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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA Associação entre ambiente alimentar da área residencial e obesidade infantil: Restauração Ana Margarida Sebastião Santana 2012 Ana Santana Associação entre ambiente alimentar da área residencial e obesidade infantil: Restauração 2012

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Associação entre ambiente alimentar da área residencial e obesidade infantil: Restauração

Ana Margarida Sebastião Santana

2012

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2012

Page 2: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Associação entre ambiente alimentar da área residencial e obesidade infantil: Restauração

Ana Margarida Sebastião Santana

2012

Dissertação apresentada à Universidade de Coimbra para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Antropologia Médica, realizada sob a orientação científica do Professora Doutora Cristina Padez (Universidade de Coimbra)

Page 3: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

II

Agradecimentos

À Professora Doutora Cristina Padez pela oportunidade que me deu de integrar o

projeto de obesidade infantil, assim como pelo empenho, disponibilidade e sugestões

relevantes feitas durante a orientação.

Aos proprietários e funcionários dos estabelecimentos de restauração pela colaboração

prestada, sem eles não conseguiria realizar este trabalho.

À Maria Miguel pela amizade, companheirismo, incentivo e pela transmissão de

conhecimentos ao longo desta etapa. Sem a tua ajuda este percurso teria sido muito mais

difícil.

À Magdalena Muc pela amizade, por ter acreditado em mim e por me ter dado a

oportunidade de ir às escolas e experienciar momentos únicos com as crianças.

Ao Felipe Grespan pela sua boa disposição, amizade e pelas trocas de ideias que

tornaram este trabalho mais rico.

À Ana Antunes por todo o apoio psicológico e pela companhia nas caminhadas que

fizemos nas ruas de Coimbra.

À Susana Freiria, o meu muito obrigado pelos conhecimentos transmitidos de ArcGis e

pela total disponibilidade.

À nutricionista Raquel Silva pela disponibilidade e auxílio na classificação dos menus.

Aos Malvadinhos por todas as alegrias que me proporcionam, pelas palavras de ânimo

nos momentos difíceis e pelo apoio cedido durante esta fase da minha vida.

O último agradecimento vai para os meus pais, que sempre acreditaram em mim e me

apoiaram neste longo percurso. Sem eles não era o que sou hoje.

Page 4: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

III

Índice

Agradecimentos ................................................................................................................ II

Índice de Tabelas ............................................................................................................ IV

Índice de Figuras .............................................................................................................. V

Resumo ........................................................................................................................... VI

Introdução ......................................................................................................................... 2

Obesidade ...................................................................................................................... 2

Epidemiologia da Obesidade ........................................................................................ 2

Evolução da dieta humana ............................................................................................ 4

Hábitos alimentares ....................................................................................................... 5

Ambiente Alimentar ..................................................................................................... 6

Acessibilidade a estabelecimentos de restauração ........................................................ 7

Preços ............................................................................................................................ 9

Objetivos e hipóteses .................................................................................................. 10

Material e Métodos ......................................................................................................... 12

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 20

Artigo - Associação entre ambiente alimentar na área residencial e obesidade infantil:

Restauração. .................................................................................................................... 27

Anexo

Page 5: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

IV

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Associação entre obesidade infantil e a existência de estabelecimentos de

restauração na área residencial da criança, na cidade e freguesias de Coimbra. ............ 37

Tabela 2 - Associação entre z-scores de IMC e a proximidade de estabelecimentos de

restauração na área residencial da criança, na cidade de Coimbra. ................................ 38

Tabela 3 - Associação entre z-scores de IMC e a proximidade de estabelecimentos de

restauração na área residencial da criança, nas freguesias de Coimbra.......................... 39

Tabela 4 - Associação entre obesidade infantil e a densidade de estabelecimentos de

restauração na área residencial da criança, na cidade de Coimbra. ................................ 40

Tabela 5 - Densidade de estabelecimentos de restauração por 1000 habitantes, nas

freguesias de Coimbra. ................................................................................................... 41

Tabela 6 - Associação entre z-scores de IMC e a densidade de estabelecimentos de

restauração por 1000 habitantes, na cidade de Coimbra. ............................................... 41

Tabela 7 - Associação entre obesidade infantil e frequentar ou não os estabelecimentos

de restauração, na cidade e freguesia de Coimbra. ......................................................... 42

Tabela 8 - Médias de preços dos menus de lanche saudáveis e não saudáveis na cidade e

freguesias de Coimbra. ................................................................................................... 45

Tabela 9 - Associação entre z-scores de IMC e os preços dos menus de lanche saudáveis

e não saudáveis, na cidade de Coimbra. ......................................................................... 45

Tabela 10 - Média de preços dos menus de refeição servidos em snack-bares da cidade e

freguesias de Coimbra. ................................................................................................... 46

Tabela 11 - Associação entre z-scores de IMC e os preços de menus de refeição

servidos em snack-bares da cidade de Coimbra. ............................................................ 47

Tabela 12 - Preços de menus de refeição servidos em cadeias de franchising da cidade

de Coimbra. .................................................................................................................... 48

Page 6: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

V

Índice de Figuras

Figura 1 - Representação da prevalência de Obesidade Infantil nas freguesias de

Coimbra……………………………………...………………………………………....35

Page 7: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

VI

Resumo

Objetivos: Nos últimos anos, o ambiente alimentar tem vindo a ser identificado como

um potencial fator que influencia o desenvolvimento da obesidade infantil. Deste modo,

este estudo visa conhecer a associação entre obesidade infantil ou z-scores de IMC e a

existência, proximidade e densidade de três tipos de estabelecimentos de restauração

(Cafés/Pastelarias/Doçarias, estabelecimentos de Fast Food, Restaurantes) na área

residencial da criança. Também, saber se o fato da criança frequentar determinados

tipos de estabelecimentos de restauração poderia ser um fator promotor de obesidade. O

último objetivo é conhecer a associação entre z-scores de IMC das crianças e preços de

menus saudáveis e não saudáveis de lanche e de refeição.

Material e Métodos: Para este estudo foram considerados os valores de IMC e os

questionários sociodemográficos de 847 crianças (6-10 anos) de Coimbra e 640

estabelecimentos de restauração. As crianças foram georreferenciadas a partir do código

postal de casa e os estabelecimentos de restauração também foram georreferenciados e

introduzidos no software ArcGis (versão 10) tal como as crianças. Para os testes

estatísticos foram utilizadas duas variáveis dependentes – uma nominal (ser ou não

obeso) e uma contínua (z-scores de IMC) – e seis independentes: existência,

proximidade e densidade de estabelecimentos de restauração na área residencial da

criança (buffer euclidiano de 250m); densidade de estabelecimentos nas freguesias de

Coimbra; frequentar os diferentes tipos de estabelecimentos de restauração; e preços de

produtos saudáveis, não saudáveis e de refeições rápidas.

Resultados: A associação entre obesidade infantil e a existência de estabelecimentos de

restauração na área residencial da criança não foi estatisticamente significativa. O

mesmo se verificou em relação à densidade de estabelecimentos de restauração. Foi

encontrada uma associação estatisticamente significativa não para a cidade de Coimbra,

mas para a freguesia da Sé Nova entre os z-scores de IMC e a proximidade de

estabelecimentos de restauração na área residencial (p=0,027). Os resultados mostraram

também que as crianças que frequentam os snack-bares de Coimbra têm mais

probabilidade de vir a ser obesas do que aquelas que não frequentam (OR=1,412;

95%IC [1,035-1,926]; p=0,032). Na freguesia de São Martinho do Bispo, as crianças

que frequentam as pizzarias estão protegidas contra a obesidade (OR=0,332; 95%IC

[0,112-0,980]; p=0,047). Relativamente aos preços dos menus de lanche e de refeição

Page 8: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

VII

não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre estes e os

z-scores de IMC.

Conclusão: Este trabalho veio mostrar que a acessibilidade aos estabelecimentos de

restauração na área residencial da criança não pode ser pensada como um fator único

promotor de obesidade, mas tem de ser sempre pensado em conjunto com fatores

familiares e ambientais. O poder político devia subsidiar a produção, a distribuição e

comercialização de comida saudável de modo a que as pessoas que pretendessem ir

comer a um estabelecimento de restauração fizessem escolhas mais saudáveis.

Palavras-Chave: Obesidade Infantil; Estabelecimentos de Restauração; Densidade;

Proximidade; Preços.

Page 9: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

VIII

Summary

Objectives: In the last years, the food environment has been identified as a potential

factor that influences the development of childhood obesity. Thus, this study aims to

study the association between childhood obesity expressed by the mean BMI or z-scores

of BMI and the existence, proximity and density of three types of catering

establishments (Cafes/Pastries/Sweets, Fast Food establishments, restaurants) in the

residential area of the child. We had as an objective the verification whether the fact that

the child attends certain types of catering establishments could be a factor promoting

obesity. The ultimate objective is to study the association between the children's body

mass and healthy versus unhealthy choice’s prices of the meals and snack menus.

Material and methods: For this study were considered the anthropometric

measurements and demographic questionnaires of 847 children (6-10 years old) from

Coimbra and 640 catering establishments. Both, children (using postal codes) and

catering establishments (using gps records) were georeferenced and introduced in

ArcGis software (version 10). For statistical analyses we used two dependent variables -

a nominal (obese or not) and a continuous (z-scores of BMI) - and six independent -

existence, proximity, and density of catering establishments in the residential area of

child (Euclidean buffer 250 m); density of establishments in the parishes of Coimbra;

attending the different types of catering establishments; and prices of healthy products,

unhealthy and quick meals.

Results: The association between obesity and existence of catering establishments in

the residential area of the child was not statistically significant. The same applies to the

density of catering establishments. Statistically significant association was found not for

the city of Coimbra, but the parish of Sé Nova between z-scores of BMI and the

proximity of catering establishments in the residential area (p = 0.027). The results also

showed that children who attend the Coimbra snack-bars are more likely to be obese

than those who do not attend (OR = 1.412; 95% CI [1.035 -1.926]; p = 0.032). In the

parish of São Martinho do Bispo, children who attend the pizzerias are protected against

obesity (OR = 0.332; 95% CI [0.112 -0.980]; p = 0.047). With regard to prices of meal

and snack menus no statistically significant associations were found between these and

the z-scores of BMI.

Conclusion: This work showed that the accessibility of catering establishments in the

residential area of the child cannot be thought of as a single promoter factor of obesity,

Page 10: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

IX

but must always be considered in conjunction with other factors. Political power should

subsidize the production, distribution and marketing of healthy food so that people

wishing to eat out would have an opportunity to make healthier choices.

Keywords: Childhood obesity; Catering establishments; Density; Proximity; Prices.

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1

Introdução

Page 12: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

2

Introdução

Obesidade

Nos dias de hoje, a obesidade, já considerada a epidemia do século XXI, é um

grave problema de saúde pública.

Esta doença é definida como um excesso de gordura corporal acumulado no

tecido adiposo, com grandes implicações para a saúde (OMS, 2012). A medida

frequentemente utilizada para definir obesidade é o índice de massa corporal (IMC),

calculado através da divisão do peso (kg) pelo quadrado da altura (m2). Assim, para

adultos considera-se estar no peso normal se o IMC se encontrar entre 18,5 e 24,9

kg/m2; excesso de peso se o IMC se encontrar entre 25,0 e 29,9 kg/m

2; e obesidade se o

IMC for igual ou superior a 30,0 kg/m2. Para as crianças e adolescentes a classificação

do IMC é diferente da dos adultos, pois estes encontram-se em crescimento, a ritmos

diferentes, dependendo do sexo e da idade. Desta forma, o IMC nas crianças e

adolescentes tem de ser avaliado usando curvas de crescimento de referência ajustadas

para o sexo e a idade (OMS, 2012).

Hoje, a obesidade, que era anteriormente considerada um problema dos países

industrializados, começa a ser uma preocupação dos países em desenvolvimento (OMS,

2012). Esta doença apresenta graves riscos para a saúde do adulto e da criança. Está

associada ao desenvolvimento de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, problemas

ortopédicos, respiratórios, repercussões psicossociais, risco de vir a desenvolver cancro,

entre outras. A obesidade em crianças está também associada a reduções na qualidade

de vida, isolamento social, bulling e, se não for adequadamente controlada, tende a

continuar na vida adulta (Woodward-Lopes et al., 2006; Poskitt & Edmunds, 2008;

Tauber, 2010; WHO, 2012a).

Epidemiologia da Obesidade

Segundo a Organização Mundial de Saúde (2012), a prevalência de obesidade a

nível mundial, desde os anos 80 até aos dias de hoje duplicou. Em 2008 mais de 1,4

biliões de adultos apresentavam excesso de peso ou obesidade. Dados de 2010, indicam

que 42 milhões de crianças menores de 5 anos também apresentavam excesso de peso

ou obesidade. A International Obesity Task Force (IOTF) estimou que nesse mesmo

ano (2010), a nível mundial existiam 600 milhões de adultos com obesidade e 200

milhões de crianças em idade escolar com excesso de peso e obesidade.

Page 13: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

3

Atualmente, a nível europeu a IOTF estima que 60% (260 milhões) dos adultos e

40% (12 milhões) das crianças em idade escolar apresentem excesso de peso ou

obesidade. Brug e seus colegas (2012) realizaram um estudo tendo em conta a média de

prevalência de excesso de peso e obesidade infantil em sete países de diferentes pontos

da Europa (Grécia, Hungria, Eslovénia, Espanha, Bélgica, Holanda e Noruega), e

mostraram que 25,8% dos rapazes e 21,8% das raparigas apresentavam excesso de peso

e obesidade.

Em Portugal, estudos têm vindo a revelar prevalências de obesidade elevadas.

Dados de 2005 indicam prevalências de obesidade de 15% para os homens e 13,4% para

as mulheres (IOTF, 2012). Relativamente às crianças, Padez et al. (2004) num estudo

realizado em 2002 com crianças de idade compreendidas entre os 7 e os 9 anos,

mostraram que 31,5% das crianças apresentavam excesso de peso ou obesidade (29,4%

para rapazes e 33,7% para raparigas). Por sua vez, a International Association for the

Study of Obesity apresentou os resultados de prevalência de obesidade infantil (7-14

anos) de 2008, em que 23,5% dos rapazes e 21,6% das raparigas tinham obesidade

(incluindo excesso de peso).

A dieta é um dos principais determinantes de vários problemas de saúde,

incluindo a obesidade. Esta última, é desencadeada por estilos de vida sedentários e

hábitos alimentares incorretos que levam ao desequilíbrio energético entre as calorias

consumidas e as calorias gastas (WHO, 2004; Poskitt & Edmunds, 2008; Rahman et al.,

2011). No que respeita ao sedentarismo, Tremblay e Wilms (2003) referem que o nível

de atividade física realizada pelas crianças diminuiu nos últimos 30/40 anos. Esta

realidade deve-se sobretudo, aos avanços tecnológicos, tais como o aparecimento do

carro, da televisão e dos jogos de computador. Nos dias de hoje, as crianças deixaram de

ir para a escola a pé, para irem de carro ou de transportes públicos e nos tempos livres

deixaram de brincar na rua (jogos tradicionais) para ficarem em casa a ver televisão ou a

jogar consola (Tauber, 2010).

Quanto às alterações da dieta alimentar, a ingestão excessiva de alimentos com

grande densidade calórica, ricos em gorduras e açúcar (batatas fritas, salgados, bolos,

guloseimas, refrigerantes, etc.), e o consumo insuficiente de frutas e legumes, podem ser

responsáveis pelo aumento de peso das crianças (Tauber, 2010). Deste modo, Story et

al. (2008) chamam à atenção para o importante papel que a dieta tem na prevenção de

doenças crónicas incluindo a obesidade (Story et al., 2008).

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4

Evolução da dieta humana

A dieta alimentar dos seres humanos é influenciada por fatores biológicos,

culturais, socioeconómicos e ambientais. Por conseguinte estes têm um impacto sobre a

vida dos seres humanos ao nível social, político, cultural e da saúde. A alimentação é

também influenciada pelas tecnologias utilizadas para obter e cozinhar comida, pela

forma como os indivíduos se organizam no seu grupo social e pelas crenças e valores

que são partilhados sobre a comida. Esta não só é influenciada por todos os fatores

acima mencionados, como também influencia as relações com os outros, as suas

ideologias e o seu ambiente em redor (Bryant et al., 2003).

Tal como Smolin e Grosvenor (1997) referem, a saúde individual é influenciada

pelo consumo e utilização de nutrientes (Smolin e Grosvenor, 1997 in Bryant et al.,

2003). No entanto, dentro de populações específicas podemos encontrar uma variação

significativa das necessidades individuais de determinados nutrientes vitais para um

bom estado de saúde. Estas necessidades dependem das características genéticas, estado

de saúde, idade, sexo, entre outras (Bryant et al., 2003).

Ströhle et al. (2010), ao estudar os caçadores-recolectores, verificou que estes

apresentavam uma grande variedade de padrões nutricionais que variavam de acordo

com a disponibilidade local de animais e plantas. Com o início dos fluxos migratórios, a

cultura e a nutrição começaram a divergir, cada vez mais, do padrão ancestral.

Na verdade, as mudanças dietéticas e de processamento alimentar, desde o

neolítico até à era industrial, alteraram muitas características fundamentais dos

alimentos e da dieta compartilhada pelos diversos hominíneos caçadores-recolectores.

Enquanto a dieta característica da era pré-agrícola era constituída por alimentos não

processados, com a agricultura há uma diminuição do número de alimentos disponíveis

e com a industrialização surgem os alimentos altamente processados (Cordain et al.,

2005).

A revolução industrial levou ao desenvolvimento das indústrias alimentares. Os

alimentos que eram processados artesanalmente, passaram a ser produzidos por grandes

fábricas, surgindo assim os alimentos prontos para o consumo (Pinheiro, 2005). Por

consequência, a evolução genética não foi capaz de acompanhar estas mudanças o que

desencadeou o aparecimento de diversas doenças (Cordain, 2006; Eaton et al. 2010).

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5

No início do século XX, deu-se um aumento populacional na Europa. Este

aumento levou ao crescimento das importações, variedade na oferta de produtos, na

redução dos preços e no acesso facilitado aos produtos. Foi também nesta altura que

apareceu o fast food, cuja principal característica é a rigidez estrutural e sistémica do

negócio, agregada a um serviço simples e a produtos pouco complexos, mas saborosos e

densamente energéticos e de baixo valor nutritivo (Schlosser, 2002; Pinheiro, 2005).

Tudo isto, aliado ao estilo de vida moderno, marcado pela escassez de tempo

para preparar as refeições, levou à diminuição do consumo de cereais, ao aumento do

consumo de batata, carne, peixe, lacticínio, ovo, gorduras e açúcar e à diminuição na

ingestão de legumes e frutas frescas (Pinheiro, 2005).

Hábitos alimentares

Como já foi referido anteriormente, a partir do final do seculo XX, os hábitos

alimentares mudaram e as transformações no ambiente alimentar deram-se muito

rapidamente, devido aos fenómenos de industrialização e globalização bem como ao

rápido e, por vezes, mal planeado crescimento dos centros urbanos (Schlosser, 2002).

Os novos estilos de vida, aliados aos alimentos industrializados e ao seu fácil

acesso, uma vez que podem ser facilmente obtidos em qualquer supermercado,

restaurantes de fast food e outros locais, contribuíram para mudanças verificadas nos

hábitos alimentares contemporâneos (Schlosser, 2002; Pinheiro, 2005).

A facilidade com que nos deslocamos de um lado para o outro, através de

transportes públicos ou privados, os trabalhos mecanizados e sedentários, característicos

dos dias de hoje, fazem com que os seres humanos gastem cada vez menos energia,

tornando as necessidades calóricas menores. Sendo, o aumento da prevalência de

obesidade um reflexo desta tendência (Pinheiro, 2005).

Nos últimos tempos, os hábitos alimentares das crianças têm sido a principal

preocupação dos pais, médicos, educadores e professores. Contudo, enquanto que à

décadas atrás as crianças comiam em casa refeições à base de cozidos e rica em

vegetais, hoje as crianças na maioria dos dias comem nas escolas ou em restaurantes

(Schumacher e Queen, 2006).

Atualmente os pais, ocupados com a carreira profissional e sem tempo para

cozinhar, optam por comer fora de casa ou comprar alimentos pré cozinhados ou

recorrer aos tão comuns takeaways. Contudo, estes alimentos são, normalmente, mais

Page 16: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

6

ricos em energia, gordura saturada e sal quando comparados com a comida

confecionada em casa. Tendo em conta que muitos dos hábitos saudáveis são

aprendidos e mantidos em casa num ambiente familiar (Duncan et al., 2005) estas

escolhas alimentares por parte dos pais tornam-se numa influência negativa para as

crianças, levando-as desde pequenas a optar por comidas menos saudáveis (Schumacher

e Queen, 2006).

Nos últimos anos, o ambiente tem vindo a ser identificado como um potencial

fator que influencia os comportamentos alimentares e de atividade física dos seres

humanos (Hill, 1998; Story et al., 2008). Por conseguinte, as escolhas alimentares

podem ser influenciadas pelos ideais pessoais e socioculturais, pela estrutura social, pela

pelos fatores individuais (como o sabor, perceção de preço, tamanho da proporção, grau

de instrução, valor nutricional e acessibilidade dos alimentos) e pelo contexto alimentar,

pelos recursos disponíveis no ambiente físico, pela condição social do local e fatores de

acessibilidade e disponibilidade de alimentos (Morland et al. 2002; Jomori et al., 2008).

Na literatura, estudos têm vindo a fazer uma diferenciação entre dois tipos de

ambientes. Por um lado o ambiente leptogénico, possuidor de características promotoras

de saúde (Swinburn et al., 1999; Poskitt & Edmunds, 2008) e por outro, o ambiente

obesogénico, com características promotoras de obesidade entre as quais se destaca a

disponibilidade de diferentes tipos de estabelecimentos de restauração, o acesso

facilitado de alimentos mais calóricos e ricos em gordura e o acesso restrito a alimentos

menos alimentos saudáveis (Swinburn et. al., 1999; Sallis e Glanz, 2006; Timperio et

al., 2008).

Deste modo, podemos aferir que a etiologia da obesidade infantil é multifatorial,

uma vez que pode resultar da interação entre os fatores genéticos, endócrinos,

socioculturais, comportamentais e ambientais (Farooqi, 2005; Tauber, 2010).

Ambiente Alimentar

A crescente urbanização, enquanto motor de transformação do modo de vida

quotidiano, levou a mudanças sociais e físicas promotoras de uma vida mais sedentária

bem como, ao consumo de dietas mais energéticas e de baixo valor nutritivo. Como

vimos anteriormente, o ambiente alimentar das cidades contemporâneas é fulcral para as

escolhas e hábitos alimentares uma vez que, para além de poderem ser condicionados

Page 17: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

7

pela disponibilidade financeira das famílias também podem ser regulados, pela

existência e o acesso facilitado a estabelecimentos de venda de produtos alimentares.

Na verdade, as opções individuais resultam, em grande parte, das experiências e

das interações dos sujeitos sociais com os diversos elementos do ambiente que os

circunda (Carter e Dubois, 2010) e neste ponto, realçamos a importância do ambiente

alimentar na saúde das populações. Ambiente este, que pode ser definido como o

conjunto de elementos estruturais ligados à restauração existentes na área residencial

dos indivíduos. Falamos da presença de restaurantes, cafés, pastelarias, supermercados,

mercearias e máquinas de vending.

Investigações realizadas mostram que crianças que residem em áreas geográficas

com bons acessos a estabelecimentos comerciais de boa qualidade alimentar (e acesso

dificultado a infraestruturas que comercializem alimentos de baixo valor nutritivo) têm

dietas mais saudáveis e menor probabilidade de terem excesso de peso ou obesidade

(Popkin et al., 2005; Timperio et al., 2008; Macintyre et al., 2008; Veugelers et al.,

2008; Carter e Dubois, 2010). Por outro lado, mais do que nunca, atualmente as crianças

comem com mais frequência nos restaurantes (Lin et al., 2001) e o consumo de

alimentos fora de casa está associado com excesso de adiposidade (Ayala et al., 2008).

No entanto, ainda são poucos os estudos que têm explorado o impacto do

ambiente construído e alimentar no comportamento da dieta das crianças (Galvez et al.,

2010).

Acessibilidade a estabelecimentos de restauração

Como anteriormente foi referido, os fatores ambientais podem desempenhar um

papel crucial no desenvolvimento e prevenção da obesidade infantil.

Nestas últimas décadas temos assistido a um aumento do consumo de energia

diária (Powell e Han, 2011) que segundo Ayala e seus colegas (2008) deve-se a um

comportamento alimentar, cada vez mais frequente nos dias de hoje – comer fora de

casa. Comer em restaurantes significa na maioria das vezes, ter uma dieta de baixo valor

nutricional, mais densa em calorias, e em gorduras saturadas e sal. (Prentice e Jebb,

2003; Guthrie et al., 2002). Além disto, o tamanho das proporções de refeições servidas

em restaurantes e estabelecimentos fast food, têm vindo a aumentar (Young e Nestle,

2002). Neste seguimento, podemos aferir que os estabelecimentos de restauração podem

ser um fator ambiental crucial no desenvolvimento da obesidade.

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8

São vários os estudos que têm vindo a explorar a associação entre obesidade e

ambiente alimentar muitas vezes com resultados conflituosos.

Em adultos, alguns investigadores têm encontrado associações entre obesidade e

grande densidade de restaurantes de fast food na área residencial (Metha e Chang,

2008). Relativamente aos restaurantes de serviço completo1 Metha e Chang. (2008)

encontraram uma associação negativa estatisticamente significativa entre densidades

deste tipo de estabelecimentos e IMC; isto é, quanto maior a densidade deste tipo de

restaurantes, menor é o IMC. Este estudo revela que este tipo de restaurante é indicador

de um ambiente alimentar mais saudável em adultos.

Um estudo realizado em adolescentes mostrou que a densidade de restaurantes

fast food está estatisticamente associado com padrões de consumo de fast food (Khan et

al., 2012).

Em crianças, têm sido realizados alguns estudos no intuito de se conhecer a

associação entre obesidade e densidade de restaurantes fast food na área residencial e

escolar. Fraser e Edwards (2010) num estudo realizado em Leeds (U.K.) com crianças

(3-14 anos), encontraram uma associação estatisticamente significativa entre densidade

de restaurantes fast food e obesidade. Contudo, a maioria dos estudos realizados não

encontraram uma associação estatisticamente significativa entre densidade de

restaurantes fast food na área residencial e obesidade infantil (Crawford et al., 2008;

Sturm e Datar, 2005; Burdette e Whitaker, 2004). No que respeita à área escolar, Davis

e Carpenter (2009) encontraram uma associação estatisticamente significativa entre a

elevada densidade de restaurantes de fast food e obesidade.

A par da densidade, têm também sido desenvolvidos estudos relativos à

associação entre obesidade e proximidade de estabelecimentos de restauração na área

residencial. Morland e seus investigadores (2009) num dos seus estudos, encontraram

uma associação negativa estatisticamente significativa entre proximidade de

restaurantes fast food na área residencial e obesidade em adultos. Inesperadamente, as

pessoas que vivem mais perto destes restaurantes apresentam um IMC mais baixo. No

entanto, Jeffery et al. (2006) num estudo realizado anteriormente não encontrou

associação entre obesidade e proximidade de restaurantes fast food tanto na área

residencial bem como na área de trabalho.

1 Traduzido do “full-service restaurant”, que significa restaurante com atendimento à mesa personalizado.

Page 19: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

9

Em crianças, a maioria dos estudos publicados nesta área não encontraram

associações estatisticamente significativas entre obesidade e proximidade de

restaurantes fast food na área residencial (Crawford et al., 2008; Fraser et al., 2010;

Burdette e Whitaker, 2004) No entanto, Timperio et al. (2008) num estudo realizado na

Australia, mostrou que a probabilidade das crianças comerem frutas e legumes diminui

quando vivem mais perto de restaurantes fast food.

O consumo de comida fast food e o facto de se frequentar estabelecimentos com

este tipo de comida, também tem vindo a ser apontado como um fator de risco para o

desenvolvimento de obesidade. Outros estudos revelam que crianças e adolescentes que

comem fast food consomem mais calorias comparativamente com os que não comem

(Taveras et al., 2005; Schmidt et al., 2005). No entanto, estudos realizados para

conhecer a associação entre o tipo de restaurante frequentado e IMC das crianças,

mostram não haver uma associação estatisticamente significativa entre estas duas

variáveis (Ayala et al., 2008). Jeffery et al. (2006) num estudo realizado em crianças

constatou que o facto de irem comer aos restaurantes fast food está associado com o

aumento do IMC.

Preços

No que respeita à influência dos preços dos alimentos nas escolhas e hábitos

alimentares, apesar de ainda não ter sido muito explorada, alguns estudos tem vindo a

constatar que o preço é um fator de extrema importância (Andreyeva et al., 2010; Sturm

e Datar, 2011) e que pode estar associado ao IMC em algumas faixas etárias.

Um estudo realizado por Chou e seus colaboradores (2004) mostrou que os

adultos eram sensíveis ao preço dos alimentos quer para consumo de casa, quer em

restaurantes.

Em adolescentes, resultados de vários estudos mostram que estes jovens

apresentam sensibilidade aos preços de fast food (Powell et al., 2007; Auld e Powell,

2009; Powell, 2009) assim sendo, estes resultados sugerem que quanto mais elevados

forem os preços de fast food menores vão ser os valores de IMC dos adolescentes. No

entanto, para as crianças não foram encontradas associações estatisticamente

significativas entre obesidade e preços de fast food (Sturm e Datar, 2005; Powell e Bao,

2009). Por outro lado, os preços elevados de frutas e vegetais foram associados a

maiores valores de IMC (Sturm e Datar, 2005, 2008; Powell e Bao, 2009).

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10

Um estudo realizado por Drewnoski et al. (2004) demonstrou que as dietas ricas

em açúcar e gorduras representavam um custo inferior para o consumidor.

Contrariamente, as dietas saudáveis ficam mais dispendiosas.

Neste seguimento de ideias, a redução dos preços dos alimentos saudáveis é uma

estratégia eficaz de saúde pública que deve ser implementada a fim de incentivar a

compra destes produtos (Andreyeva et al., 2010; French, 2003).

Através da recolha bibliográfica, apercebemo-nos que os estabelecimentos de

restauração podem ter uma influência considerável na dieta alimentar das crianças.

Assim, sabendo que cidade de Coimbra é constituída por um grande número de

estabelecimentos de restauração de vários tipos, achámos pertinente explorar a questão

do ambiente alimentar como fator promotor de obesidade infantil nesta cidade.

Objetivos e hipóteses

Um dos principais objetivos deste estudo foi conhecer a associação entre

obesidade ou z-scores de IMC e a existência, proximidade e densidade de três tipos de

estabelecimentos de restauração (Cafés/Pastelarias/Doçarias, Fast Food, Restaurantes)

na área residencial da criança. A nossa hipótese preliminar sugere que estes três tipos de

acessibilidade aos estabelecimentos de restauração de qualquer tipo podem influenciar o

aparecimento de obesidade na criança. O segundo objetivo foi investigar se o facto da

criança frequentar determinados tipos de estabelecimentos de restauração poderia ser

um fator promotor de obesidade. A nossa hipótese para este objetivo é que as crianças

que frequentam determinado tipo de estabelecimentos têm maior probabilidade de ser

obesas do que as que não frequentam. O terceiro objetivo, não menos importante que os

anteriores, prende-se com a compreensão da associação entre z-scores de IMC das

crianças e preços de menus saudáveis e não saudáveis de lanches e de refeições rápidas.

A nossa hipótese inicial aponta para uma associação positiva estatisticamente

significativa entre os z-scores de IMC e os menus saudáveis, e para uma associação

negativa estatisticamente significativa entre os z-scores de IMC e os menus não

saudáveis.

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11

Material e Métodos

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12

Material e Métodos

Seleção da amostra

Crianças

Para a realização deste estudo, recorreu-se a dados obtidos através de um

questionário e de medidas antropométricas do projeto PTDC/SAU-ESA/70526/2006:

Estudo Nacional de Prevalência de Obesidade Infantil em Portugal, alterações de

2002 a 2009: avaliação dos efeitos do estilo de vida e do ambiente, que foi aprovado

pela Direção Regional de Educação do Centro e, subsequentemente, apresentado aos

agrupamentos escolares do município de Coimbra, selecionados para o efeito e que

aceitaram participar no estudo. No âmbito do projeto atrás referido, as escolas foram

selecionadas aleatoriamente de entre todas as escolas de Coimbra de acordo com o total

de crianças existentes.

Questionário

O questionário sociodemográfico, aprovado pela Direção Geral de Inovação e

Desenvolvimento Curricular e, subsequentemente, apresentado aos agrupamentos

escolares do município de Coimbra, foi distribuído a todas as crianças a fim de ser

preenchido pelos respetivos encarregados de educação.

Este questionário incide em dados relativos às características e hábitos da

criança e da família, bem como informações respeitantes à perceção dos encarregados

de educação relativamente ao ambiente residencial (ver anexo). Além disto, foi ainda

pedida a morada da criança (rua).

Medidas antropométricas

As medidas antropométricas foram recolhidas entre Março e Julho de 2009 em

13 escolas básicas e 8 jardins de infância da cidade de Coimbra. Para tal recolha, apenas

foram examinadas crianças saudáveis, com questionário preenchido e com a respetiva

autorização de participação no estudo assinada pelo encarregado de educação.

Foram observadas 1964 crianças, de ambos os sexos, com idades compreendidas

entre os 2 e os 12 anos. No entanto, para o presente estudo apenas vão ser tidas em

consideração 847 crianças, visto só se poder estudar as crianças saudáveis, cujos

encarregados de educação preencheram a morada no inquérito, que tenham idades

compreendidas entre os 6 e 10 anos, e que pertençam às seguintes freguesias: Sé Nova,

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13

Santa Cruz, Eiras, São Martinho do Bispo, Santa Clara, Santo António dos Olivais,

Ribeira de Frades e Taveiro.

As medidas antropométricas recolhidas foram as seguintes: prega tricipital,

prega subescapular, prega suprailiaca, perímetro abdominal, perímetro da parte superior

do braço, peso, altura, altura sentado e tensão arterial.

O equipamento utilizado foi pela respetiva ordem: adipómetro, fita métrica,

balança analógica com precisão de 100gr, estadiómetro e medidor de tensão arterial

digital. No momento das medições, as crianças ficaram descalças e com o mínimo de

roupa possível.

Neste estudo, utilizaram-se apenas os valores de peso e altura para determinar o

índice de massa corporal (IMC), calculado através da seguinte fórmula:

IMC = Peso(kg)/Altura2(m)

Para a avaliação do estado nutricional das crianças recorreu-se aos pontos de

corte propostos por Cole et al. (2000), baseados num estudo realizado em seis países

(Estados Unidos, Brasil, Grã-Bretanha, Hong Kong, Holanda e Singapura), e ajustados

ao sexo e à idade. Estes pontos de corte internacionais de IMC para excesso de peso e

obesidade, foram calculados por sexo, para cada intervalo de 0.5 anos, entre os 2 e os 18

anos e foram ajustados aos valores de corte correspondentes aos 25 kg/m2 e 30 kg/m

2

normalmente utilizados para determinar, respetivamente, a prevalência de excesso de

peso e obesidade em adultos (Cole et al., 2000).

A International Obesity Task Force (IOTF) recomenda a utilização destes

pontos de corte, uma vez que, em termos metodológicos permitem análises

comparativas de prevalência de excesso de peso e obesidade em crianças e jovens (Cole

et al., 2000).

Foram também calculados os z-scores de IMC recomendados pela Organização

Mundial de Saúde, que nos permitiram ajustar o IMC em função do sexo e idade.

Estabelecimentos de Restauração e Bebidas

Para este trabalho de investigação foram considerados todos os estabelecimentos de

restauração e bebidas (n=640) existentes em 2009, nas seguintes freguesias da cidade de

Coimbra: Sé Nova, Santa Cruz, Eiras, São Martinho do Bispo, Santa Clara, Santo

António dos Olivais, Ribeira de Frades e Taveiro. De ressalvar, que nem a freguesia de

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14

Eiras nem a de Taveiro foram completamente estudadas, uma vez que tivemos em conta

apenas a área residencial da criança (buffer de 250 m).

Trabalho Etnográfico

O trabalho de campo nos estabelecimentos de restauração e bebidas foi realizado

entre os meses de Novembro de 2011 e Março de 2012. Foi utilizado um guião modelo

(ver anexo) igual para cada estabelecimento, onde foram anotadas todas as informações

recolhidas através do proprietário do estabelecimento ou funcionário com a devida

autorização.

Este trabalho consistiu em fazer uma entrevista estruturada “in loco” em todos

os estabelecimentos, e fazer uma apreciação das características do interior e exterior do

mesmo. A entrevista foi estruturada em duas partes. Na primeira, as perguntas foram de

resposta curta, incidindo em questões relativas à disponibilidade de produtos saudáveis

e não saudáveis, oferta de determinados serviços, informações sobre pratos do dia,

menus e preços; na segunda parte, as perguntas foram de resposta aberta mas

direcionada para saber o que as crianças costumam comer e beber e que produtos são

mais vendidos ou levados para casa. Nesta parte a pergunta adequava-se ao tipo de

estabelecimento que se estava a entrevistar.

Devido à falta de disponibilidade de alguns proprietários para realizar a

entrevista e ao encerramento de alguns estabelecimentos, apenas foi possível fazer a

recolha de dados e realização da entrevista em 355 estabelecimentos.

No presente estudo, apenas foram consideradas as questões relativas aos preços

de produtos constituintes dos lanches e de comida fast food. Em colaboração com uma

nutricionista, foram selecionados nove produtos, e consequentemente criados dois

grupos, um com produtos saudáveis e outro com produtos não saudáveis, de modo a

fazer menus de lanches saudáveis (néctar e sandes de queijo; leite branco e sandes de

queijo; sumo natural e sandes de queijo) e não saudáveis (refrigerante e salgado;

refrigerante e bolo; refrigerante e sandes de fiambre; refrigerante e torrada). Além disto,

foram ainda selecionados mais cinco produtos, a fim de fazer combinações para menus

de refeição (hambúrguer e refrigerante; hambúrguer, refrigerante e sopa; salada fria e

néctar; baguete e refrigerante).

Depois desta seleção, foi calculado o preço médio de cada produto por freguesia

e com esses valores calculou-se o preço dos menus também por freguesia.

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15

Estes dados permitiram-nos assim, aceder aos preços praticados nas diversas

freguesias, bem como a disponibilidade dos vários produtos.

Foi feita, outra seleção apenas entre cadeias de franchising que vendessem

produtos idênticos aos referidos anteriormente para os menus de refeição. Recolheu-se o

preço individual de cada produto em cada estabelecimento, criando-se menus iguais aos

anteriores, e foi ainda anotado o preço dos menus sugeridos pelos estabelecimentos.

Com estes dados pretendemos comparar os preços de menus de refeição em snack-bares

e cadeias de franchising.

Georreferenciação

Local de residência

Neste trabalho de investigação, utilizou-se uma base de dados, onde todas as

crianças da amostra se encontram georreferenciadas a partir do seu local de residência.

Uma vez que no questionário era solicitado apenas o nome da rua, cada criança teve de

ser georreferenciada no centro da respetiva rua, visto não ser possível determinar com

precisão a sua residência. Assim, conseguimos localizar as crianças espacialmente e

observar a sua distribuição geográfica de acordo com o IMC, permitindo-nos ver as

variações espaciais de obesidade infantil nestas freguesias da cidade de Coimbra (Figura

1 em anexo).

Estabelecimentos

Tal como aconteceu para as crianças, também os estabelecimentos estão

organizados numa base de dados, onde todos eles estão georreferenciados com precisão.

Para obter uma visão espacial destas georreferenciações, foram construídos

mapas, recorrendo a um sistema de informação geográfica denominado ArcMap10

(versão 10 do ArcGis). Estes mapas permitiram-nos analisar espacialmente a densidade

e proximidade dos estabelecimentos de restauração na área residencial da criança,

correspondente a um buffer euclidiano de 250 metros criado a partir de um ponto central

(casa da criança) (Figura 2 em anexo).

Para a realização dos objetivos pretendidos, os estabelecimentos de restauração

(n=640) foram organizados nas três categorias seguintes: Cafés/Pastelarias/Doçarias,

Fast Food, Restaurantes. Tendo em conta que muitos dos estabelecimentos pertenciam

a mais que uma categoria, houve a necessidade de fazer duplicação de pontos para que a

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16

análise fosse mais precisa, ficando um total de 878 estabelecimentos (437 pastelarias,

182 fast food e 259 restaurantes).

A primeira categoria, “Cafés/Pastelarias/Doçarias”, diz respeito, a todos os

estabelecimentos que vendem bebidas, bolos, salgados, gelados, e outros doces.

Por Fast Food, entende-se qualquer estabelecimento que venda comida rápida,

altamente processada, de fraco valor nutricional e de ingestão rápida, como baguetes

(atum, panado, …), hambúrgueres, cachorros, pizas, batatas fritas, entre outras. Nesta

categoria incluem-se os snack-bares e as cadeias de franchising com este tipo de comida

(ex: McDonald’s, Burguer King, Pizza Hut, Telepizza, KFC, Pans & Companhia, Casa

das Sandes,…).

Na terceira categoria, incluem-se todos os estabelecimentos que vendam comida

mais elaborada, preparada com pormenor, durante mais tempo, que sejam de ingestão

lenta e com alto valor nutricional, tal como, os restaurantes tradicionais e cadeias de

franchising com este tipo de comida (ex: Páteo, Frango da Guia, Vitaminas &

Companhia, Sopas & Sopas…).

Análise de dados

O conjunto dos dados recolhidos através do inquérito e da entrevista foram

organizados e tratados no programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences),

versão 19.0.

Variáveis dependentes

Foram utilizadas duas variáveis dependentes (nominal e continua), que se

baseiam nos valores de IMC, calculados através do peso e altura das crianças, tendo em

conta os pontos de corte recomendados pela IOTF, ajustados ao sexo e à idade. A

variável nominal foi categorizada a partir destes valores, considerando-se duas

categorias - crianças com peso normal (0) e crianças obesas (incluindo excesso de peso)

(1) – e, a variável contínua foi calculada convertendo-se o IMC em z-scores de IMC, de

modo a estandardizar para o sexo e idade.

Variáveis independentes

Neste estudo foram utilizadas as seguintes variáveis independentes: existência

(1), proximidade (2) e densidade (3) de estabelecimentos de restauração num buffer

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17

euclidiano de 250 metros a partir do local de residência da criança; densidade de

estabelecimentos nas freguesias de Coimbra (4); ir ou não aos diferentes tipos de

estabelecimentos (5); e preços de produtos saudáveis, não saudáveis e de refeições

rápidas (6). As primeiras três variáveis foram criadas no software ArcGis, (versão 10),

ao traçar buffers euclidianos de 250m a partir do local de residência da criança, sendo as

distâncias calculadas em linha reta. Posteriormente, estas informações foram exportadas

para o SPSS.

A primeira variável (1) (nominal), foi categorizada em 0 (não existem

estabelecimentos num raio de 250m do local de residência da criança) e 1 (existe 1 ou

mais estabelecimentos num raio de 250m do local de residência da criança).

Para a segunda variável (2) (categórica), calcularam-se os quartis das distâncias

para os três tipos de estabelecimentos e criou-se uma variável categórica de 1 a 4, sendo

o número 1 equivalente à distância mais próxima da residência da criança e o número 4

à maior distância.

A fim de se criar a terceira variável (3) (numérica), utilizou-se o número de

estabelecimentos (de cada tipo) existentes em cada buffer de 250m, atribuindo-se a cada

criança uma densidade para cada tipo de estabelecimentos.

A quarta variável (4) (numérica) que representa o número de estabelecimentos

na freguesia por 1000 habitantes, foi calculada através da seguinte fórmula: Densidade

(ρ) = (nº total de estabelecimentos na freguesia/nº de habitantes residentes na respetiva

freguesia2) x 1000 habitantes. Tal como na variável anterior, esta densidade também foi

calculada para cada tipo de estabelecimento (cafés/pastelarias/doçarias, fast food,

restaurantes). Estes valores foram posteriormente, associados a cada criança de acordo

com a freguesia a que pertencem.

Para a quinta variável (5) (nominal), fez-se uma categorização em 0 (não vai ao

estabelecimento) e 1 (vai ao estabelecimento), para cada tipo de estabelecimento. Nesta

variável a categorização dos estabelecimentos é diferente da referida anteriormente,

considerando-se cinco categorias: restaurantes portugueses, snack-bares, fast food

(cadeias de franchising) e pizarias.

2 Estes dados encontram-se na Tabela 1 em anexo.

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18

Para criar a sexta variável, calculou-se a média de preço de cada produto por

freguesia e posteriormente associaram-se estes valores a cada criança de acordo com a

freguesia a que pertencem.

Análise estatística

Inicialmente foi realizada uma análise descritiva para a caracterização da

amostra e da prevalência de excesso de peso e obesidade.

Para verificar se existiam associações significativas entre ser-se obeso e a

existência de estabelecimentos de restauração na área residencial da criança, fez-se uma

análise de regressão logística com intervalo de confiança (I.C.) de 95%, para cada tipo

de estabelecimento, ajustada aos clusters das escolas, sexo, idade e grau de instrução do

pai e da mãe. A mesma análise foi realizada para investigar a associação entre ir a cada

tipo de estabelecimentos e apresentar obesidade. Estas análises foram feitas a nível da

cidade de Coimbra no geral e também a nível das freguesias.

A Análise de variância simples (One-way ANOVA) foi utilizada para comparar

os z-scores de IMC e distâncias entre a residência da criança e o estabelecimento mais

próximo (proximidade), a nível da cidade. Uma vez que o número de crianças por

freguesia é reduzido e que a variável independente não tem distribuição normal, houve a

necessidade de recorrer ao teste de Kruskall-Wallis (teste não paramétrico) para fazer a

análise a nível das freguesias.

Para examinar a associação entre obesidade e densidade de estabelecimentos na

área residencial da criança, utilizou-se o T-teste. A regressão linear, ajustada ao grau de

instrução do pai e da mãe, foi utilizada para verificar se havia uma associação

significativa entre os z-scores de IMC e densidade de estabelecimentos por 1000

habitantes, em cada freguesia.

Por fim, fez-se uma regressão linear, ajustada ao grau de instrução do pai e da

mãe para verificar se existe uma associação significativa entre os z-scores de IMC e

preços de menus saudáveis, não saudáveis e menus de refeição.

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19

Referências Bibliográficas

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Page 37: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

27

Artigo

Associação entre ambiente alimentar na área residencial e

obesidade infantil: Restauração.

Page 38: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

28

Resumo

Objetivos: Nos últimos anos, o ambiente alimentar tem vindo a ser identificado como

um potencial fator que influencia o desenvolvimento da obesidade infantil. Este estudo

visa conhecer a associação entre obesidade infantil e acessibilidade a estabelecimentos

de restauração na área residencial da criança. Também, saber se o fato da criança

frequentar determinados tipos de estabelecimentos de restauração poderá ser um fator

promotor de obesidade. Por último, pretendemos conhecer a associação entre os

z-scores de IMC das crianças e preços de menus saudáveis e não saudáveis de lanche e

de refeição.

Material e Métodos: Para este estudo foram considerados os valores de IMC e os

questionários sociodemográficos de 847 crianças (6-10 anos) de Coimbra, e dados de

uma recolha etnográfica a 640 estabelecimentos de restauração. As crianças foram

georreferenciadas a partir do código postal de casa e os estabelecimentos de restauração

também foram georreferenciados e introduzidos no software ArcGis (versão 10) tal

como as crianças. Neste estudo foram utilizadas regressões logísticas, lineares, análise

de variância simples (One-way ANOVA), teste de Kruskall-Wallis e o T-teste.

Resultados: A associação entre obesidade infantil, existência e densidade de

estabelecimentos de restauração na área residencial da criança não foi estatisticamente

significativa. Foi encontrada uma associação estatisticamente significativa não para a

cidade de Coimbra, mas para a freguesia da Sé Nova entre os z-scores de IMC e a

proximidade de estabelecimentos de restauração (p=0,027). Outro resultado mostra-nos

que as crianças que frequentam os snack-bares de Coimbra têm mais probabilidade de

vir a ser obesas do que aquelas que não frequentam (OR=1,412; 95%IC [1,035-1,926];

p=0,032) e as de São Martinho do Bispo que frequentam as pizarias estão protegidas

contra a obesidade (OR=0,332; 95%IC [0,112-0,980]; p=0,047). Quanto aos preços dos

menus de lanche e de refeição não foram encontradas associações estatisticamente

significativas entre estes e os z-scores de IMC.

Conclusão: Ao analisarmos os nossos resultados, notamos que a relação entre

obesidade e ambiente alimentar é muito complexa. Portanto para fazer uma boa

intervenção em obesidade infantil temos de tratar cada freguesia como única em virtude

de diferenças sociais, culturais e económicas.

Palavras-Chave: Obesidade Infantil; Estabelecimentos de Restauração; Proximidade;

Densidade; Preços.

Page 39: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

29

Summary

Objectives: In the last years, the food environment has been identified as a potential

factor that influences the development of childhood obesity. This study aims to examine

the association between obesity and accessibility to catering establishments in the

residential area of the child. We had as an objective the verification whether the fact that

the child attends certain types of catering establishments may be a factor promoting

obesity. Finally, we wanted to study the association between the children's body mass

and healthy versus unhealthy choice’s prices of the meals and snack menus.

Material and methods: For this study were considered the IMC and the demographic

questionnaires of 847 children (6-10 years old) from Coimbra, and data from an

ethnographic collection from 640 catering establishments. Both children (using postal

codes) and catering establishments (using gps records) were georeferenced and

introduced in ArcGis software (version 10). In this study were used logistic regression,

linear regression, simple analysis of variance (One-way ANOVA), Kruskall-Wallis test and

student T-test.

Results: The association between obesity, existence and density of catering

establishments in the residential area of the child was not statistically significant.

Statistically significant association was found not to the city of Coimbra, but to the

parish of Sé Nova between z-scores of BMI and the proximity of catering

establishments (p = 0.027). Another result showed that children who attend the Coimbra

snack bars are more likely to be obese than those who do not attend (OR = 1.412; 95%

CI [1.035 -1.926]; p = 0.032) and in São Martinho do Bispo children attending the

pizzerias are protected against obesity (OR = 0.332; 95% CI [0.112 -0.980]; p = 0.047).

As for the prices of meal and snack menus no statistically significant associations were

found between these and the z-scores of BMI.

Conclusion: Our results demonstrate that the relationship between obesity and food

environment is very complex. So in order to make a good intervention in childhood

obesity we must treat each parish as unique and act locally.

Keywords: Childhood obesity; Catering establishments; Proximity; Density; Prices.

Page 40: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

30

Introdução

Segundo a Organização Mundial de Saúde (2012), em alguns países a obesidade

infantil desde 1980 já triplicou. Estima-se que 170milhões de criança e adolescentes

(menores de 18 anos) em todo o mundo apresentem excesso de peso (WHO, 2012).

A nível europeu, encontra-se a mesma realidade, a IOTF estima que 12 milhões

de crianças em idade escolar apresentem excesso de peso ou obesidade.

Em Portugal, estudos também têm vindo a revelar prevalências de obesidade

infantil elevadas. Padez et al. (2004) mostrou uma prevalência de obesidade infantil a

nível nacional de 31,5%. Em 2008, dados publicados pela IASO relativos a Portugal

mostram também prevalências elevadas tanto para os rapazes (23,5%) como para as

raparigas (21,6%).

Nestas últimas décadas temos assistido a um aumento do consumo de energia

diária (Powell e Han, 2010) que se deve maioritariamente a um comportamento

alimentar cada vez mais frequente nos dias de hoje - comer fora de casa (Ayala et al.,

2008). Isto implica que as pessoas venham a ter uma dieta de baixo valor nutricional,

mais densa em calorias e em gorduras saturadas e sal (Prentice e Jebb, 2003; Guthrie et

al., 2002).

Deste modo os estabelecimentos de restauração (ambiente alimentar) são um

fator ambiental que pode afetar a saúde da população e ser um risco para o

desenvolvimento da obesidade infantil. Assim, alguns estudos têm vindo a explorar a

associação entre obesidade e acessibilidade (densidade/proximidade) a estes

estabelecimentos na área residencial. Ao estudar a associação entre obesidade infantil e

estes dois tipos de acessibilidade, apenas dois estudos encontraram uma associação

estatisticamente significativa (Fraser et al., 2010; Timperio et al., 2008) A maioria deles

revela não haver qualquer associação entre estas duas variáveis em crianças (Burdette e

Whitaker, 2004; Strum et al., 2005; Crawford et al., 2008; Fraser et al., 2010).

Outro dos aspetos que tem vindo a ser explorado refere-se à associação entre

obesidade infantil e consumo alimentar em determinados estabelecimentos de

restauração. Assim, estudos têm vindo a mostrar que crianças que comem fast food

consomem mais calorias comparativamente com as que não comem (Taveras et al.,

2005; Schmidt et al., 2005). Relativamente ao tipo de estabelecimento frequentado,

Page 41: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

31

Jeffery et al. (2006) encontraram uma associação entre comer nos restaurantes fast food

e aumento de IMC.

O preço dos alimentos é outro dos fatores que os investigadores acreditam estar

a influenciar a obesidade infantil, uma vez que pode influenciar as escolhas alimentares

(Andreyeva et al., 2010; Sturm e Datar, 2011). Estudos têm vindo a revelar que os

preços elevados de frutas e vegetais estão associados com maiores valores de IMC nas

crianças (Sturm e Datar, 2005, 2008; Powell e Bao, 2009). Contudo quando se estudou

a relação entre obesidade e preços de fast food, não foram encontradas associações

estatisticamente significativa (Sturm e Datar, 2005; Powell et al., 2009).

Assim, sabendo que cidade de Coimbra é constituída por um grande número de

estabelecimentos de restauração de vários tipos, e que ainda não existem estudos nesta

área em Portugal, achámos pertinente explorar a questão do ambiente alimentar nesta

cidade.

O primeiro objetivo deste estudo foi conhecer a associação entre obesidade ou

z-scores de IMC e a existência, proximidade e densidade de três tipos de

estabelecimentos de restauração (Cafés/Pastelarias/Doçarias, Fast Food, Restaurantes)

na área residencial da criança. A nossa hipótese preliminar sugere que estes três tipos de

acessibilidade aos estabelecimentos de restauração de qualquer tipo podem influenciar o

aparecimento de obesidade na criança. O segundo objetivo foi investigar se o facto da

criança frequentar determinados tipos de estabelecimentos de restauração poderia ser

um fator promotor de obesidade. A nossa hipótese para este objetivo é que as crianças

que frequentam determinado tipo de estabelecimentos têm maior probabilidade de ser

obesas do que as que não frequentam. O terceiro objetivo, não menos importante que os

anteriores, prende-se com a compreensão da associação entre os z-scores de IMC das

crianças e preços de menus saudáveis e não saudáveis de lanche e de refeição. A nossa

hipótese inicial aponta para uma associação positiva estatisticamente significativa entre

os z-scores de IMC e os menus saudáveis, e para uma associação negativa

estatisticamente significativa entre os z-scores de IMC e os menus não saudáveis.

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32

Material e Métodos

Foram utilizados os dados obtidos através de exames antropométricos e de

questionários sociodemográficos do projeto PTDC/SAU-ESA/70526/2006: Estudo

Nacional de Prevalência de Obesidade Infantil em Portugal, alterações de 2002 a

2009: avaliação dos efeitos do estilo de vida e do ambiente, que foi aprovado pela

Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular e, subsequentemente,

apresentado aos agrupamentos escolares do município de Coimbra, selecionados para o

efeito e que aceitaram participar no estudo. No âmbito do projeto atrás referido, as

escolas foram selecionadas aleatoriamente de entre todas as escolas de Coimbra de

acordo com o total de crianças existentes.

As medidas antropométricas foram recolhidas entre Março e Julho de 2009 em

13 escolas básicas e 8 jardins-de-infância da cidade de Coimbra. Para este estudo,

apenas foram consideradas as crianças saudáveis, com questionário preenchido com a

respetiva morada, autorização de participação no estudo assinada pelo encarregado de

educação, com idades compreendidas entre os 6 e 10 anos, e que pertençam às seguintes

freguesias: Sé Nova, Santa Cruz, Eiras, São Martinho do Bispo, Santa Clara, Santo

António dos Olivais, Ribeira de Frades e Taveiro (n=847).

Para este trabalho de investigação foram também considerados todos os

estabelecimentos de restauração (n=640) existentes em 2009, nas freguesias acima

referidas. Entre os meses de Novembro de 2011 e Março de 2012 entrevistaram-se os

proprietários dos estabelecimentos ou funcionários com a devida autorização, utilizando

um guião modelo igual para cada estabelecimento, constituído por questões relativas à

disponibilidade de produtos saudáveis e não saudáveis e preços.

Os estabelecimentos de restauração (n=640) foram georreferenciados,

introduzidos no software ArcGis (versão 10) e organizados em três categorias –

Cafés/Pastelarias/Doçarias, Fast Food, Restaurantes. Como muitos pertenciam a mais

que uma categoria, houve a necessidade de fazer duplicação de pontos para que a

análise fosse mais precisa, ficando um total de 1070 estabelecimentos (512 pastelarias,

235 fast food e 323 restaurantes).

Page 43: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

33

Variável dependente

As variáveis dependentes têm por base os valores de IMC, calculados através do

peso e altura das crianças, tendo em conta os pontos de corte recomendados pela IOTF,

ajustados ao sexo e à idade (Cole et al., 2000).

A variável nominal foi categorizada a partir destes valores, considerando-se duas

categorias - crianças com peso normal (0) e crianças com obesidade (incluído excesso

de peso) (1). Posteriormente, foi introduzida no software ArcGis (versão 10) para

conseguimos localizar as crianças espacialmente e observar a sua distribuição

geográfica de acordo com o IMC (Figura 1 em anexo).

A variável contínua foi calculada convertendo-se o IMC em z-scores de IMC.

Variável independente

Neste estudo foram utilizadas as seguintes variáveis independentes: existência

(1), proximidade (2) e densidade (3) de estabelecimentos de restauração na área

residencial da criança (buffer euclidiano de 250m); densidade de estabelecimentos nas

freguesias de Coimbra (4); ir ou não aos diferentes tipos de estabelecimentos (5); e

preços de produtos saudáveis, não saudáveis e de refeições rápidas (6),

As primeiras três variáveis foram criadas no software ArcGis, (versão 10), ao

traçar buffers euclidianos de 250m a partir do local de residência da criança, sendo as

distâncias calculadas em linha reta. Posteriormente, estas informações foram exportadas

para o SPSS.

A primeira variável (1) (nominal), foi categorizada em 1 e 0 (existem ou não

existem estabelecimentos num raio de 250m do local de residência da criança). Para a

segunda variável (2) (categórica), calcularam-se os quartis das distâncias para os três

tipos de estabelecimentos e criou-se uma variável categórica de 1 a 4 (1-mais próximo;

4-mais distante). Na terceira variável (3) (numérica), utilizou-se o número de

estabelecimentos (de cada tipo) existentes em cada buffer de 250m, atribuindo-se a cada

criança uma densidade para cada tipo de estabelecimentos. A quarta variável (4)

(numérica) foi calculada para cada tipo de estabelecimento através da seguinte fórmula:

Densidade (ρ) = (nº total de estabelecimentos na freguesia/nº de habitantes residentes na

respetiva freguesia) x 1000 habitantes. Estes valores foram posteriormente, associados a

cada criança de acordo com a freguesia a que pertenciam. A quinta variável (5)

(nominal), foi categorizada para cada tipo de estabelecimento em 1 e 0 (vai ou não vai

Page 44: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

34

aos diferentes tipos de estabelecimentos de restauração). A sexta variável (6) foi criada

através da média de preços de cada produto por freguesia e, posteriormente associaram-

se estes valores a cada criança de acordo com a freguesia a que pertenciam.

Análise estatística

Inicialmente foi realizada uma análise descritiva para a caracterização da

amostra e da prevalência de obesidade e excesso de peso.

Posteriormente, criou-se um modelo de regressão logística com intervalo de

confiança (I.C.) de 95%, para cada tipo de estabelecimento, ajustado aos clusters das

escolas, sexo, idade e grau de instrução do pai e da mãe, para verificar se existiam

associações estatisticamente significativas entre obesidade infantil e existência de

estabelecimentos de restauração na área residencial da criança. A mesma análise foi

realizada para investigar a associação entre ir a cada tipo de estabelecimentos e ter

obesidade. Estas análises foram feitas a nível da cidade de Coimbra no geral e também a

nível das freguesias.

Para comparar os z-scores de IMC e as distâncias entre a residência da criança e

o estabelecimento mais próximo (proximidade) ao nível da cidade, foi realizada uma

análise de variância simples (One-way ANOVA) e ao nível das freguesias recorremos

ao teste de Kruskall-Wallis.

Para examinar a associação entre obesidade e densidade de estabelecimentos na

área residencial da criança, utilizou-se o T-teste. Foi também utilizada uma regressão

linear, ajustada ao grau de instrução do pai e da mãe, para verificar se havia uma

associação estatisticamente significativa entre os z-scores de IMC e a densidade de

estabelecimentos por 1000 habitantes, em cada freguesia.

Por último, fez-se uma regressão linear, ajustada ao grau de instrução do pai e da

mãe para verificar se existe uma associação estatisticamente significativa entre os

z-scores de IMC e preços de menus saudáveis, não saudáveis e menus de refeição.

Page 45: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

35

Resultados

Descrição da amostra

A amostra estudada é constituída por 847 crianças, com idades compreendidas

entre os 6 e os 10 anos, sendo 47,8% (n= 405) do sexo masculino e 52,2% (n= 442) do

sexo feminino. Destas crianças 29,8% (n= 252) têm obesidade. Relativamente ao sexo

masculino, 25,2% (n= 102) apresentam obesidade e no que toca ao sexo feminino,

33,9% (n= 150) têm obesidade.

Foi efetuada inicialmente uma análise de distribuição das crianças de peso

normal e obesas pelas diferentes freguesias (Figura 1 em anexo). Como se pode

verificar na Figura 1, as freguesias de Coimbra que apresentam maior prevalência de

obesidade infantil são Santa Cruz (60%), Santa Clara (40,7%) e São Martinho do Bispo

(35,3%). Pelo contrário, as freguesias que apresentam prevalências mais baixas de

obesidade infantil são Taveiro (15,4%) e Sé Nova (24,7%).

Figura 1 – Representação da prevalência de Obesidade Infantil nas freguesias de Coimbra.

Page 46: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

36

Relativamente ao nível de instrução dos pais, 8,5% das mães e 13,2% dos pais

têm o 1º e 2º ciclo; 10,6% das mães e dos pais têm o 3º ciclo concluído; 21,6% das mães

e 21% dos pais fez o secundário; e 58% das mães e 49% dos pais têm um curso

superior. São Martinho do Bispo é a freguesia com mais mães com o 1º e 2º ciclo

(16,6%), seguida de Santa Cruz com uma percentagem muito idêntica (16,7%). Em

relação aos pais, Ribeira de Frades é a freguesia que apresenta maior percentagem de

pais com este nível de instrução (45,8%). Quanto ao 3º ciclo, Taveiro e Ribeira de

Frades são as freguesias com maior percentagem de mães e pais (respetivamente), com

este nível de educação (26,5%; 25%). Relativamente ao secundário, é na freguesia de

São Martinho do Bispo que existe a maior percentagem de pais (29,7%) e mães (34,5%)

com este grau de instrução. As freguesias com maior percentagem de mães e pais com o

ensino superior são a Sé Nova (82%,6; 70,8%) e Santo António dos Olivais (67,9%;

58,3%).

No que respeita aos estabelecimentos de restauração, as freguesias de Santo

António dos Olivais e de Santa Cruz são as que apresentam uma maior percentagem

(43,28%; 18,22%) e Ribeira de Frades e Taveiro são as que apresentam uma

percentagem mais baixa de estabelecimentos (1,37%; 2,85%).

Page 47: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

37

Existência de estabelecimentos de restauração na área residencial da criança

Na Tabela 1, são apresentados os resultados de uma análise de regressão

logística ajustada aos clusters das escolas, sexo, idade e grau de instrução do pai e da

mãe, que mostra a inexistência de associações estatisticamente significativas entre

obesidade infantil e existência de estabelecimentos de restauração (3 categorias) na área

residencial da criança (250m), tanto ao nível da cidade como das freguesias de Coimbra.

Nota: *Não existem dados suficientes para fazer a análise.

Obesidade

OR I.C. p

Cidade de Coimbra

Restaurante 1,143 0,747 - 1,747 0,507

Café/Pastelaria/Doçarias 0,868 0,598 - 1,259 0,422

Fast food 0,985 0,687 - 1,413 0,929

Eiras

Restaurante 1,434 0,187 - 11,018 0,698

Café/Pastelaria/Doçarias 1,434 0,187 - 11,018 0,698

Fast food 4,229 0,856 - 20,893 0,720

Santo António dos Olivais

Restaurante 1,272 0,701 - 2,307 0,385

Café/Pastelaria/Doçarias 0,927 0,594 - 1,445 0,708

Fast food 1,223 0,804 - 1,861 0,307

Ribeira de Frades

Restaurante* - - -

Café/Pastelaria/Doçarias* - - -

Fast food* - - -

Santa Clara

Restaurante 0,845 0,401 - 1,779 0,616

Café/Pastelaria/Doçarias 0,806 0,154 - 4,217 0,772

Fast food 0,653 0,051 - 8,298 0,709

Santa Cruz

Restaurante* - - -

Café/Pastelaria/Doçarias 0,782 0,006 - 100,68 0,901

Fast food* - - -

Sé Nova

Restaurante 0,128 0,001 - 29,941 0,392

Café/Pastelaria/Doçarias* - - -

Fast food 0,531 0,89 - 3,167 0,419

São Martinho do Bispo

Restaurante 1,319 0,494 - 3,524 0,544

Café/Pastelaria/Doçarias 0,733 0,378 - 1,421 0,321

Fast food 0,786 0,306 - 2,021 0,583

Taveiro

Restaurante* - - -

Café/Pastelaria/Doçarias* - - -

Fast food 0,425 0,003 - 62,224 0,678

Tabela 1 - Associação entre obesidade infantil e a existência de estabelecimentos de

restauração na área residencial da criança, na cidade e freguesias de Coimbra.

Page 48: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

38

Proximidade de estabelecimentos de restauração na área residencial da criança

A Tabela 2, reflete os dados resultantes de uma análise de variância simples

(One-way ANOVA) que relaciona os valores de z-scores de IMC das crianças e a

proximidade de estabelecimentos de restauração na área residencial da criança. Não

foram encontradas associações estatisticamente significâncias entre os z-scores de IMC

das crianças e a proximidade de estabelecimentos de restauração na área residencial da

criança.

Tabela 2 - Associação entre z-scores de IMC e a proximidade de estabelecimentos de

restauração na área residencial da criança, na cidade de Coimbra.

Distância

em

quartis

Z-scores de IMC

N Média D.P. F p

Restaurante

1 120 0,573 1,125

0,525 0,665 2 134 0,716 1,037

3 139 0,648 0,979

4 454 0,698 1,093

Café/Pastelaria/Doçarias

1 143 0,672 1,014

0,840 0,472 2 154 0,795 1,132

3 140 0,622 0,997

4 410 0,649 1,090

Fast Food

1 119 0,706 1,037

0,220 0,882 2 115 0,719 1,046

3 113 0,707 0,985

4 500 0,650 1,104

Nota: Categorização da distância: Restaurante: 1 – (≥ 73,705m); 2 – (73,706m – 121,681m); 3 –

(121,682m – 175,276m); 4 – (≤ 175,277m); Café/Pastelaria/Doçaria: 1 – (≥ 50,223m); 2 –

(50,224m – 92,521m); 3 – (92,522m – 146,387m); 4 – (≤ 146,388m); Fast Food: 1 – (≥

63,974m); 2 – (63,975m – 105,451m); 3 – (105,452m – 149,563m); 4 – (≤ 149,563m).

Após uma análise de proximidade de estabelecimentos de restauração na área

residencial ao nível da cidade de Coimbra, foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis para

verificar se existiam associações estatisticamente significativas ao nível das freguesias

(Tabela 3). Ao contrário dos resultados encontrados para a cidade, na freguesia da Sé

Nova encontrou-se uma associação estatisticamente significativa entre os z-scores de

IMC das crianças e a proximidade de estabelecimentos de fast food na área residencial

da criança (p= 0,027).

Page 49: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

39

Tabela 3 - Associação entre z-scores de IMC e a proximidade de estabelecimentos de

restauração na área residencial da criança, nas freguesias de Coimbra.

Nota: Para esta análise utilizaram-se os mesmos quartis da Tabela 2.

**Os valores a negrito rejeitam a hipótese nula (p≤0,05).

Densidade de estabelecimentos de restauração na área residencial da criança e nas

freguesias de Coimbra

A Tabela 4, que relaciona a obesidade infantil e a densidade de estabelecimentos

de restauração na área residencial da criança, mostra-nos que não existem associações

Z-scores de IMC

N Teste Kruskal-Wallis p

Eiras

Restaurante 59 4,767 0,190

Café/Pastelaria/Doçarias 59 2,465 0,482

Fast food 59 2,002 0,572

Santo António

dos Olivais

Restaurante 443 4,741 0,192

Café/Pastelaria/Doçarias 443 1,726 0,631

Fast food 443 3,310 0,150

Ribeira de Frades

Restaurante 18 3,039 0,219

Café/Pastelaria/Doçarias 18 3,044 0,385

Fast food 18 0,009 0,925

Santa Clara

Restaurante 86 1,367 0,713

Café/Pastelaria/Doçarias 86 1,258 0,739

Fast food 86 0,031 0,985

Santa Cruz

Restaurante 15 4,898 0,086

Café/Pastelaria/Doçarias 15 2,657 0,265

Fast food 15 0,595 0,743

Sé Nova

Restaurante 81 0,863 0,834

Café/Pastelaria/Doçarias 81 2,311 0,510

Fast food 81 9,217 0,027

São Martinho do Bispo

Restaurante 119 3,479 0,324

Café/Pastelaria/Doçarias 119 1,321 0,724

Fast food 119 0,902 0,825

Taveiro

Restaurante 26 2,940 0,230

Café/Pastelaria/Doçarias 26 6,055 0,109

Fast food 26 1,815 0,178

Page 50: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

40

estatisticamente significativas entre obesidade infantil e a densidade de

estabelecimentos de restauração na área residencial da criança, na cidade de Coimbra

(para qualquer tipo de estabelecimento).

Tabela 4 - Associação entre obesidade infantil e a densidade de estabelecimentos de

restauração na área residencial da criança, na cidade de Coimbra.

Obesidade

N Média D.P. p

Restaurante

Peso normal 554 2,255 3,300

0,504

Excesso de peso e obesidade 231 2,087 2,974

Café/Pastelaria/Doçaria

Peso normal 554 4,255 4,841

0,582

Excesso de peso e obesidade 231 4,052 4,351

Fast Food

Peso normal 554 1,758 2,651

0,198

Excesso de peso e obesidade 231 1,498 2,401

Como os resultados anteriormente apresentados não foram estatisticamente

significativos para a cidade de Coimbra, quisemos fazer outro tipo de análise ao nível

das freguesias, tendo em conta a densidade de estabelecimentos de restauração por 1000

habitantes.

Analisando a Tabela 5, verificamos que a freguesia com maior densidade de

estabelecimentos de restauração por 1000 habitantes é Santa Cruz e a de menor

densidade de estabelecimentos de restauração por 1000 habitantes é Eiras. No entanto,

quando se analisam as três categorias de estabelecimentos de restauração

individualmente, constata-se que ao nível dos restaurantes, a freguesia com maior

densidade continua a ser Santa Cruz. Contudo, a freguesia com menor densidade de

restaurantes por 1000 habitantes é São Martinho do Bispo. Em relação aos

cafés/pastelarias/doçarias, a maior densidade encontra-se mais uma vez na freguesia de

Santa Cruz e a menor densidade na freguesia de Eiras. Por sua vez, a maior densidade

de restaurantes fast food está também na freguesia de Santa Cruz, ao passo que a menor

densidade de estabelecimentos de fast food por 1000 habitantes se encontra em Ribeira

de Frades.

Page 51: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

41

Tabela 5 - Densidade de estabelecimentos de restauração por 1000 habitantes, nas

freguesias de Coimbra.

Densidade de estabelecimentos por 1000 habitantes

Total de

estabelecimentos Restaurante

Café/Pastelaria/

Doçaria

Fast Food

Eiras 2,40 1,07 1,82 0,74

Santo António dos Olivais 6,78 2,85 4,70 2,21

Ribeira de Frades 4,73 1,05 4,73 0,53

Santa Clara 9,37 3,93 4,33 1,51

Santa Cruz 18,25 9,65 13,16 5,26

Sé Nova 9,49 2,23 6,68 4,30

São Martinho do Bispo 4,17 0,99 3,32 0,71

Taveiro 10,27 5,13 6,67 1,03

Ao utilizarmos uma regressão linear, ajustada ao grau de instrução do pai e da

mãe, para tentar conhecer a associação entre os z-scores de IMC das crianças e a

densidade de estabelecimentos de restauração (para cada categoria) por 1000 habitantes,

na cidade de Coimbra, verifica-se através da Tabela 6 que os resultados não foram

estatisticamente significativos.

Tabela 6 - Associação entre z-scores de IMC e a densidade de estabelecimentos de

restauração por 1000 habitantes, na cidade de Coimbra.

Z-scores de IMC

b I.C. p

Total de estabelecimentos -0,001 -0,031 – 0,028 0,937

Restaurante -0,006 -0,061 – 0,048 0,816

Café/Pastelaria/Doçaria -0,027 -0,073 – 0,020 0,262

Fast Food -0,034 -0,108 – 0,039 0,359

Page 52: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

42

Frequentar ou não os estabelecimentos de restauração na cidade e freguesias de

Coimbra

Para analisar a associação entre obesidade infantil e frequentar ou não os

diferentes tipos de estabelecimentos de restauração, fez-se uma análise de regressão

logística ajustada aos clusters das escolas, idade, sexo e grau de instrução do pai e da

mãe. Os resultados desta regressão, aplicada para a cidade de Coimbra, e também para

as freguesias da amostra, podem ser visualizados na Tabela 7.

Em relação à cidade de Coimbra, encontrou-se uma associação estatisticamente

significativa entre obesidade infantil e frequentar o snack-bar (OR=1,412; 95%IC

[1,035 - 1,926]; p=0,032). Este resultado indica que as crianças que frequentam o snack-

-bar têm uma probabilidade 1,412 vezes maior de virem a ser obesas que as crianças que

não vão comer a este tipo de estabelecimento.

No que respeita às freguesias, os resultados mostram que foi encontrada uma

associação estatisticamente significativa na freguesia de São Martinho do Bispo entre

obesidade infantil e a criança frequenta a pizaria (OR=0,332; 95%IC [0,112 – 0,98];

p=0,047). Contrariamente ao resultado anterior, neste caso as crianças de São Martinho

do Bispo que frequentam a pizaria estão protegidas contra a obesidade em 33% em

relação às que não frequentam.

Tabela 7 - Associação entre obesidade infantil e frequentar ou não os estabelecimentos de

restauração, na cidade e freguesia de Coimbra.

Obesidade

OR I.C. p

Cidade de Coimbra

Restaurante

português 1,503 0,6 - 3,768 0,353

Snack-bar 1,412 1,035 - 1,926 0,032

Fast food 0,853 0,63 - 1,155 0,275

Pizaria 0,709 0,434 - 1,159 0,154

Eiras

Restaurante

português 0,959 0,101 - 9,135 0,968

Snack-bar 2,867 0,744 -11,047 0,111

Page 53: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

43

Continuação da Tabela 7.

Obesidade

OR I.C. p

Fast food 0,605 0,430-2,139 0,201

Pizaria 0,69 0,081 - 5,858 0,703

Santo António dos Olivais

Restaurante

português 3,626 0,278 -47,316 0,281

Snack-bar 1,444 0,785 - 2,656 0,202

Fast food 0,756 0,379 - 1,506 0,376

Pizaria 0,83 0,486 - 1,42 0,447

Ribeira de Frades

Restaurante

português* - - -

Snack-bar* - - -

Fast food* - - -

Pizaria 0,958 0,208 - 4,413 0,914

Santa Clara

Restaurante

português 3,045 0,728 -12,738 0,111

Snack-bar 0,819 0,271 - 2,475 0,688

Fast food 0,748 0,324 - 1,729 0,448

Pizaria 0,573 0,261 - 1,259 0,142

Santa Cruz

Restaurante

português* - - -

Snack-bar 0,376 0,017 - 8,483 0,456

Fast food* - - -

Pizaria* - - -

Sé Nova

Restaurante

português* - - -

Snack-bar 1,398 0,645 - 3,031 0,330

Fast food 1,372 0,218 - 8,635 0,689

Pizaria 0,304 0,025 - 3,729 0,289

São Martinho do Bispo

Restaurante

português 1,61 0,162 -16,011 0,654

Snack-bar 1,258 0,52 - 3,043 0,575

Page 54: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

44

Continuação da Tabela 7.

Nota: *Não existem dados suficientes para fazer a análise.

**Os valores a negrito rejeitam a hipótese nula (p≤0,05).

Preços dos menus de lanches

Ao analisarmos a tabela de preços dos menus de lanche (Tabela 8), verificamos

que existem diferenças de preço entre os menus e entre freguesias. Fazendo uma análise

geral ao nível da cidade, podemos constatar que os menus mais baratos são o menu 2

(sandes de queijo e leite branco) e o menu 5 (bolo e refrigerante), sendo a sua diferença

de 1centimo. Por sua vez, o menu 3 (sandes de queijo e sumo natural) destaca-se dos

restantes pelo seu valor elevado.

Numa análise mais detalhada, ao nível das freguesias, verifica-se que Santo

António dos Olivais apresenta os preços mais caros e Taveiro e Ribeira de Frades têm

os preços mais baixos.

Quando observamos a Tabela de outra forma, comparando os preços dos menus

saudáveis com os não saudáveis, verifica-se que praticamente em todas as freguesias, o

menu 1 (sandes de queijo e néctar) é mais barato que o menu 6 (sandes de fiambre e

refrigerante), e mais caro que todos os outros menus não saudáveis. Em Eiras e Ribeira

de Frades o menu 2 é mais caro que os menus 4, 5 e 7, e na freguesia de Santo António

dos Olivais, é mais caro que os menus 4 e 5. No entanto, nas restantes freguesias, o

menu 2 destaca-se por ser mais barato que os restantes menus não saudáveis. O menu 3,

independentemente da freguesia em que é vendido, é o menu que apresenta valores mais

elevados em comparação com os restantes.

Obesidade

OR I.C. p

Fast food 0,707 0,215 - 2,328 0,532

Pizaria 0,332 0,112 - 0,98 0,047

Taveiro

Restaurante

português* - - -

Snack-bar 0,349 0,03 - 4,043 0,320

Fast food* - - -

Pizaria 1,026 0,096 -10,936 0,979

Page 55: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

45

Tabela 8 - Médias de preços dos menus de lanche saudáveis e não saudáveis na cidade e

freguesias de Coimbra.

Preços médios dos menus de lanche (€)

Saudáveis Não saudáveis

Menu 1 Menu 2 Menu 3 Menu 4 Menu 5 Menu 6 Menu 7

Cidade de Coimbra 2,34 1,94 3,01 2,01 1,93 2,35 2,01

Eiras 2,30 1,93 3,01 1,89 1,82 2,32 1,85

Santo António dos Olivais 2,56 2,11 3,24 2,09 1,97 2,55 2,24

Ribeira de Frades 2,08 1,79 2,32 1,87 1,80 2,12 1,82

Santa Clara 2,38 1,95 3,17 2,07 1,97 2,37 2,05

Santa Cruz 2,26 1,86 3,18 1,96 1,86 2,30 2,06

Sé Nova 2,48 2,07 3,11 2,06 1,99 2,50 2,07

São Martinho do Bispo 2,24 1,84 2,98 2,03 1,91 2,25 1,99

Taveiro 2,01 1,63 2,50 2,02 1,80 2,02 1,85

*Nota: menu 1 – sandes de queijo e néctar; menu 2 – sandes de queijo e leite branco; menu 3 –

sandes de queijo e sumo natural; menu 4 – salgado e refrigerante; menu 5 – bolo e refrigerante;

menu 6 – sandes de fiambre e refrigerante; menu 7 – torrada e refrigerante.

Ao calcularmos a média de preços dos menus de lanche, achamos pertinente

fazer uma regressão linear para ver se haveria associação entre os z-scores de IMC das

crianças e os preços dos menus de lanche. Contudo, os resultados da Tabela 9 mostram-

nos que não existe qualquer associação estatisticamente significativa.

Tabela 9 - Associação entre z-scores de IMC e os preços dos menus de lanche saudáveis e

não saudáveis, na cidade de Coimbra.

Menus Z-scores de IMC

b I.C. p

Saudáveis

Menu 1 – Sandes de queijo e néctar -0,098 -0,613 - 0,416 0,707

Menu 2 – Sandes de queijo e leite branco -0,129 -0,757 - 0,499 0,687

Menu 3 – Sandes de queijo e sumo natural 0,046 -0,356 - 0,449 0,821

Não

saudáveis

Menu 4 – Salgado e refrigerante -0,196 -1,489 – 1,098 0,766

Menu 5 – Bolo e refrigerante 0,254 -1,154 - 1,661 0,724

Menu 6 – Sandes de fiambre e refrigerante -0,123 -0,672 - 0,426 0,660

Menu 7 – Torrada e refrigerante -0,229 -0,785 - 0,327 0,418

Page 56: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

46

Preços de menus de refeição

A Tabela 10 mostra-nos a média de preços dos menus de refeição em snack-

bares da cidade de Coimbra. Numa análise geral, ao nível da cidade, podemos afirmar

que o menu 1 (salada fria e néctar) é mais caro que os restantes e, pelo contrário, o

menu 4 é o mais barato (baguete e refrigerante). Ao nível das freguesias, Santa Clara é a

que apresenta os preços dos menus de refeição mais caros; São Martinho do Bispo é a

freguesia que tem o menu 1 (salada fria e néctar) ao melhor preço (mais barato); já a

freguesia de Ribeira de Fardes é a que apresenta os valores mais baixos em relação aos

menus 2 (hambúrguer e refrigerante) e 3 (hambúrguer, sopa e refrigerante); por fim,

Taveiro é a freguesia que serve o menu 4 (baguete e refrigerante) mais barato. A Tabela

mostra-nos ainda, que não foi encontrado nenhum estabelecimento na freguesia de

Ribeira de Frades e Taveiro que vendesse o menu 1 e que o menu 4 não está disponível

nas freguesias de Ribeira de Frades e Sé Nova.

Tabela 10 - Média de preços dos menus de refeição servidos em snack-bares da cidade e

freguesias de Coimbra.

Preços médios de menus de refeição (€)

Saudáveis Não Saudáveis

Menu 1 Menu 2 Menu 3 Menu 4

Cidade de Coimbra 5,46 3,45 4,71 3,21

Eiras 5,95 3,30 4,54 3,22

Santo António dos Olivais 5,28 3,50 4,90 3,54

Ribeira de Frades - 2,80 3,90 -

Santa Clara 6,51 4,07 5,34 3,46

Santa Cruz 5,41 3,52 4,76 2,91

Sé Nova 6,04 3,43 4,69 -

São Martinho do Bispo 3,58 3,34 4,54 3,33

Taveiro - 3,62 4,97 2,82

*Nota: menu 1 – salada fria e néctar; menu 2 – hambúrguer e refrigerante; menu 3 –

hambúrguer, sopa e refrigerante; menu 4 – baguete e refrigerante.

À semelhança do que fizemos para os menus de lanche, também para os menus

de refeição foi feita uma análise regressão linear para ver se haveria associação entre os

z-scores de IMC das crianças e os preços dos menus de refeição. Através dos resultados

apresentados na Tabela 11, é possível aferir que não existe uma relação estatisticamente

significativa entre os z-scores de IMC das crianças e o preço dos menus de refeição.

Page 57: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

47

Tabela 11 - Associação entre z-scores de IMC e os preços de menus de refeição servidos em

snack-bares da cidade de Coimbra.

Ao analisarmos os preços de menus de refeição servidos em snack-bares,

pensámos que seria importante analisar os preços destes menus também em cadeias de

franchising para ver se existiam diferenças. A Tabela 12, mostra-nos o preço destes

menus em cinco cadeias de franchising diferentes. Ao analisarmos a primeira linha da

Tabela, verifica-se que nem todas as cadeias têm disponíveis os três menus, pois cada

um tem uma especialidade própria. No entanto, apesar de ser o menu mais caro,

consegue-se comer uma salada fria e um néctar em qualquer um dos cinco

estabelecimentos, o que não acontece com os restantes menus. A refeição que fica mais

barata é o hambúrguer com refrigerante comprada no Burguer King. Relativamente ao

menu composto por baguete e refrigerante, a Pans & Company apresenta o preço mais

barato. Por sua vez, o estabelecimento que apresenta a salada fria com néctar mais

barata é a McDonald’s, e pelo contrário, o que apresenta este menu mais caro é o

Vitaminas & C.ª (especializado em saladas frias).

Ao analisarmos a segunda linha da Tabela 12, verificamos que o menu de

baguete com refrigerante fica mais barato na Pans & Company que na Cª das Sandes; o

menu de hambúrguer com batatas fritas e refrigerante fica mais barato no Burguer King

do que na McDonald’s; o menu de salada fria com néctar fica mais barato na

McDonald’s do que Vitaminas & C.ª.

Ao comparar as duas linhas da Tabela nota-se que em relação ao menu de

baguete, compensa mais comprar o menu proposto pelas cadeias uma vez que traz

batatas fritas e a diferença de preços é reduzida. O mesmo acontece em relação ao menu

de hambúrguer, pois apesar da diferença de preços ser superior é mesmo assim

Menus de refeição Z-scores de IMC

b I.C. p

Saudáveis Menu 1 - Salada fria e néctar 0,066 -0,030 - 0,161 0,177

Não Saudáveis

Menu 2 - Hambúrguer e refrigerante 0,302 -0,030 - 0,633 0,074

Menu 3 - Hambúrguer, sopa e refrigerante 0,173 -0,116 - 0,462 0,240

Menu 4 - Baguete e refrigerante 0,139 -0,324 - 0,603 0,556

Page 58: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

48

compensatório, uma vez que trás um acompanhamento (batata frita). Relativamente às

saladas frias verificou-se que só a McDonald’s e a Vitaminas & C.ª é que oferecem

menus, sendo que no caso do primeiro estabelecimento o menu proposto fica mais

barato do que comprar os produtos individualmente e no segundo fica mais caro,

compensando comprar os produtos em separado.

Ao confrontarmos os dados da Tabela 10 com os da Tabela 12, aferimos que os

preços do menu de baguete com refrigerante, servidos nos snack-bares, são mais baratos

que os servidos em cadeias de franchising, verificando-se o mesmo em relação ao menu

de hambúrguer com refrigerante. Em relação ao menu de salada fria com néctar

encontram-se snack-bares nas freguesias de Eiras, Santa Clara e Sé Nova que oferecem

este menu mais caro do que na McDonald’s. Contudo, nenhum destes snack-bares

ultrapassa os preços apresentados na Vitaminas & C.ª.

Tabela 12 - Preços de menus de refeição servidos em cadeias de franchising da cidade de

Coimbra.

Preços de menus em cadeias de franchising (€)

Menus Burguer

King McDonald's

Pans &

company

Cª das

Sandes

Vitaminas

& C.a

Baguete e

refrigerante ₋ ₋ 5,15 5,29 -

Conjugados

pelo

investigador*

Hambúrguer e

refrigerante 5,00 5,20 ₋ ₋ ₋

Salada fria e

néctar 6,00 5,80 6,00 6,30 7,00

Baguete, batatas

e refrigerante - - 5,10 5,49 -

Propostos

pelas cadeias

de

franchising**

Hambúrguer,

batatas e

refrigerante

5,40 5,80 - - -

Salada fria e

néctar/sumo

natural

-*** 5,10 -*** -*** 7,65

Nota: * Estes menus resultaram da soma dos preços individuais dos vários produtos.

** Os preços destes menus têm em conta os menus de tamanho médio.

***Não existe menu relativamente a esta combinação

Page 59: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

49

Discussão

Como pudemos constatar, a nossa amostra é constituída por crianças, com idades

compreendidas entre os 6 e os 10 anos, das quais 29,8% têm obesidade. Relativamente

ao sexo masculino 25,2% apresentam obesidade e no que respeita ao sexo feminino,

33,9% têm obesidade.

Um estudo recentemente publicado, que teve em conta a média de prevalência

de excesso de peso e obesidade infantil em sete países de diferentes pontos da Europa

(Grécia, Hungria, Eslovénia, Espanha, Bélgica, Holanda e Noruega), mostrou que

25,8% dos rapazes e 21,8% das raparigas, com idades entre os 10 e os 12 anos,

apresentavam excesso de peso e obesidade (Brug et al., 2012). Ao compararmos estes

resultados com os nossos, verificamos que ao nível dos rapazes os valores de

prevalência de obesidade são semelhantes. Contudo, no que respeita às raparigas a nossa

prevalência de obesidade é 12,1% superior à encontrada por estes autores.

Padez et al. (2004) em 2002 realizaram um estudo a nível nacional em crianças

dos 7 aos 9 anos, mostrando que 31,5% das crianças portuguesas tinham excesso de

peso ou obesidade, com valores de 29,4% para os rapazes e 33,7% para as raparigas.

A International Association for the Study of Obesity por sua vez, apresentou os

resultados de 2008, resultantes dum estudo realizado a crianças com idades

compreendidas entre os 7 e os 14 anos, em que 23,5% dos rapazes e 21,6% das

raparigas apresentam obesidade (incluindo excesso de peso).

Ao confrontarmos estes resultados com os obtidos para Coimbra, notamos que

em relação a 2002, houve um ligeiro decréscimo no valor de prevalência de obesidade

infantil (nos rapazes diminuiu e nas raparigas os valores são semelhantes). No entanto,

quando olhamos para os valores de prevalência de obesidade infantil de 2008, que têm

em conta uma faixa etária diferente da nossa, verificamos o contrário. Ou seja, os

nossos valores são superiores tanto para os rapazes como para as raparigas. Contudo,

esta diferença pode ser explicada pela diferença de faixas etárias que estamos a

comparar.

Com intuito de perceber melhor quais as razões que estão na etiologia destes

valores elevados de obesidade infantil, esta investigação teve por base compreender se o

ambiente alimentar em redor da área residencial é um fator de risco para a criança vir a

Page 60: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

50

desenvolver obesidade. Tentámos ainda perceber se os preços dos menus de lanches e

de refeições poderiam estar associados com o estado nutricional da criança.

Existência, proximidade e densidade de estabelecimentos de restauração na área

residencial da criança

Na literatura, a maioria dos estudos realizados que pretendem conhecer a

associação entre obesidade infantil e a proximidade ou densidade de estabelecimentos

de restauração na área residencial da criança, enfatizam apenas os restaurantes fast food

(Burdette e Whitaker, 2004; Sturm e Datar, 2005; Timperio et al., 2008; Crawford et al.

2008; Galvez et al., 2009; Fraser e Edwards, 2010). Nesta investigação, quisemos

preencher essa lacuna, fazendo um estudo ao nível de todos os tipos de estabelecimentos

de restauração existentes na cidade de Coimbra, e ver se haveria uma associação entre

obesidade infantil e a proximidade ou densidade de algum tipo destes estabelecimentos

na área residencial.

Relativamente à proximidade de estabelecimentos de restauração na área

residencial da criança, foi encontrada uma associação estatisticamente significativa na

freguesia da Sé Nova, entre os z-scores de IMC da criança e a proximidade de

estabelecimentos de fast food na área residencial. Estes resultados revelam que as

crianças que vivem perto dos estabelecimentos de fast food, residentes nesta freguesia,

têm mais risco de vir a ser obesos do que as crianças que vivem longe deste tipo de

estabelecimentos. Este resultado vem contrariar os estudos anteriormente publicados por

outros investigadores que não encontraram nenhuma associação entre obesidade infantil

e a proximidade de restaurantes fast food na área residencial da criança. Burdette e

Whitaker (2004), num estudo realizado em Cincinnati (E.U.A.) em crianças de baixo

nível socioecónomico, com idades compreendidas entre os 3 e os 4 anos, não

encontraram associação entre obesidade e proximidade de restaurantes fast food na área

residencial. À semelhança dos autores anteriores, Fraser e Edwards (2010) num estudo

realizado em Leeds (U.K.) com crianças com idades compreendidas entre os 3 e 14 anos

também não encontraram associação entre obesidade e proximidade de

estabelecimentos fast food.

Uma das hipóteses para termos encontrado uma associação entre obesidade

infantil e proximidade de estabelecimentos de fast food e estes estudos não, pode ser

muito devido ao facto de estarmos a trabalhar com dimensões (áreas) diferentes. A

Page 61: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

51

associação por nós encontrada foi numa freguesia pequena (Sé Nova) onde existe uma

grande disponibilidade de estabelecimentos fast food. Além disto, a maioria das crianças

da nossa amostra tidas para esta análise vivem na fronteira entre a freguesia da Sé Nova

(Figura 1 em anexo) e as freguesias de Santo António dos Olivais e Santa Cruz onde,

coincidentemente, também existe o maior aglomerado de estabelecimentos fast food

relativamente a toda a cidade de Coimbra (Figura 2 em anexo). Assim sendo, as

crianças desta freguesia vivem muito próximas das freguesias envolventes e

consequentemente muito perto dos seus estabelecimentos fast food. De ressalvar

também que as nossas crianças da amostra, que vivem na freguesia da Sé Nova,

frequentam escolas das freguesias limítrofes (Tabela 3 em anexo), situadas muito

próximas destes estabelecimentos. No trajeto de casa-escola escola-casa, a oportunidade

destas crianças poderem aceder e frequentar este tipo de estabelecimentos é muito maior

em comparação com outras crianças que vivem noutras freguesias. Muito

provavelmente não encontrámos uma associação idêntica em de Santo António dos

Olivais, que também tem densidades elevadas de fast-food, por se tratar de uma

freguesia de grandes dimensões e algumas das crianças da nossa amostra viverem longe

destes centros de restauração, daí a proximidade aos estabelecimentos de fast food ser

importante.

Este resultado é um bom exemplo de como o meio envolvente pode ser um fator

importante na promoção ou prevenção da obesidade.

No que respeita à associação entre ser-se ou não obeso e a densidade de

estabelecimentos de restauração na área residencial da criança, também não foram

encontradas associações estatisticamente significativas. Estes resultados vêm ao

encontro dos resultados anteriormente publicados por outros autores, que também não

encontraram nenhuma associação entre obesidade infantil e densidade de restaurantes

fast food na área residencial. Sturm e Datar (2005) ao realizarem um estudo em áreas

metropolitanas dos Estados Unidos da América, para conhecer a associação entre

obesidade infantil (crianças do 1º ciclo) e densidade de estabelecimentos fast food na

área residencial, não encontraram associações estatisticamente significativas. Galvez et

al. (2009) também não encontraram associações estatisticamente significativas entre

estas duas variáveis quando fizeram um estudo com crianças de idades (6-8 anos),

próximas às da nossa amostra, na cidade de Nova Iorque.

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52

Esta inexistência de associações encontrada nestes estudos mostra que apesar de

haver muita densidade de restaurantes fast food na área residencial, não quer dizer que

as crianças consumam ou frequentem este tipo de estabelecimentos. Outra das hipóteses

é o facto de nestas idades as crianças ainda não poderem fazer as suas escolhas

alimentares sozinhas e portanto o fator familiar também vai pesar nesta escolha.

Contudo, Timperio et al. (2008), num estudo realizado em crianças australianas com

idades compreendidas entre os 5-6 anos e 10-12 anos, verificou que a disponibilidade de

fast food na área residencial tem um efeito negativo no consumo de frutas e vegetais, o

que pode levar a hábitos alimentares incorretos. Fraser e Edwards (2010),

contrariamente aos resultados anteriormente apresentados, encontraram uma associação

estatisticamente significativa entre a elevada densidade de restaurantes fast food e

obesidade em crianças (3-14 anos) residentes em Leeds (U.K.). No entanto, este estudo

teve em conta uma grande faixa etária, comparativamente com os anteriores. O facto de

terem sido estudadas crianças maiores de 12 anos pode estar a influenciar este resultado,

pois estas já têm mais poder para fazer as suas próprias escolhas alimentares e

mobilidade menos reduzida. Além disso, nesta faixa etária a prevalência de obesidade já

é menor.

Relativamente aos restantes tipos de estabelecimentos, também não foram

encontradas associações estatisticamente significativas. Uma vez que ainda não foram

publicados estudos relativos à associação entre obesidade infantil e existência,

proximidade e densidade a outros tipos de estabelecimentos de restauração, não temos

um meio de comparação. No entanto, talvez a existência expressiva de restaurantes e

cafés/pastelarias/doçarias seja apenas uma realidade portuguesa, tornando estes estudos

inviáveis noutros países.

Na nossa amostra de Coimbra existe uma grande quantidade de estabelecimentos

de restauração (n= 878) de todos os tipos. Contudo, os restaurantes fast food são o tipo

de estabelecimentos com menor número e ao contrário do encontrado na literatura, não

se encontram nas zonas mais privadas da cidade ou periferias (Morland et al. 2002;

Block et al., 2004; Lewis et al., 2005; Cummins et al., 2005; Fraser et al. 2012), mas

sim, nas zonas mais centrais da cidade que por sinal também apresentam menores níveis

de privação (Figura 3 em anexo). Este facto pode explicar a inexistência de associação

entre obesidade infantil e a existência, proximidade e densidade de estabelecimentos de

fast food na área residencial da criança, uma vez que como estes se encontram em zonas

Page 63: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

53

com menores taxas de privação da cidade, as famílias que lá residem também têm mais

posses e por isso podem optar por outros tipos de comida mais cara e mais equilibrada a

nível nutricional.

É também importante notar que Santo António dos Olivais é a freguesia que

apresenta uma maior percentagem de estabelecimentos fast food (47,25%), sendo

também a freguesia que possui mais pais e mães com o ensino superior. Segundo alguns

autores (Padez et al., 2005; Sturm e Datar, 2008), o facto de a mãe e o pai terem um

grau de escolaridade elevado é um fator protetor em relação à obesidade infantil, uma

vez que possuir um grau de instrução mais elevado, implica ter mais conhecimentos e

por conseguinte saber fazer as melhores escolhas alimentares (e não só) para os seus

filhos. Um estudo realizado em Portugal por Moreira e Padrão (2004), em adultos,

mostrou que a opção por escolhas alimentares mais saudáveis está frequentemente mais

associado ao grau de instrução dos sujeitos do que propriamente ao seu nível salarial

mensal, apesar deste ser também de grande importância.

Relativamente à densidade de estabelecimentos de restauração por 1000

habitantes, ao compararmos os nossos resultados ao nível das freguesias, vemos que

Santa Cruz é a que apresenta maior densidade dos três tipos de estabelecimentos, maior

prevalência de obesidade infantil (60%), e um índice de privação elevado em

comparação com o observado para a junta de freguesia da Sé Nova. Esta freguesia (Sé

Nova), pelo contrário, tem uma prevalência de obesidade infantil inferior a Santa Cruz

(24,7%), também tem uma densidade elevada dos três tipos de estabelecimentos, no

entanto o índice de privação é mais baixo (Figura 3 em anexo). Ao fazermos uma

regressão linear ajustada ao grau de instrução do pai e da mãe, verificamos que não

existem associações significativas entre os z-scores de IMC e densidade de

estabelecimentos por 1000 habitantes. Assim, no nosso estudo a densidade de

estabelecimentos de restauração (de qualquer tipo) não é o principal fator de risco para a

criança vir a desenvolver obesidade. Talvez o ambiente social seja um dos fatores mais

importante, uma vez que a maior prevalência de obesidade se encontra numa freguesia

(Santa Cruz) que apresenta, igualmente, índices de privação socioeconómicos elevados

que se podem encontrar associados a maiores níveis de perceção de insegurança e

consequentemente, levar à inatividade física das crianças. Esta hipótese vem ao

encontro de um estudo realizado por Molnar et al. (2004) que mostra uma associação

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54

estatisticamente significativa entre insegurança nos bairros ou desordens sociais e

inatividade física.

Larson e seus colegas (2009) realizaram um estudo nos Estados Unidos, e

mostraram que as pessoas que residiam em locais com menos restaurantes fast food

apresentavam níveis de obesidade inferiores aos que viviam em locais com muitos

restaurantes fast food. Contudo, no nosso estudo o resultado não foi tão linear pois a

freguesia que apresenta menor percentagem de estabelecimentos de fast food (0,55%) é

Ribeira de Frades que apresenta a quarta maior percentagem de obesidade (33,3%). No

entanto, a segunda freguesia com menor percentagem de estabelecimentos de fast food

(1,10%) é Taveiro, que por sinal tem a menor prevalência de obesidade infantil (15,4%).

Deste modo, não podemos pensar na existência e densidade de estabelecimentos de fast

food na área residencial como um fator isolado, promotor de obesidade, mas sim pensar

neste fator em conjunto com fatores familiares, sociais, socioeconómicos, entre outros.

Relativamente aos restaurantes, Santo António dos Olivais e Santa Cruz são as

freguesias que apresentam maior percentagem deste tipo de estabelecimentos de

restauração (42,86% e 21,24% respetivamente). No entanto, aquando da recolha

etnográfica percebeu-se que existe muito comércio/escritórios nestas freguesias e que as

pessoas que comem nestes restaurantes são essencialmente trabalhadores daquelas

zonas e não crianças. Os proprietários dos restaurantes mencionaram que as crianças só

frequentam estes restaurantes ao fim-de-semana e é um número reduzido. Estas razões

podem explicar a inexistência de associação entre obesidade e existência, proximidade e

densidade de restaurantes na área residencial da criança.

No que respeita aos cafés/pastelarias/doçarias, a nossa hipótese inicial era que a

existência, proximidade e densidade de cafés/pastelarias/doçarias na área residencial da

criança iriam ser um fator prejudicial para a criança, pois viria a desenvolver obesidade

mais facilmente que uma criança que vivesse longe deste tipo de estabelecimentos. Tal

como nos estabelecimentos anteriores, as freguesias que apresentam maior percentagem

deste tipo de estabelecimentos são Santo António dos Olivais e Santa Cruz (41,88% e

17,16% respetivamente). Todavia, a nossa hipótese inicial não foi comprovada, uma vez

que não existe associação entre as variáveis em estudo. Na recolha etnográfica

verificou-se que, ao contrário do que acontece para os restaurantes em que os seus

principais clientes são adultos trabalhadores, os cafés/pastelarias/doçarias são

frequentados por pessoas de todas as faixas etárias incluindo crianças. As crianças,

Page 65: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

55

acompanhadas dos pais, são frequentadoras assíduas principalmente de manhã antes de

irem para a escola, onde por vezes tomam o pequeno-almoço e à tarde para lanchar.

Esta foi uma realidade prenunciada pela maioria dos proprietários deste tipo de

estabelecimentos em todas as freguesias.

Apesar deste comportamento poder levar a pensar que a existência dos

estabelecimentos de restauração perto de casa pode influenciar a saúde da criança

(obesidade), existem outros fatores, como o grau de instrução dos pais e os rendimentos,

que se podem sobrepor a este facto e daí não se encontrar uma associação entre

obesidade e a existência, proximidade e densidade destes tipos de estabelecimentos de

restauração. O facto de a criança frequentar estes estabelecimentos não quer dizer que

coma mal, pois os pais podem optar por opções de lanches saudáveis como podemos ver

na tabela 8.

Fraser e Edwards (2010) verificaram ainda que as crianças que vivem em sítios

mais pobres (maior privação) possuem maior densidade de restaurantes fast food perto

da residência em relação às crianças que vivem em sítios mais ricos. No nosso estudo

esta realidade não se verifica, uma vez que as zonas com maior privação (Taveiro,

Ribeira de Frades e São Martinho do Bispo, Eiras), são as que apresentam menor

densidade de estabelecimentos de fast food (Figura 3 em anexo). Ao compararmos a

freguesia de Taveiro com a de São Martinho do Bispo, verificamos que ambos possuem

baixas densidades de estabelecimentos de fast food por 1000 habitantes e o grau de

escolaridade dos pais destas crianças é baixo. No entanto, enquanto Taveiro apresenta

uma baixa prevalência de obesidade infantil (15,4%), São Martinho do Bispo apresenta

uma prevalência elevada (35,3%). Neste caso, a densidade de estabelecimentos de fast

food deixa de ser um risco para a criança vir a ter obesidade e o fator educacional

também deixa de ser um fator protetor do estado de saúde da criança, uma vez que

ambas apresentam níveis baixos de escolaridade.

Em Taveiro, a baixa prevalência de obesidade pode estar associada ao estilo de

vida daquela freguesia, que apesar de ser urbana, segundo a classificação do INE

(1996), aquando da recolha etnográfica observou-se que se assemelha muito à vida

rural, constituída maioritariamente por casas com jardim e horta e estradas com pouco

trânsito. Este tipo de freguesia poderá ser benéfico para as crianças na prevenção de

obesidade, uma vez que se podem movimentar nas ruas com mais segurança que na

cidade, têm mais espaços livres para brincar (jardim de casa, etc.), e certamente têm à

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56

disposição comida mais saudável e a baixo custo comparativamente com as pessoas da

cidade, pois nesta freguesia muitas pessoas cultivam frutas e legumes e fazem criação

de carne de aves, coelhos e porcos.

Nesta população também ainda existe o hábito de troca de alimentos. Sendo

assim, mesmo que os pais não cultivem ou não façam criação destes animais, poderão

existir uns avós ou vizinhos que tenham e ofereçam ou vendam a baixo custo aos pais

das crianças. Por todas as características acima referenciadas desta freguesia, podemos

notar que o baixo nível de escolaridade dos pais poderá não ser tão importante como nas

freguesias de Santa Cruz ou Sé Nova, que se encontram mesmo no centro da cidade.

A freguesia de São Martinho do Bispo, contrariamente à freguesia referida

anteriormente (Taveiro), apresenta uma elevada prevalência de obesidade. Apesar de

também ter zonas que se assemelham ao meio rural, apresenta mais trânsito e está mais

próxima da cidade. Deste modo, uma vez que há mais vias de acesso à cidade

(autocarros) do que em Taveiro, as crianças de São Martinho do Bispo têm mais

possibilidade de se deslocarem até aos centros urbanos e lá consumirem alguns tipos de

alimentos que na sua freguesia não poderiam consumir. De destacar também, que ao

lado de São Martinho do Bispo existe um grande Centro Comercial onde se encontram

grandes cadeias de franchising de fast food que aliciam as crianças com os seus

produtos alimentares. Nesta freguesia o fator educacional talvez fosse um fator protetor

para a criança.

Todas as razões enumeradas anteriormente podem-nos ajudar a compreender

porque não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre

obesidade infantil/z-scores de IMC e a existência, proximidade e densidade de

estabelecimentos de restauração na área residencial da criança e nas freguesias da

cidade de Coimbra.

Uma mais-valia que o nosso estudo apresenta, em relação a muitos estudos desta

área, é o facto de explorar os três tipos de acessibilidade (existência, proximidade e

densidade) aos estabelecimentos de restauração, dentro da área residencial da criança.

Frequentar ou não os estabelecimentos de restauração

Quando analisámos a associação entre obesidade infantil e o facto de a criança

frequentar vários tipos de estabelecimentos de restauração da cidade de Coimbra,

independentemente de os estabelecimentos estarem ou não na sua área residencial,

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57

encontrámos uma associação estatisticamente significativa entre obesidade infantil e

comer nos snack-bares. Este resultado indica que as crianças que comem nos snack-

bares têm maior propensão de virem a ser obesas que as crianças que não vão comer a

este tipo de estabelecimento.

Estes resultados podem ser explicados pelo facto dos snack-bares venderem

comida fast food como hambúrgueres, cachorros, baguetes, batatas fritas, sumos, entre

outros, que como vários autores referem (Bowman et al., 2004; Fisher e Kral, 2008;

Fraser et al., 2012) são produtos densos em calorias, ricos em gordura saturada e sal, e

com poucos micronutrientes, sendo portanto um fator prejudicial para a saúde que pode

promover a obesidade infantil. Apesar de não termos encontrado estudos que incidissem

na frequência a este tipo de estabelecimentos, os nossos resultados podem ser

comparados com estudos de consumo de fast food, devido às semelhanças que existem

entre o tipo de comida que estes estabelecimentos vendem.

Ayala et al. (2008) fizeram um estudo no Sul da Califórnia e tentaram conhecer

a associação entre os valores de IMC das crianças e o tipo de estabelecimento que

frequentavam. Contudo, contrariamente aos nossos resultados, não conseguiram

encontrar nenhuma associação estatisticamente significativa. No entanto Thompson e

seus colegas (2006) ao realizarem um estudo com raparigas dos 8 aos 12 anos,

verificaram que as que consumiam nos estabelecimentos de fast food duas ou mais

vezes por semana o seu IMC aumentava mais em comparação com as que não comiam.

Esta associação entre consumir fast food e aumento dos valores de IMC foi encontrada

também para raparigas adolescentes (Rouhani et al., 2012), para mulheres adultas

(Jeffery et al., 1998; French et al. 2000) e para adultos no geral (Shroder et al., 2007)

Na freguesia de São Martinho do Bispo também foi encontrada uma associação

estatisticamente significativa entre obesidade infantil e ir comer à pizaria.

Contrariamente ao resultado anterior, neste caso as crianças desta freguesia que comem

na pizaria estão protegidas contra a obesidade em 33% em relação às que não comem.

Na recolha etnográfica realizada em São Martinho do Bispo, não foram

encontradas cadeias de franchising de pizarias. Contudo a maioria das pizarias que lá

existiam eram de fabrico próprio e faziam a piza na hora desde a massa ao recheio,

controlando a qualidade dos ingredientes e processo de fabrico, tornando-a mais

saudável. Esta pode ser uma das hipóteses para explicar os nossos resultados. Uma

Page 68: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

58

criança ao optar por uma piza destas (idêntica às caseiras) em vez de um hambúrguer,

cachorro ou outro tipo de comida fast food poderá estar a proteger a sua saúde.

Uma das limitações desta questão é não sabermos, ao certo, quais são os

estabelecimentos que a criança frequenta, não nos permitindo assim fazer uma análise

mais correta. Pois a criança apesar de viver em São Martinho do Bispo, pode ir comer

em pizarias fora da sua freguesia. Se assim for, a nossa hipótese já não se aplica.

Preços dos menus de lanches

Relativamente aos preços dos menus de lanche, verificamos que o menu de

sandes de queijo com leite branco (menu 2) é mais barato que os restantes menus não

saudáveis na maioria das freguesias. Este facto pode dever-se ao baixo preço do leite,

considerado um bem essencial. Deste modo, as pessoas residentes nestas freguesias têm

a opção de comer um lanche saudável num estabelecimento de restauração a baixo custo

em comparação com os restantes menus. As freguesias de Eiras, Sé Nova e Santo

António dos Olivais, são as únicas que vendem este menu mais caro em relação a outros

menus não saudáveis. Mas mesmo assim este menu fica mais barato do que consumir o

menu de sandes de fiambre com refrigerante (menu 6) em Eiras e Sé Nova e os menus

de sandes de fiambre com refrigerante (menu 6) e de torrada com refrigerante (menu 7)

em Santa António dos Olivais. Deste modo, verificamos que não se justifica uma pessoa

consumir um menu não saudável só por ser mais barato, pois existem opções saudáveis

mais baratas ou a preços idênticos aos menus não saudáveis. No entanto, os residentes

das freguesias anteriormente referenciadas, aquando da escolha do menu estão mais

suscetíveis de fazer uma opção não saudável, uma vez que esta é um pouco mais barata

e estes alimentos são agradáveis ao paladar.

Por sua vez, o menu de sandes de queijo e sumo natural (menu 3) destaca-se dos

restantes pelo seu valor elevado. O preço elevado deste menu deve-se ao preço do sumo

natural que é bastante caro em comparação com as restantes bebidas. Durante a recolha

etnográfica perguntou-se aos donos dos estabelecimentos qual a razão para o sumo

natural ser mais caro que as restantes bebidas. A resposta mais frequente foi o facto de a

fruta ter uma validade muito reduzida e portanto caso não se venda os proprietários têm

prejuízo. Este problema vem ao encontro dos resultados encontrados num estudo

publicado por Glanz et al. (2007) realizado nos E.U.A. em que os donos dos

estabelecimentos fazem referência a este problema como um dos obstáculos que os

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59

impede de vender comida saudável, pois ao preferir esta opção iriam ter cortes nos

lucros.

Ao realizarmos uma análise comparativa entre freguesias, verificamos que Santo

António dos Olivais e Sé Nova, que são freguesias centrais da cidade apresentam os

preços mais caros e Taveiro e Ribeira de Frades, que são freguesias distantes da zona

urbana têm os preços mais baixos. Enquanto que no centro da cidade os preços são mais

elevados, em grande parte porque há mais movimento de pessoas mais turistas e mais

centros comerciais, fora da cidade vê-se o inverso. Durante a recolha etnográfica

percebeu-se que estas freguesias são muito pacatas, sem grandes movimentos

populacionais e a principal clientela destes estabelecimentos de restauração, em grande

parte com proprietários já idosos, são os moradores dessas freguesias. Notou-se também

que a maioria dos estabelecimentos eram dos proprietários e portanto estavam isentos de

renda. No centro da cidade acontece o contrário, quase todos os proprietários dos

estabelecimentos têm o espaço arrendado o que por consequência mais despesas que

revertem no aumento dos preços dos produtos.

Estes detalhes podem explicar a disparidade de preços entre a zona central da

cidade e a zona suburbana.

Quando comparamos os preços dos menus saudáveis com os não saudáveis,

verificamos que o menu de sandes de queijo e néctar (menu 1) é mais barato que o

menu de sandes de fiambre e refrigerante (menu 6) na maioria das freguesias. Segundo

os proprietários dos estabelecimentos de restauração, esta diferença de preço deve-se ao

facto do fiambre ter uma validade mais reduzida que o queijo e por isso a sandes de

fiambre é mais cara, o que torna esse menu também mais caro. Comparando o menu de

sandes de queijo e néctar (menu 1) com os restantes menus não saudáveis verifica-se

que é mais caro. Ao questionar os proprietários sobre esta questão, percebemos que os

bolos e os salgados se bem condicionados na refrigeração têm duração de dois dias,

enquanto o pão tem de ser consumido no próprio dia, caso contrário o proprietário tem

prejuízo. Relativamente ao menu de torrada e refrigerante (menu 7), apesar de ser feito

com pão, este pode ser aproveitado do dia anterior uma vez que é torrado, ou nalguns

estabelecimentos usam pão de forma, que também tem uma validade maior que o pão

fresco e portanto não há grande prejuízo em relação a este menu.

Apesar destas diferenças de preços entre menus e freguesias, os resultados

revelam que não existe qualquer associação estatisticamente significativa entre os

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60

z-scores de IMC das crianças e os preços dos menus de lanche. Esta inexistência de

associação entre as variáveis talvez se deva à diferença dos preços não variar muito de

menu para menu, nem de freguesia para freguesia, tornando-se assim impossível

encontrar associações. Este estudo veio mostrar que ao nível dos serviços de restauração

em Coimbra, a comida saudável não é mais cara que a comida não saudável ao contrário

do que é usualmente dito ou pensado.

Preços de menus de refeição

Relativamente aos preços dos menus de refeição em snack-bares da cidade de

Coimbra, verifica-se que o menu de salada fria e néctar (menu 1) é o mais caro. O

problema da salada fria é em parte o mesmo que o sumo natural, em que os legumes e

frutas, constituintes da salada têm uma durabilidade reduzida. Os proprietários também

se queixam que a procura deste menu é baixa e para o poderem servir têm de ter à

disposição vários produtos para juntar à salada, o que por vezes se pode tornar caro. O

preço elevado deste menu deve-se principalmente a estas razões.

Pelo contrário, o menu de baguete e refrigerante (menu 4) é o mais barato, uma

vez que normalmente a baguete é congelada e pode ser descongelada à medida que se

vende e o recheio normalmente também não dá prejuízo, pois segundo os funcionários,

basta fazer em doses moderadas.

Quando comparamos freguesias, notamos que Santa Clara é a que apresenta os

preços dos menus de refeição mais caros, provavelmente por ser uma zona turística. Já

São Martinho do Bispo é a freguesia que tem o menu de salada fria e néctar (menu 1) ao

melhor preço. Uma das hipóteses para este preço é a freguesia já se encontrar fora da

cidade, possuir muitos estudantes universitários e provavelmente como é uma zona de

cultivo, têm preços de frutas e legumes mais acessíveis. Por fim, a freguesia de Ribeira

de Frades é a que apresenta os valores mais baixos em relação aos menus de

hambúrguer e refrigerante (menu 2) e hambúrguer, sopa e refrigerante (menu 3) e

Taveiro a que serve o menu de baguete e refrigerante (menu 4) mais barato.

Estes resultados vêm de encontro com os já encontrados anteriormente para os

menus de lanche, em que as freguesias periféricas possuem preços mais baratos. Outra

observação que pode ser feita é em relação à inexistência de alguns menus em algumas

freguesias. Nenhum dos estabelecimentos de restauração de Ribeira de Frades e Taveiro

tem à disposição do cliente o menu de salada fria e néctar (menu 1). Uma explicação

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61

para este resultado poderá ser a falta de procura deste menu pelos clientes. Pela recolha

etnográfica realizada é nestas freguesias que mais pessoas cultivam frutas e legumes.

Desta forma, quando vão ao restaurante vão à procura de algo diferente. Este argumento

vai ao encontro dos resultados de Glanz et al. (2007) em que os proprietários dos

estabelecimentos não vêm razões para oferecer menus saudáveis aos clientes, pois na

opinião deles quando uma pessoa quer ir comer fora é para comer outro tipo de comida

mais processada. Em relação ao menu de baguete e refrigerante (menu 4), também não

se encontra disponível nas freguesias de Ribeira de Frades e Sé Nova, isto é, pelo

menos, os proprietários dos estabelecimentos que comercializavam este menu

recusaram-se a dar valores de preços ou negaram vender estes bens alimentares. Na

verdade, quanto à recolha dos preços praticados, a falta de cooperação dos proprietários

foi uma das limitações deste estudo.

Ao fazermos uma análise para conhecer a relação entre os z-scores de IMC das

crianças e os preços dos menus de refeição em snack-bares, não encontramos nenhuma

associação estatisticamente significativa para nenhum dos menus. Este resultado vai

contra a nossa hipótese inicial que sugeria que os preços dos menus não saudáveis

estavam positivamente associados ao IMC das crianças, ou seja, quanto maiores fossem

os preços menor seria o IMC da criança. A razão para a inexistência de associação entre

as variáveis pode ser a mesma referida anteriormente, isto é, a diferença de preços não

variar muito de menu para menu, nem de freguesia para freguesia.

Powell et al. (2007) realizaram um estudo em adolescentes e verificaram que o

preço de uma refeição de fast food é um importante determinante do peso dos

adolescentes, pois o aumento de preço destas refeições esteve associado a valores

inferiores do IMC. No entanto quando fizeram um estudo idêntico para crianças,

contrariamente ao nosso resultado, não encontraram uma associação estatisticamente

significativa entre o preço do fast food e o IMC das crianças (Powell e Bao, 2009).

Sturm e Datar (2005), num estudo realizado a crianças também não encontraram

associação entre preços de fast food e IMC.

Ao visualizarmos a tabela de preços das cadeias de franchising constatamos que,

apesar de o menu de salada com néctar ser o mais caro, está disponível em qualquer um

dos cinco estabelecimentos, o que não acontece com os restantes menus. Deste modo as

pessoas quando vão comer a estes estabelecimentos têm sempre a hipótese de comer

uma refeição mais saudável. Verifica-se também que o estabelecimento especializado

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62

em saldadas (Vitaminas & C.ª) é o que vende este menu mais caro. A razão para tal

acontecer poderá ser o facto de neste estabelecimento a salada ser feita na hora e por

isso tem de estar tudo fresco. Nos outros estabelecimentos a salada já está feita e

condicionada numa caixa pronta a servir.

Por sua vez, o menu de refeição que fica mais barato é o hambúrguer com

refrigerante comprado no Burguer King. Devido a esta diferença de preços entre menus,

os clientes aquando da escolha do seu menu podem cair na tentação de comprar o mais

barato que também é o mais rico em calorias e gordura. Vários autores têm vindo a

encontrar uma associação estatisticamente significativa entre preços elevados de frutas e

legumes e aumento do IMC das crianças (Sturm e Datar, 2005; 2006; Powell e Bao,

2009). Deste modo talvez uma diminuição dos preços dos menus saudáveis ou um

aumento do preço dos menus não saudáveis, através de impostos, seria uma boa

estratégia na prevenção da obesidade.

Ao realizarmos este trabalho aferimos também que compensa mais comprar o

menu proposto pela cadeia do que comprar os produtos individualmente, pois o menu

proposto por eles traz uma dose de batata frita e o preço é relativamente o mesmo.

Mesmo que o cliente não tenha vontade de comer a batata compra à mesma e depois

acaba por comer, isto reverte-se em mais calorias que ele vai consumir. Estudos

mostram que o facto de serem “oferecidos” menus com maiores proporções leva as

pessoas a comprar mais (Young e Nestle, 2002). Este tipo de cadeias de franchising,

incentiva o consumo de maiores quantidades de comida, a um preço percecionado baixo

(Wansink, 1996).

No entanto se uma pessoa quer comer o menu de baguete com refrigerante ou o

de hambúrguer com refrigerante, é preferível ir a um snack-bar, pois os preços são mais

baratos para qualquer menu e em princípio são mais saudáveis. Em relação ao menu de

salada fria com néctar, encontram-se snack-bares nas freguesias de Eiras, Santa Clara e

Sé Nova que oferecem este menu mais caro que na McDonald’s. Contudo, nenhum

destes snack-bares ultrapassa os preços apresentados na Vitaminas & C.ª.

Uma das limitações encontradas durante a realização deste estudo foi o facto da

recolha etnográfica ter sido feita três anos após a realização dos exames

antropométricos. Muitos dos estabelecimentos de restauração que estavam abertos em

2009 fecharam ou mudaram de gerência, o que impossibilitou a recolha etnográfica

nestes locais. Outra das questões prende-se com os preços, que em 2009 certamente não

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eram iguais a 2011/2012. Porém, o estudo da relação entre os z-scores de IMC das

crianças e o preço dos menus de lanche/refeição em estabelecimentos de restauração é

uma inovação nesta área, nunca antes estudada. Este facto impossibilitou-nos de poder

fazer comparações com outros estudos.

Conclusão

Este trabalho veio mostrar que a acessibilidade

(existência/proximidade/densidade) de estabelecimentos de restauração na área

residencial da criança não pode ser pensada como um fator único promotor de

obesidade, mas tem de ser sempre pensado em conjunto com outros fatores, como por

exemplo a formação dos pais, a inatividade física/sedentarismo, o estatuto

socioeconómico, entre outros, que podem influenciar o comportamento da criança nas

escolhas alimentares. Verificou-se também ao longo desta investigação, que o facto das

crianças da Sé Nova viverem perto dos estabelecimentos de fast food pode ser um fator

de risco para a criança vir a ter obesidade. Ao nível da cidade de Coimbra, constatamos

que as crianças que frequentam os snack-bares independentemente do local (fora ou

dentro da área residencial) têm maior probabilidade de virem a ser obesas do que as que

não frequentam. Deste modo, seria importante os pais restringirem a ida das crianças a

este tipo de estabelecimentos.

Estudos futuros devem ter em conta a área escolar e a área de trabalho dos pais.

Pois uma criança apesar de viver numa freguesia, não quer dizer que faça a sua vida aí,

pode frequentar uma escola noutra freguesia, distante da área residencial. Se assim for, a

criança provavelmente não irá frequentar os estabelecimentos da área residencial, mas

sim os estabelecimentos da outra área que frequenta. Por consequência, os

estabelecimentos que existem na sua área residencial também não vão influenciar o seu

estado nutricional.

Ao analisarmos os nossos resultados, notamos que a relação entre obesidade e

ambiente alimentar é muito complexa. Portanto temos que tratar cada cidade como

única, com características sociais, culturais e económicas próprias e não se pode

generalizar os nossos resultados de Coimbra para outras cidades, porque esta pode não

ser representativa de outras cidades portuguesas. Cada local tem características

diferentes, tal como também acontece para as freguesias, que como vimos são muito

diferentes umas das outras. Assim, se queremos prevenir a obesidade na infância tem

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64

que se fazer primeiramente um bom estudo das características do local onde se quer

intervir para depois fazer um bom plano de intervenção.

Podemos, igualmente, concluir que a diferença de preços entre os menus de

lanche saudáveis e não saudáveis não é muito grande (exceto o menu de sandes de

queijo e sumo natural). Deste modo, não vale a pena as pessoas fazerem más escolhas

alimentares em relação aos lanches devido ao preço. Este trabalho veio mostrar que se

pode consumir um lanche saudável em qualquer estabelecimento de restauração de

Coimbra a preço idêntico se não mais barato que os menus não saudáveis.

Relativamente ao preço dos menus de refeição, descobrimos que fica mais barato comer

nos snack-bares do que nas cadeias de franchising e que o menu de salada fria é o mais

caro em qualquer local.

O facto de não ter sido encontrada uma grande diferença de preços entre menus

e entre freguesias, pode ter sido uma das razões para não termos encontrado associações

estatisticamente significativas ente obesidade e o preço dos menus de lanche e de

refeição.

Assim, o poder político devia subsidiar a produção, a distribuição e

comercialização de comida saudável de modo a que os proprietários dos

estabelecimentos de restauração possam baixar os preços dos menus saudáveis e assim

se distanciarem dos menus não saudáveis. Deveria existir, também, um incentivo para

que todos os estabelecimentos apresentassem uma tabela com informação nutricional

com o valor calórico dos produtos, permitindo aos consumidores fazer as suas escolhas

alimentares mais conscientemente.

Ao optarmos por escolhas alimentares mais saudáveis estamos a proteger a nossa

saúde e a das nossas crianças.

Page 75: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

65

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Page 80: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

0

Page 81: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Anexo

Page 82: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Figura 1 – Distribuição das crianças com peso normal e obesas pelas diferentes freguesias de

Coimbra.

Figura 2 – Delimitação da área residencial das crianças e distribuição dos estabelecimentos de

restauração.

Page 83: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Figura 3- Valor de privação ao nível da subsecção da cidade de Coimbra. Quanto maior

o valor do índice de privação mais privada é a área (dados dos censos de 2001).

Page 84: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Tabela 1 - Dados demográficos das freguesias de Coimbra (censos 2011).

Freguesias

Eiras

S. A.

Olivais

Rib. de

Frades

Santa

Clara

Santa

Cruz Sé Nova

S.M.

Bispo Taveiro

Área da Freguesia (km2) 9.805 19.273 5.931 10.164 5.561 1.598 18.747 9.292

População residente

NºT 12097 38936 1902 9929 5699 6741 14147 1948

♂ (%) 46 45 48 46 45 47 47 47

♀ (%) 54 55 52 54 55 53 53 53

Densidade demográfica

(hab/km2) 1,23

2,02 0,32 0,98 1,02 4,22 0,75 0,21

População Infantil (0-14)

NºT 1706 4493 237 1288 587 608 1800 250

♂ (%) 52 50 55 50 51 51 48 50

♀ (%) 48 50 45 50 49 49 52 50

Nível de instrução da

população

1º e 2º ciclo

NºT 5829 13035 1296 4527 3199 1975 7954 1194

♂ (%) 36 22 52 31 38 20 39 44

♀ (%) 34 23 49 32 40 19 40 45

3ºciclo

NºT 2010 4724 309 1420 896 752 2274 317

♂ (%) 22 15 22 19 21 13 22 23

♀ (%) 17 12 19 15 17 12 16 16

Secundário e

pós-sec

NºT 19533 68175 2828 16558 9219 12111 22452 3053

♂ (%) 22 22 16 22 23 22 20 20

♀ (%) 19 16 15 17 17 16 18 18

Ensino

Superior

NºT 2620 15572 213 2757 1095 3001 2673 263

♂ (%) 21 41 11 28 18 45 18 13

♀ (%) 29 48 17 36 26 54 26 20

Page 85: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Tabela 2 - Dados descritivos da amostra em estudo.

Freguesias

Coimbra Eiras

S.A.

Olivais

Rib. de

Frades

Santa

Clara

Santa

Cruz

Nova

S.M.

Bispo Taveiro

População infantil (6-10)

Nº Total 847 59 443 18 86 15 81 119 26

♂ (%) 47,8 47,5 48,1 50 52,3 33,3 49,4 45,4 42,3

♀ (%) 52,2 52,5 51,9 50 47,7 66,7 50,6 54,6 57,7

Peso normal (%) 70,2 69,5 73,4 66,7 59,3 40 75,3 64,7 84,6

Obesidade (%) 29,8 30,5 26,6 33,3 40,7 60 24,7 35,3 15,4

Estabelecimentos

Nº Total 878 44 380 12 97 160 89 71 25

%Total 100 5,01 43,28 1,37 11,05 18,22 10,14 8,09 2,85

Nº Restaurantes 259 13 111 2 39 55 15 14 10

% Restaurantes 100 5,02 42,86 0,77 15,06 21,24 5,79 5,41 3,86

Nº Pastelarias 437 22 183 9 43 75 45 47 13

% Pastelarias 100 5,03 41,88 2,06 9,84 17,16 10,30 10,76 2,97

Nº Fast food 182 9 86 1 15 30 29 10 2

% Fast food 100 4,95 47,25 0,55 8,24 16,48 15,93 5,49 1,10

Nível de instrução dos pais

1º e 2º ciclo

Mãe Nº 105 10 33 6 20 4 3 24 5

% 8,5 11,9 5,3 25 15,4 16,7 2,8 16,6 14,7

Pai Nº 154 15 41 11 29 4 6 38 10

% 13,2 17,9 6,6 45,8 22,3 16,7 5,5 26,2 29,4

3ºciclo

Mãe Nº 133 10 46 5 30 3 2 28 9

% 10,6 11,9 7,4 20,8 23,1 12,5 1,8 19,3 26,5

Pai Nº 134 11 48 6 32 4 5 21 7

% 10,6 13,1 7,8 25 24,6 16,7 4,6 14,5 20,6

Secundário

e pós-sec

Mãe Nº 229 22 92 10 25 7 13 50 10

% 21,6 26,2 14,9 41,7 19,2 29,2 11,9 34,5 29,4

Pai Nº 254 20 131 5 22 8 15 43 10

% 21 23,8 21,2 20,8 16,9 33,3 13,8 29,7 29,4

Ensino

Superior

Mãe Nº 681 41 438 3 53 10 90 37 9

% 58 48,8 70,8 12,5 40,8 41,7 82,6 25,5 26,5

Pai Nº 553 32 361 1 37 7 74 34 7

% 49 38,1 58,3 4,2 28,5 29,2 67,9 23,4 20,6

Page 86: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Tabela 3 – Escolas frequentadas pelas crianças da amostra

Escola Freguesia Crianças (%)

Escola João de Deus Solum Santo António dos Olivais 29,6

Montes Claros Santo António dos Olivais 7,4

Norton de Matos Santo António dos Olivais 4,9

Es.B.1 Quinta das Flores Santo António dos Olivais 4,9

E.B.1 Solum Santo António dos Olivais 23,5

E.B.1 Santa Cruz Santa Cruz 3,7

João de Deus do Botânico Sé Nova 23,5

E.B. 1 de São Martinho do Bispo São Martinho do Bispo 1,2

E.B.1 Ribeira de Frades Ribeira de Frades 1,2

Page 87: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Guião de entrevista

Morada___________________________________________________________________________

1-Nome do estabelecimento:

___________________________________________________________________________________

Franchising

2-Classificação:

1.Restaurante 2.Restaurante Café 3.Restaurante Snack Bar café 4. Take away

5.Restaurante Fast Food 6.Restaurante Pizzaria 7.Café+pastelaria

8.Café+Snack Bar 9. Café+snack bar+pastelaria+padaria 10.Café+Pastelaria+Padaria

11.Café Gelataria/Chocolateria 12.Doçaria/Papelaria 13.Maquina de Vending

Outro Qual?_______________________________

3-Horário de Funcionamento:

Todo o dia Almoço e Jantar Outro Qual?_______________________________

4-Observações (percepção):

4.1- Do interior:

Limpeza – Bom Médio Mau

Decoração - Bom Médio Mau Não existe

Luminosidade – Bom Médio Mau

Dimensão – Grande Médio Pequeno

Clientes – Homens Mulheres Misto

Proibido fumar – Sim Não

Nacional Internacional

Sim

Não

Page 88: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

4.2-Da localização geográfica (ou envolvente):

Perto da Escola Zona Pedonal

Perto do Ginásio/Associação Estacionamento

Perto de Jardim/Parque infantil Lixo na área

Ruído Visual graffiti/cartazes Vandalismo

Edifícios degradados Muito Trânsito

Fácil acesso No interior do Centro comercial

5-Disponibilidade de produtos calóricos:

Batatas Fritas e afins Chocolates Gomas/chupas/pastilhas Chipicaos e afins

Gelados Pastelaria variada Panikes Refrigerantes Salgados/Folhados

Bifana/Cachorro/Hambúrguer

6- Disponibilidades de produtos saudáveis:

Sandes de fiambre/queijo Torrada Sumo Natural Iogurte

Barras de cereais/bolachas integrais Água Leite Saladas Frias

Sopa Grelhados Fruta Pão Integral

7-Outras observações:

Take-away Self-service Menu Infantil Refeições com salada incluída

8- Máquinas de Vending

Sumos

c/gás Água Bolos Salgados Fruta

Sumos

s/gás Iogurte Sandes Pastilhas/gomas

Barras de

Cereais/

Bolachas

integrais

Leite

c/chocolate

Batatas fritas

e afins Chocolates

Chipicaos e

afins Sumos light

Bolachas

Page 89: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

9-Ementa e Preços:

Menu infantil:

Prato do Dia

Peixe - Sim Não Qual?

_______________________________

________________________________

________________________________

Carne - Sim Não Qual?

_______________________________

_______________________________

_______________________________

Inclui sopa - Sim Não

Inclui salada - Sim Não

Inclui sobremesa - Sim Não

Se sim: a)Doce b)Fruta

Inclui bebida - Sim Não

Se sim: a)Água

b)Bebida alcoólica

c)À escolha

d)Refrigerante

Preço Peixe _____€ / Preço Carne

___€

Menu do dia

Peixe - Sim Não Qual?

_________________________________

_________________________________

_________________________________

Carne - Sim Não Qual?

_________________________________

_________________________________

_________________________________

Inclui sopa - Sim Não

Inclui salada - Sim Não

Inclui sobremesa - Sim Não

Se sim: Doce Fruta

Inclui bebida - Sim Não

Se sim: a)Água

b)Bebida alcoólica

c)À escolha

d)Refrigerante

Preço Peixe _____€ / Preço

Carne____€

Menu snacks - Sim Não

Cachorro _______€

Sopa Batatas fritas

Bebida ___ Sobremesa ___

Hambúrguer_________€

Sopa Batatas fritas

Bebida ___ Sobremesa ___

Bifana_________€

Sopa Batatas fritas

Bebida ___ Sobremesa ___

Salgados________€

Sopa Batatas fritas

Bebida ___ Sobremesa ___

Salada ________€

Sopa Batatas fritas

Bebida ___ Sobremesa ___

Outro_______________________€

Sopa Batatas fritas

Bebida ___ Sobremesa ___

Sopa________________________€

Page 90: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

10 - Pastelarias e Cafés

Menu de pequeno-almoço Menu de Lanche

Preço___________€ Preço_____________€

Inclui: Inclui:

Torrada Torrada

Tosta Mista Tosta Mista

Sandes de fiambre/queijo Sandes de fiambre/queijo

Bolo Bolo

Meia de leite/Galão Meia de Leite/Galão

Sumo Sumo

Café Café

Chá Chá

Preço de uma merenda:

Sumo _________________€

Sumo Natural_______________€

Leite_____________________€

Refrigerante_____________€

Pasteis/panikes salgados ____________€

Bolos/panikes doces____________€

Sandes de fiambre ou queijo ___________€

Torrada ________________€

Page 91: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

A perguntar…

Restaurantes

- Quais os pratos mais servidos às crianças?

__________________________________________________________________________________

- Tem a noção de quantas crianças comem semanalmente no seu restaurante?

__________________________________________________________________________________

- Quais as bebidas mais consumidas pelas crianças?

_________________________________________________________________________________

(Ver se os Fast Food têm a contabilização dos menus infantis vendidos por semana)

Cafés

- Quais os produtos mais procurados pelas crianças?

_________________________________________________________________________________

Pastelarias

- Costuma ter crianças a tomar pequeno-almoço e a lanchar no seu estabelecimento?

_________________________________________________________________________________

- Em que consistem os pequenos-almoços e lanches das crianças?

_________________________________________________________________________________

- Quais são os produtos (doces/salgados) mais levados para casa?

_________________________________________________________________________________

Quais são os produtos (doces/salgados) mais vendidos?

_________________________________________________________________________________

Doçarias

- Quais os principais produtos vendidos às crianças?

__________________________________________________________________________________

- Quantos euros de guloseimas as crianças consomem normalmente por dia?

__________________________________________________________________________________

Page 92: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Estudo nacional de prevalência de obesidade infantil em Portugal, alterações de 2002 a

2009: avaliação dos efeitos do estilo de vida e do ambiente

Conheça os valores de peso e altura do seu filho(a)

Em 2002 efectuámos o primeiro estudo de obesidade infantil em Portugal e foram encontrados valores de 20,3% de

excesso de peso e 11,3% de obesidade. Estes valores são dos mais elevados da Europa e são preocupantes a nível dos seus

efeitos na saúde das crianças. Em 2008 obtivemos financiamento pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (PTDC/SAU-

ESA/70526/2006) para iniciar um novo projecto que pretende avaliar a evolução dos valores de obesidade infantil entre 2002

e 2009 e estudar o efeito dos factores familiares e do ambiente na zona de residência nos valores de peso e altura das

crianças.

O projecto envolverá várias escolas do ensino básico que foram seleccionadas e observadas por nós em 2002.

Vamos pesar o seu filho(a) numa balança apropriada, medir a sua altura e o perímetro da barriga. São medidas simples,

efectuadas por pessoas devidamente treinadas, sem qualquer risco ou desconforto para a criança. No próprio dia, vai ficar a

saber quanto pesa e mede o seu filho pois vamos enviar um cartão com os respectivos dados, tal como fizémos em 2002.

Estas medidas serão conjugadas com alguns dados familiares (inquérito anexo) que serão extremamente úteis para uma

análise mais profunda do crescimento da criança.

Para que este segundo projecto possa ser efectuado é imprescindível a sua colaboração, pois só assim poderemos

obter informações que vão ter utilidade ao nível do nosso país e que contribuirão para a prevenção da obesidade nas

crianças portuguesas.

Para que possamos avaliar o seu filho, precisamos que nos dê a sua autorização por escrito, no termo de

consentimento, e que preencha os dados do inquérito que enviamos, devolvendo-o logo que possível. O inquérito é

anónimo, não teremos qualquer identificação do seu filho(a) pois a folha inicial em que nos deve dar autorização, a

parte inferior deve recortar e guardar consigo e a parte superior será destacada do restante inquérito e ficará na

Escola.

Este projecto é coordenado pelo Centro de Investigação em Antropologia e Saúde do Departamento de

Antropologia da Universidade de Coimbra, em colaboração com o Departamento de Biologia da Universidade de Évora, o

Departamento de Ciências Humanas do Instituto de Investigação Científica e Tropical (Lisboa), o Departamento de Biologia

Animal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e o Departamento de Ciências do Desporto da Universidade de

Trás-os-Montes e Alto Douro.

Colocamo-nos à sua inteira disposição para esclarecer qualquer dúvida ou informação mais detalhada pelo telefone

239 829051 do Departamento de Antropologia da Universidade de Coimbra, ou por e-mail para [email protected].

Obrigada pela sua colaboração.

A Coordenadora do Projecto e Coordenadora do Centro Investigação em Antropologia e Saúde

(Professora Doutora, Cristina Padez)

DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA

Page 93: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Estudo nacional de prevalência de obesidade infantil em Portugal, alterações de 2002 a 2009

Termo de consentimento

Eu _______________________________________________________________________________________

Encarregado de educação do aluno(a) _____________________________________________________________

Nº_____ Turma_____ Ano____________________ da Escola_____________________________________

Dou o meu consentimento para que o meu filho(a) participe neste estudo nacional.

Assinatura:_________________________________________________________________________

Data______/_____/ 2009

NOTA: Quando devolver o inquérito deve destacar e ficar com o duplicado (parte inferior

desta folha). A parte superior na qual consta o nome do encarregado de educação e da

criança, ficará na Escola. Assim, garantimos que o inquérito (e as medidas realizadas nas

crianças) será anónimo.

…………………………………………………………………………………………………………….

Duplicado para o encarregado de educação

Estudo nacional de prevalência de obesidade infantil em Portugal, alterações de 2002 a 2009

Termo de consentimento

Eu _______________________________________________________________________________________

Encarregado de educação do aluno(a) _____________________________________________________________

Nº_____ Turma_____ Ano____________________ da Escola_____________________________________

Dou o meu consentimento para que o meu filho(a) participe neste estudo nacional.

Assinatura:_________________________________________________________________________

Data______/_____/ 2009

Page 94: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Este inquérito compreende 4 secções em que pretendemos conhecer algumas características do seu

filho(a) e família. Por esse motivo está dividido nas seguintes partes:

1. Dados relativos a seu filho(a) 3. Dados relativos à MÃE

2. Dados relativos ao PAI 4. Dados familiares

Recordamos-lhe que todos os dados fornecidos destinam-se unicamente a este estudo

e serão tratados confidencialmente.

Nome da Escola: __________________________________________________________________________________

Dados relativos ao seu filho(a): Data de nascimento: _____/_____/_____ Idade________ anos

Sexo ⃞ Masculino ⃞ Feminino

Em que local residem actualmente: Freguesia ___________________________ Concelho ________________________

Dados relativos à gravidez e ao nascimento do seu filho(a):

Peso ao nascimento: ___,_____ kg Comprimento _______ cm Tempo de gestação _____ semanas

A mãe teve diabetes durante a gravidez? ⃞ 1. Sim ⃞ 2.Não

Se respondeu sim, diga que tipo de diabetes foram:

⃞ 1. diabetes gestacionais (só apareceram durante a gravidez)

⃞ 2. diabetes dependentes de insulina

⃞ 3. diabetes não dependentes de insulina

Qual era o peso habitual da mãe antes da gravidez deste filho(a)? _____ Kg

Durante a gravidez quantos quilos a mãe aumentou? _______________ Kg

O(a) seu filho(a) foi amamentado(a) ao peito? ⃞ 1. Sim ⃞ 2. Não

Durante quanto tempo foi apenas amamentado ao peito? __________ meses

Com que idade foram introduzidos alimentos sólidos? ____________ meses

A mãe fumava antes da gravidez deste filho(a)? ⃞ 1.Sim ⃞ 2. Não Se Sim, qual o Nº cigarros ____/dia

A mãe fumou durante a gravidez? ⃞ 1.Sim ⃞ 2.Não Se Sim, qual o Nº cigarros ____/dia

Tempo que a mãe teve de licença de parto______ meses

Após a licença de parto da mãe qual (ou quais) destas situações ocorreram entre os 4 meses e os 3 anos de idade:

⃞ 1. A criança ficou em casa com a mãe ⃞ 2. A criança ficou com os avós

⃞ 3. A criança ficou com uma ama ⃞ 4. A criança foi para uma creche

⃞ 5. A mãe trabalhou menos de 35 horas/semana ⃞ 6. A mãe trabalhou mais de 35 horas/semana

Entre os 3 anos e a idade de ir para a escola qual (ou quais) destas situações ocorreram:

⃞ 1. A criança ficou em casa com a mãe ⃞ 2. A criança ficou com os avós

⃞ 3. A criança ficou com uma ama ⃞ 4. A criança foi para uma creche

⃞ 5. A mãe trabalhou menos de 35 horas/semana ⃞ 6. A mãe trabalhou mais de 35 horas/semana

No caso de a criança ter ido para uma creche até aos 3 anos diga exactamente que idade ela tinha ________ No caso de a criança, entre os 3 e os 6 anos, ter ido para o Jardim Infantil, diga exactamente que idade ela tinha______

Page 95: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Para além do seu filho(a) que estamos a estudar quantos irmãos e irmãs ele(a) tem? ______

Indique as datas de nascimento e o respectivo sexo:

Data de Nascimento Sexo Se alguma das crianças for meio-irmão

Masculino Feminino Indicar se é da parte do pai ou da mãe

___/_____/_______ ⃞ pai ⃞ mãe

___/_____/_______ ⃞ pai ⃞ mãe

___/_____/_______ ⃞ pai ⃞ mãe

___/_____/_______ ⃞ pai ⃞ mãe

___/_____/_______ ⃞ pai ⃞ mãe

___/_____/_______ ⃞ pai ⃞ mãe

Gostaríamos de ter uma descrição da actividade normal de um dia de semana e do fim-de-semana do seu filho(a).

Indique a que horas se levanta e deita:

Horas a que se levanta Horas a que se deita

Dias úteis Sábado Domingo Dias úteis Sábado Domingo

Assinalar com um X qual o meio de transporte para a escola e de regresso a casa, horas e tempo gasto:

Ida para a Escola Saída da Escola

Meio de transporte Hora de saída Tempo gasto Meio de Transporte Hora de saída Tempo gasto

1. A pé 1. A pé

2. Bicicleta 2. Bicicleta

3. Transporte público 3. Transporte público

4. Carro particular 4. Carro particular

5. Outro: ___________ 5. Outro: ___________

O seu filho(a) pratica, para além da actividade física da escola, alguma actividade desportiva num clube ou outra

associação desportiva, nos seus tempos livres? ⃞ 1. Sim ⃞ 2. Não

Se respondeu Sim, preencha, por favor, o quadro seguinte, descrevendo essas actividades, indicando quantas vezes por

semana e o número de horas ou minutos da actividade praticada pelo(a) seu filho(a).

Dias úteis Sábado Domingo

Actividades (futebol, andebol, dança, natação.....)

Nº vezes por semana

Tempo (horas/min)

Tempo (horas/min)

Tempo (horas/min)

Page 96: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Gostaríamos de saber quais as instalações desportivas que existem na sua área de residência e qual, ou quais, o seu filho(a) frequenta

Assinale (com X na coluna 1) as instalações desportivas que existem na sua área de residência

Indique o tempo que a criança passa a ver Televisão durante a semana e ao fim-de-semana (assinalar com X)

Marque (com X na coluna 2) quais as que o seu filho(a) utiliza

Dias úteis Sábado Domingo

(1) Instalações que existem Instalações que o seu

filho utiliza (2) Nenhuma Nenhuma Nenhuma

1.Polivalente descoberto até 1 hora até 1 hora até 1 hora

2. Ginásio 1 hora 1 hora 1 hora

3.Piscina 2 horas 2 horas 2 horas

4.Pavilhão 3 horas 3 horas 3 horas

5.Campo de Futebol 4 horas 4 horas 4 horas

6.Ringue Patinagem + 5 horas +5 horas + 5 horas

_

Indique o tempo que a criança passa em frente ao Computador e a jogar Jogos Electrónicos durante a semana e ao fim-

de-semana (assinalar com um X na coluna mais estreita)

Computador Jogos electrónicos (PlayStation/GameBoy)

Dias úteis Sábado Domingo Dias úteis Sábado Domingo

Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma

Até 1 hora Até 1 hora Até 1 hora Até 1 hora Até 1 hora Até 1 hora

1 hora 1 hora 1 hora 1 hora 1 hora 1 hora

2 horas 2 horas 2 horas 2 horas 2 horas 2 horas

3 horas 3 horas 3 horas 3 horas 3 horas 3 horas

4 horas 4 horas 4 horas 4 horas 4 horas 4 horas

+5 horas + 5 horas +5 horas +5 horas +5 horas +5 horas

Do seguinte equipamento diga-nos o que tem em sua casa (nº) e qual/quais existem no quarto do seu filho(a):

Nº de aparelhos em casa Quarto do seu filho(a)

Televisão

Computador Fixo

Computador portátil

Tem internet em sua casa? ⃞ 1.Sim ⃞ 2.Não O seu filho(a) utiliza? ⃞ 1. Sim ⃞ 2.Não

Dos seguintes aparelhos/brinquedos diga-nos quais o seu filho(a) tem:

PlayStation ⃞ 1.Sim ⃞ 2.Não

Game Boy ⃞ 1.Sim ⃞ 2.Não

Page 97: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Indique o tempo que a criança, passa a Estudar e a Brincar em actividades como ler, fazer puzzles, brincar com

bonecas(os), carros (assinalar com um X na coluna mais estreita).

Estudar Brincar (ler, puzzles, carros, bonecas…)

Dias úteis Sábado Domingo Dias úteis Sábado Domingo

Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma

Até 1 hora Até 1 hora Até 1 hora Até 1 hora Até 1 hora Até 1 hora

1 hora 1 hora 1 hora 1 hora 1 hora 1 hora

2 horas 2 horas 2 horas 2 horas 2 horas 2 horas

3 horas 3 horas 3 horas 3 horas 3 horas 3 horas

4 horas 4 horas 4 horas 4 horas 4 horas 4 horas

+ 5 horas + 5 horas + 5 horas + 5 horas + 5 horas + 5 horas

Quantas horas em média o seu filho(a) tem brincadeiras como correr, saltar, jogar à bola, jogar às escondidas, andar de

bicicleta, trepar às árvores…… actividades que o façam correr:

Brincadeiras activas

Dias úteis Sábado Domingo

Nenhuma Nenhuma Nenhuma

Até 1 hora Até 1 hora Até 1 hora

1 hora 1 hora 1 hora

2 horas 2 horas 2 horas

3 horas 3 horas 3 horas

4 horas 4 horas 4 horas

+ 5 horas + 5 horas + 5 horas

Na sua opinião, o seu filho(a) é mais ou menos activo fisicamente do que as outras crianças da mesma idade?

⃞ 1. O meu filho(a) é uma criança muito mais activa do que as outras crianças

⃞ 2. O meu filho(a) é uma criança mais activa do que as outras crianças

⃞ 3. O meu filho(a) é uma criança tão activa como as outras crianças

⃞ 4. O meu filho(a) é uma criança menos activa do que as outras crianças

⃞ 5. O meu filho(a) é uma criança muito menos activa do que as outras crianças

Como descreveria o peso actual do(a) seu filho(a): Preocupa-se com o peso actual do(a) seu filho(a)?

⃞ 1. Muito magro(a) ⃞ 1. Não estou nada preocupada

⃞ 2. Magro(a) ⃞ 2. Estou um pouco preocupada

⃞ 3. Normal ⃞ 3. Estou relativamente preocupada

⃞ 4. Tem algum peso a mais ⃞ 4. Estou muito preocupada

⃞ 5. Tem muito peso em excesso

Está preocupada com o facto do(a) seu filho(a) Está preocupada com o facto do(a) seu filho poder vir a ser um(a) adolescente com peso a mais? poder vir a ser um(a) adulto(a) com peso a mais?

⃞ 1. Não estou nada preocupada ⃞ 1. Não estou nada preocupada

⃞ 2. Estou um pouco preocupada ⃞ 2. Estou um pouco preocupada

⃞ 3. Estou relativamente preocupada ⃞ 3. Estou relativamente preocupada

⃞ 4. Estou muito preocupada ⃞ 4. Estou muito preocupada

Page 98: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Durante cada uma das seguintes refeições indique se o filho(a) vê ou não televisão (assinalar com X na opção escolhida):

Nunca Só ao fim-de-semana 1 a 2 vezes/semana 2 a 3 vezes/semana Todos os dias

Pequeno-almoço

Almoço

Lanche

Jantar

Quantas refeições toma por dia o seu filho(a) (falamos de pequeno almoço, almoço, lanche, jantar, etc)?

⃞ 1 ⃞2 ⃞3 ⃞4 ⃞5 ⃞ mais de 5

Qual a frequência com que o seu filho(a) consome os seguintes tipos de alimentos?

Nunca 1 vez / dia 2-3 vezes /dia 1 vez/semana 2-3 vezes/semana Raramente

Refrigerantes (coca-cola, sumos com gás, etc)

Ice-tea

Sumos fruta

Bolos, bolachas, biscoitos

Chocolates, bombos, gomas

Hambúrgueres

Pizzas

Sopa legumes

Saladas

Leite

Na última semana quantas peças de fruta o seu filho(a) comeu em média em cada dia? ________

O seu filho costuma tomar o pequeno-almoço em casa? ⃞ 1. Sim ⃞ 2. Não

O que gosta o seu filho de comer ao pequeno-almoço? ________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________

Qual a frequência com que o sua família, incluindo os seus filhos, frequenta o seguinte tipo de restaurantes (assinalar com X

a(s) opções que mais se adequam à sua família:

Nunca 1 a 2 vezes /dia

1 vez /semana 2-3 vezes /semana Fim-de-semana

Raramente

Restaurante de comida portuguesa

Snack-bar

Restaurante fast-food (MacDonalds, Burber King…)

Pizzerias

Page 99: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

2. Dados relativos ao PAI da criança:

Data de nascimento: _____/____/_____

Localidade de nascimento __________________________ Concelho _________________ Distrito ________________

Escolaridade, indique o nível de ensino que completou:

1. Não sabe ler, nem escrever ⃞ 7.Ensino complementar (12 anos) ⃞

2.Ensino básico (4ª classe) ⃞ 8.Licenciatura ⃞ , em _______________________

3.Ciclo preparatório (6 anos) ⃞ 9.Bacharelato ⃞

4.Ensino secundário (9 anos) ⃞ 10.Mestrado ⃞

5.Ensino complementar (11 anos) ⃞ 11.Doutoramento ⃞

6.Outro. ⃞ , Curso profissional de ________ anos, diga qual: _______________________________________

Está a trabalhar neste momento? ⃞1.Sim ⃞2.Desempregado (desde _____/____/_____) ⃞3.Aposentado

Se está a trabalhar, qual a PROFISSÃO? (por favor diga exactamente aquilo que faz. NÃO DIGA APENAS, POR

EXEMPLO, FUNCIONÁRIO PÚBLICO, ESPECIFIQUE A SUA ACTIVIDADE E CATEGORIA) ______________________

________________________________________________________________________________________________

Pratica algum desporto com regularidade? ⃞ 1.Sim Quantas horas por semana? ____________ horas

⃞ 2.Não

Se respondeu Sim, diga qual o desporto: _______________________________________________________________

Diga quais os seus valores actuais de: Peso ________ kg e Altura ______ metros

Assinale com X (na 1ª coluna) as instalações desportivas que existem na sua área de residência e marque (na 2ª coluna) quais as que o pai utiliza.

Indique o tempo que passa a ver Televisão ou Vídeo durante a semana e ao fim-de-semana (assinalar com X)

Dias úteis Sábado Domingo

Coluna 1 Coluna 2

1.Polivalente descoberto

Nenhuma Nenhuma Nenhuma

2.Ginásio até 1 hora até 1 hora até 1 hora

3.Piscina 1 a 2 horas 1 a 2 horas 1 a 2 horas

4.Pavilhão + 2 a 4 horas

+ 2 a 4 horas + 2 a 4 horas

5.Campo de Futebol 4 a 6 horas 4 a 6 horas 4 a 6 horas

6.Ringue Patinagem + 6 horas + 6 horas + 6 horas

Indique a que horas se levanta e deita:

Horas a que se levanta Horas a que se deita

Dias úteis Sábado Domingo Dias úteis Sábado Domingo

Page 100: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

3. Dados relativos à MÃE da criança:

Data de nascimento _____/____/______

Localidade de nascimento __________________________ Concelho _________________ Distrito ________________

Escolaridade, indique o nível de ensino que completou:

1.Não sabe ler, nem escrever ⃞ 7.Ensino complementar (12 anos) ⃞

2.Ensino básico (4ª classe) ⃞ 8.Licenciatura ⃞ , em _______________________

3.Ciclo preparatório (6 anos) ⃞ 9.Bacharelato ⃞

4.Ensino secundário (9 anos) ⃞ 10.Mestrado ⃞

5.Ensino complementar (11 anos) ⃞ 11.Doutoramento ⃞

6.Outro. ⃞ , Curso profissional de ________ anos, diga qual: _______________________________________

Está a trabalhar neste momento? ⃞ 1.Sim ⃞ 2.Desempregada (desde _____/____/_____) ⃞3.Aposentada

Se está a trabalhar, qual a PROFISSÃO? (por favor diga exactamente aquilo que faz. NÃO DIGA APENAS, POR

EXEMPLO, FUNCIONÁRIA PÚBLICO, ESPECIFIQUE A SUA ACTIVIDADE E CATEGORIA) ______________________

________________________________________________________________________________________________

Pratica algum desporto com regularidade? ⃞ 1.Sim Quantas horas por semana? ____________ horas

⃞ 2.Não

Se respondeu Sim, diga qual o desporto: _______________________________________________________________

Diga quais os seus valores actuais de: Peso ________ kg e Altura ______ metros

Assinale com X (na 1ª coluna) as instalações desportivas que existem na sua área de residência e marque (na 2ª coluna) quais as que o pai utiliza.

Indique o tempo que passa a ver Televisão ou Vídeo durante a semana e ao fim-de-semana (assinalar com X)

Dias úteis Sábado Domingo

Coluna 1 Coluna 2

1.Polivalente descoberto

Nenhuma Nenhuma Nenhuma

2.Ginásio até 1 hora até 1 hora até 1 hora

3.Piscina 1 a 2 horas 1 a 2 horas 1 a 2 horas

4.Pavilhão + 2 a 4 horas

+ 2 a 4 horas + 2 a 4 horas

5.Campo de Futebol 4 a 6 horas 4 a 6 horas 4 a 6 horas

6.Ringue Patinagem + 6 horas + 6 horas + 6 horas

Indique a que horas se levanta e deita:

Horas a que se levanta Horas a que se deita

Dias úteis Sábado Domingo Dias úteis Sábado Domingo

Page 101: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

4. Dados familiares

Qual o número de pessoas do agregado familiar:? ______

Quem são? ⃞ pai ⃞ padrasto ⃞ mãe

⃞ madrasta ⃞ irmãos ⃞ meios-irmãos

⃞ outros, quem? __________________________________________________

Que tipo de casa habita:

⃞ 1.Apartamento em bloco habitacional (mais de 4 pisos)

⃞ 2.Apartamento em bloco habitacional com 2 a 3 pisos

⃞ 3.Moradia/vivenda unifamiliar com um piso

⃞ 4.Moradia/vivenda unifamiliar com dois ou mais pisos

Assinale com um X se a sua habitação possuir algum destes espaços:

⃞ 1.Pátio ⃞ 2.Jardim ⃞ 2.Terraço ⃞ 4.Quintal

O seu filho (a) tem um quarto: só para ele? ⃞ 1.Sim ⃞ 2.Não, partilha com irmão(s)? ⃞ 1.Sim ⃞ 2.Não

Nas cidades de Lisboa e de Coimbra gostaríamos de estudar a relação entre os valores de peso e altura do seu filho(a) e as

características do local de residência da sua família. Se mora nalguma destas cidades, gostaríamos de ter a sua morada.

Apenas necessitamos de saber a rua/avenida onde mora. NÃO É NECESSÁRIO DIZER O Nº DA SUA

CASA/APARTAMENTO:

Rua/Avenida _________________________________________________________________________________________

Page 102: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

O seguinte conjunto de questões diz respeito às diversas estruturas existentes na sua área residencial

e áreas envolventes. Referimo-nos a toda a área envolvente acessível a pé, no espaço de 10-15 minutos.

Faça um círculo, por favor, na resposta que lhe parece mais correcta para o seu caso individual

1. Qual o tipo de habitação predominante na sua área residencial? 1. Moradias independentes. 2. Casas geminadas, prédios de apartamentos de 2-3 andares. 3. Uma combinação de moradias independentes, casas geminadas e prédios de apartamentos 4. Prédios de apartamentos com 4 -12 andares. 5. Prédios de apartamentos com mais de 12 andares. 77. Não sabe / não tem a certeza

2. Muitas lojas, comércios, mercados ou outros estabelecimentos onde faço compras estão a uma distância de rápido acesso a pé. Diria que...

1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

3. De minha casa, a pé, demoro 10 – 15 minutos a chegar a uma paragem de transportes públicos. Diria que... 1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

4. A maior parte das ruas na minha área residencial têm passeios. Diria que... 1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

5. Nas estradas da minha área residencial, ou muito próximo, existem caminhos ou faixas de circulação próprios para ciclistas. Diria que...

1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

6. Na minha área residencial existem várias zonas de recreação e lazer, de acesso gratuito ou a preços baixos, tais como: parques, caminhos só para peões, faixas de circulação só para ciclistas, centros recreativos, parques infantis, piscinas públicas etc. Diria que...

1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

7. A taxa de criminalidade na minha zona não permite fazer passeios nocturnos por falta de segurança. Diria que... 1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

8. Há tanto trânsito nas ruas que se torna desagradável ou perigoso andar a pé na minha área residencial. Diria que... 1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

Page 103: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

9. Vejo muitas pessoas praticando exercício físico na minha área residencial. Isto é: caminham, correm, andam de bicicleta, praticam desportos e jogos. Diria que...

1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

10. Na minha área residencial há muitas coisas interessantes para se apreciar enquanto se passeia. Diria que... 1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

11. Quantos veículos motorizados em funcionamento existem no seu agregado familiar? 1. _______veículos motorizados 77. Não sabe / não tem a certeza

12. Há muitos cruzamentos na minha área residencial. Diria que... 1. Discordo completamente 2. Discordo de certa forma 3. Concordo de certa forma 4. Concordo completamente 88. Não há ruas nem estradas na minha área residencial 77. Não sabe / não tem a certeza

13. Na minha área residencial os passeios estão em bom estado de conservação (pavimentos com poucas fendas) e não estão obstruídos. Diria que...

1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

14. Na minha área residencial e nos arredores as faixas para ciclistas estão em bom estado de conservação e não estão obstruídos. Diria que...

1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

15. Na minha área residencial há tanto trânsito que se torna difícil e desagradável andar de bicicleta. Diria que... 1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

16. A taxa de criminalidade na minha área residencial não permite fazer passeios diurnos em segurança. Diria que... 1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

17. Há muitos sítios próximos da minha casa onde posso ir facilmente a pé. Diria que... 1. Discorda completamente 2. Discorda de certa forma 3. Concorda de certa forma 4. Concorda completamente 77. Não sabe / não tem a certeza

Page 104: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Relativamente a lojas, comércios, mercados, bancos ou outros estabelecimentos que existem na sua área de residência, quanto tempo demoraria para ir da sua casa para cada um dos seguintes locais se fosse a pé?

1-5 min. 6-10 min. 11-20 min. 20-30 min. + 30 min. Não sei

Supermercado

Pequena mercearia/frutaria

Mercado de frutas/vegetais

Estação de correio

Biblioteca

Escola básica

Jardim de infância

Restaurante de fast-food

Café

Banco

Restaurante

Farmácia

Paragem de autocarro

Jardim

Centro desportivo/ginásio

Centro de Saúde

Hospital Central

Quantas vezes o seu filho(a) vai a pé ou de bicicleta para os seguintes locais?

Não está numa

distância possível Nunca ou raramente

Menos de 1 vez por semana

1-2 vezes por semana

3-4 vezes por semana

5-6 vezes por semana

Diariamente

Pistas de bicicleta

Casa de amigo(a)

Parque ou Jardim

Transporte Público

Escola

Ginásio ou piscina

Lojas

Page 105: Tese de Ana Margarida Sebastião Santana.pdf

Qual a sua opinião sobre as seguintes afirmações relativamente à sua área de residência

Concorda

completamente Concorda

Concorda de certa forma

Discorda de certa forma

Discorda completamente

Não sabe/Não tem a certeza

Existe muito tráfego nas ruas da minha área de residência

Perigo desconhecido é uma preocupação para mim

A segurança nas ruas/estradas é uma preocupação na minha área

As ruas da minha área não têm semáforos/passadeiras para peões

O meu filho(a) teria que atravessar várias ruas para ir para parques/jardins

Existem poucos locais recreativos/desportivos na minha área

Os transportes públicos são muito limitados

MUITO OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO