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  • Sustentabilidade aplicada a empreendimentos hoteleiros: avaliao de

    desempenho ambiental de hotel localizado na capital federal baseada em

    critrios de certificao.

    Letcia Pires Ferreira (1); Liza Maria Souza de Andrade (2)

    (1) FAU/ UNIEURO, Brasil. E-mail: [email protected]

    (2) FAU/UNIEURO, Brasil. E-mail: [email protected]

    Resumo: A indstria da construo civil tem sido considerada uma das atividades menos sustentveis do

    planeta, ao mesmo tempo o turismo tem se tornado uma das principais atividades econmicas no mundo. Sob

    essa tica, destaca-se a importncia de estruturar os empreendimentos hoteleiros de acordo com os pilares

    da sustentabilidade. H uma inadequao dos hotis quanto aos critrios de sustentabilidade e uma

    preocupao dos usurios nesse sentido demonstrando uma lacuna de estudos nesta direo. O objetivo

    desta pesquisa demonstrar os impactos ambientais causados pela indstria da construo civil, com foco

    na hotelaria, por meio de uma avaliao de desempenho ambiental fundamentada em critrios de

    certificao verde de um empreendimento hoteleiro localizado nas margens do Lago Parano, na capital

    federal. O mtodo de pesquisa adotado foi baseado em critrios de avaliao do referencial tcnico de

    certificao AQUA para hotis, paralelamente legislao para empreendimentos hoteleiros da Embratur

    resultando em uma matriz de avaliao de desempenho. O resultado da aplicao da matriz demonstrou que

    o empreendimento atende a 60% dos critrios exigidos, considerado dentro de um nvel de boas prticas,

    algumas diretrizes como: reaproveitamento de resduos orgnicos, uso de elementos de fachada que

    proporcionem baixa transmitncia trmica, uso de painis fotovoltaicos, uso de aquecimento solar,

    reaproveitamento da gua da chuva, entre outros. A matriz gerada foi uma tentativa de contribuir para o

    estabelecimento de parmetros para os futuros empreendimentos hoteleiros, que serviro de diretrizes para

    adequao dos hotis quanto aos requisitos de sustentabilidade ambiental, porm, dever englobar outras

    ferramentas de Certificao como o Programa Nacional de Eficincia Energtica em Edificaes (Procel

    Edifica), para gerar um checklist completo para hotis mais sustentveis, com os critrios adequados

    realidade brasileira, que possam servir de instrumento para os arquitetos, engenheiros, construtores e

    empreendedores ligados hotelaria.

    Palavras-Chave: Empreendimentos hoteleiros, Legislao, Sustentabilidade, Critrios de certificao.

    Abstract: The civil construction industry has been considered one of the least sustainable in the planet,

    meanwhile tourism has become one of the main economic activities in the World. From this point of view,

    stands the importance of structuring the investments on hotel developments according to the pillars of

    sustainability. There is a preocupation from the users in relation to the methods and criteria adopted by the

    hotel industry for such developments and the lack of study in order to improve it. The objective of this

    research is to demonstrate the environmental impact caused by the civil construction industry, specifically the

    hotel industry, through an evaluation of environmental performance based on the criteria of green

    certification of a hotel development located in the shores of Parano Lake, in the national capital. The

    method of research adopted was based in the criteria for evaluation of the hotels technical certification

    r the Embratur legislation for hotel developments resulting in a decision (of evaluation

    and performance) matrix. The result from applying the matrix showed that that the development meets 60%

    of the requirements, which is considered good. However, it can

    it does no meet some of the guidelines such as: re-use of organic residue, use of a facade that result in low

    heat transfer, as well as the use of photovoltaic panels, solar power or efficient rainwater harvesting, among

  • others. The matrix that was generated was an attempt to contribute to the establishment of parameters for

    future hotel developments and that will serve as guidelines for the adequation of this type of construction to

    the requirements for environmental sustainability. Therefore it should encompass other tools for certification

    such as National Program for Energy Efficiency in Buildings (Procel Edifica), to generate a step-by-step

    checklist for more sustainable hotels, with the criteria adjusted accordingly to the brazilian economical

    reality and that can serve as instrument for architects, engineers, contractors and entrepreneurs (or

    investors) of the hotel industry.

    Keywords: Hotel developments, Legislation, Sustainability, Criteria for certification.

    1. INTRODUO

    Dentre todos os causadores de impactos negativos ao meio ambiente, segundo Edwards (2004, p.3), a

    indstria da construo civil tem sido considerada a atividade menos sustentvel do planeta. De acordo com

    Satler (2008, p.2-3), a indstria da construo civil responsvel por cerca de 50% do consumo de materiais

    extrados da natureza, quase a mesma proporo de produo de resduos e consumo de energia. E as

    edificaes tem sido responsveis por produzir mais da metade das emisses de poluentes (ROAF, 2009, p.

    20).

    Enquanto que o turismo tem crescido num ritmo acelerado, tornando-se uma das principais atividades

    econmicas do mundo, propiciando crescimento econmico aos ncleos receptores, gerando empregos,

    distribuindo rendas, captando divisas, aumentando a arrecadao fiscal, promovendo crescimento regional,

    trazendo infraestrutura, consumindo espao geogrfico, exigindo infraestrutura, utilizando recursos naturais,

    causando impactos. Sob essa tica, percebe-se a importncia de estruturar os empreendimentos hoteleiros de

    acordo com os pilares da sustentabilidade. O turismo sustentvel em uma nova concepo estratgica, deve

    ser entendido como um conjunto de bens e servios que promovam o desenvolvimento socialmente justo e

    economicamente equilibrado (WWF, 2004, p.16 apud SALVATI, 2002).

    Desde o incio da Revoluo Industrial, a implantao de tcnicas de produo e consumo predatrias vem

    provocando um grande impacto das atividades humanas sobre os sistemas naturais. Em pleno sculo XXI, o

    desafio est na busca de solues para os graves e globais problemas socioambientais, que j se configuram

    como complexos e profundos, por meio dos sinais de uma crise ambiental global. O objetivo, ento,

    caminhar na direo de um desenvolvimento em todas as esferas da economia, que integre interesses sociais e

    econmicos com as possibilidades e os limites que a natureza define.

    Em uma dessas esferas est o turismo, que representa 10,8% do total do Produto Interno Bruto (PIB)

    mundial. notrio que o turismo constitua uma alternativa positiva ao crescimento e desenvolvimento do

    pas, mas desde que os edifcios destinados a esse mercado sejam concebidos de maneira sustentvel,

    reduzindo os impactos causados antes, durante e depois do processo construtivo, no apenas especificando

    materiais ecologicamente corretos, mas estabelecendo estratgias de projeto mais abrangentes, elaboradas

    segundo manuais de certificao ambiental.

    Existem vrios modelos de certificao ambiental para edificaes que estabelecem parmetros

    fundamentados nas condies climticas de cada pas ou regio, que corroboram no sentido de atingir um

    patamar de eficincia em todos os nveis da construo. No Brasil tm sido adotados modelos como: Alta

    Qualidade Ambiental (AQUA), extrado do referencial francs de avaliao de sustentabilidade nas

    edificaes e adaptado para a realidade climtica brasileira pela Fundao Vanzolini da Universidade de So

    Paulo (USP), bem como o processo de etiquetagem do Programa Nacional de Eficincia Energtica em

    Edificaes (Procel Edifica), modelo autenticamente brasileiro. Existem, atualmente no Brasil, cerca de 20

    prdios comerciais e de servios etiquetados e 40 em processo de etiquetagem.

  • O Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES) criou um programa de incentivo

    chamado ProCopa Turismo utilizando como requisito a etiquetagem Procel Edifica para estimular os

    projetistas, incorporadores e construtores na construo e retrofit de hotis com alto nvel de eficincia

    energtica.

    2. OBJETIVO

    Essa pesquisa teve como objetivo principal identificar os impactos causados pela indstria da construo civil

    ao meio ambiente, com foco no ramo da hotelaria, e a importncia de implementar uma cultura sustentvel

    nesse setor, baseada nos critrios de avaliao do referencial tcnico do processo AQUA e na matriz de

    classificao desenvolvida e aplicada pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur).

    A partir dessa pesquisa foi realizado um estudo de caso, em que foi medido o desempenho ambiental de um

    empreendimento hoteleiro s margens do Lago Parano, na cidade de Braslia, com o intuito de verificar os

    parmetros que deveriam ser adotados em um hotel sustentvel, a partir do qual foram traadas diretrizes,

    compondo uma matriz de desempenho, com o objetivo, tambm, de criar parmetros para os futuros hotis

    sustentveis.

    3. METODOLOGIA

    3.1. Certificao AQUA (conforto e gesto) e Embratur

    O AQUA um processo de certificao da gesto do projeto que visa obter a qualidade ambiental de um

    empreendimento de construo ou de reabilitao, tendo como benefcios: o menor consumo de energia e de

    gua, reduo da poluio, da produo de resduos e da emisso de gases de efeito estufa, melhores

    condies de sade nas edificaes, melhor aproveitamento da infraestrutura local, menor impacto

    vizinhana, melhores condies de trabalho, entre outros. Para obter o desempenho ambiental requerido a

    construo deve envolver tanto uma vertente da gesto ambiental como uma de natureza arquitetnica e

    tcnica.

    O referencial tcnico do AQUA, destinado certificao de hospedagem e servios, definido por dois

    padres: Sistema de Gesto do Empreendimento (SGE) e Qualidade Ambiental do Edifcio (QAE). Para

    obter a certificao o empreendedor da construo deve estabelecer o controle total do projeto em todas as

    suas fases, classificadas como: Programa, Concepo e Realizao.

    Na fase inicial (Programa) so estudadas as caractersticas do local e do tipo de construo, para elaborao

    do programa de necessidades, quando se determina o perfil de desempenho desejado nas 14 (quatorze)

    categorias que constituem o processo. Na fase seguinte (Concepo) elaborado o projeto arquitetnico. E

    desde que a obra se inicia at a sua concluso feita a ltima avaliao e certificao (Realizao), quando

    verificado se a construo foi realizada dentro do parmetro projetado.

    Em todas as etapas so realizadas auditorias pela Fundao Vanzolini, que concede a certificao ao final de

    cada uma delas, mediante verificao de atendimento ao referencial tcnico nos nveis mnimos exigidos,

    dentro dos requisitos para o SGE e dos critrios de desempenho nas categorias da QAE, que representam

    cada um dos objetivos a serem alcanados, divididos em conjuntos de preocupaes, que se agrupam em 4

    famlias, que abordam: a eco-construo, a eco-gesto, o conforto e a sade.

    Na eco-construo so elencadas 3 (trs) preocupaes: a) a busca de uma boa relao do edifcio com o

    seu entorno, levando em conta o impacto causado ao meio ambiente, a coletividade e os vizinhos; b) a

    escolha integrada de trs elementos: produtos, sistemas e processos, que se inter-relacionam e se influenciam

    e que devem ser realizadas levando-se em considerao os principais desafios, como: a qualidade e

    desempenho tcnico em uso, a qualidade tcnica da construo, facilidade de conservao, o impacto

  • ambiental e sanitrio, a qualidade arquitetnica, os critrios econmicos e o carter social; c) o canteiro de

    obras com baixo impacto ambiental, procurando minimizar os impactos causados nas vrias fases que

    marcam a vida do edifcio, como: a execuo, a reabilitao, a modernizao e a desconstruo.

    A eco-gesto engloba questes como: a) gesto da energia, quando se prioriza o uso de elementos de

    arquitetura bioclimtica e de sistemas que favoream a economia de energia, diminuam as emisses de

    poluentes atmosfricos e de resduos radioativos gerados; b) gesto da gua, visando gerenciar o seu uso de

    maneira consciente para evitar a escassez e reduzir os riscos de inundao e a poluio que causa danos aos

    recursos hdricos; c) gesto dos resduos de uso e operao do edifcio, com objetivo de limitar sua produo

    e de dar uma destinao final correta; e ainda, d) manuteno, categoria que tem por finalidade a conservao

    e manuteno dos sistemas de operao e funcionamento do edifcio, para garantir os esforos realizados

    pelas outras categorias.

    Quanto ao conforto as preocupaes dizem respeito ao: a) conforto higrotrmico, que tem como objetivo

    obter ambientes agradveis em diversas condies de temperatura, atravs de medidas arquitetnicas

    adequadas; b) conforto acstico, caracterizado pela quantidade e qualidade de energia emitida pelas fontes e

    dos eventos sonoros percebidos pelos usurios, que podem gerar influncias positivas ou negativas, de acordo

    com o histrico pessoal e com as expectativas individuais; c) conforto visual, que consiste em proporcionar

    quantidade de luz adequada s atividades desenvolvidas em cada ambiente da edificao, proporcionando

    mais e melhor produtividade aos usurios; e por fim, d) conforto olfativo, referente ao controle da qualidade

    do ar, atravs de uma ventilao eficaz e inspeo das fontes de odores desagradveis.

    A famlia sade diz respeito qualidade sanitria dos ambientes, do ar e da gua, que atravs da aplicao

    de alguns recursos de projeto, buscam o controle de elementos que possam ser prejudiciais sade.

    Vale ressaltar que esse sistema de certificao alm de ser adequado realidade brasileira, engloba todos os

    elementos envolvidos em uma edificao desde a sua concepo at a fase de ocupao propriamente dita,

    incluindo as questes ligadas gesto.

    De acordo com Pereira (2010, p.89), o AQUA "alm de ser mais abrangente e possuir ferramental de gesto,

    o fato de ser um sistema brasileiro permite que sua certificao seja mais barata e adaptada s condies

    nacionais, sobretudo quanto aos nveis exigidos." E na opinio de Fossati (2008, p.83), "dentre os modelos

    existentes no mercado atualmente, talvez este seja o que proporciona melhor avaliao e promove melhores

    resultados de desempenho de edificaes mais sustentveis".

    Todas as categorias do AQUA, elencadas anteriormente, so importantes na obteno de um selo de

    certificao, mas nesse estudo, foram analisadas as questes ligadas ao conforto e gesto, fazendo um

    recorte na tabela de categorias. E como ainda no existe no Brasil nenhum empreendimento hoteleiro

    certificado ou que esteja em fase de certificao, existem apenas prospeces, optou-se por realizar o estudo

    de caso com um hotel localizado em uma rea de extrema importncia ambiental, nas margens do lago

    Parano, na capital federal.

    Alm dessas questes, foram tambm considerados, nesse estudo, os critrios estabelecidos pela Embratur,

    atravs da deliberao normativa n 429, de 23 de abril de 2002, para classificao dos meios de

    hospedagem, que consistiam no atendimento as diretrizes de uma matriz, em que os hotis seriam

    classificados em categorias representadas por smbolos (estrelas) que dariam aos estabelecimentos status,

    percebido pelos usurios em termos de qualidade. E como incentivo ao cumprimento desses critrios, a

    Embratur oferecia benefcios e o poder pblico estmulos fiscais.

    No que diz respeito questo ambiental, a referida matriz estabelecia alguns critrios mnimos que deveriam

    ser atendidos para classificao dos empreendimentos, como: a) manter um programa interno de treinamento

    de funcionrios para a reduo do consumo de energia eltrica, de gua e de produo de resduos slidos; b)

    estabelecer um programa interno de separao dos resduos; c) manter local independente e vedado para

    armazenamento de resduos slidos contaminantes; d) dispor de critrios especficos para destinao

  • adequada dos resduos slidos; e) manter monitoramento especfico sobre o consumo de energia eltrica; f)

    manter critrios especiais e privilegiados para aquisio de produtos e equipamentos que apresentem

    eficincia energtica e reduo de consumo; g) manter monitoramento especfico sobre o consumo de gua;

    h) manter critrios especiais e privilegiados para aquisio e uso de equipamentos e complementos que

    promovam a reduo do consumo de gua; i) manter registros especficos e local adequado para

    armazenamento de produtos nocivos e poluentes; j) manter critrios especiais e privilegiados para aquisio e

    uso de produtos biodegradveis; k) manter critrios de qualificao de fornecedores levando em considerao

    as aes ambientais por estes realizadas; e ainda, l) ter um certificado expedido por organismo especializado

    quanto efetividade de adequao ambiental da operao.

    Enfim, aps analisar as categorias relativas ao conforto e gesto do referencial tcnico do AQUA e os

    referidos critrios estabelecidos pela Embratur, foi elaborada uma matriz de avaliao de desempenho (tabela

    1), com o objetivo de criar um checklist, que foi aplicada no estudo de caso, a seguir:

    Tabela 1 Matriz de avaliao de desempenho para empreendimentos hoteleiros (AQUA + Embratur):

    EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS

    Item Critrios de avaliao AT AP NA Pontos

    1. Escolha de elementos arquitetnicos adequados ao baixo consumo de energia

    1.1. Uso de elementos de fachada que proporcionem baixa transmitncia trmica

    1.2. Acabamentos internos e externos de cor clara

    1.3 Elementos que proporcionem ventilao cruzada

    1.4 Recursos que garantam iluminao natural

    1.5. Cobertura vegetal

    2. Uso de sistemas que otimizem o gasto energtico

    2.1. Painis fotovoltaicos

    2.2. Aquecimento solar

    3. Medidas que visam reduzir consumo de gua

    3.1. Reaproveitamento da gua da chuva para irrigao e limpeza

    3.2. Uso de torneiras temporizadas

    3.3. Uso de bacias sanitrias com baixo volume de descarga ou sistema a vcuo

    3.4. Uso de redutores de presso ou registro regulador de vazo

    4. Coleta seletiva dos resduos, reciclagem e afins

    4.1. Utilizao de coletores especficos para cada resduo

    4.2. Reaproveitamento de resduos orgnicos para compostagem

    4.3. Manter local adequado para armazenamento de produtos nocivos e poluentes

    4.4. Manter local adequado para armazenamento de resduos a serem coletados

    4.5. Uso de carrinhos para arrumadeiras adaptados triagem dos resduos

    5. Uso de recursos que visem economizar energia

    5.1. Manuteno adequada dos equipamentos, com revises peridicas

    5.2. Utilizao de sensores de presena para iluminao das reas de uso comum

    5.3. Uso de sistema de interrupo automtica da alimentao de energia nos

    dormitrios (unidade de hospedagem)

    5.4. Uso de lmpadas com menor gasto energtico (leds).

    5.5. Temporizao da iluminao externa

    5.6. Ambientao da iluminao interna em reas de constante fluxo

    6. Escolha de elementos que criem condies de conforto higrotrmico

    6.1. Correta orientao solar dos dormitrios

    6.2. Uso de proteo solar fixa ou mvel adaptada a cada orientao

    6.3. Dimensionamento adequado das aberturas

    continua

  • Tabela 1 Matriz de avaliao de desempenho para empreendimentos hoteleiros (AQUA + Embratur):

    EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS

    Item Critrios de avaliao AT AP NA Pontos

    7. Escolha de elementos que criem condies de conforto acstico

    7.1. Posicionamento dos ambientes com relao ao tipo de uso

    7.2. Uso de recursos de proteo ou isolamento acstico nos dormitrios e nas

    reas de uso especfico, como auditrios e salas de leitura.

    7.3. Uso de carpetes ou pisos que limitem o rudo ao caminhar

    7.4. Uso de equipamentos com baixo nvel de rudo

    8. Escolha de elementos que criem condies de conforto visual

    8.1. Atender aos nveis de iluminncia necessrios a cada tarefa de acordo com a

    NBR 5413

    8.2. Dispor de acesso luz do dia e vistas externas em ambientes de permanncia

    prolongada

    8.3. Dimensionamento correto da luz natural para evitar ofuscamento

    9. Escolha de elementos que criem condies de conforto olfativo

    9.1. Otimizao do sistema de ventilao, instalao de sistemas distintos de

    ventilao mecnica para os dormitrios e para os servios gerais

    9.2. Presena de entrada de ar em todas as dependncias principais

    9.3. Presena de sada de ar nas dependncias de servio, cozinha e banheiros

    9.4. Localizar as entradas de renovao de ar fora do alcance de fontes de

    poluio

    9.5. Limitar o uso de produtos que tenham em sua composio compostos

    orgnicos volteis ou formaldedos

    9.6. Possibilitar o controle da ventilao atravs de acionamento mecnico pelos

    usurios

    9.7. Oferecer reas especficas para fumantes, afastadas das zonas de renovao

    do ar.

    Soma total dos pontos

    10. Parcerias internas e externas na busca por melhor desempenho ambiental

    10.1. Manter critrios de qualificao de fornecedores quanto s aes ambientais

    10.2. Manter programa interno de treinamento de funcionrios quanto s aes

    ambientais

    10.3. Manter parcerias com associaes de catadores de resduos

    Tabela de pontuao

    AT - Atende Totalmente AP - Atende Parcialmente NA- No atende

    2 pontos 1 ponto 0 ponto

    Fonte: elaborada pelas autoras com base nos resultados da pesquisa. concluso

    4. RESULTADO DA AVALIAO DE DESEMPENHO AMBIENTAL DO ESTUDO DE CASO

    4.1. Caracterizao dos Hotis Royal Tulip Braslia Alvorada e Golden Tulip Braslia Alvorada

    Os Hotis Royal Tulip e Golden Tulip Braslia Alvorada (figuras 1) localizam-se no Setor de Hotis de

    Turismo Norte, s margens do Lago Parano, na cidade de Braslia, no Distrito Federal. Constituem um

    complexo hoteleiro com 98.700 metros quadrados de rea construda numa rea de quase 75.000 metros

    quadrados. O Hotel Royal Tulip (figuras 2,3 e 4), com 395 apartamentos, localiza-se mais prximo da

    margem do Lago e possui volumetria que lembra o desenho de uma ferradura, enquanto que o Golden Tulip

    possui 448 apartamentos (figuras 5 e 6) e est implantado perto do acesso principal do conjunto.

  • O lago artificial do DF, onde os hotis esto localizados, tem 48 quilmetros quadrados de extenso, cerca de

    80 quilmetros de permetro e foi criado a partir do represamento do Rio Parano, com o objetivo de

    melhorar a umidade do ar na cidade.

    O clima predominante no Distrito Federal conhecido como tropical de altitude, com vero mido e chuvoso

    e inverno seco e frio. Durante quase todo o ano a ocorrncia dos ventos maior no sentido leste, no perodo

    chuvoso h uma predominncia de ventos no sentido norte e principalmente noroeste. O complexo foi

    implantado predominantemente com orientao solar leste-oeste.

    Tabela 2: Fotos dos Hotis Royal Tulip e Golden Tulip Braslia Alvorada

    Figura 1: Praa central do complexo

    Fonte: Letcia Pires

    Figura 2: Vista externa Royal Tulip

    Fonte: Letcia Pires

    Figura 3: Vista externa Royal Tulip

    Fonte: Letcia Pires

    Figura 4: Lobby do Royal Tulip

    Fonte: Letcia Pires

    Figura 5: Vista externa Golden Tulip

    Fonte: Letcia Pires

    Figura 6: Lobby do Golden Tulip

    Fonte: Letcia Pires

    A partir de dados coletados em entrevista com a gerncia do hotel e de uma pesquisa sensorial (in loco), foi

    realizada a aplicao da matriz de avaliao de desempenho (tabela 3).

    4.2. Avaliao a partir da matriz de desempenho ambiental (critrios de sustentabilidade)

    Para avaliar o desempenho ambiental do objeto desse estudo de caso, optou-se por somar os pontos obtidos e

    realizar a anlise de acordo com o percentual dessa somatria. Para classificao no nvel mximo desejado,

    considerado Excelente, deveriam ser atingidos pelo menos 70% dos pontos atravs do atendimento pleno aos

    critrios estabelecidos. Entre 50% e 70% dos pontos, o empreendimento seria considerado no nvel de boas

    prticas, equivalente ao nvel Bom do processo AQUA, sendo 50% o mnimo de pontos que deveriam ser

    alcanados.

    Estabelecendo um parmetro com o manual de certificao do processo AQUA, alguns itens de certas

    categorias, como por exemplo, o item 5 dessa matriz, deveriam possuir condio diferenciada de avaliao.

    Sendo que para esse item e seus subitens, o atendimento a 2 critrios seria considerado Bom, o atendimento

    a 4 deles seria tido como Superior e se todos os subitens fossem atendidos seria Excelente.

    Alm dessas questes relativas pontuao, a matriz elaborada para esse estudo de caso tem uma

    peculiaridade, que se refere ao item 10 e seus respectivos subitens, que foram estabelecidos a partir da tabela de classificao da Embratur para aes ambientais e so considerados critrios obrigatrios para hotis

    classificados com 4 e 5 estrelas.

  • Tabela 3: Aplicao da Matriz de avaliao de desempenho

    Hotis Royal Tulip Braslia Alvorada e Golden Tulip Braslia Alvorada

    Item Critrios de avaliao AT AP NA Pontos

    1. Escolha de elementos arquitetnicos adequados ao baixo consumo de energia

    1.1. Uso de elementos de fachada que proporcionem baixa transmitncia trmica x 0

    1.2. Acabamentos internos e externos de cor clara x 2

    1.3 Elementos que proporcionem ventilao cruzada x 1

    1.4 Recursos que garantam iluminao natural x 2

    1.5. Cobertura vegetal x 1

    2. Uso de sistemas que otimizem o gasto energtico

    2.1. Painis fotovoltaicos x 0

    2.2. Aquecimento solar x 0

    3. Medidas que visam reduzir consumo de gua

    3.1. Reaproveitamento da gua da chuva para irrigao e limpeza x 0

    3.2. Uso de torneiras temporizadas x 2

    3.3. Uso de bacias sanitrias com baixo volume de descarga ou sistema a vcuo x 0

    3.4. Uso de redutores de presso ou registro regulador de vazo x 1

    4. Coleta seletiva dos resduos, reciclagem e afins

    4.1. Utilizao de coletores especficos para cada resduo x 2

    4.2. Reaproveitamento de resduos orgnicos para compostagem x 0

    4.3. Manter local adequado para armazenamento de produtos nocivos e poluentes x 2

    4.4. Manter local adequado para armazenamento de resduos a serem coletados x 2

    4.5. Uso de carrinhos para arrumadeiras adaptados triagem dos resduos x 2

    5. Uso de recursos que visem economizar energia

    5.1. Manuteno adequada dos equipamentos, com revises peridicas x 2

    5.2. Utilizao de sensores de presena para iluminao das reas de uso comum x 2

    5.3. Uso de sistema de interrupo automtica da alimentao de energia nos

    dormitrios (unidades de hospedagem)

    x 2

    5.4. Uso de lmpadas com menor gasto energtico (leds). x 0

    5.5. Temporizao da iluminao externa x 1

    5.6. Ambientao da iluminao interna em reas de constante fluxo x 0

    6. Escolha de elementos que criem condies de conforto higrotrmico

    6.1. Correta orientao solar dos dormitrios x 0

    6.2. Uso de proteo solar fixa ou mvel adaptada a cada orientao x 0

    6.3. Dimensionamento adequado das aberturas x 2

    7. Escolha de elementos que criem condies de conforto acstico

    7.1. Posicionamento dos ambientes com relao ao tipo de uso x 2

    7.2. Uso de recursos de proteo ou isolamento acstico nos dormitrios e nas

    reas de uso especfico, como auditrios e salas de leitura.

    x 1

    7.3. Uso de carpetes ou pisos que limitem o rudo ao caminhar x 2

    7.4. Uso de equipamentos com baixo nvel de rudo x 2

    8. Escolha de elementos que criem condies de conforto visual

    8.1. Atender aos nveis de iluminncia necessrios a cada tarefa de acordo com a

    NBR 5413

    x 0

    8.2. Dispor de acesso luz do dia e vistas externas em ambientes de permanncia

    prolongada

    x 2

    8.3. Dimensionamento correto da luz natural para evitar ofuscamento x 0

    9. Escolha de elementos que criem condies de conforto olfativo

    9.1. Otimizao do sistema de ventilao, instalao de sistemas distintos de

    ventilao mecnica para os dormitrios e para os servios gerais

    x 2

    continua

  • Tabela 3: Aplicao da Matriz de avaliao de desempenho

    Hotis Royal Tulip Braslia Alvorada e Golden Tulip Braslia Alvorada

    Item Critrios de avaliao AT AP NA Pontos

    9.2. Presena de entrada de ar em todas as dependncias principais x 2

    9.3. Presena de sada de ar nas dependncias de servio, cozinha e banheiros x 2

    9.4. Localizar as entradas de renovao de ar fora do alcance de fontes de

    poluio

    x 2

    9.5. Limitar o uso de produtos que tenham em sua composio Compostos

    Orgnicos Volteis ou formaldedos

    x 2

    9.6. Possibilitar o controle da ventilao atravs de acionamento mecnico pelos

    usurios

    x 1

    9.7. Oferecer reas especficas para fumantes, afastadas das zonas de renovao

    do ar.

    x 1

    Soma total dos pontos 47

    10. Parcerias internas e externas na busca por melhor desempenho ambiental

    10.1. Manter critrios de qualificao de fornecedores quanto s aes ambientais x ok

    10.2. Manter programa interno de treinamento de funcionrios quanto s aes

    ambientais

    x ok

    10.3. Manter parcerias com associaes de catadores de resduos x ok

    Fonte: elaborada pelas autoras com base nos resultados da pesquisa. concluso

    O empreendimento, em questo, atendeu a todos os subitens do item 10, o que valida a sua classificao

    dentro do padro 5 estrelas, de acordo com o que estabelecido pela Embratur. Quanto pontuao total, o

    empreendimento obteve 47 pontos de um total de 78 pontos, o que equivale a 60%, ou seja, o hotel pode ser

    considerado dentro do nvel de boas prticas, considerado Bom.

    Alguns critrios no foram atendidos, como o uso de elementos de fachada que proporcionem baixa

    transmitncia trmica, pois a fachada em grande parte envidraada. Outros que tambm no foram

    atendidos, mas fazem parte de um projeto de reforma para implantao, so: reaproveitamento de resduos

    orgnicos, substituio das lmpadas por opes com menor gasto energtico, alm de um novo projeto de

    iluminao interna visando atender aos nveis de iluminncia necessrios a cada tarefa de acordo com a NBR

    5413/92.

    Alguns foram atendidos parcialmente, como o uso de redutores de presso ou registro regulador de vazo,

    mas que esto instalados apenas nos chuveiros dos apartamentos, a iluminao externa possui temporizador,

    porm somente em algumas reas de menor fluxo e quanto proteo ou isolamento acstico, tal recurso

    utilizado apenas nas reas de uso especfico, como auditrios e salas de eventos. Contudo, apesar de atender a

    vrios critrios, o empreendimento no se enquadra em um modelo de hotel que poderia ser certificado.

    E importante ressaltar que quase todos os apartamentos esto no sentido leste-oeste, com orientao solar

    inadequada, recebendo uma alta carga trmica durante todo o dia, o que no favorece o conforto

    higrotrmico.

    Vale complementar que durante a elaborao do estudo de caso, atravs de entrevistas, constatou-se que os

    prprios usurios, hspedes ou freqentadores dos hotis tm cobrado medidas ecologicamente corretas e

    esse assunto est ganhando cada vez mais importncia, tornando-se cada vez mais presente na vida dos

    agentes envolvidos com o turismo, hotelaria e construo civil.

    5. CONSIDERAES FINAIS

    Este estudo foi realizado com base em pesquisas a partir dos critrios de avaliao de conforto e gesto do

    referencial tcnico para hospedagem e servios do processo AQUA e das exigncias relativas s aes

  • ambientais estabelecidas pela Embratur, que originou uma matriz em que foram listados os pr-requisitos

    para um hotel verde, numa tentativa de contribuir para a definio de parmetros para os futuros

    empreendimentos hoteleiros e servir de diretrizes para adequao dos estabelecimentos de hospedagem

    quanto aos requisitos de sustentabilidade ambiental.

    Com a aplicao da matriz constatou-se que h uma inadequao dos hotis quanto aos critrios de

    sustentabilidade, embora haja uma preocupao dos usurios nesse sentido.

    Vale ressaltar que a juno dos critrios estabelecidos pelo AQUA e pela Embratur extremamente

    pertinente e o resultado do alinhamento dessas informaes gerou uma matriz com grande embasamento, que

    poder servir de instrumento colaborador com o Programa de Certificao do Turismo, alm de ser uma

    tima contribuio para os Programas Regionais de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) do Ministrio

    do Turismo, que tem o objetivo de fortalecer a Poltica Nacional de Turismo e consolidar a gesto turstica de

    modo democrtico e sustentvel.

    Os critrios estabelecidos pelo AQUA, que foram objeto desse estudo, so relativos apenas aos impactos

    ambientais. Porm, um estudo mais aprofundado dever englobar os outros pilares da sustentabilidade, que

    so os impactos sociais e culturais e ainda outras ferramentas de Certificao como o Procel Edifica, para

    gerar um checklist completo para hotis sustentveis, criando critrios adequados realidade brasileira, que

    possam servir de instrumento para arquitetos, engenheiros, construtores e empreendedores ligados hotelaria.

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    FOSSATI, M. Metodologia para avaliao da sustentabilidade de projetos de edifcios: o caso de escritrios em

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    para uma ferramenta, 2010. Dissertao (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e

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