texto sobre as modificações na lei de lavagem de capitais

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1 LAVAGEM DE DINHEIRO (Lei 9.613/98) 1. Histórico da Lei 9.613/08 na redação original A preocupação com a criminalização com a lavagem de capitais surge na Convenção das Nações Unidas contra o tráfico de drogas de 1988, celebrada em Viena. Exemplo: bandido ganha mais de 1 milhão de reais com o tráfico: ele precisa dar uma origem lícita a esses valores e, para isso, faz uma locadora de vídeos. A citada Convenção foi incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro através do Decreto 154/1991. Finalmente, surge em 04.03.1998 a Lei 9.613. Em sua redação original, havia um rol taxativo de crimes antecedentes Redação original da Lei 9.613/1998 Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime: I - tráfico de drogas, II - terrorismo e seu financiamento, III - contrabando ou tráfico de armas, IV – extorsão mediante sequestro, V - crimes contra a Administração Pública, VI - crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, VII - crimes praticados por organização criminosa; VIII - crimes praticados por particular contra a Administração Pública estrangeira 1.1 Histórico da lei 12.683/12 Com a entrada em vigor da Lei 12.683, a partir de 10.07.2012, resultante do PL 209/2003 no Senado (com o número 3.443/08 na Câmara), A grande mudança produzida por essa lei é que qualquer infração penal passa a figurar como antecedente da lavagem de capitais, estando o rol acima citado revogado. Art. 1 o Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa. Ao falar em “infração penal”, engloba crime e contravenção. O grande norte dessa mudança foi o caso do Carlinhos Cachoeira, contraventor de jogos de azar. O professor Renato Brasileiro diz que a mudança realmente foi boa, mas, olhando por outro lado, como qualquer crime pode ser antecedente ao da lavagem, corre-se o risco de banalizar a lavagem.

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Comentários sobre a nova lei de lavagem de dinheiro.

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! LAVAGEM DE DINHEIRO (Lei 9.613/98) 1. Histrico da Lei 9.613/08 na redao original A preocupao com a criminalizao com a lavagem de capitais surge na Conveno dasNaesUnidascontraotrficodedrogasde1988,celebradaemViena.Exemplo: bandidoganhamaisde1milhodereaiscomotrfico:eleprecisadarumaorigemlcitaa esses valores e, para isso, faz uma locadora de vdeos.AcitadaConvenofoiincorporadaaoordenamentojurdicobrasileiroatravsdo Decreto154/1991.Finalmente,surgeem04.03.1998aLei9.613.Emsuaredaooriginal, havia um rol taxativo de crimes antecedentes Redao original da Lei 9.613/1998 Art.1Ocultaroudissimularanatureza,origem,localizao,disposio,movimentaoou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime:I - trfico de drogas,II - terrorismo e seu financiamento,III - contrabando ou trfico de armas,IV extorso mediante sequestro,V - crimes contra a Administrao Pblica,VI - crimes contra o Sistema Financeiro Nacional,VII - crimes praticados por organizao criminosa;VIII - crimes praticados por particular contra a Administrao Pblica estrangeira 1.1 Histrico da lei 12.683/12 ComaentradaemvigordaLei12.683,apartirde10.07.2012,resultantedoPL 209/2003 no Senado (com o nmero 3.443/08 na Cmara), A grande mudana produzida por essaleiquequalquerinfraopenalpassaafigurarcomoantecedentedalavagemde capitais, estando o rol acima citado revogado. Art.1o Ocultaroudissimularanatureza,origem,localizao,disposio, movimentaooupropriedadedebens,direitosouvaloresprovenientes, direta ou indiretamente, de infrao penal. Pena: recluso, de 3 (trs) a 10 (dez) anos, e multa. Aofalareminfraopenal,englobacrimeecontraveno.Ograndenortedessa mudanafoiocasodoCarlinhosCachoeira,contraventordejogosdeazar.Oprofessor RenatoBrasileirodizqueamudanarealmentefoiboa,mas,olhandoporoutrolado,como qualquer crime pode ser antecedente ao da lavagem, corre-se o risco de banalizar a lavagem. # corretoafirmarquetodaequalquerinfraopenalpodeserantecedenteda lavagem? Em primeiro momento parece que sim, mas vamos a uma pergunta: a prevaricao podeserantecedentedalavagem?Aprevaricaovisasatisfazerinteresseousentimento pessoal, v. g., o promotor deixa de oferecer denncia contra seu amigo de infncia. Ora, para que possa falar em lavagem de capitais necessria uma infrao penal, mas que seja resulte algumavantagemeconmicaquepossaserocultada.Oque,ento,selavacoma prevaricao?Nohnadaoquelavar,nopodendoelaserantecedente.Assim,qualquer infraopenalpodeserantecedentedelavagemdecapitais,desdequedelaresultebens, direitos ou valores passveis de ocultao, v. g., furto, roubo. Outramudanadaleifoiampliaroroldossujeitosobrigadosnacomunicaode operaes suspeitas do art. 9. O Estado no tem como sozinho fiscalizar todas as atividades ondesejamaisfcildelavardinheiro,porisso,anovaleiampliouoroldepessoasqueso obrigadas a cooperar com o Estado. Incluiu-se, por exemplo, as pessoas fsicas ou jurdicas quecomercializembensdeluxooudealtovalor,comoodoleiro;aspessoasfsicasou jurdicasqueprestem,mesmoqueeventualmente,serviosdeassessoria,consultoria, auditoria, etc. Vamos voltar nesse assunto mais frente. Anovaleitambmtrouxeclaramenteumamudanadementalidadequanto recuperao de ativo, de valores. A eficcia do sistema penal do Brasil est atrelado sempre ideiadepriso:seprendeu,funcionou.Aleidelavagemcontinuapreocupadacomapriso, porm, o legislador fala tambm de recuperar os valores ilcitos: um caso disso que passou a constarnaleiapossibilidadedealienaoantecipada.Porexemplo,prendotraficanteeum helicptero.Essebemdedifcilmanuteno,porissopossvelvenderobem, permanecendo o valor em depsito. Vejamos o art. 4, 1: 1oProceder-se- alienao antecipada para preservao do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deteriorao ou depreciao, ou quando houver dificuldade para sua manuteno. 2. Direito intertemporal A) Normas de direito processual Paraproblemasdedireitointertemporaldenormasdedireitoprocessual,aplica-seo tempus regit actum (art. 2 do CPP) Art. 2o Aleiprocessualpenalaplicar-se-desdelogo,semprejuzoda validade dos atos realizados sob a vigncia da lei anterior. $ Hoje a doutrina, contudo, trabalha com duas espcies de norma processual: a) Norma genuinamente processual: so aquelas que cuidam de procedimentos, atos probatrios, tcnicas do processo, etc. Quanto a essas normas, aplica-se, ao direito intertemporal,oprincpiodotempusregitactum,jcitadoacima.Ecomoisso aplica-seleidelavagem?Oart.2,IIdaLei9613foimodificadopelaLei 12.683em2012,passandoapreverqueojuizcompetentedalavagemquevai decidir sobre a unidade de processo e julgamento do crime antecedente. Art. 2 O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: (...) II-independemdoprocessoejulgamentodoscrimesantecedentesreferidos no artigo anterior, ainda que praticados em outro pas; II-independemdoprocessoejulgamentodasinfraespenaisantecedentes, aindaquepraticadosemoutropas,cabendoaojuizcompetenteparaos crimesprevistosnestaLeiadecisosobreaunidadedeprocessoe julgamento; b)Normaprocessualmaterial(normaprocessualmista):aquelaqueinterfereno direitodeliberdade(ius libertatis)doagente.Porexemplo,vamosimaginarque sejacriadaumanovaespciedeprisocautelar;ora,prisonormaprocessual, masqueinterferenodireitodeliberdadedocidado.Comoseresolveodireito intertemporalnessecaso?Aquiaplica-seomesmocritriododireitopenal,ou seja, o critrio da irretroatividade da lei mais gravosa ou da ultra-atividade da lei maisbenigna.Trazendonaleidelavagemtemosarevogaodoart.3,que vedavaaliberdadeprovisriaeapelaremliberdade.Sendobenficaalei, retroage. Art.3OscrimesdisciplinadosnestaLeisoinsuscetveisdefianae liberdadeprovisriae,emcasodesentenacondenatria,ojuizdecidir fundamentadamente se o ru poder apelar em liberdade. B) Normas de direito material Ocritriodenormasmateriaispenaisparaproblemasdedireitointertemporala irretroatividadedaleimaisgravosaoudaultra-atividadedaleimaisbenigna.Vamosatrs exemplos utilizando a lei de lavagem: Delao premiada (nova redao do art. 1, 5): agora a delao premiada passa a serpossvelaqualquermomento,inclusivedepoisdotrnsitoemjulgado.Essa mudana retroage, mesmo se o crime tiver sido praticado antes da Lei 12.683. % 5 A pena ser reduzida de um a dois teros e comear a ser cumprida em regimeaberto,podendoojuizdeixardeaplic-laousubstitu-laporpena restritivadedireitos,seoautor,co-autoroupartcipecolaborar espontaneamentecomasautoridades,prestandoesclarecimentosque conduzamapuraodasinfraespenaisedesuaautoriaoulocalizao dos bens, direitos ou valores objeto do crime. 5o Apenapoderserreduzidadeumadoisterosesercumpridaem regimeabertoousemiaberto,facultando-seaojuizdeixardeaplic-laou substitu-la,aqualquertempo,porpenarestritivadedireitos,seoautor, coautor ou partcipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentosqueconduzamapuraodasinfraespenais, identificaodosautores,coautoresepartcipes,oulocalizaodosbens, direitos ou valores objeto do crime. Utilizao dos valores da lavagem por terceiro (nova redao do art. 1, 2, I): a hiptese deixou de punir apenas a dolo direto, e passou a abranger tambm o dolo eventual, j que houve supresso da expresso sabe serem. exemplo claro de lex gravior, ou seja, o dolo eventual aplica-se aos crimes cometidos apenas aps vigncia da nova lei. 2 Incorre, ainda, na mesma pena quem: I - utiliza, na atividade econmica ou financeira, bens, direitos ou valores que sabeseremprovenientesdequalquerdoscrimesantecedentesreferidosneste artigo; 2oIncorre, ainda, na mesma pena quem:I-utiliza,naatividadeeconmicaoufinanceira,bens,direitosouvalores provenientes de infrao penal; Rolno-taxativodecrimes(novaredaodoart.1,caput).Jestudamosquea Lei12.693permitiuquequalquerinfraopenalsejaantecedentedalavagem. Vamosaumexemplo:crimestributriospraticadosem2010e2011,cujos valorespermanecemdissimuladosemnomedelaranjasatavignciadalei nova(10.07.2012),mantendoacontaemparasofiscalathoje.Lembreque crimes tributrios no era abrangido pela redao antiga como crime antecedente. A fica a pergunta: responde ele pelo delito de lavagem? J surgem duas correntes na doutrina: a)Corrente restritiva:exceodoscrimesquejconstavamdoart.1daLei 9613/98,tantoalavagemquantoainfraoantecedentedevemtersido cometidos a partir do dia 10/07/2012. a posio de LFG e Pier Paolo Bottini. Essa viso a mais benfica ao candidato. b) Corrente ampliativa: ocultao crime permanente, logo, ainda que a infrao antecedentetenhasidocometidaantesdaLei12.683,deveroagente responder por lavagem se a ocultao dos valores se prolongar na vigncia da Lei 12.683 (10.07.2012): a posio de Valdemir Arras, do MPF.` & +No h posio especfica sobre o tema, at porque a matria muito nova, porm,seforaplicadooraciocniodasmula711doSTF,prevalecera smula711.EaindanoPretriooInq2.471aconteceuasituaodeum parlamentarquelavavadinheiroaindaantesdavignciadaLei9.613/98, porm, continuou ocultando os valores at depois de 1998: o STF entendeu queaocultaocrimepermanente.Raciocniosemelhantetambmfoi decidido pelo Pretrio no HC 113.856 Art.1Ocultaroudissimularanatureza,origem,localizao,disposio, movimentaooupropriedadedebens,direitosouvaloresprovenientes, direta ou indiretamente, de crime: Art.1o Ocultaroudissimularanatureza,origem,localizao,disposio, movimentaooupropriedadedebens,direitosouvaloresprovenientes, direta ou indiretamente, de infrao penal. Smula 711 do STF. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigncia anterior cessao da continuidade ou da permanncia. STF, Inq. 2.471 Ementa:PENAL.PROCESSUALPENAL.DENNCIA.CRIMESDE LAVAGEMDEDINHEIROEFORMAODEQUADRILHAOU BANDO.DENNCIANOINPTA.DEMAISPRELIMINARES REJEITADAS.PRESCRIOQUANTOAODELITODEQUADRILHA EMRELAOAOSMAIORESDESETENTAANOS.RECEBIMENTO PARCIAL DA DENNCIA. I Ainda que um dos investigados seja detentor deforoperanteaCorteSuprema,aratificao,pelaProcuradoriaGeralda Repblica,dadennciaofertadaemPrimeiroGrau,tornasuperadasquestes relativas competncia do subscritor da pea original para a sua elaborao e apresentao perante rgo judicial. II - No inepta a denncia por crime de lavagemdedinheiroeformaodequadrilhaoubandoque,emvistade diversosagentessupostamenteenvolvidos,descreveosfatosdemaneira genricaesistematizada,mascomclarezasuficientequepermitia compreender a conjuntura tida por delituosa e possibilite o exerccio da ampla defesa. III Indicao possivelmente equivocada na denncia dos preceitos da Lei9.613/98,noprejudicamoseurecebimento,considerandoquecabeao juiz,porocasiodojulgamentofinal,buscarnoordenamentojurdicoo(s) tipo(s)penal(is)emqueseencaixe(m)a(s)conduta(s)descrita(s),podendo, eventualmente, haver concluso pela atipicidade. IV No sendo considerada alavagemdecapitaismeroexaurimentodocrimedecorrupopassiva, possvel que dois dos acusados respondam por ambos os crimes, inclusive em aespenaisdiversas,servindo,nopresentecaso,osindciosdacorrupo advindosdaAP477comodelitoantecedentedalavagem.VOfatodeum oumaisacusadosestaremsendoprocessadosporlavegamemaopenal diversa, em curso perante o Supremo Tribunal Federal, no gera bis in idem, emfacedaprovveldiversidadedecontascorrentesedasimportncias utilizadas na consumao do suposto delito. VI Restou assentado na AP 483 queosdocumentosbancriosenviadospelaSua,emrespeitoaacordode cooperao firmado com o Brasil, podem ser utilizados como provas em aes penasquevisempersecuopenalquenoostentendolefiscal,comoa hiptesedopresentefeito.VIINofixadaaindapeloSupremoTribunal Federalanaturezadocrimedelavagemdedinheiro,seinstantneocom efeitospermanentesousecrimepermanente,nohquefalar-seem prescrionesteinstanteprocessualinaugural.VIII-Remeterrecursos financeirosaoexterior,supostamenteoriginadosnodelitodecorrupo passiva,pormeiodedlar-caboesemacinciadoBancoCentral,bem como promover intensa circulao das respectivas importncias e o retorno de parceladoquantumaoBrasil,constituiindciodematerialidadeeautoriade ' delitos de lavagem de dinheiro, objeto da Lei 9.613/98. IX Havendo indcios dequeosdenunciadoseramosdiretores,operadoresebeneficiriosde diversasempresasecontasoffshoreinterligadas,bemcomodequetais entidadescontriburam,demododecisivoeconjugado,paraocometimento dossupostoscrimesdelavagemdecapitais,deserrecebidaadenncia quanto ao delito de quadrilha ou bando, com exceo dos acusados maiores de 70(setenta)anos,emvistadaocorrnciadaprescrio.XPresentesos indcios de materialidade e autoria, a denncia parcialmente recebida para os crimes de lavagem de dinheiro e formao de quadrilha ou bando, nos termos dosart.1,inc.V,e1,inc.IIe4,daLei9.613/98e288doCdigo Penal.XI-VencidooMinistroMarcoAurlioquereconheciaaprescrio relativamente a ambos os delitos. STF, HC 113.856 (deciso monocrtica) Pela mesma razo - a autonomia entre os delitos -, torna-se irrelevante o fato deocrimeantecedentesupostamentetersidopraticadoantesdoincioda vignciadaLein9.613/98,hajavistaaexistnciadelastroprobatriono sentido de que as condutas de ocultao e dissimulao dos valores provenientes de crime, que sodelitospermanentes,seprotraramnotempomuitoapsaentradaem vigor da norma incriminadora. Do exposto, indefiro o pedido de liminar. 3. A expresso lavagem de capitais EssaexpressosurgenosEUA,Moneylaunderingem1920,ondeeraproibidaa vendadebebidasalcolicaseaosmafiosostiveramaideiadecomprarlavanderiaspara dissimularosvaloresilcitosobtidos.Emalgunspaseseuropeus,utiliza-seaexpresso branqueamento de capitais. 4. Conceito de lavagem de capitais Lavagem de capitais o crime por meio do qual bens, direitos e valores obtidos com a prtica de infraes penais (diante da nova redao do art. 1 da Lei 9.613/98) so integrados ao sistema econmico financeiro, com a aparncia de terem sido obtidos de maneira lcita. 5. Geraes de leis de lavagem A doutrina fala em geraes de leis de lavagem: a) 1 gerao: apenas o trfico era considerado crime antecedente lavagem; b)2gerao:humroltaxativodecrimesantecedentes,comoeranaredao original na Lei 9.613 de 1998; c) 3 gerao: qualquer infrao penal pode ser antecedente lavagem. Em face das alteraes pela lei 12.683/12, a lei 9.613 agora de terceira gerao. ( 6. Fases da lavagem de capitais A doutrina costuma trabalhar com fases da lavagem de capitais, sugerida pelo Grupo de Operaes Financeiras sobre Lavagem de Dinheiro GAFI, que um grupo formado por vrios pases para combater mais efetivamente esses delitos. Vejamos: a)1fase:Colocao(placement):consistenaintroduododinheiroilcitono sistemafinanceiro.Exemplo:smurfing,queapulverizaodeumaenorme quantia em pequenos valores, v. g., com a venda de drogas obtive 500 mil reais e para lavar coloco em vrias contas de 10 mil reais para no gerar movimentaes supeitas b) 2 fase: Dissimulao / Mascaramento (layering): nesta fase so realizadas vrias movimentaes financeiras com o objetivo de dificultar o rastreamento da origem ilcitadosvalores.obandidoconseguiudepositarograndevaloremvrias instituiesfinanceirasdeformafracionaria.Setaisvaloresficaremparadosso maisfceisdeserinvestigados,porissoquesecomeaamoviment-lospara dificultar a investigao. c)3fase:Integrao(integration):comaaparncialcita,osvaloresso reinvestidos,inclusive,paraofinanciamentodenovasatividadesdelituosas. Exemplo: restaurante do rio que exportava cocana dentro da buchada do bode. O dinheirovoltaaorestauranteparacomprarmaiscocana,corrompermais funcionrios pblicos, etc., ou, ainda, at mesmo, praticar atividade lcita. Equando,ento,seconsumaalavagem?OSTFnoHC80.816afirmaquea consumaodalavagemdecapitaisindependedopreenchimentodastrsfases.Essecaso concretofoiocasodaprefeituradeSoPauloemqueosfiscaispraticavamcrimesde concusso:ogrupodepositavaodinheirodemaneirafracionadaemduascontasbancrias, uma de titularidade deles, e outro do cunhado de um dos integrantes, que fazia o laranja STF, HC 80.816 EMENTA:Lavagemdedinheiro:L.9.613/98:caracterizao.Odepsitode chequesdeterceirorecebidospeloagente,comoprodutodeconcusso,em contas-correntesdepessoasjurdicas,squaiscontavaeleteracesso,bastaa caracterizarafigurade"lavagemdecapitais"medianteocultaodaorigem, dalocalizaoedapropriedadedosvaloresrespectivos(L.9.613,art.1, caput):otiponoreclamanemxitodefinitivodaocultao,visadopelo agente,nemovultoeacomplexidadedosexemplosderequintada "engenharia financeira" transnacional, com os quais se ocupa a literatura. A lavagem delito instantneo de efeitos permanentes ou crime permanente? O STF no Inq. 2.471 afirma que ainda no se pronunciou sobre a questo.) Um bom exemplo para compreender as fases: o economista colombiano Frank Jurado formado em Harvard comandou a lavagem de 26 bilhes de dlares provenientes de trfico de drogas. Ele depositava o dinheiro no Panam transferindo-o para mais de 100 contas diferente para mais de 68 bancos em 9 pases, com contas de, no mximo, 10.000 dlares. O dinheiro voltaColmbiademaneiralcitacominvestimentoemconstrues,restaurantese laboratrios. Ele foi pego quando um banco em Mnaco faliu e as contas foram expostas. 7. Bem jurdico tutelado Qual o bem jurdico tutelado pelo delito de lavagem? Temos 4 correntes: a) 1 corrente: o bem jurdico tutelado a Administrao da Justia, como acontece emalgunspasesdaEuropa,ondeolavagemtratadacomoumaespciede favorecimento real (art. 349 do CP), que prestar auxlio ao criminoso para tornar seguro o proveito do crime. a ideia de Rodolfo Tigre Maia. O professor Renato diz que, com a lavagem extensvel agora a todos s infraes penais, se eu ajudar ocriminosoaesconderoprodutodofurto,respondereiporlavagem,enopor favorecimento real! b)2corrente:obemjurdicotuteladoaomesmobemtuteladopelocrime antecedente.Talentendimentopodeatserboaquandosepensanasleisde1 geraoondesotrficocomocrimeantecedente.Naleibrasileirafica complicado trabalhar com essa corrente, uma vez que os crimes antecedentes so de natureza muito distinta. c)3corrente:obemjurdicotuteladopelaleidelavagemdedinheiroaordem econmico-financeira. a posio prevalecente. Se considera lesivo para a ordem econmico-financeira eu, ter uma locadora e honestamente ganhar meu dinheiro; e outra pessoa abrir uma locadora com dinheiro proveniente de lavagem e ter uma megaestruturaparaoempreendimento.Ora,seobemjurdicotuteladoesse, perfeitamente possvel a aplicao do princpio da insignificncia. d)4corrente:oprofessorAlbertoSilvaFrancoafirmaqueobemtutelaaordem econmica financeira e o mesmo bem jurdico tutelado pela infrao antecedente. * 7.1 Princpio da insignificncia Olegisladorbrasileiroresolveuabriraporteiraparaalavagemdecapitaiscoma modificao em 2012: vai entrar muita bobagem, por exemplo, a gangue dos playboys em So Paulo que fazem sequestro relmpago, roubando pessoas. Vamos imaginar que, dividindo os lucrosentreagangue,ummauricinhoficoucom5.000reais.Seoplayboydepositaro dinheiro na prpria conta corrente, o pai vai estranhar, a ele tem a brilhante ideia de colocar o valor na conta da namorada dele. Veja que caracterizou a lavagem. Mas, certo que, o Estado no deveria se preocupar com esse fato e guardar energias para os delitos de grande porte. O STF vem construindo os requisitos para aplicar a insignificncia: 1. Mnima ofensividade da conduta do agente; 2. Nenhuma periculosidade social da ao; 3. Reduzido grau de reprovabilidade grau do comportamento; 4. Inexpressividade da leso jurdica provocada. Comoquantificarosvalores?Foiditoqueobemjurdicotuteladopelalavagema ordem econmico-financeira, que, por sinal, o mesmo dos crimes contra a ordem tributria: percebendoisso,ostribunaissuperioresvmutilizandocomoparmetrodeinsignificncia paralavagem,osmesmosutilizadosnoscrimestributrios.Vejamososparmetrosquese utilizaram durante o tempo Valores inferiores a R$ 100, conforme a Lei 10.522, art. 18, 1: j foi usado como parmetro para insignificncia pelo STJ no REsp. 495.872; 1oFicamcanceladososdbitosinscritosemDvidaAtivadaUnio,de valor consolidado igual ou inferior a R$ 100,00 (cem reais). ValoresinferioresaR$10.000,conformeaLei10.522,art.20:jfoiusado tambm como parmetro no STJ, REsp. 1.112.748 , julgado com a sistemtica de recurso repetitivo. O STF seguiu esse entendimento: se o valor irrelevante para fins administrativos de execuo fiscal, tal ser tambm para o direito penal. Art.20.Seroarquivados,sembaixanadistribuio,mediante requerimentodoProcuradordaFazendaNacional,osautosdasexecues fiscaisdedbitosinscritoscomoDvidaAtivadaUniopelaProcuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). STJ, REsp. 1.112.748 RECURSOESPECIALREPETITIVOREPRESENTATIVODA CONTROVRSIA.ART.105,III,AECDACF88.PENAL.ART.334, 1, ALNEAS C E D, DO CDIGO PENAL. DESCAMINHO. TIPICIDADE. APLICAO DO PRINCPIO DA INSIGNIFICNCIA. !+ I-SegundojurisprudnciafirmadanombitodoPretrioExcelso-1e2 Turmas - incide o princpio da insignificncia aos dbitos tributrios que no ultrapassem o limite de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n 10.52202. II-MuitoemboraestanosejaaorientaomajoritriadestaCorte(vide EREsp966077GO,3Seo,Rel.Min.LauritaVaz,DJede20082009), masemproldaotimizaodosistema,ebuscandoevitarumasucessiva interposio de recursos ao c. Supremo Tribunal Federal, em sintonia com os objetivosdaLein11.67208,deserseguido,namatria,oesclio jurisprudencial da Suprema Corte. Recurso especial desprovido.

PortariaMF75de22demarode2012:esseportariafoiestabelecidapelo ministro da Fazenda, mandando arquivar execues fiscais cujo valor seja inferior R$20.000.Comomuitorecente,aindanohjurisprudnciasobreotema, mas, bem capaz que haja superao do valor do tpico acima. Art. 1 Determinar: I - a no inscrio na Dvida Ativa da Unio de dbito de um mesmo devedor com a Fazenda Nacional de valor consolidado igual ou inferior a R$ 1.000,00 (milreais);eII-onoajuizamentodeexecuesfiscaisdedbitoscoma FazendaNacional,cujovalorconsolidadosejaigualouinferioraR$ 20.000,00 (vinte mil reais). 1Oslimitesestabelecidosnocaputnoseaplicamquandosetratarde dbitos decorrentes de aplicao de multa criminal. 2 Entende-se por valor consolidadooresultantedaatualizaodorespectivodbitooriginrio, somadoaosencargoseacrscimoslegaisoucontratuais,vencidosatadata da apurao. 3 O disposto no inciso I do caput no se aplica na hiptese de dbitos,demesmanaturezaerelativosaomesmodevedor,queforem encaminhados em lote, cujo valor total seja superior ao limite estabelecido. 4ParaalcanarovalormnimodeterminadonoincisoIdocaput,o rgo responsvel pela constituio do crdito poder proceder reunio dos dbitos do devedor na forma do pargrafo anterior. 8. Da autonomia do processo de lavagem de capitais e da acessoriedade Exemplo:trficodedrogasemFozdoIguaugerouoprocesson12/22na3vara criminal. Depois, ele pegava o lucro e usava para comprar casas, o que gerou o auto n 26/18 na 10 vara criminal. A vem uma srie de questionamentos: Essesdoisprocessosprecisamtramitarnamesmacomarca?Osprocessos criminaisreferentesaocrimedelavagemdecapitaiseinfraoantecedentepodemat tramitar em um processo nico, haja vista a conexo probatria, mas, esta reunio dos feitos no obrigatria. Quem decide sobre essa tramitao conjunta? Compete ao juzo competente para o julgamento do crime de lavagem de capitais deliberar sobre a reunio dos processos, o que no entantonoimpedequeumconflitodecompetnciasejasuscitado.Ora,oart.78doCPP que define, em caso de dvida, qual o juzo competente; todavia, a Lei 9.613 dispe agora de regra especfica face alterao em 2012: !! II-independemdoprocessoejulgamentodasinfraespenaisantecedentes, aindaquepraticadosemoutropas,cabendoaojuizcompetenteparaos crimesprevistosnestaLeiadecisosobreaunidadedeprocessoe julgamento; Qual a consequncia dos processos quando h absolvio no crime antecedente? Noesquecerquealavagemdecapitaistmcomoelementarainfraopenalantecedente. Diantedadiscussoadoutrinaadotaateoriadaacessoriedadelimitada.Essateoria utilizadanoconcursodepessoa:bastaqueacondutadoautorsejatpicaeilcitaparaque possasepuniropartcipe.Omesmoraciocnioseaplicalavagemeocrimeantecedente. Para que a lavagem de capitais seja punida, sobre a infrao penal antecedente basta que seja comprovada que esta tpica e ilcita. Exemplo: fui condenado no crime de lavagem a pena de 5 (cinco) anos. E se no crime antecedente eu restar absolvido, tal repercute no delito de lavagem? Depende do fundamento da absolvio: para que o delito de lavagem de capitais seja punvel, a conduta antecedente devesertpicaeilcita(princpiodaacessoriedadelimitada).Portanto,casooautordo crime antecedente seja absolvido com base na atipicidade ou com base em uma excludente da ilicitude no ser possvel a condenao por lavagem de capitais. Vejamos o art. 386 do CPP: Art. 386.Ojuizabsolveroru,mencionandoacausanapartedispositiva, desde que reconhea: I - estar provada a inexistncia do fato; II - no haver prova da existncia do fato; III - no constituir o fato infrao penal; IV estar provado que o ru no concorreu para a infrao penal; V no existir prova de ter o ru concorrido para a infrao penal; VIexistiremcircunstnciasqueexcluamocrime ouisentemorudepena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e 1o do art. 28, todos do Cdigo Penal), ou mesmo se houver fundada dvida sobre sua existncia;VII no existir prova suficiente para a condenao. SeojuizabsolvecombasenosincisoI(inexistnciadofato),III(atipicidade),VI parteinicial(causasexcludentesdailicitude),alavagemsertambmabsolvida.Seo condenado foi absolvido segundo os outros incisos, ele poder vir a ser condenado pelo crime de lavagem de capitais. Vale salientar que nos incisos IV e V, o fato do crime antecedente no estar provado ou estar provado que no concorri para a prtica da infrao penal Seoautordocrimeantecedenteforabsolvidocombaseemumaexcludenteda culpabilidadeouemvirtudedecausaextintivadapunibilidadenadaimpedeacondenao pelocrimedelavagemdecapitais.Exemplo:colegamedumdinheiroprodutodetrfico para eu lavar. No decurso da lavagem ele morre e ter sua punibilidade extinta; eu no serei alcanado, podendo ser condenado por lavagem, por bvio. Vejamos o art. 2, 1 da Lei 9.613/98 com a nova redao: !# 1 A denncia ser instruda com indcios suficientes da existncia do crime antecedente,sendopunveisosfatosprevistosnestaLei,aindaque desconhecido ou isento de pena o autor daquele crime. 1o Adennciaserinstrudacomindciossuficientesdaexistnciada infrao penal antecedente, sendo punveis os fatos previstos nesta Lei, ainda quedesconhecidoouisentodepenaoautor,ouextintaapunibilidadeda infrao penal antecedente. Quando o legislador utiliza isento de pena ele quer se referir s causas excludentes daculpabilidade.ALei12.683/12acaboureforandoateoriadaacessoriedade,poisdiz, ainda que isento de pena; e mais, pois diz que a lavagem ser punida, mesmo que extinta a punibilidade da infrao penal antecedente. Sintetizando,ento,pergunta-senovamente:seocidadofoiabsolvidonoprocesso antecedente,qualaconsequnciadessaabsolvioparaocrimedelavagem?Dianteda adoo da teoria da acessoriedade limitada, necessrio que a conduta antecedente seja tpica eilcita.Logo,seaabsolvioquantoainfraoantecedenteocorrercombaseno reconhecimentodaatipicidadeoulicitude,noserpunvelocrimedelavagemdecapitais. No entanto, se a absolvio quanto infrao antecedente ocorrer com fundamento em causa excludentedaculpabilidade,subsistepossibilidadedepuniodocrimedelavagemde capitais. Porfim,comoapunibilidademeraconsequnciadodelito,aincidnciadeuma causaextintivadapunibilidadequantoinfraoantecedentenoimpedeacondenaoo quanto ao crime de lavagem de capitais, salvo em se tratando da anistia e da abolitio criminis, hipteses de novatio legis em que o fato antecedente deixa de ser considerado infrao penal. Obs.: se j havia condenao no crime de lavagem de capitais, e aps, no processo do crime antecedente o juiz reconheceu a atipicidade, o instrumento que ser usado o habeas corpus; se, no entanto, no h mais risco a liberdade de locomoo, pois o acusado j cumpriu a pena ocaminhoentrarcomumarevisocriminal,podendoatcumularcomumpedidode indenizao, em face ao tempo indevido cumprindo pena. !$ 9. Sujeitos do delito 9.1Responsabilizaodoautordainfraoantecedentepelocrimedelavagemde capitais Oautordainfraoantecedentetambmrespondepelalavagemdecapitais?A lavagemdecapitaisumdelitocomum,podendoserpraticadoporqualquerpessoa.Mas, ser que o autor do crime antecedente tambm responde por lavagem? Exemplo: o cidado o traficante de drogas e obteve dinheiro com o trfico e ele d a um terceiro para que se lave o dinheiro.Muitocuidado,poishojealavagempassaporumprocessodeterceirizao:se contrata um terceiro para que lave o dinheiro.NoBrasil,oautordocrimeantecedentepoderespondertambmpelocrimede lavagem de capitais (STF, Inq 2.471). STF, Inq 2.471 (trecho) IVNosendoconsideradaalavagemdecapitaismeroexaurimentodo crime de corrupo passiva, possvel que dois dos acusados respondam por ambososcrimes,inclusiveemaespenaisdiversas,servindo,nopresente caso,osindciosdacorrupoadvindosdaAP477comodelitoantecedente dalavagem.VOfatodeumoumaisacusadosestaremsendoprocessados porlavegamemaopenaldiversa,emcursoperanteoSupremoTribunal Federal,nogerabisinidem,emfacedaprovveldiversidadedecontas correntes e das importncias utilizadas na consumao do suposto delito. Algunsautores,minoritariamente,entendemocontrrio,comoRobertoDelmantoe citamoseguinteexemplo:imagineumtraficantededrogasqueestejaguardandoodinheiro nocolcho,armrioseembaixodemveisnasuacasa;talnoserialavagem.Eamaioria concordacomisso:enquantoodinheiroestivernoseubolsonoconstituilavagemde capitais, e sim mero exaurimento da conduta anterior, v. g., se trafiquei e ganhei dinheiro tal deve estar comigo. Punir pelo trfico e lavagem seria bis in idem. A mesma coisa o dinheiro queeudesviodaAdministraoPblicaecomprocasonapraianomeunome:mero exaurimento.Mudaahistriaquandoobandidotemmuitodinheiroguardadonocolchoe decide abrir uma burgueria na favela para lavar o dinheiro; ou o corrupto que compra a casa da praia no nome de um terceiro. Algunsdoutrinadoresdizemqueoautoraolavarocapitalestariapraticandoo princpiodonemo tenetur se detegere,ouseja,evitandoquefossepego,epelofatodeno produzir prova contra si. Temos que entender que esse princpio no absoluto: prova disso oHC640.139doSTF.Quandoocriminosopegoepraticafalsaidentidadeelealegafalsa identidade. O STJ, at pouco tempo dizia que era caso de no praticar prova contra si, porm !% o STF disse que crime, vez que o princpio no pode servir de escudo para prtica de novos delitos. 9.2 Desnecessidade de participao na infrao antecedente Praresponderporlavagem,precisaserpraticadaainfraoantecedente?A participaonainfraoantecedentenocondioessencialparaquesepossasersujeito ativo do crime de lavagem de capitais, desde que o agente tenha conscincia da origem ilcita dos valores (STJ, RMS 16.813) 9.3 Advogado como sujeito ativo da lavagem Advogado pode responder por delito de lavagem? Sobre o assunto surgiu uma enorme polmica,apimentadapenanovaredaodoart.9,pargrafonico,incisoXIV,a:este artigo trata das pessoas que esto obrigadas a comunicar operaes suspeitas Pargrafo nico. Sujeitam-se s mesmas obrigaes: XIV - as pessoas fsicas ou jurdicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviosdeassessoria,consultoria,contadoria,auditoria,aconselhamentoou assistncia, de qualquer natureza, em operaes a)decompraevendadeimveis,estabelecimentoscomerciaisouindustriais ou participaes societrias de qualquer natureza; b) de gesto de fundos, valores mobilirios ou outros ativos;c) de abertura ou gesto de contas bancrias, de poupana, investimento ou de valores mobilirios; d)decriao,exploraoougestodesociedadesdequalquernatureza, fundaes, fundos fiducirios ou estruturas anlogas; e) financeiras, societrias ou imobilirias; e f)dealienaoouaquisiodedireitossobrecontratosrelacionadosa atividades desportivas ou artsticas profissionais Claramenteoadvogadopodeserencaixadonesseinciso.Oadvogado,ento,deve relatar uma operao suspeita ao COAF? De um lado claramente sim, mas, do outro, a prpria CF/88 protege o advogado no art. 133. Como o advogado exerce a defesa tcnica se ele no pode proteger o sigilo do cliente? Art.133.Oadvogadoindispensveladministraodajustia,sendo inviolvel por seus atos e manifestaes no exerccio da profisso, nos limites da lei. No exerccio da defesa tcnica em processo judicial referente ao crime de lavagem de capitais,ounashiptesesemqueoadvogadoconsultadosobreumaconcretasituao jurdica vinculada a um processo criminal de lavagem, no se impe ao advogado a obrigao !& decomunicaroperaessuspeitasaoCOAF,aindaquetomeconhecimentonoexercciode sua atividade profissional de fatos que se amoldam lavagem de capitais. No entanto, se o advogado promover uma atividade de consultoria jurdica, visando criaodeumesquemadeblindagempatrimonialafimdefacilitaraocultaodevalores obtidosapartirdequalquerinfraopenal,aeleseimpeaobrigaodecomunicar operaessuspeitas,podendo,inclusive,respondercriminalmentepelodelitodelavagemde capitais. No STJ j existem precedentes nesse sentido, v. g., operao Monte den da Polcia Federal (vide HC 50.933). STJ, HC 50.933 HABEASCORPUS.ADVOGADO.OPERAO"MONTEDEN". CRIMESCONTRAOSISTEMAFINANCEIROECONTRAAORDEM TRIBUTRIA, QUADRILHA, LAVAGEM DE DINHEIRO, SONEGAO DECONTRIBUIOPREVIDENCIRIA,FALSIDADEIDEOLGICA, TRFICODEINFLUNCIA.ARGIDAINPCIADADENNCIA. IMPROCEDNCIA. 1.Aextensainicialacusatria,quecontacom163laudas,aponta, essencialmente, para a participao de liderana do ora Paciente em complexa organizao criminosa, desenvolvida por meio do seu escritrio de advocacia, cujafinalidadeprecpuaseriaadepromoverachamada"blindagem patrimonial"adiversos"clientes",oquesefaziapormeiodeempresas fictcias no exterior, abertas em nome de "laranjas", para ocultao, proteo e lavagem de dinheiro. 2.Adennciadescreve,suficientemente,asdezenasdeilcitosemtese perpetradospelosagentesdenunciados,relacionando-oscomumvasto conjuntodeprovasconstitudoprincipalmentedeobjetosedocumentos apreendidos, interceptaes telefnicas, interrogatrios dos rus, depoimentos das testemunhas etc., em perfeita consonncia com s exigncias do art. 41 do CPP, permitindo ao Paciente ter clara cincia das condutas ilcitas que lhe so imputadas,garantindo-se-lheolivreexercciodocontraditrioedaampla defesa. No h falar, assim, em inpcia da pea acusatria. 3.verdadequeesteSuperiorTribunaldeJustiatem-sepronunciadono sentidodeaderirrecentejurisprudnciadoSupremoTribunalFederal, reformuladaapartirdojulgamentoplenriodoHCn.81.611DF,relatado peloilustreMinistroSeplvedaPertence,paraconsiderarquenohjusta causa para a persecuo penal do crime de sonegao fiscal, quando o suposto crditotributrioaindapendedelanamentodefinitivo,sendoestecondio objetiva de punibilidade. 4. No obstante, considerando as peculiaridades concretas do caso, verifica-se queahiptesesobexameemmuitosediferenciadaquelasoutrasque inspiraram os referidos precedentes. De fato, uma coisa desconstituir o tipo penalquandohdiscussoadministrativaacercadaprpriaexistnciado dbito fiscal ou do quantum devido; outra bem diferente a configurao, em tese que seja, de crime contra ordem tributria em que imputada ao agente a utilizaodeesquemafraudulento,como,porexemplo,afalsificaode documentos,utilizaodeempresas"fantasmas"oude"laranjas"em operaesesprias,tudocomoclaroeprimordialintentodelesaroFisco. Nessescasos,evidentemente,nohaverprocessoadministrativo-tributrio, pelo singelo motivo de que foram utilizadas fraudes para suprimir ou reduzir orecolhimentodetributos,ficandoaautoridadeadministrativa completamente alheia ao delituosa e sem saber sequer que houve valores sonegados. 5.Apuraraexistnciadessescrimescontraaordemtributria,cometidos mediantefraudes,tarefaqueincumbeaoJuzoCriminal;saberomontante exatodetributosquedeixaramdeserpagosemdecorrnciadetais subterfgiosparaviabilizarfuturacobranatarefaprecpuadaautoridade administrativo-fiscal.Dizerqueosdelitostributrios,perpetradosnessas circunstncias,noestoconstitudosequedependemdeaAdministrao buscarsabercomo,onde,quandoequantofoiusurpadodoscofrespblicos para,sento,estaroPoderJudicirioautorizadoainstaurarapersecuo !' penalequivale,naprtica,aerigirobstculosparadesbarataresquemas engendrados com alta complexidade e requintes de malcia, permitindo a seus agentes,inclusive,agiremlivrementenosentidodeesvaziartodotipode elemento indicirio que possa compromet-los, mormente porque a autoridade administrativa no possui os mesmos instrumentos coercitivos de que dispe o Juiz Criminal. 6.Tendoemcontaqueadennciadescreve,comtodososelementos indispensveis,aexistnciadecrimesemtese,sustentandooeventual envolvimentodoPacientecomaindicaodevastomaterialprobatrio,a persecuocriminaldeflagradanoseconstituiemconstrangimentoilegal, mormenteporquenohcomo,emjuzosumrioesemodevidoprocesso legal,inocentaroPacientedasacusaes,antecipandoprematuramenteo mrito.7.Emboraosnumerososdelitosemapuraosejam,emboaparte,de altssimacomplexidade,foramsatisfatoriamentedescritosnainicial acusatria.Eaestreitaviadohabeascorpus,quenoadmitedilao probatria,exigindoprovapr-constitudadasalegaes,nosedeprpria paradiscutirtesesdefensivasque,substancialmentecontrariadaspelorgo acusador, dependam de aprofundada incurso na seara ftico-probatria. 8. Ordem denegada. 10. Tipo subjetivo No Brasil, a lavagem de capitais somente punida a ttulo doloso (j na Alemanha e na Espanha esse delito tambm punido culposamente). Na redao antiga s respondia pela lavagemseoelementosubjetivopreenchessetudoqueestavanoart.1,caput(ocultarou dissimular bens provenientes de crimes especficos); com a nova redao fcil perceber que se facilita a punio de lavagem, pois, agora no preciso provar que os bens eram produtos de determinado crime do incisos, e sim apenas que so provenientes de infrao penal. Assim, diantedaLei12.683/12,odolotambmdeveabrangeraconscinciadequeosvalores ocultados so produto de infrao penal. Art.1o Ocultaroudissimularanatureza,origem,localizao,disposio, movimentaooupropriedadedebens,direitosouvaloresprovenientes, direta ou indiretamente, de infrao penal. 10.1 Dolo eventual A lavagem de capitais punido a ttulo de dolo eventual? Dolo eventual no querer, mas assumir o risco do resultado. Vejamos o quadro esquemtico: Redao original da Lei 9.613/1998Nova redao da Lei 9.613/98 Art. 1 Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localizao, disposio, movimentao ou Art. 1oOcultar ou dissimular a natureza, origem, localizao,disposio,movimentaoou propriedadedebens,direitosouvalores provenientes,diretaouindiretamente,de infrao penal. 1 Incorre na mesma pena quem, para ocultar oudissimularautilizaodebens,direitosou valoresprovenientesdequalquerdoscrimes antecedentes referidos neste artigo: 1oIncorre na mesma pena quem, para ocultar oudissimularautilizaodebens,direitosou valores provenientes de infrao penal: (...) !( 2 Incorre, ainda, na mesma pena quem: I-utiliza,naatividadeeconmicaoufinanceira, bens,direitosouvaloresquesabeserem provenientesdequalquerdoscrimes antecedentesreferidosnesteartigo-->aquise vedava o dolo eventual 2oIncorre, ainda, na mesma pena quem: I-utiliza,naatividadeeconmicaoufinanceira, bens,direitosouvaloresprovenientesde infraopenal;-->vejaqueaquinohmaisa restrioquehavianaleianterior,ouseja, agora, admite-se aqui, o dolo eventual II-participadegrupo,associaoouescritrio tendoconhecimentodequesuaatividade principalousecundriadirigidaprticade crimes previstos nesta Lei. II-participadegrupo,associaoouescritrio tendoconhecimentodequesuaatividade principalousecundriadirigidaprticade crimesprevistosnestaLei.-->aquioartigono foi alterado, permitindo-se apenas o dolo direto! Com a nova redao da Lei 9.613/98, os crimes do art. 1, caput, art. 1 e art. 1, 2, inciso I, admitem tanto o dolo direto, quanto o dolo eventual. Todavia, o crime do art. 1, 2, inciso II s punido a ttulo de dolo direto. Mas, como se prova o dolo do delito de lavagem? Por mais que o autor negue o crime, possvelauferirodoloapartirdascircunstnciasobjetivas,porexemplo,oex-deputado federal Joo Paulo Cunha no mensalo que mandou a mulher depositar os R$ 50 mil em outra conta, e depois, sacou. 10.2Teoriadacegueiradeliberada(dasinstruesdaavestruz/ostrichinstructione willful blindness doctrine Vejamos, inicialmente, o art. 9, IX: Art. 9oSujeitam-se s obrigaes referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas fsicas ejurdicasquetenham,emcarterpermanenteoueventual,comoatividade principal ou acessria, cumulativamente ou no:IX - as pessoas fsicas ou jurdicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agentes, dirigentes, procuradoras, comissionrias ou por qualquer formarepresenteminteressesdeenteestrangeiroqueexeraqualquerdas atividades referidas neste artigo; --> o corretor de imveis. Exemplo: sou corretor de imveis e trabalho com imveis de baixo valor, do programa minhacasa,minhavidaeumclientechegatododepulseiradouradaquerendocomprarum terreno,cadaumde200milreaisemnomedefamiliaresdeoutraspessoas.Esemana seguinteelevoltaefazamesmacoisa,vriasvezes,semprepagandoemespcie.Ora,no mnimo, eu estranho essa conduta, mas no me preocupo, afinal, estou lucrando com isso. E sevieremmeacusardelavagemdedinheirojtenhoaminhatese:eunosabiaqueesse dinheiroeraprovenientedeilcitospenais.Aqueentraateoriadacegueiradeliberada:eu deveria saber, ou, no mnimo, desconfiar:j que no o fiz, serei punido por lavagem. Ateoriadacegueiradeliberadaquetemorigemnodireitonorteamericanoelfoi chamada de ostrich instruction e willful blindnesse doctrine (instrues da avestruz). Por !) essa teoria, se o agente, deliberadamente, evita a conscincia quanto origem ilcita dos bens, assume o risco de produzir o resultado, da porque responde por lavagem de capitais a ttulo dedoloeventual.UmcasobeminteressantefoioassaltoaobancocentraldoCeardeR$ 160 bilhes que foram transportados em vrios carros. Os empresrios das lojas que venderam os carros foram condenados na 1 instncia por lavagem de capitais, uma vez que receberam a quantiade980milreaisreferentesatrsveculosemnotasde50reaisemsacosdenylon. Pelaleidelavagemtaisempresriostmaobrigaodecomunicaressasmovimentaes suspeitas. Na 2 instncia, porm, eles foram absolvidos, uma vez que como o crime se deu na sextaeacomprafoinosbado,elesnotinhamcomosaberdaocorrnciadodelito,at porquetalsituaoenquadrou-senoart.1,2,Iedependiadedolodiretoparaocorrer. Vale salientar que poca os donos da concessionria foram condenados pelo art. 1, 2, I, quespreviaodolodireto(hojearedaojestmodificada,permitindoodoloeventual, face supresso da expresso que sabem serem provenientes). 11. Objeto material Bem jurdico ! objeto material. O bem jurdico tutelado pelo homicdio a vida extra-uterina,enquantoqueoobjetomaterialacoisaouobjetosobreoqualrecaiaconduta delituosa, v. g., no caso do homicdio o ser humano nascido com vida. No crime de furto o bem jurdico o patrimnio, enquanto que o objeto material o bem mvel que foi furtado. No caso de lavagem de capitais, pela redao original da Lei 9.613 o objeto material o produto direto ou indireto no crime antecedente. Com o advento da Lei 12.683/12, porm, o objeto material da lavagem passa a ser quaisquer bens, direitos ou valores que sejam produto direto ou indireto de qualquer infrao penal. O que produto direto? o chamado producta sceleris, resultado imediato do crime, objetofurtado,dinheiroobtidocomavendadadroga,etc;joprodutoindireto,conhecido comofructussceleristrata-sedoproveitoobtidopeloagentecomoresultadodautilizao econmica do produto direto do delito. 12. Tipo objetivo Ocultar=esconderacoisa,procurandoimpediroudificultarsualocalizao, podendo ser praticado de forma comissiva ou omissiva. Dissimular = disfarar, escamotear, ocultar com fraude. !* Quando uma pessoa est em casa com o dinheiro da extorso mediante sequestro no lavagem; eu preciso demonstrar que ele desenvolveu uma nova conduta a ttulo de ocultao oudissimulaoquepromovaalavagem.Damesmaforma,porexemplo,colocoodinheiro do trfico embaixo do meu colcho; agora, se eu pego os 10 mil reais e deposito na conta de um parente, a lavagem. Ateno:nohaverlavagemdecapitaisquandoacondutaforconsideradauma utilizao ou aproveitamento normal das vantagens ilcitas obtidas com a infrao antecedente --> isto considerado mero exaurimento do crime. ALei9.613falaemocultaroudissimular,oquenoslevaaconcluirqueocrimede lavagemdecapitaisumdelitodeaomltipla(oudecontedovariado),ouseja,sea ocultao e dissimulao forem praticadas no mesmo contexto, o crime ser nico. Aplica-se oprincpiodaalternatividade:sepraticadomaisdeumverbodafiguradelituosaemum mesmo contexto o agente responde por crime nico. ALei9.613falaemocultaroudissimular,oquenoslevaaconcluirqueocrimede lavagemdecapitaisumdelitodeaomltiplaoudecontedovariado,ouseja,sea ocultao e dissimulao forem praticadas no mesmo contexto, o crime ser nico. Aplica-se oprincpiodaalternatividade:sepraticadomaisdeumverbodafiguradelituosaemum mesmo contexto o agente responde por crime nico. 12.1 Natureza do delito Qual a natureza do crime de lavagem? Vejamos o art. 1 da Lei 9.613: Art.1o Ocultaroudissimularanatureza,origem,localizao,disposio, movimentaooupropriedadedebens,direitosouvaloresprovenientes, direta ou indiretamente, de infrao penal. Pena: recluso, de 3 (trs) a 10 (dez) anos, e multa. O crime de lavagem de capitais do art. 1 crime material ou formal? Crime material aquelecujoresultadoestdentrodotipopenal,v.g.,spossofalaremhomicdiose realmentehouveramortedeumapessoa;jocrimeformal(deconsumaoantecipada) aquelenoqualhumresultado,masquenoprecisaocorrerparaqueodelitoesteja consumado, v. g, crime de extorso feito por presidirios atravs de ligao no precisa de se obter a vantagem para sua consumao.#+ Observandooart.1daLei9.613/98percebe-sequeosverbosocultaredissimular do uma ideia de produo de resultado; no 1 j no mais o resultado, pois para ocultar e dissimular significa que o autor do fato age com esse objetivo (dolo especfico), mas tal no precisa ocorrer; o 2 seria um desdobramento do 1. Isso nos leva a concluir que o art. 1, caput crime material, pois exige o resultado ocultao ou dissimulao; j os 1 e 2 so crimes formais, uma vez que o resultado no precisa ocorrer para ter a consumao. Assim,oart.1,caputeo2,Idomesmodispositivopreveemumcrimematerial, sendoesteoentendimentodoSTFnoRHC80.816.Hdoutrinadores,que,porm,defende, minoritariamente, como sendo um delito formal. Todavia, existem crimes formais de lavagem no art. 1, 1 e 2, II): Art.1o Ocultaroudissimularanatureza,origem,localizao,disposio, movimentaooupropriedadedebens,direitosouvaloresprovenientes, direta ou indiretamente, de infrao penal. (...). 2oIncorre, ainda, na mesma pena quem: I-utiliza,naatividadeeconmicaoufinanceira,bens,direitosouvalores provenientes de infrao penal --> CRIMES MATERIAIS! 1oIncorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilizao de bens, direitos ou valores provenientes de infrao penal:I - os converte em ativos lcitos; II - os adquire, recebe, troca, negocia, d ou recebe em garantia, guarda, tem em depsito, movimenta ou transfere; III-importaouexportabenscomvaloresnocorrespondentesaos verdadeiros. 2oIncorre, ainda, na mesma pena quem: II-participadegrupo,associaoouescritriotendoconhecimentodeque suaatividadeprincipalousecundriadirigidaprticadecrimesprevistos nesta Lei. ---> CRIMES FORMAIS STF, RHC 80.816 EMENTA:Lavagemdedinheiro:L.9.613/98:caracterizao.Odepsitode chequesdeterceirorecebidospeloagente,comoprodutodeconcusso,em contas-correntesdepessoasjurdicas,squaiscontavaeleteracesso,bastaa caracterizarafigurade"lavagemdecapitais"medianteocultaodaorigem, dalocalizaoedapropriedadedosvaloresrespectivos(L.9.613,art.1, caput):otiponoreclamanemxitodefinitivodaocultao,visadopelo agente,nemovultoeacomplexidadedosexemplosderequintada "engenharia financeira" transnacional, com os quais se ocupa a literatura. 13. Tentativa cabvelatentativanocrimedelavagemdecapitais?Sim,porexpressadisposio legal do art. 1, 3 da Lei 9.613/98. Exemplo: pessoa presa no momento em que est na boca do caixa eletrnico fazendo o depsito, mas, os policiais impedem-a. 3 A tentativa punida nos termos do pargrafo nico do art. 14 do Cdigo Penal. #! 14. Causa de aumento de pena Vejamos o art. 1, 4 da lei em estudo. 4oA pena ser aumentada de um a dois teros, se os crimes definidos nesta Leiforemcometidosdeformareiteradaouporintermdiodeorganizao criminosa.. (Redao dada pela Lei n 12.683, de 2012) Interessantesaberqueessaredaonovatrocouformahabitualporforma reiterada,oque,segundooprofessorRenatoBrasileiro,nohvaloralgum.Apenaser aumentada de 1 (um) a 2/3 (dois teros) no delito de lavagem se esta for cometida: de forma reiterada ou por intermdio de organizao criminosa. Inicialmente,oqueseriaessahabitualidade?Qualadiferenaentrehabitualidade criminosa(previstaacimacomocausadeaumentodepena)paraochamadocrimehabitual previstonoCdigoPenal?Nahabitualidadecriminosa(criminosohabitual)ocorreuma pluralidade de crimes, sendo a habitualidade uma caracterstica do agente, e no do delito, por exemplo o tesoureiro Delbio Soares que desviava verba pblica e a lavava para ser usada em campanhaseleitorais.Nahabitualidadecriminosaumsatojpodecaracteriz-la.Jno crimehabitual,aprticadeumatoisoladonocrime,ouseja,atipificaodeumcrime habitualdependedaprticareiteradadedeterminadaconduta.Ocrimehabitualaqueleem queodelitosrestatipificadocasooagentepratiqueamesmacondutadelituosareiteradas vezes;oqueacontece,porexemplo,noexercciolegaldemedicina,artedentriaou farmacutica do art. 282 do Cdigo Penal, o curandeirismo, a casa de prostituio (art. 229 do CP).OutrobomexemplodecrimehabitualocasodeMarcosValrionomensalo,que fazia das suas atividades dirias um ilcito.Esquematicamente: Crime HabitualHabitualidade Criminosa - A prtica de ato isolado no gera tipicidade, ou seja,exige-sedoagenteumaprticareiterada da conduta a fim de restar caracterizado o delito. Ex: exerccio ilegal da medicina, arte dentria ou farmacutica (art. 282 do CP) Art.282-Exercer,aindaqueattulogratuito,a profissodemdico,dentistaoufarmacutico, semautorizaolegalouexcedendo-lheos limites: Pena - deteno, de seis meses a dois anos. Pargrafonico-Seocrimepraticadocomo fim de lucro, aplica-se tambm multa. -Sinnimodereiteraodelituosaoude criminoso habitual. -Nahabitualidadecriminosahpluralidadede crimes,sendoahabitualidadeuma caracterstica do agente e no da infrao penal. -Nahabitualidadecriminosatem-seuma seqnciadeatostpicosquedemonstramum estilo de vida do autor. Concluso: o crime de lavagem pode ser praticado por uma s conduta, mas poder se caracterizar tambm como um crime habitual: se isso acontecer, fica caracterizada a habitualidade, merecendo, ento, o aumento de pena. ## Obs.:nonecessriaumahomogeneidadedecircunstnciasdetempo,lugaremodus operandi para a incidncia da causa de aumento de pena do art. 1, 4 da lei de lavagem (no crime continuado exige esta homogeneidade). Nesta linha: STJ, HC 19.902. STJ, HC 19.902 CRIMINAL.HC.PECULATO.LAVAGEMDEDINHEIRO.EVASODE DIVISAS.NULIDADES.FUNCIONRIOPBLICO.SOCIEDADEDE ECONOMIAMISTA.EQUIPARAO.ENTENDIMENTOANTERIOR LEI9.983/2000.DOSIMETRIA.PENA-BASE.MOTIVAO SUFICIENTE.CIRCUNSTNCIASJUDICIAISNEGATIVAMENTE VALORADAS.BISINIDEM.INOCORRNCIA.MAJORANTEDA "HABITUALIDADE"APLICADAAODELITODELAVAGEMDE CAPITAIS.REITERAODECONDUTASCONFIGURADA. AUSNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM DENEGADA. So considerados funcionrios pblicos para efeitos penais os empregados de sociedadedeeconomiamista,entendimentoesposadopelajurisprudncia pretorianamesmoantesdoadventodaLein.9.983/2000,queinseriuno Cdigo Penal a referida equiparao. Precedentes. Nohilegalidadenadosimetriadapena,noquesereferemajoraoda pena-base,seestasedeudemaneiradevidamentefundamentadaecombase em relevantes circunstncias judiciais negativamente valoradas. imprpriaaalegaodedeficincianafixaodareprimenda,seamesma foicorretaefundamentadamentedosada,atendendoaosmoldesdosistema trifsico de aplicao da pena e da jurisprudncia dominante. OposicionamentodestaCortenosentidodequedescabidaqualquer anlisemaisacuradadadosimetriadareprimendaimpostanasinstncias inferiores,assimcomoaverificaodasuajustia,senoevidenciada flagrante ilegalidade, tendo em vista a impropriedade do meio eleito. Nohquesefalarembisinidemnaaplicaodapena-basese,paraasuamajorao,oJulgadormonocrticoprocedeuaocorretoexamedas circunstnciasjudiciais,destacandoasqueforamreputadasfavorveisao paciente,econsiderandoaspeculiaridadesconcretasdosdelitospelosquais foicondenadoemquesto,taiscomooobjetivodelucrofcile enriquecimentoilcito,aspectoscaracterizadoresdasreferidasprticas criminosas e que no so inerentes ao tipo penal. Evidenciadoqueopacienteinvestianaprticadelituosadelavagemde capitaisdeformareiteradaefreqente,nohquesefalarem constrangimentoilegaldecorrentedoaumentodareprimendaemrazoda majorante da habitualidade. Ordem denegada. 15. Colaborao premiada (delao premiada) 15.1 Origem e conceito A colaborao premiada surge no sistema anglo saxo (crown witness) e consiste em uma tcnica especial de investigao na qual o prprio autor da infrao penal colabora com asautoridadesestataisnocursodapersecuopenal,sejaparapermitiralocalizaodo produtodocrime,aidentificaodosdemaiscoautoresepartcipes,sejaparafacilitara libertao do sequestrado. A mais remota seria a que Judas cometeu contra Jesus pelas moedas de ouro. Porm, formalmente, no direito ingls surgiu na poca da mfia e dos gngsters. #$ Muitos preferem a expresso delao colaborao. A expresso delao premiada pressupeaidentificaodosdemaisagentes,ouseja,aincriminaodeterceiros;porisso, que se usa tambm a terminologia chamamento de corru. S que as vezes no se realiza a delao, e sim, por exemplo, localiza-se bens, libertam-se pessoas: por isso, melhor usar o termo colaborao premiada, que o gnero, do qual a delao espcie. A colaborao premiada plenamente compatvel com o princpio do nemo tenetur se detegere,peloqualningumobrigadoaproduzirprovacontraasimesmo.Aquina colaboraooruvaicolaborarapenassedesejar:atovoluntrio.Masateno:ato voluntrio,masnonecessariamenteespontneo.Voluntrio!espontneo:nesteltimoa ideia do ru, sendo sua vontade; j em algo voluntrio, a ideia foi estimulada por terceiro. A colaborao uma ato que deve ser assistido pela defesa tcnica. 15.2 Previso legal da colaborao premiada A) Lei dos Crimes Hediondos (art. 8, pargrafo nico da Lei 8.072/90) Art.8Serdetrsaseisanosdereclusoapenaprevistano art.288do Cdigo Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prtica da tortura, trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. Pargrafonico.Oparticipanteeoassociadoquedenunciarautoridadeo bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, ter a pena reduzida de um a dois teros. Qual o fim da delao premiada? Depende a qual delito ele se refere, por exemplo, na quadrilhaoseudesmantelamento;naextorsomediantesequestroalocalizaodavtima, etc. B) Extorso mediante sequestro (Cdigo Penal, art. 159, 4) 4 -Seocrime(extorsomediantesequestro)cometidoemconcurso,o concorrentequeodenunciarautoridade,facilitandoalibertaodo seqestrado, ter sua pena reduzida de um a dois teros. Aqui o legislador est interessado na libertao da vtima pela delao. C)(Lei9.080/95quealterouoart.25,2daLei7.492/86(crimescontraosistema financeironacional)enoart.16,pargrafonicodaLei8.137/90(crimescontraa ordem tributria, econmica e contra as relaes de consumo) #% 2 Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partcipe que atravs de confisso espontnea revelar autoridade policialoujudicialtodaatramadelituosaterasuapenareduzidadeuma dois teros. Pargrafonico.NoscrimesprevistosnestaLei,cometidosemquadrilhaou co-autoria, o co-autor ou partcipe que atravs de confisso espontnea revelar autoridadepolicialoujudicialtodaatramadelituosaterasuapena reduzida de um a dois teros. O objetivo aqui a revelao de toda a trama delituosa. D) Lei das Organizaes criminosas (art. 6 da Lei 9.034/95) Art. 6 Nos crimes praticados em organizao criminosa, a pena ser reduzida deumadoisteros,quandoacolaboraoespontneadoagentelevarao esclarecimento de infraes penais e sua autoria. DICA: em todos os dispositivos citados at agora o benefcio que a delao premiada oferece ao acusado uma causa de diminuio de pena de 1 (um) a 2/3 (dois teros). A partir dissoolegisladorpercebeuqueestavaoferecendomuitopoucoaoacusadoe,osprximos dispositivos ampliam essas vantagens dada ao delator. E) Lei de Lavagem de Capitais (art. 1, 5 da Lei 9.613/98) 5o Apenapoderserreduzidadeumadoisterosesercumpridaem regimeabertoousemiaberto,facultando-seaojuizdeixardeaplic-laou substitu-la,aqualquertempo,porpenarestritivadedireitos,seoautor, coautor ou partcipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentosqueconduzamapuraodasinfraespenais, identificaodosautores,coautoresepartcipes,oulocalizaodosbens, direitosouvaloresobjetodocrime.(RedaodadapelaLein12.683,de 2012) Veja que a lei de lavagem de capitais aponta vrios benefcios decorrentes da delao premiada, a depender do grau de colaborao no caso concreto: a) Diminuio da pena de 1 a 2/3 e fixao do regime inicial aberto ou semiaberto; b) Substituio da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, ainda que no preenchidos os requisitos do artigo 44 do Cdigo Penal. c) Perdo judicial como causa extintiva da punibilidade. Os objetivos da colaborao premiada na lei de lavagem so, alternativamente: a) Apurao das infraes penais; b) Identificao dos demais agentes; c) Localizao do produto da lavagem. No precisa ser primrio na lei de lavagem para auferir a delao! J na lei de proteo testemunha o ru precisa ser primrio#& F) Lei do Sistema Brasileiro de Concorrncia (Lei 12.529/11, arts. 86 e 87) Art.86. OCade,porintermdiodaSuperintendncia-Geral,podercelebrar acordo de lenincia, com a extino da ao punitiva da administrao pblica ou a reduo de 1 (um) a 2/3 (dois teros) da penalidade aplicvel, nos termos desteartigo,compessoasfsicasejurdicasqueforemautorasdeinfrao ordem econmica, desde que colaborem efetivamente com as investigaes e o processo administrativo e que dessa colaborao resulte:I - a identificao dos demais envolvidos na infrao; eII-aobtenodeinformaesedocumentosquecomprovemainfrao noticiada ou sob investigao. 1oO acordo de que trata o caput deste artigo somente poder ser celebrado se preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos:I - a empresa seja a primeira a se qualificar com respeito infrao noticiada ou sob investigao;II - a empresa cesse completamente seu envolvimento na infrao noticiada ou sob investigao a partir da data de propositura do acordo;III-aSuperintendncia-Geralnodisponhadeprovassuficientespara asseguraracondenaodaempresaoupessoafsicaporocasioda propositura do acordo; eIV-aempresaconfessesuaparticipaonoilcitoecoopereplenae permanentementecomasinvestigaeseoprocessoadministrativo, comparecendo,sobsuasexpensas,semprequesolicitada,atodososatos processuais, at seu encerramento.2o Comrelaospessoasfsicas,elaspoderocelebraracordosde lenincia desde que cumpridos os requisitos II, III e IV do 1o deste artigo.3o OacordodeleninciafirmadocomoCade,porintermdioda Superintendncia-Geral,estipularascondiesnecessriasparaassegurara efetividade da colaborao e o resultado til do processo.4o CompeteaoTribunal,porocasiodojulgamentodoprocesso administrativo, verificado o cumprimento do acordo:I - decretar a extino da ao punitiva da administrao pblica em favor do infrator,nashiptesesemqueapropostadeacordotiversidoapresentada Superintendncia-Geral sem que essa tivesse conhecimento prvio da infrao noticiada; ouII-nasdemaishipteses,reduzirde1(um)a2/3(doisteros)aspenas aplicveis,observadoodispostonoart.45destaLei,devendoainda considerar na gradao da pena a efetividade da colaborao prestada e a boa-f do infrator no cumprimento do acordo de lenincia. 5oNa hiptese do inciso II do 4o deste artigo, a pena sobre a qual incidir ofatorredutornosersuperiormenordaspenasaplicadasaosdemais coautoresdainfrao,relativamenteaospercentuaisfixadosparaaaplicao das multas de que trata o inciso I do art. 37 desta Lei.6o Seroestendidossempresasdomesmogrupo,defatooudedireito,e aosseusdirigentes,administradoreseempregadosenvolvidosnainfraoos efeitosdoacordodelenincia,desdequeofirmememconjunto,respeitadas as condies impostas.7o Aempresaoupessoafsicaquenoobtiver,nocursodeinquritoou processoadministrativo,habilitaoparaacelebraodoacordodequetrata esteartigo,podercelebrarcomaSuperintendncia-Geral,ataremessado processoparajulgamento,acordodeleninciarelacionadoaumaoutra infrao, da qual o Cade no tenha qualquer conhecimento prvio. 8oNa hiptese do 7o deste artigo, o infrator se beneficiar da reduo de 1/3 (um tero) da pena que lhe for aplicvel naquele processo, sem prejuzo da obteno dos benefcios de que trata o inciso I do 4o deste artigo em relao nova infrao denunciada. 9oConsidera-se sigilosa a proposta de acordo de que trata este artigo, salvo no interesse das investigaes e do processo administrativo.10. Noimportaremconfissoquantomatriadefato,nem reconhecimentodeilicitudedacondutaanalisada,apropostadeacordode lenincia rejeitada, da qual no se far qualquer divulgao.11. Aaplicaododispostonesteartigoobservarasnormasaserem editadas pelo Tribunal.12. Emcasodedescumprimentodoacordodelenincia,obeneficirio ficarimpedidodecelebrarnovoacordodeleninciapeloprazode3(trs) anos, contado da data de seu julgamento.#' Art.87. Noscrimescontraaordemeconmica,tipificadosnaLeino8.137, de27dedezembrode1990,enosdemaiscrimesdiretamenterelacionados prticadecartel,taiscomoostipificadosnaLeino8.666,de21dejunhode 1993, e os tipificados no art. 288 do Decreto-Lei n 2.848, de 7 de dezembro de1940 -CdigoPenal,acelebraodeacordodelenincia,nostermos destaLei,determinaasuspensodocursodoprazoprescricionaleimpedeo oferecimento da denncia com relao ao agente beneficirio da lenincia. Nessalei,acolaboraopremiadachamadadeacordodelenincia,maso professor Damsio de Jesus a chama de acordo de doura ou acordo de brandura. Nessa lei um detalhe:no art. 86, esse acordo aqui de carter administrativo, no CADE.J no art. 87 temos a colaborao em matria judicial, penal --> inclusive, fica claro, nesteltimoartigo,cita-sequepossvelesseacordonosnoscrimescontraaordem tributria, mas nos outros citados. E aqui mais um cuidado: realizado o acordo, suspende-se o prazo prescricional e impede o oferecimento da denncia. Cumprido todo o termo do acordo, a a punibilidade ser extinta. Parece, em primeira leitura, em interpretao gramatical, que o acordo somente poderia ser realizado antes do oferecimento da denncia, porm, o professor Renato Brasileiro defende sua aplicao antes ou durante o curso do processo penal. G) Lei de Drogas (art. 41 da Lei 11.343/06) Art.41. Oindiciadoouacusadoquecolaborarvoluntariamentecoma investigaopolicialeoprocessocriminalnaidentificaodosdemaisco-autores ou partcipes do crime e na recuperao total ou parcial do produto do crime, no caso de condenao, ter pena reduzida de um tero a dois teros. Aquihouveumretrocesso,poisaleitrouxeapenascomobenefcioadiminuiode pena, e no as outras previstas na lavagem de dinheiro. Obs.:tomemosumexemploaextorsomediantesequestroqueparaadelaopremiada funcionar precisa facilitar a libertao da vtima. Vamos supor que o co-ru d a localizao da vtima, a polcia estoura o cativeiro, mas no embate o outro acusado acaba por assassinar a vtima.Oco-ruvaireceberobenefcio?No,poisemtodasashiptesesdedelao premiada, para que o agente faa jus aos benefcios legais ali previstos, indispensvel aferir a eficcia objetiva das informaes prestadas (STJ, HC 92.922). STJ, HC 92.922 HABEASCORPUS TRFICODEENTORPECENTES FIXAODA PENA-BASE ACIMA DO MNIMO POSSIBILIDADE PRESENA DE CIRCUNSTNCIASEM DESFAVORDOPACIENTE DESCONSIDERAODE AGRAVANTENECESSIDADEDE INCURSONO CONJUNTOPROBATRIOIMPOSSIBILIDADE DELAOPREMIADAAPLICAODACAUSADEREDUODO ARTIGO33,4,DALEI11.34306 IMPOSSIBILIDADE WRIT DENEGADO. #( 1- possvel que se fixe a pena em patamar superior ao mnimo legal, desde queadecisosejacorretamentefundamentada,dentrodos parmetros estabelecidos pelo Cdigo Penal. 2-Havendocircunstnciasdoartigo59,doCdigoPenal, consideradasem desfavor do ru, no se exige a fixao da pena-base no mnimo legal. 3-Paraadesconsideraodaagravanteresultantedacoaoou induo, necessriosefazaincursoprofundanoconjuntoprobatrio, oqueno possvel em sede de habeas corpus. 4-Paraaconfiguraodadelaopremiada,nobastaaadmisso, porparte doru,daprticadocrimeaeleimputado,sendonecessrio ofornecimento deinformaeseficazes,capazesdecontribuirparaaidentificaodos comparsas e da trama delituosa. H) Lei de Proteo s Testemunhas (Lei 9.807/99, arts. 13 e 14) CAPTULO II DA PROTEO AOS RUS COLABORADORES Art.13.Poderojuiz,deofcioouarequerimentodaspartes,concedero perdojudicialeaconseqenteextinodapunibilidadeaoacusadoque, sendoprimrio,tenhacolaboradoefetivaevoluntariamentecoma investigaoeoprocessocriminal,desdequedessacolaboraotenha resultado: I - a identificao dos demais co-autores ou partcipes da ao criminosa; II - a localizao da vtima com a sua integridade fsica preservada; III - a recuperao total ou parcial do produto do crime. Pargrafonico.Aconcessodoperdojudiciallevaremcontaa personalidadedobeneficiadoeanatureza,circunstncias,gravidadee repercusso social do fato criminoso. Art.14.Oindiciadoouacusadoquecolaborarvoluntariamentecoma investigaopolicialeoprocessocriminalnaidentificaodosdemaisco-autoresoupartcipesdocrime,nalocalizaodavtimacomvidaena recuperao total ou parcial do produto do crime, no caso de condenao, ter pena reduzida de um a dois teros. Aleideproteostestemunhas,diferentementedasleisestudadasataqui,no ligadaaumdelitoespecfico,esimumaleigeral,devendoseraplicadaemrelaoa qualquer delito, salvo para aqueles em que h previso especfica. Para que o autor do delito possa ser beneficiado com a delao premiada do art. 13, precisoapresenaobrigatriadostrsincisos?Searespostaforpositiva,chegamos conclusoquetalspoderiaacontecernocrimedeextorsomediantesequestroquandoa vtima for encontrada e que o dinheiro fosse recuperado ! tal restringir demais o alcance do referidodispositivo.Emsuma,sedissermosqueostrsincisosdoart.13deveroestar simultaneamentepresentes,estaremosrestringindodemaneiraindevidaaaplicaodo dispositivo,queficariarestritaaocrimedeextorsomediantesequestropraticadoem concursodeagentesnoqualtivessehavidoopagamentodopreodoresgate.Porisso, prevaleceoentendimentodequeparacadadelitodeveserverificadaapossibilidadede presenadosrequisitosdecadaumdosincisosdoart.13.Exemplo:senohouveo pagamentodoresgateemumaextorsomediantesequestro,ocorruquefoipresopoderia #) dar a localizao da vtima e a identificao dos coautores. Deve-se analisar a partir do caso concreto, sempre! A Lei 9.807/99 tambm dispe mecanismos de proteo ao colaborador: por exemplo, proteo policial, mudana de identidade. Vide o art. 15: Art. 15. Sero aplicadas em benefcio do colaborador, na priso ou fora dela, medidasespeciaisdeseguranaeproteoasuaintegridadefsica, considerando ameaa ou coao eventual ou efetiva. 1o Estando sob priso temporria, preventiva ou em decorrncia de flagrante delito,ocolaboradorsercustodiadoemdependnciaseparadadosdemais presos. 2o Duranteainstruocriminal,poderojuizcompetentedeterminarem favor do colaborador qualquer das medidas previstas no art. 8o desta Lei. 3o Nocasodecumprimentodapenaemregimefechado,poderojuiz criminaldeterminarmedidasespeciaisqueproporcionemaseguranado colaborador em relao aos demais apenados. Asmedidasprotetivasdocolaboradorestoenumeradasnoart.7enoart.9. Destaque-se o art. 7, IV que apresenta a hiptese de testemunho annimo: depoimento no qualnosoreveladososdadosdatestemunha.EssasituaojfoivalidadapeloSupremo atravs do HC 90.321. Artigo 7 - Os programas compreendem, dentre outras, as seguintes medidas, aplicveisisoladaoucumulativamenteembenefciodapessoaprotegida, segundo a gravidade e as circunstncias de cada caso: I - segurana na residncia, incluindo o controle de telecomunicaes; II-escoltaesegurananosdeslocamentosdaresidncia,inclusiveparafins de trabalho ou para a prestao de depoimentos; III-transfernciaderesidnciaouacomodaoprovisriaemlocal compatvel com a proteo; IV - preservao da identidade, imagem e dados pessoais; V - ajuda financeira mensal para prover as despesas necessrias subsistncia individual ou familiar, no caso de a pessoa protegida estar impossibilitada de desenvolver trabalho regular ou de inexistncia de qualquer fonte de renda; VI-suspensotemporriadasatividadesfuncionais,semprejuzodos respectivos vencimentos ou vantagens, quando servidor pblico ou militar; VII - apoio e assistncia social, mdica e psicolgica; VIII - sigilo em relao aos atos praticados em virtude da proteo concedida; IX - apoio do rgo executor do programa para o cumprimento de obrigaes civis e administrativas que exijam o comparecimento pessoal. Pargrafo nico - A ajuda financeira mensal ter um teto fixado pelo conselho deliberativo no incio de cada exerccio financeiro. Artigo9-Emcasosexcepcionaiseconsiderandoascaractersticase gravidadedacoaoouameaa,poderoconselhodeliberativoencaminhar requerimentodapessoaprotegidaaojuizcompetentepararegistrospblicos objetivando a alterao de nome completo. 1-Aalteraodenomecompletopoderestender-sespessoas mencionadasno1doartigo2destaLei,inclusiveaosfilhosmenores,e serprecedidadasprovidnciasnecessriasaoresguardodedireitosde terceiros. 2 - O requerimento ser sempre fundamentado e o juiz ouvir previamente oMinistrioPblico,determinando,emseguida,queoprocedimentotenha rito sumarssimo e corra em segredo de justia. 3-Concedidaaalteraopretendida,ojuizdeterminarnasentena, observando o sigilo indispensvel proteo do interessado: I-aaverbaonoregistrooriginaldenascimentodamenodequehouve alteraodenomecompletoemconformidadecomoestabelecidonestaLei, #* com expressa referncia sentena autorizatria e ao juiz que a exarou e sem a aposio do nome alterado; II-adeterminaoaosrgoscompetentesparaofornecimentodos documentos decorrentes da alterao; III - a remessa da sentena ao rgo nacional competente para o registro nico deidentificaocivil,cujoprocedimentoobedecersnecessriasrestries de sigilo. 4 - O conselho deliberativo, resguardado o sigilo das informaes, manter controle sobre a localizao do protegido cujo nome tenha sido alterado. 5 - Cessada a coao ou ameaa que deu causa alterao, ficar facultado ao protegido solicitar ao juiz competente o retorno situao anterior, com a alteraoparaonomeoriginal,empetioqueserencaminhadapelo conselho deliberativo e ter manifestao prvia do Ministrio Pblico. STF, HC 90.321 DIREITOPROCESSUALPENAL.HABEASCORPUS.NULIDADEDO INTERROGATRIO.SIGILONAQUALIFICAODETESTEMUNHA. PROGRAMA DE PROTEO TESTEMUNHA. ACESSO RESTRITO INFORMAO.CRIMINALIDADEVIOLENTA.ALEGAESNO APRESENTADASNOSTJ.ORDEMDENEGADANAPARTE CONHECIDA.1.Atesedenulidadedoatodointerrogatriodopaciente devidoaosigilodasinformaesacercadaqualificaodeumadas testemunhasarroladasnadenncianodeveseracolhida.2.Nocaso concreto, h indicaes claras de que houve a preservao do sigilo quanto identidade de uma das testemunhas devido ao temor de represlias, sendo que suaqualificaofoianotadaforadosautoscomacessorestritoaosjuzesde direito,promotoresdejustiaeadvogadosconstitudosenomeados.Fatos imputados ao paciente foram de formao de quadrilha armada, da prtica de doislatrocniosedeporteilegaldearmas.3.Legitimidadedaprovidncia adotada pelo magistrado com base nas medidas de proteo testemunha (Lei n 9.807/99). Devido ao incremento da criminalidade violenta e organizada, o legisladorpassouainstrumentalizarojuizemmedidaseprovidncias tendentesa,simultaneamente,permitiraprticadosatosprocessuaise asseguraraintegridadefsico-mentaleavidadaspessoasdastestemunhase de co-autores ou partcipes que se oferecem para fazer a delao premiada. 4. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nesta parte, denegado. Vale salientar que o art. 2, 2 coloca as pessoas excludas pela proteo: Artigo2-Aproteoconcedidapelosprogramaseasmedidasdela decorrenteslevaroemcontaagravidadedacoaooudaameaa integridadefsicaoupsicolgica,adificuldadedepreveni-lasoureprimi-las pelos meios convencionais e a sua importncia para a produo da prova. 1 - A proteo poder ser dirigida ou estendida ao cnjuge ou companheiro, ascendentes,descendentesedependentesquetenhamconvivnciahabitual com a vtima ou testemunha, conforme o especificamente necessrio em cada caso. 2-Estoexcludosdaproteoosindivduoscujapersonalidadeou conduta seja incompatvel com as restries de comportamento exigidas pelo programa,oscondenadosqueestejamcumprindopenaeosindiciadosou acusadossobprisocautelaremqualquerdesuasmodalidades.Talexcluso notrarprejuzoaeventualprestaodemedidasdepreservaoda integridadefsicadessesindivduosporpartedosrgosdesegurana pblica. Porfim,vejamosoart.19-Adaestudadalei,quepassouapreverapossibilidadeda oitiva antecipada de pessoas includas no regime de proteo Art.19-A. Teroprioridadenatramitaooinquritoeoprocessocriminal emquefigureindiciado,acusado,vtimaourucolaboradores,vtimaou testemunhaprotegidaspelosprogramasdequetrataestaLei. (Includopela Lei n 12.483, de 2011) Pargrafo nico.Qualquer que seja o rito processual criminal, o juiz, aps acitao,tomarantecipadamenteodepoimentodaspessoasincludasnos $+ programasdeproteoprevistosnestaLei,devendojustificaraeventual impossibilidadedefaz-lonocasoconcretoouopossvelprejuzoquea oitiva antecipada traria para a instruo criminal 15.3 Eficcia objetiva da colaborao premiada Para que o agente faa jus aos prmios legais, indispensvel aferir a eficcia objetiva desuacolaborao,ouseja,queassuasatitudesreflitampositivamentenasoluodo processo. Ficaumapergunta:emumexemplodelavagem,umdoscoautoresnoconcordou comadivisododinheiroedelatouseuscompanheiros.Essadelaoeficaz?Segundoo professorRenatoBrasileiro,poucointeressaamotivaodocolaborador.Sendoa colaborao eficaz, faz jus o delator ao prmio. 15.4 Momento para a colaborao premiada Qualomomentoparaacolaboraopremiada?Quandopodeserfeitooacordo?O aluno pensa logo na fase investigatria e na fase processual. Mas a vem uma pergunta: posso fazer esse acordo durante a execuo penal? Sim. Vejamos a nova redao do 5 do art. 1 da Lei de lavagem: 5o Apenapoderserreduzidadeumadoisterosesercumpridaem regimeabertoousemiaberto,facultando-seaojuizdeixardeaplic-laou substitu-la,aqualquertempo,porpenarestritivadedireitos,seoautor, coautor ou partcipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentosqueconduzamapuraodasinfraespenais, identificaodosautores,coautoresepartcipes,oulocalizaodosbens, direitos ou valores objeto do crime. 15.5 Natureza jurdica da colaborao premiada Acolaboraopodeseranalisadasobdoisaspectosdistintos,doaspectododireito penalesoboaspectododireitoprocessualpenal.Sobopontodevistadodireitopenal,a colaboraopremiadafuncionaoracomocausadediminuiodepenaefixaodoregime inicialabertoousemiaberto,orafuncionacomocausadesubstituiodapenaprivativade liberdade por restritiva de direitos, e tambm poder funcionar a colaborao premiada como causa extintiva da punibilidade. Funciona tambm como uma causa suspensiva da prescrio. Nombitoprocessualpenal,anaturezajurdicadacolaboraopremiadaademeiode obteno de provas, uma tcnica especial de investigao. No caso especfico do Acordo de Lenincia, este funciona como causa impeditiva do oferecimento de denncia. $! Obs.:ateno,poisacolaboraopremiada,noseesquea,umbenefciodenatureza pessoal. (STF, HC 85.176). STF, HC 85.176 EMENTA:HABEASCORPUS.PENADEMULTA.MATRIANO SUSCITADANASINSTNCIASPRECEDENTES.NO CONHECIMENTO.CO-RUBENEFICIADOCOMADELAO PREMIADA.EXTENSOPARAOCO-RUDELATADO. IMPOSSIBILIDADE.TRFICODEENTORPECENTES.INTUITO COMERCIAL.ELEMENTOINTEGRANTEDOTIPO.1.Aquesto referente nulidade da pena de multa no pode ser conhecida nesta Corte, por no ter sido posta a exame das instncias precedentes. 2. Descabe estender ao co-rudelatadoobenefciodoafastamentodapena,auferidoemvirtudeda delaoviabilizadoradesuaresponsabilidadepenal.3.Sendoointuito comercialintegrantedotiporeferenteaotrficodeentorpecentes,nopode serconsideradocomocircunstnciajudicialparaexasperarapena.Ordem concedida, em parte, para, mantido o decreto condenatrio, determinar que se faa nova dosimetria da pena, abstraindo-se a referida circunstncia judicial. 15.6. Acordo de colaborao premiada

Apesardenohaverprevisolegal,salvonahiptesedoacordodeLenincia,este acordoumacriaojurisprudencialquetransmitemaisseguranaaoprpriocolaborador, que no fica apenas com uma vaga promessa feita pelos rgos responsveis pela persecuo penal.Esteacordo,asercelebradoentreoMPeocolaborador,asseguradaapresenade advogado,composteriorhomologaopelojuzocompetente,deveespecificarotipode colaboraodesejada,asprovasqueocolaboradordeveapresentareosbenefciosqueir obter se cumprir o que foi acordado. Esteacordonodeveconstardosautos,nemsetornarpblico,poisessenciala eficcia do acordo de colaborao. (STF, HC 90688). STF, HC 90.688 EMENTA:PENAL.PROCESSUALPENAL.HABEASCORPUS. ACORDODECOOPERAO.DELAOPREMIADA.DIREITODE SABERQUAISASAUTORIDADESDEPARTICIPARAMDOATO. ADMISSIBILIDADE.PARCIALIDADEDOSMEMBROSDO MINISTRIOPBLICO.SUSPEITASFUNDADAS.ORDEMDEFERIDA NAPARTECONHECIDA.I-HCparcialmenteconhecidoporventilar matria no discutida no tribunal ad quem, sob pena de supresso de instncia. II-Sigilodoacordodedelaoque,pordefiniolegal,nopodeser quebrado.III-Sendofundadasassuspeitasdeimpedimentodasautoridades quepropuseramouhomologaramoacordo,razovelaexpediodecertido dando f de seus nomes. IV - Writ concedido em parte para esse efeito. $# 15.7 Valor probatrio da delao e necessidade de observncia do contraditrio possvel condenar uma pessoa apenas com base em uma delao premiada? E ainda: comoficaaobservnciadocontraditrionadelao?necessria,aindaqueelasejauma medidasigilosa?Porsisadelaonopodeservircomofundamentosuficienteparaum decretocondenatrio(STF,HC75.226).Noquetangeaocontraditrio,casoodelatorseja formalmenteouvidonoprocessodevesepermitiraosadvogadosdocorrusdelatados,a possibilidadedefazerreperguntasaodelator,sobretudo,notocanteaoobjetodadelao.O advogado do corru delatado deve manifestar seu interesse de fazer reperguntas ao delator em audincia, sob pena de precluso. STF, HC 75.226 COMPETNCIA-HABEAS-CORPUS-ATODETRIBUNALDE JUSTIA. Na dico da ilustrada maioria (seis votos a favor e cinco contra), emrelaoqualguardoreservas,competeaoSupremoTribunalFederal julgartodoequalquerhabeas-corpusimpetradocontraatodetribunal,tenha este,ouno,qualificaodesuperior.PROVA-DELAO-VALIDADE. Mostra-sefundamentadooprovimentojudicialquandohrefernciaa depoimentosquerespaldamdelaodeco-rus.Sedeumladoadelao,de formaisolada,norespaldacondenao,deoutroserveaoconvencimento quando consentnea com as demais provas coligidas. 16. Procedimento do crime de lavagem de capitais Vejamos o art. 2, I da Lei 9.613/98: Art. 2 O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: Iobedecemsdisposiesrelativasaoprocedimentocomumdoscrimes punidos com recluso, da competncia do juiz singular; Antigamente o procedimento era classificado de acordo com a natureza dos crimes, v. g., procedimentos dos crimes punidos com recluso; entretanto, em 2008 com a Lei 11.719 o CdigodeProcessopenalpassouaregeroprocedimentocomumapartirdaquantidadede penacominadaaodelito.Aleidelavagemtempenaprevistade3(trs)a10(dez)anose multa,logooprocedimentoprocessualpenalserocomumordinriodoart.394,1,Ido CPP: Art. 394.O procedimento ser comum ou especial. 1oO procedimento comum ser ordinrio, sumrio ou sumarssimo:I - ordinrio, quando tiver por objeto crime cuja sano mxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; $$ 16.1 Procedimento no caso de crimes conexos Como j foi dito, no obrigatria a reunio de processo do crime de lavagem com o crime antecedente, tendo eles existncia autnoma, todavia, se possvel, o ideal tentar reuni-los. Exemplo: imagine que tenha havido a reunio de processos de lavagem com o crime de trfico de drogas. A lavagem submetida ao procedimento comum ordinrio, enquanto que o trficotemprocedimentoespecialdaLei11.343/06.Aficaapergunta:qualdosdois procedimentos dever prevalecer? No se pode misturar os dois. E o que fao? A antiga lei de drogas(Lei6.368/76)noart.28previaqueemcasosdeconexodecrimededrogascom outrem,oprocedimentoseroprevistoparaainfraomaisgrave,ressalvadososde competncia do Jri e das jurisdies especiais: Art.28.Noscasosdeconexoecontinnciaentreoscrimesdefinidosnesta Lei o outras infraes penais, o processo ser o previsto para a infrao mais grave, ressalvados os da competncia do jri e das jurisdies especiais. Oproblemaqueanovaleidedrogas(Lei11.343/06)norepetiu,nemtrouxe dispositivo similar! O que fazer ento? Apesar de ter existido o art. 28 da antiga lei de drogas, tal era muito criticado pela doutrina, uma vez que no se pode, por conexo fixar determinado procedimento, devendo, na verdade, optar pelo procedimento mais amplo. Procedimentonocasodecrimesconexos:diantedarevogaodoart.28daLei 6.368/76, que sempre foi criticado pela doutrina, havendo conexo entre a lavagem de capitais eotrficodedrogas,deveseradotadooprocedimentomaisamplo,ouseja,aqueleque ofereceaspartesmaioresoportunidadesparaoexercciodesuasfaculdadesprocessuais. Cuidado:maisamplonosignificamaisdemorada,esimaquelequemelhorviabilizao exercciodesuadefesa.Ento,entreodalavagemeodedrogas,qualomaisamplo?o procedimento comum ordinrio! OprocedimentodaLeideDrogasmaiscurto,apesardecontarcomaDefesa preliminar. Deve, no caso de conexo entre lavagem de capitais e trfico de drogas prevalecer o procedimento da lavagem de capitais. (STJ, HC 204.658) STJ, HC 204.658 HABEASCORPUS.TRFICODESUBSTNCIASENTORPECENTES. ART.12DALEIN10.82603.ALEGADAINOBSERVNCIADO PROCEDIMENTOPREVISTONALEI11.3432006.CRIMESCONEXOS. ADOODORITOORDINRIO.DEFESAPRELIMINAR APRESENTADANOSTERMOSDOART.396DOCPP.EIVA INOCORRENTE.1.Atribuindo-seacusadaaprticadecrimesdiversos,algunsprevistosna Lei11.34306eoutrosqueobservamoritoestabelecidonoCdigode ProcessoPenal,estedeveprevalecer,emrazodamaioramplitudedefesa no procedimento nele preconizado (Precedentes STJ). $% 2. A no adoo do rito previsto na Lei n 11.3432006 no ocasionou prejuzo paciente, pois alm do procedimento ordinrio ser o apropriado ao caso em comento, a apresentao de defesa preliminar lhe foi oportunizada nos termos do art. 396 da Lei Adjetiva Penal antes do recebimento da exordial acusatria, motivo pelo qual no se constata a ocorrncia de vcio a ensejar a invalidao da instruo criminal. 3.Ainobservnciadoritoprocedimentalprevistonoart.55daLei 11.3432006,queestabeleceaapresentaodedefesapreliminarantesdo recebimentodadenncia,implicaemnulidaderelativadoprocesso,razo pela qual deve ser arguida no momento oportuno, sob pena de precluso. 4.Nolograndoadefesademonstrarquefoiprejudicada,impossvel agasalhar-seapretensodeanularofeito,poisnosistemaprocessualpenal brasileironenhumanulidadeserdeclaradasenorestarcomprovadoo efetivo prejuzo (art. 563 do CPP).INPCIADADENNCIA.DEFICINCIANAEXPOSIODOFATO CRIMINOSO.MATRIANODEBATIDAPERANTEACORTE ESTADUAL. SUPRESSO DE INSTNCIA. NO CONHECIMENTO. 1. A matria referente inpcia da denncia no foi alvo de deliberao pelo Tribunaldeorigem,circunstnciaqueimpedequalquermanifestaodesta Corte Superior de Justia sobre a questo, sob pena de operar-se em indevida supresso de instncia. 2. Writ parcialmente conhecido e, nesta extenso, denegada a ordem. 17. Competncia criminal para o julgamento da lavagem de capitais 17.1 Generalidades O professor Guilherme Nucci afirma que todo crime de lavagem julgado pela justia federal; porm, tal afirmao no consta no art. 109, VI da CF/88 Art. 109. Aos juzes federais compete processar e julgar: VI - os crimes contra a organizao do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econmico-financeira; Percebaquenemtodocrimecontraosistemafinanceiroecontraordemeconmico-financeiraserojulgadospelajustiafederal,esimapenasnoscasosdeterminadosemlei. Que leis so essas? Crimes contra o sistema financeiro nacional (Lei 7.492/86, art. 26): Art.26.Aaopenal,noscrimesprevistosnestalei,serpromovidapelo Ministrio Pblico Federal, perante a Justia Federal. Crimes ligados a emprstimos vedados em instituies financeiras: no fala nada, logo, o crime de justia estadual (Lei 4.595/64). Crimescontraaeconomiapopular(Lei1.521/51):aleinofalanada,logo,o julgamento ser na justia estadual, nos termos da smula 498 do STF: Smula 498 do STF. Compete a justia dos estados, em ambas as instncias, o processo e o julgamento dos crimes contra a economia popular. $& Adulteraodecombustveis(Lei8.176/91):aleinofalanadadecompetncia, ou seja, subentende-se que a competncia da justia estadual. Crimescontraaordemtributria(Lei8.137/90).Quemjulgacrimedesonegao de imposto? Vai depender da natureza jurdica do tributo, v. g., se sonego imposto de renda, quem julga a justia federal; locadora de veculos de So Paulo registra o carro em Paran porque o IPVA mais barato: crime da justia estadual de So Paulo. Crimedelavagemdecapitais(Lei9.613/98,art.2,III):emregra,acompetncia serdajustiaestadual,noentanto,acompetnciaserdajustiafederalnas seguintes situaes: 1.Quandoocrimeantecedentefordajustiafederal.Exemplo:JuanCarlos Abadia, cujo crime antecedente era trfico internacional de drogas. 2. Quando o crime for praticado em detrimento de bens, servios ou interesses daUnio,autarquiasfederaisouempresaspblicasfederais.Exemplo: vendodrogasnacracolndiaemSoPauloetenhoumalocadorade veculosqueutilizadoparalavagemdecapitais(STJ,RHC11.918eCC 96.678). oCuidado com a smula 122 do STJ: havendo crimes conexos, um federal e outroestadual,prevaleceafederal.Ateno:peloCPPquandosetemdois crimesconexosaplica-seodainfraomaisgrave.Asmulaafastaessa ideiaseumcrimeforestadualoufederal.Prevalecersempreajustia federal. Art. 2 O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: (...) III - so da competncia da Justia Federal: a)quandopraticadoscontraosistemafinanceiroeaordemeconmico-financeira,ouemdetrimentodebens,serviosouinteressesdaUnio,oude suas entidades autrquicas ou empresas pblicas; b)quandoainfraopenalantecedentefordecompetnciadaJustia Federal.(Redao dada pela Lei n 12.683, de 2012) STJ, RHC 11.918 CRIMINAL.RHC."LAVAGEM" DEDINHEIRO. CRIMES FALIMENTARES,ESTELIONATOSEFALSIDADE. TRANCAMENTODAAO. INPCIADADENNCIA.REQUISITOS DOART.41DOCPP.CRIMEDEAUTORIA COLETIVA.DENNCIA MAISOUMENOSGENRICAADMITIDA.AUSNCIADE JUSTA CAUSANO-EVIDENCIADA.AUSNCIADE ELEMENTOSCOMPROBATRIOSDONEXODECAUSALIDADE ENTREACONDUTADO PACIENTEEODELITO.IMPROPRIEDADE DOMEIOELEITO.COMPETNCIADA JUSTIAESTADUAL. RECURSO DESPROVIDO. $' I.Eventualinpciadadennciaspodeseracolhidaquando demonstrada inequvocadeficinciaaimpediracompreensodaacusaoe emflagranteprejuzodefesa dosrus,sendoque,tratando-sedecrimesde autoriacoletiva,dedifcilindividualizaoda condutadecadaparticipante, admite-seadennciadeformamaisoumenosgenrica,por interpretao pretoriana do art. 41 do CPP. II. A falta de justa causa para a ao penal s pode ser reconhecida quando, de pronto,semanecessidadedeexamevalorativodoconjuntofticoou probatrio, evidenciar-seaatipicidadedofato,aausnciadeindciosa fundamentarem a acusao ou, ainda, a extino da punibilidade. III. imprpria a alegao de ausncia de justa causa para o prosseguimento daaopenal,sobaalegaodequeopacientenoseriasciodas empresas, atuando, apenas, como advogado de uma delas, se evidenciado, nos autos, a presena de indcios suficientes para a possvel configurao do crime delavagemdedinheiroea participao,emtese,dopacienteemsuas atividades. IV. O habeas corpus meio imprprio para a anlise de alegaes que exijam oexamedoconjuntoftico-probatriocomoasustentadaausnciade elementos comprobatrios do nexo de causalidade entre a conduta do paciente eodelitoquelhefoi imputadotendoemvistaaincabveldilaoquese faria necessria. V.Acompetnciaparaocrimedelavagemdedinheirodefinidadiante do casoconcretoeemfunodocrimeantecedente.Seocrimeanteriorforde competncia daJustiaFederal,caberaestaojulgamentodoprocesso relacionado ao crime acessrio. VI.CompeteJustiaEstadualoprocessoejulgamentodedelito de "lavagem" ouocultaodebens,direitosevaloresoriundos,emtese,de crimesfalimentares, estelionatosefalsidade,seinexistente,emprincpio, imputao de delito antecedente afeto Justia Federal. VII. Recurso desprovido. STJ, CC 96.678 PROCESSOPENAL.CONFLITONEGATIVODE COMPETNCIA. TRFICODEDROGAS.ASSOCIAOPARAO TRFICO. RECEPTAO.LAVAGEMDECAPITAIS.DELITO ANTECEDENTE. COMPETNCIAESTADUAL.IDNTICA COMPETNCIA PARA OBRANQUEAMENTO. 1.Acompetnciaparaaapreciaodasinfraespenaisdelavagem de capitaissomenteserdaJustiaFederalquandopraticadascontrao sistema financeiroeaordemeconmico-financeira,ouemdetrimentode bens, serviosouinteressesdaUnio,oudesuasentidadesautrquicasou empresas pblicas;ouquandoocrimeantecedentefordecompetnciada Justia Federal. In casu, no se apura afetao de qualquer interesse da Unio e o crime antecedente - trfico de drogas - no caso da competncia estadual. 2. ConflitoconhecidoparajulgarcompetenteoJUZODEDIREITODA 2 VARA DE INHAPIM - MG, o suscitado. Smula122doSTJ.CompeteJustiaFederaloprocessoejulgamento unificadodoscrimesconexosdecompetnciafederaleestadual,nose aplicando a regra do Art. 78, II, "a", do Cdigo de Processo Penal. 17.2 Competncia para decidir sobre possvel reunio dos feitos (art. 2, II) II-independemdoprocessoejulgamentodasinfraespenaisantecedentes, aindaquepraticadosemoutropas,cabendoaojuizcompetenteparaos crimesprevistosnestaLeiadecisosobreaunidadedeprocessoe julgamento;(Redao dada pela Lei n 12.683, de 2012) Veja claramente que o juiz da lavagem de capitais quem delibera sobre a reunio ou no dos processos. $( 17.3 Varas especializadas para o julgamento da lavagem de capitais Em2003oConselhodaJustiaFederaleditaaresoluon314afirmandoqueos tribunais regionais federais deveriam criar varas especializadas para o julgamento do delito de lavagemdecapitais.Issoporqueem2001foirealizadapesquisacomjuzesfederaisque concluiu que a grande maioria dos magistrados jamais tinha mexido com processo de lavagem e tal delito tem uma instruo probatria mais complexa. Art.1OsTribunaisRegionaisFederais,nasuareadejurisdio, especializarovarasfederaiscriminaiscomcompetnciaexclusivaou concorrente,noprazodesessentadias,paraprocessarejulgaroscrimes contraosistemafinanceironacionaledelavagemouocultaodebens, direitos e valores. Emcumprimentoresoluo314doCJFosdiversosTRFspassaramacriar resolues e provimentos determinando a especializao de varas, por exemplo o provimento n238doTRF3queespecializouduasvarascriminaisdeSoPauloparajulgarocrimede lavagem. Alm disso esses provimento determinou que os processos de lavagem que estavam tramitando nas demais varas criminais fossem redistribudos s varas especializadas. Ser que possvel a especializao de uma vara atravs de provimento ou tal ofende oprincpiodojuiznatural?Quantoespecializaodevaraspormeiodeprovimentos,o Supremo entendeu que no h violao ao princpio do juiz natural, seja porque o art. da Lei 5.010/66(leiqueorganizaajustiafederal)autorizaacriaodevarasespecializadas,seja porque