tecnologia de colheita, pós-colheita, industrialização de grãos e

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V CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO XXVII REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO Pelotas – RS 07 a 10 de agosto de 2007 ANAIS Vol. 2 Pelotas, RS 2007

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V CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO XXVII REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO

Pelotas – RS

07 a 10 de agosto de 2007

ANAIS Vol. 2

Pelotas, RS 2007

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Exemplares desta edição podem ser solicitados a: Embrapa Clima Temperado BR 392 km 78 – Caixa Postal 403 Cep 96001-970 – Pelotas – RS Fone: 0xx(53) 3275-8100 0xx(53) 3275-8400 E-mail: [email protected] Editoração Eletrônica: Sérgio Ilmar Vergara dos Santos Oscar Castro Fotolitos e Impressão: Gráfica e Editora Pallotti Tiragem: 800 exemplares

Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado (5.: 2007 : Pelotas, RS)

Anais do V Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado; XXVII Reunião da Cultura do Arroz Irrigado, Pelotas, 2007 / Editado por Ariano Martins de Magalhães Júnior [et al]. - Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. 2 v. ISBN 978-85-85941-22-2

Bioclimatologia - Fertilidade do solo - Ecofisiologia - Fitomelhoramento -Biotecnologia - Fitopatologia - Práticas culturais - Arroz irrigado - Entomologia -Semente - Meio ambiente - Impacto ambiental - Socioeconomia - Agroindústria -Manejo de plantas - Diversificação de culturas I. Magalhães Júnior, A.M. II. Reunião da Cultura do Arroz Irrigado (27. : 2007 : Pelotas, RS) III. Título CDD: 633.18.03

ISBN 978-85-85941-22-2

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SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO - SOSBAI

DIRETORIA – Gestão de 2005 a 2007

Presidente Ariano Martins de Magalhães Júnior – Embrapa Clima Temperado Vice-Presidente Athos Dias de Castro Gadea – IRGA 1° Secretário André Andres – Embrapa Clima Temperado 2° Secretário Antônio Costa de Oliveira - UFPel 1° Tesoureiro Walkyria Bueno Scivittaro – Embrapa Clima Temperado 2° Tesoureiro Rubens Marchaleck - EPAGRI Conselho Fiscal Titulares: Algenor da Silva Gomes – Embrapa Clima Temperado Mara Cristina Barbossa Lopes - IRGA Ronaldir Knoblauch - EPAGRI Suplentes: Moacir Cardoso Elias - UFPel Leandro Souza da Silva - UFSM Paulo Regis Ferreira da Silva - UFRGS

Conselho Consultivo José Alberto Noldin – EPAGRI Maurício Miguel Fischer – IRGA Moacir Antonio Schiocchet – EPAGRI Ênio Marchezan - UFSM

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V CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO XXVII REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO

ARROZ IRRIGADO: AVALIANDO O PRESENTE, PENSANDO O FUTURO

COMISSÃO ORGANIZADORA: Presidente Ariano Martins de Magalhães Júnior – Embrapa Clima Temperado Vice - Presidente André Andres 1ºTesoureiro Walkyria Bueno Scivittaro 2º Tesoureiro Vitor Hugo Souza Porto 1º Secretário José Alberto Petrini 2ª Secretária Isabel Helena Vernetti Azambuja Coordenação Institucional Algenor da Silva Gomes Coordenação Técnico-Científico Paulo Ricardo Reis Fagundes Coordenação Internacional Júlio Centeno da Silva Sílvio Steinmetz Coordenação Editorial Ariano Martins de Magalhães Júnior Paulo Ricardo Reis Fagundes Algenor da Silva Gomes André Andrés Walkyria Bueno Scivittaro Coordenação de Exposição Giovani Theisen Daniel Fernandes Franco José Francisco Martins Coordenação de Divulgação Apes Roberto Falcão Perera Diná Lessa Bandeira Sadi Macêdo Sapper Coordenação Social Maria Laura Turino Mattos Marilda Pereira Porto Ana Cristina Richter Krolow Comissão de Apoio Sérgio Ilmar Vergara dos Santos Carmem Lourdes Pauletto Chemello Ana Maria Gomes Behrensdorf Carlos Elói Braga Ribeiro Oscar Castro Janete Maria Salagnac Krolow Rui Carlos da Silva Madruga Sérgio Antônio Rodrigues da Silva Antônio Carlos Marques Monassa Ana Luiza Barragana Viegas

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Coordenadores das Sub-comissões Técnicas Fitomelhoramento – Paulo Ricardo Reis Fagundes Biotecnologia – Ariano Martins de Magalhães Júnior Bioclimatologia – Sílvio Steinmetz Práticas Culturais – José Alberto Petrini Manejo de Solo e Água – Walkyria B. Scivittaro e Algenor da S. Gomes Fitopatologia – Cley Donizetti Martins Nunes Entomologia – José Francisco da Silva Martins Manejo de Plantas Daninhas – André Andres Meio Ambiente e Impacto Ambiental – Maria Laura Turino Mattos Sementes e Agroindústrias - Daniel F. Franco e Ana Cristina Krolow Sócio-economia – Isabel Helena Vernetti Azambuja Diversificação de Culturas – Giovani Theisen e Júlio Centeno da Silva Secretaria SOSBAI - Amanda Ortiz Barros Ane Gerber Crochemore

“A Comissão Organizadora agradece as contribuições dos revisores externos na correção e aprovação dos trabalhos técnico-científicos publicados nos Anais do V Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado e da XXVII Reunião da Cultura do Arroz irrigado.”

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COMISSÃO DE REVISORES AD-HOC:

Fitomelhoramento - Antônio Folgiarini de Rosso (IRGA) - Mara Cristina Barbosa Lopes (IRGA) - Moacir Antonio Schiocchet (EPAGRI)

Biotecnologia: - Antonio Costa de Oliveira (UFPel) - Oneides Avozani (IRGA) - Rubens Marchaleck (EPAGRI)

Bioclimatologia e Ecofisiologia: - Carlos Mariot (IRGA) - Paulo Regis Ferreira da Silva (UFRGS)

Práticas Culturais: - Luiz Osmar Braga Schuch (UFPel) - Domingos Sávio Eberhardt (EPAGRI)

Fertilidade e Nutrição de Plantas: - Leandro Souza da Silva (UFSM) - Rogério Oliveira de Sousa (UFPel)

Fitopatologia: - Dieter Kempf (IRGA) - Ivan Francisco Dressler da Costa (UFSM) Entomologia: - Anderson Dionei Grützmacher (UFPel) - Jaime Vargas de Oliveira (IRGA) - Honório Francisco Prando (EPAGRI)

Manejo de Plantas Daninhas: - Aldo Merotto (UFRGS) - Dirceu Agostineto (UFPel) - Jesus Juares Oliveira Pinto (UFPel) - Sérgio L. O. Machado (UFSM) - Valmir G. Menezes (IRGA)

Meio Ambiente e Impacto Ambiental: - Charrid Resgala Jr. (UNIVALI) - Vera mussoi macedo (IRGA)

Sementes e Agroindústria: - Carlos A. Fagundes (IRGA) - Élbio Cardoso (Embrapa/SNT) - Moacir Cardoso Elias (UFPel)

Sócio-economia: - Alcido Elenor Wander (CNPF) - Irceu Agostini (EPAGRI) - Victor Hugo Kayser (IRGA)

Diversificação de culturas: - Cláudia Lange (IRGA)

Page 7: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

NOTA DA COMISSÃO EDITORIAL

A comissão editorial reserva-se ao direito de eximir-se

de qualquer responsabilidade por eventuais incorreções contidas

nos resumos dos trabalhos publicados nos Anais do V

Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado/XXVII Reunião da Cultura

do Arroz irrigado, mesmo tendo ajustado algumas incorreções às

normas.

O conteúdo dos trabalhos publicados nestes Anais é de

inteira responsabilidade dos autores.

Page 8: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

APRESENTAÇÃO

A Comissão Organizadora tem a satisfação de apresentar os Anais do V Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado e a XXVII Reunião da Cultura do Arroz Irrigado, que a cada ano aponta um aumento significativo no número de trabalhos publicados, razão pela qual, compõe-se, em 2007, de dois volumes. Constitui-se de 479 trabalhos de pesquisa recebidos de diversos estados do Brasil e do exterior, oriundos de diversas Instituições e empresas e que representam o esforço de profissionais e entidades ligadas a cadeia produtiva do arroz. Nos trabalhos encaminhados para publicação pode-se observar o avanço do desenvolvimento da orizicultura irrigada, a inovação, a abertura de novas fronteiras do conhecimento, visando aumentar de forma sustentável a rentabilidade do setor, bem como suprir a demanda de consumo do produto arroz.

Sob o tema central “Arroz Irrigado: avaliando o presente, pensando o futuro”, espera-se que a programação apresentada possa contribuir para a reafirmação da importância da geração e transferência de conhecimento científico objetivando a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e a manutenção da sustentabilidade dos segmentos envolvidos no processo produtivo.

A Comissão Organizadora agradece à SOSBAI, promotora deste evento, à Embrapa Clima Temperado, entidade realizadora, às entidades co-promotoras, EPAGRI, IRGA, UFPEL, UFRGS e UFSM, aos patrocinadores, RiceTec, John Deere, FMC, BASF, Iharabras, Bayer, Dow AgroSciences, Bunge, Ajinomoto e BlueVille e aos apoiadores, Banco do Brasil, CNPq, Farsul; Federarroz. e FAPEG

A realização do V Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado e da XXVII Reunião da Cultura do Arroz Irrigado foi uma vitória de um projeto de cooperação entre instituições e, mais especificamente, da união de esforços em busca de um objetivo comum. A todos que trabalharam para realização deste Congresso, nossos cumprimentos.

Desejamos a todos uma feliz estada entre nós e que tenhamos uma profícua semana de trabalho em Pelotas, RS.

Comissão Organizadora

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SUMÁRIO

ENTOMOLOGIA

COMPATIBILIDADE DE HERBICIDAS UTILIZADOS NA CULTURA DO ARROZ COM O FUNGO Metarhizium anisopliae , VISANDO O CONTROLE DO PERCEVEJO-DO-COLMO DO ARROZ - Fátima T. Rampelotti; Honório F. Prando; José F. da S. Martins; Anderson Ferreira; Fernando A. Tcacenco e Anderson D. Grützmacher

INFLUÊNCIA DE FATORES ABIÓTICOS NA ABUNDÂNCIA E RIQUEZA DA FAUNA DE ARANHAS NA LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO E ÁREAS ADJACENTES - Everton N. L. Rodrigues e Milton de S. Mendonça Jr

EFEITO DE DOSES DE INSETICIDAS APLICADAS ÀS SEMENTES DE ARROZ NO CONTROLE DO GORGULHO-AQUÁTICO Oryzophagus oryzae - José Francisco da Silva Martins; Uemerson Silva da Cunha; Anderson Dionei Grützmacher; Maria Laura Turino Mattos; Márcio Bartz das Neves; Wagner da Roza Härter; Calisc de Oliveira Trecha; Edson de Oliveira Jardim e Luiz Felipe Thomaz

POTENCIAL DE INSETICIDAS DERIVADOS DE NIM PARA CONTROLE DO GORGULHO-AQUÁTICO Oryzophagus oryzae E APLICAÇÃO EM SISTEMAS SUSTENTÁVEIS DE PRODUÇÃO DE ARROZ - Uemerson Silva da Cunha; José Francisco da Silva Martins; Anderson Dionei Grützmacher; Maria Laura Turino Mattos; Paulo César Bogorni; Márcio Bartz das Neves; Edson de Oliveira Jardim; Calisc de Oliveira Trecha

DIAGNÓSTICO DAS PRAGAS DO ARROZ EM ASSENTAMENTOS DO INCRA EM FORMOSO DO ARAGUAIA, TO - Dino M. Soares; José Alexandre F. Barrigossi; Michael Thung; Carlos M. Santiago; Francismar R. Gama; Evaldo C. Martins

COLONIZAÇÃO DE ARROZ E DE LAGARTAS DE Spodoptera frugiperda POR BACTÉRIA ENDOFÍTICA GENETICAMENTE MODIFICADA - Fátima T. Rampelotti; Anderson Ferreira Paulo T. Lacava; José Djair Vendramim; Welington L. Araújo; João Lúcio de Azevedo

DIVERSIDADE E SIMILARIDADE DE ARANHAS EM LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO COM UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES INSETICIDAS EM CACHOEIRA DO SUL, RS - Everton N.L. Rodrigues; Milton de S. Mendonça Jr.; Jaime V. de Oliveira; Erica H. Buckup; Maria A.L. Marques; Lídia M. Fiúza; Eduardo Amilibia; José P. de Freitas; Jaceguay I. de Barros; Jorge L. Cremonese

PARASITISMO SOBRE POSTURAS DO PERCEVEJO-DO-COLMO-DO-ARROZ EM SANTA CATARINA, BRASIL - Cinei Teresinha Riffel; Honório Francisco Prando; Mari Inês Carissimi Boff

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ASPECTOS BIOLÓGICOS DO PARASITÓIDE Telenomus podisi ASHMEAD EM OVOS DO PERCEVEJO-DO-COLMO Tibraca limbativentris (STAL) (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) - Cinei Teresinha Riffel; Honório Francisco Prando; Mari Inês Carissimi Boff

ESTUDO DO PERÍODO RESIDUAL DE STANDAK 250 FS (FIPRONIL) NO CONTROLE DA BICHEIRA-DA-RAÍZ EM ARROZ IRRIGADO - Honório Francisco Prando; Cinei Teresinha Riffel e Fátima Teresinha Rampelotti

AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE GENÓTIPOS DE ARROZ IRRIGADO EM SISTEMA PRÉ-GERMINADO, COM E SEM TRATAMENTO DE SEMENTES PARA CONTROLE DO Oryzophagus oryzae - Honório Francisco Prando; Rubens Marschalek, Henri Stuker, Jaqueline Nogueira Muniz, Khadine Thatiane

EFEITO DE Aspergillus flavus SOBRE Oebalus poecilus (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) - Juliana da Silva Beringer; Solange Zimmer; Jaime Vargas de Oliveira; Raquel de Castilhos-Fortes

ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS A PARTIR DE Tibraca limbativentris (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) - Juliana S. Beringer; Solange Zimmer; Carine Cristina Tavares de Souza; Jaime Vargas de Oliveira; Raquel de Castilhos-Fortes

FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS NO CONTROLE DO PERCEVEJO Tibraca limbativentris (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) NA HIBERNAÇÃO EM ARROZ IRRIGADO - Jaime Vargas de Oliveira; Lídia M. Fiúza; Raquel de Castilhos-Fortes; Gilberto M. Dotto; Eduardo Amilibia

AVALIAÇÃO DE INSETICIDAS NO CONTROLE DE ADULTOS DE Oryzophagus oryzae (COL; CURCULIONIDAE) EM ARROZ IRRIGADO - Jaime Vargas de Oliveira; Eduardo Amilibia

CONTROLE QUÍMICO DE LARVAS DE Ochetina uniformis (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) EM ARROZ IRRIGADO - Jaime Vargas de Oliveira; Gilberto M. Dotto; José Luis R. dos Santos

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE ALGUNS INSETICIDAS NO CONTROLE DA BICHEIRA DA RAÍZ NA SAFRA 2000/2001 EM URUGUAIANA - João Batista Beltrão Marques; Jaime Vargas Oliveira; Maria Benta Cassetari; Jorge Antônio Molinari Flores; Ígor Sotal Sauceda

TOXICIDADE DE Cry1Ba, SINTETIZADA POR BACILLUS THURINGIENSIS CEPA 4412, À SPODOPTERA FRUGIPERDA (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) - Laura Massochin Nunes Pinto; Andréa Roveré Franz; José Luís Rosa dos Santos; Jaime Vargas de Oliveira; Lidia Mariana Fiúza

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PATOGENICIDADE DE BACILLUS THURINGIENSIS THURINGIENSIS AOS ADULTOS DE OEBALUS POECILUS (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE) – Laura Massochin Nunes Pinto; Juliana da Silva Beringer; José Luís Rosa dos Santos; Jaime Vargas de Oliveira; Lidia Mariana Fiuza

PERFIL PROTÉICO E PATOGENICIDADE DE BACILLUS THURINGIENSIS CEPA T33001 A INSETOS PRAGAS ORIZÍCOLAS - Marciele Pandolfo; Jaime Vargas de Oliveira; José Luis Rosa dos Santos Jean-François Charles; Lídia Mariana Fiúza

EFEITO LETAL DAS PROTEÍNAS Cry1Ab e Cry1Ac DE Bacillus thuringiensis ÀS LAGARTAS DE Spodoptera frugiperda (LEPIDOPTERA, NOCTUIDAE). - Neiva Knaak; Andréa Rovere Franz; Jaime Vargas de Oliveira; Lídia Mariana �ídia

CONTROLE QUÍMICO DE LARVAS DA BICHEIRA-DA- RAIZ Oryzophagus oryzae (COLEOPTERA: CURCULIONIDADE) EM ARROZ IRRIGADO - Eduardo Amilibia, Jaime Vargas de Oliveira

EFICIÊNCIA DE CURBIX 200 SC, EM DUAS ÉPOCAS DE APLICAÇÃO NO CONTROLE DE Oryzophagus oryzae (COLEOPTERA; CURCULIONIDAE), EM ARROZ IRRIGADO - Jonas André Arnemann; Jerson Vanderlei Carús Guedes; Ervandil Corrêa Costa; Jorge Antonio Silveira França; Sandro Borba Possebon; Angelita Sangoi Martins; Élder Dal Pra

CONTROLE QUÍMICO DE Ochetina uniformis (PASCOE, 1881) (Coleoptera , Erirhinidae), ATRAVÉS DE INSETICIDAS APLICADOS NO TRATAMENTO DE SEMENTES E NA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO NA CULTURA DO ARROZ - Sandro Borba Possebon; Jerson Vanderlei Carús Guedes; Ervandil Corrêa Costa; Fábio karlec; Luciano Pizzuti

DANOS DE Ochetina uniformis (PASCOE, 1881) (Coleoptera, Erirhinidae , Erirhininae) EM COLMOS DE PLANTAS DE ARROZ IRRIGADO - Sandro Borba Possebon; Jerson Vanderlei Carús Guedes; Ervandil Corrêa Costa; Luciano Pizzuti; Jonas André Arnemann

EFICIÊNCIA DO INSETICIDA ETHIPROLE (CURBIX 200 SC) EM PULVERIZAÇÃO FOLIAR NO CONTROLE DA BICHEIRA-DA- RAIZ Oryzophagus oryzae (COSTA LIMA, 1936) ( COLEOPTERA: CURCULIONIDAE ) NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Anderson Dionei Grützmacher; Douglas Daniel Grützmacher; Rodrigo Roman; Jonas Alex Finatto; Murilo Damé Fonseca Paschoal; Rafael Antonio Pasini

IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR E HIBRIDIZAÇÃO EM ENTRE OS BIOTIPOS DE Spodoptera frugiperda - Vilmar Machado; Milena Wunder; Vanessa D. Baldisera; Jaime V. Oliveira; Lidia M. Fiúza

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NIVEL DE INFESTAÇÃO DE Tibraca limbativentris NA COLHEITA DO ARROZ IRRIGADO, SAFRA 2005/06. - Dionísio Link, Fabio Moreira Link e Juliano Perlin de Ramos

DISPERSÃO DE Tibraca limbativentris EM DUAS LAVOURAS DE ARROZ, EM SANTA MARIA, RS, SAFRA 2006/07 - Fábio Moreira Link, Dionísio Link e Juliano Perlin de Ramos

SELETIVIDADE DE ALGUNS INSETICIDAS NA POPULAÇÃO DE ARANHAS EM ARROZ IRRIGADO - Jaime Vargas de Oliveira; Erica H. Buckup; Everton N. L. Rodrigues; Maria Aparecida de L. Marques; Milton Mendonça Jr; Lídia M. Fiuza; Valmir G. Menezes; Eduardo Amilibia; Jose Patrício de Freitas; Jaceguay I. de Barros; Jorge L. Cremonese

EFICIÊNCIA DE DIFERENTES INSETICIDAS NO CONTROLE DA LAGARTA-DA-FOLHA Spodoptera frugiperda (J.E. SMITH, 1797) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Anderson Dionei Grützmacher; Douglas Daniel Grützmacher; Murilo Damé Fonseca Paschoal; Rodrigo Roman; Jonas Alex Finatto

MANEJO DE PLANTAS DANINHAS

PERÍODOS DE COMPETIÇÃO DE CAPIM-ARROZ ( Echinochloa spp.) NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Dirceu Agostinetto; Leandro Galon; Siumar P. Tironi; Jesus J. O. Pinto; Rodrigo Neves

COMPETITIVIDADE DE CULTIVAR DE ARROZ COM GENÓTIPO SIMULADOR DE ARROZ- VERMELHO EM FUNÇÃO DE ÉPOCAS RELATIVAS DE EMERGÊNCIA - Dirceu Agostinetto; Nilson Gilberto Fleck; Carlos Eduardo Schaedler; Rubia Piesanti

COMPETITIVIDADE DE CULTIVAR DE ARROZ COM BIÓTIPO DE ARROZ-VERMELHO EM FUNÇÃO DE ÉPOCAS RELATIVAS DE EMERGÊNCIA - Dirceu Agostinetto; Nilson Gilberto Fleck; Carlos Eduardo Schaedler

CONTROLE DE ARROZ-VERMELHO COM O HERBICIDA NICOSULFURON OU A MISTURA FORMULADA DE IMAZETHAPYR + IMAZAPIC - Lisiane Camponogara Fontana; Dirceu Agostinetto; Jesus Juarez Oliveira Pinto; Rubia Piesanti Rigoli; Silvia de Souza Figueredo; Mariane Rosenthal; Webster, E.P.; Masson, J.A

IDENTIFICAÇÃO DA ATIVIDADE RESIDUAL, ATRAVÉS DE BIOENSAIO DA MISTURA HERBICIDA (IMAZAPIC + IMAZETHAPYR) EM ÁGUA, PARA A CULTURA DO SORGO, RABANETE E PEPINO - Mariane D’Avila Rosenthal; Jesus Juares Oliveira Pinto; Camila Ferreira de Pinho; Frederico Bartz de Menezes; Leonard Bonilha Piveta; Rodolfo Rocha Richter; Antonio Donida

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BIOENSAIOS PARA DIAGNÓSTICO DA RESISTÊNCIA A HERBICIDAS INIBIDORES DA ENZI MA ALS EM CULTIVARES DE ARROZ - Ana Carolina Roso; Aldo Merotto Junior; Carla Andréa Delatorre

EFEITO DO ÓLEO VEGETAL AGR’ÓLEO E DO VOLUME DE CALDA NA EFICIÊNCIA DE HERBICIDAS APLICADOS POR VIA AÉREA EM ARROZ - Eugenio Passos Schröder

IDENTIFICAÇÃO DE LOCAIS COM POPULAÇÕES DE Sagitaria montevidensis RESISTENTES AOS HERBICIDAS INIBIDORES DA ALS EM SANTA CATARINA - Gabriela F. Pinheiro; José Alberto Noldin; Domingos Sávio Eberhardt; Janaína M. Rodrigues; Leonardo C. Malburg

MANEJO DO SOLO E RESIDUAL DA M ISTURA FORMULADA DOS HERBICIDAS IMAZETHAPYR E IMAZAPIC EM ARROZ NÃO TOLERANTE - Alejandro F. Kraemer; Enio Marchesan; Mara Grohs; Jefferson T. Fontoura; Paulo F. S. Massoni; Sérgio L. O. Machado; Luis A. Ávila

SUSCETIBILIDADE DIFERENCIAL DE TRÊS ESPÉCIES DE ANGIQUINHO (Aeschynomene spp.) AO HERBICIDA ONLY® - Carlos Alberto Lazaroto; Nilson Gilberto Fleck; Carlos Eduardo Schaedler; Fausto Borges Ferreira

COMPETITIVIDADE ENTRE CULTIVARES DE ARROZ IRRIGADO E BIÓTIPO DE ARROZ-VERMELHO. 2. UTILIZAÇÃO DE VARIÁ VEIS RELATIVAS - Dirceu Agostinetto; Nilson Gilberto Fleck; Carlos Eduardo Schaedler; Leandro Galon .

ANÁLISE DE CRESCIMENTO DE BIÓTIPOS DE CAPIM- ARROZ RESISTENTE E SUSCETÍVEL AO QUINCLORAC - Germani Concenço; Alexandre Ferreira da Silva; Evander Alves Ferreira; Marcelo Rodrigues Reis; Antônio Alberto da Silva; Francisco Affonso Ferreira; José Alberto Noldin

CRESCIMENTO DE COLMOS E FOLHAS DE CAPIM- ARROZ RESISTENTE E SUSCETÍVEL AO QUINCLORAC SOB COMPETIÇÃO - Germani Concenço; Ignacio Aspiazú; Evander Alves Ferreira; Marcelo R. Reis; Francisco Affonso Ferreira; Antônio Alberto da Silva

DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE RAÍZES DE BIÓTIPOS DE CAPIM-ARROZ EM FUNÇÃO DA INTENSIDADE DE COMPETIÇÃO - Germani Concenço; Evander Alves Ferreira; Alexandre Ferreira. da Silva; Ignacio Aspiazú; Francisco Affonso Ferreira; Antônio Alberto da Silva

POTENCIAL COMPETITIVO DE BIÓTIPOS DE CAPIM- ARROZ RESISTENTE E SUSCETÍVEL AO QUINCLORAC - Germani Concenço; Alexandre Ferreira da Silva; Evander Alves Ferreira; Ignacio Aspiazú; Marcelo Rodrigues Reis; Antônio Alberto da Silva; Francisco Affonso Ferreira; José Alberto Noldin

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TOLERÂNCIA DE CULTIVARES DE ARROZ IRRIGADO AO HERBICIDA NICOSULFURON OU A MISTURA FORMULADA DE IMAZETHAPYR + IMAZAPIC. I - ESTÁDIO V2 - Lisiane Camponogara Fontana; Dirceu Agostinetto; Jesus Juarez Oliveira Pinto; Silvia de Souza Figueredo; Rubia Piesanti Rigoli; Mariane Rosenthal

TOLERÂNCIA DE CULTIVARES DE ARROZ IRRIGADO AO HERBICIDA NICOSULFURON OU A MISTURA FORMULADA DE IMAZETHAPYR + IMAZAPIC. II - ESTÁDIO V4 - Lisiane Camponogara Fontana; Dirceu Agostinetto; Jesus Juarez Oliveira Pinto; Rubia Piesanti Rigoli; Silvia de Souza Figueredo; Mariane Rosenthal

ESTIMATIVAS DAS PERDAS DE PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE CULTIVARES DE ARROZ PELA INTERFERÊNCIA DO CAPIM-AR ROZ - Leandro Galon; Dirceu Agostinetto; Pedro V. D. de Moraes; Taísa Dal Magro; Siumar P. Tironi; Gerson K. Vignolo

NÍVEIS DE DANO ECONÔMICO PARA DECISÃO DE CONTROLE EM FUNÇÃO DE POPULAÇÕES DE CAPIM- ARROZ E ÉPOCAS DE ENTRADA DE ÁGUA NA LAVOURA - Dirceu Agostinetto; Leandro Galon; Siumar P. Tironi; Daniel L. Freitas; Luís E. Panozzo; Randal R. Brandolt

NÍVEIS DE DANO ECONÔMICO PARA DECISÃO DE CONTROLE EM FUNÇÃO DE POPULAÇÕES DE CAPIM- ARROZ E CULTIVARES DE ARROZ IRRIGADO - Leandro Galon; Dirceu Agostinetto; Luís E. Panozzo; Gerson K. Vignolo; Léo S. dos Santos; Glauco F. Almeida

INFLUÊNCIA DE ÉPOCAS DE IRRIGAÇÃO NA INTERFERÊNCIA DO CAPIM-ARROZ COM A CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Dirceu Agostinetto; Leandro Galon; Pedro V. D. Moraes; Taísa Dal Magro; Siumar P. Tironi; Randau R. Brandolt

EFICIÊNCIA DO HERBICIDA PYRIBENZOXIM NO CONTROLE DE Echinochloa crusgalli , Echinochloa colonum e Cyperus ferax NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO ( Oryza sativa L.) - Rodrigo Alff Gonçalves; Olavo Gabriel Santi; Sylvio Henrique Bidel Dornelles; José Antonio Annes Marinho; Luiz Felipe Thomas; Ana Paula Estevo; Graciela Castilhos

EFICIÊNCIA DO HERBICIDA PYRIBENZOXIM, APLICADO EM PULVERIZAÇÃO, NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NO SISTEMA DE CULTIVO DE ARROZ PRÉ-GERMINADO - Rodrigo Alff Gonçalves; Olavo Gabriel Santi; Sylvio Henrique Bidel Dornelles; José Antonio Annes Marinho; Luiz Felipe Thomas; Ana Paula Estevo; Graciela Castilhos

EFICIÊNCIA DE HERBICIDAS APLICADOS EM PÓS- EMERGÊNCIA INICIAL NO CONTROLE DE Hymenachne amplexicaulis E DE Echinochloa crusgalli EM ARROZ IRRIGADO - Rodrigo Alff Gonçalves; Olavo Gabriel Santi; Fernando Borges Santiago; Fernando Luis Perini; Ana Paula Estevo; Graciela

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Castilhos; Danie Martini Sanchotene; Rafael Friguetto Mezzomo

IDENTIFICAÇÃO DE ECÓTIPOS DE Cyperus difformis RESISTENTES AOS HERBICIDAS INIBIDORES DA ACETOLACTATO SINTASE (ALS) EM SANTA CATARINA - Sônia Andrade, José Alberto Noldin, Gabriela Fabiane Pinheiro, Domingos Sávio Eberhardt

DIETHOLATE PERMITE AUMENTAR A DOSE DE CL OMAZONE SOBRE A CULTIVAR BR IRGA 417 - Alencar Zanon Junior; Graziane Vargas; Murilo Comassetto Queiroz; André Trevisan de Souza; Nelson D. Kruse

INFLUÊNCIA DO HERBICIDA PENOXSULAM NO CRESCIMENTO DO SISTEMA RADICULAR DE PLANTAS DE ARROZ ( Oryza sativa ) – Mauricio dos Santos; Germani Conçenço; André Andrés; Jorge Rieffel Filho; Jean Vilella; Carlos Nachtigall Garcia; Nei Fernandes Lopes

ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS EM BIÓTIPOS RESISTENTES DE Cyperus difformis PELA UTILIZAÇÃO DE HERBICIDAS ALTERNATIVOS - Taísa Dal Magro; Dirceu Agostinetto; Leandro Vargas; José Alberto Noldin

CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS EM ARROZ IRRIGADO COM USO DE GAMIT COM PERMIT – Eduardo Amilibia; Carlos Henrique Paim Mariot; Valmir Gaedke Menezes; Héctor Vicente Ramirez; Luiz Felipe Thoma

CONTROLE QUÍMICO DA GRAMA- BOIADEIRA NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO – Eduardo Pinto Amilibia, Valmir Gaedke Menezes, Carlos Henrique Paim Mariot, Ricardo Luiz da Silva Herzog

CONTROLE DE ARROZ VERMELHO EM ARROZ TOLERANTE A IMIDAZOLINONAS E O RESIDUAL EM GENÓTIPO DE ARR OZ NÃO TOLERANTE – Paulo Fabrício Sachet Massoni; Enio Marchesan; Silvio Carlos Cazarotto Villa; Mara Grohs; Jefferson Tolfo da Fontoura; Sérgio Luiz de Oliveira Machado; Luis Antonio de �láud

BANCO DE SEMENTES DE ARROZ VERMELHO COM USO DO SISTEMA CLEARFIELD® - Mara Grohs; Enio Marchesan; Paulo Fabrício Sachet Massoni; Cláudio Glier; Luis Antonio de Ávila

COMPATIBILIDADE ENTRE BASAGRAN E OUTROS HERBICIDAS UTILIZADOS NA LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO - Domingos Sávio Eberhardt; José Alberto Noldin

CONTROLE DE ANGIQUINHO (Aeschynomene spp.) PELA APLICAÇÃO DE IMAZETHAPYR E/OU ETHOXYSULFURON - Luís E. Panozzo; Dirceu Agostinetto; Camila P. Tarouco; Claudia de Oliveira; José M. Betemps Vaz Silva; Catarine Markus; Ezequiel de Oliveira

Page 16: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

EFEITO DO HERBICIDA PENOXSULAM COM ADIÇÃO DE DIFERENTES ADJUVANTES NO CONTROLE DE ANGIQUINHO (Aeschynomene indica ) NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Luís Eduardo Panozzo; Rogério Silva Rubin; Rodrigo Neves

INFLUÊNCIA DE ÉPOCAS DE APLICAÇÃO E DOSES DO HERBICIDA PENOXSULAM E ÉPOCAS DE INÍCIO DA IRRIGAÇÃO NO CONTROLE DE Cyperus esculentus - Luís Eduardo Panozzo; Dirceu Agostinetto; Leandro Galon; Taísa Dal Magro; Jesus Juarez Oliveira Pinto; Rodrigo Neves

CONTROLE DE CAPIM-ARROZ EM FUNÇÃO DE ÉPOCAS DE APLICAÇÃO E DOSES DO HERBICIDA PE NOXSULAM E ÉPOCAS DE ENTRADA DE ÁGUA - Luís Eduardo Panozzo; Dirceu Agostinetto; Leandro Galon; Pedro Valério Dutra Moraes; Léo Silva dos Santos; Gerson Kleinick Vignolo

HABILIDADE COMPETITIVA DE CULTIVARES DE ARROZ COM ANGIQUINHO (AESCHYNOMENE DENTICULATA ) - Nilson Gilberto Fleck; Fausto Borges Ferreira; Carlos Eduardo Schaedler; Valmir Gaedke Menezes

ÉPOCAS DO INÍCIO DA IRRIGAÇÃO E DA ADUBAÇÃO NITROGENADA EM ARROZ IRRIGADO PARA MANEJO DE ANGIQUINHO (Aeschynomene denticulata ) - Fausto Borges Ferreira; Nilson Gilberto Fleck; Carlos Eduardo Schaedler; Valmir Gaedke Menezes

COMPETIÇÃO DE ANGIQUINHO (Aeschynomene denticulata ) COM ARROZ IRRIGADO EM RESPOSTA À ÉPOCA DE ADUBAÇÃO NITROGENADA - Fausto Borges Ferreira; Nilson Gilberto Fleck; Valmir Gaedke Menezes; Hector Ramirez

ÉPOCA E MODO DE APLICAÇÃO DO HERBICIDA CLOMAZONE NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS E SELETIVIDADE À CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Siumar P. Tironi; Dirceu Agostinetto; Leandro Galon; Vinicius J. de Moraes

DOSES E ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DO H ERBICIDA ONLY® EM DUAS CULTIVARES DE ARROZ TOLERANTE AS IMIDAZOLINONAS - Gustavo Mack Telo; Enio Marchesan; Silvio Carlos Cazarotto Villa; Rafael Bruck Ferreira; Sérgio Luiz de Oliveira Machado; Luis Antonio de Ávila

AVALIAÇÃO DO CONTROLE DE TIRIRICA ( Cyperus esculentus L.) COM HERBICIDAS NA CULTURA DO ARROZ - Fernando Borges Santiago; Rodrigo Alff Gonçalves; Olavo Gabriel Santi; Ana Paula Estevo; Sylvio Henrique Bidel Dornelles

EFICIÊNCIA DO HERBICIDA NOMINEE ISOLADO E EM ASSOCIAÇÃO COM COMMENCE, APLICADOS EM PÓS- EMERGÊNCIA INICIAL NO CONTROLE DE Panicum dichotomiflorum EM ARROZ IRRIGADO - Fernando Borges Santiago; Fernando Luis Perini

Page 17: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

EFICIÊNCIA DO HERBICIDA PYRIBENZOXIM NO CONTROLE DE Echinochloa crusgalli , Aeschynomene denticulata E Cyperus iria . - Olavo Gabriel Rossato Santi; Sylvio Henrique Bidel Dornelles; José Antonio Annes Marinho; Luiz Felipe Thomas; Rodrigo Alff Gonçalves; Ana Paula Estevo; Graciela Castilhos; Rafael Friguetto Mezzomo

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE CULTIVARES DE ARROZ ( Oryza sativa L.) RESISTENTES A HERBICIDAS INIBIDORES DA ENZIMA ALS - Merotto Jr., A.; Kalsing, A.; Roso, A.C.; Matzenbacher, F.O.; Francesqueit, D.V.

CROSS-RESISTANCE TO ALL ALS- INHIBITING HERBICIDE GROUPS AND PHYLOGENETIC RELATIONSHIP OF ALS GENE IN Cyperus difformis L. - Aldo Merotto Jr; Marie Jasieniuk; Albert J. Fische

ALTERNATIVAS DE UTILIZAÇÃO DE ÁREAS DE ARROZ IRRIGAD O APÓS O USO DO SISTEMA CLEARFIELD® - Luis Antonio de Ávila; Gustavo Mack Telo; Enio Marchesan; Sérgio Luiz de Oliveira Machado; Rafael Bruck Ferreira; Getúlio Rigão Filho

EFEITO RESIDUAL DA MISTURA FORMULADA DE IMAZETHAPYR COM IMAZAPIC EM GENÓTIPO DE ARROZ NÃO TOLERANTE, SEMEADO 371 E 705 DIAS APÓS A APLICAÇÃO - Enio Marchesan; Mara Grohs; Fernando Machado dos Santos; Paulo Fabrício Sachet Massoni; Alejandro Fausto Kraemer; Gustavo Mack Telo; Luis Antonio de Ávila; Sérgio Luiz de Oliveira Machado

COMPETITIVIDADE DE Heteranthera reniformis COM ARROZ IRRIGADO, SISTEMA PRÉ-GERMINADO - Domingos Sávio Eberhardt; José Alberto Noldin; Henri Stuker

RESIDUAL DA MISTURA FORMULADA DOS HERBICIDAS IMAZETHAPYR E IMAZAPIC EM ÁREA COM CULTIVO SUCESSIVO DE ARROZ IRRIGADO - Enio Marchesan; Gustavo Mack Telo; Rafael Bruck Ferreira; Paulo Fabrício Sachet Massoni; Alejandro Fausto Kraemer; Sérgio Luiz de Oliveira Machado; Luis Antonio de Ávila

CONTROLE DE ANGIQUINHO NO SISTEMA CLEARFIELD ® DE PRODUÇÃO DE ARROZ IRRIGADO - Valmir Gaedke Menezes; Carlos Henrique Paim Mariot

COMPORTAMENTO DA CULTURA DO SORGO GRANÍFERO (Sorghum bicolor ), cv BR 304, SEMEADO EM ROTAÇÃ O COM O ARROZ CLEARFIELD ® - Jesus Juares Oliveira Pinto; José Alberto Noldin; Mariane D’Avila Rosenthal; Leonard Bonilha Piveta; Camila Ferreira de Pinho

EFEITO DO PH NA MOBILIDADE DA MISTURA HERBICIDA IMAZAPIC + IMAZETHAPYR NO PERFIL DE UM PLANOSSOLO HIDROMÓRFICO EUTRÓFICO SOLÓDICO - Jesus Juares Oliveira Pinto; Mariane D’Avila Rosenthal; José Alberto Noldin; Antonio Donida; Glauco Foster Almeida; Camila Ferreira de Pinho;

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Leonard Bonilha Piveta

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE RESIDUAL EM SOLO DA MISTURA FORMULADA COM OS HERBICIDAS IMAZAPIC + IMAZETHAPYR, PARA A CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, CULTIVAR IRGA 417 - Jesus Juares Oliveira Pinto; José Alberto Noldin; Mariane D’Avila Rosenthal; Rodolfo Rocha Richter; Frederico Bartz de Menezes; Leonard Bonilha Piveta; Camila Ferreira de Pinho

EFEITO DA ATIVIDADE DO HERBICIDA IMAZAPIC+IMAZETHAPYR NA CULTURA DO AZEVÉM ( Lolium multiflorum ) SEMEADO EM SUCESSÃO A CULTURA DO ARROZ CLEARFIELD ® - Jesus Juares Oliveira Pinto; José Alberto Noldin; Mariane D’Avila Rosenthal; Camila Ferreira de Pinho; Glauco Foster Almeida; Antonio Donida

ÉPOCAS DE CONTROLE DE ANGIQUINHO EM ARROZ IRRIGADO - André Andres; Giovani Theisen; Jorge Rieffel FO; Douglas Hoffman; Germano Butow; Paulo di Primio

CONTROLE QUÍMICO DE ANGIQUINHO NO SISTEMA CLEARFIELD - André Andres; Giovani Theisen; Douglas A Hoffman; Germano T. Büttow; Jorge Rieffel F°; Paulo di Primio; Daniela Schossler; Leandro Pasqualli

EFICIÊNCIA DO HERBICIDA PYRIBENZOXIM, APLICADO EM PULVERIZAÇÃO NO SISTEMA DE CULTIVO PRÉ-GERMINADO - Olavo Gabriel Rossato Santi; Sylvio Henrique Bidel Dornelles; José Antonio Annes Marinho; Luiz Felipe Thomas; Rodrigo Alff Gonçalves; Ana Paula Estevo; Graciela Castilhos; Danie Martini Sanchotene

COMPETITIVIDADE ENTRE CULTIVARES DE ARROZ IRRIGADO E BIÓTIPO DE ARROZ-VERMELHO. 1. UTILIZAÇÃO DE VARIÁVEIS MORFOLÓGICAS - Nilson Gilberto Fleck; Dirceu Agostinetto; Carlos Eduardo Schaedler; Leandro Galon

PERÍODOS DE COMPETIÇÃO DE CAPIM-ARROZ ( Echinochloa spp.) NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Dirceu Agostinetto; Leandro Galon; Siumar P. Tironi; Jesus J. O. Pinto; Rodrigo Neves

CONTROLE DE ESCAPES DE ARROZ- VERMELHO NO SISTEMA DE PRODUÇÃO CLEARFIELD NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Valmir Gaedke Menezes; Carlos Mariot; Ricardo Herzog; Rodrigo Shoenfeld; Eduardo Amilíbia

RENDIMENTO DE GRÃOS DA CULTIVAR PUITÁ EM FUNÇÃO DA ASPERSÃO DE IMAZAMOX APLICADO EM DIFERENTES ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO - Valmir Gaedke Menezes; Carlos Mariot; Ricardo Herzog; Rodrigo Shoenfeld; Eduardo Amilíbia

EFICIÊNCIA DO HERBICIDA IR 5878 WG NO CONTROLE DE Fimbristylis miliacea NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Olavo Gabriel Rossato Santi; Sylvio Henrique Bidel Dornelles; Rodrigo Alff Gonçalves; Ana Paula

Page 19: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Estevo; Graciela Castilhos; Danie Martini Sanchotene

SUSCETIBILIDADE DE TRÊS ESPÉCIES D E ANGIQUINHO (Aeschynomene spp.) A HERBICIDAS DE USO EM PÓS-EMERGÊNCIA EM ARROZ IRRIGADO - Carlos Eduardo Schaedler; Nilson Gilberto Fleck; Carlos Alberto Lazaroto; Fausto Borges Ferreira

REDUÇÃO NA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS EM FUNÇÃO DA ÉPOCA DE CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Carlos Henrique Paim Mariot; Valmir Gaedke Menezes; Héctor Vicente Ramírez; Rodrigo Neves

CONTROLE DE Digitaria ciliares E DE Alternanthera philoxeroides PELA APLICAÇÃO DO HERBICIDA NOMINEE ISOLADO E EM ASSOCIAÇÃO COM COMMENCE NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Fernando Luis Perini; Fernando Borges Santiago

CRESCIMENTO DE ARROZ E CAPIM-ARROZ EM FUNÇÃO DE NÍVEIS DE UMIDADE DO SOLO - Mauricio dos Santos, Germani Conçenço, André Andres, Jorge Rieffel Filho, Jean Vilella, Carlos Nachtigall Garcia, Nei Fernandes Lopes

MEIO AMBIENTE E IMPACTO AMBIENTAL

ASSEMBLÉIAS DE ANFÍBIOS EM ARROZAIS DA PLANÍCIE COSTEIRA DO SUL DO BRASIL, MOSTARDAS, RIO GRANDE DO SUL, DADOS PRELIMINARES - Iberê Farina Machado; Aline Regina Gomes Moraes Lace; Leonardo Felipe Bairos Moreira; Leonardo Maltchick; Demétrio Guadagnim

DIVERSIDADE DE TURBELÁRIOS DULCIAQÜÍCOLAS (PLATYHELMINTHES) EM ÁREAS DE CULTIVO DE ARROZ IRRIGADO NO RIO GRANDE DO SUL - Dioneia Conceição da Vara; Ana M. Leal-Zanchet; Demétrio L. Guadagnin

CONSERVAÇÃO DE AVES AQUÁTICAS EM ARROZAIS - Demétrio Luis Guadagnin; Ângela Schmitz Peter; Leonardo Maltchik

MACRÓFITAS AQUÁTICAS DE UM CANAL DE IRRIGAÇÃO DE LAVOURA DE ARROZ DA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL - Taís Lacerda; Ana Silvia Rolon; Leonardo Maltchik

DINÂMICA DA COMUNIDADE DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS EM UMA LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO DA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL - Ana Silvia Rolon; Taís Lacerda; Leonardo Maltchik

DINÂMICA DE MACROINVERTEBRADOS EM UMA LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO NA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL - Cristina Stenert, Roberta Cozer Bacca, Carolina Mostardeiro, Tiago

Page 20: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Dexheimer, Leonardo Maltchik

ATIVIDADE RESIDUAL DE HERBICIDAS DO GRUPO QUÍMICO DAS IMIDAZOLINONAS EM DOIS T IPOS DE SOLO EM ARROZ IRRIGADO, SISTEMA PRÉ-GERMINADO - José Alberto Noldin; Domingos Sávio Eberhardt; Leonardo C. Malburg; Gabriela F. Pinheiro; Janaina M. Rodrigues

TOXICIDADE AGUDA DOS PRINCIPAIS HERBICIDAS E INSETICIDAS UTILIZADOS NA LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO SOBRE A BACTÉRIA VIBRIO FISCHERI - Fernanda Poleza; Rafael Camargo Souza Leonardo Rubi Rörig; Cesar Augusto Stramosk; José Alberto Noldin; Charrid Resgalla Jr.

RESIDUAL DO HERBICIDA ATRAZINA APLICADO EM MILHO NO SOLO E NA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO DE CU LTIVO SUBSEQÜENTE DE ARROZ - Maria Laura Turino Mattos; André Andrés; Claudio Alberto S. da Silva; Ieda Maria Baade dos Santos

ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS E AMBIENTAIS DO INSETICIDA CARBOSULFANO EM LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO - Maria Laura Turino Mattos; José Francisco da Silva Martins; Uemerson Silva da Cunha; Ieda Maria Baade dos Santos

OCORRÊNCIA DE BACILLUS spp. EM AMOSTRAS DE ÁGU A DE DIFERENTES REGIÕES ORIZÍCOLAS DO RS. - Leila Lucia Fritz; Maria Helena Ribeiro Reche; Valmir Gaedke Menezes; Jaime Vargas de Oliveira; Lidia Mariana Fiúza

REÚSO DA ÁGUA DE EFLUENTES URBANOS EM IRRIGAÇÃO DE LAVOURA DE ARROZ EM PELOTAS, RS - Álvaro Nebel; Rul Martins Antunes; Gilberto Loguércio Collares; Orlando Pereira Ramirez

A QUALIDADE DA ÁGUA SUPERFICIAL EM UMA MICROBA CIA ONDE O ARROZ IRRIGADO É A PRINCIPAL ATIVIDADE AGRÍCOLA - Francisco Carlos Deschamps; José Alberto Noldin

MONITORAMENTO DA ÁGUA DO RIO GRAVATAÍ USADA NA IRRIGAÇÃO NA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DO ARROZ EM CACHOEIRINHA, RS - Vera Regina Mussoi Macedo; Silvio Aymone Genro Jr; Elio Marcolin

MONITORAMENTO DA ÁGUA DAS LAVOURAS DE ARROZ NA BACIA HIDROGRÁFICA DA LAGOA DO GUARAXAIM NO MUNICÍPI O DE ARAMBARÉ, RS - Vera Regina Mussoi Macedo; Elio Marcolin; Roberto Longaray Jaeger; Silvio Aymone Genro Jr

RESÍDUOS DE AGROQUÍMICOS NA ÁGUA DOS SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO E DE DRENAGEM PRINCIPAL DA ÁREA CULTIVADA COM ARROZ NO PERÍMETRO IRRIGADO DA BARRAGEM DO

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ARROIO DURO, CAMAQUÃ, RS - Vera Regina Mussoi Macedo; Valmir Gaedke Menezes; Elio Marcolin; Sílvio Aymone Genro Jr; Roberto Longaray Jaeger; Éverton Luis Fonseca; Renato Zanella

EFEITOS DA UTILIZAÇÃO DE PESTICIDAS SOBRE A RIQUEZA ESPECÍFICA DE COMUNIDADES FITOPLANCTÔNICAS EM CULTURA DE ARROZ IRRIGADO - Emília de Souza Cebalhos; Maria Angélica Oliveira; Sérgio Luiz de Oliveira Machado; Geovane Boschmann Reimche; Renato Zanella; Luis Antonio de Ávila; Enio Marchezan; Sandro Santos; Vânia Lúcia Pimentel Vieira

ANÁLISE DA QUALIDADE DE ÁGUA EM ÁREAS DE ARROZ IRRIGADO NA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DO ARROZ, IRGA, CACHOEIRINHA, RS - Tavares, C.R.M.; Frizzo, C.; Macedo, V.; Fiuza, L. M

ADUBO VERDE NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Juliana Dode; Vinicius Scaglioni; Fabiana Timm; Clauber Mateus Priebe Bervald; Nei Lopes

FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO PELO COMPLEXO SIMBIÓTICO Azolla-anabaena NA CULTURA DO ARROZ IRRIG ADO - Juliana Dode; Vinicius Scaglioni; Fabiana Timm; Clauber Mateus Priebe Bervald; Nei Lopes

ESPÉCIES DE AVES EM ÁREAS DE ARROZ IRRIGADO NA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE ITAJAÍ, SANTA CATARINA - Franciane Moretti; Juliana Vieira; José Alberto Noldin

REPRODUÇÃO DE AVES EM ÁREAS DE CULTIVO DE ARROZ IRRIGADO NA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE ITAJAÍ, SANTA CATARINA - Franciane Moretti; José Alberto Noldin; Juliana Vieira

PRESENÇA DE CARBAMATOS EM PARTES DA PLANTA DE ARROZ PRÉ-GERMINADO - Christina Venzke Simões de Lima; Marcos Rivail da Silva; Joseline Molozzi; Adriano Alves da Silva

EMISSÃO DE METANO EM LAVOURAS DE ARROZ IRRIGADO SOB SISTEMA PRÉ-GERMINADO - Magda Aparecida de Lima;, Domingos S. Eberhardtv; Maria Conceição P.Y. Pessoa; Rosa T. S.Frighetto; Sérgio Valério Neto; Denis F. Plec; Gabriela F. Pinheiro; Dagmar N. S. Oliveira; Melissa Baccan

INFLUÊNCIA DE IMAZETHAPYR + IMAZAPIC E BISPYRIBAC-SODIUM NA COMUNIDADE ZOOPLANCTÔNICA EM ARROZ IRRIGADO - Geovane Boschmann Reimche; Sérgio Luiz de Oliveira Machado; Jaqueline Ineu Golombieski; Enio Marchesan

PERSISTÊNCIA DE HERBICIDAS NA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Sérgio Luiz de Oliveira Machado; Geovane Boschmann Reimche; Renato Zanella; Enio Marchesan; Marcia Helena Scherer Kurs; Fábio Ferreira Gonçalves; Luis Antonio de Ávila; Ednei Gilberto Prime

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INDICADORES DA QUALIDADE DO SOLO DE VÁRZEA TROPICAL CULTIVADO COM FORRAGEIRAS PARA IMPLANTAÇÃO DO ARROZ IRRIGADO NO SISTEMA PLANTIO DIRETO - Murillo Lobo Junior; Valácia Lemes da Silva Lobo; João Neto Garcia de Souza; Alberto Baeta dos Santos

MONITORAMENTO DE HERBICIDAS E INSETICIDAS EM DOIS RIOS DA DEPRESSÃO CENTRAL DO RS, DURANTE O CULTIVO DO ARROZ IRRIGADO - Luis Antonio de Avila; Gerson Meneghetti Sarzi Sartori; Enio Marchesan; Sérgio Luiz de Oliveira Machado; Tiago Luis Rossato; Gabriel Adolfo Garcia; Renato Zanella; Fábio Ferreira Gonçalves; Márcia Helena Scherer Kurz; Vera Regina Mussói Macedo

EFEITO DE UMA FORMULAÇÃO COMERCIAL DO INSETICIDA CARBOFURAN SOBRE A COMUNIDADE DE MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS PRESENTES EM LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO - Joele Schmidt Baumart; Bianca Zimmermann; Marcelo Dalosto; Geovane Boschmann Reimche; Sérgio Luiz de Oliveira Machado; Enio Marchesan; Luis Antonio de Avila; Sandro Santos

EFEITO DE DIFERENTES FORMULAÇÕES COMERCIAIS DE PESTICIDAS SOBRE A ATIVIDADE DA ACETILCOLINESTERASE EM CÉREBRO E MÚSCULO DE CARPAS (CYPRINUS CARPIO VAR HUNGARA) EXPOSTAS EM LAVOURA DE ARROZ - Bibiana Silveira Moraes; Vânia Lúcia Loro; Alice Raabe; Alexandra Pretto; Milene Braga da Fonseca; Geovane Boschmann Reimche; Luis Antonio de Avila; Sérgio Luiz de Oliveira Machado; Enio Marchesan; Gerson Meneghetti Sarzi Sartori

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO UTILIZADA NA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DO ARROZ, CACHOEIRINHA, RS - Maria Helena Lima Ribeiro Reche; Catiusca Reali; Vera Regina Mussoi Macedo; Lidia Mariana Fiúza

ABUNDÂNCIA DE COLIFORMES EM ÁGUAS DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM EM ECOSSISTEMA ORIZÍCOLA, CAMAQUÃ, RS - Maria Helena Lima Ribeiro Reche; Catiusca Reali; Vera Regina Mussoi Macedo; Lidia Mariana Fiúza

AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DE AGROTÓXICOS NO SEDIMENTO DE DOIS MANANCIAIS HÍDRICOS DA REGIÃO SUL DO BRASIL - Douglas Daniel Grützmacher; Anderson Dionei Grützmacher; Dirceu Agostinetto; Alci Enimar Loeck; Rodrigo Roman; Renato Zanella

EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE DESTINAÇÃO DE EMBALAGENS VAZIAS DE AGROTÓXICOS NA REGIÃO ORIZICOLA DO SUL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - Douglas Daniel Grützmacher; Cândida Renata Farias; Anderson Dionei Grützmacher; Rodrigo Schulz; Marcelo Lerina

DINÂMICA DOS ORGANISMOS BENTÔNICOS NA LAVOURA DO ARROZ E SUA RELAÇÃO COM VARIÁVEIS FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO - Karine Delevati

Page 23: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DO SOLO POR INVERTEBRADOS AQUÁTICOS, APÓS A IRRIGAÇÃO EM ARROZ - Karine Delevati Colpo

ANÁLISE DE COLIFORMES TOTAIS E FECAIS EM ÁGUAS UTILIZADAS NA ORIZICULTURA DO RIO GRANDE DO SUL - Caroline Frizzo; Jaime Vargas de Oliveira; Valmir Gaedke Menezes; Carlos Mariot; Jose Luiz Rosa dos Santos; Lídia Mariana Fiúza

ABUNDÂNCIA DE BACILOS AERÓBIOS E ANAERÓBIOS PRESENTES EM ÁGUAS UTILIZADAS NA IRRIGAÇÃO DO ARROZ EM CINCO REGIÕES PRODUTORAS DO RIO GRANDE DO SUL - Caroline Frizzo; Jaime Vargas de Oliveira; Valmir Gaedke Menezes; Carlos Mariot; Jose Luiz Rosa dos Santos; Lídia Mariana Fiúza

AVALIAÇÃO DE RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS UTILIZADOS NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO EM DOIS MANANCIAIS HÍDRICOS NO SUL DO BRASIL - Anderson Dionei Grützmacher; Douglas Daniel Grützmacher; Dirceu Agostinetto; Alci Enimar Loeck; Rodrigo Roman; Renato Zanella

CARACTERÍSTICAS DA ÁGUA DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM PRINCIPAL DA LAVOURA DE ARROZ NO PERÍMETRO IRRIGADO DA BARRAGEM DO ARROIO DURO, MUNICÍPIO DE CAMAQUÃ, RS - Vera Regina Mussoi Macedo; Elio Marcolin; Valmir Gaedke Menezes; Sílvio Aymone Genro Jr; Roberto Longaray Jaeger; Everton Luis Fonseca

IMPACTO DA IMPLEMENTAÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL EM ÁREAS DE LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO NO LITORAL NORTE DE SANTA CATARINA - Hector Silvio Haverroth; Domingos Sávio Eberhardt

COMPORTAMENTO AMBIENTAL DO HERBICIDA CLOMAZONA NA TECNOLOGIA PERMIT EM LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO - Maria Laura Turino Mattos; André Andrés; Ieda Maria Baade dos Santos; Juliano Anselmo

SEMENTES E AGROINDÚSTRIA

ESTRESSE SALINO E A SENSIBILIDADE DOS GENÓTIPOS DE ARROZ BR-IRGA 409 E TIBA - Clairomar Emílio Flores Hoffmann; Leonardo Schaedler; Luiz Augusto Salles das Neves; Cristiane Freitas Bastos; Gabriel da Luz Wallau

COMPOSIÇÃO EM ÁCIDÓS GRAXOS DO ÓLEO DE ARROZ DURANTE O PROCESSO DE REFINO – Vanessa Ribeiro Pestana; Rui Carlos Zambiazi; Carla Mendonça; Mariângela Bruscatto

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO- QUÍMICA DO FARELO DE ARROZ UTILIZADO PARA A OBTENÇÃO DO ÓLEO DE ARROZ - Vanessa Ribeiro Pestana; Rui Carlos Zambiazi; Carla Mendonça; Mariângela Bruscatto

Page 24: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

TEORES DE COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS E ÁCIDOS FENÓLICOS EM GENÓTIPOS PIGMENTADOS E NÃO PIGMENTADOS DE ARROZ (ORYZA SATIVA , L.) - Nádia Valéria Mussi de Mira; Rosa Maria Cerdeira Barros; Moacir Antonio Schiocchet; José Alberto Noldin; Ursula Maria Lanfer-Marquez

ESTUDO DE CARACTERÍSTICAS FÍSICO- QUÍMICAS DE PRODUTOS DE ARROZ PROVENIENTES DE CAMPOS EXPERIMENTAIS E DO COMÉRCIO DA REGIÃO SUL DO RS - Débora Craveiro Vieira; Vânia da Silva Bierhals; Vanessa Goulart Machado; Giniani Carla Dors; Carlos Alberto Fagundes; Eliana Badiale Furlong

INCIDÊNCIA DE MICOTOXINAS E TEOR DE FENÓIS TOTAIS EM DIFERENTES FRAÇÕES DO GRÃO DE ARROZ - Débora Craveiro Vieira; Vânia da Silva Bierhals; Vanessa Goulart Machado; Giniani Carla Dors; Carlos Alberto Fagundes; Eliana Badiale Furlong

INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE PARBOILIZAÇÃO SOBRE A FRAÇÃO γγγγ- ORIZANOL DO ARROZ - Paulo Romeu Gonçalves; Maria Regina Alves Rodrigues; Marco Aurélio Ziemerman; Moacir Cardoso Elias; Elvio Aosane; Álvaro Renato Guerra Dias

DESENVOLVIMENTO DO CULTIVAR IRGA 420 PROVENIENTE DE SEMENTES DE DISTINTOS VIGORES EM OITO DENSIDADES DE SEMEADURA - João Batista Beltrão Marques; Alexandre Lul Lima; Jorge Antônio Molinari; Ígor Sotal Sauceda

SENSIBILIDADE DOS GENÓTIPOS DE ARROZ HÍBRIDO XP- 739 E DA CULTIVAR BR-IRGA 409 AO ESTRESSE SALINO - Leonardo Schaedler; Clairomar Emílio Flores Hoffmann; Luiz Augusto Salles das Neves; Gabriel da Luz Wallau; Cristiane Freitas Bastos

EFEITO DO BENEFICIAMENTO DO ARROZ NO DESEMPENHO E RESPOSTA METABÓLICA EM RATOS - Cristiane Casagrande Denardin; Nardeli Boufleur; Patrícia Reckziegel; Bruna Mendonça Alves; Leila Picolli da Silva; Carlos Alberto Alves Fagundes

CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS, PROPRIEDADES DE CONSUMO E PARÂMETROS DE PARBOILIZAÇÃO DOS GRÃOS DE ARROZ DOS CULTIVARES IRGA 423 E IRGA 424 - Carlos Alberto Alves Fagundes; Sérgio Iraçu Gindri Lopes; Mara Cristina Barbosa Lopes; Antonio Folgiarini de Rosso; Renata Pereira da Cruz; Paulo Sergio Carmona; Márcia Arocha Gularte; Moacir Cardoso Elias

ESTABILIZAÇÃO DE FARELO DE ARROZ POR IMERSÃ O EM ÁGUA QUENTE - Cristina de Simone Carlos Iglesias Pascual; Vanessa Fernandes Araujo; Fausto Alberto Torres Rodriguez; Maurício de Oliveira; Ursula Maria; Lanfer-Marquez; Moacir Cardoso Elias

Page 25: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL EM GRÃOS DE ARROZ POLIDO E PARBOILIZADO - Fabrício Barros Brum; Bruna Mendonça Alves; Jaqueline Ineu Golombieski; Leila Picolli da Silva; Carlos Alberto Fagundes

AVALIAÇÂO DA COMPOSIÇÃO MINERAL DE GRÃOS DE ARROZ BRANCO POLIDO - Jaqueline Ineu Golombieski; Fabrício Barros Brum; Cristiane Casagrande Denardin; Bruna Roberto; Leila Picolli da Silva; Carlos Alberto Fagundes

CARACTERIZAÇÃO DE MINERAIS EM FARELO DE ARROZ - Simone A.S.C. Faria; Otilia T. Carvalho; Luciana T. Yoshime; Selma N. Koakuzu; Priscila Z. Bassinello; Débora I. T. Fávaro; Marilene D.V.C. Penteado

EFEITOS DA TEMPERATURA DA ÁGUA DE ENCHARCAMENTO NA PARBOILIZAÇÃO SOBRE O PERFIL CROMATOGRÁFICO LIPIDICA DO ARROZ - Paulo Romeu Gonçalves; Maria Regina Alves Rodrigues; Marco Aurélio Ziemerman; Mauricio de Oliveira; Álvaro Renato Guerra Dias; Moacir Cardoso Elias

ARROZ VERMELHO NAS AMOSTRAS DE SEMENTES ANALISADAS NA REDE DE LABORATÓRIOS (LAS) DO IRGA NO PERÍODO DE 1996 A 2006 - José Mauro Costa Rodrigues Guma; Jair Flores Junior; Sintia da Costa Trojan; Maria da Graça Burgo Valério; Roberto Longaray Jaeger; Jaceguay Barros

PRODUÇÃO DE SEMENTE GENÉTICA E BÁSICA DO IRGA NAS SAFRAS 2005/2006 E 2006/2007 - José Mauro Costa Rodrigues Guma; Athos Dias de Castro Gadea

ACOMPANHAMENTO DO PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO DE SEMENTES DO IRGA NAS SAFRAS 2004/2005, 2005/2006 E 2006/2007 - José Mauro Costa Rodrigues Guma

PROFUNDIDADE DE SEMEADURA E QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE ARROZ HÍBRIDO - Fábio Mielezrski; Rudineli Ribeiro Carvalho; Luís Eduardo Panozzo; Luis Osmar Braga Schuch; Mateus Olivo

COMPORTAMENTO DE PLANTAS EM POPULAÇÕES DE ARROZ HÍBRIDO EM FUNÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES - Fábio Mielezrski; Luis Osmar Braga Schuch; Silmar Teichert Peske; Rudineli Ribeiro Carvalho; Luís Eduardo Panozzo; Mateus Olivo

EMERGÊNCIA EM CAMPO E CRESCIMENTO INICIAL DE ARROZ HÍBRIDO EM FUNÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES - Fábio Mielezrski; Luis Osmar Braga Schuch; Silmar Teichert Peske; Rudineli Ribeiro Carvalho; Luís Eduardo Panozzo; Jacson Zuchi

DESEMPENHO DE PLANTAS INDIVIDUAIS DE ARROZ HÍBRIDO EM FUNÇÃO DO VIGOR DAS SEMENTES - Fabio Mielezrski; Luis Osmar Braga Schuch; Silmar Teichert Peske; Luís Eduardo Panozzo; Rudineli Ribeiro Carvalho; Jacson Zuchi

Page 26: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

MÉTODO ALTERNATIVO NA SEPARAÇÃO DE LOTES DE SEMENTES DE ARROZ QUANTO AO VIGOR - Cristina Rodrigues Mendes; Maria da Graça de Souza Lima; Dario Munt de Moraes

INCIDÊNCIA DE SEMENTES DE AESCHYNOMENE spp., ECHINOCHLOA spp. E IPOMEA sp. EM LOTES DE SEMENTES DE ARROZ CERTIFICADAS, NÃO CERTIFICADAS E PRÓPRIAS - Maria da Graça Burgo Valério; Mário Borges Trzeciak; Demócrito Amorim Chiesa Freitas; Patrícia da Silva Vinholes; Francisco Amaral Villela

ÉPOCAS DE COLHEITA E QUALIDADE DE ARROZ IRRIGADO BRS JABURU PRODUZIDO EM RORAIMA - Oscar José Smiderle; Moisés Mourão Jr; Antonio Carlos Centeno Cordeiro

ÉPOCAS DE COLHEITA DE ARROZ IRRIGADO BR IRGA 409 CULTIVADO EM VÁRZEA DE RORAIMA - Oscar José Smiderle; Paulo Roberto Perreira; Moisés Mourão Jr

EFEITOS DA AMILOSE E DA PARBOILIZAÇÃO SOBRE A FORMAÇÃO DE AMIDO RESISTENTE EM ARROZ - Elizabete Helbig; William da Silva Krolow; André Luiz Radünz; Juliane Mascarenhas Pereira; Magna da Glória Lameiro; Alvaro Renato Guerra Dias; Moacir Cardoso Elias

COMPORTAMENTO VISCOAMILOGRÁFICO DA FARINHA DE ARROZ MOTTI MODIFICADA QUIMICAMENTE - Fernanda Muniz das Neves; Juliane Mascarenhas Pereira; Pablo Daniel Freitas Bueno; Elizabete Helbig; Alvaro Renato Guerra Dias; Moacir Cardoso Elias

EFEITOS DO GRAU DE POLIMENTO SOBRE PROPRIEDADES DE TEXTURA E SENSORIAIS EM ARROZ BRANCO - Cátia Regina Storck; André Luiz Radünz; Gerson Lübk Buss; Jander Luiz Fernandes Monks; Márcia Arocha Gularte; Moacir Cardoso Elias

INTENSIDADE DE POLIMENTO SOBRE PARÂMETROS NUTRICIONAIS E COCÇÃO DO ARROZ PARBOILIZADO - Cátia Regina Storck; Elessandra Zavareze; Juliane Mascarenhas Pereira; Rafael de Almeida Schiavon; Jander Luiz Fernandes Monks; Álvaro Renato Guerra Dias; Moacir Cardoso Elias

EFEITO DO POLIMENTO SOBRE PARÂMETROS NUTRICIONAIS, DE TEXTURA E SENSORIAIS EM GRÃOS DE ARROZ - Maurício de Oliveira; Otaviano Maciel Carvalho Silva; Lisandro Karnopp Tuchtenhagen; Pablo Daniel Freitas Bueno; Cátia Regina Storck; Ana Paula do Sacramento Wally; Moacir Cardoso Elias

TERRA DE DIATOMÁCEA E ÁCIDO PROPIÔNICO N O CONTROLE DE Rhyzopertha dominica e Tribolium castaneum EM ARROZ ARMAZENADO - Alexandra Morás; Maurício de Oliveira, Dejalmo Nolasco Prestes; Jonis Gelain; Irineu Lorini, Moacir Cardoso Elias

Page 27: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

EFEITOS DA PARBOILIZAÇÃO, DO ARMAZENAMENTO E DA COCÇÃO SOBRE A ESTABILIDADE DO AMIDO RESISTENTE EM ARROZ - Elizabete Helbig; Volnei Luiz Meneghetti; Daniel Rutz; Pedro Luiz Antunes; Manoel Artigas Schirmer; Moacir Cardoso Elias

EFEITOS DA PARBOILIZAÇÃO SOBRE O PERFIL CROMATOGRÁFICO DOS ÁCIDOS GRAXOS DO ARROZ - Paulo Romeu Gonçalves; Maria Regina Alves Rodrigues; Gisele Feijó Brisolara; Marco Aurélio Ziemann dos Santos; Mauricio de Oliveira; Álvaro Renato Guerra Dias; Moacir Cardoso Elias

AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE EM CAMPO E QUALIDADE INDUSTRIAL DE HÍBRIDOS DE ARROZ NO RIO GRANDE DO SUL - Leandro Pasqualli; Evandro Parisotto; Flavio L. Bock; Lauro Weber; Silvio Villa; Cristine Saravia

QUALIDADE DE SEMENTES DE ARROZ ANALISADAS NO LABORATÓRIO DE ANÁLISE DE SEMENTES DO INSTITUTO RIO GRANDENSE DO ARROZ - PELOTAS, NO PERÍODO DE 1991 A 2005 - M. G. B. Valerio; M. A. Tillmann

RENDIMENTO DE GRÃOS DA CULTIVAR IRGA 420 PROVENIENTE DE SEMENTES DE DISTINTO VIGOR EM OITO DENSIDADES DE SEMEADURA - João Batista Beltrão Marques; Alexandre Lul Lima; Jorge Antônio Molinari Flores; Ígor Sotal Sauceda

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICA E FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ARROZ CERTIFICADAS, NÃO CERTIFICADAS E PRÓPRIAS - Mário Borges Trzeciak; Maria da Graça Burgo Valério; Patrícia da Silva Vinholes; Demócrito Amorim Chiesa Freitas; Francisco Amaral Villela

AVALIAÇÃO DO GRAU DE UMIDADE DE SEMENTES DE ARROZ (Oryza sativa L.) DURANTE O PROCESSO DE MATURAÇÃO E SUA VARIAÇÃO NA PANÍCULA - Rodrigo Castro Soares; Marcus Davi Ferreira Teplizky; Fabrício Becker Peske; Paulo Ricardo Reis Fagundes; Ariano Martins Magalhães Jr.; Silmar Teichert Peske

INTENSIDADE DO POLIMENTO SOBR E PARÂMETROS FÍSICOS E NUTRICIONAIS EM ARROZ BRANCO POLIDO - Jander Luis Fernandes Monks; Leandro Fernandes Monks; Daniel Rutz; Jeferson da Cunha Rocha; Marcelo Zaffalon Peter; Cátia Regina Storck; Moacir Cardoso Elias

EFEITO DO POLIMENTO NAS CARACTERIST ICAS QUIMICAS E SENSORIAIS DO ARROZ PARBOILIZADO - Jander Luis Fernandes Monks; Jonis Gelain; Ana Paula do Sacramento Wally; Mateus Pino; Rafael de Almeida Schiavon; Ricardo Tadeu Paraginski; Moacir Cardoso Elias

MODELOS MATEMÁTICOS PARA A SECAGEM INTERM ITENTE DE ARROZ EM CASCA - Volnei Luiz Meneghetti; Mateus Pino; Jeferson Cunha da Rocha; Willian da Silva Krolow; Rodrigo Bubolz Prestes; Fabrízio da Fonseca Barbosa; Moacir Cardoso Elias

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RISCO DE CONTAMINAÇÃO POR MICOTOXINAS EM ARROZ E DERIVADOS - Giniani Carla Dors; Melissa dos Santos Oliveira; Vânia Bierhals; Cristina Moreira da Silveira; Eliana Badiale-Furlong

EFEITO DO TEOR DE AMILOSE SOBRE O DESEMPENHO E METABOLISMO LIPÍDICO EM RATOS - Cristiane Casagrande Denardin; Nardeli Boufleur; Patrícia Reckziegel; Bruna Mendonça Alves; Leila Picolli da Silva; Carlos Alberto Alves Fagundes

MODIFICAÇÕES NO MÉTODO CIAT PARA DETERMINAÇÃO DE AMILOSE - Francisco Carlos Deschamps; Gabriel Deschamps Fernandes

TEOR DE AMILOSE EM CULTIVARES E LINHAGENS DE ARROZ DO BANCO DE GERMOPLASMAS DA EPAGRI - ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE ITAJAÍ, SC - Gabriel Deschamps Fernandes; Francisco Carlos Deschamps

EFEITO DA COCÇÃO SOBRE OS TEORES DE γγγγ-ORIZANOL EM ARROZ INTEGRAL - Cristina de Simone Carlos Iglesias Pascual; Priscila Araujo Pinto; Nadia Valéria Mussi de Mira; Isabel Louro Massaretto; Carlos Alberto Alves Fagundes; Ursula Maria Lanfer-Marquez ...................................................................................................................

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BOLO INGLÊS ELABORADO COM FARINHA DE ARROZ E XANTANA - Bresolin, Rafael; Duarte, Ana Paula Assis, Letícia; Gularte, Márcia Arocha

AVALIAÇÃO DA PREFERÊNCIA DE EXTRATOS DE ARROZ ELABORADOS COM ENZIMAS DE MALTE DE CEVADA - Leandra Zafalon Jaekel; Rosane da Silva Rodrigues; Amanda Pinto da Silva

ENZIMAS COMERCIAIS NA OBTENÇÃO DE EXTRATO DE ARROZ - Leandra Zafalon Jaekel; Rosane da Silva Rodrigues; Amanda Pinto da Silva

AVALIAÇÃO DO EFEITO DO COZIMENTO NO CONTEÚDO DE COMPOSTOS FENÓLICOS EM GENÓTIPOS DE ARROZ INTEGRAL - Isabel Louro Massaretto; Nádia Valéria Mussi de Mira; Priscila Araújo Pinto; Cristina de Simone Carlos Iglesias Pascual; José Alberto Noldin; Moacir Antonio Schiocchet; Ursula Maria Lanfer-Marquez

TOCOFERÓIS E γ- ORIZANOL NO ÓLEO DE ARROZ ANTES E DEPOIS DO PROCESSO DE REFINO - Vanessa Ribeiro Pestana; Rui Carlos Zambiazi; Carla Mendonça; Mariângela Bruscatt

INFLUÊNCIA DO CONSUMO DE ARROZ OU DE MACARRÃO NO DESEMPENHO E RESPOSTA METABÓLICA EM RATOS - Cristiane Casagrande Denardin; Nardeli Boufleur; Patrícia Reckziegel; Bruna Mendonça Alves; Leila Picolli da Silva; Carlos Alberto Alves Fagundes

Page 29: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

PÃO FRANCÊS MISTO DE ARROZ: ASPECTOS LEGAIS, VALOR NUTRICIONAL E ACEITABILIDADE - Angélica Magalhães; Elaine Lohmann, Evely Rucatti; Michele Mendes

EFEITO DE XANTANA E DA SUBSTITUIÇÃO DA F ARINHA DE ARROZ POR FARINHA DE TRIGO EM BOLO INGLÊS - Bresolin, Rafael; Duarte, Ana Paula; Assis, Letícia; Gularte, Márcia Arocha

EFEITO DA ADIÇÃO DE GORDURA E DA FRITURA NA COCÇÃO DO ARROZ - Silva, P.M.; Bresolin, R;. Gularte, M.A

INFLUÊNCIA DO RENDIMENTO DO ARROZ COZIDO NA SOLTABILIDADE DOS GRÃOS - Silva, P.M; Bresolin, R.; Gularte, M.A

EFEITOS DO GRAU DE GELATINIZAÇÃO SOBRE P ROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DE ARROZ PARBOILIZADO - Moacir Cardoso Elias; Flávio Manetti Pereira; Gustavo Cella; Alberto Conceição da Cunha Neto; Dejalmo Nolasco Prestes; Diego Hohlz Prestes Gilberto Wageck Amato

CORRELAÇÃO ENTRE VISCOSIDADE FINAL DAS CURVAS VISCOAMILOGRÁFICAS E OS TEORES DE AMILOSE DE FARINHAS DE ARROZ POLIDO - Pablo Daniel Freitas Bueno; Cátia Regina Storck; Mário Satte Alan Neto; Fernanda Scheunemann Sacchet; Moacir Cardoso Elias; Manoel Artigas

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE MISTURAS DE FARINHAS DE TRIGO, ARROZ E SOJA - Ana Paula do Sacramento Wally; Nathan Levien Vanier; Gilberto Arcanjo Fagundes; Fernanda Neves; Álvaro Renato Guerra Dias; Moacir Cardoso Elias

POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE FARINHA DE ARROZ EM BOLOS - Márcia Arocha Gularte; Carla Maria Moita Brites; Maria João Trigo

EFEITO DA PRESSÃO DE AUTOCLAVAGEM SOBRE A FORMAÇÃO DE AMIDO RESISTENTE EM ARROZ - Elizabete Helbig; Daniel Rutz; Jonis Gelain; André Luiz Radünz; Maurício de Oliveira; Pedro Luiz Antunes, Moacir Cardoso Elias

EFEITOS DO GRAU DE GELATINIZAÇÃO SOBRE CARACTERÍSTICAS DE COCÇÃO E PROPRIEDADES SENS ORIAIS DE ARROZ PARBOILIZADO - Flávio Manetti Pereira; Elvio Aosani; Paulo Romeu Gonçalves; Rafael Dionello; Dejalmo Nolasco Prestes; Márcia Arocha Gularte; Moacir Cardoso Elias

CONDIÇÕES OPERACIONAIS NA PARBOILIZ AÇÃO DE ARROZ COM DIFERENTES TEORES DE AMILOSE - Elizabete Helbig; Elvio Aosani; Jeferson Cunha da Rocha; William da Silva Krolow; Carlos Alberto Alves Fagundes; Alvaro Renato Guerra Dias; Moacir Cardoso Elias

Page 30: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

EFEITOS DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E DO CONTEÚ DO DE AMILOSE NAS PROPRIEDADES VISCOAMILOGRÁFICAS DE ARROZ BRANCO SUBMETIDO A DIFERENTES INTENSIDADES DE POLIMENTO - Pablo Daniel Freitas Bueno; Jeferson Cunha da Rocha; Mateus Pino; Fabrício de Matos Marques; Leandro Fernandes Monks; Manoel Artigas Schirmer; Moacir Cardoso Elias

USO DE SUBPRODUTOS AGROINDUSTRIAIS NO DESENVOLVIMENTO DE MACARRÃO NUTRICIONALMENTE MELHORADO - Angélica Markus Nicoletti; Leila Picolli da Silva; Luisa Helena Hecktheuer; Geni Salete Pinto de Toledo; Fabrício Barros Brum

ENRIQUECIMENTO NUTRICIONAL DE MACARRÃO E SEU EFEITO SOBRE A RESPOSTA BIOLÓGICA - Angélica Markus Nicoletti; Leila Picolli da Silva; Geni Salete Pinto de Toledo; Luiza Helena Hecktheuer; Carine Gláucia Comarella; Fabrício Barros Brum

COMPORTAMENTO DE HIDRATAÇÃO EM FUNÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE ARROZ - Rafael Pivotto Bortolotto; Nilson Lemos de Menezes; Danton Camacho Garcia; Nilson Matheus Mattioni

TEOR DE PROTEÍNA EM AUXÍLIO À DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ARROZ - Rafael Pivotto Bortolotto; Nilson Lemos de Menezes; Danton Camacho Garcia; Nilson Matheus Mattioni

ÉPOCAS DE COLHEITA E PRODUTIVIDADE DE ARROZ IRRIGADO BRS RORAIMA EM VÁRZEA DE RORAIMA - Oscar José Smiderle; Paulo Roberto Perreira; Moisés Mourão Jr

ÉPOCAS DE COLHEITA E QUALIDADE DE SEMENTES DE ARROZ IRRIGADO PRODUZIDAS EM VÁRZEA DE RORAIMA - Oscar José Smiderle; Moisés Mourão Jr.; Vicente Gianluppi

CARACTERISTICAS SENSORIAIS DE PÃES ELABORADOS COM FARINHAS MISTAS DE TRIGO, ARROZ E SOJA - Ana Paula do Sacramento Wally; Leandro da Conceição Oliveira; Thiago dos Santos Carrasco; Marlon Leonardo de Oliveira; Márcia Arocha Gularte; Moacir Cardoso Elias

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO- QUÍMICA DO ÓLEO DE ARROZ DURANTE O PROCESSO DE REFINO - Vanessa Ribeiro Pestana; Rui Carlos Zambiazi; Carla Mendonça; Mariângela Bruscatto

DORMÊNCIA PÓS COLHEITA EM GENÓTIPOS DE ARROZ-VERMELHO (Oryza sativa L.) CULTIVADOS - Fernanda Martins de Faria; Jaime Roberto Fonseca; Veridiano dos Anjos Cutrim

SÓCIO-ECONOMIA

ADIÇÃO DE FARINHA DE ARROZ À DE TRIGO: CONTRIBUIÇÃO À ANÁLISE TÉCNICO-ECONÔMICA - Angélica Magalhães; Antonio Augusto Alves

Page 31: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Pereira

DENSIDADE DA PRODUÇÃO DE ARROZ NO MUNDO - Alcido Elenor Wander; Carlos Magri Ferreira; Fernando Luís Garagorry; Homero Chaib Filho; Tiago Ribeiro Ricardo

ABASTECIMENTO E CONSUMO DE ARROZ NO BRASIL - Alcido Elenor Wander; Carlos Magri Ferreira; Isabel Helena Vernetti Azambuja; Tiago Ribeiro Ricardo

ANÁLISE DO AGRONEGÓCIO DO ARROZ IRRIGADO EM RORAIMA - PERÍODO 1981 A 2007 - Antonio Carlos Centeno Cordeiro; Moisés Cordeiro Mourão Jr.; Roberto Dantas de Medeiros

MANEJO INTEGRADO PARA ALTA PRODUTIVIDADE DO ARROZ IRRIGADO NA ZONA SUL DO RIO GRANDE DO SUL - Vera Pereira Borges; Anderson da Costa Chaves; Giuseppe Morroni; Roger Carriconde; Luis Gonzaga; José Celso Basanesi; Luis Antônio de Leon Valente; Hector Vicente Ramirez; Marcos Souza Fernandes; Valmir Gaedke Menezes

PROJEÇÕES PARA O PREÇO DO ARROZ: UMA ANÁLISE GRÁFICA - Irceu Agostini; Mauricio �ésar Silva.

ANÁLISE DA ACEITABILIDADE DE MACA RRÃO DE ARROZ SEM GLÚTEN - Angélica Magalhães; Antonio Augusto Alves Pereira; Gabriela da Silva Schirmann

CONSUMO DE ARROZ X ALIMENTOS SUBSTITUTOS: UMA ANÁLISE ANTROPOMÉTRICA-NUTRICIONAL BASEADA NA POF 2002-2003 - Roselene de Queiroz Chaves; Angélica Magalhães

ANÁLISE DAS PRINCIPAIS FONTES DE CARBOIDRATO NA COMPOSIÇÃO E NO CUSTO DO CESTO BÁSICO DE PORTO ALEGRE - Evely Gischkow Rucatti; Angélica Magalhães

BENEFICIAMENTO DE ARROZ NO RIO GRANDE DO SUL EM 2006 – Victor Hugo Kayser; Evely Gischkow Rucatti; Camilo Feliciano de Oliveira

ESTRATÉGIAS DE DIFERENCIAÇÃO E DIVERSIFICAÇÃO NA AGROINDÚSTRIA ARROZEIRA DO RIO GRANDE DO SUL – Luciane Dittgen Miritz; Paulo Dabdab Waquil

SEGMENTAÇÃO NO MERCADO DE ARROZ NO VAREJO – Augusto Hauber Gameiro; Mariana Bombo Perozzi Gameiro

FARINHA E MACARRÃO DE ARROZ NA ALIMENTAÇÃO INSTITUCIONAL: ALTERNATIVA PARA O MERCADO ORIZÍCOLA - Roselene de Queiroz Chaves; Angélica Magalhães; Nurdine Salé; André Roese; Tânia Nunes da Silva

Page 32: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

COMPARATIVO DA EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE ARROZ E DE INDICADORES ECONÔMICOS NO MUNICIPIO DE URUGUAIANA - Evely Gischkow Rucatti; Victor Hugo Kayser; Camilo Feliciano de Oliveira

ANÁLISE DA INTEGRAÇÃO DOS MERCADOS DE ARROZ INTERNACIONAIS COM O BRASILEIRO - Maria A. S. Braghetta Motta; Hirina Oliveira Moraes Espósito; Silvia Helena G. de Miranda

CARACTERIZAÇÃO DO COMPOSTO DE MARKETING DO ARROZ: UMA ANÁLISE CRÍTICA DA SITUAÇÃO NO BRASIL - Tiago Sarmento Barata, Ana Júlia Teixeira Senna

AVALIAÇÃO DA ROTULAGEM DE ARROZ EM EMBALAGENS DE 1 E 5Kg COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE PELOTAS, RS - Bresolin, Rafael; Prates, Denise da Fontoura; Fernandes, Meg da Silva; Pinto, Ellen Porto

PROJETO 10: EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE NAS LAVOURAS DE ARROZ IRRIGADO DO RIO GRANDE DO SUL - Eduardo Pinto Amilibia; Valmir Gaedke Menezes; Luis Antônio De Leon Valente

DIVERSIFICAÇÃO DE CULTURAS

TEMPO DE INÍCIO DE NECROSE DAS RAÍZES E DIÂMETRO DO CAULE DE GENÓTIPOS DE SOJA SOB INUNDAÇÃO - Cláudia Erna Lange

REAÇÃO DE GENÓTIPOS FIXOS DE SOJA AO EXCESSO HÍDRICO: DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA - Cláudia Erna Lange

REAÇÃO DE GENÓTIPOS FIXOS DE SOJA AO EXCESSO HÍDRICO: ESTIMATIVA DOS COMPONENTES DE VARIÂNCIA - Cláudia Erna Lang ...

DOSES E MANEJO DE NITROGÊNIO NO CULTIVO DO FEIJOEIRO EM VÁRZEAS TROPICAIS - Alberto Baêta dos Santos; Nand Kumar Fageria

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE HÍBRIDOS DE MILHO SOB ESPAÇAMENTO REDUZIDO ENTRE LINHAS EM VÁRZEA TROPICAL - Alberto Baêta dos Santos; Pedro Hélio Estevam Ribeiro

EFEITO DE PERÍODOS DE SATURAÇÃO DO SOLO NA TOLERÂNCIA À INUNDAÇÃO DE DOIS GENÓTIPOS CONTRASTANTES DE SOJA - Cláudia Erna Lange; Vladirene Macedo Vieira; Paulo Regis Ferreira da Silva; Humberto Bohnen

Page 33: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

PRODUTIVIDADE DE FORRAGEM DE POPULAÇÕES DE CAPIM -LANUDO EM TERRAS BAIXAS - Andréa Mittelmann; Bruna Obes Corrêa; Dagoberto da Silva Pires; Milena Moreira Peres

ATRASO NA SEMEADURA APÓS A DESSECAÇÃO PREJUDICA O CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS EM MILHO CULTIVADO EM TERRAS BAIXAS - Theisen, G.; Porto, M.P.; Andres, A

EMERGÊNCIA DE ARROZ E CAPIM-ARROZ EM FUNÇÃO DE NÍVEIS DE UMIDADE DO SOLO - Mauricio dos Santos; Germani Conçenço; André Andres; Jorge Rieffel Filho; Jean Vilella; Carlos Nachtigall Garcia; Nei Fernandes Lopes

ALTERAÇÃO NOS PARÂMETROS QUÍMICOS DO SOLO DURANTE QUATRO ANOS DE RIZIPISCICULTURA - Enio Marchesan; Gustavo Mack Teló; Tiago Luis Rossato; Silvio Carlos Cazarotto Villa; Diogo Machado Cezimbra; Jaqueline Ineu Golombieski

Page 34: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

OFICINA TECNOLÓGICA

MANEJO E COMPORTAMENTO AMBIENTAL DO INSETICIDA CARBOFURANO NA LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO - Maria Laura Turino Mattos; José Francisco da Silva Martins

TECNOLOGIA QUE PROPORCIONA MAIOR LUCRATIVIDADE - Eduardo Romann Martini

ARROZ HÍBRIDO SUPERANDO DESAFIOS - Markus Ritter; Leandro Pasqualli; Renato Luzzardi; Cristine Saravia; Hélvio Missau

CIPERÁCEAS E SEUS DANOS NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO - Fernando Luis Perini

PALESTRAS

AGRICULTURA DE PRECISION EN INIA - URUGUAY - Alvaro Roel; Federico Molina; Hugo Firpo; Jose Terra

FARELO DE ARROZ COMO FONTE DE BIODIESEL - Tatiana Magalhães, Thaís Corso, Rosane Ligabue, Sandra Einloft, Jeane Dullius.

IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS SOBRE O ARROZ IRRIGADO NO SUL DO BRASIL - Silvio Steinmetz

NOVOS PRODUTOS DERIVADOS DO ARROZ - José Luis; Ramírez Ascheri

TREHALOSE PRODUCING TRANSGENIC RICE PLANTS WITH IMPROVED SALINITY AND COLD TOLERANCE: PROGRESS AND FUTURE PROSPECTS - Ajay K. Garg; Ray J. Wu

ARROZ, TRIGO E MILHO: A CIÊNCIA DA GENÔMICA COMPARATIVA E OS CEREAIS QUE ALIMENTAM O MUNDO - Antonio Costa de Oliveira

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400

ESTRESSE SALINO E A SENSIBILIDADE DOS GENÓTIPOS DE ARROZ

BR-IRGA 409 E TIBA

Clairomar Emílio Flores Hoffmann(1);Leonardo Schaedler(1); Luiz Augusto Salles das Neves(2); Cristiane Freitas Bastos(1); Gabriel da Luz Wallau(3) -(1)Curso de Agronomia/CCR/UFSM [email protected],Campus Universitário; (2)Prof. Dr. do Departamento de Biologia/CCNE/UFSM [email protected]; (3)Curso de Biologia/CCNE/UFSM.

Palavras-chave: Oryza sativa L., vigor, matéria seca

O arroz é um dos cereais mais cultivados no mundo, especialmente na Ásia, constituindo alimento básico para mais de dois terços da população mundial. As variedades de arroz mais cultivadas no Rio Grande do Sul apresentam produtividade alta e boas qualidade para consumo, mas, em geral, são suscetíveis a fatores adversos do meio ambiente. Dentre esses fatores está a salinidade. A principal conseqüência da salinidade de um solo é a elevação da pressão osmótica prejudicando as plantas em razão do decréscimo da disponibilidade de água daquele solo (Bernardo, 1995)

Atualmente cultivares de arroz, nas lavouras, têm competido com cultivares híbridas que possuem grande produtividade em densidade menor de plantas. Entretanto, não há referências relativas à sensibilidade ao cloreto de sódio na água de irrigação, haja vista que essa informação é de importância agronômica. Embora o íon sódio seja elemento essencial ao crescimento de algumas plantas, principalmente as C4 o aumento de sua concentração pode inibir o desenvolvimento das plântulas, reduzindo a produtividade (Perez e Moraes, 1994)

O presente trabalho tem como objetivo comparar a cultivar BR-IRGA 409 com o híbrido Tiba (Rice Tec). Para tanto, as sementes de arroz da cultivar e do híbrido foram submetidas às concentrações 0, 25, 50,75,100,125,150 mM de solução salina durante o período de uma hora. Após, foram semeadas em papel germitest e colocadas no germinador do tipo Mangeldorf na temperatura de 25º±2ºC durante 14 dias. Foram analisadas a primeira contagem da germinação (PCG) aos 5 dias, a germinação (G) e a determinação da biomassa seca, aos 14 dias de dez plântulas por repetição, por tratamento. O delineamento usado foi totalmente casualizado e os dados analisados no programa Statigraf 6.0.

A primeira contagem da germinação das sementes de arroz da cultivar BR-IRGA 409 e do híbrido Tiba (Figura1) demonstra que houve decréscimo na cultivar com o aumento da concentração salina, enquanto que o híbrido não demonstrou alteração significativa. Percebe-se que o híbrido apresenta valores maiores do que a cultivar ao longo da análise. O mesmo comportamento se observa para a germinação (Figura 2) onde o híbrido Tiba manteve-se sem diferença significativa com o incremento de sal na solução. A cultivar BR-IRGA 409 decresceu com o aumento da concentração salina, entretanto mostrou-se semelhante ao híbrido até a concentração de 25 mM. Resultados semelhantes foram encontrados por Lima et al (2005) para as cultivares BRS Agrisul e IAS12-9 Formosa. Nesse caso, a primeira cultivar manteve-se enquanto a segunda decresceu com o aumento da solução salina.

A biomassa seca da raiz de ambos genótipos mostraram-se sem modificação até a concentração de 100 mM de solução salina, havendo decréscimo somente nas concentrações de 125 e 150 mM (Figura 3). Quanto a parte aérea de ambos arrozes testados (Figura 4), percebe-se que somente na concentração 100 mM é que houve diferença significativa, reduzindo a biomassa seca. Resultados semelhantes foram encontrados por Galina (2004) que analisando os efeitos da salinidade na cultivar El Passo L144, verificou que até a concentração de 150 mM não houve diferença estatística, tanto

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401

020406080

100120

0 25 50 75 100 125 150

Conc . de NaCl (mM)

PC

G

TIBA BR IRGA -409

para a biomassa seca da parte aérea quanto da raiz. Já Lima et al (2005) observou que a matéria seca da parte aérea e das raízes decresceram com o aumento da concentração salina, na cultivar BRS Agrisul.

Figura 1. Efeito da concentração de NaCl (mM) na primeira contagem da germinação de sementes de arroz da cultivar BR-IRGA 409 e do híbrido Tiba (Rice Tec). As barras representam os desvios padrões.

Figura 2. Efeito da concentração de NaCl (mM) na germinação de sementes de arroz da cultivar BR-IRGA 409 e do híbrido Tiba (Rice Tec). As barras representam os desvios padrões.

Figura 3. Efeito da concentração de NaCl (mM) na biomassa seca da raiz de plântulas de arroz BR IRGA- 409 e do híbrido Tiba (RiceTec)

02 04 06 08 0

1 0 01 2 01 4 0

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Bio

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402

Figura 4. Efeito da concentração de NaCl (mM) na biomassa seca da parte aérea de plântulas de arroz BR IRGA- 409 e do híbrido Tiba (Rice Tec) Nas condições que o experimento foi realizado pode-se concluir que o híbrido Tiba

(Rice Tec) é mais tolerante a salinidade, enquanto que a cultivar BR-IRGA 409 demonstra sensibilidade na PCG e na G.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNARDO, S. Manual de irrigação. 6.ed. Viçosa: UFV, Minas Gerais, 1995. 657p. GALINA, S. Efeito da salinidade na qualidade fisiológica de sementes de arroz (Oryza sativa L) cv El Passo L144 e de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L) cv FT Nobre. Pelotas, 2004. 30f. Dissertação (Mestrado em Fisiologia Vegetal). Instituto de Biologia. UFPEL, 2004. LIMA, M. F. S.; LOPES, N.F.;MORAES, D. M.;ABREU, C. M. Qualidade fisiológica de sementes de arroz submetidas a estresse salino. Revista Brasileira de Sementes. Pelotas, v.27, n.1, p.54-61, 2005. PEREZ, S. C. J. G. A..; MORAES, J.A.P.V. Estresse salino no processo germinativo de algorobeira e atenuação de seus efeitos pelo uso de reguladores de crescimento. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, v.29, n.3, p.389-396, 1994

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TIBA BR IRGA-409

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403

COMPOSIÇÃO EM ÁCIDÓS GRAXOS DO ÓLEO DE ARROZ DURANTE O PROCESSO DE REFINO

Vanessa Ribeiro Pestana(1), Rui Carlos Zambiazi(1), Carla Mendonça(1), Mariângela Bruscatto(1). ¹Universidade Federal de Pelotas, Cx Postal 354, ([email protected])

Palavras-chave: ácidos graxos, óleo de arroz e processo de refino.

O óleo de arroz é obtido através do farelo de arroz. A etapa inicial do processo consiste na extração com solventes orgânicos, sendo o produto resultante o óleo bruto. O refino é o processo subseqüente da extração, nesta, são removidos compostos apolares e semi-polares, de alto peso molecular (ceras) e baixo peso molecular (responsáveis pelo odor), além de compostos que acarretam interferências na cor. Dentro do processo de refino têm-se a seqüência das seguintes etapas: degomagem, responsável pela retirada das gomas (fosfolipídios), por esta formar emulsão com a água e ácido diluído; neutralização, onde os ácidos graxos livres são removidos, pela reação de saponificação destes com álcali; branqueamento, responsável pela remoção de certa quantidade de pigmentos naturais presentes no óleo, com o uso de terras clarificantes. O processo de deceramento (winterização) promove a retirada das ceras (álcoois graxos de cadeia longa que são responsáveis pela turbidez do óleo), através do resfriamento do óleo; desodorização consiste em volatilizar, através de altas temperaturas (240-260°C) sob vácuo, os compostos que interferem no odor do óleo de arroz (ácidos graxos livres, peróxidos, aldeídos e cetonas).

A distribuição dos ácidos graxos no óleo de arroz corresponde a cerca de 18% de ácidos graxos saturados, 45% de ácidos graxos monoinsaturados e 37% de ácidos graxos poliinsaturados. Os principais ácidos graxos saturados são os ácidos palmítico (14-17%) e esteárico (2,0-2,5%), e os principais ácidos graxos insaturados são os ácidos oléico (40-45%), linoléico (35-37%) e linolênico (1-2%) (Zambiazi, 1997). Segundo Kao e Luh (1991 apud Scavariello, 1997) os ácidos graxos oléico, linoléico e palmitíco constituem mais de 90% da porção dos glicerídios. O alto conteúdo de ácido linoléico, um ácido graxo poliinsaturado da família ω-6, torna o óleo do farelo de arroz uma importante fonte deste ácido graxo que é considerado como essencial (Silva et al., 2001).

O processo de refino do óleo de arroz deve promover o mínimo de alterações sobre a composição em ácidos graxos do óleo de arroz. Porém, as altas temperaturas empregadas e o contato com o metal do equipamento, podem levar a alterações na composição deste óleo.

Neste sentido, este trabalho objetivou determinar a composição em ácidos graxos do óleo de arroz durante o processo de refino.

As amostras de óleo bruto, degomado, neutralizado, clarificado, decerado e desodorizado foram cedidas pela Indústria Irgovel, localizada em Pelotas/RS. Após o recebimento, as amostras foram congeladas a -18°C até o momento das análises. As amostras de óleo de arroz foram retiradas da linha de processamento da indústria Irgovel, por um técnico responsável. As amostras de óleo de arroz fora coletadas após a etapas de extração (óleo bruto), de degomagem, de neutralização, de branqueamento, de deceramento e de desodorização.

Utilizou-se como padrão uma mistura contendo ésteres etílicos dos ácidos capróico, caprílico, cáprico, caproléico, láurico, dodecenóico, mirístico, miristoléico, palmítico, palmitoleíco, margárico, heptadecenóico, esteárico, oléico, linoléico, linolênico, araquídico, gadoléico, eicosadienóico, eicosatrienóico, eicosatetraenóico, behênico, erúcico, docosadienóico, docosatrienóico, tetraenóico, lignocérico e nervônico (Sigma). Os ácidos graxos foram analisados em cromatógrafo gasoso-CG (Shimadzu GC-14B), provido

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com detector FID, com coluna capilar 0167932 I.D. (J & W Scientific) de dimensão 30m x 0,252mm, revestida por filme 0,25 µm, com fase líquida DB-225. Os dados adquiridos e processados com auxílio do software Glass-GC10. As amostras foram injetadas manualmente com seringa (PerkinElmer) de capacidade de 10µL. Primeiramente as amostras de óleo foram derivatizadas, segundo técnica descrita por Zambiazi (1997). Injetou-se cerca de 1,5µL de amostra no CG. A condição cromatográfica foi baseada no método descrito por Zambiazi (1997), com pequenas modificações. Utilizou-se um gradiente de temperatura, com a temperatura inicial da coluna de 100°C, mantida por 0,5min; após passou para 150°C com incremento linear de 8°C min-1, mantida por 0,5min; seguindo a 180°C com incremento linear de 1,5°C min-1, mantida por 5min; e finalmente a 220°C com incremento linear de 2°C min-1, mantida por 6min; totalizando 58,25min. O injetor e o detector foram mantidos na temperatura de 250°C. Utilizou-se o nitrogênio como gás de arraste a 1.0mL.m-1.

Os dados da composição em ácidos graxos óleos de arroz bruto, degomado, neutralizado, clarificado, decerado e desodorizado estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Composição de ácidos graxos nos óleos de arroz.

*tr – significa que somente foi detectado traços deste ácido graxo.

Os ácidos oléico, linoléico e palmítico, apresentaram as maiores proporções, variando respectivamente de 33,25 a 37,43%, 30,19 a 33,16% e 17,55 a 19,97%. Segundo o regulamento de identidade e qualidade de óleos vegetais (ANVISA, 1999), o óleo de arroz deve apresentar esses três ácidos graxos como os principais, na proporção de 40-50%, 29-42% e 12-18%, respectivamente.

O total de ácidos graxos insaturados no óleo de arroz, nas diferentes etapas do processo apresentou apenas uma pequena variação, encontrando-se valores entre 71,04 e 74,45%. Os ácidos graxos saturados apresentaram-se na concentração de 25,55 a

Óleo de Arroz Bruto Degoma Neutraliza Clarifica Decera Desodoriza

AG % % % % % % Caprico tr 0,09 0,12 tr tr tr Láurico tr 0,13 0,13 tr tr tr Mirístico 0,25 0,33 0,11 tr 0,07 0,24 Miristoléico 0,04 0,20 0,34 0,23 0,02 0,01 Palmítico 17,55 19,97 18,48 18,26 18,73 19,20 Palmitoléico 0,15 0,15 0,14 0,13 0,13 0,14 Margárico 2,07 1,12 4,30 1,43 0,89 0,86 Heptadecenóico tr tr tr 0,33 tr tr Esteárico 1,47 1,52 1,45 1,53 1,66 1,60 Oléico 33,25 34,37 36,07 35,99 38,19 37,95 Linoléico 30,19 31,93 31,40 30,90 33,16 33,07 Linolênico 4,26 3,11 3,20 4,47 2,91 2,66 Araquídico 0,73 0,48 0,53 0,52 0,64 0,59 Gadoléico 1,21 0,77 0,75 0,47 0,65 0,61 Eicosadienóico 2,02 1,32 1,26 2,52 1,16 1,19 Eicosapentanóico tr 0,32 tr tr tr Tr Behênico 3,17 1,17 0,86 1,82 0,88 0,97 Docosadienóico 0,23 tr tr tr tr tr Docosatrienóico 0,50 0,12 tr tr tr tr Tetraenóico 0,75 0,70 tr tr tr tr Lignocérico 1,23 1,40 0,52 1,11 0,60 0,66 Nervônico 0,95 0,81 0,32 0,30 0,32 0,25

% AG saturados 26,46 28,56 28,96 26,73 25,55 25,96 %AG insaturados 73,54 71,44 71,04 73,27 74,45 74,04

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28,96%. Observa-se que o óleo decerado apresentou menor percentagem de ácidos graxos saturados, o que pode estar associado ao maior ponto de fusão dos ácidos graxos saturados, que provavelmente, possibilitou durante o resfriamento do óleo (etapa do deceramento), a sua remoção parcial juntamente com as ceras, aumentando assim a percentagem dos ácidos graxos insaturados.

A proporção relativa dos ácidos linolênico, gadoléico, docosadienóico, docosatrienóico, tetraenóico e nervônico reduziu durante o processamento do óleo de arroz, e como estes são ácidos graxos insaturados, esse decréscimo pode ser atribuído a ocorrência de reações oxidativas.

As quantidades relativas dos ácidos graxos dos óleos de arroz degomado e desodorizado foram semelhantes aos encontrados por Rodrigues, Onoyama e Meirelles, (2006). A composição em ácidos graxos do óleo de arroz degomado, determinada por estes autores foi: 0-0,30% de mirístico, 18,18-19,91% de palmítico, 1,94-1,84% de esteárico, 40,90-40,01% de oléico, 35,70-36,34% de linoleíco, 1,73-1,90% de linolênico, 0-0,73% de arquídico e 0-0,47% de gadoleíco. Para o óleo de arroz desodorizado foi: de 0,96% de mirístico, 18,17% de palmítico, 0,61% de palmitoleíco, 1,54% de esteárico, 38,50% de oléico, 35,61% de linoleíco, 2,67% de linolênico, 0,78% de araquídico e 0,16% de gadoleíco.

Conclui-se que a composição em ácidos graxos no óleo de arroz bruto não mostra expressivas diferença no óleo de arroz refinado (após passar por todas as etapas de refino), sendo em ambos, os ácidos oléico, linoléico e palmítico os majoritários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ZAMBIAZI, R. The role of endogenous lipid components on vegetable oil stability. Manitoba/canadá, 1997. 304f. Tese ( Doutorado em Fisiologia), Foodas end Nutritional Sciences Interdepartmental Program, University of Manitoba. SCAVARIELLO, Eiete Malfatti Serra. Recuperação de γ-orizanol dda borra de neutralização de óleo de farelo de arroz. Campinas, 73f. 1997. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos), Departamento de Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas. SILVA, M.A.da; SANCHES, C.; AMANTE, E.R. Farelo de arroz composição e propriedades. Óleos & Grãos. p. 34-42, Julho/Agosto 2001. ANVISA. Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de óleos e gorduras vegetais. Anexo 3. Resolução n°482, de 23 de setembro de 1999. Capturado em 23 de abril de 2007. On line. Disponível na internet: <http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/482_99.htm>. RODRIGUES, C. E. C.; ONOYAMA M. M.; MEIRELLES, A.J.A. Optimization of the rice bran oil deacidification process by liquid-liquid extraction. Journal of Food Engineering. v.73, n. 4, p. 370-378, 2006. Agradecimentos: ao CNPQ pelo financiamento e a IRGOVEL pela doação das amostras.

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COMPOSIÇÃO EM ÁCIDÓS GRAXOS DO ÓLEO DE ARROZ DURANTE O PROCESSO DE REFINO

Vanessa Ribeiro Pestana(1), Rui Carlos Zambiazi(1), Carla Mendonça(1), Mariângela Bruscatto(1). ¹Universidade Federal de Pelotas, Cx Postal 354, [email protected]. Palavras-chave: ácidos graxos, óleo de arroz e processo de refino.

O óleo de arroz é obtido através do farelo de arroz. A etapa inicial do processo consiste na extração com solventes orgânicos, sendo o produto resultante o óleo bruto. O refino é o processo subseqüente da extração, nesta, são removidos compostos apolares e semi-polares, de alto peso molecular (ceras) e baixo peso molecular (responsáveis pelo odor), além de compostos que acarretam interferências na cor. Dentro do processo de refino têm-se a seqüência das seguintes etapas: degomagem, responsável pela retirada das gomas (fosfolipídios), por esta formar emulsão com a água e ácido diluído; neutralização, onde os ácidos graxos livres são removidos, pela reação de saponificação destes com álcali; branqueamento, responsável pela remoção de certa quantidade de pigmentos naturais presentes no óleo, com o uso de terras clarificantes. O processo de deceramento (winterização) promove a retirada das ceras (álcoois graxos de cadeia longa que são responsáveis pela turbidez do óleo), através do resfriamento do óleo; desodorização consiste em volatilizar, através de altas temperaturas (240-260°C) sob vácuo, os compostos que interferem no odor do óleo de arroz (ácidos graxos livres, peróxidos, aldeídos e cetonas).

A distribuição dos ácidos graxos no óleo de arroz corresponde a cerca de 18% de ácidos graxos saturados, 45% de ácidos graxos monoinsaturados e 37% de ácidos graxos poliinsaturados. Os principais ácidos graxos saturados são os ácidos palmítico (14-17%) e esteárico (2,0-2,5%), e os principais ácidos graxos insaturados são os ácidos oléico (40-45%), linoléico (35-37%) e linolênico (1-2%) (Zambiazi, 1997). Segundo Kao e Luh (1991 apud Scavariello, 1997) os ácidos graxos oléico, linoléico e palmitíco constituem mais de 90% da porção dos glicerídios. O alto conteúdo de ácido linoléico, um ácido graxo poliinsaturado da família ω-6, torna o óleo do farelo de arroz uma importante fonte deste ácido graxo que é considerado como essencial (Silva et al., 2001).

O processo de refino do óleo de arroz deve promover o mínimo de alterações sobre a composição em ácidos graxos do óleo de arroz. Porém, as altas temperaturas empregadas e o contato com o metal do equipamento, podem levar a alterações na composição deste óleo.

Neste sentido, este trabalho objetivou determinar a composição em ácidos graxos do óleo de arroz durante o processo de refino.

As amostras de óleo bruto, degomado, neutralizado, clarificado, decerado e desodorizado foram cedidas pela Indústria Irgovel, localizada em Pelotas/RS. Após o recebimento, as amostras foram congeladas a -18°C até o momento das análises. As amostras de óleo de arroz foram retiradas da linha de processamento da indústria Irgovel, por um técnico responsável. As amostras de óleo de arroz fora coletadas após a etapas de extração (óleo bruto), de degomagem, de neutralização, de branqueamento, de deceramento e de desodorização.

Utilizou-se como padrão uma mistura contendo ésteres etílicos dos ácidos capróico, caprílico, cáprico, caproléico, láurico, dodecenóico, mirístico, miristoléico, palmítico, palmitoleíco, margárico, heptadecenóico, esteárico, oléico, linoléico, linolênico, araquídico, gadoléico, eicosadienóico, eicosatrienóico, eicosatetraenóico, behênico, erúcico, docosadienóico, docosatrienóico, tetraenóico, lignocérico e nervônico (Sigma). Os ácidos graxos foram analisados em cromatógrafo gasoso-CG (Shimadzu GC-14B), provido com detector FID, com coluna capilar 0167932 I.D. (J & W Scientific) de dimensão 30m x 0,252mm, revestida por filme 0,25 µm, com fase líquida DB-225. Os dados adquiridos e

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processados com auxílio do software Glass-GC10. As amostras foram injetadas manualmente com seringa (PerkinElmer) de capacidade de 10µL. Primeiramente as amostras de óleo foram derivatizadas, segundo técnica descrita por Zambiazi (1997). Injetou-se cerca de 1,5µL de amostra no CG. A condição cromatográfica foi baseada no método descrito por Zambiazi (1997), com pequenas modificações. Utilizou-se um gradiente de temperatura, com a temperatura inicial da coluna de 100°C, mantida por 0,5min; após passou para 150°C com incremento linear de 8°C min-1, mantida por 0,5min; seguindo a 180°C com incremento linear de 1,5°C min-1, mantida por 5min; e finalmente a 220°C com incremento linear de 2°C min-1, mantida por 6min; totalizando 58,25min. O injetor e o detector foram mantidos na temperatura de 250°C. Utilizou-se o nitrogênio como gás de arraste a 1.0mL.m-1.

Os dados da composição em ácidos graxos óleos de arroz bruto, degomado, neutralizado, clarificado, decerado e desodorizado estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Composição de ácidos graxos nos óleos de arroz.

*tr – significa que somente foi detectado traços deste ácido graxo.

Os ácidos oléico, linoléico e palmítico, apresentaram as maiores proporções, variando respectivamente de 33,25 a 37,43%, 30,19 a 33,16% e 17,55 a 19,97%. Segundo o regulamento de identidade e qualidade de óleos vegetais (ANVISA, 1999), o óleo de arroz deve apresentar esses três ácidos graxos como os principais, na proporção de 40-50%, 29-42% e 12-18%, respectivamente.

O total de ácidos graxos insaturados no óleo de arroz, nas diferentes etapas do processo apresentou apenas uma pequena variação, encontrando-se valores entre 71,04 e 74,45%. Os ácidos graxos saturados apresentaram-se na concentração de 25,55 a 28,96%. Observa-se que o óleo decerado apresentou menor percentagem de ácidos graxos saturados, o que pode estar associado ao maior ponto de fusão dos ácidos graxos

Óleo de Arroz Bruto Degomado Neutralizado Clarificado Decerado Desodorizado

AG % % % % % % Caprico C10:0 tr 0,09 0,12 tr tr tr Láurico C12:0 tr 0,13 0,13 tr tr tr Mirístico C14:0 0,25 0,33 0,11 tr 0,07 0,24 Miristoléico C14:1 0,04 0,20 0,34 0,23 0,02 0,01 Palmítico C16:0 17,55 19,97 18,48 18,26 18,73 19,20 Palmitoléico C16:1 0,15 0,15 0,14 0,13 0,13 0,14 Margárico C17:0 2,07 1,12 4,30 1,43 0,89 0,86 Heptadecenóico C17:1 tr tr tr 0,33 tr tr Esteárico C18:0 1,47 1,52 1,45 1,53 1,66 1,60 Oléico C18:1 33,25 34,37 36,07 35,99 38,19 37,95 Linoléico C18:2 30,19 31,93 31,40 30,90 33,16 33,07 Linolênico C18:3 4,26 3,11 3,20 4,47 2,91 2,66 Araquídico C20:0 0,73 0,48 0,53 0,52 0,64 0,59 Gadoléico C20:1 1,21 0,77 0,75 0,47 0,65 0,61 Eicosadienóico C20:2 2,02 1,32 1,26 2,52 1,16 1,19 Eicosapentanóico C20.5 tr 0,32 tr tr tr Tr Behênico C22:0 3,17 1,17 0,86 1,82 0,88 0,97 Docosadienóico C22:2 0,23 tr tr tr tr tr Docosatrienóico C22:3 0,50 0,12 tr tr tr tr Tetraenóico C22:4 0,75 0,70 tr tr tr tr Lignocérico C24:0 1,23 1,40 0,52 1,11 0,60 0,66 Nervônico C24:1 0,95 0,81 0,32 0,30 0,32 0,25

% AG saturados 26,46 28,56 28,96 26,73 25,55 25,96 %AG insaturados 73,54 71,44 71,04 73,27 74,45 74,04

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saturados, que provavelmente, possibilitou durante o resfriamento do óleo (etapa do deceramento), a sua remoção parcial juntamente com as ceras, aumentando assim a percentagem dos ácidos graxos insaturados.

A proporção relativa dos ácidos linolênico, gadoléico, docosadienóico, docosatrienóico, tetraenóico e nervônico reduziu durante o processamento do óleo de arroz, e como estes são ácidos graxos insaturados, esse decréscimo pode ser atribuído a ocorrência de reações oxidativas.

As quantidades relativas dos ácidos graxos dos óleos de arroz degomado e desodorizado foram semelhantes aos encontrados por Rodrigues, Onoyama e Meirelles, (2006). A composição em ácidos graxos do óleo de arroz degomado, determinada por estes autores foi: 0-0,30% de mirístico, 18,18-19,91% de palmítico, 1,94-1,84% de esteárico, 40,90-40,01% de oléico, 35,70-36,34% de linoleíco, 1,73-1,90% de linolênico, 0-0,73% de arquídico e 0-0,47% de gadoleíco. Para o óleo de arroz desodorizado foi: de 0,96% de mirístico, 18,17% de palmítico, 0,61% de palmitoleíco, 1,54% de esteárico, 38,50% de oléico, 35,61% de linoleíco, 2,67% de linolênico, 0,78% de araquídico e 0,16% de gadoleíco.

Conclui-se que a composição em ácidos graxos no óleo de arroz bruto não mostra expressivas diferença no óleo de arroz refinado (após passar por todas as etapas de refino), sendo em ambos, os ácidos oléico, linoléico e palmítico os majoritários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ZAMBIAZI, R. The role of endogenous lipid components on vegetable oil stability. Manitoba/canadá, 1997. 304f. Tese ( Doutorado em Fisiologia), Foodas end Nutritional Sciences Interdepartmental Program, University of Manitoba. SCAVARIELLO, Eiete Malfatti Serra. Recuperação de γ-orizanol dda borra de neutralização de óleo de farelo de arroz. Campinas, 73f. 1997. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos), Departamento de Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas. SILVA, M.A.da; SANCHES, C.; AMANTE, E.R. Farelo de arroz composição e propriedades. Óleos & Grãos. p. 34-42, Julho/Agosto 2001. ANVISA. Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de óleos e gorduras vegetais. Anexo 3. Resolução n°482, de 23 de setembro de 1999. Capturado em 23 de abril de 2007. On line. Disponível na internet: <http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/482_99.htm>. RODRIGUES, C. E. C.; ONOYAMA M. M.; MEIRELLES, A.J.A. Optimization of the rice bran oil deacidification process by liquid-liquid extraction. Journal of Food Engineering. v.73, n. 4, p. 370-378, 2006. Agradecimentos: ao CNPQ pelo financiamento e a IRGOVEL pela doação das amostras.

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CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO DE ARROZ DURANTE O PROCESSO DE REFINO

Vanessa Ribeiro Pestana(1), Rui Carlos Zambiazi(1), Carla Mendonça(1), Mariângela Bruscatto(1). ¹Universidade Federal de Pelotas, Cx Postal 354, [email protected]. Palavras-chave: óleo de arroz, processo de refino e alterações físico-químicas.

O subproduto resultante do beneficiamento do arroz, o farelo de arroz, é utilizado para extração do óleo de arroz, devido a sua constituição de cerca de 16 a 22% em lipídeos. A extração do óleo de arroz é complexa, principalmente pela dificuldade do refino deste óleo, devido a elevada acidez. A enzima responsável pela degradação de lipídeos no farelo de arroz e conseqüente elevação da acidez do óleo de arroz extraído é a lipase, que começa a atuar desde o momento da obtenção do farelo de arroz (Lakkakula, Lima, Walker, 2004).

Inicialmente o óleo contido no farelo de arroz é extraído com solventes orgânicos, sendo obtido o óleo bruto, esse óleo é encaminhado para o processo de refino, onde são removidos compostos apolares e semi-polares, de alto peso molecular (ceras), de baixo peso molecular (responsáveis pelo odor), além de compostos que acarretam interferências na cor. Esse processo é realizado em várias etapas: degomagem, neutralização, clarificação, deceramento e desodorização. O objetivo do refino do óleo de arroz bruto é remover materiais inaceitáveis, que afetam as características sensoriais do óleo, com o mínimo de perdas e efeitos sobre compostos desejáveis. Porém, as altas temperaturas empregadas e o contato com o metal do equipamento, podem levar a alterações na composição do óleo com perda de compostos de interesse.

Neste sentido, este trabalho objetivou determinar as alterações físico-quimicas no óleo de arroz durante o processo de refino.

As amostras de óleo bruto, degomado, neutralizado, clarificado, decerado e desodorizado foram cedidas pela Indústria Irgovel, localizada em Pelotas/RS. Após o recebimento, as amostras foram congeladas a -18°C até o momento das análises. As amostras de óleo de arroz foram retiradas da linha de processamento da indústria Irgovel, por um técnico responsável, após a etapa de extração do óleo bruto, de degomagem, de neutralização, de branqueamento, de deceramento e de desodorização. As coletas dos farelos e óleos foram feitas de três lotes do processamento, e para cada lote foram realizadas análises em duplicata.

Determinou-se: teor de umidade (%), seguindo a metodologia descrita pelo Instituto Adolfo Lutz (1985); pH, realizado análise diretamente do óleo a temperatura ambiente, com auxilio de um potenciômetro; índice de acidez (% de ácido oleíco) e índice de peróxido (meq-gO2.Kg-1), segundo metodologia descrita pela AOCS (1992); matéria-insaponificável (%), segundo metodologia descrita por Zambiazi (1997) com pequenas modificações, onde utilizou-se KOH alcólico 1,5N, ficando por 18h na ausência de luz, após transferiu-se para funil de decantação, adicionou-se 40mL de água e 40mL de éter de petróleo, e deixou-se em repouso até separação das fases, a fase inferior foi transferida (fase aquosa) para outro funil de decantação e novamente adicionou-se água e éter de petróleo em ambos funis de decantação, a fase inferior de ambos os funis foram descartadas e as fases etéreas foram coletadas em erlenmeyer previamente tarado, seguindo-se a evaporação do solvente em banho-maria a 60°C, pesando-se o resíduo final.

Para a análise estatística dos resultados foi realizada a análise de variância (ANOVA), e comparação de médias pelo teste de Tukey, ambos ao nível de 5% de probabilidade, através do programa Statistica 6.0.

Os dados da caracterização físico-química dos óleos de arroz bruto, degomado, neutralizado, clarificado, decerado e desodorizado estão apresentados na Tabela 1.

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Tabela 1. Características físico-químicas dos óleos de arroz. Óleo de arroz Umidade

(%) pH Acidez

(% ácido oléico)

Indice de Peróxido

(meq-g.kg-1)

Matéria-Insaponificável

(%) Bruto 1,01 a 5,79 a 8,14 a 8,54 a 2,28 a Degomado 0,64 ab 5,56 a 6,55 b 5,71 b 1,88 a Neutralizado 0,34 b 8,12 b 0,08 c 5,79 b 1,92 a Clarificado 0,04 c 6,38 a 0,17 c 3,80 b 2,04 a Decerado 0,04 c 6,29 a 0,21 c 5,91 b 1,98 a Desodorizado 0,08 c 6,09 a 0,11 c 0,28 c 2,01 a

Valores seguidos por letras iguais na mesma coluna não diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Tukey (p<0,05).

Durante o processo de refino observa-se uma redução significativa no teor de

umidade do óleo, que se mantém praticamente constante após o processo de clarificação. Scavariello (1997) relata um teor de umidade de 0,74% no óleo de arroz bruto e de 0,97% no óleo degomado. Yokochi (1974) apub Scavariello (1997), relata valores de 1,5% de umidade no óleo de arroz bruto.

O valor do pH no óleo neutralizado foi o mais elevado, e o único que diferiu significativamente dos demais; devido a adição de álcali nesta etapa do refino químico, o pH tende a tornar-se mais básico. Salienta-se que a coleta desta amostra ocorre após a retirada da borra por centrifugação, porém, antes da etapa de lavagem com água, a qual tem por objetivo eliminar completamente os resíduos da soda caústica.

Observa-se que o teor de acidez em ácido oléico foi maior no óleo de arroz bruto e no degomado, diferindo significativamente dos demais. Estes valores são atribuídos à condição inicial da matéria-prima, salientando-se que na etapa de extração do óleo, os ácidos graxos livres são solubilizados pelo solvente, e ficam em maior proporção no óleo. O processo de neutralização promove a remoção dos ácidos graxos livres pela adição de álcali (solução de hidróxido de sódio), que pelo contato com os ácidos graxos livres forma uma pasta (borra) contendo o sabão (sais oriundos do processo de neutralização), que é removida por centrifugação. Um pequeno aumento na acidez foi observado no óleo clarificado, o que pode ser atribuído a etapa de lavagem (após a centrifugação), considerando que o emprego de água para retirada completa dos resíduos de soda, pode contribuir para formação de ácidos graxos livres. Durante o deceramento ocorreu um pequeno aumento no teor de acidez, possivelmente associado ao aumento proporcional da acidez no total da massa de óleo, devido a retirada da cera. Na etapa de desodorização, a acidez apresentou um decréscimo, o que está relacionado com a volatização dos ácidos graxos livres, que é um dos objetivos desta etapa.

Ao final da etapa de refino observou-se uma redução de aproximadamente 98,7% dos ácidos graxos livres presentes inicialmente no óleo bruto. Scavariello (1997) relata 17,7% de acidez para o óleo bruto (o que equivale a 8,9% de acidez em ácido oléico); 18,06% para óleo degomado (o que equivale a 9,1% de acidez em acido oléico) e 0,3% para o óleo neutro (o que equivale a aproximadamente 0,01% de acidez em ácido oléico). Rodrigues, Pêssoa Filho e Meirelles (2004), também citam que o processo de refino reduziu em 99,2% os ácidos graxos livres no óleo, passando de 9,34 % de acidez (em ácido oléico) no óleo de arroz bruto, para 0,07% no óleo de arroz refinado.

A acidez máxima (em ácido oléico) permitida pela ANVISA (1999), para o óleo de arroz bruto, semi-refinado (extraído, degomado e neutralizado) e refinado é, respectivamente, 15%, 0,8% e 0,3%; portanto, todos os óleos analisados neste estudo enquadram-se nos padrões estabelecidos pela legislação brasileira.

O óleo bruto apresentou um valor do índice de peróxido significativamente superior aos demais, resultado da condição inicial da matéria-prima (farelo de arroz); o que pode estar associado a atuação das enzimas lipoxigenases. Pupa (2004) descreve que na forma

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intacta do grão, os lipídios ficam separados na estrutura celular; porém, com a etapa de descasque e polimento, as enzimas e o oxigênio atmosférico entram em contato com os lipídeos, induzindo a oxidação e originando peróxidos, produtos iniciais do processo oxidativo.

Os óleos de arroz degomado, neutro, clarificado e decerado não apresentaram diferença significativa em relação ao índice de peróxido, o que provavelmente está relacionado a ineficiência destas etapas na remoção dos peróxidos, visto não ser o objetivo das mesmas. O óleo desodorizado apresentou o menor índice de peróxidos, ou seja, a etapa de desodorização através da utilização de alta temperatura e baixa pressão sob vácuo, volatiliza os resíduos oriundos da oxidação, dentre estes os peróxidos, satisfazendo o objetivo desta etapa. Os óleos analisados apresentaram índices de peróxidos dentro do estipulado pela legislação brasileira (ANVISA, 1999), onde o máximo permitido é de 10 meq-g kg-1.

Os óleos das diferentes etapas de refino não apresentaram diferença significativa no conteúdo de matéria-insaponificável. Observou-se que durante o processo de refino do óleo de arroz o conteúdo de matéria-insaponificável reduziu em aproximadamente 11,8%, passando de 2,28% no óleo bruto para 2,01% no óleo refinado. Os resultados encontrados estão dentro do estabelecido pela legislação brasileira, de no máximo 5% (ANVISA, 1999). Scavariello (1997) encontrou para óleo de arroz bruto 5,2% de matéria insaponificável e 4,3% para o óleo neutro.

Conclui-se que o processo de refino do óleo de arroz promoveu a redução em 99% do teor de acidez e 97% no conteúdo de peróxidos. Observou-se que durante o refino os óleos apresentaram-se dentro dos parâmetros de identidade e qualidade (acidez, índice de peróxido e matéria-insaponificável) estabelecido pela legislação vigente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: LAKKAKULA, N. R.; LIMA, M.H; WALKER, T. Rice bran stabilization and rice bran oil extraction using ohmic heating. Bioresource Technology, v.92, p.157–161, 2004. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Istituto Adolfo Lutz: Método químico e físicos para análise de alimentos. v.1. São Paulo: O Instituto, p. 245-263, 1985. AOCS. American Oil Chemists’ Society. Official and tentative methods of the American Oils Chemists’ Society, Champaign, IL., 1992. ZAMBIAZI, R. The role of endogenous lipid components on vegetable oil stability. Manitoba/canadá, 1997. 304f. Tese (Doutorado em Fisiologia), Food and Nutritional Sciences Interdepartmental Program, University of Manitoba. SCAVARIELLO, Eiete Malfatti Serra. Recuperação de γ-orizanol dda borra de neutralização de óleo de farelo de arroz. Campinas, 73f. 1997. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos), Departamento de Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas. RODRIGUES, C.E.C.; PESSÔA FILHO P. A.; MEIRELLES, A. J.A. Phase equilibrium for the system rice bran oil + fatty acids + ethanol + water + γ-oryzanol + tocols. Fluid Phase Equilibria, v.216, p.271–283, 2004. ANVISA. Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de óleos e gorduras vegetais. Anexo 3. Resolução n°482, de 23 de setembro de 1999. Capturado em 23 de abril de 2007. On line. Disponível na internet: <http://www.anvisa.gov.br>. PUPA, J. M. R. Óleos e gorduras na alimentação de aves e suínos. Revista Eletrônica Nutritime, v.1, n.1, p.69-73, julho/agosto de 2004. Disponível em: <www.nutritime.com.br>. Agradecimentos: ao CNPQ pelo financiamento e a IRGOVEL pela doação das amostras.

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TEORES DE COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS E ÁCIDOS FENÓLICOS EM GENÓTIPOS PIGMENTADOS E NÃO PIGMENTADOS DE ARROZ (ORYZA

SATIVA, L.)

Nádia Valéria Mussi de Mira1, Rosa Maria Cerdeira Barros1, Moacir Antonio Schiocchet2, José Alberto Noldin2, Ursula Maria Lanfer-Marquez1

1Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Depto. de Alimentos e Nutrição Experimental, Av. Prof. Lineu Prestes, 580, São Paulo, SP, 05508-900; [email protected], 2EPAGRI/Estação Experimental de Itajaí. C.P. 277, 88301-970, Itajaí, SC Palavras-chave: arroz integral, compostos fenólicos, ácidos fenólicos, ácido ferúlico

O arroz integral distingue-se do arroz polido pela presença de diversos compostos bioativos presentes nas camadas externas do grão, que constituem o farelo. Dentre eles, os compostos fenólicos vêm recebendo atenção devido à sua elevada capacidade antioxidante contra radicais livres e espécies reativas do oxigênio (Yamadio, Tanimori and Morita, 2007; Nam et al., 2006).

Genótipos de arroz não pigmentados possuem uma gama de substâncias fenólicas características, como os ácidos fenólicos, em especial os ácidos ferúlico, cumárico, e seus glicosídeos, presentes em outras frutas e vegetais, em reduzidas quantidades. O ácido ferúlico pode ser encontrado na forma solúvel (livre ou conjugada) ou insolúvel (Tian e cols, 2005). Estas substâncias vêm sendo apontadas na literatura por exercerem efeitos promotores da saúde (Kim et al., 2006, Tian, Nakamura and Kayahara, 2004).

Já os genótipos com pericarpo pigmentado, como é o caso do arroz-vermelho, podem conter ainda na camada de aleurona, procianidinas e antocianinas, que pertencem à classe dos flavonóides, cuja atividade antioxidante e atividade inibidora de certas enzimas, como a xantina oxidase e da aldose redutase são bem conhecidas (Yamadio, Tanimori and Morita, 2007).

Dados analíticos referentes ao perfil de ácidos fenólicos no arroz são escassos na literatura, parcialmente justificados pelo fato dos mesmos estarem presentes na forma livre, conjugada ou ligada a polissacarídeos da parede celular, o que dificulta a sua quantificação. Os ácidos fenólicos solúveis podem ser recuperados por solubilização em etanol e os compostos fenólicos conjugados ou ligados à parede celular são recuperados apenas por intermédio de hidrólise enzimática ou alcalina, seguido de extração com acetato de etila (Zhou et al., 2004; Tian et al., 2005).

A proposta deste trabalho foi quantificar os compostos fenólicos totais, bem como identificar e quantificar os principais ácidos fenólicos presentes em diferentes genótipos de arroz com pericarpo avermelhado ou preto (pigmentado) ou não pigmentado. Faz parte do escopo do trabalho, quantificar os ácidos fenólicos, livres e conjugados (solúveis) e ligados (insolúveis) visando uma comparação entre os dois grupos de genótipos de arroz.

Foram avaliados os grãos de arroz integral de dez genótipos, sendo cinco cultivares comerciais ou linhagens (não pigmentados) e cinco genótipos pigmentados (pericarpo vermelho ou preto). O material foi fornecido pelo projeto arroz da Epagri, Estação Experimental de Itajaí. As amostras de arroz integral foram moídas e tamisadas em peneira com abertura de 20 mesh, obtendo-se as farinhas, cujos teores de umidade foram determinados em estufa a 105ºC até peso constante, permitindo assim, expressar os demais resultados analíticos em base seca. Os compostos fenólicos totais foram quantificados na fração solúvel e na fração insolúvel, após hidrólise alcalina pelo método espectrofotométrico de Folin-Ciocalteau reportado por Singleton et al., (1999), com adaptações.

Os extratos contendo os ácidos fenólicos livres (AFL), conjugados (AFC) e insolúveis (AFI) foram obtidos em triplicata conforme procedimentos descritos por Zhou (2005), com algumas modificações. A análise foi realizada por HPLC em fase reversa,

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empregando coluna C18 à temperatura de 38ºC, fase móvel constituída de acetonitrila (solvente A) e água acidificada (solvente B) formando gradiente, fluxo de 0,8 mL/min e detector UV-Vis operando em 280nm e 325 nm., de acordo com a metodologia reportada por Tian et al., (2005). A identificação dos picos foi feita por comparação dos tempos de retenção e dos espectros de absorção com padrões de ácidos fenólicos. Foram construídas curvas padrão com sete pontos para os ácidos ferúlico e p-cumárico na faixa de concentração de 4,8 µg/mL a 55 µg/mL.

As cinco populações de arroz-vermelho ou arroz-preto (pigmentados) apresentaram teores de compostos fenólicos totais significativamente maiores do que as cultivares/linhagens não pigmentadas. Os valores foram expressos em equivalentes de ácido ferúlico (AF): 4293 µg eq. AF/g arroz, com uma variação entre 3428 e 5155 µg eq. AF/g arroz, enquanto os genótipos não pigmentados apresentaram em média 980 µg eq. AF/g arroz (Figura 1).

Os teores de ácidos fenólicos foram similares em todas as amostras estudadas, exceto no arroz-preto, representados predominantemente pelos ácidos ferúlico e p-cumárico. Ainda foram detectados em quantidades muito reduzidas os ácidos gálico, protocatecóico e sinápico, conferindo um perfil diferenciado para cada amostra analisada. Os ácidos férulico e p-cumárico contribuíram em média com 222,8 e 49,0 µg/g arroz, correspondendo a 79,5% e 20,5%, respectivamente, do total de ácidos fenólicos presentes.

O arroz-preto diferenciou-se das demais amostras por apresentar o teor mais elevado de ácidos fenólicos (744 µg/g arroz) com predominância do ácido protocatecóico (371,6 µg/g arroz), seguido dos ácidos ferúlico, vanílico e p-cumárico.

Com relação à distribuição nas frações, a fração insolúvel contém a maior quantidade de ácido ferúlico, correspondendo a 73,9% do total presente nas amostras. Estes valores são similares ao perfil reportado por Adom & Liu, (2002), no qual o ácido ferúlico, está presente na proporção de 0,1:1:100, nas frações livre, conjugada e insolúvel, respectivamente (Tabela 1).

859,9

845,2

826,2

1021,9

1348,9

3453,7

3428,4

4366,2

5061,9

5155,8

316,5

299,6

282,8

210,1

300

268,3

243,6

206,5

308,8

744

SCS 115 CL

SC339

BRSSCS TIOTAKA

SCS112

EPAGRI 109

ARROZ-VERMELHO

ITJ 31

ITJ 80

ITJ 75

ARROZ PRETO

ácidos fenólicos totais (ug/g arroz b.s.)

compostos fenólicos totais (ug eq AF/g arroz b.s.)

genótipos pigmentados

genótipos não pigmentados

Figura 1 - Teores de ácidos fenólicos totais e compostos fenólicos totais de genótipos pigmentados e não pigmentados de arroz integral

Page 49: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Tabela 1 – Teores de ácido ferúlico e ácido p-cumárico nas frações solúvel e insolúvel de arroz integral

Genótipos Ácido ferúlico

(µg/g amostra b.s.)

AFL AFC AFI

Ácido p-cumárico (µg/g amostra b.s.)

AFL AFC AFI

SCS 115 CL 4,2±0,40 48,1± 6,61 199,9±8,74 1,9±0,32 11,7±3,30 50,7±3,82

SC 339 3,6±0,95 34,5±5,23 188,6±12,5 1,6±0,37 6,5±0,31 65,5±6,30 SCSBRS TIOTAKA 4,2±0,47 38,2±7,99 183,9±23,2 1,6±0,14 5,9±1,20 49,0±9,34

EPAGRI 109 12,7±2,2 32,5±7,66 178,7±27,5 2,4±0,61 12,1±3,57 48,6±8,13

SCS 112 n.d. 22,1± 7,51 131,8±17,1 n.d. 7,4 ± 1,9 48,8±8,66 ARROZ-VERMELHO n.d. 67,3±12,76 166,1±8,49 n.d. 9,0±3,02 25,9±1,52

ITJ 31 n.d. 71,8±5,92 121,1±38,0 n.d. 24,4±2,48 26,3±8,00

ITJ 80 n.d. 45,7±11,02 128,6±2,51 n.d. 10,6±2,58 21,6±0,64

ITJ 75 n.d. 92,2±14,46 148,6±10,2 n.d. 35,5±7,43 32,5±2,99

ARROZ-PRETO n.d. 102,5±24,4 188,3±50,5 n.d. 17,2±4,78 33,2±22,3 n.d.- não detectado, AFL (ácidos fenólicos livres, solúveis), AFC (ácidos fenólicos conjugados, solúveis), AFI (ácidos fenólicos ligados, insolúveis)

Os resultados deste trabalho mostram que os genótipos de arroz com pericarpo

pigmentado são similares entre si em relação ao conteúdo de ácidos fenólicos, mas se diferenciam pelo seu alto conteúdo em compostos fenólicos totais, representados por procianidinas e antocianinas. Já o genótipo de arroz-preto, além do alto teor de compostos fenólicos totais, apresentou valores de ácidos fenólicos, três vezes superior aos dos demais genótipos, tendo o ácido protocatecóico como o ácido fenólico predominante.

A fração insolúvel que contém os ácidos fenólicos (ligados) representa uma parte importante da totalidade dos ácidos fenólicos, sendo o ácido ferúlico o maior representante em todos os genótipos estudados, exceto no arroz-preto, onde predomina o ácido protocatecóico, como já mencionado anteriormente. Investigações sobre a atividade antioxidante, cinética de ação e absorção do ácido ferúlico ligado se fazem necessárias, a fim de contribuir com a elucidação dos possíveis efeitos biológicos no organismo humano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Adom, K.K. & Liu, R. Antioxidant activity of grains. J. of Agric. and Food Chem., v.50, p.6182-87, 2002 Kim, K-H., Tsao, R., Yang, R. and Cui, S.W. Phenolic acid profiles and antioxidant activities of wheat bran extracts and effect of hydrolysis conditions. Food Chem., v. 95, p.466-73, 2006. Nam, S.H., Choi, S.P., Kang, M.Y., Koh, H.J., Kozukue, N. and Friedman, M. Antioxidative activities of bran extracts from twenty one pigmented rice cultivars. Food Chem., v.94, p.613-20, 2006. Singleton, V.L. et al., Analysis of total phenols and other oxidation substrates and antioxidants by means of Foli-Ciocalteu reagent. Methods Enzymol. v.299, p.152-78, 1999. Tian S., Nakamura, K. and Kayahara H., Análisis of phenolic compounds in white rice, brown rice, and germinated brown rice. J. of Agric. and Food Chem., v.52, p. 4808-13, 2004. Tian, S., Nakamura, K., Cui, T. and Kayahara, H. High-performance liquid chromatographic determination of phenolic compounds in rice. J. of Chromatography A, v.1063, p.121-28, 2005.

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Yamadio,R., Tanimori, S. and Morita, N. Identification of phenolic compounds isolated from pigmented rices and their aldose reductase inhibitory activities. Food Chem., v.101, p.1616-25, 2007. Zhou, K. Phytochemical profiles and antioxidant properties of wheat. Faculty of the graduate School of the University of Maryland, Degree of Doctor of Phylosophy, 2005, 152p. Zhou, Z et al., The distribution of phenolic acids in rice. Food Chem., v.87, p. 401-6, 2004.

Agradecimentos: Ao CNPq pela bolsa PDJ 154413/2006-2 e Aux. Financ. Ed. Universal 472473/2006-9.

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ESTUDO DE CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE PRODUTOS DE ARROZ PROVENIENTES DE CAMPOS EXPERIMENTAIS E DO COMÉRCIO

DA REGIÃO SUL DO RS.

Débora Craveiro Vieira(1)

; Vânia da Silva Bierhals(1)

; Vanessa Goulart Machado(1)

; Giniani Carla Dors

(1); Carlos Alberto Fagundes

(2); Eliana Badiale Furlong

(1)

(1)Fundação Universidade Federal do Rio Grande. Caixa Postal 474. CEP 96201-900

[email protected]

Segundo dados da FAO (2005), a produção de arroz no Brasil aumentou de 7.781.500 toneladas em 1975 para 13.356.300 em 2005,. No entanto, inversamente ao aumento da produção, o consumo per capita recuou de 57,5 kg de arroz (base casca) para 52,5 kg nesse mesmo período. Para reverter esse quadro, é necessário um contínuo investimento em tecnologias, estimulando ao consumo de arroz (IRGA, 2006). Em vista do constante crescimento de mercado e da exigência de consumidores cada vez mais preocupados, as indústrias beneficiadoras e segmentos passam a aplicar técnicas criativas para dar um novo perfil ao arroz “tradicional”. Como é o caso da elaboração de produtos tais como o arroz colorido e saborizado, visando disponibilizar nutrientes funcionais. No entanto, são poucos os informes sobre o efeito destes processos na qualidade tecnológica e funcional dos derivados de arroz. Em vista do exposto, o objetivo deste trabalho foi comparar a qualidade tecnológica de arroz produzido em campo experimental e de produtos comerciais convencionais, coloridos e saborizados, indicados pela caracterização físico-química.

Para a realização do levantamento foram coletadas amostras da variedade BR-IRGA 410, provenientes dos campos experimentais de cultivo do IRGA em Cachoeirinha, RS, produzidas na safra 2005/2006 e grãos provenientes do comércio da cidade de Rio Grande, RS. Os lotes foram compostos por 1% das embalagens de 1Kg de diversas marcas tradicionais e de produtos elaborados. Foram misturados conforme suas marcas, constituindo a amostra laboratorial, a qual foi triturada em moinho de facas e separadas através de peneiramento (32 mesh). Os teores de umidade, cinzas, gordura e proteína foram determinados pelos procedimentos AOAC (2000). A determinação de fibras foi realizada pelo método INTERLAB VI (CIENTEC, 1991) que esta baseada na determinação do resíduo orgânico insolúvel da amostra, após uma digestão ácida e outra alcalina. Os carboidratos totais foram calculados pela diferença de 100% ao somatório dos teores de proteínas (fator de conversão 5,7), lipídios, cinzas e fibras, em base úmida. A amilose foi determinada utilizando o procedimento descrito por Sowbhagya e Bhattacharya (1979). A quantificação empregou uma curva padrão de amilose que variou entre 2 a 25 µg.mL

-1 (y = 0,0222x + 0,0306; R = 0,99).

Os dados obtidos na avaliação das variáveis abióticas (características físico-químicas) foram analisados utilizando o Programa Statistica 6.0 (STATSOFT, 1998), através da análise de variância (ANOVA) e do teste de Tukey, a 95% de confiança, sendo consideradas as triplicatas de todas as determinações. A Tabela 1 apresenta a 14 marcas, onde cinco destas (A a E) representam o arroz saborizado, na qual ocupam novos nichos de mercado. As amostras de F a N representam o comércio local, amostras tradicionais de arroz branco, parboilizado e integral e as amostras de O a R são as produzidas em campos experimentais do Instituto Rio Grandense de Arroz (IRGA), em diferentes amostragens.

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Tabela 1 - Composição centesimal das amostras oriunda da estação experimental do arroz

%

Umidade %

Cinzas %

Fibras %

Proteína %

Gordura %

Carboidratos A 11,9 0,7 0,2 6,9 0,4 79,9 B 11,6 1,2 0,2 6,7 0,5 79,8 C 9,8 1,2 0,2 6,7 0,4 81,7 D 12,3 1,1 0,2 7,2 0,5 78,7 E 10,8 1,7 0,2 6,5 0,5 80,3 F 12,6 0,3 0,1 6,2 0,4 80,5 G 12,4 0,1 0,1 6,5 0,5 80,5 H 12,1 0,2 0,1 6,4 0,3 80,9 I 11,5 0,9 0,3 8,4 0 89,8 J 10,7 0,8 0,3 8,5 0 89,8 K 11,6 0,8 0,3 8,4 0 89,9 L 11,3 0,8 0,2 7,5 1,0 79,2 M 12,4 1,0 0,5 7,8 2,1 76,2 N 12,8 1,4 0,3 7,9 3,1 73,7 O 13,8 0,8 0,4 10,2 0,4 74,4 P 13,9 0,7 0,5 9,4 0,4 75,1 Q 13,7 0,8 0,4 10,0 0,5 74,6 R 13,4 1,4 0,6 9,7 0,3 74,6 S 13,4 1,1 0,5 10,0 0,2 74,8 T 13,7 1,0 0,4 8,2 0,3 76,4

A = arroz com açafrão; B = arroz com Beterraba; C = arroz com cebola; D = arroz com alho; E = arroz com pimenta; F, G, H = arroz branco, I, J, K = arroz parboilizado desengordurado e L, M, N = arroz integral O, P, Q = arroz branco campo e R, S, T = arroz parboilizado campo.

Apesar das diferenças observadas nos teores de umidade possivelmente determinadas pelas condições de processo e armazenamento, os valores encontrados estão inferiores ao limite máximo de 14% estabelecido pelo Ministério da Agricultura para o arroz beneficiado. Pode-se observar que os grãos que sofrem parboilização, apresentam elevado teor de cinzas, comparado com o arroz branco. Isso se deve a migração de sais minerais durante as etapas de encharcamento e cozimento. O teste de Tukey aplicado aos dados mostrou que havia diferença significativa no teor de extrato etéreo em relação ao arroz integral e as demais amostras. Mostrou que não houve diferença significativa entre as amostras com relação teor de fibras. Os teores de proteína inferiores nas amostras de arroz saborizado, comparativamente ao convencional, podem ser decorrentes do emprego de variedades diferentes para este tipo de produto.

0

5

10

15

20

25

amilose (%)

A B C D E F G H I J

amostras

Teor de amilose em diferentes beneficiamentos

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J Figura 1 - Teor de amilose de amostras de arroz de um segmento do mercado

A = arroz branco campo; B = arroz. parboilizado campo; C = arroz branco comercial; D = arroz parboilizado comercial; E = arroz integral; F = com açafrão; G = arroz com Beterraba; H = arroz com cebola; I = arroz com alho e J = arroz com pimenta.

Como mostra na Figura 1, nas amostras de arroz saborizado o conteúdo de amilose variou entre 15,8 e 18,6% e nas amostras de arroz branco do campo e comercial, 19,9 e 14,6%, respectivamente. Em arroz parboilizado os valores de amilose foram maiores que

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nas outras amostras, apresentando um valor médio de 20,3%. Estes resultados possivelmente são decorrentes do tratamento hidrotérmico do grão que propicia melhor separação entre amilose e amilopectina para a determinação analítica

Comparando as amostras de arroz provenientes do campo experimental com as do comércio ilustradas no gráfico da Figura 1, pôde-se verificar que o arroz branco e parboilizado das amostras cultivadas e preparadas em condições experimentais conhecidas apresentaram maiores teores quando comparados com as amostras do tipo convencional coletadas no mercado ou de novos produtos. Pôde-se concluir que seria interessante realizar uma avaliação mais abrangente destes aspectos, tanto dos produtos convencionais, quanto os dos novos produtos, pois os resultados desta triagem indicaram que as marcas comercializadas não estão refletindo os melhoramentos que vem sendo realizados pelos órgãos envolvidos com o desenvolvimento de variedades de arroz para cultivo no Rio Grande do Sul. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: A.O.A.C - Association of Official Analytical Chemists. Official Methods of Analysis of International. 17 th, CD-ROM, Wilian Horwitz, 2000. BOBBIO, F. O.; BOBBIO, P. A. Introdução à química de alimentos. 2ª ed., São Paulo, 1992. CIENTEC: Fundação de ciência e tecnologia; INTERLAB VI – Portaria 108 de 4 de setembro de 1991 do Ministério da Agricultura e Reforma Agrária; publicada no Diário Oficial da União em 17 de setembro de 1991, seção I, p. 19819. IRGA: Produção RS de arroz. Disponível em: http://www.irga.rs.gov.br, acessado em 29 de maio de 2007. REGULY, J. C. Biotecnologia dos processos fermentativos; 1ª ed., Pelotas: Ed. Universitária – UFPel, Pelotas – RS, 1996. SALUNKHE, D. K.; CHAVAN, J. K.; KADAM, S. S. Postharvest Biotechnology of Cereals. Flórida: CRC Press, 1999. VIEIRA, N. R. A.; Carvalho, J. L. V. Qualidade Tecnológica do Arroz; In: Vieira, N. R. A.; Santos, A. B.; Sant’ana, E. P.; A cultura de Arroz no Brasil. Embrapa Arroz e Feijão: Goiás, 633 p., 1999.

Agradecimentos: IRGA.

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INCIDÊNCIA DE MICOTOXINAS E TEOR DE FENÓIS TOTAIS EM DIFERENTES FRAÇÕES DO GRÃO DE ARROZ

Débora Craveiro Vieira

(1); Vânia da Silva Bierhals

(1); Vanessa Goulart Machado

(1); Giniani

Carla Dors(1)

; Carlos Alberto Fagundes(2)

; Eliana Badiale Furlong(1)

(1)

Fundação Universidade Federal do Rio Grande. Caixa Postal 474. CEP 96201-900 [email protected]

O arroz é um cereal consumido principalmente como grão inteiro, sendo seus diferentes tecidos constituídos por estruturas morfológicas, composição química e funções diferenciadas [1].

Devido à composição rica em carboidratos e baixa atividade de água, os cereais possuem grande susceptibilidade ao ataque fúngico, tanto antes quanto após a sua colheita, sendo que destes algumas espécies toxigênicas podem produzir micotoxinas.

A contaminação dos alimentos por fungos causa mudanças, tanto na composição química, quanto na estrutura e aparência representando perda econômica e/ou desperdício da matéria-prima e alimentos.

As micotoxinas mais freqüentes encontradas em alimentos de consumo rotineiro e com limites de consumo estabelecidos por muitos países são: aflatoxinas B1, B2, G1 e G2, ocratoxina A, zearalenona, deoxinivalenol, toxina T-2 e fumonisina [2]. Estas usualmente encontram-se nas porções mais externas do grão. Da mesma forma, alguns compostos funcionais também se distribuem nas porções germe e na camada de aleurona. Entre eles estão os fenóis, os quais além de sua atividade antioxidante, podem atuar como antifúngicos.

Em vista disto, o objetivo do trabalho foi estudar a distribuição de micotoxinas e fenóis nas diferentes frações do beneficiamento do grão de arroz.

Foram estudadas amostras da variedade BR-IRGA 410 (recomendadas para plantio no RS), safra 2005/2006, cultivadas nos campos experimentais do IRGA, sendo que duas amostras tinham sido tratadas com fungicidas diferentes e uma não sofreu tratamento.

Foram separadas as frações arroz em casca, o arroz branco e o arroz parboilizado, o farelo de arroz branco e o farelo de arroz parboilizado, totalizando 15 amostras. Todas as frações foram homogeneizadas em moinho de pás e separadas em peneiras de 0,56 mm. As micotoxinas (aflatoxinas B1 e B2, ocratoxina A, zearalenona e deoxinivalenol) foram determinadas pelo multimétodo de camada delgada (Figura 1) e confirmadas quimicamente [3]. Para a determinação do conteúdo fenólico foi utilizado o método espectrofotométrico de Folin-Ciocalteau, empregando-se uma curva-padrão de tirosina [4].

Figura 1 - Fluxograma referente à determinação micotoxicológica

Extração acetonitrila-água

Evaporação da acetonitrila

Ressuspensão clorofórmio-metanol

Separação das 3 alíquotas

Purificação do extrato (DON E ZEA)

Identificação e quantificação em CCD

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Os resultados da determinação de micotoxinas indicaram contaminação em cinco frações com Deoxinivalenol (DON) e uma com Aflatoxina B1 (AFLA), conforme mostrado na Tabela 1.

Tabela 1 - Níveis de micotoxinas detectados em amostras de arroz

Amostra Micotoxina confirmada Níveis detectados (ppb) Com tratamento fungicida

Arroz em Casca DON 100 Parboilizado Polido DON 250

Branco Polido DON 200 Farelo Parboilizado - -

Farelo Branco DON 150 a 250

Sem tratamento fungicida

Arroz em Casca - - Parboilizado Polido AFLA 53,2

Branco Polido - - Farelo Parboilizado - -

Farelo Branco - -

Estes resultados indicam que, durante o processo de parboilização, pode estar

ocorrendo a migração da micotoxina DON que se apresentava na camada externa do grão (farelo) para o interior deste (endosperma), pois duas frações de farelo de arroz branco apresentaram contaminação, enquanto que no farelo de arroz parboilizado não foi detectada nenhuma micotoxina.

Ainda pôde-se observar que, aparentemente, a aplicação de fungicida pode causar uma situação de estresse no fungo produtor de tricoteceno propiciando a produção da micotoxina, pois as amostras tratadas com fungicida estavam contaminadas com DON, uma micotoxina de campo, enquanto que a amostra que não sofreu tratamento apresentou apenas contaminação por AFLA, uma micotoxina de armazenamento.

O conteúdo de fenóis totais para as frações do arroz pode ser visualizado na Tabela 2.

Tabela 2 – Conteúdo de fenóis nas diferentes frações de arroz

Amostra Fenóis (µg.g-1) Com tratamento fungicida A B

Arroz em Casca 261 296 Parboilizado Polido 54 56

Branco Polido 75 49 Farelo Parboilizado 218 322

Farelo Branco 978 969

Sem tratamento fungicida

Arroz em Casca 261 Parboilizado Polido 55

Branco Polido 68 Farelo Parboilizado 246

Farelo Branco 1175

O conteúdo médio de fenóis totais para as amostras de arroz em casca foi 273

µg/g, sendo que, aproximadamente, 22% deste conteúdo foi encontrado no arroz parboilizado polido e 85% foi encontrado no farelo proveniente da etapa de polimento do grão. A grande diferença entre o conteúdo fenólico dos farelos branco e parboilizado, possivelmente pode ter sido causada devido a perda dos compostos durante o processo de parboilização, pois estes podem ter sido arrastados pela água durante o encharcamento.

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Na Figura 2 estão relacionados o conteúdo fenólico das amostras e a ocorrência de micotoxinas.

Mic

oto

xin

a

Mic

oto

xin

a

Mic

oto

xin

a

Mic

oto

xin

a

Mic

oto

xin

a

Mic

oto

xin

a

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

SF CF1 CF2

Amostras

Fen

óis

(u

g.g

-1)

Casca

Branco Polido

Parboilizado Polido

Farelo Branco

Farelo Parboilizado

Figura 2 – Conteúdo de fenóis totais em amostras de arroz e ocorrência de micotoxinas

A observação dos resultados sugeriu que as frações que apresentavam menores conteúdos fenólicos foram as que apresentaram ocorrência de micotoxinas, corroborando com a hipótese que compostos fenólicos possuem propriedades antifúngicas. Em relação à ocorrência de micotoxinas do farelo de arroz branco, sugere-se que embora este tenha apresentado uma alta concentração de compostos fenólicos, o tratamento com fungicida pode ter inibido, ocasionando um efeito antagônico levando a produção de micotoxinas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: [1] VIEIRA, N. R. A.; CARVALHO, J. L. V. Qualidade Tecnológica do Arroz; In: VIEIRA, N.

R. A.; SANTOS, A. B.; SANT’ANA, E. P.; A cultura de Arroz no Brasil. Embrapa Arroz e Feijão: Goiás, 633 p., 1999.

[2] FONSECA, H. Micotoxinas. Micotoxinas on line: <http://www.micotoxinas.com.br>,

maio de 2006. [3] SOARES, L. M. V.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. Survey of Aflatoxins, Ochratoxin A,

Zearalenone, and Steringmatocystin in some brazilian foods by using multi-toxin-layer chromatographic method. Journal Association of Official Analytical Chemists, 72(1):22-26, 1989.

[4] BADIALE-FURLONG, E.; COLLA, E.; BORTOLATO, D. S.; BAISCH, A. L. M.; SOUZA-

SOARES, L. A. Avaliação do potencial de compostos fenólicos em tecidos vegetais. Revista Vetor, n. 13, p. 105-114, Rio Grande, 2003.

Agradecimentos: IRGA.

SF: Sem tratamento fungicida

CF: Com tratamento fungicida

1 e 2: Fungicidas diferentes

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INFLUÊNCIA DO PROCESSO DE PARBOILIZAÇÃO SOBRE A FRAÇÃO γγγγ- ORIZANOL DO ARROZ Paulo Romeu Gonçalves1, Maria Regina Alves Rodrigues1, Marco Aurélio Ziemerman1, Moacir Cardoso Elias2, Elvio Aosane2, Álvaro Renato Guerra Dias2.

1Universidade Federal de Pelotas, Instituto de Química e Geociências, Departamento de Química Orgânica - Laboratório de Oleoquímica e Biodiesel. [email protected] 2 Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Controle de Qualidade de Grãos, Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul, CPGCTA. [email protected]

Muitos estudos fazem referências às propriedades nutracêuticas do farelo de arroz (ROUANET et al, 2003), posteriormente ao óleo e seus componentes (CICERO e DEROSA, 2005) e na atualidade essas propriedades são creditadas a fração insaponificável, por conterem compostos que apresentam benefícios nutricionais, como os tocotrienóis, tocoferóis e esteróis. Vários estudos relatam propriedades nutracêuticas, tais como, atividade antioxidante (XU et al, 2001; JULIANO et al, 2005), efeito hipocolesterolemico (RUKIMINI, 1988; SCAVARIELLO e ARELLANO, 1998; SUGANO et al, 1999), diminuição do colesterol (THERIAULR et al, 1999), agentes de prevenção de doenças cerebrais (MISHIMA et al, 2003) e redução do colesterol plasmático, redução dos triacilgliceróis, aumento do colesterol de alta densidade (HDL- lipoproteína de alta densidade), inibição da secreção gástrica ácida, inibição da agregação plaquetária e ação antioxidante (CICERO e GADDI, 2001).

O óleo de farelo de arroz tem um alto teor de material insaponificável, que comparada a outros óleos vegetais, chegam a representar de 1-1,5% a mais em concentração (SUGANO e TSUJI, 1997). Essa fração pode conter aproximadamente 4,2% de matéria insaponificável, constituída de tocoferóis (81,3 %), γ-orizanol (1,6%) e esqualeno (320 mg/100 g de óleo) (RUKIMINI, 1991). Segundo Wilson et al, 2000, essa fração representa em torno de 4,4% do óleo de farelo bruto, constituída de esteróis (43%), 4-metil esteróis (10%), álcoois triterpênicos (29%) e esqualeno ou tocotrienóis (19%). Esse subproduto do processamento do óleo, por ser rico em esteróis, tocoferóis, esqualeno e ácidos graxos, principalmente os ácidos graxos essenciais (acido linoleico e ácido linolênico), poderá representar um alto valor agregado, em função dos benefícios nutracêuticos que desempenham (MENDES et al, 2005).

A fração γ-oryzanol é uma mistura de ésteres do ácido ferúlico com esteróis e álcoois triterpênicos, que ocorre no óleo de farelo de arroz (1-2%), como um antioxidante natural (SCAVARIELLO e ARELLANO, 1998), conferindo ao óleo maior resistência à oxidação e deterioração (JAHN, 2004). Os compostos presentes nessa fração (Figura 1) têm atividade antioxidante mais acentuada, quando comparada com a vitamina E (α e γ-tocoferóis; α e γ-tocotrienóis), principalmente o ferulato de 24-metilenocicloartanila, (XU et al, 2001).

CH3O

HO

O

O

(A) ferulato de cicloartenila

CH3O

HO

O

O

(B) ferulato de 24-metileno cicloartanila

CH3O

HO

O

O

(C) ferulato de ∆7-campestenila

CH3O

HO

O

O

(D) ferulato de campesterila

CH3O

HO

O

O

(E) ferulato de ∆7–sitostenila

CH3O

HO

O

O

(F) ferulato de sitostarila

Figura 1. Fórmulas estruturais de alguns dos ésteres do ácido ferúlico que compõem a fração γ-oryzanol.

Page 58: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Foram utilizadas amostras de arroz em casca, pertencentes à classe de grãos longo-finos, oriundas de cultivo irrigado da região Sul do Rio Grande do Sul. O arroz foi colhido com umidade próxima de 20% e, posteriormente submetido às operações de secagem, pré-limpeza e armazenamento. O processo de parboilização foi conduzido em escala piloto e as condições hidrotérmicas foram definidas em testes prévios e constaram de encharcamento dos grãos de arroz em casca, com água destilada a 60, 65 e 70ºC, durante 4 e 5 horas, para cada temperatura, seguindo-se a autoclavagem (110ºC, 0,5 kg cm-1, 10 min), temperagem (72 h) e secagem dos grãos com circulação de ar, segundo adaptações realizadas na metodologia desenvolvida por Elias (1998). O óleo de arroz foi obtido pelo método de extração com Soxhlet, do arroz polido e farelo de arroz, oriundos do beneficiamento convencional e por parboilização, Para a determinação dos constituintes majoritários da fração γ-oryzanol foram utilizados os óleos de arroz polido e de farelo de arroz, ambos parboilizado (65 e 70ºC, por 5 h) e não parboilizado. O óleo foi diluído na proporção 1:1 em uma mistura de propanol-metanol (85:15), contendo 40 mM de KOH e diretamente injetado em espectrômetro de massa (HP 1100 ITMS). Também foi preparada uma solução 60 �g mL-1 de padrões de γ-oryzanol nos mesmos solventes das amostras e injetados nas mesmas condições, para efetuar a identificação por comparação dos picos dos componentes da fração γ-oryzanol . A concentração da fração γ-orizanol (Tabela 1) foi determinada com base no pico de maior intensidade, representado pelo (A) ferulato de cicloartenila (m/z 601,5), sendo determinada a intensidade relativa dos outros 3 mais intensos (Figura 2) Tabela 1. Concentração da fração γ-orizanol no óleo de arroz do farelo não parboilizado e grão polido não parboilizado e parboilizado, expresso em função do ferulato de cicloartenila (mg g-1 de óleo).

óleo γ-orizanol a

Farelo não parboilizado 6,4a

Farelo parboilizado n/d

Grão polido 0,63c

Grão parboilizado polido 3,6b a mg g-1 de óleo expressa em ferulato de cicloartenila. Comparando-se os teores de γ-orizanol no óleo obtido do grão (endosperma) polido não parboilizado (0,63 mg /g de óleo), com o óleo do farelo não parboilizado (6,4 mg/g de óleo), observa-se que através do polimento há uma perda muito significativa dessa importante fração nutraceutica para o farelo.

Os teores de γ-orizanol obtido do óleo do grão parboilizado polido (3,6 mg/g de óleo) é de aproximadamente seis (6) vezes maior do que a quantidade obtida do grão polido não parboilizado (0,63 mg/g de óleo), evidenciando uma migração da fração γ-orizanol, para o grão polido, decorrente do processo de parboilização. Esse fato também foi comprovado, a partir da análise do teor de γ-orizanol no farelo de arroz parboilizado, onde esta fração apresentou concentrações insignificantes (traços) em relação ao farelo de arroz não parboilizado (6,4 mg/g de óleo).

Considerando que o teor de óleo no grão parboilizado polido (0,22%) é em média o dobro do teor de óleo do grão polido sem parboilizar (0,11%), isso implica em um incremento do γ-orizanol de aproximadamente doze (12) vezes no grão parboilizado polido em relação ao não parboilizado, evidenciando assim, um aumento no valor nutracêutico do arroz parboilizado polido.

Figura 13. Espectros de massa de uma solução dos padrões de γ-orizanol (A), espectros de massa dos quatro constituintes majoritários na fração γ-orizanol: no farelo de arroz não parboilizado (B), no grão de arroz não parboilizado (C) e no grão de arroz parboilizado (D).

Page 59: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Ao comparar-se o caráter hidrofóbico dos lipídios, especialmente os triacilgliceróis, que os tornam menos atingidos pelos fenômenos de difusão e lixiviação, típicos da operação de encharcamento, com a fração γ-orizanol, portadora na estrutura molecular, de grupos polares metoxila e hidroxila no anel aromático do ácido ferúlico, pode-se levantar a hipótese de que essa fração estaria mais sujeita, aos fenômenos de difusão e lixiviação na operação de encharcamento. Bibliografia

CICERO, A.F.C; GADDI, A. Rice bran oil and γγγγ-oryzanol in the tratament of hyperlipoproteinanemias and other

conditions. Phytotherapy Research 15 (4): 277-289 (2001).

CICERO, A.F.G; DEROSA, G. Rice bran and its main components: Potencial role in the management of coronary

risk factors. Current Topics in Nutraceutical Research. 3 (1): 29-46 (2005)

JAHN, G. BORTOLI. Extração supercrítica de óleo de farelo de arroz e obtenção de frações enriquecidas em γγγγ-

oryzanol. Dissertação de mestrado. Disponível http://150.162.90.250/teses/PEAL0034.pdf (12/05/2006)

JULIANO, C; COSSU, M; ALAMANNNI, M.C; PIU, L. antioxidant activity of gamma-oryzanol: mechanism of

action and its effect on oxidative of pharmaceutical oils. International Journal of Pharmaceutics. 299 (1-2): 146-

154 (2005).

ROUANET, J.M; LAURENT, C; BESANÇON, P. Rice bran and wheat bran: selective effect on plasma and

cholesterol in high-cholesterol fed rats. Food chemistry. 47 (1): 67-71 (1993).

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SCAVARIELLO, E.M; ARELLANO, D.B. Gamma-oryzanol: an important component in rice bran oil. Arch

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XU, ZHIMIUN; GODBER, J.S. purification and identification of components of γγγγ-oryzanol in rice bran oil. Journal

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rice bran agisnst cholesterol oxidation accelerated by 2,2’- azobis (2-metil propionamidina) dihydrochloride.

Journal Agricultural Food Chemistry. 49: 2077-2081 (2001).

Page 60: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

DESENVOLVIMENTO DO CULTIVAR IRGA 420 PROVENIENTE DE

SEMENTES DE DISTINTOS VIGORES EM OITO DENSIDADES DE

SEMEADURA

João Batista Beltrão Marques (1), Alexandre Lul Lima (2) Jorge Antônio Molinari Flores (2), Ígor Sotal Sauceda (4). ¹ Eng. Agr. Pesquisador da Embrapa/CPPSull, R.Manduca Rodrigues, 47 ap 701, cep 97573560, Santana do Livramento, [email protected] , 2 Eng. Agr. ex. Irga, ³ Tec. Agr. Rice Tec, 4 Tec. Agr. Irga

Vigor e densidade de semeadura relacionam-se de diversas maneiras, ainda não bem estabelecidas, fazendo com que procure-se ajustar os melhores níveis de cada um desses dois fatores para obter-se bons resultados das variáveis influenciadas. Têm-se que a estatura intermediária e a estatura final, em algumas condições de manejo, sofrem grande efeito de vigor e densidade (Marques, 2004). Isso determina diferentes eficiências na ocupação do espaço pelas plantas no início e no intermediário desenvolvimento vegetativo. Além disso, essa influência pode causar alterações na estatura final das plantas, podendo resultar em diferentes ciclos e em acamamento, influenciando outras características agronômicas e a produtividade final. O presente trabalho foi realizado na estação de crescimento 2002/2003, na área experimental cedida ao IRGA pela FEPAGRO no município de Uruguaiana, RS com o objetivo de avaliar o crescimento do cultivar IRGA 420, em diferentes densidades e vigores de semente.

Os experimentos foram conduzidos em blocos ao acaso num fatorial 8 X 3 com quatro repetições. As densidades de semeadura testados foram 10, 20, 30, 40, 50, 75, 100 e 150 kg/ha. Os níveis de vigor de semente foram alto, médio e baixo. A classificação vigor alto, médio e baixo foi realizada de acordo com Tillmann & Mello (1999), para comparação de testes de vigor de envelhecimento precoce. O plantio foi feito em 7/11/2002, utilizando-se plantadeira de parcelas de nove linhas marca Semeato. Conduziu-se o plantio, irrigação e demais práticas de manejo conforme o recomendado para a cultura. Avaliou-se estatura aos 75 dias após a emergência e por ocasião da colheita.

Conforme os resultados obtidos, os coeficientes de determinação de estatura final em função de densidade de semeadura não foram significativos estatisticamente para nenhum nível de vigor de semente utilizado. Esse resultado não está de acordo com o obtido por Marques (2004), que verificou um efeito significativo da densidade sobre a estatura final, sendo que o IRGA 420 apresentou maior estatura na densidade de 160kg/ha, do que na densidade baixa (80kg/ha). No entanto, no mesmo trabalho, encontrou-se que, para o cultivar EMBRAPA-7 TAIM, não houve efeito dos fatores densidade nem vigor sobre a estatura final. É de se esperar que, em condição de competição entre plantas de um mesmo cultivar, haja uma tendência das mesmas crescerem mais em busca de luz e CO2. No entanto, o nível dessa competição é que determina, dentro dos limites genéticos, a estatura final de um cultivar numa comunidade de plantas (Marques, 2004). Também Marques et al.(2003), em relação à estatura, obtiveram efeito significativo para interações entre cultivares e densidades, sendo que o IRGA 420 sempre apresentou estatura maior que o IRGA 421, no entanto, à medida que se aumentou a quantidade de sementes por área, desde 50 até 150 Kg/ha, ocorreu um incremento na diferença das estaturas dos dois cultivares. Assim sendo essa diferença passou de 0,09 m para 0,13m e para 0,15m nas densidades de 50, 100 e 150 Kg/ha, respectivamente. Isso se deve a que os dois cultivares apresentaram uma resposta diferenciada ao aumento de densidade de plantio, sendo que o IRGA 420 aumentou sua estatura, ao passo que o IRGA 421, sofreu uma diminuição na sua estatura quando a densidade de plantio aumentou de 50 para 150 Kg/ha.

Os efeitos dos distintos níveis de vigor (alto, médio e baixo), avaliados através da análise da variância, também não apresentaram significância estatística no presente trabalho para estatura final.

Page 61: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Figura 1- Estatura média (cm), medida 75 dias após a emergência, do cultivar IRGA 420 em oito densidades de semeadura. Centro de Pesquisas de Sistemas Agropecuários Integrados. Uruguaiana. FEPAGRO. Safra 2002/2003.

Já em relação ao desenvolvimento inicial, avaliado através da estatura média tomada aos 75 dias após a emergência, verificou-se que houve regressão significativa (Figura 1). Aumentos da densidade de semeadura resultaram em aumentos da estatura média para os três níveis de vigor testados. Equações de regressões quadráticas foram as que melhor ajustaram as estaturas às diferentes densidades de plantio utilizadas. Em concordância com esses resultados, Marques (2004) obteve um efeito interativo entre alto vigor e alta população, havendo uma elevação da estatura das plantas medida aos 40 dias após a emergência. Por outro lado, Guadagnin et al. (2001), trabalhando com o cultivar El Paso 144 verificaram que plantas originadas de sementes de maior vigor produziram plântulas mais altas, com maior área foliar e com maior peso de matéria seca. Schuch et al. (2001) também observaram que plantas originadas de sementes mais vigorosas do cultivar IRGA 417 apresentaram em torno de 5 a 10% a mais de comprimento de parte aérea do que as oriundas de sementes de menor vigor, durante o período inicial de crescimento (de 3 a 28 dias após a emergência). No entanto, à medida que as avaliações avançaram no período de 3 a 28 dias após a emergência, essas diferenças entre distintos níveis de vigor foram diminuindo, começando em torno de 35% e terminando em torno de 16%.

O vigor de sementes apresentou efeito sobre a estatura intermediária, verificando-se que sementes de alto vigor resultaram em plantas de maior estatura média dos que as de baixo vigor, sendo que médio vigor apresentou estaturas situadas entre alto e baixo vigor. . Conclui-se , através do presente trabalho que a densidade mais recomendada para o IRGA 420 é 100 Kg /ha, que resultou em tono de 90 cm de estatura intermediária para os três níveis de vigor das sementes.

Estatura média

y = -0,0002x2 + 0,1195x + 78,288

R2 = 0,331

y = 0,0006x2 - 0,0097x + 83,478

R2 = 0,3642

y = -0,0005x2 + 0,1397x + 81,762

R2 = 0,3029

70,0

75,0

80,0

85,0

90,0

95,0

100,0

105,0

110,0

0 50 100 150 200

Densidade(Kg/ha)

esta

tura

(cm

)

vigor alto

vigor médio

vigor baixo

Polinômio (vigorbaixo)Polinômio (vigormédio)Polinômio (vigor alto)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

GUADAGNIN, C.M.I.; SCHUCH, L., O.B.; ROSENTHAL, M.D´A.; HÖLBIG, L. dos S.; JACOB JR, E.A. Vigor de sementes e concentrações de ácido giberélico no crescimento inicial de arroz irrigado no sistema pré-germinado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2.; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 24., 2001, Porto Alegre, RS. Anais... Porto Alegre: Irga, 2001, p. 701-703. MARQUES, J. B. B. Qualidade fisiológica de semente , densidade de semeadura e produtividade de arroz (Oryza sativa L.). Pelotas, 2004. 82 f. Tese ( Doutorado ). Ciência e Tecnologia de Sementes. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2004. MARQUES, J. B. B.; FLORES, J. A. M.; SAUCEDA, I. J. Desempenho dos cultivares IRGA 420 E IRGA 421 em Uruguaiana no sistema de cultivo pré-germinado, em diferentes densidades de plantio. In: 3.o CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2003, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre, IRGA/EMBRAPA/EPAGRI/SOSBAI, 2003. p.164-166. SCHUCH, L.O.B.; GUADAGNIN, C.M.I.; ROSENTHAL, M.D´A.; JACOB JR, E.A.; HÖLBIG, L. dos S. Vigor de sementes e concentrações de ácido giberélico no crescimento inicial de arroz irrigado no sistema pré-germinado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 2.; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 24., 2001, Porto Alegre, RS. Anais... Porto Alegre: Irga, 2001, p.698-700. TILLMANN, M. A.; MELLO, V. D. C. Controle de Qualidade em Sementes de Arroz. Pelotas, UFPEL, 1999.48 p. (Curso de Irrigação de Arroz Irrigado por Tutoria a Distância- Módulo 10).

Agradecimentos: Aos funcionários do Instituto Rio-Grandense do Arroz/Uruguaiana.

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SENSIBILIDADE DOS GENÓTIPOS DE ARROZ HÍBRIDO XP-739 E DA CULTIVAR BR-IRGA 409 AO ESTRESSE SALINO

Leonardo Schaedler

(1); Clairomar Emílio Flores Hoffmann

(1); Luiz Augusto Salles

das Neves(2)

; Gabriel da Luz Wallau(3)

; Cristiane Freitas Bastos(1)

– (1)

Curso de Agronomia/CCR/UFSM – Campus Universitário [email protected]; (2)

Prof. Dr. do Departamento de Biologia/CCNE/UFSM [email protected]; (3)

Curso de Biologia/CCNE/UFSM Palavras-chave: Oryza sativa L., germinação, biomassa seca

O Brasil produz anualmente cerca de 5 milhões de toneladas de arroz com casca em todas as regiões, desde o Rio Grande do Sul até o Acre sendo, por isso, o alimento básico do brasileiro, juntamente com o feijão. No Rio Grande do Sul as cultivares semeadas possuem alta produtividade e boa qualidade alimentar. Entretanto, há cultivares, como Agrisul e IAS 12-9 Formosa que possuem sensibilidade a fatores adversos, como a concentração de sal na água de irrigação, enquanto que a BRS6 Chuí possui tolerância a salinidade (Lima et al, 2005).

A salinidade é um fator que influencia significativamente o poder germinativo das sementes, sendo que o excesso provoca redução do potencial hídrico do solo, reduzindo a absorção de água pelas sementes. O cloreto de sódio (NaCl) no solo, inicialmente, inibe a germinação pelo efeito osmótico produzido na semente, além do que aumenta a porcentagem de plantas anormais devido a ação tóxica dos sais sobre as sementes (Fanti e Perez, 1996)

Atualmente as cultivares tradicionais e novas de arroz, na lavoura, são semeadas juntamente com os híbridos com a finalidade de comparação relativa a produção de grãos. Os híbridos de arroz são ainda novidade na orizicultura, de forma que não há informações relativas ao comportamento desses híbridos diante de fatores adversos, como a salinidade.

Assim sendo, o presente trabalho objetivou a comparação entre a cultivar BR-IRGA 409 e o híbrido XP-739 (Rice Tec). Para tanto, as sementes de arroz da cultivar e do híbrido foram submetidas às concentrações 0, 25, 50, 75,100,125,150 mM de solução salina durante o período de uma hora. Após, foram semeadas em papel germitest e colocadas no germinador do tipo Mangeldorf na temperatura de 25º±2ºC durante 14 dias. Foram analisadas a primeira contagem da germinação (PCG) aos 5 dias, a germinação (G) e a determinação da massa seca de dez plântulas por repetição, por tratamento, aos 14 dias. O delineamento utilizado foi o totalmente casualizado.

Os efeitos da concentração salina sobre a primeira contagem da germinação estão representados na figura 1, onde se percebe que não houve diferença significativa na PCG do híbrido XP-739 com o aumento a concentração de sal. Ao contrário, a cultivar BR-IRGA 409 decresceu significativamente com o aumento da saturação salina a partir da concentração de 50 mM. Resultados semelhantes se observa na germinação das sementes, onde o híbrido XP-739 decresceu na concentração de 25 mM e manteve-se com o incremento da solução salina. Porém, a cultivar BR-IRGA 409 reduziu significativamente a partir da concentração de 50 mM de NaCl (Figura 2). Foi observado por Galina (2004) que a cultivar El Passo L 144 não foi afetada pelo aumento da concentração salina, tanto na PCG quanto na G, enquanto que Lima et al (2005) observaram que a PCG de sementes de arroz IAS 12-9 Formosa e BRS 6 Chuí decresceram a partir da concentração de 75 e 100 mM de NaCl.

Os efeitos da saturação salina sobre a biomassa seca da raiz (Figura 3) foi o de redução a partir da concentração de 125 mM de NaCl na cultivar BR IRGA -409, enquanto que o híbrido XP-739 não demonstrou diferença significativa ao longo do incremento da solução salina. Galina (2005) observou que nas plântulas de arroz El Passo L144 a

Page 64: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

biomassa seca não mostrou variação com o aumento da solução salina, porém Lima et al. (2005) Relativo a biomassa seca da parte aérea (Figura 4) percebe-se que a cultivar BR-IRGA 409 mostrou redução a partir da concentração de 50 mM, enquanto que o híbrido XP-739 mostrou redução entre as concentrações 50 e 100 mM, voltando a ser semelhante ao controle nas demais concentrações. Na cultivar El Passo L 144 não houve diferença significativa na biomassa seca da raiz e da parte aérea com o aumento da concentração salina.

Com isso conclui-se que o híbrido XP-739 (Rice Tec) demonstra pouca sensibilidade a salinidade, enquanto que a cultivar BR-IRGA 409 mostrou-se mais sensível, principalmente na PCG e na G.

Figura 1 – Efeito da concentração de NaCl (mM) na primeira contagem da germinação de sementes de arroz da cultivar BR-IRGA 409 e do híbrido XP-739 (Rice Tec). As barras representam os desvios padrões.

0

20

40

60

80

100

0 25 50 75 100 125 150

Conc. de NaCl (mM)

PC

G (

%)

BR IRGA-409 XP-739

0

20

40

60

80

100

120

0 25 50 75 100 125 150

Conc. de NaCl (mM)

G (

%)

BR IRGA-409 XP-739

Page 65: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Figura 2 – Efeito da concentração de NaCl (mM) na germinação de sementes de arroz da cultivar BR-IRGA 409 e do híbrido XP-739 (Rice Tec). As barras representam os desvios padrões.

Figura 3 – Efeito da concentração de NaCl (mM) na biomassa seca da raiz de plântulas de

arroz BR IRGA- 409 e do híbrido XP-739 (RiceTec).

cbbbb

a a

c

aa

b

abb

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0 25 50 75 100 125 150

Conc. de NaCl (mM)

Bio

ma

ssa

se

ca

da

pa

rte

áe

rea

(g

)

BR IRGA-409 XP-739

Figura 4 – Efeito da concentração de NaCl (mM) na biomassa seca da parte aérea de

plântulas de arroz BR IRGA- 409 e do híbrido XP-739 (RiceTec). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FANTI, S.C.; PEREZ, S.C.J.G.A. Efeitos de estresse hídrico e salino na germinação de Bauhinia forficata Link. Revista Ceres. Viçosa, v.43, n.249, p.65-662, 1996.

a a a b bc c

aaa aa a a

0

0,02

0,04

0,06

0 25 50 75 100 125 150

Conc. de NaCl (mM)

Bio

massa s

eca

da r

aiz

(g)

BR IGRA-409 XP-739

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GALINA, S. Efeito da salinidade na qualidade fisiológica de sementes de arroz (Oryza sativa L) cv El Passo L144 e de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L) cv FT Nobre. Pelotas, 2004. 30f. Dissertação (Mestrado em Fisiologia Vegetal). Instituto de Biologia. UFPEL, 2004. LIMA, M.G.S.;LOPES, N.F.;MORAES, D.M.; ABREU, C.M. Qualidade fisiológica de sementes de arroz submetidas a estresse salino.Revista Brasileira de Sementes. Pelotas, v.27, n.1, p.54-61, 2005.

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EFEITO DO BENEFICIAMENTO DO ARROZ NO DESEMPENHO E RESPOSTA

METABÓLICA EM RATOS

Cristiane Casagrande Denardin1, Nardeli Boufleur1, Patrícia Reckziegel1, Bruna Mendonça Alves2, Leila Picolli da Silva3, Carlos Alberto Alves Fagundes4. 1Departamento de Tecnologia e Ciência de Alimentos – CCR – UFSM – Santa Maria –RS ([email protected]) 2Aluna Cuso de Agronomia UFSM, 3Departamento de Zootecnia – CCR – UFSM – Santa Maria – RS. 4 Instituto Riograndense do Arroz – IRGA – Cachoeirinha – RS. Palavras-chaves: parboilização, metabolismo protéico, ratos

Na Safra 2005/2006 o Rio Grande do Sul produziu cerca de 6,8 milhões toneladas

de arroz, sendo este cereal uma das principais fontes de energia na dieta de milhares de pessoas (IRGA,2007). Segundo Larsen e colaboradores (2000), aproximadamente 20% do arroz consumido em todo mundo é parboilizado, e o mercado deste tipo de arroz parece estar aumentando, principalmente nos países industrializados. Este processo de beneficiamento pode modificar algumas propriedades químicas importantes na digestão e absorção dos nutrientes presentes neste cereal, levando a respostas metabólicas diferenciadas. Portanto, o objetivo deste trabalho foi comparar o efeito do beneficiamento do arroz sobre o desempenho e resposta metabólica em ratos.

Este trabalho foi realizado no Núcleo Integrado de Desenvolvimento em Análises Laboratoriais (NIDAL) na UFSM. Foram formuladas duas rações, de acordo com as recomendações do American Institute of Nutrition (AIN) (Reeves, 1993), mediante substituição total do amido de milho, e parcial da caseína e do óleo de soja, por grãos de arroz do cultivar IRGA 417 branco e parboilizado, cozidos e secos em estufa com circulação forçada de ar e obtidos na Estação Experimental do Arroz do IRGA (Cachoeirinha/RS), no ano de 2004. Estas rações formaram os tratamentos: IRGA 417 Branco e IRGA 417 Parboilizado. Para realização do experimento foram utilizados 16 ratos machos (Rattus norvegicus Wistar albino F1) distribuídos aleatoriamente entre os tratamentos (8 animais/tratamento), e alojados em gaiolas metabólicas individuais, com livre acesso à ração e à água. A temperatura foi mantida a 21±1ºC e a luminosidade controlada alternando períodos de 12 horas de luz/escuro. O período de adaptação à dieta foi de cinco dias, seguidos de período experimental de 25 dias, no qual, diariamente, foi realizada a determinação da quantidade de ração consumida e a coleta das fezes. O peso corporal dos animais foi obtido a cada 3 dias. Estes dados e amostras foram coletados a fim de determinar o consumo, ganho de peso, conversão alimentar, produção de fezes úmidas e secas, umidade, (105ºC/12 horas) pH das fezes e excreção de nitrogênio nas fezes(Micro-Kjeldahl). O pH fecal foi determinado em solução de 1g de fezes parcialmente secas (60ºC/48 horas) em 10ml de água destilada. No último dia experimental, após jejum de 12h, os animais foram pesados, anestesiados com éter etílico e eutanasiados por punção cardíaca, sendo coletado sangue para posterior quantificação de albumina, ácido úrico, glicose, colesterol total e triglicerídeos realizadas com os kits marca Doles. O experimento foi conduzido em delineamento completamente casualizado. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias dos tratamentos comparadas a 10% de significância.

Os animais submetidos ao tratamento IRGA 417 parboilizado apresentaram maior ganho de peso e consumo e menor conversão alimentar do que os animais do tratamento IRGA 417 branco (Tabela 1). No processo de parboilização do arroz, devido ao aquecimento em água dos grãos e conseqüente pré-gelatinização, ocorrem algumas modificações físicas nas cadeias de amido e proteínas o quê, em geral, aumenta a digestibilidade destes nutrientes. Este fato justifica o maior ganho de peso e consumo dos

Page 68: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

animais que receberam o arroz parboililizado, uma vez que, por ser mais facilmente digerido aumenta o ganho de peso e diminui a saciedade dos animais, com conseqüente aumento no consumo. Além disso, a menor conversão alimentar mostra que a dieta com arroz parboilizado apresentou maior eficiência no ganho de peso, ou seja, uma menor quantidade de alimento precisou ser ingerida para o ganho de 1g de peso corpóreo.

Tabela 1. Ganho de peso, consumo médio e conversão alimentar dos animais em resposta ao consumo de rações com arroz branco e parboilizado

Parâmetro IRGA 417 BRANCO IRGA 417 PARB Ganho de peso no período (g) 105,68±7,20b 124,18±10,97a

Consumo médio (g) 17,80±0,40b 18,78±0,88a

Conversão alimentar 3,25±0,12a 2,93±0,09b

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem significativamente pelo teste de Duncan a 10% de significância.

Embora não tenham sido observadas diferenças significativas na produção de fezes úmidas e secas, os animais que consumiram o arroz parboilizado apresentaram menor pH fecal e maior excreção de nitrogênio nas fezes (Tabela 2). Estes resultados podem ser explicados pela formação de amido resistente a digestão no processo de beneficiamento dos grãos, o que diminui a digestibilidade de parte do amido presente nos grãos. Assim, mais substrato alcançará o cólon e será fermentado pela microbiota intestinal, aumentando a produção de ácidos orgânicos que reduzem o pH e aumentam a excreção de massa bacteriana nas fezes (indiretamente mensurada pelo nitrogênio). Estes resultados demonstrando a redução na digestibilidade devido a produção de amido resistente no arroz parboilizado podem parecer contraditórios, porém, apenas uma pequena parcela do amido torna-se resistente a digestão pelo processo de parboilização, enquanto que o restante torna-se mais digestível, justificando o maior ganho de peso dos animais submetidos ao tratamento IRGA 417 parboilizado. Tabela 2. Produção de fezes úmidas (PFU) e secas (PFS), pH fecal e excreção de N nas fezes dos animais em resposta ao consumo de rações com arroz branco e parboilizado

Parâmetro IRGA 417 BRANCO IRGA 417 PARB PFU (g) 1,58±0,08NS 1,64±0,10NS PFS (g) 0,91±0,05NS 0,98±0,11NS pH fecal 7,00±0,11a 6,84±0,17b

Nitrogênio nas fezes (%) 6,34±0,24b 7,07±0,18a Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem significativamente pelo teste de Duncan a 10% de significância.

Os animais submetidos ao tratamento IRGA 417 parboilizado apresentaram menores níveis de albumina e maiores de ácido úrico, comprovando a influência da parboilização do arroz no metabolismo protéico (Tabela 3). No processo de parboilização podem ocorrer algumas modificações físicas nas cadeias protéicas, aumentando a sua digestibilidade e tornando algumas deficiências em aminoácidos mais evidentes ao organismo. Após serem digeridas e absorvidas, as proteínas chegam ao fígado onde são reaproveitadas ou destruídas e/ou reutilizadas na síntese de outros compostos. Proteínas de menor qualidade são desaminadas, sendo que a porção amino será excretada na forma de ácido úrico e a cadeia carbônica será reaproveitada na síntese de ácidos graxos. Com isso, o nível sanguíneo de ácido úrico aumenta e o de albumina diminui. Além disso, o nível de triglicerídeos plasmáticos foi maior no tratamento IRGA 417 parboilizado, sugerindo que mais ácidos graxos foram gerados a partir dos esqueletos carbônicos remanescentes da desaminação de aminoácidos de menor qualidade.

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Tabela 3. Concentração de albumina em g/dL, e ácido úrico, glicose, triglicerídeos e colesterol plasmático, em mg/dL) dos animais em resposta ao consumo de rações com arroz branco e parboilizado

Parâmetro IRGA 417 BRANCO IRGA 417 PARB Albumina 3,18±0,18a 2,99±0,16b

Ácido úrico 1,32±0,06b 2,19±0,24a

Glicose 174,50±21,96NS 171,66±9,98NS Triglicerídeos 71,57±11,18b 100,88±13,85a

Colesterol total 63,67±4,81NS 65,98±6,11NS Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem significativamente pelo teste de Duncan a 10% de significância.

Os resultados obtidos no presente trabalho permitem concluir que a parboilização pode provocar mudanças significantes na estrutura das cadeias de amido e proteínas do arroz, levando a variações em diversos parâmetros como ganho de peso, consumo, pH fecal, excreção de nitrogênio nas fezes, albumina, ácido úrico e triglicerídeos.

Referências Bibliográficas: AOAC. Official Methods of Analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 16th ed., Washington, DC, 1995. IRGA-RS www.irga.rs.gov.br. Acesso em 23/05/2007. LARSEN, H.N. et al. Glycaemic index of parboiled rice depend on the severity of processing: study in type 2 diabetic subjects. European Journal of Clinical Nutrition, v.54, p.380-385, 2000. REEVES, P.G.; NIELSEN, F.H.; FAHEY Jr., G.C. AIN-93 purified diets for laboratory rodents: final report of the American Institute of Nutrition ad hoc writing committee on the reformulation of the AIN-76A rodent diet. Journal of Nutrition, v.23, p.1939-51, 1993. Agradecimentos: Ao IRGA pelas amostras e apoio financeiro.

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CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS, PROPRIEDADES DE CONSUMO E PARÂMETROS DE PARBOILIZAÇÃO DOS GRÃOS DE ARROZ DOS

CULTIVARES IRGA 423 E IRGA 424

Carlos Alberto Alves Fagundes1; Sérgio Iraçu Gindri Lopes

1; Mara Cristina Barbosa

Lopes1; Antonio Folgiarini de Rosso

1; Renata Pereira da Cruz

1; Paulo Sergio Carmona

1;

Márcia Arocha Gularte2; Moacir Cardoso Elias

2;

1Instituto Rio Grandense do Arroz, Divisão

de Pesquisa, EEA. E-mail: [email protected]. 2Universidade Federal de Pelotas,

Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos e Departamento de Química de Alimentos, Laboratório de Análise Sensorial de Alimentos.

Embora os parâmetros das propriedades industriais e das de consumo dos cultivares de arroz sejam definidos pela constituição genética, eles podem ser afetados pelas condições edafoclimáticas e de manejo, tanto na etapa de cultivo quanto na da pós-colheita. Avaliar os parâmetros para cada genótipo, a fim de defini-los, é importante para se conhecer seu comportamento tanto nas operações de beneficiamento industrial como na de cocção.

O presente trabalho foi realizado como atividade do convênio IRGA - UFPEL e faz parte de um amplo programa interinstitucional que visa oferecer aos pesquisadores, orizicultores, industriais e consumidores informações diretamente relacionadas com a qualidade dos grãos de arroz das variedades recomendadas pela pesquisa oficial para cultivo irrigado no sul do Brasil. Objetivou-se, com o mesmo, estabelecer parâmetros operacionais para o encharcamento e a autoclavagem na parboilização, assim como os da cocção e avaliar as propriedades sensoriais dos cultivares IRGA 423 e IRGA 424.

Os grãos de ambos os cultivares, produzidos em sistema de cultivo irrigado na Estação Experimental do IRGA, em Cachoeirinha, na safra agrícola 2005/2006, foram colhidos com umidade próxima a 22% e secados até 13% em sistema intermitente, com manejo térmico controlado para que a temperatura da massa não ultrapassasse 38-40ºC. Os testes analíticos e industriais foram realizados nos Laboratórios da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, da Universidade Federal de Pelotas.

Para avaliação dos parâmetros hidrotérmicos (Figuras 1 e 2) na operação de encharcamento para parboilização foi utilizada metodologia desenvolvida no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos da UFPEL (Elias, 1998).

20,00

22,00

24,00

26,00

28,00

30,00

32,00

34,00

36,00

38,00

40,00

42,00

44,00

46,00

240 270 300 330 360 390 420 TEMPO (min.)

UM

IDA

DE

(%)

60ºC 65ºC 70ºC

Figura 1. Isotermas de hidratação na parboilização dos grãos de arroz cv. IRGA 423, em encharcamento a 60, 65 e 70ºC.

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20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00 32,00 34,00 36,00 38,00 40,00 42,00 44,00 46,00 48,00 50,00 52,00 54,00

240 270 300 330 360 390 420 TEMPO (min.)

UM

IDA

DE

(%

)

60ºC 65ºC 70ºC

Figura 2. Isotermas de hidratação na parboilização dos grãos de arroz cv. IRGA 424, em encharcamento a 60, 65 e 70ºC.

Temperatura e pressão de autoclavagem: 110ºC ±2ºC, com 0,5kgf.cm-2.

Tempo de autoclavagem: 10 minutos. Para avaliação das propriedades de consumo (Tabelas 1 e 2) e das características

sensoriais (Tabelas 3 e 4) foram utilizadas metodologias adotadas no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos e Laboratório de Análise Sensorial de Alimentos da UFPEL (Gularte, 2005).

Tabela 1. Propriedades de consumo em grãos de arroz brancos polidos beneficiados pelo processo convencional cv. IRGA 423

Parâmetro Valor médio / unidade de expressão

Consumo d’água na cocção próximo a 2:1 (água:arroz em v/v) Tempo de cocção entre 24 a 26 minutos Rendimento gravimétrico na cocção *de 2,82 a 3,30 vezes o peso dos grãos Rendimento volumétrico na cocção **de 2,78 a 3,16 vezes o volume inicial dos grãos

*Com tendência média de 3,15 **Com tendência média de 3,02

Tabela 2. Propriedades de consumo em grãos de arroz brancos polidos beneficiados pelo processo convencional cv. IRGA 424

Parâmetro Valor médio / unidade de expressão

Consumo d’água na cocção próximo a 2:1 (água:arroz em v/v) Tempo de cocção entre 16 a 18 minutos Rendimento gravimétrico na cocção *de 2,91 a 3,27 vezes o peso dos grãos Rendimento volumétrico na cocção **de 2,35 a 2,51 vezes o volume inicial dos grãos

*Com tendência média de 3,13 **Com tendência média de 2,44

Tabela 3. Propriedades sensoriais em grãos de arroz brancos polidos beneficiados pelo processo convencional cv. IRGA 423

Atributo Expressão

Coloração branco a amarelado Brilho grãos opacos Coesão grãos parcialmente soltos a grudados Maciez grãos macios firmes Sabor característico de arroz branco Odor característico de arroz branco Aparência normal Aceitação boa

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Tabela 4. Propriedades sensoriais em grãos de arroz brancos polidos beneficiados pelo processo convencional cv. IRGA 424

Atributo Expressão Coloração branco a amarelado Brilho grãos ligeiramente brilhosos Coesão grãos parcialmente soltos a grudados Maciez grãos moles a macios firmes Sabor característico de arroz branco Odor característico de arroz branco Aparência normal Aceitação boa

Verifica-se, pelos resultados, que os cultivares IRGA 423 e IRGA 424 apresentam grãos de arroz de boa qualidade industrial, com características de consumo e sensoriais adequadas aos hábitos de consumo nacional. O potencial para parboilização apresenta os melhores desempenhos em condições hidrotérmicas moderadas, situando-se os parâmetros operacionais de encharcamento durante 5h30min a 6 horas para o cv IRGA 423, e durante 6 horas a 6h30min para o IRGA 424, em água a 65ºC para ambos (Figuras 1 e 2).

Os atributos sensoriais de coesão e maciez ou firmeza atendem aos padrões da preferência de consumo da maioria dos consumidores que desejam grãos de arroz soltos, macios, mas firmes (ao dente) ao mastigar. O tempo de cocção dos grãos está na faixa aceitável. A amplitude dos rendimentos de cocção, em volume e peso, são amplas e os atributos sensoriais de coloração, brilho ou opacidade, coesão ou firmeza são típicos dos grãos da classe longo-finos (agulhinha).

BIBLIOGRAFIA

ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL CHEMISTS. Official methods of analysis. Washington, 1996.

BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Comissão Técnica de Normas e Padrões. Normas de identidade, qualidade, embalagem e apresentação do arroz. Brasília, v.8, n.20/6, 25p. 1988.

ELIAS, M.C. Tempo de espera para secagem e qualidade de arroz para semente e indústria. Pelotas, 1998. 132 p. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, 1998.

GULARTE, M.A. Metodologia analítica e características tecnológicas e de consumo na qualidade do arroz. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 2005. 95p. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Faculdade de Agronomia "Eliseu Maciel", UFPEL, 2005.

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ESTABILIZAÇÃO DE FARELO DE ARROZ POR IMERSÃO EM ÁGUA QUENTE

Cristina de Simone Carlos Iglesias Pascual(1), Vanessa Fernandes Araujo(2), Fausto Alberto Torres Rodriguez(2), Maurício de Oliveira(2), Ursula Maria Lanfer-Marquez(1), Moacir Cardoso Elias(2), ¹Universidade de São Paulo - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Depto. de Alimentos e Nutrição Experimental, Av. Prof. Lineu Prestes, 580, B14, São Paulo - SP, 05508-900, [email protected] . 2Universidade Federal de Pelotas, Depto. de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Caixa Postal 354, 96010 - 900, Pelotas - RS. Palavras-chave: Arroz, estabilidade, tratamento aquoso.

O farelo de arroz é um subproduto resultante do brunimento do arroz integral e corresponde a cerca de 10% do peso total do grão sem casca, não parboilizado. Em sua composição podem ser encontrados aproximadamente 20% de lipídeos, e os ácidos graxos esterificantes mais presentes são os insaturados oléico e linoléico, seguidos pelo saturado palmítico, o que lhe confere alto grau de instabilidade química e o caracteriza como produto altamente perecível. Esses fatos geram a necessidade de serem encontradas alternativas que possibilitem a estabilização da fração lipídica e, consequentemente, do farelo de arroz quando se deseja estudar seus constituintes e não for possível análise imediata. Um grande atributo nutricional do óleo presente no farelo de arroz está na presença de substâncias insaponificáveis, em torno de 3 a 5%, sendo os principais tocoferóis (vitamina E), tocotrienóis e γ-orizanol, que são conhecidos por sua atividade antioxidante e aos quais se atribuem efeitos benéficos à saúde (Lloyd et al., 2000; Rohrer e Siebenmorgen, 2004). Os homólogos da vitamina E, além da atividade antioxidante, estão sendo estudados por atividades biológicas adicionais incluindo atividade anticarcinogência e proteção contra doenças cardiovasculares (Theriault, et al., 1999). Ao γ-orizanol, que corresponde a uma mistura de vários ésteres de esteróis com o ácido ferúlico, atribui-se atividade antioxidante, protegendo alimentos contra a oxidação e aumentando a sua estabilidade. Vários estudos reportam também atividade hipocolesterolêmica e inibitória sobre a peroxidação lipídica em ensaios in vitro e com animais (Duthie, 1999). Contudo, as enzimas endógenas ou de origem microbiana, como as lipases e peroxidases, altamente reativas, causam reações hidrolíticas e oxidativas, com rápida perda da qualidade do farelo. O produto adquire sabor desagradável e elevada acidez, tornando-o impróprio para o consumo humano ou como ingrediente em qualquer formulação alimentícia. Assim, sua aplicação fica restrita, na maioria das vezes, ao uso em rações para animais ou como fertilizante orgânico (Silva, e col., 2006). Porém, o farelo pode ser estabilizado imediatamente após a sua obtenção por um tratamento térmico brando, visando à preservação de suas propriedades benéficas bem como a inativação das enzimas presentes, o que aumentaria a sua aplicabilidade.

Objetivou-se, com o trabalho, avaliar a possibilidade de estabilizar o farelo de arroz com tratamento térmico por meio de imersão em água quente, seguindo basicamente o procedimento descrito por Weber et al., (2002), para a estabilização de farinha de aveia, com algumas modificações.

Alíquotas de aproximadamente 100g de cada amostra de 15 kg de arroz (Oryza sativa, L.), em casca, da classe grão longo-fino, provenientes da coleção do Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos da UFPel, foram descascadas e polidas em engenho de provas Zaccaria, modelo PAZ-1DTA, previamente regulado para as dimensões do grão conforme procedimento preconizado pelo próprio laboratório (Elias, 1998), recolhendo-se ao redor de 10g de farelo por operação. O processo foi repetido até atingir um rendimento de 250 g de farelo. Imediatamente após a sua obtenção, o farelo foi repartido em cinco porções de 50 g cada, as quais foram acondicionadas em potes de polietileno de aproximadamente 1,5 mm de espessura e armazenadas por quatro dias ao

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abrigo da luz, em diferentes condições de temperatura e atmosfera, conforme esquema apresentado na Tabela 1.

Para o tratamento térmico, a quinta amostra foi imersa em 100 mL de água

destilada a 80°C, durante 10 minutos, com subseqüente resfriamento em banho de gelo até a temperatura de 25°C. Após esse tratamento, a amostra foi centrifugada a 1500 rpm por 5 minutos para remoção do excesso de água. A pasta de farelo úmido foi distribuída em bandejas de alumínio e seca em estufa a 40°C, com circulação forçada de ar por aproximadamente 24 horas, até atingir 10% de umidade residual. A amostra seca foi triturada e passada em peneira de 70 mesh e armazenada à temperatura ambiente de aproximadamente 25 °C até o momento da análise.

A estabilidade do farelo foi avaliada pela medida comparativa dos índices de acidez dos óleos previamente extraídos de cada uma das amostras. A extração do óleo foi efetuada pelo método Soxhlet, utilizando solvente éter de petróleo com imersão por 18 horas, obtendo-se um rendimento em torno de 2 % p/p, sendo a determinação do índice de acidez realizada pela metodologia descrita pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL, 1985). Uma amostra extraída no dia da análise foi utilizada como controle. Todas as análises foram realizadas em triplicata e os resultados expressos em % de ácido oléico, por ser este o ácido graxo encontrado em maior proporção no óleo de arroz (Gonçalves, 2007).

Os resultados referentes ao índice de acidez dos extratos etéreos das amostras encontram-se na Tabela 2. O farelo de arroz estabilizado termicamente apresentou índice de acidez similar àquele que não havia sido armazenado indicando que uma % de ácido oléico ao redor de 5 a 7% corresponde à acidez natural do óleo de arroz, devido à presença de ácidos graxos livres. Estudos revelam que óleo de farelo de arroz com acidez maior que 10 % é considerado impróprio para consumo humano (Ramezanzadeh, et al., 1999). A concentração no farelo tratado termicamente foi quatro vezes menor em relação à amostra 2, que havia sido armazenada à temperatura ambiente. Com a refrigeração (amostra 4), como era esperado, foi observada uma redução na acidez, devido à menor atividade enzimática quando comparada com a amostra mantida à temperatura ambiente (amostra 2), embora superior ao valor do farelo tratado termicamente. Nas amostras mantidas e armazenadas em frascos herméticos, tanto sob temperatura ambiente (amostra 3) quanto sob refrigeração (amostra 5) não se observou aumento da estabilidade, uma vez que os índices de acidez eram elevados. Isto pode ter ocorrido devido à formação de um ambiente anaeróbico na embalagem aumentando à atividade enzimática proveniente de microrganismos naturais presentes do farelo e com isso acelerando a velocidade de hidrólise dos triacilgliceróis.

Tabela 1 – Tratamento das amostras de farelo de arroz armazenadas por 4 dias

Amostras Tratamentos

Controle Farelo recém-extraído

1 Farelo tratado termicamente (imersão em água 80ºC/10 min)

2 Farelo não tratado e armazenado à temperatura ambiente

3 Farelo não tratado e armazenado à temperatura ambiente em potes herméticos

4 Farelo não tratado e armazenado a 4°C

5 Farelo não tratado e armazenado a 4°C em potes herméticos

Page 75: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Médias acompanhadas de letras minúsculas indicam diferença estatística, pelo Teste de Tukey (p<0,05).

Os resultados demonstram à necessidade de serem inativadas as enzimas presentes no farelo de arroz, imediatamente após o beneficiamento. O modelo de inativação, originalmente proposto para a estabilização de farelo de aveia por imersão em água quente seguido de secagem, mostrou ser eficaz também para a estabilização do farelo de arroz, fato evidenciado pelo bloqueio na formação de ácidos graxos livres. Este processo mostrou ser rápido e versátil, tendo grande importância na estabilização de amostras para análises em laboratório. Nas indústrias que utilizam o beneficiamento por parbolização, as operações hidrotérmicas do processo estabilizam a atividade enzimática dos grãos (Amato e Elias, 2005) antes do descascamento e do polimento. Já para as que beneficiam o arroz pelo processo de grãos brancos polidos, o método testado no presente estudo pode vir a ser utilizado em escala industrial, sendo para isso necessária a existência de um equipamento ou um processo capaz de fazer o tratamento em larga escala. Contudo, maiores estudos e melhorias no tratamento térmico deverão ser conduzidos para evidenciar a estabilidade oxidativa junto com a preservação das propriedades dos compostos bioativos presentes no farelo, durante longos períodos de armazenamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AMATO, G.W.; ELIAS, M.C. Parboilização do arroz. Ed. Ricardo Lenz, Porto Alegre.

2005, 160p. DUTHIE, G.G. Determination of activity of antioxidants in human subjects, Proccedings of

the Nutrition Society, 1999, (58), 1015 – 1024p. ELIAS, M.C. Espera para secagem e tempo de armazenamento na qualidade de arroz

para semente e indústria. Pelotas: UFPEL. Tese Doutorado. 1998,164p. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas: Métodos Químicos e Físicos para

Análises de Alimentos. 3.ed. São Paulo, 1985, v.l, 533p. GONÇALVES, P.R. Efeitos da parboilização sobre o perfil de ácidos graxos e do

gama-oryzanol em arroz. Pelotas: UFPEL. Tese Doutorado. 2007, 93p. LLOYD, B.J., SIEBENMORGEN, T.J., BEERS, K.W. Effects of Commercial Processing on

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SILVA, M. A., SANCHES, C., AMANTE, E. R. Prevention of hydrolytic rancidity in rice bran, Journal of Food Engineering, 2006, (75), 487– 491p.

THERIAULT, A., CHAO, J., WANG, Q., GAPOR, A., ADELI, K. Tocotrienol: A Review of Its Therapeutic Potential, Clinical Biochemistry, 1999, (32), n°.5, 309 –319p.

WEBER, F.H., GUTKOSKI, L.C., ELIAS, M.C. Processo de Estabilização de Farinha de Aveia por Imersão das Cariopses em Água Quente, Brazilian Journal of Food Technology, 2002, (5), 225 – 235p.

Agradecimentos: CNPq, CAPES, SCT-RS, Pólo de Inovação Tecnológica RS, Zaccaria Equipamentos.

Tabela 2 – % de ácido oléico em amostras de farelo de arroz após cada tipo de armazenamento e tratamento

Amostras de farelo % ácido oléico

Controle 7,41 ± 0,19de

1 5,41 ± 0,49e

2 21,12 ± 1,62b

3 26,91 ± 0,43a

4 9,52 ± 0,17d

5 12,38 ± 1, 18c

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COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL EM GRÃOS DE ARROZ POLIDO E PARBOILIZADO

Fabrício Barros Brum1, Bruna Mendonça Alves

2, Jaqueline Ineu Golombieski

3, Leila Picolli

da Silva4, Carlos Alberto Fagundes

5.

1Mestrando do PPG em Tecnologia de Alimentos;

NIDAL-DTCA-CCR, UFSM, Campus Universitário, Santa Maria-RS. CEP: 97.105-900 (e-mail: fabrí[email protected]);

2Aluna do Curso de Agronomia,

3Bolsista

Especialista Visitante CNPq; 4 Profa Depto de Zootecnia,

5 Pesquisador do IRGA.

Palavras-chaves: composição nutricional, grãos de arroz, formas de beneficiamento O arroz é um dos cereais mais cultivados no mundo, compondo-se na base alimentar de inúmeras populações de muitos países, especialmente no oriente. No Brasil, o arroz é consumido principalmente na forma de grãos inteiros, sendo conhecidos mais comumente três tipos principais: o arroz integral (descascado), o arroz branco (polido) e o arroz parboilizado. A parboilização é realizada através de um tratamento hidrotérmico e tem como objetivo principal a gelatinização do amido, reduzindo a ocorrência de grãos quebrados no processamento subseqüente. Durante a parboilização, são aprimoradas algumas qualidades tecnológicas do grão, como a redução da adesividade do arroz, a esterilização do grão e o aumento da vida de prateleira (Storck, 2004). Além disso, associado a este processo, há um incremento nutricional por parte do grão parboilizado em comparação com o arroz branco, sobretudo no conteúdo mineral, no amido digestível e nas frações de fibra alimentar. Conforme relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre dieta, nutrição e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), o consumo alimentar habitual constitui um dos principais fatores determinantes passíveis de modificação para DCNT. Evidências epidemiológicas demonstraram que o consumo de fibras e minerais oriundos de cereais na dieta habitual possui efeito protetor contra o desenvolvimento do diabetes tipo II (Sartorelli e Cardoso, 2006). Assim, por ser o arroz um alimento de grande consumo por parte da população e por serem escassos os estudos enfocando os aspectos nutricionais deste cereal, o presente trabalho teve por objetivo avaliar as diferenças relativas no conteúdo de nutrientes, fundamentais para a dieta alimentar e manutenção da saúde humana, em grãos de arroz polido e parboilizado. As amostras de arroz foram analisadas no NIDAL (Núcleo Integrado de Análises Laboratoriais, do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFSM, das seguintes cultivares: BR-IRGA 409, BR-IRGA 410, IRGA 416, IRGA 417, IRGA 418, IRGA 419, IRGA 420, IRGA 421 e Formosa. As cultivares foram beneficiadas de forma convencional (arroz polido) e por parboilização. Estas foram cultivadas na mesma área, na safra 2004/05, e produzidas na Estação Experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA/ Cachoeirinha/ RS). Durante o processo de parboilização, as amostras de arroz foram encharcadas numa

relação massa de grãos:água (1:1,5) a 65°C, por 300 minutos, autoclavadas a 110°C ± 1°C

(0,6 KPa ± 0,05 KPa por 10 min), e submetidas a secagem e temperagem através de repouso dentro de secador (24 a 48 h). Todas as amostras foram descascadas em engenho de provas Suzuki, modelo MT 96, previamente regulado para o cultivar e, polidas, com o tempo de permanência no brunidor de 1,5 min. Posteriormente, os grãos foram moídos a fim de se obter tamanho de partículas apropriado para as análises de: matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE) segundo Bligh & Dyer (1959), proteína bruta (PB) pelo método de Kjeldahl (N x 5,95), fibra total (FT) e insolúvel (FI) segundo Prosky et al. (1992). O teor de amilose (AM) foi determinado de acordo com a técnica iodométrica da amilose (Gilbert & Spragg, 1964), e o amido disponível (AD) segundo Walter et al. (2005). As

enzimas utilizadas nos métodos enzimáticos foram α-amilase Termamyl 120L, protease

Falvourzyme 500L e amiloglicosidase AMG 300L (Novozymes Latin American Limited). O delineamento experimental utilizado foi o completamente casualizado em

arranjo fatorial 2 x 9 (2 formas de beneficiamento e 9 cultivares). Os resultados foram

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submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro (P < 0,05). O processo de parboilização causou aumento significativo no teor de PB para IRGA 421, e de amilose neste e no IRGA 420 (Tabela 1). O EE foi significativamente maior para o cultivar BR-IRGA 409 parboilizado. Para AD, não foi verificada diferença significativa entre os tipos de beneficiamento. Os resultados da Tabela 2 demonstram que o processo de parboilização aumentou significativamente os valores de FT para alguns cultivares (IRGA 419 e 420), FS (IRGA 420) e FI (IRGA 409, 410, 417 e 418), além de MM em todos os cultivares testados. O maior teor de EE para BR-IRGA 409, de FT para IRGA 419/420, de FI para BR-IRGA 409/410 e IRGA 417/418 e, de FS para IRGA 420 parboilizados, provavelmente ocorreu em função de que os grãos resultantes do processo de parboilização tornam-se de consistência física mais rígida sendo mais resistentes à remoção das camadas externas no grão nas quais estes componentes se encontram em maior abundância (Storck, 2004).

Não foram observadas diferenças significativas dos teores dos nutrientes em relação ao genótipo. PB variou significativamente para uma única amostra, IRGA-421, que apresentou maior valor para o polido. Trabalhos anteriores de Comarella et al. (2005) e Storck (2004) indicaram que o cultivar em questão (IRGA-421) apresentou o mesmo comportamento, aparentemente atípico, uma vez que as demais amostras apresentaram, mesmo que não significativamente, incremento nos teores de PB para o parboilizado. Supõe-se assim, que alguma característica genética persistente está influenciando o cultivar IRGA-421 neste sentido. O teor aparente de Aml decresce com a parboilização, principalmente para IRGA 421 e 422, podendo-se supor que tal fato seja decorrente de uma perda parcial na capacidade da amilose ligar-se ao iodo, quando esta, em conseqüência da gelatinização e posterior retrogradação do amido, sofre uma desestruturação em sua molécula. Embora não observado no presente trabalho, estudos recentes vêm demonstrando que o teor de amilose correlaciona-se diretamente com a formação de amido resistente no grão de arroz, o que pode causar redução no teor de AD nos grãos parboilizados (Comarella et al., 2005). O AD não apresentou alteração significativa conforme o processamento. A MM aumentou significativamente para todos cultivares com o processo de parboilização, o que se deve a migração de minerais do pericarpo para o endosperma amiláceo do grão, durante o beneficiamento (Juliano & Bechtel, 1985). Tabela 1. Proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), amilose (Aml) e amido digestível (AD) em grãos polidos e parboilizados de nove cultivares de arroz. Santa Maria, 2007 PB EE Aml AD Cultivar POL PARB POL PARB POL PARB POL PARB

........................% na MS......................

409 8,24ab 8,44ns 0,35nsA 0,63nsB 26,86ns 22,72ns 91,29ns 85,25ns 410 7,33a 7,62 0,36 0,41 26,18 22,09 88,16 88,05 416 8,30ab 8,55 0,44 0,39 17,78 16,54 91,20 89,22 417 8,23ab 8,54 0,34 0,38 26,42 21,98 89,12 88,23 418 8,96ab 9,29 0,30 0,38 25,01 18,92 90,08 90,76 419 8,20ab 8,87 0,41 0,55 24,74 21,63 88,89 90,36 420 8,08ab 8,42 0,33 0,64 25,20 A 21,76 B 87,28 88,83 421 9,98bA 8,47B 0,36 0,47 25,00 A 20,29 B 87,50 89,53 Formosa 6,70 a 7,29 0,31 0,55 17,95 15,00 88,22 90,42 Média 8,22 8,38 0,35 0,49 20,90 20,10 89,08 88,96 Médias seguidas por letras minúsculas (na coluna) e maiúsculas (na linha) diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey.

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Tabela 2. Fibra total (FT), fibra insolúvel (FI), fibra solúvel (FS) e matéria mineral (MM) em grãos polidos e parboilizados de nove cultivares de arroz. Santa Maria, 2007

FT FI FS MM Cultivar POL PARB POL PARB POL PARB POL PARB

........................% na MS......................

409 2,76ns 3,31ns 1,07nsA 1,60nsB 1,69ns 1,70ns 0,32nsA 0,64nsB 410 2,80 3,41 0,66 A 1,73 B 2,00 1,67 0,33 A 0,61 B 416 2,35 3,76 0,82 1,28 1,53 1,85 0,41 A 0,68 B 417 2,89 3,19 0,63 A 1,55 B 1,90 1,62 0,35 A 0,77 B 418 2,99 3,70 0,61 A 1,26 B 1,87 2,41 0,34 A 0,71 B 419 2,93 A 4,36 B 1,29 1,45 1,64 2,14 0,44 A 0,69 B 420 2,76 A 4,35 B 1,41 1,30 1,66 A 2,75 B 0,34 A 0,79 B 421 2,51 3,33 1,04 1,20 1,59 1,44 0,45 A 0,70 B Formosa 2,69 3,49 0,93 0,93 1,87 2,46 0,43 A 0,63 B Média 2,74 3,65 0,94 1,37 1,75 2,00 0,38 0,69 Médias seguidas por letras minúsculas (na coluna) e maiúsculas (na linha) diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey.

Com base nos resultados obtidos no presente trabalho, conclui-se que a parboilização levou à diminuição bastante atípica da proteína bruta em apenas um cultivar, assim como causou decréscimo nos teores de Amilose, seguido de acréscimo no conteúdo de Extrato Etéreo, de Matéria Mineral e de Fibra Alimentar. Tal elevação das frações de minerais e de fibras, no arroz parboilizado, potencializa o valor nutricional deste alimento, que além do aporte energético fornece ao indivíduo um maior conteúdo de nutrientes essenciais necessários para a manutenção da saúde à longo prazo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bligh, E.C., Dyer, W. J. (1959). A rapid method of total lipid. Extraction and purification.

Can. J. Biochem. Physiol., v. 37, p. 911-917. Comarella, C. G.; Brum, F. B.; Patias, L. D.; Silva, L. P.; Storck, C. R.; Fagundes, C. A. A.

Efeito do processo de parboilização em medidas de interesse nutricional. In: IV Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, Santa Maria, RS. Anais… Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2005. v. II, p.356-358.

Gilbert, G.A., Spragg, S. P. Iodine Sorption: “Blue Value”. In: Whistler, R.L. et al. Methods in carbohydrate chemistry, v. IV – starch. London: Academic Press, p. 168-169.

Juliano, B.; Bechtel, D. The rice grain and its gross composition. In: Juliano, B. Rice: Chemistry and Technology. 2 ed., Minessota: American Association of Cereal Chemists, 1985. p.17-58.

Prosky, L. A., Schweizer, G. ., De Vries, T. F., Furda, I. (1992). Determination of insoluble and soluble dietary fiber in foods and food products: Collaborative study. J. Assoc. Anal. Chem. Int. v. 75, n. 2, p 360-367.

Sartorelli, D. S.; Cardoso, M. A. Associação entre carboidratos da dieta habitual e diabetes Mellitus tipo 2: Evidências epidemiológicas. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. V. 50, n. 3, p. 415-426, 2006.

Storck, C. R. Variação na composição química em grãos de arroz submetidos a diferentes beneficiamentos, 2004, 111 p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia dos Alimentos) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2004.

Walter, M., Silve, L. P., Perdomo, D.M.X. Amido disponível e resistente em alimentos: Adaptação do método da AOAC 966.11. Revista Alimentos e Nutrição. v. 16, n. 1, p.39-43, 2005.

Agradecimentos: ao IRGA e Capes pelo auxílio financeiro e ao CNPq pela concessão de bolsa Especialista Visitante.

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AVALIAÇÂO DA COMPOSIÇÃO MINERAL DE GRÃOS DE ARROZ BRANCO POLIDO

Jaqueline Ineu Golombieski1, Fabrício Barros Brum2, Cristiane Casagrande Denardin2, Bruna Roberto3, Leila Picolli da Silva4, Carlos Alberto Fagundes5. 1 Bolsista Especialista Visitante CNPq - NIDAL-DTCA-CCR-UFSM, Campus Universitário, Santa Maria-RS. CEP: 97.105-900 (email: [email protected]); 2Mestrandos do PPG em Tecnologia de Alimentos UFSM; 3 Aluna Curso de Farmácia UFSM, 4 Profa Depto de Zootecnia UFSM, 5

Pesquisador do IRGA. Palavras-chaves: arroz branco polido, minerais, cultivares

O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do País, com aproximadamente 55% da produção nacional, correspondendo a uma produção de mais de 6 milhões de toneladas nessa última safra. Segundo REN et al. (2007), são necessários 49 nutrientes, incluindo macro e microminerais, para satisfazer as necessidades metabólicas humanas. Nos grãos de arroz, um dos principais alimentos para a população mundial, encontramos um número significativo destes minerais. Eles atuam em diversos papéis essenciais, como íons dissolvidos em fluidos corpóreos (regulam atividades das enzimas, mantêm o equilíbrio ácido-base e a pressão osmótica) e como constituintes de moléculas essenciais, constituindo ossos e dentes e envolvidos no processo de crescimento. Assim, torna-se importante à avaliação da composição mineral em grãos de arroz como fonte de nutrientes na dieta humana. Dessa forma, este trabalho foi conduzido com o objetivo de verificar a correlação existente entre minerais (Ca, Mg, K, P, Fe, Cu, Zn e Na) em grãos de cultivares de arroz irrigado (branco polido) amplamente cultivados no Estado do Rio Grande do Sul – Brasil.

As amostras foram analisadas no Núcleo Integrado de Análises Laboratoriais (NIDAL) do Departamento de Tecnologia e Ciência de Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Foram avaliados grãos das cultivares BR-IRGA 409, BR-IRGA 410, IRGA 416, IRGA 417, IRGA 418, IRGA 419, IRGA 420, IRGA 421 e Formosa, produzidos na mesma área nas safras 2001/02, 2002/03, 2003/2004 e 2004/05, com três repetições por cultivar, na Estação Experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA/Cachoeirinha/RS). Todas as amostras foram beneficiadas de forma convencional (arroz branco polido), descascadas em engenho de provas Suzuki (modelo MT 96), previamente regulado para a cultivar, e polidas, com tempo de permanência no brunidor de 1,5 min. Posteriormente, os grãos foram moídos a fim de se obter tamanho de partículas apropriado para as análises de cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K), fósforo (P), ferro (Fe) cobre (Cu), zinco (Zn) e sódio (Na), realizadas de acordo com TEDESCO et al. (1995). O delineamento experimental utilizado foi o completamente casualizado. Os resultados (referentes as 4 safras agrícolas) foram submetidos à análise de correlação linear de Pearson entre as variáveis.

Na Tabela 1 são apresentados os coeficientes de correlação linear entre minerais dos grãos de arroz branco. Pelos resultados obtidos, constata-se que foram encontradas correlações entre alguns minerais, tanto positivas como negativas. Foram observados coeficientes de correlação positivos entre P e K (r=0,598), P e Mg (r=0,825) e K e Mg (r=0,604). Esses resultados indicam que à medida que ocorre o aumento de um mineral no grão, há um incremento do outro também. Já o coeficiente de correlação entre P e Na foi negativo (r= -0,509), assim como entre K e Na (r= -0,612), e Na e Mg (r= -0,893), indicando que o aumento em um dos nutrientes implica na diminuição de outro. BATTEN (2002) também observou correlação positiva em grãos de arroz para P e Mg, bem como P e K. Esse autor atribui tal fato aos fitatos, maior forma de armazenagem de fósforo em grãos de cereais, e que são também, o principal sítio de armazenagem de K e Mg na célula. A correlação positiva entre K e Mg foi verificada por este autor, que afirma que esta relação

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afeta a qualidade de cozimento de grãos de arroz branco. Já a correlação negativa entre P e Na, e K e Na pode estar associada, segundo MARSCHNER (1995), a solos pobres, pois quando reduz-se a concentração de nutrientes essenciais na planta, como P e K há um aumento na raiz e em grãos.

Com relação à concentração de minerais nas cultivares avaliadas (Tabela 2) observa-se poucas diferenças entre elas, mantendo-se uma certa homogeneidade ao longo dos 4 anos de cultivo, e com resultados muito próximos aos encontrados por EKHOLM et al. (2007) para grãos de arroz. Estes autores encontraram para Fe e Cu valores de 0,8 e 0,2 mg/100g de MS, respectivamente. Entretanto, para os minerais Ca, Mg, K e P, EKHOLM et al. (2007) encontraram valores superiores ao nosso trabalho (79, 30, 160 e 150 mg/100g de MS, respectivamente).

É importante ressaltar que a concentração dos minerais nas plantas é afetada pelo genótipo, condições do solo, condições climáticas durante o crescimento, utilização de fertilizantes e estado da planta da maturidade a colheita, bem como a origem geológica, através das variações em diferentes paises. A concentração de minerais no arroz reflete, em parte, os constituintes químicos do solo com o crescimento da planta (BALINT et al., 2001).

Para estes resultados encontrados, possivelmente a fertilização (aplicação de NPK conforme recomendações), utilização de calagem no solo (entrada de Ca e Mg) e a entrada de água de abastecimento nas parcelas experimentais com grande quantidade de nutrientes, tenha alterado o balanço fisiológico da planta e seus mecanismos até a chegada destes no grão de arroz. Segundo GENRO et al. (2005), a fonte de água de abastecimento da Estação Experimental do IRGA em Cachoeirinha é o Rio Gravataí que apresenta uma alta concentração de nutrientes no canal de irrigação que reduz substancialmente dentro da área cultivada, indicando aproveitamento pelas plantas.

Tabela 1. Coeficientes de correlação linear entre minerais em grãos polidos de cultivares

de arroz. Ca Fé Cu P K Na Zn Mg

Ca 1,000 - 0,279 0,050 - 0,278 - 0,426 0,052 0,146 0,029 Fé 1,000 0,110 - 0,167 0,099 0,314 - 0,079 - 0,320 Cu 1,000 0,150 - 0,003 0,362 - 0,144 - 0,282 P 1,000 0,598 - 0,509 0,231 0,825 K 1,000 - 0,612 0,134 0,604 Na 1,000 - 0,367 - 0,893 Zn 1,000 0,410 Mg 1,000

*Coeficientes de correlação de Pearson significativos mostrados em negrito Tabela 2. Concentração de minerais (mg/100g de MS) em cultivares de arroz. Média

resultante de quatro anos de cultivo Cultivar Ca Fe Cu P K Na Zn Mg IRGA 409 12,48 1,49 0,25 95,96 74,92 4,68 2,31 70,45 IRGA 410 15,06 0,86 0,29 85,32 67,75 3,38 1,96 66,43 IRGA 416 13,61 0,95 0,25 98,61 86,57 3,67 2,27 53,94 IRGA 417 15,59 1,00 0,36 98,73 75,86 4,57 2,50 60,89 IRGA 418 8,53 0,94 0,31 106,54 63,12 5,86 2,35 66,63 IRGA 419 17,23 0,66 0,27 111,00 78,66 7,01 2,03 73,81 IRGA 420 12,61 0,93 0,33 105,55 76,97 4,93 1,90 75,23 IRGA 421 12,77 0,88 0,23 106,01 67,57 4,11 2,27 61,86 Formosa 16,18 1,21 0,22 87,86 76,59 3,51 2,09 54,32 Média 13,78 0,99 0,28 99,51 74,22 4,64 2,19 64,84

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A literatura consultada sobre este assunto, indica que as variações de minerais em

órgãos de reserva, como grãos, não são influenciadas decisivamente pelos fatores ambientais e de manejo, obedecendo uma homogeneidade entre os cultivos. No entanto, os resultados obtidos pelo nosso grupo de pesquisa, nestes últimos quatro anos, demonstram contrariedade a esta afirmativa. Este fato é de suma importância, em especial porque se pode acenar com possibilidades de que o manejo e a fertilização diferenciados influenciarão direta e decisivamente sobre a disponibilidade no grão, de minerais essenciais para o bom funcionamento do organismo humano. Sabe-se que o arroz não é uma fonte rica em minerais, no entanto, como é consumido ampla e maciçamente, mesmo pequenos aumentos, podem influenciar de forma decisiva no combate a algumas patologias resultantes de deficiência no consumo de minerais. Este fato demonstra a premência de novos estudos, sobre os efeitos do manejo, fertilização, fatores climáticos, etc, sobre os teores de minerais também em grãos de arroz, o quê trará reflexos imediatos, e espera-se que positivos, a saúde pública.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALINT, A.F. et al. Comparison of the Cu, Zn, Fe, Ca and Mg contents of the grains of wild, ancient and cultivated wheat species. Cereal Research Communications. v. 29, p. 375-382. 2001. BATTEN, G.D. Relating minerals in rice shoots and grain to soil tests, yield and grain quality. Rural Industries Research and Development Corporation. Kingston, Austrália, 32 p. 2002 EKHOLM, P. et al. Changes and trace element contents of cereals, fruits and vegetables in Finland. Journal of Food Composition and Analysis. 2007 (no prelo). GENRO, S. A. et al. Contribuição de nutrientes pela água de irrigação do Rio Gravataí e da Barragem do Capané para a cultura do arroz irrigado.In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4. e REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 26, 2005. Santa Maria, RS. Anais...Santa Maria: UFSM, 2005. p. 502-504. MARSCHNER, H. Mineral Nutrition of Higher Plants. Academic Press Inc, San Diego, 2 ed. 889 p. 1995. REN, X.L. et al. Density alteration of nutrient elements in rice grains of a alow phytate mutant. Food Chemistry, v. 102, p. 1400-1406, 2007. TEDESCO et al. Análises de solos, plantas s e outros minerais. 2. ed. Porto Alegre: Departamento de Solos da UFRGS, 174. (Boletim Técnico, 5), 1995. Agradecimentos: ao IRGA e Capes pelo auxílio financeiro e ao CNPq pela concessão de bolsa Especialista Visitante.

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CARACTERIZAÇÃO DE MINERAIS EM FARELO DE ARROZ

Simone A. S. C. Faria¹; Otilia T. Carvalho¹; Luciana T. Yoshime¹; Selma N. Koakuzu²; Priscila Z. Bassinello²; Débora I. T. Fávaro³; Marilene D. V. C.

Penteado¹

Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, USP, Av. Prof. Lineu Prestes, 580, São Paulo, SP, Brasil,

[email protected]

¹ Faculdade de Ciências Farmacêuticas, USP ² Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, EMBRAPA – Arroz e Feijão GO ³ Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, IPEN-CNEN

O arroz (Oryza sativa L.) é o principal alimento para mais da metade da população mundial, constituindo uma das principais fontes de trabalho, renda e nutrientes em muitas regiões do planeta. O Brasil ocupa a décima posição entre os principais produtores deste cereal, sendo sua forma polida consumida em maior escala no país.

O tradicional processo de beneficiamento do arroz resulta em 65 a 75% de grãos polidos, de 19 a23% de casca, de 3 a 5% de impurezas e de 8 a 12% de farelo, o qual é rico em ácidos graxos essenciais, fibras e constitui uma boa fonte de minerais.

O objetivo do presente trabalho foi avaliar a variação da composição de minerais nas amostras de farelo de arroz fornecidas pela EMBRAPA, cultivadas em sistema irrigado e sequeiro e submetidas a diferentes processamentos e técnicas de estabilização, tendo em vista que o farelo pode ser utilizado como alimento e/ou ingrediente com propriedades nutricionais.

Como o farelo de arroz é rico em lipídeos, devido à intensa ação de lipases sobre o glicerol, ele se deteriora rapidamente por rancificação na presença de lipoxigenases endógenas. Por causa dessa suscetibilidade, o uso comercial de farelo de arroz requer a inativação enzimática. Essa inativação é feita com o emprego de altas temperaturas. Para tanto, o farelo foi submetido a tratamento térmico em fogão da marca DAKO 6 chamas, 6 minutos em panela aço Inox previamente aquecida, a estabilização foi feita em chama baixa sendo as amostras homogeneizadas durante todo o processo. Também realizou-se tratamento térmico em forno microondas da marca Brastemp, Potência 5 (média) durante 6 minutos sendo as amostras homogeneizadas a cada 2 minutos. A indústria não revelou detalhes do processo de estabilização empregado em suas instalações.

A determinação de minerais foi realizada por Análise de Ativação com Neutrons Instrumental (AANI), no IPEN-CNEN, em São Paulo. As amostras foram submetidas à irradiação com neutrons no reator e, posteriormente, foram feitas as leituras da atividade gama induzida nos espectrômetros de raios gama. Utilizou-se a AANI comparativa, onde cada amostra foi irradiada, conjuntamente com dois padrões (duplicata), sendo uma amostra de material de referência e dois padrões sintéticos (MAIHARA et al, 2001).

Os resultados (tabela1) permitem concluir que o sistema de cultivo em sequeiro apresentou teores dos minerais cálcio, ferro, potássio, sódio e Zinco inferiores as amostras do sistema de cultivo irrigado. De uma maneira geral os dois tipos de processos microondas e fogão não apresentaram diferenças nos teores dos minerais analisados. Na maioria das vezes estes resultados se apresentaram superiores aos das amostras cruas o que demonstra favorecer a liberação dos minerais das suas estruturas originais.

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Tabela1. Minerais do farelo de arroz submetido a vários tratamentos, expressos em µg/g.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

MAIHARA, V.A.; FÁVARO, D.I.; SILVA, V.N.; GONZAGA, I.B.; SILVA, V.L.;

CUNHA, I.I.; VASCONCELLOS, M.B.A.; COZZOLINO, S.M.F. Determination of mineral

constituints in duplicate portion diets of two university student groups by instrumental

neutron activation analysis. J. radional.nucl.chem. v.249,n.1,p.21-24, 2001.

Agradecimentos: Fapesp, Embrapa Arroz e Feijão GO, Cnpq

Amostras Ca Fe K Na Zn Farelo de arroz do sistema de cultivo irrigado

Crua 790±60 128±14 11484±564 31,6±3,6 116±7

Estabilizada em microondas n.d* 123±7 14808±333 34±5 125±10

Estabilizada em fogão 526±183 145±5 15914±357 33±5 120±10

Farelo de arroz do sistema de cultivo “sequeiro”

Crua 438±41 93,8 11293±960 16,8±1,9 72±5

Estabilizada em microondas 733±186 115±7 5418±305 12,1±1,4 140±10

Estabilizado em fogão n.d* 115±7 15824±355 15,1±2,2 84±7

Farelo de arroz agroindustrial Urbano

Crua 974±91 99±3 3675±503 10,9±106 129±8

Estabilizada em microondas (lote 1) 616±55 97±8 9453±337 15,4±1,6 47,7±0,8

Estabilizada em microondas (lote 2) 631±96 100±1 14648±302 16±1 78±5

Estabilizada em fogão (lote 1) n.d* 109±9 10074±359 16±2 51,7±0,8

Estabilizada em fogão (lote 2) 928±46 105±2 5046±711 10,3±17 136±9

Estabilizada na agroindústria (lote 1) n.d* 135±7 10465±373 15,4±1,6 54,4±0,9

Estabilizada na agroindústria (lote 2) n.d* 78±5 9062±462 13,4±1,3 49,6±0,3

Farelo de arroz parbolizado

Farelo de arroz parbolizado (lote 1) 1003±117 107±3 3123±142 9,6±1,3 149±8

Farelo de arroz pelletizado

Farelo de arroz parbolizado (lote 2) n.d* 143±5 4296±291 11±1 135±1

Farelo de arroz pelletizado (Irgovel-RS) n.d* 181±10 16428±747 89±6 98±7

n.d* não detectado

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EFEITOS DA TEMPERATURA DA ÁGUA DE ENCHARCAMENTO NA PARBOILIZAÇÃO SOBRE O PERFIL CROMATOGRÁFICO LIPIDICA DO

ARROZ Paulo Romeu Gonçalves1; Maria Regina Alves Rodrigues1; Marco Aurélio Ziemerman1; Mauricio de Oliveira2; Álvaro Renato Guerra Dias2; Moacir Cardoso Elias2

1Universidade Federal de Pelotas, Instituto de Química e Geociências, Depto. de Química Orgânica - Laboratório de Oleoquímica. [email protected]. 2Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Depto. de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul, CPGCTA. [email protected]

O expressivo aumento do consumo do arroz parboilizado tem despertado interesse

no aprofundamento de estudos sobre o processo de beneficiamento. O processo de parboilização tem como base o tratamento hidrotérmico do grão de arroz em casca, realizado em três operações unitárias: encharcamento ou maceração, autoclavagem ou gelatinização e secagem, para posterior descascamento, polimento e seleção do grão (ABIAP, 2006). A hidratação promove a entrada de água para o interior do grão, valendo-se da propriedade do amido de absorver até cerca de 30% do seu peso em água, em temperatura inferior à de gelatinização (AMATO, 2005; ABIAP, 2006). O processo contribui, para aumentar a retenção de vitaminas hidrossolúveis e sais minerais, evitando perdas no polimento do grão. Esse processo também promove a melhoria de parâmetros de qualidade física do grão (AMATO e ELIAS, 2005). A maior parte do óleo do grão de arroz está localizada no germe com um teor variável de 15-22%, obtido através do polimento do grão, com uma típica composição em ácido palmítico, ácido esteárico, ácido oléico, ácido linoléico e ácido linolênico (KIM et al, 1999). Há carências de informações sobre a influência do processo de parboilização sobre a fração lipídica, especialmente sobre a distribuição dos ácidos graxos.

Objetivou-se, com o trabalho, avaliar influências da temperatura da água de encharcamento sobre a fração lipídica do arroz parboilizado, principalmente na distribuição dos ácidos graxos, presentes em amostras de óleo do arroz parboilizado integral e no polido e no óleo do farelo.

Foram utilizadas amostras de arroz em casca, pertencentes à classe de grãos longo-finos, oriundas de cultivo irrigado da região Sul do Rio Grande do Sul. O processo de parboilização foi conduzido em escala piloto e as condições hidrotérmicas foram definidas em testes prévios, e constaram de encharcamento dos grãos de arroz em casca, com água destilada a 60, 65 e 70ºC, nos tempos de 240 e 300 minutos, seguindo-se a autoclavagem (110ºC, 0,5 k cm-1, por 10 minutos), a temperagem durante 72 horas, a e secagem dos grãos com circulação forçada de ar aquecido, segundo adaptações realizadas na metodologia desenvolvida por Elias (1998). Das combinações binárias entre temperatura da água e tempo de operação no encharcamento resultaram seis condições hidrotérmicas.

O óleo de arroz foi obtido, pelo método de extração com soxhlet, do arroz integral, polido e farelo, oriundos do beneficiamento convencional e por parboilização, foi submetido a derivatização dos ácidos graxos, por transesterificação com BF3/Metanol, para análise dos ésteres metílicos, por cromatografia gasosa. Os ésteres metílicos resultantes da derivatização foram analisados por cromatografia gasosa em cromatógrafo gasoso com detector de ionização com chama (GC/FID modelo Shimadzu 17A), equipado com uma coluna capilar carbowax HP 20M (25m x 0,2mm x 0,1µm).

A Tabela 1 apresenta a concentração dos ésteres metílicos dos ácidos graxos calculados em relação à área normalizada dos picos, para quatro amostras de óleo de arroz polido sem parboilizar e parboilizado, nas temperaturas de encharcamento de 60, 65 e 70ºC, por 5 horas. A Figura 1A apresenta o cromatograma em equipamento GC/FID com coluna capilar carbowax 20M, para os ésteres metílicos dos ácidos graxos usados como

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padrões, enquanto a Figura 1B apresenta em detalhe o cromatograma dos padrões dos ésteres metílicos dos ácidos esteárico, oléico e linoléico e elaídico. Tabela 1. Concentração (%) dos ésteres metílicos dos ácidos graxos, obtidos por derivatização do óleo de arroz polido sem parboilizar e parboilizado a 60, 65 e 70ºC, por 5 horas

Pico Tempo Éster metílico Não Parboilizado – temperat. encharcamento

(min) do ácido parboilizado 60°C 65°C 70°C 1 2,51 Caprílico n/d n/d n/d n/d 2 4,37 Cáprico n/d n/d n/d n/d 3 7,43 Láurico n/d n/d n/d n/d 4 11,17 Merístico A 0,35d A 0,21c A 0,26c A 0,37d 5 15,02 Palmítico A 16,05c A 13,75b A 15,35c A 17,62c 6 15,41 Palmitoleico A 0,15d A 0,15c A 0,15c A 0,14d 7 18,72 Esteárico A 1,54d A 1,16c A 1,32c A 1,51d 8 18,97 Oléico +

elaidico A 37,37b A 40,14a A 39,16a A 37,20b

9 19,72 Linoleico A 41,80a A 41,85a A 41,10a A 40,38a 10 20,78 Linolênico A 2,01d A 1,96c A 1,90c A 1,84d 11 22,20 Araquídico A 0,41d A 0,37c A 0,40c A 0,43d 12 25,62 Beênico A 0,07d A 0,17c A 0,17c A 0,21d 13 25,94 Erúcico n/d n/d n/d n/d 14 30,53 Lignocérico A 0,25d A 0,22c A 0,18c A 0,28d

Observa-se (Tabela 1) não haver diferenças nas concentrações de cada éster metílico de ácidos graxos quando se comparam as concentrações em arroz branco polido e em parboilizado polido, nas diferentes temperaturas da água de encharcamento. Também se verificam semelhanças no perfil cromatográfico dos ácidos graxos (Figuras 1A e 1B), com predominância dos ácidos insaturados (oléico, linoléico e linolênico), seguidos pelo ácido palmítico. Também é semelhante à distribuição das concentrações dos ésteres metílicos dos ácidos no óleo de arroz integral, arroz parboilizado integral e no óleo de farelo de arroz beneficiado por processo convencional ou parboilizado, não representando diferenças estatísticas significativas.

Figura 1. Cromatogramas do GC/FID de ésteres metílicos dos ácidos graxos usados como padrões. (A) todos os padrões; (B) detalhe do éster metílico do ácido elaidico.

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Na Figura 2 aparecem os cromatogramas do GC/FID dos ésteres metílicos do óleo

de arroz branco polido (não parboilizado) e de arroz parboilizado polido, com encharcamento a 60,65 e 70ºC, por 5 horas.

Figura 2. Cromatogramas do GC/FID dos ésteres metílicos do óleo de arroz polido parboilizado (60,65 e 70ºC, por 5 h) e não parboilizado. Condições: 100°C (0 min) – 5°C/min – 220°C (20 min). Tcoluna = 100°C, Tdetector =: 200°C e Tinjetor = 200°C, coluna capilar carbowax 20M.

Os cromatogramas (Figuras 1A, 1B e 2) mostram semelhanças entre os picos, não

evidenciando diferença significativa entre os homólogos, e a presença do éster metílico do ácido elaidico, no óleo de arroz não parboilizado, indica que a presença deste éster nas demais amostras não é decorrente do processo de parboilização. Também os cromatogramas de amostras de óleo de arroz integral, arroz parboilizado integral, farelo de arroz e farelo de arroz parboilizado apresentam semelhanças nos picos, não evidenciando diferenças significativas entre os homólogos ésteres metílicos.

BIBLIOGRAFIA ABIAP-Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado. www.abiap.com.br Disponível em 11/2006. AMATO, G.W; ELIAS, M.C. A parboilização do arroz. Porto Alegre Ricardo Lenz editor, p160, 2005. AMATO, G.W. Parboilização e qualidade do arroz. IN: ELIAS, M.C e LORINI, I. IN: II Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade Arroz. Pelotas Abrapós/UFPEL. p349-364 (2005). ELIAS, M.C. Tempo de espera para secagem e qualidade de arroz para semente e indústria. Pelotas, UFPEL. p 132 (Tese de Doutorado), 1988. ELIAS, M.C; GULARTE, M.A; SCHIRMER, M.A; AMATO, G.W. Qualidade de arroz na agroindústria. In: ELIAS, M.C.; LORINI, I. II Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade Arroz na Pós-Colheita. Pelotas Abrapós/UFPEL. 225-241 (2005). KIM, H.J; LEE, S.B; PARK, K.A; HONG, I.K. Caracterization of extraction and separation of rice bran oil rich in EFA using SFE process. Separation Purification Tecnology.15: 1-8 (1999).

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ARROZ VERMELHO NAS AMOSTRAS DE SEMENTES ANALISADAS NA REDE DE LABORATÓRIOS (LAS) DO IRGA NO PERÍODO DE 1996 A 2006.

José Mauro Costa Rodrigues Guma(¹) , Jair Flores Junior(²), Sintia da Costa

Trojan(²), Maria da Graça Burgo Valério(²), Roberto Longaray Jaeger(²), Jaceguay Barros(²). (1) Engenheiro Agrônomo da Estação Experimental do Arroz.

(²) Engenheiros Agrônomos – Resposáveis Técnicos dos LAS. IRGA EEA, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494. Cachoeirinha – RS.

CEP: 94930-030. [email protected]

A semente de má qualidade é o maior vetor de contaminação com arroz vermelho das lavouras do Estado, contribuindo significativamente para a infestação das áreas de cultivo por esta planta invasora. A utilização de semente isenta de arroz vermelho é a principal forma para manter a sustentabilidade da lavoura ao longo dos anos. Contudo, se deve conscientizar os agricultores dos benefícios desta ação e dispor de sementes com qualidade e quantidade suficientes para atender esta demanda.

A Rede de Laboratórios de Análises de Sementes (LAS) do IRGA abrange todas as regiões orizícolas do RS. Os laboratórios do IRGA analisaram na média de 6.745 lotes de sementes por ano, no período que compreende o ano de 1996 a 2006. E isto corresponde a mais de 1.000.000 de toneladas.

Com o objetivo de se avaliar os reflexos do Programa de Sementes do IRGA e do Programa de Certificação realizou-se um levantamento da qualidade das amostras remetidas a rede LAS do IRGA desde 1996. Este levantamento apesar de não informar diretamente a qualidade das sementes utilizadas pelos produtores, possibilita uma avaliação das sementes produzidas nos sistema oficial e a semente comum, servindo de indicativo da semente utilizada no Rio Grande do Sul. O levantamento é realizado a 11 (onze) safras, fornecendo mais segurança aos dados analisados.

Os LAS do IRGA realizam análises de pureza, verificação de outras espécies, outros cultivares, sementes atípicas, exame de nocivas e teste de germinação. São separados os lotes de sementes por categoria, oficial (Básica, Certificada, Fiscalizada S1 e S2) e sementes próprias ou comum. São tabulados os dados de presença de sementes nocivas (arroz vermelho) em 700 gramas, dentro das faixas criadas, por laboratório e no total analisado.

No período de 1996 a 1999 percebe-se que há um incremento no número de análises de sementes de arroz (Tabela – 1) e a partir de 1999 existe uma clara tendência de diminuição no número de análises realizadas pela Rede LAS-IRGA. Se percebe que do ano de 2004 em diante (Tabela – 2), o percentual de sementes oficiais analisadas pela rede LAS-IRGA ultrapassa o percentual de analises de semente comum. Um dos motivos desta mudança pode estar relacionada com a Lei 10.711 de agosto de 2003 que dispõe sobre o Sistema Nacional de Produção sobre Sementes e Mudas que impõe um controle maior sobre a origem da semente. Por outro lado, de 1999 para 2006 há uma redução de 58% (Tabela – 1) no número de análises realizadas pela Rede LAS-IRGA. Retratando o difícil momento que o sistema legal de produção de sementes viveu com a escalada da pirataria e influenciado também pelos avanços tecnológicos da cultura do arroz irrigado que proporcionou a redução significativa na densidade de semeadura. O que de certa forma influência na quantidade de sementes produzidas, já que reduz a demanda por sementes.

A redução no percentual de sementes comum e o incremento das análises de semente oficial (Tabela – 2), podem significar que os produtores estão procurando utilizar em suas lavouras sementes com origem conhecida e qualidade superior, oriundas dos programas oficias de produção, o que seria desejado e benéfico para a lavoura gaúcha.

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Tabela 1 – Lotes de sementes analisados pela Rede LAS-IRGA no período de 1996 a 2006. Laboratório 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Cach. do Sul - 619 1.685 1.699 1.551 1.368 1.492 507 1.151 836 537 Cachoeirinha 1.503 1.234 1.043 1.120 1.029 1.243 1.567 870 1.444 1.327 944 Camaquã - 662 910 1.152 1.056 849 1.114 964 1.135 869 570 Pelotas 1.221 1.149 1.429 1.462 1.364 1.387 1.428 1.181 937 1.038 645 Rosário 1.422 1.392 1.552 1.502 1.340 1.258 1.323 1.237 1.277 702 594 Uruguaiana 1.038 1.114 1.292 1.333 1.090 1.044 1.012 1.181 1.542 1.257 1.556 TOTAL 5.184 6.170 7.911 8.268 7.430 7.149 7.946 5.940 7.486 6.029 4.846

Tabela 2 – Comparação entre lotes de sementes oriundos dos programas oficiais e semente comum no período de 1996 a 2006 analisados na Rede LAS-IRGA (Cachoeirinha, Cachoeira do Sul, Rosário do Sul, Uruguaiana, Pelotas, Camaquã). Categoria 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Oficial 44,4 40,9 45,2 46,2 43,2 43,4 47,8 44,6 52,5 55,0 68,9 Não oficial 55,6 58,1 54,8 53,8 53,8 56,6 52,2 55,4 47,8 45,0 31,1

Em todo o período de análise (1996 a 2006) , a incidência de arroz vermelho

(Tabela – 3 e 4) nas análises de sementes comum foi sempre superior às análises das sementes oficiais. Percebe-se que a partir de 2003 ocorre uma alteração nas faixas de incidência de arroz vermelho nas sementes oficias, aumentando o percentual de sementes isenta de arroz vermelho e reduzindo o percentual de lotes contaminados. Isto denota uma melhoria na qualidade de semente, fruto da maior especialização dos produtores de sementes, capacitação e investimentos em áreas novas para o cultivo de arroz e do programa de certificação que atua como uma auditoria corretiva, indicando as falhas no processo de produção e recomendando práticas necessárias corrigir estas falhas. Já na semente comum (Tabela – 4) não se percebem alterações ao longo do período, e na média dos 11 anos analisados, 47,2% da semente possui contaminação por arroz vermelho. Tabela 3 – Incidência de arroz vermelho (%) nas sementes oriundas do programas ofociais analisada pela Rede LAS-IRGA (Cachoeirinha, Cachoeira do Sul, Rosário do Sul, Uruguaiana, Pelotas, Camaquã) no período de 1996 a 2006. Faixas 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Zero 66,6 72,6 77,9 71,7 74,9 73,8 71,3 70,7 71,9 82,0 85,1 01-02 23,0 19,7 18,2 22,4 20,5 16,7 14,9 17,9 19,2 14,0 11,6 03-05 6,5 5,4 2,8 4,3 3,8 5,1 6,9 5,4 5,6 3,1 2,7 06-10 2,7 1,5 0,7 1,3 0,6 3,6 5,5 4,5 2,0 0,6 0,5 11-20 0,8 0,6 0,3 0,2 0,2 1,4 1,2 1,1 1,3 0,1 0,1 >21 0,4 0,1 0,1 0,0 0,0 0,3 0,3 0,4 0,0 0,1 0,0

Tabela 4 – Incidência de arroz vermelho (%) nas sementes comuns analisadas pela Rede LAS-IRGA (Cachoeirinha, Cachoeira do Sul, Rosário do Sul, Uruguaiana, Pelotas, Camaquã) no período de 1996 a 2006. Faixas 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Zero 49,2 46,5 55,2 48,3 62,9 52,5 53,6 54,0 53,7 57,5 47,4 01-02 22,8 21,7 21,7 26,1 20,6 17,5 18,4 23,5 27,2 19,4 21,8 03-05 12,1 12,9 11,0 11,8 7,4 8,9 8,6 9,9 7,2 13,1 14,2 06-10 7,7 7,3 5,5 6,7 3,8 8,5 10,0 5,3 5,9 4,8 7,1 11-20 4,3 5,8 3,5 3,7 2,2 5,7 5,7 3,8 3,6 2,7 3,8 >21 3,9 5,8 3,1 3,5 3,3 3,4 3,7 3,5 2,3 2,5 5,7

As sementes analisadas na Rede LAS-IRGA oriunda dos Programas Oficiais tem

aumentando sua participação e melhorado a qualidade nas últimas safras, beneficiando toda a cadeia produtiva do arroz.

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SOUZA, J.A.B. DE, CORDERO, E.J., BARROS, J.A., MARQUES, J.B.B., VALÉRIO, M.G.B., JAEGER, R.L. Arroz vermelho nas amostras de sementes analisadas nos laboratórios do IRGA de 1996 a 2000. In: II Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado e XXIV REUNIAO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO. Porto Alegre, RS. Anais... IRGA, 2001. p. 744. SOUZA, J.A.B. DE, et al.; Arroz vermelho nas amostras de sementes analisadas nos laboratórios do IRGA de 1996 a 2002. In: III Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado e XXV REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO. Balneário Camburiú, SC. Anais...Itajaí: EPAGRI, 2003. p. 581. SOUZA, J.A.B. DE, GADEA, A.D.C., CORDERO, E.J., FERREIRA, J.P., HERNANDES, G.C., VALÉRIO, M.G.B., JAEGER, R.L. Arroz vermelho nas amostras de sementes analisadas nos laboratórios do IRGA de 1996 a 2004. In: IV Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado. Santa Maria, RS. Anais... UFSM, 2005. p. 317.

Page 90: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

PRODUÇÃO DE SEMENTE GENÉTICA E BÁSICA DO IRGA NAS SAFRAS 2005/2006 E 2006/2007

José Mauro Costa Rodrigues Guma(1), Athos Dias de Castro Gadea(1), (1)

Engenheiro Agrônomo da Estação Experimental do Arroz. IRGA EEA, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494. Cachoeirinha – RS.

CEP: 94930-030. [email protected]

Através da semente os produtores recebem todo o potencial genético de um novo cultivar. Durante o processo de multiplicação, desde a obtenção nos programas de melhoramento às lavouras, trabalha-se com pequenos volumes até que sejam alcançadas quantidades em escala comercial. No decorrer deste manuseio, as sementes estão sujeita a fatores que podem ocasionar misturas ou contaminações, o que compromete a pureza do material genético e a qualidade das sementes ofertadas aos produtores. Novos cultivares se tornam insumos agrícolas quando suas sementes, de alta qualidade, estão disponíveis aos agricultores e são por eles plantados. A principal justificativa de um programa de sementes é a extensão aos agricultores do comportamento varietal superior demonstrado por um cultivar.

A Lei Federal N° 9.456 de 25/04/1997, denominada Proteção de Cultivares que instituiu direito de propriedade dos materiais genéticos, também estabeleceu obrigações aos obtentores vegetais, dentre estas, a manutenção de um volume suficiente de sementes de alta qualidade com as características do cultivar lançado. A Lei 10.711 de 5 de agosto de 2003 que dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas, provocou alterações no processo de produção de sementes de arroz. A implantação de um controle de gerações, através da exigência da utilização de sementes da categoria Básica para a produção de semente certificada, que por sua vez poderá ser utilizada para multiplicação da classe não certificada (S1 ou S2). A classe S2 é utilizada exclusivamente para a multiplicação em lavouras destinadas a produção de grãos comerciais.

A implantação deste sistema deverá contribuir para a melhoria da qualidade das sementes produzidas e incentivar a produção de semente certificada, obrigando os obtentores a manter uma produção anual de semente básica dos seus materiais genéticos. A utilização de sementes com qualidade e de procedência conhecida é pré-requisito básico quando se adotando estratégias de manejo para o aumento de produtividade, de competitividade e de sustentabilidade da lavoura de arroz do RS. O objetivo deste trabalho é relatar o processo de produção sementes Genética e Básica que visa manter a pureza varietal dos cultivares criados ou introduzidos pelo IRGA, com controle de qualidade, possibilitando a ampliação da produção de sementes. A meta de produção de semente genética é 1.000 sacos ano e da semente básica de 20.000 a 25.000 sacos ano.

A semente genética é produzida em duas gerações, ou seja, duas safras, a primeira geração é para purificação e multiplicação das sementes por meio do método de semeadura de panícula por linha. Inicialmente são selecionadas panículas representativas de cada material e semeadas em linhas de 3 metros, independentes e isoladas por distância mínima de três metros. Durante o ciclo da cultura realizaram-se inspeções diárias para a eliminação de plantas com características diferentes dos materiais originais, quanto ao porte, ciclo, tipo de grão, pilosidade e outras características importantes. Para a segunda geração utilizou-se o sistema de transplante de mudas e as sementes utilizadas foram obtidas na produção da primeira geração da semente genética. A densidade de semeadura foi de 25 (vinte e cinco) kg/ha, com espaçamento entre linhas de 30 (trinta) cm.

A multiplicação de sementes básica é efetuada por produtores cooperantes, por meio de contratos específicos, que foram selecionados por critérios estabelecidos pelo IRGA. A divisão de pesquisa do IRGA em Cachoeirinha tem a responsabilidade de fiscalizar os campos de produção, receber e beneficiar as sementes produzidas nas

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regiões do litoral, campanha e depressão central. A unidade do IRGA em Uruguaiana tem a responsabilidade de fiscalizar os campos de produção, receber e beneficiar a semente produzida na Fronteira Oeste. Os escritórios regionais selecionam os cooperantes, e conjuntamente com os técnicos responsáveis fiscalizam as áreas de produção e realizam a distribuição das sementes produzidas.

Na tabela 1 encontram-se genótipos purificados e multiplicados, número de linhas, produção obtida nas safras, 2005/2006 e 2006/2007. Na tabela 2, se encontram os genótipos multiplicados da segunda geração da semente genética, área e produções obtidas nas safras 2005/2006 e 2006/2007. Tabela 1 – Número de linhas semeadas e produção de semente genética na primeira geração, utilizando o sistema de panícula por linha, produzida na Estação Experimental do Arroz – IRGA, Cachoeirinha, safras 2005/2006 e 2006/2007.

CULTIVAR 2005/2006 2006/2007 Nº LINHAS kg Nº LINHAS kg BR IRGA 409 150 90 300 117 BR IRGA 410 150 94 60 23 BR IRGA 414 30 10 30 14 IRGA 416 60 22 30 12 IRGA 417 300 135 300 121 IRGA 418 120 84 60 23 IRGA 419 150 85 60 20 IRGA 420 120 80 60 21 IRGA 421 120 75 60 17 IRGA 422 CL 300 140 300 123 L 2423 (IRGA 424) 270 127 300 125 L 2403 270 122 - - L 1832 270 118 - - L 1782 (IRGA 423) 270 120 300 120 BLUE BELLE 30 12 30 7 FORMOSA 30 8 30 6 CARNAROLI 30 9 30 6 EEA 406 30 8 30 8 TOTAL 2.700 1.209 1.980 763 Tabela 2 – Área semeada e produção de semente genética beneficiada na segunda geração produzida na Estação Experimental do Arroz – IRGA, Cachoeirinha, safras 2005/2006 e 2006/2007.

CULTIVAR 2005/2006 2006/2007 Ha Kg Ha kg BR IRGA 409 - - - - BR IRGA 410 0,7 3.040 BR IRGA 414 - - - - IRGA 416 1,0 6.550 - - IRGA 417 2,1 8.080 2,0 IRGA 418 1,0 3.400 0,92 5.200 IRGA 419 - - - - IRGA 420 0,4 0,4 2.800 IRGA 421 - - IRGA 422 CL 1,5 8.680 L 2423 (IRGA 424) 0,7 8.080 L 1782 (IRGA 423) 0,4 3.680 TOTAL 1.980 763

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Tabela 3 – Área semeada por cultivar, produção beneficiada e comercialização de semente básica do IRGA na SAFRA 2005/2006. Equipe de Sementes EEA/IRGA, Cachoeirinha.

VARIEDADE ÁREA

(ha)

Produção Beneficiada

(sacos 50 kg)

Comercialização

(sacos 50 kg) BR IRGA 409 30 2.268 1.684 BR IRGA 410 15 1.620 562 IRGA 416 10 200 177 IRGA 417 100 7.728* 7.502* IRGA 418 25 289 289 IRGA 420 20 367 157 IRGA 421 10 335 100 IRGA 422 CL 60 5.720* 5401* TOTAL 270 18.527 15.872 * Sacos de 40 kg. Tabela 4 – Área semeada por cultivar, produção beneficiada e comercialização de semente básica do IRGA na SAFRA 2006/2007. Equipe de Sementes EEA/IRGA, Cachoeirinha.

VARIEDADE ÁREA

(ha)

Produção Beneficiada

(sacos 50 kg)

Comercialização

(sacos 50 kg) BR IRGA 409 30 2.400 - IRGA 417 65 6.500 - IRGA 418 3,5 300 - IRGA 420 3,5 300 - IRGA 421 3,5 300 - IRGA 422 CL 80 8.500 - TOTAL 185,5 18.800 -

A continuidade destas atividades nos levará a melhorias nestes processos, o que possibilitará a produção de sementes de alta qualidade, cumprindo desta forma o principal objetivo dos programas de melhoramento e produção de sementes. A seqüência destas atividades tem possibilitado ao IRGA incrementar a produção de semente básica com qualidade, para a distribuição aos produtores de sementes do RS. Este fato tem contribuído para o crescimento da área de arroz cultivado com cultivares do IRGA. PESK, S.T., BARROS, A.C.S., TERRES, A. L. Produção de Sementes de Arroz. Modulo 7. Pelotas, RS, UFPel, 2000.82p. Curso de Especialização em Produção de Sementes de Arroz Irrigado. GADEA, A. D. C., GIORGIO, I. U., SOUZA,J.A.B. DE . Produção de Semente Básica e Certificada do Irga In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 22,1997, Balneário Camburiú, SC.Anais...Itajaí: EPAGRI,1997.p. 496-97. GADEA, A. D. C., GIORGIO, I. U., SOUZA,J.A.B. DE . Produção de Semente Genética e Básica Certificada do Irga In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 23.,1999, Pelotas, RS.Anais... Embrapa Clima Temperado,1999.p. 727. GADEA, A.D.C., NASSIF, C.F.M., MARQUES, J.B.B. Programa de sementes de Arroz IRGA/Safra 1999/2000. II Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, XXIV Reunião da Cultura do Arroz Irrigado, Porto Alegre, RS. Anais... IRGA, 2001. p. 728.

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ACOMPANHAMENTO DO PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO DE SEMENTES DO IRGA NAS SAFRAS 2004/2005, 2005/2006 E 2006/2007

José Mauro Costa Rodrigues Guma(¹) , (1) Engenheiro Agrônomo da Estação

Experimental do Arroz. IRGA EEA, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494. Cachoeirinha – RS.

CEP: 94930-030. [email protected]

A Lei 10.711 de agosto de 2003 cria a figura da Entidade Certificadora inscrita junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e tem o papel de auditar o processo de produção de sementes do produtor credenciado no Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM). O IRGA como Entidade Certificadora acompanha todas as fases da cultura, desde o campo até a comercialização, verificando sempre, se a semente está dentro dos padrões estabelecidos pelo MAPA.

A certificação é o processo que, obedecidos às normas e padrões específicos, objetiva a produção de sementes, mediante controle de qualidade em todas as suas etapas, incluindo o conhecimento da origem genética e o controle de gerações. O processo de certificação compreende as categorias de semente genética, básica, certificada C1 e certificada C2.

No processo de certificação, a obtenção das sementes será limitada a uma única geração de categoria anterior. Constituem obrigações do IRGA como certificador de sementes de arroz rastrear todos os registros das atividades realizadas desde a semeadura até a emissão do certificado de sementes, controlar a vistoria, o beneficiamento, armazenamento e a análise de sementes.

O objetivo do trabalho foi realizar um acompanhamento anual das atividades de certificação de sementes de arroz, nas três (2004/2005, 2005/2006, 2006/2007) safras que o IRGA atuou como Entidade Certificadora, analisando os dados de área inscrita (ha), Produção de Sementes (toneladas) e os cultivares semeados.

O programa de certificação de sementes do IRGA teve nas safras 2004/2005 (Tabela – 1), 2005/2006 (Tabela – 2) e 2006/2007 (Tabela – 3) uma área inscrita de 3.633,6 ha, 3.164,7 ha e 6.448,7 ha respectivamente, ou seja, um crescimento de 44% da primeira safra para a última e de 51% da 2005/2006 para a safra 2006/2007.

A produção de semente aprovada cresceu da safra 2004/2005 para a safra 2005/2006 42,5%, mesmo com uma redução na área inscrita de 13%, o que demonstra uma especialização e qualificação dos produtores de sementes, e conseqüentemente a maior taxa de aprovação dos lotes. Da safra 2005/2006 para a safra 2006/2007 estima-se um crescimento em torno 50% da produção de sementes certificadas.

O cultivar de maior produção de sementes foi o IRGA 422 CL, representando 93% e 57% do total de sementes produzidas e certificadas nas safras de 2004/2005 e 2005/2006. Na safra 2006/2007 estima-se que o cultivar IRGA 422 CL represente 60% da produção aprovada. Os cultivares BR IRGA 409 e IRGA 417 aumentaram a área de produção sementes nas últimas duas safras, indicando a forte procura destes materiais por parte dos produtores de

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lavouras comerciais, devido a qualidade industrial dos grãos e a valorização que o mercado concede para estes cultivares. Tabela –1: Área inscrita e aprovada (ha) por cultivar e categoria e produção aprovada (toneladas), na safra 2004/2005. CULTIVARES ÁREA INSCRITA POR

CATEGORIA (Ha) C1 C2

TOTAL (Ha)

PRODUÇÃO APROVADA

(Ton) BR IRGA 410 28,6 0,0 28,6 50,0 BR IRGA 414 3,0 0,0 3,0 27,0 IRGA 417 142,0 0,0 142,0 91,0 IRGA 420 8,5 0,0 8,5 33,0 IRGA 421 26,0 0,0 26,0 0,0 IRGA 422 CL 101,0 2949,8 3050,8 8.543,0 BRS 7 TAIM 180,0 2,0 182,0 333,0 BRS ATALANTA

24,0 0,0 24,0 75,0

BRS PELOTA 118,0 0,0 118,0 0,0 SCS 112 0,0 34,3 34,3 0,0 SCS 113 0,0 17,3 17,3 0,0 TOTAL 631,1 3002,5 3633,6 9.187,0

Tabela – 2: Área inscrita e aprovada (ha) por cultivar e categoria e produção aprovada (toneladas), na safra 2005/2006. CULTIVARES ÁREA INSCRITA POR

CATEGORIA (Ha) C1 C2

TOTAL (Ha)

PRODUÇÃO APROVADA

(Ton) BR IRGA 409 255,5 0,0 255,5 2607,4 BR IRGA 414 1,0 0,0 1,0 15,0 IRGA 417 408,0 31,0 439,0 1.648,1 IRGA 419 17,5 0,0 17,5 10,0 IRGA 420 11,0 0,0 11,0 18,3 IRGA 421 46,0 0,0 46,0 123,4 IRGA 422 CL 1479,2 442,5 1921,7 8.51,6 BRS 7 TAIM 100,0 0,0 100,0 603,0 BRS ATALANTA

15,0 0,0 15,0 75,0

BRS PELOTA 47,0 0,0 15,0 120,0 BRS QUERÊNCIA

155,0 0,0 155,0 820,0

QM 13 131,0 12,0 143,0 561,0 EPAGRI 108 0,0 13,0 13,0 34,0 TOTAL 2.666,2 498,5 3164,7 15.692,3

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Tabela – 3: Área inscrita e aprovada (ha) por cultivar e categoria e produção estimada (toneladas), na safra 2006/2007. CULTIVARES ÁREA INSCRITA POR

CATEGORIA (Ha) C1 C2

TOTAL (Ha)

PRODUÇÃO ESTIMADA

(Ton) BR IRGA 409 281,7 80,0 361,7 1844,7 BR IRGA 410 122,0 0,0 122,0 622,2 BR IRGA 414 0,0 12,0 12,0 61,2 IRGA 416 4,0 0,0 4,0 20,4 IRGA 417 1.064,6 105,0 1.169,6 5.964,8 IRGA 418 25,0 0,0 25,0 127,5 IRGA 419 9,5 1,3 10,8 55,1 IRGA 420 9,0 12,0 21,0 107,1 IRGA 421 9,6 0,0 9,6 49,0 IRGA 422 CL 2.560,2 1421,6 3981,8 20.307,2 BRS 7 TAIM 34,0 0,0 34,0 173,4 BRS ATALANTA

19,0 0,0 19,0 96,9

BRS PELOTA 11,0 0,0 11,0 56,1 BRS QUER. 189,0 50,0 239,0 1.218,9 QM 1 11,0 0,0 11,0 56,1 QM 13 83,2 84,0 167,2 852,7 EL PASO 144 220,0 0,0 220,0 1.122,0 EPAGRI 108 0,0 8,0 8,0 40,8 SCS 114 0,0 22,0 22,0 112,2 TOTAL 4.652,8 1795,9 6.448,7 32.888,2

A semente certificada é uma garantia de qualidade que o produtor

de arroz deve utilizar na sua lavoura, com a finalidade de obter maior produtividade e a sustentabilidade da produção ao longo das safras.

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PROFUNDIDADE DE SEMEADURA E QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE ARROZ HÍBRIDO

Fábio Mielezrski(1), Rudineli Ribeiro Carvalho(1), Luís Eduardo Panozzo(1), Luis Osmar Braga Schuch(1), Mateus Olivo(1) .1Universidade Federal de Pelotas, caixa postal 354, CEP 96001-970, Pelotas RS, E-mail: [email protected].

No Brasil, o arroz é o terceiro produto mais importante depois da soja e do milho, sendo produzido na última safra aproximadamente 12 milhões de toneladas. O Rio Grande do Sul ocupa um lugar de destaque na cultura, respondendo por 50% da produção nacional e 80% do arroz irrigado. O desafio para alcançar altos padrões de qualidade e de produtividade compatíveis com as crescentes necessidades de alimento do planeta é, talvez, a principal explicação para a expansão do arroz híbrido, cuja tecnologia de produção é bem mais complexa que aquela empregada no cultivo de sementes convencionais e, na relação com as outras culturas, de maior complexidade do que outras variedades híbridas como o milho, segundo Revista Seed News (2005). Atualmente o arroz híbrido vem crescendo em área semeada no Brasil, por proporcionar acréscimos de 20% na sua produtividade das lavouras e permitir baixar a densidade de semeadura (150 kg.ha-1 para 50 kg.ha-1). O vigor híbrido em arroz resultante da heterose, explorado comercialmente, vem sendo uma das mais importantes aplicações técnicas da genética na agricultura.

As sementes que apresentam uma qualidade fisiológica superior permitem um rápido estabelecimento de plantas, facilitando o manejo e trazendo menores riscos para o ambiente e ao capital investido (Höfs, 2003). O desempenho das sementes de arroz em campo é grande fator para o sucesso da lavoura. O vigor das sementes utilizadas na semeadura pode afetar o estabelecimento da cultura no campo. O baixo vigor tem sido associado a reduções na velocidade e emergência total, produção de plantas com menor tamanho inicial e índices de crescimento da cultura (Schuch, 1999). O uso de sementes de baixo vigor pode provocar baixo estande de plantas, má distribuição e desenvolvimento, podendo afetar o rendimento econômico. As plântulas oriundas de sementes de maior qualidade fisiológica, devido apresentar emergência precoce e maior tamanho inicial, podem em condições ambientais favoráveis, obter uma vantagem inicial no aproveitamento de água, luz e nutrientes (Kolchinski, 2003).

Assim o trabalho tem como objetivo avaliar o efeito do vigor de sementes em arroz híbrido sobre a emergência em campo e crescimento inicial das plântulas, quando submetidos a diferentes profundidades de semeadura.

O experimento foi realizado na Área Experimental e Didática do Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM). Utilizaram-se sementes de arroz do híbrido Avaxi da empresa RiceTec®, de dois lotes devidamente caracterizados como apresentando alto e baixo vigor. O lote de alto vigor apresentou germinação de 97%, no teste de frio 88% e no envelhecimento acelerado 93%. O lote de baixo vigor apresentou germinação de 83%, no teste de frio 62% e no envelhecimento acelerado com 67%.

Foram testadas também duas profundidades de semeadura (2,5 cm e 5,0 cm) em uma combinação fatorial com os dois lotes de sementes de arroz híbrido. O trabalho foi conduzido em garrafas “pets” cortadas que apresentavam 30,0 cm de altura e diâmetro de 9,0 cm preenchidas com solo peneirado e compactado, para que as condições fossem similares ao campo. Cada garrafa “pet” constituiu uma parcela, tendo sido semeadas 20 sementes por garrafa. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro repetições. Avaliou-se a porcentagem de plântulas emergidas e índice de velocidade de emergência (IVE) de plântulas utilizando metodologia descrita por Nakagawa, (1999).

Aos 10 dias após o final da emergência as plântulas foram coletadas e levadas ao laboratório de sementes da Universidade Federal de Pelotas, sendo contado o número de folhas e de perfilhos aos 10 dias após o final da emergência total das plântulas.

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O uso de sementes de baixo vigor provocou severas reduções na emergência em solo (Tabela 1). Mesmo para profundidade de 2,5 cm, a emergência ocorrida no lote de baixo vigor foi de apenas 40% mostrando redução em valores absolutos de 45%. Na profundidade de 5,0 cm a emergência foi inferior à ocorrida a profundidade de 2,5 cm, nos dois lotes, sendo que a redução pelo uso de sementes de baixo vigor foi mais intensa. Em termos absolutos a redução foi de 50% neste caso. Também no IVE a qualidade das sementes provocou efeito acentuado, sendo o lote de alto vigor apresentando uma emergência média de 7,45 plantas por dia, enquanto no lote de baixo vigor esse valor foi de apenas 3,76 plantas por dia.

O número de perfilhos por planta e o número de folhas também foram reduzidos pelo uso de sementes de baixo vigor, tanto em semeadura realizada a 2,5 cm como em semeadura a 5,0 cm, não se verificando diferença significativa no número de folhas por planta na profundidade de 5,0 cm.

Tabela 1: Emergência em solo (%) e Índice de Velocidade de Emergência (IVE) de

plântulas de arroz híbrido, em função do nível de vigor das sementes nas profundidades de semeadura ( 2,5 e 5,0 cm).

Vigor Emergência em solo (%) 2,5 cm 5,0 cm

(IVE) 2,5 cm

Alto 85,0* a 77,5 a 7,45 a

Baixo 40,0 b 27,5 b 3,76 b

* Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade.

Tabela 2: Número de perfilhos e folhas das plantas de alto e baixo vigor a profundidade de 2,5 e 5,0 cm aos 10 dias após o final da emergência total das plântulas. .

Vigor Número de perfilhos 2,5 cm 5,0 cm

Número de folhas 2,5 cm 5,0 cm

Alto 3,2* a 3,8 a 8,3 a 7,6 a

Baixo 2,7 b 2,6 b 6,1 b 6,8 a

* Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade.

Assim, sementes de arroz híbrido Avaxi de alto vigor apresentam melhor desempenho tanto na emergência total e velocidade de emergência, como no crescimento inicial das plântulas.

Agradecimentos: Fapergs, CNPq, CAPES (apoio financeiro), RiceTec (sementes).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ARROZ Híbrido. Revista Planeta Arroz. Disponível em: <http:// www.planetaarroz.com.br. Acessado em 05/05/2007.

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EXPANSÃO do arroz híbrido alavanca a produtividade. Revista Seed News, Pelotas, 2005. p.8-11. Disponível em: <http:// www.seednews.com.br. Acessado em 05/05/2007. HÖFS, A. Emergência e crescimento de plântulas de arroz em resposta à qualidade fisiológica das sementes. 2003. 44f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2003. KOlCHINSKI, E. M. Vigor de sementes e competição intraespecífica em soja. 2003. 44f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2003. NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados no desempenho das plântulas. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D. e FRANÇA NETO, J.B. Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, p. 2.1 – 2.24, 1999. SCHUCH, L.O. B. Vigor de sementes e aspectos fisiológicos da produção em Aveia preta (Avena strigosa Schreb). 1999. 127f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 1999.

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COMPORTAMENTO DE PLANTAS EM POPULAÇÕES DE ARROZ HÍBRIDO EM FUNÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES

Fábio Mielezrski(1), Luis Osmar Braga Schuch(1), Silmar Teichert Peske(1), Rudineli Ribeiro Carvalho(1), Luís Eduardo Panozzo(1), Mateus Olivo(1).1Universidade Federal de Pelotas, caixa postal 354, CEP 96001-970, Pelotas RS, E-mail: [email protected].

O arroz é um dos cereais mais cultivados no mundo e em praticamente todo território brasileiro, representando um componente básico na alimentação de grande parte da população. O Brasil ocupa a décima posição mundial, tanto em termos de consumo, quanto em produção de grãos desse cereal. O estado do RS ocupa a primeira colocação em área cultivada e produção de grãos, segundo dados do Anuário Brasileiro do Arroz (Santos, 2004). Nos últimos anos, as lavouras orizícolas do sul do Brasil obtiveram aumento na produtividade média, superiores ao patamar de 6 ton.ha-1 em decorrência do alto potencial produtivo, insumos e tecnologias modernas, como por exemplo, o uso de híbridos de arroz que é uma importante ferramenta para incrementar ainda mais a produtividade dessa cultura no Rio Grande do Sul. O vigor híbrido proporciona inúmeros benefícios ao produtor como uma planta mais robusta, com maior estabilidade de produção e alto potencial de rendimento, devido ao efeito da heterose, maior nível de resistência a doenças e maior tolerância a estresses ambientais, permitindo baixar a densidade de semeadura de 150 kg.ha-1 com variedades para 50 kg.ha-1 com híbridos. (RiceTec, 2007).

O desempenho das sementes de arroz em campo é grande fator para o sucesso da lavoura, sendo que o uso de sementes com baixo vigor pode acarretar em baixo estande de plantas, má distribuição e desenvolvimento, podendo afetar o rendimento. O vigor das sementes são propriedades que determinam o potencial para uma rápida e uniforme emergência e o desenvolvimento de plântulas normais sob uma ampla faixa de condições ambientais. (AOSA, 1983). O vigor máximo é atingido quando as sementes alcançam maior índice de matéria seca, chamado ponto de maturidade fisiológica.

Em uma população de plantas, a competição é um fator importante que determina o impacto da densidade de plantas daninhas no rendimento da cultura, sendo importante o entendimento dos fatores que controlam a variabilidade fenológica para designar práticas de controle das plantas daninhas. A maneira como as plantas individualmente são capazes de aumentar o seu crescimento como um todo e assim competir por luz, água e nutrientes minerais determina em grande parte o seu sucesso em diferentes ambientes. Embora seja conhecido o efeito da competição de plantas dentro de populações, não estão mensurados os efeitos do vigor de sementes na competição de plantas em uma comunidade de arroz irrigado. (Melo, 2005).

Neste contexto, este trabalho tem como objetivo avaliar o efeito do vigor de sementes em populações de arroz híbrido Avaxi, sobre a produção das plantas aos 15, 30 e 45 dias após o transplante das plantas.

O experimento foi realizado na Área Experimental e Didática do Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM). Utilizaram-se sementes de arroz do híbrido Avaxi da empresa RiceTec®, de dois lotes devidamente caracterizados como apresentando alto e baixo vigor. O lote de alto vigor apresentou germinação de 97%, no teste de frio 88% e no envelhecimento acelerado 93%. O lote de baixo vigor apresentou germinação de 83%, no teste de frio 62% e no envelhecimento acelerado com 67%.

A semeadura de cada lote foi realizada em bandejas distintas com solo como substrato, a uma profundidade de 2,5 cm com posterior transplante das plantas para o campo de produção. Após a emergência das plântulas foi realizado um desbaste nas bandejas, retirando as plantas mais precoces no lote de baixo vigor e as plântulas mais tardias no lote de alto vigor, com o propósito de utilizar as plântulas emergidas no dia de maior freqüência de emergência em cada um dos níveis de vigor.

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O transplante foi realizado aos 20 dias após a semeadura, estando no estádio V3 com estatura de 10-12 cm, de acordo com as Recomendações Técnicas para o Arroz Irrigado (2005). A correção da fertilidade foi realizada de acordo com análise do solo baseados nas recomendações da ROLAS, sendo incorporado ao solo o adubo NPK no transplante e a adubação nitrogenada dividida em duas épocas, 1/2 no transplante e 1/2 na diferenciação do primórdio floral. No transplante foi utilizado uma distância entre linhas de 20 cm e espaçamento entre plantas de 3 cm, objetivando uma densidade de semeadura de 50 Kg.ha-1, com 30 plantas por metro linear e população de 180 planta por m2.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso com 20 repetições. Testou-se dois tratamentos; plantas originadas de sementes de alto e baixo vigor, sendo cada parcela constituída de uma linha de 1 metro de comprimento.

Foram coletadas 10 plantas por parcela aos 15, 30 e 45 dias após o transplante (DAT) para determinações de área foliar e produção de matéria seca por planta. Utilizou-se determinador de área foliar Licor LI2600 e o método de estufa à 65,5ºC até peso constante, respectivamente.

Na Tabela 1, constata-se que as plantas originadas de sementes de alto vigor produziram áreas foliares entre 40% a 70% superiores as plantas originadas de sementes de baixo vigor nas três épocas de avaliação, embora aos 45 dias após o transplante não se observou diferença estatisticamente significativa.

Para a produção de matéria seca, constata-se que as plantas originadas de sementes de alto vigor também apresentaram valores entre 50% a 70% superiores, às originadas de sementes de baixo vigor (Tabela 2), nas diferentes épocas após o transplante.

Tabela 1: Área foliar (cm2) de plantas de arroz híbrido originadas de sementes de alto e

baixo vigor, aos 15, 30 e 45 dias após o transplante (DAT). Vigor das sementes Área foliar por planta (cm²)

15 DAT 30 DAT 45 DAT

Alto 51,17 * a 299,22 a 392,91 a

Baixo 35,70 b 172,58 b 263,38 a

* Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade. Tabela 2: Matéria seca (g) de plantas de arroz híbrido originadas de sementes de alto e

baixo vigor, realizada aos 15, 30 e 45 dias após o transplante (DAT). Vigor das sementes Matéria seca por planta (g)

15 DAT 30 DAT 45 DAT

Alto 0,27 * a 2,67 a 5,40 a

Baixo 0,18 b 1,54 b 3,34 b

Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade.

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Assim, o uso de sementes de alto vigor produziu plantas com maior crescimento

inicial, mantendo essas diferenças em área foliar e matéria seca pelo menos até os 45 dias após o transplante.

Agradecimentos: Fapergs, CNPq, CAPES (apoio financeiro), RiceTec (sementes).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AOSA - ASSOCIATION OF OFFICIAL SEED ANALYTS. Seed Vigor test committee. Seed vigor testing handbook. East Lansing, 1983, 88p. (Contribution, 32). ARROZ IRRIGADO: Recomendações técnicas da pesquisa para o sul do Brasil. Santa Maria-RS. 2005, p. 46-47. Disponível em: <http:// www.sosbai.com.br MELO, P. T. B. S. Quando a semente faz a diferença. Revista Seed News. Pelotas, 2005. p. 08-09. . Disponível em: <http:// www.seednews.com.br .Acessado em 05/05/2007. RICETEC Sementes LTDA. Arroz Híbrido. Disponível em: <http:// www.ricetec.com.br. Acessado em 20/05/2007. ROLAS. Recomendações de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 3ª Ed. Passo Fundo, SBCS - Núcleo Regional Sul, 1994. 223p. SANTOS, C. Anuário Brasileiro do Arroz 2004. Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2004. 136p.

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EMERGÊNCIA EM CAMPO E CRESCIMENTO INICIAL DE ARROZ HÍBRIDO EM FUNÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES

Fábio Mielezrski(1), Luis Osmar Braga Schuch(1), Silmar Teichert Peske(1) , Rudineli Ribeiro Carvalho(1), Luís Eduardo Panozzo(1), Jacson Zuchi(1). 1Universidade Federal de Pelotas, caixa postal 354, CEP 96001-970, Pelotas RS, E-mail: [email protected].

Muitos fatores afetam a qualidade fisiológica e a sanidade das sementes de arroz, alguns desses diretamente relacionados ao manejo da cultura no campo de produção de sementes. A uniformidade de maturação no momento da colheita e o completo enchimento das sementes são citados por vários autores como sendo indispensáveis para a obtenção de lotes de sementes com boa qualidade fisiológica (Rodrigues, 2001). Ainda hoje, grande parte dos agricultores de arroz na região Sul do Rio Grande do Sul, não valorizam o conceito de vigor das sementes, sendo a comercialização e a valorização das sementes, realizada apenas considerando os atributos de germinação e pureza física.

O vigor híbrido em arroz resultante da heterose vem sendo uma das mais importantes aplicações técnicas da genética na agricultura. Este fenômeno contribui não somente para segurança alimentar, mas também beneficia diretamente o ambiente. O arroz híbrido é cultivado em 15 milhões de hectares (50% da área total) na China, produzindo 103,5 milhões de toneladas anualmente, atingindo rendimento médio de grãos em torno de 6.900 kg.ha-1.

O vigor, segundo Krzyzanowski et al. (1999), reflete um conjunto de características que determinam o potencial para emergência rápida e uniforme de plântulas normais sob ampla diversidade de condições ambientais e precede a queda ou redução da germinação, de modo que lotes com percentuais de germinação semelhantes podem diferir quanto ao nível de deterioração. O efeito do vigor de sementes sobre o estabelecimento e desempenho das culturas em condições de campo tem sido objeto de pesquisa. Sementes com baixo vigor podem provocar reduções na emergência em campo, na velocidade de emergência e no tamanho inicial das plantas. (Schuch, 2006). O vigor das sementes modifica o desenvolvimento vegetativo e está freqüentemente relacionado ao rendimento em culturas que são colhidas no estádio vegetativo ou durante o inicio do desenvolvimento reprodutivo.

O trabalho tem como objetivo avaliar o efeito do vigor de sementes de arroz híbrido Avaxi na porcentagem e velocidade de emergência e posterior crescimento inicial das plantas resultantes.

O experimento foi realizado na Área Experimental e Didática do Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM). Utilizaram-se sementes de arroz do híbrido Avaxi da empresa RiceTec®, de dois lotes devidamente caracterizados como apresentando alto e baixo vigor. O lote de alto vigor apresentou germinação de 97%, no teste de frio 88% e no envelhecimento acelerado 93%. O lote de baixo vigor apresentou germinação de 83%, no teste de frio 62% e no envelhecimento acelerado com 67%.

Foi utilizado o delineamento experimental de blocos ao acaso com 20 repetições, sendo testados dois níveis de vigor. Cada parcela foi constituída de uma linha de 1 m de comprimento, onde foram semeadas 100 sementes na profundidade de 2,5 cm. Após o início da emergência foram realizadas contagens diárias de plântulas emergidas para a determinação do índice de velocidade de emergência (IVE) de acordo com metodologia utilizada por Schuch (1999). Após a emergência total das plântulas no campo foram realizados desbastes em cada parcela deixando 30 plantas por metro linear e população de 180 plantas.m². Imediatamente antes da semeadura foi realizada adubação, de acordo com análise do solo e baseada em recomendação da ROLAS. A adubação nitrogenada foi realizada antes da entrada da água no experimento. Foram coletadas 10 plantas em cada parcela aos 30 dias após a emergência para determinação da área foliar e produção de

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matéria seca por planta. Utilizou-se determinador de área foliar Licor LI2600 e o método de estufa a 65,5C˚ até peso constante, respectivamente.

Pode ser constatado na Tabela 1, que as sementes de arroz híbrido de maior vigor proporcionaram um desempenho superior em porcentagem e velocidade de emergência. A emergência em campo das plântulas resultantes de sementes de alto vigor, foi 15 pontos percentuais superior as de baixo vigor. Na Tabela 2, observa-se que as plântulas originadas de sementes de alto vigor apresentaram área foliar e produção de matéria seca 50% e 78%, respectivamente superiores às originadas de sementes de menor vigor. Tabela 1: Emergência em campo e índice de velocidade de emergência (IVE) em função

do nível de vigor das sementes de arroz híbrido.

Vigor Emergência a campo (%) (IVE)

Alto 69 *a 3,03 a

Baixo 54 b 2,24 b

* Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. Tabela 2: Área foliar (cm2) e produção de matéria seca por planta (g) aos 30 dias após a

emergência, em função do nível de vigor das sementes de arroz híbrido.

Vigor das sementes Área foliar (cm2) Matéria seca (g)

Alto 116,70 * a 1,55 a

Baixo 77,11 b 0,87 b

* Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade.

Conclui-se que, em arroz híbrido, sementes de alto vigor apresentam maior

potencial para o estabelecimento e crescimento inicial de plântulas. Agradecimentos: Fapergs, CNPq, CAPES (apoio financeiro), RiceTec (sementes).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KRZYZANOWSKI, F. C.; VIEIRA, R. D.; FRANÇA-NETO, J. B. Vigor de sementes: Conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999, 218p. RODRIGUES, A.O. Sementes verdes e qualidade de sementes de arroz (Oryza sativa L.). 24p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Sementes) - Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2001. ROLAS. Recomendações de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 3ª Ed. Passo Fundo, SBCS - Núcleo Regional Sul, 1994. 223p.

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SCHUCH, L.O.B. Maximizando a produção com sementes de alto vigor. Revista Seed News, Pelotas, 2006. p.8-11. Disponível em: <http:// www.seednews.com.br SCHUCH, L.O. B. Vigor de sementes e aspectos fisiológicos da produção em Aveia preta (Avena strigosa Schreb). 1999. 127f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 1999.

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DESEMPENHO DE PLANTAS INDIVIDUAIS DE ARROZ HÍBRIDO EM FUNÇÃO DO VIGOR DAS SEMENTES

Fabio Mielezrski(1), Luis Osmar Braga Schuch(1), Silmar Teichert Peske(1), Luís Eduardo Panozzo(1) , Rudineli Ribeiro Carvalho(1), Jacson Zuchi(1). 1Universidade Federal de Pelotas, caixa postal 354, CEP 96001-970, Pelotas RS, E-mail: [email protected].

O arroz é um dos cereais mais cultivados no mundo, sendo parte da alimentação básica para mais da metade da população. No Brasil, a cultura corresponde a 20% da produção de grãos. No Rio Grande do Sul, a área total semeada no estado gira em torno de 950 mil hectares, com uma produtividade média de 6200 Kg.ha-1, segundo Revista Seed News, (2007).

Atualmente o arroz híbrido vem crescendo em área semeada no Brasil, por proporcionar acréscimos de 20% na sua produtividade das lavouras. O arroz híbrido surgiu na década de 70 na China, país que atualmente é o maior produtor deste cereal. Da produção total do planeta, que gira em torno de 412 milhões de toneladas, cerca de 20% é resultado da utilização de sementes de híbrido, segundo a revista Planeta Arroz (2006).

A cultura de arroz irrigado apresenta pequena resposta a variações de densidade de plantas, compensando os componentes do rendimento dentro de limites bastante amplos. A resposta ao número de plantas por unidade de área depende da variedade utilizada, do vigor da semente e também do manejo do cultivo. O vigor híbrido permite baixar a densidade de semeadura de 150 kg.ha-1 com variedades para 50 kg.ha-1 com híbridos. Estatura e número de perfilhos, por exemplo, podem variar, resultando em maior auto-sombreamento, em maior esterilidade de flores ou em menor qualidade industrial do grão ao ser descascado.

O vigor das sementes modifica o desenvolvimento vegetativo e está freqüentemente relacionado ao rendimento em culturas que são colhidas no estádio vegetativo ou durante o inicio do desenvolvimento reprodutivo. A grande maioria das definições de vigor caracteriza as tarefas do processo germinativo como sendo a rapidez, a uniformidade de germinação e também a perfeição da plântula produzida (Höfs et el, 2003).

O efeito do vigor de sementes sobre o estabelecimento e desempenho das culturas em condições de campo tem sido objeto de pesquisa. A qualidade fisiológica das sementes determina a capacidade de estabelecer uma planta no campo, sendo um fator decisivo para o sucesso da lavoura (Melo, 2005). Sementes com baixo vigor podem provocar reduções na emergência em campo, na velocidade de emergência e no tamanho inicial das plantas (Schuch, 2006).

Assim o trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do vigor de sementes sobre estatura, número de perfilhos e área foliar em plantas de arroz híbrido cultivadas isoladamente.

O experimento foi realizado na Área Experimental e Didática do Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM). Utilizaram-se sementes de arroz do híbrido Avaxi da empresa RiceTec®, de dois lotes devidamente caracterizados como apresentando alto e baixo vigor. O lote de alto vigor apresentou germinação de 97%, no teste de frio 88% e no envelhecimento acelerado 93%. O lote de baixo vigor apresentou germinação de 83%, no teste de frio 62% e no envelhecimento acelerado 67%.

A semeadura foi realizada diretamente no campo, em covas espaçadas de 50 cm de forma a manter as plantas isoladas. Foram semeadas 10 sementes por cova para permitir posterior desbaste, retirando as plântulas mais precoces no lote de baixo vigor e as mais tardias no lote de alto vigor, com o propósito de utilizar a plântula emergida no dia de maior freqüência de emergência para cada um dos níveis de vigor, deixando ao final uma planta por cova. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso com 20 repetições. Testaram-se dois tratamentos; plantas originadas de sementes de alto e de baixo vigor, sendo cada parcela constituída por uma única planta. Os efeitos dos tratamentos foram comparados pelo teste de Duncan, com nível de probabilidade de 5%.

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A correção da fertilidade foi realizada de acordo com análise de solo baseados nas recomendações da ROLAS, sendo incorporado no solo a fórmula 5-20-20 na semeadura. A adubação nitrogenada dividida em três aplicações: 1/3 antes da entrada de água, 1/3 na diferenciação do primórdio floral e 1/3 no florescimento. Não foi necessário tratamento fitossanitário. O controle de plantas invasoras foi realizado manualmente, o mais precoce possível para evitar o efeito da competição com as plantas de interesse.

Avaliações: estatura das plantas (cm), aos 60 e 115 dias após a emergência (DAE), número de perfilhos por planta aos 115 DAE e área foliar por planta. Foi utilizado um determinador de área foliar Licor LI2600 do Laboratório Didático de Análise de Sementes da Universidade Federal de Pelotas.

As sementes de alto vigor produziram plantas que apresentaram desempenho superior às originadas de sementes de baixo vigor. Na Tabela 1 constata-se que as plantas originadas de sementes de alto vigor apresentaram maior altura de plantas, tanto aos 60 DAE como aos 115 DAE. Também desenvolveram um número elevado de perfilhos por planta (tabela 2) e maior área foliar (tabela 3). Esse número elevado de perfilhos por planta e área foliar por planta, em ambos os tratamentos, explica-se por as plantas terem se desenvolvido isoladas, sem competição por plantas vizinhas.

Destaca-se que as sementes de alto vigor produziram plantas com número de perfilhos por planta 15% superior às sementes de baixo vigor e área foliar 25% maior que as sementes originadas de baixo vigor.

Tabela 1 – Estatura (cm) de plantas isoladas de arroz híbrido originadas de sementes de

alto e baixo vigor, dos 60 e 115 dias após a emergência (DAE).

*Médias seguidas por letras iguais, nas colunas, não diferem pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade. Tabela 2 - Número de perfilhos por planta em plantas isoladas de arroz híbrido originadas

de sementes de alto e de baixo vigor aos 115 dias após a emergência (DAE).

Vigor Nº perfilhos aos 115 DAE

Alto 61* a

Baixo 53 b

*Médias seguidas por letras iguais, nas colunas, não diferem pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade. Tabela 3 - Área foliar (cm²/planta) em plantas isoladas de arroz híbrido originadas de

sementes de alto e de baixo vigor aos 115 dias após a emergência (DAE). Vigor Área Foliar aos 115 DAE

Alto 6849* a

Baixo 5505 b

*Médias seguidas por letras iguais, nas colunas, não diferem pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade.

Vigor Estatura aos 60 DAE Estatura aos 115 DAE

Alto 99* a 113 a

Baixo 94 b 110 b

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Assim, conclui-se que a qualidade fisiológica das sementes utilizadas para o estabelecimento das plantas afetou o desempenho das plantas adultas. Sementes de alto vigor originaram plantas com maior potencial fisiológico que se refletiu em maior crescimento dessas plantas até o final do ciclo.

Agradecimentos: Fapergs, CNPq, CAPES (apoio financeiro), RiceTec (sementes).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ARROZ Híbrido. Revista Planeta Arroz. Disponível em: <http:// www.planetaarroz.com.br. Acessado em 05/05/2007. HÖFS, A. Vigor de sementes de Arroz e o desempenho da cultura. 2003. 44f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, UFPel, Pelotas, 2003. MELO, P. T. B. S. Desempenho individual e de populações de plantas de arroz relacionado ao vigor de sementes. 2005. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, UFPel, Pelotas, 2005. NOVAS Variedades e Híbridos de Arroz Irrigado. Revista Seed News, Pelotas, 2007. p.14-16. v. 11, nº 3. Disponível em: <http:// www.seednews.com.br ROLAS. Recomendações de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 3ª Ed. Passo Fundo, SBCS - Núcleo Regional Sul, 1994. 223p. SCHUCH, L.O.B. Maximizando a produção com sementes de alto vigor. In: Revista Seed News, Pelotas, 2006. p.8-11. Disponível em: <http:// www.seednews.com.br

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MÉTODO ALTERNATIVO NA SEPARAÇÃO DE LOTES DE SEMENTES DE

ARROZ QUANTO AO VIGOR Cristina Rodrigues Mendes

(1), Maria da Graça de Souza Lima

(1), Dario Munt de Moraes

(1).

¹Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal, Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, UFPel, Campus Universitário, Caixa Postal 354, CEP 96010-900, e-mail: [email protected]

Em estudos que buscam a padronização dos testes de vigor, são encontradas certas dificuldades, tendo em vista que o vigor pode ser refletido através de várias características como velocidade de germinação, uniformidade de emergência, resistência ao frio, temperatura e umidade elevadas, substâncias tóxicas, etc. De qualquer maneira, são considerados eficientes os testes que permitem separar os lotes em diferentes categorias de vigor, desde que essas informações correspondam ao mesmo grau de separação proporcionado pela emergência das plântulas em campo (CARVALHO e NAKAGAWA, 1988).

Um dos aspectos de maior interesse, quando se avalia a qualidade fisiológica das sementes, refere-se à obtenção de resultados confiáveis em período de tempo relativamente curto. Assim, é crescente o interesse na utilização de testes de vigor no controle interno da qualidade, completando as informações do teste de germinação, com objetivo de obter parâmetros mais sensíveis para seleção dos melhores lotes de sementes (DIAS et al., 2001; RODO & MARCOS FILHO, 2003).

Num sistema produtivo, é comum o descarte de lotes de sementes que não se enquadram dentro dos padrões mínimos de germinação para fins de comércio, especialmente próximo à época de semeadura. Assim, é de fundamental importância uma tecnologia capaz de possibilitar a avaliação rápida e precisa da germinação e do vigor, viabilizando a eliminação de lotes de sementes de baixa qualidade. Testes precisos e de execução rápida contribuem para diminuir custos, prevenir prejuízos e para melhor aproveitamento da mão-de-obra envolvida no trabalho de controle de qualidade (AMARAL e PESKE, 2000).

Dentre as diferentes formas de verificação da qualidade fisiológica em sementes, o processo de respiração tem merecido especial atenção, pela alta relação entre este fenômeno e a qualidade da semente. Popinigis (1977) relatou que a primeira atividade metabólica das sementes, concomitante à reidratação, é a respiração, processo metabólico que ocorre em todas as células vivas, em que moléculas orgânicas são transformadas em produtos mais simples com liberação de energia. A liberação de CO2 durante a respiração das sementes em processo germinativo pode ser medida em aparelho de Pettenkofer.

O trabalho teve por objetivo avaliar a atividade respiratória como método alternativo capaz de separar, com rapidez, lotes de sementes de arroz quanto ao vigor.

Foram utilizados três lotes de sementes de arroz cv. BR-IRGA 422 CL, previamente analisados pelo Laboratório de Análise de Sementes do Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, da Universidade Federal de Pelotas. Intencionalmente, os lotes foram eleitos em função do índice de vigor, de forma a apresentar três diferentes níveis (alto, médio e baixo), com o intuito de verificar se a determinação da atividade respiratória proporcionaria a mesma classificação.

Para parâmetro referencial, antes da determinação da atividade respiratória, os lotes foram submetidos aos seguintes testes: Condutividade elétrica e emergência de plantas em casa de vegetação.

Condutividade elétrica (CE), com três repetições de 100 sementes e quatro subamostras de 25 sementes, as amostras pesadas e colocadas em béquer com 80 mL de água deionizada, mantidas em germinador a temperatura de 20°C, nos tempos de incubação de três e 24 horas foram realizadas as leituras da CE das sementes em

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condutivímetro Digimed CD-21 e os resultados expressos em µS m-1 g

-1 de semente em

função do peso inicial das sementes utilizadas (AOSA, 1983). Emergência de plantas (E), as sementes foram semeadas em bandejas, em casa

de vegetação, sendo o substrato areia lavada, com três repetições de 200 sementes e quatro subamostras de 50 sementes. Os resultados expressos em porcentagem de plantas emergidas aos 21 dias.

Atividade respiratória (AR), a liberação de CO2 em uma amostra de 200g de sementes, de cada lote, foi medida após uma hora de permanência das mesmas em aparelho de Pettenkofer, utilizando-se hidróxido de bário concentrado com auxílio de vácuo, fenolftaleína como indicador e solução de HCl para titulometria.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com três repetições estatísticas. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

A atividade respiratória e a emergência diminuíram enquanto que a condutividade elétrica (Tabela 1) aumentou de acordo com o nível de vigor dos lotes. Assim, as sementes do lote de alto vigor apresentaram maior atividade respiratória e emergência e menor condutividade elétrica, proporcionando a mesma classificação obtida pelo Laboratório de análise de sementes. Segundo Popinigis (1977) a saída de eletrólitos resulta em maior condutividade elétrica, indicando maior permeabilidade das membranas e, portanto, deterioração mais avançada, menor vigor. Tabela 1:Condutividade elétrica (CE), emergência (E) e atividade respiratória (AR) em

diferentes lotes de sementes de arroz cv. BR-IRGA 422 CL

Nível de Vigor CE

(µS cm-1g sementes

-1)

E (%)

AR (mg CO2 200g sementes

-1h

-1)

Alto 8,64 C 86,12 A 6,20 A Médio 9,99 B 75,83 B 3,48 B Baixo 11,68 A 65,60 C 1,98 C CV % 3,84 4,43 12,19

*Médias seguidas de letras maiúsculas distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

Nas condições em que o experimento foi realizado e diante dos resultados acima

conclui-se que: A determinação da atividade respiratória das sementes permite classificar os lotes

da mesma forma que os testes de condutividade elétrica e emergência de plantas, sendo eficiente como método alternativo na diferenciação de lotes de arroz quanto ao vigor.

O método possui a vantagem de ser realizado em um espaço de tempo bem menor quando comparado aos demais testes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, A. dos S.; PESKE, S.T. Testes para avaliação rápida da qualidade fisiológica de sementes de trigo. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v.6, n.1, p.12-15. Jan-abr, 2000.

ASSOCIATION OF OFFICIAL SEED ANALYSTS. Seed vigour testing handbook. AOSA, 1983. 88p. (Handbook on seed testing. Contribution, 32).

CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 3. ed. Campinas: Fundação Cargil, 1988. 424p.

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DIAS, D.C.F. et al. Comparação entre métodos para avaliação do vigor de sementes de pepino. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SEMENTES, 12., 2001, Curitiba. Anais... Londrina: Informativo ABRATES, 2001. v.11, n.2, p.204.

POPINIGIS, F. Fisiologia da semente. Brasília: Ministério da Agricultura – AGIPLAN, 1997. P.97-105.

RODO, A.B.; MARCOS FILHO, J. Envelhecimento acelerado e deterioração controlada na determinação do potencial fisiológico de sementes de cebola. Scientia Agrícola, Piracicaba, v.60, n.3, p.465-469, 2003.

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INCIDÊNCIA DE SEMENTES DE AESCHYNOMENE spp., ECHINOCHLOA spp. E IPOMEA sp. EM LOTES DE SEMENTES DE ARROZ CERTIFICADAS,

NÃO CERTIFICADAS E PRÓPRIAS

Mário Borges Trzeciak(1); Maria da Graça Burgo Valério(1); Demócrito Amorim Chiesa Freitas(1); Patrícia da Silva Vinholes(2); Francisco Amaral Villela(3) 1Acadêmico do PPG em C&T Sementes FAEM/UFPel; 3Acadêmica do curso de Agronomia, Bolsista PIBIC-CNPq, FAEM/UFPel; 3Eng. Agrícola, Dr., Professor Associado do Departamento de Fitotecnia FAEM/UFPel; Universidade Federal de Pelotas, Campus Universitário, Caixa Postal 354, CEP 96001-970, Pelotas – RS, Brasil; [email protected]

O arroz é um dos cereais mais cultivados no mundo, fazendo parte da dieta básica

de pelo menos dois terços da população mundial. No Brasil, o arroz (Oryza sativa L.) é o terceiro produto mais importante na agricultura. O Rio Grande do Sul produz atualmente cerca de 50% da produção nacional. Embora o cenário da cultura seja de alta tecnologia, a utilização de sementes certificadas para a implantação das lavouras tem sido bastante baixa, pois comumente os produtores separam uma parte da lavoura para ser colhida para semente e empregadas na próxima safra, fazendo com que as sementes das plantas invasoras sejam facilmente disseminadas nos campos de produção. Isto faz com que, em lavouras de arroz irrigado, ocorram perdas significativas de produtividade, devido à interferência destas plantas durante o ciclo da cultura.

Dentre as invasoras da cultura do arroz irrigado merecem destaque o angiquinho (Aeschynomene spp.), capim-arroz (Echinochloa spp.) e a corda de viola (Ipomea sp.).

Aeschynomene spp. é uma planta de terrenos úmidos e devido ao fato das sementes apresentarem tegumentos duros, o que lhes confere dormência, as mesmas tem longa viabilidade no solo. Portanto, observa-se o surgimento dessa planta desde a emergência das plântulas de arroz até quando as áreas ficam completamente submersas. É uma espécie pelo prejuízo que pode causar a produção e tamém pela depreciação do arroz beneficiado.

Echinochloa spp. frequentemente encontrada em solos de várzea, ocorre também em solos secos e suas sementes são capazes de germinar a grandes profundidades. Se tratando da produção de sementes, a presença desta espécie deve ser a mínima possível, para não afetar a quantidade bem como a qualidade da semente produzida.

Ipomea sp. é uma das plantas daninha mais prejudiciais de culturas anuais e perenes de verão, pois dificulta a colheita mecânica, confere alta umidade as sementes e prejudica a qualidade do arroz beneficiado e das sementes produzidas.

Assim sendo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a incidência de sementes de angiquinho, capim-arroz e corriola presentes em lotes de sementes de arroz certificadas, não certificadas e próprias produzidas na região de Pelotas – RS, na safra 2005/2006.

O trabalhoo foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes (LAS) do Instituto Rio-grandense do Arroz – IRGA, na cidade de Pelotas – RS.

Foram avaliados em relação à pureza física, 62 lotes de sementes certificadas, correspondendo a 23.800 sacos, 245 lotes de sementes não certificadas, correspondendo a 85.574 sacos e 351 lotes de sementes próprias, correspondendo a 139.511 sacos, produzidas na região sul do estado do Rio Grande do Sul.

As avaliações foram realizadas conforme as Regras para Análise de Sementes, (BRASIL,1992).

Sementes de angiquinho ocorreram em 0,00% dos lotes de sementes certificadas,

em 0,40% dos lotes de sementes não certificadas e em 9,53% dos lotes de sementes próprias (tabela 1).

Page 112: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Tabela 1. Incidência de sementes de angiquinho em lotes de sementes de arroz certificadas, não certificadas e próprias.

Angiquinho Sementes

(nº sementes) Certificadas Não Certificadas Próprias

Lotes % Lotes % Lotes %

zero 62 100,00 244 99,59 304 90,47

01 -05 0 0,00 1 0,40 24 7,14

> 05 0 0,00 0 0,00 8 2,38

Pode-se observar, na tabela 2, que sementes de capim-arroz estiveram presentes em 0,00% dos lotes de sementes certificadas, em 0,00% dos lotes de sementes não certificadas e em 21,43% dos lotes de sementes próprias.

Tabela 2. Incidência de sementes de capim-arroz em lotes de sementes de arroz

certificadas, não certificadas e próprias.

Capim-arroz Sementes

(nº sementes) Certificadas Não Certificadas Próprias

Lotes % Lotes % Lotes %

zero 62 100,00 245 100,00 264 78,57

01 -05 0 0,00 0 0,00 42 12,50

> 05 0 0,00 0 0,00 30 8,92

Na tabela 3, observa-se que sementes de corda de viola ocorreram em 3,22% dos lotes de sementes certificadas, em 0,40% dos lotes de sementes não certificadas e em 3,27% dos lotes de sementes próprias.

Tabela 3. Incidência de sementes de corda de viola em lotes de sementes de arroz

certificadas, não certificadas e próprias.

Corda de viola Sementes

(nº sementes) Certificadas Não Certificadas Próprias

Lotes % Lotes % Lotes %

zero 60 96,77 244 99,59 325 96,72

01 -05 2 3,22 1 0,40 11 3,27

> 05 0 0,00 0 0,00 0 0,00

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, A. dos S.; PINTO, J. J. O. Controle de plantas daninhas na cultura do arroz irrigado. UFPel, Pelotas, RS: 58p., 2005.

Page 113: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

BORÉM, A. Melhoramento de espécies cultivadas. Viçosa, MG: ed. UFV, 969p., 2005. BRASIL, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNAD/DNPV/CLAV,1992. 365p. GOMES, A. da S.; MAGALHÃES JUNIOR, A. M. Arroz irrigado no Sul do Brasil. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica. 899p., 2004. LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 3. ed. Nova Odessa, são paulo: Instituto Planarum, 608p., 2000.

Page 114: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

ÉPOCAS DE COLHEITA E QUALIDADE DE ARROZ IRRIGADO BRS JABURU PRODUZIDO EM RORAIMA

Oscar José Smiderle(1), Moisés Mourão Jr(1), Antonio Carlos Centeno Cordeiro(1).¹Embrapa Roraima, Rod BR 174 KM 08 Caixa Postal 133 69301-970 e-mail: [email protected].

O arroz irrigado é um dos produtos mais importantes do setor agrícola de Roraima. Na safra 2005/06 ocupou área de 23.511 hectares, com produção de 122.257 toneladas de arroz em casca e produtividade média de 5.199 kg ha-1 (AGRIANUAL, 2007). Essa produção abastece o mercado local e ainda proporciona excedentes para outros estados da região Norte, mais notadamente, o de Manaus no Amazonas, onde o arroz produzido em Roraima atende apenas 20% da demanda.

Colher na época certa é de fundamental importância para se obter um produto de melhor qualidade e com maior rendimento. O arroz atinge o ponto de maturação adequado quando dois terços dos grãos da panícula estão maduros. A colheita antecipada, com umidade elevada, aumenta a proporção de grãos gessados. O arroz colhido tardiamente, com umidade muito baixa, afeta a produtividade pela degrana natural, ocorrendo o trincamento dos grãos e a redução do rendimento de grãos inteiros no beneficiamento.

Em face da escassez de informações de caráter regional sobre a influência do momento de colheita na produtividade e qualidade de grãos de arroz irrigado para consumo, com a presente pesquisa objetivou-se avaliar a melhor época de colheita, a produtividade e rendimento de grãos inteiros no arroz BRS Jaburu produzido em Boa Vista.

O experimento foi instalado em área irrigada por inundação, em solo classificado como GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico, localizada na Fazenda Santa Cecília em Boa Vista, Roraima. As características químicas do solo do experimento foram as seguintes: P (Mehlich-1) traços; matéria orgânica 20,6 g dm-3; pH (água) 5,2; K+ 48,6 mg dm-3; Ca2+ 0,67 cmolc dm-3; Mg2+ 0,33 cmolc dm-3; textura apresentando 49,6 % de areia; 26,5 % de argila; e 23,9% de silte.

A cultivar de arroz (Oryza sativa L.) estudada foi a BRS Jaburu. Cada parcela experimental constou de quatro linhas de seis metros de comprimento, espaçadas 0,30 m entre si. Nas colheitas foram aproveitadas apenas as duas linhas centrais, menos 0,5 m nas extremidades. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, composto de seis tratamentos (colheita aos 22; 29; 36; 43; 50 e 57 dias após o florescimento) e quatro repetições.

No plantio das parcelas experimentais foram aplicados 100 kg ha–1 de P2O5 (superfosfato simples) e 80 kg ha–1 de K2O (KCl). A adubação nitrogenada (uréia) foi parcelada, sendo aplicados 60 kg ha–1 de N no perfilhamento e 60 kg ha-1 na diferenciação do primórdio floral (aos 15 dias e 45 dias após a emergência).

As práticas culturais utilizadas para a condução dos experimentos foram efetuadas de acordo com as recomendações técnicas para a cultura do arroz irrigado (Cordeiro & Rangel, 2002).

Por ocasião do cacheamento, o campo foi vistoriado diariamente para determinar a data do florescimento médio, ou seja, do estádio de antese quando havia aproximadamente 50% das espiguetas, considerado como início do período de desenvolvimento e maturação dos grãos (Stansel, 1975).

As colheitas foram iniciadas 22 dias após o florescimento e, então, a intervalos de sete dias até 57 dias. As panículas foram colhidas manualmente no campo. A trilha foi mecanizada em trilhadeira estacionária e em seguida as sementes foram embaladas em sacos plásticos para minimizar perdas de umidade e levadas ao laboratório.

Page 115: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

As medições de umidade (base úmida) e de massa seca foram realizadas utilizando-se duas amostras de 100 sementes cada, mantidas em estufa a 105°C por 24 horas (Brasil, 1992), imediatamente após a colheita.

Em seguida, as sementes foram secas a 40°C por 72 horas até atingirem umidade em torno de 13%, e então colocadas em condições ambiente de armazém por quatro dias para a uniformização da umidade no interior dos grãos, quando então foram realizadas novas avaliações de conteúdo de umidade, de produtividade e rendimento de grãos inteiros. A produtividade, em kg ha–1, foi calculada para a umidade comum de 13,0%.

O rendimento de grãos inteiros foi avaliado com duas amostras de 100 g por repetição, em engenho de prova marca “SUZUKI” (Lago et al., 1991) logo após a uniformização da umidade.

O efeito do tempo de colheita foi inferido a partir do número de dias após o florescimento, consistindo de um intervalo de tempo de 22-57 dias. Os indicadores de produção tiveram a influência do tempo de maturidade fisiológica verificado pela análise de variância e testado por meio do teste F, ao nível de significância de 5% nesta análise.

Os valores médios foram ordenados segundo o teste de comparação múltipla de Tukey e ajustes aos modelos (

0 2= + +

a by y

x x

), (

( )0

1

=+

bx

x

ay

), (polinomial

inverso e não-linear sigmóide). No caso do teste de comparação múltipla foi utilizado mesmo nível de significância adotado na análise de variância. No caso dos ajustes não-lineares foi utilizado como critério de união o coeficiente de determinação ajustado (R2

aj.). As análises foram conduzidas com o auxílio da planilha eletrônica Excel e do pacote estatístico STATISTICA (Steel & Torrie, 1980).

Todas as variáveis analisadas, com exceção da massa inicial de 100 grãos, apresentaram diferença significativa em relação às seis colheitas realizadas (Tabela 1). A produtividade de grãos de arroz a partir de 29 dias após o florescimento quando atinge 5.584 kg ha–1, até os 57 dias, praticamente não se alterou. A umidade na colheita (U1) reduziu de 27,03% aos 22 dias para 21,87% aos 57 dias, o que resultou em massa de 100 grãos entre 2,32 g a 2,34 g sem diferença significativa. Após a secagem, limpeza e estabilização da umidade, a massa de 100 grãos variou entre 2,63 g até 2,45 g aos 57 dias após o florescimento.

O rendimento percentual de grãos inteiros, por sua vez, declinou dos 71,23 aos 22 dias para 64,60% aos 57 dias. Verifica-se assim que, a partir dos 29 dias até 43 dias, o rendimento de grãos inteiros para esta cultivar de arroz irrigado, não apresenta diferença significativa. O rendimento de grãos inteiros, constatado no trabalho é superior em torno de 10% ao obtido pelos produtores em Roraima e aos obtidos quando da recomendação da cultivar. Isto sugere que a diferença pode estar associada com uma maior precisão devido à metodologia utilizada.

Ao longo das seis colheitas, verifica-se a diminuição da umidade dos grãos, da massa de 100 grãos e aumento de produtividade até 36 dias (5.614 kg ha-1) após o florescimento. Tanto a produtividade quanto o rendimento de grãos inteiros apresentam um ponto de máximo durante as colheitas (Figura 1) e a massa de 100 grãos fica estável até 50 dias após o florescimento.

De acordo com os resultados obtidos na Tabela 1, a colheita realizada aos 22 dias após o florescimento proporcionou produtividade de grãos significativamente inferior às demais épocas, muito embora tenha obtido o maior rendimento de grãos inteiros. No entanto, na colheita efetuada na faixa entre 29 e 43 dias após o florescimento não houve diferença significativa para produtividade de grãos e rendimento de grãos inteiros.

A colheita de 29 a 43 dias, resulta nas maiores produtividades médias de 5.584 kg ha-1 a 5.493 kg ha-1, com rendimento médio de grãos inteiros de 69,68% (Tabela 1).

Page 116: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Tabela 1. Valores médios de produtividade (PROD, em kg ha-1), Umidade (U1 e U2, em %), massa de 100 grãos (Mi100 e Mf100, em g) e percentual de grãos inteiros (GI) obtidos para arroz irrigado cultivar BRS Jaburu, nas seis colheitas realizadas. Dias PROD U1 Mi100 Mf100 U2 GI

22 4.102 b 27,03 a 2,32 a 2,63 a 10,54 cd 71,23 a 29 5.584 a 26,46 a 2,33 a 2,63 a 11,19 ab 70,15 b

36 5.614 a 24,28 b 2,33 a 2,63 a 11,64 a 69,50 bc

43 5.493 a 23,42 b 2,32 a 2,63 a 11,62 a 69,40 c

50 5.353 a 23,15 b 2,32 a 2,63 a 10,98 bc 67,98 d

57 5.261 a 21,87 c 2,34 a 2,45 b 10,11 d 64,60 e

Média 5.235 24,37 2,33 2,60 11,02 68,81

C.V. 12,26% 7,92% 1,06% 2,85% 5,42% 3,17%

p p<0,01 p<0,01 n.s. p<0,01 p<0,01 P<0,01 * Valores precedidos de mesma letra, na coluna, não diferem significativamente, segundo o teste de Tukey, no nível de 5% de probabilidade. U1 = umidade inicial; Mi100= massa inicial de 100 grãos U2= umidade final; Mf100= massa final de 100 grãos

Figura 1. Produtividade de grãos e do rendimento de grãos inteiros de arroz cultivar BRS Jaburu, em função das colheitas realizadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA: DNDV: CLAV, 1992. 365p. CORDEIRO, A.C.C. & RANGEL, P.H.N. BRS Jaburu: nova cultivar de arroz irrigado para Roraima. 2002, 4p. (Embrapa Roraima. Comunicado Técnico, 12). INSTITUTO FNP. Agrianual 2007: anuário da agricultura brasileira. S. Paulo, 2007. 516p. LAGO, A.A.; VILLELA, O.V.; MAEDA, J.A.; RAZERA, L.F.; TISSELLI FILHO, O.; MARCHI, L.O.S. Época de colheita e qualidade das sementes da cultivar de arroz irrigado ‘IAC-4440’. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília. v.26, n.2, p.263- 268. 1991. STANSEL, J.W. The rice plant-its development and yield. In: DECADES OF RICE RESEARCH IN TEXAS., 6. Texas: The Texas Agricultural Experiment Station, College Station, 1975. p.9-21. (Research Monograph, 4). STEEL, R.G.D.; TORRIE, J.H. Principles and procedures of statistics: a biometrical approach, 2. ed. [S.l.]: McGraw-Hill, 1980.

Page 117: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

ÉPOCAS DE COLHEITA DE ARROZ IRRIGADO BR IRGA 409 CULTIVADO EM VÁRZEA DE RORAIMA

Oscar José Smiderle(1), Paulo Roberto Perreira(2), Moisés Mourão Jr(1).¹Embrapa Roraima, Rod BR 174 KM 08 Caixa Postal 133 69301-970 e-mail: [email protected]. 2Embrapa Trigo.

O arroz irrigado é um dos produtos mais importantes do setor agrícola de Roraima. Na safra 2005/06 ocupou área de 23.511 hectares, com produção de 122.257 toneladas de arroz em casca e produtividade média de 5.199 kg ha-1 (AGRIANUAL, 2007). Essa produção abastece o mercado local e ainda proporciona excedentes para outros estados da região Norte, mais notadamente, o de Manaus no Amazonas.

Colher na época certa é de fundamental importância para se obter um produto de melhor qualidade e uma colheita com maior rendimento. O arroz atinge o ponto de maturação adequado quando dois terços dos grãos da panícula estão maduros. A colheita antecipada, com umidade elevada, aumenta a proporção de grãos malformados e gessados. O arroz colhido tardiamente, com umidade muito baixa, afeta a produtividade pela degrana natural, ocorrendo o trincamento dos grãos e a redução do rendimento de grãos inteiros no beneficiamento.

A cultivar BR-IRGA 409 é originária de uma linhagem procedente da Colômbia - CIAT, que apresenta plantas com ciclo médio de 115 dias, grão tipo patna, de casca pilosa-clara e com arista apical predominante na população.

Em face da escassez de informações de caráter regional sobre a influência do momento de colheita na produtividade e qualidade de grãos de arroz irrigado para consumo, com a presente pesquisa objetivou-se avaliar a melhor época de colheita no arroz BR IRGA 409 produzido em Boa Vista.

O experimento foi instalado em área irrigada por inundação, em solo classificado como GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico, localizada na Fazenda Santa Cecília em Boa Vista Estado de Roraima. A cultivar de arroz (Oryza sativa L.) estudada foi a BR IRGA 409. Cada parcela experimental constou de quatro linhas de seis metros de comprimento, espaçadas 0,30 m entre si. Nas colheitas foram aproveitadas apenas as duas linhas centrais, menos 0,5 m nas extremidades. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, composto de seis tratamentos (colheita aos 15; 22; 29; 36; 44 e 50 dias após o florescimento) e quatro repetições.

As características químicas do solo do experimento foram as seguintes: P (Mehlich-1) traços; matéria orgânica 20,6 g dm-3; pH (água) 5,2; K+ 48,6 mg dm-3; Ca2+ 0,67 cmolc dm-3; Mg2+ 0,33 cmolc dm-3; textura apresentando 49,6 % de areia; 26,5 % de argila; e 23,9% de silte.

No plantio nas parcelas experimentais, foram aplicados 100kg ha-1 de P2O5 (superfosfato simples) e 80kg ha-1 de K2O (KCl) nas formas de superfosfato simples e de cloreto de potássio, respectivamente. A adubação nitrogenada, na forma de uréia, foi parcelada, sendo aplicados 60kg ha-1 de N no perfilhamento e 40 kg ha-1 na diferenciação do primórdio floral.

As práticas culturais utilizadas para a implantação e condução dos experimentos foram efetuadas de acordo com as recomendações técnicas para a cultura do arroz irrigado. No cacheamento, o campo foi vistoriado diariamente para cada determinação da data do florescimento, ou seja, do estádio de antese quando havia aproximadamente 50% de espiguetas, considerado como o início do período de desenvolvimento e maturação dos grãos (Stansel, 1975).

As colheitas foram iniciadas 15 dias após o florescimento e então a intervalos de sete dias, até 50 dias. As panículas foram colhidas manualmente no campo. A trilha foi mecanizada em trilhadeira estacionária e em seguida as sementes foram, embaladas em sacos plásticos e levadas ao laboratório.

Page 118: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

As medições de umidade (base úmida) e de massa seca foram realizadas utilizando-se duas amostras de 100 sementes cada uma, mantidas em estufa a 105°C por 24 horas (Brasil 1992), imediatamente após a colheita.

Em seguida, as sementes foram secadas a 40°C por 48 a 72 horas, até atingirem umidade em torno de 13%, e então colocadas em condições ambiente de armazém por 3 dias para a uniformização da umidade no interior dos grãos, quando então foram feitas novas avaliações de conteúdo de umidade, de produtividade e rendimento de grãos inteiros. A produtividade, em kg ha-1, foi calculada para a umidade comum de 13,0%.

O rendimento de grãos inteiros, após beneficiamento para consumo, foi avaliado com duas amostras de 100g por repetição, em engenho de prova “SUZUKI” (Lago et al., 1991), logo após a uniformização da umidade.

O efeito do tempo de colheita foi inferido a partir do número de dias após o florescimento, consistindo de um intervalo de tempo de 15-50 dias. Os indicadores de produção tiveram a influência do tempo de maturidade fisiológica verificado por meio de análise de variância e testado por meio do teste F. Adotou-se o nível de significância de 5% de probabilidade nesta análise para separar os efeitos significativos.

Os valores médios foram ordenados segundo o teste de comparação múltipla de Tukey e ajustes aos modelos (

0 2= + +

a by y

x x

) e (

( )0

1

=+

bx

x

ay

) (polinomial

inverso e não-linear sigmóide). No caso do teste de comparação múltipla foi utilizado mesmo nível de significância adotado na análise de variância. No caso dos ajustes não-lineares foi utilizado como critério de aderência o coeficiente de determinação ajustado (R2

aj.). As análises foram conduzidas com o auxílio da planilha eletrônica Excel e do pacote estatístico STATISTICA (Steel & Torrie, 1980).

Nos resultados, todas as variáveis analisadas apresentaram diferença significativa em relação as seis colheitas realizadas (Tabela 1). A produtividade de grãos, a partir de 29 dias após o florescimento, quando atinge 5.705 kg ha–1, até os 50 dias, praticamente não se altera. A umidade na colheita (Ui) reduziu de 37,12% aos 15 dias para 21,06% aos 50 dias, o que resultou em massa de 100 grãos entre 1,84 g a 2,35 g. Após a secagem, limpeza e estabilização da umidade, próxima de 10% (Uf), a massa de 100 grãos variou entre 2,22 g até 2,66 g aos 50 dias após o florescimento.

O rendimento de grãos inteiros, por sua vez, saltou dos 13,85 aos 15 dias para 67,75% aos 22 dias, chegou a 70,85% aos 43 dias e baixa para 68,53% aos 50 dias. Verificou-se assim, que, a partir dos 22 dias até 50 dias o rendimento de grãos inteiros, para esta cultivar de arroz irrigado, não apresentou diferença significativa. Os valores de grãos inteiros verificados neste trabalho são superiores aos obtidos pelos orizicultores roraimenses em até 10%, provavelmente, devidos a precisão e rigor da conduta experimental utilizada e as condições ambientais favoráveis no período.

Ao longo do período das seis colheitas, verifica-se a diminuição da umidade dos grãos colhidos e aumentos de produtividade, de massa de 100 grãos, bem como dos grãos inteiros. Na medida que a produtividade é incrementada o rendimento de grãos inteiros também é aumentado (Figura 1) e a massa de 100 grãos aumenta até 43 dias após o florescimento, quando é obtido o máximo de acúmulo de amido, não diferindo do obtido aos 36 dias.

Diante destes resultados, em função da produtividade de grãos de arroz cultivar BR IRGA 409, a faixa entre 29 (3.901 kg ha-1 de grãos inteiros) e 43 dias após o florescimento (4.081 kg ha-1 de grãos inteiros) resulta em maior rendimento de grãos inteiros.

Page 119: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Tabela 1. Valores médios de produtividade (kg ha-1, PROD), Umidade (%, Ui e Uf), massa de 100 grãos (g, Mc100 e Mf100) e percentual de grãos inteiros (GI) obtidos para arroz irrigado cultivar BR IRGA 409 nas seis colheitas realizadas.

Dias PROD Ui Mc100 Mf100 Uf GI 15 1.745 c 37,12 a 1,84 e 2,22 d 10,96 a 13,85 b

22 4.732 b 29,83 b 2,05 d 2,52 c 10,93 a 67,73 a

29 5.705 ab 25,11 c 2,23 c 2,55 bc 10,93 a 68,38 a

36 5.696 ab 25,50 c 2,27 bc 2,60 ab 11,05 a 70,23 a

43 5.761 ab 21,94 d 2,30 ab 2,63 a 10,33 b 70,83 a

50 5.825 a 21,06 e 2,35 a 2,66 a 10,34 b 68,53 a Média 5.088 26,76 2,17 2,53 10,82 59,92 C.V.% 33,39 20,76 8,45 6,10 4,20 35,28

p p<0,01 p<0,01 p<0,01 p<0,01 p<0,01 p<0,01 * Valores precedidos de mesma letra, na coluna, não diferem significativamente, segundo o teste de Tukey 5% de probabilidade. U1 = umidade inicial; Mc100= massa de 100 grãos na colheita; U2= umidade final; Mf100= massa final de 100 grãos

Figura 1. Comportamento da produtividade de grãos e rendimento de grãos inteiros de arroz cultivar BR IRGA 409, em função das colheitas realizadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: INSTITUTO FNP. Agrianual 2007 anuário da agricultura brasileira. São Paulo, 2007 516.

BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA: DNDV: CLAV, 1992. 365p. LAGO, A.A.; VILLELA, O.V.; MAEDA, J.A.; RAZERA, L.F.; TISSELLI FILHO, O.; MARCHI, L.O.S. Época de colheita e qualidade das sementes da cultivar de arroz irrigado ‘IAC-4440’. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília. v.26, n.2, p.263- 268. 1991. STANSEL, J.W. The rice plant-its development and yield. In: DECADES OF RICE RESEARCH IN TEXAS., 6. Texas: The Texas Agricultural Experiment Station, College Station, 1975. p.9-21. (Research Monograph, 4) STEEL, R.G.D.; TORRIE, J.H. Principles and procedures of statistics: a biometrical approach, 2. ed. [s.l.]: McGraw-Hill, 1980.

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EFEITOS DA AMILOSE E DA PARBOILIZAÇÃO SOBRE A FORMAÇÃO DE AMIDO RESISTENTE EM ARROZ

Elizabete Helbig; William da Silva Krolow; André Luiz Radünz; Juliane Mascarenhas Pereira; Magna da Glória Lameiro; Alvaro Renato Guerra Dias; Moacir Cardoso Elias. Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização de Grãos. Caixa Postal 354, 96010 – 900, Pelotas – RS. E-mail: [email protected].

O arroz é produto importante da cesta básica da imensa maioria dos brasileiros. Rico em carboidratos, especialmente o amido, é importante fonte energética, e representa fonte primária de energia, contribuindo com cerca de 60 a 70% do consumo calórico total.

A taxa e a extensão da digestão ao longo do trato gastrointestinal, assim como o metabolismo dos monômeros absorvidos, são as propriedades mais importantes com relação ao valor nutricional do amido (Asp, 1995).

Ao longo do tempo, ocorreram grandes modificações no conhecimento da função dos carboidratos na nutrição e na saúde humana, principalmente em relação aos seus efeitos fisiológicos diferenciados, atribuídos em especial ao amido resistente, que é a fração de amido não digerida no intestino delgado de indivíduos saudáveis. É fermentado no intestino grosso e suas propriedades são similares às da fibra alimentar, incluindo efeito pré-biótico. Atua no metabolismo lipídico, reduzindo o colesterol, o risco de colite ulcerativa e o de câncer de cólon. Por não ser digerido no intestino delgado, o amido resistente também atua na redução da glicemia pós-prandial (Shamai, 2003).

O arroz é consumido preferencialmente na forma de grãos brancos polidos, obtidos por processo convencional de industrialização, sendo caracterizado pelo limitado conteúdo de fibra alimentar. Já o processo de parboilização do arroz, através de tratamentos hidrotérmicos, modifica a estrutura físico-química de seus constituintes, proporcionando um aumento da fração não digerível (Amato e Elias, 2005). O consumo de arroz parboilizado tem crescido muito nas últimas décadas. Em comparação com o arroz branco polido, o parboilizado apresenta vantagens nutricionais importantes, destacando-se os maiores teores de minerais, vitaminas e de substâncias com ação semelhante a das fibras, como o amido resistente, o qual atua na manutenção da glicemia e na redução de colesterol. Também o arroz parboilizado apresenta menor índice glicêmico do que o branco polido, beneficiado pelo processo convencional (Walter et al., 2005).

A pesquisa foi conduzida objetivando avaliar efeitos do teor de amilose e da parboilização sobre o teor de amido resistente em arroz. Foi executada no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, da UFPEL, utilizando amostras de arroz com alto (31,57±0,22), médio (21,84±0,20) e baixo (6,31±0,10) teor de amilose, produzidas no Rio Grande do Sul, em sistema de cultivo irrigado. As amostras foram cedidas pelo IRGA (Instituto Rio-Grandense do Arroz), por Indústria Comércio e Representações Líder Ltda. e por Granja Quatro Irmãos, do Grupo Josapar.

A parboilização foi realizada em escala piloto, pela metodologia descrita por Elias (1998), com adaptações. De cada amostra de 15 quilogramas de arroz em casca, limpo e seco (13% de umidade), eram retiradas 3 alíquotas de 50 gramas e acondicionadas em saquinhos de filó, que eram colocadas em recipientes de alumínio, com adição de 75 gramas de água destilada para serem submetidas à operação de encharcamento, em temperaturas e tempos definidos em testes prévios para cada teor de amilose. O encharcamento ocorria em água a 65°C, durante 6 horas, nas amostras de alto e de médio teor de amilose, enquanto para as de baixo teor de amilose a operação era realizada a 70ºC durante 7 horas. Na autoclavagem foi utilizada pressão de 0,7kgf.cm-2 por 10 minutos. Autoclavadas, as amostras foram secas em estufa com circulação forçada de ar aquecido a 50ºC. As amostras já parboilizadas eram mantidas a 20ºC até o descascamento e o polimento, realizados em engenho de provas modelo Suzuki, previamente regulado para

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cada amostra, sendo a intensidade de polimento previamente definida em branquímetro Zaccaria por comparação com graus branquimétricos de amostras comerciais.

A composição centesimal foi determinada nas amostras de arroz branco polido e parboilizado polido, segundo os seguintes procedimentos: Umidade: Pearson (1976); Proteínas: AOAC (1995), utilizando 5,95 como fator de conversão de nitrogênio para proteína; Lipídeos: Bligh & Dyer (1959); Cinzas: AOAC (1995); Fibra Bruta: Angelucci et al. (1987); Carboidratos: Determinados por diferença, usando a fórmula: 100 – (proteína bruta + lipídeos totais + fibra bruta + cinzas). Amilose (Martinez y Cuevas, 1989).

O amido resistente foi determinado através do método proposto por Goñi et al. (1996), com adaptações. As amostras de arroz eram incubadas com pepsina (40ºC/1h; pH 1,5) e α-amilase (37ºC/16h; pH 6,9), sendo centrifugadas a 3000 RPM durante 15 minutos e descartado o sobrenadante. Os resíduos eram tratados com KOH (concentração final 2M) e incubados com amiloglicosidase a 60ºC por 30 min (pH 4,75). Era retirada uma alíquota de 1mL do sobrenadante para determinação do teor de glicose livre pelo método enzimático (glicose oxidase/peroxidase/ABTS). Os dados experimentais foram avaliados estatisticamente pela análise de variância ANOVA, seguido do teste estatístico de Tukey, considerando-se como nível de significância estatística a 5%

Nas Tabelas 1 e 2, respectivamente, são apresentadas a composição centesimal e a formação de amido resistente nas amostras de arroz branco e parboilizado previamente classificadas como de alta, média e baixa amilose, cujos teores percentuais correspondem respectivamente a 31,57±0,22; 21,84±0,20 e 6,31±0,10. Tabela 1. Efeito do processo de beneficiamento sobre a composição centesimal em amostras de arroz com três níveis de amilose. Amilose * Processo Proteína Lipídeos Cinzas FB ** CHOs *** Alta Convencional A 8,58a B 0,47d A 0,62a,b A 1,34b 88,99 Alta Parboilização A 9,18a A 0,72d A 0,57a,b A 1,37b 88,16

Média Convencional B 4,75d B 0,70d B 0,20d B 1,39b 92,98 Média Parboilização A 5,91c A 1,10c A 0,48c B 1,47b 91,03

Baixa Convencional A 6,79b B 1,38b B 0,51b,c B 1,39b 89,93 Baixa Parboilização A 7,52b A 2,03a A 0,73a A 3,02a 87,09 Expressas em % (base seca), médias de três repetições, acompanhadas de letras maiúsculas diferentes na mesma coluna, para o mesmo grupo de amilose, e de letras minúsculas diferentes para o mesmo constituinte, indicam diferença estatística pelo Teste de Tukey (p<0,05). Fator de conversão do nitrogênio em proteína = 5,95. * Amilose Alta = 31,57±0,22%; Média = 21,84±0,20%; Baixa = 6,31±0,10%. ** FB= fibra bruta *** CHOs = carboidratos determinados por diferença. Tabela 2. Efeitos da parboilização e da cocção sobre o teor (%) de amido resistente em amostras de arroz com três níveis de amilose Amilose * Processo Grãos crus Grãos cozidos

Alta Convencional B 0,75±0,11b A 1,31±0,34b Alta Parboilização A 2,33±0,26ª A 2,09±0,15ª

Média Convencional B 0,67±0,24b A 1,37±0,14b Média Parboilização A 1,97±0,24ª A 2,01±0,11ª

Baixa Convencional B 0,40±0,03b A 1,56±0,08b Baixa Parboilização B 1,71±0,16a A 2,38±0,15ª Expressas em % (base seca), médias de três repetições, acompanhadas de letras minúsculas diferentes na mesma coluna, para o mesmo grupo de amilose, e de letras maiúsculas na mesma linha, indicam diferença estatística pelo Teste de Tukey (p<0,05). * Amilose Alta = 31,57±0,22%; Média = 21,84±0,20%; Baixa = 6,31±0,10%.

A composição centesimal (Tabela 1) mostra que o arroz é uma importante fonte

energética, com destaque para os carboidratos. As frações (proteínas, lipídeos, cinzas e fibra bruta), em sua maioria, apresentam valores mais altos para o arroz parboilizado do que para o arroz branco polido, com aumento mais intenso para lipídeos e fibras nas

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amostras com baixa amilose, ocorrendo o oposto com relação ao teor de carboidratos. O teor de lipídeos é o que tem maior diferença proporcional entre as amostras de alta e de média amilose, e a parboilização não altera essa proporção, que atinge praticamente o dobro da média dos valores nas de baixa amilose. As operações hidrotérmicas da parboilização são responsáveis pelas alterações observadas, as quais estão de acordo com relatos de outros autores. Para Sagum e Arcot (2000), o tratamento térmico favorece o aumento do valor nutricional de produtos alimentícios, devido a desnaturação de proteínas, melhoria nas características sensoriais, inativação de enzimas, fatores antinutricionais e microrganismos, conferindo ao alimento aumentos de digestibilidade, biodisponibilidade de nutrientes e de seu valor biológico.

A parboilização (Tabela 2) aumentou o teor de amido resistente para todas as amostras, tanto nas amostras de arroz cru como nas de arroz cozido úmido. Nos grãos crus, os valores de amido crescem com o aumento do teor de amilose, tanto para o arroz parboilizado como para o branco polido, obtido pelo processo de beneficiamento convencional. No arroz branco polido, o cozimento aumentou o teor de amido resistente. O aumento mais intenso no teor de amido resistente foi verificado nas amostras de baixa amilose, o qual passou de 0,40% no arroz branco cru para 1,71% no arroz branco cozido seco. Cereda (2001) atribui às interações mais intensas ocorridas na amilopectina, como a formação de clusters e bloquetes, que desempenham papel importante na maior ou menor resistência dos amidos à ação enzimática.

BIBLIOGRAFIA

Amato, G.W.; Elias, M.C. 2005. Parboilização do arroz. Ed. Ricardo Lenz, Porto Alegre. 160p. Angelucci, E.; Carvalho, C. R. L.; Carvalho, P. R. N.; Figueiredo, I. B.; Mantovani, D. M. B.; Moraes, R. M. 1987. Manual técnico de análises de alimentos. Campinas: Instituto de Tecnologia de Alimentos. p.52-53. Asp, N. g. 1995. Classification and methodology of food carbohydrates as related to nutritional effects. American Journal Clinical Nutrition. 61(suppl.):930S-7S. AOAC. 1995. Official Methods of Analysis International. 16 ed., CUNNIFF, P. A., ed., Washington DC: p.55. Bligh, E. G. & Dyer, W. J. 1959. A rapid method of total lipid extraction and purification. Canadian Journal of Biochemistry and Physiology. 37:911-917. Cereda, M. P. Propriedades gerais do amido, Agricultura. 1. ed. São Paulo: Fundação Cargill. v. 1. 220 p, 2001. Elias, M.C. 1998. Espera para secagem e tempo de armazenamento na qualidade de arroz para semente e indústria. Pelotas: UFPEL. In: Tese Doutorado. 164p. Goñi, I.; Garcia-Diz, L.; Mañas, E.; Saura-Calixto, F. 1996. Analysis of resistant starch: A method for foods and food products. Food Chemistry. 56(4):445-449. Martinez, C.Y.; Cuevas, F. 1989. Evaluación de la calidad culinaria y molinera del arroz. Guia del estudio. Cali: CIAT. 75p. Pearson, D. 1976. Técnicas de laboratório para el analisis de alimentos. Zargoza: Acribia. p.62-68. Sagum, R.; Arcot, J. 2000. Effect of domestic processing methods on the starch, non-starch polysaccharides and in vitro starch and protein digestibility of three varieties of rice with varying levels of amylose. Food Chemistry. 70:107-111. Shamai, K.; Bianco-Peled, H.; Shimoni, E. 2003. Polymorfhism of resistant starch type III. Carbohydrate Polymers. 54:363-369. Walter, M.; Silva, L.P.; Denardin, C.C. 2005. Rice and resistant starch: different content depending on chosen methodology. Journal of food Composition and Analysis.18:279-285.

Agradecimentos ao CNPq, à CAPES, à SCT-RS, ao Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul, ao IRGA, à ABIAP e às empresas Zaccaria Equipamentos; Indústria Comércio e Representações Líder Ltda. e Granja 4 Irmãos, do Grupo Josapar.

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COMPORTAMENTO VISCOAMILOGRÁFICO DA FARINHA DE ARROZ MOTTI MODIFICADA QUIMICAMENTE

Fernanda Muniz das Neves, Juliane Mascarenhas Pereira, Pablo Daniel Freitas Bueno, Elizabete Helbig, Alvaro Renato Guerra Dias. Moacir Cardoso Elias

Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial – FAEM-UFPel. Campus Universitário – Caixa Postal 354 – CEP 96010-900, [email protected]

A modificação química da farinha de arroz tem sido pouco explorada, sendo uma alternativa para agregar valor aos subprodutos do beneficiamento do arroz, bem como proporcionar uma diversificação de produtos, podendo ser também utilizados por portadores de doença celíaca. Estudos têm sido realizados aplicando modificações físicas ou químicas do amido e de farinhas, visando obter informações que possibilitem elucidar as alterações ocorridas e possíveis aplicações, tanto como matérias-primas industriais como na alimentação humana.

Este estudo visou investigar, através da condução de um experimento fatorial completo 2

3, o efeito da concentração de bissulfito de sódio, do pH e do tempo de reação

no comportamento viscoamilográfico da farinha de arroz Motti tratada com ácido lático e bissulfito de sódio. Foi utilizado grãos de arroz da cultivar Motti, cedidos por Indústria Comércio e Representações Líder LTDA, safra 2005. A farinha foi elaborada pelo descascamento, polimento (engenho de prova modelo ZACCARIA) e moagem dos grãos de arroz (moinho de facas marca Perten, modelo Laboratory Mill 3100) até granulometria de 70mesh (0,211mm). A modificação ácida foi realizada mediante a dispersão de 200g de farinha de arroz em 800mL de água em reator de vidro mantido a 40°C, com agitação constante. Foi adicionado ácido lático (3% p/p farinha b.s.) mantendo-se a temperatura e agitação por 1h. Após, a dispersão foi neutralizada com hidróxido de sódio 1N seguido de centrifugação (1500rpm por 5min) e lavagem. A farinha tratada com ácido lático foi submetida à ação do bissulfito de sódio, sendo avaliado seu efeito através da condução de um experimento fatorial 2

3 com 3 pontos centrais, resultando em 11 tratamentos. Na tab. 1 é apresentado o

planejamento do fatorial completo 23, com 3 pontos centrais.

Tabela 1: Planejamento fatorial 2

3 com três pontos centrais. C = concentração de bissulfito

de sódio; P = pH e T = tempo da reação em horas

Variáveis codificadas Variáveis reais Tratamentos

X1 X2 X3 C P T

1 -1 -1 -1 2 4 10

2 1 -1 -1 5 4 10

3 -1 1 -1 2 8 10

4 1 1 -1 5 8 10

5 -1 -1 1 2 4 26

6 1 -1 1 5 4 26

7 -1 1 1 2 8 26

8 1 1 1 5 8 26

9 0 0 0 3,5 6 18

10 0 0 0 3,5 6 18

11 0 0 0 3,5 6 18

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A reação foi conduzida em reator de vidro, fechado, mantido a 40°C, com agitação constante. Após as amostras foram centrifugadas, descartando o sobrenadante, o resíduo foi disperso e centrifugado (1500rpm por 5min), repetindo a operação três vezes para retirada do reagente, seguindo-se a secagem em estufa com circulação forçada de ar a 40ºC até umidade de 12%. As características viscoamilográficas foram determinadas com o analisador rápido de viscosidade (RVA – Rapid Visco Analyser), usando programa Thermocline for Windows versão 1.10. O perfil utilizado foi o Rice Method e as características avaliadas foram: viscosidade máxima, viscosidade mínima e viscosidade final. O experimento foi avaliado estatisticamente segundo o Método de Superfície de Resposta.

A farinha de arroz Motti apresentou como composição química: umidade 12,73%; proteína bruta 4,5%; lipídeos 0,89%; cinzas 0,64%; amilose 9,74% e carboidratos 81,24%, obtidos por diferença.

Em todos os tratamentos a viscosidade máxima das farinhas foi maior que a da farinha Motti sem tratamento e todas as variáveis tiveram efeito significativo sobre a viscosidade máxima da pasta, bem como suas interações. A concentração e o pH tiveram um efeito negativo e o tempo de reação teve um efeito positivo.

A análise de variância para a viscosidade máxima apresentou coeficiente de correlação de 0,99 e o valor de F calculado (207,51) foi 60 vezes maior do que F tabelado (3,40) a 90% de confiança. Assim, o modelo matemático linear determinado que descreve a superfície de reposta da viscosidade máxima da farinha de arroz Motti modificada é o seguinte:Y = 302,292 - 27,541x1 - 45,604x2 + 15,136x3 + 22,833x1x2 - 6,384x1x3 - 16,238x2x3 Onde: x1= concentração; x2= pH; x3= tempo; x1x2= concentração x pH; x1x3= concentração x tempo; x2x3= pH x tempo

A Fig. 1 mostra a superfície de contorno para viscosidade máxima de pasta da farinha de arroz Motti tratada com ácido lático e bissulfito de sódio. Observa-se que os valores mais altos de viscosidades máximas ocorreram nos tratamentos na faixa de pH de 4 a 6, tempo de reação de 18 a 26h e concentrações de 2 a 3,5% de bissulfito de sódio.

Figura 1: Superfície de contorno para viscosidade máxima de pasta da farinha de arroz Motti tratada com ácido lático e bissulfito de sódio (a) em função da concentração e pH (t=18h), (b) em função da concentração e do tempo de reação (pH=6) e (c) em função do pH e tempo de reação (C=3,5%).

A viscosidade mínima das farinhas foi pouco alterada pela modificação química. Analisando estatisticamente (p<0,1) verificou-se que a concentração, o tempo de reação e as interações concentração x tempo e pH x tempo tiveram efeito negativo sobre a viscosidade mínima da pasta. Não houve efeito significativo das variáveis na viscosidade final nas faixas estudadas. O comportamento viscoamilográfico das farinhas de arroz Motti tratadas com ácido lático e bissulfito de sódio dos 8 tratamentos geradores do fatorial 2

3 e

da farinha sem tratamento, pode ser visualizado na Fig. 2.

2,0 3,5 5,0

Concentração

(a)

4

6

8

pH

2,0 3,5 5,0

Concentração

(b)

10

18

26

tem

po

4 6 8

pH

(c)

10

18

26

tem

po

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(a) (b)

(c) (d)

Figura 2: Curvas de viscosidade da farinha de arroz Motti tratada ácido lático e bissulfito de sódio (a) pH 4 e 10h de reação, (b) pH 8 e 10h de reação, (c) pH 4 e 26h de reação, (d) pH 8 e 26h de reação. 2%(

__); 5% (- -) e farinha sem tratamento (

__ __)

Observou-se que os tratamentos tiveram efeito sobre a viscosidade das pastas, ocorrendo um aumento da viscosidade da pasta das farinhas modificadas, indicando um maior intumescimento dos grânulos de amido. Com o aumento da concentração de bissulfito de sódio de 2 para 5%, há uma maior redução da viscosidade máxima, para os tratamentos em que o pH foi de 4,0, evidenciando uma maior atuação do bissulfito. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AACC – American Association of Cereal Chemists. Approved Methods of the American Association of Cereal Chemists. 9ª ed. São Paulo, v. 1e 2; 1995 NEWPORT SCIENTIFIC. Operation manual for series 3: Rapid visco analyzer using Termocline for Windows. Warriewood, june,1995. 92p. (catálogo). PATERSON, L.; MITCHELL, J.R.; HILL, S.E.; BLANSHARD, M.V. Evidence for sulfite induced oxidative reductive depolymerisation of starch polysaccharides. Carbohydrate Research, 292, 143-151, 1996. Agradecimento ao CNPQ, à CAPES, à SCT-RS, Pólo de Alimentos.

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EFEITOS DO GRAU DE POLIMENTO SOBRE PROPRIEDADES DE TEXTURA E SENSORIAIS EM ARROZ BRANCO

Cátia Regina Storck; André Luiz Radünz; Gerson Lübk Buss; Jander Luiz Fernandes Monks; Márcia Arocha Gularte; Moacir Cardoso Elias. Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos. Campus Universitário da UFPEL, Caixa Postal 354, CEP 960.010-900. E-mail: [email protected]

O arroz é um dos cereais mais consumidos no mundo, sendo sua forma de consumo variável de região para região e seu valor econômico no mercado doméstico e internacional fortemente influenciado pelas características sensoriais (Champagne et al., 1999). Essas características têm grande importância para consumidores e produtores, e são influenciadas pela espécie, pelas condições de cultivo e pós-colheita, pelo grau de polimento e pelos métodos de cocção. O grau de polimento não afeta somente a qualidade de consumo do arroz cozido, mas também o rendimento de beneficiamento, e conseqüentemente o lucro das indústrias e dos produtores de arroz. As características sensoriais do arroz integral têm sido relatadas como inferiores ao arroz polido, no entanto, aumentando o grau de polimento nem sempre resulta melhoria na qualidade de consumo (Park et al., 2001; Kennedy et al., 2002; Tran et al., 2004; Amato e Elias, 2005). O polimento tem por objetivo melhorar aparência, gosto e conservabilidade do arroz, porém apresenta fatores negativos em termos de nutrição, visto que neste processo são perdidas partes das vitaminas, dos minerais e da fibra dietética (Juliano, 1993; Meneghetti et al., 2005). Esses nutrientes que são perdidos no polimento podem interferir nas qualidades de consumo do arroz cozido. A fibra, por exemplo, fornece maior resistência à mastigação, tornando o arroz integral mais duro do que o polido. Para estabelecer o melhor grau de polimento para determinada amostra de arroz na indústria não basta avaliar suas características sensoriais no arroz cru, ou apenas verificar o rendimento industrial; é preciso também verificar seu comportamento quando cozido.

Objetivando avaliar influências do grau de polimento sobre características sensoriais e de textura dos grãos cozidos, foram utilizadas amostras de arroz, da classe grão longo fino, com alto teor de amilose, produzidas no Rio Grande do Sul, em sistema irrigado. As amostras pertencentes à coleção do Laboratório de Pós Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), onde foram realizadas todas as avaliações.

De cada amostra de 50kg de grãos de arroz em casca foram coletadas três alíquotas de 100g que foram descascadas e polidas em engenho de provas Zaccaria. A intensidade de polimento variou de 6 a 14% de remoção das camadas periféricas dos grãos na forma de farelo e foi determinada pela fórmula: Grau de polimento (GP) = [1 – (peso do arroz polido / peso do arroz integral)] x 100.

As avaliações de textura foram realizadas utilizando um Texturômetro (Texture Analyser TA.XTplus, Stable Micro Systems) com uma célula de força de 30kg usando um teste de compressão de dois ciclos (TPA, textural profile analysis).

Inexistindo metodologia específica para realização das análises dos grãos cozidos nos termos necessários à pesquisas, após testes preliminares foi estabelecido protocolo analítico próprio. Nele, amostras com 20 gramas de arroz cru eram colocadas em béquer de 100mL com adição de água destilada fervente na proporção de 1:2 (v/v) para cozinhar até toda a água evaporar. As amostras cozidas eram imediatamente colocadas em banho-maria a 50°C, por 5 minutos, homogeneizadas e mantidas por mais 5 minutos para estabilizar a temperatura. Das amostras homogeneizadas estabilizadas eram retiradas alíquotas de 10g para recipientes cilíndricos de vidro de 50mm de diâmetro e 10mm de

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profundidade, tipo placas de Petry, as quais eram levadas imediatamente para o texturômetro. Cada alíquota de arroz cozido era comprimida a 60% do seu tamanho original com um probe cilíndrico de 45mm a uma velocidade de 1,7mm/seg. O probe retornava à posição inicial e comprimia a amostra novamente. Foram avaliadas dureza, adesividade, flexibilidade e coesividade. Para cada grau de polimento foram realizadas 2 cocções e 10 repetições de teste de textura.

A análise sensorial do arroz cozido foi realizada através de equipe treinada de julgadores, avaliando-se os atributos cor, brilho, odor, soltabilidade, firmeza e sabor segundo método descrito por Gularte (2002).

Os resultados foram analisados estatisticamente utilizando o software Statistica 6.0. Foi realizada análise de variância e as médias foram comparadas por Tukey a 5% de significância, com análise de correlação entre grau de polimento, atributos de textura e as propriedades sensoriais de soltabilidade e firmeza.

Na Tabela 1 são apresentados os resultados de textura em arroz branco cozido.

Tabela 1. Parâmetros de textura de arroz branco com diferentes intensidades de polimento Grau de

polimento (%) Dureza (g) Adesividade (g.seg) Flexibilidade Coesividade

6 a 7 5684,9±307,4a -143,0±22,8ab 0,514±0,01b 0,479±0,01ab

10 a 11 4851,5±92,7b -104,2±18,0bc 0,710±0,13ab 0,441±0,01b

11 a 12 4137,2±154,8c -48,2±18,2d 0,72±0,08ab 0,47±0,03ab

13 a 14 4622,92±144,8c -63,58±24,6cd 0,80±0,13a 0,52±0,02a Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância

Observando-se os dados da Tabela 1 é possível se verificar que com o aumento do grau de polimento houve diminuições na dureza e na adesividade, havendo aumentos da flexibilidade e da coesividade. Aumentos do grau de polimentos (GP) de 6 a 7% para 10 a 11% provocaram diminuições de 15% na dureza e de 27% na adesividade. Aumentos maiores no GP (11-12%) provocaram reduções de 30% na dureza e de 77% na adesividade. Graus de polimentos maiores não provocam diferenças nesses parâmetros. É sabido que no polimento parte da proteína e grande parte dos lipídios, da fibra alimentar e dos minerais presentes nas camadas mais externas do grão são removidas o que pode explicar a diminuição da dureza, uma vez que estes componentes influenciam esta variável. Park et al. (2001) encontraram resultados semelhantes aos deste trabalho, obtendo reduções na dureza e na adesividade com o aumento do grau de polimento de 8 até 14%, comportamento também evidenciado por Champagne et al. (1998).

O parâmetro flexibilidade está relacionado à altura que o alimento recupera durante o tempo que decorre entre o final da primeira compressão e o início da segunda. A coesividade é o grau no qual o arroz deforma, desintegra-se ou quebra em compressão (Mohapatra e Bal, 2006), e isso significa que quanto mais macio for o arroz mais coeso será, não se separando com facilidade como ocorre em grãos mais duros. Na Tabela 1, observa-se que a flexibilidade aumentou com o aumento do grau de polimento e a coesividade manteve-se inalterada. Champagne et al. (1998) encontraram resultados semelhantes aos deste trabalho para a flexibilidade, mas diferentes em relação à coesividade, a qual aumenta conforme o grau de polimento é intensificado. Já Park et al. (2001) encontraram diminuição significativa para os valores de flexibilidade e não encontraram diferenças para valores de coesividade com o aumento do grau de polimento. Essas diferenças de comportamento podem ser atribuídas a diferenças na composição química entre as amostras dos dois estudos.

Na Tabela 2 são apresentados os resultados da análise sensorial de grãos de arroz brancos resultantes de beneficiamento convencional submetidos a quatro intensidades de polimento.

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Tabela 2: Efeitos da intensidade de polimento sobre atributos sensoriais em arroz branco Grau de

polimento (%) Cor Brilho Odor Soltabilidade Sabor Firmeza

6-7 2,20±0,22a 5,88±1,17a 0,74±0,78a 5,00±1,05a 0,87±0,94a 3,48±0,70a

10-11 2,20±0,22a 5,88±0,82a 0,62±0,69a 5,32±1,02a 0,80±0,60a 3,62±0,87a

11-12 1,92±0,16a 5,57±1,00a 0,89±0,57a 4,38±1,19a 0,63±0,40a 3,73±0,56a

13-14 1,73±0,55a 3,32±0,83b 1,27±0,76a 3,62±1,43a 1,10±1,09a 4,98±0,58b Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância

Observando-se os dados constantes da Tabela 2 é possível se verificar que houve

diferença apenas para os atributos de brilho e firmeza quando no maior grau de polimento, não havendo diferença estatística para os parâmetros de cor, odor, soltabilidade e sabor. Com isso pode-se realizar um polimento menos intenso, havendo menor perda no beneficiamento, sem afetar as qualidades sensoriais.

Foi realizada análise de correlação entre parâmetros de textura e atributos sensoriais, havendo relações estatisticamente significativas entre intensidade de polimento e flexibilidade (r=1,00) e entre dureza e adesividade (r=-0,97). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AMATO, G.W.; ELIAS, M.C. Parboilização do arroz. Ed., Porto Alegre: Ricardo Lenz, 2005, 160p. CHAMPAGNE, E.T. et al. Effects of Postharvest Processing on Texture Profile Analysis of Cooked Rice. Cereal Chemistry, 1998, vol 75, n°2, p. 181-186. CHAMPAGNE, E. T. et al. Correlation Between Cooked Rice Texture and Rapid Visco Analyser Measurements. Cereal Chemistry, 1999, v. 76, n° 5, p. 764-771. GULARTE, M.A. Manual de Análise Sensorial de Alimentos. Pelotas: Edigraf UFPEL, 2002. 59p. JULIANO, B.O. Rice in Human Nutrition. FAO, Rome. Disponível em: <http://www.fao.org/inpho/content/documents//vlibrary/t0567e/t0567e00.htm>. Acesso em 13 fev. 1993. KENNEDY, G.; BURLINGAME, B.; NGUYEN, V.N. Nutritional Contribution of rice: impact of biotechnology and biodiversity in rice-consuming countries. Bangkok: The International Rice Commission – Twentieth Session, 2002. MENEGHETTI, V.L.; OLIVEIRA, M.; MARTINS, I.G.; OLIVEIRA, L.C.; FAGUNDES, C.A.A.F. e ELIAS, M.C., Drasticidade de polimento em parâmetros de desempenho industrial de grãos de arroz branco. In: Anais do II Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade de Arroz. 2005, v.1, p. 623-628. MOHAPATRA, D.; BAL, S. Effect of degree of milling on specific energy consumption, optical measurements and cooking quality of rice. Journal of Food Enginnering, 2007, v. 80, p. 119-125. PARK, J.K.; KIM, S.S.; KIM, K.O. Effect of Milling Ratio on Sensory Properties of Cooked Rice and on Physicochemical Properties of Milled and Cooked Rice. Cereal Chemistry, 2001, v. 78, n° 2, p. 151-156. TRAN, T.U., SUZUKI, K., OKADOME, H., HOMMA S., OHTSUBO, K. Analysis of the tastes of brown rice and milled rice with different milling yields using a taste sensing system. Food Chemistry, 2004, 88, 557–566.

Agradecimentos a CNPq, FAPERGS, SCT-RS (Pólos Tecnológicos), IRGA e ZACCARIA Equipamentos.

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INTENSIDADE DE POLIMENTO SOBRE PARÂMETROS NUTRICIONAIS E COCÇÃO DO ARROZ PARBOILIZADO

Cátia Regina Storck; Elessandra Zavareze; Juliane Mascarenhas Pereira; Rafael de Almeida Schiavon; Jander Luiz Fernandes Monks; Álvaro Renato Guerra Dias; Moacir Cardoso Elias. Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos. Campus Universitário da UFPel. Email: [email protected]

Com a evolução dos processos industriais do arroz parboilizado, houve desenvolvimento de novas técnicas e maior conhecimento dos fatores de produção, com isso ocorreu maior aceitação deste, passando de 5 a 20% do total do arroz industrializado no Brasil nas últimas duas décadas (Elias et al., 2006). O processo de parboilização difere do convencional por incluir operações hidrotérmicas antes do descascamento dos grãos e estas operações modificam a estrutura do amido através da gelatinização e da posterior retrogradação. A parboilização, além de aumentar rendimentos industriais e conservabilidade, preserva mais o valor nutritivo dos grãos (Amato et. al., 2002).

Na condição natural, o arroz apresenta distribuição de vitaminas, minerais e das gorduras com predominância nas camadas periféricas da cariopse. Esse fato, associado à localização do gérmen acentua a desuniformidade na distribuição desses nutrientes nos grãos. Durante o processo de parboilização partes dos minerais e das vitaminas ficam distribuídos e repartidos por todo grão, assim como substâncias lipossolúveis do gérmen e do endosperma (Amato e Elias, 2005).

Com o polimento dos grãos de arroz, o pericarpo, o tegumento, a camada de aleurona e o gérmen são removidos no farelo, restando o endosperma, onde há alta concentração de amido o que intensifica a influência da amilose nas propriedades tecnológicas e no comportamento na cocção com reflexos diretos nos atributos do arroz cozido mais desejados pelos consumidores são determinados principalmente pela amilose (Landers et al., 1991).

As características de consumo de arroz cozido mais observadas pelos consumidores são cor, sabor, textura, soltabilidade, tempo e rendimento de cocção, tendo estas últimas maior importância. Estudos demonstram que a composição química afeta a absorção de água no grão (Park et.al., 2001), no entanto poucas são as informações sobre a influência do grau de polimento em arroz parboilizado nesta característica. Objetiva-se, com o trabalho efeitos da intensidade de polimento dos grãos sobre o comportamento dos parâmetros nutricionais e de cocção do arroz parboilizado.

No trabalho foram utilizadas amostras de uma cultivar de arroz da classe longo-fino com alto teor de amilose, produzidas no Rio Grande do Sul, em sistema irrigado, pertencente à coleção de amostras do Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos da FAEM/UFPEL que foram beneficiadas pelo processo de parboilização, seguindo o método desenvolvido no próprio laboratório (Elias, 1998). De cada amostra de 50 kg de arroz em casca foram coletadas três alíquotas de 100g, as quais foram descascadas e polidas em engenho de provas modelo Zaccaria. A intensidade de polimento variou de 5% a 11% de remoção e foi determinada pela fórmula: Intensidade de polimento (IP) = [1 – (peso do arroz polido / peso do arroz integral)] x 100. As análises de matéria seca, cinzas, lipídios em aparelho Soxhlet, proteína bruta pelo método de Kjeldahl (N x 5,95) foram realizadas de acordo com métodos descritos pela AOAC (1997). O teor de amilose foi determinado segundo o método de Juliano (1971) e os rendimentos gravimétrico e volumétrico na cocção dos grãos segundo Gularte (2005). Os resultados foram analisados através da Análise de Variância (ANOVA) e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância utilizando o software Statistica 6.0.

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Na tabela 1 são apresentados os percentuais de constituintes químicos em grãos de arroz parboilizado em função da intensidade de polimento.

Tabela 1 - Composição do arroz parboilizado com diferentes grau de polimento.

* I - remoção de 5 a 6% de farelo no polimento; II - remoção de 7 a 8%; III - remoção de 9 a 10%; IV - remoção de 10 a 11%.Letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa ao nível de 5%.

As proporções dos nutrientes do arroz variam em função das condições de beneficiamento, por exemplo. Variações nas intensidades do polimento modificaram as proporções dos componentes químicos do arroz, como pode ser verificado na Tabela 1. Houve redução nos teores de cinzas, proteínas e lipídios com o aumento da intensidade de polimento, pois a operação de polimento remove as camadas mais externas do grão onde há maior conteúdo destes nutrientes (Park et al., 2001). Remoções de 5% de farelo já provoca alteração significativa de cinzas. Após 10% de remoção houve uma redução significativa de 13% de teor de proteínas em relação aos polimentos menos intensos. Da mesma forma para o teor de lipídios houve diferença significativa na redução após 9% de remoção.

Na Tabela 2 são apresentados os teores de amilose em arroz parboilizado em quatro intensidades de polimento. Tabela 2 - Teor de amilose nas diferentes intensidades de polimento do arroz parboilizado.

Intensidade de polimento* Teor de amilose (%) I 24,39 ± 0,26 b II 25,52 ± 0,65 b III 29,05 ± 0,79 a IV 30,35 ± 0,77 a

* I - remoção de 5 a 6% de farelo no polimento; II - remoção de 7 a 8%; III - remoção de 9 a 10%; IV - remoção de 10 a 11%.Letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa ao nível de 5%. Observando-se os dados da Tabela 2 é possível verificar que o teor de amilose presente no grão aumentou significativamente a partir da faixa de 9% de remoção de farelo pela intensificação da operação de polimento. Isto pode ser explicado devido à concentração dos carboidratos quando se elimina, durante o processo de polimento, as camadas externas que contêm maiores teores de proteínas, minerais, lipídios e fibra alimentar, aumentando proporcionalmente o teor de amido e, entre suas frações, o de amilose. A proporção de amilose para amilopectina determina propriedades do arroz cozido, assim um maior teor de amilose melhora a capacidade do grânulo de amido absorver água e expandir o seu volume sem entrar em colapso, pela sua maior capacidade de estabelecer pontes de hidrogênio, ou retrogradar. O teor de amilose desta variedade está classificado em alta amilose de acordo com Coffman e Juliano (1987).

A Tabela 3 apresenta a relação entre a intensidade de polimento e os rendimentos gravimétrico e volumétrico do arroz parboilizado na cocção. Tabela 3. Rendimento gravimétrico e volumétrico de arroz com diferentes intensidades de polimento

Intensidade de polimento a

Tempo de cocção (min)

Proporção de água b

Rendimento Gravimétrico

(g.100g-1)

Rendimento Volumétrico (mL.100 g-1)

I 26 a 2,4 333,97 a 295,73 a II 24 ab 2,4 341,06 a 280,58 b III 22 b 2,4 343,03 a 281,27 b IV 22 b 2,4 344,63 a 286,65 b

a I - remoção de 5 a 6% de farelo no polimento; II - remoção de 7 a 8%; III - remoção de 9 a 10%; IV - remoção de 10 a 11%. b A melhor proporção de água para a cocção do arroz foi determinada conforme testes preliminares. Letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa ao nível de 5% entre as intensidades de polimento.

Intensidade de polimento* Cinzas (%) b.s Proteínas (%) b.s Lipídios (%) b.s I 1,32 a 8,63 a 1,77 a II 0,68 bc 8,24 a 1,41 a III 0,53 cd 8,39 a 0,38 b IV 0,29 d 7,30 b 0,47 b

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Como se pode observar na Tabela 3, não houve diferença significativa entre os rendimentos gravimétricos do arroz cozido em diferentes graus de polimento, no entanto ocorreu uma redução no rendimento volumétrico a partir de 7% de remoção do farelo, não havendo diferenças a partir daí, em função da menor concentração de proteínas, moléculas altamente higroscópicas. O tempo de cocção do arroz parboilizado com maior intensidade de polimento foi menor quando comparado ao arroz com menor intensidade de polimento.

A Tabela 4 apresenta os coeficientes de correlação entre os graus de polimento, parâmetros nutricionais e de cocção. Tabela 4. Coeficientes de correlação (r) entre graus de polimento, parâmetros nutricionais e de cocção para diferentes intensidades de polimento de arroz parboilizadoa

IP CZ PTN LIP AM RG RV IP 1,00 CZ -0,97* 1,00

PTN -0,72 0,78 1,00 LIP -0,96* 0,87 0,59 1,00 AM 0,96* -0,89 -0,75 -0,97* 1,00 RG 0,95 -0,89 -0,97 -0,76 0,88 1,00 RV 0,30 -0,04 -0,65 -0,07 0,29 0,49 1,00

* Correlação estatisticamente significante ao nível de 5%. a IP = intensidade de polimento; CZ = cinzas; PTN = proteínas; LIP = lipídios; AM = amilose; RG = rendimento gravimétrico; RV = rendimento volumétrico. Os teores de cinzas e lipídios apresentaram correlação negativa significativa, enquanto o teor de amilose apresentou correlação significativamente positiva em relação à intensidade de polimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMATO.G.W.; CARVALHO, J.L.V.; SILVEIRA, F°, S. Arroz et. al., Arroz parboilizado: tecnologia limpa, produto nobre. Ed. Ricardo Lenz, Porto Alegre, 240p. 2002. AMATO, G.W.; ELIAS, M.C. A parboilização do arroz. Porto Alegre, ed. Ricardo Lenz. p. 19-28. 2005. AOAC. Official Methods of Analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 16th ed., Washington, DC, 1997. COFFMAN, W.R; JULIANO, B.O. Rice. In: Olson, R.A; FREY, W.J. Nutritional quality of cereal grains: Genetic and agronomic improvement. Madison: American Society of Agronomy, p.101 – 131. cap. 5. 1987. ELIAS, M.C.; HELBIG, E.; MENEGHETTI, V.L.; STORCK, C.R.; PINNO, M.; ROMBALDI, C.V. Effects of resting on drying and storage period on the metabolic defects and industrial performance of polished and parboiled rice. 9th International Working Conference on Stored Product Protection. p. 1026-1033. 2006. ELIAS, M.C.; Tempo de espera para secagem e qualidade de arroz para semente e indústria. Pelotas, 132 p. Tese (Doutorado em Agronomia) Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. 1998 GULARTE, M. A. Metodologia analítica e características tecnológicas e de consumo na qualidade do arroz. 2005. 95f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) - Faculdade de Agronomia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. JULIANO, B.O. A simplified assay for milled rice amylose. Cereal Sci Today. V.16, p.334-340, 1971. LANDERS, P.S.; GBUR, E.E.; SHARP, R.N. Comparison of two models to predict amylose concentration in rice flours as determined by spectrophotometric assay. American Association of Cereal Chemists. V. 68, n° 5, p.545-548, 1991. PARK, J.K.; KIM, S.S.; KIM, K.O. Effect of milling ration on sensory properties of cooked rice and on physicochemical properties of milled and cooked rice. Cereal chemistry. v. 78, p. 151 – 156. n. 2, 2001. Agradecimentos: IRGA, SINDAPEL, CNPQ, CAPES, SCT-RS, POLO DE ALIMENTOS e Zaccaria Equipamentos

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EFEITO DO POLIMENTO SOBRE PARÂMETROS NUTRICIONAIS, DE TEXTURA E SENSORIAIS EM GRÃOS DE ARROZ

Maurício de Oliveira, Otaviano Maciel Carvalho Silva, Lisandro Karnopp Tuchtenhagen, Pablo Daniel Freitas Bueno, Cátia Regina Storck, Ana Paula do Sacramento Wally, Moacir Cardoso Elias. Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos. Campus Universitário da UFPEL, Caixa Postal 354, CEP 960.010-900. E-mail: [email protected]

Dentre os cereais mais cultivados no mundo, é destaque o arroz, que constitui a base alimentar de grandes contingentes humanos, por isso inúmeros esforços são realizados visando à manutenção da qualidade de seus grãos nas diversas operações de pós-colheita (Silva et al., 2003). O maior consumo do arroz ocorre na forma de grão branco polido (Mohapatra & Bal, 2007), pois a maioria dos consumidores prefere o arroz branco bem polido com quase nenhum farelo restante no endosperma.

Embora o arroz integral seja mais nutritivo do que o arroz branco polido, suas características de sabor e textura não representam a preferência da maioria dos consumidores, por isso geralmente o polimento ocorre de forma excessiva (Meneghetti et al., 2005). A grande limitação para aumento de consumo de arroz integral, no entanto se diz respeito à sua pouca conservabilidade (Elias e Franco, 2006). As proteínas, as gorduras, as vitaminas e os minerais estão concentrados em sua grande maioria no gérmen e na camada exterior do endosperma (Mohapatra & Bal, 2007), e estes são removidos durante o polimento, reduzindo o valor nutritivo do arroz (Denardin et al, 2005; Mohapatra & Bal, 2007).

O grão de arroz integral tem a superfície ondulada, dificultando a remoção uniforme do farelo. Mesmo após a remoção de 75% do farelo, as estrias ainda estão presentes nos grãos. Para remover completamente as estrias de farelo, o arroz freqüentemente é polido em excesso. Windham et al (1997) e Lyon (1999) relatam que a textura e o comportamento de cocção do arroz são afetados pela operação de polimento e pela composição química dos grãos.

Os povos das diferentes regiões do mundo apresentam diferentes preferências de propriedades sensoriais do arroz (Lyon, et al 1999). Os consumidores japoneses preferem arroz macio e pegajoso, os consumidores norte-americanos preferem as variedades médias e longas, firmes e não pegajosas quando cozidas, já os consumidores em América do Sul e do Oriente Médio preferem geralmente o arroz longo-fino, que é firme e não pegajoso (Champagne et al 1997; Lyon, et al. 1999).

Objetivando-se avaliar efeitos do polimento sobre os parâmetros nutricionais, características de textura e atributos sensoriais do arroz, foram utilizados grãos da classe longo-fino, produzidos na região sul do Rio Grande do Sul, pelo sistema irrigado de cultivo, os quais foram beneficiados pelo sistema convencional branco polido, com tempo de polimento de 90 segundos, em engenho de provas modelo piloto ZACCARIA, no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, na Universidade Federal de Pelotas.

Após o beneficiamento, os grãos foram avaliados quanto à composição nutricional (teores de proteínas, gordura, cinzas e carboidratos), características de textura (dureza, adesividade, flexibilidade e coesividade) e atributos sensoriais (cor, brilho, odor, soltabilidade, sabor e firmeza).

Tanto nos grãos integrais como nos polidos, a composição nutricional foi determinada de acordo com os métodos preconizados pela AOAC (1997): cinzas, proteínas e extrato etéreo, enquanto o teor de carboidratos mais fibras foi obtido por diferença centesimal. As avaliações de textura foram realizadas utilizando-se um Texturômetro

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(Texture Analyser TA.XTplus, Stable Micro Systems) com uma célula de força de 30kg usando um teste de compressão de dois ciclos (TPA, textural profile analysis) o qual é monitorado através do Software Texture Exponent. A análise sensorial do arroz cozido foi realizada através de uma equipe treinada de julgadores, avaliando os atributos de cor, brilho, odor e soltabilidade segundo método descrito por Gularte (2005). Os resultados foram avaliados estatisticamente utilizando o programa estatístico Statistica 6.0. Foi realizada análise de variância e as médias foram comparadas por Tukey a 95% de confiança. Nas Tabelas 1, 2 e 3, respectivamente, aparecem os resultados dos defeitos do polimento sobre as características nutricionais, parâmetros de avaliação de textura e das propriedades sensoriais de grãos submetidos a dois processos de beneficiamento. TABELA 1. Efeitos do polimento sobre a composição química básica (%) de grãos de arroz, submetidos a dois sistemas de beneficiamento*.

Sistema de beneficiamento

Cinzas Proteínas Extrato Etéreo Carboidratos

Integral 1,15 ± 0,13a 8,50 ± 0,10a 2,68 ± 0,23a 87,67 ± 0,07b

Branco Polido 0,27 ± 0,04b 7,55 ± 0,28b 1,05 ± 0,06b 91,13 ± 0,28a

TABELA 2. Efeitos do polimento sobre parâmetros de textura de grãos de arroz, submetidos a dois sistemas de beneficiamento*.

Sistema de beneficiamento

Dureza (g) Adesividade (g.seg) Flexibilidade Coesividade

Integral 8402,45 ± 321,18a -77,93 ± 5,49a 0,66 ± 0,16a 0,50 ± 0,02a

Branco Polido 3616,82 ± 294,73b -37,65 ± 8,93b 0,75 ± 0,12a 0,47 ± 0,00b

TABELA 3. Atributos sensoriais de grãos de arroz, submetidos a dois sistemas de beneficiamento*.

Sistema de beneficiamento

Cor Brilho Odor Soltabilidade Sabor Firmeza

Integral 8,30±0,51a 6,53±1,91a 4,20±3,39a 7,45±1,37a 2,50±0,35a 4,48±1,10a

Branco Polido 2,08±0,46b 5,08±1,61a 0,62±0,63b 4,93±1,21b 0,69±0,51b 3,87±0,83b

* Médias de três repetições por análise, seguidas por letras diferentes representam diferenças com nível de significância de 5%, pelo teste de Tukey.

Na Tabela 1 verifica-se que a operação de polimento dos grãos de arroz, durante noventa segundos, reduz significativamente os teores de cinzas, proteínas e extrato etéreo e aumenta proporcionalmente o teor de carboidratos, quando comparado aos grãos integrais. Esses resultados estão de acordo com relatos da bibliografia especializada (Lyon, et al. 1999; Tran, 2004; Lamberts, 2007). Os resultados evidenciam que os maiores teores de proteínas, gorduras e mineiras se encontram predominantemente nas camadas mais externas, enquanto a maior concentração de carboidratos ocorre nas camadas mais internas do grão.

Os resultados apresentados na Tabela 2 indicam que o processo de polimento altera as características de textura dos grãos de arroz, diminuindo significativamente a dureza, adesividade e coesividade, aumentando a flexibilidade dos grãos cozidos, confirmando os resultados encontrados por Mohapatra e Bal (2007). Essas alterações se devem principalmente a redução dos teores de proteínas e extrato etéreo, e irão se refletir também nos atributos sensoriais, conforme relata Lyon et al. (1999).

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Através dos atributos sensoriais apresentados na Tabela 3 é possível se verificar

que a operação de polimento altera significativamente os atributos sensoriais. A cor é alterada de amarronzada para branca; o brilho é intensificado; o sabor e o aroma são suavizados; a soltabilidade e a firmeza dos grãos diminuem com o polimento. Estas alterações são atribuídas às reduções dos teores de proteínas, gorduras e minerais pelo polimento dos grãos de arroz.

A operação de polimento altera os parâmetros nutricionais, os de textura e os atributos sensoriais

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AOAC. Official Methods of Analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 16th ed., Washington, DC, 1997. CHAMPAGNE, E.T.; BETT, K.L.; VINYARD, B.T.; WEBB, B.D.; MCCLUNG, A.M.; BARTON, F.E.; LYON, B.G.; MOLDENHAUER, K.; LINSCOMBE, S.; KOHLWEY, D.E. Effects of drying conditions, final moisture content, and degree-of-milling on rice flavor. Cereal Chemistry. 1997, 74:566-570. DENARDIN, C.C.; SILVA, L.P.; FAGUNDES, C.A.A. Influência do beneficiamento na composição mineral de farelo de arroz. In: anais do IV Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, 2005. v.2, p. 376-378. GULARTE, M. A. Metodologia analítica e características tecnológicas e de consumo na qualidade do arroz. 2005. 95f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) - Faculdade de Agronomia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. LAMBERTS, L.; BIE, E.D.; VANDEPUTTE, G.E.; VERAVERBEKE, W.S. DERYCKE, V.; MAN, W.D; DELCOUR, J.A. Effect of milling on colour and nutritional properties of rice. Food Chemistry, 2007. v.100, p. 1496–1503. LYON, B.G.; CHAMPAGNE, E.T.; VINYARD, B.T.; WINDHAM, W.R.; BARTON, F.E.; WEBB, B.D.; MCCLUNG, A.M.; MOLDENHAUER, K.A.; LINSCOME, S; MCKENZIE, K.S.; KOHLWEY, D.E. Effects of Degree of Milling, Drying Condition, and Final Moisture Content on Sensory Texture of Cooked Rice. Cereal Chemistry. 1999. 76(1):56-62 MENEGHETTI, V.L.; OLIVEIRA, M.; MARTINS, I.G.; OLIVEIRA, L.C.; FAGUNDES, C.A.A.F.; ELIAS, M.C. Drasticidade de polimento em parâmetros de desempenho industrial de grãos de arroz branco. In: Anais do II Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade de Arroz. 2005, v.1, p. 623-628. MOHAPATRA, D. & BAL, S. Effect of degree of milling on specific energy consumption, optical measurements and cooking quality of rice. Journal of Food Engineering., 2007, v.80, p.119–125. SILVA, F.S.; CORRÊA, P.C.; GONELI, A.L.D.; RIBEIRO, R.M.; JÚNIOR, P.C.A. Efeito do beneficiamento nas propriedades físicas e mecânicas dos grãos de arroz de distintas variedades. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, 2003, v.5, n.1, p.33-41. TRAN, T.U.; SUZUKI, K.; OKADOME, H.; HOMMA S.; OHTSUBO, K. Analysis of the tastes of brown rice and milled rice with different milling yields using a taste sensing system. Food Chemistry, 2004, 88, 557–566. WINDHAM, W.R.; LYON, B.G.; CHAMPAGNE, E.T.; BARTON, F.E.; WEBB, B.D.; MCCLUNG, A.M.; MOLDENHAUER, K.A.; LINSCOMBE, S.; MCKENZIE, K.S. Prediction of cooked rice texture quality using nearinfrared reflectance analysis of whole-grain milled samples. Cereal Chemistry. 1997. 74:626-632.

Agradecimentos a CNPq, SCT-RS (Pólos Tecnológicos) e ZACCARIA Equipamentos

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TERRA DE DIATOMÁCEA E ÁCIDO PROPIÔNICO NO CONTROLE DE Rhyzopertha

dominica e Tribolium castaneum EM ARROZ ARMAZENADO

Alexandra Morás1; Maurício de Oliveira1, Dejalmo Nolasco Prestes1; Jonis Gelain1; Irineu Lorini2, Moacir Cardoso Elias1. Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”. Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos - Pólo de Alimentos da Região Sul, CPGCTA. Campus Universitário, Cx. P. 354, Pelotas, RS, Brasil, CEP 96.010-900. Centro Nacional de Pesquisa de Trigo, Embrapa Trigo [email protected] - [email protected]

Os insetos que atacam grãos armazenados constituem um problema

principalmente pelos prejuízos quantitativos e qualitativos que causam, e pela forma de controle, através de produtos químicos altamente tóxicos, que podem propiciar resistência nas pragas (De Paula, 2002; Lorini, 2003). O uso de pó inertes e ácidos orgânicos de cadeia carbônica curta, aplicados isoladamente ou combinados, pode ser um método alternativo aos químicos. O pó inerte à base de terra de diatomácea, um produto abrasivo e higroscópico, proveniente de fósseis de algas diatomáceas, atua removendo a cera epicuticular, favorecendo a perda de água, promovendo a desidratação dos insetos (Fields e Korunic, 2000; Stathers et al., 2002; Vayias e Athanassiou, 2003).. Os ácidos orgânicos e seus ésteres são substâncias difundidas na natureza como produtos intermediários, de síntese ou finais, de vegetais, animais e microrganismos. Essas substâncias são utilizadas como conservantes em grãos, essencialmente devido às suas propriedades antimicrobianas. A atividade antimicrobiana dos ácidos orgânicos e ésteres deles derivados é devida à ação da forma molecular não dissociada destas substâncias, nos conteúdos celulares dos grãos e microrganismos associados (Cramel & Prestegard, 1977; Baird-Parker, 1980). O objetivo no estudo foi avaliar a eficácia dos pós inertes, Keepdry e Bugram, isolados ou associados ao ácido propiônico, no controle das principais pragas de arroz armazenado.

Os grãos foram secados e armazenados no Laboratório de Pós-Colheita e Qualidade de Grãos no DCTA, FAEM, UFPEL, onde foram aplicadas as diferentes dosagens de pós inertes e do ácido. A seleção, a criação, a infestação e a avaliação inseticida dos tratamentos foram realizadas no laboratório de Entomologia do Centro Nacional de Pesquisa de Trigo, Embrapa Trigo, em Passo Fundo, RS. O delineamento experimental usado foi inteiramente casualizado, com treze tratamentos e três repetições, em 30 kg de arroz cada. Os tratamentos consistiram em diferentes doses de pós inertes à base de terra de diatomácea de duas formulações comerciais sendo, 0,5, 1,0 e 1,5Kg.t -1 as doses testadas de Keepdry e 1,0, 2,0 e 3,0Kg.t -1 de Bugram, ácido propiônico nas doses 0,3 e 0,6Kg.t -1 e a combinação da terra de diatomácea com o ácido propiônico nas doses 1,0Kg.t -1 de Keepdry associado com 0,3 e 0,6 Kg.t -1 do ácido propiônico, e 2,0Kg.t -1 de Bugram associado com 0,3 e 0,6 Kg.t -1 do ácido propiônico, além do tratamento controle.

As coletas das amostras dos grãos de arroz foram feitas aos 2, 4, 8 e 12 meses, durante o período de armazenamento. Para a avaliação de mortalidade das pragas foram coletadas amostras de 300 gramas de grãos de cada repetição, colocados em frascos de vidro, nos quais foram liberados, separadamente, 20 insetos adultos das espécies Rhyzopertha dominica e Tribolium castaneum. Os insetos foram provenientes da criação massal do Laboratório de Entomologia da Embrapa Trigo. Os frascos de vidro foram fechados com papel filtro e massa de calafetar e mantidos em sala climatizada em temperatura e umidade relativa do ar de 25 ± 1ºC e 60 ± 5%, respectivamente.

A avaliação da mortalidade de adultos de cada espécie-praga foi realizada aos 30 dias após infestação, pela peneiragem de grãos e contagem do número de insetos mortos, transformando em percentagem de mortalidade.

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Nas Tabelas 1 e 2 são apresentados os percentuais de mortalidade das pragas

de arroz Rhyzopertha dominica e Tribolium castaneum avaliados em diferentes tempos, durante um ano de armazenamento. TABELA 1. Efeito inseticida de diferentes doses de pós inertes e ácido propiônico, aplicados isoladamente e combinados, no controle de Rhyzopertha dominica, em grãos de arroz. Avaliados pela média do número de insetos mortos/parcela, expressa em % de mortalidade.

Meses armazenamento Tratamentos Dose (kg.t-1) 2 4 8 12

Keepdry 0,5 81,25 ab 81,25 a 85,00 ab 97,50 ab Keepdry 1,0 90,00 ab 92,50 a 95,00 a 100,00 a Keepdry 1,5 95,00 ab 95,00 a 100,00 a 100,00 a Bugram 1,0 88,75 ab 98,75 a 97,50 a 100,00 a Bugram 2,0 98,75 ab 98,75 a 97,50 a 100,00 a Bugram 3,0 100,00 a 100,00 a 98,75 a 100,00 a Ácido Propiônico 0,3 15,00 c 11,25 b 45,00 c 82,50 b Ácido Propiônico 0,6 71,25 b 20,00 b 6,25 d 91,25 ab Keepdry + Ácido Propiônico 1,0 + 0,3 75,00 ab 96,25 a 51,25 c 100,00 a Keepdry + Ácido Propiônico 1,0 + 0,6 98,75 ab 93,75 a 56,25 bc 100,00 a Bugram + Ácido Propiônico 2,0 + 0,3 95,00 ab 100,00 a 100,00 a 100,00 a Bugram + Ácido Propiônico 2,0 + 0,6 98,75 ab 95,00 a 98,75 a 100,00 a Controle - 8,75 c 10,00 b 3,75 d 22,50 c C.V. % 6,95 9,16 10,11 3,56 Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey (p≤0,05). Infestação de 20 insetos adultos por parcela. TABELA 2. Efeito inseticida de diferentes doses de pós inertes e ácido propiônico, aplicados isoladamente e combinados, no controle de Tribolium castaneum, em grãos de arroz. Avaliados pela média do número de insetos mortos/parcela, expressa em % de mortalidade.

Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey (p≤0,05). Infestação de 20 insetos adultos por parcela.

Para a Rhyzopertha dominica (Tabela 1) todos os tratamentos com terra de diatomácea foram estatisticamente superiores ao tratamento controle, evidenciando efeito de mortalidade da praga. Os tratamentos com Keepdry não apresentaram diferenças significativas entre as doses utilizadas, sendo eficaz nas doses de 0,5, 1,0 e 1,5 kg.t-1.

Meses armazenamento Tratamentos Dose (kg.t-1) 2 4 8 12

Keepdry 0,5 87,50 ab 97,50 a 56,25 bcd 100,00 a Keepdry 1,0 100,00 a 100,00 a 77,50 ab 100,00 a Keepdry 1,5 100,00 a 100,00 a 98,75 a 100,00 a Bugram 1,0 100,00 a 100,00 a 83,75 ab 100,00 a Bugram 2,0 100,00 a 100,00 a 98,75 a 100,00 a Bugram 3,0 100,00 a 100,00 a 100,00 a 100,00 a Ácido Propiônico 0,3 51,25 c 15,00 b 25,00 de 80,00 b Ácido Propiônico 0,6 50,00 c 10,00 b 10,00 ef 75,00 b Keepdry + Ácido Propiônico 1,0 + 0,3 97,50 a 77,50 a 56,25 bc 100,00 a Keepdry + Ácido Propiônico 1,0 + 0,6 92,50 a 87,50 a 40,00 cd 100,00 a Bugram + Ácido Propiônico 2,0 + 0,3 100,00 a 100,00 a 98,75 a 100,00 a Bugram + Ácido Propiônico 2,0 + 0,6 100,00 a 98,75 a 97,50 a 100,00 a Controle - 80,00 bc 5,00 b 5,00 f 36,25 c C.V. % 6,20 11,68 11,86 3,01

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Para o produto Bugram todas as doses testadas apresentaram alto índice de mortalidade deste inseto-praga. Os resultados obtidos para a espécie Rhyzopertha dominica estão de acordo com os encontrados por Lorini et al. (2002) em estudos realizados com esta espécie em grãos de trigo, milho e cevada.

Para Tribolium castaneum (Tabela 2) as duas formulações comerciais de terra de diatomácea ntestadas (Keepdry e Bugram) apresentaram eficiência equivalentes na mortalidade, nas diferentes doses aplicadas sobre os grãos, não havendo diferença estatística entre as mesmas. Vayias & Athanassiou (2003) relatam em seus estudos com Tribolium confusum Du Val (Coleoptera: Tenebrionidae) que esta é uma espécie-praga resistente a vários inseticidas tradicionais que são comumente usados como protetores de grãos. Esta espécie é uma das mais tolerantes ao tratamento com terra de diatomácea, entretanto esta reação é afetada por vários fatores, como temperatura, umidade relativa, dose do produto, intervalo de exposição, idade do inseto e espécie de grão.

As duas doses de ácido propiônico testadas não apresentaram boa performance como inseticida. A combinação entre o ácido e os pós inertes apresentaram alto índice de mortalidade para as duas marcas comercias avaliadas, similarmente ao que ocorreu com a espécie Rhyzopertha dominica.

Os resultados demonstram o efeito inseticida da terra de diatomácea, que persistiu ao longo dos doze meses de armazenamento.

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EFEITOS DA PARBOILIZAÇÃO, DO ARMAZENAMENTO E DA COCÇÃO SOBRE A ESTABILIDADE DO AMIDO RESISTENTE EM ARROZ

Elizabete Helbig1; Volnei Luiz Meneghetti1; Daniel Rutz1; Pedro Luiz Antunes1; Manoel Artigas Schirmer1; Moacir Cardoso Elias1. Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização de Grãos. Caixa Postal 354, 96010 – 900 Pelotas – RS [email protected].

Nos últimos anos tem havido equilíbrio entre as quantidades de arroz produzido e consumido no Brasil, um fato importante por se tratar de um dos alimentos mais típicos dos hábitos alimentares dos brasileiros, sendo a principal fonte energética que contribui com quase 70% do consumo calórico total, sendo os carboidratos seus maiores constituintes.

Os carboidratos complexos estão relacionados aos seus efeitos fisiológicos e nutricionais. Nesse grupo de nutrientes incluem-se o amido e outros polissacarídeos, os quais possuem diferenças em suas estruturas químicas e em seus efeitos fisiológicos. Porém, devido às suas diferenças estruturais, uma parte dos componentes que formam o grupo não-amido contribui pouco para o conteúdo energético das dietas, mas pode auxiliar na prevenção de várias doenças relacionadas à alimentação. O amido resistente é a fração de amido não digerida no intestino delgado de indivíduos saudáveis, sendo fermentada no intestino grosso. As atuações do amido resistente são similares as da fibra alimentar, incluindo efeito pré-biótico, atuando no metabolismo lipídico, reduzindo o colesterol, redução do risco de colite ulcerativa e câncer de cólon (Lajolo et al., 2001; Lobo, 2003).

O arroz branco polido, obtido por processo convencional de industrialização, se caracteriza como um alimento que apresenta limitado conteúdo de fibra alimentar. O processo de parboilização do arroz, através de tratamentos hidrotérmicos, modifica a estrutura físico-química de seus constituintes, proporcionando um aumento da fração não digerível (Amato e Elias, 2005).

A pesquisa foi conduzida objetivando avaliar efeitos da parboilização, do armazenamento e da cocção sobre a estabilidade do amido resistente em arroz. Foi executada no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, da UFPEL, utilizando amostras de arroz com alto, médio e baixo teor de amilose (Martinez y Cuevas, 1989), produzidas no Rio Grande do Sul, em cultivo irrigado.

O teor de amilose foi avaliado pelo método proposto por Martinez y Cuevas (1989), com adaptações. As amostras de arroz polidas eram moídas e peneiradas em malha de 60 mesh. Amostras de 100mg eram transferidas para balões de 100 mL, sendo-lhes acrescentados 1 mL de álcool etílico 96%GL e 9 mL de solução 1N de NaOH. Nos balões, as amostras eram colocadas em banho-maria a 100ºC, por 10 minutos, sendo resfriadas durante 30 minutos, após o que era completado o volume com água destilada. De cada balão era retirada uma alíquota de 5 mL e transferida para balão de 100 mL. Então lhes acrescidos 1 mL de ácido acético 1N e 2 mL de solução de iodo 2% (p/v) recém preparada, sendo completado o volume em cada o balão com água destilada. A leitura era realizada a 610 nm.

A parboilização foi realizada em escala piloto, pela metodologia descrita por Elias (1998), com adaptações. De cada amostra de 15 quilogramas de arroz em casca, limpo e seco (13% de umidade), eram retiradas 3 alíquotas de 50 gramas e acondicionadas em saquinhos de filó, que eram colocadas em recipientes de alumínio, com adição de 75 gramas de água destilada para serem submetidas à operação de encharcamento a 65 ºC, durante 6 horas, nas amostras de alto e de médio teor de amilose, enquanto para as de baixo teor de amilose a operação era realizada a 70ºC durante 7 horas. Na autoclavagem foi utilizada pressão de 0,7kgf.cm-2 por 10 minutos. As amostras já parboilizadas eram mantidas a 20ºC até o descascamento e o polimento, realizados em engenho de provas modelo Suzuki, previamente regulado para cada amostra, sendo a intensidade de

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polimento previamente definida em branquímetro Zaccaria por comparação com graus branquimétricos de amostras comerciais.

O amido resistente foi determinado através do método proposto por Goñi et al. (1996), com adaptações. As amostras de arroz eram incubadas com pepsina (40ºC/1h; pH 1,5) e α-amilase (37ºC/16h; pH 6,9), sendo centrifugadas a 3000 RPM durante 15 minutos e descartado o sobrenadante. Os resíduos eram tratados com KOH (concentração final 2M) e incubados com amiloglicosidase a 60ºC por 30 min (pH 4,75). Era retirada uma alíquota de 1mL do sobrenadante para determinação do teor de glicose livre pelo método enzimático (glicose oxidase/peroxidase/ABTS). os dados experimentais foram avaliados estatisticamente pela análise de variância ANOVA, seguido do teste estatístico de Tukey, considerando-se como nível de significância estatística a 5%

Na cocção das amostras, foram utilizados recipientes de alumínio com tampa, aquecidos em chapa com termostato (Gularte 2005), com água equivalente à relação água/arroz de 2,3:1 a 2,5:1 e 2,0:1 a 2,2:1 (v/v), durante 14 e 19 minutos, respectivamente para arroz parboilizado e branco polido por processo convencional. A proporção de água e o tempo de cozimento foram previamente estabelecidos em ensaios preliminares.

As determinações de amido resistente foram realizadas em arroz cru, recém cozido e em arroz seco, onde as amostras eram transferidas para peneiras de polietileno e secadas em estufa com circulação forçada de ar a 60ºC, durante 24 horas.

Na Tabela 1 são apresentados efeitos do armazenamento dos grãos parboilizados e armazenados crus sobre a estabilidade do amido resistente em arroz de amostras de alta, média e baixa amilose. Tabela 1. Amido resistente (%) em função do teor de amilose e do tempo de armazenamento em arroz parboilizado cru.

Amilose * Armazenamento (dias) 1 30 60 120 Alta A 2,33±0,26ª B 1,77±0,08b C 1,10±0,12b C 1,11±0,03a Média A 1,97±0,24ª,b A 2,24±0,15ª B 1,06±0,01b B 0,87±0,01a Baixa B 1,71±0,16b A 2,28±0,22ª B 1,59±0,12a C 0,82±0,22a

Expressas em base seca, médias de três repetições, acompanhadas de letras maiúsculas diferentes na mesma linha, e minúsculas na mesma coluna, indicam diferença estatística, pelo Teste de Tukey (p<0,05). Amilose Alta = 31,57±0,22; Média = 21,84±0,20; Baixa = 6,31±0,10. b.s. = base beca .

Na elaboração de dietas experimentais, de dietas específicas onde a atividade de água se configurar como fator decisivo, e/ou em outros usos de farinhas pré-gelatinizadas de arroz, ou mesmo de outros grãos, em geral é necessária a secagem dos grãos cozidos. Esses fatos justificam o interesse na avaliação de efeitos da secagem de grãos cozidos sobre os conteúdos de amido resistente. Resultados desses efeitos em amostras de grãos parboilizados e brancos polidos, com alto, médio e baixo teores de amilose são apresentados na Tabela 2. Tabela 2. Efeitos da parboilização e da cocção sobre o teor (%) de amido resistente em amostras de arroz com três níveis de amilose

Amilose * Processo Grãos crus Grãos recém cozidos Grãos cozidos secos Alta Convencional B 0,75±0,11b A 1,31±0,34b A 1,16±0,01b Alta Parboilização A 2,33±0,26ª A 2,09±0,15ª A 1,82±0,25ª

Média Convencional B 0,67±0,24b A 1,37±0,14b A 1,35±0,02b Média Parboilização A 1,97±0,24ª A 2,01±0,11ª A 1,64±0,01ª

Baixa Convencional B 0,40±0,03b A 1,56±0,08b A 1,71±0,15ª Baixa Parboilização B 1,71±0,16a A 2,38±0,15ª B 1,62±0,08a

Expressas em % (base seca), médias de três repetições, acompanhadas de letras minúsculas diferentes na mesma coluna, para o mesmo grupo de amilose, e de letras maiúsculas na mesma linha, indicam diferença estatística pelo Teste de Tukey (p<0,05). * Amilose Alta = 31,57±0,22%; Média = 21,84±0,20%; Baixa = 6,31±0,10%.

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Os teores de amilose determinam comportamentos diferentes do arroz em relação

aos teores de amido resistente (Tabela 1). Ocorreram reduções de amido resistente dos 30 aos 60 dias de armazenamento, independentemente do teor de amilose do arroz. Nos primeiros 30 dias de armazenamento, no entanto, cada teor de amilose determinou um comportamento diferenciado em relação ao amido resistente. Houve aumento do teor de amido resistente nas amostras com baixos teores de amilose, redução nas de alta e manutenção dos teores de amido resistente nas amostras de médios teores de amilose. A partir dos 60 dias de armazenamento as amostras de baixos teores de amilose continuaram tendo os teores de amido resistente reduzidos, enquanto as amostras de alta e média amilose tiveram estabilização. Esses resultados têm grande importância tecnológica, mas podem indicar relevância maior para a área da saúde. Reduções dos teores de amido resistente, mais acentuadas até dois meses após a parboilização, devem ser mais investigadas, especialmente em dietas destinadas a diabéticos. Isso pode levar a uma mudança de comportamento das indústrias, que em geral utilizam entre 10 e 12 meses como prazo de validade do arroz parboilizado lançado no mercado.

Para o arroz branco polido, obtido pelo beneficiamento convencional, o cozimento (Tabela 2) aumentou o teor de amido resistente. O aumento mais intenso no teor de amido resistente foi verificado nas amostras de baixa amilose. A secagem do arroz cozido não interfere nos teores de amido resistente em grãos brancos polidos obtidos pelo processo convencional de beneficiamento, independentemente do teor de amilose. O comportamento é diferente se a secagem dos grãos cozidos utiliza arroz parboilizado, quando então o de baixa amilose se diferencia no comportamento dos exibidos pelos de médio e de alto teor. Os efeitos da parboilização, do teor de amilose e das interações dos constituintes dos grãos são responsáveis pelos fenômenos observados.

No arroz parboilizado não foram verificadas interferências da cocção e nem da secagem dos grãos cozidos sobre a formação do amido resistente, com exceção do arroz de baixa amilose, que apresentou o maior teor quando cozido e ainda úmido, antes da secagem. O cozimento do arroz branco e a parboilização têm como características comuns promover gelatinização e retrogradação do amido. Estes fenômenos seqüenciais permitem um rearranjo das moléculas, com a desestruturação dos grânulos de amido, gerando uma massa homogênea que ao resfriar-se perde água e apresenta interação bastante forte entre as moléculas, o que impede em certas regiões o acesso de enzimas amilolíticas.

BIBLIOGRAFIA

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Agradecimentos ao CNPq, à CAPES, à SCT-RS, ao Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul, ao IRGA, à ABIAP e às empresas Zaccaria Equipamentos; Indústria Comércio e Representações Líder Ltda. e Granja 4 Irmãos, do Grupo Josapar.

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EFEITOS DA PARBOILIZAÇÃO SOBRE O PERFIL CROMATOGRÁFICO DOS ÁCIDOS GRAXOS DO ARROZ

Paulo Romeu Gonçalves1; Maria Regina Alves Rodrigues1; Gisele Feijó Brisolara1; Marco Aurélio Ziemann dos Santos1; Mauricio de Oliveira2; Álvaro Renato Guerra Dias2; Moacir Cardoso Elias2

1Laboratório de Oleoquímica e Biodiesel-DQO-IQG-Universidade Federal de Pelotas (UFPel) [email protected]. 2Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, DCTA-FAEM-UFPel, Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul, CPGCTA. [email protected]

O expressivo aumento do consumo do arroz parboilizado tem despertado interesse

no aprofundamento de estudos sobre o processo de beneficiamento. O processo de parboilização tem como base o tratamento hidrotérmico do grão de arroz em casca, realizado em três operações unitárias: encharcamento ou maceração, autoclavagem ou gelatinização e secagem, para posterior descascamento, polimento e seleção do grão (ABIAP, 2006). A hidratação promove a entrada de água para o interior do grão, valendo-se da propriedade do amido de absorver até cerca de 30% do seu peso em água, em temperatura inferior à de gelatinização (AMATO, 2005; ABIAP, 2006). O processo contribui, para aumentar a retenção de vitaminas hidrossolúveis e sais minerais, evitando perdas no polimento do grão. Esse processo também promove a melhoria de parâmetros de qualidade física do grão (AMATO e ELIAS, 2005). A maior parte do óleo do grão de arroz está localizada no germe com um teor variável de 15-22%, obtido através do polimento do grão, com uma típica composição em ácido palmítico, esteárico, oléico, linoléico e linolênico (KIM et al, 1999). Há carências de informações sobre a influência do processo de parboilização sobre a fração lipídica.

Objetivou-se, com o trabalho, avaliar efeitos da parboilização realizada com três temperaturas da água de encharcamento sobre a fração lipídica do arroz através da análise de distribuição dos ácidos graxos presentes no grão integral, no grão polido e no farelo de arroz parboilizado e de arroz beneficiado pelo processo convencional de industrialização de grão branco.

Inicialmente os grãos de arroz foram submetidos ao beneficiamento pelo processo convencional e por parboilização, sendo preparadas amostras de arroz integral, arroz polido e farelo de ambos os processos de beneficiamento para extração do óleo.

Foram utilizadas amostras de arroz em casca, pertencentes à classe de grãos longo-finos, oriundas de cultivo irrigado da região Sul do Rio Grande do Sul. O processo de parboilização foi conduzido em escala piloto e as condições hidrotérmicas foram definidas em testes prévios, e constaram de encharcamento dos grãos de arroz em casca, com água a 60, 65 e 70ºC, durante 5 horas, seguindo-se a autoclavagem (110ºC, 0,5 kgf.cm-2, por 10 minutos), a temperagem durante 72 horas, com a secagem dos grãos por circulação forçada de ar aquecido, segundo adaptações realizadas na metodologia desenvolvida por Elias (1998). Da mesma forma que no processo convencional, os grãos foram descascados (arroz integral ou esbramado) e polidos (quando era o caso) em engenho de provas Zaccaria, previamente regulado para as dimensões das amostras.

Óleos de grão integral, de grão polido e de farelo, de ambos os processos de beneficiamento foram extraídos em éter de petróleo pelo método de Soxhlet, sendo então submetidos à derivatização dos respectivos ácidos graxos, por transesterificação com BF3/Metanol, para análise dos ésteres metílicos, por cromatografia gasosa. Os ésteres metílicos resultantes da derivatização foram analisados em um cromatógrafo com detector de ionização com chama (GC/FID modelo Shimadzu 17A), equipado com coluna capilar carbowax HP 20M (25m x 0,2mm x 0,1µm).

A Tabela 1 apresenta a concentração dos ésteres metílicos dos ácidos graxos calculados em relação à área normalizada dos picos, para quatro amostras de óleo de

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arroz polido sem parboilizar e parboilizado, nas temperaturas de encharcamento de 60, 65 e 70ºC, por 5 horas. A Figura 1A apresenta o cromatograma dos ésteres metílicos dos ácidos graxos usados como padrões, enquanto a Figura 1B apresenta em detalhe o cromatograma dos padrões dos ésteres metílicos dos ácidos esteárico, oléico e linoléico e elaídico. Tabela 1. Concentração (%) dos ésteres metílicos dos ácidos graxos, obtidos por derivatização do óleo de arroz polido sem parboilizar e parboilizado a 60, 65 e 70ºC, por 5 horas.

Pico Tempo Éster metílico Não Parboilizado – temperat. encharcamento (min) do ácido parboilizado 60°C 65°C 70°C 1 2,51 Caprílico n/d n/d n/d n/d 2 4,37 Cáprico n/d n/d n/d n/d 3 7,43 Láurico n/d n/d n/d n/d 4 11,17 Merístico A 0,35d A 0,21c A 0,26c A 0,37d 5 15,02 Palmítico A 16,05c A 13,75b A 15,35c A 17,62c 6 15,41 Palmitoleico A 0,15d A 0,15c A 0,15c A 0,14d 7 18,72 Esteárico A 1,54d A 1,16c A 1,32c A 1,51d 8 18,97 Oléico + elaidico A 37,37b A 40,14a A 39,16a A 37,20b 9 19,72 Linoleico A 41,80a A 41,85a A 41,10a A 40,38a 10 20,78 Linolênico A 2,01d A 1,96c A 1,90c A 1,84d 11 22,20 Araquídico A 0,41d A 0,37c A 0,40c A 0,43d 12 25,62 Beênico A 0,07d A 0,17c A 0,17c A 0,21d 13 25,94 Erúcico n/d n/d n/d n/d 14 30,53 Lignocérico A 0,25d A 0,22c A 0,18c A 0,28d

Observando-se a Tabela 1, verifica-se não haver diferenças nas concentrações de cada éster metílico de ácidos graxos quando se comparam as concentrações em arroz branco polido e em parboilizado polido, nas diferentes temperaturas da água de encharcamento.

Figura 1. Cromatogramas do GC/FID de ésteres metílicos dos ácidos graxos usados como padrões. (A) todos os padrões; (B) detalhe do éster metílico do ácido elaidico.

Na Figura 2 são apresentados os cromatogramas dos ésteres metílicos do óleo de

arroz branco polido (não parboilizado) e de arroz parboilizado polido, com encharcamento a 60, 65 e 70ºC, por 5 horas. Observando-se esta figura, pode-se verificar semelhanças no perfil cromatográfico dos ácidos graxos, com predominância dos ácidos insaturados (oléico, linoléico e linolênico), seguidos pelo ácido palmítico, não evidenciando diferença significativa entre os homólogos e entre as diferentes temperaturas da água de encharcamento na operação de parboilização. A identificação do éster metílico do ácido

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elaidico, no óleo de arroz não parboilizado indica que a presença deste éster nas demais amostras não é decorrente do processo de parboilização.

Figura 2. Cromatogramas do GC/FID dos ésteres metílicos do óleo de arroz polido parboilizado (60, 65 e 70ºC, por 5 h) e não parboilizado. Condições: 100°C (0 min) – 5°C min-1 – 220°C (20 min). Tcoluna = 100°C, Tdetector =: 200°C e Tinjetor = 200°C, coluna capilar carbowax 20M.

BIBLIOGRAFIA

ABIAP- Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado. www.abiap.com.br Disponível em 11/2006. AMATO, G.W. Parboilização e qualidade do arroz. IN: ELIAS, M.C e LORINI, I. IN: II Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade Arroz. Pelotas Abrapós/UFPEL. p349-364 (2005). AMATO, G.W; ELIAS, M.C. A parboilização do arroz. Porto Alegre. Ricardo Lenz editor, p160, 2005. ELIAS, M.C. Tempo de espera para secagem e qualidade de arroz para semente e indústria. Pelotas, UFPEL. p 132 (Tese de Doutorado), 1988. ELIAS, M.C; GULARTE, M.A; SCHIRMER, M.A; AMATO, G.W. Qualidade de arroz na agroindústria. In: ELIAS, M.C.; LORINI, I. II Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade Arroz na Pós-Colheita. Pelotas Abrapós/UFPEL. 225-241 (2005). KIM, H.J; LEE, S.B; PARK, K.A; HONG, I.K. Caracterization of extraction and separation of rice bran oil rich in EFA using SFE process. Separation Purification Tecnology.15: 1-8 (1999). Agradecimentos a CNPq, CAPES, SCT-RS, Pólo de Alimentos da UFPEL.

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AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE EM CAMPO E QUALIDADE INDUSTRIAL DE HÍBRIDOS DE ARROZ NO RIO GRANDE DO SUL

Leandro Pasqualli(1) Evandro Parisotto(1), Flavio L. Bock(1), Lauro Weber(1), Silvio Villa(1), Cristine Saravia(1) ¹RiceTec Sementes Ltda, Avenida São Paulo, 877, CEP: 90230-161, Porto Alegre – RS, e-mail: [email protected]

O arroz é o segundo cereal mais cultivado do mundo. A Ásia é responsável por

cerca de 90% da produção mundial do arroz; já no continente americano, o Brasil se destaca como maior produtor, sendo também um dos maiores do mundo (FAO, 2006).

No Brasil, a área cultivada com arroz se aproxima de 3,2 milhões de hectares, com produção de 11,75 milhões de toneladas. O Rio Grande do Sul, Estado de maior produção, colhe anualmente cerca de seis milhões de toneladas, que correspondem a mais de 50% do total da produção brasileira (CONAB, 2006). A produção mundial de arroz cresceu a uma taxa média de 2,1% ao ano, de 1970 a 2004. Neste mesmo período, a área colhida com este cereal aumentou 0,4% ao ano e a produtividade das lavouras, 1,8% (Perozzi, 2005). Isso mostra que o crescimento da economia orizícola tem sido proporcionado pelo aumento da produtividade agrícola, já que o incremento da área contribuiu com apenas 1/5 do aumento da produção.

A produção de arroz híbrido é considerada uma boa alternativa para incrementar a produtividade de arroz irrigado no Brasil. Na China, a utilização de arroz híbrido corresponde a aproximadamente 17 milhões de hectares significando 55% do total em área plantada (Mao et al., 1998). A utilização de arroz híbrido pode aumentar a produtividade em até 30%, quando comparada com variedades convencionais (Yuan et al., 1994).

Nas Américas, a RiceTec é pioneira neste segmento, atuando na pesquisa, desenvolvimento, produção, comercialização e marketing de sementes híbridas de arroz. No Brasil, sua sede é em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Este estudo teve como objetivo avaliar as produtividades médias e o desempenho industrial de três híbridos de arroz desenvolvidos pela RiceTec.

Neste trabalho, foram avaliados três híbridos comerciais de arroz (Oryza sativa), comparados com a variedade que apresenta, atualmente, a maior área plantada no Rio Grande do SuI, Irga 417 (IRGA, 2006). Estes híbridos se caracterizam por proporcionar maior plasticidade fenotípica em ambientes adversos, maior sanidade do cultivo, raízes mais robustas, alto potencial de perfilhamento, entre outras características.

Os ensaios foram distribuídos nas seguintes regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul: Fronteira Oeste (7 locais), Região Sul (7 locais), Região Nordeste (7 locais) e Região Central (7 locais) totalizando 28 localidades testadas na safra 2006/2007. A semeadura dos ensaios foi realizada em faixas de 4,725 m de largura com 50 m de comprimento. O manejo do experimento foi realizado conforme as recomendações técnicas de pesquisa para a cultura.

Foram colhidas amostras dos grãos produzidos nos ensaios e avaliados os parâmetros de produtividade, desempenho industrial e propriedades funcionais dos materiais testados.

Na avaliação do desempenho industrial, as amostras, depois de colhidas foram secas até 13 % de umidade e armazenadas por 30 dias. Após este período foram beneficiadas utilizando-se engenho de provas da marca Suzuki, modelo MT 82 devidamente regulado, segundo metodologia descrita na Portaria 269, do Ministério da Agricultura, Brasil, 1988.

Já na avaliação das propriedades funcionais foram determinados o teor de amilose e a temperatura de gelatinização avaliada pelo teste de dispersão alcalina, conforme metodologia descrita em Martinez e Cuevas, 1989.

Na FIGURA 1, são apresentadas as produtividades e as vantagens médias em kg/ha dos híbridos testados em relação à testemunha variedade.

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10988 10898 10722

8601

4000

6000

8000

10000

12000

Avaxi Tiba Inov Irga417

Pro

du

tivid

ade

kg/h

a

050010001500200025003000

Van

tag

em k

g/h

a

a* a a b

Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

FIGURA 1. Produtividade e vantagem média dos híbridos Avaxi, Tiba e Inov, em kg/ha, de 28 locais em relação à testemunha variedade Irga 417.

Os resultados, apresentados na FIGURA 1, demonstram o maior potencial produtivo dos híbridos, já que as médias de produtividade foram superiores a 10.700 kg.ha-1, ao passo que a variedade Irga 417 apresentou produtividade média de 8.601 kg.ha-1, diferindo significativamente. Este resultado concorda com Yuan et al (1994) que postularam que através da utilização de sementes híbridas se alcançaria produtividades de até 30% superiores a aquelas alcançadas com variedades. Neste trabalho o incremento mínimo de produtividade foi de 25% e o máximo de 28% em relação à testemunha. A vantagem média observada nos híbridos testados foram superiores a 2.100 kg.ha-1, em relação à testemunha variedade Irga 417 nas 28 localidades testadas, evidenciado assim sua alta capacidade de adaptação as diferentes condições de cultivo onde os genótipos foram testados. Na TABELA 1, são apresentados os valores médios de desempenho industrial obtidos dos híbridos testados em relação à variedade. TABELA 1. Desempenho industrial médio dos híbridos Avaxi, Tiba e Inov, de 28 locais em relação à

testemunha Irga 417.

GenótipoRenda

Total (%)Grãos Inteiros

(%)Comprimento/

LarguraAvaxi 70 60 3,38Tiba 70 59 3,33Inov 70 59 3,55

Irga 417 69 62 3,54

Os resultados, apresentados na TABELA 1, demonstram que os valores de

desempenho industrial foram satisfatórios em todas as amostras testadas tanto de híbridos e quanto da variedade testemunha. Os valores de dimensões de grãos apresentados são compatíveis com os parâmetros de enquadramento de cultivares possuidoras de grãos longos, finos (Brasil, 1988). Os teores de grãos gessados ficaram inferiores a 4% para todos os genótipos, destacando-se o híbrido Inov por ter apresentado percentuais inferiores a 3% de grãos com superfície gessada maior que 50%. Os percentuais de renda total e de rendimento de grãos inteiros têm reflexos econômicos. As amostras Avaxi, Tiba e Inov apresentaram maiores percentuais de renda total.

Tanto o teor de amilose quanto a classe de temperatura de gelatinização se relacionam, segundo vários autores, com aspectos culinários de modo que quanto mais

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alto o teor de amilose, mais separados ficarão os grãos após o cozimento e quanto mais baixa a temperatura de gelatinização, menor o tempo necessário para o cozimento dos grãos.

Na TABELA 2 são apresentados os resultados médios de teor de amilose e graus de dispersão alcalina, obtidos pelos genótipos testados.

TABELA 2. Teor de amilose e graus de dispersão alcalina médios dos híbridos Avaxi, Tiba e Inov, de 28

locais em relação à testemunha Irga 417.

Genótipo AmiloseDispersão Alcalina

Avaxi 24 5Tiba 24 6Inov 27 7

Irga 417 27 7

Os resultados permitem verificar que o híbrido Inov e a variedade testemunha apresentaram teores de amilose altos e temperaturas de gelatinização baixas. Já os híbridos Avaxi e Tiba apresentaram teores de amilose e temperatura de gelatinização classificados como intermediário (Martinez e Cuevas, 1989). Os resultados apresentados neste estudo permitem concluir que a utilização de híbridos de arroz no Rio Grande do Sul proporciona aumento na produtividade com altos índices de desempenho industrial, sem comprometer a qualidade culinária dos grãos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRASIL. Ministério da Agricultura. Comissão Técnica de Normas e Padrões. Normas de Identidade, Qualidade, Embalagem e Apresentação do Arroz. Brasília, v 8, n. 20, 1988. p. 1-25. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em: http://conab.gov.br. FAO. Arroz Híbrido para Contribuir a la Seguridad Alimentaria. Disponível em: <http//www.fao.org/rice2004/es/rice2.htm>. IRGA. Site http://www.irga.rs.gov.br, Dados de safra, Cultivares. 2006. MAO, C.X., VIRMANI, S.S. & KUMAR, I. Technological innovations to lower costs of hybrid rice seed production. In: Virmani, S.S., Siddiq, E.A. & Muralidharan, K. (Eds.). Advances in Hybrid Rice Technology. Manila. IRRI, 1998. pp.111-128. MARTINEZ Y CUEVAS, F. Evaluación de la calidad culinária y molinera del arroz. Guia de estudo. Cali, CIAT, 75p. 1989. PEROZZI, M. No ritmo da produtividade. Planeta Arroz, Cachoeira do Sul, v.5, n.14, p.23, mai. 2005.

YUAN, L.P., YANG, Z.Y. & YANG, J.B. Hybrid rice in China. In: Virmani, S.S. (Ed.) Hybrid Rice Technology: New Developments and Future Prospects. Manila. International Rice Research Institute, 1994. pp.143-147.

Agradecimentos: Todos os produtores que nos cederam área e apoio para os ensaios.

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DORMÊNCIA PÓS COLHEITA EM GENÓTIPOS DE ARROZ-VERMELHO (Oryza sativa L.) CULTIVADOS

Fernanda Martins de Faria(1), Jaime Roberto Fonseca(2), Veridiano dos Anjos Cutrim(2). 1Bolsista PIBIC/CNPq, Embrapa Arroz e Feijão, Caixa Postal 179, 75375-000 Santo Antônio de Goiás, GO. E-mail: [email protected]. 2Embrapa Arroz e Feijão.

O arroz-vermelho, assim chamado pelo fato de possuir o pericarpo com coloração avermelhada, por apresentar maior teor de tanino (Ogawa, 1992) e, ou antocianina, é conhecido como uma planta invasora, principalmente nos estados produtores da região Sul brasileira, devido aos prejuízos causados às lavouras de arroz branco e por comprometer a qualidade final do produto. Contudo, em algumas regiões do Nordeste, mais especificamente no Ceará, Pernambuco e Paraíba, é plantado em duas safras por ano de cultivo, e considerado como parte integrante e indispensável na mesa de muitas famílias nordestinas, constituindo-se num dos principais pratos da culinária regional. Apesar de serem da mesma espécie, por questões culturais, é o tipo branco, longo fino, que recebe o conceito de melhor qualidade e tem a preferência da maioria dos consumidores no Brasil. As sementes de arroz-vermelho apresentam dormência, isto é, não germinam mesmo quando todas as condições externas são favoráveis, tais como água, oxigênio, luz e temperatura. A literatura existente apresenta algumas teorias sobre as causas da dormência em arroz, sendo a estrutura da lema e da pálea e a presença de inibidores considerados como os principais fatores responsáveis. Estudos sobre dormência em arroz vêm sendo realizados, mas ainda são escassos os resultados com arroz-vermelho. O trabalho tem como objetivo auxiliar com informações os produtores que cultivam a gramínea e à comunidade científica em geral quanto ao comportamento e ao período de dormência das sementes desse cereal.

O trabalho foi realizado na Embrapa Arroz e Feijão, município de Santo Antônio de Goiás, GO, utilizando-se cinco genótipos provenientes de expedições de coleta, sendo quatro de cariopse vermelha denominados de Arroz Caqui, Vermelho Graúdo, Arroz Maranhão e Vermelho e um de cariopse branca, denominado Guarani. Os genótipos foram semeados em vasos, em casa de vegetação, durante o mês de agosto de 2006. Por ocasião da colheita dos genótipos, que ocorreu em dezembro de 2006, as sementes para o estudo da dormência foram divididas em duas partes, após terem sido secadas à sombra por cinco dias. A primeira foi destinada a estudo de dormência em laboratório, que consistiu de testes padrão de germinação, utilizando-se 50 sementes por genótipo semeadas em substrato de papel, as quais foram colocadas em germinador na temperatura de 30ºC. A contagem das sementes foi feita aos sete e doze dias após a colocação no germinador. A segunda parte foi destinada ao estudo de dormência pós colheita em solo. Para tal, foram semeadas dez sementes por genótipo, em solo previamente preparado, em vasos colocados em casa de vegetação. A contagem das plântulas emergidas foi feita aos doze dias após o plantio. Para os dois ambientes, os testes foram realizados a cada doze dias, com início no quinto dia após a colheita. Tanto para a pesquisa em laboratório quanto em solo, os dados obtidos foram expressos em percentagem de sementes germinadas.

Os valores encontrados na Tabela 1 indicam variação em percentagem de dormência pós colheita para os acessos de arroz-vermelho nos dois ambientes estudados, tendo sido superada mais rapidamente, para todos os genótipos, com sementes plantadas em solo, quando comparadas com sementes semeadas em substrato de papel e mantidas no germinador. O acesso Guarani, de cariopse branca, apresentou resultados semelhantes nos dois ambientes, exibindo um período de dormência relativamente curto, atingindo 100% de germinação aos 17 dias após a colheita.

Considerando-se as análises no laboratório, a duração do período de dormência apresentou relativa variação entre os genótipos de arroz-vermelho, sendo o Arroz Caqui o acesso com menor grau de dormência, estendendo-se até 41 dias após a colheita, isto é,

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com germinação acima de 80%. Os acessos Vermelho Graúdo e Arroz Maranhão apresentaram resultados semelhantes a partir do 89º dia. O acesso Vermelho exibiu um período de dormência mais longo, atingindo 88% aos 101 dias. Quanto aos testes em solo, também as sementes do Arroz Caqui tiveram menor período de dormência do que os outros acessos de arroz-vermelho. Tabela 1. Percentagem de germinação pós colheita de sementes de arroz-vermelho e branco, em solo e substrato de papel colocado em germinador (Germ.).

ARROZ CAQUI VERMELHO GRAÚDO

ARROZ MARANHÃO

VERMELHO GUARANI (branco) DAC1

Solo Germ. Solo Germ. Solo Germ. Solo Germ. Solo Germ. 5 20 8 0 0 0 0 10 0 60 64

17 70 36 60 5 10 2 30 4 100 100 29 90 68 70 4 60 14 60 10 - - 41 100 84 70 20 60 16 70 26 - - 53 - 88 90 28 90 30 80 26 - - 65 - 88 90 28 90 30 80 26 - - 77 - 88 - 44 - 62 80 58 - - 89 - 88 - 88 - 88 100 70 - - 101 - 88 - 94 - 90 - 88 - - 113 - 88 - - - - - 96 - - 125 - 90 - - - - - - - -

1DAC= Dias após colheita.

Desse modo, com base nos resultados, quando houver necessidade de usar sementes de arroz-vermelho recém-colhidas para plantio, deve-se considerar que os genótipos aqui estudados apresentam o fenômeno “dormência pós colheita” variável. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: OGAWA, M. Red rice: chemistry and organism. Japan, 1992. v.30, p.385-388.

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QUALIDADE DE SEMENTES DE ARROZ ANALISADAS NO LABORATÓRIO DE ANÁLISE DE SEMENTES DO INSTITUTO RIO GRANDENSE DO ARROZ -

PELOTAS, NO PERÍODO DE 1991 A 2005.

M. G. B. Valerio1; M. A. Tillmann2 (1Engª. Agrª. Drª., RT Laboratório de Análise de Sementes IRGA-Pelotas, R. João Manoel, 301-CEP 96010-040, Pelotas - RS - Brasil, e-mail: [email protected]; 2Profª. Drª. DFT. FAEM - UFPel).

Aproximadamente 150 milhões de hectares de arroz são cultivados anualmente no mundo, produzindo 590 milhões de toneladas de grãos, sendo que mais de 75% desta produção é oriunda do sistema de cultivo irrigado (EMBRAPA, 2005).

Dentre os insumos utilizados na agricultura, com o objetivo de obter um produto final de qualidade, provavelmente a semente seja o mais importante, pois através dela é levado ao produtor todo o potencial genético de uma cultivar, juntamente com as características físicas, fisiológicas e sanitárias, sendo este um requisito da agricultura moderna (Peske et al., 2004,Grimm, 2006).

É de fundamental importância conscientizar os agricultores dos benefícios da utilização de sementes de origem conhecida e de boa qualidade física e fisiológica (Souza et al., 2005).

Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade fisiológica e física dos lotes de sementes fiscalizadas e não fiscalizadas de arroz analisados no Laboratório de Análise de Sementes do IRGA no período de 1991 a 2005. Como objetivo adicional, fazer um levantamento dos dados existentes, devida a importância do registro dos resultados obtidos nos Laboratórios de Análise de Sementes, pois é no laboratório onde se vislumbra a futura lavoura e essas informações são o relato dos avanços e às vezes dos retrocessos da tecnologia de sementes, das possíveis interferências climáticas, das mudanças nos hábitos alimentares, etc....

Foram examinados os resultados obtidos em um total de 14.026 lotes de sementes fiscalizadas, representativos de 215.880.015 kg e 6.536 lotes de sementes não fiscalizadas, representativos de 129.620.850 kg.

A qualidade das sementes foi avaliada pelos resultados do teste de germinação e presença de contaminantes. Os procedimentos foram os descritos nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992). Os lotes de sementes fiscalizadas e não fiscalizadas foram estratificadas em faixas de qualidade.

Na Tabela 1, observa-se que as sementes fiscalizadas apresentaram em média 63% dos lotes com germinação acima de 90% e baixo índice de lotes abaixo dos padrões para comercio (6%) e nas sementes não fiscalizadas menos de 50% dos lotes apresentaram germinação acima de 90% e 15% abaixo dos padrões para comércio.

O arroz vermelho ocorreu em média em 29% dos lotes de sementes fiscalizadas e em 50% das sementes não fiscalizadas. O arroz preto esteve presente em 5% dos lotes de sementes fiscalizadas e 29% das não fiscalizadas ( Tabela 2).

Os demais contaminantes, capim arroz (Echinochloa spp), corriola (Ipomoea spp) e angiquinho (Aeschynomene spp), apresentaram pequena incidência nos lotes de sementes fiscalizadas, o mesmo ocorrendo nas sementes não fiscalizadas, nos quais apenas o capim arroz esteve presente em 30% (Tabela 3). A qualidade fisiológica das sementes de arroz diminuiu ao longo do período estudado, uma vez que aumentou o número de lotes de sementes fiscalizadas com germinação abaixo do padrão e diminuiu o número de lotes com germinação superior a 90% e nas não fiscalizadas aumentou o percentual abaixo do padrão. Na semente fiscalizada é alta a percentagem de lotes isentos de arroz vermelho, apesar de ser o contaminante de maior incidência nessa classe de sementes.

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Tabela 1. Incidência (%) de lotes sementes fiscalizadas e não fiscalizadas, estratificados por faixas de germinação, no período de 1991 a 2005. LAS - IRGA - Pelotas.

Fiscalizada Não fiscalizada

Ano Germinação (%) <80 >90 <80 >90

1991 5,9 59,8 11,5 35,9 1992 2,7 58,3 14,1 31,5 1993 2,6 75,8 22,3 37,1 1994 3,4 74,5 28,9 32,1 1995 3,5 77,9 18,0 40,2 1996 1,6 88,0 20,5 50,6 1997 2,5 72,2 5,8 50,7 1998 7,8 52,4 14,3 43,6 1999 3,5 63,8 5,7 56,8 2000 10,4 51,2 18,2 61,4 2001 1,3 76,7 11,4 46,6 2002 23,3 41,7 14,3 54,0 2003 1,6 47,2 14,6 32,0 2004 18,9 43,6 5,4 43,1 2005 7,3 54,8 22,6 36,1 Média 6,4 62,5 15,2 43,4

σ σ σ σ 6,6 14,3 6,8 9,6

Tabela 2. Incidência (%) de lotes de sementes fiscalizadas e não fiscalizadas isentas de arroz vermelho e arroz preto no período de 1991 a 2005. LAS - IRGA - Pelotas.

Ano Arroz vermelho Arroz preto Fiscalizada Não fiscalizada Fiscalizada Não fiscalizada

1991 62,0 35,9 95,7 58,8 1992 71,4 47,6 95,8 70,8 1993 67,7 33,0 95,2 81,5 1994 75,4 26,9 96,2 51,3 1995 78,0 27,4 93,2 61,8 1996 72,4 35,6 95,4 73,5 1997 79,3 39,3 98,3 74,5 1998 83,1 60,7 92,1 76,8 1999 69,0 50,7 92,8 69,9 2000 61,1 77,3 96,4 76,2 2001 65,3 63,5 97,0 74,3 2002 70,5 65,4 93,7 65,9 2003 63,1 56,9 95,3 74,0 2004 72,0 61,6 91,1 72,8 2005 73,1 74,6 98,0 85,8 Média 70,9 50,4 95,1 71,2

σ σ σ σ 6,4 16,7 2,1 8,8

Page 151: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Tabela 3. Incidência (%) de lotes de sementes fiscalizadas e não fiscalizadas isentas de capim arroz, angiquinho e corriola, no período de 1991 a 2005. LAS - IRGA - Pelotas.

Ano Capim arroz Angiquinho Corriola Não Não Não

Fiscalizada Fiscalizada Fiscalizada Fiscalizada Fiscalizada Fiscalizada 1991 99,1 60,3 100,0 92,5 100,0 99,5 1992 97,4 81,1 100,0 99,8 100,0 100,0 1993 98,3 67,6 100,0 98,1 99,9 99,9 1994 98,3 38,0 100,0 71,5 100,0 85,0 1995 98,0 55,0 100,0 72,0 99,0 92,0 1996 98,0 47,0 99,0 79,0 100,0 99,0 1997 94,0 49,0 100,0 100,0 100,0 98,0 1998 97,0 97,0 99,6 99,4 97,0 99,3 1999 97,0 57,0 99,0 92,0 100,0 96,0 2000 96,0 84,0 100,0 95,0 99,0 98,0 2001 98,0 85,0 100,0 98,0 100,0 97,5 2002 99,0 78,0 98,0 98,0 100,0 98,0 2003 96,0 79,0 100,0 92,0 100,0 99,2 2004 96,0 87,0 99,0 95,0 100,0 99,0 2005 99,6 86,6 99,7 90,5 100,0 99,8 Média 97,5 70,1 99,6 91,5 99,6 97,4

REFERÊNCIAS BIBILOGRÁFICAS BRASIL. Ministério de Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p. FRANCO, D. F.; PETRINI, J. A. Cultivo do Arroz Irrigado no Brasil.[s.l.] : EMBRAPA, 2005. (Sistemas de Produção, 3). Disponível em: <http://www.cpact.embrapa.br/publicacoes/catalogo/tipo/sistemas/arroz/index.htm>. Acesso em: dezembro de 2006. GRIMM, H. Desempenho de um mecanismo semeador a vácuo na distribuição de sementes de arroz à campo. 2006.70 p. Tese (Doutorado). Ciência e Tecnologia de Sementes. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2006. PESKE, S.T., SCHUCH, L.O.B., BARROS, A.C.S.A. Produção de arroz irrigado. Pelotas : Universidade Federal de Pelotas. Editora Universitária, 2004. 623p. SOUZA, J. A. B.et al Arroz Vermelho nas Amostras de Sementes Analisadas nos Laboratórios do Irga de 1996 A 2004 In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4.; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 26., Santa Maria, 2005. Anais... Santa Maria: [s.n.], 2005. p.207-209.

Page 152: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

RENDIMENTO DE GRÃOS DA CULTIVAR IRGA 420 PROVENIENTE DE

SEMENTES DE DISTINTO VIGOR EM OITO DENSIDADES DE SEMEADURA

João Batista Beltrão Marques (1), Alexandre Lul Lima (2) Jorge Antônio Molinari Flores (2), Ígor Sotal Sauceda (4). ¹ Eng. Agr. Pesquisador da Embrapa/CPPSull, R.Manduca Rodrigues, 47 ap 701, cep 97573560, Santana do Livramento, [email protected] , 2 Eng. Agr. ex. Irga, ³ Tec. Agr. Rice Tec, 4 Tec. Agr. Irga

Um dos fatores de importância para a obtenção de alto rendimento de grãos é realizar uma semeadura eficiente, através da qual as plântulas possam emergir rapidamente e com uniformidade, ocupando o espaço disponível com rapidez. Lavouras bem estabelecidas, com sementes de qualidade superior em densidades de semeadura adequadas, constituem-se em um dos fatores determinantes do sucesso final do empreendimento agrícola.

Nesse sentido, é preciso estar atento para a qualidade e quantidade de semente a utilizar, época, condições de semeadura e outros fatores de manejo aplicados nos estádios iniciais de desenvolvimento do cultivo (Marques, 2004). O presente experimento foi realizado na estação de crescimento 2002/2003, na área experimental cedida ao IRGA pela FEPAGRO no município de Uruguaiana, RS com o objetivo de avaliar o rendimento de grãos do cultivar IRGA 420, em diferentes densidades e vigor de semente.

O experimento foi conduzido em blocos ao acaso num fatorial 8 X 3 com quatro repetições. As densidades de semeadura testados foram 10, 20, 30, 40, 50, 75, 100 e 150 Kg/ha. Os níveis de vigor de semente foram alto, médio e baixo. A classificação vigor alto, médio e baixo foi realizada de acordo com Tillmann & Mello (1999), para comparação de testes de vigor de envelhecimento precoce. O plantio foi feito em 7/11/2002, utilizando-se plantadeira de parcelas de nove linhas marca Semeato. Conduziu-se o plantio, irrigação e demais práticas de manejo conforme o recomendado para a cultura.

Conforme os resultados obtidos (Tabela 1) o rendimento de grãos aumentou desde o vigor baixo até o vigor alto. Esse resultado concorda, em parte, com o obtido por Marques (2004), que verificou diferença significativa entre dois níveis de vigor testados (alto e médio), sendo que plantas oriundas de sementes de alto vigor do cultivar IRGA 419 produziram, na média das densidades, 866kg a mais em relação às de vigor médio em semeadura tardia (segunda quinzena de dezembro). No entanto, em semeadura realizada no início de novembro, encontrou que, para o cultivar IRGA 420, não houve efeito do vigor sobre o rendimento de grãos. Já para o EMBRAPA-7 TAIM, também semeado no início de novembro, houve efeito desse fator. De maneira geral, espera-se que as sementes de vigor mais alto tenham um desenvolvimento inicial maior que pode refletir-se em maior rendimento de grãos (Durães et al, 1995).

Tabela 1- Rendimento de grãos do cultivar IRGA 420 em três níveis de vigor de sementes de semeadura. Centro de Pesquisas de Sistemas Agropecuários Integrados. Uruguaiana. FEPAGRO. Safra 2002/2003.

*Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste de Duncan ao nível de significância de 5%. Coeficiente de variação (CV) = 6,01 %.

VIGOR NÚMERO DE REPETIÇÕES

RENDIMENTO DE GRÃOS (Kg/ha)

ALTO 32 9431,6 a*

MÉDIO 32 9140,8 b

BAIXO 32 8642,7 c

Page 153: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Foi também significativa a regressão linear entre rendimento de grãos e densidade de semeadura (Figura 1) que resultou em R= 8644,2 + 7,2D, onde R representa o rendimento de grãos e D, a densidade de semeadura. Assim sendo, à medida que se aumentou a densidade, desde de 10 Kg/ha até a maior de 150 Kg/ha, houve elevação do rendimento de grãos. Por outro lado, a interação de vigor com densidade não apresentou significância estatística.

Rendimento de Grãos (Kg/ha)

R2 = 0,3517

6000,0

6500,0

7000,0

7500,0

8000,0

8500,0

9000,0

9500,0

10000,0

0 50 100 150 200

Densidade (Kg/ha)

Ren

dim

ento

de

Grã

os

(Kg

/ha)

Rendimentode Grãos(Kg/ha)

Figura 1- Rendimento de grãos do cultivar IRGA 420 em oito densidades de semeadura. Centro de Pesquisas de Sistemas Agropecuários Integrados. Uruguaiana. FEPAGRO. Safra 2002/2003.

Esse resultado não concorda com vários trabalhos realizados avaliando diferentes

densidades de semeadura em arroz irrigado (Marques et al, 2003; Ramirez & Menezes, 2003; Marques, 2004; Severo et al, 2000). Pode-se explicar isso em função do menor número de plantas por metro quadrado obtido nas densidades menores. Semeadura com 10, 20, 30, 40, 50, 75 e 100 Kg/ ha de semente resultaram em 41, 54, 65, 75, 87, 123 e 151 plantas/ m², respectivamente. Essas populações de plantas estão abaixo do mínimo considerado adequado para rendimentos máximos do arroz irrigado. Já densidade de150 Kg/ ha possibilitou estande de 210 plantas/ m², superior ao limite mínimo da faixa considerada ideal para o arroz irrigado, que é de 200 a 300 plantas por m² (RICECHECK,1999). Provavelmente, outro fator que determinou esse tipo de resposta foi alta mortalidade de plântulas em função de deriva de glifosate aplicado numa lavoura próxima, resultando em estandes baixos e desuniformes na área do experimento.

Concluí-se que o vigor de sementes e a densidade de semeadura apresentaram efeitos significativos, sendo que sementes de maior vigor e densidades de semeadura mais altas resultaram em maior rendimento de grãos.

Page 154: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DURÃES Fº, M.; CHAMA, H.M.C.P.; COSTA, J.D.; MAGALHÃES, P.C.; BORBA, C.S. Índices de vigor de sementes de milho (Zea mays L.): associação com emergência em campo,crescimento e rendimento de grãos. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.17, n.1, p.13-18, 1995. MARQUES, J. B. B. Qualidade fisiológica de semente , densidade de semeadura e produtividade de arroz (Oryza sativa L.). Pelotas, 2004. 82 f. Tese ( Doutorado ). Ciência e Tecnologia de Sementes. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2004. MARQUES, J.B.B.; FLORES, J.A.M.; SAUCEDA, I.S. Desempenho de cultivares de arroz de sequeiro em duas densidades de semeadura em Uruguaiana. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 3., 2003, Balneário Camboriú, SC. Anais... Itajaí: Epagri, 2003, p.241-243. RAMIREZ, H.V.; MENEZES, V.G.; Estabelecimento e desenvolvimento de plantas do cultivar de arroz IRGA 422 CL, tolerante a Only, em função de densidade de semeadura. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 3., REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 25., 2003: Balneário Camboriú- SC. Anais... Itajaí: Epagri, 2003, p.117-119. RICECHECK. Recommendations. A guide to objective rice crop management for improving yield, grain quality and profits. Australia. 1999. 20p. SEVERO, S.R.R.; SILVA, P.R.F.; MENEZES, V.G.; MARIOT, C.H.P. Resposta de genótipos de arroz irrigado ao arranjo de plantas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, n.12. p.2383-2390. 2000. TILLMANN, M. A.; MELLO, V. D. C. Controle de Qualidade em Sementes de Arroz. Pelotas, UFPEL, 1999.48 p. (Curso de Irrigação de Arroz Irrigado por Tutoria a Distância- Módulo 10).

Agradecimentos: Aos funcionários do Instituto Rio-Grandense do Arroz/Uruguaiana.

Page 155: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICA E FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ARROZ CERTIFICADAS, NÃO CERTIFICADAS E PRÓPRIAS

Mário Borges Trzeciak(1); Maria da Graça Burgo Valério(1); Patrícia da Silva Vinholes(2); Demócrito Amorim Chiesa Freitas(1); Francisco Amaral Villela(3) 1Acadêmico do PPG em C&T Sementes FAEM/UFPel; 2Acadêmica do curso de Agronomia, Bolsista PIBIC-CNPq, FAEM/UFPel; 3Eng. Agrícola, Dr., Professor Associado do Departamento de Fitotecnia FAEM/UFPel; Universidade Federal de Pelotas, Campus Universitário, Caixa Postal 354, CEP 96001-970, Pelotas – RS, Brasil; [email protected]

Cultivado em mais de 150 milhões de hectares, o arroz (Oryza sativa L.) é um dos

cereais mais produzidos e consumidos em todo o mundo (USDA, 2003). Com uma produção de 600 milhões de toneladas base casca, esse produto serve de alimento básico para dois terços da população do planeta (FAO, 2004). O arroz é uma das mais importantes culturas anuais produzidas no Brasil, sendo responsável por aproximadamente 88% da produção do Mercosul. Atualmente, a produção nacional é de mais de 12 milhões de toneladas e por conta do incremento na área cultivada e dos altos índices de produtividade, o país alcança, na safra 2003/2004, a auto-suficiência no abastecimento. Difundido amplamente no Brasil, o arroz é cultivado em praticamente todos os estados, onde a safra gaúcha é responsável por 50% do total de arroz produzido no Brasil, exercendo um importante papel como estabilizador do mercado nacional (ANUÁRIO BRASILEIRO DO ARROZ, 2004). Diante dos bons resultados alcançados nesta safra, e com a perspectiva de preços favoráveis, o arroz consolida-se cada vez mais como elemento estratégico no agronegócio brasileiro. Em contrapartida, no estado do Rio Grande do Sul, estimam-se perdas ao redor de 20%, decorrentes da infestação por arroz daninhos. Assim sendo, torna-se imprescindível a utilização de sementes de alta qualidade física e justifica-se o esforço da pesquisa em obter melhores níveis de produtividade.

A qualidade da semente de arroz é expressa pela interação de fatores genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários. A pureza genética refere-se a constituição intrínseca da semente que irá expressar-se, posteriormente, no comportamento da planta por ela gerada; a pureza física refere-se à ausência de contaminação por materiais estranhos e outras sementes; a qualidade fisiológica é a capacidade potencial da semente de gerar, sob condições favoráveis, uma planta perfeita e vigorosa; e a sanidade consiste na ausência de patógenos (Vieira e Rava, 2000).

O potencial fisiológico é diretamente responsável pelo desempenho das sementes no armazenamento e no campo. O teste de germinação é utilizado em laboratórios para avaliar o potencial fisiológico das sementes, no entanto, é conduzido em condições favoráveis de temperatura, umidade e luminosidade, permitindo ao lote expressar o potencial máximo de produzir plântulas normais.

O objetivo da análise de pureza é determinar a composição da amostra em exame e, consequentemente, a do lote de sementes; a identidade das diferentes espécies de sementes contidas na amostra, e; a natureza do material inerte presente na mesma.

Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a incidência de sementes de arroz daninho, tanto preto como vermelho, presentes em lotes de sementes de arroz certificadas, não certificadas e próprias, produzidas na safra 2005/2006, na região de Pelotas - RS.

O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes (LAS) do Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA, na cidade de Pelotas – RS.

Foram avaliados em relação à qualidade fisiológica, através do teste de germinação, e a pureza física, 62 lotes de sementes certificadas, correspondendo a 23.800 sacos, 245 lotes de sementes não certificadas, correspondendo a 85.574 sacos e 351 lotes de sementes próprias, correspondendo a 139.511 sacos, produzidas na região sul do estado do Rio Grande do Sul.

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O teste de germinação foi conduzido em rolos de papel toalha, em germinador regulado a 25°C., utilizando quatro repetições de 50 sementes por tratamento. A quantidade de água adicionada foi equivalente a 2,5 vezes o peso do substrato seco, visando adequado umedecimento, e consequentemente uniformização do teste.

As avaliações foram realizadas conforme as Regras para Análise de Sementes, (BRASIL,1992).

Foi constatada a presença de arroz vermelho em 30,65% dos lotes de sementes certificadas, 24,09% dos lotes de sementes não certificadas e em 41,67% dos lotes de sementes próprias (tabela 1).

Tabela 1. Incidência de sementes de arroz vermelho em lotes de sementes de

arroz certificadas, não certificadas e próprias.

Arroz Vermelho Sementes

(nº sementes) Certificadas Não Certificadas Próprias

Lotes % Lotes % Lotes %

Zero 43 69,35 186 75,91 196 58,33

1 8 12,90 40 16,32 71 21,13

2 7 11,30 10 4,08 30 8,92

03 – 05 4 6,45 8 3,26 23 6,84

06 – 10 0 0,00 1 0,40 5 1,48

> 10 0 0,00 0 0,00 11 3,27

Pode-se observar, na tabela 2, que o arroz preto esteve presente em 1,61% dos de sementes certificadas, 1,22% dos lotes de sementes não certificadas e 18,75% dos lotes de sementes próprias.

Tabela 2. Incidência de sementes de arroz preto em lotes de sementes de arroz certificadas, não certificadas e próprias.

Arroz Preto Sementes

(nº sementes) Certificadas Não Certificadas Próprias

Lotes % Lotes % Lotes %

zero 61 98,38 242 98,77 273 81,25

01 -05 1 1,61 3 1,22 53 15,77

06 - 10 0 0,00 0 0,00 2 0,59

> 10 0 0,00 0 0,00 8 2,38

Na tabela 3, observa-se que as sementes certificadas apresentaram em média 83,86% dos lotes com germinação acima de 86% , sendo que 53,22% superior de 90%; as sementes não certificadas apresentaram 97,96% dos lotes com germinação acima de 86%, sendo que 71,65% superior de 90%; Já as sementes próprias apresentaram 68,09% dos lotes com germinação acima de 86% e 42,45% superior de 90%.

Page 157: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Tabela 3. Lotes de sementes certificadas, não certificadas e próprias estratificadas

por níveis de germinação.

Sementes Germinação (%) Certificadas Não Certificadas Próprias

Lotes % Lotes % Lotes %

< 80 0 0,00 0 0,00 47 13,39

80 - 85 10 16,12 5 2,02 65 18,51

86 - 90 19 30,64 65 26,31 90 25,64

> 90 33 53,22 177 71,65 149 42,45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, A. dos S.; PINTO, J. J. O. Controle de plantas daninhas na cultura do arroz irrigado. UFPel, Pelotas, RS: 58p., 2005. BORÉM, A. Melhoramento de espécies cultivadas. Viçosa, MG: ed. UFV, 969p., 2005.

BRASIL, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNAD/DNPV/CLAV,1992. 365p.

FAO - FAOSTAT DATABASE RESULTS. Disponível: http://www.fao.org/. Acessado em 13 de junho de 2004. GOMES, A. da S.; MAGALHÃES JUNIOR, A. M. Arroz irrigado no Sul do Brasil. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica. 899p., 2004. SANTOS, C. Anuário brasileiro do arroz Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta, Santa Cruz, 136p., 2004. USDA, Nathan Childs. Rice Situation and Outlook Yearbook. Market and Trade Economics Division, Economic Research Service, U.S. Department of Agriculture, November 2003.

Page 158: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

AVALIAÇÃO DO GRAU DE UMIDADE DE SEMENTES DE ARROZ (Oryza sativa L.) DURANTE O PROCESSO DE MATURAÇÃO E SUA VARIAÇÃO NA

PANÍCULA

Rodrigo Castro Soares(1)

, Marcus Davi Ferreira Teplizky(1)

, Fabrício Becker Peske(1)

, Paulo Ricardo Reis Fagundes

(2), Ariano Martins Magalhães Jr.

(2), Silmar Teichert Peske

(3).

(1)

Aluno do Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes Email: [email protected],

(2) Pesquisador Embrapa Clima Temperado,

(3) Professor

Universidade Federal de Pelotas. A qualidade da semente é a chave para o incremento da produção e produtividade

de qualquer cultura, incluindo o arroz. Uma vez colhida com alto potencial fisiológico e sendo bem armazenada, em condições adequadas, a semente proporcionará uma boa lavoura.

A qualidade de sementes compreende uma série de parâmetros (genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários) que determinam sua indicação para a semeadura (Popinigis, 1985). O potencial fisiológico é diretamente responsável pelo desempenho das sementes no armazenamento e no campo. Neste sentido, o conhecimento do ponto de colheita é fator preponderante para obtenção de sementes de qualidade, pois à medida que as sementes permanecem no campo iniciam-se os processos de deterioração.

Assim, alguns cuidados relacionados à colheita devem ser tomados, pois antecipada ou tardia, afeta a produção e a qualidade das sementes. Os prejuízos da colheita muito cedo são: elevada ocorrência de grãos verdes, gessados e mal formados, que não completaram o seu desenvolvimento. Por outro lado, se a colheita for feita tardiamente, com as sementes apresentando umidade muito baixa, ocorrem perdas por degrana natural, por acamamento, ataque de insetos, pássaros e roedores (Soares, 2001).

Teoricamente, o ponto de maturidade fisiológica seria o mais indicado para a colheita, pois representa o momento em que a qualidade da semente é máxima. Evidentemente, a colheita das sementes nesta fase se torna difícil, uma vez que a planta ainda apresenta grande quantidade de colmos e folhas verdes, o que dificulta a colheita mecânica. Além disso, o alto teor de água ocasionaria danos mecânicos e haveria ainda a necessidade de utilização de um método rápido e eficiente de secagem, que na prática nem sempre é possível.

Fonseca et al. (1979) afirmam que o arroz atinge o ponto de colheita quando o grau de umidade das sementes situa-se entre 18% e 23%. Deve-se estar atento, entretanto, para as exigências de cada cultivar, pois algumas podem ser mais exigentes quanto ao ponto de colheita.

Na prática, a determinação do ponto adequado de colheita, é realizada pelo produtor, quando cerca de 2/3 da panícula apresenta espiguetas com a coloração típica da cultivar ou quando as sementes ficam duras e resistem à penetração da unha.

O presente trabalho visou avaliar a variação do grau de umidade de sementes de arroz no processo de maturação, e a variação da umidade existente dentro da panícula. O experimento foi conduzido na safra 2006/07, em Pelotas/RS, na estação experimental de Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, sendo utilizadas 2 cultivares de arroz irrigado: BRS Atalanta e BRS Pelota. Cada unidade experimental constou de 20 linhas, espaçadas 20 cm entre si, com 5 metros de comprimento, e a densidade de semeadura foi de 150 kg ha

-1.

As panículas foram marcadas no momento em que aproximadamente 50% das sementes estavam no estádio de antese, ou seja, apresentavam emergência das anteras através de uma abertura entre a lema e a pálea. A partir do 9° dia após a marcação iniciou-se o processo de colheita, assim, as panículas foram colhidas em intervalos aproximados de 3 dias, e divididas em 3 partes distintas: ápice (terço superior), meio, e base (terço inferior). Dessa maneira, foi avaliado o grau de umidade de cada terço separadamente.

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Para avaliar a média do grau de umidade da semente, apenas a parte central da panícula foi utilizada.

A avaliação do grau de umidade das sementes foi realizada no Laboratório de Sementes da Universidade Federal de Pelotas, de acordo com as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992) pelo método de estufa, a 105°C ± 3°C, durante 24 horas, utilizando-se duas amostras para cada avaliação.

O grau médio de umidade das sementes das duas cultivares (Figura 1) comportou-se de forma semelhante durante o período de avaliação, sendo que, com aproximadamente 45 dias após a antese, as sementes praticamente não sofrem grandes variações, estabilizando-se ao redor de 15% de umidade, devido as condições climáticas do local, especialmente a umidade relativa do ar.

05

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ente

Figura 1. Grau médio de umidade de sementes de arroz, cultivares:

BRS Atalanta e BRS Pelota, safra 2006/2007. Pelotas, RS. Na avaliação do gradiente de umidade existente na panícula de arroz, nas

cultivares BRS Atalanta (Figura 2) e BRS Pelota (Figura 3), pode-se verificar uma grande diferença entre os terços, principalmente entre o terço inferior (base) e o terço superior (ápice), Esse gradiente, é justificado pelo processo de formação das sementes, que na panícula de arroz, ocorre do ápice para a base.

Essa diferença de umidade entre os terços, é maior durante os primeiros dias após a antese, diminuindo gradativamente até chegar ao equilíbrio e permanecerem praticamente iguais entre si, somente variando devido ao efeito da umidade relativa do ar.

Com base nos resultados obtidos das duas cultivares pode-se afirmar que apartir da antese, durante o processo de maturação, ocorre uma redução do teor médio de água da semente, sendo que a depois do 45° dia após a antese a umidade média da semente começa a estabilizar-se em torno de 15%, já entre os três terços da panícula só ocorre a estabilização do grau de umidade com 65 dias após a antese para a cultivar BRS Atalanta e com 50 dias após a antese para a cultivar BRS Pelota.

— BRS Atalanta - - - BRS Pelota

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BRS Atalanta(base) BRS Atalanta(meio) BRS Atalanta(ápice)

Figura 2. Grau de umidade de sementes de arroz em cada terço da

panícula, cultivar BRS Atalanta, safra 2006/2007. Pelotas, RS.

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(%)

BRS Pelota(base) BRS Pelota(meio) BRS Pelota(ápice)

Figura 3. Grau de umidade de sementes de arroz em cada terço da

panícula, cultivar BRS Pelota, safra 2006/2007. Pelotas, RS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p.

FONSECA, J. R.; FREIRE, M. S.; VIEIRA, N. R. de A.; FREIRE, A. de B.; ZIMMERMANN, F. J. P. Efeitos da época de colheita sobre o rendimento de engenho e qualidade da semente do arroz. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SEMENTES, 1., Curitiba, 1979. Resumos dos trabalhos técnicos. Curitiba: Abrates, 1979. p. 50. POPINIGIS, F. Fisiologia da semente. Brasília: AGIPLAN, 1985. 289p. SOARES, A. A. Cultura do arroz. Lavras: UFLA, 2001. 111 p. (Textos acadêmicos, 7).

Page 161: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

INTENSIDADE DO POLIMENTO SOBRE PARÂMETROS FÍSICOS E NUTRICIONAIS EM ARROZ BRANCO POLIDO

Jander Luis Fernandes Monks(1)

; Leandro Fernandes Monks(1); Daniel Rutz(1); Jeferson da Cunha Rocha(1); Marcelo Zaffalon Peter(1); Cátia Regina Storck(1); Moacir Cardoso Elias(1). 1Universidade Federal de Pelotas. Email: [email protected]

Estima-se que o arroz freqüente a mesa de dois terços da população mundial, constituindo-se no principal alimento em vários países. Por ser um componente básico da dieta, alterações na composição química deste cereal influenciam significativamente em seu valor nutricional, o que se reflete diretamente sobre a saúde da população. São vários os fatores que interferem no valor nutritivo do arroz, entre eles destacam-se a diferença entre genótipos, as condições ambientais, as práticas culturais utilizadas durante o plantio, as operações de pós-colheita e os processos de beneficiamento, em especial a parboilização dos grãos (Elias e Franco, 2006; David et al., 2007).

A alimentação humana consiste de carboidratos, proteínas, lipídios, minerais e vitaminas. As principais fontes de carboidratos são os grãos de cereais e, destes, o arroz se destaca entre os mais nutritivos. A proteína do arroz é a mais nobre entre os cereais de grande consumo. Produto da cesta básica brasileira, o arroz responde por 12% das proteínas e 18% das calorias ingeridas pelos brasileiros (IRGA, 2006).

Visando obter maior brancura do arroz, agroindústrias intensificam as operações de brunimento e polimento, removendo as camadas mais periféricas dos grãos, melhorando a cor em relação à preferência do consumidor, mas reduzem nutrientes importantes para a alimentação, alterando também, as características físicas e dimensões dos grãos do arroz (Meneghetti et al., 2005). O grau de polimento não afeta somente a qualidade de consumo do arroz cozido, mas também o lucro para os produtores de arroz. As qualidades de consumo do arroz integral têm sido referidas como inferiores as do arroz polido, no entanto, aumento no grau de polimento nem sempre resulta em melhor qualidade de consumo. Por isso, seria interessante a determinação do grau de polimento baseando-se em qualidades de consumo dos grãos e no lucro do produtor (Park et al., 2001).

Objetivou-se com o trabalho, avaliar efeitos da intensidade de polimento sobre o comportamento dos parâmetros nutricionais e físicos dos grãos.

Foram utilizados grãos de arroz da classe longo fino, conhecido como agulhinha, com alto teor de amilose, pertencentes à coleção de amostras do Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas. O arroz foi cultivado no Rio Grande do Sul em sistema irrigado, sendo os grãos colhidos com umidade próxima a 20%, pré-limpos e secos em sistema intermitente, em equipamentos de escala piloto até umidade de 13%. Todas as avaliações foram realizadas no próprio Laboratório de Grãos.

De cada amostra de 50 kg foram coletadas três alíquotas de 100g, que foram descascadas e polidas em engenho de provas modelo Zaccaria com regulagem de tal forma que as intensidades de polimento variassem de 6 a 14%. A intensidade do polimento foi determinada usando a seguinte fórmula: Intensidade de polimento (Int pol) = [1 – (peso do arroz polido / peso do arroz integral)] x 100.

As análises de cinzas, lipídios por Soxhlet, proteína bruta por Kjeldahl (N x 5,95) foram realizadas de acordo com o método descrito pela AOAC (1997), enquanto os teores de carboidratos foram calculados por diferença. As dimensões e o peso de 1000 grãos foram medidos com uso de paquímetro e balança analítica, respectivamente. As análises de brancura e transparência foram realizadas com uso de branquímetro Zaccaria, que quantifica cor, transparência e grau de polimento numa escala própria. Os resultados foram analisados através da Análise de Variância (ANOVA) e as médias foram comparadas pelo

Page 162: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

teste de Tukey ao nível de 5% de significância e, análise de correlação entre grau de polimento e atributos nutricionais, utilizando o software Statistic 6.0. Nas Tabelas 1 e 2 são apresentados os resultados correspondentes às características físicas de grãos de arroz brancos polidos com diferentes graus de polimento, enquanto que a composição química percentual consta na Tabela 3.

Tabela 1. Características físicas em grãos de arroz branco com diferentes intensidades de polimento.

Intensidade de polimento*

Peso de 1000 grãos (g)

Comprimento (mm)

Largura (mm)

Espessura (mm)

I 18,628a 7,05a 1,98a 1,73a II 17,783b 6,77b 1,89b 1,67b III 17,774b 6,73b 1,84c 1,61c IV 17,332c 6,67c 1,85c 1,64c

* I - remoção de 6 a 7% de farelo no polimento; II - remoção de 10 a 11%; III - remoção de 11 a 12%; IV - remoção de 13 a 14%. Letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa ao nível de 5% entre as intensidades de polimento.

Verifica-se, pelos valores apresentados na Tabela 1, que características físicas como peso de 1000 grãos e comprimento são influenciadas pela intensidade de polimento I, II e IV não diferindo entre os polimentos II e III. Já largura e espessura são influenciadas pelos polimentos I, II e III e não pelo IV, o que é explicado pela ação mecânica envolvida na operação, que tende a transformar o grão num elipsóide. Os resultados permitem verificar que com o aumento na intensidade de polimento houve redução significativa no peso de 1000 grãos até o polimento IV e redução significativa das dimensões até o polimento III. Perdas no peso de 1000 grãos, que corresponde ao peso específico, podem representar perdas significativas para a indústria do setor (Meneghetti et al., 2005).

Tabela 2. Brancura, transparência e grau de Polimento em grãos de arroz branco polido com diferentes intensidades de polimento. Intensidade de polimento* Br (%)ª Tr (%)ª Pol (%)ª

I 32,5d 2,18b 58,6d II 38,1c 2,99a 89,8c III 39,9b 3,27a 96,0b IV 42,4a 3,24a 107,6a

* I - remoção de 6 a 7% de farelo no polimento; II - remoção de 10 a 11%; III - remoção de 11 a 12%; IV - remoção de 13 a 14%. a Br=grau de brancura; Tr=grau de transparência; Pol=grau de polimento Letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa ao nível de 5% entre as intensidades de polimento.

De acordo com os resultados da Tabela 2, as quatro intensidades de polimento provocam diferenças nos parâmetros de brancura e grau de polimento, enquanto que a transparência estabiliza com polimentos correspondentes a remoções superiores a 7% de farelo. De um modo geral, o aumento da intensidade de polimento provoca aumentos na brancura, na transparência e no grau de polimento, e isso tende a atender as exigências de pessoas que gostam do produto mais branco e translúcido, preferência da maioria dos brasileiros (Meneghetti et al., 2005; Heinemann et al., 2006). Conforme pode ser verificado na Tabela 3, a variação na intensidade de polimento não alterou significativamente os conteúdos de Proteína até o polimento III, diferentemente do que ocorreu com os teores de Cinzas e Lipídeos, que diminuíram progressivamente com o aumento da intensidade de polimento, o que pode ser explicado pelo fato do processo de polimento remover camadas mais externas do grão onde há maior conteúdo destes nutrientes (Park et al., 2001). O teor de Proteínas fica ao redor de 7% no branco, havendo

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redução neste teor na medida em que vão sendo retiradas camadas superficiais dos grãos, porque o teor de proteínas diminui progressivamente da periferia para o interior da cariopse (Tavares et al., 1998). Com o teor de Carboidratos houve comportamento inverso, pois esse aumentou significativamente com o aumento da intensidade de polimentos I e II para III e IV. Tabela 3. Composição química (%) em grãos de arroz branco polido com diferentes intensidades de polimento.

* I - remoção de 6 a 7% de farelo no polimento; II - remoção de 10 a 11%; III - remoção de 11 a 12%; IV - remoção de 13 a 14%. Letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa ao nível de 5% entre as intensidades de polimento.

A intensidade de polimento interfere em parâmetros nutricionais e físicos, como o teor de cinzas, lipídios e carboidratos não havendo diferença com maior intensidade. O aumento da drasticidade de polimento aumenta os graus de brancura e transparência do arroz, mas reduz o peso de 1000 grãos e as dimensões do mesmo, acarretando em perdas para a indústria, mas pode-se estabelecer para cada cultivar uma intensidade de polimento de acordo com o perfil de consumo desejado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AOAC. ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL CHEMISTS. Official Methods of Analysis.16th ed., Washington, DC, 1997. DAVID, D.B. NÖRNBERG, J.L.; SILVA, L.P., FAGUNDES,C.A. Concentração de Minerais em Grãos Polidos e Parboilizados de Diferentes Cultivares de Arroz: Zn, Cu, Fe, Mn. Santa Maria, UFSM, 2007. ELIAS, M.C.; FRANCO, D.F.; Pós-Colheita e Industrialização de Arroz. In: Ariano Martins de Magalhães Júnior; Algenor da Silva Gomes; Alberto Baeta dos Santos. (Org.). Sistemas de Cultivo de Arroz Irrigado no Brasil. 1 ed. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006, v.1, p.229-240. HENEMANN, R.J.B; BEHRENS, J.H.; LANFER-MARQUEZ, U.M. A study on the acceptability and consumer attitude towards parboiled rice. International Journal of Food and Science Technology, v.41, n.6, p.627-634, june 2006. IRGA. Disponível em:< http://200.96.107.174/comarroz/paginas/artigos_lista.php>Acesso em: Arroz: Um Alimento Nobre e Saudável, 2006. MENEGHETTI, V.L.; OLIVEIRA, M.; MARTINS, I.G.; OLIVEIRA, L.C.; FAGUNDES, C.A., ELIAS, E.C. Drasticidade de Polimento em Parâmetros de Desempenho Industrial de Grãos de Arroz Branco. In: Anais do II Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade de Arroz: Qualidade de Arroz na Pós-Colheita. Pelotas, 2005, p. 623-628. PARK, J.K.; KIM, S.S.; KIM, K.O. Effect of milling ration on sensory properties of cooked rice and on physicochemical properties of milled and cooked rice. Cereal chemistry. v. 78, p. 151 – 156. n. 2, 2001. TAVARES, A.F.S.; ELIAS, M.C.; ROMBALDI, C.V.; NORA, L. Grau de polimento e propriedades funcionais do arroz. Revista da Sociedade Brasilleira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.8, n.16, p.1871-4. 1998. Agradecimentos: IRGA, SINDAPEL, CNPQ, CAPES, SCT-RS, e POLO DE ALIMENTOS.

Intensidade de polimento*

Cinzas (%) b.s

Proteínas (%) b.s

Lipídios (%) b.s

Carboidratos (%) b.s

I 0,92a 7,42a 1,84a 89,82b II 0,54b 7,61a 1,29b 90,56b III 0,48b 7,49a 0,48c 91,55a IV 0,21c 7,15b 0,22c 92,42a

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EFEITO DO POLIMENTO NAS CARACTERISTICAS QUIMICAS E SENSORIAIS DO ARROZ PARBOILIZADO

Jander Luis Fernandes Monks(1); Jonis Gelain(1); Ana Paula do Sacramento Wally(1); Mateus Pino(1); Rafael de Almeida Schiavon(1); Ricardo Tadeu Paraginski(1); Moacir Cardoso Elias(1). ¹Universidade Federal de Pelotas, Campus Universitário, Cx Postal 354, e-mail: [email protected]

O beneficiamento industrial denominado parboilização é um processo hidrotérmico, que altera a estrutura do amido nas etapas de gelatinização e retrogradação, causando modificações nas propriedades físicas, químicas e sensoriais dos grãos. Estas alterações elevam o valor nutricional, aumentam a estabilidade no armazenamento e no transporte, propiciam maiores rendimentos na industrialização e modificam características de consumo. O produto resultante é um arroz de cor entre creme e amarela âmbar, odor e sabor característicos, que apresenta maior soltabilidade quando cozido (Elias, 1998, Amato et al., 2005).

Embora o processo de parboilização possibilite maior retenção de nutrientes do que o processo convencional, o que lhe confere maior valor nutricional, suas propriedades sensoriais ocasionam maior resistência por parte do consumidor. No entanto, nas últimas duas décadas, a aceitação do arroz parboilizado tem melhorado de forma significativa e contínua, a ponto de sua produção, atualmente, ultrapassar 20% do total de arroz industrializado no país (Amato e Silveira Filho, 1991; Amato e Elias, 2005; ABIAP, 2007).

Observa-se que os parâmetros de qualidade que comandam as exigências do consumidor estão relacionados com seu poder aquisitivo e seus hábitos alimentares, variando de acordo com as tradições de cada população, ou seja, estão mais vinculados às funções sociais e psicológicas dos alimentos do que à própria função fisiológica (Elias e Rombaldi, 2000). Regiões que consomem arroz como forma de aporte nutritivo e fonte de carboidratos, são menos criteriosas quanto às propriedades de consumo como o tempo de cocção, a cor, a soltabilidade, o sabor, entre outros (Moraes, 1988), ainda que geralmente sejam bastante exigentes quanto a aspectos como conveniência e rendimentos na cocção (Gularte et al., 2005).

A operação de polimento do grão integral ou esbramado, ocorrida após a operação de descascamento, promove abrasão em sua superfície, removendo as camadas periféricas da cariopse, ou seja, o pericarpo, a película do grão, a nucela, o aleurona, parte do endosperma amiláceo e o gérmen, que formam uma fração denominada farelo. Com isto, além de melhorar a aparência e o gosto do arroz, promove perda nutricional e modificações nos atributos sensoriais, interferindo na qualidade de consumo do arroz, embora seus efeitos se manifestem em comportamentos específicos de acordo com o processo de beneficiamento industrial a qual foram submetidos, se convencional ou por parboilização (Elias, 1998).

Objetivando-se quantificar alterações promovidas pelo polimento em arroz parboilizado, foram avaliados teores de cinzas, extrato etéreo por soxhlet e proteína bruta por Kjeldahl (N x 5,95), segundo métodos propostos por AOAC (1997) em arroz parboilizado integral e polido.

Os grãos da classe longo fino, agulhinha, pertencentes a coleção de amostras do Laboratório de Pós Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), foram cultivados no Rio Grande do Sul, em sistema irrigado, colhidos com umidade próxima a 20%, pré-limpos e secos em secador intermitente piloto, até 13% de umidade. As amostras foram parboilizadas em escala piloto, segundo metodologia desenvolvida no próprio laboratório (Elias, 1998), em condições operacionais de tempo e temperatura de encharcamento definidas por testes prévios.

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De cada saco de 50 kg foram tomadas alíquotas de 100g, que foram descascadas em engenho de provas Zaccaria, com regulagem no brunidor de tal forma que se atingisse, aproximadamente, 8% de polimento, o que ocorreu em 90 segundos de operação, tempo geralmente utilizado no processamento industrial clássico.

Os resultados foram analisados através da Análise de Variância (ANOVA) e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância, utilizando o software Statistic 6.0. for Windows.

Na tabela 01 são apresentadas composições químicas do arroz parboilizado

integral e polido.

Tabela 01: Composição química (%) do arroz parboilizado integral e polido. Subgrupo* Proteína Lipídeos Cinzas Carboidratos

Parboilizado integral 8,82 a 1,95 a 1,56 a 87,67 b Parboilizado polido 8,17 a 0,77 b 1,21 b 98,85 a

Médias de três repetições, expressas em base seca, quando acompanhadas de letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. *Portaria 269 do Ministério da Agricultura.

Como pode ser observado na Tabela 01, um polimento clássico de arroz que corresponda a uma remoção próxima a 8% de farelo, provoca redução significativa de 60,5% no teor de lipídeos e 22,4% no teor de cinzas. Como se trata de análise centesimal, os menores dos nutrientes citados são compensados pelo aumento proporcional do teor de carboidratos, concordando com Conrad (2005).

Segundo Elias (2005), durante as operações de aquecimento, na parboilização, ocorre mais difusão de substâncias hidrossolúveis para dentro do grão (vitaminas e minerais) do que lixiviação para água de encharcamento, enquanto os glóbulos de gordura, hidrofóbicos, também originalmente em grandes concentrações no gérmen e nas camadas periféricas da cariopse, são transportadas igualmente para o interior dos grãos por arraste, ficando disseminadas por toda a cariopse, por ações da gelatinização, na autoclavagem e da posterior retrogradação, nas secagens. Assim, com menor teor proporcional de lipídeos e de cinzas nas camadas mais externas e no gérmen, o grão de arroz parboilizado sofrerá menor redução destes nutrientes durante o processo de polimento do que ocorre nos grãos brancos polidos beneficiados pelo processo convencional. As modificações sofridas pelos grânulos de amido durante o encharcamento e a autoclavagem, recuperam grãos com fissuras e confere maior resistência à abrasão.

Na tabela 02 são apresentados os resultados da avaliação sensorial do arroz

parboilizado integral e parboilizado polido. Tabela 02: Atributos sensoriais do arroz parboilizado integral e polido.

Subgrupo* Cor Brilho Odor Soltabilidade Firmeza Sabor

Parboilizado integral 7,88 a 0,74 b 3,20 a 3,22 b 4,30 a 5,53 a Parboilizado polido 3,44 b 4,07 a 3,58 a 7,72 a 5,25 a 2,73 a

Médias de três repetições, expressas em base seca, quando acompanhadas de letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. *Portaria 269 do Ministério da Agricultura.

Observando os dados da Tabela 02 é possível se verificar que o atributo cor, dos

grãos parboilizados, é significativamente maior antes da operação de polimento clássico. Já os atributos odor, firmeza e sabor não sofreram alterações significativas por ação do polimento, diferentemente do que ocorreu no brilho e soltabilidade, que aumentaram significativamente.

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Os resultados encontram similaridades na literatura especializada. Segundo Amato et al (2002) a aparência, cor e brilho dos grãos são os atributos mais importantes na definição de compra pelos consumidores, mais até do que o preço. Quanto mais claros e mais brilhosos forem os grãos crus de parboilizados, mais se aproximarão dos grãos brancos polidos pelo processo convencional, desejável por grande parte da população. Após o polimento, o brilho fica acentuado devido o aumento da uniformidade da superfície e diminuição da porosidade e opacidade da superfície do grão. A cocção tende a reduzir a intensidade de expressão em atributos como cor e brilho, mas acentua as diferenças em sabor e odor. Portanto os resultados permitem concluir que a operação de polimento, interfere nos parâmetros químicos e sensoriais dos grãos parboilizados, acentuando alguns como o brilho, a soltabilidade e o teor de carboidratos, diminuindo outros, como a cor, o teor lipídico e o de cinzas e mantendo o sabor, o odor e a firmeza dos grãos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ABIAP - Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado, 2007. Disponível em: < http://www.abiap.com.br>. Acesso em: 15 jun 2007.

AMATO, G.W.; SILVEIRA FILHO, S. Parboilização de arroz no Brasil. Porto Alegre: CIENTEC, 1991. 91p.

AMATO.G.W.; CARVALHO, J.L.V.; SILVEIRA, F°, S. Arroz et. al., Arroz parboilizado: tecnologia limpa, produto nobre. Ed. Ricardo Lenz, Porto Alegre, 240p. 2002.

AMATO, G.W. Parboilização do arroz: um processo para obtenção de “colheita de plantio virtual”. In: Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade de Arroz, 1., 2005, Pelotas. Anais... Pelotas: Editora da UFPel, 2005. p. 315-330.

AOAC. Official Methods of Analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 16th ed., Washington, DC, 1997.

CONRAD, V.J.D.; ZAFFALON, M.P.; MENEGHETTI, V.L.; SHIRMER, M. A.; ELIAS, M.C. Efeitos da parboilização e do polimento na composição básica em grãos arroz. In: Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade de Arroz, 2., 2005, Pelotas. Anais... Pelotas: Editora da UFPel, 2005. p. 637-642.

ELIAS, M.C.; Tempo de espera para secagem e qualidade de arroz para semente e indústria. Pelotas, 132 p. Tese (Doutorado em Agronomia) Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. 1998

ELIAS, M.C.; GULARTE, M.A.; SCHIRMER, M.A.; AMATO, G.W. Qualidade do arroz na agroindústria. In: Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade de Arroz, 2., 2005, Pelotas. Anais... Pelotas: Editora da UFPel, 2005. p. 225-241.

GULARTE, M.A; ELIAS, M.C.; SCHIRMER, M.A.. Qualidade de consumo e hábitos do consumidor. In: Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade de Arroz, 2., 2005, Pelotas. Anais... Pelotas: Editora da UFPel, 2005. p. 331-347.

MORAES, M.A.C. Métodos para avaliação sensorial. 6.ed. Campinas: UNICAMP, 1988. 93p. Agradecimentos: IRGA, SINDAPEL, CNPQ, CAPES, SCT-RS E PÓLO DE ALIMENTOS, ZACCARIA ALIMENTOS.

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MODELOS MATEMÁTICOS PARA A SECAGEM INTERMITENTE DE ARROZ EM CASCA

Volnei Luiz Meneghetti(1), Mateus Pino(1), Jeferson Cunha da Rocha(1), Willian da Silva Krolow(1), Rodrigo Bubolz Prestes(1), Fabrízio da Fonseca Barbosa(2), Moacir Cardoso Elias(1). 1Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, Pólo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul. Campus Universitário da UFPel. Email: [email protected]. 2 Universidade Estadual do Rio Grande do Sul.

As recomendações técnicas indicam a faixa de 18 a 24% como a umidade mais adequada para colheita do arroz. Colhidos com umidade elevada, os grãos devem ser submetidos à secagem imediata para possibilitar tanto sua conservação no armazenamento quanto o beneficiamento na agroindústria (Silva et al., 2005; Elias e Franco, 2006). A secagem é o mais antigo e ainda o mais eficiente dentre os métodos de conservação de grãos (Brooker et al., 1992).

O arroz apresenta características próprias na secagem, como a textura da casca que o envolve, e a necessidade da utilização de temperaturas do ar não muito altas, para reduzir a quebra de grãos decorrente de sua sensibilidade aos danos e choques térmicos, diferentemente do que ocorre com grãos de outras espécies. Por essas razões, no sul do país, o método mais usado na secagem de arroz é o intermitente, o qual se caracteriza pela recirculação dos grãos através do conjunto elevador-secador, sendo seu contato com o ar descontinuo. Como método convencional que é, caracteriza-se pela movimentação tanto do ar como dos grãos durante a operação, e tem sido muito estudado por pesquisadores (Milman, 2001; Elias, 2002; Elias et al., 2006) nos últimos anos, cujos trabalhos envolvem predominantemente análises de aspectos econômicos e tecnológicos, havendo as maiores carências nos estudos sobre simulações.

Os modelos matemáticos são ferramentas úteis na estimativa do tempo necessário para redução do teor de água do produto sob diferentes condições de secagem, auxiliando nas tomadas de decisão e contribuindo na melhoria da eficiência do processo (Andrade et al., 2003).

Objetivou-se, com o trabalho, testar modelos matemáticos que respondam ao comportamento experimental da secagem intermitente de arroz em casca, com vistas a identificar suas adequações na predição operacional do processo.

O projeto foi executado no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos, do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, da Universidade Federal de Pelotas, usando arroz irrigado, em casca, classe grãos longo finos, produzido na região sul do Rio Grande do Sul.

A colheita, mecanizada, foi realizada quando os grãos atingiram umidade próxima a 20%. Seguiu-se a operação de pré-limpeza, sendo reduzidos os teores de impurezas e/ou matérias estranhas até valores próximos a 2%.

Chegando ao Laboratório, as amostras foram submetidas à secagem intermitente sob condição de relação de intermitência 1:4, entre a câmara de secagem e de equalização, em três repetições, com ar em temperatura crescente de 70±5ºC, 90±5ºC e 110±5ºC, respectivamente na 1ª, 2ª e da 3ª até a penúltima hora, havendo redução gradual da temperatura do ar na última hora da operação, quando os grãos atingiram próxima a 13% de umidade.

Para a determinação da razão de umidade, foi calculado o equilíbrio higroscópico pela equação proposta por Henderson-Thompson para arroz em casca (Fontana, 1986).

Page 168: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

( )

( )

409,0

161,51000019187,0

1ln01,0

+

−=

T

URUE

Equação de Henderson-Thompson para arroz em casca, onde: UE é a umidade de equilíbrio (decimal, base seca), T é a temperatura dos grãos (ºC) e UR é a umidade

relativa do ar no espaço intersticial (decimal). As diferentes equações mostradas na Tabela 1 foram utilizadas com o objetivo de

identificar o modelo mais adequado para a simulação da secagem intermitente de grãos de arroz, sendo que os valores experimentais foram calculados pela equação:

MeMo

MeMtRU

−=

Onde: RU é a razão de umidade (adimensional), Mt, Mo e Me são os valores de umidade medidos no tempo t, no inicio da secagem e no equilíbrio higroscópico respectivamente.

Os dados experimentais de secagem foram ajustados aos cinco modelos matemáticos de secagem intermitente apresentados na Tabela 1.

Nesse quadro, k, ko, k1, a, b, c e n, apresentam as constantes dos modelos, RU é a razão de umidade e t é o tempo de secagem. Foram avaliados os seguintes modelos matemáticos.

Tabela 1. Modelos matemáticos avaliados na secagem intermitente de arroz.

Modelo Equação Midilli RU = a.exp(-k.tn)+b.t Page RU = exp(-k.tn) Newton RU = exp(-k.t) Henderson e Pabis RU = a.exp(-k.t) Henderson e Pabis Modificado RU = a.exp(-k.t)+b.exp(-ko.t)+c.exp(-k1.t) Os modelos matemáticos foram ajustados aos dados experimentais de secagem,

através de analise de regressão não-linear pelo método Simplex e Quasi-Newton, utilizando o programa computacional STATISTICA® 6.0, sendo os valores dos parâmetros dos modelos estimados em função da temperatura do ar de secagem.

O grau de ajuste do modelo aos dados experimentais foi avaliado em função da magnitude do coeficiente de determinação ajustado (R²), dos menores valores do erro médio relativo (P), do erro médio estimado (SE) e a verificação do comportamento da distribuição dos resíduos. O erro médio relativo e o erro médio estimado para cada um dos modelos foram calculados conforme as seguintes expressões:

∑=

−=

n

i Y

YoY

nP

1

100

( )

GLR

YoY

SE

n

i

∑=

= 1

2

Onde: Y é o valor observado experimentalmente, Yo é o valor calculado pelo modelo, n é o número de observações experimentais e GLR são os graus de liberdade do modelo (número de observações menos o numero de parâmetros do modelo).

Para a secagem intermitente de arroz em casca nestas condições de temperatura e relação de intermitência, o valor do coeficiente de determinação ajustado (R²) variou de 0,9961 a 0,9483, o valor do erro médio relativo (P) variou de 1,7843 a 6,0571, e o valor do erro médio estimado (SE) variou de 0,0276 a 0,1717. O modelo Midilli foi o que apresentou o maior valor de R² (0,9961) e os menores valores de P (1,7843) e SE (0,0276), mostrando

Page 169: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

ser o modelo que mais se ajusta a estes dados de secagem, resultados estes apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Coeficientes de determinação (R²), erros médio relativo (P %), erros

médio estimado (SE) e tendência de distribuição dos resíduos (Res), aleatória (A) ou tendenciosa (Td), para os 05 modelos analisados, para a secagem intermitente do arroz

Modelos R² SE P Res Midilli 0,9961 0,0276 1,7843 A Page 0,9850 0,0933 2,9778 A Newton 0,9483 0,1717 6,0571 Td Henderson e Pabis 0,9553 0,1600 5,9832 Td Henderson e Pabis Modificado 0,9851 0,0415 3,2572 Td

Para a secagem intermitente de arroz em casca analisada, observa-se que os

modelos matemáticos ajustados aos dados experimentais apresentaram coeficientes de determinação (R²) superiores a 0,98 (Tabela 02), indicando, de acordo com Madamba et al. (1996), uma representação satisfatória do processo de secagem, exceto para os modelos Newton e Henderson e Pabis. Para a condição analisada, todos os modelos apresentaram menores valores do erro médio estimado, e magnitudes do erro médio relativo inferior a 10%, indicando, de acordo com Mohapatra e Rao (2005), serem adequados para a descrição do processo. Verifica-se, ainda, que apenas os modelos Page e Midilli, apresentaram uma distribuição aleatória dos resíduos, resultando, assim, em melhores ajustes aos dados experimentais de secagem intermitente de arroz em casca.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANDRADE, E.T.; BORÉM, F.M.; HARDOIM, P.R. Cinética de secagem do café cereja, bóia e cereja desmucilado, em quatro diferentes tipos de terreiros. Revista Brasileira de Armazenamento – Especial Café, n.7, p.37-43, 2003. BROOKER, D.B.; BAKKER-ARKEMA, F.W.; HALL, C.M. Drying and storage of grains and oilseeds. New York: Van Nostrand Reinhold. 1992. 450p. ELIAS, M.C. Tecnologias para armazenamento e conservação de grãos, em médias e pequenas escalas. 3º Ed. Editora Universitária/UFPel. 2002. 218p. ELIAS, M. C.; FRANCO, D. F. Pós-Colheita e Industrialização de Arroz. In: Ariano Martins de Magalhães Júnior; Algenor da Silva Gomes; Alberto Baêta dos Santos. (Org.). Sistemas de Cultivo de Arroz Irrigado no Brasil. 1 ed. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006, v.1, p.229-240. ELIAS, M.C.; MARTINS, I.; AOSANI, EL.; PRESTES, D.N; DIAS, A.R.G.; SACCHET, F.S. Intermitency relation in drying and period of storage on industrial quality and the mycotoxins occurrence in corn grains (Zea mays L.) In: 9th International Working Conference on Stored Product Protection, 2006, Campinas. Proceedings of the 9th International Working Conference on Stored Product Protection, 2006. p. 1003-1011. FONTANA, C. Propriedades físicas e térmicas do arroz. Edições UFSM. (Caderno didático). 1986. 68p. MADAMBA, P.S.; DRISCOLL, R.H.; BUCKLE, K.A. Thin layer drying characteristics of garlic slices. Journal of Food Engineering, v.29, p.75-97, 1996. MILMAN, M.J. Manejo da relação de intermitência e da temperatura do ar na secagem industrial do arroz. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial), Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. 96p. 2001. MOHAPATRA, D. RAO, P.S. A thin layer drying model of parboiled wheat. Journal of food engineering, n.66, p. 513-518, 2005. SILVA, L.H.; COSTA, P.F.P.; DIAS, A.R.G.; ELIAS, M.C. Temperatura de encharcamento no grau de gelatinização e no rendimento do arroz parboilizado. Tecno-Lógica, p. 9-18. 2005.

Agradecimentos a CNPq, CAPES, SCT-RS e empresas Real Máquinas e Puro Grão.

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RISCO DE CONTAMINAÇÃO POR MICOTOXINAS EM ARROZ E DERIVADOS Giniani Carla Dors

(1), Melissa dos Santos Oliveira

(1), Vânia Bierhals

(1), Cristina Moreira

da Silveira(1)

, Eliana Badiale-Furlong(1)

. ¹Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Departamento de Química, Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos, Caixa Postal: 474, Rio Grande – RS, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected].

A literatura mundial e os levantamentos realizados no Brasil demonstram que as matérias-primas são susceptíveis à contaminação fúngica e dentre a micota identificada foram encontradas espécies toxigênicas que podem produzir micotoxinas sob condições bastante diversas e complexas. No caso do arroz irrigado, produzido na região sul do Rio Grande do Sul, as condições climáticas e de cultivo durante o plantio e a colheita propiciam a ocorrência de micotoxinas. Estudos envolvendo grãos recém colhidos ou produtos disponíveis no comércio e a ocorrência destes contaminantes ainda são pouco freqüentes (DORS, 2006; OLIVEIRA et al., 2004; BIANCHINI, 2003; NUNES et al., 2003; YOSHIZAWA, 2001; FURLONG et al., 1999; COELHO, 1999).

O objetivo deste trabalho é apresentar os estudos de ocorrência de fungos e micotoxinas realizados em arroz e derivados no Laboratório de Micotoxinas da FURG, com o intuito de socializar as informações, mostrando os riscos da presença destes contaminantes na região sul do Brasil.

Os fungos foram isolados por procedimentos clássicos descritos por Pitt e Hocking, (1997) e as espécies identificadas pelas características morfológicas da colônia e microscópicas do microcultivo.

A determinação de micotoxinas, aflatoxinas B1 e B2 (AFA B1 e B2), deoxinivalenol (DON), ocratoxina A (OTA) e zearalenona (ZEA), foi realizada pelo método adaptado de Tanaka (2001). Os indicativos de mérito dos multimétodos estão na Tabela 1. Tabela 1 - Indicativos de mérito dos multimétodos para as micotoxinas

Micotoxina (método)

Limite de detecção (ng.g-1)

Recuperação (%)*

Linearidade (ng.g-1)

AFA B1 2,6 86 2,6 a 52

OTA 6,5 86 6,5 a 65 DON 180 82 180 a 2700 ZEA 39,6 61 39,1 a 1173

*média de três níveis: AFA B1 = (32 a 96 ng.g-1); OTA = (39 a 117 ng.g

-1); DON = (480 a 1440 ng.g

-1); ZEA = (616 a 1848 ng.g

-1).

O Laboratório de Micotoxinas vem realizando levantamentos da ocorrência de

fungos e micotoxinas desde 1996. Nunes et al., (2003) realizaram um estudo micotoxicológico de diferentes tipos de arroz comercializados na região sul do Rio Grande do Sul e observaram que 3,6% das 56 amostras estudadas apresentavam valores superiores a 10

4 UFC de mofos e leveduras. No estudo do potencial toxigênico desta

micota foram isoladas espécies de Aspergillus flavus em 4 amostras de arroz polido e de Aspergillus parasiticus em 5 amostras, sendo 3 em arroz parbolizado. Espécies de Penicillium foram isoladas em 15 amostras, sendo 9 delas em arroz parboilizado. Destas, 3 demonstraram capacidade de produzir ocratoxina A em farelo de arroz e em arroz parboilizado após 21 dias de incubação à temperatura ambiente (média de 26ºC). A Tabela 2 mostra os resultados dos levantamentos realizados. Os produtos que aparecem contaminados com maior freqüência foram arroz parboilizado integral (67%), arroz parboilizado (22%) e farelo de arroz desengordurado (17,5%).

Page 171: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Tabela 2 - Ocorrência de micotoxinas em levantamentos realizados no sul do Brasil.

Produto (nº de amostras)

Micotoxina Detectada

Contaminação (%) Autores

Arroz branco (11) nd - Coelho (1999) Arroz integral (33) AFA B1 e OTA 6 Coelho (1999) Arroz parboilizado (12) OTA 17 Coelho (1999) FAD (16) AFA B1 e OTA 19 Furlong et al. (1998) FAD (8) AFA B1 e OTA 37 Furlong et al. (1999) Arroz parboilizado (12) OTA 8 Furlong et al. (1999) Arroz branco (15) nd - Furlong et al. (1999) Farinha de arroz (12) nd - Nunes et al. (2003) FAD (16) ZEA e DON 8 Oliveira et al. (2002) Arroz integral (16) nd - Nunes et al. (2003) Arroz parboilizado (16) ZEA e OTA 18,5 Nunes et al. (2003) Arroz branco (24) ZEA e OTA 8,3 Nunes et al. (2003)

Arroz parboilizado (20) AFA B1, DON, OTA e ZEA

35 Dors (2006)

Arroz integral parboilizado (12) DON, OTA e ZEA 67 Dors (2006)

* nd = não detectado; FAD = Farelo de arroz desengordurado

O arroz parboilizado contaminado indica que houve possibilidade de penetração do fungo para o interior do grão, ou mesmo da toxina por ele produzida, durante o manuseio na colheita, armazenamento ou beneficiamento. Atentando para o caso de contaminação do arroz parboilizado, Coelho et al., (1999) estudaram a migração de aflatoxinas e ocratoxina A durante a parboilização do arroz sob diferentes condições de encharcamento (60ºC durante 4 e 6 horas), autoclavagem (121ºC durante 15 e 30 minutos) e secagem em camada delgada (60ºC durante 6 e 7 horas). Foi constatado que houve migração das micotoxinas da casca para o endosperma amiláceo nas seguintes proporções: 32% de AFA B1; 44% de AFA B2; 36% de AFA G1 e 22% de AFA G2. A avaliação estatística dos dados permitiu estabelecer equações preditórias do compartamento das micotoxinas em função dos tempos de encharcamento e de autoclavagem.

No caso do farelo de arroz desengordurado, a contaminação justifica-se por tratar-se da camada mais externa do grão descascado, que é a mais susceptível à infecção pelos fungos no campo ou durante o armazenamento. Para o arroz branco foi a menos freqüente (4%) e pode ser decorrente de contaminação do ambiente industrial por esporos que permanecem nos equipamentos ou no ar do moinho (JAYS, 2000), já que no beneficiamento as camadas mais externas do grão são retiradas.

Embora várias micotoxinas possam vir a contaminar produtos agrícolas, no Brasil só existe legislação para as aflatoxinas B1, B2, G1 e G2 que somadas, podem estar presentes em alimentos para consumo humano em um nível máximo de 20 ppb (FONSECA, 2006). Porém, o arroz, bem como outros cereais, cuja contaminação por micotoxinas é conhecida através de levantamentos, não constam nos produtos legislados. Os valores encontrados para AFAs nos levantamentos realizados foram superiores ao citado na legislação vigente para outros produtos (11 a 74 ppb). No caso de OTA há uma recomendação para valores inferiores a 30 ppb, tendo sido detectados valores bem próximos. Para DON e ZEA foram encontrados valores bem acima (180 a 1955 ppb) do que é recomendado pela Comunidade Européia (200 ppb).

A preocupação com a contaminação de alimentos por micotoxinas tem gerado uma série de estratégias para estimar e prevenir riscos de contaminação crônica dos consumidores. A melhor estratégia é evitar a contaminação, mas tendo em vista a

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ocorrência aleatória de fungos e micotoxinas, também é importante recomendar as condições de manuseio e preparo em que este risco seja menor.

Portanto, é importante dar continuidade aos levantamentos realizados em arroz e seus derivados, bem como estudar procedimentos para minimizar a ocorrência de contaminação ou processos de forma a diminuir os níveis atuais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BADIALE-FURLONG, E.; SOARES, L.M.V. Variáveis Bióticas e abióticas e a incidência de tricotecenos em trigo. Revista Vetor, n. 5, 1995, p. 21-31. BIANCHINI, A. Estudo comparativo entre manejos de secagem e armazenamento de arroz na incidência de fungos toxigenicos e micotoxinas. Dissertação de mestrado em Microbiologia Agrícola e do Ambiente, 2003, 103p. COELHO, C. S.; BADIALE-FURLONG, E.; ALMEIDA, T. L. Migração de micotoxinas durante o processo de parboilização do arroz. Brazilian Journal Food Technology, v. 2, n. 2, Campinas – SP, 1999, p. 43-50. DORS, G. C.; Arroz parboilizado: situação micotoxicológica e suas relações com as condições de parboilização. Dissertação de Mestrado em Engenharia e Ciência de Alimentos, FURG, 2006. FONSECA, H. Legislação sobre micotoxinas. Disponível em: <http://www.micotoxinas.com.br>, acessado outubro de 2006. FURLONG, E. B. ; SOARES, L. A. S.; DADALT, G. Micotoxinas em grãos destinados ao consumo humano no Rio Grande do Sul. In: IX Encontro Nacional de Micotoxinas e I Simpósio em Qualidade de Grãos do Mercosul, 1998, Florianópolis. IX Encontro Nacional de Micotoxinas e I Simpósio em Qualidade de Grãos do Mercosul. Florianopolis,SC : Universidade Federal de Santa Catarina, v. 1, 1998. FURLONG, E. B.; SOARES, L. A. S.; VIEIRA, A. P.; DADALT, G. Aflatoxinas, ocratoxina A e zearalenona em alimentos da região sul do Rio Grande do Sul. Revista Instituto Adolfo Lutz, 58(2):105-111, 1999. JAYS, D.S. Ecossistemas: interações bióticas e abióticas – monitoramento. Atualidades em Micotoxinas e Armazenagem de grãos. Ed. V.M. Scussel, Florianópolis, 2000, 282-289. NUNES, I. L.; MAGAGNIN G.; BERTOLIN T. E.; BADIALE-FURLONG E. Arroz comercializado na Região Sul do Brasil: Aspectos Micotoxicológicos e Microscópicos. Boletim da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas – SP, 23(2): 105-305, 2003. OLIVEIRA, M. S.; FARIAS, R. I.; SILVEIRA, S. T.; DORS, G. C. ; MARTINS, R. M.; SCHWANKE, F. ; GOLDBECK, L.; BERND, L. P. ; GARDA, J.; CACCIAMANI, J.; FURLONG, E. B. . Produtos destinados ao consumo humano: Situação Micotoxicológica. In: XVII Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2002, Passo Fundo, RS. Anais do XVII Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2002. v. 1. p. 8-8. OLIVEIRA, M.S.; DORS, G.C.; MORALES, J.; MOURA, C.; ALVES, K.; GARDA J.; BADIALE-FURLONG, E. Situação micotoxicológica de alimentos de consumo freqüente na região sul do Rio Grande do Sul. Congresso Brasileiro de Ciência e tecnologia de alimentos: estratégia para o desenvolvimento. Recife, PE, 2004. PITT, J.I. & HOCKING, A.D. Fungi and Food Spoilage, 2nd. Ed. Blackie Academic & Profissionale, 1997, 591p. TANAKA, T. Analysis of Mycotoxins. Textbook for contry focused training course: Mycotoxins Analysis for federative republic of Brazil. Hyogo International Centre Japan Interantional Cooperation Agency: F. Y, 2001, 40 p., 2001. YOSHISAWA, T. Mycotoxin Analysis for Federative Republic of Brazil. Training Course, p. 283, Japão, 2001. Agradecimentos: CAPES, CNPq, FAPERGS, IRGA.

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EFEITO DO TEOR DE AMILOSE SOBRE O DESEMPENHO E METABOLISMO LIPÍDICO EM RATOS

Cristiane Casagrande Denardin

1, Nardeli Boufleur

1, Patrícia Reckziegel

1, Bruna Mendonça

Alves2, Leila Picolli da Silva

3, Carlos Alberto Alves Fagundes

4. 1Departamento de

Tecnologia e Ciência de Alimentos – CCR – UFSM – Santa Maria –RS ([email protected])

2Aluna Cuso de Agronomia UFSM,

3Departamento de

Zootecnia – CCR – UFSM – Santa Maria – RS. 4 Instituto Riograndense do Arroz – IRGA –

Cachoeirinha – RS.

O arroz é um alimento consumido por 2/3 da população mundial e, ao menos para

a metade dessa mesma população, constitui-se a principal fonte de energia da dieta. Este cereal é composto basicamente de carboidratos que estão presentes, na maior parte, sob a forma de amido (90%) no endosperma, o qual pode variar em quantidade, devido a influências genéticas e ambientais. Além disso, a taxa e extensão da digestão do amido podem ser influenciadas por diferentes fatores, destacando-se a variação na proporção amilose:amilopectina, o processamento dos grãos (principalmente parboilização), as propriedades fisico-químicas (características de gelatinização), o tamanho de partícula e a presença de complexos amilose-lipídio. Além disso, Frei et al. (2003) discutem que alimentos amiláceos com elevados níveis de amilose são associados a menor resposta glicêmica e esvaziamento mais lento do trato gastrintestinal do que aqueles com baixos níveis deste polímero. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do consumo de dietas elaboradas com arroz que apresentaram teores crescentes de amilose sobre o desempenho e metabolismo lipídico em ratos. Foram formuladas três rações, de acordo com as recomendações do American Institute of Nutrition (AIN) (Reeves, 1993), mediante substituição total do amido de milho e parcial da caseína e do óleo de soja, por grãos de arroz cozido dos cultivares IRGA 417 (22,95% de amilose), IRGA 416 (17,42% de amilose) e Mochi (2,92% de amilose), obtidos na Estação Experimental do Arroz do IRGA (Cachoeirinha/RS), no ano de 2004, os quais formaram os tratamentos. Para realização do experimento foram utilizados 24 ratos machos (Rattus norvegicus Wistar albino F1) distribuídos aleatoriamente entre os tratamentos (8 animais/tratamento), e alojados em gaiolas metabólicas individuais, com livre acesso à ração e à água. A temperatura foi

mantida a 21±1ºC e a luminosidade controlada alternando períodos de 12 horas de luz/escuro. O período de adaptação à dieta foi de cinco dias, seguidos de período experimental de 25 dias, no qual, diariamente, foi realizada a determinação da quantidade de ração consumida e a coleta das fezes. O peso corporal dos animais foi obtido a cada 3 dias. Estes dados e amostras foram coletados a fim de determinar o consumo, ganho de peso, conversão alimentar, produção de fezes úmidas e secas, umidade, (105ºC/12 horas) pH das fezes e excreção de nitrogênio nas fezes (Micro-Kjeldahl), segundo método descrito pela AOAC (1995). O pH fecal foi determinado em solução de 1g de fezes parcialmente secas (60ºC/48 horas) em 10mL de água destilada. No último dia experimental, após jejum de 12h, os animais foram pesados, anestesiados com éter etílico e eutanasiados por punção cardíaca, sendo coletado sangue para posterior quantificação de glicose, colesterol total e HDL e triglicerídeos realizadas com os kits marca Doles. Nesta ocasião, também foram retirados e pesados o fígado, pâncreas e gordura epididimal, que foram expressos em g/100g de peso animal. O experimento foi conduzido em delineamento completamente casualizado. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Duncan a 10% de significância.

Os animais submetidos ao tratamento Mochi (baixo teor de amilose) apresentaram maior ganho de peso, consumo médio e conversão alimentar do que os animais submetidos aos tratamentos com teores de amilose intermediário (IRGA 416) e alto (IRGA 417) (Tabela 2). Estes resultados podem ser explicados pela maior digestibilidade e palatabilidade da amilopectina em relação a amilose, o que influencia diretamente sobre o

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maior consumo e parâmetros correlatos. Além disso, estudos demonstram que alimentos mais rapidamente digestíveis diminuem a sensação de saciedade dos indivíduos, conduzindo a um maior consumo e ganho de peso.

Tabela 1. Ganho de peso (GP), consumo médio diário (CMD) e conversão alimentar (CA) dos animais em resposta ao consumo de rações com níveis diferenciados de amilose:amilopectina

Parâmetros IRGA 417 IRGA 416 MOCHI

GP (g) 105,68±7,20b

115,88±2,90a

115,35±5,26a

CMD (g) 17,80±0,40b

17,57±0,90b

18,73±0,37a

CA 3,25±0,12a 3,08±0,10

b 3,21±0,13

a

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem significativamente pelo teste de Duncan a 10% de significância.

Embora a produção de fezes úmidas (PFU) e secas (PFS) não tenham sido

afetadas pelo conteúdo de amilose, observou-se que a digestibilidade aparente foi significativamente maior para os tratamentos com teores de amilose intermediário e baixo, enquanto que a umidade nas fezes foi menor (Tabela 2). Isto pode ser explicado pela digestibilidade mais lenta da amilose que, devido ao tempo de passagem da digesta pelo trato gastrintestinal, não seja totalmente digerida e absorvida no intestino delgado chegando ao cólon, onde será fermentada pela microbiota. Quanto maior o teor de amilose, mais substrato estará disponível para fermentação, levando às diferenças observadas nos tratamentos. Além disso, o pH fecal foi significativamente menor nos animais que receberam o tratamento com maior teor de amilose, enquanto que o teor de nitrogênio nas fezes foi maior. Estes resultados comprovam a menor digestibilidade da amilose, pois mais substrato chegou ao cólon e foi fermentado por bactérias acidolíticas no tratamento IRGA 417, reduzindo o pH, aumentando a excreção de massa bacteriana (indiretamente medida pelo nitrogênio nas fezes) e elevando a umidade das fezes, uma vez que o teor de umidade em tecidos bacterianos é mais elevado do que em digesta de escape. Tabela 2. Produção de fezes úmidas (PFU) e secas (PFS), digestibilidade aparente (DA), umidade das fezes (UF), pH fecal e excreção de N nas fezes (NF) dos animais em resposta ao consumo de rações com níveis diferenciados de amilose:amilopectina

Parâmetros IRGA 417 IRGA 416 MOCHI

PFU (g) 1,58±0,08NS

1,48±0,22NS

1,42±0,14NS

PFS (g) 0,91±0,05

NS 0,88±0,07

NS 0,92±0,08

NS

DA (%) 94,13±0,45b

94,66±0,47a

94,63±0,36a

UF (%) 40,77±2,67a 33,92±3,19

b 34,16±2,71

b

PH fecal 7,00±0,11b 7,30±0,20

a 7,10±0,07

b

NF (%) 6,34±0,24a 6,04±0,23

b 4,15±0,08

c

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem significativamente pelo teste de Duncan a 10% de significância.

O tamanho do pâncreas foi maior para os animais submetidos aos tratamentos com

conteúdo de amilose intermediário (IRGA 416) e baixo (Mochi), enquanto que a gordura epididimal não foi afetada pelo teor de amilose (Tabela 3). Este aumento no peso do pâncreas pode ser explicado pelo aumento da atividade metabólica neste órgão, o qual é responsável por secretar os hormônios responsáveis pela regulação dos níveis de glicose sanguínea (insulina e glucagon). Considerando que a amilopectina é mais rapidamente digerida que a amilose, pode-se inferir que os tratamentos com menor teor de amilose (Mochi e IRGA 416) provocam elevação mais brusca da glicose pós-prandial, exigindo maior produção de insulina pelo pâncreas, a fim de regular esta concentração elevada de glicose sanguínea. Portanto, devido a esta maior exigência de insulina pelo metabolismo, o

Page 175: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

pâncreas pode apresentar uma hipertrofia e/ou maior acúmulo destes hormônios, o que justifica o maior peso do órgão. Tabela 3. Peso do fígado, pâncreas e gordura epididimal, expressos em g/100g de peso corporal, dos animais em resposta ao consumo de rações com níveis diferenciados de amilose:amilopectina

Parâmetros IRGA 417 IRGA 416 MOCHI

Fígado 3,65±0,25a 3,53±0,09

b 3,72±0,12

a

Pâncreas 0,42±0,04b 0,49±0,06

a 0,48±0,03

a

Gordura epididimal 1,61±0,24NS

1,61±0,13NS

1,70±0,50NS

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem significativamente pelo teste de Duncan a 10% de significância.

Os níveis de triglicerídeos e colesterol total também foram afetados pelo conteúdo

de amilose, sendo significativamente maiores nos animais consumindo as dietas com teor de amilose intermediário (IRGA 416) e baixo (Mochi) (Tabela 4). Esta diferença também pode ser explicada pela relação entre a digestibilidade das frações do amido e seu efeito no metabolismo de glicose e lipídios. Por ser mais facilmente degradada, a amilopectina proporciona maior fluxo de glicose para o fígado, o qual a converte em ácidos graxos que serão transportados pelos triglicerídeos e colesterol para serem armazenados no tecido adiposo. Contudo, o teor de glicose sanguínea no jejum dos animais submetidos aos tratamentos IRGA 416 e Mochi foi menor, o que provavelmente seja decorrente de um início de hipoglicemia no jejum, ocasionado pela superprodução de insulina após as refeições. Devido ao maior aporte de glicose gerado pela amilopectina, o metabolismo responde produzindo insulina em excesso o que provoca esta queda na glicemia durante o jejum. Tabela 4. Concentração de glicose, triglicerídeos, colesterol total e HDL, expressos em mg/dL, dos animais em resposta ao consumo de rações com níveis diferenciados de amilose:amilopectina

Parâmetros IRGA 417 IRGA 416 MOCHI Glicose 174,50±21,96

a 141,34±16,38

b 150,35±12,30

b

Triglicerídeos 71,57±11,18b 77,47±13,22

ab 87,57±8,46

a

Colesterol total 63,67±4,81b 74,01±9,03

a 79,06±10,60

a

HDL 59,57±4,06NS

61,79±7,94NS

65,51±7,38NS

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem significativamente pelo teste de Duncan a 10% de significância.

Os resultados obtidos e discutidos no presente trabalho, permitem concluir que a proporção amilose:amilopectina afeta significativamente a digestão do amido de arroz no trato gastrintestinal, influenciando alguns parâmetros biologicamente relevantes. Neste âmbito, o consumo de arroz com teor superior de amilose é indicado em detrimento aqueles com baixo e médio teor deste tipo de amido, por auxiliar na boa manutenção de uma série de parâmetros metabólicos de relevância a saúde humana. Referências Bibliográficas: AOAC. Official Methods of Analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 16

th ed., Washington, DC, 1995.

FREI, M.; SIDDHURAJU, P.; BECKER, K. Studies on in vitro starch digestibility and the glycemic index of six different indigenous rice cultivars from the Philippines. Food Chemistry, v. 83, p. 395-402, 2003. REEVES, P.G.; NIELSEN, F.H.; FAHEY Jr., G.C. AIN-93 purified diets for laboratory rodents: final report of the American Institute of Nutrition ad hoc writing committee on the reformulation of the AIN-76A rodent diet. Journal of Nutrition, v.23, p.1939-51, 1993.

Page 176: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

MODIFICAÇÕES NO MÉTODO CIAT PARA DETERMINAÇÃO DE AMILOSE Francisco Carlos Deschamps (1), Gabriel Deschamps Fernandes(2). 1 EPAGRI – Estação Experimental de Itajaí. Caixa Postal 277, 88301-970, Itajaí - SC. [email protected], 2 Acadêmico do curso de Ciências Biológicas – Biotecnologia/UNIVALI.

O conhecimento do teor de amilose é de grande importância para os programas de

melhoramento e seleção dos cultivares de arroz, por ser determinante para as características culinárias dos materiais selecionados. Cultivares com baixo teor de amilose (<20%) apresentam grãos aquosos e pegajosos ao cozimento, enquanto nos de teor mais elevado (>25%) os grãos são soltos, secos e duros. Já os de teor intermediário (20 – 25%) apresentam grãos enxutos, soltos e macios, sendo os preferidos pelo consumidor brasileiro e consequentemente os mais comercializados (Pereira e Rangel, 2001).

Métodos para determinação de amilose apresentam variações nos procedimentos e na instrumentação analítica utilizada. O método colorimétrico para determinação de amilose descrito pelo CIAT (Arregoces, 1980), é considerado de referência e amplamente utilizado pelas instituições brasileiras que trabalham com arroz. Pode-se considerar entretanto, que a marcha analítica deste método é trabalhosa, pois utiliza grande quantidade de vidrarias, resultando em maior tempo de análise. Por outro lado, é um método de baixo custo e que utiliza equipamentos e reagentes facilmente encontrados na maioria dos laboratórios de pesquisa. Métodos que utilizam instrumentação mais sofisticada, como a calorimetria diferencial (Gonzales et al., 2004), significam investimentos nem sempre disponíveis na maioria dos laboratórios de pesquisa do Brasil.

No presente trabalho procurou-se otimizar alguns passos do método originalmente proposto pelo CIAT, como forma de agilizar a marcha analítica, reduzir o tempo de análise e aumentar a produtividade no laboratório. Na Figura 1 pode-se observar o esquema da marcha analítica com as etapas das duas metodologias.

Para o estabelecimento da equivalência entre os métodos foram selecionadas 3 amostras de cultivares de arroz que apresentavam teores de amilose baixo, médio e alto. Para buscar a máxima variabilidade entre as repetições, as amostras foram processadas em duplicata, em dias alternados, até alcançar 6 repetições por amostra no método CIAT ou 8 no método EPAGRI, cujos resultados são apresentados na Tabela 1. Ainda como forma de comprovar a equivalência dos métodos, foram processadas 5 amostras de cultivares de arroz escolhidas aleatoriamente e gentilmente cedida pelo IRGA/Cachoeirinha e outras cinco originadas da EMBRAPA/CNPAF/GO, cujos teores de amilose foram determinados na origem.

Não foram observadas diferenças (p >0,05) entre as médias do teor de amilose determinado pelos dois métodos nas respectivas amostras analisadas. O coeficiente de variação tende a ficar acima dos 3% para o método EPAGRI e em torno de 2% para o método CIAT. Isto pode estar relacionado às pequenas quantidades de amostra e reagentes utilizadas. Dessa forma, é importante manter atenção adicional com alguns passos da marcha, como no caso da utilização das micropipetas de volume ajustável. A adequada agitação da amostra, especialmente na fase de gelatinização, também pode contribuir para reduzir eventuais erros entre as repetições analisadas. O preparo da solução de iodo também merece atenção. Ao longo do desenvolvimento do trabalho foi preparada uma solução de iodo, que foi utilizada em ensaios paralelos por período superior a 3 semanas, sem que maiores alterações nos resultados daquelas amostras fossem observadas. Entretanto, para garantir maior segurança na reprodução dos resultados, pode-se considerar possível utilizá-la por cerca de uma semana, desde que esteja devidamente acondicionada em frasco escuro e ao abrigo da luz (envolver em papel alumínio). Observando os resultados do cultivar SC213, o método EPAGRI tende a subestimar os valores de amilose em relação ao método CIAT, sem maiores explicações aparentes. Este fato pode ser melhor ilustrado quando se observa os valores máximo e

Page 177: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

mínimo para o processamento das oito repetições referentes ao método EPAGRI (Tabela 1). Esta tendência não foi tão marcante para os resultados das amostras oriundas do IRGA e da EMBRAPA/CNPAF (Tabela 2). Neste caso, os resultados nominais do método EPAGRI, ficaram sistematicamente abaixo dos valores de amilose determinados na origem, com destaque para a amostra 5, cuja diferença alcançou quase 2 pontos percentuais. Mesmo assim, é possível considerar estas diferenças aceitáveis de modo a não comprometer a equivalência dos métodos. Tais diferenças podem ser ainda, resultados das variações intrínsecas presentes em qualquer método analítico. Vale lembrar que estas diferenças podem ser acentuadamente maiores quando métodos com princípios distintos são utilizados, problema este inexistente no presente estudo. Como exemplo, Gonzales et al. (2004), relatam que a utilização da calorimetria diferencial implicou em valores de 2,4 unidades menores que o método colorimétrico baseado na reação do iodo como a proposta por Juliano (1979).

As adaptações propostas no método descrito neste trabalho não implicam em diferenças nos valores de amilose das amostras estudadas. Suas vantagens estão ligadas a maior simplicidade e agilidade na condução dos ensaios, com sensível redução na quantidade de reagentes e vidrarias utilizadas. Assim, pode-se prever ganhos de produtividade que resultarão na maior capacidade de processamento de amostras pelo laboratório envolvido no trabalho. Como em trabalhos de melhoramento e seleção de cultivares o número de amostras a ser avaliada é sempre grande, ganhos de produtividade são importantes para agilizar os trabalhos de seleção de novos cultivares. Como a faixa de leitura do método original é mantida nas modificações propostas no presente trabalho, valores de amilose abaixo de 10% ou mesmo acima de 50% podem ser determinados sem maiores problemas, desde que a curva de calibração seja ajustada para tal. Isto é importante na medida em que a determinação do teor de amilose no amido do arroz passe a interessar a outras aplicações industriais, além de seu tradicional uso como grão na alimentação humana. Nestes casos, teores de amilose fora dos padrões utilizados para atender aos requisitos culinários podem ser necessários.

A simplificação da marcha do CIAT proposta pode sofrer algumas adaptações de tubos/vidrarias ou mesmo de sistemas de aquecimento para poder ser desenvolvido nos diversos laboratórios que trabalham com determinações de amilose.

O método para determinação de amilose em amostra de arroz descrito, apresenta equivalência com o método descrito pelo CIAT. Portanto, pode ser adotado por laboratórios que trabalham com a caracterização de amilose em programas de melhoramento de arroz, sem a necessidade de correção de resultados anteriormente gerados.

AGRADECIMENTOS: Dra. Selma N. Koakuzu (EMBRAPA/CNPAF/GO) e Dra. Cristina Panni (IRGA/Cachoeirinha/RS) pela gentileza em fornecer as amostras de arroz com o teor de amilose determinado em seus respectivos laboratórios. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ARREGOCES, O. (Coord.). Evaluacion de la calidad del arroz: guia de estudio. Cali,

Colombia: CIAT, 1980.22p. (Serie 04SR-07.01). GONZALES, R.J.; LIVORE, A.; PONS, B. Physico-chemical and cooking characteristics of

some rice varieties. Braz. Atch. Biol. And Technol. v.47, n.1, p.71-76. 2004. JULIANO, B. Amylose analysis – A review. In: Proc. Workshop on Chermical Aspects of

Rice Grain Quality. IRRI. Los Baños, Philippines. P. 251-260. 1979. PEREIRA, J..A.; RANGEL, P.H.N. Produtividade e qualidade de grãos de arroz irrigado no

Piaui. Ciênc. Agrotec., v.25, n.3, p.569-575, 2001.

Page 178: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

FIGURA 1 – Diagrama apresentando os principais passos para a determinação de amilose pelo método CIAT e EPAGRI.

Tabela 1 – Concentração média de amilose (%/MS) em três amostras de arroz analisados pelos métodos CIAT e EPAGRI.

Tabela 2. Teores médios de amilose (6 repetições) de amostras originadas do IRGA/Cachoeirinha e da EMBRAPA/CNPAF, determinados na origem e pelo método EPAGRI.

Em um becker contendo 100mg de amostra adicionar

1mL de etanol 93% + 9mL de NaOH 1N

Estabelecer o fator de cálculo (FC) a ser utilizado para

determinar a concentração de

amilose.

Gelatinizar em banho maria

fervente por 5min

Transferir para um balão de 100mL e

completar o volume

Transferir 5ml para um balão de 100mL, adicionando 1mL de ácido acético + 2mL de solução de Iodo,

completando o volume em seguida

Aguardar 30min e ler a absorbância

em 590nm

Expressar o valor a partir do Fator de

Correção (não menciona a

correção para Matéria Seca)

Método CIAT

Em um tubo de DQO adicionar

100mg de amostra (100% de MS)

adicionar 1mL de etanol 93%, agitar

em vortex por 30s e adicionar 9mL de

NaOH 1N

Estabelecer Curva de Calibração a ser

utilizada para determinar a

concentração de amilose.

Gelatinizar em bloco a 80º por

30min

Transferir 50µL para um balão de

10mL, adicionando 100µL de Ácido

acético + 200µL de solução de Iodo,

ajustando o volume em seguida

Aguardar 30min e ler a absorbância

em 590nm

Expressar o valor a partir da Equação

da Curva de Calibração (em 100mg de MS)

Método EPAGRI

METODO AMOSTRA MÉDIA DESV. PAD. COEF. VAR. INT. CONF (95%) MÁXIMO MINIMO N

CIAT SC461 9,4 0,26 2,76 0,18 9,7 9,1 6EPAGRI SC461 9,8 0,36 3,68 0,25 10,2 9,0 8

CIAT L230 20,1 0,41 2,06 0,29 20,6 19,6 6EPAGRI L230 19,6 0,75 3,84 0,52 20,6 18,1 8

CIAT SC213 29,5 0,58 1,97 0,40 30,1 28,5 6EPAGRI SC213 28,0 0,98 3,52 0,68 29,1 26,6 8

AmostrasMétodo EPAGRI (Média de 6 rep.)Amilose (%) Desv.Padrão

IRGA1 30,0 29,8 1,81IRGA2 30,0 30,1 1,03IRGA3 7,0 9,8 0,82IRGA4 21,0 21,2 1,34IRGA5 25,0 25,1 1,71

EMBRAPA/CNPAF1 25,8 24,6 1,73EMBRAPA/CNPAF2 24,6 24,1 0,57EMBRAPA/CNPAF3 25,6 24,3 1,33EMBRAPA/CNPAF4 27,4 26,3 1,07EMBRAPA/CNPAF5 30,9 28,8 2,30

Amilose na Origem (%)

Page 179: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

TEOR DE AMILOSE EM CULTIVARES E LINHAGENS DE ARROZ DO BANCO DE GERMOPLASMAS DA EPAGRI - ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE ITAJAÍ,

SC Gabriel Deschamps Fernandes(1), Francisco Carlos Deschamps (2). ¹ Acadêmico do curso de Ciências Biológicas – Biotecnologia/UNIVALI. 2 EPAGRI – Estação Experimental de Itajaí. Caixa Postal 277, 88301-970, Itajaí - SC. [email protected]

O arroz é um produto importante para a economia, constituindo-se também na

base alimentar da população brasileira. Mudanças nos hábitos alimentares têm induzido à redução em seu consumo no Brasil. Por outro lado, a necessidade de agregação de valor para a melhoria da renda dos produtores força a busca por produtos diferenciados. Para tanto, as características do amido do grão de arroz podem se constituir em oportunidades para ampliar a utilização em outras áreas além do tradicional emprego culinário. O teor de amilose é uma característica determinante para muitas das propriedades do amido do grão de arroz. No aspecto culinário, grãos mais glutinosos ao cozimento apresentam teores de amilose abaixo dos 20%, enquanto nos grãos soltos, secos e duros, estes teores superam os 25% (PEREIRA; RANGEL, 2001). Os grãos enxutos, soltos e macios, apresentam teor intermediário de amilose (20 – 25%), sendo os preferidos pelo consumidor brasileiro e conseqüentemente os mais comercializados. O teor de amilose também pode afetar o metabolismo de carboidratos nos humanos. A ingestão de arroz com elevado teor de amilose pode resultar em menor glicemia (GODDARD et al., 1984). Neste caso, fatores associados à amilose podem retardar a digestão e absorção da glicose deste tipo de amido. Mesmo assim, parece que o teor de amilose sozinho não explica a taxa de digestão, absorção e a própria glicemia, quando se ingere arroz com teor de amilose elevado (PANLASIGUI et al., 1991). Os autores sugerem que o complexo formado por lipídios/amilose pode estar mais diretamente associado aos aspectos de digestão e glicemia. Parece, entretanto, que os efeitos de redução na glicemia somente são efetivos em arroz com elevado teor de amilose (MILLER et al., 1992). Independente das razões que relacionam amilose a glicemia, ficou claramente comprovado que esta relação é efetiva. Desse modo, seja no arroz “de mesa” ou em outros produtos destinados à aplicação industrial, conhecer o teor de amilose dos cultivares de arroz é fundamental. Portanto, nos programas de seleção e melhoramento de arroz, a caracterização do teor de amilose dos acessos disponíveis é de grande valia para a produção e disponibilização de cultivares que possam atender aplicações variadas.

No presente trabalho foi determinado o teor de amilose de 22 cultivares e linhagens do banco de germoplasma da EPAGRI – Estação Experimental de Itajaí, SC. A metodologia utilizada para determinação da amilose foi o método tradicional proposto pelo CIAT (ARREGOCES, 1980), com algumas modificações, cujo fluxograma com as etapas está apresentado na Figura 1.

Pode-se observar que a maioria dos materiais analisados apresenta elevado teor de amilose (>25%), com os extremos variando de 9,8% (SC461) a 31,6% (EP108) (Tabela 1). Embora estes extremos não atendam às preferências do mercado consumidor (PEREIRA; RANGEL, 2001), podem ser úteis aos programas de melhoramento genético por servirem como indutores do teor de amilose desejável. Este seria um típico caso da geração de materiais com características diferenciadas e que atenderiam a outros nichos de mercado. Um exemplo desta aplicação seria a produção de farinhas especiais para a industria alimentícia, buscando a produção de alimentos modificados quanto à textura, sabor ou outras características. Ao estudar novas aplicações para a farinha de arroz, Bagetti et al., (2005) desenvolveram formulações destinadas a confecção de massa para pastel. Os resultados foram bastante animadores, na medida em que a substituição de 40% da farinha de trigo por farinha de arroz reduziu o teor de gordura do produto final, mantendo-se a característica sensorial. Isto implica na redução da ingestão calórica e do

Page 180: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

consumo excessivo de gorduras. É possível sugerir, ainda, que estes resultados possam ser modificados ao considerar o teor de amilose nas formulações estudadas.

É interessante observar que a pressão de seleção e o estreitamento da base genética do arroz, pode resultar em baixa variabilidade dos teores de amilose (OLSEN et

al., 2006). Isto não seria desejável, haja vista que as características do amido de arroz o habilitam para usos diversos.

Tabela 1. Teor de amilose em 22 cultivares e linhagens pertencentes ao banco ativo de germoplasmas de arroz da EPAGRI – Estação Experimental de Itajaí, SC. 1/

CULTIVAR/LINHAGEM AMILOSE (%)

SC461 9,8

SC342 19,3

L230 19,6

SC173 27,8SC213 28,0

* EPAGRI-107 28,2

SC355 28,3

SC434 28,5

* SCSBRS TIO TAKA 28,6

SC333 28,8

SC299 28,8

SC389 28,9

SC276 28,9

SC240 29,0

* SCSBRS111 29,7

* SCS112 29,8

* EPAGRI-109 29,8

* SCS114 ANDOSAN 30,1

SC250 30,1

SC385 30,2

EMPASC-105 30,3

EMPASC-108 31,6

* Cultivares. 1/ Média de duas repetições

Page 181: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Figura 1. Diagrama apresentando os principais passos para determinação de amilose pelo método utilizado no presente trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARREGOCES, O. (Coord.). Evaluacion de la calidad del arroz: guia de estudio. Cali, Colombia: CIAT, Serie 04SR-07.01, 1980, 22p. BAGETTI, M.; MOURA, G.B.; MONEGO, M.A.; SILVA, L. P. Absorção de gordura e qualidade sensorial de massa de pastel formulada com substituição parcial da farinha de trigo por farinha de arroz parboilizado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 4; REUNIÃO ANUAL DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 26.; 2005, Santa Maria, RS. Anais... Santa Maria: Editora Orium, p. 303-304. 2005. GODDARD, M.S.; YOUNG, G.; MARCUS, R. The effect of amylose content on insulin and glucose responses to ingested rice.The American Journal of Clinical Nutrition, v. 39, p. 388-392, 1984. MILLER, J.B.; PANG, E.; BRAINALL, L. Rice: a high or low glycemic index food ? The American Journal of Clinical Nutrition, v. 56, p.1034-1036, 1992. PANLASIGUI, L.N.; THOMPSON, L.U.; JULIANO, B.O.; et al. Rice varieties with similar amylose content differ in starch digestibility and glycemic response in humans. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 54, p. 871-877, 1991. PEREIRA, J..A.; RANGEL, P.H.N. Produtividade e qualidade de grãos de arroz irrigado no Piaui. Ciênc. Agrotec., v. 25, n. 3, p. 569-575, 2001. OLSEN, K.M.; CAICEDO, A.L.; POLATO, N.; et al. Selection Under Domestication: Evidence for a Sweep in the Rice Waxy Genomic Region. Genetics, v. 173, p. 975–983, 2006.

Em um tubo de DQO adicionar

100mg de amostra (100% de MS)

adicionar 1mL de etanol 93%, agitar

em vortex por 30s e adicionar 9mL de

NaOH 1N

Estabelecer Curva de Calibração a ser

utilizada para determinar a

concentração de amilose.

Gelatinizar em bloco a 80º por

30min

Transferir 50µL para um balão de 10mL, adicionando

100µL de Ácido acético + 200µL de

solução de Iodo, ajustando o volume

em seguida

Aguardar 30min e ler a absorbância

em 590nm

Expressar o valor a partir da Equação

da Curva de Calibração (em 100mg de MS)

Método EPAGRI

Page 182: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

EFEITO DA COCÇÃO SOBRE OS TEORES DE γγγγ-ORIZANOL EM ARROZ INTEGRAL

Cristina de Simone Carlos Iglesias Pascual(1)

, Priscila Araujo Pinto(1)

, Nadia Valéria Mussi de Mira

(1), Isabel Louro Massaretto

(1), Carlos Alberto Alves Fagundes

(2), Ursula Maria

Lanfer-Marquez(1)

, ¹Universidade de São Paulo – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Depto. de Alimentos e Nutrição Experimental, Av. Prof. Lineu Prestes, 580, B14, São Paulo – SP, 05508-900, [email protected]

2Instituto Rio Grandense do Arroz – Irga/EEA , Av.

Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, Bairro Carlos Wilkens, 94930-030, Cachoeirinha – RS.

Palavras-chave: Arroz, γ-orizanol, antioxidante, composto bioativo. O arroz (Oryza sativa L.) é um alimento básico na dieta da população brasileira e

de vários outros países junto ao trigo e milho. Seu consumo se dá principalmente na forma polida, sendo o arroz parboilizado e o integral, consumidos em menor escala. Por outro lado, os dois últimos caracterizam-se por serem produtos nutricionalmente melhores, uma vez que apresentam maiores teores de micronutrientes, principalmente minerais e vitaminas do complexo B (HEINEMANN et al., 2005). O arroz integral, composto por cerca

de 10 % de farelo, pode ainda ser fonte significativa de γ-orizanol, um composto bioativo que tem sido valorizado devido à sua atividade antioxidante, hipocolesterolêmica e com efeitos sobre o perfil lipoprotéico plasmático (RONG et al., 1997; TSUJI et al., 2003; XU e GODBER, 2001; SCAVARIELLO e ARELLANO, 1998; XU et al., 2001). A redução dos

níveis de colesterol pela ingestão de γ-orizanol parece ser devido à semelhança estrutural de seus componentes com a do colesterol, reduzindo a sua síntese e prevenindo o acúmulo de gorduras nas artérias.

O γ-orizanol está presente na porção insaponificável do óleo do farelo de arroz, numa concentração de 10 a 20 mg/g de óleo. Este componente não é uma substância única e sim uma mistura de ácidos ferúlicos esterificados com esteróis ou álcoois triterpênicos (SCAVARIELLO e ARELLANO, 1998), à qual se atribui os efeitos positivos à saúde, já mencionados.

Os teores de γ-orizanol detectados em arroz integral parecem ser controlados geneticamente, mas influenciados por fatores ambientais e de cultivo (BERGMAN e XU, 2003). No entanto, poucos estudos foram documentados sobre o efeito do cozimento do arroz sobre a estabilidade deste composto. Em farelo de arroz foi observado que o

conteúdo de γ-orizanol decresce cerca de 26% com o processo de aquecimento a 120°C utilizado para a sua estabilização (LLOYD, et al., 2000).

Sendo assim, objetivou-se neste trabalho estudar um grupo de cultivares de arroz,

das subespécies índica e japônica, analisando os teores de γ-orizanol antes e após o cozimento dos grãos.

As amostras de arroz integral (Oryza sativa L.) foram fornecidas pelo IRGA (Instituto Rio Grandense do Arroz, RS), totalizando 12 cultivares, sendo 6 da subespécie índica e 6 da japônica.

A cocção foi realizada com amostras de 50g em condições caseiras, com uma proporção de água: arroz de 3:1 e tempo de cozimento de 35 minutos em panela semi-tampada. O arroz cozido foi distribuído em bandejas de alumínio e seco em estufa a 60°C, com circulação forçada de ar por aproximadamente 18 horas. Todas as amostras foram armazenadas em potes herméticos até o momento da análise.

Para a análise dos teores de γ-orizanol, as amostras cruas e cozidas foram moídas (Analytical Mill A10, Kinematica, Luzern, Switzerland) e peneiradas até passar em malha de 0,5mm e a umidade determinada por secagem em estufa a 105°C até massa constante (AOAC, 1995).

A extração do γ-orizanol das amostras foi feita com isopropanol PA e a análise realizada por HPLC de fase reversa, empregando coluna C18 da marca VYDAC (4,6 x

250mm, 5µm) e fase móvel composta de acetonitrila, diclorometano e metanol, na

Page 183: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

proporção 70:20:10, numa corrida isocrática, com fluxo de 1,5mL/min, detecção em UV

325nm e volume de injeção de 50µL, conforme procedimento descrito por CHEN e BERGMAN, 2005; BERGMAN e XU, 2003 e adaptado por Heinemann et al.,(2007). A

quantificação do teor de γ-orizanol total foi feita a partir de uma curva padrão com 5 pontos na faixa de concentração de 0,05 – 0,25mg/mL. Todas as análises foram realizadas em triplicata e os resultados expressos em base seca como média ± desvio padrão. Os resultados foram analisados estatísticamente pela análise de variância ANOVA oneway com nível de significância de 5% (P<0,05).

Os teores de γ-orizanol (tabela 1) mostraram uma variação grande, entre 178 e 360mg/kg, com um valor médio de 227mg/kg de arroz considerando-se todas as amostras analisadas. Observa-se que os valores médios referentes à subespécie japônica foram significativamente superiores aos da subespécie índica, embora o arroz Jasmine,

classificado como indica, tenha apresentado teores elevados de γ-orizanol, similar às amostras da subespécie japônica.

Tabela 1. Teores de γ-orizanol em diferentes amostras de arroz, cru e cozido.

Média ± desvio padrão de 3 repetições. * Diferença estatisticamente significativa (p<0,05).

Estes resultados confirmam dados obtidos anteriormente em nosso laboratório

HEINEMANN et al.,(2007). Contudo maiores estudos relativos à influência de fatores genéticos e ambientais nas concentrações destes compostos são imperativos.

Com relação ao efeito do cozimento sobre a estabilidade do γ-orizanol, observou-se na maioria das amostras uma perda de até 26,1%. Em três amostras estudadas (Carnaroli, Irga 2820-4-4T-10 e Mochi) não houve perda durante o cozimento e o pequeno aumento

observado nos teores de γ-orizanol nestas amostras pode ser explicado pelos elevados desvios-padrão.

Concluímos que, aparentemente o arroz da subespécie japônica e o arroz Jasmine

da subespécie índica são genótipos mais ricos em γ-orizanol e que a perda causada pelo cozimento não parece ultrapassar 26%, resultado este condizente com a literatura

referente à estabilidade do γ-orizanol em farelo de arroz (LLOYD, et al., 2000). Do ponto de vista comercial, informações relativas à estabilidade desse composto bioativo valorizam o arroz integral cujo consumo deve ser estimulado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Teores de �-orizanol (mg/kg arroz, base seca)

Variedades

Cru Cozido

% de perda �-orizanol

Epagri 108 188,5±3,7 144,9±3,5* 23,1 Irga 2820-4-4T-10 188,2±9,2 199,0±4,4 0,0

Irga 417 177,7±1,3 167,0±1,7* 6,0 Irga 2855-20-3-3-6-1-2 181,4±2,4 164,5±0,9* 9,3

Jasmine 270,2±1,1 211,2±2,3* 21,8 Subespéce

índic

a

Irga 418 193,3±1,5 143,7±4,0* 25,7 Carnaroli 345,9±10,1 356,3±6,8 1,1 EEA 404 326,9±1,0 241,5±2,2* 26,1

Koshihikari 241,6±5,4 208,2±0,7* 13,8 Blue Belle 256,4±7,0 208,7±4,2* 18,6 S

ubespé

cie

ja

pônic

a

Mochi 360,0±3,6 397,7±2,5 0,0

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ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY (AOAC). Official methods of

analysis, 1995, 16.ed. Arlington. BERGMAN, C.J., XU, Z. Genotype and environment effects on tocopherol, tocotrienol, and

γ-orizanol contents of southern U.S. rice, Cereal Chemistry, 2003, (80), 446 – 449p. CHEN, M.H., BERGMAN, C.J.A., A rapid procedure for analyzing rice bran tocopherol,

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HEINEMANN, R.J.B., FAGUNDES, P.L., PINTO, E.A., PENTEADO, M.V.C., LANFER-MARQUEZ, U.M. Comparative study of nutrient composition of commercial brown, parboiled and milled rice from Brazil, Journal of Food Composition and Analysis, 2005, (18), 287 – 296p.

HEINEMANN, R.J.B., XU, Z., GODBER, S., LANFER-MARQUEZ, U.M., Comparative study

on tocopherols, tocotrienols and γ-oryzanol contents in brown rice, Cereal Chemistry, 2007. No prelo.

LLOYD, B.J., SIEBENMORGEN, T.J., BEERS, K.W. Effects of Commercial Processing on Antioxidants in Rice Bran, Cereal Chemistry, 2000, (77), n°.5, 551 – 555p.

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Agradecimentos: CNPq (apoio financeiro e bolsa) e IRGA (fornecimento das amostras).

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AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BOLO INGLÊS ELABORADO COM

FARINHA DE ARROZ E XANTANA

BRESOLIN, Rafael(1), DUARTE, Ana Paula(1), ASSIS, Letícia. M.(1); GULARTE, Márcia Arocha(1). 1 Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Ciência dos Alimentos, Curso de Química de Alimentos, Campus Universitário – Caixa Postal 354 – CEP 96010-900. [email protected]

O Brasil é um dos grandes produtores de arroz do continente americano, participando com 64% da produção e essa produção vem aumentando 2% ao ano, porém seu consumo não vem acompanhando esse desenvolvimento e tem diminuído 1% ao ano (DIAS, 2005).

O arroz é um alimento muito apreciado e é principalmente consumido na forma de grãos (polido, parboilizado ou integral). O beneficiamento deste cereal pode ocasionar altos índices de grãos quebrados, deixando-os com baixo valor comercial. Como solução desse problema, algumas indústrias e órgãos de pesquisa utilizam tais grãos na elaboração de farinha de arroz, que pode ser utilizada na substituição total ou parcial da farinha de trigo na elaboração de produtos de panificação. Essa possibilidade pode atender vários interesses como agregar valor a um alimento disponível no Brasil, reduzir os gastos de divisas do país na importação de trigo e aumentar o consumo de arroz através dos seus derivados (DIAS, 2005).

Os principais produtos de panificação como pães e bolos são normalmente elaborados com farinha de trigo, pois esta tem a habilidade de formar uma massa viscoelástica que retém o gás produzido durante a fermentação, dando origem a um produto leve, cujas características devem-se à formação do glúten (HOSENEY, 1990).

A farinha de arroz apresenta propriedades únicas, como o fato de ser incolor, ter sabor suave e possuir característica hipoalergênica, tornando-se um produto para uma necessidade especial de consumidores como os celíacos, intolerantes ao glúten. Contudo, a falta do glúten na farinha de arroz, provoca dificuldades na elaboração de produtos panificáveis. Frente a essa dificuldade, buscam-se alternativas com a utilização de ingredientes, como a goma xantana, um polímero que, quando dissolvido ou disperso em água, forma soluções ou dispersões viscosas com propriedades de emulsificação, suspensão, estabilização e floculação, formando uma rede semelhante a do glúten.

Considerando o exposto acima, objetivou-se verificar a preferência de bolo inglês elaborados com farinha de trigo, farinha de arroz e com goma xantana através da análise sensorial e dos rendimentos.

Na produção do bolo inglês, foram elaboradas 3 formulações de 250g cada. A formulação 1 foi elaborada utilizando apenas farinha de trigo, a formulação 2 foi produzida utilizando apenas farinha de arroz e a formulação 3 foi preparada utilizando farinha de arroz com o uso de xantana.

Para elaboração dos bolos foram adicionados como ingredientes açúcar cristal, manteiga, fermento químico, ovos e leite. O seu preparo teve início na obtenção de um creme oriundo da homogeneização de manteiga com açúcar, sendo após adicionados os ovos e o leite aos poucos, adiciononando-se, posteriormente, a farinha, o fermento e a xantana ou não, homogeneizando-os. A massa foi deixada em repouso por 30min, sendo a seguir bem batida e, então, colocada em formas e assada em forno a 170–180°C por 35–40 min. Cada formulação rendeu 7 unidades de bolo inglês. Posteriormente, verificou-se o rendimento através da pesagem e do volume obtido pelo deslocamento de sementes (painço), calculando-se o volume específico (cm3.g-1). Após foram analisadas sensorialmente as 3 formulações pelo Teste de Ordenação, onde 24 julgadores com experiência em análise sensorial, ordenaram os bolos de acordo com suas preferências

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nos atributos de sabor e textura. A avaliação foi realizada no Laboratório de Análise Sensorial do Departamento de Ciência dos Alimentos, UFPel.

Na tab. 1 estão apresentados os dados médios de volume, peso e do volume específico do bolo inglês elaborado com farinha de trigo sem xantana (F1), farinha de arroz sem xantana (F2) e farinha de arroz com xantana (F3). Tabela 1. Rendimentos de bolo inglês com farinha de trigo (F1), farinha de arroz (F2) e farinha de arroz com xantana (F3)

Formulação Peso (g) Volume (cm3) Volume específico (cm3.g-1) F1 579,77 b 1150 a 1,98 a F2 587,18 ab 1050 b 1,79 b F3 589,53 a 1050 b 1,78 b

Letras iguais na coluna indicam que não há diferença significativa pelo teste de Tukey (p≤0,05). O rendimento do bolo inglês com farinha de trigo foi significativamente diferente dos

bolos com farinha de arroz (tab.1), sendo o volume inversamente proporcional ao peso. O bolo com farinha de trigo apresentou maior volume e o menor peso em relação aos bolos com farinha de arroz. Este fato pode ser devido a maior absorção de água da farinha de arroz em relação à farinha de trigo.

Na tab. 2 estão apresentados os dados médios e os desvios padrões de cada formulação em relação à textura e ao sabor, avaliando a preferência pelo teste de Ordenação.

Tabela 2. Preferência de textura e sabor do bolo inglês. Formulação Textura Sabor

F1 2,25 a ± 0,7 2,20 a ± 0,7 F2 2,13 a ± 0,8 1,70 a ± 0,8 F3 1,8 a ± 0,8 1,87 a ± 0,8

Letras iguais na coluna indicam que não há diferença significativa pelo teste de Tukey (p≤0,05).

Pela observação dos resultados apresentados na tab. 2 pode-se verificar que os bolos não apresentaram diferença significativa, sendo igualmente preferidos com relação à textura e ao sabor. Este resultado indica que a farinha de arroz com ou sem a adição de xantana não altera a textura do miolo dos bolos, assim como não interfere no sabor, o que era esperado, haja vista que a farinha de arroz apresenta cor e sabor neutros. A adição de xantana auxiliou na formação de uma rede semelhante ao glúten na massa do bolo com farinha de arroz.

Na figura 1 estão apresentados os resultados percentuais da aceitabilidade das formulações de bolo inglês, realizados pelo Teste de Ordenação, onde os julgadores ordenaram os bolos de acordo com suas preferências nos atributos de sabor e textura.

0

20

40

60

80

100

F1 F2 F3

Sabor

Textura

Figura 1. Percentual de ordenação de bolo inglês nos atributos textura e sabor com farinha de trigo (F1), farinha de arroz (F2) e farinha de arroz com xantana (F3).

Page 187: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Na figura 1, verificou-se que a textura e o sabor dos bolos encontram-se entre 60 a 80% de preferência, com exceção do sabor do bolo com farinha de arroz sem xantana, que segundo comentários dos julgadores apresentou um sabor muito sutil, diferenciando-se do sabor tradicional de bolo inglês.

O bolo inglês com farinha de arroz foi igualmente preferido em relação ao bolo com farinha de trigo e com a adição de xantana, o que indica uma alternativa em potencial de um produto de panificação para aumentar o consumo de arroz e agregar valor ao derivado como a farinha, além de ser um produto indicado para celíacos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: GULARTE, M.A. Manual de Análise sensorial. Pelotas: UFPel, 2002. 59p. HOSENEY, R.C. Principles of Cereal Science and Technology. St. Paul: American Association of Cereal Chemists, AACC, p.76-87, 1990. SIMPÓSIO SUL-BRASILEIRO DE QUALIDADE DE ARROZ, 2. 2005, Pelotas. Anais do II Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade de Arroz. Pelotas: ABRAPOS, 2005. 686p. Agradecimentos: CNPq

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AVALIAÇÃO DA PREFERÊNCIA DE EXTRATOS DE ARROZ ELABORADOS COM ENZIMAS DE MALTE DE CEVADA

Leandra Zafalon Jaekel(1), Rosane da Silva Rodrigues(1), Amanda Pinto da Silva(1) 1Departamento de Ciência de Alimentos (DCA), Universidade Federal de Pelotas, (UFPel), Campus Universitário, C.P. 354, CEP 96010900, Pelotas, (RS), Brasil [email protected]

O Brasil apresenta déficit no consumo de arroz em relação a sua produção, com decréscimo da demanda em torno de 1% ao ano (Silva, 2006). Associado ao excedente de produção gerado, o beneficiamento pode apresentar considerável índice de grãos quebrados e de baixo valor comercial os quais, pelas características inerentes ao grão, apresentam potencial de uso na elaboração de produtos com valor agregado (CASTRO et

al., 1999; FERREIRA et al., 2001; TAVARES, 2005). O uso de enzimas na elaboração, tanto de subprodutos como de novos produtos, a

exemplo do extrato de arroz, possibilitaria ampliar o consumo e acrescentar valor a esse cereal.

Em alguns mercados, principalmente os orientais e europeus, são disponibilizadas bebidas não alcoólicas à base de arroz (extratos de arroz), cuja demanda tem crescido em função das alegações associadas ao consumo de alimentos visando ao atendimento de uma dieta saudável. Esse produto é obtido a partir da solubilização dos constituintes do arroz para o meio aquoso, podendo ser utilizado para consumo direto ou em formulações. De modo geral, as bebidas à base de grãos vêm ganhando espaço cada vez maior no mercado por tratar-se de produto pronto para o consumo, com características refrescantes e sensoriais satisfatórias ao consumidor.

Na obtenção do extrato, o amido, constituinte majoritário do arroz, formado dos polissacarídeos amilose e amilopectina, é decomposto em carboidratos de menor peso molecular por reações de hidrólise, seja por meio de ácidos ou de enzimas (CEREDA, 2001). Na hidrólise enzimática, o amido do arroz é parcialmente convertido em maltose e em outros açúcares, pela ação das enzimas α e β-amilase que atuam rompendo suas cadeias lineares (amilose) e ramificadas (amilopectina) (SILVA et al., 2004). Como as enzimas comerciais são onerosas à indústria de alimentos, sua substituição por malte é uma escolha conveniente como fonte de enzimas, principalmente amilolíticas, permitindo reduzir custos (SCHMIELE et al., 2006). O malte é resultado de três processos consecutivos: maceração, germinação e secagem dos grãos. Na germinação formam-se as enzimas α e β-amilase, capazes de romper as cadeias lineares e ramificadas do grânulo de amido (HORNSEY, 1999). Vários cereais podem ser malteados satisfatoriamente, porém a cevada é o cereal com melhores características para obtenção de malte, que é destinado principalmente à produção de cerveja. Sua utilização em extrato de arroz permite a obtenção deste a um custo relativamente mais baixo em relação às enzimas comerciais; contudo, pode interferir nas características sensoriais, inviabilizando o produto.

Este trabalho teve como propósito avaliar sensorialmente a preferência entre extratos de arroz com diferentes teores de sólidos solúveis (°Brix), elaborados a partir de enzimas de malte de cevada.

Foram utilizados grãos de arroz da variedade IRGA 417 e malte de cevada, cedidos pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” – UFPel. O malte foi triturado, em liquidificador (Walita), em velocidade baixa por 3 minutos, intercalando-se a operação liga/desliga por 5 vezes para revolvimento dos grãos. Este procedimento permitiu o maior contato das enzimas com o substrato, além de não incorporar resíduos de malte ao extrato. O arroz, destinado ao extrato, foi triturado em velocidade máxima por 3 minutos, e 15% do arroz triturado foi dissolvido em 85% de

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água (p/p), sendo a mistura autoclavada a 121°C por 15 minutos. Posteriormente adicionou-se 10% de malte de cevada (p/p).

A ação enzimática sobre o amido foi realizada alternando-se repouso e agitação da mistura arroz:água:cevada em diferentes temperaturas de atuação das enzimas. O processo teve início em temperatura ambiente (aproximadamente 25°C), aumentando-se a temperatura do meio até o ponto considerado ótimo para cada enzima que foi de 44, 52, 62 e 75°C para fosfatase, protease, β-amilase e α-amilase, respectivamente. O processo foi conduzido até obtenção de extratos com teores de sólidos solúveis de 9, 12 e 15°Brix, os quais foram monitorados a cada 10 minutos durante todo procedimento e de 5 em 5 minutos, quando o teor de sólidos estava próximo ao valor desejado. Após a hidrólise do amido pelas enzimas, o extrato foi filtrado e acondicionado em recipientes plásticos sob refrigeração (aproximadamente 7°C) até o momento da análise sensorial.

A avaliação sensorial foi realizada através de método afetivo, Teste de Preferência através da escala de ordenação, utilizando concomitantemente escala hedônica estruturada de 9 pontos, conforme Stone e Sidel (1993), onde os extremos se ancoraram nos termos “9 - gostei muitíssimo” e “1 - desgostei muitíssimo”. Participaram dessa avaliação 80 consumidores potenciais do produto, de ambos os sexos, com faixa etária entre 17 e 46 anos, pertencentes à comunidade acadêmica da Universidade Federal de Pelotas. Os testes foram realizados em cabines individuais, com luz branca, as amostras de extratos servidas em copos plásticos de coloração branca, com quantidades padronizadas (aproximadamente 10mL), codificados com números aleatórios de três dígitos. As posições foram casualizadas entre os provadores e, para limpar o palato e neutralizar o sabor entre as amostras, utilizou-se água mineral natural.

De acordo com os dados obtidos dos julgadores em relação aos totais de preferências para cada amostra de extrato de arroz fez-se a avaliação estatística através do Teste de Kramer para a escala de ordenação que define o valor das diferenças críticas entre os totais de ordenação ao nível de 5% (STONE; SIDEL, 1993).

A análise sensorial indicou que os extratos diferem entre si, sendo que o extrato com 15°Brix foi o mais preferido por 41,25% dos consumidores, seguido pelo extrato com 12 e 9, com percentuais de 37,5 e 21,25, respectivamente. O maior teor de sólidos dissolvidos no extrato com 15°Brix associa maior teor de açúcares, tornando o produto mais adocicado e conseqüentemente mais satisfatório do ponto de vista do consumidor.

Fazendo uso da escala hedônica de 9 pontos, os consumidores registraram o quanto gostaram ou desgostaram das amostras e obteve-se a mesma preferência para os extratos com 12 e 15°Brix, com a média de 4,5 para ambos, seguido do 9ºBrix, com média de 4,1 que correspondem a “desgostei ligeiramente” na escala hedônica.

Conclui-se que o maior teor de sólidos solúveis (12 e 15°Brix) aumenta a preferência pelos extratos. Contudo, os resultados da escala hedônica indicam que a bebida precisa ser melhorada com relação às características sensoriais para que possa ser introduzida no mercado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CASTRO, E. M.; VIEIRA, N. R. A.;RABELE, R. R.; SILVA, S. A. Qualidade de grãos de arroz. Santo Antônio de Goiás, Embrapa Arroz e Feijão, 1999. 30p. CEREDA, M. P.; VILPOUX, O. F.; DAIÚTO, E. R.; SARMENTO, S. B. S.; LANDI, C. M. F.; DEMIATE, I. M.; CARVALHO, L. J. C. B.; LEONEL, M. Propriedades gerais do amido. 1. ed. São Paulo: Fundação Cargill, 2001. v. 1. 221 p. FERREIRA. D. B.; FERREIRA, O. O.; ALONÇO, A. S.; BLEY, H. Grain loss monitoring during all harvest season (gathering and processing losses), in the irrigated rice crop, and its results in reducing losses due to immediate adjustments in the combines. Paper number 01-1075. ASAE: St. Joseph, 2001.6p. HORNSEY, I. S. Elaboración de cerveza – Microbiología, bioquímica y tecnología. Zaragoza: Acribia. 1999. 229p.

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SCHMIELE, M.; SILVA, A. P.; JAEKEL, L. Z.; CARVALHO, D.; RODRIGUES, R. S. Influência de diferentes temperaturas de gelatinização na degradação do amido de arroz com enzimas provenientes do malte. In: Simpósio em Ciência e Tecnologia de Alimentos do MERCOSUL, 2, 2006, Cascavel. Anais... Cascavel: UNIOESTE, 2006. 1 CD-Rom. SILVA, M. C.; THIRÉ, R. M. S. M.; PITA, V. J. R. R.; CARVALHO, C. W. P.; ANDRADE, C. T. Processamento de amido de milho em câmara de mistura. Revista Ciência e Tecnologia de Alimentos. Campinas, v.24 nº. 2 p.303-310, abr.-jun. 2004. SILVA, P. M.; BRESOLIN, R.; GULARTE, M. A. Aceitabilidade de produtos de panificação com farinha de arroz. In: Simpósio em Ciência e Tecnologia de Alimentos do MERCOSUL, 2, 2006, Cascavel. Anais... Cascavel: UNIOESTE, 2006. 1 CD-Rom. STATISTICA for windows. Release 6.0A. Tulsa: Stat Soft Inc., 2001. STONE, H., SIDEL, J. Sensory evalution practices. Academic Press: New York, 1993. 338p. TAVARES, Ana Clara Klug. Modificações ácida e oxidativa da farinha de arroz no desenvolvimento da propriedade de expansão. 2005. 154f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. Agradecimentos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul.

Page 191: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

ENZIMAS COMERCIAIS NA OBTENÇÃO DE EXTRATO DE ARROZ Leandra Zafalon Jaekel(1), Rosane da Silva Rodrigues(1), Amanda Pinto da Silva(1) 1Departamento de Ciência de Alimentos (DCA), Universidade Federal de Pelotas, (UFPel), Campus Universitário, C.P. 354, CEP 96010900, Pelotas, (RS), Brasil [email protected]

O arroz (Oryza sativa L) está entre os principais cereais cultivados mundialmente. No Brasil, a produção tem aumentado a cada ano, chegando a 13 milhões de toneladas na safra 2004/2005 (CONAB, 2006), evidenciando a sua importância sócio-econômica, com destaque às exportações.

Este cereal apresenta perdas relativas durante o beneficiamento, podendo originar significativo percentual de grãos quebrados cujas características nutricionais e funcionais são as mesmas do arroz íntegro (CASTRO et al., 1999; FERREIRA et al., 2001). O emprego destes grãos quebrados e/ou do excedente de produção no desenvolvimento de novos produtos mostra-se alternativa para aumentar o consumo e agregar valor a este cereal.

O amido é responsável por até 90% do peso seco do grão de arroz beneficiado (HOSENEY, 1991). Constitui-se basicamente dos polissacarídeos amilose e amilopectina. A amilose é constituída por unidades de D-glicopiranose, ligadas por pontes glicosídicas α-1,4, que conferem uma estrutura essencialmente linear. A amilopectina é formada por α-glicoses ligadas por pontes glicosidicas α-1,4, ocorrendo também ligações α-1,6 (BOBBIO; BOBBIO, 1995). A molécula de amido pode sofrer hidrólise ácida ou enzimática à glicose e outros oligossacarídeos como maltose e outras dextrinas originando produtos de interesse comercial (ROBINSON, 1998). Na hidrólise enzimática atuam as enzimas α e β-amilases, glicoamilase, pululanase entre outras, as quais atuam rompendo as cadeias lineares e ramificadas de amilose e amilopectina (SILVA et al., 2004). As amilases hidrolisam preferencialmente as ligações α-1,4 de oligo ou polissacarídeos formados por unidades de glicose, com liberação deste monossacarídeo. Podem ser divididas em três grupos: α-amilases, que rompem ligações no interior do substrato (endoamilases); β-amilases, que hidrolisam unidades do final não redutor do substrato (exoamilases); e glicoamilases, que removem unidades de glicose dos terminais não redutores das moléculas do substrato (NUNES et al., 2007). A pululanase é uma enzima desramificadora, atuando nas ligações α-1,6 da molécula de amido transformando-o em oligossacarídeos com predominância de ligações α-1,4, sensíveis à amilase (Enzimas..., 2007).

Enzimas amilolíticas têm sido bastante utilizadas na produção de xaropes a partir de fontes de amido como milho e mandioca (SILVA; PERALTA, 2000). O mesmo princípio pode ser aplicado na degradação do amido de arroz visando à obtenção deste ou de outros produtos.

O extrato de arroz constitui-se numa bebida que pode ser utilizada para consumo direto ou em formulações, originando produto com características diferenciadas e que possibilita o aumento no consumo e no valor agregado deste cereal. Sua obtenção depende da solubilização dos constituintes do grão para o meio aquoso, principalmente das moléculas de amilose e amilopectina, através do uso de enzimas.

Este trabalho objetivou verificar a influência de diferentes enzimas no teor de compostos solúveis em extrato de arroz.

Utilizaram-se as enzimas glicoamilase, glicoamilase/pululanase e α-amilase, cedidas pela Novozymes® e arroz da variedade IRGA 417 cedido pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” – UFPel. Extratos foram obtidos a partir de 15% de arroz parboilizado triturado em liquidificador (Walita), em velocidade máxima por 3 minutos, dissolvido em 85% de água (p/p). A mistura foi autoclavada a 121°C durante 15 minutos e, após resfriamento, foram ajustados os parâmetros de pH e temperatura ideais para cada enzima em teste, conforme

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especificações do fornecedor (Tabela 1), seguindo à adição da enzima. O tratamento enzimático consistiu na adição da enzima ao substrato arroz:água na quantidade recomendada pelo fornecedor e 50% deste valor, obtendo-se 6 tratamentos. Tabela 1. Parâmetros de pH, temperatura e quantidade das enzimas glicoamilase, glicoamilase/pululanase e α amilase recomendados pela Novozymes® Parâmetros Glicoamilase Glicoamilase/pululanase αααα-amilase

pH 4,3 4,3 5,2 Temperatura (°C) 64±1°C 64±1°C 75±1°C Quantidade (Kg.t-1 MS*) 0,84 0,84 0,40

* Matéria seca.

A ação enzimática sobre o amido foi realizada alternando-se períodos de repouso e

agitação em intervalos de 30 minutos. O processo foi conduzido até obtenção de extratos com teores de sólidos solúveis em torno de 12°Brix, os quais foram monitorados a cada hora utilizando-se refratômetro de bancada marca Analytkjena. Posteriormente, cada extrato foi filtrado para separação do resíduo sólido não solubilizado e acondicionado em recipiente plástico para o armazenamento.

Na Tabela 2 estão os valores de sólidos solúveis ao longo do tempo, para cada tratamento enzimático, nas duas concentrações testadas de cada enzima comercial.

Tabela 2. Teor de sólidos solúveis (°Brix) de extratos de arroz obtidos com diferentes enzimas comerciais.

Teor de sólidos solúveis (°Brix)

Glicoamilase Glicoamilase/pululanase α-amilase Tempo

0,42Kg/tMS* 0,84Kg/tMS 0,42Kg/tMS 0,84Kg/tMS 0,2Kg/tMS 0,4Kg/tMS

Início 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 1 hora 6,0 7,25 6,0 7,0 10,0 9,75 2 horas 7,5 9,0 7,5 8,5 11,0 10,75 3 horas 9,0 9,5 8,5 9,75 11,25 11,25 4 horas 10,0 10,25 9,5 10,5 11,5 11,5 5 horas 10,5 11,0 10,5 11,0 11,5 12,0 6 horas 10,75 11,5 10,5 11,5 12,75 12,5 7 horas 11,25 11,5 11,0 12,0 12,75 12,75

* Matéria seca.

Ao final de 7 horas, o teor de sólidos solúveis nos extratos de arroz atingiu valores de 11 a 12°Brix, evidenciando a degradação das cadeias de amilose e amilopectina do amido em moléculas de menor peso molecular pela ação das enzimas (CEREDA, 2001). Em todos os tratamentos a máxima degradação do amido ocorreu nos primeiros 60 minutos de contato do substrato com as enzimas, com maior solubilização dos compostos a partir do uso de α-amilase. Isso deve-se ao fato de ser uma endoenzima, que hidrolisa de forma aparentemente ao acaso, provocando uma rápida diminuição da viscosidade quando em solução e aumento do poder redutor devido à produção de grupos redutores. A diminuição da viscosidade é proporcionalmente maior do que o aumento de grupos redutores, pois a α-amilase ataca ligações internas. Quando essa reação é levada até o seu final, os produtos resultantes são glicose, maltose e oligossacarídeos contendo ligações α-1,6 (NUNES et al., 2007). A diminuição da relação enzima substrato a partir daquele momento de estudo (1 hora) pode ter sido a causa da menor velocidade de rompimento da molécula. Verifica-se, também, que os extratos de arroz apresentaram teores de sólidos solúveis muito próximos, independente das concentrações de enzimas comerciais empregadas, indicando que, para produtos onde se busca uma decomposição parcial do amido, a exemplo do extrato de arroz, pode-se utilizar estas enzimas com menor custo de produção.

Page 193: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Conclui-se que, extratos de arroz com elevado teor de sólidos (12°Brix) podem ser obtidos a partir de qualquer uma das enzimas comerciais utilizadas, glicoamilase, glicoamilase/pululanase e α-amilase, utilizando-se a metade da concentração recomendada com bom rendimento e tempo relativamente curto de processamento. A α-amilase, contudo, evidencia melhor comportamento, verificado pelo alto rendimento em menor tempo de contato com o substrato, podendo ser utilizada em casos em que se deseja um menor tempo de produção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BOBBIO, F. O.; BOBBIO, P. A. Introdução à Química de Alimentos. 2ª edição. Livraria Varela. São Paulo – SP, 1995. 231p. CASTRO, E. M.; VIEIRA, N. R. A.;RABELE, R. R.; SILVA, S. A. Qualidade de grãos de arroz. Santo Antônio de Goiás, Embrapa Arroz e Feijão, 1999. 30p. CEREDA, M. P.; VILPOUX, O. F.; DAIÚTO, E. R.; SARMENTO, S. B. S.; LANDI, C. M. F.; DEMIATE, I. M.; CARVALHO, L. J. C. B.; LEONEL, M. Propriedades gerais do amido. 1. ed. São Paulo: Fundação Cargill,. v. 1, 2001. 221 p. CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) – 2006. Disponível em <http://www.campogrande.news.com.br/agropecuaria/view.htm>. Acesso em 18 jul. 2006. ENZIMAS: ferramentas indispensáveis num mundo vivo. Disponível em <http:/www.cib.org.br/pdf/fbci12port.pdf> . Acesso em 06 jun. 2007. FERREIRA. D. B.; FERREIRA, O. O.; ALONÇO, A. S.; BLEY, H. Grain loss monitoring during all harvest season (gathering and processing losses), in the irrigated rice crop, and its results in reducing losses due to immediate adjustments in the combines. Paper number 01-1075. ASAE: St. Joseph, 2001. 6p. HOSENEY, R. C. Princípios de ciência y tecnologia de los cereales. Zaragoza: Acribia, 1991. 321p. NUNES, A. G.; FARIA, A. P. S.; STEINMACHER, F. R.; VIEIRA, J. T. C. Processos enzimáticos e biológicos na panificação. 2006. Disponível em: http://www.enq.ufsc.br/labs/probio/disc_eng_bioq/trabalhos_grad/trabalhos_grad_2006-1/panificacao.doc. Acesso em 07 jun. 2007. SILVA, M. C.; THIRÉ, R. M. S. M.; PITA, V. J. R. R.; CARVALHO, C. W. P.; ANDRADE, C. T. Processamento de amido de milho em câmara de mistura. Revista Ciência e Tecnologia de Alimentos. Campinas, v.24, n. 2, p.303-310, abr.-jun./2004. SILVA, W. B.; PERALTA, R. M. Biochemical characterization of an extra-cellular enzyme of a heat-tolerant fungus. Biological and Health Sciences, v.6, n.1, p.7-19, 2000. ROBINSON, D. S. Bioquímica y Valor nutritivo de los alimentos. Editora Acribia, S.A. Zaragoza – Espana, 1998. 516p. Agradecimentos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul -FAPERGS.

Page 194: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Centrifugação 5000rpm 10min

AVALIAÇÃO DO EFEITO DO COZIMENTO NO CONTEÚDO DE COMPOSTOS FENÓLICOS EM GENÓTIPOS DE ARROZ INTEGRAL

Isabel Louro Massaretto(1), Nádia Valéria Mussi de Mira(1), Priscila Araújo Pinto(1), Cristina de Simone Carlos Iglesias Pascual(1), José Alberto Noldin(2), Moacir Antonio Schiocchet (2), Ursula Maria Lanfer-Marquez(1). 1Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Depto. de Alimentos e Nutrição Experimental, Av. Prof. Lineu Prestes, n° 580, B14, São Paulo – S.P., CEP 05508-900, e-mail: [email protected]. 2Epagri, Estação Experimental de Itajaí, Itajaí – S.C., CEP: 88301-970, Caixa Postal 277. O arroz (Oryza sativa L.) integral contém diversas substâncias fitoquímicas presentes no farelo, destacando-se os compostos fenólicos que apresentam capacidade antioxidante com potencial benéfico à saúde (SLAVIN, 2004). Atualmente há carência de informações sobre o conteúdo dos compostos fenólicos do arroz e, não foram encontrados estudos avaliando o impacto do cozimento sobre a sua estabilidade. Os procedimentos de extração são variados, devido à presença de parte dos ácidos fenólicos esterificados a componentes da parede celular necessitarem hidrólise prévia, por hidrólise ácida, alcalina ou enzimática (ADOM; LIU, 2002; ZHOU et al., 2004; PÉREZ-JIMÉNEZ; SAURA-CALIXTO, 2005). Os compostos fenólicos solúveis são extraídos comumente com etanol ou metanol absoluto ou misturas de etanol:água em diferentes proporções. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do cozimento nos teores de compostos fenólicos em 14 genótipos de arroz integral. Foram estudados 7 genótipos pigmentados (pericarpo vermelho ou preto) e 7 genótipos não pigmentados, fornecidos pelo Projeto Arroz da Epagri/Estação Experimental de Itajaí.

A cocção foi realizada utilizando-se proporção arroz:água de 1:3 por 30 min. e posterior secagem por liofilização. As amostras foram moídas, tamisadas e a umidade determinada em estufa. Diversos ensaios foram realizados para a otimização da extração e, verificou-se que os teores de compostos fenólicos em extratos enzimáticos são superestimados pelo reagente de Folin-Ciocalteau. A hidrólise enzimática, que simula a ação das enzimas do trato GI, provavelmente libera outros compostos interferentes, superestimando os resultados. Adotou-se a extração com etanol para os compostos solúveis e a extração alcalina para os fenólicos insolúveis conforme fluxograma a seguir.

Farinha de arroz Extração com etanol 80% (3x)

Sobrenadante

Resíduo

Hidrólise do resíduo com NaOH 4M, 4 h fluxo de N2 ,TA

Acidificação com HCl

Extração com acetato de etila (5x 30 mL)

Secagem em rotoevaporador

Ressuspenso com etanol 80% FRAÇÃO

INSOLÚVEL

Extração com hexano (1x), descarte do sobrenadante

Ressuspenso com etanol 80%

FRAÇÃO SOLÚVEL

Determinação do teor de fenólicos por

Folin Ciocalteau

Determinação do teor de fenólicos por

Folin Ciocalteau

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Tabela 1. Avaliação do impacto do cozimento no teor de fenólicos totais por Folin-Ciocalteau em genótipos não pigmentados de arroz integral, em µmol de equivalentes de ácido ferúlico por grama de amostra seca.

Genótipos Fração solúvel

Fração insolúvel Total

Redução média do teor total de compostos

fenólicos após cozimento

SC 339 (cru) 2,5 ± 0,2 1,9 ± 0,1 4,4 ± 0,3

SC 339 (cozido) 1,8 ± 0,0* 2,1 ± 0,2 3,9 ± 0,2 11%

SCS 114 Andosan (cru) 2,8 ± 0,1 1,8 ± 0,2 4,6 ± 0,2

SCS 114 Andosan (cozido) 1,9 ± 0,2* 1,6 ± 0,1 3,5 ± 0,3* 24%

Epagri 108 (cru) 2,0 ± 0,1 1,9 ± 0,1 3,9 ± 0,1

Epagri 108 (cozido) 1,3 ± 0,1* 2,2 ± 0,2* 3,5 ± 0,2* 10%

Empasc 104 (cru) 3,4 ± 0,2 2,4 ± 0,1 5,8 ± 0,3

Empasc 104 (cozido) 1,4 ± 0,1* 3,4 ± 0,3* 4,8 ± 0,2* 17%

SC 354 (cru) 3,1 ± 0,1 2,9 ± 0,4 6,0 ± 0,4

SC 354 (cozido) 1,7 ± 0,0* 3,0 ± 0,3 4,7 ± 0,3* 22%

SCSBRS Tio Taka (cru) 2,7 ± 0,0 1,6 ± 0,1 4,3 ± 0,1

SCSBRS Tio Taka (cozido) 1,8 ± 0,2* 1,9 ± 0,1* 3,7 ± 0,2* 14%

Epagri 109 (cru) 4,6 ± 0,3 2,3 ± 0,1 6,9 ± 0,2

Epagri 109 (cozido) 2,1 ± 0,4* 3,9 ± 0,2* 6,0 ± 0,2* 13%

Média ± desvio padrão de 3 repetições. * Diferença estatisticamente significativa (p<0,05) para amostra cozida quando comparada à amostra crua para uma mesma fração.

Tabela 2. Avaliação do impacto do cozimento no teor de fenólicos totais por Folin-Ciocalteau em genótipos pigmentados de arroz integral, em µmol de equivalentes de ácido ferúlico por grama de amostra seca.

Genótipos Fração solúvel

Fração insolúvel Total

Redução média do teor total de compostos

fenólicos após cozimento

Arroz-preto (cru) 21,0 ± 1,8 5,5 ± 0,1 26,5 ± 1,9

Arroz-preto (cozido) 10,3 ± 0,9* 3,9 ± 0,1* 14,2 ± 1,0* 46%

Arroz-vermelho (cru) 13,2 ± 0,8 4,6 ± 0,1 17,8 ± 0,9

Arroz-vermelho (cozido) 2,9 ± 0,1* 5,5 ± 0,2* 8,4 ± 0,3* 53%

ITJ 8 (cru) 19,9 ± 0,7 2,8 ± 0,0 22,7 ± 0,6

ITJ 8 (cozido) 2,7 ± 0,1* 8,1 ± 0,9* 10,8 ± 0,8* 52%

ITJ 31 (cru) 14,1 ± 0,4 3,6 ± 0,3 17,7 ± 0,2

ITJ 31 (cozido) 2,6 ± 0,1* 6,8 ± 0,2* 9,4 ± 0,2* 47%

ITJ 75 (cru) 21,3 ± 0,7 4,7 ± 0,1 26,0 ± 0,8

ITJ 75 (cozido) 4,0 ± 0,3* 11,1 ± 0,7* 15,1 ± 0,6* 42%

ITJ 80 (cru) 19,7 ± 0,4 2,8 ± 0,1 22,5 ± 0,4

ITJ 80 (cozido) 2,8 ± 0,1* 6,7 ± 0,8* 9,5 ± 0,8* 58%

ITJ 82 (cru) 15,4 ± 0,1 4,5 ± 0,6 19,9 ± 0,6

ITJ 82 (cozido) 2,9 ± 0,0* 6,5 ± 0,4* 9,4 ± 0,5* 53%

Média ± desvio padrão de 3 repetições. * Diferença estatisticamente significativa (p<0,05) para amostra cozida quando comparada à amostra crua para uma mesma fração.

Page 196: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Na Tabela 1, observa-se que o cozimento das amostras de arroz não pigmentado resultou, em média, na redução de 43% dos teores de fenólicos da fração solúvel, enquanto na fração insolúvel houve um aumento médio de 22%. Considerando os teores de fenólicos totais como a somatória dos fenólicos presentes nas frações solúvel e insolúvel, os resultados demonstram que o cozimento resultou em perda média de 16% dos compostos fenólicos (10 – 24%). Nos genótipos pigmentados, devido à presença de compostos flavonóides, especialmente de antocianinas, foram encontrados elevados teores de compostos fenólicos solúveis (Tabela 2). O cozimento resultou na redução média de 82% do teor de fenólicos solúveis para as amostras de arroz vermelho, enquanto no arroz-preto a redução foi de 49%. De forma similar ao que ocorreu com os genótipos não pigmentados, o cozimento causou um aumento da fração insolúvel, embora de forma muito mais pronunciada (53%). Considerando a soma dos fenólicos solúveis e insolúveis, o cozimento causou perda média de 50% (42 – 58%). Os resultados demonstram que o cozimento promove redução significativa do teor total de compostos fenólicos, principalmente nos genótipos pigmentados, que se deve à redução dos fenólicos presentes na fração solúvel. Parte desses compostos, após o cozimento, parece tornar-se integrante da fração insolúvel. Hipotetiza-se ainda que a perda dos compostos fenólicos durante o cozimento esteja relacionada com a perda de sua capacidade redutora deixando de reagir com o reagente de Folin Ciocalteau. Análises específicas das diferentes frações de compostos fenólicos afetadas pelo cozimento são necessárias, bem como avaliação da capacidade antioxidante e da biodisponibilidade das mesmas. Palavras-chave: arroz integral, compostos fenólicos solúveis e insolúveis, cocção. Referências Bibliográficas ADOM, K.K.; LIU, R. Antioxidant activity of grains. Journal of Agricultural and Food

Chemistry, v.50, p.6182-6187, 2002 PÉREZ-JIMENEZ, J.; SAURA-CALIXTO, F. Literature data may underestimate the actual

antioxidant capacity of cereals. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Columbus, v.53, n.12, p.5036-5040, 2005.

SLAVIN, J. Whole grains and human health. Nutrition Research Reviews, v. 17, p.99- 110, 2004. ZHOU, Z.; ROBARDS, K; HELLIWELL S.; BLANCHARD C. The distribuition of phenolics

acids in rice. Food Chemistry, v.87, p.401-406, 2004 Agradecimentos: Ao CNPq (MCT/CNPq - Edital Universal processo 472473/2006-9) e à FAPESP pela concessão de bolsa.

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TOCOFERÓIS E γ- ORIZANOL NO ÓLEO DE ARROZ ANTES E DEPOIS DO PROCESSO DE REFINO

Vanessa Ribeiro Pestana(1), Rui Carlos Zambiazi(1), Carla Mendonça(1), Mariângela Bruscatto(1). ¹Universidade Federal de Pelotas, Cx Postal 354, [email protected].

O farelo caracteriza-se pelo alto conteúdo de gordura, em torno de 16 e 22%, e por isto é utilizado para extração do óleo de arroz.

O óleo do farelo de arroz apresenta baixo conteúdo em ácido linolênico e alto conteúdo em antioxidantes naturais (fitoquímicos), quando comparado a outros óleos de origem vegetal, fator importante do ponto de vista de estabilidade oxidativa. Devido a esta composição, a utilização do óleo de arroz tem aumentado nos países ocidentais devido ao seu potencial como alimento nutracêutico.

O óleo de arroz apresenta benefícios ímpares a saúde, que em grande parte são atribuídos ao alto nível de matéria insaponificável, cujos fitoquímicos mais importantes são os tocoferóis e tocotrienóis, conhecidos por tocóis, uma família de compostos que apresentam atividade vitamínica; e o γ-orizanol, que constitui-se em uma complexa mistura de éster ferulato com esteróis e álcoois triterpênicos (Fang; Yu; Badger, 2003). A forma majoritária da família dos tocóis encontrada no óleo de arroz, são os α-, γ- e δ-tocoferois, os quais possuem atividade antioxidante e desempenham um papel de proteção de algumas formas de câncer. Estudos realizados atestam a alta atividade antioxidante do γ-orizanol como agente cardioprotetor, incluindo a habilidade de reduzir o colesterol plasmático, reduzir a absorção de colesterol hepático e prevenir a arteriosclerose (Gavino et al., 2007).

O óleo extraído do farelo de arroz passa por várias etapas de refino para tornar-se apto para o consumo humano, onde são removidos os materiais indesejáveis que interferem nas características físicas, químicas e sensoriais do óleo. As etapas que fazem parte do processo de refino seguem a seguinte seqüência: degomagem (retirada de gomas); neutralização (remoção dos ácidos graxos livres); branqueamento (retirada dos pigmentos); deceramento (remove ceras); desodorização (volatiliza ácidos graxos livres, peróxidos, aldeídos e cetonas). Durante o processo de refino do óleo de arroz podem ocorrer perdas de tocoferóis e γ-orizanol. A alteração do conteúdo destes compostos no óleo durante as etapas do processamento tecnológico despertam interesse sob o ponto de vista analítico e nutricional.

O objetivo deste trabalho foi de avaliar o conteúdo de tocoferóis e γ-orizanol antes e depois do processo de refino do óleo de arroz.

As amostras de óleo de arroz bruto e refinado foram cedidas pela Indústria Irgovel, localizada em Pelotas/RS. Após o recebimento, as amostras foram congeladas a -18°C até o momento das análises. As amostras de óleo de arroz foram retiradas da linha de processamento da indústria Irgovel, por um técnico responsável. Essas amostras de óleo de arroz foram coletadas após a etapa de extração (óleo bruto) e do processo de refino (óleo refinado).

Os padrões utilizados foram δ-tocoferol e γ-tocoferol (Sigma, na pureza de 90% e maior ou igual a 96%, respectivamente); α-tocoferol (Merck de pureza 99%); e γ-orizanol (grau analítico, TCI - Tokyo, Japão). O β-tocoferol não foi avaliado por dificuldade da aquisição deste padrão. Para a determinação dos tocoferóis e dos orizanóis foi utilizando um sistema de cromatografia líquida de alta eficiência-HPLC (SHIMADZU) constituído por módulo de mistura dos solventes LC-10ATVP, desgaseificador FCV-10ALVP, bomba reodine DGU-14A, sistema de controle SCL-10AVP, forno da coluna CTO-10ASVP, e amostrador automático SIL-10AF. Utilizou-se uma coluna de separação analítica de fase reversa, Nova-Pak C18 (3,9cm x 150mm x 4µm). Utilizou-se o detector espectrofotométrico UV/V SPD-10AVVP, para a identificação dos tocoferóis; e o detector de fluorescência RF-10AXL,

Page 198: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

para a identificação dos orizanóis. Os dados foram adquiridos e processados com o uso do software Class-VP.

Para a análise dos tocoferóis e γ-orizanol os óleos de arroz foram diluídos com isopropanol:acetonitrila (7:3, v/v), após centrifugou-se por 6min a 9.000rpm em microcentrífuga NT800 Nova Técnica e na seqüência transferiu-se a amostra para o vial do HPLC de 1,5mL.

A análise dos tocoferóis e orizanóis foi baseada na metodologia descrita por Chen e Berman (2005), com pequenas modificações. Para ambas determinações utilizou-se fluxo constante de 1mL min-1. Para análise de tocoferóis a fase móvel inicial de acetonitrila: metanol: isopropanol (50:40:10, v/v/v) por 10 minutos; alternando-se linearmente para acetonitrila: metanol: isopropanol (30:65:5, v/v/v); onde manteve-se por 2 min; e aos 12min retornou linearmente para a fase móvel inicial, totalizando 15 min de análise. Para a análise de γ-orizanol a fase inicial foi acetonitrila:metanol:isopropanol (50:40:10, v/v/v) por 10 min, alterando-se linearmente para acetonitrila: metanol: isopropanol (30:65:5, v/v/v), amntendo-se por 5min; e aos 20min retornou linearmente para a fase inicial, totalizando 30min de análise.

Para a análise estatística dos resultados foi realizada a análise de variância (ANOVA), e comparação de médias pelo teste de Tukey, ambos ao nível de 5% de probabilidade, através do programa Statistica 6.0.

O conteúdo do α-, γ- e δ-tocoferol, conteúdo total dos tocoferóis e γ-orizanol, expressos em mg.100g-1 de óleo, estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Conteúdo de tocoferóis, expressos em mg.100g-1, nos óleos de arroz.

Óleo de arroz α-tocoferol γ-tocoferol δ-tocoferol *∑(α, γ, δ) tocoferóis

γ-orizanol

Bruto 16,11 a 9,73 a 0,49 a 26,33 1240,72a Refinado 21,54 b 7,74 a 0,38 a 29,66 28,97b

Valores seguidos por letras iguais na mesma coluna não diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Tukey (p<0,05). *significa somatório de α-,γ- e δ-tocoferol.

O conteúdo de α-tocoferol apresentou um pequeno aumento durante o processamento do óleo, o que poderia ser atribuído ao aumento proporcional da quantidade deste tocoferol na massa do óleo, devido à retirada da goma, da borra e da cera nos respectivos processos, degomagem, neutralização e deceramento. Portanto, observa-se que o α-tocoferol apresentou-se estável frente as temperaturas utilizadas nas etapas de refino, e também não solubilizou-se na água de lavagem utilizada na degomagem e neutralização.

O γ- e δ-tocoferol apresentaram um pequeno decréscimo durante o processamento, embora não sendo significativo.

O total de tocoferóis apresentou-se 12,65% superior no óleo refinado do que no óleo bruto, o que esta relacionado ao aumento de 33,71% do conteúdo de α-tocoferol durante o processamento do óleo de arroz.

Desai et al (1988) relatam conteúdo de α-tocoferol entre 17 e 33mg.100g-1 de óleo refinado de arroz, valores mais próximos ao encontrados neste estudo.

A distribuição relativa dos tocoferóis, em percentual, nas etapas do refino do óleo de arroz, estão apresentados na Figura 1.

O α-tocoferol foi o componente que apresentou maior conteúdo no óleo de arroz bruto e refinado, contribuindo com cerca de 61-73% do total de tocoferóis, seguido pelo γ-tocoferol (26-37%) e pelo δ-tocoferol (1-2%).

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0

10

20

30

40

50

60

70

α-tocoferol γ-tocoferol δ-tocoferolD

istr

ibu

ição

rel

ativ

a (%

)

Óleo bruto

Óleo refinado

Figura 1. Distribuição relativa de tocoferóis, em percentual, no óleo de arroz

bruto e refinado.

O conteúdo de γ-orizanol no óleo de arroz bruto analisado neste estudo, apresenta-se dentro do encontrado por Scavariello (1997) que foi de 1.220mg.100g-1.

O conteúdo de γ-orizanol no óleo de arroz bruto foi de 1240,72mg.100g-1, durante o processamento ocorreu uma redução de cerca de 98% de γ-orizanol, restando apenas 28,97mg.100g-1 no óleo de arroz refinado, resultado este que está de acordo com o encontrado por Rogers et al. (1993) que descreve um conteúdo de γ-orizanol no óleo de arroz refinado quimicamente de 10 a 80mg.100g-1.

Conclui-se que entre os tocoferóis analisados o α-tocoferol é o que está em maior concentração, seguido pelo γ-tocoferol e δ-tocoferol. O processo de refino não proporcionou perdas significativas de tocoferóis, porém cerca de 98% do γ-orizanol foi perdido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: FANG, N.; YU, S.; BADGER, T.M. Characterization of triterpene alcohol and sterol ferulates in rice bran using LC-MS/MS. Journal Agriculture Food Chemestry. v.51, p. 3260-3267, 2003. GAVINO, Victor C.; AGUILAR-GARCIA, Carlos; GAVINO, Grace; BARAGAÑO-MOSQUEDA, Mercedes; HEVIA, Patricio. Correlation of tocopherol, tocotrienol, c-oryzanol and total polyphenol content in rice bran with different antioxidant capacity assays. Food Chemistry, v.102, p.1228–1232, 2007. CHEN, M.-H; BERGMAN, C.J. A rapid procedure for analysing rice bran tocopherol, tocotrienol and �-orizanol contents. Journal of Food and Analysis, n.18, p. 139-151, 2005. DESAI, Indrajit D.; BHAGAVAN, Hemmige; SALKELD, Richard; OLIVEIRA, Jose E. Dutra de. Vitamin E content of crude and refined vegetable oils in Southern Brazil. Journal of Food Composition and Analysis, v.1, n.3, p.231-238, 1988. SCAVARIELLO, Eiete Malfatti Serra. Recuperação de γ-orizanol dda borra de neutralização de óleo de farelo de arroz. Campinas, 73f. 1997. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos), Departamento de Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas. ROGERS, E.J.; RICE, S.M.; NICOLOSI, R.J.; CARPENTER, D.R.; Mc CLELLAND, C.A.; ROMANCZYK, L.J. Identification and quantitation of γ-orizanol components and simultaneous assessment of tocols in rice bran oil. Journal of the American Oil Chemists`Society, Champaign, v.70, n.3, p.301-307, 1993. Agradecimentos: ao CNPQ pelo financiamento e a IRGOVEL pela doação das amostras.

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INFLUÊNCIA DO CONSUMO DE ARROZ OU DE MACARRÃO NO

DESEMPENHO E RESPOSTA METABÓLICA EM RATOS

Cristiane Casagrande Denardin1, Nardeli Boufleur1, Patrícia Reckziegel1, Bruna Mendonça Alves2, Leila Picolli da Silva3, Carlos Alberto Alves Fagundes4. 1Departamento de Tecnologia e Ciência de Alimentos – CCR – UFSM – Santa Maria –RS ([email protected]) 2Aluna Cuso de Agronomia UFSM, 3Departamento de Zootecnia – CCR – UFSM – Santa Maria – RS.4 Instituto Riograndense do Arroz – IRGA – Cachoeirinha – RS. Palavras-chaves: arroz branco, espaguete, metabolismo

O arroz (Oryza sativa) é um alimento consumido por 2/3 da população mundial e, ao menos para a metade dessa mesma população constitui-se a principal fonte de energia da dieta, devido ao fato de ser composto basicamente de carboidratos, os quais estão presentes, na maior parte, sob a forma de amido (90%), no endosperma (Coffman e Juliano, 1987). O estado do Rio Grande do Sul produziu cerca de 6,8 mil toneladas de arroz na safra 2005/2006, sendo o cultivar IRGA 417 o mais cultivado e consumido (IRGA, 2007). Já o macarrão, é o principal alimento amiláceo que compete com o arroz na mesa da população brasileira, com consumo crescente que hoje corresponde a 5,6 Kg por pessoa/ano. Alguns pesquisadores apontam este consumo crescente de macarrão em detrimento ao de arroz e feijão, como uma das principais causas do aumento da incidência de obesidade adulta e infantil, principalmente nas populações carentes (Folha, 2002). Portanto, o objetivo deste trabalho foi comparar o efeito do consumo de dietas elaboradas com arroz branco IRGA 417 e macarrão sobre o desempenho e resposta metabólica em ratos.

Este trabalho foi realizado no Núcleo Integrado de Desenvolvimento em Análises Laboratoriais (NIDAL) na UFSM. Foram formuladas duas rações, de acordo com as recomendações do American Institute of Nutrition (AIN) (Reeves et al., 1993), mediante substituição total do amido de milho e parcial da caseína e do óleo de soja, por grãos de arroz do cultivar IRGA 417 branco e macarrão tipo espaguete cozidos e secos em estufa com circulação forçada de ar. A amostra de arroz foi obtida na Estação Experimental do Arroz do IRGA (Cachoeirinha/RS), no ano de 2004 e o macarrão no mercado local. Estas rações formaram os tratamentos: IRGA 417 (22,95% de amilose) e Macarrão (13,94% de amilose). O experimento foi realizado no Biotério Central da Universidade Federal de Santa Maria. Para realização do experimento foram utilizados 16 ratos machos (Rattus norvegicus Wistar albino F1) distribuídos aleatoriamente entre os tratamentos (8 animais/tratamento) e alojados em gaiolas metabólicas individuais, com livre acesso à ração e à água. A temperatura foi mantida a 21±1ºC e a luminosidade controlada alternando períodos de 12 horas de luz/escuro. O período de adaptação à dieta foi de cinco dias, seguidos de período experimental de 25 dias, no qual, diariamente, foi realizada a determinação da quantidade de ração consumida e a coleta das fezes. O peso corporal dos animais foi obtido a cada 3 dias. Estes dados e amostras foram coletados a fim de determinar o consumo, ganho de peso, conversão alimentar, produção de fezes úmidas e secas, umidade (105ºC/12 horas) e excreção de nitrogênio nas fezes (Micro-Kjeldahl) AOAC, 1995. No último dia experimental, após jejum de 12h, os animais foram pesados, anestesiados com éter etílico e eutanasiados por punção cardíaca, sendo coletado sangue para posterior quantificação de ácido úrico, colesterol total e HDL e triglicerídeos realizadas com os kits marca Doles. O experimento foi conduzido em delineamento completamente casualizado. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Duncan a 10% de significância.

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Não foram observadas diferenças significativas no ganho de peso e consumo dos animais submetidos a ambos tratamentos (Tabela 1). Porém, mesmo consumindo a mesma quantidade de arroz ou macarrão, observa-se um aumento 10% superior, embora não significativo estatisticamente, no ganho de peso dos animais alimentados com o macarrão.

Tabela 1. Ganho de peso no período (GPP) e consumo médio diário (CMD) em resposta ao consumo de rações com arroz branco ou macarrão

Parâmetros IRGA 417 MACARRÃO GPP (g) 105,68±7,20NS 115,30±14,63NS

CMD (g) 17,80±0,40NS 17,79±1,09NS Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem significativamente pelo teste de Duncan a 10% de significância.

Os animais submetidos à dieta com arroz apresentaram maior produção de fezes

úmidas e secas, e maior conteúdo de nitrogênio nas fezes do que os animais alimentados com macarrão (Tabela 2). Esta maior produção de fezes no tratamento IRGA 417 confirma a menor digestibilidade do amido de arroz pelas enzimas do trato gastrintestinal, quando comparado ao macarrão. Por esse motivo, parte do amido de arroz alcança o cólon onde é fermentado pela microbiota intestinal, resultando em aumento na excreção de nitrogênio, como foi observado nos animais alimentados com arroz. Tabela 2. Produção de fezes úmidas (PFU) e secas (PFS), e excreção de N nas fezes em resposta ao consumo de rações com arroz branco ou macarrão

Parâmetros IRGA 417 MACARRÃO PFU (g) 1,57±0,08a 1,44±0,05b PFS (g) 0,91±0,05a 0,86±0,06b

Nitrogênio nas fezes (%) 6,34±0,24b 4,79±0,13a

Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem significativamente pelo teste de Duncan a 10% de significância.

O ácido úrico foi significativamente maior para o tratamento macarrão (Tabela 3).

Este resultado pode ser devido a uma menor qualidade protéica do macarrão, pois proteínas de menor qualidade são desaminadas e os esqueletos carbônicos remanescentes são utilizados como substrato na produção de glicose e/ou ácidos graxos pelo metabolismo hepático (NICOLETTI, 2007). Este resultado pode ser comprovado pela maior concentração de triglicerídeos e colesterol total sanguíneos presentes nos animais submetidos à dieta com macarrão (Tabela 3). Além disso, observa-se redução significativa no colesterol HDL, popularmente conhecido como “colesterol bom”, nos animais alimentados com macarrão, comprovando que além de sua maior digestibilidade também apresenta uma qualidade protéica inferior ao arroz IRGA 417.

Tabela 3. Concentração de ácido úrico, triglicerídeos, colesterol total e HDL, em mg/dL, em resposta ao consumo de rações com arroz branco ou macarrão

Parâmetros IRGA 417 MACARRÃO Ácido úrico 1,32±0,06b 1,60±0,15a

Triglicerídeos 71,57±11,18NS 79,96±8,55NS Colesterol total 63,67±4,81b 72,93±11,13a

HDL 59,57±4,06a 52,26±6,94b Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem significativamente pelo teste de Duncan a 10% de significância.

Page 202: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Os resultados obtidos no presente trabalho permitem concluir que o consumo de arroz, ao invés de macarrão, poderia trazer diversos benefícios à saúde humana, como aumento na produção de fezes prevenindo a constipação e hemorróidas, redução nos níveis de triglicerídeos e colesterol sanguíneos e aumento nos níveis de HDL ou “colesterol bom”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AOAC. Official Methods of Analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 16th ed., Washington, DC, 1995. COFFMAN, W.R.; JULIANO, B.O. Rice. In: Olson, R.A.; Frey, K.J. Nutritional quality of cereal grains: Genetic and agronomic improvement. Madison: American Society of Agronomy, cap.5, p. 101-131, 1987. NICOLETTI, A.M. Enriquecimento nutricional de macarrão com o uso de sub-produtos agroindustriais de baixo custo. Dissertação de Mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria. Fevereiro de 2007.

REEVES, P.G.; NIELSEN, F.H.; FAHEY Jr., G.C. AIN-93 purified diets for laboratory rodents: final report of the American Institute of Nutrition ad hoc writing committee on the reformulation of the AIN-76A rodent diet. Journal of Nutrition, v.23, p.1939-51, 1993. Dia do macarrão é comemorado no Brasil e no mundo. Folha on line, 25/10/2002. http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u1793.shtml. Acesso em 23/05/2007. IRGA-RS www.irga.rs.gov.br. Acesso em 23/05/2007. Agradecimentos: Ao IRGA pelas amostras e apoio financeiro.

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PÃO FRANCÊS MISTO DE ARROZ: ASPECTOS LEGAIS, VALOR NUTRICIONAL E ACEITABILIDADE

Angélica Magalhães

1; Elaine Lohmann, Evely Rucatti

2 Michele Mendes

3 Rua João Correia

435, Porto Alegre, RS. [email protected] 1 UFRGS

2 IRGA

3 FFFCMPA

Políticas Públicas de Segurança Alimentar têm sido elaboradas no intuito de diminuir a dependência externa de alimentos e valorizar a agricultura nacional. Nesse sentido, algumas ações reguladoras têm sido implementadas. O Projeto de Lei 4.679/2001 propõe a obrigatoriedade da adição de amido de mandioca à farinha de trigo processada em moinhos brasileiros, na tentativa de reduzir a importação de trigo e estimular o consumo de alimentos produzidos no território nacional. Em 2006 uma emenda aditiva foi apensada a esse projeto, a qual determina que “os estabelecimentos comerciais pertencentes ao ramo da moagem e beneficiamento de trigo, observado o disposto no artigo 4º desta Lei, somente poderão comercializar farinha de trigo quando adicionadas de farinha de mandioca refinada, farinha de raspas de mandioca, de fécula de mandioca ou de farinha de arroz” (E-LEGIS, 2006). Sendo o Brasil auto-suficiente na produção de arroz, essa inserção de farinha promoveria a sustentabilidade da Cadeia Produtiva, que atualmente apresenta desequilíbrio entre oferta e demanda, o que tenciona os preços para baixo. Um aumento na demanda também favoreceria milhares de pequenos e médios produtores, gerando mais empregos e melhorando as condições de vida no meio rural. No entanto é essencial que os alimentos produzidos com a mistura de farinhas mantenham a qualidade sensorial e o valor nutricional do original. O principal produto à base de trigo consumido no Brasil é o pão francês, (IBGE, 2007) que passaria a ser misto de arroz ou de mandioca.

Este trabalho buscou verificar o valor nutricional e a aceitabilidade de pão francês produzido com farinha mista de trigo e arroz.

A pesquisa foi realizada em três etapas. Inicialmente foi produzido o pão francês misto em uma padaria comercial, seguindo-se a receita tradicional do pão, sendo a farinha de trigo substituída pela mistura com farinha de arroz a 30%. Na segunda etapa foi realizado o teste de aceitabilidade do pão preparado com a farinha mista, em maio de 2007 na cidade de Viamão-RS, durante a I Festa do Arroz com Leite. Na terceira etapa foi calculado o valor nutricional do pão produzido com farinha mista e comparado com o valor nutricional do pão francês puro de trigo. Para o teste de aceitabilidade, a amostra populacional foi selecionada aleatoriamente, tendo sido composta por 114 participantes voluntários (n= 114), que responderam ao teste utilizando Escala Hedônica Facial de cinco pontos e cinco variáveis, construída especificamente pare esse fim. Os participantes foram informados sobre o teste e o alimento que estava sendo recebendo instruções de como preencher o questionário (Escala Hedônica). A duração do teste foi de três horas. A shelf life do pão variou entre uma e quatro horas. Foram analisadas as variáveis: cor, sabor, aroma, textura do miolo e crocância da casca. Os cinco pontos (faces) da escala adotada corresponderam a zero, 25, 50, 75 e 100% de aceitabilidade, respectivamente. A figura 1 mostra o instrumento de avaliação da aceitabilidade. Para o cálculo do valor nutricional foi utilizado o programa de software Diet Win

R. Foram analisados o valor energético, o teor

carboidratos, de proteína, de lipídios e de fibras. Os dados utilizados sobre o valor nutricional foram os informados pelos fabricantes no rótulo dos produtos.

Os resultados mostram que o pão misto de arroz teve uma aceitabilidade média 89,1%. O valor nutricional do pão misto se assemelha ao puro em energia e teor de carboidratos. Na tabela 1 são apresentados os resultados referentes a valor nutricional comparativo entre o pão francês puro de trigo e misto de arroz. Os valores de aceitabilidade por variável do pão misto de arroz foram de 90,7% para cor, 88,5% para sabor, 89,9% para aroma, 90,3% para textura do miolo e 86,1% para crocância da casca. Esses valores estão expressos no Gráfico 1:

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Figura 1: Escala Hedônica de 5 pontos e 5 variáveis Tabela 1: Comparativo de valor nutricional e custo entre pão misto de arroz e pão de trigo (porção 40g)

Considerando que os pães têm função energética, o pão misto apresentou igual

performance nutricional, uma vez que contém teor de carboidratos e valor energético proporcionais ao pão de trigo. Embora o teor de proteínas do pão misto tenha sido inferior ao do pão de trigo, essas são consideradas de baixo valor biológico (CUPPARI, 2005) e, portanto não são indispensáveis como fonte de proteínas da dieta

Em relação à aceitabilidade, o pão misto se mostrou bem aceito. O índice mais baixo está relacionado a crocância da casca. Como o teste foi intencionalmente aplicado em condições de campo, não foram controladas variáveis referentes à shelf life. Isso pode ter influenciado na decisão dos participantes, pois com mais de 2 horas de vida de prateleira o pão francês perde naturalmente a crocância da casca.

83848586878889909192

Cor

Sabor

Arom

a

Textu

ra d

o m

iolo

Gráfico 1: Aceitabilidade do pão misto de arroz

ALIMENTO Carboidratos g x porção

Proteínas g x porção

Lipídios g x porção

Energia calorias x

porção

Fibras g x

porção Pão misto de arroz 27 4,26 0,4 133 1,25 Pão de trigo 26 5,2 0,6 132 1,6

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Concluindo, a mistura de farinha de arroz à de trigo se mostrou viável para o preparo de pão francês, tanto nos aspectos sensoriais como nutricionais, devendo, portanto ser recomendado seu uso, uma vez que contribui para o desenvolvimento da agricultura nacional, reduz a dependência externa de trigo e, conseqüentemente fortalece as ações de promoção do desenvolvimento econômico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRASIL, Câmara dos Deputados: e-legis. Disponível em www.camara.gov.br BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Disponível em: www.ibge.gov.br. Consultado em 10/06/2007 CUPPARI, L; AVESANI, CM; MENDONÇA, COG; MARTINI, LA; MONTE, JCM. In: CUPPARI, L & SCHOR, N (editor). Guias de medicina ambulatorial e hospitalar: Nutrição clínica no Adulto. 2 ed. São Paulo: Manole, 2005.

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EFEITO DE XANTANA E DA SUBSTITUIÇÃO DA FARINHA DE ARROZ POR FARINHA DE TRIGO EM BOLO INGLÊS

BRESOLIN, Rafael

(1), DUARTE, Ana Paula

(1), ASSIS, Letícia. M.

(1); GULARTE, Márcia

Arocha(1)

. 1

Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Ciência dos Alimentos, Curso de Química de Alimentos, Campus Universitário – Caixa Postal 354 – CEP 96010-900. [email protected]

Nos últimos 25 anos a produção de arroz no Brasil aumentou em torno de 2% ao ano, porém, nos últimos 16 anos o consumo tem decrescido cerca de 1%. Devido a este desequilíbrio, são buscadas alternativas para aumentar o consumo do arroz. Uma delas é a utilização do arroz na forma de farinha em produtos de panificação.

Os produtos de panificação são comumente elaborados com farinha de trigo e, por esse motivo, pessoas portadoras da doença celíaca não podem consumir tais produtos, pois estes apresentam glúten. Uma alternativa para pessoas portadoras de doença celíaca poderem consumir produtos de panificação, seria a substituição da farinha de trigo pela farinha de arroz. A farinha de arroz possui algumas propriedades únicas, como o fato de ser incolor, ter sabor suave e ainda ser hipoalergênica devido ao fato de não possuir glúten. A formação do glúten é devido a um balanço de proteínas presentes no trigo, na aveia, no centeio, na cevada e no malte, que agride e danifica as vilosidades do intestino delgado e prejudica a absorção dos alimentos em pessoas portadoras da doença celíaca.

A doença celíaca geralmente se manifesta na infância, entre o primeiro e o terceiro

ano de vida, podendo, entretanto, surgir em qualquer idade, inclusive na adulta. O

tratamento da doença consiste em uma dieta totalmente isenta de glúten. Os portadores da

doença não podem ingerir alimentos como: pães, bolos, bolachas, macarrão, quibes,

pizzas, cervejas, whisky, vodka, etc, quando estes alimentos possuírem o glúten em sua

composição ou no processo de fabricação. Devido à exclusão total de alguns alimentos

ricos em carboidratos e fibras, a dieta do celíaco habitualmente é composta em sua maior

parte de gorduras (margarina, manteigas, óleos, etc) e proteínas (carne em geral) e em

menor parte de carboidratos, como as massas sem glúten, açúcares, etc (ACELBRA,

2007).

Além disso, comparado aos outros cereais, o arroz tem um maior conteúdo de

lisina e suas glutelinas, tem um perfil de aminoácidos mais balanceado do que a prolamina

do trigo, que é deficiente em lisina e triptofano (GUJRAL e ROSELL, 2004). Outro aspecto

interessante da inclusão das farinhas de arroz na dieta alimentar é que o amido do arroz,

componente majoritário, apresenta diferentes respostas metabólicas de glicemia e

insulinemia devido às variações na proporção amilose:amilopectina contida no amido do

arroz, sendo atribuídos àqueles com maior teor da amilose, uma menor taxa de digestão do

amido e, conseqüentemente, menores respostas glicêmicas e insulinêmicas (HU, et .al.,

2004). Porém, as proteínas do arroz não têm a habilidade de formar a rede necessária para

reter o gás produzido na fermentação durante a panificação. Assim sendo, para imitar as

propriedades viscoelásticas do glúten, são utilizados os hidrocolóides, como a goma

xantana, para diminuir a diferença de produtos com farinha de trigo dos com outras

farinhas sem glúten e, assim elaborar produtos de qualidade aceitáveis.

A xantana é um polímero que, quando dissolvido ou disperso em água, forma

soluções ou dispersões viscosas com propriedades de emulsificação, suspensão,

estabilização e floculação, formando uma rede semelhante a do glúten, e mantendo estas

características em uma ampla faixa de pH e temperatura.

A partir disso foram elaborados bolo inglês em diferentes proporções de farinha de

arroz e farinha de trigo, testando a utilização da xantana, objetivando avaliar o efeito da

Page 207: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

farinha de arroz e da goma xantana para substituir a farinha de trigo em bolo inglês,

avaliando-se os rendimentos e características do miolo.

Na produção de bolo inglês foram elaboradas 13 formulações de 250g cada, as

quais possuem diferentes percentagens de farinha de trigo, arroz e xantana, como

apresentado na tab 1.

Tabela 1. Porporções (%) de farinha de trigo, farinha de arroz e xantana na elaboração de bolo inglês

Formulação Farinha de arroz Farinha de trigo Xantana F1 50 50 0 F2 50 50 0,5 F3 60 40 0 F4 60 40 0,5 F5 70 30 0 F6 70 30 0,5 F7 80 20 0 F8 80 20 0,5 F9 90 10 0 F10 90 10 0,5 F11 100 0 0 F12 100 0 0,5 F13 0 100 0

Para elaboração dos bolos das formulações descritas na tab. 1, ainda foram

adicionados, como ingredientes, açúcar cristal, manteiga, fermento químico, ovos e leite. O

seu preparo teve início na obtenção de um creme, resultante da homogeneização da

manteiga com o açúcar e, após, colocou-se os ovos e o leite aos poucos e sendo depois

adicionada a farinha, o fermento e a xantana ou não, homogeneizando-os. A massa foi

deixada em repouso por 30 min; após este período, bateu-se bem a massa formada, a qual

foi colocada nas forminhas e assada em forno a 170–180°C por 35–40min. Cada

formulação de 250 g de farinha rendeu 7 bolos. Posteriormente, verificou-se o rendimento

através da pesagem e do volume obtido pelo deslocamento de sementes (painço),

calculando o volume específico (cm3.g

-1). Também se avaliou as características do miolo

dos bolos através de scanner da marca HP, visualizando por microfilmagem o tamanho e

formato dos alvéolos.

A tab. 2 apresenta o volume, o peso e o volume específico das 13 formulações de

bolo inglês elaborados com farinha de trigo e arroz com o uso ou não de xantana.

Tabela 2. Rendimentos de bolo inglês elaborados com farinha de trigo e arroz, com o uso

ou não de xantana

Formulação Volume (cm3) Peso (g) Volume específico(cm

3.g

-1)

F1 1150 b 607,32 c 1.893 ab

F2 1180 b 632,81 b 1.864 c

F3 1100 b 612,43 b 1.796 d

F4 1170 b 643,27 a 1.818 d

F5 1200 b 649,8 a 1.846 c

F6 1150 b 644,97 a 1.783 d

F7 1100 b 640,51 ab 1.717 d

F8 1150 b 627,81 b 1.831 c

F9 1200 b 637,01 b 1.883 b

F10 1220 ab 640,69 ab 1.904 a

Page 208: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

F11 1100 b 635,41 b 1.731 e

F12 1180 b 644,74 a 1.830 c

F13 1260 a 629,78 b 2.000 a

Diante dos dados da Tab. 2, pode-se observar que o volume específico dos bolos

aumentou sutilmente à medida que foi substituída a farinha de trigo por farinha de arroz

com adição de xantana. A substituição de 90 % de farinha de trigo por farinha de arroz

adicionando-se xantana (F10), não apresentou significância estatística comparado ao bolo

com 100% de farinha de trigo (F13). Este fato indica que a farinha de arroz com a utilização

de xantana não provoca prejuízos no rendimento dos bolos.

Visualmente pode-se observar na Fig. 1 que o bolo inglês com 100% de farinha de

arroz (F11) apresentou uma compactação nos alvéolos, enquanto que o bolo com 90% de

farinha de arroz e xantana (F10) apresentou alvéolos semelhantes ao bolo com farinha de

trigo (F13). Este fato indica que a xantana auxiliou na formação de uma rede semelhante

ao glúten para aprisionar o ar na massa até a completa coagulação das proteínas, durante

a cocção, para a formação da estrutura do bolo.

A B C

Figura 1. Microfilmagem da estrutura interna de bolo inglês com 100% de farinha de arroz

(A), 90% de farinha de arroz com xantana (B) e 100% de farinha de trigo (C).

Concluí-se que a substituição de até 90% de farinha de trigo por farinha de arroz e

a adição de xantana em bolo inglês torna-se uma alternativa viável para o aumento de

consumo de produtos de arroz, além do consumo de um alimento com menor resposta

glicêmica e insulinêmica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ACELBRA. Disponível em <http://www.acelbra.org.br/2004/index.php> Acesso em 25 abr.

2007.

ALMEIDA, D.F.O. Padeiro e confeiteiro. Canoas: Editora da Ulbra, 1998. 202p.

ELIAS, M. C. Qualidade de arroz na pós-colheita. Pelotas: Abrapós/UFPel, 2005. 660p.

HOSENEY, R. C. Principios de ciencia y tecnologia de los cereales. Zaragoza: Editorial

Acribia, SA. 1991. 321p.

Agradecimentos: CNPq

B

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EFEITO DA ADIÇÃO DE GORDURA E DA FRITURA NA COCÇÃO DO ARROZ

SILVA, P.M.¹, BRESOLIN, R¹. GULARTE, M.A.¹, ¹Curso de Química de Alimentos, Departamento de Ciência dos Alimentos, UFPel. [email protected].

O arroz é umas das principais culturas do Rio Grande do Sul, produzindo 60% do total da produção Brasileira. Produzido em grande quantidade, sempre está à mesa dos brasileiros.

O arroz é um alimento importante pelo seu valor nutritivo e também muito versátil, proporcionando deliciosos pratos principais e imaginativos acompanhamentos. Nele está presente o amido, que é uma ótima fonte de energia (Elias, 2005).

O consumidor brasileiro prefere arroz com grãos secos e soltos após o cozimento e que permaneçam macios quando reaquecidos.

O arroz no sul do país costuma ser aquecido em óleo de soja (frito) para conferir mais brilho e sabor, além de aumentar a soltabilidade dos grãos.

O objetivo do trabalho foi verificar a influência do óleo de soja e da fritura dos grãos de arroz nos rendimentos de cocção e nas características sensoriais.

Foram utilizados grãos de arroz branco polido comercial e óleo de soja na proporção de 1,25mL/100g (óleo:arroz). A fritura dos grãos antes de colocar água para cocção foi de 2 minutos.

A análise de rendimento gravimétrico, volumétrico e absorção de água seguiu a metodologia de Gularte (2005) com cocção de 35 gramas de grãos de arroz em proporção 2:1 (água:arroz), por 15 minutos.

A análise sensorial foi realizada no Laboratório de Análise Sensorial, UFPel, onde 10 julgadores treinados avaliaram a soltabilidade, firmeza e brilho do arroz cozido, através do Teste de Avaliação de Atributos com uma escala não estruturada de 9cm (Gularte, 2002; Gularte, 2005).

A soltabilidade dos grãos cozidos, também foi avaliada pelo método “cup rice”, em que é medido o grau de coesão dos grãos.

Na absorção de água as amostras que mostraram maior discrepância em relação às outras foi com óleo de soja e fritura (Fig. 1). A gordura adicionada no cozimento de arroz afeta a absorção de água dos grãos. Este fato pode ser elucidado devido ao caráter hidrofóbico da gordura e a formação do complexo amido-lipídio, dificultando a hidratação da amilose do amido e, assim, diminuindo a quantidade de água absorvida pelos grãos, conseqüentemente ocorrendo menores rendimentos.

170

220

270

320

Abs água Rend. Vol Rend. Grav

Sem óleo e sem fritura Com óleo e frituraCom óleo e sem fritura Sem óleo e fritura

Figura 1. Rendimento volumétrico, gravimétrico e absorção de água de arroz branco com adição de óleo e fritura na cocção.

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Em relação ao rendimento gravimétrico, as amostras que apresentaram maiores médias foram sem a adição de óleo de soja. E o rendimento volumétrico apresentou o mesmo comportamento.

Na figura 2 estão apresentados os resultados da análise sensorial das amostras de arroz e pode-se observar que somente no atributo brilho ocorreu diferença significativa entre as amostras.

Na análise de soltabilidade, a amostra que apresentou a maior média foi a com óleo e sem fritura. A cocção facilita a desestruturação dos grãos, provocando deformações que favorecem a adesividade, sendo estas deformações dificultadas pela gordura adicionada que age como lubrificante e como uma camada superficial hidrofílica para que os grãos não grudem.

Para o atributo firmeza a amostra que apresentou maior valor médio foi com óleo e fritura, pois esta consolida a estrutura externa dos grãos, aumentando sua rigidez, formando uma camada superficial endurecida ao redor do grão.

Na análise do brilho, a amostra que apresentou maior média foi a com óleo e sem fritura. O óleo faz com que aumente o brilho, pois deixa a gordura ao redor dos grãos, fazendo com que permaneça brilhoso.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Soltabilidade Firmeza Brilho

Sem óleo - sem fritura Com óleo e fritura

Com óleo e sem fritura Sem óleo e fritura

Figura 2. Análise sensorial de arroz branco com adição de óleo e fritura na cocção. No teste cup rice os resultados apresentaram que a adição de óleo e fritura dos

grãos aumentou a soltabilidade. Comportamento semelhante foi encontrado na avaliação sensorial, onde a soltabilidade e a firmeza dos grãos de arroz aumentaram com a adição de óleo e fritura.

Diante dos resultados pode-se concluir que a adição do óleo e da fritura provoca reduções de rendimentos e da qualidade sensorial no arroz branco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ELIAS, M.C. Qualidade de arroz na pós-colheita. Pelotas: Abrapós/UFPel, 2005. 660p. GULARTE, M.A. Manual de Análise Sensorial de Alimentos. Pelotas: UFPEL, 2002. GULARTE, M.A. Metodologia analítica e características tecnológicas e de consumo na qualidade do arroz. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) Pelotas: UFPel, 2005. 95p.

a a

a a a a

a

a

a

b ab ab

Page 211: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

INFLUÊNCIA DO RENDIMENTO DO ARROZ COZIDO NA SOLTABILIDADE DOS GRÃOS

SILVA, P.M¹, BRESOLIN, R.¹, GULARTE, M.A.¹, ¹Universidade Federal de Pelotas.

Curso de Química de Alimentos, Departamento de Ciência dos Alimentos, UFPel. [email protected].

O arroz é um dos pratos mais consumidos no Brasil, porque além de ser um produto barato e apresentar um grande rendimento é também um produto relativamente fácil de preparar. Entretanto, apesar de ser um dos produtos de baixo custo da cesta básica, o brasileiro não deixa de exigir um arroz que, após o cozimento, apresente-se solto.

A soltabilidade dos grãos de arroz é medida pela força mecânica de coesão, onde os grãos podem apresentar-se totalmente soltos até muito grudados, formando uma massa. A coesão dos grãos na cocção decorre, dentre outros fatores, das propriedades das substâncias lixiviadas na fase de hidratação que ocorre no cozimento. A cocção facilita a desestruturação dos grãos, provocando deformações que favorecem a desagregação e a adesividade, sendo estas deformações dificultadas pela falta de água para o cozimento dos grãos ou muito facilitada pelo excesso de água (GULARTE, 2005).

Quando à temperatura de cozimento do amido, componente majoritário do arroz, supera o limite de gelatinização, as pontes de hidrogênio são rompidas, as moléculas de água se ligam aos grupos hidroxila liberados e os grânulos continuam se expandindo. A fácil difusão de água na região central do grão que é menos organizada, facilita o inchamento dos grânulos levando ao rompimento da região cristalina e facilitando a entrada de mais água, fazendo o grânulo romper-se e perder a birrefringência. Porém, segundo Gularte (2005) os grãos de arroz apresentam uma limitação de absorção, acima da qual a água adicionada não é mais absorvida.

Neste processo de cozimento, em que ocorre a difusão de água para o interior do grão de arroz, podem ser utilizadas duas formas de expressão para água absorvida: rendimento gravimétrico ou absorção de água. Enquanto o rendimento gravimétrico expressa uma relação percentual de arroz cozido e cru (Pf/Pi) a absorção de água expressa a diferença entre esses pesos (Pf – Pi).

O objetivo do trabalho foi avaliar a influência do rendimento gravimétrico e absorção de água na soltabilidade dos grãos cozidos de arroz produzidos no Rio Grande do Sul. A avaliação de rendimento gravimétrico e absorção de água seguiu a metodologia de Gularte (2005) com cocção de 35 gramas de grãos de arroz em proporção de 1,8:1, 2:1 e 2,2:1 (água:arroz, v/v), por 15 minutos. A análise sensorial foi realizada no Laboratório de Análise Sensorial, UFPel, onde 12 julgadores avaliaram a soltabilidade do arroz cozido, através de uma escala não estruturada de 9cm (0cm= pastoso à 9cm= grãos bem separados), de acordo com Gularte (2002).

Na tab. 1 estão apresentados os dados médios de três repetições das avaliações de rendimento gravimétrico, absorção de água e soltabilidade. Pode-se observar que, à medida em que aumenta o rendimento, diminui a soltabilidade entre os grãos, indicando que quanto mais os grãos absorvem água, mais “grudados” se tornam.

No entanto, o ponto ótimo de absorção de água pelo grãos ocorreu na proporção de 2:1, ou seja, 2 medidas de água para 1 medida de arroz. Na proporção de 2,2:1 observou-se que os grãos absorveram até o seu limite e a água em excesso ficou sobrando no recipiente em que foram cozidos.

Page 212: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Tabela 1. Rendimentos e soltabilidade de arroz cozido

Proporção arroz:água (v/v)

Rendimento gravimétrico (%)

Absorção de água (%) Soltabilidade (cm)

1,8:1 271 c 171 c 4,10 a 2:1 310 b 210 b 3,48 b

2,2:1 335 a 235 a 3,07 c

Médias com letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Pode-se concluir, através das análises, que quanto maior a absorção de água dos

grãos maior são seus rendimentos e menor é a soltabilidade desses grãos de arroz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ELIAS, M.C. Qualidade de arroz na pós-colheita. Pelotas: Abrapós/UFPel, 2005. 660p. GULARTE, M.A. Manual de Análise Sensorial de Alimentos. Pelotas: UFPEL, 2002. GULARTE, M.A. Metodologia analítica e características tecnológicas e de consumo na qualidade do arroz. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) Pelotas: UFPel, 2005. 95p. FRANCO, C.M.L. Propriedades gerais do amido. Vol.1. Editora: Fundação Cargill. São Paulo, SP.

Page 213: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

EFEITOS DO GRAU DE GELATINIZAÇÃO SOBRE PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS

DE ARROZ PARBOILIZADO

Moacir Cardoso Elias1,

Flávio Manetti Pereira; Gustavo Cella, Alberto Conceição da Cunha Neto; Dejalmo Nolasco Prestes, Diego Hohlz Prestes Gilberto Wageck Amato. Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”. Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos - Pólo de Alimentos da Região Sul, CPGCTA. Campus Universitário, Cx. P. 354, Pelotas, RS, Brasil, CEP 96.010-900. [email protected]

No processo de parboilização, antes do descascamento, a umidade dos grãos é

aumentada até valores próximos a 30% por imersão em água quente em temperatura e tempo de operação definidos em função das características do arroz, as quais dependem do cultivar, das condições de cultivo, do tempo e das condições de armazenamento (Gutkoski, 1991; Elias, 1998).

Durante a parboilização do arroz ocorre a gelatinização do amido, que pode ser caracterizada por uma endoterma obtida por calorimetria diferencial de varredura (DSC), pela perda da birrefringência, observada em microscopia de luz polarizada pelo desaparecimento da cristalinidade evidenciada pela difração de raio X. Além das transformações irreversíveis, há um número elevado de novas interações moleculares. Amido, proteínas, água e outros constituintes, incluindo açúcares de cadeias menores, competem interativamente com cada um dos outros constituintes, afetando com isso as propriedades de gelatinização (Spies e Hoseney 1982).

Embora a gelatinização do amido ocorra através dessas complexas interações, o fator principal neste sistema é a interação da água com os grânulos de amido (Kim e Cornillon, 2001). Durante o aquecimento em água, os grânulos de amido intumescem e parte da amilose é lixiviada para fora do grânulo (Calixto, 1999), ocorrendo uma transformação física do amido da forma cristalina em amorfa.

Após atingir a umidade adequada, o arroz passa para a etapa de autoclavagem aonde vai se completar a gelatinização iniciada ainda nos tanques de encharcamento. Algumas indústrias do setor localizadas principalmente no estado de Santa Catarina utilizam estufas nessa fase do processo, promovendo gelatinização e secagem ao mesmo tempo. As indústrias que possuem o selo de qualidade da Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado (ABIAP) utilizam exclusivamente autoclave para gelatinização, sendo esse uso uma exigência do Selo de Qualidade (ABIAP, 2007) conferido pela Associação em Convênio com a Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), através do Laboratório de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial (DCTA) da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM).

Objetivou-se, com o estudo, avaliar efeitos do grau de gelatinização dos grãos sobre características físicas e tecnológicas, que influenciam em sua qualidade de consumo. Para sua realização foram utilizados grãos de arroz parboilizado comercial, classe de grão longo fino, agulhinha, produzidos no sul do Brasil. Foram coletadas aleatoriamente amostras de arroz parboilizado produzidas por oito indústrias do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, entre não detentoras e detentoras do Selo de Qualidade da ABIAP, sorteadas entre as vinte maiores do Brasil. Todas as análises foram realizadas no Laboratório de Pós-Colheita e Qualidade de Grãos no DCTA-FAEM-UFPEL.

O grau de gelatinização foi determinado de acordo com o método descrito no Boletim Técnico Nº 5 da CIENTEC, baseado no princípio da luz polarizada, onde esta incide sobre uma placa polarizada, produzindo uma luz emergente plano-polarizada (AMATO et al., 1991). O grau branquimétrico foi avaliado através do branquímetro Zaccaria. As propriedades viscoamilográficas do arroz foram determinadas utilizando o analisador rápido de viscosidade Rapid Visco Analyser (RVA) (N.S., 1995), a partir de

Page 214: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

profiles para arroz parboilizado. A quantidade de 3g foi ajustada para 12% de umidade e a viscosidade medida foi expressa em milipascal (mPa).

Na Tabela 1 e Figuras 1, 2 e 3 são apresentados parâmetros viscoamilográficos de grãos de arroz parboilizado, classificados em três graus de gelatinização.

Figura 1 – Perfil viscoamilográfico de grãos com até 1/3 da cariopse gelatinizada.

Figura 2 – Perfil viscoamilográfico de grãos entre 1/3 e 2/3 da cariopse gelatinizada.

Figura 3 – Perfil viscoamilográfico de grãos com mais de 2/3 da cariopse gelatinizada.

Tabela 1 – Parâmetros viscoamilográficos (cP) de grãos parboilizados classificados em três graus de gelatinização

Grau de Gelatinização Vmax Vmin Vf Dv Rv

≤ 1/3 1028,70a 1023,66a 1405,80a 5,02a 382,18a

> 1/3 e < 2/3 705,50b 698,32b 893,20b 7,18a 194,86b

≥ 2/3 353,50c 345,52c 465,34c 7,98a 119,82b

Médias aritméticas simples de três repetições, acompanhadas por letras diferentes minúsculas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

0

600

1200

1800

2400

40

60

80

100

0 0 3 6 9 12 15 15

Tempo (min)

Vis

cosi

dad

e (c

P)

Tem

p (

ºC)

Vmax = 353,50

VFinal = 465.30

Temperatura

0

600

1200

1800

2400

40

60

80

100

0 0 3 6 9 12 15 15

Tempo (min)

Vis

cosi

dad

e (c

P)

Tem

p (

ºC)

Vmax = 705.50

VFinal = 893.20

Temperatura

0

600

1200

1800

2400

40

60

80

100

0 0 3 6 9 12 15 15

Tempo (min)

Vis

cosi

dad

e (

cP)

Tem

p (

ºC)

Vmax = 1028.70

VFinal = 1405,80

Temperatura

Page 215: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Os parâmetros viscoamilográficos de arroz parboilizado são influenciados

diretamente pelo grau de gelatinização, conforme pode ser observado na Tabela 1 e Figuras 1, 2 e 3. Quanto mais drástico for o processo de parboilização, ou seja, quanto maior for o grau de gelatinização do amido do arroz, menores são os valores de viscosidade máxima, mínima e final.

O grão de arroz com menor grau de gelatinização, que se assemelha ao arroz branco, quando comparado ao grão mais gelatinizado, possui no seu interior maior quantidade de amilose não gelatinizada, que permite uma melhor absorção de água no mesmo tempo, com isso o pico de viscosidade, ou viscosidade máxima é maior. Da mesma forma quando ocorre o resfriamento a capacidade de retrogradação do amido com menor grau de gelatinização é maior, pois como não sofreu uma gelatinização prévia, devido a uma parboilização desuniforme ou deficiente, esse amido possui uma maior capacidade de formação de pontes de hidrogênio e conseqüentemente uma reestruturação, possibilitando assim uma viscosidade final superior.

Na Tabela 2 aparecem medidas associadas ao grau branquimétrico, que é uma medida utilizada para avaliar e padronizar o beneficiamento industrial, através da medida do polimento pode-se fazer a regulagem do processo. Observa-se que os grãos com maior grau de gelatinização apresentam valores inferiores de brancura, transparência e polimento, devido à severidade do processo de parboilização que esses grãos sofreram.

Tabela 2 – Grau branquimétrico de grãos parboilizados classificados em três graus de gelatinização

Grau de Gelatinização BR TR POL

≤ 1/3 24,37a 3,23a 27,00a

> 1/3 e < 2/3 23,57a 3,18a 23,83a

≥ 2/3 22,1b 2,49b 13,33b

Médias aritméticas simples de três repetições, acompanhadas por letras diferentes minúsculas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

REFERÊNCIAS

ABIAP - Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado. Disponível em www.abiap.com.br. Acesso em 2007. AMATO, G.W.; SILVEIRA FILHO, S.; SCHIRMER, M. A. Parboilização de Arroz no Brasil. Porto Alegre: CIENTEC, 1991. 91p. CALIXTO F. Assessment of some parameters involved in gelatinization and retrogration of starch. Food Chemistry, v. 66, p. 181-187, 1999. ELIAS, M. C. Efeitos da espera para secagem e do tempo de armazenamento na qualidade das sementes e grãos do arroz irrigado. Pelotas, 1998. 164p. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) – Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, UFPel, 1998. GUTKOSKI, L.C. Efeitos das condições de maceração e de autoclavagem na qualidade industrial e comercial dos grãos de arroz (Oryza sativa, L.) parboilizados. Pelotas, UFPEL, 1991. 122p. (Dissertação de Mestrado). KIM, Y.; CORNILLON, P. Effects of temperature and mixing time on molecular mobility in wheat dough. Lebens.-Wiss. u.-Technol, v. 34, p. 417-423, 2001. NS - NEWPORT SCIENTIFIC Pty. Ltd. Operation Manual for the Series 4 Rapid Visco Analyser. Australia: Instrument Support Group, 1995. SPIES, R.D.; HOSENEY, R.C. Efect of sugars on starch gelatinization. Cereal Chemistry, v. 59, p. 128-131, 1982. Agradecimentos ao CNPq, à CAPES, à SCT-RS (Pólos Tecnológicos) e ABIAP.

Page 216: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

CORRELAÇÃO ENTRE VISCOSIDADE FINAL DAS CURVAS VISCOAMILOGRÁFICAS E OS TEORES DE AMILOSE DE FARINHAS DE

ARROZ POLIDO Pablo Daniel Freitas Bueno, Cátia Regina Storck, Mário Satte Alan Neto, Fernanda Scheunemann Sacchet, Moacir Cardoso Elias, Manoel Artigas Schirmer Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos. Campus Universitário da UFPEL, Caixa Postal 354, CEP 960.010-900. E-mail: [email protected]

No beneficiamento industrial há uma parcela de grãos que quebra, gerando três frações: os quebrados grandes ou canjicões, os quebrados médios ou canjicas, e os quebrados pequenos ou quireras. O beneficiamento convencional de industrialização de arroz branco polido, que representa cerca de 70% da produção e do consumo nacional, é o método que apresenta maiores percentuais de grãos quebrados durante o processamento.

O baixo valor comercial de grãos quebrados faz com que a indústria e os órgãos de pesquisa se voltem para a busca de uma utilização de maior importância econômica e comercial para os grãos quebrados durante o beneficiamento. É o que se denomina agregação de valor, transformando um subproduto em produto nobre, como insumo para a fabricação de outro produto.

Uma alternativa possível é a utilização dos grãos quebrados na produção de farinha de arroz e, nesse caso, sua viscosidade tem grande importância.

As propriedades viscoamilográficas das farinhas de arroz têm sido associadas à relação amilose/amilopectina do amido e, recentemente, a outros componentes do grão. Alguns dos componentes que afetam tais propriedades são fósforo (LIN; CZUCHAJOWSCA, 2000), proteínas (TEO et al., 2000), e comprimentos das cadeias unitárias de amilopectina, as quais podem apresentar uma miríade de variações estruturais, como o grau de ramificação, comprimento das cadeias de ramificação e estrutura coloidal.

Estudos recentes sugerem que as proteínas podem interferir na determinação das propriedades viscoamilográficas e de textura. Lim et. al. (1999) reportam que a redução do conteúdo de proteínas na farinha de arroz aumenta o pico de viscosidade. Esse fato foi também relatado por Tan e Corke (2002), que propuseram ter o conteúdo de proteína se correlacionado negativamente com o pico de viscosidade. Entretanto, Lyon et al. (2000) encontraram que o conteúdo de proteína era negativamente correlacionado com a adesividade do arroz cozido.

O componente do arroz que apresenta a segunda maior concentração é a proteína. A fração protéica do arroz consiste principalmente de proteínas de reserva, a glutelina chamada de orizina (CHRASTIL, 1990). Outras proteínas incluem albuminas, globulinas e prolaminas, porém o papel destas na determinação das propriedades reológicas ainda não é totalmente entendido.

Martin e Fitzgerald (2002) observaram durante ensaio viscoamilográfico de arroz, que tratando a sua farinha previamente ao ensaio com protease ocorria uma queda drástica na curva de viscosidade, demonstrando a contribuição da proteína na manutenção da estrutura dos grânulos de amido e o quanto seu teor afeta o seu perfil reológico. Também observaram que as proteínas influenciam as curvas de viscosidade, através da ligação com a água disponível, o que causa um aumento das fases dispersa e viscosa do amido gelatinizado. Entender como as proteínas afetam a curva de viscosidade é o primeiro passo para garantir que a sua contribuição possa ser medida e para compreender os fundamentos das correlações entre proteínas e curva de viscosidade.

O objetivo deste trabalho foi estudar efeitos do teor de amilose e da adição da enzima proteolítica e sua correlação com a viscosidade final de farinhas de arroz beneficiado pelo processo convencional de industrialização de grãos brancos polidos.

Page 217: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Para a realização do trabalho, foram utilizadas quatro amostras de arroz com diferentes teores de amilose (“ceroso”, baixo, médio, alto) pertencentes à coleção do Laboratório de Pós Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) As farinhas de arroz foram obtidas através do processo de moagem em moinho de laboratório (Perten Instruments) de amostras previamente descascadas e polidas em engenho de provas Zaccaria, Foram avaliados os teores de amilose (JULIANO, 1971), sendo a determinação das propriedades viscoamilográficas das farinhas de arroz polido feitas com utilização do Rapid Visco Analyser (N.S., 1995) onde as amostras foram analisadas através do padrão Newport Scientific rice profile, em triplicata, sendo avaliadas com a adição de enzima proteolítica na concentração de 1%p/p e sem adição.

Os resultados foram analisados pela Análise de Variância (ANOVA). As médias foram avaliadas pelo teste de Tukey a 5% de significância e análise de correlação, onde foram obtidos os coeficientes de correlação (r) entre o teor de amilose e a viscosidade final, utilizando-se o software Statistica 6.0 for Windows.

Na Tabela 1 são apresentados os diferentes teores de amilose para as farinhas de arroz polido estudadas, enquanto na Tabela 2 são mostrados efeitos da adição de enzima proteolítica na concentração de 1%p/p sobre a viscosidade final de amostras com diferentes teores de amilose.

Tabela 1. Teor de amilose para as diferentes faixas de teores de amilose das cultivares de arroz polido

Faixa de amilose Teor de amilose (%) “ceroso” 8,04d

Baixa 21,5c Média 25,45b Alta 29,49a

* Letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença significativa a 5% entre as médias de três repetições. Tabela 2. Viscosidade final para cada cultivar com e sem a adição de protease

Viscosidade Final Cultivar Sem adição de protease Com adição de protease

“ceroso” 996,33a 434,50b

Baixa 2920,3a 2136,5b

Média 3616,3a 2880,0b

Alta 6334,7a 4537,0b

*Letras diferentes, para uma mesma cultivar, indicam diferença significativa ao nível de 5% entre as viscosidades finais.

Pode-se observar pela análise dos dados da Tabela 2 que, para amostras da mesma faixa de amilose, a viscosidade final difere significativamente, ao nível de 95% de confiança, após a adição de protease. Este fato está de acordo com relatos de Derycke et al. (2005), que demonstraram haver decréscimo da viscosidade ao longo de todos os pontos da curva quando a farinha de arroz é tratada com protease.

Na Tabela 3 aparecem os coeficientes de correlação (r) entre os teores de amilose e a viscosidade final obtidas para as diferentes amostras com adição da enzima proteolítica e sem ela.

Page 218: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Tabela 3. Coeficientes de correlação (r) entre o teor de amilose e a viscosidade final das curvas viscoamilográficas com a adição de protease e sem adição

Observa-se, pela análise dos dados da Tabela 3, que o coeficiente de correlação é

maior para as farinhas de arroz polido tratadas com protease. Os resultados (Tabelas 1, 2 e 3) indicam que, independentemente do teor de

amilose, a adição de protease, promove um decréscimo significativo na viscosidade final da farinha de arroz, suprimindo o efeito da proteína neste ensaio e melhorando o coeficiente de correlação entre os teores de amilose e a viscosidade final. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AACC – AMERICAN ASSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS. Aproved methods of the American Association of Cereal Chemists. 9ª ed. St Paul, 1995. CHAMPAGNE, E. T.; BETT, K. L.; VINYARD, B.T.; MCCLUNG, A.M.; BARTON II, F.E.; MOLDENHAUER, K.; LINSCOMBE, S.; MCKENZIE, K. Correlation Between Cooked Rice Texture and Rapid Visco Analyser. Cereal Chemistry, v.76, p.764-771, 1999 CHRASTIL, J. Protein-starch interactions in rice grains. Influence of storage on oryzenin and starch. Journal of Agricultural Food Chemistry, v.38, p.1804-1809, 1990. DERICKE, V.; VERAVERBEKE, W.S.; VANDEPUTTE, G.E.; DE MAN, W.; HOSENEY, R.C.; DELEOUR, J.A. Impact of Proteins and Cooking Properties of Nonparboiled and Parboiled Rice. Cereal Chemistry, v.82, p.468-474, 2005. JULIANO, B.O. A simplified assay for milled rice amylose. Cereal Sci Today., v.16, p.334-340, 1971. LAMBERT, L.; BIE, E.D.; VANDEPUTTE, G.E.; VERAVERBEKE, W.S.;DERYCKE, V.; MAN, W.; DELCOUR, J.A. Effect of milling on color and nutritional properties of rice. Food Chemistry, , v.100, p.1496-1503, 2007. LIM, H.S.; LEE, J.H.; SHIN, D.H.; LIM, H.S. Comparison of protein extraction solutions for rice starch isolation and effects of residual protein content on starch pasting process. Starch/Stärke, v.51, p.120-125, 1999. LIN, P. Y.; CZUCHAJOWSKA, Z. Role of phosphorous in viscosity, gelatinization and retrogradation of starch. Cereal Chemistry, v.75, p.705-709, 2000. LYON, B.G.; CHAMPAGNE, E.T.; VINYARD, B.T.; WINDHAM, W.R. Sensory and instrumental relationships pf texture of cooked rice from selected cultivars and postharvest handling practices. Cereal Chemistry, v.77, p.64-69, 2000. MARTIN, M.; FITZGERALD, M. A. Proteins in rice grains influence cooking properties! Journal of Cereal Science¸ v.36, p.285-294, 2002. MEADOWS, F. Pasting properties in rice flour using Rapid Visco Analyser curves and first derivatives. Cereal Chemistry, v.79, p.559-562, 2002. N.S. - Newport Scientific, 1995. TAN, Y.; CORKE, H. Factor analysis of physiochemical properties of 63 rice varieties. Journal of the Science of Food And Agriculture., v.82, p.745-752, 2002. TEO, C. H.; KARIM, A. A.; CHEAH, P. B.; NORZIAH, M. H.; SEOW, C. C. On the roles of protein and starch in the aging of non-waxy rice flour. Food Chemistry, v.69, p.229-236, 2000. Agradecimentos: IRGA, SINDAPEL, CNPq, CAPES, SCT-RS, PÓLO DE ALIMENTOS E ZACCARIA EQUIPAMENTOS.

Amostra Coeficiente de Correlação (r) Sem adição de Protease 0,91657 b Com adição de Protease 0,95789 a

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CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE MISTURAS DE FARINHAS DE TRIGO, ARROZ E SOJA

Ana Paula do Sacramento Wally; Nathan Levien Vanier; Gilberto Arcanjo Fagundes; Fernanda Neves; Álvaro Renato Guerra Dias; Moacir Cardoso Elias. Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos. Campus Universitário da UFPEL, Caixa Postal 354, CEP 960.010-900. E-mail: [email protected]

O emprego de farinhas sucedâneas em panificação tem sido uma alternativa de indústrias e órgãos de pesquisa com a finalidade de proporcionar melhorias nutricionais nos produtos que as contêm, isto porque muitas farinhas sucedâneas apresentam desempenhos nutricionais superiores à farinha de trigo. O conhecimento detalhado de características químicas, tecnológicas e nutricionais destas farinhas auxilia na escolha e elaboração de produtos panificáveis. Desta forma, objetivou-se caracterizar as farinhas de trigo, arroz e soja desengordurada, bem como misturas de ambas as farinhas.

Foram elaboradas farinhas mistas de trigo, arroz e soja provenientes das misturas de farinhas de arroz e soja desengordurada nas proporções de 90:10, 80:20 e 60:40 respectivamente que substituíram em 10, 20, 30, 40 e 50% a farinha de trigo.

A caracterização química das farinhas de trigo, arroz e soja, bem como das misturas foi realizada através das análises de umidade, cinzas, gordura, proteínas e fibras de acordo com a AACC (2000). O teor de carboidratos foi avaliado de acordo com o método da AOAC (1994).

Na tabela 1 são apresentadas as composições químicas das farinhas de trigo, arroz e soja desengordurada utilizadas para elaboração das farinhas mistas.

Tabela 1. Composição química (%) das farinhas de trigo, arroz e soja desengordurada.

Farinha Proteína Lipídeos Cinzas Fibras Carboidratos Umidade

Trigo 10,32 b 3,73 a 0,52 b 0,23 b 72,05 b 13,08 a Arroz 6,42 c 2,76 b 0,35 b 0,50 b 78,53 a 11,94 b

Soja desg. 44,26 a 2,63 b 5,52 a 5,52 a 39,54 c 8,05 c Médias de três repetições, expressas em base úmida, seguidas por letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Tukey (p < 0,05).

Como pode ser observado na tabela 1, a farinha de soja desengordurada

apresentou maior teor de proteína do que as farinhas de trigo e arroz. Os valores encontrados estão de acordo com a legislação (ANVISA, 2007), onde as farinhas de arroz e soja desengordurada devem apresentar, respectivamente, teores protéicos mínimos de 6,0% e 30,0%. Para a farinha de trigo o teor protéico não é especificado.

A farinha de trigo apresentou o maior teor de lipídeos, seguido das farinhas de arroz e soja desengordurada, respectivamente. O menor teor observado para a soja desengordurada é conseqüência do método industrial de extração do óleo, que resulta em farelo com teores lipídicos próximos a 1% (ELIAS, 2004).

O teor de cinzas encontrado na farinha de soja desengordurada foi significativamente maior do que os encontrados nas farinhas de trigo e arroz. Este fato decorre da extração do óleo ter ocorrido com grãos não descascados (ELIAS, 2004), pois nas cascas ocorrem os maiores teores proporcionais de minerais. O teor de cinzas para a farinha de trigo está de acordo com os observados por Junior et al. (2006), enquanto a farinha de arroz apresenta teores inferiores aos encontrados por Tredus et al. (2001), cujo percentual (b.u.) foi de 0,74.

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Os valores de umidade encontrados para as farinhas estão de acordo com as exigências da legislação, que especifica umidade de 13,0% para as farinhas de trigo e arroz e de 8% para a farinha de soja desengordurada (BRASIL, 1978). Os teores de carboidrato decrescem respectivamente para as farinhas de arroz, trigo e soja desengordurada, refletindo o método em que foram avaliadas.

Na Tabela 2 são apresentados em base úmida, os teores de proteína, lipídeos, cinzas, fibras, carboidratos e umidade das farinhas mistas.

Tabela 2. Composição química das farinhas mistas.

Proporção

arroz:soja Proteínas Lipídeos Cinzas Fibras Carboidratos Umidade

10% de substituição 9A:1S 10,31 j 3,63 a 0,55 ef 0,40 g 71,25 ac 13,85 a

8A:2S 10,25 l 3,60 a 0,55 ef 0,40 g 70,81bc 13,72 abc

6A:4S 11,45 g 3,63 a 0,71 de 0,84 ef 69,60 d 13,78 a

20% de substituição

9A:1S 10,3 l 3,53 a 0,59 d 0,58 fg 71,39 a 13,71 ac

8A:2S 11,05 i 3,53 a 0,69 d 0,86 ef 70,29 b 13,57 bc

6A:4S 12,57 d 3,53 a 0,90 d 1,44 de 68,08 d 13,49 b

30% de substituição

9A:1S 10,29 l 3,44 a 0,62 ef 0,75 f 71,54 a 13,37 cd

8A:2S 11,42 h 3,44 a 0,78 d 1,18 e 69,88 bd 13,31cd

6A:4S 13,69 c 3,42 a 1,09 c 2,04 c 66,57 e 13,18 de

40% de substituição

9A:1S 10,27 l 3,34 a 0,66 def 0,92 ef 71,48 a 13,14 de

8A:2S 11,79 f 3,33 a 0,86 d 1,49 e 69,46 d 13,05 de

6A:4S 14,82 b 3,33 a 1,28 b 2,65 b 65,05 f 12,89 ef

50% de substituição

9A:1S 10,26 l 3,24 a 0,69 de 1,09 e 71,82 a 12,90 ef

8A:2S 12,16 e 3,23 a 0,95 cd 1,84 cd 69,05 d 12,80 ef

6A:4S 15,94 a 3,22 a 1,47 a 3,25 a 63,53 g 12,59 f Médias de três repetições, seguidas por letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Tukey (p < 0,05).

Através da Tabela 2, é possível verificar que quanto maior for o percentual de

substituição da farinha de trigo pelas farinhas de arroz e soja desengordurada, maior é o teor de proteínas nas formulações de farinhas mistas e que, à medida que a proporção de farinha de soja aumenta na mistura, o teor protéico nas farinhas mistas é mais acentuado.

Quanto ao conteúdo lipídico das farinhas mistas, foi possível verificar que não houve mudança em seu conteúdo, quando foram adicionadas as farinhas de arroz e soja desengordurada à farinha de trigo.

Em relação ao teor de cinzas, é possível verificar que, à medida que a farinha de soja desengordurada aumenta de proporção nas misturas entre farinha de arroz e soja desengordurada, seu teor aumenta também.

O teor de cinzas de um alimento está relacionado à sua constituição mineral. Na maioria destes alimentos, os minerais encontram-se na periferia dos mesmos. É o caso da farinha de soja desengordurada, proveniente do resíduo sólido do processo de extração do

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óleo, o qual utiliza todo o grão para a extração, ficando assim grande parte das cinzas na farinha.

As fibras estão relacionadas a constituintes encontrados nos alimentos não digeríveis no metabolismo humano que, na maioria das vezes, encontram-se na parte periférica dos alimentos, assim como as cinzas.

Os resultados demonstrados na Tabela 2 apontam mesma tendência ao observado no teor de cinzas das formulações de farinhas mistas, demonstrando que a farinha de soja desengordurada também interferiu consideravelmente nos teores de fibras das formulações de farinhas mistas estudadas.

O teor de carboidratos, diferentemente dos teores de cinzas, fibras e proteínas, diminuiu à medida que foram alteradas as substituições (10, 20, 30, 40 e 50%) da farinha de trigo pelas proporções das farinhas de arroz:soja, assim como também, quando as proporções de farinha de arroz:soja desengordurada foram modificadas. Como os teores de proteínas e cinzas aumentaram e os teores de lipídeos e umidade permaneceram quase que inalterados, proporcionalmente, o teor de carboidratos aumentou.

Conclui-se que a farinha de soja desengordurada, por apresentar maiores teores de proteínas, fibras e cinzas, interferiu significativamente na composição química das farinhas mistas contendo farinha de trigo, arroz e soja desengordurada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AACC, AMERICAN ASSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS. Approved methods of the American Association of Cereal Chemists. 10a ed. St Paul, 2000. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/resol Instrução Normativa nº7, de 15 de agosto de 2000 (ANVISA, 2005). Acesso em: 02/2007 AOAC – Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 12ª ed. Washington, D.C., 1994 BRASIL, Resolução CNNPA nº 14, de 28 de junho de 1978 - Padrão de identidade e qualidade para farinha desengordurada de soja. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. ELIAS, M.C. Óleos, gorduras e sub-produtos protéicos vegetais: Aspectos científicos, nutricionais e tecnológicos. Pólo de Inovação Tecnológica de Alimentos da Região Sul: UFPel, 57 p, 2004 JUNIOR, M. S. S.; OLIVEIRA, W. M.; CALIARI, M.; VERA, R. Otimização da formulação de pães de forma preparados com diferentes proporções de farinha de trigo, féculas de mandioca e okara. Boletim do Centro de Pesquisa e Processamento de Alimentos. v. 24, n. 1, p. 221 – 248, jan./jun., 2006. TREDUS, G de A. S.; ORMENESE, R. de C. C.; SPERANZA, S. M.; CHANG, Y. K.; BUSTOS, F. M. Estudo da adição de vital glúten à farinha de arroz, farinha de aveia e amido de trigo na qualidade de pães. Ciência e Tecnologia de Alimentos. v. 21, n. 1, jan./abr., 2001. Agradecimentos: CNPq, CAPES, SCT-RS, PÓLO DE ALIMENTOS E ZACCARIA EQUIPAMENTOS.

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POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE FARINHA DE ARROZ EM BOLOS

Márcia Arocha Gularte(1), Carla Maria Moita Brites(2), Maria João Trigo(2). ¹Universidade Federal de Pelotas, Cx. P. 354, Pelotas, RS, Brasil. [email protected]. 2Instituto Nacional de Recursos Biológicos, Estação Agronómica Nacional, Quinta do Marquês, 2784-505, Oeiras, Portugal.

A farinha de arroz não possui glúten e por este motivo não forma uma rede com a viscoelasticidade adequada para os produtos de panificação e pastelaria que utilizam preferencialmente a farinha de trigo.

No entanto, o arroz possui propriedades específicas, como o fato de ser hipoalérgico, incolor, ter sabor suave e, além disso, não possui glúten - proteínas intolerantes presentes no trigo, aveia, centeio, cevada e no malte, perspectivando-se a incorporação de farinha de arroz na formulação de novos produtos (GUJRAL e ROSELL, 2004; GULARTE, 2005).

Contudo, além de ser uma ótima fonte nutricional e um ingrediente na formulação de alimentos, a utilização do arroz em produtos de panificação torna-se uma possibilidade para diversificar a aplicação desse grão, já que existe excesso de produção para o atual consumo no Brasil.

O bolo de arroz (tipo queque) é um produto de pastelaria tradicionalmente consumido em Portugal, cuja formulação inicial incorporava cerca de 20% de farinha de arroz, porém atualmente é elaborado essencialmente com farinha de trigo.

Com a justificativa de utilizar e valorizar as sobras da industrialização do arroz, como os grãos quebrados, realizou-se este estudo para verificar a melhor incorporação da farinha de arroz neste bolo tipicamente Português, assim como, pesquisar a influência da cultivar de arroz para a qualidade final, nomeadamente diferenças entre cultivares do tipo Indica e Japonica (BRITES, et al., 2004).

Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do projeto “Obtención de productos de panificación para necesidades específicas”, PANXTODOS, 2006-2009, programa Cooperación Iberoamericana CYTED- Ciencia y Tecnologia Para El Desarrollo, resultado da colaboração entre Portugal (Estação Agronômica Nacional) e Brasil (Universidade Federal de Pelotas).

A metodologia utilizada consistiu na elaboração do “bolo de arroz”, partindo de uma formulação base com 100% de farinha, 31,25% de margarina de massas, 62,5% de açúcar, 62,5% de leite, 12,5% de ovos e 4,06% de fermento (pirofosfato ácido de sódio e bicarbonato de sódio). A elaboração teve início na obtenção de uma mistura homogênea da manteiga com o açúcar, após adicionou-se ovos e leite aos poucos, depois a farinha e o fermento obtendo-se uma massa que foi colocada em aros próprios para este bolo e assado em forno a 210-220°C por 15–20 min. Realizaram-se 4 ensaios, variando a farinha de trigo ou arroz, proveniente de duas variedades (Euro – tipo Japonica e Gládio – tipo Indica): 1- 100% farinha de trigo, 2- 100% de farinha de arroz do tipo Japonica, 3- 100% de farinha de arroz do tipo Indica, 4- 50% de farinha de trigo e 50% de farinha de arroz do tipo Japonica.

Os bolos foram avaliados através da determinação de volume específico (g/cm³) com a pesagem e volume obtido pelo deslocamento de esferas de vidro; textura em texturômetro TA TX2; características do miolo dos bolos através de scaner da marca HP, visualizando por microfilmagem o tamanho e o formato dos alvéolos e análise sensorial (GULARTE, 2002) através do teste de ordenação, onde o bolo mais preferido recebeu a maior nota.

Diante dos resultados da Tabela 1 pode-se observar que o volume específico médio do bolo com 100% de farinha de trigo é significativamente

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superior aos restantes. Os volumes específicos médios diminuíram com a incorporação da farinha de arroz e não apresentaram diferenças entre as formulações com farinhas de arroz dos tipos Indica e Japonica.

A textura dos bolos não apresentou diferença significativa (Tab. 1), devido à variabilidade nos dados das 9 repetições, porém pode-se verificar uma tendência para uma menor resistência do miolo com incorporação de farinha de arroz.

Tabela 1. Médias do volume específico e textura de bolo de arroz com diferentes

formulações

Avaliações* Farinhas Volume específico

(g/cm³) Textura (kgf)

1- Trigo 100% 2,87a 292,47ª 2- Arroz japonico 100% 2,31c 237,51ª 3- Arroz indico 100% 2,50bc 204,61ª 4- Arroz japonico 50% 2,56b 255,71ª

* Médias de 6 repetições para o volume e 9 para a textura, letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Os miolos dos bolos 2, 3 e 4 apresentaram características mais uniformes em tamanho e formato dos alvéolos do que o miolo do bolo com farinha de trigo. Os resultados da avaliação sensorial indicam que o bolo com 100% de farinha de trigo foi o mais preferido (Fig, 1), mas a ordenação de preferência não é suficiente para se diferenciar do bolo com 50% de farinha de arroz da cultivar do tipo Japonica (4).

81,18 a

31,81 c

47,72 b

88,63 a

0

20

40

60

80

100

Japonico 50% Indica 100% Japonico 100% Farinha trigo

%

Letras distintas diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey p<0,05).

Figura 1. Percentual de ordenação do bolo de arroz com diferentes formulações.

As principais conclusões deste trabalho são que é possível incorporar 50% de farinha de arroz neste tipo de bolo com elevada preferência e a pior apreciação obtida foi com a formulação com farinha de arroz do tipo Indica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRITES, C., CRUZ T.R., SANTOS, C.A., GUERRA, M., VARGUES, A., BEIRÃO DA COSTA, M.L. Physico-chemical characterization of varieties of rice of different cooking and eating qualities, in Challenges and opportunities for sustainable rice-based production systems, Torino, 2004. p. 297-302. GULARTE, M.A. Manual de Análise Sensorial de Alimentos. Pelotas: UFPEL, 2002. GULARTE, M.A. Metodologia analítica e características tecnológicas e de consumo na qualidade do arroz. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) Pelotas: UFPel, 2005. 95p.

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GUJRAL, H.S. e ROSELL, C.M. Improvement of the breadmaking quality of rice flour by glucose oxidase. Food Research International, v. 37, p. 75-81, 2004.

Agradecimentos: Realização de ensaios, Centro de Formação Profissional do Sector Alimentar. Lisboa, Portugal.

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EFEITO DA PRESSÃO DE AUTOCLAVAGEM SOBRE A FORMAÇÃO DE AMIDO RESISTENTE EM ARROZ

Elizabete Helbig; Daniel Rutz; Jonis Gelain; André Luiz Radünz; Maurício de Oliveira; Pedro Luiz Antunes, Moacir Cardoso Elias. Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia ¨Eliseu Maciel¨, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos. Caixa Postal 354, 96010-900, Pelotas – RS. [email protected].

Os carboidratos são importantes fontes energéticas na alimentação humana. Além

de prover energia, atuam na nutrição e na saúde humana com ampla funcionalidade. Seus efeitos fisiológicos são diferenciados e atribuídos em especial ao amido resistente, que é a fração de amido não digerida no intestino delgado de indivíduos saudáveis, sendo fermentada no intestino grosso (SHAMAI; BIANCO-PELED; SHIMONI, 2003).

Vários fatores influenciam na formação de amido resistente. Durante o processamento e armazenamento dos alimentos, ocorrem mudanças na estrutura do amido que afetam diretamente o rendimento de amido resistente. Skrabanja e Kreft (1998) verificaram em cereais, que o aumento nos ciclos de autoclavagem e resfriamento resultaram em 7% de aumento nos teores de amido resistente. Namratha, Asna e Prasad (2002) atribui as modificações físicas que ocorrem nas moléculas de amido ao tipo, ao conteúdo e às condições empregadas no processamento.

O amido resistente é constituído por três tipos de amido: tipo 1 – fisicamente inacessível na matriz do alimento; tipo 2 – amido nativo e o tipo 3 – polímeros de amido retrogradado. Um quarto tipo de amido resistente tem sido evidenciado, sendo este oriundo de modificações em sua estrutura química (LOBO; SILVA, 2003).

Dentre os alimentos ricos em carboidratos, o arroz é um dos cereais de maior destaque, sendo o alimento básico para a maioria da população mundial. O arroz é consumido preferencialmente na forma de grãos brancos polidos, obtidos por processo convencional de industrialização e se caracteriza como um alimento que apresenta limitado conteúdo de fibra alimentar. Entretanto, o consumo de arroz parboilizado tem crescido muito nos últimos anos.

O arroz parboilizado, em relação ao branco polido, apresenta vantagens nutricionais de suma importância: o aumento de minerais e vitaminas e de substâncias com ação semelhante a das fibras, como o amido resistente, que atua na manutenção da glicemia. O arroz parboilizado apresenta menor índice glicêmico quando comparado ao arroz branco polido (WALTER; SILVA; DENARDIN, 2005).

O processo de parboilização do arroz, através de tratamentos hidrotérmicos, modifica a estrutura físico-química de seus constituintes, proporcionando um aumento da fração não digerível (ELIAS; LOECK; MÜLLER, 2001; AMATO, 2003). Em estudo sobre parboilização de arroz, Silva et al. (2003) verificaram que este processo causa decréscimo nos teores de amido disponível e, ao mesmo tempo, acréscimo médio de 3,7 vezes nos teores de fibra em detergente neutro, sugerindo que este fato pode ser decorrente da formação de amido resistente nos grãos durante o processo de parboilização.

Buscou-se avaliar efeitos da pressão de autoclavagem na formação de amido resistente em arroz. A pesquisa foi executada no Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos, do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia ¨Eliseu Maciel¨, da UFPel. Foram utilizadas três amostras de arroz com alto (31,57±0,22), médio (21,84±0,20) e baixo (6,31±0,10) teor de amilose. As amostras foram cedidas pelo IRGA (Instituto Rio-Grandense do Arroz), por Indústria Comércio e Representações Líder Ltda. e pela Granja Quatro Irmãos, safra 2004-2005.

A parboilização foi realizada de acordo com Elias (1998). Utilizou-se amostras de 50g de arroz em casca acondicionadas em saquinhos de filó e colocadas em recipientes de alumínio, com adição de 75 gramas de água (arroz:água 1:1,5 (p/p)) para serem submetidas à etapa de encharcamento, empregando-se tempo e temperatura definidos em

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testes prévios, para cada amostra: alto e médio teor de amilose – 6 horas de encharcamento a 65°C e baixo teor de amilose - 7 horas de encharcamento a 70ºC. Para o encharcamento das amostras, foi utilizado um tanque de encharcamento com resistência elétrica e termostato.

As amostras de arroz foram autoclavadas nas pressões 0,4; 0,7 e 1,0kgf.cm-2, durante 10 minutos, constando de três repetições para cada tratamento. Após parboilizadas, as amostras foram secas em estufa com circulação forçada de ar. O armazenamento para a completa estabilização da umidade, foi em sala climatizada a 20ºC até o momento da determinação do teor de amido resistente. O descascamento e o polimento foram realizados em engenho de provas Suzuki, previamente regulado para cada cultivar, sendo o polimento previamente definido através da leitura em branquímetro de amostras comerciais.

O amido resistente foi determinado em arroz cru branco polido (controle) e parboilizado polido. Para a determinação de amido resistente foi utilizado o método proposto por Goñi et al. (1996), com adaptações, onde as amostras de arroz foram incubadas com pepsina (40ºC/1h; pH 1,5) e α-amilase (37ºC/16h; pH 6,9), sendo centrifugadas a 3000 RPM durante 15 minutos e descartado o sobrenadante. Os resíduos foram tratados com KOH (concentração final 2M) e incubados com amiloglicosidase a 60ºC/30 min (pH 4,75). Foi retirada uma alíquota de 1mL do sobrenadante e determinou-se o teor de glicose livre pelo método enzimático (glicose oxidase/peroxidase/ABTS).

Os dados experimentais foram avaliados estatisticamente pela análise de variância ANOVA, seguido do teste estatístico de Tukey, considerando como nível de significância estatística, o limite de 5% (p<0,05).

O efeito do processo de beneficiamento e do teor de amilose na produção do amido resistente é mostrado na Figura 1. Na Tabela 1 estão os percentuais de amido resistente encontrado nas amostras de arroz cru parboilizado em diferentes pressões. Tabela 1. Amido Resistente (%), em base seca, decorrente da amilose e da pressão de autoclavagem na parboilização de arroz.

Letras maiúsculas diferentes, na mesma linha, e minúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferença estatística, pelo Teste de Tukey (p<0,05). Amilose Alta = 31,57±0,22; Média = 21,84±0,20; Baixa = 6,31±0,10.

0

1

2

3

Amilose - Processo

% A

mid

o R

esis

ten

te

Alta Convencional Alta Parboilizado

Média Convencional Média Parboilizado

Baixa Convencional Baixa Parboilizado

Figura 1 Amido resistente (% b.s.) em arroz convencional e parboilizado. Amilose Alta = 31,57±0,22; Média = 21,84±0,20; Baixa = 6,31±0,10.

Autoclavagem (kgf.cm-2) Amilose

0,4 0,7 1,0

Alto B 1,66±0,22b A 2,32±0,26ª B 1,57±0,10b

Médio A 1,88±0,24ª, b A 1,97±0,24ª, b A 1,97±0,02ª

Baixo A 2,25±0,05ª B 1,71±0,16b B 1,69±0,26ª, b

b

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Na avaliação do arroz branco polido (convencional - controle) cru foram

encontrados os teores de amido resistente: 0,75±0,11; 0,67±0,24 e 0,40±0,03 para alto teor de amilose, médio e baixo, respectivamente. O processo de parboilização aumentou os teores de amido resistente nos três níveis de amilose. O comportamento apresentado pelas amostras (Tabela 1 e Figura 1) é devido à retrogradação mais lenta da amilopectina, também envolvida na formação do amido resistente. A parboilização aumenta o teor de amido resistente. O aumento da pressão aumenta os teores do amido resistente em arroz de alta amilose e resulta em efeito contrário no arroz de baixa amilose. A pressão não interfere no teor de amido resistente em arroz de média amilose.

REFEREÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMATO, G.W. Parboilização do arroz: um processo para obtenção de “colheita de plantio virtual”: In: Anais I Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade de Arroz. Abrapós. 2003. ELIAS, M.C.; LOECK, A.E.; MÜLLER, M.M. Recomendações técnicas para colheita, secagem, armazenamento e industrialização de arroz para o sul do Brasil. Pelotas: Editora da UFPEL. 2001. ELIAS, M.C. Espera para secagem e tempo de armazenamento na qualidade de arroz para semente e indústria. Pelotas: UFPEL. In: Tese Doutorado. 1998. 164p. GOÑI, I.; GARCIA-DIZ, L.; MAÑAS, E.; SAURA-CALIXTO, F. Analysis of resistant starch: A method for foods and food products. Food Chemistry. v. 56, n. 4, p. 445-449, 1996. LOBO, A. R.; SILVA, G. M. L. Amido resistente e suas propriedades físico-químicas. Revista de Nutrição. v. 16, n. 2, p. 219-226, 2003. NAMRATHA, J.; ASNA, U.; PRASAD, N. N. Effect of storage on resistant starch content of processed ready-to-eat foods. Food Chemistry. v. 79, p. 395-400, 2002. SHAMAI, K.; BIANCO-PELED, H.; SHIMONI, E. Polymorfhism of resistant starch type III. Carbohydrate Polymers, v. 54, p. 363-369, 2003. SKRABANJA, V.; KREFT, I. Resistant starch formation following autoclaving of buckwheat (Fagopyrum esculentum Moench) groats an in vitro study. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 46, p. 2020-23, 1998. WALTER, M.; SILVA, L.P.; DENARDIN, C. C. Rice and resistant starch: different content depending on chosen methodology. Journal of food Composition and Analysis, v.18, p. 279-285, 2005. SILVA, L. H.; ELIAS, M. C.; DIAS, A. R. G.; GUTKOSKI, L. C. Umidade inicial dos grãos e parâmetros hidrotérmicos sobre a água de encharcamento e o desempenho industrial do arroz na parboilização. Pelotas: UFPEL. In: Dissertação Mestrado. 2003. 155p. Agradecimentos a CNPq, CAPES, SCT-RS, Pólo de Alimentos da Região Sul, ao IRGA, Zaccaria Equipamentos, Ind. Com. e Representações Líder Ltda e Granja Quatro Irmãos.

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EFEITOS DO GRAU DE GELATINIZAÇÃO SOBRE CARACTERÍSTICAS DE COCÇÃO

E PROPRIEDADES SENSORIAIS DE ARROZ PARBOILIZADO

Flávio Manetti Pereira(1)

; Elvio Aosani(1)

; Paulo Romeu Gonçalves(1)

; Rafael Dionello(2)

; Dejalmo Nolasco Prestes

(1); Márcia Arocha Gularte

(1); Moacir Cardoso Elias

(1).

1Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”. Laboratório de

Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos - Pólo de Alimentos da Região Sul, CPGCTA. Campus Universitário, Cx. P. 354, Pelotas, RS, Brasil, CEP 96.010-900. E-mail: [email protected].

2Universidade Federal do Rio Grande, Faculdade de Agronomia.

A parboilização do arroz é um dos processos que mais tem evoluído na indústria de

alimentos, passando nas duas últimas décadas de cerca de 4 para mais de 20% do total industrializado e consumido no Brasil (AMATO; ELIAS, 2005). Esse aumento se deve, principalmente, à geração do conhecimento científico e tecnológico, à evolução da cadeia produtiva orizícola, aos investimentos técnicos e operacionais no setor industrial, aos aumentos dos níveis de informação e de conscientização dos consumidores quanto aos benefícios do arroz parboilizado e à disponibilização pelas indústrias de produtos com qualidade e características de acordo com as preferências dos consumidores, a preços competitivos (ELIAS; FRANCO, 2006).

Na legislação brasileira de arroz parboilizado consta que o grão não precisa ter o endosperma completamente gelatinizado, para ser enquadrado na classe. Basta o grão ter uma pequena parte gelatinizada que já é considerado parboilizado (BRASIL, 1988). Diante disso, muitas das indústrias do setor, preocupadas em obter um arroz parboilizado com os atributos sensoriais de cor, odor e sabor próximos ao arroz branco polido, fazem uma parboilização mais branda, porém esse processo menos severo produz um arroz com gelatinização desuniforme, mesmo que os grãos não gelatinizados ou parcialmente gelatinizados apresentem comportamento diferente dos completamente gelatinizados.

No processo de parboilização, antes do descascamento, a umidade dos grãos é aumentada até valores próximos a 30% por imersão em água quente em temperatura e tempo de operação definidos em função das características do arroz, as quais dependem do cultivar, das condições de cultivo, do tempo e das condições de armazenamento (ELIAS, 1998; AMATO; CARVALHO; SILVEIRA, 2002).

O grau de gelatinização do arroz parboilizado pode ser medido através de placas de luz polarizada, que permite serem observadas zonas translúcidas e opacas no endosperma, representando, respectivamente, zonas gelatinizadas e não gelatinizadas, (AMATO; CARVALHO; SILVEIRA 2002). Essa análise permite identificar qual a severidade do processo de parboilização adotado. As indústrias que possuem o selo de qualidade da Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado (ABIAP) utilizam exclusivamente autoclave para gelatinização, sendo esse uso uma exigência do Selo de Qualidade conferido pela Associação em Convênio com a Universidade Federal de Pelotas, através do Laboratório de Grãos do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (ABIAP, 2007).

Objetivou-se, com o estudo, avaliar efeitos do grau de gelatinização dos grãos sobre características físicas, tecnológicas e de cocção dos grãos, que influem na qualidade de consumo. Para sua realização foram utilizados grãos de arroz parboilizado comercial, classe de grão longo fino, agulhinha, produzidos no sul do Brasil. Foram coletadas aleatoriamente amostras de arroz parboilizado produzidas por oito indústrias do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, entre não detentoras e detentoras do Selo de Qualidade da ABIAP (Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado), sorteadas entre as vinte maiores do Brasil. Todas as análises foram realizadas no Laboratório de Pós-Colheita

Page 229: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

e Qualidade de Grãos no Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, na Universidade Federal de Pelotas.

O grau de gelatinização foi determinado pelo método da luz polarizada (AMATO; CARVALHO; SILVEIRA, 2002). O grau branquimétrico foi avaliado através do branquímetro Zaccaria, enquanto o peso de mil grãos e as dimensões dos grãos foram avaliados de acordo com a metodologia descrita nas regras de análises de sementes (BRASIL, 1992).

O cozimento do arroz para as avaliações de comportamento de cocção e

propriedades sensoriais foi realizado em chapa elétrica aquecida a 300±8ºC, com temperatura controlada por termostato. O tempo de cocção foi previamente determinado no laboratório, situando-se em torno de 20 minutos para o arroz parboilizado. Foram avaliados os rendimentos volumétrico e gravimétrico. A avaliação sensorial incluiu os atributos cor, brilho, odor, soltabilidade, firmeza e sabor de cada amostra, utilizando uma equipe de julgadores treinados e experientes, habituados com avaliações diárias de grãos de arroz no Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos.

Os resultados experimentais foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e

as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade (p≤ 0,05), utilizando o software Statistica 6.0.

As Tabelas 1 e 2 apresentam dimensões e peso de grãos de arroz parboilizado, agrupados em três classes de acordo com o grau de gelatinização. Tabela 1. Dimensões (mm) de grãos parboilizados agrupados em três graus de gelatinização

Grau de Gelatinização* Comprimento Largura Espessura

≤ 1/3 0,69a 0,20

a 0,18

a

> 1/3 e < 2/3 0,69a 0,20

a 0,18

a

≥ 2/3 0,68a 0,20

a 0,18

a

Médias aritméticas simples de três repetições, acompanhadas por letras diferentes minúsculas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. * < 1/3 = gelatinização em até 1/3; < 1/3 a > 2/3 = gelatinização entre 1/3 e 2/3; > 2/3 = gelatinização em mais de 1/3 em cada cariopse. Tabela 2. Peso de mil grãos (g) de grãos parboilizados agrupados em três graus de gelatinização

Grau de Gelatinização* Peso de mil grãos (g)

≤ 1/3 18,86a

> 1/3 e < 2/3 18,21b

≥ 2/3 17,46c

Médias aritméticas simples de três repetições, acompanhadas por letras diferentes minúsculas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. * < 1/3 = gelatinização em até 1/3; < 1/3 a > 2/3 = gelatinização entre 1/3 e 2/3; > 2/3 = gelatinização em mais de 1/3 em cada cariopse.

A característica física de dimensões dos grãos não é afetada pelo grau de

gelatinização, ou seja, independentemente da drasticidade do processo de parboilização o grão mantém as suas dimensões. Isso se deve, predominantemente ao fato de os grãos de arroz terem mais de 70% de carboidratos em sua composição e o amido, o principal deles, ter a propriedade de absorver água até 30% de seu peso sem aumentar seu volume. Entretanto, outra característica física dos grãos, o peso de mil grãos, apresentou diferenças significativas entre as amostras. A reestruturação do amido, quando gelatinizado, é responsável por essa diferença entre os grãos com diferentes drasticidades nas operações hidrotérmicas, que se refletem graus de intensidade de gelatinização.

As Tabelas 3 e 4 mostram os resultados de comportamento na cocção e parâmetros sensoriais, respectivamente, de grãos de arroz parboilizado, agrupados em três classes de acordo com o grau de gelatinização.

Page 230: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Tabela 3. Comportamento na cocção de grãos parboilizados agrupados em três graus de gelatinização

Grau de Gelatinização Tempo de cocção

(minutos) Rendimento

gravimétrico (%) Rendimento volumétrico

(%)

≤ 1/3 20a 303,11

a 283,72

a

> 1/3 e < 2/3 20a 302,68

a 280,04

a

≥ 2/3 21a 297,18

a 263,56

a

Médias aritméticas simples de três repetições, acompanhadas por letras diferentes minúsculas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. * < 1/3 = gelatinização em até 1/3; < 1/3 a > 2/3 = gelatinização entre 1/3 e 2/3; > 2/3 = gelatinização em mais de 1/3 em cada cariopse. Tabela 4. Parâmetros sensoriais de grãos cozidos de arroz parboilizado agrupados em três graus de gelatinização

Grau de Gelatinização* Cor Brilho Odor Soltabilidade Firmeza Sabor

≤ 1/3 2,20b 2,30

a 1,90

b 1,83

b 3,00

b 2,10

b

> 1/3 e < 2/3 2,53b 3,05

a 2,00

b 3,00

a 4,40

a 2,62

b

≥ 2/3 4,55a 2,78

a 3,00

a 3,00

a 4,55

a 4,03

a

Médias aritméticas simples de três repetições, acompanhadas por letras diferentes minúsculas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. * < 1/3 = gelatinização em até 1/3; < 1/3 a > 2/3 = gelatinização entre 1/3 e 2/3; > 2/3 = gelatinização em mais de 1/3 em cada cariopse.

Observando-se os dados de rendimento gravimétrico, absorção de água e rendimento volumétrico constantes da Tabela 3, é possível verificar que o grau de gelatinização do arroz parboilizado não interferiu nesses parâmetros das características de cocção, mas influencia significativamente nas características sensoriais do arroz quando cozido (Tabela 4). Os grãos com maior grau de gelatinização foram classificados pela escala sensorial em todos os atributos em “mais característicos a parboilizados” quando comparados aos grãos com menor grau de gelatinização, que pela análise dos julgadores foram “caracterizados como próximos do arroz branco”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIAP - Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado. Arroz Parboilizado. Disponível em: http://www.abiap.com.br. Acesso em maio 2007. AMATO, G.W.; CARVALHO, J.L.V.; SILVEIRA Fº, S. Arroz parboilizado: tecnologia limpa, produto nobre. Ed. Ricardo Lenz, Porto Alegre, 2002. 240p. AMATO, G.W.; ELIAS, M.C. Parboilização do arroz. Ed., Porto Alegre: Ricardo Lenz, 2005, 160p. BRASIL. Ministério da Agricultura. Normas de identidade, qualidade, embalagem e apresentação do arroz. Brasília, v.8, n.20, 1988, 25p. ELIAS, M.C. Espera para secagem e tempo de armazenamento na qualidade de arroz para semente e indústria. 1998. 164f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) - Faculdade de Agronomia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. ELIAS, M. C.; FRANCO, D. F. Pós-Colheita e Industrialização de Arroz. In: Ariano Martins de Magalhães Júnior; Algenor da Silva Gomes; Alberto Baêta dos Santos. (Org.). Sistemas de Cultivo de Arroz Irrigado no Brasil. 1 ed. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006, v.1, p.229-240. Agradecimentos ao CNPq, à SCT-RS (Pólos Tecnológicos) e às empresas Rio Deserto Mineração e Pesquisa Brasileira Ltda., Vetquímica, GP Representações e Keepdry.

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CONDIÇÕES OPERACIONAIS NA PARBOILIZAÇÃO DE ARROZ COM DIFERENTES TEORES DE AMILOSE

Elizabete Helbig

1; Elvio Aosani

1; Jeferson Cunha da Rocha

1; William da Silva Krolow

1;

Carlos Alberto Alves Fagundes2; Alvaro Renato Guerra Dias

1; Moacir Cardoso Elias

1.

[email protected]. 1Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia ¨Eliseu

Maciel¨, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos. Caixa Postal 354, 96010-900, Pelotas – RS.

2Instituto Rio

Grandense do Arroz, Divisão de Pesquisa, EEA.

O crescente aumento do consumo de arroz parboilizado no mercado nacional, permite que cada cultivar de arroz, produzida em cada condição, tenha um comportamento hidrotérmico, tornando-se necessárias definições das condições adequadas de temperatura e tempo durante as operações ocorridas no processo de parboilização. Para continuar esse aumento de consumo deste arroz, são necessárias pesquisas específicas, na busca de maior aceitação pelos consumidores, com menores custos.

Buscou-se, com o trabalho, estabelecer tempo e temperatura para a hidratação de arroz em casca de alto, médio e baixo teor de amilose. O encharcamento das amostras foi executado no Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos, do Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Faculdade de Agronomia ¨Eliseu Maciel¨, da UFPel, utilizando amostras de arroz com alto (31,57±0,22; longo fino), médio (21,84±0,20; perolado) e baixo (6,31±0,10; curto, japônico) teor de amilose, cedidas pelo IRGA (Instituto Rio-Grandense do Arroz), Indústria Comércio e Representações Líder Ltda. e Granja Quatro Irmãos.

Para as isotermas de hidratação foi utilizado metodologia proposta por Elias (1998), com adaptações. De cada amostra de 25 kg foram coletadas alíquotas de 50g de arroz em casca, as quais foram acondicionadas em saquinhos de filó e colocadas em recipientes de alumínio, empregando-se três temperaturas, 60, 65 e 70ºC para a água de encharcamento. Foi utilizada a proporção arroz:água 1:1,5 (p/p). Para o encharcamento das amostras, foi utilizado um tanque de encharcamento com resistência elétrica e termostato.

Retirou-se amostras a cada 30 minutos, num tempo total de 420 minutos (7 horas), sendo escorrido o excesso de água e centrifugadas durante 2 minutos a 2100rpm, com posterior pesagem para cálculo da absorção efetiva de água, considerando-se a estabilização na absorção de água em aproximadamente 30%.

As amostras de arroz foram autoclavadas a 0,7kgf.cm-2, durante 10 minutos,

constando de três repetições para cada tratamento, e secas em estufa com circulação forçada de ar. O armazenamento para a completa estabilização da umidade, foi em sala climatizada a 20ºC até o momento da determinação do grau de gelatinização. O descascamento e o polimento foram realizados em engenho de provas Suzuki, previamente regulado para cada cultivar, sendo o polimento previamente definido através da leitura em branquímetro de amostras comerciais.

Para a avaliação do grau de gelatinização, cada amostra de arroz parboilizado foi dividida em 5 sub-amostras com 50 grãos cada uma. Cada sub-amostra foi colocada sobre a luz polarizada e calculado o percentual de grãos gelatinizados (Amato, 1989).

As amostras utilizadas neste experimento apresentavam as seguintes umidades iniciais: alto teor de amilose (12,74%); médio teor de amilose (14,17%) e baixo teor de amilose (12,23%). A umidade inicial é importante para a realização do encharcamento de arroz, pois interfere na integridade física dos grãos. Umidade inicial abaixo de 13% ocorre má distribuição da água no interior dos grãos, dificultando a hidratação homogênea e conseqüente aumento de grãos quebrados ao término do processo de parboilização.

As Figuras 1 e 2 apresentam as isotermas de hidratação das amostras de alto e médio teor de amilose, nas temperaturas 60; 65 e 70ºC. Verifica-se (Figura 1 e 2) que os

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grãos com alto e médio teor de amilose absorvem água de forma mais lenta nas temperaturas de 60 e 65ºC, mostrando um comportamento típico na hidratação, com tendência à estabilização, sendo este um comportamento característico de grãos longos finos de arroz irrigado (SILVA et al., 2005).

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420

minutos de encharcamento

um

idad

e (%

)

60ºC 65ºC 70ºC

FIGURA 1. Isotermas de hidratação a 60; 65 e 70ºC, de grãos de arroz, com casca, amostra de alto teor de amilose, na parboilização.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420

minutos de encharcamento

um

idad

e (%

)

60ºC 65ºC 70ºC

FIGURA 2. Isotermas de hidratação a 60; 65 e 70ºC, de grãos de arroz com casca, amostra de médio teor de amilose, na parboilização.

Na temperatura de 70ºC, a absorção de água foi mais rápida. Os grãos

apresentaram indesejável abertura da casca, e isto ocasiona dificuldades na etapa de autoclavagem, especialmente pelo extravasamento de material da cariopse, dificultando a movimentação dos grãos. Pelo comportamento exibido, o encharcamento da amostra com

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alto teor de amilose deve ser realizado em temperaturas inferiores a 70ºC, respeitando cada isoterma de hidratação.

A Figura 3 apresenta as isotermas de hidratação das amostras de baixo teor de amilose, nas temperaturas 60; 65 e 70ºC.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0

30

60

90

120

150

180

210

240

270

300

330

360

390

420

450

480

minutos de encharcamento

um

idad

e (%

)

60ºC 65ºC 70ºC

FIGURA 3. Isotermas de hidratação a 60; 65 e 70ºC, de grãos de arroz com casca, amostra de baixo teor de amilose, na parboilização.

Verifica-se, pelos dados apresentados na Figura 3, que os grãos com baixo teor de

amilose absorvem água mais rapidamente a 70ºC. A menor intensidade ocorre a 60ºC, enquanto que a 65ºC a intensidade de absorção é intermediária.

A amostra com baixo teor de amilose apresentou comportamento hidrotérmico diferente das outras duas amostras estudadas, onde foi necessário o aumento do tempo e da temperatura durante o encharcamento para que houvesse uma maior gelatinização dos grãos. Verifica-se ainda que, para esta amostra, a absorção final em torno de 30% não é suficiente para promover a adequada gelatinização e proporcionar um aumento do rendimento industrial para o arroz parboilizado.

As amostras de arroz de altos e médios teores de amilose exibiram comportamentos hidrotérmicos semelhantes, com condições adequadas de tempo e temperatura de 6 horas de encharcamento a 65ºC apresentando grãos totalmente gelatinizados, enquanto que amostras de arroz de baixo teor de amilose requerem aumento de tempo e de temperatura na etapa de encharcamento do arroz, definindo-se como temperatura ideal 70ºC e tempo de encharcamento de 7 horas, conferindo 92% de grãos gelatinizados. REFEREÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMATO, G. W, Grãos não-gelatinizados-GNG em arroz parboilizado: Avaliação de Método. Porto Alegre, CIENTEC, (Boletim técnico; 15), 1989. 21 p. ELIAS, M.C. Espera para secagem e tempo de armazenamento na qualidade de arroz para semente e indústria. Pelotas: UFPEL. In: Tese Doutorado. 1998. 164p. SILVA, L.H.; COSTA, P.F.P.; DIAS, A.R.G.; ELIAS, M.C. Temperatura de encharcamento no grau de gelatinização e no rendimento do arroz parboilizado. Tecno-Lógica, p. 9-18, 2005. Agradecimentos ao CNPq, a CAPES, à SCT-RS, ao Pólo de Inovação Tecnológica em alimentos da Região Sul, ao IRGA (Instituto Rio-Grandense do Arroz) e as empresas Zaccaria Equip., Ind., Com. e Representações Líder Ltda e Granja Quatro Irmãos.

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EFEITOS DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E DO CONTEÚDO DE AMILOSE NAS PROPRIEDADES VISCOAMILOGRÁFICAS DE ARROZ BRANCO

SUBMETIDO A DIFERENTES INTENSIDADES DE POLIMENTO

Pablo Daniel Freitas Bueno, Jeferson Cunha da Rocha, Mateus Pino, Fabrício de Matos Marques, Leandro Fernandes Monks, Manoel Artigas Schirmer, Moacir Cardoso Elias. Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos. Campus Universitário da UFPEL, Caixa Postal 354, CEP 960.010-900. E-mail: [email protected]

Ao se medir a gelatinização com uso da viscoamilografia, são constatadas diferenças nas características da viscosidade de empaste entre a farinha e o amido de arroz (CHAMPAGNE et al., 1999). Essas sugerem que outros constituintes além da amilose, como proteínas e lipídios, também afetam o entumescimento do grânulo de amido e sua rigidez (DERICKE et al., 2005). As diversidades na estrutura e na composição do amido podem resultar numa variedade de propriedades viscoelásticas.

Como o cozimento favorece alterações nas propriedades que promovem as condições necessárias para o desenvolvimento da textura em alimentos e outros produtos (CALDWELL et al., 2000), é importante estudar correlações entre propriedades viscoamilográficas e composição dos grãos. Um método que tem sido utilizado para avaliar as propriedades viscoamilográficas em grãos emprega o Rapid Visco Analyser (RVA) ou analisador rápido de viscosidade, um viscoamilógrafo que apresenta vários recursos técnicos. O papel exato de componentes granulares como as proteínas e os lipídios ligados à matriz do amido sobre o comportamento viscoamilográfico dos grãos é pouco conhecido e nem sempre é notado nas curvas geradas pelo RVA (MEADOWS, 2002).

Objetivou-se, com o trabalho, avaliar efeitos da composição química e do conteúdo de amilose sobre os parâmetros viscoamilográficos de arroz branco polido submetido a diferentes intensidades de remoção de camadas periféricas.

Para a realização do trabalho foram utilizadas amostras de arroz da classe grãos longos finos e de alto teor de amilose. Pertencentes à coleção do Laboratório de Pós Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos (DCTA/FAEM/UFPEL), as amostras foram produzidas no Rio Grande do Sul, em sistema irrigado. Seguindo metodologia desenvolvida no próprio laboratório (ELIAS, 1998), as amostras foram descascadas em engenho de provas Zaccaria, sendo o polimento realizado no mesmo equipamento com intensidades variando de 6% a 14% de remoção de farelo. Os grãos já polidos foram moídos em moinho de laboratório (Perten Intruments) para avaliação da composição centesimal (AOAC, 1995), do teor de amilose (JULIANO, 1971) e das propriedades viscoamilográficas das farinhas através do Rapid Visco Analyser (N.S., 1998), com utilização do padrão Newport Scientific Rice Profile. Todas as análises foram feitas em triplicatas.

Os resultados foram analisados pela Análise de Variância (ANOVA) e as médias foram avaliadas pelo teste de Tukey a 5% de significância. Na análise de correlação foram obtidos os coeficientes de correlação (r) entre constituintes da composição básica, amilose e parâmetros viscoamilográficos nas diferentes intensidades de polimento, utilizando para isso o software Statistica 6.0 for Windows.

A Tabela 1 mostra os conteúdos de cinzas, proteínas, lipídios e o teor de amilose dos grãos de arroz submetidos a diferentes intensidades de polimento. Pode-se observar que a variação na intensidade de polimento não alterou os conteúdos de proteínas, diferentemente do que ocorreu com os teores de minerais e de lipídeos, que diminuíram progressivamente com o aumento da intensidade de polimento. Com o teor de amilose houve comportamento inverso, pois esse aumentou significativamente com o aumento progressivo da intensidade de polimento, embora se trate de aumento proporcional, ou seja, não foi criada amilose, pois como os teores de cinzas e lipídios diminuíram houve a aumento aparente por se tratar de uma avaliação centesimal.

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Tabela 1. Efeitos de quatro intensidades de polimento sobre os conteúdos (%, b.s.) de cinzas, proteínas, lipídios e teor de amilose em arroz branco.

* Intensidade de polimento (IP) = [1 – (peso do arroz polido / peso do arroz integral)] x 100. Intensidade I = 6 a 7% de farelo removido no polimento; II = 10 a 11%; III = 11 a 12%; IV = 13 a 14%. Médias de Letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença entre si a 5% de significância.

A Tabela 2 mostra as propriedades viscoamilográficas para os intervalos de intensidade de polimento e a Figura 1 exibe as curvas viscoamilográficas para as diferentes intensidades de remoção de farelo. Pode-se observar que aumentos da intensidade de remoção de farelo não alteram significativamente os parâmetros viscoamilográficos de viscosidade final. Já o pico de viscosidade aumenta, enquanto o “setback” diminui significativamente com a intensificação do polimento. Esses fatos observados podem ser creditados à redução do teor de lipídios e ao aumento proporcional da amilose, a qual é uma das principais responsáveis pelo parâmetro de “setback”.

Tabela 2. Propriedades viscoamilográficas em arroz branco submetidos a diferentes intensidades de polimento dos grãos

* Intensidade de polimento (IP) = [1 – (peso do arroz polido / peso do arroz integral)] x 100. Intensidade I = 6 a 7% de farelo removido no polimento; II = 10 a 11%; III = 11 a 12%; IV = 13 a 14%. Médias de Letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença entre si a 5% de significância.

Figura 1. Curvas viscoamilográficas para as diferentes intensidades de polimento

Intensidade I = 6 a 7% de farelo removido no polimento; II = 10 a 11%; III = 11 a 12%; IV = 13 a 14%. A Tabela 3 apresenta as correlações entre constituintes dos grãos com valor

nutricional, amilose e parâmetros de viscoamilografia. Pode-se observar que somente houve correlação negativa significativa entre lipídios e o parâmetro de viscosidade final, ou

Intensidade de polimento* Cinzas Proteínas Lipídios Teor de amilose I 0,92ª 7,42ª 1,84ª 26,3b II 0,54b 7,61ª 1,29b 27,5ab III 0,48b 7,49ª 0,48c 28,2a IV 0,21c 7,15b 0,22c 28,1a

Intensidade de polimento*

Pico de Viscosidade Viscosidade Final Setback

I 2686,7b 5774,3ª 3269,7ª II 2742,7b 5654,7ª 3011,7b III 3028,7ª 5844,3ª 3060,3b IV 3111,3a 5889,0a 3054,7b

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seja, quanto mais baixos os teores de lipídios, maior será a resposta deste parâmetros. Segundo Banks e Greenwood (1972), tal fenômeno é explicado pelo fato de que as hélices de amilose parecem formar complexos de inclusão com os lipídios, os quais apresentam um importante papel nas propriedades viscoamilográficas.

Tabela 3. Coeficientes de correlação (r) entre constituintes dos grãos com valor nutricional, amilose e parâmetros da viscoamilografia para diferentes graus de polimento

* indica correlação estatisticamente significativa, ao nível de 5%. Observando-se os dados constantes da Tabela 3 é possível verificar que a

intensificação progressiva do polimento na produção industrial do arroz branco não altera significativamente os valores de viscosidade final. O teor de lipídeos é o único entre os constituintes do arroz que influenciam significativamente parâmetros das curvas viscoamilográficas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AOAC – AMERICAN ASSOCIATION OF OFFICIAL CHEMISTS. Aproved methods of the American Association of Cereal Chemists. 9ª ed. St Paul, 1995. BANKS, W.; GREENWOOD, C.T. On hydrogen bonding in amylose. Byopolimers¸ v.11, p.321-323, 1972. CHAMPAGNE, E. T.; BETT, K. L.; VINYARD, B.T.; MCCLUNG, A.M.; BARTON II, F.E.; MOLDENHAUER, K.; LINSCOMBE, S.; MCKENZIE, K. Correlation Between Cooked Rice Texture and Rapid Visco Analyser. Cereal Chemistry, v.76, p.764-771, 1999. CALDWELL, E. F.; FAST, R. B.; IEVOLELLA, J.; LAUHOFF, C.; LEVINE, H.; MILLER, R. C.; SLADE, L.; STRAHM, B. S.; WHALEN, P.J. Cooking of ready-to-eat breakfast cereals. Cereal Chemistry¸v.45, p.244-252, 2000. DERICKE, V.; VERAVERBEKE, W.S.; VANDEPUTTE, G.E.; DE MAN, W.; HOSENEY, R.C.; DELEOUR, J.A. Impact of Proteins and Cooking Properties of Nonparboiled and Parboiled Rice. Cereal Chemistry, v.82, p.468-474, 2005. ELIAS, M.C.; Tempo de espera para secagem e qualidade de arroz para semente e indústria. Pelotas, 132 p. Tese (Doutorado em Agronomia) Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. 1998. JULIANO, B.O. A simplified assay for milled rice amylose. Cereal Sci Today. V.16, p.334-340, 1971. LAMBERT, L.; BIE, E.D.; VANDEPUTTE, G.E.; VERAVERBEKE, W.S.; DERYCKE, V.; MAN, W.; DELCOUR, J.A. Effect of milling on color and nutritional properties of rice. Food Chemistry, v.100, p.1496-1503, 2007. MEADOWS, F. Pasting properties in rice flour using Rapid Visco Analyser curves and first derivatives. Cereal Chemistry, v.79, p.559-562, 2002. N.S. - NEWPORT SCIENTIFIC; RVA Software Manual Thermocline for Windows. Version 2,0; 1998. SINGHA, N.; SINGHA, H.; KAURA, K.; BAKSHIB, M.S. Relationship between the degree of milling, ash distribution pattern and conductivity in brown rice, Food Chemistry, v.69, p.147-151, 2000. Agradecimentos a: IRGA, SINDAPEL, CNPq, CAPES, SCT-RS, e PÓLO DE ALIMENTOS.

Pico de Viscosidade Viscosidade Final Setback Intensidade de

Polimento 0,89 0,51 -0,79

Cinzas -0,88 -0,45 0,85 Proteínas -0,64 -0,81 -0,11 Lipídios -0,92 -0,96* 0,15 Amilose 0,86 0,43 -0,85

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USO DE SUBPRODUTOS AGROINDUSTRIAIS NO DESENVOLVIMENTO DE MACARRÃO NUTRICIONALMENTE

MELHORADO

Angélica Markus Nicoletti (1), Leila Picolli da Silva (1), Luisa Helena Hecktheuer (1), Geni Salete Pinto de Toledo (1) ,Fabrício Barros Brum(1). 1Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – CCR, DTCA,

NIDAL, Camobi – CEP: 97015-900 – Santa Maria-RS. [email protected]

Palavras Chaves: Farelo de soja, Quirera de arroz, Proteína, Desnutrição, Aminoácido.

Atualmente, uma significativa parcela da população mundial, demonstra

alterações no metabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos, prioritariamente resultante de uma alimentação desbalanceada, causada por desequilíbrio entre as necessidades metabólicas do organismo e a ingestão de nutrientes essenciais. Este desequilíbrio caracteriza a desnutrição, que pode ser o resultado de uma ingestão alimentar insuficiente (subnutrição) ou, excessiva (hipernutrição) (Way III ,2000). No Brasil, o quadro nutricional de sua população é contrastante à classificação mundial do País como um dos principais produtores de alimentos, como a soja e o arroz, os quais podem ser aproveitados integralmente ou através de seus subprodutos, como alternativas de baixo custo no combate a sub e a hipernutrição. De acordo com dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF-2002-2003) 4% da população encontra-se em estado de subnutrição, enquanto que 40%, principalmente adulta, apresenta sobrepeso ou obesidade.Em diversas partes do mundo pesquisadores trabalham para reverter este quadro, revendo hábitos alimentares e formulações alimentícias consumidas que permitam, com baixo custo, auxiliar no equilíbrio dietético (Kruger 2003; Hoodas, 2005).

Diante deste contexto, o presente trabalho foi conduzido com o objetivo de explorar o uso de ingredientes não convencionais (quirera de arroz e o farelo de soja), de baixo custo e alto valor nutritivo, na produção de macarrão com perfil nutricional melhorado e com características físico-químicas e organolépticas que atendam as exigências do mercado consumidor quanto à qualidade tecnológica e sensorial.

No preparo do macarrão foi utilizado farelo de soja integral e quirera de arroz finamente moído (menor que 100 mesh), farinha de arroz pré-gelatinizada, ovo em pó e farinha de trigo. Para sua elaboração, foram realizados testes preliminares e a substituição de 25 % de farelo de soja (Tabela 1), foi a que apresentou melhores características tecnológicas. Em seguida, foram desenvolvidas as formulações Padrão (farinha de trigo) e Teste (mistura de farelo de soja, farinha de arroz e farinha de arroz pré-gelatinizada) (Tabela 1). As formulações de macarrão foram processadas em máquina multifuncional G. Paniz MF 05 e extrusados no formato de espaguete, cozidas, secadas em estufa de circulação forçada de ar (55ºC) e moídas para análise. As matérias-primas e as formulações de macarrão foram analisadas de acordo com as técnicas descritas na AOAC (1995), avaliando-se matéria orgânica, matéria seca, cinzas, proteína bruta e fibra alimentar. O teor de lipídios foi determinado pelo método de Bligh-Dyer e o perfil de aminoácidos, por espectroscopia de refletância no infravermelho próximo (NIRs). O cálculo calórico das formulações foi estimado através dos valores de 9 kcal/g para gordura e 4 kcal/g para carboidratos não fibrosos e para proteína. A viscosidade da pasta foi

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determinada seguindo o protocolo padrão 2, descrito no método geral de empaste da “Newport Scientific Methods” (ICC, 1995). A análise sensorial foi conduzida com 35 crianças entre 5 e 6 anos, de ambos os sexos, por teste subjetivo de escala hedônica facial, com 5 pontos e teste de avaliação de freqüência de consumo. Também foi conduzida com 51 adultos de ambos os sexos, que avaliaram o produto quanto à textura e sabor através do teste subjetivo de escala hedônica de nove pontos.

Os resultados obtidos neste trabalho demonstram que o macarrão Teste apresentou teor de proteína bruta 34,50% superior ao Padrão, em função da fonte protéica empregada na sua elaboração. Concomitante à elevação do teor protéico, o macarrão Teste manteve a característica de alimento energético. Aliado a isso, o teor de fibra total aumentou 2,6 vezes e os de minerais em 1,9 vezes, porém, sem alterar os valores energéticos.

Apesar de importante, deve-se salientar que apenas o aumento no valor absoluto de proteína de um alimento não é indicativo de melhorias significativas do potencial nutricional, as quais estão intimamente correlacionadas com o perfil em aminoácidos. Dentro deste contexto, a combinação entre proteína de cereal (arroz) e leguminosa (soja) é capaz de fornecer não somente aumento no aporte protéico, mas, também, melhoria significativa no seu valor biológico (figura 1).

A viscosidade no pico de empaste do macarrão teste foi significativamente menor (345,50) que a do padrão (378,50) sendo que isto pode ter prejudicado as características tecnológicas da massa, porém sem depreciar o produto final. A análise sensorial do macarrão teste, pelo grupo de crianças, demonstrou elevado grau de aceitabilidade, sendo que 97,30% dos julgadores optou por gostei muito, enquanto uma pequena parcela escolheu a opção desgostei muito (2,70%). O teste de avaliação da freqüência do consumo reforça o elevado índice de aceitação, sendo que 96,61% dos avaliadores infantis se encaixam na avaliação de “comeu tudo”. A análise sensorial realizada pelo grupo de adultos demonstrou que, quanto ao atributo sabor, 80,39 % dos avaliadores optaram por gostei muitíssimo, gostei muito, gostei regularmente, gostei ligeiramente e,ma pequena parcela se mostrou indiferente avaliando o produto como desgostei muito (19,60 %). Em relação à textura, 72,54 % dos avaliadores escolheram as notas gostei muitíssimo, gostei muito, gostei regularmente, gostei ligeiramente, seguido de uma pequena parcela de 27,45 % que optaram por indiferente e desgostei. Estes resultados revelaram que o macarrão teste foi bem aceito também pelo público adulto.

Portanto, concluí-se que o uso combinado de farelo de soja e quirera de arroz, nos níveis estudados, permitiram desenvolver uma formulação de macarrão com maior teor protéico e melhor qualidade nutricional, aliado à manutenção de boas características tecnológicas e organolépticas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AOAC – Association of Official Analytical Chemists. Official Methods of Analysis of the AOAC International. 16th ed., supplement 1998. Washington: AOAC, 1995. 1018p. WAY III, C.V.W. Segredos em Nutrição: respostas necessárias ao dia-a-dia: em rounds, na clínica em exames orais e escritos. Porto Alegre: Ed Artmed, 296 p; Bibliografia: 159-160.ISBN 1-56053-206-8, 2000. KRUGER, C.C.H.et al. Biscoitos Tipo “Cookie” e “Snack” enriquecidos, respectivamente com caseína obtida por coagulação Enzimática e Caseínato de sódio. Ciênc. Tecnol.Aliment., Campinas, v.23,n.1,p. 81-86, jan-abr. 2003 HOODA,S.; JOOD,S. Organoleptic and nutritional evaluation of wheat biscuits supplemented with untreated and treated fenugreek flour. Food Chemistry, v.90 , p.427 435, 2005.

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International Association for cereal Science and Technology(ICC), Rapid Pasting Method using the Newport Rapid Visco Analyser. ICC Standard No 162, Int. Assoc. Cereal Sci. Technol, 1995 . Tabela 1: Ingredientes e proporções usados nas formulações de macarrão

Formulação Ingredientes Padrão Teste

.......................%....................... Farinha de trigo 66,67 0,00 Farelo de soja 0,00 13,69 Farinha de arroz 0,00 19,18 Farinha de arroz pré-gelatinizada 0,00 21,92 Ovo em pó 8,33 6,85 Água 25,00 38,35

Tabela. 2. Composição química dos macarrões padrão e teste (% na matéria seca) Componentes Macarrão Padrão Macarrão teste P* Proteína bruta 15,69±0,93 21,11±0,64 < 0,001 Fibra insolúvel 1,16±0,06 5,35±0,07 < 0,001 Fibra solúvel 1,33±0,07 1,03±0,04 0,001 Fibra total 2,49±0,02 6,39±0,06 < 0,001 Cinzas 1,13±0,11 2,18±0,04 < 0,001 Lipídios 5,67±0,53 5,55±0,46 0,7374 Valor Calórico 428,35 kcal 427,55 kcal

* Teste t com α = 5% Figura 1: Composição de aminoácidos do macarrão padrão e teste

1,38375

4,3525

1,0125

0,705

0,3675

0,9075

0,605

0,815

1,40375

0,54125

0,85

0,3525

0,7275

0,72

1,33125

0,825

0,7425

2,81875

4,2975

1,425

0,9125

0,5675

1,71

0,935

1,1425

1,06625

0,88125

1,19

0,455

0,875

1,085

1,78875

1,21

1,48

Ac ido aspartico

A c ido g lu tam ico

Serina

G lic ina

His tidina

A rg inina

Treonina

Alanina

Pro lina

Tiros ina

Valina

M etion ina

M etionina + c ist ina

Iso leuc ina

Leuc ina

F enila lan ina

Lis ina

A m inoácidos

0 1 2 3 4 5

Valores m g/100 g M acarrão Padrão M acarrão Tes te

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ENRIQUECIMENTO NUTRICIONAL DE MACARRÃO E SEU EFEITO SOBRE A RESPOSTA BIOLÓGICA

Angélica Markus Nicoletti (1), Leila Picolli da Silva (1), Geni Salete Pinto de Toledo

(1), Luiza Helena Hecktheuer(1),Carine Gláucia Comarella(1), Fabrício Barros Brum(1). 1Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – CCR, DTCA, NIDAL, Camobi – CEP: 97015-900 – Santa Maria-RS. [email protected] Palavras Chaves: Proteína, ratos, farelo soja, quirera de arroz, fibra.

Em muitas partes do mundo, particularmente nos países em desenvolvimento, há baixo consumo de proteína de alto valor biológico (proteína animal), devido ao seu custo, gerando inadequada ingestão protéica, levando a distúrbios nutricionais que influem diretamente sobre o crescimento infantil e estado nutricional da população. Baseado nesta evidência, os órgãos de saúde pública tem demonstrado crescente interesse em criar programas e incentivar o consumo de alimentos de valor nutritivo melhorado, cujas funções pretendem ir além do fornecimento de nutrientes básicos, mas tem por objetivo melhorar e/ou reduzir riscos de doenças causadas por deficiência alimentar. Neste contexto, a exploração do potencial de ingredientes alternativos, em especial os de baixo custo, tais como o farelo de soja e a quirera de arroz, abrem novas possibilidades de rever formulações alimentares, tornando-as mais saudáveis e de acesso a todas as classes sociais, o qual terá reflexos diretos sobre a melhoria da saúde pública. No Brasil, a soja e seus subprodutos são prioritariamente utilizados em rações animais por seu rico conteúdo protéico, no entanto, pouco explorado para melhoria da qualidade dietética da alimentação humana. A quirera de arroz é um subproduto do beneficiamento e processamento deste cereal, podendo ser usada como fonte de carboidratos e de alguns aminoácidos essenciais, com praticamente a mesma composição química do seu produto de origem. A combinação destes ingredientes alternativos pode resultar em melhorias significativas nos escores aminoacídicos, originando alimentos de melhor qualidade nutricional. Neste contexto, o presente trabalho foi desenvolvido para verificar a eficiência nutricional de macarrão enriquecido com fontes alimentares alternativas (farelo de soja e quirera de arroz), sobre a resposta biológica de ratos em fase de crescimento.

Foram utilizados 30 ratos machos da linhagem Wistar (21 dias de idade), divididos em três tratamentos (dietas): dieta AIN 93G para ratos em fase de crescimento, dieta com macarrão padrão (macarrão de trigo) e dieta teste (macarrão enriquecido, composto de farelo de soja e quirera de arroz), durante 19 dias. O consumo de ração e a coleta de fezes foram obtidos diariamente e o peso corporal, a cada três dias. Estes dados e amostras foram coletados a fim de determinar o consumo, ganho de peso, matéria seca das fezes, produção de fezes úmidas e secas, umidade, pH das fezes e excreção de nitrogênio. As determinações de umidade (105ºC/12horas) e nitrogênio nas fezes (Micro-Kjeldahl) foram realizadas segundo métodos descritos pela AOAC.(1995). O pH fecal foi obtido a partir da dissolução de 1g de fezes parcialmente secas em 10 ml de água destilada e submetido a análise por pHmetro. O teor de fibra nas fezes foi determinado por estimativa da fibra em detergente neutro (FND), conforme método proposto por Van Soest, 1994. Após eutanásia, realizou-se a coleta do fígado, da gordura epididimal e de sangue, para análises correlatas. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância (F-teste) e as médias comparadas pelo teste de Duncan a 5% de significância.

Os resultados demonstraram que o ganho de peso se mostrou mais elevado no TEnriquecido do que no TPadrão, não se diferindo do TAIN 93G, formulado para garantir o máximo crescimento e desenvolvimento do indivíduo. Analisando os resultados da tabela 2, pode-se constatar que este maior ganho de peso para o tratamento TEnriquecido não é indicativo de deposição de gordura epididimal, mas provavelmente se deve a ganho em tecido muscular, indicando a eficiência da maior suplementação e do uso de proteína de

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soja, aliada a de arroz, como adequada fonte protéica. A produção de fezes úmidas foi significativamente maior no TEnriquecido em relação ao TAIN 93G que, por sua vez, foi maior que o TPadrão (Tabela 3). Estes resultados foram influenciados prioritariamente pela retenção de umidade nas fezes, mas não pela menor digestibilidade do alimento ingerido, uma vez que a quantidade de fezes secas não diferiu entre os tratamentos. A maior retenção de umidade nas fezes produzidas pelos animais submetidos ao TEnriquecido pode ser explicada pelo aumento na quantidade de fibra consumida na dieta, bem como, pelas peculiaridades físico-químicas da fibra oriunda do farelo de soja usado na formulação do macarrão. O pH das fezes foi significativamente menor e a excreção fecal de nitrogênio, significativamente maior no TEnriquecido quando comparado com o TAIN 93G e o TPadrão (tabela 4). Estes resultados podem ser explicados pelas alterações nas populações e na atividade da microbiota intestinal, resultantes do aumento do consumo de fibras. A fibra oriunda de parede celular primária (característica de grãos) na dieta é mais susceptível a fermentação, aumentando linearmente a excreção endógena de nitrogênio e a massa bacteriana nas fezes, bem como, diminui o pH fecal, sendo indicativo da maior ação de bactérias acidolíticas benéficas (bifidobactérias) sobre este substrato (Silva,2003).Quanto aos parâmetros sangüíneos o maior nível de hemoglobina no TEnriquecido em relação aos tratamentos TAIN 93G e TPadrão demonstram a quantidade maior de aminoácidos disponíveis e reforçam o resultado do aumento de massa muscular nos animais submetidos a este tratamento (tabela 5). Os valores de triglicerídios foram menores no TAIN 93G em relação ao TEnriquecido, o qual foi menor que o TPadrão (tabela 5), provavelmente pela variação nos teores de carboidratos digestíveis entre os tratamentos, os quais são depositados na forma de triglicerídios quando o metabolismo bioquímico está em anabolismo. As proteínas totais foram significativamente maiores no TEnriquecido, TAIN 93G em relação ao TPadrão (tabela 5). Estes resultados evidenciam a adequada composição de aminoácidos da ração, onde ocorreu a complementação aminoacídica de leguminosa e cereal, a qual se refletiu na maior eficiência protéica. A determinação do nível sérico de proteínas auxilia na verificação do estado nutricional da dieta consumida; uma vez que alto nível de proteínas totais indica adequado “pool” de aminoácidos circulantes, os quais serão utilizados pelo organismo conforme as suas necessidades, para síntese de proteína, formação e ou reparação de tecidos (Linder,1991; Marks, 1996).Os resultados de maior crescimento de animais submetidos à dieta TEnriquecido (não acompanhado de aumento de gordura epididimal, aliado ao alto nível sanguíneo de proteínas totais), mostram a eficiência quantitativa e qualitativa dos aminoácidos desta dieta. Em geral, proteínas de origem animal tem adequada proporção de aminoácidos essenciais, porém, são menos consumidas pela população carente.

Neste contexto, os resultados obtidos no presente estudo demonstraram que a mistura de proteínas de leguminosa (soja) e de cereal (arroz) fornecem uma fonte protéica equilibrada nutricionalmente, mostrando-se eficaz no crescimento dos ratos não sendo acompanhado de deposição de gordura epididimal, mas sim, de maior nível de proteínas circulantes no sangue, fornecendo um alimento mais saudável, advindo de fontes de baixo custo.

Os autores agradecem o suporte financeiro da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), na forma de bolsa de mestrado e PRODOC (conv. 232/03); e a empresa LABTEST, pela doação dos kits para as análises de parâmetros sangüíneos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AOAC – Association of Official Analytical Chemists. Official Methods of Analysis of the AOAC International. 16th ed., supplement 1998. Washington: AOAC, 1995. 1018p. FERREIRA, W. M. Os componentes da parede celular vegetal na nutrição de não- ruminantes. In: reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 31, 1994, Maringá. Simpósio internacional de produção de não-ruminantes- Anais. Maringá:EDUEM, p 85-113,1994.

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Silva LP, Nornberg JL. Prébióticos na Nutrição de Não Ruminantes. Ciência Rural, v.33, n.5, p.983-990, 2003 Linder MC.Nutritional Biochemistry and metabolism With Clinical Applications. Department of chemistry and Biochemistry, California State University, Fullerton , Califórnia. 603 p.1991 Marks DB, Marks AD, Smith CM. Basic Medical Biochemistry. A Clinical Approach. Baltimore, Marryland USA. Ed Williams & Wilkins, 806 p. 1996 Tabela 1.Composição química das rações. Composição química ( g/100g de ração) TAIN 93g TPadrão TEnriquecido Proteína 20,38 15,69 21,11 Lipídios 7,00 5,67 5,55 Carboidratos digestíveis 67,62 76,15 66,95 Carboidratos não digestíveis 5,00 2,49 6,39 Valor calórico 4150,00 Kcal 4183,90 Kcal 4021,90 Kcal Tabela 2. Efeito das diferentes fontes de proteína sobre o consumo de ração, ganho de peso e gordura epididimal. Variáveis TAIN Tpadrão TEnriquecido Consumo (g) 15,26±1,11ns 15,09±1,45ns 15,40±1,06ns Ganho peso (g) 73,03±8,07ab 69,45±8,26b 81,25±14,49a Gordura epididimal (g/100g de peso vivo)

0,84±0,11b 1,03±0,06a 0,89±0,15b

Médias seguidas de letras diferentes, na linha, diferem pelo teste de Duncan a 5% de significância Tabela 3. Efeito das diferentes fontes de proteína sobre a produção de fezes úmidas, produção de fezes secas , umidade das fezes e FND nas fezes Variáveis TAIN TPadrão TEnriquecido Peso Fezes Úmidas (g) 14,33±1,61b 10,84±1,52c 18,58±2,09a Peso Fezes Secas (g) 1,87±0,024ns 1,91±0,13ns 1,88±0,017ns Umidade das fezes(%) 27,99±4,13b 25,55±4,13b 32,52±4,51a FDN nas fezes (%) 45,65±2,52a 19,68±2,81c 23,72±1,95b

Médias seguidas de letras diferentes, na linha, diferem pelo teste de Duncan a 5% de significância Tabela 4. Efeito das diferentes fontes de proteína sobre o pH fecal e excreção de nitrogênio nas fezes Variáveis TAIN TPadrão TEnriquecido pH fecal 6,73±0,17a 6,65±0,09ab 6,51±0,18b Nitrogênio nas fezes (%) 3,74±0,33c 5,53±0,37b 5,98±0,33a Médias que não possuem pelo menos uma letra em comum, na linha, diferem pelo teste de Duncan a 5% de significância. Tabela 5. Efeito das diferentes fontes de proteína sobre os parâmetros sanguíneos, hemoglobina, triglicerídeos , e proteínas totais Variáveis TAIN TPadrão TEnriquecido Hemoglobina 13,85±2,52 ab 11,00±2,74 b 15,89±1,97 a Triglicerídios 34,47±5,17 b 61,58±14,42 a 45,96±8,39 b Proteínas totais 4,87±0,23 a 4,47±0,29 b 5,03±0,28 a Médias que não possuem pelo menos uma letra em comum, na linha, diferem pelo teste de Duncan a 5% de significância

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COMPORTAMENTO DE HIDRATAÇÃO EM FUNÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE ARROZ

Rafael Pivotto Bortolotto(1), Nilson Lemos de Menezes(2*), Danton Camacho Garcia(2), Nilson Matheus Mattioni(2). 1Universidade Federal de Santa Maria, Eng. Agr., Mestre em Agronomia, e-mail: [email protected]. 2 Depto. de Fitotecnia, CCR, UFSM, Santa Maria, RS. CEP: 97105-900. * Autor para correspondência postal.

Pesquisas têm sido realizadas com o objetivo de associar a velocidade de hidratação da semente com a qualidade fisiológica, onde a velocidade de absorção parece ser afetada pela qualidade das sementes, constituindo-se, assim, num indicativo da qualidade da mesma (Souza et al., 1996; Beckert & Silva, 2002; Wrasse, 2006). As características físicas e fisiológicas associadas à absorção de água, em sementes de Calopogonium mucunoides apontaram que, quanto maior a porcentagem de sementes intumescidas, menor é a qualidade do respectivo lote de sementes (Souza et al., 1996). Em soja, Beckert & Silva (2002), estudando a relação entre qualidade fisiológica e freqüência de espessura de sementes hidratadas, verificaram que as sementes que atingiram maior espessura absorveram uma maior quantidade de água no mesmo espaço de tempo, sugerindo que sementes mais deterioradas embebem mais rapidamente. Por outro lado, Wrasse (2006) verificou que as sementes arroz irrigado com menor qualidade fisiológica têm sua velocidade de hidratação menor do que sementes de maior qualidade.

Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi verificar a relação existente com o comportamento da curva de hidratação e a qualidade fisiológica de sementes de arroz.

A pesquisa foi conduzida no Laboratório Didático e de Pesquisas em Sementes (LDPS) e na área experimental do Departamento de Fitotecnia, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria - RS. Foram utilizados seis lotes de sementes de arroz (Oryza sativa L.), sendo três lotes da cultivar IRGA 417 e três lotes da cultivar IRGA 422 CL. O trabalho foi constituído de dois experimentos, um para cada cultivar, com três tratamentos cada, constituído pelos lotes. Os lotes, de ambas cultivares, possuíam qualidade fisiológica distinta, sendo todos provenientes da safra 2005/06. Os lotes de sementes foram obtidos da empresa Sementes Cauduro, do município de São Vicente do Sul, RS. Inicialmente, foi realizada a superação da dormência através da pré-secagem (Brasil, 1992) e após, para caracterizar o potencial fisiológico dos lotes, aplicou-se o seguinte conjunto de testes: germinação, primeira contagem do teste de germinação, envelhecimento acelerado, massa seca de plântula e emergência em campo. Após, foi determinada a curva de hidratação com uma amostra de 100g de cada lote que foi colocada em papel umedecido e mantida a 25ºC. A cada três horas, duas repetições de aproximadamente 5g foram retiradas dos rolos, para determinação da umidade em estufa a 105ºC ± 3ºC, conforme Regras Para Análise de Sementes (Brasil, 1992) e estabelecimento da curva de hidratação. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro repetições. Os dados experimentais foram submetidos à análise da variância onde as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro, através do programa estatístico SANEST (Zonta et al., 1986). A variável germinação e suas derivações usadas foram transformadas em arco seno.

Os resultados referentes aos testes de germinação, vigor e emergência em campo aos 21 dias após a semeadura, aplicados às sementes de arroz, para caracterização da qualidade fisiológica dos lotes estão apresentados na Tabela 1. O teste de germinação indicou diferenças significativas entre os lotes da cultivar IRGA 417, o lote 2 apresentou menor poder germinativo em relação ao lotes 1 e 3, que apresentaram as maiores porcentagens de plântulas normais ao final de 14 dias. Para a cultivar IRGA 422 CL, não ocorreu diferença entre os lotes para esta variável. No teste de primeira contagem da germinação, envelhecimento acelerado e massa seca de plântula os lotes 1 e 3 nas duas cultivares, não diferiram significativamente entre si, sendo o lote de menor vigor foi o

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lote 2, com um menor número de plântulas normais formadas e menor massa. Esses testes estratificaram os lotes da cultivar IRGA 422 CL, o que não foi observado no teste de germinação. A emergência das plantas em campo mostrou diferenças significativas entre os lotes nas duas cultivares. O lote 2 das duas cultivares teve uma menor emergência, confirmando seu menor vigor. Estes resultados ratificam as inúmeras pesquisas realizadas até o momento (Höfs et al., 2004; Wrasse, 2006), que observaram a reprodução do comportamento das sementes obtido em testes de laboratório na emergência em campo, indicando que lotes de sementes com alto vigor apresentam emergência mais rápida e estande final mais uniforme, comparado com sementes de menor vigor.

A caracterização inicial dos lotes identificou o lote 2, como aquele de menor potencial fisiológico e não apontou diferenças significativas entre os lotes 1 e 3, nas duas cultivares estudadas, tanto nos testes aplicados no laboratório como no estabelecimento das plantas em campo. Tabela 1 – Germinação (G), primeira contagem (PC), envelhecimento acelerado (EA),

massa seca de plântula (MS) e emergência em campo aos 21 dias após a semeadura (EM) de três lotes de sementes de arroz cv IRGA 417 e cv IRGA 422 CL. Santa Maria – RS, 2006.

Lotes G (%) PC (%) EA (%) MS (mg) EM (%)

IRGA 417 L1 95a* 94a 87a 5,70a 81a L2 85b 65b 69b 4,75b 72b L3 94a 92a 89a 5,52a 82a

C.V. (%) 5,81 6,33 3,44 4,84 3,48 IRGA 422 CL

L1 88a 81a 79a 5,17a 76a L2 86a 63b 69b 4,42b 65b L3 88a 86a 86a 5,30a 80a

C.V. (%) 4,71 6,14 5,08 6,69 4,53 * Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

A Figura 1A e 1B mostram as curvas de hidratação dos três lotes de sementes

das cultivares IRGA 417 e IRGA 422 CL, respectivamente. Observou-se que, para a cultivar IRGA 417, os lotes 1 e 3 tiveram comportamento semelhante, absorvendo quantidade de água equivalente a 14 pontos percentuais a mais, em relação ao lote 2, onde as sementes deste lote atingiram aproximadamente 28% de umidade, enquanto as sementes dos lotes 1 e 3 atingiram ao redor de 42% de umidade no mesmo período. O comportamento da curva de hidratação dos lotes da cultivar IRGA 422 CL foi semelhante ao ocorrido com os lotes da cultivar IRGA 417, porém, com diferença no percentual final de umidade após o período de 24 horas. O lote 2 atingiu um percentual de umidade 10% menor, comparado com os demais. Os lotes 1 e 3 atingiram aproximadamente 38%, enquanto que o lote 2 apenas 28% de umidade aproximadamente no mesmo intervalo de tempo. A curva de hidratação, em ambas cultivares, mostrou diferença na absorção de água entre o lote 2 e os demais lotes. Comparando o comportamento da curva de hidratação com os testes anteriormente realizados, verifica-se que o os lotes 1 e 3 de ambas cultivares apresentaram maior vigor e maiores teores de água. Estes resultados diferem daqueles encontrados em outras culturas como a soja (Beckert & Silva, 2002), Calopogonium mucunoides (Souza et al., 1996), cujos autores indicaram que as sementes mais deterioradas absorvem um maior percentual de água nas primeiras horas de hidratação, porque as membranas celulares deterioradas são mais permeáveis à entrada de água. Porém, concordam com os resultados obtidos por Wrasse (2006), os quais

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indicam que na cultura do arroz irrigado, as sementes com menor qualidade fisiológica têm menor velocidade de hidratação do que sementes de melhor qualidade.

0

10

20

30

40

50

0 3 6 9 12 15 18 21 24

Período (h)

Um

idad

e (%

)

Lote 1

Lote 2

Lote 3

0

10

20

30

40

50

0 3 6 9 12 15 18 21 24

Período (h)

Um

idad

e (%

)

Lote 1

Lote 2

Lote 3

A B

Figura 1 - Curva de hidratação de três lotes de sementes de arroz cv IRGA 417 (A) e cv IRGA 422 CL (B) no período de 24 horas. Santa Maria – RS, 2006. Os resultados obtidos para as sementes de arroz irrigado sugerem que a pálea e

a lema atuam como barreira contra a entrada de água e oxigênio, assim influenciando na atividade metabólica inicial. A água e o oxigênio que conseguem passar por essa barreira, são aproveitados de modo mais eficiente para o metabolismo das sementes mais vigorosas. De acordo com Wrasse (2006), esse metabolismo exige quantidade cada vez maior de água dando maior velocidade à hidratação e teores mais elevados nas primeiras horas. Com base nesses resultados é possível relacionar velocidade de hidratação com qualidade fisiológica de sementes de arroz irrigado, pois os lotes de menor qualidade absorveram água mais lentamente e em menor quantidade do que lotes de maior qualidade fisiológica.

A qualidade fisiológica afeta o teor de água alcançado pelas sementes de arroz durante a hidratação, sendo que as sementes de menor vigor apresentam menor velocidade e teor de água até 24 horas, quando comparadas com sementes de maior vigor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BECKERT, O.P.; SILVA, W.R. O uso da hidratação para estimar o desempenho de sementes de soja. Bragantia, Campinas, v.61, n.1, p.61-69, 2002.

BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DND/CLAV, 1992. 365p.

HÖFS, A.; SCHUCH, L.O.B.; PESKE, S.T. BARROS, A.C.S.A. Emergência e crescimento de plântulas de arroz em resposta à qualidade fisiológica de sementes. Revista Brasileira de Sementes, Pelotas, v.26 n.1, p.92-97, 2004.

SOUZA, F.H.D.; MARCOS FILHO, J. NOGUEIRA, M.C.S. Características físicas das sementes de Calopogonium mucunoides Desv. associadas a qualidade fisiológica e ao padrão de absorção de água I. Tamanho. Revista Brasileira de Sementes, Campinas, v.18, n.1, p.33-40, 1996.

WRASSE, C.F. Testes de vigor alternativos em sementes de arroz. 2006. 70f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria.

ZONTA, E.P.; SILVEIRA, P.S.; ALMEIDA, A. Sistema de análise estatística para microcomputadores – SANEST. Pelotas: Instituto de Física e Matemática, UFPel, 1986. 150p.

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TEOR DE PROTEÍNA EM AUXÍLIO À DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ARROZ

Rafael Pivotto Bortolotto(1), Nilson Lemos de Menezes(2*), Danton Camacho Garcia(2), Nilson Matheus Mattioni(2). 1Universidade Federal de Santa Maria, Eng. Agr., Mestre em Agronomia, e-mail: [email protected]. 2Depto. de Fitotecnia, CCR, UFSM, Santa Maria, RS. CEP: 97105-900. * Autor para correspondência postal.

O uso de sementes de arroz irrigado de baixa qualidade ou manejo inadequado pode afetar negativamente a germinação, dificultar a emergência das plântulas, produzir falha no estande, variação no perfilhamento, desuniformidade de maturação e, por conseqüência, redução na quantidade e qualidade da produção. A avaliação da qualidade fisiológica de sementes deve ser realizada através de exames detalhados das sementes, mediante uma série de testes padronizados, para permitir maior grau de segurança na comparação dos resultados (Marcos Filho et al., 1987). Além dos testes convencionais de vigor, tais como o de primeira contagem da germinação, frio e envelhecimento acelerado, outras avaliações podem ser feitas para melhor estimar o potencial fisiológico das sementes, dentre estas esta a determinação do teor de proteína bruta das sementes.

Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o teor de proteína como elemento auxiliar na determinação da qualidade fisiológica de sementes de arroz.

A pesquisa foi conduzida no Laboratório Didático e de Pesquisas em Sementes (LDPS) e na área experimental do Departamento de Fitotecnia, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria - RS. Foram utilizados seis lotes de sementes de arroz (Oryza sativa L.), sendo três lotes da cultivar IRGA 417 e três lotes da cultivar IRGA 422 CL. O trabalho foi constituído de dois experimentos, um para cada cultivar, com três tratamentos cada, constituído pelos lotes. Os lotes, de ambas cultivares, possuíam qualidade fisiológica distinta, sendo todos provenientes da safra 2005/06. Os lotes de sementes foram obtidos da empresa Sementes Cauduro, do município de São Vicente do Sul, RS. Inicialmente, foi realizada a superação da dormência através da pré-secagem (Brasil, 1992) e após, para caracterizar o potencial fisiológico dos lotes, aplicou-se o conjunto de testes citados a seguir: germinação, primeira contagem do teste de germinação, envelhecimento acelerado, frio sem solo e emergência em campo. Após, foi determinado o teor de proteína bruta, no Laboratório de Ecologia Florestal do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), nas amostras de sementes dos seis lotes, totalizando quatro repetições por lote. Todas as amostras foram descascadas e moídas a fim de se obter tamanho de partículas apropriado para as análises de proteína bruta (PB) pelo método de Kjeldahl (N x 5,95), realizada de acordo com a técnica descrita pela AOAC (1995). Os resultados foram expressos em porcentagem. Para execução da análise estatística utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro repetições. Os dados experimentais foram submetidos à análise da variância onde as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro, através do programa estatístico SANEST (Zonta et al., 1986). A variável germinação e suas derivações usadas foram transformadas em arco seno.

Os resultados referentes aos testes de germinação, vigor e emergência em campo aos 21 dias após a semeadura, aplicados às sementes de arroz, para caracterização da qualidade fisiológica dos lotes estão apresentados na Tabela 1. O teste de germinação indicou diferenças significativas entre os lotes da cultivar IRGA 417, o lote 2 apresentou menor poder germinativo em relação ao lotes 1 e 3 que apresentaram as maiores porcentagens de plântulas normais ao final de 14 dias. Para a cultivar IRGA 422 CL, não ocorreu diferença entre os lotes para esta variável. No teste de primeira contagem da germinação, envelhecimento acelerado e frio sem solo os lotes 1 e 3 nas duas cultivares, não diferiram significativamente entre si, sendo o lote de menor vigor foi o lote 2,

Page 248: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

com um menor número de plântulas normais formadas. Esses testes estratificaram os lotes da cultivar IRGA 422 CL, o que não foi observado no teste de germinação. A emergência das plantas em campo mostrou diferenças significativas entre os lotes nas duas cultivares. O lote 2 das duas cultivares teve uma menor emergência, confirmando seu menor vigor. Estes resultados ratificam as inúmeras pesquisas realizadas até o momento (Menezes & Silveira, 1995; Höfs et al., 2004; Wrasse, 2006), que observaram a reprodução do comportamento das sementes obtido em testes de laboratório na emergência em campo, indicando que lotes de sementes com alto vigor apresentam emergência mais rápida e estande final mais uniforme, comparado com sementes de menor vigor. A caracterização inicial dos lotes identificou o lote 2, como aquele de menor potencial fisiológico e não apontou diferenças significativas entre os lotes 1 e 3, nas duas cultivares estudadas, tanto nos testes aplicados no laboratório como no estabelecimento das plantas em campo. Tabela 1 – Germinação (G), primeira contagem (PC), envelhecimento acelerado (EA), teste

de frio (TF) e emergência em campo aos 21 dias após a semeadura (EM) de três lotes de sementes de arroz cv IRGA 417 e cv IRGA 422 CL. Santa Maria – RS, 2006.

Lotes G (%) PC (%) EA (%) TF (%) EM (%) IRGA 417

L1 95a* 94a 87a 88a 73,75a L2 85b 65b 69b 80b 56,50b L3 94a 92a 89a 90a 69,00a

C.V. (%) 5,81 6,33 3,44 3,81 4,25 IRGA 422 CL

L1 88a 81a 79a 83a 62,25a L2 86a 63b 69b 72b 50,75b L3 88a 86a 86a 82a 68,25a

C.V. (%) 4,71 6,14 5,08 5,88 5,38 * Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Os teores de proteína bruta encontradas nos lotes das cultivares IRGA 417 e

IRGA 422 CL são apresentados na Tabela 2. Embora na cultivar IRGA 417 não tenham ocorrido diferenças significativas, observou-se que o lote 2, classificado como de menor vigor, nos testes de germinação, primeira contagem, envelhecimento acelerado, teste de frio sem solo e emergência em campo, apresentou menor valor absoluto na porcentagem de proteína bruta. Porém, a cultivar IRGA 422 CL apresentou diferença significativa entre os lotes, mostrando que os lotes de maior qualidade fisiológica, apresentaram maiores teores de proteína bruta, concordando com Carvalho e Nakagawa (2000), os quais indicam que quanto maior o teor de reservas das sementes, maior será o vigor das plântulas resultantes. Segundo Abdul-Baki (1980), os primeiros eventos bioquímicos verificados quando as sementes são expostas a condições desfavoráveis de ambiente é o dano à síntese de proteínas durante as primeiras horas da embebição para ativar o processo da germinação.

A determinação do teor de proteínas não é um teste de vigor, porém os resultados obtidos mostraram a possibilidade de associá-la à avaliação do potencial fisiológico das sementes, porque as proteínas catalisam reações químicas ou servem para formar novos tecidos nos pontos de crescimento do embrião (Marcos Filho, 2005) e isto está relacionado à eficiência do metabolismo e a velocidade de formação e vigor das plântulas.

O teor de proteína bruta é capaz de identificar diferenças entre lotes de arroz, com diferentes níveis de potencial fisiológico, portanto, trata-se de uma determinação promissora para associação aos testes convencionais para avaliação do potencial fisiológico das sementes de arroz.

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Tabela 2 - Teor de proteína bruta de três lotes de sementes de arroz das cultivares IRGA

417 e IRGA 422 CL. Santa Maria – RS, 2006. Proteína Bruta (%) Lote

IRGA 417 IRGA 422 CL L1 7,66a* 8,46a L2 7,48a 8,09c L3 7,54a 8,21b

C.V. (%) 0,96 0,36 * Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ABDUL-BAKI, A.A. Biochemical aspects of seed vigor. HortScience, Alexandria, v.15, n.6, p.765-771, 1980.

AOAC. Official Methods of Analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 16. ed. Washington: DC, 1995. Cap.32, p.25-28.

CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4.ed. Jaboticabal: Funep, 2000. 588p.

HÖFS, A.; SCHUCH, L.O.B.; PESKE, S.T. BARROS, A.C.S.A. Emergência e crescimento de plântulas de arroz em resposta à qualidade fisiológica de sementes. Revista Brasileira de Sementes, Pelotas, v.26 n.1, p.92-97, 2004.

MARCOS FILHO, M.; CICERO, S.M.; SILVA, W.R. Avaliação da qualidade de sementes. Piracicaba : FEALQ 1987. 230p.

MARCOS FILHO, M. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: FEALQ, 2005. 495p.

MENEZES, N.L.; SILVEIRA, T.L.D. Métodos para avaliar a qualidade fisiológica de sementes de arroz. Scientia Agricola, Piracicaba, v.52, n.2, p.350-359, 1995.

WRASSE, C.F. Testes de vigor alternativos em sementes de arroz. 2006. 70f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Santa Maria, 2006.

ZONTA, E.P.; SILVEIRA, P.S.; ALMEIDA, A. Sistema de análise estatística para microcomputadores – SANEST. Pelotas: Instituto de Física e Matemática, UFPel, 1986. 150p.

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ÉPOCAS DE COLHEITA E PRODUTIVIDADE DE ARROZ IRRIGADO BRS RORAIMA EM VÁRZEA DE RORAIMA

Oscar José Smiderle(1), Paulo Roberto Perreira(2), Moisés Mourão Jr(1). ¹Embrapa Roraima, Rod BR 174 KM 08 Caixa Postal 133 69301-970 e-mail: [email protected]. 2Embrapa Trigo.

O arroz irrigado é um dos produtos mais importantes do setor agrícola de Roraima. Na safra 2005/06 ocupou área de 23.511 hectares, com produção de 122.257 toneladas de arroz em casca e produtividade média de 5.199 kg ha-1 (AGRIANUAL, 2007). Essa produção abastece o mercado local e ainda proporciona excedentes para o mercado de outros estados da região Norte, mais notadamente, o de Manaus no Amazonas. As possibilidades de expansão de área são grandes, tendo em vista que apenas 20% da demanda do estado do Amazonas é atendida por arroz produzido em Roraima.

A colheita na época certa é de fundamental importância para se obter um produto de melhor qualidade e com maior rendimento. O arroz atinge o ponto de maturação adequado quando dois terços dos grãos da panícula estão maduros. A colheita antecipada, com umidade elevada, aumenta a proporção de grãos malformados e gessados. O arroz colhido tardiamente, com umidade muito baixa, afeta a produtividade pela degrana natural, ocorrendo o trincamento dos grãos e a redução do rendimento de grãos inteiros no beneficiamento.

Em face da escassez de informações de caráter regional sobre a influência do momento de colheita na produtividade e qualidade de grãos de arroz irrigado para consumo, com a presente pesquisa objetivou-se avaliar a melhor época de colheita no arroz BRS Roraima produzido em Boa Vista. Esta cultivar apresenta florescimento entre 75 e 77 dias e ciclo de 115 dias. O grão é classificado como longo fino, apresentando baixa temperatura de gelatinização e alto teor de amilose (31%).

O experimento foi instalado em área irrigada por inundação, em solo classificado como GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico, localizada na Fazenda Santa Cecília, município do Cantá, Estado de Roraima. A cultivar de arroz (Oryza sativa L.) utilizada foi a BRS Roraima. Cada parcela experimental constou de quatro linhas de seis metros de comprimento, espaçadas 0,30 m entre si. Nas colheitas foram aproveitadas apenas as duas linhas centrais, descartando 0,5 m nas extremidades. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, composto de seis tratamentos (colheita aos 15; 22; 29; 36; 43 e 50 dias após o florescimento) e quatro repetições.

As características químicas do solo previamente ao experimento foram as seguintes: P (Mehlich-1) traços; matéria orgânica 20,6 g dm-3; pH (água) 5,2; K+ 48,6 mg dm-3; Ca2+ 0,67 cmolc dm-3; Mg2+ 0,33 cmolc dm-3; textura apresentando 49,6 % de areia; 26,5 % de argila; e 23,9% de silte.

No plantio das parcelas experimentais, foram aplicados 100kg ha-1 de P2O5 e 80kg ha-1 de K2O nas formas de superfosfato simples e de cloreto de potássio, respectivamente. A adubação nitrogenada, na forma de uréia, foi parcelada, sendo aplicados 60kg ha-1 de N no perfilhamento e 60 kg ha-1 na diferenciação do primórdio floral (15 e 45 dias após a emergência, respectivamente).

As práticas culturais utilizadas para a implantação e condução dos experimentos foram efetuadas de acordo com as recomendações técnicas para a cultura do arroz irrigado. No cacheamento, o campo foi vistoriado diariamente para determinação da data do florescimento médio, ou seja, do estádio de antese quando havia aproximadamente 50% das espiguetas, considerado como início do período de desenvolvimento dos grãos (Stansel, 1975).

As colheitas foram iniciadas 15 dias após o florescimento e em seqüência a intervalos de sete dias, até 50 dias. As panículas foram colhidas manualmente no campo. A trilha foi mecanizada em trilhadeira estacionária e em seguida as sementes foram

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embaladas em sacos plásticos e levadas ao laboratório. As sementes obtidas foram avaliadas quanto à umidade e massa seca de 100 sementes.

As medições de conteúdo de umidade (base úmida) e de massa seca de 100 grãos (Mi100), foram realizadas concomitantemente utilizando-se duas amostras de 100 sementes cada, mantidas em estufa a 105°C por 24 horas (Brasil, 1992).

Em seguida, as sementes foram secas a 40°C por 72 horas, até atingirem umidade em torno de 13%, e então colocadas em condições ambiente de armazém por 3 dias para uniformizar a umidade no interior dos grãos. Foram realizadas novas avaliações de conteúdo de umidade, massa de 100 grãos (Mf100), de produtividade e rendimento de grãos inteiros. A produtividade de grãos, em kg ha-1, foi calculada para a umidade comum de 13,0%.

O rendimento de grãos inteiros foi avaliado com duas amostras de 100 g por repetição, em engenho de prova marca “SUZUKI” (Lago et al., 1991), logo após a uniformização da umidade.

O efeito do tempo de colheita foi inferido a partir dos 15 dias após o florescimento, até 50 dias. Os indicadores de produção tiveram a influência do tempo de maturidade fisiológica verificada por meio de análise de variância e testada pelo teste F, ao nível de significância de 5% de probabilidade para separar os efeitos significativos.

Os valores médios foram ordenados segundo o teste de comparação múltipla de

Tukey e ajustes aos modelos (0 2

= + +a b

y yx x

) e (

( )0

1

=+

bx

x

ay

),

(polinomial inverso e não-linear sigmóide). No teste de comparação múltipla foi utilizado mesmo nível de significância adotado na análise de variância. No caso dos ajustes não-lineares foi utilizado como critério de união o coeficiente de determinação ajustado (R2

aj.). As análises foram conduzidas com o auxílio da planilha eletrônica Excel e do

pacote estatístico STATISTICA (Steel & Torrie, 1980). Nos resultados obtidos as variáveis analisadas apresentaram diferença

significativa, com exceção para a umidade final (U2), em relação as seis colheitas realizadas (Tabela 1). A produtividade de grãos, a partir de 29 dias após o florescimento, quando atinge 5.864 kg ha–1, ainda aumenta até os 50 dias, chegando aos 6.857 kg ha–1, embora essa diferença não seja estatisticamente significativa. A umidade na colheita (U1) reduz de 37,70% aos 15 dias para 20,62% aos 50 dias, o que resulta em massa de 100 grãos entre 1,73 g a 2,41 g. Após a secagem, limpeza e estabilização da umidade, próxima de 11% (U2), a massa de 100 grãos variou entre 2,09 g até 2,70 g aos 43 dias após o florescimento (Tabela 1).

O rendimento de grãos inteiros saltou dos 38,73% aos 15 dias para 63,60% aos 22 dias, chegando a 71,95% aos 43 dias. Verificou-se que a partir dos 29 dias até 50 dias o rendimento de grãos inteiros não apresenta diferença significativa. O rendimento percentual de grãos inteiros é superior, em torno de 10%, aos obtidos pelos orizicultores de Roraima, possivelmente pelo rigor científico utilizado nas operações de pós-colheita.

Ao longo do período das seis colheitas, verificou-se a diminuição da umidade dos grãos colhidos e aumento de produtividade, de massa de 100 grãos, bem como dos grãos inteiros. Na medida que a produtividade é incrementada o rendimento de grãos inteiros também é aumentado (Figura 1) e a massa de 100 grãos aumenta até 43 dias após o florescimento, quando se obtém o máximo de acúmulo de amido, mesmo sem apresentar diferenças significativas dos 22 aos 50 dias (Mf100).

Diante destes resultados, em função da produtividade de grãos de arroz irrigado cultivar BRS Roraima, a faixa entre 29 (5.864 kg ha-1) e 50 dias após o florescimento (6.857 kg ha-1) resultou em maior produtividade de grãos.

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Tabela 1. Valores médios de produtividade (PROD, em kg ha-1), Umidade (U1 e U2, em %), massa de 100 grãos (Mi100 e Mf100, em g) e percentual de grãos inteiros (GI) obtidos para arroz irrigado cultivar BRS Roraima, nas seis colheitas realizadas. Dias PROD U1 Mi100 Mf100 U2 GI

15 3.036 c 37,70 a 1,73 c 2,09 b 11,50 a 38,73 c 22 5.432 b 30,56 b 2,05 b 2,54 a 10,70 a 63,60 b

29 5.864 ab 26,53 d 2,30 a 2,62 a 11,18 a 71,13 a

36 6.235 ab 26,67 c 2,40 a 2,68 a 11,74 a 71,53 a

43 6.768 a 21,59 e 2,41 a 2,70 a 11,39 a 71,95 a

50 6.857 a 20,62 e 2,36 a 2,64 a 10,10 a 71,30 a

Média 5.699 27,28 2,21 2,54 11,10 64,70

C.V.% 24,12 21,60 11,57 9,24 9,10 18,93

p p<0,01 p<0,01 p<0,01 p<0,01 n.s. p<0,01

* Valores precedidos de mesma letra, na coluna, não diferem significativamente, segundo o teste de Tukey, no nível de 5% de probabilidade. U1 = umidade inicial; Mi100= massa inicial de 100 grãos; U2= umidade final; Mf100= massa final de 100 grãos.

Figura 1. Comportamento da produtividade de grãos e do rendimento de grãos inteiros de arroz cultivar BRS Roraima, em função da época de colheita. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA: DNDV: CLAV, 1992. 365p. INSTITUTO FNP. Agrianual 2007: anuário da agricultura brasileira. S. Paulo, 2007. 516p. LAGO, A.A.; VILLELA, O.V.; MAEDA, J.A.; RAZERA, L.F.; TISSELLI FILHO, O.; MARCHI, L.O.S. Época de colheita e qualidade das sementes da cultivar de arroz irrigado ‘IAC-4440’. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília. v.26, n.2, p.263- 268. 1991. STANSEL, J.W. The rice plant-its development and yield. In: DECADES OF RICE RESEARCH IN TEXAS., 6. Texas: The Texas Agricultural Experiment Station, College Station, 1975. p.9-21. (Research Monograph, 4) STEEL, R.G.D.; TORRIE, J.H. Principles and procedures of statistics: a biometrical approach, 2. ed. [S.l.]: McGraw-Hill, 1980.

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ÉPOCAS DE COLHEITA E QUALIDADE DE SEMENTES DE ARROZ IRRIGADO PRODUZIDAS EM VÁRZEA DE RORAIMA

Oscar José Smiderle, Moisés Mourão Jr, Vicente Gianluppi. Embrapa Roraima, Rod BR 174 KM 08 Caixa Postal 133 69301-970 e-mail: [email protected].

O arroz irrigado é um dos produtos mais importantes do setor agrícola de Roraima. Na safra 2005/06 ocupou área de 23.511 hectares, com produção de 122.257 toneladas de arroz em casca e produtividade média de 5.199 kg ha-1 (AGRIANUAL, 2007). Essa produção abastece o mercado local e ainda proporciona excedentes para outros estados da região Norte, mais notadamente, o de Manaus no Amazonas. As possibilidades de expansão de área são grandes, tendo em vista que apenas 20% da demanda do estado do Amazonas é atendida por arroz produzido em Roraima.

A colheita realizada na época certa é de fundamental importância para se obter um produto de melhor qualidade. O arroz atinge o ponto de maturação adequado quando dois terços dos grãos da panícula estão maduros. A colheita antecipada, com umidade elevada, aumenta a proporção de grãos gessados. O arroz colhido tardiamente, com umidade muito baixa, afeta a produtividade pela degrana natural, ocorrendo o trincamento dos grãos.

Em face da escassez de informações de caráter regional sobre a influência do momento de colheita na produtividade e qualidade de sementes de arroz irrigado, com a presente pesquisa objetivou-se avaliar a melhor época de colheita e qualidade de sementes de arroz irrigado produzidas em Boa Vista.

O experimento foi instalado em área irrigada por inundação, em solo classificado como GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico, localizada na Fazenda Santa Cecília em Boa Vista estado de Roraima. As cultivares de arroz (Oryza sativa L.) estudadas foram: BRS Roraima, BRS 7 Taim e BR-IRGA 409. Cada parcela experimental constou de quatro linhas de seis metros de comprimento, espaçadas 0,30 m entre si. Nas colheitas foram aproveitadas apenas as duas linhas centrais, descartado 0,5 m nas extremidades. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, composto de seis tratamentos (colheita aos 15; 22; 29; 36; 43 e 50 dias após o florescimento) e quatro repetições.

As características químicas do solo do experimento foram as seguintes: P (Mehlich-1) traços; matéria orgânica 20,6 g dm-3; pH (água) 5,2; K+ 48,6 mg dm-3; Ca2+ 0,67 cmolc dm-3; Mg2+ 0,33 cmolc dm-3; textura apresentando 49,6 % de areia; 26,5 % de argila; e 23,9% de silte.

No plantio das parcelas experimentais foram aplicados 100kg ha-1 de P2O5 e 80kg ha-1 de K2O nas formas de superfosfato simples e de cloreto de potássio, respectivamente. A adubação nitrogenada, na forma de uréia, foi parcelada, sendo aplicados 60kg ha-1 de N no perfilhamento e 60 kg ha-1 na diferenciação do primórdio floral (15 e 45 dias após a emergência).

As práticas culturais utilizadas para a implantação e condução dos experimentos, foram efetuadas de acordo com as recomendações técnicas para a cultura do arroz irrigado. No cacheamento, o campo foi vistoriado diariamente para determinação da data do florescimento médio, ou seja, do estádio de antese com aproximadamente 50% das espiguetas, considerado como o início do período de desenvolvimento e maturação dos grãos (Stansel, 1975).

As colheitas foram iniciadas 15 dias após o florescimento e em seqüência a intervalos de sete dias até 50 dias. As panículas foram colhidas manualmente no campo. A trilha foi mecanizada em trilhadeira estacionária e em seguida as sementes foram embaladas em sacos de plástico e levadas ao laboratório.

As medições de umidade (base úmida) foram realizadas utilizando-se duas amostras de 100 sementes cada, mantidas em estufa a 105°C por 24 horas (Brasil, 1992).

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Em seguida, as sementes foram secas a 40°C por 72 horas até atingirem umidade em torno de 13%, e então colocadas em condições ambiente de armazém por quatro dias para uniformizar a umidade no interior das sementes. Foram feitas novas avaliações de umidade, produtividade e qualidade de sementes. A produtividade, em kg ha-1, foi calculada para a umidade comum de 13,0%.

O efeito do tempo de colheita foi inferido a partir dos 15 dias após o florescimento, até 50 dias. Os indicadores de produção tiveram a influência do tempo de maturidade fisiológica verificada por meio de análise de variância e testada pelo teste F, ao nível de significância de 5% de probabilidade para separar os efeitos significativos. As análises foram conduzidas com o auxílio da planilha eletrônica Excel e do pacote estatístico STATISTICA (Steel & Torrie, 1980).

Nos resultados obtidos as variáveis analisadas apresentaram diferença significativa, em relação as seis colheitas realizadas (Tabelas 1 e 2). Ao longo do período (50 dias) das seis colheitas, verifica-se a diminuição da umidade dos grãos colhidos e aumentos de produtividade. Na medida que a produtividade é aumentada a umidade dos grãos é reduzida.

A produtividade da primeira colheita foi superior a 3.000 kg ha-1 para as cultivares BRS Roraima e BRS 7 Taim, enquanto para a BR-IRGA 409 foi de 1.745 kg ha-1. Os valores superiores obtidos para cada cultivar estão nas colheitas realizadas de 29 (mínima 5.705 kg ha-1 na BR-IRGA 409) aos 50 dias (6.857 kg ha-1 na BRS Roraima) após o florescimento (Tabela 1). As produtividades médias de arroz obtidas das colheitas (seis) mostram proximidade entre BRS Roraima e BRS 7 Taim (5.699 e 5.871 kg ha-1), ficando a BR-IRGA 409 pouco abaixo (5.088 kg ha-1).

Tabela 1. Valores médios de produtividade (PROD, em kg ha-1) e umidade (U1, em %), obtidos para sementes de arroz irrigado cultivares BRS Roraima, BR-IRGA 409 e BRS 7 Taim, nas seis colheitas realizadas.

BRS Roraima BR-IRGA 409 BRS 7 Taim Dias PROD U1 PROD U1 PROD U1

15 3.036 c 37,70 a 1.745 c 37,12 a 3.806 b 31,28 a 22 5.432 b 30,56 b 4.732 b 29,83 b 5.553 a 28,89 b 29 5.864 ab 26,53 d 5.705 ab 25,11 c 5.847 a 24,67 c 36 6.235 ab 26,67 c 5.696 ab 25,50 c 5.937 a 24,88 c

43 6.768 a 21,59 e 5.761 ab 21,94 d 5.904 a 22,10 d 50 6.857 a 20,62 e 5.825 a 21,06 e 5.871 a 20,33 e

média 5.699 27,28 5.088 26,76 5.692 25,36

C.V.% 24,12 21,60 33,39 20,76 18,27 15,1 p p<0,01 p<0,01 p<0,01 p<0,01 p<0,01 p<0,01

* Valores precedidos de mesma letra, na coluna, não diferem significativamente, pelo teste de Tukey, no nível de 5% de probabilidade. U1 = umidade inicial.

Quanto aos valores médios de vigor das sementes, para as três cultivares são

considerados baixos, mas sinalizam para a faixa dos 29 aos 43 dias como a melhor (Tabela 2). Esta mesma faixa é mais evidente para os valores da germinação.

Ao verificarmos a qualidade das sementes na colheita e nas duas avaliações de armazenamento, tem-se que as sementes duras decrescem significativamente já para os seis meses (Tabela 3) independente da cultivar. A germinação das sementes aos 12 meses é reduzida em relação a inicial, mesmo com valores acima de 89,9%. Esta tendência já é verificada no vigor, menos para a BRS Roraima onde o vigor não varia com o armazenamento.

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Diante destes resultados, em função da produtividade e da qualidade de sementes de arroz irrigado das três cultivares estudadas, a faixa entre 29 e 43 dias após o florescimento (6.857 kg ha-1) é considerada a melhor.

Tabela 2. Valores médios de germinação (GERM, em %) e vigor (%) de sementes de arroz irrigado das cultivares BRS Roraima, BR-IRGA 409 e BRS 7 Taim produzidas em Roraima.

BRS Roraima BR-IRGA 409 BRS 7 Taim

Dias GERM Vigor GERM Vigor GERM Vigor

15 86,0 c 55,4 a 85,5 d 59,2 b 92,8 c 69,7 c

22 89,0 bc 51,9 ab 89,7 c 55,7 b 93,0 c 70,9 c

29 95,2 a 52,2 ab 96,7 a 56,4 b 97,0 a 80,9 a

36 93,3 a 52,1 ab 94,7 ab 55,9 b 96,7 a 82,1 a

43 92,9 a 51,9 ab 94,2 ab 65,7 a 94,8 b 81,3 a

50 92,5 ab 37,7 c 92,7 b 44,3 c 93,9 bc 76,8 b

Média 91,5 50,0 92,3 56,2 94,7 76,9

CV% 3,3 6,3 2,63 5,2 1,2 3,3

*Letras distintas, na coluna, diferem entre si pelo teste de tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 3. Valores médios de qualidade de sementes de arroz irrigado das cultivares BRS Roraima, BR-IRGA 409 e BRS 7 Taim obtidos durante o armazenamento em Roraima. Variáveis Armazenamento (meses) Zero Seis Doze BRS Roraima Vigor 48,7 a 50,9 a 50,5 a Germinação 91,6 ab 93,0 a 89,9 b Duras 21,2 a 1,37 b 1,79 b BR-IRGA 409 Vigor 67,3 a 50,9 b 50,5 b Germinação 93,9 a 93,0 a 89,9 b Duras 4,75 a 1,37 b 1,79 b BRS 7 Taim Vigor 80,9 a 74,7 b 75,2 b Germinação 96,1 a 94,9 b 93,1 c Duras 1,71 a 0,46 b 1,58 b *Letras distintas, na linha, diferem entre si pelo teste de tukey a 5% de probabilidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA: DNDV: CLAV, 1992. 365p. INSTITUTO FNP. Agrianual 2007: anuário da agricultura brasileira. S. Paulo, 2007. 516p. LAGO, A.A.; VILLELA, O.V.; MAEDA, J.A.; RAZERA, L.F.; TISSELLI FILHO, O.; MARCHI, L.O.S. Época de colheita e qualidade das sementes da cultivar de arroz irrigado ‘IAC-4440’. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília. v.26, n.2, p.263- 268. 1991. STANSEL, J.W. The rice plant-its development and yield. In: DECADES OF RICE RESEARCH IN TEXAS., 6. Texas: The Texas Agricultural Experiment Station, College Station, 1975. p.9-21. (Research Monograph, 4) STEEL, R.G.D.; TORRIE, J.H. Principles and procedures of statistics: a biometrical approach, 2. ed. [S.l.]: McGraw-Hill, 1980. Agradecimento dos autores para Francineide Chagas Carneiro pelo auxilio nas avaliações

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CARACTERISTICAS SENSORIAIS DE PÃES ELABORADOS COM FARINHAS MISTAS DE TRIGO, ARROZ E SOJA

Ana Paula do Sacramento Wally; Leandro da Conceição Oliveira; Thiago dos Santos Carrasco; Marlon Leonardo de Oliveira; Márcia Arocha Gularte; Moacir Cardoso Elias. Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Depto de Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos. Campus Universitário, UFPEL, C. P. 354, CEP 960.010-900. [email protected]

Na elaboração dos pães foram usadas farinhas mistas provenientes das misturas

de farinhas de arroz e soja desengordurada respectivamente nas seguintes proporções de 90:10, 80:20 e 60:40 que substituíram em 10, 20, 30, 40 e 50% a farinha de trigo. As quantidades dos ingredientes para elaboração dos pães obedeceram a seguinte proporção: 90% de farinha, 4% de gordura, 2,5% de sal, 2% de levedura, 1% de açúcar, 0,5% de xantana e água de acordo com a absorção de cada farinha.

Os pães foram elaborados pelo método da massa direta, por 10 minutos, permanecendo em fermentação por 65 minutos, em ambiente a 35°C. Após assados em forno elétrico por 15 minutos a 250°C, os pães eram avaliados sensorialmente por equipes de julgadores treinados, através da avaliação global, com pontuação máxima de 100 pontos (GUARIENTI, 2004), avaliando-se formato, cor da crosta, aspecto de quebra da crosta e cor do miolo (Tabela 1), porosidade, pegajosidade do miolo e maciez da crosta (Tabela 2), odor, aroma e sabor (Tabela 3). Tabela 01: Formato, cor da crosta, aspecto de quebra da crosta e cor do miolo de pães elaborados com as farinhas de trigo, arroz e soja desengordurada.

Proporção arroz:soja

Formato Cor da crosta Aspecto de quebra da crosta

Cor do miolo

Padrão 12,5 b 15,0 4,8 4,8

10% de substituição

9A:1S 15,0 a 15,0 a 5,0 ab 5,0 a

8A:2S 15,0 a 15,0 a 5,0 ab 4,67 ab

6A:4S 13,5 a 14,0 a 4,83 ab 5,0 a

20% de substituição

9A:1S 15,0 a 14,57 a 5,0 a 5,0 a

8A:2S 13,8 ab 12,6 a 4,4 ab 3,8 ab

6A:4S 14,5 a 11,0 a 4,67 ab 4,83 a

30% de substituição

9A:1S 14,0 ab 14,0 a 4,83 ab 4,5 ab

8A:2S 10,5 ab 12,75 a 4,25 ab 4,0 ab

6A:4S 11,50 ab 10,0 a 4,67 ab 4,33 ab

40% de substituição

9A:1S 12,0 ab 12,0 a 4,25 ab 4,75 ab

8A:2S 12,75 ab 12,75 a 4,0 ab 4,25 ab

6A:4S 12,6 ab 13,2 a 4,4 ab 4,6 ab

50% de substituição

9A:1S 11,25 ab 11,25 a 3,0 b 3,5 ab

8A:2S 10,5 ab 9,0 a 3,0 b 3,5 ab

6A:4S 12,75 b 10,5 a 4,0 ab 2,75 b

Médias de três repetições, seguidas por letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Tukey (p < 0,05).

Page 257: Tecnologia de Colheita, Pós-Colheita, Industrialização de Grãos e

Analisando-se os dados apresentados na Tabela 01, verifica-se que não há interferência da substituição parcial da farinha de trigo por farinhas de arroz e soja desengordurada no formato e cor da crosta dos pães.

Estes resultados superaram aos encontrados por pesquisas realizadas por EL-DASH (1994) segundo as quais pães elaborados com 5% de farinha de soja desengordurada não apresentavam mudanças significativas no formato dos mesmos, mas que acima deste valor, o formato poderia variar consideravelmente. A presença da farinha de arroz junto à de soja, na substituição parcial da de trigo explica a melhora observada.

A quebra da crosta é um atributo sensorial de aparência relativa à abertura das laterais do pão de forma (ou “pestana” no pão francês), devida ao crescimento repentino durante o cozimento no forno.

Os resultados (Tabela 01) não mostram diferenças na quebra da crosta e na cor do miolo dos pães elaborados com até 40% de substituição da farinha de trigo por misturas de farinha de arroz e soja desengordurada.

Na Tabela 02 estão apresentados os resultados de porosidade, pegajosidade do miolo e maciez da crosta dos pães elaborados com as farinhas de trigo (padrão) e as farinhas mistas em estudo.

Tabela 02: Porosidade, pegajosidade do miolo e maciez da crosta de pães elaborados com as

farinhas de trigo, arroz e soja desengordurada. Proporção arroz:soja Porosidade Pegajosidade do miolo Maciez da crosta

10% de substituição

9A:1S 8,5 ab 10,0 a 8,5 a

8A:2S 8,67 ab 10,0 a 8,67 a

6A:4S 8,33 ab 10,0 a 9,0 a

20% de substituição

9A:1S 8,57 ab 9,71 a 7,86 a

8A:2S 5,2 b 8,8 a 8,4 a

6A:4S 9,0 a 10,0 a 8,33 a

30% de substituição

9A:1S 7,0 ab 8,0 a 8,67 a

8A:2S 8,0 ab 9,5 a 7,5 a

6A:4S 7,67 ab 9,67 a 8,33 a

40% de substituição

9A:1S 7,5 ab 8,0 a 8,0 a

8A:2S 8,0 ab 9,5 a 8,0 a

6A:4S 8,4 ab 8,8 a 8,0 a

50% de substituição

9A:1S 5,5 ab 4,0 b 8,0 a

8A:2S 6,0 ab 4,0 b 8,0 a

6A:4S 7,5 ab 7,5 ab 8,0 a Médias de três repetições, seguidas por letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Tukey (p < 0,05).

Substituição da farinha de trigo por misturas de farinhas de arroz e soja

desengordurada em até 50% não interfere na porosidade do miolo dos pães (Tabela 02). A pegajosidade do miolo é um dos atributos de textura que sofra maiores

interferências das substituições da farinha de trigo por farinhas de arroz e soja desengordurada, porque as duas farinhas apresentam absorção de água superior à farinha de trigo, podendo alterar a pegajosidade dos pães. Até 40% de substituição (Tabela 02), a

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pegajosidade não sofre influencia da substituição parcial da farinha de trigo pelas misturas de farinhas de arroz e soja desengordurada. A substituição parcial da farinha de trigo pelas misturas de farinhas de arroz e soja não influenciaram a maciez da crosta (Tabela 02), diferentemente do que relatam El Dash et al. (1994), segundo os quais a adição de 5% de farinha de soja desengordurada não interfere na maciez da crosta, mas que com o aumento de sua adição, a crosta torna-se progressivamente mais dura e compacta.

Os resultados obtidos de odor, aroma e sabor dos pães elaborados com as farinhas de trigo, arroz e soja desengordurada podem ser vistos na Tabela 03. Tabela 03: Odor, aroma e sabor de pães elaborados com as farinhas de trigo, arroz e soja desengordurada.

Proporção arroz:soja Odor Aroma Sabor

10% de substituição

9A:1S 5,0 ab 9,5 a 13,5 a

8A:2S 4,33 ab 9,33 a 14,0 a

6A:4S 5,0 ab 9,67 a 15,0 a

20% de substituição

9A:1S 4,71 a 9,43 a 13,7 a

8A:2S 5,0 ab 10,0 a 14,4 a

6A:4S 4,67 ab 10,0 a 15,0 a

30% de substituição

9A:1S 4,33 ab 8,67 a 13,0 a

8A:2S 4,5 ab 9,5 a 13,5 a

6A:4S 4,83 ab 9,0 a 13,38 a

40% de substituição

9A:1S 4,5 ab 8,0 a 13,5 a

8A:2S 4,25 ab 8,0 a 12,0 a

6A:4S 4,4 ab 8,0 a 12,0 a

50% de substituição

9A:1S 3,75 b 8,0 a 12,0 a

8A:2S 3,75 b 8,0 a 12,0 a

6A:4S 4,0 ab 8,0 a 12,0 a Médias de três repetições, seguidas por letras diferentes na mesma coluna, diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Tukey (p < 0,05).

A substituição de até 40% de substituição da farinha de trigo por misturas de farinhas de arroz e soja desengordurada não interfere nas características sensoriais de formato, cor da crosta, aspecto de quebra da crosta, cor do miolo, porosidade, pegajosidade do miolo, maciez da crosta, odor, aroma e sabor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EL-DASH, A.A.; CAMPOS, J.E.; MODESTA, R.D. e CHANG, Y.K. - Uso de farinha mista de trigo e soja na produção de pães. Tecnologia de Farinha Mistas, Vol. 3, p.89, 1994. Ed. El-Dash. Pub. Embrapa-SPI, GUARIENTI, E. M. FAZENDO PÃES CASEIROS. 1. ed. PASSO FUNDO, RS: EMBRAPA TRIGO, 2004. v. 1. 90 p. Agradecimentos a CNPq, CAPES, SCT-RS, PÓLO DE ALIMENTOS E ZACCARIA EQUIPAMENTOS.