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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.290/2012-2 GRUPO I – CLASSE VII – Plenário TC 012.290/2012-2 Natureza: Representação Representante: SecobEdificação Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO DE UNIDADE TÉCNICA. EXCESSO NO VALOR DOS ENCARGOS SOCIAIS UTILIZADOS PARA ESTABELECER O CUSTO DA MÃO DE OBRA NO SICRO. NECESSIDADE DE ATUALIZAÇÃO DA METODOLOGIA DE CÁLCULO DESSES ÍNDICES. IMPACTO DAS NOVAS MEDIDAS DE DESONERAÇÃO APROVADAS PELO GOVERNO. CIÊNCIA DO APURADO AO DNIT PARA QUE ADOTE AS MEDIDAS CABÍVEIS. DETERMINAÇÕES. RELATÓRIO Trata-se de representação formulada pela então Secob-1, atual SecobEdificação, alertando sobre possíveis excessos nos valores dos encargos sociais incidentes sobre o custo da mão de obra constantes do Sistema de Custos Rodoviários (Sicro-2), o que impactaria a elaboração dos orçamentos-base das obras públicas. 2. A metodologia e os achados da unidade técnica foram encaminhados ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para que deles tomasse ciência e se pronunciasse sobre as questões apontadas. 3. Apresento, a seguir, a análise da matéria, de acordo com o parecer elaborado pela SecobEdificação II. MANIFESTAÇÃO DO DNIT 7. O DNIT, por meio do Memorando 179/2012/CGCIT/DIREX, faz uma análise comparativa entre os parâmetros de encargos sociais presentes no Sicro-2 e aqueles adotados pela Secob-1 em seu estudo à peça 1. 8. A autarquia também destaca que os dados utilizados para definição dos encargos sociais no Sicro-2 remetem ao anuário 1990-1995 do IBGE, enquanto os estudos desenvolvidos pelo Tribunal de Contas da União apresentam consistência e dados mais atualizados do que os adotados atualmente no âmbito do Manual de Custos Rodoviários (Sicro-2). 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.290/2012-2

GRUPO I – CLASSE VII – PlenárioTC 012.290/2012-2Natureza: RepresentaçãoRepresentante: SecobEdificaçãoUnidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT)

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO DE UNIDADE TÉCNICA. EXCESSO NO VALOR DOS ENCARGOS SOCIAIS UTILIZADOS PARA ESTABELECER O CUSTO DA MÃO DE OBRA NO SICRO. NECESSIDADE DE ATUALIZAÇÃO DA METODOLOGIA DE CÁLCULO DESSES ÍNDICES. IMPACTO DAS NOVAS MEDIDAS DE DESONERAÇÃO APROVADAS PELO GOVERNO. CIÊNCIA DO APURADO AO DNIT PARA QUE ADOTE AS MEDIDAS CABÍVEIS. DETERMINAÇÕES.

RELATÓRIO

Trata-se de representação formulada pela então Secob-1, atual SecobEdificação, alertando sobre possíveis excessos nos valores dos encargos sociais incidentes sobre o custo da mão de obra constantes do Sistema de Custos Rodoviários (Sicro-2), o que impactaria a elaboração dos orçamentos-base das obras públicas.

2. A metodologia e os achados da unidade técnica foram encaminhados ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para que deles tomasse ciência e se pronunciasse sobre as questões apontadas.

3. Apresento, a seguir, a análise da matéria, de acordo com o parecer elaborado pela SecobEdificação

“II. MANIFESTAÇÃO DO DNIT7. O DNIT, por meio do Memorando 179/2012/CGCIT/DIREX, faz uma análise comparativa

entre os parâmetros de encargos sociais presentes no Sicro-2 e aqueles adotados pela Secob-1 em seu estudo à peça 1.

8. A autarquia também destaca que os dados utilizados para definição dos encargos sociais no Sicro-2 remetem ao anuário 1990-1995 do IBGE, enquanto os estudos desenvolvidos pelo Tribunal de Contas da União apresentam consistência e dados mais atualizados do que os adotados atualmente no âmbito do Manual de Custos Rodoviários (Sicro-2).

9. Ante o exposto, o DNIT informa que envidará os esforços necessários para que o custo da mão de obra de seu sistema referencial adote os percentuais de encargos sociais calculados no âmbito do presente processo para modalidade horista.

10. Entretanto, o DNIT alega que a aplicação imediata dos novos percentuais de encargos sociais demandaria a necessidade de revisão de todo o Manual de Custos Rodoviários do DNIT, visto que toda a metodologia de cálculo encontra-se definida pelo mesmo. Considerando que já se encontram em andamento as atividades de revisão e criação de composições de preços unitários objetivando a implantação do novo Sistema de Custos Referenciais de Obras (Sicro), com previsão ainda para o ano de 2013, a CGCIT julga razoável, pela pouca diferença de valores e pelo trabalho a ser gerado na revisão de um manual que se encontra na iminência de ser substituído, que tais alterações dos percentuais de encargos sociais ocorram apenas para o novo sistema de custos referenciais do DNIT.

III. ANÁLISE

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.290/2012-2

11. Inicialmente, faz-se necessário esclarecer que, no âmbito do TC-023.031/2008-3, a Secob-1 também havia formulado proposição análoga para que a Caixa Econômica Federal promovesse adequações nos percentuais de encargos sociais praticados pelo Sinapi.

12. A Caixa foi ouvida sobre o assunto e apresentou manifestação com algumas considerações sobre o estudo promovido pela Secob-1. Algumas de suas considerações foram acolhidas em nova instrução, a qual propôs nova oitiva da Caixa sobre o percentual de encargos sociais.

13. Em uma segunda manifestação, a Caixa se pronunciou de acordo com as conclusões preliminares na instrução à peça 49 do TC-023.031/2008-3

14. Adicionalmente, a Caixa realizou apropriação de todos os dados necessários para a definição dos percentuais de encargos sociais que entrarão em vigor no Distrito Federal e nos 26 Estados da Federação, inclusive com a coleta de dados de caráter regional, tais como dados pluviométricos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), taxa de rotatividade de mão de obra levantada pelo Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Caged) e o número de feriados anuais.

15. Os ajustes realizados pela Caixa encontram-se sintetizados na tabela a seguir, extraída da peça 55 do TC-023.031/2008-3, em que se pode observar que existirão expressivas reduções nos preços referenciais do Sinapi, com benefícios estimados da ordem de centenas de milhões de reais.

Tabela 1 – Comparativo dos encargos sociais do Sinapi - sistemática atual versus nova metodologia.

HORA (NOVO) HORA (VIGENTE) VARIAÇÃO (HORA) MÊS (NOVO) MÊS (VIGENTE) VARIAÇÃO (MÊS)

ACRE 116,92% 165,90% -41,89% 72,21% 116,04% -60,71% 18,44646272ALAGOAS 116,82% 124,28% -6,39% 71,98% 81,90% -13,79% 21,21471173

AMAPA 117,93% 124,22% -5,34% 72,52% 81,83% -12,84% 19,62062161AMAZONAS 116,27% 130,70% -12,41% 73,17% 82,78% -13,13% 22,17288312

BAHIA 120,07% 124,28% -3,50% 74,67% 81,90% -9,69% 14,69635756CEARÁ 117,51% 123,31% -4,93% 73,82% 81,40% -10,27% 14,92597896

DISTRITO FEDERAL

114,93% 124,33% -8,18% 73,60% 82,35% -11,88% 21,90476609

ESPIRITO SANTO

119,12% 124,36% -4,40% 74,67% 82,39% -10,34% 16,13142955

GOIÁS 120,37% 123,59% -2,67% 75,92% 82,39% -8,52% 13,02560323MARANHÃO 116,47% 124,06% -6,52% 73,25% 81,38% -11,10% 18,71274326

MATO GROSSO

115,91% 121,20% -4,57% 73,46% 80,71% -9,87% 14,30493028

MATO GROSSO DO

SUL117,96% 127,85% -8,38% 74,02% 82,17% -11,02% 17,94485849

MINAS GERAIS

119,49% 122,43% -2,46% 76,01% 82,26% -8,22% 13,92070797

PARÁ 119,61% 124,51% -4,09% 73,36% 82,76% -12,82% 17,53117574PARAÍBA 117,00% 127,96% -9,37% 72,74% 77,25% -6,20% 21,8631759PARANÁ 117,93% 155,71% -32,04% 74,35% 114,94% -54,59% 16,94437265

PERNAMBUCO 121,24% 126,38% -4,24% 75,02% 83,38% -11,14% 16,79494057

PIAUÍ 117,56% 122,19% -3,94% 74,08% 80,84% -9,12% 14,19200347RIO DE

JANEIRO118,76% 123,98% -4,39% 74,24% 82,20% -10,72% 19,58172337

RIO GRANDE DO NORTE

118,25% 123,93% -4,80% 73,41% 81,69% -11,28% 16,68881268

RIO GRANDE DO SUL

115,25% 157,52% -36,68% 72,23% 109,60% -51,74% 18,16800813

RONDÔNIA 121,93% 124,77% -2,33% 75,15% 82,58% -9,89% 13,65181408RORAIMA 119,04% 124,43% -4,53% 73,04% 81,19% -11,16% 14,45948522

SANTA CATARINA

115,66% 124,79% -7,89% 73,24% 82,61% -12,79% 20,28440763

SÃO PAULO 119,22% 124,86% -4,73% 74,61% 82,25% -10,25% 17,98162367SERGIPE 117,67% 125,04% -6,27% 74,06% 82,73% -11,71% 18,58354816

TOCANTINS 121,84% 125,06% -2,64% 76,58% 82,34% -7,52% 12,53714372

ESTADOENCARGOS SOCIAIS SOBRE SALÁRIO CONTRATO MÉDIO

(ROTATIVIDADE)

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.290/2012-2

16. Em três unidades federativas ocorreu uma redução mais acentuada dos percentuais de encargos sociais em virtude dos gastos com transporte, alimentação, equipamentos de proteção individual e seguro de vida terem sido expurgados do cálculo.

17. Por fim, em virtude do anúncio pelo Governo Federal da desoneração da folha da construção civil, a Caixa entendeu pertinente aguardar o detalhamento e a regulamentação do tema para que se promova a atualização dos encargos, evitando-se, assim, a realização de duas relevantes alterações no âmbito da orçamentação de obras públicas no país em curto período de tempo.

18. Em nova instrução, a SecobEdificação apreciou essa última manifestação da Caixa, formulando proposta que resultou no Acórdão 261/2013 – Plenário, transcrito a seguir:

‘1.9. Determinar:1.9.1. à Caixa Econômica Federal que:1.9.1.1. adote imediatamente as novas alíquotas de encargos sociais apresentadas ao TCU no

Ofício 0224/2012 GEPAD, de 18/12/2012, disponibilizando a memória de cálculo detalhada dos referidos valores na rede mundial de computadores;

1.9.1.2. inclua, nos relatórios gerados pelo Sinapi, a informação de que os percentuais de encargos sociais utilizados não contemplam a desoneração procedida pela MP 601/2012;

1.9.1.3. avalie a possibilidade de adaptações no sistema, com vistas a possibilitar que o usuário externo gere relatórios com percentuais de encargos sociais diferenciados, considerando os impactos advindos da MP 601/2012;

1.9.1.4. informe ao Tribunal as providências adotadas, no prazo de 30 dias;1.9.2. à Segecex que oriente as equipes de fiscalização do Tribunal a observarem o impacto da

MP 601/2012 no orçamento das obras fiscalizadas.’19. À peça 66 do TC-023.031/2008-3, a Caixa informa que adotará imediatamente as

determinações do Acórdão 261/2013 – Plenário, divulgando as alterações já nos relatórios do Sinapi produzidos a partir de abril/2013. As planilhas demonstrativas do cálculo de encargos sociais já estão publicamente disponíveis no site daquela instituição financeira.

20. Ante o exposto, entende-se que o mesmo procedimento deva ser adotado no presente processo, facultando-se ao DNIT nova manifestação sobre o percentual de encargos revisado. Para melhor compreensão do assunto, as peças 42, 48, 49, 55, 56, 62 e 66 do TC-023.031/2008-3 foram autuadas à peça 12 do presente processo e deverão ser enviadas ao DNIT para conhecimento.

21. Alternativamente, o DNIT poderia, desde já, adotar os novos percentuais de encargos sociais do Sinapi apresentados na Tabela 1 desta instrução, haja vista que os estudos, legislação e estatísticas que os amparam são os mesmos aplicáveis às obras executadas pelo DNIT.

22. As diferenças entre os atuais encargos do Sicro (126,3%) e os do Sinapi (variam de 115,25% a 121,93%, conforme a unidade da Federação) são relevantes, justificando a sua adoção imediata. Se não houvesse ocorrido a desoneração de folha promovida pelas Medidas Provisórias 601/2012 e 612/2013, o TCU poderia admitir excepcionalmente que fossem implantados juntamente com o novo Sicro, nos termos solicitados pelo DNIT.

23. Todavia, a desoneração da folha de pagamento resultará em profundas mudanças nos percentuais de encargos sociais, com diferenças superiores a 30%, exigindo imediata adequação do Sicro, pois há possibilidade de relevantes danos ao erário se as obras rodoviárias forem licitadas com encargos ‘não desonerados’.

24. Com relação à desoneração da folha da construção civil, verificou-se que foi publicada a Medida Provisória 601/2012, trazendo alterações na Lei 12.546/2011, de 14 de dezembro de 2011, que instituiu o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras - Reintegra. O art. 7º da referida Lei passa a ter a seguinte redação: ‘Art. 7º Até 31 de dezembro de 2014, contribuirão sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos, em substituição às contribuições previstas nos incisos I e III do art. 22 da Lei 8.212, de 24 de julho de 1991, à alíquota de 2% (dois por cento): (Redação dada pela Lei nº 12.715)

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(...)IV - as empresas do setor de construção civil, enquadradas nos grupos 412, 432, 433 e 439 da

CNAE 2.0. (Redação dada pela MP 601/2012)’25. Observa-se, de imediato, que não houve uma ampla, geral e irrestrita desoneração das

empresas de construção civil. Apenas alguns setores foram desonerados, conforme se conclui da leitura da tabela a seguir, contendo o Código Nacional e Atividade Econômica (CNAE) do setor de construção civil:

Tabela 2 – Demonstrativo dos encargos sociais para horistas (Tocantins) – nova sistemática de cálculo.

411 I NCORPORAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS

412 CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS

421 CONSTRUÇÃO DE RODOVIAS, FERROVIAS, OBRAS URBANAS E OBRAS-DE-ARTE ESPECIAIS

422 OBRAS DE INFRA-ESTRUTURA PARA ENERGIA ELÉTRICA, TELECOMUNICAÇÕES, ÁGUA, ESGOTO E TRANSPORTE POR DUTOS

429 CONSTRUÇÃO DE OUTRAS OBRAS DE INFRA-ESTRUTURA

431 DEMOLIÇÃO E PREPARAÇÃO DO TERRENO

432 I NSTALAÇÕES ELÉTRICAS, HI DRÁULICAS E OUTRAS INSTALAÇÕES EM CONSTRUÇÕES

433 OBRAS DE ACABAMENTO

439 OUTROS SERVIÇOS ESPECIALI ZADOS PARA CONSTRUÇÃO

41

CNAE 2.1 - Seção CNAE 2.1 - Divisão

OBRAS DE INFRA-ESTRUTURA42

SERVIÇOS ESPECIALIZADOS

PARA CONSTRUÇÃO43

CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS

26. As empresas que, preponderantemente, realizam incorporação de empreendimentos imobiliários (CNAE 411), serviços de demolição (CNAE 431) ou obras de infraestrutura (CNAE 421, 422 e 429) não foram beneficiadas pela desoneração procedida pela MP 601/2012.

27. Com a publicação da Medida Provisória 612/2013, outros serviços de construção civil foram inseridos nas medidas de desoneração da folha de pagamento, inclusive foram inseridos na desoneração obras de infraestrutura, enquadradas nos grupos CNAE 421, 422, 429 e 431, e as empresas de engenharia e arquitetura enquadradas no grupo 711 do CNAE, a partir de 1º de janeiro de 2014 a 31 de dezembro de 2014, o que também exigirá ajustes na tabela de engenharia consultiva do DNIT.

28. Outra alteração significativa da MP 612, de 4 de abril de 2013, é a conceituação do CNAE para enquadramento. A classificação não é mais por serviço e sim por empresa, considerando que estará abrangido pela desoneração pela atividade principal da empresa. O CNAE principal será aquele dos serviços cujo faturamento representar mais de 50% da receita total da empresa.

29. Uma das mudanças é que a MP 612 esclareceu que o incentivo só é válido para obras com matrículas CEI abertas a partir de 01/04/2013. Nos termos do inciso II do § 7º do art. 7º da Lei 12.546/11, incluído pela MP 612/2013, a obra com matrícula CEI aberta até 31 de março de 2013 não estará sujeita à desoneração da folha de pagamento e continuará a recolher a contribuição previdenciária patronal de 20%.

30. Se a obra iniciar a partir de abril de 2013, a desoneração deverá ser praticada até o término da obra, mesmo que concluída após 31 de dezembro de 2014.

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31. Para ilustrar a magnitude do impacto das Medidas Provisórias 601/2012 e 612/2013 nos encargos sociais, tomou-se como exemplo o percentual de encargos sociais do Sinapi para o Estado de Tocantins. Já dentro da nova sistemática de cálculo acolhida pela Caixa, os encargos sociais sobre a mão de obra horista representam 121,84%, conforme demonstrado na tabela a seguir:

Tabela 3 – Demonstrativo dos encargos sociais para horistas (Tocantins) – nova sistemática de cálculo.

A GRUPO AA1 INSS 20,00%A2 SESI 1,50%A3 SENAI 1,00%A4 INCRA 0,20%A5 SEBRAE 0,60%A6 Salário Educação 2,50%A7 Seguro Contra Acidentes Trabalho 3,00%A8 FGTS 8,00%A9 SECONCI 1,00%B GRUPO BB1 Repouso Semanal Remunerado 17,89%B2 Feriados 3,95%B4 Auxílio-Enfermidade 0,93%B5 13º Salário 11,16%B6 Licença Paternidade 0,09%B7 Dias de Chuvas 1,46%B8 Auxilio Acidente de Trabalho 0,13%B9 Salário Maternidade 0,03%

B10 Férias Gozadas 14,24%B11 Faltas Justificadas 0,74%C GRUPO CC1 Aviso Prévio Indenizado 8,60%C2 Aviso Prévio Trabalhado 0,21%C3 Depósito Rescisão Sem Justa Causa 3,51%C4 Indenização Adicional 0,02%C5 Férias Indenizadas 1,19%D GRUPO DD1 Reincidência de A sobre B 19,13%

D2Reincidência de A sobre Aviso Prévio Trabalhado + Reincidência de FGTS sobre Aviso Prévio Indenizado

0,77%

37,80% 50,62% 13,52% 19,90%E GRUPO E

GRUPO D

OBS: Grupo E deverá ser apropriado como item do custo direto a ser defindo regionalmente

Incidente sobre Hora Normal

GRUPO A GRUPO B

SUB-TOTAIS ( GERAL )

GRUPO C

TOTAL DOS ENCARGOS SOCIAIS SOBRE O SALÁRIO HORA 121,84%

ENCARGOS SOCIAIS SOBRE O SALÁRIO HORA - UF:

CÓDIGO DESCRIÇÃO

Tocantins

32. Considerando-se a supressão da alíquota de 20% de INSS no demonstrativo de encargos sociais, o novo percentual de encargos sociais para trabalhadores horistas passa a ser de 91,67%, conforme detalhado na próxima tabela.

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33. Observa-se que houve redução superior a 30% no percentual total de encargos sociais, pois o impacto da desoneração não se limita apenas ao Grupo A, estendendo-se também ao Grupo D que representa a reincidência do Grupo A sobre o Grupo B.

34. Por outro lado, foi criada uma Contribuição Previdenciária sobre a Renda Bruta (CPRB) com alíquota de 2%, em substituição às contribuições previstas nos incisos I e III do art. 22 da Lei 8.212, de 24 de julho de 1991 (alíquota de 20% sobre a remuneração da mão de obra). Entende-se que a CPRB deva ser apropriada no percentual de BDI, majorando-o, o que também exigirá ajustes no percentual do BDI utilizado pelo Sicro.

Tabela 4 – Demonstrativo dos encargos sociais para horistas (Tocantins) – impacto da MP 601/2012.

A GRUPO AA1 INSS 0,00%A2 SESI 1,50%A3 SENAI 1,00%A4 INCRA 0,20%A5 SEBRAE 0,60%A6 Salário Educação 2,50%A7 Seguro Contra Acidentes Trabalho 3,00%A8 FGTS 8,00%A9 SECONCI 1,00%B GRUPO BB1 Repouso Semanal Remunerado 17,89%B2 Feriados 3,95%B4 Auxílio-Enfermidade 0,93%B5 13º Salário 11,16%B6 Licença Paternidade 0,09%B7 Dias de Chuvas 1,46%B8 Auxilio Acidente de Trabalho 0,13%B9 Salário Maternidade 0,03%

B10 Férias Gozadas 14,24%B11 Faltas Justificadas 0,74%C GRUPO CC1 Aviso Prévio Indenizado 8,60%C2 Aviso Prévio Trabalhado 0,21%C3 Depósito Rescisão Sem Justa Causa 3,51%C4 Indenização Adicional 0,02%C5 Férias Indenizadas 1,19%D GRUPO DD1 Reincidência de A sobre B 9,01%

D2Reincidência de A sobre Aviso Prévio Trabalhado + Reincidência de FGTS sobre Aviso Prévio Indenizado

0,73%

17,80% 50,62% 13,52% 9,73%E GRUPO E

GRUPO D

OBS: Grupo E deverá ser apropriado como item do custo direto a ser defindo regionalmente

Incidente sobre Hora Normal

GRUPO A GRUPO B

SUB-TOTAIS ( GERAL )

GRUPO C

TOTAL DOS ENCARGOS SOCIAIS SOBRE O SALÁRIO HORA 91,67%

ENCARGOS SOCIAIS SOBRE O SALÁRIO HORA - UF:

CÓDIGO DESCRIÇÃO

Tocantins

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35. Para as atividades descritas nos grupos CNAE 412, 432, 433 e 439, essa nova contribuição previdenciária de 2% sobre a receita bruta vigora desde 1 de abril de 2013 até 31 de dezembro de 2014, com recolhimento sempre no dia 20 do mês subsequente.

36. Já em relação a obras de infraestrutura, enquadradas nos grupos CNAE 421, 422, 429 e 431, e as empresas de engenharia e arquitetura enquadradas no grupo 711 do CNAE, a nova contribuição de 2% será exigível a partir de 1 de janeiro de 2014 até 31 de dezembro de 2014, com recolhimento sempre no dia 20 do mês subsequente.

37. A questão do impacto das Medidas Provisórias 601/2012 e 612/2013 no BDI será tratada no estudo determinado pelo item 9.1 do Acórdão 2.369/2011, que se encontra em fase de conclusão.

38. Da mesma forma, o impacto da referida MP sobre os contratos administrativos em andamento, em especial sobre a aplicação do disposto no Art. 65, §5º, da Lei 8.666/1993, não é o objeto do presente processo.

VI. CONCLUSÕES GERAIS E PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO39. Assim, considerando que as empresas que executam obras rodoviárias serão beneficiadas

pela MP 612/2013 a partir de 2014, considera-se que o Sicro deva continuar apresentando o percentual de encargos sociais sem considerar a desoneração procedida pela referida medida provisória. Por outro lado, o sistema também tem que ser adaptado para gerar relatórios com encargos desonerados. O ideal seria que o usuário do sistema pudesse optar sobre qual o percentual de encargos sociais será utilizado na geração dos relatórios.

40. Ante o exposto, submete-se o presente processo à consideração superior com as seguintes proposta de encaminhamento:

I – com fulcro no art. 250, inciso V, do Regimento Interno do TCU, enviar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) cópia da peça 12 do presente processo, para que, no prazo de 60 (sessenta) dias, apresente nova manifestação sobre as alterações procedidas nos cálculos dos encargos sociais ou adote imediatamente as novas alíquotas de encargos sociais apresentadas na Tabela 1 da presente instrução no Sicro, disponibilizando a memória de cálculo detalhada dos referidos valores na rede mundial de computadores;

II – determinar, com fulcro no art. 250, inciso II, do RI/TCU, ao DNIT que:a) inclua informação nos relatórios gerados pelo Sicro de que o percentual de encargos sociais

utilizado não contempla a desoneração procedida pelas Medidas Provisórias 601/2012 e 612/2013;b) inclua informação na tabela de preços de consultoria do DNIT de que o percentual de

encargos sociais informado não contempla a desoneração procedida pelas Medidas Provisórias 601/2012 e 612/2013;

c) divulgue, em conjunto com a tabela atualmente em vigor, nova tabela de preços de consultoria do DNIT utilizando percentual de encargos sociais desonerado para trabalhadores mensalistas;

d) avalie a possibilidade de adaptações no Sistema de Custos Rodoviários de forma a possibilitar a geração de relatórios com percentuais de encargos sociais diferenciados, considerando os impactos advindos das Medidas Provisórias 601/2012 e 612/2013;

e) informe ao Tribunal sobre as providências adotadas no prazo de 60 (sessenta) dias.”

É o relatório.

VOTO

A Secob-1, atual SecobEdificação, apurou que a metodologia de cálculo dos valores dos encargos sociais incidentes sobre o custo da mão de obra utilizada no Sistema de Custos Rodoviários (Sicro-2) não estava alinhada com os dados mais atuais, resultando em preços mais elevados que a realidade do mercado.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 012.290/2012-2

2. A questão foi submetida à avaliação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), autarquia responsável pela operacionalização do Sicro, que reconheceu que os estudos desenvolvidos pelo Tribunal de Contas da União apresentam consistência e dados mais atualizados do que os adotados presentemente no âmbito do Manual de Custos Rodoviários, que remontam ao anuário 1990-1995 do IBGE.

3. Assim, o DNIT manifestou-se favoravelmente à atualização dos parâmetros utilizados no Sicro, mas ponderou que, por racionalidade, as alterações deveriam ocorrer apenas no novo sistema de custos referenciais (Sicro-3), cuja entrada em operação está prevista para 2013, evitando-se o ônus de revisar o sistema atual, que será descontinuado.

4. Paralelamente ao desenvolvimento da presente representação, foi autuado outro processo no âmbito desta Corte de Contas com o objetivo de apurar ocorrência similar verificada no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), mantido e operado pela Caixa Econômica Federal.

5. A partir das colocações feitas pelo Tribunal, a Caixa aprimorou a metodologia de cálculo dos encargos sociais, apropriando-se de novos dados e informações. Os ajustes realizados pela empresa encontram-se sintetizados na Tabela 1 do relatório que precede este voto.

6. Os valores obtidos, que diferem dos inicialmente apurados pela SecobEdificação, projetam significativas reduções nos preços referenciais do Sinapi, o que incentivou o Tribunal a determinar à Caixa, por meio do Acórdão 261/2013 – Plenário, que adote imediatamente as novas alíquotas de encargos sociais por ela apresentadas ao TCU.

7. De forma semelhante, acredito que se deva determinar ao DNIT que avalie a nova metodologia de cálculo dos encargos sociais, modificada após as intervenções da Caixa, e, caso a considere adequada, providencie sua implementação no Sicro, disponibilizando a memória de cálculo detalhada dos referidos valores na internet.

8. Finalmente, a unidade técnica alerta para os impactos provenientes das Medidas Provisórias 601/2012 e 612/2013, que estabeleceram critérios de desoneração para a construção civil, e que implicarão maiores reduções nos custos aqui analisados.

9. Apesar de tal matéria, por força do item 9.1 do Acórdão 2.369/2011, estar sendo objeto de estudo específico, em fase de conclusão, entendo pertinente determinar ao DNIT que avalie a possibilidade de adaptar o Sicro para a geração de relatórios diferenciados, caso se considere ou não a incidência de tais medidas.

Ante o exposto, manifesto minha anuência à proposta de encaminhamento formulada pela unidade técnica, a qual acolho com algumas adequações, e voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à deliberação do Plenário.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 15 de maio de 2013.

JOSÉ MÚCIO MONTEIRO Relator

ACÓRDÃO Nº 1165/2013 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 012.290/2012-22. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Representação de Unidade Técnica3. Representante: Secob-1, atual SecobEdificação4. Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT)

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5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro6. Representante do Ministério Público: não atuou7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras Aeroportuárias e de Edificação (SecobEdificação)8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação formulada pela Secob 1, atual

SecobEdificação, alertando sobre possíveis excessos nos valores dos encargos sociais incidentes sobre o custo da mão de obra constantes do Sistema de Custos Rodoviários (Sicro-2), o que impactaria a elaboração dos orçamentos-base das obras públicas.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, incisos I e V, do Regimento Interno/TCU, em:

9.1. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) que:9.1.1. manifeste-se sobre as alterações procedidas nos cálculos dos encargos sociais indicadas

neste processo e avalie a possibilidade de adotar imediatamente as novas alíquotas apresentadas na Tabela 1 da instrução da unidade técnica no Sicro, disponibilizando a memória de cálculo detalhada dos referidos valores na internet;

9.1.2. inclua informação, nos relatórios gerados pelo Sicro e em sua tabela de preços de consultoria, de que o percentual de encargos sociais utilizado ainda não contempla a desoneração procedida pelas Medidas Provisórias 601/2012 e 612/2013;

9.1.3. divulgue, em conjunto com a tabela atualmente em vigor, nova tabela de preços de consultoria do DNIT utilizando percentual de encargos sociais desonerado para trabalhadores mensalistas;

9.1.4. avalie a possibilidade de implementar adaptações no atual Sicro de forma a possibilitar a geração de relatórios com percentuais de encargos sociais diferenciados, considerando os impactos advindos das Medidas Provisórias 601/2012 e 612/2013;

9.1.5. providencie a incorporação de todas as considerações aqui elaboradas no futuro Sistema de Custos Rodoviários (Sicro-3);

9.1.6. informe ao Tribunal sobre as providências adotadas no prazo de 60 (sessenta) dias.9.2. encaminhar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) cópia

integral do presente processo, para fins de cumprimento do item 9.1 acima.

10. Ata n° 16/2013 – Plenário.11. Data da Sessão: 15/5/2013 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1165-16/13-P.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Augusto Nardes (Presidente), Valmir Campelo, Benjamin Zymler, José Jorge, José Múcio Monteiro (Relator) e Ana Arraes.13.2. Ministros-Substitutos convocados: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

13.3. Ministro-Substituto presente: Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)JOÃO AUGUSTO RIBEIRO NARDES

(Assinado Eletronicamente)JOSÉ MÚCIO MONTEIRO

Presidente Relator

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Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral, em exercício

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