texto sobre inclusão escolar

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    Todas as crianas so bem-vindas escola

    Maria Teresa Eglr MantoanUniversidade Estadual de Campinas / UnicampLaboratrio de Estudos e Pesquisas em Ensino e Reabilitao de Pessoascom Deficincia - LEPED/ FE/ Unicamp

    A incluso uma inovao, cujo sentido tem sido muito distorcido e ummovimento muito polemizado pelos mais diferentes segmentos educacionais esociais. No entanto, inserir alunos com dficits de toda ordem, permanentesou temporrios, mais graves ou menos severos no ensino regular nada mais do que garantir o direito de todos educao - e assim diz a Constituio !Inovar no tem necessariamente o sentido do inusitado. As grandes inovaesesto, muitas vezes na concretizao do bvio, do simples, do que possvelfazer, mas que precisa ser desvelado, para que possa ser compreendido portodos e aceito sem outras resistncias, seno aquelas que do brilho e vigorao debate das novidades.

    O objetivo de nossa participao neste evento clarear o sentido da incluso,como inovao, tornando-o compreensvel, aos que se interessam pelaeducao como um direito de todos, que precisa ser respeitado.Pretendemos, tambm demonstrar a viabilidade da incluso pelatransformao geral das escolas, visando a atender aos princpios deste novoparadigma educacional.

    Para descrever o nosso caminho na direo das escolas inclusivas vamosfocalizar nossas experincias, no cenrio educacional brasileiro sob trsngulos : o dos desafios provocados por essa inovao, o das aes no sentidode efetiv-la nas turmas escolares, incluindo o trabalho de formao deprofessores e, finalmente o das perspectivas que se abrem educaoescolar, a partir de sua implementao.

    UMA EDUCAO PARA TODOS

    O princpio democrtico da educao para todos s se evidencia nos sistemaseducacionais que se especializam em todos os alunos, no apenas em algunsdeles, os alunos com deficincia. A incluso, como consequncia de um ensinode qualidade para todos os alunos provoca e exige da escola brasileira novosposicionamentos e um motivo a mais para que o ensino se modernize e paraque os professores aperfeioem as suas prticas. uma inovao que implicanum esforo de atualizao e reestruturao das condies atuais da maioriade nossas escolas de nvel bsico.

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    O motivo que sustenta a luta pela incluso como uma nova perspectiva paraas pessoas com deficincia , sem dvida, a qualidade de ensino nas escolaspblicas e privadas, de modo que se tornem aptas para responder snecessidades de cada um de seus alunos, de acordo com suas especificidades,sem cair nas teias da educao especial e suas modalidades de excluso.

    O sucesso da incluso de alunos com deficincia na escola regular decorre,portanto, das possibilidades de se conseguir progressos significativos dessesalunos na escolaridade, por meio da adequao das prticas pedaggicas diversidade dos aprendizes. E s se consegue atingir esse sucesso, quando aescola regular assume que as dificuldades de alguns alunos no so apenasdeles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino ministrado, aaprendizagem concebida e avaliada. Pois no apenas as deficientes soexcludas, mas tambm as que so pobres, as que no vo s aulas porquetrabalham, as que pertencem a grupos discriminados, as que de tanto repetirdesistiram de estudar.

    OS DESAFIOS

    Toda criana precisa da escola para aprender e no para marcar passo ou sersegregada em classes especiais e atendimentos parte. A trajetria escolarno pode ser comparada a um rio perigoso e ameaador, em cujas guas osalunos podem afundar. Mas h sistemas organizacionais de ensino que tornamesse percurso muito difcil de ser vencido, uma verdadeira competio entre a

    correnteza do rio e a fora dos que querem se manter no seu curso principal.Um desses sistemas, que muito apropriadamente se denomina "de cascata",prev a excluso de algumas crianas, que tm dficits temporrios oupermanentes e em funo dos quais apresentam dificuldades para aprender.Esse sistema contrape-se melhoria do ensino nas escolas, pois mantmativo, o ensino especial, que atende aos alunos que caram na cascata, porno conseguirem corresponder s exigncias e expectativas da escola regular.Para se evitar a queda na cascata, na maioria das vezes sem volta, precisoremar contra a correnteza, ou seja, enfrentar os desafios da incluso : oensino de baixa qualidade e o subsistema de ensino especial, desvinculadaejustaposto ao regular.

    Priorizar a qualidade do ensino regular , pois, um desafio que precisa serassumido por todos os educadores. um compromisso inadivel das escolas,pois a educao bsica um dos fatores do desenvolvimento econmico esocial. Trata-se de uma tarefa possvel de ser realizada, mas impossvel dese efetivar por meio dos modelos tradicionais de organizao do sistemaescolar.

    Se hoje j podemos contar com uma Lei Educacional que prope e viabilizanovas alternativas para melhoria do ensino nas escolas, estas ainda estolonge, na maioria dos casos, de se tornarem inclusivas, isto , abertas a todosos alunos, indistinta e incondicionalmente. O que existe em geral so projetos

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    de incluso parcial, que no esto associados a mudanas de base nas escolase que continuam a atender aos alunos com deficincia em espaos escolaressemi ou totalmente segregados (classes especiais, salas de recurso, turmas deacelerao, escolas especiais, os servios de itinerncia).

    As escolas que no esto atendendo alunos com deficincia em suas turmasregulares se justificam, na maioria das vezes pelo despreparo dos seusprofessores para esse fim. Existem tambm as que no acreditam nosbenefcios que esses alunos podero tirar da nova situao, especialmente oscasos mais graves, pois no teriam condies de acompanhar os avanos dosdemais colegas e seriam ainda mais marginalizados e discriminados do que nasclasses e escolas especiais.

    Em ambas as circunstncias, o que fica evidenciado a necessidade de seredefinir e de se colocar em ao novas alternativas e prticas pedaggicas,que favoream a todos os alunos, o que, implica na atualizao edesenvolvimento de conceitos e em aplicaes educacionais compatveis comesse grande desafio.

    Muda ento a escola ou mudam os alunos, para se ajustarem s suas velhasexigncias ? Ensino especializado em todas as crianas ou ensino especial paradeficientes? Professores que se aperfeioam para exercer suas funes,atendendo s peculiaridades de todos os alunos, ou professores especializadospara ensinar aos que no aprendem e aos que no sabem ensinar?

    AS AES

    Visando os aspectos organizacionais

    Ao nosso ver preciso mudar a escola e mais precisamente o ensino nelasministrado. A escola aberta para todos a grande meta e, ao mesmo tempo, ogrande problema da educao na virada do sculo.

    Mudar a escola enfrentar uma tarefa que exige trabalho em muitas frentes.Destacaremos as que consideramos primordiais, para que se possa transformara escola , em direo de um ensino de qualidade e, em consequncia,inclusivo.

    Temos de agir urgentemente:

    colocando a aprendizagem como o eixo das escolas, porque escola foifeita para fazer com que todos os alunos aprendam;

    garantindo tempo para que todos possam aprender e reprovando arepetncia;

    abrindo espao para que a cooperao, o dilogo, a solidariedade, acriatividade e o esprito crtico sejam exercitados nas escolas, porprofessores, administradores, funcionrios e alunos, pois sohabilidades mnimas para o exerccio da verdadeira cidadania;

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    estimulando, formando continuamente e valorizando o professor que o responsvel pela tarefa fundamental da escola - a aprendizagem dosalunos;

    elaborando planos de cargos e aumentando salrios, realizandoconcursos pblicos de ingresso, acesso e remoo de professores.

    Que aes implementar para que a escola mude ?

    Para melhorar as condies pelas quais o ensino ministrado nas escolas,visando, universalizar o acesso, ou seja, a incluso de todos,incondicionalmente, nas turmas escolares e democratizar a educao,sugerimos o que, felizmente, j est ocorrendo em muitas redes de ensino,verdadeiras vitrines que expem o sucesso da incluso.

    A primeira sugesto para que se caminhe para uma educao de qualidade estimular as escolas para que elaborem com autonomia e de formaparticipativa o seu Projeto Poltico Pedaggico, diagnosticando a demanda, ouseja, verificando quantos so os alunos, onde esto e porque alguns esto forada escola.

    Sem que a escola conhea os seus alunos e os que esto margem dela, noser possvelelaborar um currculo escolar que reflita o meio social e culturalem que se insere. A integrao entre as reas do conhecimento e a concepotransversal das novas propostas de organizao curricular consideram asdisciplinas acadmicas como meios e no fins em si mesmas e partem dorespeito realidade do aluno, de suas experincias de vida cotidiana, para

    chegar sistematizao do saber.Como essa experincia varia entre os alunos, mesmo sendo membros de umamesma comunidade, a implantao dos ciclos de formao uma soluojusta, embora ainda muito incompreendida pelos professores e pais, por seruma novidade e por estar sendo ainda pouco difundida e aplicada pelas redesde ensino. De fato, se dermos mais tempo para que os alunos aprendam,eliminando a seriao, a reprovao, nas passagens de um ano para outro,estaremos adequando o processo de aprendizagem ao ritmo e condies dedesenvolvimento dos aprendizes - um dos princpios das escolas de qualidadepara todos

    Por outro lado, a incluso no implica em que se desenvolva um ensinoindividualizado para os alunos que apresentam dficits intelectuais,problemas de aprendizagem e outros, relacionados ao desempenho escolar.Na viso inclusiva, no se segregam os atendimentos, seja dentro ou fora dassalas de aula e, portanto, nenhum aluno encaminhado salas de reforo ouaprende, a partir de currculos adaptados. O professor no predetermina aextenso e a profundidade dos contedos a serem construdos pelos alunos,nem facilita as atividades para alguns, porque, de antemo j prev qdificuldade que possam encontrar para realiz-las. Porque o aluno que seadapta ao novo conhecimento e s ele capaz de regular o seu processo deconstruo intelectual.

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    A avaliao constitui um outro entrave implementao da incluso. urgente suprimir o carter classificatrio da avaliao escolar,atravs denotas, provas, pela viso diagnstica desse processo que dever ser contnuo equalitativo, visando depurar o ensino e torn-lo cada vez mais adequado eeficiente aprendizagem de todos os alunos. Essa medida j diminuiriasubstancialmente o nmero de alunos que so indevidamente avaliados ecategorizados como deficientes, nas escolas regulares.

    Aaprendizagem como o centro das atividades escolares e o sucesso dosalunos, como a meta da escola, independentemente do nvel de desempenhoa que cada um seja capaz de chegar so condies de base para que secaminha na direo de escolas acolhedoras. O sentido desse acolhimento no o da aceitao passiva das possibilidades de cada um, mas o de seremreceptivas a todas as crianas, pois as escolas existem, para formar as novasgeraes, e no apenas alguns de seus futuros membros, os mais privilegiados.

    A incluso no prev a utilizao de mtodos e tcnicas de ensino especficaspara esta ou aquela deficincia. Os alunos aprendem at o limite em queconseguem chegar, se o ensino for de qualidade, isto , se o professorconsidera o nvel de possibilidades de desenvolvimento de cada um e exploraessas possibilidades, por meio de atividades abertas, nas quais cada aluno seenquadra por si mesmo, na medida de seus interesses e necessidades, sejapara construir uma idia, ou resolver um problema, realizar uma tarefa. Eis aum grande desafio a ser enfrentado pelas escolas regulares tradicionais, cujoparadigma condutista, e baseado na transmisso dos conhecimentos.

    O trabalho coletivo e diversificado nas turmas e na escola como um todo compatvel com a vocao da escola de formar as geraes. nos bancosescolares que aprendemos a viver entre os nossos pares, a dividir asresponsabilidades, repartir as tarefas. O exerccio dessas aes desenvolve acooperao, o sentido de se trabalhar e produzir em grupo, o reconhecimentoda diversidade dos talentos humanos e a valorizao do trabalho de cadapessoa para a consecuo de metas comuns de um mesmo grupo.

    O tutoramento nas salas de aula tem sido uma soluo natural, que podeajudar muito os alunos, desenvolvendo neles o hbito de compartilhar osaber. O apoio ao colega com dificuldade uma atitude extremamente til ehumana e que tem sido muito pouco desenvolvida nas escolas, sempre tocompetitivas e despreocupadas com a a construo de valores e de atitudesmorais.

    Alm dessas sugestes, referentes ao ensino nas escolas, a educao dequalidade para todos e a incluso implicam em mudanas de outras condiesrelativas administrao e aos papis desempenhados pelos membros daorganizao escolar.

    Nesse sentido primordial que sejam revistos os papis desempenhados pelosdiretores e coordenadores, no sentido de que ultrapassem o teor controlador,fiscalizador e burocrtico de suas funes pelo trabalho de apoio, orientaodo professor e de toda a comunidade escolar.

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    escolas particulares tambm pretendem o mesmo, num primeiro momento,em que solicitam a nossa colaborao.

    Se de um lado preciso continuar investindo maciamente na direo daformao de profissionais qualificados, no se pode descuidar da realizaodessa formao e estar atento ao modo pelo qual os professores aprendempara se profissionalizar e para aperfeioar seus conhecimentos pedaggicos,assim como reagem s novidades, aos novos possveis educacionais.

    A metodologia

    Diante dessas circunstncias e para que possamos atingir nossos propsitos deformar professores para uma escola de qualidade para todos, idealizamos umprojeto de formao que tem sido adotado por redes de ensino pblicas eescolas particulares brasileiras, desde 1991.

    Nossa proposta de formao se baseia em princpios educacionaisconstrutivistas, pois reconhecemos que a cooperao, a autonomia intelectuale social, a aprendizagem ativa e a cooperao so condies que propiciam odesenvolvimento global de todos os alunos, assim como a capacitao e oaprimoramento profissional dos professores.

    Nesse contexto, o professor uma referncia para o aluno e no apenas ummero instrutor, pois enfatizamos a importncia de seu papel tanto naconstruo do conhecimento, como na formao de atitudes e valores dofuturo cidado. Assim sendo, a formao continuada vai alm dos aspectos

    instrumentais de ensino.A metodologia que adotamos reconhece que o professor, assim como o seualuno, no aprendem no vazio. Assim sendo, partimos do "saber fazer"dessesprofissionais, que j possuem conhecimentos, experincias, crenas,esquemas de trabalho, ao entrar em contato com a incluso ou qualquer outrainovao.

    Em nossos projetos de aprimoramento e atualizao do professorconsideramos fundamental oexerccio constante de reflexo e ocompartilhamento de idias, sentimentos, aesentre os professores,diretores, coordenadores da escola. Interessam-nos as experincias concretas,os problemas reais, as situaes do dia-a-dia que desequilibram o trabalho,nas salas de aula. Eles so a matria-prima das mudanas. O questionamentoda prpria prtica, as comparaes, a anlise das circunstncias e dos fatosque provocam perturbaes e/ou respondem pelo sucesso vo definindo,pouco a pouco, aos professores as suas "teorias pedaggicas". Pretendemosque os professores sejam capazes de explicar o que outrora s sabiamreproduzir, a partir do que aprendiam em cursos, oficinas, palestras,exclusivamente. Incentivamos os professores para que interajam com seuscolegas com regularidade, estudem juntos, com e sem o nosso apoio tcnico eque estejam abertos para colaborar com seus pares, na busca dos caminhospedaggicos da incluso.

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    O fato de os professores fundamentarem suas prticas e argumentospedaggicos no senso comum dificulta a explicitao dos problemas deaprendizagem. Essa dificuldade pode mudar o rumo da trajetria escolar dealunos que muitas vezes so encaminhados indevidamente para asmodalidades do ensino especial e outras opes segregativas de atendimentoeducacional.Da a necessidade de se formarem grupos de estudos nas escolas, para adiscusso e a compreenso dos problemas educacionais, luz doconhecimento cientfico e interdisciplinarmente, se possvel. Os grupos soorganizados espontaneamente pelos prprios professores, no horrio em queesto nas escolas e so acompanhados, inicialmente, pela equipe da rede deensino, encarregada da coordenao das aes de formao. As reunies tmcomo ponto de partida, as necessidades e interesse comuns de algunsprofessores de esclarecer situaes e de aperfeioar o modo como trabalhamnas salas de aula. O foco dos estudos est na resoluo dos problemas deaprendizagem, o que remete anlise de como o ensino est sendoministrado, pois o processo de construo do conhecimento interativo e osseus dois lados devem ser analisados, quando se quer esclarec-lo.

    Participam dos grupos, alm dos professores, o diretor da escola,coordenadores, mas h grupos que se formam entre membros de diversasescolas, que estejam voltados para um mesmo tema de estudo, como porexemplo a indisciplina, a sexualidade, a tica e a violncia, a avaliao eoutros assuntos pertinentes.

    A equipe responsvel pela coordenao da formao constituda porprofessores, coordenadores, que so da prpria rede de ensino, e porparceiros de outras Secretarias afins: Sade, Esportes, Cultura. Nstrabalhamos diretamente com esses profissionais, mas tambm participamosdo trabalho nas escolas, acompanhando-as esporadicamente, quando somossolicitados - minha equipe de alunos e eu.

    Os Centros de Desenvolvimento do Professor

    Algumas redes de ensino criaram o que chamamos de Centros deDesenvolvimento do Professor, os quais representam um avano nessa novadireo de formao continuada, que estamos propondo, pois sediam amaioria das aes de aprimoramento da rede, promovendo eventos depequeno, mdio e grande porte, como workshops, seminrios, entrevistas,com especialistas, fruns e outras atividades. Sejam atendendoindividualmente, como em pequenos e grandes grupos os professores, pais,comunidade. Os referidos Centros tambm se dedicam ao encaminhamento eatendimento de alunos que necessitam de tratamento clnico, em reas queno sejam a escolar, propriamente dita.

    Temos estimulado em todas as redes em que atuamos a criao dos centros,pois ao nosso ver, eles resumem o que pretendemos, quando nos referimos formao continuada - um local em que o professor e toda comunidade

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    escolar vem para realimentar o conhecimento pedaggico, alm de servirigualmente aos alunos e a todos os interessados pela educao, no municpio.

    Ao nosso ver, os cursos e demais atividades de formao em servio,habitualmente oferecidos aos professores no esto obtendo o retorno que oinvestimento prope. Temos insistido na criao desses Centros, porque aexistncia de seus servios redireciona o que j usual nas redes de ensino,ou seja, o apoio ao professor, pelos itinerantes. No concordamos com essesuporte a alunos e professores com dificuldades, porque "apagam incndio",agem sobre os sintomas, oferecem solues particularizadas, locais, mas novo fundo no problema e suas causas. Os servios itinerantes de apoio nosolicitam o professor, no sentido de que se mobilize, de que reveja suaprtica. Sua existncia no obriga o professor a assumir a responsabilidadepela aprendizagem de todos os alunos, pois j existe um especialista paraatender aos caso mais difceis, que so os que justamente fazem o professorevoluir, na maneira de proceder com a turma toda. Porque se um aluno novai bem, seja ele uma pessoa com ou sem deficincia, o problema precisa seranalisado no apenas com relao s reaes dessa ou de outra criana, masao grupo como um todo, ao ensino que est sendo ministrado, para que osalunos possam aprender, naquele grupo.

    A itinerncia no faz evoluir as prticas, o conhecimento pedaggico dosprofessores. , na nossa opinio, mais uma modalidade da educao especialque acomoda o professor do ensino regular, tirando-lhe a oportunidade decrescer, de sentir a necessidade de buscar solues e no aguardar quealgum de fora venha, regularmente, para resolver seus problemas. Esse

    servio igualmente refora a idia de que os problemas de aprendizagem sosempre do aluno e que o especialista poder se incumbir de remov-los,com adequao e eficincia.

    O tipo de formao que estamos implementando para tornar possvel aincluso implica no estabelecimento de parceriasentre professores, alunos,escolas, profissionais de outras reas afins, Universidades, para que possa semanter ativa e capaz de fazer frente s inmeras solicitaes que essamodalidade de trabalho provoca nos interessados. Por outro lado, essasparcerias ensejam o desenvolvimento de outras aes, entre as quaisa investigao educacional e em outros ramos do conhecimento. So nessasredes e a partir dessa formao que estamos pesquisando e orientandotrabalhos de nossos alunos de graduao e ps-graduao da Faculdade deEducao / Unicamp e onde estamos observando os efeitos desse trabalho,nas redes.

    No dispensamos os cursos, oficinas e outros eventos de atualizao e deaperfeioamento, quando estes so reinvindicados pelo professor e nessesentido a parceria com outros grupos de pesquisa da Unicamp e colegas deoutras Universidades tm sido muito eficiente. Mas h cursos que oferecemosaos professores, que so ministrados por seus colegas da prpria rede, quandoestes se dispe a oferec-los ou so convidados por ns, ao conhecermos ovalor de sua contribuio para os demais.

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    As escolas e professores com os quais estamos trabalhando j apresentamsintomas pelos quais podemos perceber que esto evoluindo dia -a- dia parauma Educao de qualidade para Todos. Esses sintomas podem ser resumidosno que segue:

    reconhecimento e valorizao da diversidade, como elementoenriquecedor do processo de ensino e aprendizagem; professores conscientes do modo como atuam, para promover a

    aprendizagem de todos os alunos; cooperao entre os implicados no processo educativo - dentro e fora

    da escola; valorizao do processo sobre o produto da aprendizagem; enfoques curriculares, metodolgicos e estratgias pedaggicas que

    possibilita, a construo coletiva do conhecimento.

    preciso, contudo, considerar que a avaliao dos efeitos de nossos projetosno se centram no aproveitamento de alguns alunos, os deficientes, nasclasses regulares. Embora estes casos sejam objeto de nossa ateno,queremos acima de tudo saber se os professores evoluram na sua maneira defazer acontecer a aprendizagem nas suas salas de aula; se as escolas setransformaram, se as crianas esto sendo respeitadas nas suas possibilidadesde avanar, autonomamente, na construo dos conhecimentos acadmicos;se estes esto sendo construdos no coletivo escolar, em clima desolidariedade; se a as relaes entre as crianas, pais, professores e toda acomunidade escolar se estreitaram, nos laos da cooperao, do dilogo,fruto de um exerccio dirio de compartilhamento de seus deveres,

    problemas, sucessos.Outras alternativas de formao

    Para ampliar essas parcerias estamos utilizando tambm as redes decomunicao distncia para intercmbios de experincias entre alunos eprofissionais da educao, pais e comunidade. Embora ainda incipiente,o Caleidoscpio - Um Projeto de Educao Para Todos o nosso site naInternet e por meio deste hipertexto estamos trabalhando no sentido deprovocar a interatividade presencial e virtual entre as escolas, como mais umaalternativa de formao continuada, que envolve os alunos, as escolas e arede como um todo. O Caleidoscpio tem sido objeto de estudos de nossosalunos e de outras unidades da Unicamp, relacionadas cincia dacomputao e est crescendo como proposta e abrindo canais de participaocom a comunidade e com outras instituies que se prope a participar domovimento inclusivo, dentro e fora das escolas.

    Se pretendemos mudanas nas prticas de sala de aula, no podemoscontinuar formando e aperfeioando os professores como se as inovaes s sereferissem aprendizagem dos alunos da educao infantil, da escolafundamental e do ensino mdio...

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    AS PERSPECTIVAS

    A escola para a maioria das crianas brasileiras o nico espao de acesso aosconhecimentos universais e sistematizados, ou seja, o lugar que vai lhesproporcionar condies de se desenvolver e de se tornar um cidado , algumcom identidade social e culturalMelhorar as condies da escola formar geraes mais preparadas para vivera vida na sua plenitude, livremente, sem preconceitos, sem barreiras. Nopodemos nos contradizer nem mesmo contemporizar solues, mesmo que opreo que tenhamos de pagar seja bem alto, pois nunca ser to alto quanto oresgate de uma vida escolar marginalizada, uma evaso, uma crianaestigmatizada, sem motivos.

    A escola prepara o futuro e de certo que se as crianas conviverem eaprenderem a valorizar a diversidade nas suas salas de aula, sero adultosbem diferentes de ns, que temos de nos empenhar tanto para defender oindefensvel.

    A incluso escolar remete a escola a questes de estrutura e defuncionamento que subvertem seus paradigmas e que implicam em umredimensionamento de seu papel, para um mundo que evolui a "bytes".

    O movimento inclusivo, nas escolas, por mais que seja ainda muitocontestado, pelo carter ameaador de toda e qualquer mudana,especialmente no meio educacional, irreversvel e convence a todos pela

    sua lgica, pela tica de seu posicionamento social.A incluso est denunciando o abismo existente entre o velho e o novo nainstituio escolar brasileira. A incluso reveladora dessa distncia queprecisa ser preenchida com as aes que relacionamos anteriormente.

    Assim sendo, o futuro da escola inclusiva est, ao nosso ver, dependendo deuma expanso rpida dos projetos verdadeiramente embudos do compromissode transformar a escola, para se adequar aos novos tempos.

    Se hoje ainda so experincias locais, as que esto demonstrando aviabilidade da incluso, em escolas e redes de ensino brasileiras, estasexperincias tm a fora do bvio e a clareza da simplicidade e s essasvirtudes so suficientes para se antever o crescimento desse novo paradigmano sistema educacional.

    No se muda a escola com um passe de mgica.

    A implementao da escola de qualidade, que igualitria, justa eacolhedora para todos, um sonho possvel.

    A aparente fragilidade das pequenas iniciativas, ou seja, essas experinciaslocais que tm sido suficientes para enfrentar o poder da mquinaeducacional, velha e enferrujada, com segurana e tranquilidade. Essas

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    iniciativas tm mostrado a viabilidade da incluso escolar nas escolasbrasileiras.

    As perspectivas do ensino inclusivo so, pois, animadoras e alentadoras para anossa educao. A escola do povo, de todas as crianas, de suas famlias,das comunidade, em que se inserem.Crianas, bem-vindas uma nova escola !

    BIBLIOGRAFIA

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    Integrao x Incluso: Escola (de qualidade) paraTodos

    Maria Teresa Eglr MantoanUniversidade Estadual de Campinas - Faculdade de EducaoDepartamento de Metodologia de EnsinoLaboratrio de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade -LEPED/UNICAMP

    Sabemos que a situao atual do atendimento s necessidades escolares dacriana brasileira responsvel pelos ndices assustadores de repetncia eevaso no ensino fundamental. Entretanto, no imaginrio social, como nacultura escolar, a incompetncia de certos alunos - os pobres e os deficientes- para enfrentar as exigncias da escolaridade regular uma crena que

    aparece na simplicidade das afirmaes do senso comum e at mesmo emcertos argumentos e interpretaes tericas sobre o tema.

    Por outro lado, j se conhece o efeito solicitador do meio escolar regular nodesenvolvimento de pessoas com deficincias (Mantoan:1988) e mesmo umlugar comum afirmar-se que preciso respeitar os educandos em suaindividualidade, para no se condenar uma parte deles ao fracasso e scategorias especiais de ensino. Ainda assim, ousado para muitos, ou melhor,para a maioria das pessoas, a idia de que ns, os humanos, somos seresnicos, singulares e que injusto e inadequado sermos categorizados, aqualquer pretexto!

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    Todavia, apesar desses e de outros contra-sensos, sabemos que normal apresena de dficits em nossos comportamentos e em reas de nossa atuao,pessoal ou grupal, assim como em um ou outro aspecto de nossodesenvolvimento fsico, social, cultural, por sermos seres perfectveis, queconstrem, pouco a pouco e, na medida do possvel, suas condies deadaptao ao meio. A diversidade no meio social e, especialmente noambiente escolar, fator determinante do enriquecimento das trocas, dosintercmbios intelectuais, sociais e culturais que possam ocorrer entre ossujeitos que neles interagem.

    Acreditamos que o aprimoramento da qualidade do ensino regular e a adiode princpios educacionais vlidos para todos os alunos, resultaronaturalmente na incluso escolar dos deficientes. Em consequncia, aeducao especial adquirir uma nova significao. Tornar-se- umamodalidade de ensino destinada no apenas a um grupo exclusivo de alunos, odos deficientes, mas especializada no aluno e dedicada pesquisa e aodesenvolvimento de novas maneiras de se ensinar, adequadas heterogeneidade dos aprendizes e compatvel com os ideais democrticos deuma educao para todos.

    Nessa perspectiva, os desafios que temos a enfrentar so inmeros e toda equalquer investida no sentido de se ministrar um ensino especializado noaluno depende de se ultrapassar as condies atuais de estruturao do ensinoescolar para deficientes. Em outras palavras, depende da fuso do ensinoregular com o especial.

    Ora, fuso no juno, justaposio, agregao de uma modalidade outra.Fundir significa incorporar elementos distintos para se criar uma novaestrutura, na qual desaparecem os elementos iniciais, tal qual eles sooriginariamente. Assim sendo, instalar uma classe especial em uma escolaregular nada mais do que uma justaposio de recursos, assim como o sooutros, que se dispem do mesmo modo.

    Outros obstculos consecuo de um ensino especializado no aluno,implicam a adequao de novos conhecimentos oriundos das investigaesatuais em educao e de outras cincias s salas de aula, s intervenestipicamente escolares, que tm uma vocao institucional especfica desistematizar os conhecimentos acadmicos, as disciplinas curriculares. Defato, nem sempre os estudos e as comprovaes cientficas so diretamenteaplicveis realidade escolar e as implicaes pedaggicas que podemosretirar de um novo conhecimento tambm precisam de ser testadas, paraconfirmar sua eficcia no domnio do ensino escolar.

    O paradigma vigente de atendimento especializado e segregativo extremamente forte e enraizado no iderio das instituies e na prtica dosprofissionais que atuam no ensino especial. A indiferenciao entre ossignificados especficos dos processos de integrao e incluso escolar reforaainda mais a vigncia do paradigma tradicional de servios e muitoscontinuam a mant-lo, embora estejam defendendo a integrao!

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    Ocorre que os dois vocbulos - integrao e incluso - conquanto tenhamsignificados semelhantes, esto sendo empregados para expressar situaesde insero diferentes e tm por detrs posicionamentos divergentes para aconsecuo de suas metas. A noo de integrao tem sido compreendida dediversas maneiras, quando aplicada escola. Os diversos significados que lheso atribudos devem-se ao uso do termo para expressar fins diferentes, sejameles pedaggicos, sociais, filosficos e outros. O emprego do vocbulo encontrado at mesmo para designar alunos agrupados em escolas especiaispara deficientes, ou mesmo em classes especiais, grupos de lazer, residnciaspara deficientes. Por tratar-se de um constructo histrico recente, que datados anos 60, a integrao sofreu a influncia dos movimentos quecaracterizaram e reconsideraram outras idias, como as de escola, sociedade,educao. O nmero crescente de estudos referentes integrao escolar e oemprego generalizado do termo tm levado a muita confuso a respeito dasidias que cada caso encerra.

    Os movimentos em favor da integrao de crianas com deficincia surgiramnos pases nrdicos (Nirje, 1969), quando se questionaram as prticas sociais eescolares de segregao, assim como as atitudes sociais em relao s pessoascom deficincia intelectual.

    A noo de base em matria de integrao o princpio de normalizao, queno sendo especfico da vida escolar, atinge o conjunto de manifestaes eatividades humanas e todas as etapas da vida das pessoas, sejam elasafetadas ou no por uma incapacidade, dificuldade ou inadaptao. Anormalizao visa tornar accessvel s pessoas socialmente desvalorizadas

    condies e modelos de vida anlogos aos que so disponveis de um modogeral ao conjunto de pessoas de um dado meio ou sociedade; implica a adoode um novo paradigma de entendimento das relaes entre as pessoasfazendo-se acompanhar de medidas que objetivam a eliminao de toda equalquer forma de rotulao.

    Modalidades de insero

    Uma das opes de integrao escolar denomina-se mainstreaming, ou seja,"corrente principal" e seu sentido anlogo a um canal educativo geral, queem seu fluxo vai carregando todo tipo de aluno com ou sem capacidade ounecessidade especfica. O aluno com deficincia mental ou com dificuldadesde aprendizagem, pelo conceito referido, deve ter acesso educao, suaformao sendo adaptada s suas necessidades especficas. Existe um lequede possibilidades e de servios disponveis aos alunos, que vai da insero nasclasses regulares ao ensino em escolas especiais. Este processo de integraose traduz por uma estrutura intitulada sistema de cascata, que deve favorecero "ambiente o menos restritivo possvel", dando oportunidade ao aluno, emtodas as etapas da integrao, transitar no "sistema", da classe regular aoensino especial. Trata-se de uma concepo de integrao parcial, porque acascata prev servios segregados que no ensejam o alcance dos objetivos danormalizao.

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    De fato, os alunos que se encontram em servios segregados muito raramentese deslocam para os menos segregados e, raramente, s classes regulares. Acrtica mais forte ao sistema de cascata e s polticas de integrao do tipomainstreaming afirma que a escola oculta seu fracasso, isolando os alunos e sintegrando os que no constituem um desafio sua competncia (Dor etalii.,1996). Nas situaes de mainstreaming nem todos os alunos cabem e oselegveis para a integrao so os que foram avaliados por instrumentos eprofissionais supostamente objetivos. O sistema se baseia na individualizaodos programas instrucionais, os quais devem se adaptar s necessidades decada um dos alunos, com deficincia ou no.

    A outra opo de insero a incluso, que questiona no somente aspolticas e a organizao da educao especial e regular, mas tambm oconceito de integrao - mainstreaming. A noo de incluso no incompatvel com a de integrao, porm institue a insero de uma formamais radical, completa e sistemtica. O conceito se refere vida social eeducativa e todos os alunos devem ser includos nas escolas regulares e nosomente colocados na "corrente principal". O vocbulo integrao abandonado, uma vez que o objetivo incluir um aluno ou um grupo dealunos que j foram anteriormente excludos; a meta primordial da incluso a de no deixar ningum no exterior do ensino regular, desde o comeo. Asescolas inclusivas propem um modo de se constituir o sistema educacionalque considera as necessidades de todos os alunos e que estruturado emfuno dessas necessidades. A incluso causa uma mudana de perspectivaeducacional, pois no se limita a ajudar somente os alunos que apresentamdificuldades na escola, mas apoia a todos: professores, alunos, pessoal

    administrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. Oimpacto desta concepo considervel, porque ela supe a aboliocompleta dos servios segregados (Dor et alii. 1996). A metfora da incluso a do caleidoscpio. Esta imagem foi muito bem descrita no que segue: "Ocaleidoscpio precisa de todos os pedaos que o compem. Quando se retirapedaos dele, o desenho se torna menos complexo, menos rico. As crianas sedesenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado"(Forest et Lusthaus, 1987 : 6).

    A incluso propiciou a criao de inmeras outras maneiras de se realizar aeducao de alunos com deficincia mental nos sistemas de ensino regular,como as "escolas heterogneas" (Falvey et alii., 1989), as "escolasacolhedoras" (Purkey et Novak, 1984), os "currculos centrados nacomunidade" (Peterson et alii.,1992).

    Resumindo, a integrao escolar, cuja metfora o sistema de cascata, uma forma condicional de insero em que vai depender do aluno, ou seja, donvel de sua capacidade de adaptao s opes do sistema escolar, a suaintegrao, seja em uma sala regular, uma classe especial, ou mesmo eminstituies especializadas. Trata-se de uma alternativa em que tudo semantm, nada se questiona do esquema em vigor. J a incluso institui ainsero de uma forma mais radical, completa e sistemtica, uma vez que oobjetivo incluir um aluno ou grupo de alunos que no foram anteriormenteexcludos. A meta da incluso , desde o incio no deixar ningum fora do

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    sistema escolar, que ter de se adaptar s particularidades de todos os alunospara concretizar a sua metfora - o caleidoscpio.

    Consideraes finais

    De certo que a incluso se concilia com uma educao para todos e com umensino especializado no aluno, mas no se consegue implantar uma opo deinsero to revolucionria sem enfrentar um desafio ainda maior : o querecai sobre o fator humano. Os recursos fsicos e os meios materiais para aefetivao de um processo escolar de qualidade cedem sua prioridade aodesenvolvimento de novas atitudes e formas de interao, na escola, exigindomudanas no relacionamento pessoal e social e na maneira de se efetivar osprocessos de ensino e aprendizagem. Nesse contexto, a formao do pessoalenvolvido com a educao de fundamental importncia, assim como aassistncia s famlias, enfim, uma sustentao aos que estaro diretamenteimplicados com as mudanas condio necessria para que estas no sejamimpostas, mas imponham-se como resultado de uma conscincia cada vezmais evoluda de educao e de desenvolvimento humano.

    Referncias bibliogrficas

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    SAINT-LAURENT,L. (1994). L'ducation intgre la communaut endficience intellectuelle. Montral, Qubec: Les Editions Logiques Inc.