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CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES R ano 2 nº 14 maio de 2009 www.cut.org.br Há 25 anos, trabalhadores exigiam Diretas-Já Página 3 Prepare sua entidade para mais uma mobilização nacional, em julho Página 6 CUT é uma das organizadoras da Conferência Nacional de Comunicação Página 2 1º de Maio de luta e comemoração Página 4 Gerardo Lazzari Lançada campanha pela reestatização da Embraer Página 7 Estudo do Ipea comprova: não há inchaço na máquina pública Página 8 Trabalhadores organizados resistem à crise Páginas 4 e 5 Operários da indústria Pries, em Sorocaba, fazem paralisação diante do portão da empresa em protesto contra atraso nos salários

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CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES

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Há 25 anos, trabalhadores exigiam

Diretas-JáPágina 3

Prepare sua entidade para mais uma

mobilização nacional, em julho

Página 6

CUT é uma das organizadoras da

Conferência Nacional de Comunicação

Página 2

1º de Maio de luta e comemoração

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Lançada campanha pela reestatização da Embraer

Página 7

Estudo do Ipea comprova: não há inchaço na máquina

públicaPágina 8

Trabalhadoresorganizados resistem à crise

Páginas 4 e 5

Operários da indústria Pries, em Sorocaba, fazem paralisação diante do portão da empresa em protesto contra atraso nos salários

expediente:

Jornal da CUT é uma publicação mensal da Central Única dos Trabalhadores. Presidente: Artur Henrique da Silva Santos. Secretária nacional de Comunicação: Rosane Bertotti. Direção Executiva: Adeilson Ribeiro Telles; Anízio Santos de Melo; Antonio Carlos Spis; Antonio Soares Guimarães; Carlos Henrique de Oliveira (licenciado); Carmen Helena Ferreira Foro; Dary Beck Filho; Denise Motta Dau; Elisangela dos Santos Araújo; Expedito Solaney Pereira de Magalhães; Jacy Afonso de Melo; João Antônio Felício; José Celestino Lourenço; José Lopez Feijóo; Julio Turra Filho; Lúcia Regina dos Santos Reis; Manoel Messias Nascimento Melo; Milton Canuto de Almeida; Quintino Marques Severo; Rogério Batista Pantoja; Rosane da Silva; Shakespeare Martins de Jesus; Vagner Freitas de Moraes. Jornalista responsável: Isaías Dalle (MTB 16.871). Redação e edição: Ana Paula Carrion, Isaías Dalle, Leonardo Severo, Paula Brandão (equipe Secom), Vanessa A. Paixão (secretária), William Pedreira da Silva (estagiário) e Éder Eduardo (programador). Projeto gráfico e diagramação: Tmax Propaganda. Capa: foto de Foguinho, do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região. Impressão: Bangraf. Tiragem: 20 mil exemplares.

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Artur Henrique, presidente nacional

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Oficialmente marcada a 1ª Conferência Nacional de Comunicação, para os dias 1º a 3 de dezembro, em Brasília. Também oficialmente indicada como integrante da comissão organizadora a CUT, entidade que nos últimos anos tem cobrado intensamente o governo federal pela realização da Conferência.

As duas confirmações foram anunciadas através da Portaria 185, no dia 20 de abril. A portaria também estabelece a realização de etapas distritais e estaduais, antecedendo a nacional.

O objetivo da Conferência é debater o modelo de comuni-cação no Brasil – jornais, TV, rádio, internet – e propor mudanças na legislação e nas normas de financiamento e de controle. Os grandes meios de comunicação no Brasil estão concentrados nas mãos de um pequeno grupo de empresas privadas, detentoras da imensa maioria das verbas publicitárias, fora de qualquer controle social e, depois da recente abolição da Lei de Imprensa, livres até de uma legislação específica.

A comissão organizadora da Conferência será composta por 28 integrantes, sendo 12 do poder público e 16 da chamada sociedade civil. Oito destas vagas foram conquistadas por entidades do movimento social que há muito tempo vêm elaborando juntas propostas de demo-cratização no setor, como CUT, Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Fittert (Federação dos Trabalhadores em Rádio e TV), FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação) e rede Abraço de Rádios Comunitárias. As outras oito serão ocupadas pelos empresários.

“Defendemos novos critérios para a destinação das verbas de publicidade, canalizando mais recursos para os meios alternativos e comunitários, levando em considera-ção a diversidade que não encontra espaço na mídia de hoje. Queremos também respeito ao conceito constitucio-nal de que o uso dos canais de TV e rádio sejam discutidos periodicamente com a sociedade, e não mais concedidos indefinidamente aos mesmos grupos”, define Rosane Bertotti, secretária nacional de Comunicação da CUT.

Ela também alerta que é preciso muito preparo por parte do movimento sindical e social para garantir que a maioria das decisões da Conferência seja a favor dos interesses do povo. Daí a necessidade dos debates que as CUTs estaduais e os ramos já estão realizando, e que vão culminar no 5º Encontro Nacional de Comunicação da CUT, de 8 a 10 de julho, quando serão consolidadas as propostas que a Central defenderá na Conferência.

Comunicação é coisa de sindicato

Rádio Brasil Atual monta estúdio móvel: contra o cerco

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Pelos idos de 1984, Francisco Marcatti diagramava o “Jornal da CUT”, um

frente e verso semanal. Antes, havia trabalhado no Sindicato dos Químicos de São Paulo. Chegou ao movimento

sindical por indicação de outro desenhista, que o havia descoberto

quando ele vendia suas histórias em quadrinhos nas filas de cineclubes e galerias da capital paulista. Naquela

época, casou. Tirando a rotina de vender nas ruas as revistas que faz, Marcatti

nunca mais saiu dessa vida. Ainda desenha para o movimento sindical e é

o orgulhoso pai de três filhos, entre 19 e 25 anos. Exibe seu “humor escatológico”

em www.marcatti.com.br.

Vivemos uma conjuntura internacional que

dificulta ainda mais a vida dos trabalhadores e

trabalhadoras do mundo inteiro. A resistência

às demissões e a proteção dos salários ganha

maior relevância, com caráter de urgência.

Onde estivermos, vamos levantar a bandeira

de novas políticas para modificar profunda-

mente o mercado de trabalho, de forma a

acabar de uma vez por todas com a facilidade

para se demitir alguém, para impedir que

empresas tomem dinheiro público emprestado

e continuem demitindo, para diminuir a jornada

de trabalho e restringir as horas extras para

gerar mais empregos decentes, para ampliar

muito o alcance e a qualidade dos serviços

públicos, para aumentar a massa salarial e

para disciplinar rigidamente o sistema financei-

ro, a começar por um golpe profundo sobre o

superávit primário.

Há também oportunidades na crise para

evidenciarmos uma vez mais que o modelo

preconizado pelos Estados Unidos e pelos

países capitalistas centrais jamais levará a

humanidade para outro destino que não seja o

de crises que vêm e vão, separadas umas das

outras pela exploração da força de trabalho e

por desenvolvimento nacional pífio, com fatias

cada vez maiores de riqueza para apenas

alguns milhares de pessoas.

Vamos lembrar também que o povo brasileiro

quer, precisa e merece ter mais poder. Poder

interferir de fato nas grandes decisões

nacionais, participar diretamente da gestão do

Estado em todas as suas ramificações e poder

para propor a sua pauta, a pauta popular, aos

três poderes da República.Para isso, desde já, temos o instrumento da

mobilização.

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A campanha a favor das Diretas-Já é um dos episódios em que a base dos movimentos popula-res puxou imensa mobilização e acabou por pautar a agenda do Congresso, dos governos e o próprio noticiário. A CUT, que desde as primeiras manifes-tações destacou-se como uma das entidades mais empenhadas naquele movimento, rapidamente soube compreender que a luta pelas eleições diretas para presidente da República era uma oportunidade de aglutinar o clamor de massa e posicionar-se como referência de mobilização.

O comício realizado em 27 de novembro de 1983 na praça Charles Muller, em São Paulo, é lembrado como o principal marco de origem das Diretas-Já, embora não tenha sido exatamente o primeiro. Lá estavam o PT e a CUT como organizadores. Foi se formando uma frente ampla, que isolou a direita na defesa da ditadura. Houve outros comícios históricos, como os da Praça da Sé, em São Pau lo , e os da Candelária, no Rio.

Gilmar Carneiro, então secretário-geral da CUT, lembra que havia certa desconfiança em relação às possibilidades de aprovação da emenda Dante de Oliveira, que estabelecia as eleições diretas. “Era um parlamento muito conserva-dor, e isso sinalizava que a emenda poderia ser descar-tada. Porém o mais imporó-

tante é que tínhamos a compreensão política de que era preciso intimidar os parlamentares, com um pouco da lógica da democracia direta e da tática de massa”, diz.

De fato, a emenda foi derrotada no dia 25 de abril de 1984, dia escolhido pela crônica oficial para celebrar o aniversário do movimento, que estaria agora fazendo 25 anos. 112 faltas ao plenário do Congresso impediram o quórum mínimo da votação, manobra que anulou os 298 votos favoráveis e premiou os 65 votos contrários.

Durante todo esse tempo, recorda Júlio Turra, que à época era secretário-geral da CUT Regional ABC (SP), a Central não desistiu das eleições diretas.

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“Mesmo depois da derrota da Dante de Oliveira, passamos a defender a emenda Teodoro Mendes, que também estabelecia as eleições diretas. A CUT insistiu até o final”, conta.

Apesar da ressaca, a CUT caminhou com o mesmo espírito de luta rumo da Constituinte. Emendas de iniciativa popular, mobilizações por toda a parte e pressão direta sobre os parlamentares garantiram vários avanços democráticos e progressistas na Constituição que viria a ser aprovada.

“Mas, apesar disso, o Congresso continuou conservador”, constata Gilmar Carneiro. Por isso, opina, o exemplo daquela mobilização das Diretas-Já é inesquecível. “Precisamos pautar o Congresso e a imprensa, colocando a agenda conservadora em segundo plano”. Para ele, a luta pela ampliação, aperfeiçoamento e consolidação de políticas públicas tem hoje potencial similar à luta pelas Diretas-Já para aglutinar o que chama de “clamor popular”.Multidão pede eleições na Praça da Sé (SP); no destaque, o grito incontido

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@cesse nosso portal e conheça mais sobre a história do movimento sindical

www.cut.org.br

25 anos de uma mobilização que agitou o Brasil

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As manifestações e celebrações do Dia do Trabalhador organizadas pela CUT em todo o Brasil foram mais uma etapa da luta que a Central vem travando para aglutinar suas bases em torno da manutenção dos empregos e salários diante da crise econômica mundial, e por alternativas soberanas para superar esse período com desenvolvimento nacional, mercado interno vitaminado e consolidação de políticas públicas que promovam distribuição de renda.

Por isso, o 1º de Maio de luta e descentralizado que a CUT realizou em várias localidades teve como lema principal “Pelo Desenvolvimento com Emprego, Renda e Direitos”. Essas bandeiras são as mesmas que vão orientar nosso 10º Congresso Nacional em agosto próximo, que unirão os movimentos sociais em mais um grande dia nacional de luta em julho deste ano, e que guiarão nosso profundo debate que elaborará as propostas da CUT para as eleições 2010.

Ao mesmo tempo, sindicatos e entidades filiadas estão dando demonstrações vigorosas de resistência contra demissões e tentativas de retirar direitos. São muitos os exemplos, de pequenas a grandes empre-sas e em manifestações a favor de políticas para a maioria da sociedade. Vamos a alguns.

Saúde e educação - No último dia 12, militantes da saúde pública convocados pela CNTSS/CUT (Confe-deração Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social) realizaram mobilização e pressão junto aos deputados federais, com o objetivo de impedir a aprovação do projeto que permite a existência de fundações estatais de direito privado no Sistema Único de Saúde (SUS). Na prática uma entrega à iniciativa privada de parte da gestão da saúde pública, o projeto apoiado pelo governo impõe riscos à

qualidade do sistema universal de atendimento e, por isso, enfrenta resistência da CUT.

Já em defesa da educação pública, outro sistema essencial para o desenvolvimento e a distribuição de renda, professores de todo país fizeram mobilizações e paralisações no dia 24 de abril, para cobrar governos estaduais a cumprirem o Piso Nacional da Educação. Pelo Piso, nenhum professor pode ganhar menos de R$ 950 em local algum do país, para uma jornada de 40 horas semanais, incluindo tempo de preparação de aulas.

No último dia 30 de abril e em 16 e 17 de maio, milha-res de trabalhadores rurais dos três estados do Sul, organizados pela Fetraf-Sul, realizaram mobilizações exigindo medidas que combatam os efeitos da crise, que na região foram agravados pelo longo período de estiagem.

Readmissões e reajustes - No setor privado, as mobilizações também não cessam. No dia 7 de maio, como resultado da pressão que trabalhadores e sindicato vêm fazendo desde o início do ano, mais 30 trabalhadores da TRW, em Diadema (SP), foram readmitidos. Em janeiro, outros 86 já haviam sido incorporados de volta à empresa, que havia decidido pelas demissões arbitrariamente, às véspéras do Natal. Com o mesmo objetivo de barrar 340 demis-sões, os trabalhadores da Massey Ferguson e Valtra,

em Canoas (RS), fizeram greve no final de abril. Outro de nossos sindicatos puxou mobilização para acabar com as horas extras e abrir novas vagas na fábrica de eletrônicos LG, em Taubaté (SP).

Em 6 de maio, desta vez em Sorocaba (SP), os trabalhadores da indústria Pries paralisaram a empresa em protesto contra o atraso no pagamento de salários e no depósito do FGTS. Segundo o sindicato local, a empresa é rentável. Em São José dos Campos, a mobilização de 13 mil operários da construção que trabalham na Refinaria Henrique Lage (Revap) conquistou no início de maio 2,5% de aumen-to real e uma PLR de R$ 2 mil – R$ 500 a mais que no ano passado, quando greve desastrosa puxada pela Conlutas resultou em desconto dos dias parados.

Também nos primeiros dias de maio, os bancários da capital paulista e Grande São Paulo realizaram mobilizações de rua contra demissões no riquíssimo Santander e paralisação de vários dias na Caixa Econômica Federal, em nome de melhores condições de trabalho e de salário em áreas técnicas como engenharia e advocacia. Solicitamos a nossas entidades que sempre enviem informações sobre mobilizações, greves e conquistas para publicarmos no Portal do Mundo do Trabalho e neste jornal.

Apesar de o tema crise estar sendo tratado com menos alarmismo nos últimos meses, e de setores da

Em Vitória, CUT e entidades filiadas fazem mobilização de rua no 1º de Maio

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Famílias curtem o show em São Paulo e acompanham ato político

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A seguir, algumas ações recentes da CUT Nacional para implementar a agenda dos trabalhadores e trabalhadoras contra a crise.

Dia 26 - CUT e demais centrais entregam ao governo federal pauta de enfrentamento da crise. Destaque para a defesa, feita pelo presidente da CUT, de abolição do superávit primário para manter e ampliar investimentos públicos que gerem emprego e renda.

Dia 3 - aproximadamente 35 mil pessoas participam da V Marcha Nacional da Classe Trabalhadora, organizada por todas as centrais, cujo mote central era “Os Trabalhadores e Trabalhadoras não Pagarão pela Crise”. Além da manifesta-ção popular, em seguida lideranças entregaram ao Congresso e a vários ministros uma pauta de reivindi-cações para enfrentar a crise com prioridade para preserva-ção de empregos. No mesmo dia 3, a Comissão de Trabalho e Justiça da Câmara aprovou o texto da Convenção 151 , que estabelece negociação com os servidores. O texto aguarda votação em plenário.

Dias 4 e 5 - durante a Direção Nacional, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, recebeu as reivindicações da Central. O destaque ficou por conta da exigência de contrapartidas sociais, como manutenção do emprego, nos investimentos que o governo já fazia à época em projetos ou empresas privadas em dificuldades. Na manhã do dia 4, tem início uma série de negociações para o fim do fator previden-ciário. A CUT firmou posição pelo fim desse mecanismo.

Dia 13 - CUT se recusa a participar de reunião com Força/Fiesp, que tinha como premissas a redução de salários e suspensão de contratos. Processo de acordo proposto pela Fiesp é esvaziado.

Dia 20 - manifestações em defesa do emprego e do salário. A maior acontece em São Bernardo do Campo, com concentração de 15 mil trabalhadores diante da Mercedes e com passeata posterior pela rua 31 de março. Na assem-bleia, trabalhadores aprovam, pelo voto, abrir “guerra contra demissões”. Seguem-se a essa manifestação greves em diferentes empresas, com o objetivo de reverter demissões anunciadas.

Ainda no dia 20, trabalhadores da VW em Taubaté, filiados à CUT, fecham acordo que garantiu 650 contratações em carteira de trabalhadores temporários cujo contrato iria se encerrar, no mês de janeiro. Em troca, os trabalhadores

Novembro de 2008

Dezembro

Janeiro de 2009

toparam reduzir a jornada sem reduzir salário.

Na Zona Franca de Manaus, também em janeiro, a CUT Amazonas fechou um acordo entre governo do estado e entidades empresariais que garantiu estabilidade no emprego de todos os trabalhadores da indústria de motos e da indústria de plásticos durante o primeiro trimestre. Em troca, o governo abriu mão de parte dos impostos pelo mesmo período.

Dia 30 - CUT, CNM e Abimaq propõem acordo para preservar salários e vagas de 243 mil trabalhadores do setor de máquinas. Governos precisam aderir. É uma tentativa da CUT em propor uma pauta alternativa de superação à crise, com foco no mercado interno.

Dia 2 - Protocolo de acordo semelhante é fechado com o SIMPI.

Dia 11 - Dia Nacional de Lutas. Em 12 regiões metropolita-nas, paralisações, atraso na entrada de turnos e passeatas de rua reivindicam responsabilidade social dos empresários e dos governos, cobrando alternativas às demissões. Na opinião da CUT, todos os setores de atividade acumularam muito lucro nos últimos períodos e, por isso, devem usar a “gordura” para preservar empregos.

Dia 19 - Ao saber horas depois que mais de 4 mil trabalhado-res haviam sido demitidos da Embraer, e estando em Brasília, o presidente da CUT Artur Henrique pede audiên-cia com Lula e cobra medidas para reverter a situação.

Dia 8 - no Dia Internacional da Mulher, manifestações exigem igualdade de direitos e melhores condições de vida.

Dia 30 - Dia Nacional de Luta em Defesa do Emprego, em diversas localidades do país. Em São Paulo, no principal ato do dia, mais de 30 mil manifestantes reúnem-se na Avenida Paulista. Um dos aspectos que se destacam nessa ação é a unidade de todas as centrais. Em julho haverá novo Dia Nacional de Luta (ler na página seis).

No mesmo dia 30, o governo atende as centrais e, ao anunciar mais três meses de isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros novos, estabelece que as empresas do setor ficam obrigadas a manter o nível de emprego.

Dia 15 - CUT participa do lançamento da campanha pela reestatização da Embraer.

Fevereiro

Março

Abril

CUT contra a crise

Trabalhadores do Santander protestam contra demissões no centro de SP

economia apresentarem sinais de retomada, a CUT sabe que a crise econômica ainda persiste e só será derrotada com muita luta. Mesmo festas, como a realizada no último dia 12 para celebrar os 50 anos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, são momentos de reflexão e embate político com esse fim. “Não basta derrotar a crise, mas superá-la e fazer dela uma oportunidade de aprofundarmos mudanças sociais em nosso país e, queremos crer, em outras nações”, diz Artur Henrique, presidente da Central.

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Como um dos instrumentos com que vai interferir nas eleições do ano que vem, a CUT já deu início à preparação de sua Plataforma da Classe Trabalhadora para as Eleições 2010. O documento, que deve ser editado em formato de revista e lançado em março, vai trazer propos-tas e reivindicações para orientar nossas bases sindicais a escolher as melhores candidaturas à Presidência da República, aos governos estaduais e ao Congresso Nacional. O documento também será entregue aos candidatos e candidatas, em atos políticos em todas as localidades em que a CUT tiver representação.

Esse projeto foi aprovado pela Executiva Nacional, reunida de 5 a 6 de maio, dias depois de o Grupo de Trabalho Desenvolvimento, formado por lideranças e assessorias de todos os ramos de atividade que compõem a CUT, ter realizado a primeira reunião para definir a forma de elaboração da Plataforma.

Para chegar lá, a CUT vai realizar uma série de debates e seminários em todas as regiões do País, envolvendo todos os ramos de atividade em que atua, com a ajuda de pesquisadores e acadêmicos. A Plataforma 2010 e seu processo de construção representam uma nova etapa da Jornada pelo Desenvolvimento com Distribuição de Renda e Valorização do Trabalho, que teve início em 2005 através do lançamento da Agenda dos Trabalhadores e sua entrega ao Congresso Nacional e que, em 2007 e 2008, promoveu um ciclo de debates sobre desenvolvimento nacional e regional e também produziu um documento com propostas que foram entregues aos candidatos nas eleições do ano passado.

Intervir no processo eleitoral e cobrar dos candidatos eleitos a implementação das propostas não é o único objetivo do projeto. O próprio processo de produção das

políti a

A CUT, as demais centrais e importantes entidades

dos movimentos sociais preparam para o mês de

julho uma mobilização de rua que deve acontecer

em diferentes regiões do País. A principal bandeira

das manifestações será a luta contra as demissões e

a favor da geração de mais empregos e fortaleci-

mento da renda dos trabalhadores.

Desde que lançou o lema “A Classe Trabalhadora

não Vai Pagar Esta Conta”, no início de novembro de

2008, a CUT tem realizado mobilizações e apresen-

tado propostas para a superação da crise com

prioridade para a preservação do emprego e dos

salários (veja resumo na página 5). Foi a primeira

entidade popular a manifestar-se de forma inequívo-

ca nesse sentido. Em sintonia, os sindicatos de base

cutista ofereceram resistência com paralisações,

protestos e capacidade de conduzir negociações

tendo como premissa a manutenção dos direitos.

As outras centrais firmaram unidade com a CUT para

a realização de uma mobilização de rua em 30 de

março, o que, na avaliação da Direção, comprova

que o posicionamento da Central sempre esteve no

rumo certo. Em julho, o objetivo é ampliar ainda mais

a unidade em torno dessa luta, que é de interesse do

conjunto da classe trabalhadora.

Debates de base já preparam nossa intervenção para 2010

propostas através de debates com as bases da Central, no contexto do Plano Nacional de Formação, é outro tão importante quanto.

A crise econômica internacional, sua superação e como aproveitá-la para produzir mudanças no modelo econômi-co vão compor o pano de fundo de todo esse debate. “Haverá uma disputa de projetos em 2010, e nosso dever é impedir retrocessos neoliberais e, mais que isso, ampliar os avanços a favor da maioria”, explica Artur Henrique, presidente da Central.

O primeiro grande seminário deve ocorrer em julho. Haverá também um seminário internacional como parte do 10º Congresso Nacional da CUT (CONCUT), que vai aconte-cer de 3 a 8 de agosto. São parceiros da CUT nesse processo o Dieese, a Fundação Friedrich Ebert, o CESIT – Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho/UNICAMP, a PUC SP e a FPA – Fundação Perseu Abramo.

Manifestante passa em frente à Fiesp em 30 de março

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Movimentos preparam dia nacional de luta para julho

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In ernacional

Presente à reunião do G-20 realizada em Londres no início de abril, a CUT assinou documento da CSI (Confederação Sindical Internacional) e da Global Unions com diversas exigências e propostas para que os países mais ricos enfrentem a crise econômi-ca tendo como prioridade a proteção aos empregos e salários e políticas públicas de proteção social.

Uma das propostas do documento era a extinção dos paraísos fiscais. Acolhida pelos representantes dos governos presentes, foi o aspecto da reunião que mais destaque teve na mídia.

O documento também é explícito quanto à importân-cia de investir na seguridade social para superar a crise: “Durante uma recessão, investir nas redes de

seguridade social e em serviços governamentais locais, incluindo educação e saúde, teria praticamen-te o dobro de impacto do que os cortes de impostos”.

É igualmente importante, segundo as entidades signatárias, que haja instrumentos eficazes para impedir que as demissões sejam o primeiro recurso das empresas diante de dificuldades.

Dias depois do G-20, a CUT também participou da Cúpula das Américas – a mesma reunião em que Hugo Chávez presenteou Barack Obama com um exemplar do livro “Veias Abertas da América Latina” – realizada de 14 a 18 de abril em Trinidad & Tobago. Na pauta dos debates, igualmente, saídas para a crise e mudanças nas regras do jogo.

No G-20, sindicatos cobram proteção aos empregos e aos serviços públicos

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O GT Desenvolvimento discute a formatação do projeto

A CONTEE/CUT (Confederação Nac iona l dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino) prepara p a r a o s d i a s 2 8 e 2 9 d e m a i o o S e m i n á r i o d e Comunicação, em São Paulo, com o objetivo de ampliar a defesa pela democratização dos meios de informação no País e de afinar sua contribuição para a Conferência Nacional de Comunicação, da qual a CUT é uma das coordenadoras. A atividade se segue após o V Seminário de Campanha e Negociação Salarial da entidade, realizado no dia 8, também em São Paulo.

Contee e a comunicação

A Condsef/CUT (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal) organiza para o dia 23 de maio uma etapa da Plenária Nacional. Durante o encontro, serão definidas as novas ações estratégicas da categoria, avaliação do cenário político e econômico e reforçar a defesa pelo eixo da Campanha Salarial 2009. O cumprimen-to dos acordos está entre as prioridades. Aproveitando que a Plenária irá acontecer em Brasília, os trabalhadores organizarão um ato público em frente ao Ministério do Planejamento.

Plenária Condsef

7a n o 2 n º 1 4 m a i o d e 2 0 0 9 w w w. c u t . o r g . b r

Conheç@mais sobre as atividades do seu ramoe do seu estado no portal da CUT

www.cut.org.br

urtas

Após o dia 16 de maio, quando encerra seu XX Congresso Nacional, a Fasubra-Sindical (Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras) anuncia a nova direção, eleita para o biênio 2009/2011. Durante o Congresso, sediado em Poços de Caldas/MG, a Fasubra debateu também a conjuntura política e econômica nacional e internacional, concepção de estado, democratização da gestão e estrutura sindical. Em defesa da concepção sindical cutista, a Central deu grande peso à sua participação.

XX Confasubra

Em parceria com a Uni Américas, a Contracs/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços) promove no dia 11 de maio uma reunião em Aracaju (SE) com a rede de sindicatos e trabalhadores da empresa chilena Cencosud, que no Brasil é a G. Barbosa. O objetivo deste encontro é o de integrar uma ação internacional Brasil-Chile, para que os trabalhadores possam conquistar assim acordos-macros internacionais e garantir melhores condições de trabalho. A entidade também realiza de 18 a 20 de maio, em conjunto com o Projeto CUTMulti, o Encontro Nacional das Redes de Trabalhadores em comércio e serviços.

Integração dos comerciários

Mulheres metalúrgicas

O movimento sindical, através das centrais e de entidades

de diversas categorias, vai elaborar ainda neste semestre

uma proposta de projeto de lei para instituir uma nova

legislação sobre saúde do trabalhador no Brasil. Será

mais um instrumento para combater um quadro de mortes

e mutilações que atingem, de uma forma ou de outra, 300

pessoas a cada minuto trabalhado. As proposições para

uma nova legislação são debatidas e pesquisadas há

vários anos, e a decisão de encaminhar um projeto e

pressionar os parlamentares pela sua aprovação foi

tomada durante seminário realizado no Congresso em 28

de abril, Dia Mundial em Memória das Vítimas de

Acidentes de Trabalho, com participação de lideranças

sindicais, deputados e pesquisadores, incluindo nosso

Inst (Instituto Nacional de Saúde no Trabalho). O texto do

projeto será concluído em seminário nacional que

acontecerá até o final de julho.

Saúde do Trabalhador

No embalo das celebrações, reflexões e mobilizações do Dia do Trabalhador, a CUT/BA irá realizar uma série de atividades no mês de maio com o objetivo de ampliar a discussão de temas de interesse da sociedade: no dia 16 ocorre o seminário do Coletivo da Juventude; no dia 22, o Dieese faz um seminário sobre o Brasil e a crise econômica e financeira mundial; no dia 26, o Coletivo de Raça se reúne para discutir questões relacionadas ao tema e, com o mesmo propósito, o Coletivo de Saúde realiza seminário no dia 28.

Comemoração dos trabalhadores

O Sindgasista/CUT de São Paulo inaugurou em abril o seu Centro de Documentação e Memória, com textos, fotos, publicações e cartazes que retratam a trajetória desse sindicato. O acervo, catalogado e disposto com a importante ajuda e capricho de profissionais especializados, teve origem em materiais guardados pela entidade e na doação de documentos pessoais de militantes e dirigentes de várias gerações.

Luta e memória

Pela reestatização da Embraer Diversas lideranças sindicais, incluindo a CUT, juntamente com partidos e movimentos populares, participaram no último dia 15 de abril do lançamento do Comitê pela Reestatização da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). A criação deste comitê é mais um instrumento de defesa do trabalhador e de seu emprego e também uma forma de defesa do patrimô-nio nacional contra as investidas dos capitalistas. No caso da Embraer, após a sua privatização, a empresa usufruiu de bilhões em dinheiro público, recursos arrecadados da sociedade em forma de imposto, obtendo lucros recordes. Agora, ao primeiro sinal de crise, demitiu 4.270 trabalhadores e isso é inaceitável. A CUT está atenta a este e outros casos de desrespei-to ao trabalhador brasileiro e estará se mobilizando pelo direito de todos.

Nos dias 13, 14 e 15 de maio, a Escola Sul e as CUTs do Rio

Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná promovem a “Pré-

Conferência Regional Sul: Comunicação & Transformação

Social”. O seminário, que acontece em Florianópolis, tem

como objetivo formular uma estratégia coletiva para intervir

no processo da Conferência Nacional de Comunicação. Já

no dia 27 de maio acontece em Porto Alegre uma plenária de

organização do Fórum Social Mundial Dez anos.

União dos Estados do Sul

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) prepara para o mês de maio protestos contra a política de bonificação por mérito instituída pelo governo do Estado. No dia 12 de maio, a APEOESP vai ser recebida pelo governo do Estado para apresentar as suas pautas de reivindicações. Já no dia 29 de maio, a entidade em conjunto com o grupo do funciona-lismo, estará organizando o Dia Estadual de Greve, para pressionar o governo a atender as reivindicações da categoria. A reivindicação dos educadores é a de que além da bonificação não ser incorporada ao salário, esta é uma forma da Secretaria Estadual da Educação não retomar a discussão da campanha salarial iniciada em 1° de março. Os professores e professoras querem também que todas as gratificações sejam incorporadas ao salário.

Professores mobilizados

Lançamento do Comitê, na Assembléia Legislativa de SP

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A CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) promove em maio dois Encontros Regionais de Gênero das Metalúrgicas - nos dias 8 e 9, o de Minas Gerais e dias 16 e 17 é da Região Sul do país. A CNM/CUT também participa do Congresso Mundial dos Metalúr-gicos, da FITIM, entre os dias 24 a 28 em Gotemburgo, Suécia, onde o ex-dirigente da Confederação, o brasileiro Fernando Lopes, concorrerá ao cargo de secretário-geral da entidade, que representa mais de 25 milhões de metalúrgicos em mais de 100 países.

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Estudo do Ipea comprova que serviço público precisa crescere onomia ultura

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Pesquisa divulgada recentemente pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) demonstra, mais uma vez, que a estrutura pública brasileira e mais precisa-mente o número de trabalhadores e trabalhadoras públicos não é grande demais, ao contrário.

O estudo traz números incontestáveis de que, na comparação com outros países, a estrutura de atendimento à população é menor que na maioria, incluídos arautos do livre mercado, como os Estados Unidos, e países com economias menores que a brasileira, como Panamá e Costa Rica.

Na relação entre população ocupada e o número de servidores, o Brasil registra 11%, em dados de 2005, ou seja, para cada 100 trabalhadores com emprego, há 11 servidores da administração direta, empresas públicas e administração indireta. Se confrontada com a população total, a relação é ainda menor, de 6%. Nos privatistas Estados Unidos, a relação entre servidores e população ocupada é, no mesmo período, de 14,4%, ou seja, para cada 100 trabalhadores ativos, um pouco mais de 14 servidores.

Entre os países da América Central e do Sul, o Brasil fica na oitava posição – os números são de 2006 – atrás do

Panamá, que vem em primeiro com uma relação de 17,8% entre população ocupada e número de servidores, e da sétima colocada República Dominicana, que registra relação de 13,2%.

Já países europeus com altos índices de qualidade de vida vão bastante além nesta relação. A Dinamarca marca 39,2% (quase 40 servidores para cada 100 ocupados) e a Suécia registra 30,9%.

Que mil toupeiras irrompam

O professor Emir Sader, secretário executivo do Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais (Clacso), acaba de lançar o seu mais recente livro, “A Nova Toupeira”, pela Boitempo.

“Marx e, antes dele, Hegel e até mesmo Shakespeare, usaram o simpático bichinho para falar das turbulências que se prolongam na surdina, embaixo da terra, até reaparecer surpreendentemente na superfície. Da expressão ‘velha toupeira’, tirei o título do livro, para designar a América Latina de hoje”, conta Emir.

Conforme o autor, a nossa América está diante de um novo século surpreendente: “Justamente por ter sido o berço do neoliberalismo e a região onde ele mais se alastrou, vivemos uma ressaca do neoliberalismo, em que convive a maior quantida-de de governos progressistas na história do continente”.

De forma fluente e prazerosa, Emir sustenta o bom combate contra as manipulações da mídia mercantil e a ditadura do capital financeiro internacional, dando elementos para uma melhor compreensão do Brasil e da América Latina de hoje, “na perspectiva da transformação de um mundo mais humano, solidário, democrático nos planos social, econômico, cultural e político”.

“Espero que todos os que trilham este mesmo caminho – como se refere Galeano na apresenta-ção do livro – o leiam, para incorporar o que possa vir a ter de bom, criticar, debater – a fim de que a nossa nova toupeira irrompa em cada vez mais territórios e de forma cada vez definitiva”, concluiu.

Em países como o Brasil, onde não há qualquer tipo de regulamentação ou obstáculos quanto a demissões coletivas e individuais, os momentos de crise ou queda da atividade econômica são ainda mais difíceis para a classe trabalhadora. Qualquer patrão pode demitir sem apresentar justificativas à sociedade ou aos sindicatos, o que abre caminho para o oportunismo de quem nem precisaria demitir mas enxerga na ocasião uma brecha para dispensar grupos de trabalhadores e substituí-los por outros que ganharão salários menores.

A CUT já vem denunciando essa situação muito antes da crise, mas agora intensificou ainda mais a crítica. A exigência da ratificação da Convenção 158 da OIT, que desde fevereiro de 2008 aguarda aprovação do Congresso, continua. Este tema é sempre lembrado em todas as mobilizações e também nas audiências com os três poderes.

Diante das volumosas demissões que ocorreram nos últimos meses, muitas patrocinadas por empresas que acumulam grande lucro, e por causa dos efeitos da crise econômica que devem continuar sendo combatidos, a CUT e as demais centrais, com a participação de parlamentares de base popular e de entidades como a Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) decidiram reabrir uma outra frente de batalha, que se soma à luta pela ratificação da 158: pressionar o Congresso a compilar projetos de lei já existentes e que apontam nessa direção, somá-los em um único texto e aprová-lo. As centrais também vão cobrar do governo federal que se

engaje nesse esforço.

A CUT já fez um levantamento dos projetos mais recentes e que estão perdidos nas gavetas de deputados e senadores. E a Anamatra já elaborou uma minuta de projeto que tem espírito semelhante à 158. Na prática, estabelece regras para impedir que demissões coletivas sejam simples como trocar uma camisa. Veja algumas linhas gerais da proposta:

- exigir que o empregador comunique antecipadamente ao poder executivo, à Justiça do Trabalho e aos sindicatos que pretende fazer demissões coletivas;

- no mesmo processo de comunicação antecipada, as empresas ficam obrigadas a mostrar dados contábeis e financeiros que comprovem a real situação financeira;

- fará parte desse rito a comprovação, por parte do empregador, de que medidas alternativas às demissões foram tentadas.

Com a regulamentação desse processo de debate, tende-se a diminuir bastante o ímpeto demissionário oportunista. E o próprio debate, quando necessário, envolverá sindicatos, justiça e governo na busca por soluções novas que impeçam demissões ou que minimizem seus impactos.

A 158 e legislações com as premissas citadas acima já são adotadas em dezenas de outros países, mesmo em fervorosos defensores do capitalismo.

Centrais querem legislação contra demissões

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Capa do mais recente livro de Emir Sader

Cirurgia em hospital público: Estado ainda é pequeno

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