teorias antiautoritárias - filosofia da educação

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Teorias Antiautoritárias - Capítulo 19 Nada acontece por acaso na mente e muito menos os processos mentais. Sigmund Freud 1. Contra a autoridade •Os processos e métodos de ensinar, deve ser realizada com liberdade e não como uma “Escola Quartel” (com autoritarismo). •A Educação deve ser realizada em liberdade e para a liberdade. •Usando de psicologia, muitos pedagogos se preocupam com a aprendizagem centralizada no aluno e não no professor. Posicionam – se, assim pedagogos: liberais, marxistas, anarquistas influenciados pelas idéias de Freud (1856-1939) embora não tenha se ocupado com a pedagogia nem possa ser considerado um teórico antiautoritário. •Segundo Freud, a energia que preside os atos humanos é de natureza pulsional e encontra-se em uma substância psíquica denominada id. Para viver em sociedade, o homem precisa aprender a controlar essas forças, papel reservado ao superego, que se constitui a partir da influência externa da cultura e determina a formação da consciência moral. Cabe ao ego maduro estabelecer o equilíbrio entre as forças antagônicas do id e do superego, a fim de adequá-las ao “princípio da realidade”. •O movimento anarquista ou libertário pauta explicitamente pela recusa de qualquer tipo de autoridade. Contemporâneos de Marx, partilham as mesmas

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Trabalho de Filosofia da Educação - Teorias Antiautoritárias

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Page 1: Teorias Antiautoritárias - Filosofia da Educação

Teorias Antiautoritárias - Capítulo 19

Nada acontece por acaso na mente e muito menos os processos mentais.

Sigmund Freud

1. Contra a autoridade•Os processos e métodos de ensinar, deve ser realizada com liberdade e não como uma “Escola Quartel” (com autoritarismo).•A Educação deve ser realizada em liberdade e para a liberdade.•Usando de psicologia, muitos pedagogos se preocupam com a aprendizagem centralizada no aluno e não no professor. Posicionam – se, assim pedagogos: liberais, marxistas, anarquistas influenciados pelas idéias de Freud (1856-1939) embora não tenha se ocupado com a pedagogia nem possa ser considerado um teórico antiautoritário.•Segundo Freud, a energia que preside os atos humanos é de natureza pulsional e encontra-se em uma substância psíquica denominada id. Para viver em sociedade, o homem precisa aprender a controlar essas forças, papel reservado ao superego, que se constitui a partir da influência externa da cultura e determina a formação da consciência moral. Cabe ao ego maduro estabelecer o equilíbrio entre as forças antagônicas do id e do superego, a fim de adequá-las ao “princípio da realidade”.•O movimento anarquista ou libertário pauta explicitamente pela recusa de qualquer tipo de autoridade.

Contemporâneos de Marx, partilham as mesmas críticas à sociedade capitalista e desejam a abolição da propriedade privada dos meios de produção , mas divergem quanto a forma de implantação da sociedade comunista, pois negam toda forma autoritária de poder.

Os anarquistas recusam o Estado e o Igreja, ou qualquer instituição que coloque empecilhos para a emancipação humana. Querem a ordem natural, não a ordem artificial, geradora de hierarquia e dominação.

Fundadas na cooperação voluntária e na autodisciplina, são não – coercitivas. É estimulada a forma direta de relação, em decisões simples, só depois ampliadas para instâncias mais amplas, nunca se delegando poderes a representante algum.

2. Características GeraisO professor não comanda o processo de aprendizagem, mas é antes um

“facilitador” da atividade do aluno. Predomina a não diretividade, o qual o

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mestre cria condições de atuação, evitando, assim qualquer hierarquia que propicie o exercício do poder.

O conteúdo não pode ser Dogmático, mas precisa ter ressonância nos interesses dos alunos.

A metodologia, coerente baseado na autogestão, sendo importante apenas a aprendizagem auto-iniciada e auto-consumada.

Valorização das “comunidades de aprendizagem”, para trabalhar os conflitos.

Com relação a avaliação, desprezam-se os clássicos instrumentos (exames, notas), pois não há “matéria transmitida” , processo como forma de exercício de dominação.Com isso são descartados os procedimentos burocráticos, instrumentos de poder.

3. Principais representantes

Dentre as diversas tendências antiautoritárias, alguns pedagogos se restringem a uma visão baseada na psicologia, enquanto outros, preocupados com aspectos sociais e políticos, estendem suas críticas também à sociedade a que pertencem, havendo ainda quem concilie psicanálise e marxismo.Enquanto uns são típicos representante da psicologia liberal, outros partem de pressupostos socialistas e, mais que transformar a escola, assumem a tarefa revolucionária de liberação das classes oprimidas. As pedagogias não-diretivas

Carl Rogers (1902-1987): o homem é capaz de resolver por si só seus problemas, bastando que ele tenha autocompreensão ou persepção do eu. É necessário que o educador não propriamente dirija, mas crie condições para que o sujeito seja capaz de se guiar por conta própria.

Considera o ato educativo relacional e não individual para o grupo com o professor, para que se transforme em “comunidade de aprendizagem”.

Desenvolveu os T-group ( dinâmica em grupo),em que dez a quinze pessoas interagem sob a observação de um monitor que intervém o mínimo possível para dissolver as relações de autoridade que surgem como decorrência de compulsão que as pessoas tem de mandar e obedecer. Nesse processo de aprendizagem o professor é apenas um “facilitador” do processo, oferecendo recursos, como livros, artigos, meios audiovisuais.

Rogers diz que, apesar de tudo, há limites para a liberdade, limites impostos pelas exigências mesmas da vida, como o médico precisa aprender química, um engenheiro física etc.

A.S. Neill (1883-1973): inglês que por 50 anos dirigiu a famosa escola Summerhill, fundada em 1927 recebeu crianças do mundo inteiro e continuou

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funcionando mesmo após sua morte.Escreveu o livro Liberdade sem medo que relata sua experiência nessa

escola, o qual são abolidos os exames e a obrigatoriedade de assistir aulas. As questões das disciplinas são resolvidas na assembléia geral em que os alunos decidem as regras da comunidade.Neill tem a idéia que a escola é repressora e que usa de autoritarismo para obrigar a criança a se adaptar a uma sociedade doente, marcada pela divisão entre ricos e pobres. A educação não deve reprimir as emoções e é preciso preparar as crianças para serem adultos felizes.

Estudos feitos por ex-alunos quando já adultos mostraram que eles nem sempre prosseguiam nos estudos, mas geralmente se tornavam pessoas tolerantes, espontâneas e sinceras.

Para Neill constranger uma criança a estudar alguma coisa tem a mesma força autoritária de um governo que obriga a dotar uma religião. Se educarmos as emoções, o intelecto se cuidará por si.A escola literária de Ferrer.

Francisco Ferrer Guardia (1859-1909): espanhol, apaixonado defensor da liberdade. Herdou do racionalismo iluminista a esperança de construir um mundo sem superstição e dogmas e do positivismo o reconhecimento da importância da ciência do mundo contemporâneo.

Pode ser considerado um revolucionário ao se destacar o papel social da escola no projeto mais amplo das transformações políticas e ao se dedicar a incansável militância, que culminou o seu fuzilamento.

Criticava a atuação do Estado e da Igreja na educação e, para implantar suas idéias, fundou a Escola Moderna de Barcelona, na qual gostava de receber ricos e pobres (cobrava conforme as posses dos alunos), vindos de famílias de diversas ideologias. Defendia atuação mais efetiva nos primeiros anos, para depois se tornar menos diretiva. Montou na escola uma biblioteca com livros especialmente escritos, traduzidos ou adaptados. As pedagogias institucionais

Representantes: Michel Lobrot, Fernand Oury e Aïda Vasquez.Instituição, também entendido como caráter dinâmico de qualquer

agrupamento humano, cujo conjunto de forças se oferece à análise, mas o que interessa é ser capaz de revelar as contradições do processo de se fazer, justamente porque as forças instituintes sempre estão trabalhando no esforço de vencer a inércia do instituído, a fim de criar o novo.

Os elementos comuns são a oposição à escola tradicional, o caráter fronteiriço entre o educativo e o terapêutico e a estreita relação entre pedagógico e político.

Assim, como Rogers, o professor deve intervir somente quando

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solicitado, e, cabe a ele saber quando a pergunta é pertinente ao grupo. A desafiadora prática de perda de poder , o mestre precisa aprender com prudência e humildade, a silenciar assim que possível: o silêncio sistemático e prolongado é a concretização da não–diretividade. As clássicas tarefas do professor passam a ser responsabilidade do grupo. Realçando a dinâmica dessas relações Michel Lobrot critica severamente a burocracia, típica expressão do poder que ao instaurar a hierarquia, coisifica as pessoas e cristaliza toda a ação.

Representantes no BrasilCom a vinda dos imigrantes , as idéias anarquistas fertilizaram o

movimento operário com a organização sindical e a concepção literária.Contrários à intervenção do Estado e da Igreja, criaram vária escolas

influenciadas pelas idéias de Ferrer.José Oiticica (1882-1957): , no colégio Pedro II, RJ, tentava aplicar em

aula os princípios literários. Além de teórico divulgador do anarquismo, foi ativista, o que o levou ao exílio. Atualmente, destacam-se Miguel Gonzales Arroyo e Maurício Tragtenberg, este último com formação autodidata, defendeu tese de doutoramento sem percorrer a trajetória comum de escolarização. Em sua tese Burocracia e ideologia discute o tema das relações de poder na escola.

4. Repercussões e críticasOs movimentos literários têm dificuldade de se manter viva sua atuação

pelo próprio espírito que emana de suas idéias, ou seja, contrários a toda burocracia, recusando o instituído, negando a delegação de poder a representantes.

Manifestação importante teve em maio de 68 na França. O conflito teve início nas instalações da Sorbonne e assumiu proporções mundiais.As idéias anarquistas permeavam as denúncias de afastamento do homem comum dos centros de decisão, as reinvidicações vinham com as palavras-chave autonomia, diálogo e autogestão.

É louvável o esforço em favor de encaminhar as crianças para a felicidade, superando as relações marcadas pelo medo e opressão.

Geoges Snyders aborda em vários livros a questão que certas práticas educativas por igualarem inadequadamente professor e aluno e por descuidarem da transmissão da cultura acumulada, veêm com certas reservas essas práticas educativas.As tendências não diretivas de orientação liberal são criticadas pelo excessivo pedoncentrismo e por não evitar o individualismo. Onde predomina a análise

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psicológica, recrimina-se o descuido nas causas sociais das diferenças de classe.

Mesmo quando essas preocupações sociais existem, haveria um risco em deixar os alunos às suas inclinações imediatas, aos seus desejos ou àquilo que poderíamos chamar de experiência empírica. Nem sempre eles saberão livrar-se sozinhos da rede de pressupostos e preconceitos que caracterizam a ideologia, necessitando da atuação efetiva dom professor.O maior segredo da educação reside principalmente nisso, de que não cumpre educar

Ellen KeyFilosofia da EducaçãoCap. 19

João Carlos R. P. SanchesHudson Monteiro