tcc janaína somensi
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS- UMUARAMA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS
DISCIPLINA DE ESTÁGIO
LEVANTAMENTO, DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO DA ESTÂNCIA SATURNO
JANAÍNA VIEIRA DA SILVA SOMENSI
Umuarama-PR Setembro/2010
JANAÍNA VIEIRA DA SILVA SOMENSI
LEVANTAMENTO, DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO DA ESTÂNCIA SATURNO
Levantamento, diagnóstico e planejamento
para a atividade agropecuária da Estância
Saturno, etapa inicial do Trabalho de
Conclusão de Curso e parte integrante da
Disciplina de Estágio.
Umuarama-PR Setembro/2010
JANAÍNA VIEIRA DA SILVA SOMENSI
LEVANTAMENTO, DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO DA ESTÂNCIA SATURNO
Levantamento, diagnóstico e planejamento
para a atividade agropecuária da Estância
Saturno, etapa inicial do Trabalho de
Conclusão de Curso e parte integrante da
Disciplina de Estágio.
APROVADO em 7 de outubro de 2010.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________ Prof. MSc. Douglas Seijum Kohatsu
Universidade Estadual de Maringá- UEM
__________________________________________ Prof. Dra. Juliana Parisotto Poletine
Universidade Estadual de Maringá- UEM
__________________________________________ Prof. Dr. Leandro Bochi da Silva Volk
Universidade Estadual de Maringá- UEM (Orientador)
4
Até o mais seguro dos homens e a mais confiante das mulheres já passaram por um momento de
hesitação, por dúvidas enormes e dúvidas mirins, que talvez nem merecessem ser chamadas de
dúvidas, de tão pequenas. Vacilos, seria melhor dizer. Devo ir à aula hoje, ou seria melhor ficar aqui
com você? Devo ir pedir o material de estudos pra Tati, mesmo sabendo que ela está cheia de
compromissos e não poderá me atender? Devo gastar dinheiro com estas cópias, sabendo que poderia
emprestar de alguém? Devo tomar uma atitude e pedir desculpas pela minha negligência? Nesta hora
precisamos de um empurrãozinho. É aos “empurradores” que dedico esta crônica, aos que
testemunharam os meus vacilos e me disseram: vá em frente! Dedico este trabalho a todos vocês, que
não me deixaram sozinha, principalmente ao João Ricardo, meu amado esposo, que está sempre ao meu
lado demonstrando gratuitamente seu imenso amor!
5
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................11
2. LEVANTAMENTO................................................................................................12
2.1 IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTOR.......................................................................12
2.2 CARACTERIZAÇÃO DA ESTÂNCIA SATURNO ................................................13
2.2.1 Localização, Acesso e Confrontações .....................................................................13
2.2.2 Características Regionais .......................................................................................14
2.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E RECURSOS NATURAIS DA PROPRIEDADE ....17
2.3.1 Classificação do Solo...............................................................................................17
2.3.1.1 Granulometria .........................................................................................................18
2.3.2 Atributos Químicos do Solo....................................................................................19
2.3.3 Topografia...............................................................................................................21
2.3.4 Recursos Hídricos ...................................................................................................22
2.3.5 Mata Ciliar..............................................................................................................23
2.3.6 Reserva Legal..........................................................................................................23
2.4 CAPACIDADE DE USO DA TERRA .....................................................................24
2.5 INFRAESTRUTURA DA PROPRIEDADE.............................................................24
2.5.1 Benfeitorias .............................................................................................................25
2.5.2 Máquinas e Equipamentos .....................................................................................27
2.6 EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA DA PROPRIEDADE ......................................29
2.6.1 Histórico ..................................................................................................................29
2.6.2 Aproveitamento da Área Atual ..............................................................................29
2.6.3 Manejo Reprodutivo e Sanitário do Rebanho .......................................................31
6
2.6.4 Alimentação do Rebanho .......................................................................................32
2.6.5 Ordenha ..................................................................................................................33
2.6.6 Cultivo de Cana-de-açúcar.....................................................................................34
2.6.7 Cultivo de Eucalipto ...............................................................................................34
2.7 ANÁLISE ECONÔMICA ........................................................................................35
2.7.1 Receitas ...................................................................................................................35
2.7.2 Custos Fixos ............................................................................................................36
2.7.3 Custos Variáveis .....................................................................................................37
2.7.4 Apuração do Custo Operacional ............................................................................38
2.7.5 Análise da Viabilidade Econômica ...........................................................................39
3. DIAGNÓSTICO......................................................................................................40
3.1 ASPECTOS POSITIVOS ........................................................................................40
3.2 ASPECTOS NEGATIVOS.......................................................................................41
4. PLANEJAMENTO.................................................................................................42
4.1 REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DA PROPRIEDADE.......................................43
4.1.1 Recuperação da Área Degradada pela Voçoroca ..................................................43
4.1.2 Adequação da Mata Ciliar .....................................................................................45
4.1.3 Composição da Reserva Legal ...............................................................................45
4.1.4 Resumo e Orçamento das Ações ............................................................................49
4.2 MANUTENÇÃO DOS TERRAÇOS........................................................................50
4.3 AÇÕES PARA A COBERTURA FORRAGEIRA....................................................51
4.3.1 Replantio das Pastagens Degradadas.....................................................................52
4.3.2 Manutenção das Pastagens Recém Reformadas....................................................54
4.4 IMPLANTAÇÃO DO PASTEJO ROTACIONADO ................................................56
7
4.5 MANEJO DO REBANHO .......................................................................................58
4.5.1 Controle Sanitário ..................................................................................................58
4.5.2 Controle Zootécnico Produtivo ..............................................................................59
4.5.3 Manejo Nutricional.................................................................................................59
4.5.4 Manejo Reprodutivo...............................................................................................61
4.5.5 Ordenha ..................................................................................................................62
4.6 MELHORAMENTO GENÉTICO DO REBANHO..................................................63
4.7 APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS PARA PRODUÇÃO DE ADUBO
ORGÂNICO.............................................................................................................64
4.8 CONSOLIDAÇÃO DO SISTEMA SILVIPASTORIL .............................................65
4.8.1 Comercialização do Eucalipto Existente................................................................66
4.8.2 Reestruturação da Área Plantada..........................................................................67
4.8.3 Plantio do Eucalipto sobre os Terraços .................................................................69
4.9 VENDA DE IMPLEMENTOS OCIOSOS................................................................70
4.10 CONTROLE FINANCEIRO ....................................................................................71
4.11 ASSISTÊNCIA TÉCNICA.......................................................................................72
4.12 CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DAS PROPOSTAS...................................72
4.13 ANÁLISE ECONÔMICA DO PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO ...................73
4.13.1 Investimentos Programados ...................................................................................73
4.13.2 Estimativa dos Custos de Produção .......................................................................73
4.13.3 Estimativa da Receita Anual ..................................................................................75
4.13.4 Diagnóstico Econômico...........................................................................................76
4.13.5 Fluxo de Caixa ........................................................................................................78
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................82
8
ANEXOS
ANEXO 1- FICHA DE CONTROLE SANITÁRIO DO REBANHO...............................88
ANEXO 2- CALENDÁRIO ANUAL DE CONTROLE SANITÁRIO DO REBANHO...89
ANEXO 3- FICHA DE CONTROLE INDIVIDUAL DO REBANHO.............................90
ANEXO 4- FICHA DE CONTROLE GERAL DO REBANHO.......................................91
ANEXO 5- FICHA DE CONTROLE ZOOTÉCNICO PRODUTIVO DO REBANHO....92
ANEXO 6- CONTROLE FINANCEIRO MENSAL ........................................................93
ANEXO 7- CONTROLE FINANCEIRO ANUAL ..........................................................94
ANEXO 8- CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DAS MEDIDAS PROPOSTAS.....95
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Croqui de situação da Estância Saturno (2010)...................................................15
Figura 2- Localização do município de Iguatemi ...............................................................15
Figura 3- Balanço hídrico histórico da região de Iguatemi.................................................16
Figura 4- Croqui mostrando os tipos de solos presentes da Estância Saturno .....................17
Figura 5- Perfis de solo existentes na Estância Saturno, 2009: A- Latossolo Vermelho Distrófico típico; B- Gleissolo Háplico Tb Distrófico típico...............................18
Figura 6- Perfil aproximado do terreno da Estância Saturno ..............................................21
Figura 7- Deposição de pneus como estratégia para conter a erosão do solo na Estância Saturno, 2010.....................................................................................................22
Figura 8- Benfeitorias da Estância Saturno, 2010: a- casa de madeira; b- tulha; c- galpão; d- mangueira; e- entrada de energia; f- caixa d água; g- bebedouro; h- cochos plásticos improvisado.........................................................................................26
Figura 9- Máquinas e equipamentos pertencentes à Estância Saturno, 2010: a- Tratores; b- Grade hidráulica 20x26”; c- Grade hidráulica 12x26”; d- Grade niveladora 44 discos; e- Grade niveladora 36 discos; f- Lançadeira de sementes; g- Plantadeira de mandioca; h- Plantadeira; i- Ensiladeira forrageira; j- Grade arrasta; l- Semeadora 11 linhas; m- Moinho; n- Carreta reboque; o- Ordenhadeira .........28
Figura 10- Croqui de utilização da Estância Saturno, 2010..................................................30
Figura 11- Divisão de piquetes de pastagens da Estância Saturno, 2010 ..............................32
Figura 12- Gráfico da produção mensal de leite (em Litros) da Estância Saturno no ano de 2009 ..................................................................................................................36
Figura 13- Esquema das paliçadas de bambu ao longo dos taludes da voçoroca...................44
Figura 14- Isolamento e reflorestamento da área degradada pela voçoroca ..........................45
Figura 15- Área de preservação permanente e reserva legal da Estância Saturno após as medidas para regularização ambiental................................................................46
Figura 16- Croqui de reforma das pastagens da Estância Saturno ........................................51
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Análise granulométrica do solo da Estância Saturno, 2010...............................19
Tabela 2- Resultado da análise química de fertilidade do solo da Estância Saturno, 2010 ...20
Tabela 3- Benfeitorias componentes da Estância Saturno, 2010.......................................25
Tabela 4- Máquinas e equipamentos pertencentes à Estância Saturno, 2010 ....................27
Tabela 5- Receita bruta anual da produção da Estância Saturno no ano de 2009 ..............36
Tabela 6- Custos fixos operacionais da Estância Saturno no ano de 2009 ........................37
Tabela 7- Custos variáveis operacionais da Estância Saturno no ano de 2009..................38
Tabela 8- Custo operacional da Estância Saturno no ano de 2009....................................39
Tabela 9- Lista de espécies sugeridas para o reflorestamento da área de preservação da Estância Saturno..............................................................................................48
Tabela 10- Relação de insumos, recomendações e estimativa de custos para a regularização ambiental da Estância Saturno .........................................................................49
Tabela 11- Demonstrativo de custos para manutenção dos terraços da Estância Saturno....51
Tabela 12- Recomendação de adubação e calagem para o plantio do consórcio de pastagens na Estância Saturno .........................................................................................53
Tabela 13- Quantidades de nutrientes presentes em 10.860 L de adubo orgânico...............53
Tabela 14- Recomendação de adubação a partir do segundo ano após o plantio do consórcio de pastagens na Estância Saturno.....................................................................54
Tabela 15- Orçamento para replantio de 21,1 ha de pastagens da Estância Saturno............54
Tabela 16- Recomendação de adubação e calagem para as ações na área de pastagem recém reformada da Estância Saturno.........................................................................55
Tabela 17- Orçamento para manutenção de 11,6 ha de pastagens recém formadas da Estância Saturno..............................................................................................56
11
Tabela 18- Cálculo da área necessária para apascentamento do número de bovinos da Estância Saturno..............................................................................................57
Tabela 19- Orçamento para implantação do sistema de pastejo rotacionado na Estância Saturno............................................................................................................58
Tabela 20- Requerimentos e concentração máxima tolerável de minerais para o gado leiteiro .............................................................................................................61
Tabela 21- Orçamento da implantação do sistema de aproveitamento de resíduos orgânicos na Estância Saturno .........................................................................65
Tabela 22- Receita prevista para a comercialização do eucalipto existente na Estância Saturno............................................................................................................66
Tabela 23- Recomendação de adubação e calagem para a reestruturação da área plantada de Eucalipto na Estância Saturno..........................................................................68
Tabela 24- Receita prevista para a comercialização do eucalipto existente na Estância Saturno............................................................................................................69
Tabela 25- Recomendação de adubação e calagem para o plantio de eucalipto sobre os terraços da Estância Saturno ............................................................................69
Tabela 26- Orçamento para consolidação do sistema silvipastoril na Estância Saturno ......70
Tabela 27- Equipamentos a serem vendidos e receita estimada..........................................71
Tabela 28- Descrição dos investimentos a serem realizados na Estância Saturno ...............73
Tabela 29- Estimativas dos custos de produção após o planejamento agropecuário............74
Tabela 30- Estimativas anuais de receita bruta para a Estância Saturno após o planejamento agropecuário....................................................................................................76
Tabela 31- Previsão de receita líquida anual para a Estância Saturno após o planejamento agropecuário....................................................................................................77
Tabela 32- Panorama econômico da Estância Saturno após consolidado o planejamento agropecuário....................................................................................................78
Tabela 33- Fluxo de caixa previsto para concretização dos investimentos..........................79
Tabela 34- Margens de lucro estimadas após o planejamento agropecuário na Estância Saturno............................................................................................................80
11
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho constitui relatório do exercício agronômico realizado na
propriedade rural denominada Estância Saturno, localizada no município de Iguatemi, Estado
do Mato Grosso do Sul. O conteúdo do presente é segmentado em três partes principais. A
primeira apresenta os métodos e resultados do levantamento da atividade agropecuária da
propriedade. A segunda parte corresponde ao diagnóstico dos aspectos favoráveis e
desfavoráveis do desempenho da atividade, com base na análise do levantamento. A terceira
parte detalha o planejamento agropecuário, apresentando propostas de ações, investimentos e
recomendações para solução dos problemas verificados e elevação da propriedade à
sustentabilidade econômica e ambiental.
Tais ações e sua expressão nestas linhas constituem o Trabalho de Conclusão do
Curso de Agronomia do Departamento de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual de
Maringá, parte integrante da Disciplina de Estágio.
A Estância Saturno possui como atividade predominante a pecuária extensiva
leiteira, possui área de 46,6 ha e é administrada diretamente por seu proprietário. A pecuária
leiteira não é a atividade preponderante na economia da região, contudo encontra espaço
devido à necessidade de abastecimento do mercado local.
12
2. LEVANTAMENTO
Com a permissão, acompanhamento e auxílio do proprietário, Sr. Ivan Benito
Tiburi, procedeu-se ao levantamento técnico e econômico das atividades agropecuárias da
Estância Saturno. Demonstrar-se-ão os dados relacionados à propriedade e ao meio em que
está inserida, bem como os métodos utilizados para a obtenção das informações.
2.1 IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTOR
O imóvel rural ora em demanda é registrado em nome do Sr. Ivan Benito Tiburi,
que o adquiriu no ano de 1988, quando o denominou Estância Saturno.
Nascido em 17 de junho de 1949, natural de Vacaria-RS, o Sr. Ivan tem formação
no Ensino Médio, foi criado e iniciou suas atividades profissionais na região noroeste do
Paraná, tendo atuado como comerciante e bancário no município de Santa Cruz do Monte
Castelo-PR. É casado com a Sra. Marecir Tiburi, a qual era residente da vizinha cidade de
Santa Isabel do Ivaí-PR. Aceitando transferência proposta pelo banco do qual o Sr. Ivan era
funcionário, o casal mudou-se para a cidade de Juazeiro do Norte, estado do Ceará, onde
passou a prosperar e, assim, a ter disponíveis recursos para investimentos. O Sr. Ivan passou a
explorar duas atividades industriais em Juazeiro do Norte e a adquirir propriedades rurais na
região sul do estado do Mato Grosso do Sul, acompanhando a tendência de muitos
investidores da região noroeste do Paraná na época, dentre os quais os familiares da Sra.
Marecir. Nesse contexto foi adquirida a Estância Saturno. A região sul do Mato Grosso do Sul
passou a se desenvolver e houve grande valorização dos imóveis, resultando acertados os
investimentos feitos. O casal teve três filhos: Kerley, Christian e Ivana, todos já
independentes. No início dos anos 2000, a atividade industrial da família em Juazeiro do
13
Norte entrou em decadência e o Sr. Ivan, em princípio sozinho, mudou-se para Iguatemi-MS a
fim de administrar as propriedades rurais presencialmente, buscando melhorar a
produtividade.
O Sr. Ivan exerce mandato de presidente da Associação dos Pequenos Produtores
Rurais de Iguatemi (ASPROR), sendo um de seus fundadores. Demonstra, portanto,
engajamento na lida pelos interesses da classe. Procura também manter-se informado sobre o
mercado agropecuário e sobre as inovações técnicas através de canais como internet e
televisão, embora se mostre um tanto avesso a investimentos significativos para
implementação de práticas que fogem ao tradicional.
O produtor se encontra insatisfeito com o retorno da agropecuária leiteira exercida
na Estância Saturno; analisa que o preço pago pelo leite não é suficiente para cobrir os custos
de produção, tampouco para remunerar o desempenho da atividade. Dessa forma, admite
como resultado o prejuízo econômico. Atribui tal cenário à política governamental para o
setor produtivo, a qual considera equivocada e negligente para com o produtor. Acreditando
que não há outra vocação produtiva para a propriedade, o produtor não possui planos para o
exercício de outra atividade se não a agropecuária leiteira. Julga também que as técnicas
atualmente empregadas são as mais adequadas e crê que mudanças poderiam até incrementar
a produtividade, porém não o lucro. Suas expectativas, pois, subsistem em desestimulada
esperança de que melhorem as políticas dos governos federal e estadual para o setor.
2.2 CARACTERIZAÇÃO DA ESTÂNCIA SATURNO
2.2.1 Localização, Acesso e Confrontações
Com área de 46,6 ha e tendo como atividade predominante a pecuária leiteira, a
Estância Saturno situa-se no município de Iguatemi, com acesso pela rodovia MS-180. O
14
croqui de situação, com as confrontações e atividades das propriedades vizinhas, é mostrado
na Figura 1.
Nota-se que predomina a atividade pecuária leiteira extensiva no entorno da
propriedade. Tal conjuntura favoreceu a criação de uma cooperativa de produtores para o
compartilhamento de equipamentos resfriadores de leite e venda integrada do mesmo para os
laticínios da região. A sede da cooperativa fica a 500 m da Estância Saturno e dela usufruem
também produtores de propriedades mais distantes. Vale citar que o Sr. Ivan Tiburi, na gestão
da ASPROR, foi um dos estimuladores da criação da cooperativa, contribuindo também para
a conquista dos resfriadores e de outros equipamentos que beneficiam o conjunto dos
produtores locais.
2.2.2. Características Regionais
O município de Iguatemi é parte da microrregião de Iguatemi, na região conhecida
como “cone-sul” do estado de Mato Grosso do Sul (Figura 2). Possui área de 2.946,22 km² e
altitude média de 342 metros acima do nível do mar. A cidade de Iguatemi fica a 464 km da
capital Campo Grande e a 195 km de Umuarama. O itinerário de acesso a partir de Umuarama
parte da PR-323 em direção a Guaíra, segue pela BR-272, BR-163 e MS-295.
A região do cone-sul de Mato Grosso do Sul situa-se entre as latitudes 22º e 24º e
longitudes 53º e 55º, com altitude variando entre 320 e 380 metros. O relevo compreende o
planalto da bacia do Paraná, sendo o solo composto tipicamente por latossolos de textura
arenosa, extremamente friáveis, suscetíveis à erosão. A cobertura vegetal original era a
floresta tropical, hoje praticamente toda devastada pela intensa exploração madeireira nos
anos 1970 e 1980, substituída por pastagens e, em menor proporção, por lavouras. Situa-se na
bacia do Rio Paraná, entre as sub-bacias do Rio Iguatemi e do Rio Amambai.
15
Figura 1- Croqui de situação da Estância Saturno (2010).
Figura 2- Localização do município de Iguatemi.
16
O clima é o tropical úmido, com temperatura média anual de 23º, sendo a média
no mês mais frio de 18º, com mínima típica entre 4º e 6º (SIT, 2010). Não há, nos dados
oficiais, gráfico de variação mensal de temperatura na região. Os verões são quentes e
úmidos, ocorrendo ocasionalmente geadas na estação fria. A precipitação anual média é cerca
de 1600 mm. A precipitação mensal e o balanço hídrico anual no período de 1963 a 1990 são
mostrados no gráfico da Figura 3.
Figura 3- Balanço hídrico histórico da região de Iguatemi1 (INMET, 2010).
A economia do cone-sul, assim como predomina no estado de MS, baseia-se na
pecuária extensiva de corte, com a presença de algumas unidades de indústrias frigoríficas
que absorvem parte da produção e empregam a base da população das pequenas cidades da
região. Com a crise da febre aftosa que afetou a região em 2005 e com a expansão do mercado
sucroalcooleiro, recentemente se observa a substituição de significativas áreas de pastagens
pela cultura da cana-de-açúcar, amplificada pela instalação de algumas usinas de álcool e
açúcar. O PIB per capita do município de Iguatemi é de R$ 9.814,00 (IBGE, 2007) e seu IDH
é 0,731 (PNUD, 2000). O município foi instalado em 1965.
1 Não existe medição pluviométrica oficial no município de Iguatemi, desta forma foi utilizado o gráfico do ponto de medição do INMET mais próximo, no caso o município de Guaíra-PR.
17
2.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E RECURSOS NATURAIS DA PROPRIEDADE
2.3.1 Classificação do Solo
A identificação dos tipos de solo foi realizada a campo por meio de amostragens
ao longo da propriedade, acompanhando a declividade do terreno e de forma aleatória. Após
diferenciação preliminar dos tipos de solo encontrados abriram-se trincheiras para melhor
visualização do perfil do solo. No laboratório, foi analisada a cor/matiz/valor através da
caderneta de Munssel para classificação. Efetuou-se a classificação do solo através do Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos, o que resultou em duas classes presentes na propriedade:
LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico e GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico
típico. A Figura 4 mostra o croqui de divisão dos tipos de solo da propriedade.
Figura 4- Croqui mostrando os tipos de solos presentes na Estância Saturno.
18
Os latossolos são passíveis de utilização com culturas anuais, perenes, pastagens e
reflorestamento. Apesar do alto potencial para agropecuária, parte de sua área deve ser
mantida com reserva para proteção da biodiversidade desses ambientes. Um fator limitante é a
baixa fertilidade desses solos, contudo, com aplicações adequadas de corretivos e fertilizantes,
aliadas à época propícia de plantio de cultivares adaptadas, obtêm-se boas produções
(SOUZA, 2010a). São solos suscetíveis à erosão, requerendo tratos conservacionistas e
manejo cuidadoso.
Quanto ao gleissolo, a maior limitação está na presença de lençol freático elevado,
com riscos de inundação, necessitando de drenagem para seu uso. Por se tratar de local
úmido, conservador de água, não se recomenda sua utilização para atividades agrícolas,
principalmente nas áreas que ainda estão intactas e nas nascentes dos cursos d´água.
Figura 5- Perfis de solo existentes na Estância Saturno: A- Latossolo Vermelho Distrófico típico; B- Gleissolo Háplico Tb Distrófico típico.
2.3.1.1 Granulometria
Para a análise granulométrica foram coletadas amostras do solo nos primeiros 90
cm do horizonte B em cada classe de solo da Estância Saturno. Analisando a Tabela 1 é
19
possível verificar que a maior composição do solo é areia, característica de solos arenosos.
Tipicamente são solos sem estrutura física, com baixa fertilidade, baixa retenção de água, por
sua vez podem ser melhorado pelo acúmulo de matéria orgânica, manejo com adubos verdes e
a adoção de práticas de manejo conservacionistas.
Tabela 1- Análise granulométrica do solo da Estância Saturno, 2010.
Argila Silte Areia
g kg-1
148,5 27,5 824,0 Fonte: Laboratório Solo Fértil, Umuarama, PR.
2.3.2 Atributos Químicos do Solo
Para a caracterização química do solo foram realizadas duas análises; dividiu-se a
área útil em duas glebas abrangendo somente a área que se encontra o Latossolo Vermelho
Distrófico típico. Já o Gleissolo não foi caracterizado quimicamente porque está sobre área
destinada a preservação florestal e porque em parte dele há impedimento à mecanização
devido à presença de voçoroca. As interpretações foram elaboradas baseadas na metodologia
proposta pela Comissão de Química e Fertilidade de Solo (2004). O Latossolo tem seus
valores de macro e micronutrientes apresentados na Tabela 2.
Os valores do pH para profundidades de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm verificados no
Latosssolo Vermelho variam de 4,2 a 4,6. Estes representam acidez muito elevada, o que é
limitante para o bom desenvolvimento da pastagem. O fósforo foi extraído pelo método de
Melich e variou de 0,50 a 1,60 mg dm-3, valor considerado baixo, devido à forte interação do
fósforo com os óxidos de ferro e alumínio presente nestes solos e à falta de aportes regulares
de fertilizantes fosfatados. Com relação aos teores de cálcio trocável, os valores também são
considerados baixos, variando de 0,5 a 1,5 cmol dm-3.
20
Tabela 2- Resultado da análise química de fertilidade do solo da Estância Saturno, 2010.
Amostra 1 Amostra 2 Profundidade Profundidade Parâmetro Unidade
0-20 cm 20-40 cm 0-20 cm 20-40 cm pH- CaCl2 4,53 4,37 4,64 4,24 Teor de carbono g dm-3 7,21 5,06 6,43 4,48 Fósforo mg dm-3 1,60 0,50 0,70 1,20 Soma de Bases cmolc dm-3 2,03 2,96 2,00 1,25 Potássio cmolc dm-3 0,15 0,21 0,13 0,13 Cálcio cmolc dm-3 1,00 1,50 1,00 0,63 Magnésio cmolc dm-3 0,88 1,25 0,88 0,50 Alumínio cmolc dm-3 0,00 0,00 0,00 0,00
Acidez Potencial cmolc dm-3 3,42 3,97 3,42 4,28
Capacidade de Troca de Cátions cmolc dm-3 5,45 6,93 5,42 5,53 Saturação por Bases % 37,23 42,67 36,94 22,65 Enxofre mg dm-3 19,91 18,85 24,79 16,60 Zinco mg dm-3 2,00 1,47 1,80 1,45 Boro mg dm-3 0,34 0,13 0,28 0,34 Manganês mg dm-3 62,74 43,21 45,76 33,14
Cobre mg dm-3 0,89 0,96 1,14 1,26
Ferro mg dm-3 176,10 195,00 151,30 212,80
Fonte: Laboratório Solo Fértil, Umuarama, PR.
Os teores de enxofre estão com concentração alta em todas as amostras de solos
analisadas. Já o magnésio apresenta concentração baixa na profundidade de 20-40 cm da
amostra n° 2 e com concentração mediana a alta nas demais amostras. A saturação por bases
está abaixo do ideal, que é 65% segundo a Comissão de Química e Fertilidade do Solo (2004),
variando de 22,65 a 42,67% nas amostras analisadas, em ambas as profundidades do solo. Por
fim, a concentração do potássio encontra-se muito baixa em ambas as profundidades do solo.
Com relação aos teores dos micronutrientes, o teor de cobre varia de muito
baixo a médio; o teor de Mn está alto; o de Zn está entre nível médio a bom; e o de Fe está em
maior concentração em relação aos demais micronutrientes. A CTC está muito baixa, gerando
problemas decorrentes da lixiviação dos nutrientes, pois em Latossolos de textura arenosa há
grande percolação de água no perfil, desta forma o solo necessita de calagem para que haja
neutralização dos elementos que ocupam a CTC do solo.
21
2.3.3 Topografia
O terreno da Estância Saturno possui perfil uniforme, sem acidentes, com
declividade praticamente estável no sentido do córrego. Verifica-se, contudo, a presença de
uma voçoroca de grandes dimensões próxima à margem do córrego, decorrente do processo
de erosão do solo ao longo de muitos anos, sobre a qual se discorrerá mais adiante.
A declividade do terreno na propriedade foi medida através do método do nível de
mangueira e confirmada com o uso de aparelho GPS, sendo determinada pela razão entre a
diferença das cotas e a distância entre os pontos, em percentual. Na área de altitude mais
elevada, a declividade medida foi de 3,8%, evoluindo para 5,5% na área menos elevada,
conforme demonstrado na Figura 6.
Figura 6- Perfil aproximado do terreno da Estância Saturno. As setas apontam para as cotas mais baixas do terreno.
Na tentativa de conter a expansão da voçoroca anteriormente mencionada, o
produtor construiu terraços em toda a propriedade, sendo que estes foram locados em campo
22
por profissional Engenheiro Agrônomo, há cerca de três anos. Outra medida também foi
adotada, esta inaceitável tecnicamente em virtude de seu impacto ambiental: depositou-se
grande quantidade de pneus velhos na entrada da voçoroca com o intuito de reter a água,
conforme se observa na Figura 7.
Figura 7- Deposição de pneus como estratégia para conter a erosão do solo na Estância Saturno, 2010.
Relata o produtor que, com a construção dos terraços e a deposição dos pneus, a
expansão da voçoroca foi freada. Contudo, a contrapartida resultou em um sistema de
desequilíbrio ambiental, potencialmente favorável à reprodução de insetos vetores de doenças,
além da desproteção da nascente existente no local devido à ausência da mata ciliar.
2.3.4 Recursos Hídricos
O limite norte da propriedade é o Córrego Bocajá, sendo que na propriedade há a
nascente de um pequeno braço deste córrego. A voçoroca descrita no item anterior acontece
nos primeiros metros após a nascente. Nesse local existem pequenos alagamentos que são
utilizados como bebedouro pelo gado.
23
Não existe aproveitamento hídrico do Córrego Bocajá. A água consumida na sede
e nos bebedouros distribuídos nos piquetes da propriedade provém de poço semi-artesiano
localizado na sede. A água é captada por meio de bomba de recalque elétrica, armazenada em
caixa d água e canalizada até os pontos de consumo.
2.3.5 Mata Ciliar
No trecho inicial do braço do Córrego Bocajá que nasce na propriedade, existe
uma área que foi alvo de desmatamento da mata ciliar a fim de servir como bebedouro para o
gado. Esse desmatamento provocou a já mencionada erosão solo e o surgimento de uma
grande voçoroca. No trecho restante do braço, existe uma faixa de mata ciliar preservada de
cerca de 20 metros. Quando o braço encontra o Córrego Bocajá, a largura da faixa da mata
preservada passa a cerca de 50 metros, ocorrendo no trecho a saliência de área de preservação
complementar.
2.3.6 Reserva Legal
Não há, na Estância Saturno, área de preservação ou reflorestamento que totalize o
percentual determinado por Lei como reserva legal (20% da área total). Pode-se considerar
uma área 1,3 ha de mata preservada que se sobressai à faixa da mata ciliar. Essa área
representa apenas 2,8% da área total da propriedade.
Há também a área de 0,6 ha com plantação de eucalipto que poderia ser incluída
como reflorestamento para composição da reserva legal. Entretanto, no estado do Mato
Grosso do Sul a legislação não permite o reflorestamento comercial para efeitos de
composição da reserva legal. Assim, tem-se que somente 2,8% da área da propriedade
atualmente são destinados a este fim.
24
2.4 CAPACIDADE DE USO DA TERRA
Seguindo a metodologia proposta no Sistema de Avaliação da Capacidade de Uso
das Terras, foram identificadas duas classificações de capacidade de uso da terra na Estância
Saturno. Na gleba que pertence ao Latossolo, foi encontrado o Grupo A, classe II, práticas
simples de conservação. As unidades de manejo presentes no Latossolo são e(5,10), ou seja
limitação pelo risco de erosão (e) devido à presença de erosão em sulcos (5) e textura arenosa
(10) acompanhado por limitações relativas ao solo (s) devido à textura arenosa no perfil (2);
baixa saturação por bases (5); baixa capacidade de troca de cátions (7).
Já para o Gleissolo encontram-se o grupo C que são terras impróprias para a
lavoura, pastoreio e silvicultura, porém apropriadas para a proteção da flora, da fauna,
recreação ou armazenamento de água. Compreende a classe VIII: terra em geral
extremamente acidentada, arenosa, úmida ou árida, imprópria para culturas anuais e perenes,
apascentamento ou safras florestais, mas que podem ter valor como refúgio da fauna silvestre,
recreação, etc.
2.5 INFRAESTRUTURA DA PROPRIEDADE
A Estância Saturno possui infraestrutura composta por edificações, máquinas e
equipamentos. O abastecimento de água é, como já descrito, por meio da captação de água de
poço semi-artesiano de 60 m de profundidade. A água é canalizada para os pontos de
consumo na sede e para os bebedouros distribuídos nos piquetes da propriedade. O
esgotamento sanitário é executado em fossa séptica de seis metros de profundidade.
A propriedade é atendida por rede de energia elétrica trifásica em média tensão
(13,8 kV), com transformador particular para rebaixamento da tensão para 220/127V. A rede
interna distribui a energia em baixa tensão para os pontos de consumo na sede.
25
Há uma pequena horta de cerca de 150 m², cuja produção se destina ao consumo
das famílias do proprietário e do funcionário.
2.5.1 Benfeitorias
A Tabela 3 apresenta a relação das benfeitorias presentes na propriedade, bem
como suas características individuais. Os valores atribuídos foram definidos pelo produtor e
confirmados ou retificados por meio de pesquisa no mercado. Os valores de depreciação e
manutenção foram calculados por meio da metodologia proposta por Matsunaga et al (1976).
Tabela 3- Benfeitorias componentes da Estância Saturno, 2010.
Descrição Característica Dimensão Ano Estado Conserv.
V U
Valor atual- R$
Valor novo- R$
Casa Madeira 56 m2 (-)1988 Regular 25 8.400,00 28.000,00
Galpão Alvenaria 156 m2 2006 Ótimo 35 31.200,00 39.000,00 Tulha Madeira 20 m2 (-)1988 Regular 25 2.100,00 7.000,00
Mangueira Madeira, piso de concreto na área de ordenha
400 m2 1992 Bom 25 24.800,00 62.000,00
Bebedouro Concreto 1500 litros 1990 Bom 10 390,00 1.300,00 Bebedouro Concreto 1500 litros 1990 Bom 10 390,00 1.300,00 Bebedouro Concreto 500 litros (-)1988 Regular 10 150,00 500,00 Cocho Madeira de lei 70 kg 1995 Bom 25 440,00 550,00 Cocho Madeira de lei 70 kg 1993 Bom 25 350,00 550,00 Cerca elétrica Arame liso 2 fios 240 m 2004 Bom 10 5.160,00 6.450,00
Cerca Arame liso e/ou farpado 5 fios 4.465 m 2002 Bom 10 33.920,00 84.800,00
Poço semi-artesiano
Bomba de recalque elétrica e caixa d água
60 m prof. bomba 2 cv cx. d água 5.000 L
2000 (revisão) Bom 20 4.960,00 6.200,00
Entrada de energia
Poste concreto c/ transformador 15 kVA 3F
1993
Bom 30 7.200,00 9.000,00
Rede baixa tensão Trifásica 220 Volts 40 m 1993 Bom 30 2.560,00 3.200,00
Ano: Ano de Aquisição ou construção. V U: Vida Útil, em anos. Regular: está em condições de trabalho, mas com restrições de uso pelo tempo de utilização. Bom: está em condições de trabalho, apenas degradado pelo uso. Ótimo: está em prefeita condição de uso. (-)1988: Data de construção indeterminada, anterior a 1988, ano de aquisição da propriedade.
26
A casa de madeira (Figura 8-a) é utilizada para residência da família do
funcionário. O galpão de alvenaria (Figura 8-c) serve de depósito para ração animal obtida
pela moagem de cana-de-açúcar e para estoque de sal mineral. A tulha (Figura 8-b) é utilizada
para guarda de ferramentas e utensílios em geral. A mangueira (Figura 8-d) possui quatro
compartimentos para manejo de gado ao ar livre, corredor para aplicação de vacinas e uma
área coberta com piso de concreto para manejo de ordenha. Possui ainda um pequeno
compartimento para guarda de utensílios e abrigo da ordenhadeira mecânica.
Os bebedouros (Figura 8-g) são alimentados por canalização proveniente da caixa
d´água (Figura 8-f), que fica na área de maior altitude da propriedade, assim a declividade
favorece a pressão da água nos pontos de saída. Possuem bóia de controle de nível, garantindo
a continuidade do abastecimento e disponibilidade de água ao rebanho. Além dos cochos de
madeira, a suplementação nutricional é oferecida ao gado em cochos plásticos (Figura 8-h).
Figura 8- Benfeitorias da Estância Saturno, 2010: a- casa de madeira; b- tulha; c- galpão; d- mangueira; e- entrada de energia; f- caixa d água; g- bebedouro; h- cochos plásticos improvisado.
27
2.5.2 Máquinas e Equipamentos
A Tabela 4 apresenta a relação das máquinas e equipamentos que servem à
Estância Saturno. Os valores atribuídos foram definidos pelo produtor e confirmados ou
retificados por meio de pesquisa no mercado.
Tabela 4- Máquinas e equipamentos pertencentes à Estância Saturno, 2010.
Descrição Característica Ano Estado Conserv.
V U
Valor atual- R$
Valor novo- R$
Trator 4x4 Valmet 128 1989 Bom 10 15.000,00 75.000,00
Trator 2x2 CBT 2600 1986 Bom 10 9.600,00 48.000,00 Grade hidráulica 20x26” Tatu 1997 Bom 15 2.000,00 10.000,00 Grade hidráulica 18x26” Tatu 1994 Bom 15 750,00 7.500,00 Grade niveladora flutuante 44 discos Baldan 1998 Bom 15 1.400,00 7.000,00
Grade niveladora 36 discos Tatu 1990 Regular 15 550,00 5.500,00 Lançadeira de sementes (2) Lancer 600 MDC 2005 Ótimo 15 2.800,00 3.500,00
Plantadora de mandioca 2 linhas Trivisan PMCT 1200 2001 Bom 10 2.000,00 10.000,00
Plantadora 4 linhas Semeato PH 2700 2001 Bom 10 2.320,00 11.600,00 Calcareadora 5 toneladas 1995 Bom 15 9.300,00 15.500,00 Ensiladeira Forrageira Nogueira Pecus 9004 II 2002 Bom 7 2.400,00 8.000,00
Subsolador 5 ganchos 1990 Regular 15 250,00 2.500,00 Arado 3 discos 1985 Sucata 15 200,00 2.000,00 Arado 4 discos 1988 Sucata 15 250,00 2.500,00 Grade arrasta 20 discos 1990 Regular 15 450,00 4.500,00 Semeadora 11 linhas Fankhauser 1992 Bom 15 380,00 3.800,00 Forrageira Nogueira DPM 2 1996 Bom 10 350,00 3.500,00 Moinho de ração Nogueira 1988 Regular 10 250,00 2.500,00 Terraceador 18x28” Tatu 1993 Bom 15 1.380,00 13.800,00 Pulverizador 600 litros hidráulico 2001 Bom 10 1.400,00 7.000,00 Carreta reboque Madeira 2 rodas 1995 Bom 15 7.800,00 13.000,00 Carreta reboque Madeira 2 rodas 1987 Regular 15 2.400,00 12.000,00 Ordenhadeira mecânica 4 teteiras Intermaq 2004 Ótimo 10 2.560,00 3.200,00
Ano: Ano de fabricação. V U: Vida Útil, em anos. Sucata: sem condições de trabalho. Regular: está em condições de trabalho, mas com restrições de uso pelo tempo de utilização. Bom: está em condições de trabalho, apenas degradado pelo uso. Ótimo: está em prefeita condição de uso.
28
Os tratores (Figura 9-a) são utilizados nas reformas de pastagens e outros tratos
culturais, na manutenção dos terraços, na quebra de cupins e, em conjunto com as carretas de
reboque (Figura 9-n), no transporte eventual de equipamentos e insumos pesados. As grades
(Figuras 9-b,c,d,e), lançadoras de semente (Figura 9-f), calcareadora e, raramente, o
subsolador são utilizados nas reformas de pastagens também no plantio de cana-de-açúcar. A
ensiladeira (Figura 9-i) e a forrageira são utilizadas anualmente na estação úmida para o
aproveitamento das pastagens sobejas, que são armazenadas para uso no período seco. O
moinho de ração (Figura 9-m) é utilizado diariamente para oferta nutricional às vacas leiteiras
durante a ordenha e para a produção de ração de estoque.
Figura 9- Máquinas e equipamentos pertencentes à Estância Saturno, 2010: a- Tratores; b- Grade hidráulica 20x26”; c- Grade hidráulica 12x26”; d- Grade niveladora 44 discos; e- Grade niveladora 36 discos; f- Lançadora de sementes; g- Plantadora de mandioca; h- Plantadora; i- Ensiladeira forrageira; j- Grade arrasta; l- Semeadora 11 linhas; m- Moinho; n- Carreta reboque; o- Ordenhadeira.
29
O terraceador é utilizado somente quando, durante as reformas de pastagens, faz-se
necessária a manutenção dos terraços. O pulverizador é utilizado rotineiramente no manejo
sanitário do rebanho. A ordenhadeira (Figura 9-o) é utilizada diariamente. A plantadora de
mandioca (Figura 9-g), a plantadora quatro linhas (Figura 9-h) e a semeadora (Figura 9-l) não
mais são utilizadas na propriedade, servindo apenas à disponibilidade para locação e para
improváveis intenções futuras do produtor. Os arados e a grade mostrada na Figura 9-j não
são utilizados em função de suas precárias condições de uso.
Todos os implementos servem à eventual locação, que gera renda adicional à
propriedade. Quando de atividade em grandes áreas, os dois tratores trabalham
simultaneamente, gerando celeridade ao processo, o que justificaria o número dobrado de
grades, lançadoras de semente e forrageiras.
2.6 EXPLORAÇÃO AGROPECUÁRIA DA PROPRIEDADE
2.6.1 Histórico
A Estância Saturno desde sua aquisição teve como atividade predominante a
pecuária leiteira. Em poucos períodos houve a exploração de pequenas áreas com culturas,
principalmente mandioca e milho, contudo sem expressividade e para uso na própria
propriedade.
2.6.2 Aproveitamento da Área Atual
Tendo como atividade principal a pecuária bovina extensiva leiteira, a área da
Estância Saturno tem seu aproveitamento conforme mostrado na Figura 10.
30
Figura 10- Croqui de utilização da Estância Saturno, 2010.
As forragens utilizadas são Brachiaria brizantha e Brachiaria humidicola. As
pastagens são sempre reformadas, à medida que sua disponibilidade vai se esgotando. Não há
assistência técnica usual nem planejamento adequado: as reformas são executadas a partir de
gradagem da terra, aplicação de calcário em quantidades aleatórias e lançamento de sementes
da forragem escolhida por critério próprio do produtor. Não há, portanto, divisão estabelecida
dos tipos de forragem na propriedade, nem mesmo dentro de um único piquete.
Verificou-se infestação moderada de plantas daninhas, sendo as principais espécies
encontradas a guanxuma-branca (Sida glazioviik), o capim-amargoso (Digitaria insularis) e
capim-rabo-de-gato (Setaria geniculata). Quando a invasão se torna crítica, o trato cultural
aplicado é a roça manual. Outro problema encontrado nas pastagens é a presença significativa
de cupins, combatida pela remoção das termiteiras com uso do trator. A medida é paliativa e,
portanto, executada de tempos em tempos.
A cana-de-açúcar é utilizada como complemento nutricional das fêmeas em
lactação e armazenada para oferta a todo o rebanho nos períodos de seca. A área plantada na
31
propriedade teve planejamento técnico de profissionais da Agraer (Agência de
Desenvolvimento Agrário do Mato Grosso do Sul), tendo sido feita, no ano de 2008, a análise
da fertilidade do solo da área e as recomendações para o plantio e manejo da cultura, inclusive
o fornecimento de mudas.
Uma faixa de aproximadamente dez metros ao longo do limite da propriedade com
a Rodovia MS-180, isolada da área de pastagem por meio de cerca de arame, constitui área de
plantio de eucalipto, atividade de exploração recente pelo produtor, que almeja diversificar as
fontes de lucro da propriedade.
2.6.3 Manejo Reprodutivo e Sanitário do Rebanho
O gado criado na Estância Saturno é leiteiro misto, ou seja, não há preferência por
uma única raça nem planejamento de melhoramento genético. As raças predominantes são
Holandês e Girolando. A reprodução é por monta, com a manutenção de dois machos
reprodutores. São mantidas na propriedade cerca de 40 fêmeas, das quais em média 30 são
ordenhadas durante o ano. Não se faz a separação entre fêmeas solteiras e lactantes, apenas
eventualmente nos primeiros dias após a parição. Os bezerros permanecem junto às fêmeas
durante a ordenha, que é feita no início do dia, por volta das 5h, até as 11h. Após este horário,
são separados da mãe, e novo contato para lactação ocorrerá somente na ordenha do dia
seguinte. Os bezerros são desmamados aos oito meses de idade e levados para outra
propriedade para recria. Há preocupação com a qualidade das crias, principalmente dos
machos, já que os mesmos são destinados a recria e engorda. As fêmeas de melhor qualidade,
quando adultas, retornam à propriedade para servirem à produção de leite.
Não há assistência veterinária rotineira na propriedade, porém o manejo sanitário é
realizado, seguindo as recomendações públicas de vacinação para o gado de todas as idades e
com a adoção de medidas preventivas contra infestações. A vacinação contra febre aftosa é
32
feita conforme o calendário anual estabelecido pelo governo estadual. Também são aplicadas,
conforme as recomendações, vacinas regulares contra brucelose, carbúnculo, botulismo e
raiva animal. Todo o gado recebe aplicação de vermífugos duas vezes ao ano, observando-se
sempre o cuidado de não aplicar o medicamento em fêmeas durante a lactação. O controle de
moscas e carrapatos é realizado conforme a demanda através de pulverização de inseticidas e
carrapaticidas. De rotina, é realizado também o manejo de cura do umbigo dos bezerros
recém-nascidos com a aplicação de Cidenthal até a total cicatrização. No demais, quando da
ocorrência de inflamações, infecções ou qualquer acometimento nos bovinos, é solicitada a
intervenção veterinária, prestada gratuitamente como fidelização pela equipe das lojas de
produtos veterinários de que o produtor costuma adquirir insumos.
2.6.4 Alimentação do Rebanho
A alimentação do rebanho é feita fundamentalmente pela disponibilização de
pastagens. Os piquetes são divididos conforme a Figura 11. Não há critério estabelecido para
rotação entre piquetes, sendo esta efetuada à medida que os pastos são consumidos.
Figura 11- Divisão de piquetes de pastagens da Estância Saturno, 2010.
33
Como complemento nutricional, é oferecida a todo o rebanho, e adicionalmente às
lactantes durante a ordenha, ração composta pela moagem da cana-de-açúcar produzida na
propriedade, além de sal mineral aditivado com formulação composta por macro e
micronutrientes balanceados para as exigências nutricionais dos bovinos. A oferta de ração é
de 5 a 8 kg por cabeça, podendo variar para mais nas épocas de seca. A oferta de sal mineral é
de cerca de 200 g por cabeça. A água é continuamente disponibilizada a todo o rebanho por
meio de bebedouros cujo nível controlado por bóias garante renovação contínua da água.
2.6.5 Ordenha
A ordenha é realizada através de ordenhadeira mecânica, uma vez ao dia ao
amanhecer, a partir das 5 horas. Preliminarmente à instalação das teteiras procede-se a rápida
lavagem com água, de forma manual, pelo funcionário da propriedade. Após a lavagem, o
funcionário efetua a secagem dos tetos e, manualmente, massageia cada teto para descartar os
primeiros jatos de leite. Em seguida instala as teteiras e aciona a ordenhadeira para estímulo
simultâneo dos quatro tetos de cada fêmea. Ao perceber a redução do fluxo de leite, o
funcionamento do equipamento é interrompido e são desinstaladas as teteiras. A vaca, então, é
encaminhada junto com o bezerro para um compartimento aberto da mangueira,
permanecendo ali até o final da ordenha das outras fêmeas, quando todas serão, por fim, soltas
em um dos piquetes de pastagem. Não é feita a lavagem dos tetos após a ordenha.
O local da ordenha é coberto, sem paredes e com compartimento em que
permanecem os bezerros durante a ordenha para que a fêmea tenha a “ilusão” de que a cria
está mamando. O piso é de concreto e, após a ordenha, é feita sua higienização, com a
remoção dos excrementos presentes.
O leite ordenhado é depositado em galões, os quais são acondicionados em
compartimento próprio para esta finalidade. Logo após o término da ordenha, os galões são
34
levados à sede da cooperativa de produtores, a 500 m da Estância Saturno, onde há
resfriadores em que é armazenado. O leite é vendido para o laticínio Copagril, da cidade de
Mundo Novo-MS, a 54 km, o qual é responsável pela coleta e transporte do produto.
2.6.6 Cultivo de Cana-de-açúcar
A implantação da cultura da cana-de-açúcar, com a finalidade de complementar a
alimentação do rebanho bovino, foi planejada e executada sob a supervisão técnica da
Agência Estadual de Desenvolvimento Agrário, que forneceu as mudas, efetuou as correções
no solo e implementou as técnicas de plantio. Os tratos culturais realizados pelo funcionário
da propriedade consistem basicamente na capina manual para conter invasoras. Não há
planejamento para o controle de pragas e doenças, contudo, não foram verificados indícios de
ataques significativos à cultura. Algumas plantas apresentam mosaicos, porém a sanidade do
canavial é satisfatória, bem como sua produtividade.
Seguindo a metodologia de cálculo preconizada por S. Thiago (2002), a área
plantada de cana-de-açúcar para garantir sustentavelmente a alimentação do rebanho presente
na Estância Saturno deve ser de 1,5 ha. Tem-se, pois, que a área cultivada na propriedade (1,6
ha) é suficiente e adequada.
2.6.7 Cultivo de Eucalipto
O produtor optou por ocupar uma faixa ao longo da propriedade com a plantação
de eucalipto no intuito de criar um quebra-vento, além de estabelecer nova fonte de receita de
médio prazo para a propriedade. Contudo, a cultura foi implantada sem planejamento técnico.
As mudas foram adquiridas pelo proprietário e semeadas sem a aplicação das técnicas corretas
de plantio. A ausência de correção do solo e de espaçamento adequado resultou na falta de
35
uniformidade no crescimento das plantas: verifica-se, na área, a convivência entre árvores de
cerca de 20 metros de altura e outras que não chegam de 2 metros. Relata o produtor que,
principalmente no primeiro ano após o plantio, ocorreu grande dificuldade no controle de
formigas cortadeiras, praga que ainda assola as plantas. Notou-se, ainda, a ocorrência de
doenças foliares como oídio e ferrugem.
A cultura se encontra em fase final de crescimento, e se estima que em alguns
meses boa parte das árvores esteja apta para o corte.
2.7 ANÁLISE ECONÔMICA
A análise para determinação da viabilidade econômica foi realizada segundo a
metodologia de Matsunaga et al (1976), a partir de levantamento e cálculo das receitas e
despesas da atividade no ano de 2009.
2.7.1 Receitas
Durante o ano de 2009, imediatamente anterior ao levantamento, permaneceram
em lactação em média 30 fêmeas, as quais produziram em média 6.000 L de leite por mês. A
Figura 12 mostra a variação da produção mensal de leite, em litros, durante o ano de 2009.
O preço médio pago pelo litro do leite durante o ano de 2009 foi de R$ 0,46.
Considerando-se esse valor e a produção anual declarada pelo proprietário de 72.202 litros de
leite, temos, conforme demonstrado na Tabela 5, a receita anual de R$ 33.212,92.
A propriedade possui como fonte adicional de receita a locação de máquinas e
implementos para outros produtores. No entanto, tendo que as locações são eventuais e
esporádicas e impondo como condição a filosofia de que a produção de leite deve ser
36
suficiente para a sustentabilidade e o lucro da propriedade, a renda proveniente da locação de
máquinas e implementos não será considerada.
Figura 12- Gráfico da produção mensal de leite (em Litros) da Estância Saturno no ano de 2009.
O aproveitamento das crias pelo proprietário é por este considerado produção da
propriedade, logo, fonte de renda. Será, pois, aqui considerada a receita que a comercialização
das crias renderia caso efetuada, para fins de análise da viabilidade econômica atual.
Tabela 5- Receita bruta anual da produção da Estância Saturno no ano de 2009.
Fonte de receita Produção anual Preço (R$ un-1) Receita anual (R$)
Produção de Leite 72.202 L 0,46 33.212,92
Comercialização de crias 30 cabeças 550,00 16.500,00
Receita total (R$) 49.712,92
2.7.2 Custos Fixos
Os custos fixos operacionais da Estância Saturno compreendem a depreciação de
benfeitorias, máquinas e implementos, a remuneração do funcionário da propriedade e os
respectivos encargos sociais. Conforme demonstrado na Tabela 6, a soma dos custos fixos
5300 5400 5500 5600 5700 5800 5900 6000 6100 6200 6300
jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09
37
anuais para a propriedade foi de R$ 30.848,43 no ano de 2009. Não foi somada a depreciação
das pastagens, tendo em vista que estas são consideradas sustentáveis.
Tabela 6- Custos fixos operacionais da Estância Saturno no ano de 2009.
Fator de Produção Depreciação (R$ ano-1)
Benfeitorias:
Galpão de alvenaria 629,03 Mangueira 885,71 Cocho de madeira 27,50 Cocho de madeira 23,13 Cerca elétrica 967,50 Cercas 8.480,00 Poço semi-artesiano 372,00 Entrada de energia 346,15 Rede baixa tensão 123,08
Máquinas e Implementos:
Grade hidráulica 20x26” 500,00 Grade niveladora flutuante 233,33 Lançadeira de sementes 245,50 Lançadeira de sementes 245,50 Plantadeira de mandioca 1.000,00 Plantadeira 4 linhas 1.160,00 Pulverizador hidráulico 700,00 Ordenhadeira mecânica 560,00
Remuneração funcionário 13.333,33
Encargos sociais 1.066,67
Total custos fixos R$ 30.898,43
2.7.3 Custos Variáveis
Os custos variáveis compreendem as despesas com insumos (combustíveis,
medicamentos, nutrição, dentre outros) e com manutenção das benfeitorias, máquinas e
equipamentos. Conforme a Tabela 7, a soma dos custos variáveis no ano de 2009 foi de R$
25.005,33. Não houve, no ano, despesa com reforma de pastagens.
38
Tabela 7- Custos variáveis operacionais da Estância Saturno no ano de 2009.
Fator de Produção Taxa de Manutenção
Valor Manutenção (R$ ano-1)
Manutenção de Benfeitorias: Casa de madeira 35% 392,00 Galpão de alvenaria 45% 501,43 Tulha de madeira 35% 98,00 Mangueira 35% 868,00 Bebedouro 1500 L 30% 39,00 Bebedouro 1500 L 30% 39,00 Bebedouro 500 L 30% 15,00 Cerca elétrica 35% 225,75 Cercas 35% 2.968,00 Poço semi-artesiano 30% 93,00 Entrada de energia 35% 105,00 Rede baixa tensão 35% 37,33 Manutenção de Máquinas e Implementos:
Trator 4x4 50% 3.750,00 Trator 2x2 50% 2.400,00 Grade hidráulica 20x26” 50% 333,33 Grade niveladora flutuante 50% 233,33 Lançadeira de sementes 70% 163,33 Lançadeira de sementes 70% 163,33 Plantadeira 4 linhas 70% 812,00 Plantadeira de mandioca 70% 700,00 Calcareadora 50% 516,67 Ensiladeira forrageira 70% 800,00 Pulverizador hidráulico 35% 245,00 Carreta reboque 35% 303,33 Ordenhadeira mecânica 30% 96,00 Insumos Sal mineral – 2.200 kg ano-1 4.620,00 Óleo diesel – 250 L ano-1 587,50 Energia elétrica – 500 kWh mês-1 2.820,00 Vacinas e vermífugos 1.080,00
Total custos variáveis R$ 25.005,33
2.7.4 Apuração do Custo Operacional
O custo operacional é composto pela soma dos custos fixos, custos variáveis, pró-
labore e Imposto Territorial Rural (ITR). Considerando-se a retirada pró-labore equivalente a
39
três salários mínimos, conforme demonstrado na Tabela 8, o custo operacional da Estância
Saturno no ano de 2009 foi de R$ 72.674,76.
Tabela 8- Custo operacional da Estância Saturno no ano de 2009.
Especificação Valor (R$)
Custos fixos 30.898,43
Custos variáveis 25.003,33
Pró-labore 16.740,00
ITR 33,00
Valor do custo operacional R$ 72.674,76
2.7.5 Análise da Viabilidade Econômica
Ao final do levantamento econômico, verifica-se que as receitas somaram R$
49.712,92, enquanto o custo operacional foi de R$ 72.674,76, resultando um saldo negativo
para a atividade de R$ 22.961,84. Desta forma, conclui-se que a produção atual da
propriedade é insuficiente para manter o capital nela investido, tendo em vista que as receitas
não são capazes de cobrir o custo operacional da propriedade. Assim, a sensação de prejuízo
descrita pelo produtor é justificada.
Para que a propriedade se torne economicamente viável, são necessários ações e
investimentos a fim de elevar a produtividade leiteira. Supondo a produção leiteira como
fonte de receita sustentável para a propriedade, para se cobrir o custo operacional de R$
72.674,76 recebendo R$ 0,46 por litro de leite (posto que o preço não pode ser aumentado por
iniciativa do produtor), devem-se produzir cerca de 158.000 litros de leite por ano, o que
significa incrementar a produtividade em aproximadamente 120%. Este é o cenário atual da
propriedade sem que se considere o custo de oportunidade da terra e do capital investido, o
qual incrementaria ainda o prejuízo econômico da propriedade. O custo de oportunidade será
demonstrado e considerado no planejamento agropecuário (Capítulo 4).
40
3. DIAGNÓSTICO
De posse dos dados do levantamento agropecuário da Estância Saturno e de seu
entorno, procede-se ao diagnóstico dos pontos favoráveis e desfavoráveis ao desenvolvimento
de um projeto de viabilidade técnica e econômica para a propriedade, descritos a seguir sob a
classificação em aspectos positivos e aspectos negativos.
3.1 ASPECTOS POSITIVOS
Localização da propriedade próxima ao perímetro urbano do município de
Iguatemi e a poucos metros do centro de armazenamento da cooperativa de comercialização
de leite da região, em que se encontram os resfriadores.
Rigorosidade no cumprimento do calendário de vacinações e no controle
sanitário em geral, ações que tem permitido a saúde do rebanho bovino nos últimos anos.
Conservação de boa parte da mata nativa à margem do córrego Bocajá.
Disponibilidade de água de qualidade e em quantidades suficientes à
bovinocultura de leite.
Utilização da propriedade conforme sua aptidão agropecuária.
Disponibilização de alimentação suplementar para o rebanho.
Composição do rebanho a partir das parições na propriedade, o que reduz a
necessidade de investimento para aquisição de novos animais regularmente.
Área cultivada com cana-de-açúcar como aprimoramento forrageiro, o que leva
à melhoria da base nutricional do rebanho.
Utilização de ordenha mecânica.
41
3.2 ASPECTOS NEGATIVOS
Ausência de assistência técnica qualificada, tanto por Engenheiro Agrônomo
quanto por Médico Veterinário.
Incredulidade do produtor no retorno dos investimentos demandados para
aprimoramento técnico da propriedade.
Reserva Legal insuficiente e não averbada.
Intervenção para solução do processo erosivo ambientalmente inadequada, com
a deposição de pneus velhos no bordo da voçoroca.
Infraestrutura ociosa.
Solo com necessidade de correção e adubação, sem monitoramento efetuado
por técnico responsável.
Cultivo de pastagens selecionadas sem critérios tecnicamente indicados.
Falta de tratos culturais para com as pastagens, principalmente para controle de
plantas daninhas.
Presença de corredor para trânsito do rebanho degradado por erosão em sulcos.
Rebanho constituído de genética animal desconhecida, com baixa produção de
leite por lactante.
Manejo inadequado das pastagens; falta de critério para rodízio entre piquetes.
Manejo reprodutivo ineficiente, inclusive com relação à destinação das crias.
Ausência de controle produtivo leiteiro individual e falta de anotações em
planilhas das atividades sanitárias desempenhadas em cada animal.
Cultivo de eucalipto feito de maneira inadequada, com baixa produtividade.
Espaço cultivado com eucalipto permanentemente isolado do rebanho,
subaproveitando área que poderia também servir de pastagem ao rebanho.
42
4. PLANEJAMENTO
Tendo em vista que a propriedade apresenta aptidão para o desenvolvimento da
bovinocultura leiteira, considerando que o produtor prefere não se submeter a mudanças e
atentando, ainda, para o fato de a propriedade possuir localização favorável, a opção é manter
a atividade atual, desenrolando-se o planejamento para a propriedade com o objetivo de torná-
la técnica, ambiental e economicamente viável no exercício da pecuária bovina leiteira.
Para tanto, sugerir-se-ão ações, investimentos e recomendações a fim de,
primordialmente, efetuar-se a regularização da área e, a seguir, alcançar as melhorias
necessárias à sustentabilidade da propriedade. As propostas consistem em:
Recuperação da área da voçoroca existente para solução ambientalmente
correta do problema de erosão do solo.
Reflorestamento de área complementar para composição e averbação da
Reserva Legal.
Manutenção dos terraços em toda a área.
Replantio e manutenção de pastagens, efetuando-se as correções de acidez e
fertilidade do solo, bem como a escolha da forragem adequada.
Redimensionamento dos piquetes, com implantação do sistema de pastejo
rotacionado.
Melhoria no manejo reprodutivo do rebanho, inclusive com adoção da
inseminação artificial.
Recomendação de práticas de controle zootécnico produtivo e sanitário do
rebanho.
Melhorias no manejo nutricional dos bovinos e na ordenha.
43
Melhoramento genético do rebanho.
Implementação de sistema de aproveitamento de dejetos e restos de matéria
orgânica para aprimoramento técnico e redução de custos.
Consolidação do sistema silvipastoril na propriedade, inclusive com previsão
da comercialização do eucalipto existente e replantio da área.
Venda de implementos e equipamentos sem utilização ou sucateados.
Recomendação para o controle financeiro e orçamentário da propriedade.
Indicação de assistência técnica para manutenção das melhorias implantadas e
intervenção nas deliberações agronômicas.
Os preços dos insumos utilizados no planejamento foram obtidos no comércio
local e, em alguns casos, regional.
4.1 REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DA PROPRIEDADE
Fazem-se necessárias diversas medidas para tornar a propriedade legalmente
regular em seus aspectos ambientais. As ações devem ser planejadas e executadas em
observância a critérios técnicos adequados, a fim de garantir os benefícios e o equilíbrio
ecológico pretendido.
4.1.1 Recuperação da Área Degradada pela Voçoroca
Inicialmente, será providenciada a retirada dos pneus que foram depositados para
conter a enxurrada. Isto se dará com auxílio do Poder Executivo municipal, que, espera-se,
não se furtará a providenciar, como prestação de serviço público, transporte e destinação
adequada ao entulho.
44
Para atenuar a força e a ação das águas pluviais nas paredes da voçoroca, serão
construídas paliçadas de bambu ao longo dos taludes (Figura 13). Os bambus serão dispostos
verticalmente lado a lado com espaçamento de poucos centímetros, unidos e firmados por
meio da amarração com arame liso recozido. Nas extremidades e nos pontos em que se fizer
necessário, as paliçadas serão presas a estacas fixadas em pontos de terra firme. Os bambus
devem ser verdes e plantados no solo sempre que praticável, para que a possível brotação
auxilie na função das paliçadas e atue como cobertura vegetal nos pontos críticos da voçoroca.
Figura 13- Esquema das paliçadas de bambu ao longo dos taludes da voçoroca.
A área da voçoroca será isolada e reflorestada, visto que boa parte se encontra
sobre o raio de 50 metros de nascente de curso d´água, que, conforme a Lei n.º 4771/65, é
considerado área de preservação permanente. A área reflorestada que ultrapassar esse raio
será utilizada para composição da reserva legal.
Será construída cerca de arame liso para isolar a voçoroca. Numa faixa de dois
metros ao longo da cerca, será executado o plantio de espécies arbustivas agressivas, a fim de
restringir o acesso ao local e também auxiliar na contenção da enxurrada. Essas plantas terão
duas podas anuais para limitar sua expansão principalmente para o lado das pastagens.
O método para recuperação florestal da área está descrito na subseção 4.1.3,
devendo conduzir a área à configuração mostrada na Figura 14.
45
Figura 14- Isolamento e reflorestamento da área degradada pela voçoroca.
4.1.2 Adequação da Mata Ciliar
As exigências legais para a mata ciliar da Estância Saturno, conforme a Lei
4.771/65, são a preservação do raio de 50 m ao redor da nascente e de uma faixa de 30 m ao
longo da margem do Córrego Bocajá, visto que seu leito tem largura inferior a dez metros.
Com as intervenções propostas para recuperação da voçoroca e composição da
reserva legal, apresentadas na subseção seguinte, será criado um único nicho de preservação
na propriedade, que inclui a mata ciliar.
4.1.3 Composição da Reserva Legal
Para adequação da reserva legal, será isolada e reflorestada uma área contígua com
a mata ciliar. Conforme discutido na subseção 2.3.6, atualmente há 3,7 ha de mata
preservada. Com o reflorestamento da área isolada para recuperação da voçoroca conforme
apresentado na subseção 4.1.1, ter-se-á um adicional de 2,9 ha, totalizando 6,6 ha de área de
preservação. Desta área, 2,1 ha correspondem à exigência legal para a mata ciliar, a qual
necessita ainda de complementação de 0,1 ha para sua adequação. Assim, 4,4 ha, ou 9,4% da
área da propriedade, estariam disponíveis à composição da reserva legal. Para complementar
46
os 20% exigidos pela legislação, serão isolados mais 5,3 hectares contíguos à área de
preservação existente, da maneira mostrada na Figura 15.
Figura 15- Área de preservação permanente e reserva legal da Estância Saturno após as medidas para regularização ambiental.
A estratégia para o reflorestamento consiste em:
a) Plantio de mudas com espaçamento pouco adensado, a fim de se iniciar o
processo de sucessão ecológica, com custo reduzido; e
b) Adoção de técnicas de nucleação, como a transposição de serapilheira e a
instalação de poleiros secos, para que a regeneração plena do ambiente ocorra de maneira
natural com o tempo.
Sobre a área degradada pela voçoroca, num raio de 50 m da nascente, com
espaçamento de cinco a dez metros, efetuar-se-á o plantio alternado de:
I- Espécies leguminosas, por se tratar de solo degradado e de praticamente
impossível correção. As leguminosas exigem menos nutrientes do solo, pois possuem
capacidade natural de fixação biológica do nitrogênio (TAVARES et al, 2008). O plantio de
leguminosas será na proporção de 60%, como espécies pioneiras.
47
II- Espécies características da mata ciliar local e regional, com presença de
frutíferas para atrair polinizadores e dispersores de sementes, na proporção de 30% de
espécies secundárias e 10% de espécies clímax.
Nos taludes e adjacências, pela impossibilidade de plantio de espécies arbóreas,
serão plantadas leguminosas arbustivas. Em toda a área serão também plantadas espécies
herbáceas não invasoras, para proteger o solo da movimentação de sedimentos decorrente do
impacto direto das gotas de chuva e também incrementar o aporte de matéria orgânica. A
opção é pelo amendoim forrageiro, leguminosa de baixa exigência nutricional, boa fixação de
nitrogênio, rápidos crescimento e cobertura do solo e baixa concorrência com as demais
espécies (PEREIRA, 2009).
Nas demais áreas, será aplicado dessecante não seletivo para eliminação da
braquiária existente, tendo que esta é grande competidora e invasora. Efetuar-se-á a correção
da acidez do solo por meio de calagem de superfície, além do espalhamento de esterco bovino
para adubação orgânica. Em seguida serão plantadas, com espaçamento de 5 a 10 m na área
pertencente ao isolamento da voçoroca e de 10 a 15 m na área restante, alternadamente:
I- Espécies leguminosas, em razão de sua eficiência na absorção de nutrientes já
descrita, na proporção de 60%, como espécies pioneiras.
II- Espécies do bioma Floresta Estacional Semidecidual, que constitui a cobertura
original da região, na proporção de 30% de espécies secundárias e 10% de espécies clímax.
Nos primeiros 60 dias após o plantio, deverão ser realizadas capinas a cada 15
dias, com coroamento das mudas num raio de 60 cm. Após esse período, ao menos três
capinas anuais para evitar a concorrência com invasoras. Caso verificada a presença de
formigas cortadeiras, deve-se aplicar o formicida recomendado ao final da seção. Todas as
mudas devem receber tutoramento. A sugestão de espécies para as medidas de
reflorestamento é apresentada na Tabela 9.
48
Tabela 9- Lista de espécies sugeridas para o reflorestamento da área de preservação da Estância Saturno.
Arbóreas leguminosas Ciliares nativas Nativas do Bioma Acacia mangium Anadenanthera colubrina Apidosperma polyneuron Acacia mearnii Annona cacans Balfourodendron riedellianum Albisia guachapelle Apidosperma polyneuron Blepharocalyx salicifolius Albizia lebbek Astronium graveolens Cabralea canjerana Albiza saman Cabralea canjerana Campomanesia xanthocarpa Casuarina cunninghamiana Casearia sylvestris Cariniana estrellensis Calliandra calothyrsus Cecropia pachystachya Cedrela fissilis Clitoria fairchildiana Cedrela fissilis Centrolobium tomentosum Gliricidia sepium Centrolobium tomentosum Chorisia speciosa Inga marginata Chorisia speciosa Copaifera langsdorffii Leucaena leucocephala arbórea Chrysophylum marginatum Eugenia uniflora Mimosa caesalpiniifolia Copaifera langsdorffii Gallesia integriolia Mimosa tenuiflora Cordia superba Guarea guidonia Paraserianthes falcataria Cróton urucurana Inga marginata Piptadenia gonoacantha Didymopanax morototonii Jacaratia spinosa Prosopis juliflora Duguetia lanceolata Machaerium nyctitans Sesbania grandifora Ficus guaranitica Machaerium stipitaum Genipa americana Myrcia rostrata Jacaranda micrantha Myroxylon peruiferum Lonchocarpus subglaucescens Parapiptadenia rigida Machaerium aculeatum Patagonula americana Myroxylon peruiferum Peltophorum dubium Nectandra megapotamica Pilocarpus pennatifolius Parapiptadenia rigida Prunus myrtifolia Peltophorum dubium Pterodon pubescens Rhaminidium elaeocarpum Savia dictyocarpa Savia dictyocarpa Sweetia fruticosa Schinus terebentifolius Tabebuia iimpetiginosa Tabebuia impetiginosa Talauma ovata Tabernaemontana histax Trichilia catigua Tapira guianensis Trichilia pallida Tibouchina stenocarpa Vitex magapotamica Trichilia pallida Vochysia tucanorum
Constituir-se-á, assim, uma área de 9,7 ha, correspondente a 20,8% do total da
propriedade, para composição da reserva legal. Depois de implantado o reflorestamento,
deve-se dar entrada no processo de averbação junto ao IMASUL (Instituto de Meio Ambiente
de Mato Grosso do Sul) e ao INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)
para regularizar a documentação da propriedade.
49
4.1.4 Resumo e Orçamento das Ações
O cálculo da calagem para correção da acidez foi realizado a partir da análise do
solo e da metodologia de Van Raij et al (1997). A fim de elevar a saturação por bases a 50%,
deverá ser aplicada 0,943 t um-1 de calcário dolomítico de PRNT 75% na área cujas pastagens
serão substituídas por reflorestamento. Tendo em vista que a escolha das espécies privilegiou
aquelas com menor exigência nutricional, a adubação será feita somente no plantio,
diretamente nas covas, pois espera-se que o isolamento da área a torne auto-sustentável.
A Tabela 10 apresenta a lista de insumos, recomendações de aplicação e os custos
associados à implantação das propostas. A mão de obra será executada pelos funcionários do
produtor. Para construção de cercas, serão utilizados mourões obtidos do corte de eucalipto
planejado conforme seção 4.8.
Tabela 10- Relação de insumos, recomendações e estimativa de custos para a regularização ambiental da Estância Saturno.
Insumo Recomendação Unid. Quant. Custo unit. (R$)
Valor total (R$)
Construção de paliçadas e poleiros secos
Bambu – vara de 10 m Cortar em varas de aprox. 3 m p/ paliçadas. Engastar 2 m p/ poleiros mil 1,3 190,00 247,00
Arame liso recozido 16 BWG Amarração bambu-bambu kg 35 6,50 227,50
Arame liso galvanizado 14 BWG Amarração bambus-estacas kg 6 10,80 64,80
Subtotal (R$) 539,30 Construção de cercas arame liso 5 fios Mourão esticador de aroeira C=2,5m dz 0,5 468,00 234,00
Balancim Dois em cada espaçamento cem 1,8 63,70 114,66 Catraca galvanizada um 30 1,36 40,80 Arame liso galvanizado 14 BWG kg 120 10,80 1.296,00
Plantio de cerca-viva
Muda de Sansão-do-campo (Mimosa caelsapineafolia)
Plantio em covas de 40x20x20cm, espaçamento de 1 m. Adicionar
100g de NPK 10-20-10 ao substrato em cada cova.
Um 480 0,18 86,40
continua...
50
Tabela 10- Relação de insumos, recomendações e estimativa de custos para a regularização ambiental da Estância Saturno (continuação).
Plantio de arbóreas leguminosas Mudas conforme Tabela 9
Plantio em covas de 80x50x50cm. Adicionar 200g de NPK 0-20-10 un 340 0,12 40,80
Plantio de arbustivas e herbáceas Muda de Leucaena leucocephala arbustiva
Plantio em covas de 40x30x30cm. Adicionar 100g de NPK 0-20-10. un 200 0,10 20,00
Estolão de Amendoim Forrageiro (Arachis Pintoi)
Plantio em covas de 20x10x10cm. Dois estolões por cova.
Espaçamento de 1 a 2 m. un 400 0,06 240,00
Plantio de espécies cliliares nativas Mudas conforme Tabela 9
Plantio em covas de 80x50x50cm. Adicionar 200g de NPK 10-20-10. un 370 0,12 44,40
Plantio de espécies nativas do bioma Mudas conforme Tabela 9
Plantio em covas de 80x50x50cm. Adicionar 200g de NPK 10-20-10. un 340 0,12 40,80
Insumos Plantio Dessecante não seletivo
Paraquate. Diluir conforme instruções do fabricante. g i.a. 3.330 0,02 66,60
Fertilizante NPK 0-20-10
Aplicar nas covas para mudas de leguminosas kg 3,5 38,90 136,15
Fertilizante NPK 10-20-10
Aplicar nas covas para mudas de nativas e ciliares não leguminosas kg 14,5 43,60 632,20
Calcário dolomitico PRNT 75% t 6,98 19,00 132,62 Controle de pragas Formicida- ref. Citromax Aplicar conf. instruções do produto kg 1 40,00 40,00
TOTAL (R$) 3.705,93
4.2 MANUTENÇÃO DOS TERRAÇOS
Os terraços da propriedade foram construídos em 2006 e desde então nunca
receberam manutenção preventiva. Como foram planejados e executados sob supervisão de
profissional habilitado, admite-se que tenham sido adequadamente dimensionados. Desta
forma, será executada a manutenção dos aproximadamente 8.000 m de terraços existentes,
reperfilando os camalhões e efetuando os ajustes que se mostrarem necessários.
Para tanto, são estimadas 128 horas de trabalho com o trator e terraceador.
Considerando a mão-de-obra do funcionário da propriedade e o consumo de
51
aproximadamente 7 L h-1 de óleo diesel, os custos para realização da proposta são
demonstrados na Tabela 11.
Tabela 11- Demonstrativo de custos para manutenção dos terraços da Estância Saturno.
Insumo Unid. Quant. Custo unit. (R$)
Valor total (R$)
Óleo diesel L 900 2,35 2.115,00
4.3 AÇÕES PARA A COBERTURA FORRAGEIRA
A decisão por manter a bovinocultura de leite como atividade principal resulta,
considerando as características da propriedade, na manutenção também do método de criação
extensiva, cuja principal fonte nutricional do rebanho são as pastagens.
Dessa maneira, serão replantadas as pastagens degradadas e mantidas as pastagens
recém-formadas (Figura 16), efetuando-se as devidas correções do solo. A cana-de-açúcar não
necessitará de intervenção em razão de que seu plantio foi planejado por profissional
habilitado e de não apresentar indícios negativos.
Figura 16- Croqui de reforma das pastagens da Estância Saturno.
52
4.3.1 Replantio das Pastagens Degradadas
Para área de 21,1 ha em que serão replantadas as pastagens, opta-se pelo plantio da
forragem Brachiaria humidicola, tendo em vista que, além de constituir a mesma forragem
que será mantida na área adjacente e da excelente adaptação às condições da região, possui
exigência nutricional não elevada e boa relação custo-benefício. O plantio será em consórcio
com a leguminosa amendoim forrageiro (Arachis pintoi), que, graças à fixação biológica do
nitrogênio atmosférico por bactérias associadas às suas raízes, apresenta alta produtividade de
forragem com alto teor de proteína bruta (VALENTIM, 2004). Esta leguminosa tem
apresentado boa adaptabilidade ao consórcio com gramíneas do gênero Brachiaria, além de
constituir ganho nutricional ao rebanho.
Segundo a Comissão de Química e Fertilidade do Solo (2004), a implantação de
pastagem perene deve ser feita no sistema de cultivo convencional e o calcário deve ser
incorporado. Assim, efetuar-se-á o preparo do solo mediante aração e posterior gradagem da
área. Após a incorporação do calcário para correção da acidez do solo, objetivando-se elevar o
pH a 5,5 e a saturação por bases a 70%, condições ideais para o plantio consorciado de
leguminosas e gramíneas de estação quente, a humidícola será semeada na taxa de 2,5 kg ha-1
de sementes viáveis, em linhas, para melhor controle de invasoras, na profundidade de 5 a 10
cm. A adubação de plantio será efetuada dentro dos sulcos, para nutrição localizada somente
das plantas desejáveis. O amendoim forrageiro será plantado em estolões, com a implantação
de três estolões por cova em covas de 10 cm de profundidade espaçadas de 50 cm, em linhas
com espaçamento de 1 m umas das outras. O consórcio será estabelecido pela alternância
entre faixas de 5 m de gramínea e 2 m de leguminosa no sentido das linhas paralelas de
plantio, o que deve, segundo Valentim (2008), após a colonização da pastagem, constituir
cobertura de 20 a 40% de leguminosa na composição botânica da forragem.
53
As recomendações de calagem e adubação mineral para o primeiro ano após o
plantio foram calculadas com base nas análises de solo e nas necessidades nutricionais das
forragens, e estão demonstradas na Tabela 12. As sementes das leguminosas deverão ser
inoculadas com rizóbio específico. A adubação nitrogenada se fará somente se a inoculação
for constatada ineficiente (COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO, 2004).
Tabela 12- Recomendação de adubação e calagem para o plantio do consórcio de pastagens da Estância Saturno.
Nutriente Exigência
Nutricional (kg ha-1)
Fertilizante Adubação no Plantio (kg ha-1)
Adubação de Cobertura (kg ha-1)
Adubação Total
(kg ha-1) Nitrogênio - - - - - Fósforo 160 Termofosfato 941 - 941 Potássio 130 Cloreto de potássio 224 - 224 Calagem Calcário Dolomítico PRNT 75%: 2,38 t ha-1
Nos anos subsequentes deverão ser executadas adubações de cobertura para
atendimento das necessidades nutricionais anuais das forragens. Essas adubações serão
compostas por adubos orgânico e mineral. O adubo orgânico será obtido pelo aproveitamento
do esterco bovino recolhido das instalações da mangueira, valendo-se do sistema a ser
implantado conforme se discutirá na seção 4.7. Segundo cálculos propostos por Campos, A.
(2001), estima-se que na propriedade serão produzidos anualmente cerca de 366.000 L de
esterco semi-sólido, o que permitiria a aplicação de 10.860 L ha-1 desse adubo orgânico sobre
as pastagens. Esse volume contribuiria com quantidades de nutrientes expostas na Tabela 13.
Tabela 13- Quantidades de nutrientes presentes em 10.860 L de adubo orgânico.
Nutriente (kg ha-1) Adubo
Nitrogênio Fósforo Potássio
Esterco animal pastoso 3,9 2,9 19,2 Fonte: Comissão de Química e Fertilidade do Solo (2004).
A aplicação do adubo orgânico deve ser feita em parcelas mensais de 905 L ha-1, já
que a aplicação de grandes volumes de uma só vez poderia vir a contaminar o lençol freático.
54
Mesmo com a aplicação do adubo orgânico, é necessária a utilização de fertilizantes químicos
para complementação das necessidades nutricionais da forragem. A recomendação para
aplicação da adubação química a partir do segundo ano do plantio é mostrada na Tabela 14.
Tabela 14- Recomendação de adubação a partir do segundo ano após o plantio do consórcio de pastagens.
Nutriente Exigência
Nutricional* (kg ha-1)
Fertilizante Adubação de
Cobertura (kg ha-1)
Adubação Total
(kg ha-1) Nitrogênio - - - - Fósforo 57,1 Termofosfato 336 336 Potássio 40,8 Cloreto de potássio 70,3 70,3
*Considerado o suprimento de parte nas exigências nutricionais com a aplicação do adubo orgânico.
Os investimentos necessários para a execução do replantio de 21,1 ha de cobertura
forrageira estão descritos na Tabela 15. A mão de obra será executada pelos funcionários do produtor.
Tabela 15- Orçamento para replantio de 21,1 ha de pastagens da Estância Saturno.
Operação Unid. Quant. Custo unitário (R$)
Valor total (R$)
Plantio e adubação no primeiro ano Óleo Diesel L 430 2,35 1.010,50 Sementes viáveis de Brachiaria humidicola kg 37 85,00 3.145,00 Estolões de Arachis pintoi cv. Belmonte mil 190 45,00 8.550,00 Calcário Dolomítico PRNT 75% t 50,2 19,00 953,80 Termofosfato kg 19.855,1 0,67 13.302,92 Cloreto de Potássio kg 4.726,40 1,85 8.743,84
Total para plantio/dois anos iniciais (R$) 35.706,06 Adubação a partir do segundo ano Termofosfato kg 7.089,60 0,67 4.750,03 Cloreto de Potássio kg 1.483,3 1,85 2.744,11
Total anual a partir do segundo ano (R$) 7.494,14
4.3.2 Manutenção das Pastagens Recém Reformadas
Para correção da fertilidade do solo e consequentes melhor aproveitamento
nutricional e sustentabilidade das pastagens recém reformadas, na área de 11,6 ha será feita
55
calagem com aplicação de calcário sobre a superfície, durante a estação chuvosa para que a
incorporação se dê por infiltração. Não se faz necessária a reforma do pasto porque a
pastagem se encontra em boas condições. Com base nisso, serão realizadas adubações de
cobertura para atendimento das exigências nutricionais da forragem.
Outra medida para a área será o estabelecimento do consórcio da gramínea com a
leguminosa amendoim forrageiro, tal como se fez na área em que as pastagens foram
replantadas. Para tanto, será utilizado o sistema de plantio convencional em faixas de 2 m de
largura, espaçadas de 5m para o plantio das mudas da leguminosa, seguindo as mesmas
recomendações da subseção anterior. As recomendações de calagem e adubação para a
manutenção da humidícola e plantio do amendoim forrageiro são apresentadas na Tabela 16.
Tabela 16- Recomendação de adubação e calagem para as ações na área de pastagem recém reformada.
Nutriente Exigência
Nutricional (kg ha-1)
Fertilizante Adubação no Plantio (kg ha-1)
Adubação de Cobertura (kg ha-1)
Adubação Total
(kg ha-1) Brachiaria humidicola (8,12 ha) Adubação para o primeiro ano Nitrogênio 200 Sulfato de amônio - 238 x 4* 952 Fósforo 120 Termofosfato - 706 706 Potássio 120 Cloreto de potássio - 207 207 Adubação para os anos seguintes** Nitrogênio - - - - - Fósforo 97,1 Termofosfato - 571 571 Potássio 90,8 Cloreto de potássio - 157 157 Calagem Calcário Dolomítico PRNT 75%: 0,943 t ha-1 Arachis pintoi (3,48 ha) Adubação para o primeiro ano Nitrogênio 0 - - - - Fósforo 130 Termofosfato 765 - 765 Potássio 90 Cloreto de potássio 155 - 155 Adubação para os anos seguintes** Nitrogênio 0 - - - - Fósforo 57,1 Termofosfato - 336 336 Potássio 40,8 Cloreto de potássio - 70,3 70,3 Calagem Calcário Dolomítico PRNT 75%: 1,66 t ha-1
*Adubação de cobertura do N será parcelada em quatro aplicações, uma a cada 120 dias. ** Considerado o suprimento de parte nas exigências nutricionais com a aplicação do adubo orgânico.
56
Os investimentos necessários para a execução das ações estão descritos na Tabela
17. A mão de obra será executada pelos funcionários do produtor.
Tabela 17- Orçamento para manutenção de 11,6 ha de pastagens recém formadas da Estância Saturno.
Operação Unid. Quant. Custo unitário (R$)
Valor total (R$)
Plantio e adubação no primeiro ano Óleo Diesel L 170 2,35 399,50 Estolões de Arachis pintoi mil 100 45,00 4.500,00 Calcário Dolomítico PRNT 75% t 7,66 19,00 145,54 Sulfato de Amônio kg 7.730,2 0,70 5.411,14 Termofosfato kg 8.394,9 0,67 5.624,58 Cloreto de Potássio kg 2.220,2 1,85 4.107,37
Total para plantio/dois anos iniciais (R$) 20.188,13 Adubação a partir do segundo ano Termofosfato kg 5.805,8 0,67 3.889,89 Cloreto de Potássio kg 1.519,5 1,85 2.811,07
Total anual a partir do segundo ano (R$) 6.700,96
4.4 IMPLANTAÇÃO DO PASTEJO ROTACIONADO
Para exploração otimizada do potencial produtivo adquirido com a reforma das
pastagens, será implantado o sistema de pastejo rotacionado, que traz melhor eficiência à
ciclagem de nutrientes das pastagens devido ao rebrote adequado das forrageiras. O rebanho
será dividido em três lotes, cada qual permanecendo em um piquete. O lote 1 será composto
pelas vacas em lactação de maior produtividade de leite, o lote 2 composto por vacas em
lactação de menor produtividade e o lote 3 composto pelas fêmeas em estágio final de
gestação e novilhas. O período de pastejo será de seis dias, devendo o respectivo piquete
descansar por pelo menos 24 dias (VALENTIM, 2008).
O autor ainda prescreve que o número de piquetes para os intervalos indicados
deve ser de cinco piquetes por lote, totalizando 15 piquetes. A área calculada para
atendimento da exigência nutricional de matéria seca de cada lote de bovinos é de 2,0 ha por
57
piquete conforme apresentado na Tabela 18. Considerou-se a produtividade de matéria seca
para o consórcio de forrageiras de 26 toneladas por hectare, conforme instruem Valentim
(2004) e Gonçalves (1994).
Tabela 18- Cálculo da área necessária para apascentamento do número de bovinos da Estância Saturno.
Consumo MS Área Lote Vacas Novilhas kg (ha ano)-¹ ha Lote 1 15 0 51.428,6 2,0 Lote 2 15 0 51.428,6 2,0 Lote 3 10 10 51.428,6 2,0
Peso vivo vaca lactante: 600 kg Peso vivo novilha: 300 kg Produtividade de Matéria Seca (MS): 26 ton ha-1 Consumo estimado de MS por animal: 2% do peso vivo Perda de pastejo: 30% Perdas de estacionalidade: 10%
Para os 15 piquetes a área total necessária é de 30,0 ha. Como existem 32,7 ha de
pastagens disponíveis, cada piquete terá 2,1 ha, totalizando 31,5 ha. O 1,2 ha restante será
dividido em três piquetes de 0,4 ha destinados ao pastoreio dos bezerros. O dimensionamento
dos piquetes demonstrou que a quantidade de vacas atualmente produzindo na propriedade é
ideal para ser mantida, permitindo-se ainda o aumento do apascentamento de 10 novilhas,
antes criadas em outra propriedade, para servirem como futuras reprodutoras.
Os cálculos levaram em conta os fatores de perda e estacionalidade das pastagens.
Contudo, deve-se sempre observar as alturas da forrageira tanto para a entrada quanto para a
saída do gado dos piquetes. A altura recomendada para a humidícola é de 25-30 cm para
entrada e 10-12 cm para saída (VALENTIM, 2008). Durante a estação seca, é esperado que a
complementação nutricional com a cana-de-açúcar não torne necessária a redução da carga
animal sobre os piquetes.
A área atualmente destinada ao corredor de trânsito do gado será incorporada às
pastagens, ficando extinto o corredor. As cercas construídas serão eletrificadas, compostas por
2 fios de arame liso, utilizando o eletrificador existente. Para viabilizar a divisão dos piquetes,
58
deverá ser construído um novo bebedouro na mesma linha dos existentes, 70 m a jusante. Não
será necessário bombeamento de água, já que será aproveitada a declividade do terreno.
Levando-se em conta o aproveitamento das cercas existentes, de mourões de aroreira
estocados na propriedade e da utilização da mão de obra de funcionários do produtor, os
custos para implantação do sistema de pastejo rotacionado são apresentados na Tabela 19.
Tabela 19- Orçamento para implantação do sistema de pastejo rotacionado na Estância Saturno.
Insumo Unid. Quant. Custo unit. (R$) Valor Total (R$) Arame liso galvanizado 14 BWG kg 195 10,80 2.106,00 Isolador roldana de porcelana un 180 0,72 129,60 Castanha de porcelana un 110 0,70 77,00 Esticador estaca un 140 3,54 495,60 Placa de advertência un 12 11,50 138,00 Serviço de construção de bebedouro de concreto 1500 L com 70 m de tubulação un 1 1.500,00 1.500,00
TOTAL (R$) 4.446,20
4.5 MANEJO DO REBANHO
Para que os investimentos em infraestrutura e pastagens tornem em ganho de
produtividade leiteira, é necessária a adoção de medidas que garantam o correto manejo do
rebanho. Estas incluem controle zootécnico produtivo e sanitário do rebanho, bem como
estratégias para nutrição, ordenha e reprodução. Além das intervenções que serão sugeridas, é
preciso atentar aos cuidados diários na lida com os animais, mantendo trato não agressivo e
evitando fatores de estresse ao gado, dada sua influência na quantidade de leite produzida.
4.5.1 Controle Sanitário
O diagnóstico da propriedade demonstrou que o produtor tem procedido
adequadamente no que se refere ao manejo sanitário do rebanho. Essa rotina evidentemente
deve ser mantida. É preciso, todavia, aumentar tal cuidado registrando-se detalhadamente os
59
eventos, bem como estabelecendo um calendário prévio anual de ações, para consolidação do
controle sanitário do rebanho e, inclusive, para ampliação do controle financeiro por meio da
previsão orçamentária de custos. O Anexo 1 apresenta modelo de ficha de controle sanitário e
o Anexo 2 exemplo de calendário anual de vacinação a ser adotado.
Outras intervenções sanitárias que eventualmente se fizerem necessárias devem ser
recomendadas e acompanhadas por um médico veterinário devidamente habilitado.
4.5.2 Controle Zootécnico Produtivo
O correto manejo do rebanho inclui o estabelecimento de critérios de diferenciação
e de classificação dos animais. Para tanto, basta que seja realizado o preenchimento de fichas
que permitam a caracterização individual de cada animal e sua posição no rebanho. O
produtor já exerce certo controle, em que cada cabeça possui numeração e em uma lista são
anotadas informações relevantes. É necessário, pois, ampliar esse controle, por meio do
preenchimento de fichas que de maneira mais abrangente caracterizem cada animal e também
monitorem os indicadores coletivos do rebanho. O Anexo 3 apresenta o modelo de ficha para
controle individual e o Anexo 4 o modelo de ficha para controle geral do rebanho.
O controle produtivo será exercido por meio da pesagem do leite ordenhado de
cada vaca, cujos resultados serão anotados em ficha cujo modelo é apresentado no Anexo 5. A
pesagem será feita uma vez ao mês e os resultados serão avaliados mensal e anualmente. Essa
avaliação permitirá obter diagnóstico detalhado dos índices de produtividade da propriedade.
4.5.3 Manejo Nutricional
Grande percentual do sucesso na produção leiteira depende das práticas
nutricionais para com o rebanho. A reestruturação forrageira e de pastejo rotacionado
60
contribuirão sobremaneira para a consecução dos objetivos, porém, são necessárias melhorias
na organização da rotina nutricional para se elevar a produtividade ao nível desejado.
A principal mudança a ser efetuada diz respeito à alimentação dos bezerros.
Atualmente o produtor mantém os bezerros ao lado das vacas durante o período da manhã.
Sabe-se que este manejo é inadequado à produção otimizada de leite, desta forma, o produtor
deve ampliar a apartação dos bezerros, com exceção das primeiras 24 horas após o parto,
quando devem mamar o colostro para aquisição dos anticorpos fundamentais. A presença do
bezerro junto à mãe durante a ordenha será mantida uma vez que há zebuamento no rebanho,
o que torna necessária a participação da cria para estimulação da vaca à descida do leite.
Adotar-se-á o desmame precoce, isto é, após 60 dias do nascimento o bezerro não mais deverá
mamar, e sua presença durante a ordenha ocorrerá apenas para estimular visualmente a mãe.
A alimentação dos bezerros será apenas com o leite residual, como foi dito, até 60
dias, sendo que, a partir da segunda semana do nascimento, será oferecido alimento
concentrado para suprimento das necessidades nutricionais. A quantidade de concentrado a
ser disponibilizada é de 500 g até o 60º dia, 1 kg do 2º até o 8º mês e 500 g até o 10º mês.
Para as fêmeas selecionadas a prosseguir para renovação das matrizes, deve ser oferecido 1 kg
de concentrado até que completem um ano. O concentrado deve ter ao menos 16% de
proteínas e 70% de NDT (nutrientes digestivos totais), além de fósforo e cálcio, em sua
composição. Conforme Campos, O. (2006b), a alimentação das crias através do concentrado é
economicamente viável se o preço de 1 kg de concentrado for menor ou igual a 2,25 vezes o
preço de 1 kg de leite. Tomando-se o preço de 1 kg de concentrado no mercado local a R$
1,05, considerando a densidade do leite 1,030 kg L-1 e o preço pago ao produtor pelo litro do
leite de R$ 0,52, tem-se que o valor da relação é 1,95, portanto é viável utilizar o concentrado.
Quanto à complementação nutricional do restante do rebanho, atualmente o
produtor oferece ração produzida pela moagem de cana-de-açúcar e sal mineral aditivado, em
61
quantidade igual a todo o rebanho. Essa rotina será mantida, visto que é necessária para
suplementar a oferta de matéria seca ao gado. Entretanto, as quantidades oferecidas devem
variar conforme a classificação do animal no rebanho. Para as vacas de maior produtividade
serão disponibilizados 7 kg de ração durante a lactação e para as de menor produtividade 5 kg.
Para as novilhas e vacas no terço final da gestação deverão ser oferecidos também 7 kg de
ração. O sal mineral aditivado deve continuar a ser oferecido, pois garante a suplementação
mineral indispensável à plenitude das funções estruturais e metabólicas dos bovinos, desde
que sua formulação seja compatível com os requerimentos apresentados na Tabela 20.
Tabela 20- Requerimentos e concentração máxima tolerável de minerais para o gado leiteiro.
Vacas Elemento mineral Unidade Crescimento e
terminação Gestação Lactacão Máxima tolerável
Cálcio (Ca) % 0,19 - 0,73 0,22 - 0,38 0,43 - 0,77 _ Cloro (Cl) % - - - - Cromo (Cr) mg/kg - - - 1 .000,00 Cobalto (Co) mg/kg 0,10 0,10 0,10 10,00 Cobre (Cu) mg/kg 10,00 10,00 10,00 100,00 lodo (I) mg/kg 0,50 0,50 0,50 50,00 Ferro (Fe) mg/kg 50,00 50,00 50,00 1 .000,00 Magnésio (Mg) % 0,10 0,12 0,20 0,40 Manganês (Mn) mg/kg 20,00 40,00 40,00 1 .000,00 Molibdênio (Mo) mg/kg - - - 5,00 Níquel (Ni) mg/kg - - - 50,00 Fósforo (P) % 0,12 - 0,34 0,16 - 0,24 0,25 - 0,48 - Potássio (K) % 0,60 0,60 0,70 3,00 Selênio (Se) mg/kg 0,10 0,10 0,10 2,00 Sódio (Na) % 0,06 - 0,08 0,06 - 0,08 0,10 - Enxofre (S) % 0,15 0,15 0,15 0,40 Zinco (Zn) mg/kg 30,00 30,00 30,00 500,00
Fonte: Veiga (2005)
4.5.4 Manejo Reprodutivo
Tal qual a rotina nutricional, o manejo reprodutivo deve sofrer mudanças a fim de
se aproximar dos índices reprodutivos ideais para a pecuária leiteira. Primordialmente, a
62
reprodução por monta deve ser substituída pela inseminação artificial, que se bem empregada
eleva a média de parições e permite o progresso do rebanho ao melhoramento genético.
O produtor deve oferecer rigoroso treinamento a seus funcionários para que estes
desempenhem eficientemente a observação e monitoração do cio das vacas, a fim de se
reduzir ao mínimo a perda de cios. O primeiro cio após a parição costuma ocorrer entre dois e
três meses e deve ser aproveitado para que se alcance a meta de uma cria anual por vaca. Para
as novilhas, objetiva-se que a primeira parição aconteça aos 24 meses, portanto deve-se
observar e aproveitar o primeiro cio por volta dos 15 meses de idade.
As inseminações devem ser sexadas com predominância de fêmeas visando à
seleção de sucessoras. A ordenha deve acontecer por entre 300 e 305 dias. Após este período,
deverá ser executada a secagem da vaca por meio da aplicação de antibiótico específico para
este fim. Assim, garante-se o descanso de 60 dias para a glândula mamária até o próximo
parto. Como já descrito, nesse intervalo a vaca estará recebendo maior volume de
complementação nutricional para prepará-la para a próxima parição.
4.5.5 Ordenha
Conforme caracterizado na subseção 2.6.5, a rotina de ordenha tem sido bem
realizada. Cabem, não obstante, algumas recomendações, dentre as quais a higienização dos
tetos e teteiras da ordenhadeira mecânica após a ordenha, que é ignorada. Esta higienização é
ação preventiva de infecções mamárias e de moléstias nos bezerros.
A mudança principal fica por conta da introdução da segunda ordenha diária, no
período da tarde, por volta das 17 h. A ordem das vacas ordenhadas passará a ser constante e
determinada com base em critérios de qualidade e produtividade: terão prioridade de ordenha
as vacas que apresentarem melhor sanidade dos tetos e, como segundo critério, as que
produzem maior volume de leite.
63
O local da ordenha, apesar de não ser ideal, não receberá modificações, posto que
possui as divisões necessárias e as condições sanitárias fundamentais. Investimentos para
melhoria onerariam sobremaneira o orçamento e não reverteriam em significativos ganhos de
produtividade ou rentabilidade.
Por fim, deve o ordenhador receber treinamento para aprimorar seu conhecimento
técnico a respeito da glândula mamária e do manejo animal, a fim de aperfeiçoar sua
habilidade nos tratos da ordenha.
4.6 MELHORAMENTO GENÉTICO DO REBANHO
Atualmente a propriedade se situa na classificação de produtividade de nível baixo
(inferior a 2.800 kg por lactação), para o qual, segundo Barbosa et al (2002), a raça Girolando
é a mais indicada para o sistema de produção. Contudo, com as recomendações e melhorias
introduzidas acredita-se ser possível elevar o patamar de produção para o de nível médio
(entre 2.800 e 4.200 kg por lactação). Dessa maneira, será estabelecido um cronograma de
melhoramento genético para a propriedade.
Foi discutido anteriormente que o aumento da lotação animal se dará pela
manutenção de dez novilhas criadas na propriedade e isso resultará em carga animal próxima
do máximo recomendável para as pastagens, dessa forma não há planejamento para aquisição
de vacas ou novilhas. Também não é viável efetuar a substituição do rebanho, em decorrência
tanto do impacto de adaptabilidade e do custo do investimento. Assim, tendo que a
recomendação reprodutiva para o futuro é a utilização de inseminação artificial, este será o
meio de seleção genética do rebanho. Como atualmente não há controle de raças do gado,
predominando animais oriundos de cruzamentos de proporções indeterminadas, a estratégia
será aproximar o rebanho do padrão genético desejado gradualmente por meio do uso de
sêmen com a característica genética determinada e a renovação do rebanho.
64
Para os primeiros seis anos, a opção é executar a inseminação artificial de material
genético da raça Girolando, que consiste no cruzamento 5/8 Holandês e 3/8 Gir, em face das
suas características compatíveis com a propriedade no momento presente. Espera-se obter, ao
final desse ciclo, índices de produtividade próximos a 3.600 kg por lactação. A partir do 7º
ano, consolidado o sistema de produção proposto e, eventualmente, com adoção de novas
melhorias, a proposta é a evolução da produtividade leiteira aproximando o padrão genético
da raça européia Holandês. Para tanto, as inseminações deverão ser feitas com sêmen de
cruzamento 3/4 Holandês e 1/4 Gir ou outra raça zebuína que se mostre adequada à época,
com base inclusive nos resultados anotados nas fichas de controle produtivo. A meta é superar
4.200 kg por lactação, elevando a propriedade ao patamar de alta produtividade.
4.7 APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS PARA PRODUÇÃO DE ADUBO ORGÂNICO
Uma das grandes preocupações contemporâneas é a sustentabilidade ambiental, e
todas as ações que conduzam a contribuição para tanto são reconhecidas e valorizadas. Se
houver proveito econômico, pois, tais ações se tornam salutares. Nesse sentido será
recomendado ao produtor um pequeno volume de investimento que, além de representar
préstimo à sustentabilidade ambiental, trará redução de custos no processo de manutenção da
produtividade sustentável da propriedade.
Será introduzido um sistema de reaproveitamento dos resíduos orgânicos
produzidos na propriedade, tanto pelo esterco bovino liberado durante a ordenha quanto pelos
restos alimentares do consumo humano, folhas, galhos e quaisquer materiais de origem
animal ou vegetal, por meio do manejo de esterco semi-sólido. Trata-se de um sistema de
limpeza em que a mistura dos dejetos com água é suficiente apenas para facilitar a remoção
do esterco. O resultado desse processo produz um efluente com 12 a 16% de sólidos
(CAMPOS, A., 2001). Na Estância Saturno, o sistema será implementado por meio do
65
armazenamento em tanque abaixo do nível do solo (esterqueira), construído a 50 m da
mangueira, no sentido da declividade do terreno. O tanque será constituído por um cubo de
alvenaria com 1,5 m de lado, volume suficiente para armazenamento de efluente produzido
pelo período de até sete dias, constituído por blocos de concreto revestidos com argamassa
impermeabilizante, com tampa de concreto dotada de acoplamento para retirada do composto.
Na mangueira será construído sistema de captação dos efluentes, que serão
conduzidos ao tanque por meio de tubulação de PVC de 100 mm. Haverá uma caixa de
passagem para facilitar a manutenção em caso de necessidade. O serviço de construção do
tanque, da captação e tubulação será terceirizado. Para distribuição do adubo produzido, será
adquirido um distribuidor de esterco líquido tracionado por trator, equipado com sistema
vácuo-compressor para as operações de homogeneização, carregamento e distribuição.
Os custos para implantação do sistema de aproveitamento de resíduos e produção
de adubo orgânico são apresentados na Tabela 21.
Tabela 21- Orçamento da implantação do sistema de aproveitamento de resíduos orgânicos na Estância Saturno.
Insumo Unid. Quant. Custo unit. (R$) Valor total (R$)
Serviço de construção do tanque de alvenaria de 3,4 m³, 50 metros de tubulação de PVC 100 mm e sistema de captação de efluentes
un 1 1.100,00 1.100,00
Distribuidor de esterco líquido 3.000 L un 1 6.500,00 6.500,00
TOTAL (R$) 7.600,00
4.8 CONSOLIDAÇÃO DO SISTEMA SILVIPASTORIL
Com o objetivo de usufruir dos proventos de um bom investimento de médio prazo
e também de estabelecer um quebra-vento para a propriedade, o produtor efetuou o plantio de
eucalipto na área de 0,6 ha. No entanto, o plantio sem planejamento e assistência adequados
não permitiu que o produtor lograsse pleno êxito em seus intentos. Além disso, a área
66
plantada com eucalipto permanece isolada, não permitindo acesso ao gado, o que leva ao
desperdício de área de pastagem aproveitável.
O sistema silvipastoril tem-se mostrado promissor em termos de rentabilidade,
além dos seus benefícios agronômicos (DOSSA et al, 2003). O planejamento para a Estância
Saturno contempla a manutenção do Eucalipto como arbórea cultivada, em razão de seu
crescimento rápido e excelente valorização no mercado local, o que garante boa rentabilidade.
Opta-se pelo cultivo de espécie com fim comercial energético (carvão vegetal ou lenha), cujo
mercado é mais abrangente na região e de que os tratos culturais são menos complexos. A
espécie indicada é a Eucalyptus cloeziana, em razão de seu bom crescimento e rendimento
volumétrico e da capacidade adaptativa à região. Além disso, havendo sucesso no cultivo,
parte da produção pode ser comercializada como postes, mourões ou para a construção civil, o
que vem a agregar valor produtivo. As ações importam na comercialização do eucalipto
existente, reestruturação do plantio nessa área e expansão do cultivo para sobre os terraços.
4.8.1 Comercialização do Eucalipto Existente
O eucalipto cultivado na propriedade está em fase final de crescimento e em
alguns meses poderá ser cortado e comercializado. Contudo, em razão dos gravames de
cultivo apontados, espera-se um rendimento de cerca de 60%, apenas, para a produção. Com o
corte, a ser realizado no próximo ano, espera-se obter 104 m³ de madeira útil para a
comercialização, já excluindo a quantidade que será utilizada na construção de cercas. O
mercado local paga pelo produto o preço médio de R$ 42,00 por m³, fornecendo os serviços
de corte e transporte das árvores. A receita esperada é demonstrada na Tabela 22.
Tabela 22- Receita prevista para a comercialização do eucalipto existente na Estância Saturno.
Fonte de Receita Unid. Quant. Preço unit. (R$) Valor total (R$) Eucalipto 7 anos m³ 104 42,00 4.368,00
67
4.8.2 Reestruturação da Área Plantada
Embora aparente insensata a resolução de desperdiçar rebrotas e ainda destinar
recursos para novo investimento na área, faz-se necessário fazê-lo para que se possam
alcançar as metas agronômicas e econômicas. Será adotada uma estratégia singular para a
área, visando torná-la tecnicamente apropriada com o menor investimento possível e
concomitantemente tirando tanto proveito quanto possível dos investimentos já realizados.
O sistema silvipastoril ideal para a área em questão requer formação arbórea
plantada em três linhas espaçadas entre si de três metros, com espaçamento entre plantas de
1,5 metro, sendo que as árvores devem ser intercaladas entre as linhas (zig-zag), a fim de
permitir melhor ocupação da área pelo gado. Deste modo, a estratégia consiste em efetuar
criterioso levantamento a campo com medições de distância e identificação das árvores de
melhor qualidade que se situem em pontos que atendam à locação para um projeto de plantio
com os espaçamentos mencionados.
Após o corte referido na subseção anterior, será realizada destoca parcial da área,
preservando-se os tocos/raízes das árvores identificadas. Dentre os tocos e raízes destocados,
serão comercializados os de maior volume. Os demais tocos e raízes, além das cepas mal
desenvolvidas, galhos e folhas, serão mantidos na superfície para servirem de agentes de
incorporação de matéria orgânica ao solo. Os tocos e raízes mantidos servirão como
promovedores de rebrota para constituição da composição arbórea do sistema silvipastoril
planejado. Estimando-se que os tocos mantidos representem 50% dos pontos necessários à
formação arbórea projetada para a área, os demais 50% serão constituídos por mudas a serem
adquiridas e plantadas. Utilizando-se da planilha de cálculo de densidade arbórea elaborada
pela Embrapa, para as condições especificadas o número de árvores é de 2.500 unidades por
hectare. Para a área de 0,6 ha e considerando-se a razão de 50% citada e 10% de replantio, a
quantidade de mudas a ser adquirida é de 825 unidades.
68
O plantio das mudas será manual, com mão de obra própria, em covas de 50 cm de
profundidade. Para correção da acidez, a calagem será feita com aplicação de calcário
dolomítico no plantio, sendo parte (300g) no fundo da cova e o restante aplicado na superfície
entre as linhas de plantio. A adubação será feita no plantio, com aplicação do fertilizante no
fundo das covas, e em cobertura após 4 meses, aplicando-se o adubo por coroamento de 50
cm em cada muda. A adubação por coroamento será executada também nos tocos preservados
para rebrota. As recomendações de calagem e adubação estão expressas na Tabela 23.
Tabela 23- Recomendação de adubação e calagem para a reestruturação da área plantada de Eucalipto.
Nutriente Exigência
Nutricional (kg ha-1)
Fertilizante Adubação no Plantio (kg ha-1)
Adubação de Cobertura*
(kg ha-1)
Adubação Total
(kg ha-1) Nitrogênio 50 Sulfato de amônio 142 96 238 Fósforo 120 Termofosfato 705 - 705 Potássio 60 Cloreto de potássio 69 35 104 Calagem** Calcário Dolom. PRNT 75% => 2,0 t ha-1
*Adubação de cobertura será realizada ao 4º mês após o plantio **Aplicar 300g de calcário no fundo de cada cova, e o restante na superfície entre as linhas de plantio
Deve ser realizado o controle de invasoras até o segundo ano, por meio de capinas
manuais a cada 60 dias. A principal praga que aflige a produção de eucalipto na região são as
formigas cortadeiras saúvas, do gênero Atta. Seu controle deve ser efetuado por meio da
utilização de formicidas do tipo isca, indicado ao final desta seção. O monitoramento da
presença das cortadeiras deve ser frequente.
No terceiro ou quarto ano, deve ser feita avaliação para se determinar a
possibilidade, viabilidade e/ou necessidade de desbaste. O desbaste, além de propiciar
crescimento uniforme à planta, agregando valor comercial, constitui fonte de renda adicional
e de prazo intermediário ao sistema produtivo. Para efeito dos cálculos econômicos,
apresentados na seção 4.13, considerar-se-á a produção aproximada de 200 m³ ha-1 de madeira
proveniente do desbaste, a partir de ponderação com fundamento nos coeficientes
apresentados por Dossa et al (2003).
69
A destoca parcial da área, estima-se, deve disponibilizar 40 m³ de troncos e raízes
comercializáveis. Considerando-se o preço pago de R$ 15,00 pelo mercado local, espera-se
obter com essa operação a receita demonstrada na Tabela 24.
Tabela 24- Receita prevista para a comercialização do eucalipto existente na Estância Saturno.
Fonte de Receita Unid. Quant. Preço unitário (R$)
Valor total (R$)
Toco/raiz de Eucalipto 7 anos m³ 40 15,00 600,00
Os custos para as operações de destoca e aquisição de mudas para o plantio são
apresentados ao final desta seção.
4.8.3 Plantio do Eucalipto sobre os Terraços
O plantio sobre os terraços auxilia na estabilização do solo e, por conseguinte, na
própria função existencial destes. Dar-se-á em duas linhas sobre cada terraço, espaçadas de 2
metros. O espaçamento entre as árvores em cada linha será de 3 metros. O plantio será
intercalado entre linhas a fim de evitar a compactação do solo em linhas contínuas decorrentes
da movimentação do gado sobre o terraço. Serão necessárias 5.330 mudas.
Não será necessária calagem, uma vez que os terraços estão sobre a área que
receberá correção de acidez para reforma das pastagens. As instruções para adubação são as
mesmas da subseção anterior. As recomendações de adubação estão expressas na Tabela 25.
Tabela 25- Recomendação de adubação para o plantio de eucalipto sobre os terraços da Estância Saturno.
Nutriente Exigência
Nutricional (kg ha-1)
Fertilizante Adubação no Plantio (kg ha-1)
Adubação de Cobertura*
(kg ha-1)
Adubação Total
(kg ha-1) Nitrogênio 50 Sulfato de amônio 142 96 238 Fósforo 120 Termofosfato 705 - 705 Potássio 60 Cloreto de potássio 69 35 104
*Adubação de cobertura será realizada ao 4º mês após o plantio.
70
Os tratos culturais (controle de invasoras e formigas cortadeiras e desbaste) são os
mesmos recomendados na subseção anterior. Será necessária a construção de cercas
provisórias para isolamento da área cultivada com eucalipto até que este cresça à altura
aproximada de 1,5 metro, isto é, por cerca de 2 anos, a fim de evitar que o gado pisoteie ou
mesmo se alimente das mudas e brotações. Serão construídas cercas eletrificadas, compostas
por 2 fios de arame liso, com uso do eletrificador existente e de mourões de 1,5 metro obtidos
do eucalipto cortado. Os custos para execução das cercas, aquisição e plantio das mudas são
apresentados na Tabela 26.
Tabela 26- Orçamento para consolidação do sistema silvipastoril na Estância Saturno.
Insumo Unid. Quant. Custo unitário (R$)
Valor total (R$)
Mudas de Eucalyptus cloeziana mil 6,155 380,00 2.338,90 Arame liso galvanizado 14 BWG kg 320 10,80 3.456,00 Isolador roldana de porcelana un 240 0,72 172,80 Castanha de porcelana un 160 0,70 112,00 Esticador estaca un 175 3,54 619,50 Placa de advertência un 20 11,50 230,00 Calcário Dolomítico PRNT 75% t 1,2 19,00 22,80 Sulfato de Amônio kg 904 0,70 632,80 Termofosfato kg 2.679 0,67 1.794,93 Cloreto de Potássio kg 395 1,85 730,75 Formicida- ref. Citromax kg 2,5 40,00 100,00 Serviço de destoca h 7 100,00 700,00
TOTAL (R$) 10.910,48
4.9 VENDA DE IMPLEMENTOS OCIOSOS
Parte dos implementos existentes na Estância Saturno não possui empregabilidade
na atividade da propriedade. Além disso, o presente planejamento, ao recomendar práticas
com nova estrutura conceitual para a rotina agropecuária, tal como o plantio direto, acaba por
sentenciar à inação também outros implementos. A infraestrutura inerte, além de não produzir
renda, acaba contribuindo para o incremento dos custos fixos da propriedade em virtude de
71
sua depreciação. Constitui-se, pois, investimento financeiro sem retorno econômico, logo é
recomendada sua venda, da qual os proventos serão, inclusive, úteis à composição do capital
necessário para custeio dos investimentos propostos.
A Tabela 27 apresenta a relação dos implementos a serem comercializados. Os
valores esperados pela venda foram obtidos em pesquisa de mercado e em parte divergem dos
apresentados na Tabela 4 em razão de que o preço ofertado concretamente diverge daquele
calculado por meio da metodologia econômica aplicada.
Tabela 27- Equipamentos a serem vendidos e receita estimada.
Descrição Característica Ano Estado Conserv.
Receita Estimada- R$
Grade hidráulica 18x26” Tatu 1994 Bom 2.000,00
Grade niveladora flutuante 44 discos Baldan 1998 Bom 1.500,00
Grade niveladora 36 discos Tatu 1990 Regular 1.200,00
Plantadeira de mandioca 2 linhas Trivisan PMCT1200 2001 Bom 2.000,00
Plantadora 4 linhas Semeato PH 2700 2001 Bom 2.320,00
Subsolador 5 ganchos 1990 Regular 1.000,00
Arado 3 discos 1985 Sucata 500,00
Arado 4 discos 1988 Sucata 650,00
Grade arrasta 20 discos 1990 Regular 1.400,00
Semeadora 11 linhas Fankhauser 1992 Bom 2.500,00
TOTAL (R$) 15.070,00
4.10 CONTROLE FINANCEIRO
Um dos requisitos para o sucesso de qualquer atividade é o rigoroso controle das
receitas e despesas envolvidas em seu exercício. Assim, o produtor deverá anotar e analisar
todo o fluxo financeiro mensal e anual da propriedade, desse modo é possível avaliar os
resultados, detectar aspectos negativos, controlar e reduzir custos e aumentar a produtividade.
O Anexo 6 apresenta o modelo da planilha a ser preenchida mensalmente para
anotação dos custos e receitas da produção. O Anexo 7 traz o modelo de ficha para controle
72
anual dos resultados da produção. Para esta ficha deverão ser transcritos os resultados
mensais. O resultado anual será a soma dos resultados mensais subtraída da depreciação da
infraestrutura e do imposto anual.
4.11 ASSISTÊNCIA TÉCNICA
Segundo foi diagnosticado, muito do infortúnio vivenciado pela atividade
agropecuária da propriedade decorre da ausência de assistência agronômica qualificada. As
recomendações apresentadas neste planejamento somente lograrão otimizado resultado se
acompanhadas por profissional habilitado que oriente o produtor a realizar corretamente as
intervenções na propriedade, bem como efetue o monitoramento do progresso da atividade.
O produtor eventualmente se vale da assistência da Agência de Desenvolvimento
Agrário e Extensão Rural do Mato Grosso do Sul (Agraer), contudo somente para ações
isoladas. Como a propriedade é pequena e não comportaria a contratação de um profissional,
a recomendação é que o produtor mantenha a assistência da Agraer, que, como entidade
pública de interesse social, presta serviços de extensão rural gratuitamente. Entretanto, a
procura deve ser rotineira e constante, inclusive com a apresentação do presente planejamento
para que a entidade tome ciência e designe acompanhamento habitual para a investigação do
alcance das metas estipuladas.
4.12 CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DAS PROPOSTAS
Por razões de viabilidade técnica e financeira, as medidas recomendadas deverão
ser implementadas em etapas. Apresenta-se o cronograma de implantação das propostas no
Anexo 8.
73
4.13 ANÁLISE ECONÔMICA DO PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO
As medidas recomendadas no desdobramento das seções anteriores proporcionam
à propriedade a adequação técnica necessária à eficácia no encalço da produtividade e dos
índices agronômicos pleiteados. Todavia, é essencial verificar se o custo para a
fundamentação das ações é compatível com a soma dos recursos financeiros disponíveis.
4.13.1 Investimentos Programados
A Tabela 28 apresenta a síntese dos investimentos requeridos para efetivação das
recomendações do planejamento para a propriedade, conforme o cronograma de implantação.
Tabela 28- Descrição dos investimentos a serem realizados na Estância Saturno.
Data Investimento Valor (R$) Construção de paliçadas- contenção da voçoroca 539,30 Manutenção dos terraços 2.115,00 Replantio das pastagens degradadas 35.706,06 Manutenção das pastagens recém plantadas 20.188,13 Cercas e bebedouros para pastejo rotacionado 4.446,20
2011- 1º Semestre
Total p/ 2011- 1º semestre - R$ 62.994,69 Cercamento e reflorestamento p/ regularização ambiental 3.166,63 Destoca parcial, plantio de mudas de eucalipto e cercamento provisório p/ sistema silvipastoril 10.910,48
Tanque e tubulação p/ sistema de aproveit. de resíduos 1.100,00 2011- 2º Semestre
Total p/ 2011- 2º semestre - R$ 15.177,11 Aquisição de distribuidor de esterco líquido 6.500,00
2012 Total p/ 2012 - R$ 6.500,00
TOTAL DE INVESTIMENTOS (R$) 84.671,80
4.13.2 Estimativa dos Custos de Produção
A Tabela 29 apresenta a previsão dos custos de produção para os próximos anos,
consideradas as inclusões e exclusões de bens e capital conforme cronograma de implantação.
74
Tabela 29- Estimativas dos custos de produção após o planejamento agropecuário.
Ano Despesa Valor (R$) Custos fixos Depreciação de benfeitorias 5.861,98 Depreciação de máquinas e equipamentos 2.368,90 Pro labore 18.360,00 ITR 33,00 Remuneração funcionário 13.333,33 Encargos sociais 1.066,67 Custos variáveis Manutenção de benfeitorias 2.596,33 Manutenção de máquinas e equipamentos 9.667,67 Sal mineral suplementado - 2.200 kg ano-1 4.620,00 Energia elétrica - 500 kWh mês-1 2.820,00 Vacinas 520,00 Vermífugos 560,00 Óleo diesel 100 L ano-1 220,00
2011
Outros insumos 200,00 TOTAL PARA 2011 - R$ 62.227,88
Custos fixos Depreciação de benfeitorias 6.029,98 Depreciação de máquinas e equipamentos 2.713,01 Pro labore 18.360,00 ITR 33,00 Remuneração funcionário 13.333,33 Encargos sociais 1.066,67 Custos variáveis Manutenção de benfeitorias 2.668,33 Manutenção de máquinas e equipamentos 9.819,33 Sal mineral suplementado - 2.750 kg ano-1 5.775,00 Energia elétrica - 500 kWh mês-1 2.820,00 Vacinas 650,00 Vermífugos 700,00 Óleo diesel - 300 L ano-1 660,00 Alimento concentrado para bezerros - 10.800 kg ano-1 11.340,00 Inseminações - 40 doses ano-1 432,00 Adubações de manutenção das pastagens 14.195,10
2012
Outros insumos 200,00 TOTAL PARA 2012 - R$ 91.795,77
De 2013 em diante, em virtude da estabilização do processo produtivo, o custo de
produção deve se manter no mesmo patamar de 2012.
75
4.13.3 Estimativa da Receita Anual
As expectativas para o aumento da produção de leite após o planejamento
agropecuário baseiam-se nas informações fisiológicas e biológicas, experimentações e
sistemas de produção consultados e indicados nas referências deste trabalho.
Para o ano de 2011, durante o primeiro semestre não se espera qualquer alteração
na produtividade, em razão de que as primeiras medidas estarão ainda em processo de
implantação, porquanto cada vaca continuaria produzindo em média 6 litros de leite por dia.
Para o segundo semestre, com o início do pastejo rotacionado e a introdução da leguminosa
na dieta das lactantes, presume-se um aumento já de 3 litros por dia na produção média de
cada vaca. Em relação às crias, estas ainda teriam a mesma destinação.
Em 2012, com início do novo manejo nutricional dos bezerros, da segunda
ordenha diária e das inseminações artificiais, a produção deve passar a 12 litros diários por
vaca. A partir de 2013, para se valer do melhoramento genético das inseminações, serão
retidas dez crias, comercializando-se somente 20, agora também a preço médio menor, visto
que as inseminações serão sexadas e as fêmeas possuem menor valor comercial.
Em 2014 a produção de leite e a venda de crias não devem sofrer mudanças,
contudo, haverá renda adicional com o descarte das primeiras dez vacas. Além disso, será
época do desbaste do eucalipto, o que se constituirá em outra fonte de receita para este ano.
A partir de 2015, com plenas consolidação e estabilização do sistema produtivo,
bem como com os frutos do melhoramento genético do rebanho proporcionado pelas
inseminações artificiais, a produção de leite deve aumentar para 14 litros diários por vaca.
Haverá também estabilização da comercialização de crias e descartes.
Por fim, em 2016 ocorrerá o corte e comercialização do eucalipto, contribuindo
com a receita prevista para aquele ano, além do aumento da produção para 15 litros diários
por vaca.
76
A Tabela 30 apresenta as estimavas anuais de faturamento da propriedade até o
ano de 2016.
Tabela 30- Estimativas anuais de receita bruta para a Estância Saturno após o planejamento agropecuário.
Ano Receita Valor (R$)
Produção leiteira - 82.350 L a R$ 0,52 L-1 42.822,00 2011
Venda de crias - 30 cb a R$ 550,00 cb-1 16.500,00
TOTAL PARA 2011 - R$ 59.322,00
Produção leiteira - 146.400 a R$ 0,52 L-1 76.128,00 2012
Venda de crias - 30 cb a R$ 550,00 cb-1 16.500,00
TOTAL PARA 2012 - R$ 92.628,00
Produção leiteira - 146.400 a R$ 0,52 L-1 76.128,00 2013
Venda de crias - 20 cb a R$ 450,00 cb-1 9.000,00
TOTAL PARA 2013 - R$ 85.128,00
Produção leiteira - 146.400 a R$ 0,52 L-1 76.128,00
Venda de crias - 20 cb a R$ 450,00 cb-1 9.000,00
Descarte de matrizes - 10 cb a 800,00 cb-1 8.000,00 2014
Desbaste do eucalipto - 1.200 m³ a R$ 20,00 m-3 24.000,00
TOTAL PARA 2014 - R$ 117.128,00
Produção leiteira 170.800 L a R$ 0,52 L-1 88.816,00 2015
Venda de crias e/ou descarte de matrizes 15.000,00
TOTAL PARA 2015 - R$ 103.816,00
Produção leiteira 183.000 L a R$ 0,52 L-1 95.160,00
Venda de crias e/ou descarte de matrizes 15.000,00 2016
Corte e venda de eucalipto - 1.410 m³ a R$ 42,00 m-3 59.220,00
TOTAL PARA 2016 - R$ 169.380,00
4.13.4 Diagnóstico Econômico
Apresenta-se, na Tabela 31, o cálculo da receita líquida anual prevista para a
Estância Saturno após a execução do planejamento agropecuário.
77
Tabela 31- Previsão de receita líquida anual para a Estância Saturno após o planejamento agropecuário.
Ano Parcela Valor (R$)
Receita bruta da produção ( + ) 59.322,00 Custo de produção ( - ) 62.227,88 Investimentos ( - ) 78.171,80 Receita proveniente da venda de equipamentos ( + ) 15.070,00 Receita proveniente da comercialização do eucalipto ( + ) 4.368,00
2011
Receita proveniente da venda de tocos/raízes de eucalipto ( + ) 600,00 RECEITA LÍQUIDA 2011 - R$ -61.039,68
Receita bruta da produção ( + ) 92.628,00 Custo de produção ( - ) 91.795,77 Investimentos ( - ) 6.500,00
2012
Venda dos touros ( + ) 2.500,00 RECEITA LÍQUIDA 2012 - R$ -3.167,77
Receita bruta da produção ( + ) 85.128,00 2013
Custo de produção ( - ) 91.795,77 RECEITA LÍQUIDA 2013 - R$ -6.667,77
Receita bruta da produção ( + ) 117.128,00 2014
Custo de produção ( - ) 91.795,77 RECEITA LÍQUIDA 2014 - R$ 25.332,23
Receita bruta da produção ( + ) 103.816,00 2015
Custo de produção ( - ) 91.795,77 RECEITA LÍQUIDA 2015 - R$ 12.020,23
Receita bruta da produção ( + ) 169.380,00 2016
Custo de produção ( - ) 91.795,77 RECEITA LÍQUIDA 2016 - R$ 74.250,89
A análise da Tabela 31 demonstra a viabilidade do planejamento agropecuário para
a propriedade. Em 2011, acumula-se um prejuízo da ordem de R$ 61 mil, o que,
considerando-se o cronograma de implantação das ações, implica na necessidade de
financiamento dos investimentos. Contudo, nota-se, já, progresso no ajuste financeiro, tendo
que a receita bruta da produção aproximou-se do custo de produção, praticamente eliminando
o prejuízo levantado da ordem de R$ 22 mil que vinha sofrendo anualmente a propriedade.
A partir de 2012 já se verifica a eficácia das medidas, com aumento significativo
da receita bruta anual. De 2014 em diante a receita bruta passa a sustentavelmente superar o
custo de produção. Observando-se em conjunto a Tabela 30, verifica-se que a partir de 2016 a
78
receita bruta obtida somente com a produção de leite será suficiente para cobrir os custos de
produção e gerar lucro, consolidando assim o sucesso das recomendações para a atividade
principal da propriedade.
Se somadas as receitas obtidas com o desbaste e o corte do eucalipto (R$
83.220,00), descontados 30% como fator de manutenção do investimento e dividido o valor
resultante por 6, que corresponde ao número de anos de cada ciclo de corte, obteremos o valor
da renda anual gerada pelo cultivo da arbórea. Valendo-se desse pressuposto, analisa-se que, a
partir de 2016, a Estância Saturno passará ao cenário econômico expresso na Tabela 32.
Tabela 32- Panorama econômico da Estância Saturno após consolidado o planejamento agropecuário.
Ano Parcela Valor (R$) Produção de leite ( + ) 95.160,00 Venda de crias e/ou descarte de matrizes ( + ) 15.000,00 Renda anual do cultivo de eucalipto ( + ) 9.709,00
2016 em diante
Custo de produção ( - ) 91.795,77 RECEITA LÍQUIDA ANUAL - R$ 28.073,23
Diante do cenário positivo analisado, cabe ressaltar que, a partir de 2018, com
o início das inseminações de genética 3/4 Holandês, é de ser prever que após alguns anos a
produtividade leiteira aumente ainda mais, incrementando, assim, a lucratividade obtida com
a atividade agropecuária na propriedade.
4.13.5 Fluxo de Caixa
Consoante ao que foi discutido na subseção anterior, é preciso determinar o
montante a ser destinado ao financiamento dos investimentos iniciais, de forma que o fluxo
financeiro da propriedade seja ajustado ao cronograma e as ações exequíveis. A Tabela 33,
mediante ressunta dos dados já apreciados, apresenta o fluxo de caixa da propriedade, bem
como demonstra o cálculo do valor a ser levantado para financiar os investimentos.
79
Tabela 33- Fluxo de caixa previsto para concretização dos investimentos.
Data Descrição Entrada (R$) Saída (R$) Saldo (R$) Crédito venda de equipamentos 15.070,00 15.070,00 Investimentos 1º semestre 2011 62.994,69 -47.924,69 jan/2011 Financiamento 1 47.924,69 0,00 Crédito comercialização eucalipto 4.968,00 4.968,00 Investimentos 2º semestre 2011 15.177,11 -10.209,11 jul/2011 Financiamento 2 10.209,11 0,00 Resultado da atividade* 2011 2.905,88 -2.905,88 Crédito venda de touros 2.500,00 -405,88 Juros 1 5.271,72 -5.677,60 Investimentos 2012 6.500,00 -12.177,60 Juros 2 561,50 -12.739,10
jan/2012
Financiamento 3 12.739,10 0,00 Resultado da atividade* 2012 832,23 832,23 Juros 1 5.271,72 -4.439,48 Juros 2 1.123,00 -5.562,48 Juros 3 1.401,30 -6.963,79
jan/2013
Financiamento 4 6.963,79 0,00 Resultado da atividade* 2013 6.667,77 -6.667,77 Juros 1 5.271,72 -11.939,48 Juros 2 1.123,00 -13.062,48 Juros 3 1.401,30 -14.463,78
jan/2014
Financiamento 4 14.463,78 0,00 Resultado da atividade* 2014 25.332,23 25.332,23 Juros 1 5.271,72 20.060,51 Juros 2 1.123,00 18.937,51 Juros 3 1.401,30 17.536,21 Juros 4 1.591,02 15.945,19
jan/2015
Amortização financiamento 1 15.945,19 0,00 Resultado da atividade* 2015 12.020,23 12.020,23 Juros 1 3.517,75 8.502,49 Juros 2 1.123,00 7.379,48 Juros 3 1.401,30 5.978,18 Juros 4 1.591,02 4.387,17
jan/2016
Amortização financiamento 1 4.387,17 0,00 Resultado da atividade* 2016 74.250,89 74.250,89 Juros 1 3.035,16 71.215,73 Juros 2 1.123,00 70.092,73 Juros 3 1.401,30 68.691,43 Juros 4 1.591,02 67.100,41 Amortização financiamento 1 27.592,33 39.508,08 Amortização financiamento 2 10.209,11 29.298,97 Amortização financiamento 3 12.739,10 16.559,87
jan/2017
Amortização financiamento 1 14.463,78 2.096,09 *Resultado da atividade é a diferença entre a receita bruta e o custo operacional anual (Tabela 32).
80
O produtor possui aplicações financeiras que lhe permitem arcar com o
financiamento dos investimentos propostos, não se fazendo necessário, portanto, o acesso ao
mercado de crédito. As aplicações financeiras proporcionam ao produtor entre 0,7% e 0,8%
de rendimentos ao mês, dessa forma a utilização desses recursos na atividade agropecuária
deve ser remunerada. Para tanto foi aplicada a taxa de juros anual de 11%, e os proventos dela
decorrentes foram considerados saída de caixa da propriedade.
Observa-se, analisando a Tabela 34, que no início de 2017 ocorrerá a totalização
da amortização do capital investido, além da disponibilidade em caixa de quantia da ordem de
R$ 2 mil. Constatado no diagnóstico econômico da subseção anterior que, a esta altura, a
propriedade é sustentável e lucrativa, conclui-se que o tempo de retorno dos investimentos é
de seis anos e que, a partir de então, dá-se por obtido o pleno êxito do planejamento
agropecuário para a Estância Saturno.
Quanto ao custo de oportunidade do investimento na terra, rebanho e
infraestrutura, considerando a taxa de juros anual de 3% e os valores de R$ 8.000,00 ha-1 para
a terra e R$ 1.200,00 por cabeça de gado, calcula-se que seu valor é de R$ 18.896,40. Assim,
o planejamento agropecuário levará a propriedade a obter, a partir de 2016, as margens de
lucro apresentadas na Tabela 34.
Tabela 34- Margens de lucro estimadas após o planejamento agropecuário na Estância Saturno.
Ano Parcela Valor (R$) Receitas anuais ( + ) 119.869,00 Custos variáveis ( - ) 49.259,78
Margem Bruta 70.609,22 Custos fixos ( - ) 42.535,99 Margem Líquida 28.073,23 Custo de oportunidade ( - ) 18.896,40
2016 em diante
Margem Total 9.176,83
81
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O planejamento agropecuário para a Estância Saturno, baseado nas informações
apuradas no levantamento e diagnóstico, propôs recomendações que, como demonstrado,
levarão a propriedade à sustentabilidade econômica e ambiental, por meio do aperfeiçoamento
técnico da atividade. Em suma, o diagnóstico econômico das medidas recomendadas revelou:
a) Investimento em 2011 a fim de financiar a implantação das ações e regularizar
a propriedade;
b) Sustentabilidade da atividade a partir de 2014;
c) Lucratividade efetiva obtida a partir de 2015;
d) Expectativa de aumento de produtividade e lucro para a próxima década.
O sucesso do planejamento é dependente da estrita e rígida observância das
recomendações propostas, devendo o produtor agir com liberalidade para os investimentos e
disciplina no exercício cotidiano da atividade rural, tanto no que diz respeito a si mesmo
quanto em relação aos profissionais e trabalhadores envolvidos em seu desempenho.
A concretização das ações sugeridas trarão ao presente trabalho, além da riqueza
proporcionada à formação acadêmica que ora se galga, a qualificação como mais uma
referência das tantas que visam a comprovar que a observância aos requisitos técnicos,
cientificamente obtidos, propicia, além da coesão com defendidos princípios, a
economicidade objetivada por todos aqueles que investem e labutam para de sua atividade
retirarem seu sustento.
82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, C. M. S. Pastejo Rotacionado: Tecnologia para Aumentar a Produtividade de Leite e a Longevidade das Pastagens. Embrapa Acre. CGPE 7277. Rio Branco, Dezembro/2008. AROEIRA, L. J. M. Suplementos Minerais para Gado de Leite. Embrapa Gado de Leite. Instrução Técnica para o Produtor de Leite, n. 41, 2 ed. ISSN n.º 1518-3254. Juiz de Fora-MG, Março/2006. BARBOSA, P. F.; PEDROSO, A. F.; NOVO, A. L. M. et al. Produção de Leite no Sudeste do Brasil. Embrapa Pecuária Sudeste. Sistemas de Produção, 4. São Carlos-SP, 2002. BRASIL. Lei n.º 4.771/1965: Institui o Novo Código Florestal. Ministério da Casa Civil, 2010. Disponível em <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4771.htm>. Acesso em Julho/2010. CAMPESTRINI, H.; GUIMARAES, A. V. História de Mato Grosso do Sul. 4 ed. Campo Grande-MS: Papelaria Brasil, 1995. CAMARGO, L. S. A. Identificação do Cio em Bovinos. Embrapa Gado de Leite. Instrução Técnica para o Produtor de Leite, n. 30, 2 ed. ISSN n.º 1518-3254. Juiz de Fora-MG, Março/2006. CAMPOS, A. T.; FERREIRA, A. M. Composição do Rebanho e sua Importância no Manejo. Embrapa Gado de Leite, Instrução Técnica para o Produtor de Leite, n. 32, 2 ed. ISSN n.º 1518-3254. Juiz de Fora-MG, Março/2006. CAMPOS, A. T. Tratamento e Manejo de Dejetos de Bovinos. Embrapa Gado de Leite. Instrução Técnica para o Produtor de Leite, n. 52. ISSN n.º 1518-3254. Juiz de Fora-MG, Outubro/2001. CAMPOS, O. F. Opções de Concentrados para Bezerros Até os 360 Dias de Idade. Embrapa Gado de Leite. Instrução Técnica para o Produtor de Leite, n. 39, 2 ed. ISSN n.º 1518-3254. Juiz de Fora-MG, Março/2006a.
83
CAMPOS, O. F. Quando o Desaleitamento Precoce dos Bezerros é a Melhor Opção. Embrapa Gado de Leite. Instrução Técnica para o Produtor de Leite, n. 4, 2 ed. ISSN n.º 1518-3254. Juiz de Fora-MG, Março/2006b. COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO. Manual de Adubação e de Calagem para os estados do Rio Grande do sul e de Santa Catarina. Sociedade Brasileira de Ciências do Solo. Núcleo Regional Sul. Porto Alegre, 2004. DASSIE, C. Tirando Proveito do Esterco em Confinamentos. São Paulo-SP: Revista Balde Branco, n. 417, Julho/1999. DOSSA, D.; FERREIRA, C. A.; SILVA, H. D. et al. Cultivo do Eucalipto. Embrapa Florestas. Sistemas de Produção, 4. ISSN 1678-8281, Versão Eletrônica. Colombo-PR, Agosto/2003. EMBRAPA FLORESTAS. Cálculo de Densidade Arbórea para Diferentes Arranjos de Renques Simples ou Múltiplos em ILPF. Embrapa Florestas (Planilha para cálculo computacional). Disponível em <http://www.cnpf.embrapa.br/pesquisa/safs/calc_densidarb.xl s>. Acesso em Julho/2010. FERREIRA, A. M. Mais Leite e Mais Bezerros com Menor Intervalo Entre Partos. Embrapa Gado de Leite. Instrução Técnica para o Produtor de Leite, n. 13, 2 ed. ISSN n.º 1518-3254. Juiz de Fora-MG, Março/2006.
GONÇALVES, C. A.; COSTA, N. L. Avaliação Agronômica de Brachiaria humidicola em Consorciação com Leguminosas Forrageiras Tropicais em Rondônia. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, V. 23, n. 5, p. 699-708, 1994. IAC. Informações sobre Interpretação de Análise de Solo. Instituto Agronômico de Campinas. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Solos e Recursos Ambientais. Disponível em <http://www.iac.sp.gov.br/UniPesquisa/Solo/Servico/Interpretacao.asp>. Acesso em Maio/2010. IBGE 2007. Produto Interno Bruto dos Municípios 2002-2005. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Dezembro/2007. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/hom e/estatistica/economia/pibmunicipios/2005/tab01.pdf>. Acesso em Março/2010. IBGE 2008. Divisão Territorial do Brasil. Divisão Territorial do Brasil e Limites Territoriais. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Julho/2008. Disponível em <ftp://geoftp.ibge.gov.br/Organizacao/Divisao_Territorial/2008/DTB_2008.zip>. Acesso em Março/2010.
84
IBGE 2009. Estimativas da população para 1º de julho de 2009. Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Agosto/2009. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2009/POP2009_DOU.pdf >. Acesso em Março/2010. IBGE 2009. Perfil dos Municípios Brasileiros 2009. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2009. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/ perfilmunic/2009/default.shtm>. Acesso em Março/2010. IMASUL. Lei nº 2.043/1999: Dispõe sobre a apresentação de projetos de manejo e conservação de solos e dá outras providências. Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL), 2010. Disponível em <http://www.imasul.ms.gov.br/legislacao/leis/docs/L ei%202043.doc>. Acesso em Maio/2010. IMASUL. Lei nº 1.458/1993: Dispõe sobre a reposição florestal no Estado de Mato Grosso do Sul, e dá outras providências. Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL), 2010. Disponível em <http://www.imasul.ms.gov.br/legislacao/leis/docs/Lei 1458.doc>. Acesso em Maio/2010. INMET. Balanço Hídrico Climático Região de Guaíra-PR (1961-1990). Instituto Nacional de Metrologia (INMET), 2010. Disponível em <http://www.inmet.gov.br/agrometeorologia/b alanco_hidrico_climatico/mostrar_balclima2.php?cmb_localidade=83775>. Acesso em Março/2010. LEPSCH, I. F. Formação e Conservação dos Solos. 1 ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. LIMA, J. A.; PINTO, J. C.; EVANGELISTA, A. R. et al. Amendoim Forrageiro (Arachis pintoi Krapov. & Gregory). Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG: Editora UFLA, Boletim Técnico 01, 2006. LOPES, A. S.; GUILHERME, L. R. G. Interpretação de Análise de Solo: Conceitos e Aplicações. Associação Nacional para Difusão de Adubos, Boletim Técnico n.º 02, 3 ed. São Paulo, 1982. MARION, JOSÉ C. Contabilidade Rural: Contabilidade Agrícola, Contabilidade da Pecuária, Imposto de Renda Pessoa Jurídica. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2002. MATSUNAGA, M., BEMELMANS, P. F., TOLEDO, P. E. N. et al. Metodologia de custo de produção utilizado pelo IEA. Agricultura em São Paulo, 1976.
85
MATO GROSSO DO SUL. Decreto nº 12.528/2008: Institui o Sistema de Reserva Legal (SISREL) no Estado de Mato Grosso do Sul e dá Outras Providências. Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul, 2010. Disponível em <http://www.mp.ms.gov.br/portal/manual_ambiental/arquivos/Decreto%20Estadual%20n%2012% 5B1%5D.528-08 RL.doc>. Acesso em Julho/2010. MIRANDA, E. M.; VALENTIM, J. F. Estabelecimento e Manejo de Cercas Vivas com Espécies Arbórea de Uso Múltiplo. Embrapa Acre. Comunicado Técnico n. 85, p. 1-4. Rio Branco, Abril/1998. NOVAIS, R. F.; ALVAREZ, V. H.; BARROS, N. F. et al. Fertilidade do Solo. 1 ed. Viçosa-MG: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007. PEREIRA, J. M. Leguminosas: Amendoim Forrageiro. CEPLAC (nota técnica), 2009. Disponível em <http://www.ceplac.gov.br/radar/amendoim%20forrageiro.htm>. Acesso em Julho/2010. PIOLLI, A. L.; CELESTINI, R. M.; MAGON, R. Teoria e Prática em Recuperação de Áreas Degradadas: Plantando a Semente de um Mundo Melhor. Serra Negra-SP: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, FEHIDRO, Outubro/2004. PNUD 2000. Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil. Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2000. Disponível em <http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH-M%2091%2000%20Rankin g%20decrescente%20(pelos%20dados%20de%202000).htm>. Acesso em Março/2010. PORFÍRIO-DA-SILVA, V. O Sistema Silvipastoril e seus Benefícios para a Sustentabilidade da Pecuária. Uberaba-MG: Expozebu 2009, Anais do Simpósio ABCZ-CNPC Pecuária Sustentável, Maio/2009. QUADROS, D. G. Curso Formação e Reforma de Pastagens. Universidade do Estado da Bahia, Barreiras-BA: Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção Animal, 2006. RIBEIRO, A. C. C. L. Controle Sanitário dos Rebanhos de Leite. Embrapa Gado de Leite, Instrução Técnica para o Produtor de Leite, n. 9, 2 ed. ISSN n.º 1518-3254. Juiz de Fora-MG, Março/2006. RIBEIRO, A. C. C. L. Cuidados Sanitários na Criação de Bezerros. Embrapa Gado de Leite, Instrução Técnica para o Produtor de Leite, n. 2, 2 ed. INSS n.º 1518-3254. Juiz de Fora-MG, Março/2006.
86
RIBEIRO, A. C. C. L. Método de Secagem das Vacas. Embrapa Gado de Leite. Instrução Técnica para o Produtor de Leite, n. 3, 2 ed. ISSN n.º 1518-3254. Juiz de Fora-MG, Março/2006. RIBEIRO, M. T.; CARVALHO, A. C. Ordenha e Refrigeração. Agência de Informações Embrapa. Sistemas de Produção. Brasília, 2005. SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. 22ª ed. São Paulo: Cortez, 2002. SIBCS 2006. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, 2o ed. Rio de Janeiro: Embrapa, Centro Nacional de Pesquisa em Solos, 2006. SINON 2010. Paradox. Sinon do Brasil Ltda (bula). Disponível em <http://www.seab.pr.gov. br/arquivos/File/defis/DFI/Bulas/Herbicidas/PARADOX.pdf>. Acesso em Julho/2010. SIT. Territórios da Cidadania: Conesul-MS. Ministério do Desenvolvimento Agrário, Sistemas de Informações Territoriais (SIT), Territórios da Cidadania, 2010. Disponível em <http://sit.mda.gov.br/territorio.php?menu=cidadania&base=2>. Acesso em Março/2010. SOUZA, C. F. Instalações para Gado de Leite. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG: Ambiagro (Material Didático), 2003. SOUZA, D. M. G.; LOBATO, E. Latossolos. Agência de Informações Embrapa, Bioma Cerrado. Disponível em <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/AG01/arvore/AG 01_96_10112005101956.html>. Acesso em Maio/2010a. SOUZA, D. M. G.; LOBATO, E. Glei Pouco Húmico/Gleissolo Háplico. Agência de Informações Embrapa, Bioma Cerrado. Disponível em <http://www.agencia.cnptia.embrapa.b r/Agencia16/AG01/arvore/AG01_95_10112005101956.html>. Acesso em Maio/2010b. S.THIAGO, L. R. L.; VIEIRA, J. M. Cana-de-açúcar: Uma Alternativa de Alimento para a Seca. Campo Grande-MS: Embrapa Gado de Corte, Dezembro/2002. STEINWANDTER, E.; OLIVO, C. J.; SANTOS, J. C. et al. Produção de Forragem em Pastagens Consorciadas com Diferentes Leguminosas sob Pastejo Rotacionado. Universidade Estadual de Maringá, Maringá-PR: Acta Scientiarum, Animal Sciences, V. 31, n. 2, p. 131-137, 2009. TAVARES, S. R. L.; MELO, A. S.; ANDRADE, A. G. et al. Curso de Recuperação de Áreas Degradadas. Rio de Janeiro-RJ: Embrapa Solos, Documentos 103, 2008.
87
TEIXEIRA, N. M. Cuidados na Pesagem e na Amostragem de Leite no Dia de Controle Leiteiro. Embrapa Gado de Leite. Instrução Técnica para o Produtor de Leite, n. 43, 2 ed. ISSN n.º 1518-3254. Juiz de Fora-MG, Março/2006. TEODORO, R.L.; VERNEQUE, R. S. Orientações para o Controle Leiteiro. Embrapa Gado de Leite. Instrução Técnica para o Produtor de Leite, n. 20, 2 ed. ISSN n.º 1518-3254. Juiz de Fora-MG, Março/2006. VALENTIM, J. F.; ANDRADE, C. M. S. Amendoim Forrageiro: Saída Sustentável para a Pecuária na Amazônia. Embrapa Acre (artigo). Rio Branco, 2004. VALENTIM, J. F. Amendoim Forrageiro cv. Belmonte: Leguminosa para Aumentar a Produção de Leite de Maneira Sustentável. Embrapa Acre. CGPE 7269. Rio Branco, Dezembro/2008. VAN RAIJ, B.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A. et al. Boletim Técnico 100: Recomendações de Adubação e Calagem para o Estado de São Paulo. 2 ed. Campinas-SP: Instituto Agronômico- FUNDAG, Dezembro/1997. VEIGA, J. B.; CARDOSO, E. C. Suplementação Mineral. In Criação de Gado Leiteiro na Zona Bragantina. Embrapa Amazônia Oriental. Sistemas de Produção, 02. ISSN 1809-4325, Versão Eletrônica. Belém, Dezembro/2005. VENDRAME, P. R. S.; BRITO, O. R; GUIMARÃES, M. F. et al. Fertilidade e Acidez de Latossolos sob Pastagem no Bioma do Cerrado. IX Simpósio Nacional do Cerrado, artigo. Brasília, outubro/2002.
88
ANEXO 1- FICHA DE CONTROLE SANITÁRIO DO REBANHO
VACINAÇÕES ANO:
Aftosa
Data Laboratório Partida Fabricação Vencimento
Brucelose
Data Laboratório Partida Fabricação Vencimento
Carbúnculo
Data Laboratório Partida Fabricação Vencimento
Paratifo
Data Laboratório Partida Fabricação Vencimento
Raiva
Data Laboratório Partida Fabricação Vencimento
VERMIFUGAÇÕES Data Vermífugo Ocorrência
ECTOPARASITAS Data Produto Ocorrência
TESTES DE BRUCELOSE Data Positivos Negativos Suspeitos Total
89
ANEXO 2- CALENDÁRIO ANUAL DE CONTROLE SANITÁRIO DO REBANHO
ATIVIDADE Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Limpeza e desinfecção das instalações x x x x x x x x x x x x
Cura do umbigo x x x x x x x x x x x x
Vacina contra paratifo x x x x x x x x x x x x
Controle de ectoparasitas x x x x x x x x x x x x
Controle de mastite "CMT" x x x x x x x x x x x x
Exame com caneca telada TODOS OS DIAS
Controle de verminose x x x
Vacina aftosa x x
Vacina manqueira x x
Vacina brucelose x x x
Teste brucelose x x
Teste para tuberculina x x
90
ANEXO 3- FICHA DE CONTROLE INDIVIDUAL DO REBANHO
IDENTIFICAÇÃO
Nome: Data Nascimento:
Nº Identificação: Raça
Mãe:
CONTROLES DIVERSOS
Brinco Controle Interno Pelagem Registro Provisório Registro Definitivo
PROPRIETÁRIO ANTERIOR
Nome Fazenda Data de Aquisição
REPRODUÇÃO
Data da Inseminação Origem Genética do Sêmen Inseminador Data da Parição Sexo
91
ANEXO 4- FICHA DE CONTROLE GERAL DO REBANHO
Item Nome N.º Identific. Sexo Data Nascim. Raça/Grau de Sangue Observações
92
ANEXO 5- FICHA DE CONTROLE ZOOTÉCNICO PRODUTIVO DO REBANHO
Peso do Leite (Kg) Data Nome da Vaca Número
Identific. Manhã Tarde Total
Observações
93
ANEXO 6- CONTROLE FINANCEIRO MENSAL
MÊS:
CUSTOS DE PRODUÇÃO (a)
Descrição Unid. Quant. Valor Unitário
(R$) Valor Total
(R$)
Sal mineral suplementado Kg
Energia elétrica kWh
Vacinas Aftosa Brucelose IBR Leptospirose Carbúnculo
mL mL mL mL mL
Vermífugos mL
Óleo diesel L
Concentrado para bezerros Kg
Inseminações dose
Remuneração funcionário kg
Encargos sociais
Outras despesas
Total - R$
RECEITAS (b)
Produção de leite L
Outras receitas
Total - R$
RECEITA LÍQUIDA MENSAL (b - a) - R$
94
ANEXO 7- CONTROLE FINANCEIRO ANUAL
ANO:
CUSTO DE PRODUÇÃO (a)
Descrição Valor (R$)
Somatório custo operacional mensal
Depreciação de benfeitorias
Depreciação de máquinas e equipamentos
Manutenção de benfeitorias
Manutenção de máquinas e equipamentos
Pro labore
ITR
Outras despesas
Total - R$
RECEITAS (b)
Produção de leite
Comercialização de crias
Descarte de vacas
Comercialização de eucalipto
Outras receitas
Total - R$
RECEITA LÍQUIDA ANUAL (b - a) - R$
95
ANEXO 8- CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DAS MEDIDAS PROPOSTAS
2011 2012 Atividade
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul 2013 2014 2018
Recuperação da voçoroca Retirada dos pneus x Construção de paliçadas x Construção de cercas para isolamento da área x
Reflorestamento da área x x x Composição da reserva legal Construção de cercas para isolamento da área x x
Reflorestamento da área x x x Manutenção dos terraços x x Replantio das pastagens degradadas Preparação do solo x Calagem x Plantio e adubação de plantio x Manutenção das pastagens não replantadas
Preparo do solo x Calagem x Plantio e adubação de plantio da leguminosa x
Adubações de cobertura x x x x Implantação do pastejo rotacionado Construção do bebedouro x
96
Construção de cercas para divisão dos piquetes x x
Manejo do rebanho Início do controle sanitário x Início do controle produtivo x Início do novo manejo nutricional de vacas e novilhas
x
Início do novo manejo nutricional dos bezerros e da segunda ordenha diária
x
Treinamento do funcionário para observação de cios x x x
Início do novo manejo reprodutivo (inseminação artificial)
x
Treinamento do ordenhador para aperfeiçoamento x x
Melhoramento genético do rebanho Início das inseminações de girolandos x Início das inseminações 3/4 holandês x Aproveitamento de resíduos para produção de adubo
Construção do tanque, tubulação e sistema de captação de efluentes
x
Aquisição do implemento distribuidor de esterco líquido x
Início das adubações orgânicas mensais x
Consolidação do sistema silvipastoril Corte e comercialização do eucalipto existente x
97
Destoca parcial da área plantada x Plantio de mudas na área destocada e sobre os terraços
x x
Construção de cercas provisórias x x
Adubação de cobertura x Desbaste Corte e comercialização do eucalipto cultivado
x
Venda dos implementos ociosos x
Início do controle financeiro x Assunção de assistência técnica x