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SUS MINISTÉRIO DA SAÚDE PROF. HÉLDER PACHECO Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem Residente em Saúde Coletiva Fiocruz PE Membro do Grupo de Pesquisa - Governança em Sistemas e Serviços de Saúde - Fiocruz-PE

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SUS

MINISTÉRIO DA SAÚDE

PROF. HÉLDER PACHECO Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem Residente em Saúde Coletiva – Fiocruz – PE Membro do Grupo de Pesquisa - Governança em Sistemas e Serviços de Saúde - Fiocruz-PE

1. Sistema Único de Saúde - SUS: Princípios e Diretrizes, Lei Orgânica do SUS (Lei 8.142/90). 2. Financiamento do SUS

Princípios

Universalidade – significa que o SUS deve atender todos, sem distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem qualquer custo; Integralidade – o SUS deve oferecer a atenção necessária à saúde da população, promovendo ações contínuas de prevenção e tratamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis de complexidade; Equidade – o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando maior atenção aos que mais necessitam; Participação social – é um direito e um dever da sociedade participar das gestões públicas em geral e da saúde pública em particular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; Descentralização – é o processo de transferência de responsabilidades de gestão para os municípios, atendendo às determinações constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atribuições comuns e competências específicas à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 TÍTULO VIII - DA ORDEM SOCIAL

Capítulo II Seção II - Da Saúde Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Art. 198. (*) As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade. Parágrafo único. O Sistema Único de Saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. Artigo 199 A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. § 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.

§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. Artigo 200 Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

Conceito de saúde

Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País.

LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990.

Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

TÍTULO I Das Disposições Gerais

Art. 2º - A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. § 1º - O dever do Estado de garantir a saúde consiste na reformulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. § 2º - O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade. Art. 3º - A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País. Art. 4º - O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde-SUS. § 1º - Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições públicas federais, estaduais e

municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos inclusive de sangue e hemoderivados, e de equipamentos para a saúde. § 2º - A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de Saúde-SUS, em caráter complementar.

Objetivos do SUS:

I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde; II - a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei; Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS): I - a execução de ações: a) de vigilância sanitária; b) de vigilância epidemiológica; c) de saúde do trabalhador; e d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; II - a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico; III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde; IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar; V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho; VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção; VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde; VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano; IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico; XI - a formulação e execução da política de sangue e seus derivados. § 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: § 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada. Parágrafo único. A participação complementar dos serviços privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, as normas de direito público. Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do Sistema Único de Saúde (SUS). Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no Conselho Nacional de Saúde.

Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conselhos de Saúde. § 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União, além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saúde, através do Fundo Nacional de Saúde. § 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu sistema de auditoria, a conformidade à programação aprovada da aplicação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Ministério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.

Dos Recursos Humanos IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema Único de Saúde-SUS. Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema Único de Saúde-SUS constituem campo de prática para ensino e pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente com o sistema educacional. Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessoramento, no âmbito do Sistema Único de Saúde-SUS, só poderão ser exercidos em regime de tempo integral. § 1º Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabelecimento do Sistema Único de Saúde-SUS. § 2º O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupantes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento.

CAPÍTULO III Do Planejamento e do Orçamento

Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema Único de Saúde-SUS será ascendente, do nível local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessidades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União. § 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e programações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde-SUS e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamentária. § 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento de ações não previstas nos planos de saúde , exceto em situações emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde. Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em função das características epidemiológicas e da organização dos serviços em cada jurisdição administrativa. Art. 38. Não será permitida a destinação de subvençõe

LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990.

Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.

§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.

§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.

Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com: I - Fundo de Saúde; II - Conselho de Saúde, com composição paritária; III - plano de saúde; IV - relatórios de gestão V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento; VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação. FINANCIAMENTO DO SUS Os blocos de financiamento para o custeio são:

Atenção básica Atenção de média e alta complexidade Vigilância em Saúde Assistência Farmacêutica Gestão do SUS Bloco de financiamento para a Atenção Básica O financiamento da Atenção Básica é de responsabilidade das três esferas de gestão

do SUS, sendo que os recursos federais comporão o Bloco Financeiro da Atenção Básica dividido em dois componentes: Piso da Atenção Básica e Piso da Atenção Básica Variável e seus valores serão estabelecidos em Portaria específica, com memórias de cálculo anexas. O Piso de Atenção Básica - PAB consiste em um montante de recursos financeiros, que agregam as estratégias destinadas ao custeio de ações de atenção básica à saúde; Os recursos financeiros do PAB serão transferidos mensalmente, de forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos de Saúde dos Municípios e do Distrito Federal. O Piso da Atenção Básica Variável - PAB Variável consiste em um montante financeiro destinado ao custeio de estratégias específicas desenvolvidas no âmbito da Atenção Básica em Saúde. O PAB Variável passa a ser composto pelo financiamento das seguintes estratégias:

-Saúde da Família; -Agentes Comunitários de Saúde; -Saúde Bucal; -Compensação de especificidades regionais

-Fator de incentivo da Atenção Básica aos Povos Indígenas -Incentivo à Saúde no Sistema Penitenciário

Os recursos do PAB Variável serão transferidos ao Município que aderir e implementar as estratégias específicas a que se destina e a utilização desses recursos deve estar definida no Plano Municipal de Saúde;

Participação e Controle Social A participação social no SUS é um princípio doutrinário e está assegurado na

Constituição e nas Leis Orgânicas da Saúde (8080/90 e 8142/90), e é parte fundamental deste pacto.

7.1 - As ações que devem ser desenvolvidas para fortalecer o processo de participação

social, como: - Apoiar os conselhos de saúde, as conferências de saúde e os movimentos sociais que

atuam no campo da saúde, com vistas ao seu fortalecimento para que os mesmos possam exercer plenamente os seus papéis;

- Apoiar o processo de formação dos conselheiros; - Estimular a participação e avaliação dos cidadãos nos serviços de saúde; - Apoiar os processos de educação popular em saúde, para ampliar e qualificar a

participação social no SUS; - Apoiar a implantação e implementação de ouvidorias nos estados e municípios, com

vistas ao fortalecimento da gestão estratégica do SUS; - Apoiar o processo de mobilização social e institucional em defesa do SUS e na

discussão do pacto;

NOB’s e NOAS NOB: 91

Busca ordenar a transferência de recursos federais para as instâncias subnacionais do governo (estados e municípios)

Institui o pagamento pela produção de serviços Inicia-se a municipalização Começa o processo de degradação do INAMPS Surge o SAI

NOB: 93

Teve como principal objetivo, expandir e aperfeiçoar as condições de gestão, surgindo as comissões intergestores

Extinção do INAMPS: “só manda o Ministério da Saúde” Cria a transferência regular e automática Habilita municípios como gestores Surgem as comissões intergestores

NOB: 96

Redefiniu as responsabilidades entre estados e municípios Cadastramento da clientela do SUS. Surgi o PAB (piso da atenção básica), o PPI (programação pactuada e integrada) e o

GPAB (gestão plena da atenção básica) Consolida a municipalização

“O município é quem manda” Incentiva a ampliação da cobertura de PSF e PAC

NOAS 01/02

Amplia as responsabilidades dos municípios e cria a GPAB-A (gestão plena da assistência básica ampliada)

Desenvolve a regionalização Maior autonomia da média e alta complexidade para o estado PDR: cria as geres: regionais de saúde: município polo

2. Transição Demográfica e Epidemiológica no Brasil/ Vigilância

epidemiológica Fatores determinantes e condicionantes da saúde doença -Fatores socioeconômicos: pobreza, desigualdade social, falta de acesso à alimentação básica, renda, escolaridade, acesso aos serviços de saúde e nível de consumo; -Fatores sociopolíticos: capacidade de decisão política, valorização da cidadania, participação comunitária efetiva e transparência das ações e acesso à informação; -Fatores socioculturais: preconceitos, hábitos culturais, crendices, comportamentos e valores; -Fatores psicossociais: marginalidade, promiscuidade sexual, instabilidade familiar, falta de apoio no contexto social em que vive, condições extenuantes de trabalho; -Fatores ambientais: industrialização e urbanização crescentes, uso abusivo de agrotóxicos e inseticidas, alterações bioclimáticos (enchentes e secas). - Fatores genéticos Teoria clássica da transição demográfica “Postula que os países tendem a percorrer, progressivamente, quatro estágios na sua dinâmica populacional, evoluindo de padrões caracterizados por alta mortalidade e fecundidade para os de baixo nível de mortalidade e fecundidade”. (Pereira, 200) Fases da transição demográfica 1- Fase primitiva: coexistência de altas taxas de mortalidade e fecundidade; 2- Fase intermediária de divergência de coeficientes: baixa taxa de mortalidade e natalidade

mantém-se em nível elevado; 3- Fase intermediária de convergência de coeficientes: baixa taxa de natalidade em ritmo

mais acelerado do que a mortalidade; 4- Fase moderna: há uma aproximação dos coeficientes, estando em níveis muito baixos

(crescimento populacional de praticamente zero). Consequências da transição demográfica - Aumento da expectativa de vida - Envelhecimento populacional - Ampliação da população de mulheres Transição demográfica no Brasil

- Tem início na década de 40 com a diminuição de óbitos por causas facilmente evitáveis (doenças infecto-parasitárias). Ex: mortalidade por DIP passa de 43,5% em 1940 para 4,7% em 2001. - Na década de 60, com o início da queda da fecundidade, ocorre a consolidação do processo de transição demográfica no Brasil. Ex: taxa de fecundidade passa de 6,3 em 1960 para 2,2 em 2002. - A redução da fecundidade ocorre principalmente devido a: utilização de métodos anticoncepcionais, esterilização em massa e prática de abortamento. Transição epidemiológica Ocorrem mudanças nos padrões de morbidade e mortalidade de uma comunidade. - Quanto aos países desenvolvidos, já na primeira metade do século XX conseguem a erradicação e controle de inúmeras doenças infecto-parasitárias (Revolução epidemiológica). Já na segunda metade do século XX há o predomínio de doenças da modernidade. Essa mudança ocorre devido ao desenvolvimento comercial, avanços na medicina e saúde pública, melhoria no padrão sanitário, do ambiente de trabalho e saneamento básico. - Vale ressaltar que essas mudanças no padrão epidemiológico só ocorrem nos países subdesenvolvidos a partir da segunda metade do século XX (transição retardada) - atualmente no Brasil temos a coexistência entre doenças arcaicas X doenças da modernidade. Perfil epidemiológico brasileiro (Mortalidade) - Principais causas de óbito definidas, Brasil, 2010 1- Doenças do aparelho circulatório 2- Causas Externas 3- Neoplasias 5- Doenças do aparelho respiratório 6- Doenças infecciosas e parasitárias - A mortalidade por doenças cardiovasculares ocorre principalmente nos homens e adultos jovens; - Na mortalidade por causas externas observa-se um predomínio dos homicídios em relação aos acidentes de trânsito - As neoplasias que mais ocorrem são de mama, pulmão e estômago. Contudo, tumores do colo uterino, próstata e pênis ainda apresentam altos índices. - Principais causas de internação hospitalar, Brasil, 2010 1- Motivos relacionados à gravidez, parto e puerpério 2- Doenças do aparelho respiratório 3- Doenças do aparelho circulatório 4- Doenças do aparelho digestivo 5- Doenças infecciosas e parasitárias Transição nutricional Corresponde as mudanças nos padrões nutricionais, relacionados às mudanças sociais, econômicas, demográficas e de saúde. O que tem determinado isso seria uma dieta rica em

gorduras, açúcares e falta de práticas regulares de atividade física. Isso tem gerado um declínio da desnutrição e elevação abrupta da obesidade - A desnutrição no Brasil teve uma queda de mais de 70% nos últimos 30 anos. Quanto à obesidade, está em ritmo acelerado, principalmente nas mulheres adultas. Tendência das doenças infeciosas e parasitárias no Brasil Tendência declinante - Difteria, Coqueluche, Tétano acidental, Doença de Chagas, Hanseníase, Febre Tifoide, Filariose, Peste, Raiva humana, Sarampo e Rubéola. Tendência persistente - Hepatites, Meningites, Esquistossomose, Malária, Tuberculose, Febre Amarela, Leishmanioses, Leptospirose e acidentes com animais peçonhentos. Doenças Emergentes e Reermergentes - Emergentes: Surgiram ou foram identificadas nas últimas décadas, ou ainda passaram da condição de doenças raras para uma situação de problemas em saúde pública. Ex: AIDS e Hantavirose. - Reermegentes: Surgiram após terem sido controladas no passado. Ex: Cólera e Dengue.

Epidemia X Endemia Endemia: “Dá-se a denominação de endemia à ocorrência coletiva de uma determinada doença que, no decorrer de um largo período histórico, acometendo sistematicamente grupos humanos distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, mantém sua incidência constante, permitidas as flutuações de valores, tais como as variações sazonais”. (Rouquayrol, 2003) Epidemia: é a ocorrência de doença em grande número de pessoas ao mesmo tempo, sendo uma alteração, espacial e cronologicamente delimitada, do estado de saúde-doença de uma população, caracterizada por uma elevação progressivamente crescente, inesperada e descontrolada dos coeficientes de incidência de determinada doença, ultrapassando e reiterando valores acima do limiar epidêmico preestabelecido. Abrangência das Epidemias Surto Epidêmico: “Denomina-se surto epidêmico, ou simplesmente surto, uma ocorrência epidêmica restrita a um espaço extremamente delimitado: colégio, quartel, edifício de apartamentos, bairro, etc.”. Pandemia: “Dá-se o nome de pandemia à ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga distribuição espacial, atingindo várias nações”.

Vigilância Epidemiológica Objetivo: Fornecer orientação técnica para os gestores, auxiliando na execução de ações de controle de doenças e agravos, através da disponibilidade de informações atualizadas sobre

a ocorrência dessas doenças, bem como os fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida. Funções da Vigilância Epidemiológica: Coleta de dados, processamento dos dados, análise e interpretação, recomendação de medidas de controle apropriadas, avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas e divulgação de informações pertinentes. Tipos de dados: demográficos: (nº de habitantes, nº de nascimentos), Ambientais (aspectos climáticos, físicos), Socioeconômicos (escolaridade, saneamento), dados de mortalidade e morbidade. Fontes especiais de dados: 1) Inquérito epidemiológico: utilizado quando as informações existentes são inadequadas ou

insuficientes, levantando dados primários. 2) Levantamento epidemiológico: utiliza dados já existentes nos registros dos serviços de

saúde ou de outras instituições, a partir de dados secundários. Tem a finalidade de complementar informações já existentes.

3) Investigação epidemiológica: consiste em estudo de campo, utilizando dados primários e secundários.

- Notificação: É a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita por profissionais de saúde ou qualquer cidadão à autoridade sanitária, para a adoção de medidas de intervenção. - Parâmetros para notificação: 1- Magnitude: doenças de elevada frequência que atinge grandes contingentes populacionais, com alta prevalência e incidência e mortalidade; 2- Potencial de disseminação: elevado poder de transmissão da doença; 3- Transcendência: medida pela relevância social e econômica provocada pelo surgimento das doenças; 4- Vulnerabilidade: passível de mecanismos de prevenção e controle; 5- Compromissos internacionais: cumprimento de metas mundiais para a eliminação, controle e erradicação. Ex: as doenças de notificação compulsória internacional: Febre amarela, Peste e Cólera.

Doenças de notificação compulsória no Brasil PORTARIA Nº - 2.472, DE 31 DE AGOSTO DE 2010 Define as terminologias adotadas em legislação nacional, conforme disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória em todo o território nacional e estabelecer fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde. Art. 9º É vedado aos gestores estaduais e municipais do SUS a exclusão de doenças, agravos e eventos constantes nos Anexos a esta Portaria. Art. 10. É facultada a elaboração de listas estaduais ou municipais de Notificação Compulsória, no âmbito de sua competência e de acordo com perfil epidemiológico local. ANEXO I Lista de Notificação Compulsória - LNC 1. Acidentes por animais peçonhentos; 2. Atendimento antirrrábico;

3. Botulismo; 4. Carbúnculo ou Antraz; 5. Cólera; 6. Coqueluche; 7. Dengue; 8. Difteria; 9. Doença de Creutzfeldt - Jacob; 10. Doença Meningocócica e outras Meningites; 11. Doenças de Chagas Aguda; 12. Esquistossomose; 13. Eventos Adversos Pós-Vacinação; 14. Febre Amarela; 15. Febre do Nilo Ocidental; 16. Febre Maculosa; 17. Febre Tifóide; 18. Hanseníase; 19. Hantavirose; 20. Hepatites Virais; 21. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana - HIV em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical; 22. Influenza humana por novo subtipo; 23. Intoxicações Exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados); 24. Leishmaniose Tegumentar Americana; 25. Leishmaniose Visceral; 26. Leptospirose; 27. Malária; 28. Paralisia Flácida Aguda; 29. Peste; 30. Poliomielite; 31. Raiva Humana; 32. Rubéola; 33. Sarampo; 34. Sífilis Adquirida; 35. Sífilis Congênita; 36. Sífilis em Gestante; 37. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS; 38. Síndrome da Rubéola Congênita; 39. Síndrome do Corrimento Uretral Masculino; 40. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao Coronavírus (SARS-CoV); 41. Tétano; 42. Tuberculose; 43. Tularemia; e 44. Varíola. ANEXO II Lista Nacional de Compulsória Imediata - LNCI I. Caso suspeito ou confirmado de: 1. Botulismo; 2. Carbúnculo ou Antraz; 3. Cólera; 4. Dengue pelo sorotipo DENV 4; 5. Doença de Chagas Aguda; 6. Doença conhecida sem circulação ou com circulação esporádica no território nacional que não constam no Anexo I desta Portaria, como: Rocio, Mayaro, Oropouche, Saint Louis, Ilhéus, Mormo,

Encefalites Eqüinas do Leste, Oeste e Venezuelana, Chickungunya, Encefalite Japonesa, entre outras; 7. Febre Amarela; 8. Febre do Nilo Ocidental; 9. Hantavirose; 10. Influenza humana por novo subtipo; 11. Peste; 12. Poliomielite; 13. Raiva Humana; 14. Sarampo em indivíduo com história de viagem ao exterior nos últimos 30 (trinta) dias ou de contato, no mesmo período, com alguém que viajou ao exterior; 15. Rubéola em indivíduo com história de viagem ao exterior nos últimos 30 (trinta) dias ou de contato, no mesmo período, com alguém que viajou ao exterior; 16. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao Coronavírus (SARS-CoV); 17. Varíola; 18. Tularemia; e 19. Síndrome de Rubéola Congênita (SRC). II. Surto ou agregação de casos ou óbitos por: 1. Difteria; 2. Doença Meningocócica; 3. Doença Transmitida por Alimentos (DTA) em navios ou aeronaves; 4. Influenza Humana; 5. Meningites Virais; 6. Sarampo; 7. Rubéola; e

Indicadores de saúde Expectativa de vida em 2010: 72,8 anos (sendo 68,7 para homens e 76,4 para mulheres) Taxa de mortalidade infantil: 15,6/1000 nascidos vivos. (fonte: IBGE/2010)

Queda de 47% entre 2000 e 2010 Razão Mortalidade Materna: 68/100 mil nascidos vivos (fonte: DASIS/SVS/MS)

Queda de 50% entre 1990 e 2010 Taxa de mortalidade por câncer de mama: 20,3/100 mil mulheres em 2010. (fonte:

DASIS/SVS/MS) Em 1990 era de 17,4/100 mil mulheres

Taxa de mortalidade por câncer de colo de útero: 8,4/100 mil mulheres 2010(fonte: DASIS/SVS/MS) Em 1990 era de 8,7/100 mil mulheres

Taxa de fecundidade: 1,9/1000 nascidos vivos em 2010

3. Noções sobre os principais Sistemas de Informação em Saúde

São aqueles desenvolvidos e implantados com o objetivo de facilitar a formulação e avaliação das políticas, planos e programas de saúde, subsidiando o processo de tomada de decisões, a fim de contribuir para melhorar a situação de saúde individual e coletiva (BRASIL, 2004). Objetivos dos SIS 1. Avaliar e apoiar o planejamento, a tomada de decisões e as ações em todos os níveis do

arcabouço organizacional do SUS; 2. Apoiar o desenvolvimento científico e tecnológico do setor saúde;

3. Subsidiar a avaliação das relações de eficiência e efetividade das políticas, das estratégias e das ações de saúde; 4. Apoiar o desenvolvimento e capacitação de recursos humanos no setor saúde; 5. Subsidiar o processo de comunicação dos órgãos do setor saúde. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO – SINAN Objetivo: Racionalizar o processo de coleta e transferência de dados relacionados às doenças e agravos de notificação compulsória em todo o território nacional, desde o nível local. Fonte dos dados: É alimentado por dois formulários padronizados: Ficha Individual de Notificação (FIN) e pela Ficha Individual de Investigação (FII) – distinta para cada agravo. Potencialidades: A partir da alimentação do banco de dados do SINAN, pode-se calcular a incidência, prevalência, letalidade e mortalidade, bem como fazer análises de acordo com as características de pessoa, tempo e lugar. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE MORTALIDADE – SIM Fonte dos dados: Seu instrumento padronizado de coleta de dados é a Declaração de Óbito (DO), impressa em três vias coloridas (branca, amarela e rosa). Potencialidades: Os dados do SIM permitem a construção de importantes indicadores: mortalidade proporcional por causas, faixa etária, sexo, local de ocorrência e residência, letalidade de agravos dos quais se conheça a incidência, taxas de mortalidade geral, infantil e materna, entre outros. SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE NASCIDOS VIVOS – SINASC Fonte dos dados: Seu instrumento padronizado de coleta de dados é a Declaração de Nascido Vivo (DN), impressa em três vias coloridas (branca, amarela e rosa). Potencialidades: Os dados do SINASC contribuem para obter informações sobre natalidade, morbidade e mortalidade infantil e materna e sobre as características da atenção ao parto e ao recém-nascido, que são essenciais para a atenção integral à saúde da mulher e da criança. SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES (SIH) Características: Concebido com o propósito de operar o sistema de pagamento de internação dos hospitais contratados pelo Ministério da Previdência, sendo estendido, posteriormente, aos hospitais filantrópicos, universitários e de ensino, e aos hospitais públicos municipais, estaduais e federais. Vale ressaltar que deixa de fora os internamentos na rede privada não conveniada e as morbidades menos graves sem internamento. Fonte dos dados: Autorização de Internação Hospitalar (AIH), emitida pelos estados a partir de uma série numérica única definida anualmente em portaria ministerial.

Potencialidades: A disponibilidade de dados com características de pessoa, tempo, lugar da internação e procedência do paciente, tipos de serviços, procedimentos realizados, duração da internação, valores pagos, ocorrência de óbito e código CID da causa de internação, contribui para o conhecimento da situação de saúde, para as ações de vigilância e para o acompanhamento e avaliação dos resultados de ações e serviços (fins epidemiológicos). SISTEMA DE INFORMAÇÕES AMBULATORIAIS - SIA Características: Foi implantado nacionalmente em 1991, seguindo a mesma lógica do SIH/SUS relativa à apuração de custos e pagamento a prestadores de serviços. A unidade de registro de informações deste sistema é o procedimento ambulatorial realizado, desagregado em atos profissionais (consultas, exames laboratoriais, atividades e ações, etc.). Por não registrar o CID dos diagnósticos dos pacientes, não pode ser usado como informação epidemiológica. Fonte dos dados: - Boletim de Produção Ambulatorial (BPA); - Autorização de Procedimento Ambulatoriais de Alta Complexidade (APAC). Potencialidades: Seus indicadores operacionais podem ser importantes como complemento das análises epidemiológicas, a exemplo do: número de consultas médicas por habitante ao ano, número de consultas médicas por consultório, número de exames/terapias realizados pelo quantitativo de consultas médicas. 6. Sistema de Informações sobre Atenção Básica (SIAB) Características: Implantado em 1998, foi desenvolvido pelo DATASUS no intuito de dar suporte operacional e gerencial ao trabalho de coleta de dados realizados pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Equipes de Saúde da Família (ESF). Fonte dos dados: Ficha A – Cadastramento das famílias; Fichas B – Acompanhamento de grupos prioritários; Ficha C – Cartão da Criança; Ficha D – Registro de atividades, procedimentos e notificações. Potencialidades: Este sistema produz relatórios que permitem aos gestores municipais, estaduais e federal conhecerem a realidade sócio sanitária da população acompanhada, avaliar a adequação dos serviços de saúde oferecidos – e readequá-los, sempre que necessário – e, por fim, melhorar a qualidade dos serviços de saúde. Outros sistemas informatizados: Sistema de Informação para o Registro de dados da Atenção Pré-natal – SIS-PRENATAL: facilita o acompanhamento de gestantes para assistência pré-natal adequada, desde o início da gravidez até o puerpério. Sistema de Informação do Câncer de Colo do Útero – SISCOLO: integra o Sistema de Informação do Câncer da Mulher (SisCAM), gerenciado pelo INCA, contendo dados de identificação da mulher e do laudo dos exames citopatológicos para prevenção do câncer de colo de útero. Sistema de cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos – Hiper Dia: possibilita o cadastramento, acompanhamento dos pacientes e o registro da dispensação de medicamentos em unidades ambulatoriais.

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN: acompanha a implantação de programas dirigidos à Recuperação de Crianças Desnutridas e Gestantes em Risco Nutricional. Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização – SI-PNI: registra dados sobre doses de vacinas aplicadas em serviços de rotina e em campanhas de vacinação, e a ocorrência de eventos adversos pós-vacinação.

3. Política de Atenção Básica e Portaria Nº 399/ 2006 (Pacto pela Saúde)

A estratégia Saúde da Família é um modelo de assistência à saúde que vai desenvolver ações de promoção e proteção à saúde do indivíduo, da família e da comunidade, através de equipes de saúde, que farão o atendimento na unidade local de saúde e na comunidade, no nível de atenção primária. São características do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica: I - definição do território de atuação das UBS; II - programação e implementação das atividades, com a priorização de solução dos problemas de saúde mais frequentes, considerando a responsabilidade da assistência resolutiva à demanda espontânea; III - desenvolvimento de ações educativas que possam interferir no processo de saúde- doença da população e ampliar o controle social na defesa da qualidade de vida; IV - desenvolvimento de ações focalizadas sobre os grupos de risco e fatores de risco comportamentais, alimentares e/ou ambientais, com a finalidade de prevenir o aparecimento ou a manutenção de doenças e danos evitáveis; V - assistência básica integral e contínua, organizada à população adscrita, com garantia de acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial; VI - implementação das diretrizes da Política Nacional de Humanização, incluindo o acolhimento; VII - realização de primeiro atendimento às urgências médicas e odontológicas; VIII - participação das equipes no planejamento e na avaliação das ações; IX - desenvolvimento de ações intersetoriais, integrando projetos sociais e setores afins, voltados para a promoção da saúde; e X - apoio a estratégias de fortalecimento da gestão local e do controle

social. São itens necessários à implantação das Equipes de Saúde da Família: III - existência de Unidade Básica de Saúde que possua minimamente: a) consultório médico e de enfermagem b) área/sala de recepção, local para arquivos e registros, uma sala de cuidados básicos de enfermagem, uma sala de vacina e sanitários, por unidade; c) equipamentos e materiais adequados IV - garantia dos fluxos de referência e contra referência aos serviços especializados, de apoio diagnóstico e terapêutico, ambulatorial e hospitalar; Características

I - Ser base: ser a modalidade de atenção e de serviço de saúde com o mais elevado grau de descentralização e capilaridade, cuja participação no cuidado se faz sempre necessário;

II - Ser resolutiva: identificar riscos, necessidades e demandas de saúde, utilizando e articulando diferentes tecnologias de cuidado individual e coletivo, por meio de uma clínica ampliada capaz de construir vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente efetivas, na perspectiva de ampliação dos graus de autonomia dos indivíduos e grupos sociais;

III - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e gerir projetos terapêuticos singulares.

IV - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabilidade, organizando as necessidades desta população em relação aos outros pontos de atenção à saúde, contribuindo para que a programação dos serviços de saúde parta das necessidades de saúde dos usuários.

Especificidades da equipe de saúde da família São itens necessários à estratégia Saúde da Família:

I - existência de equipe multiprofissional (equipe saúde da família) composta por, no mínimo, médico generalista ou especialista em saúde da família ou médico de família e comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde, podendo acrescentar a esta composição, como parte da equipe multiprofissional, os profissionais de saúde bucal: cirurgião dentista generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal;

II - o número de ACS deve ser suficiente para cobrir 100% da população cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por equipe de Saúde da Família, não ultrapassando o limite máximo recomendado de pessoas por equipe;

III - cada equipe de saúde da família deve ser responsável por, no máximo, 4.000 pessoas, sendo a média recomendada de 3.000 pessoas, respeitando critérios de equidade para esta definição. Recomenda- se que o número de pessoas por equipe considere o grau de vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo que quanto maior o grau de vulnerabilidade menor deverá ser a quantidade de pessoas por equipe;

IV - cadastramento de cada profissional de saúde em apenas 01 (uma) ESF, exceção

feita somente ao profissional médico que poderá atuar em no máximo 02 (duas) ESF e com carga horária total de 40 (quarenta) horas semanais; e

V - carga horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos os profissionais de saúde membros da equipe de saúde da família, à exceção dos profissionais médicos, cuja jornada é descrita no próximo inciso.

PORTARIA Nº 399/GM DE 22 DE FEVEREIRO DE 2006

Divulga o Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto. As prioridades do PACTO PELA VIDA e seus objetivos para 2006 são:

I – PACTO PELA VIDA

O Pacto pela Vida é o compromisso entre os gestores do SUS em torno de prioridades que apresentam impacto sobre a situação de saúde da população brasileira.

A definição de prioridades deve ser estabelecida através de metas nacionais, estaduais, regionais ou municipais. Prioridades estaduais ou regionais podem ser agregadas às prioridades nacionais, conforme pactuação local. Os estados/região/município devem pactuar as ações necessárias para o alcance das metas e dos objetivos propostos.

São seis as prioridades pactuadas: A – SAÚDE DO IDOSO Para efeitos desse Pacto será considerada idosa a pessoa com 60 anos ou mais. 1 - O trabalho nesta área deve seguir as seguintes diretrizes: - Promoção do envelhecimento ativo e saudável; - Atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa; - A implantação de serviços de atenção domiciliar; - O acolhimento preferencial em unidades de saúde, respeitado o critério de risco; - Fortalecimento da participação social; - Formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de

saúde da pessoa idosa; - Divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para

profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS; - Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas. 2 - Ações estratégicas: - Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa - Instrumento de cidadania com informações

relevantes sobre a saúde da pessoa idosa, possibilitando um melhor acompanhamento por parte dos profissionais de saúde.

- Manual de Atenção Básica e Saúde para a Pessoa Idosa - Para indução de ações de saúde, tendo por referência as diretrizes contidas na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.

- Programa de Educação Permanente à Distância - Implementar programa de educação permanente na área do envelhecimento e saúde do idoso, voltado para profissionais que trabalham na rede de atenção básica em saúde, contemplando os conteúdos específicos das repercussões do processo de envelhecimento populacional para a saúde individual e para a gestão dos serviços de saúde.

- Acolhimento - Reorganizar o processo de acolhimento à pessoa idosa nas unidades de saúde, como uma das estratégias de enfrentamento das dificuldades atuais de acesso.

- Assistência Farmacêutica - Desenvolver ações que visem qualificar a dispensação e o acesso da população idosa.

- Atenção Diferenciada na Internação - Instituir avaliação geriátrica global realizada por equipe multidisciplinar, a toda pessoa idosa internada em hospital que tenha aderido ao Programa de Atenção Domiciliar.

- Atenção domiciliar – Instituir esta modalidade de prestação de serviços ao idoso, valorizando o efeito favorável do ambiente familiar no processo de recuperação de pacientes e os benefícios adicionais para o cidadão e o sistema de saúde.

B– CONTROLE DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E DE MAMA: 1 - Objetivos e metas para o Controle do Câncer de Colo de Útero: - Cobertura de 80% para o exame preventivo do câncer do colo de útero, conforme

protocolo, em 2006. - Incentivo da realização da cirurgia de alta frequência técnica que utiliza um

instrumental especial para a retirada de lesões ou parte do colo uterino comprometidas (com lesões intra-epiteliais de alto grau) com menor dano possível, que pode ser realizada em ambulatório, com pagamento diferenciado, em 2006.

2 – Metas para o Controle do Câncer de mama: - Ampliar para 60% a cobertura de mamografia, conforme protocolo. - Realizar a punção em 100% dos casos necessários, conforme protocolo. C – REDUÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA E INFANTIL: 1 - Objetivos e metas para a redução da mortalidade infantil - Reduzir a mortalidade neonatal em 5%, em 2006. - Reduzir em 50% os óbitos por doença diarreica e 20% por pneumonia, em 2006. - Apoiar a elaboração de propostas de intervenção para a qualificação da atenção as

doenças prevalentes. - Criação de comitês de vigilância do óbito em 80% dos municípios com população

acima de 80.000 habitantes, em 2006. 2 - Objetivos e metas para a redução da mortalidade materna - Reduzir em 5% a razão de mortalidade materna, em 2006. - Garantir insumos e medicamentos para tratamento das síndromes hipertensivas no

parto. - Qualificar os pontos de distribuição de sangue para que atendam as necessidades

das maternidades e outros locais de parto. D – FORTALECIMENTO DA CAPACIDADE DE RESPOSTAS ÀS DOENÇAS

EMERGENTES E ENDEMIAS, COM ÊNFASE NA DENGUE, HANSENIASE, TUBERCULOSE, MALARIA E INFLUENZA.

Objetivos e metas para o Controle da Dengue - Plano de Contingência para atenção aos pacientes, elaborado e implantado nos

municípios prioritários, em 2006; - Reduzir a menos de 1% a infestação predial por Aedes aegypti em 30% dos

municípios prioritários ate 2006;

2 - Meta para a Eliminação da Hanseníase: - Atingir o patamar de eliminação enquanto problema de saúde pública, ou seja, menos

de 1 caso por 10.000 habitantes em todos os municípios prioritários, em 2006. 3 - Metas para o Controle da Tuberculose: - Atingir pelo menos 85% de cura de casos novos de tuberculose bacilífera

diagnosticados a cada ano; 4- Meta para o Controle da Malária - Reduzir em 15% a Incidência Parasitária Anual, na região da Amazônia Legal, em

2006; 5 – Objetivo para o controle da Influenza - Implantar plano de contingência, unidades sentinelas e o sistema de informação -

SIVEP-GRIPE, em 2006. E – PROMOÇÃO DA SAÚDE 1 - Objetivos: - Elaborar e implementar uma Política de Promoção da Saúde, de responsabilidade dos

três gestores; - Enfatizar a mudança de comportamento da população brasileira de forma a

internalizar a responsabilidade individual da prática de atividade física regular, alimentação adequada e saudável e combate ao tabagismo;

- Articular e promover os diversos programas de promoção de atividade física já existentes e apoiar a criação de outros;

- Promover medidas concretas pelo hábito da alimentação saudável; - Elaborar e pactuar a Política Nacional de Promoção da Saúde que contemple as

especificidades próprias dos estados e municípios devendo iniciar sua implementação em 2006; focando ao todo sete principais aspectos: Alimentação saudável, Combate ao sedentarismo e ao tabagismo, Redução da morbimortalidade por uso de álcool e drogas, Redução da morbimortalidade por acidentes de transito, prevenção da violência e promoção do desenvolvimento sustentável.

F – FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA 1 - Objetivos - Assumir a estratégia de saúde da família como estratégia prioritária para o

fortalecimento da atenção básica, devendo seu desenvolvimento considerar as diferenças loco-regionais.

- Desenvolver ações de qualificação dos profissionais da atenção básica por meio de estratégias de educação permanente e de oferta de cursos de especialização e residência multiprofissional e em medicina da família.

- Consolidar e qualificar a estratégia de saúde da família nos pequenos e médios municípios.

- Ampliar e qualificar a estratégia de saúde da família nos grandes centros urbanos. - Garantir a infraestrutura necessária ao funcionamento das Unidades Básicas de

Saúde, dotando-as de recursos materiais, equipamentos e insumos suficientes para o conjunto de ações propostas para esses serviços.

- Garantir o financiamento da Atenção Básica como responsabilidade das três esferas

de gestão do SUS. - Aprimorar a inserção dos profissionais da Atenção Básica nas redes locais de saúde,

por meio de vínculos de trabalho que favoreçam o provimento e fixação dos profissionais. - Implantar o processo de monitoramento e avaliação da Atenção Básica nas três

esferas de governo, com vistas à qualificação da gestão descentralizada. - Apoiar diferentes modos de organização e fortalecimento da Atenção Básica que

considere os princípios da estratégia de Saúde da Família, respeitando as especificidades loco-regionais.

II – O PACTO EM DEFESA DO SUS: As prioridades do Pacto em Defesa do SUS são:

- IMPLEMENTAR UM PROJETO PERMANENTE DE MOBILIZAÇÃO SOCIAL COM A FINALIDADE DE: - Mostrar a saúde como direito de cidadania e o SUS como sistema público universal garantidor desses direitos; - Alcançar, no curto prazo, a regulamentação da Emenda Constitucional nº 29, pelo Congresso Nacional; - Garantir, no longo prazo, o incremento dos recursos orçamentários e financeiros para a saúde. - Aprovar o orçamento do SUS, composto pelos orçamentos das três esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada uma delas. - ELABORAR E DIVULGAR A CARTA DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS DO SUS

III – O PACTO DE GESTÃO DO SUS As prioridades do Pacto de Gestão são:

- DEFINIR DE FORMA INEQUÍVOCA A RESPONSABILIDADE SANITÁRIA DE CADA INSTÂNCIA GESTORA DO SUS: federal, estadual e municipal, superando o atual processo de habilitação.

- ESTABELECER AS DIRETRIZES PARA A GESTÃO DO SUS, com ênfase na Descentralização; Regionalização; Financiamento; Programação Pactuada e Integrada; Regulação; Participação e Controle Social; Planejamento; Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. Regionalização

A Regionalização é uma diretriz do Sistema Único de Saúde e um eixo estruturante do Pacto de Gestão e deve orientar a descentralização das ações e serviços de saúde e os processos de negociação e pactuação entre os gestores.

Os principais instrumentos de planejamento da Regionalização são o Plano Diretor de Regionalização – PDR, o Plano Diretor de Investimento – PDI e a Programação Pactuada e Integrada da Atenção em Saúde – PPI, detalhados no corpo deste documento.

O PDR deverá expressar o desenho final do processo de identificação e reconhecimento das regiões de saúde, em suas diferentes formas, em cada estado e no Distrito Federal, objetivando a garantia do acesso, a promoção da equidade, a garantia da integralidade da atenção, a qualificação do processo de descentralização e a racionalização de gastos e otimização de recursos.

O PDI deve expressar os recursos de investimentos para atender as necessidades

pactuadas no processo de planejamento regional e estadual. No âmbito regional deve refletir as necessidades para se alcançar a suficiência na atenção básica e parte da média complexidade da assistência, conforme desenho regional e na macrorregião no que se refere à alta complexidade. Deve contemplar também as necessidades da área da vigilância em saúde e ser desenvolvido de forma articulada com o processo da PPI e do PDR.

4. DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 8.080, 19 de setembro de 1990, DECRETA: CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa. Art. 2o Para efeito deste Decreto, considera-se: I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde; II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo de colaboração firmado entre entes federativos com a finalidade de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede regionalizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indicadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho, recursos financeiros que serão disponibilizados, forma de controle e fiscalização de sua execução e demais elementos necessários à implementação integrada das ações e serviços de saúde; III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde do usuário no SUS; IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação consensual entre os entes federativos para definição das regras da gestão compartilhada do SUS; V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade instalada existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dos indicadores de saúde do sistema; VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde; VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agravo ou de situação laboral, necessita de atendimento especial; e VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento que estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais produtos apropriados, quando couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS. CAPÍTULO II DA ORGANIZAÇÃO DO SUS Art. 3o O SUS é constituído pela conjugação das ações e serviços de promoção, proteção e

recuperação da saúde executados pelos entes federativos, de forma direta ou indireta, mediante a participação complementar da iniciativa privada, sendo organizado de forma regionalizada e hierarquizada. Seção I Das Regiões de Saúde Art. 4o As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Estado, em articulação com os Municípios, respeitadas as diretrizes gerais pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite - CIT a que se refere o inciso I do art. 30. § 1o Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interestaduais, compostas por Municípios limítrofes, por ato conjunto dos respectivos Estados em articulação com os Municípios. § 2o A instituição de Regiões de Saúde situadas em áreas de fronteira com outros países deverá respeitar as normas que regem as relações internacionais. Art. 5o Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no mínimo, ações e serviços de: I - atenção primária; II - urgência e emergência; III - atenção psicossocial; IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e V - vigilância em saúde. Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde observará cronograma pactuado nas Comissões Intergestores. Art. 6o As Regiões de Saúde serão referência para as transferências de recursos entre os entes federativos. Art. 7o As Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas no âmbito de uma Região de Saúde, ou de várias delas, em consonância com diretrizes pactuadas nas Comissões Intergestores. Parágrafo único. Os entes federativos definirão os seguintes elementos em relação às Regiões de Saúde: I - seus limites geográficos; II - população usuária das ações e serviços; III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade e escala para conformação dos serviços. Seção II Da Hierarquização Art. 8o O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde se inicia pelas Portas de Entrada do SUS e se completa na rede regionalizada e hierarquizada, de acordo com a complexidade do serviço. Art. 9o São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde nas Redes de Atenção à Saúde os serviços: I - de atenção primária; II - de atenção de urgência e emergência; III - de atenção psicossocial; e IV - especiais de acesso aberto. Parágrafo único. Mediante justificativa técnica e de acordo com o pactuado nas Comissões Intergestores, os entes federativos poderão criar novas Portas de Entrada às ações e serviços de saúde, considerando as características da Região de Saúde. Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais especializados, entre outros de maior complexidade e densidade tecnológica, serão referenciados pelas Portas de Entrada de que trata o art. 9o.

Art. 11. O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde será ordenado pela atenção primária e deve ser fundado na avaliação da gravidade do risco individual e coletivo e no critério cronológico, observadas as especificidades previstas para pessoas com proteção especial, conforme legislação vigente. Parágrafo único. A população indígena contará com regramentos diferenciados de acesso, compatíveis com suas especificidades e com a necessidade de assistência integral à sua saúde, de acordo com disposições do Ministério da Saúde. Art. 12. Ao usuário será assegurada a continuidade do cuidado em saúde, em todas as suas modalidades, nos serviços, hospitais e em outras unidades integrantes da rede de atenção da respectiva região. Parágrafo único. As Comissões Intergestores pactuarão as regras de continuidade do acesso às ações e aos serviços de saúde na respectiva área de atuação. Art. 13. Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, caberá aos entes federativos, além de outras atribuições que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores: I - garantir a transparência, a integralidade e a equidade no acesso às ações e aos serviços de saúde; II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de saúde; III - monitorar o acesso às ações e aos serviços de saúde; e IV - ofertar regionalmente as ações e os serviços de saúde. Art. 14. O Ministério da Saúde disporá sobre critérios, diretrizes, procedimentos e demais medidas que auxiliem os entes federativos no cumprimento das atribuições previstas no art. 13. CAPÍTULO III DO PLANEJAMENTO DA SAÚDE Art. 15. O processo de planejamento da saúde será ascendente e integrado, do nível local até o federal, ouvidos os respectivos Conselhos de Saúde, compatibilizando-se as necessidades das políticas de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros. § 1o O planejamento da saúde é obrigatório para os entes públicos e será indutor de políticas para a iniciativa privada. § 2o A compatibilização de que trata o caput será efetuada no âmbito dos planos de saúde, os quais serão resultado do planejamento integrado dos entes federativos, e deverão conter metas de saúde. § 3o O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, de acordo com as características epidemiológicas e da organização de serviços nos entes federativos e nas Regiões de Saúde. Art. 16. No planejamento devem ser considerados os serviços e as ações prestados pela iniciativa privada, de forma complementar ou não ao SUS, os quais deverão compor os Mapas da Saúde regional, estadual e nacional. Art. 17. O Mapa da Saúde será utilizado na identificação das necessidades de saúde e orientará o planejamento integrado dos entes federativos, contribuindo para o estabelecimento de metas de saúde. Art. 18. O planejamento da saúde em âmbito estadual deve ser realizado de maneira regionalizada, a partir das necessidades dos Municípios, considerando o estabelecimento de metas de saúde. Art. 19. Compete à Comissão Intergestores Bipartite - CIB de que trata o inciso II do art. 30 pactuar as etapas do processo e os prazos do planejamento municipal em consonância com os planejamentos estadual e nacional.

POLÍTICA DE SAÚDE AMBIENTAL 1.3 Base legal A referência normativa relativa à saúde ambiental no País encontra-se expressa na Constituição Federal de 1988, mediante os seguintes artigos:

Art. 23, incisos II, VI, VII e IX, que estabelece a competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios de cuidar da saúde, proteger o meio ambiente, promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico, além de combater a poluição em qualquer de suas formas e preservar as florestas, a fauna e a flora;

Art. 200, incisos II e VIII, que fixa, como atribuições do Sistema Único de Saúde (SUS), entre outras, a execução de “ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador” e “colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho” (BRASIL, 1988).

Art. 225, no qual está assegurado que: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988, art. 225).

Lei nº 8.080/90, que institui o Sistema Único de Saúde (SUS), destaca como fatores determinantes e condicionantes da saúde, entre outros, “a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais”. Além disso, salienta que “os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País” (BRASIL, 1990, art. 3.º)

Em 1997, o Ministério da Saúde formulou o projeto VigiSUS com o objetivo, entre outros, de estruturar o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental de acordo com as diretrizes do SUS, definindo com maior clareza o papel da vigilância em saúde ambiental no que toca aos fatores que podem acarretar riscos à saúde humana. A estruturação da

Vigilância em Saúde Ambiental no Brasil começa a institucionalizar-se a partir do Decreto n.º 3.450, de 9 de maio de 2000, que assegura a sua implantação em todo o território nacional.

A Lei n.º 10.683/03, que dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, atribui como uma das competências do Ministério da Saúde a “saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores e índios” (BRASIL, 2003b, art. 27, XX, c).

Instrução Normativa SVS/MS n.º 1, de 7 de março de 2005, estabeleceu o Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental (Sinvsa) e definiu os níveis de competência das três esferas de governo na área de vigilância em saúde ambiental, o que vem sendo estruturado de forma gradativa no País. Tal normatização define o ambiente de trabalho como objeto de vigilância, de forma complementar à Instrução Normativa de Vigilância à Saúde do Trabalhador, aprovada pela Portaria n.º 3.120, de 1.º de julho de 1998. Esta tem como objetivo instrumentalizar minimamente os setores responsáveis pela vigilância, nas secretarias estaduais e municipais, de forma que incorporem, em suas práticas, mecanismos de análise e intervenções sobre os processos e os ambientes de trabalho.

Também a Portaria n.º 777, de 28 de abril de 2004, é um importante instrumento para a vigilância ambiental, ao definir os agravos relacionados à saúde do trabalhador como de notificação compulsória em rede sentinela de serviços de saúde. As intoxicações exógenas por substâncias químicas (que abrangem os agrotóxicos, os gases tóxicos e os metais pesados) estão incluídas na lista. Vale ressaltar, ainda, a Portaria n.º 3.908/98 – Norma Operacional de Saúde do Trabalhador, que trata das responsabilidades do SUS, nos três níveis de gestão, no campo da Saúde do Trabalhador.

Saúde ambiental O campo da saúde ambiental compreende a área da saúde pública, afeita ao conhecimento científico e à formulação de políticas públicas e às correspondentes intervenções (ações) relacionadas à interação entre a saúde humana e os fatores do meio ambiente natural e antrópico que a determinam, condicionam e influenciam, com vistas a melhorar a qualidade de vida do ser humano sob o ponto de vista da sustentabilidade. Conforme entendimento acordado no I Seminário da Política Nacional de Saúde Ambiental, realizado em outubro de 2005, trata-se de um campo de práticas intersetoriais e transdisciplinares voltadas aos reflexos, na saúde humana, das relações ecogeossociais do homem com o ambiente, com vistas ao bem-estar, à qualidade de vida e à sustentabilidade, a fim de orientar políticas públicas formuladas com utilização do conhecimento disponível e com participação e controle social. A Vigilância em Saúde Ambiental, braço operativo dessa política, consiste em um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde. Vale destacar, aqui, a importância da Comissão Permanente de Saúde Ambiental (Copesa), vinculada à Secretaria de Vigilância em Saúde e instituída pela Portaria Ministerial n.º 1.931/2003, como fórum intra-setorial de discussão, harmonização, formulação, acompanhamento e avaliação de políticas relacionadas à saúde ambiental.

Nesse sentido, a construção e a implementação da Política Nacional de Saúde Ambiental de-vem se dar a partir de uma ampla articulação com diversos segmentos, em especial com os movimentos sociais, de forma dinâmica, com o objetivo de fortalecer tal agenda no âmbito dos canais formais da democracia. Assim, por meio dos instrumentos de democracia direta, se assegurará que iniciativas como as redes solidárias participem do processo de formulação, legitimação e validação desta política. Citamos aqui alguns caminhos para se pensar em processos de fortalecimento desta conjunção promotora da saúde: (1) estabelecer políticas públicas integradas; (2) promover a responsabilidade social; (3) criar ambientes saudáveis que apóiem o bem-estar humano; (4) influenciar políticas de desenvolvimento econômico que favoreçam ganhos em saúde; (5) fortalecer a ação social participativa para a saúde; (6) estimular o desenvolvimento das capacidades e dos potenciais de indivíduos e grupos populacionais (empoderamento social); (7) utilizar os meios de comunicação como veículo para a prevenção e a promoção da saúde; e 8) reorientar as práticas de saúde, contemplando também a promoção da saúde. Enfim, trata-se de uma proposição voltada para estimular a interação entre saúde, meio am-biente e desenvolvimento, com o fortalecimento da co-responsabilidade e da participação da população na promoção do bem-estar e da qualidade de vida da população. Objetivo Pelos motivos já enunciados, a Política Nacional de Saúde Ambiental (PNSA) tem como objetivos precípuos proteger e promover a saúde humana e colaborar na proteção do meio ambiente, por meio de um conjunto de ações específicas e integradas com instâncias de governo e da sociedade civil organizada, para fortalecer sujeitos e organizações governamentais e não-governamentais no enfrentamento dos determinantes socioambientais e na prevenção dos agravos decorrentes da exposição humana a ambientes adversos, de modo a contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população sob a ótica da sustentabilidade. Contexto brasileiro Os modelos econômicos adotados pelo Brasil não têm levado em conta prioritariamente a saúde e o ambiente. Esse modelo de desenvolvimento perpetua alguns processos produtivos inadequados que provocam danos evitáveis à saúde humana e ao meio ambiente. Ainda coexistem atualmente, no Brasil, relações e processos de trabalho primários ao mesmo tempo em que se difundem processos produtivos com riscos tecnológicos complexos, que incorporam tecnologias nucleares, químicas e biológicas. Padrões de desenvolvimento não-sustentáveis vêm favorecendo a degradação ambiental ao mesmo tempo em que afetam o homem, sua qualidade de vida e seu estado de saúde, por intermédio de alterações significativas no meio natural e destruição de diversos ecossistemas, que levam a mudanças nos padrões de distribuição de doenças e nas condições de saúde dos diferentes grupos populacionais. Ainda não atingiu um patamar adequado a presença do Estado brasileiro no que se refere às políticas públicas voltadas para a infra-estrutura urbana, especialmente os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário e do gerenciamento dos resíduos sólidos e águas pluviais. O impacto e as alterações ambientais têm sido em grande parte avaliadas e acompanhadas por órgãos e entidades voltadas para o meio ambiente, tendo sido observado que a tecnologia empregada e os métodos prevalentes não atingiram as medidas necessárias e

suficientes no que se refere à defesa da saúde, que recebe atenção secundária na conformação política atual. O tratamento transdisciplinar e a articulação interinstitucional, nesta área, são fundamentais. São alguns exemplos da importância dessa interface as pesquisas e os estudos realizados sobre os efeitos da poluição do ar para a saúde ou os benefícios do abastecimento de água tratada sobre as melhorias nos indicadores de saúde infantil, bem como o mapeamento de áreas contaminadas, indicando população sob risco de exposição. Estruturação e fortalecimento da Vigilância em Saúde Ambiental Deve ser ressaltado o cuidado para que as ações de vigilância não estejam voltadas apenas aos “agravos” identificados decorrentes da exposição humana aos agentes nocivos no ambiente. Ou seja: não se deve só cuidar do final do processo, dos efeitos. As avaliações de risco podem ser uma oportunidade para a promoção da saúde e da qualidade de vida, desde quando se utilizem métodos adequados à compreensão da complexidade dos fenômenos envolvidos na relação saúde-ambiente. A vigilância em saúde ambiental tem especificidades próprias e, ao mesmo tempo, interfaces com a vigilância sanitária, a vigilância epidemiológica, a saúde do trabalhador, os laboratórios de saúde pública e o saneamento ambiental, como áreas de intervenção organizadas no âmbito do SUS, e, ainda, como já dito anteriormente, que perpassam por muitos outros Ministérios. A realização da avaliação de dados ambientais será promovida e desencadeada por meio de ações de monitoramento e vigilância ou mediante estudos que permitam a predição das conseqüências para a saúde. Deverá ser assegurada a vigilância das enfermidades relacionadas com o meio ambiente, incluindo o do trabalho. Os instrumentos de vigilância em saúde ambiental devem permitir a análise de informações relacionadas ao ambiente e à saúde e definir indicadores com o objetivo de prevenir e atender a ocorrência dos agravos à saúde. A vigilância em saúde ambiental deverá ser implementada nos estados, nos municípios e no Distrito Federal por meio da estruturação do Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental (Sinvsa), compreendendo, prioritariamente, os seguintes programas de vigilância em saúde relacionados: (1) à água para o consumo humano; (2) ao solo; (3) ao ar; (4) aos desastres naturais; (5) aos acidentes tecnológicos; (6) às substâncias químicas; (7) aos ambientes de trabalho; (8) aos fatores físicos; (9) aos fatores biológicos;1 e (10) aos mecanismos técnicos, legais e políticos de gestão que os viabilizem. Para tanto, o setor público deverá proporcionar, nos três níveis de gestão do SUS, a infra-estrutura adequada e os recursos necessários para o desenvolvimento das ações de vigilância em saúde ambiental. Construção de Agendas Integradas em Saúde Ambiental A construção de ações intra e intersetoriais é um dos eixos centrais da Política Nacional de Saúde Ambiental, pois, dessa forma, busca-se a compatibilização dos procedimentos da vigilância em saúde ambiental, que estão em desenvolvimento no SUS, com aquelas praticadas por outros setores, para que sejam potencializadas e somadas as competências e os recursos disponíveis, evitando-se a superposição de ações e os conflitos entre instituições governamentais.

Outras políticas e outros setores também poderiam ser citados, trazendo maior grau ainda de complexidade ao campo, como, por exemplo, a Marinha, a partir do cuidado com os recursos do mar; os minerais, sob responsabilidade do Ministério das Minas e Energia; os agrotóxicos, também, registrados e fiscalizados pelo Ministério da Agricultura; o patrimônio cultural, a cargo do Ministério da Cultura, etc. No caso da interface com a área de Saúde do Trabalhador, ações conjuntas estão definidas pela Política Nacional de Saúde do Trabalhador, por meio da estratégia da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast). Fomento à promoção de ambientes saudáveis Ambiente e saúde são interdependentes e inseparáveis. As relações entre os homens e a natureza ocorrem em ambientes que podem e devem ser favoráveis à saúde. O termo “ambiente” não incorpora apenas a dimensão física ou natural, mas também a social, a cultural, a econômica e a política, sejam elas familiares, de trabalho, lazer, educação, consumo, produção, etc. O termo “ambientes saudáveis” materializa-se de forma mais específica e com distintas escalas: metrópoles, cidades e municípios saudáveis, bairros saudáveis, ilhas saudáveis, locais de trabalhos saudáveis, escolas saudáveis, mercados saudáveis, parques saudáveis, habitações saudáveis, etc. Mais uma vez coloca-se em questão o território, espaço concreto de inter-relação social, nas suas distintas escalas e dimensões, onde se articulam os distintos atores para atuar sobre os distintos determinantes do processo saúde-doença. Disseminação da informação e utilização dos meios de comunicação para prevenção e promoção da saúde A disseminação da informação, mediante a utilização dos meios de comunicação para a prevenção e a promoção da saúde, precisa estar inclusa no planejamento. A mídia, pelo alcance necessário das iniciativas de controle ao risco sobre a saúde humana, deve ser requisitada e utilizada em prol da saúde ambiental. Da mesma forma, requer-se um sistema de informação organizado e integrado, para análise e comunicação, de forma ampla e articulada, que facilite a operacionalização da vigilância em saúde ambiental. Em relação à Vigilância em Saúde Ambiental, a constante discussão do próprio objeto e da área de atuação está permitindo o direcionamento das futuras atribuições e dos fluxos lógicos e operacionais, prevendo a inclusão das bases de dados demográficos, de informações afins, incluindo as de saúde, e a adoção de análises epidemiológicas e espaciais. Sob a responsabilidade da Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM/SVS) encontram-se a estruturação e a integração dos diferentes sistemas de informações para a vigilância em saúde ambiental, sistemas que objetivam a efetivação da Política Nacional de Informação e Informática em Saúde.

POLÍTICA DE SANEAMENTO BÁSICO LEI Nº 11.445, DE 5 DE JANEIRO DE 2007.

CAPÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 1o Esta Lei estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. Art. 2o Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos seguintes princípios fundamentais: I - universalização do acesso; II - integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando à população o acesso na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e resultados; III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente; IV - disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado; V - adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e regionais; VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante; VII - eficiência e sustentabilidade econômica; VIII - utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas; IX - transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios institucionalizados; X - controle social; XI - segurança, qualidade e regularidade; XII - integração das infra-estruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos. Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se: I - saneamento básico: conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações operacionais de: a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição; b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente; c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas; II - gestão associada: associação voluntária de entes federados, por convênio de cooperação ou consórcio público, conforme disposto no art. 241 da Constituição Federal; III - universalização: ampliação progressiva do acesso de todos os domicílios ocupados ao saneamento básico; IV - controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem à sociedade informações, representações técnicas e participações nos processos de formulação de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados aos serviços públicos de saneamento

básico; V - (VETADO); VI - prestação regionalizada: aquela em que um único prestador atende a 2 (dois) ou mais titulares; VII - subsídios: instrumento econômico de política social para garantir a universalização do acesso ao saneamento básico, especialmente para populações e localidades de baixa renda; VIII - localidade de pequeno porte: vilas, aglomerados rurais, povoados, núcleos, lugarejos e aldeias, assim definidos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. § 1o (VETADO). § 2o (VETADO). § 3o (VETADO). Art. 4o Os recursos hídricos não integram os serviços públicos de saneamento básico. Parágrafo único. A utilização de recursos hídricos na prestação de serviços públicos de saneamento básico, inclusive para disposição ou diluição de esgotos e outros resíduos líquidos, é sujeita a outorga de direito de uso, nos termos da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, de seus regulamentos e das legislações estaduais. Art. 5o Não constitui serviço público a ação de saneamento executada por meio de soluções individuais, desde que o usuário não dependa de terceiros para operar os serviços, bem como as ações e serviços de saneamento básico de responsabilidade privada, incluindo o manejo de resíduos de responsabilidade do gerador. Art. 6o O lixo originário de atividades comerciais, industriais e de serviços cuja responsabilidade pelo manejo não seja atribuída ao gerador pode, por decisão do poder público, ser considerado resíduo sólido urbano. Art. 7o Para os efeitos desta Lei, o serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos é composto pelas seguintes atividades: I - de coleta, transbordo e transporte dos resíduos relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 3o desta Lei; II - de triagem para fins de reúso ou reciclagem, de tratamento, inclusive por compostagem, e de disposição final dos resíduos relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 3o desta Lei; III - de varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros eventuais serviços pertinentes à limpeza pública urbana.

CAPÍTULO III DA PRESTAÇÃO REGIONALIZADA DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO

BÁSICO

Art. 14. A prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico é caracterizada por: I - um único prestador do serviço para vários Municípios, contíguos ou não; II - uniformidade de fiscalização e regulação dos serviços, inclusive de sua remuneração; III - compatibilidade de planejamento.

CAPÍTULO IV DO PLANEJAMENTO

Art. 19. A prestação de serviços públicos de saneamento básico observará plano, que poderá ser específico para cada serviço, o qual abrangerá, no mínimo: I - diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos e apontando as causas das deficiências detectadas;

II - objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a universalização, admitidas soluções graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os demais planos setoriais; III - programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas, de modo compatível com os respectivos planos plurianuais e com outros planos governamentais correlatos, identificando possíveis fontes de financiamento; IV - ações para emergências e contingências; V - mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas. § 1o Os planos de saneamento básico serão editados pelos titulares, podendo ser elaborados com base em estudos fornecidos pelos prestadores de cada serviço. § 2o A consolidação e compatibilização dos planos específicos de cada serviço serão efetuadas pelos respectivos titulares. § 3o Os planos de saneamento básico deverão ser compatíveis com os planos das bacias hidrográficas em que estiverem inseridos. § 4o Os planos de saneamento básico serão revistos periodicamente, em prazo não superior a 4 (quatro) anos, anteriormente à elaboração do Plano Plurianual. § 5o Será assegurada ampla divulgação das propostas dos planos de saneamento básico e dos estudos que as fundamentem, inclusive com a realização de audiências ou consultas públicas. § 6o A delegação de serviço de saneamento básico não dispensa o cumprimento pelo prestador do respectivo plano de saneamento básico em vigor à época da delegação. § 7o Quando envolverem serviços regionalizados, os planos de saneamento básico devem ser editados em conformidade com o estabelecido no art. 14 desta Lei. § 8o Exceto quando regional, o plano de saneamento básico deverá englobar integralmente o território do ente da Federação que o elaborou. Art. 20. (VETADO). Parágrafo único. Incumbe à entidade reguladora e fiscalizadora dos serviços a verificação do cumprimento dos planos de saneamento por parte dos prestadores de serviços, na forma das disposições legais, regulamentares e contratuais.

CAPÍTULO VIII DA PARTICIPAÇÃO DE ÓRGÃOS COLEGIADOS NO CONTROLE SOCIAL

Art. 47. O controle social dos serviços públicos de saneamento básico poderá incluir a participação de órgãos colegiados de caráter consultivo, estaduais, do Distrito Federal e municipais, assegurada a representação: I - dos titulares dos serviços; II - de órgãos governamentais relacionados ao setor de saneamento básico; III - dos prestadores de serviços públicos de saneamento básico; IV - dos usuários de serviços de saneamento básico; V - de entidades técnicas, organizações da sociedade civil e de defesa do consumidor relacionadas ao setor de saneamento básico.

CAPÍTULO IX DA POLÍTICA FEDERAL DE SANEAMENTO BÁSICO

Art. 48. A União, no estabelecimento de sua política de saneamento básico, observará as seguintes diretrizes: I - prioridade para as ações que promovam a eqüidade social e territorial no acesso ao saneamento básico;

II - aplicação dos recursos financeiros por ela administrados de modo a promover o desenvolvimento sustentável, a eficiência e a eficácia; III - estímulo ao estabelecimento de adequada regulação dos serviços; IV - utilização de indicadores epidemiológicos e de desenvolvimento social no planejamento, implementação e avaliação das suas ações de saneamento básico; V - melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais e de saúde pública; VI - colaboração para o desenvolvimento urbano e regional; VII - garantia de meios adequados para o atendimento da população rural dispersa, inclusive mediante a utilização de soluções compatíveis com suas características econômicas e sociais peculiares; VIII - fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico, à adoção de tecnologias apropriadas e à difusão dos conhecimentos gerados; IX - adoção de critérios objetivos de elegibilidade e prioridade, levando em consideração fatores como nível de renda e cobertura, grau de urbanização, concentração populacional, disponibilidade hídrica, riscos sanitários, epidemiológicos e ambientais; X - adoção da bacia hidrográfica como unidade de referência para o planejamento de suas ações; XI - estímulo à implementação de infra-estruturas e serviços comuns a Municípios, mediante mecanismos de cooperação entre entes federados. Parágrafo único. As políticas e ações da União de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate e erradicação da pobreza, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida devem considerar a necessária articulação, inclusive no que se refere ao financiamento, com o saneamento básico. Art. 49. São objetivos da Política Federal de Saneamento Básico: I - contribuir para o desenvolvimento nacional, a redução das desigualdades regionais, a geração de emprego e de renda e a inclusão social; II - priorizar planos, programas e projetos que visem à implantação e ampliação dos serviços e ações de saneamento básico nas áreas ocupadas por populações de baixa renda; III - proporcionar condições adequadas de salubridade ambiental aos povos indígenas e outras populações tradicionais, com soluções compatíveis com suas características socioculturais; IV - proporcionar condições adequadas de salubridade ambiental às populações rurais e de pequenos núcleos urbanos isolados; V - assegurar que a aplicação dos recursos financeiros administrados pelo poder público dê-se segundo critérios de promoção da salubridade ambiental, de maximização da relação benefício-custo e de maior retorno social; VI - incentivar a adoção de mecanismos de planejamento, regulação e fiscalização da prestação dos serviços de saneamento básico; VII - promover alternativas de gestão que viabilizem a auto-sustentação econômica e financeira dos serviços de saneamento básico, com ênfase na cooperação federativa; VIII - promover o desenvolvimento institucional do saneamento básico, estabelecendo meios para a unidade e articulação das ações dos diferentes agentes, bem como do desenvolvimento de sua organização, capacidade técnica, gerencial, financeira e de recursos humanos, contempladas as especificidades locais; IX - fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico, a adoção de tecnologias apropriadas e a difusão dos conhecimentos gerados de interesse para o saneamento básico; X - minimizar os impactos ambientais relacionados à implantação e desenvolvimento das ações, obras e serviços de saneamento básico e assegurar que sejam executadas de acordo com as normas relativas à proteção do meio ambiente, ao uso e ocupação do solo e à saúde.

Art. 50. A alocação de recursos públicos federais e os financiamentos com recursos da União ou com recursos geridos ou operados por órgãos ou entidades da União serão feitos em conformidade com as diretrizes e objetivos estabelecidos nos arts. 48 e 49 desta Lei e com os planos de saneamento básico e condicionados: I - ao alcance de índices mínimos de: a) desempenho do prestador na gestão técnica, econômica e financeira dos serviços; b) eficiência e eficácia dos serviços, ao longo da vida útil do empreendimento; II - à adequada operação e manutenção dos empreendimentos anteriormente financiados com recursos mencionados no caput deste artigo. § 1o Na aplicação de recursos não onerosos da União, será dado prioridade às ações e empreendimentos que visem ao atendimento de usuários ou Municípios que não tenham capacidade de pagamento compatível com a auto-sustentação econômico-financeira dos serviços, vedada sua aplicação a empreendimentos contratados de forma onerosa. § 2o A União poderá instituir e orientar a execução de programas de incentivo à execução de projetos de interesse social na área de saneamento básico com participação de investidores privados, mediante operações estruturadas de financiamentos realizados com recursos de fundos privados de investimento, de capitalização ou de previdência complementar, em condições compatíveis com a natureza essencial dos serviços públicos de saneamento básico. § 3o É vedada a aplicação de recursos orçamentários da União na administração, operação e manutenção de serviços públicos de saneamento básico não administrados por órgão ou entidade federal, salvo por prazo determinado em situações de eminente risco à saúde pública e ao meio ambiente. § 4o Os recursos não onerosos da União, para subvenção de ações de saneamento básico promovidas pelos demais entes da Federação, serão sempre transferidos para Municípios, o Distrito Federal ou Estados. § 5o No fomento à melhoria de operadores públicos de serviços de saneamento básico, a União poderá conceder benefícios ou incentivos orçamentários, fiscais ou creditícios como contrapartida ao alcance de metas de desempenho operacional previamente estabelecidas. § 6o A exigência prevista na alínea a do inciso I do caput deste artigo não se aplica à destinação de recursos para programas de desenvolvimento institucional do operador de serviços públicos de saneamento básico. § 7o (VETADO). Art. 51. O processo de elaboração e revisão dos planos de saneamento básico deverá prever sua divulgação em conjunto com os estudos que os fundamentarem, o recebimento de sugestões e críticas por meio de consulta ou audiência pública e, quando previsto na legislação do titular, análise e opinião por órgão colegiado criado nos termos do art. 47 desta Lei. Parágrafo único. A divulgação das propostas dos planos de saneamento básico e dos estudos que as fundamentarem dar-se-á por meio da disponibilização integral de seu teor a todos os interessados, inclusive por meio da internet e por audiência pública.

Revista de Direito Sanitário

versão impressa ISSN 1516-4179

Rev. Direito Sanit. v.9 n.3 São Paulo nov. 2008

TEMA EM DEBATE

Saúde indígena no Brasil: atual quadro jurídico-administrativo do estado brasileiro e desafios para a garantia do direito à saúde da população indígena

Indigenous health in Brazil: current juridical scenery and the challenges to guarantee the right to health of indigenous populations

Fernando Aith

Doutor em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), mestre em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Faculdade de Direito da USP, especialista em Direito Médico e da Saúde pela Université de Paris 8, pesquisador do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário e professor da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas — São Paulo. E-mail: <[email protected]>

I. O DEVER CONSTITUCIONAL DO ESTADO BRASILEIRO DE PROTEGER E PRESERVAR OS DIREITOS DAS COMUNIDADES INDÍGENAS

Um dos grandes avanços da Constituição Federal de 1988 foi o reconhecimento expresso dos direitos dos povos indígenas que habitam o território brasileiro. Junto com este reconhecimento também ficou definido o dever do Estado de proteger e preservar os direitos das comunidades indígenas.

O Título VIII da Constituição de 1988, que trata da Ordem Social, dedicou um capítulo inteiro para a afirmação dos direitos indígenas no país, estampando nos arts. 231 e 232 as bases jurídicas de proteção dos índios. Embora o grande foco dos dispositivos constitucionais dedicados ao tema tenha sido a questão da terra, os constituintes brasileiros não descuidaram de outros direitos de extrema importância para os índios, tais como a preservação de sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições.

Nesse sentido, é que o art. 231 apresenta o que pode ser classificado como o grande marco jurídico de proteção dos índios no país, ao dispor que "são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens".

Mesmo quando se refere à questão da terra indígena, a Constituição deixa evidente a relação existente entre a preservação das terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas e o bem-estar destes povos. Ou seja, o reconhecimento e a proteção das terras indígenas são pressupostos básicos para a garantia de outros direitos dos povos indígenas, entre eles o direito à saúde.

Não é por outra razão que o § 1º do art. 231 da Constituição Federal considera como sendo terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

É bom lembrar, portanto, que a Organização Mundial de Saúde (OMS), no preâmbulo de sua Constituição (1946), dispõe que "saúde é o completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença". Ou seja, para a garantia do direito à saúde dos povos indígenas é necessário garantir condições dignas de vida que assegurem a eles um completo bem-estar físico, mental e social, considerando-se suas especificidades culturais.

A União assume, no desenho constitucional de proteção ao índio, um papel estratégico, pois a ela compete a demarcação das terras indígenas e a proteção de seus direitos. No entanto, é importante ressaltar que uma grande inovação da Constituição de 1988 foi a de reconhecer aos indígenas a capacidade jurídica processual. No novo modelo constitucional, os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, devendo o Ministério Público intervir em todos os atos do processo. Dentro desta nova sistemática os índios podem, quando violados os seus direitos, recorrer diretamente ao Poder Judiciário para demandar o cumprimento da Constituição e da legislação de proteção ao indígena existente no Brasil.

III. O TRATAMENTO DA SAÚDE INDÍGENA NO ESTATUTO DO ÍNDIO

O Estatuto do Índio, aprovado pela Lei Federal n. 6.001, de 19 de dezembro de 1973 e ainda vigente no Brasil, é o principal documento normativo que regula a situação jurídica dos índios e das comunidades indígenas no país.

De acordo com o art. 1º, parágrafo único, do Estatuto do Índio, aos índios e às comunidades indígenas se estende a proteção das leis vigentes no Brasil, nos mesmos termos que se aplicam aos demais brasileiros, resguardados os usos, costumes e tradições indígenas, bem como as condições peculiares reconhecidas no Estatuto. Nesse sentido, aplica-se também aos índios o reconhecimento da saúde como direito de todos e dever do Estado, a ser garantido por meio de políticas sociais e econômicas que promovam o acesso universal e igualitário às ações e serviços públicos de saúde.

No que se refere às obrigações dos entes federativos para a proteção dos direitos dos índios, o art. 2º do Estatuto do Índio dispõe que compete à União, aos Estados e aos Municípios, bem como aos órgãos das respectivas administrações indiretas, nos limites de sua competência, adotar diversas ações para a proteção das comunidades indígenas e a preservação dos seus direitos. Dentre outras medidas a serem adotadas, destacam-se: estender aos índios os benefícios da legislação comum, sempre que possível a sua aplicação (art. 2º, I); prestar assistência aos índios e às comunidades indígenas ainda não integradas à comunhão nacional (art. 2º, II); respeitar, ao proporcionar aos índios meios para o seu desenvolvimento, as peculiaridades inerentes à sua condição (art. 2º, III); executar,

sempre que possível mediante a colaboração dos índios, os programas e projetos tendentes a beneficiar as comunidades indígenas (art. 2º, VII).

Pelo atual ordenamento jurídico, portanto, os índios que habitam o território brasileiro têm direitos iguais aos de qualquer cidadão brasileiro, devendo o Estado garantir estes direitos de forma ampla e diferenciada. São aplicáveis à proteção dos índios toda e qualquer lei que estabeleça ou defina direitos aos cidadãos.

No que se refere à saúde, especificamente, o Estatuto do Índio prevê, em seu art. 54, que "os índios têm direito aos meios de proteção à saúde facultados à comunhão nacional". Ou seja, os indígenas têm, hoje, direito aos serviços públicos de saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde — (SUS). Mais do que isso, de acordo com as regras definidas no art. 2º supracitado, o direito dos índios de acesso aos serviços públicos de saúde oferecidos pelo SUS deve ser garantido também por meio do respeito às suas peculiaridades culturais, assim como devem ser organizados para, tanto quanto possível, contarem com a colaboração dos índios na sua execução.

A atenção à saúde indígena foi organizada por meio da Lei n. 9.836, de 23 de setembro de 1999, que introduziu na Lei n. 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde) todo um novo Capítulo denominado "Do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena". Este subsistema, vinculado ao Sistema Único de Saúde, procura articular as ações e serviços públicos de saúde oferecidos pelo SUS no âmbito nacional com as peculiaridades e especificidades de atendimento aos índios. Convém analisar, com vagar, a organização jurídica da atenção à saúde indígena no Brasil.

IV. O SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA, CRIADO PELA LEI N. 8.080/90, E OS DISTRITOS SANITÁRIOS ESPECIAIS INDÍGENAS — DSEI

As ações e serviços de saúde voltados para o atendimento das populações indígenas, em todo o território nacional, coletiva ou individualmente, tiveram a sua organização jurídica definida pelos arts. 19-A a 19-H da Lei n. 8.080/90, inseridos nesta Lei pela Lei n. 9.836/99.

O novo regramento criado em 1999 instituiu o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, dispondo que este será um componente do Sistema Único de Saúde — SUS, criado e definido pelas Leis n. 8.080/90 e 8.142, de 28 de dezembro de 1990. A idéia original é que o Subsistema de Saúde Indígena funcione em perfeita integração com o SUS, baseando-se nas mesmas diretrizes de universalidade, regionalização, integralidade e participação da comunidade na organização e gestão dos serviços.

Caberá à União, com seus recursos próprios, financiar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. Por essa razão, é que se afirma, com tranqüilidade, que o papel da União no que se refere à saúde indígena é um papel fundamental, protagonista. O financiamento da União pode ser direcionado para o custeio dos serviços prestados diretamente por seus órgãos da Administração direta e indireta (notadamente, o Ministério da Saúde e a FUNASA), ou ainda, pode ser direcionado para o pagamento de serviços prestados por terceiros, sejam eles os Municípios ou as instituições conveniadas de direito privado.

Compete ao Sistema Único de Saúde promover a articulação do Subsistema de Saúde Indígena com os órgãos responsáveis pela Política Indígena do País, notadamente a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e o Ministério da Justiça. Neste aspecto, um dos grandes desafios da Administração Federal é o de promover uma articulação efetiva e eficaz

entre FUNAI e FUNASA para que consigam reunir as informações estratégicas relevantes e, com elas, elaborar um bom plano de ação voltado ao atendimento da saúde indígena no país.

Os Estados, Municípios, outras instituições governamentais e não governamentais poderão atuar complementarmente no custeio e execução das ações de atenção à saúde indígena. No que se refere ao custeio, a parte substancial do financiamento dos serviços de saúde para os índios é da União. Estados e Municípios ingressam com recursos residuais, ainda muito incipientes se confrontados com as necessidades de melhoria e desenvolvimento dos serviços.

No que se refere à execução dos serviços de saúde voltados aos índios, convém destacar que na atual conformação do Subsistema de Saúde Indígena, os Municípios e as organizações não governamentais — ONGs, têm ocupado um papel cada vez maior. A União, mediante convênios e contratos, financia a prestação dos serviços que acabam sendo executados, na prática, pelos Municípios, por meio da rede municipal de saúde, e pelas ONGs conveniadas, que recebem recursos para prestar diversos tipos de serviços de atenção à saúde diretamente nas comunidades indígenas.

Na organização dos serviços de saúde indígena, como dito, deve-se obrigatoriamente levar em consideração a realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas. O modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena deve ser pautado por uma abordagem diferenciada e global, contemplando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nutrição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação sanitária e integração institucional. Essa concepção ampla da atenção à saúde indígena reforça a necessidade de articulação entre os órgãos de saúde e aqueles que cuidam da política indígena no Brasil, pois, temas como nutrição, demarcação de terras e habitação devem necessariamente ser tratados de uma maneira interinstititucional.

O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena organizado pela Lei Orgânica da Saúde tem como base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas — DSEIs.

1. Modelo de organização dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas — (DSEIs)

A conformação territorial dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas leva em consideração diversos critérios sociais, antropológicos, sanitários e administrativos, dentre os quais destacam-se os seguintes: população; área geográfica; perfil epidemiológico; disponibilidade de serviços; recursos humanos; infra-estrutura; vias de acesso aos serviços instalados em nível local e à rede regional do SUS; relações sociais entre os diferentes povos indígenas do território e a sociedade regional e distribuição demográfica tradicional dos povos indígenas, que não necessariamente coincide com os limites de estados e municípios onde estão localizadas as terras indígenas.

Conforme a Política Nacional de Atenção à Saúde Indígena, definida pela Portaria MS n. 254, de 31 de janeiro de 2002, cada distrito deve possuir uma rede de serviços de atenção básica de saúde dentro das áreas indígenas. Esta rede de serviços deve seguir as mesmas diretrizes de organização do SUS, ou seja, deve organizar-se de forma integrada e hierarquizada, com complexidade crescente e articulada com a rede do Sistema Único de Saúde.

As equipes de saúde dos distritos são compostas por médicos, enfermeiros, odontólogos,

auxiliares de enfermagem e agentes indígenas de saúde, contando com a participação sistemática de antropólogos, educadores, engenheiros sanitaristas e outros especialistas e técnicos considerados necessários.

O número, qualificação e perfil dos profissionais das equipes serão estabelecidos de acordo com um Plano, que deve considerar, dentre outros aspectos: o número de habitantes, a dispersão populacional, as condições de acesso, o perfil epidemiológico, as necessidades específicas para o controle das principais endemias e o Programa de Formação de Agentes Indígenas de Saúde.

Nas aldeias, a atenção básica organiza-se com base na atuação dos Agentes Indígenas de Saúde, que ficam nos postos de saúde. Também fazem parte da atenção básica aos índios, as equipes multidisciplinares que devem visitar as aldeias periodicamente.

No que diz respeito aos serviços de saúde com maior complexidade, as comunidades indígenas contam com os Pólos-Base. Os pólos são a primeira referência para os agentes indígenas de saúde que atuam nas aldeias e podem estar localizados numa comunidade indígena ou num município de referência. Neste último caso, correspondem a uma unidade básica de saúde, já existente na rede de serviços daquele município. O modelo prevê que a maioria dos agravos à saúde serão resolvidos nesse nível de atenção à saúde. É exatamente neste aspecto que o sistema de atenção à saúde indígena está cada vez mais se municipalizando, de forma que os Municípios têm assumido um papel protagonista no subsistema de atenção à saúde indígena. Isto porque as demandas que não forem atendidas no grau de resolutividade dos Pólos-Base deverão ser referenciadas para a rede de serviços do SUS, de acordo com a realidade de cada Distrito Sanitário Especial Indígena.

Para garantir o acesso dos índios à atenção de média e alta complexidades, são definidos procedimentos de referência, contra-referência e mecanismos de incentivo a unidades de saúde pela oferta de serviços diferenciados. Dentre outros serviços diferenciados, destacam-se aqueles que influenciam o processo de recuperação e cura dos pacientes indígenas, tais como os relativos a alimentação, acompanhamento por parentes e intérpretes, visita de terapeutas tradicionais, instalação de redes nos quartos, entre outros serviços considerados necessários pelos próprios usuários e negociados com o prestador de serviço. Em tese, também devem ser disponibilizados aos índios serviços de apoio aos pacientes encaminhados à rede do Sistema Único de Saúde.

Os serviços de maior complexidade são prestados pelas Casas de Saúde Indígena, localizadas em municípios de referência dos distritos, a partir da readequação das Casas do Índio. Estas Casas de Saúde devem receber, alojar e alimentar pacientes encaminhados e acompanhantes, prestar assistência de enfermagem 24 horas por dia, marcar consultas, exames complementares ou internação hospitalar, providenciar o acompanhamento dos pacientes nessas ocasiões e o seu retorno às comunidades de origem, acompanhados das informações sobre o caso.

Dentro da sistemática criada, o SUS funciona como uma retaguarda do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, sendo, em último caso, o destino dos índios com problemas de saúde que não conseguem resolutividade dentro do subsistema especial acima mencionado. Para propiciar a integração entre o SUS e as necessidades indígenas, bem como a prestação de um serviço integral e sem discriminações, os serviços do SUS devem adaptar a sua estrutura e organização, principalmente nas regiões onde residem as populações indígenas. De acordo com a Política Nacional de Saúde Indígena, os índios devem ter

acesso garantido ao SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de acordo com suas necessidades, compreendendo a atenção primária, secundária e terciária à saúde.

Finalmente, para assegurar a qualidade e resolutividade dos serviços prestados no âmbito do Subsistema de Saúde Indígena, as populações indígenas têm direito a participar dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for o caso.

V. A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE DOS POVOS INDÍGENAS — PORTARIA MS N. 245, DE 31 DE JANEIRO DE 2002

As ações a serem desenvolvidas no âmbito do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena foram planejadas por meio da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas.

A Portaria do Ministério da Saúde n. 254, de 2002, que dispõe sobre a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, estabelece os princípios e diretrizes a serem seguidos para a adoção de um modelo complementar e diferenciado de organização dos serviços voltados para a proteção, promoção e recuperação da saúde. Dentre os princípios e diretrizes definidos na Política de Saúde Indígena, destacam-se: descentralização, universalidade, eqüidade, participação comunitária e controle social.

Para a efetivação de um sistema de saúde que dê conta das necessidades reais dos povos indígenas, a Portaria prevê a necessidade de se criar uma rede de serviços de saúde nas terras indígenas capaz de superar as deficiências de cobertura, acesso e aceitabilidade do SUS. Para tanto, é necessária a organização de serviços de saúde diferenciados, que respeitem as especificidades culturais, epidemiológicas e operacionais desses povos.

A fim de alcançar esses objetivos, a Política Nacional de Saúde Indígena estabelece algumas diretrizes, que devem orientar a definição de instrumentos de planejamento, implementação, avaliação e controle das ações de atenção à saúde dos povos indígenas: organização dos serviços de atenção à saúde dos povos indígenas na forma de Distritos Sanitários Especiais e Pólos-Base, no nível local, onde a atenção primária e os serviços de referência se situam; preparação de recursos humanos para atuação em contexto intercultural; monitoramento das ações de saúde dirigidas aos povos indígenas; articulação dos sistemas tradicionais indígenas de saúde; promoção do uso adequado e racional de medicamentos; promoção de ações específicas em situações especiais; promoção da ética na pesquisa e nas ações de atenção à saúde envolvendo comunidades indígenas; promoção de ambientes saudáveis e proteção da saúde indígena; controle social, por meio dos Conselhos Distritais de Saúde instalados no âmbito dos Distritos Sanitários Especiais com a participação dos índios.

A cada uma dessas diretrizes a Portaria MS n. 254, de 2002, estabelece um conjunto de orientações a serem seguidas pelos agentes públicos e colaboradores que atuam no Subsistema de Atenção à Saúde Indígena.

A análise jurídica do modelo de organização do Estado brasileiro para a atenção à saúde indígena mostra que, ao menos em termos normativos, existe um conjunto articulado de princípios e diretrizes políticas e administrativas para oferecer aos povos indígenas uma

atenção à saúde adequada. O desafio atual reside, portanto, na execução prática das normas e diretrizes jurídicas existentes. Analisemos, assim, alguns aspectos relevantes sobre o principal órgão federal responsável pela saúde indígena, a Fundação Nacional de Saúde — FUNASA.

VI. A FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE — FUNASA COMO ÓRGÃO FEDERAL RESPONSÁVEL PELA ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA NO BRASIL

Desde a edição da Medida Provisória n. 1.911-8, de 1999, a responsabilidade da União no que se refere à atenção à saúde indígena encontra-se no âmbito da competência legalmente atribuída à FUNASA, órgão vinculado ao Ministério da Saúde.

A inclusão da saúde indígena como área de competência do Ministério da Saúde foi reafirmada pela aprovação da Lei Federal n. 10.683, de 28 de maio de 2003, que dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios. Dispõe o art. 27, XX, c, da Lei n. 10.683/03: "Os assuntos que constituem áreas de competência de cada Ministério são os seguintes: (...); XX — Ministério da Saúde: (...) c) saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores e índios."

Pouco após a publicação da Lei n. 10.683/03, o Decreto Federal 4.727, de 9 de junho de 2003, veio confirmar que a competência específica de promoção, proteção e recuperação da saúde indígena ficaria sob a incumbência da Fundação Nacional de Saúde. Este Decreto aprova o Estatuto Social da FUNASA, definindo em seu art. 2º a competência expressa de "assegurar a saúde dos povos indígenas".

Para cumprir esta competência, a FUNASA conta em sua estrutura com um Departamento de Saúde Indígena (art. 5º, III, b, do Estatuto). De acordo com o art. 20, I a IV, do Estatuto da FUNASA, ao Departamento de Saúde Indígena compete planejar, coordenar e supervisionar a execução das atividades relativas à: proposição de políticas e de ações de educação em saúde pública voltada para a assistência à saúde das populações indígenas; promoção, proteção e recuperação da saúde dos povos indígenas, segundo as peculiaridades, o perfil epidemiológico e a condição sanitária de cada comunidade; organização das atividades de atendimento integral à saúde dos povos indígenas, no âmbito do Sistema Único de Saúde e às ações e serviços desenvolvidos pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, assegurando os serviços de atendimento básico nas terras indígenas.

De acordo com o art. 78, V, do Regimento Interno da FUNASA, o Departamento de Saúde Indígena — DESAI tem ainda a competência de planejar, coordenar e supervisionar a execução das atividades relativas aos sistemas e serviços de saneamento ambiental em áreas indígenas, em articulação com o Departamento de Engenharia da FUNASA. Trata-se de ação importantíssima de saneamento básico nas áreas indígenas, problema que vem se agravando de forma dramática no país.

Como estratégia administrativa para melhor cumprir os seus objetivos, a FUNASA organiza-se em Coordenações Regionais, unidades descentralizadas do órgão e vinculadas à Presidência da Fundação. As coordenações regionais têm a competência de coordenar, supervisionar e desenvolver as atividades da FUNASA nas suas respectivas áreas de jurisdição. Os Distritos Sanitários Especiais Indígenas, na estrutura da FUNASA, estão vinculados administrativamente às coordenações regionais. Cada Distrito Sanitário tem um Chefe de Distrito, responsável pela execução das ações necessárias à proteção da saúde

indígena, em especial no nível da atenção básica.

As responsabilidades da FUNASA no que se refere à saúde indígena são grandes; mas, ainda percebe-se que a Fundação não possui estrutura adequada para dar conta de tamanho desafio. A saúde indígena no Brasil necessita, sem dúvida, de um órgão federal bem aparelhado e equipado, com servidores públicos qualificados, capacitados e sensibilizados para o atendimento específico dos povos indígenas. Certamente, ainda há muito o que se evoluir para que a FUNASA consiga prestar, efetivamente, um bom serviço de atenção à saúde indígena no Brasil. Para que esta evolução se torne realidade, é preciso enfrentar os grandes desafios que podem ser vislumbrados e que serão discorridos a seguir.

EXERCÍCIOS

1- Sistema Único de Saúde - SUS: Princípios e Diretrizes, Leis Orgânicas do SUS (Lei 8080/90 e 8142/90)

01. A garantia ao usuário de uma atenção que abranja as ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação com garantia de acesso a todos os níveis de complexidade do sistema de saúde se refere ao princípio do Sistema Único de Saúde denominado (SES – 2008)

A) Universalidade. B) Hierarquização. C) Integralidade. D) Acessibilidade. E) Resolutividade.

2- Com relação ao que dispõe a CF acerca da assistência à saúde, julgue os seguintes itens.

1 Conforme o texto constitucional, as ações e os serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada que constitui um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: atendimento integral, priorizando-se as atividades assistenciais; descentralização, com dupla direção na esfera municipal, a partir de parcerias estabelecidas entre estados e municípios; participação da comunidade. 2 É vedado às instituições privadas, incluindo-se as filantrópicas e as entidades sem fins

lucrativos, o estabelecimento de convênios ou de contratos de direito público para participarem do SUS. 3 É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. 4 É vedado todo tipo de comercialização, no que concerne às condições e aos requisitos para a remoção de substâncias, órgãos e tecidos humanos, para fins de transplante, pesquisa e tratamento. 5 É permitida a participação direta de capitais estrangeiros na assistência à saúde no Brasil.

03. Em relação à Lei 8142, de 28 de dezembro de 1990, analise as afirmativas abaixo. (SES – 2008) I. A presença dos usuários nos Conselhos de Saúde é paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos integrantes do colegiado e espelha uma conquista do SUS. II. Os Conselhos de Saúde atuam na formulação de estratégias e no controle da execução da política III. O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, é composto por representantes do governo, prestadores de serviços, profissionais e usuários. IV. Para que um Conselho funcione de forma adequada, é necessário que sua composição seja representativa e tenha legitimidade. A participação do conselheiro é voluntária e não remunerada. Assinale a alternativa CORRETA. A) Todas estão corretas. B) I e III estão corretas, porém II e IV estão incorretas. D) Apenas II, III e IV estão corretas. C) Apenas I, II e III estão corretas. E) Apenas a IV está correta.

04. A respeito do sistema de saúde no Brasil, julgue os itens a seguir. 93- A forma como o atual sistema de saúde está configurado foi resultado de um processo de mudanças e transformações ocorridas desde o século passado, tornando possível dividir a saúde pública brasileira em grandes períodos, com significados econômicos e políticos diferentes. 94- A Lei n.º 8.080/1990 enfatiza a descentralização político-administrativa mediante a municipalização de serviços e ações de saúde. 95- Por não poder participar do Sistema Único de Saúde (SUS), o setor privado não necessita obedecer às diretrizes desse sistema, devendo funcionar de maneira independente no que se refere à organização e aos serviços, garantindo a disponibilidade destes para uma população que possa pagar por eles. 96- A orientação familiar, a participação na área de saneamento, o controle e a fiscalização de alimentos, água e bebidas para o consumo humano são exemplos de áreas de atuação do SUS definidas na Lei n.º 8.080/1990. 97- As leis orgânicas da saúde editadas na década passada reforçam a necessidade de redistribuição de poder, competências e recursos em direção aos estados e à União. 98- São diretrizes do SUS a equidade, integralidade e descentralização

05. Em relação ao Sistema Único de Saúde, é INCORRETO afirmar. (SES – 2008) A) As organizações privadas de saúde participam da oferta de serviços aos SUS, em caráter complementar, quando demandadas em função da insuficiência na disponibilidade de serviços públicos. B) É um produto da Reforma Sanitária Brasileira originado do movimento sanitário, processo político que mobilizou a sociedade brasileira para propor novas políticas e novos modelos de organização de sistema, serviços e práticas de saúde. C) A sua base jurídico-legal defende uma concepção de saúde relacionada à ausência de doenças e à higidez física e mental, embora o movimento sanitário entenda a saúde numa concepção ampliada. D) É integrante do sistema brasileiro de proteção social e junto com o Sistema de Previdência Social

e o Sistema Único de Assistência Social compõem o tripé da seguridade social, estabelecido na Constituição. E) Há descentralização político-administrativa com ênfase na municipalização da gestão dos serviços e das ações de saúde.

06. Na Constituição Federal de 1988 (CF), há vários artigos que versam diretamente sobre o direito dos cidadãos à saúde e sobre as responsabilidades do poder público quanto a ações e serviços de saúde. Acerca desse tema, julgue os itens a seguir. 111- A CF dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado, o qual, por meio de políticas sociais e econômicas, deve assegurar tal direito. 112- Na CF, as ações e os serviços de saúde são considerados como de relevância pública, devendo ser executados diretamente e exclusivamente pelo poder público. 113- De acordo com a CF, cabe ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre a regulamentação, a fiscalização e o controle das ações e serviços de saúde. 114- O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde deve ser alvo de políticas do Estado, segundo a CF. 115- O SUS deve ser financiado, nos termos da CF, com recursos do orçamento dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, cabendo à União a complementação de recursos exclusivamente em caráter eventual, a exemplo das situações de calamidade pública. 07. O princípio da eqüidade no Sistema Único de Saúde (SUS) significa (SES – 2008) A) que o sistema de saúde deve atender a todos, sem distinções ou restrições, oferecendo toda atenção necessária, sem qualquer custo. B) capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência. C) acesso aos benefícios e serviços de saúde às populações urbanas e rurais. D) assegurar a articulação da saúde com outras políticas públicas, que tenham repercussão na qualidade de vida dos indivíduos. E) atenção à saúde sem privilégios ou preconceitos, disponibilizando recursos e serviços de forma justa, de acordo com as necessidades de cada um. 08. Com relação aos princípios e às atribuições do Sistema Único de Saúde (SUS), julgue os itens a seguir. 1 Embora o SUS participe da formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde, ele não toma parte na produção desses medicamentos e insumos, visto tratar-se de atribuição da Agência Nacional de Saúde (ANS). 2 A participação na execução de ações e na formulação de políticas de saneamento básico também é uma das atribuições do SUS. 3 O SUS participa do controle, do transporte, da guarda e da utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos, contudo não cabe a ele a fiscalização da produção dessas substâncias. 4 O SUS deve executar ações de vigilância epidemiológica, de vigilância sanitária, de saúde do trabalhador e de assistência terapêutica integral, incluindo a farmacêutica. 09. A Lei Orgânica de Saúde nº 8.080, em seu “Capítulo II - Dos Princípios e Diretrizes”, estabelece que (SES – 2008) A) a universalidade de acesso aos serviços de saúde é entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso, em todos os níveis de complexidade do sistema. B) seja assegurada a igualdade da assistência à saúde sem preconceito de cor e raça. C) em nível executivo, as ações de saúde sejam integradas, apenas, às ações de saneamento

básico. D) no estabelecimento de prioridades, na alocação de recursos e na orientação programática, seja utilizada a epidemiologia. E) seja preservada a autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física. 10. Com relação aos princípios que norteiam o desenvolvimento de ações e serviços públicos de saúde e serviços privados ou conveniados que integram o SUS, julgue os itens subsequentes. 17 As pessoas assistidas têm direito à informação sobre sua saúde. 18 A integralidade da assistência, que compreende as ações e os serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, é exigida somente no nível básico de assistência. 19 A epidemiologia deve ser utilizada no estabelecimento de prioridades, na alocação de recursos e na orientação programática. 20 A ênfase deve ser na centralização da rede de serviços de saúde em vez de em sua regionalização. 21 A participação da comunidade é uma das diretrizes do SUS. 11. Com relação à Lei nº 8.142, é CORRETO afirmar que (SES – 2008) A) dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, organização e funcionamento dos serviços correspondentes. B) dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. C) o Sistema Único de Saúde em cada esfera de governo contará com a Conferência Nacional de Saúde como instância colegiada de caráter permanente e deliberativo. D) a representação dos usuários será paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos, apenas para os Conselhos de Saúde. E) a Conferência de Saúde atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde. 12. Com relação ao CAPÍTULO III, da Lei 8080, que trata da Organização, da Direção e da Gestão do Sistema Único de Saúde, é FALSO afirmar que (Camaragibe – 2008) A) as ações e os serviços de saúde, executados pelo SUS, seja diretamente ou mediante participação complementar da iniciativa privada, são organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente. B) no nível municipal, o SUS deverá organizar-se em distritos, de forma a integrar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de saúde. C) as comissões intersetoriais de âmbito nacional, criadas são subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde e integradas pelos ministérios e órgãos competentes e entidades representativas da sociedade civil. D) cabe às comissões intersetoriais articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do SUS. E) cabem às comissões permanentes de integração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profissional e superior propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e educação continuada dos recursos humanos do SUS. 13. Julgue os itens a seguir, acerca da Lei n.º 8.142/1990, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. 6 As instâncias colegiadas do SUS são as seguintes: conferência de saúde e conselhos de saúde. 7 Cabe à conferência de saúde avaliar, na esfera de governo de sua competência, a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes. 8 A conferência de saúde deve ser convocada, anualmente, por determinação conjunta dos Poderes

Legislativo e Executivo. 9 Para o recebimento dos recursos do FNS alocados para cobertura de ações e serviços de saúde, os municípios, os estados e o DF devem apresentar, no respectivo orçamento, contrapartida de recursos para a saúde. 10 Essa lei estabelece que o não-atendimento pelos municípios dos requisitos estabelecidos para o recebimento dos recursos do FNS destinados à cobertura de ações e serviços de saúde implica a retenção e inativação imediata dos recursos na esfera federal até a apresentação de justificativas e julgamento do caso pelas instâncias colegiadas. 14. Com relação à participação complementar no SUS, é FALSO afirmar. (Camaragibe – 2008) A) Será formalizada mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, as normas de direito público. B) Terão preferência para participar do SUS as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. C) Os critérios e os valores para a remuneração de serviços e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos, respectivamente, pelas direções estadual e municipal do SUS, aprovados nos Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde. D) A fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de pagamento da remuneração deverá estar fundamentada em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qualidade dos serviços contratados. E) Aos proprietários, administradores e dirigentes de entidades ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou função de confiança no SUS. 15. São condições essenciais que garantem a legitimidade do controle social nos Conselhos Municipais de Saúde: (Cupira – 2009) A) a autonomia e a organicidade. B) a organicidade e a permeabilidade. C) a permeabilidade e a visibilidade. D) a organicidade e a autonomia, apenas. E) a autonomia, a organicidade e a permeabilidade, acrescidas da visibilidade. 16. Segundo os preceitos do SUS e de acordo com a Constituição Federal de 1988, o princípio que garante a qualquer cidadão brasileiro o direito de ser atendido, desde a prevenção das doenças até as ações de saúde de maior complexidade, é o da (SES – 2010) A) Equidade. B) Humanização. C) Resolutividade. D) Intersetorialidade. E) Integralidade. 17. São princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde: (SES – 2011) A) Universalização, Integralidade e Equidade. B) Integralidade, Descentralização e Hierarquização. C) Universalização, Hierarquização e Regionalização. D) Universalização, Regionalização e Comando Único. E) Integralidade, Equidade e Participação Popular. 18. Segundo os preceitos do SUS e de acordo com a Constituição Federal de 1988, o princípio que pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, como forma de assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos, é (SES – 2011) A) Equidade. B) Humanização. D) Intersetorialidade. C) Resolutividade. E) Integralidade. .

19. O princípio da equidade no Sistema Único de Saúde (SUS) significa (UPE – 2011) A) garantia de acesso a todas as pessoas às ações e aos serviços de saúde, independentemente de sexo, raça, renda, ocupação ou outras características sociais ou pessoais. B) capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência. C) acesso aos benefícios e serviços de saúde às populações urbanas e rurais. D) assegurar a articulação da saúde com outras políticas públicas que tenham repercussão na qualidade de vida dos indivíduos. E) garantia de que os recursos de saúde, em função das disparidades regionais e diferenças sociais, sejam distribuídos no sentido de oferecer àqueles que mais necessitam de atenção e cuidados. 20. Pode ser compreendido(a), no contexto da saúde, como um fator de publicização do Estado. Está entendido(a) como articulação de uma relação política entre Estado e sociedade, na qual os interesses divergentes são expressos, os embates aceitos e as propostas construídas para a efetivação dos direitos conquistados, visando ao alcance de novos direitos que possam se tornar agendados e institucionalizados. Esse conceito é relativo à definição de (SES – 2012) A) Controle Sanitário. B) Controle Social. D) Direito Sanitário. C) Apoio Comunitário. E) Reforma Sanitária. 21. A composição dos Conselhos de Saúde se dá na seguinte proporção: (SES – 2012) A) 50% de usuários e outros 50% para gestores, prestadores de serviços e trabalhadores. B) 30% de usuários e outros 70% para gestores, prestadores de serviços e trabalhadores. C) 20% de usuários e outros 80% para gestores, prestadores de serviços e trabalhadores. D) 30% de usuários, 20% para gestores e 50% para prestadores de serviços e trabalhadores. E) 50% de usuários, 30% para gestores e 20% para prestadores de serviços e trabalhadores.

22. Com as normas operacionais da assistência à saúde (NOAS/SUS/01 e sua adequação, NOAS/SUS/01/02), editadas, em 2001, por portaria do Ministério da Saúde, instituiu-se a regionalização em saúde como estratégia fundamental para o aprimoramento e a consolidação dos princípios do SUS. A respeito do processo de regionalização em saúde, como estratégia de organização da assistência à saúde, julgue os itens de 116 a 120. 116- O Plano Diretor de Regionalização (PDR), proposto na NOAS/SUS/01, prevê a reorganização dos distritos sanitários, no âmbito do espaço territorial dos municípios habilitados, no mínimo, na modalidade de gestão plena do sistema municipal de saúde. 117- A edição das NOAS/SUS/01/02 é fruto de processo de negociação estabelecido entre diferentes setores da gestão federal do SUS — Ministério da Saúde — e as secretarias de estado de saúde, por meio do Conselho de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS), as secretarias municipais de saúde, por meio do Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS), e o Conselho Nacional de Saúde. 118- Constitui objetivo central da NOAS/SUS/01 promover a equidade na alocação de recursos e no acesso da população às ações e aos serviços de saúde em todos os níveis de atenção. 119- Compete aos municípios, em parceria com as secretarias estaduais de saúde, a programação das ações de saúde de baixa e média complexidade; ao gestor federal compete a responsabilidade pela gestão da política de alta complexidade, incluindo-se a definição de prioridades assistenciais e programação de ações de alta complexidade, visto que a maioria dos municípios brasileiros não conta com tais serviços. 120- A NOAS/SUS/01 estabelece que o gestor estadual deve desempenhar papel fundamental na garantia do acesso da população aos serviços não disponíveis em seu município de residência, mediante a coordenação da organização de um sistema de

referência que utilize os mecanismos compatíveis com a condição dos municípios partícipes, observado o teto financeiro da assistência do Estado. 23. Norma elaborada e instituída pelo INAMPS/MS sob o argumento do referencial do SUS; recebeu acentuada crítica, particularmente por estabelecer mecanismo convenial de articulação e repasse de recursos e por ser centralizadora, embora se apresentasse como apoio à descentralização e reforço do poder municipal. Qual a alternativa que corresponde à designação desta norma?

A) NOAS 2001. B) NOB 91. C) NOB 92. D) NOB 93. E) NOAS 2002

24. Norma que reafirma os princípios básicos do SUS, enfatiza a regionalização, o cadastramento e a vinculação de clientela, fluxos de referência e contra referência, ampliação das transferências regulares e automáticas para todos os níveis de gestão e ampliação da Programação Pactuada e Integrada – PPI. Qual a alternativa que corresponde à designação desta norma? A) NOAS 2001. B) NOB 91. C) NOB 92. D) NOB 93. E) NOB 96.

25. Sobre o surgimento do Movimento Sanitário Brasileiro, analise as afirmativas abaixo e marque V para as verdadeiras e F para as falsas. ( ) O regime autoritário, instaurado após o golpe militar de 1964, trouxe, como consequência imediata para as políticas de saúde no Brasil, um total esvaziamento da participação da sociedade nos rumos da previdência. ( ) De outro lado, também provocou uma centralização crescente da autoridade decisória, marcada pela criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), resultado da fusão dos vários IAPs em 1936. ( ) As políticas de saúde do primeiro período da ditadura, entre 1968 e 1970, fase do “milagre brasileiro”, foram caracterizadas por uma síntese, produto de reorganizações setoriais do sanitarismo campanhista do início do século e do modelo de atenção médica previdenciária do período populista. ( ) Um dos marcos do movimento de reforma sanitária ocorreu em 1979, durante o I Simpósio Nacional de Política de Saúde, conduzido pela Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados. Já nesse momento, foi discutida uma proposta de reorganização do sistema de saúde colocada pelo Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES), representante legítimo do movimento sanitário. Marque a alternativa que contém a sequência correta. A) V – V – V – V. B) F – F – F – F. C) V – F – V –F. D) F –V – F – V. E) V – F – F – V. FCC - 2012 - TJ-PE 26. O Sistema Único da Saúde - SUS aponta como característica do modelo de Gestão:

a) Centralização da gestão entre as três esferas de governo.

b) Comando único da gestão do sistema de saúde por meio das agências reguladoras.

c) Focalização do Estado no atendimento das demandas sociais básicas, conforme interesse definido pelas agências reguladoras.

d) Financiamento da esfera federal a partir da capacidade de endividamento do município e estado.

e) Hierarquização dos serviços, conforme a complexidade da atenção à saúde, sob comando único. FCC - 2011 - TRT

27. O SUS (Sistema Único de Saúde) assegura a todos os usuários, sem discriminação de qualquer tipo e sem exigir carência, o direito ao atendimento integral, independentemente de sua situação econômica. Segundo a legislação, é direito do usuário

a) ser transferido, em caso de necessidade, somente em condições de instabilidade do quadro de saúde.

b) conhecer a maternidade onde receberá assistência, após a inscrição no programa de atendimento pré- natal.

c) ter transporte e atendimento adequado em caso de risco de vida ou lesão grave, somente com recursos próprios.

d) ter acompanhamento nas consultas e exames, durante o trabalho de parto e no parto.

e) permanecer, com seus filhos menores, por tempo parcial, durante a internação.

FCC - 2011 - TRT 28. Uma das principais atribuições do Sistema Único de Saúde (SUS) é a de formular políticas públicas. Embora público, estabelece parcerias com hospitais e entidades de iniciativas privadas, às quais são subordinadas pela política

a) do Conselho Nacional de Saúde.

b) da Agência de Vigilância Sanitária.

c) da Agência Nacional de Saúde.

d) do Conselho de Saúde Suplementar.

e) do Ministério da Saúde. FCC - 2009 - TJ 29. O Sistema Único de Saúde tem por objetivo:

a) assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas.

b) realização de diagnóstico pautado na concepção médico-biológica, considerando que a doença tem forte determinação e solução nos componentes farmacológicos.

c) formulação de política de saúde destinada às ações curativas prioritariamente nas áreas de endemia.

d) assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção e recuperação da saúde pautadas nas diretrizes do sistema privado e dos conveniados.

e) levantamento de informações da vulnerabilidade social e o foco prioritário nos

aglomerados urbanos com ações de recuperação e atividades de alta complexidade. FGV - 2010 30. De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil em vigor, o Sistema Único de Saúde desempenha algumas atribuições. Entre elas, pode-se destacar

a) fiscalizar os hospitais federais, estaduais e municipais no que se refere ao atendimento da saúde da população.

b) implementar as diretrizes da seguridade sociais em âmbito nacional e com as entidades privadas que prestam atendimento ambulatorial.

c) incrementar a participação da população nos conselhos estaduais e municipais de saúde.

d) implementar o orçamento participativo na área da saúde individual e coletiva, contribuindo para a transparência nos gastos governamentais.

e) executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador. FCC - 2008 - TRT 31. O artigo 6º da Lei nº 8.080, de 1990, que dispõe sobre a execução de ações no campo de atuação do SUS - Sistema Único de Saúde, estabelece que são de sua competência as ações

a) que garantem integralmente às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico.

b) realizadas pela iniciativa privada, em caráter prioritário e fundamental para o sistema.

c) de controle e vigilância social, por meio dos conselhos gestores de saúde, formados especialmente pelos profissionais de saúde.

d) de unificação e hierarquização da rede dos serviços, promovendo uma direção única para suas ações.

e) de vigilância sanitária, de vigilância epidemiológica, de saúde do trabalhador e de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica. FCC - 2009 - TRT As ações e serviços de saúde executados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada, em níveis de complexidade crescente. No nível municipal, o SUS poderá organizar-se em distritos para

a) criar comissões permanentes de integração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino médio.

b) articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas compreendidas no âmbito do SUS.

c) integrar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de saúde.

d) propor prioridades, métodos e estratégias para a formação de recursos sociais do SUS.

e) desenvolver em conjunto ações e serviços socio- assistenciais.

3- Transição Demográfica e Epidemiológica no Brasil. Vigilância

epidemiológica

01. Em relação à vigilância epidemiológica, assinale a alternativa INCORRETA. (SES – 2008) A) Os profissionais de saúde no exercício da profissão são obrigados a comunicar aos gestores do SUS a ocorrência de casos suspeitos ou confirmados das doenças de notificação compulsória, da relação nacional de notificação compulsória. B) A investigação epidemiológica é um trabalho de campo realizado a partir da notificação dos casos de doença de notificação. C) A vigilância epidemiológica é aplicada a variados problemas de saúde pública, além das doenças transmissíveis, a exemplo das malformações congênitas, dos acidentes e das doenças profissionais. D) São funções da vigilância epidemiológica: coletar, processar e analisar dados sobre a saúde da população. E) Os gestores municipais e estaduais do SUS podem excluir doenças e agravos no elenco de doenças de notificação compulsória, em seu âmbito de competência, de acordo com o seu perfil epidemiológico local. 02. Com relação ao processo de transição epidemiológica, é INCORRETO afirmar que (Surubim – 2008) A) uma de suas características é o deslocamento da maior carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens para os grupos mais idosos. B) nele existe a substituição, entre as primeiras causas de morte, das doenças infecciosas por doenças não transmissíveis. C) se modifica o perfil de saúde da população e os processos agudos que “se resolvem” rapidamente por meio da cura ou do óbito que passam a predominar. D) o processo gera a necessidade de readequação dos programas de saúde. E) a queda inicial da mortalidade concentra-se seletivamente, entre as doenças infecciosas e tende a beneficiar os grupos mais jovens da população. 03. Com relação à investigação epidemiológica de casos e epidemias, é CORRETO afirmar que (Surubim – 2008) A) somente se justifica e deve ser iniciada após a notificação de casos isolados ou agregados de doenças/agravos, clinicamente declarados. B) seu propósito final é orientar medidas de controle para impedir a ocorrência de novos casos. C) envolve obrigatoriamente o exame do doente e opcionalmente o exame de seus contatos. D) a primeira providência a ser tomada no sentido de minimizar as consequências do agravo para o indivíduo é se adotarem medidas de isolamento. E) o propósito da fase “busca de pistas” numa investigação epidemiológica é o de identificar casos ainda não notificados ou aqueles oligossintomáticos que não buscaram atenção médica. 04. Analise as alternativas abaixo sobre a situação Epidemiológica das Doenças Transmissíveis e não Transmissíveis no Brasil e marque a alternativa FALSA. (SES – 2010) A) Estão entre as doenças transmissíveis com quadro de persistência: a malária, o tracoma, a difteria, entre outras. B) Dentro do grupo de doenças transmissíveis com tendência ao declínio, estão a rubéola, a coqueluche e o tétano acidental. C) As doenças transmissíveis no Brasil apresentam um quadro complexo, que pode ser resumido em três grandes tendências: doenças transmissíveis com tendência descendente, doenças transmissíveis com quadro de persistência e doenças transmissíveis emergentes e reemergentes.

D) O principal foco da ação no conjunto de doenças transmissíveis com quadro de persistência está voltado para o diagnóstico e tratamento das pessoas doentes, visando à interrupção da cadeia de transmissão. E) Em relação à transição epidemiológica no Brasil, tem-se que, em 1930, cerca de 50% da mortalidade proporcional era causada pelas Doenças Infecciosas e Parasitárias – DIP. Em 2003, a principal razão das mortes foi por Doenças do aparelho circulatório. 05. Analisando as frases abaixo referentes à transição epidemiológica no Brasil, assinale com V as verdadeiras e com F as falsas. (SES – 2010) ( ) É caracterizada pelas mudanças ocorridas no tempo, nos padrões de morbimortalidade e invalidez que caracterizam uma população específica, ocorrendo em conjunto com outras transformações. ( ) O processo engloba três mudanças básicas: substituição das doenças transmissíveis por doenças não-transmissíveis e causas externas; deslocamento da carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens aos grupos mais idosos e transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra na qual a morbidade é dominante. ( ) No Brasil, há uma superposição entre as etapas nas quais predominam as doenças transmissíveis e crônico-degenerativas. ( ) Existe relação direta entre a mudança no perfil de saúde da população e as mudanças no padrão de utilização dos serviços de saúde. Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA. A) V – F – F – V. B) F – V – V – F. C) V – V – V – V. D) F – F – F – V. E) F – V – F – F. 06. Sobre a Transição Nutricional no Brasil, analise as sentenças abaixo e assinale V para as Verdadeiras e F para as Falsas. (SES – 2010) ( ) A transição nutricional no Brasil é marcada pela dupla carga de doenças, com a coexistência de doenças infecciosas e transmissíveis, desnutrição e deficiências nutricionais específicas e de Doenças Crônico Não Transmissíveis (DCNT). ( ) Como exemplo das DCNT relacionadas à alimentação, tem-se a obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer. ( ) A transição nutricional no País chama a atenção para a alta incidência da anemia por deficiência de ferro, entretanto a obesidade não convive, ainda, nos mesmos cenários e grupos populacionais. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

A) V- V- F. B) V- V- V. C) F- V- F. D) F- F- V. E) F- F- F. 07. Os dados e as informações que alimentam o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica são: (SES – 2012) A) Demográficos, ambientais e socioeconômicos, Morbidade e Mortalidade e Notificação de surtos e epidemias. B) Mortalidade e Morbidade. C) Saúde Bucal, Saúde da Criança, Saúde da Mulher e Saúde do Idoso. D) Demográficos e socioeconômicos, Mortalidade e Morbidade. E) Câncer, Epidemias e Mortalidade. 08. No Brasil, em menos de 40 anos, passamos de um índice de morbimortalidade típico de uma população jovem para um caracterizado por enfermidades crônicas, próprias das faixas etárias mais avançadas. Essa mudança rápida no perfil epidemiológico, comparada ao perfil demográfico, configurou um desafio para as autoridades sanitárias. Marque a alternativa INCORRETA em relação às consequências dessa mudança. (SES – 2012) A) Grande aumento nas despesas com tratamentos médicos e hospitalares.

B) Aumento das internações hospitalares. C) Menor tempo de ocupação de leitos. D) Feminilização do envelhecimento. E) Aumento da expectativa de vida pela difusão dos benefícios farmacêuticos, médicos e sanitários. 09. O atual Sistema Único de Saúde incorporou o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, definindo, em seu texto legal (Lei nº 8080/90), a expressão de que “um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos” diz respeito à vigilância (UPE – 2012) A) entomológica. B) sanitária. C) epidemiológica. D) clínica. E) ocupacional. 10. “Mudanças no padrão de morbimortalidade, com substituição das doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e deslocamento da carga de morbimortalidade do grupo mais jovem para o grupo mais idoso”. Esse texto refere-se ao conceito de (UPE – 2012) A) Vigilância Epidemiológica. B) Alteração no padrão alimentar da população. D) Transição Epidemiológica. C) Transição Demográfica. E) Transição Nutricional.

11. Julgue os itens que se seguem, relativos à vigilância epidemiológica. 102- Os dados de morbidade podem ser oriundos da notificação de casos e surtos ocorridos em serviços ambulatoriais ou hospitalares, de investigações epidemiológicas, da busca ativa de casos, de estudos amostrais, de inquéritos, entre outros. 103- A listagem das doenças de notificação nacional deve ser estabelecida pelos estados e municípios a fim de compor o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), podendo também serem coletados dados de outras patologias. 104- São termos ligados à vigilância epidemiológica: sensibilidade, que é a capacidade de o sistema detectar casos, e especificidade, que expressa a capacidade de o sistema excluir os não-caso

3. Noções sobre os principais Sistemas de Informação em Saúde 01. Banco de dados, que é alimentado com as informações geradas pelo Agente Comunitário da Saúde: (UPE – 2009) A) Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB. B) Sistema de Informação de Mortalidade – SIM. C) Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC. D) Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização – SIS-PNI. E) Sistema de Informação de Mortalidade – SIM e o Sistema de Informação de Nascidos Vivos – SINASC.

02. Com relação ao Sistema de Nascidos - SINASC, é CORRETO afirmar. (Cupira – 2009) A) Possui menor capacidade de captação de nascimentos que as Estatísticas do Registro Civil de IBGE. B) As informações sobre nascimentos geradas por este sistema possibilitam maior obtenção de indicadores, que qualificam melhor este evento quando comparado às Estatísticas de Registro Civil. C) Sua implantação antecedeu a implantação do Sistema de Infecção Hospitalar - SIH. D) Teve sua descentralização dificultada pelo fato de sua implantação acontecer ainda quando a microinformática não estava sendo incorporada ao sistema de informação. E) Sua implantação aconteceu concomitantemente à implantação do Sistema de Informação de Mortalidade - SIM e do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica - SNVE.

03. Em relação aos Sistemas de Informação em Saúde, marque a opção que apresenta informação sobre o APGAR de 1 e 5 minutos. (SES – 2010) A) SIM. B) SIH – SUS. C) SIA – SUS. D) APAC – SAI. E) SINASC. 04. Quando uma criança é diagnosticada com Sífilis Congênita, o município deverá notificar o caso através do (SES 2010) A) SIM. B) SINAM. C) SIAB. D) APAC – SAI. E) SINASC. 05. Existem implicações importantes ao desenho e à implementação que devem ser consideradas quando desenvolvidos os Sistemas de Informação (SI). Marque a alternativa que corresponde à opção INCORRETA. (SES – 2011) A) As pessoas envolvidas no processo de desenvolvimento de SI devem ter como característica a competência técnica, mas também enxergar seu papel como suporte à organização. B) A tecnologia para o desenvolvimento de SI deve apontar problemas em diversas classificações desde os facilmente estruturados até aqueles nada estruturados, levando em conta níveis diferentes de manutenção de sistemas, desde operativos de larga escala até os voltados para o indivíduo. C) Os modelos usados são diversos desde os algoritmos de otimização, usados em áreas estruturadas, até os modelos de simulação, que representam os conceitos do tomador de decisão e das suas interações com as variáveis encontradas no seu ambiente. D) O desenvolvimento de um Sistema de Informação é muito mais um serviço em evolução constante, um processo, do que um produto final. E) Os usuários não devem ser ativos na construção do sistema, pois são os agentes que irão avaliar o SI, segundo suas necessidades.

4. Política da Atenção Básica. Portaria GM 399/ 2006 01. Considerando a Política Nacional de Atenção Básica em vigência, assinale a alternativa que exprime CORRETAMENTE aspectos relacionados aos princípios gerais da Estratégia Saúde da Família. (SES – 2008) A) A atenção básica está contida e visa reorganizar a Estratégia Saúde da Família. B) O diagnóstico situacional de saúde deve servir à organização do trabalho das necessidades de saúde da população pela lógica da demanda espontânea. C) O foco principal das ações de saúde operacionalizadas da Estratégia de Saúde da Família deve ser o indivíduo em todas as suas especificidades. D) As ações de saúde operacionalizadas pelas Equipes de Saúde da Família devem resultar de programações pactuadas com a comunidade e devem ser baseadas no diagnóstico situacional do território. E) A atuação das equipes de Saúde da Família deve ser planejada, visando ao alcance de resultados mais eficazes, de acordo com as especialidades dos profissionais disponíveis no município. 02. Em relação aos princípios gerais da Atenção Básica, assinale a alternativa INCORRETA. (SES – 2008) A) Caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, devendo ser desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias. B) Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior freqüência e relevância. C) Caracteriza-se como a porta de entrada preferencial dos usuários ao sistema de saúde, orientando-se, dentre outros, pelos princípios da acessibilidade e coordenação do cuidado. D) Estimula a participação popular e o controle social, devendo, também, realizar avaliação e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados. E) Caracteriza-se por executar ações de promoção à saúde em detrimento das ações de diagnóstico e tratamento, que são de competência dos serviços de média e alta complexidade. 03. O Pacto pela Vida é um compromisso entre os gestores do SUS em torno de prioridades

que apresentam impacto sobre a situação de saúde da população brasileira. Todas as alternativas abaixo são prioridades pactuadas, EXCETO. (SES – 2008) A) Controle do câncer de colo do útero e de mama. B) Redução da mortalidade por causas externas. D) Promoção da saúde. C) Redução da mortalidade infantil e materna. E) Saúde do idoso.

04. De acordo com a Política Nacional da Atenção Básica, é CORRETO AFIRMAR que a(o) (SES – 2008) A) valorização dos diversos saberes e práticas na perspectiva de uma abordagem integral e resolutiva está preconizada na PNAB, exclusivamente para áreas rurais e indígenas. B) atenção básica busca efetivar a integralidade em seus vários aspectos, dentre os quais se inclui a integração de ações programáticas e demanda espontânea. C) promoção e o estímulo à participação da comunidade no controle social e no planejamento devem ser ações realizadas anualmente, limitando-se ao período das conferências de saúde. D) promoção de ações intersetoriais deve ser estimulada sob a coordenação dos órgãos parceiros da saúde, como as escolas e as companhias de saneamento. E) processo de capacitação das equipes de saúde da família deve iniciar-se concomitantemente com o trabalho, através de cursos de especialização. 05. Com relação ao Pacto pela Saúde 2006, é CORRETO afirmar. (SES – 2009) A) Tem como maior prioridade a assistência especializada ao idoso B) Pretende consolidar e qualificar a estratégia da Saúde da Família como modelo de atenção básica à saúde e como centro ordenador das redes de atenção à saúde do SUS. C) No que se refere ao câncer de colo de útero e mama, sua meta prioritária é não permitir que a mortalidade por essas causas evolua. D) Com relação à promoção de saúde, delega aos estados e municípios a responsabilidade de elaborar e implantar política que dê ênfase à adoção de hábitos saudáveis pela população brasileira. E) Reduzir a mortalidade materna, infantil neonatal e infantil por causas externas. 06. O Programa Saúde da Família (PSF) foi introduzido no Brasil, pelo Ministério da Saúde, em 1994. Enquanto proposta concebida dentro da vigência do Sistema Único de Saúde, teve como antecedente: (SES – 2009) A) Programa de Saúde da Comunidade (POSAC). B) Programa de Agentes Comunitários em Saúde (PACS). C) Plano de Atendimento à Saúde (PAS). D) Sistemas Locais de Saúde (SILOS). E) Programa de Interiorização do SUS (PISUS). 07. Marque a única alternativa que não corresponde às ações desenvolvidas na Atenção Básica, de acordo com a Portaria GM/MS nº 648. (SES – 2009) A) Realizar a atenção familiar da população da área de abrangência da unidade. B) Realizar o atendimento às urgências odontológicas. C) Realizar as necessidades dos usuários internados na unidade hospitalar em relação à prevenção das infecções hospitalares. D) Desenvolver ações intersetoriais, integrando projetos sociais voltados à promoção da saúde. E) Sistematizar o encaminhamento de pacientes para os serviços de referência e planejar a contra-referência. 08. De acordo com o Pacto pela Vida, são seis as prioridades pactuadas que os estados/regiões/municípios devem estabelecer ações. Dentre as prioridades, o fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias procurou dar ênfase às seguintes doenças: (SES – 2009) A) cárie dentária, febre amarela, sarampo, difteria, tétano. B) dengue, hanseníase, tuberculose, malária, influenza. C) febre amarela, tuberculose, hanseníase, difteria, raiva humana.

D) poliomielite, coqueluche, malária, dengue. E) doença periodontal de progressão rápida (DPPR), sarampo, hanseníase, difteria, febre amarela. 09. Sobre a Atenção Básica, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. (SES – 2010) ( ) A longitudinalidade e a abrangência fazem parte dos seus princípios ordenadores. ( ) Utiliza tecnologias de elevada complexidade e alta densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. ( ) É desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas. ( ) Tem como fundamento valorizar os profissionais de saúde por meio do estímulo e do acompanhamento constante de sua formação e capacitação. Marque a alternativa que contém a sequência correta. A) V – F – F – F. D) V – F - V – V. B) F – V – V – F. E) F – F – V – F. C) F – V – F – V. 10. O Pacto pela Vida é o compromisso entre os gestores do SUS em torno de prioridades que apresentam impactos sobre a situação de saúde da população brasileira. São seis as prioridades pactuadas, EXCETO (UPE – 2010) A) saúde do idoso. B) controle do câncer do colo do útero e da mama. C) redução da mortalidade infantil e materna. D) fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza . E) fortalecimento da capacidade de resposta às doenças crônico-degenerativas. 11. O financiamento da Atenção Básica ocorre da seguinte forma, EXCETO: (SES – 2011) A) Através das pactuações entre município e estado, que dividem igualmente o custo das ações realizadas. B) A parte variável do Piso de Atenção Básica (PAB) é destinada a estimular a implantação de estratégias nacionais , tais quais: Saúde Indígena, Saúde no Sistema Penitenciário, Compensação de Especificidades Regionais . C) A parte fixa do Piso de Atenção Básica será transferida mensalmente, de forma regular e automática do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Municipais de Saúde e do Distrito Federal. D) Os valores do PAB fixo são corrigidos anualmente, mediante o cumprimento de metas pactuadas para os indicadores da Atenção Básica. E) A não-alimentação por parte dos Municípios e do Distrito Federal dos bancos de dados nacionais de informação tal qual o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações acarretará a suspensão do repasse do Piso de Atenção Básica pelo Ministério da Saúde. 12. No ano da maioridade do SUS, foi instituído o Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, aprovado pela Comissão Intergestores Tripartite, que reúne esferas municipais, estaduais e nacionais. Considerando as diretrizes do Pacto, pode-se afirmar, EXCETO: (UPE – 2012) A) O Pacto de Gestão buscou a interação entre os três níveis, de forma a reduzir a competição entre órgãos que deviam atuar conjuntamente. B) O Pacto pela Vida retoma bandeiras históricas, como a redução da mortalidade infantil como prioridade do SUS. C) O Pacto em Defesa do SUS propõe uma rearticulação política de atores que participaram da Reforma Sanitária. D) Os Colegiados de Gestão Regional reúnem os secretários municipais, estadual e representação local do Ministério da Saúde. E) As CIBs Estaduais e a CIT só deliberam por consenso.

13. O pacto pela vida tem como prioridade seis eixos, dentre eles o fortalecimento da atenção básica. Dentro desse fortalecimento, foram estabelecidos objetivos para viabilizar essa estratégia, dos quais NÃO podemos incluir: (UPE – 2012) A) assumir a estratégia de Saúde da Família como estratégia prioritária para o fortalecimento da atenção básica, devendo seu desenvolvimento considerar as diferenças loco-regionais. B) ampliar e qualificar a estratégia de Saúde da Família nos grandes centros urbanos. C) manter uma gestão centralizada para o controle das ações na atenção básica. D) garantir o financiamento da atenção básica como responsabilidade das três esferas da gestão do SUS. E) consolidar e qualificar a estratégia de Saúde da Família nos pequenos e médios municípios.

5. DECRETO 7508/2011 01. “(...) espaço geográfico contínuo, constituído por grupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde.” Este conceito é relativo à definição de A) Região de Saúde. B) Distrito Sanitário. D) Mapa da Saúde. C) Rede de Atenção à Saúde. E) Um município. 02. “Conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde.” Esse conceito é relativo à definição de A) Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde. B) Rede de Atenção à Saúde. D) Serviços Especiais de Acesso Aberto. C) Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica. E) Mapa da Saúde. 03. “Descrição geográfica da distribuição de recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade instalada existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dos indicadores de saúde do sistema”. Esse conceito é relativo à definição de A) Região de Saúde. B) Distrito Sanitário. D) Mapa da Saúde. C) Serviços Especiais de Acesso Aberto. E) Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde. 04. “Serviços de saúde específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agravo ou de situação laboral, necessita de atendimento especial.” Esse conceito é relativo à definição de A) Região de Saúde. B) Serviços Especiais de Acesso Aberto. D) Rede de Atenção Básica. C) Unidades de Saúde. E) Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde 05. Para ser(em) instituído (a, os), deve(m) conter, no mínimo, ações e serviços de atenção primária, urgência e emergência, atenção psicossocial, atenção ambulatorial especializada e hospitalar e vigilância em saúde. Marque a alternativa CORRETA relativa a essa descrição. A) Região de Saúde. B) Distrito Sanitário. D) Mapa da Saúde. C) Serviços Especiais de Acesso Aberto. E) A Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde. 06. “Compreende todas as ações e serviços que o SUS oferece ao usuário para atendimento da integralidade da assistência à saúde.” Esse conceito é relativo à definição de A) Região de Saúde. B) Distrito Sanitário. D) Mapa da Saúde. C) Serviços Especiais de Acesso Aberto. E) Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde.