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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS- UMUARAMA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS DISCIPLINA DE ESTÁGIO LEVANTAMENTO, DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO DA ESTÂNCIA SATURNO JANAÍNA VIEIRA DA SILVA SOMENSI Umuarama-PR Setembro/2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS- UMUARAMA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

DISCIPLINA DE ESTÁGIO

LEVANTAMENTO, DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO DA ESTÂNCIA SATURNO

JANAÍNA VIEIRA DA SILVA SOMENSI

Umuarama-PR Setembro/2010

JANAÍNA VIEIRA DA SILVA SOMENSI

LEVANTAMENTO, DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO DA ESTÂNCIA SATURNO

Levantamento, diagnóstico e planejamento

para a atividade agropecuária da Estância

Saturno, etapa inicial do Trabalho de

Conclusão de Curso e parte integrante da

Disciplina de Estágio.

Umuarama-PR Setembro/2010

JANAÍNA VIEIRA DA SILVA SOMENSI

LEVANTAMENTO, DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO DA ESTÂNCIA SATURNO

Levantamento, diagnóstico e planejamento

para a atividade agropecuária da Estância

Saturno, etapa inicial do Trabalho de

Conclusão de Curso e parte integrante da

Disciplina de Estágio.

APROVADO em 7 de outubro de 2010.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Prof. MSc. Douglas Seijum Kohatsu

Universidade Estadual de Maringá- UEM

__________________________________________ Prof. Dra. Juliana Parisotto Poletine

Universidade Estadual de Maringá- UEM

__________________________________________ Prof. Dr. Leandro Bochi da Silva Volk

Universidade Estadual de Maringá- UEM (Orientador)

4

Até o mais seguro dos homens e a mais confiante das mulheres já passaram por um momento de

hesitação, por dúvidas enormes e dúvidas mirins, que talvez nem merecessem ser chamadas de

dúvidas, de tão pequenas. Vacilos, seria melhor dizer. Devo ir à aula hoje, ou seria melhor ficar aqui

com você? Devo ir pedir o material de estudos pra Tati, mesmo sabendo que ela está cheia de

compromissos e não poderá me atender? Devo gastar dinheiro com estas cópias, sabendo que poderia

emprestar de alguém? Devo tomar uma atitude e pedir desculpas pela minha negligência? Nesta hora

precisamos de um empurrãozinho. É aos “empurradores” que dedico esta crônica, aos que

testemunharam os meus vacilos e me disseram: vá em frente! Dedico este trabalho a todos vocês, que

não me deixaram sozinha, principalmente ao João Ricardo, meu amado esposo, que está sempre ao meu

lado demonstrando gratuitamente seu imenso amor!

5

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................11

2. LEVANTAMENTO................................................................................................12

2.1 IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTOR.......................................................................12

2.2 CARACTERIZAÇÃO DA ESTÂNCIA SATURNO ................................................13

2.2.1 Localização, Acesso e Confrontações .....................................................................13

2.2.2 Características Regionais .......................................................................................14

2.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E RECURSOS NATURAIS DA PROPRIEDADE ....17

2.3.1 Classificação do Solo...............................................................................................17

2.3.1.1 Granulometria .........................................................................................................18

2.3.2 Atributos Químicos do Solo....................................................................................19

2.3.3 Topografia...............................................................................................................21

2.3.4 Recursos Hídricos ...................................................................................................22

2.3.5 Mata Ciliar..............................................................................................................23

2.3.6 Reserva Legal..........................................................................................................23

2.4 CAPACIDADE DE USO DA TERRA .....................................................................24

2.5 INFRAESTRUTURA DA PROPRIEDADE.............................................................24

2.5.1 Benfeitorias .............................................................................................................25

2.5.2 Máquinas e Equipamentos .....................................................................................27

2.6 EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA DA PROPRIEDADE ......................................29

2.6.1 Histórico ..................................................................................................................29

2.6.2 Aproveitamento da Área Atual ..............................................................................29

2.6.3 Manejo Reprodutivo e Sanitário do Rebanho .......................................................31

6

2.6.4 Alimentação do Rebanho .......................................................................................32

2.6.5 Ordenha ..................................................................................................................33

2.6.6 Cultivo de Cana-de-açúcar.....................................................................................34

2.6.7 Cultivo de Eucalipto ...............................................................................................34

2.7 ANÁLISE ECONÔMICA ........................................................................................35

2.7.1 Receitas ...................................................................................................................35

2.7.2 Custos Fixos ............................................................................................................36

2.7.3 Custos Variáveis .....................................................................................................37

2.7.4 Apuração do Custo Operacional ............................................................................38

2.7.5 Análise da Viabilidade Econômica ...........................................................................39

3. DIAGNÓSTICO......................................................................................................40

3.1 ASPECTOS POSITIVOS ........................................................................................40

3.2 ASPECTOS NEGATIVOS.......................................................................................41

4. PLANEJAMENTO.................................................................................................42

4.1 REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DA PROPRIEDADE.......................................43

4.1.1 Recuperação da Área Degradada pela Voçoroca ..................................................43

4.1.2 Adequação da Mata Ciliar .....................................................................................45

4.1.3 Composição da Reserva Legal ...............................................................................45

4.1.4 Resumo e Orçamento das Ações ............................................................................49

4.2 MANUTENÇÃO DOS TERRAÇOS........................................................................50

4.3 AÇÕES PARA A COBERTURA FORRAGEIRA....................................................51

4.3.1 Replantio das Pastagens Degradadas.....................................................................52

4.3.2 Manutenção das Pastagens Recém Reformadas....................................................54

4.4 IMPLANTAÇÃO DO PASTEJO ROTACIONADO ................................................56

7

4.5 MANEJO DO REBANHO .......................................................................................58

4.5.1 Controle Sanitário ..................................................................................................58

4.5.2 Controle Zootécnico Produtivo ..............................................................................59

4.5.3 Manejo Nutricional.................................................................................................59

4.5.4 Manejo Reprodutivo...............................................................................................61

4.5.5 Ordenha ..................................................................................................................62

4.6 MELHORAMENTO GENÉTICO DO REBANHO..................................................63

4.7 APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS PARA PRODUÇÃO DE ADUBO

ORGÂNICO.............................................................................................................64

4.8 CONSOLIDAÇÃO DO SISTEMA SILVIPASTORIL .............................................65

4.8.1 Comercialização do Eucalipto Existente................................................................66

4.8.2 Reestruturação da Área Plantada..........................................................................67

4.8.3 Plantio do Eucalipto sobre os Terraços .................................................................69

4.9 VENDA DE IMPLEMENTOS OCIOSOS................................................................70

4.10 CONTROLE FINANCEIRO ....................................................................................71

4.11 ASSISTÊNCIA TÉCNICA.......................................................................................72

4.12 CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DAS PROPOSTAS...................................72

4.13 ANÁLISE ECONÔMICA DO PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO ...................73

4.13.1 Investimentos Programados ...................................................................................73

4.13.2 Estimativa dos Custos de Produção .......................................................................73

4.13.3 Estimativa da Receita Anual ..................................................................................75

4.13.4 Diagnóstico Econômico...........................................................................................76

4.13.5 Fluxo de Caixa ........................................................................................................78

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................82

8

ANEXOS

ANEXO 1- FICHA DE CONTROLE SANITÁRIO DO REBANHO...............................88

ANEXO 2- CALENDÁRIO ANUAL DE CONTROLE SANITÁRIO DO REBANHO...89

ANEXO 3- FICHA DE CONTROLE INDIVIDUAL DO REBANHO.............................90

ANEXO 4- FICHA DE CONTROLE GERAL DO REBANHO.......................................91

ANEXO 5- FICHA DE CONTROLE ZOOTÉCNICO PRODUTIVO DO REBANHO....92

ANEXO 6- CONTROLE FINANCEIRO MENSAL ........................................................93

ANEXO 7- CONTROLE FINANCEIRO ANUAL ..........................................................94

ANEXO 8- CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DAS MEDIDAS PROPOSTAS.....95

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Croqui de situação da Estância Saturno (2010)...................................................15

Figura 2- Localização do município de Iguatemi ...............................................................15

Figura 3- Balanço hídrico histórico da região de Iguatemi.................................................16

Figura 4- Croqui mostrando os tipos de solos presentes da Estância Saturno .....................17

Figura 5- Perfis de solo existentes na Estância Saturno, 2009: A- Latossolo Vermelho Distrófico típico; B- Gleissolo Háplico Tb Distrófico típico...............................18

Figura 6- Perfil aproximado do terreno da Estância Saturno ..............................................21

Figura 7- Deposição de pneus como estratégia para conter a erosão do solo na Estância Saturno, 2010.....................................................................................................22

Figura 8- Benfeitorias da Estância Saturno, 2010: a- casa de madeira; b- tulha; c- galpão; d- mangueira; e- entrada de energia; f- caixa d água; g- bebedouro; h- cochos plásticos improvisado.........................................................................................26

Figura 9- Máquinas e equipamentos pertencentes à Estância Saturno, 2010: a- Tratores; b- Grade hidráulica 20x26”; c- Grade hidráulica 12x26”; d- Grade niveladora 44 discos; e- Grade niveladora 36 discos; f- Lançadeira de sementes; g- Plantadeira de mandioca; h- Plantadeira; i- Ensiladeira forrageira; j- Grade arrasta; l- Semeadora 11 linhas; m- Moinho; n- Carreta reboque; o- Ordenhadeira .........28

Figura 10- Croqui de utilização da Estância Saturno, 2010..................................................30

Figura 11- Divisão de piquetes de pastagens da Estância Saturno, 2010 ..............................32

Figura 12- Gráfico da produção mensal de leite (em Litros) da Estância Saturno no ano de 2009 ..................................................................................................................36

Figura 13- Esquema das paliçadas de bambu ao longo dos taludes da voçoroca...................44

Figura 14- Isolamento e reflorestamento da área degradada pela voçoroca ..........................45

Figura 15- Área de preservação permanente e reserva legal da Estância Saturno após as medidas para regularização ambiental................................................................46

Figura 16- Croqui de reforma das pastagens da Estância Saturno ........................................51

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Análise granulométrica do solo da Estância Saturno, 2010...............................19

Tabela 2- Resultado da análise química de fertilidade do solo da Estância Saturno, 2010 ...20

Tabela 3- Benfeitorias componentes da Estância Saturno, 2010.......................................25

Tabela 4- Máquinas e equipamentos pertencentes à Estância Saturno, 2010 ....................27

Tabela 5- Receita bruta anual da produção da Estância Saturno no ano de 2009 ..............36

Tabela 6- Custos fixos operacionais da Estância Saturno no ano de 2009 ........................37

Tabela 7- Custos variáveis operacionais da Estância Saturno no ano de 2009..................38

Tabela 8- Custo operacional da Estância Saturno no ano de 2009....................................39

Tabela 9- Lista de espécies sugeridas para o reflorestamento da área de preservação da Estância Saturno..............................................................................................48

Tabela 10- Relação de insumos, recomendações e estimativa de custos para a regularização ambiental da Estância Saturno .........................................................................49

Tabela 11- Demonstrativo de custos para manutenção dos terraços da Estância Saturno....51

Tabela 12- Recomendação de adubação e calagem para o plantio do consórcio de pastagens na Estância Saturno .........................................................................................53

Tabela 13- Quantidades de nutrientes presentes em 10.860 L de adubo orgânico...............53

Tabela 14- Recomendação de adubação a partir do segundo ano após o plantio do consórcio de pastagens na Estância Saturno.....................................................................54

Tabela 15- Orçamento para replantio de 21,1 ha de pastagens da Estância Saturno............54

Tabela 16- Recomendação de adubação e calagem para as ações na área de pastagem recém reformada da Estância Saturno.........................................................................55

Tabela 17- Orçamento para manutenção de 11,6 ha de pastagens recém formadas da Estância Saturno..............................................................................................56

11

Tabela 18- Cálculo da área necessária para apascentamento do número de bovinos da Estância Saturno..............................................................................................57

Tabela 19- Orçamento para implantação do sistema de pastejo rotacionado na Estância Saturno............................................................................................................58

Tabela 20- Requerimentos e concentração máxima tolerável de minerais para o gado leiteiro .............................................................................................................61

Tabela 21- Orçamento da implantação do sistema de aproveitamento de resíduos orgânicos na Estância Saturno .........................................................................65

Tabela 22- Receita prevista para a comercialização do eucalipto existente na Estância Saturno............................................................................................................66

Tabela 23- Recomendação de adubação e calagem para a reestruturação da área plantada de Eucalipto na Estância Saturno..........................................................................68

Tabela 24- Receita prevista para a comercialização do eucalipto existente na Estância Saturno............................................................................................................69

Tabela 25- Recomendação de adubação e calagem para o plantio de eucalipto sobre os terraços da Estância Saturno ............................................................................69

Tabela 26- Orçamento para consolidação do sistema silvipastoril na Estância Saturno ......70

Tabela 27- Equipamentos a serem vendidos e receita estimada..........................................71

Tabela 28- Descrição dos investimentos a serem realizados na Estância Saturno ...............73

Tabela 29- Estimativas dos custos de produção após o planejamento agropecuário............74

Tabela 30- Estimativas anuais de receita bruta para a Estância Saturno após o planejamento agropecuário....................................................................................................76

Tabela 31- Previsão de receita líquida anual para a Estância Saturno após o planejamento agropecuário....................................................................................................77

Tabela 32- Panorama econômico da Estância Saturno após consolidado o planejamento agropecuário....................................................................................................78

Tabela 33- Fluxo de caixa previsto para concretização dos investimentos..........................79

Tabela 34- Margens de lucro estimadas após o planejamento agropecuário na Estância Saturno............................................................................................................80

11

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho constitui relatório do exercício agronômico realizado na

propriedade rural denominada Estância Saturno, localizada no município de Iguatemi, Estado

do Mato Grosso do Sul. O conteúdo do presente é segmentado em três partes principais. A

primeira apresenta os métodos e resultados do levantamento da atividade agropecuária da

propriedade. A segunda parte corresponde ao diagnóstico dos aspectos favoráveis e

desfavoráveis do desempenho da atividade, com base na análise do levantamento. A terceira

parte detalha o planejamento agropecuário, apresentando propostas de ações, investimentos e

recomendações para solução dos problemas verificados e elevação da propriedade à

sustentabilidade econômica e ambiental.

Tais ações e sua expressão nestas linhas constituem o Trabalho de Conclusão do

Curso de Agronomia do Departamento de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual de

Maringá, parte integrante da Disciplina de Estágio.

A Estância Saturno possui como atividade predominante a pecuária extensiva

leiteira, possui área de 46,6 ha e é administrada diretamente por seu proprietário. A pecuária

leiteira não é a atividade preponderante na economia da região, contudo encontra espaço

devido à necessidade de abastecimento do mercado local.

12

2. LEVANTAMENTO

Com a permissão, acompanhamento e auxílio do proprietário, Sr. Ivan Benito

Tiburi, procedeu-se ao levantamento técnico e econômico das atividades agropecuárias da

Estância Saturno. Demonstrar-se-ão os dados relacionados à propriedade e ao meio em que

está inserida, bem como os métodos utilizados para a obtenção das informações.

2.1 IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTOR

O imóvel rural ora em demanda é registrado em nome do Sr. Ivan Benito Tiburi,

que o adquiriu no ano de 1988, quando o denominou Estância Saturno.

Nascido em 17 de junho de 1949, natural de Vacaria-RS, o Sr. Ivan tem formação

no Ensino Médio, foi criado e iniciou suas atividades profissionais na região noroeste do

Paraná, tendo atuado como comerciante e bancário no município de Santa Cruz do Monte

Castelo-PR. É casado com a Sra. Marecir Tiburi, a qual era residente da vizinha cidade de

Santa Isabel do Ivaí-PR. Aceitando transferência proposta pelo banco do qual o Sr. Ivan era

funcionário, o casal mudou-se para a cidade de Juazeiro do Norte, estado do Ceará, onde

passou a prosperar e, assim, a ter disponíveis recursos para investimentos. O Sr. Ivan passou a

explorar duas atividades industriais em Juazeiro do Norte e a adquirir propriedades rurais na

região sul do estado do Mato Grosso do Sul, acompanhando a tendência de muitos

investidores da região noroeste do Paraná na época, dentre os quais os familiares da Sra.

Marecir. Nesse contexto foi adquirida a Estância Saturno. A região sul do Mato Grosso do Sul

passou a se desenvolver e houve grande valorização dos imóveis, resultando acertados os

investimentos feitos. O casal teve três filhos: Kerley, Christian e Ivana, todos já

independentes. No início dos anos 2000, a atividade industrial da família em Juazeiro do

13

Norte entrou em decadência e o Sr. Ivan, em princípio sozinho, mudou-se para Iguatemi-MS a

fim de administrar as propriedades rurais presencialmente, buscando melhorar a

produtividade.

O Sr. Ivan exerce mandato de presidente da Associação dos Pequenos Produtores

Rurais de Iguatemi (ASPROR), sendo um de seus fundadores. Demonstra, portanto,

engajamento na lida pelos interesses da classe. Procura também manter-se informado sobre o

mercado agropecuário e sobre as inovações técnicas através de canais como internet e

televisão, embora se mostre um tanto avesso a investimentos significativos para

implementação de práticas que fogem ao tradicional.

O produtor se encontra insatisfeito com o retorno da agropecuária leiteira exercida

na Estância Saturno; analisa que o preço pago pelo leite não é suficiente para cobrir os custos

de produção, tampouco para remunerar o desempenho da atividade. Dessa forma, admite

como resultado o prejuízo econômico. Atribui tal cenário à política governamental para o

setor produtivo, a qual considera equivocada e negligente para com o produtor. Acreditando

que não há outra vocação produtiva para a propriedade, o produtor não possui planos para o

exercício de outra atividade se não a agropecuária leiteira. Julga também que as técnicas

atualmente empregadas são as mais adequadas e crê que mudanças poderiam até incrementar

a produtividade, porém não o lucro. Suas expectativas, pois, subsistem em desestimulada

esperança de que melhorem as políticas dos governos federal e estadual para o setor.

2.2 CARACTERIZAÇÃO DA ESTÂNCIA SATURNO

2.2.1 Localização, Acesso e Confrontações

Com área de 46,6 ha e tendo como atividade predominante a pecuária leiteira, a

Estância Saturno situa-se no município de Iguatemi, com acesso pela rodovia MS-180. O

14

croqui de situação, com as confrontações e atividades das propriedades vizinhas, é mostrado

na Figura 1.

Nota-se que predomina a atividade pecuária leiteira extensiva no entorno da

propriedade. Tal conjuntura favoreceu a criação de uma cooperativa de produtores para o

compartilhamento de equipamentos resfriadores de leite e venda integrada do mesmo para os

laticínios da região. A sede da cooperativa fica a 500 m da Estância Saturno e dela usufruem

também produtores de propriedades mais distantes. Vale citar que o Sr. Ivan Tiburi, na gestão

da ASPROR, foi um dos estimuladores da criação da cooperativa, contribuindo também para

a conquista dos resfriadores e de outros equipamentos que beneficiam o conjunto dos

produtores locais.

2.2.2. Características Regionais

O município de Iguatemi é parte da microrregião de Iguatemi, na região conhecida

como “cone-sul” do estado de Mato Grosso do Sul (Figura 2). Possui área de 2.946,22 km² e

altitude média de 342 metros acima do nível do mar. A cidade de Iguatemi fica a 464 km da

capital Campo Grande e a 195 km de Umuarama. O itinerário de acesso a partir de Umuarama

parte da PR-323 em direção a Guaíra, segue pela BR-272, BR-163 e MS-295.

A região do cone-sul de Mato Grosso do Sul situa-se entre as latitudes 22º e 24º e

longitudes 53º e 55º, com altitude variando entre 320 e 380 metros. O relevo compreende o

planalto da bacia do Paraná, sendo o solo composto tipicamente por latossolos de textura

arenosa, extremamente friáveis, suscetíveis à erosão. A cobertura vegetal original era a

floresta tropical, hoje praticamente toda devastada pela intensa exploração madeireira nos

anos 1970 e 1980, substituída por pastagens e, em menor proporção, por lavouras. Situa-se na

bacia do Rio Paraná, entre as sub-bacias do Rio Iguatemi e do Rio Amambai.

15

Figura 1- Croqui de situação da Estância Saturno (2010).

Figura 2- Localização do município de Iguatemi.

16

O clima é o tropical úmido, com temperatura média anual de 23º, sendo a média

no mês mais frio de 18º, com mínima típica entre 4º e 6º (SIT, 2010). Não há, nos dados

oficiais, gráfico de variação mensal de temperatura na região. Os verões são quentes e

úmidos, ocorrendo ocasionalmente geadas na estação fria. A precipitação anual média é cerca

de 1600 mm. A precipitação mensal e o balanço hídrico anual no período de 1963 a 1990 são

mostrados no gráfico da Figura 3.

Figura 3- Balanço hídrico histórico da região de Iguatemi1 (INMET, 2010).

A economia do cone-sul, assim como predomina no estado de MS, baseia-se na

pecuária extensiva de corte, com a presença de algumas unidades de indústrias frigoríficas

que absorvem parte da produção e empregam a base da população das pequenas cidades da

região. Com a crise da febre aftosa que afetou a região em 2005 e com a expansão do mercado

sucroalcooleiro, recentemente se observa a substituição de significativas áreas de pastagens

pela cultura da cana-de-açúcar, amplificada pela instalação de algumas usinas de álcool e

açúcar. O PIB per capita do município de Iguatemi é de R$ 9.814,00 (IBGE, 2007) e seu IDH

é 0,731 (PNUD, 2000). O município foi instalado em 1965.

1 Não existe medição pluviométrica oficial no município de Iguatemi, desta forma foi utilizado o gráfico do ponto de medição do INMET mais próximo, no caso o município de Guaíra-PR.

17

2.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E RECURSOS NATURAIS DA PROPRIEDADE

2.3.1 Classificação do Solo

A identificação dos tipos de solo foi realizada a campo por meio de amostragens

ao longo da propriedade, acompanhando a declividade do terreno e de forma aleatória. Após

diferenciação preliminar dos tipos de solo encontrados abriram-se trincheiras para melhor

visualização do perfil do solo. No laboratório, foi analisada a cor/matiz/valor através da

caderneta de Munssel para classificação. Efetuou-se a classificação do solo através do Sistema

Brasileiro de Classificação de Solos, o que resultou em duas classes presentes na propriedade:

LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico e GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico

típico. A Figura 4 mostra o croqui de divisão dos tipos de solo da propriedade.

Figura 4- Croqui mostrando os tipos de solos presentes na Estância Saturno.

18

Os latossolos são passíveis de utilização com culturas anuais, perenes, pastagens e

reflorestamento. Apesar do alto potencial para agropecuária, parte de sua área deve ser

mantida com reserva para proteção da biodiversidade desses ambientes. Um fator limitante é a

baixa fertilidade desses solos, contudo, com aplicações adequadas de corretivos e fertilizantes,

aliadas à época propícia de plantio de cultivares adaptadas, obtêm-se boas produções

(SOUZA, 2010a). São solos suscetíveis à erosão, requerendo tratos conservacionistas e

manejo cuidadoso.

Quanto ao gleissolo, a maior limitação está na presença de lençol freático elevado,

com riscos de inundação, necessitando de drenagem para seu uso. Por se tratar de local

úmido, conservador de água, não se recomenda sua utilização para atividades agrícolas,

principalmente nas áreas que ainda estão intactas e nas nascentes dos cursos d´água.

Figura 5- Perfis de solo existentes na Estância Saturno: A- Latossolo Vermelho Distrófico típico; B- Gleissolo Háplico Tb Distrófico típico.

2.3.1.1 Granulometria

Para a análise granulométrica foram coletadas amostras do solo nos primeiros 90

cm do horizonte B em cada classe de solo da Estância Saturno. Analisando a Tabela 1 é

19

possível verificar que a maior composição do solo é areia, característica de solos arenosos.

Tipicamente são solos sem estrutura física, com baixa fertilidade, baixa retenção de água, por

sua vez podem ser melhorado pelo acúmulo de matéria orgânica, manejo com adubos verdes e

a adoção de práticas de manejo conservacionistas.

Tabela 1- Análise granulométrica do solo da Estância Saturno, 2010.

Argila Silte Areia

g kg-1

148,5 27,5 824,0 Fonte: Laboratório Solo Fértil, Umuarama, PR.

2.3.2 Atributos Químicos do Solo

Para a caracterização química do solo foram realizadas duas análises; dividiu-se a

área útil em duas glebas abrangendo somente a área que se encontra o Latossolo Vermelho

Distrófico típico. Já o Gleissolo não foi caracterizado quimicamente porque está sobre área

destinada a preservação florestal e porque em parte dele há impedimento à mecanização

devido à presença de voçoroca. As interpretações foram elaboradas baseadas na metodologia

proposta pela Comissão de Química e Fertilidade de Solo (2004). O Latossolo tem seus

valores de macro e micronutrientes apresentados na Tabela 2.

Os valores do pH para profundidades de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm verificados no

Latosssolo Vermelho variam de 4,2 a 4,6. Estes representam acidez muito elevada, o que é

limitante para o bom desenvolvimento da pastagem. O fósforo foi extraído pelo método de

Melich e variou de 0,50 a 1,60 mg dm-3, valor considerado baixo, devido à forte interação do

fósforo com os óxidos de ferro e alumínio presente nestes solos e à falta de aportes regulares

de fertilizantes fosfatados. Com relação aos teores de cálcio trocável, os valores também são

considerados baixos, variando de 0,5 a 1,5 cmol dm-3.

20

Tabela 2- Resultado da análise química de fertilidade do solo da Estância Saturno, 2010.

Amostra 1 Amostra 2 Profundidade Profundidade Parâmetro Unidade

0-20 cm 20-40 cm 0-20 cm 20-40 cm pH- CaCl2 4,53 4,37 4,64 4,24 Teor de carbono g dm-3 7,21 5,06 6,43 4,48 Fósforo mg dm-3 1,60 0,50 0,70 1,20 Soma de Bases cmolc dm-3 2,03 2,96 2,00 1,25 Potássio cmolc dm-3 0,15 0,21 0,13 0,13 Cálcio cmolc dm-3 1,00 1,50 1,00 0,63 Magnésio cmolc dm-3 0,88 1,25 0,88 0,50 Alumínio cmolc dm-3 0,00 0,00 0,00 0,00

Acidez Potencial cmolc dm-3 3,42 3,97 3,42 4,28

Capacidade de Troca de Cátions cmolc dm-3 5,45 6,93 5,42 5,53 Saturação por Bases % 37,23 42,67 36,94 22,65 Enxofre mg dm-3 19,91 18,85 24,79 16,60 Zinco mg dm-3 2,00 1,47 1,80 1,45 Boro mg dm-3 0,34 0,13 0,28 0,34 Manganês mg dm-3 62,74 43,21 45,76 33,14

Cobre mg dm-3 0,89 0,96 1,14 1,26

Ferro mg dm-3 176,10 195,00 151,30 212,80

Fonte: Laboratório Solo Fértil, Umuarama, PR.

Os teores de enxofre estão com concentração alta em todas as amostras de solos

analisadas. Já o magnésio apresenta concentração baixa na profundidade de 20-40 cm da

amostra n° 2 e com concentração mediana a alta nas demais amostras. A saturação por bases

está abaixo do ideal, que é 65% segundo a Comissão de Química e Fertilidade do Solo (2004),

variando de 22,65 a 42,67% nas amostras analisadas, em ambas as profundidades do solo. Por

fim, a concentração do potássio encontra-se muito baixa em ambas as profundidades do solo.

Com relação aos teores dos micronutrientes, o teor de cobre varia de muito

baixo a médio; o teor de Mn está alto; o de Zn está entre nível médio a bom; e o de Fe está em

maior concentração em relação aos demais micronutrientes. A CTC está muito baixa, gerando

problemas decorrentes da lixiviação dos nutrientes, pois em Latossolos de textura arenosa há

grande percolação de água no perfil, desta forma o solo necessita de calagem para que haja

neutralização dos elementos que ocupam a CTC do solo.

21

2.3.3 Topografia

O terreno da Estância Saturno possui perfil uniforme, sem acidentes, com

declividade praticamente estável no sentido do córrego. Verifica-se, contudo, a presença de

uma voçoroca de grandes dimensões próxima à margem do córrego, decorrente do processo

de erosão do solo ao longo de muitos anos, sobre a qual se discorrerá mais adiante.

A declividade do terreno na propriedade foi medida através do método do nível de

mangueira e confirmada com o uso de aparelho GPS, sendo determinada pela razão entre a

diferença das cotas e a distância entre os pontos, em percentual. Na área de altitude mais

elevada, a declividade medida foi de 3,8%, evoluindo para 5,5% na área menos elevada,

conforme demonstrado na Figura 6.

Figura 6- Perfil aproximado do terreno da Estância Saturno. As setas apontam para as cotas mais baixas do terreno.

Na tentativa de conter a expansão da voçoroca anteriormente mencionada, o

produtor construiu terraços em toda a propriedade, sendo que estes foram locados em campo

22

por profissional Engenheiro Agrônomo, há cerca de três anos. Outra medida também foi

adotada, esta inaceitável tecnicamente em virtude de seu impacto ambiental: depositou-se

grande quantidade de pneus velhos na entrada da voçoroca com o intuito de reter a água,

conforme se observa na Figura 7.

Figura 7- Deposição de pneus como estratégia para conter a erosão do solo na Estância Saturno, 2010.

Relata o produtor que, com a construção dos terraços e a deposição dos pneus, a

expansão da voçoroca foi freada. Contudo, a contrapartida resultou em um sistema de

desequilíbrio ambiental, potencialmente favorável à reprodução de insetos vetores de doenças,

além da desproteção da nascente existente no local devido à ausência da mata ciliar.

2.3.4 Recursos Hídricos

O limite norte da propriedade é o Córrego Bocajá, sendo que na propriedade há a

nascente de um pequeno braço deste córrego. A voçoroca descrita no item anterior acontece

nos primeiros metros após a nascente. Nesse local existem pequenos alagamentos que são

utilizados como bebedouro pelo gado.

23

Não existe aproveitamento hídrico do Córrego Bocajá. A água consumida na sede

e nos bebedouros distribuídos nos piquetes da propriedade provém de poço semi-artesiano

localizado na sede. A água é captada por meio de bomba de recalque elétrica, armazenada em

caixa d água e canalizada até os pontos de consumo.

2.3.5 Mata Ciliar

No trecho inicial do braço do Córrego Bocajá que nasce na propriedade, existe

uma área que foi alvo de desmatamento da mata ciliar a fim de servir como bebedouro para o

gado. Esse desmatamento provocou a já mencionada erosão solo e o surgimento de uma

grande voçoroca. No trecho restante do braço, existe uma faixa de mata ciliar preservada de

cerca de 20 metros. Quando o braço encontra o Córrego Bocajá, a largura da faixa da mata

preservada passa a cerca de 50 metros, ocorrendo no trecho a saliência de área de preservação

complementar.

2.3.6 Reserva Legal

Não há, na Estância Saturno, área de preservação ou reflorestamento que totalize o

percentual determinado por Lei como reserva legal (20% da área total). Pode-se considerar

uma área 1,3 ha de mata preservada que se sobressai à faixa da mata ciliar. Essa área

representa apenas 2,8% da área total da propriedade.

Há também a área de 0,6 ha com plantação de eucalipto que poderia ser incluída

como reflorestamento para composição da reserva legal. Entretanto, no estado do Mato

Grosso do Sul a legislação não permite o reflorestamento comercial para efeitos de

composição da reserva legal. Assim, tem-se que somente 2,8% da área da propriedade

atualmente são destinados a este fim.

24

2.4 CAPACIDADE DE USO DA TERRA

Seguindo a metodologia proposta no Sistema de Avaliação da Capacidade de Uso

das Terras, foram identificadas duas classificações de capacidade de uso da terra na Estância

Saturno. Na gleba que pertence ao Latossolo, foi encontrado o Grupo A, classe II, práticas

simples de conservação. As unidades de manejo presentes no Latossolo são e(5,10), ou seja

limitação pelo risco de erosão (e) devido à presença de erosão em sulcos (5) e textura arenosa

(10) acompanhado por limitações relativas ao solo (s) devido à textura arenosa no perfil (2);

baixa saturação por bases (5); baixa capacidade de troca de cátions (7).

Já para o Gleissolo encontram-se o grupo C que são terras impróprias para a

lavoura, pastoreio e silvicultura, porém apropriadas para a proteção da flora, da fauna,

recreação ou armazenamento de água. Compreende a classe VIII: terra em geral

extremamente acidentada, arenosa, úmida ou árida, imprópria para culturas anuais e perenes,

apascentamento ou safras florestais, mas que podem ter valor como refúgio da fauna silvestre,

recreação, etc.

2.5 INFRAESTRUTURA DA PROPRIEDADE

A Estância Saturno possui infraestrutura composta por edificações, máquinas e

equipamentos. O abastecimento de água é, como já descrito, por meio da captação de água de

poço semi-artesiano de 60 m de profundidade. A água é canalizada para os pontos de

consumo na sede e para os bebedouros distribuídos nos piquetes da propriedade. O

esgotamento sanitário é executado em fossa séptica de seis metros de profundidade.

A propriedade é atendida por rede de energia elétrica trifásica em média tensão

(13,8 kV), com transformador particular para rebaixamento da tensão para 220/127V. A rede

interna distribui a energia em baixa tensão para os pontos de consumo na sede.

25

Há uma pequena horta de cerca de 150 m², cuja produção se destina ao consumo

das famílias do proprietário e do funcionário.

2.5.1 Benfeitorias

A Tabela 3 apresenta a relação das benfeitorias presentes na propriedade, bem

como suas características individuais. Os valores atribuídos foram definidos pelo produtor e

confirmados ou retificados por meio de pesquisa no mercado. Os valores de depreciação e

manutenção foram calculados por meio da metodologia proposta por Matsunaga et al (1976).

Tabela 3- Benfeitorias componentes da Estância Saturno, 2010.

Descrição Característica Dimensão Ano Estado Conserv.

V U

Valor atual- R$

Valor novo- R$

Casa Madeira 56 m2 (-)1988 Regular 25 8.400,00 28.000,00

Galpão Alvenaria 156 m2 2006 Ótimo 35 31.200,00 39.000,00 Tulha Madeira 20 m2 (-)1988 Regular 25 2.100,00 7.000,00

Mangueira Madeira, piso de concreto na área de ordenha

400 m2 1992 Bom 25 24.800,00 62.000,00

Bebedouro Concreto 1500 litros 1990 Bom 10 390,00 1.300,00 Bebedouro Concreto 1500 litros 1990 Bom 10 390,00 1.300,00 Bebedouro Concreto 500 litros (-)1988 Regular 10 150,00 500,00 Cocho Madeira de lei 70 kg 1995 Bom 25 440,00 550,00 Cocho Madeira de lei 70 kg 1993 Bom 25 350,00 550,00 Cerca elétrica Arame liso 2 fios 240 m 2004 Bom 10 5.160,00 6.450,00

Cerca Arame liso e/ou farpado 5 fios 4.465 m 2002 Bom 10 33.920,00 84.800,00

Poço semi-artesiano

Bomba de recalque elétrica e caixa d água

60 m prof. bomba 2 cv cx. d água 5.000 L

2000 (revisão) Bom 20 4.960,00 6.200,00

Entrada de energia

Poste concreto c/ transformador 15 kVA 3F

1993

Bom 30 7.200,00 9.000,00

Rede baixa tensão Trifásica 220 Volts 40 m 1993 Bom 30 2.560,00 3.200,00

Ano: Ano de Aquisição ou construção. V U: Vida Útil, em anos. Regular: está em condições de trabalho, mas com restrições de uso pelo tempo de utilização. Bom: está em condições de trabalho, apenas degradado pelo uso. Ótimo: está em prefeita condição de uso. (-)1988: Data de construção indeterminada, anterior a 1988, ano de aquisição da propriedade.

26

A casa de madeira (Figura 8-a) é utilizada para residência da família do

funcionário. O galpão de alvenaria (Figura 8-c) serve de depósito para ração animal obtida

pela moagem de cana-de-açúcar e para estoque de sal mineral. A tulha (Figura 8-b) é utilizada

para guarda de ferramentas e utensílios em geral. A mangueira (Figura 8-d) possui quatro

compartimentos para manejo de gado ao ar livre, corredor para aplicação de vacinas e uma

área coberta com piso de concreto para manejo de ordenha. Possui ainda um pequeno

compartimento para guarda de utensílios e abrigo da ordenhadeira mecânica.

Os bebedouros (Figura 8-g) são alimentados por canalização proveniente da caixa

d´água (Figura 8-f), que fica na área de maior altitude da propriedade, assim a declividade

favorece a pressão da água nos pontos de saída. Possuem bóia de controle de nível, garantindo

a continuidade do abastecimento e disponibilidade de água ao rebanho. Além dos cochos de

madeira, a suplementação nutricional é oferecida ao gado em cochos plásticos (Figura 8-h).

Figura 8- Benfeitorias da Estância Saturno, 2010: a- casa de madeira; b- tulha; c- galpão; d- mangueira; e- entrada de energia; f- caixa d água; g- bebedouro; h- cochos plásticos improvisado.

27

2.5.2 Máquinas e Equipamentos

A Tabela 4 apresenta a relação das máquinas e equipamentos que servem à

Estância Saturno. Os valores atribuídos foram definidos pelo produtor e confirmados ou

retificados por meio de pesquisa no mercado.

Tabela 4- Máquinas e equipamentos pertencentes à Estância Saturno, 2010.

Descrição Característica Ano Estado Conserv.

V U

Valor atual- R$

Valor novo- R$

Trator 4x4 Valmet 128 1989 Bom 10 15.000,00 75.000,00

Trator 2x2 CBT 2600 1986 Bom 10 9.600,00 48.000,00 Grade hidráulica 20x26” Tatu 1997 Bom 15 2.000,00 10.000,00 Grade hidráulica 18x26” Tatu 1994 Bom 15 750,00 7.500,00 Grade niveladora flutuante 44 discos Baldan 1998 Bom 15 1.400,00 7.000,00

Grade niveladora 36 discos Tatu 1990 Regular 15 550,00 5.500,00 Lançadeira de sementes (2) Lancer 600 MDC 2005 Ótimo 15 2.800,00 3.500,00

Plantadora de mandioca 2 linhas Trivisan PMCT 1200 2001 Bom 10 2.000,00 10.000,00

Plantadora 4 linhas Semeato PH 2700 2001 Bom 10 2.320,00 11.600,00 Calcareadora 5 toneladas 1995 Bom 15 9.300,00 15.500,00 Ensiladeira Forrageira Nogueira Pecus 9004 II 2002 Bom 7 2.400,00 8.000,00

Subsolador 5 ganchos 1990 Regular 15 250,00 2.500,00 Arado 3 discos 1985 Sucata 15 200,00 2.000,00 Arado 4 discos 1988 Sucata 15 250,00 2.500,00 Grade arrasta 20 discos 1990 Regular 15 450,00 4.500,00 Semeadora 11 linhas Fankhauser 1992 Bom 15 380,00 3.800,00 Forrageira Nogueira DPM 2 1996 Bom 10 350,00 3.500,00 Moinho de ração Nogueira 1988 Regular 10 250,00 2.500,00 Terraceador 18x28” Tatu 1993 Bom 15 1.380,00 13.800,00 Pulverizador 600 litros hidráulico 2001 Bom 10 1.400,00 7.000,00 Carreta reboque Madeira 2 rodas 1995 Bom 15 7.800,00 13.000,00 Carreta reboque Madeira 2 rodas 1987 Regular 15 2.400,00 12.000,00 Ordenhadeira mecânica 4 teteiras Intermaq 2004 Ótimo 10 2.560,00 3.200,00

Ano: Ano de fabricação. V U: Vida Útil, em anos. Sucata: sem condições de trabalho. Regular: está em condições de trabalho, mas com restrições de uso pelo tempo de utilização. Bom: está em condições de trabalho, apenas degradado pelo uso. Ótimo: está em prefeita condição de uso.

28

Os tratores (Figura 9-a) são utilizados nas reformas de pastagens e outros tratos

culturais, na manutenção dos terraços, na quebra de cupins e, em conjunto com as carretas de

reboque (Figura 9-n), no transporte eventual de equipamentos e insumos pesados. As grades

(Figuras 9-b,c,d,e), lançadoras de semente (Figura 9-f), calcareadora e, raramente, o

subsolador são utilizados nas reformas de pastagens também no plantio de cana-de-açúcar. A

ensiladeira (Figura 9-i) e a forrageira são utilizadas anualmente na estação úmida para o

aproveitamento das pastagens sobejas, que são armazenadas para uso no período seco. O

moinho de ração (Figura 9-m) é utilizado diariamente para oferta nutricional às vacas leiteiras

durante a ordenha e para a produção de ração de estoque.

Figura 9- Máquinas e equipamentos pertencentes à Estância Saturno, 2010: a- Tratores; b- Grade hidráulica 20x26”; c- Grade hidráulica 12x26”; d- Grade niveladora 44 discos; e- Grade niveladora 36 discos; f- Lançadora de sementes; g- Plantadora de mandioca; h- Plantadora; i- Ensiladeira forrageira; j- Grade arrasta; l- Semeadora 11 linhas; m- Moinho; n- Carreta reboque; o- Ordenhadeira.

29

O terraceador é utilizado somente quando, durante as reformas de pastagens, faz-se

necessária a manutenção dos terraços. O pulverizador é utilizado rotineiramente no manejo

sanitário do rebanho. A ordenhadeira (Figura 9-o) é utilizada diariamente. A plantadora de

mandioca (Figura 9-g), a plantadora quatro linhas (Figura 9-h) e a semeadora (Figura 9-l) não

mais são utilizadas na propriedade, servindo apenas à disponibilidade para locação e para

improváveis intenções futuras do produtor. Os arados e a grade mostrada na Figura 9-j não

são utilizados em função de suas precárias condições de uso.

Todos os implementos servem à eventual locação, que gera renda adicional à

propriedade. Quando de atividade em grandes áreas, os dois tratores trabalham

simultaneamente, gerando celeridade ao processo, o que justificaria o número dobrado de

grades, lançadoras de semente e forrageiras.

2.6 EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA DA PROPRIEDADE

2.6.1 Histórico

A Estância Saturno desde sua aquisição teve como atividade predominante a

pecuária leiteira. Em poucos períodos houve a exploração de pequenas áreas com culturas,

principalmente mandioca e milho, contudo sem expressividade e para uso na própria

propriedade.

2.6.2 Aproveitamento da Área Atual

Tendo como atividade principal a pecuária bovina extensiva leiteira, a área da

Estância Saturno tem seu aproveitamento conforme mostrado na Figura 10.

30

Figura 10- Croqui de utilização da Estância Saturno, 2010.

As forragens utilizadas são Brachiaria brizantha e Brachiaria humidicola. As

pastagens são sempre reformadas, à medida que sua disponibilidade vai se esgotando. Não há

assistência técnica usual nem planejamento adequado: as reformas são executadas a partir de

gradagem da terra, aplicação de calcário em quantidades aleatórias e lançamento de sementes

da forragem escolhida por critério próprio do produtor. Não há, portanto, divisão estabelecida

dos tipos de forragem na propriedade, nem mesmo dentro de um único piquete.

Verificou-se infestação moderada de plantas daninhas, sendo as principais espécies

encontradas a guanxuma-branca (Sida glazioviik), o capim-amargoso (Digitaria insularis) e

capim-rabo-de-gato (Setaria geniculata). Quando a invasão se torna crítica, o trato cultural

aplicado é a roça manual. Outro problema encontrado nas pastagens é a presença significativa

de cupins, combatida pela remoção das termiteiras com uso do trator. A medida é paliativa e,

portanto, executada de tempos em tempos.

A cana-de-açúcar é utilizada como complemento nutricional das fêmeas em

lactação e armazenada para oferta a todo o rebanho nos períodos de seca. A área plantada na

31

propriedade teve planejamento técnico de profissionais da Agraer (Agência de

Desenvolvimento Agrário do Mato Grosso do Sul), tendo sido feita, no ano de 2008, a análise

da fertilidade do solo da área e as recomendações para o plantio e manejo da cultura, inclusive

o fornecimento de mudas.

Uma faixa de aproximadamente dez metros ao longo do limite da propriedade com

a Rodovia MS-180, isolada da área de pastagem por meio de cerca de arame, constitui área de

plantio de eucalipto, atividade de exploração recente pelo produtor, que almeja diversificar as

fontes de lucro da propriedade.

2.6.3 Manejo Reprodutivo e Sanitário do Rebanho

O gado criado na Estância Saturno é leiteiro misto, ou seja, não há preferência por

uma única raça nem planejamento de melhoramento genético. As raças predominantes são

Holandês e Girolando. A reprodução é por monta, com a manutenção de dois machos

reprodutores. São mantidas na propriedade cerca de 40 fêmeas, das quais em média 30 são

ordenhadas durante o ano. Não se faz a separação entre fêmeas solteiras e lactantes, apenas

eventualmente nos primeiros dias após a parição. Os bezerros permanecem junto às fêmeas

durante a ordenha, que é feita no início do dia, por volta das 5h, até as 11h. Após este horário,

são separados da mãe, e novo contato para lactação ocorrerá somente na ordenha do dia

seguinte. Os bezerros são desmamados aos oito meses de idade e levados para outra

propriedade para recria. Há preocupação com a qualidade das crias, principalmente dos

machos, já que os mesmos são destinados a recria e engorda. As fêmeas de melhor qualidade,

quando adultas, retornam à propriedade para servirem à produção de leite.

Não há assistência veterinária rotineira na propriedade, porém o manejo sanitário é

realizado, seguindo as recomendações públicas de vacinação para o gado de todas as idades e

com a adoção de medidas preventivas contra infestações. A vacinação contra febre aftosa é

32

feita conforme o calendário anual estabelecido pelo governo estadual. Também são aplicadas,

conforme as recomendações, vacinas regulares contra brucelose, carbúnculo, botulismo e

raiva animal. Todo o gado recebe aplicação de vermífugos duas vezes ao ano, observando-se

sempre o cuidado de não aplicar o medicamento em fêmeas durante a lactação. O controle de

moscas e carrapatos é realizado conforme a demanda através de pulverização de inseticidas e

carrapaticidas. De rotina, é realizado também o manejo de cura do umbigo dos bezerros

recém-nascidos com a aplicação de Cidenthal até a total cicatrização. No demais, quando da

ocorrência de inflamações, infecções ou qualquer acometimento nos bovinos, é solicitada a

intervenção veterinária, prestada gratuitamente como fidelização pela equipe das lojas de

produtos veterinários de que o produtor costuma adquirir insumos.

2.6.4 Alimentação do Rebanho

A alimentação do rebanho é feita fundamentalmente pela disponibilização de

pastagens. Os piquetes são divididos conforme a Figura 11. Não há critério estabelecido para

rotação entre piquetes, sendo esta efetuada à medida que os pastos são consumidos.

Figura 11- Divisão de piquetes de pastagens da Estância Saturno, 2010.

33

Como complemento nutricional, é oferecida a todo o rebanho, e adicionalmente às

lactantes durante a ordenha, ração composta pela moagem da cana-de-açúcar produzida na

propriedade, além de sal mineral aditivado com formulação composta por macro e

micronutrientes balanceados para as exigências nutricionais dos bovinos. A oferta de ração é

de 5 a 8 kg por cabeça, podendo variar para mais nas épocas de seca. A oferta de sal mineral é

de cerca de 200 g por cabeça. A água é continuamente disponibilizada a todo o rebanho por

meio de bebedouros cujo nível controlado por bóias garante renovação contínua da água.

2.6.5 Ordenha

A ordenha é realizada através de ordenhadeira mecânica, uma vez ao dia ao

amanhecer, a partir das 5 horas. Preliminarmente à instalação das teteiras procede-se a rápida

lavagem com água, de forma manual, pelo funcionário da propriedade. Após a lavagem, o

funcionário efetua a secagem dos tetos e, manualmente, massageia cada teto para descartar os

primeiros jatos de leite. Em seguida instala as teteiras e aciona a ordenhadeira para estímulo

simultâneo dos quatro tetos de cada fêmea. Ao perceber a redução do fluxo de leite, o

funcionamento do equipamento é interrompido e são desinstaladas as teteiras. A vaca, então, é

encaminhada junto com o bezerro para um compartimento aberto da mangueira,

permanecendo ali até o final da ordenha das outras fêmeas, quando todas serão, por fim, soltas

em um dos piquetes de pastagem. Não é feita a lavagem dos tetos após a ordenha.

O local da ordenha é coberto, sem paredes e com compartimento em que

permanecem os bezerros durante a ordenha para que a fêmea tenha a “ilusão” de que a cria

está mamando. O piso é de concreto e, após a ordenha, é feita sua higienização, com a

remoção dos excrementos presentes.

O leite ordenhado é depositado em galões, os quais são acondicionados em

compartimento próprio para esta finalidade. Logo após o término da ordenha, os galões são

34

levados à sede da cooperativa de produtores, a 500 m da Estância Saturno, onde há

resfriadores em que é armazenado. O leite é vendido para o laticínio Copagril, da cidade de

Mundo Novo-MS, a 54 km, o qual é responsável pela coleta e transporte do produto.

2.6.6 Cultivo de Cana-de-açúcar

A implantação da cultura da cana-de-açúcar, com a finalidade de complementar a

alimentação do rebanho bovino, foi planejada e executada sob a supervisão técnica da

Agência Estadual de Desenvolvimento Agrário, que forneceu as mudas, efetuou as correções

no solo e implementou as técnicas de plantio. Os tratos culturais realizados pelo funcionário

da propriedade consistem basicamente na capina manual para conter invasoras. Não há

planejamento para o controle de pragas e doenças, contudo, não foram verificados indícios de

ataques significativos à cultura. Algumas plantas apresentam mosaicos, porém a sanidade do

canavial é satisfatória, bem como sua produtividade.

Seguindo a metodologia de cálculo preconizada por S. Thiago (2002), a área

plantada de cana-de-açúcar para garantir sustentavelmente a alimentação do rebanho presente

na Estância Saturno deve ser de 1,5 ha. Tem-se, pois, que a área cultivada na propriedade (1,6

ha) é suficiente e adequada.

2.6.7 Cultivo de Eucalipto

O produtor optou por ocupar uma faixa ao longo da propriedade com a plantação

de eucalipto no intuito de criar um quebra-vento, além de estabelecer nova fonte de receita de

médio prazo para a propriedade. Contudo, a cultura foi implantada sem planejamento técnico.

As mudas foram adquiridas pelo proprietário e semeadas sem a aplicação das técnicas corretas

de plantio. A ausência de correção do solo e de espaçamento adequado resultou na falta de

35

uniformidade no crescimento das plantas: verifica-se, na área, a convivência entre árvores de

cerca de 20 metros de altura e outras que não chegam de 2 metros. Relata o produtor que,

principalmente no primeiro ano após o plantio, ocorreu grande dificuldade no controle de

formigas cortadeiras, praga que ainda assola as plantas. Notou-se, ainda, a ocorrência de

doenças foliares como oídio e ferrugem.

A cultura se encontra em fase final de crescimento, e se estima que em alguns

meses boa parte das árvores esteja apta para o corte.

2.7 ANÁLISE ECONÔMICA

A análise para determinação da viabilidade econômica foi realizada segundo a

metodologia de Matsunaga et al (1976), a partir de levantamento e cálculo das receitas e

despesas da atividade no ano de 2009.

2.7.1 Receitas

Durante o ano de 2009, imediatamente anterior ao levantamento, permaneceram

em lactação em média 30 fêmeas, as quais produziram em média 6.000 L de leite por mês. A

Figura 12 mostra a variação da produção mensal de leite, em litros, durante o ano de 2009.

O preço médio pago pelo litro do leite durante o ano de 2009 foi de R$ 0,46.

Considerando-se esse valor e a produção anual declarada pelo proprietário de 72.202 litros de

leite, temos, conforme demonstrado na Tabela 5, a receita anual de R$ 33.212,92.

A propriedade possui como fonte adicional de receita a locação de máquinas e

implementos para outros produtores. No entanto, tendo que as locações são eventuais e

esporádicas e impondo como condição a filosofia de que a produção de leite deve ser

36

suficiente para a sustentabilidade e o lucro da propriedade, a renda proveniente da locação de

máquinas e implementos não será considerada.

Figura 12- Gráfico da produção mensal de leite (em Litros) da Estância Saturno no ano de 2009.

O aproveitamento das crias pelo proprietário é por este considerado produção da

propriedade, logo, fonte de renda. Será, pois, aqui considerada a receita que a comercialização

das crias renderia caso efetuada, para fins de análise da viabilidade econômica atual.

Tabela 5- Receita bruta anual da produção da Estância Saturno no ano de 2009.

Fonte de receita Produção anual Preço (R$ un-1) Receita anual (R$)

Produção de Leite 72.202 L 0,46 33.212,92

Comercialização de crias 30 cabeças 550,00 16.500,00

Receita total (R$) 49.712,92

2.7.2 Custos Fixos

Os custos fixos operacionais da Estância Saturno compreendem a depreciação de

benfeitorias, máquinas e implementos, a remuneração do funcionário da propriedade e os

respectivos encargos sociais. Conforme demonstrado na Tabela 6, a soma dos custos fixos

5300 5400 5500 5600 5700 5800 5900 6000 6100 6200 6300

jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09

37

anuais para a propriedade foi de R$ 30.848,43 no ano de 2009. Não foi somada a depreciação

das pastagens, tendo em vista que estas são consideradas sustentáveis.

Tabela 6- Custos fixos operacionais da Estância Saturno no ano de 2009.

Fator de Produção Depreciação (R$ ano-1)

Benfeitorias:

Galpão de alvenaria 629,03 Mangueira 885,71 Cocho de madeira 27,50 Cocho de madeira 23,13 Cerca elétrica 967,50 Cercas 8.480,00 Poço semi-artesiano 372,00 Entrada de energia 346,15 Rede baixa tensão 123,08

Máquinas e Implementos:

Grade hidráulica 20x26” 500,00 Grade niveladora flutuante 233,33 Lançadeira de sementes 245,50 Lançadeira de sementes 245,50 Plantadeira de mandioca 1.000,00 Plantadeira 4 linhas 1.160,00 Pulverizador hidráulico 700,00 Ordenhadeira mecânica 560,00

Remuneração funcionário 13.333,33

Encargos sociais 1.066,67

Total custos fixos R$ 30.898,43

2.7.3 Custos Variáveis

Os custos variáveis compreendem as despesas com insumos (combustíveis,

medicamentos, nutrição, dentre outros) e com manutenção das benfeitorias, máquinas e

equipamentos. Conforme a Tabela 7, a soma dos custos variáveis no ano de 2009 foi de R$

25.005,33. Não houve, no ano, despesa com reforma de pastagens.

38

Tabela 7- Custos variáveis operacionais da Estância Saturno no ano de 2009.

Fator de Produção Taxa de Manutenção

Valor Manutenção (R$ ano-1)

Manutenção de Benfeitorias: Casa de madeira 35% 392,00 Galpão de alvenaria 45% 501,43 Tulha de madeira 35% 98,00 Mangueira 35% 868,00 Bebedouro 1500 L 30% 39,00 Bebedouro 1500 L 30% 39,00 Bebedouro 500 L 30% 15,00 Cerca elétrica 35% 225,75 Cercas 35% 2.968,00 Poço semi-artesiano 30% 93,00 Entrada de energia 35% 105,00 Rede baixa tensão 35% 37,33 Manutenção de Máquinas e Implementos:

Trator 4x4 50% 3.750,00 Trator 2x2 50% 2.400,00 Grade hidráulica 20x26” 50% 333,33 Grade niveladora flutuante 50% 233,33 Lançadeira de sementes 70% 163,33 Lançadeira de sementes 70% 163,33 Plantadeira 4 linhas 70% 812,00 Plantadeira de mandioca 70% 700,00 Calcareadora 50% 516,67 Ensiladeira forrageira 70% 800,00 Pulverizador hidráulico 35% 245,00 Carreta reboque 35% 303,33 Ordenhadeira mecânica 30% 96,00 Insumos Sal mineral – 2.200 kg ano-1 4.620,00 Óleo diesel – 250 L ano-1 587,50 Energia elétrica – 500 kWh mês-1 2.820,00 Vacinas e vermífugos 1.080,00

Total custos variáveis R$ 25.005,33

2.7.4 Apuração do Custo Operacional

O custo operacional é composto pela soma dos custos fixos, custos variáveis, pró-

labore e Imposto Territorial Rural (ITR). Considerando-se a retirada pró-labore equivalente a

39

três salários mínimos, conforme demonstrado na Tabela 8, o custo operacional da Estância

Saturno no ano de 2009 foi de R$ 72.674,76.

Tabela 8- Custo operacional da Estância Saturno no ano de 2009.

Especificação Valor (R$)

Custos fixos 30.898,43

Custos variáveis 25.003,33

Pró-labore 16.740,00

ITR 33,00

Valor do custo operacional R$ 72.674,76

2.7.5 Análise da Viabilidade Econômica

Ao final do levantamento econômico, verifica-se que as receitas somaram R$

49.712,92, enquanto o custo operacional foi de R$ 72.674,76, resultando um saldo negativo

para a atividade de R$ 22.961,84. Desta forma, conclui-se que a produção atual da

propriedade é insuficiente para manter o capital nela investido, tendo em vista que as receitas

não são capazes de cobrir o custo operacional da propriedade. Assim, a sensação de prejuízo

descrita pelo produtor é justificada.

Para que a propriedade se torne economicamente viável, são necessários ações e

investimentos a fim de elevar a produtividade leiteira. Supondo a produção leiteira como

fonte de receita sustentável para a propriedade, para se cobrir o custo operacional de R$

72.674,76 recebendo R$ 0,46 por litro de leite (posto que o preço não pode ser aumentado por

iniciativa do produtor), devem-se produzir cerca de 158.000 litros de leite por ano, o que

significa incrementar a produtividade em aproximadamente 120%. Este é o cenário atual da

propriedade sem que se considere o custo de oportunidade da terra e do capital investido, o

qual incrementaria ainda o prejuízo econômico da propriedade. O custo de oportunidade será

demonstrado e considerado no planejamento agropecuário (Capítulo 4).

40

3. DIAGNÓSTICO

De posse dos dados do levantamento agropecuário da Estância Saturno e de seu

entorno, procede-se ao diagnóstico dos pontos favoráveis e desfavoráveis ao desenvolvimento

de um projeto de viabilidade técnica e econômica para a propriedade, descritos a seguir sob a

classificação em aspectos positivos e aspectos negativos.

3.1 ASPECTOS POSITIVOS

Localização da propriedade próxima ao perímetro urbano do município de

Iguatemi e a poucos metros do centro de armazenamento da cooperativa de comercialização

de leite da região, em que se encontram os resfriadores.

Rigorosidade no cumprimento do calendário de vacinações e no controle

sanitário em geral, ações que tem permitido a saúde do rebanho bovino nos últimos anos.

Conservação de boa parte da mata nativa à margem do córrego Bocajá.

Disponibilidade de água de qualidade e em quantidades suficientes à

bovinocultura de leite.

Utilização da propriedade conforme sua aptidão agropecuária.

Disponibilização de alimentação suplementar para o rebanho.

Composição do rebanho a partir das parições na propriedade, o que reduz a

necessidade de investimento para aquisição de novos animais regularmente.

Área cultivada com cana-de-açúcar como aprimoramento forrageiro, o que leva

à melhoria da base nutricional do rebanho.

Utilização de ordenha mecânica.

41

3.2 ASPECTOS NEGATIVOS

Ausência de assistência técnica qualificada, tanto por Engenheiro Agrônomo

quanto por Médico Veterinário.

Incredulidade do produtor no retorno dos investimentos demandados para

aprimoramento técnico da propriedade.

Reserva Legal insuficiente e não averbada.

Intervenção para solução do processo erosivo ambientalmente inadequada, com

a deposição de pneus velhos no bordo da voçoroca.

Infraestrutura ociosa.

Solo com necessidade de correção e adubação, sem monitoramento efetuado

por técnico responsável.

Cultivo de pastagens selecionadas sem critérios tecnicamente indicados.

Falta de tratos culturais para com as pastagens, principalmente para controle de

plantas daninhas.

Presença de corredor para trânsito do rebanho degradado por erosão em sulcos.

Rebanho constituído de genética animal desconhecida, com baixa produção de

leite por lactante.

Manejo inadequado das pastagens; falta de critério para rodízio entre piquetes.

Manejo reprodutivo ineficiente, inclusive com relação à destinação das crias.

Ausência de controle produtivo leiteiro individual e falta de anotações em

planilhas das atividades sanitárias desempenhadas em cada animal.

Cultivo de eucalipto feito de maneira inadequada, com baixa produtividade.

Espaço cultivado com eucalipto permanentemente isolado do rebanho,

subaproveitando área que poderia também servir de pastagem ao rebanho.

42

4. PLANEJAMENTO

Tendo em vista que a propriedade apresenta aptidão para o desenvolvimento da

bovinocultura leiteira, considerando que o produtor prefere não se submeter a mudanças e

atentando, ainda, para o fato de a propriedade possuir localização favorável, a opção é manter

a atividade atual, desenrolando-se o planejamento para a propriedade com o objetivo de torná-

la técnica, ambiental e economicamente viável no exercício da pecuária bovina leiteira.

Para tanto, sugerir-se-ão ações, investimentos e recomendações a fim de,

primordialmente, efetuar-se a regularização da área e, a seguir, alcançar as melhorias

necessárias à sustentabilidade da propriedade. As propostas consistem em:

Recuperação da área da voçoroca existente para solução ambientalmente

correta do problema de erosão do solo.

Reflorestamento de área complementar para composição e averbação da

Reserva Legal.

Manutenção dos terraços em toda a área.

Replantio e manutenção de pastagens, efetuando-se as correções de acidez e

fertilidade do solo, bem como a escolha da forragem adequada.

Redimensionamento dos piquetes, com implantação do sistema de pastejo

rotacionado.

Melhoria no manejo reprodutivo do rebanho, inclusive com adoção da

inseminação artificial.

Recomendação de práticas de controle zootécnico produtivo e sanitário do

rebanho.

Melhorias no manejo nutricional dos bovinos e na ordenha.

43

Melhoramento genético do rebanho.

Implementação de sistema de aproveitamento de dejetos e restos de matéria

orgânica para aprimoramento técnico e redução de custos.

Consolidação do sistema silvipastoril na propriedade, inclusive com previsão

da comercialização do eucalipto existente e replantio da área.

Venda de implementos e equipamentos sem utilização ou sucateados.

Recomendação para o controle financeiro e orçamentário da propriedade.

Indicação de assistência técnica para manutenção das melhorias implantadas e

intervenção nas deliberações agronômicas.

Os preços dos insumos utilizados no planejamento foram obtidos no comércio

local e, em alguns casos, regional.

4.1 REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DA PROPRIEDADE

Fazem-se necessárias diversas medidas para tornar a propriedade legalmente

regular em seus aspectos ambientais. As ações devem ser planejadas e executadas em

observância a critérios técnicos adequados, a fim de garantir os benefícios e o equilíbrio

ecológico pretendido.

4.1.1 Recuperação da Área Degradada pela Voçoroca

Inicialmente, será providenciada a retirada dos pneus que foram depositados para

conter a enxurrada. Isto se dará com auxílio do Poder Executivo municipal, que, espera-se,

não se furtará a providenciar, como prestação de serviço público, transporte e destinação

adequada ao entulho.

44

Para atenuar a força e a ação das águas pluviais nas paredes da voçoroca, serão

construídas paliçadas de bambu ao longo dos taludes (Figura 13). Os bambus serão dispostos

verticalmente lado a lado com espaçamento de poucos centímetros, unidos e firmados por

meio da amarração com arame liso recozido. Nas extremidades e nos pontos em que se fizer

necessário, as paliçadas serão presas a estacas fixadas em pontos de terra firme. Os bambus

devem ser verdes e plantados no solo sempre que praticável, para que a possível brotação

auxilie na função das paliçadas e atue como cobertura vegetal nos pontos críticos da voçoroca.

Figura 13- Esquema das paliçadas de bambu ao longo dos taludes da voçoroca.

A área da voçoroca será isolada e reflorestada, visto que boa parte se encontra

sobre o raio de 50 metros de nascente de curso d´água, que, conforme a Lei n.º 4771/65, é

considerado área de preservação permanente. A área reflorestada que ultrapassar esse raio

será utilizada para composição da reserva legal.

Será construída cerca de arame liso para isolar a voçoroca. Numa faixa de dois

metros ao longo da cerca, será executado o plantio de espécies arbustivas agressivas, a fim de

restringir o acesso ao local e também auxiliar na contenção da enxurrada. Essas plantas terão

duas podas anuais para limitar sua expansão principalmente para o lado das pastagens.

O método para recuperação florestal da área está descrito na subseção 4.1.3,

devendo conduzir a área à configuração mostrada na Figura 14.

45

Figura 14- Isolamento e reflorestamento da área degradada pela voçoroca.

4.1.2 Adequação da Mata Ciliar

As exigências legais para a mata ciliar da Estância Saturno, conforme a Lei

4.771/65, são a preservação do raio de 50 m ao redor da nascente e de uma faixa de 30 m ao

longo da margem do Córrego Bocajá, visto que seu leito tem largura inferior a dez metros.

Com as intervenções propostas para recuperação da voçoroca e composição da

reserva legal, apresentadas na subseção seguinte, será criado um único nicho de preservação

na propriedade, que inclui a mata ciliar.

4.1.3 Composição da Reserva Legal

Para adequação da reserva legal, será isolada e reflorestada uma área contígua com

a mata ciliar. Conforme discutido na subseção 2.3.6, atualmente há 3,7 ha de mata

preservada. Com o reflorestamento da área isolada para recuperação da voçoroca conforme

apresentado na subseção 4.1.1, ter-se-á um adicional de 2,9 ha, totalizando 6,6 ha de área de

preservação. Desta área, 2,1 ha correspondem à exigência legal para a mata ciliar, a qual

necessita ainda de complementação de 0,1 ha para sua adequação. Assim, 4,4 ha, ou 9,4% da

área da propriedade, estariam disponíveis à composição da reserva legal. Para complementar

46

os 20% exigidos pela legislação, serão isolados mais 5,3 hectares contíguos à área de

preservação existente, da maneira mostrada na Figura 15.

Figura 15- Área de preservação permanente e reserva legal da Estância Saturno após as medidas para regularização ambiental.

A estratégia para o reflorestamento consiste em:

a) Plantio de mudas com espaçamento pouco adensado, a fim de se iniciar o

processo de sucessão ecológica, com custo reduzido; e

b) Adoção de técnicas de nucleação, como a transposição de serapilheira e a

instalação de poleiros secos, para que a regeneração plena do ambiente ocorra de maneira

natural com o tempo.

Sobre a área degradada pela voçoroca, num raio de 50 m da nascente, com

espaçamento de cinco a dez metros, efetuar-se-á o plantio alternado de:

I- Espécies leguminosas, por se tratar de solo degradado e de praticamente

impossível correção. As leguminosas exigem menos nutrientes do solo, pois possuem

capacidade natural de fixação biológica do nitrogênio (TAVARES et al, 2008). O plantio de

leguminosas será na proporção de 60%, como espécies pioneiras.

47

II- Espécies características da mata ciliar local e regional, com presença de

frutíferas para atrair polinizadores e dispersores de sementes, na proporção de 30% de

espécies secundárias e 10% de espécies clímax.

Nos taludes e adjacências, pela impossibilidade de plantio de espécies arbóreas,

serão plantadas leguminosas arbustivas. Em toda a área serão também plantadas espécies

herbáceas não invasoras, para proteger o solo da movimentação de sedimentos decorrente do

impacto direto das gotas de chuva e também incrementar o aporte de matéria orgânica. A

opção é pelo amendoim forrageiro, leguminosa de baixa exigência nutricional, boa fixação de

nitrogênio, rápidos crescimento e cobertura do solo e baixa concorrência com as demais

espécies (PEREIRA, 2009).

Nas demais áreas, será aplicado dessecante não seletivo para eliminação da

braquiária existente, tendo que esta é grande competidora e invasora. Efetuar-se-á a correção

da acidez do solo por meio de calagem de superfície, além do espalhamento de esterco bovino

para adubação orgânica. Em seguida serão plantadas, com espaçamento de 5 a 10 m na área

pertencente ao isolamento da voçoroca e de 10 a 15 m na área restante, alternadamente:

I- Espécies leguminosas, em razão de sua eficiência na absorção de nutrientes já

descrita, na proporção de 60%, como espécies pioneiras.

II- Espécies do bioma Floresta Estacional Semidecidual, que constitui a cobertura

original da região, na proporção de 30% de espécies secundárias e 10% de espécies clímax.

Nos primeiros 60 dias após o plantio, deverão ser realizadas capinas a cada 15

dias, com coroamento das mudas num raio de 60 cm. Após esse período, ao menos três

capinas anuais para evitar a concorrência com invasoras. Caso verificada a presença de

formigas cortadeiras, deve-se aplicar o formicida recomendado ao final da seção. Todas as

mudas devem receber tutoramento. A sugestão de espécies para as medidas de

reflorestamento é apresentada na Tabela 9.

48

Tabela 9- Lista de espécies sugeridas para o reflorestamento da área de preservação da Estância Saturno.

Arbóreas leguminosas Ciliares nativas Nativas do Bioma Acacia mangium Anadenanthera colubrina Apidosperma polyneuron Acacia mearnii Annona cacans Balfourodendron riedellianum Albisia guachapelle Apidosperma polyneuron Blepharocalyx salicifolius Albizia lebbek Astronium graveolens Cabralea canjerana Albiza saman Cabralea canjerana Campomanesia xanthocarpa Casuarina cunninghamiana Casearia sylvestris Cariniana estrellensis Calliandra calothyrsus Cecropia pachystachya Cedrela fissilis Clitoria fairchildiana Cedrela fissilis Centrolobium tomentosum Gliricidia sepium Centrolobium tomentosum Chorisia speciosa Inga marginata Chorisia speciosa Copaifera langsdorffii Leucaena leucocephala arbórea Chrysophylum marginatum Eugenia uniflora Mimosa caesalpiniifolia Copaifera langsdorffii Gallesia integriolia Mimosa tenuiflora Cordia superba Guarea guidonia Paraserianthes falcataria Cróton urucurana Inga marginata Piptadenia gonoacantha Didymopanax morototonii Jacaratia spinosa Prosopis juliflora Duguetia lanceolata Machaerium nyctitans Sesbania grandifora Ficus guaranitica Machaerium stipitaum Genipa americana Myrcia rostrata Jacaranda micrantha Myroxylon peruiferum Lonchocarpus subglaucescens Parapiptadenia rigida Machaerium aculeatum Patagonula americana Myroxylon peruiferum Peltophorum dubium Nectandra megapotamica Pilocarpus pennatifolius Parapiptadenia rigida Prunus myrtifolia Peltophorum dubium Pterodon pubescens Rhaminidium elaeocarpum Savia dictyocarpa Savia dictyocarpa Sweetia fruticosa Schinus terebentifolius Tabebuia iimpetiginosa Tabebuia impetiginosa Talauma ovata Tabernaemontana histax Trichilia catigua Tapira guianensis Trichilia pallida Tibouchina stenocarpa Vitex magapotamica Trichilia pallida Vochysia tucanorum

Constituir-se-á, assim, uma área de 9,7 ha, correspondente a 20,8% do total da

propriedade, para composição da reserva legal. Depois de implantado o reflorestamento,

deve-se dar entrada no processo de averbação junto ao IMASUL (Instituto de Meio Ambiente

de Mato Grosso do Sul) e ao INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)

para regularizar a documentação da propriedade.

49

4.1.4 Resumo e Orçamento das Ações

O cálculo da calagem para correção da acidez foi realizado a partir da análise do

solo e da metodologia de Van Raij et al (1997). A fim de elevar a saturação por bases a 50%,

deverá ser aplicada 0,943 t um-1 de calcário dolomítico de PRNT 75% na área cujas pastagens

serão substituídas por reflorestamento. Tendo em vista que a escolha das espécies privilegiou

aquelas com menor exigência nutricional, a adubação será feita somente no plantio,

diretamente nas covas, pois espera-se que o isolamento da área a torne auto-sustentável.

A Tabela 10 apresenta a lista de insumos, recomendações de aplicação e os custos

associados à implantação das propostas. A mão de obra será executada pelos funcionários do

produtor. Para construção de cercas, serão utilizados mourões obtidos do corte de eucalipto

planejado conforme seção 4.8.

Tabela 10- Relação de insumos, recomendações e estimativa de custos para a regularização ambiental da Estância Saturno.

Insumo Recomendação Unid. Quant. Custo unit. (R$)

Valor total (R$)

Construção de paliçadas e poleiros secos

Bambu – vara de 10 m Cortar em varas de aprox. 3 m p/ paliçadas. Engastar 2 m p/ poleiros mil 1,3 190,00 247,00

Arame liso recozido 16 BWG Amarração bambu-bambu kg 35 6,50 227,50

Arame liso galvanizado 14 BWG Amarração bambus-estacas kg 6 10,80 64,80

Subtotal (R$) 539,30 Construção de cercas arame liso 5 fios Mourão esticador de aroeira C=2,5m dz 0,5 468,00 234,00

Balancim Dois em cada espaçamento cem 1,8 63,70 114,66 Catraca galvanizada um 30 1,36 40,80 Arame liso galvanizado 14 BWG kg 120 10,80 1.296,00

Plantio de cerca-viva

Muda de Sansão-do-campo (Mimosa caelsapineafolia)

Plantio em covas de 40x20x20cm, espaçamento de 1 m. Adicionar

100g de NPK 10-20-10 ao substrato em cada cova.

Um 480 0,18 86,40

continua...

50

Tabela 10- Relação de insumos, recomendações e estimativa de custos para a regularização ambiental da Estância Saturno (continuação).

Plantio de arbóreas leguminosas Mudas conforme Tabela 9

Plantio em covas de 80x50x50cm. Adicionar 200g de NPK 0-20-10 un 340 0,12 40,80

Plantio de arbustivas e herbáceas Muda de Leucaena leucocephala arbustiva

Plantio em covas de 40x30x30cm. Adicionar 100g de NPK 0-20-10. un 200 0,10 20,00

Estolão de Amendoim Forrageiro (Arachis Pintoi)

Plantio em covas de 20x10x10cm. Dois estolões por cova.

Espaçamento de 1 a 2 m. un 400 0,06 240,00

Plantio de espécies cliliares nativas Mudas conforme Tabela 9

Plantio em covas de 80x50x50cm. Adicionar 200g de NPK 10-20-10. un 370 0,12 44,40

Plantio de espécies nativas do bioma Mudas conforme Tabela 9

Plantio em covas de 80x50x50cm. Adicionar 200g de NPK 10-20-10. un 340 0,12 40,80

Insumos Plantio Dessecante não seletivo

Paraquate. Diluir conforme instruções do fabricante. g i.a. 3.330 0,02 66,60

Fertilizante NPK 0-20-10

Aplicar nas covas para mudas de leguminosas kg 3,5 38,90 136,15

Fertilizante NPK 10-20-10

Aplicar nas covas para mudas de nativas e ciliares não leguminosas kg 14,5 43,60 632,20

Calcário dolomitico PRNT 75% t 6,98 19,00 132,62 Controle de pragas Formicida- ref. Citromax Aplicar conf. instruções do produto kg 1 40,00 40,00

TOTAL (R$) 3.705,93

4.2 MANUTENÇÃO DOS TERRAÇOS

Os terraços da propriedade foram construídos em 2006 e desde então nunca

receberam manutenção preventiva. Como foram planejados e executados sob supervisão de

profissional habilitado, admite-se que tenham sido adequadamente dimensionados. Desta

forma, será executada a manutenção dos aproximadamente 8.000 m de terraços existentes,

reperfilando os camalhões e efetuando os ajustes que se mostrarem necessários.

Para tanto, são estimadas 128 horas de trabalho com o trator e terraceador.

Considerando a mão-de-obra do funcionário da propriedade e o consumo de

51

aproximadamente 7 L h-1 de óleo diesel, os custos para realização da proposta são

demonstrados na Tabela 11.

Tabela 11- Demonstrativo de custos para manutenção dos terraços da Estância Saturno.

Insumo Unid. Quant. Custo unit. (R$)

Valor total (R$)

Óleo diesel L 900 2,35 2.115,00

4.3 AÇÕES PARA A COBERTURA FORRAGEIRA

A decisão por manter a bovinocultura de leite como atividade principal resulta,

considerando as características da propriedade, na manutenção também do método de criação

extensiva, cuja principal fonte nutricional do rebanho são as pastagens.

Dessa maneira, serão replantadas as pastagens degradadas e mantidas as pastagens

recém-formadas (Figura 16), efetuando-se as devidas correções do solo. A cana-de-açúcar não

necessitará de intervenção em razão de que seu plantio foi planejado por profissional

habilitado e de não apresentar indícios negativos.

Figura 16- Croqui de reforma das pastagens da Estância Saturno.

52

4.3.1 Replantio das Pastagens Degradadas

Para área de 21,1 ha em que serão replantadas as pastagens, opta-se pelo plantio da

forragem Brachiaria humidicola, tendo em vista que, além de constituir a mesma forragem

que será mantida na área adjacente e da excelente adaptação às condições da região, possui

exigência nutricional não elevada e boa relação custo-benefício. O plantio será em consórcio

com a leguminosa amendoim forrageiro (Arachis pintoi), que, graças à fixação biológica do

nitrogênio atmosférico por bactérias associadas às suas raízes, apresenta alta produtividade de

forragem com alto teor de proteína bruta (VALENTIM, 2004). Esta leguminosa tem

apresentado boa adaptabilidade ao consórcio com gramíneas do gênero Brachiaria, além de

constituir ganho nutricional ao rebanho.

Segundo a Comissão de Química e Fertilidade do Solo (2004), a implantação de

pastagem perene deve ser feita no sistema de cultivo convencional e o calcário deve ser

incorporado. Assim, efetuar-se-á o preparo do solo mediante aração e posterior gradagem da

área. Após a incorporação do calcário para correção da acidez do solo, objetivando-se elevar o

pH a 5,5 e a saturação por bases a 70%, condições ideais para o plantio consorciado de

leguminosas e gramíneas de estação quente, a humidícola será semeada na taxa de 2,5 kg ha-1

de sementes viáveis, em linhas, para melhor controle de invasoras, na profundidade de 5 a 10

cm. A adubação de plantio será efetuada dentro dos sulcos, para nutrição localizada somente

das plantas desejáveis. O amendoim forrageiro será plantado em estolões, com a implantação

de três estolões por cova em covas de 10 cm de profundidade espaçadas de 50 cm, em linhas

com espaçamento de 1 m umas das outras. O consórcio será estabelecido pela alternância

entre faixas de 5 m de gramínea e 2 m de leguminosa no sentido das linhas paralelas de

plantio, o que deve, segundo Valentim (2008), após a colonização da pastagem, constituir

cobertura de 20 a 40% de leguminosa na composição botânica da forragem.

53

As recomendações de calagem e adubação mineral para o primeiro ano após o

plantio foram calculadas com base nas análises de solo e nas necessidades nutricionais das

forragens, e estão demonstradas na Tabela 12. As sementes das leguminosas deverão ser

inoculadas com rizóbio específico. A adubação nitrogenada se fará somente se a inoculação

for constatada ineficiente (COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO, 2004).

Tabela 12- Recomendação de adubação e calagem para o plantio do consórcio de pastagens da Estância Saturno.

Nutriente Exigência

Nutricional (kg ha-1)

Fertilizante Adubação no Plantio (kg ha-1)

Adubação de Cobertura (kg ha-1)

Adubação Total

(kg ha-1) Nitrogênio - - - - - Fósforo 160 Termofosfato 941 - 941 Potássio 130 Cloreto de potássio 224 - 224 Calagem Calcário Dolomítico PRNT 75%: 2,38 t ha-1

Nos anos subsequentes deverão ser executadas adubações de cobertura para

atendimento das necessidades nutricionais anuais das forragens. Essas adubações serão

compostas por adubos orgânico e mineral. O adubo orgânico será obtido pelo aproveitamento

do esterco bovino recolhido das instalações da mangueira, valendo-se do sistema a ser

implantado conforme se discutirá na seção 4.7. Segundo cálculos propostos por Campos, A.

(2001), estima-se que na propriedade serão produzidos anualmente cerca de 366.000 L de

esterco semi-sólido, o que permitiria a aplicação de 10.860 L ha-1 desse adubo orgânico sobre

as pastagens. Esse volume contribuiria com quantidades de nutrientes expostas na Tabela 13.

Tabela 13- Quantidades de nutrientes presentes em 10.860 L de adubo orgânico.

Nutriente (kg ha-1) Adubo

Nitrogênio Fósforo Potássio

Esterco animal pastoso 3,9 2,9 19,2 Fonte: Comissão de Química e Fertilidade do Solo (2004).

A aplicação do adubo orgânico deve ser feita em parcelas mensais de 905 L ha-1, já

que a aplicação de grandes volumes de uma só vez poderia vir a contaminar o lençol freático.

54

Mesmo com a aplicação do adubo orgânico, é necessária a utilização de fertilizantes químicos

para complementação das necessidades nutricionais da forragem. A recomendação para

aplicação da adubação química a partir do segundo ano do plantio é mostrada na Tabela 14.

Tabela 14- Recomendação de adubação a partir do segundo ano após o plantio do consórcio de pastagens.

Nutriente Exigência

Nutricional* (kg ha-1)

Fertilizante Adubação de

Cobertura (kg ha-1)

Adubação Total

(kg ha-1) Nitrogênio - - - - Fósforo 57,1 Termofosfato 336 336 Potássio 40,8 Cloreto de potássio 70,3 70,3

*Considerado o suprimento de parte nas exigências nutricionais com a aplicação do adubo orgânico.

Os investimentos necessários para a execução do replantio de 21,1 ha de cobertura

forrageira estão descritos na Tabela 15. A mão de obra será executada pelos funcionários do produtor.

Tabela 15- Orçamento para replantio de 21,1 ha de pastagens da Estância Saturno.

Operação Unid. Quant. Custo unitário (R$)

Valor total (R$)

Plantio e adubação no primeiro ano Óleo Diesel L 430 2,35 1.010,50 Sementes viáveis de Brachiaria humidicola kg 37 85,00 3.145,00 Estolões de Arachis pintoi cv. Belmonte mil 190 45,00 8.550,00 Calcário Dolomítico PRNT 75% t 50,2 19,00 953,80 Termofosfato kg 19.855,1 0,67 13.302,92 Cloreto de Potássio kg 4.726,40 1,85 8.743,84

Total para plantio/dois anos iniciais (R$) 35.706,06 Adubação a partir do segundo ano Termofosfato kg 7.089,60 0,67 4.750,03 Cloreto de Potássio kg 1.483,3 1,85 2.744,11

Total anual a partir do segundo ano (R$) 7.494,14

4.3.2 Manutenção das Pastagens Recém Reformadas

Para correção da fertilidade do solo e consequentes melhor aproveitamento

nutricional e sustentabilidade das pastagens recém reformadas, na área de 11,6 ha será feita

55

calagem com aplicação de calcário sobre a superfície, durante a estação chuvosa para que a

incorporação se dê por infiltração. Não se faz necessária a reforma do pasto porque a

pastagem se encontra em boas condições. Com base nisso, serão realizadas adubações de

cobertura para atendimento das exigências nutricionais da forragem.

Outra medida para a área será o estabelecimento do consórcio da gramínea com a

leguminosa amendoim forrageiro, tal como se fez na área em que as pastagens foram

replantadas. Para tanto, será utilizado o sistema de plantio convencional em faixas de 2 m de

largura, espaçadas de 5m para o plantio das mudas da leguminosa, seguindo as mesmas

recomendações da subseção anterior. As recomendações de calagem e adubação para a

manutenção da humidícola e plantio do amendoim forrageiro são apresentadas na Tabela 16.

Tabela 16- Recomendação de adubação e calagem para as ações na área de pastagem recém reformada.

Nutriente Exigência

Nutricional (kg ha-1)

Fertilizante Adubação no Plantio (kg ha-1)

Adubação de Cobertura (kg ha-1)

Adubação Total

(kg ha-1) Brachiaria humidicola (8,12 ha) Adubação para o primeiro ano Nitrogênio 200 Sulfato de amônio - 238 x 4* 952 Fósforo 120 Termofosfato - 706 706 Potássio 120 Cloreto de potássio - 207 207 Adubação para os anos seguintes** Nitrogênio - - - - - Fósforo 97,1 Termofosfato - 571 571 Potássio 90,8 Cloreto de potássio - 157 157 Calagem Calcário Dolomítico PRNT 75%: 0,943 t ha-1 Arachis pintoi (3,48 ha) Adubação para o primeiro ano Nitrogênio 0 - - - - Fósforo 130 Termofosfato 765 - 765 Potássio 90 Cloreto de potássio 155 - 155 Adubação para os anos seguintes** Nitrogênio 0 - - - - Fósforo 57,1 Termofosfato - 336 336 Potássio 40,8 Cloreto de potássio - 70,3 70,3 Calagem Calcário Dolomítico PRNT 75%: 1,66 t ha-1

*Adubação de cobertura do N será parcelada em quatro aplicações, uma a cada 120 dias. ** Considerado o suprimento de parte nas exigências nutricionais com a aplicação do adubo orgânico.

56

Os investimentos necessários para a execução das ações estão descritos na Tabela

17. A mão de obra será executada pelos funcionários do produtor.

Tabela 17- Orçamento para manutenção de 11,6 ha de pastagens recém formadas da Estância Saturno.

Operação Unid. Quant. Custo unitário (R$)

Valor total (R$)

Plantio e adubação no primeiro ano Óleo Diesel L 170 2,35 399,50 Estolões de Arachis pintoi mil 100 45,00 4.500,00 Calcário Dolomítico PRNT 75% t 7,66 19,00 145,54 Sulfato de Amônio kg 7.730,2 0,70 5.411,14 Termofosfato kg 8.394,9 0,67 5.624,58 Cloreto de Potássio kg 2.220,2 1,85 4.107,37

Total para plantio/dois anos iniciais (R$) 20.188,13 Adubação a partir do segundo ano Termofosfato kg 5.805,8 0,67 3.889,89 Cloreto de Potássio kg 1.519,5 1,85 2.811,07

Total anual a partir do segundo ano (R$) 6.700,96

4.4 IMPLANTAÇÃO DO PASTEJO ROTACIONADO

Para exploração otimizada do potencial produtivo adquirido com a reforma das

pastagens, será implantado o sistema de pastejo rotacionado, que traz melhor eficiência à

ciclagem de nutrientes das pastagens devido ao rebrote adequado das forrageiras. O rebanho

será dividido em três lotes, cada qual permanecendo em um piquete. O lote 1 será composto

pelas vacas em lactação de maior produtividade de leite, o lote 2 composto por vacas em

lactação de menor produtividade e o lote 3 composto pelas fêmeas em estágio final de

gestação e novilhas. O período de pastejo será de seis dias, devendo o respectivo piquete

descansar por pelo menos 24 dias (VALENTIM, 2008).

O autor ainda prescreve que o número de piquetes para os intervalos indicados

deve ser de cinco piquetes por lote, totalizando 15 piquetes. A área calculada para

atendimento da exigência nutricional de matéria seca de cada lote de bovinos é de 2,0 ha por

57

piquete conforme apresentado na Tabela 18. Considerou-se a produtividade de matéria seca

para o consórcio de forrageiras de 26 toneladas por hectare, conforme instruem Valentim

(2004) e Gonçalves (1994).

Tabela 18- Cálculo da área necessária para apascentamento do número de bovinos da Estância Saturno.

Consumo MS Área Lote Vacas Novilhas kg (ha ano)-¹ ha Lote 1 15 0 51.428,6 2,0 Lote 2 15 0 51.428,6 2,0 Lote 3 10 10 51.428,6 2,0

Peso vivo vaca lactante: 600 kg Peso vivo novilha: 300 kg Produtividade de Matéria Seca (MS): 26 ton ha-1 Consumo estimado de MS por animal: 2% do peso vivo Perda de pastejo: 30% Perdas de estacionalidade: 10%

Para os 15 piquetes a área total necessária é de 30,0 ha. Como existem 32,7 ha de

pastagens disponíveis, cada piquete terá 2,1 ha, totalizando 31,5 ha. O 1,2 ha restante será

dividido em três piquetes de 0,4 ha destinados ao pastoreio dos bezerros. O dimensionamento

dos piquetes demonstrou que a quantidade de vacas atualmente produzindo na propriedade é

ideal para ser mantida, permitindo-se ainda o aumento do apascentamento de 10 novilhas,

antes criadas em outra propriedade, para servirem como futuras reprodutoras.

Os cálculos levaram em conta os fatores de perda e estacionalidade das pastagens.

Contudo, deve-se sempre observar as alturas da forrageira tanto para a entrada quanto para a

saída do gado dos piquetes. A altura recomendada para a humidícola é de 25-30 cm para

entrada e 10-12 cm para saída (VALENTIM, 2008). Durante a estação seca, é esperado que a

complementação nutricional com a cana-de-açúcar não torne necessária a redução da carga

animal sobre os piquetes.

A área atualmente destinada ao corredor de trânsito do gado será incorporada às

pastagens, ficando extinto o corredor. As cercas construídas serão eletrificadas, compostas por

2 fios de arame liso, utilizando o eletrificador existente. Para viabilizar a divisão dos piquetes,

58

deverá ser construído um novo bebedouro na mesma linha dos existentes, 70 m a jusante. Não

será necessário bombeamento de água, já que será aproveitada a declividade do terreno.

Levando-se em conta o aproveitamento das cercas existentes, de mourões de aroreira

estocados na propriedade e da utilização da mão de obra de funcionários do produtor, os

custos para implantação do sistema de pastejo rotacionado são apresentados na Tabela 19.

Tabela 19- Orçamento para implantação do sistema de pastejo rotacionado na Estância Saturno.

Insumo Unid. Quant. Custo unit. (R$) Valor Total (R$) Arame liso galvanizado 14 BWG kg 195 10,80 2.106,00 Isolador roldana de porcelana un 180 0,72 129,60 Castanha de porcelana un 110 0,70 77,00 Esticador estaca un 140 3,54 495,60 Placa de advertência un 12 11,50 138,00 Serviço de construção de bebedouro de concreto 1500 L com 70 m de tubulação un 1 1.500,00 1.500,00

TOTAL (R$) 4.446,20

4.5 MANEJO DO REBANHO

Para que os investimentos em infraestrutura e pastagens tornem em ganho de

produtividade leiteira, é necessária a adoção de medidas que garantam o correto manejo do

rebanho. Estas incluem controle zootécnico produtivo e sanitário do rebanho, bem como

estratégias para nutrição, ordenha e reprodução. Além das intervenções que serão sugeridas, é

preciso atentar aos cuidados diários na lida com os animais, mantendo trato não agressivo e

evitando fatores de estresse ao gado, dada sua influência na quantidade de leite produzida.

4.5.1 Controle Sanitário

O diagnóstico da propriedade demonstrou que o produtor tem procedido

adequadamente no que se refere ao manejo sanitário do rebanho. Essa rotina evidentemente

deve ser mantida. É preciso, todavia, aumentar tal cuidado registrando-se detalhadamente os

59

eventos, bem como estabelecendo um calendário prévio anual de ações, para consolidação do

controle sanitário do rebanho e, inclusive, para ampliação do controle financeiro por meio da

previsão orçamentária de custos. O Anexo 1 apresenta modelo de ficha de controle sanitário e

o Anexo 2 exemplo de calendário anual de vacinação a ser adotado.

Outras intervenções sanitárias que eventualmente se fizerem necessárias devem ser

recomendadas e acompanhadas por um médico veterinário devidamente habilitado.

4.5.2 Controle Zootécnico Produtivo

O correto manejo do rebanho inclui o estabelecimento de critérios de diferenciação

e de classificação dos animais. Para tanto, basta que seja realizado o preenchimento de fichas

que permitam a caracterização individual de cada animal e sua posição no rebanho. O

produtor já exerce certo controle, em que cada cabeça possui numeração e em uma lista são

anotadas informações relevantes. É necessário, pois, ampliar esse controle, por meio do

preenchimento de fichas que de maneira mais abrangente caracterizem cada animal e também

monitorem os indicadores coletivos do rebanho. O Anexo 3 apresenta o modelo de ficha para

controle individual e o Anexo 4 o modelo de ficha para controle geral do rebanho.

O controle produtivo será exercido por meio da pesagem do leite ordenhado de

cada vaca, cujos resultados serão anotados em ficha cujo modelo é apresentado no Anexo 5. A

pesagem será feita uma vez ao mês e os resultados serão avaliados mensal e anualmente. Essa

avaliação permitirá obter diagnóstico detalhado dos índices de produtividade da propriedade.

4.5.3 Manejo Nutricional

Grande percentual do sucesso na produção leiteira depende das práticas

nutricionais para com o rebanho. A reestruturação forrageira e de pastejo rotacionado

60

contribuirão sobremaneira para a consecução dos objetivos, porém, são necessárias melhorias

na organização da rotina nutricional para se elevar a produtividade ao nível desejado.

A principal mudança a ser efetuada diz respeito à alimentação dos bezerros.

Atualmente o produtor mantém os bezerros ao lado das vacas durante o período da manhã.

Sabe-se que este manejo é inadequado à produção otimizada de leite, desta forma, o produtor

deve ampliar a apartação dos bezerros, com exceção das primeiras 24 horas após o parto,

quando devem mamar o colostro para aquisição dos anticorpos fundamentais. A presença do

bezerro junto à mãe durante a ordenha será mantida uma vez que há zebuamento no rebanho,

o que torna necessária a participação da cria para estimulação da vaca à descida do leite.

Adotar-se-á o desmame precoce, isto é, após 60 dias do nascimento o bezerro não mais deverá

mamar, e sua presença durante a ordenha ocorrerá apenas para estimular visualmente a mãe.

A alimentação dos bezerros será apenas com o leite residual, como foi dito, até 60

dias, sendo que, a partir da segunda semana do nascimento, será oferecido alimento

concentrado para suprimento das necessidades nutricionais. A quantidade de concentrado a

ser disponibilizada é de 500 g até o 60º dia, 1 kg do 2º até o 8º mês e 500 g até o 10º mês.

Para as fêmeas selecionadas a prosseguir para renovação das matrizes, deve ser oferecido 1 kg

de concentrado até que completem um ano. O concentrado deve ter ao menos 16% de

proteínas e 70% de NDT (nutrientes digestivos totais), além de fósforo e cálcio, em sua

composição. Conforme Campos, O. (2006b), a alimentação das crias através do concentrado é

economicamente viável se o preço de 1 kg de concentrado for menor ou igual a 2,25 vezes o

preço de 1 kg de leite. Tomando-se o preço de 1 kg de concentrado no mercado local a R$

1,05, considerando a densidade do leite 1,030 kg L-1 e o preço pago ao produtor pelo litro do

leite de R$ 0,52, tem-se que o valor da relação é 1,95, portanto é viável utilizar o concentrado.

Quanto à complementação nutricional do restante do rebanho, atualmente o

produtor oferece ração produzida pela moagem de cana-de-açúcar e sal mineral aditivado, em

61

quantidade igual a todo o rebanho. Essa rotina será mantida, visto que é necessária para

suplementar a oferta de matéria seca ao gado. Entretanto, as quantidades oferecidas devem

variar conforme a classificação do animal no rebanho. Para as vacas de maior produtividade

serão disponibilizados 7 kg de ração durante a lactação e para as de menor produtividade 5 kg.

Para as novilhas e vacas no terço final da gestação deverão ser oferecidos também 7 kg de

ração. O sal mineral aditivado deve continuar a ser oferecido, pois garante a suplementação

mineral indispensável à plenitude das funções estruturais e metabólicas dos bovinos, desde

que sua formulação seja compatível com os requerimentos apresentados na Tabela 20.

Tabela 20- Requerimentos e concentração máxima tolerável de minerais para o gado leiteiro.

Vacas Elemento mineral Unidade Crescimento e

terminação Gestação Lactacão Máxima tolerável

Cálcio (Ca) % 0,19 - 0,73 0,22 - 0,38 0,43 - 0,77 _ Cloro (Cl) % - - - - Cromo (Cr) mg/kg - - - 1 .000,00 Cobalto (Co) mg/kg 0,10 0,10 0,10 10,00 Cobre (Cu) mg/kg 10,00 10,00 10,00 100,00 lodo (I) mg/kg 0,50 0,50 0,50 50,00 Ferro (Fe) mg/kg 50,00 50,00 50,00 1 .000,00 Magnésio (Mg) % 0,10 0,12 0,20 0,40 Manganês (Mn) mg/kg 20,00 40,00 40,00 1 .000,00 Molibdênio (Mo) mg/kg - - - 5,00 Níquel (Ni) mg/kg - - - 50,00 Fósforo (P) % 0,12 - 0,34 0,16 - 0,24 0,25 - 0,48 - Potássio (K) % 0,60 0,60 0,70 3,00 Selênio (Se) mg/kg 0,10 0,10 0,10 2,00 Sódio (Na) % 0,06 - 0,08 0,06 - 0,08 0,10 - Enxofre (S) % 0,15 0,15 0,15 0,40 Zinco (Zn) mg/kg 30,00 30,00 30,00 500,00

Fonte: Veiga (2005)

4.5.4 Manejo Reprodutivo

Tal qual a rotina nutricional, o manejo reprodutivo deve sofrer mudanças a fim de

se aproximar dos índices reprodutivos ideais para a pecuária leiteira. Primordialmente, a

62

reprodução por monta deve ser substituída pela inseminação artificial, que se bem empregada

eleva a média de parições e permite o progresso do rebanho ao melhoramento genético.

O produtor deve oferecer rigoroso treinamento a seus funcionários para que estes

desempenhem eficientemente a observação e monitoração do cio das vacas, a fim de se

reduzir ao mínimo a perda de cios. O primeiro cio após a parição costuma ocorrer entre dois e

três meses e deve ser aproveitado para que se alcance a meta de uma cria anual por vaca. Para

as novilhas, objetiva-se que a primeira parição aconteça aos 24 meses, portanto deve-se

observar e aproveitar o primeiro cio por volta dos 15 meses de idade.

As inseminações devem ser sexadas com predominância de fêmeas visando à

seleção de sucessoras. A ordenha deve acontecer por entre 300 e 305 dias. Após este período,

deverá ser executada a secagem da vaca por meio da aplicação de antibiótico específico para

este fim. Assim, garante-se o descanso de 60 dias para a glândula mamária até o próximo

parto. Como já descrito, nesse intervalo a vaca estará recebendo maior volume de

complementação nutricional para prepará-la para a próxima parição.

4.5.5 Ordenha

Conforme caracterizado na subseção 2.6.5, a rotina de ordenha tem sido bem

realizada. Cabem, não obstante, algumas recomendações, dentre as quais a higienização dos

tetos e teteiras da ordenhadeira mecânica após a ordenha, que é ignorada. Esta higienização é

ação preventiva de infecções mamárias e de moléstias nos bezerros.

A mudança principal fica por conta da introdução da segunda ordenha diária, no

período da tarde, por volta das 17 h. A ordem das vacas ordenhadas passará a ser constante e

determinada com base em critérios de qualidade e produtividade: terão prioridade de ordenha

as vacas que apresentarem melhor sanidade dos tetos e, como segundo critério, as que

produzem maior volume de leite.

63

O local da ordenha, apesar de não ser ideal, não receberá modificações, posto que

possui as divisões necessárias e as condições sanitárias fundamentais. Investimentos para

melhoria onerariam sobremaneira o orçamento e não reverteriam em significativos ganhos de

produtividade ou rentabilidade.

Por fim, deve o ordenhador receber treinamento para aprimorar seu conhecimento

técnico a respeito da glândula mamária e do manejo animal, a fim de aperfeiçoar sua

habilidade nos tratos da ordenha.

4.6 MELHORAMENTO GENÉTICO DO REBANHO

Atualmente a propriedade se situa na classificação de produtividade de nível baixo

(inferior a 2.800 kg por lactação), para o qual, segundo Barbosa et al (2002), a raça Girolando

é a mais indicada para o sistema de produção. Contudo, com as recomendações e melhorias

introduzidas acredita-se ser possível elevar o patamar de produção para o de nível médio

(entre 2.800 e 4.200 kg por lactação). Dessa maneira, será estabelecido um cronograma de

melhoramento genético para a propriedade.

Foi discutido anteriormente que o aumento da lotação animal se dará pela

manutenção de dez novilhas criadas na propriedade e isso resultará em carga animal próxima

do máximo recomendável para as pastagens, dessa forma não há planejamento para aquisição

de vacas ou novilhas. Também não é viável efetuar a substituição do rebanho, em decorrência

tanto do impacto de adaptabilidade e do custo do investimento. Assim, tendo que a

recomendação reprodutiva para o futuro é a utilização de inseminação artificial, este será o

meio de seleção genética do rebanho. Como atualmente não há controle de raças do gado,

predominando animais oriundos de cruzamentos de proporções indeterminadas, a estratégia

será aproximar o rebanho do padrão genético desejado gradualmente por meio do uso de

sêmen com a característica genética determinada e a renovação do rebanho.

64

Para os primeiros seis anos, a opção é executar a inseminação artificial de material

genético da raça Girolando, que consiste no cruzamento 5/8 Holandês e 3/8 Gir, em face das

suas características compatíveis com a propriedade no momento presente. Espera-se obter, ao

final desse ciclo, índices de produtividade próximos a 3.600 kg por lactação. A partir do 7º

ano, consolidado o sistema de produção proposto e, eventualmente, com adoção de novas

melhorias, a proposta é a evolução da produtividade leiteira aproximando o padrão genético

da raça européia Holandês. Para tanto, as inseminações deverão ser feitas com sêmen de

cruzamento 3/4 Holandês e 1/4 Gir ou outra raça zebuína que se mostre adequada à época,

com base inclusive nos resultados anotados nas fichas de controle produtivo. A meta é superar

4.200 kg por lactação, elevando a propriedade ao patamar de alta produtividade.

4.7 APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS PARA PRODUÇÃO DE ADUBO ORGÂNICO

Uma das grandes preocupações contemporâneas é a sustentabilidade ambiental, e

todas as ações que conduzam a contribuição para tanto são reconhecidas e valorizadas. Se

houver proveito econômico, pois, tais ações se tornam salutares. Nesse sentido será

recomendado ao produtor um pequeno volume de investimento que, além de representar

préstimo à sustentabilidade ambiental, trará redução de custos no processo de manutenção da

produtividade sustentável da propriedade.

Será introduzido um sistema de reaproveitamento dos resíduos orgânicos

produzidos na propriedade, tanto pelo esterco bovino liberado durante a ordenha quanto pelos

restos alimentares do consumo humano, folhas, galhos e quaisquer materiais de origem

animal ou vegetal, por meio do manejo de esterco semi-sólido. Trata-se de um sistema de

limpeza em que a mistura dos dejetos com água é suficiente apenas para facilitar a remoção

do esterco. O resultado desse processo produz um efluente com 12 a 16% de sólidos

(CAMPOS, A., 2001). Na Estância Saturno, o sistema será implementado por meio do

65

armazenamento em tanque abaixo do nível do solo (esterqueira), construído a 50 m da

mangueira, no sentido da declividade do terreno. O tanque será constituído por um cubo de

alvenaria com 1,5 m de lado, volume suficiente para armazenamento de efluente produzido

pelo período de até sete dias, constituído por blocos de concreto revestidos com argamassa

impermeabilizante, com tampa de concreto dotada de acoplamento para retirada do composto.

Na mangueira será construído sistema de captação dos efluentes, que serão

conduzidos ao tanque por meio de tubulação de PVC de 100 mm. Haverá uma caixa de

passagem para facilitar a manutenção em caso de necessidade. O serviço de construção do

tanque, da captação e tubulação será terceirizado. Para distribuição do adubo produzido, será

adquirido um distribuidor de esterco líquido tracionado por trator, equipado com sistema

vácuo-compressor para as operações de homogeneização, carregamento e distribuição.

Os custos para implantação do sistema de aproveitamento de resíduos e produção

de adubo orgânico são apresentados na Tabela 21.

Tabela 21- Orçamento da implantação do sistema de aproveitamento de resíduos orgânicos na Estância Saturno.

Insumo Unid. Quant. Custo unit. (R$) Valor total (R$)

Serviço de construção do tanque de alvenaria de 3,4 m³, 50 metros de tubulação de PVC 100 mm e sistema de captação de efluentes

un 1 1.100,00 1.100,00

Distribuidor de esterco líquido 3.000 L un 1 6.500,00 6.500,00

TOTAL (R$) 7.600,00

4.8 CONSOLIDAÇÃO DO SISTEMA SILVIPASTORIL

Com o objetivo de usufruir dos proventos de um bom investimento de médio prazo

e também de estabelecer um quebra-vento para a propriedade, o produtor efetuou o plantio de

eucalipto na área de 0,6 ha. No entanto, o plantio sem planejamento e assistência adequados

não permitiu que o produtor lograsse pleno êxito em seus intentos. Além disso, a área

66

plantada com eucalipto permanece isolada, não permitindo acesso ao gado, o que leva ao

desperdício de área de pastagem aproveitável.

O sistema silvipastoril tem-se mostrado promissor em termos de rentabilidade,

além dos seus benefícios agronômicos (DOSSA et al, 2003). O planejamento para a Estância

Saturno contempla a manutenção do Eucalipto como arbórea cultivada, em razão de seu

crescimento rápido e excelente valorização no mercado local, o que garante boa rentabilidade.

Opta-se pelo cultivo de espécie com fim comercial energético (carvão vegetal ou lenha), cujo

mercado é mais abrangente na região e de que os tratos culturais são menos complexos. A

espécie indicada é a Eucalyptus cloeziana, em razão de seu bom crescimento e rendimento

volumétrico e da capacidade adaptativa à região. Além disso, havendo sucesso no cultivo,

parte da produção pode ser comercializada como postes, mourões ou para a construção civil, o

que vem a agregar valor produtivo. As ações importam na comercialização do eucalipto

existente, reestruturação do plantio nessa área e expansão do cultivo para sobre os terraços.

4.8.1 Comercialização do Eucalipto Existente

O eucalipto cultivado na propriedade está em fase final de crescimento e em

alguns meses poderá ser cortado e comercializado. Contudo, em razão dos gravames de

cultivo apontados, espera-se um rendimento de cerca de 60%, apenas, para a produção. Com o

corte, a ser realizado no próximo ano, espera-se obter 104 m³ de madeira útil para a

comercialização, já excluindo a quantidade que será utilizada na construção de cercas. O

mercado local paga pelo produto o preço médio de R$ 42,00 por m³, fornecendo os serviços

de corte e transporte das árvores. A receita esperada é demonstrada na Tabela 22.

Tabela 22- Receita prevista para a comercialização do eucalipto existente na Estância Saturno.

Fonte de Receita Unid. Quant. Preço unit. (R$) Valor total (R$) Eucalipto 7 anos m³ 104 42,00 4.368,00

67

4.8.2 Reestruturação da Área Plantada

Embora aparente insensata a resolução de desperdiçar rebrotas e ainda destinar

recursos para novo investimento na área, faz-se necessário fazê-lo para que se possam

alcançar as metas agronômicas e econômicas. Será adotada uma estratégia singular para a

área, visando torná-la tecnicamente apropriada com o menor investimento possível e

concomitantemente tirando tanto proveito quanto possível dos investimentos já realizados.

O sistema silvipastoril ideal para a área em questão requer formação arbórea

plantada em três linhas espaçadas entre si de três metros, com espaçamento entre plantas de

1,5 metro, sendo que as árvores devem ser intercaladas entre as linhas (zig-zag), a fim de

permitir melhor ocupação da área pelo gado. Deste modo, a estratégia consiste em efetuar

criterioso levantamento a campo com medições de distância e identificação das árvores de

melhor qualidade que se situem em pontos que atendam à locação para um projeto de plantio

com os espaçamentos mencionados.

Após o corte referido na subseção anterior, será realizada destoca parcial da área,

preservando-se os tocos/raízes das árvores identificadas. Dentre os tocos e raízes destocados,

serão comercializados os de maior volume. Os demais tocos e raízes, além das cepas mal

desenvolvidas, galhos e folhas, serão mantidos na superfície para servirem de agentes de

incorporação de matéria orgânica ao solo. Os tocos e raízes mantidos servirão como

promovedores de rebrota para constituição da composição arbórea do sistema silvipastoril

planejado. Estimando-se que os tocos mantidos representem 50% dos pontos necessários à

formação arbórea projetada para a área, os demais 50% serão constituídos por mudas a serem

adquiridas e plantadas. Utilizando-se da planilha de cálculo de densidade arbórea elaborada

pela Embrapa, para as condições especificadas o número de árvores é de 2.500 unidades por

hectare. Para a área de 0,6 ha e considerando-se a razão de 50% citada e 10% de replantio, a

quantidade de mudas a ser adquirida é de 825 unidades.

68

O plantio das mudas será manual, com mão de obra própria, em covas de 50 cm de

profundidade. Para correção da acidez, a calagem será feita com aplicação de calcário

dolomítico no plantio, sendo parte (300g) no fundo da cova e o restante aplicado na superfície

entre as linhas de plantio. A adubação será feita no plantio, com aplicação do fertilizante no

fundo das covas, e em cobertura após 4 meses, aplicando-se o adubo por coroamento de 50

cm em cada muda. A adubação por coroamento será executada também nos tocos preservados

para rebrota. As recomendações de calagem e adubação estão expressas na Tabela 23.

Tabela 23- Recomendação de adubação e calagem para a reestruturação da área plantada de Eucalipto.

Nutriente Exigência

Nutricional (kg ha-1)

Fertilizante Adubação no Plantio (kg ha-1)

Adubação de Cobertura*

(kg ha-1)

Adubação Total

(kg ha-1) Nitrogênio 50 Sulfato de amônio 142 96 238 Fósforo 120 Termofosfato 705 - 705 Potássio 60 Cloreto de potássio 69 35 104 Calagem** Calcário Dolom. PRNT 75% => 2,0 t ha-1

*Adubação de cobertura será realizada ao 4º mês após o plantio **Aplicar 300g de calcário no fundo de cada cova, e o restante na superfície entre as linhas de plantio

Deve ser realizado o controle de invasoras até o segundo ano, por meio de capinas

manuais a cada 60 dias. A principal praga que aflige a produção de eucalipto na região são as

formigas cortadeiras saúvas, do gênero Atta. Seu controle deve ser efetuado por meio da

utilização de formicidas do tipo isca, indicado ao final desta seção. O monitoramento da

presença das cortadeiras deve ser frequente.

No terceiro ou quarto ano, deve ser feita avaliação para se determinar a

possibilidade, viabilidade e/ou necessidade de desbaste. O desbaste, além de propiciar

crescimento uniforme à planta, agregando valor comercial, constitui fonte de renda adicional

e de prazo intermediário ao sistema produtivo. Para efeito dos cálculos econômicos,

apresentados na seção 4.13, considerar-se-á a produção aproximada de 200 m³ ha-1 de madeira

proveniente do desbaste, a partir de ponderação com fundamento nos coeficientes

apresentados por Dossa et al (2003).

69

A destoca parcial da área, estima-se, deve disponibilizar 40 m³ de troncos e raízes

comercializáveis. Considerando-se o preço pago de R$ 15,00 pelo mercado local, espera-se

obter com essa operação a receita demonstrada na Tabela 24.

Tabela 24- Receita prevista para a comercialização do eucalipto existente na Estância Saturno.

Fonte de Receita Unid. Quant. Preço unitário (R$)

Valor total (R$)

Toco/raiz de Eucalipto 7 anos m³ 40 15,00 600,00

Os custos para as operações de destoca e aquisição de mudas para o plantio são

apresentados ao final desta seção.

4.8.3 Plantio do Eucalipto sobre os Terraços

O plantio sobre os terraços auxilia na estabilização do solo e, por conseguinte, na

própria função existencial destes. Dar-se-á em duas linhas sobre cada terraço, espaçadas de 2

metros. O espaçamento entre as árvores em cada linha será de 3 metros. O plantio será

intercalado entre linhas a fim de evitar a compactação do solo em linhas contínuas decorrentes

da movimentação do gado sobre o terraço. Serão necessárias 5.330 mudas.

Não será necessária calagem, uma vez que os terraços estão sobre a área que

receberá correção de acidez para reforma das pastagens. As instruções para adubação são as

mesmas da subseção anterior. As recomendações de adubação estão expressas na Tabela 25.

Tabela 25- Recomendação de adubação para o plantio de eucalipto sobre os terraços da Estância Saturno.

Nutriente Exigência

Nutricional (kg ha-1)

Fertilizante Adubação no Plantio (kg ha-1)

Adubação de Cobertura*

(kg ha-1)

Adubação Total

(kg ha-1) Nitrogênio 50 Sulfato de amônio 142 96 238 Fósforo 120 Termofosfato 705 - 705 Potássio 60 Cloreto de potássio 69 35 104

*Adubação de cobertura será realizada ao 4º mês após o plantio.

70

Os tratos culturais (controle de invasoras e formigas cortadeiras e desbaste) são os

mesmos recomendados na subseção anterior. Será necessária a construção de cercas

provisórias para isolamento da área cultivada com eucalipto até que este cresça à altura

aproximada de 1,5 metro, isto é, por cerca de 2 anos, a fim de evitar que o gado pisoteie ou

mesmo se alimente das mudas e brotações. Serão construídas cercas eletrificadas, compostas

por 2 fios de arame liso, com uso do eletrificador existente e de mourões de 1,5 metro obtidos

do eucalipto cortado. Os custos para execução das cercas, aquisição e plantio das mudas são

apresentados na Tabela 26.

Tabela 26- Orçamento para consolidação do sistema silvipastoril na Estância Saturno.

Insumo Unid. Quant. Custo unitário (R$)

Valor total (R$)

Mudas de Eucalyptus cloeziana mil 6,155 380,00 2.338,90 Arame liso galvanizado 14 BWG kg 320 10,80 3.456,00 Isolador roldana de porcelana un 240 0,72 172,80 Castanha de porcelana un 160 0,70 112,00 Esticador estaca un 175 3,54 619,50 Placa de advertência un 20 11,50 230,00 Calcário Dolomítico PRNT 75% t 1,2 19,00 22,80 Sulfato de Amônio kg 904 0,70 632,80 Termofosfato kg 2.679 0,67 1.794,93 Cloreto de Potássio kg 395 1,85 730,75 Formicida- ref. Citromax kg 2,5 40,00 100,00 Serviço de destoca h 7 100,00 700,00

TOTAL (R$) 10.910,48

4.9 VENDA DE IMPLEMENTOS OCIOSOS

Parte dos implementos existentes na Estância Saturno não possui empregabilidade

na atividade da propriedade. Além disso, o presente planejamento, ao recomendar práticas

com nova estrutura conceitual para a rotina agropecuária, tal como o plantio direto, acaba por

sentenciar à inação também outros implementos. A infraestrutura inerte, além de não produzir

renda, acaba contribuindo para o incremento dos custos fixos da propriedade em virtude de

71

sua depreciação. Constitui-se, pois, investimento financeiro sem retorno econômico, logo é

recomendada sua venda, da qual os proventos serão, inclusive, úteis à composição do capital

necessário para custeio dos investimentos propostos.

A Tabela 27 apresenta a relação dos implementos a serem comercializados. Os

valores esperados pela venda foram obtidos em pesquisa de mercado e em parte divergem dos

apresentados na Tabela 4 em razão de que o preço ofertado concretamente diverge daquele

calculado por meio da metodologia econômica aplicada.

Tabela 27- Equipamentos a serem vendidos e receita estimada.

Descrição Característica Ano Estado Conserv.

Receita Estimada- R$

Grade hidráulica 18x26” Tatu 1994 Bom 2.000,00

Grade niveladora flutuante 44 discos Baldan 1998 Bom 1.500,00

Grade niveladora 36 discos Tatu 1990 Regular 1.200,00

Plantadeira de mandioca 2 linhas Trivisan PMCT1200 2001 Bom 2.000,00

Plantadora 4 linhas Semeato PH 2700 2001 Bom 2.320,00

Subsolador 5 ganchos 1990 Regular 1.000,00

Arado 3 discos 1985 Sucata 500,00

Arado 4 discos 1988 Sucata 650,00

Grade arrasta 20 discos 1990 Regular 1.400,00

Semeadora 11 linhas Fankhauser 1992 Bom 2.500,00

TOTAL (R$) 15.070,00

4.10 CONTROLE FINANCEIRO

Um dos requisitos para o sucesso de qualquer atividade é o rigoroso controle das

receitas e despesas envolvidas em seu exercício. Assim, o produtor deverá anotar e analisar

todo o fluxo financeiro mensal e anual da propriedade, desse modo é possível avaliar os

resultados, detectar aspectos negativos, controlar e reduzir custos e aumentar a produtividade.

O Anexo 6 apresenta o modelo da planilha a ser preenchida mensalmente para

anotação dos custos e receitas da produção. O Anexo 7 traz o modelo de ficha para controle

72

anual dos resultados da produção. Para esta ficha deverão ser transcritos os resultados

mensais. O resultado anual será a soma dos resultados mensais subtraída da depreciação da

infraestrutura e do imposto anual.

4.11 ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Segundo foi diagnosticado, muito do infortúnio vivenciado pela atividade

agropecuária da propriedade decorre da ausência de assistência agronômica qualificada. As

recomendações apresentadas neste planejamento somente lograrão otimizado resultado se

acompanhadas por profissional habilitado que oriente o produtor a realizar corretamente as

intervenções na propriedade, bem como efetue o monitoramento do progresso da atividade.

O produtor eventualmente se vale da assistência da Agência de Desenvolvimento

Agrário e Extensão Rural do Mato Grosso do Sul (Agraer), contudo somente para ações

isoladas. Como a propriedade é pequena e não comportaria a contratação de um profissional,

a recomendação é que o produtor mantenha a assistência da Agraer, que, como entidade

pública de interesse social, presta serviços de extensão rural gratuitamente. Entretanto, a

procura deve ser rotineira e constante, inclusive com a apresentação do presente planejamento

para que a entidade tome ciência e designe acompanhamento habitual para a investigação do

alcance das metas estipuladas.

4.12 CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DAS PROPOSTAS

Por razões de viabilidade técnica e financeira, as medidas recomendadas deverão

ser implementadas em etapas. Apresenta-se o cronograma de implantação das propostas no

Anexo 8.

73

4.13 ANÁLISE ECONÔMICA DO PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO

As medidas recomendadas no desdobramento das seções anteriores proporcionam

à propriedade a adequação técnica necessária à eficácia no encalço da produtividade e dos

índices agronômicos pleiteados. Todavia, é essencial verificar se o custo para a

fundamentação das ações é compatível com a soma dos recursos financeiros disponíveis.

4.13.1 Investimentos Programados

A Tabela 28 apresenta a síntese dos investimentos requeridos para efetivação das

recomendações do planejamento para a propriedade, conforme o cronograma de implantação.

Tabela 28- Descrição dos investimentos a serem realizados na Estância Saturno.

Data Investimento Valor (R$) Construção de paliçadas- contenção da voçoroca 539,30 Manutenção dos terraços 2.115,00 Replantio das pastagens degradadas 35.706,06 Manutenção das pastagens recém plantadas 20.188,13 Cercas e bebedouros para pastejo rotacionado 4.446,20

2011- 1º Semestre

Total p/ 2011- 1º semestre - R$ 62.994,69 Cercamento e reflorestamento p/ regularização ambiental 3.166,63 Destoca parcial, plantio de mudas de eucalipto e cercamento provisório p/ sistema silvipastoril 10.910,48

Tanque e tubulação p/ sistema de aproveit. de resíduos 1.100,00 2011- 2º Semestre

Total p/ 2011- 2º semestre - R$ 15.177,11 Aquisição de distribuidor de esterco líquido 6.500,00

2012 Total p/ 2012 - R$ 6.500,00

TOTAL DE INVESTIMENTOS (R$) 84.671,80

4.13.2 Estimativa dos Custos de Produção

A Tabela 29 apresenta a previsão dos custos de produção para os próximos anos,

consideradas as inclusões e exclusões de bens e capital conforme cronograma de implantação.

74

Tabela 29- Estimativas dos custos de produção após o planejamento agropecuário.

Ano Despesa Valor (R$) Custos fixos Depreciação de benfeitorias 5.861,98 Depreciação de máquinas e equipamentos 2.368,90 Pro labore 18.360,00 ITR 33,00 Remuneração funcionário 13.333,33 Encargos sociais 1.066,67 Custos variáveis Manutenção de benfeitorias 2.596,33 Manutenção de máquinas e equipamentos 9.667,67 Sal mineral suplementado - 2.200 kg ano-1 4.620,00 Energia elétrica - 500 kWh mês-1 2.820,00 Vacinas 520,00 Vermífugos 560,00 Óleo diesel 100 L ano-1 220,00

2011

Outros insumos 200,00 TOTAL PARA 2011 - R$ 62.227,88

Custos fixos Depreciação de benfeitorias 6.029,98 Depreciação de máquinas e equipamentos 2.713,01 Pro labore 18.360,00 ITR 33,00 Remuneração funcionário 13.333,33 Encargos sociais 1.066,67 Custos variáveis Manutenção de benfeitorias 2.668,33 Manutenção de máquinas e equipamentos 9.819,33 Sal mineral suplementado - 2.750 kg ano-1 5.775,00 Energia elétrica - 500 kWh mês-1 2.820,00 Vacinas 650,00 Vermífugos 700,00 Óleo diesel - 300 L ano-1 660,00 Alimento concentrado para bezerros - 10.800 kg ano-1 11.340,00 Inseminações - 40 doses ano-1 432,00 Adubações de manutenção das pastagens 14.195,10

2012

Outros insumos 200,00 TOTAL PARA 2012 - R$ 91.795,77

De 2013 em diante, em virtude da estabilização do processo produtivo, o custo de

produção deve se manter no mesmo patamar de 2012.

75

4.13.3 Estimativa da Receita Anual

As expectativas para o aumento da produção de leite após o planejamento

agropecuário baseiam-se nas informações fisiológicas e biológicas, experimentações e

sistemas de produção consultados e indicados nas referências deste trabalho.

Para o ano de 2011, durante o primeiro semestre não se espera qualquer alteração

na produtividade, em razão de que as primeiras medidas estarão ainda em processo de

implantação, porquanto cada vaca continuaria produzindo em média 6 litros de leite por dia.

Para o segundo semestre, com o início do pastejo rotacionado e a introdução da leguminosa

na dieta das lactantes, presume-se um aumento já de 3 litros por dia na produção média de

cada vaca. Em relação às crias, estas ainda teriam a mesma destinação.

Em 2012, com início do novo manejo nutricional dos bezerros, da segunda

ordenha diária e das inseminações artificiais, a produção deve passar a 12 litros diários por

vaca. A partir de 2013, para se valer do melhoramento genético das inseminações, serão

retidas dez crias, comercializando-se somente 20, agora também a preço médio menor, visto

que as inseminações serão sexadas e as fêmeas possuem menor valor comercial.

Em 2014 a produção de leite e a venda de crias não devem sofrer mudanças,

contudo, haverá renda adicional com o descarte das primeiras dez vacas. Além disso, será

época do desbaste do eucalipto, o que se constituirá em outra fonte de receita para este ano.

A partir de 2015, com plenas consolidação e estabilização do sistema produtivo,

bem como com os frutos do melhoramento genético do rebanho proporcionado pelas

inseminações artificiais, a produção de leite deve aumentar para 14 litros diários por vaca.

Haverá também estabilização da comercialização de crias e descartes.

Por fim, em 2016 ocorrerá o corte e comercialização do eucalipto, contribuindo

com a receita prevista para aquele ano, além do aumento da produção para 15 litros diários

por vaca.

76

A Tabela 30 apresenta as estimavas anuais de faturamento da propriedade até o

ano de 2016.

Tabela 30- Estimativas anuais de receita bruta para a Estância Saturno após o planejamento agropecuário.

Ano Receita Valor (R$)

Produção leiteira - 82.350 L a R$ 0,52 L-1 42.822,00 2011

Venda de crias - 30 cb a R$ 550,00 cb-1 16.500,00

TOTAL PARA 2011 - R$ 59.322,00

Produção leiteira - 146.400 a R$ 0,52 L-1 76.128,00 2012

Venda de crias - 30 cb a R$ 550,00 cb-1 16.500,00

TOTAL PARA 2012 - R$ 92.628,00

Produção leiteira - 146.400 a R$ 0,52 L-1 76.128,00 2013

Venda de crias - 20 cb a R$ 450,00 cb-1 9.000,00

TOTAL PARA 2013 - R$ 85.128,00

Produção leiteira - 146.400 a R$ 0,52 L-1 76.128,00

Venda de crias - 20 cb a R$ 450,00 cb-1 9.000,00

Descarte de matrizes - 10 cb a 800,00 cb-1 8.000,00 2014

Desbaste do eucalipto - 1.200 m³ a R$ 20,00 m-3 24.000,00

TOTAL PARA 2014 - R$ 117.128,00

Produção leiteira 170.800 L a R$ 0,52 L-1 88.816,00 2015

Venda de crias e/ou descarte de matrizes 15.000,00

TOTAL PARA 2015 - R$ 103.816,00

Produção leiteira 183.000 L a R$ 0,52 L-1 95.160,00

Venda de crias e/ou descarte de matrizes 15.000,00 2016

Corte e venda de eucalipto - 1.410 m³ a R$ 42,00 m-3 59.220,00

TOTAL PARA 2016 - R$ 169.380,00

4.13.4 Diagnóstico Econômico

Apresenta-se, na Tabela 31, o cálculo da receita líquida anual prevista para a

Estância Saturno após a execução do planejamento agropecuário.

77

Tabela 31- Previsão de receita líquida anual para a Estância Saturno após o planejamento agropecuário.

Ano Parcela Valor (R$)

Receita bruta da produção ( + ) 59.322,00 Custo de produção ( - ) 62.227,88 Investimentos ( - ) 78.171,80 Receita proveniente da venda de equipamentos ( + ) 15.070,00 Receita proveniente da comercialização do eucalipto ( + ) 4.368,00

2011

Receita proveniente da venda de tocos/raízes de eucalipto ( + ) 600,00 RECEITA LÍQUIDA 2011 - R$ -61.039,68

Receita bruta da produção ( + ) 92.628,00 Custo de produção ( - ) 91.795,77 Investimentos ( - ) 6.500,00

2012

Venda dos touros ( + ) 2.500,00 RECEITA LÍQUIDA 2012 - R$ -3.167,77

Receita bruta da produção ( + ) 85.128,00 2013

Custo de produção ( - ) 91.795,77 RECEITA LÍQUIDA 2013 - R$ -6.667,77

Receita bruta da produção ( + ) 117.128,00 2014

Custo de produção ( - ) 91.795,77 RECEITA LÍQUIDA 2014 - R$ 25.332,23

Receita bruta da produção ( + ) 103.816,00 2015

Custo de produção ( - ) 91.795,77 RECEITA LÍQUIDA 2015 - R$ 12.020,23

Receita bruta da produção ( + ) 169.380,00 2016

Custo de produção ( - ) 91.795,77 RECEITA LÍQUIDA 2016 - R$ 74.250,89

A análise da Tabela 31 demonstra a viabilidade do planejamento agropecuário para

a propriedade. Em 2011, acumula-se um prejuízo da ordem de R$ 61 mil, o que,

considerando-se o cronograma de implantação das ações, implica na necessidade de

financiamento dos investimentos. Contudo, nota-se, já, progresso no ajuste financeiro, tendo

que a receita bruta da produção aproximou-se do custo de produção, praticamente eliminando

o prejuízo levantado da ordem de R$ 22 mil que vinha sofrendo anualmente a propriedade.

A partir de 2012 já se verifica a eficácia das medidas, com aumento significativo

da receita bruta anual. De 2014 em diante a receita bruta passa a sustentavelmente superar o

custo de produção. Observando-se em conjunto a Tabela 30, verifica-se que a partir de 2016 a

78

receita bruta obtida somente com a produção de leite será suficiente para cobrir os custos de

produção e gerar lucro, consolidando assim o sucesso das recomendações para a atividade

principal da propriedade.

Se somadas as receitas obtidas com o desbaste e o corte do eucalipto (R$

83.220,00), descontados 30% como fator de manutenção do investimento e dividido o valor

resultante por 6, que corresponde ao número de anos de cada ciclo de corte, obteremos o valor

da renda anual gerada pelo cultivo da arbórea. Valendo-se desse pressuposto, analisa-se que, a

partir de 2016, a Estância Saturno passará ao cenário econômico expresso na Tabela 32.

Tabela 32- Panorama econômico da Estância Saturno após consolidado o planejamento agropecuário.

Ano Parcela Valor (R$) Produção de leite ( + ) 95.160,00 Venda de crias e/ou descarte de matrizes ( + ) 15.000,00 Renda anual do cultivo de eucalipto ( + ) 9.709,00

2016 em diante

Custo de produção ( - ) 91.795,77 RECEITA LÍQUIDA ANUAL - R$ 28.073,23

Diante do cenário positivo analisado, cabe ressaltar que, a partir de 2018, com

o início das inseminações de genética 3/4 Holandês, é de ser prever que após alguns anos a

produtividade leiteira aumente ainda mais, incrementando, assim, a lucratividade obtida com

a atividade agropecuária na propriedade.

4.13.5 Fluxo de Caixa

Consoante ao que foi discutido na subseção anterior, é preciso determinar o

montante a ser destinado ao financiamento dos investimentos iniciais, de forma que o fluxo

financeiro da propriedade seja ajustado ao cronograma e as ações exequíveis. A Tabela 33,

mediante ressunta dos dados já apreciados, apresenta o fluxo de caixa da propriedade, bem

como demonstra o cálculo do valor a ser levantado para financiar os investimentos.

79

Tabela 33- Fluxo de caixa previsto para concretização dos investimentos.

Data Descrição Entrada (R$) Saída (R$) Saldo (R$) Crédito venda de equipamentos 15.070,00 15.070,00 Investimentos 1º semestre 2011 62.994,69 -47.924,69 jan/2011 Financiamento 1 47.924,69 0,00 Crédito comercialização eucalipto 4.968,00 4.968,00 Investimentos 2º semestre 2011 15.177,11 -10.209,11 jul/2011 Financiamento 2 10.209,11 0,00 Resultado da atividade* 2011 2.905,88 -2.905,88 Crédito venda de touros 2.500,00 -405,88 Juros 1 5.271,72 -5.677,60 Investimentos 2012 6.500,00 -12.177,60 Juros 2 561,50 -12.739,10

jan/2012

Financiamento 3 12.739,10 0,00 Resultado da atividade* 2012 832,23 832,23 Juros 1 5.271,72 -4.439,48 Juros 2 1.123,00 -5.562,48 Juros 3 1.401,30 -6.963,79

jan/2013

Financiamento 4 6.963,79 0,00 Resultado da atividade* 2013 6.667,77 -6.667,77 Juros 1 5.271,72 -11.939,48 Juros 2 1.123,00 -13.062,48 Juros 3 1.401,30 -14.463,78

jan/2014

Financiamento 4 14.463,78 0,00 Resultado da atividade* 2014 25.332,23 25.332,23 Juros 1 5.271,72 20.060,51 Juros 2 1.123,00 18.937,51 Juros 3 1.401,30 17.536,21 Juros 4 1.591,02 15.945,19

jan/2015

Amortização financiamento 1 15.945,19 0,00 Resultado da atividade* 2015 12.020,23 12.020,23 Juros 1 3.517,75 8.502,49 Juros 2 1.123,00 7.379,48 Juros 3 1.401,30 5.978,18 Juros 4 1.591,02 4.387,17

jan/2016

Amortização financiamento 1 4.387,17 0,00 Resultado da atividade* 2016 74.250,89 74.250,89 Juros 1 3.035,16 71.215,73 Juros 2 1.123,00 70.092,73 Juros 3 1.401,30 68.691,43 Juros 4 1.591,02 67.100,41 Amortização financiamento 1 27.592,33 39.508,08 Amortização financiamento 2 10.209,11 29.298,97 Amortização financiamento 3 12.739,10 16.559,87

jan/2017

Amortização financiamento 1 14.463,78 2.096,09 *Resultado da atividade é a diferença entre a receita bruta e o custo operacional anual (Tabela 32).

80

O produtor possui aplicações financeiras que lhe permitem arcar com o

financiamento dos investimentos propostos, não se fazendo necessário, portanto, o acesso ao

mercado de crédito. As aplicações financeiras proporcionam ao produtor entre 0,7% e 0,8%

de rendimentos ao mês, dessa forma a utilização desses recursos na atividade agropecuária

deve ser remunerada. Para tanto foi aplicada a taxa de juros anual de 11%, e os proventos dela

decorrentes foram considerados saída de caixa da propriedade.

Observa-se, analisando a Tabela 34, que no início de 2017 ocorrerá a totalização

da amortização do capital investido, além da disponibilidade em caixa de quantia da ordem de

R$ 2 mil. Constatado no diagnóstico econômico da subseção anterior que, a esta altura, a

propriedade é sustentável e lucrativa, conclui-se que o tempo de retorno dos investimentos é

de seis anos e que, a partir de então, dá-se por obtido o pleno êxito do planejamento

agropecuário para a Estância Saturno.

Quanto ao custo de oportunidade do investimento na terra, rebanho e

infraestrutura, considerando a taxa de juros anual de 3% e os valores de R$ 8.000,00 ha-1 para

a terra e R$ 1.200,00 por cabeça de gado, calcula-se que seu valor é de R$ 18.896,40. Assim,

o planejamento agropecuário levará a propriedade a obter, a partir de 2016, as margens de

lucro apresentadas na Tabela 34.

Tabela 34- Margens de lucro estimadas após o planejamento agropecuário na Estância Saturno.

Ano Parcela Valor (R$) Receitas anuais ( + ) 119.869,00 Custos variáveis ( - ) 49.259,78

Margem Bruta 70.609,22 Custos fixos ( - ) 42.535,99 Margem Líquida 28.073,23 Custo de oportunidade ( - ) 18.896,40

2016 em diante

Margem Total 9.176,83

81

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O planejamento agropecuário para a Estância Saturno, baseado nas informações

apuradas no levantamento e diagnóstico, propôs recomendações que, como demonstrado,

levarão a propriedade à sustentabilidade econômica e ambiental, por meio do aperfeiçoamento

técnico da atividade. Em suma, o diagnóstico econômico das medidas recomendadas revelou:

a) Investimento em 2011 a fim de financiar a implantação das ações e regularizar

a propriedade;

b) Sustentabilidade da atividade a partir de 2014;

c) Lucratividade efetiva obtida a partir de 2015;

d) Expectativa de aumento de produtividade e lucro para a próxima década.

O sucesso do planejamento é dependente da estrita e rígida observância das

recomendações propostas, devendo o produtor agir com liberalidade para os investimentos e

disciplina no exercício cotidiano da atividade rural, tanto no que diz respeito a si mesmo

quanto em relação aos profissionais e trabalhadores envolvidos em seu desempenho.

A concretização das ações sugeridas trarão ao presente trabalho, além da riqueza

proporcionada à formação acadêmica que ora se galga, a qualificação como mais uma

referência das tantas que visam a comprovar que a observância aos requisitos técnicos,

cientificamente obtidos, propicia, além da coesão com defendidos princípios, a

economicidade objetivada por todos aqueles que investem e labutam para de sua atividade

retirarem seu sustento.

82

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88

ANEXO 1- FICHA DE CONTROLE SANITÁRIO DO REBANHO

VACINAÇÕES ANO:

Aftosa

Data Laboratório Partida Fabricação Vencimento

Brucelose

Data Laboratório Partida Fabricação Vencimento

Carbúnculo

Data Laboratório Partida Fabricação Vencimento

Paratifo

Data Laboratório Partida Fabricação Vencimento

Raiva

Data Laboratório Partida Fabricação Vencimento

VERMIFUGAÇÕES Data Vermífugo Ocorrência

ECTOPARASITAS Data Produto Ocorrência

TESTES DE BRUCELOSE Data Positivos Negativos Suspeitos Total

89

ANEXO 2- CALENDÁRIO ANUAL DE CONTROLE SANITÁRIO DO REBANHO

ATIVIDADE Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Limpeza e desinfecção das instalações x x x x x x x x x x x x

Cura do umbigo x x x x x x x x x x x x

Vacina contra paratifo x x x x x x x x x x x x

Controle de ectoparasitas x x x x x x x x x x x x

Controle de mastite "CMT" x x x x x x x x x x x x

Exame com caneca telada TODOS OS DIAS

Controle de verminose x x x

Vacina aftosa x x

Vacina manqueira x x

Vacina brucelose x x x

Teste brucelose x x

Teste para tuberculina x x

90

ANEXO 3- FICHA DE CONTROLE INDIVIDUAL DO REBANHO

IDENTIFICAÇÃO

Nome: Data Nascimento:

Nº Identificação: Raça

Mãe:

CONTROLES DIVERSOS

Brinco Controle Interno Pelagem Registro Provisório Registro Definitivo

PROPRIETÁRIO ANTERIOR

Nome Fazenda Data de Aquisição

REPRODUÇÃO

Data da Inseminação Origem Genética do Sêmen Inseminador Data da Parição Sexo

91

ANEXO 4- FICHA DE CONTROLE GERAL DO REBANHO

Item Nome N.º Identific. Sexo Data Nascim. Raça/Grau de Sangue Observações

92

ANEXO 5- FICHA DE CONTROLE ZOOTÉCNICO PRODUTIVO DO REBANHO

Peso do Leite (Kg) Data Nome da Vaca Número

Identific. Manhã Tarde Total

Observações

93

ANEXO 6- CONTROLE FINANCEIRO MENSAL

MÊS:

CUSTOS DE PRODUÇÃO (a)

Descrição Unid. Quant. Valor Unitário

(R$) Valor Total

(R$)

Sal mineral suplementado Kg

Energia elétrica kWh

Vacinas Aftosa Brucelose IBR Leptospirose Carbúnculo

mL mL mL mL mL

Vermífugos mL

Óleo diesel L

Concentrado para bezerros Kg

Inseminações dose

Remuneração funcionário kg

Encargos sociais

Outras despesas

Total - R$

RECEITAS (b)

Produção de leite L

Outras receitas

Total - R$

RECEITA LÍQUIDA MENSAL (b - a) - R$

94

ANEXO 7- CONTROLE FINANCEIRO ANUAL

ANO:

CUSTO DE PRODUÇÃO (a)

Descrição Valor (R$)

Somatório custo operacional mensal

Depreciação de benfeitorias

Depreciação de máquinas e equipamentos

Manutenção de benfeitorias

Manutenção de máquinas e equipamentos

Pro labore

ITR

Outras despesas

Total - R$

RECEITAS (b)

Produção de leite

Comercialização de crias

Descarte de vacas

Comercialização de eucalipto

Outras receitas

Total - R$

RECEITA LÍQUIDA ANUAL (b - a) - R$

95

ANEXO 8- CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DAS MEDIDAS PROPOSTAS

2011 2012 Atividade

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul 2013 2014 2018

Recuperação da voçoroca Retirada dos pneus x Construção de paliçadas x Construção de cercas para isolamento da área x

Reflorestamento da área x x x Composição da reserva legal Construção de cercas para isolamento da área x x

Reflorestamento da área x x x Manutenção dos terraços x x Replantio das pastagens degradadas Preparação do solo x Calagem x Plantio e adubação de plantio x Manutenção das pastagens não replantadas

Preparo do solo x Calagem x Plantio e adubação de plantio da leguminosa x

Adubações de cobertura x x x x Implantação do pastejo rotacionado Construção do bebedouro x

96

Construção de cercas para divisão dos piquetes x x

Manejo do rebanho Início do controle sanitário x Início do controle produtivo x Início do novo manejo nutricional de vacas e novilhas

x

Início do novo manejo nutricional dos bezerros e da segunda ordenha diária

x

Treinamento do funcionário para observação de cios x x x

Início do novo manejo reprodutivo (inseminação artificial)

x

Treinamento do ordenhador para aperfeiçoamento x x

Melhoramento genético do rebanho Início das inseminações de girolandos x Início das inseminações 3/4 holandês x Aproveitamento de resíduos para produção de adubo

Construção do tanque, tubulação e sistema de captação de efluentes

x

Aquisição do implemento distribuidor de esterco líquido x

Início das adubações orgânicas mensais x

Consolidação do sistema silvipastoril Corte e comercialização do eucalipto existente x

97

Destoca parcial da área plantada x Plantio de mudas na área destocada e sobre os terraços

x x

Construção de cercas provisórias x x

Adubação de cobertura x Desbaste Corte e comercialização do eucalipto cultivado

x

Venda dos implementos ociosos x

Início do controle financeiro x Assunção de assistência técnica x