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OUTUBRO / 2019 ANO 1 / N.4 AMBIENTAL SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EMENTA DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO CPC/2015. EXTRAÇÃO DE ARGILA SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO LEGAL. CRIME AMBIENTAL (ART. 55 DA LEI Nº 9.605/1998) E USURPAÇÃO DE PATRIMÔNIO PÚBLICO (ART. 2º DA LEI Nº 8.176/1991). ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 5º, LIV, LV E LVII, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. DEVIDO PROCESSO LEGAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. VIOLAÇÃO INOCORRENTE. REELABORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA. PROCEDIMENTO VEDADO NA INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA. EVENTUAL VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA NÃO VIABILIZA O RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/2015. 1. O exame da alegada ofensa ao art. 5º, LVII, LIV e LV, da Lei Maior, observada a estreita moldura com que devolvida a matéria à apreciação desta Suprema Corte, demandaria prévia análise da legislação infraconstitucional aplicada à espécie e reelaboração da moldura fática delineada no acórdão de origem, o que foge à competência jurisdicional extraordinária prevista no art. 102 da Magna Carta. 2. As razões do agravo interno não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada, principalmente no que se refere à ausência de ofensa a preceito da Constituição da República. 3. Agravo interno conhecido e não provido. (ARE 1223244 AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 13/09/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-209 DIVULG 24-09-2019 PUBLIC 25-09-2019) Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 247 DA CONSTITUIÇÃO DO MARANHÃO. EXIGÊNCIA DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA PARA O LICENCIAMENTO DE PROGRAMAS E PROJETOS, PRODUÇÃO OU USO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS OU FONTES ENERGÉTICAS QUE CONSTITUAM AMEAÇA POTENCIAL AOS ECOSSISTEMAS NATURAIS E À SAÚDE HUMANA. OFENSA AO ARTIGO 2º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. OCORRÊNCIA. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE CONHECIDA E JULGADO PROCEDENTE O PEDIDO. 1. O sistema de separação de poderes, conquanto cláusula pétrea, reclama que eventual mitigação não nulifique o mecanismo cognominado de checks and balances. 2. O condicionamento da atuação tipicamente administrativa ao crivo do Poder Legislativo é medida excepcional, que deve ter esteio direto nas hipóteses previstas no texto constitucional, sob pena de subversão da modelagem de freios e contrapesos desenhada pelo texto constitucional. Precedentes: ADI 1865-MC, relator min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, julgado em 4/2/1999, DJ 12/3/1999; ADI 3.046, relator min. Sepúlveda Pertence, DJ 28/5/2004. 3. In casu, a submissão da atividade administrativa de licenciamento ambiental à prévia autorização legislativa ofende o princípio da separação de poderes. Precedentes: ADI 3252-MC, relator min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 6/4/2005, DJe de 24/10/2008; ADI 1505, relator min. Eros Grau, Tribunal Pleno, DJ 4/3/2005. 4. Ação direta de inconstitucionalidade conhecida e julgado procedente o pedido, para declarar a inconstitucionalidade do artigo 247 da Constituição do Maranhão, que condiciona à autorização legislativa prévia o licenciamento para execução de programas e projetos, produção ou uso de substâncias químicas ou fontes energéticas que constituam ameaça potencial aos ecossistemas naturais e à saúde humana. (ADI 4272, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/08/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-200 DIVULG 13-09-2019 PUBLIC 16-09-2019) SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA AMBIENTAL. AGRAVO INTERNO SUBMETIDO AO ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RENATURALIZAÇÃO DE RIOS E CONSTRUÇÃO DE CANAL. VIOLAÇÃO AO ART. 489, § 1º, DO CPC/2015. INOCORRÊNCIA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. 1. Não há falar em violação ao art. 489, § 1º, I, II e III, do CPC/2015, pois a Corte de origem decidiu a controvérsia de modo suficientemente

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OUTUBRO / 2019 ANO 1 / N.4

AMBIENTAL

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EMENTA DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO CPC/2015. EXTRAÇÃO DE ARGILA SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO LEGAL. CRIME AMBIENTAL (ART. 55 DA LEI Nº 9.605/1998) E USURPAÇÃO DE PATRIMÔNIO PÚBLICO (ART. 2º DA LEI Nº 8.176/1991). ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 5º, LIV, LV E LVII, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. DEVIDO PROCESSO LEGAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. VIOLAÇÃO INOCORRENTE. REELABORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA. PROCEDIMENTO VEDADO NA INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA. EVENTUAL VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA NÃO VIABILIZA O RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/2015. 1. O exame da alegada ofensa ao art. 5º, LVII, LIV e LV, da Lei Maior, observada a estreita moldura com que devolvida a matéria à apreciação desta Suprema Corte, demandaria prévia análise da legislação infraconstitucional aplicada à espécie e reelaboração da moldura fática delineada no acórdão de origem, o que foge à competência jurisdicional extraordinária prevista no art. 102 da Magna Carta. 2. As razões do agravo interno não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada, principalmente no que se refere à ausência de ofensa a preceito da Constituição da República. 3. Agravo interno conhecido e não provido. (ARE 1223244 AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 13/09/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-209 DIVULG 24-09-2019 PUBLIC 25-09-2019) Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 247 DA CONSTITUIÇÃO DO MARANHÃO. EXIGÊNCIA DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA PARA O LICENCIAMENTO DE PROGRAMAS E PROJETOS, PRODUÇÃO OU USO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS OU FONTES ENERGÉTICAS QUE CONSTITUAM AMEAÇA POTENCIAL AOS ECOSSISTEMAS NATURAIS E À SAÚDE HUMANA. OFENSA AO ARTIGO 2º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. OCORRÊNCIA. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE CONHECIDA E JULGADO PROCEDENTE O PEDIDO. 1. O sistema de separação de poderes, conquanto cláusula pétrea, reclama que eventual mitigação não nulifique o mecanismo cognominado de checks and balances. 2. O condicionamento da atuação tipicamente administrativa ao crivo do Poder Legislativo é medida excepcional, que deve ter esteio direto nas hipóteses previstas no texto constitucional, sob pena de subversão da modelagem de freios e contrapesos desenhada pelo texto constitucional. Precedentes: ADI 1865-MC, relator min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, julgado em 4/2/1999, DJ 12/3/1999; ADI 3.046, relator min. Sepúlveda Pertence, DJ 28/5/2004. 3. In casu, a submissão da atividade administrativa de licenciamento ambiental à prévia autorização legislativa ofende o princípio da separação de poderes. Precedentes: ADI 3252-MC, relator min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 6/4/2005, DJe de 24/10/2008; ADI 1505, relator min. Eros Grau, Tribunal Pleno, DJ 4/3/2005. 4. Ação direta de inconstitucionalidade conhecida e julgado procedente o pedido, para declarar a inconstitucionalidade do artigo 247 da Constituição do Maranhão, que condiciona à autorização legislativa prévia o licenciamento para execução de programas e projetos, produção ou uso de substâncias químicas ou fontes energéticas que constituam ameaça potencial aos ecossistemas naturais e à saúde humana. (ADI 4272, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/08/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-200 DIVULG 13-09-2019 PUBLIC 16-09-2019)

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA AMBIENTAL. AGRAVO INTERNO SUBMETIDO AO ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RENATURALIZAÇÃO DE RIOS E CONSTRUÇÃO DE CANAL. VIOLAÇÃO AO ART. 489, § 1º, DO CPC/2015. INOCORRÊNCIA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. 1. Não há falar em violação ao art. 489, § 1º, I, II e III, do CPC/2015, pois a Corte de origem decidiu a controvérsia de modo suficientemente

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fundamentado quanto à imposição da obrigação de fazer de renaturalização de rios e construção de canal para evitar novas inundações. 2. Quanto à obrigação de fazer em si, a Corte de origem se valeu da interpretação de dispositivos constitucionais para decidir que, existente situação objetiva de dano ambiental - transbordamento de canal em dias de fortes chuvas -, deve o ente público tomar as providências cabíveis no sentido da proteção do meio ambiente, fundamento esse insuscetível de reexame em sede de recurso especial. 3. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp 1278377/CE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/09/2019, DJe 26/09/2019) AGRAVO INTERNO EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTE DE INCÊNDIO. CONTAMINAÇÃO ATMOSFÉRICA. FUMAÇA. UTILIZAÇÃO DA FÓRMULA "E SEGUINTES". SÚMULA 284/STF. JULGAMENTO ANTECIPADO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. DESÍDIA DA PARTE EM DISCRIMINAR AS PROVAS. DANO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. TEORIA DO RISCO INTEGRAL. NEXO DE CAUSALIDADE. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO. SÚMULA 7/STJ. PREQUESTIONAMENTO NÃO CARACTERIZADO. SÚMULA 211/STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. O uso da fórmula aberta "e seguintes" para a indicação dos artigos tidos por violados revela fundamentação deficiente, o que faz incidir a Súmula n. 284/STF. Isso porque o especial é recurso de fundamentação vinculada, não lhe sendo aplicável o brocardo iura novit curia e, portanto, ao relator, por esforço hermenêutico, não cabe extrair da argumentação qual dispositivo teria sido supostamente contrariado a fim de suprir deficiência da fundamentação recursal, cuja responsabilidade é inteiramente do recorrente. 2. Inexiste qualquer vulneração aos arts. 319, 355, 356, 361, 369 e 370 do CPC ou mesmo cerceamento de defesa pelo julgamento antecipado da lide, quando instada a especificar provas, a parte agravante fica inerte, nada requerendo. 3. A responsabilidade civil decorrente de dano ambiental é objetiva e fundamenta-se na teoria do risco integral. Todavia, para a caracterização do dano moral, imperioso que seja demonstrado o nexo de causalidade entre a conduta tida por violadora dos direitos de personalidade e o suposto dano experimentado, o que não se verifica no caso sob análise, conforme registrado pela Corte de origem. 4. Alterar a conclusão do acórdão impugnado, no que se refere ao cerceamento de defesa e à falta de nexo de causalidade entre a conduta da agravada e a configuração do dano moral na espécie, exige o reexame de fatos e provas, o que é vedado em recurso especial pela Súmula 7 do STJ. 5. A simples menção de dispositivos de lei pela Corte de origem, no relatório, sem posterior enfrentamento da matéria na fundamentação ou dispositivo não é suficiente para prequestionar o tema, incidindo a Súmula 211/STJ. 6. Para que se configure o prequestionamento a respeito de matéria ventilada em recurso especial, há que se extrair do acórdão recorrido pronunciamento sobre as teses jurídicas em torno dos dispositivos legais tidos por violados, a fim de que se possa, na instância especial, abrir discussão sobre a questão de direito, definindo-se, por conseguinte, a correta interpretação da legislação federal. 7. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp 1411032/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 24/09/2019, DJe 30/09/2019) PROCESSO CIVIL. AMBIENTAL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. DANOS AMBIENTAIS EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. AUSÊNCIA DE INSTITUIÇÃO DE ÁREA DE RESERVA LEGAL. APLICABILIDADE DO NOVO CÓDIGO FLORESTAL. SITUAÇÕES PRETÉRITAS. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, "o novo Código Florestal não pode retroagir para atingir o ato jurídico perfeito, os direitos ambientais adquiridos e a coisa julgada, tampouco para reduzir de tal modo e sem as necessárias compensações ambientais o patamar de proteção de ecossistemas frágeis ou espécies ameaçadas de extinção, a ponto de transgredir o limite constitucional intocável e intransponível da 'incumbência' do Estado de garantir a preservação e a restauração dos processos ecológicos

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essenciais (art. 225, § 1º, I)" (AgRg no REsp 1.434.797/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 7/6/2016). 2. No caso, ainda que a ação civil pública tenha sido ajuizada posteriormente, as irregularidades encontradas na propriedade precedem a entrada em vigor do atual Código Florestal, pois a demanda decorreu dos inquéritos civis n. 242/10 e 128/11, em que se apurou a supressão de vegetação em áreas de preservação permanente e a ausência de instituição de reserva legal. 3. Desse modo, em obediência ao princípio do tempus regit actum, não é possível a aplicação do permissivo constante do art. 67 da Lei n. 12.651/2012, tampouco é admissível o cômputo das áreas de preservação permanente na contabilização da área de reserva legal. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt nos EDcl no REsp 1719149/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/09/2019, DJe 24/09/2019)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL. OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER. CONTROLE JUDICIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE EM SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS. DIREITO CONSTITUCIONAL AO MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO. LOTEAMENTOS IRREGULARES. ÔNUS DA PROVA. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. PROTEÇÃO ESPECIAL DAS MARGENS DOS RIOS E DEMAIS LEITOS D'ÁGUA. VEDAÇÃO À CONSTRUÇÃO. LEI FEDERAL Nº 12.651/2012. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. 1. Nos termos do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo um dever do poder público e de toda a coletividade defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 2. É possível ao Poder Judiciário, em situações excepcionais, determinar ao Poder Executivo a implementação de políticas públicas para garantir direitos constitucionalmente assegurados, a exemplo a efetiva proteção do meio ambiente, sem que isso implique ofensa ao princípio da separação dos poderes. 3. Nos termos da Lei federal nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, o parcelamento do solo urbano não será permitido em áreas de preservação ecológica, e a realização de loteamentos deverá atender a diversos requisitos, dentre os quais a observância de reserva de faixa não edificável nas marges de rios e demais cursos d'água, a necessidade de lei autorizadora e o registro imobiliário. 4. À medida do grau de interesse das partes em comprovar seus fundamentos fáticos, o Código de Processo Civil dividiu o ônus probatório: toca ao autor o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito; ao réu, os fatos impeditivos, modificativos e extintivos. Desse modo, uma vez não comprovada a regularidade das autorizações para loteamentos realizadas pelo município demandado, não há como reconhecer a legalidade de sua conduta. 5. Aferrada às margens de rios, córregos, riachos, nascentes, lagos e lagoas, compete à Área de Preservação Permanente (APP) assegurar, a um só tempo, a integridade físico-química da água, a estabilização do leito hídrico e do solo da bacia, a mitigação dos efeitos nocivos das enchentes, a barragem e filtragem de detritos, sedimentos e poluentes, a absorção de nutrientes pelo sistema radicular e a própria sobrevivência da flora e da fauna ribeirinha. 6. Portanto, a vedação de construção nessas áreas especialmente protegidas deve ser rigorosamente observada, sendo as metragens definidas no artigo 4º da Lei federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, de observância obrigatória por todos os entes políticos. 7. REMESSA NECESSÁRIA E APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDAS E PARCIALMENTE PROVIDAS. (TJGO, Apelação / Reexame Necessário 5316879-59.2017.8.09.0176, Rel. ELIZABETH MARIA DA SILVA, 4ª Câmara Cível, julgado em 30/09/2019, DJe de 30/09/2019) DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR DANOS AMBIENTAIS. ODOR FÉTIDO. EMPRESA DE COMPOSTAGEM. AUSÊNCIA DE PROVAS SUFICIENTES. IMPROCE­DÊNCIA DO PEDIDO EXORDIAL. 1. A responsabilidade objetiva ambiental não exclui a necessidade de comprovação do dano e do nexo de causalidade entre aquele e a conduta lesiva, uma vez que só se pode obrigar a reparar quem tenha, por sua

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conduta, dado causa ao dano ambiental. 2. Diante da impossibilidade de demonstrar o nexo de causalidade entre o dano e a conduta da empresa apelada, não resta caracterizado o dever de indenizar. REMESSA NECESSÁRIA E RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDOS E DESPROVIDOS. SENTENÇA MANTIDA. (TJGO, Apelação (CPC) 0290318-98.2013.8.09.0087, Rel. ALAN SEBASTIÃO DE SENA CONCEIÇÃO, 5ª Câmara Cível, julgado em 13/09/2019, DJe de 13/09/2019) APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME AMBIENTAL. PESCA PROIBIDA. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA EM PRIMEIRA INSTÂNCIA PELO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INSURGÊNCIA MINISTERIAL. CASSAÇÃO DO DECISUM E PROSSEGUIMENTO DO PROCESSO. RECURSO PROVIDO. 1) Inviável a absolvição sumária pela incidência do princípio da insignificância, se apreendido grande quantidade de peixe, não havendo como se concluir pela inexpressividade da lesão ao bem jurídico tutelado, de forma a ensejar o desinteresse estatal à sua repressão. 2) APELO MINISTERIAL CONHECIDO E PROVIDO, PARA ANULAR A SENTENÇA RECORRIDA E DETERMINAR O RETORNO DOS AUTOS AO JUÍZO DE ORIGEM PARA O REGULAR PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL. (TJGO, APELACAO CRIMINAL 164830-21.2017.8.09.0176, Rel. DES. NICOMEDES DOMINGOS BORGES, 1A CAMARA CRIMINAL, julgado em 12/09/2019, DJe 2835 de 23/09/2019) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. EXTRAÇÃO IRREGULAR DE CASCALHO E DEPÓSITO DE RESÍDUOS. LEGITIMIDADE DO MUNICÍPIO. RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA. DANO MORAL COLETIVO. DESPESAS PROCESSUAIS. ISENÇÃO. 1- O fato de ser particular a área explorada com a extração de cascalho e, também, como depósito de resíduos, não torna o ente público parte ilegítima na Ação Civil Pública; primeiro pelo fato de inexistirem provas nos autos sobre a propriedade do imóvel e, segundo, ainda que presentes provas acerca da titularidade da área, é certo que foi explorada e degradada pela municipalidade, sem qualquer espécie de licenciamento (sentido amplo), na contramão da ordem jurídico-ambiental, pois ausente qualquer estudo, ainda que singelo, acerca do impacto ambiental da exploração desencadeada. 2- Não há que se falar em recuperação da área degradada, pois essa tarefa está condicionada ao cumprimento do Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) a ser elaborado pelo órgão estatal referenciado na sentença e detentor de tais atribuições. 3- O desatendimento da legislação ambiental, gerando para a atual e futuras gerações prejuízos, além da degradação evidente, é mais do que suficiente para gerar dano moral coletivo. 4- A Fazenda Pública é isenta do pagamento das custas processuais, inexistindo também dever quanto ao ressarcimento das despesas processuais quando não houve adiantamento delas pela parte autora, também isenta. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA. (TJGO, Apelação / Reexame Necessário 0433678-18.2014.8.09.0100, Rel. MARCUS DA COSTA FERREIRA, 5ª Câmara Cível, julgado em 10/09/2019, DJe de 10/09/2019)

OUTROS TRIBUNAIS AMBIENTAL. MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DE MERITI. LEI MUNICIPAL 1.642/08 QUE ESTABELECE NORMAS DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL. PRETENSÃO DA SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DE APLICAÇÃO RETROATIVA DA NORMA AMBIENTAL, PARA ALCANÇAR AS OBRAS DE INSTALAÇÃO E AMPLIAÇÃO DO SHOPPING GRANDE RIO. DECISÃO DE 1º GRAU QUE CONCEDEU LIMINAR IMPEDINDO A APLICAÇÃO DE SANÇÕES. MANUTENÇÃO. - O que se discute neste recurso e, basicamente, em toda a demanda, é se uma lei ambiental poderia determinar medidas compensatórias de obras realizadas antes de sua vigência - A Constituição da República determina que toda obra que possa vir a gerar significativa degradação ambiental deve ser precedida de estudo específico, que tem como pressuposto verificar a viabilidade da obra e, caso seja viável, a forma de compensação dos danos efetivamente causados e daqueles que possam vir a ocorrer, tendo em vista o nítido viés preventivo que possui a legislação

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ambiental - Os estudos são realizados no procedimento administrativo de licenciamento ambiental, onde são fixadas as condicionantes a serem cumpridas pelos empreendedores, a fim de atender ao escopo constitucional, vide artigo 10 da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente - 6938/81 - A agravada está instalada no mesmo local (com algumas ampliações) desde 1995, devendo ser verificado pelo Juízo de 1º grau se foram cumpridas as exigências legais impostas à época da inauguração, assim como as posteriores e se, uma vez cumpridas ou descumpridas, é possível que o Órgão Ambiental Municipal venha a fixar compensações posteriores - Havendo dúvidas objetivas quanto a exigência feita pelo Município, mostra-se prudente que se mantenha a liminar até que o Juízo de 1º grau examine todas as questões que lhe foram apresentadas. RECURSO DESPROVIDO. (TJ-RJ - AI: 00452023420198190000, Relator: Des(a). FLÁVIA ROMANO DE REZENDE, Data de Julgamento: 11/09/2019, DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL) EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO AMBIENTAL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - DESPEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS - REPARAÇÃO POR DANOS AMBIENTAIS - OBRIGAÇÃO PROPTER REM. O meio ambiente se tornou uma das maiores preocupações da sociedade, devendo ser tomadas todas as medidas para a preservação ambiental, pois os danos geram efeitos diretos na qualidade de vida da coletividade. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Dicção do § 3º, do art. 225, da CF/88. A obrigação de reparar o dano ambiental é propter rem, ou seja, recai sobre uma pessoa em razão da sua qualidade de proprietário ou titular de um direito real sobre um bem, podendo ser imputada tanto ao proprietário do imóvel quanto ao seu possuidor, não sendo relevante quem tenha causado o dano. (TJ-MG - AC: 10521160047093001 MG, Relator: Dárcio Lopardi Mendes, Data de Julgamento: 10/09/0019, Data de Publicação: 17/09/2019) APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME AMBIENTAL. TRANSPORTE DE PRODUTO PERIGOSO SEM LICENÇA AMBIENTAL. CONDENAÇÃO. IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA. ABSOLVIÇÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS ATRAVÉS DE CONJUNTO PROBATÓRIO ROBUSTO. DEPOIMENTOS DOS AGENTES AMBIENTAIS E CONFISSÃO ESPONTÂNEA DO RÉU. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO. A conduta penal tipificada no art. 56 da Lei n. 9.605/98 se enquadra na modalidade de crime formal, ou seja, crime de perigo abstrato, na qual a ação não depende da ocorrência de resultado naturalístico consistente na efetiva lesão ao meio ambiente. (TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00166590920138150011, Câmara Especializada Criminal, Relator DES. JOÃO BENEDITO DA SILVA , j. em 24-09-2019) (TJ-PB 00166590920138150011 PB, Relator: DES. JOÃO BENEDITO DA SILVA, Data de Julgamento: 24/09/2019, Câmara Especializada Criminal) RECURSO DE APELAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RESPONSABILIZAÇÃO DE PARTICULAR POR INFRAÇÃO AMBIENTAL. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL – SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO NATIVA E IMPEDIMENTO DE REGENERAÇÃO DE VEGETAÇÃO. OCUPAÇÃO IRREGULAR E INFRAÇÃO AMBIENTAL CARACTERIZADAS. IMPOSSIBILIDADE DE REGULARIZAÇÃO DA ÁREA OCUPADA IRREGULARMENTE – NÃO CUMPRIMENTO DA EXIGÊCIA CONTIDA NA LEI ESTADUAL Nº 4.529/85. 1. Trata-se de recurso de apelação interposto pelo réu da ação civil pública ambiental ajuizada pelo Ministério Público, contra sentença que julgou procedente demanda para o condenar à obrigação de fazer e de não fazer, consistente em não reiterar a conduta de suprimir vegetação nativa e impedir sua regeneração em desconformidade com a legislação ambiental, bem como à obrigação de recuperar o meio ambiente degradado. 2. Existência comprovada do dano ambiental por perícia judicial. Infração ambiental caracterizada. Indicação de medidas reparadoras que devem ser observadas, a teor do que impõe a

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responsabilidade objetiva em matéria ambiental. 3. Impossibilidade de regularização das construções na área ocupada irregularmente, em face do descumprimento dos requisitos estabelecidos pela Lei Estadual nº 4.529/85, que regulamentou a ocupação e divisão do solo na Serra do Itapeti. 4. Multa diária fixada a título de descumprimento da ordem judicial. Possibilidade de sua aplicação. Razoabilidade do valor adotado pelo r. Juízo "a quo". Sentença mantida. Recurso desprovido. (TJ-SP - AC: 10076493220138260361 SP 1007649-32.2013.8.26.0361, Relator: Nogueira Diefenthaler, Data de Julgamento: 05/09/2019, 1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente, Data de Publicação: 11/09/2019) EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - DIREITO AMBIENTAL - INCÊNDIO EM REGIÃO DE FLORESTA PLANTADA - TEORIA DO RISCO INTEGRAL - OBRIGAÇÃO DE FAZER AO PROPRIETÁRIO DO TERRENO - REFLORESTAR A REGIÃO - INDEVIDA - PERSISTÊNCIA DO DANO AMBIENTAL - NÃO COMPROVADA REGENERAÇÃO NATURAL DO LOCAL. 1-A responsabilidade por dano ambiental é objetiva e baseia-se na teoria do risco integral, consoante a jurisprudência do STJ (vide REsp 1374284/MG). 2-Descabe a imposição de obrigação de fazer, consistente no reflorestamento da região afetada por incêndio, se não restou comprovada, nos autos, a persistência do dano ambiental no local que está em processo de natural regeneração. (TJ-MG - AC: 10400150004473001 MG, Relator: Jair Varão, Data de Julgamento: 12/09/2019, Data de Publicação: 17/09/2019)

CONSUMIDOR

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL 7.574/2017 DO RIO DE JANEIRO. OBRIGAÇÃO IMPOSTA A EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS DE TELEFONIA E INTERNET. OBRIGAÇÕES E RESPONSABILIDADES DECORRENTES DO SERVIÇO DE TELECOMUNICAÇÕES. RELAÇÃO DE CONSUMO. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE. ARTIGO 24, V E VIII, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE. 1. Repartir competências compreende compatibilizar interesses para reforçar o federalismo em uma dimensão realmente cooperativa e difusa, rechaçando-se a centralização em um ou outro ente e corroborando para que o funcionamento harmônico das competências legislativas e executivas otimizem os fundamentos (art. 1º) e objetivos (art. 3º) da Constituição da República. 2. Legislação que impõe obrigação de informar o consumidor acerca da identidade de funcionários que prestarão serviços de telecomunicações e internet, em sua residência ou sede, constitui norma reguladora de obrigações e responsabilidades referentes a relação de consumo, inserindo-se na competência concorrente do artigo 24, V e VIII, da Constituição da República. 3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. (STF; ADI 5.745; RJ; Tribunal Pleno; Red. Desig. Min. Edson Fachin; Julg. 07/02/2019; DJE 16/09/2019; Pág. 159) AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 4.083/2008 DO DISTRITO FEDERAL. PROIBIÇÃO DE DETERMINADAS PESSOAS JURÍDICAS COBRAREM TAXA POR EMISSÃO DE CARNÊ DE PAGAMENTO OU BOLETO BANCÁRIO DE COBRANÇA. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO CIVIL (ARTIGO 22, I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL). A COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE EM SEDE DE DIREITO DO CONSUMIDOR (ARTIGO 24, V E VIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL) NÃO AUTORIZA OS ESTADOS- MEMBROS E O DISTRITO FEDERAL A DISCIPLINAREM RELAÇÕES CONTRATUAIS. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE CONHECIDA E JULGADO PROCEDENTE O PEDIDO. 1. A competência legislativa concorrente em sede de produção e consumo e responsabilidade por dano ao consumidor (artigo 24, V e VIII, da Constituição Federal) não autoriza os Estados-membros e o Distrito Federal a disciplinarem relações

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contratuais securitárias, porquanto compete privativamente à União legislar sobre Direito Civil (artigo 22, I, da Constituição Federal). Precedentes: ADI 4.228, Rel. Min. Alexandre de Moraes, Plenário, DJe de 13/8/2018; ADI 3.605, Rel. Min. Alexandre de Moraes, Plenário, DJe de 13/9/2017; e ADI 4.701, Rel. Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, DJe de 25/8/2014. 2. In casu, a Lei nº 4.083/2008 do Distrito Federal, ao proibir determinadas pessoas jurídicas de cobrarem taxa por emissão de carnê de pagamento ou boleto bancário de cobrança, interferiu em relações contratuais, pois vedou o repasse de custos relativos à viabilização de determinada forma de pagamento pelo fornecimento de bens e serviços, matéria que somente poderia ter sido versada em Lei Federal. 3. Ação direta de inconstitucionalidade CONHECIDA e julgado PROCEDENTE o pedido, para declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 4.083/2008 do Distrito Federal. (STF; ADI 4.090; DF; Tribunal Pleno; Rel. Min. Luiz Fux; Julg. 30/08/2019; DJE 16/09/2019; Pág. 156) CONSTITUCIONAL. FEDERALISMO E RESPEITO ÀS REGRAS DE DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA. LEI ESTADUAL 7.620/2017 DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. TEMPO MÁXIMO DE ESPERA NO ATENDIMENTO EM LOJA DE OPERADORA DE TELEFONIA. PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR. FORTALECIMENTO DO FEDERALISMO CENTRÍFUGO. COMPETÊNCIA CONCORRENTE DOS ESTADOS (CF, ART. 24, V). IMPROCEDÊNCIA. 1. As regras de distribuição de competências legislativas são alicerces do federalismo e consagram a fórmula de divisão de centros de poder em um Estado de Direito. Princípio da predominância do interesse. 2. A Constituição Federal de 1988, presumindo de forma absoluta para algumas matérias a presença do princípio da predominância do interesse, estabeleceu, a priori, diversas competências para cada um dos entes federativos União, Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios e, a partir dessas opções, pode ora acentuar maior centralização de poder, principalmente na própria União (CF, art. 22), ora permitir uma maior descentralização nos Estados-Membros e nos Municípios (CF, arts. 24 e 30, inciso I). 3. Entendimento recente desta SUPREMA CORTE no sentido de conferir uma maior ênfase na competência legislativa concorrente dos Estados quando o assunto gira em torno da defesa do consumidor. Cite-se, por exemplo, a ADI 5.745 (Rel. Min. Alexandre DE MORAES, Red. P/ acórdão: Min. Edson FACHIN, julgado em 7/2/2019). 4. A Lei Estadual 7.620/2017, ao estabelecer tempo máximo de espera para atendimento de consumidor em loja de operadora de telefonia, não tratou diretamente de legislar sobre telecomunicações, mas sim de direito do consumidor. Isso porque o fato de regulamentar o tempo de espera para atendimento não diz respeito à matéria específica de contrato de telecomunicação, tendo em vista que tal serviço não se enquadra em nenhuma atividade de telecomunicações definida pelas Leis 4.117/1962 e 9.472/1997. 5. Trata-se, portanto, de norma sobre direito do consumidor que admite regulamentação concorrente pelos Estados-Membros, nos termos do art. 24, V, da Constituição Federal. 6. Ação Direta julgada improcedente. (STF; ADI 5.833; RJ; Tribunal Pleno; Rel. Min. Alexandre de Moraes; Julg. 23/08/2019; DJE 09/09/2019; Pág. 19)

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL CIVIL. PROGRAMA "LUZ NO CAMPO". PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DOS VALORES APORTADOS PELO USUÁRIO À CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO PARA A EXTENSÃO DE REDE DE ELETRIFICAÇÃO RURAL. COMPETÊNCIA DAS TURMAS QUE COMPÕEM A SEGUNDA SEÇÃO. 1. A Corte Especial, no julgamento do CC 150.055/DF, concluiu pela competência das Turmas que compõem a Segunda Seção para decidir a respeito de demanda em que se discute o direito à indenização dos valores despendidos por particular em favor de concessionária de serviço público para a construção de rede rural de energia elétrica. 2. "Hipótese em que, na origem, o usuário do serviço público de energia elétrica postula a restituição dos valores por ele pagos a título de financiamento de extensão de rede de energia elétrica, com o fim de que sua propriedade rural passasse a receber o serviço público em questão. Programa Luz no Campo (...). A relação jurídica objeto de discussão nestes autos, embora informada por preceitos de ordem pública, manifestou-

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se na esfera privada das partes, com a adesão do consumidor ao negócio jurídico entabulado com a concessionária, para fim de extensão da rede elétrica até a propriedade rural do consumidor" (CC 150.055/DF, Rel. Ministro BENEDITO Gonçalves, CORTE ESPECIAL, julgado em 1º/02/2019, DJe de 07/03/2019). 3. Conflito conhecido para declarar a competência da Terceira Turma desta Corte de Justiça, ora suscitada. (STJ; CC 166.206; Proc. 2019/0160319-3; DF; Corte Especial; Rel. Min. Raul Araújo; Julg. 23/09/2019; DJE 04/10/2019) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO. INSURGÊNCIA RECURSAL DA REQUERIDA. 1. A conclusão a que chegou o Tribunal de origem, relativa à ausência de prestação de informações claras acerca da cláusula limitativa de cobertura ao consumidor, decorre do exame de cláusulas contratuais e das particularidades do contexto que permeia a controvérsia. Incidência das Súmulas nºs 5, 7 e 83 do STJ. Precedentes. 2. A incidência dos referidos óbices impede o exame de dissídio jurisprudencial, porquanto falta identidade entre os paradigmas apresentados e os fundamentos do acórdão, tendo em vista a situação fática do caso concreto, com base na qual a Corte de origem deu solução à causa. Precedentes. 3. A falta de indicação pela recorrente de qual dispositivo legal teria sido violado ou objeto de interpretação divergente implica deficiência na fundamentação do Recurso Especial, fazendo incidir o teor da Súmula nº 284/STF. 3.1. A mera transcrição de ementas e excertos, desprovida da realização do necessário cotejo analítico, que evidencie a similitude fática entre os arestos confrontados, mostra-se insuficiente para comprovar a divergência jurisprudencial ensejadora da abertura da via especial com esteio na alínea "c" do permissivo constitucional. 4. Agravo interno desprovido. (STJ; AgInt-AREsp 1.290.738; Proc. 2018/0108543-8; SC; Quarta Turma; Rel. Min. Marco Buzzi; Julg. 30/09/2019; DJE 04/10/2019) AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DECLARATÓRIA - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO APELO EXTREMO. INSURGÊNCIA RECURSAL DO REQUERENTE. 1. Não há se falar em vícios que denotariam a inadmissibilidade do Recurso Especial manejado pela ora agravada, uma vez que a matéria está devidamente prequestionada e não há necessidade de revolvimento de matéria probatória para a apreciação da pretensão recursal. 2. A conduta do ora agravado não denota manifestação inequívoca em dispor da apreciação do apelo extremo. Impossibilidade de reconhecimento da alegada desistência tácita. 3. A Segunda Seção do STJ, quando do julgamento do Recurso Especial n. 880.605/RN, firmou o entendimento de que o exercício, pela seguradora, da faculdade de não renovação do seguro de vida em grupo, consoante estipulado em cláusula contratual, não encerra conduta abusiva sob a égide do Código de Defesa do Consumidor ou inobservância da boa-fé objetiva, notadamente na hipótese em que previamente notificado o segurado de sua intenção de rescisão unilateral (fundada na ocorrência de desequilíbrio atuarial) e não aceita a proposta alternativa apresentada. 4. Agravo regimental desprovido. (STJ; AgRg-AREsp 135.819; Proc. 2012/0028784-5; PR; Quarta Turma; Rel. Min. Marco Buzzi; Julg. 30/09/2019; DJE 03/10/2019) CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL EM CONSTRUÇÃO. ATRASO NA ENTREGA DA OBRA. ARTS. 489 E 1.022 DO NCPC. OMISSÃO E FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO INEXISTENTES. RESCISÃO CONTRATUAL POR CULPA EXCLUSIVA DAS VENDEDORAS. RESTITUIÇÃO INTEGRAL E IMEDIATA DAS QUANTIAS PAGAS. ACÓRDÃO EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DESTA CORTE. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 568 DO STJ. APLICAÇÃO DA MULTA DO ART. 1.021, § 4º, DO NCPC. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO, COM IMPOSIÇÃO DE MULTA. 1. Aplica-se o NCPC a este julgamento ante os termos do Enunciado Administrativo nº 3,

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aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. 2. Tendo a Corte de origem se manifestado clara e fundamentadamente sobre as questões que lhe foram postas em debate, não há falar em omissão e falta de fundamentação no acórdão. 3. O Tribunal de origem reconheceu a responsabilidade de todos os fornecedores que se beneficiem da cadeia de fornecimento do serviço, incluindo-se as expectativas despertadas pela publicidade, entendendo ser a agravante parte legítima para figurar no polo passivo da ação, imputando-lhe o dever solidário de indenizar. Rever tais conclusões esbarra nos óbices das Súmulas nºs 5 e 7 do STJ. 4. O acórdão recorrido está em sintonia com a jurisprudência desta eg. Corte, que se firmou no sentido da restituição integral dos valores pagos pelo consumidor em caso de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel, por culpa exclusiva do promitente-vendedor. Inexistência de dissídio jurisprudencial. Incidência da Súmula nº 568 do STJ. 5. Em razão da improcedência do presente recurso, e da anterior advertência em relação a incidência do NCPC, incide ao caso a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do NCPC, no percentual de 3% sobre o valor atualizado da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito da respectiva quantia, nos termos do § 5º daquele artigo de Lei. 6. Agravo interno não provido, com imposição de multa. (STJ; AgInt-REsp 1.815.820; Proc. 2019/0146047-9; SP; Terceira Turma; Rel. Min. Moura Ribeiro; Julg. 30/09/2019; DJE 03/10/2019) CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. BANCÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. VALIDADE. DECISÃO MANTIDA. 1. "Nos contratos bancários sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor, é válida a cláusula que institui comissão de permanência para viger após o vencimento da dívida" (RESP n. 1.058.114/RS, Relator p/ Acórdão Ministro João Otávio DE NORONHA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/8/2009, DJe 16/11/2010). 2. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ; AgInt-REsp 1.412.250; Proc. 2013/0351561-0; RS; Quarta Turma; Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira; Julg. 30/09/2019; DJE 03/10/2019) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CONTRATO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS CELEBRADO ENTRE DISTRIBUIDORA E REVENDEDORA. DUPLICATAS MERCANTIS. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NÃO INCIDÊNCIA. RELAÇÃO EMPRESARIAL. LEGALIDADE DA MULTA CONTRATUAL. CONFORMIDADE DO ACÓRDÃO RECORRIDO AO ENTENDIMENTO DO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. Consoante jurisprudência desta Corte, o Código de Defesa do Consumidor não se aplica na hipótese em que o produto ou serviço é contratado para implementação de atividade econômica, já que não estaria configurado o destinatário final da relação de consumo (teoria finalista ou subjetiva). Precedentes. 2. No caso, a pessoa jurídica executada adquiriu os produtos como revendedora de combustíveis e produtos derivados de petróleo, não os utilizando na condição de destinatária final. Consequentemente, não cabe a redução da multa moratória, de 10% (dez por cento) para 2% (dois por cento), com fundamento no Código de Defesa do Consumidor. 3. Agravo interno não provido. (STJ; AgInt-AgInt-AREsp 1.136.463; Proc. 2017/0173436-9; PR; Quarta Turma; Rel. Min. Raul Araújo; Julg. 17/09/2019; DJE 03/10/2019)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. ASSOCIAÇÃO PROTETORA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC). APLICABILIDADE. CERTIFICADO DE REGISTRO DE VEÍCULO (CRV) QUE SE ENCONTRAVA NO INTERIOR DO VEÍCULO ROUBADO. EXIGÊNCIA ABUSIVA. 1. Em se tratando de contrato de natureza securitária de forma atípica aquele firmado entre as partes litigantes,

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porquanto a empresa recorrente não consiste em seguradora, mas em associação sem fins lucrativos, é aplicável a legislação consumerista, porque envolve prestação de serviço amplamente oferecido no mercado de consumo, qual seja, a cobertura securitária de veículos automotores (precedentes do TJSP). 2. A disposição contratual que suprime o direito à indenização do segurado em razão da não apresentação do Certificado de Registro de Veículo (CRV) que se encontrava no interior do veículo roubado se afigura nula, pois impõe ao consumidor obrigação excessivamente onerosa (art. 51, IV, do CDC). APELO DESPROVIDO. (TJGO, Apelação (CPC) 5193974-52.2018.8.09.0100, Rel. CARLOS HIPOLITO ESCHER, 4ª Câmara Cível, julgado em 03/10/2019, DJe de 03/10/2019) APELAÇÃO CIVIL. REVISIONAL C/C CONSIGNAÇÃO. INCIDÊNCIA DO CDC. POSSIBILIDADE DE REVISÃO CONTRATUAL. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. JUROS REMUNERATÓRIOS. VIABILIDADE. TARIFAS BANCÁRIAS. IMPEDIMENTO. PREQUESTIONAMENTO. 1. Estabelecida a aplicabilidade da norma consumerista, tem-se como viável a revisão das cláusulas do contrato firmado entre as partes, ex vi, art. 6, inciso V, do CDC, não configurando violação a boa-fé contratual, o Pact Sunt Servanda ou direito adquirido, visto que é medida usada para viabilizar equilíbrio da relação, na qual o consumidor é parte hipossuficiente. 2. A capitalização de juros é legítima, dentro da limitação anual, se impossibilitada a verificação de que foi expressamente pactuada. 3. Viável a cobrança de juros remuneratórios dentro da taxa média divulgada pelo Banco Central do Brasil para avenças dessa natureza. 4. A cobrança da TAC (taxa de abertura de crédito) e TEC (taxa de emissão de carnê), somente é permitida nos contratos celebrados até o dia 30.04.2008, o que não é o caso dos autos, pois o instrumento fora assinado em 2016. 5. No âmbito do prequestionamento, embora o órgão julgador esteja obrigado a se expressar a respeito de cada argumentação, este não precisa se manifestar sobre cada artigo ou súmula relacionados à matéria exposta. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E DESPROVIDA. (TJGO, Apelação (CPC) 5033701-56.2018.8.09.0082, Rel. MARCUS DA COSTA FERREIRA, 5ª Câmara Cível, julgado em 03/10/2019, DJe de 03/10/2019) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA C/C RESSARCIMENTO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. CONTRATO DE SEGURO. DOENÇA. DIÁRIA POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA. PRAZO DE CARÊNCIA. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. IMPROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO EXORDIAL. SENTENÇA REFORMADA. INVERSÃO DO ÔNUS SUCUMBENCIAL. SUSPENSÃO DA SUA EXIGIBILIDADE (ART. 98, §3º, CPC). I - Em sede de ação de cobrança de indenização de diária por incapacidade temporária, decorrente de doença, comprovada a ocorrência da enfermidade no curso do período de carência, não há de se cogitar da procedência da pretensão indenizatória securitária. II - No seguro de vida é lícito a estipulação de prazo de carência, durante o qual o segurador não responde pela ocorrência do sinistro. III - No feito em tela, infere-se que o início de vigência da cobertura "diária por incapacidade temporária" deu-se em 16.06.2017, enquanto o atestado médico de repouso absoluto de 30 (trinta) dias fora emitido em 09.08.2017. logo, ressai indevida a indenização vindicada, posto que ocasionado o sinistro quando ainda existente a carência contratual de 60 dias. IV - O contrato celebrado estabeleceu em campo próprio o prazo de carência, com o que não há de se falar em ofensa ao dever de informação previsto no Código de Defesa do Consumidor. Inexiste ilegalidade ou abusividade na cláusula que estipula prazo de carência, desde que observado o dever de informação previsto no CDC. V - Registre-se ser equivocada a fundamentação esposada no édito sentencial no tocante a restrição do período de carência ao período de 24 horas para os casos de urgência e emergência (inc. V, do art. 12 e 35-C, ambos da Lei nº 9.656/98), haja vista que, na espécie, o contrato entabulado entre as partes enquadra-se como de seguro, e não de plano de saúde (Sumula 597 do STJ). VI- In casu, reconhecida a improcedência da pretensão exordial, insta reformar a sentença inaugural e, de consectário, inverter o ônus sucumbencial para condenar a parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, com a ressalva da suspensão de sua exigibilidade, "ex vi" do

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art. 98, §3º, do CPC. APELAÇÃO CONHECIDA E PROVIDA. (TJGO, Apelação (CPC) 5335608-23.2017.8.09.0051, Rel. LUIZ EDUARDO DE SOUSA, 1ª Câmara Cível, julgado em 03/10/2019, DJe de 03/10/2019) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA C/C RESSARCIMENTO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. CONTRATO DE SEGURO. DOENÇA. DIÁRIA POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA. PRAZO DE CARÊNCIA. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. IMPROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO EXORDIAL. SENTENÇA REFORMADA. INVERSÃO DO ÔNUS SUCUMBENCIAL. SUSPENSÃO DA SUA EXIGIBILIDADE (ART. 98, §3º, CPC). I - Em sede de ação de cobrança de indenização de diária por incapacidade temporária, decorrente de doença, comprovada a ocorrência da enfermidade no curso do período de carência, não há de se cogitar da procedência da pretensão indenizatória securitária. II - No seguro de vida é lícito a estipulação de prazo de carência, durante o qual o segurador não responde pela ocorrência do sinistro. III - No feito em tela, infere-se que o início de vigência da cobertura "diária por incapacidade temporária" deu-se em 16.06.2017, enquanto o atestado médico de repouso absoluto de 30 (trinta) dias fora emitido em 09.08.2017. logo, ressai indevida a indenização vindicada, posto que ocasionado o sinistro quando ainda existente a carência contratual de 60 dias. IV - O contrato celebrado estabeleceu em campo próprio o prazo de carência, com o que não há de se falar em ofensa ao dever de informação previsto no Código de Defesa do Consumidor. Inexiste ilegalidade ou abusividade na cláusula que estipula prazo de carência, desde que observado o dever de informação previsto no CDC. V - Registre-se ser equivocada a fundamentação esposada no édito sentencial no tocante a restrição do período de carência ao período de 24 horas para os casos de urgência e emergência (inc. V, do art. 12 e 35-C, ambos da Lei nº 9.656/98), haja vista que, na espécie, o contrato entabulado entre as partes enquadra-se como de seguro, e não de plano de saúde (Sumula 597 do STJ). VI- In casu, reconhecida a improcedência da pretensão exordial, insta reformar a sentença inaugural e, de consectário, inverter o ônus sucumbencial para condenar a parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, com a ressalva da suspensão de sua exigibilidade, "ex vi" do art. 98, §3º, do CPC. APELAÇÃO CONHECIDA E PROVIDA. (TJGO, Apelação (CPC) 5335608-23.2017.8.09.0051, Rel. LUIZ EDUARDO DE SOUSA, 1ª Câmara Cível, julgado em 03/10/2019, DJe de 03/10/2019) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS INSCRI­ÇÃO NO SERASA. PRÉVIA COMUNICAÇÃO. OBRIGAÇÃO HONRADA. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. 1. Configurada a remessa da notificação prévia do pedido de registro de inadimplência ao devedor, da qual cogita o § 2° do artigo 43, do Código de Defesa do Consumidor, não há que responsabilizar o órgão pelo ato, ainda que o endereço que constou na comunicação não seja exatamente ao informado pelo autor em sua peça inicial. 2. É dispensável a comprovação do recebimento da comunicação da carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros, sendo suficiente a comprovação do envio da comunicação de débito. 3. Não é de responsabilidade do órgão arquivista investigar a mudança de endereço das pessoas inadimplentes, visto que não tem função investigativa, seu dever é de relacionar o endereço enviado pelo credor e cientificar o devedor da negativa­ção. Assim, havendo o envio formal da correspondência, não há falar em indenização por dano moral sob a alegação de ausência de notificação. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA. (TJGO, Apelação (CPC) 0285233-74.2015.8.09.0051, Rel. ORLOFF NEVES ROCHA, 1ª Câmara Cível, julgado em 03/10/2019, DJe de 03/10/2019)

OUTROS TRIBUNAIS

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ADMINISTRATIVO. AÇÃO ORDINÁRIA. RESOLUÇÃO CONMETRO 11/1988. LEI Nº 9.933/1999. INMETRO. AUTO DE INFRAÇÃO. VALOR DA MULTA. PORTARIA. LEGALIDADE. (6) 1. Inicialmente, não se conhecerá de agravo retido se a parte não requerer expressamente sua apreciação pelo Tribunal nas razões ou na resposta da apelação (CPC/1973, art. 523, § 1º). 2. A responsabilidade é solidária e objetiva, independe da vontade ou culpa do comerciante para a sua caracterização, nos termos do art. 13, II, e 18 do CDC. É desinfluente a verificação da culpa do fabricante ou do comerciante do produto, pois a sanção deverá ser aplicada no momento da apuração da violação às regras fixadas, visto que o objetivo primordial da inspeção dos produtos é o interesse público inerente à segurança e proteção ao direito do consumidor. 3. A jurisprudência deste Tribunal, na esteira da diretriz consolidada no colendo Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do RESP. 1.102.578/MG, pela sistemática de recursos repetitivos, firmou entendimento de que são legais os regulamentos emitidos pelo CONMETRO e INMETRO, nos termos das Leis 5.966/1973 e 9.933/1999, em razão do interesse público inerente à regulamentação da qualidade industrial e dos produtos colocados no mercado de consumo. É válida a autuação aplicada em razão da exigência contida nas Portarias 185/2005 e 085/2009, fixação da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) no produto. 4. Em relação à multa, não ficou evidenciada a supressão do direito de defesa na via administrativa ou equívoco no cálculo. E, tendo em conta o valor da multa (R$ 10.000,00. fl. 81), observa-se que não há excesso do quantum fixado, conforme limites estabelecidos pelo art. 9º da Lei nº 9.933/1999. (Precedente: AC 0001145- 12.2008.4.01.3504 / GO, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL HERCULES FAJOSES, SÉTIMA TURMA, e-DJF1 de 09/06/2017) 5. Agravo retido prejudicado e apelação não provida. (TRF 1ª R.; AC 0092379-50.2014.4.01.3800; Sétima Turma; Relª Desª Fed. Ângela Catão; DJF1 04/10/2019) BUSCA E APREENSÃO. CONTRATO BANCÁRIO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. VEÍCULO. NOTIFICAÇÃO LEGALIDADE. MORA. CONSTITUIÇÃO. AJG Conquanto seja admissível a concessão de Assistência Judiciária Gratuita à pessoa jurídica, é indispensável a comprovação de que a pretensa beneficiária não tem condições financeiras para suportar os encargos processuais, ainda que se trate de entidade sem fins lucrativos ou microempresa. Com efeito, não basta, para esse fim, a mera declaração de necessidade do benefício ou o fato de a empresa estar inativa. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras. Todavia, daí não resulta a automática inversão do ônus da prova, para o que se impõe a comprovação da hipossuficiência do devedor, além da plausibilidade da tese defendida por ele. O tão-só fato de o contrato ser de natureza adesiva não o inquina de nulidade, sendo necessária a demonstração de abusividade e excessiva onerosidade. A ação de busca e apreensão constitui demanda de rito sumário, cujo objetivo é a consolidação em favor do credor do bem objeto da alienação fiduciária e a mora constitui-se automaticamente com o mero inadimplemento da prestação contratada no vencimento. Caracterizada a situação de inadimplência do demandado e não havendo purga da mora no prazo legal, impõe-se a procedência do pedido de busca e apreensão e a consequente declaração de rescisão da alienação fiduciária, assegurando-se ao credor a consolidação da propriedade do bem, assim como a obtenção da posse direta, de modo que possa promover a alienação do bem para assegurar a realização do crédito, com entrega ao devedor de eventual saldo residual. (TRF 4ª R.; AC 5005355-62.2017.4.04.7112; RS; Quarta Turma; Relª Desª Fed. Vivian Josete Pantaleão Caminha; Julg. 02/10/2019; DEJF 04/10/2019) PROCESSO CIVIL. CIVIL. CONSUMIDOR. PRELIMINAR SENTENÇA EXTRA PETITA. DEVER DE INFORMAÇAO. ERRO. NULIDADE. PREVIDÊNCIA PRIVADA. PORTABILIDADE. CARÊNCIA. INDEVIDA. DANO MORAL. OCORRÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PARAMÊTROS. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. 1. Em decorrência do princípio da congruência ou da adstrição, as balizas da sentença devem estar inseridas no pedido. Assim, é vedado ao juiz o julgamento citra petita, ultra petita ou extra petita. Inteligência do artigo 492 do Código de Processo Civil. 2. É

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extra petita a sentença que contém decisão não requerida no pedido exordial. 3. Consoante disposto no artigo 6º, III, do Código de Defesa do Consumidor, são direitos do consumidor a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. 4. Portanto, devem ser anulados os novos instrumentos que alteraram de forma significativa a natureza do contrato e os benefícios deles decorrentes, sem as informações claras ao consumidor, em flagrante prejuízo ao contratante. 5. Para a fixação do valor dos danos morais devem ser observados alguns parâmetros extraídos da jurisprudência, quais sejam: A extensão do dano ou gravidade da violação, a repercussão na esfera pessoal da vítima, o tempo de permanência da infração, a função preventiva da indenização ou o grau de reincidência do fornecedor e, por fim, o grau de culpa e a capacidade financeira do ofensor, assim, respeitados os referidos parâmetros, não há que se falar em minoração do valor arbitrado. 6. Pelo princípio da causalidade, aquele que deu causa ao ajuizamento da ação deve arcar com os ônus da sucumbência e constatada resistência à pretensão autoral, os réus devem concorrer ao pagamento da verba sucumbencial. 7. Por se tratar de condenação em obrigação de fazer, o percentual fixado para os honorários advocatícios deve incidir sobre o proveito econômico obtido ou sobre o valor da causa atualizado, nos termos do que dispõe o artigo 85, parágrafo 2º, do Código de Processo Civil. 8. Preliminar de sentença extra petita rejeitada. 9. Recursos conhecidos e desprovidos. (TJDF; Proc 07208.26-07.2018.8.07.0001; Ac. 120.4164; Terceira Turma Cível; Relª Desª Maria de Lourdes Abreu; Julg. 26/09/2019; DJDFTE 04/10/2019) RECURSO DE APELAÇÃO. REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. TAC. TARIFAS DE GRAVAME E DE SERVIÇOS DE TERCEIROS. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça é permitida a incidência da comissão de permanência, desde que não cumulada com juros de mora, juros remuneratórios, multa e correção monetária. Os contratos bancários celebrados até 30.4.2008 era válida a pactuação das tarifas de abertura de crédito (TAC) e de emissão de carnê (TEC). A partir desta data, não mais tem respaldo legal a contratação da Tarifa de Emissão de Carnê (TEC) e da Tarifa de Abertura de Crédito (TAC). A tarifa de serviços de terceiros, em princípio, é válida, desde que reste especificado no contrato qual é a natureza deste serviço a ser terceirizado, sendo sempre possível o controle de sua onerosidade excessiva. A tarifa de registro de contratos é válida, salvo se demonstrado que, embora contratado, o serviço jamais foi prestado, sendo também possível o controle de eventual onerosidade excessiva. Determinada a revisão de cláusulas, afastando a incidência de encargos contratuais, por óbvio que, havendo saldo a favor do consumidor, ele deve ser ressarcido, de forma simples, sob pena de enriquecimento ilícito da instituição financeira. (TJMG; APCV 3778415-39.2013.8.13.0024; Belo Horizonte; Décima Sexta Câmara Cível; Rel. Des. Wagner Wilson; Julg. 25/09/2019; DJEMG 04/10/2019) CIVIL E CONSUMIDOR. DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO DO NOME DO AUTOR. ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. PROTESTO. DESCUMPRIMENTO JUDICIAL. NÃO DEMONSTRADO. ÔNUS DO CANCELAMENTO. PROTESTO LEGÍTIMO. DEVEDOR. TEMA 725. DESPROVIMENTO AO APELO. 7. A manutenção de protesto do nome do autor em Cartório de Títulos não configura descumprimento de decisão que determina a proibição de inclusão do nome do autor nos órgãos de proteção ao crédito, eis que, na conformidade do Tribunal da Cidadania (RESP. 665311/RS, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 03/10/2005), cancelamento de protesto e cancelamento de inscrição em cadastro negativo apresentam situações diversas. 8.Ademais, quando legítimo o protesto, representa ônus do devedor proceder ao cancelamento. Nesse sentido, Tema 725: "Cancelamento de Protesto Extrajudicial. Recurso Especial Representativo de Controvérsia. Art. 543-C do CPC. Ônus do cancelamento do protesto legitimamente efetuado. Devedor. Conforme dispõe o art. 2º da Lei n. 9.492/1997, os serviços concernentes ao

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protesto ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta Lei. Alegação de o débito ter sido contraído em relação de consumo. Irrelevância, por se tratar de procedimento submetido a regramento específico. 1. Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: "No regime próprio da Lei n. 9.492/1997, legitimamente protestado o título de crédito ou outro documento de dívida, salvo inequívoca pactuação em sentido contrário, incumbe ao devedor, após a quitação da dívida, providenciar o cancelamento do protesto. 2. Recurso Especial não provido. STJ, RESP 1339436 / SP Recurso Especial 2012/0172838-0, Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda Sessão, julgado em 10/09/2014, publicado em 24/09/2014. 9.Apelo desprovido. (TJAC; APL 0704492-60.2018.8.01.0001; Ac. 20.970; Rio Branco; Primeira Câmara Cível; Relª Desª Eva Evangelista de Araújo Souza; Julg. 05/09/2019; DJAC 03/10/2019; Pág. 3) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS COM LUCROS CESSANTES. PRODUTOR RURAL. AQUISIÇÃO DE INSUMO AGRÍCOLA. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NÃO APLICAÇÃO. DESTINATÁRIO FINAL INEXISTENTE. COMPRA E VENDA DE SEMENTES PARA PLANTIO. GERMINAÇÃO INFERIOR AO PERCENTUAL INDICADO PELO FORNECEDOR. PERÍCIA TÉCNICA. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE. AUSÊNCIA DE IRREGULARIDADE. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO. A aquisição de insumos agrícolas para investimento em atividade produtiva, não como destinatário final, não justifica a aplicação do CDC, de acordo com o entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça. Incumbe a parte autora provar os fatos constitutivos do seu direito, e, ao réu, a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (o art. 373 do CPC). Comprovados os prejuízos materiais decorrentes do plantio de sementes com taxa de germinação bastante inferior à garantida pelo fornecedor, impõe-se o dever de indenizar. (TJMT; APL 121345/2017; Barra do Garças; Relª Desª Antônia Siqueira Gonçalves; Julg. 18/09/2019; DJMT 01/10/2019; Pág. 215) APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO C/C RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE. Adiantamento ao depositante. A cobrança da tarifa possui previsão em resolução editada pelo BACEN, motivo pelo qual pode ser cobrada do consumidor, desde que pactuada. No caso concreto, há previsão contratual expressa. Cobrança indevida e o dever de indenizar. Ante a ausência de provas de que a cobrança da tarifa a título de adiantamento a depositante tenha se dado de forma irregular - ônus que competia ao autor, na forma do art. 373, I, do CPC, não há falar no dever de indenizar. Honorários sucumbenciais majorados, por expressa previsão legal. NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME. (TJRS; APL 0232992-59.2019.8.21.7000; Proc 70082610833; Santo Ângelo; Décima Sexta Câmara Cível; Rel. Des. Ergio Roque Menine; Julg. 26/09/2019; DJERS 30/09/2019)