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“Os Ciganos no Brasil – Tabajara lança a

Sorte: Magias e Encantamentos”

A Tabajara Sociedade Recreativa lança a sorte e encantamentos na avenida ao

contar, cantar e dançar sobre o povo cigano no Brasil. Vindos do extremo oriente, esse

povo nômade percorreu vários territórios e deles absorveu culturas e tradições diversas.

Sem chão, os ciganos foram migrando para o ocidente até chegar à Europa e por fim às

Américas e ao Brasil. Envoltos em preconceitos (assim como os índios e os negros -

povos naturalmente ou forçosamente nômades), os ciganos sobrevivem até hoje em

suas tendas, entre artefatos de cobre, músicas, danças e misticismos. É sobre essa

alegria colorida e musical que a Tabajara pretende levar para a avenida mais do que

uma festa como o Carnaval. Queremos lembrar que minorias existem e ainda são

massacradas e discriminadas. Estamos em tempos de valorização da diversidade

cultural. Misturando ritos indígenas, o samba afro-brasileiro e o gingado gitano,

esperamos contribuir para a reflexão sobre tolerância e respeito a todas as diferenças.

Uberlândia, 06 de fevereiro de 2015.

Flávio Arciole Carnavalesco

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“Os Ciganos no Brasil – Tabajara lança a

Sorte: Magias e Encantamentos”

Para o Carnaval de 2015 a Tabajara Sociedade Recreativa traz a presença do

povo Cigano no Brasil, contando um pouco de suas histórias e lendas “que tem no mito

do segredo e da ambigüidade (sustentados basicamente pela tradição oral e pelo

nomadismo) um importante aspecto de sua defesa cultural e de sua permanência quase

fantástica como minoria étnica ao longo dos tempos” (Pereira, 1985).

Cigano é o nome em português dado ao povo Rom ( no singular) ou Roma (no

plural). A origem do nome mais próxima da língua portuguesa vem do grego bizantino

athígganos que significa “intocável”. Também chamados de gitanos, boêmios, calons e

por vários outros nomes dados de acordo com as línguas das terras por onde passaram.

É um povo nômade, sem território e sem a tradição da escrita. Por isso, suas origens até

hoje, não são muito claras e sua história tem sido escrita por não ciganos, o que dificulta

a conferência da veracidade dos fatos.

Presume-se que se originaram no noroeste da Índia antiga onde faziam parte de

uma casta de caldeireiros e músicos sendo forçados a migrar entre 500 a 1000 d.C.

após invasões dos territórios do Punjab e do Rajastão. Foram vendidos como escravos

para o Império Persa (atual Irã). Após guerras internas foram obrigados a deixar o país e

a peregrinar pelo mundo sofrendo influência dos lugares por onde passaram e, claro,

deixando suas influências também. Em diferentes ondas migratórias chegaram ao

restante do Oriente Médio como Egito, Síria, Palestina e finalmente até a Europa

Oriental (Grécia e Império Bizantino – atual Turquia). Em 1500 já estavam por toda a

Europa, povoando a Rússia, Romênia (onde foram escravizados), Alemanha, França,

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Itália, Portugal e Espanha, país este que deixou marcado sua maior influência: o

Flamenco - música e dança folclórica que possui adeptos no mundo todo.

Figura 1 – Migrações Ciganas Disponível em http://migre.me/lhWpb (Acesso em 27.08.14)

Em 1449 um bando de ciganos vindo dos Pirineus entrou na Espanha e chegou

até Portugal. As primeiras medidas tomadas contra o “incômodo social” provocado pelos

chamados andarilhos exóticos, foi decretada em 1535 por d. João III com expulsão de

ciganos estrangeiros e a proibição aos ciganos nacionais da prática de seus costumes

como: o uso de seus trajes, a execução de suas músicas, a adesão à ociosidade e o

exercício da magia ou da prática da buena dicha ou leitura da sina ou do futuro.

Figura 2 – A buena Dicha ou leitura das mãos e da sorte Disponível em: http://migre.me/li2TH (Acesso em 27.08.2014)

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No Brasil os ciganos chegaram como degredados em 1574 sob o reinado de d.

Sebastião que desejava se livrar da “inundação de gente tão ociosa e prejudicial por sua

vida e costumes” (Pieroni, 2005). A cultura cigana é muito rica e deixou sua marca no

imaginário folclórico do Brasil desde chegada dos primeiros ciganos: os degredados

João Torres e sua família. Posteriormente mais ciganos chegaram com a corte de D.

João VI. Eram ourives, músicos, dançarinos, feiticeiros, negociantes e artistas. Mais

tarde, não pararam de vir para a terra onde passaram a difundir seus conhecimentos e

costumes como a dança, além dos tachos de cobre e de ferro bules e chaleiras, já que

eram grandes ferreiros.

Figura 3 - Interior da casa de ciganos, aquarela de Debret. Disponível em http://migre.me/li2jD (Acesso em 27.08.2014)

Em Uberlândia temos uma grande presença do povo Cigano, especialmente no

Bairro Brasil onde existe uma rua em homenagem aos ciganos: Rua Ciganos do Brasil

ao lado da BR-050. Há também acampamentos perto do CAMARU.

Sempre presentes no imaginário popular como povo exótico, estranho e

estrangeiro, sempre foram considerados um povo marginal como os escravos e os

índios, mas não se tornaram escravos. Sua resistência cultural baseada na liberdade

não permitia tal condição. Espalhando-se por todo o território brasileiro, sempre

podemos notar sua presença em diversas regiões seja por meio de seus

acampamentos, seja pela presença nas ruas com o comércio de seus artefatos de cobre

ou pela leitura da sorte por meio da interpretação das linhas das mãos.

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Figura 4 - Morada Cigana. Tendas. Disponível em http://migre.me/li3AL (Acesso em 27.08.2014)

Outra marca deste povo são as festas e os ritos mágicos, destacando-se três

acontecimentos marcantes da vida cigana: Nascimento, Casamento e Morte.

A Tabajara Sociedade Recreativa tem como tradição trazer para a avenida a

discussão de temas polêmicos e que possam gerar debates acerca da necessidade da

garantia da diversidade cultural e o respeito às diferenças e às minorias. Os ciganos

foram os escolhidos por representarem uma minoria atraente porque ao longo dos

séculos, migrando por todo o mundo, foram convivendo com diferentes culturas,

assimilando-as.

Os ciganos representam bem a diversidade étnica e o multiculturalismo que tanto

caracteriza o Brasil. São de diversas nacionalidades e ao mesmo tempo de nenhuma.

Carregam suas riquezas materiais e culturais não se prendendo ao sedentarismo do

chão. A transmissão dos seus conhecimentos é feita de forma oral – não escrita – falam

o romani ou romanês, mas também falam as línguas dos lugares por onde vivem.

A liberdade é sua religião e tem como santa padroeira Santa Sara Kali (Negra),

cujo santuário fica em Camargue no sul da França e seu dia é 24 de Maio, que também

foi instituído como Dia Nacional do Cigano em 2008 pelo governo brasileiro.

Sua cultura também foi assimilada parcialmente pelos povos que convivem.

Podemos identificar a influência da cultura cigana, por exemplo, na religiosidade afro-

brasileira. Eles também absorvem a cultura dos povos dos territórios por onde migram

como podemos notar na peregrinação à Santa Sara Kali no sul da França, aos moldes

da fé católica. Cumprem ritos das religiões que adotam paralelamente às suas crenças.

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Figura 5 - Santa Sara Kali. Disponível em http://migre.me/li3hJ (Acesso em 27.08.2014)

Mas a magia ocupa um grande espaço em sua história, até hoje seja pela leitura

das cartas (Tarot, cartas ciganas), seja pela leitura das mãos, da borra do café, do chá,

ou pelo jogo de moedas, de dados, a adivinhação por meio da bola de cristal. Os

instrumentos de ferro (adagas, punhais) e de cobre (tachos, chaleiras, bules), o culto aos

ancestrais, suas músicas e danças também os caracterizam bem.

Figura 6 - Festa Cigana. Disponível em http://migre.me/li3OO (Acesso em 27.08.2014)

A opção da Escola de Samba Tabajara pela etnia Cigana justifica-se pela

necessidade de divulgação mais ampla dessa cultura – símbolo de perseguição e

resistência étnica no mundo por serem apátridas e não se deixarem dominar. Sua

alegria também influenciou nesta escolha, pois é a forma mais bela de homenagear a

liberdade que resume seu estilo de vida. Altamente espiritualizados são amantes da

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natureza e das artes divinatórias, especialmente a Quiromancia, Tarot, Baralho Cigano e

sortilégios que serão retratados neste tema.

Bandeira Cigana:

Figura 7 – Bandeira Cigana. Disponível em http://www.bandeirashop.com.br/lojas/00015329/prod/cigana.jpg

É essa colorida cultura que a Tabajara Sociedade Recreativa escolheu como

tema para o Carnaval de Rua de Uberlândia de 2015. Combatendo estereótipos e

preconceitos além de contribuir para divulgar a presença de um povo que tem como

maior filosofia de vida o desejo irrenunciável à liberdade, nem que para isso, tenham que

ser errantes para sempre.

Para isso a Tabajara Sociedade Recreativa organizou seu enredo em quatro

partes de acordo com os quatro naipes do jogo de cartas associados aos quatro

elementos formadores da natureza que tanto caracterizam a cultura e os ritos místicos

ciganos. Lançando a sorte e os encantamentos na avenida:

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O primeiro Naipe: Ouros – elemento Terra

Bens materiais, financeiros, realização, praticidade, objetividade

O segundo Naipe: Espadas – elemento Ar

Atividade mental, pensamento, comunicação, coragem, audácia, ambição.

O terceiro Naipe: Copas – elemento Água

As emoções, vida afetiva, sentimentos, paixão, imaginação

O quarto Naipe: Paus – elemento Fogo

O poder, a força, ação, energia, intelecto, criatividade, expansão, realização.

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Figura 8 – Cartomante. Disponível em: http://migre.me/li2AB (Acesso em 24.08.2014)

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ANEXO

Segue o “briefing” (conjunto de informações) da sugestão para o tema do

Carnaval 2015 da Escola de Samba Tabajara (Sugestão de Miton Matos)

Pontos importantes a serem considerados para o enredo:

Filosofia: Liberdade, não tem pátria (mas tem bandeira nas cores, vermelho, verde e

azul), alegria, festa, magia, embuste, negócios.

Origem: Índia, Egito, Rússia, Europa especialmente França, Espanha e Portugal

Dança: Flamenco (Temos grupos de dança flamenca em Uberlândia, a melhor

professora chama-se Veruska)

Música: Flamenco com violinos, pandeiros, banjos.

Indumentária: Saias longas coloridas com babados, boleros, lenços, xales, faixas,

blusas com babados, adereços com moedas, jóias. Foi inspiração para o movimento

Hippie e moda Folk.

Elementos cênicos: Carroças, tendas, acampamento, fogueira, cavalos (hoje carros),

tachos de cobres, adagas, punhais, moedas, baralhos Tarot e 04 naipes, Bola de cristal,

Vinho, Sol, Lua, Estrela, Astros e Astrologia, Quiromancia (leitura das mãos), Circo.

Religiosidade: Cultuam sua ancestralidade em rituais fechados, praticam a leitura de

mãos (Quiromancia), jogo de cartas (Tarot e cartas ciganas), jogo de moedas e a

devoção à Santa Sara Kali ( a negra) cujo santuário fica no sul da França, seu dia é 24

de Maio, onde ciganos do mundo inteiro vão venerá-la (Ver lenda).

Sincretismo: Ciganos na Umbanda e no Candomblé, Cigano Wladimir, Igor, etc.,

Ciganas Natasha, Yasmim, Madalena, Pomba-Gira Cigana, etc. Sempre ligados às

Yabás: Oxum, Yemanjá, Yansã.

Fonte de inspiração: Ópera Carmen de Bizet (interpretada por Maria Callas) onde a

Cigana Carmen usa seus talentos de dança e canto para enfeitiçar e seduzir vários

homens, Novela “Explode Coração” Rede Globo mostra a relação da Cigana Dara com

um homem não cigano (Gadjé) e seu pretendente Cigano Igor.

Personalidades no Brasil: Presidente JK, Wagner Tiso.

Obs. Levar em consideração o contexto histórico social das minorias étnicas e suas

formas de resistências, especialmente no Brasil e Uberlândia.

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REFERÊNCIAS

MATTA, Rosalinda da. Cartas Ciganas: a magia das cartas. Porto Alegre, Editora

Artha, 2012.

MENDONÇA, Evandro. Ciganos: magias do passado de volta ao presente. São

Paulo, Editora Anúbis, 2012.

PEREIRA, Cristina da Costa. Povo cigano. Rio de Janeiro, Gráfica MEC, 1985.

______________________. Lendas e histórias ciganas. Rio de Janeiro, Editora

Imago, 1991.

______________________. Os ciganos ainda estão na estrada. Rio de Janeiro.

Editora Rocco. 2009.

PIERONI, Geraldo. Os corvos do Egito. in: Revista Nossa História nº 26. São Paulo.

Editora Vera Cruz. dezembro 2005 (p.76-79).

PIRES FILHO, Nelson. Ciganos: Rom um povo sem fronteiras. São Paulo. Editora

Madras, 2005.

RUIZ, Marcelo e RUIZ, Solange M. O poder dos clãs ciganos: o livro dos

encantamentos. São Paulo. Editora Madras, 2011.

TORRES, Ramona. Segredos da Magia cigana. Rio de Janeiro. Editora Pallas, 2011.

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciganos

http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/03/senhor-procurador-

leia-o-verbete-dicionario.html

http://www.galeriadosamba.com.br/carnavais/unidos-do-viradouro/1992/10/

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