terapia cognitiva comportamental em...

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C749 Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas (10. : 2015 : Porto de Galinhas) Programa e resumo do X Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas / Carmem Beatriz Neufeld, Aline Sardinha e Priscila de Camargo Palma (organizadoras). Porto de Galinhas: Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, 2015. ISBN 978-85-66867-01-5 TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL EM IDOSOS: UM CASO DE DEPRESSÃO Mayara Pereira de França* (Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa/PB) Fabiana Ferreira da Silva Brito* (Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa/PB) Melyssa Kellyane Cavalcanti Galdino** (Laboratório de Pesquisas em Comportamento e cognição- LAPECC, departamento de psicologia, Universidade Federal da Paraiba, João Pessoa/PB) Introdução: O envelhecimento é um processo natural que acarreta alterações físicas, psicológicas e sociais. Nessa fase o indivíduo reflete sobre conquistas e perdas. Assim em pacientes idosos, além dos sintomas comuns, a depressão costuma ser associada a queixas somáticas, hipocondria, sentimentos de inutilidade, tendência autodepreciativa, ideação paranóide e suicida. Ideias errôneas sobre velhice reafirmam suas crenças distorcidas, que somadas aos problemas de saúde, ausência de papeis significativos e poucas interações sociais, aumentam sua resistência a mudança. Objetivo: Analisar a depressão na terceira idade, discutindo possibilidades de atuação com terapia cognitiva. Método: Trata-se de estudo de caso de um idoso de 62 anos, sexo masculino, agricultor, solteiro, sem filhos, com depressão a seis meses, fazendo uso de tratamento medicamentoso. As metas do paciente foram lidar com suas preocupações, ansiedades frente ao futuro e estresse. Construiu-se um protocolo para intervenção baseado na terapia cognitiva de Beck e psicologia positiva. Utilizou-se questionamentos socráticos, registro diário de pensamentos disfuncionais, psicoeducação sobre depressão; aplicação do BDI (Inventário de Depressão de Beck); Ativação comportamental; construção de projeto de vida para 2015; Restruturação cognitiva sobre relacionamento com irmãos e perda da mãe de 99 anos. Resultado: Até o momento, foram realizadas seis sessões. Percebe-se melhora do quadro, adesão ao tratamento e bom vinculo terapêutico. Discussão: Durante as sessões percebeu-se sua preocupação com a perda da mãe que vive acamada e sobre seu futuro, pois não tem filhos, e existe medo de depender dos outros. A hipótese de crença nuclear é “Eu sou fraco”. Apresenta resistência a mudança, com crenças cristalizadas a respeito da velhice e pensamentos distorcidos sobre sua solidão após a morte da mãe, o que possivelmente, desencadeou os sintomas depressivos. O resultado do BDI foi 27 pontos, indicando estado de depressão moderada à grave. O planejamento para próximas sessões será: Intensificar o uso do Registro de Pensamentos Disfuncionais; melhorar a auto-imagem; criar e fortalecer auto-eficácia, ajudando no enfrentamento de situações; Orientar e facilitar a substituição de comportamentos desadaptativos por outros mais adequados; engajá- lo em atividades prazerosas e concretas; trabalhar papéis assumidos; Técnicas de relaxamento; e Restruturação cognitiva. No trabalho com idosos deve-se atender a caracterização própria da idade, como rigidez de pensamento e lentificação de mudanças. A depressão em idosos pode levar a quadro demenciais, assim beneficiam-se de treinamentos de memória, jogos, leituras e planejamentos de atividades concretas. Por outro lado, a adequação da terapia cognitiva ao ritmo de vida e compreensão cognitiva favorece o processo terapêutico. Palavras-chave: Idoso; resistência; depressão. Área temática: Transtornos do Humor

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Page 1: TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL EM …cbtc.fbtc.org.br/Edicao/2015/admin/trabalhosCBTC/TH_XCBTC008.pdf · baseado na terapia cognitiva de Beck e psicologia positiva. Utilizou-se

C749 Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas (10. : 2015 : Porto de Galinhas) Programa e resumo do X Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas / Carmem Beatriz Neufeld, Aline Sardinha e Priscila de Camargo Palma

(organizadoras). – Porto de Galinhas: Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, 2015. ISBN 978-85-66867-01-5

TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL EM IDOSOS: UM CASO DE DEPRESSÃO

Mayara Pereira de França*

(Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa/PB)

Fabiana Ferreira da Silva Brito*

(Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa/PB)

Melyssa Kellyane Cavalcanti Galdino**

(Laboratório de Pesquisas em Comportamento e cognição- LAPECC, departamento de psicologia, Universidade Federal da Paraiba, João Pessoa/PB)

Introdução: O envelhecimento é um processo natural que acarreta alterações físicas, psicológicas e sociais. Nessa fase o indivíduo reflete sobre conquistas e perdas. Assim em pacientes idosos, além dos sintomas comuns, a depressão costuma ser associada a queixas somáticas, hipocondria, sentimentos de inutilidade, tendência autodepreciativa, ideação paranóide e suicida. Ideias errôneas sobre velhice reafirmam suas crenças distorcidas, que somadas aos problemas de saúde, ausência de papeis significativos e poucas interações sociais, aumentam sua resistência a mudança. Objetivo: Analisar a depressão na terceira idade, discutindo possibilidades de atuação com terapia cognitiva. Método: Trata-se de estudo de caso de um idoso de 62 anos, sexo masculino, agricultor, solteiro, sem filhos, com depressão a seis meses, fazendo uso de tratamento medicamentoso. As metas do paciente foram lidar com suas preocupações, ansiedades frente ao futuro e estresse. Construiu-se um protocolo para intervenção baseado na terapia cognitiva de Beck e psicologia positiva. Utilizou-se questionamentos socráticos, registro diário de pensamentos disfuncionais, psicoeducação sobre depressão; aplicação do BDI (Inventário de Depressão de Beck); Ativação comportamental; construção de projeto de vida para 2015; Restruturação cognitiva sobre relacionamento com irmãos e perda da mãe de 99 anos. Resultado: Até o momento, foram realizadas seis sessões. Percebe-se melhora do quadro, adesão ao tratamento e bom vinculo terapêutico. Discussão: Durante as sessões percebeu-se sua preocupação com a perda da mãe que vive acamada e sobre seu futuro, pois não tem filhos, e existe medo de depender dos outros. A hipótese de crença nuclear é “Eu sou fraco”. Apresenta resistência a mudança, com crenças cristalizadas a respeito da velhice e pensamentos distorcidos sobre sua solidão após a morte da mãe, o que possivelmente, desencadeou os sintomas depressivos. O resultado do BDI foi 27 pontos, indicando estado de depressão moderada à grave. O planejamento para próximas sessões será: Intensificar o uso do Registro de Pensamentos Disfuncionais; melhorar a auto-imagem; criar e fortalecer auto-eficácia, ajudando no enfrentamento de situações; Orientar e facilitar a substituição de comportamentos desadaptativos por outros mais adequados; engajá-lo em atividades prazerosas e concretas; trabalhar papéis assumidos; Técnicas de relaxamento; e Restruturação cognitiva. No trabalho com idosos deve-se atender a caracterização própria da idade, como rigidez de pensamento e lentificação de mudanças. A depressão em idosos pode levar a quadro demenciais, assim beneficiam-se de treinamentos de memória, jogos, leituras e planejamentos de atividades concretas. Por outro lado, a adequação da terapia cognitiva ao ritmo de vida e compreensão cognitiva favorece o processo terapêutico.

Palavras-chave: Idoso; resistência; depressão.

Área temática: Transtornos do Humor