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    n 384nov/ dez 2007

    capa edies an te ri ores arti go an te ri or prximo artigo

    Samba e devoo em Pirapora

    Apesar do rio imundo, imagem de Bom Jesus e msica profana atraem visitantesNATLIA SUZUKI

    Na chegada a Pirapora do Bom Jesus, a sinuosa Estrada dos Romeiros ladeada pelo rio Tiet, cujas guas poludas, cheias de espuma,exalam um odor nada agradvel. A localidade, na maior parte do ano,costuma ser calma, com exceo da Semana Santa e da festa dopadroeiro da cidade, de 3 a 6 de agosto. Nessas ocasies, o centro,onde ficam o comrcio, a igreja e o coreto, praticamente tomado pelosvisitantes.

    Pirapora ponto de destino de peregrinao religiosa. Grosso modo,poderia ser comparada a uma mini-Aparecida do Norte. As pequenaslojas ostentam fitinhas, retratos e esttuas de uma variedade incontvelde santos catlicos. Ao longo do ano, o municpio atrai pessoas de todasas partes do Brasil, especialmente romeiros, que vm pagar promessase fazer novos pedidos a Bom Jesus.

    Em meio a todo esse misticismo e religiosidade, um outro elemento cultural faz parte do imaginrio popular dessapequena cidade da regio oeste da Grande So Paulo, distante 54 quilmetros da capital, e que tem pouco mais de12 mil habitantes. Na histria de Pirapora do Bom Jesus, h registros de uma manifestao para l de pag. O jeitopacato piraporense nem de longe denuncia que aquele foi um plo aglutinador de grupos do samba paulista entre ofinal do sculo 19 e meados do sculo seguinte.

    O samba e a devoo religiosa parecem contraditrios, mas naquela localidade acabaram se tornando faces de umamesma moeda. Por alguns anos a expresso musical ficou um tanto esquecida, mas desde a ltima dcada nota-se,por parte da prpria populao e at do poder pblico, um esforo para retomar a memria e a tradio sambista dacidade.

    Religio e cultura

    A visita cidade uma prtica religiosa que existe desde a descoberta da imagem de Bom Jesus s margens do rioTiet, em 1725. So conhecidas diversas verses desse acontecimento, recontadas pelos moradores de Pirapora hvrias geraes.

    No sculo 18, havia ainda muitas misses jesuticas espalhadas pelo interior paulista. Esses redutos religiosos, noentanto, sofriam constantes ataques das bandeiras. Para no abandonar as imagens sagradas quando eramobrigados a fugir, os jesutas as enterravam ou lanavam no rio. Supe-se que foi este ltimo o destino dado esttuade Bom Jesus, que, depois de ser levada pela correnteza, teria parado entre as pedras.Segundo os piraporenses, a imagem de um metro e oitenta, toda entalhada em madeira, foi assim encontrada. Algunsafirmam que escravos de uma fazenda das redondezas foram os autores da descoberta, outros a atribuem a tropeirosou mineradores. O fato que ela foi resgatada e levada para um paiol de milho, que depois se incendiou. Quando,aps destruir todo o lugar, as chamas afinal se apagaram, as pessoas acreditaram presenciar o primeiro milagre deBom Jesus: a imagem, ao contrrio de tudo mais, no havia sido tocada pelo fogo.Foi ento decidido que a imagem de Bom Jesus seria levada para o centro de Santana do Parnaba, o nico local emque havia uma capela. Pirapora, naquela poca, era apenas um vilarejo pertencente a essa cidade e s se tornouindependente em 1959. No meio do caminho, o carro de boi que a carregava atolou, e no houve meio de faz-lomover-se. Nesse momento, um homem que acompanhava a procisso disse: "Bom Jesus no quer sair de Pirapora.Voltem!" o que foi imediatamente entendido como o segundo milagre, j que o autor da frase era, na verdade, mudo.

    O Tiet poludo, s margens da cidadeFoto: Natlia Suzuki

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    A imagem acabou, assim, retornando para onde estava. "Desde ento, h 280 anos ela est aqui na cidade", conta opadre Alvarino Bienzobs Jnior, responsvel pela igreja de Pirapora at 2006.

    Ao longo dos anos, a imagem de Bom Jesus comeou a ganhar fama de milagreira. Grupos de todas as classessociais, da elite populao rural do entorno de Pirapora, para l se dirigiam. "Houve ento um afluxo muito grandede negros, praticantes do samba em seus lugares de origem", explica o padre Alvarino. Em So Paulo, a presenadeles era expressiva por causa do ciclo da cana e, posteriormente, do caf.

    O acesso cidade no era fcil. A Estrada dos Romeiros nada mais era que uma trilha pela qual s passavam carrosde boi e cavalos. Por esse motivo, os negros que chegavam a Pirapora permaneciam no local por vrios dias, em

    hotis, acampamentos ou nos chamados barraces duas edificaes pertencentes Igreja destinadas a alojaraqueles que no tinham dinheiro para pagar hospedagem.Os romeiros daquela poca tinham, ento, muito tempo livre depois de cumprir o ritual religioso. Entre uma orao eoutra, divertiam-se em festas, que aconteciam nos barraces ou mesmo na rua. Essas comemoraes eram repletasde dana, msica, bebida e encontros com os amigos.A msica era marcada pelo uso de instrumentos de percusso, como as zabumbas, tambores, reco-recos echocalhos. O bumbo foi o que caracterizou o samba paulista e, como explica o antroplogo Marcelo Manzatti, "possvel identificar a famlia dos tipos de samba rural a partir do seu uso". Essa centralidade do tambor grave deorigem africana, apesar de o instrumento ser europeu. "O bumbo um tambor que d o ritmo de acordo com a danae a situao, enquanto os tambores menores seguram a marcao", explica o estudioso.

    Essa tradio musical se caracteriza tambm por uma hierarquia entre seus membros. O chefe ou dono do samba apessoa mais respeitada do grupo e quem detm os instrumentos. Outra figura de importncia o tocador de bumbo,que d o tom das cantigas e das coreografias.Nascedouro ou aglutinador?

    "Pirapora tornou-se ponto de convergncia dos tocadores de samba. A msica era praticada numa dezena de cidadesdo interior e at na prpria capital, no contexto de festas religiosas ou ainda em terreiros. Pirapora do Bom Jesus no o lugar originrio do samba, como o pessoal gosta de falar", esclarece Manzatti.

    A documentao mais antiga sobre o samba de bumbo um relato de 1856 sobre uma festa junina de uma fazendade caf em Piracicaba. "Como era uma manifestao de excludos, no h muitos registros formais. No entanto,

    existem depoimentos de que o samba em Pirapora acontecia j na passagem do sculo 19 para o 20, a partir dosgrupos que visitavam a cidade durante a festa de Bom Jesus", diz o antroplogo. As pessoas vinham de diferenteslugares de So Paulo, como Capivari, Itu, Tiet, Jundia e Campinas, e tambm de Minas Gerais.

    A confluncia desses grupos contribuiu para que a cidade desenvolvesse um ritmo nico. "O samba de Pirapora hbrido, porque congrega caractersticas de outras ramificaes e vrios estilos do samba rural, que no homogneo", descreve Manzatti. Entre os diversos tipos, dois se destacaram: o caipira de Pirapora, que resgata atradio do samba de roda, e o campineiro, feito por negros com batuques africanos, herana da poca das senzalas.

    A rivalidade entre os grupos era instigada e consagrada nas disputas dos repentes, com improvisao de versos. Nasletras surgia a reflexo sobre um acontecimento do cotidiano ou a realidade humilde e dura vivida por esses negros.Represso

    Naquele perodo, os negros eram vtimas de preconceito explcito e de marginalizao social. Por esse motivo, osamba tambm no era visto com bons olhos. No foram raros os casos em que houve represso ou cerceamentotanto por parte do poder pblico, que tratava a questo como caso de polcia, como da Igreja, que considerava o ritmomuito lascivo para os padres catlicos. No entanto, a prpria Igreja oscilava em sua atitude, ora mostrando-setolerante, para poder atrair as pessoas, ora reprimindo essa manifestao.Como no havia leis que vetassem oficialmente o samba, a classificao de danas como "desonestas" e"indecentes" era de ordem subjetiva. "Atos de controle, como proibir o samba dentro do barraco ou que ocorresse emdeterminados horrios e locais, criaram dificuldades para que ele acontecesse naturalmente, se desenvolvesse ecrescesse. A represso permeou todo o cotidiano e teve influncia na forma como o samba se organiza hoje",considera Manzatti.Devido segregao racial e social, no eram muitos os brancos que participavam do samba. A aproximaoaconteceu aos poucos. Em Pirapora, Honorato Miss (1903-1964) ficou famoso por constituir, em 1930, o primeirogrupo de samba de roda da cidade de que se tem notcia. Sitiante branco com condio financeira um pouco melhordo que a dos negros, ele era considerado "dono do samba", porque possua os instrumentos musicais.

    Segundo Policarpo Jos da Cruz, assessor da Secretaria de Cultura e Turismo da prefeitura da cidade, Miss no

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    tinha um grupo fixo de tocadores: "O pessoal ficava danando, algum chegava e batia no bumbo. Era divertimentopara todo mundo, uma democracia. Todos entravam [na roda], tocavam e ningum mandava", diz.O grupo Samba de Roda de Pirapora, de Miss, se dispersou com a morte de seu fundador, mas, ainda hoje, h doisremanescentes daquela poca: Maria Esther Camargo de Lara, de 83 anos, e Joo Alves do Amaral, de 71, maisconhecido como Joo do Pasto.Decadncia

    Por 20 anos, o samba ficou praticamente esquecido em Pirapora. A morte de Honorato Miss contribuiu em grandeparte para isso, assim como a notvel diminuio dos visitantes religiosos. Fato que por essa poca o grupo desambistas campineiro deixou de ir a Pirapora todos os anos, assim como os de outros municpios vizinhos.

    Padre Alvarino calcula que a queda do nmero de pessoas na cidade foi de 85% nos ltimos 30 anos, mas adiminuio mais significativa ocorreu entre os anos de 2000 e 2005. "O que mais atrapalha a falta de poderaquisitivo. No todo mundo que tem recursos para ir at Pirapora. Hoje, os acessos cidade so mais fceis, mas,em compensao, tudo custa dinheiro." Nos anos 1950, os barraces foram desativados e, depois, demolidos, o que,no dizer de dona Maria Esther, contribuiu para o fim da "romerada".O agravamento da poluio do rio Tiet, de onde muitos romeiros tiravam os peixes para se alimentar ou vender, e ocrescimento da cidade de Aparecida do Norte como centro religioso foram outros fatores que contriburam para oafastamento dos visitantes. Alm disso, um estudo do socilogo Octavio Ianni mostra que, com a expectativa de

    ascenso, uma parcela dos negros que alcanava padres de classe mdia comeou a deixar para trs todo opassado e tradies ligados vida de escravos e s razes africanas.Para Manzatti, a cidade acabou sendo vtima de sua prpria fama. "A festa cresceu muito", diz ele. Pirapora no teveinfra-estrutura para suportar tanta demanda. Mesmo hoje, com movimento menor, cerca de 80 romarias seguem paral ao longo de todo o ano.A Igreja calcula que a cidade recebe de 7 mil a 10 mil visitantes por ms, que se concentram principalmente nosdomingos. O movimento aumenta na Semana Santa, quando chegam at 40 mil pessoas entre o Domingo de Ramose o da Pscoa. Em agosto, o nmero sobe para 80 mil a 90 mil, por causa do aniversrio da cidade e dashomenagens ao padroeiro.Renovao

    A revitalizao do movimento musical na cidade veio h menos de uma dcada, com a participao de dona MariaEsther e seu Joo do Pasto. Outros homens e mulheres, de idades variadas, fazem parte do novo grupo que seformou, cuja funo diversa daquela de dcadas atrs. "Hoje o samba feito para apresentao pblica, no existemais como lazer. Antes era uma brincadeira sem compromisso de representar a cidade, mas agora est bemdiferente", considera Manzatti. O antroplogo destaca o empobrecimento dos versos das msicas: "Eles noimprovisam mais, apresentam apenas coisas que eram cantadas anos atrs. Nesse sentido, o samba sedescaracterizou bastante".O sambista Osvaldinho da Cuca, de So Paulo, tem uma viso um pouco diferente. Segundo ele, a tradio foipreservada em Pirapora, ainda que a msica esteja bem modificada em sua batida. "O samba de Pirapora puro emsua essncia e na sua inocncia", explica.Para seu Joo do Pasto, o ideal seria que as crianas se envolvessem com o samba desde cedo, para que asprximas geraes pudessem levar adiante a tradio. Graziela Guariglia Costa, secretria de Cultura e Turismo daprefeitura local, tambm demonstra preocupao com a permanncia dessa manifestao. "A msica fundamentalno s para a cidade, mas tambm para o estado de So Paulo. Pirapora tem a responsabilidade de preserv-la. Nopodemos deixar que seja esquecida", afirma ela.Influncias e transformaes

    Com a decadncia da economia cafeeira e, ao mesmo tempo, a ascenso do plo industrial da capital, houve umamigrao da populao, que acabou levando na bagagem seu samba para a zona urbana. "As figuras maisimportantes e fundadoras do samba da capital de So Paulo so tributrias do samba rural paulista", afirma Manzatti.Ele cita msicos como Toniquinho Batuqueiro, que era de Piracicaba, Henrico da Vai-Vai, de Itapira, Geraldo Filme,

    de So Joo da Boa Vista, como algumas das personalidades que levaram a tradio sambista para a capital.

    Com o passar do tempo, todas as caractersticas do samba foram se alterando. "So Paulo era uma vila e semprecopiou o Rio de Janeiro, que h muito j era uma referncia cultural. Mas antes no existiam meios de comunicaode massa, como o rdio e a televiso, o que preservava um modelo prprio paulista e outro carioca. Atualmente, tudo mais homogneo", observa o antroplogo. A seu ver, o momento radical de mudana do samba paulistano sedeu no final dos anos 1960 e incio dos 70, quando se organizaram as primeiras ligas carnavalescas em So Paulo.

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    O samba paulista tinha uma caracterstica prpria que foi se perdendo. Antes, era notvel a influncia do choro e doritmo das bandas militares, acrescidos do uso da viola e instrumentos de sopro. A bateria era menor e sua rtmicavinha dos cordes e do samba rural.Segundo o antroplogo, o lento e longo processo de transformao da msica tem a ver ainda com a realidade daspessoas que a executam e com as alteraes das estruturas sociais e econmicas. "A cultura um movimentodinmico por si s, mas as mudanas aconteceram tambm devido carncia de encontros e instrumentos, alm daexcluso social e cultural. O samba rural sofreu modificaes nas cidades de origem, depois em Pirapora e, ento, nacidade de So Paulo, onde acaba perdendo fora.""Grande parte do que a gente faz tem inspirao no modismo que vingou, que o do padro carioca. O componentecaipira do samba paulista no existe mais", lamenta Osvaldinho da Cuca.

    Os remanescentes do samba

    Joo Alves do Amaral, de 71 anos, ficou conhecido como Joo do Pasto porque sempre trabalhou nos pastos e comcriao de animais. Casado, com filho e netos, ele homem do samba h mais de 60 anos.Quando pequeno, morava nas proximidades de Jundia. Antes dos dez anos, teve o primeiro contato com o samba:"Conheci o Honorato Miss na festa de So Roque do Barreiro, que acontecia todo dia 15 de agosto. L, vi elestocarem e gostei do samba. Foi o Honorato quem me ensinou as letras e o caminho", conta.Em 1949, seu Joo do Pasto se mudou para Pirapora e l continuou acompanhando a msica de Miss. Assim,acabou conhecendo os negros sambadores que iam cidade. "Naquele ano, ainda existia o barraco. Entrei nosamba dos pretos. No podia, mas eu era pequeno e curioso. Os instrumentos eram diferentes, tinha mais bumbo.Nas danas havia a umbigada, a dana dos bugres."Dona Maria Esther concorda que o samba dos negros era privativo: "Branco no participava do samba, que era sdeles. Eu era pequenininha e entrava, mas eles me tiravam", recorda. "Ficava na porta do barraco, olhando para verse me deixavam passar. Aos poucos, permitiram. Aprendi a danar direito com eles".

    A sambista de 83 anos conta que pulava a janela de madrugada para sambar no barraco. "Eu era mocinha nova,meu pai tinha cuidado e por isso ia me buscar. Mas eu no namorava, no tinha malcia de nada. Tomei tanta surra domeu pai com vara de marmelo..."

    Com a formao do novo grupo, seu Joo do Pasto assumiu a posio de tocador de reco-reco. " um instrumentoque tem ritmo para acompanhar o samba. Precisa ter ouvido para a coisa, seno no funciona", diz. "Com a msica agente se distrai e se diverte, mesmo no ganhando nada. Eu vou at o fim tocando, no desisto, no", afirma.Quem v dona Maria Esther, idosa mas preocupada em se maquiar com batom e rouge vermelhos antes daapresentao, surpreende-se com sua voz forte, puxadora do samba. "A idade no importa, o que regula a sade eo rebolado", costuma dizer.

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