a menina que vendia flores

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Joan é a garota mais sonhadora e de espírito mais livre que alguém poderia conhecer. Geniosa e dotada de altíssimo QI, considerando sua idade e as poucas oportunidades de estudo que a vida de lhe concedera, ela cresce e torna-se uma menina de personalidade forte, dotada de uma visão de mundo completamente diferente em comparação aos outros jovens de sua idade. A rejeição, o bullying na escola devido ao seu porte físico e a ausência da mãe são alguns dos desafios no caminho desta corajosa vendedora de flores de rua, onde passa a maior parte de seu tempo. Este é o cenário para suas grandes aventuras e vivências, e onde também pode estar o amor de sua vida, imagem que idealiza em seus mais profundos sonhos. Entretanto, mesmo diante de tantos obstáculos, grandes reviravoltas estão para acontecer na vida de Joan.

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Mércio Rossi

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Mércio Rossi

São Paulo, 2014

TALENTOS DA LITERATURA BRASILEIRA

A menina que vendia flores

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2014IMpRESSO NO BRASILpRINTED IN BRAzIL

DIREITOS cEDIDOS pARA ESTA EDIçãO àNOvO SécULO EDITORA

cEA – cENTRO EMpRESARIAL ARAgUAIA IIAlameda Araguaia, 2190 – 11o andar

Bloco A – conjunto 1111cEp 06455-000 – Alphaville Industrial – Sp

Tel. (11) 3699-7107www.novoseculo.com.br

[email protected]

Copyright © 2014 by Mércio Rossi

coordenação editorial Nair Ferraz

Diagramação claudio Tito Braghini Junior

capa Monalisa Morato

preparação André Dick

Revisão Livia First

cristiane Toledo

Rossi, Mércio A menina que vendia flores / Mércio Rossi. -- Barueri, SP : Novo Século Editora, 2014. -- (Coleção talentos da literatura brasileira) 1. Ficção brasileira I. Título. II. Série. 14-09572 CDD-869.93

1. Ficção : Literatura brasileira 869.93

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

Texto adequado às normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)

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2014IMpRESSO NO BRASILpRINTED IN BRAzIL

DIREITOS cEDIDOS pARA ESTA EDIçãO àNOvO SécULO EDITORA

cEA – cENTRO EMpRESARIAL ARAgUAIA IIAlameda Araguaia, 2190 – 11o andar

Bloco A – conjunto 1111cEp 06455-000 – Alphaville Industrial – Sp

Tel. (11) 3699-7107www.novoseculo.com.br

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M.M. Hoje se inicia uma nova caminhada em sua vida. Novos amigos e muitos desafios surgirão a cada despertar de um novo dia. Nunca

permita que a soberba e a arrogância dominem o seu cotidiano. Sua simplicidade, seu sorriso nos olhos e a aura brilhante cativam as pessoas e isso é o que há de mais belo em um ser humano. Estou feliz por você

seguir em frente, e triste, porque sei que o tempo e a distância lentamente poderão apagar qualquer laço de amizade.

A memória é para lembrar que na vida sempre se deve ter paciência. De cada dia, guarde apenas o que tem que ser guardado: lembranças,

sorrisos, poemas, cheiros, saudades, momentos. Boa sorte, seja feliz, você merece...

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Que Deus me proteja, me abençoe e me ilumine,

que atenda a todos os meus pedidos e alargue minhas fronteiras, em nome de Jesus.

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Lembre-se...A esperança acaba quando o último feixe de nossa luz se extingue...

Nunca dê ouvidos a pessoas com tendências negativas, pessimistas, porque elas tiram de você seus sonhos e desejos. Aqueles que Deus colocou em seu

coração.A vida não é saber esperar só tempestades, e sim aprender como

dançar na chuva.Não há força capaz de acabar com a fantasia que o amor tornou real.

Desejo atrai, paixão incendeia, e o amor enlouquece.

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primeira parte

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Amor sem fim, sem fronteiras e sem preconceitos, amor incondicional, acima de qualquer tabu, além do que nosso coração possa imaginar e desejar. Amor perfeito que enche os olhos de qualquer observador ou admirador e faz a imaginação voar e lá do alto, através de um es-talo ou piscar de olhos, tentar entender por que tanta felicidade, o que há de tão sublime que não se consegue decifrar o motivo de tanta paixão. E se fechar os olhos e sonhar para tentar desvendar este segredo, talvez tudo perca o encanto e não passe de mais um devaneio cheio de melodias, e como uma canção sem eco, se perca no ar.

Rina e Larson viviam nesse castelo de so-nhos. Um castelo feito de cristais, que reluzia, brilhava e despertava o desejo do poder supremo de decodificar o elemento-chave de toda aquela admiração. Tudo é tão sublime que nossa realida-de não nos permite viver vinte e quatro horas por dia em um mundo encantado, repleto de prínci-pes, princesas e fadas felizes e prontas a satisfazer todos os desejos com um simples toque da vari-nha mágica. com o passar do tempo, brotou o desejo de continuidade em atender o pedido do todo superior: crescei e multiplicai-vos; e brotou o desejo de solidificar todo aquele amor sem fim, e um presente Deus enviaria para atender aqueles desejos e tudo poder concretizar.

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Larson era um homem próspero, dotado de posses, altivo, repleto de predicados e cheio de enigmas, e, para um coração puro, era alvo de admi-ração, desejo, um exemplo a ser seguido. Ele despertava suspiros e inspirava sonhos a serem alcançados. para um coração insano, com desejos obscuros, que inspira ganância, era alvo a ser envolvido e conquistado, a ser superado no intuito de mostrar superioridade de inteligência e influência, que o desejo da imaginação faz borbulhar pensamentos e consegue qualquer obstáculo eliminar para conseguir seu intuito.

Rina era uma plebeia que conseguia, através da alegria, beleza e simpa-tia, atrair admiradores. cheio de sonhos, Larson se encantou por aquela mu-lher envolvente, sendo seduzido pelas fantasias; aquela mulher era a princesa perfeita para tornar o seu castelo iluminado e repleto de felicidade.

Todo aquele amor e paixão estaria completo somente quando Deus lhe enviasse um presente desejado; uma criança chegaria ao reino encantado. A questão era: um menino ou uma menina? Que presente será que Deus enviaria para abençoar aquela união? Rina desejava uma menina, imaginava suas feições; nos sonhos, a via correndo pela casa gritando “mamãe, mamãe”, e se enchia de felicidade. Ela a via vestida como uma princesa, espalhando alegria para os quatro ventos. Em sua retina, a imagem se materializava: sapatinhos brancos, meias e vestido de renda como o de uma bailarina, a bai-larina do Lago dos cisnes que havia assistido e não lhe saía da imaginação, em uma imagem, toda de branco e, em outras imagens, toda de rosa, com inúmeras camadas de renda que desfilavam e dançavam por qualquer lugar que passasse, encenando uma coreografia cheia de graça digna de qualquer aplauso e admiração. Uma parceira perfeita que a acompanhasse e dividisse seus anseios, dúvidas e emoções e que a amparasse se Deus um dia a privasse de qualquer necessidade.

Larson era o oposto, com todos os sonhos e fantasias calcados na reali-dade; por seu lado, desejava um menino para dar continuidade à labuta e aos planos por ele idealizados. Seria a certeza da continuidade de seu sangue e do seu nome valdez. visualizava a figura do menino, a energia, sem preceitos e sem frustrações, a imagem perfeita que às vezes se deseja e não se consegue concretizar por não passar de um simples desejo ou sonho.

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Romantismo que desperta o ciúme e a cobiça de outros homens e mu-lheres que suspiram e desejam, ardentemente, saber qual mistério, energia ou inspiração ele ou ela conseguiam manter acesos para aquela chama quei-mar. Aquele castelo de cristais estava envolto por uma aura de admiração e encanto perceptíveis por qualquer um que olhasse despertando a cobiça a todo instante.

Aquele presente, aquele pequeno ser que crescia lentamente, desper-tava uma generosidade imensurável. Tudo era motivo para retribuir aquele acaso que o ser supremo permitiu àquelas duas criaturas, quando se cruzaram no caminho. O presente que estava por vir despertava ansiedade, e o tempo não passava para ver um rosto singelo de uma criança e todas as alterações e turbilhões que provocaria. Inúmeros nomes foram sugeridos, outros foram escolhidos, mas como saber se era menino ou menina, se, naquela época, só com simpatias conseguiam adivinhar? Só um nome fora consenso, só um nome reunia algo incomum que um pai e uma mãe repletos de sonhos e ansiedades não conseguiam controlar. Tinha que ter um nome e esse nome deveria carregar uma tonalidade de fortaleza, uma sensação de superposição e poder, um nome ao nível da família Larson e às vontades da família de Rina. Após divagar de A a z e na numerologia, o número deveria ser dez e, para o dez, o nome deveria começar com a letra J, um único nome que reunia todas essas qualidades, um nome forte de impacto e fácil de pronunciar. Joan fora um nome a que chegaram ao acaso e sintetizava todos esses predicados, reunia todas as particularidades sonhadas por um casal para o primeiro filho. Um nome forte, de imposição, derivado de João, um apóstolo de Jesus cris-to, cheio de objetivos e com uma missão definida, e Joana D’arc, uma mulher cheia de luta e garra pelos ideais que acreditava e não se entregava perante qualquer dificuldade.

com as proximidades do nascimento da criança, Larson parou um pouco com a intensidade no cotidiano, reduziu o número de viagens longas e se dedicava a situações rápidas que poderiam ser resolvidas em um único dia, delegando as demais funções a um nome de confiança. pablo adorava o trabalho e toda aquela simpatia que usufruía com o chefe. Mas gostava prin-cipalmente de viajar, voar, conhecer novos lugares, novas pessoas e clientes,

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com os quais mantinha contato via telefone ou outros meios de comunicação disponíveis durante a década de 1980. por ser hábil negociador, era um de-safio que sempre desejou; sonhava alto, e essa era a oportunidade única para chegar aonde desejava. Queria sair de porto Alegre e se fixar em São paulo, um centro maior, próspero e com incontáveis oportunidades e todas alterna-tivas imagináveis. Essa era a grande chance e ele não deveria desperdiçá-la.

A cada dia e a cada hora que passava, era presságio que o presente esta-va prestes a chegar. Enfim, o grande dia se apresentava, e, recolhida aos seus aposentos, Rina pressentiu que havia chegado a hora e gritou por socorro. Os sinais eram evidentes, um líquido escorria em abundância. Foi conduzida à Santa casa e, por um acaso do destino, aquele parto normal tanto esperado teve complicações e não aconteceu. O veredito médico foi claro e objetivo, o que era um parto assustador para a época, e uma cirurgia era providen-cial para garantir a sobrevivência da criança e de Rina. Uma cesariana de emergência foi efetuada, assustando Larson e Dona Kirsch. contornadas as complicações do parto, após uma pequena palmada nas nádegas, o primeiro choro foi ouvido, em um tom quase ensurdecedor. Uma menina acabara de dar as boas-vindas a este mundo dos mortais.

Rina, com todas as complicações, teve uma recuperação lenta, demo-rou dias para se recompor. Era uma menina, o que ela tanto queria, mas isso deixou Larson frustrado. Todos os sonhos e planos que ele tinha para aquele menino que tanto desejou deveriam esperar. por outro lado, Rina estava ra-diante, olhava para aquele pequeno corpinho, quase inerte, e conseguia ver no bebê uma princesa, como em seus sonhos, correndo pela casa, vestida toda de branco ou rosa, um sapatinho todo delicado e chamando a mamãe e o papai. Era a felicidade total.

Tudo parecia perfeito e Larson voltou aos poucos à rotina normal, ini-ciando as viagens para São paulo com mais frequência, o que desgostava pa-blo, que via seus sonhos se desvanecerem e reduzirem-se minguados. Isso o incomodava e era hora de reagir. pablo foi incutindo, aos poucos, na cabeça de Larson que era chegada a hora de expandir os negócios, o próprio mercado exigia essa nova postura, e que deveriam abrir uma filial em São paulo para atender os clientes desse estado, os quais, a cada dia que passava, aumenta-

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vam e eram vistos como o grande mercado para seus produtos, com todas as perspectivas que todo homem de visão a longo prazo deveria dar aos negó-cios, por ser considerado o coração financeiro, o motor do país.

O tempo e a ambição são o antídoto para tudo, e pablo estava conse-guindo o seu intento: Larson fora fisgado facilmente por ser um visionário e, acima de tudo, ambicioso. por mais que tivesse, nunca nada era o suficiente para ele.

Rina não sabia o motivo; no entanto, observava que as viagens de Lar-son eram mais frequentes e se estendiam por um tempo maior. Ao falar da criança, Larson dissimulava ou desviava o assunto e argumentava que o novo escritório e o mercado promissor lhe tomavam muito tempo, exigindo-lhe presença mais frequente. Aquele entusiasmo pela criança em Larson havia de-saparecido e ele quase não se importava em dispensar o tempo com a menina, o que Rina fazia com plena felicidade.

Joan era muito alegre e sempre estava sorrindo para tudo e para todos; contudo, Larson não se deixava seduzir. Não era o menino dos seus sonhos que estava lá o esperando. Quando a menina completou dois anos, Rina começou a observar algo de anormal que acontecia. A criança esbarrava em tudo que surgia à frente, frequentemente batia nos móveis ou caía pela casa, fazendo com que surgissem no corpo muita marcas, fato esse que deixava Larson contrariado e ele repetia, constantemente:

– você deve cuidar melhor dessa criança.Ressentida e magoada com as observações de seu amor incondicional,

Rina se dedicou ao máximo com cuidados. A todo canto que Joan corria, ela a acompanhava e, mesmo assim, a menina batia em móveis e caía com facilidade. Ela se assustou na manhã em que a mãe lhe entregou na mão um bichinho de pano que Larson comprou em uma das recentes viagens. Joan brincou um pouco e o atirou longe, e, como toda mãe atenciosa e dedicada, ela buscava e o entregava na mão da menina, que repetia a ação. Então, ela se curvava novamente e o entregava na mão da menina. Após inúmeras vezes, a brincadeira cansou e ela disse:

– Joan, minha querida, eu cansei. Agora você vai pegar o brinquedo e eu jogo. como a menina começou a chorar, ela repetiu o procedimento: bus-

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cava o brinquedo, entregando-o em sua mão, e, atendendo ao chamado de uma senhora que fazia todos os afazeres de casa, se afastou por instantes. Ao retornar, de longe, ficou observando aquela criança que a deixava muito feliz e tinha iluminado mais aquele castelo dos sonhos. Algo lhe saltou aos olhos: quando a menina jogava o brinquedo por perto, o pegava com facilidade, mas, quando o jogava mais longe, tinha dificuldades em localizá-lo.

Não acreditou na observação, não queria acreditar. Então, resolveu buscar um médico e o diagnóstico a assustou terrivelmente. Ela deu-se conta de que o castelo de cristal não era tão imune quanto ela desejava que fosse. O diagnóstico de problemas de visão não deveria estar correto e ela resolveu buscar um segundo médico para que lhe informasse que o primeiro diag-nóstico estava equivocado. Aquilo não podia ser verdade, sua filha era uma criança normal. Tudo em vão. O segundo médico emitiu o mesmo diagnós-tico do primeiro médico. O diagnóstico de problemas de visão a deixaram aterrorizada e, antes de tomar qualquer atitude, aguardou Larson regressar de viagem para ter a opinião dele, pois custava acreditar nos laudos de am-bos os médicos.

Ao ser informado da deficiência que a filha tinha e visualmente apre-sentava, Larson não externou os sentimentos e disse à mulher:

– Faça o que tem que ser feito. porém, no seu íntimo, pensava sobre o que seria daquela indefesa me-

nina. Além de tudo, por ela apresentar problemas de visão, deixava a mente dele bloqueada e não conseguia imaginar nada de agradável. O que seria da menina no futuro? Isso o assustava e era motivo de desgostos e tristezas, fa-zendo com que se mantivesse por muito mais tempo viajando, pelo simples fato de ficar longe de casa. Tudo o que ele havia sonhado eram fantasias e não passavam de sonhos. por que um castelo de cristal sob o comando de uma rainha, se nele não havia felicidade e prazer? Era um castelo sem vida e, ao ver a menina de óculos pela primeira vez, desiludido, assustou-se com sua nova aparência e pensava que aquela criança não era filha dele, aquela criança não lhe pertencia e não tinha nada dele. Além do mais, ele desejava um menino e pensava que talvez tivesse ocorrido algum erro na maternidade com troca de crianças.

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