vocaÇÃo ao episcopado

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VOCAÇÃO AO EPISCOPADO Introdução Abordaremos o presente trabalho a partir do seguinte esquema: 1. Imagem Bíblica: O Bom Pastor 2. Aspectos históricos 3. Exposição magisterial: a) Christus Dominus do Vaticano II b) Pastores Gregis de João Paulo II 4. Reflexão sistemática 5. Questões canônicas sobre o bispo 1. Imagem Bíblica: O Bom Pastor A imagem bíblica que mais explicita a missão do bispo é a do Bom Pastor, como aquele que dá a vida por suas ovelhas (cf. Jo 10,11). A tradição cristã fixou a imagem bíblica do pastor em três figuras: - Aquele que traz aos ombros a ovelha desgarrada;

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Page 1: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

Introdução

Abordaremos o presente trabalho a partir do seguinte esquema:

1. Imagem Bíblica: O Bom Pastor

2. Aspectos históricos

3. Exposição magisterial:

a) Christus Dominus do Vaticano II

b) Pastores Gregis de João Paulo II

4. Reflexão sistemática

5. Questões canônicas sobre o bispo

1. Imagem Bíblica: O Bom Pastor

A imagem bíblica que mais explicita a missão do bispo é a do Bom Pastor, como

aquele que dá a vida por suas ovelhas (cf. Jo 10,11).

A tradição cristã fixou a imagem bíblica do pastor em três figuras:

- Aquele que traz aos ombros a ovelha desgarrada;

- O que conduz o rebanha em prados verdejantes;

- Aquele que com o cajado recolhe as ovelhas e as protege do perigo;

Em todos os casos, o pastor é pelas ovelhas e não as ovelhas pelo pastor.

O Bom Pastor é Cristo, pois é Ele que dá a vida as ovelhas. Nele, é que os bispos

foram constituídos pastores, não do próprio rebanho, mas da grei de Cristo.

O bispo é pastor na medida em que evangeliza, santifica e guia o povo cristão.

Page 2: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

*O Bispo é mestre da fé e mensageiro da Palavra (munus docendi)

Recordamos os deveres do Bispo: é o primeiro responsável da evangelização e da

catequese, bem como aos vários ambientes e meios para a difusão do Evangelho.

*O Bispo é santificador do povo cristão (munus sanctificandi), com realce

central na liturgia como vida da diocese, sobretudo na celebração eucarística. Neste

contexto são enfrentados também importantes temas como a centralidade do domingo, a

importância da piedade popular, o decoro dos lugares sagrados, etc.

*Do governo pastoral do Bispo (munus regendi) é evidenciado o radical

espírito de serviço e de vigilância sobre o desenvolvimento da vida diocesana. Em

particular, no seu governo o Bispo deve refletir as mesmas características do Bom Pastor.

Faz-se referência a pastoral diocesana, o sínodo diocesano, a cúria, os vários conselhos

diocesanos, tais como o Colégio de Consultores, de Presbíteros, de Pastoral e de assuntos

econômicos.

Para finalizar, podemos ver quão grande é a responsabilidade do Bispo. Essa deve

ser exercida como serviço e como amor, na autoridade que é própria da missão episcopal.

2. Aspectos históricos

Nos diferentes estados de vida, como ministro ordenado, religioso ou leigo, quer na

vida matrimonial ou celibatária, o cristão exerce sua vocação para o crescimento do Corpo

de Cristo que é a Igreja. Renascido na água do batismo, o cristão pertence a Cristo. É essa

ligação com o Mestre que o faz parte do Povo de Deus.

Examinando o que estabeleceu o próprio Cristo, é possível identificar critérios e

tarefas de escolha, discipulado e missão. Ele escolheu e instruiu um grupo de discípulos (Jo

15,16), designou 12 para que ficassem em sua companhia ( Mc 3,14) .

Para esses discípulos Cristo concedeu tarefas especiais, confiando-lhes os meios de

salvação (Mt 28,19: Jo 20,23) , autorizando que agissem em nome d’Ele ( Mt 10,27) .

Os enviados, discípulos que receberam a missão de agir em nome de Cristo passam

a apóstolos. “Com isto fica claro que os homens deverão receber a salvação, isto é, serão

ligados a Cristo, por meio daqueles homens que Ele escolheu” 1

1 KONINGS, Johan M. H. & ZILLES, Urbane. Religião e Cristianismo. 7 ed , Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997, p.258.

Page 3: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

O sucessor de Pedro (Mt 16 , 18-19) é reconhecido na pessoa do Bispo de Roma.

Os Bispos que, por divina instituição, sucedem os Apóstolos são constituídos pastores na

Igreja. Pela própria consagração episcopal os Bispos recebem, juntamente com o múnus de

santificar, o de ensinar e governar, os quais, por sua natureza, não podem ser exercidos a

não ser em comunhão hierárquica com a cabeça e com os membros do Colégio (Cân. 375

§§ 1 e 2, do CIC).

Após um breve exame sobre a situação dos bispos na história da Igreja, passaremos

à análise dos diferentes documentos a respeito da atuação do Bispo, cujo ministério, desde

os primeiros tempos, ocupou lugar privilegiado na igreja, por conservar a semente

apostólica através de uma sucessão ininterrupta desde o começo da Igreja.2

ASPECTOS ECLESIAIS DA IGREJA DOS PRIMEIROS SÉCULOS: OS BISPOS

As primeiras comunidades foram caracterizadas pela espera da volta do Senhor e

mantinham as estruturas organizativas correspondentes à ordem da sinagoga.

Seguindo o modelo institucional judaico do conselho dos anciãos, em algumas

comunidades os anciãos (presbíteros) perceberam a sua função de guia e de assistência (1

Pd 51-4; Tg 5,14).

Na ordem dos ministérios (1 Cor 12,4-11), na diversidade de ofícios, os que

presidiam eram propostos como bispos (e’piskopoi) e diáconos (Fl 1,1). Aqueles que Deus

estabeleceu na Igreja em primeiro lugar eram apóstolos e , depois, profetas, mestres ,

inseridos na comunidade local ( 1 Cor 12,28 ).

Após 150, a direção colegial da comunidade foi substituída por um epíscopo.

Alguns fatores foram determinantes a prevalecer o mono episcopado: necessidade de

coesão e unidade; as cartas pastorais endereçadas aos discípulos dos apóstolos que exigiam

do bispo a capacidade de ensinar (1 Tm 3,2); uma sucessão não interrompida que garantia a

autenticidade do ensinamento e apostolicidade da comunidade.

2 LG 20.

Page 4: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

Da época da Igreja nascente (séculos I e II) não se poderia esperar clara

documentação legislativa em meio a tanta insegurança. O consuetudinário presidia o

estabelecimento das primeiras normas, transmitidas oralmente. Havia longas distâncias a

serem superadas e as comunicações eram deficientes, fatores que impediam as

comunidades de firmarem alguma uniformidade. No século III, e mais ainda no século IV,

desponta a legislação eclesiástica, graças às primitivas coletâneas de atas de concílios e

sínodos regionais.

Quando os apóstolos do Senhor concluíram sua missão terrena, seus discípulos

imediatos permitiram-se a tentativa de perpetuar os preceitos que haviam ouvido atribuindo

a seus mestres a autoria daquilo que redigiam, no intuito de valorizarem-no, assim como

alicerçar os costumes que introduziam em suas comunidades.

Apesar de serem pseudoepígrafos (pois os verdadeiros autores são anônimos), esses

documentos possuem valor a título diverso: testemunham a legislação consuetudinária

contemporânea à Igreja primitiva.

Tudo leva a crer que se poderiam agrupar as fontes pseudo-apostólicas em torno de

dois escritos primitivos: a Didaqué (Doutrina dos Doze Apóstolos) e as Diatagái ton

Apostólon (Constituições dos Apóstolos), ambas redigidas no Oriente, porém bem-

recebidas no Ocidente. Da Igreja ocidental conhece-se apenas um escrito posterior: a

Tradição Apostólica, de Santo Hipólito.

No decorrer do II século, desapareceu a direção do tipo colegial. Na Didaqué 15

consta: 1. Escolhei-vos, pois, bispos e diáconos dignos do Senhor, homens dóceis,

desprendidos (altruístas), verazes e firmes, pois eles também exercerão entre vós a liturgia

dos profetas e doutores (mestres). 2. Não os desprezeis, porque eles são da mesma

dignidade entre vós como os profetas e doutores.

O texto não alude à hipótese de que o bispo fosse escolhido do meio do colégio dos

presbíteros, não sendo descrito em detalhes o ministério dos epíscopos. No Novo

Testamento (At 20,28; Fl11) bispo designa homens com função de presidir as comunidades

devendo ser irrepreensível, esposo de uma única mulher, capaz de ensinar, não dado à

bebida, nem briguento, mas indulgente, pacífico e sem interesse por dinheiro (1Tm 3,2 ),

Page 5: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

aspectos que irão aparecer nas disposições das Constituições dos Santos Apóstolos de

São Clemente.3

Depende da Didaqué a Didascalia ton Apostólon, isto é, os ensinamentos dos

Apóstolos. Esta obra também nasceu na Síria ou na Palestina, na primeira metade do século

III. Segundo Mons. Maurílio Cesar de Lima, a obra apareceu pretensamente como

compilação do chamado Concílio de Jerusalém do ano 50. Ela trata da disciplina

eclesiástica na comunidade, dos deveres das diversas funções, da atenção para com os

pobres, da educação das crianças, dos litígios entre cristãos, das reuniões litúrgicas, dos

jejuns, do perdão dos pecados e adverte sobre o cerimonial judaico e sobre os hereges.

Assemelha-se a um ensaio de redação de um Corpo de Direito Canônico e a uma base de

partida para quem escrevesse as Constituições Apostólicas. 4

Há também os Cânones eclesiásticos dos Santos Apóstolos aparecem na Síria ou

no Egito no fim do século II ou no princípio do século III. Os primeiros cânones

reproduzem a Didascalia; seguem-se preceitos referentes à escolha e à ordenação dos

epíscopos e dos presbíteros, aos deveres do clero, das viúvas, das diaconisas, dos leigos e

da participação das mulheres no culto.

Diatagái ou Diatéczeis ton apostólon, ou seja, Constituições Apostólicas: provêm

de Antioquia ou da Palestina, compilação de autor desconhecido, sem razão atribuída ao

papa São Clemente (89-98). Surgem no fim do século IV na Síria ou na Palestina. Trata

acerca dos leigos, bispos, viúvas e órfãos. A partir do Livro V desenvolve a questão acerca

dos mártires, das heresias, das cismas, da vida cristã, concluindo com disposições acerca da

liturgia, incluindo as ordenações de bispos. Em apêndice oferece os 85 cânones dos

Apóstolos, obra que gozou de grande reputação no Oriente.

As Constituições dos Santos Apóstolos atribuídas a São Clemente

(Costituzioni dei Santi Apostoli) foram o produto de escritores da Igreja Oriental.

Apresenta-se como testemunho de uma convicção eclesiológica e serviu de base para

a atuação dos bispos e presbíteros .

O pastor que vem constituído bispo pela Igreja deve ser incensurável e

irrepreensível (Livro II 1.1), devendo, de preferência, não ser de idade inferior a cinquenta

3 Libro II ( I Vescovi ) 2. E sia sóbrio prudente , dignitoso ben saldo , imperturbato non dedito al vino, non rissoso , ma misurato, alieno a litigi, senza attaccamento al denaro ...4 In: Introdução á história do direito canônico . São Paulo: Loyola,1999,p.37;

Page 6: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

anos. Deve ser marido de uma só esposa e saber governar bem a própria casa (Livro II 2.1).

Caso não haja pessoa de idade avançada, constituído no episcopado, um jovem deverá

demonstrar maturidade, após ser submetido a exame e deve receber de todos o atestado

para que seja constituído em paz . (Livro II 1,3).

Lembremos que nos séculos iniciais, a escolha dos candidatos se fazia pela

contagem de mãos erguidas dos eleitores em gesto positivo (keirotonia), seguindo-se a

consagração pela imposição das mãos (keirothesia). Nos primeiros anos os apóstolos

escolhiam seus sucessores (1 Tm 4,7), admitindo a colaboração da comunidade (Art 1,3;

6.3).

Ainda no século III, tanto no Oriente como no Ocidente, a eleição do bispo pela

comunidade era reconhecida. A discussão era se se tratava de simples aclamação, como

direito conferido originalmente ou era concessão à praxe generalizada. O termo hierarchia

(grau sagrado) começou a ser empregado apenas no século IV para dar sentido à

organização eclesiástica. O pleno poder jurisdicional era transmitido aos bispos que o

partilhavam com seus colaboradores. Essa jurisdição episcopal vigorava onde o bispo

residia, imitando a administração civil.

A necessidade de atendimento à zona rural deu lugar à instituição dos

corepíscopos, dependente do bispo citadino. Recebiam a ordenação, mas sua atuação era

limitada ao campo, para a cura de almas. Podiam ordenar somente clérigos inferiores e

apenas com autorização do bispo da cidade.

Com o tempo, eles tornaram-se numerosos. Tanto que, no Concílio de Nicéia

(325) como em outros concílios dos séculos IV e V, sua presença e atuação se fazia sentir

com peso incômodo. Os Concílios de Neocesaréia (314-325) e de Antioquia (314) os

coibiu.5

O Concílio de Sárdica (343-344) declarou que não se consagrassem corepíscopos

para serviços que pudessem ser realizados por sacerdotes. O Concílio de Lodicéia ( 343-

381) proibiu aas ordenações de corepíscopos, que poderiam ser substituídos por

presbíteros .

Com a legislação conciliar hostil aos corepíscopos, declinou a instituição,

enquanto se reforçava os bispos citadinos com a organização das dioceses segundo o

5 Op. cit. p. 205 .

Page 7: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

modelo implantado por Diocleciano (284-305). Este dividira a jurisdição do império em

quatro prefeituras (Oriente, Ilírico, Itália e Gália) que se subdividiam em doze dioceses,

abrangendo mais de cem províncias.

Devido à coincidência entre território das províncias civis e eclesiásticas no

Oriente, a criação de uma nova diocese não se fazia sem a intervenção do poder leigo. No

Ocidente , ao contrário , era a decisão do bispo da cidade principal da província, com a

aprovação de com provincianos que a determinava.. Na Itália, a criação de uma nova

diocese, de fusão com outra ou outras era atribuição do papa.

Aparece, então, a figura do metropolita. O termo foi bem aceito no Ocidente. A

Igreja africana preferiu a denominação de senex para o episcopus primae sedis, ou seja, o

primaz que, com o papa, era consagrado pelos bispos vizinhos.

Os metropolitas foram conquistando autonomia, em prejuízo da autoridade papal

assumindo privilégios. No Oriente , pelo Direito conciliar , competia ao metropolita dirigir

os bispos sufragâneos (dependentes do metropolita ), convocar e presidir o concílio

provincial , aceitar a apelação da instância episcopal. Aos poucos os metropolitas foram se

tornando autônomos, enfraquecendo a autoridade papal.

O Concílio de Nicéia (325) confirmou a precedência honorífica já existente para as

metrópoles de Roma, Alexandria, Antioquia, Jerusalém e Constantinopla sedes de fundação

apostólica. Passaram a metrópoles superiores. A Igreja-mãe de Jerusalém perdera a

importância após a destruição no ano 70, sendo que no século II Cesareia mantinha

precedência na Palestina. Constantino restabeleceu a precedência honorária.

Seguiu-se que algumas metropolitas superiores passaram a se denominar

patriarcas. Justiniano I (527-62) resolveu intervir declarando que o papa de Roma fosse

considerado patriarca do Ocidente.

Os patriarcas orientais perderam importância por vários fatores, entre eles, pelo

fato de que alguns aderiram a heresias, outros tiveram suas sés invadidas pelos árabes,

sendo que apenas o de Constantinopla se manteve durante muito tempo.

O Cisma de Acácio, patriarca de Constantinopla que separou o Oriente de Roma

por 35 anos (484-519) fez com que se desenvolvessem textos legais impregnados de

espírito pontifício. Por outro lado, a partir daí os patriarcas não pediam confirmação aos

papas, apenas manifestavam a comunhão de fé e a autonomia disciplinar.

Page 8: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

Nos séculos IV e VII o Direito Canônico apresenta coloração do direito romano,

embora apresente que a organização hierárquica do pontificado romano e a autoridade

central do papa procediam da vontade de Deus em decorrência da origem da Igreja .

Ressaltava-se o caráter monárquico do Direito Canônico no sentido de que todo o

poder reside na hierarquia sagrada e daí desce para os ministros inferiores. Na igreja local,

o governo é presidido e exercido por um único bispo; na província pelo metropolita; em

âmbito maior pelo patriarca e, na Igreja universal, pelo papa. A essa índole monárquica

correspondia a centralização jurídica e administrativa. Toda a autoridade ficava nas mãos

do bispo que, por si mesmo a exercia por direito próprio e exclusivo: celebrava e presidia as

funções sagradas, administrava os sacramentos ao povo cristão, ensinava a doutrina da fé e

gerenciava os bens temporais.

Os presbíteros, diáconos e outros ministros chamados para o serviço diocesano,

quando exerciam funções sagradas , faziam-no não em razão de cargo estável e poder

ordinário, mas como cooperadores do bispo ou por delegação permanente ou ad hoc. Tudo

era centralizado nas mãos dos bispos inclusive em relação às ordens religiosas.

Atualmente, as disposições acerca da consagração episcopal, direitos e deveres em

relação aos Bispos, constituídos pastores da Igreja a fim de serem também mestres da

doutrina, sacerdote do culto sagrado e ministros do governo estão dispostas nos Cân. 375 a

411 do Código Canônico.

Pela consagração episcopal, os Bispos recebem, juntamente com o múnus de

santificar, o de ensinar e de governar que não podem ser exercidos a não ser em comunhão

hierárquica com a cabeça e com os membros do Colégio. Na função de governar manifesta-

se de maneira plena o poder de regime ou de jurisdição (Cân. 129,§1).

3. Exposição Magisterial

a) DECRETO CHRISTUS DOMINUS:SOBRE O MUNUS PASTORAL DOS BISPOS

NA IGREJA

A Sucessão de Pedro e dos Apóstolos

Na Igreja, o Romano Pontífice, como sucessor de Pedro, está revestido, por

instituição divina, de poder supremo, pleno, imediato e universal, em ordem a cura das

almas.

Page 9: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

Os Bispos sucedem aos Apóstolos como pastores das almas e, juntamente com o

Romano Pontífice e sob sua autoridade, foram enviados a perpetuar a obra de Cristo.

Solicitude dos Bispos pela Igreja Universal

Os Bispos considerem-se sempre unidos entre si e mostrem-se solícitos de todas as

Igrejas, pois cada um é responsável por toda a Igreja, juntamente com os outros bispos.

Esforcem-se por preparar ministros sagrados aptos, tanto religiosos como leigos, para as

missões e territórios que não têm clero.

Caridade Eficaz para com os Bispos Perseguidos

Abracem com espírito fraternal e prestem ajuda sobretudo àqueles Bispos que, pelo

nome de Cristo, são caluniados e perseguidos, se encontram presos ou encarcerados ou se

vêem impedidos de exercer o seu ministério.

Noção de Diocese e Ofício do Bispo na Diocese

Diocese é a porção do povo de Deus confiada a um Bispo para que a apascente com

a colaboração do presbitério, de tal modo que unida a seu pastor e reunida por ele no

Espírito Santo por meio do Evangelho e da Eucaristia, constitui uma igreja particular, na

qual está e opera a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica.

O Bispo, a quem é confiada uma igreja particular, apascenta em nome do Senhor as

suas ovelhas, sob a autoridade do Sumo Pontífice, como próprio, ordinário e imediato

pastor, exercendo em favor das mesmas o múnus de ensinar, santificar e governar.

Dever de Santificar do Bispo

Os Bispos são os principais dispensadores dos mistérios de Deus. Como

santificadores, procurem promover a santidade dos seus clérigos, dos religiosos e dos

leigos, segundo a vocação de cada um. Lembrando-se da obrigação que tem de dar exemplo

de santidade pela caridade, humildade e simplicidade de vida.

Dever de Reger e Apascentar do Bispo

Abracem com especial caridade os sacerdotes, considerando-os como filhos e

amigos, mostrando-se pronto a ouvi-los e tratando-os com confiança. Preocupem-se com as

condições espirituais, intelectuais e materiais, para que possam viver santa e piamente, e

exercer com fidelidade e fruto o seu ministério.

Page 10: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

Para poderem atender melhor ao bem dos fiéis, segundo a condição de cada um,

procurem conhecer-lhes bem as necessidades, dentro das circunstancias sociais em que

vivem, recorrendo aos meios convenientes.

b) PASTORES GREGIS – JOÃO PAULO II (16.10.2003)

Trata-se de uma Exortação Apostólica Pós-sinodal sobre o Bispo, servidor do

Evangelho de Jesus Cristo para a esperança no mundo. O texto divide-se em sete capítulos:

I- Ministério e ministério do Bispo; II- A vida espiritual do Bispo; III- Mestre da fé e arauto

da Palavra; IV -Ministro da graça do supremo sacerdócio; V- O governo pastoral do Bispo;

VI -Na comunhão das Igrejas; VII- O Bispo perante os desafios atuais.

É resultado dos relatórios e sugestões elaboradas na X Assembléia do Sínodo dos

Bispos.

MISTÉRIO E MINISTÉRIO DO BISPO

A missão confiada por Jesus aos Apóstolos deve durar até o fim dos séculos (cf. Mt

28,20 ) porque o Evangelho transmite vida para a Igreja de todos os tempos. A efusão do

Espírito Santo de que foram repletos os Apóstolos foi comunicada por eles, através do

gesto da imposição das mãos, a seus colaboradores.

A dimensão cristológica do ministério pastoral introduz na compreensão do

fundamento trinitário: Cristo é Filho eterno e unigênito do Pai e ungido do Espírito Santo,

enviado ao mundo. É Ele, juntamente com o Pai, que envia à Igreja o Espírito Santo.

O Bispo, agindo em lugar e em nome de Cristo, torna-se, na Igreja a ele confiada,

sinal do Senhor Jesus, Pastor e Esposo, Mestre e Pontífice da Igreja. A unção do Espírito

Santo que configura o Bispo a Cristo, habilita-o a ser uma continuação viva do seu mistério

em favor da Igreja.

Fazendo parte do Colégio Episcopal, o Bispo deve atender às funções recebidas na

ordenação episcopal: santificar, ensinar e governar a serem exercidos em comunhão

hierárquica. Há o chamado “afeto colegial” ou colegialidade afetiva de onde deriva a

solicitude dos Bispos para as outras igrejas.

A dimensão colegial dá ao episcopado o caráter de universalidade.

Page 11: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

Por outro lado, o Bispo, em virtude da plenitude do sacramento da Ordem, é diante

dos fiéis, santificador e pastor, encarregado de agir em nome de Cristo. No ministério

episcopal manifesta-se uma circularidade entre o testemunho de fé de todos os fiéis e o

testemunho do Bispo, assim como entre a fé de todos os fiéis e os meios de santificação que

o Bispo lhes oferece. Também há circularidade entre a responsabilidade pessoal do Bispo

pelo bem da Igreja e a co-responsabilidade de todos os fiéis relativamente ao bem da

mesma.

A VIDA ESPIRITUAL DO BISPO

À santificação objetiva deve corresponder a santidade subjetiva, na qual o Bispo,

com o apoio da graça, há de crescer através do exercício do ministério.

Inspirado pela imitação da caridade do Bom Pastor, o Bispo é chamado a santificar-

se e a santificar, tendo como princípio unificador a contemplação do rosto de Cristo e o

anúncio do evangelho da salvação.

A santidade pessoal do Bispo não se limita ao nível subjetivo porque sua eficácia

reverte em benefício dos fiéis. Para o Bispo a vocação à santidade está inscrita no próprio

acontecimento sacramental da Ordenação Episcopal.

Sua espiritualidade deve ser uma espiritualidade de comunhão, vivida em sintonia

com os outros batizados, em união a todos os sacerdotes, em especial os sacerdotes do

presbitério diocesano.

Deve ser invocada Maria, Mãe da esperança e mestra de vida espiritual. Confiando-

se à Palavra de Deus, o Bispo deve guardá-la como a Virgem Maria, sendo importante na

espiritualidade a leitura e escuta da Palavra, a celebração diária da Santa Missa, a oração e a

Liturgia das Horas.

Seguindo as pegadas de Jesus, o Bispo é obediente ao Evangelho e à Tradição da

Igreja, consegue ler os sinais dos tempos, reconhecer a vos do Espírito Santo no ministério

petrino e na colegialidade episcopal (n.19).

Observando a pobreza e a castidade ao serviço da Igreja, o Bispo cumpre a

obrigação de oferecer ao mundo a verdade de uma Igreja santa e casta. Esse caminho

alimentado com a comunhão com o Romano Pontífice e outros irmãos Bispos exige que

o Bispo cultive uma vida serena para cultivar o equilíbrio psicológico e afetivo.

Page 12: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

Para que esteja sempre disponível à atualização periódica, deve ter tempo de escuta

e diálogo com Bispos, sacerdotes, religiosos e leigos.

O exemplo de vida deve vir dos Santos Bispos que devem merecer especial atenção

e serem celebrados em cada Igreja particular.

MESTRE DA FÉ E ARAUTO DA PALAVRA

Embora seja dever de cada um, anunciar a Palavra pertence a título especial aos

Bispos. Ele deve ser ouvinte e guardião da Palavra.

É responsável pela transmissão e educação da fé, defendendo, sempre que se revele

oportuno, a unidade e a integridade da fé.

Apresenta-se como elementos importantes a evangelização da cultura e a

inculturação do Evangelho, levando em consideração os valores culturais de cada região e

as novas possibilidades de comunicação.

MINISTRO DA GRAÇA DO SUPREMO SACERDÓCIO

O ministro da santificação que se propaga na vida da Igreja é o Bispo,

especialmente por meio da Liturgia sagrada. Entre o ministério da santificação e os da

palavra e do governo existe uma profunda correspondência.

O Bispo exerce o ministério da santificação por meio da celebração da Eucaristia e

demais sacramentos, do louvor da Liturgia das Horas, presidência de ritos sagrados e, em

especial, na administração do sacramento da Confirmação, das Ordens Sacras.

Embora exercendo seu ministério de santificação em toda a diocese, o Bispo tem um

ponto de referência na igreja catedral, lugar onde o Bispo tem sua cátedra.

O Bispo tem obrigação de disciplinar o que diz respeito á iniciação cristã, à

disciplina penitencial, devendo o Bispo recorrer assídua e fielmente ao sacramento da

penitência.

A piedade popular não pode ser desconsiderada pelo Bispo visto que ela é

importante para a transmissão e progresso da fé.

O ministério da santificação do Bispo tem por objetivo a santidade do Povo de

Deus, devendo identificar os sinais de santidade e virtudes heróicas quando se trata também

de fiéis leigos, em particular cônjuges cristãos.

Page 13: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

O GOVERNO PASTORAL DO BISPO

O Bispo deve ter diante dos olhos o exemplo do Bom Pastor. ele é enviado , em

nome de Cristo , como pastor para cuidar determinada porção do povo de Deus e ,em

virtude disso , governa a Igreja particular que lhe foi confiada como vigários de Cristo.

O poder do Bispo é iluminado segundo o modelo do Bom Pastor e só será

pastoralmente eficaz se gozar de boa credibilidade moral que deriva da santidade de vida.

Trata-se de um “poder sagrado”.

Procurará o consenso dos fiéis, mas se não for possível, assumirá a responsabilidade

das decisões.

A visita pastoral é um tempo de graça e momento especial de encontro e diálogo do

Bispo com os fiéis. Há um momento em que deve ser privilegiado o encontro.

Para bem governar o Bispo também precisa ter um espírito de cooperação em

relação aos presbíteros a quem o Bispo concede afeto privilegiado.

Por isso também a necessidade de apoio e formação aos candidatos ao presbiterado,

sem descuidar dos diáconos e as pessoas de vida consagrada.

Aos leigos deve ser conferida a evangelização da cultura, a inserção da força do

Evangelho nas realidades temporais. Nesse sentido deve ocorrer uma solicitude do Bispo

pela família. Cabe ao Bispo defender valores do matrimônio.

Os jovens têm uma prioridade pastoral e, por isso, deve ser propiciado o encontro

dos jovens com seus pastores e animadores.

NA COMUNHÃO DAS IGREJAS

Cada Bispo particular está relacionado simultaneamente com a sua Igreja particular

e com a Igreja universal. A dimensão universal do ministério episcopal manifesta-se e

realiza-se plenamente quando os todos os Bispos em comunhão hierárquica com o

Romano Pontífice , atuam como Colégio.

Na sua relação com a suprema autoridade se notabiliza o princípio da comunhão. E

para manter essa comunhão, temos as visitas ad limina Apostolorum que inclui a

peregrinação ao sepulcro dos dois príncipes dos Apóstolos. Num segundo momento, há o

encontro com o Sucessor de Pedro e para onde foi retirado do grupo.

Page 14: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

O BISPO PERANTE OS DESFIOS ATUAIS

O Bispo é obreiro de justiça e de paz. Há necessidade de um compromisso com a

paz, o diálogo inter-religioso e o discernimento a respeito do ambiente e a salvaguarda da

criação.

Há de se considerar os aspectos éticos do problema ecológico, impondo-se uma

conversão ecológica para a qual os Bispos dão a contribuição ensinando a correta relação

do homem com a natureza.

É preciso estar atento às questões de saúde e a solicitude em relação, aos migrantes,

não devendo haver desânimo frente aos desafios.

CONCLUSÃO

O compromisso do Bispo é o anunciar o Evangelho de Cristo, salvação do mundo.

Há de poder contar com os membros do presbitério, diáconos, consagrados e com os fiéis

leigos devendo ser para cada pessoa um sinal vivo de Jesus Cristo, Mestre Sacerdote e

Pastor.

Como arauto da esperança também deve oferecer a existência pela salvação, com a

invocação de Maria, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos.

4. Reflexão sistemática: sobre a vocação episcopal

a) Preliminares

Podemos dizer que a Igreja surgiu quando o Senhor deu o seu Corpo e o seu Sangue

dizendo: “Fazei isto em memória de mim”. Isso corresponde a dizer que a Igreja é a

resposta a este mandato, ao poder e à responsabilidade que lhe são conferidos. A Igreja é

Eucaristia. Por outro lado, a Igreja também é assembléia dos homens de toda a face da terra

para Deus. Igreja é convocação da Trindade.

Sendo assim, a Igreja é Eucaristia e assembléia. Podemos resumir esses dois

aspectos de uma mesma Igreja na palavra comunhão, dada de cima (Trindade) e unindo os

homens entre si a partir de dentro (assembléia).

Page 15: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

b) Eclesiologia eucarística e ministério episcopal...

Partamos do fato de que a Igreja se realiza na celebração eucarística. Isto inclui em

primeiro lugar o local: a celebração eucarística se dá num lugar concreto, com as pessoas

que nele vivem. Tem inicio aqui o processo de unificação (assembléia). Ressaltamos, que o

chamado de Deus é valido para todos os que se acham nesse lugar, visto que a Igreja é

pública (Gl 3,28).

Nesse sentido, entendemos porque Santo Inácio de Antioquia insistiu tanto na

unicidade do ministério episcopal em um determinado lugar e por que vinculou tão

enfaticamente a condição de membro da Igreja à comunhão com o Bispo. Um só bispo em

um só lugar significa que a Igreja é uma só e única para todos, porque Deus é um só e único

para todos.

Diante disso dessa missão da unidade, a Igreja tem uma imensa tarefa de

reconciliação, visto que, o sangue derramado de Cristo (Eucaristia) é nossa paz (Ef 2,13).

O caráter eucarístico da Igreja nos remete em primeiro lugar à assembléia local; ao

mesmo tempo reconhecemos que o ministério episcopal pertence essencialmente à

Eucaristia como serviço à unidade, que necessariamente deriva do caráter sacrifical e

reconciliatório da Eucaristia. Uma Igreja entendida eucaristicamente é uma Igreja

concebida episcopalmente. Contudo, o bispo não pode ficar reduzido ao lugar, visto que é

bispo é dado por Deus através da Igreja àquele local.

A vocação do bispo é um chamado à unidade. O bispo representa a Igreja universal

perante a Igreja local e a Igreja local em face à Igreja universal. O bispo é o elo da união da

catolicidade da Igreja, catolicidade entendida no princípio da apostolicidade, a catolicidade

e apostolicidade estão a serviço da unidade. Ademais, não existe santidade sem unidade,

que se realiza tendendo a integração dos indivíduos e dos indivíduos no amor sacrifical e

reconciliador de Cristo. A santidade é próprio da unidade do Deus trino.

c) Conclusão

Da catolicidade de um bispo faz parte também, não somente o princípio da

vizinhança, mas a relação viva com Roma. O bispo de Roma, sucessor de Pedro está no

centro do colégio apostólico, e os une ente si. Como sucessor de Pedro, o papa é

responsável pela Igreja universal, sinal visível, como cabeça, da unidade do Corpo de

Cristo.

Page 16: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

5. BISPO (Episcopus) – questões canônicas

Sucessores dos apóstolos;

São constituídos Pastores da Igreja = Mestres da Doutrina, sacerdotes do culto

sagrado e ministros do governo.

Recebem pela consagração episcopal, embora as de ensinar e governar, por sua

natureza, não possam ser exercitadas a não ser em comunhão hierárquica com a cabeça e

com os membros do Colégio episcopal.

Fica ao Sumo Pontífice a nomeação dos Bispos, ou confirma os que foram

legitimamente elegidos.

Os Bispos de uma Conferência Episcopal a cada 3 anos enviam, de comum acordo,

à Sé Apostólica uma lista de presbíteros (diocesanos e/ou religiosos) mais aptos para o

episcopado.

Cada Bispo tem direito de indicar à Sé Apostólica os presbíteros que julgar dignos e

idôneos para o múnus episcopal.

O que requer-se de um candidato ao episcopado?

- Que se destaque pela fé sólida, bons costumes, piedade, zelo, sabedoria, prudência e

virtudes humanas e seja também dotado de todas as outras qualidades exigidas por esse

ofício;

- Boa reputação;

- Pelo menos trinta e cinco anos;

- Presbiterado, pelo menos, há cinco anos;

- Doutorado ou ao menos mestrado em Sagrada Escritura, teologia ou Direito

Canônico, num instituto de estudos superiores aprovado pela Sé Apostólica, ou pelo menos

seja verdadeiramente perito em tais disciplinas. O juizo definitivo sobre a idoneidade

compete à Sé Apostólica.

O prazo para a consagração episcopal é num período de três meses após recebidas as

cartas apostólicas. Antes de tomar posse canônica, deve o Bispo fazer a profissão de fé e o

juramente de fidelidade à Sé Apostólica.

Page 17: VOCAÇÃO AO EPISCOPADO

Bibliografia

JOÃO PAULO II. Levantai-vos! Vamos! São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2004.

RATZINGER, Joseph. Compreender a Igreja hoje. Petrópolis: Vozes, 1992.

CONGREGAÇÃO PARA OS BISPOS. Relatório do Cardeal Giovanni Battista Re sobre

as novas directrizes pastorais para os bispos.

Site: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cbishops/documents/

rc_con_cbishops_doc_20040330_card-re-pastorale-vescovi_po.html

Concilio Vaticano II. Christus Dominus. Petrópolis: Vozes, 2000.

PASTORES GREGIS. Exortaçao Apostólica Pós-Sinodal do Sumo Pontífice João Paulo

II . Sobre o bispo, servidor do Evangelho de Jesus Cristo para a Esperança do Mundo. 2 ed.

São Paulo: Paulina , n.186.

DIDAQUÉ. Catecismo dos primeiros cristãos.7 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2004.

LIMA, Maurílio Cesar de . Introdução à história do Direito Canônico. São Paulo: Loyola,

2004.

SPADA, Domenico;SALACHAS, Dimitrios. Costituzioni dei Santi Apostoli. Insegnamento

Cattolico per mano di Clemente- Vescovo dei Romani e Cittadino. Roma: Urbaniana

University Press, 2001.

KONIGS, Johan; ZILLES, Urbano(Orgs). Religião e Cristianismo. Porto Alegre:

EDIPUCRS, 1997.

Dicionário de Direito Canônico. São Paulo: Loyola, 1993