Coimbra, em 1951, edoutorou-seemFsica NuclearnaUniversidade de Cambridge, em 1957. Professor catedrticoda Faculdade de Cincias da Universidade de Coimbra a partir de 1961, foi nomeadoreitordaUniversidade de Loureno Marques(que foi, praticamente, uma criao sua), em 1963. Regressou aPortugalem 1970, para assumir o cargo deministro da Educao Nacional, que abandonaria com aRevoluo dos Cravos. Durante aquele perodo, afirmou-se como defensor da democratizao do ensino (por ex: iniciou-se o ensino misto no ensino primrio) e foi responsvel pela criao das universidades doMinhoeAveiro, em 1973.FoiembaixadordePortugalnasNaes Unidas, entre 1974 e 1975, ano em que se estabeleceu nosEstados Unidos. Durante a sua estada foivisiting fellowdaUniversidade de Yale, consultor do National Assessment and Dissemination Center e dirigiu a Portuguese Heritage Foundation.Quando regressou a Portugal foi presidente do Laboratrio Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial, de 1978 a 1983, e contratado como professor catedrtico daUniversidade da Beira Interior, entre 1985 e 1992.Voltou ao exerccio de funes polticas na III Repblica Portuguesa eleitodeputadoAssembleia da Repblica, peloPartido Socialista, em 1983, assumiu o cargo de ministro da Indstria e Energia noBloco Central, at 1985; em Novembro de 1997,Antnio Guterresnomeou-o ministro da Defesa doXIII Governo Constitucional. Como ministro lanou um concurso internacional para a compra de dois submarinos para a marinha portuguesa em 1998.3Morreu de doena prolongada noHospital dos Lusadas, em Lisboa no dia 3 de Maio de 2014.14Funes polticas e governativas[editar|editar cdigo-fonte] Ministro da Educao Nacional(1970-1974) Embaixador de Portugal nas Naes Unidas (1974-1975) Deputado pelo Partido Socialista pelo Distrito da Guarda (1983-1985) Ministro da Indstria e Energia (1983-1985) Ministro da Defesa Nacional (1997-1999)

Jos Veiga Simo (1929-2014) estabeleceu o direito Educao num pas que no era uma democracia. Ministro com Marcello Caetano, foi-o tambm aps o 25 de Abril, com Mrio Soares e Antnio Guterres.

O autor da reforma do ensino na dcada de 1970 que ficou conhecida com o seu nome, Jos Veiga Simo, morreu ontem aos 85 anos, vtima de doena prolongada. Aprendera a viver com o granito, a no dobrar.Fsico de formao e professor universitrio, foi visto como o comunista do regime pelos seus pares, no Governo de Marcello Caetano, onde ajudou a definir, com a sua poltica educativa, o que depois se viria a chamar de primavera marcelista. Mas passou a ser o homem de antigamente, nos governos socialistas em que foi ministro na era ps-25 de Abril, num percurso poltico marcado por rupturas, onde foi mal compreendido.Jos Veiga Simo nasceu na Guarda, a 13 de Fevereiro de 1929, licenciou-se em Cincias Fsico-Qumicas, doutorou-se em Fsica Nuclear pela Universidade de Cambridge. Com apenas 31 anos j era professor catedrtico na Universidade de Coimbra, algo que sempre desejou, mas que acabou por afast-lo da carreira de professor e p-lo na rota da poltica. Primeiro foi chamado por Antnio de Oliveira Salazar para ajudar a construir a primeira Universidade de Maputo, ento Loureno Marques, onde foi reitor. Mais tarde aceitou ser ministro da Educao Nacional, sucedendo a Jos Hermano Saraiva em 1970.Foi aqui que tentou operar uma mudana no ensino e no pas. Eu assumia que a nica possibilidade, a nica nesga de oportunidade que Portugal tinha para caminhar um pouco mais depressa para uma democracia inevitvel e desejvel era atravs da educao, disse, numa entrevista ao PBLICO em 2001.Como ministro da Educao, alargou a escolaridade obrigatria e gratuita para oito anos, lanou as bases do desenvolvimento do ensino, estabelecendo o direito educao, a igualdade de oportunidade e o acesso pelo mrito. Apostou muito na educao tcnica, que foi suprimida aps o 25 de Abril. Mas ficou tambm conhecido pelos gorilas, os vigilantes colocados em algumas faculdades da Universidade de Lisboa, a pior medida que tomou no meio de uma reforma que mudou, mais do que tudo, o ensino superior portugus.No incio dos anos 70 (do sculo passado), quando era reitor da Universidade de Loureno Marques, Veiga Simo tomou a deciso poltica de promover doutoramentos em Inglaterra, pois em Portugal demoravam muito tempo, recordou, ao PBLICO, Joo de Deus Pinheiro, ex-ministro dos Negcios Estrangeiros. Foi assim que Deus Pinheiro partiu de Moambique, onde foi assistente da Universidade de Loureno Marques entre 1970 e 1973, para Birmingham.O antigo ministro da Educao nos IX e X governos constitucionais destacou, tambm, uma consequncia destes doutoramentos. Foram os doutorados de Loureno Marques que mais tarde fizeram nascer as universidades do Minho, Aveiro, Beira Interior, Algarve e Nova de Lisboa, assinalou. Veiga Simo foi um homem decisivo no salto do ensino cientfico.Ele um preparador suave de uma mudana radical do pas, avaliou por sua vez Antnio Pedro Vicente, historiador jubilado, antigo professor da Universidade Nova de Lisboa, que foi amigo e trabalhou com Jos Veiga Simo mais tarde, depois do 25 de Abril, quando este formou o antigo Laboratrio Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (LNETI). Antnio Pedro Vicente relembra ainda da primeira vez que leu um artigo de Veiga Simo, num jornal, quando era ministro da Educao Nacional. Na altura, o historiador pensou: O Estado Novo est a acabar.Para o ex-ministro da Educao David Justino, as reformas de Jos Veiga Simo tiveram acima de tudo um impacto na nova universidade portuguesa, na reorganizao, reformulao e actualizao do ensino superior, disse ao PBLICO o actual presidente do Conselho Nacional de Educao. A reforma do ensino bsico e secundrio acabou por ficar suspensa devido s alteraes do ps-25 de Abril, acrescentou.Para Justino, ministro da Educao do Governo de Duro Barroso, Veiga Simo no fez uma democratizao do ensino. No se pode fazer uma democracia na educao se no existir uma democracia na sociedade, explicou, preferindo falar de uma abertura no ensino, numa altura em que o aumento da populao portuguesa exigia mais escolas.Depois do 25 de Abril, entre 1974 e 1975, Jos Veiga Simo foi embaixador de Portugal nas Naes Unidas, mas rejeitou um convite de Antnio de Spnola para ser primeiro-ministro. Quando regressou a Portugal, presidiu ao LNETI at 1983. Voltou ento poltica a convite do PS e foi ministro da Indstria e Energia at 1985, quando Mrio Soares era primeiro-ministro. Em 1997, voltou a ser convidado para o Governo por Antnio Guterres, desta vez para a pasta da Defesa Nacional, onde permaneceu at 1999. Saiu aps apolmica do envio de documentos sobre os servios secretos portugueses, em que constava uma lista completa de elementos operacionais.

Hoje, gostava de lembrar Veiga Simo como Ministro da Educao. Assumiu o cargo entre 1970 e 1974. Estvamos no final do Estado Novo e foi nesse contexto poltico improvvel que Veiga Simo se afirmou como reformador progressista.Governou a educao com sentido de urgncia e a noo de que no havia tempo a perder. So dele as seguintes palavras: Entretanto, uma verdade se sobrepe a todas: no podemos pedir que as crianas esperem por sistemas perfeitos, pelo que, e sem prejuzo dos planos do futuro, teremos de tomar medidas de emergncia para superar as carncias mais urgentes (Comunicao ao Pas, Janeiro de 1972).Veiga Simo abordava os assuntos como homem da cincia, valorizando o uso da informao e do conhecimento para o planeamento e a deciso poltica. A sua reforma das universidades a vrios ttulos exemplar. Baseou-a no estudo pioneiro dirigido por Sedas Nunes sobre os problemas das universidades no contexto nacional e internacional. A reforma que quis fazer teve como princpio fundador a diversidade. Diversidade de instituies, de cursos e de programas, tendo em vista o alargamento do acesso ao ensino superior e a criao de um ambiente mais competitivo, ou seja, menos protegido de uma sadia concorrncia entre instituies. Entre outras medidas, criou novas instituies de ensino superior e universitrio, regionalmente distribudas e abertas a novas reas do saber, funcionando num quadro de maior abertura. Acabou, assim, o monoplio das cidades de Lisboa, Porto e Coimbra no ensino superior, o que valeu ao ministro fortes crticas vindas das universidades e do prprio Governo. H 40 anos os crticos diziam que a sua reforma teria como consequncia, e cito um deles: A degradao do ensino universitrio; a paralisao da investigao cientfica; o abandono por parte da instituio universitria da posio de vanguarda que sempre lhe pertenceu. Isto simplesmente porque a frequncia de milhares de alunos de nvel cada vez mais baixo tolheria o corpo docente para o estudo e para a investigao; a massificao mataria a ideia de universidade formadora de elites sem as quais o pas seria condenado.As instituies universitrias e unidades de investigao que hoje existem fazem a prova de que, em resultado das decises de Veiga Simo, novas geraes de professores e novas instituies, ento criadas ou reformadas, funcionando num quadro mais competitivo, ajudaram a modernizar o pas e a cumprir os objectivos de mudana com que justificou a sua reforma.Hoje, como h 40 anos, as universidades enfrentam desafios de mudana. Desafios que decorrem das exigncias da integrao no espao europeu e da necessidade de se manterem como instituies relevantes e motores da mudana social e econmica. Hoje, como h 40 anos, esto na ordem do dia debates antigos como o da dimenso ptima das instituies, tendo em conta as exigncias da governabilidade e da utilizao eficiente dos recursos pblicos, ou o da oposio entre diversidade e especializao ou, ainda, e mais recorrentemente, o da falsa dicotomia entre quantidade de alunos e qualidade do ensino.O receio da mudana e da competio potencia muitas vezes o pendor mais conservador das instituies e acorda fantasmas que pensvamos h muito enterrados. Revisitar os estudos e os debates que estiveram na base da reforma das universidades empreendida h 40 anos por Veiga Simo seria um bom uso da histria e da memria. Certamente encontraramos velhos debates, temas e argumentos. Mas encontraramos tambm a demonstrao da possibilidade de induzir mudanas sociais efectivas com boas polticas pblicas. Esse o legado maior de Veiga Simo.