vocação hereditária - civil v

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1 Vocação Hereditária  Plano de Aula 04  Direito Civil VI  Profª. Dra. Fernanda Scha efer !"#$ &'#$()' * +,) -$"$./,*/)- ,0,& ,1(,12")#,$30*4")/, -$ "41,(#$ -$ '5 /)-'-$"-$ "'*'-$ '4*' -4('.#$ ,"$&$"#($ $ .6,"47"5#4) '*$)#4(' 0,&1*$&$ .#'($ -,&'#$()'*-)-850,9 Vocação Hereditária ! “O primeiro passo à verificação da legitimação, tanto na sucessão legítima como na testamentária, é a constatação da personalidade de quem reclama a vocação hereditária, representada pela existência da  pessoa, física ou jurídica, no momento da abertura da sucessão” (Francisco José Cahali, p. 101). !  Regra geral: princípio da coexistência – art. 1798, CC  – capacidade sucessória (legítima ou testamentári a). "  Art. 1799, CC – sucessão testamentária. 2  Legitimação Testamentária !  A lei do país em que era domiciliado o ‘de cujus’ ou ausente que rege a sucessão (art. 10, LICC). !  A capacidade para suceder será regida pela lei do domicílio do herdeiro ou legatário (art. 10, §2 o  .,  LICC).  Prole Eventual ! ‘Nondum conceptus’ – o que é prole ev entual? ! O testador indica como beneficiário da deixa testamentária filhos eventuais de uma pessoa por ele indicada. "  Não se co nfunde com o fideicom isso. !  Para que a deixa testamentária tenha eficácia é preciso que a pessoa indicada como geradora da filiação eventual esteja viva no momento da abertura da sucessão. 

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Vocação Hereditária

 Plano de Aula 04

 Direito Civil VI

 Profª. Dra. Fernanda Schaefer

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Vocação Hereditária

! “O primeiro passo à verificação da legitimação, tantona sucessão legítima como na testamentária, é aconstatação da personalidade de quem reclama avocação hereditária, representada pela existência da pessoa, física ou jurídica, no momento da abertura dasucessão” (Francisco José Cahali, p. 101).

!  Regra geral: princípio da coexistência – art. 1798, CC  – capacidade sucessória (legítima ou testamentária)."  Art. 1799, CC – sucessão testamentária.

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 Legitimação Testamentária

!  A lei do país em que era domiciliado o ‘de cujus’ ou ausente que rege a sucessão (art. 10, LICC).

!  A capacidade para suceder será regida pela lei dodomicílio do herdeiro ou legatário (art. 10, §2o ., LICC).

 Prole Eventual

! ‘Nondum conceptus’ – o que é prole eventual?

! O testador indica como beneficiário da deixatestamentária filhos eventuais de uma pessoa por eleindicada."  Não se confunde com o fideicomisso.

!  Para que a deixa testamentária tenha eficácia é precisoque a pessoa indicada como geradora da filiaçãoeventual esteja viva no momento da abertura dasucessão. 

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 Prole Eventual!  Aberta a sucessão que se destina à prole eventu al a heran ça é 

 posta sob administração, perman ecendo nesta situação até q uese implemente a condição (nascimento com vida) ou se houver certeza de que ela não será implementada.

!  Limite: a prole eventual terá direitos sucessórios se for concebida em até dois anos (prazo de espera) após a aberturada sucessão.

! Findo o prazo, não concebido o filho, a disposiçãotestamentária caduca e os bens são distribuídos aos sucessoreslegítimos, se outra não for a determinação testamentária.

 Prole Eventual!  Problemas:

" O que é ser concebido?

"  Embriões congelados (‘in vitro’) pode ser comparado ao nascituro?

"  Reprodução assistida ‘post mortem’

!  Maria Berenice Dias afirma que entre o embrião implantado eo não implantado pode haver diferença quanto à capacidadede direito, mas não quanto à personalidade. Portanto, para a

autora o conceito de nascituro abrange o conceito de embrião pré-implantatório. Dessa forma, o embrião ‘in vitro’ tambémteria capacidade sucessória, exigindo a norma apenas aconcepção.

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 Prole Eventual!  Já Francisco Cahali afirma estar afastada a capacidade

sucessória do embrião congelado quando a implantaçãoocorrer depois da abertura da sucessão.

"  Como conciliar esses entendimentos com as presunçõesde paternidade em fertilizações homólogas eheterólogas?

 Pessoa Jurídica

!  As pessoas jurídicas possuem capacidade sucessóriatestamentária.

"  Tanto pessoas jurídicas públicas, quanto privadas, podem ser beneficiadas em testamento.

"   Limitações à capacidade de suceder de pessoas jurídicas de Direito Público.

 Soc ieda des de fa to po dem te r ca pa ci da desucessória?

O que ocorre em caso de encerramento oudissolução da pessoa jurídica quando da aberturada sucessão?

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Fundações

!  As fundações têm capacidade sucessória para receber deixa testamentária, bem como, podem ser instituídas por testamento.

O que fazer com os bens se aberta a sucessão a fundação ainda não existe?

 Incapacidade Testamentária Passiva

!  Art. 1801, CC – incapacidade testamentária (falta delegitimação) passiva de herdeiros ou legatários, por serem considerados suspeitos:" O que escreveu a rogo o testamento.

" O cônjuge ou companheiro daquele que escreveu a rogo otestamento, bem como, interpostas pessoas.

" Testemunhas do testamento e do auto de aprovação no

testamento cerrado." Concubino do testador casado.

" Tabelião civil ou militar, ou o comandante ou escrivão perante o qual se fez o testamento.

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Falta de legitimação paraser herdeiro ou legatário

!  Art. 1801, CC – pressupõe-se suspeitas as pessoasdescritas no artigo.

"   Inc. I, II e IV - legislador protege a confiança dotestador nessas pessoas.

"   Inc. III – legislador optou por proteger a familia ecoibir o adultério.

 Nulidade

!  Art. 1802, CC – estabelece a nulidade da disposiçãotestamentária em favor de pessoa não legitimada asuceder:

 Simulação sob a forma de contrato oneroso;

"   Simul ação por inter posta pess oa (art . 1802 , parágrafo único, CC).

"  Trata-se de nulidade absoluta ou relativa?

 Exceção do art. 1803, CC c/c Súmula 447, STF.

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 Excluídos da Sucessão

 Plano de Aula 04

 Direito Civil VI

 Profª. Dra. Fernanda Schaefer

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 Excluídos da Sucessão

!  A exclusão da sucessão só ocorre nas hipóteses expressamente previstas em lei.

Indignidade Deserdação

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 Excluídos da Sucessão INDIGNIDADE DESERDAÇÃO

 Decorre da lei Decorre da vontade do testador

 Aplica-se a todos os herdeiros dasucessão legítima. Pode alcançar olegatário.

 Aplica-se aos herdeiros necessários, facultativos e testamentários

 Decorre da vontade presumida do ‘decujus’

 Decorre da vontade expressa do ‘decujus’

 Motivo expresso na lei Motivo deve ser fundamentado – art.1964, CC

Os motivos determinantes da exclusão podem ser anteriores ou posteriores àabertura da sucessão

Os motivos são anteriores à abertura dasucessão

Os motivos da indignidade também podem justificar a deserdação

Os motivos de deserdação nem sempre poderão justificar a indignidade

 Indignidade!  A indignidade representa a retirada do direito à herança do

sucessor capaz de suceder, em virtude de atos de ingratidão.

! Conceitua Maria Berenice Dias (p. 301) “o instituto daindignidade é a privação do direito hereditário cominada por lei,a quem cometeu certos atos ofensivos à pessoa ou aos interessesdo antecessor. Merece ser alijado da sucessão o herdeiro que agecontra a vida ou a honra do autor da herança ou comete atos

ofensivos contra os membros de sua família. Também se sujeita àmesma penalidade se obstaculiza a manifestação de vontade dotestador. A indignidade permite a exclusão dos herdeiroslegítimos, necessários, facultativos, testamentários, bem como doslegatários. É uma pena civil aplicada ao herdeiro que recebe aherança e a perde”.

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 Indignidade! Trata-se de uma pena privada ou pena civil imposta ao herdeiro

que se conduziu de maneira imoral ou antiética.

!  A declaração de indignidade depende de sentença em açãoordinária por quem tenha interesse.

"  A ação deve ser proposta no prazo de quatro anos contadosda abertura da sucessão – prazo decadencial (art. 1815, CC).

"  A ação declaratóri a de indignidade não suspende oandamento do inventário.

"  A sentença é declaratória da exclusão para suceder (art.1816, CC) – constitutiva negativa.

"  A sentença gera efeitos ‘ex tun’ à data da abertura dasucessão.

Causas de Indignidade

•  Herdeiro que foi autor, coautor ou partícipe de homicídiodoloso ou tentativa deste, contra o ‘de cujus, seu cônjuge,companheiro, ascendente ou descendente

•  Herdeiro que tiver acusado caluniosamente em juízo oautor da herança ou incorrem em crime contra a suahonra, de seu cônjuge ou companheiro

• 

 Herdeiro que por violência ou meios fraudulentos tiverinibido ou obstado o autor da herança de disporlivremente de seus bens por ato de última vontade

 Art. 1814, CC – ‘numerus clausus’

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 Efeitos da Indignidade

•  Efeitos são sempre pessoais – o indigno é considerado comose morto fosse (morte civil)

•  Se o indigno é casado a exclusão alcança o seu cônjuge

•  Os descendentes do indigno herdam por representação

•  Declarada a indignidade os bens tornam-se ereptícios

•  A posse do indigno será considerada precária e de má-fé

•  Frutos e rendimentos recebidos pelo indigno deverão serdevolvidos

 Efeitos da Indignidade

• 

O indigno perde o usufruto e administração dos bens quecouberem aos seus filhos menores ou incapazes

•  A morte de um dos descenden tes aquinhoad os nãorestabelece o direito sucessório do indigno

•  O indigno tem direito à indenização pelas despesas feitas eresponde pela perda ou deterioração do bem

• 

 Se o indigno recebeu adiantamento de herança, este fato nãoimpede a declaração de indignidade

•  Atos de alienação praticados pelo indigno antes de suadeclaração são considerados válidos, para proteger terceirosde boa-fé (teoria da aparência)

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 Herdeiro Aparente

!  Herdeiro aparente é a pessoa que sucedeu sem ter odireito à herança (art. 1828, CC).

! “Herdeiro não é, mas, ainda que esteja de má-fé, é considerado por todos como genuíno herdeiro, por  força de erro comum. Daí ser chamado possuidor ‘prohedere’. Possui como se fosse herdeiro, ainda que nãoo seja” (Maria Berenice Dias, 2011, p. 622). Após a suacitação o herdeiro aparente é constituído em mora esua posse, a partir deste momento, passa a ser considerada de má-fé.

 Herdeiro Aparente

•   São válidos os atos onerosos de alienações realizados paraterceiros de boa-fé (que desconheciam a indignidade)

•   São válidos os atos de administração legalmente praticados

•   São inválidos (nulos) os atos onerosos de alienações

realizadas para terceiros de má-fé

•   São inválidos (nulos) os atos gratuitos de alienaçãorealizados para terceiros, independente de boa ou má-fédestes

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 Reabilitação do Indigno

!  A reabilitação do indigno pode ocorrer por ato própriodo ‘de cujus’- art. 1818, CC.

! O perdão (remissão) deve ser expresso que não admiteretratação.

 Exceção: contemplação do indigno em testamentoquando o testador já conhecia a causa daindignidade (perdão tácito).