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Arquivo Público do Estado de São Paulo
Oficinas do Arquivo
O(s) uso (os) dos documentos de arquivo em sala de aula
Teresa Cristina Vaneli Moreira Felicori
A Revolução de 1932: A História nacional em consonância com a História
local.
2º semestre de 2013
Sequência Didática apresentada na
Oficina Pedagógica: “O(s) uso(s) de
documentos de arquivo em sala de aula”
ministrado pelo Arquivo Público do
Estado de São Paulo
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1. TEMA
O movimento constitucionalista de 1932- A História nacional em consonância com a História local
2. JUSTIFICATIVA
A escolha do tema deve-se a dois eixos principais: a importância do fato
histórico para o Estado de São Paulo e para o Brasil e a participação dos
combatentes da cidade de Socorro, interior de São Paulo, nas batalhas
ocorridas na fronteira com o sul de Minas.
As atividades pensadas para a Sequência Didática relacionam-se com o
objetivo proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de História, no qual
é salientado que os alunos utilizem “fontes históricas em suas pesquisas
escolares”. Concomitantemente, o professor deve contribuir para que o aluno
possa “identificar e analisar lutas sociais, guerras e revoluções na História do
Brasil e do mundo”1.
Surgido da insatisfação dos paulistas com a chegada de Getulio Vargas
ao poder em 1930, o movimento teve como objetivo central convencer o
Governo Provisório da necessidade de pôr fim ao caráter provisório por meio
da elaboração de uma nova Constituição. Entretanto, diante da resistência de
Vargas e do caráter secundário dado ao estado no âmbito do poder federal, em
9 de julho de 1932, eclodiu a Movimento constitucionalista na capital paulista,
liderada pelo general Isidoro Dias Lopes. Contando com a participação de
vários remanescentes do movimento de 1930, como os militares Bertoldo
Klinger e Euclides Figueiredo, a revolta obteve amplo apoio dos mais diversos
segmentos das camadas médias paulistas. Nos poucos meses de conflito, São
Paulo despendeu um grande esforço para equipar e conseguir voluntários para
enfrentar as tropas do governo.
A cidade de Socorro, quase divisa de São Paulo com Minas Gerais,
integrou-se a esse esforço de guerra e participou do batalhão 23 de maio, que
1 Parâmetros Curriculares Nacionais: História/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,
1988, pp54-63.
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se alojou na cidade e era composto por combatentes locais e de outras
cidades. Quando eclodiu a revolta, os socorrenses fizeram-se presentes na
defesa dos ideais democráticos, com sua participação no batalhão de
Voluntários sob o comando do Capitão Benedito de Castro Oliveira, formado
por jovens de Socorro, Amparo e Americana. Os combatentes de Socorro
pertenciam a 1º Companhia de Fuzileiros sob o comando do oficial Geraldo
Theodoro da Silva.
A participação da população em geral foi efetiva, por meio das
Campanhas de arrecadação de fundos, principalmente a “Doe ouro para o bem
de São Paulo”, e da participação das mulheres como voluntárias na Santa
Casa, as quais atendiam os feridos.
Dessa forma, pretende-se, por meio da montagem de uma sequência
didática direcionada à 8ª série/9º ano, promover a curiosidade em relação ao
passado vivido na década de 1930 e conhecer e analisar documentos, cartazes
e jornais da época. O material utilizado para análise permitirá que os alunos
possam refletir sobre documentos do acervo do Arquivo Público do Estado de
São Paulo e documentos locais, com visitas ao Museu Municipal de Socorro. A
partir dessa análise, será possível reconstruir a memória local e nacional e
perceber que o processo histórico não é feito por personagens heroicos e
distantes, mas sim por pessoas comuns, por cidadãos que se envolvem,
posicionam-se e constroem a sua própria História.
3. OBJETIVOS
A presente Sequência Didática tem como objetivos:
- Desenvolver a competência leitora por meio da leitura de documentos
escritos;
- Promover a construção do conhecimento a partir da análise de
documentos de arquivo;
- Entender os impactos do Movimento de 1932 nas esferas municipal,
estadual e federal;
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- Criar laços de identidade com a comunidade;
- Valorizar conceitos de "heroísmo", "coragem" e "sacrifício" para
alcançar os objetivos na vida;
- Resgatar o patriotismo para a formação de cidadãos;
- Reconhecer a importância da participação feminina no movimento
revolucionário e relacioná-la com a conquista da cidadania a partir do direito ao
voto.
4. COMPONENTE CURRICULAR:
A Sequência didática será desenvolvida na disciplina História, de
acordo com o Eixo Temático História e memória - a era Vargas(1930-1945).
5. ANO/SÉRIE:
8ª série/9º ano.
6. TEMPO PREVISTO/Nº DE AULAS:
7 aulas.
7. DESENVOLVIMENTO E CONTEÚDOS DAS ATIVIDADES
Aula 1- Apresentação do tema a partir de uma aula expositiva em que o
início da era Vargas seja debatido com os alunos. Em seguida, os alunos farão
a leitura do texto impresso “São Paulo pega em armas: a Revolução
Constitucionalista de 1932”2. O texto embasará uma reflexão mais profunda
sobre o contexto histórico que levou os paulistas a organizar o movimento.
Organização dos grupos para a apresentação final.
2 Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Revolucao1932.
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Aula 2- Para trabalhar a História local, serão utilizados alguns
documentos do Museu Municipal de Socorro. O primeiro será um panfleto que
conclama os cidadãos a aderirem ao movimento revolucionário, cujo título é:
“Paulistas! Socorrenses!” (Anexo1). Esse documento será projetado em tela
com o uso de data-show. O documento foi escolhido devido ao seu texto, que
possibilitará aos alunos compreender o sentido do movimento e a participação
local. O roteiro de análise será projetado após o documento e deverá conter:
Título; data; público-alvo e objetivo do documento. Será analisado em duplas e
as respostas ficarão nos cadernos. A correção será feita oralmente.
Aula 3- O próximo documento a ser analisado é o Hino composto em
homenagem ao Batalhão 23 de Maio (Anexo 2). O documento foi escolhido
para que os alunos possam conhecer a sua letra e relacioná-la com os ideais
da revolução. Ele será impresso e cada aluno receberá uma cópia no formato
A4. Nesse documento, o roteiro será composto por: Título; data; objetivo e
análise da letra. Como há termos poucos usais atualmente haverá um glossário
para melhor entendimento. O roteiro será incluído no conteúdo da folha a ser
entregue e a análise será feita individualmente e recolhida para correção.
Aula 4- Análise do documento “Ouro para o bem de São Paulo” do
APESP (Anexo 3). Esse documento será projeto em tela com o uso de data-
show. Ele foi escolhido para que os alunos possam compreender a importância
da campanha para a arrecadação de fundos para o movimento. O roteiro de
análise será projetado após o documento e deverá conter: Tipo de documento;
Data e o local em que foi feito; Título do documento; O que o documento
significava para a pessoa que o recebia e qual era a finalidade da campanha.
Essa atividade será feita em duplas e as respostas ficarão nos cadernos. A
correção será feita oralmente.
Aula 5- Uso do documento “A Mulher paulista” do APESP (Anexo 4). Ele
será impresso e cada aluno receberá uma cópia no formato A4. O roteiro será
incluído após o documento e deverá conter: Título; data; Publicação; Ideias
centrais. Após a análise, feita individualmente no caderno, será proposta uma
produção de texto com a temática da participação feminina na época, a
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conquista do direito ao voto feminino e a condição da mulher atualmente, a ser
entregue após o fechamento da Sequência didática.
Aula 6/7- Fechamento da Sequência didática: Atividade extraclasse
Visita ao Museu Municipal de Socorro para ter contato com os
documentos, objetos, fotos, armas e panfletos sobre o movimento de 1932.
Nesse momento, os alunos poderiam concluir suas análises sobre o movimento
e comentar oralmente as suas conclusões.
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Anexo 3
OURO para o bem de São Paulo. São Paulo, SP, set. 1932. Acervo APESP.
Fundo Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Disponível em:
http://www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_1932/pdf/BR_
APESP_IHGSP_009_144_001.pdf.
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Anexo 5
FICHA DE TRABALHO PARA ANÁLISE DE UM DOCUMENTO ESCRITO
1. TIPO DE DOCUMENTO (Assinale uma opção):
__ Jornal ___ Mapa ___ Publicidade
___ Carta ___ Telegrama ___ Documento público
___ Memorando ___ Nota de imprensa ___ Artigo científico
___ Relatório ___ Outro ___________________
2. QUALIDADES FÍSICAS PARTICULARES DO DOCUMENTO (Assinale uma ou mais opções):
___Cabeçalho interessante ___ Anotações
___ Escrita a mão ___ Selo de “Recebido”
___ Escrita datilografada ___ Outro _________________
___ Carimbos
3. DATA(S) DO DOCUMENTO:
4. AUTOR (OU CRIADOR) DO DOCUMENTO:
POSIÇÃO (TÍTULO):
5. PARA QUE PÚBLICO O DOCUMENTO FOI ESCRITO?
6. INFORMAÇÕES SOBRE O DOCUMENTO (Há várias possibilidades de resposta de A a E.)
A. Assinale três coisas que o autor disse e que você acha que são importantes:
B. Por que você acha que este documento foi escrito?
C. Que evidência no documento ajuda você saber por que ele foi escrito?
Cite a partir do documento.
D. Assinale duas coisas que o documento conta sobre a vida no BRASIL na época em que foi escrito
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E. Escreva para o autor uma pergunta sobre algo que não tenha sido respondido pelo documento:
Desenvolvido por:
Education Staff, National Archives and Records Administration, Washington, DC 20408.
Page URL: http://www.archives.gov/digital_classroom/lessons/analysis_worksheets/document.html
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8. BIBLIOGRAFIA
BITTENCOURT, Circe. (org.). O saber histórico na sala de aula.São Paulo: Contexto,1997.
FONSECA, Selva G. Caminhos da História Ensinada. Campinas, SP: Papirus, 1995.
KARNAL, Leandro (org.). (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2003.
MOREIRA, Regina da Luz. São Paulo pega em armas: a Revolução Constitucionalista de 1932. Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Revolucao1932
PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Novos temas nas aulas de História. São Paulo; Contexto, 2009.
SILVA, Vitória Rodrigues e. Reading strategies and reading comprehension:
contributions to the teaching of History. História, São Paulo, v. 23
(1-2), p. 69-83, 2004.