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TABELA DE CONTEÚDO

Tabela de conteúdo .............................................................................................................................................. 2

Sumário executivo ................................................................................................................................................ 3

Introdução ............................................................................................................................................................. 4

Bloqueio de sinais celulares.................................................................................................................................. 7

Bloqueio de sinais celulares em prisões ............................................................................................................... 8

Opcões tecnológicas para o bloqueio de sinais celulares .................................................................................. 10

Bloqueadores (Jammers) ............................................................................................................................... 11

Bloqueadores tipo maleta ............................................................................................................................... 12

Antenas simuladas ou “dummy” ..................................................................................................................... 14

Sistemas de acesso monitorado .................................................................................................................... 15

Desafios enfrentados pelas operadoras móveis ao bloquear comunicações em presídios .............................. 17

Responsabilidade no bloqueio de sinais de celular ............................................................................................ 18

Alguns exemplos............................................................................................................................................. 19

Situação da américa latina: bloqueadores de sinais em penitenciários ............................................................. 22

Conclusões ......................................................................................................................................................... 36

Anexo .................................................................................................................................................................. 37

Exclusão de responsabilidade ............................................................................................................................ 43

SUMÁRIO EXECUTIVO

A indústria de telefonia móvel, em conjunto com os governos, permitiu que as comunicações celulares

transcendessem as camadas sociais e hoje são o principal meio de comunicação, mesmo para aquelas

pessoas que se conectam à Internet pela primeira vez.

Os telefones móveis facilitam a comunicação e permitem que progressos na economia, trabalho,

produção, educação e saúde, entre outras áreas, mas eles também são usados para atividades criminosas

e, em milhares de casos, os telefones são oriundos de roubos ou furtos.

Um aspecto de crescente importância na utilização criminosa de comunicações móveis em penitenciárias

é a extorsão. Os governos e a indústria têm tomado medidas para aliviar essa ação, mas isso gerou

divergências entre as autoridades dos países e operadoras de telefonia móvel sobre como inibir esses

atos.

Existem várias soluções tecnológicas diferentes que podem ser usados para bloquear sinais de

radiocomunicação em uma área específica. Todas estas soluções são eficazes em maior ou menor grau,

mas nenhuma é segura. Você pode bloquear cem por cento das comunicações em prisões, mas isso gera

o risco de também bloquear outras comunicações que devem ser realizadas sem interferência.

Um dos métodos mais comuns para evitar comunicações celulares em presídios é através de inibidores ou

bloqueadores, também conhecidos como "jammers", que irradiam um sinal mais poderoso que os celulares

no mesmo sinal de frequência. Assim, qualquer comunicação que utiliza essa frequência de rádio pode ser

bloqueada pelo novo sinal irradiado.

Muitos presídios da América Latina estão localizados em áreas urbanas, portanto, o uso de bloqueadores

de sinal afeta dezenas de milhares de usuários em áreas próximas às prisões.

A legislação Latino Americana sobre o uso de bloqueadores de sinais de serviços móveis nas prisões

difere de país para país. Algumas leis indicam que o Estado é responsável pelo uso de inibidores de sinais,

enquanto outros dizem que a responsabilidade reside com as operadoras.

Vários regulamentos que regem o uso de bloqueadores vão contra outras obrigações impostas pelo

Estado às operadoras móveis, como expansão da cobertura dos serviços de telefonia celular e avanços

nos índices de qualidade de serviços.

Muitas vezes, o Estado delega às operadoras funções que são obrigações dos próprios Estados, como

gestão e monitoramento do espectro radioelétrico. As operadoras pagam valores vultosos de dinheiro em

leilões e licitações para usar este recurso vital para a indústria móvel, além de taxas para a utilização da

frequência.

As ligações de prisões para fins criminosos ocorrem basicamente por causa da entrada ilegal de celulares

nestas instalações. Na maioria dos casos, isso é causado por problemas associados à falta de

transparência da administração.

A indústria móvel está disposta a trabalhar com os Estados para melhorar a segurança pública. Nesse

sentido, cada parte deve assumir suas principais responsabilidades.

INTRODUÇÃO

O direito à comunicação é um aspecto essencial dos direitos humanos na grande maioria dos países.

Todos sabem que os aspectos técnicos das comunicações evoluíram desde os primeiros sistemas

arcaicos, através do telégrafo e telefonia fixa. Ninguém duvida que, neste momento, os reis da

comunicação são os serviços móveis, que passou de apenas um meio de comunicação entre seres

humanos, para oferecer acesso à Internet e comunicação entre as coisas sem qualquer intervenção

humana.

De acordo com estimativas, até 2021 haverá 8.300 milhões de assinaturas em planos de telefonia móvel

no mundo, dos quais 7.300 milhões são conexões de banda larga.

Evolução das assinaturas móveis no mundo, por tecnologia 2016-2021

Fonte: 5G Américas1

Até o final de 2016, a América Latina registrou 683 milhões de assinantes móveis que representavam

9,36% do total mundial.

1 Estatísticas publicadas por 5G Américas, setembro de 2016, consultada em 2 de dezembro 2016 http://www.5gamericas.org/files/cache/4743a439996072ab420e97d07da55d96_f1459.png

3 2,6 2,21,7

1,2 0,9

2,32,4

2,62,7

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1,7 2,3 2,9 3,5 4 4,3

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ões

LTE

HSPA

GSM

Evolução das assinaturas móveis na América Latina, por tecnologia 2016-2021

Fonte: 5G Américas2

O setor de telefonia móvel, em conjunto com os governos, possibilitou a penetração da comunicação

móvel em todas as camadas sociais e o fato que hoje é o meio escolhido por aqueles que querem se

conectar à Internet pela primeira vez.

O crescimento dos serviços móveis também trouxe novos desafios para a indústria e às autoridades em

cada país. Os telefones celulares facilitam a comunicação e promovem o progresso na economia,

trabalho, produção, educação e saúde, para citar apenas algumas áreas, mas eles também são utilizados

para atividades criminosas e, em milhares de casos, os telefones envolvidos são oriundos de roubos ou

furtos.

Um aspecto de crescente importância na utilização criminosa de comunicações móveis em

penitenciárias é a extorsão. Os governos e a indústria têm tomado medidas para aliviar essa ação, mas

isso gerou divergências entre as autoridades dos países e operadoras de telefonia móvel sobre como

inibir esses atos, desde a implementação de listas negras com números do IMEI e desativação dos

mesmos para apaziguar o número de telefones furtados.

Este último aspecto levantou algumas divergências entre as autoridades de cada páis e operadoras

móveis sobre como inibir as comunicações em presídios.

Este artigo analisa diferentes políticas públicas e regulamentos sobre o tema e descreve os impactos que

os diferentes sistemas de bloqueio de sinais móveis podem ter sobre as redes, analisando a tecnologia

disponível e propondo algumas recomendações às autoridades.

Embora este documento, conforme explicado, aborda a complexidade regulamentar e tecnológica de

bloquear a comunicação criminosa em prisões, a 5G Américas reconhece que existem bloqueadores que

2 Estatísticas publicada por 5G Américas, setembro de 2016, consultada em 2 de dezembro de 2016 http://www.5gamericas.org/files/cache/51d9cc6422fe48e2b59d18fcf6558424_f1466.png

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são usados por empresas ou indivíduos e sua utilização, na grande maioria dos casos, é ilegal. Este tipo

de interferência atrapalha o bom funcionamento operacional e a qualidade dos serviços móveis, o

investimento privado que busca a expansão dos serviços e o direito de cada cidadão de comunicar-se.

BLOQUEIO DE SINAIS CELULARES

O bloqueio de sinais celulares é realizado para impedir a radiocomunicação. Existem diferentes

processos técnicos que podem ser utilizados para este fim e que são transparentes para o usuário.

Os perigos de chamadas ilegais de prisões são muitos. Desde riscos à segurança dentro das próprias

instituições, até permitir que os líderes de gangues organizadas continuem liderando suas organizações

de dentro da prisão, consequentemente criando riscos para a segurança pública.

Uma coisa é certa. Não haveria essas comunicações se os telefones móveis não entrassem ilegalmente

nas prisões. Neste sentido, a principal medida para evitar essas comunicações é evitar a entrada de

celulares nas prisões. Sabemos que é um problema sem solução, mas existem várias maneiras para

minimizá-lo.

O primeiro é reforçar a segurança do perímetro. Ou seja, verifique cuidadosamente aqueles que entram na

prisão, por exemplo, presos com autorização de saída temporária, membros da família visitando os

detentos, as autoridades comerciais desonestas envolvidas ou as chamadas feitas por eles. Para isso,

existem sistemas de detecção portáteis ou fixos, tais como os usados nos aeroportos. Outra alternativa

seria de monitorar os perímetros físicos de prisões regularmente; em muitos casos, os telefones

celulares são lançados do exterior para dentro da prisão e recolhidos por detentos.

Além disso, a sociedade deve ser alertada para extorsões telefônicas originando dentro da prisão. As

autoridades devem criar campanhas informativas de massa para explicar esse tipo de atividade criminal,

e oferece conselhos sobre como agir ao receber chamadas deste tipo.

Vários países implementaram medidas contra roubos de celulares, tais como a obrigação de registro de

clientes ou listas negras de equipamentos roubados, por exemplo, mas a preferência por planos pré-

pagos de serviços de telefonia móvel está reduzindo a eficácia desse processo de identificar os

proprietários das linhas.

Conforme explicado na Seção 3 deste documento, não há nenhuma solução tecnológica confiável para

eliminar todas as ligações realizadas por pessoas criminosas que não prejudique a integridade ou a

qualidade das comunicações lícitas, ou interfere com a comunicação em áreas próximas das prisões.

BLOQUEIO DE SINAIS CELULARES EM

PRISÕES

As ligações de prisões para fins criminosos é uma realidade na América Latina. Várias autoridades

nacionais tomaram medidas para mitigar essas comunicações com resultados mistos. Infelizmente, em

muitos casos, a indústria móvel acaba sendo responsabilizada por ineficiências em outras áreas ou

questões tecnológicas que ainda não apresentam eficiência total.

Um dos métodos mais populares para mitigar a situação e a adoção de inibidores ou bloqueadores,

também conhecidos como "jammers", que irradiam sinais celulares mais potentes na mesma frequência

usada pelos celulares. Assim, qualquer comunicação que utiliza essa frequência de rádio pode ser

bloqueada pelo novo sinal irradiado. Comunicações que podem ser inibidas incluem serviços de voz,

acesso à Internet móvel, Wi-Fi e GPS.

O uso de bloqueadores por indivíduos é frequentemente restrito ou proibido na maioria dos países. A Lei

de Comunicações dos Estados Unidos, por exemplo, proíbe a sua utilização, assim como o Código Penal.

Além disso, a Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos Estados Unidos emitiu um Aviso de

Aplicação de Normas3, onde, entre outras coisas declarou que:

É ilegal operar dispositivos de interferência de frequência nos EUA É ilegal importar dispositivos de interferência de frequências aos EUA

É ilegal vender ou anunciar dispositivos de interferência de frequências pela Internet ou estabelecimentos comerciais.

As restrições impostas também estabelecem sanções econômicas de até US$ 112.500 por infração, além

da apreensão do equipamento e até mesmo prisão.

As restrições que proíbem o uso de inibidores também se aplicam ao uso público desses dispositivos por

agências governamentais estaduais e locais, incluindo as leis locais e as Agências de Aplicação4.

Na União Europeia, por sua vez, a comercialização e a utilização de bloqueadores são regulados pelo

Conselho de Equipamentos para Rádio e Telecomunicações (R&TTE)5. Para outros países europeus que

não fazem parte da União Europeia (UE) e que não tenham adotado o R&TTE, a Conferência das

Administrações de Correios e Telecomunicações (CEPT) estabelece que as autoridades nacionais podem

3 Public Notice. Enforcement Advisory No. 2012-08. FCC. Consultado em 14 de novembro, 2016 https://apps.fcc.gov/edocs_public/attachmatch/DA-12-1642A3.pdf 4 Public Notice. Enforcement Advisory No. 2014-05. FCC. Consultado em 14 de novembro, 2016 https://apps.fcc.gov/edocs_public/attachmatch/DA-14-1785A1.pdf 5 Guide to the R&TTE Directive 1999/5/EC. Comissão Europeia. Consultado em 14 de novembro, 2016 http://ec.europa.eu/DocsRoom/documents/9901/attachments/1/translations/en/renditions/native

impedir a venda e uso de bloqueadores6. Portanto, o uso de bloqueadores de sinais de telecomunicações

é uma responsabilidade das autoridades nacionais.

A única exceção pode ser a utilização de dispositivos de interferência no contexto de segurança nacional,

onde as autoridades são livres para regulamentar seu uso. Os Estados-Membros da UE mantêm total

liberdade no que diz respeito às instalações de rádio militares.

A situação na América Latina sobre inibidores de sinais celulares difere de país para país. Alguns regulam

seu uso e outros não.

Apesar das proibições em geral, o uso de bloqueadores de sinal de rádio frequência pelas autoridades

pode ser necessário para restringir ou limitar comunicações em certas ocasiões, como ameaças

terroristas, situações de reféns ou movimentos militares. Nesses casos, os inibidores de comunicação

são utilizados em edifícios, áreas governamentais, áreas urbanas geograficamente delimitadas, entre

outros casos.

Em outras situações, os bloqueadores são usados em locais onde a comunicação via Wi-Fi ou rede

celular deve ser evitado, como teatros, igrejas ou prédios do governo. Em muitos casos, esses casos

constituem bloqueios irregulares ou ilegais.

Um dos usos mais comuns dos bloqueadores é para inibir comunicações dentro das prisões e evitar as

comunicações com o exterior para finalidades criminosas.

Na América Latina, o uso de jammers ou tecnologias semelhantes, ou seja, para inibir sinais de

radiofrequência nas prisões, gera respostas diferentes das autoridades, reguladores, operadoras e

usuários.

6 Recommendation (04)01. Alterado em maio de 2016. CEPT – ECC. European Communications Office. Consultado em 14 de novembro, 2016 http://www.erodocdb.dk/docs/doc98/official/pdf/Rec0401.pdf

OPCÕES TECNOLÓGICAS PARA O

BLOQUEIO DE SINAIS CELULARES

Existem soluções tecnológicas diferentes para bloquear os sinais de rádio dentro de uma área específica.

Cada um tem seus prós e contras. Todas as soluções de bloqueio são eficazes em maior ou menor grau.

No entanto, nenhuma é segura. Ou seja, você pode bloquear 100% do objetivo estabelecido pelas

autoridades, como as prisões, mas existe o risco de bloquear também as comunicações que não

deveriam sofrer interferência.

Para escolher uma solução tecnológica para bloquear sinais de celular, é importante analisar os vários

fatores que são comuns a todas as soluções. Entre os mais importantes é a área geográfica a ser

bloqueada. Bloquear um sinal em uma área urbana representa desafios diferentes comparado a uma área

rural.

Bloquear uma radiocomunicação é uma tarefa simples do ponto de vista tecnológico. Isto requer uma

compreensão do funcionamento de uma rede telefônica celular. Cada telefone celular é fabricado de

acordo com padrões internacionais, contém transmissores de sinais e receptores e é configurado para

procurar sinais a todo o momento.

A operação de um serviço móvel basicamente requer uma estação radiobase e antenas, que utilizam

frequências de rádio atribuídas à operadora. Cada operação é dividida em células que podem oferecer

cobertura de sinal em diferentes áreas geográficas ao redor da base.

Os telefones celulares podem captar até 32 células simultaneamente: o dispositivo seleciona o sinal mais

forte. Quando a célula selecionada pelo terminal para de funcionar ou o telefone se distancia dela, o

terminal escolhe o próximo sinal semelhante em intensidade ao anterior, e assim por diante.

O princípio tecnológico do bloqueio de sinais é de inibir a frequências de comunicação entre o terminal e

a célula; em outras palavras, as radiofrequências alcançam a antena, mas não são irradiadas.

Existem alternativas menos sofisticadas para prevenir comunicações não autorizadas dentro das prisões.

Uma delas é o desligamento do sinal local, ou seja, deixar a área onde está localizada a prisão sem sinal

de celular. É uma solução 100% eficaz quando se trata de prisões localizadas em áreas despovoadas; Em

outras situações, a comunicação ao redor das prisões sofre degradação e afeta as pessoas que

trabalham na prisão. É uma solução drástica que também impede ligações de emergência a partir de

telefones móveis.

Outra maneira de evitar as comunicações é de diminuir a potência das antenas e reduzir a sua cobertura,

deixando as prisões sem serviço. É menos eficaz do que o desligamento e apresenta os mesmos riscos.

Bloqueadores (Jammers)

O bloqueio de radiocomunicações através de bloqueadores (jammers) é realizado usando equipamentos

que interrompem os sinais dos dispositivos eletrônicos. Um bloqueador transmite na mesma frequência

que os telefones móveis e estações radiobase, interrompendo o sinal com a interferência gerada entre o

dispositivo e a rede móvel. Ou seja, este tipo de bloqueio inutiliza qualquer dispositivo sem fio que opera

nessas frequências.

Os jammers não conseguem distinguir entre os diferentes tipos de comunicação, ou seja, eles bloqueiam

todas as comunicações, inclusive aquelas que deveriam ser habilitadas para realizar chamadas para

números de emergência, como o 190.

Do lado positivo, os bloqueadores podem inibir todas as chamadas celulares de qualquer tecnologia. No

entanto, além do fato de que em alguns países é proibida a utilização e até a publicidade e marketing

destes dispositivos - os bloqueadores são tecnologicamente difíceis de configurar para operar dentro de

apenas uma área específica. Ou seja, ao usar um bloqueador para evitar as chamadas dentro de uma

prisão, a interferência gerada pelo dispositivo pode atingir a população que vive em torno da prisão. Esta

é uma das maiores fraquezas dessa tecnologia.

Outro ponto negativo é que essa solução tem um custo alto devido às várias adaptações e configurações

que requerem mudanças no ambiente de rádio. Por sua vez, dependendo do tipo de configuração,

mensagens de texto também podem ser bloqueadas.

Não devemos esquecer que, em vários países da América Latina, as pessoas físicas são proibidas de

usar bloqueadores. No entanto, sabe-se que esses dispositivos estão colocados a venda em lojas de

eletrônicos e afins.

As operadoras investem grandes valores para ampliar a cobertura de suas redes, em marketing e

recrutamento e retenção de seus usuários. Também observamos que as operadoras devem cumprir

metas de cobertura rigorosas que são impostas pelas autoridades. O uso indiscriminado de bloqueadores

prejudicaria o desenvolvimento normal da indústria de telefonia móvel, a qualidade e disponibilidade do

serviço e a satisfação do usuário.

As autoridades devem ter mais controle sobre o funcionamento –legal ou ilegal- destes equipamentos

bloqueadores operados por pessoas físicas.

Bloqueadores tipo maleta

Solução utilizada no Brasil:

Este ano, a Superintendência de Planejamento e Regulamentação Anatel, a pedido do Departamento

Penitenciário Nacional (DEPEN), convocou as operadoras a realizarem um estudo sobre possíveis

soluções para bloquear sinais de rádio. A Anatel sugeriu uma análise sobre a implementação de

radiobases (ERB) "falsas" nas prisões para servir como dissipador de tráfego não autorizado.

As operadoras destacaram alguns riscos:

Nenhuma solução de plataforma; Uma plataforma deve ser desenvolvida, que cria riscos operacionais e amplia os prazos de

implementação; Existe um alto custo da rede de acesso exclusivo ao serviço carcerário, à qual deve ser

adicionado o custo da plataforma; Existe a possibilidade de que o sistema interfira com o serviço externo;

A eficiência não pode ser garantida, uma vez que nesta teoria a falsa ERB deve desocupar todo o espectro de comunicação e não apenas uma banda de tecnologia ou espectro específico, entre outros.

O estudo sugeriu o uso de bloqueadores tipo maleta. As vantagens são as seguintes:

Praticidade, pois são móveis.

A mobilidade da solução não incentiva o uso de bloqueadores externos que interferem com as comunicações de rádio.

Diagrama de funcionamento

Fonte: Telefônica Brasil

Perspectiva externa

Fonte: Telefônica Brasil

Entre as principais características do sistema, podemos citar:

O Sistema Inteligente de Bloqueio Celular (SIBC): utiliza um conjunto de pequenas radiobases (pico ERB) para bloquear a comunicação entre dois telefones celulares.

Os telefones celulares comunicam-se com o pico ERB e não podem comunicar com as redes externas.

Permitir bloquear serviços de voz, dados e SMS a partir de dispositivos GSM, WCDAM e 4G LTE. Bloqueio de outros sinais de rádio e WiFi.

Bloqueio seletivo de celulares. Monitoramento do acesso de celulares.

Armazenamento de identidade internacional de assinante móvel (IMSI) Identificação Internacional de Equipamento Móvel (IMEI) e Mobile Station Integrated Services Digital Network (MSISDN)

Antenas simuladas ou “dummy”

A antena simulada ou "dummy" é uma antena de telefonia celular com parâmetros e projetos especiais

que restringe os serviços de telefonia celular em uma área.

O método de bloqueio da antena dummy aproveita das características dos telefones celulares para se

conectar ao celular com melhor sinal. A antena simulada cria uma zona com um sinal de intensidade

elevada, de modo que os telefones móveis dentro do seu raio de cobertura conectam com a antena.

No entanto, essa conexão entre a antena e o celular não pode ser usada para a comunição, porque a

antena não permite o uso desse tipo de serviço (chamadas feitas e recebidas, SMS de entrada e saída e

serviços de dados através de tecnologia celular). Se um telefone móvel estabelece uma conexão em uma

área que não foi afetada pela antena dummy, mas depois entra na área de cobertura dessa antena, o

serviço é cortado.

Esquema de funcionamento de antenas ou células dummy

Fonte: Telefônica El Salvador

As antenas simuladas são implementadas por operadoras nas imediações das prisões para enviar o sinal

dominante e forçar uma conexão com os telefones celulares, evitando a conexão com estações remotas.

Uma das vantagens dessa solução é a rápida implementação do sistema simulado. O bloqueio afeta

áreas geográficas menores comparado com outras soluções (desligamento de estações radiobase, por

exemplo), e impede a operação de repetidores de sinal localizados dentro da prisão por que o sinal

repetido também será fictício ou simulado.

Outra vantagem é que as operadoras podem monitorar o desempenho da antena e seu funcionamento

em tempo real. Dessa maneira, as operadoras podem aproveitar d sinergias para encontrar a melhor

localização para estas antenas em espaços existentes, minimizando a construção de novos sites.

A solução também apresenta algumas desvantagens. As antenas estão sujeitas a ataques e vandalismo,

e nesse caso deixam de funcionar. A solução dummy não bloqueia antenas Wi-Fi ou sinais de telefone por

satélite.

As antenas também podem gerar confusão por que os telefones celulares estão recebendo um sinal

(geralmente a intensidade do sinal mostrado no dispositivo), mas não há serviço.

Sistemas de acesso monitorado

Os sistemas de acesso monitorados são baseados em uma teoria simples: deixamos passar as

comunicações permitidas e bloqueiamos as comunicações proibidas. A antena deve ser instalada no

formato de femtocell que atua como uma antena celular de baixa potência. Este dispositivo passa as

chamadas para as operadoras.

Telefones que estão autorizados a realizar comunicações são registrados em uma lista branca e os

dispositivos que não estão listados são bloqueados ou redirecionados. Chamadas de emergência a

números como 190 são permitidas sem aprovação prévia.

O desafio desta solução é ajustar o sistema de telefonia celular dentro da prisão para garantir que os

celulares se conectam com a célula gerenciado, e não com outras antenas que podem estar localizadas

próximas às prisões, sem permitir que o sinal saia da instalação e interfira com o uso lícito de telefones

celulares.

Esquema de funcionamento de um sistema de acesso monitorado

Fonte: Corrections Technology Association7

O sistema funciona com qualquer tipo de serviço móvel (2G, 3G, 4G LTE). Entretanto, esse sistema requer

a cooperação das operadoras para utilização do espectro disponível. Em outras palavras, funciona em um

espectro sublicenciado pelas operadoras.

7 Cellular detection & control. Corrections Technology Association. NTIA. Publicado em 17 de novembro de 2016

https://www.ntia.doc.gov/files/ntia/comments/100504212-0212-01/attachments/SC-

PW_C5_Presentation_Rev5%20Final.pdf

DESAFIOS ENFRENTADOS PELAS

OPERADORAS MÓVEIS AO BLOQUEAR

COMUNICAÇÕES EM PRESÍDIOS

As soluções tecnológicas adotadas para inibir as comunicações criminosas que ocorrem dentro das

prisões podem ser eficazes na prevenção dessas comunicações, mas essas soluções também

apresentam consequências graves para o serviço prestado aos usuários que vivem nas imediações das

prisões.

A realidade é que na América Latina, uma grande quantidade de prisões está localizada em áreas

urbanas, ou seja, as autoridades e a indústria móvel devem colaborar para resolver o desafio de bloquear

comunicações e garantir que os usuários legais desses serviços não sejam afetados.

Além de analisar as tecnológicas a serem adotadas – ou revisar se já foram adotadas - para prevenir o

uso ilícito das comunicações, é importante lembrar que as autoridades de cada país são responsáveis

pela segurança pública. A indústria pode ajudar a mitigar atividades ilícitas, mas não pode ser

responsabilizada pela comissão de crimes em hipótese alguma, como algumas leis parecem sugerir com

a imposição de penas financeiras e criminais para as operadoras.

As autoridades setoriais exigem que as operadoras de telefonia móvel atendam padrões de qualidade de

serviço. Por sua vez, os últimos leilões de espectro que ocorreram na região incluíram metas rigorosas de

cobertura que exigem determinado nível de investimento por parte das operadoras. Em muitos casos,

essas metas de cobertura e qualidade não podem ser satisfeitas por que os recursos de rádio

necessários não estão disponíveis ou existem entraves burocráticos que dificultam a instalação de

antenas, por exemplo. É claro que a gestão do espectro de radiofrequências - um insumo essencial para a

indústria móvel - também está nas mãos dos Estados.

O uso de bloqueadores de radiofrequências prejudica as redes celulares usadas de maneira lícita. Esses

sistemas também requerem grandes investimentos por parte das operadoras para redirecionar as

comunicações através de novas configurações de rede e relocalização das estações radiobase e antenas.

Neste cenário, as operadoras móveis são expostas a uma posição contraditória. Elas podem estar

sujeitas a sanções se permitem a realização de ligações que representam um risco para a segurança

pública, e também podem ser sancionadas se bloqueiam as comunicações e afetam legítimos usuários

móveis, pois nesse caso elas também podem ser multadas.

Diante esta realidade, as autoridades nacionais, as várias agências governamentais e a indústria móvel

devem ampliar sua colaboração para encontrar soluções que estejam em conformidade com as partes

interessadas no sentido de aumentar a segurança e melhorar os serviços de comunicação móvel.

RESPONSABILIDADE NO BLOQUEIO DE

SINAIS DE CELULAR A legislação latino-americana sobre o uso de bloqueadores de sinal de telefonia móvel em prisões difere

de país para país8. Algumas leis estabelecem que o Estado é responsável pelo uso de inibidores de sinais,

outras dizem que a responsabilidade reside com as operadoras móveis. Alguns países, como a Argentina,

carecem de legislação, mas esta é uma posição minoritária.

Além das diferenças legislativas, também são várias as agências estatais responsáveis pelo bloqueio de

sinais, embora é importante lembrar que, nestes casos, todos respondem para sua respectiva agência de

segurança pública.

Como foi pontuado neste documento, chamadas realizadas a partir de prisões para fins criminosos

ocorrem porque celulares entram nestas instalações de maneira ilícita. Embora o "contrabando" desses

celulares é, sem dúvida, difícil de prevenir, o Estado é responsável por sua prevenção. Prisões contam

com serviços de comunicação, como telefones públicos, que podem ser facilmente monitorados para

evitar atos criminosos através dos serviços de comunicação.

Evitar comunicações para fins criminosos ou das prisões através de diferentes técnicas é uma maneira

de proteger a segurança pública e evitar delitos, no entanto, estes regulamentos contrariam outras

obrigações das operadoras móveis impostas pelo Estado, como o dever de ampliar a cobertura dos

serviços de telefonia celular e aumentar os índices de qualidade de seus serviços.

É praticamente impossível garantir que o bloqueio de sinais não estende além de uma área geográfica

específica ou um perímetro delimitado, devido ao modo de operação das comunicações por

radiofrequência. A interferência gerada por bloqueadores de sinal prejudica as comunicações em áreas

próximas à área a ser bloqueada, cortando e interrompendo o serviço para os usuários localizados no raio

do bloqueio, mesmo que estejam fora do lugar que você deseja bloquear. Muitas prisões na América

Latina estão localizadas em áreas urbanas e esse tipo de problema afeta dezenas de milhares de

usuários na região. Para esses usuários, as operadoras móveis são responsáveis pelas falhas do serviço

são da responsabilidade e devem arcar com reivindicações e veem sua imagem deteriorar perante os

clientes. Além disso, as operadoras podem sofrer sanções dos reguladores de telecomunicações por

violar suas metas de cobertura e qualidade. Ou seja, além disso, elas podem ser punidas com multas

diretas ou indiretas, sendo que no último caso, as operadoras são obrigadas a compensar os usuários

afetados por interrupções no serviço.

Vale ressaltar que, em alguns países da América Latina, as medições da qualidade de serviço exigem um

percentual mínimo de chamadas estabelecidas e queda de chamadas; algo semelhante acontece com as

velocidades de banda larga móvel. A existência de bloqueadores prejudica o cumprimento dessas metas.

Uma das opções para melhorar esta situação seria de excluir indicadores de qualidade e as consequentes

sanções em áreas onde bloqueadores de celulares são usados em prisões.

8 Item 5 deste documento descreve a posição legislativa dos vários países.

Muitas vezes, os Estados delegam às operadoras funções que são obrigações inerentes do próprio

Estado. Nesta seção um dos exemplos apresentados foi a entrada de celulares nas prisões; mas esta não

é a única obrigação do Estado.

O Estado é responsável pela gestão e monitoramento do espectro radioelétrico. As operadoras pagam

grandes valores em leilões e licitações para usar este recurso vital para a indústria móvel, além de taxas

para a utilização das frequências. A situação é inconsistente com as orientações em vigor na

regulamentação de telecomunicações que rege as operadoras, ou seja, a obrigação de prestar serviços

com cobertura e qualidade e, ao mesmo tempo as próprias operadoras são obrigadas a bloquear as

comunicações, degradando o nível de serviço em áreas próximas às prisões e sendo forçada a, em

muitos casos, medir os níveis de interferência, correndo o risco de sofrer multas e, em alguns casos, até

penas criminais.

Além dos custos acima – multas, reembolso de clientes - as operadoras também podem incorrem em

outras despesas, como o custo de manter e instalar os sistemas e equipamentos que bloqueiam o sinal

de rádio. Há também custos associados à reconfiguração da rede e deslocamento de antenas para

impedir a comunicação ilegal a partir das prisões.

A indústria móvel está disposta a trabalhar com os Estados para melhorar os níveis de segurança pública,

mas isso exige que cada parte arque com as suas principais responsabilidades.

Alguns exemplos

COLÔMBIA

O Ministério de TIC pode autorizar o Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário (INPEC) a instalar

equipamentos para inibir ou bloquear telecomunicações móveis em estabelecimentos carcerários ou

penitenciários. A norma estabelece que as operadoras podem ser notifcadas a eliminar ou restringir

sinais celulares dentro dos penitenciários com a autorização do Ministério.

A lei não aborda os aspectos técnicos envolvidos, embora estabelece que os equipamentos bloqueadores

ou inibidores não podem afetar a área externa do penitenciário e que as operadoras devem adotar todas

as medidas técnicas possíveis para evitar qualquer interferência com as comunicações em áreas

próximas ao penitenciário.

O Governo, e especialmente a autoridade de vigilância e controle, não leva em conta os custos e

investimentos iniciais que as operadoras devem incorrer para cumprir com as ordens de atenuar ou

mitigar o sinal, ou para evitar qualquer efeito colateral externo e a interferência causada pelos

bloqueadores.

As normas não estipulam como as operadoras devem excluir de seus relatórios os indicadores de

qualidade em zonas geográficas afetadas pelos bloqueadores instalados em presídios. As normas

também não abordam qualquer margem de tolerância. Devido à natureza do espectro radioelétrico e seu

uso, é muito difícil estabelecer de maneira milimétrica até que ponto o bloqueio deve existir e a partir de

que ponto o bloqueio deve parar de afetar os serviços de comunicações.

O regulador determinou sanções para o não cumprimento dos índices de qualidade em algumas zonas

geográficas afetadas pelos bloqueadores instalados em presídios.

El SALVADOR

A Lei Especial contra a Extorsão estabelece que as operadoras são obrigadas a adotarem e aplicarem os

procedimentos comerciais e as soluções técnicas necessárias para eliminar os serviços de

telecomunicações dentro dos presídios.

O regulamento não especifica quais tecnologias devem ser adotadas, e as operadoras tem a liberdade de

decidir quais equipamentos e tecnologias serão utilizados para eliminar as comunicações com origem

dento dos centros de carceragem. Mesmo assim, a maior preocupação não seria os equipamentos e

tecnologias utilizados, mas o fato que o governo transferiu para as operadoras toda a responsabilidade

de eliminar serviços de telecomunicações dentro dos penitenciários, bloquear sinais, manter o

equipamento, fornecer energia elétrica e proteger os equipamentos.

MÉXICO

As autoridades penitenciárias são responsáveis pela instalação de bloqueadores de sinais nas prisões.

Existem normas técnicas para a operação desses equipamentos, mas as autoridades adotaram

equipamentos que não oferecem a qualidade necessária para operar de maneira adequada e alteram a

potência dos equipamentos de maneira arbitrária, prejudicando a qualidade dos serviços de

telecomunicações móveis prestados em áreas próximas.

Existe uma norma rígida amparando a qualidade de serviços prestados pelas operadoras, mas a

qualidade dos serviços é prejudicada pela ação dos bloqueadores e como resultado, as operadoras são

impedidas de cumprirem com suas obrigações diante do regulador, que também prejudica sua imagem

entre os usuários.

PERU

O Estado investiu na instalação de bloqueadores de sinais de radiocomunicações em seus presídios, mas

ainda precisa garantir a operação apropriada dos dispositivos e estabelecer regras claras para as

companhias privadas encarregadas de sua instalação para evitar interferências com os sinais celulares,

especialmente para bloqueadores instalados em penitenciários localizados em áreas urbanas.

As autoridades também solicitaram a relocalização de antenas ou redução de intensidade dos sinais

pelas operadoras. Mesmo assim, essas medidas são insuficientes quando o penitenciário é localizado

em uma zona urbana e ferem o direito de comunicação em zonas confrontantes.

GUATEMALA

Não existe qualquer regulamentação específica sobre a utilização de bloqueadores de sinais celulares.

Ao mesmo tempo, o Estado emitiu um decreto tentando obrigar as operadoras de serviços móveis a

implementarem soluções técnicas para evitar o tráfego de telecomunicações móveis, mas o decreto foi

declarado inconstitucional.

SITUAÇÃO DA AMÉRICA LATINA:

BLOQUEADORES DE SINAIS EM

PENITENCIÁRIOS

Os vários países da América Latina adotaram regras diferentes sobre o uso de dispositivos que inibem

sinais de telecomunicação. Em geral, de acordo com as leis de telecomunicações e os códigos penais, é

proibido interromper as comunicações.

A seguir, descrevemos a situação em relação ao uso de bloqueadores em vários países da América

Latina.

ARGENTINA

O uso de bloqueadores é ilegal. Artigo 197 do Código Penal9 estabelece uma pena de seis meses a dois

anos em caso de restrição ou interrupção de comunicações.

Não existe uma lei regulando o provisionamento ou uso de bloqueadores em penitenciários. Existe um

projeto de lei10 de 2014 propondo o uso de bloqueadores em penitenciários.

Alguns presídios instalaram bloqueadores de sinais, mas isso gerou problemas e prejudicou a qualidade

de comunicações móveis via rádio dentro dos presídios. Algumas províncias mantenham os presídios

localizados em zonas de alta densidade populacional. Até outubro de 2016, não existia qualquer requisito

legal obrigando as operadoras móveis a instalarem bloqueadores.

BRASIL

A resolução 506/2008 da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL)11 estabelece que os

bloqueadores devem ser usados somente em ambientes internos, privados e em caráter secundário. O

artigo 4 da resolução estabelece que os equipamentos de radiação restrita que causam interferências

prejudiciais em qualquer sistema operando em caráter primário devem cessar seu funcionamento

imediatamente até a remoção da causa da interferência.

9 Código penal da Argentina, LEI 11.179 (2005). Infoleg. Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em

http://servicios.infoleg.gob.ar/infolegInternet/anexos/15000-19999/16546/texact.htm

10 Projeto de lei, Câmera dos Deputados (11 de agosto, 2014). Deputados Argentina. Consultado no dia 8 de novembro de 2016,

em http://www.diputados.gov.ar/proyectos/proyecto.jsp?id=166187

11 Anatel (1 de julho de 2008). Resolução Nº 506. Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em

http://www.anatel.gov.br/legislacao/resolucoes/2008/104-resolucao-506

Além disso, existe um projeto de lei de 201412 que proíbe o uso e venda de bloqueadores e estabelece

sanções em caso de violação. O texto do projeto modifica a lei 2848, de 1940, estabelecendo que

“importar, exportar, fabricar, adquirir, vender ou expor a venda, oferecer ou depositar bloqueadores de

celulares de alta potência sem a autorização do órgão competente está sujeito a uma pena de um a três

anos e multa. ”

Embora não existe qualquer dispositivo em lei obrigando as operadoras a instalar e/ou manter os

bloqueadores de radiocomunicações em presídios, existe uma grande pressão nesse sentido por parte

dos órgãos governamentais (executivo e legislativo). O Congresso Nacional já estuda quatro projetos de

lei sobre o tema e oito propostas legislativos já tramitam nos Estados.

Vale observar que as operadoras sempre tiveram êxito em todas as instâncias judiciais quando foram

obrigadas a recorrer contra esse tipo de norma. Em geral, os administradores das prisões instalam seus

próprios sistemas de bloqueio.

As operadoras de serviços de telecomunicações não são obrigadas a desenvolver projetos ou instalar,

operar ou manter os bloqueadores em presídios. De qualquer maneira, existe pressão do governo para

criar essa obrigação. Em alguns casos, as operadoras recorreram ao judiciário, com sucesso.

Em casos específicos, as operadoras recebem pedidos de ajuda do poder público para reduzir a cobertura

de serviços móveis nos presídios. Algumas operadoras colaboram, reduzindo a potência das estações

rádio base para diminuir o sinal sem prejudicar as áreas próximas aos presídios.

É comum constatar que os bloqueadores instalados em presídios pelo governo afetam a qualidade do

serviço de telecomunicações em regiões adjacentes. As operadoras protocolaram um pedido com o

regulador buscando isenção dos indicadores de conexão e queda de ligações nessas regiões.

CHILE

A Lei Geral das Telecomunicações13 estabelece sanções para a interrupção de ou interferência com sinais

de telecomunicação. No item b do artigo 36 B, o texto determina que “b) A interferência, interceptação ou

interrupção dolosa de um serviço de telecomunicações está sujeito à menor pena de reclusão e

apreensão dos equipamentos e instalações. c) A interceptação ou captação dolosa ou grave de qualquer

tipo de sinal emitido através de um serviço público de telecomunicações sem a devida autorização está

sujeito à menor pena de reclusão e multa de 50 a 50,000 UTM.”

Também existe um projeto de lei14 de 2016 modificando a lei orgânica do Departamento Penitenciário Nacional 15 (o órgão responsável pela administração dos presídios) para implementar um sistema inibidor de sinais de telefonia móvel no interior dos presídios.

12 Câmera de deputados, C.D. (2014). Projeto de Lei Nº 7.925. Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=927C66435F0BDBCE8BD2876D3FFF4CBE.proposic

oesWeb2?codteor=1342540&filename=Parecer-CCJC-01-06-2015

13 Biblioteca do Congresso Nacional, B.C.N. (20-AGO-2016). Lei Geral das Telecomunicações. Consultado no dia 8 de novembro

de 2016, em https://www.leychile.cl/Navegar?idNorma=29591

14 Senado de Chile. Projeto de Lei. Boletim No. 10.874-07. Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em

https://www.google.com.ar/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0ahUKEwjj2f-

O projeto de lei inclui um único artigo: “Alteração do Decreto Lei No. 2859, que contém a lei orgânica do

Departamento Penitenciário Nacional do Chile, passando a incluir o novo artigo 16 bis, com a redação a

seguir: Artigo 16 bis: Ao especificar as características dos estabelecimentos penais e carcerários, pode-se

incluir um sistema de inibição dos sinais de telefonia móvel, limitado às galerias de reclusão e espaços

abertos existentes nos recintos penais, sem afetar as comunicações nas dependências administrativas

do estabelecimento, ou os espaços vizinhos, onde podem existir edificações, vias públicas ou tráfego de

veículos.”

Em 2012, o Ministério de Justiça instalou bloqueadores nos presídios, embora o sistema deixou de ser

utilizado por que bloqueava as comunicações em áreas vizinhas.

COLÔMBIA

A resolução 2774/201316 do Ministério de TIC regulamenta o uso de inibidores, bloqueadores e

amplificadores de sinais radioelétricos. Existe uma norma geral que aplica a diferentes situações nos

presídios, onde o Parágrafo 3, Artigo 4 estabelece que “A instalação de inibidores e bloqueadores de

sinais radioelétricos pelo Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário INPEC está sujeita aos dispositivos

do Decreto Lei 4768 de 2011 e normas complementares, adicionais ou modificadoras.”

O decreto 4768 de 2011 é baseado no código penitenciário do país, que proíbe a posse de dispositivos

privados de comunicação, como celulares e beepers, pelos prisioneiros (Lei 65 de 199317). Essa lei foi

modificada, estabelecendo que o Ministério de TIC pode autorizar o Instituto Nacional Penitenciário e

Carcerário (INPEC) a instalar equipamentos para inibir ou bloquear telecomunicações móveis em

estabelecimentos carcerários ou penitenciários.

De acordo com o parágrafo 1, artigo 1, “o INPEC deve operar os equipamentos usados para inibir ou

bloquear sinais, adotando todas as medidas técnicas para evitar efeitos nas áreas externas dos

respectivos estabelecimentos penitenciários ou carcerários”. O parágrafo 2 determina que “A Agência

Nacional de Espectro - ANE será responsável pela vigilância e controle de cumprimento com a obrigação

estabelecida no parágrafo 1, realizando visitas periódicas aos respectivos estabelecimentos carcerários e

penitenciários e suas áreas externas. ”

A norma também determina que uma ordem pode ser emitida contra os Provedores de Redes e Serviços

de Telecomunicações, exigindo a eliminação ou restrição de seus sinais dentro dos presídios.

p8anQAhVD6SYKHecXDroQFggbMAA&url=http%3A%2F%2Fwww.senado.cl%2Fappsenado%2Findex.php%3Fmo%3Dtramitacion%

26ac%3DgetDocto%26iddocto%3D11355%26tipodoc%3Dmensaje_mocion&usg=AFQjCNG6MoFS_bou7pp013zL0tIZVMeuNQ

15 Biblioteca do Congresso Nacional, B.C.N. (2-JUL-2016). Lei Orgânica do Departamento Penitenciário Nacional. Consultado no

dia 8 de novembro de 2016, em https://www.leychile.cl/Navegar?idNorma=7015

16 Ministério TIC, M.T. (5 de agosto de 2013). Resolução Nº 2774. Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em

http://www.mintic.gov.co/portal/604/articles-4287_documento.pdf

17 Presidência da Nação. (14 Dez, 2011). Decreto 4768. Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em

http://wsp.presidencia.gov.co/Normativa/Decretos/2011/Documents/Diciembre/14/dec476814122011.pdf

“Artigo 2: Ordem de eliminar ou restringir sinais de telecomunicação em estabelecimentos carcerários e

penitenciários. O Ministério de Tecnologias da Informação e Comunicação, a pedido do Instituto

Nacional Penitenciário e Carcerário (INPEC), poderá ordenar os respectivos provedores de redes e

serviços de telecomunicações móveis a eliminar ou restringir seus sinais de transmissão, recepção e

controle nos estabelecimentos carcerários e penitenciários especificados pelo Instituto, conforme a

determinação do Ministério de Tecnologias da Informação e Comunicação, quando existem fundamentos

para inferir que ameaças, fraudes, extorsão ou outros crimes estão sendo cometidos e originando de

dentro dos estabelecimentos carcerários e penitenciários, através do uso de dispositivos de

telecomunicações...”

A lei não aborda os aspectos técnicos, embora estabelece que os equipamentos bloqueadores ou

inibidores não podem afetar a área ao exterior do penitenciário e que as operadoras devem adotar todas

as medidas técnicas possíveis para evitar qualquer interferência com as comunicações em áreas

próximas.

A norma estabelece, de maneira imprecisa, que os indicadores de qualidade não se aplicam aos

estabelecimentos carcerários e penitenciários, mas não especifica a área excluída dos indicadores. Além

disso, a lei não determina a forma dessa exclusão e, na prática, o Departamento de Vigilância e Controle

do Ministério aplicou sanções pelos impactos sobre indicadores de qualidade causados diretamente pelo

mau funcionamento dos equipamentos de bloqueio, sem levar em conta que os equipamentos podem

causar interferência a mais de um quilometro de distância.

De acordo com o Decreto 4768 de 2011, em outubro de 2016 o Ministério de TIC autorizou a instalação e

operação de equipamentos para bloquear ou inibir sinais em 14 presídios de vários municípios do país.

Pelo menos dez instalações tiveram algum impacto no ambiente externo dos presídios, prejudicando a

qualidade do serviço prestado. Como resultado, algumas operadoras deixaram de cumprir com seus

indicadores de qualidade.

As soluções adotadas em todos os casos incluem a instalação de bloqueadores de sinal no interior dos

presídios e ordens para atenuar ou mitigar os sinais das operadoras nas zonas geográficas onde os

presídios são localizados.

COSTA RICA

A Lei Geral das Telecomunicações18 e seu regulamento19 proíbem o uso de equipamentos que interferem

com as redes de telecomunicações ou os sinais das operadoras. De acordo com o Artigo 7 do

Regulamento da Lei Geral das Telecomunicações, “a SUTEL é responsável pela comprovação técnica das

18 Assembleia Legislativa (4 de junho de 2008). Lei Geral das Telecomunicações No. 8642. Consultado no dia 8 de novembro de

2016, em https://sutel.go.cr/sites/default/files/normativas/ley_general_de_telecomunicaciones.pdf

19 Presidência da República (22 de setembro, de 2008). Regulamento da Lei Geral das Telecomunicações No. 34765-MINAET.

Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em

https://sutel.go.cr/sites/default/files/normativas/reglamento_a_la_ley_general_de_telecomunicaciones_decreto_ejecutivo_34765-

minaet_y_sus_reformas.pdf

emissões radioelétricas e pela inspeção, detecção, identificação e eliminação de interferências

prejudiciais.”

Em outubro de 2016, não existia qualquer norma regulamentando o uso de jammers em presídios. De

qualquer maneira, o Governo propôs um projeto de lei obrigando as operadoras a adotar e implementar

os procedimentos e as soluções técnicas necessários para impedir a prestação de serviços de

telecomunicação sem fio ao público interno dos centros penitenciários e centros penais juvenis.

EQUADOR

O Código Orgânico Integral Penal20 inclui uma proibição geral contra o uso de inibidores de sinais e

qualquer pessoa que restringe ou interrompe as comunicações está sujeita à pena de prisão. Artigo 178

do Código estabelece que “Violação da intimidade. Qualquer pessoa que acessa, intercepta, examina,

retenha, grava, reproduza, difunda ou publica informações pessoais, mensagens de dados, voz, áudio ou

vídeo, objetos postais, informações armazenadas em dispositivos de informática, comunicações privadas

ou reservadas de outra pessoa, por qualquer meio, e sem o consentimento ou autorização legal, está

sujeito à pena de reclusão de um a três anos. ”

Dois artigos do Código Penal (411 e 718) proíbem a entrada de “telefones ou equipamentos de

comunicação ou qualquer dispositivo que fere a segurança e a paz do centro carcerário” (artigo 718).

Além disso, em Resolução 001-TEL-C-CONATEL-2011, de janeiro de 2011, o então regulador aprovou o

uso de equipamentos inibidores de sinais celulares em dois tipos de instituição: do setor financeiro e

centros de reabilitação social do país. Artigo 1 da resolução permite “a instalação e operação de antenas

inibidoras de sinais de telefonia celular nos Centros de Reabilitação Social administrados pelo

Departamento Nacional de Reabilitação Social, e nas agências ou locais de entidades públicas ou

privadas do Sistema Nacional Financeiro”.

A operação de inibidores “não poderá exceder a área operacional dos Centros de Reabilitação Social ou a

áreas designada para atendimento aos usuários das agências ou locais de entidades públicas ou privadas

do Sistema Nacional Financeiro” (Artigo 2 da resolução).

O texto da resolução determina que “se houver impactos sobre outros sistemas de radiocomunicação ou

a prestação do Serviço Móvel Avançado fora das áreas expressamente autorizadas (...) para a operação

dos dispositivos de inibição de sinais, a Superintendência de Telecomunicações (...) deve emitir os

dispositivos corretivos correspondentes...” (Artigo 3).

Os Centros de Reabilitação Social e cada Instituição Financeira são responsáveis pela instalação dos

inibidores. Como item adicional, as Instituições Financeiras que instalam inibidores de sinais devem

seguir um procedimento que inclui a emissão de um relatório para a ARCOTEL e o preenchimento de

alguns requisitos formais após a instalação de bloqueadores.

20 Ministério de Justiça, Direitos Humanos e Cultura (2014). Código Penal. Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em

http://www.justicia.gob.ec/wp-content/uploads/2014/05/c%C3%B3digo_org%C3%A1nico_integral_penal_-_coip_ed._sdn-

mjdhc.pdf

Depois, a ARCOTEL realiza uma verificação do sistema bloqueador instalado e quando o parecer

resultante for positivo, a ARCOTEL cancela o registro provisório e emite um Registro de Operação

definitivo do sistema de inibição para cada agência, para posterior envio à Superintendência de Bancos e

Seguros e à entidade do Sistema Financeiro Nacional solicitante. O registro provisório é válido até a

emissão pela ARCOTEL do Registro de Operação definitivo para o sistema de bloqueio.

Quando o parecer da ARCOTEL for desfavorável, a entidade solicitante do Sistema Financeiro Nacional

será informada dos motivos da não emissão do Registro de Operação, determinando o desligamento

imediato do sistema de inibição até a realização dos ajustes necessários, comunicado o fato à

Superintendência de Bancos e Seguros. Após a realização das modificações necessárias pela entidade

solicitante do Sistema Financeiro Nacional, a ARCOTEL será notificada para criar os registros

correspondentes no Banco Dados específico, emitindo um registro provisório e realizando uma

verificação local da operação do sistema de inibição em uma data posterior, emitindo o parecer

correspondente em um prazo máximo de três (3) meses. Esse prazo pode ser ampliado uma única vez

por igual período de três (3) meses.

Não existe uma norma que obriga as operadoras a instalarem bloqueadores de sinais; essa

responsabilidade recai sobre o órgão central de controle penitenciário.

El SALVADOR

A Lei Especial contra a extorsão estabelece que as operadoras são obrigadas a adotarem e aplicarem os

procedimentos comerciais e soluções técnicas necessárias para eliminar os serviços de

telecomunicações dentro dos presídios.21

A lei determina que “As Operadoras de Redes Comerciais de Telecomunicações são obrigadas a

adotarem e aplicarem os procedimentos comerciais e soluções técnicas necessárias para eliminar os

serviços de telecomunicações dentro dos presídios, centros de reabilitação e centros de internamento

para menores. A Superintendência Geral de Eletricidade e Telecomunicações será responsável pela

emissão das normas técnicas aplicáveis com os parâmetros para cumprimento dos termos desse artigo,

e com o perímetro geográfico que será afetado pela implementação dessas medidas”. (Artigo 12).

Além disso, “As Operadoras de Redes Comerciais de Telecomunicações devem imediatamente suspender

os serviços de telecomunicações especificados pela Procuradoria da República quando são usados para

a comissão do crime de extorsão (...) Em caso de descumprimento dos termos desse artigo, as

Operadoras de Redes Comerciais de Telecomunicações estão sujeitas a uma multa de quinhentos

salários mínimos mensais vigentes no setor de comércio e serviços por infração, sem prejuízo de

responsabilização criminal dos administradores e funcionários responsáveis pelo descumprimento.”

(Artigo 13).

De acordo com o texto, as operadoras são proibidas de prestar serviços de telecomunicações, com a

exceção de serviços de telefonia fixa, Internet e conexão de dados contratados pela administração dos

21 Assembleia Legislativa de El Salvador (18 de março, 2015). Lei Especial contra o delito de extorsão. Consultado no dia 8 de

novembro de 2016, em http://www.asamblea.gob.sv/eparlamento/indice-legislativo/buscador-de-documentos-legislativos/ley-

especial-contra-el-delito-de-extorsion

centros penitenciários. “O descumprimento injustificado dos termos desse artigo está sujeito a uma

multa de três mil salários mínimos mensais vigentes no setor de comércio e serviços por dia que perdura

uma ou mais infrações. Em caso de infração continuada ou repetida por um prazo maior que um dia, em

nenhum caso o cálculo do valor da multa deve ultrapassar noventa dias. Em caso de cometer cinco ou

mais infrações dentro de prazo de um ano, além da multa, a Operadora em violação estará sujeita a

revogação de sua concessão, sujeito a conclusão do respectivo processo sancionador”. (Artigo 14).

A Lei Especial contra o crime de extorsão conta com um regulamento técnico22. O regulamento reconhece

a dificuldade técnica de evitar interferências com comunicações em zonas próximas ao presídio:

“Exclusão de responsabilidade por impactos sobre serviços Artigo 11. As Operadoras de Redes

Comerciais de Telecomunicações não serão responsabilizadas pelos impactos sobre serviços em zonas

próximas aos perímetros estabelecidos, denominadas “áreas de impacto”, de acordo com os termos

desse regulamento. A SIGET informará a Procuradoria do Consumidor sobre as áreas onde os serviços

de telecomunicações serão temporariamente degradados ou bloqueados, para os efeitos legais

correspondentes”.

Ao mesmo tempo, nenhum regulamento exige a utilização de um equipamento ou tecnologia específico.

As operadoras possuem a autoridade de selecionar, a seu critério, a solução técnica que será utilizada

para bloquear sinais em presídios, com a única condição de que a solução seja efetiva e tenha o menor

impacto possível sobre a sociedade civil.

Algumas operadoras optaram por uma solução tecnológica conhecida como células ou radiobases

“dummy” (falsos). As soluções adotadas pelas operadoras afetam a população que reside na vizinhança

das prisões e as operadoras estão preocupadas com esse impacto, embora a prioridade é de evitar

comunicações porque a operadora pode ser multada por cada chamada realizada a partir da área interna

do presídio.

A maior preocupação é o fato que o Governo transferiu para as operadoras toda a responsabilidade de

bloquear os sinais em presídios e instalar e manter os equipamentos, que as operadoras podem escolher

a seu exclusivo critério.

GUATEMALA

Hoje, não existe uma regulamentação específica sobre a utilização de bloqueadores de sinais celulares.

Ao mesmo tempo, o Decreto 12-2014 “Lei de Controle das Telecomunicações Móveis em centros de

Privação de Liberdade e Fortalecimento da Infraestrutura para Transmissão de Dados”23 exige que as

22 Superintendência de Eletricidade e Telecomunicações (5 de abril, 2016). Regulamento técnico da Lei Especial contra o delito de

extorsão. Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em http://www.jurisprudencia.gob.sv/DocumentosBoveda/D/2/2010-

2019/2016/04/B78E1.PDF

23 Congresso da República de Guatemala (8 de abril de 2014). Decreto N° 12-2014. Consultado no dia 8 de novembro de 2016,

em https://www.plazapublica.com.gt/sites/default/files/decreto_numero_12-2014.pdf

operadoras de redes locais de telefonia móvel implementam soluções técnicas para evitar o tráfego de

telecomunicações móveis com origem em centros de prisão preventiva, presídios e centros

especializados para cumprimento de sanções de reclusão para adolescentes em conflito com a lei penal.

Essa norma foi declarada inconstitucional.

De qualquer maneira, existe uma nova proposta de lei que novamente exige que as operadoras barrem o

tráfego de comunicações em centros penitenciários.

HONDURAS

Em janeiro de 2014, a “Lei de limitação de serviços de telefonia móvel celular e comunicações pessoais

em centros penais a nível nacional” entrou em vigor. Artigo 1 da lei estabelece que: “As operadoras do

Serviço de Telefonia Móvel Celular e Comunicações Pessoais estão expressamente proibidas de prestar

serviços nos espaços físicos onde os presídios do país estão localizados”.

A lei exige que as operadoras, trabalhando em conjunto com a Conatel, desmontam a infraestrutura que

oferece cobertura de serviços em presídios e tomar outras medidas técnicas para atingir a finalidade

pretendida; nesse contexto, a CONATEL (o regulador) ordenou (em Resolução OD010/14) que, como

medida imediata e transitória, as operadoras móveis a implementarem uma solução técnica chamada de

“célula fantasma” ou “local dummy” em todos os centros penais, com o objetivo de diminuir o número de

usuários afetados, para depois implementarem um programa para a instalação de bloqueadores de sinais

em cada um dos presídios do país. Em caso de descumprimento, o texto prevê uma “multa de 20 milhões

de lempiras para o primeiro caso e revogação do contrato de concessão em caso de reincidência.” (Artigo

4). As operadoras são responsáveis pela instalação dos bloqueadores, sob a supervisão do regulador, a

Comissão Nacional de Telecomunicações.

Um novo Decreto-Lei de setembro de 201524, a “Lei de Limitação de Serviços de Telecomunicações em

Centros Penitenciários, Centros Penais e Centros de Internação de Crianças a nível nacional, substituiu e

ampliou a lei anterior, estendendo a proibição para “Serviços de Comunicações Pessoais Globais Móveis

(GMPCS), Serviço de Telefonia Móvel Celular, Serviços de Comunicações Pessoais (PCS), Serviço de

Repetidor Comunitário, Serviço Móvel Terrestre, Serviço Móvel de Canais Múltiplos de Seleção

Automática (Rádio Tronco), Serviço de Telefonia, Serviço de Internet ou Acesso a Redes Informáticas,

Serviço de Videoconferência, Serviço de Rádio Amador, Serviço de Transmissão e Comutação de Dados,

TV Paga a Cabo, TV Paga Sem Fio, TV Paga Interativa, Móvel por Satélite, Serviços de Valor Agregado e

outros serviços de telecomunicações atuais ou futuros. A lei estabelece que, com a autorização prévia da

CONATEL, os provedores de serviços de telecomunicações devem implementar medidas técnicas para

bloquear seus serviços de telecomunicações dentro dos recintos penitenciários do país inteiro. A única

exceção são os serviços de telecomunicações utilizados pelo pessoal do Sistema Penitenciário e outros

entes do Estado no desempenho exclusivo de suas atividades. (Artigo 1).

24 Congresso Nacional (16 de setembro de 2015). Decreto 43-2015. Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em

http://congresonacional.hn/transparencia/images/leyes/2015/septiembre/Decreto_43-

2015_Ley_de_Limitaci%C3%B3n_de_Servicios_en_Telecomun._en_Centros_Penitenciarios.pdf

No Artigo 2, o texto estabelece que - para as operadoras de serviços de Telefonia Móvel Celular e

Comunicações pessoais (PCS) - “o custo de instalação e operação dos bloqueadores e todo o serviço

tecnológico necessário... é a obrigação das companhias prestando esses serviços”.

As operadoras dos serviços de telefonia móvel celular e comunicações pessoais (PCS) instalaram

bloqueadores em cada um dos centros penitenciários do país e em alguns desses locais, os

bloqueadores foram suplementados com células dummy. A Conatel realiza medições a cada dois ou três

meses para fiscalizar o bloqueio do serviço.

MÉXICO

Várias normas existem no país em relação á instalação e operação de inibidores de sinais de

radiocomunicação em presídios. A principal norma é o Decreto de “Diretrizes de Colaboração entre

Autoridades Penitenciárias e as Concessionárias de Serviços de Telecomunicação e Bases Técnicas para

a Instalação e Operação de Sistemas de Inibição”25, de setembro, 2012, ao lado de determinadas

reformas das leis penais do mesmo ano.

O Artigo 3 determina que: “Todos os centros de reabilitação social, estabelecimentos penitenciários ou

centros de reclusão para menores a nível federal, estadual ou do Distrito Federal, de qualquer

denominação, devem contar com equipamentos que permite bloquear ou anular os sinais de telefonia

celular, radiocomunicação ou transmissão de dados ou imagens dentro de seu perímetro, de maneira

permanente”.

O decreto estabelece que “sujeito a autorização e uso de recursos orçamentários, as autoridades

penitenciárias federais, estaduais e do Distrito Federal podem contratar sistemas ou equipamentos para

inibição de sinais de telefonia celular, radiocomunicação ou transmissão de dados ou imagens para

instalação dentro do perímetro dos centros de reabilitação social correspondentes.” (Artigo 4).

A norma prevê a colaboração entre as partes responsáveis pelo bloqueio de comunicação e de acordo

com o Artigo 5: “As autoridades penitenciárias federais, estaduais e do Distrito Federal, atuando em

colaboração com as concessionárias de telefonia, devem estabelecer os mecanismos necessários para

prevenir e, quando aplicável, resolver qualquer impacto indevido sobre os usuários de serviços de

telecomunicações, de acordo com seus âmbitos de atuação.”

Essa colaboração também estende para a Lei Federal de Telecomunicações e Radiodifusão (LFTeR) de

julho, 201426, que introduziu um novo capítulo dentro do Título Oitavo de “Colaboração com a Justiça”,

com um Capítulo Único chamado “Das Obrigações em matéria de Segurança e Justiça”. O texto

estabelece que as operadoras “devem colaborar com as instancias de segurança, procuração e

administração de justiça na localização geográfica dos equipamentos de comunicação móvel, em tempo

real, de acordo com os termos estabelecidos em lei.” (Artigo 190, item I).

25 Diretrizes de Colaboração entre Autoridades Penitenciárias e as Concessionárias de Serviços de Telecomunicação e Bases

Técnicas para a Instalação e Operação de Sistemas de Inibição. (04 de junho, 2012). Consultado no dia 8 de novembro de 2016,

em http://www.dof.gob.mx/nota_detalle.php?codigo=5266201&fecha=03/09/2012

26 Congresso Nacional (14 de julho, 2014). Lei Federal de Telecomunicações e Radiodifusão. Consultado no dia 8 de novembro

de 2016, em http://www.dof.gob.mx/nota_detalle.php?codigo=5266201&fecha=03/09/2014

Além de bloquear as comunicações, o item II do artigo acima estipula que as operadoras devem “manter

um registro e controle de comunicações realizadas a partir de qualquer tipo de linha utilizando sua

própria numeração ou numeração arrendada, em qualquer modalidade, que permite identificar com

precisão: (i) O nome ou razão social e domicílio do assinante; (ii) o tipo de comunicação (transmissão de

voz, caixa de voz, conferência, dados), serviços suplementares (incluindo o reenvio o transferência de

chamadas) ou serviços de mensagens ou multimídia utilizados (inclusive serviços de SMS, serviços

multimídia e avançados); (iii) os dados necessários para rastrear e identificar a origem e destino das

telecomunicações de telefonia móvel; o número de destino, a modalidade de linhas e contrato ou plano

tarifário, incluindo a modalidade de linhas pré-pagas; (iv) as informações necessárias para determinar a

data, hora e duração da comunicação, assim como o serviços de mensagens ou multimídia...” entre

outros aspectos. As operadoras podem escolher em que formato as informações serão armazenadas.

Por sua parte, o Instituto Federal de Telecomunicações (IFT) emitiu Norma Técnica IFT-010-201627 esse

ano, para esclarecer a questão da potência máxima dos bloqueadores. Novamente, as normas se

referem á colaboração entre as autoridades e as operadoras para bloquear o sinal de suas redes na parte

interna dos presídios e a uma distancia de 20 metros do lado de fora.

O dispositivo estabelece que a radiação proveniente dos equipamentos bloqueadores instalados em

presídios não pode estender mais que 20 metros do perímetro da prisão, de acordo com o Acordo de

Colaboração de 2012 e a LFTeR de 2014.

As autoridades carcerárias adquiriram, instalaram e estão operando bloqueadores de sinais de

radiocomunicações.

Ao mesmo tempo, muitas instalações não observaram as orientações técnicas da IFT e adotaram

equipamentos que não oferecem a qualidade necessária para operar de maneira adequada e alteram a

potência dos equipamentos de maneira arbitrária, prejudicando a qualidade dos serviços de

telecomunicações móveis prestados em áreas próximas dos presídios. As orientações técnicas

estabelecem um prazo muito amplo de 2 anos (que vence em outubro de 2018) dentro do qual todos os

bloqueadores do país devem operar de acordo com as orientações técnicas.

Existe uma norma rígida para ampara a qualidade de serviços prestados pelas operadoras (e uma norma

ainda mais rígida já foi proposta), mas a qualidade do serviço é prejudicada pela ação dos bloqueadores,

e como resultado as operadoras são impedidas de cumprirem com suas obrigações diante do regulador,

que também prejudica sua imagem entre os usuários.

PANAMÁ

A Autoridade Nacional de Serviços Públicos publicou uma resolução que estabelece medidas para a

supressão de sinais sem fio dentro dos presídios28. “Primeiro: Ordenar que as concessionárias de

27 IFT (1 de agosto, 2016). Norma Técnica IFT-010-2016. Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em

http://dof.gob.mx/nota_detalle.php?codigo=5446400&fecha=01/08/2016

28 Autoridade Nacional de Serviços Públicos (8 de julho, 2013). Resolução AN No.6295-Telco. Consultado no dia 8 de novembro

de 2016, em http://www.asep.gob.pa/www/pdf/anno_6295_telco.pdf

Serviços de Telefonia Móvel Celular, Comunicações Pessoais e Serviços de Internet para Uso Público,

empregando tecnologias sem fio, suspendem ou restringem as emissões e/ou sinais de telefonia móvel

celular e serviços de conectividade com a Internet através de redes, sistemas e equipamentos sem fio, a

sua própria conta a risco e dentro de 15 dias úteis a partir da notificação da presente Resolução...”

De acordo com a norma, as operadoras móveis e de Internet são obrigadas a restringir e/ou suspender os

sinais de dispositivos móveis e da Internet no maior centro penitenciário do país. A norma não

estabelece qualquer medida técnica, mas “... as medidas necessárias devem ser tomadas para cumprir

com os objetivos de restringir os sinais...”

O item 5 adverte “as concessionárias dos Serviços de TMF e CP que a Autoridade Nacional de Serviços

Públicos avaliará se as medidas ordenadas com a presente Resolução tiveram um impacto significante

sobre os indicadores de qualidade de serviço estabelecidos pela lei vigente em zonas ou áreas adjacentes

ao polígono definido. Nesse sentido, a Autoridade Nacional de Serviços Públicos poderá adotar medidas

especiais ou orientações técnicas para o cumprimento dos Contratos de Concessão pelas

concessionárias nas áreas acima mencionadas. ”

A ordem recebida da ASEP incluía aplicação dessas medidas na cidade de Colón, mas elas não foram

implementadas para evitar problemas de cobertura celular para operações críticas como a Zona Franca, o

aeroporto, os dois portos e parte do Canal de Panamá. Na cidade de Panamá, a implementação de

bloqueadores deixou vários condomínios localizados nas proximidades do centro penitenciário sem

cobertura de serviços.

O problema apareceu por que os centros penitenciários são localizados no meio das cidades, um fator

que decorre do crescimento urbano. As autoridades estão focadas no problema de acesso a serviços

móveis e Internet dos presos e não nos controles e gestão de cada centro penitenciário. Assim, perde-se

de vista o fato que uma grande parte da população não tem acesso a esses serviços e que essas atitudes

estão limitando o direito das operadoras de exercerem suas concessões.

De qualquer forma, diante da falta de regulamentação específica, as operadoras móveis e o regulador

conseguiram desenvolver orientações técnicas para contornar o problema.

PARAGUAI

A Lei de Telecomunicações proíbe a interferência com as telecomunicações29 em vários dos seus artigos,

onde estabelece “...o sigilo da correspondência realizada pelos serviços de telecomunicações e

patrimônio documental, salvo ordem judicial...” (Artigo 89). O sigilo da correspondência inclui “a proibição

de abrir, reter, interferir com, alterar textos, desviar, publicar, usar, tentar conhecer o conteúdo de

comunicações confiadas a prestadores de serviços ou facilitar o conhecimento deste conteúdo por

terceiros que não o destinatário, ou apoiar o cometimento desses atos” (Artigo 90).

29 Congresso da Nação (27 de julho de 1995). Lei 642 das Telecomunicações. Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em

http://digesto.senado.gov.py/ups/leyes/2769%20.pdf

A Resolução 6/9930 do Departamento Geral de Institutos Penais proíbe o uso de celulares por presos.

Item 4 da resolução estabelece que: “Relembramos aos Senhores Diretores da Penitenciária Nacional,

Regionais e Correcionais a proibição contra o uso de telefones celulares pelos reclusos...”.

A partir da Resolução 6/99, pode-se inferir que o uso de bloqueadores de sinais é permitido.

PERU

O Decreto Supremo 12/2012 do Ministério de Telecomunicações e Transportes (MTC) regulamenta a

instalação de bloqueadores em prisões31. Embora o texto não menciona as operadoras de

telecomunicações, o Artigo 2 determina que: “Os equipamentos usados para bloquear ou inibir sinais

radioelétricos e a serem instalados e operados dentro do perímetro dos estabelecimentos penitenciários

que fazem parte do Sistema Nacional Penitenciário e dos Centros Juvenis de Diagnóstico e Reabilitação,

não devem afetar o direito de toda e qualquer pessoa de usar e prestar serviços de telecomunicação fora

desses estabelecimentos. O Ministério de Justiça e Direitos Humanos, o Judiciário e/ou a entidade

responsável pela administração dos centros penitenciários ou centros juvenis devem garantir que esse

direito não seja vulnerado; incluindo garantis técnicas e financeiras e outras medidas nos processos de

aquisição, contratação de serviços ou outros mecanismos utilizados para instalar equipamentos para

bloquear ou inibir sinais radioelétricos, com o intuito de incentivar o cumprimento das obrigações

estabelecidas por essa norma”.

A instalação e operação dos bloqueadores é a responsabilidade do “Ministério de Justiça e Direitos

Humanos, o Poder Judiciário ou a entidade responsável pela administração dos Centros Penitenciários ou

Centros Juvenis de Diagnóstico de Reabilitação, ou a pessoa física ou jurídica autorizada por qualquer

dessas entidades...” (Artigo 3). Ao mesmo tempo, o Ministério de Transportes e Comunicações é

responsável pelas medições ou testes para corroborar que não existe interferência com os serviços

prestados pelas concessionárias de serviços públicos de telecomunicações e operadoras de serviços

privados no exterior dos penitenciários.

A resolução ministerial 750/2016 publicou o protocolo estabelecendo os procedimentos aplicáveis para a

instalação e operação de equipamentos que bloqueiam sinais radioelétricos de serviços de

telecomunicações em estabelecimentos penitenciários. O item 5.3 do projeto determina que “o bloqueio

das emissões de frequências dentro das bandas de frequências das operadoras deve se restringir

exclusivamente ao perímetro dos Estabelecimentos Penitenciários e a Zona de Intangibilidade, e não deve

haver interferência nas frequências ou bandas de frequências das Operadoras fora da Zona de

Intangibilidade”.

O Estado já investiu na instalação de bloqueadores de sinais de radiocomunicações em prisões baseado

nessas diferentes iniciativas.

30 Departamento Geral de Institutos Penais (Resolução 6/99). Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em

http://www.pj.gov.py/ebook/libros_files/coleccion_de_derecho_penitenciario_3.pdf

31 Ministério de Telecomunicações e Transportes (27 de setembro, 2012) Decreto Supremo 12-2012-MTC. Consultado no dia 8 de

novembro de 2016, em http://www.munizlaw.com/normas/2012/Setiembre/27-09-12/D.S.%20N%C2%BA%20012-2012-MTC.pdf

URUGUAI

O artigo 217 do Código Penal determina que “Para qualquer pessoa que atenta contra a regularidade das

telecomunicações com ou sem fio, de qualquer modo, a pena será de três meses a três anos de prisão. O

furto, dano ou destruição das instalações destinadas à prestação de serviços de telecomunicações será

considerado um agravante especial desse delito.”32

Ademais, o uso de bloqueadores está proibido ao entender que “o uso de técnicas para gerar

interferências prejudiciais é uma violação da política de telecomunicações estabelecida pela legislação

nacional, que promove a utilização do espectro radioelétrico em função do interesse público, fomentando

o desenvolvimento de serviços e sistemas de comunicação eficientes e dirigidos a toda a comunidade”,

de acordo com a Resolução 293/200333 do Departamento Nacional de Comunicações.

Os artigos 1 e 2 dessa resolução preveem que “O certificado de conformidade desse Departamento

Nacional para importar, homologar ou autorizar a instalação e operação em território nacional não será

emitido para dispositivos que atuam como “Neutralizadores de Telefones Celulares” ou qualquer

dispositivo similar, cuja finalidade é de causar interferências prejudiciais em 824-849 MHz e 869-894

MHz”. O mesmo critério é válido para as bandas de frequências de 1710-1990 MHz.

Em outra resolução, a DNC criou uma exceção para o Ministério do Interior ou qualquer empresa ou

organismo que deseja utilizar equipamentos neutralizadores de celulares por motivos de segurança. As

pessoas que utilizem esses equipamentos devem apresentar uma recomendação técnica fundamentada

focando em segurança e prevenção, emitida via resolução do Ministério do Interior e comprovando a

necessidade do sistema34. O texto explica que “Na ocorrência de interferências prejudiciais fora da área

geográfica de interferência especificada em cada caso, as emissões devem cessar imediatamente até a

adequação dos parâmetros técnicos de operação” (Item 5).

A Unidade Reguladora de Serviços de Comunicação (URSEC) é a agência que autoriza a posse, utilização, ativação, comercialização, distribuição ou transferência de um sistema que bloqueia qualquer tipo de sinal de telecomunicação (artigo 72 de lei 19.355).35. Com o apoio da URSEC, o Ministério do Interior já instalou bloqueadores. Durante os primeiros testes

desses dispositivos, as operadoras realizaram análises no entorno do presídio durante a fase de sintonia

do equipamento e, apesar de detectar a queda de um volume maior de ligações ao nível de KPIs das

radiobases mais próximas, elas verificaram que o serviço não afetava as zonas populacionais nas

imediações. Basicamente, eles conseguiram controlar os níveis de interferências passíveis de prejudicar

o sistema celular em um raio de aproximadamente 100 metros fora da zona bloqueada. Eles deduziram

32 Código Penal (26 de outubro de 1967). Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em https://www.impo.com.uy/bases/codigo-penal/9155-1933 33 https://www.ursec.gub.uy/wps/wcm/connect/ursec/cbb91239-3879-45bd-b078-

acff7b223d28/RES.+DNC+293_2000+Neutralizadores+de+Telefonos+celulalres.pdf?MOD=AJPERES&CONVERT_TO=url&CACHEI

D=cbb91239-3879-45bd-b078-acff7b223d28

34 Departamento Nacional de Comunicações (25 de abril de 2001). Resolução 120/2001. Consultado no dia 8 de novembro de

2016, em https://www.ursec.gub.uy/wps/wcm/connect/ursec/5164d18e-c68d-45ab-b6d0-

2006a81d2bd2/RES+DNC+120_2001+Se+exonera+al+Ministerio+del+Interior+de+la+aplicacion+de+la+Resolucion+293_2000.pdf

?MOD=AJPERES&CONVERT_TO=url&CACHEID=5164d18e-c68d-45ab-b6d0-2006a81d2bd2

35 Orçamento Nacional de Gastos e Investimentos, exercício de 2015-2019 (30 de dezembro, 2015). Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em https://www.impo.com.uy/bases/leyes/19355-2015

que mais ligações estavam caindo em radiobases próximas por que as ligações realizadas a partir do

presídio ou chamadas de fora para dentro do presídio estavam caindo.

Posteriormente, vários casos foram apresentados demonstrando que o sinal na cidade era afetado por

bloqueadores. Ao investigar esses casos, as operadoras descobriram que várias empresas haviam

adquirido ou importado bloqueadores, evitando os canais formais, e utilizam esses dispositivos para

evitar que seus funcionários ou clientes falassem ao celular em suas instalações. As operadoras

apresentaram denúncias ao regulador através da Câmera de Telecomunicações de Uruguai e as

autoridades trabalharam em conjunto com as operadoras para confiscar os equipamentos no mercado e

proibir sua venda.

VENEZUELA

Em julho de 2016, a Assembleia Nacional promulgou a lei 6.240, regulando o use de celulares e a Internet

nas prisões36. A lei estabelece que “O Ministro do Poder Popular para o Serviço Penitenciário deve adquirir

e instalar equipamentos destinados à inibição, anulação ou bloqueio permanente do sinal de telefonia

celular e Internet no interior dos estabelecimentos penitenciários do país”, (Artigo 3).

O Artigo 4 determina que “os equipamentos e ações regidos por essa lei e destinados a inibir, anular ou

bloquear o sinal de telefonia celular e Internet nos centros de reclusão não devem afetar as comunidades

vizinhas, de qualquer maneira. ”

O papel das operadoras de telecomunicações é de cooperar “toda vez que assessoria técnica seja

requerida pelo Ministro do Poder Popular para o Serviço Penitenciário para alcançar os objetivos desta

Lei”. (Artigo 12).

Por ser uma norma recente, de outubro de 2016, os presídios ainda não foram equipados com

bloqueadores de sinais; a lei estabelece um prazo de nove meses, que ainda está vigente, para a

instalação dos bloqueadores pelo Ministério de Assuntos Penitenciários.

A norma prevê que os equipamentos devem ser financiados pelo Ministério de Assuntos Penitenciários.

Em geral, a solução técnica é formada de equipamentos que emitem um sinal de maior potência que

anula o sinal do emissor que deseja transmitir.

36 Assembleia Nacional (15 de julho, 2016). Consultado no dia 8 de novembro de 2016, em

http://www.notilogia.com/2016/07/gaceta-oficial-extraordinaria-n-6-240-an-promulga-ley-que-regula-uso-de-celulares-e-internet-

en-las-carceles.html

CONCLUSÕES

Esse documento revela que a indústria móvel está disposta a contribuir com seu ponto de vista, quando

for convidado pelas autoridades a participarem de ações para avançar o debate em torno dessas

questões. A evolução das redes celulares, a extensão de cobertura, o fornecimento de serviços a

determinados segmentos da população e a educação são exemplos robustos da cooperação entre as

operadoras móveis e as autoridades nacionais, estaduais e municipais.

A segurança é um tema que preocupa todos os países da América Latina. Como parte da sociedade onde

presta seus serviços, a indústria móvel da América Latina quer e pode colaborar com as autoridades em

várias jurisdições para melhorar os índices de segurança nos vários países da região, da mesma que está

fazendo há anos.

Nesse sentido, não existe uma posição per se contrária à instalação dos bloqueadores de sinais de

radiofrequências celulares nos presídios ou outro tipo de solução tecnológica para mitigar o uso de

comunicações para fins criminosos. Ainda existem critérios diferentes entre as partes, mas, ao

cumprirem com a lei, as operadoras móveis adotaram as medidas propostas pelas autoridades que

determinam a forma de inibir as comunicações dentro dos presídios.

Ao mesmo tempo, algumas dessas mesmas leis parecem classificar as operadoras como cúmplices em

atividades criminosas com a aplicação de multas - as sanções podem até incluir penas criminais -

quando os bloqueios não apresentam 100% de sucesso. Esse documento explica que não existe uma

solução totalmente efetivo capaz de bloquear comunicações em presídios sem prejudicar os usuários

móveis que se encontram próximos aos presídios.

Do outro lado, outras normas setoriais exigem que as operadoras cumpram com regras cada vez mais

exigentes em relação à qualidade e cobertura do serviço, ou sofrer sanções em caso de descumprimento.

Dessa maneira, as operadoras se encontram em uma posição contraditória e sem saída como resultado

da regulamentação vigente.

O setor móvel não pode e nem deve ser unicamente responsável pelas medidas necessárias para corrigir

a situação. O Estado deve velar pela segurança das pessoas e, ao lado das partes interessadas - que

inclui a indústria móvel - definir as melhores e mais razoáveis alternativas para evitar o uso das

comunicações para cometer crimes de dentro dos presídios da região.

ANEXO

Quadro resumo da situação de bloqueio de sinais celulares na América Latina37

País Uso de

bloqueadores Normas regulamentando o uso de bloqueadores

Uso especial pelas autoridades

Argentina Não está regulador pelas autoridades. O uso de bloqueadores é ilegal. O Código Penal estabelece uma pena de seis meses a dois anos em caso de restrição ou interrupção de comunicações.

N/A

Questão de segurança. Casos: -Lei 26.637. Estabelece medidas mínimas de segurança que as Entidades Financeiras devem adotar. “ART 2, item c) Inibidores ou bloqueadores de sinal que impossibilitam o uso de telefones celulares no interior dos mesmos, sempre que não afetam os direitos de terceiros fora de suas dependências ou interferem com outros dispositivos de segurança”. Essa regra não foi implementada na prática por a impossibilidade técnica de sua implementação. http://servicios.infoleg.gob.ar/infolegInternet/anexos/170000-174999/174190/texact.htm - Projeto de Lei de 2014 para promover o uso de Bloqueadores em presídios não avançou até o momento.

Brasil A resolução 506/2008 estabelece que os bloqueadores devem ser usados somente em ambientes internos, privados e em caráter secundário.

Existe um projeto de lei que proíbe o uso e venda de bloqueadores e estabelece sanções em caso de violação.

O governo incentiva o uso de bloqueadores em presídios, embora as operadoras entraram na justiça com recurso. Em alguns casos, as operadoras colaboram ajustando a potência das estações radiobase.

Chile A Lei Geral das Telecomunicações estabelece sanções para a interrupção de ou interferência com sinais de telecomunicação.

Existe um projeto de lei de 2016 que modifica a lei orgânica da administração prisional para implementar um sistema inibidor de sinais de telefonia móvel no interior dos presídios.

Em 2012, o Ministério de Justiça instalou bloqueadores nos presídios, embora o sistema deixou de ser utilizado por que bloqueava as comunicações em áreas vizinhas.

Colômbia A resolução 2774/2013 do Ministério de TIC

A resolução 2774/13 estabelece as condições para a instalação e uso de

Os bloqueadores são utilizados em vários presídios do país, embora sua utilização afeta a comunicação móvel

37 As referências aos regulamentos e legislação incluídas na tabela podem ser consultadas no Item 5 desse White Paper.

regulamenta o uso de bloqueadores de sinais radioelétricos.

inibidores, bloqueadores e amplificadores de sinais radioelétricos, de acordo com o Decreto 4768/11.

dos residentes em regiões próximas.

Costa Rica A Lei geral de Telecomunicações e seu regulamento proíbem o uso de equipamentos que interferem com as redes de telecomunicações ou os sinais das operadoras.

As autoridades estão avaliando o uso de bloqueadores em presídios.

Não.

Equador De acordo com o Código Penal, existe uma proibição geral contra o uso de inibidores de sinais e qualquer pessoa que restringe ou interrompe as comunicações está sujeita à pena de reclusão.

Uma resolução da Conatel (hoje Arcotel) permite o uso de bloqueadores de sinais celulares em presídios.

Não existem normas que obrigam as operadoras a instalarem inibidores de sinais celulares.

El Salvador A Lei Especial contra a extorsão estabelece que as operadoras são obrigadas a adotarem e aplicarem os procedimentos comerciais e soluções técnicas necessárias para eliminar os serviços de telecomunicações dentro dos presídios. Mesmo assim, a Lei de Disposições Especiais em Centros Penitenciários requer a adoção e aplicação de soluções técnicas pelas operadoras de redes comerciais de telecomunicações, com o objetivo de eliminar a prestação de serviços de comunicações. As Operadoras de

A SIGET, a agência reguladora, publicou um regulamento técnico onde estabelece que as operadoras não devem oferecer serviços celulares em presídios.

Redes de Telecomunicações devem acatar ordens nesse sentido dentro de 24 horas.

Guatemala Existia a Leu de Controle das Telecomunicações Móveis em Centros de Privação de Liberdade e Fortalecimento da Infraestrutura para Transmissão de Dados, mas foi declarada inconstitucional.

Não.

Honduras O artigo 1 do Decreto Lei 255-2013, publicado em janeiro de 2014, proíbe as operadoras móveis de oferecerem serviços em presídios. Um novo Decreto-Lei (43-2015) passou a incluir qualquer serviço de telecomunicações nessa proibição em setembro de 2015.

As operadoras são inteiramente responsáveis pelos custos de instalar, manter e operar os bloqueadores.

México A Lei Federal de Telecomunicações e Radiodifusão estabelece a obrigação das operadoras de colaborarem com as autoridades (art. 191-VIII). Também existem diferentes normas sobre a instalação e operação de inibidores de sinais em presídios. Um documento é Diretrizes de Colaboração entre Autoridades Penitenciárias e as Concessionárias de Serviços de Telecomunicação, de 3 de setembro, 2013, um ACORDO através do qual as Sessão Plenária do Instituto Federal de Telecomunicações publica as Diretrizes de Colaboração em Matéria de Segurança e Justiça,

O IFT criou normas técnicas para os equipamentos de bloqueio de sinais de telefonia celular, de radiocomunicação ou transmissão de dados e imagens dentro dos centros de reabilitação social, estabelecimentos penitenciários ou centros de reclusão para menores ou de entidades federativas.

do dia 2 de dezembro, 2015. e a Norma Técnica IFT-010-2016.

Panamá Estabelece que o Ministério do Governo, o Ministério de Segurança Pública e/ou o Ministério da Presidência são os únicos autorizados que, por sua competência em questões de segurança pública, penitenciária e do estado, podem utilizar esses sistemas e/ou equipamentos. Antes de entrarem em funcionamento,as instituições do estado devem coordenar a instalação desses equipamentos com a ASEP. É importante considerar os aspectos de design necessários para garantir que os dispositivos não causam interferências para usuários do espectro radioelétrico fora do recinto que se deseja bloquear.

Resolução AN 4340-Telco de 13 de abril, 2011, da Autoridade Nacional dos Serviços Públicos, proíbe a importação, marketing, distribuição, venda, arrendamento, comercialização, instalação ou operação do sistema, equipamento ou dispositivo que interfira e/ou bloqueia o uso de serviços de telefonia móvel celular e comunicações pessoais.

A Autoridade Nacional de Serviços Públicos publicou uma resolução que estabelece medidas para a supressão de sinais sem fio dentro dos presídios.

Paraguai A Lei de Telecomunicação proíbe qualquer interferência com as telecomunicações.

A Resolução 6/99 do Departamento Geral de Instituições Penais proíbe o uso de celulares entre presos, que pode ser inferido como autorização para uso de inibidores de sinais. O Código de Execução Penal, promulgada pela

Lei 5162/2014 proíbe qualquer preso, em seu artigo 91, de possuir aparatos de comunicação. Hoje, não existe uma norma de comunicação para o setor penitenciário. Em 2015, um projeto de lei que pretendia bloquear essas comunicações foi arquivado.

Peru Permitido. O Decreto Supremo 12/2012 do MTC regulamenta a instalação de bloqueadores em prisões.

A resolução ministerial 750/2016 publicou o protocolo para estabelecer os procedimentos aplicáveis para a instalação e operação de equipamentos que bloqueiam os sinais radioelétricos dos serviços de telecomunicações em estabelecimentos penitenciários.

Uruguai O artigo 217 do Código Penal prevê uma pena de 3 meses a 3 anos de prisão para qualquer pessoa que atenta contra a regularidade das telecomunicações.

A Resolução 293;2000 do Departamento Nacional de Comunicações determina que o certificado de conformidade para importação, homologação, instalação ou operação de bloqueadores de celulares não deve ser expedido. Em outra resolução, a DNC criou uma exceção para o Ministério do Interior ou qualquer empresa ou organismo que deseja utilizar equipamentos neutralizadores de celulares por motivos de segurança. As pessoas que utilizem esses equipamentos devem apresentar uma recomendação técnica com fundamentos baseadas em segurança e prevenção, emitida via resolução do Ministério do Interior, comprovando a necessidade do sistema.

A URSEC é a agência que autoriza a posse, utilização, ativação, comercialização, distribuição ou transferência de um sistema que bloqueia qualquer tipo de sinal de telecomunicação (artigo 72 de lei 19.355).

Venezuela A Assembleia Nacional promulgou a lei 6.240, regulando o use de celulares e a Internet nas prisões.

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