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TEORIA DO CRIME ILICITUDE Professores Carlos Alfama e Paulo Igor

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  • TEORIA DO CRIMEILICITUDEProfessores Carlos Alfama e Paulo Igor

  • SUMÁRIO

    1. Conceito de Ilicitude ............................................................................... 4

    2. Teorias que Relacionam Fato Típico e Ilicitude ............................................ 4

    2.1 Teoria da Autonomia ou Absoluta Independência ...................................... 4

    2.2 Teoria da Indiciariedade/da Relativa Dependência ou Ratio Cognoscendi ...... 4

    2.3 Teoria da Absoluta Dependência ou Ratio Essendi ..................................... 5

    3. Espécies de Descriminantes (Excludentes de Ilicitude) ................................ 7

    3.1 Causas Genéricas de Exclusão da Ilicitude ............................................... 7

    3.2 Causas Específicas de Exclusão da Ilicitude .............................................. 7

    4. Requisitos das Excludentes de Ilicitude ..................................................... 7

    5. Estado de Necessidade ........................................................................... 8

    5.1 Requisitos Objetivos ............................................................................. 9

    6. Legítima Defesa ..................................................................................... 16

    6.1 Diferenças entre Estado de Necessidade e Legítima Defesa ........................ 16

    6.2 Requisitos Objetivos ............................................................................. 17

    6.3 Questões Complementares .................................................................... 20

    7. Estrito Cumprimento do Dever Legal ....................................................... 24

    7.1 Conceito ............................................................................................. 24

    7.2 Questões Complementares .................................................................... 24

    8. Exercício Regular de um Direito ............................................................... 26

    8.1 Conceito ............................................................................................. 26

    8.2 Questões Complementares .................................................................... 27

    9. Reflexos na Esfera Cível .......................................................................... 28

    10. Excesso nas Descriminantes .................................................................. 29

    10.1 Doloso .............................................................................................. 29

    10.2 Culposo ............................................................................................ 30

    11. Consentimento no Ofendido ................................................................... 30

    11.1 Requisitos ......................................................................................... 30

    12. Ofendículo .......................................................................................... 32

  • 12.1 Conceito ........................................................................................... 32

    12.2 Natureza Jurídica dos Ofendículos ......................................................... 32

    13. Descriminantes Putativas ...................................................................... 33

    13.1 Espécies de Descriminantes Putativas ................................................... 34

    13.2 Natureza Jurídica da Descriminante Putativa .......................................... 35

    Estudo Dirigido .......................................................................................... 37

    Questões de Provas Anteriores – Lista I ........................................................ 39

    Gabarito – Lista I ...................................................................................... 42

    Questões de Provas Anteriores Comentadas – Lista I ...................................... 43

    Questões de Provas Anteriores – Lista II ....................................................... 48

    Gabarito – Lista II ..................................................................................... 62

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    1. CONCEITO DE ILICITUDE

    É a contrariedade entre uma conduta típica não justificada e o ordenamento jurídico como um todo.

    2. TEORIAS QUE RELACIONAM FATO TÍPICO E ILICITUDE

    2.1 Teoria da Autonomia ou Absoluta Independência

    A tipicidade não tem qualquer relação com a ilicitude. Excluída a ilicitude, o fato permanece típico.

    Exemplo: Fulano mata Beltrano. Comprovada a legítima defesa, exclui-se a ilicitude, mas o fato permanece típico.

    2.2 Teoria da Indiciariedade/da Relativa Dependência ou Ratio Cognoscendi

    A existência do fato típico gera uma presunção relativa de ilicitude. Há uma relativa dependência entre os dois substratos. Excluída a ilicitude, o fato permanece típico. A existência do fato típico gera indícios de ilicitude.

    Exemplo: Fulano mata Beltrano. Comprovada a tipicidade, presume-se a ilicitude. Comprovada a legítima defesa, exclui-se a

    ilicitude, mas o fato permanece típico.

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    2.

    2.3 Teoria da Absoluta Dependência ou Ratio Essendi

    A ilicitude é essência da tipicidade, numa relação de absoluta dependência.

    Excluída a ilicitude, exclui-se o fato típico. Não existe fato típico sem ilicitude e nem

    ilicitude de um fato atípico.

    Exemplo: Fulano mata Beltrano. Comprovada a legítima defesa, o fato deixa de ser ilícito e também típico, pois a ilicitude é essência

    da tipicidade.

    Como consequência da teoria da ratio essendi, surge a Teoria dos Elementos

    Negativos do Tipo. De acordo com essa teoria, o tipo penal é composto de elementos

    positivos (explícitos) e elementos negativos (implícitos).

    O tipo penal passa a ser conhecido como tipo total do injusto, em que

    ou o fato é típico e ilícito, ou atípico e lícito. Os elementos negativos do tipo são

    exatamente as causas descriminantes.

    ATENÇÃO

    Na teoria da indiciariedade, inverte-se o ônus da prova. Ou seja, cabe ao

    réu comprovar a causa excludente da ilicitude.

    ATENÇÃO

    Para que o fato seja típico, são necessários os elementos positivos e a

    ausência dos elementos negativos.

    Exemplo: art. 121 (elementos positivos: matar alguém; elementos

    negativos: estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular de um direito

    ou estrito cumprimento de um dever legal).

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    Essa teoria insere as causas excludentes da ilicitude como elementos implícitos

    de todos os tipos penais.

    EM RESUMO:

    O Direito Penal brasileiro adota a Teoria da Indiciariedade (Ratio Cognoscendi). Provada a tipicidade, presume-se (relativamente) a ilicitude, provocando a inversão do ônus da prova quanto à existência da descriminante.

    Fique atento! Ao se adotar a Teoria da Ratio Cognoscendi, o ônus de provar

    que o agente atuou amparado por uma justificante recai sobre a defesa, gerando as

    seguintes consequências:

    Comprovada a causa de

    exclusão da ilicitude

    Comprovado que o fato não

    ocorreu sob o manto de

    descriminante

    Dúvida quanto à existência da descriminante

    Fundada dúvida

    quanto à existência da descriminante

    O Juiz absolve. O Juiz condena.

    O Juiz condena, pois o ônus da prova é

    da defesa, e não se aplica o in dubio pro

    reo.

    O Juiz absolve, conforme o art. 386, VI, do CPP.

    ATENÇÃO

    A Lei nº 11.690/2008 alterou o art. 386, VI, do CPP e assim temperou a

    Teoria da Indiciariedade, fazendo com que, ainda que o ônus da prova seja da

    defesa, nos casos de fundada dúvida quanto à existência da descriminante, o réu

    seja absolvido.

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    3. ESPÉCIES DE DESCRIMINANTES (EXCLUDENTES DE ILICITUDE)

    Excludentes de ilicitude são as causas que afastarão a ilicitude dos fatos

    típicos praticados pelo agente. Dividem-se em causas genéricas de exclusão da

    ilicitude e causas específicas de exclusão da ilicitude.

    3.1 Causas Genéricas de Exclusão da Ilicitude

    São as previstas na parte geral do Código Penal. Aplicam-se a qualquer delito

    e encontram-se nos incisos do art. 23: estado de necessidade, legítima defesa,

    estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de um direito.

    3.2 Causas Específicas de Exclusão da Ilicitude

    Estão previstas na parte especial do Código Penal e possuem aplicação

    restrita a determinados crimes, ou seja, somente se aplicam àqueles delitos a que

    expressamente se referem.

    Exemplos:

    Art. 128 do CP: Exclusão de ilicitude no caso de aborto praticado por médico quando a gravidez é resultante de estupro ou quando

    a gestante corre risco de morte.

    Art. 146, § 3º, incisos I e II: Exclusão da ilicitude no caso de constrangimento ilegal praticado por médico contra paciente para lhe salvar a vida, ou praticado por qualquer pessoa para evitar o

    suicídio de terceiro.

    4. REQUISITOS DAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE

    Todas as excludentes possuem alguns requisitos objetivos e um requisito

    subjetivo. Os requisitos objetivos são próprios de cada uma delas, entretanto todas

    as descriminantes possuem um elemento subjetivo em comum:

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    NECESSIDADE DE O AGENTE ATUAR VOLUNTARIAMENTE

    E COM CONSCIÊNCIA DE QUE SUA CONDUTA É AMPARADA

    POR UMA CAUSA EXCLUDENTE DA ILICITUDE.

    A simples coincidência de todos os requisitos objetivos caracterizadores das

    justificantes não será suficiente para que se exclua a ilicitude do ato do agente, o que

    só ocorrerá quando este, conscientemente, agir sabendo que se encontra amparado

    por alguma das situações.

    Maria, amante de João, está grávida dele. A gravidez é de risco e a vida de

    Maria corre perigo. João, médico obstetra, resolve praticar aborto em sua amante

    para esconder de sua mulher a gravidez em uma relação extraconjugal.

    Perceba que, de acordo com o art. 128, I, do CP, sempre que a gravidez gera

    risco de vida à gestante, o aborto pode ser realizado por médico sem que estejamos

    diante de conduta criminosa (estado de necessidade de terceiro), entretanto, João

    não realiza o aborto por estar preocupado com a vida de Maria, mas sim para esconder

    de sua família a gestação espúria.

    Logo, não pode João se valer da excludente de ilicitude em razão da ausência

    do elemento subjetivo.

    5. ESTADO DE NECESSIDADE

    Art. 24 – Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

    EXEMPLO

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    O estado de necessidade é a situação em que o agente se depara com uma

    situação de perigo e se vê obrigado a atacar o bem jurídico de um terceiro para

    salvar o seu próprio bem.

    Dois tripulantes e um só paraquedas a bordo de um avião que entra em

    queda livre devido a uma pane em seu motor. Obviamente que apenas um dos dois

    poderá se salvar. Ainda que um tenha que lesionar ou matar o outro para garantir a

    própria vida, não haverá responsabilização penal em razão da situação de estado de

    necessidade.

    5.1 Requisitos Objetivos

    a) Perigo atual

    Observe que, no tocante ao estado de necessidade, a lei exige perigo atual.

    Entretanto, discute-se na doutrina se o perigo iminente também deve ser

    abrangido pelo art. 24 do CP:

    1ª corrente: o art. 24 abrange, também, o perigo iminente (Rogério Greco,

    Cleber Masson, Basileu Garcia, Francisco de Assis Toledo e Aníbal Bruno). Prevalece

    na doutrina.

    2ª corrente: o art. 24 abrange somente o perigo atual (Rogério Sanches

    Cunha, Paulo Queiroz, Fernando Capez, Cesar Roberto Bitencourt e José Frederico

    Marques).

    EXEMPLO

    ATENÇÃO

    Algumas bancas já adotaram a mesma posição da doutrina majoritária, no

    sentido de que o perigo iminente também permite a atuação em estado de

    necessidade. Veja os itens a seguir:

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    b) Que o agente não tenha causado a situação de risco voluntariamente

    Discute-se, na doutrina, qual seria a abrangência do termo voluntariamente;

    entretanto, é amplamente majoritário o entendimento de que a expressão

    “comportamento voluntário” abrange tão somente o dolo.

    Dessa forma, a conduta culposa anterior que criou a situação de risco não

    impede que o agente invoque a figura do estado de necessidade.

    Exemplo: capitão de um navio que, culposamente, provoque o naufrágio da embarcação poderá alegar estado de necessidade na

    briga por uma vaga em bote salva-vidas.

    c) Direito próprio ou alheio

    O Código Penal foi claro ao possibilitar ao agente a atuação em estado de

    necessidade para a proteção de direitos de terceiros.

    O agente, atuando em estado de necessidade, pode proteger bens jurídicos

    disponíveis ou indisponíveis. Quando tratamos de bens indisponíveis, a doutrina é

    1. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – EXECUÇÃO DE MANDADOS –

    TJCE/2014) Para a doutrina majoritária, aquele que, para salvar-se de perigo

    iminente, sacrifica direito de outrem não atua em estado de necessidade.

    Gabarito Definitivo: Errado.

    2. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TJSE/2009)

    Constituem elementos do estado de necessidade perigo atual ou iminente, que o

    agente não tenha provocado, nem podia de outro modo ter evitado.

    Gabarito Definitivo: Correto.

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    unânime ao reconhecer a possibilidade de o agente atuar em defesa dos direitos de

    terceiro sem a necessidade de autorização, expressa ou tácita, daquele.

    Entretanto, quando se trata de bens jurídicos disponíveis, há grande discussão

    na doutrina se haveria a necessidade de autorização do terceiro titular do bem jurídico

    protegido.

    A posição majoritária é no sentido de se exigir a autorização do titular do bem

    jurídico, inclusive nos casos de bens jurídicos disponíveis, nesse sentido: Rogério

    Greco, Cezar Roberto Bitencourt, Paulo Queiroz, Francisco de Assis Toledo e Fábio

    Roque.

    Em sentido contrário, defendendo posição minoritária: Rogério Sanches Cunha

    e Fernando Capez.

    d) Que o agente não tenha o dever legal de enfrentar o perigo

    Se o agente possui a obrigação legal de enfrentar o perigo, não pode invocar

    o estado de necessidade, sendo obrigado a agir enquanto o perigo comportar

    enfrentamento.

    O Direito Penal não obriga ninguém a ser herói, sacrificando bem jurídico

    próprio (de igual ou maior valor que o protegido) em detrimento de bens jurídicos

    alheios.

    Por essa razão, o perigo deve ser enfrentado, por quem esteja obrigado a

    fazê-lo, enquanto comportar enfrentamento. Portanto, imaginando o exemplo

    de um bombeiro, teremos o seguinte raciocínio em provas de concurso público:

    Temos de observar se o item abordará a regra (impossibilidade de alegação

    do estado de necessidade) ou a exceção (possibilidade de alegação do estado de

    necessidade).

    Uma pergunta direta, que questione sobre a possibilidade de um bombeiro

    alegar estado de necessidade, deve ser respondida de maneira negativa, já que ele

    tem a obrigação legal de enfrentar o perigo.

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    Entretanto, se a questão abordar uma situação excepcional, em que o perigo

    não comporta o enfrentamento humano, a resposta deve ser no sentido de que é

    possível ao bombeiro alegar estado de necessidade.

    A grande questão que aqui se discute é sobre a abrangência do termo

    “obrigação legal”.

    Nesse ponto, a despeito de posições adversas, a doutrina majoritária ensina

    que apenas quem tenha o dever legal em sentido estrito (decorrente de

    mandamento legal) está obrigado a enfrentar o perigo.

    Afastam-se, assim, aqueles que possuem dever meramente contratual (como

    um segurança particular, por exemplo, ou o salva-vidas de um clube privado).

    e) Inevitabilidade do comportamento lesivo

    Para que se configure o estado de necessidade, a lesão ao bem jurídico

    sacrificado deve ser a última opção do agente. Ou seja, o importante é escolher o

    meio menos danoso ao bem sacrificado.

    ATENÇÃO

    Esse é, também, o posicionamento que deve ser adotado em provas de

    concurso público. Veja o item a seguir:

    (CESPE/JUIZ/TRT 5ª REGIÃO/2013) Responde por homicídio

    consumado, não sendo possível a alegação do estado de necessidade, o segurança

    que, contratado para defesa pessoal, não enfrenta cães ferozes que atacaram a

    pessoa que o contratou, causando-lhe a morte, já que era seu dever legal enfrentar

    o perigo.

    Gabarito Definitivo: Errado.

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    O conhecido commodus discessus é um requisito do estado de necessidade.

    Commodus discessus significa “saída mais cômoda”, mas não deve ser

    entendido no sentido de ser a saída mais fácil para o agente e, sim, no sentido de

    ser a saída menos lesiva no caso concreto.

    Ou seja, no estado de necessidade, o agente sempre deverá optar por evitar

    o embate quando isso for possível, mesmo que não lhe seja a saída mais fácil no

    caso concreto.

    f) Inexigibilidade de sacrifício do bem jurídico protegido

    Trata-se do requisito da proporcionalidade entre o direito protegido e o direito

    sacrificado. Existem duas teorias que buscam definir o estado de necessidade:

    unitária e diferenciadora.

    • Teoria unitária: conceitua estado de necessidade exclusivamente como

    causa de exclusão da ilicitude. É a teoria adotada no ordenamento jurídico

    brasileiro.

    Segundo a teoria unitária, para que se possa falar em estado de necessidade,

    o bem sacrificado deve sempre ter um valor inferior (ou no máximo igual) ao bem

    jurídico protegido.

    • Teoria diferenciadora: divide o estado de necessidade em duas espécies:

    estado de necessidade justificante e estado de necessidade exculpante (supralegal).

    ATENÇÃO

    No estado de necessidade, o commodus discessus é requisito indispensável,

    ou seja, o agente sempre deve buscar a solução menos lesiva no contexto.

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    O estado de necessidade justificante funciona como causa de exclusão da

    ilicitude (nos mesmos moldes daquele definido pela teoria unitária) e exige que o

    bem jurídico sacrificado tenha um valor menor do que o protegido.

    O estado de necessidade exculpante (supralegal) funciona como causa de

    exclusão da culpabilidade, ocorrendo nos casos em que o bem jurídico sacrificado

    tem valor igual ou superior ao do bem jurídico protegido.

    TEORIA DIFERENCIADORA TEORIA UNITÁRIA

    Estado de necessidade justificante: • exclui a ilicitude;• bem protegido vale +• bem sacrificado vale –

    Estado de necessidade justificante: • exclui a ilicitude• bem protegido vale + ou =• bem sacrificado vale – ou =

    Estado de necessidade exculpante (supralegal):• exclui a culpabilidade• bem protegido vale – ou =• bem sacrificado vale + ou =

    E no caso do bem protegido valer menos que o bem sacrificado?• pode servir como diminuição de pena (de 1/3 a 2/3).

    g) Questões Complementares

    I – Estado de Necessidade: Agressivo X Defensivo

    O estado de necessidade agressivo ocorre quando o agente, protegendo

    bem jurídico próprio ou de terceiros, sacrifica um bem jurídico de terceiro inocente

    (que não causou a situação de risco).

    O estado de necessidade defensivo, por sua vez, trata-se da situação em

    que o agente sacrifica o bem jurídico do terceiro causador da situação de risco.

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    • Em caso de um ataque de um cão feroz, o agente abate o animal para

    resguardar sua integridade física e até mesmo sua vida (defensivo – bem jurídico

    sacrificado pertencente a terceiro causador da situação de risco – dono do cachorro).

    • O agente que, para apagar incêndio que toma conta de seu carro, quebra o

    vidro do carro ao lado para utilizar o extintor (Agressivo – bem jurídico de terceiro

    inocente sacrificado).

    II – Estado de Necessidade X Estado de Necessidade

    É perfeitamente possível que um agente invoque a figura do estado de

    necessidade contra alguém que também age amparado por essa causa excludente

    da ilicitude. É o que a doutrina convencionou chamar de estado de necessidade

    recíproco.

    III – Estado de Necessidade X Erro na Execução

    Na situação em que o agente, agindo em estado de necessidade, venha a

    cometer um erro na execução e atinja pessoa inocente acidentalmente, não se pode

    a ele imputar o resultado ali atingido. Esse é o posicionamento que prevalece na

    doutrina.

    Fulano, reagindo ao ataque de um cão feroz, efetua disparos contra o animal,

    mas por erro na execução acaba acertando também Beltrano que passava do outro

    lado da rua, causando-lhe lesões. Não poderá ser imputado a Fulano o resultado

    atingido em relação a Beltrano, tendo em vista ter agido em estado de necessidade.

    EXEMPLOS

    EXEMPLO

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    6. LEGÍTIMA DEFESA

    Art. 25 – Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

    Na legítima defesa, o agente se encontra sob o ataque injusto de outra pessoa

    e está autorizado a reagir para fazer cessar a agressão.

    Exemplo: José começa a agredir João com socos e pontapés. João reage prontamente, fazendo José desmaiar com apenas um

    soco.

    6.1 Diferenças entre Estado de Necessidade e Legítima Defesa

    ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA

    Conflito entre vários bens jurídicos diante da mesma situação de perigo.

    Ameaça ou ataque a um bem jurídico.

    Exige a existência de perigo atual que não possua destinatário certo.

    Exige agressão humana injusta, atual ou iminente, e com

    destinatário certo.

    A reação pode atingir terceiros.A reação somente pode se dirigir ao

    agressor.

    Sendo os interesses em conflito legítimos, cabe estado

    de necessidade x estado de necessidade.

    Sendo os interesses do agressor ilegítimos, não cabe legítima defesa

    x legítima defesa.

    Exige a fuga do local, caso seja possível.

    Não exige a fuga do local, ainda que isso seja possível.

    CUIDADO!

    O agente estará obrigado a reparar civilmente os danos provocados por erro

    na execução durante sua ação em estado de necessidade.

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    6.2 Requisitos Objetivos

    a) Agressão injusta

    Conduta humana contrária ao Direito que ataca ou coloca em perigo bens

    jurídicos de alguém.

    1) A agressão injusta não significa necessariamente uma conduta criminosa.

    Exemplo: Tício, em razão de coação moral irresistível de que era vítima, tenta matar Mévio, que reage à agressão, utilizando moderadamente os meios necessários, fazendo-a cessar.

    Note que Tício, ao tentar matar Mévio, não pratica conduta criminosa, tendo em vista que a coação moral irresistível é causa de exclusão da culpabilidade (e, portanto, do crime), mas a agressão não deixa de ser injusta (ilícita, contrária ao

    Direito), podendo ser repelida pela vítima, que estará amparada pela legítima defesa.

    ATENÇÃO

    Tanto o estado de necessidade quanto a legítima defesa são agressões

    permitidas a bens jurídicos.

    Entretanto, exigindo a legítima defesa uma agressão injusta de terceiro,

    podemos dizer que a legítima defesa é uma ação predominantemente defensiva

    com aspectos agressivos.

    O estado de necessidade, por sua vez, não exige nenhuma agressão

    injusta de outrem, razão pela qual podemos dizer que se trata de uma conduta

    predominantemente agressiva com aspectos defensivos.

    OBSERVAÇÕES

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    2) Agressão injusta não se confunde com provocação injusta.

    A simples provocação injusta não autoriza a legítima defesa.

    Exemplo: infidelidade matrimonial flagrada pelo cônjuge. Trata-se de uma

    provocação injusta, mas não é uma agressão injusta, não autorizando reação em

    legítima defesa.

    3) Uma vez constatada a injusta agressão, o agredido pode rebatê-la,

    não se lhe exigindo o requisito do commodus discessus (saída menos lesiva

    no caso concreto).

    Ou seja, na legítima defesa, o agente não precisa evitar o embate mesmo

    que isso seja possível. Ele pode optar livremente por enfrentar a agressão, mesmo

    quando possível evitar o embate para escapar da agressão.

    FUGA DO LOCAL não é requisito da legítima defesa

    é requisito do estado de necessidade

    4) No caso de ataque de inimputável, é cabível a legítima defesa.

    Entretanto, nesse caso, deve-se respeitar o requisito do commodus discessus,

    a fuga do local é medida que se impõe. Somente quando não seja possível fugir da

    agressão, estará o agente autorizado a reagir em legítima defesa contra o ataque de

    um inimputável.

    b) Agressão atual ou iminente

    Se for uma agressão passada, a reação será vingança. Se for uma agressão

    futura, antecipar a reação é mera suposição.

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    c) Uso moderado dos meios necessários

    Meio necessário é o meio menos lesivo à disposição do agredido no momento

    da agressão, porém capaz de repelir o ataque com eficiência.

    Encontrado o meio necessário, deve este ser utilizado de forma moderada.

    d) Salvar direito próprio ou alheio

    Direito próprio: legítima defesa própria ou “in persona”.

    Direito de terceiro: legítima defesa de terceiro ou “ex persona”.

    ATENÇÃO

    A agressão futura pode ser:

    Certa: trata-se de uma promessa de agressão futura que, embora não

    iminente, é tida como certa, segundo uma avaliação objetiva, utilizando-se um

    juízo estatístico de probabilidade com base nas experiências da vida cotidiana.

    Exemplo: uma ameaça de morte sinceramente irrogada por Fernandinho

    Beira-Mar.

    Nessa hipótese, antecipar a reação pode caracterizar inexigibilidade de

    conduta diversa (causa de exclusão da culpabilidade que ainda será estudada na

    próxima aula).

    É o que a doutrina chama de “legítima defesa preventiva” ou “antecipada”

    (que, apesar de ter o nome de “legítima defesa”, não se confunde com a causa

    excludente de ilicitude aqui analisada).

    Incerta: trata-se de promessa de agressão futura sem força suficiente

    para ser tida como certa, ou seja, é uma mera suposição.

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    6.3 Questões Complementares

    a) Legítima Defesa X Erro na Execução

    Na situação em que o agente, agindo em legítima defesa, venha a cometer

    um erro na execução e atinja pessoa inocente acidentalmente, não se pode a ele

    imputar o resultado ali atingido. Esse é o posicionamento que prevalece na doutrina.

    Exemplo: João agride José – que, ao repelir essa agressão, acaba acertando, por erro na execução, Lucas, ferindo-o.

    José não pode responder penalmente pela lesão provocada em Lucas, pois estava agindo em legítima defesa.

    CUIDADO!

    O agente estará obrigado a reparar civilmente os danos provocados por erro

    na execução durante sua ação em legítima defesa.

    b) Legítima Defesa X demais Causas Excludentes de Ilicitude

    Exigindo a legítima defesa uma agressão injusta (contrária ao Direito), não

    é possível alegar legítima defesa diante de uma outra causa de exclusão da ilicitude

    (estado de necessidade, exercício regular de Direito ou estrito cumprimento de dever

    legal), tendo em vista que esses institutos não são agressões injustas (mas, sim,

    justificadas por lei).

    c) Ataque de Animal: Estado de Necessidade ou Legítima Defesa?

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    ATAQUE DE ANIMAL

    ATAQUE NÃO PROVOCADO ATAQUE PROVOCADO PELO DONO

    Configura perigo atual, permitindo estado de necessidade. Ou seja,

    em possibilidade de fuga, a pessoa atacada deve fazê-lo.

    Configura injusta agressão, permitindo legítima defesa. Ou seja, o agente pode rebater a agressão, não sendo obrigado

    a fugir.

    d) Excessos Extensivo e Intensivo

    A doutrina tem dividido o excesso nas descriminantes em duas espécies:

    extensivo ou intensivo.

    • Excesso extensivo: o agente continua a reagir mesmo quando cessada a

    agressão que justificava essa reação. No excesso extensivo, a conduta do

    agente se estende por mais tempo do que o permitido.

    • Excesso intensivo: o agente não utiliza os meios necessários ou os utiliza

    de maneira não moderada, excedendo-se no momento em que ainda sofre

    a agressão. No excesso intensivo, a reação do agente é mais intensa do

    que aquela permitida pela lei.

    ATENÇÃO

    O excesso extensivo tem relação com o uso imoderado dos meios necessários

    para a reação.

    Exemplo: José começa a agredir João, que reage moderadamente e,

    utilizando dos meios necessários, consegue fazer cessar a agressão. Entretanto,

    após cessar a agressão, João continua a desferir golpes contra José, incorrendo

    em excesso extensivo.

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    e) Legítima Defesa Sucessiva

    É a legítima defesa contra o excesso da outra parte que antes agia em legítima defesa. Caracteriza causa de exclusão da ilicitude.

    Exemplo: Maria estava sendo vítima de estupro praticado por João. Reagindo à agressão praticada por João, Maria alcança uma faca dentro de sua bolsa e desfere uma facada na barriga de João, o que imobiliza o agressor, cessando o ataque. Entretanto, mesmo após a cessação do ataque, Maria, enfurecida, continua

    desferindo golpes de faca contra João.

    Nessa situação, João estará autorizado a reagir em legítima defesa sucessiva contra Maria, em razão do excesso de sua vítima.

    f) Legítima Defesa Subjetiva

    Também conhecida como legítima defesa excessiva ou excesso acidental, é a hipótese em que ocorre excesso por erro de tipo escusável (inevitável) do agente, ou seja, o agente se equivoca quanto à situação de fato e acaba se excedendo em sua reação acidentalmente.

    Exemplo: mulher que reage a um estupro, fere e imobiliza o seu agressor, fazendo cessar o ataque; mas, acreditando ainda estar sob o influxo da agressão (erro sobre o contexto fático), continua

    agredindo o estuprador.

    ATENÇÃO

    O excesso intensivo tem relação com a escolha equivocado do meio de

    reação, o agente escolhe meios desnecessários para a reação.

    Exemplo: João, senhor de 70 anos de idade, começa a agredir José, jovem

    com 20 anos de idade e lutador profissional. José, reagindo à agressão de João,

    efetua disparo de arma de fogo contra o agressor. Veja que, em nenhum momento,

    José reage em legítima defesa, pois jamais utilizou o meio necessário para repelir

    a injusta agressão, agindo, assim, em excesso intensivo.

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    LEGÍTIMA DEFESA SUBJETIVA EXCESSO CULPOSO NA LEGÍTIMA DEFESA

    Excesso na reação derivado de erro de tipo inevitável

    Excesso na reação derivado de erro de tipo evitável

    Não exclui a ilicitude Não exclui a ilicitude

    Exclui o fato típico por ausência de dolo e culpa (não há crime)

    Permite a punição do agente por crime culposo

    g) Prévia Combinação de Duelo

    Caso ocorra prévia combinação de duelo, nenhum dos envolvidos na briga

    pode alegar a legítima defesa.

    ATENÇÃO

    A legítima defesa subjetiva somente se caracteriza nas hipóteses em que

    o erro praticado pelo agente é inevitável, ou seja, qualquer um, nas mesmas

    condições em que se encontrava o agente, praticaria o mesmo erro.

    Dessa forma, a legítima defesa subjetiva não exclui a ilicitude do fato, mas

    exclui o fato típico, já que o erro de tipo inevitável exclui o dolo e a culpa, não

    existindo, portanto, conduta penalmente relevante.

    Não confunda a legítima defesa subjetiva com a hipótese de excesso

    culposo na legítima defesa. Nos dois casos, o agente se excede devido a um erro

    tipo, ou seja, erro na interpretação da situação fática que o cerca (representação

    equivocada da realidade).

    Entretanto, enquanto o erro cometido pelo agente é inevitável na legítima

    defesa subjetiva, o erro no caso de excesso culposo é evitável.

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    7. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL

    Essa descriminante não possui um artigo exclusivo no CP anunciando seus

    requisitos objetivos.

    7.1 Conceito

    O agente público no desempenho de suas atividades, não raras vezes, é

    obrigado, por lei (em sentido amplo), a violar um bem jurídico. Essa intervenção

    lesiva, dentro de limites aceitáveis, é justificada pelo estrito cumprimento de um

    dever legal.

    Exemplo 1: policial que emprega a violência necessária, razoável e moderada para executar prisão em flagrante de perigoso bandido. Caso produza lesões corporais leves no preso, não responderá por esse resultado, em razão do estrito cumprimento de um dever

    legal estabelecido no art. 301 do CPP.

    ATENÇÃO

    O policial não pode matar alguém alegando estrito cumprimento de um

    dever legal, porque não existe lei determinando que se mate ninguém. Poderá,

    entretanto, a depender da situação, alegar legítima defesa.

    Exemplo 2: Juiz que, na sentença, emite conceito desfavorável, quando se reporta ao sentenciado, atua no estrito cumprimento de um dever legal, previsto no art. 142, III do CP. Dessa forma, o

    Juiz não responderá por crime contra a honra.

    7.2 Questões Complementares

    a) Estrito Cumprimento de um Dever Legal

    A expressão “dever legal” deve ser tomada no sentido amplo, abrangendo

    todas as espécies normativas (leis, decretos, portarias etc.).

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    Ou seja, o dever legal pode originar-se de atos administrativos, desde que

    esses atos possuam a característica da generalidade (por exemplo, resoluções ou

    portarias).

    Se o ato administrativo tiver caráter específico, será entendido como uma

    ordem direta e poderá ensejar o reconhecimento da obediência hierárquica como

    causa excludente da culpabilidade se cumpridos todos os requisitos (que ainda serão

    estudados).

    b) Descriminante Penal em Branco

    O estrito cumprimento de um dever legal pressupõe a existência de uma norma

    que deverá complementar a previsão do art. 23 do Código Penal. É exatamente essa

    norma complementar que formalizará o dever a ser cumprido.

    Trata-se, portanto, de uma descriminante penal em branco, pois o conteúdo

    da norma permissiva (dever dirigido ao agente) precisa ser complementado por

    outra norma jurídica.

    c) Elemento Subjetivo

    O agente deve ter conhecimento de que está agindo em face de dever imposto

    por lei (em sentido amplo) e que justifica o seu comportamento lesivo.

    d) Estrito Cumprimento do Dever Legal e a Tipicidade Conglobante

    Para os adeptos da tipicidade conglobante, o estrito cumprimento de um

    dever legal não exclui a ilicitude, mas sim o fato típico (por ausência de tipicidade),

    tendo em vista que o dever previsto na norma complementar funciona como ato

    determinado pela lei, não podendo ser considerado um ato antinormativo.

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    CUIDADO!

    A tipicidade conglobante não é adotada no ordenamento jurídico brasileiro,

    portanto, o estrito cumprimento do dever legal é uma causa de exclusão da ilicitude

    PARTICULAR PODE ALEGAR ESTRITO CUMPRIMENTO DE UM DEVER LEGAL?

    1ª corrente: não. Essa excludente de ilicitude é exclusiva de agentes públicos,

    abrangendo o particular somente quando no exercício de função pública.

    Exemplos: mesário da justiça eleitoral, jurado, perito etc.) (Júlio Fabbrini Mirabete).

    2ª corrente: sim. Particular também pode invocar essa descriminante quando

    existe um dever legal direcionando a sua atuação.

    Exemplo: advogado que se recusa a depor em juízo, em razão do dever de sigilo profissional, não responde por falso testemunho em razão do estrito cumprimento de um dever legal baseado no

    Estatuto da OAB) (Flávio Monteiro de Barros).

    Para provas de concursos públicos, prevalece a segunda corrente.

    8. EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO

    Esse descriminante não possui um artigo exclusivo no CP anunciando seus

    requisitos objetivos.

    8.1 Conceito

    O exercício regular de um direito compreende condutas de um cidadão

    comum autorizadas pela existência de um direito definido em lei e condicionadas à

    regularidade do exercício desse direito.

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    Exemplo 1: qualquer um do povo, prendendo perigoso assaltante em

    flagrante delito, atua no exercício regular de um direito previsto no art. 301 do CPP.

    ATENÇÃO: temos, nesse exemplo, caso típico de exercício regular de

    direito “pro magistratu”, segundo o qual o Estado, não podendo estar presente

    para impedir a ofensa a um bem jurídico ou recompor a ordem pública, incentiva o

    cidadão a atuar no seu lugar.

    Exemplo 2: luta de boxe – a violência empregada nesse esporte também

    caracteriza exercício regular de um direito, pois a Lei Pelé (Lei nº 9.615/1998)

    incentiva a prática esportiva, ainda que o esporte seja violento.

    Exemplo 3: possuidor de boa-fé que retém coisa alheia para se ressarcir das

    benfeitorias necessárias e úteis não pagas atua no exercício regular de um direito

    garantido pelo art. 1.219 do CC:

    Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

    8.2 Questões Complementares

    a) Descriminante Penal em Branco

    O exercício regular de um direito pressupõe a existência de uma norma que

    deverá complementar a previsão do art. 23 do Código Penal. É exatamente essa

    norma complementar que formalizará o direito a ser exercido.

    Trata-se, portanto, de uma descriminante penal em branco, pois o conteúdo

    da norma permissiva (direito atribuído ao agente) precisa ser complementado por

    outra norma jurídica.

    EXEMPLOS

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    b) Exercício Regular de Direito e a Tipicidade Conglobante

    Para os adeptos da tipicidade conglobante, o exercício regular de um direito

    não exclui a ilicitude, mas sim o fato típico (por ausência de tipicidade), tendo em

    vista que o direito previsto na norma complementar funciona como ato incentivado

    pela lei, não podendo ser considerado um ato antinormativo.

    9. REFLEXOS NA ESFERA CÍVEL

    Em regra, o reconhecimento de uma causa excludente de ilicitude na esfera

    penal produzirá coisa julgada nas esferas cível e administrativa.

    Esse é o teor do art. 65 do Código de Processo Penal:

    Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

    Excepcionalmente, entretanto, não produzirá nenhum efeito nas outras

    esferas, estando o agente obrigado a indenizar na esfera cível, por exemplo, os

    danos causados.

    Esses casos excepcionais são:

    a) estado de necessidade agressivo: o agente, atuando em estado de

    necessidade agressivo, ofende bens jurídicos de terceiro inocente.

    CUIDADO!

    A tipicidade conglobante não é adotada no ordenamento jurídico brasileiro.

    Portanto, o exercício regular de Direito é uma causa de exclusão da ilicitude.

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    Exemplo: João, com o intuito de apagar o fogo que consumia o seu veículo, quebra o vidro do veículo que se encontra próximo

    para pegar o extintor de incêndio.

    Nesse caso, João agiu em estado de necessidade agressivo, não respondendo

    pelo crime de dano praticado. Entretanto, subsistirá a sua obrigação de reparar o

    dano na esfera cível.

    b) excludente de ilicitude praticada com erro na execução

    Exemplo: João, reagindo a uma agressão injusta que sofria de José, efetua disparo de arma de fogo em sua direção. Ocorre que, por má pontaria, acabou acertando também Maria, que passava

    do outro lado da rua, matando-a.

    Nesse caso, João agiu em legítima defesa, não respondendo pelo delito de

    homicídio contra Maria. Entretanto, a sua obrigação de reparar eventual dano, na

    esfera cível aos familiares da vítima, subsistirá.

    10. EXCESSO NAS DESCRIMINANTES

    O agente sempre responderá pelos excessos em qualquer uma das espécies

    de descriminantes. Esse excesso pode ser doloso ou culposo:

    10.1 Doloso

    O agente atua com vontade e consciência de exceder os limites de sua atuação.

    Exemplo: cidadão que sofre uma agressão injusta e, após reagir e fazer cessar a agressão, resolve continuar em sua reação para

    se vingar do agressor.

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    Obviamente, não estará mais amparado pela legítima defesa em razão de seu

    excesso doloso, respondendo, a partir desse momento, pelo resultado que causar

    contra o agressor (homicídio doloso, lesão corporal dolosa etc.).

    10.2 Culposo

    O agente, por erro na interpretação do contexto fático que o cerca, acaba se

    excedendo na sua reação. É o excesso que decorre de um erro de tipo inescusável

    (evitável), que exclui o dolo do agente, mas permite a punição a título de culpa.

    Exemplo: João parte para cima de José para agredi-lo, momento no qual José desfere um forte soco no rosto de João e faz cessar a agressão. Acreditando, em razão de avaliação equivocada dos fatos, que João ainda o agredia, José permanece desferindo socos

    em seu rosto.

    Nesse caso, não se pode falar mais em legítima defesa em virtude do excesso

    cometido por José, o que faz com que ele responda pelos resultados provocados

    a partir daquele momento, mas sempre a título culposo (homicídio culposo, lesão

    corporal culposa etc.), em virtude da evitabilidade do erro que cometeu na análise

    da situação concreta.

    11. CONSENTIMENTO DO OFENDIDO

    O consentimento do ofendido funciona, em regra, como uma causa supralegal de exclusão da ilicitude.

    11.1 Requisitos

    a) Ofendido capaz de consentir.

    b) Consentimento deve ser válido.

    Ou seja, deve ser emanado de forma livre e consciente.

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    c) O bem atingido deve ser disponível.

    Somente é possível admitir o consentimento do ofendido como causa de

    exclusão da ilicitude quando o bem atingido é disponível, a exemplo do patrimônio,

    da honra etc.

    Bem indisponível não autoriza a descriminante, a exemplo da vida.

    A INTEGRIDADE FÍSICA É BEM DISPONÍVEL?

    Entende a doutrina que a integridade física é bem disponível quando a lesão

    provocada for de natureza leve, em que até mesmo a ação penal seria pública

    condicionada à representação do ofendido, e desde que o fato não contrarie a moral

    e os bons costumes.

    Sendo a lesão provada de natureza grave ou gravíssima, o consentimento do

    ofendido não terá o condão de afastar a ilicitude do ato praticado.

    • Bem próprio: o consentimento do ofendido somente afasta a ilicitude se

    recair sobre bens jurídicos que pertençam àquele que consente.

    • Consentimento prévio ou simultâneo à lesão ao bem jurídico: o

    consentimento posterior não exclui a ilicitude, mas pode refletir na punibilidade

    (podendo figurar como renúncia ou perdão, nos crimes de ação privada, por exemplo).

    • Ciência da situação de fato que autoriza a justificante (requisito

    subjetivo)

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    12. OFENDÍCULO

    12.1 Conceito

    Ofendículo é o aparato preordenado para a defesa do patrimônio.

    Exemplo: cerca elétrica, cacos de vidros no muro, lanças dos portões etc.

    ANIMAL PODE SER CONSIDERADO OFENDÍCULO?

    Sim, os animais podem ser considerados ofendículos.

    12.2 Natureza Jurídica dos Ofendículos

    1ª corrente: legítima defesa do patrimônio (legítima defesa preordenada).

    2ª corrente: exercício regular de um direito.

    CUIDADO!

    Nem sempre o consentimento do ofendido funcionará como excludente de

    ilicitude, pois em determinados casos excluirá a própria tipicidade da conduta. Veja

    o exemplo:

    Exemplo: estupro é a prática de relação sexual contra a vontade da vítima,

    logo o crime de estupro só existe se a vítima discorda da atuação do agente; caso

    ela concorde com a relação sexual, não haverá tipicidade da conduta de estupro.

    Trata-se de caso em que o consentimento funciona como causa de exclusão

    da tipicidade formal.

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    3ª corrente: enquanto não acionado: exercício regular de um direito. Quando

    acionado: legítima defesa preordenada. (prevalece).

    4ª corrente: o ofendículo é visível e representa exercício regular de um

    direito e a defesa mecânica predisposta é oculta e representa legítima defesa.

    13. DESCRIMINANTES PUTATIVAS

    São causas imaginárias de exclusão da ilicitude. São situações em que o agente

    acredita estar agindo acobertado por uma descriminante, quando, na verdade, não

    está.

    João, andando em uma rua escura tarde da noite, avista seu desafeto José,

    o qual havia lhe jurado de morte. Ao se aproximarem um do outro, José leva a mão

    à cintura, fazendo com que João acreditasse que seria vítima de um ataque do rival.

    Nesse momento, imaginando estar agindo em legítima defesa contra o iminente

    ataque de seu desafeto, João saca a arma de fogo que trazia consigo e efetua dois

    disparos certeiros contra José, levando-o a óbito no local. Após os disparos, verificou-

    se que José estava desarmado e levou a mão à cintura apenas para pegar o maço

    de cigarros que ali trazia.

    Nessa situação, verificamos a ocorrência de uma legítima defesa putativa.

    ATENÇÃO

    Para que o ofendículo funcione como causa de excludente da ilicitude

    (independentemente de sua natureza jurídica), dois requisitos são necessários:

    deve estar visível e deve representar reação proporcional ao ataque sofrido.

    EXEMPLO

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    É importante ressaltar que qualquer uma das excludentes de ilicitude podem

    ser putativas (imaginárias), não só a legítima defesa. É possível, por exemplo, que

    o sujeito imagine estar diante de uma situação de perigo que não existe e, supondo

    estar agindo em estado de necessidade, ataque bem jurídico de terceiro.

    13.1 Espécies de Descriminantes Putativas

    A descriminante putativa é marcada por um erro de compreensão do agente, que o faz acreditar estar amparado pelo direito, quando, na verdade, não está.

    Esse erro pode se dar quanto:

    a) à situação de fato: é a situação em que o agente se equivoca porque interpretou mal a realidade que o cercava. Em razão desse equívoco quanto à situação de fato, o agente acredita estar amparado pelo direito.

    Exemplo: sujeito que imagina que será vítima de ataque de seu inimigo e reage, matando-o. Posteriormente, entretanto, descobre

    que o ataque jamais ocorreria.

    Veja que houve uma má representação da realidade.

    b) à existência da causa descriminante: é a situação em que o agente, apesar de representar perfeitamente a realidade dos fatos, acredita que aquela situação lhe autoriza a agir amparado pelo direito, quando, na verdade, não autoriza.

    Exemplo: sujeito que, ao chegar a casa, flagra a mulher em adultério e acredita que, em razão desse fato, pode matá-la para

    lavar a sua honra (legítima defesa da honra).

    Veja que, nesse caso, o sujeito entende perfeitamente aquilo que se passa. Compreende com perfeição a situação de fato; entretanto, se equivoca quanto à

    possibilidade daquela situação consistir em excludente de ilicitude.

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    c) aos limites da descriminante: é a situação em que o agente entende

    perfeitamente a realidade dos fatos, encontra-se em uma situação que lhe permite

    agir conforme o direito, mas erra quanto aos limites dessa permissão legal.

    Exemplo: o sujeito, lutador de artes marciais e de grande compleição física, após ser agredido por terceiro mais frágil fisicamente, saca a arma de fogo e, pensando estar amparado

    pelo direito, dispara contra o agressor, matando-o.

    Perceba que, nesse caso, o sujeito se encontrava diante de situação que

    permitia sua reação em legítima defesa. Entretanto, erra quanto aos limites da

    excludente que existia no caso concreto.

    13.2 Natureza Jurídica da Descriminante Putativa

    A natureza jurídica do erro varia de acordo com as espécies de descriminantes

    narradas acima.

    a) O erro sobre a situação de fato caracteriza erro de tipo permissivo.

    b) O erro sobre a existência da descriminante ou sobre seus limites

    caracteriza erro de proibição indireto (erro de permissão).

    • Erro de tipo é aquele que recai sobre a situação de fato, é a falsa percepção

    da realidade.

    • Erro de proibição é aquele que recai sobre a ilicitude dos fatos, representa

    o desconhecimento da ilicitude dos fatos. O agente sabe o que acontece ao seu

    redor, mas não sabe que seu comportamento era ilícito.

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    ATENÇÃO

    Independentemente de sua espécie, em nenhuma hipótese, as descriminantes

    putativas serão causas de exclusão de ilicitude.

    No erro de tipo permissivo, pode haver exclusão do fato típico por

    ausência de conduta (caso o erro seja inevitável) ou responsabilização do agente

    a título de culpa (caso o erro seja evitável).

    No erro de permissão (erro de proibição indireto), pode haver exclusão

    da culpabilidade por ausência da potencial consciência da ilicitude (caso o erro seja

    inevitável) ou responsabilização com pena reduzida de 1/6 a 1/3 (caso o erro seja

    evitável).

    Muito importante! Essa dupla possibilidade retrata a adoção da teoria

    limitada da culpabilidade, que divide as descriminantes putativas em dois grupos:

    erros de tipo permissivo (excludentes da conduta quando inevitáveis e, portanto,

    excluindo o fato típico) e erros de proibição indireto (excludentes da potencial

    consciência da ilicitude quando inevitáveis e, portanto, excluindo a culpabilidade).

    Esquematizando, temos que:

    TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE

    TEORIA EXTREMADA DA CULPABILIDADE

    Erro sobre a situação de

    fato

    Erro de tipo permissivo

    Erro sobre a situação de

    fato

    Erro de proibição indireto

    Erro sobre a existência de

    uma causa justificante

    Erro de proibição indireto

    Erro sobre a existência de

    uma causa justificante

    Erro de proibição indireto

    Erro sobre os limites de uma causa justificante

    Erro de proibição indireto

    Erro sobre os limites de uma causa justificante

    Erro de proibição indireto

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    ESTUDO DIRIGIDO

    1. Conceitue ilicitude.

    2. Quais as teorias que relacionam o fato típico com a ilicitude? Qual delas é adotada

    pelo Direito Penal brasileiro?

    3. Quais são as espécies de excludentes de ilicitude?

    4. Quais são as possíveis formas de agir com excesso nas descriminantes?

    5. O reconhecimento de uma causa excludente da ilicitude no processo penal produz

    efeitos nas esferas civil e administrativa? Em caso afirmativo, existem exceções?

    Quais são elas?

    6. Qual o requisito subjetivo atinente a todas as causas descriminantes?

    7. O que é estado de necessidade? Quais são os seus requisitos? (Não precisa

    conceituá-los, basta que os enumere nesse momento)

    8. A existência de perigo iminente é suficiente para que o agente possa alegar o

    estado de necessidade?

    9. Qual a relação entre as pessoas que possuem a obrigação legal de enfrentar o

    perigo e a possibilidade de alegação de estado de necessidade?

    10. No estado de necessidade, o agente está autorizado a agir mesmo quando lhe

    seja possível evitar o confronto e o dano ao bem jurídico do terceiro?

    11. Quanto à valoração dos bens jurídicos sacrificados e salvaguardados, qual a teoria

    adotada pelo CP?

    12. Conceitue estado de necessidade justificante e estado de necessidade exculpante.

    13. O que é estado de necessidade agressivo? E estado de necessidade defensivo?

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    14. É possível que ocorra uma situação de estado de necessidade x estado de

    necessidade?

    15. Quais são os requisitos da legítima defesa? (Não precisa conceituá-los, basta que

    os enumere nesse momento)

    16. Na legítima defesa, o agente está autorizado a agir mesmo quando lhe seja

    possível evitar o confronto e o dano ao bem jurídico do terceiro?

    17. É possível que ocorra uma situação de legítima defesa x legítima defesa? E legítima

    defesa x estado de necessidade?

    18. O ataque espontâneo de um animal autoriza o agente a atuar amparado por qual

    causa de exclusão da ilicitude? E se esse ataque for provocado pelo dono?

    19. Qual a diferença entre o excesso intensivo e o excesso extensivo?

    20. O que é legítima defesa sucessiva?

    21. Quais são as conhecidas descriminantes penais em branco?

    22. O particular pode alegar estrito cumprimento do dever legal?

    23. Qual a causa excludente de ilicitude supralegal aceita pelo nosso ordenamento

    jurídico?

    24. A integridade física é um bem jurídico disponível ou indisponível? Esclareça as

    possibilidades.

    25. O que é um ofendículo? Essa situação exclui a ilicitude dos fatos praticados?

    26. O que é uma descriminante putativa?

    27. Quais as espécies de descriminantes putativas existentes? Qual espécie de erro

    representa cada uma delas?

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    QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES – LISTA I

    1. (2018/CESPE/SEFAZ-RS/TÉCNICO TRIBUTÁRIO DA RECEITA

    ESTADUAL – PROVA 2) O estado de necessidade recíproco não é aceito no direito

    brasileiro.

    2. (2014/FGV/SUSAM/ADVOGADO) O Código Penal vigente reconhece o estado

    de necessidade exculpante como causa de exclusão da ilicitude.

    3. (2014/FGV/SUSAM/ADVOGADO) A legítima defesa, o estado de necessidade,

    o exercício regular de direito, o estrito cumprimento de dever legal e o consentimento

    do ofendido são causas de exclusão de ilicitude, podendo o último, em alguns casos,

    excluir a própria tipicidade.

    4. (2018/CESPE/SEFAZ-RS/TÉCNICO TRIBUTÁRIO DA RECEITA ESTADUAL

    – PROVA 2) No estado de necessidade justificante, o bem jurídico sacrificado é de

    maior valor que o bem jurídico preservado.

    5. (2018/CESPE/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA

    AVALIADOR FEDERAL) Conforme a doutrina pátria, uma causa excludente de

    antijuridicidade, também denominada de causa de justificação, exclui o próprio crime.

    6. (2018/CESPE/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA

    AVALIADOR FEDERAL) Situação hipotética: Um policial, ao cumprir um mandado

    de condução coercitiva expedido pela autoridade judiciária competente, submeteu,

    embora temporariamente, um cidadão a situação de privação de liberdade. Assertiva:

    Nessa circunstância, a conduta do policial está abarcada por uma excludente de

    ilicitude representada pelo exercício regular de direito.

    7. (2018/CESPE/PC-MA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Durante o

    cumprimento de um mandado de prisão a determinado indivíduo, este atirou em um

    investigador policial, o qual, revidando, atingiu fatalmente o agressor.

    Nessa situação hipotética, a conduta do investigador configura

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    a) legítima defesa própria.

    b) exercício regular de direito.

    c) estrito cumprimento do dever legal.

    d) homicídio doloso.

    e) homicídio culposo.

    8. (2017/CESPE/TRF – 1ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE

    JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL) Segundo o Código Penal, o agente que tenha

    cometido excesso quando da análise das excludentes de ilicitudes será punido apenas

    se o tiver cometido dolosamente.

    9. (2013/FGV/TJ-AM/FGV/ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA

    AVALIADOR E LEILOEIRO) João passeava com seu filho de 3 anos em um bosque

    ermo quando um cão feroz, sem coleira e desacompanhado, tentou atacar a criança.

    Encontrando um tronco de madeira no chão, pegou o objeto e deu uma paulada no

    animal, que fugiu machucado. Diante da situação hipotética, João foi denunciado.

    Nesse caso, de acordo com o entendimento majoritário nos Tribunais pátrios,

    a) João praticou o crime do Art. 32 da Lei n. 9.605 (Praticar ato de abuso, maus

    tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou

    exóticos) e, por isso, deve ser condenado.

    b) João atuou em legítima defesa, devendo ser absolvido.

    c) João não poderá ter reconhecida a legítima defesa pelo fato de que esta causa de

    exclusão da ilicitude não pode ser aplicada quando a injusta agressão for praticada

    em face de terceiro.

    d) João atuou em estado de necessidade, devendo ser absolvido.

    e) João não poderá ter reconhecido o estado de necessidade, pois como pai ele tinha

    o dever legal de enfrentar o perigo.

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    10. (2012/FGV/PC-MA/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Com relação às causas de

    exclusão de ilicitude, assinale a afirmativa correta.

    a) O inimputável por não ter consciência de seu agir, não pode alegar legítima defesa.

    b) Aquele que anteriormente provocou o agressor, não pode alegar legítima defesa.

    c) O agente que culposamente criou a situação de perigo, não pode alegar ter atuado

    em estado de necessidade para se livrar daquela situação perigosa.

    d) Aplicada a teoria da tipicidade conglobante, houve o esvaziamento de todas as

    causas de exclusão de ilicitude.

    e) Aquele que mata um cachorro que o atacava por ordem de terceira pessoa, pode

    alegar a presença da excludente da legítima defesa.

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    GABARITO – LISTA I

    1. E

    2. E

    3. C

    4. E

    5. C

    6. E

    7. a

    8. E

    9. d

    10. e

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    QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES COMENTADAS – LISTA I

    1. (2018/CESPE/SEFAZ-RS/TÉCNICO TRIBUTÁRIO DA RECEITA

    ESTADUAL – PROVA 2) O estado de necessidade recíproco não é aceito no direito

    brasileiro.

    Errado.

    Admite-se o estado de necessidade recíproco sempre que duas pessoas que se

    encontram diante de uma situação de perigo se agridem mutuamente em busca de

    resguardar o próprio bem jurídico exposto ao perigo.

    2. (2014/FGV/SUSAM/ADVOGADO) O Código Penal vigente reconhece o estado

    de necessidade exculpante como causa de exclusão da ilicitude.

    Errado.

    Estado de necessidade exculpante funciona como causa de exclusão da culpabilidade

    e não é adotado pelo Código Penal brasileiro, embora o seja pelo Código Penal Militar

    brasileiro.

    3. (2014/FGV/SUSAM/ADVOGADO) A legítima defesa, o estado de necessidade,

    o exercício regular de direito, o estrito cumprimento de dever legal e o consentimento

    do ofendido são causas de exclusão de ilicitude, podendo o último, em alguns casos,

    excluir a própria tipicidade.

    Correto.

    O consentimento do ofendido pode funcionar como causa de exclusão da tipicidade

    formal de um fato sempre que o não consentimento da vítima integrar o fato típico

    como elementar do crime.

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    4. (2018/CESPE/SEFAZ-RS/TÉCNICO TRIBUTÁRIO DA RECEITA ESTADUAL

    – PROVA 2) No estado de necessidade justificante, o bem jurídico sacrificado é de

    maior valor que o bem jurídico preservado.

    Errado.

    No estado de necessidade justificante, o bem jurídico preservado tem valor maior ou

    igual ao bem jurídico sacrificado.

    5. (2018/CESPE/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA

    AVALIADOR FEDERAL) Conforme a doutrina pátria, uma causa excludente de

    antijuridicidade, também denominada de causa de justificação, exclui o próprio crime.

    Correto.

    As causas de exclusão da ilicitude representam causas excludentes da própria infração

    penal.

    6. (2018/CESPE/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA

    AVALIADOR FEDERAL) Situação hipotética: Um policial, ao cumprir um mandado

    de condução coercitiva expedido pela autoridade judiciária competente, submeteu,

    embora temporariamente, um cidadão a situação de privação de liberdade. Assertiva:

    Nessa circunstância, a conduta do policial está abarcada por uma excludente de

    ilicitude representada pelo exercício regular de direito.

    Errado.

    Trata-se de hipótese de estrito cumprimento do dever legal e não exercício regular

    de Direito.

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    7. (2018/CESPE/PC-MA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Durante o

    cumprimento de um mandado de prisão a determinado indivíduo, este atirou em um

    investigador policial, o qual, revidando, atingiu fatalmente o agressor.

    Nessa situação hipotética, a conduta do investigador configura

    a) legítima defesa própria.

    b) exercício regular de direito.

    c) estrito cumprimento do dever legal.

    d) homicídio doloso.

    e) homicídio culposo.

    Letra a.

    O policial reagiu a uma agressão injusta, usando moderadamente dos meios

    necessários. Não se admite o estrito cumprimento do dever legal, pois, ressalvada

    a hipótese da pena de morte admitida nos casos de guerra declarada, não há no

    ordenamento jurídico o dever legal de matar alguém.

    8. (2017/CESPE/TRF – 1ª REGIÃO/ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE

    JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL) Segundo o Código Penal, o agente que tenha

    cometido excesso quando da análise das excludentes de ilicitudes será punido apenas

    se o tiver cometido dolosamente.

    Errado.

    O excesso nas excludentes de ilicitude deve ser sempre punido, quer tenha sido

    praticado dolosa ou culposamente.

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    9. (2013/FGV/TJ-AM/FGV/ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA

    AVALIADOR E LEILOEIRO) João passeava com seu filho de 3 anos em um bosque

    ermo quando um cão feroz, sem coleira e desacompanhado, tentou atacar a criança.

    Encontrando um tronco de madeira no chão, pegou o objeto e deu uma paulada no

    animal, que fugiu machucado. Diante da situação hipotética, João foi denunciado.

    Nesse caso, de acordo com o entendimento majoritário nos Tribunais pátrios,

    a) João praticou o crime do Art. 32 da Lei n. 9.605 (Praticar ato de abuso, maus

    tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou

    exóticos) e, por isso, deve ser condenado.

    b) João atuou em legítima defesa, devendo ser absolvido.

    c) João não poderá ter reconhecida a legítima defesa pelo fato de que esta causa de

    exclusão da ilicitude não pode ser aplicada quando a injusta agressão for praticada

    em face de terceiro.

    d) João atuou em estado de necessidade, devendo ser absolvido.

    e) João não poderá ter reconhecido o estado de necessidade, pois como pai ele tinha

    o dever legal de enfrentar o perigo.

    Letra d.

    João agiu em estado de necessidade, tendo em vista que o ataque do animal foi

    espontâneo e gerou uma situação de perigo que expôs a vida e a integridade física

    de seu filho a perigo atual.

    10. (2012/FGV/PC-MA/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Com relação às causas de

    exclusão de ilicitude, assinale a afirmativa correta.

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    a) O inimputável por não ter consciência de seu agir, não pode alegar legítima defesa.

    b) Aquele que anteriormente provocou o agressor, não pode alegar legítima defesa.

    c) O agente que culposamente criou a situação de perigo, não pode alegar ter atuado

    em estado de necessidade para se livrar daquela situação perigosa.

    d) Aplicada a teoria da tipicidade conglobante, houve o esvaziamento de todas as

    causas de exclusão de ilicitude.

    e) Aquele que mata um cachorro que o atacava por ordem de terceira pessoa, pode

    alegar a presença da excludente da legítima defesa.

    Letra e.

    a) Errado. O inimputável pode reagir em legítima defesa diante de uma agressão

    humana injusta.

    b) Errado. A provocação anterior não impede que o agente provocador reaja contra

    uma agressão injusta.

    c) Errado. Somente não pode alegar estado de necessidade aquele quem criou a

    situação de risco com seu comportamento anterior doloso.

    d) Errado. Estado de necessidade e legítima defesa continuam funcionando como

    causa de exclusão da ilicitude mesmo diante da adoção da teoria da tipicidade

    conglobante.

    e) Correto. Sendo o ataque do animal provocado por terceira pessoa, ocorre uma

    agressão injusta na qual o animal se torna mero instrumento da ação humana

    possibilitando a reação do agredido em legítima defesa.

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    QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES – LISTA II

    1. (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJDFT/2016) De acordo com o CP, constituem

    hipóteses de exclusão da antijuridicidade a legítima defesa putativa e o estrito

    cumprimento do dever legal.

    2. (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA/PCPE/2016) Há excludente de ilicitude em

    casos de estado de necessidade, legítima defesa, em estrito cumprimento do dever

    legal ou no exercício regular do direito.

    3. (FAURGS/JUIZ SUBSTITUTO/TJRS/2016) A LEGÍTIMA DEFESA

    PUTATIVA PRÓPRIA CARACTERIZA-SE POR UMA INTEPRETAÇÃO

    EQUIVOCADA DO AGENTE EM RELAÇÃO ÀS CIRCUNSTÂNCIAS REAIS DE

    UMA DETERMINADA SITUAÇÃO FÁTICA, FAZENDO-O ACREDITAR QUE

    ESTÁ SOFRENDO (OU NA IMINÊNCIA DE SOFRER) uma agressão injusta,

    e seu reconhecimento tem como consequência legal o afastamento da ilicitude da

    conduta, ainda que tal equívoco interpretativo decorra de culpa do próprio agente.

    4. (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJDFT/2016) De acordo com o CP, constituem

    hipóteses de exclusão da antijuridicidade o estrito cumprimento do dever legal e o

    estado de necessidade.

    5. (COPESE-UFPI/GUARDA MUNICIPAL – PI/2015) Há estado de necessidade,

    quando a pessoa atua diante de um perigo a que deu causa propositalmente.

    6. (COPESE-UFPI/GUARDA MUNICIPAL – PI/2015) Em situação que não

    extrapole os limites legais do exercício de sua profissão, pode o bombeiro militar

    deixar de socorrer uma pessoa em perigo alegando estado de necessidade.

    7. (COPESE-UFPI/GUARDA MUNICIPAL – PI/2015) Pode-se reconhecer o

    estado de necessidade se havia outro modo de evitar o perigo.

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    8. (COPESE-UFPI/GUARDA MUNICIPAL – PI/2015) Caracteriza-se o estado

    de necessidade mesmo diante de situação de perigo que não seja atual ou iminente.

    9. (COPESE-UFPI/GUARDA MUNICIPAL – PI/2015) Um dos pressupostos

    do estado de necessidade é a demonstração da inevitabilidade do comportamento,

    ou seja, a demonstração de que não havia outra forma de atuar diante da situação

    de perigo.

    10. (COPESE-UFPI/GUARDA MUNICIPAL – PI/2015) Na legítima defesa,

    pode-se utilizar de qualquer meio à disposição para repelir ataque injusto.

    11. (COPESE-UFPI/GUARDA MUNICIPAL – PI/2015) A legítima defesa deve

    ser dirigida somente contra o agressor e não contra terceiros.

    12. (COPESE-UFPI/GUARDA MUNICIPAL – PI/2015) Não há que se falar em

    legítima defesa se uma pessoa se defende de um animal raivoso que a ataca na rua.

    13. (COPESE-UFPI/GUARDA MUNICIPAL – PI/2015) CONSIDERA-SE

    REQUISITO DA LEGÍTIMA DEFESA: DEFESA DE DIREITO PRÓPRIO

    (LEGÍTIMA DEFESA PRÓPRIA) OU DE TERCEIROS (LEGÍTIMA DEFESA DE

    TERCEIROS).

    14. (COPESE-UFPI/GUARDA MUNICIPAL – PI/2015) Considera-se a existência

    da legítima defesa somente quando se está diante de uma injusta agressão.

    15. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE-MT/2015) A legítima defesa

    sucessiva é inadmissível como causa excludente de ilicitude da conduta.

    16. (MPDFT/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2015) É incabível a legítima defesa

    contra legítima defesa real, estado de necessidade real, exercício regular de direito

    ou estrito cumprimento de dever legal.

    17. (MPDFT/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2015) O estado de necessidade constitui

    causa de exclusão da ilicitude, se o perigo para o bem salvo pelo agente for putativo.

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    18. (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2015) A legítima defesa é causa

    de exclusão da ilicitude da conduta, mas não é aplicável caso o agente tenha tido

    a possibilidade de fugir da agressão injusta e tenha optado livremente pelo seu

    enfrentamento.

    19. (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJMS/2015) O estado de necessidade putativo

    ocorre quando o agente, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe

    encontrar-se em estado de necessidade ou quando, conhecendo a situação de fato,

    supõe por erro quanto à ilicitude, agir acobertado pela excludente.

    20. (CESPE/ JUIZ SUBSTITUTO/TJMS/2015) Há estado de necessidade

    agressivo quando a conduta do sujeito atinge um interesse de quem causou ou

    contribuiu para a produção da situação de perigo.

    21. (CESPE/ JUIZ SUBSTITUTO/TJMS/ 2015) De acordo com o art. 25, do

    Código Penal, os requisitos da legítima defesa são: a agressão atual ou iminente e a

    utilização dos meios necessários para repelir esta agressão.

    22. (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJMS/2015) O rol completo das hipóteses de

    excludentes de ilicitudes elencadas no art. 23 do Código Penal são: a legítima defesa,

    o estado de necessidade e o estrito cumprimento do dever legal.

    23. (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJMS/2015) Legítima defesa subjetiva é a

    repulsa contra o excesso.

    24. (MPE-BA/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2015) No tocante à relação entre a

    tipicidade e a ilicitude, a teoria da indiciariedade defende que a tipicidade não

    guarda qualquer relação com a ilicitude, devendo, inicialmente, ser comprovado o

    fato típico, para, posteriormente, ser demonstrada a ilicitude, enquanto a teoria

    da absoluta dependência defende o conceito de tipo total do injusto, colocando a

    ilicitude no campo da tipicidade, pontuando, portanto, que a ilicitude é essência

    da tipicidade.

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    25. (MPE-BA/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2015) No estado de necessidade e

    na legítima defesa, em caso de excesso culposo, o agente responderá por tal

    conduta, ainda que ausente a previsão culposa do delito praticado em decorrência

    do excesso praticado.

    26. (MPE-BA/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2015) A legítima defesa real é

    incabível contra quem age sob a excludente do estado de necessidade ou da

    própria legítima defesa real.

    27. (VUNESP/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-CE/2015) Considera-se em estado

    de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou

    por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo

    sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se

    28. (FCC/ACE/TCE-GO/2014) Considere:

    I– Cícerus aceitou desafio para lutar.

    II– Marcus atingiu o agressor após uma agressão finda.

    III– Lícius reagiu a uma agressão iminente.

    Presentes os demais requisitos legais, a excludente da legítima defesa pode ser

    reconhecida em favor de

    a) Lícius, apenas.

    b) Cícerus e Marcus.

    c) Cícerus e Lícius.

    d) Marcus e Lícius.

    e) Cícerus, apenas.

    29. (FUNDEP/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-MG/2014) Analise o caso a seguir.

    Ao passar próximo ao estoque de uma loja de roupas, um dos vendedores viu que

    havia ali um incêndio de grandes proporções. Naquela situação, correu em direção

    à porta do estabelecimento que, por ser estreita, estava totalmente obstruída por

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    um cliente que entrava no local. Desconhecendo o incêndio e achando que estava

    sofrendo uma agressão, o cliente reagiu empurrando o vendedor, que lhe desferiu

    um soco. Os empurrões do cliente, assim como a agressão do vendedor produziram

    recíprocas lesões corporais de natureza leve.

    Na hipótese, é CORRETO afirmar.

    a) que o vendedor agiu em estado de necessidade e o cliente, em legítima defesa

    putativa.

    b) que o vendedor agiu em estado de necessidade putativo e o cliente, em legítima

    defesa.

    c) que o vendedor agiu em legítima defesa e o cliente, em estado de necessidade.

    d) que o vendedor agiu em legítima defesa putativa e o cliente, em estado de

    necessidade putativo.

    30. (FUNDEP/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-MG/2014) Para repelir a arremetida

    de um cão feroz, o agente usa uma arma de fogo matando o animal. O animal tinha

    sido instado ao ataque pelo seu dono, o que era do conhecimento do agente. O

    agente praticou o fato em estado de necessidade.

    31. (FCC/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-RS/2014) O estado de necessidade

    agressivo ocorre quando o ato necessário se dirige contra a coisa que promana o

    perigo para o bem jurídico defendido.

    32. (FCC/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-RS/2014) No caso de excesso culposo

    da legítima defesa, embora o agente somente possa resultar punido com a pena

    do crime culposo, quando prevista em lei esta estrutura típica, a vontade deste é

    dirigida ao resultado, de modo que age, na realidade, dolosamente, mas, por erro

    vencível ou evitável, não sabe que transpôs os limites legais da causa de justificação

    e exercita defesa desnecessária.

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    33. (FCC/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-RS/2014) Nas discriminantes putativas,

    quando o erro recair sobre os limites ou o alcance da justificativa, estaremos diante

    do erro de tipo permissivo.

    34. (FCC/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-RS/2014) Tanto a legítima defesa como o

    estado de necessidade possuem o caráter de agressão autorizada a bens jurídicos,

    com diferença, entretanto, de que no estado de necessidade ocorre uma ação

    predominantemente defensiva com aspectos agressivos, ao passo que na legítima

    defesa se dá uma ação predominantemente agressiva com aspectos defensivos.

    35. (MPE-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) O dever de enfrentar o perigo é

    norma que impede a exclusão da ilicitude por estado de necessidade.

    36. (MPE-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) Para a teoria diferenciadora, se o

    bem jurídico sacrificado tiver valor igual àquele protegido na situação de necessidade,

    estaremos diante do chamado estado de necessidade justificante.

    37. (MPE-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) O direito penal brasileiro adota

    a teoria unitária do estado de necessidade, reconhecendo-o unicamente como causa

    de justificação.

    38. (MPE-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) O direito penal brasileiro adota

    a teoria unitária do estado de necessidade, reconhecendo-o unicamente como causa

    de exculpação.

    39. (MPE-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) A expressão excesso intensivo é

    usada para referir-se ao uso imoderado de meios necessários, sendo que a expressão

    excesso extensivo é usada para referir-se ao uso de meios desnecessários

    40. (MPE-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) A expressão excesso intensivo

    é usada para referir-se ao uso de meios desnecessários, sendo que a expressão

    excesso extensivo é usada para referir-se ao uso imoderado de meios necessários;

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    41. (MPE-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) Inexiste legítima defesa real de

    legítima defesa real.

    42. (MPE-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) Há possibilidade de legítima

    defesa real de legítima defesa putativa

    43. (MPE-PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) Há possibilidade de duas legítimas

    defesas putativas concomitantes.

    44. (MPE-BA/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) Segundo sua classificação

    doutrinária dominante, o chamado ofendículo pode mais precisamente caracterizar

    situação de exclusão de antijuridicidade.

    45. (PUC-PR/JUIZ SUBSTITUTO/TJPR/2014) No que se refere ao instituto

    do estado de necessidade, para que se possa diferenciar o estado de necessidade

    justificante e exculpante, pode-se destacar as denominadas teorias unitária e

    diferenciadora, sendo que para a unitária, todo estado de necessidade é justificante,

    ou seja, tem a finalidade de eliminar a ilicitude do fato típico praticado pelo agente.

    46. (PUC-PR/JUIZ SUBSTITUTO/TJPR/2014) Para que se possa reconhecer

    o instituto consentimento do ofendido, doutrina enumera alguns requisitos que

    deverão ser preenchidos pelo agente, dentre eles que o ofendido seja capaz de

    consentir; que o bem sobre o qual recaia a conduta do agente seja indisponível, que

    o consentimento tenha sido dado posteriormente à conduta do agente.

    47. (FUNCAB/INVESTIGADOR/PCMT/2014) Roalda vinha dirigindo seu carro quando, em uma descida, percebeu que vinha em sua direção, na traseira de seu veículo, um enorme caminhão desgovernado, em face de ter perdido a capacidade de frenagem. Para salvar a sua vida, Roa