terapia nutricional no paciente criticamente enfermo - artigo

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TERAPIA NUTRICIONAL NO PACIENTE CRITICAMENTE ENFERMO  NUTRITI ONAL THERAPEUTIC FOR THE CRITICALLY ILL P ATIE NTS Jussara Fialho Ferreira Côrtes 1 ; Sandra Lúcia Fernandes 1 ; Isolda Prado de Negreiros Nogueira-Maduro 2 ; Anibal Basile Filho 3 ; Vivian M. M. Suen 4 ; José Ernesto dos Santos 4 ; Hélio Vannu cchi 4 & Júlio Sérgio Marchini 4 . 1 Médica residente da Divisão de Nutrologia do Departamento de Clínica Médica. 2 Médica nutróloga, Pós-graduanda. 3 Docente da Disciplina de Terapia Intensiva do Departamento de Cirurgia e Anatomia. 4 Docentes da Divisão de Nutrologia do Departamento de Clínica Médica. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP. CORRESPONDÊNCIA: Jussara Fialho Ferreira Côrtes. Unidade Metabólica. Divisão de Nutrologia. Departamento de Clínica Médica. Av. Bandeirantes, 3900 – 5º andar. CEP 14049-900 – Ribeirão Preto - SP. E-mail: [email protected] / [email protected] CORTES JFF; FERNANDES SL; NOGUEIRA-MADURO I PN; BASILE-FILHO A; SUEN VMM; SANTOS JE; V ANNUCHI H & MARCHINI JS. Terapia nutricional no paciente criticamente enfermo. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 394-398, abr./dez.2003. RESUMO - A Terapia Nutricional tem tido grande impacto na evolução do paciente grave. Sua escolha e manuseio, no entanto, têm sido alvo de dúvidas e erros freqüentes, principalmente no paciente crítico. A escolha da terapia nutricional a ser realizada, bem como sua via de administra- ção deve levar em conta o quadro clínico e as condições gerais do paciente. A via oral/enteral de oferta de nutrientes, mais fisiológica, é a preferível. Portanto, sempre que possível, deve-se utilizar o trato gastrointestinal. Quando este não puder ser utilizado, a via parenteral está indicada, tanto no sentido de suplementar a nutrição enteral, como quando esta não consegue suprir toda a demanda de nutrientes, de que o paciente necessita. Esta revisão tem por objetivo apresentar e difundir a condução da terapia nutricional no paciente crítico, de forma prática e adequada. De maneira geral, a oferta calórica deverá atender às necessidades basais do paciente e a protéica fornecer material plástico para síntese protéica. Minerais, vitaminas e água deverão ser ajustados às necessidades e ao quadro clínico do paciente em questão. UNITERMOS  - Avaliação Nutricional. Estado Nutricional. Apoio Nutricional. Nutrição Enteral. Nutrição Parenteral. Estado Terminal. 394 1- INTRODÃO Denomina-se terapia nutricional a oferta de nu- trientes pelas vias oral, enteral e/ou parenteral, visan- do à oferta terapêutica de proteínas, energia, minerais, vitaminas e água, adequadas aos pacientes, que, por algum motivo, não possam receber suas necessidades pela via oral, convencional. Paralelamente, a desnutri- ção hospitalar é uma situação freqüente, conhecida como predisponente para um aumento na morbidade e mortalidade, resultando em hospitalização prolongada e onerosa (1) O paciente, em terapia intensiva, freqüen- temente, encontra-se em estado hipermetabólico, de- corrente do trauma, sepse ou de qualquer outro qua- dro de gravidade. O suporte nutricional para tais paci- entes pode ser decisivo em sua evolução. Esta revisão tem a finalidade de expor as situa- ções em que a terapia nutricional para os pacientes em estado grave está indicada, bem como as quanti- dades de nutrientes a serem prescritas. Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio : URGÊNCI AS E EMERGÊNCIAS ENDÓCRINAS  ,  METABÓLICAS E NUTRICIONAIS 36:  394-398, abr./dez. 2003  Capítulo VI

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7/22/2019 Terapia Nutricional No Paciente Criticamente Enfermo - ARTIGO

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TERAPIA NUTRICIONAL NOPACIENTE CRITICAMENTE ENFERMO

 NUTRITIONAL THERAPEUTIC FOR THE CRITICALLY ILL PATIENTS 

Jussara Fialho Ferreira Côrtes1; Sandra Lúcia Fernandes1; Isolda Prado de Negreiros Nogueira-Maduro2;

Anibal Basile Filho3; Vivian M. M. Suen4; José Ernesto dos Santos4; Hélio Vannucchi4 & Júlio Sérgio Marchini4.

1Médica residente da Divisão de Nutrologia do Departamento de Clínica Médica. 2Médica nutróloga, Pós-graduanda. 3Docente daDisciplina de Terapia Intensiva do Departamento de Cirurgia e Anatomia. 4Docentes da Divisão de Nutrologia do Departamento deClínica Médica. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP.

CORRESPONDÊNCIA: Jussara Fialho Ferreira Côrtes. Unidade Metabólica. Divisão de Nutrologia. Departamento de Clínica Médica.Av. Bandeirantes, 3900 – 5º andar. CEP 14049-900 – Ribeirão Preto - SP. E-mail: [email protected] / [email protected]

CORTES JFF; FERNANDES SL; NOGUEIRA-MADURO IPN; BASILE-FILHO A; SUEN VMM; SANTOS JE; VANNUCHIH & MARCHINI JS. Terapia nutricional no paciente criticamente enfermo. Medicina, Ribeirão Preto, 36:394-398, abr./dez.2003.

RESUMO - A Terapia Nutricional tem tido grande impacto na evolução do paciente grave. Sua

escolha e manuseio, no entanto, têm sido alvo de dúvidas e erros freqüentes, principalmente nopaciente crítico. A escolha da terapia nutricional a ser realizada, bem como sua via de administra-

ção deve levar em conta o quadro clínico e as condições gerais do paciente. A via oral/enteral deoferta de nutrientes, mais fisiológica, é a preferível. Portanto, sempre que possível, deve-se

utilizar o trato gastrointestinal. Quando este não puder ser utilizado, a via parenteral está indicada,

tanto no sentido de suplementar a nutrição enteral, como quando esta não consegue suprir todaa demanda de nutrientes, de que o paciente necessita. Esta revisão tem por objetivo apresentar

e difundir a condução da terapia nutricional no paciente crítico, de forma prática e adequada.De maneira geral, a oferta calórica deverá atender às necessidades basais do paciente e a

protéica fornecer material plástico para síntese protéica. Minerais, vitaminas e água deverão serajustados às necessidades e ao quadro clínico do paciente em questão.

UNITERMOS  - Avaliação Nutricional. Estado Nutricional. Apoio Nutricional. Nutrição Enteral.

Nutrição Parenteral. Estado Terminal.

394

1- INTRODUÇÃO

Denomina-se terapia nutricional a oferta de nu-trientes pelas vias oral, enteral e/ou parenteral, visan-do à oferta terapêutica de proteínas, energia, minerais,vitaminas e água, adequadas aos pacientes, que, poralgum motivo, não possam receber suas necessidadespela via oral, convencional. Paralelamente, a desnutri-ção hospitalar é uma situação freqüente, conhecidacomo predisponente para um aumento na morbidade e

mortalidade, resultando em hospitalização prolongadae onerosa(1) O paciente, em terapia intensiva, freqüen-temente, encontra-se em estado hipermetabólico, de-corrente do trauma, sepse ou de qualquer outro qua-dro de gravidade. O suporte nutricional para tais paci-entes pode ser decisivo em sua evolução.

Esta revisão tem a finalidade de expor as situa-ções em que a terapia nutricional para os pacientesem estado grave está indicada, bem como as quanti-dades de nutrientes a serem prescritas.

Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio : URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS ENDÓCRINAS  , METABÓLICAS E NUTRICIONAIS 36:  394-398, abr./dez. 2003   Capítulo VI

7/22/2019 Terapia Nutricional No Paciente Criticamente Enfermo - ARTIGO

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Terapia nutricional no paciente criticamente enfermo

2- FISIOPATOLOGIA

A prescrição adequada da terapia nutricional aopaciente grave depende do entendimento da respostametabólica que se segue à agressão aguda – trauma,

choque, sepse e inflamação sistêmica. Tal situaçãocaracteriza-se por uma resposta generalizada, em quehá mobilização de energia para estimular a funçãoimune e o reparo dos tecidos lesados, o que ocorre àscustas do consumo de massa magra e aumento na perdaurinária, de nitrogênio. Os aminoácidos são mobiliza-dos do músculo esquelético, tecido conjuntivo e intes-tino, para promover a cicatrização das feridas e para asíntese hepática de proteínas de fase aguda, além detornarem-se substrato para a gliconeogênese.(2,3)

A síntese de albumina diminui, compensando a

maior síntese de substâncias nitrogenadas, denomina-das proteínas de fase aguda, entre elas: proteína Creativa, mucoproteínas, fibrinogênio, transferrina, ce-ruloplasmina, e fatores do complemento. O papel des-ses elementos encontra-se apenas parcialmente elu-cidado, mas acredita-se que, em sua maioria, tenhama função de amenizar as repercussões da invasão bac-teriana, do choque e das lesões teciduais. Diversasproteínas da fase aguda comportam-se como antipro-teases e opsoninas, outras auxiliam na coagulaçãosanguínea e algumas parecem contribuir com a cica-trização das feridas.(1)

3- INDICAÇÃO

A terapia nutricional não somente procura pre-venir a deterioração do estado nutricional, como, tam-bém é efetiva para minimizar as complicações devidoao jejum prolongado. Nessa condição, a atrofia damucosa intestinal contribui para o aumento da per-meabilidade e translocação bacteriana da luz para oslinfonodos mesentéricos. A perda ponderal, exceden-do 10% do peso, antes da doença, pode comprometera habilidade do paciente em combater infecções e,

em tais casos, a terapia nutricional está indicada. (4,5,6)

A identificação da desnutrição proteicocalóricaé feita por meio da história clínica / exame físico, per-da ponderal, medidas antropométricas [peso, altura,comprimento do braço (Cob), circunferência médiado braço (Cb) e prega tricipital (Pt)], índice de massacorporal (peso/altura2 = kg/m2), circunferência mus-cular do braço [Cb (cm) - π x Pt (cm)], reserva degordura do braço [Pt/Cob2 = mm/dm2], concentraçõesséricas de albumina / transferrina e índice nutricional

de risco. Os pacientes tornam-se nutricionalmente derisco, quando a desnutrição resulta em aumento damorbidade específica.(7) São múltiplos os fatores derisco para desnutrição, como podem ser vistos na Ta-bela I.

4- AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

Os dados antropométricos podem estar altera-dos devido ao excesso de água corpórea, secundário,por exemplo, à hipoalbuminenia. A oferta calórica écalculada em relação ao valor estimado para o meta-bolismo basal (GEB), considerando-se o peso atual dopaciente sem acrescentar fatores de correção ao va-lor encontrado.(1) Idealmente, seria indicada a medidareal do gasto calórico por meio de calorimetria indire-

ta (determinação do Vo2 e Vco2). Uma das maneirasde estimar o metabolismo basal é por meio da equa-ção de Harris – Benedict.(8)

• Para mulheres, GEB(kcal/dia) = 655,1+ 9,6 x Peso(em kg) + 1,85 x Altura (em cm) – 4,68x Idade (em anos).

• Para homens, GEB (kcal/dia) = 66,47 + 13,75 x Peso(em kg) + 5 x Altura (em cm) – 6,76 x Idade (em anos).

Em pacientes que não respondem a cálculosestimados, pacientes com insuficiência de múltiplos

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7/22/2019 Terapia Nutricional No Paciente Criticamente Enfermo - ARTIGO

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Cortes JFF; Fernandes SL; Nogueira-Maduro IPN; Basile-Filho A; Suen VMM; Santos JE; Vannuchi H & Marchini JS

órgãos, com suporte nutricional prolongado, ou paci-entes com insuficiência respiratória, aguda, em venti-lação artificial, recomenda-se o uso de calorimetriaindireta. Nessa situação, o GEB é igual a 3,9 x Vo2 +1,1 x Vco2.

5- PRESCRIÇÃO NUTRICIONAL NO PACI-ENTE GRAVE(7)

Como conduta geral, deve-se instituir terapianutricional, se:• paciente sem nutrição há sete dias com índice de

massa corporal (IMC) >18 kg/m2;• paciente sem nutrição há mais de três dias, se IMC≤ 18 kg/m2;

• estimativa da duração da doença, que impossibilitaa ingestão, via oral, de alimentos, acima de 10 dias;

• pacientes com perda ponderal, aguda, maior que 10%;

• pacientes de alto risco – com infecção grave, quei-mado, com traumatismo grave.

Em todas essas situações, iniciar terapia nutri-cional após estabilização hemodinâmica do paciente.

Se o trato gastrointestinal (TGI) estiver funcio-nante, fornecer nutrição enteral; usar sonda em posi-ção gástrica, se o risco de aspiração for baixo; casocontrário, usar sonda em posição jejunal. Sempremonitorizar a presença de resíduos gástricos, obser-vando o surgimento de distensão abdominal, diarréia eanormalidades hidroeletrolíticas. Se TGI não estiverfuncionante (íleo paralítico , obstrução intestinal, he-morragia gastrointestinal), iniciar NPT via cateter cen-tral. Nessa situação, monitorizar a glicemia, distúrbioshidroeletrolíticos e acidobásicos além das condições

gerais do paciente. Alguns pacientes com TGI fun-cionante não irão ou não conseguirão comer. São aque-

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7/22/2019 Terapia Nutricional No Paciente Criticamente Enfermo - ARTIGO

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Terapia nutricional no paciente criticamente enfermo

les com obstrução orofaríngea ou esofagiana e aindaos pacientes portadores de seqüela neurológica, paraos quais a alimentação nasogástrica ou nasojejunalpode estar indicada.(7)

A via utilizada para terapêutica nutricional de-

verá, sempre que possível, ser enteral, em virtude deser mais fisiológica e de menor custo.

A Nutrição Parenteral (NP) é uma solução ouemulsão, contendo carboidratos, aminoácidos, lipídios,água, vitaminas e minerais, administrada por viaintravenosa, com a finalidade de fornecer aos pacien-tes os nutrientes em quantidades necessárias para asíntese e/ou a manutenção dos tecidos, órgãos ou sis-temas.(9) É indicada, quando houver empecilho na ali-mentação via oral ou enteral ou, ainda, quando a ab-sorção dos nutrientes for incompleta ou insuficiente.

Planejar NP é um processo que deve ser seguido pas-so a passo (Tabela II) levando-se em conta as neces-sidades energéticas, protéicas, vitamínicas e eletrolíti-cas. O primeiro passo é definir, por meio dos cálculosexpostos, metas para a oferta energética, e distribuiras calorias entre carboidratos, proteínas e lipídios.

Em NP, as recomendações de proteínas, nopaciente em estado grave, têm sido discutidas, suge-rindo de 1,0 - 2,0 g/kg/dia, de acordo com a condiçãoclínica e o estado catabólico(7). As recomendações delipídios são de 1-2 g/kg/dia. Quando a solução de lipídiosnão puder ser adicionada à NP na fórmula 3:1(glicose;

aminoácidos e lipídios na mesma solução) os lipídiosdevem ser ofertados 2-3x/semana, para fornecer áci-dos graxos essenciais, prevenindo sua deficiência. Amaior parte das calorias, em geral, é obtida com ofer-ta de glicose. Para evitar, principalmente, a hipergli-cemia e a sobrecarga pulmonar pelo excesso de pro-dução de CO2, é recomendado manter a taxa de infu-são de glicose em, no máximo, 5mg/kg/min (Vig-velo-cidade de infusão da glicose).

Em virtude de a maioria dos pacientes que re-cebem NP apresentarem quadro de má absorção egrande perda hidroeletrolítica, podem ocorrer altera-

ções de eletrólitos e minerais como Na+, K+, Ca++,Mg++, PO4

—, Cl-. A necessidade diária de minerais evitaminas para pacientes em bom estado cardiovas-cular, intestinal, renal e hormonal é apresentada naTabela III. Em caso de perdas excessivas ou reten-ção anormal pelo intestino ou rins, prescrições preci-sam ser individuais, com monitorização constante.(7)

As soluções de NP devem ser mantidas emrecipientes apropriados e em temperatura entre 2° e8°C, durante o armazenamento e/ou transporte por

um período máximo de 24 h e sua administração deveser realizada, preferencialmente, com bomba de infu-são à temperatura ambiente.(9) Cada instituição defi-ne soluções-padrão que têm, como vantagem, a esta-bilidade, menor custo e menor manipulação no prepa-

ro, embora, às vezes, não atendam às necessidadesindividuais. Já com as preparações individualizadas,ocorre o inverso.(10,11)

É importante conhecer as situações especiaisem nutrição do paciente criticamente enfermo, comopor exemplo: seu tempo de utilização; em pacientescom insuficiência respiratória ou, ainda, nos pacientescom insuficiência renal, cuja oferta protéica varia deacordo com o fato de o paciente estar ou não emdiálise, deve ser evitada a oferta excessiva de hidratosde carbono, que resulta em aumento da produção de

CO2.

(12,13)

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7/22/2019 Terapia Nutricional No Paciente Criticamente Enfermo - ARTIGO

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Cortes JFF; Fernandes SL; Nogueira-Maduro IPN; Basile-Filho A; Suen VMM; Santos JE; Vannuchi H & Marchini JS

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6- CONCLUSÃO

O tratamento do paciente grave deve incluir aterapia nutricional específica, uma vez que são pacientescom alto risco de complicações. Após estratificados

os riscos, deve-se optar pela melhor via de terapia

nutricional. A terapêutica nutricional, no paciente criti-camente enfermo, pode resultar numa melhor evolu-ção da doença de base com maior sobrevida e menorônus hospitalar. Vale a pena ressaltar que a via oral ésempre a preferível, e que a indicação da nutrição paren-

teral não deve ser retardada nos casos apropriados.

CORTES JFF; FERNANDES SL; NOGUEIRA-MADURO IPN; BASILE-FILHO A; SUEN VMM; SANTOS JE; VANNUCHIH & MARCHINI JS. Nutritional therapeutic for the critically ill patients. Medicina, Ribeirão Preto, 36:394-398, apr./dec. 2003.

ABSTRACT  - Nutritional Therapeutic has a great impact on the treatment of the critically illpatient. Its choice and conduct, however, has been a matter of doubt and frequent errors.

The choice of nutritional therapeutic and its route of administration must consider if the gastro-

intestinal tract is available. The enteral route will be used if the gastrointestinal tract is available.

If it isn’t; like short bowel syndrome, or gastrointestinal haemorrhage, parenteral nutrition isindicated.

This review has the objective of answer the most frequent questions and conduct the nutritional

therapeutic in critically ill patients.

UNITERMS  - Nutrition Assessment. Nutritional Status. Nutritional Support. Enteral Nutrition.Parenteral Nutrition. Critical Ilness.

9 - BRASIL. Leis, Decretos. Portaria 272 de 08/04/98.Regula-mento técnico e requisitos mínimos exigidos para terapia denutrição parenteral. Diário Oficial da União, Brasília, p.2-

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