trabalho de hematologia - leucemia falciforme
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FACULDADE DE MINAS – FAMINASCURSO DE BACHARELADO EM BIOMEDICINA
ANEMIA FALCIFORME
(Contexto histórico, fatores genéticos envolvidos e busca pelo tratamento)
Revisão Sistemática
Equipe:
Emerson Santos da Silva
Josué Amaro de Souza Júnior
Leticia Pazotti Castro
Luana Roque Mendes
Thailane Costa da Silva
OUTUBRO DE 2015MURIAÉ – MG
Trabalho apresentado como parte das
exigências da disciplina hematologia. Profa.
Christiane Mariotini, turma de biomedicina,
6º período.
Revisão Sistemática
Anemia Falciforme. Contexto histórico, fatores genéticos envolvidos e busca pelo
tratamento
Sistematic Review
Sickle Cell Anemia. Historical context, genetic factors involved and search for treatment
Unitermos: Anemia Falciforme
Uniterms: Sickle Cell Anemia
RESUMO:
A Anemia Falciforme é uma doença hereditária de maior prevalência no Brasil,
predominantemente em negros, podendo manifestar-se também em brancos. A doença
é caracterizada por uma alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem a forma
arredondada e elástica, adquirem o aspecto de uma foice e endurecem, dificultando a
passagem de sangue pelos vasos de pequeno calibre e a oxigenação dos tecidos, com
complicações clínicas que podem prejudicar o desenvolvimento, a qualidade de vida e
levar à morte. A Organização Mundial de Saúde estima que mais de 5% da população
mundial seja portadora de algum tipo de hemoglobinopatias, dentre essas encontramos
a anemia de células falciformes. Não há tratamento específico para a anemia
falciforme, nem mesmo conhecimentos sobre a cura, os portadores precisam de
acompanhamento médico constante, e quanto mais cedo for a descoberta da doença,
melhor será sua qualidade de vida, essa doença é predominante em negros, mas não
exclusivamente. Foi realizada uma revisão a partir de artigos do banco de dados do
scielo sobre anemia falciforme com dados sobre o contexto histórico da doença, sua
hereditariedade e a sobrevida de pacientes com anemia falciforme.
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ABSTRACT:
Sickle Cell Anemia is an inherited disease most prevalent in Brazil, predominantly
in black, which can be manifested also in white. The disease is characterized by a
change in red blood cells, which lose their rounded shape and elastic, acquire the
appearance of a sickle and harden, hindering the passage of blood through small
vessels and tissue oxygenation, with clinical complications that may affect the
development, quality of life and lead to death. The World Health Organization estimates
that more than 5% of the world's population is suffering from some sort of
Hemoglobinopathies, among these we find the sickle cell anemia. There is no specific
treatment for sickle cell anemia, or even knowledge of the cure, carriers need constant
medical follow-up, and the sooner is the discovery of the disease, the better your quality
of life, this disease is prevalent in blacks, but not exclusively.A review was carried out
from articles of scielo database about sickle cell anemia with data about the historical
context of the disease, their heredity and the survival rate of patients with sickle cell
anemia.
INTRODUÇÃO:
A anemia falciforme, do ponto de vista histórico, é do conhecimento da
humanidade desde os tempos imemoriais e constatadas como secular na África pelo
hábito existente em diversas tribos do continente de tatuar os portadores e os pacientes
para identificar a doença. O primeiro relato em relação à doença ocorreu nos Estados
Unidos da América em necropsias de pacientes nos quais se identificou agenesia
esplênica em afro-americanos com antecedentes clínicos crônicos similares ao da
anemia falciforme, e foi descrito por Herrick, em 1910, no qual se observou á
microscopia, o aspecto anômalo e alongado das hemácias (RUIZ, 2007).
Os processos migratórios e de colonização levaram a exportação do gene para
os povos mediterrâneos e americanos (WOLNEY, EVANDRO, DELMA, ANELISE, LUIZ
AUGUSTO, LUIZ JOSÉ, RAUL, 2013).
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A denominação anemia falciforme (SS) é caracterizada pela forma homozigótica
dominante da hemoglobina S, ou seja, o indivíduo recebeu um gene da hemoglobina
anormal S do pai e o outro da mãe. Quando um individuo recebe um gene para
hemoglobina normal (A) e o outro para hemoglobina anormal (S) , ele é portador do
chamado traço falcêmico (AS) (PILAR,ELIZABETH, PATRÍCIA, 2010).
Por se tratar de uma doença genética, a hereditariedade é uma questão
primordial, devendo o acompanhamento genético ser de importância fundamental na
orientação de tomada de decisões em realização a reprodutividade e compreensão de
demais aspectos da doença, a importância do aconselhamento genético para os
portadores do traço falciforme são fundamentais, pois as terapias genéticas são
limitadas e ainda não existe cura para essa doença (WOLNEY, EVANDRO, DELMA,
ANELISE, LUIZ AUGUSTO, LUIZ JOSÉ, RAUL, 2013), sendo que, devido à grande
morbidade e aos custos elevados no tratamento das complicações, existe um interesse
no estudo de novas terapias, como por exemplo, o uso terapêutico do óxido nítrico
inalatório (FÁBIO,CAMILA BARBOSA, CAMILA MARTIN, WANDERLEY, 2011).
A anemia falciforme foi a primeira doença monogênica humana caracterizada a
nível molecular, resultante da mutação do gene da β-globina (HBB) que leva à
substituição de ácido glutâmico por valina na posição 6 da cadeia da hemoglobina, suas
manifestações clínicas decorrem de maneira anormal (Hbs), polimerizando-se no
estado desoxigenado, deformando as células vermelhas, tornando as hemácias rígidas
e em forma de foice, ocorrendo a deformação do eritrócitos devido a alta concentração
de hemoglobina anormal (Hbs), com a perda do formato ocorre a obstrução vascular e
isquemia, devido a menor capacidade em fixar o oxigênio, levando a crises dolorosas,
síndrome torácica aguda, asplenia funcional e AVC; sofrem lesão da membrana com
hemólise crônica extravascular e intravascular (SANDRA, 2009).
As crises de dor crônica ou aguda, de diferente intensidade e recorrência
imprevisível, é um dos sintomas mais frequentes da doença e tendem a afetar a
qualidade de vida dos portadores da doença, as crises de dor interferem, sobretudo,
nas atividades do cotidiano. Pelo fato de ser uma doença genética, a anemia falciforme
requer, além do diagnóstico precoce, o autocuidado e a assistência multiprofissional, de
modo que o indivíduo acometido e a família sejam preparados para lidar com toda
sintomatologia dessa condição (TATIANE,CHRISTYNE, SÔNIA, KELY, 2013)
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Estima-se o nascimento de 700 - 1.000 novos casos anuais de afetados
sintomáticos da doença no país e para que o atendimento precoce ocorra, é necessário
que as pessoas estejam informadas sobre a existência da doença e consigam
identificá-la, sendo que a informação genética assume seu papel na composição da
gênese, por isso é fundamental que na fase neonatal seja realizado o teste do pezinho
para detecção e diagnóstico da doença (DÉBORA, CRISTIANO, 2006).
Correlacionou-se dentro do estudo o aprendizado de algumas disciplinas do
curso, como Biologia celular e Fundamentos da Biomedicina, também percebeu a
importância das várias disciplinas que ainda serão ministradas, como exemplo, a
Genética, que será fundamental para o conhecimento e entendimento mais detalhado e
aprofundado da doença.
O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática de pacientes com
anemia falciforme no período de 2004 a 2014.
MATERIAL E MÉTODOS:
Inicialmente foram identificados os trabalhos disponíveis na literatura científica.
Foram utilizadas como fonte de dados bibliográficos as bases de dados do Scielo
( https://www.scielo.br ), buscando-se as publicações disponíveis no período de dez
anos, entre os anos de 2004 a 2014. Os seguintes descritos foram utilizados na busca:
Anemia Falciforme.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Encontrou-se um total de 102 artigos no período de 2004 a 2014 e foram
selecionados 19 de acordo com o tema abordado. Dos 19 artigos 8 foram selecionados,
pois especificaram melhor sobre o tema.
Dos oito artigos selecionados, foram apresentadas análises em indivíduos
afetados sobre a doença, tanto adultos quanto crianças, contexto histórico,
desenvolvimento da doença, dificuldades tanto dos acometidos pela mesma quanto dos
cuidadores, deficiências e possível tratamento. Apesar da anemia falciforme ser uma
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doença hereditária de maior prevalência no Brasil, a literatura nacional carece de
investigações a respeito dos seus aspectos de saúde pública (ROBERTO, ANTONIO,
ROOSEVELT, 2006).
Percebeu-se também o desconhecimento acerca das doenças hereditárias mais
frequentes em nosso meio, pela classe médica, além de uma visão social distorcida
destes problemas, sendo necessária a prevenção, orientação e a organização de
programas de detecção de hemoglobinopatias hereditárias em berçários, maternidades
e em medicina ocupacional (RUIZ, 2007).
Segundo CÍNTIA e GABRIELA (2010), por se tratar de uma doença genética que
já se tornou problema de saúde pública o aconselhamento genético possui importância
fundamental, pois tem o intuito de orientar os pacientes portadores do traço falciforme
sobre a tomada de decisões em relação à produtividade e ajudar a compreender outros
aspectos da doença, como o sofrimento, tratamento, prognóstico, etc., sendo esse
aconselhamento genético importante principalmente para os portadores do traço
falciforme (heterozigotos), como forma de prevenção, pois as terapias gênicas são
limitadas e ainda não há cura para esta doença.
O diagnóstico foi um dos principais aspectos examinados. Os maiores
problemas do paciente adulto com anemia falciforme este concentrado em aspectos
econômicos, sobretudo na falta de oportunidades profissionais, apesar de os mesmos
poderem participar do mercado de trabalho, desde que estejam recebendo tratamento
médico adequado e exerçam funções compatíveis com suas limitações e
potencialidades (ROBERTO, ANTONIO, ROOSEVELT, 2006).
Segundo Ruiz (2007), o preconceito é um fator que dificulta a execução do
trabalho, pelo sentimento racial existente quanto à anemia falciforme sendo que a
mesma não é uma doença exclusiva dos negros, e, no entanto, já assumiu caráter de
doença de saúde pública, demonstrando a necessidade de assim ser encarada.
Tornou-se mais evidente esta informação, pois de acordo com WOLNEY, EVANDRO,
DELMA, ANELISE, LUIZ AUGUSTO, LUIZ JOSÉ, RAUL, (2013), o paciente com a
anemia falciforme pode variar do fenótipo de olhos verdes e cabelos loiros ao negro,
isso se dá devido a intensa miscigenação racial no Brasil, sendo que na região
metropolitana do Rio de Janeiro, encontram-se entre 12 a 14,4% de falcêmicos brancos
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SANDRA (2009) relata que todos os pacientes apresentam o mesmo defeito
molecular, e existe considerável variabilidade fenotípica entre eles, havendo casos de
extrema gravidade, com morte precoce na infância e casos com poucas complicações e
perspectiva de vida próxima ao normal.
PILAR, ELIZABETH, PATRÍCIA (2010), ressaltam também em relação ao estado
nutricional desfavorável de nutrientes (vitamina A, D, B6, Folato, cálcio e zinco) entre
crianças portadoras de anemia falciforme.
Já WOLNEY, EVANDRO, DELMA, ANELISE, LUIZ AUGUSTO, LUIZ JOSÉ,
RAUL, 2013, relatam que o diagnóstico tardio, feito geralmente na adolescência, poderá
lesionar órgãos, como, coração, baço e rins, interferir na vida escolar de 28,7% e na
vida profissional de 62,5% dos doentes, acarretando dependência financeira, tendo
assim uma expectativa de mortalidade 17 vezes maior que a população normal
CONCLUSÃO:
Diante de vários relatos e casos de pacientes com anemia falciforme, percebeu-
se que a doença se manifesta de forma hereditária, iniciando na fase neonatal e na
maioria das vezes sendo diagnosticado somente na adolescência ou na fase adulta, o
que dificulta o tratamento da doença. Não é uma doença exclusiva dos negros, apesar
de ser mais frequente nos mesmos, pode-se manifestar também em brancos, visto que
é uma doença de cunho genético.
Não existe cura e nem tratamento específico, existe interesses em estudos de
novas terapias com o óxido nítrico inalatório, devido ao alto custo no tratamento e
complicações desses pacientes. Se detectada logo após o nascimento, na realização
do teste do pezinho, será mais fácil ser tratada, tendo o paciente uma melhor qualidade
de vida e maior sobrevida.
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