teatro estudio

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 do teu atesto – os processos na construção da obra Teatro Estúdio. O presente artigo é uma tentativa de retrospecção do processo criativo que ocorreu durante o projeto Teatro Estúdio, iniciando no ano de 20! e ainda não "ina#i$ado. O autor se "e#icita por convidar o #eitor a acompan%ar as esco#%as que "oram sendo enveredadas pe#o percurso criativo, e, até mesmo possibi#ita ao autor uma outra "orma de en&ergar o projeto. ' caracter(stica retrospectiva do te&to nos #eva a um recorte tempora#, do in(cio do projeto em março de 20! até a e&posição, que ocorreu do ) de janeiro * + de março de 20 na ga#eria -omero assena, no /entro de it1ria. importante destacar que a rea#i$ação de todo projeto somente "oi poss(ve# graças ao pr3mio incubadora de projetos da 4ecretaria de Estado da /u#tura, edita# n5 !26207, que "inanciou, permitiu e e&igiu a urgência da rea#i$ação. O edi ta# em si req uisitava como contra par tid a uma e&p osi ção individua# a ser rea#i$ada na ga#eria -omero assena, durante o per(odo de 2 meses e a#ém disso, %avia a condição especi"icada no edita#, de que a e&posição decorrente dessa incubadora "osse a primeira individua# do candidato.  'proveito para uma r8pida conte&tua#i$ação do processo pois nada simp#esmente ap ar ec e, %8 um pe r(odo de gestação, onde de "ormas dispersas "ragmentos de ideias são e#encadas, testadas em separado e em conjunto . 9ma ideia que era perseguida, era rea#i$ar uma obra onde um prédio "a#asse, onde %ouve uma primeira rea#i$ açã o dur ante a e&p osi ção Out ubr o, de 20 2, "ei ta co#abora tiv ame nte com arcus :eves, 4i#"ar#em O#iveira e ;ise#e <ibeiro. ' proposição do curador da e&posição =a#dir >arreto, de uma abordagem a paisagem, era constru(da sobre uma "rase do ge1gra"o brasi#eiro i#ton 4antos, ?a paisage m é um acúmu#o de tempo s@. Aesde então, so#uçBes "oram vis#umbradas e buscadas para rea#i$ar um devaneio, que era conseguir que um prédio "a#asse. ' partir da min%a "ormação, até esse momento a maior parte dessas so#uçBes eram de ordem técnica, pensando em so#uçBes estritamente sonoras, como se o som bastasse de responder a esse anseio. importante destacar a importCncia "undamenta# da "igura do orientador arcos artins na introdução a pesquisa em sit e speci fic , "undamenta# para a potencia#i$ação do projeto. ' partir das conversas com arcos, "omos pensando não

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do teu atesto – os processos na construção da obra Teatro Estúdio.

O presente artigo é uma tentativa de retrospecção do processo criativo que ocorreu

durante o projeto Teatro Estúdio, iniciando no ano de 20! e ainda não "ina#i$ado. O

autor se "e#icita por convidar o #eitor a acompan%ar as esco#%as que "oram sendo

enveredadas pe#o percurso criativo, e, até mesmo possibi#ita ao autor uma outra

"orma de en&ergar o projeto. ' caracter(stica retrospectiva do te&to nos #eva a um

recorte tempora#, do in(cio do projeto em março de 20! até a e&posição, que

ocorreu do ) de janeiro * + de março de 20 na ga#eria -omero assena, no

/entro de it1ria. importante destacar que a rea#i$ação de todo projeto somente

"oi poss(ve# graças ao pr3mio incubadora de projetos da 4ecretaria de Estado da/u#tura, edita# n5 !26207, que "inanciou, permitiu e e&igiu a urgência da rea#i$ação.

O edita# em si requisitava como contrapartida uma e&posição individua# a ser 

rea#i$ada na ga#eria -omero assena, durante o per(odo de 2 meses e a#ém disso,

%avia a condição especi"icada no edita#, de que a e&posição decorrente dessa

incubadora "osse a primeira individua# do candidato.

 'proveito para uma r8pida conte&tua#i$ação do processo pois nada simp#esmenteaparece, %8 um per(odo de gestação, onde de "ormas dispersas "ragmentos de

ideias são e#encadas, testadas em separado e em conjunto . 9ma ideia que era

perseguida, era rea#i$ar uma obra onde um prédio "a#asse, onde %ouve uma primeira

rea#i$ação durante a e&posição Outubro, de 202, "eita co#aborativamente com

arcus :eves, 4i#"ar#em O#iveira e ;ise#e <ibeiro. ' proposição do curador da

e&posição =a#dir >arreto, de uma abordagem a paisagem, era constru(da sobre uma

"rase do ge1gra"o brasi#eiro i#ton 4antos, ?a paisagem é um acúmu#o de [email protected] então, so#uçBes "oram vis#umbradas e buscadas para rea#i$ar um devaneio,

que era conseguir que um prédio "a#asse. ' partir da min%a "ormação, até esse

momento a maior parte dessas so#uçBes eram de ordem técnica, pensando em

so#uçBes estritamente sonoras, como se o som bastasse de responder a esse

anseio.

importante destacar a importCncia "undamenta# da "igura do orientador arcos

artins na introdução a pesquisa em site specific , "undamenta# para a

potencia#i$ação do projeto. ' partir das conversas com arcos, "omos pensando não

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mais em so#uçBes, como se a#go "osse se reso#ver e aca#mar, mas em abordagens

que ao contr8rio "orçassem a tensão entre campos e e#ementos e essa instabi#idade

promovesse a#go inesperado.

Aada as caracter(sticas do edita#, o "ato de ser uma incubadora de projetos com a

contrapartida de uma e&posição na ga#eria -omero assena contribuiu para

#oca#i$ar que ?prédio "a#ante@ era esse. ' outra questão era, o que o prédio "a#aD e

a( que o artista acredita que a obra gan%ou uma nova dimensão a partir da pesquisa

em site speci"ic e ao o#%ar para o edi"(cio onde est8 insta#ada a ga#eria -omero

assena. E#a est8 "uncionando desde 7 de março de F++, na antiga garagem do

Edi"(cio das GundaçBes, edi"(cio esse concebido para abrigar as GundaçBes do;overno do Estado, entre e#as estava a#ocada a Gundação de >em Estar do enor,

GE>E. 'o #ongo dos anos seu uso se tornou mais %eterodo&o, onde em 7 de seus

andares deputados estaduais mantin%am seus gabinetes, a#ém de um acesso

interno ao p#en8rio do /ongresso que "uncionava no prédio ao #ado H%oje em

re"orma, o antigo /ongresso é destinado a se tornar a sede da Orquestra do Esp(rito

4antoI. Em outros dois andares e tempos di"erentes, "uncionou a partir da década de

J0 até o ano 2000 a TE, Tev3 Educativa e, "ina#mente, no 05 andar, estavaa#ocado um apare#%o do estado c%amado Teatro Estúdio, com a curiosidade de sua

"undação – também o dia 7 de março de F++, o mesmo da abertura da ga#eria. O

edi"(cio das "undaçBes, desde o ano 2000, mantém em "uncionamento somente a

ga#eria -omero assena em sua antiga garagem, e eventua#mente durante a#guns

anos recentes, "uncionou o 'te#i3 de pintura da ;a#eria.

:esse est8gio inicia# "oi in"#amada a curiosidade ao se deparar com um prédio comuma %ist1ria muito interessante, descon%ecida para muitos, e, #amentave#mente

como v8rias outras, indicando um esquecimento, j8 que estava previsto uma re"orma

estrutura# do prédio a#ém de que, no in(cio do ano passado %ouve uma

movimentação important(ssima da c#asse art(stica que traba#%a e reside em it1ria,

que "rustrou o p#ano do governo estadua# de desa#ojar a ga#eria -omero assena do

Edi"(cio das GundaçBes e #evar a dividir o espaço com outro apare#%o art(stico. -avia

dentro do circuito de arte, uma movimentação engajada, uma preocupação com a

mem1ria de um apare#%o púb#ico. O que re"orçava o desa"io ético das pretensBes

art(sticas ao esco#%er #idar com mem1rias de um apare#%o púb#ico j8 desativado, o

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Teatro Estúdio. :ão %avia uma #igação direta entre a %ist1ria do teatro e a do artista,

como "requentemente é uti#i$ada como materia# poético uma mem1ria de intimidade.

:o caso da obra Teatro Estúdio, a mem1ria é de uma outra categoria, não orbitando

na camada individua#. Kortanto, pensamos em uma espécie de mem1ria co#etiva que

persistia em a#guns objetos e estruturas empoeiradas, estragadas, abandonadas e

nas pessoas que "i$eram o teatro ser   teatro. 'ssim, uma estratégia de "orma a

coe&ist3ncia ética e estética do traba#%o, "oi, como circu#ar no j8 e&tinto circuito

criativo que o teatro estúdio simbo#i$avaD Esse questionamento apontava para onde

o traba#%o guiava, j8 que atua#mente, o que seria o Teatro Estúdio ou o que

simbo#i$avaD O que quer(amos não era contar uma %ist1ria #inear que contasse os

"atos, mas apenas uma versão, a o"icia#, pe#o contr8rio, nos sent(amos muito maisatra(dos em rea#i$ar a#go no campo das possibi#idades, construindo a partir de

esti#%aços de mem1rias e dei&ando ao cargo de quem se envo#ver visitando construir 

a sua %ist1ria, construir sua mem1ria.

Kara entender a obra, é importante destacar que entendemos mem1ria não como

#embrança, a#go que est8 so#idi"icado no passado, mas sim como a#go que é capa$

de carregar uma pot3ncia e mirar o "uturo, ressoar e indicar. ' obra "uncionaria comouma permissão de acesso * um prédio parado&a#, ao mesmo tempo que desativado,

va$io de atividade %umana cotidiana, e#e estava entu#%ado, impregnado de %ist1rias

em cada objeto, em cada ação que inspirou outros artistas que dia#ogaram com o

prédio a partir da preocupação das especi"icidades do #ugar Hbo#sa ate#i3 200 I. '#ém

disso, esse era entendido não apenas como geogr8"ico – cru$ar uma "ronteira mas

também em "orma de mem1ria, por a#guns instantes que o teatro encenasse

novamente.

Tomando "orma, a obra começa a aparecer em a#guns rascun%os. L8 e&iste em

estado inicia# o objetivo de uma participação de quem visita ser o "ator de

acionamento. is#umbramos uma insta#ação interativa com uma met8"ora de

mecanismo ou engrenagem, mas nos posicionamos em uma postura de "#e&ibi#idade

e&perimenta#, testamos v8rias possibi#idades antes de nos decidir por a#go.

:o processo de construção da obra, era um questionamento o que buscar, o que

uti#i$ar de materia# no meio de entu#%os quando "a#amos do que j8 não e&isteD Hcomo

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um par3ntese %8 a reverberação do $eitgeist presente no tema da 75 biena# de sp

?como "a#ar de coisas que não e&istem@I >uscamos o que j8 não e&iste em vest(gios,

muito usua#mente em objetos que eram uti#i$ados por outras pessoas como a obra

:o anMs Nand de /%ristian >o#tansi. 'ssim constru(mos a parte de cenogra"ia da

e&posição, a parte escu#tura#, a partir da pi#%agem do edi"(cio das "undaçBes para

construção do traba#%o, o pa#co do teatro estúdio trans"ormado em p#ata"orma, um

rotor de ar condicionado em um deg#utidor de imagens o #etreiro do antigo teatro

rearranjado no c%ão de "orma a possibi#itar #eituras diversas.

vista gera# da insta#ação Teatro Estúdio apresentando a disposição da insta#açãoP pa#co, o deg#utidor de imagens ao "undo, o

#etreiro rearranjado. /rédito /ami#a 4i#va

as, como ir mais #ongeD Qnspirado nas proposiçBes dos anos )0 do artista

brasi#eiro /i#do eire#es de criar circuitos de inserção na sociedade, partimos para

uma abordagem de conversar com pessoas que viveram o teatro em "uncionamento

nas décadas de F+0 e J0 gravando o 8udio dessas conversas, o que possibi#itou

uma "orma de registro e ?passeio@ pe#as mem1rias e assim uma ajuda na tare"a de

recon"iguração do teatro. :esse momento é muito importante agradecer a

disponibi#idade de Losé 'ugusto Noureiro, 'gostin%o N8$aro, arcia ;audio, :eusa

endes, Ratia 4antos, ;erusa /ontti, a#dir /astig#ioni, <enato 4audino e Kau#o

AeKau#a.

Também é importante a auto constatação que um traba#%o site speci"ic sobre o

edi"(cio das "undaçBes não seria novidade, e que provave#mente açBes j8 %aviam

sido rea#i$adas, o que de "ato era certo, durante o per(odo de abandono do edi"(cio

das "undaçBes, a#gumas intervençBes "oram marcadas de uma "orma mais direta

pe#a situação de abandono do edi"(cio das GundaçBes, destacamos principa#mente

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as açBes do /o#etivo aru(pe de 200! H"ormado por E#aine Kin%eiro, eng

;uimarães, <a"ae# /orrea, in(cius ;on$a#es e 4i#"ar#em O#iveiraI, e durante o

per(odo de ocorr3ncia da bo#sa ate#i3 no me$anino do edi"(cio de 200J e 200F –

pe#o 'te#i3 Ocupação e co#etivo Embira. 'ssim, a conversa com os artistas 4i#"ar#em

O#iveira, inicius e Lu#io 4c%midt, ajudaram a também percorrer essas mem1rias

outras.

/oncomitantemente a essa recriação imateria#, j8 nessa "ase a#guns aspectos da

insta#ação "oram sendo co#etados, sem uma certe$a de como se uti#i$ar. /omo j8 era

de con%ecimento do artista das obras que se iniciariam em ju#%o no edi"(cio das

"undaçBes, reso#vemos convidar uma "otogra"a, Qgne$ /apovi##a para um registro"otogr8"ico do interior do prédio, percorrendo todos os andares. '#ém disso, o artista

inicia a co#eta de 8udio também em abri#, se apoiando em técnicas de captação em

campo, de ponto de escuta "i&o, ou seja, #arga o gravador durante a#gum tempo

so$in%o em um ponto de um andar e e#e capta os eventos sonoros como um todo.

Esse procedimento de captação, "oi rea#i$ado em todos os andares, mas como

veremos mais adiante se tornou um prob#ema pe#a impossibi#idade dessa técnica

proporcionar uma identidade sonora a cada andar, j8 que o edi"(cio como um todoestava abandonado e as açBes de animais, detritos e decomposiçBes dei&adas ao

imponder8ve# de "ato não deram sustentação sonora no materia#. L8 na "ase mais

avançada do projeto, em meio aos preparativos de montagem, outra co#eta de som

"oi rea#i$ada, agora buscando uma per"ormance individua# com objetos encontrados

em cada andar, se aproveitando da circunstancia de abandono da re"orma para criar 

uma sonop#astia de identidade. :esse est8gio, o conceito da insta#ação j8 estava

rea#i$ado, como e&p#icado abai&o.

:os interessava, como j8 dito acima, que o corpo visitante pudesse per"ormar, então

uma #igação direta com interatividade "oi criada, buscando acess1rios e técnicas

diversas que se comunicassem com o conteúdo que gostar(amos que "osse

contro#ado, o som, materia# esco#%ido para "uncionar como gati#%o de mem1rias. Em

nossas anotaçBes, o projeto que aponta o que seria a insta#ação era o seguinteP ao

entrar um visitante a obra começa a encenar, uma met8"ora de reativação e

reabertura do teatro, e essa encenação passa pe#o banco de sons gravados no

teatro e depois di"undidos pe#os a#to "a#antes. Esse ponto em espec("ico demandou

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uma pesquisa pormenori$ada, pois o artista se sentia "rustrado em diversas obras de

arte que se uti#i$am de som pe#a preocupação desigua# antes do a#to "a#ante e

depois do a#to "a#anteS a parte da concepção sonora e a parte de di"usão. Tendo essa

preocupação em mente, "oi pesquisado e posteriormente uti#i$ado um tipo de a#to

"a#ante, que vibra em super"(cies materiais, rea#i$ando assim uma comunicação com

a %ist1ria do prédio pois os sons captados no edi"(cio eram di"undidos no mesmo

prédio, possibi#itando que o prédio vibrasse ao emitir sons.

O músico, artista e antrop1#ogo Ee#ter <oc%a "oi o respons8ve# pe#o desen%o de

som da insta#ação, contribuindo também como um orientador na captação do 8udio

do edi"(cio das "undaçBes para o uso na obra. /omo mencionado no in(cio do te&to,ao rea#i$ar uma tri#%a que sustentasse uma identidade nos demos conta da

insu"ici3ncia da abordagem da captação em ponto "i&o. Aepois de a#gumas

conversas ap1s um di#ema ético sobre uma perda de pot3ncia da obra, j8 que era de

mem1ria que se tratava e que so#ução esco#%er se não "osse poss(ve# uti#i$ar os

sons j8 co#etados do edi"(cioD /%egamos a uma so#ução de per"ormar os detritos,

restos e ru(nas de cada andar, j8 que como eram di"erentes, e#es j8 possu(am uma

particu#aridade e assim proporcionaram uma ?sonop#astia teatra#@ para a insta#ação.

Aesenvo#vido em uma #inguagem de programação prop(cia a interação art(stica

c%amada a&6sp, o so"tare que gerencia a insta#ação "oi desenvo#vido pe#o

artista e programador at%eus Neston a partir das demandas do artista e das

caracter(sticas da ga#eria -omero assena. Kara ta# assumiuse que o Teatro

Estúdio se trans"ormasse em uma entidade e que a cada visitante que entrasse na

ga#eria ativasse uma encenação de um andar. Qsso aconteceria da seguinte "ormaP osensor uti#i$ado para captar a presença do visitante estava ca#ibrado para acusar a

presença apenas em um campo de ação de uma "ai&a 0 cm ap1s a porta da

ga#eria, assim, o visitante para acusar sua presença necessariamente deveria

passar por essa "ai&a invis(ve#. 9ma ve$ que o sensor acusou a presença, essa

in"ormação dispara o sorteio a#eat1rio do so"tare sobre que andar ir8 encenar. Essa

in"ormação est8 nas 00 "ai&as de 8udio que representam o prédio em grupo de 0

"ai&as por andar. /ada encenação dura 70 segundos, onde qua#quer tentativa de

novos ativamentos ou sobreposiçBes são ignorados devendo respeitar a

per"ormance do teatro até o "im. '#ém disso, %8 sempre uma recon"iguração do

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espaço acústico da insta#ação por meio do sorteio da posição e #igação dos auto

"a#antes da e&posição, o que podemos entender como um novo cen8rio acústico a

cada encenação.

O momento mais importante da insta#ação seria a#cançado #ogo ap1s o término da

encenação de cada esquete do teatro, onde o si#3ncio, como uma cesura

interromperia e tomaria a atenção do visitante, nesse momento era previsto como

uma trans"ormação de sentido e signi"icado dando ao si#3ncio, o som do aqui e

agora, a pot3ncia de um som do %oje soando sobre os outros sons. Entregando ao

espectador no momento em que atravessa o pa#co, o o"(cio de ator e autor, de

compor com seus si#3ncios e con"rontando nossa %ist1ria sendo escrita e soada %ojeem ru(nas de sons.

/on"orme o tempo passava a a#gumas so#uçBes para a#guns impasses "oram sendo

rea#i$ados. Kor e&emp#o, as "otos do edi"(cio, registradas na primeira parceria da

obra, uma visita conjunta da "ot1gra"a Qgne$ /apovi##a e do artista ao edi"(cio das

"undaçBes resu#tou um objeto escu#t1rico que e&iste na tensão entre o moer e o

destroçar, um %(brido desengonçado dotado também de um peda# de coser queembaça a uti#idade do rotor de ar condicionado como origina#mente "oi projetado e

desenvo#vido. 4obre as p8s do rotor, as "otos eram projetadas, j8 como uma

mem1ria dos escombros e ru(nas. Uuando o motor estava parado, vest(gios dessa

imagem eram vistos, enquanto que somente quando ativado o motor é que a

imagem visua# se reve#a.

 rotor parado. /rédito /ami#a 4i#va rotor em movimento /rédito /ami#a 4i#va

 '#ém disso outros crescimentos "oram modi"icando o taman%o do projeto. 'o se

apro&imar do per(odo "ina# de e#aboração, o discurso, as vis#umbraçBes estavam j8

bem n(tidas que con"undir a abertura de uma e&posição de artes com uma

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reabertura de um teatro era somente um es"orço de vontade. ' partir da( nasceu as

tr3s açBes onde um circuito cu#tura#6teatra# poderia en"im ser "ec%ado. ' primeira

dessas açBes "oram as possibi#idades de paisagem, tre$e pequenos spots de 8udio

ao todo, com descriçBes do Teatro Estúdio dos entrevistados que con%eceram o

teatro em "uncionamento na década de +0 e J0. Kodem ser acessados no #inP

%ttpsP66soundc#oud.com6teatroestdio. ' segunda ação, as divu#gaçBes por meio de

#ambe#ambe co#adas pe#a cidade, propositadamente provocavam um ru(do de

in"ormação ao a"irmar que o Teatro Estúdio tomaria o #ugar da ga#eria -omero

assena no dia da abertura e a#ém disso, rememorava os acontecimentos do ano

no que se re"ere a uma mudança "(sica da ga#eria. L8 a terceira ação "oi instituir o

pa#co aberto, assim o pa#co da insta#ação não se comportaria somentecenogra"icamente mas como pa#co per"orm8tico. ' proposta se divide em dois ei&osP

a abertura #itera# do pa#co, convidando a comunidade a usu"ruir do pa#co para

apresentar a#guma per"ormance, ensaiar, en"im, uso #ivre do pa#co. O outro ei&o

"oram as açBes de per"ormance que ocorreram durante o per(odo da e&posição, *s

F %oras, quin$ena#mente. Goi buscado nessas açBes per"orm8ticas outras "ormas

de re"#etir sobre temas que acompan%avam o processo de pesquisa da obra, assim

os temas que ba#i$am um ei&o curatoria# para as per"ormances "oram mem1ria,ru(nas, corpo, erro e medo. 'bai&o é poss(ve# con"erir uma "oto de cada ação

programada e uma breve descrição.

 'bertura da e&posição Teatro Estúdio –  'gostino Na$$aro, 'nderson Nima, Nui$ Tadeu Tei&eira, aria '#ice /osta e aura

osc%em rea#i$am #eitura dram8tica de a#gumas cenas de Terror e miséria no Terceiro Reich de >erto#t >rec%t.

/rédito /ami#a 4i#va

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Decanto: até quando for preciso esquecer  de <ubiane aia – dia 2+ de janeiro de 20. /rédito /ami#a 4i#va

Imóveis de Ge#ipe ourad e Nuc(a 4anta#ices – dia 7 de "evereiro de 20.

Concerto Paisagens Sonoras do ;EV469GE4 – dia 2! de "evereiro de 20. /rédito /ami#a 4i#va

Jogo da memória de Qvna essina e AeWvid artins dia de março de 20. /rédito /ami#a 4i#va

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Aurante a conversa com o púb#ico nas atividades de encerramento da e&posição no

dia + de março de 20, %ouveram questionamentos sobre o que era aque#a

e&posição, dado os re#atos dos participantes do corpo educativo da ga#eria sobre

visitantes que con%eciam a %ist1ria do Teatro Estúdio c%egarem a e&posição

armados de e&pectativas e se decepcionarem ao não encontrarem "igurinos, "otos

de encenaçBes, nomes, a decepção por não encontrar uma e&posição de

#embranças. '#guns, segundo re#atos, demonstravam uma indignação e descreviam

o que ?"a#tava@ para se tornar de "ato teatro. ' e&posição, de "ato, buscava ser uma

e&peri3ncia de construção de mem1rias a partir das ru(nas de mem1rias do teatro e

do edi"(cio das "undaçBes portanto as decepçBes eram previstas e, neste momento,

essas pessoas assumem a "igura do Teatro Estúdio ao encarar um espe#%o ou umapossibi#idade de si con"orme a "a#a do antrop1#ogo Ee#ter <oc%a nesse mesmo

evento.

Gina#i$ando esse artigo onde uma teia de encadeamentos passados e o processo de

construção do Teatro Estúdio "oi apresentado é interessante constatar as camadas

que se sobrepBem aos pensamentos e ideias e da di"icu#dade de con%ecer o pr1prio

processo. 'qui, nesse ú#timo par8gra"o "aço a projeçBes "utura do projeto, que são aescritura de um #ivro sobre a %ist1ria do Teatro Estúdio, onde procuraremos mais

uma ve$ não apresentar uma %ist1ria #inear, apenas uma, mas um #ivro de

possibi#idades de mem1ria. /omo se a e&posição se tornasse #ivro.

>ib#iogra"ia

 

SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. São Paulo: Edusp, 2007, 5a ed.;

SCOVNO, !elipe. Cildo Meireles. S"#ie En$ont#os. %io de &anei#o: A'ou(ue Edito#ial, 200).

*a ed.;

VOE+EN, Salo-". Listening to Noise and Silence. Ne /o#: Continuu-, 20*0, *a ed.;