direito constitucional - conteudospge.com · direito constitucional @conteudospge fonte de...

73
DIREITO CONSTITUCIONAL @conteudospge Fonte de pesquisa: Pedro Lenza, Marcelo alexandrino e Bernardo Gonçalves. Princípios de interpretação da constituição: determinados princípios que foram alvo da doutrina constitucional e são bastante cobrados em provas, em todas as fases. 1) Unidade da constituição: significa que a constituição deve ser interpretada como um todo, devendo buscar superar as antinomias. 2) Efeito integrador: De acordo com Canotilho: “na resolução dos problemas jurídico-constitucionais deve dar-se primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política. 3) Máxima efetividade: as normas constitucionais devem ter a mais ampla efetividade social, sem alterar seu conteúdo. 4) Justeza ou conformidade: significa que o intérprete máximo da constituição, no caso do Brasil, o STF, não pode alterar as

Upload: others

Post on 31-Jan-2021

5 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • DIREITO CONSTITUCIONAL

    @conteudospge

    Fonte de pesquisa: Pedro Lenza, Marcelo alexandrino e Bernardo

    Gonçalves.

    Princípios de interpretação da constituição: determinados

    princípios que foram alvo da doutrina constitucional e são bastante cobrados

    em provas, em todas as fases.

    1) Unidade da constituição: significa que a constituição deve

    ser interpretada como um todo, devendo buscar superar as

    antinomias.

    2) Efeito integrador: De acordo com Canotilho: “na resolução

    dos problemas jurídico-constitucionais deve dar-se primazia

    aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração

    política e social e o reforço da unidade política”.

    3) Máxima efetividade: as normas constitucionais devem ter a

    mais ampla efetividade social, sem alterar seu conteúdo.

    4) Justeza ou conformidade: significa que o intérprete máximo

    da constituição, no caso do Brasil, o STF, não pode alterar as

  • funções estabelecidas pelo Poder Constituinte Originário. De

    acordo com Bernardo Gonçalves: “compreende uma

    delimitação de competências entre órgãos públicos -

    consequência do princípio da separação de poderes-, razão

    pela qual nenhuma interpretação realizada por um órgão pode

    conduzir a uma usurpação de competência ou de função dos

    demais”.

    5) Concordância prática: significa que quando os bens

    constitucionais entram em conflito, deve ser buscada uma

    interpretação que evite o sacrifício total de um princípio em

    relação a outro.

    6) Interpretação conforme a constituição: diante de normas

    que tem várias interpretações, precisamos buscar a que mais

    se aproxime do texto constitucional. Pedro Lenza dispõe sobre

    os requisitos. Vejamos:

    6.1) Prevalência da Constituição: deve-se preferir a interpretação não

    contrária à Constituição;

    6.2) Conservação de normas: percebendo o intérprete que uma lei

    pode ser interpretada em conformidade com a Constituição, ele

    deve assim aplicá-la para evitar a sua não continuidade;

  • 6.3) Exclusão da interpretação contra legem: o intérprete não pode

    contrariar o texto literal e o sentido da norma para obter a sua

    concordância com a Constituição;

    6.4) Espaço de interpretação: só se admite a interpretação conforme a

    Constituição se existir um espaço de decisão e, dentre as várias a

    que se chegar, deverá ser aplicada aquela em conformidade com

    a Constituição;

    6.5) Rejeição ou não aplicação de normas inconstitucionais: uma vez

    realizada a interpretação da norma, pelos vários métodos, se o juiz

    chegar a um resultado contrário à Constituição, em realidade,

    deverá declarar a inconstitucionalidade da norma, proibindo a sua

    correção contra a Constituição;

    6.6) Intérprete não pode atuar como legislador positivo: não se aceita a

    interpretação conforme a Constituição quando, pelo processo de

    hermenêutica, se obtiver uma regra nova e distinta daquela

    objetivada pelo legislador e com ela contraditória, em seu sentido

    literal ou objetivo. Deve-se, portanto, afastar qualquer

    interpretação em contradição com os objetivos pretendidos pelo

  • legislador. Avançando, se a vontade do legislador violar a

    Constituição, confira interessante discussão dentro da ideia de

    decisões manipulativas.

    Limites da interpretação constitucional: surgem com a preocupação das

    decisões tomadas pelas cortes constitucionais. São elas:

    a) Sentença interpretativa de rechaço (rechaço = repudiar, reprovar):

    diante de norma que possa ter dois significados, a corte declara o único

    sentido que pode ser aceita, repudiando (rechaçando) as demais. De

    acordo com Gilmar Mendes: “o enunciado permanece válido, mas só

    poderá ser interpretado de maneira conforme à Constituição, o que

    significa dizer que, implicitamente, e sob pena de vir a considerá-la

    nula, a Corte proíbe que se dê ao citado dispositivo interpretação

    contrária à Constituição”.

    b) Sentença interpretativa de aceitação: a corte constitucional anula as

    decisões tomadas pelos juízes comuns, estabelecendo que suas

    interpretações são ofensivas à constituição. De acordo com Gilmar:

    “Não se anula o dispositivo mal interpretado, mas apenas uma das

    suas interpretações, dizendo que esse preceito é inconstitucional se

    interpretado de modo contrário à Constituição ou na parte em que

    expressa uma norma inconstitucional”.

    Rechaça tudo e só aceita uma interpretação

    Aceita todas as interpretações menos aquela inconstitucional

  • c) Sentenças manipuladoras/normativas: são aquelas em que o tribunal

    não se limita em declarar a inconstitucionalidade, mas age como

    verdadeiro legislador positivo, modificando diretamente o ordenamento

    jurídico, adicionando ou substituindo normas, a pretexto ou com o

    propósito de adequá-lo à Constituição.

    C.1) Sentenças aditivas: De acordo com Gilmar Mendes, Mendes, ocorre

    quando a Corte Constitucional declara inconstitucional certo dispositivo

    legal não pelo que expressa, mas pelo que omite, alargando o texto da lei

    ou seu âmbito de incidência. Podemos dar como exemplo, no Brasil, a

    ADPF dos fetos anencéfalos, que adicionou mais uma excludente de

    ilicitude no caso de aborto; MI sobre direito de greve dos servidores

    públicos, que reconheceu a inconstitucionalidade pela falta da lei e mandou

    utilizar o regramento dos empregados celetistas; entre outras.

    C.2) Sentenças substitutivas: a corte constitucional declara

    inconstitucional determinada norma jurídica e a substitui por outra, criada

    pelo próprio tribunal, o que se denomina direito judicial.

    Pensamento Jurídico do Possível e lacuna constitucional: foi adotada

    pelo Ministro Gilmar, com base nas doutrinas de Peter Härbele. Essa teoria

    busca limitar a interpretação constitucional aberta. Vejamos a ementa:

  • Cargos vagos de juízes do TRT. Composição de lista.

    Requisitos dos arts. 94 e 115 da Constituição: quinto

    constitucional e lista sêxtupla. Ato normativo que

    menos se distancia do sistema constitucional, ao

    assegurar aos órgãos participantes do processo a

    margem de escolha necessária. Salvaguarda

    simultânea de princípios constitucionais em lugar da

    prevalência de um sobre o outro. Interpretação

    constitucional aberta que tem como pressuposto e

    limite o chamado ‘pensamento jurídico do

    possível’. Lacuna constitucional

    Constituição material: De acordo com Bernardo Gonçalves, são

    os assuntos constitutivos do estado e sua organização, como os direitos e

    garantias fundamentais e matérias que envolvem organização e estruturação

    dos poderes.

    Sentidos da Constituição: Essa classificação também é

    conhecida como clássica e é uma das mais importantes para concursos.

  • Sociológico: autor -> Ferdinand Lassalle, A Constituição,

    segundo a conceituação de Lassale, seria, então, a somatória dos fatores

    reais do poder dentro de uma sociedade.

    Político: autor - > Carl Schmitt, o fundamento da constituição não

    está contido em outras normas jurídicas ou em si mesma, mas na vontade

    política concreta que a antecede, dos representantes do poder constituinte

    originário. De acordo com LENZA (2016):

    Na lição de Carl Schmitt, encontramos o

    sentido político, que distingue Constituição de lei

    constitucional. Constituição, conforme pondera José

    Afonso da Silva ao apresentar o pensamento de

    Schmitt, “(...) só se refere à decisão política

    fundamental (estrutura e órgãos do Estado, direitos

    individuais, vida democrática etc.); as leis

    constitucionais seriam os demais dispositivos inseridos

    no texto do documento constitucional, mas não

    contêm matéria de decisão política fundamental.

  • Cespe 2017 - MPRR: Para Carl Schmitt, Constituição não se

    confunde com leis constitucionais: o texto constitucional pode eventualmente

    colidir com a decisão política fundamental, que seria a Constituição

    propriamente dita. Correta! Essa alternativa foi considerada correta pela

    CESPE com o fundamento de que o autor faz diferença entre constituição

    (organização do estado e direitos fundamentais) e leis constitucionais

    (disposições diversas que estão na CRFB).

    Jurídico: autor -> Hans Kelsen, Em sentido lógico-jurídico, a

    constituição consiste em uma "norma fundamental hipotética", Fundamental,

    por ser o fundamento de validade da constituição; hipotética, por só existir

    em tese, como norma metajurídica pressuposta), fruto de uma convenção

    social indispensável para a validade da constituição jurídica e, por

    consequência, de todo o ordenamento jurídico em sentido jurídico-positivo,

    que equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a

    criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau.

    CESPE MP RR 2017: Segundo a teoria pura de Kelsen, a

    interpretação de uma Constituição deve fundamentar-se essencialmente na

    intenção daqueles que escreveram originalmente o texto. Falso! Conforme

    visto, a alternativa não tem nada a ver com a teoria de Kelsen.

  • Cultural: autor -> Meirelles Teixeira, a constituição encerra um

    "conjunto de normas fundamentais condicionadas pela cultura total, e ao

    mesmo tempo condicionante desta, emanadas da vontade existencial da

    unidade política, e reguladora da existência, estrutura e fins do Estado e do

    modo de exercício e limites do poder político.

    A constituição em sentido formal pode ser definida como o

    conjunto de normas jurídicas produzidas por um processo mais árduo e mais

    solene que o ordinário, com o propósito de tornar mais difícil a sua alteração.

    Esta espécie pressupõe uma constituição escrita. Não mais nos interessará

    o conteúdo da norma, mas sim a forma como ela foi introduzida no

    ordenamento jurídico. Nesse sentido, as normas constitucionais serão

    aquelas introduzidas pelo poder soberano, por meio de um processo

    legislativo mais dificultoso, diferenciado e mais solene que o processo

    legislativo de formação das demais normas do ordenamento.

    Pode ser considerada também como aquela que possui

    supremacia em relação às outras normas, não podendo ser alterada por leis

    ordinárias.

    Por outro lado, normas referentes a direitos e garantias

    fundamentais, estrutura do Estado e organização dos poderes, se

  • consagradas em um estatuto normativo produzido sem as solenidades

    típicas da constituição serão apenas materialmente constitucional. Ademais,

    Verifica-se uma forte tendência no direito brasileiro a se adotar um critério

    misto em razão do art. 5.º, § 3.º, que admite que tratados internacionais de

    direitos humanos (matéria) sejam incorporados como emendas, desde que

    obedeçam a uma forma, ou seja, a um processo diferenciado de

    incorporação.

    Classificação de Karl Loewenstein: Essa classificação,

    chamada de ontológica, é muito cobrada em concursos públicos.

    1) Normativa: Quando a norma

    constitucional corresponde a realidade social no país, por

    exemplo, EUA;

    2) Nominativa: Não há correspondência entre

    o texto constitucional e a realidade social no país (Brasil –

    CRFB 1988 - basta lembrar do artigo do salário mínimo e a

    realidade do mesmo).

    3) Semântica: Serve para dar legitimidade a

    um governo autoritário.

  • Obs: Pedro lenza fala que o Brasil possui uma constituição que

    pretende ser normativa. No entanto, Bernardo Gonçalves repudia essa

    classificação, pois a mesma não existe na ideia original do autor, não

    devendo ser adotada para fins de concurso público.

    Heteroconstituição: São elaboradas em um determinado país

    para valer em outro. P.exe. CF elaborada no país A e que vai valer para o

    país C.

    TJMG cartório: A Constituição elaborada por um

    Estado ou organização internacional para ter vigência

    em outro Estado é denominada: Heteroconstituição!

    Correta. Conforme explicação acima.

    Homoconstituição: elaborada no mesmo país em que vigorará.

    Neoconstitucionalismo: Trata-se de um conceito que vem sendo

    bastante utilizado na doutrina constitucional pátria e em síntese podemos

    afirmar que: 1) contribuiu para a formação do Estado de direito; 2) busca

    uma reaproximação entre direito e ética; 3) busca conceder força normativa

  • à constituição; 4) reconhecimento normativo dos princípios jurídicos e sua

    valorização na resolução de casos concretos; 5) constitucionalização do

    direito, com a irradiação das normas e valores constitucionais para todos os

    ramos do direito.

    Constituição Dúctil – Gustavo Zagrebelsky – De acordo com

    essa teoria, a Constituição deve ser uma ferramenta que deve refletir o

    pluralismo social, econômico e político. Não deve impor uma forma de vida

    para as pessoas, mas sim possibilitar meios para que elas façam as suas.

    De acordo com LENZA (2016):

    A sobrevivência de atual sociedade

    complexa, pluralista e democrática depende,

    reconhecendo-se a importância de uma dogmática

    “fluida”, da identificação de um modelo de Constituição

    dúctil (maleável) a assegurar, dentro dos seus limites e

    de uma perspectiva de coexistência, a espontaneidade

    da vida social e, assim, as condições para a vida em

    comum.

    Existe hierarquia entre normas constitucionais: NÃO! O Brasil

    não adota a teoria de Otto Bachof sobre as normas constitucionais

  • inconstitucionais. O STF adota a teoria de que todas as normas

    constitucionais têm o mesmo valor, sendo dotadas de imperatividade e

    obrigatoriedade.

    Teoria dos sistemas – Niklas Luhmann: Parte da ideia que

    temos diversos sistemas (direito, religião, economia, etc) e cada ambiente

    faz sua própria filtração dos acontecimentos (linguagens, códigos, etc). Para

    o autor, a constituição é fruto de um acoplamento cultural entre direito e

    política. De acordo com Bernardo Gonçalves:

    Para Luhmann, a Constituição é um elemento

    funcional na estruturação tanto do sistema jurídico

    quanto do sistema político. Todavia, tal comunhão não

    significa que ambos a compreendam com o mesmo

    significado. Para a Política, a Constituição é

    instrumento de legitimação da vontade soberana. Para

    o Direito, a Constituição é elemento de fundação das

    suas normas, sem recurso a um suposto Direito

    Natural.

    Peter Häberle: sociedade aberta dos intérpretes:

  • De acordo com essa teoria, todos os que são influenciados pela norma

    constitucional são intérpretes da mesma, devendo o juiz levar em

    consideração também a opinião da sociedade civil, como forma de pluralizar

    o debate constitucional. De acordo com Bernardo:

    Por isso mesmo, podemos com Haberle dizer que a

    Constituição em si é aberta e carente de interpretações

    que devem se dar à luz de uma discussão pública.

    Adotar uma postura contrária é, necessariamente,

    correr o risco de perder a racionalidade e a legitimidade

    da decisão, pondo em cheque a normatividade da

    própria Constituição.

    Konrad Hesse e a força normativa da Constituição: De acordo com essa

    teoria, o autor reconhece os fatos políticos, econômicos, históricos que

    existem para elaboração da constituição, mas enfatiza o aspecto da

    “vontade da constituição”. De acordo com Bernardo Gonçalves:

    É, portanto, tarefa delegada ao Direito Constitucional a

    manutenção de sua força normativa, evitando que

    questões constitucionais sejam confundidas e diluídas

  • em questões políticas.198 Para tal é necessário a já

    citada "vontade de constituição" (Wille zur

    Verfassung) ou aquilo que o jurista espanhol Pablo

    Lucas Verdú chamou de "sentimento de constituição".

    Por fim, de acordo com o autor, a constituição, para ser duradoura, deve

    conciliar sua abertura ao tempo com a estabilidade jurídica.

    Constituição simbólica: surgiu da doutrina de Marcelo Neves, em 1992. O

    autor começa pela definição da legislação simbólica, que deve conter três

    pontos: 1) confirmar os valores sociais – demonstração de superioridade de

    determinado grupo, como, por exemplo, evangélicos contra católicos.

    2) capacidade de ação do estado (legislação – álibi) – Para Lenza, a

    legislação-álibi dar uma aparente solução para problemas da sociedade,

    mesmo que mascarando a realidade. Exemplo, a lei que criminalizou o

    “sequestro relâmpago” no Brasil, como resposta ao grande número de

    crimes desse tipo.

    3) adiar a solução de conflitos sociais através de compromissos dilatórios –

    quando a lei transfere a solução para o futuro, de maneira indeterminada.

    A constituição simbólica, de acordo com LENZA:

  • Negativamente, o texto constitucional “não é

    suficientemente concretizado normativo-juridicamente

    de forma generalizada”.

    Positivamente, “a atividade constituinte e a linguagem

    constitucional desempenham um relevante papel

    político-ideológico”, servindo para encobrir problemas

    sociais e obstruindo as transformações efetivas da

    sociedade.

    Para o autor, a constituição simbólica também serve como álibi para o

    Estado, que sempre coloca a culpa para não concretização dos direitos

    previstos na Constituição para o subdesenvolvimento da “sociedade”. Por

    outro lado, os grupos dos “oprimidos” colocam a culpa nos governantes,

    representantes dos “sobrecidadãos”, de terem os seus direitos não

    realizados, pedindo a transferência do Poder.

    Atenção! Derrotabilidade das normas jurídicas: de acordo com

    Dirley da Cunha Jr.: “A derrotabilidade da norma jurídica significa a

    possibilidade, no caso concreto, de uma norma ser afastada ou ter sua

    aplicação negada, sempre que uma exceção relevante se apresente, ainda

  • que a norma tenha preenchido seus requisitos necessários e suficientes

    para que seja válida e aplicável”.

    “Cite-se, como exemplo de derrotabilidade, o reconhecimento pelo

    STF da possibilidade de interrupção da gravidez em razão da

    anencefalia, pois, com a decisão, o Supremo superou/derrotou uma norma

    jurídica de Direito Penal proibitiva do aborto (salvo nos casos de gravidez

    decorrente de estupro ou para salvar a vida da gestante). Entretanto, o crime

    de aborto continua a existir e incidir normalmente nos casos tipificados no

    Código Penal”.

    “De ver-se, a rigor, que não é propriamente a norma que é

    derrotada ou excepcionada, embora a teoria difundida seja a derrotabilidade

    da norma; o que é derrotado ou superado é o enunciado normativo. Por

    isso, é mais tecnicamente correto afirmar que a derrotabilidade incide sobre

    os textos normativos e não sobre as normas jurídicas, exatamente porque o

    texto normativo não contém imediatamente e integralmente a norma, não se

    confundindo com ela. A norma é o resultado da interpretação do texto,

    diante do caso concreto”.

    Elementos da Constituição: preâmbulo ------ corpo -----

    disposições transitórias.

  • Preâmbulo: Não contém o preâmbulo, portanto, relevância

    jurídica. O preâmbulo não constitui norma central da Constituição, de

    reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro. Não constitui

    norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de

    reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força

    normativa (ADI 2076). De acordo com Lenza (2016):

    Por todo o exposto, podemos estabelecer,

    adotando a tese da irrelevância jurídica, que o

    preâmbulo da Constituição não é norma de reprodução

    obrigatória nos Estados, nem pode servir como

    parâmetro para o controle de constitucionalidade.

    Importante! O Estado brasileiro é laico, não tem religião oficial,

    mas a invocação da proteção de deus no preâmbulo não macula isso. Surge

    como expressão da vontade popular, que no Brasil é majoritariamente

    cristão. O Estado não pode é interferir nas diversas religiões, pois o mesmo

    é neutro em relação às religiões, devendo tratar todos com respeito, sejam

    cristãos, agnósticos, judeus, ateus, etc. Todos merecem respeito!

  • ADCT: O ADCT, como o nome já induz (Ato das Disposições

    Constitucionais Transitórias), tem natureza jurídica de norma constitucional e

    poderá, portanto, trazer exceções às regras colocadas no corpo da

    Constituição. Por isso mesmo, o ADCT pode servir de parâmetro para o

    controle de constitucionalidade das leis.

    "Os postulados que informam a teoria do ordenamento jurídico e

    que lhe dão o necessário substrato doutrinário assentam-se na premissa

    fundamental de que o sistema de direito positivo, além de caracterizar uma

    unidade institucional, constitui um complexo de normas que devem manter

    entre si um vínculo de essencial coerência. O Ato das Disposições

    Transitórias, promulgado em 1988 pelo legislador constituinte,

    qualifica-se, juridicamente, como um estatuto de índole constitucional.

    A estrutura normativa que nele se acha consubstanciada ostenta, em

    consequência, a rigidez peculiar às regras inscritas no texto básico da Lei

    Fundamental da República. Disso decorre o reconhecimento de que

    inexistem, entre as normas inscritas no ADCT e os preceitos

    constantes da Carta Política, quaisquer desníveis ou desigualdades

    quanto à intensidade de sua eficácia ou à prevalência de sua

    autoridade. Situam-se, ambos, no mais elevado grau de positividade

    jurídica, impondo-se, no plano do ordenamento estatal, enquanto categorias

  • normativas subordinantes, à observância compulsória de todos,

    especialmente dos órgãos que integram o aparelho de Estado." (RE

    160.486, rel. min. Celso de Mello,julgamento em 11-10-1994, Primeira

    Turma, DJ de 9-6-1995.)

    Importante: REVISÃO CONSTITUCIONAL.

    ACONTECEU APENAS UMA VEZ E NÃO PODERÁ

    ACONTECER NOVAMENTE. "Ao Poder Legislativo, federal ou estadual,

    não está aberta a via da introdução, no cenário jurídico, do instituto da

    revisão constitucional." (ADI 1.722-MC, rel. min. Marco Aurélio, julgamento

    em 10-12-1997, Plenário, DJ de 19-9-2003).

    A MESMA ESTAVA SUJEITA ÀS LIMITAÇÕES DECORRENTES

    DAS CLÁUSULAS PÉTREAS:

    "Emenda ou revisão, como processos de mudança na

    Constituição, são manifestações do poder constituinte instituído e, por sua

    natureza, limitado. Está a ‘revisão’ prevista no art. 3º do ADCT de 1988

    sujeita aos limites estabelecidos no § 4º e seus incisos do art. 60 da

    Constituição. O resultado do plebiscito de 21 de abril de 1933 não tornou

    sem objeto a revisão a que se refere o art. 3º do ADCT. Após 5 de outubro

  • de 1993, cabia ao Congresso Nacional deliberar no sentido da oportunidade

    ou necessidade de proceder à aludida revisão constitucional, a ser feita ‘uma

    só vez’. As mudanças na Constituição, decorrentes da ‘revisão’ do art. 3º do

    ADCT, estão sujeitas ao controle judicial, diante das ‘cláusulas pétreas’

    consignadas no art. 60, § 4º e seus incisos, da Lei Magna de 1988." (ADI

    981-MC, rel. min. Néri da Silveira, julgamento em 17-3-1993, Plenário, DJ

    de 5-8-1994).

    REQUISITOS DA REVISÃO CONFORME A CRFB:

    A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição (1993);

    Votação da maioria absoluta;

    Sessão unicameral.

    Importante!

    Teoria dos limites dos limites: Os direitos fundamentais podem

    ser restringidos por leis infraconstitucionais, desde que observem

    determinados parâmetros, por isso a teoria diz que existe um limite às

    limitações (núcleo essencial dos direitos). É necessário que a limitação

    ocorra por via de lei formal, sendo vedada limitação por atos administrativos.

  • Ao lado desta exigência de caráter formal, existem requisitos

    materiais a serem observados com o intuito de assegurar a conformidade

    substancial da lei.

    restritiva com os princípios e regras da constituição,

    dentre os quais, o princípio da não retroatividade, o postulado da

    proporcionalidade, o princípio da generalidade e abstração e o

    princípio de proteção do núcleo essencial. Além disso, deve-se

    assegurar um limite mínimo, o núcleo essencial dos direitos

    restringidos, que não podem ser limitados.

    Cláusulas pétreas implícitas:

    Os princípios constitucionais sensíveis, previstos no art.

    34 da CF, verbis: Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no

    Distrito Federal, exceto para: I - manter a integridade nacional;

    intervenção espontânea (discricionária); II - repelir invasão estrangeira

    ou de uma unidade da Federação em outra; intervenção espontânea

    (discricionária); III - pôr termo a grave comprometimento da ordem

    pública; intervenção espontânea (discricionária); IV - garantir o livre

    exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; (Por

    requisição); V - reorganizar as finanças da unidade da Federação

    que: intervenção espontânea (discricionária); a) suspender o

  • pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos,

    salvo motivo de força maior; intervenção espontânea (discricionária);

    b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta

    Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; intervenção

    espontânea (discricionária); VI - prover a execução de lei federal,

    ordem ou decisão judicial; (por requisição); VII - assegurar a

    observância dos seguintes princípios constitucionais: (por requisição)

    (princípios c. sensíveis!, cuja observância é obrigatória sob pena

    de intervenção federal);

    Mutação Constitucional:

    Diversamente da emenda, processo formal de alteração da Lei

    Fundamental (CF, art. 60), a mutação ocorre por meio de PROCESSOS

    INFORMAIS de modificação do significado da Constituição sem

    alteração de seu texto. Altera-se o sentido da norma constitucional sem

    modificar as palavras que a expressam. Esta mudança pode ocorrer com o

    surgimento de um novo costume constitucional ou pela via interpretativa.

    Vale ressaltar, que essa mutação constitucional pode ocorrer no

    Poder Judiciário, executivo e legislativo, como no caso em que o Senado

    Federal entendeu que as penas do impeachment da presidente Dilma

  • podiam ser aplicadas de forma distintas, apesar do enunciado “e”, que antes

    se entendiam cumulativas.

    Ademais, vale ressaltar que a mutação constitucional deve

    respeitar os princípios fundamentais da CRFB, sob pena de ser

    considerado como inconstitucional. Vejamos aplicação do STF sobre

    o tema:

    “Mesmo que o STF tenha se manifestado em sentido diverso, no

    passado, e mesmo que não tenha havido alteração o texto do art. 7º, XVIII,

    o significado que lhe é atribuído se alterou. Trata-se de caso típico de

    mutação constitucional, em que a mudança na compreensão da realidade

    social altera o próprio significado do direito.

    Jurisprudências recentes e importantes sobre direito

    constitucional:

    Não é possível aplicar o art. 86, § 4º (irresponsabilidade penal

    relativa, não ser responsabilizado por atos estranhos à função), da CF/88

    para o Presidente da Câmara dos Deputados, considerando que a garantia

    prevista neste dispositivo é destinada expressamente ao chefe do Poder

    Executivo da União (Presidente da República).

  • Desse modo, por se tratar de um dispositivo de natureza restritiva,

    não é possível Qualquer interpretação que amplie a sua incidência a outras

    autoridades, notadamente do Poder Legislativo.

    STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em

    02 e 03/03/2016 (Info 816 – esse ficou conhecido como caso Cunha).

    É correta decisão do CNJ que considera indevida a existência de

    férias coletivas para servidores de Tribunal de Justiça, mesmo que estas

    estejam previstas em lei ou ato normativo estadual. Isso porque a EC 45

    /2004 incluiu o inciso XII ao art. 93 da CF/88 proibindo as férias coletivas de

    juízes e Tribunais de 2º grau.

    Com a edição da EC 45/2004, as leis e atos normativos que

    previam férias coletivas nos Tribunais de 2º grau foram considerados não

    recepcionados ("revogados") ela nova redação do art. 93, XII, da CF/88.

    STF. 2ª Turma. MS 26739/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º/3/2016

    (Info 816).

    O mandado de segurança não é a via adequada para aferir

    critérios utilizados pelo TCU e que culminaram por condenar solidariamente

  • a empresa impetrante à devolução de valores ao erário, em razão de

    superfaturamento de preços constatado em aditamentos contratuais por ela

    celebrados com a Administração Pública. Isso porque para a análise do

    pedido seria necessária a análise pericial e verificação de preços,

    dados e tabelas, o que é incompatível com o rito do andado de

    segurança (tendo em vista que no mandado de segurança não é

    admitida dilação probatória, sendo necessário que exista prova pré-

    constituída para impetração).

    STF. 1ª Turma.MS 29599/DF,Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em

    1º/3/2016 (Info 816).

    Segundo decidiu a 1a Turma do STF, é possível o controle

    jurisdicional de políticas públicas, desde que presentes três requisitos:

    • a natureza constitucional da política pública reclamada;

    • a existência de correlação entre ela e os direitos fundamentais; e

    • a prova de que há omissão ou prestação deficiente pela

    Administração Pública, inexistindo justificativa razoável para tal

    comportamento.

  • Não havendo comprovação objetiva (a incapacidade financeira

    do ente público deve ser comprovada, não vale mera alegação) da

    incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal, inexistirá empecilho

    jurídico para que o Judiciário determine a inclusão de determinada política

    pública nos planos orçamentários do ente político. Como comentado no

    grupo, não é medida comum do poder judiciário determinar políticas

    públicas, mas ele poderá fazer caso exista direito previsto na Constituição,

    assim como foi em relação aos presídios. Vejamos a tese de repercussão

    geral sobre o tema:

    “É lícito ao Judiciário impor à Administração Pública

    obrigação de fazer, consistente na promoção de

    medidas ou na execução de obras emergenciais em

    estabelecimentos prisionais para dar efetividade ao

    postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar

    aos detentos o respeito à sua integridade física e

    moral, nos termos do que preceitua o artigo 5º (inciso

    XLIX) da Constituição Federal, não sendo oponível à

    decisão o argumento da reserva do possível nem o

    princípio da separação dos Poderes”. (RE 592581)

  • Viola a CF cobrança de valores para alimentação de alunos de

    escolas públicas. Isso ocorre porque a obrigação deve ser gratuita para os

    alunos, conforme mandamento constitucional. Importante lembrar também

    da Súmula vinculante número 12. Vejamos:

    A cobrança de taxa de matrícula nas universidades

    públicas viola o disposto no art. 206, IV, da

    Constituição Federal.

    Esse enunciado motivou inúmeras questões sobre o tema, que

    colocarei as ementas aqui, tendo em vista a importância do tema para

    concursos.

    Ementa: Taxa de inscrição em processo seletivo

    seriado - Ingresso no ensino superior - Universidade

    pública - Artigo 206, inciso IV, da Constituição Federal.

    O mesmo raciocínio utilizado na elaboração do Verbete

    Vinculante nº 12 deve ser observado nas hipóteses de

    cobrança de taxa para inscrição de processo seletivo

    seriado em Universidade Pública, considerada a

    gratuidade do ensino público em estabelecimentos

    oficiais (AI 748944 AgRg).

  • A garantia constitucional da gratuidade de ensino não

    obsta a cobrança por universidades públicas de

    mensalidade em cursos de especialização (RE

    597.854).

    O mesmo raciocínio utilizado na elaboração do Verbete

    Vinculante nº 12 deve ser observado nas hipóteses de

    cobrança de taxa para a expedição de diploma em

    Universidade Pública, considerada a gratuidade do

    ensino público em estabelecimentos oficiais (AgRg no

    RE 597.872/RO).

    A Marcha da maconha não é criminalizada, pode ser realizada

    sem constituir nenhum ilícito. No entanto, não pode ter participação de

    crianças e adolescentes. Esse foi o que ficou decidido pelo STF que teve de

    realizar uma ponderação nos princípios constitucionais aplicáveis. Os

    ministros ressaltaram que essa passeata é manifestação do direito de

    reunião (liberdade-meio) e direito à livre manifestação do pensamento

    (liberdade-fim). Esse entendimento é bastante cobrado em concursos

    (ADPF 187).

  • Informativo 790 STF: O habeas data é a garantia

    constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao

    pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos

    sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da

    administração fazendária dos entes estatais. Esse tema é bastante

    importante, devendo o candidato memorizá-lo, pois vai ser bastante

    cobrado em provas.

    A imunidade parlamentar material acoberta, apenas, as

    manifestações feitas no exercício do mandato eletivo, dela se excluindo

    as declarações feitas em campanha eleitoral. TSE - HABEAS CORPUS

    HC 434 SP (TSE)

    São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei nº

    13.146/2015, que determinam que as escolas privadas ofereçam

    atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência

    sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em

    suas mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa

  • obrigação. STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson

    Fachin, julgado em 9/6/2016(Info 829).

    “Os incisos III e IV do § 1º do art. 78 da LC 10/1996 do

    Tocantins criaram critérios diversos dos previstos na Lei Orgânica da

    Magistratura Nacional (art. 80, § 1º, I, da LC 35/1979) para desempate na

    lista de antiguidade da magistratura estadual (tempo de serviço público

    no Estado e tempo de serviço público geral). Inconstitucionalidade por

    contrariedade ao art. 93 da CR. (...) A adoção da idade como critério de

    desempate na ordem de antiguidade na magistratura (art. 78, § 1º, V, da

    Lei Complementar estadual 10/1996) não apresenta plausibilidade

    jurídica necessária para o deferimento da medida cautelar.”

    IV) “Os juízes integrantes de vara especializada criada por lei

    estadual devem ser designados com observância dos parâmetros

    constitucionais de antiguidade e merecimento previstos no art. 93, II e

    VIII-A, da CR, sendo INCONSTITUCIONAL, em vista da necessidade de

    preservação da independência do julgador, previsão normativa

    segundo a qual a indicação e nomeação dos magistrados que ocuparão

    a referida vara será feita pelo presidente do Tribunal de Justiça, com a

  • aprovação do Tribunal. (...) O mandato de dois anos para a ocupação da

    titularidade da vara especializada em crimes organizados, a par de afrontar a

    garantia da inamovibilidade, viola a regra da identidade física do juiz,

    componente fundamental do princípio da oralidade, prevista no art. 399, § 2º,

    do CPP (...).” (ADI 4.414, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 31-5-2012,

    Plenário, DJE de 17-6-2013.)

    "A aplicabilidade das normas e princípios inscritos no art. 93

    da CF INDEPENDE da promulgação do Estatuto da Magistratura, em face

    do caráter de plena e integral eficácia de que se revestem aqueles

    preceitos." (ADI 189, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 9-10-1991,

    Plenário, DJ de 22-5-1992.)

    "Por ofensa aos arts. 37, II, e 93, I, da CF, o Tribunal julgou

    procedente, em parte, pedido de ação direta ajuizada pelo Procurador-Geral

    da República para declarar a inconstitucionalidade do art. 204, caput e

    parágrafo único, da Lei 12.342/94, do Estado do Ceará, que dispõe

    sobre a readmissão de magistrado exonerado. Entendeu-se que a norma

    impugnada autoriza a instituição de nova forma de provimento de cargo não

    prevista na Lei Orgânica da Magistratura - LOMAN (LC 35/79), sem

  • observância, ainda, da prévia e necessária aprovação em concurso

    público.". ADI 2983/CE, rel. Min. Carlos Velloso, 23.2.2005. (ADI-2983)

    COMPETÊNCIAS- IMPORTANTÍSSIMO!

    Inicialmente é importante ressaltar que existe um sistema de

    repartição de competências no Brasil de acordo com a prevalência de

    interesses. Sendo da União os temas de importância regional, Estados ficam

    no âmbito regional e município âmbito local. Ademais, cumpre ressaltar que

    o Distrito Federal possui a competência cumulativa, ou seja, dos Estados e

    Municípios.

    Há dois tipos de repartição de competência: horizontal e vertical.

    A horizontal delimita as competências que podem apenas ser tratadas por

    um único ente federativo (por exemplo: competências da União). De acordo

    com Bernardo:

    Assim sendo, as competências são enumeradas para a

    União e também para os Municípios, e as

    remanescentes são direcionadas para os Estados-

    membros (esses continuam com competências

    remanescentes seguindo a tradição norte-americana).

  • Obs: esse parte é bastante cobrada, os estados tem

    competência residual.

    De acordo com Bernardo Gonçalves:

    Nesses termos, fica claro que os Estados poderão

    legislar sobre todas as matérias que não lhes sejam

    vedadas expressamente ou mesmo implicitamente

    pela Constituição, por exemplo, transporte

    intermunicipal de passageiros.

    Por outro lado, existe a competência vertical, em que há divisão

    das matérias para mais de um ente federativo. Esse tipo de competência

    vem do denominado federalismo cooperativo. No Brasil, temos o artigo 24,

    que dispõe sobre a competência concorrente. De acordo com esse tipo,

    União estabelece normas gerais e Estados normas específicas sobre os

    temas.

    Importante ressaltar que caso não existam normas gerais, os

    estados podem legislar completamente sobre o tema, como acontece, por

    exemplo, no caso de IPVA. Por outro lado, caso a união legisle sobre

    normas gerais, a legislação estadual não será revogada, mas sim

    SUSPENSA. Vejamos os artigos:

  • § 1º No âmbito da legislação concorrente, a

    competência da União limitar-se-á a estabelecer

    normas gerais.

    § 2º A competência da União para legislar sobre

    normas gerais não exclui a competência suplementar

    dos Estados.

    § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os

    Estados exercerão a competência legislativa plena,

    para atender a suas peculiaridades. Lembrar do IPVA.

    § 4º A superveniência de lei federal sobre normas

    gerais SUSPENDE a eficácia da lei estadual, no que

    lhe for contrário.

    A competência para legislar sobre serviços de telecomunicações

    é privativa da União art. 21, XI e art. 22, IV, da CF/88). Logo, é

    inconstitucional lei estadual que determinou às empresas telefônicas que

    criem e mantenham um cadastro de assinantes interessados em receber

    ofertas de produtos e serviços, que deve ser disponibilizado para as

    empresas de telemarketing. STF. Plenário. ADI 3959/SP, Rel. Min. Roberto

    Barroso, julgado em 20/4/2016 (Info 822). Dizer o direito.

    A competência exclusiva da União para legislar sobre material

    bélico, complementada pela competência para autorizar e fiscalizar a

  • produção de material bélico, abrange a disciplina sobre a destinação de

    armas apreendidas e em situação irregular. ADI 3.258

    Lei 6.816/2007 de Alagoas, instituindo depósito prévio de 100%

    do valor da condenação para a interposição de recurso nos juizados

    especiais cíveis do Estado. Inconstitucionalidade formal: competência

    privativa da União para legislar sobre matéria processual. Art. 22, inc. I,

    da Constituição da República.

    Elegibilidade do policial militar. Matéria de direito eleitoral.

    Competência legislativa da União (CF, art. 22, I, e art. 14, § 8º).

    Lei 7.716/2001 do Estado do Maranhão. Fixação de nova hipótese

    de prioridade, em qualquer instância, de tramitação processual para as

    causas em que for parte mulher vítima de violência doméstica. Vício formal.

    (...) A definição de regras sobre a tramitação das demandas judiciais e

    sua priorização, na medida em que reflete parte importante da

    prestação da atividade jurisdicional pelo Estado, é aspecto abrangido

    pelo ramo processual do direito, cuja positivação foi atribuída pela CF

    privativamente à União (Art. 22, I, da CF/1988). A lei em comento,

    conquanto tenha alta carga de relevância social, indubitavelmente, ao

    pretender tratar da matéria, invadiu esfera reservada da União para legislar

  • sobre direito processual. A fixação do regime de tramitação de feitos e das

    correspondentes prioridades é matéria eminentemente processual, de

    competência privativa da União, que não se confunde com matéria

    procedimental em matéria processual, essa, sim, de competência

    concorrente dos Estados-Membros.

    A Constituição estadual pode dispor sobre data para

    pagamento de servidores públicos do Estado sem que isso implique

    ofensa à CRFB. No entanto, caso disponha sobre pagamento de

    empregados públicos, estará invadindo a competência legislativa da União

    para legislar sobre direito do trabalho. Igualmente, a CE não pode dispor

    sobre a data de pagamento dos servidores municipais, pois afronta a

    autonomia política dos municípios. Obs: Esse tema caiu na segunda fase da

    PGE AM – CESPE – 2017.

    A constituição Estadual não pode dispor que os procuradores do

    Estado podem usar e ter porte de arma, pois isso invade a competência da

    União para legislar sobre material bélico e sua fiscalização.

  • O Estado Membro não pode legislar sobre hipóteses de

    requisição administrativa de veículos apreendidos, pois invade a

    competência Federal para legislar sobre direito penal e de trânsito.

    É inconstitucional a norma estadual que impede revista íntima no

    ambiente de trabalho, tendo em vista que invade a competência legislativa

    da união sobre direito do trabalho.

    Lei estadual que fixa a obrigação de notificar doenças à secretaria

    de saúde é inconstitucional, pois invade a competência da união para

    legislar sobre direito civil.

    Lei estadual não pode dispor sobre discriminação no ambiente do

    trabalho, pois invade a competência da união.

    Lei estadual não pode obrigar que empresários forneçam

    alimentação antes do início da obra, pois invade competência federal para

    legislar sobre direito do trabalho. Mesmo as leis mais protetivas para os

    trabalhadores não valem, pois a COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR

    SOBRE DIREITO DO TRABALHO É DA UNIÃO!

  • Importante! Anistia de infrações disciplinares de servidores

    estaduais: competência do Estado-membro respectivo. Só quando se

    cuidar de anistia de crimes – que se caracteriza como abolitio criminis de

    efeito temporário e só retroativo – a competência exclusiva da União se

    harmoniza com a competência federal privativa para legislar sobre direito

    penal.

    Lei estadual não pode dispor sobre exame de DNA gratuito em

    processos, pois é matéria processual, cuja competência é da união federal.

    A reclamação não é recurso nem ação, mas simples direito de

    petição. Desta forma, é possível sua existência na Constituição Estadual

    local.

    Norma estadual não pode exigir que as desapropriações sejam

    submetidas à assembleia legislativa local, pois afronta a competência

    legislativa da união para legislar sobre desapropiação.

    Lei Estadual não pode obrigar que o Estacionamento contratem

    segurança e nem vedar que ele seja terceirizado. Da mesma forma, não

  • pode obrigar a presença de empacotador em mercados (informativo nº 871,

    STF).

    Lei estadual não pode gerar obrigações para operadoras de

    telefonias, tendo em vista se tratar de concessão de serviço público federal.

    De acordo com o STF:

    “Ainda que ao argumento de defesa do consumidor,

    não pode lei distrital impor a uma concessionária

    federal novas obrigações não antes previstas no

    contrato por ela firmado com a União”.

    Entendimento assentado pelo STF no sentido da incompetência

    das unidades federadas para a fixação de índices de correção

    monetária de créditos fiscais em percentuais superiores a os fixados

    pela União para o mesmo fim.

    A união e os estados não podem dispor sobre critérios de

    conversão de URV em real, pois se trata de ato afeto a competência federal.

  • É formalmente inconstitucional a lei estadual que cria restrições

    à comercialização, à estocagem e ao trânsito de produtos agrícolas

    importados no Estado, ainda que tenha por objetivo a proteção da saúde dos

    consumidores diante do possível uso indevido de agrotóxicos por outros

    países. A matéria é predominantemente de comércio exterior e interestadual,

    sendo, portanto, de competência privativa da União (CF, art. 22, inciso VIII).

    A lei estadual não pode dispor sobre obrigatoriedade de baixar os

    vidros para se aproximar de uma blitz policial, pois invade competência da

    união federal.

    Sobre trânsito e transporte:

    Violação da competência privativa da União para

    legislar sobre trânsito e transporte. (...)

    Inconstitucionalidade formal da Lei 10.521/1995 do

    Estado do Rio Grande do Sul, a qual dispõe sobre a

    obrigatoriedade do uso de cinto de segurança e proíbe

    os menores de dez anos de viajar nos bancos

    dianteiros dos veículos que menciona.

  • É inconstitucional a lei distrital ou estadual

    que comine penalidades a quem seja flagrado em

    estado de embriaguez na condução de veículo

    automotor.

    O Estado não pode legislar sobre a

    obrigatoriedade de se trafegar com o farol ligado

    durante o dia.

    Fretamento de ônibus para o transporte com

    finalidade turística, ou para o atendimento do turismo

    no Estado. Transporte ocasional de turistas, que

    reclamam regramento por parte do Estado-membro,

    com base no seu poder de polícia administrativa,

    com vistas à proteção dos turistas e do próprio turismo.

    CF, art. 25, § 1º. Inocorrência de ofensa ao direito da

    união de legislar sobre trânsito e transporte.

    São vários os julgamentos que dizem

    respeito ao tema e podemos sintetizar da seguinte

    maneira: as obrigações devem ser impostas pela União

  • e as leis estaduais que tentarem disciplinar o tema

    serão inconstitucionais. VIA DE REGRA, pois há

    exceções, como o caso acima.

    É de competência federal a regulamentação

    da profissão de motoboy, assim como estabelecer

    condições para o exercício da profissão de

    fisioterapeuta, pois são matérias de competência

    legislativa da união.

    Direito educacional: O estado não pode legislar sobre revalidação

    de diploma estrangeiro, pois invade a competência da união federal.

    Licitações e contratos: É inconstitucional a lei estadual que fixa

    novas obrigações para participar da licitação além das previstas na lei

    8.666/93, como o cadastro de inexistência de violação aos consumidores.

    A teor do disposto no art. 22, XXVII, da Constituição Federal,

    compete à União a regulação de normas gerais sobre licitação e contratação

    públicas, abrangidas a rescisão de contrato administrativo e a

    indenização cabível.

  • A exigência de prévia remessa da cópia do contrato para o TCE é

    inconstitucional, pois invade a competência legislativa da união. Vale

    ressaltar que o TCE pode solicitar cópia do contrato quando achar

    necessário, o que não pode é que toda licitação seja enviada ao mesmo

    automaticamente. Vejamos o que diz a lei 8.666/93:

    Art. 113. O controle das despesas

    decorrentes dos contratos e demais instrumentos

    regidos por esta Lei será feito pelo Tribunal de Contas

    competente, na forma da legislação pertinente, ficando

    os órgãos interessados da Administração responsáveis

    pela demonstração da legalidade e regularidade da

    despesa e execução, nos termos da Constituição e

    sem prejuízo do sistema de controle interno nela

    previsto.

    § 1o Qualquer licitante, contratado ou

    pessoa física ou jurídica poderá representar ao Tribunal

    de Contas ou aos órgãos integrantes do sistema de

  • controle interno contra irregularidades na aplicação

    desta Lei, para os fins do disposto neste artigo.

    § 2o Os Tribunais de Contas e os órgãos

    integrantes do sistema de controle interno poderão

    solicitar para exame, até o dia útil imediatamente

    anterior à data de recebimento das propostas,

    cópia de edital de licitação já publicado, obrigando-

    se os órgãos ou entidades da Administração

    interessada à adoção de medidas corretivas

    pertinentes que, em função desse exame, lhes

    forem determinadas.

    O Supremo entende que AS GUARDAS MUNICIPAIS PODEM

    EXERCER O PODER DE POLÍCIA NO TRÂNSITO, inclusive com a

    aplicação de penalidades. Vejamos o acórdão proferido em sede de

    repercussão geral:

    DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO

    EXTRAORDINÁRIO. PODER DE POLÍCIA.

    IMPOSIÇÃO DE MULTA DE TRÂNSITO. GUARDA

    MUNICIPAL. CONSTITUCIONALIDADE.

  • 1. Poder de polícia não se confunde com

    segurança pública. O exercício do primeiro não é

    prerrogativa exclusiva das entidades policiais, a quem a

    Constituição outorgou, com exclusividade, no art. 144,

    apenas as funções de promoção da segurança pública.

    2. A fiscalização do trânsito, com aplicação

    das sanções administrativas legalmente previstas,

    embora possa se dar ostensivamente, constitui mero

    exercício de poder de polícia, não havendo, portanto,

    óbice ao seu exercício por entidades não policiais.

    3. O Código de Trânsito Brasileiro,

    observando os parâmetros constitucionais, estabeleceu

    a competência comum dos entes da federação para

    o exercício da fiscalização de trânsito.

    4. Dentro de sua esfera de atuação,

    delimitada pelo CTB, os Municípios podem

    determinar que o poder de polícia que lhe compete

    seja exercido pela guarda municipal.

  • 5. O art. 144, §8º, da CF, não impede que a

    guarda municipal exerça funções adicionais à de

    proteção dos bens, serviços e instalações do Município.

    Até mesmo instituições policiais podem cumular

    funções típicas de segurança pública com exercício de

    poder de polícia. Entendimento que não foi alterado

    pelo advento da EC nº 82/2014.

    6. Desprovimento do recurso extraordinário e

    fixação, em repercussão geral, da seguinte tese:

    É constitucional a atribuição às guardas

    municipais do exercício de poder de polícia de

    trânsito, inclusive para imposição de sanções

    administrativas legalmente previstas.

    Competência Municipal relacionada ao meio ambiente: É possível,

    desde que respeite as leis federais e estaduais válidas, podendo até mesmo

    ser mais gravosa que as dos demais entes federados, desde que haja a

    devida fundamentação para tanto.

    Os Municípios podem legislar sobre Direito

    Ambiental, desde que o façam fundamentadamente.

  • Com base nesse entendimento, a Segunda Turma

    negou provimento a agravo regimental.

    A Turma afirmou que os Municípios podem

    adotar legislação ambiental mais restritiva em relação

    aos Estados-Membros e à União. No entanto, é

    necessário que a norma tenha a devida motivação.

    ARE 748206 AgR/SC, rel Min. Celso de Mello,

    julgamento em 14.3.2017. (ARE-748206)“

    Importante! Lei Estadual não pode obrigar operadoras de celular a

    instalarem bloqueadores de sinal próximo a presídios. Há invasão à

    competência da União.

    É CONSTITUCIONAL a lei complementar de origem parlamentar

    que incluiu município em região metropolitana. Nesse caso não há

    competência privativa do chefe do poder executivo e não houve aumento de

    despesas.

    PGE-AM: Embora, conforme a CF, a lei orgânica municipal esteja

    subordinada aos termos da Constituição estadual correspondente, esta

    última Carta não pode estabelecer condicionamentos ao poder de auto-

  • organização dos municípios. Certo! Trata-se da autonomia do ente federado,

    que veda interferências indevidas.

    PGE-AM: A incidência de lei emanada da União é determinada na

    própria lei, independentemente das regras constitucionais federais sobre

    repartição de competências: é a previsão na própria lei, quando de sua

    edição, que determinará se ela se aplicará aos demais entes federativos (lei

    nacional, portanto) ou apenas à União (lei federal, por conseguinte). Falso! A

    própria constituição federal elenca as competências, de forma que a União,

    ao editar suas leis, deve observar também a competência atribuída ao outros

    entes federados.

    PGE-AM: Em razão do princípio da autonomia política dos entes

    federativos, estados e municípios não podem ser submetidos a disposições

    implícitas da CF, devendo obediência, tão somente, às suas disposições

    expressas. Errado! Alguns princípios implícitos previstos na CRFB são de

    observância obrigatória, como proporcionalidade, razoabilidade, conforme

    encontramos em vários julgados do STF.

    Criação de Estados - atualização:

  • A CRFB dispõe sobre as formas de criação de Estados. Vejamos quais são

    os requisitos: 1) plebiscito com a população diretamente interessada

    (condição de procedibilidade). De acordo com o decidido na ADI 2650, deve

    ser entendida como a população tanto da área desmembrada do Estado-

    membro como a da área remanescente.

    2) oitiva das assembleias, que emitirão parecer opinativo.

    3) Lei complementar da União.

    § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si,

    subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a

    outros, ou formarem novos Estados ou Territórios

    Federais, mediante aprovação da população

    diretamente interessada, através de plebiscito, e do

    Congresso Nacional, por lei complementar.

    Criação de novos Municípios: também é preciso observar uma série de

    requisitos. Vejamos: 1) É preciso que exista lei complementar federal

    autorizando o período que poderá existir a criação de novos municípios. 2) É

    necessário a realização de estudos de viabilidade. 3) plebiscito da população

    como um todo. 4) Lei estadual criando os Municípios.

  • § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o

    desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei

    estadual, dentro do período determinado por Lei

    Complementar Federal, e dependerão de consulta

    prévia, mediante plebiscito, às populações dos

    Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de

    Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na

    forma da lei.

    Territórios federais: os territórios são descentralizações administrativas da

    União, não possuem autonomia, apenas personalidade jurídica. Atualmente

    não existe mais nenhum, podem ser criados em breve, via lei complementar

    e consulta à população (plebiscito).

    É organizado por lei ordinária da União, será comandado por governador

    nomeado pelo presidente da república (após aprovação pelo Senado). Os

    territórios terão quatro (4) deputados federais, suas contas devem ser

    julgadas pelo congresso nacional, com parecer prévio do TCU e o sistema

    de ensino é mantido pela União.

  • Intervenção Federal: é medida de natureza política e excepcional (deve ser

    necessária), que suprime a autonomia do ente em virtude de hipótese

    prevista na CRFB. O rol que permite as intervenções é taxativo e não

    admite ampliação por constituição estadual, bem como deve ter prazo

    determinado. Vejamos a ADI 336:

    As disposições do artigo 35 da CB/88 também

    consubstanciam preceitos de observância compulsória por

    parte dos Estados-membros, sendo inconstitucionais

    quaisquer ampliações ou restrições às hipóteses de

    intervenção.

    Para facilitar, vou trabalhar cada hipótese separadamente de acordo com o

    procedimento:

    I - manter a integridade nacional; II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;

    Nesses casos, a decretação será realizada de ofício pelo presidente da

    república, com posterior remessa ao Congresso Nacional para verificar o

    caso em 24 horas.

    IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

  • Nesse caso, depende de solicitação do poder executivo ou legislativo. No

    caso do poder judiciário, há uma requisição, de maneira que o presidente

    não tem discricionariedade.

    VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

    No caso de cumprimento de ordem ou decisão judicial, de requisição do

    STF, STJ ou TSE ao presidente. Se for em relação a outro tribunal, deve ser

    solicitado ao STF (IF 230). Vejamos:

    Cabe exclusivamente ao Supremo Tribunal

    Federal requisição de intervenção para assegurar a

    execução de decisões da Justiça do Trabalho ou da Justiça

    Militar, ainda quando fundadas em direito infraconstitucional:

    fundamentação. O pedido de requisição de intervenção

    dirigida pelo Presidente do Tribunal de execução ao STF há

    de ter motivação quanto à procedência e também com a

    necessidade de intervenção.

    VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

    Para assegurar a execução de lei federal, é preciso que o PGR entre com a

    ação de execução de lei no STF, similar à ADI interventiva.

    VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

  • b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

    Nesse caso, é hipótese de ADI interventiva no STF, proposta pelo PGR.

    Intervenção Estadual: Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; Nesse caso, o governador decreta a intervenção e posteriormente vai para

    apreciação da assembleia legislativa em 24 horas.

    IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

    Nesse caso, há controle prévio pela assembleia legislativa.

    Alguns pontos importantes: a decretação de intervenção federal não impede

    o controle pelo Tribunal de contas. Assim como o descumprimento de ordem

    judicial deve ser voluntário e intencional, como em precatórios não pagos.

    Vejamos a decisão da IF 4.640, AgRg:

  • O descumprimento voluntário e intencional de

    decisão transitada em julgado configura

    pressuposto indispensável ao acolhimento do

    pedido de intervenção federal. A ausência de

    voluntariedade em não pagar precatórios,

    consubstanciada na insuficiência de recursos para

    satisfazer os créditos contra a Fazenda Estadual no

    prazo previsto no § 1º do art. 100 da Constituição da

    República, não legitima a subtração temporária da

    autonomia estatal, mormente quando o ente público,

    apesar da exaustão do erário, vem sendo zeloso, na

    medida do possível, com suas obrigações derivadas de

    provimentos judiciais.

    Importante! Súmula 637, STF: “NÃO CABE recurso extraordinário contra

    acórdão de tribunal de justiça que defere pedido de intervenção estadual em

    município”.

    Importante: É cabível ADI em face do decreto interventivo. Vejamos

    lição de Bernardo Gonçalves:

  • Há controle judicial, desde que ocorra o

    descumprimento dos procedimentos previstos na

    Constituição. Na prática, estará ocorrendo

    descumprimento de normas constitucionais. Portanto, a

    intervenção federal, embora seja um ato de natureza

    política, deverá ser declarada inconstitucional se não

    estiver em consonância com a própria Constituição que

    a delimita.

    § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de

    seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.

    Classificação das normas constitucionais: importante!!

    A doutrina classifica as normas constitucionais em três tipos:

    plena;

    contida;

    limitada

    A norma de eficácia plena, de acordo com LENZA, é aquela que

    desde o momento de entrada em vigor da constituição está apta a produzir

    todos os efeitos, independentemente de uma norma infraconstitucional,

  • reúnem todos os elementos necessários para produção de efeitos. De

    acordo com José Afonso da Silva:

    “são as que receberam do constituinte normatividade

    suficiente à sua incidência imediata. Situam-se

    predominantemente entre os elementos orgânicos da

    Constituição. Não necessitam de providência normativa

    ulterior para sua aplicação. Criam situações subjetivas

    de vantagem ou de vínculo, desde logo exigíveis”. Por

    exemplo, o transporte coletivo gratuito para maiores de

    65 anos.

    Por sua vez, as normas de eficácias limitadas são aquelas que no

    momento em que a constituição entra em vigor não são capazes de produzir

    todos os seus efeitos, necessitando de regulamentação infraconstitucional.

    Essas normas se dividem em duas:

    a) Normas de eficácia limitada declaratórias de princípios

    institutivos, que são aquelas que contem o esquema para

    organização de instituições, órgãos e entidades, podendo ser

    impositivas (de edição obrigatória por parte do legislador –

    exemplo: Art. 33. A lei disporá sobre a organização

  • administrativa e judiciária dos territórios) e facultativas

    (conferem uma faculdade ao legislador – exemplo: Art. 22. §

    único: "Lei complementar poderá autorizar os Estados a

    legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas

    neste artigo);

    b) Normas de eficácia limitadas que instituem princípios

    programáticos, que são aquelas que buscam realizar

    finalidade social por parte de normas, são fins a serem

    alcançados pelo estado (exemplo: artigo 196 da CRFB).

    Normas de eficácia contida, são normas de eficácia plena, que

    reúnem todos os requisitos para produção de efeito, mas que podem

    ser restringidas por leis infraconstitucionais ou até mesmo pela própria

    constituição federal. De acordo com Lenza:

    Como exemplo citamos o art. 5.º, XIII, da CF/88, que

    assegura ser livre o exercício de qualquer trabalho,

    ofício ou profissão, atendidas as qualificações

    profissionais que a lei estabelecer. Ou seja, garante-se

    o direito do livre exercício profissional, mas uma lei, por

  • exemplo, o Estatuto da OAB, pode exigir que para nos

    tornarmos advogados sejamos aprovados em um

    exame de ordem. Sem essa aprovação, infelizmente,

    não poderemos exercer a profissão de advogado,

    sendo apenas bacharéis em direito. O que a lei

    infraconstitucional fez foi reduzir a amplitude do direito

    constitucionalmente assegurado.

    Questões sobre o tema:

    CESPE: Quanto à aplicabilidade das normas constitucionais, as

    normas de eficácia contida são aquelas que asseguram determinado direito,

    que não poderá ser exercido enquanto não for regulamentado pelo legislador

    ordinário. Falso! Trata-se de norma de eficácia limitada, conforme orientação

    acima. As contidas possuem aplicabilidade imediata, podendo ser restringida

    em algum momento.

    VUNESP: As disposições normativas próprias do ADCT (Ato das

    Disposições Constitucionais Transitórias), por suas características, são

  • classificadas como normas de eficácia exaurida. Correta! De acordo com

    Lenza:

    Sugeridas por Uadi Lammêgo Bulos, as normas de

    eficácia exaurida, ou esvaída, são aquelas, como o

    próprio nome diz, que já extinguiram a produção de

    seus efeitos. Por isso, estão esgotadas, dissipadas, ou

    desvanecidas, condicionando, assim sua aplicabilidade.

    São próprias do ADCT (Ato das Disposições

    Constitucionais Transitórias), notadamente aquelas

    normas que já cumpriram o papel, encargo ou tarefa

    para o qual foram propostas.

    FCC – SEGEP/MA: Pode ser apontado, como exemplo desse

    último tipo de norma de eficácia limitada, o seguinte dispositivo

    constitucional:

    Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,

    transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão

    reguladas em lei complementar. Correta! Tendo em vista necessitar de

    regulamentação por parte de lei infraconstitucional para ter efeito.

  • FCC:

    O conceito segundo o qual as normas de aplicação diferida, que

    explicitam comandos-valores e conferem elasticidade ao ordenamento

    constitucional e têm como destinatário primacial − embora não único − o

    legislador, a cuja opção fica a ponderação do tempo e dos meios em que

    vem a ser revestidas de plena eficácia, correspondem a normas

    programáticas.

    Correto! Conforme explicado supra. normas de eficácia limitadas

    que instituem princípios programáticos, que são aquelas que buscam

    realizar finalidade social por parte de normas, são fins a serem alcançados

    pelo estado.

    CESPE:

    No dia 4 de janeiro de 2016, o Movimento Tarifa Zero convocou

    cidadãos a participarem de manifestação contra o aumento das tarifas de

    trens, ônibus e metrô. A manifestação seria realizada no dia 3 de fevereiro

    de 2016 em frente à sede da prefeitura de determinado município. O

    organizador do movimento encaminhou, previamente à data prevista para a

    realização do evento, ofício à prefeitura e às demais autoridades

  • competentes avisando sobre a manifestação. Em resposta ao ofício, a

    prefeitura informou que não autorizaria a realização do movimento em

    quaisquer áreas públicas daquele município, sob o fundamento de que no

    município ainda não havia legislação disciplinando o exercício do direito de

    reunião.

    Considerando essa situação hipotética, julgue o item

    subsequente.

    O município agiu corretamente ao não autorizar a realização da

    reunião, pois o exercício do direito fundamental de reunião depende de lei

    regulamentadora, por ser norma constitucional de eficácia limitada (ou

    reduzida). Errado! Tendo em vista que é norma de aplicabilidade imediata,

    não precisa de regulamentação legal.

    FGV: Consoante o Art. 5º, iniciso XLV, da Constituição da República

    Federativa do Brasil, “nenhuma pena passará da pessoa do condenado,

    podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de

    bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles

    executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”.

    Com os olhos voltados à classificação das normas constitucionais, é correto

    afirmar que a interpretação desse comando normativo dá origem a uma

  • norma constitucional: de eficácia contida e aplicabilidade direta. Correta! A

    norma dispõe que nenhuma pena passará do condenado, podendo a lei

    estabelecer a reparação em pecúnia aos sucessores, sendo uma restrição

    ao princípio em tela.

    Quadrix:

    I. Normas constitucionais de eficácia plena são aquelas que

    apresentam aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, pois

    somente incidem sobre determinado interesse após uma

    normatividade ulterior. Falso! Possuem eficácia imediata e direta!

    II. Normas constitucionais de eficácia contida são aquelas em que o

    legislador constituinte regulou suficientemente os interesses

    relativos à determinada matéria, mas deixou margem à atuação

    restritiva por parte da competência discricionária do poder público.

    Correto! Podem ser reduzidas pela lei ou pela CRFB.

    III. Os remédios constitucionais são exemplos de normas

    constitucionais de eficácia limitada. Falso! Possuem eficácia plena,

    que não podem ser restringidas pelo legislador.

  • FCC - 27. (Analista Judiciário — TRT1 — Psicologia —

    FCC/2011) Os remédios constitucionais são tidos por normas

    constitucionais de eficácia:

    a. plena;

    b. limitada;

    c. contida;

    d. mediata;

    e. indireta.

    Gabarito: A! são normas de eficácia plena!!

    Ressalto que esse assunto é de fundamental importância e a

    melhor doutrina para estudo do tema é LENZA, por ser a doutrina mais

    adotada e mais completa no assunto.

    Remédios constitucionais:

  • HABEAS CORPUS:

    Pessoa jurídica pode impetrar o HC (PGM FOR). De acordo com

    lenza:

    O autor da ação constitucional de habeas corpus

    recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do

    qual se impetra, paciente (podendo ser o próprio

    impetrante), e a autoridade que pratica a ilegalidade ou

    abuso de poder, autoridade coatora ou impetrado.

    O impetrante, portanto, poderá ser qualquer pessoa

    física (nacional ou estrangeira) em sua própria defesa,

    em favor de terceiro, podendo ser o Ministério Público

    ou mesmo pessoa jurídica (mas, é claro, em favor de

    pessoa física).

    Importante salientar que o habeas corpus pode ser concedido de

    ofício pelo julgador, bem como pode ser impetrado sem necessidade de

    advogado, sendo uma ação informal e gratuita. Pode ser preventivo, ou

    seja, antes de acontecer a lesão ao direito de ir e vir ou repressivo, quando a

    lesão já ocorreu.

  • Não cabe Habeas Corpus contra punições disciplinares militares,

    conforme disposto na CRFB, sendo extensível às punições que acontecem

    em âmbito estadual quando estivermos diante de seus militares. No caso de

    decisão preferida no âmbito de juizados especiais, a competência é do TJ ou

    TRF respectivo. Vejamos o que diz LENZA:

    Assim, o STF entendeu superada a S. 690, definindo a

    competência originária do TJ local para o julgamento

    de habeas corpus contra decisão de turma recursal de

    juizados especiais criminais (HC 86.834/SP, Rel. Min.

    Marco Aurélio, j. 23.08.2006, Inf. 437/STF).

    Importante!! O STF entendeu que o HC não pode ser usado para trancar

    ação de impeachment, pois não há perigo de ser restringida a locomoção.

    EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS

    CORPUS. PROCESSO DE IMPEACHMENT.

    DECISÃO PROFERIDA PELA CÂMARA DOS

    DEPUTADOS. VIA PROCESSUAL INADEQUADA.

    1. Nos termos do art. 654 do Código de Processo

    Penal, a petição inicial de habeas corpus conterá a

  • declaração da espécie de constrangimento ilegal ao

    direito de locomoção, ou, em caso de simples ameaça

    de coação, as razões em que se funda o seu temor.

    2. No caso, a insurgência a que se opõe o impetrante,

    em rigor, diz respeito a eventual obstáculo ao exercício

    de direitos políticos e não ao direito de ir e vir.

    3. Agravo regimental a que se nega provimento.

    HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO CONTRA

    DECISÃO PROFERIDA PELO SENADO FEDERAL EM

    PROCESSO DE IMPEACHMENT. PENA DE

    INABILITAÇÃO, POR OITO ANOS, PARA O

    EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA.

    E inidônea a via do habeas corpus para defesa de

    direitos desvinculados da liberdade de locomoção,

    como é o caso do processo de impeachment pela

    prática de crime de responsabilidade, que configura

    sanção de índole político-administrativa, não pondo em

    risco a liberdade de ir, vir e permanecer do Presidente

    da Republica. Agravo regimental improvido’ (HC

  • 70055/DF, Rel. Ilmar Galvão, Tribunal Pleno, DJ

    16/4/1993).

    Súmula 693, STF: Não cabe habeas corpus contra

    decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a

    processo em curso por infração penal a que a pena

    pecuniária seja a única cominada.

    Ao julgar, em 17/2/16, o HC nº 105.959/DF, sob a

    Relatoria do Ministro Marco Aurélio, em sua maioria,

    reafirmou o antigo posicionamento do Supremo

    Tribunal Federal pelo não cabimento de habeas

    corpus contra decisão monocrática de ministro da

    Corte." (HC 131202 AgR, Relator Ministro Dias Toffoli,

    Segunda Turma, julgamento em 3.3.2016, DJe de

    21.3.2016) – PC – GOIÁS.

    A via do habeas corpus é adequada para pleitear a

    interrupção de gravidez fora das hipóteses previstas no

    Código Penal (art. 128, incs. I e II), tendo em vista a

    real ameaça de constrição à liberdade ambulatorial,

  • caso a gestante venha a interromper a gravidez sem

    autorização judicial (STJ - HC 56572 SP).

    Questões sobre o tema:

    Pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus. PGM FOR. Certo! Conforme

    postagem que fiz, pode impetrar, só não pode ser paciente do HC.

    PGM MOGI DAS CRUZES: O habeas corpus pode ser proposto pelo

    Ministério Público, pode ser concedido de ofício pelo juiz ou Tribunal, pode

    ser postulado sem advogado e impetrado em face de particular. Certo!

    Vejamos o que dispõe o CPP:

    Art. 654, CPP. O habeas corpus poderá ser impetrado

    por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem

    como pelo Ministério Público.

    § 2o Os juízes e os tribunais têm competência para

    expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando

    no curso de processo verificarem que alguém sofre ou

    está na iminência de sofrer coação ilegal.

  • Vale ressaltar que a CESPE anda cobrando muito o tema Habeas

    Corpus, como, por exemplo, TRE PE, PGM FOR, TC PR, PC GOIAS, entre

    outros e a mesma cobra principalmente a jurisprudência do STF e STJ.

    Habeas Data: instrumento utilizado para assegurar o

    conhecimento/retificação/anotação de informações relativas à pessoa do

    impetrante constantes em dados públicos ou privados de caráter público.

    Para ser possível a impetração, é preciso que exista uma negativa de

    prestação das informações, conforme previsto na súmula nº 2 do STJ e

    legislação. Vejamos:

    NÃO CABE O HABEAS DATA (CF, ART. 5., LXXII,

    LETRA "A") SE NÃO HOUVE RECUSA DE

    INFORMAÇÕES POR PARTE DA AUTORIDADE

    ADMINISTRATIVA.

    Legitimidade ativa: qualquer pessoa física ou jurídica, tendo o STJ aceitado

    até mesmo a impetração por parte de sucessores. Vejamos:

    "( ... )não procede a alegação de ilegitimidade ativa da

    impetrante. Com efeito, a Constituição Federal erigiu o

    habeas data como uma das garantias [ ... ] Não

    obstante o presente habeas data não tenha por objetivo

    a busca de informações da pessoa própria do

  • impetrante, mas a respeito de seu falecido marido,

    deve a ordem ser concedida, urna vez que lhe negar tal

    direito importaria ofender o próprio escopo da norma

    constitucional, cujo conhecimento poderá refletir no

    patrimônio moral e financeiro do falecido. (STJ – 2ª

    Turma Habeas Data n° 147/DF Rei. Min. Arnaldo

    Esteves Lima j. 22.12.2007).

    Legitimidade Passiva: será a pessoa jurídica de direito público ou de direito

    privado, caso seja de caráter público, como SPC, SERASA, etc. Parte da

    doutrina ainda diz que tem autoridade coatora, assim como acontece no

    Mandado de Segurança.

    Importante ressaltar que todo o procedimento relativo ao Habeas Data é

    gratuito, tanto no âmbito administrativo quanto em sede judicial.

    Competência: Depende da autoridade coatora. Vejamos a esquematização

    do livro de LENZA (2016):

    Competência originária do STF: Presidente da

    República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do

    Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do

    Procurador-Geral da República e do próprio STF;

  • Competência do STF para julgar recurso ordinário:

    habeas data decidido em única instância pelos

    Tribunais Superiores, se DENEGATÓRIA a decisão;

    Competência do STJ: Ministro de Estado, dos

    Comandantes da Marinha, do Exército e da

    Aeronáutica, ou do próprio tribunal;

    Julgados importantes sobre o tema:

    O habeas data é via processual inadequada ao

    atendimento de pretensão do autor de sustar a

    publicação de matéria em sítio eletrônico.

    A ação de habeas data visa à proteção da privacidade

    do indivíduo contra abuso no registro e/ou revelação de

    dados pessoais falsos ou equivocados. O HABEAS

    DATA NÃO SE REVELA MEIO IDÔNEO PARA SE

    OBTER VISTA DE PROCESSO ADMINISTRATIVO.

  • O habeas data não se presta para solicitar informações

    relativas a terceiros, pois, nos termos do inciso LXXII

    do art. 5º da CF, sua impetração deve ter por objetivo

    "assegurar o conhecimento de informações relativas à

    pessoa do impetrante”.