direito empresarial - novo modelo

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Livro de Direito Empresarial.

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  • OUTROS TTULOS DA COLEO E PRXIMOS LANAMENTOS v.1 - Direito Penal - Parte Geral v.2 - Direito Penal - Parte Especial - Dos crimes contra a pessoa

    aos crimes contra a familia v.3 - Direito Penal - Parte Especial - Dos crimes contra a

    incolumidade pblica aos crimes contra a administrao pblica

    v.4 - Leis Especiais Penais -Tomo 1 v.5 - Leis Especiais Penais -Tomo li v.6 - Lei de Execuo Penal v.7 - Processo Penal - Parte Geral v.8- Processo Penal -Procedimentos, Nulidades e Recursos v.9 - Direito Administrativo v.10- Direito Civil- Parte Geral v.11 - Direito Civil - Direito das Obrigaes e Responsabilidade

    Civil v.12 - Direito Civil - Direito das Coisas v.13 - Direito Civil - Contratos v.14- Direito Civil- Familias e Sucesses v.1 S - Direito Agrrio v.16- Direito Constitucional- Tomo 1 v.17- Direito Constitucional-Tomo li v.18 - Processo Civil -Teoria Geral do Processo Civil v.19- Processo Civil-Recursos v.20- Processo Civil - Processo de Execuo e Cautelar v.21 - Processo Civil - Procedimentos Especiais v.22 - Leis Trabalhistas Especiais v.23 - Direito do Trabalho v.24- Processo do Trabalho v.25 - Direito Empresarial v.26 - Direito Penal Militar v.27 - Direito Previdencirio v.28- Direito Tributrio -Volume nico v.29 - Direito Processual Militar v.30 - Direito Ambiental v.31 - Direito Econmico v.32 - Direitos Transindividuais em Espcie v.33 - Direito do Consumidor v.34 - Juizados Especiais v.35 - Direito Internacional v.36- Estatuto da Criana e do Adolescente v.37 - Direito Financeiro v.38- Etica Profissional v.39- Direitos Humanos v.40- Direito Eleitoral v.41- Smulas STF e STJ para Concursos

  • COLEO SINOPSES PARA CONCURSOS

    DIREITO EMPRESARIAL

  • Leonardo de Medeiros Garcia Coordenador da Coleo

    Estefnia Rossignoli Formada em Direito pela UF]F

    Ps graduada em Direito Empresarial e Econmico pela UFJF Mestre em Direito Civil pela UERJ

    Professora de Direito Empresarial em cursos Graduao, ps-graduao e cursos preparatrios

    Advogada militante nas reas de Direito Empresarial e Civil

    COLEO SINOPSES PARA CONCURSOS

    DIREITO EMPRESARIAL

    4 edio Revista, ampliada e atualizada

    ,,, 2015

    EDITORA .JusPODIVM

    www.editorajuspodivm.com.br

  • EDITORA fasPODIVM

    www.editorajuspodivm.com.br

    Rua Mato Grosso, 175 - Pituba, CEP: 41830-151 - Salvador- Bahia Tel: (71) 3363-8617 I Fax: (71) 3363-5050 E-mail: [email protected] Copyright: Edies JusPODIVM

    Conselho Editorial: Eduardo Viana Portela Neves, Dirley da Cunha Jr., Leonardo de Medeiros Garcia, Fredie Didier Jr., Jos Henrique Mouta, Jos Marcelo Vigliar, Mar-cos Ehrhardt Jnior, Nestor Tvora, Robrio Nunes Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, Rodolfo Pamplona Filho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogrio Sanches Cunha.

    Capa: Rene Bueno e Daniela Jardim (www.buenojardim.com.br) Diagramaio: Mait Coelho ([email protected])

    Todos os direitos desta edio reservados Edies JusPODIVM. tenninantemente proibida a reproduo total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo. sem a expressa autorizao do autor e da Edies JusPODJVM. A violao dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislao em vigor, sem prejuzo das sanes civis cabveis.

  • li Sumrio

    Coleo Sinopses para Concursos........................................................... 13 Guia de leitura da Coleo...................................................................... 15

    Captulo 1 INTRODUO AO DIREITO EMPRESARIAL ....................................................... 17 L Breve histrico do Direito Empresarial............................................ 17 2. caractersticas do direito empresarial............................................. 22 3. A Empresa......................................................................................... 23 4. o Empresrio.................................................................................... 27

    4.i. Requisitos para ser empresrio............................................. 28 4.2. Empresrio individual............................................................. 30

    5. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI ............ 34 6. Microempresa e Empresa de Pequeno Porte.................................. 39 7. Princpios do Direito Empresarial..................................................... 42

    p. Princpio da Livre Iniciativa..................................................... 42 7.2. Princpio da Livre Concorrncia.............................................. 44 7.3. Princpio da Funo Social da Empresa.................................. 45

    Captulo 2 ELEMENTOS E OBRIGAES EMPRESARIAIS ................................................... 49 i. Estabelecimento empresarial........................................................... 50

    L L Conceito e natureza................................................................ 50 i.2. Aviamento ............................................................................... 52 i.3. Contrato de trespasse............................................................ 53 i.4. Penhora do estabelecimento.................................................. 58

    2. Nome Empresarial............................................................................. 60 2.i. Conceito e natureza jurdica................................................... 60 2.2. Espcies ............................. :..................................................... 61 2.3. Proteo ao nome empresarial.............................................. 64

    3. Registro Empresarial......................................................................... 66 4. Escriturao Empresarial.................................................................. 70 5. Propriedade Industrial..................................................................... 75

    5.1. Introduo............................................................................... 75 5.2. Bens tutelados ........................................................................ 76

    5

  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    5.3. Condies de Patente............................................................. 77 5.4. Condies de Registro............................................................ 80

    5.4.1. Registro do Desenho Industrial.................................. 80 5.4.2. Registro de Marca....................................................... 81

    5.5. Procedimento Administrativo................................................. 83 5.6. Proteo propriedade industrial......................................... 86 5.7. Extino da propriedade industrial........................................ 89

    Captulo 3 DIREITO SOCIETRIO .................................................................................... 93 1. Introduo......................................................................................... 94 2. Classificao das sociedades ........................................................... 95

    2.i. Quanto natureza do ato constitutivo................................... 95 2.2. Quanto natureza da atividade praticada............................ 95 2.3. Quanto importncia dos scios ou do capital investido.... 97 2.4. Quanto responsabilidade

    dos scios pelas obrigaes sociais....................................... 98 2.5. Quanto aquisio de personalidade jurdica...................... 98

    3. Sociedade em Comum...................................................................... lOO 4. Sociedade em Conta de Participao............................................... 103 5. Sociedade Simples............................................................................ 106

    5.1. Introduo............................................................................... 106 5.2. Conceito................................................................................... 106 5.3. Constituio............................................................................. 108 5.4. Sociedade entre cnjuges....................................................... 113 5.5. Responsabilidade dos scios pelas obrigaes sociais......... 114 5.6. Obrigaes e direitos dos scios............................................ 117 5.7. Administrao......................................................................... 120 5.8. Dissoluo ............................................................................... 123

    6. Sociedade Limitada........................................................................... 126 6.1. Introduo............................................................................... 126 6.2. Conceito................................................................................... i27 6.3. Responsabilidade dos scios pelas obrigaes sociais......... 128 6.4. Constituio............................................................................. 130 6.5. Quotas ..................................................................................... 131 6.6. Administrao......................................................................... 139 6.7. Excluso extrajudicial de scio............................................... 141 6.8. Conselho Fiscal........................................................................ 146 6.9. Deliberaes sociais ............................................................... 147 6.10. Aumento e reduo do capital social..................................... 150 6.1i. Falecimento de scio.............................................................. 151

    6

    ;

  • SUMRIO

    6.12. Dissoluo da sociedade... ................. ............... .... ................ . 153 6.13. Liquidao das sociedades contratuais. ......... .. ............. ........ 155

    7. Sociedade Annima.......................................................................... 156 7.i. Introduo................................................................. .............. 156 7.2. Conceito e responsabilidade dos scios

    pelas obrigaes da sociedade....................... ...... ................. 157 7.3. Espcies de sociedade annima .................... .... .................... 158

    7.3.1. Mercado de capitais ............ .. ............. ........................ 158 7.3.i.i. Bolsa de Valores......... ... ... ... .................. ..................... 159 7.3.i.2. Mercado de Balco........ ............................................. 160

    7.4. Constituio....... ......................... ....... ....................... ............... 161 7.4.l. Requisitos preliminares ...... ........ ... .... .. ....... ............ .... 161 7 .4.2. Subscrio.... ...................................... ........... .............. 162

    7.4.2.i. Subscrio Pblica .... ............... ........ .............. 162 7 .4.2.2. Subscrio Particular....................... .............. 163

    7.4.3. Providncias complementares............. ........ ... ........... 164 7.5. Abertura e fechamento do capital ............. ........................... . 165 7.6. As aes ..... .. ....... .. ... .... .......... ..... ....... ............. ..... ... .. ..... ........ . 167

    7.6.1. Conceito .. ... ....................... ...... ....................... ....... ...... 167 7.6.2. Espcies e classes.......... ......................... .................... 167 7.6.3. Formas..... .................... .......................... ...................... 170 7.6.4. Valores......... .... ................................. ....... ............ ...... . 171 7.6.5. Negociao com as prprias aes............. ............ ... 172

    7.7. Demais valores mobilirios .... ............. ............. .... .................. 174 7.8. Obrigaes e direitos dos acionistas................. ..................... 176 7 .9. rgos societrios................... ..... ...................... ... .................. 183

    7.9.i. Assembleia geral... ........ .......................... .......... .......... 184 7.9.2. Conselho de Administrao .. ............ ... ............. .......... 185 7 .9.3. Diretoria ..... ... ........... ....... .... .... .......... ......... .. ... ... .... .... . 186 7.9.4. Conselho Fiscal.. .......................................................... 189

    7.10. Poder de controle........................ ... ..................... ................... 190 7.11. Proteo ao acionista minoritrio............................ .............. 194 7.12. Dissoluo da companhia ......... ....... ............. ......... ............... .. 195

    7.12.1. Dissoluo da companhia .... .......... .. .. .. .... ................. .. 196 8. Tipos Societrios Menores ................... .......... ............ .... ..... .............. 199

    8.1. Sociedade em nome coletivo.... ... ...................... .................... 199 8.2. Sociedade em comandita simples ...................... ...... .............. 200 8.3. Sociedade em comandita por aes .... ......... ......... ................ 200

    9. Desconsiderao da Personalidade Jurdica ................... ... .... .......... 201 9.1. Aspectos Gerais .......... ........... ..... ..... .. .. ... ........ .... ... ......... .. ....... 201 9.2. Desconsiderao no Cdigo Civil............................................ 202

    7

  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    9.3. Desconsiderao no Cdigo de Defesa do Consumidor ............... 205 9.4. Incidente de Desconsiderao da Personalidade Jurdica............ 207

    10. Operaes societrias ...................................................................... 2o8 10.1. Transformao......................................................................... 209 10.2. Fuso....................................................................................... 210 10.3. Incorporao........................................................................... 211 10.4. Ciso........................................................................................... 212

    Captulo 4 FAL~NCIA E RECUPERAO DE EMPRESAS .................................................... 215 1. Introduo......................................................................................... 215 2. Aplicabilidade da Lei 11.101/05......................................................... 217 3. Disposies comuns Falncia e Recuperao............................ 220

    3-1. Obrigaes no exigveis......................................................... 220 3.2. Suspenso da prescrio,

    aes e execues contra o devedor.................................... 221 3.2.1. Aes que no sero suspensas................................ 224

    3.3. Preveno da jurisdio......................................................... 225 3.4. Verificao e habilitao dos crditos................................... 226

    4. Administrador Judicial....................................................................... 228 4.1. Conceito................................................................................... 228 4.2. Nomeao ............................................................................... 228 o. Atribuies do administrador ................................................. 229

    5. Comit de credores.......................................................................... 232 6. Assembleia Geral de credores ......................................................... 234 7. Recuperao Judicial de Empresas.................................................. 237

    7.1. Introduo............................................................................... 237 7.2. Requisitos para requerer a recuperao judicial.................. 238 7.3. Pedido inicial da recuperao judicial................................... 238 7.4. Plano de recuperao judicial................................................ 239

    7.4.1. Crditos sujeitos recuperao................................ 240 7.4.2. Meios de recuperao................................................ 242 7.4.3. Plano especial das Microempresas ............................ 245

    7.5. Deliberao sobre o plano de recuperao.......................... 247 7.6. Execuo da recuperao ....................................................... 251 7.7. Convolao da recuperao em falncia ............................... 252 7.8. Encerramento da recuperao ............................................... 253

    8. Recuperao Extrajudicial................................................................. 254 9. Falncia ............................................................................................. 256

    9.1. Introduo............................................................................... 256 9.2. Processamento da falncia..................................................... 257

    8

  • Captulo 5

    SUMRIO

    9.2.i. Fase pr-falimentar .................................................... 257 9.2.LL Legitimados ativos......................................... 257 9.2.i.2. Atos de falncia ............................................. 258 9.2.I.3. Procedimento................................................ 261 9.2.I.4. Participao do Ministrio Pblico................ 263

    9.2.2. Fase falimentar ........................................................... 264 9.2.2.1. Sentena de falncia..................................... 264 9.2.2.2. Levantamento do ativo ................................. 266 9.2.2.3. Ao Revocatria ........................................... 267 9.2.2.4. Atos Ineficazes............................................... 269 9.2.2.5. Pedidos de restituio .................................. 272 9.2.2.6. Pagamento do passivo:

    concurso de credores ................................... 274 9.2.3. Fase ps-falimentar .............................................. ...... 277

    TTULOS DE CRDITO.................................................................................... 281 i. Conceito ............................................................................................ 281 2. Legislao aplicvel.......................................................................... 283 3. Requisitos.......................................................................................... 284 4. Caractersticas......................... ............. .... ............... .......................... 287 5. Princpios........................................................................................... 289

    5.i. Princpio da Abstrao ............................................................ 289 5.2. Princpio da Autonomia........................................................... 292 5.3. Princpio da Incorporao ou cartularidade .......................... 293 5.4. Princpio da Literalidade......................................................... 294

    6. Classificao dos ttulos............................ ........................................ 295 6.1. Quanto ao contedo da declarao cartular ......................... 295 6.2. Quanto prova da causa de emisso................................ .... 296 6.3. Quanto circulao ................................................................ 297 6.4. Quanto pessoa do emitente................................................ 298 6.5. Quanto ao prazo..................................................................... 298

    7. Endosso ..... ........................................................................................ 299 7.1. Conceito................................................................................... 299 7.2. Forma ...................................................................................... 300 7 .3. Espcies......................... ...... ............ ... ............. ................... ..... 302 7.4. Responsabilidade do endossante .......................................... 304 7.5. Ttulo no ordem................................................................. 306 7.6. Endosso tardio ou pstumo................................................... 308

    8. Aval. ................................................................................................... 309 8.1. Conceito.............................................................................. ..... 309 8.2. Forma...................................................................................... 310 8.3. Direitos e obrigaes do avalista........................................... 311

    9

  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    8.4. Espcies.............. ........................... ......... ........................... ...... 313 8.5. Aval x Fiana................................. ........................................... 315

    9. Protesto....... ................. .... .................. .............. ............... ...... ......... ... 316 9.i. Conceito e caractersticas ....................................... ................ 316 9.2. Espcies............. ... ............................ ....................................... 317 9.3. Procedimento...... ...... ................ ... ... ...... ............... .......... .. ....... 318 9.4. Protestos necessrios.......... ............................ ....... ................ 320 9.5." Cancelamento do protesto........ ........................ ... .................. 323

    lo. Aes Cambiais.......... ........................ .......................... .......... .... ....... 324 10.i. Ao de Execuo de Ttulo Extrajudicial................................ 325

    10.1.l. Utilizao para os ttulos de crdito ........... ... ............ 325 l0.1.2. Requisitos ................... ....... ............................ .... ....... ... 325 io.i.3. Prazos. ........................ .. .... ........... ........ .. .... ......... ... ...... 326

    l0.2. Ao de Anulao da Cambial. ... .......................... ... ...... .. ....... 327 10.3. Ao contra o locupletamento................................ ................ 328 10.4. Ao Monitria .................................. ........................ ... ........... 328

    11. Ttulos em espcie .. ...... ... .......................... .................... ..... ..... .. ....... 331 11.i. Letra de Cmbio .............. ........... .......... .. ..... ................... ........ . 331 11.2. Cheque.. ......... ...... .......... .... ... ........ ......... .. ..... ............ .............. 332 11.3. Nota promissria .... ................. .... ......................... .................. 337 11.4. Duplicata.......... ... .. .......................... ......................................... 337 11.5. Cdulas de crdito............................. ....................... .............. 342

    Captulo 6 CONTRATOS EMPRESARIAIS .................................. ..... ... .............. .................. 347 i. Introduo....................... ............................................... ................... 347 2. Princpios..................... ...... ......................... ....................................... 348

    2.i. Princpio da autonomia da vontade................. ..... ................. 348 2.2. Princpio da relatividade dos pactos .............................. ....... 350 2.3 . Princpio da funo social....... ...... ....... ... ................ ......... ....... 350 2.4. Princpio da fora obrigatria ...... ... ....................................... 351 2.5. Princpio da boa-f......................... ....................... .... ............. 352

    3. Contratos Bancrios ........ .......................... ......................... ............... 353

    70

    3.1. Conceito......... ... .... ....................... ... ................... .. ....... ......... .... 353 3.2. Espcies........................ ......... ............. .. .... ...................... .. ....... 353

    3.2.i. Depsito........ ............. ....... ... ..... .... ............. ... ... .... .. ..... 353 3.2.2. Abertura de crdito... ................................................. 356 3.2.3. Desconto bancrio...................................................... 357 3.2.4. Contrato de financiamento ... .. .............. ......... ............. 357 p.5. Custdia de valores... ........ ..... .... ......... ...... ................. 358 3.2.6. Aluguel de cofre .... .. ... ...... .......... ...... ................ ..... ...... 358 3.2.7. Carto de crdito.................... ............... ...... ............... 358

  • SUMRIO

    4. Arrendamento Mercantil ou "leasing"......... ... ........... .. .... ....... ........ . 360 4.1. Conceito... .... .......... ..... ......... ..... ........ .............. .... ......... ............ 360 4.2. Espcies... .. ............ ................. .. ........... ........................ .. .......... 362 4.3. Aspectos processuais ............ ........................... ............ ........... 363

    5. Alienao Fiduciria em Garantia .. ............. ..... ...... ... ..... ..... ... .......... . 363 6. Franquia ou "Franchising".... ......... ..... ..... .......... ... ... .. .. ....... ... ... ....... . 368

    6.1. Conceito.................... ....................................................... ........ 368 6.2. Espcies. .......... ..... ... .......... ...... .. ...... .... ... .. .. ... .. ........ ........ ...... .. 370

    7. Faturizao ou "Facttoring" .. ............. ......... ....... ... ...... ... ............. ...... 370 7.1. Conceito .................. ... .......... ............. .............. ... .......... ............ 370 7 .2. Espcies......................... ... .......... ..................... ........ ......... ..... .. 372

    8. Compra e Venda Mercantil ............... ............ .......... .... ............. ......... 372 8.1. Conceito................. .... ........... .............. ........... ... .......... .... ......... 372 8.2. Obrigaes do comprador............ ... .. ..... ...... ...... ..... .. .. ..... ... .. . 373 8.3. Obrigaes do vendedor ........ .......... ... ......................... .......... 374 8.4. Contrato de fornecimento ... .... .......... .... ........ .... ... .. .... ...... ..... . 375 8.5. Contrato de compra e venda de empresas.. ... .. .. ....... ..... ...... 375

    17

  • Coleo Sinopses para Concursos

    A Coleo Sinopses paro Concursos tem por finalidade a prepara-o para concursos pblicos de modo prtico, sistematizado e objetivo.

    Foram separadas as principais matrias constantes nos editais e chamados professores especializados em preparao de concursos a fim de elaborarem, de forma didtica, o material necessrio para a aprovao em concursos.

    Diferentemente de outras sinopses/resumos, preocupamos em apresentar ao leitor o entendimento do STF e do STJ sobre os principais pontos, alm de abordar temas tratados em manuais e livros mais densos. Assim, ao mesmo tempo em que o leitor encontrar um livro sistematizado e objetivo, tambm ter acesso a temas atuais e enten-dimentos jurisprudenciais.

    Dentro da metodologia que entendemos ser a mais apropriada para a preparao nas provas, demos destaques (em outra cor) s palavras-chaves, de modo a facilitar no somente a visualizao, mas, sobretudo, compreenso do que mais importante dentro de cada matria.

    Quadros sinticos, tabelas comparativas, esquemas e grficos so uma constante da coleo, aumentando a compreenso e a memori-zao do leitor.

    Contemplamos tambm questes das principais organizadoras de concursos do pas, como forma de mostrar ao leitor como o assunto foi cobrado em provas. Atualmente, essa "casadinha" fundamental: conhecimento sistematizado da matria e como foi a sua abordagem nos concursos.

    Esperamos que goste de mais esta inovao que a Editora Juspodivm apresenta.

    13

  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    Nosso objetivo sempre o mesmo: otimizar o estudo para que voc consiga a aprovao desejada.

    Bons estudos!

    74

    Leonardo de Medeiros Garcia [email protected]

    www.leonardogarcia.com.br

  • Guia de leitura da Coleo

    A Coleo foi elaborada com a metodologia que entendemos ser a mais apropriada para a preparao de concursos.

    Neste contexto, a Coleo contempla:

    DOUlRINA OTIMIZADA PARA CONCURSOS

    Alm de cada autor abordar, de maneira sistematizada, os assun-tos triviais sobre cada matria, so contemplados temas atuais, de suma importncia para uma boa preparao para as provas.

    ~ Importante! Empresrio individual no pessoa jurdica e no tem pe~onalidade jur-dica distinta. Sendo assim as obrigaes contradas para a prtica da ati-vidade podero atingir o patrimnio que no est a ela relacionado e as dvidas particulares do empresrio tambm podero atingir o patrimnio usado na empresa.

    ENTENDIMENTOS DO STF E STJ SOBRE OS PRINCIPAIS PONTOS

    ~ Qual o entendimento do STJ sobre o assunto? A smula i43 trata de uma questo importante que o prazo para reivin-dicar os prejuzos decorrentes de uso indevido de marca. Diz o texto da smula: MPrescreve em cinco anos a ao de perdas e danos pelo uso de marca comercial.w

    PALAVRAS-CHAVES EM OUlRA COR

    As palavras mais importantes (palavras-chaves) so colocadas em outra cor para que o leitor consiga visualiz-las e memoriz-las mais facilmente.

    15

  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    Neste diapaso importante que se corrija uma viso coloquial da ex-presso empresrio que cotidianamente usada como sinnimo de empre-endedor; ou seja, qualquer pessoa que possua ou realize investimentos. Sen-do assim, nem todo s6cio ou acionista de uma sociedade ser empresrio.

    QUADROS, TABELAS COMPARATIVAS, ESQUEMAS E DESENHOS Com esta tcnica, o leitor sintetiza e memoriza mais facilmente os

    principais assuntos tratados no livro.

    ~ferimento do~ido

    1 L

    "'~~~- 1 Plano jJ

    desrumprido

    l_ lndeferimen10

    do pT d

    Encerramento do processo

    1 Convola o em falncia

    QUESTES DE CONCURSOS NO DECORRER DO TEXTO Atravs da seo "Como esse assunto foi cobrado em concurso?"

    apresentado ao leitor como as principais organizadoras de concurso do pas cobram o assunto nas provas.

    16

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? No Concurso da Magistratura/MG/2012, organizado pela EJEF, o tema foi abordado com o seguinte enunciado: #Com a vigncia do Novo Cdigo Civil, luz do artigo 966. correto afirmar que o Oireito brasileiro concluiu a transio para aN. A afirmativa correta era a que tinha o texto: "teoria da empresa, de matriz Italiana

  • Captulo i

    Introduo ao Direito Empresarial Sumrio 1. Breve histrico do Direito Empresarial - 2. Caractersticas do Direito Empresarial - 3. A Empresa - 4. O Empresrio: 4.1. Requisitos para ser empresrio; 4.2. Empresrio individual - 5. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI - 6. Microempresa e Empresa de Pequeno Porte - 7. Prin-cpios do Direito Empresarial: 7.1. Princpio da Livre Iniciativa; 7.2. Princpio da Livre Concorrncia; 7.3. Princpio da Funo Social da Empresa.

    1. BREVE HISTRICO DO DIREITO EMPRESARIAL Este ramo que hoje conhecido por Direito Empresarial surgiu ini-

    cialmente para regular o comrcio e, portanto, era chamado de Direito Comercial.

    Para compreender como surgiu o Direito Comercial, preciso per-passar por uma breve histria e adentrarmos um pouco no conceito econmico do comrcio.

    Quando se perquiri a origem do comrcio, em um passado bas-tante remoto, percebe-se que os homens, por no conseguirem su-prir suas prprias necessidades, foram levados a se aproximarem uns dos outros, praticando a troca do que lhes excediam por artigos que necessitavam.

    o que se chama de economia de troca, ou escambo, em que se realizavam permutas de produtos diretamente entre aqueles que os fabricavam, de acordo com as sobras e com as utilidades. Ainda no se fala aqui em um modelo econmico de comrcio.

    Porm, tal prtica comea a se tornar invivel com o desenvolvi-mento da civilizao, principalmente pela falta de paridade econmica entre os produtos permutados. Comeam a surgir mercadorias-padro

    17

  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    que servem de intermediao no processo. o mais utilizado no incio era o boi e, posteriormente, metais e pedras preciosas, surgindo, en-to a moeda. Passa-se a falar em economia de mercado.

    No h mais a troca direta. O produtor vende seu produto para receber moeda e poder comprar aquilo de que necessita, criando um ciclo. Com isso cada um pode se especializar naquilo que deseja fa-bricar. Somente a partir desse momento que se pode mencionar a existncia de um conceito econmico de comrcio.

    Mais tarde, com o prosseguimento da evoluo da civilizao, mais precisamente na Idade Mdia, com o surgimento das feiras mercantis, o mundo viu crescer uma nova atividade profissional: a do comercian-te. Com o passar do tempo, tais profissionais comearam a sentir a ne-cessidade de se organizarem e o fizeram atravs de corporaes dos mercadores. Foi ento que se falou pela primeira vez em um Direito Co-mercial cuja preocupao era regulamentar o direito dos comerciantes. Esse perodo ficou conhecido como fase subjetiva do Direito Comercial.

    Porm, principalmente em virtude dos estudiosos franceses, come-ou-se a perceber que o direito no poderia preocupar-se apenas com a figura do comerciante mas tambm com a atividade comercial.

    Surgiu ento a Teoria dos Atos de Comrcio na Frana, que dizia que o objeto de estudo do ainda chamado Direito Comercial era apenas os atos de comercializar, ou seja, comprar e vender. Com isso, a preocupa-o no era apenas com o comerciante, mas sim com a sua atividade.

    O Cdigo de Napoleo de i8o7 foi um marco importante para se im-plementar esta mudana de pensamento, dando incio era objetiva do Direito Comercial.

    Vivante ressalta que essa passagem da era subjetiva para a obje-tiva se deu de maneira fictcia, ou seja, ao se estender o direito dos comerciantes a todos que praticavam atos de comrcio.

    Passa-se a estar diante de um sistema que classifica o sujeito do Direito Comercial de acordo com sua atividade e no com o fato de ele estar ou no ligado a uma corporao. Para ser sujeito do Direito Comercial era preciso praticar um ato de comrcio, mas o que so atos de comrcio?

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  • INTRODUO AO DIREITO EMPRESARIAL

    Esse foi o grande desafio da doutrina da poca, pois no se con-seguia precisar contornos bem definidos dessa atividade que servia de base para caracterizar o objeto de regulamentao do Direito Co-mercial. Porm, no faltaram tentativas, como as listas elaboradas pe-los tribunais de comrcio e pelo prprio Cdigo de Napoleo. Tendo em vista a superao atual deste sistema, no h necessidade de nos aprofundarmos no estudo da conceituao dessas atividades classifica-das como atos de comrcio.

    Isso porque, principalmente com a evoluo dos meios de produ-o, essa regulamentao somente do comrcio comeou a ficar in-suficiente e o Direito Comercial no conseguia mais abarcar todas as situaes que necessitavam de regulamentao. Chega-se a afirmar que o ramo jurdico encontrava-se desacreditado muito em virtude da dificuldade conceituai dos atos de comrcio.

    Surge ento no direito italiano a teoria da empresa, que supriu as lacunas no direito comercial e ampliou significativamente o objeto de estudo desse ramo jurdico. Agora o estudo ser focado em toda a atividade empresarial, toda a organizao dos meios de produo, dos servios e tambm do ato de comercializar.

    Percebe-se a evoluo que ocorrera na organizao do capital e do trabalho que no havia passado de tudo despercebida pelo legis-lador francs, mas que no havia sido por ele to bem trabalhada.

    Se pensarmos de maneira bem simples, conseguiremos vislumbrar que quando se pensa em atividade de comrcio logo se lembra de lo-jas, shoppings centers, mercados, etc.; ao passo que, quando se pensa em atividade empresria normalmente liga-se a indstrias, a fbricas, a grandes conglomerados e tambm s lojas e aos mercados. Isso de-monstra que a ideia de empresa mais abrangente e conseguiu se adaptar melhor s novas realidades mercadolgicas.

    Percebe-se que a primeira noo de empresa possui um carter econmico, ligado to somente complexidade da organizao dos fatores de produo, mas a doutrina jurdica, principalmente atravs do autor italiano Alberto Asquini, criou contornos jurdicos a tal conceito e revolucionou o Direito Comercial, como ainda era conhecido.

    Alberto Asquini, no entendimento de que a empresa um conceito polidrico, criou quatro perfis em que ela pode se apresentar: a) o

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  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    perfil subjetivo; b) o perfil funcional; c) o perfil objetivo; d) o perfil corporativo.

    Perfis de Alberto Asquini

    Considera-se a organizao econmica da empresa pelo subjetivo seu vrtice, utilizando a expresso em sentido subjetivo,

    como sinnima de empresrio.

    Funcional A empresa considerada como a atividade empreende-dora determinada a um certo objetivo. Utiliza-se o complexo patrimonial como o centro de aten-

    Objetivo o do conceito de empresa, sendo que poder ser leva-da em considerao todos os tipos de bens.

    Aqui a empresa considerada como uma especial organi-Corporativo zao de pessoas, formada pelo empresrio e prestado-

    res de trabalho, seus colaboradores.

    Afirmar-se que a primeira legislao que apresentou esboo do conceito de empresa foi o Cdigo Comercial alemo de 1897, mas o fato de ter utilizado a terminologia uatos de comrcio", faz com que tal ordenamento no seja considerado como marco na utilizao da Teoria da Empresa.

    A primeira legislao de fato que se filiou a essa nova Teoria foi o Cdigo Civil italiano de 1942, considerado o grande marco da transfor-mao desse ramo do direito que, alis, passa a receber uma nova denominao: Direito Empresarial.

    No Brasil, uma atividade comercial propriamente dita somente ser delineada com a chegada da famlia real portuguesa e a abertura dos portos s naes amigas, poca em que a legislao utilizada era as ordenaes portuguesas.

    Clamando por uma legislao prpria, em 1850 foi promulgado o Cdigo Comercial brasileiro que filiava claramente teoria dos atos de comrcio, principalmente no que diz respeito s terminologias.

    A mudana comea com algumas legislaes extravagantes como a Lei de Sociedades Annimas (Lei n 6404/76) e se concretizou com o Cdigo Civil de 2002, que revogou quase todo o Cdigo Comercial,

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  • INTRODUO AO DIREITO EMPRESARIAL

    seguindo o modelo italiano, com a unificao da estrutura legislativa do Direito Civil e do Direito Empresarial. No decorrer deste nosso estudo, cada um dos novos conceitos introduzidos pelo atual Cdigo Civil sero delineados.

    Importante ressaltar que no ano de 2011 foi apresentado um proje-to (PL n 1572/11) para que o Brasil volte a ter um Cdigo Comercial au-tnomo. Tal projeto foi elaborado pelo comercialista Fbio Ulhoa Coe-lho e apresentado pelo Deputado Vicente Cndido. A ideia de unificar algumas questes da legislao empresarial, retirando o tratamento do Cdigo Civil e adaptando-se ainda mais Teoria da Empresa. Entre as justificativas do projeto destaca-se:

    "A Constituio Federal considera o direito comercial como rea distinta do direito civil (art. 22, 1). Revela-se, assim, mais compatvel com a ordem constitucional a existncia de um C-digo prprio para o direito comercial, e no a incluso da matria desta rea jurdica no bojo do Cdigo Civil. ( ... ) Trs, assim, so os principais objetivos da propositura. Em primei-ro lugar, reunir num nico diploma legal, com sistematicidade e tcnica, os princpios e regras prprios do direito comer-cial. (. .. ) o segundo objetivo consiste em simplificar as normas sobre a atividade econmica, facilitando o cotidiano dos em-presrios brasileiros. (. .. ) o terceiro principal objetivo da pro-positura diz respeito superao de lamentveis lacunas na ordem jurdica nacional, entre as quais avulta a inexistncia de preceitos legais que confiram inquestionvel validade, efic-cia e executividade documentao eletrnica, possibilitando ao empresrio brasileiro que elimine toneladas de papel. (. .. ) Com este projeto, pretende-se dotar o direito brasileiro de normas sistemticas modernas e adequadas ao atual momen-to, de extraordinria vitalidade, da economia brasileira, con-tribuindo para a criao de um ambiente propcio segurana jurdica e previsibilidade das decises judiciais, indispensveis atrao de investimentos, desenvolvimento das micro e pe-quenas empresas, aumento da competitividade dos negcios brasileiros e desenvolvimento nacional, em proveito de todos os brasileiros." '

    i. Justificativas do PL i572/11 disponvel em http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/ fichadetramitacao?idProposicao=5o8884.

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  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    Tal projeto encontra-se em tramitao na Cmara, mas certamente ainda ter um longo caminho a percorrer. Isso porque sua aprovao est sendo alvo de diviso de opinies entre doutrinadores. Enquanto alguns acreditam que o novo Cdigo trar mudanas importantes e modernizao ao Direito Empresarial, outros entendem ser muito cedo para se implementar mais mudanas neste ramo jurdico que j foi to alterado h menos de 10 anos. Algumas mudanas j vm sendo imple-mentadas, mas por legislaes esparsas.

    Fases do Direito Empresarial ia 2 3'

    Estudo focado ape- Surgimento da Teoria Surgimento da Teoria da nas na figura do dos Atos de Comrcio Empresa. Muda-se comple-comerciante. Co- que passa a focar o es- tamente a linha de pensa-nhecida como era tudo nos atos que eram menta, ampliando o estu-subjetiva. praticados pelos comer- do para a empresa e no

    dantes e no apenas apenas o comrcio. Muda-na sua figura. Conheci- -se inclusive a nomenclatu-da como era objetiva. ra do ramo jurdico.

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? No Concurso da Magistratura/MG/2012, organizado pela EJEF, o tema foi abordado com o seguinte enunciado: "Com a vigncia do Novo Cdigo Civil, luz do artigo 966, correto afirmar que o Direito brasileiro concluiu a transio para a". A afirmativa correta era a que tinha o texto: "teoria da empresa de matriz italiana."

    2. CARACTERSTICAS DO DIREITO EMPRESARIAL A estrutura atual do Direito Empresarial faz com que a doutrina

    enumere determinadas caractersticas que lhes so peculiares e fazem com que ele se diferencie dos demais ramos jurdicos, principalmente do Direito Civil.

    As caractersticas mais importantes so: cosmopolitismo, individua-lismo, informalismo e fragmentarismo.

    Por cosmopolitismo entende-se a caracterstica de ser um direito uni-versal, sem fronteiras. A atividade empresria comum a diversos po-vos e diversas economias mundiais, j que grande parte das economias

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  • INTRODUO AO DIREITO EMPRESARIAL

    mundiais baseiam-se em um sistema capitalista. Assim, sendo, vrias so as legislaes derivadas de tratados internacionais que tratam de temas do Direito Empresarial, como no caso dos ttulos de crdito (Lei Uniforme de Genebra) e da propriedade industrial (Conveno de Paris).

    O individualismo um dos pontos que mais diferencia o Direito Em-presarial do Direito Civil. Isso porque a atividade empresria est base-ada na obteno de lucro e este est ligado diretamente a interesses individuais. Porm, o atual Cdigo Civil baseia-se em princpios de soli-dariedade e funo social, e o Direito Civil segue de forma bem mais pro-funda esses pilares, reduzindo significativamente o individualismo. No Di-reito Empresarial essa caracterstica ainda muito marcante, dado o fim lucrativo ser o objetivo principal da atividade, porm, nos dias atuais, esse individualismo mitigado, principalmente frente ao princpio da funo social da empresa que ser melhor estudado mais a frente.

    Dada a necessidade de celeridade no trato negocial das atividades empresrias, urge abrir mo do formalismo das relaes contratuais, seguindo a tendncia explanada no art. io7 do Cdigo Civil. Por isso menciona-se a caracterstica do informalismo do Direito Empresarial.

    Por fim, diz-se que nosso ramos jurdico fragmentrio, pois como ser percebido no decorrer do nosso estudo, vrias so as legislaes extravagantes que tratam do Direito Empresarial e que no se concen-tram seu regulamento em uma ou poucas leis.

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? No Concurso da Magistratura/MG/2009, organizado pela EJEF, o tema foi abordado requerendo que fosse apontado o que no era uma caracters-tica do Direito Empresarial. As alternativas eram: a) lnformalismo. b) Fragmentrio. c) Cosmopolita. d) Sistema jurdico harmnico. A ltima alternativa que era para ser marcada.

    3. A EMPRESA

    O principal conceito para se falar no Direito Empresarial moderno passou a ser, portanto, a empresa, cuja definio ainda necessita de certos contornos.

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  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    A partir do Cdigo Civil de 2002, empresa passou a significar a ati-vidade econmica, negocial, que ocorre de forma organizada voltada para a produo ou circulao de bens ou servios.

    Diferencia-se, desta forma, o conceito de empresa do de empres-rio, do de sociedade empresria e do de estabelecimento empresa-rial, que na linguagem coloquial so usados todos como significado de empresa. Porm, tecnicamente a expresso empresa somente pode ser utilizada para definir a atividade "econmica organizada para a produo ou circulao de bens ou servios"

    O legislador brasileiro optou pelo pertil funcional de Alberto Asquini para definir a empresa, vendo-a como "aquela particular fora em mo-vimento que a sua atividade dirigida diretamente a um determinado escopo produtivo."

    A doutrina moderna menciona a empresa como abstrao, j que no se trata de uma entidade material e visvel. Tal concluso se d pelo fato de o conceito ser o de atividade, no se confundindo com o de empresrio (sujeito) e nem com o de estabelecimento (objeto).

    Empresa -+Atividade Organizada

    O Cdigo Civil, no seu art. 966, trouxe o conceito de empresa dentro do conceito de empresrio, mas essa no uma definio muito pre-cisa j que toda atividade negocial organizada e busca colocar em circulao bens ou servios.

    Desta forma, inicialmente, para diferenciar a atividade empres-ria das demais atividades econmicas, preciso esclarecer o que seja o elemento organizao que foi estipulado no conceito. Esta organizao se refere estrutura empresarial, com a existncia de um complexo de bens organizados, em que as tarefas para desem-penhar a atividade fim sejam separadas em funes especficas, criando uma atuao capaz de produzir e circular riquezas. Tal ele-mento se ope ao trabalho individualizado, meramente pessoal, ainda que se tenha o objetivo de circular bens ou servios. Assim, por exemplo, um taxista que pratica o seu servio de transporte apenas com seu txi e somente ele organiza as contas, as receitas e as despesas, no se pode colocar tal atividade como empresa. Po-rm se uma pessoa dona de, digamos, 3 txis, contrata motoristas

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  • INTRODUO AO DIREITO EMPRESARIAL

    para prestar os servios, organiza horrios, contas, sua atividade entrar na organizao que caracteriza a empresa.

    No nos esqueamos de que tambm h que se falar em atividade econmica, ou seja, a atividade uma busca por lucratividade. Aquele que inicia a prtica de uma atividade empresria, o faz para angariar lucros.

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? No certame da Magistratura/Pl/2012, de responsabilidade do CESPE, o enunciado perguntava qual o significado de empresa, de acordo com o Cdigo Civil de 2002 e alternativa correta era: "uma atividade organizada com o fito da obteno de lucros." Apesar de ser uma conceituao sim-plista, a alternativa que melhor se enquadrou como empresa.

    Porm, no foi apenas do requisito da organizao que o legisla-dor brasileiro utilizou-se para conceituar a atividade empresria, pois, quando o elemento pessoal da atividade prevalece, tambm estar excluda a ideia de empresa. Diz-se isso de determinadas iniciativas onde o mais importante so as caractersticas do profissional que as realiza, o que acaba por descaracterizar a estrutura empresarial.

    Assim, para complementar o conceito de empresa, preciso ob-servar o pargrafo nico do art. 966 do Cdigo Civil que diz quais as atividades no so consideradas empresrias.

    Pargrafo nico. No se considera empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artsti-ca, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa.

    Portanto, as atividades intelectuais, de natureza cientfica (mdicos, cientistas), literria (escritores, advogados) ou artstica (msicos, ato-res) no so consideradas como empresrias.

    ~ Importante! Mesmo existindo a atividade econmica e a organizao, as atividades de natureza intelectual no so consideradas atividades empresrias. Segue--se o conceito que vai alm da ideia econmica de empresa e adota-se uma teoria jurdica da empresa.

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  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    Como esse assunto foi cobrado em concurso? Dentro do tema das atividades que no so consideradas como em-presa e utilizando-se do exemplo mais comum, na prova para Titular de Servios de Notas do TJ/RN/2012, organizado pelo IESES o enuncia-do pedia para marcar a alternativa incorreta que era: "O mdico que presta seus servios empresrio, pois, mesmo que no exera uma atividade organizada com a contratao de colaboradores, exerce tal atividade de forma profissional." A atividade mdica pura e simples no empresria e ento ele no ser empresrio_

    Existe apenas uma possibilidade de essas atividades serem con-sideradas como empresrias que a ressalva final do dispositivo, ou seja, quando a atividade constituir elemento de empresa.

    Mas o grande problema definir o que seja esse elemento de em-presa que far com que as atividades intelectuais possam ser empre-srias. Alguns autores partem para o lado econmico e dizem que esse elemento empresarial est na complexidade da organizao da ativida-de intelectual, ou seja, a partir do porte do negcio. Assim, dois mdicos que tm um consultrio em conjunto no seriam empresrios, mas se esse consultrio comear a ganhar outro porte, com a participao de mais mdicos, com um nmero maior de funcionrios, passaria a ter o elemento de empresa. Entretanto o entendimento que vem preva-lecendo o de que esse elemento seria caracterizado pela existncia de outras atividades sendo praticadas em complemento atividade intelectual. Na clnica mdica do exemplo anterior, a atividade seria em-presria quando junto com a atividade dos mdicos fossem oferecidos exames, servios de enfermagem, esttica, dentre outros.

    Filiando-se ao primeiro posicionamento temos autores como Fbio Ulhoa Coelho e Ricardo Fiza, e sustentando o segundo encontram-se Sylvio Marcondes e Alfredo Assis de Gonalves Neto. Cada um desses autores citados cria determinadas nuances para explicar o elemento de empresa. sempre seguindo as tendncias explanadas anteriormente.

    Elemento de empresa i corrente 2 corrente

    Baseia-se na estrutura organizado- Baseia-se na existncia de outras ati-nai. Se possuir complexidade, haver vidades junto atividade intelectual. elemento de empresa. Somente havendo outras atividades

    ter elemento de empresa.

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  • INTRODUO AO DIREITO EMPRESARIAL

    ~ Importante! Na jurisprudncia, a questo da definio do que seja elemento de empre-sa ganha importncia na questo tributria. Isso porque o art. 9". 1 e 3, do Decreto-Lei 4o6/68 d tratamento diferenciado para pagamento do ISS s atividades no empresrias, ou seja, se ficar configurada a existncia do elemento de empresa, no haver o benefcio. o STJ vem entendendo, como no REsp io28o86/RO, publicado em 15 de dezembro de 2011, que o elemento de empresa se caraderiza pela complexidade na organizao.

    Como esse assunto foi cobrado em concurso? No exame organizado pela FCC para Procurador do TCE/BA/2011, a alterna-tiva correta a ser assinalada afirmava "No se considera empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, mesmo que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, a no ser que o exerccio da profisso constitua elemento de empresa."

    4- O EMPRESRIO De acordo com o j analisado art. 966 do Cdigo Civil, ser empre-

    srio aquele que pratica atividade empresria. Essa uma definio material do conceito de empresrio, sendo ele o sujeito de direitos e obrigaes que exerce a atividade econmica organizada para a circu-lao de bens ou servios, exceto a atividade intelectual.

    Essa atuao deve ocorrer de forma profissional, ou seja, o empre-srio tem que exercer a atividade com habitualidade, no entrando neste conceito aquele que esporadicamente praticou uma atividade empresria, como por exemplo, uma pessoa que vende seu prprio carro, mas no tem como cotidiano a prtica de venda de automveis.

    Neste diapaso importante que se corrija uma viso coloquial da expresso empresrio que cotidianamente usada como sinnimo de empreendedor, ou seja, qualquer pessoa que possua ou realize inves-timentos. Sendo assim, nem todo scio ou acionista de uma sociedade ser empresrio. Somente o ser se possuir cargo de administrao e efetivamente participar da organizao da atividade.

    Quando se tem sociedade, os empresrios sero os administrado-res e a prpria pessoa jurdica que quem efetivamente organiza a atividade.

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  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    A empresa, portanto, pode ser exercida em sociedade (atravs das sociedades empresrias) ou individualmente (atravs do empresrio individual e da empresa individual de responsabilidade limitada).

    ~ Importante! No se pode confundir mais o conceito de empresrio com o de investi dor, dessa forma, o fato de ser scio de uma sociedade no faz com que a pessoa seja considerada empresria. Para s-lo precisar participar efetivamente da organizao da atividade empresria.

    O legislador brasileiro optou pelo conceito material de empresrio, tendo em vista que o j analisado art. 966 no exige o registro para que algum seja caracterizado como tal.

    O art. 967 do Cdigo Civil exige que o empresrio se registre na Jun-ta Comercial antes do incio da atividade, e em virtude dessa previso h quem defenda que o conceito seria formal, j que todo empresrio deve se registrar.

    Esse no o entendimento correto, uma vez que algum que or-ganize atividade empresria ser considerado empresrio. Se no se registrar ser um empresrio irregular, mas no deixar de s-lo.

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? Esse o entendimento seguido pelas bancas, como ocorreu no exame organizado pelo TRT da 24 regio em 2012 em prova da magistratura do Trabalho. A questo pedia para marcar o que caraderiza o empresrio e a resposta era: "Pelo exerccio profissional de atividade econmica orga-nizada para produo ou circulao de bens ou de servios." Dentre as alternativas erradas tinha a que dizia: "Pelo registro na Junta Comercial."

    4.1. Requisitos para ser empresrio

    Dois so os requisitos para que seja possvel se inscrever como empresrio individual: capacidade e ausncia de impedimentos.

    Na interpretao conjunta do art. 972 com o art. 974, do Cdigo Civil, conclui-se que para requerer a inscrio como empresrio necess-rio ter plena capacidade civil. No possvel requerer a inscrio por representante ou assistente.

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    A atividade empresarial poder, entretanto, ser continuada, atra-vs de representante ou assistente, quando ocorrer incapacidade su-perveniente. Essa incapacidade superveniente poder ocorrer quan-do o prprio empresrio passa por um processo de interdio e declarado incapaz ou quando ele falece e seu(s) herdeiro(s) (so) incapaz(es). Em qualquer dos casos, a continuao da atividade de-pender de autorizao judicial e os bens que o incapaz possua antes de interdio ou da sucesso no podero ser penhorados para o pagamento de dvidas decorrentes da atividade.

    Art. 974. Poder o incapaz, por meio de representante ou de-vidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herana.

    As duas hipteses de continuao do empresrio incapaz so taxa-tivas, no comportando interpretaes extensivas. Por exemplo, no pode, ao argumento da continuidade, o empresrio capaz transferir em vida seu registro para seu filho menor de idade, pois tal hiptese no est prevista no art. 974.

    ~ Importante! No h possibilidade de o incapaz iniciar atividade empresria. Ele apenas pode continuar, nas hipteses taxativas do art. 974 do Cdigo Civil, quais sejam, em caso de incapacidade superveniente ou em caso de receber a atividade por herana.

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? Na prova da Magistratura/Pl/2012 organizado pelo CESPE, pedia-se para marcar a alternativa correta e o enunciado comeava dizendo #Pode exercer a atividade empresria#. A resposta correta era: #o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, desde que se refira continuao da empresa que antes exercia quando capaz, a depender de autorizao judicial aps exame das circunstncias e dos riscos da empresa#.

    A lei cuidou de proteger o patrimnio do incapaz que prossegue na atividade empresria, por isso o iodo art. 974 do Cdigo Civil dispe que:

    MNo ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz j possua, ao tempo da sucesso ou da interdio,

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  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvar que conceder a autorizao."

    Assim, se o incapaz continuar, seu patrimnio particular que no ti-ver relacionado com a atividade empresria estar sempre protegido, no podendo ser atingido caso a atividade no venha a obter xito.

    o segundo requisito a ausncia de impedimento. Determinadas pessoas, por causa do cargo ou funo que ocupam ou em virtude de algumas circunstncias pessoais, no podem exercer atividade de empresrio, mas se o fizer, respondero pelas obrigaes contradas.

    Como se analisar no momento oportuno, estaro impedidos de exerc-la os falidos, porm, basta a declarao de extino das obriga-es para que se consideram reabilitados. Se houve crime falimentar, dever aps o decurso do prazo legal, obter a declarao de extino das obrigaes e a sua reabilitao penal.

    Tambm so impedidos os funcionrios pblicos, pois a atividade que exercem de tamanha importncia que devem dedicar-se a elas sem ter que se preocupar em organizar uma atividade empresria.

    Os devedores do INSS tambm no podero exercer atividade em-presarial (Lei n 8.212/91, art. 95, 2, d). Deputados e Senadores tam-bm no podem ser empresrios, mas uma restrio especfica para as empresas que gozem de contrato com o governo.

    Aqueles que foram condenados pela prtica de crime que vede o acesso atividade empresarial (art. 35, li, da Lei 8934/94) tambm no podero exercer a atividade empresarial, at que concedida a reabi-litao penal.

    Esses impedimentos, como se pode perceber; podem ser tempor-rios ou ter um carter permanente.

    4.2. Empresrio individual

    Muitas vezes determinada pessoa pode se interessar por, sozinha, constituir uma atividade empresria e organiz-la com seus prprios meios. Pelas regras atuais do direito brasileiro tal pessoa poder optar por duas maneiras de exercer a atividade empresria sozinha, regis-trando-se como empresrio individual ou constituindo uma empresa

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    individual de responsabilidade limitada, essa ltima de criao recente pela Lei 12.441/11 que entrou em vigor em 12 de janeiro de 2012.

    Inicialmente vamos analisar a questo do empresrio individual.

    Toda e qualquer pessoa fsica que atenda aos requisitos descritos no item anterior poder praticar a atividade empresria, criando e or-ganizando o negcio e para isso dever se inscrever na Junta Comercial.

    o empresrio individual tem que fazer sua inscrio na Junta Comer-cial antes de iniciar sua atividade. Esta obrigao difere das sociedades empresrias, por exemplo, e da regra geral do prazo do registro que de 30 dias a contar da realizao do ato. Essa a regra que se de-preende do art. 967 do Cdigo Civil, e a nica exceo a pessoa que desenvolve atividade rural que estar dispensada do registro, confor-me analisaremos mais a frente.

    Essa inscrio do empresrio individual existe, pois a Junta Comer-cial o rgo que controla as atividades empresrias, porm, im-portante lembrar que tal registro no far com que ele ganhe uma personalidade jurdica que ser diferente da pessoa fsica. Ele jamais ser considerado pessoa jurdica, j que no se enquadra em nenhuma das espcies de pessoa jurdica previstas no art. 44 do Cdigo Civil, nem mesmo na recm criada Empresa Individual de Responsabilidade Limitada que ser analisada adiante.

    Desta forma, o empresrio individual uma pessoa fsica que para exercer sua atividade empresria precisa de um registro no rgo com-petente. Assim como os advogados se registram na OAB, os mdicos se registram no CRM, sem que com isso se tornem pessoa jurdica.

    Mas ao se registrar na Junta Comercial, ser obrigatrio que o em-presrio individual tambm faa sua inscrio na Receita Federal, ocu-pando o Cadastro Nacional Pessoas Jurdicas - CNPJ. E justamente por causa desse fato que muitos fazem uma ideia errnea, acreditando que o empresrio individual pessoa jurdica. importante perceber que a existncia deste nmero no CNPJ apenas para fins tributrios, pois para o recolhimento do Imposto de Renda o empresrio individual ser equiparado s pessoas jurdicas. Como se v, apenas uma ques-to de pagamento de tributo, uma equiparao.

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  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? Na prova da Magistratura/MG/2012, organizada pela banca da EJEF, foi pe-dido para assinalar a alternativa correta a respeito do empresrio indivi-dual. A afirmativa a ser marcada era a que dizia: NNo pessoa jurdica e pode ingressar em juzo em nome prprio.#

    Isso nos traz uma questo importante. Uma vez que o empresrio individual no tem personalidade jurdica distinta da pessoa fsica, no h autonomia patrimonial, j que as obrigaes pertencem a uma nica pessoa. Sendo assim, caso o negcio no d certo, ele ir responder pelas obrigaes contradas com todo o seu patrimnio, estando ele registrado no CPF ou no CNPJ. O inverso tambm poder acontecer. Se o empresrio possuir dvidas particulares e no conseguir quit-las, poder atingir o patrimnio que utilizado pela atividade empresria.

    Esse fato faz com que muitos busquem a realizao da atividade empresria em sociedade, justamente para terem a possibilidade de limitar os riscos inerentes a essa atividade. A recm-criada Empresa Individual de Responsabilidade Limitada tende a tambm ser uma al-ternativa para atender ao anseio dos empresrios que querem atu-ar individualmente, mas sem se expor integralmente aos riscos da atividade.

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    ~ Qual o entendimento do STJ sobre o assunto? Como no poderia ser diferente. o Superior Tribuna de justia possui julga-dos em que reconhece que o empresrio individual no pessoa jurdica, como podemos observar no Resp REsp 594832/RO, de relatoria da Ministra Nancy Andrighi:

    Processual civil. Recurso especial. Ao rescisria. Agravo retido. Inviabi-lidade. Embargos de dedarac;o. No demonstrao da omisso, contra-dio ou obscuridade. Patrimnio do empresrio individual e da pessoa fsica. Doao. Invalidade. Ausncia de outorga uxria. Erro de fato. Tema controvertido. Violao a literal disposio de lei. (. .. ) - Empresrio individual a prpria pessoa fsica ou natural, respondendo os seus bens pelas obrigaes que assumiu, quer civis quer comerciais. (. .. ) Recurso parcialmente conhecido e, nesta parte, provido.

  • INTRODUO AO DIREITO EMPRESARIAL

    Mas h um detalhe importante: apesar de no haver a criao de um novo ente e termos apenas uma personalidade jurdica, h o entendimento de que deve ser observada a subsidiariedade previs-ta no art. io24 do Cdigo Civil. Isto quer dizer que se estiver sendo cobrada uma obrigao referente atividade empresria, quando da execuo, primeiro devem ser penhorados os bens ligados empresa, isto , que esto registrados no CNPJ para depois, caso no haja patrimnio suficiente, faa-se a constrio dos "bens par-ticulares" do empresrio.

    Esse entendimento foi objeto de enunciado na 1 Jornada de Direito Comercial do Conselho da Justia Federal:

    Enunciado n 5: Quanto s obrigaes decorrentes de sua ativida-de, o empresrio individual tipificado no art. 966 do Cdigo Civil responder primeiramente com os bens vinculados explorao de sua atividade econmica, nos termos do art. i.024 do Cdigo Civil.

    Como foi falado anteriormente, por ter tratamento diferenciado, o empreendedor rural s ser considerado empresrio se fizer sua inscrio na Junta Comercial. Importante ressaltar que se ele decidir faz-lo, no ter mais nenhum tratamento diferente e passar a ter as mesmas obrigaes de qualquer outro empresrio.

    Art. 971. O empresrio, cuja atividade rural constitua sua principal profisso, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus pargrafos, requerer inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficar equiparado, para todos os efeitos, ao empresrio sujeito a registro.

    Uma grande novidade do CC de 2002 o previsto no art. 978 que diz que o empresrio casado sob qualquer regime, no ir preci-sar da outorga conjugal para alienar bens imveis que integrem o patrimnio da empresa. Para isso, importante retomar o que foi dito anteriormente e dizer que os bens que podem ser alienados so os que estiverem em nome do empresrio individual, ou seja, registrados no CNPJ.

    Esse assunto tambm foi alvo de enunciado na 1 Jornada de Direito Comercial:

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  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    Enunciado n 6: O empresrio individual regularmente inscrito o destinatrio da norma do art. 978 do Cdigo Civil, que permite alienar ou gravar de nus real o imvel incorporado empresa, desde que exista, se for o caso, prvio registro de autorizao conjugal no Cartrio de Imveis, devendo tais requisitos constar do instrumento de alienao ou de instituio do nus real, com a consequente averbao do ato margem de sua inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? Tema bem recorrente em concursos como no da Magistratura/PE/2011, or-ganizado pela FCC e no da Magistratura/PB/2011, organizado pelo CESPE em que pedia para marcar a alternativa correta e em ambas as provas tal alter-nativa afirmava que o empresrio casado pode, independente do regime de bens, alienar bens que integrem o patrimnio da empresa.

    O empresrio individual responde com todos os seus bens (do em-presrio e particulares) nas dvidas que forem contradas no exerccio da atividade, j que no existe limitao de responsabilidade para ele. Alis, esta ausncia de limitao de responsabilidade se d devido ao fato de o empresrio individual no ter personalidade jurdica dife-rente da pessoa fsica. uma nica personalidade jurdica, apesar de existir um CPF e um CNPJ. Como j foi observado, esta diferenciao apenas para fins tributrios.

    Por fim, importante ressaltar que possvel a falncia do empre-srio individual, conforme art. 1 da Lei 11.101 de 2005.

    ~ Importante! Empresrio individual no pessoa jurdica e no tem personalidade jur-dica distinta. Sendo assim, as obrigaes contradas para a prtica da ati-vidade podero atingir o patrimnio que no est a ela relacionado e as dvidas particulares do empresrio tambm podero atingir o patrimnio usado na empresa.

    5. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA - EIRELI

    Por fim, aps diversas discusses doutrinrias e projetos de lei que no foram aprovados para se introduzir no ordenamento jurdico

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  • INTRODUO AO DIREITO EMPRESARIAL

    brasileiro alguma hiptese de constituio de pessoa jurdica por uma nica pessoa natural, a Lei 12.441/2011 foi publicada no Dirio Oficial da Unio (DJU), de 12/07/2011, e trata da Empresa Individual de Responsa-bilidade Limitada, "EIRELI".

    A possibilidade jurdica que autoriza determinada pessoa natural a constituir pessoa jurdica para a explorao de empresa, sem a ne-cessidade de se juntar a algum scio, razovel e h muito tempo aguardada pelos empresarialistas e principalmente pelos empresrios.

    Como foi mencionado no item anterior, antes da Lei 12.441/2011 o empresrio individual no tinha escolha: se quisesse explorar determi-nada empresa, sem a colaborao de scios, estaria arriscando todo o seu patrimnio pessoal penhorvel. Isso porque a sistemtica do empresrio individual no o possibilita limitar sua responsabilidade.

    Com a EIRELI haver uma criao de um novo ente, que ir assumir os direitos e obrigaes da atividade empresria. Importante ressaltar que a EIRELI no tem natureza jurdica de sociedade empresria, ao contrrio do que muitos podem imaginar, mas trata-se de uma nova categoria de pessoa jurdica de direito privado, que tambm se des-tina ao exerccio da empresa. Tanto que a Lei 12.441/2011 incluiu "as empresas individuais de responsabilidade limitada" no rol de pessoas jurdicas de direito privado do art. 44 do Cdigo Civil.

    Alm disso, a Lei 12-441/2011, ao inserir no Cdigo Civil o art. 980-A, teve o cuidado de tambm criar um novo ttulo (Ttulo 1-A: "Da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada"), situado entre os Ttulos 1 e li, que tratam, respectivamente, do empresrio individual e das socie-dades empresrias.

    Isso significa dizer que a criao da EIRELI no acabou com a figu-ra do empresrio individual que continuar a existir normalmente e as pessoas podero, em alguns casos, fazer a escolha de um tipo ou outro.

    ~ Importante! Aquele que quer explorar a empresa individualmente, a partir de janeiro de 2012 passou a ter duas opes: ou se registra como empresrio indivi-dual ou como empresa individual de responsabilidade limitada.

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    Outrossim, tambm no se afigura razovel atribuir EIRELI a na-tureza jurdica de "sociedade unipessoal", pois s h que se falar em sociedade se houver mais de um scio. A criao de uma nova mo-dalidade de pessoa jurdica de direito privado no impe que seja classificada como "sociedade unipessoal".

    Nem toda pessoa poder constituir uma EIRELI, haja vista que o caput do art. 98o-A do Cdigo Civil exige que, no ato de constituio, no mnimo, seja estabelecido um capital no inferior a ioo (cem) salrios mnimos.

    Com a fixao de um piso para o capital inicial, o dispositivo parece ter visado evitar que pequenos negcios gozassem da possibilidade de limitao de responsabilidade.

    Porm, a constitucionalidade da restrio j est sendo questio-nada. o Partido Popular Socialista (PPS) ingressou com Ao Direta de Inconstitucionalidade (ADI n4.637) do STF contra a parte final do art. 98o-A.

    o principal argumento utilizado na ADI que "o salrio mnimo no pode ser utilizado como critrio de indexao para a determinao do capital mnimo necessrio para a abertura de empresas individuais de responsabilidade limitada". O partido questiona ainda que "tal exign-cia esbarra na notria vedao de vinculao do salrio mnimo para qualquer fim, prevista no inciso IV do artigo 7 da Constituio Federal".

    o PPS lembra ainda que a Smula Vinculante 4, do STF, impede a utilizao do salrio mnimo como indexador de base de clculo de vantagem de servidor pblico ou de empregado, ou sua substituio por deciso judicial, salvo os casos previstos na Constituio.

    H ainda outra inconstitucionalidade apontada na ao que seria a afronta ao princpio da livre iniciativa previsto no art. 170 da Cons-tituio, j que o capital mnimo impede que pequenos investimentos possam ser abertos com a forma de EIRELI.

    A ADI ainda est sendo processada e est pendente de julgamento, j tendo recebido o parecer negativo do Ministrio Pblico Federal.

    A justificativa mais plausvel para a existncia deste capital mni-mo seria dificultar que a EIRELI seja utilizada para fraudar a legisla-o trabalhista, tal como vem sendo utilizado o regime jurdico do

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    microempreendedor individual (MEi), previsto no art. 68 da Lei Com-plementar 123/2oo6. que, na prtica, muitos empregadores, buscando diminuir custos com mo de obra, tm demitido seus empregados e, logo, em seguida, os tm recontratado, fraudulentamente, na condio de microempreendedores individuais. Com a fixao do piso inicial de 100 (cem) salrios mnimos, espera-se que a EIRELI seja desestimulada a servir de ferramenta para fraudes trabalhistas desse tipo.

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? Na prova de Juiz do Trabalho do TRT 3 regio/2013, o enunciado pedia para assinalar a alternativa incorreta que era: "A empresa individual de responsabilidade limitada ser constituda por uma nica pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que no ser inferior a 50 (cinquenta) vezes o maior salrio-mnimo vigente no Pas. "

    Outra crtica importante foi a prpria nomenclatura do novo insti-tuto que conflita com as mudanas implementadas pelo Cdigo Civil de 2002. De acordo com esse o termo "empresa" deve ser usado para designar a atividade e na Lei 12.441/2011 o termo foi usado para desig-nar aquele que exerce a atividade. Sendo assim, o nome mais correto para o novo instituto seria "empresrio individual de responsabilidade limitada."

    A partir da vigncia da Lei 12.441/2011, a empresa pode ser exerci-da por empresrio individual, EIRELI ou sociedade empresria. E quem j exerce empresa sob alguma das trs estruturas jurdicas retro men-cionadas pode, eventualmente, transformar-se em alguma das outras. Por outro lado, tambm haver transformao se determinada socie-dade altera o tipo societrio, independentemente de dissoluo ou liquidao. Nesse sentido, destaque-se que o pargrafo nico do art. i.033 do Cdigo Civil, com nova redao conferida pela Lei 12.441/2011, esclarece que no h que se falar em dissoluo de sociedade quando houver concentrao de todas as cotas sob a titularidade de uma ni-ca pessoa, ainda que por prazo superior a 180 (cento e oitenta) dias, desde que o nico titular requeira a transformao da sociedade em empresrio individual ou EIRELI.

    Vejamos quais so as principais diferenas entre o empresrio in-dividual e a EIRELI:

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    Empresrio Individual EIREU

    No forma pessoa jurdica, sendo Cria uma pessoa jurdica que ter personalidade jurdica distinta da-que a personalidade jurdica nica. quele que a forma. Pode ter qualquer valor de investi- Precisa de um investimento mnimo mento. de 100 salrios mnimos. Empresrio assume os riscos do ne- H separao das responsabilidades gcio e ter seu patrimnio particu- patrimoniais e o empresrio, regra lar penhorado em caso de dvida da geral, no arrisca seu patrimnio atividade. particular.

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? Apesar de ser assunto novo, a prova para Tcnico da JUCEPE/2012, organiza-da pela UPENET j abordou o assunto e o enunciado dizia que: "Conforme a IN n 117/2011, do Departamento Nacional do Registro do Comrcio, que aprovou o Manual de Atos de Registro de Empresa Individual de Responsa-bilidade Limitada - EIRILI, CORRETO afirmar que". E a resposta correta era: "podem ser utilizados para integralizao de capital de uma EIRILI quais-quer bens, desde que suscetveis de avaliao em dinheiro."

    Em virtude das divergncias de entendimentos sobre a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, na ltima Jornada de Estudos, o Conselho da Justia Federal aprovou alguns enunciados sobre o tema, quais sejam:

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    Enunciado n 468 - A empresa individual de responsabilidade limitada s poder ser constituda por pessoa natural.

    Enunciado n 469 - A empresa individual de responsabilida-de limitada (EIRELI) no sociedade, mas novo ente jurdico personificado.

    Enunciado n 470 - O patrimnio da empresa individual de res-ponsabilidade limitada responder pelas dvidas da pessoa ju-rdica, no se confundindo com o patrimnio da pessoa natural que a constitui, sem prejuzo da aplicao do instituto da descon-siderao da personalidade jurdica.

    Enunciado n 471 - Os atos constitutivos da EIRELI devem ser arquivados no registro competente, para fins de aquisio de

  • INTRODUO AO DIREITO EMPRESARIAL

    personalidade jurdica. A falta de arquivamento ou de registro de alteraes dos atos constitutivos configura irregularidade superveniente.

    Enunciado n 472 - inadequada a utilizao da expresso "so-cial" para as empresas individuais de responsabilidade limitada.

    Enunciado n 473 - A imagem, o nome ou a voz no podem ser utilizados para a integralizao do capital da EIREU.

    Enunciado n 483 - Admite-se a transformao do registro da sociedade annima, na hiptese do art. 2o6, 1, d, da Lei n. 6.404/1976, em empresrio individual ou empresa individual de responsabilidade limitada.

    6. MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE De acordo com o princpio constitucional da igualdade, visto da

    maneira formal, deve haver tratamento desigual para as pessoas que esto em condies de desigualdade, para que se busque o equilbrio. Na atividade empresria percebeu-se essa necessidade de tratamento diferente para as atividades empresrias de menor porte, que por sua menor capacidade econmica, precisam de determinados incenti-vos, para que possam competir no mercado.

    Com o advento da Lei Complementar n 123 de 2oo6, as microem-presas e empresas de pequeno porte passaram a ter tratamento di-ferenciado e favorecido por parte da Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios.

    As inovaes referentes ao tratamento diferenciado e favorecido mencionadas no art. 1 da Lei so basicamente relacionadas a

    a) apurao e recolhimento de impostos e contribuies, median-te regime nico de arrecadao, includas aqui as obrigaes acessrias;

    b) cumprimento de obrigaes trabalhistas e previdencirias, tam-bm includas aqui as obrigaes acessrias e;

    c) acesso ao crdito e ao mercado, bem como preferncia nas aquisies de bens e servios pelos poderes Pblicos, tecnolo-gia, ao associativismo e s regras de incluso.

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  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    t preciso, antes de tudo, analisarmos quais so as hipteses de enquadramento como microempresa e empresa de pequeno porte.

    Recentemente a Lei Complementar 123/2oo6 foi alterada pela Lei Complementar 139/2011, que alterou os valores de receita bruta para o enquadramento como ME ou EPP. Tal alterao era necessria, pois os valores originalmente colocados tomaram-se defasados.

    Assim, hoje os parmetros para enquadramento como microempre-sas so os seguintes:

    a) ser empresrio, pessoa jurdica, ou a ela equiparada; b) auferir, em cada ano-calendrio, receita bruta igual ou inferior a

    RS 36o.ooo,oo.

    Para o enquadramento como empresa de pequeno porte dever ser:

    a) empresrio, pessoa jurdica, ou a ela equiparada; b) que aufira, em cada ano-calendrio, receita bruta superior a RS

    36o.ooo,oo e igual ou inferior a RS 3.6oo.ooo,oo.

    A lei ainda vai definir o que seja receita bruta, dizendo que: "consi-dera-se receita bruta, o produto da venda de bens e servios nas ope-raes de conta prpria, o preo dos servios prestados e o resultado nas operaes em conta alheia, no includas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos."

    No caso de incio de atividade no prprio ano-calendrio, o limite dos valores ser proporcional ao nmero de meses em que a micro-empresa ou a empresa de pequeno porte houver exercido atividade, inclusive as fraes de meses .

    O principal benefcio dado para as MEs e para as EPPs a pos-sibilidade de optar pelo enquadramento no Simples nacional que um sistema tributrio com grandes vantagens. Sero considera-das inscritas no Simples Nacional as microempresas e empresas de pequeno porte regularmente optantes pelo regime tributrio de que trata a Lei n 9.317, de 5 de dezembro de 1996, salvo as que estiverem impedidas de optar por alguma vedao imposta pelo Estatuto da Microempresa.

  • INTRODUO AO DIREITO EMPRESARIAL

    A Lei prev, ainda, as hipteses de no enquadramento ao regime diferenciado e favorecido. Dessa forma, no podero ser enquadradas as pessoas jurdicas:

    a) de cujo capital participe outra pessoa jurdica; b) que seja filial, sucursal, agncia ou representao, no Pas, de

    pessoa jurdica com sede no exterior; c) de cujo capita,! participe pessoa fsica que seja inscrita como

    empresrio, ou seja, scia de outra empresa que receba tra-tamento jurdico diferenciado nos termos da Lei Complementar u3/2oo6, desde que a receita bruta global ultrapasse os limites definidos na prpria Lei;

    d) cujo titular ou scio participe com mais de io" (dez por cento) do capital de outra empresa no beneficiada pela Lei Comple-mentar i23/2oo6, desde que a receita bruta global ultrapasse os limites definidos na prpria lei. Exceto a participao no capital de cooperativas de crdito, bem como em centrais de compras, bolsas de subcontratao, no consrcio previsto na prpria lei, e associaes assemelhadas, sociedades de interesse econmico, sociedades de garantia solidria e outros tipos de sociedade, que tenham como objetivo social a defesa exclusiva dos interesses econmicos das microempresas e empresas de pequeno porte;

    e) cujo scio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurdica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse os limites definidos pela lei;

    f) constituda sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; g) que participe do capital de outra pessoa jurdica, exceto a par-

    ticipao no capital de cooperativas de crdito, bem como em centrais de compras, bolsas de subcontratao, no consrcio previsto no prprio Estatuto da Microempresa, e associaes as-semelhadas, sociedades de interesse econmico, sociedades de garantia solidria e outros tipos de sociedade, que tenham como objetivo social a defesa exclusiva dos interesses econmicos das microempresas e empresas de pequeno porte;

    h) que exera atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econmica, de sociedade de crdito,

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  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    financiamento e investimento ou de crdito imobilirio, de corre-tora ou de distribuidora de ttulos, valores mobilirios e cmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalizao ou de previdncia complementar;

    i) resultante ou remanescente de ciso ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurdica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendrio anteriores;

    j) constituda sob a forma de sociedade por aes. De acordo com a Lei Complementar, vedada a instituio de qual-

    quer tipo de exigncia de natureza documental ou formal, restritiva ou condicionante, que exceda o estrito limite dos requisitos pertinentes essncia do ato de registro, alterao ou baixa da empresa.

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? Na prova da banca do CESPE para a Magistratura/Pl/2012, foi pedido para assinalar a afirmativa correta sobre as microempresas e empresas de pe-queno porte e a resposta correta era: UA pessoa jurdica que exera ati-vidade de corretora ou de distribuidora de ttulos, valores mobilirios e cmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalizao ou de previdncia complementar no poder beneficiar-se do tratamento jurdico previsto no estatuto em apreo."

    7. PRINCPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL Ao se estudar uma disciplina jurdica no se pode ater-se apenas s

    regras, sendo necessrio apontar tambm os princpios basilares que justificam e servem de interpretao s normas.

    O Direito Empresarial faz parte do Direito Privado e como tal seguir os princpios gerais deste, porm, por ser um ramo jurdico autnomo, mantm seus princpios prprios, os quais sero analisados a seguir.

    7.i. Princpio da Livre Iniciativa

    Trata-se de um princpio que est garantido na Constituio Federal, no art. i 0 , sendo, portanto, princpio fundamental da Repblica e com enorme relevncia para o Direito Empresarial. Alm disso, o caput do art. i70 da Constituio coloca a livre iniciativa como fundamento da ordem econmica.

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  • INTRODUO AO DIREITO EMPRESARIAL

    Tal princpio de extrema importncia, porque as atividades em-presrias esto baseadas na busca por lucratividade e isso no ocorre se os empresrios no tiverem liberdade de iniciativa. Alm disso, no se pode esquecer que o sistema econmico brasileiro o capitalista e, assim,precisa das iniciativas privadas para se desenvolver.

    com base nesse princpio que qualquer pessoa que tenha a plena capacidade civil pode ingressar na atividade empresria. Salvo as proibies para determinadas pessoas, que j foram ana-lisadas anteriormente, no necessria nenhuma qualificao pro-fissional para uma pessoa praticar a empresa, pois todos possuem a livre iniciativa.

    o Estado ir garantir que todos tenham essa liberdade, reconhecen-do a livre iniciativa como um direito titularizado por todos que o de explorarem as atividades empresariais, decorrendo no dever, imposto a todos os demais entes, particulares ou pblicos, de respeitarem o mesmo direito constitucional, bem como a ilicitude dos atos que im-peam o seu pleno exerccio e que se contrape ao prprio Estado, que somente pode interierir na economia nos limites constitucionais definidos contra os demais particulares.

    Essa liberdade de iniciativa pode ser observada em dois caminhos diferentes. O primeiro que diz respeito possibilidade de se iniciar uma atividade empresria livremente e um segundo que o de or-ganizar essa atividade, no seu desenrolar, da maneira como for mais conveniente ao empresrio.

    Porm, assim como os demais princpios, o da livre iniciativa no um princpio absoluto e poder sofrer restries quando for necess-rio. Apesar de o nosso sistema econmico ser o capitalista, j no mais vivemos a era do liberalismo econmico, portanto, o Estado poder interferir em determinadas atividades empresrias quando elas repre-sentarem risco aos interesses sociais.

    Tambm haver restries ao princpio da livre iniciativa quando ele colidir com outro princpio de mesma hierarquia constitucional. A situao mais comum quando a liberdade de iniciativa esbarra no princpio da livre concorrncia que ser analisado a seguir.

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  • ESTEFNIA ROSSIGNOLI

    ~ Como esse assunto foi cobrado em concurso? No 13 Concurso para Procurador da Repblica organizado pela PGR, o enunciado pedia para marcar a alternativa que dizia no que se assenta o princpio bsico do liberalismo econmico. A alternativa correta referia-se liberdade de iniciativa e na economia de mercado

    7 .2. Princpio da Livre Concorrncia

    A Constituio Federal de 1988 baseia-se em um Estado Democrtico de Direito e, por isso, trata dos princpios que a ordem econmica deve observar. Dentre eles, no inciso IV do art. 170, encontra-se o princpio da livre concorrncia. Para garanti-lo ainda preciso observar que o legislador constituinte, no 4 do art. 174, disps que a lei reprimir o abuso do poder econmico que vise dominao de mercados, eliminao da concorrncia e ao aumento arbitrrio dos lucros.

    Para seguir o ditame da carta magna ao ordenamento jurdico bra-sileiro foi incorporada a Lei n 8.884/94, que disps sobre o Conselho Administrativo de Defesa econmica - CADE e tratou da preveno e represso s infraes contra a ordem econmica, orientada pelos di-tames constitucionais da liberdade de iniciativa e da livre concorrncia, protegendo a prpria estruturao do mercado e seu livre funciona-mento, assim como os empresrios que so vtimas de prticas lesivas, os consumidores e os trabalhadores.

    Importante ressaltar que a Constituio Federal no condena o exerccio do poder econmico, apenas quando houver abuso que ser necessria a interveno estatal, coibindo excessos tais como os cartis e monoplios de fato que venham a prejudicar o livre funciona-mento das estruturas do mercado.

    O prprio CADE busca definir o que o princpio da livre concorrn-cia, a saber:

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    "O princpio da livre concorrncia est previsto na Constituio Federal, em seu artigo 170, inciso IV e baseia-se no pressuposto de que a concorrncia no pode ser restringida por agentes econmicos com poder de mercado. Em um mercado em que h concorrncia entre os produtores de um bem ou servio, os

  • INTRODUO AO DIREITO EMPRESARIAL

    preos praticados tendem a se manter nos menores nveis pos-sveis e as empresas devem constantemente buscar formas de se tornarem mais eficientes, a fim de aumentarem seus lucros. Na medida em que tais ganhos de eficincia so conquistados e difundidos entre os produtores, ocorre uma readequao dos preos que beneficia o consumidor. Assim, a livre concorrncia garante, de um lado, os menores preos para os consumidores e, de outro, o estmulo criatividade e inovao das empresas."'

    Percebe-se que muitas vezes a livre concorrncia ir garantir a livre iniciativa, mas para isso tambm ir r