tcc lendo e compreendendo textos de elisângela terra

41
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL LENDO E COMPREENDENDO TEXTOS Elisângela Sebastiana da Silva Maria Isabel Basilisco Celia Danieli Alfenas Fevereiro/2015

Upload: elisangela-terra

Post on 13-Apr-2017

101 views

Category:

Education


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

LENDO E COMPREENDENDO TEXTOS

Elisângela Sebastiana da Silva

Maria Isabel Basilisco Celia Danieli

Alfenas Fevereiro/2015

ELISÂNGELA SEBASTIANA DA SILVA

LENDO E COMPREENDENDO TEXTOS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado a Universidade Federal

de Alfenas – UNIFAL/MG, como

requisito parcial para a obtenção do

título de Pós-graduada em Práticas

Pedagógicas.

Professora Orientadora: Maria Isabel

Basilisco Celia Danieli

Alfenas

Fevereiro/2015

ELISÂNGELA SEBASTIANA DA SILVA

LENDO E COMPREENDENDO TEXTOS

A Banca examinadora abaixo-

assinada aprova o Trabalho de

Conclusão de Curso apresentado

como parte dos requisitos para a

obtenção do título de Pós-graduada

em Teorias e Práticas Pedagógicas

da Universidade Federal de Alfenas.

Aprovada em:

Profº.

Instituição: Assinatura:

Profº.

Instituição: Assinatura:

Profº.

Instituição: Assinatura:

AGRADECIMENTOS

À DEUS, antes de tudo, quero agradecer por todas as graças recebidas durante a realização deste curso; pela força concedida a mim, nos momentos mais difíceis, quando parecia ser, praticamente impossível, alcançar meus objetivos. A minha FAMÍLIA que é tudo para mim, meu verdadeiro tesouro, onde eu encontro inspiração para ser o que sou e, lutar, diariamente, para ser melhor do que sou. As pessoas AMIGAS que sempre me ajudaram com palavras sinceras e necessárias em vários momentos. Aos TUTORES e PROFESSORES que sempre nos apoiaram para que conseguíssemos alcançar nossos objetivos, vencendo cada fase necessária para se chegar à conclusão tão desejada deste curso.

LENDO E COMPREENDENDO TEXTOS

(READING AND UNDERSTANDING TEXTS)

SILVA, Elisângela Sebastiana ([email protected])

Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL – MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 700. Alfenas/MG. CEP 37130-000

RESUMO Este trabalho apresenta informações sobre o desenvolvimento de atividades de leitura e compreensão de texto, realizadas com alunos do 4º Ano do Ensino Fundamental, de uma escola do município de Alterosa. Considerei a necessidade do desenvolvimento destes alunos, que se apresentaram abaixo das expectativas, nas capacidades relativas à interpretação de texto, na escala de proficiência da prova do PROALFA (Programa de Avaliação da Alfabetização) e, também, que vivemos em uma sociedade, em que são exigidos níveis de leitura e de escrita cada vez mais complexos. Mediante esta realidade, espera-se que professor saiba como atuar, agindo como orientador, incentivador e cooperador, para possibilitar aos alunos condições de que ele possa se tornar um leitor fluente, capaz de lidar com os diferentes gêneros textuais encontrados em nossa sociedade. Um caminho sugerido é a utilização de estratégias antes, durante e depois do aluno entrar em contato com o texto, possibilitando a ele experiências com os diversos gêneros textuais. Ao realizar estas atividades, pude comprovar que as crianças gostam de estar envolvidas em atos de leitura. Mas, infelizmente, estes atos de leitura são raríssimos fora do espaço escola, o que aumenta ainda mais a tarefa dos professores. Estes contam com experiências limitadas das crianças, principalmente, no início da vida escolar, quando nos referimos aos gêneros textuais. Palavras-chave: Leitura, compreensão de texto, gêneros textuais, estratégias de leitura.

ABSTRACT This essay shows some information about the development of reading

activities and text comprehension. It was done with students on 4th grade of Fundamental Education, in a school of Alterosa. I considered the need for development of these students, who has shown low expectation, in the relative abilities to the text comprehension in the scale of proficiency of PROALFA test (Program of Literacy Assessment). Besides we live in a society which levels of reading and writing are demanded each day more complex. In this reality, it has waited that teacher knows how to act, acting as a leader, an encourager and a cooperator, and doing that, we enable the students conditions to be a fluent reader, that they can handle with different textual genres, which are found in our society. A suggest way is to use strategies before, during and after the student keeps touch with the text, it enables him/her experiences with several textual genres. I could prove that children like to get involved in reading act. But unfortunately these reading acts are so rare out of the school, what increase much more the teacher tasks. These professionals have children’s limited experiences, mainly in the begging of school life when we refer to the textual genres. Key words: reading, text comprehension, textual genres, reading strategies.

SUMÁRIO Introdução .................................................................................................. 7

Procedimentos metodológicos .................................................................. 10

Entrevistando os alunos ............................................................................ 12

Análise e interpretação dos dados da entrevista ....................................... 13

Aplicando a primeira atividade .................................................................. 15

Aplicando a segunda atividade ................................................................. 21

A Leitura com um olhar interativo ............................................................. 28

Iniciando o trabalho de leitura para a construção de um leitor competente:

a seleção dos textos ................................................................................. 30

Da leitura do mundo a leitura da palavra: o conhecimento prévio ............. 31

Lendo o texto: construindo a compreensão .............................................. 34

Atividades pós-leitura: a contínua busca pela compreensão .................... 36

Considerações finais ................................................................................ 38

Bibliografia ................................................................................................ 39

7

INTRODUÇÃO

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua

Portuguesa, as transformações educacionais realmente significativas

acontecem quando a escola precisa responder a novas exigências da

sociedade e também quando ocorre a transformação do perfil social e cultural

do alunado. Já há alguns anos vivenciamos estas duas situações e, ainda hoje,

nos deparamos com práticas educacionais que teimam em ir à contramão

desta realidade que se afirma cada vez mais. Em 1996, já líamos nos

Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (p. 25):

Atualmente exigem-se níveis de leitura e de escrita diferentes e muito superiores aos que satisfizeram as demandas sociais até bem pouco tempo atrás — e tudo indica que essa exigência tende a ser crescente.

Hoje, podemos constatar essa afirmação, pois há, em nossa

sociedade, uma exigência de leitores cada vez mais competentes, capazes de

ler e compreender o que leem, respondendo adequadamente, ao que lhes é

proposto, seja de uma forma formal ou não formal. Essa formação de um leitor

competente, capaz de dar conta das novas exigências dessa sociedade

tecnológica, traz imbuída em si, a formação de um sujeito que sendo capaz de

exercer a sua cidadania, usa de formar eficaz a linguagem, para a satisfação

de necessidades pessoais e daqueles que estão a sua volta. Então, ensinar a

ler e a compreender textos deve ser o objetivo primeiro de toda a escola que,

consciente de sua função dentro da sociedade, busca oferecer uma educação

de qualidade aos seus alunos. O ensino da compreensão leitora, entendida

como compromisso fundamental da escola, deverá tornar o aluno cidadão apto

a exercer seu papel, nessa sociedade hiper letrada. Essa exigência de uma

escola, que seja capaz de cumprir com sua tarefa maior que é ensinar seus

alunos a compreender textos, desenvolvendo neles a capacidade de aprender

a aprender, se afirma cada vez mais.

Atualmente, a tarefa dos professores não é nada fácil, pois,

mediante tantas exigências, eles ainda enfrentam graves problemas, como

8

aqueles gerados pelo desinteresse dos alunos com os quais deparam, bem

como, a falta de consciência destes que, de modo geral, não fazem sua parte

no processo ensino-aprendizagem, apresentando pouco compromisso com o

conhecimento, devido a vários fatores, aos quais não tenho pretensão de

discorrer aqui.

No processo ensino-aprendizagem, o professor deverá ser um

contínuo orientador, incentivador, cooperador do aluno, mostrando a ele, de

forma explícita, qual caminho trilhar, para que este possa ter a possibilidade

real, de alcançar o conhecimento, tornando-o sujeito ativo de sua própria

aprendizagem, instrumentalizado para saber fazer. O professor é o mediador

entre aluno e conhecimento. De acordo com estudos realizados por diversos

estudiosos, este conhecimento depende muito mais do aluno do que do

professor, para que ele seja alcançado. Para eles, tudo esta na mente do aluno

pronto para ser usado e modificado, mediante relações ocorridas entre o aluno

e o objeto de estudo, bastando a utilização de estratégias próprias e a

intervenção adequada do professor. Este conhecimento é algo que é

construído e compartilhado, não se restringindo a um repasse de informações

desconectadas, que desconsidera os estudos recentes referentes à educação.

A formação de leitores competentes só é possível se o professor se

preocupa em oferecer a seus alunos uma variedade de gêneros textuais que

apresentam diferentes intenções do emissor como informar, entreter,

convencer, seduzir, instruir, etc. De acordo com os Parâmetros Curriculares

Nacionais de Língua Portuguesa (p. 42):

Eis a primeira e talvez a mais importante estratégia didática para a prática de leitura: o trabalho com a diversidade textual. Sem ela pode-se até ensinar a ler, mas certamente não se formarão leitores competentes.

Um das premissas do trabalho com a leitura e compreensão de

textos é a construção de relações que geram aprendizagem, considerando o

aluno como um sujeito ativo do conhecimento, capaz de agir e de interagir com

o meio e com o seus pares, através de atividades dinâmicas e lúdicas, e, a

leitura, um processo ativo que depende da interação texto-leitor.

9

Nesse processo, a leitura deve ser algo significativo que ultrapassa a

decodificação mecânica; a leitura deve ser a busca de significados não de

palavras. Por isso, esperar que alunos respondam a questionários sobre o

texto não mostra que ele é um leitor competente, mas apenas demonstra que

se lembra do que leu. Ler e compreender textos envolve muito mais que a

simples decodificação de sinais gráficos, ler envolve compreender o que não

está escrito; compreender a leitura que foi feita é o resultado de uma atividade

complexa que necessita de uma grande quantidade de conhecimentos para

que ela aconteça.

Deste modo, em meu trabalho procurei priorizar e investigar como se

dá a compreensão de texto por parte do leitor, quais são as estratégias que

tornam possível uma compreensão leitora eficaz, desenvolvendo o aluno e

capacitando-o para atender as necessidades atuais de um leitor competente

que sabe lidar com a diversidade textual existente em nossa sociedade.

Abordei o tema “Iniciando o trabalho de leitura para a construção de

um leitor competente: a seleção de textos” no sentido de informar a

necessidade de escolher bem os textos com os quais o professor deverá

trabalhar em sala de aula como fator fundamental no sucesso do trabalho com

os gêneros textuais e a compreensão de textos.

Em seguida, na abordagem “Da leitura do mundo a leitura da

palavra: o conhecimento prévio” falarei sobre a importância de o professor

valorizar as experiências que os alunos trazem consigo (como a primeira

estratégia de leitura), sem elas não há aprendizagem significativa; a partir

delas, aprender se torna realmente possível.

No item “Lendo o texto: construindo a compreensão”, falo sobre o

momento fundamental desta atividade, é quando o aluno lê o texto e, comprova

com esta leitura, se tudo o que foi previsto é ou não verdade; é o momento em

que o aluno deverá colocar em prática o que vem aprendendo, usando as

estratégias necessárias para compreender o que está lendo, e que, devido a

problemas, como um vocabulário complexo, por exemplo, se torna um pouco

ou muito difícil.

Na abordagem “Atividades pós-leitura: a contínua busca pela

compreensão”, falo sobre as estratégias utilizadas após a leitura do texto,

10

sempre em busca do desenvolvimento da compreensão por parte do aluno,

usando para isso, a demonstração de modelos, uma vez que, ensinar a

compreender texto não se limita ensinar a decodificar texto. Ao contrário,

representa levar o aluno a compreender que ler vai além do que vemos, ler é a

constante busca dos significados, que se completam nas entrelinhas do que o

autor do texto, não escreveu com palavras, com sinais gráficos, mas escreveu

com significados que são formados na mediação autor-texto-leitor.

No trabalho específico com os alunos, o que chamo de

“Procedimentos Metodológicos”, descrevi sobre o que me incentivou a realizar

este trabalho e como escolhi trabalhar. Descrevi as atividades realizadas com

os alunos, como a entrevista e o trabalho com dois gêneros textuais. Foi um

trabalho interessante, em que destaco o empenho dos alunos na realização

das atividades. São alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem,

mas que também aprenderam a trabalhar leitura e compreensão de texto, de

uma forma diferente.

Procedimentos metodológicos

Considerando a ideia apresentada por Frank Smith que diz que

“Esperar que a criança aprenda a ler através de materiais sem sentido é o

método mais fácil de tornar o aprendizado da leitura impossível”, é que elaborei

estas atividades, as quais, eu, aluna do curso de especialização em Teorias e

Práticas Pedagógicas, apliquei, em uma escola municipal, da cidade de

Alterosa, no estado de Minas Gerais, onde eu trabalho, faz 12 anos, como

Supervisora Pedagógica.

Escolhi desenvolver as atividades com uma turma do 4º Ano, do

Ensino Fundamental (antiga 3ª série), composta por 14 alunos. As meninas

eram três: duas com nove anos e uma com onze anos. Os meninos era onze,

sendo um aluno com doze anos e os demais com nove ou dez anos. A referida

escola possui no total, 459 alunos, distribuídos em 21 turmas, do 2º ao 5º Ano

do Ensino Fundamental.

A decisão de aplicar estas atividades ocorreu devido ao fato dos

alunos do 3º Ano, do Ensino Fundamental (antiga 2º série), em especial, no

ano de 2012, terem apresentado um desempenho aquém das expectativas dos

11

profissionais que trabalham nesta escola, nas capacidades relativas à

interpretação de textos, como, a Localização de informações explicítas em

textos, a Interpretação de informações implícitas em textos, a Coerência e

coesão no processamento de textos, a Avaliação do leitor em relação aos

textos, as Implicações do gênero e do suporte na compreensão de textos, de

acordo com a análise da escala de proficiência do resultado da avaliação do

PROALFA (Caderno Pedagógico – PROALFA, p. 12).

A avaliação do PROALFA (Programa de Avaliação da Alfabetização)

verifica os níveis de alfabetização alcançados pelos alunos dos anos iniciais do

Ensino Fundamental, da rede pública, de Minas Gerais, sendo censitária no 3º

ano. Os resultados dessa avaliação são usados para embasar as intervenções

necessárias no processo de alfabetização/letramento dos alunos.

O estudo foi dividido em duas partes: uma entrevista e a aplicação

das atividades.

Os pressupostos que nortearam as atividades que elaborei foram um

meio e não um fim em si. Eles permitiram um trabalho dinâmico, considerando

e valorizando o aluno como um sujeito epistêmico, capaz de agir e de interagir

com o meio e com o outro, construindo relações que geram aprendizagem,

atualizando não só o que se aprendeu, mas também as formas por meio das

quais se aprendeu (construção e/ou desenvolvimento de estruturas cognitivas

diferentes).

Este aluno tem que ter o contato com o maior número possível de

gêneros textuais que satisfaçam as necessidades de comunicação oral e

escrita da sociedade, aos quais permitem um ensino de língua rico, dinâmico,

interessante e garantem a autonomia do aluno no mundo letrado e o

desenvolvimento da sua autoconfiança.

Foi considerado que ler é, sobretudo, ser capaz de compreender o

que não está escrito e é um processo ativo que depende da interação texto-

leitor, gerando um diálogo entre os dois, onde este texto criado outrora por seu

autor se renova ou se transforma mediante as leituras que são feitas.

Para aprender a ler é preciso que o aluno enxergue neste ato algo

essencialmente significativo e o professor deverá ser capaz de oferecer

atividades que não priorizam o ato mecânico de decodificar, pois como afirmou

12

Frank Smith (1988, p. 122): “A leitura envolve a busca de um significado, não

de palavras específicas”.

Para a realização das atividades propostas, neste estudo, foram

utilizados os seguintes procedimentos: conversa dirigida; leitura de diferentes

gêneros textuais; utilização dos conhecimentos prévios; levantamento de

hipóteses; reconto oral dos textos trabalhados; confrontação das hipóteses

levantadas com as informações adquiridas ao ouvir o texto; registro dos dados;

interpretação do texto, através de diferentes brincadeiras.

A avaliação teve caráter diagnóstico e processual. Avaliei os alunos

considerando se eles demonstraram compreensão do sentido global do texto

lido ou ouvido, se faziam relação entre este e outros textos lidos, se

identificavam a ideia principal do texto, se liam de forma independente, usando

a leitura para alcançar diferentes objetivos, no processo da prática de leitura.

Algumas atividades, individuais ou coletivas, orais ou escritas, foram

usadas como instrumentos de avaliação, tais como a participação de cada um

em sala e as respostas aos questionamentos feitos durante a realização de

cada uma das atividades propostas, bem como, a produção de material escrito.

Entrevistando os alunos

A entrevista aconteceu de forma individual com os alunos e eu tinha

como objetivos saber o que eles entendiam por leitura e quais eram as

experiências mais importantes vivenciadas em seu dia a dia em relação ao ato

de ler e de compreender textos.

Quadro 1 – Questionário da entrevista com os alunos

1) Para você o que significa ler?

2) Você acha que é importante saber ler? Por quê?

3) Quem lê na sua casa?

4) Quem você vê ler no seu dia a dia?

5) O que você mais gosta de ler?

6) O que você mais gosta de ler na escola?

7) Quando sua professora lê algum texto, você consegue entender bem o que

quer dizer este texto? Por quê?

13

8) Quando você compreende melhor o texto: quando você lê sozinho ou

quando sua professora lê?

9) Você acha fácil ou difícil compreender um texto?

10) Você gosta de ouvir histórias?

11) Do que você gosta mais: de ler ou de ouvir histórias?

Fonte: Autoria Própria

Análise e interpretação dos dados da entrevista

Feita a entrevista, passei a análise dos dados.

A situação vivenciada na entrevista com os alunos foi bem

interessante.

Alguns alunos surpreenderam-me por causa da maneira como

responderam as perguntas. Apresentaram-se, de certa maneira, formais. Todos

eles, pareciam se sentir “pessoas importantes” por estar realizando aquela

entrevista e o fizeram bem tranquilamente, sempre respondendo as perguntas

feitas por mim.

Para os alunos entrevistados, ler é considerado um ato importante

que oportuniza poder ler livros, passar de ano, fazer um bom trabalho, ficar

inteligente e aprender cada vez mais. Apenas o aluno Darcy, que apresentou

muitas dificuldades para aprender ler, devido ao seu déficit de atenção,

diagnosticado pelo neurologista, faz dois anos, disse que “ler não significa

nada”.

Todos os alunos, disseram que, saber ler é muito importante, pois

oportuniza poder assinar o nome caso vá trabalhar, poder fazer uma boa prova,

melhorar a leitura e a escrita, para tirar carteira de motorista, para saber ler as

histórias, porque pode ler sozinho sem ajuda de outras pessoas, para ter uma

vida melhor.

Embora o aluno Darcy não tenha atribuído nenhum significado ao

ato de ler, ele considera que é importante ler, pois segundo ele disse “saber ler

é importante porque se tem um cartaz escrito cachorro abandonado, não tem

como ajudar, sem a gente não sabe ler”. Para Frank Smith (1989, p. 192 e

193): “... procuramos aqueles aspectos de nosso ambiente que tornarão o

mundo significativo, em especial no que diz respeito às nossas finalidades e

14

interesses particulares.” Para ele, operamos nos limites da significação o tempo

todo.

Todos os alunos disseram que veem pessoas de sua família lendo,

mas estas só leem textos como talão de água ou de luz, mensagem de celular,

documentos, jornal da cooperativa, bíblia... E, a pessoa que eles mais veem

ler, é a professora.

O gênero textual preferido destes alunos é a história em quadrinhos,

mas alguns deles também disseram gostar de contos e de piadas.

A maioria dos alunos disse que entendem bem quando a professora

lê algum texto para eles porque, segundo falaram, é só prestar atenção.

Os que disseram não entender bem a leitura da professora

relacionaram este fato à dificuldade de entender o significado de alguma

palavra contida no texto, o que vem comprovar o que os pesquisadores vêm

apontando como um dos fatores responsáveis pelas dificuldades vivenciadas

pelos alunos: o nível do vocabulário existente no texto.

Faz-se necessário que o professor considere este fato evitando

oferecer um texto que apresente um “vocabulário demasiado complexo, pouco

frequente na linguagem de uso corrente ou pouco compatível com o nível de

desenvolvimento e capacidade de abstração linguística dos seus destinatários”

(Susana Gonçalves, Revista Ibero-Americana de Educação).

Dez alunos disseram compreender melhor o texto quando leem

sozinhos, pois ficam mais concentrados, “porque grava na cabeça” segundo

falou André.

Para os alunos que compreendem melhor quando a professora lê, a

dificuldade está em “quando leio sozinho, eu gaguejo” (Darcy), “porque tem que

prestar muita atenção, senão esquece o que ela (a professora) fala” (Davi), “a

professora lê e explica” (Maira). O fato de gaguejar evidencia a decodificação

ineficiente e os problemas na memória tanto a memória a longo prazo como a

de trabalho que são outros fatores que prejudicam a compreensão de texto

segundo os pesquisadores.

A respeito disso, é necessário considerar o que diz Frank Smith

(1988, p. 117 e 119):

15

(...) o fato de parecer inexistir um limite máximo para a capacidade ou persistência da memória a longo prazo não significa que seus conteúdos estejam facilmente acessíveis... a memória de longo prazo é mais como uma rede de conhecimentos, um sistema organizado no qual cada item está relacionado, de alguma maneira, a tudo mais... O sucesso na recuperação de algo na memória a longo prazo depende dos indícios que podemos encontrar para obter acesso a ela, e no modo como está organizado na memória a longo prazo em primeiro lugar. Basicamente, tudo depende do sentido que damos ao material quando originalmente o colocamos na memória... e é por isso que o aprendizado decorado é frequentemente tão improdutivo.(...) a memória a longo prazo é verdadeiramente eficiente, mas somente se a aquisição e a organização do novo material são dirigidas por aquilo que já sabemos. Uma vez mais descobrimos que aquilo que já sabemos é que mantém o equilíbrio, que torna a leitura possível.

Há aí uma pista importante que mostra a importância de

proporcionarmos às crianças experiências significativas com atos de leitura,

sejam na escola, sejam em casa, pois estas poderão gerar materiais, que

armazenados na memória a longo prazo, quando ativados, darão ao aluno a

chance de aprender interagindo com o objeto de ensino.

A maioria dos alunos acha fácil compreender um texto, pois para

eles é só ficar prestando atenção, como disse Luka “é fácil se conseguir pensar

só na história”.

Para todos eles é muito bom ouvir histórias.

Aplicando a primeira atividade

Para iniciar a aplicação da primeira atividade, expliquei aos alunos o

que estava fazendo ali e o porquê. Mesmo sendo uma turma cujo nível de

desenvolvimento esta aquém para o esperado para uma turma de 4º Ano do

Ensino Fundamental, eles se empenharam na aplicação de todas as atividades

propostas.

Muitas destas crianças aprenderam a ler no presente ano, mediante

a aplicação de atividades variadas que envolvem a leitura e a compreensão de

texto, partindo sempre que possível do lúdico e usando diferentes gêneros

textuais. De acordo com a professora regente da turma, estes alunos têm

consciência de suas dificuldades, mas participam sempre das atividades.

16

Iniciei as atividades que produzi a partir do livro Condomínio dos

monstros, de Alexandre de Castro Gomes, dos acervos complementares,

considerando o que escreve Inês Sim-sim (2007, p. 5 e 6):

Ensinar a ler é, acima de tudo ensinar explicitamente a extrair informações contidas num texto escrito, ou seja, dar às crianças as ferramentas de que precisam para estratégica e eficazmente abordarem os textos, compreenderem o que está escrito e assim se tornarem leitores fluentes.

A atividade de sensibilização consistiu em uma conversa onde fiz

várias perguntas aos alunos:

Quadro 2 – Atividade de Sensibilização

1) O que é medo?

2) Quem tem medo?

3) Do que vocês têm medo?

4) É bom ter medo? Por quê?

5) Quem tem medo de monstros?

6) Quais monstros vocês têm medo?

7) Quais outros monstros vocês conhecem?

8) Onde eles vivem?

9) Quem quer conhecer uma história de monstros?

10) Será que vocês vão ficar com medo deles? Por quê?

Fonte: Autoria Própria

Os alunos responderam as perguntas, rememorando o que já

sabiam a respeito do que eu propus para eles. Queria que a atividade de

sensibilização tivesse significado e envolvesse os alunos em uma atmosfera de

desejo de saber mais daquilo que eu propunha, ativando os esquemas

cognitivos envolvidos na leitura de mundo e conhecimento prévio, requisitando

da memória de longo prazo os arquivos relevantes e trazendo-os a memória de

trabalho.

Neste sentido, os alunos poderiam ter condições para se envolver

com as atividades propostas e agir/interagir com o objeto de estudo e com os

demais alunos, considerando o que afirma Frank Smith (1988, p. 125):

17

A leitura e, portanto, o aprendizado desta dependem daquilo que já se sabe, daquilo que se consegue fazer sentido. Os professores de leitura ajudam a evitar a sobrecarga na memória de seus alunos quando asseguram que os materiais a serem lidos pelas crianças fazem sentido para elas, e então estas não são forçadas – pelo material ou pela instrução – a engajarem-se em memorizações extensivas e inúteis.

Esta tarefa deu-se de maneira satisfatória, considerando que o

assunto proposto atraiu a atenção da criançada que gosta de falar de monstros

e de seus medos, bem como de contar aqueles “causos” que vivenciaram ou

que ouviram de algum familiar.

Nesta conversa, alguns alunos falaram que todos têm medo. Medo

de monstro, de algum animal, de escuro, de apanhar da mãe. E, monstro é um

“negócio grandão, cheio de pelo.” E alguns disseram que monstro não existe.

Os alunos falaram o nome de alguns monstros como bicho papão, lobisomem,

zumbi, esqueleto.

Quando eu disse que iria contar uma história que tem monstros nela,

os alunos ficaram eufóricos e, muitos deles, deram vivas e gritaram “obaaaa”.

Então eu escrevi o título do livro no quadro de giz: CONDOMÍNIO DOS

MONSTROS. Antes mesmo que eu pedisse, alguns alunos leram Condomínio

dos monstros. Então perguntei o que significava a palavra condomínio. Entre

algumas respostas, “É o lugar onde os monstros moram”, foi a que tinha a ver

com o livro.

Perguntei para os alunos o que poderia acontecer em um livro cujo

título era Condomínio dos monstros, devido à necessidade de estabelecer

previsões sobre o texto. Naquele momento, a previsão estava baseada apenas

em algumas informações disponíveis como suas próprias experiências com

monstros e medos e os conhecimentos que tinham a respeito destes (os

falados e os não falados em nossa conversa), para poder prever o que poderia

acontecer nesta história.

Os alunos não falaram muito, apenas disseram que os monstros

morariam neste condomínio e que iriam assustar as crianças.

Antes de contar a história para eles, propus aos alunos que,

fizéssemos uma brincadeira, na qual eles usariam as hipóteses que formaram

a partir da leitura do título deste livro e da conversa que tivemos. Os alunos

18

novamente gritaram “Oba”, confirmando a importância de seu utilizar o lúdico

para ensinar a ler e a escrever.

Eu disse para os alunos que iria entregar para cada um deles, duas

frases, que poderiam ser verdade ou mentira em relação à história Condomínio

dos monstros. Eles deveriam ler as frases e conversar com o colega, com o

qual formou uma dupla, para ver o que achavam destas: “Eram verdade ou

mentira?”.

Neste momento, apresentei a capa para que os alunos pudessem

observá-la e tivessem uma nova informação a respeito do livro além do título e

das previsões que haviam feito.

Com esta brincadeira, eu queria que os alunos lessem e

compreendessem o que estavam lendo, e, interagisse com seus colegas,

trocando com eles, as informações adquiridas, considerando o que fala Frank

Smith (1988, p. 21):

O entendimento, ou compreensão, é a base da leitura e do aprendizado desta. A que serve qualquer atividade, se a esta faltar compreensão? A compreensão pode ser considerada como o fator que relaciona os aspectos relevantes do mundo à nossa volta – linguagem escrita, no caso da leitura – às intenções, conhecimento e expectativa que já possuímos em nossas mentes.

Eu também queria que acontecesse o que diz Isabel Solé (1998, p.

109):

As crianças se tornam protagonistas da atividade de leitura, não só porque leem, mas porque transformam a leitura em algo seu – o que é que eu penso, até que ponto minha opinião é correta. Aprendem que suas contribuições são necessárias para a leitura e veem nesta um meio de conhecer a história e de verificar as suas previsões.

Os alunos estavam envolvidos neste processo cujo objetivo maior

era compreender a história proposta de uma forma lúdica, como é a essência

de toda criança, e, utilizar eficientemente, a memória, o que, na maioria das

vezes, não acontece nas salas de aula, onde o professor opta por trabalhar

com atividades de leitura que desconsidera toda a dinâmica infantil.

19

O próximo passo foi ver com os alunos quais deles gostariam de

trocar a frase que tinha por outra frase. Algumas crianças quiseram, outras

não.

Sem ler, mostrei as páginas do livro Condomínio dos monstros. Pois

assim, poderiam ver quem eram os personagens desta história. A Maira disse

já ter lido este livro, então pedi para que ela não comentasse o que sabia. Eles

foram observando e dizendo algo sobre os personagens que viam. Eles

conheciam os personagens.

Quando viu determinada página, o aluno Luka gritou “Tia eu tenho

esta frase” e a sua colega Maira, que formava dupla com ele, também quis ler a

tal frase.

Perguntei novamente se algum aluno queria trocar sua frase,

mediante as novas informações que tinham e alguns deles quiseram. Eles

foram até a mesa onde haviam várias frases e escolheram a que queriam,

deixando nesta, a frase que tinham antes.

Queria saber se os alunos estavam processando e organizando as

informações trazidas na memória a longo prazo e aquelas adquiridas no

desenvolvimento das atividades, então perguntei a eles se mudaram de

opinião, a partir do que observaram nas cenas, sobre o que achavam que iria

acontecer nesta história, fazendo uma relação entres os diferentes momentos

vivenciados até aquele momento, e, sugerindo um novo rumo para história que

imaginaram no levantamento de hipóteses...

Os alunos disseram que os monstros iriam fazer uma festa.

Reparti o quadro de giz em duas partes: de um lado escrevi verdade

e, de outro, mentira. Perguntei se todos sabiam o significado das palavras

verdade e mentira. Todos afirmaram que sim.

O próximo passo consistia em que, os alunos lessem, cada um, a

sua vez, a frase que tinham e dissessem se era verdade ou mentira em relação

a história Condomínio dos monstros. Eles também deveriam contar o que leram

na frase com suas palavras.

Eu escrevia a frase lida pelos alunos, no quadro de giz, na coluna

verdade ou mentira, conforme o que falavam. Pedi também para que eles me

ajudassem observando se eu não escreveria nada errado no quadro de giz.

20

Algumas crianças apresentaram dificuldades ao ler a frase que

tinham devido o nível de dificuldade da palavra.

Conversamos sobre a questão da letra maiúscula utilizada para

escrever o nome dos personagens. Quando surgiu a palavra Egito perguntei o

que ela significava. As crianças deram suas sugestões.

Os alunos mostravam-se atentos e interessados. Quando Carlos leu

sua frase, o João falou que esta era sua antes de fazer a troca.

Todos os alunos já haviam lido e dado a sua opinião a respeito de

suas frases. Havia chegado o grande momento, então, apaguei a luz da sala

de aula, como os alunos pediram inicialmente. Todos estavam atentos, eu iria

ler o livro Condomínio dos monstros para eles.

À medida que eu ia lendo, alguns alunos diziam ter acertado a

opinião dada em relação à frase que tinham.

As crianças prestaram muita atenção.

As palavras diferentes que iam aparecendo eram motivo para que eu

perguntasse o que significavam, o que logo havia uma resposta pronta.

Também aproveitei para ver se realmente os alunos estavam

usando a sua memória de curto prazo, fazendo algumas perguntas a respeito

da página que acabava de ler, as quais eles respondiam prontamente.

Toda esta história aconteceu porque a Múmia queria dormir por mil

anos e não conseguia por causa da barulheira causada pelos monstros que

moravam no condomínio dos monstros. Então conversamos sobre isto e os

alunos puderam perceber, com a leitura, se era verdade ou não, tudo o que

disseram quando estabeleceram previsões sobre o texto.

Falei para os alunos que, naquele momento, todos nós conhecíamos

a história Condomínio dos monstros, e que, assim, poderíamos ler as frases

escritas no quadro de giz, para verificar se elas foram classificadas

corretamente.

Novamente, os alunos leram as frases e conversamos sobre o fato

delas terem sido classificadas corretamente ou não. Eu apaguei aquelas que

estavam classificadas errado, em relação à história Condomínio dos monstros.

Os alunos então copiaram as frases que ficaram escritas no quadro de giz e

que eram verdade.

21

Nossa tarefa estava quase no fim, mas antes os alunos deveriam

dizer o que era um fato, citando alguns ocorridos na história Condomínio dos

monstros. Eles também deveriam falar o significado da palavra opinião e falar

a opinião que formaram ao trabalhar com o livro Condomínio dos monstros.

Os alunos produziram frases que representavam fatos ocorridos na

história Condomínio dos monstros, escrevendo-as na tabela, colocando-as, na

coluna Fato. Na frente, na coluna Opinião sobre o fato, eles deveriam produzir

uma frase que indicava uma opinião sobre aquele fato. Os alunos leram suas

frases para seus colegas.

Aplicando a segunda atividade

Escolhi trabalhar com uma fábula fatiada para desenvolver a minha

segunda atividade, pois é um texto interessante que sempre chama a atenção

dos alunos. Sabemos que o nível de atenção é um dos requisitos básicos para

que os esquemas cognitivos sejam ativados, fazendo-lhes retirar da memória

de longo prazo os arquivos adormecidos ou conhecimentos relevantes, para

usá-los, na forma de conhecimento prévio, buscando construir uma leitura

significativa para eles.

Para iniciar, desenvolvi a atividade de sensibilização fazendo

algumas perguntas para os alunos:

Quadro 3 – Atividade de Sensibilização

1) Vocês já passaram por alguma situação em que correu algum perigo?

2) Como e onde foi?

3) O que vocês fizeram?

4) Alguém ajudou vocês?

5) Quem?

Fonte: Autoria Própria

Para Frank Smith (1988, p. 22 e 23):

O que possuímos em nossas cabeças é uma teoria sobre como é o mundo, uma teoria que é a base de todas as nossas percepções e compreensão do mundo, a raiz de todo o

22

aprendizado, a fonte de esperanças e medos, motivos e expectativas, raciocínio e criatividade... Se podemos extrair sentido do mundo, isto ocorre devido a interpretação de nossas interações como mundo, à luz de nossa teoria... Somente posso extrair sentido do mundo em termos do que já sei.

Portanto, queria saber o que e como esses alunos pensavam a

respeito do que lhes propunha e, assim, que eles encontrassem um sentido no

texto que iríamos trabalhar.

Os alunos contaram algumas histórias vividas por eles ou por

alguém conhecido em que passaram por uma situação difícil.

A história contada pelo aluno Jean apresentou um fato que lembrava

outra fábula conhecida. Então perguntei aos alunos que fábula seria esta. Eles

falaram o pastor mentiroso. Embora não tivessem falado nome certo, que seria

O pastor e o lobo, eles também se lembravam da história. Conversamos sobre

o que aquela fábula nos ensinava.

À medida que os alunos iam contando suas histórias, eu ia

perguntando algo que ficava obscuro para mim em suas narrações.

Mediante o envolvimento dos alunos, falei para eles como eram

espertos, pois sempre quando eram questionados, eles sempre tinham algo a

contar. Procurei incentivá-los, falando da importância deles valorizarem o que

sabiam, pois eles sabiam muito. Na maioria das vezes vemos que “O incrível

poder de cada cérebro é frequentemente ignorado, se existe uma ênfase nas

‘fraquezas’ ou ‘incapacidades’” (Frank Smith, 1989, pág. 31).

O aluno Francisco falou que seu avô havia visto uma anaconda. O

aluno Luka disse que não era anaconda, era uma sacuri. João logo corrigiu

Luka, dizendo ser uma sucuri. Francisco continuou contando sua história: “É

uma sucuri gigante. Meu avô estava andando no mato, que ele morava na

roça, e viu uma sucuri. A sorte foi que ela não viu ele e ele saiu correndo de

medo porque ela já ia virá pavê”.

Falei para os alunos que iríamos trabalhar com uma fábula e pedi a

eles que dissessem o que sabiam sobre fábulas. Eles não souberam

responder. Então, falei que a fábula era uma história, geralmente contendo

animais como personagens, que ensinava algo para nós.

23

Saber com qual tipo de texto se vai trabalhar, é importante para os

alunos porque facilita, possibilitando que eles imaginem o que poderá

acontecer em tal história, porque todas as histórias, como esta, têm um script a

ser seguido. E assim, essa previsão trará um significado potencial para o texto,

possibilitando, prever, compreender, experimentar e desfrutar do que lemos.

A previsão abre nosso cérebro para o provável e desconsidera o

improvável, limitando o número de alternativas com que ele terá que se

preocupar, possibilitando o mais rápido reconhecimento das informações.

Os alunos já sabiam que iriam trabalhar com uma fábula. Então, falei

para eles que nesta fábula um dos personagens era um burro. Perguntei o que

sabiam sobre o animal burro.

Carlos falou “tem gente que chama as pessoas de burro e o animal

que é o burro é um animal inteligente”.

Perguntei ao Carlos por que ele achava que o burro é inteligente.

Ele respondeu que “ele (o burro) tem caráter, ele sabe fugir das coisas”.

Perguntei para ele o que significava ter caráter.

Outros alunos também opinaram sobre o burro, atribuindo-lhes

alguns adjetivos que eram exemplificados através de alguma história que

conheciam.

Perguntei o que sabiam sobre o animal lobo, uma vez que, ele

também fazia parte desta fábula. Os alunos falaram que o lobo é um animal

mau e contaram histórias relacionadas a ele.

Escrevi o nome da fábula O lobo e o burro que iria contar para eles

no quadro de giz. Perguntei para os alunos o que eles imaginavam que poderia

acontecer em uma história que era uma fábula e tinha tal título.

Estabelecer previsão de texto, que eu acabara de propor aos alunos

e que sempre se baseia nos aspectos do texto como superestrutura, título,

ilustrações, naquele momento, tinha como suporte o título, as experiências, ali

expostas por eles, e os conhecimentos que tinham sobre aqueles animais para

entrever o conteúdo do texto que haveriam de conhecer ainda.

Como havia notado que alguns alunos falavam menos que os

demais, direcionei a pergunta para estes alunos.

24

A atitude de ficar quieto escondia, uma real incapacidade para

interagir com o grupo, expondo o que sabiam, talvez por não conseguir

selecionar informações que deveriam ser julgadas necessárias, comprovando a

dificuldade que muitas pessoas têm para usar a memória a longo prazo, como

expõe Frank Smith, ou seria apenas um desinteresse.

Destes alunos, duas meninas disseram não saber responder a

pergunta feita por mim, nem quando eu tentei questioná-las um pouco mais. Os

outros alunos quietos disseram que o lobo queria matar o burro e vice-versa,

que o burro iria dar um coice no burro.

Conversei sobre a importância de expor o que pensamos sem medo,

pois como expõe Izabel Solé, fazer previsões ou formular hipóteses, expõe

correr riscos acreditando que isso é possível, pois todos respeitarão o que será

falado e, com a leitura, podemos comprovar se é verdade ou não tudo o que

disseram.

Pelo que eu havia observado, havia um clima de respeito entre os

alunos. Muitos deles gostavam muito de falar, de contar as histórias vividas ou

ouvidas. Enquanto, a minoria tinha por hábito, apenas ouvir.

Outros alunos deram sua opinião a respeito do que achavam que iria

acontecer naquela história: “Eles vão brigar. Uma vai salvar o outro. O lobo vai

matar o burro.”. Houve aluno que achou impossível um salvar o outro, mediante

o que sabiam de burros e de lobos.

Então propus a eles conhecer esta fábula, através da leitura da

mesma, considerando que o significado daquelas informações que eles iriam

conhecer não estava no texto, mas na interação deles com as informações

relevantes já existentes na memória. E, era para isso, que eu tinha até aquele

momento, através das conversas e questionamentos, me empenhado para

acontecer.

Entreguei para os alunos a fábula fatiada para que pudéssemos ler

todos juntos. Além de fatiada, a fábula apresentava-se com parágrafos

desordenados.

Ao final da leitura desta fábula, perguntei se alguém saberia falar o

que aconteceu nesta história.

25

O Caio disse “O burro fingiu que tinha um espinho na pata dele, daí

o lobo foi atacar. Ele deu um coice no lobo e o lobo ficou todo dolorido.”.

Embora a fábula apresentasse parágrafos desordenados, o que é

um aparente obstáculo à compreensão do texto, ele havia conseguido

selecionar, organizar e processar as informações as quais ele havia lido.

Perguntei aos demais alunos se eles concordavam. Apenas, Jean

pensou que o burro havia mesmo pisado no espinho. Perguntei aos alunos se o

burro havia pisado de verdade no espinho. Elas disseram que não.

Falei para os alunos que essa história tinha um problema muito

sério. Perguntei quem saberia dizer que problema seria esse. Darcy disse que

ela está embaralhada.

Então, o que deveria ser feito para resolver este problema, indaguei.

Os alunos falaram que deveriam cortar e colocar as frases em ordem. Foi o

que fizeram.

Após as frases terem sido recortadas, falei para os alunos que eu

iria ler os parágrafos para que eles achassem, entre aqueles que estavam

recortados, aquele que eu estava lendo.

Após ler o primeiro parágrafo, pedi aos alunos que contassem com

suas palavras o que estava sendo falado nele. Assim o fizeram, bem como,

numeraram este parágrafo. O mesmo foi feito para encontrar e numerar os

demais parágrafos.

Pedi também que, ao recontar este parágrafo, fossem além do que

podiam ler, imaginando tudo o que poderia ter ocorrido durante a cena que

estava transcrita neste parágrafo.

Nesta fábula, havia um único parágrafo que representava uma fala.

Perguntei aos alunos por que aquele era um parágrafo diferente. Eles disseram

que era um parágrafo que representava a fala do burro. Analisamos as

características daquele parágrafo.

Após lermos e comentarmos o parágrafo sete, o Luka falou “viu o

que é que dá xeretar a vida dos outros”. Então, Luiz retrucou “uai mais o lobo

estava com fome”.

Conversamos sobre a maldade de alguns animais. Alguns

concordaram que ela representava uma necessidade de sobrevivência, outros

26

continuaram achando que havia maldade mesmo no ato de alguns animais,

demonstrando a teoria de mundo que eles tinham, da qual fala Frank Smith,

expressa pela perplexidade que atinge aqueles que não encontram algo, a qual

possa se relacionar em sua mente, deixando de fazer sentido para ele. Ou

seja, certamente as experiências vivenciadas por estes alunos eram aquelas

que mostravam sempre um lobo mau.

Ao chegar à parte da fábula que indicava a moral, perguntei aos

alunos o que ela representava. O Luiz falou “Moral é o que a gente tem que

sacar”. Os demais alunos entenderam que a moral representava o que a

história estava ensinando.

Propus aos alunos ver se todos tinham numerado o texto

corretamente. Então, pedi a alguns alunos que lessem cada um dos parágrafos

desta fábula. Esta tarefa tinha sido feita coerentemente por todos.

Então, perguntei aos alunos se o que haviam previsto antes de

conhecerem a fábula havia sido confirmado. Eles disseram que algumas

previsões haviam sido confirmadas, dizendo quais eram.

O próximo passo era realizar a brincadeira Qual é a resposta certa?,

onde os alunos usariam as partes da fábula para responder as perguntas

propostas.

Embora todo o tempo tenha lutado para que a leitura tenha

significado para os alunos, também tinha em mente, a necessidade de ajudar

alguns deles a superarem a dificuldade em decodificar o que liam. Daí a

constante, leitura e releitura, individual ou coletiva, propostas nas atividades as

quais criei e apliquei.

Entreguei para cada um deles uma folha que continha a brincadeira

Qual é a resposta certa?. Lemos juntos a explicação do que teria que se fazer

nesta brincadeira. Pedi a eles que recontassem com suas palavras o que era

para se fazer.

Pedi a um aluno para ler a primeira pergunta e contar o que ela

estava pedindo. Os alunos teriam que achar, entre os parágrafos recortados,

da fábula O lobo e burro, aquele que representava a resposta desta pergunta.

27

Após colar as respostas das perguntas contidas na folha xerocada,

recolhi-as e entreguei-as para outro aluno. Os alunos deveriam um corrigir a

atividade de outro.

Para corrigir, propus o seguinte a eles: eu leria a pergunta e pediria

que um aluno lesse a resposta que estava naquela folha que ele estava

corrigindo.

Parecia fácil, mas não era. O aluno não estava mais com sua folha.

A resposta que ele iria ler poderia estar errada. Mas, ele tinha que ler aquela

resposta assim mesmo. Muitos deles ficavam meio inseguros de ter que ler a

resposta que tinham em mãos, pois era diferente daquela que haviam colado

na sua folha.

À medida que eu ia fazendo as perguntas, os alunos iam

respondendo e os demais alunos concordavam ou não com a resposta dada.

Para completar a brincadeira, os alunos deveriam anotar os pontos:

se o aluno tivesse acertado, marcava-se 100 pontos, e, se tivesse errado,

marcava-se zero. Ao devolver a folha para o dono, este deveria verificar se a

soma de seus pontos havida sido feita corretamente.

A folha xerocada da atividade Qual é a resposta certa? continha um

lugar para anotar o nome do aluno que havia feito esta atividade e outro lugar

para anotar o nome do aluno que havia corrigido. Isto se deve ao fato de que,

os alunos, precisavam entender a importância de se fazer bem o que estavam

fazendo, com responsabilidade.

Ao final anotei os pontos de cada equipe no quadro de giz, na tabela

que havia desenhado ali. Falei para os alunos que poderíamos saber, mesmo

antes de somar, quem havia ganhado a brincadeira.

Então, perguntei aos alunos como faríamos para descobrir quem

ganhou sem somar os pontos. Entre várias respostas, a do Darcy foi à correta

“Porque os números da equipe Verde eram maiores”.

Para finalizar a atividade, perguntei para os alunos o que puderam

aprender com esta história. Alguns alunos deram sua opinião.

28

A Leitura com um olhar interativo

Sendo a leitura um processo interativo, a relação ente o texto e o

leitor, tem que ser uma relação dialética, onde, a partir do texto lido e de seus

esquemas de conhecimento, o leitor passa a interpretá-lo, construindo um

significado para este texto. Esse novo significado, por sua vez, permite-lhe

recriar, modificar, elaborar e incorporar novos conhecimentos em seus

esquemas mentais, provocando uma reestruturação do sistema de conexões

anterior, e, assim, cada nova informação atualiza não só o que se aprende,

mas também as formas por meio das quais se aprende. Estes esquemas de

conhecimento, definidos como as estruturas mentais que o sujeito constrói na

interação com o ambiente, e que organizam seu conhecimento e o modo de

usá-lo, são formados e usados durante toda a vida das pessoas, servindo-lhes

em todas as situações, permitindo-lhes prever, contrastar e interpretar qualquer

informação. De acordo com Colomer e Camps (2002, p.36):

Para ser realmente compreendida, uma informação deve integrar-se nesses esquemas, estabelecendo as conexões pertinentes com o que já se conhecia sobre esse campo da experiência.

Nessa relação dialética, entre leitor e texto, o texto criado por seu

autor ganha novas significações mediante o fato de que, cada sujeito,

apresenta o que Frank Smith chama de Teoria de Mundo, e, sobre o qual

também escreve Gloria Inostroza de Celis (1996, p. 37):

(...) toda compreensão surge do que já conhecemos e identificamos com a linguagem. Portanto, somente a partir do conhecido podemos ‘explicar’, com sentido, o que acontece ao nosso redor.

Os alunos têm que saber o que estão fazendo e o porquê estão

fazendo isto, os objetivos de leitura têm que estar bem claro para eles, para

que aprendam, assim, que lemos por vários motivos, aos quais, exige de nós, o

uso de estratégias que facilitarão o desenvolvimento da compreensão leitora.

De acordo com Isabel Solé (1998, p. 93-101), podemos ler para obter uma

informação precisa, ler para seguir instruções, ler para obter uma informação

de caráter geral, ler para aprender, ler para revisar o próprio escrito, ler por

29

prazer, ler para comunicar um texto a um auditório, ler para praticar a leitura

em voz alta, ler para verificar o que se compreendeu. Os alunos precisam

entender que estão envolvidos em atos de leitura cujo objetivo é a construção

de conhecimento ou de busca e elaboração de informações, como disse Isabel

Solé, é para cobrir uma necessidade de saber.

O professor deverá usar materiais que tenham sentido para o aluno,

promovendo situações reais de aprendizagem, considerando como seus alunos

aprendem, que a leitura e seu aprendizado deverão ser atividades

essencialmente significativas, dependendo do conhecimento anterior e das

expectativas do leitor. Ele, também, deverá prever a necessidade de

intervenções específicas junto aos alunos, que contribuirão para o

desenvolvimento melhor e mais rápido das capacidades e habilidades

envolvidas no ato de ler.

De acordo com Inês Sim-Sim (2007, p. 9):

O ensino da compreensão da leitura tem de incluir, portanto, estratégias pedagógicas direcionadas para o desenvolvimento do ‘conhecimento linguístico’ das crianças, para o alargamento das vivências e ‘conhecimento’ que possuem sobre o ‘Mundo’ e para o desenvolvimento de competências específicas de leitura.

Faz-se necessário, o ensino explícito de estratégias de

compreensão (antes, durante e depois da leitura do texto), porque, como diz

Isabel Solé (1998, p.72-73):

(...) queremos formar leitores autônomos, capazes de enfrentar de forma inteligente textos de índole muito diversa, na maioria das vezes diferentes dos usados durante a instrução... Assim, o ensino de estratégias de compreensão contribui para dotar os alunos dos recursos necessários para aprender a aprender.

Para ela, o ensino das estratégias de leitura permite o aluno a

aplicar seus conhecimentos prévios, a fazer inferências e a identificar e

esclarecer o que não entende, colaborando também, para o desenvolvimento

da metacognição.

30

Iniciando o trabalho de leitura para a construção de um leitor competente:

a seleção dos textos

Ao selecionar os textos a serem trabalhados, o professor deverá

estar atento a necessidade da familiarização dos alunos com os textos variados

que podem ser classificados levando-se em conta a função de linguagem que

neles predomina e de acordo com a trama, ou seja, as diversas estruturações,

as diferentes configurações dos textos (Kaufman e Rodríguez, 1988). De

acordo com a função de linguagem, podemos classificar os textos em

informativo, literário, apelativo e expressivo. A narrativa, a argumentação, a

descrição e a conversação são as classificações feitas na trama, “isto é, os

diversos modos de estruturar os recursos da língua para veicular as funções da

linguagem.” (Kaufman e Rodríguez, 1988, p. 16).

É importante que o professor leve em consideração o aluno-leitor,

pois, de acordo com Braga e Silvestre (2009, p. 21):

(...) só lemos o que tem significado, o que é importante ou o que é necessário... A leitura não é algo passivo, depende da interação texto-leitor, momento também em que o leitor e o autor se aproximam por meio de texto.

O professor precisa, obrigatoriamente, envolver o aluno com o texto

escolhido para poder atingir sua intenção de leitura, mostrando a ele,

explicitamente, como trabalhar com o texto, quais são as estratégias úteis para

a aprendizagem, em cada momento, que compõe o trabalho com gêneros

textuais.

O trabalho com a diversidade de gêneros textuais possibilita as

crianças familiarizar-se com as características de cada um deles, de acordo

com a sua função ou com a sua trama, enriquecendo suas experiências e

favorecendo a compreensão leitora uma vez que, saber qual tipo de texto irá

ler, ativa os conhecimentos prévios referentes a ele, limitando as possibilidades

e favorecendo a compreensão.

Textos longos demais ou curtos demais, textos cujo nível do

vocabulário nele encontrado é complexo, textos cujas possibilidades de fazer

inferências são limitadas ou muito difíceis, textos com restrição de informações

ou com informações em excesso, textos em que é praticamente impossível

31

usar os conhecimentos prévios, deverão ser evitados, pois em nada

contribuirão para o desenvolvimento da compreensão leitora. De acordo com

Colomer e Camps (2002, p. 101):

O professor deverá prever, portanto, uma gradação dos textos literários e não literários mediante os quais quer fazer com que seus alunos avancem, partindo, naturalmente, dos que lhes são mais próximos e baseando-se nos conhecimentos que têm em cada momento.

Da leitura do mundo a leitura da palavra: o conhecimento prévio

Antes mesmo de entrar em contato com o texto, de acordo com

Braga e Silvestre, o professor deverá realizar estratégias que deem a

oportunidade de ativar os conhecimentos prévios ao aluno-leitor, mediante

habilidades de investigação como adivinhar, formular hipóteses, fazer

previsões, buscar alternativas, selecionar possibilidades, imaginar.

Podemos agrupar os conhecimentos prévios que o leitor utiliza em

dois grupos, sendo eles, os conhecimentos sobre o escrito e os conhecimentos

sobre o mundo. Os conhecimentos sobre o escrito representam aqueles

conhecimentos (fonológicos, sintáticos, semânticos) que o aluno traz consigo

referentes a escrita propriamente dita, a relação entre palavras/ frases/ texto e

a finalidade do gênero textual. São habilidades referentes a decodificação do

escrito, a formação de frases, aos conhecimentos da finalidade do texto, do

conhecimento do seu script, entre outras. Os conhecimentos sobre o mundo

são aqueles que se referem aos esquemas cognitivos formados nas diversas

experiências vivenciadas por cada aluno e que, arquivados na memória a longo

prazo, vêm à tona, quando requisitados. Sobre isto, Inês Sim-Sim (2007, p. 8)

escreve: “A compreensão beneficia, por isso, da experiência e do

conhecimento que o leitor tem sobre a vida e sobre o Mundo e também da

riqueza lexical que o leitor possui.”.

Frank Smith nos fala que, além do termo conhecimento prévio,

poderemos usar o termo informação não visual, para nos referir a estes

conhecimentos que trazemos em nossas mentes durante todo o tempo e que

formam o que ele chama de Teoria de mundo, a partir da qual ocorre o

conhecimento. Estes conhecimentos prévios ou informações não visuais é que

32

nos permitem extrair sentido da informação visual (texto) que podemos ver

através de nossos olhos. É a partir dessas interações com o mundo que

acontece a aprendizagem, pois nós só aprendemos a partir do que temos em

nossa mente, que nos permite tirar sentido do mundo e para ele. Para Frank

Smith (1988, p. 23): “Qualquer coisa que eu não possa relacionar à teoria do

mundo em minha mente, deixará de fazer sentido para mim. Ficarei perplexo e

confuso.”.

Os conhecimentos prévios nos permitem fazer previsões que nos

ajudará a projetar possibilidades, direcionando nosso pensamento para o que é

provável acontecer, tornando escassas as alternativas com as quais o cérebro

deverá lidar, possibilitando uma melhor compreensão.

Sem esta condição prévia do aluno é impossível desenvolver a

capacidade da compreensão leitora, uma vez que, tendo o cérebro a

necessidade de trabalhar com informações não visuais (ou conhecimento

prévio), perderia muito tempo, atendo-se a informações visuais, que se

baseiam no que o olho vê, prejudicando assim, a possibilidade de compreender

o que ele lê. Ou seja, se antes de começar a leitura os conhecimentos prévios

foram ativados, limitamos as informações com que o cérebro tem que lidar, ele

saberá qual caminho irá trilhar para chegar a compreensão do que será lido, é

claro, se puder encontrar nos esquemas cognitivos algo que se relacione com o

que está lendo. Por isso, é importante a utilização de estratégias em todo o

processo de aprendizagem da compreensão de texto, ou seja, antes, durante e

depois da leitura. Lemos utilizando muito mais as informações não visuais do

que as visuais. As informações não visuais permitem que aconteça uma leitura

usando significados, o que não acontece quando usamos apenas as

informações visuais, pois estas se atêm apenas no que estão vendo.

O aluno, ao estabelecer previsões sobre o texto, deverá, baseando-

se nos conhecimentos prévios ou informações não visuais, imaginar o que

poderá acontecer neste. Portanto, ele não poderá em um texto cujo título é O

lobo e o burro, imaginar que haverá nesta história um burro que sabe voar ou

que o lobo sabe cantar, uma vez que, todos sabem que burros não têm asas e

lobos não cantam. É uma questão de usar as informações não visuais ou os

conhecimentos prévios que temos sobre estes animais, que são organizadas

33

em categorias, de acordo com Frank Smith, e que se inter-relacionam com

outras categorias, utilizando aquelas que melhor correspondem a necessidade

daquele momento. Por exemplo, ao pensarmos em um burro poderemos ver

que ele apresenta-se classificado em diversas categorias, que serão utilizadas

de acordo com a necessidade. Ao ler o texto O lobo e o burro, saber que a

palavra burro é um substantivo, poderá não fazer a menor diferença, mas saber

algo sobre o seu comportamento, poderá ser muito útil. Isto faz com que

tenhamos segurança ao ler o texto, pois não seremos surpreendidos por uma

sobrecarga de informações, tampouco, por uma surpresa desagradável.

Quando falamos em conhecimento prévio não podemos deixar de

mencionar a memória a longo prazo e a memória de trabalho ou a curto prazo

que são fundamentais no desenvolvimento da compreensão leitora.

Frank Smith (1988, p. 114-115), nos fala que:

A memória a curto prazo é a memória ‘funcional’, uma memória ‘intermediária’,onde você retém à beira de sua mente o que está dando atenção em determinado momento. Até onde importa a linguagem, os conteúdos da memória a curto prazo são geralmente as últimas palavras que você leu ou escutou, ou os últimos pensamentos que você teve em mente... A memória a curto prazo é o que quer que estejamos pensando ou desejando no momento, e se nossa atenção é desviada para algo diferente, o conteúdo original é perdido.

A memória a longo prazo recebe as informações da memória a curto

prazo e as armazena, tudo o que faz parte dela, representa nosso

conhecimento contínuo sobre o mundo. De acordo com Frank Smith (1988, p.

117): “Não foi descoberto qualquer limite para a quantidade de armazenamento

na memória a longo prazo.”. Ele (1988, p. 118), também nos diz que:

O sucesso na recuperação de algo na memória a longo prazo depende dos indícios que podemos encontrar para obter acesso a ela, e no modo como está organizado na memória a longo prazo em primeiro lugar. Basicamente, tudo depende do sentido que damos ao material quando originalmente o colocamos na memória.

Tanto a memória a longo prazo como a memória a curto prazo têm

suas limitações, e, uma delas, que muito nos importa, é a questão do

significado. Para armazenar uma informação nelas, é bem mais fácil se, por

34

exemplo, as letras, números, frases, aos quais são capturados por nossos

olhos, tenham algum significado, do contrário, na memória a curto prazo estas

poderão ser perdidas a qualquer desvio de atenção sem terem sido

memorizadas. Em relação a memória a longo prazo, tais letras, números,

frases levarão muito mais tempo para serem armazenadas, sendo que, poderá

até acontecer de isso não ocorrer. Frank Smith (1988, p. 121) nos fala que:

Devemos nos acostumar com a noção de que o significado não depende de palavras específicas... Quando retemos uma sequência significativa de palavras na memória – tanto na de curto prazo quanto na de longo prazo – não estamos, primeiramente, armazenando as palavras, mas, em vez disso, o significado que lhes atribuímos. ‘Significado’ é a unidade maior e mais eficiente da análise que podemos trazer, a partir daquilo que já sabemos e do que estamos tentando ler (ou ouvir) e entender.

Por isso, torno a falar, da necessidade da escolha de um material de

leitura que faça sentido e seja adequado para os alunos, bem como a utilização

de estratégias de leitura que lhes permitirão ter a chance de desenvolver as

habilidades referentes a compreensão leitora.

Lendo o texto: construindo a compreensão

Ler é mais do que um simples ato mecânico de decifração de signos

gráficos, é antes de tudo um ato de raciocínio. No momento em que o aluno lê,

ele entra em contato com o texto, estabelecendo relações entre o novo (texto)

com o conhecido (os seus conhecimentos prévios), iniciando um diálogo que

pretende levar o aluno a compreensão do lido. Podemos definir esta

compreensão do texto como a capacidade do aluno de elaborar um resumo

que expressa seu significado global de forma sucinta.

Ler não é uma tarefa fácil, principalmente, se o professor não

conseguiu envolver o aluno até este momento, fazendo-o sentir necessidade

de saber o que está escrito ali, se o que ele imaginou realmente vai acontecer.

Neste momento da verificação das previsões estabelecidas antes da leitura, o

aluno define o que é essencial no texto e o que pode ser considerado como

secundário.

35

O ato de ler envolve a capacidade de fazer inferências, que é

entendida aqui, como define Marcuschi, (2008, p. 249):

(...) processos cognitivos nos quais os falantes ou ouvintes, partindo da informação textual e considerando o respectivo contexto, constroem uma nova representação semântica. Para tanto, será necessário ter clareza não apenas em relação ao que se deve entender por informação, mas também o que vem a ser contexto. Diante do exposto, pode-se dizer que as inferências introduzem informações por vezes mais salientes que as do próprio texto.

Inferir informações em um texto pressupõe a produção de sentido

que não se dá pela decodificação da informação lida, mas pela construção de

relações que considera todo o conhecimento que existe em sua mente, usando

o raciocínio.

A leitura é considerada como uma atividade metacognitiva

(capacidade de refletirmos sobre se sabemos algo, se estamos aprendendo ou

se cometemos um erro), principalmente, para os leitores experientes, mas para

alunos que não sabem ler de maneira adequada, é deficitária. Ainda mais para

estes alunos, faz-se necessário a leitura como atividade frequente, para que

eles percebam a sua importância no seu desenvolvimento, bem como

percebam a importância de saber para que ela serve, considerando a

sociedade na qual estamos inseridos.

O aluno deverá saber que, para ser um leitor competente, ele terá

que aprender a usar estratégias que o ajudarão na compreensão do texto.

Estratégias que, segundo Isabel Solé (1998), o professor deverá utilizar, pois

são responsáveis pela compreensão e são destinadas a comparar e a

relacionar o conhecimento prévio à informação abordada pelo texto, sendo

elas, ler, resumir, solicitar esclarecimentos e prever, não tendo, para tanto, uma

sequência rígida a ser seguida.

Saber ler exige do aluno que ele esteja preparado para lidar com

alguns obstáculos como a não compreensão de alguma parte do texto ou não

entender alguma palavra. Para tanto, ele poderá usar conscientemente

estratégias que foram ensinadas pelo professor e que são capazes de ajudá-lo

a lidar de forma satisfatória com os problemas em questão. Neste sentido,

36

desenvolver a capacidade de fazer inferência possibilita encontrar no texto, a

resposta para o significado de uma palavra desconhecida, por exemplo, porque

o contexto em que esta palavra está inserida, proporciona entendermos qual

significado o autor usou naquele trecho.

As dificuldades que as crianças podem apresentar em sua leitura

são de dois tipos, de acordo com Isabel Solé (1998, p. 126), problemas de

decodificação ou pausas e dúvidas. Isto acontece pela incompreensão do lido o

que causa a incapacidade de dar um sentido ao texto, resumindo-se a mera

decodificação.

Um leitor deve ser capaz de utilizar a informação não visual para

evitar ser invadido pela informação visual observada pelos olhos, pois de

acordo com Frank Smith, há um limite de informações que o cérebro consegue

manusear, a cada momento. E, isto pode acontecer tanto com leitores

inexperientes como com leitores experientes. Por isso, torno a falar, da

necessidade de selecionar bem os textos, aos quais, o professor pretende

propor aos alunos, e, de ativar os conhecimentos prévios, fazendo previsões

que eliminam o improvável e facilitam o trabalho do cérebro que está sempre a

busca de significados.

De acordo com Isabel Solé (1998), o ato de ler proporciona

comprovar se é verdade ou não tudo o que os alunos disseram quando,

usando os conhecimentos prévios, estabeleceram as previsões sobre o texto.

Ela também fala que as crianças se tornam protagonistas da atividade de

leitura, não só porque leem, mas porque transformam a leitura em algo seu – o

que é que eu penso, até que ponto minha opinião é correta e tudo isso ocorre

dentro de uma esfera de respeito entre os alunos.

Atividades pós-leitura: a contínua busca pela compreensão

Para Isabel Solé (1998), poderemos usar algumas estratégias como

a identificação da ideia principal, elaboração de resumo e formulação e

resposta de perguntas, após a leitura do texto, sendo que, nada impede, de

utilizá-las durante a leitura.

Encontrar a ideia principal de um texto não é uma tarefa muito fácil,

principalmente, considerando que o que é principal para as crianças, não

37

coincide muito com o que é principal para os adultos. O que pode causar tal

fato é que as crianças não conseguem identificar marcas linguísticas deixadas

no texto pelo autor, por ter um conhecimento de mundo e experiência social

aquém das dos adultos. Para Isabel Solé (1998, p. 138):

Consideramos que a ideia principal resulta da combinação entre os objetivos de leitura que guiam o leitor, entre os seus conhecimentos prévios e a informação que o autor queria transmitir mediante seus escritos. Entendida deste modo, a ideia principal seria essencial para que o leitor pudesse aprender a partir de sua leitura e para que pudesse realizar atividades associadas a ela, como tomar notas ou elaborar um resumo.

Para ela, identificar a ideia principal é algo que dever ser ensinado,

usando estratégias e a partir da demonstração de modelos, que acontece

quando o aluno vê como o professor, por exemplo, faz quando têm que

estabelecer esta ideia principal de um texto.

O resumo, entendido aqui, como a expressão do conteúdo global de

um texto e de seus pontos essenciais, deverá transformar o conhecimento do

aluno, sendo que, para acontecer, exige que o leitor utilize quatro regras, sendo

elas, omitir, selecionar, generalizar e construir ou integrar. As regras de

omissão e seleção permite ao leitor omitir as informações irrelevantes em

nossa leitura e as regras de generalização e construção ou integração, permite

a ele elaborar uma nova informação que substitui a anterior. Para resumir um

texto, temos que omitir algumas informações encontradas nele, consideradas

pouco importantes ou redundantes, e, substituir conceitos ou proposições por

outros que possuem o mesmo significado. Tudo isto deverá ser feito sem se

afastar da essência do texto. Nesta situação, o professor também deverá

colocar-se como modelo para que os alunos possam ter a oportunidade de

vivenciar experiências significativas, que o ajudarão a fazer esta tarefa com

outros alunos, e com o tempo, de forma autônoma. De acordo com Isabel Solé

(1998, p. 147):

O resumo exige a identificação das ideias principais e das relações que o leitor estabelece entre elas, de acordo com os seus objetivos de leitura e conhecimentos prévios.

38

Ensinar a formular e a responder a perguntas sobre um texto é uma

estratégia essencial para uma leitura ativa. Tal estratégia para ser aprendida,

também, necessita que os alunos vivenciem experiências em que assistam ao

que o professor faz. O professor deverá permitir aos alunos, vivenciar

experiências as quais, eles possam demonstrar que compreenderam

verdadeiramente o que leram. Tais perguntas devem ser coerentes como o

objetivo perseguido durante a leitura, não se restringindo a procura de detalhes

deste. De acordo com estudos realizados, um aluno poderá não compreender

um texto e, mesmo assim, responder perguntas referentes a ele. Tal estratégia

deverá servir para que o professor possa avaliar se os alunos estão ou não

compreendendo o texto, a partir do paradigma de que a compreensão é

inferência e não somente decodificação do lido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com Inês Sim-Sim (2007, p. 5 e 6):

Ensinar a ler é, acima de tudo ensinar explicitamente a extrair informações contidas num texto escrito, ou seja, dar as crianças as ferramentas de que precisam para estratégica e eficazmente abordarem os textos, compreenderem o que está escrito e assim se tornarem leitores fluentes.

O professor tem que, sempre ter em mente, que a escola prepara

para a vida, e não para a própria escola, portanto, é fundamental que, ele

ofereça a seus alunos, uma variedade de gêneros textuais, que poderão

proporcionar situações reais de aprendizagem, onde eles poderão aprender a

usar diferentes estratégias que, com o tempo, serão incorporadas aos seus

esquemas mentais, e, sendo assim, eles passarão a usá-las, como nós leitores

experientes fazemos, como se tivessem no piloto automático.

É fato que criança gosta de ler e ouvir história. Então, o professor

precisa aproveitar-se deste fato, usando-o a favor da construção de leitores

competentes, pois sabemos que esta tarefa cabe, fundamentalmente, a escola,

sobretudo nos setores mais pobres, tendo em vista que, o contato das famílias

39

destas crianças, com atos de leituras, se restringe basicamente a obrigações.

Apesar disso, a maioria das crianças reconhece a importância de saber ler. O

que também é outro fato importante e que, se bem aproveitado pelo professor,

poder ajudar no desenvolvimento da compreensão leitora.

Cabe ao professor, que compreende que a leitura não é só um meio

de adquirir informação, mas é algo que, se conquistado plenamente, dá

autonomia e independência, gera autoconfiança, promover atividades que

sejam capazes de envolver os alunos, atividades que respeitam a dinâmica

infantil, envolvendo a ludicidade, pois eles gostam disso, embora muitas vezes

apresentem dificuldades.

Ao finalizar e analisar as entrevistas dos alunos, conclui que:

Os alunos gostam de ler e ouvir histórias;

Muitos alunos sabem que saber ler é importante para a pessoa não só na

escola como fora dela quando, um dia, vir a exercer um trabalho;

Os atos de leitura que nossos alunos vivenciam fora da escola estão

relacionados basicamente a obrigações e não ao lazer;

Estes atos de leitura fora da escola são raros, mostrando assim, a

importância limitada que a leitura tem para os familiares de nossos alunos;

Esta falta de experiências significativas em relação ao ato de ler geram

dificuldades para ler e compreender textos;

Os alunos querem aprender a ler;

Todos os alunos gostam de estar envolvidos em atos de leitura, seja lendo,

seja ouvindo, especialmente, naqueles que envolvem a ludicidade.

Enfim, os alunos têm que saber o quão importante é a instituição

escola na vida de todos nós, pois se ela oferece uma educação de qualidade,

além de respeitar os direitos que todo brasileirinho e toda brasileirinha têm, ela

dá a oportunidade a eles, de se tornarem cidadãos críticos, que sabem buscar

uma vida melhor para si e para os seus.

BIBLIOGRAFIA

BRAGA, Regina Maria e SILVESTRE, Maria de Fátima Barros. Construindo o leitor competente: Atividades de leitura interativa para a sala de aula. São Paulo: 3ª Edição, Global Editora, 2009.

40

BRASIL, Ministério da Educação – Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: ensino fundamental: Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, 1997. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf. Acesso em 03 de outubro de 2014. CELIS, Gloria Inostroza de. Aprende a formar crianças leitoras e escritora. Trad. Jussara Haubert Rodrigues – Porto Alegre: Artmed, 1998. COLOMER, Teresa e CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Trad. Fátima Murad – Porto Alegre: Artemd, 2002. ESOPO. O lobo e o burro. Site METÁFORAS. Disponível em http://metaforas.com.br/o-lobo-e-o-burro. Acesso em 15 de outubro de 2013. FERRARI, Márcio. É preciso dar sentido à leitura. Revista Nova Escola, São Paulo, Ano XXI, nº 195, p.13-6, setembro, 2006. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Editora Moderna, 2003. GOMES, Alexandre de Castro. Condomínio dos monstros. Acervos complementares. Belo Horizonte: Editora RHJ LIVROS, 2010. GONÇALVES, Susana. Aprender a ler e compreensão do texto: processos cognitivos e estratégias de ensino. REVISTA IBERO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO. Número 46: Janeiro-Abril. 2008. Disponível em http://www.rieoei.org/rie46a07.htm. Acesso em 15 de agosto de 2014. KAUFMAN, Ana María e RODRÍGUEZ, María Helena. Escola, leitura e produção de textos. Porto Alegre: Artmed, 1995. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise dos gêneros e compreensão. São Paulo: Editora Parábola, 2008. PEREIRA, Valquíria. A importância da leitura em sala de aula para a fluência leitora. REVISTA NOVA ESCOLA ON LINE. Disponível em http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/importancia-leitura-sala-aula-fluencia-leitora-748409.shtml?page=0. Acesso em 16 de outubro de 2014. RATIER, Rodrigo. Para Isabel Solé, a leitura exige motivação, objetivos claros e estratégias. REVISTA NOVA ESCOLA ON LINE. Disponível em http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em 16 de outubro de 2014. SIM-SIM, Inês. O ensino da leitura: a compreensão de textos. Ministério da Educação de Portugal. Direção Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular. Lisboa: 1ª Edição, Nov. de 2007.

41

SMITH, Frank. Compreendendo a leitura: uma análise psicolinguística da leitura e do aprender a ler. Trad. Daise Batista – Porto Alegre: Artemd, 1989. SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Trad. Cláudia Schilling – Porto Alegre: Artmed, 1998.