terceiro setor panorama das tendências de 1998 a 2013 por meio de um estudo bibliométrico.pdf

Upload: carlos-timoteo

Post on 06-Mar-2016

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Terceiro Setor: panorama das tendncias de 1998 a 2013 pormeio de um estudo bibliomtrico.

    DOI: 10.4025/enfoque.v34i2.23439

    Bruna Alto MarquesBacharela em Cincias Contbeis pela Universidade

    Federal do Esprito Santo - [email protected]

    Paulo Henrique Amaral RodyBacharel em Cincias Contbeis pela Universidade

    Federal do Esprito Santo - [email protected]

    Donizete ReinaMestre em Contabilidade pela Universidade Federal de

    Santa CatarinaProfessor Assistente da Universidade Federal do

    Esprito [email protected]

    Gabriel Moreira CamposDoutor em Cincias Contbeis pela Universidade de

    So Paulo - USPProfessor Adjunto da Universidade Federal do Esprito

    Santo - Vitria - [email protected]

    Recebido em: 01.04.2014 Aceito em: 15.05.2015 2 verso aceita em: 08.07.2015

    71

    Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    RESUMO

    O terceiro setor tem ganhado, nos ltimos anos, expressiva ateno tanto da mdia quanto de inmeros pesquisadores, possivelmente por causa de seu crescimento e importncia social, sobretudo no sentido de suprir certas lacunas deixadas pelo Estado. Assim, o presente estudo tem como objetivo identificar as caractersticas dos artigos cientficos sobre o terceiro setor publicados em congressos e peridicos nacionais nos anos de 1998 a 2013. A populao do estudo foi composta por 115 artigos cientficos analisados por meio de uma pesquisa descritiva com dados secundrios, tratados atravs da tcnica de pesquisa bibliomtrica e anlise de contedo. Os resultados so: os artigos sobre Terceiro Setor so predominantemente exploratrios, com estudos de caso e so qualitativos; a principal fonte de coleta de dados foi secundria, sendo a tcnica mais utilizada para colet-los a pesquisa documental e anlise de contedo; a maioria dos artigos se destina aos usurios internos; em relao aos principais resultados identificados nas pesquisas parece existir dificuldades por parte das entidades do terceiro setor, especialmente na consolidao de modelos de gesto. H tambm, destaque para a questo do disclosure social que segundo os estudos tem relao direta com a captao dos recursos; destaca-se que algumas reas de preocupao permeiam as concluses dos autores. Dentre elas: gesto com base em instrumentos aperfeioados; maior aderncia s prticas contbeis como forma de melhor apresentar e estruturar as informaes para a sociedade; e mecanismos de controle e gesto e a necessidade de apresentar/informar melhor os usurios/doadores por meio do disclosure contbil. Palavras-chave: Terceiro Setor; Produo Cientifica; Estudo Bibliomtrico.

    Third sector: overview of trends 1998 to 2013 by means of aBibliometric study

    ABSTRACT

    The third sector has gained in recent years, significant attention from both the media as numerous researchers, possibly because of their growth and social importance, particularly in order to fill certain gaps left by the state. Thus, this study aims to identify the characteristics of scientific papers on the third sector published in national journals and conferences in the years 1998 to 2013. The study population

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    72 BRUNA ALTO MARQUES PAULO HENRIQUE AMARAL RODY DONIZETE REINA GABRIEL MOREIRA CAMPOS

    1 INTRODUO

    O termo terceiro setor foi utilizado pela primeira vez por pesquisadores nos Estados Unidos na dcada de 70. Para eles o terceiro setor sugere uma alternativa para as desvantagens do mercado e do governo, combinando a flexibilidade e a eficincia do mercado com a igualdade social esperada das entidades pblicas (COELHO, 2000). Nos ltimos anos o terceiro setor tem recebido considervel ateno tanto da mdia quanto de inmeros pesquisadores, provavelmente por conta de sua expanso e importncia social, principalmente no sentido de preencher certas lacunas deixadas pelo governo (PIMENTA; SARAIVA; CORRA, 2006). possvel que entre os principais fatores capazes de justificar o interesse pelo terceiro setor, figurem a quantidade de organizaes e a importncia deste setor. Uma vez que conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2012), existem oficialmente mais de 290 mil fundaes privadas e associaes sem fins lucrativos no Brasil.

    A sociedade civil est dividida em trs setores: Primeiro Setor (Estado); Segundo Setor (mercado) e Terceiro Setor (agentes privados que oferecem bens e servios pblicos) (TACHIZAWA, 2007). Conforme Ioschpe et al. (2005) embora o conceito de Terceiro Setor ainda no esteja claro na literatura, este pode ser caracterizado como o conjunto de instituies sem fins lucrativos, a partir do mbito privado, com propsitos de interesse pblico.

    As entidades sem fins lucrativos, que compem o chamado terceiro setor, apresentam uma atuao

    cada vez mais crescente na sociedade mundial e no Brasil (CUSTDIO; JACQUES; QUINTANA, 2013). As organizaes do terceiro setor so responsveis em suprir parcialmente o papel do Estado no atendimento a determinadas necessidades sociais (MILANI FILHO, 2006). Os aspectos gerencial e estratgico merecem ateno por parte das organizaes que visam o lucro, e tambm das instituies do terceiro setor, como afirmam Mrio et al. (2013) a ausncia de um planejamento estratgico, que possa gerar uma gesto eficiente, pode tornar ineficaz a administrao dos recursos materiais, humanos e financeiros das entidades do terceiro setor. Quanto aos aspectos contbeis das entidades do terceiro setor, para Piza et al. (2012) a baixa profissionalizao da gesto e ausncia de um contador na maioria das instituies do terceiro setor, sugere que as normas brasileiras de contabilidade no sejam fielmente cumpridas por determinadas organizaes.

    Diversas pesquisas abordando o tema Terceiro Setor foram produzidas no meio acadmico, tais como (SALAMON, 1998; CAMPOS, 2008; MILANI FILHO; MILANI, 2011; VARANDAS; VILLA; COLAUTO, 2012; BRAZ; CARDOSO, 2013 AGGARWAL; EVANS; NANDA, 2012; CAREY; KNECHEL; TANEWSKI, 2013; CONNOLLY; HYNDMAN; MCCONVILLE, 2013; CORDES, 2011; ELDENBURG; GAERTNER; GOODMAN, 2013; HOFMMAN; MCSWAIN, 2013; LACETERA; MACIS; SLONIM, 2014; NEUMAN; OMER; THOMPSON, 2014; SAXTON; NEELY; GUO, 2014).

    Entre elas destaca-se a pesquisa de Campos (2008) ao mencionar que entre as maiores

    consisted of 115 scientific articles analyzed using a descriptive research with secondary data processed through the technique of bibliometric research and content analysis. The results are the articles about the Third Sector are predominantly exploratory, with case studies and are qualitative, the main source of data collection was secondary, being the most used technique to collect them documentary research and content analysis; most articles intended for internal users; concerning key outcomes identified in the research seems to be difficulties on the part of third-sector organizations, especially in the consolidation of management models. There is also emphasis on the issue of social disclosure that according to studies is directly related to the capture of resources, it is noteworthy that some areas of concern permeate the authors conclusions. Among them: management based on improved instruments , greater adherence to accounting practices as a way to better present and structure information to society, and mechanisms of control and management and the need to present/better inform users/donors through the accounting disclosure. Keywords: Third Sector, Scientific Production; bibliometric Study.

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    73TERCEIRO SETOR: PANORAMA DAS TENDNCIAS DE 1998 A 2013 POR MEIO DE UM ESTUDO BIBLIOMTRICO

    dificuldades encontradas pelas entidades do terceiro setor, figuram principalmente: falta de um setor responsvel pela captao de recursos materiais e financeiros; e ausncia de fontes financiadoras. Nesse sentido, em relao as formas de captao de recursos para instituies do terceiro setor, a pesquisa de Santos et al. (2008) menciona que a entidade sob estudo, capta recursos atravs de doaes, contribuies, como tambm de aplicaes financeiras e prestaes de servios.

    Dentro desse contexto, devido a importncia do Terceiro Setor, e as diversas pesquisas realizadas abordando esse tema, formulou-se o seguinte problema de pesquisa: quais so as caractersticas dos artigos cientficos sobre o terceiro setor publicados em congressos e peridicos nacionais nos anos de 1998 a 2013?

    Baseado nesse problema de pesquisa este artigo tem como Objetivo geral: identificar as caractersticas dos artigos cientficos sobre o terceiro setor publicados em congressos e peridicos nacionais nos anos de 1998 a 2013. E como objetivos especficos: 1) descrever o panorama da produo cientfica sobre terceiro setor com base na quantidade total de artigos, instituies de ensino e autores mais prolficos e nmero de autores por artigo; 2) verificar de forma quantitativa os principais aspectos dos artigos cientficos sobre o terceiro setor: natureza do objetivo de estudo, natureza do estudo, abordagem metodolgica, fonte de coleta de dados e tipos de usurios; 3) investigar de forma qualitativa os principais aspectos dos artigos sobre terceiro setor: objetivos, definies constitutivas, resultados, concluses e sugestes para pesquisas futuras.

    Este artigo semelhante a estudos anteriores que investigaram as caractersticas das pesquisas cientficas sobre o tema Terceiro Setor, tais como: Chagas et al. (2011) que verificou a evoluo da produo acadmica da pesquisa contbil sobre terceiro setor de 2007 a 2009; Custdio, Jacques e Quintana (2013) que descreveu as caractersticas dos artigos cientficos sobre terceiro setor de 2006 a 2010; e Vesco, Santos e Scarpin (2011) que analisou a estrutura de cooperao entre as publicaes cientficas brasileiras sobre terceiro setor. O presente artigo difere-se dos citados

    anteriormente, por possuir uma amplitude temporal superior (1998-2013), e por investigar uma quantidade maior de caractersticas dos artigos cientficos publicados em congressos e peridicos nacionais. Permitindo que dessa forma, seja feito um estudo mais amplo e aprofundado sobre o panorama da publicao de artigos cientficos sobre o terceiro setor.

    Nesse sentido, a relevncia deste estudo reside na seguinte afirmao: uma vez que existem na literatura diversas pesquisas sobre o tema terceiro setor, se torna relevante identificar quais so as caractersticas dos artigos cientficos que compem esse banco de dados. Para que com base nessas informaes, seja possvel definir os focos de pesquisa que mais esto sendo evidenciados, bem como as abordagens menos pesquisadas, as quais requerem que novas pesquisas sejam realizadas. Alm de outras decises e aes que podem ser tomadas, uma vez que foram identificadas as informaes sobre o panorama da produo de artigos cientficos sobre o tema Terceiro Setor.

    As prximas partes deste artigo foram organizadas da seguinte forma: (2) Referencial Terico, foram abordados os assuntos pertinentes relacionados ao tema deste artigo, utilizando como referncias autores de livros e artigos cientficos; (3) Metodologia da Pesquisa, foi evidenciado como os dados da pesquisa foram coletados e analisados, bem como os demais aspectos relevantes relacionados metodologia da pesquisa; (4) Descrio e Anlise dos Dados, Com base na coleta e anlise dos dados foram destacadas as caractersticas dos artigos cientficos sobre o terceiro setor no perodo de 1998 a 2013; e (5) Consideraes Finais, foram apresentados os principais resultados da pesquisa seguidos das inferncias dos autores deste estudo, e sugestes para pesquisas futuras.

    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 INSTITUIES DO TERCEIRO SETOR: ASPECTOS CONCEITUAIS

    Para Modesto (1998) o terceiro setor pode ser definido como o conjunto de pessoas jurdicas privadas de fins pblicos e sem finalidade lucrativa, constitudas voluntariamente, auxiliares do Estado na execuo de atividades de contedo social. As

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    74 BRUNA ALTO MARQUES PAULO HENRIQUE AMARAL RODY DONIZETE REINA GABRIEL MOREIRA CAMPOS

    organizaes do Terceiro Setor no visam gerar resultados financeiros para os proprietrios ou investidores como usual nas sociedades com fins lucrativos, mas promover mudanas favorveis nos indivduos e no meio ambiente (DRUCKER, 1999).

    Conforme Merege e Barbosa (1998) as entidades sem fins lucrativos tambm denominadas de terceiro setor, tm por objetivo a realizao de atividades sociais, pondo em prtica aquelas ainda no atendidas ou deixadas sob a responsabilidade do primeiro setor. O terceiro setor constitudo de organizaes sem fins lucrativos e com a finalidade de promover benefcios sociedade (HART; MILSTEIN, 2004). Para Saloman (1998) o terceiro setor composto por entidades no vinculadas ao governo, que no distribuem lucro, autnomas gerencialmente, com participao de trabalho voluntrio e com finalidade pblica.

    As entidades do terceiro setor so instituies sem fins lucrativos, porm, com finalidades bem diferenciadas, tais como: associaes recreativas; assistenciais, esportivas; ambientalistas; educacionais; religiosas; fundaes e institutos; criados pela iniciativa privada de pessoas fsicas ou jurdicas (CALIXTO, 2009). As organizaes do terceiro setor, para fins legais, so denominadas entidades sem fins lucrativos, e dentro dessa categoria existem duas distines jurdicas: associaes de interesses, fins e meios prprios, exclusivos dos associados e o patrimnio constitudo pelos scios; fundaes, os fins e interesses no so prprios, mas alheios ao fundador, e o patrimnio fornecido pelo instituidor (COELHO, 2000).

    2.2 CARACTERSTICAS DAS INSTITUIES DO TERCEIRO SETOR

    As organizaes do terceiro setor so caracterizadas, como sendo aquelas que no fornecem bens ou servios e, sim, que tm o ser humano como centro das questes. Seu produto um ser humano mudado. As organizaes sem fins lucrativos so agentes de mudana humana (DRUCKER, 1999).

    Ser reconhecida legalmente como uma organizao sem fins lucrativos traz consequncias importantes, pois a entidade ter uma srie de isenes fiscais,

    nas esferas federais, estaduais e municipais (COELHO, 2000). Nesse sentido, importante que as entidades do terceiro setor desempenhem suas funes de forma eficiente, em relao a funo dessas organizaes, Pimenta, Saraiva e Corra (2006) mencionam que a principal funo do terceiro setor preencher a lacuna existente entre a sociedade que demanda servios que no so oferecidos de forma satisfatria pelo governo, representando dessa forma, um campo repleto de possibilidades para o terceiro setor.

    O terceiro setor est ganhando cada vez mais espao na sociedade brasileira, atuando em reas de atuao pblica de forma mais gil e tentando estabelecer uma ligao entre setores privado e pblico. A importncia do terceiro setor para a sociedade e economia reside em sua capacidade de mobilizar recursos humanos e materiais, atendendo a diversas demandas sociais, que muitas vezes o governo se mostra incapaz de suprir. Alm de gerar emprego e renda para aqueles que atuam nessas organizaes, bem como de promover atravs de suas atividades a participao democrtica por meio da responsabilidade social (PIMENTA; SARAIVA; CORRA, 2006).

    Para Guilherme et al. (2002) o maior interesse dos financiadores e demais usurios das instituies do terceiro setor, concentra-se nos destinos dos recursos recebidos por essas entidades, no s pelos efeitos sociais, mas, sobretudo, pela influncia e participao que tm essas organizaes, no desenvolvimento da sociedade. Nesse sentido, algumas instituies do terceiro setor apresentam grandes dificuldades quanto captao de recursos para a manuteno de suas atividades, o que pode comprometer a continuidade dessas entidades (MRIO et al., 2013).

    2.3 INSTITUIES DO TERCEIRO SETOR: ASPECTOS GERENCIAIS E CONTBEIS

    Uma forma de aumentar o nvel de comprometimento dos agentes que atuam nas entidades do terceiro setor atravs do envolvimento da equipe de trabalho no processo de gesto dessas instituies. Como destaca Teixeira (2004), assim como em uma empresa do setor privado, o comprometimento das pessoas para uma organizao social ser maior

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    75TERCEIRO SETOR: PANORAMA DAS TENDNCIAS DE 1998 A 2013 POR MEIO DE UM ESTUDO BIBLIOMTRICO

    quando esta apresentar uma gesto de cunho participativo.

    Um aspecto importante para as entidades do terceiro setor o servio voluntrio desempenhado pelos agentes que atuam nessas instituies. Nesse sentido, Milani Filho, Corrar e Martins (2003) comentam que considerando que o reconhecimento e a comunicao do valor do servio voluntrio impactam na anlise de desempenho das entidades, estas informaes deveriam ser evidenciadas em nota explicativa, propiciando aos usurios internos e externos condies para conhecer e analisar a quantidade de voluntrios regulares e as respectivas horas de servios recebidas como doao. O aspecto gerencial tambm um ponto relevante nas instituies do terceiro setor, como afirmam Lima Filho, Bruni e Cordeiro Filho (2010) o planejamento estratgico proporciona s empresas planejar seu crescimento e manuteno no mercado, permitindo maior capacidade competitiva e subsidiando um desenvolvimento sustentvel a curto e longo prazo. Para Cardoso (2010) a gesto uma ferramenta que pode e deve ser usada para que uma entidade possa obter excelncia. Nesse sentido, uma forma de maximizar o desempenho operacional e de arrecadao de recursos financeiros das instituies do terceiro setor, atravs do investimento em conhecimento tcnico dos profissionais que atuam na rea gerencial. Guimares, Pinho e Leal (2010) corroboram, afirmando que a profissionalizao da gesto organizacional em determinada fundao, trouxe benefcios, pois, pode proporcionar mais seriedade e eficincia para a administrao das operaes de arrecadao, planejamento e controle da organizao.

    No que se refere a parte contbil, especificamente, a evidenciao das informaes contbeis das instituies do terceiro setor, as pesquisas de Silveira e Borba (2010); Zittei, Politelo e Scarpin (2013) constataram que em relao as organizaes que fizeram parte das amostras, o nvel mdio de evidenciao das entidades participantes foi considerado baixo, o que pode denotar a no percepo, por estas entidades, da importncia da prestao de contas e transparncia deste setor. Apesar de as instituies do terceiro setor se diferenciarem das demais organizaes, principalmente, porque aquelas no visaram o

    lucro, ambas as organizaes possuem certas semelhanas. Como destaca Cunha et al. (2010), em relao s empresas de auditoria do Estado de Santa Catarina os procedimentos de auditoria no diferem para uma auditoria das demonstraes contbeis com foco no terceiro setor em relao aos outros setores. Uma ferramenta contbil, entre as diversas que so utilizadas pelas organizaes com fins lucrativos e que tambm pode ser utilizada pelas entidades do terceiro setor a Demonstrao do Valor Adicionado (DVA), pois esta aplicada a uma entidade do Terceiro Setor pode funcionar como um instrumento complementar no processo de prestao de contas, uma vez que contribui para incrementar a evidenciao da participao de cada agente interessado no resultado da entidade (SANTOS et al., 2008).

    3 METODOLOGIA

    Os dados desta pesquisa foram tratados de forma qualitativa. Para Martins e Thephilo (2007) a pesquisa qualitativa o estudo aprofundado de determinado fenmeno que visa compreender, interpretar e analisar dados que no so passveis de serem expressos por dados numricos. Esta pesquisa enquadra-se como descritiva, que tem como principal objetivo descrever as caractersticas de determinado fenmeno, o que implica na anlise e no registro do objeto estudado (MARION; DIAS; TRALDI, 2002). Os dados deste artigo foram coletados por meio de pesquisa bibliogrfica, que conforme Marconi e Lakatos (2010) esta elaborada atravs de estudos j realizados sobre o tema que objeto de estudo, sobretudo, livros e artigos cientficos. Utilizou-se a tcnica de pesquisa bibliomtrica, que para Macias-Chapula (1998) o estudo das caractersticas da produo, disseminao e uso da informao registrada. Atravs da anlise de contedo, todas as informaes coletadas foram analisadas e interpretadas luz do referencial terico e dos objetivos da pesquisa. De acordo com Martins e Thephilo (2007) a anlise de contedo busca a essncia de um texto nos detalhes das informaes, o interesse no se restringe descrio dos contedos, deseja-se inferir sobre o todo, buscando compreender os efeitos e consequncias dessas informaes.

    A populao inicial da pesquisa foi composta por 125 artigos cientficos publicados em peridicos

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    76 BRUNA ALTO MARQUES PAULO HENRIQUE AMARAL RODY DONIZETE REINA GABRIEL MOREIRA CAMPOS

    nacionais e eventos cientficos da rea de Cincias Contbeis e Administrao, porm dois artigos estavam publicados tanto em Congressos quanto em Peridicos. Assim, foram excludas as duas publicaes repetidas mais antigas, uma por no ter a estrutura desejada de artigo (introduo, referencial terico, metodologia, anlises e resultados e consideraes finais) e sete por no abordarem especificamente o tema Terceiro Setor, restando uma amostra final de 115 artigos.

    As publicaes reunidas foram selecionadas nos anais dos Congressos da Associao Nacional de Programas de Ps-Graduao em Cincias Contbeis (AnpCont), no Congresso USP de Controladoria e Contabilidade e nos peridicos Brazilian Business Review (BBR), Revista Contabilidade e Organizaes (RCO), Revista de Contabilidade do Mestrado em Cincias Contbeis da UERJ, Contabilidade Vista & Revista, Contabilidade & Finanas, Revista Brasileira de Gesto e Negcios (RBGN), Revista de Informao Contbil (RIC), Revista de Contabilidade da UFBA, Revista Contabilidade & Controladoria, Revista Contempornea de Contabilidade, Sociedade, Contabilidade e Gesto (UFRJ), Contabilidade, Gesto e Governana, Revista Pretexto, Revista Enfoque: Reflexo Contbil, Revista Ambiente Contbil, Revista Alcance, Revista de Educao e Pesquisa em Contabilidade (REPEC) Revista de Gesto Organizacional (RGO. UNOCHAPEC), Revista de Administrao da Universidade de So Paulo (RAUSP), Revista Rena, Revista Gesto & Regionalidade, Revista ConTexto, Revista Eletrnica de Gesto Organizacional, Revista Pensar Contbil, Revista de Administrao Contempornea (RAC), Revista de Administrao Mackenzie (RAM), Revista de Gesto USP (REGE), Revista ANGRAD, Revista Catarinense da Cincia Contbil, Revista de Administrao da FEAD-Minas, Revista Organizaes em Contexto, Revista Eletrnica de Cincia Administrativa (RECADM), Revista de Contabilidade, Gesto e Finanas, Revista de Administrao e Contabilidade Faculdade Ansio Teixeira (ReAC).

    Outros peridicos foram pesquisados, entretanto no foram encontradas publicaes. Tais peridicos so: Revista BASE, Universo Contbil, Advances In Scientific And Applied Accounting (ANPCONT), Revista Registro Contbil, Revista RAE,

    Revista Contextus, Revista RACEF, Revista de Administrao, Contabilidade e Economia (RACE), Revista Brasileira de Contabilidade (RBC), Revista Eletrnica de Administrao (REAd), Revista Mineira de Contabilidade, Revista Brasileira de Finanas (RBFin), Tecnologias de Administrao e Contabilidade, Revista Razo Contbil & Finanas.

    Foram identificados trabalhos publicados entre 1998 e 2013. Os trabalhos analisados tanto nas revistas quanto nos congressos, foram obtidos por meio da busca eletrnica em seus respectivos sites, usando como critrio para a coleta dos dados, a ocorrncia da terminologia Terceiro Setor no ttulo, no resumo dos artigos e/ou nas palavras-chave.

    A tabela 1 apresenta a quantidade de artigos por Congresso e Peridicos analisados.

    Tabela 1 - Quantidade de artigos por Congres-sos e Peridicos

    (continua)

    CONGRESSOS NACIONAIS TOTAL TOTAL (%)

    Congresso AnpCont 4 3,48%

    Congresso USP 9 7,83%

    PERIDICOS NACIONAIS TOTAL TOTAL (%)

    Brazilian Business Review (BBR) 1 0,87%

    Revista Contabilidade e Organizaes (RCO) 2 1,74%

    Revista de Contabilidade do Mestrado em Cincias Contbeis

    2 1,74%

    Contabilidade Vista & Revista 5 4,35%

    Contabilidade & Finanas 1 0,87%

    Revista Brasileira de Gesto e Negcios (RBGN) 3 2,61%

    Revista de Informao Contbil (RIC) 2 1,74%

    Revista de Contabilidade da UFBA 2 1,74%

    Revista Contabilidade & Controladoria 2 1,74%

    Revista Contempornea de Contabilidade 4 3,48%

    Sociedade, Contabilidade e Gesto (UFRJ) 3 2,61%

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    77TERCEIRO SETOR: PANORAMA DAS TENDNCIAS DE 1998 A 2013 POR MEIO DE UM ESTUDO BIBLIOMTRICO

    Contabilidade, Gesto e Governana 4 3,48%

    Revista Pretexto 3 2,61%

    Revista Enfoque: Reflexo Contbil 4 3,48%

    Revista Ambiente Contbil 2 1,74%

    Revista Alcance 3 2,61%

    Revista de Educao e Pesquisa em Contabilidade (REPEC)

    3 2,61%

    RGO. Revista de Gesto Organizacional (UNOCHAPEC)

    1 0,87%

    Revista RAUSP 14 12,17%

    Revista Rena 4 3,48%

    Revista Gesto & Regionalidade 2 1,74%

    Revista ConTexto 4 3,48%

    Revista Gesto.ORG 5 4,35%

    Revista Pensar Contbil 3 2,61%

    Revista RAC 3 2,61%

    RAM. Revista de Administrao Mackenzie 1 0,87%

    REGE. Revista de Gesto USP 3 2,61%

    Revista ANGRAD 2 1,74%

    Revista Catarinense da Cincia Contbil 2 1,74%

    Revista de Administrao da FEAD-Minas 2 1,74%

    Revista Organizaes em Contexto 2 1,74%

    RECADM : Revista Eletrnica de Cincia Administrativa 4 3,48%

    Revista de Contabilidade, Gesto e Finanas 2 1,74%

    Revista de Administrao e Contabilidade da FAT 2 1,74%

    TOTAL 115 100,00%

    Fonte: Dados da pesquisa.

    Verificou-se que entre os dois Congressos

    pesquisados, o congresso USP aceitou e publicou

    7,83% do total de artigos encontrados, nmero

    maior do que o dobro dos 3,43% do congresso

    AnpCont. Entre os peridicos investigados,

    destaca-se a significativa diferena entre a

    quantidade de publicaes da Revista RAUSP e

    o restante dos peridicos. Isso porque a Revista

    RAUSP foi o peridico que teve mais artigos publicados, totalizando 14 trabalhos (12,17%) sobre Terceiro Setor. Depois dele, os peridicos que mais publicaram foram as revistas Contabilidade Vista & Revista e a Revista Gesto.ORG, ambas com 5 artigos e representando 4,35% cada; e as revistas Contabilidade, Gesto e Governana; Revista Enfoque: Reflexo Contbil; Revista Contempornea de Contabilidade; Revista Rena; RECADM e Revista ConTexto com 4 trabalhos (3,48%) cada. Observou-se ainda que 8 peridicos publicaram 3 estudos; 13 revistas publicaram 2 pesquisas e 4 peridicos publicaram apenas 1 artigo.

    Esta pesquisa apresentou como limitao ter utilizado apenas dois congressos nacionais como base de dados para coletar os artigos que compem a amostra, no tendo includo na amostra da pesquisa os demais congressos existentes.

    4 DESCRIO E ANLISE DOS RESULTADOS

    A populao foi analisada para confirmar a existncia, ou no, do crescimento na quantidade de artigos publicados ao longo do perodo avaliado, conforme mostra a figura 1.

    Figura 1 - Evoluo dos artigos publicados en-tre 1998 e 2013

    Fonte: Dados da pesquisa.

    De acordo com a figura, no se pode afirmar se houve ou no um aumento no nmero de artigos publicados, pois h muitas oscilaes na produo cientfica sobre Terceiro Setor durante os anos de 1998 e 2013, sendo que a mdia anual foi de aproximadamente 7 trabalhos publicados por ano. O ano de 2012 foi o ano com o maior nmero de artigos (18) e 2001 o nico ano em que no se publicou artigo algum. Destacam-se ainda os anos de 2011 com 15 artigos; 2010 com 12 pesquisas; 2006 com 10 trabalhos e 2008 com 9 publicaes.

    (concluso)

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    78 BRUNA ALTO MARQUES PAULO HENRIQUE AMARAL RODY DONIZETE REINA GABRIEL MOREIRA CAMPOS

    4.1 ESTUDO BIBLIOMTRICO

    a) Natureza do objetivo e Natureza do Estudo

    Verificou-se que 44,64% dos trabalhos analisados, classificam-se como exploratrios e 43,75%, como descritivos, ou seja, a diferena mnima, de menos de um ponto percentual, entre os artigos que tem como objetivo aprofundar o tema Terceiro Setor (exploratrios) e os que objetivam descrever um fenmeno ou populao (descritivos). Os outros 11,61% dos artigos analisados classificam-se como exploratrio-descritivos.

    A maior parte dos artigos analisados so estudos prticos, sendo que 39,29% so estudos de caso e 37,50% so survey. Tem-se tambm um nmero expressivo de trabalhos tericos, pois 21,43% dos trabalhos investigados so estudos do tipo conceitual. Verificou-se ainda um estudo classificado como tcnico-aplicado e um como prtico, ambos representando 0,89% cada.

    b) Abordagem Metodolgica, Fonte de Coleta de Dados e Tcnica de Coleta de Dados

    No que diz respeito sobre a abordagem metodolgica dos artigos, observou-se que a maioria dos estudos, 77,68%, de natureza qualitativa. Tem-se ainda que 16,07% dos artigos so de abordagem quantitativa e uma minoria, 6,25%, classificada como qualitativo-quantitativa. A enorme prevalncia de estudos qualitativos pode significar uma carncia em pesquisas envolvendo tcnicas estatsticas mais complexas.

    No que se refere fonte de coleta de dados dos artigos avaliados, percebeu-se que 50,89% das pesquisas usaram fontes secundrias como demonstraes e relatrios contbeis; e que 31,25% dos artigos utilizaram fontes primrias como questionrios e entrevistas. Tem-se ainda que 17,86% usaram ambas as fontes (primria e secundria).

    Constatou-se que houve um nmero expressivamente maior de artigos que usou apenas uma tcnica de coleta de dados, como pesquisa documental (27,68%), pesquisa bibliogrfica (23,21%), questionrio (14,29%) e entrevista (8,04%); do que o nmero que usou duas ou mais tcnicas, como entrevista e pesquisa documental (9,82%); pesquisa documental, observao, entrevista (6,25%); questionrio e entrevista

    (5,36%) e entrevista, questionrio e observao (1,79%).

    c) Tcnica de Anlise de Coleta de Dados, Nacionalidade das Empresas e Usurios

    Observou-se que nos artigos investigados, a tcnica de anlise de coleta de dados predominante a de anlise de contedo, sendo que ela representou 74,11% das pesquisas. Com porcentagens menos expressivas, notou-se que a tcnica de estatstica descritiva foi utilizada em 3,57% dos trabalhos e a tcnica de anlise do discurso em 1,79%. A triangulao e outras 15 tcnicas foram usadas em apenas um artigo cada, representando cada tcnica 0,89%. Esse fato confirmou mais uma vez a prevalncia de estudos com uso de procedimentos para descrever o contedo dos dados coletados e a deficincia de pesquisas com outras tcnicas, como por exemplo, anlise estatstica e anlise do discurso.

    Quanto nacionalidade das entidades pesquisadas, 73,21% dos artigos abrangeram entidades brasileiras em suas anlises e que apenas 2,68% envolveram entidades internacionais, de pases como Frana e Portugal. O nmero de estudos que utilizaram entidades de ambas as nacionalidades (brasileiras e internacionais) totalizou 15,18%.

    Em relao aos usurios, tem-se o nmero de artigos por tipo de usurio a que se destina a pesquisa. Percebeu-se um equilbrio entre os percentuais, sendo 35,71% dos trabalhos dedicados a ofertar informaes aos usurios internos e 33,93% destinados aos dois pblicos, tanto interno quanto externo. Por fim, 30,36% dos estudos tiveram como foco as informaes para os usurios externos.

    d) Categoria Empregada, Citao de Autores Estrangeiros, Autores mais Prolficos e Nmero de Autores por Artigo

    Observou-se que a maior parte dos trabalhos, representada por 28,57%, no empregou nenhuma categoria do Terceiro Setor, usando apenas essa mesma denominao para a exposio ou anlise de seus resultados e 21,34% utilizou apenas o termo organizaes/entidades do Terceiro Setor. Entretanto, entre as categorias utilizadas, o grande destaque o termo organizaes no governamentais, as chamadas ONGs, que foi empregada em 16,07% das pesquisas. Logo em

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    79TERCEIRO SETOR: PANORAMA DAS TENDNCIAS DE 1998 A 2013 POR MEIO DE UM ESTUDO BIBLIOMTRICO

    seguida, mas com metade dessa porcentagem 8,04%, nota-se a categoria Entidade Filantrpica. J os nmeros de artigos que empregaram as categorias fundao, Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico (OSCIPs), associao e Organizaes sem fins lucrativos, respondem por 7,14%; 5,36%; 4,46% e 2,68% respectivamente.

    Constatou-se que 73,91% dos artigos tm citaes de autores estrangeiros e que um nmero menos expressivo de 26,09% das pesquisas usaram apenas citaes de autores nacionais.

    Em relao aos autores que mais publicaram sobre o tema Terceiro Setor e foram identificados 255 autores no total. Assim, observou-se que o autor mais prolfico foi Jorge Eduardo Scarpin com 5 artigos publicados. Destaca-se tambm os autores Rosa Maria Fischer, Marco Antonio Figueiredo Milani Filho e Paulo Roberto da Cunha, ambos com 4 trabalhos cada; e os pesquisadores Patrcia Siqueira Varela, Aneide Oliveira Arajo, Romualdo Douglas Colauto e Poueri do Carmo Mrio, ambos com 3 artigos cada. Verificou-se ainda que 19 autores, representando 7,45% do total de pesquisadores, publicaram 2 artigos cada e que a significativa maioria, 89,02%, publicou apenas 1 artigo. Tais autores so os chamados one-timers, que so aqueles autores com apenas uma publicao.

    Entre os artigos investigados, verificou-se um equilbrio entre os trabalhos realizados por 2 e 3 autores, sendo representados por 32,17% e 29,57% respectivamente. Com nmeros menos significativos, observou-se que 18,26% das pesquisas analisadas tm apenas um autor e 14,78% possuem 4 autores. Consequentemente, um total reduzido de artigos (4,35%) foi produzido por 5 autores e apenas um trabalho foi realizados por 6 autores, representando 0,87% do total de artigos analisados.

    e) Perfil dos Autores e Instituio de Ensino mais Prolficas

    No que diz respeito sobre o perfil dos pesquisadores, entre os 255 autores identificados, 29,80% tm o ttulo de doutor e 7,84% esto frequentando o doutorado para receberem igualmente o ttulo; 22,35% dispem do ttulo de mestre e 10,98% esto cursando o mestrado. Percebe-se ainda que 9,41% dos autores tm apenas a graduao e 3,53% esto completando sua graduao. importante tambm ressaltar que um nmero ainda pequeno

    (2,14%) dos pesquisadores possui ps-doutorado e que no foi possvel conseguir informaes sobre o perfil de 4,71% dos autores.

    As instituies de ensino com mais autores vinculados. A partir dela, observou-se que a Universidade Regional de Blumenau (FURB) a instituio mais prolfica com 20 pesquisadores envolvidos. Logo em seguida, verifica-se a Universidade de So Paulo (USP) com 14 autores vinculados e a Fundao Getlio Vargas (FGV/SP) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ambas com 12 autores. Destaca-se tambm a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) com 11 pesquisadores envolvidos, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com 8 autores e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), a Universidade Federal do Paran (UFPR) e a FEA USP com 7 pesquisadores cada. importante ainda ressaltar que 29 instituies de ensino possuem apenas 1 autor vinculado e que informaes sobre a instituio vinculada a 2 autores no foram obtidas.

    f) Definies Constitutivas

    Durante a anlise dos artigos, verificou-se que a maioria deles (62,50%) apresentam definies constitutivas sobre Terceiro Setor. E entre os conceitos apresentados, o de Fernandes (1994) foi o mais citado. Apesar das inmeras definies observadas nos trabalhos investigados, como demonstra o Quadro 1, pode-se notar que existe uma concordncia entre grande parte dos autores citados em relao a aspectos da definio de Terceiro Setor, como por exemplo, a natureza privada, mas a finalidade no lucrativa; a no distribuio de lucros e a produo de bens e servios pblicos.

    Evidenciou-se tambm que palavras como voluntariado, solidariedade, bem estar social e coletividade, foram abundantemente usadas pelos autores citados em seus conceitos de Terceiro Setor. Ainda interessante ressaltar que duas definies, a de Hudson (1999) e a de Cardoso (1997), abordam o Terceiro Setor como um ambiente de mudana de pensamentos e aes das pessoas sobre a sociedade. Assim, para melhor visualizao dos achados as definies constitutivas foram agrupadas em clusters conforme Quadro 1.

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    80 BRUNA ALTO MARQUES PAULO HENRIQUE AMARAL RODY DONIZETE REINA GABRIEL MOREIRA CAMPOS

    Quadro 1 - Definies Constitutivas

    (continua)

    CLUSTERS DEFINIES CONSTITUTIVAS

    Organizaes Privadas e sem Fins Lucrativos

    O Terceiro Setor composto por organizaes sem fins lucrativos e no estatais (ARAJO, 2005); so pessoas [jurdicas] privadas de fins pbli-cos, sem finalidade lucrativa, constitudas voluntariamente por particulares, auxiliares do Estado na persecuo de atividades de contedo social re-levante (MODESTO, 1999); todas as aes do setor privado sem vnculo com o Estado e que tambm no distribuem os lucros auferidos (TAVARES, 2000); composto por organizaes de natureza privada (sem o objetivo do lucro) dedicadas consecuo de objetivos sociais ou pblicos, em-bora no seja integrante do governo (PAES, 2006; BAZOLI, 2009; ARA-JO, 2009; FALCONER, 1999); conceituado como um guarda-chuva que engloba organizaes privadas que no dependem do Estado, no tm fins lucrativos (HUDSON, 1999; COELHO, 2000); constitudo por organiza-es sem fins lucrativos e no governamentais (KANITZ); no visam gerar resultados financeiros para os proprietrios ou investidores (DRUCKER, 1994); entidades sem fins lucrativos tambm denominadas de Terceiro Setor (MEREGE; BARBOSA, 1998); composto por organizaes privadas; formais; autnomas; que no distribuem lucros aos seus dirigentes (SALA-MON; ANHEIER, 1992; THOMPSON, 1997); so aquelas que se declaram com finalidade pblica e sem fim lucrativo (CICONELLO, 2008); so institui-es sem fins lucrativos (CALIXTO, 2009); formado por organizaes sem fins lucrativos: o excedente reinvestido na prpria organizao, criada e mantida pela nfase na participao voluntria (KISIL, 1997; FERNAN-DES, 1994); o conjunto de (...) todas as organizaes privadas, sem fins lucrativos, recebedoras de recursos pblicos ou no, que atendem a um grupo restrito ou coletividade (CARDOSO, 2003); so iniciativas privadas que no visam lucros ou iniciativas na esfera pblica que no so feitas pelo estado (ROTHGIESSER, 2002).

    Conjunto de Pessoas Jurdicas

    Terceiro Setor o conjunto de todas as pessoas jurdicas de direito priva-do de administrao prpria, que no visam obteno de lucro e no o distribui entre os seus associados ou membros (ALBUQUERQUE, 2007); [...] sem fins lucrativos a pessoa jurdica de direito privado que no distribui, entre os seus scios ou associados eventuais excedentes operacionais, brutos ou lquidos, dividendos, bonificaes e participaes do seu patri-mnio, auferidos mediante o exerccio de suas atividades (Lei 9.790/1999).

    Organizaes com Vrios Objetivos Sociais

    Terceiro setor uma designao residual e vaga com que se pretende dar conta de um vastssimo conjunto de organizaes sociais que no so nem estatais nem mercantis (SANTOS, 1999); Terceiro Setor a denominao adotada para o espao composto por organizaes privadas, sem fins lu-crativos, cuja atuao dirigida a finalidades coletivas ou pblicas (sociais) (FISCHER, 2002 apud UNIMEP, 2009).

    Juno do Primeiro e Segundo Setores com a Finalidade de um Terceiro

    O terceiro setor visto como derivado de uma conjuno das finalidades do primeiro setor com a metodologia do segundo (OLIVEIRA; ROMO, 2008); composto por organizaes que visam a benefcios coletivos (embora no sejam integrantes do governo) e de natureza privada (embora no ob-jetivem auferir lucros) (SILVA, 2008); setor composto de organizaes di-versificadas que se caracterizam pelo valor no econmico, fundadas pela iniciativa privada (sociedade civil) com interesses pblicos e sociais (SOA-RES, 2008).

    Esfera de Atuao Pblica, com Independncia e Voluntariedade

    Uma esfera de atuao pblica, no-estatal, formada a partir de iniciativas privadas voluntrias, no sentido do bem comum (BRASIL, 2001); conhecido como setor independente ou voluntrio, aonde padres de referncia do lugar a relaes comunitrias (RIFKIN, 1995); aquele em que as atividades no seriam nem coercitivas nem voltadas para o lucro (COELHO, 2000); composto por organizaes criadas e mantidas pela nfase na participao voluntria, num mbito no governamental, dando continuidade s prti-cas tradicionais da caridade, da filantropia e do mecenato (FERNANDES, 1994).

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    81TERCEIRO SETOR: PANORAMA DAS TENDNCIAS DE 1998 A 2013 POR MEIO DE UM ESTUDO BIBLIOMTRICO

    Espao com Utilizao Voltada para o Interesse Social

    Terceiro setor um espao de participao e experimentao de novos modos de pensar e agir sobre a realidade social (RUTH CARDOSO, 1997); o espao institucional que abriga aes de carter privado, associativo e voluntarista que so voltadas para a gerao de bens de consumo coletivo (J.R. WOOD, 1999); uma viso ampliada da relao Estado-sociedade, em que as instituies que transitam entre essas esferas possuem legitimida-de para desenvolver aes de carter pblico (GOHN, 2007; TEODSIO, 2001; OAB, 2005; CAZZOLATO, 2009); so criadas e mantidas por pessoas que acreditam que as mudanas so necessrias e que desejam elas mes-mas tomarem providncias nesse sentido (HUDSON, 1999).

    Organizao com Finalidade de Suprir o Papel do Estado

    As organizaes do terceiro setor so aquelas que suprem parcialmente o papel do Estado no atendimento a determinadas necessidades sociais (MILANI FILHO, 2004); congrega uma legio de entidades que desempe-nham um papel complementar s aes do Estado na rea social (SPO-SATI, 1998); formado por organizaes no governamentais ONGs, o setor passou a existir com o aumento das carncias e ameaas de falncia do Estado (LIMA FILHO, 2010).

    Conjunto de Organizaes que visam Produzir Bens e Servios Pblicos

    O terceiro setor no um conjunto de organizaes e iniciativas privadas que visam produo de bens e servios pblicos (COLAUTO e BEU-REN, 2003); consiste em organizaes cujos objetivos principais so so-ciais ao invs de econmicos, portanto sua essncia engloba associaes, organizaes filantrpicas, beneficentes e de caridade, organizaes no governamentais (ONG), fundaes privadas, organizaes sociais e orga-nizaes da sociedade civil de interesse pblico (OSCIP), dentre outros (ALBUQUERQUE, 2007); conjunto de instituies que encarnam os valores da solidariedade e os valores de iniciativa individual em prol do bem pblico (SALAMON, 2000); ambiente que rene as organizaes privadas, aut-nomas e com administrao prpria, sem fins lucrativos, cuja atuao vo-luntria dirigida a finalidades coletivas ou pblicas (FERNANDES, 1994; PAES, 2001; FISCHER, 2002; OLAK; NASCIMENTO, 2008).

    Fonte: Dados da pesquisa.

    Observa-se que dentre os clusters identificados existe certa intercambialidade entre eles, aonde a essncia parece estar numa entidade cujo objetivo maior servir a sociedade como forma de apoio aos outros dois primeiros setores. Destaca-se tambm, que o objetivo desta diviso (clusters) no fora separar o Terceiro Setor, mas, evidenciar as diversas correntes relacionadas ao mesmo.

    g) Foco das Pesquisas

    Nos artigos analisados foram identificados 40 focos diferentes, sendo que Gesto Organizacional/ estratgica esteve presente em 20,5% dos

    trabalhos avaliados e Construo conceitual sobre a base terica das organizaes do terceiro setor em 11,6% das pesquisas. Verificou-se tambm que Evidenciao contbil foi o enfoque de 8,0% dos artigos estudados e Procedimentos contbeis de 3,5%, mesma porcentagem atingida pelo foco Prestao de contas/ accountability. Observou-se ainda que entre os 40 enfoques encontrados, 14 foram abordados em 2 trabalhos cada, e 16 enfoques em apenas 1 estudo cada.

    (concluso)

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    82 BRUNA ALTO MARQUES PAULO HENRIQUE AMARAL RODY DONIZETE REINA GABRIEL MOREIRA CAMPOS

    Tabela 2 - Quantidade de artigos por Foco das Pesquisas

    FOCO DAS PESQUISAS ARTIGOS %

    Gesto Organizacional/ estratgica 23 20,5

    Construo conceitual sobre a base terica das organizaes do terceiro setor 13 11,6

    Evidenciao contbil 9 8,0

    Procedimentos contbeis 4 3,6

    Prestao de contas/ accountability 4 3,6

    Aspectos conceituais e legais 3 2,7

    Percepo das prticas de responsabilidades das entidades do terceiro setor 3 2,7

    Sustentabilidade econmica e poltica 3 2,7

    Governana corporativa 3 2,7

    Qualificao profissional 3 2,7

    Publicaes cientficas sobre terceiro setor. 2 1,8

    Tomada de deciso 2 1,8

    Avaliao de desempenho 2 1,8

    Auditoria 2 1,8

    Controladoria 2 1,8

    Balano social 2 1,8

    Estrutura organizacional 2 1,8

    Papel das fundaes nas polticas sociais / representaes sociais 2 1,8

    Planejamento tributrio / no tributao 2 1,8

    Controles internos/ controle gerencial 2 1,8

    Aliana Inter setorial 2 1,8

    Relaes Inter organizacionais 2 1,8

    Apurao e Evidenciao de Custos 2 1,8

    Teoria do proprietrio, da entidade e dos fundos / teoria Patrimnio Lquido 2 1,8

    Nvel de participao de voluntrios e de funcionrios 1 0,9

    Eficincia na utilizao dos recursos 1 0,9

    Uniformidade entre os critrios de reconhecimento 1 0,9

    Atribuies do CEATS 1 0,9

    Evidenciao sobre o jazz para estudar a improvisao em contexto organizacional. 1 0,9

    Captao de recursos materiais e financeiros 1 0,9

    Diferenas entre os empreendedores sociais e privados. 1 0,9

    Envolvimento das entidades do terceiro setor com a atividade de catador. 1 0,9

    Capital intelectual 1 0,9

    Polticas e prticas de RH do TS 1 0,9

    Consultoria em ONGs 1 0,9

    Aderncia as prticas contbeis 1 0,9

    Conformidade dos relatrios contbeis 1 0,9

    Participao dos stakeholders 1 0,9

    Relao custo-efetividade 1 0,9

    Marketing de relacionamento /Captao de recursos. 1 0,9

    TOTAL 112

    Fonte: Dados da pesquisa.

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    83TERCEIRO SETOR: PANORAMA DAS TENDNCIAS DE 1998 A 2013 POR MEIO DE UM ESTUDO BIBLIOMTRICO

    Observa-se que apesar de o Terceiro Setor

    ser um assunto relativamente explorado no contexto

    acadmico, as reas de preocupao na pesquisa

    acadmica est relacionada as dificuldades ainda

    existentes quanto a gesto e organizao das

    instituies filantrpicas/sem fins lucrativos, isto

    , ao que parece a inexistncia de identidade

    dessas organizaes no que diz respeito a como

    gerenciar; como prestar contas; como atrair capital;

    como melhorar seu desempenho. E, esta falta

    de identidade pode estar relacionada a forma de

    gesto, j que nas instituies da iniciativa privada

    o lucro parece ser o direcionador das atividades,

    enquanto que no Terceiro Setor, essa solidez ainda

    no se deu nem no campo terico-conceitual.

    h) Principais Resultados Identificados nas Pesquisas

    No Quadro 2 esto relatados os principais resultados identificados nas pesquisas analisadas. Optou-se por apresenta-lo em forma de clusters como meio de melhor sintetizar as diversas tendncias apresentadas nos estudos. Neste sentido observa-se que parece existir dificuldades por parte das entidades do terceiro setor, especialmente na consolidao de modelos de gesto. H tambm, destaque para a questo do disclosure social que segundo os estudos tem relao direta com a captao dos recursos, isto , vrias entidades apostam na melhor forma de captao de mais recursos.

    Quadro 2 - Principais Resultados Identificados nas Pesquisas(continua)

    Clusters Resultados Identificados

    Origem dos Recursos

    Os resultados revelaram que, no mnimo, uma parceria foi firmada por ano, no perodo analisado, por cada entidade com um ente federativo e que 36% dos recursos repassados para as entidades atravs de parcerias so de origem federal e 64% das entidades pesquisadas recebem recursos atravs de convnios. Constatou-se, ainda, que a mdia de valores recebidos atravs de parcerias e subvenes foi crescente nos trs anos analisados, assim como a mdia de funcionrios dessas instituies e a de gerao de receitas.

    Instrumentos de Gesto dos recursos

    Os instrumentos utilizados so contabilidade financeira, planejamento estratgico e controle oramentrio, mas no h controle sobre eles; conseguiu-se uma economia de impostos com a adoo de novos processos; adoo do novo modelo de gesto est associada a um alto desempenho da organizao, uso eficiente dos recursos, com gesto de alto nvel; os principais resultados revelaram o despreparo desses gestores, cujas prticas esto muito aqum dos propsitos das organizaes; necessidade de adoo de um modelo de custeio que contemple a apropriao dos custos indiretos.

    Modelo de Gesto

    necessrio a descoberta de modelos de gesto mais adequados, como tambm a identificao das competncias necessrias s organizaes, aos profissionais, e especialmente, aos gestores, a fim de que possam compatibilizar as demandas organizacionais com as variveis organizao colocadas.

    Captao de Recursos

    A mobilizao de recursos est essencialmente pautada na simples captao de verbas governamentais e empresariais, no havendo outras formas de mobilizar recursos como, por exemplo, recursos de doadores individuais e a prestao de servios e a comercializao de produtos; a entidade capta recursos atravs de doaes, contribuies, como tambm de aplicaes financeiras e prestaes de servios.

    Preocupao com projetos sociais

    H uma preocupao dessas fundaes com os problemas sociais e que, mediante a realizao de projetos sociais, as empresas assumem um papel ativo no enfrentamento desses problemas em parceria com o Estado e as organizaes sociais.

    Sustentabilidade das Organizaes do 3 Setor

    A organizao conhece o conceito de sustentabilidade e o tem incorporado s suas prticas de gesto. E h presena de harmonia no que se refere a essas categorias de sustentabilidade. Porm h lacunas que podero ser preenchidas no que se refere harmonizao de categorias como voluntariado e profissionalizao.

    Relao com polticas pblicas

    As ONGs conseguiram maior aproximao com o Governo, ao suprir parte da demanda desse, ao oferecer atendimento com qualidade a custos reduzidos, alm de ter a oportunidade de ampliar rea de atuao; maior aprendizado sobre o funcionamento interno dos governos, os mecanismos de deciso e implementao de uma poltica; possibilitando assim, um maior dilogo.

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    84 BRUNA ALTO MARQUES PAULO HENRIQUE AMARAL RODY DONIZETE REINA GABRIEL MOREIRA CAMPOS

    Publicaes relacionadas ao terceiro setor

    A maior parte das publicaes se concentram em peridicos com classificao B3, os trabalhos com 3 autores foram maioria; as temticas Controladoria e a Contabilidade Gerencial, Controle gerencial e Desempenho so reas de mais publicaes; as pesquisas nessa rea so embrionrias, centradas em, basicamente, dois programas stricto sensu, e a disseminao ocorre quase que totalmente em congressos com apenas duas publicaes nas revistas pesquisadas.

    Disclosure Social

    As entidades enfatizam a evidenciao das informaes qualitativas, e apresentam informaes quantitativas de maneira sinttica em sua maioria; fato importante para entidades sem fins lucrativos, para aperfeioar sua evidenciao, e sua utilizao pode ser mais um critrio de transparncia para as entidades, aumentarem sua credibilidade; a maioria no publica o Balano Social, mas o consideram como um instrumento para dar transparncia sociedade acerca de suas aes; no h informaes suficientemente divulgadas pelas entidades que permita levantar os indicadores responsveis pelo fator Disponibilidade de Informaes.

    Deficincia na qualificao profissional

    Mais de um quarto das organizaes no realiza aes de qualificao dos seus funcionrio; as organizaes de grande porte, com mais de 100 funcionrios, mais de 22 anos no mercado e localizadas nas regies Sul e Sudeste correspondem ao perfil que mais oferece oportunidades de qualificao.

    Aderncia s normas contbeis

    Existe conformidade das demonstraes contbeis de aproximadamente 67%; as informaes disponveis so satisfatrias para a elaborao do Balano Social conforme o modelo IBASE; utilizam-se de maneira modesta as demonstraes contbeis no processo de gesto das mesmas; verificou-se que as normas contbeis norte-americanas (US-GAAP), internacionais (IASB) e brasileiras (CFC), relativas ao reconhecimento das contribuies, doaes e subvenes, no so uniformes; o Balano Patrimonial apresentou percentual de evidenciao de 71%, DOAR apresentou 77% e Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Social 88%; em relao s necessidades internas e legislao contbil especfica, a continuidade de tais entidades est relacionada com o comprometimento das pessoas envolvidas na administrao dos recursos das entidades.

    Fonte: Dados da pesquisa.

    (concluso)

    Outras questes fortemente apontadas nos resultados foram a falta de qualificao dos profissionais envolvidos no terceiro setor, haja vista que ainda difcil encontrar cursos e escolas preparatrios para atuao exclusiva no terceiro setor; quanto as demonstraes contbeis observa-se que vrios estudos contemplaram resultados demonstrando que as instituies esto adotando/seguindo as normas contbeis.

    Assim, destaca-se que as principais fontes para captao dos recursos ainda so os repasses governamentais para as entidades que atuam no terceiro setor. Sendo ainda, uma rea a ser melhorada, uma vez que se tem dificuldades de captar e/ou atrair novos apoiadores. Um pouco dessa dificuldade se deve falta de transparncia de parte das entidades como forma de usar a divulgao como chamariz para novos aportes.

    i) Principais Concluses Identificadas nos Estudos

    Diante do levantamento das principais concluses apontadas nos estudos, observou-se primeiramente que em geral os estudos no apresentam concluses efetivas, isto , os

    apontamentos identificados nos trabalhos remetem mais a uma sntese de principais resultados e no propriamente concluses sobre o tema. Talvez, essa perspectiva se confirme em funo da dificuldade de se levantar dados nas entidades; da dificuldade de obter informaes nos sites das entidades ou ainda por conta da prpria incipincia do tema que ainda no permite fazermos concluses mais generalizadas. Todavia, algumas principais concluses identificadas esto apresentadas no Quadro 3.

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    85TERCEIRO SETOR: PANORAMA DAS TENDNCIAS DE 1998 A 2013 POR MEIO DE UM ESTUDO BIBLIOMTRICO

    Quadro 3 - Principais Concluses Identificadas nos Estudos

    (continua)

    Clusters Concluses Identificadas

    Interrelao entre terceiro setor e sociedade

    O dilogo, a presso exercida junto ao poder pblico e a maior aproximao entre organizaes do terceiro setor, so fundamentais para a institucionalizao da aliana ONG-Governo e a sustentabilidade das organizaes do setor; no basta que as Organizaes Sem Fins Lucrativos apresentem o retorno social; apesar do dilogo entre governo, organizaes e fundaes corporativas, ele ainda incipiente e demanda maior compartilhamento de conhecimentos e habilidades entre esses atores; se as alianas assumirem um componente estratgico, podem se propor a influenciar as polticas pblicas; esse modelo de parceria rene qualificaes para produzir benefcios sociais que atendam ao interesse pblico; possvel melhorar significativamente a gesto dessas empresas que contribuem tanto para a comunidade.

    Evidenciao/Disclosure

    A falta de transparncia e o no atendimento as normas sinalizam para a possibilidade de comprometimento da captao de recursos por essas entidades; faz-se necessrio criar mecanismo que demonstre, com transparncia, o quanto feito por estas instituies; os doadores no sabem como foram aplicados os recursos e os gestores das organizaes no publicam as demonstraes contbeis e a credibilidade da organizao perante a sociedade fica prejudicada; a presena maior do disclosure obrigatrio demonstra a pouca preocupao dessas instituies com o disclosure voluntrio e com accountability pblica, deixando de fornecer informaes aos rgos reguladores e diversos stakeholders para que realizem as suas anlises; o nvel de evidenciao das entidades inadequado.

    Mecanismo de controle e gesto

    As organizaes possuem muitos dos princpios pertinentes a Governana Corporativa; existe a preocupao em estabelecer mecanismos de controle e operao condizentes, como boas prticas de governana; visvel a importncia da adoo dos controles internos para obter um bom desempenho na gesto e na salvaguarda dos seus bens; entidades do terceiro setor tendem a adotar prticas gerenciais de maneira cada vez mais eficaz, ajustando elementos informais e maleveis, prprios do Terceiro Setor; a ausncia de um planejamento estratgico, que gere prticas de oramento e de gesto integradas, torna a ao e o processo dessas entidades verdadeiras atividades de sorte.

    Prticas contbeis

    evidente a necessidade de normas de contabilidade mais aderentes a realidade do terceiro setor e que permitiro maior transparncia e compreenso de suas atividades pela sociedade em geral; quanto s demonstraes contbeis e os relatrios evidenciados, as fundaes apresentaram a sua maioria em acordo com a evidenciao obrigatria; preciso conscientizar as instituies sobre a importncia de escriturar seus fatos administrativos de forma legal, eficiente e segura, observando a documentao hbil para tais finalidades; a contabilidade como cincia social da informao e mensurao, pode dar sua contribuio nesse meio, entretanto, existem certos obstculos financeiros e econmicos a serem ultrapassados; imprescindvel ao contador das organizaes do terceiro setor a plena compreenso dos fins da entidade e do alcance da cincia contbil na contribuio para a realizao de suas atividades.

    Pesquisas no terceiro setor

    Pesquisas acerca das organizaes sem fins lucrativos um campo bastante promissor e pouco explorado; conclui-se que a produo cientfica brasileira em Terceiro Setor nas reas de administrao e contabilidade necessita de investimentos no nmero de artigos, na densidade de suas cooperaes e em sua consolidao como um campo de pesquisa permanente para os pesquisadores.

    Redes sociais e o terceiro setor

    As redes sociais so ainda mais importantes para o desenvolvimento da economia solidria, na medida em que fornecem a condio necessria para o acesso e uso de recursos escassos.

    Gerenciamento de resultados

    Percebe-se que a questo financeira, representada pela escassez de recursos, direciona a deciso dos gestores em manipular os dados a seu favor, ou seja, facilitando o alcance dos objetivos propostos; no h como implantar novos modelos organizacionais na esfera pblica sem a constante preocupao com o uso adequado e legtimo dos recursos.

    Relao profissional e soluo de problemas

    O sucesso do aperfeioamento gerencial do setor somente ser possvel a partir do momento em que se estruturar uma profissionalizao especfica do Terceiro Setor; deve-se pensar em difundir valores mais cooperativos do que competitivos no s quando se refere educao para gestores de organizaes do Terceiro Setor; esse panorama chama a ateno para a importncia de polticas pblicas, que facilitem o processo de capacitao das pessoas que atuam em organizaes menores, que oferecem poucas oportunidades de qualificao; um mnimo de racionalizao e profissionalizao de seus preceitos estaria de acordo com o que apregoa a literatura, podendo auxiliar na superao de um estgio ainda atrasado em termos de prticas gerenciais adequadas para enfrentarem os seus desafios.

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    86 BRUNA ALTO MARQUES PAULO HENRIQUE AMARAL RODY DONIZETE REINA GABRIEL MOREIRA CAMPOS

    Instrumentos de gesto

    A DVA aplicada entidade do Terceiro Setor pode funcionar como um instrumento complementar no processo de accountability; existem diferenas nas estratgias, nos objetivos e nos meios utilizados pelos empreendedores sociais e privados, a fim de alcanarem realizao pessoal; os gestores no tm conhecimento sobre alguns instrumentos da Controladoria como: sistema de informaes, controles internos e indicadores de desempenho.

    Fonte: Dados da pesquisa.

    (concluso)

    Destaca-se que algumas reas de preocupao permeiam as concluses dos autores. Dentre elas: gesto com base em instrumentos aperfeioados; maior aderncia s prticas contbeis como forma de melhor apresentar e estruturar as informaes para a sociedade; a defesa de uma interrelao entre sociedade e entidades do terceiro setor; mecanismos de controle e gesto e a necessidade de apresentar/informar melhor os usurios/doadores por meio do disclosure contbil.

    5 CONCLUSES E RECOMENDAES

    Objetivou-se nesta pesquisa identificar as caractersticas dos artigos cientficos sobre o terceiro setor publicados em congressos e peridicos nacionais nos anos de 1998 a 2013. Para alcanar tal objetivo utilizou-se de um estudo bibliomtrico para mapear os artigos sobre o tema terceiro setor publicados em congressos e peridicos nacionais.

    Constatou-se que durante o perodo analisado no se pode afirmar se existiu ou no uma evoluo quanto ao nmero de artigos publicados, uma vez que ocorreu uma significativa variao quanto ao nvel de produo cientfica sobre Terceiro Setor durante os anos de 1998 a 2013. Sendo que a mdia anual foi de aproximadamente 7 trabalhos publicados, e o ano de 2012 foi o ano com o maior nmero de artigos publicados, 18 no total. Mas, mesmo no sendo possvel inferir precisamente se houve ou no evoluo na produo cientfica sobre o tema terceiro setor, dada a mdia anual encontrada, entende-se ser necessrio estimular os pesquisadores da comunidade cientfica, que por sua vez, desenvolvam pesquisas sobre o tema terceiro setor.

    No que se refere ao mapeamento das caratersticas quantitativas dos artigos analisados, quanto aos aspectos metodolgicos, verificou-se que em

    relao: a natureza do objetivo, a maior parte dos artigos foram classificados como Exploratrios (44,64%); a natureza do estudo, a maior parte dos artigos so com base em Estudo de Caso (39,29%); a abordagem metodolgica, a maior parte dos artigos de natureza qualitativa (77,68%); a fonte de coleta de dados, a maior parte dos artigos utilizou dados secundrios (50,89%); a tcnica de coleta de dados, a maior parte dos artigos utilizou Pesquisa Documental (27,68%).

    Em relao a tcnica de anlise de dados, a maior parte dos artigos utilizou Anlise de Contedo (74,11%). Quanto ao fato de que a maior parte dos artigos analisados ter utilizado abordagem metodolgica qualitativa, os principais motivos para justificar tal situao, podem ser a preocupao dos autores em analisar o fenmeno investigado de forma mais aprofundada, e/ou dificuldade em utilizar tcnicas matemticas e estatsticas exigidas pelas pesquisas com abordagem quantitativa. Analogamente, situao semelhante pode-se inferir sobre os resultados encontrados em relao a Estudo de Caso e Anlise de Contedo.

    Ainda quanto s caratersticas quantitativas dos artigos analisados, outros aspectos foram identificados: Nacionalidade das Empresas, 73,21% dos artigos abordaram empresas brasileiras em suas amostras; Tipo de Usurio, 35,71% dos artigos focaram nos usurios internos das informaes; Citao de Autores Estrangeiros, 73,91% fizeram citao de autores estrangeiros; Autores e Instituies de Ensino mais Prolficos, respectivamente, Scarpin (5 artigos) e Universidade Regional de Blumenau (20 autores vinculados). A maior parte dos artigos investigou em suas amostras empresas brasileiras, talvez pela maior facilidade de acesso aos dados. Nota-se que existe uma predominncia nos artigos analisados pela rea gerencial com foco nos usurios internos, nesse sentido, demonstrando maior nfase aos aspectos de gesto organizacional e menor

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    87TERCEIRO SETOR: PANORAMA DAS TENDNCIAS DE 1998 A 2013 POR MEIO DE UM ESTUDO BIBLIOMTRICO

    ateno, aos aspectos contbeis de elaborao, divulgao e adequao das informaes contbeis das entidades do terceiro setor.

    No que se refere ao mapeamento das caratersticas qualitativas dos artigos analisados, em relao aos aspectos tericos, conceituais, resultados e concluses, identificou-se que quanto: as Definies Constitutivas, aproximadamente 72 artigos apresentaram definies constitutivas, entre elas Fernandes (1994) foi o autor mais citado; aos Resultados Obtidos, a maior parte dos artigos apresentou resultados consistentes e alinhados com os objetivos dos estudos, entretanto, alguns artigos divulgaram resultados de forma excessivamente ampla e genrica, comprometendo de certa forma a contribuio destes artigos com o meio cientfico; as Concluses ou Consideraes Finais; a grande maioria dos artigos apresentou concluses, apenas resgatando os principais resultados da pesquisa, e no fez inferncias sobre esses dados, o que representa uma inconsistncia metodolgica, uma vez que necessrio realizar inferncias dos autores sobre os resultados encontrados em uma pesquisa.

    Entende-se que este artigo contribuiu com o meio cientfico ao levantar os principais dados e resultados sobre o panorama da produo cientfica sobre o terceiro setor, estes que podero ser utilizados para que uma srie de decises sejam tomadas por diversos pesquisadores. Entre elas, conforme o foco dos artigos analisados, em relao aos temas menos pesquisados, com base nesse resultado encontrado, novas pesquisas podero ser realizadas pela comunidade cientfica abordando tal tema ainda carente na literatura.

    Conforme a principal limitao que esta pesquisa apresentou, de ter utilizado apenas dois congressos nacionais como base de dados para coletar os artigos que compem a amostra, no tendo includo na amostra da pesquisa os demais congressos existentes. Sugere-se que novas pesquisas semelhantes a esta sejam feitas, ampliando a amostra, no sentido de incluir os demais congressos nacionais existentes que no foram investigados por este artigo. Sendo que os resultados dessas futuras pesquisados podero ser comparados com os atuais.

    REFERNCIAS

    AGGARWAL, R. K.; EVANS, M.; NANDA, D. Nonprofit boards: Size, performance and managerial incentives. Journal of Accounting and Economics, v. 53, p.466-487, 2012.

    BRAZ, C. L. R.; CARDOSO, O. O. Economia solidria e redes sociais: antigos fenmenos, novas feies. Organizaes em Contexto, So Bernardo do Campo, v. 9, n. 17, p. 59-77, jan./jun. 2013.

    CALIXTO, L. As interrelaes ONGs ambientalistas, Estado e setor privado uma anlise luz das hipteses de Tocqueville. Revista Alcance, Santa Catarina, v. 16, n. 2, p. 241-259, mai./ago. 2009.

    CAMPOS. G. M. Estudo sobre a captao de recursos materiais e financeiros em entidades do terceiro setor situadas nas cidades de Vila Velha e Vitria (ES). Revista de Educao e Pesquisa em Contabilidade, Braslia, v. 2, n. 1, p. 94-110, jan./abr. 2008.

    CARDOSO, T. Terceiro setor e imunidade. Revista Catarinense da Cincia Contbil, Florianpolis, v. 9, n. 25, p. 9-18, dez./mar. 2010.

    CAREY, P.; KNECHEL, W.R.; TANEWSKI, G. Costs and Benefits of Mandatory Auditing of For-profit Private and Not-for-profit Companies in Australia. Australian Accounting Review, v.23, n.64, p.43-53, 2013.

    CHAGAS, M. J. R. et al. Publicaes acadmicas de pesquisas em contabilidade sobre terceiro setor no Brasil: anlise do perodo de 2007 a 2009. Revista de Administrao, Contabilidade e Sustentabilidade, Paraba, v. 1, n. 1, p. 1-17, mai./ago. 2011.

    COELHO, S. C. T. Terceiro setor: um estudo comparado entre Brasil e Estados Unidos. So Paulo: Senac, 2000.

    CONNOLLY, C.; HYNDMAN, N.; MCCONVILLE, D. UK charity accounting: An exercise in widening stakeholder engagement. The British Accounting Review, v.45, n.1, p.58-69, 2013.

    CORDES, J. Re-Thinking the Deduction for Charitable Contributions: Evaluating Effects of Deficit-Reduction Proposals. National Tax Journal, v.64, n.4, p.1001-1024, 2011.

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    88 BRUNA ALTO MARQUES PAULO HENRIQUE AMARAL RODY DONIZETE REINA GABRIEL MOREIRA CAMPOS

    CUNHA, P. R. et al. Procedimentos de auditoria aplicados pelas empresas de auditoria independente de Santa Catarina em entidades do terceiro setor. Revista de Contabilidade e Organizaes, So Paulo, v. 4, n. 10, p.65-85, set./dez. 2010.

    CUSTDIO, E. B.; JACQUES, F. V. S.; QUINTANA, A. C. Organizaes sem fins lucrativos: um estudo bibliomtrico. Revista Ambiente Contbil, Natal, v. 5, n. 2, p. 107-127, jul./dez. 2013.

    DRUCKER, P. F. Administrao de organizaes sem fins lucrativos. So Paulo: Pioneira, 1999.

    ELDENBURG, L.G.; GAERTNER, F.B.; GOODMAN, T.H. The Influence of Ownership 8and Compensation Practices on Charitable Activities. Contemporary Accounting Research, 2013.

    GUILHERME, H. F.; et al. Uma contribuio a contabilidade das entidades sem fins lucrativos no governamentais. In: 2 Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, 2002, So Paulo. Anais... So Paulo, 2002. p. 1-13.

    GUIMARES, I. P.; PINHO, L. A.; LEAL, R. S. Profissionalizao da gesto organizacional no terceiro setor: um estudo de caso na Fundao Instituto Feminino da Bahia. Contabilidade, Gesto e Governana, Braslia, v. 13, n. 3, p. 132-148, set./dez. 2010.

    HART, S. L.; MILSTEIN, M. B. Criando valor sustentvel. Revista de Administrao de Empresas, So Paulo, v. 3, n.2, p. 65-79, mai./jul. 2004.

    HOFMMAN, M. A.; MCSWAIN, D. Financial disclosure management in the nonprofit sector: A framework for past and future research. Journal of Accounting and Economics, 2013.

    INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA (IBGE). Fundaes privadas e associaes sem fins lucrativos no Brasil 2010. Rio de Janeiro: Estudos e Pesquisas. Informao Econmica, 2012.

    IOSCHPE, E. B. et al. 3 Setor: desenvolvimento social sustentvel. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

    LACETERA, N.; MACIS, M.; SLONIM, R. Rewarding Volunteers: A Field Experiment. Management Science, v.60, n.5, p.1107-1129, 2014.

    LIMA FILHO, R. N.; BRUNI, A. L.; CORDEIRO FILHO, J. B. Planejamento estratgico em entidades do terceiro setor: uma anlise na regio metropolitana de Salvador. Revista de Administrao e Contabilidade, Bahia, v. 2, n. 2, p. 4-19, jul./dez. 2010.

    MACIAS-CHAPULA, C. A. O papel da informetria e da cienciometria e sua perspectiva nacional e internacional. Cincia da Informao, Braslia, v. 27, n. 2, p. 134-140, 1998.

    MARCONI, M. D. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia cientfica. 7. ed. So Paulo: Atlas, 2010.

    MRIO, P. C. et al. A utilizao de instrumentos de contabilidade gerencial em entidades do terceiro setor. Sociedade, Contabilidade e Gesto, Rio de Janeiro, v. 8, n.1, jan./abr. 2013.

    MARION, J. C.; DIAS, R.; TRALDI, M. C. Monografia para os cursos de administrao, contabilidade e economia. So Paulo: Atlas, 2002.

    MARTINS, G. de A.; THEPHILO, C. R. Metodologia da investigao cientfica para cincias sociais aplicadas. So Paulo: Atlas, 2007.

    MEREGE, L. C.; BARBOSA, M. N. L. 3 Setor: reflexes sobre o marco legal. So Paulo: FVG, 1998.

    MILANI FILHO, M. A. F.; CORRAR, L. J.; MARTINS, G. A. O voluntariado nas entidades filantrpicas paulistanas: o valor no registrado contabilmente. In: 3 Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, 2003, So Paulo. Anais... So Paulo, 2003. p. 1-15.

    MILANI FILHO, M. A. F. Resultado econmico em organizaes do terceiro setor: um estudo exploratrio sobre a avaliao de desempenho. In: 6 Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, 2006, So Paulo. Anais... So Paulo, 2006. p. 1-10.

    MILANI FILHO, M. A. F.; MILANI, A. M. M. Governana no terceiro setor: estudo sobre uma organizao francesa do sculo XIX. Revista Eletrnica de Cincia Administrativa, Campo Largo, v. 10, n. 1, p. 32-46, mai. 2011.

    MODESTO, Paulo. Reforma do marco legal do terceiro setor no Brasil. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, n. 214, p. 55-68, out./dez. 1998.

  • Enf.: Ref. Cont. UEM - Paran v. 34 n. 2 p. 71-89 maio/ago de 2015

    89TERCEIRO SETOR: PANORAMA DAS TENDNCIAS DE 1998 A 2013 POR MEIO DE UM ESTUDO BIBLIOMTRICO

    NEUMAN, S. S.; OMER, T. C.; THOMPSON, A. M. Determinants and Consequences of Tax Service Provider Choice in the Not-for-Profit Sector. Contemporary Accounting Research, 2014.

    PIMENTA, S. M.; SARAIVA, L. A. S.; CORRA, M. L. Terceiro setor: dilemas e polmicas. So Paulo: Saraiva, 2006.

    PIZA, S. C. T. et al. A aderncia das prticas contbeis das entidades do terceiro setor s normas brasileiras de contabilidade: um estudo multicaso de entidades do municpio de So Paulo. Revista de Contabilidade do Mestrado em Cincias Contbeis da UERJ, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 78-97, set./dez. 2012.

    SALAMON, L. A emergncia do terceiro setor: uma revoluo associativa global. Revista de Administrao da Universidade de So Paulo, So Paulo, v. 33, n. 1, p. 5-11, jan./mar. 1998.

    SANTOS, D. P. et al. Demonstrao de valor adicionado: aplicao em uma instituio do terceiro setor de Minas Gerais. Revista Enfoque Reflexo Contbil, Paran, v. 27, n. 3, p. 45-56, set./dez. 2008.

    SAXTON, G.D.; NEELY, D. G.; GUO, C. Web disclosure and the market for charitable Contributions. Journal of Accounting and Public Policy, v.33, n.2, p.127-144, 2014.

    SILVEIRA, D.; BORBA, J. A. Evidenciao contbil de fundaes privadas de educao e pesquisa: uma anlise da conformidade das demonstraes contbeis de entidades de Santa Catarina. Revista Contabilidade Vista & Revista, Minas Gerais, v. 21, n. 1, p. 41-68, jan./mar. 2010.

    TACHIZAWA, T. Organizaes no governamentais e terceiro setor: criao de ONGs e estratgias de atuao. 3. ed. So Paulo, Atlas, 2007.

    TEIXEIRA, R. F.; Discutindo o terceiro setor sob o enfoque de concepes tradicionais e inovadoras de administrao. Revista de Gesto USP, So Paulo, v. 11, n. 1, p. 1-15, jan./mar. 2004.

    VARANDAS, R. N.; VILLA, P.; COLAUTO, R. D. Teorias da propriedade, entidade e fundos: uma anlise da evidenciao das demonstraes

    financeiras de empresas sem fins lucrativos. Revista de Contabilidade da UFBA, Bahia, v. 6, n. 2, p. 21-38, mai./ago. 2012.

    VESCO, D. G.; SANTOS, A. C.; SCARPIN, J. E. Uma anlise do campo cientfico em pesquisa com a temtica terceiro setor no Brasil, sob a perspectiva de redes sociais. V Congresso AnpCONT, 2011, Vitria. Anais... Blumenau, 2011, p. 1-17.

    ZITTEI, M. V. M.; POLITELO, L.; SCARPIN, J. E. Nvel de evidenciao contbil das organizaes do terceiro setor. In: 13 Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, 2013, So Paulo. Anais... So Paulo, 2013. p. 1-15.

    Endereo dos Autores:

    Universidade Federal do Esprito Santo - UFESAv. Fernando Ferrari, n 514, Goiabeiras.Vitria - ES Fone: (27) 4009-2602