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  • TERAPIA COMUNITRIA

    INTEGRATIVA NA ESF/SUS

    Adalberto de Paula Barreto

    Miriam Carmem Rivalta Barreto Doralice Oliveira

    Ivana Cristina de H.C.Barreto Marcelo Pimentel Abdala

  • 2

    A INSERO DA TERAPIA COMUNITRIA INTEGRATIVA (TCI) NA ESF/SUS

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR

    Reitor

    Prof. Dr. Jesualdo Farias

    Pro-Reitor de Extenso

    Prof.Dr.Antonio Salvador da Rocha

    Faculdade de Medicina - Diretor

    Prof. Dr. Luciano Moreira

    Departamento de Sade Comunitria

    Prof. Dra.Monica Faanha

    FUNDAO CEARENSE DE PESQUISA E CULTURA

    Presidente

    Prof. Dr. Francisco Antnio Guimares

    PROJETO DE INSERO DA TERAPIA COMUNITRIA INTEGRATIVA NA ESF/ SUS

    Ministrio da Sade /Fundao Cearense de Pesquisa e Cultura/ Convnio n 3363/2007 e n2397/2008

    Coordenador

    Prof. Dr. Adalberto de Paula Barreto

  • 3

    A INSERO DA TERAPIA COMUNITRIA

    INTEGRATIVA (TCI) NA ESF/SUS

    Adalberto de Paula Barreto

    Miriam Carmem Rivalta Barreto Doralice Oliveira

    Ivana Cristina de H.C.Barreto Marcelo Pimentel Abdala

    Fortaleza

    2011

  • 4

    FICHA TCNICA

    Miriam Carmem Rivalta Barreto

    Edio Executiva

    Antonio Claudio da Silva

    Projeto Grfico, Diagramao e Ilustraes

    Luciana Martins Ferreira Ripass

    Bibliotecria CRB 3 Regio 976

    Fabiana Abi Rached de Almeida

    Revises

    FINANCIAMENTO

    Ministrio da Sade/ Fundao Cearense de Pesquisa e Cultura

    Convnio n2397/2008

    APOIOS

    Universidade Federal do Cear

    Fundao Cearense de Pesquisa e Cultura

    Associao Brasileira de Terapia Comunitria Integrativa - ABRATECOM

    Movimento Integrado de Sade Mental comunitria do Cear MISMEC-CE

    Centro de Estudos da Famlia e da Comunidade - Cear

  • 5

    Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e qual no seja

    para venda ou qualquer fim comercial.

  • 6

    Sumrio

    A INSERO DA TERAPIA COMUNITRIA INTEGRATIVA (TCI)

    NA ATENO BSICA A SADE ________09

    A IMPLANTAO DA TERAPIA COMUNITRIA INTEGRATIVA

    NA ESTRATGIA DE SADE DA FAMLIA ________19

    RESULTADOS E IMPACTOS DA TCI JUNTO AOS PROFISSIONAIS

    DO ESF ________ 31

    O IMPACTO DA FORMAO EM TERAPIA COMUNITRIA JUNTO

    AOS PROFISSIONAIS DE SADE ________43

    AS AES COMPLEMENTARES DA TERAPIA COMUNITRIA

    SISTMICA INTEGRATIVA: A EXPERINCIA DE FORTALEZA ________ 52

    CONSIDERAESS FINAIS ________60

    REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS ________ 64

    ANEXOS ________ 71

  • 7

    Prefcio

    A presente publicao apresenta o processo de como ocorreu a implantao da TCI na Estratgia

    de Sade da Famlia e Rede SUS, bem com os dados obtidos na execuo dos convnios firmados entre o

    Ministrio da Sade e a Fundao Cearense de Pesquisa e Cultura da Universidade Federal do Cear,

    para a formao desses profissionais da sade, nos anos de 2008 e 2009, respectivamente, por meio dos

    convnios de nmeros 3367/2007 e 2397/2008.

    Os convnios foram executados em datas distintas, mas constituem um continuum na implantao

    da Terapia Comunitria Sistmica Integrativa na Estratgia Sade da Famlia e rede SUS. Consideramos

    oportuno apresentar e analisar conjuntamente os dados obtidos ao longo dos dois anos de implantao,

    pois possibilitou-nos estabelecer comparaes e aproximaes com maior embasamento.

    Os convnios citados tiveram como objetivo capacitar, na metodologia da Terapia Comunitria, os

    profissionais da rede bsica de sade, a fim de ampliar as possibilidades de atuao desses profissionais

    das populaes assistidas. O convnio 2397/2008, executado em 2009, manteve as mesmas

    especificaes do anterior (pblico alvo, metodologia, entre outros) de modo a ampliar a rede de

    profissionais capacitados nesta abordagem.

    A ttulo comparativo, apresentaremos tambm os dados obtidos no Convnio 16/2004, estabelecido

    entre a Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas SENAD, a Universidade Federal do Cear (UFC) e

    o Movimento Integrado de Sade Mental Comunitria do Cear (MISMEC), no intuito de dimensionarmos o

    impacto da implantao da TCI na ateno social e da sade comunitria do pas. Os dados do convnio

    16/2004 foram obtidos de 12.000 questionrios aplicados nas rodas de formao em terapia comunitria,

    com nfase na preveno e ateno ao uso de lcool e outras drogas, para lideranas comunitrias e

    profissionais das reas sociais, de sade e educao.1

    Inicialmente faremos uma breve apresentao terica sobre a TCI e sua insero nas prticas de

    ateno bsica em sade, um relato sobre os objetivos dos projetos executados, as dificuldades e avanos,

    e, na sequncia, uma amostragem dos dados obtidos ao longo das formaes de mbito nacional e a

    proposta da TCI como um programa da rede de Ateno Bsica. Apresentaremos igualmente o impacto da

    formao nos profissionais do ESF bem como dos gestores. Por ltimo, h um captulo sobre as Aes

    Complementares da TCI, o Cuidando do Cuidador (Resgate da Autoestima) e a Massoterapia, como

    unidades complementares de cuidado e promoo da sade mental, assim como seus respectivos espaos

    de realizao das prticas teraputicas para o acolhimento individual (massagens) e para o acolhimento

    coletivo (TCI e Cuidando do Cuidador), as Ocas de Sade Comunitria.

    1 Fonte: Relatrio tcnico-cientfico elaborado por ocasio do convnio firmado entre a Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas (SENAD), a Universidade Federal do Cear (UFC) e o Movimento Integrado de Sade Mental Comunitria do Cear, em 2006.

  • 8

    TERAPIA COMUNITRIA INTEGRATIVA (TCI) NA ATENO BSICA SADE

    O QUE A TERAPIA COMUNITRIA SISTMICA INTEGRATIVA?

    A Terapia Comunitria Sistmica Integrativa (TCI) uma metodologia que

    permite construir redes sociais solidrias de promoo da vida e mobilizar os

    recursos e competncias dos indivduos, das famlias e das comunidades.

    Procura-se, nesses encontros, suscitar a dimenso teraputica do grupo,

    valorizando a herana cultural dos antepassados, da multicultura brasileira e do

    saber produzido pela experincia de vida de cada um (Barreto, 2008). Essa

    prxis e ao transcendem classes sociais, profisses, raas, credos, partidos,

    englobando agentes e atores comunitrios.

    A Terapia Comunitria (TCI) centra a sua ao no sofrimento e no na

    patologia (sofrimento esse causado pelas situaes estressantes de vida e do

    cotidiano), criando espaos de partilha, digerimos a ansiedade paralisante que

    traz riscos para a sade. Na TCI, procuramos promover a sade em espaos

    coletivos, e no combater a patologia individualmente. Pois, cremos que a

    partilha de experincias no grupo mostra as possveis estratgias de superao

    dos sofrimentos e estimula a comunidade a encontrar, nela mesma, as

    solues dos seus conflitos.

    Nesse sentido, a TCI a partilha de experincias tendo um terapeuta

    comunitrio como facilitador que objetiva a valorizao das histrias de vidas

    dos participantes, o resgate da identidade, a restaurao da autoestima e da

    confiana em si, a ampliao da percepo dos problemas e possibilidades de

    resoluo a partir das competncias locais. funo do terapeuta estimular as

    pessoas a serem corresponsveis na busca de solues e superao dos

    desafios do cotidiano saindo da posio de vtimas.

    A TCI, portanto, configura-se como um espao de palavra, de escuta e

    de vnculo, estruturado por regras precisas, permitindo a partir de uma situao

    problema emergir um conjunto de estratgias de enfretamento para as

    inquietaes cotidianas devido a troca de experincias vivenciadas num clima

    de tolerncia e liberdade, protegidos de projees e desejos de manipulao.

    ONDE NASCEU?

    A Terapia Comunitria Sistmica Integrativa foi desenvolvida no

    Departamento de Sade Comunitria da Faculdade de Medicina da

    Universidade Federal do Cear sob a coordenao do Antroplogo e

    Psiquiatra, Prof. Dr. Adalberto de Paula Barreto. Aps receber pessoas

    encaminhadas pelo seu irmo Airton Barreto, advogado dos direitos

    humanos, para atendimento na Universidade, o Prof. Adalberto resolveu

    1

  • 9

    fazer o caminho inverso: indo da Universidade para a Comunidade.

    Iniciou, dessa forma, um trabalho de incluso da diversidade, possibilitando o acolhimento da diversidade e

    favorecendo o empoderamento e a descoberta de diversas possibilidades de superao frente ao

    sofrimento e a misria afetiva, e, ao mesmo tempo, possibilitou aos profissionais da Universidade curar-se

    de sua alienao acadmica.

    QUAIS ERAM AS DEMANDAS TRAZIDAS PELA COMUNIDADE?

    As primeiras demandas trazidas pela comunidade, que procurava o Centro de Direitos Humanos da

    Comunidade do Pirambu, em Fortaleza, eram individuais e centradas na busca de medicamentos para

    controlar insnias, violncia, alcoolismo, abandono, crises nervosas, fome, etc.

    A comunidade buscava nos psicofarmacos a soluo para os seus problemas e no fazia a relao

    entre os seus sofrimentos e o contexto scio-poltico-econmico no qual estava inserida. As pessoas

    aguardavam que a soluo para as suas dores viesse de fora, trazida por tcnicos e ou especialistas,

    polticos ou religiosos, gerando assim relaes de dependncia e assistencialismo.

    QUAIS FORAM OS PRIMEIROS DESAFIOS?

    Essa realidade centrada no indivduo e nos medicamentos foi, num primeiro momento, um grande

    desafio para o Prof. Dr. Adalberto Barreto, pois como passar de um modelo que gera dependncia para um

    modelo que nutre autonomia e protagonismo? Como acolher o sofrimento sem ter que medicaliz-lo como

    se fosse patologia? Como romper com a concentrao da informao e faz-la circular numa linguagem

    acessvel para que todos possam se beneficiar dela? Como resgatar o saber dos antepassados indgenas,

    africanos, europeus, orientais e a competncia adquirida por sua prpria experincia de vida? Como

    ultrapassar um modelo centrado na procura espontnea, na ateno individual, na cura medicamentosa, e

    possibilitar uma ao de promoo da sade coletiva? Como fazer o grupo acreditar em si, na sua

    competncia, na sua origem, em seus valores e princpios, nos recursos disponveis na comunidade e na

    sua cultura? Enfim, como romper a pobreza psquica?

    Assim, ao longo do tempo, por meio da experincia com a comunidade, que se deu pela escuta,

    apoio, respeito histria individual e coletiva, e fortalecimento do grupo, a TCI foi se construindo e traando

    seus objetivos e consolidando seu mtodo. E hoje a TCI uma prtica calcada na ao reflexiva, com

    objetivos e mtodos claros e cujo respaldo est na prpria experincia com o grupo.

    QUAIS SO OS OBJETIVOS DA TCI?

    Acolher e refletir o sofrimento do cotidiano gerado por situaes estressantes e fazer

    encaminhamentos se necessrio;

    Criar espaos de partilha destes sofrimentos, digerindo uma ansiedade paralisante que traz riscos

    para a sade dessas populaes;

  • 10

    Prevenir, promover a sade (atitude positiva) em espaos coletivos, e no combater a patologia

    (atitude negativa) individualmente;

    Valorizar e reforar o papel do indivduo, da famlia e da rede de relaes para que possam descobrir

    seus valores, suas potencialidades, tornando-se mais autnomos e menos dependentes;

    Favorecer o desenvolvimento comunitrio, prevenindo e combatendo as situaes de excluso dos

    indivduos e das famlias, por meio da restaurao e fortalecimento dos vnculos sociais e afetivos;

    Tornar possvel a comunicao entre as diferentes formas de saber popular, saber cientfico e

    saber poltico;

    Intervir nos determinantes sociais da sade, em especial na reduo do estresse e ampliao do

    apoio social.

    QUAIS SO OS EIXOS TERICOS DA COMUNITRIA SISTMICA INTEGRATIVA?

    A Terapia Comunitria alicerada em cinco eixos tericos:

    1. Pensamento Sistmico: sou parte do problema e parte da soluo. Conscientes da rede em que estamos inseridos, compreendendo a relao de interdependncia que existe entre as vrias partes desse todo, fica

    mais fcil compreender os mecanismos de autorregulao, proteo e crescimento, dos quais somos todos

    corresponsveis.

    2. Resilincia: quando a carncia gera competncia. O enfrentamento das dificuldades produz

    um saber para superar as adversidades contextuais. Aqui vale lembrar o ditado, a ostra que no foi ferida

    no produz prolas.

    3. Teoria da Comunicao: tudo comunicao. A partir desta premissa, exploramos duas ideias chaves:

    todo comportamento, cada ato verbal ou no, individual ou no, tem valor de comunicao e, na TCI,

    aprendemos a ser mais interrogativos do que afirmativos, a querer compreender mais do que julgar e

    descriminar. Por exemplo, incentivamos que as pessoas reflitam: o que esta pessoa esta querendo

    comunicar determinada atitude? Quem j se sentiu o pingo do i de uma relao e o que fez para tornar-se

    uma letra? Pois, a conscincia que se tem de si fruto de uma relao de comunicao com o outro.

    preciso compreender que, atrs de toda comunicao, tem uma definio de si e o indivduo pode ser

    confirmado, rejeitado ou denegado.

    4. Antropologia Cultural: quem sou passa pelo que creio, como ando, falo, como me visto. A cultura o

    arcabouo de nossa identidade. a partir dessa referncia que podemos nos afirmar, nos aceitar e,

    tambm, aceitar os outros e assumir nossa identidade como pessoa e como cidado. A cultura vista como

    valor, um recurso que permite somar, multiplicar nossos potenciais de crescimento e de resoluo dos

  • 11

    problemas sociais. A diversidade cultural boa para todos e verdadeira fonte de riqueza de um povo e de

    uma nao.

    5. Pedagogia da ao-reflexo de Paulo Freire: a TCI um instrumento pedaggico que permite a

    aplicabilidade das ideias de Paulo Freire. Isto , as regras que estruturam a TC asseguram a circularidade e a horizontalidade da comunicao, onde cada um possui o seu saber, respeitando sempre a palavra do

    outro, deixando-se interpelar por uma nova leitura de uma mesma problemtica. A fala do outro desperta

    em mim a minha histria e possibilita que nos aproximemos uns dos outros. Descobrimo-nos humanos,

    imperfeitos, inacabados. Outra ideia de Paulo Freire tem que ver com a valorizao dos recursos pessoais

    e das razes culturais. O aprendizado libertador somente ocorre onde h respeito aos saberes socialmente

    construdos pela experincia da vida. Qualquer discriminao imoral, pois agride o ser humano e nega a

    possibilidade de se viver democraticamente, apesar das diferenas.

    Ressaltamos ainda que nas rodas de TCI cada um Doutor de sua vivncia, da a regra de ouro

    de falar de si sempre na primeira pessoa.

    QUAL A FILOSOFIA DA TERAPIA COMUNITRIA SISTMICA INTEGRATIVA?

    A TCI se baseia nos seguintes pressupostos fundamentais: toda pessoa, qualquer que seja sua

    condio socioeconmica ou cultural, possui recursos e saberes teis aos outros; pois essas competncias

    provm das dificuldades superadas e dos recursos culturais. Sob estas bases, as partilhas ocorrem de

    forma horizontal e circular, uma vez que o que valorizado no a diferena de situao econmica ou

    universitria, mas a variedade das experincias de vida. Assim, todos se encontram no mesmo patamar. A

    TCI , principalmente, pautada pela tica das relaes a servio dos valores da vida, igualdade, justia e

    cidadania

    QUEM PODE SER TERAPEUTA COMUNITRIO?

    Qualquer pessoa que segue uma formao em Terapia Comunitria Sistmica Integrativa pode ser

    terapeuta comunitrio ou animar uma roda de TCI, porque a TCI no uma psicoterapia: no trabalha a

    doena e nem visa buscar nenhuma cura, muito menos centrar-se na patologia. O acolhimento e o cuidado

    passam pela insero do indivduo a redes de apoio social. Na Terapia Comunitria, o foco de ateno

    acolher o sofrimento em espaos coletivos, pblicos, comunitrios.

    QUAL A FORMACAO DO TERAPEUTA COMUNITRIO?

    A formao em TCI tem uma carga horria que totaliza 360 h/a distribudas em:

    80 h/a Tericas Presenciais;

    80 h/a Vivncias Teraputicas Presenciais;

    80 h/a Interviso Presenciais;

    120 h/a de Pratica que corresponde a 48 rodas de terapia comunitria.

  • 12

    O curso da formao em TCI geralmente ocorre em mdulos de 40h/a, contendo teorias, vivncias

    teraputicas e treinamento das rodas de TCI. Sendo que, nos intervalos entre os mdulos, acontecem as

    intervises e as prticas regulares de TCI nas comunidades/instituies, totalizando a carga horria de

    360horas/aulas. Essa metodologia modular da formao o modelo preferencial, pois assegura a prtica

    com ponto de partida das reflexes tericas necessrias para clarificar e consolidar uma ao reflexiva.

    QUAIS OS CRITRIOS PARA PARTICIPAR DA FORMAO?

    Os critrios de seleo para a formao em TCI so:

    Idade acima de 21 anos;

    Ser escolhido dentro de sua rea de abrangncia territorial ou institucional;

    Ter conhecimento sobre a rede de apoio de sua comunidade;

    Ter interesse e disposio para trabalho em equipe;

    Ser algum engajado em trabalhos comunitrios;

    Ter disponibilidade mental/emocional para participar de prticas vivenciais durante o curso;

    Condio de participar das aulas do curso, conforme o formato de desenvolvimento da

    programao;

    Ter disponibilidade para realizar uma terapia comunitria semanal.

    QUAIS SAO AS ATRIBUIES DO TERAPEUTA COMUNITRIO?

    O terapeuta comunitrio deve organizar o dilogo favorecendo a conscincia social transformadora,

    devolvendo aos seres humanos a condio de autoria de sua prpria histria e sujeito de suas escolhas.

    Para isto, o terapeuta comunitrio deve conduzir as rodas atento ao:

    Acolhimento do grupo;

    Observncia das regras (silncio, no julgar, no dar conselhos, etc.);

    Centrar perguntas em torno das estratgias de superao das dificuldades;

    Fazer emergir as prolas, os saberes construdos pelo grupo, possibilitando pessoa clarificar

    suas questes e, com isto, fazer suas prprias descobertas;

    Conhecer a rede de ateno comunitria existente na localidade para que a TCI possa dar apoio

    s outras atividades;

    Ser poliglota de sua prpria cultura, ou seja, conhecer os diferentes cdigos culturais utilizados na

    expresso do sofrimento;

    Realizar encaminhamentos para a rede de apoio social (governamental e no governamental) nos

    seus diferentes nveis de complexidade;

  • 13

    Estar bem consciente dos objetivos da terapia e dos limites de sua interveno para no

    extrapolar sua funo. A TCI no uma psicoterapia, prerrogativa dos especialistas. Ela se

    prope a suscitar uma dinmica que possibilite a partilha de experincias e criao de uma rede

    de apoio aos que sofrem;

    Registrar os dados da roda de TCI para apreciao de sua atuao (aprimoramento da Prtica) e

    organizao das informaes (desencadear aes complementares) veja anexo 1.

    ONDE A TERAPIA COMUNITARIA EST ATUANDO?

    No Brasil, a Terapia Comunitria Sistmica Integrativa atua em todas as regies e legitimada e

    regulamentada pela ABRATECOM Associao Brasileira de Terapia Comunitria Sistmica Integrativa

    (www.abratecom.org.br). Na Europa, atua na Frana, Sua, Alemanha, Dinamarca e Itlia, representada

    pela AETCI Associao Europeia de Terapia Comunitria Integrativa (www.aetci.romandie.ch). Na frica,

    em Moambique, est sendo implantada numa parceria entre o Ministrio da Sade Brasileiro, o Ministrio

    da Sade de Angola e Movimento Integrado de Sade Mental Comunitria do Distrito Federal (MISMEC-

    DF). Na Amrica Latina, est sendo desenvolvida na Argentina, Uruguai e Chile.

    E a validao mais recentemente aconteceu durante a IV Conferncia Nacional de Sade Mental -

    Intersetorial, realizada entre 27 de junho e primeiro de julho de 2010 em Brasilia-DF -, aprovando a TCI

    como poltica pblica PRIORITRIA NACIONAL2

    QUEM PODE CAPACITAR O TERAPEUTA COMUNITRIO?

    2 A TCI foi indicada como proposta prioritria na Conferncia Nacional de Sade Mental, em 2010.nos seguintes eixos: Eixo I: Polticas Sociais e Poltica de Estado, Sub-eixo 1.1: Organizao e Consolidao da Rede, " Garantir a continuidade da implantao, ampliao e fortalecimento da Terapia Comunitria como estratgia integrativa e intersetorial de promoo e cuidado em sade mental nos servios de sade, sade mental e assistncia social." Eixo I, Sub-eixo 1.2: Formao, Educao Permanente e Pesquisa em Sade Mental, Ampliar e consolidar a Terapia Comunitria como estratgia de promoo e cuidado em sade mental na Ateno Bsica, capacitando os profissionais da Estratgia de Sade da Famlia,em conjunto com os profissionais da Sade Mental, Assistncia Social, Educao, Conselho Tutelar e Comunidade" Eixo II: Consolidar a rede de Ateno Psicossocial e Fortalecer os Movimentos Sociais; Sub-eixo 2.2: Prticas Clnicas no Territrio " Garantir o financiamento para a formao em Terapia Comunitria nos municpios que desejarem implant-la e fortalecer naqueles que j esto em desenvolvimento, como importante estratgia de cuidado no territrio." Eixo III: Direitos Humanos e Cidadania como Desafio tico e Intersetorial: Sub-Eixo Violncia e Sade Mental: Intensificar o processo de formao em Terapia Comunitria como estratgia para ampliao dos recursos que integram a sade mental na ateno bsica, contribuindo com a desmedicalizao." .

  • 14

    Hoje, em territrio nacional, somam-se 47 (quarenta e sete) plos formadores (ver tabela abaixo)

    habilitados para capacitar profissionais de diferentes reas nesta prtica teraputica com eficincia e

    eficcia, alm das parcerias governamentais e no governamentais. Atualmente so 25.000 terapeutas

    comunitrios formados e em formao, desenvolvendo a TCI em: associaes de bairro,

    escolas/universidades, corporaes, cooperativas, salas de espera, pastorais de diversas igrejas, pontos de

    cultura, empresas, redes de sade, CRAS, penitenciarias, praas pblicas, instituies pblicas e privadas,

    rede de apoio no governamental - AA, NA, ALANON.

    PLOS FORMADORES EM TERAPIA COMUNITRIA SISTMICA INTEGRATIVA Fonte: ABRATECOM: ABRIL/2011

    Regio Norte

    Plo Cidade Estado 1. MISMEC- AM [email protected]

    Manaus Amazonas

    2. SOPSI - Servio de Orientao Primria a Sade Integral [email protected]

    Belm do Para Par

    Regio Nordeste

    Plo Cidade Estado 3. MISC- MA [email protected]

    So Luis Maranho

    4. MISC-PB [email protected]

    Joo Pessoa Paraba

    5. Espao Famlia [email protected]

    Recife Pernambuco

    6. Aquarius [email protected]

    Recife Pernambuco

    7. Instituto Maria dos Prazeres [email protected]

    Teresinha Piau

    8. MISC/Sobral Sobral Cear 9. MISMEC CE [email protected]

    Fortaleza Cear

    10. MSMCBJ - CE [email protected]

    Fortaleza Cear

    11. Centro de Estudos da Famlia e da Comunidade CE [email protected]

    Fortaleza Cear

    12. MISC BA [email protected]

    Salvador Bahia

    13. UCSAL Salvador Bahia 14. COFAM - Centro de Orientao Familiar

    [email protected] [email protected]

    Salvador Bahia

    Regio Sudeste

    Plo Cidade Estado 15. Afinando a Vida [email protected] Guaxup Minas Gerais

    16. MISC MG [email protected] Ipatinga Minas Gerais

    17. MISC dos Vales [email protected]

    Governador Valadares Minas Gerais

    18. CAIFCOM Sul de Minas [email protected] Pouso Alegre Minas Gerais

    19. Instituto Mantiqueira Delfim Moreira Minas Gerais 20. Instituto Noos [email protected] Rio de Janeiro Rio de Janeiro

    21. Centro de Estudos da Famlia e da Comunidade RJ [email protected] [email protected]

    Rio de Janeiro Rio de Janeiro

    22. CEAF - Centro de Estudo e Assistncia a Famlia [email protected] So Paulo So Paulo

  • 15

    23. Tcendo.sp Ensino e Desenvolvimento [email protected]; [email protected] So Paulo So Paulo

    24. INTERFACI: Instituto de Terapia Famlia, Casal, Comunidade e Individuo [email protected]; [email protected]

    So Paulo So Paulo

    25. Plo de Formao em Terapia Comunitria UAKTI*ARA [email protected]

    So Paulo So Paulo

    26. SMS/CEFOR [email protected] So Paulo So Paulo

    27. MISC/Ciranda Social [email protected] So Paulo So Paulo

    28. PROTEF DA ESOFS Programa de Terapia Familiar da Escola de Psicodrama Sistmico So Paulo So Paulo

    29. MITECOM/AMADURECER Movimento Integral de Terapia Comunitria [email protected]

    So Paulo So Paulo

    30. UNIFESP/HSP Curso de Especializao em Terapia Comunitria So Paulo So Paulo

    31. UNIFESP/Enfermagem Nos te apoiamos [email protected] So Paulo So Paulo

    32. ASF - Associao Sade da Famlia [email protected] So Paulo So Paulo

    33. GEEBEM [email protected] So Paulo So Paulo

    34. Plo Formador de Terapia Comunitria [email protected] Presidente Prudente So Paulo

    35. ABC [email protected]; Santo Andr So Paulo

    Regio Sudeste

    Plo Cidade Estado 38. MISC So Carlos [email protected]

    So Carlos So Paulo

    39. Piracema Ncleo Regional de Ateno a Famlia [email protected]

    Sorocaba So Paulo

    Regio Sul

    Plo Cidade Estado 40. Plo Formador em Terapia Comunitria de Londrina [email protected]

    Londrina Paran

    41. Hospital de Clinicas UFPR [email protected]

    Curitiba Paran

    42. CAIFCOM SC [email protected]

    Florianpolis Santa Catarina

    43. CAIFCOM RS [email protected]

    Porto Alegre Rio Grande do Sul

    Regio Centro oeste

    Plo Cidade Estado 44. MISC TO [email protected]

    Palmas Tocantins

    45. MISC-MT [email protected]

    Sorriso Mato Grosso

    46. MISMEC/DF [email protected] [email protected]

    Braslia Distrito Federal

    47. MISC/GO [email protected]

    Goinia Gois

  • 16

    COMO A TCI PODE SE INTEGRAR AOS SERVICOS DE SADE MENTAL?

    No Brasil, anualmente, cerca de 300 mil pessoas so internadas em hospitais psiquitricos pblicos

    e conveniados com o SUS. Os usurios destes servios padecem de distrbios relativos ao abandono, a

    excluso e baixa autoestima. Para enfrentar esse problema, criamos aes que estimulem e integrem

    modelos preventivos contra a psiquiatrizao e a medicalizao da vida. A Terapia Comunitria se prope

    a reforar a rede de apoio, a criar espaos de incluso e valorizao da diversidade resgatando a herana

    cultural e a historia pessoal do sujeito.

    A prtica tem mostrado ser possvel realizar rodas teraputicas em centros de ateno psicossocial

    e TCI servios de sade mental, agregando psiquiatras, enfermeiros, mdicos, psiclogos, usurios,

    familiares e convidados. Os encontros so sempre ldicos, com contao de histrias, cantorias,

    brincadeiras de roda, recitao de poesias. Isso possibilita ao grupo valorizar o seu contexto de origem, os

    saberes de cada um e, ao mesmo tempo, permite ativar a memria coletiva e criar um ambiente agradvel.

    Como todo delrio uma construo, as falas delirantes encontram lugar e so acolhidas pelo grupo, pois

    falam do cotidiano daqueles que tambm j passaram pelas mesmas situaes (uso de medicamentos,

    surtos, crises, relao familiar).

    COMO A TCI PODE ATUAR NA EDUCAO?

    Nas escolas pblicas e privadas, a TCI pode atuar como espao para debates das questes

    coletivas dos jovens, de como se sentem no mundo moderno de hoje, possibilitando identificaes com os

    demais e acolhendo essa nova fase da vida, cheia de nuances e imprevisibilidades.

    Alm dos grupos de jovens, podem-se criar espaos para os prprios professores e coordenadores

    das escolas, para que troquem entre si suas impresses sobre o cotidiano e, sobretudo, que se sintam

    acolhidos na dimenso afetiva e humana. Como na TCI, quem ensina aprende e quem aprende ensina,

    essa prtica de partilha pode possibilitar muitos aprendizados e descobertas.

    COMO A TCI PODE ATUAR NA ASSISTNCIA SOCIAL?

    A poltica de assistncia social prev a criao de dispositivos territoriais de base comunitria,

    funcionando como porta de entrada para a rede socioassistencial, so os CRAS - Centros de Referncia de

    Assistncia Social. Os CRAS, alm de mapearem o territrio de sua rea de abrangncia, oferecem espao

    para o atendimento das comunidades e possibilitam oficinas de gerao de renda e de reflexo coletiva,

    Abri todas as minhas janelas. Deixei o sol entrar e hoje sou mais feliz. (PR ACS)

    Aprendi a suportar o meu prprio sofrimento ouvindo o sofrimento do outro. (CE ACS)

  • 17

    com o objetivo de fortalecimento de vnculos familiares e comunitrios. A TCI funciona no CRAS como uma

    oficina de convivncia, de trocas e partilhas entre as diferentes comunidades, minimizando a diferena e

    possibilitando o acompanhamento das famlias atendidas.

    Outro fator que a TCI acrescenta a esses servios a criao de redes (mulheres artess) e a

    diminuio da maternagem do servio, favorecendo o empoderamento e a conscientizao de um

    processo libertador, no qual pessoas se tornam sujeitos de sua prpria historia, atuando no mundo, pelas

    suas comunidades e grupos de origem.

    COMO A TCI PODE ATUAR NA SENAD/FUNAI?

    A partir do I Levantamento Nacional sobre o Uso de lcool e outras Drogas em Comunidades

    Indgenas Brasileiras, realizado pela Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas (SENAD), foi

    desenvolvido o Projeto Piloto de Formao de Lideranas Indgenas em Terapia Comunitria Sistmica

    Integrativa e Aes Complementares Indgenas (Massoterapia e Resgate da Autoestima). O Projeto visa

    replicar o modelo do Projeto 4 Varas em aldeia indgena com o objetivo de criar espaos coletivos (TCI e

    terapia do resgate da autoestima) e individuais de cuidado(massoterapia) e, sobretudo, de resgate da

    identidade cultural dos povos pesquisados (Xacriaba, Ticuna, Terena, Guarani, Kaiowa, Kaingang e Patax)

    para a preveno ao uso de lcool e outras substncias, que interferem consideravelmente no cotidiano das

    comunidades, contribuindo para a manuteno dos rituais, valores, crenas e hbitos de comunidades

    tradicionais.

    A TCI J FOI RECONHECIDA EM MBITO NACIONAL?

    Sim, e h alguns anos. Nossa experincia no Cear, mais especificamente no Movimento Integrado

    de Sade Mental Comunitria (MISMEC CE), o Projeto 4 varas, bero da Terapia Comunitria, chamou a

    ateno da Pastoral da Criana. Em 1992, Dra. Zilda Arns viu na TCI uma forma de enriquecer ainda mais

    a atuao dos agentes da Pastoral. Ela dizia: este mtodo vai nos ajudar a reduzir o estresse das famlias

    onde as crianas so as que mais sofrem por conta do clima de nervosismo e violncia to comum nas

    comunidades carentes onde a Pastoral da Criana age. Vamos treinar nossos agentes comunitrios para

    que possam conduzir estas rodas de TC.

    O Convnio celebrado entre a UFC (Universidade Federal do Cear) e a Pastoral da Criana

    possibilitou que cerca de 3500 agentes da Pastoral fossem capacitados. Na Pastoral, pudemos reforar a

    idia de que no era necessria uma educao formal para ser terapeuta comunitrio. Era, sim,

    fundamental ter um esprito de engajamento comunitrio: aqueles que de fato colocam a mo na massa e

    fazem a diferena, como o caso dos agentes da Pastoral. Com a Pastoral da Criana, tivemos nossa

    primeira atuao em mbito nacional. Essa parceira nos possibilitou abrir portas no futuro. Foi uma parceria

    muito rica, porque Dra Zilda Arns partilhou sua experincia conosco, nos orientou, por exemplo, para

    sempre incluirmos, nas capacitaes, tcnicos do poder pblico e professores universitrios.

    Muitos foram os caminhos trilhados aps essa capacitao com a Pastoral; caminhos que nos

    levaram a adentrar em alguns estados e municpios e envolvermos algumas universidades. Nessa

    caminhada, pessoas e instituies locais se interessavam pela proposta e, assim, surgiram os primeiros

  • 18

    12,20%87,80%

    19,50%

    80,50%

    11,50%

    88,50%

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    Convnio 2397/2008 MS/UFC N=5203

    Convnio 3363/2007 MS/UFC N=4272

    Convnio 16/2004 SENAD/UFC N=12000

    QUADRO GERAL - Encaminhamento para Rede de Apoio Social:

    Servios Especializados Terapia Comunitria

    plos de formao em TCI. A rede da formao da TCI foi se constituindo em vrios pontos do Brasil.

    Caminhvamos para uma estrutura que nos permitiria abraar desafios maiores como, por exemplo, criar

    um movimento que integrasse os recursos e as competncias das pessoas. Aqueles que se identificassem

    com a proposta, criavam seus prprios movimentos. Surgiu, ento, o Movimento Integrado de Sade Mental

    Comunitria do Distrito Federal, Braslia, e Movimento de Sade Comunitria do Bom Jardim, situado em

    Fortaleza (CE), no bairro do Bom Jardim.

    QUAL A PARCERIA COM O GOVERNO FEDERAL?

    Logo em 2004, tivemos nosso primeiro chamado por um rgo de mbito nacional para a

    formao em TCI, a Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas nos convidou a realizar formaes. A

    TCI contribuiu e contribui com a preveno ao uso de drogas, com o tratamento e a reinsero social de

    usurios e familiares. Por meio de um convnio firmado entre a SENAD, Universidade Federal do Cear,

    MISMEC-CE e os municpios - que aderiram proposta - foi possvel a formao de 800 terapeutas

    comunitrios em 12 turmas em vrios estados brasileiros.

    A implantao da Terapia Comunitria na rede SUS e na Estratgia Sade da Famlia sintoniza

    com a mudana da prtica assistencialista para o modelo participativo, orientao esta sintonizada na

    promoo da sade e no desenvolvimento comunitrio e social da populao.

    Nesse convnio, pudemos buscar resposta pergunta: qual o impacto da TCI na ateno

    comunitria? E, para nossa alegria, o resultado, com base em 12000 questionrios em 12 estados

    aplicados pelos cursistas nas rodas de TCI, apontou que:

    Impacto da TCI na ateno comunitria

    88,5% dos casos atendidos encontravam acolhimento na prpria TC, somente 11,5% necessitavam de encaminhamentos para outros servios.3

    Estvamos diante de um dado fundamental: a comunidade tem recursos para lidar com seus

    sofrimentos do cotidiano; aos especialistas cabem as patologias, o que requer diagnstico e intervenes

    3 Fonte: Relatrio tcnico-cientfico elaborado por ocasio do convnio firmado entre a Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas (SENAD), a Universidade Federal do Cear (UFC) e o Movimento Integrado de Sade Mental Comunitria do Cear (MISMEC-CE), em 2006.

  • 19

    especficas. O espao da Terapia Comunitria consolidava seu objetivo maior: acolher o sofrimento,

    evitando sua medicalizao com conseqncias grave para a sade

  • 20

    A IMPLANTAO DA TERAPIA COMUNITRIA SISTMICA INTEGRATIVA NA ESTRATGIA DE SADE DA FAMLIA

    Em 2007, o Ministrio da Sade nos convidou para firmar uma

    parceria. Dessa vez, foi o prprio Ministro da Sade, Dr. Jos Gomes

    Temporo, que entrou em contato conosco: Professor Adalberto, vamos dar

    um choque de prticas comunitrias na Ateno Bsica de Sade. Vamos

    implantar a Terapia Comunitria no SUS e estender os benefcios deste

    mtodo para milhares de pessoas.

    Assim se deu o reconhecimento oficial da sade de que a TCI contribui

    para a ateno bsica. A parceria entre Ministrio da Sade,

    Universidade Federal do Cear (UFC), Fundao Cearense de

    Pesquisa e Cultura e dos municpios participantes da formao

    oportunizou que, em 2008, fossem capacitados 1075 integrantes

    da Estratgia Sade da Famlia e Rede SUS; e que, em 2009,

    outros 1030 recebessem a formao. Todas as regies

    brasileiras foram contempladas num total de 34 turmas.

    Quantos profissionais da ESF foram capacitados?

    Formao em TC para integrantes da Estratgia Sade da Famlia

    e Rede SUS - 2008 e 2009

    2105 terapeutas comunitrios formados 1031 agentes comunitrios de sade formados

    9982 rodas de TC realizadas durante a formao 153812 pessoas participaram deste espao de dilogo e acolhida

    social.

    QUAIS ERAM OS OBJETIVOS DA CAPACITAO EM TCI PARA OS PROFISSIONAIS DA ESF?

    Capacitar na metodologia da TCI os profissionais da rede bsica de sade a

    fim de ampliar as possibilidades de atuao desses profissionais nas

    populaes assistidas;

    Promover a qualificao dos profissionais da rede bsica de sade a partir de

    uma viso sistmica, que possibilite sua atuao na comunidade em que est

    inserido, de modo eficaz e eficiente, na preveno do adoecimento;

    Estimular os profissionais da rea da sade a implantar e desenvolver a TCI e

    suas aes complementares em suas redes locais de atendimento;

    2

  • 21

    Desenvolver habilidades e competncias nos profissionais da rede bsica para trabalhar as pessoas em

    seu contexto social, a fim de melhor lidar com suas ansiedades, estresse, angstias, frustraes, dor e

    sofrimento psquico;

    Identificar valores culturais para fortalecimento da identidade pessoal e comunitria;

    Em 2007, capacitar em TCI 15 turmas compostas em mdia por 70 profissionais de sade distribudas

    nas 5 regies brasileiras, preferencialmente com participao de agentes comunitrios de sade

    atuantes em municpios que apresentem no mnimo 70% de cobertura da Estratgia de Sade da

    Famlia (Convnio 3363/2007);

    Capacitar em Terapia Comunitria 15 turmas compostas em mdia por 70 profissionais de sade

    distribudas nas cinco regies brasileiras, preferencialmente com participao de agentes comunitrios

    de sade, atuantes em municpios integrantes do Programa Nacional de Segurana Pblica com

    Cidadania PRONASCI Programa coordenado pelo Ministrio da Justia em parceria com os demais

    Ministrios (Convnio 2397/2008).

    QUAIS FORAM AS METAS ESTABELECIDAS NAS DUAS FORMAES?

    Para a execuo dos dois convnios, foram realizadas reunies de planejamento com os

    coordenadores estaduais de turma. As reunies ocorreram no Cear. Em 2008, a reunio ocorreu de 19 a

    22 de maio e em 2009 de 29 de abril a 03 de maio.

    Nessas reunies, foram traados os planos de trabalho para divulgao e sensibilizao dos

    gestores municipais das vrias regies brasileiras com o objetivo de estimular a adeso ao Projeto. Essas

    sensibilizaes ocorreram num perodo de dois meses, culminando com a consolidao das turmas,

    assinatura dos termos de convnio e seleo dos alunos dos municpios que aderiram proposta.

    QUAIS FORAM OS CRITRIOS DE ESCOLHA DOS MUNICPIOS?

    No convnio 3363/2007, os municpios foram selecionados a partir dos critrios estabelecidos pelo

    convnio, ou seja, 70% de cobertura em municpios com no mximo 30.000 habitantes, 50 % de cobertura,

    at 100.000 habitantes e finalmente, 30 % acima de 100.000 habitantes. Quanto escolha das equipes da

    ESF, priorizaram-se as reas de maior risco.

    No convnio 2397/2008, foram priorizados os profissionais das equipes da ESF, preferencialmente

    agentes comunitrios de sade, atuantes em municpios integrantes do Programa Nacional de Segurana

    Pblica com Cidadania PRONASCI Programa coordenado pelo Ministrio da Justia em parceria com

    os demais Ministrios.

    Aps o mapeamento das prioridades, foi realizada a divulgao do processo seletivo que obedeceu

    s seguintes etapas:

    1. carta de divulgao do processo seletivo nas unidades de sade (anexo 2);

    2. ficha de inscrio (anexo 3);

    3. roteiro de entrevista individual (anexo 4);

    4. carta de divulgao do resultado do processo seletivo (anexo 5) e

    5. carta ao profissional para participao no I mdulo (anexo 6).

  • 22

    COMO FORAM FEITAS AS PARCERIAS?

    Para a execuo dos convnios foram contatados, em mdia, 444 municpios. Em face da

    contrapartida requerida de assumirem os custos de hospedagem, alimentao e transporte para os

    terapeutas comunitrios em formao, 124 municpios aceitaram a proposta para a execuo do convnio

    em 2008 e 120 em 2009.

    Em consequncia da falta de contrapartida de alguns municpios, o planejamento de execuo dos

    cursos em regime de internato foi revisto para regime de semi-internato. A proposta pedaggica inicial foi

    seguida com as adaptaes requeridas.

    Para o convnio executado em 2009, foi requerida obrigatoriamente dos municpios a formalizao

    de termo de convnio entre as prefeituras e a FCPC de modo a assegurar a contrapartida com a dotao

    oramentria especfica.

    COMO OS MUNICPIOS PARTICIPARAM DA FORMAO EM TCI?

    As formaes em TCI em parceria com o Poder Pblico s foram possveis graas parceria com

    os municpios. SENAD e Ministrio da Sade requereram a participao dos municpios no intuito de selar a

    parceria com os responsveis pela Poltica Pblica de mbito local. Em geral, coube s prefeituras

    assumirem os investimentos em hospedagem, alimentao e transporte para os cursistas realizarem a

    formao. Os rgos pblicos federais responsabilizaram-se pelo pagamento dos professores e

    intervisores, do material didtico e de apoio e a da coordenao pedaggica e administrativa dos

    convnios. Tal qual na TCI os convnios foram elaborados segundo os valores da reciprocidade e da

    corresponsabilidade. A contrapartida exigida assegurava uma adeso do municpio e viabilizava uma

    poltica exitosa, com maior potencial de sustentabilidade futura.

    QUAIS FORAM OS CRITRIOS ESTABELECIDOS PARA QUE OS MUNICPIOS PUDESSEM PARTICIPAR DAS FORMAES?

    O convnio realizado em parceria com o Ministrio da Sade requereu em 2008 que os municpios

    que seriam contemplados com vagas deveriam ter 70% de cobertura da ESF (municpios com no mximo

    30.000 habitantes), 50% de cobertura para municpios com at 100.000 habitantes e 30 % para aqueles

    acima de 100.000 habitantes. Quanto escolha das equipes da ESF, priorizaram-se as reas de maior

    risco. Esses critrios estabelecidos nortearam as adeses e possibilitaram valorizar os municpios que

    estavam priorizando a Estratgia da Sade da Famlia.

    Para o convnio realizado em 2009 com o Ministrio da Sade, os municpios participantes

    deveriam integrar o Programa Nacional de Segurana Pblica com Cidadania PRONASCI programa

    coordenado pelo Ministrio da Justia em parceria com os demais Ministrios e/ou figurar dentre os

    municpios do mapa da violncia no pas. A prioridade foi no sentido de concentrar as aes nos espaos

    onde o PRONASCI est atuando. Com isso criava-se uma sinergia entre as aes integradas.

  • 23

    Participaram da formao em Terapia Comunitria 2008 133 municpios

    2009 120 municpios

    QUAIS FORAM OS MAIORES DESFIOS E AVANOS?

    Os desafios enfrentados na primeira fase de implementao dos projetos nos anos de 2008 e 2009

    foram semelhantes. Destacam-se: a falta de adeso de alguns municpios argumentando no terem

    recursos oramentrios e financeiros para custear a hospedagem dos profissionais durante o curso;

    dificuldades de comunicao entre representantes dos Plos Formadores com as secretarias municipais e

    estaduais de sade. Em 2008, os Plos do Amazonas, Par e Maranho tiveram desafios maiores em

    funo das distncias e infraestrutura insuficiente ou precria e tambm no contaram com apoio suficiente

    das secretarias estaduais e municipais de sade.

    Mesmo em face desses desafios, foram realizadas: 2008 - dezessete turmas de formao

    envolvendo 1075 participantes de todo o Brasil; 2009 dezoito turmas de formao compreendendo 1030

    participantes de todo o pas.

    No quadro abaixo, so apresentados os motivos expostos pelos gestores municipais para a

    aceitao e no aceitao da parceria dos projetos.

  • 24

    QUAIS FORAM OS MOTIVOS APRESENTADOS PELOS GESTORES MUNICIPAIS PARA ADESO DOS CONVIENIOS DE FORMAO EM TCI?

    Motivos apresentados pelos gestores municipais para adeso da Terapia Comunitria

    Conhecimento prvio de gestores, profissionais e municpios sobre a TCI enquanto uma

    metodologia complementar, capaz de trabalhar com a preveno, que otimiza recursos, dando

    credibilidade a TCI na regio;

    Alguns municpios j conheciam a eficcia da TCI e viram uma oportunidade de envolver

    mais profissionais;

    Carncia de profissionais especializados para trabalhar com o sofrimento da populao;

    A importncia em capacitar seus funcionrios e tcnicos para melhorar a sade dos seus

    municpios e descongelar o sofrimento dos usurios;

    Empenho pessoal e participao dos secretrios e gestores na formao;

    Reconhecer a TCI como uma ao de sade mental fundamental para o estado,

    especialmente por estimular a construo de redes comunitrias;

    Apoiar as polticas nacionais;

    Poder qualificar os servios de Ateno Bsica Sade;

    Foram convencidos de que a TCI uma boa ferramenta para as equipes de Sade da

    Famlia que possibilita:

    o ampliar a capacitao dos ACS; o reduzir o fluxo de poliqueixosos s equipes de SF; o reduzir a medicalizao e a demanda s unidades de SF; o melhorar a sade psquica da populao; o humanizar os trabalhadores; o capacitar e humanizar as relaes das equipes de SF para o trabalho com grupos e

    com a comunidade;

    o Lidar com as questes e anseios da populao adscrita; o proporcionar a incluso do usurio que fica fora do agendamento;

  • 25

    Motivos para no adeso

    1. Relacionados ao ano e perodo eleitoral:

    investimentos para campanha;

    envolvimento dos servidores no pleito;

    desinteresse por novas propostas no final da gesto;

    recusa dos gestores em afastar as equipes de SF das suas funes nesse perodo;

    incerteza do Gestor de no ser reeleito;

    ACSs terceirizados e demitidos no final do ano.

    2. Relacionados dificuldade financeira:

    dificuldade de garantir a contrapartida para seus funcionrios;

    o recurso no vir diretamente no fundo municipal;

    no previso de recursos para a formao e capacitao pelas prefeituras;

    falta de recursos para diria e transporte.

    3. Outros motivos:

    a terapia comunitria no entrou no pacto pela sade;

    envolvimento com outras atividades;

    houve incongruncia quanto ao formato da minuta do termo de Convnio;

    pouco tempo para tramitao do termo de convnio;

    excesso de capacitao deixando a populao descoberta;

    dificuldade em dispensar profissionais da equipe por muitos dias /equipe reduzida.

    QUAIS AS ESTRATGIAS UTILIZADAS PELAS EQUIPES DE FORMAO PARA SUPERAR AS DIFICULDADES E VIABILIZAR A IMPLANTACAO DA TC? 4

    Estratgias utilizadas 1. Contato com os gestores por meio de telefone, fax, e-mail e pessoalmente;

    2. Solicitao de colaborao das regionais e secretaria de sade dos estados;

    3. Divulgao do curso por meio de site, jornais, rdio, TV, etc;

    4. Palestras, reunies com diversos segmentos ligados a sade, encontros e visitas aos

    segmentos;

    5. Articulao com esses segmentos para a consolidao do curso;

    6. Rodas de TCIs para sensibilizao;

    7. Iniciativa dos alunos de arcar com a prpria despesa quando em situao dos municpios que

    no mantiverem a contrapartida;

    8. O gestor de Porto Alegre disponibilizou os recursos por meio do PRONASCI, pois pela verba do

    Oramento da Prefeitura no teria essa possibilidade.

    4 Os encontros realizados serviram para socializar as estratgias de superao. Cada plo formador compartilhava suas estratgias o que nos permitiu fazer um consolidado que precisa ser levado em considerao no futuro.

  • 26

    Quais as dificuldades encontradas? 1. Perodo eleitoral;

    2. Pouca disponibilidade dos gestores principalmente se no for do partido;

    3. Dificuldade de acesso geogrfico (municpios longnquos, acesso via fluvial e area);

    4. Distncia entre os municpios e o Plo formador;

    5. Gestores em frias no perodo da articulao;

    6. Falta de recursos para a visita de sensibilizao e mobilizao dos municpios;

    7. A campanha de vacina da rubola;

    8. Falta de previso no oramento municipal;

    9. Dificuldade com a linguagem jurdica nos termos do Convnio;

    10. Falta de respaldo institucional local e federal para as articulaes entre o Plo e os

    municpios;

    11. Prazo de negociao muito curto;

    12. Falta de conhecimento do que a TCI e sua proposta;

    13. Incio das atividades sem liberao de verbas;

    14. Dificuldade de alguns municpios em liberarem seus funcionrios;

    15. ACS terceirizados em alguns municpios;

    16. Recm adeso de alguns municpios Estratgia Sade da Famlia o que implica uma

    limitao oramentria inicial;

    17. Demisso dos ACSs e outros membros do PSF com deficincia nas novas contrataes;

    18. Mdicos e enfermeiros no puderam se inscrever por falta de equipe;

    19. Morosidade dos municpios em agilizar a parte burocrtica;

    20. Dificuldade dos municpios pequenos em manter os profissionais ausentes; 21. Pouco interesse inicial dos gestores municipais;

    22. Realizar todas as formaes at o final do ano, contemplando as diferentes turmas.

    Que providncias poderiam ser tomadas para prximos convnios?

    1. Solicitao de apoio do Gestor Estadual de Sade;

    2. Apoio logstico do Gestor do municpio sede;

    3. Insistncia no contato com os municpios interessados no convnio;

    4. Reunies motivacionais com os servidores dos PSFs;

    5. Retiradas das clusulas do convnio referentes a recursos financeiros;

    6. Ministrio de Sade contatar com Secretarias Estaduais e Municipais, para encaminhar carta

    de apresentao da proposta do projeto;

    7. Buscar parcerias em outros municpios;

    8. Contatar a Assessoria Jurdica do Projeto;

    9. Realizar ampla informao para gestores do projeto que est sendo oferecido.

  • 27

    QUAIS AS SUGESTES PARA PRXIMOS PROJETOS?

    ITENS SUGESTES Articulao com os gestores Ampla divulgao pela mdia e pelo Ministrio sobre o

    convnio; Comunicado formal da Direo da Ateno bsica para as

    esferas estaduais e municipais sobre o convnio; A FCPC e a ABRATECOM apresentarem os plos

    formadores para os gestores municipais; Previso e disponibilizao de verba para despesas dos

    Plos com esse processo (telefone, combustvel, horas de trabalho);

    Kit de materiais (cartilha, DVDs, folders, Power Point) orientando os passos que os plos devero seguir, facilitando a interlocuo com os gestores municipais;

    Assessoramento aos Plos para a venda do projeto aos gestores municipais;

    Maior conhecimento por parte do MS sobre a realidade dos municpios onde pretende implantar o projeto;

    Apoio e acompanhamento intervencionista jurdico aos plos e aos municpios conveniados sempre que necessrio.

    Processo de Seleo Manter as etapas do processo de seleo;

    Previso de verba para despesas com a seleo; Participao dos candidatos numa Roda de TCI e uma

    vivncia na seleo; Sugerir a cartilha de informaes gerais sobre a seleo e o

    desenvolvimento da formao para todos os plos; Ampliar o tempo para essa etapa da formao; Liberao dos recursos antes do incio dos trabalhos; Que haja um acompanhamento por parte dos

    coordenadores no sentido de orientar as dificuldades do plo formador nesse e em outros processos da TCI.

    Local da Formao Permanea em regime de internato para que se favoream as exigncias da formao teoria, prtica da TC e vivncias teraputicas. De fcil acesso para chegar, conforto e preo compatvel para firmar o convnio com os gestores;

    Ser o mais prximo possvel do plo formador; Previso de despesas com aluguel de salas para aulas e

    vivencias; Prever um tempo hbil para encontrar o melhor espao

    possvel para realizar os mdulos; Garantir um bom local para as Intervises.

    Durao da Formao Manter os intervalos dos mdulos num perodo de tempo curto: mdulos mensais, intercalados com Intervises; e Intervises quinzenais aps os Mdulos, poder ser uma alternativa mais operacional;

    Fazer as 360hs de curso em um mnimo de 10 meses contados a partir do primeiro mdulo;

    Manter vnculo de interviso continuada por no mnimo 06

  • 28

    meses aps o termino do curso; Incentivar a participao dos gestores nas rodas de TCI; Ampliar a durao da formao 12 meses.

    Contedo Programtico dos Mdulos

    Que o material de apoio pedaggico chegue e funcione antes do incio dos mdulos;

    Sugerir material de apoio para as Intervises; Manter o contedo programtico previsto; Sistematizar as intervises; Manter os encontros das coordenaes de plo para

    retroalimentar a execuo do contedo programtico e garantir a apreciao permanente;

    Acrescentar contedo sobre lcool e outras drogas, que facilite o enfrentamento do grande nmero de temas relacionados que surgem nas TC.

    Metodologia Manter a troca de experincias dos formadores atravs do dilogo respeitoso;

    Manter a necessidade de participao efetiva nas vivncias para a certificao;

    Ter e garantir dois coordenadores por turma; Quando a formao da turma envolver mais de um plo,

    garantir a participao de um representante de cada plo nos Encontros Nacionais;

    Manter a metodologia terica-prtico-vivencial e ter como critrio para certificao a participao do aluno nas vivncias.

    Material de apoio Chegar com antecedncia para possibilitar o estudo dos facilitadores;

    Previso Oramentria para aluguel ou aquisio de Recursos Didticos (notebook, data show, som) e de apoio para aulas e dinmicas (colchonetes, vendas, etc) para os Plos;

    Melhorar a qualidade do material de apoio. Fichas para os relatrios Manter as fichas unificadas para todos os plos parceiros;

    Evitar repetio de dados para responder; Diminuir o nmero de fichas; Que as fichas, quando modificadas, sejam encaminhadas

    aos plos em tempo hbil; Centralizar na coordenao geral a digitao de todos os

    dados; Que os relatrios no previstos sejam solicitados pelo

    menos com dez dias de antecedncia; Melhorar a Ficha 2 (classificao em excelente, bom, etc...

    mostrou dirigir para avaliao, prejudicando a apreciao com objetivo de crescimento. A substituio por apenas perguntas diretas: O que foi bom e deve ser conservado/repetido? e O que precisa ser melhorado? em cada etapa, com mais espao para as respostas, poder torn-la mais adequada ao objetivo, mais funcional e melhor entendida/aceita pelos terapeutas).

    Intervises Intervises podem ocorrer um dia antes do segundo, terceiro e quarto mdulos (funcionam muito bem);

    Manter as vivencia serem mais dinmicas e interativas Encontro de Coordenao Manter os encontros para apreciar o desenvolvimento da

  • 29

    formao e favorecer reviso e reciclagem dos contedos que compem a formao dos terapeutas comunitrios;

    Implementar dois coordenadores por Plo no projeto e oramento (coordenador e subcoordenador);

    Colocar no oramento do projeto verba para estadia, transporte e alimentao dos formadores nos encontros de avaliao;

    Realizar os encontros em local mais central para todos os plos;

    Rodzio dos encontros dos coordenadores pelos estados envolvidos no convnio.

    Relao com a coordenao central

    Melhorar a comunicao por email e por telefone; Que haja um melhor controle do recebimento de e-mails e

    documentos de cada plo para evitar cobranas repetidas e algumas vezes deselegantes;

    Ter na equipe da coordenao geral uma secretaria executiva para agilizar questes prticas, tais como: envio e troca de materiais e informaes e dar continncia aos Plos na ausncia da coordenao geral.

    Outras consideraes Colocar no oramento verba para estadia e alimentao dos formadores nos mdulos e interviso;

    Que haja uma melhor acessibilidade a assessoria jurdica; Introduzir verba para cuidado, planejamento e capacitao

    das equipes em cada Plo, objetivando mais harmonia, sinergia, coerncia e competncia;

    Disponibilizar recursos especficos para cada Plo ter uma secretaria executiva;

    Garantir oramento de honorrios para os coordenadores dos plos, separado da verba destinada aos recursos matrias.

  • 30

    RESULTADOS E IMPACTO DA TCI JUNTO AOS PROFISSIONAIS DA ESF

    Apresentaremos os resultados obtidos na formao de 1075

    integrantes da Estratgia Sade da Famlia em TCI em 16 turmas no

    Brasil, no ano de 2008 e 18 turmas de formao, compreendendo 1030

    participantes de todo o pas. Os dados levantados ao longo da formao

    sero apresentados e sero tecidas consideraes de modo a

    verificarmos as contribuies advindas dessas formaes enquanto

    abordagem das comunidades, em especial daquelas em situao de

    vulnerabilidade social.

    1. PANORAMA DA IMPLANTAO DA TERAPIA COMUNITRIA NO SUS

    Os dados abaixo apresentam o perfil das turmas divididas por

    regies, estados, Plos formadores, nmero de municpios e nmero de

    profissionais capacitados, com destaque para os Agentes Comunitrios de

    Sade que foram capacitados.

    Os registros das Rodas de TCI foram feitos on line pelos cursistas

    no site da Associao Brasileira de Terapia Comunitria ABRATECOM

    (www.abratecom.org.br) -, o que possibilitou um acompanhamento a

    distncia da realizao das prticas de TCI.

    3

  • 31

    Quadro 1: Panorama da implantao da Terapia Comunitria no SUS Ano 2008 Convnio 3363/2007

    Regies Estados Plos Formadores

    N de Municpios

    N de Profissionais Capacitados

    N de TC Realizadas

    N de Pessoas

    Atendidas ACS

    (mdicos, enfermeiro, dentista...)

    Norte Amazonas MISMEC-AM 8 25 49 19* 606

    Par SOPSI 4 16 24 50* 802

    Sub-total 12 41 73 69 1408

    Nordeste

    Maranho MISC-MA 15 45 25 106 1706

    Cear MISMEC-CE 13 44 69 459 7924

    Paraba MISC-PB 6 41 26 396 6036

    Pernambuco Espao Famlia PE 6 40 21 341 7110

    Bahia MISC-BA 8 49 21 141 2095

    Sub-total 48 219 162 1443 24871

    Sudeste

    Minas Gerais MISC MG 7 35 33 579 9411

    So Paulo

    Plos -Teia Paulistana 4 37 43 186 2304

    Plos SP Interior 16 22 53 360 6593

    Rio de Janeiro

    Instituto Noos- RJ 8 28 52 554 6783

    Sub-total 35 122 181 1679 25091

    Centro Oeste

    Gois MISMEC-DF 4 32 42 325 5196

    Mato Grosso MISMEC CE 5 27 26 82 1354

    Sub-total 9 59 68 407 6550

    Sul

    Rio Grande do Sul MISC RS 10 30 44 218 3891

    Paran Londrina-PR 10 35 28 456 7619

    Sub-total 38 183 208 1488 24610

    Total 133 565 624 4679 75980

    * Os estados do Amazonas e Par encontraram dificuldades de acesso aos recursos tecnolgicos disponibilizados para registro das Rodas de Terapias Comunitrias no site da Associao Brasileira de Terapia Comunitria ABRATECOM, o que implicou no baixo ndice de registro.

  • 32

    Quadro 2: Panorama da implantao da Terapia Comunitria no SUS Ano 2009

    Convnio 2397/2008 MS/UFC

    Regies Estados Plos Formadores N de

    Municpios

    N de Profissionais Capacitados N de TC

    Realizadas

    N de Pessoas

    Atendidas ACS Outros

    Norte

    Par SOPSI 4 29 17 98 1296

    Tocantins Palmas 1 12 16 316 4969

    Rondnia Porto Velho 5 16 32 142 1454

    Sub-total por regio 10 57 65 556 7719

    Nordeste

    Cear MISMEC-CE

    1 0 31 391 6186

    Piau 11 10 25

    Paraba MISC-PB 10 37 33 57 758

    Pernambuco Espao Famlia PE 1 21 20 246 4187

    Bahia MISC-BA 8 18 54 727 12881

    Sub-total por regio 31 86 163 1421 24012

    Sudeste

    Minas Gerais Misc dos Vales 25 66 80 860 13796

    So Paulo Teia Paulistana 5 22 55 555 5459

    MISC Rio Preto 8 52 18 202 2736 Rio de Janeiro

    Instituto Noos- RJ 3 38 30 171 1984

    Sub-total por regio 41 178 183 1788 23975

    Centro Oeste

    Gois MISMEC-DF 3 17 19 79 1490 Mato Grosso MISC MT 12 20 42 149 1966

    Sub-total por regio 15 37 61 228 3456

    Sul

    Rio Grande do Sul MISC RS

    9 16 28 707 9349 Santa

    Catarina 12 3 39

    Paran Londrina-PR 2 89 25 503 9321

    Sub-total 23 108 92 1210 18670 Total Geral 120 466 564 5203 77832

    Os quadros de distribuio das turmas no territrio brasileiro evidenciam que as formaes em

    Terapia Comunitria abrangeram todas as regies brasileiras e diversos Estados. Estes dados sinalizam

    que houve uma boa cobertura, o que oportuniza um maior acesso da comunidade a esta abordagem de

    ateno comunitria em sade.

  • 33

    86,80% 86,81%

    13,20% 13,19%

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Feminino Masculino

    Convnio 2397/2008 MS/UFC

    Convnio 3363/2007 MS/UFC

    Gnero dos Terapeutas Comunitrios Formados

    45% 45%28% 37% 27%

    18%

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    ACS Enfermeiro, mdico,dentista...

    Outros

    Convnio 2397/2008 MS/UFC

    Convnio 3363/2007 MS/UFC

    Profissionais que Concluiram a Formao em Terapia Comunitria

    1%2%

    14%9%

    25%24%

    30%32%31%

    33%

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    No Informou

    acima de 51 anos

    41 a 50 anos

    21 a 30 anos

    31 a 40 anos

    Faixa Etria dos Terapeutas Comunitrios Formados

    Convnio 3363/2007 MS/UFC Convnio 2397/2008 MS/UFC

    QUAL FOI O PERFIL DO TERAPEUTA COMUNITRIO FORMADO PELA ESF? Comparativo dos dados dos terapeutas comunitrios formados nos Convnios 2397/2008 MS/UFC e 3363/2007 MS/UFC

    O grfico 1 apresenta a distribuio dos cursistas por gnero. Nesta distribuio, destaca-se a participao majoritria de mulheres, o que confirma que as mulheres continuam a exercer este com destaque o papel do cuidado da sade nas comunidades.

    No grfico 3, que destaca os cursistas por faixa etria, ressalta-se a adeso dos jovens

    profissionais recm ingressos no Sistema Pblico de Sade, o que sinaliza o interesse em participarem das

  • 34

    aes complementares. Tornando-se importantes parceiros na implantao de uma poltica voltada para a

    promoo da sade.

  • DADOS SOBRE AS RODAS DE TERAPIA COMUNITRIA REALIZADAS PELOS TERAPEUTAS COMUNITRIOS DA ESF EM 2008:

    Sntese de Participantes/Gnero FEMININO MASCULINO

    Estado

    Crianas (0-12 anos)

    Adolescentes (13-19 anos)

    Adultos (20-59 Anos)

    Idosos (Mais de 60 anos)

    Total / Feminino

    Crianas (0-12 anos)

    Adolescentes (13-19 anos)

    Adultos (20-59 Anos)

    Idosos (Mais de 60 anos)

    Total / Masculino

    Total/ Plo

    Cear 860 2517 10403 4206 17986 554 1232 2796 1082 5664 23650

    Pernambuco 1716 2257 9939 2935 16847 1375 1407 2185 723 5690 22537

    Paran 2184 952 9267 2890 15293 1860 487 1930 1037 5314 20607 Minas Gerais 426 1595 10400 3180 15601 310 1014 1724 1103 4151 19752 Rio de Janeiro 565 880 11246 2045 14736 381 469 2410 571 3831 18567

    Paraba 965 2202 7702 2133 13002 469 1270 1754 685 4178 17180 So Paulo litoral 713 478 9614 2561 13366 400 230 2182 660 3472 16838

    Bahia 1077 1424 7742 2631 12874 680 720 1306 424 3130 16004 Gois 638 911 7359 1725 10633 301 350 1391 527 2569 13202 Rio Grande do Sul 557 552 6486 1588 9183 445 207 1719 451 2822 12005

    So Paulo - Capital 254 328 5501 1693 7776 156 150 1327 435 2068 9844

    Par 120 477 1873 513 2983 87 318 634 155 1194 4177

    Maranho 87 219 1125 350 1781 20 6 169 65 260 2041

    Mato Grosso 20 92 1229 13 1354 O PLO NO ESPECIFICOU O GENERO 1354

    Amazonas 86 161 35 81 363 83 108 24 53 268 631 Total 10268 15045 99921 28544 153778 7121 7968 21551 7971 44611 198389

    Tabela 01 Distribuio dos dados dos participantes das rodas de TC por gnero e faixa etria

  • 36

    Sntese de Participantes/Gnero FEMININO MASCULINO

    Plo

    Crianas (0-12 anos)

    Adolescentes Adultos Idosos

    Total / Feminino

    Crianas (0-12 anos)

    Adolescentes Adultos Idosos

    Total / Masculino

    Total/ Plo

    (13-19 anos)

    (20-59 Anos)

    (Mais de 60 anos)

    (13-19 anos)

    (20-59 Anos)

    (Mais de 60 anos)

    Cear 341 308 1536 802 2987 275 215 663 116 1269 4256 Rio de Janeiro 7 3 366 27 403 3 2 109 9 123 526 So Paulo capital 70 61 1097 168 1396 84 39 240 35 398 1794 Bahia 46 32 310 32 420 25 33 58 17 133 553 Mato Grosso 103 103 1156 115 1477 115 82 256 36 489 1966

    Minas Gerais 533 526 5649 2231 8939 304 316 1101 528 2249 11188 Rio Grande do Sul 246 327 4021 787 5381 154 212 774 184 1324 6705 Rondnia 1 1 146 73 221 2 0 38 15 55 276 Tocantins 347 195 2207 392 3141 202 81 583 178 1044 4185 Paran 259 156 3894 1832 6141 201 38 1028 617 1884 8025 Par 10 12 230 12 264 0 2 60 12 74 338 So Paulo interior 4 7 394 72 477 2 1 66 50 119 596 Paraba 55 52 381 128 616 48 41 26 27 142 758 Distrito Federal 8 146 415 124 693 14 87 324 31 456 1149 0

    Total Geral 42315 Tabela 02 Distribuio dos dados dos participantes das rodas de TC por gnero e faixa etria

    Os dados obtidos nas rodas de TCI realizadas pelos cursistas, durante as formaes, nos permitem fazer

    algumas consideraes:

    A participao de todas as faixas etrias, ou seja, crianas, adolescentes, adultos e idosos. O que mostra que a

    Terapia Comunitria um espao coletivo de acolhimento, cuidado que envolve todos os indivduos e

    comunitrios;

    As mulheres destacam-se na busca de solues para os problemas do cotidiano tanto na famlia como na

    comunidade;

    61,2% dos participantes so adultos, em plena atividade produtiva e de responsabilidade na conduo do lar, e

    que por isso esto confrontados com situaes de estresse e emoes negativas (medo, ansiedade, insnia),

    mediao dos conflitos familiares, enfrentamento da violncia. Assuntos esses que so temas que so

    apresentados com frequncia nas rodas de Terapias Comunitrias e que incidem diretamente nos determinantes

    sociais da sade.

    .

  • 37

    12,20%87,80%

    19,50%

    80,50%

    11,50%

    88,50%

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    Convnio 2397/2008 MS/UFC N=5203

    Convnio 3363/2007 MS/UFC N=4272

    Convnio 16/2004 SENAD/UFC N=12000

    QUADRO GERAL - Encaminhamento para Rede de Apoio Social:

    Servios Especializados Terapia Comunitria

    QUAL FOI O IMPACTO DA TCI NA REDE DE APOIO SOCIAL?

    Os grficos do quadro acima evidenciam a resolutividade da TCI: 88,5% (Convnio Senad/UFC 2004 e

    MS/UFC 2007), e 87,8% (Convnio MS/UFC 2008). A resolutividade de seus dos problemas na prpria TCI

    sugerida pela pequena necessidade de encaminhamentos para outros servios especializados. Esses dados

    reforam o potencial da Terapia Comunitria na reduo da demanda por servios especializados.

    Os dados sinalizam que a Terapia Comunitria um espao de acolhimento do sofrimento do cotidiano

    que pode contribuir na reduo da medicalizao desse e possibilitar aos especialistas tratarem somente das

    patologias. Neste sentido, a TCI tem uma ao de complementaridade ao fazer uma triagem do que ela pode

    cuidar e do que precisa ser encaminhado.

    Poder intervir nos determinantes sociais, como o estresse, a excluso social, situaes de abandono,

    para citar alguns, tornam a TCI uma ao promissora e promotora de sade, pois possibilita a construo de

    redes de apoio social que tornam o indivduo e a comunidade mais autnoma e menos dependente dos

    especialistas e de instituies especializadas.

  • 38

    QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS RESULTADOS DAS FORMAES EM TCI NO BRASIL?

    As formaes em mbito nacional puderam nos dar dados sistematizados, tecer reflexes e

    anlises. Os relatrios e questionrios aplicados pelos cursistas em todo o pas dizem bastante.

    Possibilitam-nos ouvir o que est preocupando as pessoas no seu cotidiano e, tambm, quais

    estratgias utilizadas para lidar com seus problemas. Dar ateno ao que os terapeutas

    comunitrios trazem por meio dos relatrios precioso, pois ir direto fonte. As partilhas de

    experincias que ocorrem nas rodas de TCI dizem das necessidades e potencialidades de uma

    comunidade. Atuar na rea de polticas pblicas, considerando essa comunicao possibilitar

    uma construo horizontal na qual a qualidade da comunicao assegurada pela autenticidade

    dos relatos.

    Os dados obtidos ao longo das formaes sero apresentados a seguir de modo

    comparativo (Formaes em 2006, 2008 e 2009). Do levantamento realizado, vamos destacar trs

    informaes: os temas apresentados nas rodas de TC; as estratgias de enfrentamento

    mencionadas para super-los e os encaminhamentos para a rede de apoio social.

    QUAIS OS TEMAS APRESENTADOS NAS RODAS DE TCI?

    Uma das fases da metodologia da Terapia Comunitria a apresentao dos temas pelos

    participantes. As pessoas apresentam brevemente qual tema gostariam que fosse focado naquele

    encontro, a partir do relato de algo de sua experincia de vida. Em seguida feita uma votao

    pelos participantes para a escolha do tema do encontro. No intuito de favorecer as anlises e

    comparaes, os temas apresentados foram consolidados em categorias. Abaixo descrio das

    categorias:

    Categorias dos temas apresentados

    Estresse e emoes negativas: Foram agrupados nesta categoria temas referentes ao medo, ansiedade,

    insnia, nervosismo, entre outros.

    Conflitos nas relaes familiares: Trata-se das relaes entre filhos e pais, irmos, esposo e esposa,

    separao, traio e cimes.

    Trabalho, desemprego: Diz respeito aos problemas de insegurana, insatisfao, dificuldades financeira, falta de reconhecimento ligado ao trabalho.

    Violncia e depresso: relaciona-se violncia contra a mulher, criana, idoso, assalto, homicdio, gangues, sexual. No caso da depresso, a agressividade dirigida a si mesmo.

    Fraturas dos vnculos sociais: Esta categoria de nomenclatura metafrica congrega temas referentes ao abandono, rejeio e discriminao. Temas relativos s situaes de excluso do convvio social e dos

    direitos de cidadania.

  • 39

    2,4%1,3%2%

    4,4%6,1%

    3,8%5,9%

    7,1%3,3%

    7,8%12,6%

    9,2%

    9,4%8,1%9,6%

    10,9%9,3%11,7%

    15,0%16,6%

    13,9%19,6%19,6%19,7%

    24,7%19,4%

    26,7%

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    Problemas Mentais e Neurolgicos

    Conflitos

    Outros

    Fraturas dos Vinculos Sociais

    Trabalho

    lcool e outras drogas

    Depresso e Violncia

    Conflitos Familiares

    Estresse

    Dados Gerais dos Problemas Apresentados

    Convnio 16/2004 SENAD/UFC N=12000Convnio 3363/2007 MS/UFC N=4272Convnio 2397/2008 MS/UFC N=5203

    Durante as formaes em TCI realizadas nos convnios firmados com a SENAD e o

    Ministrio da Sade, os cursistas registraram os problemas apresentados nas rodas de TCI. O

    quadro abaixo apresenta os dados obtidos.

    Ao olharmos para o quadro comparativo dos temas apresentados nas rodas de TCI,

    encontramos muitas semelhanas entre eles. So informaes obtidas no perodo de 2004 a 2009.

    interessante considerarmos como estes dados podem ser teis na formulao de polticas

    pblicas, em especial nas reas sociais e da sade. Eles fazem uma espcie de fotografia da

    alma das pessoas em seus contextos de vida, ou seja, em casa, no trabalho, na comunidade e

    consigo mesmas.

    QUAIS FORAM AS ESTRATGIAS DE ENFRENTAMENTO?

    Em uma das etapas da TCI, o grupo compartilha suas experincias relativas temtica em

    foco. O terapeuta comunitrio lana a pergunta chave que desencadeia a troca de experincias e

    permite identificar as diversas estratgias de superao. Quem j viveu uma experincia

    semelhante e o que fez para superar? Nesse relato, as estratgias de enfrentamento que foram

    utilizadas pelos participantes para lidar com a situao em questo so identificadas, o que

    possibilita a construo espontnea da rede solidria entre os participantes aps a terapia.

    Durante as formaes em TCI, os cursistas registraram as estratgias de enfrentamento

    apresentados nas rodas de TCI. O quadro abaixo apresenta os dados obtidos.

  • 40

    1,0%1,6%2%

    5,5%12,9%

    14,5%

    7,8%16,6%

    12,2%

    12,6%17,1%

    1,2%

    15,9%4,5%

    6,2%17,1%17,7%

    14,6%

    18,9%7,7%

    18,6%

    21,1%22,0%

    31,4%

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    Outras

    Cuidar e se relacionar melhor com a famlia

    Buscar redes solidrias

    Participar de terapia comunitria

    Auto-cuidado - busca de recursos da cultura

    Buscar ajuda religiosa ou espiritual

    Buscar ajuda profissional e aes de cidadania (Servios Pblicos)

    Fortalecimento / empoderamento pessoal

    Dados Gerais das Estratgias de Enfrentamento

    Convnio 16/2004 SENAD/UFC N=12000Convnio 3363/2007 MS/UFC N=4272Convnio 2397/2008 MS/UFC N=5203

    Ao vislumbrarmos as estratgias de enfrentamento das pessoas diante dos desafios do

    cotidiano, colocamo-nos diante de um universo de criatividades, tradies, buscas. Conhecer esses

    recursos possibilita, a nosso ver, enxergar muitos pontos positivos a serem considerados e por

    vezes reforados quando se atua no contexto comunitrio, em especial, na formulao e

    implementao de polticas pblicas.

    Algumas mudanas nas estratgias de enfrentamento apresentadas pelos participantes das

    rodas de TCI no perodo de 2004 a 2009 nos chamaram a ateno. Dentre elas, destacamos o

    reconhecimento da prpria Terapia Comunitria como uma forma de busca de superao dos

    problemas. A TCI ocupava em 2006 a 7 posio (1,24%), em 2008 passa para a 3 posio

    (17,1%) e em 2009 para a 5 colocao (12,6%). Essa mudana assinala que o fato da TCI ter sido

    includa na rede oficial da ESF permitiu que a comunidade se utilizasse desse espao como um

    recurso acessvel para construo de redes de apoio e busca de solues compartilhadas.

    Descobrem que tm problemas, mas que tambm tm solues. Tornam-se parceiros na busca de

    soluo e de superao das dificuldades, ou seja, deixam de ser assistidos e passam a ser

    corresponsveis na busca de solues.

    Terapia Comunitria como estratgia de enfrentamento dos problemas

    2006 - 1,24% (7 posio)

    2008 17,1% (3 posio)

    2009 12,6% (5 posio)

    QUAL O NVEL DE RESOLUTIVIDADE DA TCI?

    To importante como o acolher dar o encaminhamento para os assuntos que no podem

    ser resolvidos na TCI. Afinal, seria uma atitude antitica e irresponsvel no reconhecer nossos

  • 41

    limites. Reconhecer os limites de nossa atuao tambm faz parte da formao. Integramos uma

    rede de ateno, no a substitumos, reforamos, contribumos.

    Sou pobre no que o outro rico e sou rico no que o outro pobre.

    Ningum tem tudo. A noo de complementaridade fundamental para uma atuao

    responsvel. Diante disto, os terapeutas comunitrios so instrudos ao encaminhamento rede

    dos casos que extrapolem as dimenses do acolhimento solidrio e que requeiram a interveno

    de especialistas

    No perodo das formaes de 2004 a 2009, foram registrados os encaminhamentos

    realizados a partir da participao das rodas de TCI, como mostra o quadro da pgina 38.

    Encontraram resoluo na roda de TC5

    2006 88,1% dos casos

    2008 88,5% dos casos

    2009 87,80% dos casos

    A ampliao do acesso TCI tem possibilitado:

    Reduo da demanda por servios especializados;

    Diminuio da medicalizao do sofrimento;

    Triagem do que a prpria comunidade pode acolher e cuidar e do que precisa ser

    encaminhado;

    A construo de redes de apoio social que torna o indivduo e a comunidade mais autnomos e menos dependentes dos especialistas e instituies especializadas.

    5 Os Convnios foram celebrados em 2004, 2007 e 2008, mas os dados foram obtidos de 2004 a 2006, em 2008 e 2009.

  • 42

    QUAIS OS DETERMINANTES SOCIAIS DE SADE QUE A TCI INTERFERE

    DIRETAMENTE?

    A Organizao Mundial da Sade identifica 10 determinantes sociais da sade. So fatores

    do convvio, que fazem parte da nossa vida, que impactam a sade. So eles:

    1) Desigualdades sociais;

    2) Estresse;

    3) Pequena infncia (cuidados com as gestantes);

    4) Excluso social;

    5) Trabalho (insegurana no trabalho, estresse no trabalho);

    6) Desemprego;

    7) Apoio social (pertencer a uma rede de apoio e de sade);

    8) Dependncias;

    9) Alimentao (acesso alimentao de qualidade);

    10) Transportes (acesso aos meios de transportes).

    A participao nas rodas de TCI possibilita intervir nos determinantes sociais da sade.

    Quando as pessoas vo s rodas de TCI, elas trazem seus problemas do dia a dia. Problemas que

    causam estresse, insegurana, senso de excluso, dificuldades de acesso a bens e servios. A TCI

    constitui-se num espao de preveno para problemas futuros e tambm de articulao na busca

    de solues compartilhadas para problemas que so de todos. Possibilita, portanto, a construo

    de redes de apoio social que tornam o indivduo e a comunidade mais autnoma, menos

    dependente dos especialistas e de instituies especializadas.

  • 43

    O IMPACTO DA FORMAO EM TERAPIA

    COMUNITRIA JUNTO AOS PROFISSIONAIS DE SADE

    A FORMAO EM TCI FEZ DIFERENA PARA OS

    PROFISSIONAIS DA ESTRATGIA SADE DA FAMLIA?

    Sim, e muita. A formao em Terapia Comunitria um curso bem

    diferente da maioria. Desde o incio os alunos passam por vivncias

    que oportunizam um aprofundamento no conhecer a si mesmo.

    preciso conhecer-se melhor para melhor acolher o outro e com isso

    respeitar o que diferente. Os relatos mostram-nos isso com bastante

    clareza. Durante a formao, os cursistas registraram mudanas

    significativas na vida pessoal, profissional e comunitria.

    QUAL FOI O IMPACTO DA FORMAO EM TERAPIA

    COMUNITRIA NOS PROFISSIONAIS DA ESF?

    Os dados abaixo foram produzidos a partir do depoimento de

    90% dos cursistas acerca da contribuio da Terapia Comunitria

    relacionado s transformaes ocorridas na dimenso pessoal,

    profissional e comunitria do terapeuta comunitrio em formao.

    Vejamos cada um destes itens:

    1. Quanto ao Desenvolvimento Pessoal

    Para a anlise desse material foi utilizado como referencial

    metodolgico os seis pilares da autoestima (BRANDEM,1999).

    Segundo o autor, autoestima a chave que nos possibilita sair de

    situaes aparentemente sem soluo, podendo ser a chave tanto da

    felicidade quanto a da infelicidade. Ela encoraja ou desencoraja os

    pensamentos. Quando se acredita em si e na capacidade de superar

    obstculos gerado um sentimento de confiana, segurana e

    persistncia na busca do sucesso nos atos. Na sequncia, sero

    apresentados os seis pilares e uma breve definio correspondente.

    4

  • 44

    A. Viver conscientemente quando compreendemos o que est acontecendo alimentamos

    sentimento de fora, positividade, afirmao e potncia. Passamos a no ter medo, descobrindo

    estratgias de enfrentamento das dificuldades. Este um sentimento muito presente nas equipes

    de sade da famlia no lidar com o sofrimento da comunidade no cotidiano. Os depoimentos abaixo

    revelam o sentido de ampliao da conscincia dos integrantes da Estratgia Sade da Famlia

    (ESF) aps a formao em Terapia Comunitria:

    A formao como terapeuta comunitrio, est me proporcionando um novo conhecimento pessoal e evidentemente mudando a minha maneira de ver a vida, as pessoas e a mim mesmo. (CE ACS) Descobri que tenho limites, que posso superar e outros que ainda preciso de tempo para super-los. (PR ACS) Aprendi que tenho que cuidar de mim, que no sou salvador da ptria. Estou me tornando mais confiante em minhas decises e me relaciono melhor com minha famlia. (BA ACS) Que no existe nem o melhor e nem o pior que somos apenas pessoas de valores diferentes. (AM-ACS) Aprendi a no ter pena e nem ser vitima, e sim a entender que eu posso mudar o meu futuro. (MG-ACS) A reconhecer os meus erros, a ser mais solidria, a ser mais perseverante, a no ter preconceitos, a no julgar e a perdoar sempre...(MA-Enfermeira) Abri todas as minhas janelas. Deixei o sol entrar e hoje sou mais feliz. (PR ACS) B. Autoaceitao: Esse pilar possibilita ver-se como uma pessoa com valores prprios; permite afirmar sua capacidade, opinies, considerando suas emoes. Essa postura fundamental na construo das relaes entre os profissionais da ESF, em que cada um sente-se empoderado na sua capacidade de explicitar e respeitar os diferentes pontos de vista da equipe. Aprendi a suportar o meu prprio sofrimento ouvindo o sofrimento do outro. (CE ACS) Antes me sentia tmida, fui adquirindo segurana, aprendi a reconhecer no outro algo que reflete em mim. (PA ACS) Atravs da formao estou me conhecendo melhor, trabalhando meus sentimentos e minha autoestima. Estou aprendendo a compartilhar minhas dores e sofrimentos, antes guardados. Percebi a importncia da escuta e a tenho trazido para meus relacionamentos. A partir das vivncias tenho me relacionado melhor com as outras pessoas. (PE enfermeiro) Pude conhecer mais sobre mim. Reavaliei conceitos e preconceitos, estabeleci novas prioridades na minha vida; entendi melhor os meus medos e estou programando estratgias para venc-los. Descobri novos sonhos e estou mais motivado para realiz-los com alegria. Amo ainda mais a vida e dou ainda maior valor a cada gesto de carinho que dou ou que recebo. Amo mais e tenho mais segurana nas minhas decises. (PE mdico) Aprendi que precisamos tomar decises na vida quando certos contextos mudam, mesmo que isto traga sofrimentos (novos paradigmas) ... (SP ACS)

  • 45

    Que preciso dizer SIM e saber dizer NO sem medo de perder o carinho e o amor das pessoas... e sem me culpar. (PB dentista) Aprendi a re-significar a minha histria, a acolher a minha criana, que ela me fez chegar at aqui... que sou forte, guerreira, vencedora por causa dela... (PR ACS) Os sofrimentos so comuns no cotidiano. Somos iguais e ao mesmo tempo diferentes. (SP enfermeira) Eu sou capaz de resolver problemas, por meio de meus fracassos e recadas. (CE enfermeira) Me possibilitou o autoconhecimento de maneira mais profunda. Me fez reavaliar valores, repensar minha vida e tambm reencontrar minha criana e descobrir minha prola mais preciosa. (RS - ACS) C. Autorresponsabilidade: este pilar permite a pessoa sentir-se responsvel por tudo aquilo que faz, pelos prprios desejos, escolhas e maneira de se relacionar com os outros. Poder reconhecer o erro, permite corrigir, tirar lies e seguir adiante sem culpabilidade. Construir relaes mais autnticas e menos dependentes. Isto me torna mais humano e mais sensvel aos problemas das outras pessoas por vivenciar os seus sofrimentos e ver que l no fundo, eu j sofri os mesmos traumas, decepes e sentimentos. (PE ACS) como uma gravidez: cada dia uma construo lenta, gradual e constante... (BA ACS) Aprendi que preciso usar as minhas qualidades, os meus dons a meu favor para o meu crescimento, e no contra mim (PB - ACS) D. Autoafirmao: Aceitao como pessoa sem precisar do uso de mscaras e poder crescer como ser humano, nutrindo em ns a confiana e segurana naquilo que somos. Se eu tivesse feito esse curso h 20 anos minha vida teria sido muito melhor. (RJ ACS) As pessoas esto chamando ateno para o brilho do meu olhar, que est mais intenso. (BA ACS) A qualidade da minha entrega neste curso foi fundamental. Sem medos, mergulhei fundo em minhalma, cascavilhei, fucei e encontrei. Refleti, revirei minhas crises e avancei. Superei obstculos j esquecidos, mas que alfinetavam. Estou melhor, mais tranquila, consciente e fortalecida no retorno ao trabalho, no seio familiar, nos relacionamentos. Agradecida! (PE mdica) Eu descobri que no sou menor nem maior que ningum, por isso no preciso ter medo nem vergonha de nada. (PA ACS) Eu era como uma sombra, ningum prestava ateno em mim, agora as pessoas me olham e dizem que estou bonita. (MA ACS) Descobri que consigo o que eu posso, que tenho muito para dar. Talento para mudar o que no gosto em mim e para mim. Era de baixo astral e desmotivada, Ganhei autoconfiana, poder prprio em conseguir meus objetivos. (SP ACS) E. Intencionalidade autonomia Manter-se centrado nos objetivos, nos sonhos e no potencial criativo. Crena em si mesmo. Eu pude amadurecer mais e me sentir mais segura e de bem comigo mesma e com o mundo. A sensao de bem estar e empoderamento pessoal intenso! (SP ACS)

  • 46

    Aprendi a colocar para fora pensamentos e sensaes, liberao de pontos escuros da alma. Coloquei em ordem minhas ideias. Fiz das lembranas algo bom. Me entendi melhor. Resolvi vrias questes de relacionamento pessoal. (SP ACS) Aprendi que tenho a fora para enfrentar e vencer as dificuldades. (PR ACS) Aprendi a me amar e a entender a minha histria de vida. Eu posso e devo ser feliz. (PB ACS) Que muito bom expressar os meus sentimentos, inclusive a raiva e dar novos direcionamentos a eles. (PB ACS) Eu posso ir alm dos meus limites. Ontem tinha problemas, hoje tenho solues. (PA ACS) Percebi que sou capaz de ajudar as pessoas ajudando a mim mesmo. (PR Psicloga) F. Integridade pessoal - autenticidade Importante ter uma vida pautada em valores e crenas. Ser autntico e ser justo com o outro, a partir da prpria justia pessoal. Reconhecer os erros sem culpabilidade. Parei de brigar e aprendi a dialogar. (RJ ASC) Aprendi a re-significar a vida, os conceitos e viso do mundo. (GO Enfermeira) Aprendi a compreender as necessidades do outro. (GO - ACS) Aprendi a ter tolerncia e pacincia. (GO ACS) A diminuio do sofrimento vem quando eu reconheo que sou capaz de transformar a dor em alegria. (CE psiclogo)

    2. Impacto no desenvolvimento profissional do Terapeuta Comunitrio em formao e na sua equipe de sade