território da antiga escrita do sudoeste · 8 9 guia do concelho de almodôvar – território da...

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ENTRE A PENEPLANÍCIE ALENTEJANA e o mar de cerros da serra do Caldeirão, o extenso concelho de Almodôvar oferece múltiplos cenários onde a natureza impera. Montados de sobreiros e azinheiras, bosques, diversos cursos de água, prados e campos cerealíferos, e grandes panoramas para descobrir e usufruir. É o que propomos neste guia com mais de 180 páginas e cerca de 200 fotografias e ilustrações: oito percursos pedestres, dois de bicicleta e três de automóvel, acompanhados pelos respectivos mapas, prometem desvendar muitos segredos que esta região tem para revelar. Um guia rico em informação sobre o património natural (flora, fauna e áreas classificadas) e cultural (monumentos, museus, património rural construído, gastronomia), sem esquecer a história, não fosse este o território da Escrita do Sudoeste – a mais antiga escrita conhecida da Europa Ocidental que há cerca de 2500 anos marcou o Sudoeste da Península Ibérica, como se poderá constatar no recente museu de Almodôvar dedicado a este património, cuja importância ultrapassa fronteiras. Um mapa do concelho recheado de anotações e um conjunto de informações sobre restaurantes, alojamento, festividades e contactos, contribuirão também para uma boa “navegação” e estadia por estas terras alentejanas.

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ISBN 97898995482-3-7

Índice Guia do Concelho de Almodôvar – Terr i tór io da Ant iga Escr i ta do Sudoeste

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Índice

Prefácio ......................................................................................................................... 6Introdução .................................................................................................................... 8Mapa Geral do Concelho de Almodôvar .................................................................... 10Evolução do Relevo, Geomorfologia e Clima ............................................................ 12 Rede Natura 2000 ....................................................................................................... 16 Os Cursos de Água Intermitentes ............................................................................... 20 FloraFlora do Concelho de Almodôvar ................................................................................. 22A Vegetação Mediterrânica ........................................................................................... 38O Género Quercus ........................................................................................................ 40FaunaAs Aves ......................................................................................................................... 42Os Mamíferos, Répteis e Anfíbios................................................................................. 56Energias Renováveis .................................................................................................... 60 Breve História do Concelho de Almodôvar ............................................................... 62Património Histórico/Cultural .................................................................................. 72Percurso na Vila de Almodôvar .................................................................................. 86Planta da Vila de Almodôvar ...................................................................................... 88Introdução Geral aos Percursos .................................................................................. 90Mapa Geral dos Percursos Pedestres .......................................................................... 92Percurso Pedestre 1 – Almodôvar / Albufeira de Monte Clérigo .................................. 94Percurso Pedestre 2 – Santa Clara-a-Nova / Mesas do Castelinho.............................. 100Percurso Pedestre 3 – Ribeira do Vascão ................................................................... 108Percurso Pedestre 4 – Rio Mira (Colchão dos Mouros) ............................................. 114Percurso Pedestre 5 – Brunheira / Corte Figueira dos Coelhos .................................. 120Percurso Pedestre 6 – São Barnabé / Ribeira de Odelouca ......................................... 126Percurso Pedestre 7 – Odelouca / Vale de Loulé ........................................................ 132 Percurso Pedestre 8 – Malhão / Corte do Freixo ....................................................... 138 Mapa Geral dos Percursos de Bicicleta e de Automóvel .......................................... 146

Percurso de Bicicleta 1 – Almodôvar / Albufeiras ...................................................... 148 Percurso de Bicicleta 2 – Serra do Caldeirão ............................................................. 154 Percurso de Automóvel 1 – Oriental ......................................................................... 158 Percurso de Automóvel 2 – Noroeste ........................................................................ 166 Percurso de Automóvel 3 – Serra do Caldeirão ......................................................... 172Gastronomia e Festividades ...................................................................................... 180 Restauração, Alojamento e Contactos Úteis ............................................................ 182

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Guia do Concelho de Almodôvar – Terr i tór io da Ant iga Escr i ta do SudoesteIntrodução

Montados de sobro e azinho, di-versos cursos de água, prados e campos cerealíferos, e a imensa

serra do Caldeirão, fazem de Almodôvar um território alentejano com uma notá-vel oferta de paisagens. Num dos maiores concelhos do país, com uma população que ronda os 8 mil habitantes, e portan-to, com uma reduzida densidade popula-cional, não faltam excelentes locais para grandes percursos pedestres, de bicicleta e de automóvel, desde as planícies ondula-

das ao mar de cerros e vales do Caldeirão. Aqui culmina o ponto mais alto (Mú,

577 m) de uma das mais extensas serras de Portugal, cujo maciço se prolonga desde o vale do Guadiana até à serra de Monchi-que, ao longo de cerca de 70 quilómetros. Neste concelho, a colecção de panoramas soberbos oferecidos pelos cumes da serra é imensa. Exemplo disso são as encostas vol-tadas a norte, onde o Caldeirão “desce” à planície que se prolonga até depois da linha do horizonte.

Um Convite à evasãoinTrodução

DaviD Travassos*

Grandes sobreirais revestem a maior par-te do relevo, enquanto nalguns lugares sub-sistem pequenos núcleos de azinhais que outrora assumiram uma maior presença na serra. Por vezes, e pontualmente, a ve-getação toma a forma de matagal e bosque mediterrânicos, quase regressando à sua condição original, como é raro de ser obser-vado no país que ao longo dos séculos viu praticamente desaparecer a sua floresta me-diterrânica. Esta combinação estratificada de árvores, arbustos e subarbustos é muito importante para a vida selvagem como local de abrigo, pernoita e reprodução, incluindo para um eventual regresso do lince-ibérico a esta região.

As imediações do Mú são um autêntico berço de águas correntes, dando origem ao rio Mira e a inúmeras ribeiras, quer afluentes do Guadiana (ribeiras do Vascão e de Oeiras), quer afluentes do rio Arade (ribeiras de Odelouca e da Azilheira). Estes cursos de água, acompanhados em inúme-ros troços por galerias ripícolas em bom es-tado de conservação, emprestam um toque de exuberância vegetal e de frescura, onde medram freixos, salgueiros ou espécies de identidade mais mediterrânica como os loendros, que se vestem de flores rosas no Verão, e os tamarizes.

Após sulcarem os cerros do Caldeirão, al-guns destes cursos de água, como o rio Mira e a ribeira de Oeiras, rasgam, mais a norte, a peneplanície alentejana. É o domínio das planuras, dos montados, dos campos cerea-líferos e dos pousios, verdes com as chuvas do Outono e Inverno, floridos na Primavera e amarelos ou doirados sob o calor estival.

Perante esta diversidade de habitats, a vida selvagem engloba uma grande variedade de espécies de animais: mais de 140 espécies de aves (residentes, invernantes, estivais e migradoras de passagem) – cerca de metade das que ocorrem em Portugal continental –, para além de dezenas espécies de mamíferos,

répteis e anfíbios. Neste guia destacamos uma série de animais, sobretudo aves, que poderão mais “facilmente” ser observadas e identificadas no concelho de Almodôvar. No entanto, tal selecção, sempre imbuída de subjectividade, não deve reduzir a impor-tância das que não foram ilustradas, já que inúmeras destas, por exemplo, se encontram ameaçadas em Portugal, e como tal são de conservação prioritária.

Uma nota ainda sobre os cursos de água, nomeadamente as ribeiras do Vascão e de Oeiras e o rio Mira, pois albergam espé-cies de peixes dulciaquícolas endémicas da Península Ibérica que se encontram ame-açadas de extinção, como são os casos do saramugo (Anaecypris hispanica), da boga--do-Guadiana (Chondrostoma willkommii) e da boga-de-boca-arqueada (Chondrostoma lemmingii), entre outras.

Território de antiga ocupação humana, com uma longa história, este concelho al-berga também um património cultural singular. O Museu da Escrita do Sudoeste, situado na vila de Almodôvar, é talvez o exemplo mais significativo, um caso único no país que expõe ao público um espólio histórico exclusivo do sudoeste peninsular. Mas não faltam outros motivos de interesse, desde a Estação Arqueológica das Mesas do Castelinho, e de templos religiosos como a Igreja Matriz de Almodôvar, a Igreja Ma-triz de Santa Cruz ou os magníficos fres-cos da Igreja do Rosário, aos mais diversos ícones do património rural arquitectónico, incluindo moinhos de vento e de água, pa-lheiros, corveiros, fornos de cozer pão in-vulgares, ou pequenos povoados com uma forte identidade etnográfica, como é o caso da Atalaia e das ruínas de Corte Figueira dos Coelhos. E claro, sem esquecer os sa-bores da gastronomia da região, que fazem parte do próprio sangue do Alentejo.

* Coordenador editorial

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Mapa do Conce lho de Almodôvar Guia do Concelho de Almodôvar – Terr i tór io da Ant iga Escr i ta do Sudoeste

Mú(577m)

MB

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N

0 5 10 Km

Moinhosde Vento

Anta

Casa Novado Estácio

CorteAzinheira

Mesas doCastelinho

Ermida de Santo Amaro

Boavista Valeda Rata

ROSÁRIO

A-do-Neves M.tePorteirinhos

M.te dos Mestres

Lisboa CastroVerde

Mértola

Ourique

ALDEIA DOS FERNANDES

GOMES AIRES

SANTA CLARA-A-NOVA

SÃO BARNABÉ

SANTA CRUZDogueno

Telhada

Atalaia CortePinheiro

CorteFigueira

Azinhal

M.te dosCorvatos

M.te Góis

Pego daCascalheira

FontesFerrenhas

M.te dasMestras

Barragem deMonte Clérigo

Barragemda Boavista

Viúvas

A-dos-Grandes

Guedelhas

Semblana

M.te dosGorazes M.te

da Vinha

SENHORA DA GRAÇA DE PADRÕES

Caiada

Corte Zorrinho

ALMODÔVAR

Faro

Zorrinho de CimaLoulé

FaroSão Brás de Alportel

SalirLoulé

Santanada Serra

Felizes

BrunheiraCerro

doNegro

Corte Figueira dos Coelhos

M.te dasSoeiras

M.te Abaixo

M.te dasFigueirasMalhão

Pardieiros

Santa Suzana

Odelouca

Rib

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Oeiras

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Rio Mira

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Serra do Caldeirão

Rib.ª do Vascão

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[ ]M.te das

Cercas [ ][ ]

Pego deM.te Bentes

Altimetria600 m500 m400 m300 m200 m

ROSÁRIO Sede de freguesia

ALMODÔVAR Sede de concelho

Odelouca Aldeia/Monte/Lugar

Símbolos

Vias

Toponímia

Auto-estradaEstrada alcatroadaCaminho de terra

Posto de combustível

Museu

Património arquitectónico

Palheiro de veio

Moinho de vento

Moinho de água

Alojamento

Percurso pedestre

Percurso de bicicleta

Desportos de água

Local fluvial aprazível

Vista panorâmica

MultibancoMB

Cafetaria

Restaurante

Igreja

Sítio arqueológico

Parque de merendas

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Moinhosde Vento

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Casa Novado Estácio

CorteAzinheira

Mesas doCastelinho

Ermida de Santo Amaro

Boavista Valeda Rata

ROSÁRIO

A-do-Neves M.tePorteirinhos

M.te dos Mestres

Lisboa CastroVerde

Mértola

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ALDEIA DOS FERNANDES

GOMES AIRES

SANTA CLARA-A-NOVA

SÃO BARNABÉ

SANTA CRUZDogueno

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Atalaia CortePinheiro

CorteFigueira

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M.te dosCorvatos

M.te Góis

Pego daCascalheira

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M.te dasMestras

Barragem deMonte Clérigo

Barragemda Boavista

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M.te dosGorazes M.te

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SENHORA DA GRAÇA DE PADRÕES

Caiada

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ALMODÔVAR

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Zorrinho de CimaLoulé

FaroSão Brás de Alportel

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M.te dasFigueirasMalhão

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ROSÁRIO Sede de freguesia

ALMODÔVAR Sede de concelho

Odelouca Aldeia/Monte/Lugar

Símbolos

Vias

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Auto-estradaEstrada alcatroadaCaminho de terra

Posto de combustível

Museu

Património arquitectónico

Palheiro de veio

Moinho de vento

Moinho de água

Alojamento

Percurso pedestre

Percurso de bicicleta

Desportos de água

Local fluvial aprazível

Vista panorâmica

MultibancoMB

Cafetaria

Restaurante

Igreja

Sítio arqueológico

Parque de merendas

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Flora Guia do Concelho de Almodôvar – Terr i tór io da Ant iga Escr i ta do Sudoeste

A FlorAPela sua importância ou representatividade no concelho de Almodôvar, destacamos mais de 25 espécies de árvores e arbustos. Um convite para se partir à descoberta da flora destas terras do Baixo Alentejo, desde as planícies onduladas à grande serra do Caldeirão, incluindo as margens

dos cursos de água que atravessam este território.

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Flora Guia do Concelho de Almodôvar – Terr i tór io da Ant iga Escr i ta do Sudoeste

árvores

Azinheira Quercus rotundifolia Lam.

O sobreiro é um dos símbolos da paisagem alentejana, embora ocorra em todo o terri-tório continental. A sua distribuição original restringe-se à região ocidental mediterrânica. Ocorre em Portugal (com 33% da área mun-dial), Espanha (23%), Norte de África (33%, no conjunto de Marrocos, Argélia e Tunísia), Itália e França (11%). É a espécie mais repre-sentada no concelho de Almodôvar, surgindo por todo o território, ora em montados mo-noespecíficos, ora em montados mistos com azinheiras. Na serra do Caldeirão podem en-contrar-se povoamentos que se aproximam de bosques naturais de sobreiros (sobreirais) onde as suas copas se tocam e uma diversida-de de arbustos cobre o solo.Esta árvore pode alcançar os 20 metros de altura e os troncos e ramos estão revestidos de cortiça. As folhas rijas e persistentes são ovais com margens dentadas, apresentando um verde esbranquiçado na página inferior.

De grande valor comercial por causa da cortiça, o so-breiro apresenta também um enorme valor de conservação pelos ecossistemas associa-dos, sendo uma espécie legal-mente protegida. A cortiça desempenha um papel ecoló-gico importante para a árvo-re, protegendo-a da acção do fogo e de fungos e parasitas, podendo ainda albergar co-munidades importantes de insectos e proporcionar abri-go durante o dia (em conca-vidades) ao morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus), por exemplo. No passado, o so-

breiro formou frondosos bosques naturais em associação com outras espécies do gé-nero Quercus, encontrando-se actualmente “confinado” a formações agro-silvo-pastoris denominadas de “montados”. A cortiça é extraída pela primeira vez quando o sobreiro atinge os 20 anos de idade, e depois de 9 em 9 anos. Depois de retirada das árvores (no Verão) a cortiça é empilhada em placas. Estas, após estagia-rem alguns meses entram no processo de tratamento, sendo cozidas e depois selec-cionadas e armazenadas antes de seguirem para a indústria transformadora. Embora centrada no fabrico de rolhas, a utilização da cortiça é hoje diversificada, desde a sua transformação em materiais isolantes, até peças de vestuário, calçado e produtos de design. A extracção de cortiça é feita até o sobreiro atingir os 140 anos de idade, mas a árvore pode viver até aos 300.

Sobreiro Quercus suber L.

Originária da Bacia do Mediterrâneo, a azinheira encontra-se distribuída por todo o interior de Portugal, ocupando também algumas zonas litorais no Alentejo. Em Almodôvar está presente em todo o conce-lho embora, actualmente, é o sobreiro que predomina na serra do Caldeirão. O seu porte, que pode chegar aos 20 me-tros, está normalmente condicionado a práticas culturais que o moldam, resul-tando em copas abertas e largas. As folhas são semelhantes às do sobreiro, podendo apresentar as margens lisas ou dentado--espinhosas. É uma árvore de grande lon-gevidade, podendo alcançar os mil anos. As flores surgem entre Março e Junho, com as masculinas agrupadas em amen-tilhos (cachos estreitos) amarelos, muito vistosos, e as femininas, mais discretas, de cor esverdeada, começam a produzir no Verão os seus frutos, as bolotas, que amadurecem no Outono. Estas podem ser

doces ou amargas, consoante a árvore que as produz, característica que leva alguns autores a classificá-las como subespécies diferentes.Os azinhais, de grande importância eco-lógica, já terão ocupado boa parte do ter-ritório nacional. Actualmente a azinheira encontra-se quase exclusivamente “confi-nada” a sistemas agro-silvo-pastoris deno-minados de “montados”, que por sua vez têm assistido a uma progressiva redução da sua área em Portugal.Os principais usos do montado de azinho são a produção de bolota para alimentação de porcos de raça preta, para além de car-vão, lenha e agricultura extensiva. A utili-zação de bolotas para alimentação humana (assadas ou na confecção de farinhas) já tem muito pouca expressão. Hoje assiste--se a uma diversificação da exploração deste montado, como por exemplo, com a produção de mel e cogumelos.

Guia do Concelho de Almodôvar – Terr i tór io da Ant iga Escr i ta do Sudoeste

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Fauna – Ave s

As Aves

As aves são a classe de vertebrados mais facilmente observada na natureza e das que mais fascínio desperta nos observadores de vida selvagem. Foram por isso destacadas face a outros grupos de animais. Entre as cerca de 140 espécies

residentes, estivais e invernantes que ocorrem no concelho de Almodôvar, seleccionamos 23 que podem ser observadas nos diversos habitats da região.

Mergulhão-de-crista Podiceps cristatus [Comp. 46-51 cm]

Com cerca de 50 cm de comprimento é o maior mergulhão da Europa, e tal como os seus congéneres é um mergulhador exímio. Esta característica é facilitada pela disposição das patas bem atrás e pelo corpo hidrodinâmi-co. Consegue nadar debaixo de água durante cerca de 50 segundos. No período nupcial apresenta um vistoso par de “golas” de penas cor de ferrugem e de plumas pretas na cabeça.As águas calmas de lagoas e albufeiras margi-nadas por vegetação constituem o seu habitat de eleição. No concelho de Almodôvar pode ser observado nas albufeiras de Monte Cléri-go e da Boavista, embora tal dependa da per-sistência da vegetação palustre nas margens, condicionada pelo nível da água. Em Portu-gal é uma espécie residente pouco comum de

norte a sul, sobretudo no interior.As suas paradas nupciais, que se iniciam em Feve-reiro, são notáveis. O macho e a fêmea voltam-se um para o outro, exibem as suas vistosas golas, juntam os pescoços e batem as asas, exibem o ma-terial que recolheram para o ninho, entre outros comportamentos. O mergulhão-de-crista cons- trói ninhos flutuantes e alimenta-se de pequenos peixes, rãs e insectos aquáticos.

e patas amarelas da garça-branca.É uma espécie sedentária em Portugal, dis-tribuindo-se principalmente a sul do Tejo. Forma colónias de nidificação e reúne-se em dormitórios, por vezes juntamente com ou-tras garças, em salgueiros e freixos à beira de água (açudes, pauis e albufeiras) mas também em zonas secas, utilizando pinheiros-mansos,

sobreiros e azinheiras, e até no solo em ilhéus ao largo da costa alentejana e algarvia. É comum ser observada à procura alimen-to (insectos, moluscos, répteis, anfíbios e até pequenos mamíferos) em habitats geralmente secos, sobretudo em campos agrícolas ou prados, incluindo na proximi-dade do gado.

Pato-real Anas platyrhynchos [Comp. 50-60 cm; Env. 81-95 cm]

É a espécie de pato mais comum em toda a Europa, sendo uma das poucas resi-dentes em Portugal onde se distribui de norte a sul. No concelho de Almodôvar ocorre nos diversos cursos de água e nas albufeiras, onde cria. A sua abundância e vasta distribuição geográfica, abrangen-do diversos continentes, são reveladores do grande poder de adaptação desta ave aquática.

Ao contrário dos seus parentes mergu-lhadores, apenas submerge a cabeça en-quanto busca alimento, mantendo a parte posterior do corpo à superfície. Durante quase todo o ano os patos-reais vivem em casais, reunidos geralmente em grupos maiores. Nas paradas nupciais exibem diferentes comportamentos, tal como no período da cópula. A sua alimentação va-ria desde plantas aquáticas e raízes, a cara-cóis, vermes, girinos e até rãs.

A garça-boeira ou carraceiro é um pouco me-nor que a garça-branca (Egretta garzetta). Du-rante a plumagem nupcial é facilmente dis-tinguida desta pelas suas plumas alaranjadas na cabeça, peito e manto. Durante o resto do ano, é totalmente branca, mas mantém o bico amarelo (preto na garça-branca) e as pernas de tonalidade clara, ao contrário das pernas pretas

Garça-real Ardea cinerea [Comp. 84-102 cm;

Env. 160-180 cm]

É uma garça de grande dimensão – semelhante à de uma cegonha

(Ciconia ciconia) –, cujo comprimento pode atingir um metro e a

envergadura mais de 170 centímetros. Distribui-se praticamente por toda a Europa, sendo muito comum de norte a sul de Portugal, nalgumas áreas como espécie residen-te, noutras apenas como invernante. Durante o seu voo “pesado” pode emitir sonoros grasnidos (“craog”) que lembram os de um corvídeo.Onde cria, forma geralmente colónias, escolhendo árvores para instalar os seus grandes ninhos, geral-mente nas margens de pauis, estuários, albufeiras e de rios. No concelho de Almodôvar pode ser observada quer nas albufeiras, quer nos diversos cursos de água que o atravessam.Quando avista alguma presa, projecta o seu bico com uma rapidez e precisão extremas. A sua dieta alimentar é variada, englobando sobretudo peixes mas também insectos, pequenos roedores, répteis, anfíbios e até mesmo aves.

Garça-boeira Bubulcus ibis [Comp. 45-52 cm; Env. 82-95 cm]

Plumagem nupcial

Guia do Concelho de Almodôvar – Terr i tór io da Ant iga Escr i ta do Sudoeste

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Fauna – Mamífero s , Répte i s e Anf íbio s

MaMíferos, répteis e anfíbios

Menos visíveis e mais esquivos do que as aves, outros vertebrados terrestres povoam o concelho de Almodôvar, desde texugos e sacarrabos a sapos-

corredores e cobras-de-escada. A maior parte dos mamíferos e dos anfíbios está mais activa durante a noite, enquanto a maioria dos répteis é diurna.

Destacamos cinco espécies de mamíferos que, com mais ou menos sorte, poderão ser observadas à luz do dia.

Lebre Lepus granatensis [Comp. 48-70 cm; Peso 3-6 kg]

De maior dimensão que um coelho, incluindo as ore-lhas, mais longas, a lebre é uma excelente corredo-

ra, podendo atingir os 70 quilómetros por hora. Distribui-se de norte a sul de Portugal, embora de forma descontínua. Habita sobretudo terrenos

abertos e pouco declivosos. Ao contrário do coelho, a lebre não escava tocas nem vive em sociedades hierarquizadas,

sendo geralmente solitária, constituindo pares ou pequenos gru-pos na época de reprodução ou durante a noite quando pasta (facilitando assim a vigilância de predadores). Utiliza camas no

solo para descansar, na forma de depressões ligeiras atapetadas com vegetação, ou “tocas” moldadas em ervas altas. Apesar da sua actividade ser principalmente crepuscular e nocturna, também pode ser observada durante o dia. A sua alimentação é exclusivamente herbívora.

Coelho-bravo Oryctolagus cuniculus [Comp. 34-50 cm; Peso 1,2-2,5 kg]

Das cinco espécies destacadas, a pro-babilidade de se observar um coelho (Oryctolagus cuniculus) ou uma lebre

(Lepus granatensis) é bem maior à de se avis-tar as restantes espécies, mais discretas. Para além de pequenos roedores (ratos-do-campo e afins) e insectívoros (como musaranhos), o sacarrabos (Herpestes ichneumon) e a doninha (Mustela nivalis) são também duas espécies que podem surgir à nossa vista durante os percursos, sobretudo a primeira, de actividade essencialmente diurna.

Entre os mamíferos contam-se diversas espé-cies ameaçadas (com diferentes níveis de ame-

aça), sobretudo algumas espécies de morcegos e o gato-bravo (Felis silvestris); outras, por falta de dados, ainda são mal conhecidas quanto ao estado das suas populações a nível nacional, como é o caso do toirão (Mustela putorius).

Quanto aos répteis e anfíbios, algumas espé-cies residentes neste território são endémicas da Península Ibérica, ou seja, não vivem em qual-quer outra parte do mundo. Estão neste grupo restrito o tritão-de-ventre-laranja (Triturus bos-cai), o sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasii), a rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galga-noi), a cobra-de-pernas-pentadáctila (Chalcides bedriagai) e a cobra-cega (Blanus cinereus).

Javali Sus scrofa [Comp. 100-160 cm; Altura ao garrote 60-105 cm; Peso 40-120 kg]

De corpo robusto, o javali distribui-se por toda a Europa, à excepção de grande parte das Ilhas Britânicas e da Escandinávia. Comum de norte a sul de Portugal, sobretudo no interior e em todo o Alentejo, ocupa uma grande diversida-de de habitats, desde bosques e zonas de matos a campos agrícolas (desde que ofereçam locais de abrigo). No macho, os caninos inferiores desenvolvem-se com a idade (as defesas) e po-dem chegar a atingir 20 centímetros. Apesar da visão ser fraca, os sentidos da audição, do olfacto e do tacto (na extremidade do focinho) são muito desenvolvidos.

São vários os indícios que assinalam a sua presença, como as fossadas ou áreas do solo removidas pelo focinho, as camas e os es-pojadouros (locais de banhos na lama), para além dos excrementos e das pegadas. De uma forma geral, os machos são animais solitários, exceptuando na época de reprodução, ao pas-so que as fêmeas constituem grupos com as crias e juvenis (até dois anos). No entanto, os machos adultos podem andar acompanhados

por machos mais novos (os escudeiros) que seguem à frente, protegendo o mais velho ao se exporem primeiro aos perigos.

A actividade dos javalis é sobretudo cre-puscular e nocturna. Sendo um animal om-nívoro, a sua alimentação é diversificada, abrangendo plantas verdes, bolbos e tubér-culos, frutos (como bolotas e castanhas), minhocas, insectos, pequenos mamíferos, répteis e aves, ovos e carcaças.

É uma espécie originária da Península Ibérica (e segundo alguns investigadores, também do Norte de África), mas devido à intervenção humana expandiu-se por quase toda a Europa, tendo sido ainda introduzida na América do Norte, América do Sul, Austrália e Nova Ze-lândia. No entanto, a mixomatose e a doença hemorrágica viral (para as quais ainda não fo-ram descobertas vacinas), a par com a grande pressão venatória, levaram a um grande declí-nio populacional nas últimas décadas. Tal re-flecte-se nos ecossistemas pois o coelho-bravo é um elo importante da cadeia alimentar com re-percussões em diversas espécies de carnívoros,

sendo o lince-ibérico o caso mais notório, já que o coelho constitui mais de 80% da sua alimentação.

O coelho-bravo vive em grupos familiares lide-rados por um macho do-minante. As suas tocas – as coelheiras – são formadas por um sistema de galerias subter-râneas. Um dos sinais da sua presença consiste nos seus dejectos pequenos e esféricos. A sua dieta alimentar abrange plantas herbáceas, ce-reais, raízes, sementes e frutos.

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Breve His tór ia

Breve História do ConCelHo de almodôvar

Desde há 5 mil anos até aos dias de hoje, as terras de Almodôvar foram marcadas por múltiplos povos e episódios indissociáveis da História de Portugal. Monumentos megalíticos, a singular Escrita do Sudoeste, as ocupações romanas e islâmicas bem

patentes nas Mesas do Castelinho, a “reconquista” cristã, a primeira escola de teologia do Baixo Alentejo, histórias serranas da resistência absolutista,

e toda uma vida entre a serra e a planície.

Os mais antigos testemunhos da presença humana no concelho de Almodôvar recuam à pré-história

recente. Apesar de pouco conhecidos e do seu deteriorado estado de conservação, esta-mos sobretudo na presença de monumentos megalíticos funerários colectivos como an-tas e tholoi. Estes surgem nos planaltos de Gomes Aires e da Aldeia dos Fernandes, na continuidade do megalitismo do Alto Sado e do Alto Mira, e ganham uma imponente singularidade nas cumeadas da serra do Cal-deirão, já aí partilhando similitudes com os monumentos algarvios.

Estes monumentos são testemunhos das primeiras comunidades agro-pastoris que a este território confluíram a partir do Gua-diana, Sado, Mira e das zonas litorais. Duas importantes etapas devem ser assinaladas ao longo desses longínquos 4º e 3º milénios an-tes de Cristo.

A primeira etapa iniciada no Neolítico (5º e 4º milénios a. C.) é representada por um conjunto de antas, também designadas de antelas, caracterizadas pela sua modesta construção de xistos e grauvaques e pequenas câmaras funerárias de corredor indistinto, em contraposição com os grandes monumentos graníticos do Alentejo central. As linhas ge-rais desta arquitectura megalítica – constru-ções pétreas cobertas por montículos artifi-ciais de terra – irão prosseguir ao longo da

proto-história, e funcionariam como referen-tes simbólicos e sociais destas comunidades, pelo que as antas se situavam em posições demarcadas na paisagem ou junto das vias de passagem. Ainda hoje é grandiosa a am-plitude visual sobre a planície alentejana na Anta da Boavista, tal como a partir da Anta do Cerro das Pedras (junto a Corte de Elvas) a vista estende-se pela serra.

Finda a planície dos Campos de Ourique, abaixo da Anta da Boavista, e não por acaso junto dos montes hoje conhecidos por “An-tas”, encontramos o grande monumento das Antas de Baixo, cuja maior dimensão o dife-rencia dos restantes. A presença de diversas “covinhas” em afloramentos próximos dá-nos conta ainda na região deste tipo de represen-tações de propósitos religiosos e ritualistas, destacando-se na região as figuras com be-los motivos antropomórficos do Moinho da Corte Figueira

Quanto à segunda etapa a assinalar, entre-mos serra adentro nos encaixados vales da ri-beira da Azilheira, onde a densa vegetação no lugar do Canafixal esconde um impressionan-te conjunto de quatro monumentos do tipo “tholos”. São monumentos funerários circu-lares de construção em pedra abobadados e de falsa cúpula, do período do Calcolítico (3º milénio a. C.). É um momento histórico em que a sociedade e o desenvolvimento agrícola se complexifica, com maiores excedentes, e o Cr

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Patr imónio His tór i co /Cul tura l Guia do Concelho de Almodôvar – Terr i tór io da Ant iga Escr i ta do Sudoeste

Almodôvar

Igreja Matriz

É o maior templo religioso de Almodôvar, erguendo-se imponente no seio da vila e destacando-se mesmo a longa distância. Com origem no final do século XVI (1592), a Igreja Matriz de Almodôvar provavelmente substituiu no local um anterior templo já re-ferido em 1297. De grande volumetria, esta obra de Nicolau de Frias é um exemplo da arquitectura das “igrejas-salão”.

Sustentada no interior por poderosas co-lunas toscanas, a igreja é composta por três naves cobertas por abóbadas que formam um conjunto de notável monumentalidade. A capela-mor foi demolida por ordem de D. João V e reconstruída no fim da primei-ra metade do século XVIII, dando lugar ao actual altar de talha dourada, iluminado por janelões. Novas alterações ocorreram nos sé-culos XIX e XX, como a actual escadaria da fachada principal construída na década de 1950, ou a inclusão de um painel de Severo Portela (1961) em torno da pia baptismal. A igreja era encimada por duas torres, uma sineira e outra com um relógio, tendo esta sido destruída por um raio.

A Igreja Matriz é dedicada ao Santo

Ildefonso (607-667), um santo hispânico do período visigótico, bispo de Toledo, consi-derado uma das grandes personalidades da Igreja na Península Ibérica no século VII, e um grande defensor do culto mariano.

Patrimóniohistórico/cultural

do concelho de AlmodôvarIgrejas, conventos e ermidas, museus, sítios arqueológicos, moinhos de vento e de água, palheiros de veio. Da vila de Almodôvar à serra do Caldeirão,

o património histórico e cultural está representado por diversificados motivos de interesse. Eis uma selecção organizada por freguesias do concelho.

Igreja Matriz de Almodôvar.

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Malhão / Corte do Freixo – Percurso 8

EntrE moinhos E ribEirasEntre cerros e vales, não faltam motivos de interesse neste percurso

nos domínios da serra do Caldeirão: uma frondosa galeria de freixos que acompanha a ribeira da Azilheira, um moinho de água, um moinho de vento de onde se desfruta um magnífico panorama,

a vegetação mediterrânica com algumas azinheiras seculares e um monte abandonado onde a taipa está presente.

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Malhão / Corte do Freixo – Percurso 8

O percurso tem início na aldeia do Malhão. Logo à entrada, para quem vem da estrada da serra e do Mú, há

um caminho de terra à esquerda com a indi-cação de “Foz do Zebro”. Iniciamos por aí a descida até ao barranco da Vinha.

Pouco depois a vista abre-se sobre o vale, destacando-se ao fundo o viaduto da A2 e no horizonte, a serra de Monchique, cujo cume mais alto ultrapassa os 900 metros de altitude. Mas para melhor se contemplar as vistas, é “obrigatório” virar no primeiro desvio à esquerda e subir ao moinho do Malhão (outra possibilidade, é fazê-lo no fim do percurso). Lá em cima, a 384 metros de altitude, o extraordinário

panorama compensa o esforço da subida. De regresso ao caminho, um pouco

adiante, numa curva em cotovelo à es-querda, viramos à direita por um trilho que desce inclinado na direcção do vale. Sobreiros (Quercus suber), medronheiros (Arbutus unedo), rosmaninhos (Lavandula sp.) e estevas (Cistus sp.) compõem a vege-tação mediterrânica. Entretanto o caminho entronca num outro, mais largo, onde vol-tamos à direita para seguirmos pelo vale na direcção do viaduto.

No barranco da VinhaNalguns troncos mortos de sobreiros são

visíveis buracos escavados por pica-paus.

As árvores mortas cumprem um importante papel ecológico, beneficiando, por exemplo, insectos, aves e mamíferos. A disponibilidade de cavidades pode oferecer locais de abrigo e reprodução a mochos e corujas, a diver-sas espécies de chapins e trepadeiras, e até a gatos-bravos (Felix silvestris), genetas (Genetta genetta) e fuinhas (Martes foina).

As encostas do lado esquerdo, voltadas a norte, e por isso com menor incidência solar directa, mantêm algumas espécies vegetais características de ambientes mais frescos e húmidos como folhados (Vibur-num tinus), estevões (Cistus populifolius) e diversas espécies de trepadeiras. Por ve-zes, a vegetação assume quase a estrutura de um bosque tipicamente mediterrâni-co, misturando-se sobreiros, urzes (Erica sp.), estevas (Cistus sp.), medronheiros e até alguns carvalhos-cerquinhos (Quer-cus faginea) junto à linha de água, onde surgem também tamarizes (Tamarix sp.) e loendros (Nerium oleander). Durante a Primavera podemos ser brindados com o magnífico canto do rouxinol-comum (Lus-cinia megarhynchos), um dos mais venera-dos entre as aves.

Mais adiante, antes de chegarmos a um monte abandonado, destaca-se um belo nú-cleo de azinheiras (Quercus rotundifolia) no lado esquerdo. Um muro de taipa assinala a proximidade do Monte Novo. No lado es-querdo, uma várzea acompanha a ribeira, onde subsistem oliveiras (Olea europaea), al-gumas figueiras (Ficus carica), marmeleiros (Cydonia oblonga), nespereiras (Eriobotrya ja-ponica) e pereiras (Pyrus sp.). Na outra mar-gem, uma curiosa fonte encaixada num nicho, envolta por densa vegetação e meio escondida, oferece uns goles de água fresca. Nessa encosta desenvolve-se um sobreiral com um coberto arbustivo bem conformado. A taipa ainda está presente no casario, e à frente sobressai um no-tável forno de cozer pão construído em pedra com cobertura em falsa cúpula.

O moinho de água da Corte do Freixo

Prosseguimos pelo caminho principal e passamos por baixo do viaduto da A2. No entroncamento com a estrada alcatroada voltamos à direita e seguimos agora neste curto troço acompanhando o vale da ribei-ra da Azilheira, com uma paisagem rural de pequenos olivais e parcelas de cereais e pousios. Após passarmos novamente sob o viaduto, viramos à esquerda por um

Uma azinheira secular (Quercus rotundifolia) brinda-nos no troço final deste percurso.

A taipa revela-se ainda em muros e casas que subsistem na serra do Caldeirão.

No Monte Novo, um forno de cozer pão construído com pedras de xisto assiste ao passar do tempo.

Restauração / Alojamento / Contactos úteis Guia do Concelho de Almodôvar – Terr i tór io da Ant iga Escr i ta do Sudoeste

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RestauRação alojamento

Apartamentos Turísticos “Camões” Almodôvar – Rua A, n.º 11 F, Bairro do MaldonadoTel.: 286 665 439 / 96 307 42 68 / 96 306 74 44Web: www.atcamoes.com.pt

Pensão/Residencial “Serafim” Almodôvar – Rua do Afonso, n.º 9Tel.: 286 660 010 / 96 795 64 06 / 91 420 45 11Web: www.almodovar.com.pt/residencialserafim

Casarão (turismo em casa particular) Almodôvar – Rua de S. Sebastião, n.º 9Tel.: 286 662 433 / 96 671 71 05

Restaurante “Almodôvar” – AlmodôvarEspecialidades: gambas à chefe, strognoff de vacaRua dos Bombeiros, n.º 2Tel.: 286 665 012

Restaurante “Camões” – AlmodôvarEspecialidades: migas com entrecosto, cataplana de tamboril, arroz de tamborilRua A do Maldonado, n.º 11Tel.: 93 946 13 38

Restaurante “D. Dinis” – AlmodôvarEspecialidades: açorda de marisco, cozido de grão ou de feijãoRua António Cândido Colaço, n.º 74Tel.: 286 662 510Encerra à segunda-feira à hora de almoço e à quarta-feira

Restaurante-Pizzaria “O Forno” – AlmodôvarEspecialidades: pizzas, massas e lasanhaRua 17 de Abril, n.º 2Tel.: 286 665 028Encerra à segunda-feira

Churrasqueira “Palma” – AlmodôvarEspecialidades: frango assadoRua Serpa Pinto, n.º 27Tel.: 286 665 388Encerra ao domingo

Casa de Pasto “Serafim” – AlmodôvarEspecialidades: carne com amêijoas, cabidelaRua do Afonso, n.º 5Tel.: 286 662 257

Restaurante “O Sobreiro” – AlmodôvarEspecialidades: sopa de beldroegas, açorda de marisco, migas com entrecosto, picanha, bacalhau à sobreiro, naco na pedra Estrada de MértolaTel.: 286 665 302Encerra à segunda-feira

Restaurante “Tic-Tac” – AlmodôvarEspecialidades: migas, lombinhos à Tic-Tac Praceta dos BombeirosTel.: 286 662 484

Casa de Pasto “Vítor” – AlmodôvarSó o prato do dia ou por encomenda Especialidades: ensopado de borrego, feijoada, cozido à portuguesaEstrada de São SebastiãoTel.: 286 662 448Encerra ao sábado

Tasquinha do Medronho – AlmodôvarEspecialidades: petiscos alentejanosRua A do Maldonado, n.º 21Tel.: 286 665 322Encerra à segunda-feira

Casa de Pasto “Cornélia” – AlmodôvarEspecialidades – cabidela de galo e cozido de grãoRua do Cerro da Nodre, n.º 20-ATel.: 286 662 343 / 286 662 343 Encerra ao domingo

Snack-bar “A Esquina” – AlmodôvarRua do MercadoServe refeições de segunda a sexta-feira à hora de almoço Encerra ao domingo

Snack-bar “Império” – AlmodôvarRua António Cândido ColaçoTel.: 286 665 176Serve refeições à hora de almoço Encerra ao domingo

Restaurante “Mesas do Castelinho” – Santa Clara-a-NovaEspecialidades: migas, açorda de bacalhau, ensopado de borrego e pratos de caçaCerca da Junta de FreguesiaTel.: 286 474 303

Casas de Campo / Turismo no Espaço Rural

Monte Gois – CorvatosTel.: 286 665 509 / 96 706 41 46 / 93 326 14 59 / 93 330 44 82Web: www.montegois.com

Quinta Cerro do Seixo Estrada Guedelhas-Viúvas Tel.: 286 662 110 / 96 850 02 97 / 96 703 93 94Web: www.quintacerrodoseixo.com

Casinhas No Monte Moinhos de Vento – Pegos de HortaTel.: 286 474 280Web: www.casinhasnomonte.web.pt

Monte Abaixo – São Barnabé Tel.: 286 662 433 / 96 671 71 05

Café-Restaurante “Colaço” – Corte ZorrinhoEspecialidade da Casa: feijoadaTel.: 286 479 173

Café-Casa de Pasto “Gaio” – Gomes AiresPrato do dia ou por encomendaRua Nova, n.º 17Tel.: 96 924 43 23 / 96 889 41 04

Restaurante “No Monte” – Moinhos de VentoEspecialidades: leitão assado em forno de lenhaPegos de HortaTel.: 286 474 280

Restaurante “Pereira” – Senhora da Graça de PadrõesEspecialidades: bacalhau com natas, cabidela, cabrito e grelhados de porco pretoTel.: 286 684 231Encerra à segunda-feira

Café-Restaurante “Pôr do Sol” – RosárioEspecialidades: cozinha suíça e cozinha tradicional alentejanaEstrada Nacional 2, n.º 40Tel.: 286 954 373Encerra à segunda-feira

Café-Restaurante “Manuel Francisco” – DoguenoEspecialidades: bacalhau com grão e frango assado na brasaEN2 – DoguenoTel.: 286 454 152

Snack-bar “Quatro Estações” – EN 267 (Estrada para Mértola)Serve refeições de segunda a sexta-feira à hora de almoço Tel.: 96 613 81 85