termo de ajustamento de conduta tac no âmbito público...

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9 Termo de Ajustamento de Conduta TAC no âmbito público Autor: Ramos. F. A. P Lattes: http://lattes.cnpq.br/986214025340619 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo esclarecer o que é Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) aplicado na Administração Pública. Em um país marcado pela uma redemocratização que estabeleceu novos paradigmas, na Administração Pública, e, uma nova forma de fiscalização dos órgãos púbicos, o TAC instrumento célere, importante, que visa a solução extrajudicial dos atos considerados lesivos. Dessa forma pretendemos nesse trabalho apresentar as linhas gerais do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), apresentando seus elementos consecutivos. Sempre buscando uma nova tese diferenciada a sua devida aplicabilidade em face da Administração Pública. Iniciamos o tema falando do Estado Democrático de direito que e um requisito básico para que esse instituto efetivamente cumpra seus objetivos, bem como, também nos torna possível a sua a divergência de opiniões, debatendo sua eficácia, aplicabilidade e a sua funcionalidade. Em seguida nos valemos dos conhecimentos passados nos livros de direito na busca das origens históricas no direito brasileiro. Depois apresentamos a legislação brasileiro em linhas gerais, tratando o assunto, que iniciou-se no ano de 1976 na legislação infra- constitucional dos estados-membros.

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Termo de Ajustamento de Conduta TAC no âmbito público

Autor: Ramos. F. A. P

Lattes: http://lattes.cnpq.br/986214025340619

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo esclarecer o que é Termo de Ajustamento de

Conduta (TAC) aplicado na Administração Pública. Em um país marcado pela uma

redemocratização que estabeleceu novos paradigmas, na Administração Pública, e, uma nova

forma de fiscalização dos órgãos púbicos, o TAC instrumento célere, importante, que visa a

solução extrajudicial dos atos considerados lesivos.

Dessa forma pretendemos nesse trabalho apresentar as linhas gerais do Termo de

Ajustamento de Conduta (TAC), apresentando seus elementos consecutivos. Sempre

buscando uma nova tese diferenciada a sua devida aplicabilidade em face da Administração

Pública.

Iniciamos o tema falando do Estado Democrático de direito que e um requisito básico

para que esse instituto efetivamente cumpra seus objetivos, bem como, também nos torna

possível a sua a divergência de opiniões, debatendo sua eficácia, aplicabilidade e a sua

funcionalidade.

Em seguida nos valemos dos conhecimentos passados nos livros de direito na busca

das origens históricas no direito brasileiro. Depois apresentamos a legislação brasileiro em

linhas gerais, tratando o assunto, que iniciou-se no ano de 1976 na legislação infra-

constitucional dos estados-membros.

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Em segundo lugar buscamos efetuar uma avaliação de como ocorre a utilização do

instituto atualmente, como tem sido aplicado, quais os seus limites e abrangências conceitos.

Por fim chegamos a conclusão onde trataremos um pouco daquilo que consideramos

as principais polêmicas e problemas que detectamos na sua aplicação e no entendimento

doutrinário, para que assim possamos tecer de forma mais direta as nossas considerações

quanto a sua aplicação e os limites benéficos do tema.

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1 O ESTADO DE DIREITO

Primeiramente, o processo de democrático vem profundamente acolhido de elementos

da representatividade, incorporando a participação da população na construção e manutenção

deste Estado, dando uma maior mobilidade aos órgãos na separação dos poderes.

Faz-se necessário que os administradores tenham uma mobilidade controlada

juridicamente, para que, não se percam ou desviem das finalidades no gerenciamento dos bens

e interesses coletivos.

Os administradores devem saber que a coisa pública não lhe pertence, e, de qualquer

forma o patrimônio público deve servi-lhes para interesses próprios, devendo agir sempre na

busca do interesse coletividade, agindo secundum legem.

Sendo o principio da legalidade a diretriz básica da conduta dos agentes da

Administração, ou seja, que toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por

lei, fazendo somente o que a lei permite, não sendo atividade é ilícita.

Tal princípio, implica aos agentes administrativos uma completa subordinação à lei,

devendo todos serem instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades normativas

sempre refletido na sua própria existência dos seus atos a garantia dos direitos, e em caso de

dissonância entre a conduta e a lei, deverá aquela ser corrigida para eliminar a ilicitude do ato.

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A administração da coisa pública deve satisfazer certas exigências, são deveres

poderes, como é lembrado por Celso Bandeira de Melo1, vejamos:

“melhor do que falar em poderes administrativos ou poderes deveres deve

se falar em deveres poderes, já que a Administração Pública tem acima de tudo,

deveres de cumprir segundo o estabelecido em lei. Os poderes são encargos de

maneira a alcançar com precisão fim legal”

Portanto devem agir sempre cumprindo o que a lei estabelece, sendo o poder dado ao

administrador um instrumento conferido para realização de determinados atos.

2 TUTELA DOS DIREITOS TRANSINDIVIDUAIS

O direito transindividual é gênero que engloba três espécies, a saber: os direitos

difusos, os direitos coletivos e os direitos individuais homogêneos, considerando que este

possa fica sobre a rubrica de direitos transindividuais2.

Nesta égide devemos determinar à classificação doutrinária as espécies que englobam

o gênero. Os direitos difusos compreendem-se no direito transindividual “de natureza

indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de

fato”³.

Já os direitos coletivos compreendem-se como “a tutela dos direitos coletivos são os

transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo, categoria ou classe de

pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica”3.

E por ultimo os direitos individuais e homogêneos são compreendidos nos que “são

decorrentes de origem comum”³.

“O direito individual á aquele que se caracteriza pelo uso exclusivo de determinada

pessoa seja natural ou jurídica que o detenha”4, sendo limitado a esta pessoa, tendo o dever e

1 Revista de Direito Público nº 90, p. 60 [198-]. 2 Rodrigues, Geisa de Assis. Ação Civil Pública e Termo de Ajustamento de Conduta:Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Forense, 2002. 3 Santos, Jerônimo Jesus. Termo de Ajustamento de Conduta, p. 129. Rio de Janeiro: Ed.Rio de Janeiro, [200-] 4 Santos, Jerônimo Jesus. Termo de Ajustamento de Conduta, p. 130. Rio de Janeiro: Ed.Rio de Janeiro, [200-]

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a atribuição desta resguardar o seu direito, não podendo nos esquecer das situações

excepcionais, em que outrem o faz, exemplo no caso da proteção dos incapazes.

Os direitos públicos subjetivos são direitos fundamentais do homem, prerrogativas que

possuem uma tutela excepcional. Já o direito transindividual por sua vez, é diverso, pois este

possui uma repercussão ampla e subjetiva, direito este subjetivo que deve ser protegido

diretamente pela norma, de forma reflexa, sendo o direito transindividual de interesse público

ou difuso.

O Código de Defesa do Consumidor dispõe os interesses transindividuais em três

espécies:

1) os difusos concernem sujeitos indeterminados e ligados por circunstâncias de

fato;

2) os coletivos a um determinado grupo, categoria ou classe, instituída por uma

relação jurídica base;

3) os individuais que so podem ser exercidos coletivamente pelo fato de terem

uma origem comum.

Tutela esta que está que cabe ao órgão público fiscalizador, o Ministério Público que

além do dever de resguardar as leis deve obrigatoriamente resguardar os interesses difuso e

coletivos, atribuição está que não compete somente ao MP, estando elencados outro como a

Defensoria Pública entre outros enunciados no art. 5º de Lei 7.347/85.

Órgãos estes tão logo constatarem qualquer violação ou ameaça de direito, deve tomar

todas as providencias cabíveis na busca de cessar esse risco real ou iminente, e, buscar da

maneira mais ampla e eficaz os responsáveis pelo ato ilegal, para que sejam punidos e ou

reparem o dano.

3 TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA

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3.1 ORIGEM E HISTÓRIA

O TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), como todo o instituto jurídico nasce para

atender as exigências de uma época onde o país precisava de instrumentos jurisdicionais para

tutelar os direitos difusos e coletivos.

O TAC surgiu com outras denominações como Termo de Compromisso que era

aplicado pela Administração Pública na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), com o

intuito de reafirmar o dever de observâncias as normas jurídicas vigentes, sendo criado pela

lei nº6.385, de 07 de dezembro de 1976, que trata do Mercado de valores Mobiliários e

Comissão de Valores Mobiliários.

Posteriormente, no ano de 1981, o TAC foi incorporado e é amplamente utilizado na

Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981 (Lei que dispõe sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente), no qual o infrator poderia se comprometer a sanar todos os danos ao meio

ambiente, assim que cumprido o infrator gozava de benefícios como redução no valor da

multa.

Com a sua incorporação na Lei 6.938/81 este sofreu uma mudança na sua natureza

jurídica deixando de ser somente utilizado pela Administração Pública para ser utilizado pelo

Ministério Público

O TAC teve a sua origem e forma definida e difundida até hoje no art. 55 da Lei nº

7.244/84 (Lei de Pequenas Causas) em que conferiu ao acordo extrajudicial celebrado entre as

partes e referendado pelo Ministério Público, com a natureza jurídica de título executivo

extrajudicial.

Esse instituto popularizou-se com a Lei nº 7.347/85 denominação de Termo de

ajustamento, com duas características a de ser um título extrajudicial e somente utilizado pelo

Ministério Público.

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Porém com o advento do Código de Defesa do Consumidor (CDC) o TAC estudado

no presente trabalho encontra-se no § 6º do art. 5º da Lei nº 7.347/85 (acrescentado pelo

art.113 da Lei nº 8.078/90 CDC), onde o texto legal diz:

“Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial”

Possibilitando aos órgãos públicos o poder de obter um compromisso de ajustamento

de conduta às exigências legais, daqueles que estejam atuando ou com a possibilidade de atuar

em descompasso com as regras de proteção dos direitos transindividuais, proporcionando

agilidade e efetividade aos negócios jurídicos relativos aos direitos e interesses difusos

coletivos e individuais homogêneos.

As leis que vigoravam antes da promulgação da Constituição Federal de 1988 (CF/88)

devem ser recepcionadas pela Carta Magna para que tenha eficácia, isso ocorre de acordo com

a sua compatibilidade aos principio e a nova ordem constitucional, as leis incompatíveis

explicitamente ou implicitamente perderão a sua eficácia independente da sua espécie, seja

Emenda ou qualquer legislação infra-constitucional, pois uma nova constituição estabelece

uma nova ordem jurídica, e por seguinte o seu devido adequamento, vejamos nos dizeres de

Alexander de Morais:

Recepção consiste no acolhimento que uma nova constituição posta em

vigor dá às leis e atos normativos editados sob a égide da Carta Magna anterior,

desde que compatíveis consigo 5.O fenômeno da recepção, além de receber materialmente as leis e atos normativos compatíveis coma nova Carta, também

garante a sua adequação à nova sistemática legal.

A receptividade da Lei 7.347/85 encontra-se amparada pela previsão constitucional

no art. 129, inciso III, artigo este que trata das funções institucionais do Ministério Público

(MP), em inciso terceiro onde o MP deve promover a ação civil pública, para proteção do

patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos,

vejamos o artigo supracitado:

Art.. 125 – São funções institucionais do Ministério Público:

5 FERRAZ, Anna Cândida Cunha; Almeida, Fernanda Menezes de. Revista da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, jun. 1995, p.45 ss.

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III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para proteção do

patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivo.

A Lei 7.347/85 que disciplina a Ação Civil Pública é recepcionada pela sua

compatibilidade ao novo sistema legal imposto pela CF/88, e vem a ser alterada pelas Lei

8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA), que no seu Capítulo VII, trata Da Proteção Judicial dos

Interesses Individuais, Difusos e Coletivos, e, posteriormente a Lei 8.078, de 11 de setembro

de 1990, que se trata do Código de Defesa do Consumidor (CDC), que modificou e adequou a

Lei 7.347/85, assim tornando esta lei mais adequada a nova sistemática legal.

3.2 FUNDAMENTOS LEGAIS

O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) tem o seu fundamento legal dado pela

Lei 7.347/85 que sofreu uma alteração dada pela Lei 8.078/90 (CDC), onde no art. 5º § 6º

alude o instrumento jurídico do ajustamento de conduta as exigências legais, mediante

cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.

O TAC pode ser proposto pelos órgãos legitimados no art. 5º da Lei 7.347/85, sendo o

Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal, os

Municípios, a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista, as

associações, podendo qualquer um destes atuar como tomadores do TAC.

Assim é cabível o TAC em toda atividade que gere danos aos bens tutelados pela Lei

7.347/85, pela Lei 8.069 ECA e pela Lei 8.078 CDC, bastando esta caracterizado o dano ou

ameaça a direito coletivo e difuso que será fato tipificado e portanto cabível o seu

ajustamento.

3.3 NORMAS VIGENTES

A legislação vigente, que abrange o TAC é a Lei 7.347/85 em sua forma mais

ampla onde visa tomar compromisso dos causadores de danos ao meio-ambiente, ao

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consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e

paisagístico, tendo a sua aplicabilidade a todos os fatos em que for cabível a Ação

Civil Pública.

A Lei 8.884 de 11 de junho de 1994 que trata da Prevenção e Repressão às

infrações Contra a Ordem Econômica ou Lei Antitruste, também prevê no seu art. 53

c/c 25 e 60, a proposição de termo de compromisso.

A CLT prevê no art. 876, que os termos de ajuste de conduta realizado entre

empregador e empregados devem ser firmados perante o Ministério Público do

Trabalho, sendo executados na Justiça do Trabalho, conforme competência dada pelo

art. 877 A.

3.4 CONCEITOS

Francisco Antônio de Oliveira6 conceitua o Termo de Ajustamento de Conduta da

seguinte forma:

Iniciativa extrajudicial da parte inadimplente, na qual reconhece que a conduta

até então desenvolvida não estava conforme as exigências legais, comprometendo-

se à imposição de cominações pecuniárias, tendo o compromisso de ajustamento o

valor de título extrajudicial. Francis

A definição dada por Marcelo Ribeiro Silva7:

“O instrumento utilizado pelos órgãos públicos legitimados à propositura da ação

civil pública, com o fito de por fim, no âmbito extrajudicial, a uma conduta

ofensiva a direitos difusos e coletivos.”

O TAC é um instituto do Estado Democrático de Direito consagrado

constitucionalmente, sobretudo porque facilita por um lado o livre acesso à justiça e por outro,

tutela os direitos e interesses transindividuais, de natureza difusa, coletiva e individual

6 “Da Ação Civil Pública: da execução do compromisso...”, cit., p. 1.035. 7 “Execução do Termo de Compromisso firmado perante o Ministério Público do Trabalho na Justiça Obreira – possibilidade à luz do ordenamento jurídico-normativo vigente” São Paulo: Revista LTr, julho/2000, p. 886.

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homogêneo, possuindo a capacidade preventiva da a ação lesiva e a capacidade de correção

extrajudicial de uma conduta lesiva.

3.5 PRINCIPIOS NORTEADORES

Os princípios norteadores do TAC, conforme leciona o Prof. Jerônimo Jesus dos Santos

em seu livro Termo de Ajustamento de Conduta, Ed. Rio de Janeiro[200-]

3.5.1 DA ORALIDADE

Este princípio, visa a simplificação dos procedimentos na propositura do TAC, onde

da apresentação da minuta do termo até a sua fase de execução dos termos descumpridos,

onde somente os atos considerados essenciais são reduzidos a termo

3.5.2 DA SIMPLICIDADE E DA INFORMALIDADE

Os princípios da simplicidade e da informalidade norteiam o TAC, pois os atos

praticados na propositura e execução dos TAC, são validados desde que alcancem o seu

objetivo, seja cessar a conduta ilícita e ajusta – lá ou executar o TAC descumprindo, assim os

erros desde que não gerem prejuízo as partes são validados.

3.5.3 DA ECONOMIA PROCESSUAL

O Termo de Ajustamento de Conduta visa a solução dos conflitos extrajudicialmente

onde através do TAC a conduta ilícita será finalizada e ajustada as normas vigentes, dessa

forma evitando que haja uma demanda judicial para solucionar o litígio, conseqüentemente

evita-se um maior número de processos na Justiça, sendo passível até o ajuste de varias

condutas no mesmo termo.

3.5.4 DA CELERIDADE

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O TAC por seu uma forma rápida e concisa de solução dos conflitos garante uma

justiça rápida consensuada as todos que tiveram um direito lesado, reconduzir o interessado

para um a conduta adequada, desafogando as varas comum, apreciando suas pretensões com

rapidez, seriedade e, acima de tudo, preservando a garantia constitucional de segurança

jurídica.

3.5.5 DA OPEROSIDADE

O principio da operosidade consiste na produtividade e eficiência do ajuste de conduta

que o interessado encontra-se disposto a reavaliar e corrigir a sua conduta, assim de maneira

concisa e célere e eficaz o interessado corrige a sua conduta, em uma operação dos órgãos

legitimados e os interessados trabalhando em conjunto de forma laboriosa.

3.5.6 DA LEGALIDADE

Como todo instituto jurídico vigente o princípio da legalidade o norteia, senão este

jamais seria convalidado, haja vista que para realização o TAC este deve estar previsto e ser

objeto de possível realização, com amparo legal sendo este nota essencial do Estado

Democrático de Direito.

3.5.7 DA INFORMALIDADE

O termo deve trazer uma segurança para realização do direito, observando na sua

propositura somente as formalidades estritamente necessárias à obtenção da certeza e da

segurança jurídica e ao atingimento dos fins almejados pelo TAC, sendo somente praticados

os atos estritamente necessários para a sua realização.

3.5.8 DA SUBSIDIARIEDADE

O princípio da subsidiariedade circunda o direito sancionatório, no Termo de Ajuste

de Conduta quando proposto deixa a norma sancionadora deixa de ser aplicada em troca da

devida regularização da conduta ilícita, e em caso de descumprimento do TAC, a norma

sancionadora vai ser aplicada através do seu devido procedimento processual.

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3.5.9 DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE

O principio da razoabilidade empregado no TAC tem feição de principio da

proporcionalidade entre os meios e os fins a ser alcançados, assim estabelecendo um

parâmetro justificável para investigação e solicitações necessárias, analises dos danos

causados e possíveis para assim se for razoável a situação irregular o órgão legitimado propõe

o TAC, mas da mesma forma estabelece a prestação pecuniária de forma proporcional ao

dano causado se a conduta não for re-estabelecida aos parâmetros legais.

3.5.10 DA MOTIVAÇÃO

De acordo com esse princípio o órgão legitimado teve tomar o TAC indicando os

pressupostos de fato e de direito que determinam que a sua propositura é condizente a conduta

do agente infrator e que esse reajuste a licitude é favorável à sociedade devendo demonstrar

um real motivo para a propositura deste termo, bem como, também é uma forma de mostrar a

sociedade que as suas angustias levadas aos órgão competentes estão sendo atendidas, de

forma condizente, eficaz, célere.

3.5.11 DA PUBLICIDADE

Assim como todos os atos para que sejam validados devem ser públicos para que

todos os interessados tenham conhecimento da realização de um Termo de Ajuste de Conduta,

bem como, preste contas a sociedade em geral que providências estão sendo tomadas para

solucionar os conflitos, assim como para aqueles querem questionar o TAC, o possam fazer,

sendo uma condição indispensável para a democracia, onde todos os atos devem ser público.

3.6 NATUREZA JURÍDICA

A natureza do TAC na doutrina majoritária imprime que sua natureza jurídica é de

título executivo extrajudicial, devido ao espeque dado na literalidade do art. 5º, § 6º, da Lei de

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Ação Civil Pública. Por outro lado o entendimento que o termo de ajuste de conduta é uma

“promessa unilateral”, como leciona José dos Santos Carvalho Filho8

Por outro ângulo, Edson Braz da Silva9 testifica que:

O termo de ajuste de conduta tem natureza jurídica de ato jurídico

administrativo bilateral em relação à vontade das partes e unilateral em relação à onerosidade das obrigações nele assumidas; simples ou complexo, dependendo se a eficácia está condicionada ou não à homologação do Conselho Superior do Ministério Público, visando à resolução de violação de interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.

3.7 LEGITIMIDADE

A Lei 7.347/85, no art. 5º, prevê a legitimidade concorrente e disjuntiva para ajuizar

ação civil pública, possibilitando que cada um dos co-legitimados possa, sozinho ou não

promover esta ação sem que seja imprescindível a anuência dos demais, sendo os legitimados:

Art. 5º - Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o Ministério Público; II - a Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V - a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

A par disso, o § 6º do art. 5º da ora daquela lei dispõe que somente os órgãos públicos

legitimados podem propor o termo de ajustamento de conduta, devemos destacar que não é

somente o Ministério Público o único órgão legitimado para realizar a sua propositura, pois a

Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública ou LACP) legitima no art.5º o Ministério Público, a

Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias,

empresas públicas, fundações ou sociedade de economia mista:

Art. 5º - Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Alterado pela L-011.448-2007)

I - o Ministério Público; (Alterado pela L-011.448-2007)

8 “Ação Civil Pública – Comentários por artigo”. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1996, p. 142 9 “Inquérito Civil Trabalhista. Termo de ajustamento de conduta. Execução do termo de ajustamento de conduta na Justiça do Trabalho”. Revista do Ministério Público do Trabalho, São Paulo: LTr, setembro de/2000, p.20.

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II - a Defensoria Pública; (Alterado pela L-011.448-2007) obs.dji.grau.2: Art. 3º, VIII, Fundo de Defesa de Direitos Difusos - D-

001.306-1994 - Regulamento III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

(Acrescentado pela L-011.448-2007) IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia

mista; (Acrescentado pela L-011.448-2007) V - a associação que, concomitantemente: (Acrescentado pela L-

011.448-2007) a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio

ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

A atribuição do Ministério Público (MP) não advém somente da LACP, esta encontra-

se também no texto constitucional no art. 129, inciso III, onde a CF/88 estabelece as funções

institucionais do MP, bem como no Lei complementar do Ministério Público Federal LC n.

75/93 no art. 83 inciso III.

Devemos reconhecer que o Ministério Público é o órgão com melhor condições de

promover o termo, pois e dotado de instrumento como o inquérito civil público e o poder de

investigação atribuídos pela Lei Complementar 75/93.

3.8 PROCEDIMENTO

Para que o termo de ajuste possua executoriedade, é fundamental que esteja

primeiramente uma obrigação certa, quanto a sua existência, e determinada, quanto ao seu

objeto e objetivo.

São requisitos formais para a realização do TAC quando celebrado de forma

autônoma, deve conter a qualificação completa do interessado, domicílio do interessado ou

local para recebimento de comunicações; o fato, sua exposição e, quando for o caso,

fundamento do pedido de ajustamento de conduta ; data e assinatura do interessado ou de seu

representante; o momento a partir do qual restará configurado o descumprimento da

obrigação; deve indicar o responsável pela sua fiscalização e, ainda, consignar a

responsabilidade pessoal do firmador e a configuração de ato de improbidade administrativa

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pelo descumprimento, além de incluir documentos anexos, que não deverão ser objeto de

mera referência.

Celso Antônio Pacheco Fiorillo, Marcelo Abelha Rodrigues e Rosa Maria Andrade

Nery, comungando do entendimento de Édis Milaré, elencam algumas condições para que o

TAC tenha validade vejamos:

a- necessidade da integral reparação do dano; b- indispensabilidade de cabal esclarecimento dos fatos, de modo a ser

possível a identificação das obrigações a serem estipuladas, já que desfrutará de eficácia de título executivo extrajudicial;

c- obrigatoriedade da estipulação de cominações para a hipótese de inadimplemento;

d- anuência do Ministério Público, quando não seja autor

Existe a possibilidade de inclusão de multa pecuniária de cunho compensatório, a

título de indenização ou reparação pelo inadimplemento do compromisso, segundo ao

principio da responsabilidade civil, haja vista que o TAC é uma obrigação de fazer ou não

fazer determinado ato.

Devem ser determinado os prejudicados pela conduta irregular do compromissário,

criando uma relação de cunho material de cunho contratual, estando presentes as condições

previstas no Art. 585, II, do CPC, se o acordo estipular o valor a ser pago como

indenizatórios, caso uma vez descumprido, poderá o órgão legitimado ou o prejudicado

ingressar com ação de execução contra outra parte.

A transação poderá ocorrer no processo como em procedimento avulso levado à

homologação judicial, observando todos os requisitos validade exigidos do ajuste

extrajudicial.

3.8.1 OBJETO DO TERMO

Devemos ressaltar que o termo de ajustamento de conduta versa sobre a possibilidade

da reparação ou preservação de um determinado dano a um direito transindividual por uma

conduta ou por omissão especifica.

Portanto o autor do comportamento ilegal ou o responsável pelos danos dele

decorrentes, podendo figurar no pólo passivo do termo qualquer agente que tenha capacidade

de por si só realizar os atos da vida civil, possa ser reconhecido ainda que implicitamente no

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ajuste, para se faça jus a uma delimitação da ação ou omissão, do dano existente ou potencial,

de modo que reste evidenciado que as obrigações do autor do comportamento ilegal possa

pactuadas e atender a defesa dos direitos debatidos.

Não podemos nos abster que não pode admitir-se como objeto do termo a dispensa das

obrigações fundamentais para a efetiva satisfação do direito do ofendido, bem como, o

compromisso deve obter aquilo que seria alcançado na esfera judicial, no caso de procedência

do pedido na ação judicial, sendo menos burocrático e menos dispendioso do que o tramite

judicial.

Objetivando a conformação às exigências legais vigentes ao momento de sua

ocorrência, ajustando as condutas lesivas as exigências legais, desobstruindo o judiciário, e

solucionando os conflitos extrajudicialmente.

3.8.2 SUJEITO ATIVO

Na legislação pertinente ao TAC, no qual figura como legitimados todos os órgãos

enunciados no art. 5º da Lei 7.347/85, vejamos:

Art. 5º - Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Alterado pela L-011.448-2007)

I - o Ministério Público; (Alterado pela L-011.448-2007) II - a Defensoria Pública; (Alterado pela L-011.448-2007) obs.dji.grau.2: Art. 3º, VIII, Fundo de Defesa de Direitos Difusos - D-

001.306-1994 - Regulamento III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

(Acrescentado pela L-011.448-2007) IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia

mista; (Acrescentado pela L-011.448-2007) V - a associação que, concomitantemente: (Acrescentado pela L-

011.448-2007) a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio

ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Estes órgãos legitimados possuem legitimidade ativa concorrente e disjuntiva10 como

litisconsortes, sendo o Ministério Público, quando não for autor deverá intervir como fiscal da

lei.

10 “a legitimação concorrente ( e disjuntiva) dos ”co-titulares, que ficam habilitados a agir em juízo, na defesa do interesse comum, quer isoladamente, quer mediante a formação de um litisconsórcio voluntário”(p.198 Temas de direito processual. 3ª Série. SP: Saraiva, 1984).

25

A propositura do termo de ajustamento deve ser realizado no mesmo foro que é

competente para processar e julgar o dano, cujo juízo terá competência funcional para

executar o termo descumprido.

3.8.3 SUJEITO PASSIVO

O sujeito passivo do TAC é todo aquela pessoa física, jurídica, administrador ou

responsável legal que de qualquer forma ou maneira venha a produzir um dano ou ameaça ao

meio ambiente, ao consumidor, a qualquer interesse difuso ou coletivo, por infração a ordem

econômica e da economia popular e à ordem urbanística.

Assim qualquer individuo capaz que de qualquer forma ameace ou gere um dano a

direito transindividual ou qualquer um supracitado e legitimo para figurar no pólo passivo do

termo de ajustamento de conduta.

4 O INQUERITO CIVIL

Se faz mister uma breve reflexão sobre este instituto de uso exclusivo ministerial haja

vista que este é o instrumento pelo qual o Ministério Público detém capacidade investigatória

onde pode intimar para prestar esclarecimentos, requisitar documentos, cópias, e o quemais

considerar útil ou necessário para proceder com a apuração de possível lesão ou ameaça de

lesão a qualquer bem jurídico tutelado e assim tomar as providencias que considerar cabíveis,

poderes investigatórios inerentes ao polícia judiciária, onde pode também requisitar à

procuradoria ou a qualquer outro órgão estatal perícia técnica para melhor elucidar os fatos.

O inquérito civil teve o seu advento na lei da ação civil pública como um

procedimento de investigação de atribuição exclusiva do Ministério Público para averiguar a

possível existência de lesão ou ameaça de lesão a direito transindividual, sendo distinto do

inquérito da policia judiciária e do procedimento administrativo, este antecessor de alguns

atos da Administração Pública.

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Instituto presidido pelo membro do Ministério Público (MP) com atribuições para

tomar as medidas judiciais e extrajudiciais “in casu” , podendo preparar o inquérito da forma

mais adequada a situação concreta.

Tem por objetivo investigar a materialidade dos fatos potencialmente ou efetivamente

lesivos, identificando os responsáveis pela sua prática, possuindo de forma mais ampla

possível fazendo referência a um determinado fato, ou um conjunto de fatos que revelem um

estado de coisas contrários ao interesse coletivo, podendo os dados materializados no seu

curso utilizados como elementos para propositura da ação seja penal ou civil cabível.

Este instrumento ministerial possui natureza de procedimento administrativo de

investigação, com a ausência de contraditório, pois não há incidência de sanções, sendo

fundamental que os possíveis responsáveis sejam ouvidos juntem documentos, e narrem a sua

versão dos fatos.

Por se tratar de procedimento administrativo, o inquérito civil se caracteriza pela nota

do informalismo, não seguindo um rito procedimental exato em sua condução, sendo

somente observado uma lógica mínima, sendo instaurado a partir de uma representação de

qualquer pessoa, associação, pessoa jurídica de direito privado ou público, ou de oficio, não

sendo necessário como na Ação Popular o requisito de ser eleitor dentre outros.

Para a sua instrução o Ministério Público conta com poderes de requisição de

informações e de convocação de pessoas para prestar depoimentos, da requisição de serviços

técnicos de órgãos públicos dentre outros sendo um instrumento útil com a participação da

sociedade organizada ou não na composição de conflitos.

5 ASPECTOS POLÊMICOS

5.1 O TAC E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Devemos estabelecer um patamar divisório, pois a uma distinção fundamental quando

o envolvido é o interesse público, que sub-divide em dois pontos a razão de ser Estado e a

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pessoa jurídica de direito público quer se trate da União, Estado, do Município ou das

Autarquias.

O interesse público primário e a razão do Estado e sintetiza-se nos fins que lhe cabe

promover constitucionalmente a justiça, segurança e bem-estar social, interesses estes que são

de toda a sociedade, este que é o fim para o qual o Estado foi criado, e, munido de certos

privilégios para que almeje nos parâmetros legais os fins supracitados.

O secundário é o interesse em relação ao erário público, onde objetiva aumentar a

arrecadação e minimizar os custos, proporcionando com melhor e maior prestação de serviços

públicos a toda a coletividade. Contudo não é legitimo o sacrifício de interesse primário com

o único objetivo satisfazer o secundário.

A aplicação do TAC onde figura como agente passivo o órgão público visa a

regulamentação de um ato ímprobo praticado pelo agente público, este que utilizou-se da

maquina pública, do seu dinheiro, poder, capacidade, para uma conduta lesiva ao erário.

Tal conduta é praticada ilegalmente, e, é investiga pelos órgãos legitimados, “in

causu” pelo Ministério Público, onde promove a abertura de um inquérito civil baseado na

sua fiscalização, ou, em uma denúncia feita por uma pessoa jurídica ou física, que muitas

vezes se beneficiava dos atos ilegais antes praticados.

Assim requisita os documentos que julga necessário aos entes envolvidos, intima para

prestar esclarecimentos, constata a ilegalidade, o abuso, a arbitrariedade realizada pelo agente

administrativo com a utilização da Administração Pública, acumulando todas as provas para

processar e condenar o agente pelo ato ímprobo e propõe uma adequação daqueles atos

prejudiciais ao erário e a ordem social, com a propositura do termos de ajustamento de

conduta.

5.2 DA LESIVIDADE AO PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA

A Administração comete equívocos na realização dos atos, fato inevitável, haja vista a

inúmeras atividades a cargo deste ente, defrontando-se ela mesma com a possibilidade de

ilegalidade ou improbidade de certos atos, pode ela, revê-los para assim restaurar a situação

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de regularidade, ato este que não é uma faculdade e sim um dever dos agentes, não fazendo

necessária uma provocação externa para a realização desse dever fazendo-o de ofício.

Pois bem, não é só dever do agente regularizá-los, como também evitá-los e prevenir,

assim evitando prejuízos aos administrados e ao próprio estado, sub-dividindo a autotutela e

dois aspectos na administração o da legalidade e o de mérito, vejamos:

1) aspectos de mérito, em relação aos quais a Administração, de

ofício procede à revisão de atos ilegais; e

2) aspectos de mérito, em que reexamina atos anteriores quanto

à conveniência e oportunidade de sua manutenção ou

desfazimento.

Como consagrado na Súmula 346 do STF, no tocante diz que sobre a possibilidade de

declaração de nulidade dos seus atos, vejamos:

STF Súmula nº 346 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional, 1964, p. 151. Administração Pública - Declaração da Nulidade dos Seus Próprios Atos A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

Tal direito decai de acordo com a Lei nº 9.784 de 29.01.99 no prazo decadencial de 5

anos, tal lei regula os atos administrativos a nível federal, assim delimitando o exercício da

autotutela.

O principio da autotutela é ato fundamental para a realização da administração

pública, porém, devemos constatar que a sua capacidade fica limitada ao interesse do agente,

pois o agente mesmo que não seja dotado de conhecimentos para realização de todos os atos

de forma proba, cristalina e dentro da legalidade na época dos fatos, tem meios e recursos

para que outros agentes proporcionem esta segurança jurídica.

Os agentes munidos de recursos trazem para si seja através de contratação ou de

concursos pessoas dotadas do conhecimento necessário para uma boa administração, mas o

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que ocorre é que na pratica dos atos administrativos dos agentes são comedidos de erros, atos

nulos ou anuláveis, para satisfação de determinados interesses, estes atos considerados

diversos para o qual a administração deve trabalhar, ou, a pratica de determinados atos que

são consideradas praticas re-inteiradas acabam por proporcionar gastos do dinheiro público,

agindo a entendimento de certos entes de forma irregular e ímproba.

O termo de ajustamento de conduta, que é proposto pelo Ministério Público que visa à

finalização da conduta que é julgada por ele ilegal, assim deixando de reparar o dano, e tão

somente cessando determinada conduta.

Outra forma incontestável de controle dos atos administrativos, no qual e gerada um

grande demanda laboral é as ações propostas no Poder Judiciário sejam as propostas por pelos

particulares, sejam aquelas propostas pelo Ministério Público, acabando por demandar um

enorme tempo na solução dos conflitos, porém se comprovado a lesão a direito esta é julgada

e processada, se sentenciada desfavoravelmente ao agente ou a administração puni nos

parâmetros legais as condutas eivadas de erro.

A de se analisar que se o agente público tem certeza da legalidade a cerca dos atos por

ele praticados, por qual motivo aceitaria o termo, pois bem, a discordância em relação ao

entendimento sobre como certos atos administrativos devem ser realizados gera uma

seqüência de investigações em inquéritos civis, requisição de documentos, e, posteriormente

propositura de várias ações contra o agente e administração pública.

Tal aceitação de um termo de ajuste, mesmo que realizado nos atos administrativos

estejam completamente legais, torna mais cômodo encobrir qualquer ilegalidade do que ainda

assim se beneficiar de uma não condenação judicial que geraria prejuízo para o agente. ]

Assim o TAC, proporciona uma tranqüilidade aos agentes que praticam ilegalidades e

recebem o seu beneficio, fato este devido pela má utilização indevida de um instituto jurídico,

que não é analisado pelo Poder Judiciário, e o órgão fiscalizador deixa de realizar a

propositura e possível condenação de um agente ímprobo que praticou uma ilegalidade e foi

beneficiado.

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Ora, entre corrigir um erro através da autotutela por iniciativa do Ministério Público, a

passar por todo tramite judicial, para depois saber se esta certo ou errado a sua pratica, fica

cômodo ao agente infrator aceitar os termo do TAC, e modificar a sua conduta, bastando

apenas cumprir para que não sofra nenhum prejuízo por seus atos ilegais.

5.3 DA LESIVIDADE AO ERÁRIO PÚBLICO

Todo ato praticado pelo agente público demanda funcionários e verba para sua

realização, quando um agente munido ou não de má-fé realiza atos ilícitos este

conseqüentemente utiliza-se do seu cargo/função, para favorece a interesses adversos ao da

Administração Pública, gastando o dinheiro público em atos ilícitos, e utilizando-se de todo o

mecanismo da administração em um ato que será a posteriori, considerado nulo de pleno

direito ou anulável, assim demandado verba pública para refazer aquele ato de maneira

correta, além dos prejuízos diretos e indiretos que são gerados aos particulares.

Quando a demanda é levada ao Poder Judiciário acaba por ocorre um embate jurídico

a cerca da realidade acaba por gerar gastos e a aglomerar mais feitos a serem julgados pela

justiça, entretanto o agente dos ilícitos tende a ser condenado e não simplesmente a cessar a

sua conduta, e condenado acaba por perder direitos e a ressarcir os danos causados aos cofres

públicos.

A propositura de um termo de ajustamento de conduta, demanda gastos da

administração pública como também do ente fiscalizador, naquele por proporcional a

produção de todos os documentos necessários, como os atos praticados ilegalmente, e neste

pela demanda de serviços prestados, pelo gasto com a investigação que fica arquivada após

ajuste de uma conduta lesiva a administração pública.

O erário público é afetado de duas maneiras, uma pelos gastos demandados para uma

investigação, esta ainda se faz necessária e outra de forma mais gravosa que é a pratica de

atos ilegais, que não serão sanados, e sim finalizados e todo o montante que foi gasto com este

ato seja na sua pratica seja nas no seu encerramento, ou seja, para processá-lo e julgar-lo não

será reconstituído, mesmo que o agente seja condenado a ressarcir o montante gasto nunca

será um valor devido por todos estes gastos.

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A executoriedade do TAC como título extrajudicial, no caso do seu descumprimento

não repara os danos causados a toda a coletividade que deixa de ver a realização do atos

benéficos a sociedade, para simples pagamento de multa e cessão de sua conduta, multa esta

que é revertida para a sua reparação torna-se inexeqüível, pois muitas vezes os bens dos

agentes não bastam para o ressarcimento ao erário, tornando-se uma execução frustrada.

5.4 DA LESIVIDADE A APRECIAÇÃO DO JUDICIÁRIO

Na Constituição da República Federativa do Brasil, está promulgado no art. 5º que

versa sobre os direitos e deveres individuais e coletivos, no inciso XXXV, que a lei não

excluirá a apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito.

Na propositura do TAC ao agente da Administração Pública que comprovadamente

através de investigação realizada pelo MP no inquérito civil, acaba por ser beneficiado com

um acordo extrajudicial, onde pela simples cerceamento de uma conduta a requerimento do

Parquet, retornar a seu cargo/função, deixando o prejuízo criado pelo ato ilegal por ele

praticado as despesas do poder público.

Apesar que a celebração do TAC, não impede que qualquer um dos co-legitimados ou

até o próprio propositor do termo ingresse pelas vias judiciais, após o cumprimento do TAC,

deixando dessa forma apenas uma boa conduta do agente, que cessou a conduta ilícita, e o

ente responsável por processar o infrator faz um acordo judicial, assim deixa de levar ao

judiciário a conduta comprovadamente ilícita para simplesmente cessar - lá.

Assim o fundamento constitucional se faz necessário devido ao equilíbrio entre os

Poderes, sem o qual um ato que seja nulo ou anulável se tornaria um ato sem qualquer

possibilidade de questionamento, sendo que o Poder Judiciário é o órgão máximo para

determinar a existência e gravidade e processar e julgar todos atos que pairem duvidas sobre a

legalidade.

Todos os atos praticados por quem for no território brasileiro, deve seguir os trâmites

legais, sendo praticados com boa-fé, e respaldados por princípios e por normas legais, sendo

passível o seu questionamento, seja a cerca da legalidade, seja pela usurpação ou violação de

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direitos, seja pelo entendimento diverso, todas essas questões mesmo as de menor

complexidade, devem ser solucionadas, seja extrajudicialmente ou judicialmente.

Entretanto, não é admissível que mesmo um órgão capacitado e legitimado para

fiscalizar e proteger a ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e

individuais indisponíveis, através de um acordo deixe de processar e buscar a justiça através

do Poder Judiciário, assim não reparando o dano causado a coletividade.

Dano este que é pago por todos, todos aqueles que pagam os seus impostos, sendo

qual a melhor solução para os prejuízos gerados pelos administradores, a modificação e

supressão de uma conduta praticada ilegalmente, descumprindo todos os deveres legais,

devemos ressaltar que o agente público só pode fazer aquilo que a lei permite e não fazer o

que a lei proíbe. Assim o que a lei não regulamenta o agente público não pode praticar.

A lesividade a apreciação do judiciário, ocorre pelo fato que os agentes praticam

inúmeros atos irregulares deixando de ser processados e julgados, até mesmo condenados, por

um acordo praticado entre os ente responsável pela fiscalização e manutenção da ordem

jurídica o Ministério Público, deixando assim de processar e possivelmente condenar o

agente.

Agente este que condenado vai ter que reparar o dano se possível, ou minimizá-lo ao

máximo, e ainda ser condenado pelo descumprimento das exigências legais, exigências estas

que sabe estar obrigado a cumprir, e deixa de faze – lá, para atender interesses diversos.

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6 CONCLUSÃO