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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO UFMT INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA E PETROGRÁFICA PRELIMINAR DO COMPLEXO MÁFICO-ULTRAMÁFICO TRINCHEIRA, FAIXA ALTO GUAPORÉ - DISTRITO DE NOROAGRO COMODORO, MATO GROSSO. MARCELO HENRIQUE RIBEIRO DA COSTA PEDRO HENRIQUE DE AZEVEDO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA DEZEMBRO DE 2011 CUIABÁ MT

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Page 1: Tcc - Marcelo & Pedro

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA E PETROGRÁFICA

PRELIMINAR DO COMPLEXO MÁFICO-ULTRAMÁFICO

TRINCHEIRA, FAIXA ALTO GUAPORÉ - DISTRITO DE NOROAGRO

– COMODORO, MATO GROSSO.

MARCELO HENRIQUE RIBEIRO DA COSTA

PEDRO HENRIQUE DE AZEVEDO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

DEZEMBRO DE 2011

CUIABÁ – MT

Page 2: Tcc - Marcelo & Pedro

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA E PETROGRÁFICA

PRELIMINAR DO COMPLEXO MÁFICO-ULTAMÁFICO

TRINCHEIRA, FAIXA ALTO GUAPORÉ - DISTRITO DE NOROAGRO

– COMODORO, MATO GROSSO.

MARCELO HENRIQUE RIBEIRO DA COSTA

PEDRO HENRIQUE DE AZEVEDO

Orientador: Prof. Dr. João Batista de Matos

Coorientador: Prof. Dr. Amarildo Salinas Ruiz

Trabalho de Conclusão de Curso de

Graduação em Geologia, apresentado

junto à Coordenação de Ensino de

Graduação do Curso de Geologia, para

obtenção do título de Bacharel em

Geologia.

DEZEMBRO DE 2011

CUIABÁ – MT

Page 3: Tcc - Marcelo & Pedro

Banca Examinadora

_______________________________________

Presidente: Prof. Dr. João Batista de Matos

_______________________________________

1° Examinador: Carlos Humberto da Silva

_______________________________________

2° Examinador: Rone Marcos A. dos Santos

_______________________________________

Marcelo Henrique Ribeiro da Costa

_______________________________________

Pedro Henrique de Azevedo

Nota:______________

Dezembro de 2011

Cuiabá – MT

Page 4: Tcc - Marcelo & Pedro

Agradecimentos

Muitos são os que participaram dessa jornada acadêmica que enfim está terminando, a

todos vocês aqui demonstramos toda a nossa gratidão pelo apoio em cada uma das etapas

desse ciclo.

Agradecemos aos Professores do curso de Geologia-UFMT por transmitir seus saberes

e por fazer com que fôssemos envolvidos por essa ciência, e aos servidores por todo o apoio.

Em especial, ao Professor Dr. Jackson D. S. da Paz por seus ensinamentos e abordagem tão

amigável. A Professora Dr. Ana Cláudia D. da Costa, por se preocupar em ajudar a todos da

forma mais solícita possível. Ao Me. Áquiles Lazzaroto pelo auxílio em diversos obstáculos.

Ao nosso coorientador Professor Dr.Amarildo S. Ruiz, pelos bons conselhos em estrutural e

participação no desenvolvimento do TCC. E Por fim, ao nosso orientador Professor Dr. João

Batista de Matos, por todos os ensinamentos e discussões transmitidos durante esse ano e por

toda a dedicação sempre auxiliando da melhor forma possível o desenvolvimento deste

trabalho.

Ao motorista da UFMT Zé Carlos e a futura Geóloga Mariana Borealis por toda a

ajuda na etapa de campo e por indiretamente contribuir nessa monografia.

Pedro H. Azevedo agradece:

Agradeço a meus pais, José Linéssio e Carmem Silvia, que muito se empenharam

durante a longa caminhada que é a graduação, provendo à distância além da ajuda financeira,

afeto, carinho, sábias orientações e incentivos em momentos que foram os mais incertos. São

extremamente importantes para mim, definitivamente meu alicerce. A meu irmão, Thiago

Fabrício, com quem dividi um cubículo durante o primeiro ano de faculdade. Tempos difíceis

foram aqueles, mas com o companheirismo superamos as dificuldades, sua ajuda foi

imprescindível. Contudo, sua importância não se restringiu aquele momento, você sempre será

lembrado. Aos meus tios, Perpétua e Xavier, por abrirem as portas de sua casa me acolhendo

como um filho.

Aos colegas de faculdade, em especial Antônio David, Ohana, Alexandre, Luana

Readme, Caiubi Kunh e a Kárita Mendes, pela amizade e convívio, partilhando de inúmeros

trabalhos, relatórios e aulas de campo. Alguns fizeram muito mais que um amigo de faculdade

faria, a vocês o meu muito obrigado e espero poder levá-los para vida toda.

Amigos de CEU (Casa de estudante universitária), Rafael Cardoso (Preto), Derkian,

Frankie, Bruno e Paulo Soletti. Não permanecemos morando na mesma casa por toda a faculdade,

porém estivemos juntos durante um bom pedaço do trecho. Vocês sabem exatamente o que é ser

Page 5: Tcc - Marcelo & Pedro

um universitário morando longe de casa, agradeço pela amizade e companheirismo, e certamente

por me suportarem.

Ao meu companheiro de TCC Marcelo Ribeiro, por aceitar dividir o fardo nessa

empreitada, tendo acima de tudo, muita paciência ao entender a minha necessidade especial que

nasceu em minha vida no dia 11/11, auxiliando muito neste momento. O convívio foi partilhado

de muita felicidade, a você o meu muito obrigado.

Ao Anderson Barata, pelos valiosos ensinamentos de arcgis, e muito além disso, pela

amizade dedicada, realmente se tornou um irmão. E a Ariadeny Allyne, que sempre viveu esse

sonho junto comigo, me apoiando ininterruptamente, muito obrigado Preta por tudo.

“... Posso ouvir o vento passar, assistir a onda bater, mas o estrago que faz a vida é curta pra ver...”

Rodrigo Amarante

Marcelo Ribeiro Agradece:

Agradeço, da maneira mais especial possível, a minha mãe Vandercy Aparecida Ribeiro -

a mulher mais forte que conheci - por ser o suporte dessa família e por todo o amor e devoção

com que criou a mim e meu irmão. Tenho certeza que todos os seus esforços serão

recompensados. A meu irmão Douglas H. R. da Costa por sempre me apoiar nas decisões mais

importantes, mesmo que de uma forma muito peculiar.

Aos amigos que fazem parte de minha vida: Wagner, Odair, Breno, Zé, Vitão, Lívio, Rafa,

Flávio, Pedrão e Luh, agradeço muitíssimo a vocês, que dividiram alguns dos meus melhores

momentos.

Aos grandes companheiros de convívio quase diário, que jamais serão esquecidos, pois

participaram de um dos melhores momentos de minha vida, a turma Geologia-UFMT/2007. Em

especial aos grandes Brunão, Candinho, Léo, Bob’s, Japa, Dolly, David, Caiubi e Luana.

Agradeço muito a vocês.

Ao Amigo Pedro Perneira por ter se juntado a mim nessa empreitada, por sua forma

sempre equilibrada e otimista de encarar as dificuldades, e pelas ótimas horas que tive em sua

companhia. Valeu meu querido.

Por fim, agradeço muitíssimo a pessoa mais especial em minha vida, a qual devo muito

mais do que agradecimentos: minha namora Kárita Mendes. Esse ano teria sido muito difícil se

não fosse sua racionalidade, colo e companheirismo. Espero dividir todos os momentos de minha

vida com você. Te amo, minha linda.

“... É preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê...”

Marcelo Camelo

Page 6: Tcc - Marcelo & Pedro

Resumo

O presente trabalho apresenta os resultados obtidos através do mapeamento geológico

realizado na escala 1:50.000, região do Distrito de Noroagro, Município de Comodoro – MT,

no qual foram enfatizados os aspectos petrográficos macroscópicos e geoquímicos das rochas

pertencentes ao Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira (CMUT), objeto principal deste

estudo, e de suas encaixantes: Complexo Rio Galera (CRG) e Suíte Intrusiva Noroagro (SIN).

Tais rochas acompanham o contexto geotectônico da Faixa Guaporé, entidade esta

pertencente à Província Rondoniano-San Ignácio, sudoeste do Cráton. As rochas do CMUT

constituem-se de rochas básicas com variações a localmente ultrabásicas plutônicas que

ocorrem em forma de blocos rolados ou pequenos lajedos próximo a drenagens. A

porcentagem em sílica para nove amostras selecionadas (entre 43% e 52%,

aproximadamente), revela o caráter básico-ultrabásico de tais rochas. Os litotipos compõe-se

de gabros cinza, melanocrático, holocristalino, de granulação média a grossa, podendo ou não

apresentar foliação. Subordinadamente ocorrem piroxenitos cinza escuros,

ultramelanocráticos, granulação grossa e estrutura cumulática. Nos diagramas binários de

mg# versus elementos maiores, pode-se perceber um enriquecimento em P2O5 mostrando que

tal óxido é incompatível. Já a diferenciação magmática em relação ao Al2O3 demonstra um

fracionamento magmático do tipo gabro. Alguns diagramas foram utilizados para

averiguações sobre os processos de alteração pós-magmáticos tais como espilitização e/ou

potassificação, não tendo sido verificado que tais processos tenha afetado essas rochas. O

magmatismo que gerou as rochas do CMUT é do tipo toleítico e de natureza sub-alcalina.

Tectonicamente as rochas da referida unidade enquadram-se como basalto do tipo MORB

(cordilheira meso-oceânica). Estruturalmente, as rochas da área de estudo apresentam

evidências de pelo menos três eventos de deformação: o primeiro deles responsável pelo

bandamento composicional das rochas do CRG orientado segundo um trend E-W. O segundo

gerou um dobramento plano-axial desse bandamento. Por fim, o terceiro evento foi

responsável pela transposição da foliação mais antiga, sendo esta orientada por um trend N-S.

Palavras-chave: Cráton Amazônico, Faixa Guaporé, Complexo Máfico-Ultramáfico

Trincheira, Geoquímica.

Page 7: Tcc - Marcelo & Pedro

Abstract

This work presents the results obtained in field mapping in 1:50.000 scale localized in the

region District of Noroagro, City of Comodoro - MT, petrographic aspects were emphasized

macroscopic aspects and geochemistry of rocks belonging to the Trincheira Máfic-Ultramáfic

Complex (CMUT), the principal object of this study and their enclosing; Rio Galera Complex

(CRG) and Noroagro Intrusive Suit (SIN). Those rocks follow thru the geotectonic context of

Guaporé belt, this entity belonging to the Province Rondonian-San Ignacio. The CMUT are

made from basic rocks with variance the local ultrabasic plutonics which happen in form of

isolate blocks or smalls paveds close to the drainage. The silica percentage using nine selected

samples (between 43% and 52%, approximately), reveals the character of such basic-

ultrabasic on those rocks. The lithotypes are made of gabbros gray,melanocratic,

holocristaline, from medium until thick granulation, showing or not foliation. Under that

happen the pyroxenites occur dark gray, ultramelanocratics, thick granulation and cumulative

structure. In the binary diagrams of mg# against major elements, its possible to see the

enrichment in P2O5, proving that oxide is incompatible. In the other hand the magmatic

differentiation in front of Al2O3 shows a gabbro-type magmatic fractionation. Some diagrams

were used for investigations on the processes of post-magmatic change such as espilitization

and / or potassification has not been verified that such processes have affected these

rocks. The magma which the CMUT rocks are made from the toleitic type and sub-alkaline

nature. Tectonically the rocks of that we are studying fall as basalt-type MORB (mid ocean

ridge basalts). The fixing rocks of CRG type have at least three evidences of deformation

events: the first one is responsible for the banding compositional of CRG Rocks guided by an

EW trend. The second made a axial-plane bending-of-banding. Finally, the third event was

responsible for the implementation of earlier foliation, being guided by a N-S trend.

Keywords: Amazonian Craton, Guaporé Belt, Mafic-Ultramafic Trincheira Complex,

Geochemistry.

Page 8: Tcc - Marcelo & Pedro

Sumário

Agradecimentos .................................................................................................................... iii

Resumo ................................................................................................................................... v

Abstract ................................................................................................................................. vi

Sumário ................................................................................................................................ vii

Índice de ilustrações ............................................................................................................. ix

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

I.1 - INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 2

I.2 - OBJETIVOS ................................................................................................................... 2

I.3 - LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO ........................................................................ 2

I.4 - MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 5

I.4.1 - Levantamento bibliográfico ..................................................................................... 5

I.4.2 - Etapas de campo ...................................................................................................... 5

I.4.3 -Tratamento de dados ................................................................................................. 5

I.4.4 - Confecção de monografia ........................................................................................ 6

CAPÍTULO II – ASPECTOS FISIOGRÁFICOS ...................................................................... 7

II.1 - CLIMA .......................................................................................................................... 8

II.2 - VEGETAÇÃO ............................................................................................................... 8

II.3 - HIDROGRAFIA ............................................................................................................ 9

a) Sub-bacia do Guaporé .................................................................................................... 9

b) Sub-bacia do Juruena ..................................................................................................... 9

II.4 - GEOMORFOLOGIA .................................................................................................. 10

CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL ........................................................................... 12

III.1 - CRÁTON AMAZÔNICO .......................................................................................... 13

III.2 - SW DO CRÁTON AMAZÔNICO ............................................................................ 15

III.2.1 - TERRENO PARAGUÁ ...................................................................................... 15

III.2.2 - TERRENO JAURU ............................................................................................ 16

III.2.3 - TERRENO RIO ALEGRE .................................................................................. 16

III.2.4 - FAIXA ALTO GUAPORÉ ................................................................................. 16

CAPÍTULO IV – GEOLOGIA LOCAL .................................................................................. 17

Page 9: Tcc - Marcelo & Pedro

IV.1 - ESTRATIGRAFIA .................................................................................................... 18

IV.1.1 - COMPLEXO RIO GALERA ................................................................................. 18

IV.1.2 - SUÍTE INTRUSIVA NOROAGRO ....................................................................... 18

IV.1.3 - COMPLEXO MÁFICO-ULTRÁMAFICO TRINCHEIRA ................................... 19

IV.1.4 – FORMAÇÃO CÓRREGO PRETO ....................................................................... 19

IV.2 - PETROGRAFIA ........................................................................................................ 20

V.2.1 - COMPLEXO RIO GALERA ................................................................................... 20

V.2.2 - SUÍTE INTRUSIVA NOROAGRO ........................................................................ 22

V.2.3 - COMPLEXO MÁFICO-ULTRAMÁFICO TRINCHEIRA .................................... 24

V.2.4 – FORMAÇÃO CÓRREGO PRETO ......................................................................... 25

CAPÍTULO V - GEOQUÍMICA ............................................................................................. 27

V.1 - GENERALIDADES .................................................................................................... 28

V.2 - ROCHAS BÁSICAS ................................................................................................... 28

V.3 - ROCHAS ULTRABÁSICAS ..................................................................................... 34

V.4 - ROCHAS METASSEDIMENTARES ........................................................................ 36

CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL ...................................................................... 38

VI.1 - GENERALIDADES .................................................................................................. 39

VI.2 - CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL .................................................................... 39

CAPÍTULO VII – GEOLOGIA ECONÔMICA ...................................................................... 43

VII.1 - GENERALIDADES ................................................................................................. 44

VII.2 - DISTRITO NIQUELÍFERO DE COMODORO ...................................................... 44

VII.3 - POTENCIAL ECONÔMICO ................................................................................... 46

CAPÍTULO VIII – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................ 48

CAPÍTULO IX - BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 51

Page 10: Tcc - Marcelo & Pedro

Índice de ilustrações

Figura 1 - Mapa de Localização da área de estudo e vias de acesso. ......................................... 4

Figura 2 - Principais tipos de vegetação e utilizações da terra, Comodoro – MT. Fonte:

SEPLAN/MT .............................................................................................................................. 9

Figura 3 - Rede Hidrográfica do município de Comodoro – MT. Fonte: SEPLAN/MT ......... 10

Figura 4 - Relevo do município de Comodoro – MT. Fonte: SEPLAN/MT............................ 11

Figura 5 - Mapa esquemático mostrando a distribuição das províncias geocronológicas do

Cráton Amazônico e litologias associadas. Tassinari & Macambira (1999) ............................ 14

Figura 6 - Compartimentação do Sudoeste Amazônico segundo Ruiz 2009. .......................... 15

Figura 7 – vista geral da área estudada. A esquerda: Fazenda Coração de Imaculada. A

Direita: Fazenda Maringá. ........................................................................................................ 20

Figura 8 – A e B: formas de ocorrências das rochas do Complexo Rio Galera, blocos rolados e

afloramentos próximo a drenagens. C: paragnaisses, mostrando o bandamento composicional

de máficos e félsicos. D: paranfibolitos maciços. .................................................................... 21

Figura 9 - Em detalhe, xenólito do Complexo Rio Galera na Suíte Intrusiva Noroagro.......... 22

Figura 10 - A: forma de ocorrência da Suíte Intrusiva Noroagro. B: Granodiorito em

afloramento da Suíte Intrusiva Noroagro. C: tonalito, em amostra e mão da mesma unidade.

D:Dique de um granito fino leucocrático cortando um granodiorito da Suíte Intrusiva

Noroagro. .................................................................................................................................. 23

Figura 11 - Esquema representando a formação de Roof pendant’s da encaixante (Complexo

Rio Galera) enquanto ocorre o soerguimento do corpo granítico intrusiva (Suíte Intrusiva

Noroagro). ................................................................................................................................ 23

Figura 12 – A e B: formas de ocorrência do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira. C:

gabro mesocrático, de granulação média e isotrópia. D: gabro com xenocristais de K-

feldspato. .................................................................................................................................. 24

Figura 13 - A: Piroxenito pertencente ao Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira,

mostrando os cristais de piroxênio bem grandes. B:textura cumulática em piroxenito. .......... 25

Figura 14 – A: formas de ocorrência. B e C: afloramentos de um conglomerado da Formação

Córrego Preto. ........................................................................................................................... 26

Figura 15 - Diagramas binários mg# versus elementos maiores, menores e traços para os

termos básicos do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira ................................................. 30

Figura 16 - Diagramas de alteração pós-ígnea para as rochas básicas do Complexo Máfico-

Ultramáfico Trincheira. A: Miyashiro (1975), B: Hugues (1973), C: Pearce (1982). ............. 31

Page 11: Tcc - Marcelo & Pedro

Figura 17 – Acima: diagramas de classificação de rochas. A: Le Maitre (1989), B: Winchester

& Floyd (1977) Abaixo: diagramas classificatórios de magmatismo. C e D: Irvine e Baragar

(1971). ...................................................................................................................................... 32

Figura 18 - Diagramas de Ambientes geotectônicos para as rochas básicas do Complexo

Máfico-Ultramáfico Trincheira, a Esquerda Pearce & Norry (1979) e a direita Shervais

(1982). ...................................................................................................................................... 33

Figura 19 - Diagrama multielementar para as 7 amostras de rochas básicas do Complexo

Máfico-Ultramáfico Trincheira, de acordo com McDonough & Sun ...................................... 33

Figura 20 - Diagrama AFM de Irvine e Baragar (1975) para as rohas Ultramáficas do

Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira. .............................................................................. 35

Figura 21 - Diagrama multielementar para as rochas ultramáficas do Complexo Máfico-

Ultramáfico Trincheira ............................................................................................................. 35

Figura 22 - A esquerda: Diagrama de proveniência de sedimentos Floyd et al (1989), para as

rochas do Complexo Rio Galera. À direita: Diagrama ACF classificatório para as rochas do

Complexo Rio Galera. .............................................................................................................. 37

Figura 23 - Diagrama multielementar para as rochas do Complexo Rio Galera. ..................... 37

Figura 24 - Afloramento em um leito de rio, de um paragnaisse do Complexo Rio Galera

exibindo um bandamento composicional (Sn). ........................................................................ 39

Figura 25 - Rocha pertencente ao Complexo Rio Galera apresentando a foliação Sn dobrado

pelo evento Dn+1. .................................................................................................................... 40

Figura 26 - Foliação Sn+2 em granodiorito da Suíte Intrusiva Trincheira ............................... 40

Figura 27 – Rochas de composição granítica pertencentes a Suíte Intrusiva Noroagro em zona

de cisalhamento gerando ultramilonitos. Em A: Ultramilonito. B: dobra de arrasto. .............. 41

Figura 28 - Estereograma para as foliações do Complexo Rio Galera. .................................... 42

Figura 29 - Estereograma para foliações da Suíte Intrusiva Noroagro. .................................... 42

Figura 30 - Em detalhe, sulfetação em gabro pertencente ao Complexo Máfico-Ultramáfico

Trincheira.................................................................................................................................. 44

Figura 31 - Perfis de Alteração dos Depósitos - Relatório Final de Pesquisa - Anglo American

Brasil Ltda/ 2003 ...................................................................................................................... 46

Anexo 1 – Mapa de Localização de Afloramentos................................................................... 59

Anexo 2 – Mapa Geológico da área estudada .......................................................................... 61

Anexo 3 – Perfis Geológicos para a área de estudo ................................................................. 61

Page 12: Tcc - Marcelo & Pedro

Tabela 1 - Províncias geocronológicas do Cráton Amazônico, segundo Tassinari &

Macambira (1999). ................................................................................................................... 13

Tabela 2 - Composição química de elementos maiores (% em peso), menores e traços ( ppm)

das rochas básicas da Suíte Intrusiva Trincheira. ..................................................................... 29

Tabela 3 - Composição química de elementos maiores (% em peso), menores e traços ( ppm)

das rochas ultrabásicas do Complexo Máfico-Ultramáfico ...................................................... 34

Tabela 4 - Composição química de elementos maiores (% em peso), menores e traços ( ppm)

das rochas do Complexo Rio Galera ........................................................................................ 36

Page 13: Tcc - Marcelo & Pedro

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

Page 14: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo I - Introdução

2

I.1 - INTRODUÇÃO

A área de estudo desse Trabalho de Conclusão de Curso, situa-se a, aproximadamente,

700 km da capital do estado de Mato grosso, próximo ao distrito de Noroagro, município de

Comodoro.

No caráter geológico, a área compõe a Faixa Alto Guaporé, entidade esta localizada no

sudoeste do Cráton Amazônico, região limítrofe Mato Grosso-Rondônia. Tal região partilha

da evolução tectônica da província Rondoniano-San Ignácio (1,55 a 1,3 Ga) que foi

amalgamada durante o proterozóico a um núcleo arqueano.

As rochas da faixa Alto Guaporé podem ser definidas por um arcabouço de rochas

supracrustais associado à plutonismos e recobertos por sedimentos do Grupo Parecis.

I.2 - OBJETIVOS

O presente trabalho tem por objetivo principal sintetizar os conhecimentos adquiridos

durante o curso, através da caracterização geológica da região supracitada.

Além disso, é também anseio contribuir para a evolução dos conhecimentos sobre o

sudoeste do Cráton Amazônico, visando à correlação regional de tais rochas. Para isso foi

produzido um mapa geológico da área e fornecido dados petrográficos e geoquímicos.

Tal trabalho se justifica, acima de tudo, pelo interesse dos autores em temas que

abrangem a petrografia, geoquímica e metamorfismo e pela possível correlação das rochas

estudadas com as unidades geológicas mineralizadas Ultramáficas Morro Leme e Morro Sem

Boné.

I.3 - LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO

A área de estudo localiza-se a cerca de 735 km de Cuiabá, capital do estado de Mato

Grosso, na província geomorfológica do planalto dos Parecis, próximo ao assentamento

Noroagro, Distrito de Comodoro (Figura 1).

Page 15: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo I - Introdução

3

O acesso à área ocorre, a partir do trevo do lagarto em Várzea Grande, pela rodovia

federal pavimentada BR-070, seguindo por 220 km até o município de Cáceres. Então, toma-

se a BR-174, deslocando-se por 410 km, aproximadamente, até o município de Comodoro –

extremo oeste de Mato Grosso. Por fim, percorre-se por volta de 35 km pela BR-364

chegando à estrada não pavimentada para o assentamento Noroagro, de onde se percorre 70

km até a área estudada.

A área tem 13,18 km x 8,74 km, totalizando 115 km², aproximadamente. Localizando-

se espacialmente entre as coordenadas UTMx 791000 e 804200, UTMy 8510000 e 8518500,

Datum WGS 1984 zona 20 S.

Page 16: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo I - Introdução

4

Figura 1 - Mapa de Localização da área de estudo e vias de acesso.

Assentamento

Noroagro

Page 17: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo I - Introdução

5

I.4 - MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi desenvolvido com base em quatro etapas distintas:

Levantamento bibliográfico, Etapa de campo, Tratamento de dados, Confecção da

monografia. Tais etapas serão melhores apresentados a seguir.

I.4.1 - Levantamento bibliográfico

De início, foram levantados artigos e dissertações sobre o sudoeste do Cráton

Amazônico e também da Faixa Guaporé, que contribuíram para uma familiarização com a

temática de estudo prevista. Além disso, para reconhecimento da área e interpretação dos

principais lineamentos, utilizou-se de imagens de satélites e topográficas. Por fim, para

auxilio no mapeamento de campo, foram adotados critérios geofísicos através de mapas

aerogeofísicos (gamaespectometria e magnetometria).

I.4.2 - Etapas de campo

Consistiu-se de duas etapas de campo entre os dias 06/05/11 até 09/05/11 e 01/08/11

até 05/08/11. Foi confeccionado uma mapa-base fundamentado na folha cartográfica

1:100.000 Ilha do Porto (SD-20-X-D-III). Nessas duas etapas foram descritos 74 afloramentos

alvejando a caracterização geológica da área através de dados estruturais, delimitação dos

litotipos e seus contatos além de amostragem para análises geoquímica.

Para tais, necessitou-se de GPS (Global Positioning System) Garmin Etrex Legend,

Bússola geológica tipo Clar, martelo e marreta de geólogo, Lupa de bolso 20x, máquina

fotográfica e caderneta de campo.

I.4.3 -Tratamento de dados

Nessa etapa, os dados obtidos em campo foram tratados e sistematizados devidamente.

Foram 13 análises geoquímicas enviadas à Acme Analytical Laboratories, Vancouver –

Canadá que resultaram em análises para elementos maiores, menores e traços, sendo eles:

SiO2, Al2O3, Fe2O3, MgO, CaO, Na2O, K2O, TiO2, P2O5, MnO, Cr2O3, Ba, Sr, Y, Zr, Rb,

Nb, Cs, Co, Ni, Be, Ga, Hf, Ho, Sc,Sn,Ta,Th, U, V, W. Os dados geoquímicos foram tratados

utilizando os softwares Minpet for Windows (Richard 1995) e Newpet for DOS (Clarke 1993).

A análise estrutural foi realizada por intermédio do software Stereo32 version 1.0.3 que

representa os dados estruturais por intermédio de estereogramas.

Page 18: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo I - Introdução

6

I.4.4 - Confecção de monografia

Após o tratamento e sistematização dos dados, passou-se à etapa de integração e

interpretação dos dados através do presente trabalho (Trabalho de conclusão de curso). Para

tal, utilizou-se dos programas pertencentes ao pacote Office (Word e Excel) utilizados para

redigir esta monografia, e dos Softwares CorelDraw X5 e ArcGis 10.0 como ferramentas de

desenho e confecção dos mapas.

Page 19: Tcc - Marcelo & Pedro

CAPÍTULO II – ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

Page 20: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo II – Aspectos Fisiográficos

8

II.1 - CLIMA

Segundo fonte da Secretaria de Planejamento do Estado de Mato Grosso, o clima do

município de Comodoro caracteriza-se por temperaturas moderadas, com alta incidência de

radiação solar. A unidade climática predominante é o Clima Tropical Continental

Alternadamente Úmido e Seco das Chapadas, Planaltos e Depressões, que é tipificado pela

variação em função da grande extensão territorial e do controle modificador, exercido pela

forma e orientação do relevo.

Os ciclos estacionais, quase regulares, têm seis a sete meses de predomínio da estação

chuvosa (entre meados de setembro até o mês de abril) e quatro a cinco meses com estação

seca (entre mês de maio até meados de setembro). A temperatura média anual é de 26ºC,

registrando a maior máxima em 36ºC e a menor mínima de 5ºC.

Outro aspecto de importância a ser ressaltado é a existência de um conjunto

substancial de terras elevadas (chapadas e planaltos com altitudes entre 400 a 800 metros),

significando diferentes níveis de alteração térmica, possibilitando reagrupar conjuntos e

realidades climáticas distintas.

II.2 - VEGETAÇÃO

A vegetação é caracterizada por ser uma zona de contato entre as formações florestal e

savânica, sendo que nessa zona de transição, espécies das duas formações se intercalam na

paisagem. Existem formações de Campos Cerrados, Savana arborizada ou Cerradão, Savana

Parque associada as áreas pantaneiras, contato com floresta estacional e a própria floresta

estacional (Figura 2).

O Cerradão caracteriza-se por uma formação com pouco mais de 5 metros de altura,

com árvores densamente dispostas, mas cujas copas não se tocam, não possui um nítido

estrato arbustivo e apresentam um tapete graminoso ralo, em tufos, podendo ocorrer palmeiras

anãs intercaladas e plantas lenhosas rasteiras. Essas áreas de cerradão aparecem,

principalmente, em terrenos com solos areníticos lixiviados profundos, e quase sempre

encontram-se intercaladas com os agrupamentos da formação de fisionomia Arbóreo Aberta.

Page 21: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo II – Aspectos Fisiográficos

9

Os Campos Cerrados são formações com pequenas árvores esparsas e altura variando

de 2 a 5 metros, esgalhadas e bastante tortuosas, dispersas sobre um tapete contínuo de

gramíneas, intercaladas de plantas arbustivas baixas e outras lenhosas rasteiras.

Floresta Estacional relaciona-se com a presença do clima com duas estações, uma seca

e outra chuvosa além de uma acentuada variação térmica, responsável pela estacionalidade

foliar dos elementos arbóreos.

II.3 - HIDROGRAFIA

O município de Comodoro situa-se no interflúvio entre os rios Juina (afluente do Rio

Juruena) e Cabixi (afluente do Guaporé), configurando duas sub-bacias principais (Figura 3):

a) Sub-bacia do Guaporé

É formada pelo rio Guaporé e seus afluentes, como Sararé, Capivari, Cabixi e

Vermelho (Figura 3). Compreende uma região com grandes extensões de “várzeas” inundadas

nos períodos de cheia. Essas áreas são propícias à formação de lagoas marginais, onde se

reproduzem muitas espécies de peixes. Apresenta outros trechos com corredeiras que podem

ser utilizadas na produção de energia.

b) Sub-bacia do Juruena

Figura 2 - Principais tipos de vegetação e utilizações da terra, Comodoro – MT. Fonte: SEPLAN/MT

Page 22: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo II – Aspectos Fisiográficos

10

Nesta região a sub-bacia do Juruena, é formada pelos afluentes do Rio Juruena, como

rio Juína, Camararé e Mutum.

II.4 - GEOMORFOLOGIA

A geomorfologia da área de estudo apresenta feições relativamente elevadas, com

altitudes variando entre 300 e 800 m que, em função da diversidade litológica e altimétrica,

pode ser subdividida em duas unidades morfoesculturais: a Chapada dos Parecis e o Planalto

Dissecado dos Parecis (Figura 4).

Localizada na porção oeste do Estado, a unidade topograficamente mais elevada,

atingindo altitudes de até 800 m, a Chapada dos Parecis caracteriza-se como um extenso

compartimento elaborado em litologias areníticas do Grupo Parecis, com acamamento plano-

paralelo. A morfologia caracteriza-se pela homogeneidade das formas tabulares amplas, com

fraca incisão da drenagem. Recobrindo parcialmente os arenitos, tem-se uma camada de

sedimentos detríticos-lateríticos argilosos, correlacionados às Coberturas Terciário-

Quaternárias Neogênicas.

Figura 3 - Rede Hidrográfica do município de Comodoro – MT. Fonte: SEPLAN/MT

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“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo II – Aspectos Fisiográficos

11

O Planalto Dissecado dos Parecis constitui uma das unidades geomorfológicas de

grande expressão na parte centro norte do Estado. É um bloco relativamente homogêneo do

ponto de vista altimétrico, com altitudes que variam de 400 a 350 m de leste para oeste.

Figura 4 - Relevo do município de Comodoro – MT. Fonte: SEPLAN/MT

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CAPÍTULO III – GEOLOGIA REGIONAL

Page 25: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo III – Geologia Regional

13

Amazonia Central

Maroni-Itacaiunas

Ventuari-Tapajós

Rio Negro-Juruena

Rondoniano-San Ignácio

Sunsás

2,5

2,25 - 2,0

1,95 - 1,8

1,8 -1,55

1,55 - 1,3

1,3 - 1,0

ProvínciasGeocronológicas Ga

III.1 - CRÁTON AMAZÔNICO

O Cráton Amazônico se caracteriza por uma das maiores exposições de áreas

cratônicas no mundo e representa uma das principais entidades pré-cambrianas da América do

Sul. Possui uma superfície aflorante de, aproximadamente, 4.3 x 105 Km

2.

Pode ser dividido em dois segmentos maiores com expressiva correlação: O Escudo

das Guianas (porção setentrional do cráton), e o Escudo Brasil-central ou Guaporé (porção

meridional), separados pela sinéclise do Amazonas, de idade Paleozóica.

O Cráton é limitado por cinturões orogênicos Neoproterozóicas (Paraguai e Araguaia-

Tocantins no norte brasileiro), estando relativamente estável desde 1,0 Ga (fim do ciclo

Sunsás-Aguapeí).

Duas linhas contrárias se propõem a caracterizar a evolução geológica do cráton

Amazônico. A primeira linha é a fixista, definida em trabalhos pelos autores Amaral (1974),

Almeida (1978) e Hasui et al., 1984 (in Ruiz, 2005), os quais defendiam que a tectônica pré-

cambriana é caracterizada por processos de reativação de plataforma e por retrabalhamento de

rochas preexistentes. A segunda linha é a mobilista, proposta por Cordani et al., 1979 e

seguida e modificada por Tassinari (1981), Cordani & Brito Neves (1982), Teixeira et al.,

1989, Tassinari et al., 1996 e Tassinari & Macambira (1999), que se baseia em conceitos

geotectônicos modernos que incluem acresção continental e amalgamação de terrenos durante

tempos arqueanos e proterozóicos. Neste trabalho, dá-se preferência às proposições de

Tassinari et al.,(2000) e de Ruiz (2005) por apresentar uma maior compatibilidade com os

conhecimentos geológicos atuais.

Ainda em Tassinari & Macambira (1999), é proposto a compartimentação do cráton

Amazônico em seis províncias distintas (Figura 5), baseados na determinação de idades

isotópicas, trends estruturais, além de diferentes litologias e evidências geofísicas (Tabela 1),

sendo elas:

Tabela 1 - Províncias geocronológicas do Cráton

Amazônico, segundo Tassinari & Macambira (1999).

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“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo III – Geologia Regional

14

A Província Amazônia Central (2,5

Ga), constitui-se da crosta continental

mais antiga do Cráton Amazônico,

remetendo-se ao arqueano e marcada

por magmatismo e sedimentação no

paleoproterozóico. É caracterizado

por terrenos granito-greenstones

circundado por arcos magmáticos

amalgamados a este núcleo.

A Província Maroni-

Itacaiúnas (2,25-2,0) localiza-se a

norte-nordeste da Província

Amazônia Central e é caracterizada

por sequências metavulcânicas e

metassedimentares, deformados e

metamorfisados em fácies xisto-verde

a anfibolito, bem como granulitos e

migmatitos.

A província Ventuari-Tapajós

(1,95-1,8), ocorre a oeste da Província

Amazônia Central seguindo um Trend

NW-SE, assinalado por granitogênese cálcio-alcalina em contraste com as rochas

metavulcanossedimentares da Província Maroni-Itacaiúnas. Predominam os granitos-gnaisses

de composição quartzo-diorítica a granodioritíca.

A Província Rio Negro-Juruena (1,8-1,55 Ga) dispõe-se paralelamente a Província

Ventuari-Tapajós por granito-gnaissses de composição granodioritíca a tonalítica, em geral,

metamorfisados em fácies anfibolito.

A Província Rondoniana-San Ignácio (1,55-1,3 Ga) é limitada a leste pela Província

Rio Negro-Juruena e a sul-sudeste pela Província Sunsás, distinguindo-se por seu caráter

ensiálico e associação granito-gnaisse-migmatito e granulitos deformados e metamorfisados

em fácies anfibolito ou granulitos. Sendo esta a província na qual insere-se a área de estudo.

Figura 5 - Mapa esquemático mostrando a distribuição das províncias

geocronológicas do Cráton Amazônico e litologias associadas. Tassinari

& Macambira (1999)

Page 27: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo III – Geologia Regional

15

Por fim, a Província Sunsás (1,3-1,0 Ga) é a mais jovem das províncias e é

representada pelos metassedimentos dos Grupos Aguapeí e Sunsás, pela Sequência

Metavulcanossedimentar Pontes e Lacerda e Terreno Nova Brasilândia.

III.2 - SW DO CRÁTON AMAZÔNICO

Cordani et al (1979), utiliza o termo Orogenia Rondoniana para um evento

deformacional e metamórfico ocorrido no

Sudoeste do Cráton Amazônico limitado

entre 1,45-1,25 Ga, posteriormente, Teixeira

& Tassinari (1984) e Teixeira et al. (1989)

interpretam essa mesma província como um

cinturão móvel que se estende do norte de

Rondônia até a região de San Ignácio

(Bolivia), englobando assim os litotipos da

Orogenia San Ignácio (1.40–1.28 Ga),

Litherland et al. (1986). Assim Sendo,

Tassinari et al. (1996) propõe o termo

Província Rondoniana-San Ignácio com

base em dados geocronológicos U-Pb e

SHRIMP.

Bettencourt et al (2010) indicam as maiores unidades tectônicas da referida província,

sendo elas: Terreno Paraguá, Terreno Jauru, Terreno Rio Alegre e Faixa Alto Guaporé (Figura

6), estando o objeto de estudo deste trabalho inserido no último citado.

III.2.1 - TERRENO PARAGUÁ

Litherland et al. (1986) introduz o termo Cráton Paraguá para designar uma região

estável durante a Orogenia Sunsás-Aguapeí (neoproterozóico). Tohver et al. (2000), expande

os limites desse Cráton para incluir uma grande parte de Mato Grosso e propõe que o

cinturão Nova Brasilândia seria o limite com o Cráton Amazônico. Com isso, Bettencourt et

al (2010) adota o termo Terreno Paraguá para compreender as rochas do embasamento

paleoproterozóico (Complexo gnáissico Chiquitania, Grupo San Ignácio, Complexo

Figura 6 - Compartimentação do Sudoeste Amazônico segundo

Ruiz 2009.

Page 28: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo III – Geologia Regional

16

Granulítico Lomas Manechis) e granitoides mesoproterozóicos (Complexo Granulítico

Pensamiento), que foram amalgamados ao protocráton Amazônico durante a Orogenia

Rondoniana-San Ignácio.

III.2.2 - TERRENO JAURU

O terreno Jauru foi definido por Saes & Fragoso Cesar (1996) para incluir complexos

metamórficos paleoproterozóico resultantes de acresções de arcos intra-oceânicos, o

embasamento paleoproterozóico é composto do Grupo Alto Jauru, Suite Intrusiva Figueira

Branca,Complexo, Metamórfico Alto Guaporé e Tonalito Cabaçal, e pelos orógenos

mesoproterozóicos Cachoeirinha e Santa Helena.

III.2.3 - TERRENO RIO ALEGRE

Saes e Fragoso César (1996), verificaram uma zona de sutura que foi posteriormente

definida por Saes (1999) como Terreno Rio Alegre ou Orógeno Rio Alegre em Matos et al

(2004). É caracterizado como um orógeno acrescionário que compreende três unidades:

Complexo Metavulcanossedimentar Rio Alegre, Suíte Intrusiva Máfica-Ultramáfica e Suíte

Intrusiva Santa Rita, definida como um arco intra-oceânico por Ruiz (2005).

III.2.4 - FAIXA ALTO GUAPORÉ

Por meio de estudos geológicos e geocronológicos, Rizzoto et al (2002) caracterizou

um evento tectono-magmático de abrangência regional balizado no intervalo de 1350 a 1320

Ma. Posteriormente, Rizzotto & Dehler (2007) denominaram esse evento de Faixa Alto

Guaporé, o qual foi derivado de uma orogenia colisional neste intervalo de tempo e em

condições metamórficas de alto grau, A Faixa Alto Guaporé se estende desde o setor central-

setentrional de Rondônia, prolongando-se para o sudeste até a porção sul-ocidental do Mato

Grosso, estando em grande parte encoberta pelas rochas sedimentares das Bacias dos Parecis

e Guaporé, correspondendo a uma zona estreita e alongada delineada por fortes anomalias

magnéticas.

Segundo Bettencourt et al (2010), a faixa alto Guaporé é composta de pelo menos 6

unidades, sendo elas: Complexo Colorado, Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, Suíte

Metamórfica Nova Mamoré, Suíte Intrusiva Serra do Colorado,Suíte Intrusiva Igarapé

Enganado e Suíte Intrusiva Alto Escondido. Rizzoto (2010), ampliando os conceitos

interiores, propõe uma nova estratigrafia para as rochas da faixa alto Guaporé, sendo

modificada por este trabalho.

Page 29: Tcc - Marcelo & Pedro

CAPÍTULO IV – GEOLOGIA LOCAL

Page 30: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local

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IV.1 - ESTRATIGRAFIA

A litoestratigrafia da área de estudo baseou-se, principalmente, nas relações de campo,

características geoquímicas e petrográficas. Sendo assim, é aqui proposto um empilhamento

estratigráfico das rochas da Faixa Guaporé na localidade, das rochas mais antigas para as mais

recentes:

IV.1.1 - COMPLEXO RIO GALERA

A referida unidade é constituída por uma associação de anfibolitos e xistos, com raras

intercalações de gnaisses leucocráticos, gnaisses calcissilicáticos e biotita paragnaisses

(Rizzoto et al, 2010). Os gnaisses leucocráticos apresentam coloração cinza, granulação

média, de composição monzo a granodiorítica. Os xistos são de granulação média a grossa,

compostos por muscovita, biotita e quartzo. Os biotita-paragnaisses tem a textura

granolepidoblástica e granulação fina. Os mesmos são compostos à base de quartzo,

plagioclásio, biotita e rara muscovita. Os anfibolitos são mais abundantes, apresentam

granulação fina a média, foliação bem desenvolvida. Exibem uma alternância de níveis de

anfibólio e níveis de plagioclásio. Segundo Ruiz et al.(2004), a intercalação de anfibolitos e

xistos pode representar uma associação vulcanossedimentar como protólitos da referida

unidade.

IV.1.2 - SUÍTE INTRUSIVA NOROAGRO

Inicialmente descrito por Rizzoto et al (2010) como Granito Rio Piolho e,

posteriormente, redefinido por Santos et al (2010) como Suíte Intrusiva Noroagro, trata-se de

um batólito encaixado no Complexo Metamórfico Rio Galera que afloram entre a estrada que

liga a fazenda Noroagro à fazenda Maringá. Os maciços, por vezes, apresentam xenólitos

alongados e angulosos da encaixante. Encontram-se parcialmente encobertos pelos arenitos da

Formação Utiariti.

Predominam os termos mais ácidos a intermediários de uma diferenciação magmática

com composição variando entre tonalito e granodioríto, além disso a presença de enclaves é

comum nas rochas da referida unidade constituídos de rochas paraderivadas (gnaisses finos,

quartzitos e calcissilicáticas).

Page 31: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local

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IV.1.3 - COMPLEXO MÁFICO-ULTRÁMAFICO TRINCHEIRA

Romanini (2000) definiu uma associação de rochas máficas e ultramáficas

metamorfisadas ou não, constituídas por gabros, tremolititos, hornblenditos, bronzititos,

gabronoritos definindo-as como Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira. Entretanto,

Rizzoto (2010) conserva a definição retromencionada, incluindo anfibolitos bandados e

milonitizados, raramente isotrópicas, onde se destacam os paranfibolitos verde-claros a

negros, de granulação fina, estando quase sempre intercalado com rochas do Complexo

Colorado (gnaisses paraderivados, metamargas, formações ferríferas, metabasaltos e xistos).

Neste trabalho, dá-se preferência a proposta inicial de Romanini (2000), pois não se viu

nenhuma relação entre as rochas máficas-ultramáficas e os paranfibolitos que neste trabalho

são inseridos no Complexo Rio Galera.

A variedade litológica do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira é expressiva,

contendo metagabros, metagabronoritos e metaleucogabros, de textura/estrutura ígnea

parcialmente preservada também são comuns. Ainda ocorrem piroxenitos, tremolititos e

actinolita xistos subordinados.

IV.1.4 – FORMAÇÃO CÓRREGO PRETO

Compõem um pacote de sedimentos pouco consolidado com predominância de

conglomerados e arenitos imaturos, intercamadados e interdigitados, que ocorrem geralmente

numa faixa estreita que bordeja a Chapada dos Parecis, na sua porção sul. Os conglomerados

são polimíticos imaturos, mal selecionados, interdigitados e/ou sobrepostos por arenitos

feldspáticos também imaturos. Os seixos dos conglomerados apresentam formas e tamanhos

variados e são constituídos por rochas do embasamento: quartzitos, gnaisses, granitos, xistos,

quartzo leitoso e raros anfibolitos. Tal unidade recobre boa parte da área mapeada estando em

contato com o embasamento por discordância (não conformidade), com espessuras que

variam entre 2 a 10 metros.

Neste trabalho passa-se a denominar, de forma informal, como Formação Córrego

Preto, devido a proximidade com a drenagem homônima.

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“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local

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IV.2 - PETROGRAFIA

O capítulo a seguir trata da caracterização geológica dá área mapeada (Figura 7),

através da análise petrográfica macroscópica das amostras coletadas além de relações de

campo.

A área abrangida por este trabalho, pertence às Fazendas Maringá e Coração de

Imaculada (Figura 7). Foram mapeadas cinco unidades estratigráficas na área: Complexo Rio

Galera, Suíte Intrusiva Noroagro, Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, Formação

Córrego Preto e Aluviões Quaternários. Tais unidades serão pormenorizadas a seguir, e a

localização de afloramentos e distribuição espacial na área mapeada estarão contidas no mapa

de localização de afloramentos e mapa geológico da área estudada (anexos 1 e 2),

respectivamente.

V.2.1 - COMPLEXO RIO GALERA

Os litotipos desta unidade afloram na forma de blocos rolados (Figura 8A), e de

lajedos, sem grande expressão em área (Figura 8B) estando quase sempre em contato com a

Suíte Intrusiva Noroagro, caracterizando muitas vezes como roof pendant, no granito

Noroagro. Os principais afloramentos encontram-se no centro da área mapeada em um relevo,

predominantemente, de morrotes. Compreendem paranfibolitos e paragnaisses como os

litotipos aflorantes na área.

Macroscopicamente, os paranfibolitos têm uma coloração de cinza clara à cinza

escura, sendo mesocrática, holocristalina, com textura afanítica e equigranular como mostrado

na Figura 8D, nos paragnaisses a granulação é geralmente média, tendo uma variação de

equigranular a inequigranular (Figura 8C). A mineralogia dos paranfibolitos é constituída por

plagioclásio, quartzo e anfibólio, onde foi encontrada muita dificuldade na sua determinação

Figura 7 – vista geral da área estudada. A esquerda: Fazenda Coração de Imaculada. A Direita: Fazenda Maringá.

Page 33: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local

21

devido à granulação. Os paragnaisses são compostos por quartzo, plagioclásio, biotita,

anfibólio e ocorrência de sulfetos.

Figura 8 – A e B: formas de ocorrências das rochas do Complexo Rio Galera, blocos rolados e afloramentos próximo a

drenagens. C: paragnaisses, mostrando o bandamento composicional de máficos e félsicos. D: paranfibolitos maciços.

Foi possível delinear melhor a relação das unidades litoestratigráficas da Faixa

Guaporé na região. Em trabalhos anteriores, as rochas de embasamento da área de estudo,

foram mapeadas como Complexo Colorado, porém a existência de xenólitos das mesmas na

Suíte Intrusiva Noroagro evidencia sua gênese anterior à intrusão do granito, sendo aqui

proposta a inclusão de tais litologias no Complexo Rio Galera. (Figura 9).

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“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local

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Figura 9 - Em detalhe, xenólito do Complexo Rio Galera na Suíte Intrusiva Noroagro.

V.2.2 - SUÍTE INTRUSIVA NOROAGRO

As rochas desta unidade se distribuem por grande parte da área mapeada, tendo seus

afloramentos mais expressivos a leste da região de estudo (Figura 10A). Compreende litotipos

de natureza granítica, variando de tonalito a granodiorito (Figuras 10B e 10C), holocristalino,

fanerítica, com índice de coloração mesocrático, granulação média a grossa variando entre

equigranular a inequigranular. Sua mineralogia principal é composta por quartzo,

plagioclásio, além de anfibólio e biotita. O quartzo e o plagioclásio compõem os félsicos

dominantes ocorrendo na forma de cristais pequenos, sendo que o plagioclásio se apresenta

com hábito tabular e o quartzo quase sempre é anédrico. Os máficos principais são o anfibólio

e em menor proporção a biotita, sendo dificilmente distinguíveis macroscopicamente.

Foi mapeado na parte sul da área, diques de um granito fino, leucocrático, composto

principalmente de quartzo, plagioclásio, e em menor proporção K-feldspato e máficos (Figura

10D). Trata-se de uma rocha deformada por uma foliação incipiente, intrudindo a Suite

Intrusiva Noroagro, portanto, mais jovem que essa unidade e que não foi ainda descrita em

trabalhos prévios.

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“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local

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Além disso, em perfil a sul da área mapeada foram encontrados afloramentos em que

havia uma intercalação entre os litotipos do Suíte Intrusiva Noroagro e os do Complexo Rio

Galera, sem que houvesse evidências de falhas, sendo por este trabalho interpretado como

Roof Pendants (tetos suspensos), onde as rochas encaixantes estão bem preservados sobre a

massa plutônica, estando tal estrutura exemplificada na figura 11.

Figura 10 - A: forma de ocorrência da Suíte Intrusiva Noroagro. B: Granodiorito em afloramento da Suíte Intrusiva

Noroagro. C: tonalito, em amostra e mão da mesma unidade. D:Dique de um granito fino leucocrático cortando um

granodiorito da Suíte Intrusiva Noroagro.

Figura 11 - Esquema representando a formação de Roof pendant’s da encaixante (Complexo Rio Galera) enquanto

ocorre o soerguimento do corpo granítico intrusiva (Suíte Intrusiva Noroagro).

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“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local

24

V.2.3 - COMPLEXO MÁFICO-ULTRAMÁFICO TRINCHEIRA

As rochas pertencentes ao Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, objeto principal

deste trabalho, afloram na forma de blocos rolados e/ou associado a drenagens (Figuras 12A e

12B). As litologias que compõe a referida unidade são, predominantemente, gabros e

piroxenitos. Os gabros são cinza melanocrático, holocristalina de granulação média (Figura

12C). A textura é granular variando de equigranular a inequigranular. Podem apresentar, por

vezes, uma foliação, que é marcada pela orientação do piroxênio. Em alguns afloramentos,

exibem uma capa de intemperismo de aproximadamente 0,5 centímetros, e ocorre sulfetos

disseminados. À vista desarmada, observa-se piroxênio e plagioclásio, além de quartzo e

sulfetos em menor escala. O Piroxênio é anédrico a subédrico ocorrendo como pequenos

cristais ou fenocristais englobando o plagioclásio (textura ofítica). O plagioclásio tem hábito

ripiforme com cristais euédricos a subédricos, e juntamente com o piroxênio compõe a maior

parte da rocha. Foi ainda possível identificar, próximo a drenagem, um gabro com

xenocristais de feldspato potássico (Figura 12D), evidenciando processos de assimilação da

rocha encaixante, representada pela Suíte Intrusiva Noroagro.

Figura 12 – A e B: formas de ocorrência do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira. C: gabro mesocrático, de granulação

média e isotrópia. D: gabro com xenocristais de K-feldspato.

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“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local

25

O Piroxenito foi encontrado em apenas dois afloramentos, e em ambos estando em

contato com o Complexo Rio Galera. Caracterizam-se por serem rochas holocristalinas,

faneríticas, granulação grossa e equigranulares, cor cinza escuro ultramelanocráticas,

Composta, essencialmente, de piroxênio com olivina magnesiana em diminuta proporção

(Figura 13A). Os cristais de piroxênios são subédricos se dispondo em estruturas cumulática

(Figura 13B). Tem alta densidade e baixo nível de alteração.

As rochas ultramáficas e gabros da Suite Intrusiva Trincheira ocorrem em estreita

associação física em campo, apresentando arranjo cumulático nos termos menos evoluídos,

típicos de diferenciação magmática o que nos permite inferir para esta unidade uma colocação

na qual predominaram os processos de cristalização fracionada.

V.2.4 – FORMAÇÃO CÓRREGO PRETO

Esta unidade ocorre nas porções sudoeste e noroeste do mapa geológico, está situada

numa superfície aplainada, distinguida como uma unidade terciária Figura 14.

Sua caracterização litológica é composta por uma intercalação de conglomerados e

arenitos imaturos, superficialmente exibe um material inconsolado gradando para um material

consolidado. Na base é encontrado um saprólito, provavelmente de rocha básica. Os

conglomerados são polimíticos imaturos, mal selecionados, estando interdigitados e/ou

sobrepostos por arenitos. Seus seixos têm composições variadas, gnaisse, granito, quartzo e

raramente de anfibolitos.

Figura 13 - A: Piroxenito pertencente ao Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, mostrando os cristais de piroxênio bem

grandes. B:textura cumulática em piroxenito.

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“Azevedo, P.H.; Costa, M.H.R” Capítulo IV - Geologia Local

26

Figura 14 – A: formas de ocorrência. B e C: afloramentos de um conglomerado da Formação Córrego Preto.

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CAPÍTULO V - GEOQUÍMICA

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“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica

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V.1 - GENERALIDADES

Neste capítulo, serão analisados os dados geoquímicos referentes ás rochas máficas-

ultramáficas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, além de amostras referentes ao

embasamento (Complexo Rio Galera). Foram 13 amostras no total separadas para geoquímica

- escolhidas por sua representatividade em área e critérios petrográficos macroscópicos – das

quais 9 representam rochas máficas-ultramáficas intrusivas e sub-intrusivas e 4 pertencem ao

Complexo Rio Galera. As rochas da Suíte Intrusiva Noroagro, não compõem este capítulo,

pois tal unidade é objeto de Dissertação de Mestrado de aluno da UFMT, ainda em

preparação. As análises químicas das 13 amostras - visualizadas nas tabelas 2, 3 e 4, para as

rochas básicas, ultrabásicas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira e do Complexo Rio

Galera, respectivamente - foram realizadas no Acme Analytical Laboratories, Vancouver -

Canadá, e tratados com auxilio dos softwares Minpet 2.02 e Newpet. Determinações estas, efetuadas

através dos métodos ICP (Inductively coupled Plasm) e ICP-MS (Mass Espectometry) para elementos

maiores, menores e traços.

V.2 - ROCHAS BÁSICAS

As rochas básicas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira analisadas foram as

seguintes: MP-04, MP-06, MP-07, MP-08, MP-09, MP-11b e MP-34, compreendendo tipos

petrográficos tais como gabros.

A amostra MP-07 apresenta valores normais de Na2O e K2O para rochas metabásicas

porem mostra teores elevados em Fe2O3(total) e MgO sendo a rocha metabásica mais máfica da

população analisada. Entre os elementos traço, observa-se que os valores analíticos de

Neodímio se sobressaem bastante em relação aos de Lantânio o que contraria a distribuição

natural e abundância (absoluta e relativa) desses elementos em rochas ígneas normais. Como

os dados apresentam alto grau de confiabilidade devido aos métodos de análise empregados e

a idoneidade da Empresa executora, esses valores podem refletir uma característica

geoquímica específica do magmatismo e/ou processos de alteração pós-magmática,

petrograficamente não detectada. Os dados analíticos brutos podem ser visualisados na tabela

02.

Page 41: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica

29

Tabela 2 - Composição química de elementos maiores (% em peso), menores e traços ( ppm) das rochas básicas da Suíte

Intrusiva Trincheira.

Nos diagramas binários (Figura 15), foi utilizado o mg# como índice de diferenciação,

Adotando-se para o cálculo de número de magnésio a seguinte fórmula:

mg# = mg2+

/(Mg2+

+Fe2+

),

Tendo como base a razão Fe2O3/FeO = 0,15.

O número de magnésio para as rochas analisadas mostrou valores entre 0,19 e 0,34

(Figura 15) indicativos de magmas basálticos evoluídos se comparados aos magmas

basálticos primários derivados de peridotitos mantélicos que teriam valores de mg# entre 0,74

e 0,80 (Jaques & Green, 1970; Jaques & Green, 1980; Takahashi e Kushiro, 1983; Bossi et al,

1993; In: Correa da Costa, 2003).

Amostras MP- 04 MP – 06 MP – 07 MP – 08 MP – 09 MP– 11b MP – 34

SiO2 52,12 52,12 48,34 51,58 44,91 47,60 51,69

Al2O3 14,56 18,11 12,13 14,33 13,04 14,10 14,06

Fe2O3t 11,22 9,62 18,51 12,25 14,71 13,69 13.15

,MnO 0,15 0,13 0,25 0,21 0,20 0,23 0,21

MgO 6,30 4,89 5,16 6,17 8,78 7,98 5,84

CaO 7,91 7,40 9,89 10,30 13,02 11,17 9,66

Na2O 2,95 2,20 2,03 2,58 1,53 2,36 2,43

K2O 1,28 1,44 0,44 0,42 0,86 0,44 0,57

TiO2 1,26 1,39 2,11 1,06 1,39 1,13 1,11

P2O5 0,14 0,22 0,18 0,15 0,22 0,11 0,15

Cr2O3 0,034 0,011 0.002 0,003 0,025 0,029 0.002

mg# 0,33 0,30 0,19 0,30 0,34 0,33 0,28

LOI 1,8 2,2 0,7 0,7 1,0 0,9 0,9

Total 99,72 99,78 99,74 99,77 99,69 99,74 99,78

Ba 466 342 133 226 233 110 466

Sr 493,0 330,6 245,5 266,4 436,0 165,0 255,2

Y 24,6 25,9 35,5 27,0 28,7 32,0 28,1

Zr 86,3 72,4 85,8 64,9 59,5 65,1 77,9

Rb 34,3 58,6 5,0 10,4 21,9 5,1 9,7

Nb 2,2 8,4 3,2 2,0 2,7 1,9 2,7

La 14,8 16,7 7,5 5,2 6,8 4,5 6,1

Ce 32,7 38,2 17,3 13,5 16,5 12,1 14,8

Nd 19,0 21,1 13,4 10,5 15,5 10,4 12,1

Cs 1,6 2,7 0.1 0,5 1,6 0.1 1,0

Co 53,7 34,0 50,8 43,0 48,9 48,7 47,4

Ni 114 31 20 41 41 63 31

Be 2 2 1 1 1 1 1

Ga 19,2 20,2 20,0 17,1 17,8 14,4 18,1

Hf 2,7 2,1 2,8 2,2 2,0 2,1 2,0

Ho 0,85 0,84 1,17 0,91 1,04 1,12 1,00

Sc Sc 23 26 51 46 47 24

Sn 1 1 1 1 1 1 2

Ta 0,2 0,8 0,3 0,1 0,2 0,1 0,2

Th 1,4 2,1 1,0 0,8 1,1 0,5 0,8

U 0,6 1,2 0,4 0,3 0,5 0,2 0,3

V 195 198 685 281 420 328 299

W 0.5 0,5 0.5 0,6 0,7 0.5 0.5

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30

Figura 15 - Diagramas binários mg# versus elementos maiores, menores e traços para os termos básicos do Complexo

Máfico-Ultramáfico Trincheira

Page 43: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica

31

Com relação aos elementos maiores, ocorre um enriquecimento em P2O5 à medida que

o conteúdo de mg# diminui, refletindo o comportamento de tal óxido como elemento

incompatível na evolução magmática. Por outro lado, os teores de Al2O3 aumentam nas fases

menos evoluídas e, posteriormente, diminuem com a continuidade da diferenciação

magmática nos litotipos mais evoluídas devido a seu consumo. Tal comportamento é

equivalente com o fracionamento do tipo gabro.

Nos elementos traço ocorre um aumento de Y e Zr a medida que o conteúdo em mg#

diminui. De maneira oposta, elementos como Ni, Rb e Ba tem seus valores diminuídos ao

passo que ocorre a diferenciação magmática.

Inicialmente foram gerados diagramas que pudessem evidenciar os processos de

alteração da rocha por processos pós-magmáticos. De acordo com Miyashiro (1975), que

discrimina rochas alteradas por processos pós-ígneos (campo acima da curva V-V’) das não

alteradas (campo abaixo da curva V-V’) As amostras selecionadas plotam no campo abaixo

da curva V-V’ sendo assim constatado (FIGURA 16A) que não houve alteração dessa

natureza.

Figura 16 - Diagramas de alteração pós-ígnea para as rochas básicas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira. A:

Miyashiro (1975), B: Hugues (1973), C: Pearce (1982).

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32

Já em Hughes (1973), que se baseia em elementos quimicamente menos móveis, e é

utilizado para separar magmas basálticos naturais daqueles que foram envolvidos por

processos de alteração e/ou contaminação. As rochas amostradas plotam-se dentro do campo

retangular ou em seus arredores, comprovando que não houve alterações pós-ígneas

(FIGURA 16B). Por fim, em Pearce (1982), que discrimina as rochas com espectro ígneo

normal, que não sofreram processos como espilitização ou potassificação, as rochas

concentram-se entre as duas curvas ou em seu entorno, sendo então interpretadas como dentro

de um espectro ígneo normal, sem alteração de tais naturezas (Figura 16C).

O diagrama de Le Maitre (1984), figura 17A, mostra que as rochas selecionadas

enquadram-se no campo dos Basaltos e Basaltos-andesíticos o que é corroborado pelo

diagrama de Winchester & Floyd (1977), figura 17B, onde as amostras se enquadram no

campo dos basaltos subalcalinos.

Quando plotadas no diagrama AFM de Irvine & Baragar (1971), figura 17C, constatou-

se que o magmatismo é do tipo toleítico, de natureza subalcalina, demonstrando uma

tendência normal de diferenciação, evidenciado pelo diagrama de Irvine & Baragar (1971;

Fig. 17D).

Figura 17 – Acima: diagramas de classificação de rochas. A: Le Maitre (1989), B: Winchester & Floyd (1977) Abaixo:

diagramas classificatórios de magmatismo. C e D: Irvine e Baragar (1971).

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33

Quanto ao ambiente tectônico, o gráfico Zr versus Zr/Y de Pearce & Norry (1979; Fig.

18) discrimina as rochas estudadas como Basaltos do tipo MORB (Mid Ocean Ridge Basalts),

o que se confirma em Shervais (1982) estando a totalidade das rochas no campo dos Basaltos

de Fundo Oceânico - OFB (Ocean Floor Basalts) (figura 18).

Figura 18 - Diagramas de Ambientes geotectônicos para as rochas básicas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, a

Esquerda Pearce & Norry (1979) e a direita Shervais (1982).

Quanto ao diagrama multielementar da figura 19, normalizado pelo manto primitivo

de McDonough & Sun (1995), observa-se que o empobrecimento de elementos mais

compatíveis em detrimento dos mais incompatíveis onde se observam as variações mais

fortes. O espectro é caracterizado por fracas anomalias negativas em Th, Nb, e forte anomalia

negativa de Ni e pouco pronunciadas anomalias positivas em Cs, Ba e U.

Figura 19 - Diagrama multielementar para as 7 amostras de rochas básicas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, de

acordo com McDonough & Sun

Page 46: Tcc - Marcelo & Pedro

“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo V - Geoquímica

34

V.3 - ROCHAS ULTRABÁSICAS

Na parte central da área estudada (Anexo 2 - mapa geológico) ocorre um complexo

intrusivo constituido de rochas de granulação grossa predominando os litotipos ultramáficos

tais como peridotitos de natureza piroxenítica. Duas (02) dessas amostras foram analisadas e

seus resultados podem ser visualizados na tabela 3.

Tabela 3 - Composição química de elementos maiores (% em peso), menores e traços ( ppm) das rochas ultrabásicas do

Complexo Máfico-Ultramáfico

Amostras MP - 20 MP - 24b

SiO2 43,57 49,19

Al2O3 14,26 5,93

Fe2O3t 15,68 10,62

,MnO 0,21 0,16

MgO 11,42 20,30

CaO 8,98 8,74

Na2O 1,71 0,37

K2O 0,24 0,15

TiO2 1,47 0,45

P2O5 0,12 0,12

Cr2O3 0,017 0,392

LOI 2,0 3,0

Total 99,71 99,52

Ba 157 641

Sr 224,5 53,7

Y 19,5 112,9

Zr 80,2 35,4

Rb 4,2 1,8

Nb 5,1 1,4

La 5,2 43,6

Ce 14,0 17,4

Nd 13,2 45,8

Cs 0,3 0,1

Co 80,1 73,9

Ni 225 417

Be 1 2

Ga 18,5 9,5

Hf 2,3 1,0

Ho 0,75 2,93

Sc 57 24

Sn 1 1

Ta 1,1 0,1

Th 0,5 0,6

U 0,1 0,3

V 255 150

W 0.5 0.5

As análises dessa associação de rochas intrusivas representadas por duas análises

quimicas plotadas no diagrama AFM de Irvine e Baragar (1975), (Figura 20) configuram

claramente um padrão de diferenciação toleiítico.

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35

Figura 20 - Diagrama AFM de Irvine e Baragar (1975) para as rohas Ultramáficas do Complexo Máfico-Ultramáfico

Trincheira.

Com respeito aos padrões de variação de elementos incompatíveis (e compatíveis),

normalizados pelos valores de manto primitivo de Taylor e Mclennan (1995) para os termos

mais diferenciados da CMUT (figura 21), ocorre uma dessemelhança entre as duas amostras,

tendo cada uma um padrão multi-elementar específico de elementos. Padrões de variações tão

distintos pode indicar que as duas amostras não compartilham de mesma origem, podendo

ocorrer mais de uma geração de fases intrusivas de magmas básicos distribuidos distintamente

no tempo geológico.

Figura 21 - Diagrama multielementar para as rochas ultramáficas do Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira

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36

V.4 - ROCHAS METASSEDIMENTARES

A caracterização geoquímica do embasamento proterozóico na área mapeada foi realizada

com base em 4 amostras geoquímicas consideradas as mais representativas, apresentadas na

tabela 4.

Tabela 4 - Composição química de elementos maiores (% em peso), menores e traços ( ppm) das rochas do Complexo Rio

Galera

Amostras MP - 21 MP – 13 MP – 19 MP - 17

SiO2 72,39 59,12 73,71 71,62

Al2O3 13,19 14,77 11,61 14,41

Fe2O3t 3,89 7,49 4,34 3,56

MnO 0,09 0,15 0,07 0,08

MgO 0,72 2,56 1,03 0,68

CaO 0,8 13,17 1,77 2,06

Na2O 4,48 0,63 2,49 4,79

K2O 1,16 0,95 2,94 1,07

TiO2 0,46 0,68 0,52 0,51

P2O5 0,08 0,22 0,02 0,06

LOI 2,7 0,1 1,3 1

Total 99,92 99,87 99,83 99,87

Ba 246 167 950 574

Sr 110,8 283,3 125 212,7

Y 35,5 26,2 26,4 33

Zr 155,3 86,8 128,8 154,4

Rb 27,4 21,1 47,2 21,9

Nb 5,2 3,9 8,1 6,4

La 17,1 12,2 24,6 19,3

Ce 37,6 26,5 52,7 42,4

Cs 0,3 2,7 1,5 0,4

Co 3,1 12,6 4 24,4

Ni 20 42 35 20

Be 1 1 1 1

Ga 12,2 14,2 15,6 19,3

Hf 4 3,5 4,6 2,2

Ho 1,03 1,01 1,3 0,92

Sc 15 13 12 24

Sn 3 2 2 <1

Ta 0,4 0,6 0,3 0,2

Th 3,8 8,2 2,5 1,5

U 1,6 3,1 1 0,6

V 40 78 36 201

W 0.5 0,9 0.5 0.5

De ínicio o diagrama TiO2 versus Ni de Floyd et al (1989)figura 22A, que discute a

origem magmatogenica/sedimentar das rochas detríticas e químicas com base na abundância

desses componentes distribuidos nos litotipos considerados. A totalidade das amostras

plotadas nesse diagrama sugere que a proveniência desses sedimentos é de origem ígnea,

estando inserida no campo das grauvacas magmatogênicas, contrariamente ao que preconiza o

diagrama ACF de Wahlstron & Kim (1959), figura 22B, onde as rochas plotam-se em

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37

posições proximais aos campos previamente definidos para pelitos, grauvacas e rochas

calcissilicatadas.

Figura 22 - A esquerda: Diagrama de proveniência de sedimentos Floyd et al (1989), para as rochas do Complexo Rio Galera.

À direita: Diagrama ACF classificatório para as rochas do Complexo Rio Galera.

Apenas para fins de comparação, foram representadas as análises mais completas

dessas rochas em variogramas multielementares com normalização em valores de manto

primitivo (Taylor & McLennan, 1985), figura 23. Estas, indicam uma certa regularidade dos

processos geoquímicos que atuaram na formação/alteração destes litotipos. A totalidade das

amostras metassedimentares clásticas do Complexo Rio Galera exibe um padrão muito similar

no comportamento dos elementos menores e traço, apresentando enriquecimento em Ba e U, e

um relativo empobrecimento em Th, Nb, Sr e Ni.

Figura 23 - Diagrama multielementar para as rochas do Complexo Rio Galera.

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CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL

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39

VI.1 - GENERALIDADES

Neste capítulo serão abordados os principais aspectos referentes à geologia estrutural

da área estudada, analisando os eventos deformacionais pelos quais passaram as rochas, bem

como as estruturas microscópicas e macroscópicas impressas nas mesmas. Tal análise baseia-

se nas rochas do embasamento (Complexo Rio Galera) e na intrusão granítica (Suíte Intrusiva

Noroagro), sendo neste capítulo preterido as intrusões do Complexo Máfico-Ultramáfico

Trincheira, devido à dificuldade em se localizar afloramentos in situ da referida unidade.

VI.2 - CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL

Através do mapeamento geológico e tratamento de dados com softwares adequados,

foram definidos três eventos deformacionais (Dn, Dn+1 e Dn+2), para as rochas do

embasamento.

O primeiro evento deformacional (Dn), está presente nas rochas do embasamento da

área - representada pelo Complexo Rio Galera - gerando assim um bandamento

composicional (Sn) nos paragnaisses e uma foliação (xistosidade) nos paranfibolitos e xistos,

visível em escala macroscópica. Tal deformação é orientada em um trend E-W, como mostra

a figura 24.

Figura 24 - Afloramento em um leito de rio, de um paragnaisse do Complexo Rio Galera exibindo um

bandamento composicional (Sn).

E W

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40

O segundo evento deformacional Dn+1, é associado a um esforço compressivo gerador

de dobras recumbentes, nas rochas do Complexo Rio Galera, com plano axial paralelo a

foliação pré-existente. Tal evento foi responsável pela impressão de uma foliação Sn+1 (Figura

25).

Figura 25 - Rocha pertencente ao Complexo Rio Galera apresentando a foliação Sn dobrado pelo evento Dn+1.

Por fim, um terceiro evento de deformação (Dn+2), foi responsável pela transposição de

Sn para a vertical,

formando assim uma

foliação Sn+2. Tal

foliação é bem

observada na figura 26,

que demonstra o

truncamento de uma

foliação mais antiga Sn

por uma foliação mais

nova Sn+2 de direção

NNE sendo esta a

dominante na Suíte

Intrusiva Noroagro. As Figura 26 - Foliação Sn+2 em granodiorito da Suíte Intrusiva Trincheira

N

S

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41

lineações são caracterizadas, principalmente por serem de estiramento mineral, onde no

granito são marcadas pelo rearranjo dos cristais de piroxênio (vista principalmente na Suíte

Intrusiva Noroagro) seguindo uma direção média em torno de 270/30, estando assim contidas

no plano de foliação Sn+2.

Nas porção norte da área mapeada, ocorre um grande lineamente identificado em

imagens áereas de relevo sombreado, e confirmado em campo como sendo uma zona de

cisalhamento dúctil com trend ENE, onde a Suíte Intrusiva Noroagro aflora em diferentes

graus de deformação (Figura 27), com elementos que comprovam tal strain, tais como: pod’s

de quartzo, cristais com sombra de pressão, lineação de estiramento mineral e dobras de

arrasto. Exibe ainda uma foliação (xistosidade) de atitude 270°/60° em média, praticamente

norte-sul. Sendo esta formada durante o evento deformacional.

Utilizando-se de softwares adequados, foi possível tratar estatisticamente as

atitudes das foliações, sendo apresentados sob a forma de estereogramas.

O estereograma da figura 28 refere-se às foliações impostas as rochas do

Complexo Rio Galera, nota-se, claramente, uma distribuição bimodal das foliações. A

primeira concentração de pólos denota uma foliação com direção média de 350°/10° sendo

esta compatível com a foliação regional de trend leste-oeste (Sn). A segunda concentração de

pólos evidencia uma tendência das atitudes em torno de 260°/50° relativo à foliação de trend

norte-sul que transpõe a mais antiga mencionada anteriormente.

Já o segundo estereograma (figura 29) retrata as medidas de foliações retiradas da

Suíte Intrusiva Noroagro. Nota-se uma concentração das medidas em torno de 270°/60°, o que

remete a foliação regional norte-sul (Sn+2).

Figura 27 – Rochas de composição granítica pertencentes a Suíte Intrusiva Noroagro em zona de cisalhamento gerando

ultramilonitos. Em A: Ultramilonito. B: dobra de arrasto.

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42

Figura 28 - Estereograma para as

foliações do Complexo Rio Galera.

Figura 29 - Estereograma para foliações

da Suíte Intrusiva Noroagro.

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CAPÍTULO VII – GEOLOGIA ECONÔMICA

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44

VII.1 - GENERALIDADES

Durante a etapa de mapeamento do presente trabalho constatou-se a ocorrência

de sulfetos disseminados (fig. 30), principalmente nas rochas do Complexo Máfico-

Ultrámafico Trincheira. A proximidade da região de pesquisa com o jazimento de

Níquel laterítico no Morro Sem Boné e Morro do Leme, cuja litologia é similar às

encontradas na área de trabalho, aguçou o interesse econômico na área, mostrando a

necessidade de um estudo mais aprofundado na área de prospecção. No decorrer do

capítulo será descrito o exemplo de mineralização no Distrito Niquelífero de Comodoro.

Próximo à área de pesquisa existem importantes mineralizações, como de ouro, que

historicamente representa uma grande importância na mineração do Estado, assim como

na atividade garimpeira, tendo seu inicio na década de 80, onde o ouro tinha sua forma

de ocorrência primária ou alúvio-coluvionar. E a ocorrência de cobre localizada na

porção norte do Gráben Colorado, no extremo W-SW do lineamento regional que limita

a referida estrutura.

VII.2 - DISTRITO NIQUELÍFERO DE COMODORO

A associação Níquel-Cobre-Cobalto é comumente vinculada à rochas

ultrabásicas e exemplos de depósitos desse tipo são mundialmente conhecidos. Nesse

contexto, inserem-se os morros do Leme e Sem-Boné, aflorantes no extremo sudoeste

da sede do município. São rochas peridotíticas serpentinizadas, capeadas por um manto

laterítico e zonas irregulares de silexito. A mineralização de níquel, no morro do Leme,

Figura 30 - Em detalhe, sulfetação em gabro pertencente ao Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira.

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“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo VII - Geologia Econômica

45

é proveniente dos níveis de garnierita que juntamente com sílica microcristalina

preenchem uma rede de fraturas na porção superior dos serpentinitos, formando, por

vezes, estruturas do tipo box works. Segundo Nunes (2000), níveis de sulfetos e

delgadas concentrações de cromita ocorrem associados ao peridotito do morro do Leme,

fato esse verificado em testemunho de sondagem no intervalo de profundidade de 139-

157 metros. Concentração de níquel por processos de enriquecimento supergênico

ocorre distribuída nas argilas esmectíticas (nontronita) no saprólito serpentinítico.

No morro Sem-Boné, o contexto geológico é semelhante, onde a mineralização

está hospedada em serpentinitos e dunitos e/ou piroxenitos, no saprólito de ambos e no

perfil laterítico. Conforme os dados de pesquisa da Anglo American, empresa detentora

dos direitos minerários do depósito de níquel, a mineralização está distribuída nos

seguintes níveis (do topo para a base):

- zona superior laterítica = 0,9% Ni

- zona silicosa = estéril

- zona saprólito-silicosa = 1% Ni

- zona saprólito-argilosa = 1,3% Fe

- zona saprólito (garnierita em fraturas) = 3% Ni e 3% Fe

- zona dunito/peridotito = 1,2% Ni

Em algumas porções da zona superior laterítica é comum a presença de níveis de

Magnesita encaixados em zonas de fraturas no dunito serpentinizado. Adicionalmente,

anomalias de EGP’s e ouro também foram detectadas nas áreas do morro do Leme e

Sem-Boné.

De uma forma geral, o perfil de alteração desses depósitos tem as seguintes

características (Figuras 30):

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“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo VII - Geologia Econômica

46

Figura 31 - Perfis de Alteração dos Depósitos - Relatório Final de Pesquisa - Anglo American Brasil Ltda/ 2003

Os depósitos dos morros Sem Boné e do Leme possuem reservas minerais bloqueadas

de aproximadamente 47 milhões de toneladas de minério, com teores médios de

1,76%de Ni, 14,5% Fe, mostrando ainda uma relação Si02/Mg0 de 2,29 e um cut- off

de 0,9% Ni.

VII.3 - POTENCIAL ECONÔMICO

O ambiente de fundo oceânico o qual predomina a área de pesquisa e entornos,

associado às rochas características desse ambiente como metabasaltos, anfibolitos,

metaultramáficas, gnaisses calcissilicáticos, metacherts e formações fer-ro-

manganesíferas bandadas, intercaladas a uma sucessão turbidítica, compõe uma

seqüência metavulcano-sedimentar tipo greenstone, onde são registradas inúmeras

ocorrências de ouro, além de garimpos atualmente inativos. As mineralizações

primárias de ouro estão associadas a veios de quartzo encaixados em rochas metabásicas

e xistos, afetadas por zonas de cisalhamento dúctil. A paragênese mineral do ouro é

com sulfetos (pirita, calcopirita), manganês, carbonato e turmalina.

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“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R” Capítulo VII - Geologia Econômica

47

No contexto das rochas máfico-ultramáficas representadas por dunitos,

peridotitos, serpentinitos e hornblenditos destacam-se os depósitos de níquel do

morro do Leme e Sem Boné. Estas intrusivas apresentam potencial para

associações ortomagmáticas de Cu-Ni-Cr e EGP, bem como de óxidos de Fe-Ti-V.

Dados existentes na literatura (Angeli et al. 1997) indicam que estas rochas podem

ser especializadas em EGP’s leves e ouro associando-as aos complexos acamadados

mundialmente conhecidos. As unidades Máfico-Ultramáfica Igarapé Hermes e Máficas

Cidade de Colorado apresentam fortes similaridades com aquelas acima citadas, tanto

no aspecto composicional como litoquímico. Portanto, as mesmas são potencialmente

favoráveis a conter mineralizações de metais-base e EGP’s.De forma similar são citados

na literatura os depósitos minerais formados a partir do processo sistema mineralizador

laterítico (Biondi, 2003), na forma de concentração residual de substâncias

químicas a partir de rochas ultrabásicas . como exemplo, citam-se os depósitos de

Niquelândia (GO), Vermelho (Serra dos Carajás-PA) e Morro do Níquel (MG),

além de outros.

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CAPÍTULO VIII – CONCLUSÕES E

RECOMENDAÇÕES

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“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo VIII – Conclusões e Recomedações

Geologicamente, a região de Noroagro possui características de terrenos paleo a

mesoproterozóicos, com retrabalhamentos meso a neoproterozóicos superimpostos,

similares a outras áreas da borda do Cráton Amazônico, ou seja, em geral, de terrenos

acescionários subordinados aos modelos de tectônica global vigentes desde épocas

arqueanas até períodos neo-protrozóicos.

O mapeamento geológico foi realizado na escala de 1:50.000 sendo distinguido

4 unidades litoestratigráficas. A mais antiga é representada pelo Complexo Rio Galera,

composto por uma sucessão de paragnaisses e paranfibolitos. A segunda unidade

mapeada é a Suíte Intrusiva Noroagro, com rochas variando entre tonalitos e

granodioritos, encaixados nas rochas do Complexo Rio Galera, o que é comprovado

pela presença de xenólitos de tal unidade na Suíte Intrusiva Noroagro. De forma

intrusiva nas rochas das duas unidades supracitadas, estão colocadas as rochas do

Complexo Máfico-Ultramáfico Trincheira, que agrupa rochas básicas a localmente

ultrabásica, tais como gabros e piroxenitos. Como relações de corte, as rochas da

CMUT apresentam xenocristais de K-feldspato nos gabros onde, pode-se perceber

processos de assimilação da encaixante representada pela Suíte Intrusiva Noroagro.

Ocorre ainda uma cobertura aluvionar terciária, que recobre boa parte do sudoeste da

área mapeada, estando em discordância (incorformidade) com as rochas da Faixa

Guaporé. Esta unidade foi informalmente por nós denominada Formação Córrego Preto,

dado à proximidade com a drenagem homônima.

As rochas básicas do CMUT enquadram-se no campo dos basaltos a basaltos-

andesíticos, não evidenciando indícios de alteração sugestivos de processos aloquimicos

hidrotermais/metassomáticos pré-metamórficos sugestivos de ambientes de fundo

oceânico em sistema de atividade hidrotermal. A ausência da petrografia microscópica e

ocorrência de alterações posteriores metamórficas na fácies dos Xistos Verdes a

Anfibolito, dificultam sobremaneira o tratamento dos dados geoquímicos e suas

interpretações petrogenéticas. Ainda assim, alguns dos diagramas geoquímicos

utilizados, principalmente àqueles fundamentados em elementos mais compatíveis (por

exemplo Shervais, 1982) sustentam uma origem do tipo assoalho oceânico do tipo

MORB (Meso Oceanic Ridge Baslts). Foram reconhecidos, para a área de estudo, 3

eventos de deformação. O primeiro D1 tem direção E-W e afeta, principalmente, as

rochas do Complexo Rio Galera, gerando um bandamento composicional nos

paragnaisses de tal unidade. O segundo evento D2 é responsável pelo dobramento do

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“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo VIII – Conclusões e Recomedações

bandamento gerando uma segunda foliação. O terceiro evento D3 tem direção N-S, e é

responsável pela transposição da foliação mais antiga.

As seguintes recomendações são sugeridas para estudos posteriores na área:

1 – Estudo petrográfico microscópico de tais rochas, visando à melhor caracterização da

intrusão básica-ultrabásica e das rochas encaixantes, bem como a análise de grau

metamórfico para as mesmas.

2 – Devido a escassez de afloramentos das rochas relativas ao Complexo Máfico-

Ultramáfico Trincheira, sugere-se a continuação do mapeamento geológico nas áreas do

entorno, alvejando sempre uma melhor caracterização desse intrusão.

3 – Melhor caracterização das rochas da Formação Córrego Preto, visto ser uma nova

unidade.

4 – Estudo aerogeofísico, objetivando uma melhor delimitação dos corpos intrusivos e

sua reação com as encaixantes.

5 – Novos estudos geoquímicos e geocronológicos que expliquem de forma conclusiva

a relação entre as unidades da Faixa Guaporé na localidade.

6 – Devido à concentração de sulfetos nas rochas do Complexo Rio Galera, e a

proximidade com unidades litoestratigráficas mineralizadas (Morro Leme e Sem Boné),

recomenda-se um estudo prospectivo na área, para verificar o potencial econômico das

rochas citadas.

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“Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R.” Capítulo VIII – Conclusões e Recomedações

CAPÍTULO IX - BIBLIOGRAFIA

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ANEXOS

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Anexo 1 – Mapa de Localização de Afloramentos

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Azevedo, P.H. & Costa, M.H.R. - ANEXOS

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Anexo 2 – Mapa Geológico da área estudada

Anexo 3 – Perfis Geológicos para a área de estudo