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ECG/TCE Escola de Contas do TCE/RJ

Ps-Graduao em Gesto Pblica e Controle Externo

Disciplina: Perspectivas do Controle Externo

Professor: Carlos Roberto Freitas Leal

Aluno: Paulo Pimentel WulhynekEconomicidade

A economicidade foi introduzida como princpio constitucional a partir da Constituio de 1988, em seu artigo 70, caput. Entretanto, pouco se tem debatido sobre este que um dos princpios mais importantes a serem observados pela Administrao Pblica. Como foi pouco debatido, sua compreenso tambm se encontra pouco desenvolvida. De igual modo, os mtodos que permitam verificar o respeito ao princpio, ou pelo menos a existncia de atos administrativos voltados sua busca, carecem de estudos mais profundos.

Portanto, necessrio entender o conceito, a fim de poder aplic-lo. Este o objetivo do presente texto. Para o trabalho, fizemos uso de conceitos, idias e exemplos retirados da obra de LIMA (2010).

Segundo LIMA (2010), foi TORRES (1991, apud LIMA 2010, p. 30) quem traduziu o termo economicidade do alemo. LIMA (2010) cita ainda que apenas na Lei fundamental alem e na Carta Magna brasileira existem disposies expressas sobre economicidade.

O conceito de economicidade vem da economia, com o significado bsico de economia de recursos. Ao transplant-lo para o Direito, na esfera administrativa, torna-se necessrio reanalisar e adaptar o conceito, a fim de que ele reflita adequadamente a idia que se deseja transmitir.

LIMA (2010) trabalha com dois conceitos de economicidade: um considerado mais restrito, e o outro, o mais amplo.

O conceito restrito, ou conservador, estabelece a economicidade como simples economia de recursos. Na medida em que o administrador consiga atingir seu objetivo empregando a menor quantidade de recursos possvel, o princpio da economicidade foi atingido. Caso contrrio, no. Tal conceito traz algumas dificuldades de aplicao porque, dependendo da situao, a economicidade pode ser atingida mesmo que no seja conseguido o menor preo, como o caso de emergncias ou fornecedores exclusivos. Alm disso, tal conceito de economicidade est atrelado lgica privatista. Como na esfera privada o objetivo maximizar o lucro, a economicidade alcanada revertida para a aplicao no prprio negcio. A Administrao Pblica, porm, muitas vezes foge a esta lgica privatista. o caso, por exemplo, da prescrio oramentria praticada no Brasil: a dotao oramentria que no for utilizada at o final do exerccio devolvida e os recursos no utilizados prescrevem. Assim, no atual modelo de administrao, economicidade acaba por significar eventual prejuzo, em razo de potencial reduo de recursos oramentrios para o exerccio seguinte.

Por outro lado, o conceito amplo trabalhado por LIMA (2010) estabelece, alm da modicidade dos gastos, a necessidade de avaliar o retorno social obtido com tal dispndio, ou seja, a relao custo-benefcio social. Para tal avaliao necessrio o desenvolvimento de instrumentos de avaliao. O principal deles, estabelecido no inc. IV do Art. 71 da Constituio Federal, e tambm trabalhado por LIMA (2010), a Auditoria Operacional (ANOP). A ANOP um tipo de auditoria que, alm de verificar a legalidade dos atos do administrador e, eventualmente, ensejar punies, tem, antes de tudo, o condo de olh-lo como colaborador essencial para o sucesso da auditoria. Ao final do trabalho, estabelecido um Termo de Compromisso entre o gestor do rgo e a equipe de auditoria, contendo implementaes administrativas que objetivam melhorias na qualidade dos gastos, que sero monitoradas, obrigatoriamente, aps o julgamento do relatrio de auditoria. Com este instrumento, a anlise de economicidade deixa de ser mera apurao matemtica e passa a ser um controle efetivo.

BIBLIOGRAFIA:

LIMA, Gustavo Massafera Ferreira. O Princpio Constitucional da Economicidade e o Controle de Desempenho pelos Tribunais de Contas. Editora Frum, p. 24, Belo Horizonte, 2010.

TORRES, Ricardo Lobo. O Tribunal de Contas e o controle da legalidade, economicidade e legitimidade. Revista do TCE-RJ, Rio de Janeiro, v. 13, n. 22, p. 37-44, jul. 1991.