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TERMINOLOGIA DE RECURSOS VOCAIS E TERMOS DESCRITIVOS SOB O PONTO DE VISTA DE FONOAUDIÓLOGOS E PREPARADORES VOCAIS Cristina Canhetti Alves Gabriella Silveira Antelmi São Paulo 2007 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA Faculdade de Fonoaudiologia

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TERMINOLOGIA DE RECURSOS VOCAIS E TERMOS

DESCRITIVOS SOB O PONTO DE VISTA DE

FONOAUDIÓLOGOS E PREPARADORES VOCAIS

Cristina Canhetti Alves

Gabriella Silveira Antelmi

São Paulo 2007

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA Faculdade de Fonoaudiologia

I

Cristina Canhetti Alves Gabriella Silveira Antelmi

TERMINOLOGIA DE RECURSOS VOCAIS E TERMOS

DESCRITIVOS SOB O PONTO DE VISTA DE

FONOAUDIÓLOGOS E PREPARADORES VOCAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob orientação da professora Msª Lucia Helena Gayotto.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PUC- São Paulo

II

Para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes

passagens... (Içami Tiba)

III

Agradecimentos

A Deus por ter nos dado a vida e por sempre iluminar nossos caminhos.

À nossa dedicada orientadora, Lucia Helena Gayotto, pelos agradáveis momentos

dentro e fora de sala de aula, por compartilhar de seus conhecimentos, pelas idas aos ensaios

e teatros que ficarão, pra sempre, guardadas na memória, por todas as dicas, incentivos,

orientações, por acreditar que podíamos seguir em frente e por plantar em nós o desejo infinito

pela busca do conhecimento.

Às Profª Laura Märtz, Rejane Rubino, Lúcia Arantes, Cecília Moura e Regina

Freire, pela grande influência em nossa formação como terapeutas.

À Pat Joaninha, Merizoca e Denise, pela amizade, risadas, companheirismo e

cumplicidade.

À Cá Sauda e Gabi Damilano, por compartilhar seus conhecimentos e por nos

apoiar nos momentos difíceis.

Aos fonoaudiólogos e preparadores vocais que colaboraram com nossa pesquisa.

A todos os pacientes atendidos, pelas experiências e por nos permitir exercer esta

maravilhosa profissão.

A professora Drª Zuleica Camargo por aceitar nosso convite como parecerista.

Ao João e a Graça por nos auxiliar nas diferentes etapas de nossa pesquisa.

À Faculdade de Fonoaudiologia da PUC-SP e a turma 46 pelos momentos vividos.

Muito Obrigada!

Cristina Canhetti Alves

Gabriella Silveira Antelmi

IV

Agradecimentos

Cristina Canhetti Alves

À minha mãe, Fátima, pelo amor, carinho, amizade, apoio e eterna dedicação.

Ao meu pai, José Carlos, pelo amor e auxilio em toda a minha trajetória.

A minha avó Maria, por acreditar em minhas escolhas e por sua grande fé,

fundamental para realização dos meus sonhos.

Ao meu namorado, Pedro Henrique, pelo amor, companheirismo, conselhos,

paciência, incentivo e por ser essa pessoa especial que habita meu coração.

Aos meus avós paternos, Maria Candida e José, pelo afeto e por tornar possível

essa etapa de minha vida.

Aos meus tios, Celso e Alda, que sempre me apoiaram.

À minha afilhada, Cacá, por me ensinar a voltar a ser criança.

À Gabi Antelmi (menina magrella) companheira de pesquisa e vida, pela amizade

atual e crescente.

À admirável professora Zuleica Camargo, por seu profissionalismo, dedicação e

por me introduzir no mundo maravilhoso da pesquisa.

Obrigada por tudo.

Cristina Canhetti Alves

V

Agradecimentos Gabriella Silveira Antelmi

Aos meus pais, Eugenio e Geni, pelo grande amor, carinho e exemplo de vida.

Aos meus irmãos, Rodrigo e Bruno, que mesmo com tantas brigas, nossa amizade

e amor prevalecem.

Ao meu amor, Lucas, por me ensinar o que é amar, por sua dedicação, carinho,

amizade, paciência, compreensão e por todos os momentos que passamos juntos.

À Cris, grande e fiel amiga, pelos quatro anos de companheirismo, cumplicidade,

segredos, choros e muitas, mas muitas risadas. Adoro você.

À Flavinha, amiga em todas as horas e grande companheira, desde me

acompanhar até o carro, como entrar juntas nas quadras.

À Cá Sauda e Gabi Damilano, pelas risadas e sofrimentos durante os treinos e por

todas as vezes que entramos juntas nas quadras............ VAMÔ PUC!!

Obrigada, amo muito vocês!!

Gabriella Silveira Antelmi

SUMÁRIO

Resumo ....................................................................................................................01

1. Introdução ............................................................................................................02

2. Objetivo ................................................................................................................04

3. Revisão de Literatura

3.1 Recursos Vocais.......................................................................................05

3.2 Termos descritivos da Voz.......................................................................13

4. Metodologia. ........................................................................................................17

5. Resultados ...........................................................................................................20

6. Discussão

6.1 Recursos Vocais.......................................................................................61

6.2 Termos Descritivos da Voz.......................................................................83

7. Conclusão ..........................................................................................................106

8. Referências Bibliográficas ...............................................................................108

Anexo I ...................................................................................................................113

1

Resumo

INTRODUÇÃO: A voz tem um papel fundamental na comunicação e no relacionamento humano. Ela enriquece a transmissão da mensagem articulada, acrescentando à palavra o conteúdo emocional, a entoação, a expressividade, identificando o indivíduo tanto quanto sua fisionomia e impressões digitais. Os avanços nos métodos de avaliação da voz mudaram de forma significativa a atuação fonoaudiológica, que propõe uma nova maneira de classificação da qualidade vocal dos sujeitos com base nos recursos vocais e na classificação a partir dos tipos de voz, que podem também ser chamados de termos descritivos da voz. OBJETIVO: O objetivo da presente pesquisa é investigar e definir alguns recursos vocais secundários - projeção, volume, ritmo, velocidade, entonação, modulação, qualidade vocal e timbre - bem como os termos descritivos - voz encoberta, abafada, constrita, apertada, ríspida, cortante, metálica, estridente, potente, forte, aveludada e polida - para estabelecer convergências e divergências entre suas definições, sob o ponto de vista de fonoaudiólogos e preparadores vocais, em comparação com referenciais teóricos obtidos por levantamento bibliográfico. MÉTODO: Foi aplicado um questionário em dezessete profissionais da voz: sendo onze fonoaudiólogos (F1 a F11) e seis preparadores vocais (PV1 a PV6). Para a escolha dos profissionais, seu tempo de atuação na área, foi de no mínimo cinco anos. A escolha do questionário referiu-se à necessidade de focar alguns recursos vocais secundários e termos descritivos da voz quanto a suas definições, relações dos recursos primários com os recursos vocais secundários e com os tipos de voz e, por fim, comparar os termos entre si de acordo com a explicação teórica dos profissionais em questão. Após levantar e analisar as definições quanto às convergências e divergências apontadas nos questionários, o resultado foi confrontado com a literatura e, por fim, foi realizada uma proposta que descreverá uma terminologia comum a esses profissionais quanto aos conceitos e questões discutidas. RESULTADOS: As respostas obtidas pelos questionários para o recurso vocal primário intensidade, de um modo geral foram: grandeza mensurável do volume da voz (F1 e F5); parâmetro que pode ser medido pelo aumento de dB (F9, PV1, PV5 e PV6); relacionado à resistência e impulso (F11); relação com a fisiologia, com o aumento de pressão subglótica (F4), e pode ser classificada como forte e fraco (F7 e F10). Dados que convergem com a literatura. Desta mesma maneira o questionário visou a definições dos seguintes termos: volume, projeção, ritmo, velocidade, fluência, entonação, modulação, inflexão, qualidade vocal, timbre, voz abafada, voz encoberta, voz constrita, voz apertada, voz ríspida, voz cortante, voz metálica, voz estridente, voz potente, voz forte, voz polida e voz aveludada. DISCUSSÃO: Foi realizada a análise dos questionários dos dois grupos estudados, para confrontar os dados encontrados entre os fonoaudiólogos e entre os preparadores vocais e ambos os grupos com a literatura. O que pudemos destacar foi que para os conceitos dados aos recursos vocais primários e secundários houve maior número de respostas convergentes entre os dois grupos e a literatura, do que em relação aos conceitos dados para os termos descritivos da voz. CONCLUSÃO: Concluímos que embora profissionais de áreas distintas usam, de certa maneira, as mesmas terminologias, em muitos casos, seus conceitos estão embasados em áreas de conhecimentos diferentes.

2

1. Introdução

A voz tem um papel fundamental na comunicação e no relacionamento humano. Ela

enriquece a transmissão da mensagem articulada, acrescentando à palavra o conteúdo

emocional, a entoação, a expressividade, identificando o indivíduo tanto quanto sua fisionomia

e impressões digitais.

Os avanços nos métodos de avaliação da voz mudaram de forma significativa a atuação

fonoaudiológica, que propõe uma nova maneira de classificação da qualidade vocal dos

sujeitos com base nos recursos vocais e na classificação a partir dos tipos de voz, que podem

também ser chamados de termos descritivos da voz. Os termos descritivos têm sido

amplamente descritos na literatura, como podem ser encontrados nas publicações de: Boone

(1996), Pinho (1995), Behlau (2001) e Gayotto (2005).

Leite (2004) realizou um trabalho sobre as convergências e divergências terminológicas

e conceituais na avaliação fonoaudiológica da voz e será para esta pesquisa um referencial

estrutural. Esse estudo foi feito somente com os fonoaudiólogos que preparam os profissionais

da voz. O que foi visto como os recursos vocais de maiores convergências terminológicas e

conceituais foram: articulação, extensão vocal, tipo respiratório, capacidade vital, modo

respiratório, ataque vocal, classificação do tipo de voz, altura (pitch), intensidade de fala

(loudness), tempo de emissão/ tempo máximo de fonação e cociente de fonação.

Na presente pesquisa, iremos abordar os seguintes recursos vocais básicos ou primários

(GAYOTTO,1997): freqüência, intensidade, ressonância, articulação e respiração. Também

serão descritos os recursos vocais resultantes ou secundários (GAYOTTO,1997) tais quais:

projeção, volume, ritmo, velocidade, entonação e modulação, bem como os termos qualidade

vocal e timbre.

Juntamente com os recursos vocais, iremos pesquisar os seguintes termos descritos da

voz que fazem parte do uso clínico de alguns profissionais: encoberta, abafada, constrita,

apertada, ríspida, cortante, metálica, estridente, potente, forte, aveludada e polida. (BEHLAU,

2001; BOONE,1996)

3

Dessa maneira, diante da possibilidade de pesquisar esses recursos e termos descritivos

da voz, selecionou-se um grupo de profissionais da voz composto por fonoaudiólogos e

preparadores vocais. Tal escolha se deu pelo fato de que esses profissionais conhecem mais

especificamente tais recursos em suas práticas profissionais e pesquisas.

Hoje, cabe ao fonoaudiólogo especialista em voz cada vez mais divulgar suas

possibilidades de atuação e propor ações diferenciadas em três aspectos: preventivo, clínico e

de aperfeiçoamento vocal.

O preparador vocal, que não é fonoaudiólogo, mas que em alguns casos pode ser,

trabalha de acordo com as necessidades dos de profissionais da voz, sem um enfoque fono-

terapêutico, atuando como uma espécie de direcionamento vocal, trabalhando as necessidades

vocais básicas para cada área de atuação. (GAYOTTO, 1996).

As inquietações que levaram a busca da presente pesquisa referem-se a questões

como: Existem semelhanças ou diferenças nas definições dos recursos vocais secundários

(GAYOTTO, 2000) entre os dois diferentes profissionais: fonoaudiólogo e preparador vocal?

Quais as definições em convergências e divergências que esses profissionais apontam para os

termos descritivos da voz estudados nesta pesquisa? Qual a relação entre os recursos vocais

primários com os secundários e os termos descritivos da voz?

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2. OBJETIVO

Investigar, por meio de questionários e referências teóricos da área fonoaudiológica,

convergências e divergências conceituais de alguns recursos vocais secundários - projeção,

volume, ritmo, velocidade, entonação, modulação, inflexão, fluência e os termos qualidade

vocal e timbre, bem como alguns termos descritivos - voz encoberta, abafada, constrita,

apertada, ríspida, cortante, metálica, estridente, potente, forte, aveludada e polida - sob o ponto

de vista de fonoaudiólogos e preparadores vocais em comparação aos referenciais obtidos por

levantamento bibliográfico.

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3. Revisão de Literatura

A seguir, a revisão de literatura será dividida em dois tópicos, sendo eles: Recursos

Vocais e Termos descritivos da voz para melhor visualização dos conteúdos estudados.

3.1 Recursos Vocais

Muito foi descrito sobre os recursos vocais na literatura, especialmente a respeito da

avaliação da voz e da análise perceptivo-auditiva. Os recursos vocais básicos mais

encontrados na literatura também conhecidos como recursos vocais primários (GAYOTTO,

1997) são: freqüência, intensidade, ressonância, articulação e respiração.

Estes recursos vocais primários descritos por Gayotto (1997) são aqueles que

formam/compõem a voz e são bases para as suas dinâmicas. Esses recursos são

complementares, isto é, os recursos primários não se isolam, mas se relacionam entre si.

Kyrillos (2004) afirma que as pessoas são consideradas expressivas, em maior ou

menos grau, de acordo com sua utilização ou não dos recursos vocais de diferentes formas. Os

recursos vocais são usados durante nossas emissões espontâneas, de forma intuitiva e pouco

consciente.

A voz é propulsora de expressão, pois é a partir de suas qualidades que exprimimos e

nos relacionamos. Esse conceito nos mostra que a sonoridade precisa ser trabalhada como

potência expressiva e que os estados psicofísicos, isto é, as relações harmônicas entre corpo,

voz e psiquê da pessoa podem alterar a voz. (GAYOTTO, 2005).

Tomando-se estes cinco recursos vocais primários, a freqüência (pitch) ou altura é

caracterizada como uma sensação subjetiva da altura da voz e pode ser dividida em: agudo,

médio para agudo, médio, agudo para grave e grave. (ANDRADA E SILVA, DUPRAT, 2004;

BEHLAU,2001). A freqüência proporciona uma sensação acústica de grave (grosso) ou agudo

(fino) que é dado pelo número de fechamento e abertura das pregas vocais durante um

segundo (VIOLA,2000). Portanto, a freqüência é o “número de ciclos que as partículas

materiais realizam em 1 segundo” (RUSSO,1999 p.55) e é expressa em Hertz (Hz).

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A freqüência também pode ser avaliada de uma maneira mais ampla, ou seja, através de

sua gama tonal (o número de notas que se o sujeito é capaz de emitir do mais grave ao mais

agudo) (LEITE, 2004) e dos movimentos da entoação que podem ser descritos com os termos:

ascendente, descendente, nivelado, plana, retilínea, adequada, pouco marcante, inadequada,

adequada, excessiva, restrita, repetitiva, variada, rica, monótona e monotonal. (VIOLA e

FERREIRA, 2007).

Intensidade é a sensação do volume da voz ou a “potência da voz” (BRANDI,1990 p.69);

“é o grau da força expiratória com que o som é produzido, força que se manifesta

acusticamente na menor ou maior amplitude de vibração das pregas vocais” (GAYOTTO,1997

p.45) e pode ser classificada como fraca, adequada ou forte (ANDRADA E SILVA, DUPRAT,

2004; BEHLAU, 2001). A intensidade pode ser modificada constantemente pelos estados físico

e emocional, pelo ambiente e de acordo com as situações vividas (VIOLA, 2000). Além disso, a

intensidade pode também ser avaliada por sua modulação, apontada como: excessiva, restrita

e repetitiva. (VIOLA e FERREIRA, 2007).

A intensidade relaciona-se com amplitude e pressão, portanto, quanto maior amplitude, a

pressão é mais forte e quanto menor amplitude, a pressão é mais fraca. Tal recurso é medido

em dB.

Behlau e Pontes (1995) definem intensidade vocal como “parâmetros físicos ligado

diretamente à pressão subglótica da coluna aérea que, por sua vez, depende de uma série de

fatores, como amplitude de vibração e tensão das pregas vocais, mais especificamente da

resistência que a glote oferece à passagem do ar”. (p.100)

A ressonância é um sistema de “caixa acústica” da voz, isto é, após a emissão do som

nas pregas vocais, haverá amplificação e amortecimento de determinados harmônicos do

espectro sonoro da voz que é constituído por estruturas e cavidades do aparelho fonador,

como: pulmão, laringe, faringe, boca, nariz e seios paranasais, em que existe a possibilidade de

reverberação do som (ANDRADA E SILVA, DUPRAT, 2004; BEHLAU, 2001). Dessa, forma, o

uso excessivo de uma determinada cavidade (oral, nasal, faríngea ou laríngea) altera a

qualidade vocal, já que a ressonância encontra-se em desequilíbrio (BOONE, 1996).

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Para Boone (1996) a produção de uma boa voz necessita que o trato vocal esteja em

foco, com um foco de ressonância adequado. O bom foco de ressonância é a característica da

voz mais difícil de descrever: soa como se estivesse vindo do meio da boca, exatamente acima

da superfície da língua. Se a voz é produzida a partir de um ponto muito alto ou muito baixo

terá um pobre foco vertical de ressonância. Se a voz é produzida muito à frente ou muito atrás,

ela terá um pobre foco horizontal de ressonância.

Segundo Viola (2000) a articulação refere-se aos ajustes motores realizados com os

lábios, língua, palato e faringe, que possibilitam a emissão de diferentes sons e palavras

quando estão encadeados, ou seja, está relacionado ao ajuste motor realizado pelos órgãos

fonoarticulatórios e pode ser classificado como precisa (quando compreendemos todas as

palavras que são emitidas) ou imprecisa (quando não se compreende ou quando há distorções

fonêmicas) (ANDRADA E SILVA, DUPRAT, 2004; BEHLAU,2001). Para Gayotto (1997) a

articulação é a “mecânica, isto é, o movimento dos órgãos fonoarticulatórios na emissão de

sons durante a fala” (p.47).

Os termos de classificação para articulação apontados na pesquisa realizada por Viola e

Ferreira (2007) são: normal, bem-definida, clara, aberta, precisa, inexatidão temporária,

travada, reduzida, indiferenciado, imprecisa, prejudicada, fechada, distorcida, sobrearticulada,

exagerada, marcante, força e abrandamento.

Quanto ao recurso de respiração, esta apresenta dois diferentes ciclos: inspiração e

expiração e pode ser realizada pelo uso de diferentes regiões torácicas: superior, média,

inferior e costodiafragmática e por três diferentes modos – nasal, bucal e mista (VIOLA, 2000).

A respiração para a fala tem como objetivo principal a fonação e é voluntária. Os músculos da

respiração apresentam seus movimentos aumentados bem como a ativação dos músculos

acessórios. O tempo de expiração excede o de inspiração e a respiração é feita pela boca e

nariz. Nessa mesma situação, o trato respiratório é interrompido pelos movimentos das pregas

vocais e dos órgãos fonoarticulatórios. Durante a fala, existe a necessidade de pausas

constantes na expiração para demarcar as pontuações e para a formação de frases

(GREENE,1989).

Behlau e Pontes (2001) fazem uma conexão entre os recursos vocais primários tais

quais: respiração, ressonância, articulação, freqüência e intensidade para que seja possível

8

uma produção da voz adequada, ou seja, para que a voz e a fala sejam produzidas é

necessário que inicialmente coloquemos o ar para dentro dos pulmões e que para isso seja

efetivo, as pregas vocais devem estar afastadas. Assim que emitimos determinado som, as

pregas vocais se aproximam entre si com tensão adequada. Além disso, há o controle da saída

de ar dos pulmões para que a produção possa ser realizada perfeitamente. O ar, por sua vez,

auxilia na vibração das pregas vocais, para que estas realizem ciclos vibratórios que irão se

repetir rapidamente. As caixas de ressonância devem estar ajustadas para facilitar a

amplificação bem como os articuladores que devem estar posicionados de maneira adequada

para a produção de um som específico.

Segundo Gayotto (1997) os recursos vocais resultantes ou secundários relacionam-se a

projeção, volume, ritmo, velocidade, cadência, entonação, fluência, duração, pausa e ênfase.

Estes recursos expressam intenções vocais durante a emissão ou discurso e são resultantes

dos recursos vocais primários.

Para fundamentar este estudo iremos privilegiar apenas alguns recursos vocais

secundários dado o curto tempo de pesquisa: volume, projeção, ritmo, velocidade, fluência,

entonação, modulação, inflexão; e os termos qualidade vocal e timbre.

O volume, habitualmente, é relacionado à intensidade, “chamando um som forte de alto

e um fraco, de baixo. Mas o volume engloba a intensidade e a ressonância” (Gayotto, 1997 p.

45).

Segundo Roubine (1985) projetar a voz é onde ela consegue alcançar, é o seu alcançe.

Märtz (2000) aponta que: “Projetar indica lançar a voz no espaço e a referência é mais

acentuada no exterior do sujeito que limite sua voz. Já quando pensamos em ressoar, o sujeito

busca em si a ressonância que se faz em seu corpo, e que, a partir daí simultaneamente vai

ganhando alcance e envolvendo o ambiente e os ouvintes” (p.98).

A freqüência promove melhores condições de projeção vocal e menor esforço à

fonação. Dessa maneira, um bom trabalho com foco na ressonância nas cavidades oral e nasal

juntamente com o correto posicionamento de língua dará uma maior potência e projeção vocal.

(FERREIRA et al, 1998). Munhoz e Abreu (2002) apontam que para uma boa projeção da voz é

9

necessário o controle adequado da respiração, intensidade e ressonância e,

conseqüentemente, um bom controle de volume.

Durante a voz falada, não há o uso particular de alguma cavidade ressonantal

específica, ou seja, a ressonância é geralmente média, dessa forma, não é necessária uma voz

com projeção. Nos casos em que a projeção deve ser alcançada utiliza-se uma respiração mais

profunda utilizando sons mais intensos e agudos (BELHAU e REHDER, 1997; BELHAU e

REHDER, 2005).

O ritmo da fala é dado “por todo conjunto da fala encadeada; pela velocidade de emissão

e intervalos de tempo existente entre as palavras, pela sucessão de sons fortes e fracos, de

maior ou menor duração, conforme combinado” (VIOLA, 2000 p.83). Já Gayotto (1997) aponta

que ritmo está ligado à tonicidade das palavras, com seus acentos prosódicos e com a

habilidade de fluir o pensamento em forma de palavras. Na pesquisa de Leite (2004) há uma

classificação para ritmo que pode ser lento, adequado ou rápido.

Para Brandi (2007) o ritmo de fala nos mostra condições emocionais da pessoa que fala.

Os ritmos podem ser divididos em três: acentual, cronal e tonal. “O ritmo acentual é bastante

regular e estabelece-se naturalmente pela regularidade de batidas”. “O ritmo cronal é aquele

que decorre da maior ou menos quantidade de sílabas intermediárias pronunciadas”. Já o

ritmo tonal “são os movimentos que o ritmo acentual e descendentes da voz”. Destes três

ritmos podem derivar ênfases expressivas, acentuação, e pode marcar certas pausas; portanto,

os “três ritmos associados é o que constitui o que chamamos entonação”. (p.113, 114).

Segundo Viola (2000), a velocidade “é medida pelo número de palavras que um

indivíduo fala por minuto” (p.83) e pode variar de lenta à rápida e expressar características

emocionais como: ansiedade, pressa, apatia e preguiça. Para Behlau (2001) a velocidade de

fala refere-se ao “número de palavras por minuto de texto corrido” (p.111), ou seja, a

velocidade está relacionada às questões de duração e pode ser “observada através do ritmo

acentual (lentidão ou rapidez da sucessão de acentos frasais)” (BRANDI, 1990, p.71). Para

Leite (2004) a velocidade por ser classificada como normal, aumentada, reduzida ou

excessivamente variada. Kyrillos (2007) afirma que a velocidade de fala pode ser acelerada

quando a mensagem apresenta maior dinamismo em seu conteúdo, ou lentificada quando há

necessidade de ressaltar emoção no discurso.

10

Tanto o ritmo quanto a velocidade de fala estão intimamente ligados a um dos recursos

primário: a articulação (BEHLAU, 2001). Além disso, são individuais e dependem do tipo da

língua que se fala e o objetivo do discurso, isto é, de acordo com o que será falado, o tipo de

profissão do falante e o seu controle neurológico. (BEHLAU e REHDER, 1997; BEHLAU e

REHDER, 2005).

É possível encontrar o termo ritmo associado ou não à velocidade de fala. Se diferenciado

ao recurso de velocidade de fala o termo é descrito como silabado, cadenciado, adequado,

alongado, precipitado e restrito. Quando associado ao recurso velocidade de fala, sua

classificação é apontada como: rápido, lento, elevado, excessivamente regular ou irregular e

adequado ao contexto e a situação do discurso. (VIOLA e FERREIRA; 2007).

A fluência relaciona-se com a capacidade em expressar-se com objetividade e clareza,

sem muitas quebras no ritmo, ou seja, sem que a fala esteja demasiadamente entrecortada

(BRANDI, 1990). Pode ser classificada como prolixa, abundante, satisfatória, escassa,

disfluente, muito escassa, continua e entrecortada (VIOLA e FERREIRA, 2007).

A entonação é o recurso vocal secundário que expressa a melodia da fala. Constituída

pela quantidade de energia aplicada em um determinado segmento de fala (sílaba, palavras ou

frase).

Segundo Gonçalves (2000), a entonação pode produzir curvas melódicas diferentes no

discurso. Segundo Arruda (2004), a entonação é classificada como descendente no caso de

encontrar sinalização de não continuidade e em sentenças declarativas, e curva ascendente

para sinalização de continuidade e sentença interrogativa.

Kyrillos, Andrade e Cotes (2002) afirmam que a entonação refere-se a “variação da

melodia, de acordo com a intenção do discurso. A modulação é dada por meio de ênfase, onde

as palavras significativas do texto são escolhidas e marcadas com variações”. (p.258).

Os padrões melódicos podem ser classificados como restrito, médio ou freqüente. Dessa

forma, tal parâmetro é determinado pela variação de freqüência (pitch) e alongamento da

sílaba. (ARRUDA, 2004). Relacionando a melodia à expressividade, esta pode ser classificada

11

como ascendente, durante as emissões de conteúdo mais positivo ou indignado, exclamativo;

apontado como retilíneo, quando a informação apresenta um conteúdo bem específico; e

descendente, quando a mensagem é triste. (KYRILLOS, 2007).

Os variados tempos encontrados durante a articulação faz alongar/encurtar a emissão. O

alongamento relaciona-se a uma maior duração de um segmento da fala e pode ser feito tanto

em vogais como nas consoantes, além disso, tem ligação com as modificações de curvas

melódicas, ênfases e à fluência do discurso (GAYOTTO, 1997).

Segundo Boone (1996), são as inflexões que dão as características à nossa fala. Além

disso, a inflexão é parte da melodia e nos permite diferenciar as diversas línguas. Podemos

notar mais nitidamente as inflexões nos dialetos de uma mesma língua, por exemplo, o

português falado em São Paulo e no Sul em que as pronuncias das palavras são diferentes

bem como a maneira de enfatizar as palavras. Para Penteado (1986) “a variedade das

inflexões pode ser obtida através de”: variação da “velocidade da voz”, variação do “volume da

voz” e “variação do tom da voz”. (p. 268 e 269)

O termo qualidade vocal é o “padrão básico da voz de uma pessoa que distingue e o

identifica. É dada pelo conjunto de características acústicas - freqüência, intensidade e

ressonância - e articulatórias- articulação, velocidade e ritmo”. (VIOLA, 2000 p.82). BEHLAU

(2001) aponta que anteriormente a qualidade vocal era definida como timbre, “mas o uso desse

vocábulo está se restringindo aos instrumentos musicais” (p.91). Para Brandi (2007) “a voz

apresenta várias qualidades já na origem, ou seja, a partir de sua sonorização glótica” (p.31).

O termo timbre laríngeo refere-se ao brilho da voz, mas também para as constrições na

região glótica que provocam mudanças na qualidade vocal do sujeito como voz metalizada e

estridente, por exemplo. (BRANDI, 1990). Segundo o mini dicionário Luft (1991) “timbre

relaciona-se à qualidade distintiva de um som independentemente de sua altura e intensidade”

(p.599). O timbre também resulta de fenômenos acústicos, como a região glótica, os

ressonadores, a posição da laringe e todo trato vocal, que se localizam nas cavidades

supraglóticas. (DINVILLE, 1993). Para Brandi (2007) timbre é o “lustre da voz, ou seja, a

contribuição glótica para a qualidade vocal”. (p.48).

12

Segundo Brandi (2007) o timbre é o brilho, a limpidez que pode ser prejudicado pela

“contração tônica das pregas vocais, o que lhes empresta grau de vigor; da contratibilidade

muscular, que pode se apresentar equilibrada para fonação ou enfraquecida em algumas

partes ou hipercontraído; da mobilidade das cartilagens laríngeas e das condições de produção

do sinal vocal periódica e harmônica” (p.48).

Para diferenciar timbre de qualidade vocal é necessário entender a diferença de

“apreciar a qualidade do som que estamos ouvindo e aprender a distinguir um atributo da

qualidade vocal”. (BRANDI, 2007, p. 101)

Segundo Behlau e Rehder (1997; 2005) a voz falada relacionada à qualidade vocal ou a

timbre da voz, é geralmente neutra ou com pequenos desvios, que não são considerados

padrões de alteração, como pode ser considerado nos casos de disfonias, por exemplo.

13

3.2 Termos descritivos da voz

Outro ponto importante que foi destacado nesta pesquisa refere-se a alguns termos

descritivos da voz. O tipo de voz “é uma das características vocais que distinguem o indivíduo

dos demais. É determinado pelo funcionamento conjunto de diferentes estruturas do aparelho

fonoarticulatório, que imprimem na voz rouquidão, aspereza, soprosidade, hipernasalidade ou

hiponasalidade”. (VIOLA, 2000 p.82)

Nesta pesquisa iremos privilegiar os termos descritivos da voz, tais como: encoberta,

abafada, constrita, apertada, ríspida, cortante, metálica, estridente, potente, forte, aveludada e

polida.

Para Boone (1996) a voz abafada apresenta uma característica negativa. Segundo o

material de análise de voz criado por Gayotto (2006), esta voz apresenta um foco baixo, ou

seja, uma ressonância de pescoço. Em contrapartida, a voz encoberta apresenta seu foco de

ressonância posterior (GAYOTTO, 2006), isto é, parece que a voz está saindo na parte

posterior da cabeça (“atrás da cabeça”). A língua apresenta grande importância nesse tipo de

voz já que pode impedir a passagem do som para a cavidade oral (ANDRADA E SILVA,

DUPRAT 2004).

Segundo Gayotto (2005) a voz abafada é uma característica vocal relacionada aos

recursos vocais de ressonância e articulação, e acomete algumas modificações do trato vocal,

tais como: a falta de brilho, de potência e de abertura sonora.

A voz constrita apresenta um foco de ressonância anterior (GAYOTTO, 2006), ou seja, a

ressonância está focada na cavidade oral, a “voz é produzida muito a frente” (BOONE, 1996

p.77); relaciona-se à articulação, já que a língua também apresenta uma posição mais anterior

e ao volume (menor energia de voz). Segundo Boone (1996) esta voz transmite uma

característica negativa. Para Brandi (2007), a voz constrita “identifica vozes que apresentam

constrição constante ou intermitente”. Essa constrição pode ser “laríngea (golpes de glote);

laringofaríngea (de voz estrangulada), etc” (p.77).

As vozes apertada e ríspida são definidas por Boone (1996) como vozes positivas. Nos

dois diferentes termos descritivos da voz, o foco de ressonância é nasal (GAYOTTO, 2006), ou

14

seja, localizamos uma concentração de energia sonora na região superior da face (no nariz),

provocando uma sensação de voz mais aguda e estão intimamente relacionadas à articulação.

Para Jung (1999), a voz apertada é conseqüência do estresse. O dicionário Houaiss definiu o

termo ríspida como aquele que se aperta ou restringi, que se deixou sem espaço.

A voz cortante é caracterizada por Boone (1996) como positiva, além disso, apresenta

um foco de ressonância misto (GAYOTTO, 2006), isto é, ao escutar uma voz com essa

característica não é possível localizar maior foco de energia em uma única região do aparelho

fonador e tem grande relação com velocidade de fala e com a fluência.

A voz do tipo metálica é caracterizada por Boone (1996) como sendo positiva. No

material de análise de Gayotto (2006), podemos dizer que para se obter uma característica de

voz metálica é necessário que sejam utilizados como recursos um foco de ressonância alto, em

que o som ressoa na parte superior: no nariz. A voz nasal nos deixa com a sensação de que a

freqüência é alta, ou seja, uma voz mais aguda.

A metalização é relacionada à hipertonicidade de constritores faríngeos e com elevação

de laringe, o que propicia ressonância de freqüência alta. É “relacionada ao foco ressonantal

faríngeo e determinada por constrições faríngeas, elevação de dorso da língua, lábios em

posição de sorriso, elevação laríngea e constrição ariepiglótica1”. (HANAYAMA, TSUJI, PINHO,

2004, p.437).

Segundo Hanayama, Tsuji, Pinho (2004) a voz metálica pode constituir característica

indesejável ao falante por ser de freqüência aguda e irritante. Pode ser útil como recurso teatral

na caracterização de um personagem, em determinados tipos de canto como o sertanejo, o

country americano, ou algumas modalidades como o canto nordestino. A ressonância depende

do mecanismo originado na fonte glótica2 e direcionado para o trato vocal. A configuração dos

órgãos supraglóticos3 determina as características ressonantais. As ressonâncias irão variar de

acordo com a ocorrência de constrições que modificam o trato vocal quanto à forma, textura e

tensão. A intensidade da voz metálica é regulada, principalmente aos fatores de: potência

glótica e eficiência glótica.

1 As pregas ariepiglóticas são pregas mucosas que envolvem as fibras ligamentosas e musculares estendem-se dos lados da epiglote até os ápices das cartilagens aritenóides e formam a entrada para a laringe. (ZEMLIN, 2000, p.128). 2 Fonte glótica refere-se à laringe, ao nível das pregas vocais. 3 Os órgãos supraglóticos são os que se encontram acima da laringe como: faringe, boca, língua, etc.

15

Assim como a voz metálica, a voz estridente também possui o foco de ressonância alto

(nasal) e freqüência alta, aguda. Boone (1996) caracteriza este tipo de voz como sendo

negativa.

Brandi (2007) caracteriza as vozes metálica e estridente como categoria “hipertimbrada”

(p.49). Boone e McFarlane (1994) apontaram a utilização de uma voz estridente, com a

finalidade de melhorar a ressonância oral, e apontou o uso do som basal, para abaixar a altura,

quando a ressonância for cul de sac4. Para Fuller, Horii e Conner (1992) as vozes com tensão

soariam de maneira estridente ou metálica.

A ressonância cul de sac pode ter relação com as vozes metálica e estridente no que

diz respeito à cavidade nasal, o que também é observado nesses tipos de vozes e componente

faríngeo que também pode ser descrito na voz metálica.

Para Houaiss(2001) o termo estridente apresenta “som agudo e penetrante, que causa

ruído, estridor, ruidoso e estrepitoso”. Este termo diz respeito à “consoantes de intensidade e

freqüência elevadas, que são produzidas com maior turbulência da corrente de ar, o que

acarreta efeito sibilante”.

As vozes potente, forte, polida e aveludada são vozes que, segundo o material de

análise de Gayotto (2006), têm um foco de ressonância posterior, isto é, parece que a voz está

saindo na parte posterior da língua. É importante ressaltar que a voz aveludada é caracterizada

por Boone (1996) como sendo positiva. A voz polida apresenta relação direta com o recurso

vocal primário articulação.

Segundo Houaiss (2001), o termo polidez designa uma “característica do discurso, que

indica cortesia, gentileza, civilidade etc., do locutor (autêntica ou não), e que se expressa nas

formas de tratamento, em expressões que atenuam o tom autoritário do imperativo e outras

fórmulas de etiqueta lingüística”.

4 Cul de sac: ressonância surda, abafada, localizada na área faríngea com retração posterior da língua (BOONE, 1996). Também quando o som parece estar concentrado na cavidade nasal pela constrição anterior parcial ou completa das narinas.

16

As vozes potente e forte também são caracterizadas pelo volume, descrito como um

recurso vocal secundário, ou seja, esse recurso relaciona-se à intensidade e à ressonância. O

recurso que mais descreve a voz aveludada é a ressonância, isto é, a maneira como o som é

amplificado através das cavidades localizadas no aparelho fonador.

Para Houaiss (2001) o termo potente refere-se a “que tem poder, poderoso, que tem

força, possante, forte, vigoroso e que tem ou produz um som forte”.

Para Brandi (2007), a voz forte do falante “corresponde aproximadamente a 80dB”

(p.46). Para Houaiss (2001) o termo forte vincula-se a “firme e duradouro, cuja articulação se

realiza com maior intensidade, havendo resistência mais enérgica à passagem do ar expirado,

devido à maior tensão muscular”.

FERREIRA (1998) realizou um questionário para fonoaudiólogos descreverem sobre o

seu trabalho. Ao final da pesquisa, observou que todos os fonoaudiólogos citam um trabalho

corporal fazendo uso de diferentes técnicas: trabalho com respiração, falam da importância da

articulação e, por fim, cita um trabalho com as qualidades da voz, sob o nome de ressonância e

ampliação/ projeção de voz. Houve um destaque na importância de sua atuação com um

enfoque clínico e a sensibilidade para perceber as interferências do aspecto emocional sobre a

voz. Portanto, segundo esta pesquisa a Fonoaudiologia é marcada pela “ciência, do

conhecimento anatômico e funcional, a herança de ser terapeuta”.

Deste modo, pretendemos aprofundar questões teóricas que ainda não foram

detalhadas em pesquisas anteriores, bem como descrever os recursos vocais secundários e os

termos descritivos da voz para estabelecer semelhanças e diferenças entre eles, bem como

relacioná-los com os recursos vocais primários (GAYOTTO, 2000) utilizados por esses

profissionais no dia-a-dia de seu trabalho, com a finalidade de descrever uma terminologia

comum entre essas duas áreas.

17

4. MÉTODO

Para a coleta dos dados, foi aplicado um questionário (anexo I) com dezessete

profissionais da voz: sendo onze fonoaudiólogos e seis preparadores vocais.

Pela dificuldade em encontrar profissionais que se disponibilizassem em responder o

questionário e pelo curto prazo disponível para a realização desta pesquisa, colhemos os

questionários de apenas este número de preparadores vocais, o que inicialmente seria de

igual número dos fonoaudiólogos.

Esta escolha foi realizada, já que esses profissionais trabalham diretamente com voz. O

fonoaudiológico trabalha com um enfoque terapêutico da voz relacionada tanto com a

alteração como também com a estética da voz. O preparador vocal foi escolhido para esta

pesquisa e classificado como o profissional que trabalha com a voz, sem formação em

Fonoaudiologia, podendo atuar como professor de canto, oratória, voz, declamação,

impostação, expressão, conforme seja identificado. O tempo de atuação destes profissionais

foi, de no mínimo, cinco anos.

A escolha do questionário veio da necessidade de focar alguns recursos vocais

secundários e termos descritivos da voz quanto a suas definições, relações dos recursos

primários com os recursos vocais secundários e com os tipos de voz e, por fim, comparar os

termos entre si de acordo com a explicação teórica dos profissionais em questão.

Os questionários foram enviados via e-mail, ou correio ou mesmo entregues

pessoalmente a estes profissionais, conforme sua conveniência; eles tiveram um prazo de

20 dias para devolvê-los. Além disso, foi enviado o termo de consentimento livre e

esclarecido que deveria ser entregue assinado juntamente com o questionário.A presente

pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética com o número de protocolo 222/2007.

Com base no questionário (anexo I), as questões 1 e 2 (sobre recursos vocais

secundários tais quais: projeção, volume, ritmo, velocidade, fluência, entonação, modulação

e inflexão e os termos qualidade vocal e timbre) e a questão 4 (sobre os termos descritivos

da voz como: encoberta e abafada, constrita e apertada, bruta e cortante, metálica e

18

estridente, potente e forte, aveludada e polida) buscam investigar as definições baseadas

nas semelhanças e diferenças entre os conceitos, duplas e os trios de termos selecionados.

A terceira questão visa apontar, segundo cada julgamento, quanto à relevância do ponto

de vista de fonoaudiólogos e preparadores vocais através de uma enumeração (de 1 a 5), quais

os recursos vocais primários (articulação, freqüência, intensidade, ressonância e respiração)

mais importantes (5) e menos importantes (1) para a constituição dos recursos vocais

secundários: projeção, volume, ritmo, velocidade, entonação e modulação.

Para essa questão, foi realizada posteriormente uma mudança metodológica, já que

optamos por discutir apenas os dois recursos vocais primários mais votados como mais

importante (valor de número 5). Tal mudança foi realizada para que seja possível estabelecer

relação direta com a questão cinco do questionário, a qual se propõe a identificar apenas um

recurso vocal primário para os termos descritivos da voz selecionados.

A última questão solicita que apenas um dos recursos vocais primários (articulação,

freqüência, intensidade, ressonância e respiração) seja selecionado para melhor descrever,

sob o ponto de vista desses profissionais, os termos descritivos das vozes aqui selecionadas

para essa pesquisa: encoberta, abafada, constrita, apertada, bruta, cortante, metálica,

estridente, potente, forte, aveludada e polida.

A análise de dados será realizada de acordo com as respostas dadas pelos dois grupos

de profissionais em questão e será realizada a comparação entre eles. Os dados serão

organizados em tabelas separados pelo número de questão e por profissional (F1 a F11 e PV1

a PV6).

Após levantar e analisar as definições quanto às convergências e divergências

apontadas nos questionários, o resultado foi confrontado com a literatura e, por fim, foi

realizada uma proposta para descrever uma terminologia comum a esses profissionais, quanto

aos conceitos e questões discutidas.

A escolha dos recursos vocais e termos descritivos da voz selecionados para esta

pesquisa são semelhantes, pois o que se almeja é o detalhamento e a riqueza entre a

terminologia adotada.

19

Nesta pesquisa, embora fosse de grande relevância o estudo da voz cantada, pela

relação constante encontrada nas respostas dadas pelos preparadores vocais, não será

possível estudá-la dado o curto período para o desenvolvimento desta pesquisa. Dessa forma,

deixaremos em aberto este aprofundamento, o que poderá viabilizar futuros projetos nessa

área.

Coube nesse estudo, portanto, elaborar uma terminologia comum de recursos vocais e

termos descritivos da voz, sob o ponto de vista dos fonoaudiólogos e preparadores vocais com

suas definições.

20

5. RESULTADOS

De acordo com a literatura encontramos os seguintes conceitos:

a) Recursos vocais primários (freqüência, intensidade, ressonância, articulação e respiração):

Freqüência Relacionado a “pitch” e é caracterizado como

uma sensação subjetiva da altura da voz e

pode ser dividida em: agudo, médio para

agudo, médio, agudo para grave e grave.

É caracterizado como número de ciclos por

segundo (RUSSO, 1999) e é expresso em

Hertz (Hz).

Intensidade Relacionado à “loudness” e é a sensação

subjetiva da intensidade, volume da voz ou a

potência da voz.

Parâmetros físicos ligado diretamente à

pressão subglótica da coluna aérea que, por

sua vez, depende de uma série de fatores,

como amplitude de vibração e tensão das

pregas vocais, mais especificamente da

resistência que a glote oferece à passagem do

ar.

Relaciona-se com amplitude e pressão.Tal

recurso é normalmente medido em dB.

Ressonância É um sistema de “caixa acústica” da voz, isto

é, após a emissão do som nas pregas vocais,

haverá amplificação e amortecimento de

determinados harmônicos do espectro sonoro

da voz que é constituído por estruturas e

cavidades do aparelho fonador

Articulação São os ajustes motores realizados com os

lábios, língua, palato e faringe, que

possibilitam a emissão de diferentes sons e

palavras quando estão encadeados. Pode ser

21

classificado como precisa ou imprecisa.

Respiração Apresenta dois diferentes ciclos: inspiração e

expiração e pode ser realizada pelo uso de

diferentes regiões torácicas: superior, média,

inferior e costodiafragmática e por três

diferentes modos – nasal, bucal e mista

b) Recursos vocais secundários (volume, projeção, ritmo, velocidade, fluência,

entonação, modulação, inflexão e os termos qualidade vocal e timbre):

Volume Engloba a intensidade e ressonância e

caracteriza um som forte de alto e um fraco,

de baixo.

Projeção Projetar indica lançar a voz no espaço e a

referência é mais acentuada no exterior do

sujeito que limite sua voz; é o alcance da voz.

Ritmo Está relacionado à tonicidade das palavras,

com seus acentos prosódicos e com a

habilidade de fluir o pensamento em forma de

palavras.

Velocidade Está relacionada às questões de duração e

pode ser “observada através do ritmo acentual

(lentidão ou rapidez da sucessão de acentos

frasais).

Fluência Relaciona-se com à capacidade em

expressar-se com objetividade e clareza, sem

muitas quebras no ritmo

Entonação É classificada como descendente no caso de

encontrar sinalização de não continuidade e

em sentenças declarativas, e curva

ascendente para sinalização de continuidade e

sentença interrogativa.

Modulação Os padrões melódicos podem ser

22

classificados como restrito, médio ou

freqüente. Dessa forma, tal parâmetro é

determinado pela variação de freqüência

(pitch) e alongamento da sílaba.

Inflexão É parte da melodia que nos permite diferenciar

as diversas línguas.

A variação das inflexões pode ser obtida

através de: variação da velocidade da fala,

variação do volume da voz e variação do tom

da voz.

Qualidade vocal É o padrão básico da voz de uma pessoa que

distingue e o identifica. É dada pelo conjunto

de características acústicas - freqüência,

intensidade e ressonância - e articulatórias -

articulação, velocidade e ritmo.

Timbre Refere-se ao brilho da voz. É subjetivo e

engloba as qualidades da voz.

C) Termos descritivos da voz

Abafada Esta voz apresenta um foco baixo, ou seja,

uma ressonância de pescoço. Relaciona-se a

ressonância e articulação

Encoberta Apresenta foco de ressonância posterior e a

língua apresenta papel importante nesse tipo

de voz.

Constrita Voz Constrita “identifica vozes que

apresentam constrição constante ou

intermitente”. Essa constrição pode ser

“laríngea (golpes de glote); laringofaríngea (de

voz estrangulada). Apresenta foco de

ressonância anterior e relaciona-se, mais

diretamente à articulação

23

Apertada É uma voz mais aguda e está intimamente

relacionadas à articulação e o foco de

ressonância é nasal.

Ríspida Como aquele que se aperta ou restringe, que

se deixou sem espaço. O foco de ressonância

é nasal.

Cortante Apresenta foco de ressonância misto e está

relacionado à velocidade de fala.

Metálica Relacionada a hipertonicidade de constritores

faríngeos e com elevação de laringe, o que

propicia ressonância de freqüência alta.

Estridente Foco de ressonância alta, penetrante, que

causa ruído, estridor, ruidoso e estrepitoso.

Potente Apresenta foco de ressonância posterior e

caracterizada pelo volume. Relaciona-se à

intensidade e à ressonância.

Forte Apresenta foco de ressonância posterior e é

caracterizada pelo volume. Relaciona-se à

intensidade e à ressonância.

Polida Apresenta foco de ressonância posterior.

Mostra-se uma voz educada e relaciona-se à

qualidade do discurso.

Aveludada Apresenta foco de ressonância posterior e é

caracterizada pela ressonância.

Segundo os questionários respondidos pelos Fonoaudiólogos, nomeados como sujeitos

F1 à F11 e pelos Preparadores Vocais, nomeados como sujeitos PV1 à PV6, pudemos

destacar as seguintes definições seguindo as questões as questões do questionário:

Os questionários foram revisados para que só as definições viessem destacadas, sem

comentários considerados ou desnecessários pelos profissionais. Foi resolvido não colocar na

íntegra de conteúdos de questionários dada a extensão do material já descrito.

24

1. Definir as diferenças e semelhanças entre os recursos vocais:

a) Projeção, volume e intensidade.

Tabela 1. Respostas da questão 1, item a, dos fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.

F1 Intensidade é uma grandeza mensurável.

Projeção e volume teriam relação com a

esfera perceptivo-auditiva.

O termo volume é considerado tradução de

loudness; envolve mecanismos do controle de

fluxo aéreo, da ressonância e da articulação.

F2 Volume e intensidade vocal representam a

mesma coisa.

Projeção é o resultado da emissão vocal no

espaço.

F3 Projeção: há um direcionamento do som, ele é

focado para algum ponto específico do

espaço, objeto ou mesmo pessoa.

Volume e intensidade: são sinônimos que se

relacionam ao fluxo de energia sonora, medida

em dB.

F4 A Intensidade está relacionada com o aumento

da pressão subglótica.

A projeção diz respeito à direção do som;

relacionado com ressonância.

O volume à articulação.

F5 Semelhanças: todos estão relacionados à

sensação auditiva de maior ou menor volume

da voz.

Diferenças:

intensidade – mensuração do volume da voz.

25

Volume – sensação auditiva de intensidade.

Projeção – capacidade de propagar o som

sem tensão vocal.

F6 A intensidade vocal depende da resistência

glótica, quantidade de fluxo aéreo e pressão

de ar subglótica, medida em decibel.

Volume e intensidade podem ser considerados

sinônimos.

Projeção é a expansão da voz no ambiente.

F7 Intensidade diz quanto forte ou fraco é um som

e é produto da pressão aérea empregada

(pressão sub-glótica).

O volume é somatória da intensidade com a

ressonância.

A projeção implica no volume, associada a

uma maior abertura de boca, uma articulação

precisa e análise do ambiente.

F8 Projeção está relacionada ao uso do processo

de fonação associado à articulação e

respiração.

Volume e intensidade não estão relacionados

à produção de fala com qualidade.

F9 As diferenças estão na localização dos sons

ou produção e os efeitos acústicos causados.

Projeção está ligada à ressonância

Volume é o som amplificado pelo contato mais

forte entre as pregas vocais.

Intensidade é um parâmetro vocal medido pelo

aumento de decibéis, no som. O resultado

acústico é o loudness.

F10 A intensidade revela sons fracos ou fortes

26

independente de sua altura; determinada pela

intensidade de fibras basilares, células ciliadas

da cóclea.

O volume é a sensação da percepção da

intensidade do som.

A projeção vocal é fenômeno de ressonância,

e equilíbrio entre amplitude, intensidade e

altura do som.

F11 Projeção → É fazer com que ela alcance sem

esforço às pessoas que estão no espaço, com

intenção e foco, através de um equilíbrio dos

recursos vocais primários e volume adequados

ao conteúdo da fala.

Volume→ Está ligado à amplitude da onda

sonora e a pressão subglótica, medido em

decibéis.

Intensidade→ A intensidade do som está

ligada às condições de resistência e de

impulso.

Tabela 2. Respostas da questão 1, item a, dos preparadores vocais nomeados F1 a F11.

PV1 Projeção é o controle adequado dos

mecanismos de freqüência e intensidade, é a

capacidade de alcance no espaço. Volume é a

intensidade da voz. Intensidade é a

quantidade de energia para a amplitude da

onda sonora.

PV2 Projeção é a propriedade que a voz tem de se

lançar no ambiente físico, de modo que todos

os que estão no ambiente possam escutar o

som emitido.

Volume é a graduação, em intensidade, desse

som emitido: pode ser piano, mezzo forte,

27

forte, etc. Para nós cantores, mesmo que o

som seja pianíssimo ele deve ser escutado

plenamente por todos. Por isso, o trabalho da

ressonância deve ser cuidadosamente feito

para que a voz alcance a projeção em

qualquer intensidade.

PV3 Projeção – emissão clara, natural e consciente

do enunciado.

Volume – decorrência de emissão correta.

Intensidade - recurso de apoio e ênfase da

própria condição da fala ou do canto.

PV4 Projeção – depende da boa colocação no

ponto focal e melhor utilização do aparelho

fonador. Ela está ligada à quantidade de

harmônicos produzida e à características

pessoais.

Volume e Intensidade – definidos pela

intenção do cantor. O volume está relacionado

com a projeção como também à característica

de cada um.

PV5 Volume e intensidade (sinônimos) - essa

grandeza pode ser medida em decibéis.

Projeção - é o alcance da voz, a sua

capacidade de se "arremessar" ou "atirar" para

frente, atingindo longas distâncias. Essa

qualidade não está associada somente ao

volume da voz, mas também aos harmônicos

da mesma e à qualidade de articulação do

texto.

PV6 Projeção - capacidade do indivíduo de projetar

sua voz (enviá-la ao receptor) pelo espaço

independente do volume e da intensidade de

sua voz.

28

Intensidade - Tem haver com o grau de força

expiratória com que o som da fala é

executado. Com acústica sonora em sua maior

ou menos amplitude de vibração.

Volume - Refere-se à intensidade de som.

(não gosto de usar esse termo, preferindo

potência vocal, maior ou menor).

b) Ritmo, Velocidade e Fluência.

Tabela 3. Respostas da questão 1, item b, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.

F1 Ritmo enquanto sensação de duração

Velocidade (também referida como taxa de

elocução) refere-se à ocorrência em unidades

de tempo de segmentos de fala.

Fluência envolve a continuidade da fala,

digamos o fluxo, engloba elementos, desde o

plano articulatório, até o prosódico.

F2 Ritmo representa um movimento constante

com intervalos regulares na linha melódica.

A velocidade pode variar: rápida, lenta ou

mista.

A fluência corresponde à facilidade ou não da

emissão.

F3 Ritmo - variação de tempos fortes e fracos que

se configuram por motivos rítmicos.

Velocidade - variação do tempo.

Fluência - Dependente de um bom manejo dos

elementos expressivos e discursivos.

F4 Velocidade - é o tempo em que as palavras

são ditas; pode ser adequado, rápido e lento.

O ritmo - Relacionado às ênfases e as pausas.

A fluência - é fluxo contínuo das palavras no

tempo.

29

F5 Semelhanças: Relacionados à coordenação

entre respiração e fala.

Diferenças:

Ritmo – cadência da fala,

Velocidade – números de sílabas por segundo

Fluência: Relacionado à ocorrência de

interjeições, alongamentos e pausas durante a

fala.

F6 O ritmo refere-se à acentuação da fala, à

ênfase, pausas e modulação.

A velocidade refere-se a agilidade em realizar

os ajustes motores da fala.

A fluência refere-se à aptidão de utilizar a

linguagem, coordenando velocidade, voz,

articulação e respiração.

F7 Velocidade guarda mais relação com o como/

quanto as palavras são articuladas no tempo;

relação com duração.

O ritmo envolve a velocidade e tem relação

com a acentuação das palavras.

A fluência relaciona-se ao quão fácil e corrente

a emissão é produzida.

F8 Não considero os três semelhantes, mas todos

estão vinculados ao uso de pausas curtas,

longas silenciosas ou sonoras.

A fluência esta diretamente relacionado à

entonação.

F9 Ritmo é a cadência de sons fracos e fortes de

uma determinada língua.

Velocidade é um termo considerado errado

30

atualmente. O correto é taxa de elocução que

é a produção sons em um determinado tempo;

pode ser lenta, moderada ou rápida/acelerada.

Fluência é fala produzida com entonação e

ênfases e ausência de pausas.

As semelhanças: são interdependentes por

estarem presentes na comunicação verbal.

F10 O ritmo de fala é um termo “emprestado” da

área da música, é um andamento musical.

Fluência é ter bom ritmo, numa velocidade

adequada ao contexto lingüístico.

F11 Ritmo → sucessão de sílabas, de duração

variável, que se sucede com pausas, se

repetem no tempo na cadência de cada língua,

variando em altura e timbre, em harmonia com

o conteúdo.

Velocidade → número de palavras faladas por

minuto; envolve pausas.

Fluência → habilidade de fazer fluir o

pensamento em palavras.

Tabela 4. Respostas da questão 1, item b, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.

PV1 Ritmo - é a medida de tempo regular ou não

de uma música, caracteriza o intervalo e a

cadência da composição.

Velocidade - refere-se ao movimento rápido,

lento ou moderado.

Fluência diz-se da voz que flui, que é natural,

espontânea e não forçada.

PV2 Ritmo - é a capacidade de articulação dos

sons em sua duração no tempo. Tem a ver

com a percepção auditiva dessa existência

31

temporal. A velocidade - é a capacidade de

produzirmos esse ritmo mais rápido ou mais

devagar. Os músculos articulatórios precisam

estar de prontidão e com tonicidade suficiente

para responder ao andamento proposto.

Fluência - é quando não há espaço. Acredito

que quanto mais a respiração e os músculos

fonatórios estiverem treinados, melhor e mais

fácil é o desempenho.

PV3 Ritmo – regularidade na cadência da fala ou

do canto.

Velocidade – relativa à fatores de ordem:

étnico, social, regional, educacional e

emocional.

PV4 Ritmo e velocidade – são determinadas pelo

compositor e um bom cantor tem a capacidade

de se adequar a eles.

Fluência – fluência na emissão vem de estudo,

principalmente da ligadura e do hábito de

cantar.

PV5 São três termos diferentes.

Ritmo - é a distribuição das notas musicais ao

longo dos compassos. Sua grafia é feita por

meio das figuras musicais - semibreves,

mínimas, semínimas, colcheias, etc.

Velocidade - é o andamento em que se

executa a frase musical (ritmo e melodia), a

distância percorrida na unidade de tempo. Sua

notação musical é feita tanto por meio de

termos - "allegro" (rápido), "adagio" (lento),

"andante" (moderado), etc. - como por meio de

medida metronômica, forma mais precisa (por

exemplo: 60 semínimas por minuto).

Fluência é a qualidade "fluida" de uma

32

execução, com as frases musicais correndo

com facilidade, sem transparecer pressa

(ainda que em andamentos rápidos) ou atraso

(ainda que em andamentos lentos). A fluência

depende de segurança rítmica, musical e

vocal.

PV6 Ritmo - costumo dizer que é a pulsação da

fala, com seus intervalos regulares e que tem

ligação com o estado interno da personagem

vivenciada pelo ator.

Velocidade - é a qualidade de rapidez com

que a fala é proferida, podendo ter uma escala

de variação com menor ou maior velocidade

(lento, ligeiro).

Fluência - que possui facilidade em fluir,

correr, desenvolver. (também tem a rapidez da

velocidade e a pulsação do ritmo).

c) Entonação, modulação e inflexão.

Tabela 5. Respostas da questão 1, item c, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.

F1 Entoação - como a variação do tom

(freqüência) no tempo de uma sentença que

caracteriza a sua modalidade..

Modulação – refere-se as variações no tempo,

tanto da freqüência, como da intensidade.

A inflexão - Próxima de entoação, pode

sinalizar variações melódicas que demarcam

acentos frasais (ênfase).

F2 Inflexão e modulação - representam a curva

melódica, que pode variar em velocidade,

33

duração, em intensidade e até mesmo na

variação tonal.

Entonação - refere-se apenas às variações de

tons utilizados.

F3 Entonação e modulação - são sinônimos, e se

relacionam ao modo de utilizar os tons da voz,

estabelecendo curvas melódicas.

Inflexão - relaciona-se à modulação, marca

mudanças e desvios de tonalidades.

F4 Essas palavras são sinônimas e se referem à

variação dos tons e da intensidade utilizados

na fala.

F5 Semelhanças: Relacionados à variação

melódica.

Os três termos são sinônimos.

F6 Entonação, modulação ou inflexão são

sinônimos;

Refere-se principalmente à variação de pitch

durante a fala, ou seja, à curva melódic..

F7 A diversidade de tons que usamos cria curvas

melódicas (ou modulação) que por sua vez

cria diversas entonações.

F8 Entonação seria a categoria mais ampla, inclui

as outras duas.

Mmodulação vocal é a variação de freqüência

fundamental.

Inflexão vocal é utilizada para dar entonação

ao discurso.

Um faz a variação de freqüência e o outro da

intenção frasal, compondo a entonação.

34

F9 Semelhanças: São mudanças na voz,

parâmetros como: duração e freqüência, que

atuam na expressividade da comunicação.

São palavras diferentes usadas para a mesma

função.

A entonação está mais voltada à mudança de

pitch (freqüência), aliada a duração –transmite

os sentimentos da mensagem.

F10 A entonação engloba a inflexão e é o mesmo

que modulação.

Chamo estes aspectos de melodia, típica de

cada falante; expressam estados afetivos do

interlocutor.

F11 Esses três conceitos são quase sinônimos.

São variações de altura do tom laríngeo;

podem ser descendentes ou ascendentes;

facilitam a compreensão e a expressão da

emoção dos textos.

Tabela 6. Respostas da questão 1, item c, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.

PV1 Entonação - é o ato e o modo de emitir um

som.

Inflexão - é determinada pela acentuação do

som em determinado momento.

Modulação - é a passagem de um som para

outro, implica na mudança da freqüência e da

intensidade.

PV2 Entoação - tem a ver com a capacidade da

prega vocal produzir sons musicais

diferenciados.

Inflexão - é a possibilidade que o cantor tem

de imprimir um gesto emocional com a voz.

35

PV3 Entonação – tendência natural para o cantor.

Modulação – espontaneidade ao passar de

uma situação sonora para outra.

Inflexão – valorização consciente ou não dos

elementos sonoros relativos ao linguajar ou

melodia entoada.

PV4 Entonação – é característica indispensável

dopara o cantor manter-se no tom, é

primordial.

Modulação e Inflexão – dependem do que é

especificado pelo compositor e também da

interpretação.

PV5 Embora os três termos possam ser usados

para designar o mesmo conceito (movimento

melódico), é comum, entre professores de

canto, a distinção entre eles.

Entonação - ligada à afinação (ou seja,

afinação imprecisa).

Inflexão – está associada aos movimentos

melódicos e à realização de fraseados

(crescendo, decrescendo e pontos de apoio,

ao longo de uma frase musical).

Utilizo o termo modulação apenas ao me

referir à harmonia, para designar a mudança

de um tom para outro.

PV6 Entonação - que se relaciona com o tom em

que se fala, como na música. Muitas vezes

uso essa nomenclatura para definir a

musicalidade da fala.

Modulação: Também tem haver com a melodia

da fala ou do canto.

Inflexão: Tom, modulação e musicalidade da

fala. (este é o termo que mais utilizo em

minhas aulas de voz).

36

Todos estes termos possuem uma relação

direta de significados podendo ser utilizados

para se buscar uma fala expressiva, visando

uma boa construção de partitura vocal.

37

2) Definir as diferenças e semelhanças entre os ter mos:

a) Qualidade vocal e timbre

Tabela 7. Respostas da questão 2, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.

F1 Qualidade vocal para voz e timbre para

instrumentos.

Não vejo diferenças.

Qualidade vocal como resultado dos ajustes

de longo termo nos planos laríngeo e

supralaríngeo do aparelho fonador.

F2 Timbre - refere-se à qualidade natural da voz.

Considero que os dois termos dizem a mesma

coisa.

F3 O timbre é aquilo que confere singularidade a

uma voz, é o som característico de uma

pessoa.

F4 Timbre é mais utilizado ao se referir aos

instrumentos musicais.

A Qualidade vocal são os atributos de como

está a voz, ex: áspera, rouca, soprosa, etc.

F5 Qualidade vocal – representa os ajustes

laríngeos e supralaríngeos durante a produção

da fala.

Timbre – não conheço a definição deste termo.

F6 Qualidade vocal refere-se ao conjunto de

características que identificam uma voz.

Timbre utilizado para diferenciar instrumentos

musicais.

38

F7 Qualidade vocal para classificar a voz de

acordo com a condição laríngea.

Com relação ao timbre, o associo ao trabalho

do filtro (ressonância e articulação) que

participa ativamente para caracterizar a voz

final.

Várias vozes podem receber a mesma

classificação da qualidade vocal, mas nunca o

timbre será o mesmo (dificilmente o pitch e a

ressonância são tão parecidos, por exemplo).

F8 -------

F9 Qualidade vocal é o resultado de vários

ajustes, desde a laringe (PPVV, parte supra-

glótica) até a região ressonantal da cabeça

(nariz, lábios, etc); produz sentido da

comunicação.

Timbre está mais restrito a voz em si

(freqüência, pitch) – massa das pregas vocais

que resultam em um determinado som.

Semelhanças: o timbre é um item da qualidade

vocal. A qualidade vocal contém o timbre.

Diferenças: qualidade vocal é mais abrangente

e Timbre, mais específico.

F10 O timbre e qualidade vocal é a “cor” dos sons,

determinado pelo número e intensidade de

harmônicos que existem com o som

fundamental.

F11 O termo timbre referente a instrumentos

musicais.

Penso que o termo qualidade vocal é mais

usado na literatura fonoaudiológica. É uma

39

questão de conceituação e escolha de uso do

termo.

Tabela 8. Respostas da questão 2, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.

PV1 Qualidade Vocal - refere-se aos aspectos da

voz se é rouca, nasal, tremula, soprosa entre

outras.

Timbre - é a qualidade acústica da voz

(combinação de harmônicos) é que distingue a

voz de uma pessoa de outra, e que depende

das características das pregas, tais como:

comprimento, largura, etc.

PV2 Qualidade vocal - é um juízo e é subjetivo.

Busca pela melhoria do timbre, para que

possa encaixar nos padrões da estética vocal

que está sendo trabalhada.

Timbre - é algo concreto e é mais objetivo. O

timbre é algo pessoal, é a manifestação

sonora de um corpo que por causa de suas

características tem um som específico.

PV3 Qualidade vocal – voz que se apresenta com

os elementos mencionados e melhor

resistência, extensão razoável.

Timbre – singularidade do caráter vocal.

PV4 Qualidade vocal – relacionadas com

quantidade de harmônicos graves e agudos,

com posição da voz anterior ou posterior,

maleabilidade ou dureza, etc.

Timbre – é a “impressão digital” do cantor,

resultados das qualidades vocais.

PV5 Compreendo a qualidade vocal como sinônimo

de timbre. Trata-se do conjunto de

características de uma voz (resultante de seu

espectro acústico) que a distingue de outra.

40

PV6 Quando uma voz possui qualidade vocal

pensamos que ela possui um bom timbre, pois

este é a capacidade de realizar sons na

mesma altura e intensidade, com resultados

harmônicos, com boa projeção e intensidade

sonora.

3) Enumere de um a cinco, sendo um para menor e cinco para maior segundo a

importância dos recursos primários (articulação, fr eqüência, intensidade, ressonância

e respiração) para a expressão dos recursos secundá rios selecionados abaixo:

Tabela 9. Resposta da questão 3 dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11

F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11

Projeção Articulação

Freqüência

Intensidade

Ressonância

Respiração

2

1

3

4

5

4

5

3

2

1

2

1

3

5

4

4

3

2

1

5

3

4

5

1

2

4

5

1

2

3

4

1

2

5

3

4

1

4

5

5

4

1

3

5

2

3

2

1

4

5

1

4

2

3

5

Volume Articulação

Freqüência

Intensidade

Ressonância

Respiração

2

1

5

4

3

4

5

3

2

1

2

1

5

4

3

1

5

2

3

4

5

4

1

3

2

4

5

1

3

2

2

1

3

5

4

3

4

5

3

5

1

3

4

2

5

2

1

4

3

5

1

3

4

2

5

Ritmo Articulação

Freqüência

Intensidade

Ressonância

Respiração

5

1

1

1

4

2

4

5

3

1

4

2

1

3

5

1

3

4

5

2

2

3

4

5

1

3

2

4

5

1

1

3

4

5

2

5

1

2

2

5

3

5

4

1

2

3

4

1

2

5

4

2

3

1

5

Velocidade Articulação

Freqüência

4

2

4

4

2

1

4

2

3

1

5

1

3

5

1

5

2

5

3

5

2

41

Intensidade

Ressonância

Respiração

5

5

3

1

1

3

5

3

5

2

4

5

1

3

4

2

4

5

2

3

3

5

1

4

3

3

3

4

3

1

4

Entonação Articulação

Freqüência

Intensidade

Ressonância

Respiração

1

5

1

1

1

4

1

5

2

3

2

5

1

3

4

4

1

2

5

3

4

1

5

2

3

4

1

2

5

3

4

1

2

5

3

2

4

3

4

5

3

5

4

1

2

5

3

2

2

4

3

5

4

2

1

Modulação Articulação

Freqüência

Intensidade

Ressonância

Respiração

1

5

4

1

1

3

1

2

4

5

2

5

1

3

4

4

2

1

5

3

4

1

5

2

3

4

1

2

5

3

4

1

2

5

3

3

2

3

4

5

3

5

4

1

2

5

3

2

2

4

3

5

4

2

1

Tabela 10. Resposta da questão 3 dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.

PV PV1 PV2 PV3 PV4 PV5 PV6

Projeção Articulação

Freqüência

Intensidade

Ressonância

Respiração

3

5

5

3

5

3

2

1

5

4

5

5

3

4

5

1

3

2

5

4

4

2

3

5

1

4

3

5

5

5

Volume Articulação

Freqüência

Intensidade

Ressonância

Respiração

2

5

5

2

5

2

1

4

3

5

-

-

-

-

-

1

4

3

5

2

1

2

4

5

3

4

4

4

5

5

42

Ritmo Articulação

Freqüência

Intensidade

Ressonância

Respiração

5

5

3

3

5

4

1

2

3

5

-

-

-

-

-

3

2

1

5

4

5

3

1

2

4

5

3

3

3

5

Velocidade Articulação

Freqüência

Intensidade

Ressonância

Respiração

5

5

5

3

5

5

2

1

3

4

-

-

-

-

-

3

2

1

5

4

5

1

3

2

4

5

2

3

2

5

Entonação Articulação

Freqüência

Intensidade

Ressonância

Respiração

5

5

1

3

-

3

2

1

5

4

-

-

-

-

-

2

5

3

5

4

2

5

1

4

3

5

5

5

5

5

Modulação Articulação

Freqüência

Intensidade

Ressonância

Respiração

5

5

2

5

3

4

2

1

3

5

-

-

-

-

-

3

2

1

5

4

1

5

4

2

3

5

5

4

4

5

4) Definir diferenças e semelhanças entre a dupla d e termos descritivos

selecionados:

a) Encoberta e Abafada

Tabela 11. Respostas da questão 4, item a, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.

F1 São similares, podendo denotar aspectos da

respiração, intensidade, articulação e

ressonância.

43

F2 “Considero os dois termos iguais.

F3 Para mim são sinônimos, mas podem ser

definidos melhor pelo contexto de uso;

significam uma voz que não ressoa com

facilidade.

F4 Referem-se à ressonância posterior, trato

vocal muito aberto e paredes faríngeas não

rígidas.

F5 Semelhanças – sem projeção

Diferenças – desconheço.

F6 Ambas relacionam-se à ressonância baixa e

articulação mais fechada e intensidade vocal

reduzida.

F7 Considero as duas classificações parecidas

por carecerem de projeção.

Encoberta - tem mais relação com uma

articulação mais fechada e “abafada” com uma

ressonância mais posterior ou mais hiponasal,

menos equilibrada na máscara.

F8 Não vejo diferença entre esses termos.

F9 As diferenças:

Encoberta pode ser um efeito de constrição

ântero-posterior e uma amplificação dos

harmônicos. Pode gerar um efeito positivo no

som.

Voz abafada - constrição mediana das pregas

vestibulares e gerar um efeito negativo, falta

de propagação do som.

Semelhanças: são ajustes feitos na mesma

44

região na laringe (supra-glote), mas com

resultados (efeitos) contrários..

F10 Os termos referem-se à qualidade vocal. São

sinônimos.

F11 Semelhanças:

Recursos primários→respiração, freqüência,

intensidade, articulação.

Diferenças:

Recursos primários→ ressonância.

Recursos secundários→ projeção.

Tabela 12. Respostas da questão 4, item a, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.

PV1 Voz Encoberta: diz-se da voz protegida, bem

apoiada e sem rispidez.

Voz Abafada: voz sem brilho, escura e sem

volume.

PV2 Voz encoberta - produzida com liberdade de

emissão, mas ao chegar na região supra-

glótica encontra um ambiente acústico que

favorece harmônicos. Voz alta.

Voz abafada – sem brilho, a voz fica na

garganta.

PV3 Voz Encoberta – tendência para

arredondamento dos fonemas, colocação da

emissão vocal na cavidade posterior do palato.

Abafada – emissão vocal contida, falseada no

curso natural. Presente em indivíduos que

sofrem pressões persistentes.

PV4 Voz Encoberta – normalmente faz utilização

do espaço posterior da cavidade bucal para

maior ressonância, mas com a voz na

máscara.

Voz Abafada: fica restrita do espaço posterior.

45

PV5 Voz Abafada - é pobre em harmônicos

agudos, soando como "escondida", "tampada",

fraca. Já o termo Encoberta ou coberta é

utilizado, sobretudo no canto erudito, para

designar uma emissão com a laringe em

posição vertical mais baixa (trato vocal mais

alongado) e, portanto, rica em harmônicos

graves (mas os harmônicos agudos também

podem estar presentes).

PV6 Voz Encoberta - é uma voz oculta, que teme

ser ouvida, disfarçada talvez.

Voz Abafada - é uma voz também oculta, e

que não possui ar, quase sem ar, em que mal

se respira.

b) Constrita e Apertada

Tabela 13. Respostas da questão 4, item b, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.

F1 São similares, podendo indicar constrições em

plano glótico e supraglótico.

F2 Considero os dois termos iguais.

F3 São sinônimos; qualidade de voz que soa com

algum grau de tensão, talvez por questões

articulatórias ou respiratórias.

F4 Referem-se à constrição do trato vocal,

principalmente da articulação.

F5 Semelhanças – refletem constrição

Diferenças – desconheço.

F6 Relacionadas à tensão vocal.

46

F7 Considero termos semelhantes, envolvem

esforço.

Voz constrita pode envolver constrição

laríngea e a apertada pode envolver mais a

faringe.

F8 A voz constrita tem mais tensão de laringe que

a voz apertada, essa última mais relacionada à

articulação.

F9 A constrição pode ser benéfica ou não.

Se for mediana – maléfica; ântero-posterior –

pode ser benéfica.

Apertada – resultado de tensão cervical, ou

vestibular.

Semelhança – geradas na mesma fonte;

Diferenças – efeitos diferentes.

F10 Auditivamente são parecidas e na nomeação

também se assemelham.

F11 Semelhanças:

Recursos primários→respiração, articulação

Diferenças:

Recursos primários→ intensidade,

ressonância.

Tabela 14. Respostas da questão 4, item b, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.

PV1 São sinônimos, diz da voz estrangulada e

agudizada, normalmente é uma voz que causa

incomodo aos ouvintes.

PV2 Constrita – os músculos da garganta estão

pressionando os músculos intrínsecos. É uma

voz musculosa. Ela fica no domínio da

garganta, com isso o som que é produzido é

47

duro e apertado.

PV3 Constrita – voz típica de religiosos, de vida

monástica, com boa dicção, pouca projeção,

ressonância prejudicada, intensidade

superficial.

Apertada – emissão incorreta da voz sem

ressonância, fluência com ritmo e freqüência

alterados.

PV4 Constrita – é criada pelo cantor para um efeito

interpretativo, ele concentra os harmônicos.

Apertada – resultado de contrações

musculares indevidas.

PV5 Os termos Constrita e Apertada são

sinônimos. Ambos caracterizam uma voz

comprimida, com estreitamento tanto no nível

laríngeo como no supraglótico.

PV6 Voz Apertada - é quando a fala aparece

comprimida pelos lábios, com eles quase

cerrados, com pouco espaço para a sida do ar

de da própria palavra.

Voz Constrita também é uma voz apertada,

comprimida, mas constrangida, forçada.

c) Ríspida e Cortante

Tabela 15. Respostas da questão 4, item c, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.

F1 São similares; indicam aspectos de variação

de freqüência mais restrita e maior nível de

intensidade.

F2 Ríspida seria uma voz com aspereza e

cortante seria com picos de intensidade.

48

F3 Uma voz ríspida tem relação com um modo de

falar que é rápido, talvez grosseiro, tom mais

agravado e que considera o interlocutor como

adversário.

Cortante é uma voz que ressoa no outro, deixa

marcas, pelo efeito do discurso.

F4 Rispidez é uma característica de uma voz com

forte intensidade e com pouca entonação.

Cortante também tem um componente

respiratório envolvido.

F5 Semelhanças – imagino que refletem pitch

inadequado, alterada qualidade vocal

Diferenças – desconheço.

F6 Vozes de pitch agravado, modulação restrita,

podendo ser de intensidade mais forte.

F7 São termos que me remetem mais à

psicodinâmica vocal do que propriamente uma

fisiologia subjacente; com modulação pouco

flexível e uma intensidade mais aumentada.

F8 Ríspida eu relaciono à expressividade,

cortante é um termo que eu não uso.

F9 São termos que não utilizo.

F10 São significados pela mesma sensação

auditiva do ouvinte.

F11 Semelhanças:

Recursos primários→respiração,

freqüência,ressonância

Diferenças:

Recursos primários→ intensidade, articulação.

Recursos secundários→ ritmo, velocidade,

modulação.

50

Tabela 16. Respostas da questão 4, item c, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.

PV1 Ríspida - voz que agride os ouvintes, tem

aspecto não puro e ataque vocal brusco.

Cortante - diz-se da voz que prepassa

barreiras, ouve-se facilmente em lugar ruidoso

ou na presença de outras vozes.

PV2 Ríspida – não possui brilho, não possui

doçura. Pressão dos músculos intrínsicos da

garganta. É uma voz senil e rouca. Com isso,

o som é duro e raspado.

PV3 Ríspida – ausência de flexão e ressonância,

articulação prejudicada, ritmo curto, alteração

timbrística.

Cortante – emissão abrupta, freqüência

alterada, supressão na expressão e fluência.

PV4 Ríspida – dura, normalmente ocorre excesso

de pressão subglótica e posicionamento muito

frontal do fluxo de ar.

Cortante – ocorre por falta de harmônicos

graves na emissão.

PV5 Não utiliza os termos Ríspida e Cortante, mas

parecem sinônimos. Ambos sugerem uma voz

dura, "pontuda", que "penetra" e "fere" os

ouvidos.

PV6 Voz Ríspida - voz severa, rude, grosseira, com

um som áspero e cortante (som agudo,

estridente).

51

d) Metálica e Estridente

Tabela 17. Respostas da questão 4, item d, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.

F1 São similares; denotam constrição em plano

supra glótico (especialmente das paredes de

faringe).

F2 Considero os dois termos iguais.

F3 Metálica - tem relação com a ressonância um

pouco mais nasal e com tensão na emissão.

Estridente - tem relação com a freqüência de

emissão do som, sempre mais agudo.

F4 Voz metálica e estridente estão relacionadas à

constrição do trato vocal, principalmente da

faringe.

Ela fica mais estridente se, além da constrição,

a voz estiver com freqüência mais elevada.

F5 Metálica – reflete constrição faríngea

Estridente - reflete constrição faríngea e pitch

agudo.

F6 Ambas relacionam-se a uma voz de pitch

agudizado, podendo ter componentes

ressonantais, principalmente a primeira.

F7 Voz metálica tem relação com uma

ressonância mais faríngea. Uma voz estridente

pode ser metálica, mas no geral também é

mais intensa e com pitch mais agudo.

F8 Ambas estão relacionadas à ressonância, não

considero diferentes.

52

F9 Metálica – é um efeito de estridor (pich

agudizado); pode ser mais aguda e com foco

posterior.

Estridente pode ter componente unidos, de

freqüência e intensidade.

F10 Sinônimos auditivamente. A variação pode

ocorrer pelos ajustes.

F11 Semelhanças:

Recursos primários→ respiração, intensidade,

articulação.

Recursos secundários→ projeção, volume,

ritmo, velocidade, modulação

Diferenças:

Recursos primários→ freqüência, ressonância.

Tabela 18. Respostas da questão 4, item d, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.

PV1 Metálica - é a voz que lembra um metal que

ressoa, normalmente clara, forte e potente.

Estridente - é a voz aguda e penetrante, que

tem intensidade aumentada.

PV2 Metálica e estridente são comuns aos

nordestinos. O som é forte, constrição das

paredes faríngea, normalmente de freqüência

alta. Vozes que incomoda.

PV3 Metálica – quando correta os harmônicos

resultam em brilho e boa ressonância e

projeção.

Estridente – voz com rebatimento constante,

subseqüência do som emitido.

PV4 Metálica – é semelhante à cortante, faltam

harmônicos graves e equilíbrio.

Estridente – é a voz metálica com contrações

musculares incorretas.

53

PV5 Semelhança - a voz metálica como a

estridente tem brilho, a partir do reforço de

harmônicos agudos.

Mas a estridente parece tê-los em demasia,

em desequilíbrio (ausência de harmônicos

médios e graves), além de carecer de maciez,

o que a tornaria desagradável.

Já uma voz metálica, quando equilibrada,

pode ser de grande valor; no canto erudito, por

exemplo, é bastante ambicionada.

PV6 Voz metálica - quando lembra o som de um

metal.

Voz estridente - que é penetrante, com tom

mais agudo, com maior intensidade e

freqüência mais elevada.

e) Potente e Forte

Tabela 19. Respostas da questão 4, item e, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.

F1 Potente - pode sinalizar aspectos de

respiração, enquanto forte pode sinalizar

adução glótica mais firme.

F2 Considero os dois termos iguais.

F3 São sinônimos, uma voz que se faz ouvir pela

boa qualidade do seu fluxo de energia, mais

intenso.

F4 Forte - é uma voz com grande intensidade e

potente, além da intensidade tem a projeção e

ressonância envolvidas.

F5 São sinônimos.

54

F6 Ambas significam que a voz é ouvida

claramente; a primeira pode relacionar-se à

projeção vocal e a segunda, à intensidade

vocal.

F7 Forte tem relação com intensidade e, portanto,

com a pressão aérea.

Potente implica em ter volume e ser facilmente

projetável.

F8 Potente tem projeção e forte tem intensidade,

loudness.

F9 Forte pode ser utilizado devido a uma força

física e muscular das pregas vocais + o ar.

Potente pode ser uma sensação psico-

acústica do som – como a loudness.

F10 São sinônimos, referem-se a qualidade vocal.

F11 Semelhanças:

Recursos primários→ respiração, articulação.

Recursos secundários→ projeção, volume,

Diferenças:

Recursos primários→ freqüência, intensidade,

ressonância.

Recursos secundários→ ritmo, velocidade,

modulação.

Tabela 20. Respostas da questão 4, item e, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.

PV1 Potente - voz que tem resistência e fôlego, ou

seja, boa respiração.

Forte - é a voz que atinge tanto graves como

agudos com qualidade na manutenção do

volume.

55

PV2 Potente – qualidade natural da voz. Tem a ver

com a origem dos espaços naturais de

ressonância. Voz potente tem qualidades de

intensidade forte.

PV3 Potente – voz com amplitude expandida na

ressonância.

Forte – qualidade fisiológica inata,

característica de certas etnias.

PV4 Potente – tem equilíbrio perfeito na utilização

do aparelho fonador.

Forte – semelhante à voz potente, mas pode

ser decorrência de muita pressão subglótica.

O bom uso do aparelho fonador de cada um,

do “forte” e do “piano” de cada um, cada

cantor é um universo à parte.

PV5 Toda voz potente é forte, mas nem toda voz

forte é potente.

O termo forte é ligado à intensidade (grande)

do som.

Já a potência inclui, além do volume,

características de timbre, como "vigor" e

"robustez".

PV6 Voz Potente e Voz Forte são sinônimos, pois

uma voz potente é uma voz forte, sonora, com

vigor, assim como uma voz forte é potente,

sonora, com vigor.

f) Aveludada e Polida

Tabela 21. Respostas da questão 4, item f, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.

F1 Aveludada com maiores componentes glóticos

(como a fonação fluida).

Polida como articulação bem definida.

56

F2 Considero os dois termos iguais.

F3 Aveludada: diz respeito a uma voz que soa

com maciez, com um pouco de escape de ar.

Polida: diz respeito ao modo discursivo, no

caso, educado.

F4 Referem-se à ressonância, respiração,

articulação e entonação.

F5 Refletem agradável qualidade vocal.

F6 Ambas relacionam-se à vozes agradáveis; a

primeira refere-se à características de

ressonância equilibrada, pitch médio e

intensidade levemente reduzida e a segunda,

à intensidade levemente reduzida, velocidade

média e inflexão sem variações excessivas.

F7 Uma voz aveludada é agradável de escutar e

tem relação talvez com um pitch mais

agravado, uma loudness suave e uma

ressonância mais equilibrada.

O termo polida tem mais relação com a

psicodinâmica vocal.

Não acho que são termos que podem ser

comparados.

F8 Aveludada é uma qualidade vocal que

expressa sensualidade.

Polida é uma atitude, não relaciona à voz.

F9 O termo aveludada está ligado a freqüência e

ao número de vibrações das pregas vocais,

em uma laringe baixa.

Polida –Nunca utilizei este termo.

57

F10 São sinônimos, são nomeações por uma

escuta subjetiva.

F11 Semelhanças:

Recursos primários→ respiração, articulação.

Recursos secundários→ projeção, volume,

ritmo, velocidade, modulação.

Diferenças:

Recursos primários→ freqüência, intensidade,

ressonância.

Tabela 22. Respostas da questão 4, item f, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.

PV1 Aveludada: diz-se da voz suave, voz

encoberta, agradável aos ouvidos.

Polida: voz educada, com ataque suave,

pouco metálica, respiração discreta.

PV2 Aveludada e Polida são vozes com cobertura.

O ambiente acústico que a recebe está

devidamente preparado para “amortecer” a

lapidar o som. Está ligado aos ressonadores.

PV3 Aveludada – característica inata, na maioria

dos casos, vogais e consoantes se ajustam na

qualidade dos harmônicos produzidos pela

vibração sonora. Presente na fala e no canto.

Polida – voz educada.

PV4 Aveludada – faz bom uso dos harmônicos

graves, utilizando bem o espaço posterior.

Polida – voz brilhante, faz o bom uso dos

harmônicos agudos, utilizando

adequadamente o espaço anterior (máscara).

PV5 Não posso comparar esses dois termos, pois

nunca ouvi a expressão voz polida (seria

"educada"? ou "com brilho"?).

A característica que define uma voz como

58

aveludada é a sua maciez.

PV6 Voz Aveludada - agradável aos ouvidos,

suave, tênue.

Voz polida - está mais ligada ao jeito da

pessoa falar de forma mais polida, cortês, com

fina educação.

5)Selecionar apenas um dos recursos vocais primários (articulação, freqüência,

intensidade, ressonância e respiração) que apresent a relação mais imediata e direta com

os termos descritos abaixo:

Tabela 23. Respostas da questão 5 dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11 e Preparadores

Vocais nomeados PV1 a PV11.

Encoberta Articulação: F7, F8, F9, F10

Freqüência:

Intensidade:

Ressonância: F2, F3, F4, F5, F6, PV1, PV2,

PV4, PV5, F11

Respiração: F1, PV6

Abafada Articulação: PV2, F10

Freqüência:

Intensidade: F1,

Ressonância: F2, F3, F4, F5, F6, F7, F8, F9,

PV1, PV4, PV5, F11.

Respiração: PV6

Constrita Articulação: F2, F3, F4, PV4, F9, PV1, PV2,

PV6

Freqüência:

Intensidade:

Ressonância: F1, F5, F6, F7, F8, F11

Respiração: F10, PV5

Apertada Articulação: F2, F3, F4, PV1, PV2, PV4, PV6

Freqüência: F9,

59

Intensidade: F11

Ressonância: F1, PV2, F5, F6, F7, F8,

Respiração: F10, PV5

Ríspida Articulação: F2, F3, F10, F11

Freqüência: F1, F5, F6, PV6

Intensidade: F4, PV4, F7

Ressonância: F8, PV1, PV2, PV5

Respiração:

Cortante Articulação: F10,

Freqüência: F1, F3, PV4, F5, F6, PV6

Intensidade: F4, PV1, F7, F9, F11

Ressonância: PV2, PV5

Respiração: F2, F8

Metálica Articulação:

Freqüência: F2, PV4, F8, F9, PV6

Intensidade:

Ressonância: F1, F3, F4, F5, F6, F7, F10,

PV1, PV2, PV5, F11

Respiração:

Estridente Articulação:

Freqüência: F3, F5, F6, F7, F8, PV4, PV6,

F11

Intensidade: PV1, PV2, PV4, F9

Ressonância: F1, F2, F4, F10, PV5

Respiração:

Potente Articulação:

Freqüência:

Intensidade: F2, F3, F4, F5, F6, F9, PV5

Ressonância: PV2, PV4, PV6, F7

Respiração: F1, PV1, F8, F10, F11

Forte Articulação:

Freqüência:

Intensidade: F1, F2, F3, F4, F5, F6, F7, F8,

F9, PV1, PV2, PV4, PV5

60

Ressonância: PV6

Respiração: F10, F11

Aveludada Articulação:

Freqüência: F5, F7, F9, F10, F11

Intensidade: F1, PV6

Ressonância: F2, F4, F6, F8 PV1, PV2, PV4

Respiração: F3, PV5

Polida Articulação: F1, F2

Freqüência: F5, F7, F9, F10

Intensidade: F3, F4, F6, PV6, F11

Ressonância: PV2, PV4, PV5, F8

Respiração: PV1

61

6. DISCUSSÃO

Esse estudo, baseado no aprofundamento de alguns recursos vocais primários, recursos

vocais secundários e termos descritivos da voz, traz à tona questões referentes à divergências

e convergências teóricas tanto no que diz respeito às respostas dadas pelos questionários de

fonoaudiólogos entre si e entre os preparadores vocais, como também a comparação das

colocações entre ambos os grupos de profissionais e com a literatura estudada.

A seguir, os termos estudados nessa pesquisa serão colocados em formato negrito e

maiúsculo para que seja possível destacá-los.

6.1 Recursos Vocais

Com relação às respostas dos fonoaudiólogos e preparadores vocais foi possível

destacar diversos conceitos para termos semelhantes. De acordo com a questão 1, 2 e 3

pudemos identificar e discutir as diferenças, semelhanças e relações entre os termos.

Para a questão três, que se propõe a enumerar de um a cinco (um para menor e cinco

para maior) segundo a importância de recursos vocais primários para os recursos vocais

secundários estudados, foi realizada uma mudança para a discussão dos resultados, já que

optamos por discutir apenas os dois recursos primários com maior número de respostas para

cada termo como destacado, anteriormente, no método.

Todas as respostas colhidas dos questionários foram:

Para o trio de recursos vocais intensidade, volume e projeção foi possível destacar

convergências e divergências com a literatura e entre os questionários como pode ser visto a

seguir:

INTENSIDADE: De acordo com a literatura, em linhas gerais, pudemos destacar o

conceito de intensidade como sensação do volume da voz a qual pode ser classificada como

fraca, adequada ou forte (ANDRADA E SILVA, DUPRAT, 2004; BEHLAU, 2001). São

“parâmetros físicos ligados diretamente à pressão subglótica da coluna aérea que, por sua vez,

depende de uma série de fatores, como amplitude de vibração e tensão das pregas vocais,

62

mais especificamente da resistência que a glote oferece à passagem do ar” (Behlau e Pontes,

1995). Relaciona-se com amplitude e pressão. Tal recurso é medido em dB.

Segundo as definições sugeridas pelos fonoaudiólogos (F1 a F11) e preparadores vocais

(PV1 a PV6) foi possível destacar as seguintes respostas que convergem com a literatura: para

F7 e F10 intensidade foi classificada como forte e fraco; F1 e F5 definiram como grandeza

mensurável do volume da voz; F9, PV1, PV5 e PV6 conceituaram intensidade como um

parâmetro que pode ser medido pelo aumento de dB; relacionado à resistência e impulso (F11);

relação com a fisiologia, com o aumento da pressão subglótica (F4).

Em linhas gerais, a intensidade foi definida de dois modos na literatura: segundo F4, F6,

F7 e F10, recurso de apoio e ênfase, da própria condição da fala ou do canto (PV3); e intenção

do cantor (PV4).

Para F1, F2, F3, F6, PV5 intensidade apresenta o mesmo conceito que volume.

VOLUME: Segundo a literatura o termo é relacionado à intensidade, porém esse recurso

secundário engloba também o recurso vocal primário de ressonância (GAYOTTO, 1997).

Para os preparadores vocais a definição deste recurso vocal converge com a literatura

no que diz respeito à relação com a intensidade (PV1, PV2, PV5, PV6), porém não mencionam

ressonância como parte de volume.

Dessa maneira, os questionários apontaram convergências entre si no sentido em que

os profissionais definiram intensidade e volume como sendo termos semelhantes (F2, F3, F5,

F6 e PV5). Além dessa convergência, também pudemos destacar como convergente as

respostas que apontam volume similar a loudness, como nas respostas que relacionam à

esfera perceptiva auditiva, como sensação da percepção de intensidade do som (F1, F10);

produção de fala com qualidade (F8); a sensação auditiva de intensidade (F5). Sendo que o

fonoaudiólogo F1 referiu ao loudness propriamente dito.

As divergências encontradas para as definições deste termo referem-se, em algumas

respostas, decorrência de emissão correta (PV3) e intenção do cantor, característica de cada

um (PV4). Em outras respostas, este recurso vincula-se a questões fisiológicas como: contato

63

mais forte entre as pregas vocais (F9) e amplitude de onda sonora com pressão subglótica

(F11). Obtivemos ainda respostas que referiram recursos vocais ao volume como: articulação

(F4), ressonância (F1, F7) e projeção (PV4).

PROJEÇÃO: Segundo a literatura, a definição encontrada designa o alcance da voz no

espaço e apresenta relação com ressonância (MARTZ 2000) e com a articulação. (FERREIRA

et al, 1998).

Pudemos destacar convergências entre os questionários e a literatura, como pode ser

observado: alcance da voz (PV1 e PV5); resultado da emissão vocal no espaço (F2, F3 e F11);

ou expansão da voz no ambiente (F6, PV2 e PV6); boa colocação no ponto focal (PV4);

capacidade de propagar o som, sem interferência de tensão vocal (F6); e a direção do som,

relacionado à ressonância (F4, F9).

Para a grande maioria, este termo está relacionado a pelo menos um dos recursos

vocais primários,como: articulação, respiração, ressonância (F4, F9, F7, F8, F10 e F11). Isto

está de acordo com a literatura citada acima. Para PV1 relaciona-se à freqüência e à

intensidade. Os sujeitos F7 e F11 relacionam projeção com volume, equilíbrio de recursos

vocais primários e volume (F11) e altura do som (F10).

As respostas obtidas pelos preparadores vocais PV3 e PV4 abrangem a definição

encontrada na literatura, já que se referem a uma maior consciência da emissão para realizar

uma boa projeção, resultando em uma melhor utilização do aparelho fonador (PV4) e uma

conseqüente emissão clara, natural e consciente (PV3).

O sujeito F1 definiu este recurso vocal secundário relacionado à esfera perceptivo-

auditiva. Assim, pudemos apontar que tal definição é um outro ponto de vista.

De acordo com a questão um, cujo objetivo foi definir o trio de recursos vocais:

intensidade, volume e projeção, pudemos verificar que para a definição de intensidade, a

maioria das respostas, tanto dos fonoaudiólogos quanto dos preparadores vocais, fez relação

com grandeza mensurável do volume ou com dB, respostas estas que convergem com

literatura, que a intensidade abrange a sensação do volume da voz.

64

Para alguns profissionais, como F1, F2, F3, F6, PV5 intensidade apresentou o mesmo

conceito que volume. Isto pode ter ocorrido já que o recurso da intensidade é a sensação de

volume. Ainda foram encontradas respostas que complementam a definição de intensidade

relacionando com a fisiologia, como o aumento de pressão subglótica.

Na questão em que os profissionais relacionaram volume com recursos vocais primários

constatou-se relação com intensidade e articulação. Tais relações estão presentes na literatura.

E em uma das respostas obtidas, os profissionais F1 e F7 afirmaram relação com ressonância.

Além desses houve também relação com projeção. A relação com a projeção pode ter sido

dada pelo fato de serem recursos interligados.

Para projeção obtivemos a maioria das respostas convergentes com a literatura, já que

os profissionais relacionaram projeção ao lançar a voz no espaço, ao alcance da voz. Grande

parte das respostas faz relação à ressonância, o que está de acordo com a literatura. Além da

ressonância encontramos outros recursos primários relacionados, como articulação e

respiração. Refletimos que os profissionais relacionaram articulação, já que esse recurso é

essencial para a boa inteligibilidade e emissão; e a respiração como recurso controlador do

som projetado.

Portanto o que podemos observar é que esses recursos são relacionados uns com os

outros, pois eles dependem um do outro e, em vários aspectos, estão interligados.

Abaixo segue o quadro 1, que em linhas gerais, aponta os principais conceitos entre o

trio de recursos vocais secundários: intensidade, volume e projeção. Segundo a literatura e

respostas dos questionários resumidamente.

DEFINIÇÕES

Intensidade Volume Projeção

- Classificada

como fraca,

adequada ou

forte (ANDRADA

E SILVA,

- Relacionado à

intensidade e

ressonância.

(GAYOTTO, 1997).

- Como sensação da

- Designa o

alcance da voz

no espaço e

apresenta relação

com ressonância.

65

DUPRAT, 2004;

BEHLAU, 2001).

- Grandeza

mensurável do

volume da voz

(F1, F5)

- Um parâmetro

que pode ser

medido pelo

aumento de dB.

(F9, PV1, PV5 e

PV6)

- parâmetros

físicos ligado

diretamente à

pressão

subglótica

(Behlau e Pontes,

1995).

percepção de

intensidade do som

(PV1, PV2, PV5, PV6)

- Relacionado à

loudness. (F1 e F10)

(MARTZ 2000)

- Apresenta

relação com

articulação.

(FERREIRA et al,

1998).

-Resultado da

emissão vocal no

espaço (F2, F3 e

F11).

-É a direção do

som, relacionado

à ressonância

(F4, F9).

Quadro 1. Definições dos recursos intensidade, volume e projeção.

De acordo com a questão três, para os recursos vocais secundários projeção e volume,

foi possível destacar, segundo as respostas dadas pelos fonoaudiólogos, como mais relevante

para volume os recursos vocais primários: respiração (4 respostas), freqüência e intensidade (3

respostas cada) e para projeção a respiração (5 respostas) e ressonância (4 respostas). Para

os preparadores vocais para o volume encontramos como de maior relevância os recursos

primários ressonância (3 respostas) e respiração (3 respostas) e para projeção ressonância (4

respostas) e articulação (3 respostas).

Os dados acima podem ser verificados no quadro 2, abaixo, que mostra os dois recursos

vocais primários com maior número de respostas para os recursos vocais, volume e projeção,

segundo ponto de vista dos dois grupos de profissionais.

66

Fonoaudiólogo Preparador Vocal

Volume Freqüência /

Intensidade/

Respiração

Ressonância/

Respiração

Projeção Ressonância

Respiração

Ressonância/

Articulação

Quadro 2. Recursos vocais primários mais relevantes para os recursos volume e projeção.

Dessa maneira, foi possível destacar que para os Fonoaudiólogos ambos os recursos

vocais secundários apresentam com maior número de respostas o recurso vocal primário:

respiração. Esse recurso possivelmente fora eleito já que para que se tenha um bom volume e

projeção é necessária boa capacidade respiratória, pois caso contrário, não seria possível obtê-

lo e até mesmo causaria tensão nas pregas vocais.

Para os preparadores vocais, o recurso vocal primário de maior relevância para projeção

é a ressonância, recurso que converge com a literatura, já que uma boa projeção está

intimamente relacionada a uma ressonância expandida, ou seja, que não reverbera em apenas

um lugar específico do corpo, mas em toda a extensão.

Para volume, os fonoaudiólogos apontaram com segundo maior número de respostas a

freqüência e a intensidade enquanto os preparadores vocais apontam à ressonância e a

respiração. Essas respostas convergem com a literatura já que este termo engloba tanto a

intensidade quanto a ressonância.

Para projeção, os fonoaudiólogos apontaram como segundo mais relevante a

ressonância, enquanto os preparadores vocais optaram pela articulação. Novamente, os

recursos vocais ressonância e articulação convergem com a literatura. A ressonância aberta e

expandida e a articulação mais aberta favorecerá a projeção.

67

Portanto, os recursos vocais primários de maior relevância para os recursos

secundários, projeção e volume, estão coerentes com a literatura e com a maioria dos

conceitos dados por esses profissionais.

Para o trio de recursos vocais ritmo, velocidade e fluência destacamos os seguintes

resultados:

RITMO: Em linhas gerais é “dado por todo conjunto da fala encadeada e pela velocidade

de emissão e intervalos de tempo existente entre as palavras” (VIOLA, 2000); além disso, pode

ser classificado como lento, adequado ou rápido (LEITE, 2004).

Para ritmo foi possível encontrar diferentes respostas que convergem com a literatura,

em sua grande maioria respostas que se relacionam às questões de duração: variação de

tempo (F3), sucessão de sílaba, duração, pausa, variação de altura e timbre em harmonia com

o conteúdo (F11), movimento constante em intervalos regulares em linha melódica (F2). Para

PV6, ritmo é a pulsação da fala com seus intervalos regulares. Para PV2, caracteriza ritmo

como a capacidade de articulação dos sons em sua duração no tempo, tem relação com a

percepção auditiva da existência temporal.

Os Fonoaudiólogos F3 e F9 classificam ritmo como forte ou fraco o que difere da

literatura que classifica como rápido, adequado ou lento. Refletimos a hipótese que os

fonoaudiólogos F3 e F9 classificaram ritmo como forte ou fraco por conta da acentuação

rítmica.

Como é possível notar, outros fonoaudiólogos relacionam esse recurso vocal secundário

a pausas e ênfases como pode se destacado em F8 e F4. Para F6 refere-se à acentuação da

fala: relacionado à ênfase, pausa e modulação, acentuação de palavras.

Desta forma, os recursos vocais que são definidos para ritmo mostraram convergências

com a literatura à medida que se referem a duração (tempo de emissão), que durante a fala

encadeada, necessita de pausas e ênfases para que seja possível maior compreensão do

discurso.

68

Para F9, ritmo está vinculado à prosódia que de certa forma vincula-se as respostas

dadas acima. Ao se relacionar à duração, faz-se conexão entre pausas e ênfases, o único

recurso que não foi destacado, e que diz respeito à prosódia, foi à entonação.

A maioria das respostas dadas pelos preparadores vocais, definiu ritmo segundo a

música, como pode ser visto: medida de tempo regular ou não de uma música, caracteriza o

intervalo e cadência da composição (PV1), vinculado a cadência da fala ou do canto (PV3),

determinado pelo compositor (PV4), é a distribuição de notas musicais ao longo dos

compassos - semibreve, mínimas, semínimas, colcheias, etc (PV5). Entre as respostas dadas

pelos fonoaudiólogos apenas F10 relaciona ritmo à música afirmando que ritmo refere-se a

andamento musical. Tal definição dada por esse sujeito converge com a literatura.

Apesar das diferentes respostas dadas pelos fonoaudiólogos e preparadores vocais a

maioria vinculou as questões relacionadas à duração, seja ela na fala ou no canto.

É importante ressaltar que as respostas dadas pelos preparadores vocais são

pertinentes à área musical, o que caberia a um objetivo que a abrangesse, além da

fonoaudiologia. A maioria dos preparadores vocais que responderam ao questionário são

professores de canto, sendo assim, certamente definiram os recursos e termos em suas

ligações com a música, portanto com a voz cantada. Novamente, vale ressaltar que não foi

nosso objetivo estudar questões da área da música.

VELOCIDADE: Refere-se ao “número de palavras por minuto de texto corrido”

(BEHLAU, 2001 p.111) e pode ser classificada como normal, aumentada, reduzida ou

excessivamente variada (LEITE, 2004).

Foi possível encontrar convergências com a literatura para esse recurso na medida em

que F1 e F9 apontaram velocidade como semelhante à taxa de elocução: refere-se à

ocorrência em unidade de tempo de segmentos da fala, número de palavras faladas por minuto

(F11) e número de sílabas por segundo (F5). Para F7 relacionado à duração e pausa e para F8

relacionado à pausa. Para PV6, a velocidade foi definida como qualidade de rapidez com que a

fala é proferida, podendo ter uma escala de variação com menor ou maior velocidade.

69

Além disso, F2, F3, F4, F7, F9, PV1 e PV2 conceituaram como variação de tempo:

rápida, lenta e mista mostrando convergências com a literatura que também apontou essa

classificação, porém utilizando outra nomenclatura.

A única definição que diverge de todas as outras respostas é do sujeito F6 que apontou

velocidade à agilidade em realizar ajuste motor. De certa forma, é uma definição que pode ser

relacionada a esse recurso vocal secundário já que um sujeito com alterações articulatórias

apresentará uma fala com pouca precisão dos órgãos fonoarticulatórios. Segundo a literatura,

Behlau (2001) aponta que tanto o ritmo quanto a velocidade de fala estão intimamente ligados

ao recurso vocal primário articulação. Sendo assim, sua resposta converge com a literatura.

Os conceitos para velocidade, dados pelos preparadores vocais, referiram como algo

que depende do compositor (PV4), como um andamento em que se executa a frase musical

(ritmo e melodia), à distância percorrida na unidade de tempo, além disso, sua notação musical

é feita tanto por meio de termos - "allegro" (rápido), "adagio" (lento), "andante" (moderado),

como por meio de medida metronômica (PV5). Dessa maneira, pudemos observar que suas

respostas não convergem e não divergem da literatura do campo da fonoaudiologia, já que

esses profissionais tiveram como base seu estudo na música, e suas definições relacionaram-

se ao andamento da notação musical como pode ser visto em partituras musicais.

O preparador vocal PV3 conceituou velocidade como relativo a fatores de ordem: étnico,

social, regional, educacional e emocional. Dessa maneira, essa definição não converge e não

diverge da literatura, apenas amplia a maneira de pensar/refletir sobre esse recurso vocal.

FLUÊNCIA: Segundo a literatura é a capacidade de expressar-se com objetividade e

clareza, sem que a fala esteja demasiadamente entrecortada (relaciona-se a ritmo)

(BRANDI,1990).

Foi possível encontrar convergências com a literatura de acordo com as seguintes

respostas: fazer fluir pensamento em palavras (F11); fluxo de fala (F1, F4); facilidade ou não na

emissão (F2, F7); voz que flui natural, espontânea e não forçada (PV1); qualidade fluída (PV5);

que possui facilidade em fluir, correr, desenvolver (PV6).

70

Obtivemos respostas que podem complementar o entendimento deste recurso. Tais

definições englobam questões fisiológicas e relacionadas aos recursos vocais, como pode ser

observado: engloba plano articulatório até o prosódico (F1); treinamento de respiração e

músculos fonatórios (PV2); depende de elementos expressivos e discursivos (F3); relacionada

à interjeição, alongamento e pausa (F5); aptidão para usar linguagem coordenando velocidade,

voz, articulação e respiração (F6); relacionado à entonação e pausa (F8).

Para F9, a fluência está relacionada à entonação e ênfase com ausência de pausa o que

diverge dos sujeitos F5 e F8 em relação à pausa. Provavelmente F9 acredita que pausa

relaciona-se a uma fala entrecortada e que, portanto, se opõe a uma fala fluente, mas o que

pode-se refletir é uma expressão contínua quanto a falta de uma emissão entrecortada. O

sujeito F10 conceitua fluência utilizando os dois termos acima, ritmo e velocidade: bom ritmo e

velocidade adequada. Já o preparador vocal PV4 afirma que fluência vem com o estudo

(provavelmente o estudo da música).

Ainda de acordo com a questão um, que tem como o objetivo de definir trios de recursos

vocais ritmo, velocidade e fluência, pudemos notar que para o recurso vocal ritmo há respostas

dos profissionais presentes na literatura quando relacionam ritmo à duração, ao tempo de

emissão, quer seja da fala como da música, como aponta um dos preparadores vocais quando

exemplifica com o tempo de duração das notas (semibreve, colcheia, semicolcheia e etc).

Embora o fonoaudiólogo tenha dado enfoque para a resposta do questionário a voz falada e os

preparadores vocais a música, tanto os preparadores vocais como os fonoaudiólogos referem

ritmo à duração de emissão.

Já para a velocidade há uma discrepância nos resultados pelo fato do objeto de estudo

das áreas dos profissionais envolvidos serem diferentes, pois muitos fonoaudiólogos definem

velocidade semelhante à literatura, quando afirmam que há relação com a taxa de elocução,

número de palavras faladas em um minuto e até mesmo quanto à classificação: lento,

adequado e rápido. Já os Preparadores Vocais relacionam velocidade com a música, pois

conceituam, de acordo com o andamento da música, estipulado pelo compositor e marcada

através do metrônomo, que também pode ser classificada como lenta, moderada ou rápida.

71

Quanto à fluência houve diversas respostas relacionadas às pausas, o que nos mostra

que os profissionais sugerem que, para ter fluência, é necessário que se faça o uso adequado

de pausas.

Como pode ser observado nas respostas dos questionários acima, no que se refere a

esse trio de recurso vocal, ritmo, velocidade e fluência, não foi possível definir um desses

recursos sem remeter-se aos outros, pois eles estão intimamente relacionados e interligados.

Este fato pode ser melhor observado no quadro 3, abaixo:

DEFINIÇÕES

Ritmo Velocidade Fluência

- Dado por todo

conjunto da fala

encadeada e pela

velocidade de

emissão e

intervalos de

tempo existente

entre as palavras

(VIOLA, 2000).

- Pode ser

classificado como

lento, adequado

ou rápido (LEITE,

2004).

- Sucessão de

sílaba, duração,

pausa, variação

de altura e timbre

em harmonia

com o conteúdo

(F11).

- Variação de

- Número de palavras

por minuto de texto

corrido (BEHLAU,

2001).

- pode ser classificada

como normal,

aumentada, reduzida

ou excessivamente

variada (LEITE, 2004).

- Semelhante à taxa de

elocução: refere-se à

ocorrência em unidade

de tempo de

segmentos da fala (F1

e F9).

-Variação de tempo:

rápida, lenta e mista

(F2, F3, F4, F7, F9,

PV1 e PV2).

- Relacionado à

duração e pausa (F7)

- É a capacidade

de expressar-se

com objetividade

e clareza, sem

que a fala esteja

demasiadamente

entrecortada.

(BRANDI, 1990).

-Fazer fluir

pensamento em

palavras (F11).

-Fluxo de fala

(F1, F4).

72

tempo (F3).

- Movimento

constante em

intervalos

regulares em

linha melódica

(F2).

Quadro 3. Definições dos recursos ritmo, velocidade e fluência.

Para a questão três, os dois recursos vocais primários com maior número de respostas

para os recursos vocais secundários segundo os fonoaudiólogos foram para ritmo ressonância

(4 respostas) e respiração (4 respostas); e velocidade à articulação (4 respostas). Para os

preparadores vocais os recursos primários foram para ritmo à articulação (3 respostas) e

respiração (3 respostas) e para velocidade a respiração (2 respostas).

Abaixo podemos verificar o quadro 4 com as respostas acima:

Fonoaudiólogo Preparador Vocal

Ritmo Ressonância /

Respiração

Respiração/

Articulação

Velocidade Articulação Respiração

Quadro 4. Recursos vocais primários mais relevantes para os recursos ritmo e velocidade.

O que pode ser observado é que para ritmo, os fonoaudiólogos apontaram com o

mesmo número de respostas os recursos ressonância e respiração, enquanto para os

preparadores vocais com o mesmo número de respostas foram eleitos os recursos de

respiração e articulação. É possível compreender a escolha realizada pelo recurso respiração,

pois o ritmo vai sendo realizado, entre outras coisas, através de intervalos de tempo como é

possível observar na literatura (VIOLA, 2000) e, portanto, durante a fala encadeada,

observamos pausas que são marcadas por momentos de respiração. Outro recurso que

converge com a literatura é o dado pelos preparadores vocais: a articulação. Embora, nenhum

deles tenha citado em suas respostas para pergunta de número um, é evidente que para um

bom ritmo de fala é necessário uma boa articulação, sem repetições ou cortes.

73

O recurso que diverge da literatura, bem como das respostas dadas pelos

fonoaudiólogos nos questionário é o recurso primário de ressonância. Não foi possível

compreender qual a razão desta escolha.

Pelos conteúdos apontados nas respostas anteriores, para o recurso vocal secundário

velocidade, o recurso primário com maior número de respostas tanto para os fonoaudiólogos é

a velocidade, já par os preparadores vocais é a respiração. Embora, apenas um fonoaudiólogo

(F6) tenha citado a velocidade relacionada aos ajustes motores, esse recurso converge com a

literatura como é apontado por Behlau (2001): é necessário controle dos órgãos

fonoarticulatórios para que haja uma fala com bastante precisão.

Ainda para velocidade, o recurso primário eleito pelos fonoaudiólogos foi a articulação, e

para os preparadores vocais, a respiração. Lembrando que a velocidade apresenta grande

relação com duração, podemos concluir que a rapidez e a lentidão do discurso podem

relacionar-se com questões de respiração. Um sujeito com alterações respiratórias pode não

conseguir fluir seu discurso com a mesma rapidez comparado a outro sujeito sem alterações,

pois este entrará em fadiga e durante todo o discurso é necessário o uso de pausas mais vezes

para respirar. Novamente, não é possível compreender a escolha dos fonoaudiólogos pelo

recurso vocal primário de ressonância.

Podemos concluir que os recursos primários selecionados, em sua grande maioria,

convergem com a literatura e, em muitos casos, escolhas que não foram citadas nos conceitos

do questionário (como a articulação para o recurso ritmo citada pelos preparadores vocais) nos

fazem refletir sobre sua importância e relação com o recurso vocal secundário.

Veremos, a seguir, o trio de recursos vocais entonação, modulação e inflexão:

ENTONAÇÃO: De acordo com a literatura este recurso é definido como a variação da

melodia, conforme a intenção do discurso (KYRILLOS, ANDRADA e COTES, 2002), e a

quantidade de energia aplicada a um determinado segmento de fala. Este recurso vocal

secundário é classificado como descendente no caso de encontrar sinalização de não

continuidade e em sentenças declarativas, e curva ascendente para sinalização de continuidade

e sentença interrogativa (ARRUDA, 2004).

74

Foi possível destacar diversas respostas, em grande maioria, vinculadas aos recursos

vocais primários freqüência e intensidade como pode ser visto em: variação do tom (F1, F2, F3

e F4); variação de intensidade (F4, F7); relacionada à freqüência e duração (F9); característica

primordial para o cantor manter o tom (PV4); e que se relaciona com o tom em que se fala,

como na música (PV6).

Além desses recursos primários, a entonação foi também definida como modulação

vocal (F8); e que transmite os sentimentos da mensagem (F9). Esses conceitos convergem

com a literatura à medida que, devido à intenção do discurso, as palavras significativas são

marcadas com variações entoacionais. Portanto, de acordo com as emoções do sujeito

ocorrerá modulação durante o discurso, ou seja, curvas ascendentes ou descendentes, etc.

durante a fala.

Para os preparadores vocais PV1 e PV2 a entonação refere-se às questões relacionadas

à fisiologia e, portanto, conceituada como o modo de emitir som (PV1); e a capacidade das

pregas vocais em produzir sons musicais variados (PV2), o que não diverge de referenciais

teóricos.

Encontramos, novamente, a tendência dos preparadores vocais em definir os recursos

vocais baseados em seus conhecimentos sobre música como é o caso de PV3 (tendência

natural do cantor) e PV5 (ligada à afinação).

Para o sujeito F3, a entonação é sinônimo de curva melódica. Dessa forma, há

convergência com a literatura já que este recurso é classificado como ascendentes ou

descendentes durante a fala encadeada e, portanto, traçando melodias (curvas melódicas) de

acordo com a intenção do discurso do sujeito.

MODULAÇÃO: Tal parâmetro é determinado pela variação de freqüência (pitch) e

alongamento da sílaba. (ARRUDA, 2004). Pode ser classificada como ascendente, retilíneo e

descendente. (KYRILLOS,2007).

Através das respostas dos fonoaudiólogos e preparadores vocais foi possível

estabelecer convergências com a literatura já que estas respostas apontaram relação deste

recurso com a freqüência, com alongamento de sílaba (duração) e, por fim, com a intensidade

75

que se relaciona a maneira como esse recurso vocal secundário será classificado (ascendente,

por exemplo): variação de tempo, freqüência e intensidade (F1); variação de tons e intensidade

(F4); mudança de freqüência e de intensidade (PV1); mudança de uma situação sonora para

outra (PV2); e mudança de um tom para o outro (PV5)

Os sujeitos F7 e F8 conceituaram este recurso vocal, respectivamente, como: variação

de entonação e intensidade e modulação vocal. Assim, podemos destacar as questões de

intensidade vinculadas às curvas melódicas, já que a melodia é caracterizada por ênfases e,

portanto, pelo aumento ou diminuição de intensidade como pode ser referido por Kyrillos,

Andrade e Cotes (2002, p.258) que apontam que a “modulação é dada por meio de ênfase”.

Os preparadores vocais PV4 e PV6 definiram modulação, respectivamente, como: algo

que depende do compositor, relacionada à melodia da fala ou canto. Podemos observar, que

essas definições vinculam-se a suas bases teóricas da música.

Para os sujeitos F2 e F7, modulação e inflexão são sinônimos, porém o sujeito F2

conceituou esses recursos vocais secundários (modulação e inflexão) como: representa curva

melódica, variação de velocidade, duração, intensidade e variação tonal. Essa definição

converge com a literatura já que nas diferentes línguas podemos encontrar diferentes curvas

melódicas marcadas pelas ênfases e por aumento ou diminuição de intensidade, alongamento

de sílabas (rapidez ou lentidão do discurso) e variação de freqüência.

INFLEXÃO: refere-se às características da nossa fala. Além disso, a inflexão é parte da

melodia e nos permite diferenciar as diversas línguas (BOONE, 1996). A variação das inflexões

pode ser obtida através de: variação da velocidade da voz, variação do volume da voz e

variação do tom da voz. (PENTEADO, 1919)

Foi possível encontrar convergências com a literatura, nos resultados, os quais

conceituaram inflexão como variações melódicas que demarcam ênfases (F1); relação com a

modulação, desvios de tonalidade (F3); variação de tom e intensidade (F4); relação com a

acentuação (PV1); com gesto emocional (PV2); relação com a melodia (PV3); associada aos

movimentos melódicos e à realização de fraseados (crescendo, decrescendo e pontos de

apoio, ao longo de uma frase musical) (PV5); tom, modulação e musicalidade da fala (PV6).

76

Das respostas acima, podemos destacar que a maioria das definições de inflexão tem

grande relação com os conceitos de modulação e entonação, já que estes recursos vocais

secundários parecem complementar seu conceito.

O sujeito F8 conceituou esse recurso como o que dá entonação ao discurso, o qual

provavelmente está relacionado à definição de Kyrillos, Andrade e Cotes (2002) em que as

autoras definem a entonação como variação da melodia, conforme a intenção do discurso e,

portanto, complementa a afirmação de Boone (1996) o qual aponta a inflexão como parte da

melodia que faz possível diferenciar as diversas línguas.

O preparador vocal PV4 definiu inflexão como: algo que depende do compositor.

Novamente, é possível destacar que sua resposta está embasada em seus conhecimentos

musicais.

Ainda de acordo com a questão um que tem como o objetivo de definir trios de recursos

vocais, entonação, modulação e inflexão, podemos destacar que os sujeitos F5, F6 e F10

apontam o trio como sinônimos, bem como para F9 que afirma serem palavras diferentes para

uma mesma função. F11 afirma que os recursos são quase sinônimos e justifica dizendo que

apresentam variação de altura do tom laríngeo (pode ser descendente ou ascendente) e facilita

a compreensão. Este fato ocorre devido à ligação dos termos com melodia e modulação de

freqüência.

Para entonação observamos que os fonoaudiólogos destacaram variação dos recursos

vocais primários freqüência e intensidade. Já os preparadores vocais apontam variação de tom.

Mesmo sendo respostas diferentes observamos que a definição se mostra com a mesma

intenção, tanto entre si quanto como a literatura, que diz que entonação é variação de melodia,

conforme a intenção do discurso.

Para modulação, a maioria dos profissionais afirmaram mudança de freqüência ou tom,

concordando com a literatura; além da freqüência relacionaram também à intensidade;

provavelmente esta relação é feita pelo fato de que as variações de intensidade ligam-se à

dinâmica de modulação.

77

Quanto à inflexão podemos notar definições próximas das definições dadas para

modulação e entonação, já que todos estes termos referem-se à melodia.

O quadro 5 abaixo, em linhas gerais, aponta os principais conceitos entre o trio de

recursos vocais secundários: entonação, modulação e inflexão.

DEFINIÇÕES

Entonação Modulação Inflexão

- Variação da

melodia, conforme a

intenção do discurso

(KYRILLOS,

ANDRADA e

COTES, 2002).

- Relacionada à

freqüência e duração

(F9).

- Variação de

intensidade (F4 e

F7).

- Modulação vocal

(F8).

-Transmite os

sentimentos da

mensagem (F9).

- capacidade das

pregas vocais em

produzir sons

musicais variados

(PV2).

-Que se relaciona

com o tom em que

se fala, como na

música (PV6).

-Variação de

freqüência (pitch) e

alongamento da

sílaba. (ARRUDA,

2004).

-Classificada como

ascendente, retilíneo

e descendente.

(KYRILLOS,2007).

-Variação de tempo,

freqüência e

intensidade (F1).

- Variação de

entonação,

intensidade e

modulação vocal (F7

e F8).

- Mudança de uma

situação sonora para

outra (PV2).

- Mudança de um

tom para o outro

(PV5).

É parte da melodia e

nos permite diferenciar

as diversas línguas

(BOONE,1996).

- Variações melódicas

que demarcam

ênfases(F1).

- Variação de tom e

intensidade (F4).

-Relação com a

acentuação (PV1).

- Tom, modulação e

musicalidade da fala

(PV6).

-Associada aos

movimentos melódicos e

à realização de

fraseados (crescendo,

decrescendo e pontos

de apoio, ao longo de

uma frase musical)

(PV5).

78

Quadro 5. Definições dos recursos entonação, modulação e inflexão.

Os dois recursos vocais primários com maior número de respostas para os recursos

vocais secundários, de acordo com a questão três, segundo os fonoaudiólogos foram tanto

para entonação e modulação, a freqüência (4 respostas) e ressonância (3 respostas). Para os

preparadores vocais os recursos primários foram para entonação, freqüência (4 respostas) e

ressonância (3 respostas); para modulação apenas freqüência (3 respostas).

Para melhor visualização, abaixo segue o quadro 6, que aponta os dois recursos vocais

primários com maior número de respostas para os recursos vocais, entonação e modulação,

segundo ponto de vista dos dois grupos de profissionais.

Fonoaudiólogo Preparador Vocal

Entonação Freqüência/

Ressonância

Freqüência/

Ressonância

Modulação Freqüência/

Ressonância

Freqüência.

Quadro 6. Recursos vocais primários mais relevantes para os recursos entonação e

modulação.

Para entonação, de acordo com os conceitos dados por esses profissionais, os recursos

primários esperados seriam freqüência e intensidade, todavia, embora tenham citado a

freqüência, nenhum dos grupos apontou a intensidade, e em seu lugar, foi eleito a ressonância.

O recurso vocal primário freqüência converge com a literatura, a medida que na entonação

ocorrem as variações de tons (melodias) como pode ser visto em Kyrillos, Andrada e Cotes

(2002).

Pode-se compreender, neste caso, que de fato a ressonância tem papel estruturante no

trio de recursos escolhidos, pois ao variar os tons, o sujeito utiliza-se de diferentes caixas de

ressonância como “veículo” de amplificação sonora do corpo.

Para o recurso modulação, esse dois grupos de profissionais convergem com a escolha

do recurso vocal primário: freqüência. Segundo Arruda (2004), esse recurso é determinado pela

variação de freqüência, portanto, a total relação entre esses recursos com a literatura.

79

O recurso primário ressonância foi eleito tanto para entonação como para modulação

pelos fonoaudiólogos o que mostra, de certa forma, que estes recursos estão interligados e

apresentam uma relação mais direta.

Portanto, os recursos primários selecionados, em sua grande maioria, convergem com a

literatura e em muitos casos, escolhas que não foram citadas nos conceitos do questionário nos

fazem refletir e ampliar questões sobre esses recursos apontados.

Para os termos qualidade vocal e timbre, encontrados na questão dois, foi possível

destacar segundo os conceitos estabelecidos pelos fonoaudiólogos (F1 a F11) e preparadores

Vocais (PV1 a PV6):

QUALIDADE VOCAL: Este termo é definido como “padrão básico da voz de uma

pessoa que distingue e o identifica. É dada pelo conjunto de características acústicas-

freqüência, intensidade e ressonância- e articulatórias- articulação, velocidade e ritmo”. (VIOLA,

2000 p.82).

Encontramos convergências entre as respostas dos questionários e a literatura de

acordo com as definições dadas a seguir: resultado dos ajustes de longo termo5 no plano

laríngeo e supralaríngeos no aparelho fonador (F1, F5, F7 e F9); são atributos de como está a

voz (F4); refere-se ao conjunto de características que identificam uma voz (F6); aspecto da voz

(PV1); é um juízo e é subjetivo (PV2); qualidade vocal trata-se do conjunto de característica de

uma voz, resultante de seu espectro acústico, que distingue de outra voz (PV5). Portanto, todos

os conceitos supracitados referem-se à características que mostram a singularidade das

diferentes vozes, ou seja, diferentes ajustes que apontarão mudanças perceptivo-auditivas e

subjetivas de cada voz.

Para o sujeito F10, qualidade vocal é a cor dos sons, determinada pelo número e

intensidade de harmônicos que existem com o som fundamental, assim como PV4 que afirmou

que qualidade vocal é a quantidade de harmônicos, posição da voz e flexibilidade da voz. Estes

5 Termo também relacionado ao campo da análise acústica. A análise do espectro de longo termo proporciona um espectro médio de todos os sons sonoros ao longo de uma amostra de fala relativamente longa, de tal forma que representa a somatória média de uma série de espectros de curto termo.(SOYAMA, C.K.;ESPASSATEMPO, C.de.L.;GREGIO, F.N.; CAMARGO, Z.A, 2005)

80

conceitos não apontam diretamente nomeações da literatura, mas são convergentes à medida

que estabelecem relações com características acústicas e articulatórias.

Foi possível verificar divergências com a literatura como pode ser vista nas respostas de

PV3 que diz que esse termo denota melhor resistência e extensão vocal e PV6 o qual aponta

que a qualidade vocal é capacidade de realizar sons na mesma altura e intensidade, com

resultados harmônicos, com boa projeção e intensidade sonora. Vale ressaltar que a colocação

de PV6 diverge da literatura à medida em que esse sujeito define qualidade vocal como uma

característica de qualificação, ou seja, algo que tem qualidade ou não tem qualidade.

Pudemos verificar questões que ampliam o conceito de qualidade vocal como é o caso

da resposta do sujeito F11: qualidade vocal é o termo mais utilizado na literatura

fonoaudiológica, por uma questão de conceituação e escolha de uso do termo. O profissional

F11 parece ter apontado que o uso desse termo está vinculado a uma opção dessa área e por

seu conceito, embora não o defina.

F10 não distingue os termos qualidade vocal e timbre. Já para PV5 esses termos são

sinônimos.

TIMBRE: O timbre resulta dos fenômenos acústicos, como a região glótica, os

ressonadores, a posição da laringe e todo trato vocal, que localizam-se nas cavidades

supraglóticas. (DINVILLE, 1993). Também conceituado como “lustre da voz, ou seja, a

contribuição glótica para a qualidade vocal” (BRANDI, 2007, p.48). Atualmente o uso do termo

timbre ”está se restringindo aos instrumentos musicais” (BEHLAU, 2001, p.91).

Encontrou-se convergências com a literatura já que os sujeitos F1, F4, F6 e F11

definiram timbre como termo relacionado aos instrumentos musicais como pode ser encontrado

nos estudos de Behlau (2001). Embora F1, ao definir timbre, aponta não notar diferenças entre

os dois termos.

O sujeito F7 associa o termo ao trabalho de filtro6 com participação dos recursos

primários articulação e ressonância que participam ativamente resultando na voz final. Várias

6 É considerado o fenômeno que se realiza no tubo do trato vocal, constituído pela região glótica e supraglótica, pós fonação.

81

vozes podem receber a mesma classificação de qualidade vocal, mas nunca o timbre será o

mesmo (dificilmente pitch e ressonância são tão parecidos, por exemplo). Para os preparadores

vocais timbre é o termo de maior convergência com a literatura: o definem como a qualidade

acústica que distingue a voz de uma pessoa para a outra, é como se fosse a identidade da voz.

Portanto, essas definições convergem com a literatura, já que as respostas parecem

semelhante ao conceito de Dinville (1993), no qual aponta o termo relacionado às questões

acústicas, fisiológicas e de posicionamento das cavidades supraglóticas e por fim, segundo

Brandi (2007) resultará na contribuição para identificação de uma voz.

O Fonoaudiólogo denominado F9 apontou as semelhanças e diferenças entre a dupla de

termos dizendo que quanto às semelhanças o timbre é um item de qualidade vocal. A

qualidade vocal contém o timbre. Para as diferenças aponta que qualidade vocal é um termo

mais abrangente enquanto timbre, é mais específico. Dessa maneira, é possível notar que este

profissional aponta que esses termos estão fortemente interligados. Ele aponta como

semelhante o fato de que qualidade vocal contém o timbre; possivelmente este sujeito entenda

que o timbre, com contribuições ao nível das pregas vocais, resultará na possibilidade de

identificar uma voz.

Há divergências com relação as definições de F9; o que pudemos pesquisar é que o

timbre é abrangente ao ser próprio e único, já qualidade vocal é mais “trabalhável” pois

abrange, qualidades que a voz pode produzir, potencializando-a e é, ao mesmo tempo,

especifico, pois revela o sujeito em suas características mais intrínsecas. Todavia, se

comparado com a qualidade vocal como termos pode-se dizer que qualidade vocal é composta

por tipos de voz e características que são mais “generalizáveis”, pois podem ser referidas a

dois sujeitos diferentes; já o timbre é único, pessoal, cada pessoa tem o seu. Além disso, a

qualidade vocal são características que podem compor a voz de uma pessoa, seu timbre.

Dessa maneira, é necessário ressaltar que os sujeitos F7 e F9 são contraditórios em suas

definições.

Por outra visão, PV6 afirmou que quando uma voz possui qualidade vocal pensamos que

ela possui um bom timbre. O profissional F6 comparou os dois termos e, de certa forma, parece

entender o termo qualidade vocal como uma voz com qualidade, boa, caracterizada como

positiva (por exemplo) e, portanto, para que isso ocorra são necessários ajustes favoráveis no

timbre.

82

Foi possível encontrar conceitos nos questionários que apontaram timbre com definições

semelhante à encontrada para o termo qualidade vocal como: é aquilo que confere a

singularidade da voz; som característico de uma pessoa (F3), refere-se a qualidade natural da

voz (F2).

O sujeito F8 não conceituou os termos qualidade vocal e timbre. O sujeito F5 relatou não

conhecer o termo timbre.

Ainda de acordo com a questão dois que tem como o objetivo definir a dupla de termos

qualidade vocal e timbre, podemos destacar, de acordo com as respostas e com a literatura,

que são termos que se relacionam entre si.

O timbre aponta para questões fisiológicas, acústicas e de ajustes supraglóticos que

auxiliarão na identificação das diferentes vozes, ou seja, diferentes posicionamentos apontarão

características que mostram a singularidade dessas vozes. Portanto, os diversos timbres

resultam em diferentes qualidades vocais, desde suas características subjetivas que

pressupõem características acústicas e articulatórias.

Foi possível encontrar conceitos de timbre que se assemelham às definições de

qualidade vocal e ainda, profissionais que consideram os dois termos sinônimos. Portanto,

embora tenham conceitos diferentes, esses dois termos apresentam grande relação, pois

através da qualidade vocal podemos denominar e caracterizar uma voz de diversas maneiras e

o pelo timbre será possível identificar essa voz a partir dos ajustes encontrados para cada

falante específico.

A seguir, em linhas gerais, o quadro 7 de definições dos dois termos estudados acima.

DEFINIÇÕES

Qualidade Vocal Timbre

-Padrão básico da voz de uma

pessoa que distingue e o

identifica (VIOLA,2000).

-É um juízo e é subjetivo (PV2).

-É o “lustre da voz”, ou seja, “a

contribuição glótica para a qualidade

vocal” (BRANDI, 2007, p.48).

- Termo relacionado aos

83

- São atributos de como está a

voz (F4).

-Trata-se do conjunto de

característica de uma voz,

resultante de seu espectro

acústico, que distingue de outra

voz (PV5).

- É a cor dos sons, determinada

pelo número e intensidade de

harmônicos que existem com o

som fundamental (F10).

- Várias vozes podem receber a

mesma classificação de

qualidade vocal, mas nunca o

timbre será o mesmo (F7).

instrumentos musicais (F1, F4, F6 e

F11).

Quadro 7. Definições dos termos qualidade vocal e timbre.

6.2 Termos Descritivos da Voz:

Com relação às respostas dos fonoaudiólogos e preparadores vocais pudemos destacar

diversos conceitos para termos semelhantes. De acordo com as questões 4 e 5 será possível

identificar e discutir as diferenças, semelhanças e relações entre os termos.

Para a questão cinco, que se propõe a selecionar apenas um dos recursos vocais

primários que apresenta relação mais imediata com os termos descritivos da voz estudados,

optaremos por discutir apenas um recurso primário com maior número de respostas para cada

termo descritivo da voz (como destacado, anteriormente, no método).

Para a dupla de termos descritivos da voz, voz encoberta e abafada foi possível destacar

convergências e divergências com a literatura e entre os questionários.

VOZ ABAFADA: Segundo a literatura, esta voz apresenta um foco baixo, ou seja, uma

ressonância de pescoço (GAYOTTO,2006). Relaciona-se à ressonância e à articulação

(GAYOTTO, 2005)

84

Segundo as definições sugeridas pelos fonoaudiólogos (F1 a F11) e preparadores vocais

(PV1 a PV6) foi possível destacar respostas coerentes com a literatura com relação as

seguintes definições: sem brilho (PV1 e PV2); sem volume e escura (PV1); espaço posterior

(PV4); voz pobre em harmônicos agudos, soando como "escondida", "tampada", fraca (PV5); é

uma voz oculta (PV6); ressonância posterior ou mais hiponasal, menos equilibrada na máscara

(F7); voz que não ressoa com facilidade (F3); ressonância posterior (F4); ressonância baixa,

articulação fechada e intensidade vocal reduzida (F6).

As definições propostas que não estão de acordo com a literatura foram: emissão

falseada (PV3); que não possui ar, quase sem ar, em que mal se respira (PV6); falta de

propagação do som (F9); voz sem projeção (F5).

Alguns profissionais afirmaram semelhanças entre os termos definindo-os como: relação

entre respiração, intensidade, articulação e ressonância (F1). Foi possível notar duas respostas

antagônicas, nos seguintes conceitos para voz abafada dados por F9 e F4. Para F4 o trato

vocal permanece aberto e parede faríngea não rígida (F4); já para F9 há uma constrição

mediana de pregas vestibulares, causando um efeito negativo.

VOZ ENCOBERTA: De acordo com a literatura apresenta foco de ressonância posterior

(GAYOTTO, 2006) e a língua apresenta papel importante nesse tipo de voz (ANDRADA E

SILVA e DUPRAT 2004).

A voz encoberta teve como definição convergente à literatura: emissão vocal na

cavidade posterior do palato (PV3), espaço posterior da cavidade bucal para maior ressonância

(PV4); articulação fechada (F7) e efeito de constrição antero-posterior das pregas vocais (F9).

Também podemos notar respostas como: voz protegida, apoiada e sem rigidez (PV1);

produzida com liberdade de emissão, voz alta (PV2); amplificação de harmônicos e é um efeito

positivo (F9). Estas três definições são referentes à música e, portanto, divergentes da literatura

fonoaudiológica.

Segundo o preparador vocal PV5, o termo encoberta ou coberta é utilizado, sobretudo no

canto erudito, para designar uma emissão com a laringe em posição vertical mais baixa (trato

85

vocal mais alongado) e, portanto, rica em harmônicos graves. O objetivo deste estudo não é

saber em qual canto este tipo de voz é utilizada, mas sim trazer a definição do tipo de voz;

Portanto, consideramos de extrema importância estas contribuições, mas, nesta pesquisa, não

podemos pretender um estudo de tamanha abrangência.

O preparador vocal PV6, conceituou voz encoberta de uma maneira a complementar a

literatura, quando afirma que a voz encoberta é uma voz oculta, que teme ser ouvida,

disfarçada talvez (PV6).

Os fonoaudiólogos deixam como recursos vocais primários mais diretos entre os dois

termos: respiração, freqüência, intensidade e articulação. Além disso, afirmaram que os

recursos vocais que diferenciam uma voz da outra são: ressonância e projeção (F11). Os

sujeitos F2, F8 e F10 vêem os dois termos como sinônimos.

Portanto, é esperado que em alguns momentos haja o mesmo conceito ou confusão na

definição para ambas as vozes, já que são termos bastante semelhantes. Todavia, a maioria

das respostas mostra que elas apresentam diferenças tanto em questões referentes a

freqüência, ressonância e articulação quanto relacionado a esfera perceptivo-auditiva.

Podemos visualizar melhor as definições dos termos descritivos da voz, encoberta e

abafada, no quadro 8 abaixo:

DEFINIÇÕES

Voz Abafada Voz Encoberta

- Relaciona-se à ressonância e à

articulação (GAYOTTO,2005).

- Sem brilho (PV1 e PV2).

- Sem volume e escura (PV1).

- Voz pobre em harmônicos

agudos, soando como

"escondida", "tampada", fraca

(PV5).

- Ressonância baixa, articulação

fechada e intensidade vocal

- A língua apresenta papel

importante nesse tipo de voz

(ANDRADA E SILVA e DUPRAT

2004).

-Emissão vocal na cavidade

posterior do palato (PV3).

-Espaço posterior da cavidade bucal

para maior ressonância (PV4).

-Articulação fechada (F7).

-Efeito de constrição antero-posterior

86

reduzida (F6).

- Ressonância posterior (F4).

das pregas vocais (F9).

Quadro 8. Definições da dupla de termos descritivos das vozes: abafada e encoberta

De acordo com a questão cinco, os recursos vocais primários com maior número de

respostas para os termos descritivos das vozes, encoberta e apertada, segundo os

fonoaudiólogos, tanto para a voz encoberta como para a voz abafada, o recurso vocal mais

direto foi a ressonância (com 6 respostas para encoberta e 9 respostas para abafada). Para os

preparadores vocais também obtivemos respostas que afirmam a ressonância como recurso

mais direto para ambas as vozes voz (com 4 respostas para a voz encoberta e 3 respostas

para voz abafada).

Segue o quadro 9 com os recursos vocais eleitos para a dupla de vozes discutidas

acima.

Fonoaudiólogo Preparador Vocal

Voz Abafada Ressonância Ressonância

Voz Encoberta Ressonância Ressonância

Quadro 9. Recurso vocal primário mais relevante para as vozes abafada e encoberta

Tanto para a voz encoberta como para a abafada, para ambos os grupos de

profissionais, o recurso vocal primário que mais se relaciona a esta voz é a ressonância,

possivelmente pelo fato de que esse recurso é que dá mais fortemente a característica da voz

ressoar numa posição mais baixa e posterior, como pode ser encontrado na literatura Porém, a

maior diferença entre elas para a voz abafada encontra-se na ressonância, em que parece uma

voz com pouca projeção, portanto, incapaz de expandir; já para a voz encoberta, os órgãos

fonoarticulatórios parecem impedir que haja projeção, “cobrindo” sua capacidade de expansão.

Para a dupla de termos descritivos da voz, voz constrita e voz apertada foi possível

destacar as seguintes respostas.

VOZ CONSTRITA: segundo a literatura este termo “identifica vozes que apresentam

constrição constante ou intermitente” (BRANDI, 2007, p.77). Apresenta foco de ressonância

anterior e relaciona-se, mais diretamente à articulação (BOONE, 1996).

87

Segundo os questionários respondidos pelos preparadores vocais e fonoaudiólogos o

que converge com a literatura foram as seguintes definições: comprimida (PV6); apresenta

maior tensão (F8).

Já as definições a seguir, mostraram-se divergentes à literatura, já que a constrição

referida pela literatura envolve a articulação anterior e não ao nível laríngeo, como podemos ver

nas respostas destes profissionais: som duro e apertado, na garganta (PV2); voz comprimida,

com estreitamento tanto no nível laríngeo como no supraglótico (PV5); envolve constrição de

laringe (F7).

As respostas distintas da literatura, mas que ampliaram a definição foram: este tipo de

voz que traz incômodo (PV1); alteração de ressonância, pouca projeção, ressonância

prejudicada e intensidade prejudicial (PV3); pode ser benéfica ou não (F9); a constrição é um

efeito interpretativo (PV4).

VOZ APERTADA: vimos que, na literatura, este termo é utilizado para vozes mais

agudas e estão intimamente relacionadas à articulação e o foco de ressonância é nasal.

(GAYOTTO, 2006).

Para a voz apertada encontramos as seguintes respostas, que apresentam convergência

com a literatura: é quando a fala aparece comprimida pelos lábios, com eles quase cerrados,

com pouco espaço para a saída do ar da própria palavra (PV6); voz comprimida, com

estreitamento tanto no nível laríngeo como no supraglótico (PV5).

O fonoaudiólogo F8 diverge da literatura quando afirmou que há uma menor tensão

relacionada à articulação, sendo que a literatura afirma esta voz relacionada à articulação e à

constrição laríngea.

Outras respostas encontradas nos questionários que podem ampliar a definição foram:

contração muscular indevida (PV4); envolve faringe (F7); resultado de tensão cervical ou

vestibular (F9).

88

PV3 diverge da literatura no momento em que afirmou que esta voz apresenta uma

emissão encurtada, com fluência, ritmo e freqüência alterados, mas converge quando coloca

que é uma voz sem ressonância.

Houve profissionais que consideraram os termos constrita e apertada como semelhantes

apontando que este tipo de voz traz incômodo (PV1); há constrição no plano glótico e

supraglótico (F1); designa tensão (F3 e F6); constrição no trato vocal, principalmente a

articulação (F4); designa constrição (F5). E para F2 e F10 esses termos foram considerados

iguais.

A seguir, o quadro 10 com as respostas acima.

DEFINIÇÕES

Voz Constrita Voz Apertada

- Apresenta foco de ressonância

anterior e relaciona-se, mais

diretamente a articulação (Boone,

1996).

- Voz comprimida (PV6).

-Apresenta maior tensão (F8).

- Alteração de ressonância,

pouca projeção, ressonância

prejudicada e intensidade

prejudicial (PV3).

- Relacionadas à articulação e seu

foco de ressonância é nasal.

(GAYOTTO, 2006).

-Quando a fala aparece comprimida

pelos lábios, com eles quase

cerrados, com pouco espaço para a

saída do ar da própria palavra (PV6).

-Voz comprimida, com estreitamento

tanto no nível laríngeo como no

supraglótico (PV5).

-Contração muscular indevida (PV4).

Quadro 10. Definições da dupla de termos descritivos das vozes: constrita e apertada

De acordo com a questão cinco, os recursos vocais primários com maior número de

respostas para os termos descritivos das vozes, tanto para a voz constrita como para a voz

apertada, segundo os fonoaudiólogos, foi a ressonância (6 respostas para voz constrita e 5

respostas para voz apertada). Já para os preparadores vocais para as vozes constrita e

apertada o recurso mais direto foi a articulação (4 respostas). Segue o quadro 11 com os

recursos vocais eleitos para a dupla de vozes discutidas acima.

89

Fonoaudiólogo Preparador Vocal

Voz Constrita Ressonância Articulação

Voz Apertada Ressonância Articulação

Quadro 11. Recurso vocal primário mais relevante para as vozes constrita e apertada

Há uma discordância quanto à questão das vozes constrita e apertada, pois ambas são

de articulação fechada, seja, respectivamente, a ressonância anterior ou posterior, mas

carregam tensão ao nível glótico e supraglótico, portanto não chegamos a uma conclusão.

Para a voz constrita, os fonoaudiólogos apontaram a ressonância como recurso mais

relacionado a essa voz, enquanto os preparadores vocais sugeriram a articulação. Dessa

forma, esses recursos convergem com a literatura e com as respostas dadas por esses

profissionais, já que esta voz apresenta foco de ressonância anterior e relaciona-se, mais

diretamente com a articulação, já que há uma constrição anterior.

Igualmente para a voz apertada, os fonoaudiólogos apontaram a ressonância como

recurso mais relacionado a essa voz, enquanto os preparadores vocais sugeriram a articulação.

Dessa maneira, esses recursos convergem com a literatura e com as respostas dadas por

esses profissionais, já que essa voz apresenta uma relação intimamente ligada à articulação e

o foco de ressonância é anterior, nasal e agudo, segundo a literatura.

A voz apertada é uma voz aguda e nasal, portanto, relacionada mais à ressonância e,de

outro modo, a constrição é mais relacionada à articulação. Já a voz constrita apresenta

constrições, ao nível glótico ou articulatório.

Para F11 a semelhança entre os termos de voz constrita e apertada se dá ao recurso da

respiração e da articulação. Já o que difere uma voz da outra é a intensidade e a ressonância.

Quanto a ressonância pudemos verificar que há diferenças de foco entre estas vozes, porém

em relação a intensidade este profissional não esclarece sua colocação.

Abaixo discutiremos as respostas observadas para a dupla de termos descritivos da voz,

voz ríspida e voz cortante.

90

VOZ RÍSPIDA: de acordo com a literatura, como aquele que se aperta ou restringi, que

se deixou sem espaço (HOUAISS, 2001). O foco de ressonância é nasal (GAYOTTO, 2006).

Segundo as respostas obtidas nos questionários, os profissionais sugeriram que a voz

ríspida seja uma voz com aspereza (F2); um som duro e raspado que não possui brilho, não

possui doçura, há pressão dos músculos intrínsicos da garganta. É uma voz senil e rouca.

(PV2); fala rápida, grosseira, considera o interlocutor adversário (F3); voz que agride os

ouvintes, tem aspecto não puro e ataque vocal brusco (PV1); forte intensidade e pouca

entonação (F4); dura, normalmente ocorre excesso de pressão subglótica e posicionamento

muito frontal do fluxo de ar (PV4); ausência de flexão e ressonância, articulação prejudicada,

ritmo curto (PV3); voz severa, rude, grosseira, com um som áspero e cortante (som agudo,

estridente) (PV6); e relacionada à expressividade (F8).

O sujeito F9 afirmou não utilizar o termo de voz ríspida. O preparador vocal PV6 também

afirma não usar os termos, ríspida e cortante, mas lhe parecem sinônimos: ambos sugerem

uma voz dura, "pontuda", que "penetra" e "fere" os ouvidos.

VOZ CORTANTE: para a literatura o termo cortante apresenta foco de ressonância

misto e está relacionado à velocidade de fala. (GAYOTTO, 2006)

De acordo com as respostas obtidas nos questionários respondidos, a voz cortante é

uma voz com picos de intensidade (F2), voz que ressoa no outro (F3), forte intensidade e

pouca entonação com componente respiratório envolvido (F4); ouve-se facilmente em local

ruidoso (PV1); emissão abrupta, freqüência alterada, supressão na emissão e na fluência

(PV3); Os sujeitos F8 e F9 não utilizam esse termo.

Alguns profissionais afirmaram que esses termos, ríspida e cortante, são sinônimos

sugerindo que esses termos referem-se a uma voz dura, penetrante e que fere os ouvidos

(PV5); variação de freqüência restrita e maior nível de intensidade (F1); pitch inadequado e

alteração na qualidade vocal (F5); modulação restrita podendo apresentar intensidade mais

forte (F6); modulação pouco flexível e intensidade aumentada (F7); mesma sensação auditiva

no ouvinte (F10).

91

Para o fonoaudiólogo F11, as semelhanças dessa dupla de termo são em relação à

respiração, freqüência e ressonância. Já as diferenças entre a dupla são em relação à

intensidade, articulação, ritmo, velocidade e modulação. Este profissional deixa sua resposta

muito ampla, impossibilitando compreendê-la de acordo com as vozes estudadas.

PV4 diverge da literatura dizendo que a voz cortante apresenta falta de harmônico grave

na emissão. Por sua vez, PV6 diverge de PV4 e também da literatura, pois definiu essa voz

contendo um pitch agravado.

De fato, as vozes cortante e ríspida apresentam alteração na freqüência, porém sua

produção não está para o grave e sim mais direcionado para uma emissão aguda como

podemos observar: são vozes que fere o ouvido, como colocado por PV6 para a voz ríspida, ou

para a voz cortante, uma voz que ressoa no outro, apontado por F3, ou por PV1 ouve-se

facilmente em local ruidoso. Mostrando assim um tom agudo para essas vozes, pois ao chamar

uma pessoa que está longe, por exemplo, usamos de uma emissão aguda e, por sua vez,

utilizada a todo o momento pode causar desconforto ao ouvinte.

Abaixo apresenta-se o quadro 12 de definições.

DEFINIÇÕES

Voz Ríspida Voz Cortante

- Característica positiva (Boone,

1996).

-Como aquele que se aperta ou

restringi, que se deixou sem

espaço. (HOUAISS, 2001).

- voz com aspereza (F2).

-Um som duro e raspado que não

possui brilho, não possui doçura,

há pressão dos músculos

intrínsicos da garganta. É uma

voz senil e rouca. (PV2).

- Forte intensidade e pouca

entonação (F4).

- Voz que agride os ouvintes, tem

- Característica positiva (Boone,

1996).

- Voz com picos de intensidade (F2).

- Ouve-se facilmente em local

ruidoso (PV1).

-Emissão abrupta, freqüência

alterada, supressão na emissão e na

fluência (PV3).

- Forte intensidade e pouca

entonação com componente

respiratório envolvido (F4).

92

aspecto não puro e ataque vocal

brusco (PV1);

Quadro 12. Definições da dupla de termos descritivos das vozes: ríspida e cortante

De acordo com a questão cinco, os recursos vocais primários com maior número de

respostas para os termos descritivos das vozes, ríspida e cortante, segundo os fonoaudiólogos

para a voz ríspida foram: articulação (4 respostas), e para a voz cortante foram à freqüência (4

respostas) e intensidade (4 respostas). Para os preparadores vocais para a voz ríspida a

ressonância (3 respostas) e para a voz cortante foram: freqüência e intensidade (com 2

respostas cada uma). Como pode ser observado no quadro 13, a seguir:

Fonoaudiólogos Preparador Vocal

Voz Ríspida Articulação Ressonância

Voz Cortante Freqüência/

Intensidade

Freqüência/

Intensidade

Quadro 13. Recurso vocal primário mais relevante para as vozes: ríspida e cortante

Para a voz ríspida, os fonoaudiólogos apontaram a articulação como recurso mais

relacionado a essa voz, enquanto os preparadores vocais sugeriram a ressonância. Dessa

forma, os recursos de articulação e ressonância convergem com a literatura e com as

respostas dadas por esses profissionais, já que a voz ríspida apresenta uma voz que se aperta

e o seu foco de ressonância é nasal.

Para a voz cortante, ambos os profissionais apontaram a freqüência e intensidade como

os recursos mais relacionados a essa voz. Dessa maneira, os recursos citados com maior

relação com a voz cortante ampliam a definição encontrada na literatura, possivelmente essa

relação deu-se por refletir que esse termo descreve uma voz que seja forte, portanto a relação

com a intensidade e também com alterações tonais que se agregam à intensidade: voz

cortante, que “corta”, “atravessa” e “irrompe”.

93

É importante destacar que a intensidade completa a definição para voz cortante, pois

esta relaciona-se à velocidade de fala, conforme a literatura e , conforme os resultados, há

relação com a intensidade, como “ouve-se em local ruidoso”, “ataque vocal brusco”, “emissão

abrupta”.

Veremos a dupla de termos descritivos da voz, voz metálica e estridente:

VOZ METÁLICA: De acordo com a literatura, em linhas gerais, a voz do tipo metálica é

caracterizada como positiva (BOONE, 1996). A metalização é relacionada a hipertonicidade de

constritores faríngeos e com elevação de laringe, o que propicia ressonância de freqüência alta

(HANAYAMA, TSUJI, PINHO, 2004).

Segundo as definições sugeridas pelos fonoaudiólogos (F1 a F11) e preparadores vocais

(PV1 a PV6) foi possível destacar convergências com a literatura como pode ser visto nas

seguintes respostas: relação com ressonância nasal e tensão durante a emissão (F3);

constrição do trato vocal principalmente faringe (F4 e F5); pitch agudo e componente

ressonantal (F6); ressonância mais faríngea (F7); forte, constrição das paredes faríngeas e

freqüência alta (PV2); falta harmônico grave e equilíbrio (PV4); harmônicos agudos (PV5).

Dessa maneira, foi possível identificar que o conceito dessa voz vincula-se às questões

referentes a uma freqüência aguda, constrição de faringe e ressonância nasal, faríngea e de

foco posterior como apontado na literatura.

Foi possível identificar respostas que ampliam o conceito encontrado na literatura como:

voz que lembra metal que ressoa, voz clara, forte e potente (PV1 e PV6); resulta em brilho, boa

ressonância e projeção (PV3).

A resposta de F9 apontou que esta voz apresenta um pitch agudo e foco posterior, efeito

de estridor. O foco posterior pode estar relacionado à constrição de fundo de boca, de faringe,

mas não quer dizer grave, pois a constrição da faringe agudiza a voz.

O profissional F9 aponta essa voz com um efeito estridor e, portanto, parece classificá-la

como efeito negativo, que diverge da colocação de Boone (1996), mas que condiz com

Hanayama, Tsuji e Pinho (2004) que afirmam que a voz metálica pode constituir característica

indesejável. Portanto, essa classificação vincula-se à esfera perceptivo-auditiva e sua

94

classificação depende, também, de impressões que o ouvinte tem sobre essa voz. Diferente da

resposta supracitada, os preparadores vocais PV1, PV6 e PV3 apontam a voz metálica com

características positivas. É, também, definida como voz forte e potente, já que possui uma

ressonância mais nasal e, portanto, com uma freqüência mais aguda que facilita no momento

da projeção.

VOZ ESTRIDENTE: Com o levantamento realizado na literatura, este termo apresenta

foco de ressonância alta, penetrante, que causa ruído, estridor, ruidoso, estrepitoso (HOUAISS,

2001), possui uma característica irritante e com tensão. Boone (1996) caracteriza este tipo de

voz como sendo negativa.

Para a voz estridente foi possível encontrar convergências com a literatura nos seguintes

aspectos: freqüência mais aguda na emissão do som (F3); pitch agudo (F6); voz mais intensa e

com pitch agudo (F7); relação com freqüência e intensidade (F9); voz aguda e penetrante,

intensidade aumentada (PV1); desagradável (PV5); penetrante, com tom mais agudo, com

maior intensidade e freqüência mais elevada (PV6).

Outros conceitos complementares a estes foram: constrição do trato vocal

principalmente faringe e freqüência elevada (F4, F5); rebatimento constante (PV3); contração

muscular incorreta (PV4). É possível identificar que o conceito vinculado à constrição faríngea

está relacionado à definição de voz metálica e não estridente, mas podemos considerar esta

colocação associada a ambas as vozes, as quais apresentam características semelhantes.

Quanto à incorreta utilização da musculatura, embora seja diferente de todas as outras

respostas, converge com a literatura, pois pode ser uma voz caracterizada por tensão e,

portanto, com má utilização do trato vocal e da musculatura em geral.

O profissional F11 foi o único que definiu as vozes de acordo com suas semelhanças e

diferenças de acordo com os recursos vocais primários e secundários. Quanto as semelhanças,

os recursos são: respiração, intensidade, articulação, projeção, volume, ritmo, velocidade e

modulação. As diferenças apontadas relacionam-se a freqüência e ressonância.

Possivelmente, as diferenças apontadas refere-se a ressonância para a voz metalizada, já que

este é o recurso vocal primário que mais o identifica e freqüência para voz estridente, já que

por ser considerada uma voz negativa (BOONE, 1996), e que apresenta uma freqüência muito

agudizada, causando ruído e incômodo diferente de sua dupla.

95

Desta forma, conforme os resultados, em termos de respiração, intensidade, projeção,

volume, ritmo, velocidade e modulação essas duas vozes são semelhantes, a diferença entre

elas é dada pela freqüência, porém ambas apresentam uma freqüência alta e pela ressonância:

embora ambas sejam altas, na voz metálica a presença de constrição faríngea é apontada pela

literatura, mas não significa que a voz estridente também não possa ter, a questão é que, no

seu caso, é uma das possibilidades. É o que veremos a seguir.

Para os sujeitos F1 e F8 a voz metálica e a voz estridente apresentam o mesmo conceito

como pode ser visto: constrição no plano supraglótico (F1); relação com ressonância (F8). Já

os sujeitos F2 e F10 dizem serem termos iguais, porém não os definem.

Portanto, é esperado que em alguns momentos haja o mesmo conceito ou muitas

semelhanças na definição para ambas as vozes, já que são termos muitos parecidos. Todavia,

a maioria das respostas mostraram que elas apresentam diferenças tanto em questões

referentes a ressonância, por exemplo, quanto relacionado a esfera perceptivo-auditiva. A voz

estridente seria uma intensificação de qualidade, que pode ser metálica, o que causaria um

efeito mais negativo. Já a voz metálica pode ser tida como qualidade vocal de bom alcance e

projeção.

Abaixo, segue o quadro 14 que define, em linhas gerais, os termos descritivos da voz

estudados nesse momento:

DEFINIÇÕES

Voz Metálica Voz Estridente

-Voz positiva (BOONE, 1996).

-Relacionada à hipertonicidade

(HANAYAMA, TSUJI, PINHO,

2004).

-Constrição do trato vocal

principalmente faringe (F4 e F5).

- Ressonância mais faríngea

(F7).

-Resulta em brilho, boa

-Voz negativa (BOONE,1996).

-Freqüência mais aguda na emissão

do som (F3).

-Voz aguda e penetrante,

intensidade aumentada (PV1).

-Contração muscular incorreta

(PV4).

- Desagradável (PV5).

96

ressonância e projeção (PV3).

-Voz que lembra metal que

ressoa, voz clara, forte e potente

(PV1 e PV6)

Quadro 14. Definições da dupla de termos descritivos das vozes: metálica e estridente

De acordo com a questão cinco, os recursos vocais primários com maior número de

respostas para os termos descritivos da voz, voz metálica e estridente, segundo os

fonoaudiólogos foram respectivamente: ressonância (8 respostas) e freqüência (6 respostas).

Para os preparadores vocais para a voz metálica é a ressonância (3 respostas) e para a voz

estridente a intensidade (3 respostas).

Em resumo, segue o quadro 15 com os recursos vocais eleitos para essas vozes.

Fonoaudiólogo Preparador Vocal

Voz Metálica Ressonância Ressonância

Voz Estridente Freqüência Intensidade

Quadro 15. Recurso vocal primário mais relevante para as vozes: metálica e estridente

Para a voz metálica, para ambos os grupos de profissionais o recurso vocal primário que

mais se relaciona a esta voz é a ressonância, possivelmente pelo fato de que este recurso é o

que dá mais fortemente a característica metalizada da voz, pela freqüência ser alta em conjunto

com a ressonância de constrição faríngea, como pode ser encontrado na literatura.

Para a voz estridente, os fonoaudiólogos apontaram a freqüência como recurso mais

relacionado a essa voz, enquanto os preparadores vocais elegeram a intensidade. Desta forma,

estes recursos convergem com a literatura e com as respostas dadas por esses profissionais,

já que, por ser caracterizada como irritante, ou seja, apresenta efeito negativo, essa sensação

possivelmente é dada pela freqüência muito aguda da voz e, ainda, se houver aumento de

intensidade, esta se tornará mais penetrante e mais ruidosa, causando maior desconforto ao

ouvinte.

97

Portanto, os recursos primários selecionados, em sua grande maioria, convergem com a

literatura e, em muitos casos, as escolhas nos fazem refletir e ampliar questões sobre a dupla

de termos descritivos da voz.

Pudemos destacar convergências e divergências com a literatura e entre os

questionários de acordo com os termos descritivos da voz, voz potente e forte, como pode ser

visto a seguir:

VOZ POTENTE: Esta voz apresenta um foco de ressonância posterior, isto é, parece

que a voz está saindo na parte posterior da língua (GAYOTTO, 2006). Caracterizada pelo

volume, o qual se relaciona aos recursos vocais primários de intensidade e ressonância. Além

disso, o termo potente refere-se a que tem poder, força e que tem ou produz um som forte

(HOUAISS, 2001).

De acordo com as respostas dos fonoaudiólogos e preparadores vocais, foi possível

encontrar convergências com a literatura pelas seguintes colocações: aspecto de suprimento

aéreo; relação com a respiração (F1); relação com intensidade; projeção e ressonância (F4);

relacionada à projeção vocal (F6); tem volume e é facilmente projetada (F7); tem projeção (F8);

boa respiração, resistência e fôlego (PV1); qualidade natural da voz, relacionado à ressonância

(PV2); voz com amplitude (PV3); equilíbrio na utilização do aparelho fonador (PV4).

Desta maneira, a voz potente apresenta grande relação com a respiração, já que é

necessário bom controle de fluxo aéreo. Como pode ser observado na literatura, este termo

descritivo está intimamente relacionado ao volume e, portanto, embasada nos recursos

primários intensidade e ressonância como é possível observar em algumas das respostas

acima.

Para o conceito de voz potente, por sua vez, foi citado o recurso vocal secundário:

projeção. Esse recurso vocal secundário não fora citado na literatura, entretanto, levando em

consideração que projeção refere-se à capacidade de lançar a voz no espaço, é necessário

para uma voz potente que se ressoe de forma expandida, com intensidade aumentada e sem

que ocorra tensão excessiva, ou seja, é importante que haja um equilíbrio na utilização do

aparelho fonador durante a respiração. Portanto, este recurso apresenta total relação com essa

voz.

98

O preparador vocal denominado PV5 define a voz potente como: a potência inclui, além

do volume, características de timbre, como "vigor" e "robustez", Além de citar questões

referentes ao volume, também aponta uma voz com características que indicam força e

potência, como pode ser encontrado na literatura.

VOZ FORTE: Voz que apresenta foco de ressonância posterior (GAYOTTO, 2006) e

caracterizada pelo volume, descrito como um recurso vocal secundário. De acordo com a

etmologia, o termo forte vincula-se a “firme e duradouro, cuja articulação se realiza com maior

intensidade, havendo resistência mais enérgica à passagem do ar expirado, devido à maior

tensão muscular” (HOUAISS, 2001).

Foi possível estabelecer convergências com a literatura de acordo com as seguintes

respostas dos dois grupos de profissionais: adução glótica mais firme (F1); voz com grande

intensidade (F4); relacionada a intensidade vocal (F6); relação com intensidade, pressão aérea

(F7); relação com intensidade (F8 e F9); decorrência de muita pressão subglótica (PV4); o

termo forte é ligado à grande intensidade do som (PV5);

Em grande maioria, as respostas apontaram questões referentes à intensidade como

pode ser visto em Brandi (2007) a qual caracteriza esta voz como a que “corresponde

aproximadamente a 80dB” (p.46). Outras respostas mostraram questões fisiológicas como a

adução glótica mais firme, por exemplo, como pode ser encontrada na literatura que aponta

maior tensão muscular na produção desta voz e, por fim, a relação com respiração (maior

pressão subglótica), para que essa adução possa ser realizada com sucesso. Para PV3,

parece que a capacidade em realizar uma voz forte depende de questões fisiológicas de cada

sujeito, portanto, de suas características pessoais (qualidade fisiológica inata-PV3).

Apenas PV1 citou a freqüência como parâmetro para a voz forte: atinge graves e agudos

com qualidade e volume, porém deixa clara a relação desta voz com a intensidade e a

ressonância, já que em sua resposta faz menção ao volume.

O profissional F3 conceituou essas vozes (potente e forte) da mesma maneira dizendo

que há uma boa qualidade no fluxo de energia, mais intenso. Conceito que pode ser realmente

encontrado para as duas vozes em questão, isto é, em seus aspectos semelhantes.

99

Para F2, F5, F10 e PV6 voz potente e forte são sinônimos, porém PV6 dá detalhes

dizendo que uma voz potente é uma voz forte, sonora, com vigor e vice-versa.

Novamente o profissional F11 aponta as semelhanças entre os recursos vocais para

estas vozes: respiração, articulação, projeção e volume e aponta as diferenças pautadas na

freqüência, intensidade, ressonância, ritmo, velocidade e modulação. Deve-se apontar, neste

momento, que F11 não esclarece suas colocações de acordo com sua resposta.

Em resumo, segue o quadro 16 que conceitua as vozes, potente e forte detalhadas

nesse momento:

DEFINIÇÕES

Voz Potente Voz Forte

-Apresenta um foco de

ressonância posterior

(GAYOTTO,2006).

- Tem volume e é facilmente

projetada (F7).

- A potência inclui, além do

volume, características de timbre,

como "vigor" e "robustez" (PV5).

- Relação com intensidade;

projeção e ressonância (F4).

- Qualidade natural da voz,

relacionado à ressonância (PV2).

-Voz com amplitude (PV3).

-Apresenta foco de ressonância

posterior (GAYOTTO, 2006).

- A articulação se realiza com maior

intensidade, havendo resistência

mais enérgica à passagem do ar

expirado, devido à maior tensão

muscular (HOUAISS, 2001).

- Relação com intensidade, pressão

aérea (F7).

-Adução glótica mais firme (F1).

- Atinge graves e agudos com

qualidade e volume (PV1).

Quadro 16. Definições da dupla de termos descritivos das vozes: potente e forte

Para a questão cinco, os recursos vocais primários com maior número de respostas para

os termos voz potente e voz forte, segundo os fonoaudiólogos foram respectivamente:

intensidade (6 respostas) e intensidade (9 respostas). Para os preparadores vocais para a voz

potente o recurso primários é a ressonância (3 respostas) e para a voz forte a intensidade (4

respostas).

100

Para melhor visualização, segue o quadro 17 com os recursos vocais eleitos para as

vozes potente e forte.

Fonoaudiólogo Preparador Vocal

Voz Potente Intensidade Ressonância

Voz Forte Intensidade Intensidade

Quadro 17. Recurso vocal primário mais relevante para as vozes: potente e forte

De acordo com a voz potente, o recurso eleito pelos fonoaudiólogos, intensidade,

apresenta relação com as respostas dadas pelos questionários e pela literatura, porém pela

análise dos questionários seria esperada uma resposta que se referisse a respiração ou a

ressonância tendo em vista o número de respostas que estes recursos primários (respiração,

ressonância) apareceram. Os preparadores vocais, embora em suas respostas tenham referido

mais a respiração, colocaram a ressonância como recurso mais direto com essa voz, o qual

converge com a literatura à medida que também se relaciona à projeção.

Para a voz forte, tanto os fonoaudiólogos quanto os preparadores vocais optaram pela

intensidade. Tal escolha converge com a literatura, como podemos observar em Brandi (2007)

anteriormente citada.

Portanto, as escolhas feitas por esses dois grupos de profissionais convergem com a

literatura e nos possibilita refletir sobre essas escolhas. É interessante destacar que o grupo de

fonoaudiólogos selecionou o mesmo recurso vocal como mais imediato para a dupla de vozes

deixando claro a existência de semelhanças entre esses dois termos. O que podemos refletir é

que a voz forte foi definida a recursos fisiológicos da sua produção e a potente pode estar

conectada, também, à ressonância e a aspectos timbrísticos do sujeito.

A voz aveludada e polida, última dupla de termos descritivos da voz, apontou

convergências e divergências com a literatura e entre os questionários de acordo com os

conceitos apresentados.

VOZ AVELUDADA: Esta voz apresenta foco de ressonância posterior

(GAYOTTO,2006), isto é, parece que a voz está saindo na parte posterior da língua. A voz

101

aveludada é caracterizada por Boone (1996) como positiva e, além disso, o recurso vocal

primário que mais descreve essa voz é a ressonância.

Para a voz aveludada obtivemos respostas que convergem com a literatura. Essas

respostas, em sua grande maioria, vinculam-se aos recursos vocais e, parte delas, às questões

subjetivas dessa voz.

As respostas encontradas segundo os recursos vocais e fisiologia foram: maior

componente glótico (F1); ressonância equilibrada, pitch médio e intensidade levemente

reduzida (F6); pitch mais agravado, loudness suave e ressonância equilibrada (F7); envolve

freqüência e número de vibrações de pregas vocais em laringe baixa (F9); e uso dos

harmônicos graves e utilização do espaço posterior (PV4).

O profissional PV2 apontou a voz aveludada como uma voz com cobertura ligada à

ressoadores. O termo “cobertura” nos remete, de certa maneira, a voz encoberta.

É possível dizer que, para esta voz, de acordo com as respostas dadas pelos dois

grupos de profissionais, todos os recursos vocais primários (freqüência, respiração,

intensidade, articulação e ressonância) parecem estar em harmonia. Em linhas gerais, é

possível destacar que há uma ressonância equilibrada, um pitch agravado e intensidade suave,

características que convergem com a literatura.

As respostas encontradas que definiram a voz aveludada de acordo com características

perceptivo-auditivas, ou seja, de acordo com a subjetividade e escuta do ouvinte, referem-se a:

voz que soa com maciez, com um pouco de escape de ar (F3); voz que expressa sensualidade

(F8); voz suave, encoberta e agradável (PV1 e PV6); característica inata (PV3); e maciez

(PV5). Estas características vão ao encontro da colocação de Boone (1996) que caracteriza

esta voz como sendo positiva e, portanto, a forma como esses profissionais a conceituam,

aponta para uma voz agradável.

VOZ POLIDA: Esta voz apresenta ressonância posterior e articulação clara e precisa.

Em linhas gerais, o termo polidez designa característica discursiva que indicam cortesia,

gentileza; utiliza expressões que atenuam o tom autoritário e que se expressa nas formas de

tratamento (HOUAISS, 2001).

102

Foi possível estabelecer convergências com a literatura como pode ser visto: articulação

bem definida (F1); intensidade levemente reduzida, velocidade média e inflexão sem variação

excessiva (F6); ataque suave e respiração discreta (PV1); e usa harmônico agudo (PV4). É

possível dizer que nesta voz, os recursos vocais primários parecem estar em equilíbrio, porém

há a suposição de uma adução glótica leve, já que as respostas apontam questões ligadas a

uma emissão suave e sugere escape de ar.

Além disso, a voz polida também foi definida como: modo discursivo, educado (F3);

relação com psicodinâmica da voz (F7); voz educada (PV1, PV3 e PV5); e voz brilhante (PV4).

Estas respostas convergem com a literatura, já que esse termo designa formas de tratamento e

educação. Já a resposta que refere voz brilhante possivelmente relaciona este termo às

questões de boa ressonância e articulação clara e suave.

O sujeito PV2 aponta que a voz polida é uma voz com cobertura ligada à ressoadores;

embora essa voz tenha um componente ressonantal que a favoreça, o que mais a destaca e a

diferencia da voz aveludada é seu componente articulatório e sua referência discursiva.

De acordo com os questionários foi possível encontrar respostas que fazem refletir os

referencias teóricos. O sujeito F8 que apontou este termo como uma atitude, não está

relacionada à voz, possivelmente tenha caracterizado desta forma, já que esse termo expressa

formas de tratamento. Já o profissional PV4 afirmou que essa voz utiliza adequadamente o

espaço anterior da ressonância, o que diverge da literatura, porém podemos considerar que

quando esse preparador refere o espaço anterior ele pode querer relacionar aos articuladores

e, portanto, a uma articulação detalhada e minunciosa.

A voz polida foi definida como apresentando uma ressonância posterior, porém deve ser

apontado que a esta voz pode ser encontrada em sujeitos com uma ressonância mais anterior,

ou seja, predominantemente na região anterior da boca e lábios. Isso pode ocorrer, já que

indivíduos com ressonância anterior, tendem a apresentar uma articulação clara, característica

encontrada e fundamental para a produção desta voz.

103

O profissional F4 definiu a voz aveludada e polida como que se refere à ressonância,

respiração, articulação e entonação; já F5 conceituou estas vozes como agradável qualidade

vocal. Portanto, F4 e F5 definiram as vozes sem distingui-las.

Para os profissionais F2, F10 e PV2 os termos polida e aveludada são sinônimos. Já o

sujeito F7 diz que não se pode comparar estes dois termos, provavelmente porque caracteriza

o termo polida referente a uma atitude.

O sujeito F11, novamente, caracterizou essas vozes de acordo com suas semelhanças e

diferenças. Quanto às semelhanças estão os recursos vocais respiração, articulação, projeção,

volume, ritmo, velocidade e modulação. Como diferenças coloca a freqüência, intensidade e

ressonância.

Este fonoaudiólogo aponta como diferença a ressonância, embora ambas apresentem,

na literatura, uma ressonância posterior, porém deve ser considerado que F11 tenha definido a

ressonância da voz polida como anterior, como discutido anteriormente, justificando assim seu

apontamento quanto às diferenças. A intensidade, por sua vez, na voz polida é mais suave já

que se refere às formas de tratamento.

A seguir, segue o quadro 18 que conceitua a voz aveludada e a voz polida discutidas a

cima.

DEFINIÇÕES

Voz Aveludada Voz Polida

- Foco de ressonância posterior

(GAYOTTO,2006).

-Voz como positiva

(BOONE,1996).

-Ressonância é o recurso que

mais descreve essa voz.

- Voz que expressa sensualidade

(F8) e maciez (PV5).

- Pitch mais agravado, loudness

suave e ressonância equilibrada

-Foco de ressonância posterior

(GAYOTTO, 2006) e anterior.

-Designa característica discursiva

que indicam cortesia, gentileza e se

expressa nas formas de tratamento

(HOUAISS, 2001).

- Articulação bem definida (F1).

- Modo discursivo educado (F3).

-Intensidade levemente reduzida,

velocidade média e inflexão sem

104

(F7).

- Uso dos harmônicos graves e

utilização do espaço posterior

(PV4).

variação excessiva (F6).

Quadro 18. Definições da dupla de termos descritivos das vozes: aveludada e polida

Os recursos vocais primários, na questão cinco, com maior número de respostas para os

termos voz aveludada e voz polida, segundo os fonoaudiólogos foram para voz aveludada a

freqüência (5 respostas) e para a polida a freqüência e a intensidade (4 respostas cada). Para

os preparadores vocais para a voz aveludada o recurso primários é a ressonância (3 respostas)

e para a voz polida é a ressonância (3 respostas).

Abaixo, o quadro 19 com os recursos vocais primários que melhor descrevem a voz

aveludada e a voz polida segundo os fonoaudiólogos e preparadores vocais.

Fonoaudiólogo Preparador Vocal

Voz Aveludada Freqüência Ressonância

Voz Polida Freqüência/

Intensidade

Ressonância

Quadro 19. Recurso vocal primário mais relevante para as vozes: aveludada e polida

Para os fonoaudiólogos, a voz aveludada teve como recurso vocal primário mais

imediato a freqüência. Possivelmente por apresentar um tom um pouco mais agravado e com

harmônicos mais graves. Todavia, em grande maioria, as respostas dos fonoaudiólogos para a

questão quatro, bem como para a literatura, referiam a ressonância como primordial para esse

termo; recurso vocal primário, neste momento, apontado como imediato pelos preparadores

vocais.

A voz polida apresenta os recursos freqüência e intensidade para os fonoaudiólogos e

ressonância para os preparadores vocais. Embora apresente relação com os recursos

apontados, para esse termo o esperado seria a articulação a qual não foi mencionada por

nenhum dos grupos de profissionais.

Portanto, as escolhas feitas por esses dois grupos de profissionais convergem

parcialmente com a literatura, e em alguns momentos, as respostas dadas nos questionários

105

não condizem com o recurso primário eleito como mais direto para essa questão. É

interessante destacar que o grupo de preparadores vocais selecionou o mesmo recurso vocal

como mais imediato para a dupla de vozes deixando claro a existência de semelhanças entre

esses termos.

Dessa forma, foi possível identificar maiores convergências do que divergências nos

conceitos estudados e em muitos casos, ampliações de definições. As respostas do grupo de

preparadores vocais apontam para especificações pautados nos conhecimentos da música.

Assim, este estudo serviu como uma complementação de alguns conceitos pesquisados na

literatura.

106

7. CONCLUSÃO

Por meio do estudo realizado podemos concluir que as definições dos recursos vocais

dependem do objeto de estudo dos profissionais, pois é através deste aprofundamento que se

dão as divergências ou convergências conceituais.

No caso dos fonoaudiólogos houve divergências entre si e entre a literatura por causa

das diversas áreas de atuação, ou de visão clínica, pois há fonoaudiólogos que tem como base

estudos na acústica, outros numa visão mais perceptivo-auditiva e assim por diante.

Em diversos momentos, nas respostas dadas nos questionários, os preparadores vocais

conceituam os recursos vocais e termos descritivos da voz com base nos seus conhecimentos

da música.

Pudemos perceber que os trios de recursos vocais e a dupla de termos, qualidade vocal

e timbre, apresentam relação entre si, sendo que, na maioria, um dos recursos vocais primários

(freqüência, intensidade, ressonância, articulação e respiração) estão diretamente ligados aos

conceitos dos recursos vocais secundários, portanto suas definições se complementam.

Os termos descritivos da voz são termos da esfera perceptivo-auditivo, portanto, de um

enquadre mais perceptual e subjetivo. Verificamos que, nas respostas dos dois grupos

estudados, fonoaudiólogos e preparadores vocais, as duplas de termos, em alguns momentos

parecem ser iguais, porém o que podemos perceber é que em muitas respostas foi possível

identificar a diferença entre eles, assim justificando a importância da terminologia usada.

Alguns profissionais afirmam não utilizar alguns dos termos descritivos estudados neste estudo.

Bem como os recursos vocais secundários, os termos descritivos da voz também têm

como foco de sua produção algum dos recursos vocais primários. Além disso, para se

caracterizar uma determinada voz faz-se necessário o uso de recursos vocais secundários,

como o próprio nome sugere: são secundários e interligados a outros.

Concluímos que embora profissionais de áreas distintas usam, de certa maneira, as

mesmas terminologias, porém em muitos casos seus conceitos estão embasados em diferentes

áreas de conhecimento. Isto enriquece nossa investigação, porém deixamos em aberto um

107

outro estudo futuro que acrescente o referencial da música, complementando a presente

pesquisa.

108

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113

ANEXO I

QUESTIONÁRIO

Instruções Para Responder o Questionário

• O profissional deverá ter, no mínimo, 5 anos de atuação na área.

• Este questionário trata-se de uma reflexão, por esse motivo, o profissional terá, no

mínimo, 20 dias para respondê-lo.

• As respostas deverão ser escritas de acordo com o conhecimento do profissional.

• As respostas deverão ser escritas à caneta azul ou preta caso não sejam respondidas

via e-mail.

Nome: ____________________________________________ Idade:___________

Tempo de profissão: _______________________________

Fonoaudiólogo(a) ( ) Preparador(a) Vocal ( )

Prezado profissional, gostaríamos que respondessem a cinco questões.

Para esclarecimento conceitual definimos os recursos vocais primários e secundários

segundo Gayotto (1996 e 2000).

Os recursos vocais primários são aqueles que formam/compõem a voz: respiração,

freqüência, intensidade, ressonância e articulação .

Os recursos vocais secundários são: projeção, volume, ritmo, velocidade, entonação

e modulação (além de outros); estes resultam dos recursos vocais primários.

1- Definir as diferenças e semelhanças entre os rec ursos vocais:

A - Projeção, volume e intensidade:

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

114

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

B - Ritmo, velocidade e fluência

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

C - Entonação, modulação e inflexão

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

2- Definir as diferenças e semelhanças entre os ter mos:

D - Qualidade vocal e timbre

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

3- Enumere de um a cinco, sendo um para menor e cin co para maior segundo a

importância dos recursos primários (articulação, fr eqüência, intensidade,

ressonância e respiração) para a expressão dos recu rsos secundários

selecionados abaixo:

A- Projeção ( )articulação ( ) freqüência ( ) intensidade ( ) ressonância ( )

respiração

B- Volume ( )articulação ( ) freqüência ( ) intensidade ( ) ressonância ( )

respiração

C- Ritmo ( )articulação ( ) freqüência ( ) intensidade ( ) ressonância ( )

respiração

115

D- Velocidade ( )articulação ( ) freqüência ( ) intensidade ( ) ressonância ( )

respiração

E- Entonação ( )articulação ( ) freqüência ( ) intensidade ( ) ressonância ( )

respiração

F- Modulação ( )articulação ( ) freqüência ( ) intensidade ( ) ressonância ( )

respiração

4- Definir diferenças e semelhanças entre a dupla d e termos descritivos

selecionados:

A - Encoberta e Abafada.

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

B - Constrita e Apertada.

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

C - Ríspida e Cortante.

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

D - Metálica e Estridente.

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

116

E - Potente e Forte.

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

F - Aveludada e Polida.

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

5- Selecionar apenas um dos recursos vocais primári os (articulação, freqüência,

intensidade, ressonância e respiração) que apresent a relação mais imediata e direta com

os termos descritos abaixo:

A- Encoberta _________________________________________________________________

B- Abafada ___________________________________________________________________

C- Constrita __________________________________________________________________

D- Apertada __________________________________________________________________

E- Ríspida ___________________________________________________________________

F- Cortante ___________________________________________________________________

G- Metálica __________________________________________________________________

H- Estridente _________________________________________________________________

I- Potente ____________________________________________________________________

J- Forte _____________________________________________________________________

K- Aveludada _________________________________________________________________

L- Polida ____________________________________________________________________