tema desta edição: confiança da vocação pastoral

34
| Recursos Espirituais Espirituais Espirituais Espirituais Espirituais 1 Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral • Ministros Capazes | Stephen Green | p.03 • Liderança Corajosa e Autêntica | Kent Ingle | p.06 • Quem é Você para Impor sua Moralidade aos Outros? | Paul Copan | p.13 • Em Busca de um Timóteo| Tony Cooke | p.18 • Mentoria que Gera Grandes Líderes Espirituais | Don George | p.24 • Discipula o Fiel - Pastoreia o Infiel | Harvey Herman | p.28 • É Tempo de Deixar a Indiferença de Lado | Paul Walterman | p.31 • Terminando Forte | George Wood | p.34 www.enrichmentjournal.ag.org Nº 05 | Março | 2011

Upload: hakhanh

Post on 10-Jan-2017

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 11111

Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

• Ministros Capazes | Stephen Green | p.03

• Liderança Corajosa e Autêntica | Kent Ingle | p.06

• Quem é Você para Impor sua Moralidade aos Outros? | Paul Copan | p.13

• Em Busca de um Timóteo| Tony Cooke | p.18

• Mentoria que Gera Grandes Líderes Espirituais | Don George | p.24

• Discipula o Fiel - Pastoreia o Infiel | Harvey Herman | p.28

• É Tempo de Deixar a Indiferença de Lado | Paul Walterman | p.31

• Terminando Forte | George Wood | p.34

www.enrichmentjournal.ag.org

05 |

Mar

ço |

201

1

Page 2: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

22222 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

É um prazer poder levar até você a 5ª edição da revistaRecursos Espirituais, originalmente publicada pelasAssembleias de Deus dos Estados Unidos, através daLife Publishers, sob o título Enrichment Journal.

Este número está enriquecido por matérias sobreliderança espiritual, tão necessárias aos líderescristãos hodiernos que almejam renovar suas con-vicções biblicamente embasados.

Embora nos deparemos atualmente com certacarência de referências na área de caráter e de perso-nalidade, vemos ainda servos de Deus que buscamdedicar sua vida à retidão e em prol do bem-estar dopróximo.

Oxalá pudéssemos ver a multiplicação de nomesque fizeram história com seus exemplos de vida ecom suas grandes obras a favor do reino de Deus.

Temos notado que, em parte, essa lacuna se deveao fato de que as prioridades têm sido colocadas emvalores terrenos, passageiros ou meramente naquiloque gera um status pessoal. Por outro lado, damosgraças a Deus pelo alerta que estamos recebendo nosúltimos tempos.

Agora você pode acessar online Recursos EspirituaisRecursos EspirituaisRecursos EspirituaisRecursos EspirituaisRecursos Espirituais em 15 idiomas. Visite o website do Enrichment JournalEnrichment JournalEnrichment JournalEnrichment JournalEnrichment Journal e tecle

na opção desejada. Você será direcionado para, além do inglês, mais quatorze idiomas: português, tcheco,

espanhol, francês, alemão, russo, ucraniano, romeno, húngaro, croata, tâmil, bengalês, malaio ou hindi.

Você terá oportunidade para ler os periódicos online ou pode ainda transferir os arquivos, para sua conveniência.

As informações para contato encontram-se no site: www.enrichmentjournal.ag.org

Equipe Editorial / VEquipe Editorial / VEquipe Editorial / VEquipe Editorial / VEquipe Editorial / Versão em Portuguêsersão em Portuguêsersão em Portuguêsersão em Portuguêsersão em Português

Tradução: Nadja Matta

Revisão de Textos: Martha Jalkauskas

Diagramação: ©MMDesign

Lay-out: Lucas do CarmoRevisão Final: Neide Carvalho

Coordenação Geral: Márcio Matta

Entre em contato conosco para obter informações adicionais ou fazer perguntas através do e-mail

[email protected]

Life Publishers InternationalLife Publishers InternationalLife Publishers InternationalLife Publishers InternationalLife Publishers International© Copyright Life Publishers 2010Publicado por Life Publishers, Springfield, Missouri (EUA)Todos os direitos reservados.

EditorialCabe a cada um de nós posicionar-se à frente da

batalha. Encaremos as necessidades, nossas e alheias,com o objetivo de minimizar dores, solucionar proble-mas e fazer a obra de Deus caminhar.

Com um treinamento forte e uma mentoria sábia eoportuna, assim como o jovem Timóteo nos exem-plifica, podemos fazer mais e melhor para Deus.

A persistência em realizar a obra, principalmenteem meio a circunstâncias desfavoráveis, levar-nos-á aum fim satisfatório se sempre e incontestavelmentedepositarmos nossa confiança no Senhor da obra.

Tenho a convicção de que os artigos que integramesta edição, além de serem agradáveis à leitura, serãouma verdadeira bênção para você.

Aprecie sem moderação!

márciomattaeditor | versão em português

Page 3: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 33333

LÍDERES DE PONTA

Em um mundo cheio de expectativas de sucesso e conquistas, ques-tões de adequação ou habilidade desafiam nosso ministério.Paulo lutou com questões similares: Sou adequado para ministrar

a essas pessoas? Ou: Como posso realizar este trabalho? A reação dePaulo revela suas batalhas pessoais com a autoconfiança e suas batalhaspúblicas em relação a ser apóstolo.

Paulo ensinou que a chave para um ministério cheio de esperança,sadio e feliz está em entender que nossa capacidade está em Cristo e nãoem nós mesmos. Primeiro, Deus tem feito pastores compartilharem deSua graça e misericórdia. Segundo, nós somos ministros de esperança ecura para um mundo de pecadores. Paulo mostrou que Deus chama,prepara e declara pastores competentes para proclamar Seu evangelhoaté os confins da terra.

Assim como homens famintos são atraídos pelo cheiro do churrasco,um ministro que está apaixonado por Deus atrai pessoas espiritualmen-te famintas. As palavras descritivas de Paulo de que cristãos são "aromade vida para vida." (2Co 2.16) se referem ao templo onde o odor de ani-mais, sangue, lixo e morte eram mascarados pelo aroma de carne assan-

do no altar. O cheiro evocativo dosacrifício edificava a fé nos coraçõesdas pessoas. Elas eram lembradasde que seus pecados haviam sidoperdoados e as famílias poderiamser restauradas para terem um re-lacionamento correto com Deus.

"... Quem, porém, é suficiente paraestas coisas?" (2Co 2.16). Algunspodem ter achado que sacrificarum boi no altar não seja adequa-do para reparar seus pecados, mui-to menos os pecados de Israel. Masum touro era o que Deus ordenouaos Filhos de Israel oferecerem e,mais importante, foi o que Ele acei-tou.

Deus chama pessoas para minis-

“não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário,a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, ...”

(2Co 3.5,6)

POR STEPHEN PHILLIP GREEN

MinistrosCapazes

MinistrosCapazes

Page 4: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

44444 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

trarem apesar de suas fragilidades.Os desafios aos chamados dos cris-tãos virão de dentro e de fora, masaqueles que andam com a graça deDeus e o encorajamento de Paulopodem verdadeiramente ser “mi-nistros capazes“.

O adjetivo grego hikanos é tra-duzido como capaz (ter chegado ouvir em temporada). Capacidadedescreve a facilidade, habilidade,competência e o merecimento dogrupo de ministério de Paulo, ape-sar do que eles viam neles mesmos.As lutas de Paulo com suas qualifi-cações (Fp 3.5; 1Co 15.9) eram su-peradas pela sua declaração de queDeus nos fez também capazes deser ministros do Evangelho (2Co3.5,6). Nossa competência não éencontrada em nossos talentos oucaracterísticas pessoais, mas apenasna graça de Deus. Ele nos chamoue nos autorizou para um ministé-rio além de nossa capacidade.

Três pontos são necessários parapastores alcançarem este nível deautoconfiança. Primeiro, precisamter uma confiança inabalável nachamada pessoal de Deus. Segun-do, precisam manter compromis-so perene com a causa de Jesus Cris-to. Terceiro, precisam nutrir e de-senvolver a compaixão para com aspessoas que os cercam. Cada umadessas convicções é extraída de fon-tes muito mais profundas, as quaispastores jamais encontrarão em simesmos, então precisam ser sus-tentados e revigorados a partir deuma fonte maior: Deus.

CONFIANÇA EM NOSSOCHAMADOO chamado de Deus é uma missãopara servir Seu reino. Ele não cha-ma pessoas por causa de seus ta-lentos ou habilidades, mas enviapastores a ministrar de maneirasque estão além de suas habilida-

des, de forma tal que Ele possa fazer a obra através deles.Eliseu estava arando o campo quando Elias jogou seu manto sobre

ele. Ouviu o chamado para seguir o profeta. Realmente o seguiu e Deuspreparou-lhe para um futuro ministério. Após a ida de Elias para casa,Eliseu imediatamente testou o chamado de Deus, ferindo a água com omanto de Elias e dizendo, “... Onde está o SENHOR, Deus de Elias?...“(2Re 2.14). As águas se dividiram e Eliseu recebeu sua resposta. Deusestava com Eliseu no rio, mesmo Elias não estando mais com ele. Aconfiança de Eliseu aumentou quando se separou da sombra de Elias eassim ministrou além de sua capacidade e entendimento.

Muitos ministros lutam com sentimento de insuficiência. Lutam comproblemas terrenos comuns e podem se sentir como santos em corposde pecadores, mesmo quando aconselham, pregam ou ensinam a Pala-vra de Deus. A verdade, porém, é que a confiança de um ministro nãopode estar em si mesmo, mas deve estar em Deus, que nos fez capazescomo ministros para nosso próximo e para o mundo. Embora os pasto-res sejam imperfeitos, o selo de aprovação de Deus permanece naquelesque Ele chamou, os quais podem ministrar com confiança a Seu povo.

COMPROMISSADO COM A NOSSA CAUSAA causa de um ministro está enraizada na morte de Jesus pelos pecadosda humanidade, reconciliando assim Deus e o homem. O amor dElepor um pecador é a nossa mensagem maior e a reconciliação com Ele éa esperança maior do mundo. Paulo declarou “... somos embaixadores daparte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte deCristo, que vos reconcilieis com Deus.” (2Co 5.20). Aqueles que se liberta-ram do fardo do pecado assumem o fardo divino. Eles trazem homenspara se arrependerem e se reconciliarem com Deus, seguindo, assim, oexemplo de Jesus.

A causa que os ministros proclamam exige um compromisso custo-so. Aceitar ou rejeitar o Evangelho acarreta ramificações eternas para osouvintes. Mas quem proclama é também obrigado a realizar o chamadocom fé e obediência. O chamado de Deus deve ofuscar outros interessese se tornar prioridade na caminhada de um ministro com Ele. Embora otrabalho de um pastor seja terreno, sua causa é divina. Suas palavras setornam o seu arado, sua caneta, a sua ferramenta, e seu lucro é colhernos campos da humanidade.

Se o compromisso de um ministro com o imperioso chamado de

Os desafios ao chamado doscristãos virão de dentro e de fora,mas aqueles que andam com agraça de Deus e o encorajamentode Paulo podem verdadeiramenteser “ministros capazes”.

Page 5: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 55555

Deus oscila, sua mensagem para os não crentes também será instável epouco convincente. Os pastores devem desafiar os ideais do mundo,proclamar audaciosamente o Evangelho e, com zelo, trazer ao Reinoaqueles que procuram se reconciliar com Deus. O compromisso de umpastor é dependente da interação pessoal com a Palavra de Deus, inclu-indo a aproximação diária com Ele em oração. Compromisso traz visãoao chamado, valor à mensagem e vitória às almas que buscam no minis-tro de Deus ajuda e esperança.

COMPAIXÃO PELO NOSSO POVOJesus amava a multidão. Passou Seu tempo aqui na terra ensinando,tocando e conversando com as pessoas. Ele demonstrava compaixão,empatizando-Se com elas. Ensinou, discipulou e corrigiu algumas ideiasequivocadas. Chorou com elas. Acima de tudo, Jesus as amou.

Ele não era um sumo sacerdote que não podia “... compadecer-se dasnossas fraquezas”, mas Ele “... em tudo foi tentado, mas sem pecado.” (Hb4.15). Sua humanidade proveu o sacrifício expiatório completo para asalvação humana.

O sacrifício de bois e bodes apenas cobriam os pecados de um ho-mem, mas Jesus pagou pelos pecados de toda a humanidade pelo fatode carregar sobre si nossas iniquidades, “... para que, mortos para os peca-dos, pudéssemos viver para a justiça...“ (1Pe 2.24).

A suficiência de um ministro em alcançar pessoas para Deus é vistaneste exemplo. A humanidade encarnada é chamada a sobrepujar suaprópria carne fraca para ministrar espiritualmente a pessoas limitadaspor sua carne pecaminosa. Este privilégio de carne ministrando paraespírito é realizado pelo Espírito Santo, que trabalha através de nossasimperfeições para demonstrar a graça e o poder de Deus aos espiritual-mente famintos dentro de nossa esfera de influência. Deus usa nossahumanidade frágil e finita para realizar Seu grande e infinito plano dereconciliação para aqueles que a Ele virão.

A multidão apresenta muitasoportunidades para ministrar. En-trando no meio dela, pastores con-seguem ministrar àqueles que a cer-cam. Engajando-se na multidão,eles ensinam, aprendem e deixamum pouco de si mesmos (e de Je-sus) com ela. Os discípulos, bem in-

tencionados, geralmente tentavamproteger Jesus da multidão, masSeus maiores milagres aconteceramquando o choro desesperado deum cego ou o braço ávido de umamulher enferma O tocaram. Jesusamava as pessoas e elas O amavam.

Paulo tinha alguns problemascom a percepção de si mesmo(2Co12.7-12). Talvez se fosse maisalto, tivesse boa visão ou falasse demodo eloquente conferisse a elemais confiança. Evidentemente,Deus não achava que esses fossempré-requisitos para o ministério dePaulo. Ao contrário, Ele proposital-mente usou as fraquezas do após-tolo para enfatizar Sua graça e po-der em sua vida: “A minha graça tebasta, porque o meu poder se aperfei-çoa na fraqueza...“ (2Co 12.9). A res-posta de Paulo: “... De boa vontade,pois, me gloriarei nas minhas fraque-zas, para que em mim habite o poderde Cristo.“ (2Co 12.9, destaquenosso).

Pastores, como Paulo, algumavez já duvidaram de sua capacida-de de realizar o chamado de Cristoem suas vidas? Pastores já se ator-mentaram sobre como as pessoasobservam seu ministério?

As conquistas no ministério dePaulo foram possíveis pela confi-ança que ele mantinha no plano eno propósito de Deus para sua vi-da. Ele tem dado aos pastores tudoo que precisam para realizar Seuchamado. Ele tem os feito hikanos– suficientes como ministros para opovo de Deus.

Compromisso traz visão aochamado, valor à mensagem evitória às almas que buscam noministro de Deus ajuda eesperança.

STEPHEN PHILLIP GREENMinistro licenciado, reside em Springfield, MO (EUA).

Page 6: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

66666 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

LIDERANÇACORAJOSA E AUTÊNTICA

Pastor, seu relacionamento com Cristo se torna umainspiração tangível ao implantar em sua congregação

um ministério transformador dirigido pelo Espírito.

PARA TEMPOSDE DESAFIO

66666 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

Page 7: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 77777

Estamos em meio a forçasde transição que estãocriando um novo mundo.Precisamos de líderes que se

tornem agentes de mudança trans-formadora e que mostrem corageme sabedoria diante de desafios semprecedentes que a igreja está enfren-tando. Precisamos de líderes que en-carem a cultura de frente e alavan-quem-na para alcançar pessoas paraCristo. Precisamos de líderes quepossam mudar a nossa forma de agirna igreja, de dentro para fora, paraentão começarmos a ver os milagresde transformação em nossas comu-nidades. O ministério eficaz em nos-sa cultura hoje começa e termina naliderança transformadora.

O que é preciso para ser um lídercorajoso em tempos de mudança?Liderar é viver perigosamente. Quan-

do lidera as pessoas através de mu-dança, você desafia aquilo que elasmais prezam – seus hábitos, suas le-aldades e seu pensar. As pessoas po-dem se retrair quando você perturbao equilíbrio pessoal e institucionalde sua zona de conforto.

Não é de admirar que pastores he-sitem muitas vezes quando surgemoportunidades para se exercer lide-rança. Não obstante sua liderançapossa ser cordial, sua estratégia sercuidadosa e você estar convicto deestar na trilha correta, liderar é desa-fiador. Mas se você for um líder co-rajoso, disposto a levar as pessoas auma jornada transformadora, vocêsabe que vale a pena o risco porqueo objetivo final é a expansão do rei-no de Deus.

Se for apaixonado por Deus, vocêfará o que for preciso para ajudar as

pessoas a experimentarem a vida queDeus planejou para elas.

O que está no cerne de um lídertransformador? O que é necessárioou o que podemos esperar de um lí-der que identificamos como trans-formador? Insights sobre a liderançatransformadora e corajosa incluem:

1. RECONHECENDO QUE AVERDADEIRA EFICÁCIAPROVÉM DA VIDA INTERIORDO LÍDERLíderes querem ser eficazes. Queremferramentas e abordagens à mão queos ajudem a causar um maior impac-to para Jesus Cristo. Muitas conferên-cias sobre crescimento de igrejas, se-minários e literatura de vanguarda,no entanto, parecem centrar-se ape-nas nas metodologias e técnicas ex-teriores. O verdadeiro fundamento

POR KENT J. INGLE

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 77777

Page 8: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

88888 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

para o ministério de transformaçãorepousa dentro do próprio líder – emseu caráter, sua paixão e autenticida-de.

Todo líder de ministério já pas-sou por momentos de apatia em es-pírito, de ineficácia, de desânimo ede dúvidas que esses tempos trazem.Tenho andado longe de semináriosque ensinam que tudo que eu preci-sava fazer paratransformar umministério eraescrever umadeclaração novade visão, rees-crever os valoresprincipais, plan-tar uma igrejano local certo,providenciar es-tacionamentoadequado e lu-gares suficientesno templo,montar um grupo de louvor bemtreinado e uma equipe de teatrotalentosa, envolver-me em um minis-tério de pequenos grupos de relaci-onamentos, saber como avaliar cons-tantemente, e assim minha congre-gação iria crescer além dos meus so-nhos.

E quanto à autenticidade? O mi-nistério eficaz não requer mais queuma abundância de criatividade, lon-gas jornadas de trabalho e capaci-tação responsável?

No início de meu ministério, ouvidizer que a igreja é extensão do lídere que ela assume a personalidade dolíder. Recentemente, especialistas emliderança têm reiterado que o líder éo homem-modelo da equipe. Essesfatos são, até certo ponto, verdade.Se a igreja é uma extensão do líder,se a igreja assume a personalidadedo líder e se a igreja olha para o lí-der como o homem-modelo da equi-pe, não é racional que a autenticida-

de e a vida particular do líder preci-sem ser desenvolvidas, protegidas edifundidas?

Um amigo mentor me lembraque Deus raramente abençoa o mi-nistério de pessoas com caráter du-vidoso, comportamento questio-nável e espiritualidade não notável.As bênçãos de Deus normalmenterepousam sobre aqueles que têm

seus atos morais, espirituais e inte-lectuais conjuntamente. As bênçãosde Deus e o ministério de transfor-mação parecem girar em torno davida particular e pessoal do líder doministério. Com certeza, um lídersem autenticidade pessoal pode tereficácia pastoral, porém apenas porum tempo. Eu tenho um palpite so-bre como Deus mede o sucesso doministério – como Ele faz com a vidade alguém – não pelo barulho exter-no do nosso carisma, mas pelo cará-ter interno de nossas vidas; não pelapompa de nossa personalidade, maspela integridade do coração; e nãopelo brilho momentâneo de estar nolugar certo na hora certa, mas poruma vida de comprometimento e deserviços que muitas vezes é desco-nhecida e não anunciada deste ladodo céu.

Nem todos os que Deus chamouestão fazendo uma diferença trans-formadora. Por quê? Duas pessoas

podem se graduar na mesma univer-sidade, no mesmo curso e terem ex-periência equivalente, mas produ-zem resultados distintos. Um iráprosperar e fazer a diferença; o ou-tro irá tropeçar e falhar, em apatia eem indiferença. Duas igrejas em umamesma comunidade, com as mesmasdoutrinas teológicas, ministrando àmesma classe socioeconômica, com

potenciais simi-lares, podem al-cançar resulta-dos diferentes.Por quê? Algunslíderes de minis-tério podem terperdido uma au-têntica influên-cia de transfor-mação, não ne-cessariamentepor causa da fal-ta de desejo oude unidade, mas

pelo simples fato de falharem em re-conhecer que a eficácia vem de den-tro para fora.

2. CULTIVANDOESPIRITUALIDADE PROFUNDACultivamos o núcleo de nossa vidainterior através do desenvolvimentode nossa espiritualidade. Confiandonas habilidades, nos talentos e napersonalidade exterior só se vai atéaqui. A vida do líder espiritual é umindicador muito mais importante doque faz uma diferença transfor-madora. As pessoas estão muito maiscomprometidas em seguir um lídercuja comunicação e estilo de vida ir-radiam espiritualidade.

Você pode descobrir profundaespiritualidade no convite de Jesus:"Vinde a mim todos vós que estais can-sados e oprimidos, e eu vos aliviarei.Tomai o meu jugo e aprendei de mim,que sou manso e humilde de coração, eencontrareis descanso para as vossas al-

Liderança Corajosa e Autêntica para Tempos de Desafio

Perdemos a vantagem de transformação se estivermos confiando em nossa ingenuidade, em vez de confiarmos no poder de Deus.

Page 9: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 99999

mas. Porque o meu jugo é suave e o meufardo é leve." (Mt 11:28-30). Depoisde ter sido batizado por João, Jesuspassou um tempo na solidão e nojejum, enquanto Satanás O tentavae testava no deserto. Durante o res-tante de Sua vida e ministério, Jesussempre passou um tempo sozinho– mesmo orando noite adentro – an-tes de atender às necessidades deSeus seguidores no dia seguinte. Apreparação no deserto fez Jesus efi-caz no Seu serviço. Se não cultivar ocentro espiritual profundo de suavida, você não pode esperar eficáciatransformadora no exercício do mi-nistério diário.

A verdadeira espiritualidade é ocaminho pelo qual podemos culti-var a sensibilidade para a presença

do Deus vivo. Temos que manteressa consciência viva e vital até o fimpara que sejamos formados no Es-pírito de Jesus Cristo.

No início de meu ministério pas-toral, um professor de mentore-amento, Roger Heuser, apresentou-me o conceito dos meios da graça.Esses meios têm revolucionado aminha vida interior e me ajudarama crescer mais profundamente emCristo. Meios da graça se referem aosmeios e não aos fins, e graça, nãoméritos. Os meios não têm valor in-trínseco. Não há nenhum mérito emfazê-los simplesmente por fazê-los.Seu valor está em sua capacidade depreparar o seguidor de Cristo parareceber, para abrir os canais entreDeus e a congregação ou o indiví-

duo, para receber a graça que só Deuspode dar .

Em Sua vida particular e pública,Jesus ensinou, pelo exemplo, que osmeios da graça incluem: a oração (Mc14:35,36), o jejum (Mt 4:2), a Ceiado Senhor (Lc 22:14), o exame dasEscrituras (Lc 2:46,47), a conversaespiritual (Mt 7:28,29) e a adoraçãono templo (Lc 4:16). Adicionado aestes meios internos estão os exter-nos: atos de misericórdia (ministéri-os sociais), evitando fazer mal a al-guém e atendendo às ordenanças eaos serviços da igreja. Quando diari-amente submergimos e praticamosestas disciplinas, elas nos colocamonde o Espírito de Deus pode traba-lhar no interior e nos transformar.

Tenha cuidado para não igualar

Se sua alma é fraca, sua liderança será fraca. Um líder trans-formador precisa de um modelo pessoal de espiritualidade queirá fornecer uma base sólida para o ministério. Há certos meiose disciplinas que, se praticados, desenvolverão, protegerão epromoverão este modelo pessoal de espiritualidade.Um modelo de espiritualidade que nutre, reaviva e renova omeu ser na liderança do ministério inclui os seguintes cincocomponentes:

1. A experiência de DeusA espiritualidade verdadeira começa com a compreensão deque podemos experimentar Deus de uma forma pessoal. Pode-se conhecer a Deus pelo encontro com Deus. O encontro co-meça quando nos aproximamos de Deus. Se uma pessoa seaproxima de Deus, Deus se aproximará daquela pessoa (Tg4:8). Eu não posso fazer diferença de transformação sem umaligação diária com a mente e o coração de Deus. Vou perder avanguarda da liderança se eu confiar na minha própria cria-tividade, em vez de no poder de Deus.2. A devoção a DeusA devoção não é uma atividade, é fazer de Deus o centro denossos pensamentos. Uma atitude devotada a Deus é compos-ta por três elementos: o temor de Deus, o amor de Deus, e odesejo de Deus. Quanto mais profunda a minha percepção doamor de Deus para mim em Cristo, o mais profundo respeito eminha admiração dEle. Na devoção a Deus, nunca devo es-quecer que eu era ao mesmo tempo um objeto da santa e justaira de Deus, mas ainda assim Ele me amou tanto que deu Je-sus para receber a ira no meu lugar. É esta consciência do amorde Deus que me mantém constantemente dedicado a Ele e criao desejo de crescer nEle.3. O Crescimento em relação a DeusJesus deixou claro que devemos crescer na vida espiritual. Eledeclarou que o reino de Deus será tirado daqueles que nãoderam frutos espirituais e será dado às pessoas que produzi-

rem frutos (Mt 21:43). Paulo disse: treine e desenvolva-se. QuandoPaulo falou estas palavras a Timóteo, ele sentiu que Timóteo foipessoalmente responsável por avançar na sua relação com Deus.Eu preciso estudar constantemente, buscar e desenvolver o há-bito da aprendizagem ao longo da vida. Eu devo buscar o Senhorcom todo meu coração e ser discipulado de uma maneira queLhe agrada.4. A Doação a DeusAs manifestações dos dons, especialmente o carisma paulino,encaixa de forma proeminente na vida espiritual dos crentes. Osdons simbolizam pelo menos três categorias de significado: o ba-tismo do Espírito, poder e edificação. O batismo do Espírito re-presenta a confirmação da presença do Espírito na vida de umapessoa com poder e dons. Falar em línguas é a evidência inicialdo evento de batismo no Espírito Santo (At 2:4). Batismo no Es-pírito Santo, então, ocorre inicialmente com uma experiência deeventos e continua com o processo chamado de vida cheia doEspírito. Quando eu permitir que esta dádiva de Deus fluía atra-vés do meu cotidiano, meus dons pessoais são mais nítidos emais eficazes.5. Relações públicas em DeusEspiritualidade inclui relacionamentos comuns. Outras pessoassão parte integrante de todos os aspectos do desenvolvimentoespiritual. Deus usa outras pessoas no sistema de aprendizageme de tutoria. Na outra ponta do processo, a vida de uma pessoa,como cristã, irá afetar a formação de outros. Nunca se deve sub-estimar o poder de chamar os amigos para uma volta ao centroda verdadeira espiritualidade. Preciso confiar mais e mais nosamigos para a sustentação. Eu preciso ser mais transparente epermitir que outros venham ao meu lado com o encorajamentoespiritual. Eu preciso estar disposto a deixar que os outros meconheçam para que eles possam fazer as perguntas desafiado-ras que irão impelir-me a uma maior espiritualidade. Conhecer osoutros e ser conhecido só irá causar uma maior transformaçãono reino de Deus (Pv 27:17).

UM MODELO DE ESPIRITUALIDADE PESSOALQUE ALIMENTA A LIDERANÇA TRANSFORMADORA

Page 10: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

1010101010 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

o ministério de transformação coma espiritualidade. Ministério conso-me a alma e espiritualidade a revi-gora. Precisamos desesperadamen-te de líderes de mudança ativa, masnão para a exclusão da intimidadecom Deus. Mais que a modelagemde uma vida espiritual, seu relacio-namento com Cristo torna-se umainspiração efetiva na introdução desua congregação para um ministé-rio transformador dirigido pelo Es-pírito.

3. CONFIANDO NO PODERESPIRITUALAutênticos líderes transformadoresnão podem perder o poder espiri-tual. O poder vem quando esgota-mos todos os recursos que Deuscoloca à disposição. Precisamos re-conhecer que Deus nos concedeu eprojetou com uma energia tal quevai mudar vidas e impactar nossacultura para o Reino.

Líderes de ministério devem terciência de que é fácil de se perder opoder espiritual. Uma história doAntigo Testamento fala de um jo-

vem em um seminário que perdeuo seu poder (2Rs 6:1-7). O diretorda escola era o profeta Elias. Inscre-ver-se lá era tão concorrido que pre-cisaram de um novo dormitório. Osalunos ofereceram sua ajuda.

Um jovem emprestou um ma-chado e começou a cortar árvorespara limpar um terreno à beira dorio. Ele começou a sua missão comentusiasmo, mas, de repente, o ma-chado voou do cabo e caiu no rio.Ele perdeu sua força transfor-macional. "Oh, meu senhor", ele gri-tou para Elias, "ele era emprestado".Elias tomou um graveto, jogou-o naágua e o machado flutuou até a su-perfície do rio.

Você não precisa olhar tão abai-xo da superfície desse evento paraque a verdade espiritual venha flu-tuando para cima. Muitos líderesestão trabalhando intensamentepara o Senhor, mas estão frustrados,porque não têm o poder de causarum impacto de transformação emsuas comunidades. Tornaram-semonótonos e sem vida, em grandeparte ineficazes na condição de

agentes de mudança em uma cultu-ra em mudança.

Perdemos a vantagem de trans-formação se estivermos confiandoem nossa ingenuidade, em vez deconfiarmos no poder de Deus. Seráque estamos dependendo de pro-gramas e atividades feitos por ho-mens a ponto de substituir o poderde Deus em nossas vidas? Sistemas,planos estratégicos e desenvolvi-mento de programa não passam desubstituições para o trabalhar doEspírito de Deus em nossas vidas ena vida de nossas congregações. OEspírito de Deus pode nos dar aenergia que irá conduzir a criativi-dade para desenvolver os meios pe-los quais podemos ser transforma-dores.

Os primeiros discípulos eram co-rajosos, autênticos e transformado-res, porque o poder de Deus haviasido infundido neles. Os líderes dacomunidade observavam a confian-ça de Pedro e de João. O que cau-sou esse impacto? Eles pergunta-ram: "Com que poder ou em nome dequem fizestes isto?" (...) "Então Pedro,cheio do Espírito Santo, disse-lhes:"Os governantes e os anciãos do povo!Se estamos sendo chamados a prestarcontas hoje para um ato de bondadeem favor de um aleijado e nos pergun-tam como ele foi curado, saibam os se-nhores e todo o povo de Israel: é pelonome de Jesus Cristo de Nazaré, a quemvocês crucificaram, mas a quem Deusressuscitou dentre os mortos, é que estehomem está aí curado." (At 4:7-10).

Sem o poder de Deus iremos re-alizar pouca transformação na vidapara o Reino. O poder de Deus é avida de Deus em Cristo, liberadaatravés da obra do Espírito Santo.Nossas congregações, com a nossacapacidade de organização, desen-volvimentos estratégicos e progra-mas criativos, nada mais são que oscabos sobre os quais o machado da

Liderança Corajosa e Autêntica para Tempos de Desafio

Uma pessoa que abraça um sonho etraz para dentrode sua alma acoragem e ainspiraçãoparamoldá-lopara avida écapazde mudaro mundo.

Page 11: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 1111111111

vida de Deus se sustenta.

4. COMPREENDENDO O PODERDA INTELIGÊNCIA EMOCIONALOs líderes transformadores infla-mam a nossa paixão e inspiram omelhor que temos. Ao tentarmosexplicar por que eles são tão efica-zes, tendemos a falar de estratégia,visão ou ideias criativas. Muitas ve-zes, a realidade é que a grande lide-rança é exercitada através das emo-ções.

Não importa o que os líderes sepropõem a fazer – se criação de es-tratégia e mobilização de equipespara ação – seu sucesso depende decomo eles fazem isso. Mesmo seconseguem fazer tudo certo, se oslíderes falham na tarefa de condu-zir as emoções na direção correta,nada do que façam irá funcionar tãobem quanto poderia ou deveria.

O cientista comportamentalDaniel Goleman afirma que apenasum terço da eficácia de um líder re-side nas áreas de inteligência brutae de conhecimento técnico. Os ou-tros dois terços estão na dimensãodo que ele chama de inteligênciaemocional, que inclui qualidadescomo autoconsciência, controle deimpulsos, persistência, zelo, auto-motivação e empatia. Tanto o líderquanto seus seguidores se benefici-am deste conjunto específico decompetências de liderança. O líderemocionalmente inteligente exibecoragem, auto-controle e confiança,que estabelecem a base para a inte-gridade, a consciência e a confiança– os elementos importantes para osquais os seguidores olham.

A inteligência emocional dos lí-deres acarreta enormes implicaçõespara as organizações do ministérioque lideram porque reflete o humordeles. Assim como as pessoas têmligações emocionais entre si, umacongregação como um todo pode

VALORES CENTRAIS DEUM LÍDER TRANSFORMADOROs valores centrais, semelhante aos seguintes, podem ser a força motrizpor trás da atividade missionária de um agente transformador de Deus.

• Coragem. Nenhuma missão na vida é cumprida sem coragem. É porisso que em toda a Escritura, Deus nos ensina a ser corajoso (1Co 16:13).Um líder transformacional tem de ter coragem em muitas circunstânciase estar disposto a enfrentá-las. Com o risco você pode falhar, mas semrisco você nunca terá sucesso.• Curiosidade. Curiosidade é o lugar onde os sonhos nascem. Curiosida-de procura uma resposta para a pergunta: "E se?" E se você fosse ousa-do em pedir a Deus para fazer algo grande através de você? Afinal, seDeus é por nós, quem será contra nós (Rm 8:31)? A curiosidade é umamarca de alguém causando um impacto para o reino de Deus.• Compaixão. Para causar um impacto transformador na vida das pes-soas, precisamos ver as pessoas como objetos do amor de Deus. ComoJesus e seus discípulos caminharam pelas estradas da Palestina, Jesus viuos indivíduos, enquanto os discípulos viam apenas as massas (Mt 9:35,36).Os discípulos viam as pessoas que estavam sofrendo e queriam fugir.Jesus via as pessoas em necessidade e queria ajudar. Sempre veja aspessoas na perspectiva de Deus.• Compromisso. Este valor transforma a mediocridade em magnificência.Compromisso separa sonhadores de praticantes. Jesus procurou pesso-as que estariam comprometidas com Ele e com Seu reino. Ele sugeriuque não há trabalhadores no campo de colheita, devido à falta de com-promisso (Mt 9:37). Cristo exige o comprometimento (Mc 8:34). A exce-lência só pode vir através de compromisso.• Comissão. Jesus não só queria que Seus discípulos tivessem amor paracom os perdidos, mas também que levassem os perdidos à salvação e àmaturidade espiritual (Mt 28:19,20). Ele não só nos quis reconhecer asnecessidades, Ele também quis que começássemos a ser seguidoresdedicados inteiramente a Ele. Deus nunca foi casual sobre os perdidos.Os líderes transformadores sabem da urgência de levar as boas novaspara as pessoas que precisam de Jesus.

KENT J. INGLE

Liderança Corajosa e Autêntica para Tempos de Desafio

**Liderança

Page 12: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

1212121212 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

KENT J. INGLE, D MIN.Deão da School of Ministry at Northwest University,em Kirkland, Washington (EUA).

tomar para si a perspectiva emocio-nal do líder. O entusiasmo, o otimis-mo e a energia do líder se propagamem toda a sua influência. Por outrolado, o desânimo, o pessimismo e onegativismo também afetam seus se-guidores. O líder transformador tema oportunidade de definir o tom –otimista, ansioso, calmo, estressado,etc. Líderes devem acompanhar deperto os sinais emocionais que emi-tem. Isto ajuda o líder que precisadesenvolver e gerenciar um elevadograu de inteligência emocional emposições-chave de liderança e nosprincipais desenvolvimentos da co-munidade, do trabalho em equipe,da responsabilidade missionária e daprestação de contas – os elementosque fomentam a transformação.

5. SENDO UM CONSTANTESONHADORVocê pode perder a eficácia transfor-madora por não estar sonhando.Sonhar é a capacidade de anteciparo futuro. Nós construímos o minis-tério de transformação, contudo, porantecipação e não por reação. Umsonho excede limites, ousando rea-lizar algo para o reino de Deus.

A pessoa que abraça um sonho ecria coragem e inspiração na almapara moldar sua vida é capaz demudar o mundo. A mente de WaltDisney criou diversos personagensfamosos em quadrinhos (Mickey,Minnie, Pluto e Pato Donald), pre-sentes em desenhos animados, fil-mes, livros e outra memorabilia, Noentanto, um de seus maiores sonhosera a transformação de um pantanalsem valor, perto de Orlando, naFlórida (EUA), em um mundo en-cantado de hotéis, resorts, restauran-tes, passeios e exposições, hoje co-nhecido como Disney World.

Martin Luther King Jr. tinha umsonho de paz, fraternidade e liber-dade. Sua visão não era um ideal su-blime, mas um olhar para o futuro.

Provérbios 29.18 diz: "Onde nãohá revelação divina, o povo se desvia;mas como é feliz quem obedece à lei!"

(NVI). Como um cavalo desenfrea-do, os líderes desperdiçam energiaem coisas menos importantes. Des-locam suas prioridades por falta dedireção nem foco.

Um ministério corajoso e autên-tico demanda uma transformaçãoque se comece com o fim em mente.Em outras palavras, as pessoas de vi-são precisam começar com umacompreensão clara de seu propósi-to. Elas sabem para onde estão indoe que passos tomar para atingiremseu objetivo.

A eficácia de um ministério exigeque seu líder saiba o que Deus quere se mova, em conjunto com Ele, emdireção a esse sonho. Os líderes queestão causando impacto são os queestão comprometidos com a realiza-ção e o cumprimento dos sonhosdefinidos por Deus.

CONCLUSÃOComo já tenho me deparado com a

questão da influência transforma-dora e estudado a eficácia dos líde-res de ministério, eu saí com umaconclusão: Líderes corajosos e autên-ticos que causam impacto estão aper-feiçoando as disciplinas interioresordenadas por Deus, que não so-mente testam, mas também moldamseu ministério.

Pessoas que fazem a diferençapossuem inegáveis qualidades inte-riores. Estas qualidades fazem a di-ferença entre estar em meio à ação eapenas assisti-las de fora. Jesus pre-tendia líderes transformadores au-tênticos para viverem e liderarem àfrente.

Causar um impacto e ser eficazexigem que você esteja disposto a sepreparar e a depender de Deus paralevar um relacionamento mais pro-fundo com Ele, que lhe fornecerá Seupoder espiritual para desenvolver asua expressão de liderança emocio-nal e incrementar seus sonhos.

Jesus pretendia líderestransformadores autênticos para

viverem e liderarem à frente.

Page 13: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 1313131313

O relativismo moral domina o meio dos antropólogosculturais. O inimigo cultural número um é o missioná-rio cristão. Por quê? Porque impõe seus valores sobre

culturas tribais e grupos étnicos. Não deveríamos deixar essespovos sozinhos, intactos em relação à bagagem cultural ociden-tal que irá arruinar o seu modo de vida?

Esta filosofia do quem-é-você-para-dizer-que-a-cultura-do-outro-está-errada remonta há séculos – talvez mais notavelmente pelofilósofo Johann Gottfried von Herder (1744-1803). Ele despre-zava o racionalismo frio do Iluminismo e enfatizava a individu-alidade das pessoas e suas culturas. De acordo com von Herder,seres humanos não têm uma natureza fixa; seus ambientes fa-miliares e suas experiências os influenciam e, assim, podemos

Quem é VOCÊ paraImpor sua Moralidade

aos Outros?POR PAUL COPAN

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 1313131313

Page 14: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

1414141414 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

predizer suas ações e respostas,com base nessas influências.

Von Herder foi um expert naideia de que as culturas são

tão diferentes umasdas outras que nós

não podería-mos

perceber oque está erradocom elas. Afi-nal, argumen-tou, ninguém"se fez homem por si mesmo". Defato, não deveríamos ser esnobescronológicos (como colocou C.S.Lewis), agindo como se fôssemosmuito melhores do que nossos an-tepassados. É simplesmente injus-to julgá-los, uma vez que os nos-sos descendentes da mesma formanos julgarão. Como o poeta inglêsAlexander Pope escreveu: "Nós pen-samos que os nossos pais são to-los, da mesma forma seremos. Nos-sos filhos mais sábios, sem dúvida,vão pensar assim de nós ".

Neste ensaio, eu foco dois temasrelacionados. O primeiro tem a vercom a ideia de impor moralidadeou forçar a moralidade de alguém"goela abaixo". O outro aborda otema mais específico da morali-dade e da lei. Vou abordar o sloganVocê não pode legislar sobre mo-ralidade.

IMPONDO MORALIDADE AOSOUTROSNa verdade, antropólogos culturaistêm um ponto de humildade emalgum lugar aqui. No entanto,quando atiram pedra nos missio-nários, é difícil ver qualquer base

para suas denúncias. Como vocêpode condenar mesmo o mais ti-rano déspota ou assassino em mas-sa, uma vez que ele também é sim-plesmente o produto de seu pró-prio ambiente? Apesar do clamordos antropólogos em respeitar ou-tras culturas, perguntamos: "Porque tanta trava e dificuldade daparte desses relativistas morais?".

Como você pode criticar o crí-tico se não há nenhum objetivouniversalmente vinculando pa-drões morais?

Como se vê, "Todos deveriamrespeitar as outras culturas" acabasendo a mesma coisa – o relati-vismo moral menos o relativismo.Por que os relativistas, quandopontificam sobre a falta de valoresmorais absolutos, escorregam emsua própria moral absoluta?

Nós simplesmente temos vari-ações sobre o mesmo tema: sim,advoga o relativismo, mas lembre-se de ser tolerante para não feriralguém, para estar envolvido comoutro consentimento adulto, ou oque for. O antropólogo culturalnos diz, "Relativismo! Bem ... maisou menos". Este relativismo falsoresvala em uma exceção – uma re-gra moral – para abrandar umrelativismo extremo, em que valetudo .

Quando alguém nivela a críticamoral contra uma outra cultura, oantropólogo condena isto como oerro universal do etnocentrismo,que, com certo trejeito, diz: "A mi-nha cultura é melhor que a sua.".

Na verdade, o antropólogo – oexemplar do relativismo moral –tem em seu arsenal uma matriz deepítetos não apenas culturais, masmoralmente carregados, para lan-çar contra o missionário e seusmétodos: "etno-centrista", "colo-nialista"," explorador ","ideólogo"e coisa parecida.

Outro problema para o rela-tivista moral éque a sua opi-nião sobrevoaa superfície denossas maisprofundas in-tuições sobre a

moralidade.Considere uma história de Se-

tembro de 2008: os missionárioscristãos para as tribos da regiãoamazônica do Brasil acusaram ogoverno de fazer vista grossa paraa prática de infanticídio daquelastribos. Essas tribos, muitas vezesenterram vivas as crianças com de-feitos congênitos tratáveis (ouaquelas que nasceram de uma mãesolteira). Alguns defenderam estaprática em nome de não interferirna cultura indígena antiga ou emnome de afirmar que aquilo "nãoé considerado crime" naquela cul-tura. Nesta lógica, se os nazistasquiserem matar judeus, quem sãoos estrangeiros para interferir? Afi-nal, os nazistas não consideramisso um homicídio. Nem algumaspessoas consideram assassinato aprática do suttee, na Índia. No en-tanto, podemos ser gratos pelo fatode o missionário cristão WilliamCarey ter ajudado a cessar tal prá-tica. O governo baniu este mal,como, finalmente, tantos outros,incluindo sacrifícios infantis noRio Hooghly de Calcutá e de ou-tros lugares; a queima de lepro-

Atrás do rosto sorridente da tolerância, orelativista, muitas vezes, procura fazersua própria imposição aos outros.

Page 15: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 1515151515

sos; e o casamento de crianças quedeixaram dezenas de milhares deviúvas jovens desamparadas.

Deus dotou os seres humanos– sejam ateus, teístas ou qualquercoisa entre estes dois – com umfator de ojeriza!

O pensamento de torturar be-bês por diversão, estupro porgangues, ou conduzir cegos a umpenhasco revolta-nos.

Enquanto a consciência repri-mida e a dureza de coração podemproduzir culturas moralmenteexaustas, não devemos ignorar in-tuições morais básicas, mesmoque seja necessário ajustá-lasou refiná-lasdepois deu m a

refle-xão. Elas

são, como até o fi-lósofo ateu Kai Nielsen

chama, "terra firme": "É maisrazoável acreditar em coisas tão

elementares [como bater na espo-sa e abuso infantil] como um mal,do que acreditar em qualquer teo-ria cética que diz que não podemossaber ou racionalmente acreditarem qualquer destas coisas comoum mal ... Eu acredito firmementeque nossa intuição é uma terra fir-me e que qualquer que não acredi-ta não pode ter sondado profunda-mente o suficiente os fundamentosde suas crenças morais."

ALGUMA PERGUNTA?Uma crítica do relativismo moralé que ele não consegue lidar como dilema do reformador. Por quese preocupar com a mudança mo-

ral sobre qualquer coisa? Reformamoral não pode acontecer se o rela-tivismo é o caso. Mas, certamente,a abolição da escravidão no Oci-dente foi uma vitória moral e trou-xe maior prosperidade humana. Aconcessão de direitos iguais paraos negros nos Estados Unidos foium ganho moral significativo, nãofoi? De fato, durante e depois dosdebates Lincoln-Douglas de 1858,

pessoas acusaram AbrahamLincoln de querer impor a suamoralidade nos estados do sul.Bem, não era a moralidade deLincoln, mas uma moralidade uni-versalmente vinculada. Depois dis-so, os senhores, ironicamente, im-puseram sua vontade sobre os es-cravos.

Podemos ser gratos pela dedi-cação de Lincoln em afirmar queos escravos também são incluídosem "todos os homens" e que são"criados iguais" e "dotados peloCriador de certos direitos inalie-náveis". Não seria uma boa coisase parássemos a agressão de Hitler?Um bando de relativistas moraisnunca poderia ter alcançado asmetas morais alcançadas no Oci-dente. Por que sacrificar a vivercomo uma Madre Teresa se ela nãoera melhor (ou pior) do queHitler? Por que se preocupar em

votar por mudanças se não existeum padrão moral para seguir?

Um outro problema para os re-lativistas: eles não podem julgarentre crenças de moral conflitante.Na verdade, o Ocidente tem a suaquota de problemas com imorali-dade. No entanto, os movimentosde repúdio ao ocidentalismo sãoabundantes: eles parecem favore-cer as culturas não-ocidentais, que

muitas vezes trafegam em suas pró-prias tiranias e opressões. Na ver-dade, esses críticos ignoram os gan-hos notáveis morais e culturais doOcidente. Mas, além disso, taiscondenações da cultura ocidental– sejam quais forem seus méritos– tendem a ser arbitrárias. Se orelativismo moral domina, por quecondenam o colonialismo ou fa-vorecem o currículo multiculturalsobre um "cânone cultural" Oci-dental nas universidades?

Apesar da afirmação relativistade que você não pode impor seusvalores morais aos outros, a ironiaé que a condenação do Ocidenteem geral caminha lado a lado comas tentativas de impor valores mo-rais aos outros. Estas imposiçõesincluem a tentativa de alterar a de-finição de casamento, causando amorte de nascituros, introduzindotodo tipo de práticas moralmente

Àqueles que negam o certo e oerrado nós podemos perguntar:“Você realmente tem problema emafirmar que tirar uma vida humanainocente, estuprar mulheres, abusarsexualmente de crianças ou torturarbebês por diversão é errado?

Page 16: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

1616161616 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

questionáveis nos currículos deeducação sexual das escolas, votan-do em juízes ativistas e assim pordiante. Atrás do rosto sorridente da

tolerância, o relativista, mui-tas vezes, procura fa-

zer sua própria im-posição aos

outros.

Só mais uma questão:a condenação de im-posição de valoresmorais não implicanum padrão moral?Sim, claro. Aqui está aregra moral assumidapelo relativista: "É sempre erradoimpor seus valores morais aos ou-tros". Portanto, devemos pergun-tar gentilmente ao relativista: "Porque é errado impor valores moraisaos outros? O que você faz com al-guém que quer impor seus valoresmorais aos outros? Você deveriaimpor sua moralidade em quemquer impor a dele? Sem dúvida, orelativista pensa que a sua mora-lidade deveria ser imposta aos quepensam que a moralidade delesdeve ser imposta aos outros.

Continuamos a ver como osrelativistas convenientemente sa-cam padrões morais de seu bolsoquando esses padrões se adaptamao seu estilo.

VOCÊ NÃO PODE LEGISLARSOBRE MORALIDADEO caso da Suprema Corte dos Es-tados Unidos Planned Parenthoodversus Casey (1992) – Paternida-de Planejada versus Casey – levoua maioria dos ministros a afirmar:"Alguns de nós, como indivíduos,

achamos o aborto ofensivo aosnossos princípios mais básicos demoralidade, mas que não podecontrolar a nossa decisão. Nossaobrigação é definir a liberdade detodos, não de delegar nosso pró-prio código moral. (...) No cora-ção da liberdade está o direito dedefinir o conceito da própria exis-tência, do significado, do univer-

so e do mistério da vida humana."Aqui nós podemos carregar a

ideia de não impor a visão de umao outro além do limite. Esta ideiacaminha frequentemente lado alado com o protesto: "Você nãopode legislar sobre a moralidade".Como vimos anteriormente, nãopodemos evitar algum tipo de im-posição legal às pessoas para evi-tar males terríveis, punir os crimi-nosos e proteger os inocentes dainjustiça. Nesta decisão legal, a li-berdade assumiu prioridade sobrea vida humana do nascituro. Istoé, como algumas pessoas definemo seu conceito sobre "o mistério davida humana" significará que onascituro não tem direito à prote-ção. Tragicamente, o feto não tema mesma liberdade de se manifes-tar e dizer: "Você não pode legislarsobre a moralidade".

À medida que brevemente con-sideramos esta questão, aqui estãoalgumas ponderações.

Primeiro: a visão de que vocênão pode legislar sobre a mora-

lidade é uma visão ingênua e in-sustentável. Além do mais, esta de-claração em si é uma questão mo-ral: tal coisa não deveria ser feita.Mas de onde é que vem esse pa-drão e o que deve ser feito comaqueles que o rejeitam? Na verda-de, podemos e devemos legislar so-bre a moralidade em um nível fun-damental – quando se trata da se-

gurança e da proteçãodos indivíduos e pro-move o bem público,preservando os direitosfundamentais de todos.O direito de legislar so-bre a moralidade con-tra o estupro, o assassi-nato, a violência contraa mulher, a pedofilia, o

roubo – ou trabalho escravo – pa-rece-nos muito claro.

NÓS LEGISLAMOS SOBRE AMORALIDADE E É MUITAS VEZESBOM PARA A SOCIEDADE.Aqui o relativista muitas vezes sedesloca para uma outra pergunta:"Então, sobre a moralidade dequem devemos legislar?". Pode-mos responder dizendo (sendo ob-jetivos) que a moralidade não éapenas arbitrária ou idiossin-crática. Na verdade, as civilizaçõesao longo dos tempos têm chegadoao mesmo tipo de conclusão mo-ral sobre o que é virtuoso e o que émal. Romanos 2.14,15 se refere auma lei moral inscrita no coraçãodos gentios (aqueles sem revelaçãoespecial). Àqueles que negam ocerto e o errado nós podemos per-guntar: "Você realmente tem pro-blema em afirmar que tirar umavida humana inocente, estuprarmulheres, abusar sexualmente decrianças ou torturar bebês por di-versão é errado?". Aqueles que re-

Continuamos a ver como osrelativistas convenientementesacam padrões morais de seubolso quando esses padrões seadaptam ao seu estilo.

Page 17: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 1717171717

almente não veem problema aquisimplesmente têm o coração duro.Eles não precisam de um argumen-to, mas de ajuda psicológica e es-piritual.

Segundo: Voltando à questãodo você-não-pode-legislar-sobre-a-moralidade, podemos acrescentarque tal afirmação pressupõe o mitoda neutralidade, o que é incoeren-te e deve ser rejeitado. Os cidadãosnão podem ser neutros sobre oaborto ou o casamento gay, nemtampouco o governo (seja estadu-al ou federal). Com efeito, a alega-ção de que o governo deveria fazeralguma coisa é em si uma reivin-dicação moral – não uma alegaçãoneutra ou amoral. A respeito do ca-samento homossexual, o governoapoiará a definição de casamentocomo uma união de uma só carneentre um homem e uma mulher,ou não apoia-rá.

Quanto aoaborto, mes-mo se alguémé ignorante sobre o estado do feto,não pode ser neutro sobre o trata-mento a seres humanos ainda nãonascidos. Alguns afirmam que oaborto é permitido, ou que depen-de da escolha individual, porque,afinal, "não sabemos o status mo-ral do feto." Mas isso é como umcaçador atirando em alguma coisase mexendo nos arbustos antes dedescobrir o que está causando omovimento. Quando um grupopró-aborto diz que o governo nãodeve impor a sua opinião sobre oscidadãos, isto levanta a questão: seo feto é um ser humano ao invésde apenas um pedaço de tecido,permitir o aborto por demanda im-plicaria em forçar a opinião de al-guém sobre uma criança por nas-

PAUL COPAN, PH.D.– Professor de Filosofia e Ética na Universidade Palm BeachAtlantic, em West Palm Beach, Flórida (EUA)– Presidente da Sociedade Filosófica Evangélica (EUA).

cer – com consequências letais.O direito de escolher dificil-

mente é neutro. É uma questão devida ou morte. (Deixe-me acrescen-tar que devemos mostrar preocu-pação total com a mãe grávida, quemuitas vezes se sente presa e ne-cessita de uma comunidade quedemonstre compaixão, apoio efe-tivo – incluindo a alternativa deadoção).

Em terceiro lugar, a linguagemda "liberdade" ou "direitos" emnossa cultura tende a ser vazia esem conteúdo. Os que pensam quenunca deve-se impor a moralidadesão suscetíveis de enfatizar seu di-reito de fazer isto ou aquilo. Con-sidere a frase o direito à escolha.Isto não nos diz muito. Podería-mos perguntar: "Escolher o quê?".Para escolher o assassinato, estu-pro e tortura de bebês para se di-

vertir? Não, a "liberdade/direito deescolha" é como a frase "para a di-reita/esquerda de ____." O contex-to e o objeto da escolha necessitaser suprido. Devemos questionar aideia de escolhas de cheque-em-branco. As escolhas podem serimorais ou morais – e não apenasmoralmente neutras.

Em quarto lugar, felizmente, asociedade tem legislado com fre-quência a moralidade de formaadequada – impedir Hitler de des-

truir ainda mais o mundo, prote-ger as crianças dos pedófilos, co-locar os assassinos na prisão.Quando estamos agindo como de-vemos, intuitivamente reconhece-mos o direito de impor legislaçãocontra práticas como violênciacontra as mulheres, crimes contraa honra e discriminação racial.

Somos seres inevitavelmentemorais. Sabemos quando alguémnos trata injustamente ou violanossos direitos. Sabemos que pre-cisamos assumir a responsabilida-de por nossas ações ao invés de cul-parmos nossos genes ou nosso am-biente. Nossos sistemas judici-ários e prisionais exis-tem para conven-cer os huma-nos deque

são mo-ralmente res-ponsáveis por

suas escolhas.O que é que nos dá dignidade,

valor, nossa responsabilidade mo-ral e os nossos direitos? De ondenossos deveres vêm?

Bem, é difícil ver como proces-sos naturais e irracionais podemproduzir tal resultado. O fato determos sido feitos à imagem e se-melhança de Deus, conformeGênesis 1:26-27, oferece-nos umaresposta robusta e satisfatória paratais questões.

O direito de escolher dificilmente é neutro.É uma questão de vida ou morte.

Page 18: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

1818181818 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

um Timóteo: EmBusca de

Traços de Grandes Ministros de Apoio

POR TONY COOKE

eus Pai e Jesus são perfeitos em todos os sentidos. No entanto, ambos Se depararam com problemas em Sua liderança. Foram os Seus problemas o resultado de uma liderança fraca ou estavam associados a seguidores fracos? A realidade: até mesmo os grandes líderes não conseguem alcançar resultados ótimos sem um grupo bom de seguidores.

D

1818181818 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

Page 19: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 1919191919

Quando falta apoio aos líderesOs pastores frequentemente sentem pressão porque não têm ajuda suficiente. Esse problema não énovo. Moisés queixou-se ao Senhor: "Eu não sou capaz de suportar todas essas pessoas sozinho, porque o fardoé pesado demais para mim." (Nm 11.14) .

Paulo era um grande líder, mas ele nem sempre teve a ajuda que precisava. Escrevendo a respeito deTimóteo, ele disse: "Porque nenhum outro tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso bem-estar. Pois todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus." (Fp 2.20,21).

Mesmo os grandes líderes não conseguem produzir grandes seguidores sem cooperação. Se fosseassim somente com ele, Paulo teria gerado dezenas de Timóteos. Muitos líderes têm grandes atribuiçõesdadas por Deus, mas eles lutam demais porque os colaboradores em potencial são consumidos pelaprópria busca e não irão contribuir para realizar a visão do líder.

Ninguém mais igual a TimóteoPaulo precisava de um representante – alguém que pudesse refletir seu coração. Um mercenário nãoatenderia essa necessidade. Esta pessoa deve genuinamente cuidar e servir aos melhores interesses deoutros. Paulo tinha apenas uma pessoa disponível e capaz de fazer isso – Timóteo.

Paulo descreveu Timóteo como "nenhum outro de igual sentimento", expressão que significa alma gê-mea. Timóteo conhecia e compartilhava do coração, dos valores, das prioridades, dos propósitos, dasconvicções e das atitudes de Paulo. Timóteo não se autopromovia nem tinha vontade própria. Ele nãotinha planos particulares, o que o fez tão valioso para o apóstolo Paulo. Ele queria servir a Deus, ajudan-do Paulo. Como é trágico ver que a atitude de Timóteo era uma exceção, quando deveria ter sido regra.

Deus está levantando uma grande companhia de Timóteos hoje para cercar e ajudar os pastorestitulares no trabalho do Reino. Todos nós reconhecemos que Deus chama algumas pessoas para funçõesde apoio tanto quanto chama outras para cargos de liderança de alto nível.

Aprendendo a ser como TimóteoQuando estava no Instituto Bíblico, eu tinha algumas aspirações a respeito de como Deus iria me usarfuturamente no ministério. Em vez de colocar-me numa posição de alta visibilidade, como o ministériodo púlpito, o Senhor sabiamente me colocou onde eu poderia crescer em caráter e aprender o significa-do de servir. Trabalhar como zelador de uma igreja me ajudou a identificar várias questões: eu tinhaimaturidade e orgulho que precisavam ser tratados, e precisava cultivar um coração servil.

Houve momentos em que minha atitude foi errada e por três vezes o Senhor graciosamente falou-mepalavras vitais de correção. Essas palavras me ajudaram a formar valores fundamentais e moldaram aminha visão acerca do ministério de apoio.

Na primeira vez em que me corrigiu, o Senhor disse: eu quero que você trate este trabalho como sefosse a sua vocação definitiva e como se fosse a coisa mais importante que você poderia fazer por mim.Em uma outra vez, Ele me desafiou, dizendo: Se você fosse o pastor, que tipo de zelador você gostaria deter trabalhando para você? Foi fácil fazer uma lista mental: como um pastor titular, eu teria grandesexpectativas a respeito daqueles que trabalhariam para mim.

Então eu senti o Espírito dizer: Seja você esse zelador.

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 1919191919

Page 20: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

GRANDES MINISTROS DEAPOIO SÃO LEAISUma senhora idosa que eu visita-va em um hospital disse: "IrmãoCooke, eu quero te agradecer porter vindo me ver. O pastor não temaparecido aqui para me ver.". Umtom crítico de voz revelou suaofensa ao pastor.

Eu poderia ter explorado essasituação para me promover. Pode-ria ter dito: "Bem, eu estou aquiporque eu tenho amor por essaspessoas.". Porém, nunca é certopara um membro de equipe seapresentar como o bonzinho emdetrimento do pastor.

Um de seus trabalhos no mi-nistério de apoio é representar oseu pastor de uma forma que lhefavoreça, especialmente quandooutros fazem críticas injustas a ele.Eu disse: "Eu estou contente deestar aqui, mas vim visitá-la por-que o pastor me pediu. Deus temdado a nosso pastor a sabedoriade reconhecer que ele não podeestar em todo lugar ao mesmotempo e é por isso que ele esco-lheu pessoas, como eu, para fazerparte de sua equipe. Ele pediu paraeu passar por aqui e verificar comoa senhora está, porque ele quersaber. Estou aqui em seu nome,como uma extensão dele, porqueele se preocupa com a senhora.".

Seu trabalho como um mem-bro da equipe não é para promo-ver a sua própria popularidade,para construir o seu próprio gru-po de seguidores dentro da igrejaou ter boa projeção em detrimen-to de alguém. À medida que reali-

RegistrosBíblicos em

Ministério deApoio

A Bíblia registra as característicasde muitas pessoas piedosas cujosexemplos podem ser seguidospelos pastores de hoje.Paulo disse: “Irmãos, sede imita-dores meus e observai os queandam segundo o modelo quetendes em nós.” (Fp 3.17). Em 1Coríntios 11.1. Paulo diz: “Sedemeus imitadores, como tambémeu sou de Cristo.”Veja alguns exemplos para seremseguidos:

• Atencioso aos detalhes (José)• Assistente corajoso (Josué)• Apoiador de líder (Aarão e Hur)• Respeitoso (Davi)• Homem de acordo (Jônatas)• Devotado (Amasai)•Seguidor determinado (Eliseu)• Desejoso de diminuir para que

um outro cresça (João Batista)• Encorajador (Barnabé)• Um parceiro e companheiro

na obra (Tito)• De mente igual (Timóteo)• Útil (Marcos)• Fiel (Lucas)• Que mostra iniciativa e incen-

tiva outros (Onesíforo)• Comprometido (Priscila e

Áquila).

TONY COOKEBroken Arrow, OK (EUA)

Certa vez, quando tive umaatitude de deslize, eu estava fazendo meu traba-

lho exteriormente, porém estavamurmurando internamente. Lem-bro-me de estar em um dos toale-tes limpando o espelho quando oEspírito Santo falou: Limpe estebanheiro como se Jesus fosse apróxima pessoa a entrar aqui. Derepente, percebi que eu não esta-va fazendo o meu trabalho comose fosse para o Senhor.

OS TRAÇOS DE GRANDESMINISTROS DE APOIOMais tarde, quando me tornei umpastor assistente, eu li repetida-mente as cartas de Paulo a Timó-teo. Percebi que Paulo pediu a Ti-móteo que trouxesse Marcos comele, porque este lhe seria muitoproveitoso no ministério (2Tm4:11). Aquilo me tocou e se tor-nou a base para minha oração des-de então: "Senhor, faça-me provei-toso – benéfico e útil – para o ho-mem de Deus para quem eu tra-balho.". Isto deveria ser o desejodo coração de cada membro deequipe e cada voluntário da igre-ja.

Quais são as características deum assistente proveitoso? Ao mes-mo tempo em que tenha um ca-ráter divino, competência, inteli-gência, longevidade e muitas ou-tras qualidades são importantes.Dez traços essenciais são encon-trados em ministros de apoio dededicação ampla, que prosperame que são eficazes em seu traba-lho.

Page 21: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

za seu trabalho, certifique-se depromover o pastor e incentivar aspessoas a seguirem a liderançadele. Conecte as pessoas ao pas-tor e à igreja, não meramente a simesmo.

GRANDES MINISTROS DEAPOIO TÊM ATITUDESEXCELENTESA importância da atitude de al-guém não pode ser superestima-da; este fator principal determinaa qualidade da contribuição de umministro de apoio à igreja. Comoassistente, eu observei que o pas-tor tinha que lidar constantemen-te com muitas responsabilidadese problemas. Optei por não adici-onar à sua lista de problemas. Es-forcei-me para levantá-lo e nãopara arrastá-lo para baixo. Eu que-ria fazer o seu trabalho mais fácil,não mais difícil. Cada ministro deapoio deve se esforçarpara ser um membrode equipe de baixamanutenção e de altaprodutividade.

Ter a atitude certanão só faz o ministrode apoio ser umabênção para o pastor, como tam-bém ajuda a motivar os demais naequipe. Boas atitudes são contagi-osas; inspiram e incentivam os ou-tros. Atitudes más também sãotransmissíveis e podem criar umambiente de trabalho negativo ehostil, em que as pessoas sentem"pisar em ovos" o tempo todo.

Você escolhe em que se concen-trar. Toda organização tem falhas

e imperfeições. Se optar por se de-bruçar sobre essas coisas negativas,você permanecerá agitado e frus-trado. Em vez disso, concentre-senas coisas boas que acontecem.

Você pode ter um grande talen-to, mas se não tiver uma grandeatitude, sua contribuição final serábastante reduzida. Atitude é umaescolha – uma escolha por ser po-sitiva, encorajadora, agradável, co-operativa e solidária.

GRANDES MINISTROS DEAPOIO SÃO FIÉISAlguns ministros falham no testeda fidelidade porque não valori-zam o que acreditam ser tarefaspequenas. Eles pensam: quandoDeus me der uma tarefa importan-te, então serei diligente e fiel. Je-sus, porém, deixou claro que serfiel nas pequenas coisas é essenci-al (Lc 16:10-12). Uma pessoa fiel:

• é cuidadosa no cumprir umapromessa; é confiável, você podeacreditar nela.

• é dedicada no exercício desuas funções e responsabilidades.

• é diligente em seu trabalho.• é confiável ao completar suas

tarefas; você pode contar com seutrabalho realizado.

• é completa; não tem apenasuma boa partida, mas um bom tér-

mino também; não deixa a petecacair no meio do projeto.

• presta atenção aos detalhes;não deixa que pequenas coisas sepercam no caminho.

• é pontual; aparece sempre notempo certo e cumpre prazos.

• é firme e constante; não seatrasa e nem se adianta.

• não aparenta ser boa na superfície, mas é sólida por completo.

• é honesta e confiável; não édissimulada nem sorrateira.

• cumpre e supera as expectati-vas; não faz apenas o suficientepara sobreviver, mas está dispostaa ir além.

GRANDES MINISTROS DEAPOIO JOGAM LIMPO COMOS OUTROSNos anos iniciais do ensino fun-damental, nossos boletins de no-tas apresentavam a categoria "Re-

lacionamentos comos colegas de classe".Como ministro deapoio, esta habilida-de é particularmentevital para mantersaudáveis as relaçõesde trabalho com três

principais grupos de pessoas.Primeiro, um ministro de

apoio deve se dar bem e trabalharbem com o pastor (ou seu super-visor). Além de ter uma atitudesubmissa e de cooperação, os mi-nistros de apoio precisam conhe-cer o pastor. Aqueles que o asses-soram precisam conhecer seus va-lores, sua visão e seu estilo, e pre-cisam trabalhar em conjunto com

Quando seguidores bons partilhamcom liderança boa, isso agrada aDeus, maximiza o nosso potencialcorporativo e nos conduz a níveismais elevados.

Page 22: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

2222222222 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

– e não contra – a filosofia de mi-nistério do pastor.

Segundo, um ministro deapoio deve se relacionar bem comseus colegas de trabalho, que en-volve trabalho em equipe. Um jo-gador bom se dá bem com os de-mais do time e não apenas com otreinador. Os colegas de equipeprecisam operar sob a filosofia doque o nós é mais im-portante do que o eu.

Em terceiro lugar,um ministro de apoiodeve ter um bom re-lacionamento com osmembros da igreja.Como supervisiona as demais pes-soas, ele deve usar a diplomacia.Ocasionalmente, alguém deixaque um cargo ou posição lhe subaà cabeça. O ministério torna-se en-tão uma jornada de poder e essapessoa se torna mandona, domi-nadora e ofensiva. Um ministro deapoio deixa de ser um bem quan-do continuamente cria danos cola-terais entre as pessoas e provocadesordens que o pastor terá quearrumar depois.

GRANDES MINISTROS DE APOIOTÊM UM CORAÇÃO DE SERVOMinistério não se trata de títulos,cargos, reconhecimento e prestí-gio. Trata-se de servir os outroscom o amor de Deus. O maior elo-gio que Paulo fez a Timóteo podeter sido quando ele escreveu: "Massabeis que provas deu ele de si; que,como filho ao pai, serviu comigo afavor do evangelho." (Fp 2:22).

Ocasionalmente, as pessoas no

ministério perdem seu afã de ser-vir e particularizam o tipo de tra-balho que estão dispostas a fazer.Desenvolvem a atitude de que sãomuito boas para fazer determina-das tarefas. Às vezes, as pessoaspodem ter o privilégio de se espe-cializar servindo em uma área emparticular, mas, para isso, devemestar dispostas a servir onde for

necessário para cumprir todo o tra-balho que precisa ser feito.

Pastores experientes aprende-ram a ser desconfiados em relaçãoa pessoas que procuram autorida-de, poder e controle. Os pastoressabem que o maior trunfo para aigreja são aqueles que pretendemservir, pois não estão disputandoposição ou buscando prestígio.

GRANDES MINISTROS DEAPOIO SÃO ENÉRGICOS EENTUSIÁSTICOSNenhum líder gosta de puxar umpeso morto. Pastores querem queos ministros de suporte demons-trem paixão, entusiasmo, zelo evontade em seu trabalho. Querempessoas trabalhadoras e que tra-gam energia ao seu trabalho. Pas-tores desejam trabalhadores quetêm fogo dentro de si. Esses traba-lhadores têm iniciativa própria epegam no pesado. Tomam inicia-tiva sem tentar assumir o controle.

GRANDES MINISTROS DEAPOIO SÃO FLEXÍVEIS E VOLTA-DOS PARA O CRESCIMENTOGrandes membros de equipemantêm a flexibilidade e a malea-bilidade em suas vidas; não ficamestagnados e nem encostadosnum barranco. As palavras de umaigreja que está morrendo (e tam-bém de um ministro de apoio que

está se tornando ob-soleto) são: "Nuncafizemos dessa ma-neira antes.".

Quais são os tra-ços das pessoas fle-xíveis e voltadas para

o crescimento? Elas:• são eternas aprendizes.• estão dispostas a enfrentar e

a superar as deficiências em suasvidas.

• estão abertas a novas ideias ea novas maneiras de se fazer as coi-sas.

• ajustam-se graciosamente adesenvolvimentos inesperados.

• adaptam-se às outras pesso-as.

• estão dispostas a abraçar no-vas atribuições ou a abandonar ve-lhas funções para o bem da igreja.

• busca a melhoria continua-mente.

GRANDES MINISTROS DE APOIOEXERCITAM A SABEDORIA EMSEU MINISTÉRIO DE PÚLPITONem todos os ministros de apoioterão a oportunidade de falar aopúblico. Se a pregação for parte doseu trabalho, aqui estão algumasorientações importantes.

Ministério não se trata de títulos,cargos, reconhecimento e prestígio.Trata-se de servir os outros com oamor de Deus.

Page 23: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 2323232323

• Evite dar uma orientação oucorreção. Como regra geral, dire-ção e correção para o corpo da igre-ja devem vir do pastor e não dealguém em uma função de assis-tente. A tarefa de um pastor assis-tente no púlpito é comunicar ver-dades básicas das Escrituras e darinstruções edificantes.

• Evite assuntos controversos.O pastor não precisa pôr em or-dem a confusão criada por outrosoradores. Se você estiver em dúvi-da sobre um tópico específico,pergunte ao pastor antes de falar.

• Não se exponha. Ministros deapoio não devem tentar superar opastor ou deslumbrar a congrega-ção com suas habilidades de pre-gação. Evite a extravagância. O ob-jetivo de um ministro de apoionão é o de angariar popularidadeou criar um grupo de seguidorespara si mesmo, mas o de comple-tar o ministério do pastor titular.Use todas as oportunidades dopúlpito para abençoar, não paraimpressionar.

• Não reorganize os móveis.Você não iria à casa de alguém ereorganizaria seus móveis. Trate aigreja com o mesmo respeito. Oque você ensina deve ser coerentecom as crenças, doutrinas e visãoda igreja e do pastor.

GRANDES MINISTROS DE APOIODEMONSTRAM DISCRIÇÃODiscrição é ter um senso apuradode dizer e fazer as coisas certas.Uma pessoa discreta evita dizer ascoisas erradas na hora errada paraas pessoas erradas. Também evita

TONY COOKEFundador do Min. Tony Cooke, em Broken Arrow, OK (EUA).O Ministério Tony Cooke se concentra no fortalecimento deigrejas e líderes de todo o país e em todo o mundo e estáempenhado em ajudar os pastores, sua equipe e congrega-ções a atingirem novos níveis de excelência, eficácia eprodutividade para o reino de Deus.

tomar medidas inadequadas. Umapessoa discreta usa o bom senso –sensibilidade ao que é justo e ade-quado – e se comporta de acordo.Discrição é também a capacidadede manter a confidencialidade ede responsavelmente lidar com in-formações delicadas.

GRANDES MINISTROS DEAPOIO EVITAM CONTAMINAROS MEMBROS DA EQUIPESeja a traição de Judas, a desones-tidade de Geazi ou a rebelião deAbsalão, as Escrituras são repletasde histórias de pessoas que perde-ram a vontade de Deus para suasvidas. Nem todos os casos de con-taminação da equipe são dramá-ticos. Alguns são menos graves,como os discípulos se desenten-dendo.

Quais são os traços de minis-tros de apoio que desenvolveramum forte sistema imunológico es-piritual? Eles:

• evitam ter expectativas irreais.• mantêm sua alegria em ser-

vir.• têm aprendido a lidar com

frustrações e desavenças de formamadura e construtiva.

• sabem discordar sem ser de-sagradáveis.

• mantêm uma atitude boa e

dão o seu melhor esforço, mesmoquando algo é feito de forma di-ferente da que teriam feito.

• não guardam sentimentos nasmangas e se recusam a ficaremofendidos.

• determinaram evitar proble-mas de atitude, contendas e qual-quer comportamento insidioso.

• percebem que a maior armade Satanás é fazer com que os mi-nistros de apoio tenham um espí-rito de crítica e censura, e, assim,resistem a essas tentações.

• optam por focar no positivoe seguem em frente, para o bemda equipe.

TORNANDO-SE MEMBRO DOTIME DOS SONHOS DE DEUSSe você é um ministro de apoio,eu confio que você esteja se esfor-çando para ser proveitoso para oseu pastor. Trabalhe para desen-volver os traços acima descritos. Àmedida que forem estabelecidasem sua vida, essas virtudes farãode você um membro saudável, efi-caz e valioso do Time dos Sonhosde Deus.

Quando seguidores bons par-tilham com liderança boa, issoagrada a Deus, maximiza o nossopotencial corporativo e nos con-duz a níveis mais elevados.

Page 24: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

2424242424 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

Para aqueles quequerem ser líderesespirituais eficazes, é

importante entenderem adiferença entre mentorear etreinar. Um mentor partilha o queconhece pessoalmente – o que eleaprendeu. Um treinador assiste,ajudando as pessoas a descobriremrespostas e soluções para questões esituações problemáticas.

Quando iniciei esta odisseia depregar e de pastorear, logo reconhecia minha necessidade de mentoria.Entendi claramente que, para alcan-çar a máxima eficácia no ministério,eu precisaria da ajuda de outras pes-soas com maior sabedoria e maturi-dade.

Tanto meu pai, Roy F. George, umplantador pioneiro de igreja dasAssembleias de Deus, e meu irmão,Kenneth R. Jorge, superintendenteatual das AD´s no distrito do NovoMéxico, serviram como meus men-tores. Serei eternamente grato pelamaneira com que esses homens meformaram e prepararam a minha vidapara o ministério eficaz.

Mentoria – Quem Precisa?Ainda que se pudesse argumentarque uma relação de mentoria não éabsolutamente essencial para o suces-

so no ministério, todo ministro coma responsabilidade de engenharia depessoas irá se beneficiar grandementecom o desenvolvimento de uma re-lação de mentoria com o seu pesso-al.

Engenharia de pessoas pode serdefinido como a arte do recrutar, trei-nar e motivar as pessoas. Motivadorese manipuladores têm uma caracterís-tica importante em comum: ambosinfluenciam pessoas.

A finalidade para a qual os moti-vadores e os manipuladores influen-ciam difere grandemente. Um moti-vador influencia as pessoas para obenefício delas próprias ou em prolde uma causa em comum. Um mani-pulador, porém, influencia as pesso-as para seu próprio benefício. Os mo-tivos distintos dos motivadores e dosmanipuladores os diferencia. Pasto-res e líderes devem ser motivadoresem vez de manipuladores.

O líder eficaz da igreja do século21 pode ser grandemente assistidopor uma mentoria competente. Osengenheiros de pessoas nas igrejas dehoje incluem, mas não estão neces-sariamente limitados a:

• pastores titulares com váriosfuncionários.

• pastores executivos ou copas-tores que têm a supervisão direta devários funcionários.

• Pastores que não têm funcioná-

Que Gera GrandesLíderes Espirituais

POR J. DON GEORGE

Mentoria

2424242424 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

Page 25: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 2525252525

rios remunerados, mas que são res-ponsáveis pelo recrutamento, treina-mento e motivação de líderes e mi-nistros voluntários.

A falta de pessoas capacitadas temsido a ruína de muitos líderes eclesi-ásticos. Chris Turner enumerou oscinco principais motivos para maisde 1.300 demissões de funcionáriosde uma Igreja Batista em 2005. Fa-lhas na área de engenharia de pesso-as ocupou o topo da lista pelo déci-mo ano consecutivo. Claramente,quando os líderes da igreja melho-ram as habilidades das pessoas, onúmero de demissões de funcionári-os declina. A liderança da Igreja sebeneficia ao melhorar as técnicas eas estratégias de mentoria.

O MENTOR-MODELOQuando começou a estabelecer Seureino na Terra, Jesus escolheu ho-mens de diversas esferas da vida paraserem as pedras do alicerce da Suaigreja. Suas escolhas incluíram ho-mens altamente qualificados domundo profissional (um cobrador deimpostos), bem como homens detrabalho comum (pescadores).

Jesus sabia que esses homens pre-cisariam ser treinados e equipadospara o serviço. Assim, Ele escolheuos que estavam dispostos a seremmentoreados. Como resultado, osdiscípulos foram preparados para asatribuições do seu ministério atravésdo processo de mentoria de Jesus.

Onde se poderia encontrar ummentor mais capaz do que Jesus? Eleaprendera com seu Pai Celestial eusou experiências terrenas para pre-parar homens para responsabilidadeespiritual suprema. O mentor mode-lo do universo é Jesus. Faríamos bemem considerar Seus princípios dementoria.

O PRINCÍPIO DA ASSOCIAÇÃOJesus escolheu 12 homens com quemestaria intimamente associado: "Esubiu ao monte, e chamou os que ele quis,e vieram a ele. E nomeou doze para queestivessem com ele, e que ele os mandas-

se a pregar." (Mc 3:13,14, grifo do au-tor)

Os doze foram selecionados e se-parados para um propósito divino.Foram chamados primeiramentepara estarem "com Ele" (v. 14). Jesusdesejava estabelecer relações estreitase de qualidade com os doze.

Jesus usou essa estreita associaçãopara ensinar Seus discípulos comodeveriam viver. Eles aprenderam alidar com as pessoas e situações asmais difíceis através da observação doestilo de vida de Jesus. Ele convidouos discípulos a observarem cada as-pecto de Sua vida diária, à medidaque reproduzia a Si mesmo nestesdoze homens.

O Mestre viu potencial em Seusdiscípulos. Ele os viu não como eleseram, mas como poderiam ser atra-vés de uma mentoria adequada.

Jesus desenvolveu o potencial deseus discípulos, mentoriando-os di-ariamente de várias de maneiras.Pedro era impetuoso, impulsivo eexplosivo. Através da mentoria, noentanto, ele se tornou um líder daIgreja primitiva em Jerusalém.

Os líderes da Igreja de hoje fari-am bem em adotar o estilo de men-toria de Jesus. Os seguidores preci-sam de oportunidade para se associ-arem a seus líderes. Tem sido ditomuitas vezes que os princípios einsights para mudança de vida parauma vida eficaz são mais frequente-mente vividos do que ensinados. Oprincípio de associação irá produzirresultados positivos na vida dos nos-sos funcionários e voluntários.

Como um jovem pastor na Igrejado Calvário em Irving, Texas, eu ra-pidamente percebi o potencial pode-roso de mentoria. Embora fosse pe-quena no início, percebi que, se aigreja fosse experimentar um cresci-mento saudável, deveria duplicar-mena vida dos homens de confiança.

Comecei a procurar homens que ca-minhassem ao meu lado, aprendes-sem com o meu exemplo e compar-tilhassem as responsabilidades doministério.

Reunia-me com um pequeno gru-po de homens para um café da ma-nhã todos os sábados, o que ocorreudurante dezoito meses. Esse grupoinicial de trinta tornou-se uma equi-pe comprometida de dez duranteaquele ano e meio marcante. Nãoperdi um único encontro e encorajeios novos seguidores a fazerem umcompromisso sério com o discipu-lado cristão.

Todos os sába-dos compartilhá-vamos do compa-nheirismo duranteo café da manhã; afi-nal, eu ensinava so-

bre princípios de discipulado. Foiemocionante observar o crescimen-to e o desenvolvimento espiritualnesses homens que estavam verda-deiramente comprometidos com opropósito de Deus. A partir dessecomeço humilde veio o primeiro gru-po de líderes leigos para a nossa igrejanascente. O núcleo desse pequenogrupo que se reuniu há 35 anos ain-da está ativo como líderes leigos emnossa igreja hoje.

O PRINCÍPIO DA ATRIBUIÇÃOJesus deu tarefas específicas a Seusdiscípulos: "E nomeou doze para queestivessem com ele, e que ele os mandas-se a pregar." (Mc 3:14). "... E ele come-çou a enviá-los a dois e dois, e deu-lhespoder sobre os espíritos imundos." (Mc6:7). "E eles saíram e pregaram que to-dos se arrependessem. E expulsavammuitos demônios, e ungiam com óleomuitos doentes e curavam." (Mc 6:12,13, grifos acrescentados).

Jesus compreendeu a necessidadede pluralidade de liderança espiritu-

Os líderes da Igreja de hoje fariam bemem adotar o estilo de mentoria de Jesus.

Page 26: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

2626262626 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

al. Também reconheceu que precisa-va apresentar aos doze uma descri-ção detalhada de suas responsabili-dades (Mc 6:8-11). Jesus disse preci-samente o que esperava deles. Os dis-cípulos compreenderam e aceitarama responsabilidade do ministério queJesus lhes dera.

Alguns dos discípulos de Jesus po-dem ter se sentido incapazes de cum-prir a missão que lhes fora atribuída,mas, por fornecer boa instrução e

encorajamento amo-roso, que iria su-plantar seus senti-

mentos de insegu-rança e incapacidade,Jesus concedeu aos

discípulos a melhor oportunidade desucesso.

Hoje, o líder sábio da igreja apli-ca este princípio de mentoria na igre-ja local.

Pastores mentores precisam estarcientes de que os pastores auxiliarese líderes leigos às vezes podem se sen-tir inseguros ou inadequados quan-do confrontados com uma assusta-dora responsabilidade. Na maioriados casos, uma descrição precisa dotrabalho pode dissipar sentimentosnegativos.

Também é importante que a pes-soa que está sendo mentoreada este-ja ciente de que tem total apoio eencorajamento de seu mentor. Mem-bros da equipe de trabalho da Igrejae líderes leigos precisam saber queseu pastor confia neles. Suas insegu-ranças serão atenuadas através deinputs positivos de seu mentor.

Um pastor de mentoria eficazfocará sobre o fortalecimento da con-fiança de seus funcionários voluntá-rios. Estes que estão sendo mento-reados precisam ouvir dele, comfrequência: "Eu confio em você e fa-

rei tudo que estiver ao meu alcancepara ajudá-lo a ter sucesso. Nuncatema o fracasso. Sempre espere queDeus lhe dê força suficiente para otamanho de cada tarefa. Você e Deussão uma combinação vencedora.".

O princípio da revisãoApós um período de ministério, Je-sus chamou os discípulos e lhes pe-diu um relatório das atividades mi-nisteriais de cada um: "E os apóstolosajuntaram-se a Jesus e contaram-lhe tudoquanto eles tinham feito, e que tinhamensinado. E disse-lhes: Vinde vós, sozi-nhos, num lugar deserto, e descansai umpouco: pois havia muitos indo e vindo, enão tinham tempo nem sequer para

comer."(Mc 6:30,31, grifo do autor).O processo de revisão é um ingre-

diente essencial no processo de cres-cimento daqueles que estão sendomentoreados. Costumo dizer aosmeus funcionários que um líder nun-ca deve esperar por aquilo que elenão inspeciona. Todo o ministériodeve ser inspecionado e aprovadopela liderança espiritual. O servo queserve bem desejará apresentar umrelatório e ter o seu serviço revistopela liderança a quem ele presta con-tas.

Quando o bom samaritano levouo homem ferido para a pousada parareceber cuidados, o samaritano fezuma promessa interessante para ohospedeiro. Ele disse: "Cuida dele, ese tu gastares tudo mais, quando eu vol-tar, vou pagar-te." (Lc 10:35). Ao fazeressa promessa, o samaritano estavafazendo o hospedeiro responsávelpelo cuidado do homem ferido. Osamaritano estava também demons-trando um alto nível de preocupaçãopara com o homem ferido, prome-tendo pagar o custo integral do tra-tamento.

Jesus, o Mentor dos discípulos,também observou que eles estavamprecisando de descanso e de renova-ção. Reconheceu as pressões do mi-nistério e as muitas demandas damultidão sobre eles. Sabendo que osdiscípulos tinham trabalhado duran-te um longo período sem tempo parao lazer, Jesus informou-lhes que erahora de descansar.

Um mentor eficaz também criaráuma cultura de cuidados para aque-les a quem ele mentoreia. Demons-trará amor e preocupação pelo seubem-estar físico e emocional. Funci-onários e voluntários da Igreja ser-vem com maior prazer e produtivi-dade quando há uma atmosfera depaz, respeito e apreciação. Isto é deresponsabilidade do mentor.

O Princípio da RedesignaçãoEra uma prática de Jesus dar novasatribuições a Seus discípulos depoisque recebia seus relatórios. Antes deSua ascensão, Jesus atribuiu-lhes umaresponsabilidade muito maior doque as que havia dado anteriormen-te: "E disse-lhes: Ide por todo o mundo epregai o evangelho a toda criatura.Quem crer e for batizado será salvo, masquem não crer será condenado. E estessinais hão de acompanhar aqueles quecreem: em meu nome expulsarão demô-nios; falarão novas línguas; pegarão emserpentes e se beberem alguma coisa mor-tífera, não lhes fará mal; imporão asmãos sobre os doentes e eles ficarão cu-rados." (Mc 16:15-18).

Considerando a magnitude danova missão do Mestre a Seus discí-pulos, podemos concluir que Suaestratégia de mentoria fora eficaz. Je-sus designara-lhes o desafio notávelde evangelismo mundial.

Os discípulos tinham experimen-tado um crescimento espiritual eemocional ao serem mentoreadospor Jesus. Apesar de anteriormenteserem cheios de timidez e de medo,os discípulos lançaram um ministé-rio com poder do Espírito Santo, quetocaria o mundo com a mensagemda Cruz.

Um pastor de mentoria eficaz focarásobre o fortalecimento da confiançade seus funcionários voluntários.

Page 27: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 2727272727

Depois de conferir aos discípulosSua nova missão, Jesus "... foi recebi-do no céu, e assentou-se à direita deDeus." (Mc 16:19). Muito emboraJesus tivesse deixado esta terra, os dis-cípulos continuaram no ministériocomo haviam feito quando Jesus es-tava fisicamente com eles: "E eles saí-ram e pregaram por toda parte, o Se-nhor cooperava com eles, e confirmandoa palavra com os sinais que se seguiam."(Mc 16:20).

O princípio da redesignação éuma das fases mais importantes damentoria para o ministério. A recom-pensa para a eficácia no ministério éredesignação para as áreas de maiorresponsabilidade. Jesus disse: "Aque-le que é fiel no mínimo também é fiel nomuito..." (Lc 16:10).

Esta verdade demonstra a neces-sidade de fidelidade e de tenacidadede fé durante as fases iniciais do mi-nistério, quando nem a tarefa nem alocalidade da redesignação dá moti-vo para comemoração. Zacarias es-creveu: "Pois quem despreza o dia dascoisas pequenas se regozijará..." (Zc4:10, grifo do autor). Precisamos lem-brar que cada grande ministério foiuma vez pequeno e que cada minis-tério imponente teve um começo hu-milde.

Hoje eu sou grato pela mentoriaque recebi do meu pai e de meu ir-mão. Não fora essa transmissão degraça em minha vida e em meu mi-nistério, eu estaria completamentedespreparado e desqualificado paracumprir minhas responsabilidadesministeriais hoje. A mentoria fez issoacontecer.

Apesar de eu pregar para milha-res de pessoas toda semana nos cul-tos da Igreja do Calvário. Lembro-meclaramente da pequena congregaçãoem meu primeiro pastorado em umapequena cidade do Texas. Apesar demeu ministério pastoral ter começa-do em relativa obscuridade em umaregião remota do país, Deus permi-tiu-me finalmente fazer a transiçãopara uma grande área metropolita-na com potencial ilimitado para o

crescimento do Reino. Acredito queo meu atual papel no serviço cristãoseja o resultado de seguir fielmenteos princípios de mentoria investidosna minha vida por outras pessoas.

Na medida em que os discípulosforam transferidos para uma áreamais ampla de responsabilidade, oMestre pôde também desejar trans-ferir os servos de hoje para novoscampos de ministério que possuemmaiores oportunidades de cresci-mento e de desenvolvimento. O fa-lecido missionário estrangeiro,Charles Greenaway, disse-me: "Sem-pre seja flexível em seu ministério.Deus pode pedir que você faça umgiro de 90 graus em qualquer mo-mento durante a viagem.".

Jesus, o diretor do departamentopessoal da Igreja, possui a autorida-de para colocar Seus servos em posi-ções de serviço, onde suas habilida-des ministeriais serão mais frutíferas.Nós nunca sabemos quando o nos-so dia da redesignação virá. Jesussabe. Ele irá promover Seus servos,

quando Ele estiver pronto e quandoeles estiverem preparados para serempromovidos.

É bom lembrar que nós crescemosem posições de liderança e de respon-sabilidade. Anos atrás, quando per-corria as bonitas instalações da novaigreja, um jovem pastor do grupodisse: "Com certeza eu me apaixona-ria em pastorear uma igreja dessa al-gum dia.".

Um ministro mais experiente e

mais sábio do grupo respondeu:"Meu jovem, você não se apaixonapor um ministério como esse, vocêcresce para ele.".

A maturidade espiritual e o cres-cimento espiritual não ocorrem poracidente. O crescimento espiritual éintencional. Consegue ser bem suce-dido no ministério cristão aqueleque, enquanto reconhece o seu des-tino, está predisposto a passar peloprocesso de discipulado através damentoria.

A mentoria permite que cada mi-nistro exceda seu maior potencial. Elaé obrigatória para aqueles que estãodeterminados a servir ao Mestre comexcelência.

Vários membros jovens de nossoquadro interno que têm sido men-toreados na IgrejaCalvário tem saí-do daqui paravárias áreas deserviço e têm sedestacado. Minha ora-ção constante e dese-

jo fervoroso é que eu seja capaz dementorear pelo menos dez pessoascujos ministérios superem os meusde algum modo.

Eu acredito que Deus responderáminha oração. De fato, vários minis-tros jovens estão agora se aproximan-do ou já atingiram esse nível de rea-lização no ministério. A mentoria iráproduzir grandes líderes que irão efe-tivamente construir e alcançar seualvo no serviço do Mestre.

Precisamos lembrar que cada grandeministério foi uma vez pequeno e quecada ministério imponente teve umcomeço humilde.

J. DON GEORGE, DD.Pastor-presidente da Igreja do Calvário, Irving, Texas e presbíteroexecutivo do Conselho Geral das Assembleias de Deus dos EUA.

Page 28: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

2828282828 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

Em Maio de 1983, tive a ex-periência de um momentotransformador, que está en-

tre os cinco melhores momentosda minha vida. Acredito que todosque desejam trabalhar de uma for-ma eficaz com universitários tam-bém precisa desta transformaçãopessoal.

Passei pelo que perturba mui-tos pastores: Cometi o grande errode entrar no ministério vocacional?Eu reconheço quando estou mesentindo para baixo porque come-

Olhando para trás,com mais 25 anos deperspectiva, vejo quecapacitar os fiéis é aprioridade crucialpara o ministériouniversitário.

ç oa

imagi-nar como

seria dirigirum caminhão da

FedEx.Estava desencorajado e desi-

ludido. Outro ano, dirigindo meugrupo Chi Alpha, tivemos nova-mente um fim inconsequente. Oano começou forte, mas no final ogrupo havia diminuído para 15 ou20 estudantes.

Eu pensei, “você pensaria queapós 10 anos no ministério univer-sitário, eu deveria começar a ver osfrutos de meu trabalho. Mas tudoo que sinto é cansaço e frustração.O que aconteceu? Não lembro deter trabalhado mais, especialmen-te nesses últimos 5 meses. Tenhofeito mais aconselhamento de cri-se do que fiz nos últimos 3 anos.Mas alguém realmente melhorou?De fato, alguns até parecem pior.Até meus alunos fixos parecemambivalentes no final. Senhor, oque está havendo? Talvez eu nãosirva para ser ministro para univer-sitários.”

Mas, então, assim como falouao desanimado Elias no MonteHorebe, em 1 Reis 19:9-18, Deuscomeçou a falar diretamente comi-

go: "Pegue seu calendário.". Insis-tiu: "Onde e com quem você pas-sou seu tempo?". Enquanto eu Oouvia, o Espírito esclareceu algu-mas coisas.

O Espírito confirmou que eusou uma pessoa cuidadosa e com-passiva. Passei muito tempo aman-do os alunos com severas necessi-dades pessoais. Aparentemente aconversa acabara, porque os alunoscom necessidades começaram achegar da marcenaria. Eu tomeiessa palavra para mim e faria tudoo que pudesse para eles. Indepen-dentemente, parecia que não pre-cisavam mais do que pudesse pro-ver.

Então senti a convicção do Es-pírito. Primeiro, arrogantementeassumi que era a única pessoa quepoderia oferecer a ajuda de que osalunos precisavam; e, segundo, fa-lhei em ver estudantes seguros, es-táveis e cuidadosos no grupo comocuradores e servos. Falhei em capa-citar a fé de alguns como ministrose assumi, falsamente, que eram in-capazes de serem ministros da gra-ça. Como Elias, precisei me arre-pender da arrogância. Mas, de mo-do similar, falhei em capacitar es-ses alunos fiéis.

NÃO PERCEBI QUE ESSAREVELAÇÃO SERIA TÃOCRUCIALAs ramificações dessa mudança nospensamentos e na prática da lide-rança me mudaram para sempre.Olhando para trás, com mais 25

Discipula o fiel – Pastoreia o infiel

2828282828 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

POR HARVEY A. HERMAN

Page 29: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 2929292929

anos de perspectiva, vejo que ca-pacitar os fiéis é a prioridade crucialpara o ministério universitário. Issomudou toda a minha abordagempara liderança e para melhor. Dei-xe-me destacar três passagens quefornecem uma nova direção.

O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDONÃO É BOMPrimeiro, encontrei Moisés senta-do em seu assento de juiz "... desdea manhã até a tarde." (Êx 18.13). Seusogro, Jetro, corrigiu-o: "Não é bomo que fazes. Totalmente desfalecerás,assim tu como este povo que está con-tigo; porque este negócio é mui difícilpara ti; tu só não o podes fazer." (vv.17,18). Aconselhou Moisés a sele-cionar homens capazes "tementes aDeus, homens de verdade, que odei-em a avareza; ..." (v. 21) e colocá-los por maiorais de mil, de cem,de cinquenta e de dez. Era respon-sabilidade de Moisés ensiná-los so-bre Deus e mostrar como viver paraEle.

Esta é a responsabilidade deDeus para com os líderes. Capaci-tar pessoas espiritualmente justasnos comportamentos de liderança.Moisés não poderia pastorear todaIsrael. De modo similar, eu estavame enganando, achando que po-deria fazer o mesmo – até com ape-nas 50 estudantes. Se isso soa fácilé porque você, então, nunca traba-lhou com 50 universitários. É comoser pastor de gatos.

CAPACITE O POVO DE DEUSPARA SERVIRPaulo praticou esse princípio emsuas jornadas missionárias. EmEfésios 4:11, o apóstolo identificaperfis de liderança na igreja. Eleacredita que líderes existem parapromover a unidade do Espírito e

tem a visão de diversidade comoforça de liberação e criatividade.Porém, a maneira como você in-terpreta o versículo 12 faz toda adiferença.

Alguns veem os líderes mencio-nados no versículo 11 como res-ponsáveis por todas as tarefas men-cionadas nos versículos 12-16.Aquelas tarefas incluem: capacitaros santos, servir, construir o corpode Cristo, promover unidade, en-sinar Jesus como Filho de Deus,falar a verdade com amor etc. Al-guns acreditam que se os pastoresfazem isso, então todos os mem-bros do corpo de Cristo se torna-rão maduros.

Se, contudo, você acredita quelíderes têm a tarefa primária e maisexclusiva de capacitar santos, entãoliderança se torna disponível paratodos os membros do corpo. Ossantos se tornam capazes para rea-lizarem o "trabalho de servir".

Para Paulo, o privilégio de lide-rança e ministério é aberto a todos,não apenas a pastores e sua equipebem treinada. Pedro ecoa essaideia: "Mas vós sois a geração eleita,o sacerdócio real, a nação santa, o povoadquirido, para que anuncieis as vir-tudes daquele que vos chamou das tre-vas para a sua maravilhosa luz;" (1Pe2.9). Ao fazê-lo, todo membro setorna um sacerdote e ministro pre-meditado.

CONFIE EM HOMENS FIÉIS QUESERÃO CAPAZES TAMBÉM DEENSINAR OUTROSPaulo escreveu ao seu protegido,Timóteo, "E o que de mim, entremuitas testemunhas, ouviste, confia-oa homens fiéis, que sejam idôneos paratambém ensinarem os outros." (2Tm2.2). Vejo bem claramente quatrogerações de discípulos menciona-

dos neste versículo:

Este versículo ilustra a naturezatransgeracional do processo dediscipulado. Paulo pediu para Ti-móteo se lembrar de tudo que eleensinara e fez o que poderia ser ve-rificado pelas testemunhas. Pauloorou pelo doente e expulsou de-mônios, entre muitas outras coisas(2Tm 3.10-15). Como acompa-nhante de viagem de Paulo, Timó-teo viu tudo isso.

Na carta final a Timóteo, Pauloo instruiu a selecionar discípulosfiéis de dentro da igreja de Éfeso.Era para selecio-nar com cui-dado. Des-sa ma-neira ,Timó-teoapren-deriao se-gredode umaliderançaeficiente. Ape-nas quando Timó-teo vir seus discípulos fiéis capaci-tando outros discípulos fiéis pode-rá considerar uma história de su-cesso. Discipulado é inerentemen-te transgeracional.

Você pode ter ouvido alguns di-zerem: "Você não pode ter netos es-pirituais.". A salvação não pode serherdada. Contudo, quando fala-

Primeira........ PauloSegunda........ TimóteoTerceira......... Pessoas fiéisQuarta........... Outros

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 2929292929

Gerações..... GeraçõesIdentificadas

Desloqueimeu foco, ode passar a

maior parte dotempo com

alunos infiéispara investir em

alunos cheiosde fé.

Page 30: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

3030303030 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

A prioridadede um líder

é primeiro seconcentrar

em discipular.

mos de discipulado, o objetivo éproduzirmos netos espirituais.Você está a conduzir de uma ma-neira que seus discípulos irão for-mar novos discípulos.

Um líder deve exercitar a pre-venção através de sempre manter ageração uma vez tirada dele emmente em tudo o que fizer. Formarnetos espirituais é o propósito deum processo transgeracional.

O QUE SIGNIFICA SER “FIEL”?Jetro falou para Moisés encontrarhomens "capazes", tementes aDeus, dignos de confiança e hones-tos. Paulo disse para Timóteo sele-cionar homens "fiéis". Fiel é a pa-lavra-chave. Vejo duas característi-cas distintas em fidelidade. Primei-ro, uma pessoa fiel é cheia de fé.Um crente cheio de fé é verdadei-ramente convencido de que Deusfaz a diferença. É alguém que sabeque oração faz mudanças. É cheiode fé, não a fé em si mesmo, mascheio de fé em Jesus.

Segundo, fidelidade se refere àconfiabilidade. Confiabilidade é afidelidade vivida ao longo da prá-tica da liderança. Uma pessoa con-fiável é alguém com quem vocêpode contar. Apresenta consistên-cia em sua caminhada.

Agora, quem é fiel? Geralmen-te, primeiro consideramos alguémque aceitou a Cristo há algum tem-po. Porém, alguns dos estudantesmais cheios de fé que conheci sãoos recém convertidos. Um novocrente é totalmente convencido deque Deus faz a diferença. Pode terou não habilidades naturais de li-derança, caráter profundo ou ha-bilidades para o ministério, pelomenos ainda não. Sua maturidadeem Cristo não é a questão primor-dial. A questão é: ele é cheio de fé?

De fato, o propó-sito do proces-so de discipu-lado é trazê-lo ao longode sua cami-nhada comDeus. Assim,quando selecio-nar um discípu-lo, as primeiras per-guntas devem ser: "Vocêtem fé?", "Acredita que Deus faza diferença?"

DISCIPULA O FIEL, PASTOREIAO INFIELIsso foi o que aprendi depois demeu momento de transformaçãoem Maio de 1983: discipular o fiel– pastorear o infiel. Mudou minhavida. Antes disto, eu passava a mai-or parte do meu tempo orando eaconselhando alunos infiéis. Umaluno infiel não é convencido deque Deus faz a diferença. No finaldo ano, o fruto da infidelidade erafrequentemente mais infidelidade.Ao mesmo tempo, eu negligencia-va os alunos fiéis. Após Maio de1983, eu desloquei meu foco depassar a maior parte do tempo comalunos infiéis para investir em alu-nos cheios de fé. Em minha men-te, tentei colocar meu chapéu dediscipulado 80% do tempo com-parado aos 20% para meu chapéude pastor.

Descobri que discipular o fiel –pastorear o infiel identifica duasprioridades-chave para a liderança.A prioridade de um líder é primei-ro se concentrar em discipular. Vocêpode notar que para mim as pala-vras discipular e pastorear são ver-bos. Elas identificam uma manei-ra de viver, uma maneira de lide-rar. Invisto a maior parte do meu

tempo, energiae oração em

c a p a c i t a raqueles quesão fiéis. Fa-zendo isso,estabeleço aGrande Co-

missão – "for-mando discípu-

los em todas as na-ções" – como a missão

principal de minha vida e lide-rança.

Tive problemas em ter essa con-vicção porque: primeiro, não pare-cia ser cuidadoso. Na verdade, po-rém, tornou-se o que de mais cui-dadoso eu já fiz. Quando olho paratrás, para uma vida discipulando ofiel, vejo hoje acolhimento aos es-tudantes e um campus missioná-rio capacitado para liderar e cuidarde outros com grande eficácia.

Se você quer alcançar universi-tários negligenciados, necessitadose machucados, faça disso uma pri-oridade para encontrar os estudan-tes mais cheios de fé que você pu-der e discipulá-los primeiro. Quan-do se faz discípulos, você produzum exército de alunos que estão ap-tos para alcançar os perdidos, mi-nistrar àqueles necessitados e tam-bém formar discípulos. É transge-racional; é contraintuitivo; soa decabeça para baixo; mas, para mim,soa e parece com Jesus.

Discipular o fiel é a coisa maisfrutífera que você fará.

HARVEY A. HERMAN, DSLDiretor Nacional deTreinamentoMissionário da ChiAlpha. Contatos:www.harvsallyherman.net

Page 31: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 3131313131

Darrel sabia que o ministério seria difícil. Descobriu isso quando ainda era menino, assis-tindo a seu pai ministrar. Seu pai disse mais

de uma vez, "É duro, filho. Você carrega muito e car-rega tudo sozinho. É um chamado solitário e vocêprecisa se animar e continuar". Felizmente servir emuma igreja local em tempo integral não era o chama-do oficial de Darrel, mas ele ouviu a voz de Deus pe-dindo para que ele prosseguisse o ministério.

Agora, em seu 17º ano, Darrel se sente relativa-mente contente com o que tem feito para o reino deDeus. O ministério, porém, tomou seu pedágio. Poralgum tempo, sentiu a dor da solidão sobre a qualseu pai havia falado. Compartilhou de seus sentimen-tos com sua esposa, que o ajudou o quanto podia.Havia mais ainda que ele queria desesperadamentecompartilhar. Estava cansado, sozinho, sendo tenta-do, desencorajado e lutando contra eventos da vida(tomara que não uma crise). Esses problemas eramdiários. Se pelo menos ele pudesse compartilhar suasfrustrações, medos e até mesmo as esperanças que

nutria para sua futura igreja... Mas, com quem? Quempoderia se identificar com o homem do pano?

COMUNIDADESe pretende ser um finalizador no Reino, você devese comprometer com a comunidade. Líderes que de-sejam sobreviver colocam um prêmio em seus relaci-onamentos com outros ministros. Deve ser desse jei-to. Quando assumiu o trabalho mais desafiador nahistória, Deus o fez através de uma maneira pessoal.Para reconciliar uma humanidade perdida a Ele, DeusSe encontrou cara a cara com ela através de Seu Filho,Jesus.

Quando o Pai veio nos procurando, Ele não sele-cionou um comitê para realizar o trabalho, não man-dou um spam para nossos computadores, não reali-zou uma conferência por telefone, nem procurounosso número na previdência social. Pelo contrário,Deus nos chamou pelo nome. Eugene Peterson ex-pressa a citação de Paulo a respeito de Isaías destamaneira: "Se cada grão de areia na praia fosse nume-

É Tempo de Deixar aIndiferença de LadoPOR PAUL WALTERMAN

"Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, .." (At 1.14)

Existe um pouco de Lone Ranger namaioria dos homens. Enfrentar os ventos

da adversidade estoicamente apenas comvocê mesmo no quadro pode parecer

poético, mas é também um tanto patético.

Existe um pouco de Lone Ranger namaioria dos homens. Enfrentar os ventos

da adversidade estoicamente apenas comvocê mesmo no quadro pode parecer

poético, mas é também um tanto patético.

Page 32: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

3232323232 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

rado e a soma etiquetada como"escolhidos de Deus", eles aindaassim seriam números e não no-mes; a salvação vem por uma sele-ção pessoal. Deus não nos conta,mas, sim, nos chama pelo nome.Aritmética não é Seu foco (Rm9.27,28).

Um líder de Deus está com opovo e não ao redor dele. Aquelesque são mais introvertidos podemprecisar de mais tempo sozinhospara recarregaras baterias davida, mas a co-munidade nãoé simplesmen-te algo que o lí-der dirija, mas,sim, algo em que ele está envolvi-do. Deve estar empenhado em dei-xar pessoas adentrarem sua vida.

A Igreja Primitiva foi uma co-munidade de crentes. Mesmo an-tes do Dia de Pentecostes os segui-dores de Jesus tinham tomado umadecisão: estavam na igreja parasempre e estavam nisso juntos.

Os primeiros convertidos ti-nham "tudo em comum" e "alegria esingeleza em seus corações" (At 2:44,46). Dizemos que "isto era ummilagre". Realmente o foi. Mas omilagre não começou em Atos 2com novos cristãos exibindo essestraços, mas em Atos 1, quando es-ses cristãos e seus líderes concor-daram em permanecerem juntos.

Entrar e permanecer em relaci-onamentos são geralmente coisasdifíceis para pastores, especialmen-te homens. Existe um pouco deLone Ranger na maioria dos ho-mens. Enfrentar os ventos da ad-versidade estoicamente apenascom você mesmo no quadro podeparecer poético, mas é também umtanto patético. As Escrituras dizemclaramente que a solidão não estápróximo da piedade.

Após chamar sua criação de"boa", Deus olhou para o homem,entendeu o seu isolamento e de-clarou, "... Não é bom que o homemesteja só; ..." (Gênesis 2:18).

Moisés teve problemas com oisolamento por causa de sua posi-ção como líder e de suas responsa-bilidades quando contou a Deus:"Eu só não posso levar a todo este povo,porque muito pesado é para mim."(Nm 11:14).

O salmista Davi nos mostrou aintenção de Deus em Salmos 68:6:"Deus faz que o solitário viva em fa-mília; ...". Trabalhar sozinho, viversozinho e adorar sozinho não sãoregras da perspectiva de Deus e Suaperspectiva é a única coisa pela qualnós deveríamos nos interessar.

Como podemos argumentarcom a lógica de Salomão: "Melhoré serem dois do que um, porque têmmelhor paga do seu trabalho. Porquese um cair, o outro levanta o seu com-panheiro; mas ai do que estiver só; pois,caindo, não haverá outro que o levan-te. Também, se dois dormirem juntos,eles se aquentarão; mas um só, comose aquentará? E, se alguém prevalecercontra um, os dois lhe resistirão; e ocordão de três dobras não se quebratão depressa." (Ec 4:9-12).

Quando andamos lado a ladocom alguém, não dobramos sim-plesmente seu potencial como omultiplicamos. Em Deuteronô-mio, lemos que um homem podecolocar dez mil homens pra correr(32.30). A matemática de Deus setorna incrivelmente emocionantequando nos associamos a alguémem prol de Seu Reino.

RESPONSABILIZAÇÃOPodemos não apenas trabalharmosmelhor em relacionamentos, masnos recuperarmos melhor: "Porquese um cair, o outro levanta o seu com-panheiro; ..." (Ec 4.10).

Caímos de vez em quando.Pode ser por um problema emoci-onal, uma imprudência moral, algorelacionado às finanças ou até mes-mo à saúde, mas todos nós caímos.Isso é parte do ser humano.

Quando eufrequentava afaculdade bíbli-ca no início de1960, os alunosouviam que de-veriam se man-

ter distantes e separados dos mem-bros de suas congregações. De fato,seguiram esse conselho, excluíram-se e não desenvolveram amizadespróximas. Propositadamente semantiveram longe de desenvolverqualquer relacionamento pelosquais pudessem se responsabilizar.Afinal, eram líderes e não deveri-am precisar de relacionamentosresponsáveis. (Pelo menos nãopoderiam admitir a necessidade detal relacionamento.)

Sem ninguém para se responsa-bilizar, esses líderes caíram – caí-ram feio. Na melhor das hipóteses,o buddy system* poderia tê-los man-tido com os pés no chão. Na piordas hipóteses, poderia tê-los ajuda-do a se recuperarem rapidamentee a encontrarem novamente suaposição no ministério. Coitado dohomem que cai e não tem ninguémque o levante.

Um amigo dos tempos do semi-nário, no auge de seu sucesso mi-nisterial, estava lutando contrauma tentação sexual. Onde esta-vam aqueles que deveriam questio-ná-lo com perguntas difíceis e per-manecerem ao lado dele durante

O líder sábio entende o potencial parase fazer mais coisas quando se trabalhaatravés de relacionamentos.

Page 33: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

MARÇO 2011 | Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais • 3333333333

os piores momentos desta batalha?Provavelmente nunca foram cha-mados para servir um amigo, con-selheiro ou um parceiro de respon-sabilidades. A razão disso? É umsinal de fraqueza espiritual admi-tir que a batalha em sua vida estádifícil. O antídoto: engula o orgu-lho. Procure por companhias con-fiáveis que entendam a batalha eque já obtiveram algumas vitóriasneste campo. Convide-os para seassociarem a você com vulnerabili-dade e aceitação, e com uma gran-de dose de apreensão. Não existeoutro jeito.

RELACIONAMENTOSO líder sábio entende o potencialpara se fazer mais coisas quandose trabalha através de relaciona-mentos. Ele compreende a sig-nificância de se ter amigos e fami-liares próximos que farão pergun-tas difíceis e não aceitarão deixá-loescorregar com comportamentosalheios às normas cristãs. Tambémentende que a vida é muito maisque diversão quando se tem al-guém para compartilhar. Eclesiastes4.11 menciona o fato de permane-cerem aquecidos, mas eu levo essaideia além do que apenas compar-tilhar um quarto com alguém.

Durante os anos viajando porcausa de meu ministério, tirei fotode lugares e paisagens que gostariade compartilhar com a minha es-posa. Ou eu era um fotógrafo ex-tremamente ruim ou minha câme-ra é que era ruim porque pareciaque raramente as fotos transmiti-am o que eu sentia no momentosque as tirara.

Por outro lado, quando Joanieviajava comigo para esses lugares,a felicidade de compartilhar aque-le momento era real e satisfatória.

A vida foi feita para ser compar-tilhada, não apenas em nossas que-

das, mas também em momentosde grande alegria e exuberância.

COMPROMISSO COM ACOMUNIDADEComo um pastor se comprometecom a comunidade se ele foi umhomem sozinho sua vida toda?Considere os seguintes passos:

1. Peça a Deus para colocar oespírito de participação e coopera-ção em seu coração. Peça a Jesuspara lhe dar Seu coração quandodisse: "... mas não estou só, porque oPai está comigo." (Jo 16:32).

2. Procure auxílio de uma pes-soa relacional. No começo, vocêpode deixar de ver oportunidadespara a comunidade porque nãoconsegue ver os caminhos pelosquais você sempre conduziu seuministério. Você precisa da ajudade alguém que use óculos colori-dos por relacionamentos. Se é ca-sado, a ajuda que precisa pode sera da sua esposa. Eu costumavaconsiderá-la incômoda quando meperguntava se eu tinha enviado umcartão de agradecimento a alguémpor um ato recente de bondade.Agora, eu a vejo como uma aliadacom dons e sensibilidades podero-sos, a qual Deus me deu para meajudar a ser mais relacionado.

3. Olhe para o seu time de mi-nistério. Se pastoreia uma igreja so-zinho, olhe para outros pastoresem sua área. Se pastoreia um time,comece a olhá-los de modo dife-rente. Não pense que você é ape-nas um chefe, mas também um ir-mão. Aprenda a reconhecer e a res-ponder aos dons em suas vidas queajudarão você e também a sua igre-ja a crescer. A menos que tenha es-colhido pessoas sem a preocupa-ção de como elas se relacionam ousem a aprovação de Deus, sua equi-pe foi reunida propositalmente ecom um propósito comum. Se não

reconhece sua equipe como com-posta por irmãos e irmãs, com aconsciência de seus dons, proble-mas e potencial de ministério, pareos negócios como de costume epasse algum tempo com eles atéque tenha se tornado uma equipeespiritualmente coesa, que sabecomo trabalhar, brincar e lutar es-piritualmente juntos.

4. Outro relacionamento comgrande potencial é aquele entrevocê e os conselheiros da igreja.Várias vezes o pastor e o conselhei-ro são ou ligeiramente antagônicosou apáticos em relação ao outro.Geralmente não conhecem um aooutro muito bem e trabalham commetas conflitantes ou concorren-tes. Peça a Deus para construir umaunidade entre vocês. Isso fortalece-rá o trabalho de Deus na igreja.

5. Durante seu momento de re-flexão no final de cada dia, avaliehonestamente se poderia ter agidode uma maneira mais relacional.Você fez algo sozinho que poderiaser feito em associação? Tomouuma decisão sozinho que poderiaser melhor balanceada se tivesse oconselho de mais uma ou duaspessoas? Peça a Deus para lhe a aju-dar a melhorar nessas áreas no diaseguinte.

Quando se trata de ser indife-rente, pastor, deixe que esse senti-mento passe.

"Amigos amam através de todos ostipos de clima, e a família se une emtodos os tipos de problemas." (Pv 17.17 – VTM).

PAULWALTERMANPresidente doFresh HeartMinistries, emApple Valley,California (EUA).

*Procedimento em que duas pessoas operamconjunta e reciprocamente.

Page 34: Tema desta edição: Confiança da Vocação Pastoral

3434343434 • Recursos EspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituaisEspirituais | MARÇO 2011

Terminando ForteComecei a pastorear quando tinha 29 anos. Nos primeiros dois anos, apren-

di uma coisa que não foi estava no curriculum de minha faculdade ou seminá-rio. Não culpo minha educação por isso; existem coisas que não podemos e não

aprendemos até que nos envolvamos em alguma experiência. Aqui estão alguns princípiosque lhe ajudarão a ter um ministério eficiente agora e que também o ajudarão a terminarforte.

O chamado irá lhe segurar durante momentos difíceis. Eu não poderia ter sobre-vivido aos dois primeiros anos de ministério (ou o restante dele) sem um sentido internode que eu estava no centro da vontade de Deus. Tenha certeza de que você está onde estáporque o Senhor quer, não porque seja uma grande oportunidade ou a compensação sejaatraente.

Construa suas próprias forças. É natural jovens ministros se sentirem inseguros. Suainsegurança pode levá-los à tentação de imitar um ministro mais velho, com mais sucessoou a maneira de alguma outra pessoa. Faça um balanço com relação a em que você é bome quais os seus dons. Concentre suas forças e, então, chame outras pessoas para fazerem ascoisas nas quais você não é tão bom.

Estabeleça bases suficientemente sólidas para suportar o peso que Deus irácolocar sobre você. Grandes edifícios requerem uma base profunda. Utilize o seu tem-po nos primeiros anos de ministério para desenvolver preparação e disciplina ministeriais.Muitos ministros têm a experiência de exaustão na meia-idade porque nunca desenvolve-ram habilidades exegéticas e hermenêuticas, uma vida pessoal de oração ou hábitos deestudo. Essa superficialidade leva à sua própria fome espiritual e também à da congregação.Procure se autodisciplinar a estudar de quinze a vinte horas por semana.

Suas forças não são o bastante. Existe um limite para o que sua educação, treina-mento e dons podem realizar. A obra em que você está não é sua; é de Deus. Mesmo multi-talentoso como era, o apóstolo Paulo entendeu que o evangelho "... não foi a vós somente empalavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em plena convicção, ..." (1Ts 1.5). Umaigreja ou ministério não irá crescer, a menos que você conte com o poder de Deus.

Cuide das coisas. Em meu primeiro ano pastoreando, senti que o Senhor falou comi-go sobre um lote sem graça ao lado da igreja. Se você não pode tomar conta do gramado,como pode cuidar das pessoas? Agendei um dia e plantamos um novo gramado. Dentro deseis meses a igreja triplicou de 100 para 300. Foi o gramado? Acho que foi o princípio.Cuide das coisas. Mantenha as instalações com a manutenção em dia. Tenha um horário deexpediente. Retorne as ligações. Responda os e-mails. Faça tudo com excelência.

Ame as pessoas mais que sua visão. Em meu primeiro ano pastoreando, quasecometi o erro fatal de elevar minha visão para a igreja a alturas tais que estava disposto apassar por cima delas para realizá-la. Estava pronto para dividir o conselho e a congregaçãopara forçar minha visão. Felizmente, o Espírito sussurrou quatro palavras em meu coração,George, agilize sua língua. O Senhor ajudou a me tornar um unificador, ao contrário de umdivisor. Quando você ama as pessoas, elas retornam seu amor e também dão apoio à suavisão.

Se a liderança não for unida, as pessoas serão divididas. Em meus anos comopastor, houve apenas uma vez quando fui à frente com minha decisão e não obtive suporteunânime da liderança da igreja. A natureza do problema exigiu que eu escolhesse a verdadee não unidade. Tentar avançar com uma decisão importante sem união na liderança, haverádesunião na congregação. É melhor orar e jejuar do que acelerar as coisas.

Coloque o Rei e o Reino em primeiro lugar. Em meus primeiros seis meses comopastor, os membros da igreja diminuíram de 73 para 49. Após um certo tempo, o Espíritofalou essas palavras em meu coração: George, não estou interessado em levantar essa igrejasob sua personalidade. Coloque a Mim e ao Meu reino em primeiro lugar e Eu cuidarei dorestante. A partir desse momento, tentei conscientemente nunca anexar o pronome pessoal“meu” à igreja ou a qualquer pessoa ali. Não era minha igreja – era dEle. Também aprende-mos que proporcionar o avanço da Grande Comissão em todo o mundo tinha que ser umaprioridade. O Senhor abençoará um pastor e uma igreja com visão missionária.

Quando você amaas pessoas, elasretornam seuamor e tambémdão apoio àsua visão.

GEORGE O. WOOD, D.Th.P.Presidente da ConvençãoGeral das Assembleias deDeus Norte-Americanas.Springfield,Missouri (EUA).