tecnologia de colheita, pÓs-colheita e industrializaÇÃo de ... · e desenvolvimento podem se...

260
610 TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE GRÃOS E SEMENTES

Upload: vukhue

Post on 25-Jan-2019

234 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

610

TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE

GRÃOS E SEMENTES

Page 2: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

611

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ARROZ SUBMETIDAS AO ESTRESSE POR ACIDOS ORGANICOS

Lilian Madruga de Tunes1; Pablo Gerzson Badinelli2; Lizandro Ciciliano Tavares3; Cassyo de Araujo Rufino3; Antonio Carlos Souza Albuquerque Barros3; Marlove Fátima Brião Muniz4

Palavras-chave: Oryza sativa L., fitoxidez, qualidade fisiológica, vigor

INTRODUÇÃO A toxidez por ácidos orgânicos é manifestada, principalmente, no início do

desenvolvimento do arroz, sendo caracterizado por uma menor germinação, crescimento inicial lento, menor crescimento radicular, menor absorção de nutrientes e menores rendimentos de grãos (BORTOLON et al., 2009).

No Brasil, poucos estudos foram realizados em relação a esse problema. A adoção de sistemas de cultivo que prevêem um maior aporte de material orgânico via rotação de culturas e a manutenção de resíduos vegetais na superfície do solo, observa-se um aumento da produção dos ácidos orgânicos (BORTOLON et al., 2009) necessitando aprofundar os estudos sobre os efeitos desses ácidos sobre a cultura do arroz.

Uma das alternativas para minimizar os prejuízos causados pela toxidez dos ácidos orgânicos seria a utilização de cultivares de arroz tolerante (KOPP et al. 2007). No entanto, são escassos informações a respeito da tolerância de cultivares de arroz irrigado recomendadas para o Rio Grande do Sul.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade fisiológica de sementes de arroz irrigado cultivar IRGA 424 submetidas ao estresse por diferentes concentrações dos ácidos orgânicos.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no Laboratório Didático de Análises de Sementes, do

Departamento de Fitotecnia, na Universidade Federal de Pelotas. A cultivar de arroz utilizada foi a IRGA 424 [característica agronômica: vigor inicial baixo, tolerante a reação à toxidez por ferro e alto rendimento de grãos (IRGA, 2011)]. Foram estudados os efeitos dos três principais ácidos orgânicos formados no solo e cinco concentrações de cada ácido: ácido acético (0; 4; 8; 12 e 16mM), ácido propiônico (0; 4; 8; 12 e 16mM) e ácido butírico (0; 4; 8; 12 e 16mM). As sementes foram embebidas nas soluções, com as respectivas concentrações acima mencionadas, por um período de 90 minutos. Após, as sementes foram retiradas e colocadas em cima de papel toalha, para tirar o excesso da solução, por um período de 3h.

Para avaliação do desempenho da cultivar IRGA 424, conduziram-se os seguintes testes:

Germinação (G): conduzido com quatro subamostras de 100 sementes, semeadas em rolos de papel toalha tipo germitest, sobre três folhas umedecidas com água destilada e esterilizada, equivalente a 2,5 vezes a massa do papel seco. Os rolos foram mantidos em germinador (25ºC). As contagens foram realizadas aos 14 dias após a semeadura, segundo os critérios estabelecidos pelas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). Os resultados foram expressos em porcentagem de plântulas normais.

1 Engenheira Agrônoma, Mestre em Tecnologia de Sementes, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Agronomia (UFSM). Centro de Ciências Rurais – Avenida Roraima nº 1000, Bairro Camobi – CEP: 9705-900 – Santa Maria, RS, Brasil. Email: [email protected]. 2 Engenheiro Agrônomo. Mestre em Fisiologia Vegetal. Extensionista do IRGA. Email: [email protected]. 3 Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Email: [email protected]; [email protected]; [email protected]. 4 Departamento de Defesa Fitossanitária, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Email: [email protected]

Page 3: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

612

Comprimento da raiz (CR): avaliou-se o comprimento médio de 10 plântulas normais, escolhidas aleatoriamente, obtidas a partir da semeadura de quatro repetições de 20 sementes por tratamento, no terço superior da folha de papel toalha umedecidos com água destilada e esterilizada, equivalente a 2,5 vezes a massa do papel seco. Os rolos de papel contendo as sementes permaneceram por cinco dias em germinador, temperatura de 25°C, logo, se avaliou o comprimento da raiz, com auxílio de uma régua graduada em milímetros. O comprimento da raiz foi obtido somando-se as medidas de cada repetição por tratamento e dividindo-se pelo número de plântulas normais e os resultados foram expressos em centímetros (KRZYZANOWSKI et al., 1999).

Massa seca da raiz (MSR): após a medição das raízes (descritas acima), essas foram colocadas em cápsulas de alumínio, mantidas em estufa com convecção de ar, regulada a 64ºC durante 72h. Posteriormente foi avaliada a massa seca, utilizando-se balança de precisão (0,0001mg) e os resultados expressos em g.plântula-1 (BRASIL, 2099).

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado e os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade de erro, utilizando o programa de análises estatística Sisvar (FERREIRA, 2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO As concentrações dos ácidos orgânicos utilizados neste experimento foram

selecionadas a partir de estudos anteriores que concluíram que a fitotoxidez destes ácidos aumentam na ordem: ácido acético, propiônico e butírico, pois quanto maior a cadeia carbônica, mais tóxico será, de acordo com Bortolon et al. (2009).

Os resultados apresentados na Figura 1 mostram que tanto o ácido acético como o butírico causam prejuízos na germinação à medida que corre o aumento da dose dos ácidos analisados. Os pesquisadores Armstrong e Armstrong (2001) também relatam que sementes tolerantes devem possuir genes que conferem maior capacidade de formação de membranas celulares que tolerem estes ácidos. Assim, a cultivar. IRGA 424 como de elevada capacidade de germinação sob estresse por ácido acético e butírico, neste trabalho foram as sementes que ficaram embebidas em soluções com concentrações abaixo de 8mM. O ácido propiônico não causou efeito significativo nas sementes de arroz, independente da dose testada.

As doses de 12 e 16mM do ácido acético ocasionaram uma diminuição da percentagem de germinação de sementes de arroz de 8,9 e 14,4%, respectivamente, quando comparada a testemunha (0mM). Dessa mesma maneira, o ácido butírico provocou uma redução de 16,7 e 30%, respectivamente, na germinação (Figura 1). Segundo Neves et al. (2006), a toxidez por ácidos orgânicos manifesta-se nas fases iniciais de desenvolvimento do arroz, pela menor germinação. Em casos de toxidez mais severa, como ocorreu nas doses de 12 e 16mM dos ácidos acético e butírico, os prejuízos ao crescimento e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001).

Butírico = -0,0804x2 - 0,2643x + 89,029R2 = 0,96

Acético = -0,0982x2 + 0,6214x + 89,857R2 = 0,92

55

70

85

100

0 4 8 12 16

Doses (mM)

Ger

min

ação

(%

)

Acético Propiônico Butírico Figura 1. Germinação de sementes de arroz cultivar IRGA 424, submetidas às

concentrações de 0; 4; 8; 12 e 16mM dos ácidos acético, propiônico e butírico.

O comprimento das raízes de arroz diminuiu sensivelmente com as doses

Page 4: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

613

crescentes de ácido acético (Figura 2a) até a concentração máxima testada. Dados de Kopp et al. (2008) e Schmidt et al. (2007), mostram que o grau de toxidez dos ácidos orgânicos é avaliado pela redução do crescimento radicular. Na presente pesquisa a cv. IRGA 424 apresentou uma redução de 50% no crescimento da raiz com a dose mais elevada do ácido acético (16mM). No entanto, foram encontrados por Neves et al. (2010) uma redução de 50% no crescimento de raízes de plântulas de arroz na dose de 5,0 e 13,6mM, respectivamente. Souza e Bortolon (2006) verificaram que para reduzir 50% o crescimento do sistema radicular da soja, a concentração de ácido acético foi de 2,0mM e para o sorgo, a quantidade de 1,8mM. Os mesmos pesquisadores observaram que uma inibição de 50% no crescimento do sistema radicular de plantas de arroz foi obtida a uma concentração de 4,7mM, enquanto que, na parte aérea, para atingir o mesmo valor de inibição, foi necessária uma concentração de 8,0mM de ácido acético.

Dados obtidos por Schmidt et al. 2010, verificaram que os níveis críticos de toxidez do ácido acético foi capaz de causar inibição de 50% do comprimento radicular com a dose de 2mM para soja e 2,7mM para milho e sorgo. Segundo Freitas (2003), ácidos monocarboxílicos como o acético, alteram a composição dos ácidos orgânicos na membrana plasmática promovendo um decréscimo da proporção dos ácidos polisaturados afetando propriedades importantes da membrana, como a seletividade, aumentando o extravasamento de solutos (MARSCHNER, 1995). Com o incremento da dose de ácido propiônico houve uma redução linear do comprimento da raiz (Figura 2a). A dose de 12mM provocou uma redução de 50% do crescimento radicular quando comparado a dose 0mM. Já a dose de 4mM do ácido butírico (Figura 2a), foi suficiente para gerar uma diminuição brusca de 50% no crescimento radicular das plântulas de arroz.

Os resultados sugerem que o ácido acético, de fato, se mostrou menos tóxico, pois promoveu uma redução de 50% no comprimento de raízes, sendo necessário uma concentração de 16mM. No entanto, para os ácidos propiônico e butírico, concentrações de 12,0 e 4,0mM, respectivamente, foram suficientes para promover reduções de aproximadamente 50% no comprimento de raízes. Assim, pode ser constatado que o ácido butírico é o mais fitotóxico, no entanto com maior diferença em relação ao ácido acético.

Para a variável massa seca da raiz (Figura 2b) foram encontrados valores significativos apenas para o ácido butírico. Essa variável apresentou o mesmo comportamento já mencionado na variável comprimento da raiz (Figura 2a), onde apresentou redução linear à medida que ocorreu o aumento das doses analisadas. Fato esse, que deve ter ocorrido, pois o efeito fitotóxico é dependente do comprimento da cadeia de carbonos e concentração do ácido.

2a 2b

Butírico = -0,4853x + 8,028

R2 = 0,91

Propiônico = -0,3553x + 8,5R2 = 0,94

Acético = -0,2488x + 9,022R2 = 0,80

02468

10

0 4 8 12 16

Doses (mM)

Co

mp

rim

ento

da

ra

iz (

cm)

Acético Propiônico Butírico

Butírico = -0,1505x + 3,36R2 = 0,95

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

0 4 8 12 16

Doses (mM)

Mas

sa s

eca

da r

aiz

(mg)

Acético Propiônico Butírico Figura 2. Comprimento e massa seca da raiz de plântulas de arroz cultivar IRGA 424,

submetidas às concentrações de 0; 4; 8; 12 e 16mM do ácidos acéticos, propiônico e butírico. *2a- comprimento da raiz; 2b- massa seca da raiz.

Segundo Armstrong e Armstrong (2001) os sintomas fisiológicos relacionados à

toxidez destes ácidos em arroz é que estes causam degradação da parede celular, inibição das funções respiratórias e conseqüente diminuição da divisão celular do sistema radicular que está em contato direto com estes ácidos, indicando assim a razão principal para o menor crescimento radicular e acúmulo de matéria seca.

Page 5: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

614

CONCLUSÃO

O ácido acético e o butírico causam prejuízos na germinação à medida que ocorre o aumento da dose dos ácidos analisados. O ácido propiônico não causou efeitos significativos nas sementes de arroz, independente da dose testada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Armstrong, J.; Armstrong, W. Rice and Phragmites: effects of organic acids on growth, root permeability, and radial oxygen loss to the rhizosphere. American Journal of Botany, v.88, n. 8, p.1359- 1370, 2001. Bortolon, L.; Sousa, R.O.; Bortolon, E.S.O. Toxidez por ácidos orgânicos em genótipos de arroz irrigado. Scientia Agraria, v. 10, n.1, p. 081-084, 2009. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília, 2009. 399p. Camargo, F. A.; Zonta, E.; Santos, G. A.; Rossielo, R. O. P. Aspectos fi siológicos e caracterização de toxidez a ácidos orgânicos voláteis em plantas. Ciência Rural, v.31, n.3, p. 523-529, 2001. Ferreira, D. F. Análises estatísticas por meio do SISVAR para windows versão 4.0. In: Reunião Anual da Região Brasileira da Sociedade Internacional de Biometria, 45., São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCAR. 225-258. 2000. Freitas, F. A. Dissimilaridade genética em arroz (Oryza sativa L.) quanto à toxicidade ao alumínio.

Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Pelotas, Brasil, 69pp. 2003.

Kopp, M.M. ; Luz, V.K. ; Coimbra, J.L.M.; Sousa, R.O.; Carvalho, F.I.F.; Oliveira, A.C. Níveis críticos dos ácidos acético, propiônico e butírico para estudos de toxicidade em arroz em solução nutritiva. Acta Botanica Brasílica, v.21, p.147-154, 2007a. Kopp, M.M. ; Coimbra, J.L.M. ; Luz, V.K. ; Sousa, R.O. ; Carvalho, F.I.F. ; Oliveira, A.C. Organic acid tolerance in M3 families of oat mutants. Crop Breeding and Applied Biotechnology, v.7, p.59-66, 2007b. Kopp, M. M.; Luz, V.K.; Maia, L.C.; Sousa, R.O.; Carvalho, F.I.F.; Oliveira, A.C. Análise da germinação de cultivares de arroz submetidas a estresse por ácido acético. Ciência Rural, v.38, n. 9, p. 2599-2603, 2008. Kryzanowski, F. C.; Vieira, R. D.; França Neto, J. B. Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. 218p. Marschner, H. Mineral nutrition of higher plants. London: Academic, 1995. 889p. Neves, L.A.S. Efeito dos ácidos acético e propiônico sobre a qualidade de sementes e o crescimento de plântulas de arroz (cv BR IRGA-409). Pelotas, 2005. 68f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. Neves, L.A.S.; Bastos, C.; Goulart, E.P.L.; Hoffmann, C.E.F. Qualidade fisiológica de sementes de arroz irrigado submetidas a ácidos orgânicos. Revista de Ciências Agroveterinárias, v.9, n.2, p. 169-177, 2010. Schmidt, F.; Bortolon, L.; Sousa, R.O. Toxidez pelos ácidos propiônico e butírico em plântulas de arroz. Ciência Rural, v.37, n.3, p. 720-726, 2007. Schmidt, F.; Fortes, M.A.; Bortolon, L.; Bortolon, E.S.O.; Sousa, R.O. Nível crítico de toxidez do ácido acético em culturas alternativas para solos de várzea. Ciência Rural, v.40, n.5, p. 1068-1074, 2010. Sousa, R. O.; Bortolon, L. Crescimento radicular e da parte aérea do arroz (Oryza sativa L.) e absorção de nutrientes em solução nutritiva com diferentes concentrações de ácido acético. Revista Brasileira de Agrociência, v. 8, n.3, p. 231-235, 2006.

Page 6: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

615

TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM ARROZ Lilian Madruga de Tunes1; Pablo Gerzson Badinelli2; Lizandro Ciciliano Tavares3; Cassyo de Araújo Rufino3; Daniele Cardoso Pedroso4; Antonio Carlos Souza Albuquerque Barros3; Marlove Fátima Brião Muniz4

Palavras-chave: Oryza sativa L, NaCl, germinação, vigor

INTRODUÇÃO O teste de envelhecimento acelerado consiste em avaliar a resposta das

sementes, por meio do teste de germinação, após terem sido submetidas a condições de estresse: temperatura elevada e umidade relativa próxima a 100%, por determinado tempo (Marcos Filho, 1999). A temperatura e o período de permanência das sementes na câmara de envelhecimento variam conforme a espécie. Para o arroz, têm sido indicadas as combinações de 42oC por 96 ou120h (MENEZES e SILVEIRA, 1995) e 42ºC por 72h (ALBUQUERQUE et al., 1995).

A absorção de água pelas sementes é um fator que pode interferir na interpretação dos dados do teste de envelhecimento acelerado (MARCOS FILHO, 2005). Por esse motivo, vêm sendo estudadas alternativas para a condução do teste de envelhecimento acelerado, como a substituição da água por soluções salinas, a fim de controlar o processo de embebição e, assim, a deterioração das sementes, sem reduzir a sensibilidade do teste.

Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo estudar procedimentos para a condução do teste de envelhecimento acelerado a fim de determinar o potencial fisiológico de sementes de arroz (Oryza sativa L.).

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados cinco lotes de sementes de arroz (denominados L1, L2, L3, L4 e

L5). Para avaliar o desempenho de cada lote de sementes, conduziram-se os seguintes testes: teor de água (TA): conduzido com 3 g de sementes por subamostra, pelo método da estufa a 105ºC±3ºC, durante 24h (BRASIL, 2009).

Germinação (G): conduzido com quatro subamostras de 100 sementes, semeadas em rolos de papel umedecidas com água destilada e esterilizada, equivalente a 2,5 vezes a massa do papel seco. Os rolos foram mantidos em germinador (25ºC). A contagem foi realizada aos 5 dias após a semeadura, segundo os critérios estabelecidos pelas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). Os resultados foram expressos em porcentagem de plântulas normais.

Emergência de plântulas (EP): foram avaliadas quatro subamostras de 50 sementes para cada lote, semeadas em bandejas de plástico, contendo areia e mantidas a uma temperatura de 25°C, em ambiente controlado. Foram realizadas irrigações diariamente e a avaliação ocorreu aos 15 dias após a semeadura, quando a emergência das plântulas estabilizou computando-se a porcentagem de plântulas normais emergidas (NAKAGAWA, 1999).

Índice de velocidade de emergência (IVE): realizado conjuntamente com o teste de emergência de plântulas, através de contagens diárias do número de plântulas

1 Engenheira Agrônoma, Mestre em Tecnologia de Sementes, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia (UFSM). Centro de Ciências Rurais – Avenida Roraima nº 1000, Bairro Camobi – CEP: 9705-900 – Santa Maria, RS, Brasil. Email: [email protected]. 2 Engenheiro Agrônomo. Mestre em Fisiologia Vegetal. Extensionista do IRGA. Email: [email protected]. 3 Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Email: [email protected]; [email protected]; [email protected]. 4 Departamento de Defesa Fitossanitária, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Email: [email protected], [email protected]

Page 7: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

616

emergidas (comprimento de plântulas de 1,0cm acima da superfície do solo) até o décimo quinto dia (até a estabilização de plantas emergidas). Para cada repetição, foi calculado o índice de velocidade de emergência, somando-se o número de plantas emergidas a cada dia, dividido pelo respectivo número de dias transcorridos a partir da semeadura, conforme Maguire (1962).

Envelhecimento acelerado tradicional (H2O): conduzido com a utilização de caixas de plástico transparente (tipo gerbox), contendo 40 ml de água e uma bandeja de tela de alumínio, onde as sementes, após pesagem (3,0 g), foram distribuídas formando uma camada uniforme. As caixas foram mantidas em câmara do tipo BOD, a 41°C, durante 24, 48, 72, 96 e 120h. Decorrido cada período de envelhecimento, quatro subamostras de 100 sementes foram submetidas ao teste de germinação, seguindo metodologia descrita anteriormente, com avaliação realizada no quinto dia após a semeadura. Paralelamente foi determinado o teor de água das sementes (descrito anteriormente) após cada período de envelhecimento, para verificar a uniformidade das condições do teste (MARCOS FILHO, 1999b).

Envelhecimento acelerado com uso de solução não saturada de NaCl (SNS) e solução saturada de NaCl (SSS): realizado de forma semelhante ao envelhecimento acelerado tradicional, porém adicionando-se ao fundo das caixas plásticas 40 ml de solução não saturada de sal (11 g de NaCl diluídas em 100 ml de água e 40 g de NaCl, respectivamente), estabelecendo um ambiente com aproximadamente 94% e 76%, respectivamente, de umidade relativa, adaptando a metodologia descrita por Jianhua & McDonald (1996).

Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado. Para comparação das médias, utilizou-se um esquema fatorial 5x5 (cinco tempos de exposição e cinco lotes de sementes). Para os teores de água, não foram realizadas análises estatísticas. Os resultados foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Tukey (α=0,05), empregando-se o programa de análises estatísticas Sisvar (FERREIRA, 2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados obtidos para o teor de água das sementes, os quais são semelhantes

para as sementes dos cinco lotes, com variação de até 0,26 pontos percentuais (Tabela 1), variação essa inferior à amplitude máxima aceitável, que é de 1 a 2 pontos percentuais (MARCOS FILHO, 1999a). Este fato é importante para a execução das avaliações de envelhecimento acelerado, considerando-se que a uniformização do teor de água das sementes é imprescindível para a padronização das avaliações e obtenção de resultados consistentes (MARCOS FILHO, 2005), pois, dentro de certos limites, as sementes mais úmidas são mais afetadas pelas condições do envelhecimento acelerado.

Os resultados do teste de germinação (Tabela 1) não indicaram diferenças entre os lotes de sementes de arroz. O teste de emergência de plântulas foi o que diferenciou todos os lotes, evidenciando os lotes 1 e 5 como de potencial fisiológico superior, seguidos pelos lotes 3, 2 e 4 em ordem decrescente quanto à qualidade. O teste de índice de velocidade de emergência diferenciou os lotes 1 e 5 de maior qualidade, os lotes 2 e 3 de qualidade intermediária e o lote 4 como sendo de qualidade inferior. A discordância entre os resultados obtidos nos testes sugere, justamente, a necessidade de realização do maior número possível de testes antes de classificar os lotes quanto ao potencial fisiológico, pois cada teste tem um princípio diferente e fornece informações complementares para a decisão a respeito do destino final de cada lote de semente.

Examinando-se os resultados do teste de envelhecimento acelerado (Tabela 2), tanto o procedimento tradicional (96 e 120h), com solução não saturada de NaCl (48 e 72h) quanto com solução saturada de NaCl (24h), observa-se que estes permitiram a estratificação dos lotes de sementes de arroz quanto ao vigor, proporcionando a mesma separação dos lotes verificada pela emergência de plântulas (Tabela 1) (testes de vigor

Page 8: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

617

diferentes com a mesma classificação). A adição do NaCl faz com que as sementes não absorvam muita água (proporciona uma menor umidade relativa do ar quando comparado apenas com água) e sofram um processo de deterioração acentuado, mesmo diante de uma metodologia que causa um estresse nas sementes com a utilização de alta temperatura. Tabela 1. Qualidade inicial dos lotes das sementes de arroz pelo teor de água (TA), teste de

germinação (G), emergência de plântulas (EP) e índice de velocidade de emergência (IVE).

Lotes

TA G EP IVE

% 1 12,21 93 a 90 a 12,1 a 2 12,15 90 a 84 c 10,3 b 3 12,11 95 a 87 b 10,8 b 4 12,01 90 a 78 d 8,7 c 5 12,27 93 a 91 a 12,3 a

CV (%) 5,07 3,17 5,23 *Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

No entanto, ao se analisar os valores de germinação após o envelhecimento

tradicional, notou-se elevada redução na porcentagem de plântulas normais, indicando que o procedimento que utiliza 96 e 120h de exposição não foi o mais adequado para sementes de arroz. Resultados semelhantes foram obtidos por Ramos et al. (2004), Tunes et al. (2009) e Tunes et al. (2011) em sementes de rúcula, cevada e azevém, respectivamente, quando constataram que o estresse provocado pelo teste de envelhecimento acelerado tradicional por um período de 96h ocasionou uma redução expressiva da germinação destas sementes.

Considerando que é desejável obter resultado do teste de vigor no menor tempo possível, é mais adequado utilizar o período de 48h de exposição em solução não saturada de NaCl ou 24h em solução saturada de NaCl, pois possibilita a economia de energia elétrica pelo equipamento, além de fornecer resultados em menor período de tempo. Tabela 2. Porcentagem de germinação das sementes de arroz após o teste de

envelhecimento acelerado tradicional (H2O), solução não saturada (SNS) e solução saturada de NaCl (SSS), durante o período de exposição de 24, 48, 72, 96 e 120h.

Tradicional SNS SSS Lotes 24h 48h 72h 96h 120h 24h 48h 72h 96h 120h 24h 48h 72h 96h 120h

% 1 90a 71b 70b 51a 18a 86a 85a 80a 77a 44a 91a 87a 79b 79b 50a 2 86b 67b 63b 20c 6c 73b 65c 62c 62b 28b 80c 70c 65c 65c 41b 3 87b 60c 60c 38b 11b 75b 75b 70b 65b 30b 86b 79b 75b 65c 42b 4 85b 59c 51d 10d 1d 70b 51d 51d 50c 26b 77d 66c 60c 60c 37b 5 90a 85a 81a 55a 21a 88a 87a 82a 75a 41a 90a 87a 87a 85a 55a

CV (%)

9,32 11,45 7,13

*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os resultados médios do teor de água atingido após a realização do teste de

envelhecimento acelerado tradicional, solução não saturada e saturada de NaCl estão apresentados na figura 1A. Observa-se que as sementes de arroz envelhecidas no procedimento tradicional atingiram teores de água mais elevados e com maiores variações, diferindo em 9,4 pontos percentuais (p.p.), que excedem os limites toleráveis de 3 a 4p.p., indicados por Marcos Filho (1999b). No procedimento tradicional, as sementes absorveram maior percentual de água quando comparadas àquelas da metodologia com uso de solução não saturada e saturada de NaCl.

Por outro lado, verificou-se que o uso de solução salina não saturada (Figura 1B) reduziu a velocidade de absorção de água pelas sementes durante o período de envelhecimento, não excedendo a variação de 3,8p.p. do teor de água entre os lotes envelhecidos. O mesmo ocorreu com o envelhecimento com uso de solução saturada de NaCl (Figura 1C), com variação máxima de 2,7p.p. As condições de envelhecimento

Page 9: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

618

acelerado com solução não saturada e saturada de NaCl promoveram efeitos menos drásticos, pois, ao atingir menores teores de água (máximo de 31,91% (SNS) e 24,75% (SSS), enquanto o tradicional chegou a 40,35%), a deterioração das sementes foi atenuada em relação ao método tradicional.

Resultados semelhantes foram encontrados por Torres (2004), com a utilização de solução saturada de NaCl no teste de envelhecimento acelerado com sementes de erva doce, em que a redução da velocidade de absorção de água pelas sementes acarretou deterioração menos acentuada e resultados menos drásticos e mais uniformes que os obtidos com o procedimento tradicional. Este método também foi eficiente para avaliação do vigor de sementes de tomate (PANOBIANCO & MARCOS FILHO, 2001) e rúcula (RAMOS et al., 2004).

1A

5

15

25

35

45

1 2 3 4 5

Lotes

Teo

r de

águ

a (%

)

24h 48h 72h 96h 120h 1B

5

15

25

35

1 2 3 4 5

Lotes

Teo

r de

águ

a (%

)

24h 48h 72h 96h 120h 1C

5

15

25

1 2 3 4 5

Lotes

Teo

r d

e ág

ua

(%)

24h 48h 72h 96h 120h Figura 1. Teor de água (TA) das sementes de arroz após o teste de envelhecimento

acelerado tradicional (H2O), solução não saturada (SNS) e solução saturada de NaCl (SSS), durante o período de exposição de 24, 48, 72, 96 e 120h. *1A – Teste de envelhecimento acelerado tradicional (TR); 1B – Teste de envelhecimento acelerado com solução não saturada de NaCl (SNS) e 1C – Teste de envelhecimento acelerado com solução salina saturada de NaCl (SSS).

CONCLUSÃO

A utilização de solução não saturada e saturada de NaCl diminui a absorção de água e a taxa de deterioração das sementes de arroz durante o teste de envelhecimento acelerado. A opção 48h com solução não saturada (SNS) ou 24h com solução saturada de NaCl (SSS) é a que deve ser utilizada porque promove uma melhor estratificação dos lotes de sementes de arroz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Albuquerque, M.C.F., Campos, V.C., Mendonça, E.A.F., Caldeira, S.A.F., Brunca, R.H.C.G. Testes de envelhecimento acelerado em sementes de arroz: influência da temperatura e do período de exposição. Revista Agricultura Tropical, v.1, p. 9-16, 1995. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília. 399p. 2009. Ferreira, D. F. Análises estatísticas por meio do SISVAR para windows versão 4.0. In: Reunião Anual da Região Brasileira da Sociedade Internacional de Biometria, 45., São Carlos. Anais... São Carlos: UFSCAR. 225-258. 2000. Jianhua, Z., McDonald, M. B. The saturated salt accelerated aging test for small seed crops. Seed Science and Technology, v.25, p.123-131, 1996. Marcos Filho, J. Testes de vigor: importância e utilização. In: Krzyzanowski, F. C, Vieira, R. D, França Neto, J.B. Vigor de Sementes. Conceitos e Teses. Londrina. p.1:1.21. 1999ª. Marcos Filho, J. Testes de vigor: importância e utilização. In: Krzyzanowski, F.C., Vieira, R.D. Vigor de sementes. Conceitos e testes. Londrina: ABRATES. p.3.1:3.24. 1999b. Menezes, N.L., Silveira, T.L.D. Métodos para avaliar a qualidade fisiológica de sementes de arroz. Scientia Agricola, v.52, p. 350 – 359, 1995. Marcos Filho, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: FEALQ, 495p. 2005. Panobianco, M., Marcos Filho, J. Envelhecimento acelerado e deterioração controlada em sementes de tomate. Scientia Agrícola, v.58, p. 525-531, 2001. Ramos, N.P., Flor, E.P.O, Mendonça, E.A.F. M. 2004. Envelhecimento acelerado em sementes de rúcula (Eruca sativa L.). Revista Brasileira de Sementes, v.26, p. 98-103, 2004. Tunes, L.M., Badinelli, P.G., Olivo, F., Barros, A.C.S.A. Teste de envelhecimento acelerado em cevada.

Magistra, v.21, p. 111-119, 2009. Tunes, L.M., Pedroso, D.C., Badinelli, P.G., Tavares, L.C., Rufino, C.A., Barros, A.C.S.A., Muniz, M.F.B. Envelhecimento acelerado em sementes de cebola com e sem solução salina saturada. Ciência Rural, v.41, p. 33-37, 2011.

Page 10: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

619

TRATAMENTO QUÍMICO DE SEMENTES DE ARROZ COM DIFERENTES NÍVEIS DE INFESTAÇÃO POR Bipolaris oryzae

Letícia Dos Santos Holbig1; Gizele Ingrid Gadotti1; Suemar Alexandre Gonçalves Avelar1;Jadiyi Concepción Torales Salinas1, Demócrito Amorim Chiesa Freitas2; Cândida Renata Jacobsen De Farias2

Palavras-chave: Oryza sativa, Carbendazin+Thiram, transmissão

INTRODUÇÃO Com uma área cultivada na safra 2009/10 de 2.764,8 mil hectares, e uma produção

estimada em 11,2 milhões de toneladas, o Brasil situa-se entre os 10 maiores produtores mundiais da cultura do arroz, destacando-se a região sul, responsável por mais que 70% da produção nacional, das quais 62% são produzidas no Rio Grande do Sul, sob o sistema irrigado com produtividade média de 6,4 toneladas por hectare (CONAB, 2010).

A constatação de patógenos associados às sementes é segundo Menten (1991) uma evidência concreta da ocorrência de danos e perdas à cultura. O dano pode ser decorrente da diminuição do estande, da debilitação de plantas e do desenvolvimento epidêmico da doença, tendo como conseqüência a diminuição do rendimento em nível de campo, bem como da qualidade das sementes para fins de comercialização e semeadura. Assim, o conhecimento prévio da qualidade fisiológica e sanitária das sementes é um fator determinante do sucesso de uma exploração agrícola, devendo ser sempre considerado em um programa de produção de sementes, minimizando os custos de produção (CORREA, 2006).

Dentre as doenças com importância secundária, encontram-se: a mancha estreita (Cercospora janseana), a mancha das bainhas (Rhizoctonia oryzae), a podridão do colmo (Sclerotium oryzae), a queima das bainhas (Rhizoctonia solani), as manchas de glumas, a cárie (Tilletia barclayana), a escaldadura da folha (Gerlachia oryzae) e os tombamentos e queima de plântulas (Rhizoctonia solani; Pythum sp.; Sclerotium rolfsii; Fusarium sp.) (FRANCO et al., 2001). A mancha parda [Bipolaris oryzae Breda de Haan - teleomorfo: Cochliobolus smiyabeanus (Ito & Kuribayashi)] é uma doença fúngica das mais importantes do arroz, que em condições favoráveis ao desenvolvimento do patógeno, pode causar perdas consideráveis na produção, sendo mais crítica no final do ciclo quando requer proteção da folha bandeira e dos grãos (BEDENDO, 1997). O fungo ainda causa sérios danos nas lavouras gaúchas de arroz irrigado durante a germinação das sementes, causando a morte de plântulas e redução no estande (RIBEIRO, 1988; BEBENDO, 1997).

Estudos investigando a sobrevivência de B. oryzae em sementes de arroz concluíram que o fungo sobrevive por mais de 120 dias após inoculação, em todos os estágios de desenvolvimento do grão. O período de sobrevivência decresceu do estágio de florescimento até o estágio de maturação (WESELY et al., 1996). Entretanto, ao avaliar seu efeito sobre a qualidade fisiológica das sementes, constatou-se menor número de plântulas normais no maior nível de incidência do patógeno (MALAVOLTA et al., 2002). Este trabalho tem como objetivo determinar o efeito do tratamento químico de sementes de arroz com diferentes níveis de infestação de Bipolaris oryzae.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido nos laboratórios de análise de semente e fitopatologia

na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da UFPel. Foram utilizadas sementes de arroz com quatro níveis de infecção (0, 6, 12 e 24% de Bipolaris oryzae) oriundas de um lote de sementes com 80% de germinação, a qual foram inoculadas com o fungo. As sementes foram tratadas com o fungicida Carbendazim+Thiram (Derosal Plus®) na dose 250-300 ml por 100 kg de sementes. A dose recomendada do produto foi colocada em contato com as sementes em saco plástico e homogeneizados até que as sementes estivessem coloridas.

Page 11: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

620

Após os tratamentos as sementes foram submetidas às seguintes avaliações: Germinação: conduzido com três repetições de duzentas sementes (quatro subamostras de 50 sementes) para cada tratamento, em rolo de papel germitest umedecido com água destilada na proporção 2,5 vezes o seu peso seco, em germinador regulado a temperatura de 25ºC. As avaliações foram realizadas no sétimo e décimo-quarto dia após a semeadura (BRASIL, 2009). Os resultados foram expressos em porcentagem de plântulas normais. Primeira contagem de germinação: conduzido conjuntamente com o teste de germinação. As plântulas consideradas normais na primeira contagem tiveram os resultados expressos em porcentagem como primeira contagem de germinação (NAKAGAWA, 1999). Teste de frio: conduzidos com três repetições de duzentas sementes (subamostras de 50 sementes) para cada tratamento, em rolo de papel germitest umedecido com água destilada na proporção 2,5 vezes o seu peso seco, em refrigerador regulado a temperatura de 8ºC, durante um período de sete dias. Após este período, os rolos foram transferidas para germinador a 25ºC e mantidas sob condições do teste de germinação (BARROS et al., 1999). Índice de Velocidade de emergência: determinado em oito subamostras de 25 sementes por tratamento, distribuídas em caixas tipo gerbox preenchidas com substrato comercial para hortaliças - PLANTMAX®. As avaliações foram realizadas mediante a contagem diária do número de plântulas emergidas até estabilização do número das plântulas e o cálculo do índice de velocidade efetuado, conforme Maguire (1962). Porcentagem de emergência de plântulas em casa de vegetação: avaliada conjuntamente com a determinação do índice de velocidade de emergência em casa de vegetação, utilizando oito subamostras de 25 sementes por tratamento. As avaliações foram realizadas no vigésimo primeiro dia após a semeadura, computando-se o número de plântulas emergidas com comprimento da parte aérea não inferior a 50 mm, conforme Nakagawa (1999). Teste de sanidade: foram avaliadas 200 sementes de cada tratamento, oito sub-amostras de 25 sementes, dispostas em recipientes gerbox, sobre duas folhas de papel mata borrão umedecido com água destilada. As sementes foram colocadas em câmara de incubação, à temperatura de 23ºC +/- 2ºC, em regime de luz alternada (12 horas de luz e 12 horas de escuro), por um período de sete dias (BRASIL, 2009). A análise das sementes, para identificação da microflora, foi realizada com a utilização de microscópio estereoscópio e, quando necessário, microscópio ótico. Transmissão: Aproveitando as condições do teste de emergência de plântulas em casa de vegetação, verificou-se a presença de plântulas com sintomas e após a incubação foi determinada a transmissão de B. oryzae, GOULART, 1996).

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com três repetições, sendo as médias submetidas ao teste de F e quando significativas comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade utilizando o programa estatístico SASM-Agri (CANTERI, 2001). Dados obtidos em porcentagem foram transformados em “arcsen((x/100)^1/2)".

RESULTADOS E DISCUSSÃO O tratamento de sementes com Carbendazin+Thiram afetou a qualidade fisiológica

de sementes com um decréscimo de 13 pontos percentuais comparado com a qualidade inicial antes do tratamento. As demais variáveis da qualidade fisiológica não diferiram estatisticamente mesmo nos níveis mais altos de infestação com Bipolaris oryzae.

Essa redução na porcentagem de germinação provocada pelo fungicida discorda dos resultados encontrados por Silva-Lobo (2008) que verificou um acréscimo no poder germinativo de sementes de arroz de 22,54% em relação a testemunha quando tratadas com carboxin+thiram. Lucca Filho (2006) afirma que dentre as características desejáveis em um produto para tratamento é necessário que além de eficiente contra o patógeno o mesmo não seja fitotóxico a semente, o que há possibilidade de ter ocorrido neste trabalho.

Tabela 1. Qualidade fisiológica de sementes de arroz tratada com diferentes níveis de infestação de Bipolaris oryzae,

através dos seguintes testes IVE (Índice de Velocidade de Emergência), TG (Teste de Germinação), PCG (Primeira Contagem de Germinação), FRIO (Teste de Frio), EMERG (Emergência em Casa de Vegetação).

Page 12: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

621

Níveis de infestação (%) Variáveis analisadas TG (%) PCG (%) FRIO (%) EMERG (%) IVE

0 67 a* 62 a 51 a 46 a 0,72 a 6 74 a 67 a 52 a 42 a 0,64 a 12 73 a 65 a 58 a 50 a 0,79 a 24 74 a 67 a 42 a 46 a 0,83 a C.V. 24,69 3,62 4,38 7,68 24,69

*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Não houve diferença estatística entre os níveis de B. oryzae independente do nível

de infestação inicial, mesmo após o tratamento (Tabela 2). Tabela 2. Fungos detectados no teste de Blotter test em sementes de arroz tratadas com fungicida e com diferentes níveis

de infestação de Bipolaris oryzae.

Tratamento Variáveis analisadas

Nigrospora sp Aspergillus sp Rhizopus sp Bipolaris oryzae Penicilium sp Fusarium sp

0 3,93 a 1,70 a 3,00 a 0,34 a 0,50 a 0,5 a 6 3,00 a 0,97 a 3,00 a 0,34 a 0,50 a 0,5 a 12 3,03 a 1,13 a 3,00 a 0,34 a 0,50 a 0,5 a 24 2,10 a 1,07 a 3,00 a 0,34 a 0,27 a 0,5 a C.V. 16,63 37,75 55,41 56,41 52,81 57,00

*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade Os gêneros, que correspondem as doenças secundárias como: Cercospora,

Rhizoctonia, Sclerotium, Tilletia, Gerlachia, Pythum não foram encontrados nas amostras. O único gênero encontrado foi o Fusarium causador de tombamentos e queima de plântulas.

O fungicida Carbendazin+Thiram mostrou-se eficiente de 98% em média no controle de B. oryzae em sementes de arroz, contrariando os resultados obtidos por Parisi (2001) que não obteve redução do patógeno, Embora em baixíssima incidência, outros fungos como Nigrospora, Aspergillus, Rhizopus, Penicilium e Fusarium foram encontrados nas amostras de sementes. De maneira geral pode-se dizer que essa porcentagem de incidência desses fungos, não acarreta prejuízos às sementes. Fungos dos gêneros Nigrospora e Penicillium, também foram detectados por Malavolta et al. (2002) ao trabalharem com sementes de arroz com diferentes níveis de infecção por B. oryzae, embora não tenham apresentado diferença significativa. Da mesma forma, não foi obtido diferença entre os tratamentos mesmo nos mais altos níveis de infecção. Os gêneros com maior incidência foram Nigrospora e Rizopus considerados por alguns autores como gêneros oportunistas. Supõe se que, considerando o decréscimo da qualidade fisiológica, o tratamento de sementes pode ter afetado de tal maneira as sementes que possa ter ocorrido lixiviação de exsudados da onde os quais os patógenos oportunistas o aproveitaram como meio. A taxa de transmissão foi nula, pois não se obteve nenhuma plântula com sintoma, este resultado concorda com, que obtiveram no cultivar IAC 899, no qual não observou o efeito de graus de intensidade de mancha nas sementes sobre a porcentagem de transmissão.

CONCLUSÃO O tratamento de sementes de arroz com Carbendazin+Thiram é eficiente no

controle de Bipolaris oryzae com até 24% de infecção. A qualidade fisiológica de sementes de arroz tratadas com Carbendazin+Thiram é

afetada negativamente. Não há transmissibilidade semente x plântula entre sementes de arroz tratadas com

Carbendazim+Thiram com até 24% de infecção por Bipolaris oryzae.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, S.R.B.; DIAS, M.C.L.L.; CICERO, S.M.;KRZYZANOWSKI, F.C. Teste de frio. In:

Page 13: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

622

KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, J.B. (Ed.) Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. p.5.1–5.15. BEDENDO, I.P. Doenças do arroz (Oryza sativa L.). In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE, J.A.M. Manual de Fitopatologia: doenças de plantas cultivadas. 3.ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1997, v.2. p.85-99. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária, Departamento Nacional de Defesa Vegetal, 2009. 399p. CANTERI, M. G., ALTHAUS, R. A., VIRGENS FILHO, J. S., GIGLIOTI, E. A., GODOY, C. V. SASM - Agri: Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scott - Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, v.1, n.2, p.18-24. 2001. CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Central de informações agropecuárias. Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.conab.gov.br> Acesso em: 14 set. 2010. CORRÊA, C. L. Sobrevivência de Bipolaris oryzae em Sementes de arroz armazenadas sob duas condições ambientais. 2006, 36f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Sementes) - Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2006. FRANCO, D. F.; RIBEIRO, A. S.; NUNES, C. D.; FERREIRA, E. Fungos associados a sementes de arroz irrigado no Rio Grande do Sul. Rev. Bras. de AGROCIÊNCIA, v.7 n.3, p.235-236, set-dez, 2001. GOULART, A.C.P. Transmissão de Bipolaris sorokiniana de sementes ao coleóptilo de trigo. Summa Phytopathologica, v.22, n.1, p.5-9, 1996. BARROS, S.R.B.; DIAS, M.C.L.L.; CICERO, S.M.;KRZYZANOWSKI, F.C. Teste de frio. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, J.B. (Ed.) Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. p.5.1–5.15. LUCCA FILHO, O. A. Patologia de sementes. In.: PESKE. S. T.; LUCCA FILHO, O. A.; BARROS, A. C. S. A. Sementes: fundamentos científicos e tecnológicos. 2 ed. Pelotas: Ed.Universitária UFPel, p.259-330, 2006. MAGUIRE. J.D. Speeds of germination-aid selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Science, v.2, n.2, p.176-7. 1962. MALAVOLTA, V. A., PARISI, J. J. D., TAKADA, H. M., MARTINS, M. C. Efeito de diferentes níveis de incidência de Bipolaris oryzae em sementes de arroz sobre aspectos fisiológicos, transmissão do patógeno às plântulas e produção. Summa Phytopathologica, v.28, n.4, p.336-340. 2002. MENTEN, J. O. M. Patógenos em sementes: detecção, danos e controle químico. Piracicaba: ESALQ/FEALQ, 1991. 321p. NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados no desempenho das plântulas. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R. D. e FRANÇA NETO, J.B. Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. p. 2.1 – 2.24. PARISI, J.J.D.; MALAVOLTA, V.M.A.; LEONEL JÚNIOR, F.L. Controle químico de fungos em sementes de arroz (Oryza sativa L.). Summa Phytopathologica, Jaboticabal, v.27, n.4, p.403-409, 2001. RIBEIRO, A.S. Doenças do arroz irrigado. Pelotas, Embrapa-CPATB, 1988. 56p. (Circular Técnica 2). SILVA-LOBO, V. L. Efeito do tratamento químico de sementes de arroz no controle da bruzone nas folhas e na qualidade sanitária e fisiológica das sementes. Tropical Plant Pathology, Brasília, v. 33, n. 2, p. 162-166, 2008. WESELY, E. G.; EBENEZAR, E. G.; RAJARATHINAM, K.; SEKAR, T. & JAYABALAN, M. Survival of two fungal pathogens associated with the grain discolouration of rice. Journal of Ecobiology, v.8, n.1, p.29-32. 1996. 1 Eng. Agr., Pós graduandos do PPG em Ciência e Tecnologia de Sementes, FAEM/UFPel, C.P.354, 96001-900, Campus Universitário Pelotas, RS, 2 Eng. Agrônomo, Dr., Departamento de Fitossanidade, FAEM/UFPel, [email protected] .

Page 14: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

623

INFLUÊNCIA DO TEMPO E TEMPERATURA DE ARMAZENAMENTO SOBRE AS PROPRIEDADES DE COCÇÃO DE ARROZ IRRIGADO

Tiago André Kaminski1; Elizângela Alves2; Auri Brackmann3; Leila Picolli da Silva4; Angélica Markus Nicoletti5; Naglezi de Menezes Lovatto6

Palavras-chave: Envelhecimento, cocção, pH, resíduos, turbidez.

INTRODUÇÃO O arroz (Oryza sativa L.) freqüenta a mesa de 2/3 da população mundial, é alimento

principal para cerca de 2,7 bilhões de pessoas, ocupa 11% das terras aráveis do planeta e corresponde a 20% da fonte de energia da população mundial (trigo e milho correspondem a 19 e 5%, respectivamente). A cultura do arroz torna este cereal um dos mais importantes do mundo, pois além de sua representatividade como fonte de energia, é uma grande fonte de renda para a população mundial (CUEVAS e FITZGERALD, 2008).

Os consumidores brasileiros têm preferência por arroz branco polido, grãos longos finos, translúcidos, coloração clara, bom rendimento de panela, rápido cozimento, ausência de sabor e odor fortes, presença de grãos secos e soltos após o cozimento e com possibilidade de ser reaquecido sem perder a maciez original (BASSINELLO et al., 2004; ELIAS, 2007). Dentre estes quesitos, o que tem despertado maior interesse dos meios científico e industrial, é a soltabilidade dos grãos cozidos. O atendimento a esta exigência está relacionado às características intrínsecas dos grãos e ao fenômeno usualmente chamado de envelhecimento do arroz, onde as alterações estruturais intra e intermoleculares têm sido apontadas com as principais responsáveis pela modificação de comportamento no período em que o arroz é armazenado, com ocorrência de alterações nas propriedades físico-químicas constatadas a partir de análises viscoamilográficas, textura, coloração, atividade enzimática e propriedades de cocção dos grãos (SODHI et al., 2003; ZHOU et al., 2002; ZHOU et al., 2007).

Neste contexto, avaliou-se o efeito do tempo e três temperaturas de armazenamento (0,5, 20 e 35°C) sobre as propriedades de cocção da variedade de arroz irrigado BR-IRGA 410.

MATERIAL E MÉTODOS Condução do experimento: Arroz em casca seco, variedade BR-IRGA 410, cultivado na região sul do estado do Rio Grande do Sul em sistema irrigado na safra 2008/2009, foi coletado imediatamente após a secagem por método intermitente na empresa SLC Alimentos S/A, município de Capão do Leão/RS. A amostra foi subdividida em frações com cerca de 1000 g, fechadas em sacaria de algodão, identificadas e acondicionadas aleatoriamente em câmaras herméticas com temperatura controlada em 0,5, 20 e 35°C no Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A amostragem e análise foram realizadas nos intervalos de tempo de 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias após o início do armazenamento. Beneficiamento: As amostras foram beneficiadas em máquina testadora de arroz da marca

1 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Avenida Roraima, n° 1000, Centro de Ciências Rurais, Prédio 42, Sala 3135A, Bairro Camobi, Santa Maria/RS, Brasil, 91119-900, email para correspondência: [email protected] 2 Farmacêutica, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected] 3 Professor do Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Rurais, UFSM, email: [email protected] 4 Professora do Departamento de Zootecnia, Centro de Ciências Rurais, UFSM, email: [email protected] 5 Nutricionista, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected] 6 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFSM, email: [email protected]

Page 15: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

624

Suzuki e modelo MT. Em cada operação, cerca de 100 g de arroz em casca foram descascadas, polidas e classificadas pela separação em grãos inteiros (remanescentes no trieur e utilizados nas análises de cocção) e quebrados. Propriedades de cocção: Conforme metodologia proposta por Zhou et al. (2007), 2 g de arroz foram transferidos para tubo falcon com tampa, adicionados de 20 mL de água destilada e incubados em banho-maria a 95°C por 30 minutos. Após incubação e resfriamento em gelo por 10 minutos, quantificou-se a água residual (não absorvida), transferiu-se 1 mL para cadinho de porcelana previamente pesado, mediu-se o pH e, após 16 horas de repouso, leu-se a turbidez em espectrofotômetro a 600 nm. Desta maneira, foram mensurados os parâmetros de absorção de água dos grãos (mL/g), resíduos (mg/mL), pH e turbidez (600 nm) da água de residual. Análise estatística: Em programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 8.0 para Windows, os dados coletados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e comparados pelo teste de Tukey em nível de 1% de significância para as interações das variáveis do experimento (temperatura e tempo de armazenamento). Para os parâmetros com interações significativas entre as duas variáveis testadas, as médias foram dispostas graficamente em função do tempo de armazenamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme resultados da Figura 1, todas as amostras apresentaram redução na absorção de água no decorrer do armazenamento. É importante que este comportamento não seja confundido com redução na capacidade do arroz absorver água, pois é sabido que a melhor qualidade culinária deste cereal exige maior capacidade de absorção de água sem rompimento dos grãos. Desta maneira, os resultados demonstram que durante 30 minutos de incubação a 95°C, as amostras armazenadas por um maior período e em maiores temperaturas tendem absorver menos água. Se o tempo de incubação fosse maior, provavelmente as amostras armazenadas por mais tempo apresentariam maior absorção de água e grãos mais íntegros. Na avaliação do pH da água de cocção (Figura 2), constatou-se redução neste parâmetro para todas amostras no decorrer do tempo de armazenamento e de maneira mais pronunciada em maiores temperaturas. Zhou et al. (2007) verificaram resultados semelhantes, onde o pH da água de cocção foi inferior no arroz mais velho e armazenado em maiores temperaturas, devido ao processo de envelhecimento do arroz que promove hidrólise de triglicerídeos e formação de ácidos graxos livres. Zia-Ur-Rehman (2004) avaliou a qualidade nutricional do arroz armazenado em 3 diferentes temperaturas (10, 25 e 45°C) e verificou aumento da acidez e redução no pH em maiores temperaturas e tempo de armazenamento, atribuindo os resultados ao aumento de ácidos graxos e fosfatos provenientes da deterioração dos grãos.

Figura 1. Absorção de água dos grãos Figura 2. pH da água de cocção

Quanto à concentração de resíduos na água de cocção, observou-se que maior tempo e temperatura de armazenamento promoveram menor transferência de resíduos dos

Page 16: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

625

grãos de arroz para a água de cocção (Figura 3). A presença de resíduos na água de cocção é considerada prejudicial às qualidades culinárias do arroz, pois estes apresentam capacidade de gelatinização e causam pegajosidade entre os grãos (SODHI et al., 2003; ZHOU et al., 2002).

A turbidez da água remanescente nos tubos foi influenciada pela presença de resíduos nas alíquotas analisadas em espectrofotômetro (Figura 4). Assim, os resultados apresentaram comportamento semelhante, com redução no decorrer do período de armazenamento, principalmente nas amostras mantidas em maiores temperaturas.

Sodhi et al. (2003) também constataram diminuição na absorção de água, resíduos da água de cocção e turbidez. Tais resultados foram atribuídos à diminuição de atividade da enzima α-amilase, à redução da solubilidade protéica e complexação da amilose com ácidos graxos.

Figura 3. Resíduos na água de cocção Figura 4. Turbidez na água de cocção

CONCLUSÃO Os resultados demonstraram que quanto maior o tempo e temperatura de

armazenamento, mais expressiva a redução nos parâmetros de cocção avaliados. Tais constatações podem ser atribuídas ao processo de envelhecimento do arroz, que proporciona modificações estruturais e aumento das interações entre os componentes dos grãos, acarretando na maior resistência à absorção de água, hidrólise de triglicerídeos e menor perda de sólidos lixiviados para a água de cocção.

AGRADECIMENTOS À empresa SLC Alimentos S/A pela concessão das amostras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASSINELLO, P.Z.; ROCHA, M.S.; COBUCCI, R.M.A. Avaliação de diferentes métodos de cocção de arroz de terras altas para teste sensorial. Embrapa Arroz e Feijão. Comunicado Técnico 84. 2004. 8p. CUEVAS, R.P.; FITZGERALD, M. Linking starch structure to rice cooking quality. IREC Farmer’s Newsletter, 177: 16 – 17, 2008. ELIAS, M.C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. Pelotas: Ed. Universitária UFPEL, 2007. 437p. LUZ, M.L.G.S.; TREPTOW, R.O. Comportamento de variedades tailandesas de arroz. Revista Brasileira de Agrociência, 4 (3): 151 – 157, 1998. SODHI, N.S.; SINGH, N.; ARORA, M.; SINGH, J. Changes in physico-chemical, thermal, cooking and textural properties of rice during aging. Journal of Food Processing, 27: 387 – 400, 2003. ZHOU, Z.; ROBARDS, K.; HELLIWELL, S.; BLANCHARD, C. Ageing of stored rice: changes in chemical and physical attributes. Journal of Cereal Science, 35: 65 – 78, 2002. ZHOU, Z.; ROBARDS, K.; HELLIWELL, S.; BLANCHARD, C. Effect of storage temperature on cooking behaviour of rice. Food Chemisty, 105: 491 – 497, 2007. ZIA-UR-REHMAN. Storage effects on nutritional quality of commonly consumed cereals. Food Chemistry, 95: 53 – 57, 2006.

Page 17: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

626

DETERMINAÇAO DAS PROPRIEDADES VISCOAMILOGRÁFICAS DE ARROZ IRRIGADO ARMAZENADO SOB DIFERENTES

TEMPERATURAS Tiago André Kaminski1; Elizângela Alves2; Angélica Markus Nicoletti3; Auri Brackmann4; Leila Picolli da Silva5, Tassiane dos Santos Ferrão6; Luiz Carlos Gutkoski7

Palavras-chave: Armazenamento, envelhecimento, viscosidade, quebra, retrogradação.

INTRODUÇÃO O envelhecimento do arroz é descrito como um processo com ocorrência de

mudanças físico-químicas nos grãos durante o armazenamento. O processo tem início imediatamente após a colheita do arroz e influencia nas propriedades sensoriais, cozimento, viscosidade e textura dos grãos (SODHI et al., 2003; ZHOU et al., 2003; ZHOU et al., 2007).

Dos índices mais sensíveis no processo de envelhecimento do arroz, as alterações nas propriedades viscoamilográficas são bastante evidentes. A partir da curva viscoamilográfica são obtidos parâmetros relacionados à temperatura necessária para gelatinização, tempo, viscosidade, resistência e retrogradação do amido do arroz (SOWBHAGYA e BHATTACHARYA, 2001; ZHOU et al., 2002).

Neste contexto, o trabalho avaliou periodicamente as propriedades viscoamilográficas na farinha dos grãos da variedade de arroz irrigado BR-IRGA 410, provenientes do armazenamento em três diferentes temperaturas (0,5, 20 e 35°C).

MATERIAL E MÉTODOS Condução do experimento: Arroz em casca seco, variedade BR-IRGA 410, cultivado na região sul do estado do Rio Grande do Sul em sistema irrigado na safra 2008/2009, foi coletado imediatamente após a secagem por método intermitente na empresa SLC Alimentos S/A, município de Capão do Leão/RS. A amostra foi subdividida em frações com cerca de 1000 g, fechadas em sacaria de algodão, identificadas e acondicionadas aleatoriamente em câmaras herméticas com temperatura controlada em 0,5, 20 e 35°C no Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A amostragem e análise foram realizadas nos intervalos de tempo de 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias após o início do armazenamento. Beneficiamento: As amostras foram beneficiadas em máquina testadora de arroz da marca Suzuki e modelo MT. Em cada operação, cerca de 100 g de arroz em casca foram descascadas, polidas e classificadas pela separação em grãos inteiros (remanescentes no trieur e moídos para análises viscoamilográficas) e quebrados. Moagem e peneiramento: Os grãos inteiros foram moídos em micromoinho da marca Marconi e modelo MA-630. A fração moída foi peneirada em peneira de mesh 50 e abertura de 300 µm. Propriedades viscoamilográficas: Foram analisadas em aparelho Rapid Visco Analyzer (RVA) de acordo com o método padrão 61-02 da AACC (2000), obtendo-se os parâmetros:

1 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Avenida Roraima, n° 1000, Centro de Ciências Rurais, Prédio 42, Sala 3135A, Bairro Camobi, Santa Maria/RS, Brasil, 91119-900, email para correspondência: [email protected] 2 Farmacêutica, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected] 3 Nutricionista, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected] 4 Professor do Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Rurais, UFSM, email: [email protected] 5 Professora do Departamento de Zootecnia, Centro de Ciências Rurais, UFSM, email: [email protected] 6 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected] 7 Professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), email: [email protected]

Page 18: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

627

temperatura de pasta (°C), viscosidade de pico (RVU), tempo de pico (minutos), quebra (RVU), retrogradação (RVU) e viscosidade final (RVU). Análise estatística: Em programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 8.0 para Windows, os dados coletados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e comparados pelo teste de Tukey em nível de 1% de significância para as interações das variáveis do experimento (temperatura e tempo de armazenamento). Para os parâmetros com interações significativas entre as duas variáveis testadas, as médias foram dispostas graficamente em função do tempo de armazenamento com linha de tendência polinomial de segunda ordem.

RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com resultados expostos na Figura 1, a temperatura de pasta, também

conhecida como temperatura de gelatinização, apresentou um comportamento irregular, influenciada pelo tempo e temperatura de armazenamento. As amostras mantidas a 35°C apresentaram gelatinização em temperaturas cada vez menores até os 60 dias, seguido de aumento até o final do período avaliado. A 20°C, a redução na temperatura de pasta foi constatada aos 60 dias e seguiu até o final do armazenamento, enquanto que as amostras armazenadas a 0,5°C mantiveram a mesma temperatura de formação de pasta até os 120 dias e apenas no final do período de armazenamento apresentaram diminuição.

A viscosidade das amostras, demonstrada na Figura 2, aumentou em todas amostras durante o período do experimento. O armazenamento na temperatura de 35°C propiciou o aumento mais significativo, com aparente estabilização após metade do período de armazenamento. A 20°C, a viscosidade aumentou progressivamente durante todo período de armazenamento, equivalendo às amostras mantidas a 35°C no final do experimento, já a 0,5°C, o aumento na viscosidade também ocorreu progressivamente, porém em menor intensidade.

Trabalhos que verificaram aumento nos picos de viscosidade no decorrer do armazenamento do arroz, atribuíram os resultados à maior resistência dos grânulos de amido e menor tendência ao rompimento durante o envelhecimento (SOWBHAGYA E BHATTACHARYA, 2001; ZHOU et al., 2003). Zhou et al. (2002) relataram que o amido de arroz armazenado a 29°C por 6 meses apresentou maior viscosidade e géis mais firmes do que quando armazenado a 2°C, sendo que o aumento da viscosidade ocorreu nos 3 primeiros meses de armazenamento, seguido de estabilização.

Figura 1. Temperatura de pasta das amostras Figura 2. Viscosidade de pico das amostras

O tempo para as amostras atingirem a viscosidade de pico também foi influenciado pelo período e temperatura de armazenamento. Os resultados observados neste parâmetro, descritos na Figura 3, apresentaram comportamento semelhante aos descritos para a temperatura de pasta (Figura 1). É possível estabelecer uma relação estre estes parâmetros, visto que quanto menor a temperatura de gelatinização do amido, menor o tempo necessário para atingir o primeiro pico de viscosidade das amostras.

Nas amostras mantidas a 35°C observou-se um aumento inicial no parâmetro de

Page 19: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

628

quebra (Figura 4), com posterior redução até o final do período de armazenamento. Nas demais temperaturas de armazenamento constatou-se apenas o incremento no parâmetro de quebra durante os 180 dias em que foram avaliadas. A quebra das amostras armazenadas a 20°C foi maior do que nas mantidas a 0,5°C, o que não deve ser interpretado como melhores características de cocção para as amostras de menor quebra, pois é sabido que nos primeiros meses após colhido, o arroz apresenta um aumento na quebra, devido ao rearranjo entre os constituintes dos grãos durante o envelhecimento do arroz (Zhou et al., 2002). É provável, que se estendido o período de análises, as amostras armazenadas a 0,5 e 20°C também apresentariam redução na quebra, tal qual observada nas amostras armazenadas a 35°C e que sugere aceleração no processo de envelhecimento do arroz em maiores temperaturas.

A quebra é considerada o parâmetro primário do viscograma e apresenta tendência de diminuir no envelhecimento do arroz, enquanto que a retrogradação é considerada o parâmetro mais tradicional, com tendência a aumentar no arroz armazenado (SOWBHAGYA e BHATTACHARYA, 2001). Porém diversos trabalhos descrevem um aumento na quebra nos períodos iniciais de armazenamento, seguido de posterior redução, que são observadas mais previamente em maiores temperaturas de armazenamento (ZHOU et al., 2002; ZHOU et al., 2003).

Figura 3. Tempo de pico das amostras Figura 4. Quebra das amostras

A retrogradação aumentou significativamente nas amostras armazenadas a 35°C, enquanto que as amostras mantidas em menores temperaturas também apresentaram aumento da retrogradação, mas em menor intensidade (Figura 5).

A viscosidade final apresentou comportamento semelhante à viscosidade de pico, com aumento mais pronunciado nos tratamentos mantidos a 35°C e tendência à estabilização após 90 dias de armazenamento.

Figura 5. Retrogradação das amostras Figura 6. Viscosidade final das amostras

O aumento na retrogradação e viscosidade nos 6 primeiros meses, seguido de

estabilização por até 3 anos e redução nestes parâmetros no decorrer do armazenamento de arroz em casca e polido foi descrito na revisão de Zhou et al. (2002).

Page 20: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

629

Zhou et al. (2003) também verificaram que o amido isolado de arroz armazenado apresentou o mesmo comportamento viscoamilográfico do amido de arroz novo, sugerindo que os efeitos do envelhecimento do arroz estão associados com a interação do amido com outros componentes dos grãos, como lipídios, proteínas e constituintes das paredes celulares, que quando removidos das amostras, estas perdem as características adquiridas durante o processo de envelhecimento.

CONCLUSÃO O comportamento viscoamilográfico do arroz foi influenciado pelo tempo e

temperatura de armazenamento. Alguns parâmetros avaliados não apresentaram tendência linear, mas proporcionaram a visualização do comportamento do arroz em diferentes estágios do processo de envelhecimento. Em maiores temperaturas de armazenamento, este processo mostrou-se mais acelerado, com aumento seguido de redução no parâmetro de quebra, redução seguida de aumento na temperatura de pasta e tempo de pico, além de aumento seguido de estabilização observado nos parâmetros de retrogradação, visosidade de pico e final.

AGRADECIMENTOS Ao Laboratório de Cereais da Universidade de Passo Fundo (UPF) pelo auxílio nas

análises viscoamilográficas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AACC. American Association of Cereal Chemists. Approved Methods. 10th ed. Saint Paul, 2000. SODHI, N.S.; SINGH, N.; ARORA, M.; SINGH, J. Changes in physico-chemical, thermal, cooking and textural properties of rice during aging. Journal of Food Processing, 27: 387 – 400, 2003. SOWBHAGYA, C.M.; BHATTACHARYA, K.R. Changes in pasting behaviour of rice during ageing. Journal of Cereal Science, 34: 115 – 124, 2001. ZHOU, Z.; ROBARDS, K.; HELLIWELL, S.; BLANCHARD, C. Ageing of stored rice: changes in chemical and physical attributes. Journal of Cereal Science, 35: 65 – 78, 2002. ZHOU, Z.; ROBARDS, K.; HELLIWELL, S.; BLANCHARD, C. Effect of rice storage on pasting properties of rice flour. Food Research International, 36: 625 – 634, 2003. ZHOU, Z.; ROBARDS, K.; HELLIWELL, S.; BLANCHARD, C. Effect of storage temperature on cooking behaviour of rice. Food Chemisty, 105: 491 – 497, 2007.

Page 21: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

630

ALTERAÇÕES DE COR EM GRÃOS POLIDOS DE ARROZ IRRIGADO ARMAZENADO SOB DIFERENTES TEMPERATURAS

Tiago André Kaminski1; Angélica Markus Nicoletti2; Elizângela Alves3; Auri Brackmann4; Leila Picolli da Silva5, Naglezi de Menezes Lovatto6, Tassiane dos Santos Ferrão7

Palavras-chave: Armazenamento, envelhecimento, coloração, transparência, polimento.

INTRODUÇÃO No arroz, assim como na maioria dos alimentos, a cor ocupa um lugar de destaque

entre os atributos sensoriais, em razão de causar o primeiro impacto no observador do produto e ser determinante na escolha do produto pelo consumidor. O mercado nacional de arroz reserva cerca de 70% ao consumo de arroz branco polido, onde o consumidor brasileiro ainda faz valer sua preferência por grãos translúcidos e de coloração clara (AMATO et al., 1990; ELIAS, 2007).

O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar características relacionadas à coloração dos grãos polidos de arroz irrigado da variedade BR-IRGA 410 armazenados em três diferentes temperaturas (0,5, 20 e 35°C).

MATERIAL E MÉTODOS Condução do experimento: Arroz em casca seco, variedade BR-IRGA 410, cultivado na região sul do estado do Rio Grande do Sul em sistema irrigado na safra 2008/2009, foi coletado imediatamente após a secagem por método intermitente na empresa SLC Alimentos S/A, município de Capão do Leão/RS. A amostra foi subdividida em frações com cerca de 1000 g, fechadas em sacaria de algodão, identificadas e acondicionadas aleatoriamente em câmaras herméticas com temperatura controlada em 0,5, 20 e 35°C no Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A amostragem e análise foram realizadas nos intervalos de tempo de 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias após o início do armazenamento. Beneficiamento: As amostras foram beneficiadas em máquina testadora de arroz da marca Suzuki e modelo MT. Em cada operação, cerca de 100 g de arroz em casca foram descascadas, polidas e classificadas pela separação em grãos inteiros (remanescentes no trieur e utilizados nas análises de cor) e quebrados. Atributos de cor: Através de colorímetro da marca Minolta e modelo CR-310, foram avaliadas, diretamente nos grãos, três coordenadas cartesianas do espaço psicométrico CIELAB: a*, b* e L*. A coordenada de cromaticidade a* indicando a tendência da cor da região do vermelho (+a*) ao verde (–a*), b* indicando a tendência de cor da tonalidade amarela (+b*) ao azul (–b*) e L* indicando a luminosidade do branco (L*=100) ao preto (L*=0). Brancura: Em branquímetro da marca Satake e modelo MM1D, foram avaliados os parâmetros de brancura (5,00 - 70,00%), transparência (0,01 - 8,00%) e polimento (0 - 199). Análise estatística: Em programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 8.0 para

1 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Avenida Roraima, n° 1000, Centro de Ciências Rurais, Prédio 42, Sala 3135A, Bairro Camobi, Santa Maria/RS, Brasil, 91119-900, email para correspondência: [email protected] 2 Nutricionista, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected] 3 Farmacêutica, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected] 4 Professor do Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Rurais, UFSM, email: [email protected] 5 Professora do Departamento de Zootecnia, Centro de Ciências Rurais, UFSM, email: [email protected] 6 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFSM, email: [email protected] 7 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected]

Page 22: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

631

Windows, os dados coletados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e comparados pelo teste de Tukey em nível de 1% de significância para as interações das variáveis do experimento (temperatura e tempo de armazenamento). Para os parâmetros com interações significativas entre as duas variáveis testadas, as médias foram dispostas graficamente em função do tempo de armazenamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise dos atributos de cor através de um colorímetro é exigência primária para

diversas matérias-primas, no intuito de prever a qualidade das mesmas. Conforme resultados expostos na Figura 1, observou-se incrementos nos atributos de cor a* (Figura 1A) e b* (Figura 1B) das amostras no decorrer do período de armazenamento e de maneira mais pronunciada nas maiores temperaturas, o que significa que os grãos apresentaram tendência de ficarem mais vermelhos e amarelos no decorrer do armazenamento. Já os resultados do parâmetro L* (Figura 1C) demonstraram redução na luminosidade dos grãos no decorrer do armazenamento, com maior escurecimento nas amostras armazenadas a 35°C, enquanto que as amostras mantidas a 0,5 e 20°C apresentaram diminuição menos pronunciada na luminosidade. Os grãos de arroz apresentam tendência de ficarem mais amarelos no decorrer do armazenamento, principalmente quando armazenados em casca, com umidade acima de 13%, em maiores temperaturas ou quando são utilizadas temperaturas elevadas no processo de secagem (ELIAS, 2007; FAGUNDES et al., 2003). São poucos trabalhos que realizaram a análise dos atributos de cor diretamente em grãos, que é mais utilizada na medição de cor em farinhas, inclusive de arroz (BECKER et al., 2009; FONSECA et al., 2011).

Os resultados dos parâmetros de brancura (Figura 2A), transparência (Figura 2B) e polimento (Figura 2C) demonstraram a tendência geral de redução no decorrer do período de armazenamento, sendo mais expressiva para as amostras acondicionadas em temperaturas mais elevadas. Mesmo com a redução dos parâmetros analisados, ao final dos 180 dias de armazenamento, todas as amostras apresentavam qualidade aceitável para o beneficiamento e comercialização dos grãos de arroz como polidos.

CONCLUSÃO As alterações na coloração dos grãos, mais pronunciadas em maior tempo e

temperatura de armazenamento, foram evidenciadas com redução na luminosidade, incremento da coloração vermelha e amarela, menor brancura, transparência e grau de polimento. Tais resultados sugerem pequena perda de qualidade do ponto de vista industrial e comercial durante o armazenamento, porém aceitável se considerada a ocorrência do processo de envelhecimento, que agrega outras propriedades sensoriais aos grãos de arroz.

AGRADECIMENTOS À empresa SLC Alimentos S/A pela concessão das amostras e auxílio nas análises

de brancura.

Page 23: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

632

Figura 1. Atibutos de cor avaliados em colorímetro Figura 2. Parâmetros avaliados em branquímetro

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMATO, G. W.; PINKOSKI, P. I.; OLIVERAS, L.Y.; PFINGSTAG, R.; GUNDANI, C. Cor na parboilização do arroz. Porto Alegre: CIENTEC, 1990. 39 p. (Boletim Técnico, 19). BECKER, F.S.; EIFERT, E.C.; SOARES JUNIOR, M.S.; CARVALHO, A.V.; TAVARES, J.S. Cor de farinhas de arroz cruas e extrudas de diferentes materiais genéticos. In: VI Congresso de Arroz Irrigado, 2009, Porto Alegre. CD Rom. Porto Alegre: IRGA, 2009. ELIAS, M.C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. Pelotas: Editora Universitária UFPel, 2007. 437p. FAGUNDES, C.A.; BARBOSA, F.F.; PEREIRA, F.M.; AOSANI, E.; PESTANA, V.R.; BITENCOURT, J.R.; ELIAS, M.C.; GULARTE, M.A. Qualidade sensorial em arroz secado pelos métodos intermitente e estacionário em silo metálico. In: Anais do III Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado e XXV Reunião da Cultura de Arroz Irrigado, Balneário Camburiú, v.1, p 656 – 658, 2003. FONSECA, F.A.; SOARES JUNIOR, M.S.; CALIARI, M.; GARCIA, D.M.; BASSINELLO, P.Z.; EIFERT, E.C. Efeito da temperatura e do tempo de imersão da etapa de encharcamento sobre a cor dos grãos de arroz parboilizado de cultivares de terras altas. Ciências Agrárias, 32 (1): 221 - 234, 2011.

Page 24: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

633

AVALIAÇÃO DA ELONGAÇÃO EM GRÃOS DE VARIEDADES DE ARROZ IRRIGADO EM FUNÇÃO DO TEMPO E TEMPERATURA DE

ARMAZENAMENTO Tiago André Kaminski1; Angélica Markus Nicoletti2; Elizângela Alves3; Auri Brackmann4; Leila Picolli da Silva5, Naglezi de Menezes Lovatto6, Tassiane dos Santos Ferrão7

Palavras-chave: Elongação, envelhecimento, comprimento, rompimento, cocção.

INTRODUÇÃO O arroz (Oryza sativa L.) é um dos cereais mais cultivados no mundo, com grande

importância do ponto de vista econômico e social (BONOW et al., 2001). A capacidade de elongação dos grãos de arroz pode ser atribuída às alterações

estruturais que ocorrem no armazenamento deste cereal, como formação de complexos de amido com ácidos graxos, interações protéicas, entre outras que proporcionam um maior crescimento em comprimento dos grãos após cozimento (ZHOU et al., 2002). No monitoramento do processo de envelhecimento do arroz, os parâmetros relacionados à elongação dos grãos são considerados indicadores primários, inclusive sendo utilizados para determinação das condições mais favoráveis e registro de patentes de artificial aging (FARUQ et al., 2003a; FARUQ et al., 2003b; NORMAND, 1966).

O aumento no comprimento dos grãos de arroz é uma característica desejável pelo consumidor brasileiro, que além da preferência por grãos secos e soltos após o cozimento, também apreciam grãos longos e finos (BASSINELLO et al., 2004; ELIAS, 2007).

Neste trabalho foram avaliados os parâmetros da elongação dos grãos de arroz cozidos das variedades BR-IRGA 410, IRGA 416 e IRGA 417, previamente armazenados durante 180 dias em duas temperaturas (20 e 35°C).

MATERIAL E MÉTODOS Condução do experimento: Três variedades de arroz em casca, BR-IRGA 410, IRGA 416 e IRGA 417, cultivadas em sistema irrigado na Estação Experimental do Arroz (EEA) do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), município de Cachoeirinha/RS, na safra 2009/2010, foram coletadas após a secagem por método intermitente. As amostras foram subdivididas em frações com cerca de 1000 g, fechadas em sacaria de algodão, identificadas e acondicionadas aleatoriamente em câmaras herméticas com temperatura controlada em 20 e 35°C no Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A amostragem e análise foram realizadas nos intervalos de tempo de 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias após o início do armazenamento. Beneficiamento: As amostras foram beneficiadas em máquina testadora de arroz da marca Suzuki e modelo MT. Em cada operação, cerca de 100 g de arroz em casca foram descascadas, polidas e classificadas pela separação em grãos inteiros (remanescentes no trieur e utilizados nas análises) e quebrados.

1 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Avenida Roraima, n° 1000, Centro de Ciências Rurais, Prédio 42, Sala 3135A, Bairro Camobi, Santa Maria/RS, Brasil, 91119-900, email para correspondência: [email protected] 2 Nutricionista, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected] 3 Farmacêutica, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected] 4 Professor do Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Rurais, UFSM, email: [email protected] 5 Professora do Departamento de Zootecnia, Centro de Ciências Rurais, UFSM, email: [email protected] 6 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFSM, email: [email protected] 7 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected]

Page 25: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

634

Elongação: Com auxílio de um paquímetro digital marca Mitutoyo e modelo MIP/E-103, mediu-se o comprimento (C) e largura (L) de grãos de arroz crus e após cozidos conforme metodologia descrita por Bassinello et al. (2004). A partir das médias das medições, foram calculados os parâmetros propostos por Sood e Siddiq (1980): alteração proporcional = [(C coz/L coz) – (C cru/L cru)]/(C cru/L cru), taxa de elongação = (C coz/C cru) e elongação efetiva = (C coz – C cru). Análise estatística: Em programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 8.0 para Windows, os dados coletados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e comparados pelo teste de Tukey em nível de 1% de significância para as interações das variáveis do experimento (variedade do arroz, temperatura e tempo de armazenamento). Para os parâmetros com interações significativas entre as três variáveis testadas, as médias foram dispostas graficamente em função do tempo de armazenamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme resultados expostos na Figura 1, a alteração proporcional nos grãos foi

influenciada significativamente pela variedade, inicialmente superior para a IRGA 417, foi ultrapassada pela IRGA 416 a 20°C após 90 dias (Figura 1A) e foram equivalentes a 35°C durante todo o período de armazenamento (Figura 1B). Já a variedade BR-IRGA 410 apresentou a menor alteração proporcional dentre as variedades avaliadas. Para as três variedades, a alteração proporcional aumentou progressivamente, de maneira mais pronunciada na temperatura de 35°C (Figura 1B) e mais discreta a 20°C (Figura 1A).

Figura 1. Alteração proporcional nos grãos em função do tempo de armazenamento a 20°C (A) e 35°C (B)

A 20°C, a taxa de elongação foi maior para a variedade IRGA 416, seguida da 417 e BR-IRGA 410 durante todo período do experimento (Figura 2A), já a 35°C o aumento da taxa de elongação foi mais expressivo para todas as variedades, com destaque para a variedade IRGA 417, que apresentava taxa de elongação intermediária no início e após 180 dias de armazenamento a 35°C apresentou a maior taxa de elongação (Figura 2B).

Figura 2. Taxa de elongação nos grãos em função do tempo de armazenamento a 20°C (A) e 35°C (B)

A elongação efetiva corresponde à diferença de comprimento entre o arroz cozido e cru. De acordo com resultados descritos na Figura 3, este parâmetro também foi

Page 26: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

635

significativamente influenciado pela variedade, tempo e temperatura de armazenamento, com aumento progressivo para todas variedades e em ambas temperaturas testadas, superior para a IRGA 416 e mais pronunciado na temperatura de 35°C de armazenamento.

Figura 3. Elongação efetiva nos grãos em função do tempo de armazenamento a 20°C (A) e 35°C (B)

Aliado à capacidade de aumentar em comprimento, constatou-se que no decorrer

do armazenamento, os grãos apresentavam menor rompimento durante o processo de cocção. Os trabalhos que avaliaram o grau das alterações de elongação nos grãos cozidos, descreveram resultados semelhantes aos obtidos neste estudo e atribuíram ao período de armazenamento, variedade, composição química, temperatura e método de preparo do arroz (FARUQ et al., 2003a; FARUQ et al., 2003b; SOOD e SIDDIQ, 1980).

CONCLUSÃO Os resultados demostraram diferenças entre as variedades e aumento progressivo

nos três parâmetros de elongação avaliados no decorrer do armazenamento, de maneira mais discreta a 20°C e mais intensa a 35°C, sugerindo que o aumento no comprimento dos grãos cozidos também é uma característica marcante no envelhecimento de variedades de arroz irrigado típicas da região sul do Brasil.

AGRADECIMENTOS Ao Instituto Riograndense do Arroz (IRGA) pela concessão das amostras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASSINELLO, P.Z.; ROCHA, M.S.; COBUCCI, R.M.A. Avaliação de diferentes métodos de cocção de arroz de terras altas para teste sensorial. Embrapa Arroz e Feijão. Comunicado Técnico 84. 2004. 8p. BONOW, S.; AUGUSTIN, E.; FRANCO, D.F.; PETERS, J.A.; TERRES, A.L.S.; Caracterizaçao isoenzimática de genótipos de arroz. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v. 36, n. 2, p. 291-300, 2001. ELIAS, M.C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. Pelotas: Editora Universitária UFPel, 2007. 437p. FARUQ, G.; MOHAMED, O.; HADZIM, M.; MEISNER, C.A. Optimization of aging time and temperature for four malaysian rice cultivars. Pakistan Journal of Nutrition, 2 (3): 125 – 131, 2003a. FARUQ, G.; MOHAMED, O.; HADZIM, M.; MEISNER, C.A. Kernel ageing: an analysis in four malaysian rice varieties. International Journal of Agriculture and biology, 5 (3): 230 – 232, 2003b. NORMAND, F.L. Process for aging rice artificially. United States Patent Office, 3.258.342, 1966. SOOD, G.B.; SIDDIQ, A.E. Studies on component quality attributes of basmati rice, Oryza sativa L. Plant Breeding, 84: 294 – 301, 1980. ZHOU, Z.; ROBARDS, K.; HELLIWELL, S.; BLANCHARD, C. Ageing of stored rice: changes in chemical and physical attributes. Journal of Cereal Science, 35: 65 – 78, 2002.

Page 27: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

636

EFEITO DE FUNGICIDA SOBRE A QUALIDADE DE GRÃOS APLICADO COM DIFERENTES EQUIPAMENTOS

E TAXAS DE APLICAÇÃO

Tânia Bayer1; Alci Enimar Loeck2; Milton Fernando Cabezas Guerrero3; Ricardo Dessbesell4; Eugênio Schröder5

Palavras-chave: defeitos metabólicos, arroz, tratamento fitossanitário.

INTRODUÇÃO

O arroz é produzido em todos os continentes, sendo o asiático responsável por 90% da produção mundial. Na América Latina, o Brasil destaca-se como o maior produtor, alcançando na safra 2010/2011 mais de 13.135,1 mil toneladas (CONAB, 2011). O preço pago ao agricultor depende fundamentalmente da qualidade, verificada após o beneficiamento, sendo que o percentual de defeitos dos grãos uma das características mais importantes para determinar o valor de comercialização (SOFIATTI et al., 2006). Dentre os fatores que influenciam sua qualidade, destacam-se as características varietais; as condições de desenvolvimento da cultura; o manejo e as condições edafoclimáticas; a época e a condição de colheita; o método e o sistema de secagem; o sistema de armazenamento; os métodos de conservação; o processo e as operações de beneficiamento industrial dos grãos.

Diferentemente do pensamento dos produtores, o que define o tipo na hora de comercializar o arroz em casca não é o percentual de quebrados, e sim a incidência e a natureza dos defeitos, embora o percentual de grãos inteiros possa ser decisivo na definição dos preços. No arroz industrializado, esses dois parâmetros definem a tipificação e o preço do produto no mercado. Em especial, quando trata-se de comercialização com o governo o percentual de quebrados torna-se importante para a estipulação do preço do produto. (OLIVEIRA, et al. 2010). De acordo com estudos realizados pelo Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos da Faculdade de Agronomia da UFPel, nas duas últimas décadas, os defeitos, como grãos gessados não se alteram durante o armazenamento e são denominados defeitos não-metabólicos. Os percentuais de grãos manchados, picados, amarelos, pretos e ardidos podem aumentar durante o armazenamento, e são denominados defeitos metabólicos. Esses defeitos estão associados com os riscos de desenvolvimento de substâncias prejudiciais à saúde do consumidor, principalmente as micotoxinas (OLIVEIRA, et al. 2010). O gessamento é uma opacidade que se verifica nos grãos devido ao arranjo entre os grânulos de amido e proteína nas células. Esse processo se desenvolve sob condições adversas de clima de cultivo e percevejos. Esses locus tornam-se frágeis e estão sujeitos a rompimento, por ocasião do beneficiamento.

                                                                                                                         1 Eng. Agr. M.Sc. Doutoranda do PPG Fitossanidade. FAEM-UFPel.; Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Fitossanidade. Campus Universitário. Caixa Postal 354. CEP 96010-900. Pelotas, RS, Brasil. . Email para correspondência: [email protected] 2 Eng. Agr.Dr. Professor PPG Fitossanidade. FAEM-UFPel. [email protected] 3 Eng. Agr. Mestrando do PPG Fitossanidade. FAEM-UFPel. [email protected] 4 Acadêmico do curso de Agronomia, FAEM-UFPel. [email protected] 5 Schröder Consultoria, Pelotas-RS. [email protected]

Page 28: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

637

Este estudo avaliou efeito da mistura dos fungicidas Azoxistrobin + Difeconazole com diferentes equipamentos e taxas de aplicação sobre grãos de arroz manchados e gessados após o polimento.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em lavoura comercial, localizada na Granja Pesqueiro no município de Camaquã, RS, na safra agrícola 2009/2010. A parcela constou de 8,4 ha-1 para cada tratamento, com cinco repetições alocadas aleatoriamente. A aplicação do fungicida foi realizada com a aeronave Cessna no estádio fenológico R3 e o fungicida utilizado foi a mistura comercial de dois ingredientes ativos: Azoxistrobin 250g i.a. + Difeconazole 250 g i.a. Foram avaliadas quatro taxas de aplicação (10, 15, 20 e 30 L.ha-1) e os grãos foram colhidos com umidade próxima à 20% e secos em secador estacionário piloto, regulado para 30°C, até 13%. Após a secagem, os grãos foram acondicionados em sacos de ráfia durante 30 dias para estabilização das amostras para então serem submetidas à avaliação do índice de defeitos metabólicos e não-metabólicos (100 gramas de amostra). Estas foram beneficiadas em engenho de provas modelo Zaccaria. As análises de identificação de defeitos foram realizadas no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, da Universidade Federal de Pelotas, de acordo com BRASIL (2010). O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado e os dados foram submetidos à análise de variância pelo programa Sasm agri.e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p≤ 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os tratamentos aplicados com atomizador rotativo, independentemente da dosagem proporcionaram menor incidência de grãos gessados (Fig. 1).

Figura 1. Defeitos (gramas de amostra) de grãos gessados e manchados em arroz com diferentes concentrações de Azoxistrobin 250g i.a. + Difeconazole 250g de i.a. (CV grãos gessados: 31,05%; CV grãos manchados: 49,02%).

Page 29: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

638

Em relação aos grãos manchados não foram encontradas diferenças entre os tratamentos, o mesmo ocorrendo para grãos quebrados sem defeitos (Figura 2). O maior defeito de grãos ocorreu com a taxa de aplicação de 30 L.ha-1.

Figura 2. Peso de grãos de arroz sem defeitos (quebrados e inteiros) em gramas. Houve decréscimo significativo na incidência de defeitos dos grãos quando a taxa de aplicação foi de 30 L.ha-1 com bicos cônicos.

CONCLUSÕES

A diferença de volume e equipamentos não tem influência sobre grãos quebrados sem defeitos. Os tratamentos com atomizadores rotativos indicam um decréscimo no número de grãos gessados. Bico cone 30 L.ha-1 diminuiu a incidência de grãos inteiros sem defeitos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Instrução Normativa 06 de março de 2010 do MAPA. Normas de Identidade e Qualidade do Arroz. 2010.

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Indicadores de agropecuária, estimativa de safras. Disponível em: <http://www.conab.gov.br>. Acesso em: 19 de maio de 2011.

OLIVEIRA, M. SCHIAVON, R.A.; ROCHA, J.C.; ELIAS, S.A.; ELIAS, M.C. Qualidade de grãos de arroz: novos cenários e novas exigências. Artigos técnicos. Grupo Cultivar. Disponível no site: http://www.grupocultivar.com.br/artigos/artigo.asp?id=512. acesso em 20 de novembro de 2010.

SOFIATTI, V.; SCHUCH, L.O.B.; PINTO, J.F.; CARGNIN, A.; LEITZKE, L.N.; HÖLBIG, L.S. Efeitos de regulador de crescimento, controle de doenças e densidade de semeadura na qualidade industrial de grãos de arroz. Ciência Rural, v.36, n.2, mar-abr, 2006.

Page 30: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

639

EFEITO DA TEMPERATURA E TEMPO DE ARMAZENAMENTO SOBRE PARÂMETROS DE COCÇÃO DE ARROZ IRRIGADO

Auri Brackmann1; Bruna Mendonça Alves2; Tiago André Kaminski3; Bruna Sampaio Roberto4; Naglezi de Menezes Lovatto5; Leila Picolli da Silva6

Palavras-chave: Grãos, envelhecimento, cozimento, rendimento, soltabilidade.

INTRODUÇÃO O arroz (Oryza sativa L.) é um dos principais alimentos consumidos pela população

brasileira, constituindo-se uma das suas principais fontes de energia. A maioria da população prefere grãos longo-finos e translúcidos, de boa qualidade culinária determinada pelo rendimento de panela, rápido cozimento e presença de grãos secos e soltos após o cozimento, permanecendo macios mesmo após o resfriamento (BASSINELLO et al., 2004; ELIAS, 2007).

As características determinantes da qualidade de grão em arroz refletem-se diretamente no valor de mercado e na aceitação do produto pelo consumidor. Uma das características mais importantes no arroz cozido é a soltabilidade, que é afetada por fatores genéticos, agronômicos, etapas de processamento como secagem, armazenamento, polimento e método de preparo (BASSINELLO et al., 2004; SILVA et al., 2006; LOPES et al., 2009). Por estes motivos, o teste de cocção é muito utilizado por programas de melhoramento genético e indústrias de beneficiamento como forma de avaliar a qualidade culinária dos produtos. Sabe-se que as características de cocção do arroz são alteradas no armazenamento pós-colheita, através de um processo denominado de envelhecimento do arroz, que ocorre naturalmente, mas também é influenciado pela composição química, tempo e temperatura de armazenamento dos grãos (ZHOU et al., 2002; BASSINELLO et al., 2004).

Neste contexto, o trabalho teve por objetivo avaliar periodicamente o efeito do tempo de armazenamento em três diferentes temperaturas (0,5; 20 e 35°C) sobre os parâmetros de cocção da variedade de arroz irrigado BR-IRGA 410.

MATERIAL E MÉTODOS Condução do experimento: Arroz em casca seco, variedade BR-IRGA 410, cultivado na região sul do Estado do Rio Grande do Sul em sistema irrigado por alagamento na safra 2008/2009, foi coletado imediatamente após a secagem por método intermitente na empresa SLC Alimentos S/A, município de Capão do Leão/RS. A amostra foi subdividida em frações com cerca de 1 kg, fechadas em sacaria de algodão, identificadas e acondicionadas aleatoriamente em câmaras herméticas com temperatura controlada em 0,5; 20 e 35°C no Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A amostragem e análise de cocção foram realizadas nos intervalos de tempo de 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias após o início do armazenamento. Beneficiamento: As amostras foram beneficiadas em máquina testadora de arroz da marca Suzuki e modelo MT. Em cada operação, cerca de 100 g de arroz em casca foram descascadas, polidas e classificadas. Os grãos de arroz remanescentes no trieur (inteiros) e

1 Professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Avenida Roraima, n° 1000, Centro de Ciências Rurais, Departamento de Fitotecnia, Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita, sala 22, Bairro Camobi, Santa Maria/RS, Brasil, 91119-900, email para correspondência: [email protected] 2 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Agronomia UFSM, email: [email protected] 3 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected] 4 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected] 5 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFSM, email: [email protected] 6 Professora do Departamento de Zootecnia, Centro de Ciências Rurais, UFSM, email: [email protected]

Page 31: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

640

no cocho (quebrados) foram pesados para cálculo do rendimento em porcentagem. Após pesadas, as frações de grãos quebrados foram descartadas, sendo utilizados apenas os grãos inteiros para teste de cocção. Teste de cocção: Conforme metodologia proposta por Bassinello et al. (2004) e escala para avaliação sensorial descrita por Martinez e Cuevas-Perez (1989), foram pesados cerca de 40 g de arroz em béquer graduado, adicionados 100 mL de água destilada e 2 mL de óleo. Os béqueres, parcialmente cobertos, foram incubados em banho-maria a 95°C até a não constatação de água residual, desta maneira foram avaliados os parâmetros de rendimento em peso (peso final do arroz cozido/peso inicial do arroz cru), rendimento em volume (volume ocupado pelo arroz cozido/volume ocupado pelo arroz cru nos béqueres), tempo de cocção (tempo total de incubação) e soltabilidade (60 minutos após incubação, a aparência dos grãos cozidos em relação à sua soltabilidade foi avaliada por um analista treinado, que atribuiu notas conforme a seguinte relação: muito pegajosos = 1, pegajosos = 2, ligeiramente pegajosos = 3, soltos = 4 e muito soltos = 5). Análise estatística: Em programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 8.0 para Windows, os dados coletados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e comparados pelo teste de Tukey em nível de 1% de significância para as interações das variáveis do experimento (temperatura e tempo de armazenamento). Para os parâmetros com interações significativas entre as duas variáveis testadas, as médias foram dispostas graficamente em função do tempo de armazenamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO No beneficiamento das amostras não foram evidenciadas alterações significativas

no rendimento de grãos inteiros e quebrados durante o período do experimento. A variedade avaliada apresentou rendimento médio de 53,2 X 15,3 em grãos inteirosXquebrados, que se manteve por 180 dias, independentemente do tempo e temperatura de armazenamento.

O rendimento em peso das amostras também não foi influenciado significativamente pela temperatura e tempo de armazenamento. Variações no rendimento gravimétrico de arroz cozido foram observadas por Silva et al. (2006), que descreveram uma diminuição do rendimento gravimétrico no armazenamento de duas variedades de arroz até os 30 dias de armazenamento com posterior estabilização neste parâmetro, enquanto Lopes et al. (2009) verificaram maior rendimento gravimétrico e volumétrico na cocção da variedade IRGA 417 em comparação com a IRGA 422CL, atribuindo esta diferença ao conteúdo de amilose dos grãos. Outros trabalhos são divergentes sobre o rendimento de peso do arroz cozido, pois é sabido que o arroz armazenado por mais tempo tem maior capacidade de absorção de água, ao mesmo tempo, é mais resistente à absorção desta. Tais observações sugerem que em uma cocção convencional o arroz mais velho vai apresentar menor peso do que o mesmo arroz novo quando cozido, pois mais água vai evaporar antes de ser absorvida, porém, se adicionado maior volume de água, esta será absorvida sem comprometimento da integridade dos grãos (SODHI et al., 2003; ZHOU et al., 2007).

Já o rendimento em volume foi significativamente influenciado pelo tempo e temperatura de armazenamento, apresentando-se superior para as amostras armazenadas a 35°C, seguida das amostras a 20°C e com aumento mais discreto para as amostras mantidas a 0,5°C (Figura 1). O aumento mais pronunciado de volume nos grãos cozidos foi observado nos primeiros 30 dias de armazenamento, com posterior tendência de estabilização neste parâmetro.

Page 32: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

641

Figura 1. Rendimento em volume das amostras em função do tempo de armazenamento

Na Figura 2 observa-se que o tempo para cocção das amostras aumentou

progressivamente durante o período de avaliações, principalmente nas maiores temperaturas de armazenamento. No final do período de armazenamento, constatou-se que as amostras mantidas a 0,5°C apresentaram incremento de cerca de 3 minutos, a 20°C cerca de 5 minutos e a 35°C mais de 7 minutos no tempo necessário para o arroz armazenado por 180 dias absorver toda a água adicionada nos béqueres para cocção sob incubação.

O aumento no tempo de cocção pode ser atribuído às características adquiridas pelos grãos durante o armazenamento e envelhecimento do arroz, onde são promovidas interações intra e intermoleculares entre os constituintes dos grãos que ficam mais resistentes à absorção de água (SODHI et al., 2003; ZHOU et al., 2002).

Figura 2. Tempo de cocção das amostras em função do tempo de armazenamento

Conforme resultados expostos na Figura 3, o maior tempo e temperatura de

armazenamento atribuíram características de maior soltabilidade nos grãos de arroz cozido. As amostras armazenadas a 0,5 e 20°C não atingiram a nota de soltabilidade que classifica os grãos como “soltos” durante os 180 dias de armazenamento, enquanto que as amostras mantidas a 35°C já apresentavam soltabilidade adequada após 60 dias de armazenamento.

Page 33: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

642

Figura 3. Soltabilidade das amostras em função do tempo de armazenamento

Os parâmetros que apresentaram variações pelos testes de cocção estão

relacionados às alterações decorrentes do processo de envelhecimento do arroz. Nos grãos que as alterações estruturais foram favorecidas, constatou-se maior resistência à absorção de água e, conseqüentemente, maior tempo para cocção sob incubação. Como para todas as amostras foi adicionado o mesmo volume de água e a temperatura de incubação não proporcionou significativa evaporação da água, não foram constatadas alterações no rendimento gravimétrico, enquanto que o maior rendimento volumétrico e soltabilidade foram evidentes nos grãos cozidos.

CONCLUSÃO O tempo e temperatura de armazenamento influenciaram significativamente nos

parâmetros de cocção para a variedade de arroz BR-IRGA 410, onde o maior tempo e temperatura de armazenamento resultaram em incrementos no rendimento em volume, tempo de cocção e soltabilidade dos grãos.

AGRADECIMENTOS À empresa SLC Alimentos S/A pela concessão das amostras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASSINELLO, P.Z.; ROCHA, M.S.; COBUCCI, R.M.A. Avaliação de diferentes métodos de cocção de arroz de terras altas para teste sensorial. Embrapa Arroz e Feijão. Comunicado Técnico 84. 2004. 8p. ELIAS, M.C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. Pelotas: Editora Universitária UFPel, 2007. 437p. LOPES, M.C.B.; FAGUNDES, C.A.A.; GULARTE, M.A.; LOPES, S.I.G.; SANTOS, J.A. Efeito do armazenamento na qualidade industrial e cocção dos grãos de arroz das cultivares IRGA 417 e IRGA 422CL. In: VI Congresso de Arroz Irrigado, 2009, Porto Alegre. CD Rom. Porto Alegre: IRGA, 2009. MARTINEZ, C.; CUEVAS-PEREZ, F. Evaluación de la calidad culinária y molinera del arroz. 3ª ed. Cali: CIAT, 1989. 75p. SILVA, P.M.; BRESOLIN, R.; GULARTE, M.A. Efeito do armazenamento nas características de cocção e sensorial de arroz branco. In: XV Congresso de Iniciação Científica e VIII Encontro de Pós-Graduação da Universidade Federal de Pelotas. Anais ... Pelotas: Editora Universitária UFPel, 2006. SODHI, N.S.; SINGH, N.; ARORA, M.; SINGH, J. Changes in physico-chemical, thermal, cooking and textural properties of rice during aging. Journal of Food Processing, 27: 387 – 400, 2003. ZHOU, Z.; ROBARDS, K.; HELLIWELL, S.; BLANCHARD, C. Ageing of stored rice: changes in chemical and physical attributes. Journal of Cereal Science, 35: 65 – 78, 2002. ZHOU, Z.; ROBARDS, K.; HELLIWELL, S.; BLANCHARD, C. Effect of storage temperature on cooking behaviour of rice. Food Chemisty, 105: 491 – 497, 2007.

Page 34: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

643

TESTE DE COCÇÃO EM VARIEDADES DE ARROZ IRRIGADO ARMAZENADAS SOB DIFERENTES TEMPERATURAS

Auri Brackmann1; Bruna Mendonça Alves2; Tiago André Kaminski3; Tassiane dos Santos Ferrão4; Leila Picolli da Silva5; Carlos Alberto Alves Fagundes6

Palavras-chave: Armazenamento, envelhecimento, cozimento, rendimento, soltabilidade.

INTRODUÇÃO A qualidade culinária do arroz é uma característica marcante que reflete diretamente

na aceitação do produto pelo consumidor e no valor de mercado. O consumidor brasileiro tem preferência por arroz branco polido, com grãos longos finos, translúcidos, coloração clara, bom rendimento de panela, rápido cozimento, ausência de sabor e odor fortes, presença de grãos secos e soltos após o cozimento e com possibilidade de ser reaquecido sem perder a maciez original (BASSINELLO et al., 2004; ELIAS, 2007).

O atendimento à qualidade culinária exigida pelos consumidores tem sido um desafio para as indústrias de arroz. Desde que o arroz é cultivado tem-se conhecimento que suas características são alteradas drasticamente no armazenamento e, quando este cereal é beneficiado poucos meses após a colheita, tende a empapar na cocção. Na investigação científica, o processo que inicia logo após a colheita é chamado de envelhecimento do arroz e alterações estruturais intra e intermoleculares têm sido apontadas como principais responsáveis pela modificação de comportamento no arroz armazenado, onde alterações nas propriedades físico-químicas dos grãos podem ser constatadas a partir de análises de viscosidade, textura, coloração, atividade enzimática e cocção (PENTEADO, 1990; MARSHALL e WADSWORTH, 1994; ZHOU et al., 2002).

Neste contexto, o trabalho avaliou periodicamente parâmetros relacionados à cocção de três variedades de arroz irrigado (BR-IRGA 410, IRGA 416 e IRGA 417), armazenadas sob diferentes temperaturas (20 e 35°C) durante 180 dias.

MATERIAL E MÉTODOS Condução do experimento: Três variedades de arroz em casca, BR-IRGA 410, IRGA 416 e IRGA 417, cultivadas em sistema irrigado por alagamento na Estação Experimental do Arroz (EEA) do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), município de Cachoeirinha/RS, na safra 2009/2010, foram coletadas após a secagem por método intermitente. As amostras foram subdivididas em frações com cerca de 1 kg, fechadas em sacaria de algodão, identificadas e acondicionadas aleatoriamente em câmaras herméticas com temperatura controlada em 20 e 35°C no Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A amostragem e análise de cocção foram realizadas nos intervalos de tempo de 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias após o início do armazenamento. Beneficiamento: As amostras foram beneficiadas em máquina testadora de arroz da marca Suzuki e modelo MT. Em cada operação, cerca de 100 g de arroz em casca foram descascadas, polidas e classificadas. Os grãos de arroz remanescentes no trieur (inteiros) e no cocho (quebrados) foram pesados para cálculo do rendimento em porcentagem. Após pesadas, as frações de grãos quebrados foram descartadas, sendo utilizados apenas os

1 Professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Avenida Roraima, n° 1000, Centro de Ciências Rurais, Departamento de Fitotecnia, Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita, sala 22, Bairro Camobi, Santa Maria/RS, Brasil, 91119-900, email para correspondência: [email protected] 2 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UFSM, email: [email protected] 3 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected] 4 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da UFSM, email: [email protected] 5 Professora do Departamento de Zootecnia, Centro de Ciências Rurais, UFSM, email: [email protected] 6 Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), email: [email protected]

Page 35: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

644

grãos inteiros no teste de cocção. Teste de cocção: Conforme metodologia proposta por Bassinello et al. (2004) e escala para avaliação sensorial descrita por Martinez e Cuevas-Perez (1989), foram pesados cerca de 40 g de arroz em béquer graduado, adicionados 100 mL de água destilada e 2 mL de óleo. Os béqueres, parcialmente cobertos, foram incubados em banho-maria a 95°C até a não constatação de água residual, desta maneira foram avaliados os parâmetros de rendimento em peso (peso final do arroz cozido/peso inicial do arroz cru), rendimento em volume (volume ocupado pelo arroz cozido/volume ocupado pelo arroz cru nos béqueres), tempo de cocção (tempo total de incubação) e soltabilidade (60 minutos após incubação, a aparência dos grãos cozidos em relação à sua soltabilidade foi avaliada por um analista treinado, que atribuiu notas conforme a seguinte relação: muito pegajosos = 1, pegajosos = 2, ligeiramente pegajosos = 3, soltos = 4 e muito soltos = 5). Análise estatística: Em programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 8.0 para Windows, os dados coletados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e comparados pelo teste de Tukey em nível de 1% de significância para as interações das variáveis do experimento (variedade do arroz, temperatura e tempo de armazenamento). Para os parâmetros com interações significativas entre as três variáveis testadas, as médias foram dispostas graficamente em função do tempo de armazenamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO No beneficiamento das amostras não foram evidenciadas alterações significativas

no rendimento de grãos inteiros e quebrados durante o período do experimento. As variedades avaliadas apresentaram rendimentos diferenciados, com médias de 44,0 X 24,5, 59,0 X 10,0 e 48,5 X 21,0 em grãos inteirosXquebrados para variedades BR-IRGA 410, IRGA 416 e 417, respectivamente. Estas diferenças entre as variedades mantiveram-se por 180 dias, independentemente do tempo e temperatura de armazenamento. Enquanto alguns trabalhos relataram variações no rendimento do arroz armazenado (LOPES et al., 2009; SCHIAVON et al., 2009), outros associam as variações nestes parâmetros aos processos de industrialização e composição química dos grãos (MARSHALL e WADSWORTH, 1994; ALVES et al., 2009).

As variedades mantidas sob diferentes temperaturas também não apresentaram alterações no rendimento em peso no período de armazenamento. O ganho de peso do arroz cozido está relacionado à capacidade de absorção de água dos grãos durante o cozimento. No processo de envelhecimento do arroz ocorrem alterações estruturais que acarretam em maior organização e interações entre os constituintes dos grãos, deixando-os mais resistentes à absorção de água (ZHOU et al., 2002). Porém, na metodologia utilizada para simulação da cocção, os resultados não variaram, pois em todas amostras foi adicionado o mesmo volume de água e a temperatura de incubação não proporcionou a evaporação de água que convencionalmente ocorre no preparo em chama e chapas de aquecimento. Através de diferentes metodologias de preparo, variações no peso de arroz cozido foram observadas por Silva et al. (2006), que descreveram uma diminuição do rendimento gravimétrico no armazenamento de duas variedades de arroz até os 30 dias de armazenamento com posterior estabilização neste parâmetro, enquanto Lopes et al. (2009) verificaram maior rendimento gravimétrico e volumétrico na cocção da variedade IRGA 417 em comparação com a IRGA 422CL e atribuíram esta diferença ao conteúdo de amilose.

De acordo com os resultados da Figura 1, o rendimento em volume foi significativamente influenciado pela variedade do arroz, apresentando-se sempre superior na variedade IRGA 417, seguida pela IRGA 416 e BR-IRGA 410. Este parâmetro aumentou progressivamente no decorrer do tempo de armazenamento, de maneira discreta para as amostras armazenadas a 20°C (Figura 1A) e mais acentuada nas amostras mantidas a 35°C (Figura 1B), sugerindo maior capacidade de expansão dos grãos de arroz armazenados por maiores períodos e temperaturas.

Page 36: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

645

Figura 1. Rendimento em volume das amostras em função do tempo de armazenamento a 20°C (A) e 35°C (B)

A partir dos resultados expostos na Figura 2, verificou-se que o tempo para cocção das amostras aumentou progressivamente durante o armazenamento, de maneira mais pronunciada para a variedade IRGA 417 armazenada a 35°C, com maior incremento no tempo de cocção durante os 180 dias de armazenamento. O aumento no tempo de cocção é decorrente do processo de envelhecimento do arroz, que acarretou em grãos mais resistentes à absorção de água e, consequentemente, em maior tempo de incubação (ZHOU et al., 2002).

Figura 2. Tempo de cocção das amostras em função do tempo de armazenamento a 20°C (A) e 35°C (B)

A escala sensorial adotada no experimento estabelce a nota 4,0 como satisfatória,

onde os grãos são classificados como “soltos”. Conforme resultados apresentados na Figura 3, no armazenamento a 20°C, apenas a variedade IRGA 417 atingiu cocção satisfatória após 180 dias de armazenamento, enquanto as demais variedades avaliadas não alcançaram a soltabilidade no período em que durou o experimento (Figura 3A). Já as amostras das variedades IRGA 416 e 417 mantidas a 35°C apresentaram grãos soltos após 60 dias e a variedade BR-IRGA 410 após 150 dias de armazenamento (Figura 3B).

Figura 3. Soltabilidade das amostras em função do tempo de armazenamento a 20°C (A) e 35°C (B) Os trabalhos que avaliaram a soltabilidade do arroz após períodos de

armazenamento não são conclusivos em relação ao tempo necessário para o arroz atingir

Page 37: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

646

qualidade de cocção satisfatória, ao mesmo tempo, sugerem que a intensidade da modificação no comportamento dos grãos está relacionada às características químicas, temperatura e tempo de armazenamento, além do método de preparo (ZHOU et al., 2002; SILVA et al., 2006; LOPES et al., 2009).

As variedades deste experimento são descritas na literatura com diferenças no conteúdo de amilose, sendo considerado “alto” para as variedades IRGA 417 e BR-IRGA 410 e “intermediário” na variedade IRGA 416 (IRGA, 2008). Storck (2004) encontrou maiores teores de amilose na variedade IRGA 417, seguida da BR-IRGA 410 e IRGA 416. Desta maneira, o conjunto dos resultados, rendimento em volume, tempo de cocção e soltabilidade superiores para a variedade IRGA 417 podem estar relacionados ao teor de amilose nesta variedade, que não é alterado no decorrer do armazenamento, mas favorece nas alterações estruturais decorrentes do envelhecimento do arroz por se complexar com proteínas e ácidos graxos (ZHOU et al., 2002). Porém, o desempenho do arroz não está exclusivamente relacionado ao teor de amilose dos grãos, mas também a fatores pré e pós-colheita, além dos demais constituintes dos grãos, como as proteínas (MARSHALL e WADSTOCK, 1994).

CONCLUSÃO Os parâmetros relacionados à cocção do arroz dependem de características

varietais e da intensidade do processo de envelhecimento, que se mostrou mais intenso com o aumento do tempo e temperatura de armazenamento, atribuindo atributos que atendem a preferência geral do consumidor brasileiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, B.M.; MENDES, H.; FERRÃO, T.S.; GOLOMBIESKI, J.I.; SILVA, L.S.; SILVA, L.P.; POCOJESKI, E.; FAGUNDES, C.A. Adubação nitrogenada na qualidade tecnológica de grãos de arroz irrigado. In: VI Congresso de Arroz Irrigado, 2009, Porto Alegre. CD Rom. Porto Alegre: IRGA, 2009. BASSINELLO, P.Z.; ROCHA, M.S.; COBUCCI, R.M.A. Avaliação de diferentes métodos de cocção de arroz de terras altas para teste sensorial. Embrapa Arroz e Feijão. Comunicado Técnico 84. 2004. 8p. ELIAS, M.C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. Pelotas: Editora Universitária UFPel, 2007. 437p. IRGA. Instituto Rio Grandense do Arroz. Disponível em <http://www.irga.rs.gov.br/index.php?action= novidades_detalhe&id=6>. Acesso em outubro de 2008. LOPES, M.C.B.; FAGUNDES, C.A.A.; GULARTE, M.A.; LOPES, S.I.G.; SANTOS, J.A. Efeito do armazenamento na qualidade industrial e cocção dos grãos de arroz das cultivares IRGA 417 e IRGA 422CL. In: VI Congresso de Arroz Irrigado, 2009, Porto Alegre. CD Rom. Porto Alegre: IRGA, 2009. MARSHALL, W.E.; WADSWORTH, J.I. Rice science and technology. New Orleans: Marcel Dedder, Inc., 1994. 470p. MARTINEZ, C.; CUEVAS-PEREZ, F. Evaluación de la calidad culinária y molinera del arroz. 3ª ed. Cali: CIAT, 1989. 75p. PENTEADO, M.F. Qualidade de arroz (Oryza sativa L.), armazenado em atmosfera modificada, em silo subterrâneo [Dissertação de Mestrado]. Campinas, São Paulo: Universidade Estadual de Campinas, 1990. 107p. SCHIAVON, R.A.; ROCHA, J.C.; BOHN, A.; ARNS, B.B.; TOMASCHEWSKI, J.G.; ELIAS, M.C. Efeitos do resfriamento no armazenamento sobre a qualidade nos grãos de arroz. In: VI Congresso de Arroz Irrigado, 2009, Porto Alegre. CD Rom. Porto Alegre: IRGA, 2009. SILVA, P.M.; BRESOLIN, R.; GULARTE, M.A. Efeito do armazenamento nas características de cocção e sensorial de arroz branco. In: XV Congresso de Iniciação Científica e VIII Encontro de Pós-Graduação da Universidade Federal de Pelotas. Anais ... Pelotas: Editora Universitária UFPel, 2006. STORCK, C.R. Variação na composição química de grãos de arroz submetidos a diferentes beneficiamentos [Dissertação de Mestrado]. Santa Maria, Rio Grande do Sul: Universidade Federal de Santa Maria, 2004. 111p. ZHOU, Z.; ROBARDS, K.; HELLIWELL, S.; BLANCHARD, C. Ageing of stored rice: changes in chemical and physical attributes. Journal of Cereal Science, 35: 65 – 78, 2002.

Page 38: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

647

DESEMPENHO INDUSTRIAL DE ARROZ DE TERRAS BAIXAS IRRIGADO POR ASPERSÃO COM DIFERENTES LÂMINAS

Diogo Balbé Helgueira1; Leomar Hackbart2; Cleber Maus Alberto³; Diogo da Silva Moura4; Robson Giacomeli4

Palavras-chave: Oryza sativa, irrigação por aspersão, rendimento de engenho,

INTRODUÇÃO Cerca de 150 milhões de hectares de arroz são cultivados anualmente no mundo,

produzindo 590 milhões de toneladas, sendo que mais de 75% desta produção é oriunda do sistema de cultivo irrigado (EMBRAPA, 2005). Os países com maior produção de arroz situam-se no continente asiático, sendo a China o maior produtor mundial. O Brasil é o oitavo maior produtor mundial de arroz (SCIVITTARO & GOMES, 2007). O Rio Grande do Sul é responsável por 60% da produção nacional de arroz (IBGE 2008). Sendo que sua produtividade média foi de 7.281 kg/ha, a área plantada de 1.105.728 ha e produção de 8.047.897 t na safra 2008/2009 (IRGA, 2009a).

Na região da Fronteira-Oeste o cultivo do arroz irrigado é geralmente em coxilhas, tendo cultivos de várzea em menor quantidade. Em coxilhas a necessidade de água aumenta devido à alta infiltração superficial, necessitando uma demanda hídrica muito elevada no sistema de irrigação por inundação, pois a lâmina de água é forçada pela gravidade contra as taipas. Com o sistema de irrigação por aspersão a água pode ser rigorosamente controlada, pois não necessita de taipas já que irá fornecer a quantidade necessária para atender somente a cultura e a evapotranspiração, podendo assim gerar uma melhor eficiência do sistema.

O rendimento de inteiros significa a quantidade de grãos inteiros obtida após o beneficiamento industrial e é um dos parâmetros mais importantes para determinar o valor de comercialização do arroz (Oliveira et al., 1998). Tem-se poucos trabalhos na literatura referente a irrigação por aspersão em arroz de terras baixas e sua influência no desempenho industrial do arroz. Sendo assim, o presente trabalho teve por objetivo analisar a interferência da irrigação por aspersão com diferentes lâminas no desempenho industrial de cultivares de arroz de terras baixas.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no ano agrícola de 2010/2011, na área experimental da

Universidade Federal do Pampa – UNIPAMAPA – CAMPUS- Itaqui/RS. O delineamento experimental utilizado a campo foi blocos ao acaso com três cultivares de várzea (IRGA 417, INOV CL e IRGA 424), cinco lâminas de irrigação (0%, 50%, 100%, 150%, e 200% evapotranspiração da cultura), no sistema de irrigação por aspersão e quatro repetições. A semeadura foi realizada em 08 de novembro de 2010, tendo todos os tratamentos 19 linhas espaçadas em 0,17 m e três metros de comprimento, totalizando área de 9,69 m² por parcela. A densidade de semeadura para as cultivares IRGA 417 e IRGA 424 foram de 100 kg/ha, e para o híbrido INOV CL foi utilizado 50 kg/ha conforme as recomendações técnicas.

1 Aluno do curso de Agronomia, Campus Itaqui - Universidade Federal do Pampa, UNIPAMPA. Rua Luis Joaquim de Sá Brito s/n. CEP 97650000. Itaqui, RS. Email: [email protected]. 2 Eng. Agro., D.S., Prof. Adjunto, Campus Itaqui - Universidade Federal do Pampa. Email: [email protected]. 3Eng. Agro., D.S., Prof. Adjunto, Campus Itaqui - Universidade Federal do Pampa. Email: [email protected]. 4Alunos do Curso de Agronomia, Campus Itaqui - Universidade Federal do Pampa, UNIPAMPA. Email [email protected]; [email protected].

Page 39: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

648

A irrigação utilizada foi por aspersão convencional, e a necessidade de irrigação estimada através da equação de Thorthwaite adaptado (MEDEIROS, 2002) a partir de dados obtidos na estação meteorológica automática situada a 100 m do local de cultivo. Foram coletadas três amostras de 100 gramas de arroz em casca, de cada tratamento após a colheita e secagem, as quais foram processadas em engenho de prova (SUZUKI), modelo MT-09, por 1 minuto; em seguida os grãos brunidos polidos foram pesados e o valor encontrado foi considerado como rendimento de benefício, com os dados expressos em porcentagem. Posteriormente, os grãos brunidos foram colocados no “trieur” número 2 e a separação dos grãos foram processados por 30 segundos, os grãos que permaneceram no “trieur” foram pesados, obtendo-se o rendimento de inteiros, e os demais grãos quebrados, ambos expressos em porcentagem. O delineamento experimental utilizado em laboratório foi inteiramente casualizado com três repetições, foi feita a análise da variância (ANOVA), quando verificado interação, submeteu-se os resultados ao teste de Tukey com 5% de probabilidade para o teste de comparação de médias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O sistema de irrigação por asperção no arroz de terras baixas mostrou ser eficiente em

produtividade, no desempenho industrial quanto a percentagem de inteiros houve diferença significativa tanto entre as cultivares quanto entre as lâminas de irrigação. Com relação à lâmina zero (0%), não foi realizado os testes pelo fato de que as cultivares não chegaram a produzir, pois apenas a precipitação pluviométrica não foi suficiente pra o desenvolvimento da cultura. Já na lâmina de 50% da ETC, não foi possível realizar os testes devido ao prolongamento do ciclo das cultivares, este ocorrido pela baixa quantidade de água utilizada.

Conforme a tabela 1 para a cultivar INOV CL à lâmina que melhor apresento rendimeno de inteiros foi de 150% da ETC, diferindo signficativamente das demais lâminas, para a cultivar IRGA 424 o melhor rendimento de gãos inteiros foi na lâmina de 200% da ETC, já para a cultivar IRGA 417 os melhores rendimentos foram nas lâminas de 150 e 200% da ETC.

Tabela 1 – Desdobramento da interação cultivar x lâmina de água da análise de variância referente ao teor de grãos inteiros e quebrados (%).

CULTIVAR PARÂMETRO LÂMINA

100% (ETC) 150% (ETC) 200% (ETC)

IRGA 417

Inteiro 55,97 ± 0,76* Ab 61,47 ± 0,49* Aa 61,61 ± 1,54* Aa

Quebrado 7,26 ± 0,57* Ba 6,07 ± 0,51* Ba 6,91 ± 0,71* Ba

INOV CL Inteiro 50,04 ± 0,81* Bb 55,64 ± 0,77* Ba 52,38 ± 1,06* Bb

Quebrado 15,45 ± 0,72* Aa 10,29 ± 0,55* Ab 13,15 ± 0,61* Ac

IRGA 424 Inteiro 42,32 ± 0,2* Cc 54,62 ± 0,93* Bb 59,82 ± 0,99* Aa

Quebrado 13,83 ± 1,02* Aa 10,44 ± 0,37* Ab 6,63 ± 0,29* Bc

Médias seguidas letras diferentes maiúscula na coluna e minúscula na linha, diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey a 5%. ETC – Evapotranspiração da cultura. * Desvio padrão.

Page 40: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

649

CONCLUSÃO

A cultivar IRGA 417 apresentou os melhores valores de rendimento de inteiro nas lâminas de 150 e 200% da ETC, porém não diferiu da cultivar IRGA 424 na lâmina de 200%, concluiu-se com este trabalho que o rendimento de inteiros varia de acordo com a cultivar e a lâmina, e também verificou-se que por ser irrigação por aspersão, o molhamento constante dos grãos, aparentemente não afetou o rendimento quando comparado com dados da literatura referente a cultivo de arroz inundado. Ainda merecem estudos nessa área, quanto à lâmina ideal para a cultura do arroz de terras baixas.

AGRADECIMENTOS À Universidade Federal do Pampa pela concessão de bolsa PBDA (Progarma de

Bolsas de Desenvolvimento Acadêmico).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CRUSCIOL, C.A.C. Espaçamento e densidade de semeadura do arroz, cv. IAC 201, sob condições de sequeiro e irrigado por aspersão. Botucatu: UNESP, 1995. 104 p. (Dissertação de Mestrado). EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão. Cnpaf. Sistemas de Produção, 2005. Disponível em: <http://www.cnpaf.embrapa.br/arroz/sistemasdeproducao/index.htm> Acesso em 13 de setembro de 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Levantamento sistemático da produção agrícola, 2008. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao. php?Id_noticia=1123> Acesso em três de agosto de 2009. INSTITUTO RIO GRANDENSE DO ARROZ – IRGA. Série Histórica da Área Plantada, Produção e Rendimento, 2009 a. Disponível em: <http://www.irga.rs.gov.br/index.php?action=dados_safra_detalhes&cod_dica=43> Acesso em: 3 de agosto de 2009. MEDEIROS, A.T. Estimativa da evapotranspiração de referência a partir da equação de Penmann-Montheith, de medidas lisimétricas e de equações empíricas em Paraipaba, CE. Piracicaba, ESALQ – USP, 2002. 103p. (Tese de Doutorado) OLIVEIRA, G.S.; ARF, O.; SÁ, M.E.; RODRIGUES, R.A.F. Efeito de densidades de semeadura no desenvolvimento de cultivares de arroz (Oryza sativa L.) em condições de sequeiro e de irrigação por aspersão. I. Características Agronômicas. Científica, v.25, p.67-83, 1997. SCIVITTARO, W.B.; GOMES, A.S. Adubação e calagem para o arroz irrigado no Rio Grande do Sul. 2006. 8p.

Page 41: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

650

TEOR DE LIPÍDIOS E PERFIL DE ÁCIDOS GRAXOS EM FARELO DE ARROZ OBTIDOS DE DIFERENTES GENÓTIPOS

Fabiano Cleber Bertoldi1; Moacir Antonio Schiocchet2; José Alberto Noldin3, Francisco Carlos Deschamps4; Luciano Gonzaga5; Roseane Fett6

Palavras-chave: óleo de arroz, ômega-3, ômega-6, triacilgliceróis,

INTRODUÇÃO O farelo de arroz é um subproduto do processamento do grão de arroz, podendo,

representar de 8% a 11% de massa do arroz em casca. O farelo pode ser uma boa fonte de minerais, antioxidantes, proteínas, óleo e vitaminas (CARVALHO e VIEIRA, 1999; PARRADO et al., 2006). A concentração destas substâncias no farelo é resultante do grau de polimento, do tratamento do grão antes do processamento, do sistema de beneficiamento e da cultivar (SAUNDERS, 1990). Sua injestão, bem como de alguns de seus derivados, já foi relacionada com benefícios à saúde na prevenção de diferentes disfunções como, câncer, hiperlipidemia, hipercalciúria, cálculos renais em crianças e para doenças cardíacas (JARIWALLA, 2001). Mesmo com características nutricionalmente desejáveis, ainda é um subproduto que destina-se quase que exclusivamente para alimentação animal (PARRADO et al., 2006).

No Japão, Estados Unidos e países da Europa, o farelo de arroz é consumido em decorrência do reconhecimento de suas propriedades. É comercializado para consumo doméstico, produção de óleo comestível e também nas indústrias para enriquecer alimentos como biscoitos, balas, “tira-gostos” e cereais matinais (SILVA, SANCHES e AMANTE, 2001).

O óleo obtido a partir do farelo de arroz é muito apreciado no leste da Ásia. Aproximadamente 80 mil toneladas desse óleo são consumidos anualmente no Japão. Esse óleo recebeu atenção por apresentar quantidades consideráveis de compostos nutracêuticos como o orizanol, tocoferóis e tocotrienóis (DANIELSKI et al., 2005).

Este trabalho tem como finalidade avaliar o teor de lipídios totais e o respectivo perfil dos ácidos graxos da fração lipídica das principais cultivares e linhagens de arroz irrigado desenvolvidas pela Epagri, visando a valorização deste subproduto agroindustrial.

MATERIAL E MÉTODOS As amostras de farelo de arroz foram obtidas a partir do beneficiamento de 100 g do

cereal em casca, com tempo de permanência no brunidor de 1 min, de cultivares lançadas e das linhagens em avaliação na Estação Experimental de Itajaí da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Foram avaliados farelos de quatro cultivares (Epagri 108, SCS 114 Andosan, SCS 116 Satoru, SCS 117 CL) e 13 linhagens (SC 471, SC 504, SC 527, SC 548, SC 557, SC 559, SC 583, SC 584, SC 587, SC 591, SC 596, SC 598, SC 605) de arroz irrigado. As análises foram realizadas em triplicata.

Os teores de lipídios totais dos farelos foram determinados seguindo metodologia descrita pela AOAC (2000) e, foram expressos em relação à massa seca do farelo. O perfil

1 Doutor em Ciência dos Alimentos, Estação Experimental de Itajaí - Epagri, Rod. Antônio Heil, km 6, CP 277, 88301-970. E-mail: [email protected] 2 Doutor em Agronomia, Estação Experimental de Itajaí – Epagri. E-mail: [email protected] 3 Ph. D. em Agronomia, Estação Experimental de Itajaí – Epagri e Pesquisador do CNPq. E-mail: [email protected] 4 Doutor em Ciências, Estação Experimental de Itajaí – Epagri. E-mail: [email protected] 5Técnico em Saneamento, Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos – UFSC. E-mail: [email protected] 6 Doutora em Química Orgânica, Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos – UFSC. E-mail: [email protected]

Page 42: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

651

dos ácidos graxos da fração lipídica foi realiza por saponificação e esterificação direta das amostras segundo O’Fallon et al. (2007), com adaptações. Aproximadamente 0,5 g de cada amostra de farelo de arroz foi saponificada com KOH 0,5 M em metanol a 80 °C por uma hora para posterior esterificação com H2SO4 1,0 M em metanol sob aquecimento de 80 °C por uma hora. Logo após a formação dos ésteres, foi utilizado 2 mL de hexano para recuperação dos ésteres metílicos derivados. Estes foram então analisados em cromatógrafo gasoso equipado com o detector de ionização de chama (FID) e coluna capilar Supelco SP2340 (60 m x 0,25 mm x 0,2 µm). As temperaturas do detector e do injetor foram de 260 ºC e 240 ºC, respectivamente. A programação de aquecimento da coluna foi iniciada com 140 ºC por 5 min. e aumento gradual de 4 ºC por minuto até a temperatura final de 240 ºC, permanecendo assim por 5min. O fluxo de gás de arraste (H2) foi de 17 mL.min-1. O volume de injeção foi de 0,5 µL com razão de split de 1:100. A identificação dos picos, assim como a quantificação, foi feita pela comparação dos tempos de retenção e da área dos picos das amostras com as de padrões de ésteres metílicos de ácidos graxos (Supelco 37 components FAMEs Mix, ref. 47885-U).

A análise estatística foi realizada através da análise de variância (ANOVA) e comparação das médias de lipídios totais pelo teste Tukey a nível de confiança de 95% (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados dos valores médios de lipídios totais dos farelos das 17 amostras

obtidas a partir do polimento de arroz, tendo a linhagem SC 559 com maior teor (18,66%), valor este significativo quando comparado com o obtido na linhagem SC 527 com menor concentração de óleo (11,41%). Apesar dessa linhagem apresentar maior concentração de óleo de arroz em seu farelo em relação à SC 527, a mesma não apresentou diferença significativa em comparação a maioria dos farelos dos demais genótipos (Tabela1)

Tabela 1. Conteúdo (%) de lipídios totais em massa seca e respectiva composição em ácidos graxos (%) da fração lipidica de farelo de arroz de diferentes genótipos de arroz irrigado desenvolvidos pela Epagri.

Genótipos Lipídios (%)

C14 (%)

C16 (%)

C18 (%)

C18:1 (%)

C18:2 (%)

C18:3 (%)

TAGS (%)

TAGI (%)

Epagri 108 14,81bc* 0,30 20,95 1,60 42,27 33,39 1,49 22,84 75,67 SCS 114 Andosan 16,96ab 0,29 20,86 1,59 42,29 33,53 1,43 22,74 75,83 SCS 116 Satoru 14,52bc 0,32 19,83 2,03 44,62 32,04 1,18 22,17 76,65 SCS 117 CL 15,72ab 0,29 20,36 1,59 43,17 33,12 1,46 22,24 76,29 SC 471 16,73ab 0,28 20,56 1,70 42,98 32,97 1,52 22,53 75,94 SC 504 15,41ab 0,30 19,88 1,62 43,86 32,98 1,35 21,80 76,84 SC 527 11,41c 0,42 18,73 2,04 43,38 33,72 1,71 21,20 77,10 SC 548 17,19ab 0,43 20,43 1,66 43,94 32,03 1,51 22,51 75,97 SC 557 15,89ab 0,42 20,85 1,56 42,86 32,83 1,49 22,82 75,69 SC 559 18,66a 0,33 20,24 1,50 43,96 32,51 1,47 22,06 76,47 SC 583 15,71ab 0,29 20,79 1,58 42,37 33,53 1,44 22,67 75,90 SC 584 17,05ab 0,25 20,43 1,77 42,24 33,82 1,49 22,45 76,06 SC 587 16,46ab 0,27 20,34 1,67 43,53 32,67 1,52 22,28 76,20 SC 591 15,95ab 0,27 20,51 1,71 42,96 33,02 1,53 22,49 75,97 SC 596 16,82ab 0,30 21,49 1,61 41,47 33,67 1,47 23,40 75,13 SC 598 17,55ab 0,26 20,56 1,69 43,73 32,42 1,36 22,50 76,14 SC 605 14,76bc 0,25 20,33 1,73 44,32 31,99 1,39 22,31 76,31

Valor Médio Desvio Padrão Valor Máximo Valor Mínimo

0,31 20,45 1,67 43,15 32,97 1,45 22,43 76,12 0,06 0,56 0,15 0,81 0,59 0,11 0,45 0,44 0,43 21,49 2,04 44,62 33,82 1,71 23,40 77,10 0,25 18,73 1,50 41,47 31,99 1,18 21,20 75,13

TAGS: Total de ácidos graxos saturados TAGI: Total de ácidos graxos insaturados *Médias com letras iguais na mesma coluna, não diferem entre si estatisticamente (p<0,05).

Page 43: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

652

Elevadas variações, em decorrência da origem, podem ser encontradas para a

composição química do farelo de arroz. Em avaliações de produtos oriundos dos EUA, Espanha, Itália, Japão, México, Nepal e Sri Lanka em estudos realizado por Bermudes (1994), apresentaram teores de de lipídios variando de 12,8 a 22,6%. O conteúdo de lipídios do farelo de arroz, aliado ao seu baixo valor comercial, potencializa sua aplicabilidade de matéria-prima para de extração de óleo comestível (SILVA, SANCHES e AMANTE, 2001).

Os ácidos graxos insaturados foram predominantes, com destaque aos ácidos oléico (C18:1) e linoléico (C18:2). Dentre os ácidos graxos saturados o ácido palmítico (C16:0) foi o que apresentou maior percentagem. Os perfis dos ácidos graxos são semelhantes aos relatados por Zambiazi (1997), com o ácido palmítico (C16) variando entre 14 e 17%, ácido esteárico (C18) entre 2,0 e 2,5%, ácido oléico (C18:1) entre 40,0 e 45,0%, ácido linoléico (C18:2) entre 35,0 e 37,0% e o ácido linolênico (C18:3) variando entre 1,0 e 2,0%. A composição em ácidos graxos em óleo de arroz também foram semelhantes aos encontrados por Rukmini e Raghuram (1991) com 38,4% para o ácido oléico, 34,4% para o ácido linoléico, 2,2% para o ácido linolênico e 21,5% para o ácido palmítico e 2,9% ácido esteárico (C18). Os ácidos graxos insaturados linolênico, linoléico e oléico são enquadrados nas categorias ômega-3, 6 e 9, respectivamente. Os ácidos linolênico, linoléico são considerados ácidos graxos essenciais e como não podem ser sintetizados pelo organismo humano devem ser ingeridos através da dieta (SILVA, SANCHES e AMANTE, 2001)

O pefil de ácidos graxos da fração lipídica do farelo de arroz, apresentou-se bem distribuido e especialmente centrado em ácido oléico e linoléico, que comprovadamente trazem benéfico à saúde quando ingeridos. Conhecer o perfil de ácidos graxos dos diferentes genótipos de arroz desenvolvidos no país, pode ajudar a agregar valor através dos benefícios a saúde que a utilização regular desse óleo pode resultar.

CONCLUSÃO As cultivares e linhagens desenvolvidas pela Epagri apresentam considerável teor

de lipídios totais, com ênfase para a linhagem SC 559. Os ácidos graxos insaturados foram predominantes, com destaque aos ácidos oléico (C18:1) e linoléico (C18:2). No Brasil, a utilização do farelo de arroz para consumo humano é ainda muito reduzida. Resultados como os relatados no presente trabalho, podem ajudar a tornar mais efetiva sua utilização, ou de seus subprodutos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS (AOAC) Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 17 th Ed., Washington D.C., 2000. BERMUDES, R. F. Avaliação do farelo de arroz integral em rações para terneiros holandês e Jersey desaleitados precocemente. Pelotas, 1994. 242 p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia), Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Pelotas. CARVALHO, J.L.V. de; VIEIRA, N.R. de A. A cultura do arroz no Brasil: usos alternativos. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1999. p.605-621. DANIELSKI, L.; ZETZL, C.; HENSE, H.; BRUNNER, G. A process line for the production of raffinated rice oil from rice bran. Journal of Supercritical Fluids, v.34, p. 133–141, 2005. JARIWALLA, R.J. Rice-bran products: phytonutrients with potential applications in preventive and clinical medicine. Drugs under Experimental and Clinical Research, n.27, p. 17-26, 2001. PARRADO, J.; MIRAMONTES, E.; JOVER, M.; GUTIERREZ, J. F.; TERÁN, L. C. DE; BAUTISTA, J. Preparation of a rice bran enzymatic extract with potential use as functional food. Food Chemistry, v.98, p.742–748, 2006.

Page 44: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

653

O’FALLON, J.V.; BUSBOOM, J.R.; NELSON M. L.; GASKINS, C.T.A. Direct method for fatty acid methyl ester synthesis: Application to wet meat tissues, oils, and feedstuffs. Resultados da pesquisa. Journal of Animal Science, v.85, p.1511-1521, 2007. RUKMINI, C; RAGHURAM, T.C. Nutritional and biochemical aspects of the hypolipidemic action of rice bran oil: a review. Journal of the American College of Nutrition, v.10, n.6, p.593-601, 1991. SAUNDERS, R.M. The properties of rice bran as a foodstuff. Cereal Foods World, v.7, n.35, p.632-636, 1990. SILVA, M.A. da; SANCHES, C.; AMANTE, E.R. Farelo de arroz composição e propriedades. Óleos & Grãos, v. 10, n. 61, p. 34-42, 2001. ZAMBIAZI, R. The role of endogenous lipid components on vegetable oil stability. Manitoba/Canadá, 1997. 304 f. Thesis (Doctor of Philosophy), Food and Nutritional Sciences Interdepartmental Program, University of Manitoba.

Page 45: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

654

PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES EM FARELO DE ARROZ DE DISTINTOS GENÓTIPOS

Fabiano Cleber Bertoldi1; Moacir Antonio Schiocchet2; José Alberto Noldin3, Luciano Gonzaga4; Roseane Fett5

Palavras-chave: compostos fenólicos, atividade antioxidante, radicais livres

INTRODUÇÃO Os compostos fenólicos são os principais grupos de metabólitos secundários

produzidos pelas plantas, em resposta a estresses causados por fatores edafoclimáticos ou mesmo por agressores, como insetos e microrganismos (KEUTGEN; PAWELZIK, 2007). São compostos naturais comumente encontrados em muitos cereais, sendo que as maiores concentrações estão localizadas nas camadas externas do grão (pericarpo), que constituem propriamente o farelo de arroz (BAUBLIS et al., 2002). Entretanto as concentrações destes compostos depende do grau de polimento, do tratamento do grão antes do processamento, do sistema de beneficiamento e do genótipo (SAUNDERS, 1990).

Os fenólicos possuem considerável atividade biológica antioxidante atribuída à capacidade de sequestro de radicais livres, que são a principal causa de muitas doenças crônicas humanas, como câncer e doenças cardiovasculares. (MOREIRA; MANCINI-FILHO, 2004).Os benefícios de saúde de grãos de cereais têm implicações significativas para a melhoria da qualidade alimentar, nomeadamente através de aplicações em alimentos funcionais e nutracêuticos (ABDUL-HAMID e LUAN, 2000; TRUSWELL, 2003).

Os componentes benéficos do farelo de arroz compreendem, além dos compostos fenólicos, esteróis, álcoois superiores, gama-orizanol, tocoferóis e tocotrienóis (AGUILAR-GARCIA et al., 2007). Sendo assim, o farelo de arroz pode ser uma boa fonte de compostos antioxidantes, bem como de minerais, proteínas, óleo e vitaminas (PARRADO et al., 2006). Sua injestão, já foi relacionada com benefícios à saúde na prevenção de diferentes disfunções como, câncer, hiperlipidemia, hipercalciúria, cálculos renais em crianças e para doenças cardíacas (JARIWALLA, 2001). Mesmo com características nutricionalmente desejáveis, ainda é um subproduto que destina-se quase que exclusivamente para alimentação animal (PARRADO et al., 2006). No Japão, Estados Unidos e países da Europa, o farelo de arroz é consumido em decorrência do reconhecimento de suas propriedades.(SILVA, SANCHES e AMANTE, 2001).

Este trabalho tem como finalidade avaliar o teor de compostos fenólicos solúveis totais e a atividade antioxidante das principais cultivares e linhagens de arroz irrigado desenvolvidas pela Epagri, visando a valorização deste subproduto agroindustrial.

MATERIAL E MÉTODOS As amostras de farelo de arroz foram obtidas a partir do beneficiamento do cereal

das cultivares lançadas e das linhagens em avaliação na Estação Experimental de Itajaí da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Foram avaliados farelos de quatro cultivares (Epagri 108, SCS 114 Andosan, SCS 116 Satoru, SCS 117 CL) e 13 linhagens (SC 471, SC 504, SC 527, SC 548, SC 557, SC 559, SC 583, SC 584, SC 587, SC 591, SC 596, SC 598, SC 605) de arroz irrigado.

1 Doutor em Ciência dos Alimentos, Estação Experimental de Itajaí - Epagri, Rod. Antônio Heil, km 6, CP 277, 88301-970. E-mail: [email protected] 2 Doutor em Agronomia, Estação Experimental de Itajaí – Epagri. E-mail: [email protected] 3 Ph. D. em Agronomia, Estação Experimental de Itajaí – Epagri e Pesquisador do CNPq. E-mail: [email protected] 4Técnico em Saneamento, Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos – UFSC. E-mail: [email protected] 5 Doutora em Química Orgânica, Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos – UFSC. E-mail: [email protected]

Page 46: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

655

O beneficiamento foi realizado em porções de 100 g de amostra de arroz em casca em engenho de provas Suzuki (modelo MT 96) para descascamento, e polidas, com tempo de permanência no brunidor de 1 min. As análises foram realizadas em triplicata.

Para obtenção dos extratos, as amostras foram preparadas com 1 g de farelo e 10 mL de metanol acidificado (0,1% HCl) em banho de ultra-som pelo tempo de 30 min, à temperatura ambiente (± 25 °C). Os extratos foram filtrados com papel filtro Whatman nº 1 e posteriormente analisados. Estes extratos foram usados para análise de compostos fenólicos solúveis totais e atividade antioxidante.

O conteúdo total de fenólicos em cada extrato foi determinado espectrofotometricamente de acordo com o método de Folin-Ciocalteu (ROSSI; SINGLETON, 1965), com a leitura da absorbância em 765 nm.

Para a determinação da atividade antioxidante foi realizado o método de sequestro de radicais DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) utilizando metodologia descrita por Kim et al. (2002). A leitura foi realizada no comprimento de onda de 515 nm e os resultados foram expressos em µMol de equivalente Trolox em g de massa seca.

A análise estatística foi realizada através da análise de variância (ANOVA) e comparação das médias dos parâmetros analisados pelo teste Tukey a nível de confiança de 95% (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO A concentração de compostos fenólicos solúveis totais não diferiu significativamente

entre os genótipos (Tabela 1). Resultados semelhantes foram obtidos por Chotimarkorn, Benjakul e Silalai (2008), com concentrações de polifenóis em farelo de arroz variando entre 220 e 320 mg EAG 100g-1 em cultivares analisadas na Tailândia.

Foi observado que a atividade antioxidante, expressa como equivalente Trolox (ET), diferiu significativamente entre os genótipos avaliados (Tabela 1). O menor valor foi para o o o extrato obtido do farelo do genótipo SC 587, três vezes menor do que aquele observado para o farelo da linhagem SC 591.

Tabela 1. Concentração de compostos fenólicos solúveis totais (CFST) e atividade antioxidante (AA) nos farelos de diferentes genótipos de arroz desenvolvidos pela Epagri, resultados expressos como média ± desvio padrão.

Genótipos CFST (mg EAG 100g-1)1 AA (µMol ET g-1)2 Epagri 108 315,94 ± 2,68a* 4,79 ± 0,08abc SCS 114 Andosan 329,55 ± 64,30a 5,59 ± 0,13a SCS 116 Satoru 343,68 ± 68,61a 3,77 ± 1,02bcd SCS 117 CL 319,52 ± 9,37a 4,87 ± 0,29abc SC 471 302,75 ± 42,48a 4,51 ± 0,69abc SC 504 270,23 ± 15,00a 3,79 ± 0,16bcd SC 527 311,81 ± 2,89a 2,62 ± 0,41 de SC 548 377,37 ± 7,21a 4,00 ± 0,17 bcd SC 557 312,45 ± 77,17a 4,59 ± 0,21abc SC 559 385,01 ± 43,31a 5,12 ± 0,14ab SC 583 294,99 ± 10,14a 5,70 ± 0,13a SC 584 363,16 ± 6,43a 3,51 ± 0,05cd SC 587 267,51 ± 11,25a 1,72 ± 0,31 e SC 591 388,27 ± 7,67a 5,87 ± 0,20 a SC 596 338,57 ± 3,62a 5,20 ± 0,20 ab SC 598 303,96 ± 53,82a 3,91 ± 0,19bcd SC 605 321,33 ± 55,09a 4,49 ± 0,15abc

1compostos fenólicos solúveis totais, expresso como mg de equivalente ácido gálico -EAG- por 100g de farelo de arroz,base massa seca; 2atividade antioxidante, expresso como µMol de equivalente Trolox -ET- por g de farelo de arroz, base massa seca; *médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Page 47: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

656

A atividade antioxidante dos extratos apresentou correlação positiva (R2=0,1658) em

relação a concentração de compostos fenólicos solúveis totais (Figura 1). No entanto não foi uma correlação forte, indicando que os compostos fenólicos não são o único contributo importante para a atividade antioxidante. Provavelmente, além dos compostos fenólicos outros fitoquímicos exerçam contribuição na atividade antioxidante no farelo de arroz, como os carotenóides, tocoferois e gama-orizanol (CHOI et al., 2007; XU et al., 2001).

Figura 1. Correlação entre a atividade antioxidante e a concentração de compostos fenólicos solúveis totais nos farelos de diferentes genótipos de arroz desenvolvidos pela Epagri. Compostos fenólicos solúveis totais expressos como mg de equivalente ácido gálico -EAG- por 100g de farelo, base massa seca. Atividade antioxidante expressa como µMol de equivalente Trolox -ET- por g de farelo, base massa seca.

CONCLUSÃO Todos os genótipos apresentam compostos fenólicos solúveis totais nos farelos e

atividade antioxidante, havendo equivalência nas concentrações dos primeiros e grande variações na atividade antioxidante, havendo possibilidade de utilizar estimativas de suas concentrações como bons parâmetros para a avaliação de qualidade de um produto benéfico à saúde humana, o que pode auxiliar no aumento da utilização do farelo de arroz para consumo humano, que ainda é muito reduzida.

Page 48: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

657

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDUL-HAMID, A.; LUAN, Y. S. Functional properties of dietary fibre prepared from defatted rice bran. Food Chemistry, v.68, p.15–19, 2000. AGUILAR-GARCIA, C.; GAVINO, G.; BARAGAÑO-MOSQUEDA, M.; HEVIA, P.; GAVINO, V. Correlation of tocopherol, tocotrienol, (g-oryzanol and total polyphenol content in rice bran with different antioxidant capacity assays. Food Chemistry, v.102, p.1228–1232, 2007. BAUBLIS, A.J.; LU, C.; CLYDESDALE, F.M.; DECKER, E. A.. Potential of wheat-based breakfast cereals as a source of dietary antioxidants. Journal of the American College of Nutrition, v.19, p.308S–311S, 2002. CHOI, Y.; JEONG, H.S.; LEE, J. Antioxidant activity of methanolic extracts from some grains consumed in Korea. Food Chemistry, v.103, p.130–138, 2007. CHOTIMARKORN, C.; BENJAKUL, S.; SILALAI, N. Antioxidant components and properties of five long-grained rice bran extracts from commercial available cultivars in Thailand. Food Chemistry, v.111, p.636–641, 2008. JARIWALLA, R.J. Rice-bran products: phytonutrients with potential applications in preventive and clinical medicine. Drugs under Experimental and Clinical Research, v.27, p.17-26, 2001. KEUTGEN, A.J.; PAWELZIK, E. Modifications of Strawberry fruit antioxidant pools and fruit quality under NaCl stress. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 55, p. 4066- 4072, 2007. KIM, D-O.; LEE, K.W.; LEE, H.J.; LEE, C.Y. Vitamin C equivalent antioxidant capacity (VCEAC) of phenolics phytochemicals. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 50, p. 3713 - 3717, 2002. MOREIRA, A.V.B.; MANCINI-FILHO, J. Influência dos compostos fenólicos de especiarias sobre a lipoperoxidação e o perfil lipídico de tecidos de ratos. Revista de Nutrição, v. 17, p. 411-424, 2004. PARRADO, J.; MIRAMONTES, E.; JOVER, M.; GUTIERREZ, J. F.; TERÁN, L. C. DE; BAUTISTA, J. Preparation of a rice bran enzymatic extract with potential use as functional food. Food Chemistry, v.98, p.742–748, 2006. ROSSI, J.A.J.; SINGLETON, V.L. Colorimetry of total phenolics with phosphomolybdic phosphotungstic acid reagents. American Journal of Enology and Viticulture, v.16, p.144-158, 1965. SAUNDERS, R.M. The properties of rice bran as a foodstuff. Cereal Foods World, v.7, n.35, p.632-636, 1990. SILVA, M.A. da; SANCHES, C.; AMANTE, E.R. Farelo de arroz composição e propriedades. Óleos & Grãos, v.10, n.61, p.34-42, 2001. XU, Z.; HUA, N.; GODBER, J.S. Antioxidant activity of tocopherols, tocotrienols, and g-oryzanol components from rice bran against cholesterol oxidation accelerated by 2,20-azobis(2-methylpropionamidine) dihydrochloride. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.49, p.2077–2081, 2001. TRUSWELL, A. S. Cereal grains and coronary heart disease. European Journal of Clinical Nutrition, v.56, p.1–14, 2003.

Page 49: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

658

RELAÇÃO AMILOSE VERSUS PROTEÍNA NA QUALIDADE TECNOLÓGICA DE GRÃOS DE ARROZ

Bruna Mendonça Alves1; Fernanda Teixeira Macagnan2; Leila Picolli da Silva3, Carlos Alberto Fagundes4

Palavras-chave: Oryza sativa, amilose, proteína, características tecnológicas,

INTRODUÇÃO O Arroz (Oryza sativa) é um dos cereais mais produzidos e consumidos no mundo,

caracterizando-se como principal alimento para mais da metade da população mundial (Walter, 2008). É considerada a principal fonte de energia da dieta, pelo seu elevado teor em amido (normalmente acima de 85%). Embora o seu valor protéico seja menos expressivo (4,3 a 18,2% - COFFMAN & JULIANO, 1987), maiores teores deste nutriente podem trazer melhorias significativas na condição alimentar de populações que tem este cereal como ingrediente majoritário da dieta; as quais geralmente pertencem a países em desenvolvimento, onde o principal problema alimentar é justamente o déficit protéico em relação ao total de energia consumida (KENNEDY et al., 2002).

O amido é composto por dois polímeros: a amilose e amilopectina. Com base no teor de amilose, tem-se cultivares de arroz com baixo (< 22%), intermediário (23 até 27%) e alto teor de amilose (acima de 25%) (SOSBAI, 2007). De maneira geral quanto maior o teor de amilose no grão, mais firme é a textura após o cozimento, o que é lhe confere melhor característica tecnológica, desejável pelo mercado consumidor. Neste sentido, o teor de amilose tem sido adotado como um dos fatores determinantes na seleção genética de novas cultivares (BASSINELLO, 2004; BARATA, 2005).

No entanto, estudos/observações preliminares tem demonstrado que independente do teor de amilose, grãos de arroz com maior concentração protéica também tendem a demonstrar características tecnológicas positivas quanto a textura após cocção, levando a supor que a medida de concentração protéica destes grãos também deve ser considerada como característica tecnológica desejável na sua seleção genética. Aliado a este fato, também foi observado que para um mesmo cultivar submetido a doses crescentes de adubação nitrogenada, o teor de proteína foi inversamente proporcional ao de amilose (ALVES et al., 2009).

Diante do exposto, o presente trabalho foi desenvolvido no sentido de caracterizar e estudar a relação entre teores de amilose e proteína em grãos de diferentes linhagens de arroz.

MATERIAL E MÉTODOS Foram analisadas 395 amostras de diferentes linhagens de arroz, produzidas na

Estação Experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA/Cachoeira/RS), na safra agrícola de 2008/2009. As amostras foram beneficiadas de forma convencional (arroz polido), descascadas em engenho de provas Suzuki, modelo MT 96 e polidas, com o tempo de permanência no brunidor de 1,5 min. Posteriormente, os grãos foram moídos (< 1mm) para as análises de matéria seca (105°C/12h), conforme a AOAC (1995); proteína bruta utilizando Analisador Elementar (modelo FlashEA 1112 marca Thermo Electron) e amilose 1 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Avenida Roraima, n° 1000, Centro de Ciências Rurais, Departamento de Fitotecnia, Bairro Camobi, Santa Maria/RS, Brasil, 91119-900, email para correspondência: [email protected] 2 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos UFSM, email: [email protected] 3 Professora do Departamento de Zootecnia, Centro de Ciências Rurais, UFSM, email: [email protected] 4 Pesquisador do Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA, email: [email protected]

Page 50: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

659

segundo JULIANO (1971), modificado por MARTINEZ & CUEVAS (1989). Todas análises foram realizadas em duplicata.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura 1 demonstra correlação negativa entre os níveis de proteína e amilose,

indicando provável “competição” entre a deposição dessas estruturas durante a formação do grânulo de amido, o quê não necessariamente influenciará sobre suas características tecnológicas. Conforme estudo realizado por ALFONSO et al. (2005) foi verificado que grãos de genótipos com maior teor de proteína e com menor teor de amilose não são prejudicados quanto às características de cocção quando comparados aqueles com elevado teor de amilose, demonstrando o efeito secundário da proteína sobre esta característica tecnológica.

Grãos de arroz com altos teores de proteína apresentam menor absorção de água durante a cocção, comparados aos que possuem baixos teores (HAMAKER, 1994). Isso pode ocorrer porque o maior teor de proteína forma uma espessa barreira ao redor do grânulo de amido, retardando assim, a absorção de água pelo grânulo.

Além de não prejudicar ou até mesmo melhorar as características tecnológicas, deve-se também ressaltar que o aumento do teor protéico nos grãos de arroz pode ser usado como característica nutricional de extrema relevância para o combate a desnutrição causada pelo desbalanço de nutrientes da dieta, elevando o status mercadológico e importância alimentar deste cereal.

Figura 1. Correlação entre teores de amilose e proteína em 395 linhagens diferentes de arroz.

Correlação entre teores de amilose e proteína em linhagens de arroz

y = -0,1786x + 14,816R = - 0,4330

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

14 16 18 20 22 24 26 28 30 32

Amilose (% no grão)

Prot

eína

bru

ta (%

no

grão

)

CONCLUSÃO De acordo com os resultados obtidos no presente trabalho, aliados à observações

da literatura, sugere-se que o teor de proteína também seja considerado como característica importante na seleção de linhagens comerciais de arroz, pois este fato poderá aliar melhorias no status nutricional deste commodity agrícola.

Page 51: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

660

AGRADECIMENTOS Ao IRGA pela concessão das amostras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALFONSO et al , Aporte de Genotipos de Arroz que combinan niveles diferenciale de proteina y amilosa a la calidad industrial y culinária. Anais. IV Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, Sementes e Agroindústria, p. 314 – 316, 2005.

ALVES, B.M.; MENDES, H.; FERRÃO, T.S.; GOLOMBIESKI, J.I.; SILVA, L.S.; SILVA, L.P.; POCOJESKI, E.; FAGUNDES, C.A. Adubação nitrogenada na qualidade tecnológica de grãos de arroz irrigado. In: VI Congresso de Arroz Irrigado, 2009, Porto Alegre. CD Rom. Porto Alegre: IRGA, 2009.

BARATA, T.S. Caracterização do consumo de arroz no Brasil: um estudo na Região Metropolitana de Porto Alegre, 2005, 93 p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

BASSINELLO, P. Z.; ROCHA, M.S. da; COBUCCI, R.M.A. Avaliação de Diferentes Métodos de Cocção de Arroz de Terras Altas para Teste Sensorial. Comunicado Técnico. Santo Antônio de Goiás, GO Dezembro, 2004.

COFFMAN, W.R.; JULIANO, B.O. Rice. In: Olson, R.A.; Frey, K.J. Nutritional quality of cereal grains: Genetic and agronomic improvement. Madison: American Society of Agronomy, cap.5, p. 101-131, 1987.

HAMAKER, B.R. The Influence f Rice Protein on Rice Quality. In: Rice Science and Technology; Marshall, W. E.; Wadsworth, J. I. Editora Dekker: New York, 1994; p. 177 − 194.1994.

JULIANO, B. O. A simplfied assay for milled-rice amylose. Cereal Science Today, v. 16, n. 10, p. 334-340, 197.

KENNEDY, G.; BURLINGAME, B.; NGUYEN, V.N.; Nutritional Contribuition of rice: impact of biotechnology and biodiversity in rice-consuming countries. Bangkok: The International Rice Commission – Twentieth Session, 2002.

MARTINEZ, C.; CUEVAS, F. Evalución de La calidad culinária y molinera Del arroz. Guia de estudo do Centro Internacional de Agricultura Tropical – CIAT, 1989.

SOSBAI - SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGARO. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Pelotas: SOSBAI, 2007. 159 p.

ALFONSO et al , Aporte de Genotipos de Arroz que combinan niveles diferenciale de proteina y amilosa a la calidad industrial y culinária. Anais. IV Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, Sementes e Agroindústria, p. 314 – 316, 2005. ALVES, B.M.; MENDES, H.; FERRÃO, T.S.; GOLOMBIESKI, J.I.; SILVA, L.S.; SILVA, L.P.; POCOJESKI, E.; FAGUNDES, C.A. Adubação nitrogenada na qualidade tecnológica de grãos de arroz irrigado. In: VI Congresso de Arroz Irrigado, 2009, Porto Alegre. CD Rom. Porto Alegre: IRGA, 2009.BARATA, T.S. Caracterização do consumo de arroz no Brasil: um estudo na Região Metropolitana de Porto Alegre, 2005, 93 p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. BASSINELLO, P. Z.; ROCHA, M.S. da; COBUCCI, R.M.A. Avaliação de Diferentes Métodos de Cocção de Arroz de Terras Altas para Teste Sensorial. Comunicado Técnico. Santo Antônio de Goiás, GO Dezembro, 2004.COFFMAN, W.R.; JULIANO, B.O. Rice. In: Olson, R.A.; Frey, K.J. Nutritional quality of cereal grains: Ge-netic and agronomic improvement. Madison: American Society of Agronomy, cap.5, p. 101-131, 1987.HAMAKER, B.R. The Influence f Rice Protein on Rice Quality. In: Rice Science and Technology; Marshall, W. E.; Wadsworth, J. I. Editora Dekker: New York, 1994; p. 177 − 194.1994.JULIANO, B. O. A simplfied assay for milled-rice amylose. Cereal Science Today, v. 16, n. 10, p. 334-340, 197.KENNEDY, G.; BURLINGAME, B.; NGUYEN, V.N.; Nutritional Contribuition of rice: impact of biotechnol-ogy and biodiversity in rice-consuming countries. Bangkok: The International Rice Commission – Twentieth Session, 2002.MARTINEZ, C.; CUEVAS, F. Evalución de La calidad culinária y molinera Del arroz. Guia de estudo do Centro Internacional de Agricultura Tropical – CIAT, 1989.SOSBAI - SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGARO. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Pelotas: SOSBAI, 2007. 159 p.

Page 52: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

661

TEMPO DE OPERAÇÃO, CONSUMO ENERGÉTICO E RENDIMENTO DE INTEIROS EM GRÃOS DE ARROZ SECADOS PELO MÉTODO

INTERMITENTE E EM SILO-SECADOR Volnei Luiz Meneghetti1; Carlos Alberto Alves Fagundes2; Jhony de Souza Amaral3,

Palavras-chave: secadores, qualidade, combustíveis,

INTRODUÇÃO A secagem é o processo mais econômico para a manutenção da qualidade de

produtos agrícolas durante a armazenagem em ambiente natural. Consiste na remoção do excedente de água que os produtos apresentam após o seu amadurecimento e colheita para um armazenamento seguro, a temperatura ambiente, sem que ocorra sua deterioração ou prejuízo de sua qualidade.

A importância da secagem de arroz aumenta com o incremento da produção, permite antecipar a colheita e períodos mais longos para o armazenamento sem o risco de deterioração, mantendo o poder germinativo das sementes, impede o desenvolvimento de microorganismos e insetos e minimiza a perda de produto no campo.

Dentre os sistemas de secagens utilizados para a secagem do arroz, destaca-se o intermitente e o estacionário. O intermitente, pelas características técnicas, operacionais e econômicas, é o mais recomendável para a secagem do arroz, devendo ser evitada a remoção brusca de umidade, que deve ser harmônica durante todo o processo, para evitar danos térmicos e mecânicos nos grãos. O método estacionário, mesmo utilizando aquecimento do ar em sua operação, proporciona uma secagem mais lenta e desuniforme, comparando com o método anterior, embora o uso desse sistema traga pouco dano mecânico ao grão e a necessidade de baixos investimentos em estrutura operacional.

Devido à importância econômica e social do arroz no mercado agrícola brasileiro que pode ser afetado pelo processo de secagem, a escassez de energia e o aumento do seu custo de produção remetem para a necessidade de mais estudos dos dois principais processos de secagens deste cereal.

A fim de avaliar a influência da secagem intermitente e da estacionária sobre qualidade do produto e o desempenho energético nestes processos foi realizado este experimento.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no período de março a abril de 2011, na Unidade de

Secagem Experimental da parceria IRGA - LIQUIGÁS, em Cachoeirinha-RS. Foram utilizados grãos de arroz da classe longo fino, produzido em sistema irrigado, com umidade inicial próxima a 20%, secados em um secador intermitente da marca Ferrabil modelo SA1000-LAB com capacidade estática para uma tonelada e um silo secador-armazenador de alvenaria com capacidade para cinco toneladas até a umidade de 12%. O grau de umidade foi determinado pelo método de estufa com circulação de ar natural a 105±3ºC, conforme Brasil (2009).

Para o secador intermitente foi acoplada uma fornalha a lenha para o aquecimento do ar de secagem. A vazão de ar foi de 66m³.min-1, a perda de carga na coluna de secagem de 25mmca e a temperatura de secagem de até 60ºC. Já para o secador estacionário, as condições psicrométricas do ar de secagem foram modificadas através da queima de gás

1 Engenheiro Agrícola, M.Sc, Instituto Rio Grandense do Arroz, Avenida Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, CEP:94.930-030, Cachoeirinha-RS, [email protected]. 2 Engenheiro Agrônomo, M.Sc, Instituto Rio Grandense do Arroz, [email protected]. 3 Técnico Agrícola, Instituto Rio Grandense do Arroz, [email protected].

Fagundes 27/5/11 21:18Formatted: Indent: First line: 1 cm

Page 53: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

662

liquefeito de petróleo (GLP), utilizando o princípio do equilíbrio higroscópico para grãos de arroz, fixado o valor em 12% de umidade. A vazão do ar de secagem foi de 4,13m³.min-1.t-1, e a perda de carga na massa de grãos de 128mmca.

O consumo total de energia na operação de secagem foi obtido a partir da medida das potências dos motores de acionamento dos sistemas de transporte e dos ventiladores (energia elétrica), onde se utilizou a relação de equivalência energética, sendo que 1kw corresponde a 860 quilocalorias, é adicionando também o combustível para o aquecimento do ar (energia térmica), onde a medida de massa foi convertida em calorias, através de seu Poder Calorífico Inferior (PCI).

O PCI da madeira foi consultado na bibliografia especializada (MILMAN, 2002), enquanto do GLP foi fornecido pela Liquigás. O consumo de lenha foi determinado, utilizando-se uma balança com capacidade de 50 kg (±0,1kg), e o consumo de GLP foi medido em m³, por um medidor volumétrico de diafragma modelo G-1,6 da marca LAO, que foi instalado próximo ao queimador, e posteriormente, transformado o valor em quilogramas. Ao final da secagem, as amostras de arroz foram armazenadas por 30 dias em sacos de 50 kg onde foram feitas as análises de rendimento de grãos inteiros beneficiados pelo processo convencional de branco polido, feito em engenho de provas marca Zaccaria , de acordo com os termos oficiais da Instrução Normativa nº 06/09 (BRASIL 2009).

Os resultados foram avaliados através de análise de variância, seguida do teste de Tukey, de comparação de médias, a 5% de significância (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1 – Consumo de energia e combustível, poder calorífico inferior (PCI), tempo

de secagem e rendimentos de grãos inteiros do arroz na secagem intermitente e estacionária.

Sistema de Secagem

Consumo de energia

Consumo combustível

PCI do combustível

Tempo de secagem

Grãos inteiros

(kcal.kg-1) (kg.h-1) (kcal.kg-1) (h.t-1) (%) Intermitente 300,72 a 14,08 a 3.400 b 6,0 b 55,61 b Estacionário 294,71 a 0,36 b 11.750 a 61,6 a 62,55 a

Médias aritméticas simples de três repetições, acompanhadas por letras diferentes minúsculas na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Verifica-se na Tabela 1 que o consumo de energia total nos dois sistemas de

secagens foi similar, havendo equivalência na eficiência energética entre os sistemas nas condições em que foi feito o experimento.

Também se verificou na Tabela 1, que o consumo horário de combustível foi maior na secagem intermitente, possivelmente pelo fato de a queima do GLP, utilizado na secagem estacionária, ser completa e possuir maior poder calorífico inferior. O tempo de secagem por tonelada de produto para o método estacionário foi 10 vezes maior que a do intermitente, isto porque a remoção de umidade neste processo ocorre em uma taxa muito menor, característico do mesmo, favorecendo assim, a obtenção de rendimento de grãos inteiros do arroz superior aos secos pelo outro processo (intermitente). Estes resultados também foram obtidos por outros autores para este cereal, (ELIAS, OLIVEIRA e SCHIAVON, 2010; SOSBAI, 2010).

Nas Figuras 1 e 2 aparecem os gráficos que representam a cinética de secagem e o comportamento da temperatura da massa de grãos, no decorrer das secagens obtida nos testes em que grãos de arroz foram secos em secador intermitente e estacionário respectivamente.

Nas Figuras 1 e 2 aparecem os gráficos que representam a cinética de secagem e o compor-tamento da temperatura da massa de grãos, no decorrer das secagens obtida nos testes em que grãos de arroz foram secos em secador intermitente e estacionário respectivamente.

Page 54: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

663

Figura 1 – Umidade e temperatura do arroz durante a secagem intermitente

Examinando-se a Figura 1, é possível observar que a variação de temperatura da massa de grãos apresentou comportamento inverso ao da variação da umidade dos grãos, ou seja, no início da secagem os valores de temperatura são menores, e na medida em que a umidade diminui a temperatura aumenta. Isso ocorre porque, no início do processo, o produto perde água com mais facilidade, consumindo mais energia para evaporação da água do que para aquecimento dos grãos. Na medida em que se aproxima do final da secagem, há mais dificuldade para retirar água do produto, ocorrendo então elevações de temperaturas dos grãos, por haver maior absorção de calor. Os valores de temperatura da massa de grãos nunca ultrapassaram 43°C em nenhuma das repetições. Isto demonstra que o manejo térmico dos grãos na operação de secagem foi adequado o que confirma observações de Rombaldi (1988) e Elias (1998; 2007).

Figura 2 – Umidade e temperatura do arroz durante a secagem estacionária

Observando-se a Figura 2 é possível verificar que na secagem estacionária, em silo secador-armazenador, com as condições psicrométricas do ar de secagem controladas por queimadores de GLP, ocorre uma redução gradual de umidade, a qual é mais acentuada nos primeiros 4 dias de operação e corresponde à água contida nas camadas periféricas dos grãos, diferentemente do que ocorre na secagem intermitente, quando este fenômeno é mais rápido. Estes resultados foram observados também por

Page 55: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

664

outros autores. (MILMAN, 2001; ELIAS, OLIVEIRA e SCHIAVON, 2010).

CONCLUSÃO

Considerando-se as condições em que foram feitos os experimentos, pode-se concluir que:

1) O sistema de secagem estacionário em silo secador-armazenador, apesar de mais lento, resultou em maiores percentuais de grãos inteiros.

2) O consumo de energia total (elétrica + térmica) nos dois sistemas de secagem foi similar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: DNDV/CLAV, 2009. 365p. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Comissão Técnica de Normas e Padrões. Instrução Normativa 06/09. Brasília, 2009. 25p.

ELIAS, M.C. Efeitos da espera para secagem e do tempo de armazenamento na qualidade das sementes e grãos do arroz irrigado. Pelotas, 1998. 164p. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, 1998.

ELIAS, M.C.; Pós-Colheita de Arroz: Secagem, Armazenamento e Qualidade. Pelotas: Editora Universitária UFPel, 2007. 437p.

ELIAS, M.C.; OLIVEIRA, M.; SCHIAVON, R.A. Qualidade de Arroz na Pós-Colheita: Ciência, Tecnologia e Normas. Pelotas: Editora Santa Cruz, 2010. 543p.

MILMAN, Mário José. Manejo da relação de intermitência e da temperatura do ar na secagem industrial do arroz. 2001. 96p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial)- Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

MILMAN, M.J. Equipamentos para pré-processamento de grãos. Pelotas: Editora Universitária da UFPel, 2002. 206p.

ROMBALDI, C.V. Condições de secagem e tempo de armazenamento na qualidade industrial do arroz (Oryza sativa L.). 1988. 124p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Faculdade de Agronomia "Eliseu Maciel", Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

SOSBAI - Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Porto Alegre: SOSBAI, 2010. 188p.

Page 56: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

665

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE ARROZ EM RESPOSTA A DIFERENTES PROFUNDIDADES DE SEMEADURA.

Fábio Schaun Harter1, Letícia dos Santos Hölbig2; Geri Eduardo Meneghello3; Cristiane Deuner4,

Demócrito Amorim Chiesa Freitas3 Palavras-chave: Oryza sativa L., Desempenho inicial, emergência, profundidade.

INTRODUÇÃO A cultura do arroz apresenta grande versatilidade e adaptabilidade a diferentes

condições de solo e clima. Sendo assim é considera uma espécie com crescente demanda, devido ao seu forte potencial no combate a fome mundial.

O arroz está sujeito a vários tipos de estresses abióticos, dentre os quais o da profundidade de semeadura, no entanto sabe-se que a percentagem de germinação e a rápida emergência das plântulas no campo constituem-se nos dois atributos mais importantes que caracterizam a qualidade fisiológica das sementes (MALONE, 2007).

Em qualquer cultivo, a profundidade de semeadura deve ser adequada para garantir a germinação das sementes, boa emergência de plântulas e bom rendimento de grãos. Para isto, as peculiaridades das sementes (tipo de germinação, tamanho, qualidade fisiológica e sanitária etc.), propriedades físico-químicas do solo (textura, temperatura, armazenamento de água, fertilidade, etc.), clima e manejo da cultura devem ser obedecidos (SILVA, 1992).

Nas semeaduras realizadas no período de setembro inicio de outubro devemos observar a profundidade de semeadura, pois semeaduras realizadas neste período com profundidade superior a 2,5 cm tende a ter desuniformidade no estande inicial e dificuldade na germinação da semente, estas causas ocorrem devido ao solo apresentar uma baixa temperatura a profundidade superiores a esta. Outro aspecto negativo seria o desenvolvimento de plantas indesejáveis, pois essas possuem maior adaptabilidade ao meio do que a planta de arroz.

O arroz vermelho caracteriza-se por apresentar maior longevidade quando as sementes são depositadas em profundidade maior (NOLDIN, 1995), e o desenvolvimento de sua parte aérea é superior ao cultivado quando submetido a esse estresse. Nesse sentido, acessos de arroz vermelho têm sido muito utilizados em estudos comparativos, pois possuem uma gama de genes ainda não identificados, que podem ser incorporados ao genoma do arroz cultivado conferindo benefícios, principalmente genes envolvidos no processo de germinação / emergência (AMARAL, 2010). O objetivo do trabalho foi verificar o efeito da profundidade de semeadura sobre o estabelecimento inicial de plântulas de arroz em diferentes cultivares.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM) da

Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no período de novembro de 2010 a janeiro de 2011. Foram utilizadas sementes de arroz (Oriza sativa L.) dos cultivares: IRGA 417,

1 Engenheiro Agrônomo, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Departamento de Fitotecnia, campus Universitário, Caixa Postal 354 – CEP 96001-970 Capão do Leão-RS. Email: [email protected] . 2 Engenheira Agrônoma, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes (UFPel). Email: [email protected] . 3 Engenheiro Agrônomo, Doutor do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. [email protected]; [email protected] 4 Bolsista de Iniciação Científica CNPQ. Email: [email protected]

Page 57: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

666

IRGA 424, IAS 12-9 Formosa, BRS Querência, Epagri 109, SCSBRS Tio Taka, SCS 114 Andosan, Inov CL, Avaxi CL, Sator CL. Todos os cultivares utilizados passaram por testes de germinação e vigor onde, observou-se germinação acima de 90% e vigor acima de 80%.

Para semeadura utilizou-se garrafas Pet com solo Planossolo Hidromórfico Eutrófico Solódico (STRECK et al., 2002), previamente marcadas nas diferentes profundidades: 1) 2,5 cm (testemunha); 2) 5 cm; 3) 7,5 cm; e, 4) 10 cm. As garrafas estavam dispostas sob uma proteção de sombrite com 80% de sombreamento. O delineamento experimental foi blocos casualizados, com 3 repetições, os tratamentos constituíram-se em uma combinação fatorial 10 cultivares x 4 profundidade de semeadura, os resultados foram submetidos a analise de variância e posteriormente regressão polinomial, com o auxilio do programa estatístico Winstat (MACHADO & CONCEIÇÃO, 2002). Todas as avaliações foram realizadas em 3 subamostras de 10 sementes por unidade experimental. Os parâmetros avaliados foram: Índice de Velocidade de Emergência (IVE) – realizou-se mediante a contagem diária do número de plântulas emergidas até estabilização do número das plântulas e o cálculo do índice de velocidade efetuado conforme Maguire (1962); Emergência de plântulas - avaliada conjuntamente com a determinação do índice de velocidade de emergência. As avaliações foram realizadas no vigésimo primeiro dia após a semeadura, computando-se o número de plântulas emergidas com comprimento não inferior a 5mm, conforme Nakagawa (1999); Área foliar - foram coletadas as plântulas provenientes da avaliação emergência, que foram avaliadas individualmente em um medidor de área foliar modeloLI 3100/Área Meter, sendo obtidos valores médios em cm2 para cada repetição.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na figura 1 estão apresentados os dados relativos a IVE dos cultivares submetidos

a diferentes profundidades de semeadura. É notório que para os dez cultivares todos responderam linearmente ao efeito da profundidade, ou seja, à medida que houve um aumento na profundidade de semeadura, observou-se redução no índice de velocidade de emergência.

Figura 1: Dados médios de índice de velocidade de emergência (%) dos cultivares: IRGA 417, IAS 12-9 Formosa, BRS Querência, IRGA 424, Epagri 109, Avaxi CL, SCSBRS Tio Taka, Inov CL, SCS 114 Andosan, Sator CL, submetidos a quatro profundidades de semeadura.

Page 58: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

667

Com exceção dos cultivares SCSBRS Tio Taka e Sator CL,(Figura 1) onde se observa que o índice de velocidade de emergência foi pouco influenciado até 5 cm de profundidade de semeadura, apresentando quedas mais acentuadas em profundidades maiores, ajustando-se desta forma a uma equação de regressão quadrática. Analisando os cultivares de maneira geral, pode-se observar certa tendência de uma resposta mais rápida para os cultivares híbridos em relação aos cultivares convencionais.

Quanto a emergência de plântula Figura 2 dentre os dez cultivares testados, apenas o híbrido Inov Cl não apresentou resposta significativa, no entanto, manteve elevadas porcentagens de emergência para todas as profundidades avaliadas. Na figura 2 os cultivares IRGA 417 e BRS Querência, quando semeados a 10 cm de profundidade não apresentaram resposta para emergência. Porem os demais cultivares apresentaram valores muito baixos de emergência quando semeados a 10 cm de profundidade.

Nota-se na Figura 2 que os cultivares híbridos e os cultivares SCSBRS Tio Taka e SCS 114 Andosan apresentam respostas mais contundentes que os demais, ou seja, podemos observar que mesmo a 10 cm de profundidade as porcentagens de emergência ainda são expressivas.

Figura 2: Dados médios de emergência (%) dos cultivares: IRGA 417, IAS 12-9 Formosa, BRS Querência, IRGA 424, Epagri 109, Avaxi CL, SCSBRS Tio Taka, Inov CL, SCS 114 Andosan, Sator CL, submetidos a quatro profundidades de semeadura.

Para a área foliar Figura 3 verifica-se o efeito negativo do aumento da

profundidade, pois nos cultivares IRGA 417, IAS 12-9 Formosa, BRS Querência, IRGA 424 e Epagri 109, observa-se valores inferiores a 2,5 cm2 os quais não aparecem nos demais cultivares analisados.

Na variável área foliar as plântulas de arroz sofreram redução significativa à medida que houve incremento na profundidade de semeadura. Dos dez cultivares testados 50% apresentaram manutenção da área foliar até 5 cm de profundidade de semeadura

Page 59: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

668

Figura 3: Dados médios da área foliar (IAF) dos cultivares: IRGA 417, IAS 12-9 Formosa, BRS Querência, IRGA 424, Epagri 109, Avaxi CL, SCSBRS Tio Taka, Inov CL, SCS 114 Andosan, Sator CL, submetidos a quatro profundidades de semeadura.

CONCLUSÃO Nos parâmetros analisados independentemente dos cultivares, todos sofreram

efeitos da profundidade de semeadura. Profundidades de até 5 cm de semeadura não afetam negativamente os índices de

velocidade de emergência, área foliar; e porcentagem de emergência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, F. P. Fragmentos de genes diferencialmente expressos durante a germinação/emergência do arroz sob estresse da profundidade. 2010. 44f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. 2010. MACHADO, A.; CONCEIÇÃO, A. R. Programa estatístico WinStat Sistema de Análise Estatístico para Windows. Versão 2.0. Pelotas: UFPel, 2002. MAGUIRE, J. D. Speed of germination- aid in selection and evaluation for seedling and vigour. Crop Science, Madison, v.2, n.1, p.176-177, 1962. MALONE, G. Relações bioquimicas e moleculares da germinação e emergência em arroz. 2007. 72f.Tese. (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. 2007. NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados no desempenho das plântulas. In.:KRZYZANOWSKI, F. C.; VIEIRA, R. D.; FRANÇA NETO, J.B. (ed). Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina:ABRATES,1999. p 2.1-2.24. NOLDIN, J. A. Characterization, seed longevity, and herbicide sensitivity of red rice (Oryza sativa L) ecotypes, and red rice control in soybeans [Glycine max (L.) Merr.1995. 218f. Thesis (PhD) – A&M University, Texas. 1995. SILVA, D. B. Profundidade de Semeadura do Trigo Nos Cerrados. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasilia, v. 27, n. 9, p. 1311-1317, 1992. STRECK, E. V.; KAMPF, N.; DALMOLIN, R. S. D.; KL,MT, E.; NASCIMENTO, P. C.; SCHNEIDER, P. Solos do Rio Grande do Sul, - Porto Alegre, EMATER/RS; UFRGS, 2002.

Page 60: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

669

ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS EM SEMENTES DE ARROZ EXPOSTAS AO FRIO NA FASE DE GERMINAÇÃO TRATADAS COM

TIAMETOXAM Andréia da Silva Almeida1; Francisco Amaral Villela2; Adilson Jauer 3,Geri Eduardo Meneghello4, Cristiane Deuner5

Palavras-chave: Oriza sativa, tiametoxam, tratamento sementes,

INTRODUÇÃO O arroz é cultivado nas mais diversas condições ambientais, porém quando comparado a outros cereais como a aveia ou o trigo, é muito mais sensível às baixas temperaturas ( Mertz et al., 2009)). A ocorrência de frio é um dos principais problemas para o cultivo do arroz irrigado no Rio Grande do Sul, já que a grande maioria das cultivares em uso é de origem tropical. A ocorrência de baixas temperaturas, aliadas à suscetibilidade dos materiais utilizados pode causar sérios danos no estabelecimento da lavoura, diminuindo o estande inicial e favorecendo por conseqüência o estabelecimento de plantas daninhas.A produtividade do arroz irrigado no Rio Grande do Sul tem sofrido fortes oscilações ao longo dos anos, ocasionadas, em parte, pelas condições climáticas, onde a ocorrência de baixas temperaturas tem sido um dos principais fatores determinantes dessa variabilidade nos níveis de produtividade (Mertz et al., 2009). Por outro lado, os controladores hormonais têm merecido cada vez mais atenção na agricultura à medida que as técnicas de cultivo evoluem, principalmente em culturas de alto valor. Os bioativadores são substâncias orgânicas complexas modificadoras do crescimento, capazes de atuar na transcrição do DNA na planta, expressão gênica, proteínas da membrana, enzimas metabólicas e nutrição mineral (Castro e Pereira, 2008). O inseticida tiametoxam tem demonstrado efeito positivo como o aumento da expressão do vigor, acúmulo de fitomassa , alta taxa fotossintética e raízes mais profundas (Cataneo, 2008).O objetivo desse trabalho foi avaliar a influência do tiametoxam na cultura do arroz e os potenciais benefícios que o tratamento possa proporcionar, quando as sementes de arroz são submetidas à baixa temperatura na fase de germinação e emergência.

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas sementes de três cultivares de arroz, duas endogâmicas ( IRGA 417, IRGA 424) e um hibrido (Avax R.) As cultivares tinham mesma qualidade fisiológica e foram avaliadas em relação à tolerância a baixa temperatura por meio do teste de germinação.As sementes foram tratadas com um produto comercial contendo 35 gramas de ingrediente ativo de tiametoxam por litro de produto. As sementes foram tratadas com cinco doses: Tratamento 1 - sementes não tratadas; Tratamento 2 – 100 ml de produto/100kg de semente; Tratamento 3 – 200 ml de produto/100kg de semente; Tratamento 4 – 300 ml de produto/100kg de semente e Tratamento 5 – 400 ml de produto/100kg de semente, previamente a semeadura. O teste de germinação foi realizado com três repetições, oito sub-amostras de 50 sementes (400 sementes por repetição) para cada cultivar. As sementes foram colocadas para germinar em rolos de papel umedecidos com quantidade de água equivalente a 2,5 vezes o peso do substrato, seguindo os critérios estabelecidos pelas Regras para Análise de

1 Doutoranda PPG Ciência e Tecnologia de Sementes, Universidade Federal de Pelotas, Campus Universitário s/n, Caixa Postal 354, CEP: 96010-900, [email protected] 2 Prof.Dr. PPG Ciência e Tecnologia de Sementes, Universidade Federal de Pelotas ([email protected]) 3Dr. Eng. Agrônomo, Syngenta ([email protected])

4 Dr. Eng.Agrônomo, Universidade Federal de Pelotas ([email protected]) 5 Graduanda do curso Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Pelotas ([email protected])

Page 61: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

670

Sementes (Brasil, 2009). Foram utilizadas cinco temperaturas de germinação, a saber: 25, 20, 18, 15 e 13 °C respectivamente. O teste de germinação nas temperaturas 25 e 20 ºC foram realizados no germinador, e nas tem peraturas 18, 15 e 13 ºC realizado em BOD. A contagem de plântulas normais foi realizada aos 7 dias após a semeadura para a temperatura de 25, 20 e 18° C e aos 21 dias para a temperatura de 15 e13ºC.Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado.As médias foram submetidas à análise de variância e regressão polinomial.

RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os resultados as sementes de arroz, cultivares BR IRGA 417, BR IRGA 424 e Avax R. tratadas com tiametoxam, apresentaram desempenho superior, em todas as temperaturas estudadas, em relação aos valores obtidos na dose zero (sem aplicação de tiametoxam), variando apenas a intensidade desta diferença devido à dose utilizada e a temperatura. Ao observar os dados apresentados na Figura 1, constata-se que as sementes tratadas apresentaram acréscimos significativos na Germinação em diferentes temperaturas. As temperaturas 15ºC e 13ºC foram as mais adversa, mas quando as sementes são tratadas independente da dose apresentam germinação superior a dose zero.Na dose de 200 mL/100 kg de sementes na temperatura de 15 ºC ocorreu um acréscimo de 21 pontos percentuais, já na temperatura de 13 ºC esse acréscimo foi de 37 pontos percentuais.Nas temperaturas de 25, 20 e 18 ºC esse aumento foi em média de 7 pontos percentuais quando comparadas com a dose zero.

Figura 1. Germinação (%), sementes de arroz cultivar BR IRGA 417, tratadas com tiametoxam sob diferentes temperaturas. Na Figura 2, podemos observar que as sementes tratadas com tiametoxam, nas diferentes temperaturas tiveram acréscimos positivos em relação a dose zero. Os resultados encontrados neste trabalho corroboram os obtidos por Castro et al.; 2007, trabalhando com soja e por Clavijo (2008) com arroz, ao afirmarem que sementes tratadas com tiametoxam tiveram sua germinação acelerada por estimularem a atividade de enzimas, além de terem apresentado estande e

Page 62: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

671

emergência mais uniforme e melhor arranque inicial. Também em sementes de soja, Cataneo (2008) observaram que o tiametoxam acelera a germinação, induz maior desenvolvimento do eixo embrionário, minimizando os efeitos negativos em situações de estresse.

Figura 2. Germinação (%), sementes de arroz cultivar BR IRGA 424, tratadas com tiametoxam sob diferentes temperaturas. De acordo com o que observa-se, na Figura 3, os resultados da cultivar Avax R, sementes de arroz hibrido vem ganhando espaço no mercado e se tornando uma importante ferramenta para viabilizar a orizicultura, por proporcionar acréscimos de 20% na produtividade das lavouras e permitir baixar a densidade de semeadura de 150 kg.ha-1 para 50 kg.ha-1.(MIELEZRSKI 2008). As sementes de arroz híbridas quando tratadas com tiametoxam apresentam aumentos em relação a dose zero.A dose 100mL/100 kg de sementes apresentou maiores acréscimos em relação as demais doses em todas temperaturas estudadas, sendo de 28 pontos percentuais na temperatura de 13ºC que é a mais drástica, comparando as doses 100mL/100kg de sementes com a dose zero.

Page 63: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

672

Figura 3. Germinação (%), sementes de arroz cultivar Avax R., tratadas com tiametoxam sob diferentes temperaturas.

CONCLUSÃO O tratamento de sementes de arroz com tiametoxam favorece positivamente a qualidade fisiológica das sementes. Independente da dose utilizada. O máximo de germinação foi obtido próximo a temperatura de 15ºC. As doses de 100 e 200 mL de produto / 100 kg de semente são mais eficientes para melhorar o desempenho fisiológico das sementes de arroz, independente da temperatura testada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes.http://www.agricultura.gov.br/images/MAPA/arquivos_portal/ACS/sementes_web.pdf CATANEO, A C. Ação do Tiametoxam (Thiametoxam) sobre a germinação de sementes de soja (Glicine Max.L): Enzimas envolvidas na mobilização de reservas e na proteção contra situação de estresse (deficiência hídrica, salinidade e presença de alumínio). Tiametoxam: uma revolução na agricultura brasileira. : Gazzoni, D.L. (Ed.)., 2008, p. 123-192. CASTRO, P. R. C. ; PEREIRA, M.A. . Bioativadores na agricultura. Tiametoxam: uma revolução na agricultura brasileira. : Gazzoni, D.L. (Ed.). 2008, p. 118-126. CASTRO, P. R. C. ; PITELLI, A.M.C.M. ; PERES, L.E.P. ; ARAMAKI, P.H. . Análise da atividade reguladora de crescimento vegetal de tiametoxam através de biotestes. Publicatio. UEPG (Ponta Grossa), v. 13, p. 25-29, 2007. MERTZ, L.M.; HENNING, F.A.; SOARES, R.C.; BALDIGA, R.F.;PESKE,F.B.; MORAES, D.M.Alterações fisiológicas em sementes de arroz expostas ao frio na fase de germinação. Revista Brasileira de Sementes, vol. 31, Nota científica, 2009. MIELEZRSKI, F; SCHUCH, L.O.B; PESKE, S.T; PANOZZO, L.E; CARVALHO, R.R; ZUCHI.J. Desempenho em campo de plantas isoladas de arroz híbrido em função da qualidade fisiológica das sementes. Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 3, p. 139-144, 2008

Page 64: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

673

TRATAMENTO DE SEMENTES DE ARROZ HÍBRIDO COM BIOATIVADOR, INSETICIDA, FUNGICIDA E AG3

Andréia da Silva Almeida1; Adilson Jauer 2; Francisco Amaral Villela3,Geri Eduardo Meneghello4, Cristiane Deuner5

Palavras-chave: Oriza sativa, tiametoxam, tratamento sementes,

INTRODUÇÃO O arroz (Oryza sativa L.) um dos cereais mais cultivados no mundo, com cerca de 590 milhões de toneladas, sendo o principal componente da cesta básica para a alimentação de mais da metade da população. No Brasil, a cultura corresponde a 20% da produção de grãos, sendo que 60% desta produção se concentram no estado do Rio Grande do Sul, com uma área total semeada em torno de 2.746,7 mil hectares, chegando em média a uma produtividade de 12.628,2 Kg.ha-1 (CONAB, 2011). Mas isso não é o bastante contando que essa produção não venha acompanhando um crescimento exponencial da população e conseqüentemente um aumento no consumo. Nos últimos seis anos, a produção mundial aumentou cerca de 1,09% ao ano, enquanto a população cresceu 1,32% e o consumo 1,27%, (Embrapa 2009).

Diante deste preocupante cenário mundial a semente de arroz híbrido vem ganhando espaço no mercado e se tornando uma importante ferramenta para viabilizar a orizicultura, por proporcionar acréscimos de 20% na produtividade das lavouras e permitir baixar a densidade de semeadura de 150 kg.ha-1 para 50 kg.ha-1.(MIELEZRSKI 2008). O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do tratamento de sementes com diferentes combinações de fungicidas, inseticidas e hormônios no desempenho fisiológico de sementes de arroz híbrida.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no Laboratório Didático de Análise de Sementes da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas-RS Foram utilizadas sementes da cultivar de arroz AVAX CL. As sementes foram submetidas a nove tratamentos com combinações de fungicidas, inseticidas e hormônios : Tratamento 1:sementes não tratadas; Tratamento 2: ácido giberélico+ 250 mL/100kg de sementes de vitavax;tiran+120 mL/100kg de sementes de Fipronil; Tratamento 3: ácido giberélico+ 250 mL/100kg de sementes de vitavax+tiran+120 mL/100kg de sementes de Fipronil+ 50 mL/100kg de sementes de tiametoxam; Tratamento 4: ácido giberélico+ 250 mL/100kg de sementes de vitavax+tiran+120 mL/100kg de sementes de Fipronil+ 100 mL/100kg de sementes de tiametoxam; Tratamento 5: ácido giberélico+ 250 mL/100kg de sementes de vitavax+tiran+120 mL/100kg de sementes de Fipronil+ 150 mL/100kg de sementes de tiametoxam; Tratamento 6: 200mL/100kg de sementes de maxim+ 50 mL/100kg de sementes de tiametoxam; Tratamento 7: 200mL/100kg de sementes de maxim+ 100 mL/100kg de sementes de tiametoxam;Tratamento 8: 200mL/100kg de sementes de maxim+ 150 mL/100kg de sementes de tiametoxam; Tratamento 9: 200 mL/100kg de sementes de maxim+ 100 mL/100kg de sementes de tiametoxam+120mL/100kg de sementes de fipronil. Os efeitos dos tratamentos foram avaliados mediante as seguintes avaliações:

1 Doutoranda PPG Ciência e Tecnologia de Sementes, Universidade Federal de Pelotas, Campus Universitário s/n, Caixa Postal 354, CEP: 96010-900, [email protected] 2 Dr. Eng. Agrônomo, Syngenta ([email protected]) 3 Prof.Dr. PPG Ciência e Tecnologia de Sementes, Universidade Federal de Pelotas ([email protected]) 4 Dr. Eng.Agrônomo, Universidade Federal de Pelotas ([email protected]) 5 Graduanda do curso Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Pelotas ([email protected])

Page 65: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

674

Germinação: foram utilizadas quatro repetições com quatro sub-amostras de 50 sementes para cada tratamento. As sementes foram semeadas em rolos de papel “germitest”, umedecido com água destilada, na proporção de 2,5 vezes o peso do papel seco e mantidas em germinador regulado a 25°C. As avaliações foram realizadas segundo as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009). A contagem de plântulas normais foi realizada aos 7 e 14 dias após a instalação do teste e os resultados expressos em porcentagem de plântulas normais. Teste de Frio: foram utilizadas quatro repetições com quatro sub-amostras de 50 sementes para cada tratamento. As sementes foram semeadas em rolos de papel “Germitest”, umedecido com água destilada, na proporção de 2,5 vezes o peso do papel seco, e mantidas em geladeira por 7dias regulado a 10°C. Depois colocadas em germinador regulado a 25ºC. As avaliações foram realizadas segundo as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). A contagem de plântulas normais foi realizada aos 14 dias após a instalação do teste e os resultados expressos em porcentagem de plântulas normais. Comprimento total da plântula: foram utilizadas oito sub-amostras de 15 plântulas para cada tratamento. As sementes foram semeadas em rolos de papel “Germitest”, umedecido com água destilada, na proporção de 2,5 vezes o peso seco do papel, e mantidas em germinador regulado a 25°C. O comprimento total da plântula foi medido aos 7 dias após a semeadura e os resultados expressos em cm por plântula. Matéria seca: determinada em quatro repetições de 10 plântulas, provenientes da avaliação realizada no campo aos 21 dias, e mantidas em sacos de papel em estufa a 60 ºC, por 48 horas. Em seguida, as plântulas foram pesadas em balança de precisão (0,001g) e o valor obtido pela soma de cada repetição foi dividido pelo número de plântulas utilizadas.Os resultados foram expressos em mg plântula-1. Produtividade: Para avaliação da produtividade foi colhida uma área de 1m2,. O peso médio obtido nas unidades experimentais de cada tratamento foi multiplicado por 10 mil para obter a produtividade por hectare. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro repetições.E para os dados de produtividade blocos ao acaso de parcelas subdivididas por blocos completos casualizados com parcelas divididas.Os dados foram submetidos a análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey

RESULTADOS E DISCUSSÃO Para avaliar o comportamento da germinação nos tratamentos da cultivar AVAX CL, foi realizado comparação de médias (Tabela 1). Verificando que todos os tratamentos tiveram respostas significativas quando comparados com o Tratamento 1( sementes sem produto). Os tratamentos com tiametoxam mostraram-se superior aos que não possuem, no Tratamento 4, esse acréscimo chegou a 12 pontos percentuais quando comparado com Tratamento 1. É possível constatar que a germinação das sementes tratadas após o Teste de Frio (Tabela 1), mostraram-se superiores as sementes não tratadas. Os tratamentos 4, 5, 7, 9 e 8 foram superiores aos demais tratamentos. De acordo com o que é observado na Tabela 1, o comprimento de plântula teve aumentos significativos quando comparados as sementes tratadas e as não tratadas. Entretanto, quando o tratamento possui tiametoxam o acréscimo é superior. O destaque são observados nos tratamentos 4 e 7, que na média foram 15 centímetros superior ao tratamento 1. Os resultados encontrados neste trabalho corroboram os obtidos por Castro et al.; 2007, trabalhando com soja e por Clavijo (2008) com arroz, ao afirmarem que sementes tratadas com tiametoxam tiveram sua germinação acelerada por estimularem a atividade de enzimas, além de terem apresentado estande e emergência mais uniforme e melhor arranque inicial. O inseticida tiametoxam tem demonstrado esse efeito positivo como o aumento da expressão do vigor, acúmulo de fitomassa, alta taxa fotossintética e raízes mais profundas (Castro e Pereira, 2008). Observa-se na Tabela 1, que os tratamentos 5, 7 e 9 apresentam resultados superiores aos

Page 66: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

675

demais, para matéria seca e produtividade. Outro aspecto observado para todas as variáveis é que a combinação de inseticidas, fungicidas e hormônios não afetam os resultados das variáveis analisadas. Tabela 1. Valores médios de germinação (Germ), teste de frio (TF), comprimento de plântula (CP) de sementes de arroz híbrido cultivar Avax R., T1(Tratamento 1:sementes não tratadas); T2(Tratamento 2:ácido giberélico+ 250 mL/100kg de sementes de vitavax;tiran+120 mL/100kg de sementes de Fipronil); T3(Tratamento 3: ácido giberélico+ 250 mL/100kg de sementes de vitavax+tiran+120 mL/100kg de sementes de Fipronil+ 50 mL/100kg de sementes de tiametoxam); T4(Tratamento 4: ácido giberélico+ 250 mL/100kg de sementes de vitavax+tiran+120 mL/100kg de sementes de Fipronil+ 100 mL/100kg de sementes de tiametoxam); T5(Tratamento 5: ácido giberélico+ 250 mL/100kg de sementes de vitavax+tiran+120 mL/100kg de sementes de Fipronil+ 150 mL/100kg de sementes de tiametoxam); T6(Tratamento 6:200mL/100kg de sementes de maxim+ 50 mL/100kg de sementes de tiametoxam); T7(Tratamento 7: 200mL/100kg de sementes de maxim+ 100 mL/100kg de sementes de tiametoxam);T8(Tratamento 8: 200mL/100kg de sementes de maxim+ 150 mL/100kg de sementes de tiametoxam;);T9(Tratamento 9: 200 mL/100kg de sementes de maxim+ 100 mL/100kg de sementes de tiametoxam+120mL/100kg de sementes de fipronil)

Tratamentos   Germ   TF   CP   MS   Produt.  T1   86  d   80   23   0.4  b   8689  b  T2   90  cd   85  c   28  e   1  ab   9711  ab  T3   93  bc   90  b   32  d   1.4  ab   10268  ab  T4   98  a   96  a   37  ab   1.8  ab   9826  ab  T5   97  ab   95  a   36  bc   1.6  a   10474  a  T6   94  abc   91  b   34  cd   1.6  ab   9608  ab  T7   97  ab   95  a   39  a   1.8  a   10074  a  T8   96  ab   94  a   35  bc   1.5  ab   9521  ab  T9   93  ab   93  a   36  bc   1.6  a   10428  a  

Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade

CONCLUSÃO

Nas condições deste experimento, pode-se concluir que: Os tratamentos com inseticidas, fungicidas e hormônios melhoram a qualidade fisiológica das sementes de arroz híbrido. Todos os tratamentos apresentaram acréscimos quando comparados com a testemunha (sem tratamento de sementes). Nos tratamentos com tiametoxam o desempenho foi superior aos demais nas variáveis estudadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes.http://www.agricultura.gov.br/images/MAPA/arquivos_portal/ACS/sementes_web.pdf CASTRO, P. R. C. ; PEREIRA, M.A. . Bioativadores na agricultura. Tiametoxam: uma revolução na agricultura brasileira. : Gazzoni, D.L. (Ed.). 2008, p. 118-126. CASTRO, P. R. C. ; PITELLI, A.M.C.M. ; PERES, L.E.P. ; ARAMAKI, P.H. . Análise da atividade reguladora de crescimento vegetal de tiametoxam através de biotestes. Publicatio. UEPG (Ponta Grossa), v. 13, p. 25-29, 2007. CLAVIJO, J. Tiametoxam: um nuevo concepto em vigor y productividad. Bogotá, Colômbia, 2008.196p CONAB. Arroz - Rio Grande do Sul: área plantada e produtividade: safras 2010/2011. Brasília, 2008. Disponível em: http://www.conab.gov.br/conabweb/download/ safra/ArrozSerieHist.xls. http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Arroz/ArrozIrrigadoBrasil/ cap01.htm MIELEZRSKI, F; SCHUCH, L.O.B; PESKE, S.T; PANOZZO, L.E; CARVALHO, R.R; ZUCHI.J. Desempenho em campo de plantas isoladas de arroz híbrido em função da qualidade fisiológica das sementes. Revista Brasileira de Sementes, vol. 30, nº 3, p. 139-144, 2008

Page 67: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

676

COMPOSIÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS NO ÓLEO DE ARROZ REFINADO FISICAMENTE SUBMETIDO AO AQUECIMENTO

CONTINUO A 100°C Mariângela H. Bruscatto1; Vanessa Ribeiro Pestana-Bauer1; Fernanda Doring Krumreich2; Gerson Lübke Buss3; Rui Carlos Zambiazi4;

Palavras-chave: Perfil de ácidos graxos, óleo de arroz, refino físico, temperatura 100°C,

INTRODUÇÃO Óleos vegetais constituem-se em um importante derivado de plantas oleaginosas.

As proporções dos diferentes ácidos graxos saturados e insaturados nos óleos e gorduras vegetais variam de acordo com as plantas das quais foram obtidas. No Brasil, principalmente no sul do país é comum o emprego de óleo de arroz, que contém cerca de 19 % de ácidos graxos saturados, 42 % de ácido oléico, 36 % de ácido linolêico e 1,8 % de ácido linolênico. Além das propriedades nutracêuticas, os componentes bioativos presentes na matéria insaponificável desempenham um importante papel na estabilidade deste óleo (WILSON et al., 2007; CHOTIMARKORN; SILALAI, 2008; KIM et al., 2001; WARNER; NEFF; ELLER, 2003; HA et al., 2005; RODRIGUES et al., 2005; NYSTRÖM, 2006; BALACHANDRAN et al., 2008).

Os níveis de oxidação dos óleos dependem fundamentalmente das condições de armazenamento, principalmente da temperatura, presença de resíduos de metais, incidência de luz e disponibilidade de oxigênio. Os produtos primários da oxidação dos ácidos graxos são os mono-hidroperóxidos, que reagem posteriormente para formar uma variedade de produtos secundários, incluindo dímeros, polímeros e produtos de degradação voláteis e não voláteis (OLIVEIRA, 2003). Sob condições favoráveis, a oxidação ocorre rapidamente, pela formação de radical livre e subseqüente ataque na molécula lipídica (KANAVOURAS; CERT; HERNANDEZ, 2005).

O óleo extraido do farelo de arroz para tornar-se propicio ao consumo humano passa por processo de refino, onde o refino físico utiliza vapor seco sob vácuo para remover os ácidos graxos livres, os quais são arrastados por destilação. Este processo é vantajoso para manter fitoquímicos no óleo de arroz, que são perdidos quando utilizado o refino químico.

Este trabalho teve como objetivo determinar o perfil de ácidos graxos em óleos de arroz refinado fisicamente, quando submetidos à temperatura de 100°C.

MATERIAL E MÉTODOS O óleo de farelo arroz refinado fisicamente foi cedido pela indústria processadora de

óleo de arroz - Helmut Tessmann (Camaquã/RS). O óleo de arroz foi submetido ao aquecimento em estufa sem circulação de ar na

ausência de luz. Para isto, três litros foram colocados separadamente em béquers abertos com capacidade de cinco litros. Os óleos foram previamente aquecidos em fogão até atingir à temperatura da estufa, e após colocados no interior da estufa na temperatura pré-

1 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial - Universidade Federal de Pelotas, Campus Universitário – Caixa Postal 354, CEP: 96010900 – Pelotas/RS – Brasil. [email protected]; [email protected]; 2 Graduanda em Química de Alimentos - Departamento de Ciência dos Alimentos, Universidade Federal de Pelotas –– Campus Universitário. [email protected]; 3 Mestrando em Agronomia – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas –– Campus Universitário. [email protected]; 4 Professor do Departamento de Ciência dos Alimentos, Universidade Federal de Pelotas –– Campus Universitário. [email protected]

Page 68: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

677

determinada. O experimento foi conduzido na temperatura de 100 ºC ± 2. As amostras foram coletadas em intervalos de tempo pré-determinados e

armazenadas em frascos de cor âmbar, que foram congeladas a -18 ºC até o momento das análises.

O período de coleta das amostras foi realizado a cada 48 h até completar 432 h. Após este período as amostras foram coletadas em intervalos de 72 h até completar 576 h e após, foram coletadas a cada 120 h de aquecimento, até atingir 1368 h.

O perfil de ácidos graxos das amostras do óleo de arroz foi determinado segundo metodologia descrita por Zambiazi (1997), com pequenas modificações.

Pesou-se aproximadamente 45 mg de óleo em tubos de ensaio com tampa, dissolveu-se em um mL de éter de petróleo, adicionaram-se 12 mL de 0,5 N HCl em metanol, misturou-se no vortex e colocou-se em aquecimento em estufa a 65 ºC por uma hora. Após a amostra foi resfriada a temperatura ambiente e adicionado 5 mL de isooctano e 6 mL de água destilada, seguida por uma homogeinização vigorosa em vortex. Removeu-se parte da fase superior e transferiu-se para frasco de 1,5 mL. Cerca de 1,5 µL de amostra foi injetado manualmente com seringa (PerkinElmer) de capacidade de 10 µL em cromatógrafo gasoso - CG (Shimadzu GC-14B), equipado com detector FID, utilizando split de 1:50.

Utilizou-se coluna capilar (J & W Scientific) de dimensão 30 m x 0,252 mm, revestida por filme 0,25 um, com fase líquida DB-225. As condições cromatográficas foram: temperatura do injetor de 250 ºC; temperatura do detector de 250 ºC; gradiente de temperatura do forno: temperatura inicial de 100 ºC mantida por 0,5 min, após passou para 150 ºC com incremento linear de 8 ºC min-1, mantida por 0,5 min, seguindo a 180 ºC com incremento linear com 1,5 ºC min-1, mantida por 5 min, e finalmente a 220 ºC com incremento linear de 2 ºC min-1, mantida por 6 min, totalizando 58,25 min. Usou-se o nitrogênio como gás de arraste com fluxo de 1.0 mL.min-1. Os dados adquiridos foram processados com auxílio do software Glass-GC10 (Pestana et al., 2008).

A identificação dos ácidos graxos nas amostras de óleos foi realizada através dos picos identificados por comparação com a mistura de padrões.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se uma pequena variabilidade na proporção relativa do conteúdo de ácidos

graxos do óleo de arroz durante o período de exposição ao aquecimento a 100ºC, envolvendo principalmente o conteúdo dos ácidos palmítico, esteárico, oleico, linoleico e linolênico(tabela 1). Tabela 1: Proporção relativa dos ácidos graxos majoritários no óleo de arroz refinado fisicamente submetido ao aquecimento de 100ºC

Ácidos Graxos Tempo de Aquecimento

0h 240h 432h 1.008h 1.368h

C16: 0 21,3 21,9 22,4 22,3 22,7

C18:0 1,6 1,7 1,6 1,1 1,3

C18:1 36,9 38,6 39,4 40,7 40,6

C18:2 31,0 33,6 34,0 31,7 30,0

C18:3 1,8 0,9 0,7 1,1 0,99

*%AG Sat 27,5 26,0 25,3 25,2 24,7

*%AG ins 72,5 74,0 74,7 74,8 75,3

*AG Sat=Ácido graxo saturado. *AG Ins = Ácido graxo insaturado

Page 69: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

678

Observou-se uma tendência de aumento na proporção dos ácidos palmítico (C16:0)

e oléico (C18:1), e uma redução do ácido linolênico (C18:3) e do esteárico (C18:0) durante o período de aquecimento a 100 ºC. O conteúdo de ácido linoléico (18:2) apresentou um incremento na fase inicial do aquecimento, seguido de um decréscimo na fase final de aquecimento.

Em função destas variações, observou-se que ocorreram pequenas alterações na proporção do total de ácidos graxos saturados e insaturados ao final do período de exposição ao aquecimento. De acordo com Kalucka et al. (2005), estas variações na composição de ácidos graxos ocorrem apenas em etapas mais avançadas da oxidação lipídica.

Ao final do período de aquecimento a 100 ºC do óleo refinado fisicamente observou-se que a proporção inicial de ácidos graxos insaturados/saturados foi de 2,64 e a final de 3,05. Com isto observou-se que, embora tenha ocorrido uma variabilidade no conteúdo de alguns ácidos graxos, a proporção relativa dos ácidos graxos insaturados/saturados permaneceu praticamente constante.

CONCLUSÃO Ao final de 1368h de aquecimento o óleo de arroz refinado fisicamente apresentou

pequenas alterações na proporção do total de ácidos graxos saturados e insaturados, porém a proporção relativa destes permaneceu praticamente constante.

AGRADECIMENTOS DCA e DCTA pelos laboratórios e reagentes disponibilizados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALACHANDRAN, C; MAYAMOL, P.N. THOMAS, S.; SUKUMAR, D.; SUNDARESAN, A. An ecofriendly approach to process rice bran for high quality rice bran oil using supercritical carbon dioxide for nutraceutical applications. Bioresource Technology, v.99, p.2905 - 2912, 2008. CHOTIMARKORN, C. SILALAI, N. Addition of rice bran oil to soybean oil during frying increases the oxidative stability of the fried dough from rice .our during storage. Food Research International, v.16, p.1 - 10, 2008. HA, T.Y.; HAN, S.; KIM, S.R.; KIM, I.H.; LEE, H.Y.; KIM, H.K. Bioactive components in rice bran oil improve lipid profiles in rats fed a high-cholesterol diet. Nutrition Research, v. 25, p. 597 - 606, 2005. KALUCKA, M.N.; KORCZAK, J.; ELMADFA, I.; WAGNER, K.H. Effect of α- and δ-tocopherol on the oxidative stability of a mixed hydrogenated fat under frying conditions. European Food Research Technology. v.221, p.291 - 297, 2005. KANAVOURAS, A.; CERT, A.; HERNANDEZ,R.J. Oxidation of Olive Oil under Still Air. Food Sci Tech Int; v.11, n.3, p.183 - 189, 2005. KIM, J.; GODBER, J.; KING, J.; PRIYAWIWATKUL, W. Inhibition of cholesterol autoxidation by the nonsaponifiable fraction in rice bran in an aqueous model system. Journal of American Oil Chemists’ Society, v.78, n. 7, p. 685 - 689, 2001. NYSTRÖM, L.; ACHRENIUS, T.; LAMPI, A.M.; MOREAU, R.A. PIIRONEN, V. A comparison of the antioxidant properties of steryl ferulates with tocopherol at high tempetatures. Food Chemistry, v.46, n.2, p.1 - 8, 2006. OLIVEIRA, Janaína Tavares Goulart de Sá Belchior de. Melhor dose e dose econômica de TBHQ nos óleos de milho e canola, Piracicaba – SP. 92f. 2003. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Universidade de são Paulo. PESTANA, V. R., ZAMBIAZI, Rui Carlos, MENDONÇA, Carla R B, BRUSCATTO, Mariângela Hoffmann, Lerma-Garcia, M.J., RAMIS-RAMOS, G. Quality Changes and Tocopherols and γ-Orizanol Concentrations in Rice Bran Oil During the Refining Process. Journal of the American Oil Chemists' Society. , v.85, p.113 - 119, 2008. RODRIGUES, C.E.C.; ONOYAMA, M.M.; MEIRELLES, A.J.A. Optimization of the rice bran oil

Page 70: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

679

deacidification process by liquid-liquid extration. Journal of food engineering. Brazil, v. 73, n. 4, p. 370 - 378, 2005. WARNER, K.; NEFF, W. E.; ELLER, F.J. Enhancing quality and oxidative stability of aged fried food with γ-tocopherol. Journal Food Chemistry, v.51, n. 3, p.623 - 627, 2003. WILSON, T.A.; NICOLOSI, R. J.; WOOLFREY,B.; KRITCHEVSKY, D. Rice bran oil and oryzanol reduce plasma lipid and lipoprotein cholesterol concentrations and aortic cholesterol éster accumulation to a greater extent than ferulic acid in hypercholesterolemic hamsters. Journal of Nutritional Biochemistry, v. 3, n.18, p.105 - 112, 2007. ZAMBIAZI, R.Z. The role of endogenous lipid components on vegetable oil stability. ManiItoba/Canadá, 1997. 304p. Tese (Doutorado em Fisiologia), Food as end Nutritional Sciences Interdepartmental Program,University of Manitoba

Page 71: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

680

CRESCIMENTO INICIAL DE PLANTAS DE ARROZ PROVENIENTES DE SEMENTES RECOBERTAS COM CÁLCIO E MAGNÉSIO + SILÍCIO Lizandro Ciciliano Tavares1, Cassyo de Araujo Rufino1, Lilian Madruga de Tunes2, Mario Borges Trzeciak3, Caio Sippel Dörr4, André Pich Brunes5, Daniel Andrei Robe Fonseca5, Antonio Carlos Souza Albuquerque Barros5

Palavras-chave: Oryza sativa L, fitomassa seca, área foliar

INTRODUÇÃO O principal objetivo do recobrimento é melhorar o desempenho da semente, tanto

do ponto de vista fisiológico como econômico. Considerando a importância e a grande quantidade de fatores e suas interações envolvidas nesta técnica, é recomendável conduzir estudos contínuos e aprofundados (Sampaio e Sampaio, 1994).

Dentre os macronutrientes catiônicos, o cálcio e o magnésio são transportados por fluxo de massa (BARBER, 1974). Em culturas irrigadas em solos ácidos, segundo Barbosa Filho (1987), ocorre elevação natural do pH pela inundação, com conseqüente inibição da ação do alumínio. Respostas do arroz à calagem podem ocorrer principalmente em solos de extrema acidez e com baixos teores de desses nutrientes. Neste contexto, deve-se considerar não só a importância do cálcio na planta e no solo cultivado com arroz irrigado (PATELLA, 1976), mas também o papel do magnésio na absorção de fósforo pela planta de arroz (FAGERIA, 1984). A absorção de nitrogênio, cálcio e magnésio pelas plantas, segundo Medeiros e Cordeiro (2005), é favorecida pela aplicação de calcário, aumentando a estatura das plantas, o número de grãos cheios por panícula e a produtividade de grãos. Associações semelhantes entre cálcio e magnésio com a produtividade também foram encontradas por Werner (2004) para a cultura da soja.

O silício encontra-se entre os nutrientes mais importantes para cultura do arroz, pois aumenta o crescimento e o desenvolvimento da planta com correspondente acréscimo na produtividade, além de controlar várias enfermidades (SAVANT et al.,1997). Em experimentos de avaliação de silicato de cálcio para a cultura do arroz, têm-se observado efeitos altamente positivos das doses na concentração de Si na palha e na casca de arroz, com aumentos de mais de 100% em relação ao tratamento sem esta adição (BARBOSA FILHO e PRABHU, 2002). Segundo Deren et al (1994), o uso do Si tem promovido melhora na arquitetura da planta e aumento na fotossíntese, resultado da menor abertura do ângulo foliar, que torna as folhas mais eretas, diminuindo o auto-sombreamento e conseqüente melhor aproveitamento da energia luminosa.

Nesse contexto o presente trabalho teve por objetivo avaliar o crescimento inicial de plantas de arroz provenientes do recobrimento das sementes com cálcio (Ca) e magnésio (Mg) + silício (Si), em duas cultivares de arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas sementes de arroz, cultivares IRGA 424 e IRGA 422CL,

produzidas na safra 2008/2009. A semeadura foi realizada em canteiro de 1m X 6 m

1 Engenheiro Agrônomo, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Departamento de Fitotecnia, campus Universitário, Caixa Postal 354 – CEP 96001-970, Capão do Leão-RS. Email: [email protected], [email protected]. 2 Engenheira Agrônoma, Doutoranda da Universidade de São Paulo (USP). Email: [email protected]. 3 Engenheiro Agrônomo, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Email: [email protected]. 4 Estudante de Agronomia. Estagiário do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes (Bolsista PET). Email: [email protected]. 5 Engenheiro Agrônomo. Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes (UFPel). Email: [email protected], [email protected], [email protected].

Page 72: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

681

preenchidos com solo, coletado do horizonte A1 de um PLANOSSOLO HÁPLICO Eutrófico solódico (EMBRAPA, 2006), pertencente à unidade de mapeamento Pelotas. A densidade de semeadura utilizada foi 70 sementes por metro, espaçadas 0,17 m. A adubação foi realizada de acordo com CFQS RS/SC (Comissão de Fertilidade e Química do Solo – RS/SC, 2004), incorporando os nutrientes ao solo no momento da semeadura. Previamente à semeadura, as sementes foram tratadas com fungicida (Maxim-XL) na dose de 100 ml/100 kg de sementes e polímero (Sepiret®) na dose de 300 ml/ 100 kg de sementes, ressalta-se que se adicionou a mesma proporção de água para cada produto.

Os tratamentos constaram de combinações de cálcio (Ca),magnésio (Mg) e silício (Si), na dose de 50 g/ 100 kg de sementes: T1 = Ca e Mg + Si; T2 = Ca + Mg; T3 = Si; T4 = testemunha, combinados com duas cultivares (IRGA 424 e IRGA 422CL), totalizando oito tratamentos, com quatro repetições. As unidades experimentais foram irrigadas diariamente até a inundação, mantendo-se o solo próximo à capacidade de campo. O volume da calda resultante foi 700 ml/100 kg de sementes. A forma de Si utilizada foi silicato de alumínio (caulim). A fonte de Ca e Mg utilizada foi o calcário dolomítico, sendo constituído de óxido de cálcio (CaO) e óxido de magnésio (MgO), com PRNT de 75% e reatividade de 77%. Para o recobrimento das sementes utilizou-se o método manual, usando-se sacos plásticos. Para isso, adotou-se a seguinte ordem de aplicação dos produtos: fungicida + cálcio e magnésio e/ou silício + polímero.

Para avaliação do crescimento inicial foram feitas as seguintes determinações: área foliar da parte aérea (AF) e fitomassa seca da parte aérea (FS). Para essas determinações, coletaram-se cinco plantas por linha, cortadas ao nível do solo, aos 10, 20 e 30 dias após a emergência (DAE). A determinação da AF foi em cinco plantas, utilizando-se determinador fotoelétrico (Area Meter, modelo LI-3100). A FS foi avaliada em cinco plantas, pelo método de estufa a 60ºC, sendo as mesmas mantidas por período de 72 horas nesta temperatura e após pesadas em balança analítica com precisão centesimal.

O experimento foi conduzido em esquema fatorial 2 X 4 (duas cultivares e quatro combinações de Ca e Mg + Si), sob delineamento inteiramente casualizado. Para a execução das análises estatísticas foi utilizado o Sistema de Análise Estatística WinStat (MACHADO e CONCEIÇÃO, 2003). Inicialmente os dados foram submetidos a análise de variância, quando verificado efeito significativo dos tratamentos foram realizadas as devidos analises complementares e desdobramentos (comparações de médias, através do teste de Tukey a 5% de probabilidade).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados relativos à AF aos 10 DAE, apresentados na Tabela 1 permitem

identificar que o recobrimento das sementes com Si gerou plantas com desempenho superior àquelas provenientes dos demais tratamentos na cultivar IRGA 424. Já a cultivar IRGA 422CL não diferiu significativamente ao ser submetida ao recobrimento das sementes com Ca e Mg + Si, isolados e combinados. Em pesquisa sobre o desenvolvimento de Stylosanthes guyanensis “Cook” com o fornecimento de quatro doses de cálcio, Rodrigues et al. (1993) verificaram aumentos lineares na área foliar das plantas em função do incremento nas doses de cálcio aplicadas, portanto diferindo dos dados obtidos neste experimento. Aos 20 DAE, observa-se que o recobrimento das sementes com Ca e Mg + Si não diferiram significativamente, porém a cultivar IRGA 422CL apresentou desempenho superior ao da cultivar IRGA 424. Os resultados encontrados divergem dos alcançados por Silveira (2005) que, estudando a nutrição do Capim-Tanzânia (Panicum maximum) com variável disponibilidade de cálcio, obteve aumentos lineares na área foliar das plantas em resposta ao suprimento de cálcio na solução nutritiva. Aos 30 DAE verifica-se que a AF de plantas geradas de sementes com Si diferiu dos tratamentos testemunha, Ca e Mg e Ca e Mg + Si, na cultivar IRGA 424. Esses resultados concordam com Gong et. al. (2003) que, trabalhando com aplicação de silício em trigo cultivado em vasos com solo, obtiveram aumento da área foliar das plantas. Constata-se que o recobrimento das sementes com Ca

Page 73: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

682

e Mg + Si, isolados e combinados, obtiveram área foliar superior ao tratamento testemunha, demonstrando efeito benéfico desses nutrientes na área foliar de plantas de arroz aos 30 DAE. Tabela 1. Área foliar (AF) e fitomassa seca da parte aérea (FS) de plantas de arroz originadas do recobrimento das sementes com cálcio e magnésio + silício. Capão do Leão - RS, 2010.

Variável Tratamento Cultivar Cultivar Cultivar IRGA 424 IRGA 422 CL IRGA 424 IRGA 422 CL IRGA 424 IRGA 422 CL

Época de avaliação

10 DAE** 20 DAE 30 DAE

AF (cm2)

Ca e Mg + Si 26,8 cB* 37,5 aA 415,4 487,6 2149,1 bA 2235,8 aA Ca e Mg 33,0 abA 33,9 aA 411,9 484,9 2163,3 bA 2250,0 aA

Si 36,6 aA 37,2 aA 492,8 513,1 2671,9 aA 2232,8 aB Testemunha 28,2 bcA 33,6 aA 398,0 412,0 2109,5 bA 1818,8 bA

Média 31,1 35,6 429,5 B 474,4 A 2273,5 2134,4 CV (%) 11,1 9,4 9,4

FS (g)

Ca e Mg + Si 0,148 0,118 2,3 aA 2,3 aA 14,1 13,9 Ca e Mg 0,145 0,136 2,2 aA 2,3 aA 14,2 13,8

Si 0,149 0,126 2,2 aA 2,6 aA 14,7 13,8 Testemunha 0,136 0,136 2,2 aA 1,7 bB 11,0 10,3

Média 0,145 A 0,129 B 2,2 2,2 13,5 A 12,9 A CV (%) 13,7 12,19 10,9

*Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha em cada variável resposta, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.** DAE: Dias após a emergência.

Em relação à FS aos 10 DAE, constata-se que o recobrimento das sementes com Ca e Mg + Si, isolados e combinados, não diferem significativamente. Além disso, a cultivar IRGA 424 apresentou desempenho superior ao da cultivar IRGA 422CL. Resultados semelhantes foram obtidos por Mauad et. al. (2003) ao citar que a aplicação de Si não altera a produção de fitomassa seca. Aos 20 DAE, verifica-se que a cultivar IRGA 424 não diferiu significativamente ao ser submetida ao recobrimento das sementes com Ca e Mg + Si. Entretanto, observa-se que a cultivar IRGA 422CL apresentou desempenho superior ao tratamento testemunha, para as sementes submetidas ao recobrimento com Ca e Mg + Si. Faria Júnior et al. (2009) observando a produção de matéria seca, teor e acúmulo de silício em cultivares de arroz sob doses de silício, verificaram que as doses de Si, não influenciaram os componentes de crescimento, com exceção da fitomassa seca de raiz, havendo diferença apenas entre as cultivares. No tocante à avaliação aos 30 DAE, não foi observado efeito significativo para as sementes recobertas com Ca e Mg + Si, isolados e combinados, bem como o comportamento de ambas as cultivares não diferiram.

Quanto ao crescimento inicial das plantas provenientes de sementes recobertas com Ca e Mg + Si, de modo geral observou-se que o recobrimento de sementes de arroz com Ca e Mg + Si não promove aumento significativo da área foliar e fitomassa seca da parte aérea. Entretanto, a técnica do recobrimento de sementes com cálcio e magnésio + silício monstra-se promissora e merece maior atenção da pesquisa, pois além do tratamento de sementes representar apenas 0,5 a 1,0% do custo de produção das culturas, possui vantagens agronômicas, sociais e ambientais, podendo ser utilizada no manejo integrado de pragas e doenças em todas as culturas, bem como proporcionar aumentos significativos no rendimento de grãos. Há resultados divergentes sobre o rendimento de grãos, ou seja, há relatos de incremento (Deren et al., 1994; Liang, 1994; Barbosa Filho et al., 1998; Korndörfer et al., 1999; Faria, 2000) e de ausência de resposta (Carvalho, 2000).

CONCLUSÃO O recobrimento de sementes de arroz com silício gera plantas com maior área foliar,

aos 30 dias após a emergência, tanto na cultivar IRGA 424 como na cultivar IRGA 422CL. O recobrimento de sementes de arroz com cálcio e magnésio mais silício, isolados e

combinados, na dose de 50g.100kg-1 de sementes não prejudica o crescimento inicial das plantas de arroz, cultivares IRGA 424 e IRGA 422CL, até os 30 dias após a emergência.

Page 74: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

683

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBER, S.A. Influence of the plant root onion movement in soil. In: CARSON, E.W., ed. The plant root and its environment. Charlottesville, University of Virginia, 1974. p.525-564. BARBOSA FILHO, M. P. Nutrição e adubação do arroz (sequeiro e irrigado). Piracicaba: Potafos, 1987. 120p. (POTAFOS. Boletim técnico, 9) BARBOSA FILHO, M.P.; PRABHU, A.S. Aplicação de silicato de cálcio na cultura do arroz. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2002. 4p. (Embrapa Arroz e Feijão. Circular Técnica, 51). BARBOSA FILHO, M.P.; SNYDER, G.H.; ELLIOTT, C.L.; DATNOFF, L.E.; PRABHU, A.S., SILVA, O.F. & KORNDÖRFER, G.H. Resposta do arroz de sequeiro à aplicação de silício. In: FERTBIO 1998, Caxambu. Anais. Lavras, Universidade Federal de Lavras/Sociedade Brasileira de Ciência do Solo/Sociedade Brasileira de Microbiologia, p.57, 1998. CARVALHO, J.C. Análise de crescimento e produção de grãos da cultura do arroz irrigado por aspersão em função da aplicação de escórias de siderurgia como fonte de silício. 2000, 119f. (Dissertação de Mestrado) Universidade Estadual Paulista, Botucatu. COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC Manual de Adubação e de Calagem para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 10° ed. Porto Alegre: NRS/SBCS, 2004. 400p. DEREN, C.W.; DATNOFF, L.E.; SNYDER, G.H.; MARTIN, F.G. Silicon concentration, disease response, and yield components of rice genotypes grown on flooded organic histosols. Crop Science, Madison, v.34, n.3, p.733-737, 1994. EMBRAPA. Centro de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de classificação de solos. Brasília: EMBRAPA. Rio de Janeiro, 2 ed., 2006. 306 p. FAGERIA, N. K. Adubação e nutrição mineral da cultura do arroz. Goiânia, EMBRAPA/CNPAF, 1984. 341p. FARIA JÚNIOR, L. A.; CARVALHO, J. G.; PINHO, P. J.; BASTOS, A. R. R.; FERREIRA, E. V. O. Produção de matéria seca, teor e acúmulo de silício em cultivares de arroz sob doses de silício. Ciência e agrotecnologia, Lavras, v. 33, n. 4, p. 1034-1040, 2009. GONG, H. J.; CHEN, K. M.; CHEN, G. C.; WANG, S. M.; ZHANG, C. L. Effects of silicon on growth of wheat under drought. Journal of Plant Nutrition, New York, v. 26, n. 5, p. 1055-1063, May 2003. FARIA, R.G. Influência do silicato de cálcio na tolerância do arroz de sequeiro ao déficit hídrico do solo. 2000, 47f. Dissertação (Mestrado em Solos). Universidade Federal de Lavras 2000, Lavras. KORNDÖRFER, G.H.; ARANTES, V,A.; CORRÊA, G.F. ; SNYDER, G.H. Efeito do silicato de cálcio no teor de silício e na produção de grãos de arroz de sequeiro. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 23:635-41, 1999. LIANG, Y.C.; MA, T.S.; LI, F.J. & FENG, Y.J. Silicon availability and response of rice and wheat to silicon in calcareous soils. Comm. Soil Science. Plant Anal., v.25, 2285-97, 1994. MAUAD, M.; GRASSI FILHO, H.; CRUSCIOL, C. A. C.; CORRÊA, J. C. Teores de silício no solo e na planta de arroz de terras altas com diferentes doses de adubação silicatada e nitrogenada. Revista Brasileira de ciência do solo, Viçosa, n. 27, p. 867-873, 2003. MEDEIROS, R.D. de; CORDEIRO, A.C.C. Efeitos do preparo do solo e de doses de calcário sobre os componentes de produção e na produtividade de grãos de arroz irrigado em Roraima. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4., 2005, Santa Maria. Anais... Santa Maria: Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado – SOSBAI, 2005. p.299-301. 1 CD-ROM. PATELLA, J. F. Arroz em solo inundado: uso adequado de fertilizantes. São Paulo, Nobel, 1976. 76p. RODRIGUES, J. D.; RODRIGUES, S. D.; PEDRAS, J. F.; DELACHIAVE, M. E. A.; BOARO, C. S. F.; ONO, E. O. Diferentes níveis de cálcio e o desenvolvimento de plantas de estilosantes (Stylosanthes guyanensis (Aubl.) Sw. cv. “Cook”) Scientia Agrícola, Piracicaba, v. 50, p. 166-175, 1993. SAMPAIO, T.; SAMPAIO, N. Recobrimento de Sementes. Informativo ABRATES. Londrina, v.4, n.3, p.20-52, 1994. SAVANT, N. K.; SNYDER, G. H.; DATNOFF, L. E. Silicon management and sustainable rice production. Advances in Agronomy, New York, v. 58, p. 151-199, 1997. SILVEIRA, C. P. Produção e nutrição mineral do capim-Tanzânia com variável disponibilidade de nitrogênio e cálcio. 2005. 87f. Dissertação (Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba. 2005. WERNER, V. Utilização de recursos de agricultura de precisão na geração de mapas de atributos, mapas de produtividade e aplicação de insumos a taxas variáveis. 2004, 125f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola), Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.

Page 75: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

684

RECOBRIMENTO DE SEMENTES DE ARROZ COM CÁLCIO E MAGNÉSIO + SILÍCIO: QUALIDADE FISIOLÓGICA NA GERAÇÃO F1

Lizandro Ciciliano Tavares1, Cassyo de Araujo Rufino2, Lilian Madruga de Tunes3, Caio Sippel Dörr4, André Pich Brunes5, Daniel Andrei Robe Fonseca5, Antonio Carlos Souza Albuquerque Barros5.

Palavras-chave: Oryza sativa L, germinação, vigor

INTRODUÇÃO A agregação de valor às sementes utilizando o recobrimento de sementes vem

sendo uma exigência do mercado, cada vez mais competitivo. Para isto são necessárias sementes com alta uniformidade de germinação/emergência (vigor) e que produzam plântulas com alto potencial de crescimento (BAUDET e PERES, 2004).

Dentre os macronutrientes catiônicos, o cálcio e o magnésio são transportados por fluxo de massa (BARBER, 1974). Deve-se considerar não só a importância do cálcio na planta e no solo cultivado com arroz irrigado (PATELLA, 1976), mas também o papel do magnésio na absorção de fósforo pela planta de arroz (FAGERIA, 1984). Correlações entre cálcio e magnésio com a produtividade também foram encontradas por Werner (2004) para a cultura da soja. O silício (Si), por sua vez, aumenta o crescimento e o desenvolvimento da planta com correspondente acréscimo na produtividade, além de controlar várias enfermidades do arroz (SAVANT et al., 1997). Segundo Santos et al. (2003), a adubação com Si aumentou a produtividade de grãos de arroz em 47%. Em arroz, a suplementação com silício proporciona aumento na produtividade e na massa individual das sementes, no número de grãos e panículas e diminuição da esterilidade.

Nesse contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade fisiológica de sementes de arroz após o recobrimento com cálcio e magnésio + silício.

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas sementes de arroz, cultivares IRGA 424 e IRGA 422CL,

produzidas na safra 2008/2009. A semeadura foi realizada em canteiro de 1m X 6 m preenchidos com solo, coletado do horizonte A1 de um PLANOSSOLO HÁPLICO Eutrófico solódico, (EMBRAPA, 2006), pertencente à unidade de mapeamento Pelotas. A densidade de semeadura utilizada foi de 70 sementes por metro, espaçadas 0,17 m. A adubação foi realizada de acordo com CFQS RS/SC (Comissão de Fertilidade e Química do Solo – RS/SC, 2004), incorporando os nutrientes ao solo no momento da semeadura. Previamente à semeadura, as sementes foram tratadas com fungicida (Maxim-XL) na dose de 100 ml/100 kg de sementes e polímero (Sepiret®) na dose de 300 ml/ 100 kg de sementes, ressalta-se que se adicionou a mesma proporção de água para cada produto.

Os tratamentos constaram de combinações de cálcio (Ca), magnésio (Mg) e silício (Si), na dose de 50 g/ 100 kg de sementes: T1 = Ca e Mg + Si; T2 = Ca + Mg; T3 = Si; T4 = testemunha, combinados com duas cultivares (IRGA 424 e IRGA 422CL), totalizando oito tratamentos, com quatro repetições. As unidades experimentais foram irrigadas diariamente

1 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Tecnologia de Sementes, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Departamento de fitotecnia, campus Universitário, Caixa Postal 354 – CEP 96001-970 Capão do Leão-RS. Email: [email protected]. 2 Graduado em Ciências Agrárias. Doutorando em Ciência e Tecnologia de Sementes (UFPel). Email: [email protected]. 3 Engenheira Agrônoma, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Email: [email protected]. 4 Estudante de Agronomia. Estagiário do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Bolsista Programa de educação tutorial (PET). Email: [email protected]. 5 Engenheiro Agrônomo. Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes (UFPel). Email: [email protected], [email protected], [email protected].

Page 76: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

685

até a inundação, mantendo-se o solo próximo à capacidade de campo. O volume da calda resultante foi 700 ml/100 kg de sementes. A forma de Si utilizada foi silicato de alumínio (caulim). A fonte de Ca e Mg utilizada foi o calcário dolomítico, sendo constituído de óxido de cálcio (CaO) e óxido de magnésio (MgO), com PRNT de 75% e reatividade de 77%. Para o recobrimento das sementes utilizou-se o método manual, usando-se sacos plásticos. Para isso, adotou-se a seguinte ordem de aplicação dos produtos: fungicida + cálcio e magnésio e/ou silício + polímero.

A qualidade das sementes foi avaliada pelas seguintes determinações: Germinação (G) - conduzida com quatro repetições de 50 sementes para cada amostra, colocadas em substrato de papel de germinação, previamente umedecido em água utilizando-se 2,5 vezes a massa do papel seco e mantido à temperatura de 25 °C. As avaliações foram efetuadas conforme as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). Primeira contagem da germinação (PCG) - constou da determinação da percentagem de plântulas normais aos sete dias após a semeadura por ocasião da realização do teste de germinação. Envelhecimento acelerado (EA) - foi utilizado caixa gerbox com tela metálica horizontal fixada na posição mediana. Foram adicionados 40 mL de água destilada ao fundo de cada caixa gerbox, e sobre a tela foram distribuídas as sementes de cada tratamento, a fim de cobrir a superfície da tela, constituindo uma única camada. Em seguida, as caixas contendo as sementes foram tampadas e mantidas em câmara do tipo BOD, a 41 ºC, por 72 horas. Após este período, as sementes foram submetidas ao teste de germinação, conforme descrito. Peso de mil sementes (PMS) - expresso em gramas, foi obtido a partir da pesagem de 8 repetições de 100 sementes, seguindo os procedimentos recomendados pelas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). Índice de velocidade de emergência (IVE) - obtido a partir do teste de emergência em campo, efetuando contagens diárias, das plântulas normais, até os 21 dias após a emergência. O índice de velocidade de emergência foi calculado pela equação proposta por MAGUIRE (1962). Emergência em campo (EC) - realizado em canteiros contendo solo, sendo a semeadura feita manualmente à profundidade de 2 cm, com quatro repetições de 50 sementes para cada amostra. A contagem foi realizada aos 21 dias após a semeadura.

O experimento foi conduzido em esquema fatorial 2 X 4 (duas cultivares e quatro combinações de Ca e Mg + Si), sob delineamento inteiramente casualizado. Para a execução das análises estatísticas foi utilizado o Sistema de Análise Estatística WinStat (MACHADO e CONCEIÇÃO, 2003). Inicialmente os dados foram submetidos a análise de variância, quando verificado efeito significativo dos tratamentos foram realizadas as devidos analises complementares e desdobramentos (comparações de médias, através do teste de Tukey a 5% de probabilidade).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados apresentados na Tabela 1 para as variáveis PCG e G demonstram que

não ocorreu diferença entre os tratamentos, porém a cultivar IRGA 422CL apresentou desempenho superior ao da cultivar IRGA 424, nas duas variáveis analisadas. Em sementes de feijoeiro, Rosolem et al. (1990) verificaram melhoria na qualidade fisiológica em função das doses de cálcio aplicadas na cultura. Para o cálcio existem evidências do efeito benéfico da aplicação foliar de micronutrientes em certas culturas, como em soja (ROSOLEM E BOARETTO, 1989). Para feijão, segundo Rosolem et al. (1990), o cálcio atua decisivamente no número de flores e vagens abortadas e existe alta correlação negativa entre teor de Ca na planta e número de flores e vagens abortadas.

Observa-se no teste de envelhecimento acelerado que sementes recobertas com Ca + Mg e Si, isoldados e combinados, não produzem sementes de qualidade fisiológica superior ao tratamento testemunha. Porém, Harter e Barros (2011) verificaram que à aplicação foliar de silício na dose de 50 kg.ha-1 gerou sementes com maior qualidade fisiológica. Constatou-se ainda que a cultivar IRGA 422CL apresentou desempenho superior à cultivar IRGA 424 no teste de envelhecimento acelerado. No tocante ao PMS, observa-se

Page 77: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

686

que o recobrimento das sementes com Ca e Mg + Si nas duas cultivares não diferiu significativamente do tratamento testemunha. Tabela 1. Primeira contagem da germinação (PCG), germinação (G), envelhecimento acelerado (EA), peso de mil sementes (PMS), teste de frio (TF), índice de velocidade de emergência (IVE) e emergência em campo (EC), em sementes de arroz após o recobrimento das sementes com cálcio e magnésio + silício. Capão do Leão - RS, 2010.

Variável Tratamento Cultivar

Média IRGA 424 IRGA 422 CL

PCG (%)

Ca e Mg + Si 80 90 85 a Ca e Mg 87 94 90 a

Si 86 91 88 a Testemunha 86 85 85 a

Média 85 B 90 A CV (%) 5.25

G (%)

Ca e Mg + Si 87 96 91 a Ca e Mg 95 100 97 a

Si 94 98 96 a Testemunha 94 96 95 a

Média 92 B 97 A CV (%) 3.8

EA (%)

Ca e Mg + Si 84 87 86 a Ca e Mg 84 93 88 a

Si 86 91 89 a Testemunha 82 85 83 a

Média 84 B 89 A CV (%) 5.68

PMS

Ca e Mg + Si 25.61 24.94 25.27 a Ca e Mg 25.54 25.01 25.28 a

Si 23.99 26.6 25.30 a Testemunha 24.35 25.45 24.90 a

Média 24.87 A 25.5 A CV (%) 7.18

TF (%)

Ca e Mg + Si 82 84 83 a Ca e Mg 90 86 88 a

Si 86 87 86 a Testemunha 78 87 82 a

Média 84 A 86 A CV (%) 7.14

IVE

Ca e Mg + Si 2.83 2.95 2,89 a Ca e Mg 2.75 3.53 3,14 a

Si 3.03 3.28 3,15 a Testemunha 2.8 3.33 3,06 a

Média 2,85 B 3,27 A CV (%) 12.58

EC (%)

Ca e Mg + Si 79 79 79 a Ca e Mg 75 92 84 a

Si 77 84 80 a Testemunha 76 85 81 a

Média 77 B 85 A CV (%) 10.26

*Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha em cada variável resposta, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Os resultados dos testes de TF, IVE e EC (Tabela 1), permitem identificar que o recobrimento das sementes com Ca e Mg + Si, isolados e combinados, não originam sementes de qualidade fisiológica superior ao tratamento testemunha, em ambas as cultivares. Aplicando doses de cálcio e silício, Harter e Barros (2011) detectaram que a dose de cálcio de 50 kg.ha-1 via foliar produziu sementes de qualidade fisiológica superior,

Page 78: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

687

ocorrência verificada através do teste de frio. Com isso inferiram que o cálcio favoreceu a qualidade fisiológica das sementes produzidas, sendo assim as sementes teriam maior capacidade de superar condições adversas.

Quanto à qualidade fisiológica das sementes, de modo geral observou-se que o recobrimento das sementes de arroz com Ca e Mg + Si não promoveu aumento significativo na viabilidade e no vigor das sementes, bem como não prejudicou o índice de velocidade de emergência e a emergência em campo das plântulas, comparativamente ao tratamento testemunha. O recobrimento de sementes de arroz com os nutrientes Ca e Mg + Si, isolados e combinados, é uma tecnologia limpa e promissora, pois além de reduzir a utilização de produtos químicos na agricultura. Existem relatos na literatura com a redução da incidência de fungos e aumentos significativos de produtividade na cultura do arroz irrigado com a utilização principalmente de silício.

CONCLUSÃO O recobrimento de sementes de arroz com cálcio e magnésio + silício, isolados e

combinados, na dose de 50 g por 100 kg de sementes não altera a qualidade fisiológica das sementes produzidas, nas cultivares IRGA 424 e IRGA 422CL.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBER, S.A. Influence of the plant root on ion movement in soil. In: CARSON, E.W., ed. The plant root and its environment. Charlottesville, University of Virginia, 1974. p.525-564. BAUDET, L.; PERES, W. Recobrimento de sementes. Seed News, Pelotas, v.8, n.1, p.20-23, 2004. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília, DF: Mapa/ACS, 2009. 395p. COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC Manual de Adubação e de Calagem para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 10° ed. Porto Alegre: NRS/SBCS, 2004. 400p. EMBRAPA. Centro de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de classificação de solos. Brasília: EMBRAPA. Rio de Janeiro, 2 ed, 2006. 306 p. FAGERIA, N. K. Adubação e nutrição mineral da cultura do arroz. Goiânia, EMBRAPA/CNPAF, 1984. 341p. HARTER, F. S.; BARROS, A. C. S. A. Cálcio e silício na produção e qualidade de sementes de soja. Revista Brasileira Sementes. 2011, v.33, n.1, pp. 54-60. ISSN 0101-3122. MACHADO, A. A.; CONCEIÇÃO, A. R. Sistema de análise estatística para Windows. WinStat. Versão 2.0. UFPel, 2003. MAGUIRE, J.D. Speed of germination-aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Science, Madison, v.2, n.1, p.176-177, 1962. PATELLA, J. F. Arroz em solo inundado: uso adequado de fertilizantes. São Paulo, Nobel, 1976. 76p. ROSOLEM, C.A.; BOARETTO, A.E. A adubação foliar em soja. In: BOARETTO, A.E.; ROSOLEM, C.A. Adubação foliar. Campinas, SP: Fundação Cargill. 1989. 500p. ROSOLEM, C.A.; BOARETTO, A.E.; NAKAGAWA, J. Adubação foliar do feijoeiro. VIII. Fontes e doses de cálcio. Científica, São Paulo, v.18, p.81-86, 1990. SANTOS, G.R.; KORNDÖRFER, G.H.; REIS FILHO, J.C.D.; PELÚZIO, J.M. Adubação com silício: influência sobre as principais doenças e sobre produtividade do arroz irrigado por inundação. Revista Ceres, Viçosa, MG, v.50, n.287, p.1-8, jan./fev. 2003. SAVANT, N. K.; SNYDER, G. H.; DATNOFF, L. E. Silicon management and sustainable rice production. Advances in Agronomy, New York, v. 58, p. 151-199, 1997. WERNER, V. Utilização de recursos de agricultura de precisão na geração de mapas de atributos, mapas de produtividade e aplicação de insumos a taxas variáveis. 2004, 125f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola), Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.

Page 79: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

688

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ARROZ TRATADAS COM ZINCO E MOLIBDENIO

Cassyo de Araujo Rufino1, Lizandro Ciciliano Tavares2, André Pich Brunes3, Daniel Andrei Robe

Fonseca3, Lilian Madruga de Tunes4, Caio Sippel Dörr5, Monica Tamires Tejada5, Antonio Carlos Souza Albuquerque Barros6

Palavras-chave: Oryza sativa L, micronutrientes, vigor

INTRODUÇÃO A aplicação de zinco (Zn) e molibdênio (Mo) nas sementes, dentre as inúmeras

vantagens, apresenta destaque por ser um método preciso e eficaz, pois assegura a disponibilidade e absorção do nutriente nas fases iniciais de crescimento da cultura, já que a plântula não absorve grandes quantidades de elementos do solo, visto que ainda não apresenta sistema radicular desenvolvido, nem área foliar suficiente para absorver o nutriente via pulverização. Segundo Ribeiro e Santos (1996), a aplicação de zinco via sementes promove o acúmulo do nutriente na planta, especialmente na parte aérea. Ainda de acordo com os mesmos autores, semente pobre em zinco origina planta deficiente em zinco, quando cultivada em substrato carente nesse nutriente. Assim, a aplicação via sementes, mostra-se uma alternativa para a prevenção de sintomas iniciais de deficiência (HEWITT et al., 1954).

Há pouca disponibilidade de informações sobre a influência do molibdênio no processo de germinação das sementes ou da maneira que está armazenado na semente (JACOB NETO e ROSSETO, 1998). Segundo Camargo e Silva (1975) o molibdênio é um importante micronutriente, pois participa de grande número de reações essenciais do metabolismo vegetal. No entanto, Malavolta (1980) relatou que talvez o molibdênio seja o elemento menos abundante no solo e o menos exigido pelas culturas.

Há, na literatura, poucos resultados conclusivos sobre a resposta do arroz irrigado a aplicação de micronutrientes. Grande número de trabalhos foi realizado utilizando misturas de micronutrientes, muitas vezes apenas comparando presença e ausência, e deixando a desejar na correlação dos resultados com a qualidade fisiológica de sementes. Apesar de importante, pouca atenção tem sido dada às interações envolvendo micronutrientes, as quais podem elucidar melhor as suas funções no metabolismo da planta, bem como também controlar sua disponibilidade para as culturas, especialmente em condição de laboratório e campo (FAGERIA, 2001).

O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade fisiológica das sementes de arroz irrigado cultivar IRGA 424 quando aplicado diferentes doses de zinco e molibdênio via sementes.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório Didático de Análise de Sementes LDAS

na Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), Universidade Federal de Pelotas. Foram utilizadas sementes de arroz cultivar IRGA 424.

1,2,3 Engenheiro Agrônomo, Pós Graduandos em Ciência e Tecnologia de Sementes (UFPel). Email: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] 4 Engenheiro Agrônomo, Pós-graduando do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” ESALQ-USP. Email: [email protected] 5 Engenheira Agrônoma, Programa de Pós-Graduação em Agronomia. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Email: [email protected] 6 Professor Orientador do Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes UFPEL. Email: [email protected]

Page 80: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

689

Foi utilizado um produto de marca comercial Agrichem, sendo um composto liquido contendo alta concentração de Zinco e Molibdênio possuindo em sua composição as garantias de 5,9% Mo + 62,0% Zn p/v.

Os tratamentos foram aplicados as sementes com o produto a base de Zinco e Molibdênio, sendo distribuído nas seguintes doses: T1- Testemunha; T2- 100; T3- 200; T4- 300; T5- 400 mL por 100 Kg sementes, totalizando 20 unidades experimentais, com 5 tratamentos e quatro repetições.

As etapas do tratamento de sementes foram: 1- Foi medida a dose referente a cada tratamento. 2- Inserção do conteúdo (tratamento) em um saco plástico (com capacidade para 3kg) com a utilização de seringa (1mL). 3- Ainda com a utilização de seringa, foi colocada a mesma dosagem de água (conforme cada tratamento) no referido saco plástico. 4- As sementes foram colocadas no saco plástico. 5- O saco, contendo as sementes, o produto e a água, foi agitado por 3 minutos para garantir a adesão uniforme dos produtos sobre as sementes. 6- Após o tratamento das sementes, as mesmas foram deixadas para secar em temperatura ambiente e, logo estando secas, foram conduzidas para os testes de laboratório. Em Laboratório, a qualidade fisiológica das sementes foi avaliada a partir dos testes de germinação, primeira contagem da germinação, envelhecimento acelerado, teste de frio, emergência em campo, comprimento de plântula, parte aérea e raiz

O teste de Germinação (G) foi realizado com quatro repetições de 50 sementes, colocadas em substrato de papel de germinação (“germitest”), previamente umedecido em água utilizando-se 2,5 vezes a massa do papel seco, e mantido à temperatura de 25 °C. As avaliações foram efetuadas conforme as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). A Primeira contagem da germinação (PCG) constou da determinação da percentagem de plântulas normais aos sete dias após a semeadura por ocasião da realização do teste de germinação. Para promover o Envelhecimento acelerado (EA) das sementes foi utilizado caixa gerbox com tela metálica horizontal fixada na posição mediana. Foram adicionados 40 mL de água destilada ao fundo de cada caixa gerbox e, sobre a tela, foram distribuídas as sementes de cada tratamento a fim de cobrir a superfície da tela, constituindo uma única camada. Em seguida, as caixas contendo as sementes foram tampadas e acondicionadas em incubadora do tipo BOD, a 41 ºC, onde permaneceram por 96 horas. Após este período, as sementes foram submetidas ao teste de germinação, conforme descrito anteriormente. Para a avaliação do teste de frio, as sementes umedecidas ficaram em geladeira a 10 ºC por 7 dias e logo após colocadas sob temperatura ótima de germinação (25 ºC), sendo que a contagem das plântulas normais foi realizada aos 14 dias. A Emergência em campo (EC) foi aferida em canteiros. A semeadura foi manual à profundidade de 2 cm, com quatro repetições de 50 sementes, enquanto a contagem da emergência de plântulas foi realizada aos 21 dias após a semeadura. Os Comprimentos de plântula, da parte aérea e da raiz (CPT, CR e CP) foram obtidos a partir de quatro amostras de 20 sementes por tratamento e distribuídas em rolos de papel-toalha umedecidos com água destilada utilizando-se 2,5 vezes a massa do papel seco, e mantido em germinador a 25 °C, por sete dias (NAKAGAWA, 1999). Sobre o papel-toalha umedecido foi traçada uma linha no terço superior, na direção longitudinal. Os comprimentos totais de plântula, parte aérea e raiz primária consideradas normais (BRASIL, 2009) foram determinados ao final do sétimo dia, com o auxílio de régua milimetrada.

Para execução das análises estatísticas foi utilizado o programa WinStat (MACHADO e CONCEIÇÃO, 2003). Os dados porcentuais foram transformados em arco-seno da raiz quadrada de x/100, submetidos a análise de variância e posteriormente analisados por regressão polinomial. O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A dose de 100 mL por 100 Kg-1 de sementes obteve o resultado de maior vigor,

Page 81: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

690

podendo observar que um ajuste da linha quadrática conforme foi aumentando a dose até 400 mL por 100 Kg-1 de sementes houve um decréscimo acentuado do vigor (Figura 1A).

Para a germinação (Figura 1B) a dose que representou maior resultado foi a 300 mL 100 Kg-1 de sementes, e aumentou a dose para 400 mL por 100 Kg-1 de sementes, é verificado uma queda acentuada no resultado da germinação. Este comportamento da linda de tendência quadrática na dose de 400 mL por 100 Kg-1 de sementes pode ter apresentado um efeito inibitório do vigor das sementes. Possenti (2007) ao avaliar sementes de soja com diferentes concentrações de molibdênio, não obteve diferença significativa quanto a qualidade fisiologia. Neste sentido, ainda há poucos trabalhos com avaliação da qualidade fisiológica de sementes de soja, com enriquecimento de molibdênio, fato este também já relatado por Jacob Neto e Rosseto (1998). Maior teor de molibdênio nas sementes de soja, segundo Trigo et al. (1997), poderia estar relacionado com uma melhor qualidade fisiológica, o que implica em melhor estabelecimento da plântula e poderá repercutir em maiores rendimentos de grãos.

A Emergência a campo (Figura 1C) demonstrou que as doses de 0, 200, entretanto houve uma diminuição significativa nos valores de emergência a campo. Sendo que também foi verificado que a dose de 400 mL por 100 Kg-1 de sementes apresentou o menor resultado. Portanto foi verificado um decréscimo quando aumentou a dose de 0 para 400 mL 100 Kg-1 de sementes do produto a base de zinco e molibdênio.

Figura 1. Teste de Frio (Figura 1A), Germinação (Figura 1B), Emergência a Campo (Figura 1C) e Envelhecimento acelerado (Figura 1D) em sementes de arroz cultivar IRGA 424, submetidas ao tratamento de sementes com zinco e molibdênio.

Não houve efeito significativo para as doses sobre as variáveis CPA e CR. Entretanto, para a variável CTP verifica-se efeito significativo nas doses testadas se ajustando melhor na linha tendência cúbica. O aumento da dose até 300 mL por 100 Kg-1 de sementes influenciou positivamente a variável CTP, sendo que a partir dessa ocorreu a redução. Gopalakrishanan e Veerannah (1962), desenvolvendo estudos bioquímicos, com sementes de amendoim, verificaram, em laboratório, a eficácia de micronutrientes sobre a germinação das sementes, indicada pelas alterações bioquímicas da germinação, destacando o Zinco como elemento acelerador do crescimento da radícula. Cheng (1955), estudando efeito de micronutrientes em sementes de trigo, observou, em condições de laboratório, que a aplicação de sulfato de zinco proporcionou um aumento significativo na percentagem de germinação e crescimento inicial das plantas. Por este fato, a aplicação de

Page 82: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

691

zinco e molibdênio pode ter ocasionado incrementos no tamanho total de plântulas.

Figura 2. Comprimento de plântula, comprimento de parte aérea e comprimento raiz de sementes de arroz cultivar IRGA 424, submetidas ao tratamento de sementes a base de zinco e molibdênio.

CONCLUSÃO O tratamento de sementes com zinco e molibdênio influência significativamente no

comprimento total de plântulas de arroz. A aplicação de micronutrientes via sementes alterou positivamente a qualidade

fisiológica das sementes até a dose de 300 mL por 100 Kg-1 de sementes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília, DF: Mapa/ACS, 2009. 395p. CAMARGO, P.N.; SILVA, O. Manual de adubação foliar. São Paulo: La Libreria, 1975, 258p. CHENG, T. The effect of seed treatment with microelements upon the germination and early growth of wheat. Sci. Sinica, Peking, 4:129-135, 1955. FAGERIA, V.D. Nutrient interactions in crop plants. Journal Plant Nutrition, New York, v.24, p.1269-1290, 2001. GOPALAKRISHANAN, S.; VEERANNAH, L. Studies on the germinating groundnut seed (TMV. 2) in red and black soil treated with micronutrients. Madras Agric. J., Madras, 49:405-411, 1962. HEWITT, E. J.; JONES, E. W.; MILES, P. The production of copper, zinc anda molybdenum deficiencies in crop plants grow in a culture with special reference to some effects of water supply and seed reserves. Plants and Soil, Dordrecht, v.5, n.3, p.205-222, 1954. JACOB-NETO, J., ROSSETO, C.A.V. Concentração de nutrientes nas sementes: o papel do molibdênio. Floresta e Ambiente, Rio de Janeiro, v.5, n.1, p.171-183, 1998. MACHADO, A. A.; CONCEIÇÃO, A. R. Sistema de análise estatística para Windows. WinStat. Versão 2.0. UFPel, 2003. MALAVOLTA, E. Elementos de nutrição mineral de plantas. São Paulo. Agronômica Ceres, 251p., 1980. POSSENTI, J.C. Qualidade fisiológica de sementes de soja enriquecidas com molibdênio. 2007. 51p. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2007. PRADO, R. M.; ROMUALDO, L. M.; ROZANE, D. E.; VIDAL, A. A.; MARCELO, A. V. Modos de aplicação de zinco na nutrição e na produção de matéria seca do milho BRS 1001. Bioscience Journal, Uberlândia, v.24, n.1, p.67-74, 2008. RIBEIRO, N. D.; SANTOS, O. S. Aproveitamento do zinco na semente na nutrição da planta. Ciência Rural, Santa Maria, v.26, n.1, p.159-165, 1996. TRIGO, L. F. N.; PESKE, S. T.; GASTAL, M. F. C.; VAHL, L. C.; TRIGO, M. F. O. Efeito do conteúdo de fósforo na semente de soja sobre o rendimento da planta resultante. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 19, n. 1 p. 111-115, 1997.

Page 83: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

692

TRATAMENTO DE SEMENTES PARA A MAXIMIZAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLOGICA DE SEMENTES DE ARROZ

Cassyo de Araujo Rufino1, Lizandro Ciciliano Tavares2, André Pich Brunes3, Daniel Andrei Robe

Fonseca3, Mário Borges Trzeciak4, Lilian Madruga de Tunes5, Caio Sippel Dörr5, Antonio Carlos Souza Albuquerque Barros6

Palavras-chave: Oryza sativa L, micronutrientes, vigor

INTRODUÇÃO O tratamento de sementes é uma realidade para aumentar o desempenho das

sementes, principalmente daquelas espécies e variedades ou híbridos de alto valor no mercado. O objetivo é proteger as sementes e aumentar seu desempenho no campo, quer no estabelecimento inicial ou durante seu ciclo vegetativo. Para o futuro os aspectos mais importantes, no tratamento de sementes serão maiores alvos (para patógenos transmitidos por sementes, pelo solo e foliares). Algumas preocupações são consideradas relevantes no tratamento das sementes, tais como: fitotoxidade à semente (maior preocupação), redução do impacto ambiental, misturas mais complexas (combinações com fungicidas, inseticidas, inoculantes, micronutrientes, protetores de herbicidas e coatings) e monitoramento da sanidade da semente. (BAUDET, 2006).

O uso de sementes de alta qualidade e desempenho é amplamente reconhecido pelos produtores como um dos meios mais efetivos de minimizar custos e riscos. O aumento do desempenho das sementes se dá através de tratamentos especiais, através de beneficiamento e procedimentos para melhorar as condições de semeadura (BAUDETT, 2007). O tratamento de sementes com micronutrientes tem possibilitado elevações significativas de produtividade, principalmente em regiões que adotam elevados níveis de tecnologia de manejo das culturas (ÁVILA et al., 2006). A maioria dos micronutrientes constitui-se em ativadores e componentes estruturais de enzimas (TAIZ e ZEIGER, 2004) que podem favorecer a germinação e o vigor das sementes.

A demanda de conhecimento sobre este tema tem aumentado nos últimos anos, principalmente nas culturas de alta produtividade e com visão empresarial. Há, na literatura, poucos resultados conclusivos sobre a resposta do arroz irrigado a aplicação de micronutrientes. Grande número de trabalhos foi realizado utilizando misturas de micronutrientes, muitas vezes apenas comparando presença e ausência, e deixando a desejar no correlacionamento dos resultados com a qualidade fisiológica de sementes. Apesar de importante, pouca atenção tem sido dada às interações envolvendo micronutrientes, as quais podem elucidar melhor as suas funções no metabolismo da planta, bem como também controlar sua disponibilidade para as culturas, especialmente em condição de laboratório e campo (FAGERIA, 2001).

Com base no que foi exposto o presente trabalho teve o objetivo de avaliar a qualidade fisiológica das sementes de arroz irrigado cultivar IRGA 424 influenciadas pela aplicação via sementes de diferentes produtos para maximizar o vigor das sementes.

1,2,3 Engenheiro Agrônomo, Pós Graduandos em Ciência e Tecnologia de Sementes (UFPel). Email: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] 4 Engenheiro Agrônomo, Pós-graduando do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” ESALQ-USP. Email: [email protected] 5 Engenheira Agrônoma, Programa de Pós-Graduação em Agronomia. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Email: [email protected] 6 Professor Orientador do Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes UFPEL. Email: [email protected]

Page 84: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

693

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório Didático de Análise de Sementes LDAS

na Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), Universidade Federal de Pelotas. Foram utilizadas sementes de arroz cultivar IRGA 424.

Foram utilizados 5 produtos de marca comercial para tratar sementes. Os tratamentos consistiram da aplicação via sementes de vários compostos a base nutrientes, sendo distribuídos nas sementes de acordo com as dose recomendada para cada composto, respectivamente: Test –Testemunha; T2 - Zn, B e Mo nas concentrações de 3,5%, 0,1%, 3,4% (Binova Gra); T3 - F e Zn (Enraizador); T4 - Nitrogênio e Zinco nas concrentrações 1,0% e 36,0% (Teprozin Zn); T5 – Enxofre (S), Cobalto (Co), Molibdênio (Mo) e Zinco (Zn) 3%, 1%, 6%, 5%; (Microxisto), T6 – Óxido de zinco 45% de Zn (Quimifol Seed 78).

As etapas do tratamento de sementes foram: 1- Foi calculada a dose referente a cada tratamento. 2- Inserção do conteúdo (tratamento) em um saco plástico (com capacidade para 3kg) com a utilização de seringa (1mL). 3- Ainda com a utilização de seringa, foi colocada a mesma dosagem de água (conforme cada tratamento) no referido saco plástico. 4- As sementes foram colocadas no saco plástico. 5- O saco, contendo as sementes, o produto e a água, foi agitado por 3 minutos para garantir a adesão uniforme dos produtos sobre as sementes. 6- Após o tratamento das sementes, as mesmas foram deixadas para secar em temperatura ambiente e, logo estando secas, foram conduzidas para os testes de laboratório.

Em Laboratório, a qualidade das sementes tratadas com o produto (Zn e Mo) foram avaliadas pelos seguintes testes: Teste de Germinação (G) - realizada com quatro repetições de 50 sementes para cada amostra, colocadas em substrato de papel de germinação (“germitest”), previamente umedecido em água utilizando-se 2,5 vezes a massa do papel seco, e mantido à temperatura de 25 °C. As avaliações foram efetuadas conforme as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). Primeira contagem da germinação (PCG) - constou da determinação da percentagem de plântulas normais aos sete dias após a semeadura por ocasião da realização do teste de germinação. Teste de frio (TF) - realizado semelhante para ao teste de germinação, as sementes umedecidas ficaram em geladeira a 10 ºC por 7 dias e logo após as sementes forma colocados em germinação sob temperatura ótima de germinação 25 ºC, sendo que a contagem das sementes plântulas normais foi avaliado aos 14 dias. Emergência em campo (EC) - realizado em canteiros contendo solo, sendo a semeadura feita manualmente à profundidade de 2 cm, com quatro repetições de 50 sementes para cada amostra. A contagem da emergência de plântulas foi realizada aos 21 dias após a semeadura. IVE – Índice de velocidade de emergência: esta determinação foi conduzida juntamente com o teste de emergência de plântulas; a velocidade de emergência foi obtida conforme POPINIGIS (1985).

. Comprimento de plântula, Parte Aérea e Raiz (CPT, CR e CP) e determinação da biomassa seca – foram utilizadas quatro amostras de 20 sementes de cada tratamento e distribuídas em rolos de papel-toalha umedecidos com água destilada utilizando-se 2,5 vezes a massa do papel seco, e mantido em germinador a 25 °C, por sete dias (NAKAGAWA, 1999). Sobre o papel-toalha umedecido foi traçada uma linha no terço superior, na direção longitudinal. O comprimento total de plântula, parte aérea e raiz primária consideradas normais (BRASIL, 2009) foi determinado ao final do sétimo dia, com o auxílio de régua milimetrada. Em seguida, as partes das plântulas (parte aérea e raiz) foram colocadas em estufa a 70ºC até peso constante, sendo então pesadas para obter a biomassa seca. Os resultados foram expressos em g.plântula-1.

Para a realização das análises estatísticas foi utilizado o Sistema de Análise Estatística WinStat (MACHADO e CONCEIÇÃO, 2003). Os dados porcentuais foram transformados em arco-seno da raiz quadrada de x/100. O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado, sendo as médias avaliadas por comparações de médias, através do teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Page 85: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

694

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1, foi verificado na primeira contagem de germinação (PCG) que as sementes tratadas apresentaram maior porcentagem de sementes germinadas quando comparadas com a testemunha. Este fato pode estar relacionado a maior disponibilidade de nutrientes logo nas fases iniciais da germinação. Entretanto, para a germinação não foi verificado efeito dos tratamentos. Após o teste de frio, verificou-se efeito negativo de T3 e T4, enquanto os demais tratamentos não apresentaram efeitos para esta variável em relação a testemunha.

As sementes tratadas com T2, T3, T4 e T5 apresentaram maiores índice de velocidade de emergência (IVE) e emergência a campo em relação aos demais tratamentos. Com relação ao molibdênio, as respostas têm sido freqüentes, conforme diversos autores (DINIZ et al., 1996; ANDRADE et al., 2001). Dentre os micronutrientes, segundo Abreu e Abreu (1998), o B e o Zn são os mais limitantes do desenvolvimento normal das plantas, devido aos baixos teores disponíveis nos solos. Tabela 1. Primeira contagem de germinação (PCG), Germinação (GERM), Teste de frio, Índice de velocidade de emergência (IVE) e Emergência a Campo de sementes de arroz cultivar IRGA 424, submetidas ao tratamento de sementes com diferentes produtos para maximizar a qualidade fisiológica de sementes.

Produtos Qualidade Fisiológica

PCG (%) GERM(%) Teste Frio IVE Emergência

T1- Testemunha 57 b 81*ns 76 a 5,8 b 60 b

T2 77 a 85 73 a 7,5 a 71 a

T3 74 a 83 61 b 8,4 a 74 a

T4 73 a 83 69 b 6,6 a 71 a

T5 75 a 87 75 a 8,0 a 70 a

T6 77 a 86 71 a 5,1 b 64 b

C.V (%) 7,0 ---- 8,6 10,5 7,4

Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha coluna não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. O comprimento de raiz foi afetado negativamente pelo T6, enquanto os demais

tratamentos não influenciaram esta variável. Já o comprimento total de plântulas não foi afetado por T2, T3, T4 e T5, todavia o tratamento T6 apresentou-se estatisticamente inferior aos tratamentos anteriormente citados. Possivelmente, a dose utilizada dos micros nutrientes (Fe e Zn) tenha ultrapassado as necessidades das plântulas e, com isso, tenha ocorrido efeito fitotóxico destes elementos.

Page 86: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

695

4.5 a 4.7 a 4.9 a 5.0 a 4.7 a

3.7 b

12.6 ab13.3 a 13.5 a

12.8 a 13.1 a

12.0 b

0

2

4

6

8

10

12

14

16

T1 T2 T3 T4 T5 T6

Com

prim

ento

de

plân

tula

s (c

m)

Dose recomendada dos produtos

Comprimento Raiz Comprimento Total de plântulas

0.246b

0.299a

0.373a

0.317a

0.223b0.239b

0.123 c0.148b

0.173a 0.176a

0.112c 0.107c

0.370b

0.447a

0.545a

0.493a

0.335b 0.346b

0.000

0.100

0.200

0.300

0.400

0.500

0.600

T1 T2 T3 T4 T5 T6

Mat

éria

sec

a (g

)

Dose recomendada dos produtos

Matéria seca de parte aérea Matéria seca de raiz Matéria seca total de plântulas Figuras 1A e 1B. Comprimento Total de plântula, comprimento de parte aérea, comprimento raiz, Matéria seca total de plântula, Matéria seca total da parte aérea e Matéria seca de raiz de sementes de arroz cultivar IRGA 424, submetidas ao tratamento de sementes com diferentes produtos para maximizar a qualidade fisiológica de sementes.

Na figura 1B a matéria seca de parte aérea e a matéria seca total de plântulas foram afetadas positivamente por T2, T3 e T4. Os melhores tratamentos para a variável matéria seca de raiz foram os T3 e T4 com 0,173 e 0,176 gramas.pl-1, e em seguida foi o tratamento T2 apresentando 0,148 gramas.pl-1.

CONCLUSÃO A qualidade fisiológica de sementes de arroz é afetada de acordo com os produtos

aplicados ás sementes. Sementes de arroz da cultivar IRGA 424 tratadas com os produtos Binova Gra e

Microxisto influenciam positivamente a qualidade fisiológica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, C.A. de; ABREU, M.F. de. Micronutrientes e metais pesados em solos: monitoramento de áreas agrícolas. Anais. FERTBIO 98, v. 1, p. 455, Caxambu-MG, 1998. ANDRADE, M.J.B.; DINIZ, A.R.; CARVALHO, J.G.; LIMA, S.F. Resposta do feijoeiro às adubações nitrogenada e molíbdica e à inoculação com Rhizobium tropici. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 25, n.4, p. 934-940, jul./ago. 2001. ÁVILA , M. R.; BRACCINI , A. de L.; SCAPIM , C. A.; MARTORELLI, D. T.; ALBRECHT, L. P.; FACIOLLI, F. S. Qualidade fisiológica e produtividade das sementes de milho tratadas com micronutrientes e cultivadas no período de safrinha. Acta Scientiarum Agronomy, v. 28, n. 4, p. 535-543, 2006. BAUDET, L. M. Aumentando o desempenho das sementes. Revista Seed News, Pelotas, v. 8, n. 5, p. 22-25. 2007. BAUDET, L.; PERES, W.B. Recobrimento de sementes. Revista Seed News, Pelotas, ano VIII . n.1, p. 20-23, Janeiro-Fevereiro 2006. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília, DF: Mapa/ACS, 2009. 395p. DINIZ, A.R.; ANDRADE, M.J.B. de; BERGO, C.L.; LUNKES, J.A. Resposta da cultura do feijão (Phaseolus vulgaris L.) à aplicação de nitrogênio em cobertura e de molibdênio foliar. In: RENAFE, 5, Goiânia. Resumos. Goiânia: EMBRAPA/CNPAF, 1996. p.71-2. 1996. FAGERIA, V.D. Nutrient interactions in crop plants. Journal Plant Nutrition, New York, v.24, p.1269-1290, 2001. NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados na avaliação de plântulas. In: VIEIRA, R.D.; CARVALHO, N. M. (Ed.) Testes de vigor em sementes. Jaboticabal: FUNEP, 1994. 164p. MACHADO, A. A.; CONCEIÇÃO, A. R. Sistema de análise estatística para Windows. WinStat. Versão 2.0. UFPel, 2003. POPINIGIS, F. Fisiologia da semente. 2.ed. Brasília: AGIPLAN, 1985. 289p. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719 p.

1A 1B

Page 87: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

696

DESEMPENHO DE SEMENTES DE ARROZ RECOBERTAS COM ZINCO

André Pich Brunes1, Lizandro Ciciliano Tavares2, Cassyo de Araujo Rufino2, Caio Sippel Dörr3,

Daniel Andrei Robe Fonseca4, Mariana Andrade Leite de Oliveira Serroni3, Antonio Carlos Souza Albuquerque Barros5.

Palavras-chave: Oryza sativa, Micronutriente, germinação

INTRODUÇÃO As áreas de várzea são comumente cultivadas com arroz irrigado no Rio Grande do

Sul, por apresentarem grande potencial de produção. No entanto, sua natureza físico-química é bastante complexa e o nivelamento das áreas promove uma alteração na concentração de nutrientes na camada arável (Lopes, 1986).

A metodologia de recobrimento de sementes constitui uma das técnicas de tratamento na pré-semeadura mais promissoras, pelo fato de dar proteção às sementes contra agentes exteriores, possibilitar o fornecimento de nutrientes, oxigênio, reguladores de crescimento, proteção fitossanitária, herbicidas e, sobretudo, por permitir uma semeadura de precisão em cultivos com plantio direto (Scott, 1989).

O zinco é de fundamental importância para a cultura do arroz, sendo o terceiro nutriente de maior relevância após o nitrogênio e o fósforo (BARBOSA FILHO & PEREIRA, 1987). O zinco age como ativador de várias enzimas e componente estrutural de outras, assim como de estruturas celulares. Participa da fotossíntese nas plantas C4, através da enzima carboxilase pirúvica. É necessário para a produção de triptofano, aminoácido precursor do AIA (ácido indolacético), hormônio vegetal promotor de crescimento e, também, está envolvido no metabolismo do nitrogênio (MARSCHNER, 1986; MENGEL & KIRKBY, 1987; FERREIRA & CRUZ, 1991).

O zinco é absorvido pela planta predominantemente como Zn2+ e tende a se acumular nas raízes, principalmente quando absorvido em grandes quantidades.

De acordo com a pequena quantidade deste micronutriente requerida pelas plantas, dá-se ênfase a adubação via semente, por apresentar menores custos de aplicação, melhor uniformidade na distribuição, reduzidas perdas, além da racionalização no uso de reservas naturais não renováveis (SANTOS, 1981; PARDUCCI et al., 1989).

A absorção do zinco aplicado nas sementes se dá quase integralmente, aumentando a reserva da semente. O zinco se transloca da semente para a planta, durante e após a germinação, chegando, aos 30 dias após a emergência, a 55,5% do total na soja, 64% no feijão e 69% no trigo (MURAOKA, 1981).

O presente trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho de sementes de arroz recobertas com zinco.

1. Engenheiro Agrônomo. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes (UFPel). Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Departamento de fitotecnia, campus Universitário, Caixa Postal 354 – CEP 96001-970 Capão do Leão - RS. Email: [email protected]; 2. Engenheiro Agrônomo. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Email: [email protected]. 3. Estudante de Agronomia. Estagiário do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Email: [email protected]; [email protected]. 4. Engenheiro Agrônomo. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes (UFPel). Email: [email protected] 5. Engenheiro Agrônomo. Dr. Professor associado do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes (UFPel). Email: [email protected].

Page 88: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

697

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório Didático de Análise de Sementes da

Universidade Federal de Pelotas. Foram utilizadas sementes da cultivar IRGA 424, sendo essas submetidas ao tratamento com MAXI ZINC® (MZ) e ZINCO SUPER® (SZ), com 100,0% e 75,0% de Zinco disponível, respectivamente. Após o tratamento das sementes as mesmas foram recobertas com polímero da marca comercial DYNATECH® na dose de 200ml.100kg-1 de sementes.

O tratamento das sementes foi feito em sacos plásticos com capacidade de 3 litros, em seguida adicionou-se no interior do saco os produtos e as sementes respectivamente, sendo agitadas durante 3 minutos, após aplicou-se o polímero. Posteriormente as sementes foram secas em temperatura ambiente durante 24 horas. As doses utilizadas foram 0, 100, 200, 300 e 400mL produto.100kg-1 de sementes, em ambos os produtos.

Foram efetuados os seguintes testes para avaliar a qualidade fisiológica das sementes: Germinação (G) – realizado com quatro repetições de 50 sementes para cada tratamento, colocadas em substrato de papel de germinação (“germitest”), previamente umedecido em água utilizando-se 2,5 vezes a massa do papel seco, e mantido à temperatura de 25 °C. As avaliações foram efetuadas conforme as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). Primeira Contagem da Germinação (PCG) - constou da determinação da percentagem de plântulas normais aos cinco dias após a semeadura por ocasião da realização do teste de germinação. Envelhecimento acelerado (EA) - foi utilizado caixa gerbox com tela metálica horizontal fixada na posição mediana. Foram adicionados 40 mL de água destilada ao fundo de cada caixa gerbox, e sobre a tela foram distribuídas as sementes de cada tratamento a fim de cobrir a superfície da tela, constituindo uma única camada. Em seguida, as caixas contendo as sementes foram tampadas e acondicionadas em incubadora do tipo BOD, a 41 ºC, onde permaneceram por 72 horas. Após este período, as sementes foram submetidas ao teste de germinação, conforme descrito anteriormente. Comprimento de parte aérea e raiz (CPA e CR) – conduzido com quatro repetições de 20 sementes de cada tratamento distribuídas em rolos de papel-toalha umedecidos com água destilada utilizando-se 2,5 vezes a massa do papel seco, e mantido em germinador a 25 °C, por cinco dias (NAKAGAWA, 1999). Sobre o papel-toalha umedecido foi traçada uma linha no terço superior, na direção longitudinal, onde as sementes foram colocadas. O comprimento da parte aérea e da raiz foi determinado com auxílio de régua graduada, aos cinco dias.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2X5 (2 Produtos e 5 dosagens de cada um dos produtos), com 4 repetições. Os dados obtidos foram submetidos à análise da variância e avaliados por comparações de médias, através do teste de Tukey a 5% de probabilidade. Na execução das análises estatísticas foi utilizado o Sistema de Análise Estatística WinStat – Versão 2.0 (MACHADO E CONCEIÇÃO, 2003).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados do teste de G, Figura 1, não demonstram efeito significativo entre

as fontes de zinco utilizadas em todas as doses estudadas. Resultados semelhantes foram encontrados por Funguetto (2006), utilizando sementes de arroz das cultivares IRGA 417 e BRS 7 Taim recobertas com uma mistura de sulfato de zinco heptahidratado (forma pura), onde foram testados os níveis 0; 0,37; 0,47; 0,57; 0,67 e 0,77 g de Zn.kg-1 de sementes + 3,0mL de fungicida (carboxim + thiram) + 200mg de polímero CF Clear® + 4,0mL de corante + 15mL de água.kg-1 de semente. Vieira e Moreira (2005), também registraram ausência de efeito significativo na germinação para sementes recobertas com zinco.

Na Figura 1, verifica-se que na PCG, TF e CPA não ocorreu diferença significativa entre as doses utilizadas. Concordando com os dados obtidos por Funguetto (2006), que não encontrou diferença significativa na primeira contagem da germinação para sementes

Page 89: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

698

de arroz de duas variedades, quando recobertas com zinco. O mesmo autor encontrou resultados semelhantes para o CPA em plântulas de arroz.

No que tange ao teste de EA e CR, tabela 1, verifica-se que ocorreu diferença significativa entre os produtos, porém não ocorreu entre as doses. Esses dados são semelhantes dos encontrados por Ohse et al. (2000) estudando o efeito do tratamento de sementes com zinco, boro e cobre encontraram os melhores resultados no comprimento de parte aérea e raiz em plântulas de arroz irrigado tratadas com zinco. Oliveira et al. (2003), encontraram resultados significativos em de matéria seca total e de raiz para duas cultivares de arroz quando submetidas a doses de oxissulfato de zinco, aplicadas na forma granulada e em pó.

Figura 1: Primeira contagem da germinação (PCG), germinação (G) e teste de frio (TF) em sementes de arroz (Figura 1A) e comprimento da parte aérea (CPA) e comprimento de raiz de plântulas.(Figura 1B e 1C) de sementes de arroz recobertas com zinco.

Tabela 1: Valores de envelhecimento acelerado e comprimento de raiz obtidos de sementes recobertas com zinco.

Dose Variável  

PCG (%) G (%) TF (%) EA (%) CPA (cm) CR (cm) SZn MxZn SZn MxZn SZn MxZn SZn MxZn SZn MxZn SZn MxZn

0 77 75 84 85 67 68 80 82 4.5 4.4 3.5 3.5 100 76 77 83 84 69 68 79 81 4.5 4.5 3.4 4.1 200 76 77 81 84 69 68 77 81 4.5 4.5 3.5 4.0 300 76 79 81 84 69 71 79 83 4.5 4.6 3.4 4.0 400 77 78 81 81 69 71 78 85 4.4 4.6 3.5 4.0

Média 76 a* 77 a 82 a 84 a 68 a 69 a 79 b 82 a 4.5 a 4.5 a 3.5 b 3.9 a CV (%) 5.7 4.3 5.1 3.5 4.6 7.5

* As letras minúsculas na linha diferem as médias entre os tratamentos através do teste de Tukey, em 5% de probabilidade de erro.

y = Não Significativo

60

70

80

90

0 100 200 300 400

(%)

Dose (mg .100kg-1 de sementes)

PCG G TF y = Não Significativo

4

4,5

5

0 100 200 300 400

Com

prim

ento

de

Part

e A

ére\

(cm

)

Dose (mg 100kg-1 de sementes)

3,2

3,4

3,6

3,8

4,0

0 100 200 300 400 Com

prim

ento

da

raiz

(cm

)

Dose (mg.100kg-1 de sementes)

A B

C

Page 90: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

699

CONCLUSÃO O recobrimento de sementes de arroz com zinco não altera a qualidade fisiológica

da cultivar IRGA 424.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA FILHO, M.P. & PEREIRA, M. Nutrição e adubação do arroz (sequeiro e irrigado). Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1987. 129p. (Boletim Técnico, 9). BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília, DF: Mapa/ACS, 2009. 395p. FERREIRA, M. E., CRUZ, M. C. P. Micronutrientes na Agricultura. Piracicaba: Potafós/CNPq, 1991. 734p. FUNGUETTO, C. A. Recobrimento de sementes de arroz irrigado com zinco, Pelotas, 2006, 46p, Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes), UFPel/FAEM, 2006. LOPES, A. S. Micronutrientes nos solos e culturas brasileiras. In: SILVA, M. C. (Coordenador). Anais do seminário Fósforo, cálcio, magnésio, enxofre e micronutrientes – Situação atual e perspectivas na agricultura. 2a ed. São Paulo: Manah S/A, p.110.141, 1986. MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. London: Academic Press, 1986, 671p. MENGEL, K., KIRKBY, A. Principles of plant nutrition. Bern: International Potash Institute, 1987, 687p. MURAOKA, T. Solubilidade do zinco e do manganês em diversos extratores e disponibilidade desses dois micronutrientes para o feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) cv. Carioca. Piracicaba, 1981. 141p. Tese (Doutorado em Agronomia). ESALQ/USP, 1981. OHSE, S.; MARODIM, V.; SANTOS, O. S.; LOPES, S. J.; MANFRON, P. A. Germinação e vigor de sementes de arroz irrigado tratadas com zinco, boro e cobre. Rev. Fac. Zootec. Vet. Agro. Uruguaiana, v. 7, n. 1, p.73-79. 2000. OLIVEIRA, S. C.; COSTA, M.C.G.; CHAGAS, R. C. S.; FENILLI, T. A. B.; HEINRICHS, R.; CABRAL, C. P.; MALAVOLTA, E. Resposta de duas cultivares de arroz a doses de zinco aplicado como oxissulfato. Pesq. agropec. bras., v. 38, n. 3, p.387-396, 2003. PARDUCCI, S.; SANTOS, O. S.; CAMARGO, R.P. et al. Micronutrientes Biocrop. Campinas: Microquímica, 1989, 101p. SANTOS, O.S. O zinco na nutrição de plantas leguminosas. Lavoura Arrozeira, v. 34, n.330, p.26-32.1981. SCOTT, J.M. Seed coatings and treatments and their effects on plant establishment. Advances in Agronomy, San Diego, San Diego, v.42, p.43-83, 1989. VIEIRA, E. H. N. & MOREIRA, G. A. Peletização de sementes de arroz. Comunicado Técnico 111. EMBRAPA, 2005, 2p.

Page 91: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

700

PERCEÇÃO DE SABOR E CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

DE ARROZ PARBOILIZADO

Marcia Arocha Gularte1; Daniele Ziglia de Freitas2;

Palavras - chave: Consumo, arroz parboilizado, atitude do consumidor.

INTRODUÇÃO

O arroz parboilizado apresenta vantagens se relacionado aos demais tipos de arroz, tanto de beneficiamento quanto nutricional. A parboilização é um processo hidrotérmico que consiste na imersão do arroz com casca em tanques com água entre 60-70ºC por 4 a 6 horas. Nesta etapa, as vitaminas e sais minerais que se encontram na película e germe, migram para dentro do grão à medida que este absorve a água. Em seguida, ocorre a etapa de autoclavagem, que promove a gelatinização do amido (o arroz úmido é submetido a uma temperatura mais elevada sob pressão de vapor que irá promover então a alteração da estrutura do amido). Por fim, ocorre a secagem, onde o arroz é seco para posterior descascamento, polimento e seleção (AMATO e ELIAS, 2005). O processo de parboilização reduz a quebra do arroz, produz uma maior homogeneidade e proporciona mais micronutrientes que o arroz branco polido, por outro lado, algumas alterações sensoriais ocorrem como coloração pálida e amarelada, grãos com uma textura mais dura mesmo após o cozimento e um sabor característico. No entanto, não se tem dados oficiais sobre o consumo deste cereal, a Associação de Indústrias de Arroz Parboilizado afirmou que o consumo corresponde a 21% da produção de arroz no país (BEHRENS, 2007).

A atitude do consumidor é um fator determinante no momento da compra, sendo a soma de experiências e informações sobre o produto os pontos que causam estímulos positivos ou negativos sobre este, e também sua tendência de compra. São utilizados diversos testes quantitativos e qualitativos para que se possa estimar o perfil de consumidores e, assim, poder verificar a solução para deficiências de consumo (BARATA, 2005).

Tendo em vista os fatos expostos e a necessidade de informações sobre

informações no setor de consumo de arroz parboilizado, o presente trabalho teve como objetivo analisar características relacionadas por dois aspectos: sabor e características físicas.

MATERIAIS E MÉTODOS O estudo foi realizado através de um questionário, contendo questões sobre os

hábitos de consumo com arroz branco, parboilizado e integral aplicado a 3.615 pessoas, durante a FENADOCE (Feira Nacional do Doce) em Pelotas, RS. Apesar da pesquisa ter sido aplicada na cidade de Pelotas, os entrevistados eram visitantes da feira, portanto, consumidores de todas as regiões do Rio Grande do Sul.

No questionário constavam dados de aspecto socioeconômicos, psicológicos e culturais, seguindo o método do teste com entrevistas individuais “ono-on-one interviews” (GULARTE, 2009). Os dados obtidos foram analisados estatisticamente através do software aplicativo SPSS - Statistical Package for the Social Sciences - pacote estatístico para as ciências sociais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1 Porfª Drª, Universidade Federal de Pelotas, Campus Universitário, Cx.P.354, [email protected] 2 Acadêmica em Química de Alimentos, Universidade Federal de Pelotas, [email protected]

Page 92: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

701

As características gerais dos entrevistados estão apresentadas na tabela 1, sendo a maioria do sexo feminino, a faixa etária prevalecente foi dos 22 aos 50 anos e o 3º grau como instrução com maior pluralidade.

Tabela 1. Características gerais dos consumidores de arroz (%)

Sexo (%) Faixa Etária (%) Grau de Instrução (%)

Feminino – 76 Menores de 15 anos - 1 1º grau - 8

Masculino – 23 15 a 21 anos – 21 2º grau – 39

_ De 22 a 50 anos – 60 3º grau – 45

_ Acima de 50 anos – 18 Pós – graduação – 5

Os dados foram avaliados por dois aspectos: sabor e características físicas. Relacionado ao sabor foi abordado se o arroz parboilizado é o mais saboroso, se possui sabor diferenciado do arroz branco e se possui sabor desagradável. Entre os consumidores entrevistados 49% disseram não achar o arroz parboilizado o mais gostoso, 17% não opinaram e 33% alegaram que este cereal é o mais saboroso. Oitenta por cento dos consumidores revelaram que percebem diferença de sabor entre o arroz parboilizado e o arroz branco, 10% não opinaram e o restante, 8%, afirmaram que não existe tal diferença entre os dois tipos de arroz. Estes resultados estão de acordo com o mencionado por Behrens (2007) que diz que o processo de parboilização altera de forma significativa o sabor do arroz. Ao questionamento sobre se o sabor do arroz parboilizado é desagradável, 50% disseram que o sabor deste é agradável, 14,6% não opinaram e 33,5% disseram que sim, acham o sabor desagradável. Com relação a características físicas do grão de arroz parboilizado foi argumentado se os consumidores preferem este cereal porque os grãos são maiores e não grudam, os resultados estão apresentados na tabela 2. Trinta e dois por cento dos consumidores afirmaram que por ter grãos maiores e mais firmes, o arroz parboilizado torna-se mais atrativo, 21% disseram nem que sim nem que não, a maioria, 45% afirmou que tais aspectos não são determinantes. Apesar da maioria ter assegurado que estes aspectos não são importantes, o número de pessoas que não tiveram opinião alguma sobre o assunto é significativa o que revela a falta de informação relacionada as características do arroz parboilizado. Tabela 2. Percentual de consumidores sobre a preferência do arroz parboilizado quanto ao tamanho dos grãos e aspecto que não grudam

Consumidores Percentual (%) Não 45

Indiferente 21

Sim 32

 CONCLUSÃO

Pode-se observar, através deste trabalho, que a diferença de sabor entre o arroz parboilizado e o arroz branco é percebida pela maioria dos consumidores. Outra questão interessante analisada foi o fato de a maioria dos consumidores acharem o arroz branco mais saboroso que o arroz parboilizado, no entanto, a maioria também disse que o arroz

Page 93: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

702

parboilizado possui sabor agradável o que evidencia que este cereal não possui a mesma aceitação que o tradicional arroz branco, mas sua aceitabilidade relacionada ao sabor é expressiva e pode ser melhor explorada pelo setor de marketing do setor arrozeiro. Finalmente, pode-se concluir que existe falta de informação sobre aspecto dos grãos do arroz parboilizado por parte dos consumidores, isso fica comprovado pelo elevado número de pessoas que não opinaram nas questões abordadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BARATA, T.S. Caracterização do consumo de arroz no Brasil. Disponível em: www.scielo.br. Acesso

em 1 set 2010.

BEHRENS, J. H.; HEINEMANN, R.J.B; MARQUEZ U. M. L.; Parboiled rice: A study about attitude,

consumer liking and consumption in São Paulo, Brazil. Journal of the Science of Food and Agriculture., v. 87. p.992-999, 2002.

ELIAS, M. C.; FRANCO, D. F. Pós-colheita e Industrialização de Arroz. In: Ariano Martins de

Magalhães Júnior; Algenor da Silva Gomes; Alberto Baêta dos Santos. Sistemas de Cultivo de Arroz

Irrigado no Brasil. 1 ed. Pelotas: Embrapa Clima Teperado. v.1, p.229-240, 2006. GULARTE, M. A. Manual de Análise Sensorial de Alimentos. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária

PREC - UFPel, 2009. p.109.

Page 94: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

703

FATOR ECONÔMICO E PRATICIDADE PARA A DECISÃO DE COMPRA DE ARROZ PARBOILIZADO

Marcia Arocha Gularte1; Daniele Ziglia de Freitas2; Priscila Missio da Silva³

Palavras - chave: Arroz parboilizado, preparo, cocção, preço.

INTRODUÇÃO Existem diferentes variáveis que são responsáveis pela atitude do consumidor no

momento da compra. Fatores econômicos, psicológicos, geográficos são aspectos que podem influenciar em uma percepção positiva ou negativa referente a um produto qualquer (BEHRENS, 2007; BARATA, 2005).

Segundo MOWEN e MINORO (1998) o processo de decisão de compra de determinado produto é influenciado por três fatores principais: diferenças individuais (fatores culturais e fatores pessoais), influências ambientais (fatores sociais) e influências subjetivas (fatores psicológicos). Além dos fatores, culturais, sociais e pessoais, o comportamento do consumidor também sofre grande influência dos fatores psicológicos, que são caracterizados por motivação, percepção, aprendizado, crenças e atitudes.

O arroz branco é um alimento básico para maior parte da população mundial, e tratando-se de um alimento tradicional acaba possuindo boa aceitabilidade no momento da compra, no entanto, conforme Barata (2005) o consumo deste cereal vem diminuindo de acordo com o aumento da renda per capita dos consumidores, ou seja, nas famílias em que o poder aquisitivo é maior, parte do arroz acaba sendo substituído por outros alimentos (STORCK, 2004).

No Brasil existem três tipos de arroz mais consumidos, que são o arroz branco polido, parboilizado e o integral, sendo os dois primeiros os mais consumidos respectivamente. O arroz parboilizado passa por um beneficiamento diferenciado do branco polido, o que acarreta em alterações de suas características apresentando aumentos em valor nutritivo, renda, rendimento, tempo de preparo e conservabilidade de grãos e dos subprodutos (FARIA, 2007). Segundo Freitas et al. (2009) os consumidores não tem conhecimento destas diferenças, o que identifica uma carência de informações sobre o arroz parboilizado. Baseado no que foi exposto este trabalho tem como objetivo avaliar a percepção dos consumidores de arroz com relação ao tempo de preparo do arroz parboilizado e verificar a influência de fatores econômicos no seu consumo.

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi realizado através de um questionário, contendo questões sobre os hábitos de consumo com arroz branco, parboilizado e integral aplicado a 3.615 pessoas, durante a FENADOCE (Feira Nacional do Doce) em Pelotas, RS. Apesar da pesquisa ter sido aplicada na cidade de Pelotas, os entrevistados eram visitantes da feira, portanto, consumidores de todas as regiões do estado do Rio Grande do Sul.

No questionário (Fig. 1 – parte da ficha aplicada) constavam dados de aspecto socioeconômicos, psicológicos e culturais, seguindo o método do teste com entrevistas individuais “ono-on-one interviews” (GULARTE, 2009). Os dados obtidos foram analisados estatisticamente através do software aplicativo SPSS - Statistical Package for the Social Sciences - pacote estatístico para as ciências sociais.

1 Porfª Drª, Universidade Federal de Pelotas, Campus Universitário, Cx.P.354, [email protected] 2 Acadêmica em Química de Alimentos, Universidade Federal de Pelotas, [email protected] ³ Mestranda em Engenharia de Alimentos. Universidade Federal de Rio Grande. [email protected]

Page 95: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

704

Pesquisa aplicada ao consumidor de arroz Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Faixa etária: ( ) menos de 15 anos ( ) 15 a 1 anos ( ) 22 a 50 anos ( ) Mais de 50 anos Naturalidade: Grau de instrução: ( ) 1ºGrau ( ) 2º Grau ( ) 3º Grau ( ) Pós-Graduação ( )NO Como prefere comer arroz: ( )grãos firmes ( )pastosos ( )Soltinho ( )Grãos graúdos ( ) com sabor ( ) macio ( ) recozido ( ) molhadinho ( ) Seco Prefere arroz: ( ) agulhinha ( ) grãos longos ( ) curto ( ) grãos redondos Utilizando a escala: 1=discordo muito, 2=discordo moderadamente, 3=indiferente, 4=concordo moderadamente, 5=concordo muito Arroz parboilizado é de fácil preparo? ( ) Arroz parboilizado necessita muito tempo de preparo? ( ) Preço é fator determinante para compra do arroz? ( ) Não consume arroz parboilizado porque é mais caro que o arroz branco? ( ) É difícil encontrar arroz parboilizado no mercado? ( ) Em restaurante substitui arroz por outros alimentos? Quais? ( ) Figura 1. Parte da ficha com o questionário aplicado aos consumidores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Como já foi mencionado em outros trabalhos publicados, a maioria dos

entrevistados desta pesquisa são do sexo feminino (76%), a faixa etária prevalecente foi dos 22 aos 50 anos (60%) e o 3º grau (45%) como instrução com maior pluralidade. Sendo preferido pela maioria o arroz “agulhinha” (64%) com aspecto “soltinho” (68,4%).

Com relação ao preparo do arroz parboilizado foi questionado se este era de fácil preparo (Fig. 2) e se era necessário muito tempo para seu preparo, como pode ser observado 59,3% acharam o arroz parboilizado de fácil preparo, 26,3% mostrou-se indiferente e 12,9% acreditaram ser difícil o preparo deste tipo de arroz. Na abordagem relacionada ao tempo de preparo 39,7% dos consumidores disseram que não necessita de muito tempo de preparo, 32,9% revelaram-se indiferentes e 25,4% concordaram com tal afirmativa. Pode-se perceber que em ambas questões o percentual de consumidores que mostrou-se indiferente foi significativo, o que demonstra falta de conhecimento sobre esse aspecto ou que não acham estes fatores relevantes.

Figura 2. Percentual de respostas quanto à facilidade de preparo do arroz parboilizado.

Nas questões em que foram abordados aspectos econômicos foi argumentado se os entrevistados não consomem arroz parboilizado por este ser mais caro que o arroz branco, onde 69,3% negaram tal afirmativa, 18,3% se disseram indiferentes e 9,8%

Page 96: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

705

revelaram que tal aspecto influencia no momento da compra. Foi questionado ainda se é difícil encontrar arroz parboilizado no mercado 74,1% afirmaram ser fácil encontrar este cereal, 10,5% responderam ser indiferentes e 13,3% asseguraram ser difícil encontrar arroz parboilizado no mercado. Através de tais resultados pode-se concluir que preço não é determinante no momento da compra para maioria dos consumidores entrevistados e que este se encontra presente na maioria dos estabelecimentos da área.

CONCLUSÃO Finalmente, diante dos resultados pode-se concluir que a maioria dos

consumidores acham o arroz parboilizado de fácil preparo, sendo significativo o percentual de consumidores que não opinaram com relação ao tempo de preparo do mesmo, no entanto, a maioria disse que este não necessita de muito tempo de preparo o que evidencia que isto não é fator para o não consumo deste tipo de arroz. Na questão econômica concluiu-se que o preço não é determinante no ato de compra e que o arroz parboilizado está presente na maioria dos locais de venda de arroz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BARATA, T.S. Caracterização do consumo de arroz no Brasil. Disponível em:

http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/7819/000557594.pdf?sequence=1. Acesso em 1 set

2010.

BEHRENS, J. H.; HEINEMANN, R.J.B; MARQUEZ U. M. L.; Parboiled rice: A study about attitude,

consumer liking and consumption in São Paulo, Brazil. Journal of the Science of Food and Agriculture., v. 87. p.992-999, 2002.

FARIA, O.L.V. Remoção de fósforo de efluentes da parboilização de arroz por absorção biológica

estimulada em reator em batelada seqüencial (RBS). Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas,

v.26, n.2, 2006.

FREITAS, D.Z.; SILVA, P.M.; GULARTE, M.A. Percepção do consumidor frente ao arroz parboilizado. VI Simpósio de alimentos da região sul. Passo Fundo. Abril/2009. Pg. 158-163.

GULARTE, M. A. Manual de Análise Sensorial de Alimentos. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária

PREC - UFPel, 2009. p.109.

MOWEN, J.C. and MINOR, M.S. Consumer Behavor. 5ªed. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall, 1998.

STORK, C. R. Variação na composição química em grãos de arroz submetidos a diferentes beneficiamentos. Disponível em: http://cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=980. Acesso 20 abril 2011.

Page 97: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

706

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ARROZ TRATADAS COM ÁCIDO SALICÍLICO

Lizandro Ciciliano Tavares1, André Pich Brunes1

, Daniel Ândrei Robe Fonseca1, Henrique Souza braz2,

Cassyo de Araujo Rufino1, Antonio Carlos Souza Albuquerque Barros3. Palavras-chave: Oryza sativa L, composto fenólico, vigor

INTRODUÇÃO O ácido salicílico é um composto fenólico presente nos vegetais (RASKIN, 1992),

sendo a germinação de sementes um dos processos fisiológicos no qual a substância tem efeito inibidor (BEWLEY E BLACK, 1994). Sintetizado a partir do aminoácido fenilalanina, é encontrado em folhas, inflorescências de plantas termogênicas e em plantas atacadas por patógenos (CASTRO E VIEIRA, 2001). Diversos compostos fenólicos funcionam como componentes alelopáticos, influenciando a germinação das sementes (LYNN E CHANG, 1990).

Um das formas encontradas do ácido salicílico é um pó cristalino que se funde à temperatura de 157-159ºC, sendo moderadamente solúvel em água e muito solúvel em solventes orgânicos polares. O tratamento de sementes com ácido salicílico oferece proteção sistêmica contra a brusone em plântulas de arroz (CAI E ZHENG, 1997). A aplicação exógena de ácido salicílico resulta na ativação de uma série de genes de defesa da planta, fazendo, provavelmente, parte do processo de sinalização que resulta na resistência sistêmica adquirida pela planta (DELANEY ET AL, 1994).

A presença do ácido salicílico nos vegetais tem sido confirmada por meio da utilização de técnicas analíticas modernas (BAARDSETH E RUSSWURM JR, 1978). Uma análise minuciosa em folhas e estruturas reprodutivas de 34 espécies agronomicamente importantes, dentre elas, arroz, soja e cevada, confirmam a distribuição do ácido salicílico em níveis acima de 1,0µg.g-1 de matéria fresca (RASKIN ET AL, 1990).

Nesse contexto, o objetivo desse trabalho foi avaliar qualidade fisiológica de sementes de arroz tratadas com ácido salicílico.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Laboratório Didático de Análise de Sementes, da

Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel/FAEM). Utilizaram-se sementes de arroz, cultivar BRS Querência. Foi preparada uma solução matriz de ácido salicílico (C7H6O3; 138,12 g.mol-1) da maior dose de 200 mg.L-1 e através de diluições sucessivas em água destilada, foram obtidas as concentrações zero, 50, 100, 150 e 200 mg.L-1, sendo estas diluídas na dose de 2 mL por kg de sementes. Para formar um volume de calda de 6 mL por kg, adicionou-se mais 4 mL de água destilada. O tratamento das sementes foi realizado conforme a metodologia descrita por Nunes (2005), sendo adotado o método manual, em sacos de polietileno. O ácido salicílico foi colocado diretamente no fundo do saco plástico, até uma altura de aproximadamente de 0,10 metros. A seguir, foram colocadas 0,100 kg de sementes no interior do saco plástico,

1 Engenheiro Agrônomo. Pós-graduandos do Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Departamento de Fitotecnia, Campus Universitário, Caixa Postal 354 – CEP 96001-970 Capão do Leão-RS. Email: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]. 2Estudante de Agronomia. Estagiário do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Email: [email protected] 3Engenheiro Agrônomo. Dr. Professor Associado do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes (UFPel). Email: [email protected].

Page 98: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

707

os quais foram agitados, por 3 minutos. Na seqüência, as sementes foram colocadas para secar em temperatura ambiente durante 24 horas. O volume da calda resultante foi 600 mL por 100 kg de sementes.

A qualidade fisiológica das sementes tratadas foi avaliada pelos testes: Germinação (G) - realizada com quatro repetições de 50 sementes para cada tratamento, em substrato de papel de germinação (“germitest”), previamente umedecido em água destilada, utilizando-se a proporção 2,5 vezes a massa do papel seco, e mantido à temperatura de 25 °C. As avaliações foram efetuadas conforme as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). Primeira contagem da germinação (PCG) - constou da determinação da percentagem de plântulas normais aos sete dias, após a semeadura, por ocasião da realização do teste de germinação. Envelhecimento acelerado (EA) - foi utilizado caixa gerbox com tela metálica horizontal fixada na posição mediana. Foram adicionados 40 mL de água destilada ao fundo de cada caixa gerbox, e sobre a tela distribuídas as sementes de cada tratamento a fim de cobrir a superfície da tela, constituindo uma única camada. Em seguida, as caixas contendo as sementes foram tampadas e acondicionadas em incubadora do tipo BOD, a 41 ºC, por 72 horas. Após este período, as sementes foram submetidas ao teste de germinação, conforme descrito anteriormente. A avaliação ocorreu após sete dias, sendo os resultados expressos em percentagem de plântulas normais. Teste de frio: foram utilizadas quatro repetições de 50 sementes, distribuídas em substrato de papel de germinação “germitest”, previamente umedecidos com água destilada utilizando-se 2,5 vezes a massa do papel seco. Os rolos foram colocados no interior de sacos plásticos e mantidos em refrigerador a 10 ºC, durante sete dias. Após este período, procedeu-se o teste de germinação conforme descrito anteriormente. A avaliação ocorreu após 7 dias, sendo os resultados expressos em percentagem de plântulas normais. Emergência em campo (EC) - realizado em canteiros contendo solo, sendo a semeadura realizada manualmente à profundidade de 2-3 cm, com quatro repetições de 50 sementes para cada tratamento. A contagem da emergência de plântulas foi realizada aos 21 dias após a semeadura.

O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado. Os dados foram submetidos à análise de variância e analisados por regressão polinomial. As análises foram realizadas com auxílio do programa estatístico Winstat (MACHADO e CONCEIÇÃO, 2003).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Pelos resultados apresentados na Figura 1A, no teste de primeira contagem da

germinação demonstram que o aumento das concentrações de ácido salicílico até 150 mg.L-1 reduziu o vigor das sementes de arroz, entretanto a partir desta dose até 200 mg.L-1 observou-se incremento do vigor. Utilizando concentrações menores, Silveira (2000) inferiu que o ácido salicílico aplicado às sementes de arroz, cv. EMBRAPA 7 TAIM, nas doses de 10µM e superiores, exerceu efeito inibidor na germinação e no vigor (primeira contagem da germinação).

De acordo com os dados (Figura 1B), constata-se que o aumento das concentrações reduziu a germinação das sementes de arroz, sendo a dose de 200 mg.L-1 mais prejudicial. Os resultados discordam dos obtidos por Maia et al. (2000) ao observarem que o ácido salicílico não apresentou diferenças significativas entre as concentrações de 0; 20; 50 e 100 mg.L-1 na germinação de sementes de soja embebidas por 24 horas.

Nos testes de envelhecimento acelerado (Figura 1C) e de frio (Figura 1E), verifica-se que as sementes ao serem submetidas a condições adversas de umidade e temperatura, apenas as doses de 50 e 100 mg.L-1 causaram redução do número de plântulas normais, ao contrário da concentração de 150 mg.L-1 que proporcionou maiores percentagens de plântulas normais.

Page 99: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

708

y  =      1.678x2 -­‐ 6.514  +  82.307                                                            R²  =  0,79    

50

60

70

80

90

100

0 50 100 150 200

Prim

eira

 Cont

agem

 da  

Germ

inaç

ão  (%

)

Concentrações  de  ácido  Salicílico  (mg.L-­‐1)  

y  =  1.214x2 -­‐ 6.907x  +  92.028                                                                      R²  =  0,90  

50

60

70

80

90

100

0 50 100 150 200

Germ

inaç

ão  (%

)

Concentrações  de  ácido  Salicílico  (mg.L-­‐1)  

y  =  -­‐ 0.833x3  +  6.339x2 -­‐ 10.898x  +  9.478                        R²  =0,79  

50

60

70

80

90

100

0 50 100 150 200

Enve

lhec

imen

to  A

cele

rado

 (%)

Concentrações  de  ácido  Salicílico  (mg.L-­‐1)  

y  =  1.446x2 -­‐ 5.917x  +  83.542                                                                      R²  =  0,68    

50

60

70

80

90

100

0 50 100 150 200

Emer

gênc

ia    e

m  C

ampo

 (%)

Concentrações  de  ácido  Salicílico  (mg.L-­‐1)  

y  =  1.714x2 -­‐ 5.957x  +  81.278                                                                            R²  =  0,75

50

60

70

80

90

100

0 50 100 150 200

Test

e  de  

Frio

 (%)

Concentrações  de  ácido  Salicílico  (mg.L-­‐1)  

A B

C D

E Figura 1: Primeira contagem da germinação (1A), germinação (1B), envelhecimento acelerado (1C), emergência em campo (1D) e teste de frio (1E) de sementes de arroz tratadas com doses ácido salicílico.

No tocante a emergência em campo (Figura 1D) observa-se que o aumento da

concentração até 100 mg.L-1 reduziu a emergência de plântulas, porém doses superiores ocasionaram incrementos não acentuados. Resultados encontrados por Glass (1973) e Goyal e Tolbert (1989) mostraram que o ácido salicílico interfere no transporte de íons, reduzindo o acúmulo da matéria seca de diversas culturas e plantas daninhas (SHETTEL E BALKE, 1983). Em sistemas vegetais foi verificado que o ácido salicílico na dose de 0,05µM inibe o transporte de fosfato (GLASS, 1973) e reduz substancialmente a absorção de potássio em raízes de cevada (GLASS, 1974). Embora na fase inicial das plântulas não tenha sido observado efeito positivo do ácido salicílico, pode-se constatar que houve influência das doses em estágios mais avançados, como observado na emergência.

CONCLUSÃO O tratamento de sementes com ácido salicílico afeta negativamente a germinação,

bem como o vigor das sementes de arroz.

Page 100: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

709

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAARDSETH, P. ; RUSSWURM Jr., H. Content of some organic acids. In: cloudberry (Rubus chamaemorus L.). Food Chemistry, Weybridge, v.3, n.1, p.43-46, 1978. BEWLEY, J.D. ; BLACK, M. Seeds, physiology of development and germination. New York: Plenum Press, 1994. 445p. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. MAPA/DAS. Brasília, DF: Mapa/ACS, 2009. 395p. CASTRO, P.R.C.; VIEIRA, E.L. Aplicações de reguladores vegetais na agricultura tropical. Guaíba: Editora Agropecuária, 2001. 132p. COSTA MAIA, F.; MORAES, D.M.; MORAES, R.C.P. Ácido Salicílico: efeito na qualidade de sementes de soja. Revista Brasileira de Sementes, v.22, n.1, p.264-70, 2000. CAI, X.Z.; ZHENG, Z. Biochemical mechanisms of salicylic acid-induced resistance in rice seedlings to blast. Acta Phytopathologica Sinica 27:231-236. 1997. DELANEY, T.P. et al. A central role for salicylic acid in plant disease resistance. Science, v.266, p.1247-50, 1994. LYNN, D.G ; CHANG, M. Phenolic signals in cohabitation: implications for plant development. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, Palo Alto, v.41, p.497-526, 1990. MACHADO, A. A.; CONCEIÇÃO, A. R. Sistema de análise estatística para Windows. WinStat. Versão 2.0. UFPel, 2003. MAIA, F. C.; MORAES, D. M.; MORAES, R. C. P. Ácido salicílico: efeito na qualidade de sementes de soja. Revista Brasileira de Sementes, Pelotas, v. 22, n. 1, p. 264-27, 2000. NUNES, J.C. Tratamento de semente - qualidade e fatores que podem afetar a sua performance em laboratório. Syngenta Proteção de Cultivos Ltda. 2005. 16p. RASKIN, I. Role of salicylic acid in plants. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, Palo Alto, v.43, p.439-463, 1992. SILVEIRA, M.A.M.; MORAES, D.M.; LOPES, N.F. Germinação e vigor de sementes de arroz (Oryza sativa L.) tratadas com ácido salicílico. Revista Brasileira de Sementes, v.22, n.2, p.145-52, 2000. GLASS, A.D.M. Influence of phenolic acids on ion uptake: I. Inhibition of phosphate uptake. Plant Physiology, Rockville, v.51, n.6, p.1037-1041, 1973. GLASS, A.D.M. Influence of phenolic acids upon ion uptake: III. Inhibition of potassium absorption. Journal of Experimental Botany, London, v.25, n.89, p.1104-1113, 1974. GOYAL, A. ; TOLBERT, N.E. Variations in the alternative oxidase in Chlamydomonas grown in air or high CO2. Plant Physiology, Rockville, v.89, n.3, p.958-962,1989. SHETTEL, N.L. ; BALKE, N.E. Plant growth response to several allelopathic chemicals. Weed Science, Champaign, v.31, p.293- 298, 1983. RASKIN, I.; SKUBATZ, H.;TANG, W. ; MEEUSE, B.J.D. Salicylic acid levels in thermogenic and nonthermogenic plants. Annual of Botany, New York, v.66, n.1, p.376-378, 1990.

Page 101: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

710

QUALIDADE FISOLÓGICA DE SEMENTES DE ARROZ TRATADAS COM NUTRIENTES Lizandro Ciciliano Tavares1, Daniel Ândrei Robe Fonseca1

, André Pich Brunes1, Cassyo de Araujo Rufino1

, Henrique Souza braz2, Antonio Carlos Souza Albuquerque Barros3.

Palavras-chave: Oryza sativa L, micronutrientes, vigor

INTRODUÇÃO O Brasil possui uma produção de arroz de 12,65 milhões de toneladas. O estado do

Rio Grande do Sul é o principal produtor nacional de arroz, alcançou 7,98 milhões de toneladas do grão em casca, atingindo 63,1% da produção nacional. A safra gaúcha foi 8,7% maior em relação a 2008 (IBGE, 2007).

A semente é um dos componentes essenciais para a produção agrícola. A qualidade genética da semente, associada às suas características físicas, sanitárias e fisiológicas influenciam diretamente para a planta atingir o máximo do seu potencial produtivo (ABRATES, 2010).

O recobrimento é uma tecnologia que vêm se firmando cada vez mais, pois traz grandes vantagens ao agricultor, permitindo a aplicação de uma proteção adequada e precisa à semente contra doenças e insetos, permitindo a aplicação conjunta de fungicida, inseticida, micronutrientes e inoculante, (BAUDET e PERES, 2004).

De acordo com Malavolta (1987), a deficiência de alguns nutrientes pode gerar desequilíbrio nutricional na planta, podendo apresentar sintomas de carência, caracterizados por doenças fisiológicas. Segundo Camargo e Silva (1990), a presença destes sintomas pode diminuir a capacidade produtiva da cultura.

Estudos confirmam melhor qualidade fisiológica das sementes quando são produzidas por plantas submetidas à fertilização, ou quando as próprias sementes são fertilizadas (ABDALLA et al., 2008). Avaliando a qualidade fisiológica de sementes de milho, Ávila et al. (2006) obtiveram também aumentos na germinação e no vigor das sementes produzidas nas subparcelas que receberam tratamento de sementes com formulado de micronutrientes (Zn, Mo e B), obtendo respostas diferentes de acordo com os híbridos.

O objetivo deste trabalho foi verificar o efeito da aplicação de nutrientes sobre a qualidade de sementes de arroz.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no Laboratório Didático de Análise de Sementes LDAS,

na Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), Universidade Federal de Pelotas, no período agrícola de 2009/2010. Foram utilizadas sementes da cultivar PUITA-INTA CL que foram submetidas ao recobrimento com o produto da marca comercial Binova Gra (B 0,1%, Mo 3,4%, Zn 3,5%) nas dosagens de 0, 50, 100, 150 e 200 mL por 100 Kg-1 de sementes. Para o recobrimento das sementes, utilizou-se a metodologia descrita por Nunes, (2005), que é o método manual, usando-se sacos de polietileno. Foram realizadas as seguintes avaliações: Germinação (G) - realizada com quatro repetições de 50 sementes para cada tratamento, e mantido à temperatura de 25 °C. As avaliações foram efetuadas conforme as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009) Primeira Contagem da Germinação

1 Engenheiro Agrônomo, Pós- Graduandos do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Departamento de fitotecnia, campus Universitário, Caixa Postal 354 – CEP 96001-970 Capão do Leão-RS. Email: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]. 2 Estudante de Agronomia. Estagiário do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Email: [email protected] 3 Engenheiro Agrônomo. Doutor, Professor Associado do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes (UFPel). Email: [email protected].

Page 102: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

711

(PCG) - constou da determinação da percentagem de plântulas normais aos sete dias após a semeadura por ocasião da realização do teste de germinação. Comprimento de plântula, parte aere e raiz (CPT, CR e CP) – Foram utilizados quatro repetições de 20 sementes por tratamento, submetidas em germinador a 25 °C, por sete dias (NAKAGAWA, 1999). O comprimento total de plântula, parte aérea e raiz primária foram consideradas as plântulas normais (BRASIL, 2009). Foi determinado ao final do sétimo dia, com o auxílio de régua milimetrada. Logo após separadas (parte aérea e raiz), foram colocadas em estufa para secagem a 60 ºC por 48 horas, a seguir pesadas em balança de precisão e mensuradas em miligramas (mg). Biomassa seca total de plântula, biomassa seca de parte aérea e raiz (BSTP, BSPA e BSR) - determinada em conjunto com o comprimento das plântulas. A parte aérea e raiz foram colocados em sacos de papel e levados para secar em estufa com circulação de ar forçada, regulada a 80±2oC, durante 24 horas. Após esse período, as amostras foram colocadas para resfriar em dessecadores e pesadas em balança analítica (0,001g). Os resultados foram expressos em mg/plântula (NAKAGAWA, 1999).

O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado. Os dados foram submetidos à análise de variância e analisados por regressão polinomial. As análises foram realizadas com auxílio do programa estatístico Winstat (MACHADO e CONCEIÇÃO, 2003).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na figura 1A encontram-se os resultados da primeira contagem de germinação

(PCG) de sementes de arroz submetidas ao tratamento de sementes com produto enriquecido com nutrientes. Pode-se observar que houve efeito significativo e que a PCG respondeu linearmente quando houve aumento da dose. Sendo que as doses de 100 e 200 mL por 100 Kg-1 de sementes corresponderam aos melhores resultados com 83 e 81% respectivamente. Os resultados para a (G) germinação (figura 1B) corresponderam similarmente aos resultados da PCG, pois obteve aumento linear conforme o aumento da dose de 0 a 200 mL por 100 Kg-1 de sementes. Estes resultados concordam com aqueles obtidos por Ávila et al. (2006) que também obtiveram aumentos na germinação e no vigor de sementes de milho tratadas com Zn, Mo, mas também com B, tendo as respostas variado com os híbridos utilizados. Para a cultura do arroz, Ohse et al. (2000/2001) também confirmaram que o tratamento de sementes com Zn, B e Cu pode ser efetuado antes da semeadura sem prejuízos à germinação e ao vigor da planta, concordando parcialmente com os resultados obtidos para a cultura da mamona. Já a variável (BSR) biomassa seca de raiz (figura 1C) apresentou-se com decréscimo linear no aumento das doses de 0 até 200 mL por 100 Kg-1 de sementes. As variáveis (BSPA) biomassa seca de parte aérea (figura 1D) e comprimento de parte aérea (CPA) não apresentaram efeito significativo para as doses dos nutrientes. Concordando com dados obtidos Ohse et al. (2000/2001), que também observou a redução no vigor das plântulas de arroz pelo fornecimento de B via semente. Os autores atribuíram este resultado à alta dose do nutriente aplicado nas sementes que pode ter causado fitotoxicidade nas sementes. Assim como para as demais características avaliadas, com a aplicação do micronutriente B, obtiveram-se os piores resultados na massa fresca de plântulas; massa seca, o tratamento com boro comportou-se semelhante à testemunha.

Page 103: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

712

PCG = 0.037x + 75.5 R² = 0.64

7072747678808284868890

0 50 100 150 200PRIMEIRA  CONTAGEM  de  

GERMINAÇÃO  (%)

Br - Mo - Zn mL. Kg de sementeA

G = 0.018x + 87.6 R² = 0.57

8082

8486

8890

9294

0 50 100 150 200

GERMINAÇÃO  (%)

Br - Mo - Zn mL. Kg de sementeB

BSR = -0.0029x + 1.4212 R² = 0.73

00.20.40.60.81

1.21.41.6

0 50 100 150 200BIOMASSA  SECA  DE  RAIZ  (mg)

Br - Mo - Zn mL. Kg de sementeC

CT = -0.0321x + 16.506 R² = 0.93

02468

1012141618

0 50 100 150 200

COMPRIMENTO  TOTAL    (cm)

Br - Mo - Zn mL. Kg de sementeF

CR = -0.0268x + 8.646 R² = 0.95

0123456789

10

0 50 100 150 200

COMPRIMENTO  DE  RAIZ  (cm)  

Br - Mo - Zn mL. Kg de sementeG

Figura 1: Primeira Contagem da Germinação (1A), Germinação (1B), Biomassa Seca de Raiz - mg (1C), Biomassa Seca de Parte Aérea - mg (1D) Comprimento de parte aérea (1E) Comprimento total (1F) e Comprimento de Raiz(1G) de sementes de arroz tratadas com doses de Binova Gra .

Verificou-se que a variável comprimento total de plântula (1F) foi afetada negativamente com o aumento da dose até 200 mL por 100 Kg-1 de sementes, entretanto a testemunha apresentou desempenho superior as doses testadas. Com resultado semelhante é verificado na variável comprimento de raiz que também foi afetada negativamente e respondendo com uma queda drástica de forma linear conforme foi aumentado a dose de 0 para 200 mL por 100 Kg-1 de sementes. Avaliando a qualidade fisiológica de sementes de milho, Ávila et al. (2006) obtiveram aumentos na germinação e no vigor das sementes produzidas nas subparcelas que receberam tratamento de sementes com formulado de micronutrientes (Zn, Mo e B), tendo as respostas variando com os híbridos utilizados. Porém, diminuição na germinação de sementes e no acúmulo de matéria seca radicular e da planta inteira pela aplicação de zinco às sementes de sorgo foi detectada por Yagi et al. (2006), havendo, dessa forma, contradição entre os resultados obtidos.

CONCLUSÃO O tratamento de sementes com os nutrientes não influenciaram a biomassa seca e o comprimento de parte aérea. A germinação e o vigor foram influenciados positivamente com as doses testadas dos nutrientes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDALLA, S. R. S.; PROCHNOW, L. I.; FANCELLI, A. L. Simpósio discute como utilizar insumos e recursos para otimizar a produtividade do milho. Piracicaba: International Plant Nutrition Institute – Brasil, 2008. (Informações Agronômicas, 122). Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes. ABRATES. Disponível em: http://www.abrates.org.br/portal/images/stories/informativos/v20n3/minicurso03.pdf Acessado em 07/05/2011 ÁVILA, M. R.; BRACCHINI, A. L.; SCAPIM, C. A.; MARTORELLI, D. T.; ALBRECHT, L. P.; FACCIOLI, F. S. Qualidade fisiológica e produtividade das sementes de milho tratadas com

Page 104: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

713

micronutrientes e cultivadas no período de safrinha. Acta Scientiarum. Agronomy, v. 28, n. 4, p. 535-543, 2006. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília, DF: Mapa/ACS, 2009. 395p. CAMARGO, P.N.; SILVA,O. Manual de adubação foliar. São Paulo: HERBA, 1990.256 p. BAUDET, L.; PERES, W.B. Recobrimento de Sementes. SEED news, Pelotas, ano VIII. n.1, p. 20-23, Jan/Fev 2004. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica .IBGE.. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pamclo/2007/default.shtm. Acessado em: 07/05/11. MALAVOLTA, E. Manual de calagem e adubação das principais culturas. São Paulo: Agronômica Ceres, 1987. 496 p. NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados no desempenho das plântulas. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, J.B. (Ed.). Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. 2-21p. OHSE, S.; MARODIM, V.; SANTOS, O. S.; LOPES, S. J.; MANFRON, P. A. Germinação e vigor de sementes de arroz irrigado tratadas com zinco, boro e cobre. Revista da Faculdade de Zootecnia Veterinária e Agronomia, v. 7-8, n. 1, p. 41-79, 2000/2001. YAGI, R.; SIMILI, F. F.; ARAÚJO, J. A.; PRADO, R. M.; SANCHEZ, S. V.; RIBEIRO, C. E. R.; BARRETTO, V. C. M. Aplicação de zinco via sementes e seu efeito na germinação, nutrição e desenvolvimento inicial do sorgo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 41, n. 4, p. 655-660, 2006.

Page 105: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

714

PROPRIEDADES NUTRICIONAIS DE BOLO DE ARROZ ENRIQUECIDO COM FIBRAS

Marcia Arocha Gularte1; Cristina Molina Rosell2; Esther Hera³; Manuel Gómez Pallares³

Palavras - chave: Arroz, amido resistente, fibras, bolo sem gluten.

INTRODUÇÃO

Em uma pesquisa de mercado de Cureton & Fasano (2009) foi estimado que a venda de produtos sem glúten estivesse projetado para um crescimento de 25% ao ano durante os próximos quatro anos.

O arroz é um dos cereais mais utilizados em produtos sem glúten devido aos baixos níveis de sódio, proteína, fibra, gordura e alto teor de carboidratos facilmente digeridos (ROSELL & GÓMEZ, 2006).

O enriquecimento de produtos sem glúten com fibras dietéticas provou ser necessário, uma vez que tem sido relatado que pacientes com doença celíaca têm geralmente uma baixa ingestão de fibras atribuída à dieta isenta de glúten (LAZARIDOU et al., 2007, Codex Alimentarius Commission, 2007, GALLAGHER et al., 2004).

A importância do consumo de fibras dietéticas emerge de pesquisas entre a dieta e a incidência de doenças crônicas. Fontes de fibras têm sido desenvolvidas para serem adicionadas nos alimentos e prover mais fibras.

Outra importância do consumo de alimentos ricos em fibras é que o amido resistente desses alimentos tem sido sugerido para uso em composições probióticas para promover o crescimento de microrganismos benéficos, uma vez que o amido resistente passa quase inteiramente no intestino delgado, ele pode se comportar como um substrato para o crescimento de microrganismos probióticos e seus benefícios para a saúde com propriedades funcionais (SAJILATA et al., 2006), como a inulina, que é um polissacarídeo não digerível dos classificados de fibra alimentar e age como um prebiótico, simulando o crescimento de bactérias no cólon "saudável" (GALLAGHER et al., 2004).

Considerando os fatos expostos o objetivo deste estudo foi investigar a possível interferência de fibras sobre as propriedades nutricionais de bolo sem glúten de arroz.

MATERIAL E MÉTODOS Uma formulação de bolo layer (GÓMEZ et al., 2010) sem glúten com farinha de

arroz (Harinera los Pisones, Zamora, Spain) foi utilizada como padrão, utilizando a seguinte formulação: farinha de arroz 100%, leite 75%, ovos 62,5%, óleo de girassol 37,5%, açúcar 112,5% e fermento químico 3,75%. Para o enriquecimento dos bolos, 20% da farinha de arroz foi substituída por fibra inulina (Orafti®HPX, Beneo-orafti) denominada formulação 1; na formulação 2, 20% de farinha de arroz foi substituída por fibra de aveia Vitacel HF 600 (Campi y Jove SA, Barcelona, Spain), e a formulação 3 foi a do bolo padrão, sem adição de fibras, utilizado como controle. Os ingredientes dos bolos: açúcar, óleo de girassol, ovos, leite e fermento foram adquiridos no comércio local de Valencia, Espanha.

Todos os ingredientes foram misturados durante 1 minuto em velocidade 4 e 9

minutos na velocidade 6 em batedeira industrial (KitchenAid, USA), colocados em formas e assados por 30 minutos à 190ºC. Nos parâmetros nutricionais foram avaliados: umidade

1 Porfª Drª, Universidade Federal de Pelotas, Campus Universitário, Cx.P.354, [email protected] 2 Departamento de Ciência de Alimentos, Instituto de Agroquímica e Tecnologia de Alimentos (IATA-CSIC), Valencia, Espanha. ³ Universidad de Valladolid - Ingenierías Agrarias de Palencia (Departamento Tecnología de los Alimentos), Espanha.

Page 106: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

715

(método 44-15A), cinzas (método 08-01), fibra total (método 30-25) e proteína (método 46-13) N x 6.25, todos determinados por método AACC (2000).

Conteúdo de carboidratos disponíveis foi calculado por diferença, subtraindo 100g de umidade, proteína, gordura, cinzas e fibra (FAO, 2003). Três frações de hidrólise do amido foram quantificadas como sugerido por Englyst, et al. (1996), amido rapidamente digerível (RDS), amido lentamente digerível (SDS) e amido resistente (RS).

Os dados experimentais foram analisados estatisticamente usando o programa Statgraphics V.7.1 (Bitstream, Cambridge, Mn) para determinar as diferenças significativas. Quando a ANOVA indicou valores de F significativos, a comparação de amostras múltiplas foi realizada pelo Teste de Fisher procedimento (LSD).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1 estão apresentados os resultados das avaliações de composição

química proximal e das frações de hidrólise de amido dos bolos sem glúten enriquecidos com fibras.

Tabela 1. Efeito da composição química e frações de hidrólise de amido (%) nos bolos sem glúten enriquecidos com fibras

Bolos Proteína Lipídios Carboi- dratos

Cinzas FDT RDS SDS RS

F1 5,3b* 13,2b 52,0a 1,4b 2,0b 73,2b 8,5b 0,2b F2 5,5b 13,4a 43,0b 1,8a 7,1a 82,4a 3,4c 0,7a F3 6,2a 13,0ab 52,0a 1,7a 2,2b 74,7b 16,4a 0,6a

F1= formulação 1, bolo com inulina; F2= formulação 2, bolo com aveia; F3= formulação 3, bolo controle; FDT= fibra dietética total; RDS= amido rapidamente digerível; SDS= amido lenta digerível; RS= amido resistente. *médias (n=3) com letras distintas diferem entre si entre as amostras (p<0,05).

Os bolos adicionados de fibras foram significativamente (p<0,05) menores nos

teores de proteínas em relação ao controle, já o efeito dos lipídios nos bolos foi menor. A menor porcentagem de carboidratos disponíveis foi quando a fibra de aveia foi incorporada nos bolos. O resultado de cinzas de bolos com fibras de aveia (insolúveis) apresentaram valores mais elevados, mas não apresentaram diferença do controle e o bolo com inulina (fibra solúvel) teve o valor mais baixo deste constituinte da composição química proximal. O total de fibras dietéticas dos bolos variou de 2,0 a 7,1 g/100g, sendo que o bolo com fibra de aveia apresentou aproximadamente 3 vezes mais em relação ao controle e ao bolo com inulina. Segundo a FDA (1998) qualquer alimento rico em fibra, em benefício da saúde deve conter pelo menos 4 g/100 g Fibra Dietética Total e de acordo com Codex Alimentarius (2007) alimentos sólidos com fibras podem ser classificados com ‘high fiber’ contendo ≥ 6 g/100g e ‘source fiber’ contendo ≥ 3 g/100g.

O amido pode ser classificado em três frações principais de acordo com sua velocidade e extensão da digestão ‘in vitro’: amido rapidamente digerível (RDS), que é convertido em moléculas de glicose em 20 minutos de digestão enzimática, amido lentamente digerível (SDS) como amido convertido em glicose após 100 minutos de digestão enzimática, e Amido Resistente (RS) é o amido não hidrolisado após 120 minutos de incubação (SAJILATA et al., 2006). O amido resistente é considerado uma fibra que compreende o amido e os produtos da degradação do amido não absorvido no intestino delgado de indivíduos saudáveis (SKRABANJA et al., 1998).

Os bolos com fibras de aveia apresentaram o maior valor de RDS e o menor valor de SDS, sendo que o bolo controle (somente com farinha de arroz) apresentou maior teor de SDS. O SDS é lentamente digerido no intestino delgado induzindo o aumento gradual da glicose pós-prandial e os níveis de insulina (JENKINS et al., 1978). Nenhum efeito significativo foi observado com o bolo controle e com a adição de fibra de aveia para RS, no entanto, nos bolos enriquecidos com inulina foram significativamente menores em RS. O conteúdo de RS dos alimentos é afetado pela composição química, forma física, os tratamentos térmicos (GOÑI et al., 1996), e também pelas interações de amido com outros

Page 107: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

716

constituintes dos alimentos, tendo uma conseqüência direta na resposta glicêmica dos produtos a base de carboidratos (FARDET et al., 2006).

CONCLUSÃO

Diante dos resultados pode-se concluir que é possível utilizar fibras na elaboração bolos sem glúten com farinha de arroz. Devido aos benefícios de saúde e da recomendação para o consumo de fibra e ainda equilibrar o consumo de suas frações em solúveis e insolúveis, no presente trabalho pode ser concluído que a aveia mostrou vantagens na elaboração de bolos. Em relação à proteína os bolos com fibras apresentaram percentuais menores que o bolo controle, quanto aos carboidratos o bolo com aveia apresentou os menores percentuais e os maiores teores em cinzas, conseqüentemente maior percentual em fibra dietética total, no entanto o bolo com inulina e o bolo controle apresentaram-se similares em FDT, já os efeitos nas frações da hidrólise do amido se observou que os maiores percentuais de SDS foi para o bolo controle e em RS o bolo com aveia e o controle apresentaram o mesmo nível. Os resultados mostraram que o bolo sem glúten enriquecidos com fibras de aveia pode ser considerado ‘alimento fonte de fibra’.

AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio financeiro de Ministerio de Ciencia Inovación

Espanhol (Projeto AGL 2008-00092 ALI) e o Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

AACC International. Approved Methods of the American Association of Cereal Chemists. St Paul, Mn (USA): American Association of Cereal Chemists, 2000. Codex Alimentarius Commission. Draft revised standard for gluten free foods (ALINORM 08/31/26). In: Codex Committee on Nutrition and Foods for special Dietary Uses, 29nd session, Germany, 2007. CURETON P & FASANO. A The increasing incidence of celiac disease and the range of gluten-free products in the marketplace. In: Gluten-free Food Science and Technology, Gallagher, E. eds. Wiley-Blackwell: USA, 2009. ENGLYST, H.N., VEENSTRA, J., & HUDSON, G.J. Measurement of rapidly available glucose (RAG) in plant foods: a potential in vitro predictor of the glycaemic response. British Journal of Nutrition, 1996, 75, 327-337. FARDET, A., LEENHARDT, F., LIOGER, D., SCALBERT, A., & RÉMÉSY, C. Parameters controlling the glycaemic response to breads. Nutrition Research Reviews, 2006, 19, 18-25. FAO Food and Nutrition, Paper 77. Food energy methods of analysis and conversion factors, Food and Agriculture Organization of the United Nation, Rome, 2003. GALLAGHER, E., GORMLEY, T. R., & ARENDT, E. K. Recent advances in the formulation of gluten-free cereal-based products. Food Science & Technology, 2004, 15, 143-152. GÓMEZ, M., MANCHÓN, L., OLIETE, B., RUIZ, E., & CABALLERO, P. A. Adequacy of wholegrain non-wheat flours for layer cake elaboration. Food Science and Technology, 2010, 43, 507-513. GOÑI, I, GRACIA-DIZ, L., MANAS, E., & SAURA-CALIXTO, F. A. Analysis of resistant starch. A method for foods and food products. Food Chemistry, 1996, 56, 445-449. JENKINS, D. J. A., WOLEVER, T. M. S., LEEDS A. R., GASSULL, M. A., HAISMAN, P., DILAWARI, J., GOFF, D. V., METZ, G. L. & ALBERTI, K. M. Dietary fibres, fibre analogues, and glucose tolerance: importance of viscosity. British Medical Journal, 1978, 1, 1392-1394. LAZARIDOU, A., DUTA, D., PAPAGEORGIOU, M., BELC, N., & BILIADERIS, C. G. Effects of hydrocolloids on dough rheology and bread quality parameters in gluten-free formulations. Journal of Food Engineering, 2007, 79, 1033-1047. ROSELL, C. M. & GÓMEZ, M. P. Rice. In: Bakery products: Science and Technology. Ed Y.H. Hui. Blackwell Publishing, Ames, Iowa. USA, 2006. p123-133. SAJILATA, M. G., SINGHAL, R. S., & KULKARNI, P. R. Resistant starch – A review. Food Science and Food Safety, 2006, 5, 1-17. SKRABANJA, V., LAERTE, H. N., & KREFT, I. Effects of hydrothermal processing of buckwheat (Fagopyrum esculentum Moench) groats on starch enzymatic availability in vitro and in vivo rats. Journal of cereal science, 1998, 28, 209-214.

Page 108: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

717

1

INFLUENCIA DE LAS CONDICIONES CLIMÁTICAS SOBRE LA CALIDAD INDUSTRIAL Y CULINARIA DE DISTINTOS GENOTIPOS DE

ARROZ

Pinciroli, M.; Bezus, R.; Scelzo, L. J., Vidal, A. A.1

Palabras clave: acumulación calórica, calidad, Oryza

INTRODUCCIÓN La producción de arroz en el MERCOSUR es de aproximadamente 11 millones de

toneladas de las cuales un millón es producido por nuestro país lo que representa un 0,25% de la producción mundial (SAGPyA, 2008). Si bien es un cultivo de origen tropical o subtropical, en el país se cultiva en regiones en condiciones climáticas templadas, suboptimas para el crecimiento y desarrollo de la especie. La región más austral de producción es la provincia de Entre Ríos con un 38% de la producción nacional. La variación diaria de la temperatura del aire es uno de los principales factores que contribuyen a modificar el ciclo de los cultivares (INFELD ET AL., 1998). Factores climáticos como precipitaciones, humedad relativa y temperatura del aire, ocurridas durante el período de llenado del grano, en especial durante los 45 días después de panojamiento (VIDAL ET AL., 2001), así como los factores genéticos, tienen una importancia preponderante sobre paramentos que definen la calidad del grano. Con altas temperaturas la tasa de llenado de grano es mayor pero se acorta la duración del período en detrimento de la calidad. Bajas temperaturas prolongan el período de llenado, condición que resulta aceptable para la formación de granos de buena calidad (traslucidez), pero si las temperaturas son muy bajas, el retraso en el llenado es muy importante y el resultado es la producción de granos parcialmente llenos, verdes y yesosos. El arroz es el único cereal utilizado como grano entero, por este motivo la calidad es un factor sumamente importante para su valor económico y está determinada por el rendimiento industrial (JODARI AND LINSCOMBE, 1996). La temperatura de gelatinización está parcialmente bajo control genético, no obstante, ciertos factores ambientales (en especial la temperatura del aire) afecta marcadamente su expresión (OKAMOTO AND HORINO, 1994) variando tanto como 10ºC en una misma variedad, en casos excepcionales según el medio ambiente (JENNINGS ET AL., 1981).

El objetivo de este trabajo fue comparar los requerimientos climáticos y la calidad de grano de arroz de diferentes genotipos en dos ambientes.

MATERIALES Y MÉTODOS

Se realizaron ensayos durante la campaña 2009/10 en dos localidades argentinas: La Plata (Lat.: 34º 52´S y Long.:57º57W), provincia de Buenos Aires, una localidad considerada subóptima desde el punto de vista de la oferta ambiental y Urdinarrain (Lat.: 32º41ºS y Long.: 58º 53´W) provincia de Entre Ríos, ubicada en el sur de la zona de cultivo. Se sembraron 8 genotipos: Don Justo FCAyF, Don Ignacio FCAyF, H407-8-2-1-1-1-1 (H407-8), H407-12-2-1-1-1(H407-12), Camba, H420-56-1, (H420-56), H420-55-2-2 (H420-55), H443-22-1 (H443) con una densidad de 350 plantas.m2. Los ensayos se condujeron bajo inundación. Se controlaron las malezas con aplicaciones de Bispyribac sodio. La cosecha fue manual, los granos se secaron en estufa a 41º C hasta 13,5 % de humedad. El 1 Programa Arroz. Facultad de Cs. Agr. y Ftales. UNLP. CC31. La Plata. CC.31. La Plata, Bs. As. Argentina e-mail: [email protected]

Page 109: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

718

2

diseño fue bloques al azar con tres repeticiones. Se registraron las temperaturas medias diarias en abrigo meteorológico (TMD) y las fechas de emergencia, panojamiento y madurez. Se calculó la acumulación calórica por el Método Residual de Brown, tomando como temperatura base 10ºC para los subperíodos: emergencia-panojamiento (E-P) y panojamiento-madurez (P-M). Las temperaturas medias y las precipitaciones mensuales fueron comparadas por la Prueba de t. Se determinó: rendimiento industrial como porcentaje de grano total (GT) y porcentaje de grano entero (GE) utilizando un molinillo tipo Universal; peso de mil granos (PMG), porcentaje de panza blanca (PB), temperatura de gelatinización (AT) (Little et al., 1958) y manchado (M) como porcentaje de granos con más de un 50% de sus cáscaras coloreadas. Con los datos obtenidos, se realizó un Análisis de la Varianza (ANOVA) en diseño Parcelas Divididas (DPD), utilizando como parcela principal la localidad y como subparcela los genotipos. Las medias se compararon por el test de Tukey (p<0,05).

RESULTADOS Y DISCUSIÓN Las TMD registradas estuvieron dentro de los valores normales, no presentando diferencias entre ambas localidades (Tabla 1). Las precipitaciones fueron abundantes, concentradas mayormente en el mes de febrero, resultando de 1251,8 y 735 mm para U y LP. respectivamente Tabla 1. Temperatura media mensual durante el período de cultivo (ºC).

ºC nov dic Ene feb mar promedio U 21,7 22,2 25,0 23,4 22,2 22,9

LP 19,0 20,3 23,6 22,2 20,3 21,1 Ref. U: Urdinarrain, Entre Ríos; LP: La Plata, Buenos Aires. Las fechas de panojamiento se registraron entre el 2 y el 20 febrero. Los promedios fueron 14 y 9 de febrero para las localidades de U y LP. La duración de los ciclos en LP se acortó en promedio en 12 días siendo de 22 días la reducción del ciclo en los genotipos de ciclo intermedio (Don Justo, Don Ignacio, H407-8, H407-12 y Camba) (Tabla 2). Tabla 2. Acumulación calórica y duración del subperíodo E-P y P-M en ambas localidades.

Subperiódo E-P Subperiódo P-M GD Duración (días) GD Duración (días) U LP U LP U LP U LP Don Justo 1411,0 973,4 111 87 632,0 599,6 48 54 Don Ignacio 1506,2 1064,0 117 93 536,8 509,0 42 47 H407-8 1439,8 1117,8 113 96 603,2 455,2 46 44 H407-12 1506,2 1088,1 117 94 536,8 484,9 42 46 Camba 1472,1 1064,4 115 93 570,9 508,6 44 47 H420-56 1231,3 1059,9 90 92 457,4 513,1 36 48 H420-55 1187,0 1062,0 87 92 501,7 511,0 39 48 H443 1187,0 1082,3 87 94 501,7 490,7 39 46

Promedio 1367,6 1064,0 105 93 542,6 509,0 42 48

Ref.: GD: Acumulación calórica, E-P: subperíodo emergencia – panojamiento. PM: subperíodo panojamiento-madurez

La acumulación calórica de los diferentes genotipos durante el subperíodo E-P fue superior en U. La duración del periodo P-M fue 6 días menor en U y la acumulación calórica algo mayor (Tabla 2). Estos valores se corresponden con los observados en varias localidades y durante varios años por ALVES ET AL, (1997) en el cultivar IAC4440 que

Page 110: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

719

3

registró un promedio de 1246 GD en el subperíodo E-P y de 402 en el subperíodo P-M, siendo diferencial la duración de los subperíodos en función de la temperatura del aire.

Los parámetros GE, PMG, panza blanca y porcentaje de grano manchado presentaron interacción significativa localidad por genotipo (Tabla 3). Tabla 3. Medias de GE, PMG, PB y M de los genotipos estudiados en ambas localidades GE (%) PMG PB (%) M (%)

U LP U LP U LP U LP Don Justo 55,8 ab A 53,9 cA 29,1 a A 29,7 a A 1,84 bA 0,88 b B 3,17 aB 9,83 a A Don Ignacio 64,9 a A 66,5 aA 26,2 b A 26,7b A 1,17 bA 0,71b A 0,83 bA 2,33ab A H407-8 58,7 aA 54,0 cB 28,4 a A 27,0 b A 0,35c A 0,33 b A 1,50baB 4,17b A H407-12 53,1 bA 50,0 cA 27,8 a A 27,7 b A 1,74 b A 0,67b B 1,0b A 1,83ab A Camba 61,7 aA 57,4 bcB 26,2 bA 25,3 c A 0,98 bc B 5,02a A 1,83ab A 3,0ab A H420-56 61,9 aA 57,2 bcB 28,3 a A 25,4 cB 0,81 bc A 0,73b A 1,67 ab B 4,33b A H420-55 59,1 aA 59,9 bA 23,8 c A 21,5 dB 1,54 b A 0,39b B 1,33 abA 1,50ab A H443 61,2 aA 53,9 bcB 25,8 b A 25,6 c A 4,15a A 0,24b B 1,5 abA 1,83ab A

Ref.: GE: grano entero, PMG: peso de mil granos, PB: panza blanca y M: manchado Letras diferentes, minúsculas en las columnas y mayúsculas en las filas, para un mismo parámetro representan diferencias significativas.

Los genotipos H407-8, Cambá, H420-56 y H443 presentaron un valor inferior de

GE en LP. Las menores temperaturas pueden producir modificaciones en el proceso de llenado que afectan especialmente a cultivares de origen tropical como es el Cambá. Dentro de los genotipos ensayados, DI se destaca con altos rendimientos de GE en ambas localidades. Esta variedad presenta un excelente comportamiento en molino, si bien es de tipo comercial largo fino, el grano es algo mas redondeado y liso reduciendo las fricciones que determinan el quebrado. Como consecuencia de las temperaturas menores en esta localidad, los valores de PMG en términos generales resultaron menores en LP especialmente en los genotipos H420-55 y H420-56. No obstante es importante observar que las variedades de origen local Don Ignacio y Don Justo presentaron un valor mayor de PMG aunque esta diferencia no sea estadísticamente significativa pone de manifiesto la importancia del desarrollo genético (Tabla 3). DJ presentó el mayor valor de PMG, mientras H420-55, el menor en ambas localidades. Los valores de PB resultaron menores o equivalentes en LP, con excepción de Cambá que presentó un valor elevado posiblemente por tratarse de un genotipo de origen tropical más sensible a las temperaturas más bajas. El M resultó superior en LP, debido probablemente a ser una localidad con mayor humedad relativa ambiente (Tabla 3). Tabla 4. Medias de los parámetros de GT y Álcali-test de los genotipos estudiados en ambas localidades. Grano total (%) Álcali-test Localidad Urdinarrain 66,5 a 3,48 b La Plata 67,1 a 3,75 a Genotipo Don Justo 66,6 bc 2,65 ab Don Ignacio 69,5a 2,50 c H407-8 64,8 d 3,02 b H407-12 66,2 cd 2,63 bc Camba 66,4 c 6,16 a H420-56 66,4 c 2,75 bc H420-55 66,7 bc 6,58 a H443 68,1 ab 2,63 bc

Ref.: GT: % Grano total; AT: Álcali–test. Letras diferentes representan diferencias significativas (Tukey; p<0,05).

Page 111: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

720

4

En los parámetros GT y AT no se observó interacción significativa localidad por genotipo (Tabla 4). Los valores de GT no presentaron diferencias entre localidades. DI resultó el de mayor GT y H407-8 el menor, aunque esta diferencia entre valores extremos fue de solo 7%. Los valores de AT resultaron menores en U, lo que representa conforme a la bibliografía (JENNINGS ET AL, 1981) un incremento de la temperatura de gelatinización con el aumento de la temperatura del aire. Las diferencias entre genotipos se deben a sus características intrínsecas

CONCLUSIONES

Si bien las diferencias climáticas fueron escasas, se observaron diferencias en acumulación calórica, duración de ciclo y en calidad en ambas localidades. En términos generales, los genotipos en la localidad de U presentaron valores superiores de grano entero, granos con mayor peso y menos manchados. Las mayores temperaturas registradas durante el cultivo pueden haber contribuido a un correcto proceso de llenado de grano en esta localidad resultando más apta para el cultivo. La mayor calidad de grano obtenida en Urdinarrain puede tener una importante incidencia económica ya que puede traducirse en un mayor beneficio en la comercialización.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, V.C. 1997. Exigencias térmicas do arroz IAC4440 irrigado.Revista de la Facultad

de Agronomía, UBA. 17(1): 143-144 INFELD, J.A.; DA SILVA, J.B.; DE ASSIS, F.N. 1998. Temperatura-base e graus-día durante

o período vegetativo de trés grupos de cutivares de arroz irrigado. Revista Brasileria de Agrometeorología, 6:2 p. 187-191.

JENNING, P.R.; COFFMAN, W.R. y KAUFFMAN, H.E. 1981. Mejoramiento de arroz. Cali, Colombia Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT). 233pp

JODARI, F.; LINSCOMBE, S.D. 1996. Grain fissuring and milling yields of rice cultivars as influenced by environmental conditions. Crop. Science, p.1496-1502.

LITTLE, R.R.; HILDER, G.B.y DAWSON, E.H.: 1958. Differential effect of dilute alkali on 25 varieties of milled white rice. Cereal Chemistry

OKAMOTO, M. y HORINO, T. 1994. Influence of cultivation regions on chemical contents of rice kernel and stickiness of cooked rice. JARQ, Japan, v.28, n3. p:155-160.

SAGPyA. http://www.sagpya.mecon.gov.ar/new/00/agricultura/otros/granos/arroz0405.php, pagina web de la Secretaria de Agricultura, Ganadería, Pesca y Alimentos. Fecha de consulta: el 7/10/2008.

VIDAL, A. A., BEZUS, R. y ASBORNO, M. 2001 “Efecto del atraso en la época de siembra sobre el desarrollo, la productividad y la calidad del arroz en Buenos Aires, Argentina. Revista Brasileira de Agrometeorologia.,v 9 (n2):287-292 pp

Page 112: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

721

COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E TEOR DE ANTOCIANINAS EM ARROZ PIGMENTADO (Oryza sativa, L.) E ARROZ SELVAGEM

(Zizania aquatica, L. ) Isabel Louro Massaretto1; Fabiana Kawassaki2; Natascha de Sousa Galvão3, Angela Sueko Mikaro4, José Alberto Noldin5, Ursula Maria Lanfer Marquez6 Palavras-chave: arroz-preto, arroz-vermelho, arroz selvagem, antocianinas, composição centesimal.

INTRODUÇÃO Tipos especiais de arroz, como o preto e o vermelho, são consumidos por nichos

específicos de mercado devido, em grande parte, às suas características sensoriais e às tradições culturais de algumas regiões do país. As diferenças na composição de nutrientes em relação ao arroz não pigmentado e a presença de fitoquímicos específicos, com potenciais benefícios à saúde, também contribuem para o aumento da demanda por estes tipos de arroz (FINOCCHIARO et al., 2010).

A composição química do arroz branco polido e integral é bem conhecida, sendo o amido o componente majoritário seguido de proteínas, fibras, lipídeos e minerais. No entanto, pouco se sabe sobre a composição de arroz-preto e vermelho, embora existam alguns dados que indicam que o arroz-preto possui maior teor de proteínas e fibras do que o arroz integral não pigmentado.

O acúmulo de determinados compostos fenólicos, pertencentes à classe dos flavonóides, é responsável pela coloração do pericarpo dos grãos. No arroz-preto, os principais flavonóides são as antocianinas e, em alguns genótipos, as proantocianidinas também podem estar presentes. No arroz-vermelho, os flavonóides majoritários parecem ser as proantocianidinas com diferentes graus de polimerização, seguidas de quantidades variáveis de antocianinas (ABDEL-AAL et al., 2006). Estes fitoquímicos vêm sendo associados à prevenção de doenças cardiovasculares, inflamatórias e alguns tipos de câncer.

O arroz selvagem, embora pertença à outra espécie de gramínea, costuma ser confundido pelo consumidor com o arroz-preto. Sabe-se que este grão é rico em proteína e contém baixo teor de lipídeos em relação ao arroz não pigmentado (QIU et al, 2009), mas não foram encontrados, na literatura, dados comparativos de arroz selvagem com tipos pigmentados de arroz.

Assim, esse trabalho teve por objetivo ampliar as informações sobre a composição centesimal e o teor de antocianinas de genótipos de arroz-preto, vermelho e selvagem.

MATERIAL E MÉTODOS A determinação da composição centesimal foi realizada em quatro amostras de

arroz-preto (SC 606, SC 607, Namorado® e Ruzene®) uma de arroz-vermelho (Namorado®), uma de arroz selvagem (Blue Ville®) e, como referência, foi utilizada a média

1 Farmacêutica, Mestre e Doutoranda em Ciência dos Alimentos, Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Depto. de Alimentos e Nutrição Experimental, Av. Prof. Lineu Prestes, nº 580, Bl.14, São Paulo – SP, 05508-900, [email protected]; 2 Nutricionista, Mestranda em Ciência dos Alimentos, Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, [email protected]; 3 Graduanda em Farmácia, Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, [email protected]; 4 Tecnóloga em Alimentos, Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, [email protected]; 5 Engenheiro Agrônomo, Ph.D., Epagri, Estação Experimental de Itajaí, Itajaí – SC, [email protected]; bolsista do CNPq; 6 Farmacêutica, Profa. Dra., Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, [email protected]

Page 113: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

722

da composição centesimal de três variedades de arroz integral não pigmentado (SCS 114 Andosan, Epagri 109 e SCSBRS Tio Taka).

As antocianinas foram quantificadas em três amostras de arroz preto (SC 606, SC 607, Namorado®), uma de arroz-vermelho (SC 608) e duas de arroz selvagem (Namorado® e Blue Ville®). As amostras SCS 114 Andosan, Epagri 109, SCSBRS Tio Taka, SC 606, SC 607 e SC 608 foram fornecidas pela Epagri/Estação Experimental de Itajaí, Santa Catarina e as demais foram adquiridas no comércio local da cidade de São Paulo.

As amostras foram moídas em moinho analítico (Analytical Mill A10, Kinematica AG, Luzem, Suíça) e tamisadas em peneira com abertura de 80 mesh (<0,177 mm). O teor de umidade foi determinado por secagem em estufa a 105°C, de acordo com método oficial (AOAC, 1995). A quantificação de nitrogênio total foi realizada pelo método de Kjeldahl (AOAC, 1995) e os teores de proteínas calculados utilizando-se fator de conversão 5,75. A determinação de lipídios foi baseada no método descrito pela AOAC (1995), empregando o extrator de Soxhlet e éter etílico para extração mantendo refluxo contínuo por 8 horas. O teor de minerais foi determinado por incineração, seguido de queima da matéria orgânica em mufla (550°C) (AOAC, 1995). A quantificação de fibra alimentar da fração solúvel e insolúvel foi realizada segundo método enzímico-gravimétrico (AOAC, 1995), onde a amostra é submetida à digestão enzimática seqüencial com alfa-amilase termoestável, protease e amiloglicosidase; a partir da somatória das duas obteve-se o valor de fibra alimentar total. O teor de carboidratos “disponíveis” foi calculado pela diferença entre 100 e a soma das porcentagens de água, proteína, lipídeos, cinzas e fibra alimentar total (AOAC, 1995).

A extração de antocianinas foi realizada conforme método adaptado de Abdel-Aal et al. (2006) a partir de 1g de farinha de arroz com 2 x 50 mL de etanol 95%:HCl (85:15) por 30 minutos em sonicador, à temperatura ambiente e ao abrigo da luz. As suspensões obtidas foram centrifugadas e os sobrenadantes recolhidos, o resíduo foi lavado com a mesma solução completando o volume para 250 mL. Em seguida, a absorbância foi lida em espectrofotômetro em 535 nm. O coeficiente de absortividade molar do glicosídeo de cianidina (29600 L/mol.cm) foi utilizado para calcular o teor de antocianinas e o resultado expresso em mg equivalentes de glicosídeo de cianidina por g de arroz em base seca. Todas as análises foram realizadas em triplicata.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados de composição centesimal em base seca estão apresentados nas

Tabelas 1 e 2. O arroz selvagem apresentou o maior teor de proteínas (13,5%) e, nas demais amostras, o conteúdo desse nutriente variou entre 8,0 e 11,1%, sendo que o arroz preto SC 606 e o SC 607 apresentaram os teores mais altos.

O arroz selvagem teve o menor teor de lipídeos (0,9%), nas demais amostras os teores variaram entre 2,6 e 3,6%. Novamente, os teores mais altos foram os do arroz-preto SC 606 e do SC 607. A análise de outras safras contribuirá para esclarecer se a tendência de apresentar teores maiores de proteínas e lipídeos trata-se de característica desses genótipos ou se é variável em função de condições ambientais ou de beneficiamento do grão.

O teor de minerais apresentou pequena variação entre as amostras (1,5 a 1,8%). O conteúdo de fibra alimentar total variou entre 4,2 e 5,9% e o de fibra insolúvel, predominante no arroz integral, variou entre 3,2 e 5,4%. O arroz-vermelho parece ter maior teor de fibras totais e insolúveis, o que também precisa ser confirmado com amostras de outras safras. Carboidratos disponíveis variaram entre 78,0 e 83,0% e a umidade das amostras não excedeu 13%.

Page 114: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

723

Tabela 1. Composição centesimal de arroz (Oryza sativa, L.) com pericarpo preto.

SC 606 SC 607 Namorado® Ruzene®

gramas por 100 g de arroz base seca

Proteínas (Nx5,75) 11,1 ± 0,1 10,9 ± 0,1 9,2 ± 0,1 8,0 ± 0,1

Lipídeos 3,6 ± 0,1 3,4 ± 0,1 2,6 ± 0,1 2,6 ± 0,1

Minerais 1,7 ± 0,1 1,8 ± 0,1 1,8 ± 0,1 1,5 ± 0,1

Fibra alimentar total 5,6 ± 0,4 5,7 ± 0,2 4,8 ± 0,2 4,9 ± 0,2

- Fibra solúvel 1,2 ± 0,2 0,9 ± 0,1 1,2 ± 0,3 1,4 ± 0,2

- Fibra insolúvel 4,4 ± 0,2 4,9 ± 0,2 3,6 ± 0,2 3,5 ± 0,1

Carboidratos “disponíveis” (por diferença)

78,0 ± 0,7 78,2 ± 0,5 81,6 ± 0,8 83,0 ± 0,8

Resultados expressos como média ± desvio padrão (n=1).

Tabela 2. Composição centesimal de arroz (Oryza sativa, L.) com pericarpo vermelho e não pigmentado e de arroz selvagem (Zizania aquatica, L.)

Arroz-vermelho Namorado®

Arroz selvagem Blue Ville®

Arroz não pigmentado1

gramas por 100 g de arroz base seca

Proteínas (Nx5,75) 9,0 ± 0,1 13,5 ± 0,1 8,7 ± 0,2

Lipídeos 3,0 ± 0,1 0,9 ± 0,1 2,8 ± 0,1

Minerais 1,6 ± 0,1 1,6 ± 0,1 1,6 ± 0,1

Fibra alimentar total 5,9 ± 0,4 4,7 ± 0,3 4,2 ± 0,1

- Fibra solúvel 0,5 ± 0,1 0,3 ± 0,1 1,0 ± 0,1

- Fibra insolúvel 5,4 ± 0,4 4,4 ± 0,3 3,2 ± 0,1

Carboidratos “disponíveis” (por diferença)

80,5 ± 0,2 79,3 ± 0,2 82,7 ± 0,6

Resultados expressos como média ± desvio padrão (n=1). 1 Resultados expressos como a média ± desvio padrão (n=3).

Os teores de antocianinas estão apresentados na Figura 1 e variaram nas amostras

de arroz-preto entre 1,99 e 2,64 mg eq. glicosídeo de cianidina / g arroz base seca), valores dentro da faixa de variação (1,10 a 3,28 mg eq. glicosídeo de cianidina / g arroz base seca) relatada por outros autores (ABDEL-AAL et al., 2006; FINOCCHIARO et al., 2010) em diferentes amostras de arroz-preto. O arroz selvagem, embora tenha uma coloração escura, e pode ser confundido com o arroz-preto, não apresentou quantidades significativas de antocianinas e sua cor parece estar relacionada à presença de outros flavonóides como catequinas, epicatequinas e proantocianidinas (QIU et al., 2009). O baixo teor de

Page 115: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

724

antocianinas no arroz-vermelho, como o observado neste trabalho, já foi constatado por outros autores, embora esses teores possam variar em função do genótipo (ABDEL-AAL et al., 2006).

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

Ant

ocia

nina

s (m

g eq

. glic

osíd

eo

deci

anid

ina/

gar

roz

base

seca

)

Arroz preto SC 606 Arroz preto SC 607 Arroz preto Namorado®

Arroz vermelho SC 608 Arroz selvagem Blue Ville® Arroz selvagem Namorado®

Figura 1. Teores de antocianinas em amostras de arroz-preto, vermelho e selvagem.

CONCLUSÃO O arroz selvagem apresenta maior teor de proteína e menor teor de lipídeos em

relação aos outros tipos analisados, que apresentam teores de nutrientes dentro de uma faixa de variação relativamente estreita. Com relação aos teores proteico e lipídico, os genótipos de arroz-preto SC 606 e SC 607 apresentam os conteúdos mais altos, e o arroz-vermelho o maior teor de fibra insolúvel e total. Análises de novas safras são necessárias para esclarecer se os teores mais elevados estão relacionados aos genótipos ou se variam em função de condições ambientais e/ou do beneficiamento do arroz. As amostras de arroz-preto apresentam conteúdos de antocianinas similares aos descritos na literatura, enquanto os teores desses flavonóides são insignificantes no arroz-vermelho SC 608 e no arroz selvagem.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pela concessão de bolsa de doutorado (143067/2009-5).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDEL-AAL, E.S.M., YOUNG, J.C., RABALSKI, I. Anthocyanin composition in black, blue, pink, purple

and red cereal grains. Journal of Agriculture and Food Chemistry, v.54, p.4696-4706, 2006. AOAC. Official methods of analysis of AOAC, 16th ed. AOAC International, Arlington, VA, USA, 1995. FINOCCHIARO, F., FERRARI, B., GIANINETTI, A. A study of biodiversity of flavonoid content in the rice

caryopsis evidencing simultaneous accumulation of anthocyanins and proanthocyanidins in a black grained genotype. Journal of Cereal Science, v.51, p.28-34, 2010.

QIU, Y.; LIU, Q.; BETA, T. Antioxidant activity of commercial wild rice and identification of flavonoid compounds in active fractions. Journal of Agriculture and Food Chemistry, v.57, p.7543-7551, 2009.

Page 116: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

725

Compostos fenólicos no arroz parboilizado e sua correlação com a capacidade antioxidante

Fabiana Kawassaki1, Isabel Louro Massaretto2, Angela Sueko Mikaro3, Natascha de Sousa Galvão4, José

Alberto Noldin5, Ursula Maria Lanfer Marquez6, Juliana Vieira Raimondi7

Palavras-chave: arroz integral, parboilização, compostos fenólicos, atividade antioxidante, correlação

INTRODUÇÃO

O arroz integral (Oryza sativa L.) é um grão completo. Além do endosperma, constituído basicamente de amido, possui o embrião e o farelo, ricos em nutrientes e compostos bioativos. Dentre estes, os compostos fenólicos contribuem significativamente com a capacidade antioxidante, característica que vem sendo valorizada nos alimentos devido aos seus benefícios à saúde (LIU, 2004; CHUN et al., 2005).

Os compostos fenólicos do arroz pertencem principalmente à classe dos ácidos fenólicos e dos flavonóides e podem encontrar-se na forma livre, conjugada ou ligada a componentes da parede celular. Devido à grande variedade de estruturas químicas, os compostos fenólicos são classificados em solúveis e insolúveis; os solúveis (livres e conjugados) estão compartimentalizados nos vacúolos celulares, enquanto que os insolúveis são geralmente encontrados associados covalentemente a estruturas da parede celular. No arroz, os fenólicos solúveis representam ao redor de 60% dos fenólicos totais e, devido à elevada participação dos fenólicos insolúveis, discute-se na literatura a sua liberação pela ação da microflora intestinal e a sua importância biológica (KARAKAYA, 2004; NACZK e SHAHIDI, 2004).

Processos tecnológicos, em especial os tratamentos térmicos, como a parboilização podem alterar a disponibilidade destes fenólicos e, consequentemente, afetar sua atividade antioxidante. Porém, a literatura é escassa. Assim, o objetivo deste trabalho foi estudar o efeito da parboilização nos teores de compostos fenólicos (solúveis e insolúveis) e na atividade antioxidante, bem como avaliar a sua correlação.

MATERIAL E MÉTODOS Foram analisadas 27 amostras de arroz integral e parboilizado integral fornecidas

pela Epagri/Estação Experimental de Itajaí, SC, pertencentes a três cultivares (SCS 114 Andosan, SCSBRS Tio Taka, Epagri 109) produzidas em três localidades do Estado de Santa Catarina por diferentes produtores em sistema irrigado, na safra de 2008/09. Cada amostra foi subdividida, sendo uma parboilizada e a outra beneficiada como arroz integral.

A parboilização e o beneficiamento das amostras foram realizados em escala laboratorial na Epagri/Estação Experimental de Itajaí nas seguintes condições: os grãos, na proporção água:arroz de 1:1,5 (p/v) com casca foram imersos em banho-maria à 65ºC por 6 horas para o encharcamento. Após a drenagem, foram autoclavados à 110ºC durante 7 minutos a uma pressão de 0,5 kgf.cm-2, etapa na qual ocorreu a gelatinização do amido. Em seguida, o arroz foi seco em estufa ventilada a 95ºC por 24 horas até atingir teor de umidade ao redor de 13%. Após a secagem, os grãos foram descascados em engenho de provas da marca SUZUKI, embalados e identificados para envio ao laboratório de Análise                                                                                                                          1 Nutricionista, Mestranda em Ciência dos Alimentos, Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Depto. de Alimentos e Nutrição Experimental, Av. Prof. Lineu Prestes, nº 580, Bl.14, São Paulo – SP, 05508-900, [email protected]; 2 Farmacêutica, Doutoranda em Ciência dos Alimentos, Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, [email protected]; 3 Tecnóloga em Alimentos, Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, [email protected]; 4 Graduanda em Farmácia, Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, [email protected]; 5 Engenheiro Agrônomo, Ph.D., Epagri, Estação Experimental de Itajaí, Itajaí – SC, [email protected]; 6 Farmacêutica, Profa. Dra., Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, [email protected]; 7 Bióloga, Doutoranda em Recursos Genéticos Vegetais, CCA/Universidade Federal de Santa Catarina, [email protected]

COMPOSTOS FENÓLICOS NO ARROZ PARBOILIZADO E SUA CORRELAÇÃO COM A CAPACIDADE ANTIOXIDANTE

Page 117: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

726

de Alimentos do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas/USP.

As amostras de arroz integral foram moídas (<0,177mm) imediatamente antes das análises e as amostras de arroz parboilizado integral foram acondicionadas em recipientes herméticos e armazenadas em câmara fria à 4ºC por no máximo até três dias após a moagem. A umidade determinada em estufa (AOAC, 1995).

Os compostos fenólicos livres e conjugados (solúveis) foram extraídos com EtOH 80% e a fração ligada (insolúvel) foi tratada em meio alcalino e extraída com acetato de etila, seguindo a metodologia descrita em trabalho anterior (MIRA et al., 2008, 2009). Os compostos fenólicos foram quantificados tanto na fração solúvel, como na insolúvel, pelo método espectrofotométrico de Folin-Ciocalteau, adaptado de Singleton et al. (1999). Todas as extrações foram realizadas em triplicata genuína.

A atividade antioxidante foi medida em ambas as frações pelos métodos de sequestro do radical estável 1,1-difenil-2-picril-hidrazil (DPPH˙), adaptado a partir de Bondet et al. (1997) e Molyneux (2004) e pelo método de ORAC (Oxygen radical absorbance capacity), descrito por Ou et al. (2001) e Huang et al. (2002, 2005).

Utilizou-se o teste t-Student para amostras dependentes para avaliar o efeito da parboilização sobre os teores de fenólicos e a atividade antioxidante. O coeficiente de correlação entre os teores de compostos fenólicos solúveis e insolúveis e a atividade antioxidante foi determinado pelo teste de Pearson. Na ausência de homogeneidade de variância nos dados, foram aplicados testes não-paramétricos, adotando-se nível de significância de 5% (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os teores de compostos fenólicos solúveis nas 27 amostras de arroz integral

variaram entre 428 e 788 mg eq. ácido ferúlico (AF)/kg arroz (base seca), com valor médio de 632±98 mg eq. AF/kg (Figura 1). Na fração insolúvel, a variação foi de 301 a 685 mg eq. AF/kg e valor médio de 520±102 mg eq. AF/kg. A proporção entre solúveis:insolúveis foi em média, de 55:45 confirmando dados anteriores e indicando que os compostos fenólicos insolúveis representam uma parte importante da totalidade. Frequentemente, os teores de compostos fenólicos totais em grãos de cereais são subestimados, uma vez que a fração insolúvel não é analisada.

Arroz Integral Arroz Parboilizado Integral

Solúvel Insolúvel

Fenólicos

0

200

400

600

800

1000

(mg

eq. A

F/kg

arro

z ba

se s

eca)

 Figura 1. Teores médios de compostos fenólicos nas frações, solúvel e insolúvel, antes e após a parboilização do arroz (n=27). As barras de variação indicam o desvio padrão.

Page 118: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

727

Não foi observada diferença nos teores de fenólicos em relação às cultivares e nem em relação à região de plantio, de modo que todas as amostras foram consideradas replicatas. Estes teores são da mesma ordem de grandeza aos descritos em estudos anteriores realizados em nosso laboratório com 34 amostras de arroz integral da subespécie indica provenientes dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Naqueles estudos os teores de fenólicos solúveis + insolúveis variaram de 749 a 1349 mg eq. de AF/kg de arroz numa proporção de 60:40 (MIRA et al., 2008 e 2009).

A parboilização causou uma perda de 59% dos fenólicos da fração solúvel, possivelmente devido à sua maior suscetibilidade a reações de degradação ou complexação durante o tratamento térmico. A fração insolúvel, apesar da variação entre as amostras não foi afetada significativamente, de modo que a fração insolúvel passou a ser majoritária.

A atividade antioxidante nos extratos de fenólicos solúveis e insolúveis de arroz integral avaliada pelo método de DPPH apresentou, em média, 0,92±0,2 e 0,47±0,1 mmol eq. trolox/kg arroz, respectivamente. A parboilização afetou principalmente a fração solúvel tendo ocorrido uma redução de, em média, 49% da sua atividade antioxidante. Já a fração insolúvel foi pouco afetada (Figura 2).

  Figura 2. Atividade antioxidante nas frações solúvel e insolúvel, antes e após a parboilização do arroz medida pelos métodos de DPPH e ORAC. Barras de variação representam o desvio padrão das amostras; n=27.

A atividade antioxidante nos extratos de fenólicos solúveis e insolúveis de arroz

integral avaliada pelo método ORAC foi de, em média, 21±5 e 12±3 mmol eq. trolox/kg arroz, respectivamente. A parboilização causou perda de 59% da atividade antioxidante da fração solúvel, enquanto na fração insolúvel não houve alteração significativa (figura 2).

Apesar dos valores absolutos entre os métodos DPPH e ORAC diferirem em mais de 20 vezes, a % de perda da atividade antioxidante na fração solúvel foi similar.

Os extratos de arroz parboilizado integral foram considerados como sendo diluições dos extratos de arroz integral para a aplicação do teste de correlação, uma vez que a parboilização resultou em perda tanto nos teores de compostos fenólicos quanto na atividade antioxidante do arroz.

A correlação entre os teores de fenólicos solúveis e a atividade antioxidante pelo método de DPPH e ORAC foi alta (r=0,86; p<0,001e r=0,83; p<0,001 e, respectivamente) tanto no arroz integral como no arroz parboilizado integral, de modo que quanto maior os teores de fenólicos solúveis, maior a atividade antioxidante.

Page 119: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

728

A correlação da atividade antioxidante com os fenólicos insolúveis foi média (r=0,55; p<0,01) quando associado ao método de DPPH e fraca (r=0,37; p<0,01), quando a atividade antioxidante foi medida pelo método ORAC.

CONCLUSÃO

A parboilização reduz os teores de compostos fenólicos e a atividade antioxidante medida pelos métodos de DPPH e ORAC, sendo a fração solúvel a mais afetada pelo processo. Hipotetiza-se que parte desta fração seja degradada em função do tratamento térmico. Os compostos fenólicos insolúveis correspondem a aproximadamente 45% dos fenólicos totais e a parboilização do arroz praticamente não afeta, nem os teores e nem a atividade antioxidante desta fração. No arroz não parboilizado a atividade antioxidante se deve majoritariamente aos fenólicos solúveis, enquanto no arroz parboilizado, as frações, solúvel como insolúvel, contribuem quase equitativamente com a capacidade antioxidante.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pelo auxílio financeiro (Edital Universal processo n. 471271/2008-0), à Epagri/Estação Experimental de Itajaí, pelo envio das amostras e à CAPES pela concessão de bolsa de mestrado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AOAC. Official methods of analysis of AOAC, 16th ed., Arlington, VA: AOAC International, 1995. BONDET, V.; BRAND-WILLIAMS, W.; BERSET, C. Kinetics and mechanisms of antioxidant activity using the DDPH* free radical method. Lebensmittel-Wissenschaft und-Technologie (LWT), v.30, p.609-615, 1997. CHUN, O.K.; KIM, D.O.; SMITH, N.; SCHROEDER, D.; HAN, J.T.; LEE, C.Y. Daily consumption of phenolics and total antioxidant capacity from fruit and vegetables in the American diet. Journal of the Science of Food and Agriculture, v.85, p.1715-1724, 2005. HUANG, D.; OU, B.; HAMPSCH-WOODILL, M.; FLANAGAN, J.; PRIOR, R. High-throughput assay of oxygen radical absorbance capacity (ORAC) using a multichannel liquid handling system coupled with microplate fluorescence reader in 96-well format. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.50, p.4437-4444, 2002. HUANG, D.; OU, B.; PRIOR, R.L. The chemistry behind antioxidant capacity assays. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.53, n.6, p.1841-1856, 2005. KARAKAYA, S. Bioavailability of phenolic compounds. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v.44, p.453-464, 2004. LIU, R.H. Potencial synergy of phytochemicals in câncer prevention: mechanism of action. The Journal of Nutrition, v.134, p.3479S-3485S, 2004. MIRA, N.V.M.; BARROS, R.M.C.; SCHIOCCHET, M.A.; NOLDIN, J.A.; LAFER-MARQUEZ, U.M. Extração, análise e distribuição dos ácidos fenólicos em genótipos pigmentados e não pigmentados de arroz (Oryza sativa L.). Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.28, n.4, p.995-1003, 2008. MIRA, N.V.M.; MASSARETTO, I.L.; PASCUAL, C.S.C.I.; LANFER-MARQUEZ, U.M. Comparative study of phenolic compounds in different Brazilian rice (Oryza sativa L.) genotypes. Journal of Food Composition and Analysis, v.22, p.405-409, 2009. MOLYNEUX, P. The use of the stable free radical diphenylpicryl-hydrazil (DPPH) for estimating antioxidant activity. Journal of Science and Technology, v.26, n.2, p.211-219, 2004. NACZK, M.; SAHIDI, F. Extraction and analysis of phenolics in food. Journal of Chromatography A, v.1054, p.95-111, 2004. OU, B.; HAMPSCH-WOODILL, M.; PRIOR, R. Development and validation of an improved oxygen radical absorbance capacity assay using fluorescein as the fluorescent probe. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.49, p.4619-4626, 2001. SINGLETON, V.L.; ORTHOFER, R.; LAMMELA-RAVENSON, R.M. Analysis of total phenols and other oxidation substrates and antioxidants by means of Folin-Ciocalteau reagent. Methods of Enzymology, v.299, p.152-178, 1999.

Page 120: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

729

VALIDAÇÃO DE TRILHADORAS DE ARROZ JUNTO A PRODUTORES FAMILIARES DO ESTADO DE GOIÁS

Márcia Gonzaga de Castro Oliveira1, José Geraldo da Silva2, Arnaldo Francisco do Bonfim3, Michela Okada Chaves4

Palavras-chave: colheita, equipamentos, mecanização

INTRODUÇÃO O arroz é produzido em todas as regiões do Brasil, sob variadas condições de

manejo do solo e de planta e por diferentes classes de produtores, desde os pequenos até os empresários agrícolas. O grau de mecanização empregado nas lavouras desse produto depende do tamanho da área de cultivo, do poder aquisitivo dos produtores, do tipo de exploração, da topografia do solo e da disponibilidade de equipamentos apropriados aos cultivos (SILVA, 2010). Os avanços tecnológicos obtidos pela pesquisa disponibilizam ao setor produtivo do arroz tecnologias como: cultivares produtivas e adaptadas às diferentes regiões brasileiras, manejo adequado do solo, adubação e calagem, manejo integrado de pragas e doenças, dentre outras (QUINTELA, 2001; RIBEIRO & DEL PELOSO, 2009). Contudo, geralmente, esses avanços científicos são adotados de forma parcial pelos produtores, não se obtendo o impacto desejável.

Diagnósticos realizados junto a comunidades de pequenos produtores de arroz no Brasil por Souza & Cabral (2009) revelam a necessidade da compatibilização do seu cultivo com requisitos de ordem econômica, ecológica e social, expressando a necessidade urgente de tecnologias que assegurem uma produção agrícola sustentável e competitiva. Essa demanda pode ser suprida pela utilização de pequenas máquinas projetadas para a agricultura familiar. Conforme Silva & Soares (2002) nas pequenas lavouras de arroz de terras altas e de várzeas, a trilha, normalmente, é realizada batendo manualmente as panículas num anteparo rígido para o desprendimento dos grãos. Essas operações resultam em baixa capacidade de trabalho, limitam a expansão das pequenas áreas de cultivos e impedem a realização dos trabalhos no momento adequado.

A possibilidade de uso de novos equipamentos para o processamento da colheita, fabricados com técnicas simples, utilizando-se de recursos de pequenas oficinas, acionados pelas mãos ou pelos pés do homem ou por motores de baixa potência, poderá auxiliar os pequenos agricultores a contornar esses inconvenientes. A Embrapa Arroz e Feijão desenvolveu três trilhadoras de arroz, acionadas por pedal, motor estacionário e trator, as quais apresentaram desempenho significativamente superior aos métodos manuais empregados nas pequenas lavouras (SILVA et al., 2001). Mas para a efetiva adoção dos equipamentos pelos pequenos agricultores é necessária a realização de validação dos equipamentos junto a este público alvo. Assim, este trabalho teve por objetivo validar junto aos produtores familiares de diferentes municípios do Estado de Goiás três equipamentos de trilha do arroz desenvolvidos pela Embrapa Arroz e Feijão.

MATERIAL E MÉTODOS A validação das máquinas foi realizada em parceria com a Emater-GO. Os trabalhos

da parceria resultaram na seleção de quatro municípios para a realização de dias de campo e de validação das máquinas. A validação foi feita em lavouras de arroz com o auxílio de produtores pertencentes a diferentes associações de pequenos agricultores. As lavouras

1 Mestre em Engenheira Agrícola, Embrapa Arroz e Feijão, Rodovia GO 462, Km 12, Zona Rural, Caixa Postal 179, CEP 75375-000, Santo Antônio de Goiás, GO, [email protected]. 2 Doutor em Agronomia, Embrapa Arroz e Feijão, [email protected]. 3 Mestre em Agronomia, Emater-GO, [email protected]. 4 Mestre em Engenharia de Alimentos, Embrapa Arroz e Feijão, [email protected].

Page 121: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

730

foram escolhidas em distintas regiões do Estado de Goiás visando obter uma boa representatividade de opiniões dos produtores familiares. Assim, as três máquinas foram validadas nos municípios goianos de Morrinhos, localizado na região sul do estado; Formoso, na região Norte; Niquelândia, na região da Serra da Mesa e em Goianésia, no Vale de São Patrício. Em cada lavoura comunitária foi feita uma apresentação para mostrar a simplicidade, os componentes e os passos para as construções das três trilhadoras de arroz, as quais são acionadas por pedal, por motor estacionário e pela tomada de potência do trator. Após a apresentação, os agricultores operaram as máquinas por um período de tempo de duas horas para, em seguida, preencherem um questionário de avaliação por máquina, envolvendo a satisfação geral em relação as máquinas, demanda de esforço físico, valor médio de aquisição e vantagens e desvantagens de cada máquina em comparação ao sistema manual de trilha do arroz. Os dados obtidos nas validações foram analisados utilizando o Software Sphinx® versão 5.1 e considerou-se o número de citações de respostas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO As validações das três trilhadoras foram realizadas mediante a aplicação de 162

questionários aos agricultores familiares, sendo 85 sobre a trilhadora a pedal, 54 sobre a trilhadora a motor e 23 sobre a trilhadora a trator. Os dados estão apresentados nas Tabelas 1 a 6.

Na Tabela 1, observa-se que as máquinas tiveram elevado índice de avaliação geral e aprovação. A trilhadora acionada por trator obteve índice máximo de 100% de aprovação pelos agricultores familiares. Tabela 1. Grau de satisfação dos produtores familiares em relação aos aspectos gerais de três trilhadoras de arroz (% de citações).

Conceitos Trilhadora a pedal (%)

Trilhadora a motor (%)

Trilhadora a trator (%)

Ótimo, Muito bom e Bom 97 98 100 Regular ou Ruim 3 2 0

Na Tabela 2 observa-se que a trilhadora de arroz a pedal obteve os melhores

índices relacionados à facilidade de limpeza das peças, à regulagem e à manutenção, o que está relacionado à simplicidade do projeto de construção dela em relação às demais máquinas. Tabela 2. Grau de satisfação dos produtores familiares em relação à limpeza, regulagem e manutenção de três trilhadoras de arroz (% de citações).

Parâmetro Trilhadora a pedal (%) Trilhadora a motor (%) Trilhadora a trator (%)

Simples Moderada a difícil

Simples Moderada a difícil

Simples Moderada a difícil

Limpeza 92,9 7,1 65,1 34,9 60,9 39,1 Regulagem 86,7 13,3 66,7 33,3 65,2 34,8

Manutenção 89,3 10,7 66,7 33,3 65,2 34,8

Na Tabela 3 estão apresentados os resultados do questionamento sobre a

aquisição das trilhadoras pelos agricultores. Observa-se que para as três máquinas a maioria dos produtores as enquadra nas faixas de valores inferiores a R$1000,00. Na média os valores foram de R$ 611,06 para a trilhadora a pedal, de R$846,59 para a motor e de R$1019,23 para a trator.

Na Tabela 4 estão apresentados os resultados sobre a avaliação da intensidade de esforço físico para operar as trilhadoras de arroz realizada por agricultores familiares.

Page 122: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

731

Observa-se que, a trilhadora a pedal, embora necessite de um pequeno esforço na operação, apenas 11,8% consideraram como um esforço grande. Os demais agricultores familiares indicaram o esforço de moderado a pequeno (88,2%). Em relação a trilhadora a motor e a trator, estas obtiveram valores zero por cento para o item intensidade de esforço físico grande, o que era esperado, visto que as máquinas são motorizadas. O maior índice obtido em relação ao pequeno esforço físico foi obtido para a trilhadora a motor, com 94,4%. Tabela 3. Faixa de valores de aquisição de trilhadoras feita por agricultores familiares, em percentual de citações.

Faixa de valor (R$) Trilhadora a pedal (%) Trilhadora a motor (%) Trilhadora a trator (%) Menos de 500 37,9 24,4 23,1 De 500 a 1 000 43,9 29,3 46,2 De 1 000 a 1 500 10,6 34,1 7,7

De 1 500 a 2 000 4,5 9,8 7,7 De 2 000 a 2 500 1,5 0,00 7,7 2 500 e mais 1,5 2,4 7,7

Tabela 4. Avaliação da intensidade de esforço para operar trilhadoras de arroz feita por agricultores familiares, em percentual de citações.

Intensidade de esforço

Trilhadora a pedal Trilhadora a motor Trilhadora a trator

Grande 11,8 0,0 0,0 Moderado 52,9 5,6 39,1 Pequeno 35,3 94,4 60,9

Na Tabela 5 estão apresentados os resultados das cinco vantagens mais citadas

em relação às trilhadoras de arroz observadas pelos agricultores familiares. O resultado deste estudo gerou um grupo de palavras com destaque de aparições nos questionários. As palavras que se destacaram confirmam as tabelas anteriores apresentadas. Como se pode observar, no caso das trilhadoras a motor e a trator, o menor esforço na trilha se destacou com os maiores índices, sendo respectivamente 47,8% e 38,5% das citações. Tabela 5. Avaliação sobre as cinco principais vantagens das trilhadoras de arroz observadas pelos agricultores familiares.

Vantagens Trilhadora a pedal (%)l

Trilhadora a motor (%)

Trilhadora a trator (%)

Melhora as condições de trabalho 32,7 19,6 7,7 Menor demanda de tempo de trilha 12,2 21,7 23,1 Maior rendimento de operação 8,2 6,5 15,4 Menor esforço na trilha 32,7 47,8 38,5

Redução da mão-de-obra 14,3 4,3 15,4

Na Tabela 6 estão apresentados os resultados sobre a avaliação das cinco

principais desvantagens mais citadas pelos agricultores familiares em relação as trilhadoras de arroz. As palavras que se destacaram foram a necessidade de motor ou trator para as trilhadoras a motor e a trator. Outra desvantagem observada, com 40% de citação nos questionários, foi a dispersão/desperdício do arroz na trilhadora a motor. Confirmando dados de outras tabelas apresentadas neste trabalho, a desvantagem de maior esforço físico obteve os menores índices para as trilhadoras a motor e a trator, sendo de 10% e 11,1%, respectivamente.

Page 123: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

732

Tabela 6. Avaliação sobre as cinco maiores desvantagens das trilhadoras de arroz observadas pelos agricultores familiares, em % de citações.

Desvantagens Trilhadora a pedal (%)l

Trilhadora a motor (%)

Trilhadora a trator (%)

Baixo rendimento de operação 10,70 0,00 0,00 Dispersão/desperdício do arroz 17,90 40,00 0,00 Maior esforço físico 39,30 10,00 11,10 Necessidade de motor ou trator 0,00 50,00 88,90

Forma de acionamento 32,10 0,00 0,00

CONCLUSÃO

O grau de satisfação dos produtores familiares em relação as máquinas trilhadoras de arroz se destacou em função dos altos índices obtidos nos questionários de avaliação. O ponto forte em destaque foram o menor índice de esforço físico necessário na trilha do arroz além da melhoria nas condições de trabalho dos produtores familiares.

AGRADECIMENTOS Aos Técnicos da Emater-GO, em especial Idalina Carneiro, Job Carneiro e César

Alves de Lima e aos Assistentes da Embrapa Arroz e Feijão Eli Gonçalves da Silva, Wanderley Gomes Neto e Aparecido Tomás e a todos que contribuíram para o êxito desse trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS QUINTELA, E. D. Manejo integrado de pragas do feijoeiro. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2001. 28 p. (Embrapa Arroz e Feijão. Circular Técnica, 46).

RIBEIRO, F. E.; DEL PELOSO, M. J. (Ed.). Informações técnicas para o cultivo do feijoeiro-comum nas regiões norte/nordeste brasileira 2006-2008. Aracajú: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2009. 124 p. (Embrapa Tabuleiros Costeiros. Documentos, 129).

SILVA, J. G. da. Ajustes em equipamentos de colheita de grãos desenvolvidos para pequenos empreendimentos. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2010. 6 p. (Embrapa. Macroprograma 3 - Desenvolvimento Tecnológico Incremental do Agronegócio). Projeto em andamento.

SILVA, J. G. da; SILVEIRA, P. M. da; BARCELLOS, L. C.; ALMEIDA, R. de A. Construção e avaliação do desempenho de três trilhadoras de arroz. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 5, n. 2, p. 333-338, 2001.

SILVA, J. G. da; SOARES, D. M. Trilhadoras de arroz para pequenas lavouras. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2002. 4 p. (Embrapa Arroz e Feijão. Circular Técnica, 53).

SILVA, J. G. da. Ajustes em equipamentos de colheita de grãos desenvolvidos para pequenos empreendimentos. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2010. 6 p. (Embrapa. Macroprograma 3 - Desenvolvimento Tecnológico Incremental do Agronegócio). Projeto em andamento.

SOUSA, I. S. F. de; CABRAL, J. R. F. Ciência e inclusão social na agricultura. In: SOUSA, I. S. F. de; CABRAL, J. R. F. (Ed.). Ciência como instrumento de inclusão social. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2009. p. 21-69.

Page 124: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

733

VALIDAÇÃO DE ABANADORAS DE GRÃOS E SEMENTES DE ARROZ JUNTO A PRODUTORES FAMILIARES

DO ESTADO DE GOIÁS Márcia Gonzaga de Castro Oliveira1, José Geraldo da Silva2, Arnaldo Francisco do Bonfim3, Michela Okada Chaves4

Palavras-chave: pós-colheita, equipamentos, beneficiamento, mecanização.

INTRODUÇÃO Normalmente, após a colheita, as sementes apresentam materiais indesejáveis, em

quantidades apreciáveis, que precisam ser eliminados. Material inerte e sementes fora do tamanho afetam o fluxo de sementes nas máquinas, inclusive nas semeadoras, favorecem a infestação de insetos e prejudicam a qualidade do armazenamento (SILVA e SOARES, 2003). Outras impurezas, de acordo com o mesmo autor, como sementes de plantas daninhas e de outras plantas cultivadas, podem afetar a qualidade dos plantios subseqüentes. Há uma grande variedade de equipamentos para beneficiar sementes que podem ser desde uma simples peneira, ainda muito usada, até os complexos e delicados separadores eletrônicos. Na colheita de pequenas lavouras de arroz, normalmente, o beneficiamento das sementes é realizado de forma manual com o auxílio de peneiras, apresentando baixa capacidade de trabalho. A possibilidade de uso de novos equipamentos, fabricados com técnicas simples e com recursos de pequenas oficinas, acionados pelas mãos ou pelos pés do homem ou, ainda, por motores de baixa potência, poderá criar condições que permitirão aos pequenos agricultores aumentar a eficiência da sua mão-de-obra (SILVA, 2010). Diagnósticos realizados junto a comunidades de pequenos produtores de arroz no Brasil por Souza & Cabral (2009) revelam a necessidade da compatibilização do seu cultivo com requisitos de ordem econômica, ecológica e social, expressando a necessidade urgente de tecnologias que assegurem uma produção agrícola sustentável e competitiva. Essa demanda pode ser suprida pela utilização de pequenas máquinas projetadas para a agricultura familiar. Ainda segundo os autores, as vantagens comparativas após a utilização desta tecnologia de pós colheita pode contribuir para que se avance nos estágios de agregação de valor na cadeia produtiva do arroz. Conforme Silva & Soares (2003) há uma grande variedade de equipamentos para beneficiar sementes que podem ser desde uma simples peneira, ainda muito usada, até os complexos e delicados separadores eletrônicos. Ainda, segundo os mesmos autores, na colheita de pequenas lavouras de arroz, feijão e milho, normalmente, o beneficiamento das sementes é realizado de forma manual com o auxílio de peneiras, apresentando baixa capacidade de trabalho. Essas operações resultam em baixa capacidade de trabalho, limitam a expansão das pequenas áreas de cultivos e impedem a realização dos trabalhos no momento adequado. A possibilidade de uso de novos equipamentos para o processamento da colheita, fabricados com técnicas simples, utilizando-se de recursos de pequenas oficinas, acionados pelas mãos ou pelos pés do homem ou por motores de baixa potência, poderá auxiliar os pequenos agricultores a contornar esses inconvenientes. A Embrapa Arroz e Feijão desenvolveu três abanadoras de arroz, que servem também para o milho, feijão e soja, acionadas por pedal, motor e uma classificadora as quais apresentaram desempenho significativamente superior aos métodos manuais empregados nas pequenas lavouras (SILVA et al., 2001). Mas para a efetiva adoção dos equipamentos pelos pequenos

1 Mestre em Engenheira Agrícola, Embrapa Arroz e Feijão, Rodovia GO 462, Km 12, Zona Rural, Caixa Postal 179, CEP 75375-000, Santo Antônio de Goiás, GO, [email protected]. 2 Doutor em Agronomia, Embrapa Arroz e Feijão, [email protected]. 3 Mestre em Agronomia, Emater-GO, [email protected]. 4 Mestre em Engenharia de Alimentos, Embrapa Arroz e Feijão, [email protected].

Page 125: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

734

agricultores é necessária a realização de validação dos equipamentos junto a este público alvo. Assim este trabalho teve por objetivo validar junto aos produtores familiares de diferentes municípios do Estado de Goiás três equipamentos de abanação do arroz desenvolvidos pela Embrapa Arroz e Feijão.

MATERIAL E MÉTODOS A validação das máquinas foi realizada em parceria com a Emater-GO. Os trabalhos

da parceria resultaram na seleção de quatro municípios para realização de dias de campo e de validação das máquinas. A validação foi feita em lavouras de arroz com o auxílio de produtores pertencentes a diferentes associações de pequenos agricultores. As lavouras foram escolhidas em distintas regiões do Estado de Goiás visando obter uma boa representatividade de opiniões dos produtores familiares. Assim, as três máquinas foram validadas nos municípios goianos de Morrinhos, localizado na região sul do estado; Formoso, na região Norte; Niquelândia, na região da Serra da Mesa e em Goianésia, no Vale de São Patrício. Em cada lavoura comunitária foi feita uma apresentação para mostrar a simplicidade, os componentes e os passos para as construções das três trilhadoras de arroz, as quais são acionadas por pedal, por motor estacionário e pela energia elétrica. Após a apresentação, os agricultores operaram as máquinas por um período de tempo de duas horas para em seguida preencherem um questionário de avaliação por máquina, envolvendo a satisfação geral em relação as máquinas, demanda de esforço físico, valor médio de aquisição e vantagens e desvantagens de cada máquina em comparação ao sistema manual de abanação do arroz. Os dados obtidos nas validações foram analisados utilizando o Software Sphinx® versão 5.1 e considerou-se o número de citações de respostas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO As validações das três abanadoras de arroz foram realizadas mediante a aplicação

de 141 questionários aos agricultores familiares, sendo 49 sobre a abanadora a pedal, 49 sobre a abanadora a motor e 43 sobre a abanadora classificadora de grãos e sementes. Os dados estão apresentados nas Tabelas 1 a 6.

Na Tabela 1, observa-se que as máquinas tiveram elevado índice de avaliação geral e aprovação. As três máquinas obtiveram índice de 100% de avaliação geral e aprovação. Tabela 1. Grau de satisfação dos produtores familiares em relação aos aspectos gerais de três abanadoras de arroz (% de citações).

Conceitos Abanadora a pedal (%)

Abanadora a motor (%)

Abanadora classificadora (%)

Ótimo, Muito bom e Bom 100 100 100

Regular ou Ruim 0 0 0

Na Tabela 2, observa-se que a abanadora de arroz a pedal obteve os melhores

índices relacionados à facilidade de limpeza das peças, à regulagem e à manutenção, o que está relacionado à simplicidade do projeto de construção dela em relação à demais máquinas. Tabela 2. Grau de satisfação dos produtores familiares em relação à limpeza, regulagem e manutenção de três abanadoras de arroz (% de citações).

Parâmetro

Abanadora a pedal (%) Abanadora a motor (%) Abanadora classificadora (%)

Simples Moderada a difícil

Simples Moderada a difícil

Simples Moderada a difícil

Limpeza 79,6 20,4 78,9 21,1 69,0 31,0

Regulagem 73,5 26,5 68,4 31,6 66,7 33,3

Manutenção 77,6 22,4 63,2 36,8 65,9 34,1

Na Tabela 3 estão apresentados os resultados do questionamento sobre a

aquisição das abanadoras pelos agricultores. Observa-se que para as três máquinas a maioria dos produtores as enquandram nas faixas inferiores a R$2.000,00. Na média os valores foram de R$713,75 para a abanadora a pedal, de R$1100,91 para a abanadora a motor e de R$1210,29 para a abanadora classificadora de grãos e sementes. Tabela 3. Faixa de valores de aquisição de abanadoras feita por agricultores familiares, em percentual de citações.

Faixa de valor (R$) Abanadora a pedal (%)

Abanadora a motor (%)

Abanadora classificadora (%)

Menos de 500 15,6 13,6 5,9

De 500 a 1 000 28,1 36,4 11,8

De 1 000 a 1 500 28,1 22,7 35,3

De 1 500 a 2 000 18,8 9,1 23,5

De 2 000 a 2 500 0 9,1 2,9

2 500 e mais 9,4 9,1 20,6

Na Tabela 4 estão apresentados os resultados sobre a avaliação da intensidade de

esforço físico para operar as abanadoras de arroz realizada por agricultores familiares. Observa-se que a abanadora a pedal, embora necessite de um pequeno esforço na operação, apenas 18,4% consideraram como um esforço grande. Os demais agricultores familiares indicaram o esforço de moderado a pequeno (81,6%) para a mesma abanadora. Em relação as abanadoras de motor e a classificadora de grãos e sementes, estas obtiveram os maiores índices em relação a intensidade de esforço físico pequeno, o que era esperado, visto que as máquinas são motorizadas. Tabela 4. Avaliação da intensidade de esforço para operar as abanadoras de grãos e sementes feita por agricultores familiares (% de citações). Intensidade de esforço Abanadora a pedal

(%) Abanadora a motor

(%) Abanadora classificadora

(%)

Grande esforço físico 18,4 5,3 0,0

Moderado esforço físico 53,1 21,1 14,3

Pequeno esforço físico 28,5 73,6 85,7

Na Tabela 5 estão apresentados os resultados das cinco vantagens mais citadas

pelos agricultores familiares. O resultado deste estudo gerou um grupo de palavras com destaque de aparições nos questionários. As palavras que se destacaram confirmam as tabelas anteriores apresentadas. Como se pode observar, no caso da abanadora a pedal, 34,6% destacaram que a máquina facilita o trabalho aliado ao menor esforço físico. No caso das abanadoras a motor e a abanadora classificadora, o menor esforço se destacou com os maiores índices, sendo respectivamente 26,3% e 28,6%. Tabela 5. Avaliação sobre as cinco principais vantagens das abanadoras de arroz observadas pelos agricultores familiares (% de citações).

Vantagens Abanadora a pedal (%)

Abanadora a motor (%)

Abanadora classificadora (%)

Facilita o trabalho 34,60 26,30 28,60

Page 126: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

735

Limpeza 79,6 20,4 78,9 21,1 69,0 31,0

Regulagem 73,5 26,5 68,4 31,6 66,7 33,3

Manutenção 77,6 22,4 63,2 36,8 65,9 34,1

Na Tabela 3 estão apresentados os resultados do questionamento sobre a

aquisição das abanadoras pelos agricultores. Observa-se que para as três máquinas a maioria dos produtores as enquandram nas faixas inferiores a R$2.000,00. Na média os valores foram de R$713,75 para a abanadora a pedal, de R$1100,91 para a abanadora a motor e de R$1210,29 para a abanadora classificadora de grãos e sementes. Tabela 3. Faixa de valores de aquisição de abanadoras feita por agricultores familiares, em percentual de citações.

Faixa de valor (R$) Abanadora a pedal (%)

Abanadora a motor (%)

Abanadora classificadora (%)

Menos de 500 15,6 13,6 5,9

De 500 a 1 000 28,1 36,4 11,8

De 1 000 a 1 500 28,1 22,7 35,3

De 1 500 a 2 000 18,8 9,1 23,5

De 2 000 a 2 500 0 9,1 2,9

2 500 e mais 9,4 9,1 20,6

Na Tabela 4 estão apresentados os resultados sobre a avaliação da intensidade de

esforço físico para operar as abanadoras de arroz realizada por agricultores familiares. Observa-se que a abanadora a pedal, embora necessite de um pequeno esforço na operação, apenas 18,4% consideraram como um esforço grande. Os demais agricultores familiares indicaram o esforço de moderado a pequeno (81,6%) para a mesma abanadora. Em relação as abanadoras de motor e a classificadora de grãos e sementes, estas obtiveram os maiores índices em relação a intensidade de esforço físico pequeno, o que era esperado, visto que as máquinas são motorizadas. Tabela 4. Avaliação da intensidade de esforço para operar as abanadoras de grãos e sementes feita por agricultores familiares (% de citações). Intensidade de esforço Abanadora a pedal

(%) Abanadora a motor

(%) Abanadora classificadora

(%)

Grande esforço físico 18,4 5,3 0,0

Moderado esforço físico 53,1 21,1 14,3

Pequeno esforço físico 28,5 73,6 85,7

Na Tabela 5 estão apresentados os resultados das cinco vantagens mais citadas

pelos agricultores familiares. O resultado deste estudo gerou um grupo de palavras com destaque de aparições nos questionários. As palavras que se destacaram confirmam as tabelas anteriores apresentadas. Como se pode observar, no caso da abanadora a pedal, 34,6% destacaram que a máquina facilita o trabalho aliado ao menor esforço físico. No caso das abanadoras a motor e a abanadora classificadora, o menor esforço se destacou com os maiores índices, sendo respectivamente 26,3% e 28,6%. Tabela 5. Avaliação sobre as cinco principais vantagens das abanadoras de arroz observadas pelos agricultores familiares (% de citações).

Vantagens Abanadora a pedal (%)

Abanadora a motor (%)

Abanadora classificadora (%)

Facilita o trabalho 34,60 26,30 28,60

Maior rapidez/menor tempo 19,20 21,10 14,30

Maior rendimento 3,80 10,50 21,40

Menor esforço 34,60 26,30 28,60

Redução da mão-de-obra 7,70 15,80 7,10

Na Tabela 6 estão apresentados os resultados das cinco desvantagens mais citadas pelos agricultores familiares em relação as abanadoras de arroz. As palavras que se destacaram foram a necessidade de motor para as abanadoras a motor (33,3%) e a abanadora classificadora de sementes (100%), respectivamente. As abanadoras a motor e a classificadora apresentaram índice de zero porcento em relação ao maior esforço físico, enquanto que a abanadora a pedal apresentou índice de 35%, o que era esperado visto que a máquina necessita de algum esforço físico para funcionar. Tabela 6. Avaliação sobre as cinco maiores desvantagens das abanadoras de arroz observadas pelos agricultores familiares (% de citações).

Desvantagens Abanadora a pedal (%) Abanadora a motor (%) Abanadora classificadora (%)

Baixo rendimento 25,0 33,3 0,0

Desperdício do arroz 20,0 33,3 0,0

Maior esforço físico 35,0 0,0 0,0

Necessidade de motor 0,0 33,3 100,0

Problemas no pedal 20,0 0,0 0,0

CONCLUSÃO

O grau de satisfação dos produtores familiares em relação as máquinas abanadoras de arroz se destacou em função dos altos índices obtidos nos questionários de avaliação. O ponto forte em destaque foram o menor índice de esforço físico necessário na abanação do arroz além da melhoria nas condições de trabalho dos produtores.

AGRADECIMENTOS Aos Técnicos da Emater em especial Idalina Carneiro, Job Carneiro e César Alves

de Lima Jr., e aos Assistentes da Embrapa Arroz e Feijão Eli Gonçalves da Silva, Wanderley Gomes Neto e Aparecido Tomás. A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para o êxito do trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SILVA, J. G. da. Ajustes em equipamentos de colheita de grãos desenvolvidos para pequenos empreendimentos. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2010. 6 p. (Embrapa. Macroprograma 3 - Desenvolvimento Tecnológico Incremental do Agronegócio). Projeto em andamento.

SILVA, J. G. da; SILVEIRA, P. M. da; BARCELLOS, L. C.; ALMEIDA, R. de A. Construção e avaliação do desempenho de três trilhadoras de arroz. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 5, n. 2, p. 333-338, 2001.

SILVA, J. G. da; SOARES, D. M. Abanadoras de sementes para pequenas lavouras. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2003. 4 p. (Embrapa Arroz e Feijão. Circular Técnica, 59).

SOUSA, I. S. F. de; CABRAL, J. R. F. Ciência e inclusão social na agricultura. In: SOUSA, I. S. F. de; CABRAL, J. R. F. (Eds.). Ciência como instrumento de inclusão social. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2009. p. 21-69.

Page 127: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

736

Maior rapidez/menor tempo 19,20 21,10 14,30

Maior rendimento 3,80 10,50 21,40

Menor esforço 34,60 26,30 28,60

Redução da mão-de-obra 7,70 15,80 7,10

Na Tabela 6 estão apresentados os resultados das cinco desvantagens mais citadas pelos agricultores familiares em relação as abanadoras de arroz. As palavras que se destacaram foram a necessidade de motor para as abanadoras a motor (33,3%) e a abanadora classificadora de sementes (100%), respectivamente. As abanadoras a motor e a classificadora apresentaram índice de zero porcento em relação ao maior esforço físico, enquanto que a abanadora a pedal apresentou índice de 35%, o que era esperado visto que a máquina necessita de algum esforço físico para funcionar. Tabela 6. Avaliação sobre as cinco maiores desvantagens das abanadoras de arroz observadas pelos agricultores familiares (% de citações).

Desvantagens Abanadora a pedal (%) Abanadora a motor (%) Abanadora classificadora (%)

Baixo rendimento 25,0 33,3 0,0

Desperdício do arroz 20,0 33,3 0,0

Maior esforço físico 35,0 0,0 0,0

Necessidade de motor 0,0 33,3 100,0

Problemas no pedal 20,0 0,0 0,0

CONCLUSÃO

O grau de satisfação dos produtores familiares em relação as máquinas abanadoras de arroz se destacou em função dos altos índices obtidos nos questionários de avaliação. O ponto forte em destaque foram o menor índice de esforço físico necessário na abanação do arroz além da melhoria nas condições de trabalho dos produtores.

AGRADECIMENTOS Aos Técnicos da Emater em especial Idalina Carneiro, Job Carneiro e César Alves

de Lima Jr., e aos Assistentes da Embrapa Arroz e Feijão Eli Gonçalves da Silva, Wanderley Gomes Neto e Aparecido Tomás. A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para o êxito do trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SILVA, J. G. da. Ajustes em equipamentos de colheita de grãos desenvolvidos para pequenos empreendimentos. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2010. 6 p. (Embrapa. Macroprograma 3 - Desenvolvimento Tecnológico Incremental do Agronegócio). Projeto em andamento.

SILVA, J. G. da; SILVEIRA, P. M. da; BARCELLOS, L. C.; ALMEIDA, R. de A. Construção e avaliação do desempenho de três trilhadoras de arroz. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 5, n. 2, p. 333-338, 2001.

SILVA, J. G. da; SOARES, D. M. Abanadoras de sementes para pequenas lavouras. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2003. 4 p. (Embrapa Arroz e Feijão. Circular Técnica, 59).

SOUSA, I. S. F. de; CABRAL, J. R. F. Ciência e inclusão social na agricultura. In: SOUSA, I. S. F. de; CABRAL, J. R. F. (Eds.). Ciência como instrumento de inclusão social. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2009. p. 21-69.

Page 128: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

737

QUALIDADE FÍSICA E FISIOLÓGICA DE SEMENTE CERTIFICADA DE ARROZ IRRIGADO PRODUZIDA EM SANTA CATARINA

Gabriela Neves Martins1; Celso Antonio Dal Piva2; Moacir Antonio Schiocchet3; Armando Corrêa Pacheco2

Palavras-chave: germinação, pureza, arroz-vermelho

INTRODUÇÃO A utilização de semente de arroz de alta qualidade associada a boas práticas de

semeadura asseguram o estabelecimento de uma população de plantas vigorosas e em número adequado, sendo a base para o sucesso da lavoura, contribuindo para que máximas produtividades sejam alcançadas.

O controle de qualidade envolve ações do governo através de legislação específica, análise e certificação de semente. Isto engloba uma série de procedimentos, que permitem que os programas de produção de sementes sejam monitorados e orientados para que métodos adequados sejam seguidos, visando garantir a pureza genética das cultivares. Esse sistema assegura que apenas semente de origem e qualidade conhecidas seja comercializada.

Carraro (2001) constatou que, quanto maior o uso de sementes certificadas, maior a produtividade ao longo dos anos. Mew et al. (2002) demonstraram que sementes certificadas produziram 11% mais do que sementes próprias dos agricultores, ocasionado pelo crescimento inicial uniforme em decorrência da qualidade fisiológica e sanitária das sementes.

A pureza física refere-se a ausência de contaminação por materiais estranhos e outras sementes. A qualidade fisiológica é a capacidade potencial de a semente gerar, sob condições favoráveis, uma planta perfeita.

Além da pureza física e da qualidade fisiológica, a presença de arroz vermelho em lotes de semente de arroz irrigado é um ponto crucial a ser levado em consideração. O arroz vermelho (Oryza sativa L.) destaca-se como a mais importante planta daninha das lavouras de arroz irrigado no Sul do Brasil, em razão das perdas econômicas causadas à produção de arroz, tanto em rendimento como em qualidade, da elevação dos custos de produção, devido à necessidade de controle e a problemas operacionais na colheita, secagem e beneficiamento (EBERHARDT & NOLDIN, 2005). A disseminação do arroz vermelho ocorre, principalmente, pelo uso de semente contaminada (NOLDIN et al., 2006; SCHWANKE et al, 2008).

A utilização de semente contaminada com arroz vermelho irá alimentar o banco de sementes e permitirá a manutenção das infestações nas lavouras, com consequências diretas na produtividade e qualidade do arroz. A ocorrência de plantas de arroz vermelho de porte baixo e grãos tipo longo-fino, semelhantes às cultivares comerciais é mais um motivo de preocupação quando da aquisição de semente de arroz livre de arroz vermelho. A presença desse tipo de planta de arroz vermelho dificulta a identificação das mesmas nas operações de rouguing, fundamentais para a obtenção de semente livre desta planta daninha.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento através da Instrução Normativa nº 25 (16/12/2005) permite, para comercialização de sementes de arroz da categoria C2, a presença de uma semente de arroz vermelho a cada 700g de semente. Em

1 Engenheira-Agrônoma, Dra., Epagri/Estação Experimental de Itajaí. [email protected] 2 Engenheiro-Agrônomo, ADV – Laboratório de Análise de Sementes, [email protected] 3 Engenheiro-Agrônomo, Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí. [email protected]

Page 129: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

738

Santa Catarina, a Acapsa (Associação Catarinense de Produtores de Semente de Arroz Irrigado) estabeleceu, entre seus associados que é proibida a presença de arroz vermelho na semente da categoria C2, além de não permitir a produção de semente das categorias S1 e S2.

Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade fisiologia e física dos lotes de semente certificada de arroz irrigado analisados no Laboratório Oficial de Análise de Sementes ADV em Santa Catarina.

MATERIAL E MÉTODOS Para realização do estudo foram examinados os resultados de 1.491 lotes de

semente certificada de arroz irrigado, analisadas na safra 2009/2010 pelo Laboratório Oficial de Análise de Sementes ADV, localizado no município de Chapecó-SC. Os resultados foram organizados por ordem de registro das cultivares no Ministério da Agricultura.

Foram consideradas as seguintes avalições: análise de pureza, teste de germinação e outras sementes por número (sementes toleradas e proibidas).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A cultivar Epagri 109 é a mais produzida no estado com 33,20%, seguida SCSBRS Tio Taka e SCS 114 Andosan, com 19,72 e 18,65% respectivamente (Tabela 1). A quantidade de semente certificada produzida em Santa Catarina, 27.093,10 t, é suficiente para o plantio de 169.332 ha de arroz irrigado.

Tabela 1. Número de amostras, percentagem e quantidade (t) de semente por cultivar safra 2009/2010.

Cultivar Nº amostras % do Total Quantidade de sementes (t) Epagri 106 4 0,27 53,63 Epagri 108 245 16,43 4.683,87 Epagri 109 495 33,20 8.968,34 SCS 112 94 6,30 1.660,77 SCSBRS Tio Taka 294 19,72 5.224,38 SCS 114 Andosan 278 18,65 5.314,30 SCS 115 CL 36 2,41 509,46 SCS116 Satoru 45 3,02 678,37 TOTAL 1491 100,00 27.093,10

Considerando-se que o padrão mínimo de pureza física para semente de arroz

certificada é de 99,0%, em função dos resultados de análise obtidos, foi possível constatar que 99,9% das amostras atendiam o padrão (Tabela 2). Apenas as cultivares Epagri 109 e SCS116 Satoru apresentaram uma pequena percentagem de amostras com pureza abaixo de 99,0%.

Tabela 2. Pureza (%) da semente certificada de arroz irrigado produzidas em Santa Catarina, safra 2009/2010.

Cultivar Percentual de amostras Pureza ≥ 99,0 % Pureza < 99,0 %

Epagri 106 100,0 - Epagri 108 100,0 - Epagri 109 99,8 0,2 SCS 112 100,0 - SCSBRS Tio Taka 100,0 - SCS 114 Andosan 100,0 - SCS 115 CL 100,0 - SCS116 Satoru 97,8 2,2 GERAL 99,9 0,1

Page 130: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

739

Na Tabela 3 observa-se que 99,9% da semente amostrada estavam dentro do

padrão mínimo de germinação para comercialização de semente de arroz, que é de 80%. E 99,5% das amostras apresentaram germinação superior a 90%, o que significa que a qualidade fisiológica da semente produzida em SC é superior ao padrão mínimo exigido pelo MAPA. Apenas a cultivar Epagri 108 apresentou 0,4% das amostras abaixo do padrão de comercialização.

Tabela 3. Germinação (%) da semente certificada de arroz irrigado produzida em Santa Catarina, safra 2009/2010.

Cultivar Percentual da amostras Germinação < 80,0 % Germinação ≥ 80,0 % Germinação ≥ 90,0 %

Epagri 106 - 100,0 100,0 Epagri 108 0,4 99,6 99,6 Epagri 109 - 100,0 99,0 SCS 112 - 100,0 100,0 SCSBRS Tio Taka - 100,0 99,3 SCS 114 Andosan - 100,0 100,0 SCS 115 CL - 100,0 100,0 SCS116 Satoru - 100,0 100,0 GERAL 0,07 99,9 99,5

O principal mecanismo de disseminação de arroz vermelho ocorre pelo uso de

semente de arroz contaminada. As Recomendações Técnicas da Pesquisa para o Sul do Brasil (SOSBAI, 2010), no que se refere ao manejo adequado do arroz vermelho, enfatiza a importância do uso de semente livre desta planta daninha.

Com relação ao arroz vermelho 99,4% das amostras estavam isentas de semente de arroz vermelho (Tabela 4). As cultivares Epagri 109 e SCS 115 CL apresentaram 1,4 e 5,6% de amostras com presença de 1 a 5 sementes de arroz vermelho, respectivamente.

Tabela 4. Percentagem de amostras que apresentaram sementes de arroz vermelho, em semente de arroz irrigado certificada produzida em Santa Catarina, safra 2009/2010.

Cultivar Nº de sementes de arroz vermelho/700g semente Zero 1 a 5

Epagri 106 100,0 - Epagri 108 100,0 - Epagri 109 98,6 1,4 SCS 112 100,0 - SCSBRS Tio Taka 100,0 - SCS 114 Andosan 100,0 - SCS 115 CL 94,4 5,6 SCS116 Satoru 100,0 - GERAL 99,4 0,6

Esses dados indicam que a semente produzida pelos produtores de Santa Catarina

oferece uma garantia em relação a presença de arroz vermelho. No entanto, deve-se sempre utilizar um sistema de implantação de lavoura eficiente no controle desta planta daninha.

CONCLUSÃO As sementes das cultivares de arroz irrigado da Epagri produzidas no Estado de

Santa Catarina, dentro do processo de certificação, apresenta alta qualidade física e fisiológica.

Page 131: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

740

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Laboratório de Análise de Sementes – ADV.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EBERHARDT, D.S.; NOLDIN, J.A. Dano causado por arroz-vermelho (Oryza sativa L.) em lavouras de arroz irrigado, sistema pré-germinado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4.; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 26., 2005, Santa Maria. Anais… Santa Maria: Orium, 2005. p. 184-186. KRZYZANOWSKI, F.C.; FRANÇA NETO, J.B.; HENNING, A.A.; COSTA, N.P. O controle de qualidade agregando valor a semente de soja. Londrina: Embrapa Soja, 2008. 12p. (Embrapa Soja. Circular Técnica 54). CARRARO, I.M. Semente insumo nobre. Seed News, Pelotas, n.5, p.34-35, 2001. MEW, T.W.; DIAZ, C.; HOSSAIN M.; ELAZEGUI, F.A.; MERCA, S. Healthy seeds for better harvest. In: INTERNATIONAL RICE CONGRESS, 2002, Beijing. Anais... Beijing: IRRI, 2002. p.454. NOLDIN, J.A.; CHANDLER, J.M.; McCAULEY, G.N. Seed longevity of red rice ecotypes buried in soil. Planta Daninha, v. 24, n. 4, p. 611-620, 2006. SCHWANKE, A.M.L.; ANDRES, A.; NOLDIN, J.A.; CONCENÇO, G.; PROCÓPIO, S.O. Avaliação de germinação e dormência de ecótipos de arroz vermelho. Planta Daninha, v. 26, n. 3, p. 497-505, 2008. SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO [SOSBAI]. Arroz Irrigado: Recomendações Técnicas da Pesquisa para o Sul do Brasil. Porto Alegre: Sosbai, 2010. 188p.

Page 132: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

741

QUALIDADE DO GRÃO FORMADO NO COLMO PRINCIPAL E NOS PERFILHOS DE PLANTAS DE ARROZ (Oryza sativa L.)

Daniel Fernández Franco1, Luis Antônio Veríssimo Correia2, Ariano Martins de Magalhães Jr1, Alcides Cristiano M. Severo¹, Fabíola de Oliveira Krüger³, Marcio Gonçalves da Silva³. Palavras-chave: densidade; população de plantas.

INTRODUÇÃO A semelhança da produtividade da lavoura (kg ha-1) a qualidade dos grãos é

fundamental na produção do arroz. Entretanto, os fatores que determinam a qualidade dos grãos ainda são poucos conhecidos. Para o consumidor a aparência do grão cru é praticamente o atributo de qualidade mais importante para a avaliação do arroz. Para os produtores o preço recebido na comercialização depende, dentre diversos fatores, da qualidade física dos grãos após o beneficiamento, operação na qual são descascados e polidos. Atualmente, no Rio Grande do Sul, não só parâmetros físicos são considerados no momento da comercialização. Características de ordem culinária, como teor de amilose no grão, temperatura de gelatinização, propriedades nutricionais e características sensoriais (odor, sabor , maciez, etc.) são levadas em consideração. Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade de grãos de arroz formados no colmo principal e nos perfilhos, em função de diferentes arranjos de distribuição de plantas.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido na área experimental da Embrapa Clima Temperado, no

município de Capão do Leão, RS, nas safras de 2006/07 e 2007/08. O solo é classificado como Planossolo Háplico. O clima é subtropical ou temperado, com média térmica anual de 17,8 °C e com pluviosidade média de 1366 mm ano-1. Foram testados os seguintes tratamentos: duas cultivares de arroz irrigado (BRS Atalanta e BR Irga 409), dois espaçamentos entre linhas (12,5 e 17,5 cm) e três densidades de semeadura (90, 120 e 150 kg ha-1) e duas estruturas de plantas (colmo principal e perfilhos). O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso e quatro repetições. Os tratamentos foram distribuídos em parcelas de 9 linhas de 4 metros de comprimento espaçadas entre 17,5 cm entre si, perfazendo uma área total de 6,3 m² e área útil de 3,15 m², e de 13 linhas de 4 metros de comprimento espaçadas espaçadas de 12,5 cm entre si, perfazendo uma área total de 6,5 m² e área útil de 3,38 m². Foram consideradas como bordaduras, de cada parcela duas linhas de cada lado e 50 cm de cada extremidade das linhas. Foi determinado dentro de cada parcela uma área de 1 m² onde foram identificados, ao acaso, 80 colmos principais e seus perfilhos para a obtenção de grãos para as determinações industriais e culinárias. O estudo da qualidade de grãos foi realizado no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Controle da Qualidade de Grãos, da Embrapa Clima Temperado. Para verificação da qualidade do grão foram estudados o rendimento de grãos inteiros, centro branco dos grãos, conteúdo de amilose e temperatura de gelatinização (MARTINEZ & CUEVAS, 1989). Os dados experimentais foram analisados e comparados através do teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Para as cultivares BRS Atalanta (Tabela 1) e BR Irga 409 (Tabela 2) não se

1 Embrapa Clima Temperado, Cx. Postal 403, CEP 96001-970 Pelotas, RS. e-mail: [email protected] 2 Universidade Federal de Pelotas/ FAEM ³ Estagiário Embrapa Clima Temperado

Page 133: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

742

encontrou diferença significativa no rendimento de grãos inteiros para grãos do colmo principal e dos perfilhos, com um incremento na densidade, independentemente do espaçamento entre linhas. Para a variável centro branco de grãos e gessados se encontrou comportamento semelhante ao do rendimento de grãos inteiros. Os resultados demonstram que os grãos do colmo principal e perfilhos são semelhantes no que se refere a aparência.

Tabela 1 – Médias do efeito do espaçamento e da densidade de semeadura no

rendimento de grãos inteiros (%), centro branco e gessados (%) do colmo principal e perfilhos da cultivar de arroz irrigado BRS Atalanta, nas safras de 2006/07 e 2007/08. Pelotas, RS, 2011.

Espaçamento Densidade Rendimento de grãos inteiros (%) Centro branco e gessados (%)

(cm) (kg ha-1) Col. Princ. Perfilhos Col. Princ. Perfilhos

90 66,2 a A* 66,6 a A 0,0 0,0

12,5 120 66,2 a A 65,8 a A 0,0 0,0

150 66,6 a A 66,6 a A 0,0 0,0

90 66,6 a A 66,0 a A 0,0 0,0

17,5 120 66,4 a A 66,6 a A 0,0 0,0

150 66,4 a A 66,4 a A 0,0 0,0

C.V. (%) 1,3 0,0

*Médias seguidas da mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade. Letras minúsculas comparam na coluna e maiúsculas comparam na linha.

Tabela 2 – Médias do efeito do espaçamento e da densidade de semeadura no

rendimento de grãos inteiros (%), com centro branco e gessados (%) do colmo principal e perfilhos da cultivar de arroz irrigado BR Irga 409, nas safras de 2006/07 e 2007/08. Pelotas, RS, 2011.

Espaçamento Densidade Rendimento de grãos inteiros (%) Centro branco e gessados (%)

(cm) (kg ha-1) Col. Princ. Perfilhos Col. Princ. Perfilhos

90 68,0 a A* 67,0 a A 1,0 a A 2,0 a A

12,5 120 68,5 a A 68,3 a A 1,0 a A 2,0 a A

150 68,2 a A 68,3 a A 1,0 a A 2,0 a A

90 68,6 a A 68,2 a A 1,0 a A 2,0 a A

17,5 120 68,0 a A 67,8 a A 1,0 a A 2,0 a A

150 68,7 a A 67,2 a A 1,0 a A 2,0 a A

C.V. (%) 1,7 4,0

*Médias seguidas da mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade. Letras minúsculas comparam na coluna e maiúsculas comparam na linha.

Nas Tabelas 3 e 4 são apresentadas as médias dos efeito do espaçamento entre

linhas e da densidade de semeadura no conteúdo de amilose e na temperatura de gelatinização dos grãos do colmo principal e dos perfilhos, de duas cultivares de arroz irrigado. Para o conteúdo de amilose não se encontrou diferença significativa entre os grãos do colmo principal e dos perfilhos com aumento da densidade, independentemente do espaçamento entre linhas. As cultivares BRS Atalanta e Br Irga 409 apresentaram um conteúdo de amilose que oscilou entre 25,0 % e 27,0 %, o que corresponde a um conteúdo de amilose classificada como intermediária a alta. Isto significa que, os grãos dessas cultivares, após o cozimento, permanecem soltos, secos e macios após esfriar.

Page 134: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

743

Tabela 3 – Médias do efeito do espaçamento e da densidade de semeadura no conteúdo de amilose (%) e na temperatura de gelatinização (nota) dos grãos do colmo principal e dos perfilhos da cultivar de arroz irrigado BRS Atalanta, nas safras de 2006/07 e 2007/08. Pelotas, RS, 2011.

Espaçamento Densidade Conteúdo amilose (%) Temperatura de gelatinização (nota)

(cm) (kg ha-1) Col. Princ. Perfilhos Col. Princ. Perfilhos

90 26,5 a A* 25,5 a A 5,0 a A 5,0 a A

12,5 120 25,5 a A 26,5 a A 5,0 a A 5,0 a A

150 26,5 a A 25,5 a A 5,0 a A 5,0 a A

90 25,5 a A 26,5 a A 5,0 a A 5,0 a A

17,5 120 27,0 a A 26,5 a A 5,0 a A 5,0 a A

150 26,0 a A 26,0 a A 5,0 a A 5,0 a A

C.V. (%) 3,9 1,9

*Médias seguidas da mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade. Letras minúsculas comparam na coluna e maiúsculas comparam na linha.

Tabela 4 - Médias do efeito do espaçamento e da densidade de semeadura no

conteúdo de amilose (%) e na temperatura de gelatinização (nota) dos grãos do colmo principal e dos perfilhos da cultivar de arroz irrigado BR Irga 409, nas safras de 2006/07 e 2007/08. Pelotas, RS, 2011.

Espaçamento Densidade. Conteúdo amilose (%) Temperatura de gelatinização (nota)

(cm) (kg ha-1) Col. Princ. Perfilhos Col. Princ. Perfilhos

90 25,0 a A* 25,5 a A 7,0 a A 7,0 a A

12,5 120 25,2 a A 25,0 a A 7,0 a A 7,0 a A

150 25,7 a A 25,4 a A 7,0 a A 7,0 a A

90 25,0 a A 25,5 a A 7,0 a A 7,0 a A

17,5 120 26,2 a A 25,4 a A 7,0 a A 7,0 a A

150 26,5 a A 25,6 a A ,0 a A 7,0 a A

C.V. (%) 3,5 1,5

*Médias seguidas da mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade. Letras minúsculas comparam na coluna e maiúsculas comparam na linha.

Para a temperatura de gelatinização não foram constatadas diferenças significativas

para os grãos do colmo principal e dos perfilhos para as densidades, e nem na comparação de grãos de essas duas estruturas de planta. A cultivar BRS Atalanta, apresentou para temperatura de gelatinização uma nota igual a 5, o que corresponde a uma temperatura de gelatinização classificada como intermediária (70°C a 74°C) . Para a cultivar BR Irga 409 foi encontrada uma nota igual a 7, o que significa que sua temperatura de gelatinização esta classificada como baixa (55° C a 69° C).

CONCLUSÃO As cultivares de arroz irrigado, BRS Atalanta e BR Irga 409, não apresentam

diferença significativa entre os grãos do colmo principal e dos perfilhos para os caratéres rendimento de grãos inteiros, centro branco de grãos e gessados, conteúdo do teor de amilose e temperatura de gelatinização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARTINEZ,C.; CUEVAS,F. Evaluación de la Calidad Culinária y Molinera del Arroz: guia de estúdio para ser usada como complemento de la unidad auditorial sobre el mismo tema.

Centro Internacional de Agricultura Tropical- CIAT- Tercera Edicíon. Cali, Colômbia, 1989. 73p.

Page 135: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

744

AFERIÇÃO DA PUREZA GENÉTICA DE SEMENTES GENÉTICAS E BÁSICAS DE CULTIVARES DE ARROZ IRRIGADO DO IRGA PELO

USO DE PARCELAS DE CAMPO José Mauro Costa Rodrigues Guma1; Felipe Gutheil Ferreira2; Athos Dias de Castro Gadea,Gonçalo Costaguta Matas Solés3

Palavras-chave: Oryza sativa L., categoria, qualidade, controle de qualidade.,

INTRODUÇÃO No processo de produção de sementes, os procedimentos de certificação exigem

vistorias a campo, coleta de amostras e análises das sementes quanto aos seus atributos mínimos de qualidade (pureza física, contaminação por sementes de espécies nocivas e qualidade fisiológica).

A pureza genética é atributo de qualidade e é aferida no campo de produção de sementes das categorias comerciais (C1, C2, S1 e S2), por meio de vistorias. Quando um evento referente à mistura varietal ou degeneração genética ocorre no campo, isto invariavelmente gera alguns problemas. Entre eles, a redução de oferta de sementes e a insatisfação do produtor quando ocorre a condenação do campo, são os mais observados. Após a venda e a distribuição de sementes genética e básica, o obtentor das cultivares, não tem controle sobre as demais atividades do processo que culminam na semeadura, como por exemplo, o tratamento de sementes (TS), a limpeza de máquinas e o histórico dos campos. Se estas atividades não forem realizadas com a supervisão do produtor e responsável técnico, são fontes em potencial, de contaminação das sementes básicas.

A aferição da pureza genética dos lotes de sementes básica do IRGA foi realizada em parcelas a campo utilizando-se a metodologia proposta por Miranda et al.(1993). A adoção deste procedimento no Programa de Produção de Sementes do Instituto, tem por objetivo, constatar de forma antecipada qualquer problema referente à estabilidade genética e mistura varietal dos lotes de semente básica produzidas pelo IRGA. De outra forma, é mais um item do controle de qualidade que reforça o sistema de controle de gerações e fornece informações importantes para melhoria do processo de produção de sementes genética e básicas, bem como da produção de semente certificada.

Os objetivos deste trabalho foram avaliar se a metodologia proposta por Miranda et al (1993) é adequada como ferramenta de controle de qualidade no processo de produção de sementes de arroz e se é possível constatar de forma antecipada qualquer problema referente à estabilidade genética e mistura varietal de amostras de sementes.

MATERIAL E MÉTODOS A metodologia proposta por Miranda et al. (1993), tem diversas fases distintas, a

saber: 1. Planejamento: o tamanho das parcelas está diretamente relacionado com o

padrão de atipicidade, que para a classe básica de sementes de arroz irrigado é de 0,05%, ou 1 planta atipica para cada 2.000 plantas consideradas normais em relação aos descritores morfolôgicos e genéticos. Na avaliação de campo, são realizadas 6 subamostras de 1.000 plantas cada. Na avaliação por parcelas, cada parcela deverá ter 3.000 plantas, toltalizando duas repetições

1 Eng° Agrº MSc., Pesquisador IRGA-EEA. Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494. Cachoeirinha/RS. [email protected]. 2 Eng° Agrº MSc., Pesquisador IRGA-EEA. [email protected]. 3 Eng° Agrº Pesquisador IRGA-EEA. [email protected]. 4 Graduando da UFRGS. Bolsista CNPQ-PIBIT. [email protected].

Page 136: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

745

por lote, ou 6.000 plantas; a data de implantação das parcelas deve ocorrer de 15 a 20 dias antes do período normal de semeadura da cultura, para a obtenção antecipada de informações sobre a qualidade do lote.

2. Recepção e preparo de amostras: conferiu-se o peso das amostras recebidas observando se tinham quantidade suficiente para a implantação das parcelas. Foi verificado o poder germinativo (PG) e o peso de mil sementes, procedendo-se as devidas correções para se obter, dentro de cada parcela, o mais próximo a 3.000 plantas.

3. Semeadura: a semeadura ocorreu um bloco da Estação Experimental do Arroz, com histórico de 3 anos de rotação de culturas com soja e azevém, diminuido a possibilidade da ocorrência de plantas espontâneas de arroz. As parcelas foram implantadas e conduzidas segundo as práticas culturais recomendadas para a obtenção de altos rendimentos (SOSBAI, 2010).

4. Avaliações: nas parcelas de campo foram feitas avaliações em três fases distintas:

a. Pós emergência: em V3 foi determinado o estande de plantas na parcela e a ela foi atribuído um fator de correção que, multiplicado pelo número de plantas exitentes na parcela, corrigiu o número de plantas para 3.000 plantas. O número de indivíduos atípicos verificados na parcela será multiplicado por este fator.

i. Fator de Correção (FC) = 3.000/Nº de plantas na parcela. b. Floração: em R3 e R4 foram identificadas as atipicidades das amostras,

por exemplo, plantas pilosas ou lisas, estatura de plantas e diferenças de ciclo. Para se obter maior segurança quanto às verificações de atipicidades, foram feitas, no mínimo, três verificações em cada parcela, espaçadas de, aproximadamente, quatro dias uma da outra.

c. Pré Colheita: R6, R7 e R8. Foram feitas três inspeções por parcela, para acúmulo de dados com o maior número de detalhes possíveis com relação a atipicidades, que venham auxiliar o técnico quando da inspeção final.

Para este trabalho selecionou-se as variedades de maior volume comercializado pelo IRGA. Foram semeadas 43 amostras, cada amostra com duas repetições, totalizando 86 parcelas. A semeadura ocorreu na segunda quinzena de outubro, dia 21 de outubro de 2010 e a emergencia das plantas ocorreu no dia 4 de novembro. A adubação foi “a lanço” na taxa de 450 kg ha-¹ da fórmula comercial (05-15-30). A 1º fertilização nitrogenada em cobertura ocorreu no estágio V3 na taxa de 200 kg ha-1 de uréia (45-00-00) e a segunda no estágio V8 da cultura na taxa de 50 kg ha-1 de uréia (45-00-00). A aplicação de herbicida pós-emergente ocorreu em V3. A irrigação das parcelas ocorreu também em V3 e a altura foi controlada durante todo o ciclo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na vistoria dos campos de produção de sementes de arroz irrigado da categoria

básica, o limite de tolerância de plantas atípicas é de 0,05% (BRASIL, 2005). Segundo Gregg et al (1975) a amostragem a campo deverá, segundo o padrão da cultura e da classe de sementes em questão, ser realizada em 6.000 plantas, dividos em 6 subamostras, cada uma com 1.000 plantas e no somatório das subamostras encontrar até 3 plantas atípicas que o lote de sementes permaneceria dentro do padrão.

Na avaliação de pós-emergência, as amostras apresentaram bom estabelecimento a campo, resultando em estande de plantas adequados para a avalição. No florescimento (tabela 1) os cultivares BR IRGA 409 e o IRGA 417 apresentaram uma amostra com atipicidade cada e o cultivar IRGA 424 duas amostras com atipicidade na média das repetições. As atipicidades estavam relacionadas principalmente com o ciclo, sendo mais precoce que as demais plantas. No entanto, foi um ano de díficil estabelecimento inicial da

Page 137: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

746

cultura no RS, devido principalmente ao déficit hídrico e frio no período de semeadura, germinação e emergência das plantas. O déficit hídrico e frio afetam diretamente o estabelecimento inicial da cultura, segundo Cruz (2010). Logo, a atipicidade observada pode estar relacionada a qualidade fisiológica das sementes, mais especificamente ao vigor de sementes, já que as características de tipo de planta, estatura, e pilosidade se asselhavam com as cultivares acima denominadas.

Na pré colheita (tabela 2) as avaliações foram realizadas nos estagio da cultura R6, R7 e R8. O cultivar IRGA 424 apresentou duas amostras com atipicidade acima do padrão de campo permito pela Instrução Normativa Nº 25 (BRASIL, 2005). Os cultivares BR IRGA 409 e IRGA 417 que apresentaram cada um, uma amostra com atipicidade na avaliação de floração, na avaliação de pré colheita não apresentaram atipicidade acima do padrão de plantas atípicas estabelecido. As atipicidades percebidas no cultivar IRGA 424 estavam relacionadas com o ciclo e o tipo de planta, sendo que as plantas atípicas apresentaram o ciclo mais precoce e o tipo de planta com ângulo dos afilhos aberto. Nos campos de produção de sementes genética do IRGA 424, categoria imediatamente anterior a categoria básica, não foram observadas estas atipicidades, na safra anterior. As plantas atípicas podem estar relacionadas com mutações expontâneas da cultivar, ou contaminação no processo de recebimento, secagem e beneficiamento das sementes, posterior a colheita, mas é importante ressaltar que o recebimento, secagem e beneficiamento são realizados individualmente, o que diminiu a possibilidade de contaminação de sementes.

CONCLUSÃO A metodologia é adequada para a aferição da pureza varietal e estabilidade

genética das cultivares em arroz irrigado. Para orientar o trabalho de responsáveis técnicos e produtores é necessário antecipar a semeadura do experimento, preferencialmente para o mês de setembro, antes do período de maior taxa de semeadura no Estado do RS. Assim, tem-se a possibilidade de observar os problemas referentes a atipicidade ou estabilidade genética na parcela e indicar as práticas de manejo adequadas aos responsáveis técnicos e produtores de sementes. Medidas corretivas devem ser tomadas para eliminar a possibilidade de contaminação de sementes de arroz da categoria básica no processo de colheita e industrial.

AGRADECIMENTOS Ao Cnpq pela bolsa e ao IRGA pela oportunidade de aplicação da bolsa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CRUZ, RENATA PEREIRA DA. Exigências Climáticas para a Cultura do Arroz Irrigado – Cachoeirinha/ Estação Experimental do Arroz, Seção de Melhoramento Genético, 2010. Boletim Técnico 11. Pag. 11 a 19. GREGG, B. R.; CAMARGO, C. P.; POPINIGIS, F.; LINGERFELT, C. W.; VECHI, C. En. Guia de Inspeção de Campos para Produção de Sementes – AGIPLAN, 1975. MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa Nº 25, 2005. Brasil. www.agricultura.gov.br/sislegis. MIRANDA, L.C.; POPINIGIS, F.; PRADERI, E.V. O uso de parcelas de campo na aferição da pureza varietal de sementes. Informativo ABRATES, nº 2, v. 3, p. 15-18. 1993. SOSBAI- Sociedade Sul Brasileira de Arroz Irrigado. Recomendações técnicas da pesquisa para o sul do Brasil, 2007, 167p. Tabela 1: Presença de plantas atípicas na vistoria de florescimento nos lotes de semente

cultura no RS, devido principalmente ao déficit hídrico e frio no período de semeadura, germinação e emergência das plantas. O déficit hídrico e frio afetam diretamente o estabelecimento inicial da cultura, segundo Cruz (2010). Logo, a atipicidade observada pode estar relacionada a qualidade fisiológica das sementes, mais especificamente ao vigor de sementes, já que as características de tipo de planta, estatura, e pilosidade se asselhavam com as cultivares acima denominadas.

Na pré colheita (tabela 2) as avaliações foram realizadas nos estagio da cultura R6, R7 e R8. O cultivar IRGA 424 apresentou duas amostras com atipicidade acima do padrão de campo permito pela Instrução Normativa Nº 25 (BRASIL, 2005). Os cultivares BR IRGA 409 e IRGA 417 que apresentaram cada um, uma amostra com atipicidade na avaliação de floração, na avaliação de pré colheita não apresentaram atipicidade acima do padrão de plantas atípicas estabelecido. As atipicidades percebidas no cultivar IRGA 424 estavam relacionadas com o ciclo e o tipo de planta, sendo que as plantas atípicas apresentaram o ciclo mais precoce e o tipo de planta com ângulo dos afilhos aberto. Nos campos de produção de sementes genética do IRGA 424, categoria imediatamente anterior a categoria básica, não foram observadas estas atipicidades, na safra anterior. As plantas atípicas podem estar relacionadas com mutações expontâneas da cultivar, ou contaminação no processo de recebimento, secagem e beneficiamento das sementes, posterior a colheita, mas é importante ressaltar que o recebimento, secagem e beneficiamento são realizados individualmente, o que diminiu a possibilidade de contaminação de sementes.

CONCLUSÃO A metodologia é adequada para a aferição da pureza varietal e estabilidade

genética das cultivares em arroz irrigado. Para orientar o trabalho de responsáveis técnicos e produtores é necessário antecipar a semeadura do experimento, preferencialmente para o mês de setembro, antes do período de maior taxa de semeadura no Estado do RS. Assim, tem-se a possibilidade de observar os problemas referentes a atipicidade ou estabilidade genética na parcela e indicar as práticas de manejo adequadas aos responsáveis técnicos e produtores de sementes. Medidas corretivas devem ser tomadas para eliminar a possibilidade de contaminação de sementes de arroz da categoria básica no processo de colheita e industrial.

AGRADECIMENTOS Ao Cnpq pela bolsa e ao IRGA pela oportunidade de aplicação da bolsa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CRUZ, RENATA PEREIRA DA. Exigências Climáticas para a Cultura do Arroz Irrigado – Cachoeirinha/ Estação Experimental do Arroz, Seção de Melhoramento Genético, 2010. Boletim Técnico 11. Pag. 11 a 19. GREGG, B. R.; CAMARGO, C. P.; POPINIGIS, F.; LINGERFELT, C. W.; VECHI, C. En. Guia de Inspeção de Campos para Produção de Sementes – AGIPLAN, 1975. MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa Nº 25, 2005. Brasil. www.agricultura.gov.br/sislegis. MIRANDA, L.C.; POPINIGIS, F.; PRADERI, E.V. O uso de parcelas de campo na aferição da pureza varietal de sementes. Informativo ABRATES, nº 2, v. 3, p. 15-18. 1993. SOSBAI- Sociedade Sul Brasileira de Arroz Irrigado. Recomendações técnicas da pesquisa para o sul do Brasil, 2007, 167p. Tabela 1: Presença de plantas atípicas na vistoria de florescimento nos lotes de semente

Page 138: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

747

básica dos cultivares BR IRGA 409, IRGA 417 e IRGA 424. Equipe de Sementes da EEA-IRGA, SAFRA 2010/11.

BR IRGA 409 IRGA 417 IRGA 424 Lote Média FC¹ AT² Lote Média FC AT Lote Média FC AT 1597 0,00 1,16 0,00 1236 0,00 0,89 0,00 1187 1,00 0,67 0,67 1598 2,50 0,72 1,80 1237 3,50 0,90 3,15 1188 1,50 0,81 1,22 1599 2,50 0,62 1,55 1238 0,00 0,95 0,00 1189 2,50 1,65 4,13 1600 0,50 0,73 0,37 1239 0,50 0,68 0,34 1190 1,00 1,30 1,30 1601 2,50 0,83 2,08 1240 0,00 1,28 0,00 1191 0,50 1,09 0,55 1602 2,50 0,75 1,88 1241 1,50 0,77 1,16 1192 0,00 0,93 0,00 1603 0,50 0,72 0,36 1242 0,00 0,83 0,00 1193 1,00 1,29 1,29 1604 1,50 0,51 0,77 1243 1,00 1,51 1,51 1194 1,50 0,82 1,23 1605 0,50 0,77 0,39 1244 0,50 0,98 0,49 1195 0,50 1,18 0,59 1606 2,50 1,55 3,88 1245 0,50 0,85 0,43 1196 5,00 0,90 4,50 1607 0,00 0,70 0,00 1246 1,00 0,80 0,80 1197 0,50 1,12 0,56 1608 0,00 0,77 0,00 1609 0,00 0,89 0,00 1198 0,00 1,32 0,00

- - - - - - - - 1199 2,00 1,08 2,16

- - - - - - - - 1200 0,50 0,94 0,47

- - - - - - - - 1201 1,00 1,04 1,04

- - - - - - - - 1202 2,50 1,67 4,18

- - - - - - - - 1203 2,00 1,08 2,16

- - - - - - - - 1204 1,50 1,01 1,52

- - - - - - - - 1610 0,00 0,99 0,00

¹ FC – Fator de correção. ² AT – Aticidadade. Tabela 2: Presença de plantas atípicas na vistoria de pré-colheita nos lotes de semente básica dos cultivares BR IRGA 409, IRGA 417 e IRGA 424. Equipe de Sementes da EEA-IRGA, SAFRA 2010/11.

BR IRGA 409 IRGA 417 IRGA 424 Amostra Média FC¹ AT² Amostra Média FC AT Amostra Média FC AT

1597 2,50 1,16 2,90 1236 - 0,89 - 1187 2,00 0,67 1,34 1598 1,50 0,72 1,08 1237 - 0,90 - 1188 1,50 0,81 1,22 1599 2,50 0,62 1,55 1238 0,50 0,95 0,48 1189 1,50 1,65 2,48 1600 3,00 0,73 2,19 1239 0,50 0,68 0,34 1190 2,50 1,30 3,25 1601 1,50 0,83 1,25 1240 - 1,28 - 1191 1,00 1,09 1,09 1602 2,00 0,75 1,50 1241 - 0,77 - 1192 1,50 0,93 1,40 1603 1,00 0,72 0,72 1242 - 0,83 - 1193 0,50 1,29 0,65 1604 2,50 0,51 1,28 1243 - 1,51 - 1194 1,00 0,82 0,82 1605 2,00 0,77 1,54 1244 - 0,98 - 1195 2,00 1,18 2,36 1606 1,50 1,55 2,33 1245 - 0,85 - 1196 2,50 0,90 2,25 1607 2,00 0,70 1,40 1246 - 0,80 - 1197 3,50 1,12 3,92 1608 1,50 0,77 1,16 1609 - 0,89 - 1198 1,50 1,32 1,98

- - - - - - - - 1199 2,00 1,08 2,16

- - - - - - - - 1200 1,50 0,94 1,41

- - - - - - - - 1201 1,50 1,04 1,56

- - - - - - - - 1202 1,50 1,67 2,51

- - - - - - - - 1203 2,00 1,08 2,16

- - - - - - - - 1204 1,50 1,01 1,52

- - - - - - - - 1610 2,50 0,99 2,48

¹ FC – Fator de correção. ² AT – Aticidadade.

cultura no RS, devido principalmente ao déficit hídrico e frio no período de semeadura, germinação e emergência das plantas. O déficit hídrico e frio afetam diretamente o estabelecimento inicial da cultura, segundo Cruz (2010). Logo, a atipicidade observada pode estar relacionada a qualidade fisiológica das sementes, mais especificamente ao vigor de sementes, já que as características de tipo de planta, estatura, e pilosidade se asselhavam com as cultivares acima denominadas.

Na pré colheita (tabela 2) as avaliações foram realizadas nos estagio da cultura R6, R7 e R8. O cultivar IRGA 424 apresentou duas amostras com atipicidade acima do padrão de campo permito pela Instrução Normativa Nº 25 (BRASIL, 2005). Os cultivares BR IRGA 409 e IRGA 417 que apresentaram cada um, uma amostra com atipicidade na avaliação de floração, na avaliação de pré colheita não apresentaram atipicidade acima do padrão de plantas atípicas estabelecido. As atipicidades percebidas no cultivar IRGA 424 estavam relacionadas com o ciclo e o tipo de planta, sendo que as plantas atípicas apresentaram o ciclo mais precoce e o tipo de planta com ângulo dos afilhos aberto. Nos campos de produção de sementes genética do IRGA 424, categoria imediatamente anterior a categoria básica, não foram observadas estas atipicidades, na safra anterior. As plantas atípicas podem estar relacionadas com mutações expontâneas da cultivar, ou contaminação no processo de recebimento, secagem e beneficiamento das sementes, posterior a colheita, mas é importante ressaltar que o recebimento, secagem e beneficiamento são realizados individualmente, o que diminiu a possibilidade de contaminação de sementes.

CONCLUSÃO A metodologia é adequada para a aferição da pureza varietal e estabilidade

genética das cultivares em arroz irrigado. Para orientar o trabalho de responsáveis técnicos e produtores é necessário antecipar a semeadura do experimento, preferencialmente para o mês de setembro, antes do período de maior taxa de semeadura no Estado do RS. Assim, tem-se a possibilidade de observar os problemas referentes a atipicidade ou estabilidade genética na parcela e indicar as práticas de manejo adequadas aos responsáveis técnicos e produtores de sementes. Medidas corretivas devem ser tomadas para eliminar a possibilidade de contaminação de sementes de arroz da categoria básica no processo de colheita e industrial.

AGRADECIMENTOS Ao Cnpq pela bolsa e ao IRGA pela oportunidade de aplicação da bolsa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CRUZ, RENATA PEREIRA DA. Exigências Climáticas para a Cultura do Arroz Irrigado – Cachoeirinha/ Estação Experimental do Arroz, Seção de Melhoramento Genético, 2010. Boletim Técnico 11. Pag. 11 a 19. GREGG, B. R.; CAMARGO, C. P.; POPINIGIS, F.; LINGERFELT, C. W.; VECHI, C. En. Guia de Inspeção de Campos para Produção de Sementes – AGIPLAN, 1975. MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa Nº 25, 2005. Brasil. www.agricultura.gov.br/sislegis. MIRANDA, L.C.; POPINIGIS, F.; PRADERI, E.V. O uso de parcelas de campo na aferição da pureza varietal de sementes. Informativo ABRATES, nº 2, v. 3, p. 15-18. 1993. SOSBAI- Sociedade Sul Brasileira de Arroz Irrigado. Recomendações técnicas da pesquisa para o sul do Brasil, 2007, 167p. Tabela 1: Presença de plantas atípicas na vistoria de florescimento nos lotes de semente

Page 139: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

748

PRODUÇÃO DE SEMENTE CERTIFICADA DE ARROZ IRRIGADO DAS CULTIVARES EPAGRI SAFRAS 2008/2009 E 2009/2010

Gabriela Neves Martins1; Moacir Antonio Schiocchet1

Palavras-chave: arroz irrigado, semente, Santa Catarina, Epagri,

INTRODUÇÃO A qualidade das sementes exerce profunda influência sobre os resultados

econômicos de culturas agrícolas de todas as espécies (FINCH-SAVAGE, 1994). Assim, o objetivo básico de todo sistema produtor de semente moderno e organizado, é obter material de elevada qualidade genética, física, fisiológica e sanitária. Obtendo e comercializando sementes com estas características, os agricultores estarão recebendo material de propagação com as características superiores das cultivares desenvolvidas pela pesquisa (SPINOLA et al., 2000). O emprego de semente com alta qualidade e de procedência conhecida e confiável é pré-requisito básico para estratégias de manejo visando o aumento de produtividade, de competitividade e de sustentabilidade da lavoura de arroz.

A produção de semente certificada tem por objetivo disponibilizar material de multiplicação com garantia de identidade e qualidade, atendendo aos padrões e as normas específicas estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), através da Lei Federal 10.711 (05/08/2003), regulamentada pelo Decreto 5.153 (23/07/2004).

Em Santa Catarina, a Associação Catarinense dos Produtores de Sementes de Arroz Irrigado (Acapsa) é a instituição responsável pelo processo de certificação de semente de arroz irrigado. A Epagri e Acapsa, junto aos seus associados, estabeleceram que só é produzida no Estado, semente de arroz irrigado das categorias Certificada C1 e C2, sendo vetada a produção de semente de arroz classificada como não certificada (S1 e S2), além de proibir a presença de arroz vermelho na semente da categoria C2, o que para o MAPA é aceitável 1 (uma) semente de arroz vermelho para cada 500 g de amostra.

O objetivo deste trabalho foi relatar a produção de semente certificada das cultivares Epagri em Santa Catarina.

MATERIAL E MÉTODOS A semente certificada foi produzida por produtores associados da Acapsa, que são

licenciados pela Epagri (obtentora das cultivares) e registrados no RENASEM junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). São três as entidades certificadoras (Agroás, Casa Agrícola Dal-Toé e Deteplan) em Santa Catarina credenciadas pela Acapsa que foram responsáveis por vistoriar os campos de produção. A análise laboratorial foi realizada no Laboratório de Análise de Sementes ADV, localizado no Município de Chapecó/SC.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta os dados da produção de semente certificada das principais

cultivares da Epagri na safra 2008/2009.

1 Engenheira Agrônoma, Dra., Epagri/Estação Experimental de Itajaí. [email protected] 2 Engenheiro Agrônomo, Dr., Epagri/Estação Experimental de Itajaí.

Page 140: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

749

Tabela 1. Área semeada, área aprovada, taxa de aprovação de área, produção e comercialização de semente certificada das cultivares da Epagri na safra 2008/2009.

CULTIVAR

Safra 2009/2010 – Semente certificada C1 e C2 Área

Semeada (ha)

Área aprovada

(ha)

Taxa de Aprovação

(%)

Quantidade produzida

(t)

Quantidade comercializada

(t)

% do total

Epagri 108 935,2 841,3 90,0 5359,2 4633,5 17,2 Epagri 109 1558,5 1458,4 93,6 9467,4 8904,9 33,1 SCS 112 256,5 242,0 94,3 1645,7 1584,0 5,9 SCSBRS Tio Taka 938,3 848,6 90,4 5707,6 5571,3 20,7 SCS 114 Andosan 1089,8 1002,4 92,0 6294,7 5860,4 21,7 SCS 115 CL 65,2 63,4 97,2 397,0 380,2 1,4 TOTAL 4.843,5 4.456,1 92,0 28.871,6 26.934,3 100,0

Os dados apresentados na Tabela 2 demonstram um aumento na área aprovada e

na quantidade produzida e comercializada, devido principalmente ao lançamento da cultivar SCS116 Satoru e ao aumento da área do SCS 115 CL.

Tabela 2. Área semeada, área aprovada, taxa de aprovação de área, produção e comercialização (t) de semente certificada das cultivares da Epagri na safra 2009/2010.

CULTIVAR

Safra 2009/2010 – Semente certificada C1 e C2 Área

Semeada (ha)

Área aprovada

(ha)

Taxa de Aprovação

(%)

Quantidade produzida

(t)

Quantidade comercializada

(t)

% do total

Epagri 106 33,0 33,0 100,0 111,9 111,9 0,4 Epagri 108 770,4 693,5 90,0 4662,0 4631,5 16,4 Epagri 109 1470,9 1338,7 91,0 9115,7 8770,4 31,0 SCS 112 266,6 246,8 92,6 1766,9 1719,6 6,1 SCSBRS Tio Taka 1198,9 1025,5 85,5 6309,8 5691,9 20,1 SCS 114 Andosan 1007,7 923,2 91,6 6028,9 5689,6 20,1 SCS 115 CL 158,5 135,5 85,5 703,8 652,8 2,3 SCS116 Satoru 148,4 146,4 98,7 1041,8 1008,8 3,6 TOTAL 5.054,4 4.542,6 89,9 29.740,8 28.276,5 100,0

Observa-se que a taxa de aprovação das áreas de produção de semente certificada

em ambas as safras foi em média 92 e 89,9%. O principal fator de reprovação de campos de produção de semente de arroz é a presença de arroz vermelho no campo.

A quantidade comercializada de semente certificada no Estado, nas safras 2008/2009 e 2009/2010, é suficiente para atender a demanda dos produtores de arroz irrigado do Estado de Santa Catarina e possibilita atender as demandas de outras Regiões produtoras, como Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, São Paulo, Maranhão entre outras. Em ambas as safras a cultivar mais produzida e comercializada foi a Epagri 109, em média 32,0% do total, seguida da SCS 114 Andosan (20,9%) e SCSBRS Tio Taka (20,4%).

CONCLUSÃO A Epagri e os produtores de semente de arroz de Santa Catarina, associados a

Acapsa, tem disponibilizado semente certificada em quantidade suficientes para atender a demanda dos produtores catarinenses e de outras regiões produtoras de arroz.

Page 141: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

750

AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a todos os produtores de sementes das cultivares Epagri

pelo empenho e dedicação, aos certificadores e a Associação Catarinense dos Produtores de Sementes de Arroz Irrigado pelo bom trabalho em parceria.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FINCH-SAVAGE, W.E. Influence of seed quality on crop establishment, growth, and yield. In: BASRA, A.S. (Ed.). Seed quality: basic mechanisms and agricultural implications. New York: Food Products. 1994. p.361-84. SPINOLA, M.C.M.; CÍCERO, S.M.; MELO, M. Alterações bioquímicas e fisiológicas em sementes de milho causadas pelo envelhecimento acelerado. Scientia Agrícola, Piracicaba, v.57, n.2, p.263-270, 2000.

Page 142: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

751

REDUÇÃO NO RENDIMENTO DE GRÃOS INTEIROS EM GENÓTIPOS DE ARROZ IRRIGADO COM O ATRASO NA COLHEITA

Mara Cristina Barbosa Lopes1, Sérgio Iraçu Gindri Lopes2, Fernando Piegas3. Palavras-chave: melhoramento, qualidade, ambiente

INTRODUÇÃO

No Rio Grande do Sul (RS) a área cultivada e as produtividades alcançadas com arroz irrigado tem sido crescentes. Na safra 2010/2011 a área plantada foi de 1.170.000 ha com produtividade média de 7.658 kg ha-1 (IRGA 2011). Esta situação está relacionada às condições de ambiente favoráveis, ao potencial genético das cultivares e as práticas de manejo utilizadas. Um dos problemas enfrentados por muitos orizicultores do RS, foi o atraso da colheita realizada, muitas vezes, quando os grãos estavam com umidade abaixo de 18%. Isto pode ocasionar o aumento na quebra dos grãos durante o processo de beneficiamento na indústria e consequentemente a depreciação do produto no momento da comercialização. Uma das principais características que determina o valor comercial é a qualidade industrial dos grãos, entre estas, a porcentagem de grãos inteiros após o beneficiamento, sendo esta influenciada por fatores genéticos e ambientais.

Atualmente existem muitas cultivares disponíveis para o cultivo de arroz irrigado no RS, que apresentam comportamento diferencial frente a adversidades no ambiente, entre estas, a variação da umidade e da temperatura do ar na fase de maturação dos grãos.

Neste contexto o atraso na colheita pode influenciar de forma diferenciada o desempenho das cultivares de arroz irrigado quanto ao rendimento de grãos inteiros. Este fator está entre as avaliações que são realizadas em cultivares e nas linhagens promissoras do programa de Melhoramento Genético do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA). O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do atraso da colheita no rendimento de grãos inteiros em genótipos de arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado na Estação Experimental do Arroz – EEA, do Instituto

Rio Grandense do Arroz, Cachoeirinha, na safra 2009/2010. Os genótipos avaliados foram as linhagens IRGA 3073-3-14-3-I-A-2-24-9, IRGA 3220-17-8-2 e FL05481-7P-10-2P-2P-M-U2 e as cultivares BR-IRGA 410, IRGA 417, IRGA 426, IRGA 427 e IRGA 428. As cultivares BR-IRGA 410 e IRGA 417 foram utilizadas como testemunhas conhecidas, sendo suscetível e tolerante ao atraso na colheita, respectivamente. As épocas de colheita dos grãos foram: a) no ponto ideal de colheita; b) cinco épocas após o ponto ideal de colheita, com intervalos semanais. Foi considerado como ponto ideal de colheita, o momento em que o teor de umidade dos grãos estava entre 24 e 18 % em base úmida.

O experimento foi conduzido em faixas de 68,85 m2 para cada genótipo, sendo que esses foram distribuídos ao acaso em cada faixa. A semeadura foi em linhas na densidade de 350 sementes aptas por m2, utilizando-se o sistema convencional de preparo de solo. Para todos os genótipos e em todas as épocas de colheita foram colhidas três amostras de grãos em 1,0 m2 por amostra.

                                                                                                                         1 Eng. Agr., M Sc., Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA. Av. Bonifácio Carvalho Bernardes 1494, Cachoeirinha, RS, C. P. 29 CEP: 94930-030. E-mail: [email protected] 2 Eng. Agr., Dr., Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA. E-mail: [email protected] 3 Estagiário, aluno de graduação da Agronomia, UFRGS.

 

Page 143: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

752

A umidade dos grãos nas diferentes épocas de colheita foi determinada através de um determinador Satake – SS6, descrição: HANDY Type Moisture Meter, utilizado para pequenas amostras.

Para verificar o comportamento do rendimento de grãos inteiros em função do atraso da colheita foi realizada a análise de regressão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os genótipos foram colhidos na primeira época com a umidade dos grãos no

ponto ideal de colheita (Tabela 1). Houve interação significativa entre genótipo e a época de colheita, conforme os resultados apresentados na tabela 2. Tabela 1- Umidade dos grãos (%) de genótipos de arroz irrigado, quando a colheita foi

realizada no ponto ideal, safra 2009/10. IRGA / EEA, Cachoeirinha, 2011.

Genótipos Umidade dos grãos (%) IRGA 3073-3-14-3-I-A-2-24-9 19,4 IRGA 3220-17-8-2 19,0 FL05481-7P-10-2P-2P-M-U2 19,4 BR-IRGA 410 18,1 IRGA 417 20,0 IRGA 426 19,4 IRGA 427 20,3 IRGA 428 21,6

Tabela 2- Análise da variância para o rendimento de grãos inteiros de genótipos de arroz

irrigado avaliados em seis épocas de colheita, safra 2009/10. IRGA / EEA, Cachoeirinha, 2011.

Fontes da variação Graus de liberdade Quadrados Médios Genótipo 7 13,62** Época 5 19,07** Amostra (Época) 12 1,24* Genótipo * Época 35 0,95* **significativo ao nível de 1% de significância; * significativo ao nível de 5% de significância

Todos os genótipos apresentaram máximo rendimento de grãos inteiros quando a colheita foi realizada no momento em que o teor de umidade dos grãos estava entre 24 e 18 % (ponto ideal de colheita) (Figura 1). Por outro lado, à medida que a colheita foi atrasada o rendimento de grãos inteiros foi diminuindo para todos os materiais. Esta resposta ocorreu de maneira linear para IRGA 426, IRGA 3073-3-14-3-I-A-2-24-9, IRGA 3220-17-8-2 e FL05481-7P-10-2P-2P-M-U2. Para as demais cultivares a resposta do rendimento de grãos inteiros às diferentes épocas de colheita foi quadrática (Tabela 3).

Todos os genótipos tiveram bom desempenho na primeira época, com rendimento de grãos inteiros acima de 61 %, destacando-se as linhagens IRGA 3073-3-14-3-I-A-2-24-9 e a IRGA 3220-17-8-2, com rendimento de engenho acima de 68 %, superando a melhor testemunha, IRGA 417. As cultivares BR-IRGA 410 e IRGA 427 apresentaram redução de rendimento de grãos inteiros mais acentuada com o retardamento da colheita, sendo inferior a 45 % com 35 dias após o ponto ideal de colheita.

Page 144: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

753

Dias após o ponto ideal de colheita0 7 14 21 28 35

Ren

dim

ento

de

grão

s in

teiro

s (%

)

0

40

45

50

55

60

65

70

BR-IRGA 410

IRGA 428

IRGA 426

IRGA 427

IRGA 417

FL05481

IRGA 3073

IRGA 3220

Figura 1- Rendimento de grãos inteiros das cultivares BR-IRGA 410, IRGA 417, IRGA 426, IRGA 427 e IRGA 428 e das linhagens IRGA 3073, IRGA 3220 e FL05481 em função do número de dias após o ponto ideal da colheita. IRGA / EEA, 2011.

Page 145: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

754

Tabela 3- Equações de regressão que descrevem a estimativa do rendimento de grãos inteiros (y) em função do número de dias após o ponto ideal da colheita (x) e os coeficientes de determinação para oito genótipos de arroz irrigado, safra 2009/10. IRGA / EEA, Cachoeirinha, 2011.

Genótipos Equações de regressão r2 Linear (y = a + b x) Quadrática (y = a + bx + c x2) IRGA 3073 y = 68,68 - 0,44 x 0,94 IRGA 3220 y = 68,46 - 0,48 x 0,94 FL05481 y = 66,86 - 0,33 x 0,91 IRGA 426 y = 62,97 - 0,31 x 0,74 IRGA 427 y = 63,99 + 0,64 x - 0,021 x2 0,86 IRGA 428 Y = 67,28 + 0,42 x – 0,027 x2 0,96 BR-IRGA 410 y = 61,74 – 0,30 x - 0,008 x2 0,96 IRGA 417 y = 66,30 + 0,032 x – 0,010 x2 0,93 r2 Coeficiente de determinação

CONCLUSÃO

Considerando-se os resultados obtidos neste estudo pode-se afirmar que ocorre redução no rendimento de grãos inteiros com o atraso na colheita para todas as cultivares. Entre os genótipos avaliados, as cultivares BR-IRGA 410 e IRGA 427 são as que apresentam menor tolerância no atraso da colheita.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

IRGA. Semeadura e colheita do arroz no RS: SAFRA 2010/11. Disponível em <http:/www.irga.rs.gov.br>. Acesso em 09/06/11.

Page 146: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

755

EFEITOS DA ADIÇÃO DE ARROZ DE PERICARPO PRETO SOBRE PARÂMETROS DO PERFIL COLORIMÉTRICO EM MISTURAS COM

ARROZ AGULHINHA POLIDO Ricardo Tadeu Paraginski1; Maurício de Oliveira2; Nathan Levien Vanier3; Flávia Fernandes Paiva4; Cristiano Dietrich Ferreira5; Moacir Cardoso Elias6

Palavras-chave: antocianinas, perfil colorimétrico, arroz preto,

INTRODUÇÃO O arroz de alta qualidade é aquele que apresenta uniformidade de grãos, em

relação a tamanho, forma, cor e translucidez, e que atende os padrões de qualidade estabelecidos. Em virtude de suas características nutricionais, o consumo de arroz, como alimento básico de dietas saudáveis, é recomendado em todas as normas e guias alimentares para a população brasileira (DUTRA-DE-OLIVEIRA et al., 2002; BRASIL, 2006).

A preferência do consumidor, que pressupõe a valorização dos atributos que lhe agradam, é determinada não só pelas propriedades químicas e físicas dos grãos, mas também por aspectos relacionados à aparência do produto após o cozimento, rendimento de panela, tempo de cocção, grãos secos e soltos, e grãos macios quando reaquecidos (ELIAS e FRANCO, 2006). Segundo Meilgaard et al. (1999), os aspectos qualitativos envolvem características de aparência como cor.

O arroz preto vem surgindo no mercado como um alimento funcional e como alternativa para complementar a refeição. Os grãos de arroz preto disponíveis no mercado são curtos e arredondados, e ficam pegajosos após o cozimento, diferenciando-se do arroz branco pelo sabor característico mais adocicado, podendo ser utilizado na alimentação de crianças e idosos com saúde debilitada.

As antocianinas são glicosídeos de flavonóides, originados do metabolismo secundário. São bastante solúveis e se acumulam nos vacúolos das células, possuindo estrutura química adequada para a ação antioxidante, sendo capaz de doar elétrons ou átomos de hidrogênio para combater os radicais livres (PRIOR, 2003).

As antocianinas são poderosos antioxidantes presentes no arroz preto, tendo maior atividade do que as vitaminas C e E, que possuem ação contra radicais livres causadores do envelhecimento prematuro das células, possuindo efeitos benéficos sobre os níveis de colesterol, diabetes, redução da incidência de câncer intestinal e de doenças cardiovasculares (PEARSON et al., 1999). O organismo humano não produz essas substâncias químicas protetoras, cabendo ao homem obtê-las por meio da alimentação (VOLP, et al., 2008).

Objetivou-se, com o trabalho, analisar efeitos da mistura de arroz com pericarpo preto em arroz branco sobre os teores de antocianinas e o perfil colorimétrico dos grãos após o cozimento.

1 Bolsista de Iniciação Científica do Laboratório de pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindutrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. [email protected]. 2Doutor, M.Sc., Eng.Agrônomo do Laboratório de pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindutrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. [email protected]. 3Mestrando, Eng. Agrônomo do Laboratório de pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindutrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 4 Doutoranda, M.Sc., Bacharel em Química de Alimentos do Laboratório de pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindutrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 5 Estagiário do Laboratório de pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindutrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 6 Professor, Doutor, Eng. Agrônomo, coordenador do Laboratório de pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindutrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. [email protected]

Page 147: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

756

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas amostras de arroz (Oryza sativa L.) da classe grão longo fino

(agulhinha) e de arroz com pericarpo preto, produzidos na região sul do Rio Grande do Sul e beneficiados no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos (LABGRÃOS), do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, da Universidade Federal de Pelotas. Os grãos de arroz da classe longo fino foram secados em secador intermitente, protótipo do laboratório, descascados e polidos em engenho de provas modelo Zaccaria, e os grãos de arroz com pericarpo preto foram apenas descascados. Após o descascamento de todas as amostras e do polimento das amostras de arroz agulhinha, foram preparadas a amostra de arroz branco (AB + 0), que serviu de testemunha, e as misturas de arroz branco (agulhinha polido) e arroz integral de pericarpo preto pelo seu acréscimo nas proporções de 2% (AB + 2), 6% (AB + 6), 10% (AB + 10) e 14% (AB + 14).

O teor de antocianinas foi determinado por método de antocianinas totais por espectrofotometria (TEIXEIRA, STRINGHETA e OLIVEIRA, 2008).

A cor do arroz após o cozimento foi avaliada em colorímetro Minolta, modelo CR-310, que faz a leitura de cores num sistema tridimensional avaliando a cor em três eixos, onde o eixo L* avalia a amostra do preto ao branco, o eixo a* da cor verde ao vermelho e o eixo b* da cor azul ao amarelo. Foram realizadas 10 determinações em cada amostra.

Os resultados foram avaliados em triplicata através de análise de variância ANOVA, seguida do teste de Tukey, de comparação de médias, todos com 5% de significância (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da Tabela 1 indicam que o aumento das proporções de arroz com

pericarpo preto em mistura com arroz branco para todos os tratamentos diminui o valor de L, confirmando a hipótese do escurecimento do arroz após o cozimento. Os resultados indicam que o aumento das proporções de arroz com pericarpo preto resulta em aumento da cor vermelha para todos os tratamentos, devido à liberação de pigmentos que estão na constituição do grão de pericarpo preto, os quais são liberados no momento do cozimento. O aumento da proporção de arroz com pericarpo preto no arroz polido apresentou diferenças no valor b a partir do incremento de 10% de arroz com pericarpo preto no arroz branco (Tabela 1). Tabela 1. Valor L*, a* e b* do perfil colorimétrico após o cozimento das misturas de arroz agulhinha polido (branco) e arroz preto integral.

Amostra L* a* b*

AB + 0 67,60 a -4,91 e 6,99 b

AB + 2 56,09 b -0,46 d 7,08 b

AB + 6 41,22 c 4,63 c 7,13 b

AB + 10 39,11 c 7,85 b 7,41 a

AB + 14 32,57 d 9,84 a 7,47 a AB + 0 = 0% preto (testemunha); AB + 2 = 2% preto; AB + 6 = 6% preto; AB + 10 = 10% preto; AB + 14 = 14% preto. *L- da cor preto ao branco; a – da cor verde ao vermelho, b – da cor azul ao amarelo. Médias aritméticas simples de três repetições, acompanhadas por letras diferentes minúsculas na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Na Tabela 2 são apresentados os teores de antocianinas do arroz agulhinha

integral, arroz agulhinha polido, e no arroz de pericarpo preto integral. O arroz com pericarpo preto apresentou maior teor de antocianinas do que o arroz agulhinha integral e o

Page 148: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

757

polido. Tabela 2. Teor de antocianinas do arroz preto integral, do arroz agulhinha integral e do arroz agulhinha polido.

Amostra Teor de antocianinas (mg/100g) Grão de pericarpo preto integral 24,6208 a

Grão agulhinha integral 1,1467 b

Grão agulhinha polido 0,8587 c Médias aritméticas simples de três repetições, acompanhadas por letras diferentes minúsculas na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

O arroz agulhinha ao ser polido teve seu teor de antocianinas diminuído em cerca

de 1/4 em comparação com o grão integral, evidenciando que em grande parte as antocianinas presentes no grão são retiradas durante o polimento, pois estão localizadas na camada de aleurona, que é a camada mais externa do grão. O resultado (Tabela 2) está de acordo com relatos de Walter et al. (2008), os quais afirmam que a principal forma de consumo do grão, o arroz branco polido, apresenta redução na concentração da maioria dos nutrientes, afetando as características nutricionais.

As alterações de cor que ocorrem com a cocção dos grãos nas diferentes proporções de mistura de arroz preto (Tabela 1) podem ser atribuídas à liberação de pigmentos, principalmente de antocianinas, derivadas das agliconas, pertencentes a três pigmentos básicos: pelargonidina (vermelha), cianidina (vermelho) e delfinidina (violeta), que estão na constituição do alimento, conforme relatos de Volp et al. (2008). As altas temperaturas na cocção facilitam a lixiviação dos pigmentos, proporcionando as alterações de cor observadas.

O arroz preto integral possui mais de 20 vezes antocianinas do que o arroz agulhinha integral (Tabela 2). A mistura de grãos pretos no arroz polido altera tanto mais a cor na cocção quanto maior for sua proporção (Tabela 1), mostrando que a mistura de arroz preto pode ser uma boa alternativa para melhorar o valor funcional de um alimento tão tradicional na dieta dos brasileiros. Segundo Volp et al. (2008), o aumento do consumo de alimentos ricos em antocianinas é uma forma de aumentar a capacidade do organismo de combater radicais livres, responsáveis principalmente pelo envelhecimento, e a evitar outras doenças que geralmente afetam grande parte da população, além de a cor diferenciada ser um atrativo para o consumo do mesmo, valorizando pratos típicos.

CONCLUSÃO A adição de arroz com pericarpo preto nas misturas com arroz branco altera as

características colorimétricas dos grãos após a cocção e melhora o teor de antocianinas, aumentando o potencial antioxidante do arroz. O aumento da proporção de arroz com pericarpo preto aumenta o teor de antocianinas das misturas de arroz.

AGRADECIMENTOS CNPQ, CAPES, FAPERGS, SCT-RS, Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos

da Região Sul, Zaccaria Equipamentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASSINELLO, P. Z.; ROCHA, M.S.; COBUCCI, R.M.A. Avaliação de diferentes métodos de cocção de arroz de Terras Altas para teste sensorial. Comunicado Técnico. 84, Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão. 8 p., 2004.

Page 149: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

758

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. 210 p., Brasília, 2006. DUTRA-DE-OLIVEIRA, J.E.; MOREIRA, E.A.M.; PORTELLA, O.; BEREZOVSKY, M. W. Normas e guias alimentares para a população brasileira. São Paulo: Instituto Danone, 182p., 2002. ELIAS, M.C.; FRANCO, D.F. Pós-Colheita e Industrialização de Arroz. In: Ariano Martins de Magalhães Júnior; Algenor da Silva Gomes; Alberto Baêta dos Santos. (Org.). Sistemas de Cultivo de Arroz Irrigado no Brasil. 1 ed. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006, v. 1, p. 229-240. MARTIN, J. F.; ROUSSET, S.; PONS, B. AND ROUSSEAU, F. Sensory profile of cooked rice and consumer preferences. In: International Symposium in rice qualitY, Nothingan, p. 24-27, 1997. MEILGAARD, M; CIVILLE, G. V; CARR, B. T. Sensory evaluation Tecniques, Boca Raton: CRC, 1999. PEARSON, D.A.; TAN, C.H.; GERMAN, J.B.; DAVIS, P.A.; GERSHWIN, M.E.; Apple juice inhibits human low density lipoprotein oxidation. Life Sciece. p. 1913-1933, 1999. PRIOR, RL. Fruits and vegetables in the prevention of cellular oxidative damage. Am J Clinica e Nutrição.78(3 Suppl):570S-8S, 2003. TEIXEIRA, L.N.; STRINGHETA, P.C.; OLIVEIRA, F.A. Comparação de métodos para quantificação de antocianinas. CERES, 55(4): 297-304, 2008. VOLP, A.C.P.; RENHE, I.R.T.; BARRA, K.; PAULO CÉSAR STRINGUETA, P.C.; Flavonóides antocianinas: características e propriedades na nutrição e saúde. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, p. 141-149, 2008. WALTER, M.; MARCHEZAN, E.; AVILA, L.A.; Arroz: composição e características nutricionais. Ciência Rural, vol.38, no.4; Santa Maria, Julho, 2008.

Page 150: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

759

EFEITOS DA MISTURA COM ARROZ DE PERICARPO PRETO SOBRE PARÂMETROS TEXTUROMÉTRICOS E DE COCÇÃO DE ARROZ

AGULHINHA INTEGRAL Ricardo Tadeu Paraginski1; Bruna Klein2; Ismael Aldrighi Bertinetti3, Daniele de Brum4, Jardel Willian Schimitz5, Moacir Cardoso Elias6

Palavras-chave: arroz preto, integral, cocção, textura,

INTRODUÇÃO O arroz faz parte dos hábitos alimentares dos brasileiros há cerca de um século,

sendo consumido basicamente na forma de grãos descascados e polidos. As variações na qualidade do arroz estão relacionadas com as condições de cultivo (temperatura, umidade, radiação solar, natureza do solo, adubação e manejo tecnológico da cultura), operações de pós-colheita, processo de industrialização e com as formas de preparo dos grãos para o consumo (SINGH, 2001; ELIAS, 2007). O grão pode ser consumido diariamente sob várias formas de preparo, em pratos doces e salgados, associado a uma diversidade de alimentos como carnes, ovos, leguminosas e hortaliças (NAVES et al., 2004).

Os parâmetros de qualidade que comandam as exigências do consumidor variam de acordo com as tradições de cada população, estando mais vinculados às funções sociais e psicológicas dos alimentos do que à própria função fisiológica (ROMBALDI e ELIAS, 2010).

O arroz integral (Oryza sativa L.) constitui fonte considerável de minerais, como ferro, zinco, magnésio, cálcio e vitaminas do complexo B, contendo diversas substâncias fitoquímicas, com diversas propriedades nutracêuticas, destacando-se os compostos fenólicos que apresentam capacidade antioxidante com potencial benéfico para a saúde (SLAVIN, 2004; MONKS e ELIAS, 2010).

Em seu estado natural, com casca, o arroz pode apresentar várias cores, incluindo marrom, vermelho, roxo e até preto, sendo que estas variedades de arroz colorido são valorizadas não só pelo aspecto culinário ou estético, mas por suas propriedades benéficas para a saúde, pois possuem maior teor de nutrientes e compostos bioativos do que o arroz comum, integral ou polido (FAO, 2004). Segundo Pereira (2004), o arroz com pericarpo preto possui grãos curtos e arredondados, ricos em vitaminas do complexo B, e minerais, como ferro, magnésio e cálcio, e maior valor nutricional do que o arroz integral, porém os grãos ficam mais pegajosos após o cozimento.

A qualidade culinária de arroz corresponde ao comportamento esperado logo após a cocção, subjetivo e sujeito aos padrões estabelecidos nos diferentes países e em diversas regiões, que por sua vez são afetados pelos padrões culturais e pela sua forma de utilização na alimentação (GULARTE, ELIAS e SCHIRMER, 2005).

O objetivo no trabalho foi analisar a influência da adição de arroz com pericarpo preto ao arroz integral sobre os parâmetros de comportamento na cocção e os parâmetros do perfil texturométrico dos grãos após o cozimento.

1 Bolsista e Iniciação Científica do Laboratório de pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindutrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. [email protected]. 2 Doutoranda, Engenheira de Alimentos do Laboratório de pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindutrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 3 Estagiário do Laboratório de pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindutrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 4Estagiária do Laboratório de pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindutrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 5Estagiário do Laboratório de pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindutrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 6 Professor, Doutor, Eng. Agrônomo, coordenador do Laboratório de pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindutrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. [email protected]

Page 151: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

760

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas amostras de arroz (Oryza sativa L.) da classe grão longo fino (agulhinha) e de grãos com pericarpo preto, produzidas na região sul do Rio Grande do Sul e beneficiados no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos (LABGRÃOS), do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, da Universidade Federal de Pelotas. Os grãos foram secados em secador intermitente, protótipo do laboratório, e posteriormente descascados em engenho de provas modelo Zaccaria. Obtidas as amostras dos grãos integrais, foram preparados os tratamentos (AI + 0 – tratamento testemunha, somente arroz integral, sem adição de arroz de pericarpo preto), e nas demais foram acrescentadas proporções de 2% (AI + 2), 6% (AI + 6), 10% (AI + 10) e 14% (AI + 14) de arroz com pericarpo preto ao arroz integral.

O tempo de cocção e os rendimentos volumétrico e gravimétrico de cocção, avaliados em panelas de cocção adotadas no LABGRÃOS, foram determinados para as misturas de acordo com a metodologia adaptada da recomendação de Gularte (2009), com cocção de 35 gramas de grãos de arroz em proporção 2,5:1 (água:arroz) determinada através de testes preliminares de comportamento na cocção. O rendimento gravimétrico de cocção foi obtido por diferença percentual entre os pesos do arroz cozido e da amostra crua. Similarmente, o rendimento volumétrico foi determinado através da relação percentual entre o volume final do arroz cozido e o volume inicial do arroz cru.

Os parâmetros texturométricos foram avaliados em texturômetro por TPA (Texture Analyser TA.XTplus, Stable Micro Systemn, 2007), com adaptações propostas por Champagne (1998) e por Lyon (2000), adotando-se o padrão de 30 minutos após o termino do cozimento para realização da análise.

Os resultados foram avaliados em triplicata através de análise de variância, seguida do teste de Tukey, de comparação de médias, todos com 5% de significância (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentados os parâmetros de cocção, tempo, rendimento

gravimétrico e volumétrico das diferentes misturas de arroz integral classe longo fino com arroz de pericarpo preto.

Tabela 1. Parâmetros do comportamento de cocção de misturas de arroz integral com arroz de pericarpo preto

Amostra Tempo de Cocção (minutos)

Rendimento Gravimétrico (%)

Rendimento Volumétrico (%)

AI + 0 30 a 322,41 b 233,20 c AI + 2 30 a 323,22 b 240,25 b AI + 6 30 a 323,11 b 245,05 b AI + 10 30 a 324,80 b 241,77 b AI + 14 30 a 336,57 a 289,09 a

AI + 0 = 0% preto (testemunha); AI + 2 = 2% preto; AI + 6 = 6% preto; AI + 10 = 10% preto; AI + 14 = 14% preto. Médias aritméticas simples de três repetições, acompanhadas por letras diferentes minúsculas na mesma coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância.

A adição de arroz com pericarpo preto ao arroz agulhinha integral não provocou alterações no tempo de cozimento, mas alterou os rendimentos na cocção (Tabela 1). O rendimento gravimétrico de cocção da mistura com 14% de arroz com pericarpo preto aumentou significativamente quando comparado aos demais tratamentos. O rendimento volumétrico de todas as misturas contendo arroz de pericarpo preto foi maior do que o do arroz integral sem mistura, que constituiu o tratamento testemunha, e entre as misturas a que contém 14% de arroz de pericarpo preto superou o das demais proporções.

Page 152: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

761

Na Tabela 2 são apresentados os parâmetros do perfil texturométrico (firmeza, adesividade, elasticidade, coesividades, gomosidade, mastigabilidade e deformação) das misturas de arroz agulhinha integral com arroz de pericarpo preto. Tabela 2. Parâmetros do perfil texturométrico após o cozimento das misturas de arroz agulhinha integral com arroz de pericarpo preto

Propriedades texturométricas AI + 0 AI + 2 AI + 6 AI + 10 AI + 14

Firmeza (g) 1646,03 a 1542,10 b 1406,80 c 1377,80 d 1373,90 e

Adesividade(g.seg-1) -5,93 c -6,51 b -7,17 b -7,98 b -10,30 a

Elasticidade 0,36 a 0,37 a 0,37 a 0,38 a 0,38 a

Coesividade 0,32 a 0,33 a 0,33 a 0,34 a 0,34 a

Gomosidade 522,83 a 483,02 b 414,77 c 406,45 d 401,44 d

Mastigabilidade 195,72 a 159,80 b 132,14 c 131,09 c 129,05 c

Deformação 0,16 a 0,16 a 0,15 a 0,15 a 0,15 a AI + 0 = 0% preto (testemunha); AI + 2 = 2% preto; AI + 6 = 6% preto; AI + 10 = 10% preto; AI + 14 = 14% preto. Médias aritméticas simples de três repetições, acompanhadas por letras diferentes minúsculas na mesma linha, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância.

De acordo com os resultados da Tabela 2, é possível verificar que a mistura de arroz com pericarpo preto ao arroz agulhinha integral não provocou alterações nos parâmetros elasticidade, coesividade e deformação, mas alterou os parâmetros texturométricos firmeza, gomosidade e mastigabilidade, que sofreram reduções com o aumento das proporções de arroz com pericarpo preto na mistura. Por outro lado, a adesividade aumentou com o aumento da proporção de arroz com pericarpo preto na mistura com arroz agulhinha integral, após o cozimento. A adesividade aumentou com a adição de arroz com pericarpo preto, mantendo o mesmo aumento para as proporções com 2, 6 e 10%, mas esse aumento foi intensificado para a proporção de 14%. A gomosidade diminuiu até a adição de 10% de arroz com pericarpo preto, não variando para a proporção de 14%. A mastigabilidade diminuiu até a proporção de 6% de arroz com pericarpo preto, sofrendo estabilização a partir dessa proporção.

Segundo Juliano (1979) o arroz cozido difere muito em suas propriedades de textura (suavidade, pegajosidade, brilho e brancura), as quais normalmente se devem a proporção amilose/amilopectina. De acordo com Modesta et al. (1997), a “palatabilidade” de arroz pode ser mais apropriadamente descrita pelos parâmetros de textura como dureza, pegajosidade, elasticidade, desde que o arroz cozido apresente “gosto” suave.

De acordo com os resultados apresentados supõe-se que a adição de arroz com pericarpo preto ao arroz agulhinha reduziu o teor de amilose das misturas, já que de acordo com resultados encontrados por Ferreira, et al. (2005), o teor de amilose está correlacionado com as propriedades de textura, como maciez, coesividade, cor, brilho, volume de expansão, absorção de água e, de certa forma, com as alterações físico-químicas que ocorrem durante o processo de cocção e determinam a qualidade culinária. Genótipos com baixo teor de amilose apresentam grãos aquosos e pegajosos no cozimento, e esta se relaciona com a retrogradação do amido após o cozimento, porque a amilose é a que primeiro retrograda, propiciando maior rigidez aos grânulos de amido e ao arroz cozido, maior consistência e menor desintegração (CORDEIRO et al, 2010).

CONCLUSÃO A adição de arroz com pericarpo preto ao arroz integral não altera o tempo de

Page 153: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

762

cozimento, tende a promover aumento dos rendimentos volumétrico e gravimétrico de cocção, não altera elasticidade, coesividade e deformação, mas altera outros parâmetros do perfil texturométrico, provocando aumentos na adesividade e reduções na firmeza, na gomosidade e na mastigabilidade.

AGRADECIMENTOS CNPQ, CAPES, FAPERGS, SCT-RS, Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos

da Região Sul, Zaccaria Equipamentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHAMPAGNE E.T.et al. Effects of postharvest processing on texture profile analysis of cooked Rice; p. 1-6. Cereal Chem. 75 (2): 181 – 186, 1998. CORDEIRO, A.C.C.; RANGEL, P.H.N.; MEDEIROS, R.D.; Avaliação de linhagens de arroz irrigado com tipo de grão para a culinária japonesa para o Estado de Roraima; Revista Agro@mbiente On-line, v. 4, n. 2, p. 74-79, jul-dez, 2010. ELIAS, M.C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. Pelotas: Ed. Universitária UFPEL, 437p. 2007. FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. El arroz y la nutricón humana. Año internacional Del arroz 2004 el arroz es vida. Disponível em: http://www.fao.org/rice2004/es/f-sheet/hoja3.pdf Acesso: 20/05/2011. GULARTE, M.A. Manual de Análise Sensorial de Alimentos. 1. ed. Pelotas, RS: Editora e Gráfica Universitária - UFPel, 2009. v. 300. 106 p. GULARTE, M.A.; ELIAS, M.C.; SCHIRMER, M.A. Qualidade de consumo e hábitos do consumidor. In: Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade de Arroz, 2, 2005, Pelotas. Anais . Pelotas: Editora da UFPel, p. 331-347, 2005. LYON B. G. et al. Sensory and instrumental relationships of texture of cooked rice from selected cultivares and postharvest handling practices; p. 1-6. Cereal Chem. 77 (1): 64-69, 2000. JULIANO, B.O. The chemical bases of rice grain quality. In: Workshop on Chemical aspects of rice grain quality, Los Baños, Proceedings. p. 69 –90, 1979. MODESTA, R.C.D.; CARVALHO, J.L.V.; GONÇALVES, E.B. et al. Desenvolvimento do Perfil Sensorial para Cultivo de Arroz Brasileiro. Boletim de pesquisa 21. Rio de Janeiro: Embrapa-CTAA, 1997. MONKS, J.L.F.; ELIAS, M.C. Ácido fólico em arroz e seus benefícios para a saúde humana. In ELIAS, M.C.; OLIVEIRA, M.; SCHIAVON, R.A. Qualidade de Arroz na Pós-colheita: Ciência, Tecnologia e Normas. Ed. Santa Cruz, Pelotas, p. 603-16, 2010. NAVES, M.M.V.; SILVA, M.R.; SILVA, M.S.; OLIVEIRA, A.G. Culinária goiana: valor nutritivo de pratos tradicionais. Goiânia: Kelps, 2004. 82 p. PEREIRA, J. A.; RAMOS, S. R. R. Cultura do arroz -vermelho (Oryza sativa L.) no Brasil. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2004. (Folder). ROMBALDI, C.V.; ELIAS, M.C. Implantação de agroindústrias como meio de desenvolvimento regional. Agropecuária Catarinense, v. 23, p. 42-54, 2010. SINGH, A.; GUPTA, D. K.; PANDEY, J. P. Interrelationship between protein content and degree of polish of milled rice. International Rice Research Notes, v. 26, n. 2, p. 27-28, 2001. SLAVIN, J. Whole grains and human health. Nutrition Research Reviews, v.17, p.99-110, 2004.

Page 154: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

763

DIFUSIVIDADE EFETIVA DO ARROZ PARBOILIZADO DURANTE A SECAGEM EM BANDEJA COM ESCOAMENTO PERPENDICULAR Diego Batista Zeni1, Ricardo Scherer Pandorf2, Vinicius Guilherme Kiesow Macedo3, Manoel Artigas

Schirmer4, Luiz Antonio de Almeida Pinto5, Moacir Cardoso Elias4.

Palavras chave: Parboilização, Ponto de umidade critica, Taxa de umidade critica.

INTRODUÇÃO O grão de arroz é constituído de casca (22%), endosperma (70%) e camadas externas ao endosperma ou farelo (8%). A casca é constituída de celulose (25%), ligninas (30%), pentosanas (15%) e cinzas (21%), sendo esta ainda, constituída predominantemente de sílica (95%) (HOSENY, 1991). No endosperma, predomina o amido, representando até 94% do grão polido, seguido de pequenas proporções de proteína, gordura e fibra (AMATO & ELIAS, 2005). O arroz branco, o parboilizado e o integral predominam nas formas de consumo. O processo de parboilização do arroz, através do encharcamento, com a migração de água para o interior do grão, e posterior autoclavagem, contribui para aumentar a retenção de vitaminas hidrossolúveis e sais minerais, evitando perdas no polimento do grão. Esse processo também promove a melhoria de parâmetros de qualidade física do grão, principalmente com a redução de grãos quebrados, uma característica favorável, que viabiliza a sua produção industrial. Tem como base o tratamento hidrotérmico do grão de arroz em casca, realizado em três operações unitárias: encharcamento ou maceração, gelatinização e secagem, para posterior descascamento, polimento e seleção do grão. A hidratação promove a entrada de água para o interior do grão, valendo-se da propriedade do amido de absorver cerca de 30% do seu peso em água, em temperatura inferior a gelatinização (ELIAS, SCHIAVON & OLIVEIRA, 2010). Esse processo produz algumas alterações no grão de arroz, dentre as quais, cita-se o enriquecimento do grão polido em vitaminas e sais minerais, desestruturação do amido, inativação de enzimas, inativação de todos os processos biológicos do grão (germinação, proliferação de esporos de fungos e insetos), dissolução e redistribuição de substâncias lipossolúveis do gérmen e de camadas externas do endosperma, a exemplo dos glóbulos de gordura, e a separação e submersão de substâncias protéicas na massa compacta de amido gelatinizado (ELIAS, 2007; AMATO & ELIAS, 2005). Segundo a literatura, algumas definições são importantes e básicas para o estudo e acompanhamento dos processos de secagem, tais como (STRUMILLO & KUDRA, 1986): Água ligada, é o líquido presente no material cuja pressão de vapor é menor do que aquela apresentada pelo mesmo quando em estado puro a mesma temperatura, o líquido pode se apresentar retido em pequenos capilares, como também ligado a estrutura química e/ou adsorvido fisicamente à superfície; Água não ligada, é o teor de umidade que corresponde à umidade de saturação presente no sólido, ou seja, é o líquido presente no material em sua forma pura.

Usualmente os dados de secagem são avaliados plotando-se a umidade (X) e o adimensional de água livre [(X-XE)/(X0-XE)] em função do tempo, em coordenadas lineares e semilogaritmicas. Plota-se também, a taxa de secagem (dX/dt ou N) em função da umidade (X). Através de estudos de pesquisadores, o processo de secagem pôde ser dividido em um período de taxa constante e um ou dois períodos de taxa decrescente. Na secagem de

1 Engenheiro Agrícola Aluno de Doutorado do Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial - DCTA, [email protected], Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, www.labgraos.com.br, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Campus Capão do Leão, Universidade Federal de Pelotas – UFPel. 2 Engenheiro Agrícola Aluno de Mestrado do Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – UFPel. 3 Aluno de Graduação da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel – UFPel. 4 Professor da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas – UFPel. 5 Professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Rio Grande – FURG.

INTRODUÇÃO

Page 155: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

764

alimentos, o período de taxa constante só tem relativa importância quando o teor de umidade inicial do sólido é muito alto ou quando o potencial de secagem do ar é muito baixo (CHIRIFE, 1983).

Um grande número de equações teóricas, semi-empíricas e empíricas tem sido proposto para a estimativa da umidade de equilíbrio de materiais biológicos. Os modelos teóricos não conseguem prever com precisão a umidade de equilíbrio para grãos em uma ampla faixa de temperatura e umidade relativa do ar. Este fato motivou o aparecimento de modelos empíricos e semi-empíricos, na tentativa de aumentar a precisão na estimativa desta variável.

Objetivou-se, com o trabalho, determinar a difusividade efetiva do arroz parboilizado através da constante de secagem.

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas amostras de arroz em casca, pertencentes à classe de grãos longo-finos, oriundas de cultivo irrigado da região Sul do Rio Grande do Sul. O arroz seco continha 13% de umidade (base úmida).

O processo de parboilização foi conduzido no laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” da Universidade Federal de Pelotas.

A temperatura da água (destilada) de encharcamento do grão de arroz foi de 60ºC, no tempo de 240 minutos (4 horas), seguida de autoclavagem (110ºC, 0,5 kg.cm-2, por 10 minutos). O processo de secagem foi conduzido no Laboratório de Operações Unitárias do Departamento Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos, Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Rio Grande. Foi utilizado um secador de bandeja perfurada com fluxo ar perpendicular dotado de ventilador centrifugo, resistências elétricas e termostato para controle da temperatura, sensores de temperatura, manômetros e placa de orifício para determinar a vazão.

A temperatura do ar na secagem foi de 70°C, por um período de 145 minutos (2,5 horas). O registro da massa da amostra durante a secagem foi a cada 5 minutos.

A análise estatística dos dados foi realizada através de regressão, sendo observada a homogeneidade das variâncias e a independência dos erros para validação dos testes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO As características do ar de secagem e do leito de arroz parboilizado são apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1: Características do ar e do leito de arroz parboilizado na secagem. Temperatura do ar de secagem: 70,00 ºC Umidade relativa do ar de secagem: 8,2 % Perda de carga na placa de orifício: 15,50 cm Vazão do ar na secagem: 1,40 m³.min-1 Temperatura do ar (bulbo seco): 27,00 ºC Temperatura do ar (bulbo úmido): 23,00 ºC Umidade relativa do ar (UR): 71,50 % Velocidade do ar dentro do secador: 1,04 m.s-1 Área da bandeja: 0,0225 m² Espessura da Camada (D): 0,0035 m Esfericidade: 0,7

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Page 156: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

765

A Tabela 2 apresenta os valores da umidade inicial e final, os quais foram determinados através do método de estufa a 105°C por 24 horas, e a massa de sólido seco da amostra de arroz parboilizado.

Tabela 2: Umidade inicial e final e a massa de sólido seco da amostra de arroz parboilizado e umidade de equilíbrio do arroz para o ar de secagem a temperatura de 70°C e 8,2 % de umidade relativa.

Umidade inicial do arroz parboilizado 46,72 % Umidade final do arroz parboilizado 7,24 % Massa de sólido seco 82,07 g Umidade de equilíbrio (XE) 4,07 %

A umidade de equilíbrio apresentou um valor muito baixo, isso pode ter ocorrido devido aos modelos empíricos e semi-empíricos não se ajustarem a temperatura e umidade relativa do ar utilizada na secagem.

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

1,10

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150

X/X 0

base

sec

a

Tempo (min)

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50

N (g

a/gS

S.m

in)

Xm (gA/gSS)

Figura 2: Gráficos do adimencional de umidade pelo tempo (A) e da de taxa de secagem por

unidade de massa de sólido seco pela umidade média do arroz parboilizado (B).

0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0,040

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50

NA

(gA/g

SS.m

in.m²)

Xm (gA/gSS)

Figura 3: Gráfico da taxa de secagem por unidade de área

de secagem pela umidade média do arroz parboilizado.

As Figuras 2 e 3 apresentam os gráficos de adimencional de umidade pelo tempo, taxa de secagem por unidade de massa de sólido seco pela umidade média do arroz parboilizado e taxa de secagem por unidade de área de secagem pela umidade média do arroz parboilizado, respectivamente. Foi possível localizar o ponto de umidade crítico e a taxa de umidade crítica. A partir destes valores, determinar o tempo teórico de secagem através do período da taxa constante e do período da taxa decrescente, apresentados na Tabela 3.

Tabela 3: Ponto de umidade crítico, taxa de umidade crítica, tempo teórico de secagem, período da taxa constante e da taxa decrescente.

Ponto de umidade crítica 0,0971 g/g Taxa de umidade crítica 0,00258 gA/m².min Tempo teórico de secagem 197,67 min Período de taxa constante 104,26 min Período de taxa decrescente 93,41 min

Page 157: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

766

(X-XE)/(X0-XE)=(0,935462)*exp(-(0,019972)*T)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150

Tempo (min)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

1,1

(X-X

E)/(X

0-X

E)

Figura 4: Gráfico da regreção para a obtenção da constante de secagem para arroz parboilizado.

Com os valores da constante de secagem (Figura 4), espessura da camada do leito (diâmetro da partícula) e a esfericidade do arroz (Tabela 1), obteve-se a difusividade efetiva do arroz parboilizado, apresentada na Tabela 4.

Tabela 4: Constante de secagem e difusividade efetiva do arroz parbolizado. Constante de secagem (K): 0,017792 min-1 Difusividade efetiva (Def): 2,7052x10-09 m-2.min-1

CONCLUSÃO

As curvas obtidas não permitiram definir com precisão o ponto de umidade crítica e a taxa de umidade crítica. A difusividade efetiva para o arroz parboilizado através da constante de secagem é de 2,7052x10-09 m2/min.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMATO, G.W.; ELIAS, M.C. A Parboilização do Arroz. 1. ed. Porto Alegre: Ricardo Lenz Editor, 2005. v.1, 160p. AMATO, G.W.; CARVALHO, J.L.V.; SILVEIRA FILHO, S. Arroz Parboilizado: Tecnologia Limpa, Produto Nobre. Porto Alegre: Ricardo Lenz, 2002, 240p. BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Norma de classificação, embalagem e marcação do arroz. Instrução normativa Nº 6, Diário Oficial da União, Seção 1, Página 3. 2009. ELIAS, M. C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. 1ª ed. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária UFPEL, v.1, 2007, 424 p. ELIAS, M. C.; SCHIAVON, R. A.; OLIVEIRA, M. Aspectos científicos e operacionais na industrialização de arroz. Qualidade de Arroz na Colheita: Ciência, Tecnologia e Normas. Pelotas: Ed. Santa Cruz, 2010. 543p. HOSENEY, R.C. Princípios de ciencia y tecnología de los cereales. Editoria Acribia, S.A.. Zaragoza. España, 1991. 320p. STRUMILLO, C.Z.; KUDRA, T. Drying: Principles, Aplications and Design. In Hughes, R. Topics in Chemical Engineering. v.3, UK: Gordon and Breach Science Publisher, 1986. CHIRIFE, J. Fundamentals of the drying mechanism during air dehydration of foods. In: MUJUNDAR, A. Advances in drying. Washington/ New York/ London. Ed. Hemisphere Publishing Corporation, v.3, p. 73-102, 1983.

R²= 0,98432

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 158: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

767

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE ARROZ UTILIZADAS NO RIO GRANDE DO SUL, SAFRA 2010/2011

Felipe Gutheil Ferreira1; José Mauro Costa R. Guma2; Mateus Lemos da Silva3

Palavras-chave: arroz, semente, monitoramento, qualidade,

INTRODUÇÃO A utilização de sementes certificadas de arroz nas lavouras do Estado do Rio

Grande do Sul tem aumentado a cada ano. Prova disso é o frequente aumento das áreas inscritas para certificação de sementes, bem como, o aumento do volume de sementes certificadas ocorrida nas útlimas safras (GUMA et al.,2009). Segundo o autor, o uso deste tipo de sementes traz diversos benefícios ao orízicultor no que tange a aspectos economicos (custo-benefício), ambientais e em relação à sustentabilidade do negócio arroz. Estes benefícios são ainda mais evidentes quando compara-se o uso de sementes oficiais (certificadas, S1 e S2) de arroz com o uso sementes sem origem (sementes não oficiais).

Conforme Ferreira et al. (2009), após realizar um monitoramento da qualidade das sementes utilizadas no Rio Grande do Sul, safra 2008/2009, o pricipal dano quanto ao uso de sementes comuns refere-se à alta incidência de amostras contaminadas com arroz vermelho (Oriza sativa L.). Semelhante trabalho foi realizado por Souza et al. (2007) onde foi realizado o monitoramento da qualidade das sementes de arroz quanto aos atributos físicos e fisiológicos em cinco municípios da região norte do Estado do Mato Grosso. Na ocasião os autores identificaram que a baixa qualidade das sementes quanto aos aspectos de germinação e a presença de sementes nocivas toleradas e proibidas é o principal fator restritivo à obtenção de lavouras produtivas e com produto de qualidade.

Sabe-se também que o arroz vermelho é a principal invasora da lavoura de arroz e a de mais difícil controle. Além disto, o principal meio de dispersão de arroz vermelho ocorre pela utilização de sementes de baixa qualidade, contaminadas com esta invasora. Ferreira et al. (2009) analizou a resistencia de grãos de arroz vermelho à herbicidas do grupo químico das imidazolinonas em amostras de sementes sem origem. Do total de 39 amostras analisadas 15 apresentaram resistencia (38,46%), identificando mais um problema quanto ao uso de sementes de baixa qualidade, a possibilidade de se estar semeando sementes de arroz vermelho com resistencia aos herbicidas deste grupo químico.

Diante do descrito, este trabalho teve o objetivo de analisar a qualidade das sementes utilizadas no Rio Grande do Sul, na Safra 2010/2011, quanto à incidência de arroz vermelho, comparando a incidência de grãos desta invasora em amostras de sementes oficiais (certificadas, S1 e S2) e em amostras de sementes sem origem.

MATERIAL E MÉTODOS Foram coletadas amostras de sementes de forma a abranger todas as regiões

arrozeiras do Estado seguindo o critério da sua representatividade em termos de área cultivada com arroz irrigado e área média das lavouras por região arrozeira. Assim, as amostras de sementes foram coletadas pelos técnicos da Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural (DATER) do IRGA nas lavouras como ilustra a Tabela 1. Do total de 300 amostras solicitadas (previstas) foram enviadas para análise 295 amostras (98,3%), no entanto, na região da Fronteira Oeste apenas 67,9% das amostras foram enviadas para análise. O contrário ocorreu em outras regionais onde foram enviadas amostras acima do

1 Eng. Agr. M.Sc. Instituto Rio Grandense do Arroz. Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494. Cachoeirinha, RS. [email protected] 2 Eng. Agr. M.Sc. Instituto Rio Grandense do Arroz. [email protected] 3 Estudante de graduação em agronomia. Universidade Luterana do Brasil. [email protected]

Page 159: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

768

previsto, mantendo a metodologia preconizada para coleta, sendo então, avaliadas neste ensaio. Tabela 1: Amostras de sementes coletadas por região orizícola (previsto x realizado)

REGIÃO ORIZÍCOLA Amostras Previstas

Amostras Recebidas

% do Total Previsto

Fronteira Oeste 78 53 67,9 Campanha 51 48 94,1 Depressão Central 45 46 102,2 Planície Costeira Externa 36 52 144,4 Planície Costeira Interna 36 38 105,6 Zona Sul 54 58 107,4 Total 300 295 98,3

Visando garantir a credibilidade das informações, os técnicos da DATER foram

orientados a coletar as amostras que estavam sendo semeadas no momento da sua visita à lavoura, com isto evitou-se escolher o tipo ou a categoria de semente amostrada. Visando obter maior representatividade dos resultados foi orientado aos amostradores que realizassem a coleta de uma amostra por lavoura (produtor). A coleta das amostras seguiu o procedimento adequado para a correta representatividade, tanto para sementes ensacadas como para sementes a granel, utilizando amostrador específico (calador ou sonda), tipo Nobre, segundo metodologia descrita nas Regras de Análises de Sementes 2009 (RAS, 2009).

Após a coleta e identificação, as amostras foram enviadas à Divisão de Pesquisa da Estação Experimental do Arroz do IRGA em Cachoeirinha, aos cuidados da Equipe de Sementes, com o objetivo de realizar as respectivas análises e avaliação dos resultados. As amostras foram analisadas em porções de 700 gramas, conforme RAS (2009). Para fins de avaliação dos resultados as sementes foram divididas em dois grupos: semente oficial (C1, C2, S1 e S2) e sementes sem origem.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao todo participaram deste monitoramento 281 produtores nas seis regiões arrozeiras do Estado. As amostras coletadas foram representativas de uma área de 38.642 ha (área semeada com as amostras coletadas), sendo a área total semeada pelos produtores participantes deste monitoramento de 86.807 ha. Conforme ilustra a Tabela 2, das 295 amostras coletadas neste monitoramento 51,9% foram de sementes oficiais e o restante (48,1%) de sementes sem origem. Tabela 2: Amostras de sementes oficiais e sem origem coletadas

Grupo de Sementes Nº Amostras % Sem Origem 142 48,1 Oficial 153 51,9 Total 295 100

Os dados da Tabela 2 são similares ao que ocorre no Estado do Rio Grande do Sul, onde estima-se que o uso de sementes oficiais (certificadas, S1 e S2) seja de aproximadamente 50% da área total semeada. Resultado similar encontrou Ferreira et al. (2009) em monitoramento realizado na Safra 2008/09, onde o uso de semente oficial foi de 52,6% neste Estado. Quando avalia-se a incidência de grãos de arroz vermelho nas amostras em estudo, percebe-se grande diferença qualitativa entre sementes oficiais e sem origem. Enquanto 80,4% das amostras oficiais (Tabela 3) não continham a presença desta invasora, nas

Page 160: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

769

amostras de semente comum apenas 34,5% eram isentas. Tabela 3: Presença de arroz vermelho em amostras de sementes oficial e sem origem

Grupo de Semente Amostras Nº Amostras %

Semente Oficial Isentas de arroz vermelho 123 80,4 Contendo arroz vermelho 30 19,6

Semente sem Origem

Isentas de arroz vermelho 49 34,5 Contendo arroz vermelho 93 65,5

A diferença de qualidade entre os dois grupos de sementes mostra o quanto à utilização de sementes de baixa qualidade, produzidas sem o adequado controle dos processos de produção de uma boa semente, pode interferir negativamente na sustentabilidade da atividade orizícola. Isto pode ocorrer devido a diversos fatores, como a maior disseminação desta invasora nas lavouras, a depreciação do produto no momento de sua venda ou na perda de resistencia à herbicidas, quando da utilização de cultivares resistentes ao grupo químico das imidazolinonas. Pode-se justificar a incidência de grãos de arroz vermelho nas amostras de semente oficial (19,6%), pois o atual padrão oficial de sementes, Instrução Normativa nº 25 de 16 de dezembro de 2005, permite a incidência de 2 grãos de arroz vermelho em 700 gramas para sementes S1 e S2 e de 1 grão de arroz vermelho para sementes certificadas C2 (neste caso, alguns obtentores de cultivares protegidas somente autorizam a certificação de lotes caso não seja encontrado nenhum grão de arroz vermelho em 700 gramas). Em contrapartida, pode-se afirmar que a alta incidência de amostras de semente sem origem (65,5%) contendo arroz vermelho sinaliza o fato de não haver um controle rígido de qualidade no processo de produção deste material. Além de não serem utilizadas medidas necessárias para o combate desta invasora. Quando avalia-se distribuição de grãos de arroz vermelho em diferentes níveis de contaminação de amostras percebe-se grande diferença entre os grupos de sementes (Tabela 4). Tabela 4: Incidência de grãos de arroz vermelho em amostras de sementes oficial e sem origem.

Grupo de Semente Amostras Nº Amostras

%

Semente Oficial

Contendo 1 grão de arroz vermelho 21 70 Contendo 2 grãos de arroz vermelho 7 23,3 Contendo 3 ou mais grãos de arroz vermelho

2 6,7

Semente sem Origem

Contendo 1 grão de arroz vermelho 19 20,4 Contendo 2 ou mais grãos de arroz vermelho

15 16,1

Contendo 3 ou mais grãos de arroz vermelho

59 63,4

Enquanto em sua maioria, a incidência de grãos de arroz vermelho em amostras oficiais concentra-se em 1 grão por amostra (70%) em amostras de sementes sem origem a infestadação concentra-se em amostras que apresentam 3 ou mais grãos em 700 gramas (63,4%). Isso indica que, quando da presença deste contaminante em semente sem origem, além de existir alta incidência de lotes contaminados, existe também, alta incidência de grãos de arroz vermelho nestes lotes, tornando ainda mais severo os danos causados pela utilização deste material no campo. Visando melhor demonstrar o quanto a utilização de sementes sem origem pode conter arroz vermelho, observa-se que na Tabela 5 consta os

Page 161: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

770

valores de contaminação de amostras de sementes sem origem contendo arroz vermelho por região orizícola. Tabela 5: Percentagem de amostras de semente sem origem contendo arroz vermelho, por região orizícola. Safra 2010/2011.

REGIÃO ORIZÍCOLA

Amostras de sementes sem

Origem Contendo AV*

Total de Amostras de

Sementes sem Origem

% Amostras sem Origem com

Arroz Vermelho

Campanha 12 22 54,5 Depressão Central 25 35 71,4 Fronteira Oeste 10 25 40,0 Planície Costeira Externa 16 22 72,7 Planície Costeira Interna 20 24 83,3 Zona Sul 10 14 71,4 Total 93 142 -

* AV = arroz vermelho. Percebe-se que em todas as regiões as amostras de sementes sem origem contém alta probabilidade de estarem infestadas com arroz vermelho com índices variando de 40% (Fronteira Oeste) até 83,3% (Planície Costeira Interna). Estes dados comprovam que o uso de sementes de baixa qualidade, sem origem comprovada, pode comprometer a sustetabilidade da lavoura orizícola, visto não haver nenhuma forma de controle de disseminação (via semeadura) do arroz vermelho, caso opte-se por este tipo de material.

CONCLUSÃO A utilização de semente oficial é o principal meio para o controle da disseminação

do arroz vermelho nas lavouras de arroz. A alta incidência de infestação de arroz vermelho em amostras de sementes sem origem pode comprometer a sustentabilidade da lavoura orizícola, seja pela maior disseminação desta invasora nas lavouras, seja pela perda de valor do produto comercializado ou pela perda das novas tecnologias contidas nas sementes.

AGRADECIMENTOS À toda Equipe da DATER (Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural) do

IRGA pela coleta e envio das amostras para análise.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Regras para análises de sementes. Brasília, DF: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. 2009. 399 p. FERREIRA, F.G.; GUMA, J.M.C.R.; GORELIK, D.B. Resistência de grãos de arroz vermelho e preto presentes em amostras de sementes sem origem ao herbicida do grupo das imidazolinonas. In. CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 6, 2009, Porto Alegre, RS. Anais... Porto Alegre: SOSBAI, 2009. p. 443-445. GUMA, J.M.C.R.; FERREIRA, F.G.; GORELIK, D.B. Monitoramento da qualidade das sementes utilizadas na lavoura de arroz irrigado no Rio Grande do Sul, safra 2008/2009. In. CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 6, 2009, Porto Alegre, RS. Anais... Porto Alegre: SOSBAI, 2009. p. 446-448. SOUZA, L.C.D.; YAMASHITA, O. M.; CARVALHO, M. A. C. Qualidade de sementes de arroz utilizadas no norte de Mato Grosso. Revista Brasileira de Sementes. 2007, v.29, p. 223-228.

Page 162: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

771

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DE MATERIAL PARTICULADO PROVENIENTE DOS PROCESSOS DE BENEFICIAMENTO DE ARROZ

Ricardo Scherer Pohndorf1; Diego Batista Zeni2; Jardel Willian Schimitz3; Jorge Tiago Schwanz Göebel3; Rafael Junior Foguesatto3; Luiz Antonio de Almeida Pinto4; Moacir Cardoso Elias5 Palavras-chave: GGS, RRB, diâmetro de Sauter.

INTRODUÇÃO A redução da geração de resíduos nos processos industriais e agrícolas,

principalmente os poluentes, é importantíssima e deve visar seu reaproveitamento, seja no próprio processo produtivo ou como matéria-prima na elaboração de outros materiais. Tem-se cada vez mais investido em pesquisas para a transformação destes, até então considerados apenas resíduos industriais, em subprodutos de interesse comercial ou na própria indústria (DELLA, 2001).

Do processo de beneficiamento do arroz tem-se como primeiro resíduo o material particulado sólido captado por equipamentos de controle de poluição atmosférica, tais como coletores gravitacionais, ciclones e filtro de mangas. Em todo processo de movimentação ou revolvimento dos grãos de arroz, certa quantidade de material particulado entra em suspensão no ar, sendo necessária a sua coleta. Em escala industrial, desde o processo de recepção até a expedição são necessários cuidados quanto à captação do pó, principalmente enquanto não for retirada a casca do grão (VAN DER LAAN, 2010).

Usualmente, o peneiramento visa bitolar adequadamente o material para aumento da eficiência das operações a jusante ou para adequar um produto a especificações. A quantificação da partição do fluxo de alimentação é fortemente dependente da distribuição de probabilidade de passagem de cada classe granulométrica pelas aberturas das telas, a qual é influenciada pelas condições de operação e pela relação entre o tamanho de partícula e o tamanho de abertura efetiva da peneira (LUZ e CARVALHO, 2005).

Objetivou-se, com o trabalho, caracterizar granulometricamente amostras de material particulado proveniente do beneficiamento do arroz, para obter as curvas de distribuição, verificar o modelo que melhor se ajusta aos dados experimentais e determinar o diâmetro médio de Sauter que caracteriza as partículas das operações desse processo.

MATERIAL E MÉTODOS

A amostra de material particulado de arroz foi colhida em indústria de beneficiamento de arroz no município de Pelotas, RS. O material foi seco em estufa por 4 horas, 100ºC. A classificação granulométrica da amostra foi realizada por meio de operação de peneiramento, que separou o sólido granular em frações uniformes. As peneiras utilizadas foram 9, 12, 20, 32, 42, 65, 100, 150, 200, 275, 325, e 400, da série Tyler. Com estas peneiras, o material foi separado em frações com tamanho de partículas entre 1,7mm e 0,038mm.

Terminado o ensaio, as quantidades retidas em cada peneira foram pesadas em balança semi-analítica. Os dados de diâmetro de peneira (equivalente ao diâmetro de partícula) e massa de material retido foram tratados a fim de se obter as curvas de

                                                                                                                         1 Engenheiro Agrícola. Mestrando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial - UFPel. Rua Conde de Porto Alegre, 441. CEP 96.010-290. Pelotas RS. e-mail: [email protected]. 2 Engenheiro Agrícola. Doutorando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Universidade Federal de Pelotas, RS. e-mail:[email protected] 3 Acadêmico de Engenharia Agrícola. Universidade Federal de Pelotas, RS. 4 Professor doutor do Departamento de Química. Universidade Federal do Rio Grande, RS. 5 Eng. Agrônomo; Dr. Agronomia; Prof. Titular do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel;Universidade Federal de Pelotas, RS. e-mail: [email protected].

Page 163: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

772

distribuição, bem como o modelo que melhor se ajusta aos dados e então foi determinado o diâmetro médio de Sauter que caracteriza as partículas das amostras.

A determinação do diâmetro médio das partículas é dada através da Equação 01 desenvolvida por Sauter:

(01) Outro modo de representar a distribuição granulométrica de um sólido é através

de modelos matemáticos de distribuição, que procuram se ajustar aos dados de diâmetros de partícula e fração acumulada de passantes, fornecendo dois parâmetros numéricos. Estes modelos podem ser ajustados aos dados dos ensaios de peneira através de análise de regressão não-linear, por métodos computacionais. Os modelos de distribuição utilizados foram Gates–Gaudin–Schuhmann (GGS) e Rosin-Rammler-Bennet (RRB), apresentados na Tabela 1.

Tabela1. Modelos de distribuição granulométrica

Modelo Equação

Gates–Gaudin–Schuhmann (GGS)

(02)

Rosin-Rammler-Bennet (RRB) (03)

Fonte: Frare et al. (2000).

Na Tabela 1 e Equação 1, têm-se: Ds: diâmetro médio de Sauter; D: diâmetro de partícula; X: fração cumulativa com diâmetro menor que D; k, m: parâmetros do modelo GGS; D’, n: parâmetros do modelo RRB. A análise estatística dos dados foi realizada através de regressão , sendo

observada a homogeneidade das variâncias e a independência dos erros para validação dos testes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com os resultados obtidos pela operação de peneiramento do pó, foi construído o histograma de frequência, apresentados na Figura 1. Observou-se uma distribuição variada de tamanhos de partículas, sendo que a maior fração possui tamanho entre 0,85 e 0,5 mm.

Figura 1. Histograma de distribuição

m

KDX ⎟⎠

⎞⎜⎝

⎛=

)))'/((exp(1 nDDX −−=

DX

DdX

Ds n Δ==

Σ∫ 1

1

0

11

Page 164: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

773

O formato das curvas obtidas encontradas experimentalmente é a que se obtém

comumente na literatura em uma análise granulométrica. Como vários pesquisadores verificaram que o formato das curvas de distribuição não diferia muito para uma grande variedade de materiais, foram desenvolvidos modelos matemáticos, que geralmente se ajustam bem aos dados.

Com os dados de fração passante e diâmetro de partícula testou-se os modelos apresentados na Tabela 1, através de uma análise de regressão não-linear (baseada no método dos mínimos quadrados).

Os parâmetros estatísticos estimados para os modelos GGS e RRB encontram-se na Tabela 2.

Tabela 2. Parâmetros estatísticos estimados para os modelos

GGS RRB

k M D' n Valor do parâmetro 1,588 0,440 0,405 0,923 Desvio padrão 0,169 0,040 0,034 0,079 t(10) 9,403 10,914 11,903 11,637 Significância (<0,05) 3.10-6 7.10-7 1.10-7 1.10-7 R² 0,95 0,98

O Diâmetro de Sauter calculado com base nos dados apresentados na Tabela 2,

para o material particulado foi 0,133 mm. O modelo GGS apresentou menor correlação ao modelo RRB, além tornar-se

mais tendenciosa a sua distribuição de resíduos. O modelo RRB foi adequado para demonstrar o comportamento do material.

A Figura 2 mostra a curva de distribuição de tamanhos das partículas do pó do arroz e possibilita a visualização do ajuste dos dados ao modelo RRB.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2Diâmetro de partícula (mm)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

Fraç

ão p

assa

nte

(Xp)

Figura 2. Ajuste de dados ao modelo RRB

A Figura 3 apresenta o gráfico de resíduos pelos valores estimados, sendo

possível verificar o ajuste da distribuição ao modelo RRB. Nota-se maior aleatoriedade dos pontos em torno de zero em relação ao modelo GGS, mostrando-se que o modelo RRB é mais adequando a distribuição de material particulado proveniente do arroz, validando-o.

Page 165: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

774

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

Valore s Preditos

-0,12

-0,10

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

Valo

res

resi

duai

s

Figura 3. Resíduos obtidos pelos valores estimados ao modelo RRB

CONCLUSÃO

A distribuição granulométrica do material particulado proveniente das operações de beneficiamento do arroz possibilitou comparar modelos que melhor de adequassem ao material, mesmo com faixa de distribuição bastante ampla.

O modelo que mostrou melhor ajuste para a distribuição do material, evidenciado pela aleatoriedade dos pontos no gráfico de resíduos e pelo elevado valor de correlação foi o de Rosin-Rammler-Bennet (RRB).

AGRADECIMENTOS

A CAPES, CNPq e SCT-RS (Pólos Tecnológicos).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DELLA, V. P, et al. Caracterização de cinza de casca de arroz para uso como matéria-prima

na fabricação de refratários de sílica. Química Nova, v. 24, n. 6, p. 778-782, 2001. FRARE L. M.; GIMENES, M. L.; PEREIRA N. C.; MENDES, E. S. Linearização do modelo

log-normal para distribuição de tamanho de partículas. Acta Scientiarum. Technology, v. 22, n. 5, p. 1235-1239, 2000.

GEANKOPLIS, C.I. Transport Processes and Unit Operations. 3ª edição. Pretince-HALL International, 1993.

LUZ, J. A. M.; CARVALHO, S. C. Modelamento matemático de peneiramento vibratório (Parte1): dimensionamento clássico.Revista Escola de Minas,v. 58,n.1,p.57-60,2005.

VAN DER LAAN, L.F.G. Fatores de riscos de acidentes do trabalho em unidades de armazenamento e industrialização de arroz. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Universidade Federal de Pelotas, 2010.

Page 166: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

775

SECAGEM DE ARROZ PARBOILIZADO EM LEITO DE JORRO

Ricardo Scherer Pohndorf1; Diego Batista Zeni2; Éder Scariot3; Marcos Rosa Pereira4; Luiz Antonio de Almeida Pinto5, Moacir Cardoso Elias 6 Palavras-chave: umidade, taxa de secagem, difusividade efetiva.

INTRODUÇÃO A secagem pode ser definida como a remoção de líquido de um sólido por

evaporação. Nos processos de secagem, o material úmido entra em contato com o ar insaturado, resultando na diminuição do conteúdo de água deste material e na umidificação do ar. A operação pode ser feita com ar sem aquecimento, na condição natural, ou com ar aquecido, tendo-se, neste caso, dois estágios que definem o processo total de secagem: o aquecimento do material e a evaporação da água deste. Assim, a secagem tem por finalidade a redução da umidade de um produto a um nível desejado (STRUMILLO & KUDRA, 1986; ELIAS, 2008).

Os problemas encontrados na secagem de arroz com casca são similares aos de outros cereais, porém o arroz exige operação mais controlada em razão da suscetibilidade a quebras durante e após essa operação. No decorrer da secagem do arroz podem ocorrer consideráveis perdas, sejam pelas suas características de sensibilidade, pelo método de secagem utilizado, pelo controle térmico do ar de secagem ou até pelas operações do equipamento (MILMAN, 2001).

A técnica do leito de jorro, conforme Freire (1992) foi estabelecida inicialmente por Gishler e Mathur em 1955, visando à secagem de trigo. Atualmente ocupa um lugar relevante nas operações envolvendo contato entre fluidos e partículas sólidas. Aplica-se eficientemente à secagem de cereais, granulação, recobrimento de partículas, cristalização, reações químicas e ultimamente, a secagem de pastas e suspensões. Segundo Massarani (1997), o sistema de secagem de leito de jorro é mais eficientemente aplicável a grãos.

Segundo Mathur e Epstein (1974), existem basicamente três geometrias de secadores de jorro: a cônica, a cone-cilíndrica e a retangular. Nem todo leito de jorro apresenta as três regiões bem definidas. Os secadores de jorro dividem-se em dois grupos principais: o JSB (Jet Spouted Bed) e o CSB (Conventional Spouted Bed). A diferença entre estes dois grupos está no diâmetro de entrada, que para o JSB é superior, e na porosidade do leito (ε), que para o CSB é inferior a 85% e para o JSB é superior.

O objetivo neste trabalho foi determinar a constante de secagem do arroz parboilizado, bem como sua difusividade efetiva, para a partir destes dados serem construídas as curvas de taxa de secagem, taxa de secagem por unidade de área e adimensional de água livre do produto.

MATERIAL E MÉTODOS

A matéria prima utilizada no experimento foi arroz parboilizado em casca, sendo feita a parboilização no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos da Universidade Federal de Pelotas. Foram utilizados também para a medição de temperatura, termômetros graduados de bulbo seco e úmido. O secador de leito de jorro pertence ao Laboratório de Operações Unitárias da Universidade Federal do Rio Grande.

                                                                                                                         1 Engenheiro Agrícola. Mestrando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial - UFPel. Rua Conde de Porto Alegre, 441. CEP 96.010-290. Pelotas RS. e-mail: [email protected]. 2 Engenheiro Agrícola. Doutorando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Universidade Federal de Pelotas, RS. e-mail:[email protected] 3 Acadêmico de Engenharia Agrícola. Universidade Federal de Pelotas, RS. e-mail: [email protected]. 4 Acadêmico de Agronomia.. Universidade Federal de Pelotas, RS. [email protected] 5 Professor doutor do Departamento de Química. Universidade Federal do Rio Grande, RS. 6 Eng. Agrônomo; Dr. Agronomia; Prof. Titular do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel;Universidade Federal de Pelotas, RS. e-mail: [email protected].

Page 167: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

776

A temperatura do ar de secagem utilizada foi de 70ºC. A amostra utilizada continha 500g de arroz parboilizado em casca. Amostras eram retiradas do leito de jorro em intervalos de cinco minutos até um total de 150 minutos. A determinação de umidade foi feita em estufa a 105±3ºC durante 24 horas (BRASIL, 2009).

A análise estatística dos dados foi realizada através de regressão, sendo observada a homogeneidade das variâncias e a independência dos erros para validação dos testes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A curva que descreve a umidade média no produto relacionado ao tempo de secagem é expressa na Figura 1.

Figura 1. Curva experimental de umidade média relacionado ao tempo

Nota-se que a umidade no arroz parboilizado decresce de 45% para

aproximadamente 10% (base seca) ao longo do tempo de secagem. O conteúdo de água cai rapidamente para valores próximos a 20%, como era de se esperar, evidenciando a partir daí o processo de secagem em si, pois até então a água livre presente na superfície foi evaporada em velocidade constante.

A Figura 2 mostra a curva de umidade adimensional em escala logarítmica, evidenciando a queda rápida de umidade no início da secagem.

0 20 40 60 80 100 120 140 160

Tempo (min)

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Um

idad

e ad

imen

sion

al X

/X0

(b.s

.)

Figura 2. Curva de umidade adimensional em escala logarítmica

O adimensional de água livre é apresentado na Figura 3. Através de regressão

não linear foi obtido o valor de constante de secagem, sendo este valor 0,03642. A correlação do modelo foi de 0,96 mostrando um bom ajuste, sendo satisfeita a condição de aleatoriedade.

Page 168: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

777

0 20 40 60 80 100 120 140 160

Tempo (min)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

(X-X

E)/(

X0-X

E)

Figura 3. Adimensional de água livre em função do tempo para a temperatura

Para a construção da curva da taxa de secagem por unidade de área, foi

necessária a determinação da área de secagem. Foram consideradas as dimensões do leito de jorro determinando-se o volume do cone até o início da parte deslizante deste, sendo seu valor 6,97.10-4m³. A área de secagem foi obtida pela multiplicação da área volumétrica pelo volume calculado. Para o cálculo da área volumétrica foi necessário o valor de porosidade (ε=0,65), esfericidade (Φ=0,7) e diâmetro da partícula (Dp=0,0037m). Estes valores foram obtidos na literatura, encontrando-se uma área de 0,5592 m². A Figura 4 apresenta a curva da taxa de secagem por unidade de área em relação com a umidade média. Uma linha de tendência polinomial foi acrescentada para melhor visualizar o fenômeno.

Figura 4. Curva experimental da taxa de secagem por umidade média

A Figura 5 apresenta os valores de umidade absoluta do ar de exaustão do jorro

relacionados com o tempo de secagem.

Figura 5. Valores de umidade absoluta por tempo de secagem

Page 169: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

778

A Figura 5 mostra uma tendência de diminuição da umidade absoluta do ar de exaustão no período de secagem. Isto ocorre devido à diminuição da transferência de água para o ar, evidenciando a redução de água do mesmo.

Através do adimensional de água livre e da constante de secagem foi possível determinar a difusividade efetiva do produto, o qual foi de 1,0325.10-10 m-2.s-1.

CONCLUSÃO

Foi possível determinar a constante de secagem do arroz parboilizado, bem como sua difusividade efetiva perante o modelo ajustado a partir do gráfico de adimensional de água remanescente no sólido.

Com os dados experimentais foi possível a construção das curvas de taxa de secagem, taxa de secagem por unidade de área, adimensional de água livre, e através da curva do adimensional de água livre foi possível determinar o valor da umidade de equilíbrio, ou seja, quando não há perda ou ganho de umidade do produto para o ambiente, onde a pressão de vapor da água dentro do grão se igualou à pressão de vapor da água contida no ar.

AGRADECIMENTOS

A CAPES, CNPq e SCT-RS (Pólos Tecnológicos).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de

sementes. Brasília, 2009. 399 p. ELIAS, M. C. Manejo Tecnológico da Secagem e do Armazenamento de Grãos. Ed. Santa

Cruz. Pelotas, 2008. 368 p. MATHUR, K. B. and Epstein, N., Spouted Beds, Academic Press Inc. LTD., New York, 304p.

(1974). MATHUR, K. B. and Gishler, N., A Technique for Contacting Gases with Coarse Solid

Particles, AIChE Journal, Vol. 1, pp.157-164 (1955). MASSARANI, G. Fluidodinâmica em sistemas particulados. Editora UFRJ, Rio de Janeiro, RJ,

1997. MILMAN, M.J. Manejo da relação de intermitência e da temperatura do ar na secagem

industrial do arroz. Pelotas, RS: Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, UFPel, 2001. 54 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) – Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

STRUMILLO, C.Z.; KUDRA, T. Drying: Principles, Aplications and Design. In Hughes, R. Topics in Chemical Engineering. v.3, UK: Gordon and Breach Science Publisher, 1986.

Page 170: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

779

PRODUÇÃO DE SEMENTES GENÉTICAS DE ARROZ IRRIGADO NA EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO, NA SAFRA 2010/2011

Luciene Fróes Camarano de Oliveira1; Leandro Barbosa Pimenta2; Paulo Tadeu de Souza Lobo3; Orlando Peixoto de Morais4

Palavras-chave: Oryza sativa L.; qualidade; cultivares, semente do melhorista.

INTRODUÇÃO A qualidade da semente é crucial para a produtividade do arroz, bem como a quantidade, que deve ser suficiente para produção de volumes mínimos que possam atender o mercado. Sementes de qualidade possuem taxa de germinação superior a 80%, são puras, possuem tamanho uniforme, não são contaminadas por sementes de plantas invasoras, não hospedam doenças, apresentam-se livres de insetos e outros materiais. Produzir sementes de qualidade requer muito mais cuidado e experiência do que a simples produção de grãos para consumo (WOPEREIS et al., 2009). A qualidade das sementes é expressa pela interação dos componentes genético, físico, fisiológico e sanitário (VIEIRA et al., 1993). De acordo com Breseghello et al. (2001), o componente genético está relacionado aos atributos da cultivar, com relação à produtividade, resistência às doenças e pragas, qualidade culinária, dentre outros. Já o componente físico, relaciona-se com a pureza do lote e às condições da semente (umidade, tamanho, formato, cor, densidade e uniformidade destas características). O componente fisiológico relaciona-se com a sobrevivência da semente, seu potencial de germinação e vigor. É um componente muito influenciado pelo ambiente, pois o manejo do campo de produção e das condições de secagem, beneficiamento e armazenamento podem ser cruciais para a aprovação ou condenação dos lotes. O processo de produção de sementes de elevada qualidade inicia-se com a seleção das áreas. Pelo fato de muitas cultivares de arroz, principalmente de arroz irrigado apresentarem dormência por longos períodos de tempo, faz-se necessário utilizar áreas novas ou em pousio por pelo menos dois anos agrícolas, bem como encontrarem-se livres de infestação com plantas invasoras como o arroz vermelho, por exemplo. A Embrapa Arroz e Feijão, preocupada em elevar a qualidade das sementes utilizadas pelos agricultores que adotam suas cultivares procura implementar medidas para obtenção de sementes de qualidade, dentre as quais estão a produção de mudas para transplantio; o plantio de cultivares tardias intercaladas entre as cultivares (como forma de isolamento); vistorias de campo frequentes com eliminação de plantas atípicas (rouguing); cuidados especiais durante o processo de colheita e trilha (visando evitar mistura com outras cultivares); bem como secagem e armazenagem adequada das sementes. Outra preocupação é com a quantidade de sementes produzidas e com a disponibilidade de sementes genéticas para produção de sementes básicas por ocasião do lançamento de uma nova cultivar. O objetivo deste trabalho é descrever e apresentar os resultados do processo atual de produção de sementes genéticas de arroz na Embrapa Arroz e Feijão na safra 2010/2011.

MATERIAL E MÉTODOS

Em nível da Embrapa, convencionou-se denominar a semente genética, disponibilizada pelas equipes de melhoramento, de semente do melhorista (SM), reservando a expressão semente genética (SG) para identificar o produto da multiplicação da SM pelas equipes de sementes que viabilize a subsequente multiplicação de sementes básicas. A Embrapa vinha adotando um procedimento descrito por Breseghello et al. (2001), mas que foi recentemente modificado, visando um melhor sinergismo entre a produção de semente para os ensaios de rendimento de linhagens e o procedimento de obtenção de SM das novas linhagens. O

Page 171: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

780

procedimento, a rigor, se inicia no denominado Ensaio de Observação de Linhagens (EOL) do programa de melhoramento. O EOL, anualmente é composto de centenas de linhagens F6, selecionadas em famílias-elites F2:5, identificadas como promissoras nos Ensaios de Rendimento de Famílias, ERF (CRISPIM, 2009). Devido ao elevado número de tratamentos, o EOL é instalado com semeadura direta mecanizada. No final da fase de maturação, são colhidas cinco panículas de plantas representativas da linhagem em avaliação, que são mantidas individualizadas. No ano agrícola seguinte, cada uma das cinco panículas das linhagens incorporadas nos Ensaios Preliminares de Rendimento (EP) é plantada, por transplantio de mudas, em uma linha de cinco metros. Paralelamente ao EP, tem-se, para cada um de seus tratamentos, uma parcela de cinco linhas de cinco metros, uma muda por cova. O espaçamento entre linhas é de 20 cm e entre plantas na linha. Entre duas parcelas adjacentes, mantém-se um espaço de 40 cm para facilitar a movimentação nas avaliações. Eventuais plantas não representativas da linhagem são eliminadas. Na maturação, seis plantas da linha central de cada parcela são colhidas e mantidas individualizadas. Sementes da parcela são utilizadas para a preparação dos Ensaios Regionais de Rendimento (ER), caso a linhagem seja selecionada, após as análises conjuntas dos EP’s. No ano agrícola seguinte, de cada uma das linhagens em avaliação nos ERs, tem-se uma parcela de seis linhas de cinco metros ou de dez metros, quando se trata de ERs da região subtropical ou tropical, respectivamente. Cada uma das seis linhas de cada parcela é plantada com sementes de uma planta, por transplantio manual, uma muda por cova, mantendo-se espaçamento duplo entre as parcelas. Após a maturação, novamente são colhidas outras seis plantas em uma das fileiras centrais, mantidas individualizadas, aguardando a definição de quais linhagens serão selecionadas para os ensaios de determinação do Valor de Cultivo e Uso (VCU). Uma vez definidas as linhagens do ER selecionadas para os VCUs, mudas obtidas de sementes de cada uma das seis plantas colhidas no ano anterior são transplantadas em uma linha de dez metros, uma muda por cova, independentemente da região do VCU, se subtropical ou tropical. O procedimento do ano anterior é repetido, alterando apenas o número de plantas selecionadas que passa a ser 12 plantas em cada uma das duas linhas centrais. Cada parcela produz mais de dez quilos de sementes, suficientes para a preparação dos VCUs e também para semear, para cada linhagem, uma Unidade de Observação (UO), onde se avalia o comportamento das linhagens em unidade experimental maior (aproximadamente 150 m2) e são produzidas sementes para as Lavouras Experimentais (LE’s). Se a linhagem não foi eliminada e continua em segundo ano de VCU (e UO), as 24 plantas colhidas são utilizadas para a obtenção de mudas visando o transplantio, utilizando uma transplantadora mecanizada, uma parcela de 24 fileiras de 20 m, espaçadas de 20 cm, que desta vez terá mais de uma p1lanta por cova. Cada parcela constituir-se-á de duas subparcelas de 12 linhas e terá como ancestral comum uma planta (geralmente F8:9) de linhagem avaliada no ER, dois anos antes. Ambas subparcelas são colhidas em separado. Caso uma delas apresente algum tipo de variação, é obrigatoriamente eliminada. Cada uma das subparcelas produz normalmente entre oito a 12 kg de SM. Se os dois anos de ensaios de VCU, além de informações adicionais de avaliação específicas de tolerância a doenças e de qualidade de grãos, indicam que uma ou mais linhagem(ns) é (ou são) promissora(s), as sementes colhidas nas UO’s são utilizadas para validação das linhagens nas LEs e parte da SM obtida é utilizada para multiplicação, visando produção de estoque estratégico de cerca de 1,5 a 2,0 t de semente genética. Essa produção de SG é realizada em área mantida em pousio no ano anterior. Normalmente, se utilizam áreas de cerca de 3000m²/linhagem, plantadas com 1Enga. Agrônoma. MSc. Genética e Melhoramento de Plantas. Analista da Embrapa Arroz e Feijão. E-mail: [email protected]. 2 Engo. Agrônomo. Assistente – A da Embrapa Arroz e Feijão. E-mail: [email protected]. 3 Técnico Agrícola – Assitente A da Embrapa Arroz e Feijão. E-mail: [email protected] 4 Engo. Agrônomo. Doutor em Genética e Melhoramento de Plantas. Pesquisador –A da Embrapa Arroz e Feijão. E-mail: [email protected].

Page 172: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

781

mudas, por procedimentos mecanizados. A produção de SG é feita basicamente com os mesmos cuidados adotados em qualquer campo de multiplicação de sementes certificada: rouguing, controle fitossanitário e demais medidas para evitar contaminações genéticas. Ao final de cada processo, a semente é analisada para controle da qualidade física, fisiológica e sanitária, visando a emissão de laudo de análise, atestando sua qualidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da multiplicação de Sementes do Melhorista (SM) feita na safra 2010/2011 são apresentados na Tabela 1, sendo o respectivo resultado da multiplicação das cultivares/linhagens em fase de produção de Sementes Genéticas (SG) apresentados na Tabela 2. Verifica-se que muitas vezes a quantidade de panículas difere da metodologia, mas isto ocorre devido à diferenças de produtividade das cultivares e da qualidade genética das sementes. Verifica-se que a quantidade de sementes obtidas variou de 14 a 120 kg, sendo que as menores quantidades relacionam-se com cultivares já com vários anos de uso comercial. Para estas não foi usado o procedimento descrito e tinham-se delas pequenos números de panículas colhidas em anos anteriores, que foram plantadas no esquema de “panículas por linha”. Principalmente para as linhagens, as quantidades de sementes obtidas são suficientes para vários campos de produção de SG, que normalmente são de 0,3 ha, consumindo cerca de 10 kg de sementes (plantio por muda, em baixa densidade). Na Tabela 2 encontram as produções de SG produzidas para as cultivares BRS Fronteira e BRS Sinuelo CL; e para as linhagens de arroz vermelho cultivado: MNA0901 e MNA0902. As modificações incorporadas no procedimento descrito por Breseghelo et al. (2001) ampliaram o sinergismo entre produção de sementes de boa qualidade para as redes de ensaios de avaliação de linhagens e produção de sementes do melhorista, além de preservar os princípio das orientações no sentido da desejada alta correlação genética entre o valor genotípico da linhagem em avaliação nos VCUs e o seu respectivo valor em uso pelos agricultores, sob a forma de sementes cerificadas. Simulações efetuadas indicam que a correlação permanece nos patamares entre 0,996 e 0,998, considerando as sementes utilizadas nos VCUs de primeiro e segundo ano, respectivamente. Tabela 1. Linhagens produzidas, data de plantio e colheita e produção de Semente do

Melhorista (SM) de linhagens e cultivares de arroz irrigado na Embrapa Arroz e Feijão na safra 2010/2011.

Linhagem Data de plantio

Data da colheita

Produção (kg)

Linhagem ou Cultivar

Data de plantio

Data da colheita

Produção (kg)

BRA051077 04/10 28/02 69 CNAi8858 25/11 17/03 55 BRA051108 04/10 28/02 46 MNA0901 22/12 17/03 70 BRA501083 04/10 22/02 64 MNA0902 22/12 17/03 70 CES06014 04/10 17/02 65 BRS Jaçanã 29/09 17/02 68 CNA10891 26/10 30/03 60 BRS Fronteira 30/09 17/02 35 CNA10896 25/11 17/03 90 BRS Tropical 04/10 28/02 40 CNA10900 16/08 17/01 120 BRS Ourominas 29/09 15/02 56 CNA10901 26/10 30/03 65 BRS Alvorada 05/09 28/02 27 CNA10902 26/10 30/03 80 BRS Biguá 05/09 23/02 14 CNA10903 26/10 30/03 80 Diamante 05/09 28/02 22 CNA10905 26/10 30/03 66 - - - -

Page 173: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

782

Tabela 2. Linhagens produzidas, data de plantio e colheita e produção de Semente Genética (SG) de linhagens e cultivares de arroz irrigado na Embrapa Arroz e Feijão na safra 2010/2011.

Cultivar ou linhagem Data de plantio Data da colheita Produção (kg) BRS Fronteira 09/11/2010 14/04/2011 1400 BRS Sinuelo CL 04/02/2011 08/06/2011 1800 MNA0901 31/01/2011 10/06/2011 1450 MNA0902 25/01/2011 08/06/2011 1200 Além da produção de SM e SG relacionadas nas Tabelas 1 e 2, foram também produzidas,

na safra 2010/2011, entre 300 a 400 kg de sementes nas UO’s visando a implementação de Lavouras Experimentais. As LEs constituem uma estratégia de validação em início de implementação em arroz irrigado, mas com uma experiência de três anos em arroz de terras altas. Permitem tornar o produtor de sementes parceiro na avaliação final das linhagens e tornar a decisão de lançamento de cultivares um processo participativo. As avaliações são realizadas em conjunto, após discussão e consolidação dos procedimentos metodológicos. A avaliação das LE´s é coordenada por um representante da equipe de desenvolvimento da(s) linhagem(ns) candidata(s) a cultivar. Amostras dos grãos colhidos são submetidas à apreciação das indústrias de beneficiamento que emitem pareceres sobre a qualidade dos grãos. As LE´s tem motivado os produtores de sementes parceiros e fortalecem as bases técnicas e mercadológicas para o lançamento de cultivares.

CONCLUSÕES

A Embrapa tem priorizado a organização da produção de sementes de suas

cultivares/linhagens visando atender as demandas do mercado de sementes de arroz. As consecutivas ações de melhoria implementadas viabilizarão a oferta de sementes de suas cultivares com elevada qualidade e em quantidade para o mercado.

REFERÊNCIAS

BRESEGHELLO, F. ... [et al]. Produção de semente genética e pré-básica na Embrapa Arroz e Feijão. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2001. 28p. – (Documentos/Embrapa Arroz e Feijão), ISSN 1516-7518; 115). CRISPIM, B.C.F.; MORAIS, O. P. de.; MAGALHÃES JR, A.M. de; MOURA NETO, F.P. de; FAGUNDES, P.R.R.; NEVES, P.C.F.; RANGEL, P.H.N. Avaliação de produtividade de grãos no desenvolvimento de cultivares de arroz irrigado para a região subtropical brasileira. In: IV Congesso Brasileiro de Arroz Irrigado (Anais...). Porto Alegre: SOSBAI. Disponível em: http://www.sosbai.com.br/admin/artigos/bk20100115101559.pdf. Acesso em: 12/06/2011 VIEIRA, R.F.; VIEIRA, C.; RAMOS, J.A. DE O. PRODUÇÃO DE SEMENTES DE FEIJÃO. VIÇOSA: UFV, 1993. 131P. WOPEREIS,. ... [et al.], PLAR–IRM Curriculum: Technical Manual (2009). disponível em: http://www.warda.cgiar.org/publications/PLAR/techmanual/reference9.pdf. Acesso em:07/06/2011.

Além da produção de SM e SG relacionadas nas Tabelas 1 e 2, foram também produzi-das, na safra 2010/2011, entre 300 a 400 kg de sementes nas UO’s visando a implementação de Lavouras Experimentais. As LEs constituem uma estratégia de validação em início de implementação em arroz irrigado, mas com uma experiência de três anos em arroz de ter-ras altas. Permitem tornar o produtor de sementes parceiro na avaliação final das linhagens e tornar a decisão de lançamento de cultivares um processo participativo. As avaliações são realizadas em conjunto, após discussão e consolidação dos procedimentos metodológicos. A avaliação das LE´s é coordenada por um representante da equipe de desenvolvimento da(s) linhagem(ns) candidata(s) a cultivar. Amostras dos grãos colhidos são submetidas à apre-ciação das indústrias de beneficiamento que emitem pareceres sobre a qualidade dos grãos. As LE´s tem motivado os produtores de sementes parceiros e fortalecem as bases técnicas e mercadológicas para o lançamento de cultivares.

A Embrapa tem priorizado a organização da produção de sementes de suas cultivares/linha-gens visando atender as demandas do mercado de sementes de arroz. As consecutivas ações de melhoria implementadas viabilizarão a oferta de sementes de suas cultivares com elevada qualidade e em quantidade para o mercado.

Page 174: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

783

INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE MANEJO NA SECA-AERAÇÃO DOS GRÃOS DE ARROZ

Cristiano Dietrich Ferreira1; Rafael de Almeida Schiavon2; Jeferson Cunha da Rocha3; Fabrine Lavall4; Vinicius Guilherme Kiesow Macedo5; Moacir Cardoso Elias6

Palavras-chave: Seca-aeração, armazenamento, polimento, rendimento.

INTRODUÇÃO O arroz é um alimento fundamental da população brasileira, constituindo-se na base

da dieta alimentar, e conseqüentemente tem uma grande importância para a economia nacional (MALAVOLTA et al, 2007). Além de fornecer um excelente balanceamento nutricional é uma cultura bastante rústica, o que a faz também ser considerada a espécie de maior potencial de aumento na produção para combate a fome no mundo (GOMES et al, 2004).

A qualidade dos grãos tem-se tornado um aspecto muito importante, tanto para comercialização interna como para exportação. Dos processos pós-colheita, a secagem é determinante para a manutenção dos grãos em bom estado de conservação, além de ser a fase em que o consumo de energia é mais significativo (DEVILLA, 1999). Dentre os processos de secagem destaca-se o método seca-aeração que aumenta o rendimento do secador, reduz os danos e mantém a aparência externa dos grãos, visto que o processo combinado de repouso e aeração é um recurso para reduzir quebras e trincamento de grãos (NEVES et al., 1983). Estudos mostram que a secagem inadequada elevando-se a temperatura, a fim de agilizar o fluxo de secagem, provocando altas taxas horárias de remoção da água compromete a conservação e o valor comercial do arroz (RHIND, 1962; ARORA et al., 1973; KUNZE, 1979; MOSSMANN, 1986).

O rendimento de grãos inteiros, quebrados e com defeitos são os principais parâmetros considerados na avaliação comercial do arroz para a determinação da qualidade e do preço do produto. Dentre outros fatores, os métodos e as condições de manejo da secagem do produto afetam diretamente o beneficiamento, interferindo, principalmente, na porcentagem de grãos inteiros obtidos (CANEPELLE et al., 1992; AMATO e ELIAS, 2005). Uma satisfatória gestão de armazenamento de grãos visa manter, durante todo o período de armazenamento, as características que os grãos possuem imediatamente após a colheita e a secagem, agregando ao produto final melhor qualidade.

Os defeitos adquiridos durante os diversos estádios fenológicos de desenvolvimento e crescimento vegetativo, durante a colheita, o transporte e as operações de pré-armazenamento, especialmente a secagem, além de não serem eliminados durante o armazenamento, mostram forte tendência a sofrerem incrementos (PESKE et al., 2003).

O consumo alimentar brasileiro de arroz é de aproximadamente 52,5 quilogramas por habitante por ano (kg.hab-1.ano-1). Apesar de ser inferior ao consumo mundial médio por habitante (84,8 kg.hab-1.ano-1), este valor é considerado alto se comparado com o consumo per capita dos países desenvolvidos (16,7 kg.hab-1.ano-1) (SILVESTRE, 2007).

Apenas uma pequena quantidade de arroz é consumida como ingrediente em produtos processados, sendo seu maior consumo na forma de grão beneficiado (WALTER, 2008). Segundo Vieira e Carvalho (1999), no Brasil o arroz é um cereal consumido principalmente na forma de grãos inteiros, como produto de mesa, sendo que o mais

1Acadêmico do curso de Agronomia, Universidade Federal de Pelotas, Campus Universitário Capão do Leão, s/n,Caixa Postal: 354 Capão do Leão – RS,CEP: 96010-900, [email protected]. 2 Eng. Agronomo Msc, Doutorando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – FAEM – UFPel, [email protected] 3 Eng. Agronomo Msc, URI - Erechim, [email protected] 4 Acadêmico do curso de Agronomia, Universidade Federal de Pelotas 5 Acadêmico do curso de Agronomia, Universidade Federal de Pelotas 6 Eng. Agronomo Prof . Dr. DCTA-FAEM-UFPel, [email protected]

Page 175: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

784

consumido é o arroz branco polido. A partir grãos de arroz inteiros sem defeitos decorrentes da etapa de polimento é

que são obtidos parâmetros branquimétricos utilizados pela indústria para padronizar e homogeneizar o arroz beneficiado nesta etapa.

Dentro deste contexto objetivou-se com este estudo verificar a influência no manejo do processo de secagem sobre o rendimento de grãos de arroz inteiros e o seu perfil banquimétrico submetidos aos diferentes processos de seca-aeração.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi executado nas instalações do Laboratório de Pós Colheita,

Industrialização e Qualidade de Grãos (LABGRÃOS) do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas (DCTA – FAEM – UFPEL).

Os grãos foram colhidos e transportados para o LABGRÃOS com umidade próxima a 20%, permanecendo em câmara a 18ºC até o começo de cada secagem. Os grãos foram secados numa faixa entre 16 a 17% de umidade, com manejos térmicos operacionais de 75±5ºC e 75±5ºC; 100±5ºC e 75±5ºC; 75±5ºC e 100±5ºC, respectivamente nas câmaras superior e inferior, após passaram por um período de 4 ou 12 horas de repouso e posterior aeração até a umidade dos grãos alcançarem aproximadamente 13%.

A seca-aeração foi realizada em duas etapas. A primeira etapa inicial em secador de coluna protótipo modelo REAL - LABGRÃOS e a segunda etapa final em silo-secador, modelo protótipo VITÓRIA – LABGRÃOS, ambos em escala piloto.

O armazenamento ocorreu em câmara de armazenagem monitorada havendo controle constante de resfriamento a temperatura de 16±1ºC e umidade relativa de 75±5%, sendo coletadas as amostras para analises no primeiro e no décimo segundo mês de armazenamento.

As amostras foram submetidas aos processos de beneficiamento convencional para arroz branco, usando metodologia desenvolvida no próprio laboratório (ELIAS, 1998). Foi utilizado para o beneficiamento das amostras um engenho de provas Zaccaria modelo DTAZ1.

Para os índices branquimétricos de brancura, transparência e grau de polimento, utilizou-se equipamento foto-eletrônico branquímetro marca Zaccaria, os resultados foram obtidos pela média de seis repetições.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentados os valores dos rendimentos de grãos inteiros sem

defeitos do arroz branco, após a secagem pelo método de seca-aeração e armazenamento durante doze meses em ambiente resfriado.

Tabela 1 - Rendimento de grãos inteiros sem defeitos (%) de arroz branco polido, secado pelo método de seca-aeração e armazenado em ambiente resfriado

Etapa inicial* manejo térmico

Etapa final** tempo de repouso

(horas)

Tempo de armazenamento

1º mês 12º mês

75 / 75ºC 4 a59,20B a61,28A 12 a58,71B a60,65A

100 / 75ºC 4 b54,10B b56,15A 12 b53,95B b55,63A

75 / 100ºC 4 a59,36B a61,48A 12 a58,73B a60,84A

Médias acompanhadas de letras diferentes minúsculas na mesma coluna e maiúsculas na mesma linha representam diferenças a 5% de significância pelo teste de Tukey.* Etapa inicial da secagem em secador de coluna utilizando três manejos térmicos do ar de secagem.** Etapa final da secagem em silo-secador utilizando ar ambiente, com dois tempos de repouso em seqüência da etapa inicial.

Page 176: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

785

Os valores apresentados na Tabela 1 mostram diferenças significativas entre os

tratamentos de secagem e entre os meses de armazenamento, sem diferenças significativas entre os grãos submetidos a quatro e a doze horas de repouso entre as duas etapas da seca-aeração.

Os menores rendimentos de grãos inteiros sem defeitos (Tabela 1) são verificados no primeiro e no décimo segundo mês de armazenamento para o tratamento que utilizou temperaturas do ar mais alta (100ºC / 75ºC), no início da secagem entre os tratamentos que utilizaram temperaturas menores na primeira câmara não ocorreram diferenças se na segunda houve manutenção (75ºC / 75ºC) ou aumento gradual (75ºC / 100ºC) na temperatura do ar. Este comportamento está de acordo com a literatura especializada (FAGUNDES et al., 2005; BARBOSA et al., 2005; ELIAS et al., 2008).

Na Tabela 2 são apresentados os valores do perfil branquimétrico do arroz branco, após a secagem pelo método de seca-aeração e armazenamento durante doze meses em ambiente resfriado.

Tabela 2 - Parâmetros do perfil branquimétrico do arroz branco polido, secado pelo método de seca-aeração e armazenado em ambiente resfriado

Etapa inicial* manejo térmico

Etapa final** tempo de repouso (horas)

Parâmetro / Tempo de armazenamento Índice de polimento Índice de brancura Índice de

transparência 1º mês 12º mês 1º mês 12º mês 1º mês 12º mês

75 / 75ºC 4 a109,8A a107,4A a42,5A a42,3A a3,5A a3,5A 12 a104,0A a108,7A a40,8A a41,5A a3,4A a3,5A

100 / 75ºC 4 a103,2A a108,3A a41,3A a41,0A a3,3A a3,2A 12 a106,2A a101,6A a41,9A a40,9A a3,4A a3,3A

75 / 100ºC 4 a107,7A a104,4A a40,6A a41,8A a3,2A a3,1A 12 a104,2A a109,9A a41,6A a40,9A a3,3A a3,2A

Para cada parâmetro, médias acompanhadas de letras diferentes minúsculas na mesma coluna e maiúsculas na mesma linha representam diferenças a 5% de significância pelo teste de Tukey. * Etapa inicial da secagem em secador de coluna utilizando três manejos térmicos do ar de secagem. ** Etapa final da secagem em silo-secador utilizando ar ambiente, com dois tempos de repouso em seqüência da etapa inicial.

Verifica-se pelos valores apresentados na Tabela 2 que não houve diferenças

significativas entre os tratamentos de secagem e entre os meses de armazenamento. Apesar do fato de o processo de polimento dos grãos ser uma etapa abrasiva a

análise conjunta dos valores para os parâmetros do perfil branquimétrico apresentados na Tabela 2 permite verificar que a etapa de polimento não interferiu no rendimento de grãos inteiros sem defeitos para o arroz branco (Tabela 1).

CONCLUSÃO O manejo no processo de seca-aeração afeta o rendimento de grãos inteiros porem

não teve influência no perfil branquimétrico dos grãos de arroz, porem o armazenamento resfriado aumenta o rendimento dos grãos inteiros, por ter uma diminuição no metabolismo do grão e um melhor arranjo nas moléculas internas do grão após a secagem.

AGRADECIMENTOS CNPq, CAPES, SCT-RS (Pólos Tecnológicos) e ZACCARIA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMATO, G.W.; ELIAS, M.C. A Parboilização do Arroz. 1. ed. Porto Alegre: Ricardo Lenz Editor, 2005. v.1, 160p. ARORA, V.K., HENDERSON S.M., BURKHARDT T.H. Rice drying cracking versus thermal and mechanical properties. Transactions of the ASAE, 1973,16(2): 320–327.

Page 177: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

786

BARBOSA, F.F.; ELIAS, M.C.; FAGUNDES, C. A. A.; PEREIRA, F. M.; RADÜNZ, L. L. Efeitos das secagens estacionária e intermitente e do tempo de armazenamento no desempenho industrial de grãos de arroz. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa-MG, 2005, v.30, n.1, 83-90p. CANEPPELE, C.; HARA, C.C.T.; CAMPELO J.J.H. Simulação de Secagem de Arroz (Orysa Sativa L.) em Secadores por Convecção Natural. Rev. Brasileira De Armazenamento, v.17, n.1, 1992, 43-45 p. DEVILLA, I.A.; COUTO, S.M.; QUEIROZ, D.M.; DAMASCENO, G.S.; REIS, F.P. Qualidade de grãos de milho submetidos ao processo de seca-aeração. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande - PB, v.3, n.2, 1999, 211-215p. ELIAS, M.C. Efeitos da espera para secagem e do tempo de armazenamento na qualidade das sementes e grãos do arroz irrigado. Pelotas, 1998. 164p. Tese (Doutorado) FAGUNDES, C.A.A., ELIAS, M.C., BARBOSA, F.F. Desempenho industrial de arroz secado com ar aquecido por queima de lenha e GLP. Revista Brasileira de Armazenamento, 2005, Vol. 30, 8-15p. GOMES, A.S.; MAGALHÃES JUNIO, A.M. Arroz irrigado no Sul do Brasil. Brasilia. DF: Embrapa Informações. 2004. 889p. KUNZE, O.R. Fissuring of the rice grain after heated air drying. Trans. ASAE, 1979, 22(5): 1197–1207p. MALAVOLTA, V.M.A.; SOLIGO,E.A.; DIAS, D.D.; AZZINI, L.E.; BASTOS, C.R. Incidência de fungos e qualificação de danos em sementes de genótipos de arroz. Summa Phytopathologica, v.33, n.3, p.280-286,2007. MOSSMANN, A.P. A review of basis concepts in rice-drying research. CRC Critical, Rev. Food Sci. and Nutr. 1986, 25(1), 49-71p. NEVES, M.J.B.; FORTES, M; MOREIRA, S.M.C.; PINHEIRO FILHO, J.: Simulação físico-matemática do processo de seca-aeracão. Revista Brasileira de Armazenamento, v.8, n°1 e 2, Viçosa – MG, 1983. VIEIRA, N.R.A.; CARVALHO, J.L.V. Qualidade tecnológica. In: VIEIRA, N.R.A.; SANTOS, A.B.; SANT ANA, E.P. Acultura do arroz no Brasil. Embrapa arroz e feijão: Santo Antonio de Goiás, 1999. P.582-604. WALTER, M.; MARCHEZAN, E.; AVILA, L.A.. Arroz: composição e características nutricionais. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, 2008, n.4, 1184-1192p. RHIND, D. The breakage of rice in milling. Rev. Trop. Agric. 1962, 39(1), 19-38p. SILVESTRE, M.P.C.; VIEIRA, C.R.; LOPES Jr, C.O.; SILVA, V.D.M. Use of an Enzymatic Process for Extracting and Hydrolysing Rice Proteins Aiming Phenylalanine Removal. International Journal of Food Engineering, v.5, 2009, 1-2p. .

Page 178: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

787

EFEITOS DA PARBOILIZAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DE COR DE GRÃOS DE ARROZ

Flávia Fernandes Paiva1; Vânia Zanella Pinto2; Ricardo Tadeu Paraginski3; Rafael de Almeida Schiavon4; Maurício de Oliveira5; Moacir Cardoso Elias6 Palavras-chave: Arroz, parboilização, cor, reação de Maillard

INTRODUÇÃO O arroz (Oryza sativa L.) é um dos cereais mais cultivados no mundo, sendo o

principal alimento na dieta de mais da metade da população mundial. No Brasil é mais consumido nas formas de grão. Porem há ultimamente grande aumento no consumo de arroz parboilizado, devido a melhorias no processo industrial, no produto e no conhecimento das pessoas a cerca de suas importantes propriedades para a nutrição e a saúde.

A produção de arroz parboilizado no mundo corresponde cerca de 30% do total da produção de arroz, sendo um produto muito consumido no Sul da Ásia e da África (PROM-U-THAI et al., 2009.)

O processo de parboilização utiliza tratamento hidrotérmico, em que os grãos são submetidos à ação da água e do calor, sem qualquer agente químico, antes do descascamento.

Estudos comparando o arroz branco com o parboilizado verificam que o arroz parboilizado apresenta valor nutricional mais elevado devido à retenção de minerais e vitaminas hidrossolúveis no interior do grão (JULIANO, 1985; HEINEMANN et al, , 2005).

A parboilização intensifica a cor dos grãos, tornando-os amarelados escuros ou âmbar, o que pode depreciar o produto, já que a maioria das pessoas tem preferência por um produto mais claro (AMATO e ELIAS, 2005).

O arroz parboilizado apresenta uma cor amarelada, grãos com textura rígida, e um sabor característico como conseqüência do processo hidrotérmico (PILLAIYAR e MOHANDOSS, 1981; ELBERT et al, 2001), embora fatores como temperatura e tempo de encharcamento, tempo e temperatura de gelatinização, duração e métodos de secagem , além de causas que precedem a industrialização, remontando à própria natureza do grão, determine a severidade de tais alterações (HEINEMANN; BEHRENS; LANFER-MARQUEZ, 2006).

Há uma seqüência de causas, em série, capazes de serem responsáveis pela cor amarelada observada no arroz parboilizado. Cultivares de arroz com casca de coloração mais escura resultam, geralmente, num produto mais escurecido após o processo de parboilização (aLAMBERTS et al., 2006, VIEIRA, 2004). Além dessas características, os fenômenos de parboilização permitem um rearranjo das moléculas, causando sua desestruturação, e com isso gerando uma massa homogênea que ao se resfriar perde água e apresenta forte interação entre as moléculas (SAGUM e ARCOT, 2000).

Estudos mostram que a principal causa atribuída a coloração final do produto está vinculada à composição do arroz e condições inerentes ao tratamento hidrotérmico, ocasionado devidas à migração de pigmentos da casca para o grão, escurecimento enzimático (ITANI et al, 2002; bLAMBERTS, et al, 2007), ou por reações químicas de

1 Bacharel em Química de Alimentos. Doutoranda em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – UFPel. Rua Andrade Neves, 2364 – 301. CEP 96020080. Pelotas RS. E-mail: [email protected] 2 Engenheira de Alimentos. Mestranda em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 3 Acadêmico em Agronomia – UFPel, Bolsista IC CNPq. Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 4 Eng. Agrônomo. Doutorando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 5 Eng. Agrônomo; Dr. em tecnologia de alimentos – UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 6 Eng. Agrônomo; Dr. Agronomia; Prof. Titular do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel; UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected]

Page 179: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

788

escurecimento do tipo não-enzimático conhecida como Reação de Maillard, tendo como causas o alto nível de açúcares redutores e aminoácidos, em condições adequadas à reação que resultam no surgimento de pigmentos de coloração marrom, conhecidas como melanoidinas (ALI; BHATTACHARYA, 1976), sendo a reação mais intensa em função da concentração de açúcares, da temperatura de encharcamento acima de 70 °C e do longo tempo de encharcamento (DILLAHUNTY; SIEBENMORGEN; MAUROMOUSTAKOS, 2001), tendo como conseqüência a absorção dos pigmentos pelo endosperma (AMATO et al., 1990).

O objetivo deste estudo foi avaliar a influência do processo de parboilização sobre os parâmetros de cor em grãos de arroz.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados grãos de arroz da classe longo fino, com alto teor de amilose, pertencentes à coleção de amostras do Laboratório de Pós-colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas.

A parboilização das amostras de arroz em casca foi realizada em escala piloto, segundo metodologia desenvolvida no próprio laboratório (ELIAS, 1998).

A operação de encharcamento foi realizada a temperatura de 60°C, durante 4 horas, enquanto que a autoclavagem foi realizada na pressão de 0,6 kgf.cm-2, durante 11minutos. Após estas operações, as amostras foram secadas em sistema estacionário, até atingirem 13% de umidade. As amostras de arroz foram descascadas e polidas em engenho de provas da marca Zaccaria, modelo PAZ-1-DTA.

A análise de cor foram realizadas em branquímetro Zaccaria MBZ-1º, que fornece os graus de brancura, transparência e polimento, utilizando escala própria e também realizado em colorímetro Minolta Chromameter (CR–300, Osaka, Japan), usando sistema CIEL*a*b*, onde os valores de luminosidade (L*) variam entre zero (preto) e 100 (branco), os valores das coordenadas de cromaticidade a* e b*, variam de: -a* (verde) até +a* (vermelho), e de: -b* (azul) até +b* (amarelo).

Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos, foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Tabelas 1 e 2 são apresentados os valores do perfil branquimétrico

(brancura, transparência e grau de polimento) e perfil colorimétrico (luminosidade, (a) vermelho e (b) amarelo), respectivamente, em grãos de arroz beneficiados pelo processo convencional e por parboilização.

TABELA 1. Perfil branquimétrico dos grãos de arroz beneficiado pelo processo convencional de arroz branco e pelo parboilizado.

Beneficiamento

Brancura (%)

Transparência (%)

Polimento (%)

Convencional 43,06 a 3,46 a 110,83 a

Parboilizado 21,6 b 1,91 b 9,40 b Parboilização: encharcamento (60ºC, 4h); autoclavagem (0,6kgf.cm-2, 11min). Médias aritméticas simples, de três repetições, seguidas por letras diferentes,na coluna, diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância;

Page 180: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

789

TABELA 2. Perfil colorimétrico dos grãos de arroz branco, beneficiados pelo processo convencional e por parboilização

Beneficiamento Luminosidade a (Vermelho) b (Amarelo)

Convencional 66,09 a -3,81 b 10,46 b

Parboilização 54,37 b -2,72 a 21,15 a Parboilização: encharcamento (60ºC, 4h); autoclavagem (110ºC, 0,6kgf.cm-2, 11min). Médias aritméticas simples, de três repetições, seguidas por letras diferentes, na coluna, diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância;

Observando-se os dados constantes das Tabelas 1 e 2 é possível verificar que o

processo de parboilização intensificou a coloração dos grãos. Este processo ocasionou diminuição significativa dos índices de brancura, transparência e polimento (Tabela 1). Também proporcionou diminuição do valor da luminosidade e aumentou o valor “a” e o valor “b” (Tabela 2).

A alteração do perfil branquimétrico observada no arroz parboilizado (Tabela 1) pode ser explicada através das características dos fenômenos de gelatinização e retrogradação do amido, típicos do processo de parboilização. Esses fenômenos permitem um rearranjo dessas moléculas, causando sua desestruturação, e com isso gerando uma massa homogênea que ao se resfriar perde água e apresenta forte interação entre as moléculas (SAGUM e ARCOT, 2000).

Os valores de luminosidade variam entre zero (preto) e 100 (branco), enquanto os valores das coordenadas de cromaticidade a e b, variam de -a (verde) até +a (vermelho), e de -b (azul) até +b (amarelo). Assim, quanto maior é o valor da luminosidade, no caso do arroz beneficiado pelo processo convencional, mais claro é o grão e quanto menor seu valor, no caso arroz beneficiado pelo processo de parboilização, mais escuro tende a ser o grão (Tabela 2). Esse fato também pode ser observado nas outras coordenadas, ou seja, o arroz parboilizado apresentou valores tendendo mais para o vermelho (a) e para o amarelo (b) que do que o arroz branco.

Muitas pesquisas com parboilização referem-se ao aumento da cor resultante desse processo (BHATTACHARYA, 1995 apud LV et al; ELBERT et al., 2001; aLAMBERTS et al., 2006; bLAMBERTS et al. 2008).

A intensificação da coloração do arroz parboilizado pode ser um problema na comercialização desse produto. Pelos hábitos do consumidor brasileiro há preferência pelos grãos de arroz mais claros (AMATO e ELIAS, 2005).

CONCLUSÃO O processo de parboilização intensifica a coloração dos grãos, alterando o perfil

branquimétrico e da luminosidade, com aumento das coordenadas de cromaticidade “a” e “b”, que tendem mais para o amarelo e vermelho, respectivamente.

AGRADECIMENTOS À CAPES, CNPQ, SCT-RS (Pólos Tecnológicos) e Zaccaria.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALI, S. Z.; BHATTACHARYA, K. R. Starch retrogradation and starch damage in parboiled rice and flaked rice. Starch/Stärke, Weinheim, v. 28, n. 2, p. 233-240, 1976.

50

51

Page 181: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

790

AMATO, G. W.; PINKOSKI, P. I.; OLIVERAS, L. Y.; PFINGSTAG, R.; GUNDANI, C. Cor na parboilização do arroz. Porto Alegre: CIENTEC, 1990. 39 p. (Boletim Técnico, 19).

AMATO, G.W; ELIAS, M.C. A parboilização do arroz. Porto Alegre Ricardo Lenz editor, 160p., 2005.

CASTRO, E. da M. de: VIEIRA, N.R. de A.; RABELO, R.R.; SILVA, S.A. da. Qualidade de grãos em arroz. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão(Embrapa Arroz e Feijão. Circular Técnica, 34). 30p., 1999.

DILLAHUNTY, A. L.; SIEBENMORGEN, T. J.; MAUROMOUSTAKOS, A. Effect of temperature, exposure duration, and moisture content on color and viscosity of rice. Cereal Chemistry, Saint Paul, v. 78, n. 5, p. 559-563, 2001.

ELBERT, G.; TOLABA, M.; SUAREZ, C. Effects of drying conditions on head rice yield and browning index of parboiled rice. Journal of Food Engineering, v. 47, p. 37–41, 2001.

ELIAS, M.C. Efeitos da espera para secagem e do tempo de armazenamento na qualidade das sementes e grãos do arroz irrigado. Pelotas, Tese (Doutorado) 164f. 1998.

HEINEMANN, R. J. B.; BEHRENS, J. H.; LANFER-MARQUEZ, U. M. A study on the acceptability and consumer attitude towards parboiled rice. International Journal of Food Science and Technology, Oxford, v. 41, n. 6, p. 627-634, 2006.

HEINEMANN, R. J. B.; FAGUNDES, P. L., PINTO, E. A., PENTEADO, U. M.; LANFER-MARQUEZ, U .M. Comparative study of nutrient composition of commercial brown, parboiled and milled rice from Brazil. Journal of Food Composition and Analysis, v.18, p. 287–296, 2005.

ITANI, T.; TAMAKI, M.; ARAI, E.; HORINO, T. Distribution of amylose, nitrogen, and minerals in rice kernels with various characters. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 50, p. 5326–5332, 2002.

JULIANO, B.O. Rice properties and processing. Food Reviews International, v. 1, p.432–445, 1985. aLAMBERTS, L.; DE BIE, E.; VANDEPUTTE, G. E.; VERAVERBEKE, W. S.; DERYCKE, V.; DE MAN, W. Effect of milling on colour and nutritional properties of rice. Food Chemistry, v. 100, p.1496–1503, 2007. bLAMBERTS, L.; ROMBOUTS, I.; BRIJS, K.; GEBRUERS, K.; DELCOUR, J. A. Impact of parboiling conditions on Maillard precursors and indicators in long-grain rice cultivars. Food Chemistry, v. 110, p.916–922, 2008.

PILLAIYAR, P.; MOHANDOSS, R. Hardness and color in parboiled rices produced at low and high temperatures. Journal of Food Science and Technology, v. 18, p. 7–9, 1981.

PROM-U-THAI, C.; GLAHN, R. P.;CHENG, Z. FUKAI, S.; RERKASEM, B.; HUANG, L. The bioavailability of iron fortified in whole grain parboiled rice. Food Chemistry, 112, p. 982-986, 2009.

SAGUM, R.; ARCOT, J. Effect of domestic processing methods on the starch, non-starch polysaccharides and in vitro starch and protein digestibility of three varieties of rice whith varying levels of amylose. Food Chemistry, Barking, v.70, n.1, p.107-111,2000.

VIEIRA, N. R. de. A. Qualidade de grãos e padrões de classificação de arroz. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 25, n. 222, p. 94-100, 2004.

96

Page 182: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

791

EFEITOS DA PRESSÃO NA AUTOCLAVAGEM SOBRE PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO TECNOLÓGICA DE QUALIDADE DE

ARROZ PARBOILIZADO Flávia Fernandes Paiva1; Alberto Bohn2; Bruna Bolacel Arns3; Giberto Arcanjo Fagundes4; Jarine Amaral do Evangelho5; Moacir Cardoso Elias6 Palavras-chave: Arroz, parboilização, gelatinização

INTRODUÇÃO O arroz (Oryza sativa L.) é um cereal de grande importância mundial, sendo um

alimento básico para cerca de 2,4 bilhões de pessoas. É a principal fonte de energia na dieta para pelo menos metade dessa população (HU et al., 2004).

Segundo dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), a produção mundial de arroz na safra de 2008 foi de 678 milhões de toneladas. O Brasil ocupa o nono lugar na produção de arroz no mundo, sendo o único país não Asiático a estar entre os dez maiores produtores (FAO, 2009). O Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional de arroz e representa 63% do total produzido no Brasil (IRGA, 2011).

A alimentação humana é constituída de carboidratos, proteínas, lipídios, minerais e vitaminas. As principais fontes de carboidratos são os grãos de cereais e, destes, o arroz destaca entre os mais nutritivos (IRGA, 2009).

O arroz é constituído principalmente por amido e apresenta quantidades menores de proteínas, lipídios, fibras e cinzas. Produto da cesta básica brasileira, o arroz responde por 12% das proteínas e 18% das calorias ingeridas pelos brasileiros (WALTER et al., 2007; IRGA, 2009).

O amido é formado por dois polímeros, cadeias de amilose e amilopectina. Esta é formada por unidades de glicopiranose unidas por ligações glicosídicas α-1,4 e α-1,6, formando uma estrutura ramificada. Já a amilose é formada por unidades de glicopiranose unidas por ligações glicosídicas α-1,4, originando uma cadeia predominantemente linear. Para muitos autores (KADLEC, 2001; ELIASSON, 2004; TESTER et al., 2004) a amilose é um polímero exclusivamente linear, porém, atualmente, alguns a têm considerado que pequenas partes de suas moléculas possuem ramificações como as cadeias de amilopectina.

A composição do grão e de suas frações está sujeita a diferenças decorrentes de variações ambientais, manejo, armazenamento e processamento, produzindo grãos com características nutricionais diferenciadas (WALTER et al., 2007).

Um tipo de processamento realizado no arroz é a parboilização que consiste em um tratamento hidrotérmico aplicado ao arroz em casca. É composto por três etapas: encharcamento (imersão), gelatinização e secagem (SOPONRONNARIT et al, 2006). Neste processo, as operações correspondentes às do beneficiamento convencional são precedidas pelo tratamento hidrotérmico (ELIAS et al., 2010).

No Brasil, o processo de parboilização tem evoluído muito, quintuplicando sua participação no mercado nacional nas duas últimas décadas, e isso se deve principalmente ao desenvolvimento de novas técnicas, melhorias nos equipamentos e ampliação do

1 Bacharel em Química de Alimentos. Doutoranda em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – UFPel. Rua Andrade Neves, 2364 – 301. CEP 96020080. Pelotas RS. E-mail: [email protected] 2 Acadêmico em Agronomia – UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 3 Eng. Agrônoma. Mestranda em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 4 Químico Industrial de Alimentos. Doutorando em Engenharia e Ciência de Alimentos – FURG, Rio Grande, RS. E-mail: [email protected] 5 Acadêmica em Nutrição – UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 6 Eng. Agrônomo; Dr. Agronomia; Prof. Titular do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel; UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected]

Page 183: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

792

conhecimento dos fatores atuantes no processo. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Arroz Parboilizado (ABIAP), 23% do consumo de arroz do Brasil é do cereal que passa por parboilização (DORS et al., 2009).

Durante o processo de parboilização do arroz ocorrem modificações nas características físico-químicas dos grãos começando com a gelatinização do amido (KADDUS MIAH, 2002). Este processo altera a forma do amido de cristalina para amorfa, tornando possível a obtenção de grãos mais firmes, translúcidos, duráveis e resistentes a quebras do que os brancos (DORS et al., 2009).

O processo de parboilização proporciona aumento do valor nutricional, minimiza as quebras durante o beneficiamento, proporciona aumento do tempo de armazenamento e resistência à deterioração por insetos e mofos (ELBERT et al., 2001).

Este trabalho objetivou avaliar a influência da pressão de autoclavagem sobre os parâmetros tecnológicos em arroz parboilizado.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados grãos de arroz da classe longo fino, com alto teor de amilose, pertencentes à coleção de amostras do Laboratório de Pós-colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas.

A parboilização das amostras de arroz em casca foi realizada em escala piloto, segundo metodologia desenvolvida no próprio laboratório (ELIAS, 1998).

A operação de encharcamento foi realizada a temperatura de 60°C, durante 4 horas, enquanto que as autoclavagens foram realizadas nas pressões de 0,3; 0,6; 0,9 e 1,2 Kgf.cm-2, durante 11minutos. Após estas operações, as amostras foram secadas em sistema estacionário, até atingirem 13% de umidade. As amostras de arroz foram descascadas e polidas em engenho de provas da marca Zaccaria, modelo PAZ-1-DTA.

As análises de peso volumétrico dos grãos em casca e o peso de mil grãos de arroz polido foram realizadas segundo Brasil, 2009, e o grau de gelatinização realizado segundo Amato et. al., 1991.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos, foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 apresenta os valores do peso volumétrico de arroz em casca, grau de

gelatinização e peso de mil grãos de arroz polido, beneficiados pelo processo de parboilização em diferentes pressões no tempo de 11 minutos de autoclavagem. TABELA 1. Peso volumétrico (g.L-1) de grãos de arroz em casca, grau de gelatinização (% de grãos com gelatinização em mais da metade) e peso de mil grãos (g) em grãos de arroz parboilizado polido submetidos a diferentes pressões de autoclavagem durante 11 minutos no processo de parboilização com encharcamento a 60ºC por 4 horas

Tratamento (kgf.cm-2)

Peso volumétrico (g.L-1)

Grau de Gelatinização (%)

Peso de mil grãos (g)

0,3 432,03a 20,0d 20,14a 0,6 397,38b 36,7c 20,25a 0,9 375,44c 50,0b 20,13a 1,2 365,30d 63,3a 20,26a

Médias aritméticas simples, de três repetições. Valores ajustados para grãos umidade em 13%, seguidas por letras diferentes minúsculas na mesma coluna, diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância;

Observando-se os dados do peso volumétrico da Tabela 1 é possível verificar que o aumento da pressão de autoclavagem proporcionou uma diminuição significativa do peso volumétrico dos grãos em casca, expressos em (g.L-1), cujos valores numéricos

60

Page 184: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

793

correspondem ao peso do hectolitro, uma medida bastante utilizada em engenharia no beneficiamento industrial e na avaliação de qualidade dos grãos.

Um dos motivos dessa diminuição do peso volumétrico decorre do fato de que o processo de parboilização proporciona uma diminuição da aderência dos grãos à sua casca, assim à medida que aumentou a intensidade da pressão no processo, diminuiu a aderência da casca e com isso mais ar ocupou seu espaço interno. Outro provável motivo da diminuição significativa do peso volumétrico, com o aumento da pressão, ocorreu porque a autoclavagem realizada em pressões maiores (a partir da 0,9 kgf.cm-2) houve abertura da casca devida ao aumento do grau de gelatinização do amido, havendo com isso extravasamento do material da cariopse e os grãos se aderiram uns aos outros (formando grumos), aumentando os espaços vazio onde foi realizado esse teste, conseqüentemente, diminuindo o seu peso volumétrico.

Observando-se o grau de gelatinização na Tabela 1 é possível verificar que o aumento da pressão de autoclavagem proporcionou um incremento de grãos com mais de 50% gelatinizados, diferenciando estatisticamente. O grau de gelatinização está relacionado com a retenção de nutrientes hidrossolúveis no arroz parboilizado (AMATO e ELIAS, 2005; ELIAS et al., 2009).

Já o peso de mil grãos (Tabela 1) não foi alterado pelo aumento da pressão de autoclavagem. Perdas no peso de mil grãos, que corresponde ao peso específico, podem representar perdas importantes para a indústria do setor (MENEGHETTI et al., 2005).

CONCLUSÃO O aumento da pressão de autoclavagem, para as amostras autoclavadas durante 11

minutos, promove um incremento no grau de gelatinização dos grãos, bem como a redução do peso volumétrico dos grãos em casca, entretando não há diferenças de massa quando os grãos são beneficiados, conforme pode ser observado na avaliação do peso de mil grãos.

AGRADECIMENTOS À CAPES, CNPQ, SCT-RS (Pólos Tecnológicos) e Zaccaria

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIAP – Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado. Disponível em: <http://www.abiap.com.br > Acesso em junho de 2009.

AMATO, G.W; ELIAS, M.C. A parboilização do arroz. Porto Alegre Ricardo Lenz editor, 160p., 2005.

DORS, G.C; PINTO, R.H, BADIALE-FURLONG, E. Influência das condições de parboilização na composição química do arroz. Ciência Tecnologia de Alimentos, Campinas, 29(1): 219-224, jan.-mar, 2009.

ELBERT, G.; TOLABA, M.; SUAREZ, C. Effects of drying conditions on head rice yield and browning index of parboiled rice. Journal of Food Engineering, v. 47, p. 37–41, 2001.

ELIAS, M.C. Efeitos da espera para secagem e do tempo de armazenamento na qualidade das sementes e grãos do arroz irrigado. Pelotas, Tese (Doutorado) 164f. 1998.

ELIAS, M.C.; SCHIAVON, R. A.de.; OLIVEIRA, M. de. Aspectos científicos e operacionais na industrialização de arroz. Qualidade de Arroz na Colheita: Ciência, Tecnologia e Normas. Pelotas: Ed. Santa Cruz, 2010. 543p.

ELIAS, M.C.; RUTZ, D.; OLIVEIRA, M. de.; AMATO, G.W.; DIAS, A.R.G.; SCHIRMER, M.A. Grau de gelatinização e seus efeitos sobre parâmetros de avaliação nutricional e sensorial em arroz parboilizado. IN: VI Congresso Brasileiro arroz Irrigado. Porto Alegre/RS. 2009.

62

96

Page 185: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

794

ELIASSON, A.C. Starch in food - Structure, function and applications. New York: Boca Raton, CRC, 2004. 605p.

FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations.

HU, P., ZHAO, H., DUAN, Z., LINLIN, Z., WU, D. Starch digestibly and the estimated glycemic score of different types of Rice differing in amylose contents. Journal of Cereal Science. V.40, p.231-237, 2004.

IRGA – Instituto Riograndense do Arroz. Disponível em :http:<//200.96.107.174/coma-arroz/paginas/artigos_lista.php> Acesso em: Arroz: Um Alimento Nobre e Saudável, 2009.

IRGA – Instituto Riograndense do Arroz. Disponível em: http<://www.irga.rs.gov.br> Acesso 2011.

KADDUS MIAH, M. A. Parboiling of rice. Part II: effect of hot soaking time on the degree of starch gelatinization. International Journal of Food Science and Technology, v. 37, p. 539–545, 2002.

KADLEC, P. Carbohydrates in grain and legume seeds: Improving Nutritional Quality and Agronomic Characteristics. Ed. Hedley C.L. CABI Publishing, division of CAB International, Wallingford, Oxon, UK, pp.15-59, 2001.

MENEGHETTI, V.L.; OLIVEIRA, M. MARTINS, I.G.; OLIVEIRA, L.C.; FAGUNDES, C.A.; ELIAS,E.C. Drasticidade de polimento em parâmetros de desempenho industrial de grãos de arroz branco. In: Anais do II Simpósio Sul Brasileiro de Qualidade de Arroz: Qualidade de arroz na Pós-Colheita. Pelotas, p.623-628, 2005.

SOPONRONNARIT, S.; NATHAKARANAKULE, A.; IRAJINDALERT, A.; TAECHAPAIRO, C. Parboiling brown rice using super heated steam fluidization technique. Journal of Food Engineering, v.75, p.423–432, 2006.

TESTER, R.F. et al. Starch - composition, fine structure and architecture. Journal of Cereal Science, v.39, p.151-165, 2004.

WALTER, M; MARCHEZAN, E.; AVILA, L.A. Arroz: composição e características nutricionais. Ciência e Tecnologia de Alimentos. 2007.

Page 186: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

795

EFEITOS DA PARBOILIZAÇÃO SOBRE O PERFIL LIPÍDICO DE GRÃOS DE ARROZ

Flávia Fernandes Paiva1; Daniel Rutz2; Joaquim da Silva Franck3; Rafael de Almeida Schiavon4; Alvaro Renato Guerra Dias5; Moacir Cardoso Elias6

Palavras-chave: Arroz, parboilização, ácido graxos, cromatografia líquida

INTRODUÇÃO O arroz é o segundo cereal mais produzido no mundo, e está presente na mesa

de dois terços da população mundial, em diferentes formas de processamento. A FAO recomenda o uso de arroz parboilizado em substituição ao branco, visto que este preserva seus constituintes naturais (FAO, 2010), destacando o aumento do valor nutricional além de proporcionar aumento no tempo de armazenamento.

O Brasil é o maior produtor ocidental de arroz, e seus expressivos aumentos do consumo de arroz parboilizado, que superam a marca de 25% (ELIAS, 2007; BEHRENS et al., 2007), tem contribuído para a acrescente busca por conhecimentos sobre seu processo.

O tratamento hidrotérmico na parboilização do arroz é realizado através do encharcamento, autoclavagem e secagem dos grãos (LAMBERTS at al., 2009). Durante o processo, há reestruturação dos grãos e migração de nutrientes do gérmen e das camadas periféricas para o interior da cariopse (AMATO e ELIAS, 2005), que contribuem para o aumento do valor nutricional, da vida de prateleira, e do rendimento industrial, quando comparado ao arroz branco.

O óleo do grão de arroz é obtido através do polimento do grão, sendo constituído por cerca de 68 a 71% de triacilgliceróis, 2 a 3% de digliceróis, 5 a 6% de monogliceróis e 2 a 3% de ácidos graxos livres, apresenta frações variáveis de glicolipídios (5 a 7%), fosfolipídios (7 a 9%), ceras (2 a 3%) e lipídeos insaponificáveis (aproximadamente 4%), segundo Pestana et al. (2008). Na fração insaponificável encontram-se esteróis, tocoferóis, tocotrienóis, álcoois triterpênicos (ORTHOEFER, 1996), compostos esses que apresentam atividade antioxidante.

As indústrias têm utilizado intensidades distintas na operação de polimento nos processos de beneficiamento convencional e por parboilização, removendo cerca de 7 a 11% da cariopse ao produzirem arroz branco (MONKS et al., 2010; ELIAS et al., 2010) e de 4 a 11% no arroz parboilizado (ELIAS et al., 2010)

Entre outros óleos, o de arroz se destaca por conter predominantemente ácidos graxos insaturados. Esse óleo possui cerca de 80% de ácidos graxos insaturados, como os ômegas ω-9 e ω-6 (oléico e linoléico, respectivamente), 1 a 2% do ácido graxo α-linolênico, ômega três (ω-3), e aproximadamente 18% de ácidos graxos saturados, com predomínio do palmítico e esteárico (GONÇALVES, 2007; FAGUNDES, 2010).

Os benefícios associados ao óleo de arroz são devidos não somente à sua composição triacilglicerídica adequada como também à fração insaponificável do óleo (PAUCAR-MENACHO et al., 2007).

Objetivou-se avaliar a influência do processo de parboilização no perfil de ácidos graxos do óleo de arroz convencional integral e parboilizado integral.

1 Bacharel em Química de Alimentos. Doutoranda em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – UFPel. Rua Andrade Neves, 2364 – 301. CEP 96020080. Pelotas RS. E-mail: [email protected] 2 Eng. Agrônomo. Mestrando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 3 Acadêmico em Eng. Agrícola – UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 4 Eng. Agrônomo. Doutorando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 5 Eng. Agrônomo; Dr. em tecnologia de alimentos; Prof. Titular do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel; UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 6 Eng. Agrônomo; Dr. Agronomia; Prof. Titular do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel; UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected]

Page 187: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

796

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados grãos de arroz da classe longo fino, com alto teor de amilose,

pertencentes à coleção de amostras do Laboratório de Pós-colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas.

A parboilização das amostras de arroz em casca foi realizada em escala piloto, segundo metodologia desenvolvida no próprio laboratório (ELIAS, 1998).

A operação de encharcamento foi realizada a temperatura de 60°C, durante 4 horas, enquanto que a autoclavagem foi realizada na pressão de 0,6 kgf.cm-2, durante 11minutos. Após estas operações, as amostras foram secadas em sistema estacionário, até atingirem 13% de umidade. As amostras de arroz foram descascadas em engenho de provas da marca Zaccaria, modelo PAZ-1-DTA.

Os óleos obtidos das farinhas de arroz integrais, pelo método de extração contínua em aparelho Soxhlet foram submetidos à derivatização dos ácidos graxos, por transesterificação com BF3/Metanol. Os ésteres metílicos resultantes da derivatização foram analisados em cromatógrafo gasoso com detector de ionização com chama (GC/FID modelo Shimadzu GC 2010), equipado com uma coluna capilar de sílica fundida DB-5 (metil silicone com 5% de grupos fenila, com 30m de comprimento, 0,25mm de espessura e revestida com filme de 0,25µm) na seguinte programação de temperatura: 180ºC (0min) – 1ºC/min-1 – 210ºC – 10ºC/min-1 – 280ºC (10min) e nas seguintes condições: temperatura da coluna = 180°C, temperatura do detector = 280°C e temperatura do injetor = 280°C, split 1:50. A identificação dos ésteres metílicos foi por comparação com o tempo de retenção dos padrões cromatográficos dos ésteres metílicos dos ácidos graxos. Os ésteres metílicos foram diluídos em 5mL com hexano, sendo posteriormente retirada uma alíquota de 0,5mL e diluído novamente em 2mL, sendo injetados 0,5µL de cada solução hexânica.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos, foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura 1 apresenta os cromatogramas dos ésteres metílicos dos ácidos graxos

do óleo de arroz convencional integral (a) e do arroz parboilizado integral (b). Já na Tabela 1 estão expostas as concentrações dos ácidos graxos do óleo de arroz branco polido e parboilizado.

Figura 1. Cromatograma do GC/FID dos ésteres metílicos dos ácidos graxos do óleo de arroz convencional integral (a) e dos ácidos graxos do óleo de arroz parboilizado integral (b)

Parboilizado Integral Convencional Integral

56

a b

Page 188: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

797

Observando-se os cromatogramas dos ésteres metílicos, dos ácidos graxos do

óleo de arroz convencional integral e do arroz parboilizado integral (Figura 1 e 2, respectivamente), juntamente com a observação da Tabela 1, que apresenta as concentrações de cada éster metílico, dos ácidos graxos calculados em relação à área do seu pico correspondente (Tabela 1), é possível verificar que os cromatogramas apresentam perfis análogos e uniformes, ou seja, não exibem diferenças qualitativas e nem quantitativas.

Fagundes (2010) e Gonçalves (2007) também observaram esse mesmo comportamento para perfil cromatográfico dos ésteres metílicos, dos ácidos graxos extraídos dos óleos de arroz branco e parboilizado, ambos utilizando colunas capilares de sílica fundida DB-5.

Conforme observação dos dados da Tabela 1 é possível constatar que no óleo de arroz predominam o ácidos graxos insaturados oléico (cerca de 40%) e linoléico (cerca de 32%), e o saturado palmítico (cerca de 20%). O óleo de arroz deve apresentar esses três ácidos graxos como os principais, na proporção de 40-50% do ácido oléico, 29-42% do ácido linoléico e de 12-18% do ácido palmítico, segundo o regulamento de identidade e qualidade de óleos vegetais (ANVISA, 1999).

TABELA 1. Concentração (%) dos ácidos graxos presentes no óleo do arroz convencional integral e parboilizado integral.

Éster metílico do ácido

Beneficiamento

Convencional Integral Parboilizado Integral

Mirístico 0,13 a 0,12 a

Palmítico 21,18 a 20,46 a

Palmitoléico* 0,11 a 0,11 a

Esteárico 1,39 a 1,38 a

Oléico 40,39 a 40,22 a

Linoléico 32,49 a 33,66 a

Linolénico 1,39 a 1,49 a

Araquidico 0,54 a 0,56 a

Behênico 0,28 a 0,24 a

Lignocérico 0,54 a 0,44 a

Não identificado** 1,56 a 1,32 a * Ácido graxo identificado por comparação na literatura. **A. G. não identificado por falta do seu padrão correspondente. Parboilização: encharcamento (60ºC, 4h); autoclavagem (0,6kgf;cm-2, 11min). Médias aritméticas simples, de três repetições, seguidas por letras diferentes, na linha, diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Observando-se os cromatogramas dos ésteres metílicos, dos ácidos graxos do óleo de arroz convencional integral e do arroz parboilizado integral (Figura 1 e 2, respectivamente), juntamente com a observação da Tabela 1, que apresenta as concentrações de cada éster metílico, dos ácidos graxos calculados em relação à área do seu pico correspondente (Tabela 1), é possível verificar que os cromatogramas apresentam perfis análogos e uniformes, ou seja, não exibem diferenças qualitativas e nem quantitativas.

57

Page 189: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

798

Fagundes (2010) e Gonçalves (2007) também observaram esse mesmo comportamento para perfil cromatográfico dos ésteres metílicos, dos ácidos graxos extraídos dos óleos de arroz branco e parboilizado, ambos utilizando colunas capilares de sílica fundida DB-5.

CONCLUSÃO

O processo de parboilização do arroz não provocou alterações significativas no perfil de ácido graxos do óleo.

AGRADECIMENTOS À CAPES, CNPQ, SCT-RS (Pólos Tecnológicos) e Zaccaria.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMATO, G.W.; ELIAS, M.C. A parboilização do arroz. Porto Alegre/RS, Editora Ricardo Lenz, 160p, 2005.

ANVISA. Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de óleos e gorduras vegetais. Anexo 3. Resolução n. 482, de 23 de setembro de 1999. Disponível em: <http:// www.anvisa.gov.br-legis-resol-482_99.htm> Acesso em janeiro de 2011.

BEHRENS, J.H. et al. (2007) Parboiled rice: a study about attidude, consumer liking and consumption in São Paulo. Journal of the Science of Food and Agr. 87, 992-999.

ELIAS, M.C. Efeitos da espera para secagem e do tempo de armazenamento na qualidade das sementes e grãos do arroz irrigado. Pelotas, Tese (Doutorado) 164f. 1998.

ELIAS, M.C. (2007) Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. Pelotas, RS, UFPel.

ELIAS, M.C.; SCHIAVON, R. A.de.; OLIVEIRA, M. de. Aspectos científicos e operacionais na industrialização de arroz. Qualidade de Arroz na Colheita: Ciência, Tecnologia e Normas. Pelotas: Ed. Santa Cruz, 2010. 543p

FAGUNDES, G.A. Efeitos do tempo de encharcamento sobre parâmetros de avaliação tecnológica e nutricional de arroz parboilizado. Pelotas, UFPel. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, 77 p, 2010.

FAO (2010) Food and Agriculture Organization of the United Nations. http://www.fao.org

GONÇALVES, P.R. Influência da temperatura da água na operação de encharcamento sobre a fração lipídica do arroz parboilizado. Pelotas, UFPel. Tese (Doutorado) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, 74 p, 2007.ORTHOEFER, F. T. Rice bran oil: Healthy lipid source. Food Technology, v. 50, n.12, p. 62-64, 1996.

LAMBERTS, L. et al. Presence of Amylose Crystallites in Parboiled Rice. Journal of Agricultural and ood Chemisrtry 57 (8), 3210-3216, 2009.

MONKS, J.L.F. Efeitos da intensidade do polimento sobre parâmetros de avaliação tecnológica e bioquímica, perfil lipídico e conteúdo de ácido fólico em grãos de arroz. 115p. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2010.

PAUCAR-MENACHO, L.M; SILVA, L.H.;SANT’ANA, A. S.; GONÇALVES, L. A. G. Refino de óleo de farelo de arroz (Oryza sativa L.) em condições brandas para preservação do γ-orizanol. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.27, n.1, p. 45-53, 2007.

PESTANA, V.R; MENDONÇA, C.R.B; ZAMBIAZI, R.C. Farelo de arroz: Características, benefícios à saúde e aplicações. Boletim CEPPA, Curitiba v. 26, n. 1, jan./jun. 2008.

96

101

Page 190: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

799

EFEITOS DO TEMPO DE AUTOCLAVAGEM SOBRE A ACEITABILIDADE DO ARROZ PARBOILIZADO

Flávia Fernandes Paiva1; Joana Maria Leite de Souza2; Bruna Bolacel Arns3; Joaquim da Silva Franck4; Márcia Arocha Gularte5; Moacir Cardoso Elias6

Palavras-chave: Aceitação, Arroz, Parboilização

INTRODUÇÂO

O arroz (Oryza sativa) é o terceiro cereal mais produzido e consumo ficando atrás apenas do trigo e do milho. Faz parte da dieta básica de aproximadamente 50% da população mundial, podendo ser considerado o mais importante para alimentação humana, pois dentre essas três culturas o arroz é a única consumida diretamente por grande parte da população mundial, enquanto que o trigo e o milho são processados pela indústria ou são utilizados na alimentação animal (WALTER, 2010).

No mundo cerca de 20% das calorias dos alimentos são fornecidas por meio da alimentação de arroz (IRRI, 2011). No Brasil o consumo de arroz diário é próximo a 108g per capita (KENNY, 2001).

Um dos fatores que mais influencia a preferência do consumidor de arroz decorre do seu conteúdo de amilose. O seu conteúdo no grão permite classificá-lo quanto ao teor de amilose em ceroso (1-2% amilose), muito baixo teor (2-12%), baixo teor (12-20%), intermediário (20-25%) e alto teor (25-33%). O conteúdo de amilose influencia diretamente o volume de expansão e de absorção de água durante o cozimento, assim como a dureza e a brancura do arroz cozido. Teores maiores de amilose proporcionam grãos mais soltos após seu cozimento (COFFMAN e JULIANO, 1987; JULIANO, 2009). Grãos com altos teores de amilose têm disposição à maior retrogradação do amido (HOUSTON, 1972).

Nas condições brasileiras, o arroz é consumido, principalmente, na forma de grãos inteiros beneficiados nos subgrupos polidos (branco), parboilizado e integral, nesta ordem (CASTRO et al.,1999).

No Brasil, o processo de parboilização tem evoluído muito, quintuplicando sua participação no mercado nacional nas duas últimas décadas, e isso se deve principalmente ao desenvolvimento de novas técnicas, melhorias nos equipamentos e ampliação do conhecimento dos fatores atuantes no processo (DORS et al., 2009).

Uma forma de aumentar o valor nutritivo do arroz é por meio da parboilização, que além de aprimorar algumas qualidades tecnológicas do grão, também possibilita um incremento do valor nutricional em comparação com o arroz branco, sobretudo no conteúdo mineral, no amido digestível e nas frações de fibra alimentar (BRUM et al., 2007).

Os aspectos ligados à qualidade de grãos em arroz são mais amplos e complexos que aqueles considerados em outros cereais. As características determinantes da qualidade de grão em arroz refletem-se diretamente no valor de mercado e na aceitação do produto pelo consumidor. Entretanto, a definição dessa qualidade torna-se complexa em função de tradições e costumes regionais e locais e, o que muitas vezes

                                                                                                                         1 Bacharel em Química de Alimentos. Doutoranda em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – UFPel. Rua Andrade Neves, 2364 – 301. CEP 96020080. Pelotas RS. E-mail: [email protected] 2Engenheira Agrônoma. Pesquisadora Embrapa- Acre. Doutoranda em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – UFPel. E-mail: [email protected] 3 Engenheira Agrônoma. Mestranda em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – UFPel. E-mail: [email protected] 4 Acadêmico em Eng. Agrícola – UFPel, Bolsista IC CNPq. Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 5 Cientísta Doméstica; Profª Departamento de Ciência dos Alimentos, Laboratório de Análise Sensorial de Alimentos, UFPel. E-mail: [email protected] 6 Eng. Agrônomo; Dr. Agronomia; Prof. Titular do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel; UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected]

25

Page 191: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

800

representa um produto de boa qualidade para um grupo de consumidores, pode ser totalmente inaceitável para outro. No Brasil o consumo de arroz se dá principalmente na forma de grãos inteiros, em três tipos de produto: arroz beneficiado polido, arroz parboilizado e arroz integral (CASTRO et al., 1999).

Segundo Amato (2005) os fatores externos aos alimentos têm sua percepção mais clara por parte dos consumidores, sendo representados, basicamente, pelas características sensoriais percebidas pelos sentidos humanos. Destaca-se o aspecto que através do sentido da visão ocorre a percepção de atributos como cor, a forma e o tamanho. O aspecto é o fator que mais atemoriza os comerciantes de arroz parboilizado, principalmente nos locais onde o referencial é o arroz branco, sendo grande o esforço para a troca de paradigma.

Objetivou-se avaliar efeitos do tempo do processo de parboilização sobre a preferência e aceitação dos grãos de arroz frente ao consumidor. Os grãos de arroz foram parboilizados a pressão de 0,6kgf.cm2 variando o tempo do processo (6, 11 e 16 minutos).

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram utilizadas amostras de arroz, da classe de grão longo fino, procedentes da região sul do Rio Grande do Sul, produzidas em sistema de cultivo irrigado. As amostras de arroz foram parboilizadas utilizando um tempo de 4h15min na etapa de encharcamento, em água a 60ºC e autoclavadas na pressão de 0,6 kgf.cm-2, durante 6, 11 e 16 minutos a uma temperatura de 110ºC ± 2ºC, constando de três repetições para cada tratamento e secas em secador estacionário.

As amostras correspondentes a cada tempo utilizado (6, 11 e 16 minutos), foram preparadas em embalagens plásticas, com as mesmas especificações dos pacotes de arroz utilizados comercialmente, contendo cada um 200 gramas de amostras. Estes foram codificadas com números de três algarismos arábicos aleatórios e colocadas para análise sensorial visual pelos julgadores.

O teste foi aplicado no município de Capão do Leão, RS, onde contou com a participação de 80 consumidores entre membros da comunidade acadêmica do Campus da Universidade Federal de Pelotas e de fora dela, abrangeu pessoas de diferentes graus de escolaridade, renda familiar, sexo, faixa etária e município de origem. Os questionários continham uma parte referente aos dados socioeconômicos, outra para o teste de preferência e outro para o de aceitabilidade.

Para avaliação de preferência, os consumidores ordenaram conforme suas preferências entre as 3 amostras e para avaliação de aceitabilidade para cada amostra optaram pela intenção de compra.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos, foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Entre os entrevistados, 53% eram homens que possuíam renda familiar de 3 a 5

salários mínimos. Em torno de 75% nasceram no estado do Rio Grande do Sul, havendo representantes de todas as regiões do estado. Sendo que 51% dos participantes possuíam segundo grau completo. Na Figura 1 são apresentados os dados do teste de preferência, onde consta o percentual referente a ordem de escolha para cada amostra.

Page 192: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

801

Figura 1 – Efeito do tempo de autoclavagem sobre a preferência do consumidor quanto ao arroz parboilizado.

É possível verificar através da Figura 1 que os julgadores tiveram preferência pela amostra 0,6 kgf.cm-2 com 11min-1 de autoclavagem, sendo que este binômio é o mais próximo ao utilizados nas indústrias de parboilização. Já a Figura 2 apresenta os dados do teste de aceitação, onde os consumidores escolhiam entre a opção ‘sim’ compraria ou ‘não’ compraria as amostras dos diferentes tempos de autoclavagem.

Figura 2 – Efeito do tempo de autoclavagem sobre a aceitação do consumidor quanto ao arroz parboilizado

Pode-se observar na Figura 2 que as amostra 0,6 Kgf.cm-2 11min-1 obteve mais de 70% de aceitação pelos consumidores, sendo que o índice de aceitabilidade de um determinado alimento, para ser considerado como aceito deve ser superior a 70%, levando em consideração suas características sensoriais de qualidade em uma percepção global (GULARTE, 2009). Observando conjuntamente as Figuras 1 e 2 é possível verificar que para a pressão de autoclavagem utilizada no estudo, 0,6 Kgf.cm-2 , a amostra autoclavada durante 11 minutos obteve a preferência dos julgadores e também maior aceitação em relação aos demais tempos utilizados.

As amostras com percentual abaixo do recomendado demonstram a rejeição que se deve ao fato dos tratamentos ou perderam a qualidade como arroz parboilizado ou intensificar a coloração dos grãos, o que causa essa reação nos consumidores já que segundo Amato et al. (2002) a preferência do consumidor é por um arroz mais claro, próxima a do arroz branco.

CONCLUSÃO

O tempo de autoclavagem interferiu na aceitabilidade do arroz parboilizado, havendo rejeição por parte dos consumidores devido a intensificação da cor dos grãos das amostras com autoclavagem por 16 minutos.

AGRADECIMENTOS

À CAPES, CNPQ, SCT-RS (Pólos Tecnológicos) e Zaccaria.

Page 193: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

802

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMATO, G. W. Arroz parboilizado: tecnologia limpa, produto nobre/ Gilberto Wageck, José Luiz Viana de Carvalho, Sisino Silveira Filho. – Porto Alegre: Ricardo Lenz, 2002.

AMATO, G.W. Parboilização e qualidade do arroz. IN: ELIAS, M.C e LORINI, I. In:II Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade Arroz. Pelotas Abrapós/UFPEL. p.349-364. 2005.

BRUM, F.B; ALVES, B.M ; GOLOMBIESKI, J. I. ; SILVA, L.P. da ; Fagundes, C.A . Composição nutricional em grãos de arroz polido e parboilizado. In: V Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, Pelotas. p. 517-519. 2007.

CASTRO, E. da M. de: VIEIRA, N.R. de A.; RABELO, R.R.; SILVA, S.A. da. Qualidade de grãos em arroz. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1999. 30p. (Embrapa Arroz e Feijão. Circular Técnica, 34).

COFFMAN, W.R.; JULIANO, B.O. Rice. In: Olson, R.A.; Frey, K.J. Nutritional quality of cereal grains: Genetic and agronomic improvement. Madison: American Society of Agronomy, 1987. P. 101-131. cap.5.

DORS, G.C; PINTO, R.H, BADIALE-FURLONG, E. Influência das condições de parboilização na composição química do arroz. Ciência Tecnologia de Alimentos, Campinas, 29(1): 219-224, jan.-mar, 2009.

GULARTE, M. A. Manual de Análise Sensorial de Alimentos. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária PREC - UFPel, 2009. p.109.

HOUSTON, D.F. Rice chemistry and technology. Saint Paul, Minnesota, A.A.C.C., 517p., 1972.

INTERNATIONAL RICE RESEARCH INSTITUTE (IRRI). Rice supply/utilization balances, by country and geographical region, selected years. Table 17. http://www.irri.org/science/ricestat/pdfs/Table%2017.pdf. 2011.

JULIANO, B.O. Rice in Human Nutrition. FAO, Rome. Disponível em: <http://www.fao.org/inpho/content/documents//vlibrary/t0567e/t0567e00.htm> Acesso em janeiro de 2011.

KENNY G.. Nutrient impact assessment of rice in major rice consuming countries. FAO-ESNA Consultancy Report. Disponível em: http://www.fao.org/docrep/006/y4751e/y4751e02.htm. Acesso janeiro de 2011.

WALTER, L. C. Simulação do rendimento de grãos de arroz irrigado em cenário de mudanças climáticas. Dissertação. – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 68p., 2010.

99

Page 194: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

803

RISCOS E MEDIDAS DE CONTROLE DE ACIDENTE DE TRABALHO EM ESPAÇOS CONFINADOS NAS INDÚSTRIAS

ARROZEIRAS DO RS Maurício de Oliveira1; Luiz Fernando van der Laan2; Ricardo Tadeu Paraginski3; Nathan Levien Vanier4; Ricardo Scherer Pohndorf 5 Moacir Cardoso Elias6

Palavras-chave: espaço confinado, indústrias de arroz, pós-colheita de arroz.

INTRODUÇÃO Em uma unidade que recebe, armazena, beneficia e transporta arroz, há riscos de

acidentes de trabalho em todas as fases do processo que inicia com o descarregamento dos grãos na moega, onde há procução de poeira entre outros riscos, e vai até o carregamento e transporte na expedição do produto. Durante estas diversas etapas na pós-colheita, principalmente em se tratando de arroz, há uma grande geração de poeira, que se não houver um bom sistema de captação poderá ficar em suspensão, propiciando riscos de incêndios e explosões, ainda mais se estas poeiras estiverem em locais confinados, que maximiza os danos se comparados aos de superfície, devido a pressão aumentada podendo destruir instalações e construções.

Nestas unidades arrozeiras existem muitos espaços confinados que são caracterízados por terem entradas e saídas limitadas, por não serem projetados para ocupação continua de trabalhadores entre outros riscos como de encubrimento, térmico, construtívos, pouca ventilação, deficiência de oxigênio e desenvolvimento de gases tóxicos pela fermentação dos grãos de arroz ou seus restos (ELIAS; OLIVEIRA; SCHIAVON, 2010).

Os silos e os armazéns são construções indispensáveis para o armazenamento dos grãos e afetam decisivamente seu preço e sua qualidade. Contudo, por suas dimensões e sua complexidade, podem ser fonte de vários e graves acidentes de trabalho. Os silos por serem locais fechados, enclausurados, perigosos e traiçoeiros, são conhecidos como espaços confinados e são objeto da NR33 – Espaços Confinados, da NBR 14.787 da ABNT e de alguns itens da NR18 (CEFETRJ, 2011).

O patrimônio agroindustrial é um bem inestimável para o trabalhador, pois dele depende o seu sustento e de sua família, sua eficiência, competitividade e segurança. Portanto, zelar por ele, estar vigilante e atento, antes de ser uma necessidade, é uma obrigação de todo trabalhador.

Os espaços confinados, exigem uma série de procedimentos que devem ser previstos pelo empregador para a entrada de trabalhadores em condições seguras, inclusive com treinamento adequado (VAN DER LAAN, 2010). De acordo com a NR 33 devem ser tomadas medidas técnicas de prevenção antes da entrada para a execução de qualquer serviço, como determinar o porcentual de oxigênio (O2) existente no local e avaliar a concentração dos contaminantes que possam estar presentes. Medidas simples e importantes que muitas vezes são esquecidas ou ingnoradas e somente lembradas assim que acontecem acidentes graves.

1 Engenheiro Agrônomo Doutor em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, DCTA-FAEM-UFPel. E-mail: [email protected] 2 Engenheiro Agrícola e Civil Doutor em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, DTGC - IFM - UFPel, [email protected] 3 Acadêmico de Agronomia, DCTA –FAEM-UFPEL. 4 Eng. Agrônomo, Mestrando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, DCTA-FAEM-UFPel. 5 Eng. Agrícola, Mestrando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, DCTA-FAEM-UFPel.. 6 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Prof. Titular do DCTA – FAEM – UFPel. [email protected] * Universidade Federal de Pelotas – UFPel, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel – FAEM, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial – DCTA, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos. Campus Universitário Capão do Leão, s/n. Caixa Postal: 354, Capão do Leão – RS, CEP: 96010-900.

Page 195: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

804

Pela preocupação com atividades nos espaços confinados, foi estabelecida uma norma específica para a regulamentação do trabalho nesses ambientes. Na NBR 14787, que trata do assunto, a iminência de explosões, sufocamentos e liberação de gases tóxicos em agroindústrias é foco de medidas desenvolvidas para minimizar e, se possível, reduzir a zero o risco de sinistro do tipo (SÁ, 2007).

Este trabalho objetivou verificar a existência dos riscos, medidas de controle e requisitos mínimos que venham a garantir a segurança dos trabalhadores nos espaços confinados nas indústrias arrozeiras do estado do Rio Grande do Sul de acordo com a NR 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados, do Ministério do Trabalho e do Emprego.

MATERIAL E MÉTODOS Em 2008 foram beneficiados 5,20 milhões de toneladas (104,05 milhões de sacos

de 50 kg) de arroz no estado do RS. Este montante foi processado por 267 indústrias distribuídas em 77 municípios sendo que muitas destas indústrias trabalham com outras culturas como: milho, soja, trigo e aveia.

Devido ao tamanho da população a ser levantada, um grupo de empresas foi selecionada visando tornar possível a visitação e a obtenção de dados necessária a pesquisa. As 50 maiores indústrias de arroz beneficiaram 85,69 milhões de sacos com 50 kg, correspondendo 82,80% do total do beneficiamento das 267 indústrias. Por motivos operacionais e devido sua pequena representatividade, 2,81% do total processado, foram excluídas do universo a ser amostrado 139 indústrias cujo beneficiamento ficou abaixo de 100 mil sacos de arroz.

O universo do estudo foi composto por 128 indústrias que processam 97,19% da produção total do Rio Grande do S. A escolha das indústrias para a realização deste trabalho, foi realizada por sorteio ao acaso, resultando 36 empresas do total de 128, as quais correspondem a 28% de todas as indústrias de beneficiamento de arroz que compõem este estudo.

Após contato e concordância das indústrias foi aplicado um questionário in loco de diagnóstico de riscos e medidas de controle de acidentes de trabalho em ambientes confinados nas indústrias arrozeiras do estado do Rio Grande do Sul, o questionário foi elaborado de acordo com as questões referentes ao trabalho em espaços confinados baseado na NR 33 do MTE.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 é apresentado levantamento as questões referentes à NR – 33 do

MTE -Ministério do Trabalho e Emprego, tomados nas indústrias arrozeiras no estado do Rio Grande do Sul. As respostas mostram que de acordo com o item 1 na maioria das indústrias (72,2%) são adotadas medidas de segurança em espaços confinados, porém quando são analisadas questões relacionadas, verifica-se que as medidas efetivas apresentam menores índices de implementação.

A identificação e sinalização dos espaços confinados, que são de grande importância para a prevenção e alerta de trabalhadores e visitantes, apresentaram baixos índices de ocorrência nas indústrias de beneficiamento, pois em apenas 57,85% delas há esta indicação. Já o fechamento ou o isolamento dos espaços confinados, referente ao item 3, mostraram índices ainda menores, sendo que está é uma medida crucial para evitar acidentes, de principalmente pessoas desavisadas e/ ou sem o treinamento adequado.

O item com maior índice de ocorrência foi o 4, que trata da informação dos riscos e medidas de controle nos locais de trabalho em espaços confinados, aos trabalhadores das indústrias arrozeiras do RS, obtendo um índice de 88,9%, a informação dos trabalhadores sobre o riscos de acidentes em espaços confinados é uma das principais medidas para que sejam evitados acidentes em ambiente confinados, pois somente com informação e

Page 196: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

805

conscientização dos trabalhadores as medidas de controle e prevenção de acidentes será eficiente. Tabela 1. Constatações relativas a trabalhos em espaços confinados, segundo a NR 33.

INFORMAÇÕES Índice

verificado (%)

1 - São adotadas medidas de segurança nos espaços confinados 72,2 2 - São identificados e sinalizados claramente os espaços confinados 57,8 3 – Os espaços confinados são isolados e fechados com travas ou cadeados para evitar a entrada de pessoas não autorizadas 33,3

4 - Trabalhadores são informados dos riscos e medidas de controle nos locais de trabalho em espaços confinados 88,9

5 - A empresa possui equipamentos para controle de riscos, previstos na PET para o ingresso 47,2

6 - Há, na empresa, equipamentos para resgate em espaços confinados 36,1 7 - Há sistema de comunicação entre o vigia e os trabalhadores autorizados 36,1 8 – Há supervisor de entrada com treinamento de 40 horas de acordo com a legislação 27,8 9 – Há vigias e trabalhadores autorizados tem treinamento de 16 horas de acordo com a legislação 22,2

Dentre as empresas arrozeiras do estado do RS, menos da metade (47,2%) possuem equipamentos para o controle de riscos no ingresso em espaços confinados. Embora sejam de extrema importância e muitas vezes vitais os equipamentos para resgate em espaços confinados esta presente em apenas 36,1% das unidades. Estes resultados demonstram que embora a grande maioria dos trabalhadores seja informados quanto aos riscos de acidentes (item 4), os índices de utilização e presença dos equipamentos de proteção e resgate em espaços confinados é bastante baixo. O sistema de comunicação que assim como os equipamentos de resgate, é pouco presente nas indústrias, sendo presente em 36,1% das empresas. O trabalho em espaços confinados deve ser realizado apenas por pessoas com treinamento adequado, já que apenas o conhecimento do correto comportamento dos ambientes confinados não é suficiente, devem também ser capazes de gerenciar o risco de gases perigosos corretamente e manuseá-los profissionalmente. Quando avaliado o cumprimento às exigências da legislação de treinamentos de 40 hs aos supervisores e 16 hs para os vigias e trabalhadores autorizados os índices de ocorrência são preocupantes, por terem se mostrado extremante baixos, de 27,8 e 22,2% respectivamente. A Figura 1 mostra os índices utilização de equipamentos para controle de riscos, previstos na Permissão de Entrada e Trabalho para o ingresso em espaços confinados, nas indústrias de beneficiamento de arroz, em que há utilização de equipamentos, de acordo com o índice verificado no item 5 da Tabela 1. Os resultados apresentados na Figura 1 mostram que o índice de utilização e oferta de equipamentos de proteção é bastante baixo, embora se conheçam os riscos da ocorrência de acidentes nestes locais confinados (Tabela 1). O equipamento para o controle de riscos em espaços confinados com maior índice de utilização é o exaustor, que é utilização para a remoção de gases tóxicos e/ ou inflamáveis dos espaços confinados, os quais são responsáveis por um grande número de acidentes e mortes em ambientes confinados, por isso sua correta utilização é imprescindível, porém não é suficientemente eficiente pois se mal utilizado poderá não poderá não retirar todos gases tóxicos e/ou inflamáveis, devendo então ser acompanhado com a utilização de um aparelho de medição de O2 ou um detector de gases que irá monitorar sua eficiência e garantir a segurança dos trabalhadores. Recomenda-se, sempre que possível, a ventilação exaustora local, que é a solução ideal. Ela tem como objetivo principal a proteção da saúde do trabalhador, uma vez que capta os poluentes da fonte, antes que os mesmos se dispersem no ar do ambiente de

Page 197: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

806

trabalho, ou seja, antes que atinjam a zona de respiração do trabalhador. A Tabela 2 apresenta mostra os índices utilização de equipamentos para controle de riscos, previstos na Permissão de Entrada e Trabalho para o ingresso em espaços confinados, nas indústrias de arroz, em que há utilização de equipamentos, de acordo com o índice verificado no item 5 da Tabela 1. Tabela 2 – Utilização de equipamentos para controle de riscos, previstos na Permissão de Entrada e Trabalho para ingresso em espaços confinados, verificados nas indústrias do RS

Equipamento para controle de riscos Utilização Máscara com filtro 10,53 Exaustores 42,11 Aparelho de detecção de gases 52,63 Cinto de segurança 26,32 Tripé 17,79

Na Tabela 3 são apresentados os índice de procedimentos de trabalho realizados no interior dos silos em relação à segurança dos trabalhadores ao ingressarem em espaços confinados. Tabela 3 – Índice de procedimentos de trabalho realizados no interior dos silos em relação à segurança

Procedimentos dos trabalhos no interior dos silos em relação à segurança Índice (%) uso de cinto de segurança 75,00 uso de cabo linha de vida 61,11 mascaras com filtros apropriados 100,00 óculos de proteção 97,22 realizados com no mínimo dois trabalhadores 91,67 e um deles permanece no exterior 69,44 há meios seguros de saída ou resgate 52,78 os trabalhadores são treinados para usar os equipamentos de emergência 77,78

Com exceção dos procedimentos de cabo linha de vida, saídas de resgate e permanência de um trabalhador no exterior os demais índices de procedimentos utilizados podem ser considerados satisfatórios (Tabela 2). Dentre os índices insatisfatórios verificados pode-se destacar a permanência de um trabalhador que muitas vezes pode ser vital para o resgate e verificação de acidentes.

CONCLUSÃO a) Os altos índices de informação dos trabalhadores quanto aos riscos e medidas

de controle nos locais de trabalho em espaços confinados, não se refletem nos demais itens avaliados; b) Os índices de sinalização, medidas de prevenção, equipamentos de prevenção de riscos e entradas e treinamento de supervisores e trabalhadores autorizados quanto aos acidentes de trabalho em espaços confinados mostraram-se bastante insatisfatórios nas indústrias arrozeiras do RS; c) Mesmo em indústrias que há utilização de equipamentos os índices de equipamentos utilizados são baixos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ELIAS, M.C.; OLIVEIRA, M.; SCHIAVON, R.A. Qualidade de arroz na pós-colheita: ciência, tecnologia e normas. 905 p. 2010. SÁ, A. Efeito devastador – Explosões em locais onde existe muita poeira acumulada são ameaça constante. Proteção. N. 181, p. 63-70, 2007. VAN DER LAAN. L.F. Fatores de riscos de acidentes do trabalho em unidades de armazenamento e industrialização de arroz. 136 f. 2010. CEFETRJ. Riscos no trabalho em Silos e Armazéns http://stcefetrj.wordpress.com. Acesso em Maio de 2011

Page 198: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

807

EFEITOS DA PRESSÃO DE AUTOCLAVAGEM SOBRE O POTENCIAL GENOTÓXICO DE RAÇÕES À BASE DE GRÃOS DE ARROZ

PARBOILIZADO Jander Luis Fernandes Monks1; Marília da Costa Alvarengo2; Elizabete Helbig3; Moacir Cardoso Elias4 , Nathan Levien Vanier5 Daniel Prá 6 Palavras-chave: Parboilização, arroz, micronúcleo, cometas, Wistar.

INTRODUÇÃO O arroz é um alimento básico na dieta da população brasileira e seu consumo se dá

principalmente na forma de grão branco polido, sendo o arroz parboilizado e o integral, consumidos em menor escala. Entretanto, os dois últimos são nutricionalmente melhores, uma vez que apresentam maiores teores de micronutrientes, principalmente minerais e vitaminas do complexo B (AMATO, 2005; ELIAS e FRANCO, 2006; MONKS, 2010).

Ultimamente, a aceitação do arroz parboilizado tem melhorado de forma expressiva, a ponto de sua produção atingir cerca de 23% do total de arroz industrializado no país (ABIAP, 2011). A parboilização é um processo que utiliza operações hidrotérmicas, o que altera a estrutura do amido, causando modificações nas propriedades físicas, químicas e sensoriais dos grãos, deixando o produto resultante com cor amarelada, odor e sabor característicos (SUJATHA et al. 2003; AMATO e ELIAS, 2005; DORS et al., 2009).

O arroz, além de possuir a melhor fração protéica em qualidade entre os cereais de grande consumo, na fração insaponificável de seu óleo (GONÇALVES, 2007) são creditados, entre outras funções benéficas, o potencial anticancerígeno. A qualidade nutricional desse grão tem recebido muita atenção nos países emergentes, uma vez que uma dieta baseada apenas no seu consumo pode levar a deficiências nutricionais. Há indicativos de que a carência de certos nutrientes na alimentação aumente os níveis de danos e prejudique o reparo de DNA, tanto em animais (ORTIZ et al., 1995; CORTES et al., 2001), quanto em humanos (PADULA et al., 2009).

O ensaio cometa vem se expandindo ao longo das décadas, com o objetivo de indicar ação genotóxica de algumas substâncias, tendo como vantagens a facilidade de aplicação e a detecção de múltiplas classes de danos no DNA. Por outro lado, o teste de micronúcleo em medula óssea de roedores é o teste internacionalmente aceito na avaliação do potencial mutagênico de substâncias químicas e alimentos (HARTMANN et al., 2003; PRÁ et al., 2008).

Objetivou-se, com o trabalho, avaliar in vivo o efeito da substituição da dieta controle AIN-93M por dietas à base de arroz parboilizado, em diferentes pressões de autoclavagem, a fim de detectar possíveis danos primários no DNA de ratos Wistar.

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas amostras de grãos de arroz da classe longo fino, com alto teor de

amilose, pertencentes à coleção de amostras do Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas.

A parboilização das amostras de arroz em casca foi realizada em escala piloto,

1 Engº. Químico, Dr., (Professor da UCPEL), Universidade Federal de Pelotas, Caixa Postal 354, CEP 96010-900, Capão do Leão, RS, Brasil, [email protected] 2 Bióloga, Universidade Católica de Pelotas, [email protected] 3 Nutricionista, Dra., Universidade Federal de Pelotas, [email protected]. 4 Engº. Agrônomo, Dr., Universidade Federal de Pelotas, [email protected]. 5 Engº. Agrônomo, M. Sc., Universidade Federal de Pelotas, [email protected]. 6 Biólogo, Dr., Universidade Federal de Pelotas, [email protected].

Page 199: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

808

segundo metodologia desenvolvida no próprio laboratório (ELIAS, 1998). As amostras foram encharcadas durante 6h30min, em água a 65ºC, e autoclavadas nas pressões 0,4; 0,7 e 1,0 kgf.cm-2, durante 10 minutos, com temperaturas de 108 a 121ºC, sendo posteriormente secadas em estufa com circulação forçada de ar, com a operação sendo completada por secagem com ar aquecido após temperagem.

Após as operações hidrotérmicas e antes do descascamento, as amostras foram armazenadas em ambiente com temperatura de 20ºC, monitoramento técnico operacional e rígido controle contra ataques de pragas (ELIAS, 2007).

De cada amostra de 50 kg de arroz em casca foram coletadas três alíquotas de 100g, as quais foram descascadas e polidas (BRASIL, 2009) em engenho de provas modelo Zaccaria®. A intensidade de polimento variou de 7 a 9% de remoção de farelo e foi determinada pela fórmula: Intensidade de polimento (IP) = [1 – (peso do arroz polido /peso do arroz integral)] x 100.

Para o ensaio biológico, as amostras foram cozidas em recipientes de alumínio e as dietas experimentais foram formuladas segundo as recomendações do American Institute of Nutrition (AIN-93M) para ratos em manutenção de peso, sendo essas isocalóricas (380 kcal 100g-1) e isoprotéicas (12,0%). Como fonte de fibras foi utilizada celulose microcristalina MC-102 (Microcel®).

Foram utilizados ratos machos, da cepa Wistar-UFPel, idade 90 dias, com peso médio de 448g, provenientes do Biotério Central da UFPel. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em 4 grupos de seis (6 animais por tratamento), alojados em gaiolas metabólicas individuais, sob condições controladas de temperatura (23±1ºC), umidade relativa (50 a 60%) e fotoperíodo de 12 horas, com livre acesso a água e dieta. O ensaio biológico teve duração de 45 dias, sendo as duas primeiras semanas utilizadas para adaptação dos animais às dietas experimentais.

Os ensaios do potencial genotóxico foram realizados no Laboratório de Genética da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Para avaliação do nível de danos primários no DNA pelo ensaio cometa, utilizou-se um protocolo descrito por Frank et al. (2005), onde 100 células sanguíneas/rato foram analisadas em microscopia, de acordo com sua morfologia em forma de “cometa”. O índice de dano (ID) foi obtido pela soma de células individuais classificadas, variando de 0 (nenhum dano: 100 células x 0) para 400 (dano máximo: 100 células x 4). Para o teste de freqüência de micronúcleos, eritrócitos policromáticos (PCE) de medula óssea foram fixados com metanol e ácido acético 3:1, e corados com giemsa a 2%, sendo analisadas 2.000 células/rato, quanto à presença ou ausência de micronúcleos, avaliadas de acordo com Huber et al. (1983) e Titenko-Holland et al. (1997).

A avaliação estatística foi feita utilizando-se o teste de Kruskal-Wallis, seguido do Teste de Dunn, com nível de significância de 5% (p ≤ 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentados os potenciais genotóxico e mutagênico de rações

preparadas à base de grãos de arroz parboilizados polidos, utilizados na alimentação de ratos adultos machos Wistar.

TABELA 1 – Nível de dano no DNA de ratos Wistar alimentados com dietas à base de arroz parboilizado, de acordo com o ensaio cometa e o teste de micronúcleos

Dietas* ID (u.a.) FD (%) MN/2.000PCE Controle 3,0 2,5 ± 1,7 3,2 Parb 0,5 9,3 4,3 3,8 Parb 0,7 4,3 2,2 2,5 Parb 1,0 5,7 2,2 3,8

p (segundo o teste de Kruskal-wallis) 0,65 0,718 0,141 p ≤ 0,05 indica diferença significativa entre as médias *Instrução Normativa 06/09 (Brasil, 2009) Controle: AIN-93M ID: índice de dano; u.a.: unidade arbitrária; FD: freqüência de dano; MN: micronúcleos; PCE: eritrócitos policromáticos Parb 0,5: arroz parboilização em pressão de autoclavagem de 0,5 Kgf.cm-2

Parb 0,7: arroz parboilização em pressão de autoclavagem de 0,7 Kgf.cm-2

Parb 1,0: arroz parboilização em pressão de autoclavagem de 1,0 Kgf.cm-2

Observa-se na Tabela 1 que não houve diferença significativa nos parâmetros índice

de dano (ID), a freqüência de danos (FD) no DNA (ensaio cometa) e o teste de micronúcleo (MN) das células dos animais alimentados com dietas à base de arroz parboilizado polido, nas pressões de autoclavagem de 0,5, 0,7 e 1,0 Kgf cm-2.

Uma forma de aumentar o valor nutritivo do arroz é por meio da parboilização, que além de aprimorar algumas qualidades tecnológicas do grão, também possibilita um incremento do valor nutricional, em comparação com o arroz branco, sobretudo nos conteúdo mineral, vitamínico, proteico, lipídico, amido digestível e nas frações de fibra alimentar (SUJATHA et al. , 2003; BRUM et al., 2007).

Nos testes realizados (Tabela 1), o ensaio cometa (ID e FD) confirmou os resultados encontrados na contagem de células com micronúcleo, em medula óssea, indicando que a composição nutricional contida nos grãos de arroz parboilizado, decorrente das transformações físico-químicas ocorridas durante as operações hidrotérmicas, não causaram danos no DNA dos ratos Wistar.

Levando-se em consideração a extensão do ensaio biológico executado (45 dias), não se esperou genotoxicidade devido à desnutrição nos animais alimentados diariamente e exclusivamente com as rações citadas neste experimento. Estudos relacionados ao potencial mutagênico de grãos de arroz parboilizado (Tabela 1) não estão disponíveis a literatura.

CONCLUSÃO Os resultados indicam ausência de genotoxicidade e aneugênese/clastogênese

para todos os grupos testados, concluindo-se que o processo de beneficiamento por parboilização, mesmo realizado em diferentes pressões de autoclavagem, isenta os grãos de arroz de causar danos no DNA de ratos machos adultos Wistar.

AGRADECIMENTOS CNPq, FAPERGS, SCT-RS (Pólos Tecnológicos), IRGA e ZACCARIA Equipamentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIAP - Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado. Disponível em www.abiap.com.br. Acesso em 2011. AMATO, G.W. Parboilização do arroz: um processo para obtenção de “colheita de plantio virtual”. In: Simpósio Sul - Brasileiro de Qualidade de Arroz, 2, Pelotas. Anais... Pelotas: Editora da UFPel, 2005. AMATO, G. W; ELIAS, M.C. A parboilização do arroz. 1. ed. Porto Alegre: Ricardo Lenz, 2005. 160p. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa nº 6, de 16 de fevereiro de 2009. Regulamento Técnico do Arroz, definindo o seu padrão oficial de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade, a amostragem, o modo de apresentação e a marcação ou rotulagem. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, Seção 1, p.3, 17 fev. de 2009. BRUM, F.B; ALVES, B.M ; GOLOMBIESKI, J. I. ; SILVA, L.P. da; Fagundes, C.A . Composição nutricional em grãos de arroz polido e parboilizado. In: V Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, Pelotas. p. 517-519. 2007. CORTES, E.; GONZALEZ, C.; BETANCOURT, M.; ORTIZ, R. Assessment of DNA damage in spleen, bone marrow, and peripheral blood from malnourished rats by single cell gel electrophoresis assay. Teratogenesis, Carcinogenesis and Mutagenesis. v.21, n.3, p.231-247, 2001.

Page 200: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

809

p (segundo o teste de Kruskal-wallis) 0,65 0,718 0,141 p ≤ 0,05 indica diferença significativa entre as médias *Instrução Normativa 06/09 (Brasil, 2009) Controle: AIN-93M ID: índice de dano; u.a.: unidade arbitrária; FD: freqüência de dano; MN: micronúcleos; PCE: eritrócitos policromáticos Parb 0,5: arroz parboilização em pressão de autoclavagem de 0,5 Kgf.cm-2

Parb 0,7: arroz parboilização em pressão de autoclavagem de 0,7 Kgf.cm-2

Parb 1,0: arroz parboilização em pressão de autoclavagem de 1,0 Kgf.cm-2

Observa-se na Tabela 1 que não houve diferença significativa nos parâmetros índice

de dano (ID), a freqüência de danos (FD) no DNA (ensaio cometa) e o teste de micronúcleo (MN) das células dos animais alimentados com dietas à base de arroz parboilizado polido, nas pressões de autoclavagem de 0,5, 0,7 e 1,0 Kgf cm-2.

Uma forma de aumentar o valor nutritivo do arroz é por meio da parboilização, que além de aprimorar algumas qualidades tecnológicas do grão, também possibilita um incremento do valor nutricional, em comparação com o arroz branco, sobretudo nos conteúdo mineral, vitamínico, proteico, lipídico, amido digestível e nas frações de fibra alimentar (SUJATHA et al. , 2003; BRUM et al., 2007).

Nos testes realizados (Tabela 1), o ensaio cometa (ID e FD) confirmou os resultados encontrados na contagem de células com micronúcleo, em medula óssea, indicando que a composição nutricional contida nos grãos de arroz parboilizado, decorrente das transformações físico-químicas ocorridas durante as operações hidrotérmicas, não causaram danos no DNA dos ratos Wistar.

Levando-se em consideração a extensão do ensaio biológico executado (45 dias), não se esperou genotoxicidade devido à desnutrição nos animais alimentados diariamente e exclusivamente com as rações citadas neste experimento. Estudos relacionados ao potencial mutagênico de grãos de arroz parboilizado (Tabela 1) não estão disponíveis a literatura.

CONCLUSÃO Os resultados indicam ausência de genotoxicidade e aneugênese/clastogênese

para todos os grupos testados, concluindo-se que o processo de beneficiamento por parboilização, mesmo realizado em diferentes pressões de autoclavagem, isenta os grãos de arroz de causar danos no DNA de ratos machos adultos Wistar.

AGRADECIMENTOS CNPq, FAPERGS, SCT-RS (Pólos Tecnológicos), IRGA e ZACCARIA Equipamentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIAP - Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado. Disponível em www.abiap.com.br. Acesso em 2011. AMATO, G.W. Parboilização do arroz: um processo para obtenção de “colheita de plantio virtual”. In: Simpósio Sul - Brasileiro de Qualidade de Arroz, 2, Pelotas. Anais... Pelotas: Editora da UFPel, 2005. AMATO, G. W; ELIAS, M.C. A parboilização do arroz. 1. ed. Porto Alegre: Ricardo Lenz, 2005. 160p. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa nº 6, de 16 de fevereiro de 2009. Regulamento Técnico do Arroz, definindo o seu padrão oficial de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade, a amostragem, o modo de apresentação e a marcação ou rotulagem. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, Seção 1, p.3, 17 fev. de 2009. BRUM, F.B; ALVES, B.M ; GOLOMBIESKI, J. I. ; SILVA, L.P. da; Fagundes, C.A . Composição nutricional em grãos de arroz polido e parboilizado. In: V Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, Pelotas. p. 517-519. 2007. CORTES, E.; GONZALEZ, C.; BETANCOURT, M.; ORTIZ, R. Assessment of DNA damage in spleen, bone marrow, and peripheral blood from malnourished rats by single cell gel electrophoresis assay. Teratogenesis, Carcinogenesis and Mutagenesis. v.21, n.3, p.231-247, 2001.

Page 201: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

810

DORS, G.C; PINTO, R.H, BADIALE-FURLONG, E. Influência das condições de parboilização na composição química do arroz. Ciência Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.29, n.1, p.219-224, 2009. ELIAS, M. C. Pós Colheita de Arroz: secagem, armazenamento e qualidade. 1 ed. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária UFPel, 2007. 422p. ELIAS, M.C. Tempo de espera para secagem e qualidade de arroz para semente e indústria. Pelotas, 132 p. Tese (Doutorado em Agronomia) Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. 1998. ELIAS, M. C.; FRANCO, D. F. Pós-Colheita e Industrialização de Arroz. In: Magalhães Júnior, A. M.; Gomes, A. S.; Santos, A. B. Sistemas de Cultivo de Arroz Irrigado no Brasil. 1 ed. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, v.1, p.229-240, 2006. FRANKE, SIR. et al. Possible repair action of Vitamin C on DNA damage induced by methyl methanesulfonate, cyclophosphamide, FeSO4 and CuSO4 in mouse blood cells in vivo. Mutation Research. v.583, n.1, p. 75-84, 2005. GONÇALVES, P. R. Influência da temperatura da água na operação de encharcamento sobre a fração lipídica do arroz parboilizado. Pelotas, UFPel. Tese (Doutorado) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, 74 p, 2007. HARTMANN A, AGURELL E, BEEVERS C, et al. Recommendations for conducting the in vivo alkaline Comet assay. 4th International Comet Assay Workshop. Mutagenesis. v.18, n.1, p. 45-51, 2003. HUBER, R et al. The suitability of the human lymphocyte micronucleus assay system for biological dosimetry. Mutation Research. v.111, n. 2, p.185-193, 1983. KRISHNA G, URDA G, PAULISSEN J: Historical vehicle and positive control micronucleus data in mice and rats. Mutation Research. v.453, n.1, p.45-50, 2000. MONKS, J. L. F. Efeitos da intensidade do polimento sobre parâmetros de avaliação tecnológica e bioquímica, perfil lipídico e conteúdo de ácido fólico em grãos de arroz. 115p. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2010. ORTIZ, R.; CORTES, E.; GONZALEZ, C.; PEREZ, L. Betancourt M: Micronucleus frequency in spleen lymphocytes from severely malnourished rats during lactation. Environmental and Molecular Mutagenesis. v.26, n.1, p.55-59, 1995. PADULA, G.; SALCEDA, S. A.; SEOANE, AI. Protein-energy malnutrition contributes to increased structural chromosomal alteration frequencies in Argentinean children. Nutrition Reserch. v.29, n.1, p.35-40, 2009. PRÁ, D.; FRANKE, S.I.; GIULIAN, R. et al.: Genotoxicity and mutagenicity of iron and copper in mice. BioMetals. v. 21, n.3, p. 289-297, 2008. SUJATHA, S.J.; AHMAD, R.; BHAT, P.R. Physicochemical properties and cooking qualities of two varieties of raw and parboiled rice cultivated in the coastal region of Dakshina Kannada, India. Food Chemistry, 2003. TITENKO-HOLLAND, N. et al.: Genotoxicity of malathion in human lymphocytes assessed using the micronucleus assay in vitro and in vivo: a study of malathion-exposed workers. Mutation Research. 1997;388(1):85-95

Page 202: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

811

EFEITO DO POLIMENTO E SUA INTENSIFICAÇÃO NA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E NO TEOR DE AMILOSE DE GRÃOS DE ARROZ

Jander Luis Fernandes Monks1; Manoel Artigas Schirmer2; Daniel Rutz3; Ricardo Tadeu Paraginski4, Moacir Cardoso Elias 5; Álvaro Renato Guerra Dias5; Carolina Gomes Baptista6

Palavras-chave: Arroz, Polimento, Integral.

INTRODUÇÃO O arroz, por muito tempo, foi considerado como o vilão das dietas, pois se

acreditava que o grão possuía apenas carboidratos, sendo praticamente desprovido de outros nutrientes. Apesar de bastante difundida, essa idéia não condiz com a realidade. Considerado um alimento básico na dieta da população brasileira, o arroz está presente na mesa de dois terços da população mundial e fornece diversos benefícios à saúde, proporcionados pelo seu consumo em suas mais variadas formas de processamento.

O arroz é um cereal rico em vitaminas, minerais, fibras e em compostos bioativos. São vários os fatores que interferem no valor nutritivo do arroz, principalmente a diferença entre genótipos, as condições ambientais, as práticas culturais utilizadas durante o cultivo, as operações de pós-colheita e os processos de beneficiamento, com destaque para a operação de polimento. A operação de polimento tem por objetivos melhorar atributos como aparência e gosto, além de aumentar a conservabilidade do arroz, porém apresenta conseqüências negativas, em termos de características funcionais, já que parte importante de nutrientes para a alimentação humana é removida nessa etapa, podendo interferir no consumo do arroz cozido.

Objetivou-se com o trabalho avaliar efeitos do polimento e sua intensificação na composição centesimal e no teor de amilose de grãos de arroz.

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados amostras de grãos de arroz da classe longo fino, com alto teor de

amilose, pertencentes à coleção de amostras do Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas. As amostras foram submetidas ao beneficiamento industrial em engenho de provas, modelo Zaccaria®, obtendo-se assim o arroz integral. Para a obtenção do arroz branco, no mesmo engenho de provas, foi realizada a operação de polimento, na forma convencional, para remoção de farelo na faixa de 7 a 11% de massa do grão de arroz integral. Para a obtenção do arroz branco com diferentes intensidades de polimento, no mesmo engenho de provas, foi realizada a operação de polimento nas faixas de 7 a 9%; 9 a 11%; 11 a 13% e 13 a 15% de massa do grão de arroz.

O conteúdo de água foi determinado em estufa a 105°C, por 24 horas (BRASIL, 2009a). O teor de lipídios foi determinado pelo método nº 30-20, em extrator tipo Soxhlet, utilizando éter de petróleo como solvente, de acordo com a AOAC (1995). O teor de nitrogênio total foi determinado pelo método n°46-13 da AACC (1995) e o teor de proteína bruta obtida pelo uso do fator 5,95 para conversão de nitrogênio em proteína. O teor de

1 Engº. Químico, Dr., (Professor da UCPEL), Universidade Federal de Pelotas, Caixa Postal 354, CEP 96010-900, Capão do Leão, RS, Brasil, [email protected] 2 Químico, Dr., Professor, Universidade Federal de Pelotas, [email protected] 3 Engº. Agrônomo, Mestrando, Universidade Federal de Pelotas, [email protected] 4 Acadêmico de.Agronomia, Universidade Federal de Pelotas, [email protected] 5 Engº. Agrônomo, Dr., Professor, Universidade Federal de Pelotas, [email protected] 6 Química Ambiental, Universidade Católica de Pelotas, [email protected].

Page 203: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

812

cinzas foi determinado de acordo com a AACC (1995), método n°08-01. O teor de fibra bruta foi determinado pelo método descrito por Angelucci et al. (1987). Os carboidratos foram calculados por diferença centesimal. O teor de amilose foi determinado pelo método proposto por Martinez e Cuevas (1989), com adaptações.

O método estatístico utilizado foi a análise de variância, seguida do teste de Tukey, de comparação de médias a 5% (p<0,05) de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Tabelas 1 e 2, respectivamente, são apresentados efeitos da intensidade de

polimento sobre a composição centesimal e o teor de amilose em grãos de arroz branco. Tabela 1. Efeitos do processo de beneficiamento industrial sobre parâmetros químicos de avaliação nutricional em grãos de arroz*

Composição (%) Beneficiamento Industrial** Arroz integral Arroz branco

Água 12,5A 12,4A Lipídeos 2,4A 0,7B Proteínas 8,5A 7,5B

Cinzas 1,2A 0,6B Fibras 2,4A 1,6B

Carboidratos 73,0B 77,2A *Letras diferentes na mesma linha indicam diferença, a 5% de significância pelo Teste de Tukey, para média de três determinações do mesmo parâmetro **Instrução Normativa 06/09 (Brasil, 2009)

Tabela 2. Efeitos do processo de beneficiamento industrial sobre o teor de amilose em grãos de arroz*

Composição (%) Beneficiamento Industrial** Arroz integral Arroz branco Amilose 27,1B 30,3A

*Letras diferentes na mesma linha indicam diferença, a 5% de significância pelo Teste de Tukey, para média de três determinações do mesmo parâmetro **Instrução Normativa 06/09 (Brasil, 2009)

Conforme os dados expressos na Tabela 1, a operação de polimento, que diferencia o arroz integral do branco, provocou diminuição significativa no teor de lipídeos de, aproximadamente, 71%. Quando este procedimento é intensificado (Tabela 3), de 7 a 9% para faixas de 13 a 15%, as perdas nos teores de lipídeos são próximas de 82%. Os valores encontrados mostram que o teor de lipídeos diminui gradativamente da periferia para o centro do grão, sendo sua maior concentração nas camadas mais externas da cariopse.

Os dados da Tabela 1 mostram que o polimento provoca diminuição de proteínas de 8,5% (arroz integral) para 7,5% no polimento convencional (arroz branco). Esse 1,0 ponto percentual corresponde a 11,8% do total de proteínas dos grãos. Quando o polimento é intensificado (Tabela 3), de 7 a 9% para faixas de 13 a 15%, não há variação significativa dos teores protéicos, demonstrando existir maior concentração de proteínas nas camadas mais externas da cariopse, que são removidas com o farelo no polimento. Assim, o arroz continua a ser importante fonte de proteínas, mesmo não sendo grão integral.

Conforme se observa na Tabela 1, a operação de polimento provocou diminuição significativa nos teores de cinzas e fibras de, aproximadamente, 50 e 33%, respectivamente. Quando o polimento é intensificado (Tabela 3), de 7 a 9% para faixas de 13 a 15%, a diminuição nos teores de cinzas é próxima de 71%, enquanto que o percentual de fibras se mantém significativamente inalterado. Os valores encontrados demonstram que o teor de cinzas diminui gradativamente da periferia para o centro do grão, enquanto que o teor de fibras apresenta comportamento similar ao das proteínas, com concentração constante nas faixas de 7 a 15% de remoção da cariopse no polimento. O polimento convencional (Tabela

Page 204: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

813

1) provocou aumento de cerca de 5,8% no teor de carboidratos. Tabela 3. Efeitos da intensidade de polimento sobre parâmetros químicos de avaliação nutricional em grãos de arroz branco*

Composição (%)

Intensidade de polimento (%)** 7 a 9 9 a 11 11 a 13 13 a 15

Água 12,3A 12,2A 12,2A 12,3A Lipídeos 0,8A 0,6B 0,2C 0,1C Proteínas 7,5A 7,5A 7,2A 7,5A Cinzas 0,7A 0,4B 0,2C 0,2C Fibras 1,6A 1,6A 1,6A 1,5A Carboidratos 77,1B 77,1B 78,7A 78,5A

*Letras diferentes na mesma linha indicam diferença, a 5% de significância pelo Teste de Tukey, para média de três determinações do mesmo parâmetro ** [1 – (peso do arroz polido / peso do arroz integral)] x 100 Tabela 4. Efeitos da intensidade de polimento sobre o teor de amilose em grãos de arroz branco*

Composição (%)

Intensidade de Polimento (%) ** 7 a 9 9 a 11 11 a 13 13 a15

Amilose 30,0A 30,4A 30,2A 30,6A *Letras diferentes na mesma linha indicam diferença, a 5% de significância pelo Teste de Tukey, para média de três determinações do mesmo parâmetro ** [1 – (peso do arroz polido / peso do arroz integral)] x 100

No teor de amilose (Tabela 2) o aumento foi de, aproximadamente, 12%, considerando-se os valores do arroz integral (27,1%) e do branco (30,3%). O aumento da intensidade de polimento (Tabelas 3 e 4) aumenta a concentração de carboidratos e não altera o teor de amilose.

Os resultados obtidos pela Tabela 11 mostram que os maiores teores de proteínas, lipídeos, fibras e mineiras encontram-se, predominantemente, nas camadas mais externas da cariopse, enquanto que a maior proporção de carboidratos ocorre nas camadas mais internas. Os comportamentos e os teores apresentados na Tabela 1 são compatíveis com relatos da literatura especializada (HEINEMANN et al., 2005; STORCK et al., 2005; USP, 2008). Estudos relacionando intensidade de polimento e constituintes químicos do grão (Tabela 3) não são disponíveis na literatura.

Com exceção do amido, as concentrações dos principais constituintes do arroz diminuem da periferia para o centro do grão, devido à remoção de farelo. A intensificação do polimento (Tabela 3) pode remover a quase totalidade dos lipídeos e cinzas. Estes dados estão de acordo com os relatados por Tavares (1996), Heinemann et al. (2005) e Walter et al. (2008). Dados sobre os teores protéicos em amostras comerciais de arroz, divulgados em tabelas de composição de alimentos, relatam valores percentuais de 7,0 a 8,3 para arroz integral e 6,3 a 7,3 para arroz branco polido, com pequenas oscilações nos teores de umidade (SCHERZ et al., 2000; USP, 2008).

O conteúdo de proteínas nos grãos varia muito com fatores genéticos, ambientais e manejo da cultura. Sua interação com o amido produz uma estrutura complexa que influencia diretamente sobre as propriedades mecânicas dos grãos, principalmente em relação à resistência a abrasividade do polimento (SINGH et al., 2000; SUJATHA et al., 2003). Rombaldi (1988) encontrou no arroz integral um teor médio de cinzas de 1,2% e no branco, 0,4%, destacando que os minerais disponíveis no arroz desempenham funções nutritivas importantes, mesmo que em quantidades pequenas.

Heinemann et al. (2005), avaliando cinco marcas comerciais de arroz, classe longo-fino, tipo 1, cultivadas no Sul do Brasil no ano de 2003, encontra diferenças na composição centesimal em grãos industrializados por diferentes formas de processamento de arroz branco e integral. Os valores percentuais, em base úmida, para os parâmetros lipídeos,

Page 205: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

814

proteínas, cinzas e fibras foram, respectivamente, 2,7; 6,9; 1,2 e 2,5 para arroz integral e 0,5; 6,7; 0,5 e 1,5 para arroz branco (polido). As variações são atribuídas às diferentes intensidades de polimento aplicadas nas indústrias.

Storck et al. (2005), estudando nove cultivares de arroz irrigado plantados no Rio Grande do Sul (RS), observam que o sistema de beneficiamento industrial (integral e branco) influencia na composição nutricional dos grãos. O arroz integral apresentou teores de matéria mineral, extrato etéreo e fibra total, significativamente mais elevados do que o arroz branco. O arroz branco apresentou maior proporção de amido e menores teores de proteína, gorduras e minerais.

CONCLUSÃO Em comparação com o arroz integral, na produção industrial de arroz branco,

ocorrem reduções dos teores de lipídeos, proteínas, minerais e fibras, com aumentos proporcionais dos conteúdos de amido e amilose. Na produção de arroz branco, a intensificação do polimento reduz os teores de minerais e lipídeos, não alterando os conteúdos de proteínas, fibras e amilose.

AGRADECIMENTOS CNPq, FAPERGS, SCT-RS (Pólos Tecnológicos), IRGA e ZACCARIA Equipamentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AACC. American Association of Cereal Chemists. Aproved methods of the American Association of Cereal Chemists. 9ª. ed. St. Paul, 1995. ANGELUCCI, E.; CARVALHO, C. R. L.; CARVALHO, P. R. N.; FIGUEIREDO, I. B.; MANTOVANI, D. M. B.; MORAES, R. M. Manual técnico de análises de alimentos. Campinas: Instituto de Tecnologia de alimentos. 1987, p. 52-53. AOAC. Association of Official Analytical Chemists. Official Methods of Analysis the AOAC International. 16.ed. Washington D.C: Ed. CUNNIFF, P.A., v.2, 1995. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Regras para análise de sementes. Brasília: MAPA/ ACS, 2009a, 308 p. HEINEMANN, R. J. B; FAGUNDES, P.L.; PINTO, E.A.; PENTEADO, M.V.C.; LANFER-MARQUEZ, U.M. Comparative study of nutrient composition of commercial brown, parboiled and milled rice from Brazil. Journal of Food Composition and Analysis, 18: p.287-296, 2005. MARTINEZ, C. Y.; CUEVAS, F. Evaluación de la calidad culinaria y molinera del arroz. Guia del estudio. Cali: CIAT. 1989, 75p. ROMBALDI, C. V. Condições de secagem e tempo de armazenamento na qualidade industrial do arroz. Pelotas, UFPel, 1988. 124 p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, 1988. SCHERZ, H.; SENSER, F. SOUCI, S. W. Food composition and nutrition tables. 6.ed. Boca Raton; CRC Press, Medpharm, 2000, 1182 p. SINGH, V.; OKADOME, H.; TOYOSHIMA, H.; ISOBE, S.; OHTSUBO, K. Thermal and physicochemical properties of rice grain, flour and starch. Journal of Agriculture and Food Chemistry. v.48, p.2639-2647, 2000. STORCK, C. R.; SILVA, L. P.; COMARELLA, C. G. Process influence on nutritional composition of rice grains. Alimentos e Nutrição. Araraquara, v.16, n.3, p.259-264, 2005. SUJATHA, S. J.; AHMAD, R.; BHAT, P.R. Physicochemical properties and cooking qualities of two varieties of raw and parboiled rice cultivated in the coastal region of Dakshina Kannada, India. Food Chemistry, 2003. TAVARES, A. F. S. Polimento, composição e propriedades funcionais de grãos de arroz (Oryza sativa L.). Pelotas, UFPel, 1996. 40 p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, 1996. USP. Universidade de São Paulo. Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Destaques. Tabela Brasileira de alimentos. Disponível em: <http//www.fcf.usp.br/tabela>. Acesso em: 20 de nov. 2008. WALTER, M.; MARCHEZAN, E.; AVILA, L. A. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.4, p.1184-1192, 2008.

Page 206: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

815

EFEITOS DAS DOSAGENS DE FOSFINA NA QUALIDADE DOS GRÃOS DE ARROZ

Jardel Casaril1; Alexandra Morás2; Diego Batista Zeni3; Maurício da Rosa Turatti4; Irineu Lorini5; Moacir Cardoso Elias6.

Palavras-chave: fosfina, arroz, concentração, qualidade.

INTRODUÇÃO

A produção nacional de arroz para a safra 2010/11 está estimada em 13.902,2 mil toneladas, 19,2% maior que a safra anterior, sendo que a região Sul é responsável por 72,35% da produção nacional de arroz, e o Rio Grande do Sul representa 63,53% (8.832 mil toneladas) desse total (CONAB, 2011). Com essa elevada produção são necessários cuidados preventivos e corretivos durante o armazenamento dos grãos, pois além das alterações decorrentes do metabolismo do próprio grão, eles são atacados por diversas pragas que podem causar alterações químicas, físicas e microbiológicas e essas alterações vão se refletir em perdas qualitativas e quantitativas, com redução da capacidade germinativa e de vigor das sementes, além do aumento de defeitos nos grãos (FAGUNDES et.al., 2005; ELIAS et al., 2010).

Entre as principais pragas que atacam esses produtos estão os insetos, que se caracterizam pela alta prolificidade e elevado número de gerações em tempo relativamente curto. O principal método de controle desses insetos se baseia no uso de produtos químicos, devido ao seu baixo custo e fácil manejo, sendo o expurgo com fosfina (PH3) a técnica mais utilizada, apresentando alta eficácia (LORINI, 2010).

Durante o armazenamento, os grãos recebem tratamentos preventivos com dosagens e períodos não regulares, causando um prejuízo na sua qualidade física, fisiológica e sanitária (JÚNIOR, 2003). A fosfina é um hidreto de fósforo; gás incolor, mais pesado que o ar, inflamável e explosivo em contato com o ar. Não possui odor quando pura. (BALALI-MOOD, 1991).

Para a determinação da qualidade e do preço do produto, o rendimento de grãos inteiros e quebrados são os principais parâmetros considerados na avaliação comercial do arroz (CANEPELLE et al.,1992; ELIAS et al., 2010).

O objetivo no trabalho foi avaliar efeitos da concentração de fosfina aplicada para controle de pragas de armazenamento sobre parâmetros de avaliação da qualidade de consumo e tecnológica de grãos de arroz.

MATERIAL E MÉTODOS

As avaliações foram realizadas no laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e

Qualidade de Grãos (LABGRÃOS) do Departamento de Ciências e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” da Universidade Federal de Pelotas.

                                                                                                                         1 Engº. Agrônomo. Mestrando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – DCTA-FAEM-UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 2 Bióloga, M. Sc. Doutoranda em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – DCTA-FAEM-UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 3 Engº. Agrícola, M. Sc. Doutorando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – DCTA-FAEM-UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected] 4 Graduando em Agronomia. Estagiário LABGRÃOS. DCTA-FAEM-UFPel, Pelotas, RS. Email: [email protected] 5 Engº Agrônomo, Dr.. Pesquisador Embrapa Soja, Londrina-PR. Email: [email protected] 6 Engº. Agrônomo; Dr.; Prof. Titular do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial (DCTA) da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM); UFPel, Pelotas, RS. E-mail: [email protected]

Page 207: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

816

Foram utilizadas amostras de arroz classe longo fino produzido na região sul do Rio Grande do Sul e armazenados com umidade de 13%. As amostras foram tratadas com duas concentrações de fosfina 1,0 e 2,0g de PH3/m³, tendo como testemunha uma amostra não tratada (0,0g de PH3/m³). As coletas foram realizadas no primeiro mês de armazenamento, logo após o primeiro expurgo, tendo cada amostra quatro repetições.

Foram analisados peso de mil grãos e volumétrico ou massa específica, parâmetros de cocção e texturométricos.

A massa específica foi determinada utilizando-se balança de peso hectolitro Dalle Molle com capacidade de ¼ de litro, sendo necessária transformação para kg.m-3, e balança eletrônica digital com precisão de 0,01g. O peso de mil grãos foi determinado através da contagem de 50 grãos em quadruplicata e calculado posteriormente. Essas avaliações foram realizadas de acordo com o método oficial de análises de sementes preconizado pelo Ministério da Agricultura (BRASIL, 1992).

Previamente à avaliação dos parâmetros de cocção e texturométricos nas amostras foram separados os grãos quebrados e os que continham defeitos. A identificação e a separação dos grãos com defeitos foram realizadas de acordo com os termos, conceitos e caracterização constantes na Instrução Normativa 6/2009, do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2009). Os testes foram executados em amostras de grãos polidos em que houve separação prévia daqueles que apresentaram defeitos metabólicos e/ou não metabólicos.

Os parâmetros de cocção foram avaliados de acordo com a metodologia proposta por Martinez & Cuevas (1989), com adaptações realizadas por calibração no LABGRÃOS (GULARTE, 2009). Foram avaliados tempo de cocção, rendimento gravimétrico e rendimento volumétrico.

Para a avaliação do rendimento em volume e da absorção de água na cocção, que corresponde ao rendimento gravimétrico (em peso) foi utilizada metodologia calibrada no Laboratório de Grãos da UFPel, a qual consiste na avaliação de volume dos grãos de arroz antes da cocção e após esta. O rendimento volumétrico foi obtido através da divisão do volume final, sem compressão dos grãos cozidos, pelo volume inicial do arroz cru.

O rendimento gravimétrico de cocção, que corresponde à absorção de água pelos grãos durante o cozimento, foi calculado pela diferença percentual entre os pesos do arroz cozido e da amostra crua. Testes preliminares foram feitos para determinar a proporção ideal para o produto em estudo, a qual foi determinada para o processo de industrialização convencional a proporção de 2:1.

O volume inicial do arroz cru e o volume final do arroz cozido foram determinados através de medição, com paquímetro, das dimensões da massa de grãos contida na panela, sendo aplicada a equação do volume do cilindro. Conforme o volume inicial e o final do arroz foram calculados o rendimento volumétrico, expresso em percentagem.

As análises de perfil texturométrico foram realizadas utilizando o equipamento texturômetro modelo Texture Analyser TA.XTplus, Stable Micro Systems, onde foram obtidos os parâmetros de perfil texturométrico do arroz cozido. Por ensaios preliminares foram adaptadas as metodologias propostas por Champagne (1998) e Lyon (2000).

As propriedades avaliadas no perfil texturométrico, e suas unidades de medida, são definidas analogamente em relação a uma descrição sensorial como:

• Firmeza (g) – força máxima requerida para comprimir a amostra numa dada percentagem pré-estabelecida;

• Mastigabilidade (N.mm) – número de mastigações necessárias para tornar o alimento com consistência adequada para ser engolido;

• Gomosidade (N) – energia requerida para desintegrar um alimento semi-sólido para um estado pronto de ser engolido, sem mastigar;

• Elasticidade (mm) – grau como o alimento retoma a sua forma após uma compressão parcial da língua contra os dentes ou céu da boca;

• Adesividade (J) – força necessária para remover o alimento que adere na língua, dentes e mucosas.

Page 208: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

817

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos, foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Na Tabela 1 são apresentados os valores de peso de mil grãos e de peso volumétrico dos grãos expurgados em duas concentrações de fosfina mais a testemunha.

Tabela 1 – Peso de mil grãos (g) e peso volumétrico (g) dos grãos de arroz em

casca, em diferentes concentrações de fosfina. Concentração PH3 g/m3 Peso de mil grãos Peso volumétrico

0 24,90a 600,33a 1 24,90a 598,87a 2 24,93a 599,20a

Para o mesmo parâmetro, as médias aritméticas simples, de quatro repetições, seguidas por letras minúsculas sobrescritas iguais, na mesma coluna,não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Conforme pode ser observado nos dados apresentados na Tabela 1, para arroz em

casca, não houve diferenças nos pesos volumétricos e nos pesos de mil grãos em função da concentração de fosfina.

Na Tabela 2, são apresentados os tempos de cocção, os rendimentos gravimétricos e volumétricos dos grãos que foram expurgados em duas concentrações e posteriormente beneficiados pelo processo industrial de arroz branco.

Tabela 2 – Parâmetros de cocção em arroz branco polido, em diferentes

concentrações de fosfina.

Concentração PH3 g/m3 Tempo de Cocção (min)

Rendimento Gravimétrico (%)

Rendimento Volumétrico (%)

0 17ª 287,00a 297,00a 1 17ª 291,33ª 301,00a 2 17a 282,67a 291,00a

Para o mesmo parâmetro, as médias aritméticas simples, de quatro repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna,não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Pode-se verificar que as concentrações de fosfina não promoveram diferenças no

para os parâmetros de tempo de cocção, rendimento gravimétrico e volumétrico. Na Tabela 3 são apresentados os parâmetros texturométricos gomosidade,

mastigabilidade, elasticidade, firmeza e adesividade dos grãos que foram submetidos a diferentes concentração de fosfina.

Tabela 3 – Parâmetros de perfil texturométrico de grãos de arroz cozidos e beneficiados pelo processo industrial branco polido. Concentração

PH3 g/m3 Gomosidade

(N) Mastigabilidade

(N.mm) Elasticidade

(mm) Firmeza

(g) Adesividade

(J) 0 880,00a 466,87ª 0,255ª 1780,07ª 1,69a 1 933,33a 388,40ª 0,262a 1720,06ª 1,61a 2 926,67a 467,20a 0,250a 1747,18ª 1,67a

Para o mesmo parâmetro, as médias aritméticas simples, de quatro repetições, seguidas por letras minúsculas sobrescritas iguais, na mesma coluna,não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Observando valores da Tabela 3 é possível verificar que as concentrações de

fosfina no expurgo não influenciaram os parâmetros texturométricos de gomosidade, mastigabilidade, elasticidade, firmeza e adesividade.

Page 209: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

818

CONCLUSÃO

As concentrações de fosfina nas doses 1,0 e 2,0g de PH3/m³ usadas para controle de pragas não promoveram nenhuma interferência significativa no peso unitário, no peso volumétrico e nem nos parâmetros de cocção e do perfil texturométrico da qualidade do arroz, logo após o primeiro mês de armazenamento e o primeiro expurgo.

AGRADECIMENTOS

A CAPES, CNPQ, SCT-RS, EMBRAPA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALALI-MOOD, M. Phosphine. Disponível em: <http://www.inchem.org/documents/pims/chemical/pim865.htm>. Acesso em 31 de maio de 2011. BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Norma de classificação, embalagem e marcação do arroz. Instrução Normativa 06, de 16/02/2009. Diário Oficial da União, 17 de fevereiro de 2009. 2009a. BRASIL, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília, 2009b. 399p. CANEPPELE, C.; HARA, C.C.T.; CAMPELO JUNIOR, J.H. Simulação de Secagem de Arroz (Oryza Sativa L.) em secadores por convecção natural. Revista Brasileira De Armazenamento, v.17, n.1, p.43-45, 1992. CHAMPAGNE, E.T., LYON, B.G., MIN, B.K, VINYARD, B. T., BETT, K.L, BARTNON, F. E. WEBB, B.D, MCCLUNG, A.M., MOLDENHAUER,K.A., LINSCOMBE,S., MCKENZIE, K.S., KOHLWEY,D.E. Effects of postharvest processing on texture profile analysis of cooked rice. Cereal Chemistry, v.75, n.2, p.181-86, 1998. CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento. Grãos, nono levantamento. In: Acompanhamento de safra brasileira. Companhia Nacional de Abastecimento. Brasília, junho de 2011. 47 p. ELIAS, M.C.; SCHIAVON, R. A.; OLIVEIRA, M. Aspectos científicos e operacionais na industrialização de arroz. Qualidade de Arroz na Colheita: Ciência, Tecnologia e Normas. Pelotas: Ed. Santa Cruz, 2010. 543p. FAGUNDES, C.A.A.; ELIAS, M.C. ; BARBOSA, F.F. Desempenho industrial de arroz secado com ar aquecido por queima de lenha e GLP. Revista Brasileira de Armazenamento, v.30, p 8-15, 2005. GULARTE, M.A. Metodologia analítica e características tecnológicas e de consumo na qualidade do arroz. 2005. 95f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. 2005. JÚNIOR, L.S.R., Qualidade Física, Fisiológica e Sanitária de Sementes de Trigo (Triticum Aestivum L.), Expurgadas com Fosfina Durante o Armazenamento. 2003. 64f. Tese (Doutorado em Tecnologia Pós-Colheita) - Faculdade de Engenharia Agrícola. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2003. LORINI, I. Principais Pragas de Produtos Armazenados e o Manejo Integrado. In: ELIAS, M.C.; SCHIAVON, R. A.; OLIVEIRA, M. Aspectos científicos e operacionais na industrialização de arroz. Qualidade de Arroz na Colheita: Ciência, Tecnologia e Normas. Pelotas: Ed. Santa Cruz, p.241-73, 2010. LYON, B. G., CHAMPAGNE, E.T., VINYARD, B. T., WINDHAN, W. R., Sensory and instrumental relationships of texture of cooked rice from selected cultivars and postharvest handling practices. Cereal Chemistry. v.77, n.1, p.64-69, 2000. MARTINEZ, C. Y; CUEVAS, F. Evaluación de la calidad culinaria y molinera del arroz. Guia de estudo. Cali: CIAT, 1989. 75p.

Page 210: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

819

ESTUDO DE MÉTODOS PARA A ANÁLISE SIMULTANEA DE ANTIOXIDANTES POR HPLC

Eduardo da Costa Eifert.1; Selma Koakuzu2; Priscila Zaczuk Bassinello3; Rosângela Nunes Carvalho4; Ming-Hsuan Chen5

Palavras-chave: tocoferóis, tocotrienóis, orizanol, vitamina E, arroz.,

INTRODUÇÃO A vitamina E é representada por uma família de compostos de estrutura

semelhantes, dos quais oito ocorrem na natureza (δ, γ , β e α tocoferóis e tocotrienóis), tendo sido isolados de óleos de vegetais e outros materiais de plantas. Pesquisas demonstram que estes compostos auxiliam na supressão de patogêneses, como doenças cardiovasculares e inflamatórias, de câncer e de degeneração através de sua capacidade antioxidante ao proteger as membranas celulares, reduzindo plasma e o total de colesterol e LDL. Por sua vez, o γ-orizanol parece ter capacidades antiinflamatórias e pode reduzir o risco de incidência de tumores. Além disso, o γ-orizanol pode ser utilizado como um antioxidante natural para aumentar a estabilidade de alimentos processados e produtos farmacêuticos.

Nos grãos de arroz, estes compostos fitoquímicos se concentram nas camadas mais externas da cariópse e, por isso, a maioria dos métodos para a sua quantificação é direcionada às matrizes ricas nestes compostos, como o farelo ou do óleo de arroz (CHEN & BERGMAN, 2005; XU & GODBERG, 1999; ROGERS et al., 1993). Entretanto, no Brasil o arroz é geralmente consumido na sua forma polida, e como este produto é constituído basicamente de endosperma amiláceo, a detecção e quantificação de todos os seus fitoquímicos torna-se difícil devido a baixa concentração de alguns homólogos. De outra forma, os poucos métodos encontrados na literatura não realizam a análise simultânea dos tocoferóis (α, γ e δ), tocotrienóis (α, γ e δ) e γ-orizanol. Geralmente os tocoferóis e tocotrienóis são analisados por RP-HPLC e o orizanol por HPLC em fase normal (HEINEMANN et al., 2008).

Portanto, o objetivo deste estudo foi o de aprimorar os métodos analíticos usados para quantificar os homólogos de vitamina E e γ-orizanol para amostras de arroz integral e branco polido e, desta maneira, fornecer ferramenta para estudos sobre os efeitos genéticos, ambientais, processamentos de pós-colheita, armazenamento e cocção, sobre os níveis destes compostos fitoquímicos.

MATERIAL E MÉTODOS A variedade de arroz irrigado (Oriza sativa L.) IRGA 417 foi proveniente da Embrapa

Arroz e Feijão, cultivada no município de Brazabrantes –GO no ano de 2010. Cerca de 200g da cultivar foi submetida ao beneficiamento em moinho de provas Suzuki MT-88, cerca de 100g da cultivar integral e 100g da amostra branco polido foram armazenada a 4°C. Aproximadamente 50 g das amostras branco polido e integral foram moídas em moinho martelo (Perten LM 3100) com peneira de abertura 0,5mm e armazenada a -20°C por 24 horas.

Dois métodos de extração dos antioxidantes homólogos de vitamina E e γ-orizanol foram efetuados. Utilizado como controle (CTL), o método de extração direta em metanol foi

1 Engenheiro Agrônomo, Embrapa Arroz e Feijão, Rodovia GO 462 – Km 12, 75375-000 – Santo Antônio de Goiás/GO, [email protected]. 2 Bacharel em Química, Embrapa Arroz e Feijão, [email protected]. 3 Engenheira Agrônoma, Embrapa Arroz e Feijão, [email protected]. 4 Engenheira de Alimentos, Embrapa Arroz e Feijão, [email protected]. 5 Química, USDA-ARD Rice Research Unit, [email protected].

Page 211: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

820

baseado no procedimento descrito por Chen & Bergman (2005) e adaptações sugeridas pelo próprio autor (CHEN, 2010): as amostras moídas (0,2 g) integral e branco polido foram submetidas a extração em 6 mL de metanol por 2 horas em agitação shaker (300 rpm) a 27°C, centrifugada a 3500 rpm por 15 minutos e separado o sobrenadante. O procedimento foi repetido por 3 vezes e os sobrenadantes reunidos foram concentrados em centrífuga à vácuo (Centrivap Labconco) até volume final de 2,0 mL, filtradas em membrana de 0,45 µm e submetidas a análise cromatográfica. O método utilizando extração com hexano foi baseado em Katsanidis (1999) com algumas adaptações: as amostra moídas (2,5 g) branco polido e integral foram colocadas em tubo falcon de 50 mL, adicionado 8 mL de etanol absoluto e homogenizado em vortex por 30 segundos, 8 mL de água destilada foi adicionado ao tubo e as amostras foram homogeneizadas por 30 segundos. Finalmente, foram adicionados 8 mL de hexano e as amostras homogeneizadas por mais 30 segundos, centrifugados por 8 minutos a 4°C e 3500 rpm, e separada a fase hexânica: o solvente foi removido usando centrífuga à vácuo (Centrivap Labconco) e o resíduo ressuspendido em 2,0 mL de metanol, filtrado em membrana de 0,45 µm e submetidos a análise cromatográfica. O mesmo procedimento utilizando hexano foi testado também em quantidades de amostra de 2,0; 1,5 e 1,0 g, e com 1 e 2 extrações com hexano, tanto para a amostra branco polido quanto para integral. As condições cromatográficas foram as mesmas para ambos os métodos.

Os padrões de tocoferóis (α, γ e δ) e tocotrienóis (α, γ e δ) foram adquiridos da Sigma-Aldrich, Inc (St. Louis, MO). O padrão de γ-orizanol foi gentilmente doado por Dra. Ming-Hsuan Chen do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A pureza dos padrões de tocoferóis e tocotrienóis foi calculada através dos coeficientes de extinção molar (E1%

1cm) segundo Chen & Bergman (2005) e valores de absorbância medida em Espectrofotômetro UV/VIS (Femto 700 plus).

As análises cromatográficas utilizaram Sistema de Cromatografia Líquida de Alto Desempenho (HPLC) Shimadzu Prominence (Shimadzu Co., Kyoto, Japan), com detectores de Fluorescência (RF-10AxL) e de Rede de Fotodiodos UV/VIS (SPD-M20A) ligados em série. Os extratos das amostras foram submetidos à separação por RP-HPLC em coluna Shin-Pack CLC-ODS (4,6 x 250mm, 5µm, Shimadzu) utilizando uma modificação do método de Chen & Bergman (2005). A separação cromatográfica dos sete compostos de interesse e a quantificação simultânea dos mesmos foi realizada usando um gradiente de fase móvel com condição inicial de 35% acetonitrila, 45% metanol, 10% isopropanol e 10% de ácido acético (1% v/v) a um fluxo de 1,5 mL/min. O tempo de corrida total foi de 42 min. Os tocotrienóis e tocoferóis (formas α, γ e δ) foram detectados por fluorescência a comprimento de onda de excitação 298 nm e de emissão 328 nm e o γ-orizanol por detector de UV/VIS a 325nm. A identificação e quantificação dos homólogos de vitamina E e γ-orizanol foram através dos tempos de retenção e curva de calibração de concentrações conhecidas dos padrões.

Os resultados foram submetidos à análise estatística com testes de comparação de médias (Tukey P<0,05) com auxílio do programa estatístico SAS 2007.

RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias observadas para os isômeros dos tocotrienóis (T3), tocoferóis (Tf) e γ-

oryzanol para arroz integral e polido estão apresentados na Tabela 1. Para arroz integral, observa-se que os métodos de extração utilizados permitiram

recuperação igual ou superior de tocotrienóis e tocoferóis ao tratamento controle (CTL), com exceção de δ-Tf, que apresentou similaridade entre os tratamentos. O tratamento que se destacou foi aquele com duas extrações e 1,0 g de amostra, apresentando as maiores recuperações dos isômeros de tocoferóis e tocotrienóis. De forma geral, as maiores recuperações foram obtidas quando se aumentou o numero de extrações e reduziram-se a quantidade de amostra. Por outro lado, apenas as extrações com 1,0 g de amostra permitiram obter concentrações de γ-oryzanol similares ao tratamento CTL, possivelmente devido à

Page 212: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

821

saturação do hexano pela quantidade de amostra.

Tabela 1: Concentração média de isômeros de tocotrienóis (T3), tocoferóis (Tf) e γ-oryzanol de arroz integral e polido, em diferentes métodos de extração e quantidade de amostra em relação ao tratamento controle (CTL).

Número de

extrações

Peso da amostra,

g

Tocotrienóis, Tocoferóis γ-oryzanol δ-T3 γ-T3 α-T3 δ-T γ-Tf α-Tf (µg/g)

Arroz Integral 1 1,0 1,496AB 17,165 ABC 0,437 A 0,063A 2,479AB 2,594A 135,167AB 2 1,0 1,617A 18,649 A 0,412 A 0,069A 2,564A 2,627A 146,62A 1 1,5 1,377BC 16,54 ABCD 0,319AB 0,057A 2,222ABC 2,215A 119,319BC 2 1,5 1,482AB 17,437 AB 0,295BC 0,068A 2,248ABC 2,147A 121,663ABC 1 2,0 1,267C 15,175 BCD 0,214CD 0,049A 1,913BCD 1,711A 105,372C 2 2,0 1,430B 16,194ABCD 0,212CD 0,056A 2,032 BC 1,762A 120,173ABC 1 2,5 1,286C 14,325 CD 0,221CD 0,051A 1,909 CD 1,692A 105,468C 2 2,5 1,474B 15,282 BCD 0,215CD 0,056A 1,975 CD 1,681A 120,335ABC

CTL 0,2 1,378BC 13,633 D 0,162 D 0,057A 1,688 D 1,099B 146,472 AB Arroz Polido

1 1,0 0,621ab 5,050a 0,095 a 0,012ab 0,583 c 0,462c 9,470 b 2 1,0 0,774a 5,830a 0,095 a 0,016a 0,665 a 0,483c 12,538 a 1 1,5 0,666ab 5,571a 0,095 a 0,013ab 0,622 ab 0,509abc 11,190 ab 2 1,5 0,708ab 5,955a 0,087 a 0,014ab 0,628 ab 0,464c 11,158 ab 1 2,0 0,638ab 5,514a 0,093 a 0,013ab 0,616 bc 0,548a 10,645 ab 2 2,0 0,698ab 5,958a 0,092 a 0,013ab 0,636 ab 0,546a 10,520 ab 1 2,5 0,547b 4,879a 0,079 a 0,011 b 0,534 d 0,484bc 9,165 bc 2 2,5 0,674ab 5,951a 0,089 a 0,014ab 0,626 ab 0,542ab 10,181 ab

CTL 0,2 0,678ab 4,060a 0,074 a 0,013ab 0,511 d 0,136d 6,885 c Letras maiúsculas na coluna comparam arroz integral, Tukey P<0,05; Letras minúsculas na coluna comparam arroz polido, Tukey P<0,05;

Para arroz polido, observou-se que os métodos de extração testados apresentaram similaridade de recuperação dos tocotrienóis em relação ao tratamento CTL. Por outro lado, os métodos de extração proporcionaram maior recuperação dos tocoferóis e γ-oryzanol em relação à CTL.

De uma forma geral, observa-se que duas extrações promoveram as maiores recuperações dos análogos da vitamina E e para alguns isômeros, o maior peso da amostra não apresentou melhoras na quantificação. O tratamento com duas extrações de uma amostra de 1,0 g apresentou perfil claro, com picos bem definidos de todos os isômeros, sendo um tratamento que pode ser utilizado para a quantificação tanto de análogos da vitamina E, como de γ-oryzanol. Entretanto, apesar de promissor, mais testes devem ser realizados para a indicação como uma futura metodologia de extração.

CONCLUSÃO Embora ainda haja a necessidade de mais estudos e testes, duas extrações com

hexano em amostras de 1,0 g mostrou-se promissora para a definição de uma nova metodologia para a extração e ientificação simultânea de γ-oryzanol, tocotrienóis e tocoferóis.

AGRADECIMENTOS À Embrapa por financiar este projeto (03070500600 -NV) e ao USDA pelo auxílio

nas análises de HPLC. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHEN, M.-H.; BERGMAN, C. J. A rapid procedure for analysing rice bran tocopherol, tocotrienol and γ -oryzanol contents. Journal of Food Composition and Analysis. v.18, n. 2-3, p.139–151, 2005.

Page 213: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

822

CHEN, M. –H. RE: Brazilian Rice samples for analyses [mensagem eletrônica]. Mensagem recebida por [email protected] em 04 de outubro de 2010. HEINEMANN, R. J. B.; XU, Z.; GODBER, S.; LANFER-MAERQUEZ, U. M. Tocopherols, tocotrienols, and γ –oryzanol contents in japonica and indica subspecies of rice (Oriza sativa L.) cultivated in Brazil. Cereal Chemistry, v. 85, n. 2, p. 243-247, 2008. KATSANIDIS, E.; ADDIS, P. B. Novel HPLC analysis of tocopherols, tocotrienols, and cholesterol in tissue Free Radical Biology & Medicine, v. 27, n.11-12, p. 1137-1140, 1999. XU, Z.; GODBER, J. S. Purification and identification of components of γ –oryzanol in rice bran oil. Jornal of Agricultural and Food Chemistry, v. 47, n. 7, p. 2724-2728, 1999. ROGERS, E. J.; RICE, S. M.; NICOLOSL, R. J.; CARPENTER, D. R.; McCLELLAND, C. A.. ROMANCZYK Jr., L. J. Identification and quantification of γ –oryzanol components and simultaneous assessment of tocols in rice bran oil. Journal of American Oil Chemist´s Society, v. 70, n. 3, p. 301-307, 1993. Se necessário, use este espaço para incorporar elementos extras ao resumo, como figuras ou tabelas maiores, sem contudo, exceder o limite de quatro páginas..

Page 214: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

823

INFLUÊNCIA DE HERBICIDAS SOBRE O RENDIMENTO DE ENGENHO DE GRÃOS DE ARROZ IRRIGADO

Cleide Jacqueline Besognin Jacques1, Leandro Galon2, Roger Araujo Kin1, Leilane Silveira D´Ávila1, Leomar Hackbart da Silva2, Ottmar Escobar de Almeida3, Sérgio Guimarães1, Giovane Matias Burg1*.

Palavras-chave: Qualidade de grãos, controle químico, Oryza sativa.

INTRODUÇÃO O Brasil é o nono produtor mundial de arroz e o primeiro do MERCOSUL com

uma produção anual de aproximadamente 13 milhões de toneladas (CONAB, 2011). Dentre os Estados da Federação o Rio Grande do Sul (RS) esta entre os maiores produtores de arroz irrigado. São várias as regiões que produzem arroz no RS, no entanto a Fronteira Oeste diferencia-se das demais pelas condições edafoclimáticas e nível de tecnologia adotado pelos produtores. Dessa região o município de Itaqui, semeou na safra 2009/10 uma área de 66.400 ha, alcançando produtividade média de 6.810 kg ha-1, sendo o segundo maior produtor do estado, perdendo somente para Uruguaiana. No entanto, não só Itaqui como os demais municípios da Fronteira Oeste necessitam intensificar as tecnologias referentes ao manejo e tratos culturais que envolvem a cultura, o que gera demanda por pesquisas que sejam desenvolvidas na própria região produtora do cereal.

Para se alcançar altas produtividades de grãos de arroz irrigado têm-se a necessidade da aplicação de agrotóxicos para o controle de plantas daninhas, insetos e doenças, sendo que muitas vezes esses podem ocasionar problemas com a qualidade do produto colhido ou mesmo contaminar os grãos do arroz (TELÓ et al., 2009). Segundo Fleck et al. (2008) um fator limitante na produtividade é a incidência de plantas daninhas, as quais interferem diretamente na qualidade e podem ocasionar perdas superiores a 85% na cultura do arroz, caso não seja adotado nenhum método de controle. O controle químico das plantas daninhas é o mais utilizado na atualmente, pois além da sua eficiência, apresenta praticidade e custo relativamente baixo se comparado a outros métodos de controle.

São escassos os estudos envolvendo o uso de herbicidas em arroz irrigado na Fronteira Oeste do RS, que tenham relatado a influência desses produtos sobre o rendimento de engenho do arroz após a colheita. A maioria dos estudos foram efetuados em outras regiões produtoras do cereal, sendo que às vezes os resultados encontrados podem ser contraditórios em função principalmente das diferenças que existem em relação ao clima, solo, manejo e tratos culturais ou mesmo da tecnologia empregada pelo orizicultor dessas regiões.

Desse modo objetiva-se com o trabalho avaliar a influência de herbicidas sobre o rendimento de engenho de grão de arroz irrigado, cultivar IRGA 417.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido a campo, no município de Itaqui/RS, durante o ano

agrícola 2010/11. A região, segundo Köppen, é classificada como subtropical, sem estação seca, com temperatura do mês mais quente maior que 22°C (Cfa), com precipitação pluviométrica média entre 1.300 a 1.500 mm, temperatura média entre 17,6°C a 20,2°C,

1 Acadêmicos de Agronomia da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Campus Itaqui, * Bolsita PIBIT/CNPq/UNIPAMPA. Emails: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] e [email protected]. 2 Eng. Agr., Dr., Professor Adjunto I da UNIPAMPA, Campus Itaqui, Avanida Luiz Joaquim de Sá Britto, s/n, Bairro Promorar, Itaqui-RS, CEP: 97650000, Telefone: (55) 3433 1669. Emails: [email protected] e [email protected]. 3 Eng. Agr. do Instituto Riograndense do Arroz (IRGA), 19º Núcleo de Assistência Técnica, Itaqui-RS. Email: [email protected]

Page 215: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

824

umidade relativa do ar, em média, situam-se entre 71% e 76%. O solo é classificado como Luvissolo Crômico pálico, abrúptico (EMBRAPA, 2006).

O sistema de cultivo utilizado foi o mínimo, semeando-se a cultivar de arroz IRGA 417, com semeadora/adubadora, na densidade 100 kg ha-1 em espaçamento de 0,17 m entre as linhas. A adubação foi realizada de acordo com a análise físico-química do solo e seguindo-se as recomendações técnicas da cultura (SOSBAI, 2010). Os demais tratos culturais efetuados com a cultura foram os preconizados pela pesquisa.

O experimento instalado a campo (para obtenção das amostras de grãos de arroz a fim de determinar o rendimento de engenho), foi em delineamento de blocos casualizados, com quatro repetições. Aplicou-se os herbicidas em doses que correspondiam a 0% (sem aplicação - testemunha), 100% (a dose recomendada) e 150% (cinqüenta por cento a mais que a recomendada). Como as doses recomendadas dos produtos são indicadas em intervalos mínimos e máximos, calculou-se a dose média para aplicar no experimento, equivalendo a 800 mL ha-1 de clefoxydin, 175 mL ha-1 de penoxsulam, 112,5 mL ha-1 de

bispyribac-sodium e 1375 mL ha-1 de cyhalofo-p-butyl, acrescentando-se os adjuvantes recomendados. A partir da dose média obtida aplicou-se sobre o arroz as doses de 0,00; 800,00 e 1200,00 mL ha-1 de clefoxydin; 0,00; 175,00 e 262,50 mL ha-1 de penoxsulam; 0,00; 112,50 e 168,75 mL ha-1 de bispyribac-sodium e 0,00; 1375,00 e 2062,50 mL ha-1 de cyhalofo-p-butyl. A aplicação dos herbicidas foi efetuada com pulverizador costal de precisão, pressurizado a CO2, acoplado a esse uma barra contendo cinco bicos de pulverização tipo leque Teejet 110.02, distanciados a 0,50 cm. A pressão utilizada foi de 210 kPa e velocidade de deslocamento de 3,6 km h-1, o que propiciou a vazão de 150 L ha-1 de calda herbicida.

A produtividade foi determinada pela colheita manual do arroz em área de 4 m2 ( 4 x 1 m), quando esse atingiu aproximadamente 22% de umidade. Após a pesagem dos grãos a umidade foi corrigida para 13% e os dados extrapolados a kg ha-1. Posteriormente a colheita dos grãos, efetuou-se a determinação do grãos inteiros e grãos quebrados (rendimento de engenho) expressos em gramas, no laboratório de sementes da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Campus Itaqui, em delineamento inteiramente casualizado, com três repetições. O rendimento de engenho das amostras de arroz de cada tratamento foi realizado em engenho de provas modelo MT-09 e marca Suzuki. Para isso coletou-se em cada tratamento proposto amostras de 100 g para proceder às análises de grãos inteiros e quebrados expressos em gramas.

Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F, em sendo significativos efetuou-se a comparação das médias pelo teste de Tukey. Todos os testes foram efetuados a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados demonstram que na dose recomendada (100%) o herbicida

cyhalofop-p-butyl proporcionou a maior e o clefoxydin a menor produtividade de grãos de arroz, sendo que os dois diferiram significativamente dos demais tratamentos (Tabela 1). Ao incrementar a dose dos herbicidas em 50%, além da recomendada (150%), observou-se que o tratamento que levou penoxsulam foi o mais produtivo, seguido do cyholofop-p-butyl. E novamente o clefoxydin ocasionou a menor produtividade de grãos se comparado aos demais. Desse modo percebe-se, de maneira geral, que o cyhalofop-p-butyl foi mais seletivo à cultura e o clefoxydin o que influenciou negativamente à produtividade de grãos. Estudos demonstram que o cyhalofop-p-butyl é altamente seletivo ao arroz (CONCENÇO et al., 2003) e o clefoxydin pode apresentar severas injúrias, refletindo na redução da produtividade de grãos da cultura (PINTO et al., 2005).

Na atualidade muitos são os trabalhos que avaliam a seletividade de herbicidas à cultura do arroz, porém poucos são os que determinam a influência desses produtos sobre a qualidade do produto colhido, ou seja, sobre o rendimento de engenho.

Page 216: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

825

Tabela 1. Produtividade de grãos de arroz cultivar IRGA 417 em função das doses aplicadas de clefoxydin 0 (0%); 800 (100%) e 1200 (150%) mL ha-1; de bispyribac-sodium 0 (0%); 112,5 (100%) e 168,75 (150%) mL ha-1 e de cyhalofo-p-butyl 0 (%); 1375 (100%) e 2062,5 (150%) e de penoxsulam 0 (0%); 175 (100%) e 262,5 (150%) mL ha-1. Itaqui-RS, 2010/11

Herbicidas Doses 0% 100% 150%

Clefoxydin1 10211,7ns 9396,6 d1 9843,7 d Bispyribac-sodium2 10211,7 10687,5 b 9984,3 c Cyhalofop-p-butyl3 10211,7 11084,2 a 10100,0 b Penoxsulam4 10211,7 10381,1 c 10803,0 a

1 Médias seguidas de mesmas letras minúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ns Não significativo. 1

Na Tabela 2 estão representados os resultados de rendimento de engenho (grãos

inteiros e quebrados) da cultivar IRGA 417, submetida a aplicação de doses dos herbicidas. Observou-se que os herbicidas bispyribac-sodium, cyhalofo-p-butyl e penoxsulam quando aplicados na dose recomendada (100%) ou uma vez e meia a dose recomendada (150%) apresentaram menor quantidade de grãos inteiros se comparados a testemunha que não levou herbicida, enquanto que para o clefoxydin não se detectou diferenças em nenhuma das doses avaliadas.

Os dados demonstram para todos os herbicidas testados e nas maiores doses que houve incremento significativo nos grãos quebrados da cultivar de arroz IRGA 417 (Tabela 2). A maior dose aplicada sobre o arroz dos herbicidas bispyribac-sodium, cyhalofop-p-butyl e penoxsulam, ocasionou menor percentagem de grãos inteiros e consequentemente maior percentagem de grãos quebrados.

Tabela 2. Rendimento de grãos inteiros e quebrados de arroz cultivar IRGA 417 em função das doses aplicadas de

clefoxydin 0 (0%); 800 (100%) e 1200 (150%) mL ha-1; de bispyribac-sodium 0 (0%); 112,5 (100%) e 168,75 (150%) mL ha-1 e de cyhalofo-p-butyl 0 (%); 1375 (100%) e 2062,5 (150%) mL ha-1 e de penoxsulam 0 (0%); 175 (100%) e 262,5 (150%) mL ha-1. Itaqui-RS, 2010/11

Herbicidas Dose (%) Grão inteiro (g) Grão quebrado (g)

Clefoxydin 0 56,52 ± 0,50 a 8,01 ± 0,16 a

100 56,59 ± 0,96 a 5,50 ± 0,41 b

150 57,03 ± 0,50 a 8,35 ± 0,54 a

Bispyribac-sodium 0 56,52 ± 0,50 a 8,01 ± 0,16 a

100 54,58 ± 0,85 b 7,44 ± 0,49 b

150 53,96 ± 0,77 b 8,90 ± 0,02 a

Cyhalofop-p-butil 0 56,52 ± 0,50 a 8,01 ± 0,16 b

100 50,04 ± 0,55 b 12,14 ± 0,21 a

150 52,89 ± 0,59 b 11,02 ± 0,26 a

Penoxsulam 0 56,52 ± 0,50 a 8,01 ± 0,16 b

100 55,70 ± 0,70 b 8,78 ± 0,32 b

150 53,79 ± 0,46 c 10,94 ± 0,69 a

Médias seguidas de mesmas letras minúsculas na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Além do impacto dos herbicidas no solo e nas águas superficiais e subterrâneas

eles podem ainda causar efeitos diretos e/ou indiretos no crescimento, desenvolvimento (RIZZARDI et al., 2003) e às vezes na qualidade final do produto colhido que nem sempre são perceptíveis visualmente e nem amplamente considerados. De acordo com Galon et al. (2010) ao analisarem a influência de herbicidas sobre 10 genótipos de cana-de-açúcar constataram que os mesmos afetaram de forma diferenciada às características relacionadas à qualidade da matéria-prima tais como; brix, fibra, porcentagem de sacarose e pureza do caldo, e principalmente a produtividade de colmos e de açúcar, decorridos 360 dias da aplicação.

Sabe-se que uma porção dos herbicidas aplicados para o controle de plantas daninhas atinge à cultura presente na área ou em áreas próximas, interagindo com essas plantas e causando efeitos secundários. Existem relatos de efeitos fisiológicos secundários induzidos por herbicidas (LYDON & DUKE, 1989; DEVINE et al., 1993). Esses efeitos incluem alterações tanto no metabolismo do nitrogênio e nos níveis hormonais quanto no metabolismo secundário da planta o que pode interferir também na qualidade final do

produto colhido, no caso do arroz pode influenciar o rendimento de engenho.

CONCLUSÃO A produtividade de grãos do arroz é influenciada pela aplicação de herbicidas,

sendo o clefoxydin, tanto na dose recomendada quanto na dose acima da recomendada o menos seletivo e o cyhalofo-p-butyl o mais seletivo.

Os herbicidas e doses interferem no rendimento de engenho, sendo o bispyribac-sodium, cyhalofop-p-butyl e o penoxsulam os que reduzem a percentagem de grãos inteiros e consequentemente aumentam a percentagem de grãos quebrados de arroz cultivar IRGA 417, nas doses acima da recomendada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONAB - Companhia nacional de abastecimento. Acompanhamento de safra brasileira: grãos, oitavo

levantamento. Disponível em: http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1028&t=2. Acessado em: 12/05/2011.

CONCENÇO, G. et al. Eficiência de herbicidas inibidores de ACCase no controle de Echinochloa sp.. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 3.; REUNIÃO DA CULTURA DE ARROZ IRRIGADO, 25.; 2003, Balneário Camboriú - SC. Anais… Itajai: EPAGRI, 2003. p.441-443.

DEVINE, M. et al. Oxygen toxicity and herbicidal action; Secondary physiological effects of herbicides. In:

Physiology of herbicide action. New Jersey: Prentice-Hall, 1993. Cap.9, p.177-188. EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro Nacional de Pesquisa

Agropecuária de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro: 2006. 412 p. FLECK, N.G. et al. Competitividade relativa entre cultivares de arroz irrigado e arroz-vermelho. Planta

Daninha, v.26, n.1, p.101-111, 2008. GALON, L. et al. Influência de herbicidas na qualidade da matéria-prima de genótipos de cana-de-açúcar.

Planta Daninha, v.27, n.3, p. 555-562, 2009. LYDON, J.; DUKE, S.O. Pesticide effects on secondary metabolism of higher plants. Pesticide Science,

v.25, n.4, p.361-373, 1989. PINTO, J.J.O. et al. Manejo de capim-arroz (Echinochloa spp.) resistente utilizando mistura de herbicidas

graminicidas sistêmicos, aplicados em pós-emergência do arroz e das plantas daninhas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4.; REUNIÃO DA CULTURA DE ARROZ IRRIGADO, 26.; 2005, Santa Maria - RS. Anais… Santa Maria: Editora Orium, 2005. p.251-253.

RIZZARDI, M.A. et al. Ação de herbicidas sobre mecanismos de defesa das plantas aos patógenos.

Ciência Rural, v.33, n.5, p.957-965, 2003. SOSBAI - SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO. Arroz irrigado: recomendações

técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Porto Alegre-RS: SOSBAI, 2010.188p. TELÓ, G.M. et al. Resíduos de fungicidas e inseticidas nos grãos e plantas de arroz irrigado. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 6.: 2009, Porto Alegre-RS. Anais… Porto Alegre-RS: Editora Palotti, 2009. p.464-467.

Page 217: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

826

produto colhido, no caso do arroz pode influenciar o rendimento de engenho.

CONCLUSÃO A produtividade de grãos do arroz é influenciada pela aplicação de herbicidas,

sendo o clefoxydin, tanto na dose recomendada quanto na dose acima da recomendada o menos seletivo e o cyhalofo-p-butyl o mais seletivo.

Os herbicidas e doses interferem no rendimento de engenho, sendo o bispyribac-sodium, cyhalofop-p-butyl e o penoxsulam os que reduzem a percentagem de grãos inteiros e consequentemente aumentam a percentagem de grãos quebrados de arroz cultivar IRGA 417, nas doses acima da recomendada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONAB - Companhia nacional de abastecimento. Acompanhamento de safra brasileira: grãos, oitavo

levantamento. Disponível em: http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1028&t=2. Acessado em: 12/05/2011.

CONCENÇO, G. et al. Eficiência de herbicidas inibidores de ACCase no controle de Echinochloa sp.. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 3.; REUNIÃO DA CULTURA DE ARROZ IRRIGADO, 25.; 2003, Balneário Camboriú - SC. Anais… Itajai: EPAGRI, 2003. p.441-443.

DEVINE, M. et al. Oxygen toxicity and herbicidal action; Secondary physiological effects of herbicides. In:

Physiology of herbicide action. New Jersey: Prentice-Hall, 1993. Cap.9, p.177-188. EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro Nacional de Pesquisa

Agropecuária de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro: 2006. 412 p. FLECK, N.G. et al. Competitividade relativa entre cultivares de arroz irrigado e arroz-vermelho. Planta

Daninha, v.26, n.1, p.101-111, 2008. GALON, L. et al. Influência de herbicidas na qualidade da matéria-prima de genótipos de cana-de-açúcar.

Planta Daninha, v.27, n.3, p. 555-562, 2009. LYDON, J.; DUKE, S.O. Pesticide effects on secondary metabolism of higher plants. Pesticide Science,

v.25, n.4, p.361-373, 1989. PINTO, J.J.O. et al. Manejo de capim-arroz (Echinochloa spp.) resistente utilizando mistura de herbicidas

graminicidas sistêmicos, aplicados em pós-emergência do arroz e das plantas daninhas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4.; REUNIÃO DA CULTURA DE ARROZ IRRIGADO, 26.; 2005, Santa Maria - RS. Anais… Santa Maria: Editora Orium, 2005. p.251-253.

RIZZARDI, M.A. et al. Ação de herbicidas sobre mecanismos de defesa das plantas aos patógenos.

Ciência Rural, v.33, n.5, p.957-965, 2003. SOSBAI - SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO. Arroz irrigado: recomendações

técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Porto Alegre-RS: SOSBAI, 2010.188p. TELÓ, G.M. et al. Resíduos de fungicidas e inseticidas nos grãos e plantas de arroz irrigado. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 6.: 2009, Porto Alegre-RS. Anais… Porto Alegre-RS: Editora Palotti, 2009. p.464-467.

Page 218: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

827

PROPRIEDADES DE PASTA DE AMIDO DE ARROZ SUBMETIDO A TRATAMENTO TÉRMICO DE BAIXA UMIDADE SOB DIFERENTES

TEMPERATURAS

Bruna Klein1, Vânia Zanella Pinto2, Franciene Almeida Villanova3, Lucia Rota Borges4, Cristiano Dietrich Ferreira3, Jarine Amaral3, Alvaro Renato Guerra Dias6

Palavras chave: Arroz, amido, modificação, propriedades.

INTRODUÇÃO

O arroz é consumido no Brasil, principalmente, na forma de grãos inteiros, tornando

restrita a sua utilização em produtos industrializados. Durante o processo de beneficiamento

do arroz, resultam aproximadamente 14% de grãos quebrados (ELIAS e OLIVEIRA, 2009).

Uma das alternativas para agregar valor aos grãos quebrados seria a extração de amido,

transformando essa matéria-prima em um produto de interesse industrial e comercial.

O amido é um polissacarídeo natural e a principal fonte de reserva em plantas e

ocorre na forma de grânulos, compostos por duas macromoléculas, amilose e amilopectina

(SMITH, 2001). Na sua forma nativa, o amido nem sempre possui as propriedades físico-

químicas adequadas a determinados tipos de processamentos, mas, quando modificado,

aumenta seu espectro de utilização (CEREDA et al., 2003).

O tratamento térmico de baixa umidade (TTBU) é uma modificação física que

envolve baixos níveis de umidade, usualmente de 10 - 30%, a temperaturas acima da

temperatura de transição vítrea, mas abaixo da temperatura de gelatinização, por um

período de tempo que pode variar de 15 min a 16 h (JACOBS, DELCOUR, 1998). Este

tratamento apresenta como parâmetros críticos de controle o teor de umidade, a

temperatura, e o tempo de aquecimento, sendo possível preparar amidos com propriedades

pré-estabelecidas apenas pelo controle das condições do processo (CEREDA et al., 2003).

O TTBU pode promover aumento na estabilidade térmica, redução na capacidade de

retrogradação, no poder de inchamento e no lixiviamento da amilose (ADEBOWALE et al.,

2005). Os amidos modificados possuem propriedades funcionais específicas, apropriadas

para certos tipos de alimentos, tais como enlatados ou congelados (JAYAKODY, HOOVER,

2008). O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos do tratamento térmico de baixa umidade

                                                                                                                         1 Engenheira de Alimentos. Douroranda em Ciência e Tecnologia Agroindustrial - UFPel. Rua Conde de Porto Alegre, 441. CEP 96.010-290. Pelotas RS. e-mail: [email protected] 2 Engenheira de Alimentos. Mestranda em Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Universidade Federal de Pelotas, RS. e-mail:[email protected] 3 Acadêmico (a) do Curso de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas, RS. 4 Acadêmico (a) do Curso de Nutrição da Universidade Federal de Pelotas, RS. 5. Nutricionista; Msc. Saúde e Comportamento; Prof. Assistente do Departamento de Nutrição da Universidade de Pelotas, RS. email: [email protected] 5 Eng. Agrônomo; Dr. Tecnologia de Alimentos; Prof. Titular do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel;Universidade Federal de Pelotas, RS. e-mail: [email protected]

Page 219: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

828

em diferentes temperaturas nas propriedades de pasta de amido de arroz.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi utilizada para a extração de amido amostra de arroz, cultivar IRGA 417 (36% de

amilose), cultivado em sistema irrigado no sul do Brasil, cedidas pelo Instituto Riograndense

de Arroz (IRGA). Os grãos de arroz foram descascados, polidos e moídos para obtenção de

farinha. O amido de arroz foi isolado conforme descrito por Zavareze et al. (2010). O

tratamento térmico de baixa umidade (TTBU) foi realizado segundo método descrito por

Zavareze et al. (2010). Os amidos de alta amilose foram condicionados em 22% de umidade

e colocados em recipientes de vidro hermeticamente fechados e armazenados a 4°C por

24h para uniformização da umidade. As amostras foram autoclavadas a 100 ou a 120°C

durante duas horas. As amostras tratadas foram secas em estufa com circulação de ar a

40°C até aproximadamente 12% de umidade, após foram moídas (moinho Perten, 3100) e

armazenadas em recipientes herméticos para posterior avaliação.

As propriedades de pasta foram determinadas usando um “Rapid Visco Analyser”

(RVA) (Newport Scientific, Austrália), com o programa Thermocline for Windows (versão

1.10), utilizando a programação Standard 1 para amido de arroz. . A viscosidade foi

expressa em RVU (Rapid Visco Unit.). O amido (3,0 g, 14% de umidade) foi pesado

diretamente em um cânister do RVA, adicionados 25 mL de água destilada e o cânister

inserido no equipamento. Foram avaliadas as temperaturas de início de formação de pasta,

pico de viscosidade, viscosidade máxima, viscosidade mínima, quebra da viscosidade,

viscosidade final e capacidade de retrogradação. As análises foram realizadas em triplicata.

A comparação de médias foi realizada através do teste de Tukey ao nível de 5% de

significância, utilizando análise de variância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tratamento térmico de baixa umidade promoveu uma redução significativa no pico

de viscosidade do amido de arroz tratado hidrotermicamente a 120°C em relação ao amido

de arroz nativo (Tabela 2). A redução do pico de viscosidade do amido submetido a este

tratamento tem sido atribuída a diversos fatores, entre eles o aumento da cristalinidade e

redução da hidratação (WADUGE et al., 2006), interação entre as moléculas de amilose

e/ou amilopectina (JACOBS et al., 1998), aumento da força de ligação intramolecular e a

formação do complexo amilose-lipídio (WADUGE et al., 2006). Observa-se também uma

redução significativa na viscosidade mínima, viscosidade final e capacidade de

retrogradação dos amidos modificados com o aumento da temperatura dos tratamentos. No

entanto, em relação a temperatura de pasta ocorreu um aumento signficativo com o

Page 220: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

829

incremento da temperatura de tratamento (Tabela 2). Resultados similares foram

encontrados por Watcharatewinkul et al. (2009) para TTBU de amido de cana. Os mesmos

autores descreveram que as mudanças nas propriedades de pasta dos amidos tratados

hidrotermicamente são devido as associações entre as cadeias na região amorfa dos

grânulos e mudanças na cristalinidade durante o tratamento hidrotérmico.

Hormdork e Noomhom (2007) verificaram em amido de arroz modificado

hidrotermicamente, redução do pico de viscosidade claramente atribuido à restrita

capacidade de inchamentto do amido de arroz. A redução da viscosidade de pasta pode

ser explicada como a formação de uma proteção em torno do granulo de amido,

parcialmente gelatinizado, atuando como uma barreira à água inibindo a gelatinização e

formação de pasta (HOOVER, MANUEL, 1996).

Tabela 2 Propriedades de pasta de amido arroz nativo e modificado Propriedades de pastaa

Tratamentos Pico de

viscosidade

(RVU)

Viscosidade

mínima

(RVU)

Quebra

(RVU)

Viscosidade

final

(RVU)

Capacidade

de

retrogradação

(RVU)

Temperatura

de pasta

(°C)

Nativo 249,81a 219,29ª 22,12b 340,10a 121,93ª 62,82c

100°C 243,15a 166,29b 33,40a 267,52b 85,12b 70,17b

120°C 133,94b 111,53c 22,42b 141,22c 29,69c 73,85a a Letras diferentes na mesma coluna para cada propriedade diferem estatisticamente (p≤0,05).

Zavareze et al. (2010) avaliaram o efeito do TTBU em amido de arroz com

diferentes conteúdos de amilose, os efeitos mais fortes ocorreram no amido com alta

amilose, onde houve um aumento da temperatura de pasta e um decréscimo no pico de

viscosidade, na quebra, na viscosidade final e na capacidade de retrogradação.

Assim, amido de arroz submetido a tratamento hidrotérmico de baixa umidade

desperta grande interesse para aplicação em produtos alimentícios que requerem baixa

viscosidade de pasta e alta estabilidade térmica. Bem como, as mudanças nas propriedades

de pasta podem ser controladas com a intensidade do tratamento térmico aplicado.

CONCLUSÕES

O tratamento térmico de baixa umidade sob diferentes temperaturas provocou

alterações significativas no perfil de pasta do amido de arroz. Foi verificado que com o

aumento da temperatura de tratamento ocorreu redução do pico de viscosidade, da

viscosidade mínima, da viscosidade final e da capacidade de retrogradação, assim como

Page 221: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

830

aumento na temperatura de pasta dos amidos modificados em relação ao amido de arroz

nativo.

AGRADECIMENTOS À Capes, CNPq e Fapergs pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADEBOWALE, K. O.; OLU-OWOLABI, B. I.; OLAYINKA, O. O.; LAWAL, O. S. Effect of heat–moisture treatment and annealing on physicochemical properties of red sorghum starch. African Journal of Biotechnology, v. 4, n. 9, p. 928-933, 2005.

CEREDA, M. P.; VILPOUX, O.; DEMIATE, I. M. Amidos modificados. In: CEREDA, M. P.; VILPOUX, O. F. Tecnologia, usos e potencialidades de tuberosas amiláceas latino americanas. São Paulo: Fundação Cargill, 2003, v.3. Cap.12, p. 246-332.

ELIAS, M. C.; OLIVEIRA, M. Aspectos tecnológicos e legais na formação de auditores técnicos do sistema nacional de certificação de unidades armazenadoras. Pelotas: Ed. Santa Cruz, p. 430, 2009.

HORMDOK, R; NOOMHORM, A. Hydrothermal treatments of rice starch for improvement of rice noodle quality. LWT - Food Science and Technology, v. 40, n. 10, p. 1723-1731, 2007.

HOOVER, R., MANUEL, H. The Effect of Heat–Moisture Treatment on the Structure and Physicochemical Properties of Normal Maize, Waxy Maize, Dull Waxy Maize and Amylomaize V Starches. Journal of Cereal Science, v. 23, p. 153–162, 1996.

JACOBS H, DELCOUR J. Hydrothermal modifications of granular starch, with retention of the granular structure: a review. Journal of Agricultural and Food Chemistry. v. 46, p. 2895–2905, 1998.

JAYAKODY, L.; HOOVER, R. Effect of annealing on the molecular structure and physicochemical properties of starches from different botanical origins - A review, Carbohydrate Polymers, v. 74, n. 3, p. 691-703, 2008.

SMITH, A. M. The biosynthesis of the starch granule. Biomacromolecules, v. 2, p. 335–341, 2001.

WADUGE, R. N., HOOVER, R., VASANTHAN, T., GAO, J., LI, J. Effect of annealing on the structure and physicochemical properties of barley starches of varying amylase content. Food Research International, v. 39, p. 59–77. 2006.

WATCHARATEWINKUL, Y.; PUTTANLEK, C.; RUNGSARDTHONG, V.; UTTAPAP, D. Pasting properties of a heat-moisture treated canna starch in relation to its structural characteristics. Carbohydrate Polymers, v. 75, p. 505–511, 2009.

ZAVAREZE, E. R., STORCK, C. R., CASTRO, L. A. S., SCHIRMER, M. A., Dias, A. R. G. Effect of heat-moisture treatment on rice starch of varying amylose content. Food Chemistry. v. 121, p. 358–365. 2010.

Page 222: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

831

PRODUÇÃO DE SEMENTES CERTIFICADA DE ARROZ IRRIGADO NO RS NAS SAFRAS 2008/09, 2009/10.

José Mauro Costa Rodrigues Guma1; Felipe Gutheil Ferreira2; Athos Dias de Castro Gadea.3

Palavras-chave: Oryza sativa, certificação de sementes, qualidade ,

INTRODUÇÃO A qualidade de sementes tem papel destacado na lavoura moderna. A semente é

o vetor das qualidades elegidas pelo produtor para a sua lavoura, é ela quem define, muitas vezes, a longevidade do sistema produtivo utilizado e pode ser um limitante para que se atinjam altas produtividades. Como conseqüência, a semente tem reflexos diretos nos custos e na rentabilidade do sistema. Segundo Hampton (2011), a qualidade das sementes é um conceito múltiplo que compreende diversos componentes, ainda que para muitos dos que irão utilizá-la, a semente de qualidade é aquela que vai germinar e está livre de espécies de invasoras indesejadas. Contudo, existem outros componentes da qualidade de sementes que podem ser agrupados em três categorias:

1. Descrição: espécie e pureza varietal; pureza analítica; uniformidade; peso da semente.

2. Higiene: contaminação com invasoras nocivas; sanidade da semente; contaminação com insetos e ácaros.

3. Potencial de desempenho: germinação, vigor, emergência e uniformidade em campo.

Visando garantir a identidade e a qualidade do material de multiplicação produzido, comercializado e utilizado em todo território nacional, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) instituiu através da Lei n° 10.711 (BRASIL, 2003), o Sistema Nacional de Sementes e Mudas. Este sistema compreende duas classes de produção de sementes, a classe certificada e a classe não certificada. Cada uma destas classes possui duas categorias. A semente certificada possui as categorias C1 e C2 (C1 derivada da semente básica e C2 derivada da semente C1). A semente não certificada possui as categorias S1 e S2 (S1 derivada da semente básica ou C2, e a S2 derivada da semente S1). O produtor de sementes ao chegar às categorias C2 e S2, é obrigado a renovar seu material de multiplicação, ou seja, adquirir a semente básica. Isto é chamado de controle de gerações e evita a degeneração genética do cultivares. No Rio Grande do Sul, O IRGA realiza o processo de certificação de sementes para a cultura de arroz irrigado. Este processo consiste de auditoria externa de qualidade com padrões estabelecidos pelo MAPA, por meio da Instrução Normativa nº 25 (BRASIL, 2005). O presente trabalho objetivou relatar a produção de sementes certificada recomendadas para o cultivo no Estado do RS nas safras 2009/10 e 2010/11.

MATERIAL E MÉTODOS As sementes certificadas foram produzidas por produtores licenciados pelos

obtentores das cultivares (IRGA, BASF e EMBRAPA) e registrados no RENASEM junto ao MAPA. No RS o IRGA é a Entidade que realiza o processo de certificação para as sementes de arroz. A metodologia utilizada é descrita no MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO IRGA

¹ Eng° Agr° MSc., Pesquisador IRGA-EEA. Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494. Cachoeirinha/RS. [email protected].. 2 Eng° Agrº MSc., Pesquisador IRGA-EEA. [email protected]. 3 Eng° Agrº Pesquisador IRGA-EEA. [email protected].

Page 223: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

832

PARA CERTIFICAÇÃO DE SEMENTES DE ARROZ (IRGA, 2011) e segue as instruções da Instrução Normativa Nº 9 (BRASIL, 2005) e consiste em realizar as vistorias nos campos de produção de sementes e nas Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS). O IRGA conta com uma estrutura de 30 certificadores, 6 Laboratórios de Análises de Sementes (LAS), 6 responsáveis técnicos de LAS, 7 analistas de sementes e 9 auxiliares técnicos.

Os campos de produção de sementes são inscritos junto ao MAPA e após a homologação da autoridade competente são distribuídos aos certificadores do IRGA que agendam as vistorias. Se os campos estiverem dentro dos padrões determinados (INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 25, 2005) os campos são aprovados e liberados para colheita.

O produtor e seu Responsável Técnico (RT) informam a produção de cada campo e o local de armazenagem. Após o beneficiamento os produtores solicitam a amostragem dos lotes aos técnicos certificadores do IRGA. A metodologia de coleta de amostras é descrita pelo MAPA (INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 9, 2005). As amostram são levadas aos LAS da REDE IRGA, inscritos e credenciados pelo MAPA, onde são analisadas conforme as Regras Brasileiras de Análises de Sementes (RAS, 2010) e se estiverem dentro do padrão de sementes (INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 25), recebem o certificado.

Os registros são armazenados de forma a possibilitar a rastreabilidade de todo o processo de certificação das sementes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A área inscrita para a produção de sementes certificada categoria C1 e C2 na

safra 2008/09 foi de 11.133,20 hectares, com 48 produtores de sementes. A área aprovada foi de 8.026,90 hectares e a taxa de aprovação de campos foi de 72,1%. A reprovação de campos é considerada alta e significa prejuízo tanto para os produtores de sementes, quanto obtentores que investiram na produção de sementes básicas e perdem a arrecadação resultante das taxas tecnológicas dos campos reprovados. O principal motivo de reprovação continua sendo a escolha de campos e a capacitação de parceiros na produção de sementes.

Foram certificados 917.167 sacos de semente de 40 quilos, totalizando 36.687 toneladas (tabela 1). As cultivares mais produzidas foram a Puita Inta CL, seguida da IRGA 424, IRGA 422CL, BRS QUERÊNCIA, IRGA 417 e BR IRGA 409. A taxa de aprovação de sementes foi de 83,65%, indicando um bom trabalho nas vistorias de campo. Nesta safra, existe uma ressalva a ser feita, o grão de arroz vermelho tipo logo fino que vem aumentado de importância nas reprovações de lotes de sementes nos Laboratórios de Análises de Sementes (LAS). Nas vistorias de campo é difícil observar este tipo de planta, resultante do cruzamento de plantas arroz vermelho com plantas de arroz cultivado, já que as características morfológicas das plantas são semelhantes, diferenciando apenas a cor do pericarpo do grão. E esta característica é percbida nas análises de sementes culminado na reprovação dos lotes. Portanto, aumenta da importância da escolha do campo e parceiros envolvidos no processo de produção de sementes.

Page 224: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

833

Tabela 1: Área certificada, produção e desempenho da produção de sementes certificadas na Safra 2008/09. DOAT-IRGA 2011.

Total Aprovado Condenado Analisado Certificado

BR IRGA 409 418,20               281,60           136,60                   67,34                   43.500,00                     35.286,00                     81,12                  BR IRGA 410 15,00                     15,00               -­‐                               100,00               700,00                                 700,00                                 100,00              BR IRGA 414 2,00                         2,00                     -­‐                               100,00               210,00                                 210,00                                 100,00              IRGA 417 880,70               576,30           304,40                   65,44                   48.258,00                     37.010,00                     76,69                  IRGA 418 15,00                     15,00               -­‐                               100,00               900,00                                 900,00                                 100,00              IRGA 419 5,00                         3,50                     1,50                           70,00                   -­‐                                               -­‐                                               -­‐                          IRGA 420 5,00                         -­‐                         5,00                           -­‐                             -­‐                                               -­‐                                               -­‐                          IRGA 422 CL 1.614,40         1.081,60   532,80                   67,00                   93.253,00                     75.775,00                     81,26                  IRGA 423 684,40               190,20           494,20                   27,79                   18.913,00                     15.670,00                     82,85                  IRGA 424 3.080,60         1.943,60   1.137,00           63,09                   314.985,00                 258.442,00                 82,05                  PUITA INTA CL 2.995,10         2.798,30   196,80                   93,43                   465.194,00                 403.500,00                 86,74                  BRS ATALANTA 31,70                     31,70               -­‐                               100,00               5.720,00                         5.383,00                         94,11                  BRS FRONTEIRA 158,00               119,00           39,00                       75,32                   9.375,00                         9.375,00                         100,00              BRS PELOTA 20,00                     20,00               -­‐                               100,00               -­‐                                               -­‐                                               -­‐                          BRS QUERÊNCIA 1.110,60         890,60           220,00                   80,19                   81.479,00                     61.973,00                     76,06                  BRS 7 TAIM 48,00                     48,00               -­‐                               100,00               12.413,00                     11.413,00                     91,94                  EPAGRI 108 46,00                     7,00                     39,00                       15,22                   1.530,00                         1.530,00                         100,00              EL PASO 144 3,50                         3,50                     -­‐                               100,00               -­‐                                               -­‐                                               -­‐                          Total 11.133,20   8.026,90   3.106,30           72,10                   1.096.430,00         917.167,00                 83,65                  

Cultivar Taxa  de  Aprovação  (%)

Taxa  de  Aprovação  (%)(hectares) (sacos  40  kg)

A Tabela 2 apresenta os dados da produção de semente certificada na safra

2009/10. Foram inscritos 11.943,81 hectares para a produção de sementes certificada (C1 e C2) com a participação de 53 produtores de sementes certificadas no RS. Após as vistorias nos campos de produção, a aprovação foi de 9.409,22 hectares, ou seja, uma taxa de aprovação média de 78,80%.

As sementes mais produzidas na safra 2009/10 foram das cultivares Puita Inta CL, seguida do IRGA 424, BRS QUERÊNCIA, IRGA 417 e BR IRGA 409. As cultivares IRGA representaram 40%, a cultivar da BASF representou 55% e as cultivares da Embrapa representaram 5% da produção certificada de sementes no RS nesta safra. A produção de sementes certificadas na safra 2009/10 foi de 43.783,4 toneladas, equivalente à 1.094.584 sacos de 40 quilos. Um aumento significativo em relação à safra 2008/09 em que a produção certificada foi de 36.687 toneladas.

Page 225: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

834

Tabela 2: Área certificada, produção e desempenho da produção de sementes certificadas na Safra 2009/10. DOAT-IRGA 2011.

Total Aprovado Condenado Analisado Certificado

BR  IRGA  409 808,59               471,39           337,20                   58,30                   62.158                                 41.664                                 67,03                  BR  IRGA  410 7,00                         6,00                     1,00                           85,71                   780                                             -­‐                                               -­‐                          BR  IRGA  414 3,00                         2,00                     1,00                           66,67                   220                                             220                                             100,00              BRS  7 161,50               105,00           56,50                       65,02                   9.981                                     8.831                                     88,48                  BRS  FRONTEIRA 54,00                     14,00               40,00                       25,93                   3.375                                     3.375                                     100,00              BRS  QUERÊNCIA 660,60               494,60           216,00                   74,87                   61.666                                 45.470                                 73,74                  EPAGRI  108 28,70                     14,50               14,20                       50,52                   2.297                                     1.972                                     85,85                  IRGA  417 710,70               420,90           289,80                   59,22                   63.248                                 42.043                                 66,47                  IRGA  422CL 404,00               283,00           121,00                   70,05                   27.164                                 19.625                                 72,25                  IRGA  423 266,00               150,50           115,50                   56,58                   9.257                                     8.176                                     88,32                  IRGA  424 3.658,63         2.881,63   727,00                   78,76                   381.779                             317.972                             83,29                  PUITA  INTA  CL 5.145,09         4.549,50   595,59                   88,42                   694.822                             603.655                             86,88                  SCS  114  ANDOSAN 36,00                     16,20               19,80                       45,00                   2.470                                     1.582                                     64,05                  TOTAL 11.943,81   9.409,22   2.534,59           78,78                   1.319.218                     1.094.584                     82,97                  

(hectares)Cultivar

(sacos  40  kg)Taxa  de  

Aprovação  (%)Taxa  de  

Aprovação  (%)

As taxas de aprovação de sementes na safra 2008/09 e 2009/10 foram

semelhantes, indicando que o trabalho de vistoria dos certificadores junto com os responsáveis técnicos dos produtores de sementes tem sido bem feito. Mas na safra 2009/10 registrou-se também o problema de condenação de lotes de sementes por grãos de arroz vermelho tipo longo fino. Na safra 2009/10 a taxa de aprovação de campos foi superior à da safra 2008/09, principalmente pelo aumento da área do cultivar Puita Inta CL, que tem sua taxa de aprovação acima da média dos demais cultivares.

CONCLUSÃO A produção de sementes certificadas do RS não atende a área de cultivo do RS.

Ocorreu aumento no número de produtores de sementes certificada, na área de produção e em número de sacos produzidos de sementes certificadas da safra 2008/09 para a safra 2009/10.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Legislação brasileira sobre sementes e mudas: Lei 10.711, de 5 de Agosto de 2003, Decreto nº 5.153, de 23 de julho de 2004 e outros. Brasília: MAPA/DAS/CSM, 2007. 318p. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa Nº 9. 2005. Brasília: MAPA/DAS/CSM, 2005. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa Nº 25. 2005. Brasília: MAPA/DAS/CSM, 2005. IRGA. Instituto Rio Grandense do Arroz. Manual de procedimentos do IRGA para certificação de sementes de arroz, 2007. 29p. J. G. Hampton. New Zealand Seed Technology Institute - P O Box 84 Lincoln University Canterbury - New Zealand. Revista Seed News, Set/Out 2001. Reportagem de Capa.

Page 226: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

835

EFEITOS DO PROCESSO DE SECAGEM NAS PROPRIDADES FISICAS E DE QUALIDADE DOS GRAOS DE ARROZ NO DECORRER

DO ARMAZENAMENTO Rafael de Almeida Schiavon1; Adriano Hirsch Ramos2; Cristiano Dietrich Ferreira3; Daniel Rutz4; Ismael Aldrighi Bertinetti;5; Moacir Cardoso Elias6

Palavras-chave: arroz, secagem, qualidade,

INTRODUÇÃO O arroz é considerado pela FAO (Food and Agriculture Organization of the United

Nations) como o alimento mais importante para a segurança alimentar do mundo. Além de fornecer um excelente balanceamento nutricional é uma cultura bastante rústica, o que a faz também ser considerada a espécie de maior potencial de aumento na produção para combate a fome no mundo (GOMES et al, 2004).

A produção do arroz ocorre em todos os continentes estando na Ásia aproximadamente 90% da produção mundial. Na América Latina, o Brasil se destaca como o maior produtor (FAO 2009).

No arroz, por ter produção sazonal, é utilizada a secagem como método de conservação. Entretanto, cada vez mais a produtividade vem crescendo, em conseqüência do grande incremento de tecnologias na área de produção, mas este incremento não é acompanhado na pós-colheita, o que causa gargalos ou pontos de estrangulamento no fluxo das etapas de recepção e secagem dos grãos. Isso, além de reduzir a cadência operacional, provoca redução na qualidade dos grãos, pois são elevados os graus de umidade e impurezas que eles contêm quando da colheita mecanizada, que predomina no país.

O rendimento de grãos inteiros e quebrados é o principal parâmetro considerado na avaliação comercial do arroz para a determinação da qualidade e do preço do produto. Dentre outros fatores, os métodos e as condições de manejo da secagem, aos quais o produto é submetido, afetam diretamente o beneficiamento, interferindo, principalmente, na porcentagem de grãos inteiros obtidos (CANEPELLE et al.,1992).

A temperatura dos grãos armazenados é um bom índice do seu estado de conservação (PUZZI, 2000). A principal fonte de deterioração é o aquecimento espontâneo da massa de grãos. Em países da Europa Central e da América do Norte, onde predomina clima temperado, são mais raros os problemas com armazenamento nos meses mais frios do ano, do que naqueles meses mais quentes, que sucedem à colheita (MAIER, 1995).

Em climas quentes recomenda-se aeração com ar natural nas regiões mais elevadas, do contrário, aeração com ar frio artificial. Climas temperados e moderados são os mais apropriados para ventilação usando ar ambiente. A linha de 30 o latitude (norte e sul do equador) dá forma aos limites ásperos para aeração (NAVARRO e NOYES, 2002).

Devido á estrutura interna do grão, sua superfície, suas propriedades físicas como a baixa condutividade térmica, os grãos oferecem as melhores condições para serem resfriados e assim permanecerem por longo período (ELIAS, 2008). O resfriamento dos grãos reduz as perdas fisiológicas pela respiração intrínseca e mantém sua qualidade, oferecendo proteção contra desenvolvimento insetos (SANTOS, 2002, LAZARI et. al.,2006).

Objetivando ampliar o acervo de informações técnicas e científicas sobre operações

1 Eng. Agronomo Msc, Doutorando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – FAEM – UFPel, Campus Universitário Capão do Leão, s/n, Caixa Postal 354, Capão do Leão – RS, CEP: 96010-900, Fone: (53) 3275 7258 – Ramal: 205, [email protected] 2 Acadêmico do curso de Agronomia, Universidade Federal de Pelotas 3 Acadêmico do curso de Agronomia, Universidade Federal de Pelotas, [email protected] 4 Eng. Agronomo, Mestrando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – FAEM – UFPel, [email protected] 5 Acadêmico do curso de Agronomia, Universidade Federal de Pelotas 6 Eng. Agronomo Prof. DCTA-FAEM-UFPel, [email protected]

Page 227: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

836

de pós-colheita de arroz, e minimizar limitações operacionais nas etapas de recepção e secagem, visa-se com este trabalho estudar métodos de secagens que possam diminuir esta limitação operacional, reduzindo perdas de qualidade dos grãos causadas por esta limitação, sem causar danos nos grãos

MATERIAL E MÉTODOS Nos métodos de secagem intermite clássica e intermitente escalonada foram

utilizadas temperaturas crescentes onde na primeira hora o termostato foi regulado para o ar atingir uma temperatura máxima de 70+5ºC, na segunda para atingir 90+5ºC e na terceira para atingir 100+5°C, permanecendo nesta condição até os grãos reduzirem seu grau de umidade para 13% para a secagem intermitente clássica e a cerca de 15% para a secagem intermitente em regime escalonado.

Os secados pelo método intermitente clássico foram para o armazenamento definitivo, enquanto os secados pelo sistema escalonado foram armazenados por aproximadamente 30 dias e posteriormente os mesmos retornaram ao secador para complemento da secagem. Logo após o término de cada operação de secagem, os grãos foram misturados para que ocorresse a uniformização da umidade. Em seguida, as amostras foram divididas em partes iguais e então armazenadas durante doze meses em sacos de polipropileno de 50Kg cada, em condições ambientais controladas de temperatura reduzida de aproximadamente 17±1°C.

Massa específica e o peso de mil grão foram realizados de acordo com a metodologia descrita por Regras de Análises de Sementes (BRASIL, 1992).

Foram realizadas as operações de descascamento, polimento, separação de quebrados e separação de defeitos, conforme as Normas de Identidade, Qualidade, Embalagem e Apresentação do Arroz (BRASIL, 2009).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentados os valores do peso de mil grãos e de peso

volumétrico dos grãos secados pelos métodos intermitente clássica e intermitente escalonada, armazenados por doze meses e beneficiados pelo processo convencional de arroz branco. Tabela 1 – Peso de mil grãos (g) e peso volumétrico (g) dos grãos de arroz natural em casca, secados por dois métodos e armazenados por doze meses sob resfriamento.

Métodos de secagem Peso de mil grãos Peso volumétrico

1º 12º 1º 12º

Intermitente clássica a 22,71 A a 22,51 A a 553,1 A a 478,75 A

Intermitente escalonada a 22,84 A a 22,48 A a 547,6 A a 473,22 A Para o mesmo parâmetro, as médias aritméticas simples, de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna, e letras maiúsculas iguais, na mesma linha, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância;

Conforme pode ser observado nos dados apresentados na Tabela 1 não houve diferenças nos pesos volumétricos e nos pesos de mil grãos em função do método de secagem e nem em função do tempo de armazenamento. Esse comportamento é decorrente do resfriamento, que reduziu o metabolismo dos grãos, diminuindo as perdas de massa que a literatura relata (FAGUNDES et. al., 2005).

Os valores do peso de mil grãos e de peso volumétrico na Tabela 1 não apresentaram diferença estatística para arroz branco. Este fato mostra que os métodos de secagem não ocasionam diferentes danos latentes nos grãos e o armazenamento em

Page 228: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

837

temperatura reduzida mantém a qualidade dos grãos. Os resultados são compatíveis com os relatados por Corrêa (2007)

Na Tabela 2 e 3 são apresentados, respectivamente, os percentuais do total de grãos inteiros, grãos com defeitos metabólicos e com defeitos não metabólicos, em arroz secado pelos métodos intermitente clássica e intermitente escalonada, os quais foram armazenados por doze meses sob resfriamento e posteriormente beneficiados pelos processos industriais de arroz branco. Tabela 2 – Rendimento de grãos inteiros (%) em arroz, secado por dois métodos, armazenados por doze meses sob resfriamento e beneficiados pelo processo convencional de arroz branco.

Métodos de secagem Meses de armazenamento 1º 12º

Intermitente clássica a 53,3 B a 55,5 A

Intermitente escalonada a 53,2 B a 55,6 A Médias aritméticas simples, de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna, e letras maiúsculas iguais, na mesma linha, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância; Tabela 3 – Defeitos não metabólicos (%) e defeitos metabólicos (%) de arroz branco polido, secados pelos dois métodos de secagem no período de armazenamento

Métodos de secagem Defeitos não metabólicos Defeitos metabólicos

1º 12º 1º 12º

Intermitente clássica a 0,51 A a 0,50 A a 0,18 B a 0,28 A

Intermitente escalonada a 0,51 A a 0,50 A a 0,17 B a 0,29 A Para o mesmo parâmetro as médias aritméticas simples, de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna, e letras maiúsculas iguais, na mesma linha, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância;

Na Tabela 2 pode ser observado que não há diferença significativa entre os dois métodos de secagem, havendo diferença somente entre os períodos de armazenamento, este fato é devido ao melhor rearranjo das moléculas dos grãos e a manutenção da integridade físicas dos grãos pelo método de armazenamento empregado. Esse comportamento difere dos relatados por Iguaz e Virseda (2006), sendo o resfriamento o ambiente de armazenagem, responsável pela manutenção da integridade física dos grãos nos doze meses estudados.

Observa-se nos dados da Tabela 3 que os defeitos não metabólicos não são influenciados pelo método de secagem e nem pelo tempo de armazenamento. Isso ocorre por eles serem de característica varietal, de clima e do manejo utilizado na lavoura, o que está de acordo com relatos da literatura (ELIAS, 2007).

Na Tabela 3 pode ser observado que os aumentos nos defeitos metabólicos ocorridos, ainda que estatisticamente significativos, são percentualmente pequenos sendo as baixas temperaturas no armazenamento responsáveis pelos baixos níveis de metabolismo ocorridos.

CONCLUSÃO O método de secagem intermitente em regime escalonado pode ser utilizado, no

intuito de diminuir as limitações operacionais, sem que ocorra diminuição na qualidade dos mesmos e o armazenamento em ambiente com temperaturas reduzidas preserva a qualidade do arroz por pelo menos um ano, para os parametros estudados no presente trabalho.

Page 229: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

838

AGRADECIMENTOS CNPq, CAPES, SCT-RS (Pólos Tecnológicos) e ZACCARIA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: DNDV/CLAV, 1992. 365p.

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Norma de classificação, embalagem e marcação do arroz. Instrução normativa Nº 6, Diário Oficial da União, Seção 1, Página 3. 2009.

CANEPPELE, C. ; HARA, C. C. T. ; CAMPELO JUNIOR, Jose Holanda . Simulacao De Secagem De Arroz (Orysa Sativa L.) Em Secadores Por Conveccao Natural. Rev. Brasileira De Armazenamento, V. 17, N. 1, P. 43-45, 1992.

CORRÊA, P.C.; DA SILVA, F. S.; JAREN, C.; AFONSO JÚNIOR, P.C.; ARANA, I.. Physical and mechanical properties in rice processing. Journal of Food Engineering. V. 79 p. 137–142, 2007.

ELIAS, M. C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. 1. ed. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária UFPEL, 2007. v. 1. 424 p.

ELIAS, M.C. Manejo tecnológico da secagem e do armazenamento de grãos. Pelotas: Ed. Santa Cruz, 2008. 367p.

FAGUNDES, C. A. A.; ELIAS, M. C.; BARBOSA, F. F.; Desempenho industrial de arroz secado com ar aquecido por queima de lenha e glp. Revista Brasileira de Armazenamento, v. 30, p. 8-15, 2005.

FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations. International year of rice. Rice is life. Disponível em: http://www.rice2004.org, Acesso em: Abril de 2009.

IGUAZ, A.; VÍRSEDA, P. Moisture desorption isotherms of rough rice at high temperatures. Journal of Food Engineering, Article in press, 2006.

LAZZARI, S.M.N.; KARKLE, A.F. e LAZZARI, F.A.. Resfriamento artificial para o controle de Coleoptera em arroz armazenado em silo metálico. Rev. Bras. entomol. 2006, vol.50, n.2, pp. 293-296.

MAIER, D. E. Chilled Air Grain Concitioning and Pest Managemente. Association of Operative Millers – Bulletin, Salt Lake Cite, Utah, p. 6655-6663, dec. 1995.

NAVARRO, S.; NOYES, R. The mechanics and physics of modern grain aeration management. New York: crc press, 2002. 647 p.

PUZZI, D. Abastecimento e armazenagem de grãos. Campinas: Instituto Campineiro de. Ensino Agrícola, 2000. 666p.

SANTOS, Geverson Lessa. Manejo térmico no tempo de secagem, na eficiência energética e nas características industriais e de consumo do arroz. 2004. 114f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Faculdade de Agronomia "Eliseu Maciel", Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Page 230: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

839

EFEITO DA SECAGEM, DO ARMAZENAMENTO E DA PARBOILIZAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS DE COCÇÃO E

TEXTURA Rafael de Almeida Schiavon1; Ricardo Tadeu Paraginski2; Alexandra Morás3; Jardel Casaril4; Alvaro Renato Guerra Dias5;Moacir Cardoso Elias6

Palavras-chave: parboilização, arrroz, textura, cocção,

INTRODUÇÃO A produção do arroz (Tabela 2) ocorre em todos os continentes estando na Ásia

aproximadamente 90% da produção mundial. Na América Latina, o Brasil se destaca como o maior produtor (FAO 2009).

A secagem artificial é realizada a partir de estruturas específicas construídas para esse fim, onde o ar é forçado a passar pela massa de grãos, possibilitando a secagem de grandes quantidades de grãos em curtos espaços de tempo, independentemente das condições de temperatura e umidade relativa do ar ambiente (AOSANI, 2007).

O método intermitente é caracterizado pela passagem descontínua do ar aquecido pela massa de grãos também em movimento, promovida pela recirculação do grão no secador. Com isto a difusão da água do interior para a periferia do grão, e a evaporação da água superficial se dão de uma maneira mais branda e equilibrada. (ELIAS, 2007).

Foster (1967) e MacKenzie et al (1967) descobriram que o método de seca-aeração proporcionava um aumento na cadência operacional do secador, melhorava o aproveitamento das instalações e proporcionava redução nos custos com energia na secagem. Para aplicar o método de seca-aeração, é necessário consorciar um secador de fluxo contínuo e silos secadores. Porém se faz necessário realizar adaptações no manejo do ar de secagem e de arrefecimento no secador contínuo (ELIAS, 2008).

A parboilização é um processo hidrotérmico que altera a forma do amido de cristalina para amorfa durante a gelatinização, havendo posterior retrogradação. O processo contribui na redução das perdas de industrialização dos grãos, bem como no incremento do valor nutricional, além de aumentar a estabilidade no armazenamento e no transporte (AMATO et al., 2002).

O consumo de arroz parboilizado tem crescido substancialmente nos últimos anos, passando de 4% para aproximadamente 22% em duas décadas (ABIAP, 2009). O arroz parboilizado em relação ao branco polido apresenta vantagens nutricionais importantes, com maiores teores de minerais, vitaminas e de substâncias com ação semelhante a das fibras, denominadas de amido resistente, que atuam na manutenção da glicemia (HELBIG, 2007).

Apesar de ser considerado um alimento importante na alimentação humana, o cereal ainda é pouco reconhecido pelas suas características funcionais, ou seja, que também tem a capacidade de prevenir doenças, auxiliar no tratamento de muitas delas e até de cura em função dos componentes que possui (HELBIG et al, 2008).

Objetivou-se com o presente trabalho estudar efeitos do processamento industrial parboilizado e do tempo de armazenamento em ambiente com temperatura reduzida,secado por diferentes métodos, sobre os parâmetros tecnológicos de qualidade de arroz.

1 Eng. Agronomo Msc, Doutorando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – FAEM – UFPel, Campus Universitário Capão do Leão, s/n, Caixa Postal 354, Capão do Leão – RS, CEP: 96010-900, Fone: (53) 3275 7258 – Ramal: 205, [email protected] 2 Acadêmico do curso de Agronomia, Universidade Federal de Pelotas, [email protected] 3 Bióloga Msc, Doutoranda em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – FAEM – UFPel, [email protected] 4 Eng. Agronomo, Mestrando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial – FAEM – UFPel, [email protected] 5 Eng. Agronomo Prof. Dr. DCTA-FAEM-UFPel, [email protected] 6 Eng. Agronomo Prof. Dr. DCTA-FAEM-UFPel, [email protected]

Page 231: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

840

MATERIAL E MÉTODOS No método de secagem intermite foram utilizadas temperaturas crescentes onde na

primeira hora o termostato foi regulado para o ar atingir uma temperatura máxima de 70+5ºC, na segunda para atingir 90+5ºC e na terceira para atingir 100+5°C, permanecendo nesta condição até os grãos reduzirem seu grau de umidade para 13%.

Na secagem pelo método de seca-aeração os grãos foram submetidos a uma primeira etapa no secador continuo adaptado onde foi utilizado o secador com coluna inteira com temperatura do ar de secagem de 100°C. Posteriormente os grãos passaram para um silo secador para complementar a secagem. Após um período de espera de 6 horas para depois ligar a aeração com ar na temperatura ambiente. Na primeira etapa os grãos foram secados até 15% de umidade e na segunda etapa, após o repouso, para 13% de umidade.

No estudo foram utilizadas dois métodos de secagem e dois tempos de armazenamento e avaliados os parâmetros de cocção e de textura para arroz industrilizado pelo processo de parboilização e armazenados em ambiente com temperatura reduzida.

A cada periodo de armazenamento os grãos foram parboilizados segundo metodologia desenvolvida no próprio laboratório (ELIAS, 1998). Foram realizadas as operações de descascamento, polimento, separação de quebrados e separação de defeitos, conforme as Normas de Identidade, Qualidade, Embalagem e Apresentação do Arroz (BRASIL, 2009).

Os parâmetros de cocção foram avaliadas de acordo com a metodologia proposta por Martinez & Cuevas (1989), com adaptações por Gularte (2005). Foram avaliados os parâmetros tempo de cocção, rendimento gravimétrico e rendimento volumétrico.

Os parâmetros de texturométricos foi realizado no equipamento texturômetro modelo Texture Analyser TA.XTplus, Stable Micro Systems, foram obtidos os parâmetros de perfil texturométrico do arroz cozido. Por ensaios preliminares foram adaptadas as metodologias propostas por Champagne (1998) e Lyon (2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentados os tempos de cocção, os rendimentos gravimétricos

e volumétricos dos grãos que foram secados pelos métodos intermitente clássica, e por seca-aeração, armazenados em ambiente refrigerado e posteriormente beneficiados pelo devido processo de paboilização.

Tabela 1 – Parâmetros de cocção em grãos secados por dois métodos de secagem, armazenados sob condições de refrigeração e beneficiados pelo processo industrial de parboilização.

Métodos de Secagem

Tempo de Cocção (min) Rendimento Gravimétrico (%) Rendimento Volumétrico (%)

1º 12º 1º 12º 1º 12º

Intermitente a 25 A a 30 A a 375,43 A a 321,50 B a 340,95 A a 311,76 B

Seca-aeração a 26 A a 30 A a 356,25 A a 318,01 B a 344,59 A a 312,95 B Para o mesmo parâmetro as médias aritméticas simples, de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna, e letras maiúsculas iguais, na mesma linha, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância;

Observando os valores da Tabela 1 pode-se verificar que os métodos de secagem

não promoveram diferenças no primeiro e nem no décimo segundo mês de armazenamento para os parâmetros de tempo de cocção, rendimento gravimétrico e volumétrico. Esses comportamentos permitem verificar que há equivalência entre as drasticidades térmica dos métodos de secagem por seca-aeração com o método intermitente clássica e que o uso de

Page 232: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

841

resfriamento durante o armazenamento manteve em níveis baixos. Observando os valores da Tabela 1 verifica-se que não há diferença significativa na

analise estatística do tempo de cocção entre os métodos de secagem e entre os períodos de armazenamento.

É possível também verificar na Tabela 1 através dos dados apresentados que os métodos de secagem não diferiram significativamente no primeiro bem como no décimo segundo mês de armazenamento para o arroz beneficiado pelo processo industrial parboilizado, entretanto o período de armazenamento afetou significativamente o rendimento gravimétrico e volumétrico para todos os métodos de secagem. Os resultados obtidos estão compatíveis com os relatados por Gularte (2005) e Morás (2005).

Nas Tabelas 2 e 3 são apresentados os parâmetros texturométricos, firmeza, adesividade gomosidade, mastigabilidade e elasticidade os dos grãos que foram secados pelos métodos intermitente clássica e por seca-aeração, armazenados em ambiente refrigerado, beneficiados pelo processo industrial de parboilização, após cozimento dos grãos.

Tabela 2 – Firmeza (g) e adesividade (J) dos grãos de arroz cozidos e beneficiados pelo processo industrial parboilizado que foram secados por dois métodos de secagem e armazenados.

Métodos de secagem Firmeza (g) Adesividade (J)

1º 12º 1º 12º

Intermitente a 4153,1 A a 3061,3 B a -1,92 A a -3,89 A

Seca-aeração a 3330,3 A a 2233,6 B a -1,86 A a -3,70 A Para o mesmo parâmetro, as médias aritméticas simples, de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna, e letras maiúsculas iguais, na mesma linha, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância;

Tabela 3 – Gomosidade (N), mastigabilidade (N.mm) e elasticidade (mm) dos grãos de arroz cozidos e beneficiados pelo processo industrial parboilizado que foram secados por dois métodos de secagem e armazenados.

Métodos de secagem

Gomosidade (N) Mastigabilidade (N.mm) Elasticidade (mm)

1º 12º 1º 12º 1º 12º

Intermitente a 2600,8 A a 1456,7 B a 1397,7 A a 1262,1 A a 0,38 A a 0,33 B

Seca-aeração a 2275,9 A a 1134,1 B a 1389,6 A a 1168,5A a 0,37 A a 0,31 B Para o mesmo parâmetro, as médias aritméticas simples, de três repetições, seguidas por letras minúsculas iguais, na mesma coluna, e letras maiúsculas iguais, na mesma linha, não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância;

Para o arroz beneficiado pelo processo de parboilização, é possível verificar que a

firmeza (Tabela 2), a gomosidade e a elasticidade (Tabela 3) foram afetadas pelo tempo de armazenamento e não foram afetadas pelo método de secagem, enquanto a adesividade (Tabela 2) e a mastigabilidade (Tabela 3) não foram afetadas pelo método de secagem e nem pelo tempo de armazenamento. Os resultados encontrados estão de acordo com os relatados por Bello et. al. (2006).

CONCLUSÃO Os métodos de secagem intermitente e seca-aeração são equivalentes para os

parâmetos de cocção e textura na industrialização pelo processo de parboilização sem a ocorrencia de diminuição da qualidade dos mesmos, entretanto o tempo de armazenamento apresenta influência nos parâmetros de cocção e de textura influênciando na qualidade dos

mesmos.

AGRADECIMENTOS

CNPq, CAPES, SCT-RS (Pólos Tecnológicos) e ZACCARIA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIAP - Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado. Arroz Parboilizado. Disponível em: <http://www.abiap.com.br>. Acessado em: Outubro de 2008.

AMATO, G.W.; CARVALHO, J.L.V.; SILVEIRA FILHO, S. Arroz Parboilizado: Tecnologia Limpa, Produto Nobre. Porto Alegre: Ricardo Lenz, 2002, 240p.

AOSANI, Elvio. Efeitos da temperatura do ar de secagem e das condições de armazenamento sobre a conservabilidade de grãos de soja. 2007. 84f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Norma de classificação, embalagem e marcação do arroz. Instrução normativa Nº 6, Diário Oficial da União, Seção 1, Página 3. 2009.

BELLO, M.; BAEZA, R.; TOLABA, M.P.; Quality characteristics of milled and cooked rice affected by hydrothermal treatment, Journal of Food Engineering. V. 72 p. 124–133, 2006.

CHAMPAGNE, E. T., et al. "Effects of postharvest processing on texture profile analysis of cooked rice." Cereal Chemistry. V. 75.n. 2: p. 181-86,1998.

ELIAS, M. C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. 1. ed. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária UFPEL, 2007. v. 1. 424 p.

ELIAS, M.C. Efeitos da espera para secagem e do tempo de armazenamento na qualidade das sementes e grãos do arroz irrigado. Pelotas, 1998. 164f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

ELIAS, M.C. Manejo tecnológico da secagem e do armazenamento de grãos. Pelotas: Ed. Santa Cruz, 2008. 367p.

FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations. International year of rice. Rice is life. Disponível em: http://www.rice2004.org, Acesso em: Abril de 2009.

FOSTER, G. H. Moisture changes during aeration of grain. Transactions of the ASAE, 10(3): 344-347, 1967.

GULARTE, M.A. Metodologia analítica e características tecnológicas e de consumo na qualidade do arroz. 2005. 95f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. 2005.

HELBIG, E. Efeitos da amilose e do processamento na formação e estabilidade do amido resistente em arroz. 2007. 135f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

HELBIG, E.; DIAS, A.R.G.; TAVARES, R.A.; SCHIRMER, M.A.; ELIAS, M.C. Arroz parboilizado: efeito na glicemia de ratos Wistar. Archivos Latinoamericanos de Nutrición. V. 58, p. 149 – 155, 2008

LYON, B. G., et al. "Sensory and instrumental relationships of texture of cooked rice from selected cultivars and postharvest handling practices." Cereal Chemistry. V. 77.n.1 p.64-69, 2000.

MACKENZIE, B. A.; FOSTER, G. H.; BOYES, R. T. & TOMPSON, R. A. Better orn quality with high speed drying. Dryeration. West Lafayette, ind., 1967, 19 p. (Extension Service AE-72).

MARTINEZ, C. Y CUEVAS, F. Evaluación de la calidad culinaria y molinera del arroz. Guia de estudo. Cali: CIAT, 1989, 75p.

MORÁS, A. Terra de diatomácea no controle de pragas de arroz armazenado e seu efeito nas características de consumo. 2005. 50f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial)- Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Page 233: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

842

mesmos.

AGRADECIMENTOS

CNPq, CAPES, SCT-RS (Pólos Tecnológicos) e ZACCARIA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIAP - Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado. Arroz Parboilizado. Disponível em: <http://www.abiap.com.br>. Acessado em: Outubro de 2008.

AMATO, G.W.; CARVALHO, J.L.V.; SILVEIRA FILHO, S. Arroz Parboilizado: Tecnologia Limpa, Produto Nobre. Porto Alegre: Ricardo Lenz, 2002, 240p.

AOSANI, Elvio. Efeitos da temperatura do ar de secagem e das condições de armazenamento sobre a conservabilidade de grãos de soja. 2007. 84f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Norma de classificação, embalagem e marcação do arroz. Instrução normativa Nº 6, Diário Oficial da União, Seção 1, Página 3. 2009.

BELLO, M.; BAEZA, R.; TOLABA, M.P.; Quality characteristics of milled and cooked rice affected by hydrothermal treatment, Journal of Food Engineering. V. 72 p. 124–133, 2006.

CHAMPAGNE, E. T., et al. "Effects of postharvest processing on texture profile analysis of cooked rice." Cereal Chemistry. V. 75.n. 2: p. 181-86,1998.

ELIAS, M. C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. 1. ed. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária UFPEL, 2007. v. 1. 424 p.

ELIAS, M.C. Efeitos da espera para secagem e do tempo de armazenamento na qualidade das sementes e grãos do arroz irrigado. Pelotas, 1998. 164f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

ELIAS, M.C. Manejo tecnológico da secagem e do armazenamento de grãos. Pelotas: Ed. Santa Cruz, 2008. 367p.

FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations. International year of rice. Rice is life. Disponível em: http://www.rice2004.org, Acesso em: Abril de 2009.

FOSTER, G. H. Moisture changes during aeration of grain. Transactions of the ASAE, 10(3): 344-347, 1967.

GULARTE, M.A. Metodologia analítica e características tecnológicas e de consumo na qualidade do arroz. 2005. 95f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. 2005.

HELBIG, E. Efeitos da amilose e do processamento na formação e estabilidade do amido resistente em arroz. 2007. 135f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

HELBIG, E.; DIAS, A.R.G.; TAVARES, R.A.; SCHIRMER, M.A.; ELIAS, M.C. Arroz parboilizado: efeito na glicemia de ratos Wistar. Archivos Latinoamericanos de Nutrición. V. 58, p. 149 – 155, 2008

LYON, B. G., et al. "Sensory and instrumental relationships of texture of cooked rice from selected cultivars and postharvest handling practices." Cereal Chemistry. V. 77.n.1 p.64-69, 2000.

MACKENZIE, B. A.; FOSTER, G. H.; BOYES, R. T. & TOMPSON, R. A. Better orn quality with high speed drying. Dryeration. West Lafayette, ind., 1967, 19 p. (Extension Service AE-72).

MARTINEZ, C. Y CUEVAS, F. Evaluación de la calidad culinaria y molinera del arroz. Guia de estudo. Cali: CIAT, 1989, 75p.

MORÁS, A. Terra de diatomácea no controle de pragas de arroz armazenado e seu efeito nas características de consumo. 2005. 50f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial)- Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Page 234: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

843

INFLUÊNCIA DA QUANTIDADE DE RESERVAS NO POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE ARROZ

Mario Borges Trzeciak1, Marcio Blanco das Neves1, Patrícia da Silva Vinholes2, Lizandro Ciciliano

Tavares3, Cassyo de Araujo Rufino4, Nelson Bernardi Lima5, Caio Sippel Dörr6, Francisco Amaral Villela7 Palavras-chave: Oryza sativa L., qualidade de dementes, endosperma

INTRODUÇÃO No Rio Grande do Sul, a cultura do arroz ocupa, anualmente, uma área próxima de

um milhão de hectares, constituindo-se na lavoura mais tecnificada e, aliado a isso obtém produtividade média, superior a 7,0 t.ha-1 (CONAB, 2009), muito embora sejam atingidos rendimentos superiores, em lavouras com adoção de maior nível tecnológico. O gênero Oryza contém aproximadamente 22 espécies, sendo que 20 são selvagens e apenas duas espécies cultivadas, O. sativa e O. glaberrima (VAUGHAN, 1994). Cultivado em mais de 150 milhões de hectares, o arroz (Oryza sativa L.) é um dos cereais mais produzidos e consumidos em todo o mundo. O contínuo desenvolvimento tecnológico tem levado a um aumento de produtividade e eficiência produtiva, o que vem colocando o Brasil em condições cada vez mais propícias para se tornar um competidor mundial.

Geralmente, quanto menor a semente e quanto menor a quantidade de substâncias de reserva da mesma, menor seu período de viabilidade e/ou vigor (KAGEYAMA e MARQUEZ, 1981). Desta forma, para garantir boa produtividade é fundamental a utilização de sementes de alta qualidade. Em pesquisas SMIDERLE et al. (2008) destaca que a baixa qualidade física reflete na redução da qualidade do endosperma e, consequentemente, na disponibilidade de nutrientes durante a fase de germinação e emergência das sementes, resultando no menor potencial de germinação.

A habilidade das sementes com grandes em produzir plântulas maiores é mais pronunciada em condições de baixa disponibilidade hídrica (Mian & Nafziger, 1994), alta salinidade (Grieve & Francois, 1992), assim, a importância das reservas da semente como fonte de nutrientes para o crescimento inicial da planta (Lowe & Ries, 1973). O tamanho da semente, em muitas espécies, é indicativo de sua qualidade fisiológica (Popinigis, 1977).

Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a influência da quantidade de reservas no potencial fisiológico de sementes de arroz.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento

de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM), Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Foram utilizados quatro lotes de sementes da cultivar BRS Atalanta. As sementes foram manualmente seccionadas, de forma a se obter sementes com diferentes porções de endosperma, caracterizando cada tratamento. Desta forma, determinou-se os seguintes

1 Engenheiro Agrônomo. Acadêmico PPG em Fitotecnia ESALQ - USP. E-mail: [email protected], [email protected]. 2 Engenheiro Agrônomo, Acadêmico PPG em Fitotecnia UFV. E-mail: [email protected]. 3 Engenheiro Agrônomo. Acadêmico PPG em Ciência e Tecnologia de Sementes (UFPel). E-mail: [email protected]. 4 Graduado em Ciências Agrárias. Acadêmico PPG em Ciência e Tecnologia de Sementes (UFPel). E-mail: [email protected]. 5 Engenheiro Agrônomo, Acadêmico PPG em Fitopatoloiga UFRP. E-mail: [email protected]. 6 Estudante de Agronomia. Estagiário do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes (Bolsista PET). Email: [email protected]. 7 Engenheiro Agrícola, Prof. Dr. Adjunto do Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail: [email protected].

Page 235: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

844

tratamentos: T1 – testemunha, sementes com 100% de endosperma; T2 – sementes com 75% de endosperma, e; T3 – sementes com 50% de endosperma.

O modelo utilizado para realizar a análise estatística foi o de blocos casualizados, com três tratamentos e 5 repetições, em um fatorial 3X4: três porções de endosperma (100, 75 e 50%) e quatro lotes. As avaliações foram efetuadas através do programa estatístico SASM-Agri: Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas (CANTERI, 2001), onde os dados foram analisados através do teste Duncan, a 5% de probabilidade.

Os tratamentos foram submetidos as seguintes analises: Teor de água das sementes: foi determinada pelo método de estufa a 105° C por + 3°C, durante 24 horas conforme BRASIL (2009). Massa de mil sementes: foram utilizadas oito subamostras de 100 sementes, em cada tratamento, por repetição, de acordo com critérios das Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). Teste de germinação: realizada com quatro repetições de 50 sementes para cada amostra, colocadas em substrato de papel de germinação, previamente umedecido em água utilizando-se 2,5 vezes a massa do papel seco, e mantido à temperatura de 25 °C. As avaliações foram efetuadas conforme as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009) e os resultados expressos em porcentagem de plântulas normais. Primeira contagem da germinação: constou da determinação da porcentagem de plântulas normais aos sete dias após a semeadura por ocasião da realização do teste de germinação. Teste de envelhecimento acelerado: foi utilizado caixa gerbox com tela metálica horizontal fixada na posição mediana. Foram adicionados 40 mL de água destilada ao fundo de cada caixa gerbox, e sobre a tela foram distribuídas as sementes de cada tratamento a fim de cobrir a superfície da tela, constituindo uma única camada. Em seguida, as caixas contendo as sementes foram tampadas e acondicionadas em incubadora do tipo BOD, a 42 ºC, onde permaneceram por 120 horas. Após este período, as sementes foram submetidas ao teste de germinação (DELOUCHE e BASKIN, 1973), com avaliação aos sete dias após a semeadura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Observa-se, na Tabela 1, que a massa de mil sementes é diretamente proporcional

ao tamanho das mesmas, independente do lote.

Tabela 1. Massa de 1000 sementes (g) em quatro lotes de sementes de arroz com diferentes porções de endosperma.

Lote Porção de endosperma (%)

100 75 50

L 1 24,15 20,77 13,05 L 2 24,74 20,60 13,63 L 3 24,90 20,09 13,00 L 4 24,71 20,04 13,42

No que tange ao teor de água das sementes de arroz com diferentes porções de

endosperma, Tabela 2, observou-se que o mesmo encontra-se no intervalo ideal para a realização das análises laboratoriais (11 – 14%). Constatou-se pequena variação no teor de água em relação às diferentes porções de endosperma, independente do lote estudado.

Page 236: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

845

Tabela 2. Teor de água (%) de quatro lotes de sementes de arroz com diferentes porções de endosperma.

Lotes Porção de endosperma (%)

100 75 50

L 1 11,29 12,41 11,76 L 2 12,53 13,16 12,46 L 3 12,53 13,34 12,87 L 4 12,26 12,75 12,82

No tocante ao teste de germinação, Tabela 3, verificou-se diferença significativa entre as diferentes porções de endosperma. Os lotes 1, 2 e 4, o tratamento com 100% de endosperma apresentou desempenho superior ao tratamento com 75% e este superior ao com 50% de endosperma. Porém no lote 3 o tratamento com 100% e com 75% de endosperma não diferiram estatisticamente entre si, entretanto foram superior ao com 50% de endosperma. Infere-se com isso que, quanto maior a porção do endosperma melhor é o percentual de germinação, verificado no tratamento com 100% do endosperma nos 4 lotes que em geral foi superior aos demais. Sementes de arroz que não apresentam endosperma íntegro (100%) germinam, porém reduzem o percentual de plântulas normais.

Tabela 3. Germinação (%) de quatro lotes de sementes de arroz com diferentes porções de endosperma.

Lotes Porção de endosperma (%)

100 75 50

L 1 90 a* 82 b 62 c L 2 93 a 78 b 55 c L 3 90 a 83 a 65 b L 4 90 a 79 b 55 c

*Médias seguidas por letras minúsculas distintas na linha diferem entre si estatisticamente, pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade.

Na primeira contagem da germinação, Tabela 4, observou-se diferenças significativas entre sementes de arroz com diferentes porções de endosperma. Os tratamentos com 100 e 75% de endosperma não diferiram entre si, porém mostraram-se superior ao tratamento com 50% de endosperma, nos lotes 1 e 3. Já nos lotes 2 e 4 o tratamento com 100% de endosperma apresentou-se superior ao com 75% de endosperma, e estes superiores ao com 50% de endosperma. Tabela 4. Primeira contagem da germinação (%) de quatro lotes de sementes de arroz com diferentes porções de endosperma.

Lotes Porção de endosperma (%)

100 75 50

L 1 84 a* 76 a 60 b L 2 90 a 75 b 51 c L 3 89 a 81 a 57 b L 4 88 a 78 b 46 c

*Médias seguidas por letras minúsculas distintas na linha diferem entre si estatisticamente, pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade.

Page 237: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

846

Em relação ao teste de envelhecimento acelerado, Tabela 5, observou-se diferença

significativa entre as sementes de arroz com diferentes porções de endosperma. As sementes de arroz com 75 e 100% de endosperma apresentaram desempenho superior as sementes com 50% de endosperma, nos quatro lotes. Infere-se com isso que, sementes de arroz com maior porção de endosperma apresentam maior capacidade de superar condições adversas, como altas temperatura e umidade relativa, que sementes com menor porção de endosperma.

Tabela 5. Envelhecimento acelerado (%) em quatro lotes de sementes de arroz com diferentes porções de endosperma.

Lote Porção de endosperma (%) 100 75 50

L 1 86 a* 80 a 66 b L 2 84 a 78 a 56 b L 3 90 a 87 a 62 b L 4 90 a 84 a 59 b

*Médias seguidas por letras minúsculas distintas na linha diferem entre si estatisticamente, pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade.

CONCLUSÃO A diminuição da porção do endoperma diminui drasticamente o potencial fisiológico

das sementes de arroz; O teste de germinação foi o mais eficiente na detecção de diferenças significativas

entre tratamentos e no ranqueamento dos lotes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília, DF: Mapa/ACS, 2009. 395p. CANTERI, M.G., ALTHAUS, R.A., VIRGENS FILHO, J.S., GIGLIOTI, E.A., GODOY, C.V. SASM – AGRI: Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scott Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, V.1, N.2, p.18 – 24, 2001. CMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Acompanhamento da safra brasileira: grãos. Safra 2008/2009. Nono Levantamento. Junho/2009. Disponível em <http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/9graos_08.09.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2009. DELOUCHE, J.C.; BASKIN, C.C. Accelerated aging techniques for predicting the relative storability of seed lots. Seed Science and Technology. v.1, n.2, p.427-452, 1973. KAGEYAMA, P.Y.; MARQUEZ, F.C.M. Comportamento de sementes de curta longevidade armazenadas com diferentes teores de umidade inicial: gênero Tabebuia. Reunion sobre Problemas en Semillas Forestales Tropicales, 1980, San Felipe-Bacalar. Memoria... México: INIF, 1981. v.1, p.347-352. Publicación Especial, 35.

SMIDERLE, O. J.; PEREIRA, P.R.V.S. Épocas de colheita e qualidade fisiológica das sementes de arroz irrigado cultivar BRS 7 Taim, em Roraima. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 30, n. 1, p. 74-80, 2008.

VAUGHAN, D.A. The Wild Relatives of Rice. A Genetic Handbook. International Rice Research Institute, Manila. 1994.

Page 238: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

847

EFEITOS DO BENEFICIAMENTO DO ARROZ NA PREVALÊNCIA DE ÁCIDO FÓLICO VIA LC-MS/MS

Jander Luis Fernandes Monks1; Moacir Cardoso Elias 2; Elina Bastos Caramão3; Maria Regina Alves Rodrigues4; Rafael de Almeida Schiavon5; Maurício de Oliveira 5 Nathan Levien Vanier6

Palavras-chave: Arroz, vitamina B9, polimento, cromatografia

INTRODUÇÃO As recomendações para uma vida saudável incluem a adoção de alimentação

equilibrada, com moderação no consumo de produtos de origem animal como carnes, ovos, leite e seus derivados, ao passo que frutas e legumes podem ser consumidos em maiores quantidades. Os cereais estão, também, inclusos neste último grupo, do qual faz parte o arroz, possuidor de vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis no pericarpo e embrião (PARK et al., 2001; ROTH-MAIER et al., 2002).

Com destaque para as vitaminas do complexo B, atualmente, os folatos e o ácido fólico participam em funções metabólicas importantes, principalmente, na biossíntese de purinas e pirimidinas, atuando como co-fatores de enzimas que sintetizam o DNA (ácido desoxirribonucléico) e o RNA (ácido ribonucléico), aspecto indispensável ao desenvolvimento fetal (SCOTT et al., 1994; MCDONALD et al., 2003; MEZZOMO et al., 2007).

Diante da necessidade de controlar e avaliar a estabilidade dessa vitamina nos produtos fortificados, para a separação e a determinação dos folatos, os métodos de análise mais recomendados pelos laboratórios credenciados têm sido os cromatográficos e os imunológicos, já que a bioatividade é diferente entre as diferentes formas ativas dos folatos, assim como suas atuações no organismo (KONINGS et al., 2001; JASTREBOVA et al., 2003)

A cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE ou HPLC), utilizando colunas de fase reversa, com detecção por absorção nas regiões do ultravioleta (UV: 254 a 290nm) e/ou fluorescência (excitação: 280 a 310nm e emissão: 352 a 372nm), tem sido a mais empregada na análise de folatos e do ácido fólico, por apresentar rapidez e simplicidade na etapa de extração, reprodutibilidade, alta sensibilidade e exatidão, além de melhor separação das diferentes formas bioativas presentes nos alimentos (CATARINO; GODOY, 2004; CREPALDI; GODOY, 2005). Outra técnica que vem se destacando para a determinação de folatos em alimentos, devido à sua alta especificidade analítica, é a cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massas (CL-MS) (PENNEY et al., 2005) e espectrometria de massas em “Tandem” (LC-MS/MS) (SANTOS et al., 2005).

Tendo em vista a importância do arroz como alimento base da população mundial, objetivou-se verificar a influência do beneficiamento industrial na prevalência de ácido fólico contidos nos grãos.

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas amostras de grãos de arroz da classe longo fino, com alto teor de

amilose, pertencentes à coleção de amostras do Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia

1 Engº. Químico, Dr. (Professor da UCPEL), Universidade Federa de Pelotas, Caixa Postal 354, CEP 96010-900, Capão do Leão, RS, Brasil, [email protected] 2 Engº. Agrônomo, Dr., Professor, Universidade Federal de Pelotas, [email protected] 3 Química, Dra., Professora, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, [email protected] 4 Química, Dra., Professora, Universidade Federal de Pelotas, [email protected] 5 Engº. Agrônomo, M. Sc., Doutorando, Universidade Federal de Pelotas, [email protected]; [email protected] 6 Engº. Agrônomo, Mestrando, Universidade Federal de Pelotas, [email protected]

Page 239: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

848

Agroindustrial, na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas. Para cada amostra de 50kg de arroz em casca foram coletadas três alíquotas de

100g, as quais foram submetidas ao beneficiamento industrial (BRASIL, 2009) em engenho de provas, modelo Zaccaria®, regulado de forma que entre 93 e 97% dos grãos descascassem na primeira passagem, obtendo-se assim o arroz integral. Para a obtenção do arroz branco utilizado, no mesmo engenho de provas foi realizada a operação de polimento, na forma convencional, utilizada pela maioria das indústrias que beneficiam este grão (ELIAS, 2007), com regulagem do equipamento para remoção de farelo na faixa de 7 a 9% de massa do grão de arroz integral, em condição operacional determinada por testes prévios.

A determinação de ácido fólico (AF), via cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massas (LC-MS/MS), foi realizada mediante o preparo da solução padrão a partir de uma solução estoque contendo 100 µg mL-1 AF . Exatamente 1,0mg do padrão em pó foi dissolvido com água ultra pura, ajustando-se o pH entre 7,0 a 8,0. Após a dissolução completa, o padrão foi transferido para um balão volumétrico de 10mL e estocado a 4ºC, na ausência de luz. A partir desta solução estoque, por diluição com solução 5,0 mmol L-1 de acetato de amônio, foi preparada uma solução padrão contendo 50 ng mL-1 de ácido fólico, da qual 20µL foram injetadas no sistema LC-MS/MS (MARTINS JÚNIOR et al., 2008). A partir desta solução foram preparadas soluções padrões nas concentrações de 0,01 a 2,5 µg g-1.

O ácido fólico foi extraído de 1,0g de arroz moído, pela imersão em mistura de 3,0mL de hidróxido de potássio (0,1 mol L-1) e 3,0mL de acetonitrila (Synth®), por 10 minutos em banho ultra-sônico. Ao extrato foram adicionados 500µL de ácido tricloroacético 25 g L-1 (CREPALDI; GODOY, 2005) e o volume completado a 10mL com solução de acetato de amônio 75 mmol L-1 (pH 7,0). Foi injetado no sistema LC-MS/MS 20µL do filtrado (MARTINS JÚNIOR et al., 2008). Para detectar a presença do ácido fólico (AF) foi utilizado o sistema de cromatografia líquida (Schimadzu-Bruker®). Foi utilizada coluna de separação analítica de fase reversa, Shimadzu® (2,0cmx150mmx4,6µm), tendo como fase estacionária C18 (grupamentos octadecil). O ácido fólico foi separado em sistema de eluição isocrático, com vazão de 0,7 mL min-1, durante 5 minutos de corrida, utilizando-se uma mistura de 25% de fase móvel A (5 mmol L-1 de acetato de amônio em água) e de 75% de fase móvel B (5 mmol L-1 de acetato de amônio em metanol absoluto).

O ácido fólico foi ionizado na fonte de ionização por eletronebulização (Electrospray Ionization - ESI), no modo positivo, num analisador de massas ion trap (Bruker®), operado em modo de aquisição por Monitoramento Múltiplo de Reação (MRM), com o propósito de detectar duas transições de razão carga/massa (m/z): 442,2>176,1 e 442,2>295,1. O método estatístico utilizado foi a análise de variância, seguida do teste de Tukey, de comparação de médias a 5% (p<0,05) de significância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura 1 apresenta o espectro MS3 da solução padrão de ácido fólico. Os

fragmentos selecionados para a determinação em modo Multiple Reaction Monitoring (MRM), para o íon precursor [M + H]+ , de m/z 442, foram os produtos de m/z 313, 295 (mais intenso) e 269. O íon m/z 313 ao perder uma molécula de H2O (massa atômica 18), produz o fragmento m/z 295 (Figura 1).

Resultados semelhantes foram encontrados por Stokes e Webb (1999), Nelson et al. (2006) e Martins Júnior et al. (2008), utilizando a técnica LC-MS/MS, no modo positivo e negativo e modo de aquisição MRM. Martins Júnior et al. (2008) encontraram duas transições mais intensas para o íon precursor [M + H]+ m/z 442,2, para a detecção do ácido fólico em amostras de farinha de trigo. Estas foram escolhidas para confirmá-lo e quantificá-lo: m/z 176,1 e m/z 295,1 (mais intenso).

A similaridade dos cromatogramas e da intensidade dos espectros da solução padrão com amostras de arroz (Figuras 2 e 3), confirmam a presença de ácido fólico nos

Page 240: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

849

grãos até a faixa de 9% de remoção de farelo.

FIGURA 1 – Espectro de massas (MS3) da solução padrão de ácido fólico, destacando o íon precursor [M + H]+ e seus fragmentos.

FIGURA 2 – Cromatograma do LC-MS/MS das soluções padrões de ácido fólico.

FIGURA 3 – Cromatograma do LC-MS/MS das amostras de arroz beneficiadas pelo processo integral e branco polido na faixa de 7 a 9% de intensidade de remoção de farelo

A partir da curva analítica calculada por meio da Figura 2, foi possível determinar que as amostras de arroz integral apresentaram 0,92 µg g-1 de ácido fólico e a de arroz branco, 0,14 µg g-1. Tal fato indica uma perda média de 85% desta vitamina quando a operação de polimento o intensifica até 9% de remoção de farelo.

Resultados semelhantes foram encontrados por Monks (2010), em amostras de arroz, utilizando método de quantificação de ácido fólico desenvolvido por Crepaldi e Godoy (2005), em cromatografia de alta eficiência (HPLC-UV).

Page 241: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

850

CONCLUSÃO Os resultados indicam que polimentos até uma faixa de 9% de remoçâo de farelo

reduzem os teores de ácido fólico, em média, até 85% em relação aos grãos integrais.

AGRADECIMENTOS CNPq, FAPERGS, SCT-RS (Pólos Tecnológicos), IRGA e ZACCARIA Equipamentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa nº 6, de 16 de fevereiro de 2009. Regulamento Técnico do Arroz, definindo o seu padrão oficial de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade, a amostragem, o modo de apresentação e a marcação ou rotulagem. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, Seção 1, p.3, 17 fev. de 2009. CATHARINO, R. R.; VISENTAINER, J. V.; GODOY, H. T. Avaliação das condições experimentais de CLAE na determinação de ácido fólico em leites enriquecidos. Ciência e Tecnologia de alimentos, v.23, n.3, p.389-395, 2003. CREPALDI, P. F.; GODOY, H. T. Validação de metodologia por cromatografia líquida de alta eficiência para a determinação de ácido fólico em arroz enriquecido. 6o. Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos, São Paulo: Campinas, 2005. 1 CD-ROM. ELIAS, M.C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. 1 ed. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária, 2007.422p. JASTREBOVA, J.; WITTHÖFT, C.; GRAHN, A.; SVENSSON, U.; JAGERSTAD, M.; Food Chemistry. n.80, p.579, 2003. KONINGS, E. J. M., ROOMANS, H. H. S., DORANT, E., GOLDBOHM, R. A. SARIS, W. H. M. Folate intake of the dutch population according to newly established liquid chromatography data for foods. American Journal of Clinical Nutrition, v.73, p.765-776, 2001. MARTINS JÚNIOR, H. A. WANG, A. Y.; ALABOURDA, J.; PIRES, M. A. F.; VEGA, O. B.; LEBRE, D.T. A Validated method to quantify folic in wheat flour samples using liquid chromatography – Tandem mass spectrometry. Journal Brazilian Chemistry Society. v.19, n.5, p. 971-977, 2008. MCDONALD, S. D. et al. The prevention of congenital anomalies with periconceptional folic acid supplementation. Journal of Obstetrics Gynecology. v.25, n.2, p.115–121, 2003. MEZZOMO, C. L. S. et al. Prevenção de defeitos do tubo neural: prevalência do uso da suplementação de ácido fólico associados em gestantes na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.11, p.2716-2726, 2007. MONKS, J.L.F. Efeitos da intensidade do polimento sobre parâmetros de avaliação tecnológica e bioquímica, perfil lipídico e conteúdo de ácido fólico em grãos de arroz. 115p. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2010. NELSON, B. C.; SHARPLESS, K. E.; SANDER, L. C. Quantitative determination of folic acid in multivitamin/multielement tablets using liquid chromatography/tandem mass spectrometry. Journal of Chromatography A. n.1135, p.203–211, 2006. PARK, J. K.; KIM, S. S.; KIM, K. O. Effect of Milling Ratio on Sensory Properties of Cooked Rice and on Physicochemical Properties of Milled and Cooked Rice. Cereal Chemistry. v.78, n.2, p.151-156, 2001. PENNEY, L.; SMITH, A.; COATES, B.; WIJEWICKREME, A. Determination of Chloramphenicol Residues in Milk, Eggs, and Tissues by Liquid Chromatography/Mass Spectrometry. Jounal AOAC International. v.88, p.645, 2005. ROTH-MAIER, D. A.; KETTLER, S. I.; KIRCHGESSNER, M. Availability of vitamin B6 from different food sources. International Journal of Food Sciences Nutrition. v.53, n.2, p.171-179, 2002. SANTOS, L.; BARBOSA, J.; CASTILHO, M. C.; RAMOS, F.; RIBEIRO, C. A. F.; SILVEIRA, M. I. N. Determination of chloramphenicol residues in rainbow trouts by gas chromatography–mass spectrometry and liquid chromatography–tandem mass spectrometry. Analytica Chimica Acta. n.529, p.249, 2005. SCOTT, J. et al. The role of folate in the prevention of neural-tube defects. Proceedings of Nutrition Society. v.53, p.631– 636, 1994. STOKES, P.; WEBB, K. Analysis of some folate monoglutamates by high-performance liquid chromatography-mass specrometry. Journal of Chromatography A., v.864, p.59-57, 1999.

Page 242: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

851

TEMPO DE ENCHARCAMENTO NA INDUSTRIALIZAÇÃO E EFEITOS SOBRE O PERFIL LIPÍDICO E A FRAÇÃO GAMA-ORYZANOL DO

ARROZ PARBOILIZADO Moacir Cardoso Elias1; Gilberto Arcanjo Fagundes2; Flávia Fernandes Paiva3, Daniel Rutz4, Nathan Levien Vanier4; Paulo Romeu Gonçalves5

Palavras-chave: arroz preto, integral, cocção, textura,

INTRODUÇÃO A parboilização se diferencia da industrialização convencional pelo tratamento

hidrotérmico dos grãos de arroz em casca, realizado em três operações unitárias: encharcamento, autoclavagem e secagem. Além de aumentar os rendimentos industriais e a vida de prateleira, o processo ocorre com migração da água para o interior do grão, gelatinização e retrogradação do amido, resultando em aumento da retenção de minerais, vitaminas hidrossolúveis, teor lipídico e reduzindo suas perdas no polimento, com aumento da vida de prateleira (AMATO e ELIAS, 2005; WANG et al., 2008, LAMBERTS et al., 2009).

Reconhecido como um alimento de excelente balanceamento nutricional, e presente na mesa de 2/3 da população mundial, em suas mais variadas formas de processamento, a FAO recomenda o consumo do arroz parboilizado em substituição ao branco polido, visto que a parboilização preserva os seus constituintes nutricionais, destacando-se pela sua fácil digestão (FAO, 2010).

O grão de arroz é constituído basicamente de 22% de casca, 70% de endosperma e 8% de farelo (DORS et al., 2009), podendo essas proporções variarem em função de diversos fatores. A maior parte da fração lipídica está localizada no gérmen e nas camadas mais periféricas que são removidas como farelo na operação de polimento (GARCIA et al., 2009), com predomínio dos ácidos graxos insaturados oléico e linoléico na sua composição (CICERO e GADDI, 2001).

No Brasil, maior produtor ocidental de arroz, o cereal é consumido por quase 95% da população. A maioria, cerca de 70%, consome arroz branco, mas o destaque é o crescente consumo do arroz parboilizado, que passou de 4 para quase 25% nas últimas duas décadas (ELIAS, 2007). Também é observada crescente participação do parboilizado na pauta de exportação, o que tem contribuído para a busca de conhecimentos sobre o processo de parboilização.

O objetivo no trabalho foi analisar a influência do tempo da operação de encharcamento na industrialização sobre o perfil lipídico do arroz parboilizado, pela importância dessa fração na nutrição e na saúde dos consumidores..

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas amostras de arroz (Oryza sativa L.) da classe longo fino, e arroz

com pericarpo preto produzidos na região sul do Rio Grande do Sul e beneficiados no Laboratório de Pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial - DCTA, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel – FAEM, Universidade Federal de Pelotas - UFPel. O processo de parboilização foi realizado na planta piloto do Laboratório de Grãos, segundo metodologia desenvolvida por Elias

1 Engº Agrônomo, Dr., Professor Titular, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos (LABGRÃOS), Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindutrial (DCTA), Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). [email protected]. 2 Quím. de Alimentos, M. Sc. LABGRÃOS-DCTA-FAEM-UFPEL (Bolsista CNPq-PPGCTA). 3 Quím. de Alimentos, M. Sc., Doutoranda PPGCTA-LABGRÃOS-DCTA-FAEM-UFPEL. 4 Engº Agrônomo, Mestrando PPGCTA-LABGRÃOS-DCTA-FAEM-UFPEL. 5 Engº Agrônomo, Dr., Professor Associado, Departamento de Química Orgânica, IQG-UFPEL.

Page 243: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

852

(1998), com adaptações. O encharcamento foi feito a 65°C, durante 4, 5 e 6 horas. A autoclavagem foi a 110°C, com pressão de 0,5kgf.cm-2, durante 10 min, enquanto a secagem que a sucedeu foi realizada em sistema estacionário até 13% de umidade.

As operações de descascamento e polimento foram realizadas em engenho de provas marca Zaccaria, modelo PAZ-1-DTA, com extração de farelo em teor correspondente a 7% da cariopse, n os termos propostos pela IN 06/2009, do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2009).

Precedendo a extração, as amostras foram trituradas em moinho de facas da marca Perten®, modelo Laboratory Mill 3100, com peneira de 60 Mesh.

Foram utilizadas três alíquotas de 20g para extração do óleo pelo método de Soxhlet (AOCS, 1998). Os teores de óleo foram expressos em % p/p.

Para análise dos ácidos graxos, todos os óleos foram esterificados com BF3/Me-OH (AOCS, 1998), e os ésteres metílicos dos ácidos graxos (FAME) extraídos com hexano e analisados em GC (KIM et al., 2006) com detector de ionização de chama (GC/FID modelo Shimadzu 17A), equipado com coluna capilar de sílica fundida DB-5 (metil silicone com 5% de grupos fenila, com 30mx0.25mmx0.25µm), na seguinte programação de temperatura: 180ºC (0min); 1ºC/min-1–210ºC; 10ºC/min-1–280ºC (10min) e nas seguintes condições: Tcoluna=180ºC; Tdetector=280ºC e Tinjetor=280ºC, split 1:50.

A identificação dos ácidos graxos foi feita por comparação com o tempo de retenção de padrões cromatográficos dos FAME (láurico, mirístico, palmítico, esteárico, araquídico, lignocérico, palmitoléico, oléico e linoleico).

Para análise do γ-orizanol, todas as amostras de óleo foram diluídas na proporção 1:1 em uma mistura de propanol-metanol (85:15), contendo 40 mM de KOH e diretamente injetadas em espectrômetro de massa (MILLER et al., 2003) com infusão de íon trap. Usando os correspondentes picos [M-H]- os quatro constituintes majoritários da fração γ-oryzanol foram avaliados, em equipamento HP 1100 ITMS (íon-trap mass spectrometer), com ionização por eletro-nebulização (electro spray ionization-ESI–Agilent Tecnologies, Waldbronn, Alemanha),

As condições de trabalho foram: pressão de nebulização do gás 15 psi; temperatura de nebulização 200°C; razão do gás 5L.min-1; razão carga/massa m/z 601; amplitude m/z 100-800. Foi preparada uma solução padrão de γ-orizanol (500µg/mL) na mesma mistura de solventes (propanol:metanol).

Os dados foram submetidos à análise estatística com uso de ANOVA e Tukey a 5% de probabilidade, através do software GraphPad Prism 5.0

RESULTADOS E DISCUSSÃO A caracterização do óleo dos grãos de arroz beneficiados pelo processo de

parboilização, permitiu identificar a presença de oito ácidos graxos (Mirístico, Palmítico, Linoléico, Oléico, Elaídico, Esteárico, Araquídico e Lignocérico), através da solução padrão dos seus respectivos ésteres metílicos.

As Tabela 1 e 2, respectivamente apresentam os compostos majoritários da fração gama-orizanol e as concentrações (%) dos respectivos ésteres metílicos, calculados em relação à área normalizada dos picos, em amostras de óleo derivatizadas antes da injeção no cromatógrafo. A Figura 1 mostra um dos cromatogramas dos ácidos graxos do óleo de arroz parboilizados, com encharcamento a 65ºC, que não diferiu nos encharcamentos por 4, 5 e 6 horas. A Figura 2 mostra os constituintes majoritários da fração γ-orizanol do óleo de arroz parboilizado a 65ºC durante 4, 5 e 6h. Tabela 1. Compostos majoritários da fração γ-orizanol e suas respectivas massas, presente no óleo de arroz.

Composto [M-H]- [M-H-Me]- trans-ferulato de campesteril 575 560

cafeato de cicloartenil 587 572 trans-ferulato de sitosteril 589 574 trans-ferulato de cicloartenil 601 586 trans-ferulato de 24-metilenocicloartanil 615 600 trans-ferulato de 24-metilcicloartanil 617 602 24 ou 25-hidroxi trans-ferulato de 24-metilcicloartanil 633 618

Figura 1. Cromatogramas do GC/FID dos ésteres metílicos dos ácidos graxos do óleo de arroz parboilizado. Encharcamento: 65ºC, 4h; autoclavagem: 110ºC, 0,5kg.cm-2, 10min. Condições: 180ºC (0 min) – 1ºC/min – 210ºC – 10ºC/min – 280ºC (10 min). Tcoluna: 180ºC; Tdetector: 280ºC e Tinjetor: 280ºC; Coluna capilar DB-5.

Figura 2. Espectrograma da solução padrão do γ-orizanol

Tabela 2. Concentração (%) dos ácidos graxos presentes no óleo do arroz parboilizado, com encharcamento a 65ºC, por 4, 5 e 6 horas.

Nº Pico Éster metílico do ácido: Tempo de encharcamento 4h 5h 6h

1 Mirístico D 0,21a D 0,20a D 0,19a 2 Palmitoléico* D 0,13a D 0,12a D 0,12a

Page 244: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

853

cafeato de cicloartenil 587 572 trans-ferulato de sitosteril 589 574 trans-ferulato de cicloartenil 601 586 trans-ferulato de 24-metilenocicloartanil 615 600 trans-ferulato de 24-metilcicloartanil 617 602 24 ou 25-hidroxi trans-ferulato de 24-metilcicloartanil 633 618

Figura 1. Cromatogramas do GC/FID dos ésteres metílicos dos ácidos graxos do óleo de arroz parboilizado. Encharcamento: 65ºC, 4h; autoclavagem: 110ºC, 0,5kg.cm-2, 10min. Condições: 180ºC (0 min) – 1ºC/min – 210ºC – 10ºC/min – 280ºC (10 min). Tcoluna: 180ºC; Tdetector: 280ºC e Tinjetor: 280ºC; Coluna capilar DB-5.

Figura 2. Espectrograma da solução padrão do γ-orizanol

Tabela 2. Concentração (%) dos ácidos graxos presentes no óleo do arroz parboilizado, com encharcamento a 65ºC, por 4, 5 e 6 horas.

Nº Pico Éster metílico do ácido: Tempo de encharcamento 4h 5h 6h

1 Mirístico D 0,21a D 0,20a D 0,19a 2 Palmitoléico* D 0,13a D 0,12a D 0,12a

3 Palmítico C 20,69a D 20,39b C 20,25b 4 Linoléico B 35,36b B 36,06a B 35,50b 5 Oléico A 40,16b A 39,95b A 40,49a 6 Elaídico D 0,71a D 0,69a D 0,73a 7 Esteárico D 1,47a D 1,43a D 1,50a 8 Não identificado** D 0,49a D 0,41a D 0,47a 9 Araquídico D 0,56a D 0,54a D 0,55a

10 Lignocérico D 0,21a D 0,20a D 0,19a * Ácido graxo identificado por comparação. *A. G. não identificado por falta do seu padrão correspondente. Parboilização: encharcamento (65ºC - 4, 5 e 6h); autoclavagem (110ºC, 0,5kg.cm-2, 10min). Médias aritméticas simples, de três repetições, seguidas por letras diferentes, diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância (maiúsculas na coluna e minúsculas na linha).

CONCLUSÃO

O óleo de arroz é fonte de γ-orizanol, composto nutracêutico com alta atividade antioxidante, evidenciando a importância da pesquisa sobre a distribuição do γ-orizanol e sua relação com o tempo de encharcamento. Os tempos de encharcamento testados não alteraram o perfil lipídico e nem os espectrogramas do γ-orizanol.

AGRADECIMENTOS A CAPES, CNPq, SCT-RS, Programa Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMATO, G.W; ELIAS, M.C. A parboilização do arroz. Porto Alegre/RS, Editora Ricardo Lenz, 160p. 2005. ANWAR, F. et al. Methodical characterization of rice bran oil from Pakistan. Grasas y Aceites, v.56,p.125-134, 2005. AOCS. American Oil Chemists’ Society. Official and tentative methods, Champaign, IL., 1998. BRASIL. Normas para classificação de arroz. Ministério da Agricultura, Instrução Normativa 06, 2009. CICERO, A.F.C; GADDI, A. Rice bran oil and γ-orizanol in the tratament of hyperlipoproteinanemias and other conditions. Phytotherapy Research 15 (4): 277-289, 2001. DORS, G.C. et al. Influência das condições de parboilização na composição química do arroz.Ciência e Tecnologia de Alimentos, vol. 29, n.1, p. 219-224, 2009. ELIAS, M.C. Tempo de espera para secagem e qualidade de arroz para semente e indústria. Tese de Doutorado, UFPel, 124p, 1998. ELIAS, M.C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. Ed. UFPel, 437p. Pelotas, 2007. FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. http://www.fao.org, 2010. GARCIA, M.J.L. et al. Composition, industrial processing and applications of rice bran γ-oryzanol. Food Chemistry, 115, 389–404, 2009. KIM, J.C. et al. Effects of amylose content, autoclaving, parboiling, extrusion, and post-cooking treatments on resistant starch content of different rice cultivars. Aust. J. Agric. Res., p. 57:1291–6, 2006. LAMBERTS, L. et al. Presence of Amylose Crystallites in Parboiled Rice. Journal of Agricultural and Food Chemistry 57 (8), 3210-3216, 2009.

MILLER, A. e ENGEL, K. H. (2006).Content of γ-oryzanol and composition of steryl ferulates

Page 245: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

854

3 Palmítico C 20,69a D 20,39b C 20,25b 4 Linoléico B 35,36b B 36,06a B 35,50b 5 Oléico A 40,16b A 39,95b A 40,49a 6 Elaídico D 0,71a D 0,69a D 0,73a 7 Esteárico D 1,47a D 1,43a D 1,50a 8 Não identificado** D 0,49a D 0,41a D 0,47a 9 Araquídico D 0,56a D 0,54a D 0,55a

10 Lignocérico D 0,21a D 0,20a D 0,19a * Ácido graxo identificado por comparação. *A. G. não identificado por falta do seu padrão correspondente. Parboilização: encharcamento (65ºC - 4, 5 e 6h); autoclavagem (110ºC, 0,5kg.cm-2, 10min). Médias aritméticas simples, de três repetições, seguidas por letras diferentes, diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significância (maiúsculas na coluna e minúsculas na linha).

CONCLUSÃO

O óleo de arroz é fonte de γ-orizanol, composto nutracêutico com alta atividade antioxidante, evidenciando a importância da pesquisa sobre a distribuição do γ-orizanol e sua relação com o tempo de encharcamento. Os tempos de encharcamento testados não alteraram o perfil lipídico e nem os espectrogramas do γ-orizanol.

AGRADECIMENTOS A CAPES, CNPq, SCT-RS, Programa Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMATO, G.W; ELIAS, M.C. A parboilização do arroz. Porto Alegre/RS, Editora Ricardo Lenz, 160p. 2005. ANWAR, F. et al. Methodical characterization of rice bran oil from Pakistan. Grasas y Aceites, v.56,p.125-134, 2005. AOCS. American Oil Chemists’ Society. Official and tentative methods, Champaign, IL., 1998. BRASIL. Normas para classificação de arroz. Ministério da Agricultura, Instrução Normativa 06, 2009. CICERO, A.F.C; GADDI, A. Rice bran oil and γ-orizanol in the tratament of hyperlipoproteinanemias and other conditions. Phytotherapy Research 15 (4): 277-289, 2001. DORS, G.C. et al. Influência das condições de parboilização na composição química do arroz.Ciência e Tecnologia de Alimentos, vol. 29, n.1, p. 219-224, 2009. ELIAS, M.C. Tempo de espera para secagem e qualidade de arroz para semente e indústria. Tese de Doutorado, UFPel, 124p, 1998. ELIAS, M.C. Pós-colheita de arroz: secagem, armazenamento e qualidade. Ed. UFPel, 437p. Pelotas, 2007. FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. http://www.fao.org, 2010. GARCIA, M.J.L. et al. Composition, industrial processing and applications of rice bran γ-oryzanol. Food Chemistry, 115, 389–404, 2009. KIM, J.C. et al. Effects of amylose content, autoclaving, parboiling, extrusion, and post-cooking treatments on resistant starch content of different rice cultivars. Aust. J. Agric. Res., p. 57:1291–6, 2006. LAMBERTS, L. et al. Presence of Amylose Crystallites in Parboiled Rice. Journal of Agricultural and Food Chemistry 57 (8), 3210-3216, 2009.

MILLER, A. e ENGEL, K. H. (2006).Content of γ-oryzanol and composition of steryl ferulates

in brown rice of European origin.J.Agr.Food Chemistry, 54, 8127–8133. WANG, Y.J. et al. Functional Properties as Affected by Laboratory-Scale Parboiling of Rough Rice and Brown Rice. Journal of Food Science – Vol. 73, Nr. 8, 370-377, 2008.

Page 246: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

855

AQUISIÇÃO DOMICILIAR DE ARROZ (Oryza sativa) NO SUL DO PAÍS.

Chirle de Oliveira Raphaelli1; Shanda de Freitas Couto2; Maurício de Oliveira3; Ricardo Tadeu Paraginski4

Palavras-chave: Arroz, aquisição alimentar domiciliar, pesquisa de orçamentos familiares,

INTRODUÇÃO As escolhas alimentares de uma população são determinadas por um conjunto de

variáveis biológicas, demográficas, culturais e econômicas, condicionando de forma concomitante um processo dinâmico de transformações ao longo do tempo.

As transformações ocorridas nas últimas décadas no país, relacionadas à crescente modernização e urbanização da sociedade contemporânea levou ao processo de transição nutricional (WHO, 2003). Com isso, o padrão alimentar da população mostrou um distanciamento dos alimentos e refeições tradicionais na dieta dos brasileiros. Um exemplo disto é a diminuição do consumo de preparações típicas e comuns a todas as regiões do país, como é o caso do arroz com feijão. Esta combinação é nutricionalmente rica e adequada pois satisfaz as necessidades básicas do organismo com relação à quantidade de calorias e proteínas. (SICHIERI, 2002; LEVY-COSTA et al., 2005; BRASIL, 2006; RECINE; RADAELLI, 2008). No caso especifico do arroz, a necessidade da verificação do consumo per capita é de fundamental importância pelo fato do país ser o maior produtor de arroz da América Latina e estar entre os dez maiores produtores do mundo (FAO, 2010).

Este cereal tem importante papel na dieta do brasileiro, mas seu consumo na dieta dos brasileiros deveria ter maior destaque, em virtude de o país ser o principal produtor mundial de arroz entre os países ocidentais. Sabe-se que o maior consumo de arroz (Oryza sativa) tem sido na forma de grão inteiro, e apenas uma pequena quantidade é consumida como ingrediente de produtos processados (WALTER; MARCHEZAN e AVILA, 2008).

A partir de levantamentos de dados populacionais, é possível determinar os principais componentes da dieta adotada pelas famílias em um determinado tempo, lugar e circunstância. No Brasil, as Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) apresentam dados sobre aquisição de alimentos em domicílios, fornecendo assim informações úteis sobre o consumo alimentar das famílias (IBGE, 2005; IBGE, 2010). No entanto, cabe salientar que os dados de disponibilidade de alimentos não representam o consumo efetivo, mas são considerados importantes na obtenção de informações sobre o padrão alimentar de uma população e sua evolução ao longo do tempo (ENES; SILVA, 2009).

De acordo com os dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) será possível a viabilização da análise da aquisição per capita de arroz nos domicílios das famílias residentes na Região Sul do Brasil, comparando a evolução destes entre a POF 2002/2003 e a POF 2008/2009 (IBGE, 2005; IBGE, 2010).

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas como base de dados às informações obtidas pela Pesquisa de

Orçamentos Familiares (POF) realizada entre os anos de 2002 a 2003 e 2008 a 2009 pelo

1 Nutricionista, Mestre em Ciências, Escola Superior de Educação Física, Universidade Federal de Pelotas, Rua Luiz de Camões, 625 - Bairro Tablada Fone: (53) 3273-2752; CEP: 96055-630 - Pelotas/RS; Email: [email protected]. 2 Nutricionista, Mestre em Ciências, Escola Superior de Educação Física, Universidade Federal de Pelotas. Email: [email protected]. 3 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. Email: [email protected]. 4 Estudante de Agronomia, Bolsista de Iniciação Científica do Laboratório de pós-colheita, industrialização e qualidade de grãos, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. Email: [email protected].

Page 247: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

856

IBGE. As informações da POF foram obtidas em todo o território nacional, diretamente nos

domicílios particulares permanentes selecionados, por meio de entrevistas junto aos seus moradores. Em todo país, foram avaliados de 55.970 domicílios, sendo 2.210 no estado do Rio Grande do Sul, 2.029 em Santa Catarina, e 2.477 no Paraná.

A estratificação da amostra foi elaborada de modo a garantir a participação de todo o território brasileiro, epecificamente toda região sul e o tempo de duração da pesquisa (julho de 2002 a junho de 2003 e de maio de 2008 a maio de 2009) permitiu uma coleta de dados em todos os trimestres do ano em diferentes estratos geográficos e socioeconômicos.

Informações referentes à aquisição de alimentos foram obtidas por meio de um registro diário, durante sete dias consecutivos, com descrição pormenorizada (quantidade, unidade de medida, peso, volume) de cada produto adquirido para consumo. Cabe lembrar que a aquisição alimentar no domicilio, da forma como foi investigada nas duas pesquisas, diz respeito à disponibilidade de alimentos para consumo e não ao consumo efetivamente realizado pela família.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Uma alimentação saudável deve conter 55% a 75% do valor calórico total provindos

do grupo dos carboidratos. O consumo de alimentos ricos em carboidratos pode ser obtido a partir de cereais, tubérculos e raízes. O guia alimentar para a população brasileira do Ministério da Saúde, recomenda o consumo de seis porções de cereais, tubérculos e raízes ao dia (BRASIL, 2006).

Os cereais, como exemplo o arroz, deve ser a mais importante fonte de energia e o principal componente da maioria das refeições, garantindo entre 45% a 65% da energia total diária da alimentação (BRASIL, 2006).

A aquisição alimentar domiciliar per capita anual de cereais e arroz é apresentada na Tabela 1, no período de 2002 a 2003. Na região sul a maior aquisição per capita de cereais foi no estado do Rio Grande do Sul, porém a aquisição per capita do arroz polido é maior no Paraná. No entanto, o consumo per capita deste grão, é menor em todos os estados da região sul, comparando com a média nacional. Verifica-se neste período um maior consumo de outros grupos de arroz no estado do Rio Grande do Sul, e que a aquisição de arroz não especificado neste estado (9,958 kg.per capita-1) é superior à média nacional (7,032 kg.per capita-1).

Tabela 1. Aquisição alimentar domiciliar per capita anual em kg, segundo os produtos selecionados, Brasil - período 2002-2003.

Produto Brasil Região Sul

Total Paraná Santa Catarina

Rio Grande do Sul

Cereais em geral 35,507 28,848 29,919 22,658 31,134 Arroz polido 24,546 18,031 22,849 14,634 15,302 Arroz não especificado* 7,032 6,932 5,323 4,097 9,958 *Arroz integral, arroz com casca, arroz especial japonês, arroz pré cozido, arroz integral orgânico Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de trabalho e Rendimento, Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003.

Tabela 2. Aquisição alimentar domiciliar per capita anual em kg, segundo os produtos selecionados, Brasil - período 2008-2009

Produto Brasil Região Sul

Total Paraná Santa Catarina

Rio Grande do Sul

Cereais em geral 29,414 25,359 27,227 17,702 27,834 Arroz polido 14,609 12,761 12,475 8,300 15,546 Arroz não especificado* 11,890 9,489 12,110 6,663 8,515 *Arroz integral, arroz com casca, arroz especial japonês, arroz pré cozido, arroz integral orgânico Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de trabalho e Rendimento, Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009.

IBGE. As informações da POF foram obtidas em todo o território nacional, diretamente nos

domicílios particulares permanentes selecionados, por meio de entrevistas junto aos seus moradores. Em todo país, foram avaliados de 55.970 domicílios, sendo 2.210 no estado do Rio Grande do Sul, 2.029 em Santa Catarina, e 2.477 no Paraná.

A estratificação da amostra foi elaborada de modo a garantir a participação de todo o território brasileiro, epecificamente toda região sul e o tempo de duração da pesquisa (julho de 2002 a junho de 2003 e de maio de 2008 a maio de 2009) permitiu uma coleta de dados em todos os trimestres do ano em diferentes estratos geográficos e socioeconômicos.

Informações referentes à aquisição de alimentos foram obtidas por meio de um registro diário, durante sete dias consecutivos, com descrição pormenorizada (quantidade, unidade de medida, peso, volume) de cada produto adquirido para consumo. Cabe lembrar que a aquisição alimentar no domicilio, da forma como foi investigada nas duas pesquisas, diz respeito à disponibilidade de alimentos para consumo e não ao consumo efetivamente realizado pela família.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Uma alimentação saudável deve conter 55% a 75% do valor calórico total provindos

do grupo dos carboidratos. O consumo de alimentos ricos em carboidratos pode ser obtido a partir de cereais, tubérculos e raízes. O guia alimentar para a população brasileira do Ministério da Saúde, recomenda o consumo de seis porções de cereais, tubérculos e raízes ao dia (BRASIL, 2006).

Os cereais, como exemplo o arroz, deve ser a mais importante fonte de energia e o principal componente da maioria das refeições, garantindo entre 45% a 65% da energia total diária da alimentação (BRASIL, 2006).

A aquisição alimentar domiciliar per capita anual de cereais e arroz é apresentada na Tabela 1, no período de 2002 a 2003. Na região sul a maior aquisição per capita de cereais foi no estado do Rio Grande do Sul, porém a aquisição per capita do arroz polido é maior no Paraná. No entanto, o consumo per capita deste grão, é menor em todos os estados da região sul, comparando com a média nacional. Verifica-se neste período um maior consumo de outros grupos de arroz no estado do Rio Grande do Sul, e que a aquisição de arroz não especificado neste estado (9,958 kg.per capita-1) é superior à média nacional (7,032 kg.per capita-1).

Tabela 1. Aquisição alimentar domiciliar per capita anual em kg, segundo os produtos selecionados, Brasil - período 2002-2003.

Produto Brasil Região Sul

Total Paraná Santa Catarina

Rio Grande do Sul

Cereais em geral 35,507 28,848 29,919 22,658 31,134 Arroz polido 24,546 18,031 22,849 14,634 15,302 Arroz não especificado* 7,032 6,932 5,323 4,097 9,958 *Arroz integral, arroz com casca, arroz especial japonês, arroz pré cozido, arroz integral orgânico Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de trabalho e Rendimento, Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003.

Tabela 2. Aquisição alimentar domiciliar per capita anual em kg, segundo os produtos selecionados, Brasil - período 2008-2009

Produto Brasil Região Sul

Total Paraná Santa Catarina

Rio Grande do Sul

Cereais em geral 29,414 25,359 27,227 17,702 27,834 Arroz polido 14,609 12,761 12,475 8,300 15,546 Arroz não especificado* 11,890 9,489 12,110 6,663 8,515 *Arroz integral, arroz com casca, arroz especial japonês, arroz pré cozido, arroz integral orgânico Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de trabalho e Rendimento, Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009.

Page 248: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

857

A Tabela 2 apresenta dados da POF 2008-2009 de aquisição alimentar per capita de cereais, arroz polido e arroz não especificado. Percebe-se que os estados do Rio Grande do Sul e Paraná apresentaram aquisições per capitas similares de alimentos do grupo dos cereais, porém, quando analisada a aquisição do arroz polido, verifica-se maior aquisição no estado do Rio Grande do Sul, sendo inclusive superior a média nacional, enquanto que o estado do Paraná apresentou maior aquisição de arroz não especificado, quando comparado os dois estados.

Ao fazer uma comparação entre os dados apresentados nas Tabelas 1 e 2, de acordo com as POFs de 2002-2003 e 2008-2009, respectivamente, pode-se observar uma diminuição da aquisição de produtos do grupo dos cereais, tanto a nível nacional quanto regional. Porém, observa-se na comparação das duas POFs, uma inversão na média de aquisição do arroz polido e arroz não especificado nos dois inquéritos, entre estes os estados do Rio Grande do Sul e Paraná, sendo de aproximadamente 15 kg e 23 kg per capita para arroz polido e 10Kg e 5kg per capita para outros tipos de arroz em 2002-2003, e aproximadamente 15,6kg per capita e 12kg per capita para arroz polido e 8,5kg per capita e 12kg per capita em 2008-2009, por estado, respectivamente.

De acordo com os dados apresentados verifica-se que embora a região sul do Brasil, seja responsável por 72% da produção nacional de arroz (CONAB, 2009) o consumo per capita desta região de arroz polido encontra-se abaixo da média nacional. O arroz polido foi mais adquirido nos domicílios do estado do Rio Grande do Sul, e os cereais no estado do Paraná e Rio Grande do Sul superior a Santa Catarina.

Comparando os dados entre as pesquisas (Figura 1), percebe-se que tanto a aquisição total de cereais como a aquisição de arroz polido no país diminuiu de 2002-2003 a 2008-2009. No rio Grande do sul a aquisição per capita de arroz polido manteve-se entre as duas pesquisas, mas reduziu a aquisição de cereais no geral. Nos outros estados da região sul, o arroz polido teve uma redução na aquisição per capita anual entre as duas pesquisas. O consumo de outros grupos de arroz tem mostrado aumento bastante significativo no consumo per capita nacional, que representou 30% de aumento na aquisição per capita brasileira (Tabelas 1 e 2).

Figura 1. Aquisição alimentar domiciliar per capita anual em kg, segundo os produtos selecionados, Brasil - períodos 2002/2003 e 2008/2009..

35, 507

24, 546

29, 414

14, 609

0

10

20

30

40

2002-3 2008-9

C e r e a i s

A r r o z  p o l i d o

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de trabalho e Rendimento, Pesquisa de Orçamentos

Familiares 2002-2003/2008-2009. De acordo com os dados do IBGE (2010) os produtos alimentares que

apresentaram no período de 2008 a 2009, as maiores aquisições per capita anual foram o leite de vaca pasteurizado (25,641 kg), carnes bovinas (17,035 kg) e o arroz polido (14,609 kg). Mesmo o arroz polido sendo o terceiro produto de maior aquisição pelos domicílios brasileiros, observa-se um decréscimo entre as duas pesquisas. Dados da Figura 1 apresentam a redução do consumo de cereais na dieta do brasileiro, bem como do arroz polido. Enquanto na POF 2002-2003, a quantidade per capita anual adquirida de arroz polido foi de 24,546 kg, na POF 2008-2009, essa média foi de 14,609 kg, queda de 40,5%.

Estes dados evidenciam a diminuição da utilização de cereais na dieta de acordo

Page 249: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

858

com a aquisição alimentar por domicílio, e assim especificamente a diminuição na aquisição e consumo de arroz ao longo dos dois inquéritos, e ao longo dos anos. Cada vez mais observa-se a diminuição no consumo de cereais, e em contrapartida o aumento no consumo de produtos processados e industrializados. Modificações essas que estão associadas aos processos de transição alimentar e nutricional, e ao aumento nas prevalências de excesso de peso nas populações. (POPKIN, 2008).

CONCLUSÃO a) A aquisição e consumo de alimentos no país tem sofrido modificações

importantes nas últimas décadas; b) Há uma preocupante diminuição na aquisição de cereais, principalmente de arroz, pela população brasileira, pelo menos no período avaliado; c) Mesmo sendo o Brasil o maior produtor de arroz entre os países ocidentais e da América Latina, a aquisição deste produto vem decrescendo no país; d) É necessário maior incentivo para a aquisição e consumo de arroz e cereais, valorizando assim hábitos alimentares tradicionais e saudáveis que estão sendo esquecidos pelos brasileiros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia alimentar para população brasileira. Promovendo a alimentação saudável. 2006 Disponível em: <http://nutricao.saude.gov.br/documentos/guia_alimentar _ conteudo.pdf.> Acesso em 01 mai. 2011. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO Acompanhamento de safra brasileira: grãos, intenção de plantio, segundo levantamento, novembro 2009 / Companhia Nacional de Abastecimento. – Brasília: Conab, 2009. ENES, C.C.; SILVA, M. V.. Disponibilidade de energia e nutrientes nos domicílios: o contraste entre as regiões Norte e Sul do Brasil. Ciência e saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, 2009 . FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Disponível em: < www.fao.org>. Acesso em: 01 mai. 2011. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002/2003: Aquisiçao alimentar domiciliar per capita. Rio de Janeiro: IBGE; 2004. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008/2009: Aquisição alimentar domiciliar per capita Brasil e Grandes Regiões. Rio de Janeiro: IBGE; 2010. LEVY-COSTA, R.B.; SICHIERI, R.; PONTES, N.S.; MONTEIRO, C.A. Disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil: distribuição e evolução (1974-2003). Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 39, p.530-40, 2005. POPKIN, M.B. The nutrition transition: an overview of world patterns of change. Nutrition Reviews, v.62, p.140-3, 2004. RECINE, E.; RADAELLI, P. Alimentação e Cultura. NUT/FS/UnB - ATAN/DAB/SPS. São Paulo, 2008. SICHIERI, R. Dietary patterns and their associations with obesity in the Brazilian city of Rio de Janeiro. Obesity Research, v.10, n. 1, p.42-8, 2002. WALTER, M.; MARCHEZAN, E.; AVILA, L.A. Arroz: composição e características nutricionais. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n. 4, p.1184-92, 2008. WHO. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Geneva: WHO, FAO, Expert Consultation on Diet, Nutrition and the prevention diseases. Diet Nutrition and the Prevention of chronic diseases: report of a joint WHO/FAO WHO expert consultation. Geneva: WHO Technical Report Series, n. 916. 2003. 149 p.

Page 250: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

859

IDENTIFICAÇÃO DE GRÃOS DE ARROZ VERMELHO LONGO FINO EM AMOSTRAS DE SEMENTES ANALISADAS NO LASO IRGA

CACHOEIRINHA Felipe Gutheil Ferreira1; José Mauro Costa R. Guma2; Suelen Martins Bitencourt3; Cintia Souto Luiz3; Athos Dias de Castro Gadea4)

Palavras-chave: Arroz vermelho, longo fino, semente

INTRODUÇÃO O arroz vermelho (Oriza sativa L.) é a principal invasora encontrada nas lavouras de

arroz do Rio Grande do Sul, e também, a de mais difícil controle, sendo que o principal meio de disseminação desta invasora nas lavouras é o uso de sementes de baixa qualidade (PETRINI, 1998). Atualmente existem muitos ecótipos de arroz vermelho que assemelham-se às cultivares comerciais de arroz (mesma estatura de planta e grão longo fino). Em campos de produção de sementes, este tipo de planta dificulta a realização do roguing, dificultando também, o processo de vistoria destes campos, pois são plantas de difícil identificação à campo. Quando da aprovação dos campos para a colheita das sementes, existe a possibilidade de que alguns lotes contendo grãos de arroz vermelho longo fino estejam sendo direcionados aos laboratórios de análises de sementes.

Em monitoramento realizado sobre a qualidade das sementes utilizadas no Rio Grande do Sul, safra 2008/2009, Ferreira et al. (2009) constatou a presença de grãos de arroz vermelho em 20% das amostras de sementes oficiais (C1, C2, S1 e S2). Segundo os atuais padrões de tolerância quanto à incidência de grãos de arroz vermelho em amostras de sementes (amostras de 700 gramas), Instrução Normativa nº 25 de 16 de dezembro de 2005, é permitido a incidência de dois grãos de arroz vermelho em 700 gramas para sementes S1 e S2 e de um grão de arroz vermelho para sementes certificadas C2 (neste caso, alguns obtentores de cultivares protegidas somente autorizam a certificação de lotes caso não seja encontrado nenhum grão de arroz vermelho em 700 gramas). Diante do exposto, existe a hipótese de que em alguns campos de produção de sementes de arroz possam existir plantas de arroz vermelho longo fino e que, dependendo da classe da semente, estas sementes possam estar sendo comercializadas. Com isto, este trabalho teve o objetivo de identificar lotes de sementes oficiais (C1, C2, S1 e S2) analisadas no Laboratório Oficial de Análise de Sementes do IRGA de Cachoeirinha, que continham grãos de arroz vermelho longo fino.

MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliadas amostras de sementes analisadas no Laboratório Oficial de

Análise de Sementes do IRGA de Cachoeirinha (LASO IRGA Cachoeirinha) no ano de 2010. Identificou-se apenas amostras de sementes oficiais (C1, C2, S1 e S2) que continham grãos de arroz vermelho. Após a identificação dos grãos de arroz vermelho por amostra, foi realizada a classificação destes grãos em: curto, médio, longo e longo fino, conforme Instrução Normativa (IN) Nº 06 de 16 de fevereiro de 2009. A seguir a definição desta classificação conforme a referida IN:

I - longo fino: é o produto que contém, no mínimo, 80% (oitenta por cento) do peso dos grãos inteiros medindo 6,00 mm (seis milímetros) ou mais no comprimento, a espessura

1 M.Sc. Eng. Agr. Instituto Rio Grandense do Arroz. Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, Cachoeirinha, RS. [email protected] 2 M.Sc. Eng. Agr. Instituto Rio Grandense do Arroz [email protected] 3 Técnica Agrícola. Instituto Rio Grandense do Arroz 4 Eng. Agr. Instituto Rio Grandense do Arroz. [email protected]

Page 251: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

860

menor ou igual a 1,90 mm (um vírgula noventa milímetros) e a relação comprimento/ largura maior ou igual a 2,75 (dois vírgula setenta e cinco), após o polimento dos grãos;

II - longo: é o produto que contém, no mínimo, 80% (oitenta por cento) do peso dos grãos inteiros medindo 6,00 mm (seis milímetros) ou mais no comprimento, após o polimento dos grãos;

III - médio: é o produto que contém, no mínimo, 80% (oitenta por cento) do peso dos grãos inteiros, medindo de 5,00 mm (cinco milímetros) a menos de 6,00 mm (seis milímetros) no comprimento, após o polimento dos grãos;

IV - curto: é o produto que contém, no mínimo, 80% (oitenta por cento) do peso dos

grãos inteiros medindo menos de 5,00 mm (cinco milímetros) de comprimento, após o polimento dos grãos.

Ao todo foram identificadas 258 amostras (lotes) de sementes oficiais em análise no LASO IRGA Cachoeirinha contendo arroz vermelho. Destas amostras classificou-se o total de 602 grãos (população). Para a determinação da análise dos grãos utilizou-se um paquímetro digital calibrado com intervalo de medida de 0,01 mm. Realizou-se a retirada da casca (lema e pálea) dos grãos, analisando somente grãos inteiros. Foram identificadas as seguintes dimensões de cada grão: comprimento, largura e espessura. Após foi realizada a análise de cada grão e de cada amostra, para então, realizar a análise dos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Do total das amostras analisadas 134 (51,9%) apresentaram pelo menos um grão

de arroz vermelho longo fino e apenas cinco amostras (1,9%) apresentaram somente grãos de arroz vermelho tipo curto. Quando avaliou-se a população de grãos de arroz vermelho nas 258 amostras (total de 602 grãos) foi identificada a seguinte classificação: 40% dos grãos foram classificados como longo fino; 32% como longo, 27% como médio e 1% como curto.

A alta incidência de grãos longos finos e longos em relação aos grãos tipo curtos podem ser explicados pelo fato destes lotes de sementes terem sidos beneficiados e classificados em sua origem, com isto a maior parte dos grãos curtos e médios foram retirados pelas peneiras, o que dificilmente ocorre com grãos longo fino e longo.

Visando identificar as classes de sementes as quais houve a incidência de lotes contendo grãos de arroz vermelho longo fino foi elaborada a Tabela 1. Tabela 1: Incidência de grãos de arroz vermelho longo fino nas diferentes classes de sementes analisadas no LASO IRGA Cachoeirinha durante o ano de 2010.

Classe de Semente

Amostras Avaliadas

Nº de Amostras Contendo Arroz Vermelho Longo Fino

% de Amostras Contendo Arroz Vermelho Longo Fino

Certificada C1 44 21 47,7 Certificada C2 193 104 53,9

S1 21 9 42,9 S2 0 0 0

Total 258 134 - Percebe-se que a incidência de amostras com grãos de arroz vermelho longo fino varia de 42,9% a 53,9% em todas as classes, não sendo realizado nenhum registro na categoria S2, pois muito poucas foram às amostras desta classe analisadas no LASO IRGA Cachoeirinha no ano de 2010. Isto indica que independentemente da classe de semente, existe grande possibilidade de existirem plantas de arroz vermelho com a mesma estatura de cultivares comerciais nos campos de produção de sementes, visto a grande quantidade de grãos de arroz vermelho longo fino. Na Tabela 2 consta as amostras de sementes que continham grãos de arroz vermelho longo fino e as respectivas cultivares de arroz e suas

classes de sementes. Tabela 2: Cultivares e classes de sementes contendo grãos de arroz vermelho longo fino em amostras de sementes analisadas no LASO IRGA Cachoeirinha durante o ano de 2010.

Cultivar e Classe de Semente

Nº de Amostras Contendo Arroz Vermelho Longo

Fino

% de Amostras Contendo Arroz Vermelho Longo Fino

BRS Querência (C1) 5 3,7 IRGA 417 (C1) 2 1,5 IRGA 422 CL (C1) 4 3,0 IRGA 424 (C1) 10 7,5 IRGA 423 (C2) 2 1,5 PUITÁ INTA CL (C2) 102 76,1 IRGA 417 (S1) 9 6,7

Total 134 100 A grande concentração de amostras com grãos de arroz vermelho longo fino encontra-se em lotes da cultivar Puitá Inta CL, o que pode ser explicado em parte, pelo fato desta cultivar ter sido a mais produzida em campos de produção de sementes, significando maior número de lotes analisados no Laboratório. Os lotes das cultivares que constam na Tabela 2 foram em sua maioria reprovados para o uso como sementes. Tanto os lotes das classes C1 como os da classe C2 foram reprovados, não sendo certificados. Mesmo os lotes C2 contendo apenas um grão de arroz vermelho em amostras 700 gramas (segundo metodologia oficial de análise de sementes descrita nas Regras de Análises de Sementes, RAS 2009) foram reprovados, pois os obtentores destas cultivares não permitem a certificação caso haja a presença de arroz vermelho nestas amostras. O mesmo não pode ser afirmado para os lotes da cultivar IRGA 417 (S1). Pelo fato de ser uma cultivar de domínio público, os padrões mínimos de qualidade quanto à incidência de grãos de arroz vermelho em amostras de 700 gramas seguem o descrito na Instrução Normativa Nº 25 de 16 de dezembro de 2005, a qual permite a comercialização de lotes contendo até dois grãos de arroz vermelho em amostras de 700 gramas.

CONCLUSÃO A presença de grãos de arroz vermelho longo fino em amostras de sementes indica

a existencia de ecótipos de arroz vermelho semelhantes às cultivares comerciais de arroz, o que possivelmente está dificuldando o processo de controle destas invasoras nos campos de produção de sementes. Em sua totalidade, os lotes de sementes (C1 e C2) que apresentaram ao menos um grão de arroz vermelho em amostras de 700 gramas foram reprovados, o mesmo não ocorreu nos lotes da cultivar IRGA 417 (S2), pois segundo Instrução Normativa vigente permite-se até dois grãos por amostra de 700 gramas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Regras para análises de sementes. Brasília, DF: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. 2009. 399 p. FERREIRA, F.G.; GUMA, J.M.C.R.; GORELIK, D.B. Resistência de grãos de arroz vermelho e preto presentes em amostras de sementes sem origem ao herbicida do grupo das imidazolinonas. In. CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 6, 2009, Porto Alegre, RS. Anais... Porto Alegre: SOSBAI, 2009. p. 443-445. GUMA, J.M.C.R.; FERREIRA, F.G.; GORELIK, D.B. Monitoramento da qualidade das sementes utilizadas na lavoura de arroz irrigado no Rio Grande do Sul, safra 2008/2009. In. CONGRESSO BRASILEIRO DE

Page 252: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

861

classes de sementes. Tabela 2: Cultivares e classes de sementes contendo grãos de arroz vermelho longo fino em amostras de sementes analisadas no LASO IRGA Cachoeirinha durante o ano de 2010.

Cultivar e Classe de Semente

Nº de Amostras Contendo Arroz Vermelho Longo

Fino

% de Amostras Contendo Arroz Vermelho Longo Fino

BRS Querência (C1) 5 3,7 IRGA 417 (C1) 2 1,5 IRGA 422 CL (C1) 4 3,0 IRGA 424 (C1) 10 7,5 IRGA 423 (C2) 2 1,5 PUITÁ INTA CL (C2) 102 76,1 IRGA 417 (S1) 9 6,7

Total 134 100 A grande concentração de amostras com grãos de arroz vermelho longo fino encontra-se em lotes da cultivar Puitá Inta CL, o que pode ser explicado em parte, pelo fato desta cultivar ter sido a mais produzida em campos de produção de sementes, significando maior número de lotes analisados no Laboratório. Os lotes das cultivares que constam na Tabela 2 foram em sua maioria reprovados para o uso como sementes. Tanto os lotes das classes C1 como os da classe C2 foram reprovados, não sendo certificados. Mesmo os lotes C2 contendo apenas um grão de arroz vermelho em amostras 700 gramas (segundo metodologia oficial de análise de sementes descrita nas Regras de Análises de Sementes, RAS 2009) foram reprovados, pois os obtentores destas cultivares não permitem a certificação caso haja a presença de arroz vermelho nestas amostras. O mesmo não pode ser afirmado para os lotes da cultivar IRGA 417 (S1). Pelo fato de ser uma cultivar de domínio público, os padrões mínimos de qualidade quanto à incidência de grãos de arroz vermelho em amostras de 700 gramas seguem o descrito na Instrução Normativa Nº 25 de 16 de dezembro de 2005, a qual permite a comercialização de lotes contendo até dois grãos de arroz vermelho em amostras de 700 gramas.

CONCLUSÃO A presença de grãos de arroz vermelho longo fino em amostras de sementes indica

a existencia de ecótipos de arroz vermelho semelhantes às cultivares comerciais de arroz, o que possivelmente está dificuldando o processo de controle destas invasoras nos campos de produção de sementes. Em sua totalidade, os lotes de sementes (C1 e C2) que apresentaram ao menos um grão de arroz vermelho em amostras de 700 gramas foram reprovados, o mesmo não ocorreu nos lotes da cultivar IRGA 417 (S2), pois segundo Instrução Normativa vigente permite-se até dois grãos por amostra de 700 gramas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Regras para análises de sementes. Brasília, DF: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. 2009. 399 p. FERREIRA, F.G.; GUMA, J.M.C.R.; GORELIK, D.B. Resistência de grãos de arroz vermelho e preto presentes em amostras de sementes sem origem ao herbicida do grupo das imidazolinonas. In. CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 6, 2009, Porto Alegre, RS. Anais... Porto Alegre: SOSBAI, 2009. p. 443-445. GUMA, J.M.C.R.; FERREIRA, F.G.; GORELIK, D.B. Monitoramento da qualidade das sementes utilizadas na lavoura de arroz irrigado no Rio Grande do Sul, safra 2008/2009. In. CONGRESSO BRASILEIRO DE

ARROZ IRRIGADO, 6, 2009, Porto Alegre, RS. Anais... Porto Alegre: SOSBAI, 2009. p. 446-448.DIGITE aqui a literatura citada, seguindo as normas da ABNT. Não utilizar abreviações para títulos de periódicos. Petrini, J.A. Manejo para redução do banco de sementes de arroz vermelho do solo. Anais. Seminário Latino Americano sobre Arroz Vermelho. Porto Alegre, RS, 23 a 25 de setembro, 1998, p. 83 a 88.

Page 253: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

862

CARACTERIZAÇÃO E COMPARAÇÃO ENTRE OS ÓLEOS OBTIDOS DE FARELO DE ARROZ E DE GRÃOS DE SOJA

PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL Maurício de Oliveira1 Ricardo Tadeu Paraginski2; Rafael de Almeida Schiavon3; Daniel Rutz4; Jorge Tiago Schwanz Göebel5; Moacir Cardoso Elias6

Palavras-chave: biocombustível, farelo de arroz, soja, óleos vegetais, energia renovável.

INTRODUÇÃO No início de 2005 o governo brasileiro criou o Programa Nacional de

Biocombustívei, que permite a adição de 2% do biodiesel ao diesel de petróleo para o uso nos motores diesel. A partir de 2008 é obrigatória a adição de 2% e em 2013 o índice do biodiesel a ser adicionado no diesel do petróleo será de 5%. Estas ações contribuirão em muito para a redução da dependência de recursos fósseis no uso como combustível (MAGALHÃES, et al., 2006).

A investigação de novas formas alternativas de energia tem sido realizada com esforços, orientados pelo aumento da demanda por biocombustíveis que ser caracteriza por: a) aumentos contínuos do preço do petróleo, principal fonte primária de energia; b) benefícios que a expansão do uso de biocombustíveis pode trazer para o setor agrícola pela implantação de projetos específicos com fins energéticos objetivando promover o desenvolvimento regional sustentável; e, c) redução das emissões de gás carbônico.

Uma das formas de se obter um combustível alternativo para os motores diesel é através transesterificação dos óleos vegetais ou de gorduras animais com álcool de cadeia curta, como etanol ou metanol, produzindo uma mistura de ésteres dos ácidos graxos, chamada Biodiesel (GERPEN, 2005), dentre os óleos vegetais possíveis de serem utilizados com esta finalidade estão o de soja, oleaginosa responsável por 80% da produção nacional de biodiesel (OLIVEIRA, 2010) e o óleo de arroz, que pode ser obtido do subproduto do seu beneficiamento que é o farelo.

O farelo de arroz é o principal subproduto do polimento ou beneficiamento do arroz após a remoção da casca silícica e lignocelulósica, e constituí a camada intermediária entre a casca e o endosperma. É composto de pericarpo, testa, aleurona e gérmen, além de uma quantidade variável de amido, dependendo do grau de polimento a que os grãos são submetidos. O beneficiamento do arroz em casca para obtenção do arroz branco produz em torno de 8% de farelo de arroz, que representa 4 a 12% da massa do grão (SCHOULTEN, et al., 2003). Ali et al. (1998), ao analisarem a constituição do farelo de arroz de diferentes variedades, encontraram teores de óleo que variam de 16,72 a 21,40%.

O alto teor lipídico do farelo de arroz, aliado ao seu baixo valor comercial, justificam seu emprego majoritário como matéria-prima para indústria de extração de óleo (PESTANA; MENDONÇA e ZAMBIAZI, 2008), tornando-se alternativa viável a utilização na produção de biocombustíveis. Por isso este trabalho objetivou caracterizar e comparar os óleos de arroz e soja para utilização na produção de biodiesel.

1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, DCTA – FAEM – UFPel. E-mail: [email protected]; 2 Acadêmico de Agronomia, DCTA – FAEM – UFPel; 3 Engenheiro Agrônomo, Doutorando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, DCTA – FAEM – UFPel; 4 Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, DCTA – FAEM – UFPel; 5 Acadêmico de Engenharia Agrícola, DCTA – FAEM – UFPel; 6 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do DCTA – FAEM – UFPel. [email protected]. Universidade Federal de Pelotas – UFPel, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel – FAEM, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial – DCTA, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos - LabGrãos. Campus Capão do Leão, s/n – Caixa Postal: 354 – Pelotas, RS – CEP: 96.010-900 – site: www.labgraos.com.br.

Page 254: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

863

MATERIAL E MÉTODOS Para determinação do teor de óleo e perfil cromatográfico do óleo foram dos

utilizados farelo de arroz obtido apartir do polimento de grãos de arroz e de grãos de soja, ambos com 12% de umidade.

Teor de óleo A determinação dos teores de óleos do farelo de arroz e dos grãos de soja foi

realizada em aparelho extrator do tipo Soxhlet, de acordo com o procedimento descrito pelo método da AOAC (1997).

Derivatização Todos os óleos extraídos foram submetidos à derivatização dos ácidos graxos por

transesterificação com BF3/Me-OH (AOCS, 1998; MATOS, 2007), e os ésteres metílicos resultantes foram analisados por cromatografia gasosa.

Análise Cromatográfica Os ésteres metílicos resultantes da derivatização foram analisados por em

cromatógrafo gasoso com detector de ionização com chama (GC/FID modelo Shimadzu GC 2010), equipado com uma coluna capilar de sílica fundida DB-5 (metil silicone com 5% de grupos fenila, com 30 m de comprimento, 0,25 mm de espessura e revestida com filme de 0,25 µm) na seguinte programação de temperatura: 180ºC (0min) – 1ºC.min-1 – 210ºC – 10ºC.min-1 – 280ºC (10min) e nas seguintes condições: temperatura da coluna = 180°C, temperatura do detector = 280°C e temperatura do injetor = 280°C, split 1:50. A identificação dos ésteres metílicos foi por comparação com o tempo de retenção dos padrões cromatográficos dos ésteres metílicos dos ácidos graxos. Os ésteres metílicos, foram diluídos em 5mL com hexano, posteriormente foi retirada uma alíquota de 0,5 mL e diluído novamente em 2 mL, sendo injetados 0,5 µL de cada solução hexânica (KIM et al., 2006; MILLER & ENGEL, 2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO As Figuras 1 e 2 demonstram o comportamento típico dos cromatogramas obtidos em cromatógrafo gasoso dos ésteres metílicos dos ácidos graxos de óleos obtidos a partir de farelo de arroz e de grãos de soja.

Figura 1 – Comportamento típico dos cromatogramas obtidos em cromatógrafo gasoso dos ésteres metílicos dos ácidos graxos do óleo de arroz. De acordo com os cromatogramas apresentados nas Figuras 1 e 2 é verificável que as condições de análise permitiram adequadas identificação e quantificação dos ácidos graxos presentes nos óleos, extraído do farelo de arroz e dos grãos de soja.

Page 255: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

864

Figura 2 – Comportamento típico dos cromatogramas obtidos em cromatógrafo gasoso dos ésteres metílicos dos ácidos graxos do óleo de soja. Na Tabela 1 são apresentados os teores de óleo presentes nas amostras analisadas. Os resultados mostram que os teores de óleo dos produtos analisados estão de acordo com resultados encontrados por Elias (2008) e Oliveira (2010), e apresentam bons rendimentos de óleo, que são compatíveis com a utilização para produção de biodiesel. As duas fontes de óleo analisadas não apresentaram diferenças significativas no teor de óleo. Tabela 1 – Teores de óleo presentes nas amostras de farelo de arroz e de grãos de soja

Produto Teor de óleo (%)*

Farelo de arroz 21,6 a

Soja 20,2 a *Médias aritméticas simples de três repetições seguidas por letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo Teste t a 5% de significância. Na Tabela 2 é apresentado o perfil de ácidos graxos dos óleos nas amostras analisadas. Tabela 2 – Perfil de ácidos graxos dos óleos obtidos a partir de farelo de arroz e de grãos de soja

Nº Pico Éster metílico do ácido

Produto

Farelo de arroz Soja

Ácido graxo (%) 1 Mirístico D 0,21 a F 0,07 b 2 Palmitoléico D 0,12 a F 0,08 a 3 Palmítico C 20,03 a C 10,65 b 4 Linoléico B 35,87 b A 57,57 a 5 Oléico A 40,51a B 21,29 a 6 Elaídico D 0,67 a - 7 Esteárico D 1,40 b E 3,32 a 8 Araquídico D 0,56 a F 0,27 b 9 Lignocérico D 0,21 a F 0,13 a

10 Linolênico - D 6,69 a *Médias aritméticas simples seguidas por letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo Teste t a 5% de significância; e letras distintas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. De acordo com a Tabela 2, os resultados demonstram que o ácido graxo presente em maior concentração no óleo de farelo de arroz é o oléico (40,51%), enquanto que nos grãos de soja é o linoléico (57,57%). São os dois ácidos graxos mais abundantes nos óleos

Page 256: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

865

e, como quase todo óleo vegetal, são insaturados característica bastante desejável para a alimentação humana, porém quando destinados a produção de biodiesel, pode se transformar em problema, pela redução da estabilidade ao armazenamento do combustível produzido com esta matéria prima, já que estes ácidos graxos estão suscetíveis á oxidação durante sua estocagem. Verifica-se que o óleo de soja apresenta maiores conteúdos de ácidos graxos insaturados, por isso é menos estável ao armazenamento, que o óleo extraído do farelo de arroz. O conteúdo de ácidos graxos saturados, monoinsaturados e poliinsaturados, está de acordo com resultados encontrados por Zambiazi, (1997) em óleo de arroz e por Oliveira (2010) em óleo de soja. O óleo de arroz apresentou maior teor de ácidos graxos saturados que o de soja, característica que o torna mais propenso que o biodiesel de soja a entupimentos do sistema de injeção e a formação de cristais, em condições climáticas de baixas temperaturas. O óleo obtido a partir de farelo de arroz apresenta composição de ácidos graxos similares a de óleo de soja, por isso apresenta grande potencial para a produção de biodiesel.

CONCLUSÃO O rendimento de óleo do farelo de arroz é similar ao de óleo do grão de soja. O óleo de arroz é mais estável ao armazenamento por possuir menor conteúdo de

ácidos graxos insaturados, por ser menos suscetível a oxidação. O óleo de soja é mais adequado para utilização na produção de biodiesel do que o

óleo de arroz em regiões com clima mais frio.

AGRADECIMENTOS À Fapergs, à Capes, ao CNPq e à SCT-RS (Pólos Tecnológicos).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALI, M. M.; HUSSAIN, M. G.; NURUL, A. B. S. A. R.; SHAHJAHAN. M.; ABSAR, N. Investigation on rice bran: composition of rice bran and its oil. Bangladesh Journal of Scientific and Industrial Research, Dhaka, v. 33, n. 2, p. 170-177, 1998. GERPEN, J.V. Biodiesel processing and production. Fuel Processing Technology, Moscow, US, v.86, p.1097-1107, 2005. MAGALHÃES, T.O.; FERNANDES, J.A.; CORSO, T.; EINLOFT, S.; DULLIUS, J.; LIGABUE, R. Complexos de estanho como catalisadores na produção de biodiesel obtido a partir do óleo do farelo de arroz. In: Anais da 17º Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, Foz do Iguaçu, PR, Brasil. 2006. OLIVEIRA, H. Desempenho de frangos de corte alimentados com ração contendo farelo de arroz e enzimas. Ciência Agrotecnologia., Lavras. v.27, n.6, p.1380-1387, 2003. OLIVEIRA, M. 125 f. Efeitos da umidade, do tempo e de sistemas de armazenamento sobre parâmetros de qualidade e propriedades tecnológicas dos grãos e do óleo de soja. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2011. PEREIRA, E.; LIGABUE, R.; EINLOFT, S.; MAGALHÃES, T.; DULLIUS, J. Desenvolvimento de Processos de Produção de Biodiesel a partir de Resíduos de Óleos Vegetais. In: Anais do X Salão de Iniciação Científica PUCRS. p. 3373-3375, 2009. PESTANA, V.R.; MENDONÇA, C.R.B.; ZAMBIAZI, R.C. Farelo de arroz: características, benefícios à saúde e aplicações. Boletim doCEPPA, Curitiba, v. 26, n. 1, p. 29-40, 2008. ZAMBIAZI, R.C. The role of endogenous lipid components on vegetable oil stability. Manitoba/Canadá, 1997. 304 f. Thesis (Doctor of Philosophy), Food and Nutritional Sciences Interdepartmental Program, University of Manitoba

Page 257: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

866

OCORRÊNCIA DE RISCOS FÍSICOS E QUÍMICOS EM UNIDADES DE BENEFICIAMENTO DE ARROZ NO RS

Maurício de Oliveira1 Luiz Fernando Gonçalves van der Laan2; Jardel Casaril3; Marcos Rosa Pereira4; Daniel da Silva Guimarães5; Moacir Cardoso Elias6

Palavras-chave: riscos de acidentes, indústria de arroz, pós-colheita de arroz.

INTRODUÇÃO O estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor e beneficiador nacional de arroz,

têm 18.529 produtores de arroz distribuídos em 133 municípios situados na metade sul do estado, gerando 232.000 empregos diretos em toda a cadeia orizícola. Apenas o setor de beneficiamento de arroz, no ano de 2005, foi responsável por 8060 empregos, de acordo com a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Estado do Rio Grande do Sul (IRGA, 2010).

As atividade existentes nas indústrias de arroz apresentam-se de forma bastante ampla envolvendo não apenas máquinas e equipamentos, mas as relações entre o homem e o seu trabalho, mais o ambiente físico, os aspectos organizacionais de programação e controle, na busca por resultados desejados (VAN DER LAAN, 2010).

Toda atividade laboral envolve riscos que são passíveis a ocorrência de acidentes. A palavra acidente, muitas vezes é encontrada de forma banalizada na sociedade. Num acidente poderá haver dor, sofrimento, perda da capacidade de trabalho, e abalo emocional que muitas vezes ultrapassa a esfera pessoal do acidentado. O trabalho humano gera riquezas e conhecimento, mas pode gerar, também, acidentes, doenças e outros eventos adversos, que causam sofrimento e prejuízos às pessoas e ônus incalculáveis ao Estado (VILELA, 2008).

De acordo com van der Laan (2010) os principais riscos físicos encontrados em indústrias de beneficiamento de arroz são: ruídos, umidade, vibrações, frio e calor e os químicos são: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores e produtos químicos.

As etapas de pós-colheita e industrialização de arroz incluem diversos setores, entre os quais se podem destacar: recepção, secagem, armazenagem, beneficiamento, empacotamento e expedição, em quais pode haver ocorrência de acidentes (ELIAS; OLIVEIRA; SCHIAVON, 2010).

A forma mais efetiva para se evitar acidentes é a prevenção. Devido a grande quantidade mão-de-obra empregada e, por contarem com etapas passíveis a ocorrências de riscos de acidentes químicos e físicos e para que se possam adotar medidas e programas de prevenção eficazes, é de suma importância que se conheçam os principais riscos de acidentes de trabalho presentes nas indústrias de beneficiamento de arroz.

No trabalho objetivo-se levantar e avaliar a ocorrência de riscos físicos e químicos presentes nas indústrias de beneficiamento de arroz do estado do Rio Grande do Sul.

1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, DCTA – FAEM – UFPel. E-mail: [email protected] 2 Engenheiro Agrícola e Civil, Doutor em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, DTGC – IFM – UFPel; 3 Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, DCTA – FAEM – UFPel; 4 Acadêmico de Agronomia, DCTA – FAEM – UFPel; 5 Engenheiro Agrícola, Doutor, Professor do DTGC - IFM – UFPel; 6 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular do DCTA – FAEM – UFPel. [email protected]. Universidade Federal de Pelotas – UFPel, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel – FAEM, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial – DCTA, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos - LabGrãos. Campus Capão do Leão, s/n – Caixa Postal: 354 – Pelotas, RS – CEP: 96.010-900 – site: www.labgraos.com.br.

Page 258: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

867

MATERIAL E MÉTODOS No ano de 2008 foram beneficiados 5,20 milhões de toneladas (104,05 milhões de

sacos de 50 kg) de arroz no estado do Rio Grande do Sul. Este montante foi processado por 267 indústrias distribuídas em 77 municípios gaúchos.

Em virtude do tamanho da população a ser levantada, um grupo de empresas foi selecionada visando tornar possível a visitação e a obtenção de dados necessária a este estudo. As 50 maiores indústrias de arroz do estado beneficiaram 85,69 milhões de sacos de 50 kg, correspondendo 82,80% do total do beneficiamento das 267 indústrias.

Por motivos operacionais e devido sua pequena representatividade, 2,81% do total processado, foram excluídas do universo a ser amostrado 139 indústrias cujo beneficiamento ficou abaixo de 100 mil sacos de arroz no ano.

O universo deste estudo é composto por 128 indústrias que processam 97,19% da produção total do Rio Grande do Sul.

A escolha das indústrias para a realização deste trabalho foi realizada por sorteio ao acaso, resultando 36 empresas do total de 128, as quais correspondem a 28% de todas as indústrias de beneficiamento de arroz que compõem este estudo.

Após contato e concordância das indústrias foi realizado in loco de diagnóstico de segurança do trabalho, onde foram levantados e caracterizados os principais riscos físicos e químicos existentes nas indústrias de arroz do RS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 mostra os dados levantados da verificação, no local das instalações, dos riscos existentes capazes de causar danos à saúde do trabalhador nas indústrias de arroz do RS. Tabela 1 – Riscos capazes de causar danos à saúde do trabalhador verificado nas indústrias de beneficiamento de arroz do RS

Local/risco Características

arranjo físico (lay-out) 72,2 (adequado) 27,8 (inadequado) sistema de captação pó 30,6 (adequado) 69,4 (inadequado) máquinas e equipamentos 72,2 (com proteção) 27,8 (sem proteção) ferramentas 97,2 (adequadas) 2,8 (defeituosas) iluminação 94,4 (suficiente) 5,6 (insuficiente) instalações elétricas 88,9 (adequadas) 11,1 (inadequadas) probabilidade de incêndio ou explosão

61,1 (baixa) 38,9 (média)

De acordo com os dados verificados na Tabela 1, verifica-se que podem ser

verificados diversos riscos nas indústrias de beneficiamento de arroz do RS. Dentre estes pode-se verificar que o local com maior índice de inadequação é do sistema de captação de pó, que encontra-se inadequado em 69,4% da indústrias, este local é o principal responsável pela ocorrência do risco químico por poeiras (Tabela 3) e também está relacionado com a probabilidade de explosões observados com média probabilidade de ocorrência. De forma geral as características adequadas prevalecem sobres a inadequações.

Na Tabela 2 são apresentados os índices de ocorrência de acidentes verificados nos diferentes setores das indústrias de beneficiamento de arroz do estado do Rio Grande do Sul. Os resultados demonstram que o risco físico com maior ocorrência nas indústrias de arroz do Rio Grande do Sul é o risco por ruído, que teve alto índice de risco classificado

Page 259: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

868

como desconfortável. O risco físico do tipo umidade não foi verificado em nenhuma das indústrias avaliadas, já o risco do tipo calor foi verificado em 11,1% das indústrias avaliadas. Tabela 2 – Riscos físicos verificados e classificação, nas indústrias de beneficiamento de arroz do RS

Risco Classificação

Normal Confortável (%) Alto Desconfortável (%)

Ruídos 13,9 b 86,1 a

Umidade 100,0 a 0,0 b

Calor 88,9 a 11,1 b *Médias aritméticas simples seguidas por letras distintas na mesma linha diferem entre si pelo Teste t a 5% de significância. Os riscos físicos que ocorrem no ambiente da indústria são basicamente o ruído e o calor. O ruído no beneficiamento é causado pelo brilhador, peneiras, brunidor, descascador e seleção eletrônica. No ambiente da secagem, o sistema de exaustores causa elevado nível de ruído. Na expedição, o barulho provém das empacotadeiras automáticas e das empilhadeiras. As oficinas mecânicas, além do barulho ambiental de impactos e manuseio de materiais ferrosos, há equipamentos ruidosos, como o compressor de ar, pistola de ar comprimido, esmeril, lixadeira e policorte. A Tabela 3 apresenta os riscos químicos verificados e sua classificação verificados nas indústrias de beneficiamento de arroz do RS. Tabela 3 – Riscos químicos verificados e classificação, nas indústrias de beneficiamento de arroz do RS

Riscos Classificação

Muito Pouco (%)

Normal Confortável (%) Alto Desconfortável (%)

poeiras 5,56 13,9 80,6 fumos - 100 - névoas - 100 - neblinas - 100 - gases - - 11,1 vapores - 100 - produtos químicos - 100 -

*Valores médios. Os resultados apresentados na Tabela 3 demonstram que os riscos químicos encontrados foram poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores e produtos químicos. Porém com exceção dos riscos por poeiras e gases, todos os riscos verificados como normais ou confortáveis. O risco químico de acidentes com maior ocorrência foi o de poeiras, que foi encontrado em 80,6% das indústrias do Rio Grande do Sul, sabe-se que este é um dos principais riscos encontrados em indústrias de arroz, pois além de poder provocar doenças respiratórias e de pele, é o principal responsável por explosões em unidades de armazenamento de grãos, acidentes que normalmente ocorrem em grandes proporções causando mortes e muita destruição. Embora a licença ambiental preveja o controle de particulados, muitas vezes estas legislações não são efetivas e nem suficientes para assegurar a saúde dos trabalhadores e muitas vezes os custos de implantação dos sistemas de captação de pó sobrepõe os interesses da manutenção de saúde e segurança dos trabalhadores. O risco do tipo gases embora tenha sido verificado em baixos índices, é motivo de

Page 260: TECNOLOGIA DE COLHEITA, PÓS-COLHEITA E INDUSTRIALIZAÇÃO DE ... · e desenvolvimento podem se refletir em outras fases, ocorrendo menor rendimento de grãos (CAMARGO et al. 2001)

869

grande preocupação já que poderá causar mortes por intoxicação ou asfixia, por isso deve ser tratado por profissionais com treinamento adequado, pois além de se conhecer os riscos é necessário saber tomar as medidas de prevenção e controle adequadas.

CONCLUSÃO O sistema de captação de pó é o principal responsável pelos riscos físicos

verificados nas indústrias de beneficiamento de arroz do estado do Rio Grande do Sul. O risco físico mais verificado nas indústrias arrozeiras do RS é o risco do tipo ruído,

enquanto que o risco químico com maior ocorrência é o de poeira. Muitos dos riscos físicos encontrados podem ser evitados ou reduzidos por medidas

simples de controle como utilização de equipamentos de proteção.

AGRADECIMENTOS

À Capes, ao CNPq, à SCT-RS (Pólos Tecnológicos) e as indústrias arrozeiras do Rio Grande do Sul.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ELIAS, M.C.; OLIVEIRA, M.; SCHIAVON, R.A. Qualidade de arroz na pós-colheita: ciência, tecnologia e normas. 905 p. 2010. IRGA – Instituto Riograndense do Arroz. Disponível em :http:<//200.96.107.174/coma-arroz/paginas/artigos_lista.php> Acesso em: Arroz: Um Alimento Nobre e Saudável, 2009. VAN DER LAAN. L.F. 136 f. Fatores de riscos de acidentes do trabalho em unidades de armazenamento e industrialização de arroz. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) 2010. VILELA, R.B.V. Secretaria de Inspeção do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego, 2008.