trabalho de direito unic modelo

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1 IRIO RAIMUNDO JUNIOR OS TÍTULOS DE CRÉDITO E SUA APLICABILIDADE NO COMÉRCIO ELETRÔNICO Cuiabá UNIVERSIDADE DE CUIABÁ - UNIC Faculdade de Direito Campus Barão 2007 / 2

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Page 1: Trabalho de Direito Unic Modelo

1

IRIO RAIMUNDO JUNIOR

OS TÍTULOS DE CRÉDITO E SUA APLICABILIDADE NO COMÉRCIO

ELETRÔNICO

Cuiabá

UNIVERSIDADE DE CUIABÁ - UNIC

Faculdade de Direito

Campus Barão

2007 / 2

Page 2: Trabalho de Direito Unic Modelo

2

IRIO RAIMUNDO JUNIOR

OS TÍTULOS DE CRÉDITO E SUA APLICABILIDADE NO COMÉRCIO

ELETRÔNICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Direito da Universidade do Cuiabá – UNIC - Campus Barão, para obtenção do grau de Bacharel em Direito, orientado pelo Profª. MSc. MARLI TERESINHA DEON SETTE em 2007.

Cuiabá

UNIVERSIDADE DE CUIABÁ - UNIC

Faculdade de Direito

Campus Barão

2007 / 2

Page 3: Trabalho de Direito Unic Modelo

3

UNIC

UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

Reitor Dr. ALTAMIRO BELO GALINDO

Pró-Reitora Acadêmica

Dra. CÉLIA CALVO GALINDO

FACULDADE DE DIREITO

Diretor

Dr. ANTONIO ALBERTO SCHOMMER

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Coordenador da disciplina de Monografia Jurídica

FREDERICO CAPISTRANO DIAS TOMÉ

Professores da banca:

..............................................................

..............................................................

..............................................................

Raimundo Junior, Irio

Os títulos de crédito e sua aplicabilidade no comércio eletrônico. Cuiabá: UNIC –

Departamento de Direito, 2007.

Trabalho de Conclusão do Curso de Direito orientada pela Prof. MSc.

Marli Terezinha Deon Sette, com defesa em Banca Examinadora ocorrida em ____

de ____________ de 2.007

1. Direito Empresarial 2. Direito Cambiário 3. Títulos de Crédito 4. Titulo

CDU xx:xxx.x

Page 4: Trabalho de Direito Unic Modelo

4

UNIC – UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

Os títulos de crédito e sua aplicabilidade no comércio eletrônico

Irio Raimundo Junior

BANCA EXAMINADORA

__________________________________

Prof.

Orientador

__________________________________

Profº.

__________________________________

Profº.

Cuiabá, ____ de _____________ de 2.007

Page 5: Trabalho de Direito Unic Modelo

5

DEDICATÓRIA

Àos meus Filhos Bianca e Rodrigo que, independentemente

da distância, me incentivaram a superar um a um todos os

novos desafios que a cada dia fui submetido.

À minha Mãe Amélia e meu Irmão Vinícius, pelo

comprometimento mútuo na consolidação de nossos anseios.

Aos verdadeiros Amigos, que me incentivaram a seguir

quando nem eu mais acreditava que conseguiria.

Page 6: Trabalho de Direito Unic Modelo

6

AGRADECIMENTOS

A Deus, e a quem está ao seu lado, que sempre me estimulam a seguir e cumprir o

meu propósito neste mundo.

À minha Orientadora Profª. Marli Deon, pela atenção que dedicou não só a esse

trabalho, mas sim a todos os momentos de convivência dentro e fora da Faculdade,

que culminaram com a possibilidade de conclusão deste curso .

Aos Demais Mestres que, ao mesmo tempo nos mostram uma possibilidade de

resolver os questionamentos sociais, nos mostram também a dura realidade que

teremos que enfrentar em nossa nova vida profissional.

Aos Colegas de Classe, pela paciência e compreenção nestes 5 longos anos de

convivência, e que, com certeza, ficarão marcados em cada um de nós.

Page 7: Trabalho de Direito Unic Modelo

7

“ O fundamento da Justiça é a fé, isto é, a

constância e a sinceridade de manter as coisas ditas

e convencionadas” (Cícero)

“ Olhamos para a verdade... não para aquilo que

alguém tem imaginado”. (Ulpiano)

Page 8: Trabalho de Direito Unic Modelo

8

R E S U M O

O comércio eletrônico a cada dia mais nos é imposto, seja pela facilidade do

consumidor, pela praticidade para o fornecedor, bem como pela confiabilidade de

nossas instituições financeiras, mas principalmente pelo avanço tecnológico que

alcançamos, e que impreterivelmente iremos ainda suplantá-lo. Se conseguirmos

adequar as nossas modalidades cambiárias, nossos titulos de crédito, à

modernidade existente, as relações comerciais a cada dia terão uma maior

confiança e segurança. Evidentemente que só isso não bastará, teremos que

adequar nossas leis a essa nova realidade, contudo só as leis não bastarão,

teremos sim que reavaliar alguns conceitos doutrinários e quem sabe até modificá-

los, pois certos conceitos atualmente destoam da realidade operacional do comércio

eletrônico, contudo não estão violando nenhuma legislação vigente. O comércio

eletrônico é uma ferramenta cada vez mais essencial ao ritmo econômico mundial,

uma vez que com ele desfazem-se as barreiras geográficas, tudo é instantâneo e

com isso a aplicabilidade do direito tem que se adequar. sob pena de não termos

mais a segurança de nossos direitos quando houver alguma lide nesses tipos de

negociação. O que nos enseja a refletir sobre a necessidade maior de rever

conceitos doutrinários que independentemente de sua importância e coerência, ter-

se-ão necessáriamente a adequação junto a nova realidade comercial vigente, e

principalmente a futura.

Palavra Chave: títulos de créditos, mundo virtual, comércio eletrônico, contratos

eletrônicos, duplicata virtual.

Page 9: Trabalho de Direito Unic Modelo

9

S U M Á R I O

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 10

2 TITULOS DE CRÉDITO ............................................................................. 12

2.1 CRÉDITO .................................................................................................. 12

2.2 TITULOS DE CRÉDITO ............................................................................ 14

2.3 CARACTERISTICAS FUNDAMENTAIS .................................................... 17

2.3.1 Literalidade .............................................................................................. 17

2.3.2 Autonomia ................................................................................................ 20

2.3.3 Cartularidade ........................................................................................... 23

3 COMÉRCIO ELETRÔNICO ....................................................................... 25

3.1 MUNDO VIRTUAL ..................................................................................... 25

3.2 CONTRATOS ELETRÔNICOS ................................................................. 26

3.2.1 Tipos de Comércio Eletrônico ................................................................ 29

3.2.2 Projetos de Lei para Regulamentar o Comércio Eletrônico ................ 31

3.2.3 O Anteprojeto de Lei da OAB..................................................................34

3.2.3.1 Documento Eletrônico como Meio de Prova..............................................34

3.2.3.2 Assinatura e Certificados Eletrônicos.........................................................36

3.2.3.3 O Endosso Eletrônico.................................................................................39

4 DUPLICATA CARTULAR E DUPLICATA VIRTUAL ................................. 40

4.1 HISTÓRICO .............................................................................................. 40

4.2 CARACTERISTICAS ................................................................................. 41

4.3 DUPLICATA VIRTUAL .............................................................................. 43

4.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA DUPLICATA VIRTUAL................45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................46

6 BIBLIOGRAFIA......................................................................................... 47

Page 10: Trabalho de Direito Unic Modelo

10

1 - INTRODUÇÃO

O escopo deste trabalho é buscar literaturas disponíveis sobre OS

TÍTULOS DE CRÉDITO E SUA APLICABILIDADE NO COMÉRCIO VIRTUAL e

suas consequências na sociedade e nas relações jurídicas, sejam tanto legais

quanto doutrinárias.

Hodiernamente, com as evoluções tecnológicas surgidas no meio do Século

XX, os títulos de crédito que, em uma definição sintética, são documentos que

representam uma obrigação de pagar, têm exigido novas reflexões sobre o assunto.

Os ordenamentos jurídicos têm sido obrigados constantemente a rever alguns

conceitos, sejam eles legais ou até mesmo doutrinários, afim de que possa haver

confiabilidade entre as partes, a respeito do direito de cada um nas operações cada

vez mais informatizadas e menos cartularizadas.

Essa reflexão é muito importante, pois, sem os títulos de crédito não se

chegaria ao atual estado da economia mundial. Como assevera WALDIRIO

BULGARELLI, os títulos de crédito representam o principal instrumento de circulação

da riqueza. Contudo a nova formas de relações comerciais, hoje eminentemente

virtuais, e independentemente dos riscos de segurança no mundo cibernético, nos

fazem crer que o direito e a informática tem que estar necessariamente caminhando

na mesma direção.

Para o desenvolvimento do estudo foram utilizados, primeiramente uma

explanação teórica de títulos de crédito, seguida por uma avaliação do mundo

virtual, bem como suas possíveis alterações, e por fim um comparativo entre a teoria

(doutrina) e a realidade (lei adequada ao mercado). O estudo foi dividido em

introdução, capitulo I, capitulo II, capitulo III e conclusão.

O primeiro capítulo traz Contextualização e Conceitos de Crédito e

Títulos de Crédito, com suas principais caracteristicas e princípios fundamentais.

No segundo capítulo aspectos sobre o Comércio Eletrônico, onde

analisaremos as circunstâncias de sua criação, bem com suas características e

finalmente os projetos de Lei em tramitação que visam a sua regulamentação.

Page 11: Trabalho de Direito Unic Modelo

11

O terceiro capítulo fazemos um comparativo entre a Duplicata Cartular e

a Duplicata Virtual , onde entenderemos a intenção do legislador na flexibilização

de alguns preceitos doutrinários em prol de uma agilização no comércio de titulos de

créditos na era da informática.

Finalmente concluindo o presente estudo, algumar considerações são

traçadas sobre Os Títulos de Crédito Virtuais, sua importância no cenário atual e

as necessidades de adequação do meio jurídico a esses novos mecanismos de

crédito.

Page 12: Trabalho de Direito Unic Modelo

12

2 - TÍTULOS DE CRÉDITO

2.1 CRÉDITO

O crédito tem seu fundamento na fidúcia, na idéia da confiança aplicada aos

negócios; nasce da qualidade da pessoa que promete e a ele se obriga. A própria

palavra crédito, do latim creditum, que decorre da expressão credere, significa

"confiar", "ter fé".

Em sua acepção econômica o crédito significa a confiança que uma pessoa

deposita em outra, a quem entrega coisa sua para que, em futuro, receba coisa

equivalente. O dinheiro é um instrumento de troca por excelência, e o que

caracteriza a operação creditória é a troca de um valor presente por um valor futuro.

As modalidades essenciais do crédito são mútuos que implicam a troca ou

permuta e a venda a prazo.

No mútuo, o credor troca a sua prestação atual pela prestação futura do

devedor. Do mesmo modo, na venda a prazo, o vendedor troca a mercadoria, que

representa um valor presente e atual, pela promessa de pagamento, que se obriga o

comprador a realizar e que traduz uma prestação futura.

O traço característico do crédito está na espera da coisa nova, que irá

substituir a coisa vendida ou emprestada. Temos, então, dois elementos

fundamentais que decorrem da troca de um valor presente e atual por um valor

futuro: confiança e tempo.

A confiança gozada por uma pessoa no ânimo daquela de quem se vai

tornar devedora em virtude da entrega atual da coisa, que vai ser transformada em

prestação futura, fundamenta o próprio conceito de crédito, em seu aspecto

econômico.

O tempo constitui o prazo, o intervalo, o período que medeia entre a

prestação presente e atual e a prestação futura.

Page 13: Trabalho de Direito Unic Modelo

13

O crédito é o meio pelos quais aqueles que não dispõem de dinheiro

conseguem obter coisas. A utilização do crédito evidenciou o problema da circulação

dos direitos creditórios. A união patrimônio e pessoa, sendo o patrimônio um

acessório da pessoa, caso esta contraísse dívidas, a obrigação pecuniária assumida

em tempos passados ficava sem solução, uma vez que a própria pessoa deveria

cumpri-la. Aparece o crédito como elemento novo a facilitar a vida dos indivíduos e,

conseqüentemente, o progresso dos povos.

Difícil era a circulação dos capitais através do crédito; criaram-se, então, os

títulos de crédito, em que os capitais, pela rápida circulação, tornam-se mais úteis e,

portanto, mais produtivos, permitindo que deles melhor se disponha a serviço da

produção de riquezas.

Page 14: Trabalho de Direito Unic Modelo

14

2.2 TITULOS DE CRÉDITO

Os títulos de crédito surgiram na Idade Média, com algumas das

características que possuem hoje. O seu nascimento foi mais um fruto de

necessidades momentâneas de caráter mercantil, do que um procedimento visando

especialmente à evolução de um problema jurídico.

O crédito tem origem em nossa história como meio de fomentar a atividade

comercial e hoje a atividade empresarial, TÚLIO ASCARELLI ressaltava que:

“Nos encontramos em uma economia creditória e nela os títulos constituem a construção mais importante do direito comercial moderno”.

1

E complementando, WALDIRIO BULGARELLI dizia que: “A importância do crédito para o desenvolvimento da economia tem sido destacada unicamente, tanto por economistas como pelos juristas, que vêem nele o responsável pelo crescimento da economia das nações, em geral, e das empresas e suas operações, em particular”.

2

Esse entendimento reforça a tese que já sustentamos de que a empresa é

hoje a principal fonte de desenvolvimento econômico de uma nação.

Tal entendimento é reforçado pelo pensamento de OLNEY QUEIROZ

ASSIS:

“A Constituição Federal, ao proclamar o princípio da livre iniciativa como fundamento da ordem econômica, atribui à iniciativa privada o papel primordial na produção ou circulação de bens ou serviços. A livre iniciativa, dessa forma, constitui a base sobre a qual se constrói uma ordem econômica, cabendo ao Estado apenas uma função supletiva(...)”

3

A empresa e o mercado se beneficiam do crédito justamente pela

possibilidade de sua circulação, o que acaba por afastar a necessidade imediata de

disponibilidade de moeda para as operações mercantis, ou seja, ao invés de

utilizarmos a moeda para circular a economia, utilizamos apenas o crédito, nesse

1 Teoria Geral dos Títulos de Crédito, São Paulo: Saraiva, 2ª edição, 1969

2 Títulos de Crédito, São Paulo: Atlas, 18ª edição, 2001, p. 17

3 Código Civil de 2002: a iniciativa privada e a atividade de produção ou circulação de bens ou serviços, Jus Navigandi, Teresina, a. 8, n. 231

Page 15: Trabalho de Direito Unic Modelo

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sentido TÚLIO ASCARELLI ressalta a importância do surgimento dos títulos na

economia internacional dizendo que “(...) o documento que o incorpora, marcou,

realmente, o início de uma fase importantíssima para a economia dos povos, que é a

circulação do crédito”.4

Com isso, é possível se concluir que o crédito criado inicialmente para

dinamizar as atividades mercantis, acabou por tornar-se responsável pelo

desenvolvimento econômico.

O Consagrado Jurista FRAN MARTINS ensina que:

O crédito, ou seja, a confiança que uma pessoa inspira a outra de cumprir, no futuro, obrigação assumida, veio facilitar grandemente as operações comerciais, marcando um passo avantajado para o desenvolvimento das mesmas” e em nível internacional, afirma o citado autor que “surgiu assim, o crédito como elemento novo a facilitar a vida dos indivíduos e,

consequentemente, o progresso dos povos.5

FRAN MARTINS, citando o Mestre CEZAR VIVANTE, conceitua que:

"Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele mencionado”.

6

A origem de uma obrigação representada por um título de crédito, segundo

FÁBIO ULHOA COELHO, pode ser:

a) Extracambial, que é o caso, por exemplo, de uma pessoa que pede emprestado um computador a um amigo e o devolve com defeito, decorrente do mau uso. Neste caso, a pessoa ao assumir a culpa, e sendo a importância devidamente quantificada, pode ter o valor da obrigação de pagar, representado pela a assinatura de um cheque ou uma nota promissória. b) Contrato de compra e venda ou mútuo, etc., no qual consta o valor da obrigação a ser cumprida. c) Cambial que é o caso do avalista de uma nota promissória.

7

4 Teoria Geral dos Títulos de Crédito, São Paulo: Editora Saraiva, 1969, p.221.

5 Títulos de Crédito, Rio de Janeiro: Editora Forense, 2002, p. 3.

6 Martins, Fran. Títulos de Crédito, Volume 1, 7ª edição, Editora Forense, p. 6

7 BORGES, João Eunápio, Títulos de Crédito. Rio de Janeiro, Forense, 1976, 2ª edição.

Page 16: Trabalho de Direito Unic Modelo

16

Dentre as principais características ou atributos que possuem os títulos de

crédito, que lhes dão agilidade e garantia, são:

a) Negociabilidade representada pela facilidade de circulação do crédito que o

título representa. Assim, um título de crédito pode ser transferido mediante

endosso (assinatura no verso do título, podendo o endosso, ser em preto

quando declara o nome do beneficiado, e em branco quando não o faz).

b) Executividade representativa da garantia de cobrança mais ágil quando o

credor resolve recorrer ao judiciário visando à satisfação do crédito. A

executividade assegura uma maior eficiência para a cobrança do crédito

representado.

Reiterando o conceito de CEZAR VIVANTE, o Código Civil (lei 10.406 de 10

de Janeiro de 2002) em seu artigo 887, define título de crédito como "documento

necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido". Este conceito,

justamente, nos traz os três princípios fundamentais dos títulos de crédito, ou seja,

do direito cambiário. São eles: a Cartularidade (documento necessário - original), a

literalidade (direito literal - valor expresso) e a Autonomia (direito autônomo -

independência).

Page 17: Trabalho de Direito Unic Modelo

17

2.3 CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS

Os títulos de crédito se caracterizam principalmente pelos princípios de

literalidade, autonomia e cartularidade.

2.3.1 Literalidade

A literalidade é o atributo do título de crédito pelo qual só vale aquilo que

nele está escrito sendo nulo qualquer adendo, assim, por exemplo, se uma pessoa

emite uma nota promissória com vencimento para trinta dias, não poderá por meio

de outro documento alterar a data do pagamento, pois é direito do credor

(beneficiário original ou endossatário) receber no vencimento estipulado.

CEZAR VIVANTE, em trecho já transcrito, explicitou com precisão a

literalidade, ao referir que o direito mencionado no título é literal, porquanto ele

existe segundo o teor do documento. Sem dúvida, melhor acolhida pela doutrina foi

à lição de MESSINEO: "o direito decorrente do título é literal no sentido de que,

quanto ao conteúdo, à extensão e às modalidades desse direito, é decisivo

exclusivamente o teor do título”. 8

Sendo assim, o título de crédito obedece rigorosamente o que nele está

contido. Essa literalidade funciona de modo que somente do conteúdo ou teor do

título é que resulta individuação e a delimitação do direito cartular.

Sendo o título de crédito um documento necessário para o exercício de um

direito, mister se torna que nele estejam expressos os seus limites e a sua

amplitude, a fim de que possibilitem ao credor a indispensável segurança, liquidez e

certeza jurídica.

8 MESSINEO apud LUCCA, Newton de. Aspectos da Teoria Geral dos Títulos de Crédito. São Paulo : Pioneira, 1979. p. 48

Page 18: Trabalho de Direito Unic Modelo

18

JOSÉ LUIZ DA SILVA MACHADO refere-se:

Ao atributo da literalidade sob dois aspectos: o primeiro significa que tudo o que está escrito no documento vale, podendo, dessa maneira, ser exigido do devedor (se alguém, por mera brincadeira, subscrever uma cártula, prestando aval ao emitente, não poderá, à época oportuna, caso o obrigado principal deixe de cumprir com a sua obrigação, recusar-se de pagá-lo, sob a alegação de não ter pretendido se obrigar ao opor a sua assinatura no documento). Já o segundo aspecto é negativo: tudo o que não estiver escrito num título não pode ser exigido de seu devedor (se, por exemplo, alguém promete ao possuidor de um título pagá-lo se o obrigado principal não o fizer, sem fazer constar essa declaração do documento, não poderá o credor compeli-lo a efetuar o pagamento).

9

A literalidade, então, pode ser encarada sob duplo enfoque: tanto pode atuar

favoravelmente ao credor do título de crédito, facultando a este exigir todos os

direitos nele mencionados, quanto, de idêntica maneira, em favor do devedor, já que

o credor está impossibilitado de pedir mais do que o estabelecido no documento.

Os ensinamentos de PAULO DA SILVA PINTO sobre o assunto em pauta:

Forte argumento no sentido de se reconhecer a literalidade no sistema anglo-americano é a existência da parol evidence rule, prevista em common law. De acordo com esta regra, não se admite prova testemunhal para contrariar ou modificar o teor de um documento em que se contenham os termos de um contrato. Há uma preferência absoluta em favor da prova documental. Diante dessa desaparece a possibilidade de recurso à prova testemunhal, sempre passível de vícios e incertezas. Como a cambial basta a si mesma, não se admite qualquer prova testemunhal para contrariar os seus termos.

10

De acordo com TULIO ASCARELLI:

O conceito de literalidade não foi bem aprofundado na doutrina brasileira, aliás, não há um único autor que tenha se preocupado com o assunto. Ele explica a literalidade na autonomia da declaração mencionada no título e na função constitutiva em que exerce a sua redação _ declaração cartular esta que se verifica submetida exclusivamente à disciplina decorrente das cláusulas constantes no próprio título. É esse o passo mais importante para a compreensão dos títulos de crédito e, conseqüentemente, para o entendimento de seu alcance.

11

9 MACHADO, op.cit., p. 63

10 PINTO, Paulo José da Silva. Direito Cambiário: Garantia Cambiária e Direito Comparado. Rio de Janeiro : Forense, 1948. p.57

11 TULIO ASCARELLI, op.cit., p. 56

Page 19: Trabalho de Direito Unic Modelo

19

Não basta, portanto afirmar, como fez CARVALHO DE MENDONÇA, com

bastante objetividade, que a literalidade tem como conseqüência não estar o

devedor obrigado a mais, nem o credor possuir direitos outros, além dos declarados

no título.12

Na realidade, a declaração cártular tem uma natureza constitutiva de um

direito autônomo e independente da relação fundamental e, não, como querem

alguns, inclusive CARNELUTTI, que o título de crédito seja simplesmente uma prova

dessa relação. O assunto, no entanto, transcende a esses limites. A justificação,

para tanto, reside na necessidade de se conferir à instituição do crédito certeza e

segurança jurídicas ao lado dos requisitos de agilidade e facilidade inerente ao bom

exercício do comércio.

Convém ainda lembrar que literalidade também não se confunde com

formalismo: ambos têm estrutura e funções diversas _ o formalismo é estabelecido

pela Lei e define o teor específico do documento sem o qual estará comprometida a

sua existência, enquanto a literalidade visa à subordinação dos direitos cartulares

unicamente ao teor do que está escrito, atribuindo relevância jurídica aos

elementos contidos na cártular.

12 MENDONÇA, op.cit., p.47.

Page 20: Trabalho de Direito Unic Modelo

20

2.3.2 Autonomia

Se for verdadeira a afirmação de que o atributo da literalidade não foi bem

estudado pelos doutrinadores nacionais, não é menos verdade que o mesmo

aconteceu com a autonomia.

O título de crédito é documento autônomo, pois, quando este é transferido, o

que é objeto de transferência é o título e não o direito que nele se contém.

Para JOÃO EUNÁPIO BORGES, autonomia não se confunde com

independência:

Quando nossa lei fala em autonomia e independência, não incidiu em redundância: a palavra autonomia foi empregada para traduzir a distinção entre a obrigação resultante da declaração cambial (a obrigação cartular) e a decorrente da relação fundamental, da causa determinante daquela declaração (compra e venda mútuo, desconto etc.). Mesmo inexistente ou insubsistente esta obrigação fundamental _ que deu origem ao título ou a sua transmissão _ pode ser eficaz a obrigação cartular que, embora conexa, é autônoma em relação àquela. E a palavra independência, no art. 43, refere-se à posição dos diversos obrigados, uns em relação aos outros. Vinculam-se todos solidariamente, obrigam-se todos individualmente pelo aceite e pelo pagamento, não se contaminando nem se invalidando cada obrigação pelos vícios (incapacidade, nulidade, falsidade, falsificação etc.) que possam tornar ineficaz qualquer das outras.

13

A autonomia foi criada em benefício da livre circulação dos títulos e, em

linhas gerais, a grande maioria dos juristas a situa na inoponibilidade das exceções

decorrente das Convenções extracartulares em relação ao terceiro de boa-fé _ o que

não está errado, porém cuida-se, nesse caso, apenas de um dos aspectos daquela

autonomia.

À autonomia consiste em considerar cada obrigação derivada do título de

crédito como independente e autônoma em relação às demais obrigações

constantes do título e em relação aos vínculos existentes entre os possuidores

anteriores e o devedor, sendo esta, um requisito fundamental para a circulação dos

títulos de crédito. Pela autonomia, seu adquirente passa a ser o titular do direito

autônomo, independente da relação anterior entre os possuidores.

13

BORGES, João Eunápio. Títulos de Crédito. 2. ed. Rio de Janeiro : Forense, 1976. p.124

.

Page 21: Trabalho de Direito Unic Modelo

21

A obrigação de cada participante no título é autônoma, e o obrigado tem

que cumpri-la, em favor do portador, nascendo daí o princípio, da inoponibilidade

das exceções, segundo o qual não pode uma pessoa deixar de cumprir sua

obrigação alegando (opondo exceções) suas relações com qualquer obrigado

anterior.

Todos que subscrevem um título de crédito assumem obrigações

independentes, distintas das contraídas por outros que, no mesmo título, opuseram

as suas assinaturas.

Destarte, a obrigação que é assumida numa letra de câmbio pelo sacador

não se confunde com a do aceitante; a do avalista independe da dos demais

obrigados. Todavia, como conseqüência, todos que a assinam são garantes do

pagamento. O consectário lógico, então, é de que, quanto mais o título venha a

circular, maior certeza terá o seu dono de receber a quantia nele mencionada no

vencimento estipulado, já que poderá acionar tanto o obrigado principal como

qualquer dos demais coobrigados.

Ao adquirir um título de crédito, passa o seu titular a ter um direito autônomo

e independente da relação anterior entre os possuidores, assim justificada por FRAN

MARTINS:

A obrigação, em princípio, tem a sua origem, nos verdadeiros títulos de crédito, em um ato unilateral de vontade de quem se obriga: aquele que assim o faz não subordina sua obrigação a qualquer outra por acaso já existente no título. Daí poder o portador, no momento oportuno, exigir de qualquer obrigado à realização da obrigação por ele assumida, desde que tenha praticado os atos determinados por lei.

14

PONTES DE MIRANDA alude à autonomia afirmando que:

A necessidade de assegurar a circulação cambiária levou à concepção da autonomia das obrigações cambiárias. Certamente, o título cambiário é unidade, e por vezes o designamos pela expressão ato unitário; mas, coexistente com a aparência do todo, há a aparência dos outros singulares, cujo despregamento resulta do fato mesmo das assinaturas, que são diversas e lançadas em diversos tempos. Seria sem história e, portanto, sem traços do tráfico, título em que, a despeito da multiplicidade das mãos por que andou, recebesse declarações bilaterais de vontade, sem lhes assegurar autonomia. O andar deu-lhe o ser solto _ soltura que se reflete como vimos na solidariedade cambiária.

15

14

MARTINS, Fran. Títulos de Crédito. 4.ed. Rio de Janeiro : Forense, 1985. v.1. p. 20-21

. 15

MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado. 2.ed. Rio de Janeiro: Borsoi, 1961. t. 2. p.119

.

Page 22: Trabalho de Direito Unic Modelo

22

TÚLIO ASCARELLI usa de clareza ao abordar a questão:

Estabelecendo que a proteção se dá em duas situações diferentes: (a) ao falar em autonomia, o que se quer afirmar é não poderem ser opostas ao subseqüente titular do direito cartular as exceções oponíveis ao portador anterior, decorrentes de Convenções extracartulares, inclusive, nos títulos abstratos, as causais e (b) ao falar em autonomia, também o que se quer dizer é não poder ser oposta ao terceiro possuidor do título a falta de titularidade de quem lho transferiu _ uma situação completa a outra. Com efeito, é de se observar que, admitida à autonomia, somente no último sentido, na aquisição a non domino, o adquirente não poderia restringir as exceções ao direito mencionado no título _ seu titular o teria da mesma forma _ independentemente da titularidade do próprio antecessor.

16

Afirma JOÃO EUNÁPIO BORGES:

Que o título de crédito não constitui fenômeno autônomo, desprendido da relação de débito e crédito que lhe deu origem e no qual se insere necessariamente. Há sempre um fundamento, uma causa de ordem econômica na origem da subscrição de um título de crédito: a relação fundamental. Assim, a obrigação que incumbe ao comprador de pagar a mercadoria comprada a prazo não se confunde com a que ele assumiu ao assinar, em virtude de tal compra, um título de crédito. Mesmo inexistente ou insubsistente aquela obrigação fundamental _ que deu origem ao título _ pode eventualmente ser eficaz a obrigação cartular que, embora conexa, é autônoma em relação àquela.

17

O direito que cada titular sucessivo vai adquirindo sobre o título e sobre os

direitos que nele estão mencionados é autônomo. A expressão autonomia, para a

maior parte da doutrina, indica que o direito do titular é um direito independente no

sentido de que cada pessoa, ao adquirir a cártula, recebe um direito próprio,

diferente do direito que tinha ou podia ter quem lhe transferiu o mencionado título.

Diversas são as teorias a respeito da autonomia, mas a que parece

predominar é a de que a relação existente entre o sujeito portador do título e o

documento é de natureza real. Assim considerado, o direito que surge da cártula,

tratando-se de um direito constitutivo, cada um dos proprietários da cambial o

adquire de forma originária, em uma relação real e não derivada de um acordo.

16 ASCARELLI, op.cit., p. 270. 17

BORGES, op.cit., p. 14.

Page 23: Trabalho de Direito Unic Modelo

23

2.3.3 Cartularidade

O título de crédito é sempre um documento representado por um pedaço de

papel – Cártula. Portanto cártula significa o direito (abstrato que se incorpora), que

se apresenta sob a forma de título. É a exteriorização do título por meio de um

documento. A exibição desse documento é necessária para o exercício do direito de

crédito nele mencionado.

O Princípio da Cartularidade, que nos dizeres de FÁBIO ULHOA “é a

garantia de que o sujeito que postula a satisfação do direito é mesmo o seu titular,

sendo, desse modo, o postulado que evita o enriquecimento indevido de quem,

tenha sido credor de um título de crédito, o negociou com terceiros ( descontou num

banco, por exemplo )”18.

A cartularidade decorre do atributo da autonomia. É em razão de ser o

direito mencionado no título literal e autônomo que a apresentação da cártula se faz

necessária para o exercício do direito.

Cartularidade é, pois, a imperiosa necessidade da apresentação do título

para o exercício do direito nele mencionado: "o credor deve possuí-lo, deve

apresentá-lo ao devedor e deve restituí-lo a este quando receber o respectivo valor”.

19

Sem a apresentação do título de crédito, não está o devedor obrigado a

cumprir a prestação respectiva. Indispensável, pois, para a exigibilidade do crédito é

a exibição do documento original.

Sobre o assunto, assim decidiram os Desembargadores do 1º Grupo de

Câmaras Cíveis do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo ao julgarem os

Embargos nº. 92.025:

A cambial deve ser efetivamente apresentada ao devedor para resgate, mesmo quando deixada em branco para cobrança, não se podendo supor renunciado esse direito do devedor, pelo silêncio, quando a falta de pagamento pode acarretar graves conseqüências, como a rescisão do compromisso, com perda das prestações pagas.

20

18 COELHO, Fábio Ulhoa; Curso de Direito Comercial – São Paulo: Saraiva, 2000.

19 PEREIRA, Pedro Barbosa. Curso de Direito Comercial. 2.ed. São Paulo : RT, 1968. v.2. p.136.

20 SÃO PAULO (ESTADO). Tribunal de Justiça. Deferimento do pedido. Embargos nº 92.025. Revista Forense, Rio de Janeiro, v. 191, p. 189, 1960

Page 24: Trabalho de Direito Unic Modelo

24

O direito, portanto, "não se encontra incorporado ao título", como quer

fazer preponderar JOÃO EUNÁPIO BORGES, "mas permanece em uma relação

de conexidade àquele”; 21 essa situação reveste-se de nitidez quando há a

hipótese de perda do título: o direito a sua recuperação está fora da cambial e funda-

se no vínculo jurídico existente entre credor e devedor; somente extingue-se ela no

instante em que o direito cartular for exercido, quando, então, ocorrerá a confusão

dos dois direitos (o direito cartular e o direito à recuperação). Enquanto não for

exercido o direito cartular, o direito à recuperação continua fora do título.

21 BORGES, op.cit., p. 12-13.

Page 25: Trabalho de Direito Unic Modelo

25

3 - COMÉRCIO ELETRÔNICO

3.1 MUNDO VIRTUAL

O desenvolvimento tecnológico, dos meios de comunicação e dos

computadores, nos trouxe uma nova visão jurídica para as relações oriundas dos

meios eletrônicos. Como tal utilização em grande escala é recente, temos que

analisar qual é o tipo de legislação é aplicável nestas transações.

Em face da crescente utilização por todas as classes sociais dos meios

eletrônicos, a legislação e o pensamento de nossos legisladores não está

caminhando na mesma sintonia e velocidade, ocorrendo assim situações onde a

legislação não sendo clara, dá abertura a interpretações onde podem ocorrer um

desequilibrio nas relações entre o fornecedor e o consumidor.

Sabemos que nossa realidade está intrinsicamente ligada a tecnologia, e por

isso devemos nos ater , as necessidades juridicas de adaptação a essa realidade.

Não podemos mais esperar tanto tempo para adequarmos nossas legislações as

transações comerciais existentes, pois se não, correremos o risco de inviabilizarmos

ou até impedirmos a realização de operações lícitas porém, ainda não

regulamentadas em nosso ordenamento juridico

É um grande desafio adequar a evolução do homem a regulamentação legal

de suas relações com os demais, porém o direito nasceu para adequar as relações

entre as pessoas, e eliminar as pendencias existentes entre eles. Portanto a cada

dia ao olharmos novidades acontecendo, devemos verificar também a sua

aplicabilidade e suas consequências em nossa legislação.

Page 26: Trabalho de Direito Unic Modelo

26

3.2 CONTRATOS ELETRÔNICOS

Antes de adentrar-mos no especificidade, relembramos o conceito de Contrato, segundo MARIA HELENA DINIZ22 é:

“o acordo entre a manifestação de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem juridica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações juridicas de natureza patrimonial.”

Já o comercio eletrônico, segundo ALBERTIN23

é: “a realização de toda cadeia de valor dos processos de negócio num ambiente eletronico, por meio de aplicação intensa de tecnologias de comunicação e de informação, atendendo aos objetivos do negócio.”

Para o MINISTERIO DA FAZENDA o comercio eletrônico é conceituado

como: “o conjunto de transações comerciais e financeiras realizadas por meio do

processamento e transmissão de informação, incluindo texto, som e imagem.”

Com o advento do comercio eletrônico, houve uma democratização das

relações de consumo, pois além de proporcionar a todos os segmentos socias a

oportunidade de utilizá-los, também proporciona a empresas de menor porte

competir no mercado em pé de igualdade no mundo virtual, é claro que guardadas

as devidas proporções em se tratando de diversidade, investimentos, recursos

fisicos e humanos.

Ainda assim temos que ressaltar que o comercio eletrônico desfez muitos

dogmas, uma vez que agora não basta apenas as empresas terem estrutura fisica e

diversidade para enfrentarem a concorrência, têm que ser extremamente ágeis,

uma vez que o mercado virtual está em constante alteração independente das

condições oriundas destas mudanças.

Cabe ainda ressaltar, que apesar de toda esta evolução, infelizmente boa

parte da população mundial ainda se encontra excluída do acesso aos avanços

tecnológicos como a internet. Independentemente de ações governamentais haverá

um fenomeno social muito preocupante, a chamada “exclusão digital”.

22

DINIZ, Maria Helena. Tratado teorico e pratico dos contratos

23

ALBERTIN apud BARBOSA, Lucio de Oliveira. Duplicata Virtual . São Paulo : Memoria Juridica, 2004. p. 74

Page 27: Trabalho de Direito Unic Modelo

27

Muito já se disse e um dos pensamentos mais conscientes hoje na

população mundial é que “no século XXI se não falarmos mais de um idioma,

especialmente o inglês, e não soubermos lidar com a informática, estaremos

totalmente desintegrados da sociedade.”

ERICA BRANDINI BARBAGALO enfatiza para que tenham validade juridica

e surtam os feitos pretendidos pelas partes, os contratos eletrônicos, assim como

quaisquer contratos, precisam ter presentes os requisitosque lhe asseguram a

validade , como capacidade e legitimação das partes, objeto idôneo e licitude do

objeto, forma prescrita ou não defesa em lei e consentimento.24

Uma das partes mais importantes na elaboração de contratos é identificação

das partes contratantes, que se dá por meios de assinaturas. Ao analisarmos os

contratos eletrônicos um dos problemas vislumbrados é o da assinatura digital nos

documentos.

Uma vez que o o espaço virtual não é totalmente seguro, a tecnologia criou

a assinatura digital , que consiste em uma combinação de letras, numeros e

simbolos, que se modifica a cada documento que for criado pelo software utilizado,

ou seja, a assinatura digital nunca vai se repetir.

Aparentemente nos dá confiabilidade esta forma de operação, contudo,

como os computadores conectados a internet estão vulneráveis a invasão por um

Hacker, entendo que não podemos ter certeza absoluta que o autor da confirmação

é realmente o contratante. Inclui-se ai os casos onde a má-fé do comprador não

consiga ser provada, e este ainda poderá pleitear alguma indenização, caso venha a

sofrer alguma sanção econômica por parte da outra parte contratante.

Ainda não temos legislação especifica sobre o assunto, mas o projeto de Lei

1.589/99 em seu artigo 14 manifesta-se sobre o tema:

“(...) considera-se original o documento eletronico assinado pelo seu autor mediante sistema criptográfico da chave pública”

24 BARBAGALO, Erica Brandini. Contratos Eletronicos. São Paulo. Saraiva, 2001.

Page 28: Trabalho de Direito Unic Modelo

28

A necessidade de regulamentação do comercio eletrônico é inquestionável,

uma vez que dará tranquilidade aos seus operadores, bem como irá definir como o

ordenamento jurídico reconhecerá e garantirá a executividade dos contratos

eletronicos.

O questionamento da regulamentação do comercio eletrônico é sob qual

forma deve-se dar: ele deve ser auto-regulamentável, ou seja as partes envolvidas

seriam reguladas pelas praticas e costumes comerciais sem o envolvimento do

Governo, ou co-regulamentável, em que tanto o Governo e o setor terão cada um

seu papel essencial.

Page 29: Trabalho de Direito Unic Modelo

29

3.2.1 Tipos de Comércio Eletrônico

O comércio eletrônico é dividido em dois tipos distintos de comércio, quanto

aos agentes que participam do mesmo, sendo eles; o B2C (Business to Costumer) e

o B2B (Business to Business).

Referente ao B2C, entende-se como sendo vendas diretamente ao

consumidor final, ou seja, diretamente do fornecedor ao consumidor. As empresas

vendem seus produtos e prestam seus serviços por meio de um web site a clientes

que os utilizarão para uso particular.

Em relação ao B2B, entende-se como sendo comercialização não para

usuário final, ou seja negócios entre empresas. As empresas podem intervir como

usuárias – compradoras ou vendedoras – ou como provedoras de ferramentas ou

serviços de suporte para o comércio eletrônico (por exemplo, instituições financeiras,

provedores de serviços de internet, etc).

Como se observa facilmente, a grande distinção que se tem entre esses dois

tipos de comércio é o fato de o B2C ser realizado entre pessoa jurídica, ou seja, o

fornecedor e uma pessoa física, o consumidor. No caso do B2B, o comércio se

realiza entre duas pessoas jurídicas diferentes.

É importante também neste momento, se fazer a distinção entre E-Business

e E-Commerce, pois estes são diferentes:

O E-Business é: toda aplicação on-line que oferece suporte a negócios, mas

que não precisa necessariamente concluir uma venda, ou seja, um E-Business não

é, obrigatoriamente, uma loja virtual.

Por outro lado o E-Commerce: refere-se à transações comerciais de

empresas direto para o cosumidor final, ou seja, é uma negociação comercial pela

internet. O termo “Business to Costumer” é muito usado para especificar uma loja

virtual hoje em dia.

Em se tratando de Sistemas Eletrônicos de Pagamentos, estes são os

objetivos máximos da inovação tecnológica buscadas pelo comercio eletrônico, pois

nela podem ser encontradas formas rápidas, de baixo custo, de comodidade e

segurança aos interessados.

Page 30: Trabalho de Direito Unic Modelo

30

Segundo ALBERTIN25, os sistemas de pagamentos classificam-se em:

I - Pré-Pago;

a. Dinheiro Eletrônico (E-cash);

b. Cartão Inteligente (Smart card);

II - Instantâneo;

a. Cartões de Débito;

b. Débito Direto;

III - Pós-Pago;

a. Cartões de Crédito;

b. Fatura;

c. Cheque Eletrônico;

d. Pagamento na Entrega.

Todos os sistemas de pagamento devem atender aos requisitos de

adequação como: aceitabilidade, anonimato, conversabilidade, eficiência,

integração, confiabilidade, escalabilidade, segurança e facilidade26.

Desta forma os sistemas de comercio eletrônico e de pagamento eletrônico

estão intimamente ligados, restando ainda sempre a preocupação de encontrarmos

um sistema totalmente seguro, uma vez que com a tecnologia que temos ainda

estamos vulnerável em algumas situações.

Algumas das mais importantes inovações em sistemas de pagamentos foram:

1950 - Introdução do Cartão de Crédito Diners Club

1967 - Westminster Bank instala a primeira ATM

1970 - New York Clearing House lança o Chips, transferência e

extrato on-line.

1970 - Chemical Bank lança o Pronto, computadores

domésticos via telefone.

1994 – DigiCach lança dinheiro digital on-line.

1995 – Lançamento do Mondex27

25 ALBERTIN Alberto Luiz. Comercio Eletronico, Atlas, 2004, p. 15

26 Barbosa, Lucio de Oliveira, op. cit., p. 88

27 ALBERTIN apud Barbosa, Lucio de Oliveira, op. cit., p. 85

Page 31: Trabalho de Direito Unic Modelo

31

3.2.2 Projetos de Lei para Regulamentar o Comércio Eletrônico

Um importante passo para a criação de leis foi a aprovação nos Estados

Unidos, da Lei Modelo da UNCITRAL28, em 08/06/2000, prevendo a liberdade na

elaboração de contratos eletrônicos, tendo como principio fundamental: não pode

ser negado efeito legal a assinatura, contrato ou outro meio relacionado a tal

transação somente por possuir forma eletrônica.

No Brasil o Poder Legislativo não está inerte em relação a temas tão

importantes como os documentos eletrônicos, as assinaturas digitais e as

autoridades certificadoras. Ao contrário, existem disposições normativas esparsas e

vários projetos de lei, em trâmite no Congresso Nacional, que se referem, direta ou

indiretamente, ao assunto.

Com base no Banco de dados do Centro Brasileiro de Estudos Jurídicos da

Internet (2002), seguem abaixo alguns desses Anteprojetos e Projetos de Lei:

a) Anteprojeto de Lei da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção São Paulo.

Dispõe sobre o comércio eletrônico, a validade jurídica do documento

eletrônico e a assinatura digital, e dá outras providências.

b) Projeto de Lei n° 1.589, de 1999.

O Projeto de Lei é de autoria do Deputado Luciano Pizzatto e outros, que

dispõe sobre o comércio eletrônico, a validade jurídica do documento

eletrônico e a assinatura digital, e dá outras providências.

c) Projeto de Lei n° 3.016, de 2000.

O Projeto de Lei do Deputado Antonio Carlos Pannunzio dispõe sobre a

conduta e responsabilidade dos Provedores de Acesso.

d) Projeto de Lei n° 84, de 1999.

Dispõe sobre os crimes cometidos na área de informática, suas penalidades

e outras providências.

28 A UNCITRAL (United Natios Commission on International Trade Law – Comissão das Nações Unidas sobre Direito do Comércio Internacional) é o orgão

da ONU encarregado da padronização mundial do Direito do Comercio Internacional. O texto integraldesta lei está disponível no site

www.uncitral.org/english/text/eletcom/ml-ec.htm.

Page 32: Trabalho de Direito Unic Modelo

32

e) Projeto de Lei nº. 1.713

Dispõe sobre os crimes de informática - Deputado Décio Braga.

f) Projeto de Lei nº. 1.483, de 1999 (apensado Projeto de Lei nº. 1.589, de 1999).

Institui a fatura eletrônica e a assinatura digital nas transações de comércio

eletrônico.

g) Projeto de Lei do Senado nº 672/99

Dispõe sobre a regulamentação do comércio eletrônico em todo o território

nacional, aplica-se a qualquer tipo de informação na forma de mensagem de

dados usada no contexto de atividades comerciais.

h) Projeto de Lei nº. 3891, de 2000.

Dispõe sobre o registro de usuários pelos provedores de serviços de acesso

a redes de computadores, inclusive à Internet. Foi elaborado pelo Sr. Julio

Semeghini.

i) Projeto de Lei nº. 3.360, de 2000.

Dispõe sobre a privacidade de dados e a relação entre usuários, provedores

e portais em redes eletrônicas.

j) Projeto de Lei nº. 2.358, de 2000.

Altera a Lei nº. 9.504, de 30 de setembro de 1997, dispondo sobre a

propaganda eleitoral por meio de Serviços de Valor Adicionado, inclusive

Internet, e dá outras providências.

k) Projeto de Lei nº. 4.906, de 2001.

Projeto de Lei do Deputado Júlio Semeghini que dispõe sobre comércio

eletrônico. Aprovado pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados

l) Projeto de Lei Complementar N° 208, de 2001.

Inclui item na Lista de Serviços a que se refere o art. 1° da Lei Complementar

n° 56, de 15 de dezembro de 1987 (provimento de acesso à Internet).

m) Projeto de Lei Complementar N° 209, de 2001.

Dá nova redação ao item 24 da Lista de Serviços a que se refere o art. 1° da

Lei Complementar n° 56, de 15 de dezembro de 1987.

n) Projeto de Lei nº. 6.210, de 2002.

Limita o envio de mensagem eletrônica não solicitada ("spam"), por meio da

Internet.

Page 33: Trabalho de Direito Unic Modelo

33

o) Projeto de Lei nº. 268, de 1999.

Dispõe sobre a estruturação e o uso de banco de dados sobre a pessoa e

disciplina o rito processual de habeas data.

p) Projeto de Lei nº. 1.806-A, de 1999.

Altera dispositivo do Código Penal para incluir no crime de furto o acesso

aos serviços de comunicação e acesso aos sistemas de armazenamento,

manipulação ou transferência de dados eletrônicos; tendo parecer da

Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, pela constitucional idade,

juridicidade, técnica legislativa e, no mérito, pela rejeição (Dep. JOSÉ

ROBERTO BATOCHIO).

q) Projeto de Lei nº. 3.587 de 2000.

Estabelece normas para a infra-estrutura de chaves públicas do Poder

Executivo Federal.

r) Medida Provisória nº. 2.200 de 2001.

Institui a ICP-Brasil (Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileiras) e dá

outras providências relativas à comunicação eletrônica.

s) Projeto de Lei nº.123 de 2003.

Apresentado em 20/02/2003 pelo Dep. Neuton Lima (PTB/SP) Veda a

transmissão a terceiros de dados relativos a pessoas naturais e jurídicas.

t) Projeto de Lei nº. 95 de 2003.

Apresentado em 01/04/2003 pelo Sen. Valmir Amaral (PMDB/DF) Dispõe

sobre a privacidade na Internet.

Page 34: Trabalho de Direito Unic Modelo

34

3.2.3 O Anteprojeto de Lei da OAB

A grande função do projeto de lei, feito pela OAB-SP e baseado na Lei

Modelo do UNCITRAL, foi tão somente viabilizar a contratação eletrônica segura

através da criação de assinaturas e certificados digitais, reconhecidos em cartório. A

seguir elucidaremos algumas dessas questões relacionadas com a utilização dos

documentos eletrônicos.

3.2.3.1 Documento Eletrônico como Meio de Prova

A maioria dos problemas concernentes aos documentos eletrônicos é

passível de ser superada. Seja pela releitura de velhos conceitos, seja pela inovação

legislativa que está por vir.

O Brasil tem um sistema probatório regido pelo princípio da livre apreciação

das provas pelo Juiz. Isto está expresso em nosso Código de Processo Civil, em seu

artigo 131. Diante dessa afirmação, nós poderíamos utilizar livremente os

documentos eletrônicos em nossos negócios da vida cotidiana, confiantes de que,

caso houvesse algum questionamento e este fosse remetido ao Judiciário, um Juiz

saberia apreciar o valor probatório de tais documentos.

O C.P.C., quando trata das provas documentais, traz em seu artigo 368 o

preceito de que as declarações constantes de documento particular, escrito ou

assinado, ou somente assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao signatário.

Já o artigo 371, inciso III, diz que não se presume autor do documento aquele que,

mandando compô-lo, não o firmou porque conforme a experiência comum não se

costuma assinar.

Acredito que se o Juiz tiver confiança no documento eletrônico apresentado,

pode perfeitamente aplicar os referidos diplomas legais para utilizar-se do

documento como um dos fundamentos de sua sentença.

Page 35: Trabalho de Direito Unic Modelo

35

Da mesma forma, temos o artigo 383, que versa sobre representações

mecânicas. Se o Juiz for muito ortodoxo e desconfiado da informática pode apoiar-se

neste diploma legal para utilizar os documentos eletrônicos. Caso seja contestada a

autenticidade do documento, proceder-se-á uma perícia, como normalmente é feito

com as demais representações mecânicas utilizadas como prova.

O mundo dos fatos não pára, não se limita ao defasado mundo do Direito.

Um exemplo muito claro disso é a utilização de uma página na Internet como meio

de prova. Se o delito é cometido na rede mundial, como prová-lo senão por meio de

documentos e rastros eletrônicos? Ficarão os crimes informáticos impunes só

porque a legislação processual se apresenta não de todo perfeitamente compatível

com os novos institutos? E a função integradora do juiz?

De qualquer forma, a utilização cada vez maior de documentos eletrônicos

na vida social fará de sua aplicação nos Tribunais não uma opção ou questão de

aceitação, mas um imperativo. Independentemente de regulação específica, os

documentos eletrônicos vieram para ficar e é obrigação dos órgãos judiciais estarem

preparados para lidar com eles.

Quanto à legislação que está por vir, ela é muito bem vinda, pois colocará o

Brasil em pé de igualdade com países como a Argentina, Estados Unidos, França,

Bélgica, Itália, Alemanha e Canadá, que já têm uma legislação sobre o assunto,

ainda que em alguns casos esteja limitada à utilização pelos órgãos da

administração pública. Além do que extirpará de uma vez todo e qualquer

preconceito que possa existir entre nossos magistrado e advogados em admitir o

documento eletrônico e a assinatura digital como elementos integrantes da nossa

vida social. 29

29 Gico Jr, Ivo T., Comércio Eletrônico, 2000.

Page 36: Trabalho de Direito Unic Modelo

36

3.2.3.2 Assinatura e Certificado Eletrônicos

A assinatura eletrônica é a marca capaz de identificar através de

averiguação eletrônica. Bem, a assinatura digital é uma espécie de assinatura

eletrônica. Mas qual seria a definição de assinatura digital?

A legislação alemã nos traz uma interessante definição, segundo a alínea 1,

do §2º do artigo 3º da Lei de Assinatura Digital, de 1º de Agosto de 1997:

"Assinatura digital" significa um selo afixado a dados digitais, o qual é gerado por uma chave privada de assinatura e comprovador do dono da assinatura e da integridade dos dados com o uso de uma chave pública de assinatura sustentada por um certificado de chave de assinatura utilizada, fornecida de uma autoridade de certificação, de acordo com o §3º desta Lei.

Os atuais programas de criptografia são capazes de cifrar um documento

eletrônico, seja ele texto (uma peça processual, um título de crédito eletrônico), som

(uma audiência gravada, uma confissão) ou imagem (uma fotografia, um documento

digitalizado) e marcá-lo com uma assinatura digital de tal forma que, se houver

qualquer alteração no documento, a chave pública não mais o abrirá, acusando a

falsificação.

Desse modo conseguimos a forma mais eficiente possível de garantir a

autenticidade de um documento eletrônico. O problema agora é quem garantirá que

determinada chave pertence à determinada pessoa. O controle das chaves tornou-

se a questão crucial da força probatória dos documentos eletrônicos.

Já existem várias empresas que realizam o trabalho de certificação das

chaves públicas, são as chamadas certificadoras digitais, que funcionam como

verdadeiros cartórios eletrônicos. O usuário registra sua chave pública na

certificadora e toda vez que se fizer necessária à comprovação da autenticidade,

basta que se envie eletronicamente a chave a ser autenticada e a empresa

confirmará ou não o proprietário.

Este serviço já é regulamentado em vários países e está em vias de sê-lo no

Brasil. O projeto de lei n.º 1.589, de 1999, visa a regulamentar o comércio eletrônico

e institui tanto a assinatura digital, como as certificadoras em nosso ordenamento.

Page 37: Trabalho de Direito Unic Modelo

37

O projeto de lei, se aprovado, acabará de uma vez com todos os

obstáculos impostos pelos doutrinadores e juizes à utilização do documento

eletrônico como meio de prova. 30

No entanto, apesar de o projeto ser benéfico para a sociedade brasileira,

perde-se uma grande oportunidade de dar fim, ou ao menos reduzir em muito, a

cartorização que existe no Brasil. Ao invés de aproveitar a oportunidade e permitir

que qualquer empresa, que obedeça a critérios técnicos e seja registrada, possa

realizar a atividade de certificação, o projeto de lei mantém o monopólio dos

cartórios, atribuindo aos tabeliães a prerrogativa de autenticar os documentos

eletrônicos. Qualquer autenticação realizada por empresa privada estaria excluída

do regime legal.

É o que diz o artigo 24, nos seguintes termos: “Os serviços prestados por entidades certificadoras privadas são de caráter comercial, essencialmente privados e não se confundem em seus efeitos com a atividade de certificação eletrônica por tabelião, prevista no Capítulo II deste Título.”

A própria OAB não poderia fazer um cadastro universal das chaves de seus

advogados, nem qualquer outra entidade de classe. Imaginem como não seria útil

que os advogados, ao receberem a carteira da Ordem também recebessem uma

chave exclusiva de advogado para utilização no dia a dia dos fóruns, ou para

comunicar-se com a própria entidade. Pelo texto a certificação até seria possível,

mas apenas para fins comerciais, o que torna impraticável nas hipóteses avençadas,

pois seria desprovido de fé pública o certificado da Ordem, ainda que as carteiras

valham oficialmente como documento de identidade. Pode emitir documento,

certificar assinatura de seus membros não.

Além disso, mantemos o problema dos preços dos cartórios e a

impossibilidade de se estabelecer uma verdadeira lei de mercado nas autenticações,

perdendo-se assim uma oportunidade de se reduzir os custos do comércio

eletrônico, que promete ser uma nova forma de competição entre as economias e é

vista por muitos como uma oportunidade para o crescimento dos países em

desenvolvimento.

30 Gico Jr, Ivo T., Comércio Eletrônico, 2000.

Page 38: Trabalho de Direito Unic Modelo

38

Uma das celeumas que sempre foi levantada quando se tratou de

documento eletrônico foi a questão da originalidade dos documentos dele

decorrentes, tanto pela impressão (ou materialização, nos termos do projeto), quanto

pela digitalização de documentos cartulares preexistentes. Os juristas em geral

afirmam que o documento eletrônico não é um original, mas cópia não autenticada.

Por isso, em caso de impugnação, seria necessária a apresentação do original.

O futuro artigo 14 resolve este problema da seguinte forma: “Considera-se original o documento eletrônico assinado pelo seu autor mediante sistema criptográfico de chave pública. §1° - Considera-se cópia o documento eletrônico resultante da digitalização do documento físico, bem como a materialização física de documento eletrônico original. §2° - Presumem-se conforme o original as cópias mencionadas no parágrafo anterior, quando autenticadas pelo escrivão na forma dos art. 33 e 34 desta lei. §3° - A cópia não autenticada terá o mesmo valor probante do original, se a parte contra quem for produzida não negar conformidade.”

De qualquer monta, uma vez promulgada a Lei, não haverá juiz no país que

negue o valor probatório dos documentos eletrônicos. A positivação trará maior

segurança jurídica aos agentes econômicos e aos milhões de usuários da Internet

no Brasil.

Page 39: Trabalho de Direito Unic Modelo

39

3.2.3.3 O Endosso Eletrônico

Uma grande questão que não foi tratada em nenhum projeto de lei, é a

necessidade de criação de um endosso eletrônico para os títulos de crédito

eletrônicos. Principalmente na área de comércio exterior, na qual este instituto é

amplamente utilizado nas operações de financiamento e transporte. Neste caso, em

que o conhecimento de embarque é um instrumento essencial, a utilização de meios

eletrônicos seguros poderia impulsionar o comércio internacional. 31

Atualmente, através de sistemas baseados na Internet, as empresas de

transporte já fornecem informações através das quais o emissário pode preparar o

contrato de transporte antecipadamente, no computador. A transportadora possibilita

ao emissário com acesso a Internet: conferir, imprimir e enviar o termo de

recebimento do seu próprio site. A informação do termo de recebimento pode ser

transmitida para o consignatário antes da chegada da transportadora, permitindo o

conhecimento antecipado do que se está embarcando.

A possibilidade de se colocar o conhecimento de embarque na Internet

significa ampliar a sua utilidade contratual como título de propriedade, passa-se a ter

uma fonte correta de informações para emissário, transportadora e destinatário

permitindo que eles agendem e controlem os carregamentos, automatizando as

transações pela cadeia de transporte, ao mesmo tempo que diminui o risco de

entrada de dados errados.

Inúmeras iniciativas estão sendo empreendidas para a introdução de

métodos eletrônicos no processamento dos documentos comerciais e para

informatização da cadeia de fornecedores (supply chain) em termos globais. Entre

elas podemos destacar o Projeto Bolero (Bill of Lading Electronic Registry

Organisation), cujo objetivo é estabelecer uma rede global de informações para

transacionar documentos como o termo de recebimento e outros títulos não-

negociáveis. O projeto lançou, a título de experiência, uma rota piloto com acesso a

uma central de registro eletrônico e assinaturas digitais para substituírem os termos de

recebimento cartulares.

31 Gico Jr, Ivo T., Comercio Eletrônico, 2000.

Page 40: Trabalho de Direito Unic Modelo

40

4 - DUPLICATA CARTULAR E DUPLICATA VIRTUAL

4.1 HISTÓRICO

A Duplicata é um título de crédito genuinamente brasileiro, e sua historia é

relativamente nova em comparação com outros títulos de créditos, como letras de

cambio e notas promissórias.

Surgiu inicialmente com a fatura ou conta, disposta no Art. 219 da lei 556/1850, nosso Código Comercial, que estabelecia:

Nas vendas em grosso ou por atacado entre comerciantes, o vendedor é obrigado a apresentar ao comprador por duplicado, no ato entrega das mercadorias, a fatura ou conta dos gêneros vendidos, as quais serão ambas assinadas, uma para ficar na mão do vendedor e outra na do comprador. Não se declarando na fatura o prazo de pagamento, presume-se que a compra foi à vista (art. 137). As faturas sobreditas não sendo reclamadas pelo vendedor ou comprador, dentro de 10 (dez) dias subseqüentes à entrega e recebimento (art. 135), presumem-se contas líquidas.

Essa conta, assinado pelo vendedor/credor era equiparada aos títulos de

créditos para todos os efeitos e também na cobrança judicial, baseado no art. 427 do

C.Com., revogado pela Lei 2044/08.

Em 1915, o governo tentou tornar obrigatória a emissão de faturas com o

intuito de controlar a incidência do imposto do selo. Em 1920 o I Congresso das

Associações Comerciais sugeriu a criação de um título de crédito que atendesse a

circulação de crédito, bem como as exigências legais vigentes. Em síntese a

Duplicata nasceu pelo controle de arrecadação de impostos e com boa aceitação no

comércio.

Com o advento da Lei 5.474/68, Lei das Duplicatas, esta ficou

regulamentada como um título eminentemente comercial, não mais prestando a

utilidade fiscal. Nesta lei foram definidos a sua constituição, circulação, protesto e

sua execução.

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4.2 CARACTERISTICAS

Segundo AMADOR PAES DE ALMEIDA32: “As duplicatas, num enunciado simples, pode ser conceituada como um título de credito que emerge de uma compra e venda mercantil ou da prestação de serviços, na forma do quem dispõe as arts. 2º e 20º da lei 5474/68”.

Seus requisitos foram definidos através do art. 2, § 1º da Lei 5.474/68, que determina que a duplicata deva conter:

I. A denominação “duplicata”, a data de sua emissão e o numero de ordem; II. O numero da fatura; III. A data certa do vencimento ou a declaração de ser duplicata à vista; IV. O nome e domicilio do vendedor e comprador; V. A importância a pagar, em algarismos e por extenso;

VI. A praça de pagamento; VII. A cláusula à ordem; VIII. A declaração de reconhecimento de exatidão e da obrigação de pagá-la a

ser assinada pelo comprador, como aceite cambial; IX. A assinatura do emitente.

É importante salientar, que o vendedor não está obrigado a emitir duplicata

em todas as vendas a prazo que realiza, contudo está impedido de emitir qualquer

outro título, conforme preceitua o art. 2º da lei 5.474/68.

A apresentação da duplicata ao comprador dar-se-á no ato da entrega da

mercadoria ou logo após.

Conforme prenuncia a Lei 5.474/68, o emitente tem até 30 (trinta) dias a

contar de sua emissão para enviá-la ao devedor e, este, ao recebê-la terá 10 (dez)

dias para devolvê-la assinada ou declarar por escritos os motivos da recusa.

32 ALMEIDA apud Barbosa, Lucio de Oliveira, op. cit., p. 91

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Conforme o artigo 8º da lei das Duplicatas, os motivos para recusa do aceite são:

I. Avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidos ou não entregues por sua conta e risco;

II. Vícios, defeitos, e diferenças na qualidade ou quantidade das mercadorias, devidamente comprovados;

III. Divergências nos prazos ou nos preços ajustados.

Quanto ao pagamento é a principal forma de extinção da obrigação contida

no titulo de crédito. Mas esta não se encerra somente com o pagamento do mesmo,

e sim com o resgate deste, com a assinatura do portador, dando a quitação plena,

total e irrestrita.

Quanto ao protesto das duplicatas ela dar-se-á somente por falta de aceite,

de devolução ou de pagamento, conforme preceitua o art. 13 da Lei das Duplicatas.

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4.3 DUPLICATA VIRTUAL

Duplicata Virtual é o nome designado às duplicatas sem a materialização

cartular, ou seja, toda sua tramitação ocorre por meios eletrônicos sem que haja a

sua impressão física.

Apesar de aparentemente ir de contra os principais princípios dos títulos de

crédito, como a cartularidade, a sua criação, foi de certa forma inconscientemente

elaborado pelo legislador, na criação da própria Lei das Duplicatas, Lei 5.474/68,

pois este com o intuito de criar um instrumento de crédito, prático, eficaz e de boa

aceitação comercial, teve que flexibilizar a legislação, uma vez que afastou os

rigores e formalismos tradicionais do direito cambiário, criando assim, dentro da

própria Lei, facilitadoras e desburocratizantes da documentação, circulação e

cobrança de crédito concedido nas vendas a prazo.

Relataremos a seguir os 5 (cinco) argumentos33 contidos na Lei 5.474/68,

que sustentam a existência da duplicata virtual, pois são os indícios legais da

despapelização da duplicata:

a. No art. 7, § 1º, pode ocorrer a retenção permitida por parte do devedor,

desde que é claro acertada entre as partes. Contudo o devedor deve comunicar

por escrito, ou seja, em outro documento, ao apresentante o aceite e a retenção.

Isso contraria a regra básica de aceite em títulos de créditos que determina que o

aceite seja efetuado no próprio título, e que o titulo deva ficar em poder do

apresentante.

b. Nos termos do art. 7, § 2º, o aceite por comunicação descrito acima, será

efetuado em documento escrito, substituirá a duplicata para os efeitos de

protesto e execução. Neste caso conflitua-se com o art. 585 do Código de

Processo Civil, que indica que na petição inicial de execução, deve-se anexar o

titulo de crédito original.

33 Barbosa, Lucio de Oliveira, op. cit., p. 110-113.

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c. No art. 9, § 1º e § 2º, o legislador permitiu que a prova do pagamento do

título fosse o recibo passado no verso do título, ou em documento separado, bem

como será prova de pagamento, total ou parcial, a liquidação do cheque, a favor

do estabelecimento endossatário, desde que conste a destinação para a quitação

ou amortização do referido título. Assim o principio da literalidade, que exige a

quitação no próprio título, fica com uma exceção no caso das duplicatas.

d. O art. 13 que disciplina o protesto por falta de aceite, devolução e de

pagamento, que se ocorresse com a apresentação da duplicata, da triplicata, ou,

ainda, por indicação na falta de devolução. Com isso temos a possibilidade de

protestar um titulo sem a sua presença material.

e. O art. 15, inciso II determina que a duplicata não aceita, pode ser

judicialmente executada desde que haja sido devidamente protestada e

acompanhada pelo comprovante de entrega da mercadoria. Neste caso não

importa o título e sim o negócio que lhe deu causa.

Cabe ressaltar que com a Lei 9492/97 no seu art. 8, parágrafo único, previu

o recebimento de indicações e das duplicatas mercantis e de serviços, por meio de

magnético ou de gravações eletrônica de dados, sendo o apresentante inteiramente

responsável pelas informações, e os tabelionatos meros instrumentalizadores da

norma.

Alem disso nosso Código Civil em seu art. 887, § 3º, diz que: O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.

Em síntese, o Direito Cambiário, parte integrante do Direito Empresarial, não

está mais preso a um cartão, um documento escrito. Com isso dois dos princípios

fundamentais, cartularidade e literalidade, foram atingidos pela desmaterialização da

duplicata virtual.

Embora a Duplicata Virtual não seja criada expressamente por lei, ela é

lícita, válida e eficaz visto que não fere nenhum dispositivo legal. É que o legislador

foi benevolente ao permitir a sua existência através da flexibilização da lei. A

Duplicata Virtual fere os princípios doutrinários, mas não os princípios legais. 34

34 Barbosa, Lucio de Oliveira, op. cit., p. 114.

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4.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA DUPLICATA VIRTUAL

O uso da Duplicata Virtual tem vantagens e desvantagens deordem técnica

para as partes envolvidas.

Para o sacador, esta traz inúmeras vantagens, como por exemplo a rapidez

no processamento das operações de cobrança, economia de tempo e recursos

materiais, segurança contra erros, etc., aliando-se a enorme redução de custos

operacionais e, por consequência, a uma maior rentabilidade da empresa. Registra-

se porém que uma de suas restrições é quanto ao desconto bancário, não por sua

inaptidão, e sim por causa da cautela da rede bancária, ao menos neste período

inicial em que o sistema eltrônico não é totalmente seguro. A outra restrição é

quanto a circulação dda Duplicata Virtual, uma vez que, o seu endosso seria por

assinatura digital, situação ainda não aplicável no comercio, mas que pode ser

realizado futuramente.

Para o endossatário, que sempre é uma instituição financeira, onde

normalmente são nas operação de cobrança, as vantagens são enormes também,

visto que toda a operação de emissão de boletos, expedição e controle de cobrança

e apresentação a protesto é feitas pela própria instituição. Com a possibilidade de

padronização para todos os clientes, a redução de seus custos operacionais é

substancial.

Por outro lado, o sacado é quem fica mais vulnerável no caso de uma

Duplicata Virtual simulada ser apontada para protesto. Neste caso deve tomar muito

cuidado, pois em caso de intimação de apontamento em cartório para protesto de

duplicata simulada, só resta uma saída para o sacado, que é a medida cautelar de

suteção de protesto. E para isso, tem-se mínimos 3 (três) dias de prazo a contar do

protocolo.

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5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A temática do títulos de crédito envolve questões amplas que vão desde a

da criação do crédito, recebimento ou o protesto, sem contarmos com o avanço da

tecnologia, que a cada dia nos apresenta novas soluções, eminentemente simples,

práticas e eficientes.

Podemos concluir que a empresa e o mercado se beneficiam do crédito

justamente pela possibilidade de sua circulação, o que acaba por afastar a

necessidade imediata de disponibilidade de moeda para as operações mercantis, ou

seja, ao invés de utilizarmos a moeda para circular a economia, utilizamos apenas o

crédito, nesse sentido TÚLIO ASCARELLI ressalta a importância do surgimento dos

títulos na economia internacional dizendo que “(...) o documento que o incorpora,

marcou, realmente, o início de uma fase importantíssima para a economia dos

povos, que é a circulação do crédito”..35

Para a existência de uma legislação adequada ao mundo virtual, o comércio

eletrônico tem que ser muito bem estudado, uma vez que assim independente de

materialização de documentos, teremos a justiça sendo eficáz quando for solicitada.

Para finalizar, do ponto de vista doutrinário, é necessária a reformulação das

teorias doutrinárias que sustentam a base do Direito Cambiário, em face

principalmente do dinamismo social vigente.

As velhas bases doutrinárias não estão adequadas ao novo Direito

Empresarial Eletrônico que hoje vivenciamos, pois este está a nos exigir novas

normas teóricas e novas doutrinas. E esse é o desafio a ser enfrentado por todos os

operadores do Direito.

35 Teoria Geral dos Títulos de Crédito, São Paulo: Editora Saraiva, 1969, p.221.

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6 - BIBLIOGRAFIA

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