suporte basico de vida fisioterapia

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M M A A N N U U A A L L D D E E S S U U P P O O R R T T E E B B Á Á S S I I C C O O D D E E V V I I D D A A

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Suporte Basico de Vida

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  • MMAANNUUAALL DDEE

    SSUUPPOORRTTEE BBSSIICCOO DDEE VVIIDDAA

  • MANUAL DE SUPORTE BSICO DE VIDA

    MANUAL ELABORADO COM BASE

    EUROPEAN RESUSCITATION COUNCIL GUIDELINES FOR RESUSCITATION 2005

    EDITADO POR JERRY NOLAN E PETER BASKETT

    RESUSCITATION JORNAL OFICIAL DO EUROPEAN RESUSCITATION COUNCIL

    CONSELHO PORTUGUS DE RESSUSCITAO

    VERSO CRIADA PARA APOIO AO CURSO SUPORTE BSICO DE VIDA

    MMAANNUUAALL DDEE

    SSUUPPOORRTTEE BBSSIICCOO DDEE VVIIDDAA

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 2

    NNDDIICCEE

    NOTA INTRODUTRIA 33

    CCaappttuulloo 11 CCaaddeeiiaa ddee SSoobbrreevviivvnncciiaa 44

    CCaappttuulloo 22 RRiissccooss ppaarraa oo RReeaanniimmaaddoorr 66

    CCaappttuulloo 33 -- SSuuppoorrttee BBssiiccoo ddee VViiddaa nnoo AAdduullttoo 99

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 3

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 4

    NOTA INTRODUTRIA

    Curso de Suporte Bsico de Vida

    O curso tem como objectivo criar uma linguagem e metodologia universal para o

    tratamento da PCR e situaes de emergncia no adulto. O curso destina-se a futuros

    tcnicos de sade, que participam na reanimao em contexto intra e extra-hospitalar.

    O curso promove o trabalho em equipa e pretende formar operacionais capazes de

    integrarem essa equipa e de compreenderem as exigncias que implica uma atitude de

    liderana, em situaes de PCR.

    O curso inclui palestras, bancas prticas para aquisio de competncias e simulao

    de casos clnicos.

    Os conhecimentos tericos dos formandos so avaliados por um teste de escolha

    mltipla. As competncias prticas (compresses, ventilaes e algoritmo de SBV) em

    SBV e liderana da equipa de reanimao so, por seu turno, avaliadas em simulaes

    de caso clnico. Aos formandos que concluem o curso com aproveitamento ser

    atribudo um diploma comprovativo da frequncia e aprovao nesse curso, atribuido

    pela entidade promotora. A recertificao permite reavivar e actualizar prticas e

    conhecimentos.

    O MANUAL

    Este manual pretende contribuir para o crescente ensino da reanimao, respeitando

    os algoritmos aprovados pelo ERC / CPR e transmitir os contedos tericos

    necessrios ao tratamento de adultos em PCR e em situaes de emergncia.

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 5

    CCAAPPTTUULLOO 11

    CCaaddeeiiaa ddee SSoobbrreevviivvnncciiaa

    INTRODUO: O PROBLEMA

    Na Europa, as doenas cardiovasculares, contribuem para 60 % de todas as

    mortes em indivduos com menos de 75 anos.

    Cerca de um tero das vtimas de Enfarte Agudo do Miocrdio (EAM) morrem antes de

    chegar ao hospital, a maioria na primeira hora aps o incio dos sintomas. O ritmo mais

    frequentemente encontrado numa primeira avaliao a Fibrilhao Ventricular (FV) ou

    a Taquicardia Ventricular sem pulso (TVsp). O nico tratamento eficaz nestas situaes

    a desfibrilhao elctrica, cuja eficcia decresce em 7 -10 %, por cada minuto que

    passa.

    Nos doentes hospitalizados por EAM, a incidncia de FV / TV cerca de 5 %. A

    paragem crdio-respiratria (PCR) em contexto hospitalar, na maioria das vezes,

    ocorre por ritmos no desfibrilhveis -assistolia ou actividade elctrica sem pulso

    (AESP), tambm designada como dissociao electromecnica (DEM).

    CADEIA DE SOBREVIVENCIA

    A fora da cadeia de sobrevivncia depende da resistncia de todos os elos, sobretudo

    do elo mais fraco. Assim, todos os elos devem ser igualmente fortes/resistentes. Este

    conceito resume todos os procedimentos indispensveis para o sucesso de uma

    ressuscitao. Estes procedimentos esto indicados tanto para as vtimas de paragem

    respiratria, Paragem Crdio-Respiratria (PCR)e vtimas de doena crtica:

    1. Reconhecimento precoce da situao de emergncia (vtima de doena

    crtica, dor torcica ou PCR) e pedido de ajuda

    2. Iniciar precocemente Reanimao Cardiopulmonar (RCP)

    3. Desfibrilhao precoce

    4. Suporte Avanado de Vida (SAV) precoce e cuidados ps reanimao

    eficazes.

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 6

    O acesso desfibrilhao por elementos no mdicos, nomeadamente

    enfermeiros, bombeiros e outros profissionais de sade devidamente treinados e

    integrados em organizaes qualificadas, tem permitido a desfibrilhao cada

    vez mais precoce.

    1. Reconhecimento precoce da situao de emergncia e pedido de ajuda

    O primeiro elo revela a importncia crescente no reconhecimento atempado das

    situaes que podem desencadear um PCR e activar os servios de emergncia na

    esperana que o tratamento precoce possa impedir a paragem.

    essencial o acesso imediato aos Servios de Emergncia, em caso de PCR em

    contexto extra-hospitalar. Na maioria dos pases europeus, estes servios so

    activados por um nmero telefnico nico. O Conselho Europeu de Ressuscitao

    (ERC -European Resuscitation Council) recomenda a utilizao do nmero 112 para

    todos os pases da Europa.

    Nos casos de PCR em meio intra-hospitalar, deve existir um sistema interno de

    comunicao que active a Equipa de Emergncia Mdica (EEM).

    fundamental que todos os profissionais de sade tenham treino e recursos para

    desfibrilhar precocemente, mesmo antes da chegada da equipa de reanimao.

    2. Iniciar precocemente Reanimao Cardiopulmonar (RCP):

    O inicio imediato de RCP pode triplicar a sobrevivncia dasvtimas de PCR, por FV.

    As manobras de ventilao e de compresso torcica externa tm como objectivo

    manter o sangue a ser oxigenado e em circulao, para a preservao da viabilidade

    do corao e crebro. O Suporte Bsico de Vida (SBV) tem como funo ganhar tempo

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 7

    at chegada do desfibrilhador e da equipa de SAV.

    Em situaes de PCR testemunhada, o incio imediato de SBV, aumenta a

    probabilidade de recuperao e de sobrevivncia. Contudo, s num pequeno nmero

    de pases da Europa, o SBV praticado por leigos que testemunham a PCR.

    Na PCR em contexto intra-hospitalar, o SBV deve ser iniciado de imediato mas nunca

    deve atrasar o acesso desfibrilhao.

    3. Desfibrilhao Precoce

    Na PCR em meio extra-hospitalar, o grande objectivo desfibrilhar nos 5 minutos

    (taxas de sobrevivncia at 75% nos ritmos de paragem desfibrilveis) que se seguem

    ao pedido de ajuda pelos servios de emergncia. Em muitos locais, isto implica

    implementar programas de Desfibrilhao Automtica Externa (DAE).

    Em meio intra-hospitalar, o objectivo que um nmero cada vez maior de profissionais

    de sade tenham formao e capacidade para desfibrilhar de imediato, respeitando os

    algoritmos de reanimao.

    4. Suporte Avanado de Vida (Sav) e Cuidados Ps Reanimao Eficazes

    Em muitas situaes, apesar da desfibrilhao recuperar os sinais de circulao

    espontnea, esta no suficiente, sendo necessrio manobras de suporte adicionais

    que optimizem a funo crdio-respiratria, aumentando a taxa de sobrevivncia a

    longo prazo e melhorando a qualidade de vida das vtimas de PCR.

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 8

    CCAAPPTTUULLOO 22

    RISCOS PARA O REANIMADOR

    Todos os reanimadores envolvidos no socorro de uma vtima devem estar

    familiarizados com os riscos associados reanimao para que os possam minimizar.

    REGRA BASICA: O REANIMADOR NAO DEVE EXPOR-SE, A SI OU A TERCEIROS,

    A MAIOR RISCO DO QUE AQUELES QUE CORRE A PRPRIA VTIMA.

    1. Ambiente

    No contexto do socorro pr-hospitalar, antes de se aproximar de uma vtima

    aparentemente inconsciente, fundamental assegurar que no existem riscos

    ambientais como fogo, matrias perigosas, exploso, electrocusso, derrocadas,

    trfego automvel etc.

    No salvamento de vtimas que se encontrem na gua fundamental adoptar medidas

    que garantam a segurana do reanimador durante todo o processo de salvamento.

    2. Intoxicaes

    Nos casos de suspeita de intoxicao por fumos ou gases txicos como os cianetos ou

    o cido sulfrico fundamental no se expor aos vapores libertados. A ventilao s

    deve ser efectuada usando mscaras com vlvula unidireccional de forma a no expor

    o reanimador ao ar expirado pela vtima.

    Os txicos corrosivos como os cidos ou bases fortes ou os organofosforados podem

    ser facilmente absorvidos pela pele ou pelo sistema respiratrio. Nestes casos

    mandatrio, para alm de arejar o local, usar luvas e roupa de proteco, de forma a

    evitar qualquer contacto com o produto, com roupas contaminadas ou com fluidos

    corporais sobretudo o vmito, bem como mscaras para evitar a inalao.

    Em resumo, ao socorrer uma vtima que possa ter sofrido uma intoxicao dever

    cumprir rigorosamente as medidas universais de proteco, isto , usar luvas, bata,

    mscaras e culos.

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 9

    3. Infeces

    A possibilidade de transmisso de infeces entre a vtima e o reanimador tem sido

    alvo de grande preocupao, sobretudo com o receio da contaminao pelos vrus da

    hepatite B e HIV. Embora seja possvel isolar o HIV na saliva, no existe qualquer

    registo de transmisso do vrus por contacto com saliva, a no ser nos casos de saliva

    contaminada com sangue.

    Esto descritos na literatura cientfica cerca de 15 casos de transmisso de infeces

    durante a realizao de manobras de reanimao. A maioria dos casos refere-se a

    transmisso de bactrias como Neisseria meningitidis, Salmonela, Micobacterium

    tuberculosis e tambm Vrus Herpes simplex.

    No existem casos documentados de transmisso de infeces por vrus da Hepatite B

    ou C ou pelo citomegalovrus.

    Os poucos casos descritos de infeco pelo VIH ocorreram em contexto de contacto

    com sangue: dois por picada profunda com agulha contaminada e um em indivduo

    com extensos ferimentos cutneos nas mos.

    O reanimador de uma vtima suspeita de ter tuberculose deve ser vigiado no caso de

    ter efectuado ventilao boca-a-boca.

    Medidas de proteco

    Embora o risco de transmisso de infeces durante a reanimao seja baixo, o

    sangue o principal veculo de contaminao pelo que devem ser adoptados cuidados

    redobrados, sobretudo com os salpicos de sangue, utilizando roupa de proteco

    adequada, luvas e proteco para os olhos. Existe um risco pequeno, mas real, de

    infeco por picada com agulha contaminada, pelo que necessrio adoptar medidas

    cuidadosas no manuseio de objectos cortantes ou picantes os quais devem

    imediatamente ser colocados em contentores apropriados. Para ventilar devem sempre

    ser usadas mscaras com vlvula unidireccional que protejam efectivamente o

    reanimador da exposio ao ar expirado pela vtima. As proteces faciais no tm

    eficcia comprovada para esse fim.

    Treino de SBV em manequins

    No existe qualquer registo de que alguma vez tenha ocorrido uma infeco associada

    ao treino de SBV em manequins (mais de 70 milhes de pessoas, s nos EUA). Apesar

    de tudo, recomenda-se que os manequins sejam limpos com regularidade e

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 10

    desinfectados depois de cada sesso.

    No caso de no serem utilizadas mscaras individuais, as superfcies dos manequins

    so desinfectadas com um produto apropriado o que minimiza o risco de transmisso

    de vrus, bactrias ou fungos entre os praticantes.

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 11

    CCAAPPTTUULLOO 33

    SSUUPPOORRTTEE BBSSIICCOO DDEE VVIIDDAA NNOO AADDUULLTTOO

    O suporte bsico de vida (SBV) tem como objectivo a manuteno de algum grau de

    ventilao e de circulao de modo a manter a vtima vivel at que possa ser

    institudo o tratamento mdico adequado e revertida a causa de paragem. A

    interrupo da circulao durante 3 a 4 minutos (ou mesmo menos, no caso de uma

    vtima j previamente com hipoxmia) implica leses cerebrais, que podero ser

    irreversveis, e cuja traduo clnica pode ser varivel. Qualquer atraso no incio de

    SBV reduz drasticamente as hipteses de recuperao.

    Por definio, o SBV implica que seja praticado sem recurso a qualquer equipamento.

    Se isto inquestionvel quando falamos para leigos, j com os profissionais de sade

    (em ambiente pr-hospitalar ou numa instituio de sade) no se passa o mesmo. Os

    profissionais de sade no desempenho da sua profisso devem ter equipamento

    adequado para lidar com as vtimas de paragem cardiorespiratria.

    Qualquer pessoa poder, no entanto, ser confrontada com a necessidade de efectuar

    SBV sem recurso a equipamento, pelo que se justifica uma descrio do tema nessa

    vertente.

    Histria da reanimao

    J em 1878, Bohem descreveu a "massagem cardaca externa" a qual ter sido

    utilizada com sucesso espordico nos 10 anos seguintes. S no final dos anos 50

    surgiu a publicao de trabalhos sobre a eficcia da ventilao boca a boca (Peter

    Safar) e nos anos 60 a publicao do clssico trabalho de Kouwenhoven, Jude e

    Knickerbocker sobre a massagem cardaca externa. A reanimao moderna surge em

    1961, por Peter Safar, com a descrio do mtodo de conjugao das duas tcnicas.

    Durante a reanimao obtm-se algum fluxo antergrado de circulao pela

    conjugao da compresso do corao (efeito de bomba cardaca) e a elevao da

    presso intratorcica (efeito de bomba torcica), durante a qual o colapso que ocorre

    no sistema venoso impede o fluxo retrgrado.

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 12

    Mesmo em condies ptimas a compresso cardaca externa apenas consegue

    aproximadamente 30 % do dbito cardaco normal.

    At h pouco tempo o diagnstico de paragem cardaca residia na ausncia de pulso

    central palpvel (carotdeo ou outro). Experincia acumulada tem vindo a demonstrar

    que se trata de um processo que requer habitualmente mais tempo que o previsto e

    que tem cerca de 50 % avaliaes incorrectas. Por esta razo, a pesquisa de pulso

    reservada apenas aos profissionais de sade deixando de ser ensinada a leigos.

    3.1 - SEQUNCIA DE ACES EM SBV

    1. AVALIE AS CONDIES DE SEGURANA NO LOCAL

    2. AVALIE SE A VTIMA RESPONDE:

    Abane suavemente os ombros e pergunte em voz alta

    "Est bem? Sente-se bem?" (Figura 3.1)

    Figura 3.1 Avalie se a vitima responde

    2a. SE A VTIMA RESPONDER

    Deixe-a na posio em que a encontrou (desde que isso no represente perigo

    acrescido);

    Avalie a situao e pea ajuda, se necessrio;

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 13

    Reavalie periodicamente.

    Figura 3.2 Grite por ajuda Figura 3.3 Extenso da cabea e elevao do queixo

    2b. SE A VTIMA NO RESPONDER

    Pea ajuda gritando em voz alta (Figura 3.2);

    No abandone a vtima e prossiga com a avaliao. A menos que no seja

    possvel avaliar adequadamente a vtima na posio em que ela se encontra,

    dever coloc-Ia em decbito dorsal;

    PERMEABILIZE A VIA AREA (Figura 3.3)

    o Verifique se existem corpos estranhos dentro da boca (comida, prteses

    dentrias soltas, secrees); se existirem deve remov-Ios mas somente se

    os visualizar

    Nota: As prteses dentrias bem fixas no devem ser removidas.

    o Coloque a palma de uma mo na testa da vtima e dois dedos da outra mo

    no bordo do maxilar inferior;

    o Efectue simultaneamente a extenso da cabea e elevao do maxilar

    inferior.

    ATENO: Nas situaes em que exista suspeita de trauma no fazer hiperextenso

    da cabea. Nestes casos a permeabilizao da via area deve ser feita mantendo o

    alinhamento do corpo, pescoo e cabea com ligeira elevao do queixo. A subluxao

    no est mais indicada por ser de difcil realizao e na maioria das vezes ser ineficaz

    e tambm provocar movimentos cervicais.

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 14

    3. Verificar se a respirao normal, mantendo a permeabilizao da via area

    (Figura 3.4)

    Procure

    VER se existe movimentos torcicos;

    OUVIR se existem rudos de sada de ar junto boca e nariz da vtima;

    SENTIR na sua face se h sada de ar pela boca da vtima;

    o Dever Ver, Ouvir e Sentir (VOS) durante 10 segundos.

    Deve procurar a existncia de movimentos respiratrios normais.

    Figura 3.4 Ver, Ouvir e Sentir se a respirao normal

    Movimentos respiratrios ocasionais e ineficazes designados por "gasping" ou

    "respirao agnica" no devem ser confundidos com respirao normal. Estes

    movimentos no causam uma expanso torcica normal.

    Em caso de dvida haja como se a vtima no ventilasse.

    3a. SE A VTIMA RESPIRA NORMALMENTE

    Colocar em posio lateral de segurana PLS (Figura 3.5);

    Pedir ou mandar pedir ajuda;

    Reavaliar continuamente a respirao.

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 15

    Figura 3.5 Posio Lateral de Segurana

    3b. SE A VTIMA NO RESPIRA NORMALMENTE

    Activar de imediato o sistema de emergncia mdica ligando 112

    o Se estiver sozinho, deve, se necessrio, abandonar a vtima e ligar de

    imediato 112;

    o Se estiver algum junto de si deve pedir a essa pessoa que v ligar 112

    prosseguindo a sequncia do SBV;

    o Iniciar de imediato compresses torcicas;

    A activao precoce do sistema de emergncia mdica fundamental nas situaes

    em que a causa provvel de paragem de origem cardaca (habitualmente devida a

    fibrilhao ventricular, cujo nico tratamento a desfibrilhao) o que acontece na

    generalidade das vtimas adultas (+ de 60%).

    Figura 3.6 Coloque a palma da mo no centro do Figura 3.7 Coloque a palma da outra mo sobre

    trax da vtima a primeira mo e entrelace os dedos

    Ajoelhe-se ao lado da vtima;

    Coloque a palma de uma das mos no centro do trax da vtima (Figura 3.6);

    Coloque a outra mo e entrelace os dedos levantando-os, de forma a no

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 16

    exercer qualquer presso sobre as costelas. No exera qualquer presso sobre

    o epigastro ou sobre o apndice xifide (Figura 3.7);

    Mantenha os braos esticados, sem flectir os cotovelos, e posicione-se de forma

    a que os seus ombros fiquem perpendiculares ao esterno da vtima (Figura 3.8);

    Pressione verticalmente sobre o esterno, causando uma depresso de 4 a 5 cm

    (Figura 3.9);

    Alivie a presso, de forma que o trax possa descomprimir totalmente, mas sem

    perder o contacto da mo com o esterno;

    Repita o movimento de compresso e descompresso de forma a obter uma

    frequncia de 100 /min (cerca de 2 compresses em 1,5 seg.);

    O gesto de compresso deve ser firme, controlado e executado na vertical e os

    perodos de compresso e descompresso devem ter a mesma durao

    Figura 3.8 Posicione-se com os ombros Figura 3.9 Fazer 30 compresses

    perpendiculares ao esterno da vtima

    Sincronize as compresses com as ventilaes

    o Ao fim de 30 compresses, permeabilize a via area e faa 2 insuflaes

    eficazes (Figura 3.10);

    o Reposicione as mos no local correcto para efectuar compresses;

    o Faa de novo 30 compresses.

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 17

    Figura 3.10 Aps 30 compresses permeabilizar a VA e efectuar 2 insuflaes

    VENTILAO COM AR EXPIRADO

    Assegure a correcta permeabilizao da via area com a extenso da cabea e

    elevao do queixo (Figura 3.11);

    Tape o nariz da vtima, pinando-o entre os dedos polegar e o indicador da mo

    que faz a extenso da cabea (Figura 3.11);

    Mantenha a elevao do queixo, sem fechar a boca da vtima;

    Inspire profundamente (*) e coloque os lbios volta da boca da vtima

    certificando-se que no h fuga de ar (Figura 3.12);

    Insuflar durante 1 seg. para o interior da boca da vtima, observando

    simultaneamente a expanso do trax;

    Afaste a sua boca da boca da vtima, mantendo o posicionamento da cabea da

    vtima, para permitir a sada do ar, verifique a depresso torcica (Figura 3.13);

    Espere cerca de 4 segundos para que, o trax relaxe completamente e repita o

    procedimento de insuflao de ar.

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 18

    Figura 3.11 Permeabilizao da VA Figura 3.12 Insuflar para a boca da vitima Figura 3.13 Retirar a sua boca da

    enquanto verifica a expanso torcica vitima e verificar a depresso do trax

    (*) Nota: A quantidade de oxignio no ar atmosfrico de 21 %. O ar que expiramos

    contm apenas cerca de 16 % de oxignio, pelo que, sempre que possvel, deve ser

    enriquecido o seu contedo em oxignio. Durante a ventilao boca-a-boca

    fundamental inspirar profundamente antes de cada insuflao para melhorar a

    quantidade de oxignio com que vamos ventilar a vtima.

    Para que possa avaliar se a insuflao eficaz deve confirmar em cada insuflao se o

    trax se eleva como numa respirao normal.

    Se no conseguir ventilar (no h expanso torcica ou h resistncia excessiva

    insuflao):

    Verifique novamente se no existem corpos estranhos visveis na boca e, em

    caso afirmativo, tente remov-los;

    Confirme a correcta permeabilizao da via area reposicionando a cabea, se

    necessrio;

    Tente insuflar de novo. Se mantm ventilao ineficaz proceder como para a

    obstruo da VA.

    As manobras de SBV, uma vez iniciadas, devem continuar sem interrupo at que:

    Chegue ajuda diferenciada;

    A vtima recupere (**);

    O reanimador esteja exausto.

    (**) Nota

    S deve interromper as manobras de SBV, para reavaliao da vtima, caso a vtima

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 19

    faa algum movimento que sugira a presena de circulao.

    3.2 PONTOS IMPORTANTES RELATIVAMENTE AO SBV

    VENTILAO

    A insuflao de ar deve ser lenta, efectuada ao longo de cerca de 1 segundo, e no

    dever ser sentida grande resistncia insuflao. Se a insuflao for demasiado

    rpida a resistncia aumenta e maior a probabilidade de o ar insuflado ir para o

    estmago, causando regurgitao do contedo gstrico.

    O volume de ar a insuflar de 500 a 600 ml, quando no utilizada aporte

    suplementar de oxignio, o que dever corresponder quantidade necessria para

    causar uma expanso visvel do trax da vtima.

    Quando a via area no est protegida, um volume corrente de 1litro provoca

    significativamente uma maior distenso gstrica do que um volume corrente de 500ml.

    Evite a hiperinsuflao (muitas insuflaes ou grande quantidade de ar), porque

    aumenta a presso intratorcica, provocando diminuio do retorno venoso com

    consequente diminuio do dbito cardaco. Reduz a probabilidade de sobrevivncia.

    A durao exacta da expirao (habitualmente, cerca de 4 seg.) no um valor

    rgido, o que fundamental, esperar que o trax relaxe completamente antes de

    voltar a efectuar nova ventilao.

    COMPRESSES TORCICAS

    As compresses torcicas, mesmo quando correctamente executadas conseguem

    apenas gerarem aproximadamente um quarto do dbito cardaco normal.

    Efectuar compresses obliquamente em relao ao trax da vtima faz com que a

    vtima possa rolar e diminui a eficcia das compresses.

    Efectuar cerca de 100 compresses por minuto.

    Ter ateno depresso que provoca no trax, que deve ser de 4 a 5 cm.

    importante permitir que o trax descomprima totalmente durante a realizao de

    compresses para permitir o retorno de sangue ao corao antes da prxima

    compresso e optimizar assim o dbito cardaco que se consegue.

  • GRECAR

    SUPORTE BSICO DE VIDA 20

    O tempo de compresso e de relaxamento do trax deve ser aproximadamente o

    mesmo.

    As compresses torcicas podem causar fractura de articulaes contrapostas e

    consequentemente causar leses de rgos internos como: rotura do pulmo, do

    corao ou mesmo do fgado. Este risco minimizado, pela correcta execuo das

    compresses.

    As hipteses de uma vtima de paragem cardiorespiratria recuperar actividade

    cardaca espontnea apenas com SBV so praticamente nulas. O SBV serve

    fundamentalmente para ganhar tempo, mantendo algum grau de perfuso cerebral e

    coronria at chegada do SAV. Quando se interrompem as compresses, a perfuso

    cerebral e coronria diminuem para valores muito baixos levando algum tempo a

    retomar aos valores prvios. Por estes motivos no faz qualquer sentido interromper

    o SBV para pesquisar a existncia de sinais de circulao, excepto se a vtima fizer

    qualquer movimento que possa traduzir a existncia de circulao. Caso contrrio no

    deve interromper as manobras de SBV at chegada de SAV.

    A existncia de midrase foi valorizada no passado como sinal de leso cerebral

    irreversvel. No entanto, sabe-se hoje que a midrase pode estabelecer-se

    precocemente aps a cessao de circulao cerebral e influenciada por mltiplos

    factores pelo que no deve ser critrio para a suspenso das manobras ou de

    prognstico.

    3.3 VARIANTES DAS TCNICAS NA REANIMAO

    REANIMAO COM DOIS REANIMADORES

    Embora a realizao de compresses e ventilaes de forma sincronizada por duas

    pessoas seja mais eficaz, por reduzir o tempo perdido entre compresses e

    ventilaes, a realizao de SBV com dois reanimadores requer mais treino do que a

    aprendizagem da tcnica apenas com um reanimador. Por este motivo, a tcnica de

    SBV a dois reanimadores ensinada apenas a profissionais de sade. Neste caso um

    dos reanimadores efectua ventilaes e o outro, as compresses mantendo sempre

    uma relao compresses: ventilaes de 30:2. Devero trocar as posies de 2 em

    2 minutos para evitar o cansao e exausto.

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    SUPORTE BSICO DE VIDA 21

    Estando presentes dois reanimadores profissionais de sade, a prioridade continua a

    ser pedir ajuda diferenciada, pelo que um deles vai ligar 112, aps a confirmao da

    paragem respiratria, enquanto o outro reanimador inicia o SBV sozinho.

    O outro elemento quando regressar deve iniciar as compresses torcicas,

    aproveitando o tempo durante o qual esto a ser efectuadas as 2 insuflaes para

    localizar o ponto onde dever fazer as compresses. Deste modo reduzem-se as

    perdas de tempo desnecessrias.

    Durante a ventilao no devem ser efectuadas compresses. Logo aps se completar

    a 2 insuflao devem ser iniciadas as compresses no sendo necessrio esperar que

    a expirao se complete passivamente.

    Deve manter-se a permeabilizao da via area.

    O reanimador que est a fazer as insuflaes dever preparar-se para iniciar as

    mesmas logo aps a 30 compresso, com o mnimo de perda de tempo possvel.

    importante que quem faz as compresses conte em voz alta de forma a manter o ritmo

    e tambm a coordenao da equipa.

    til que os dois reanimadores se coloquem em lados opostos da vtima. Quando for

    necessrio trocar tarefas por um deles estar cansado, a troca deve ser efectuada

    perdendo o menos tempo possvel. Isto requer treino, para que no haja perda de

    tempo e sem prejuzo da correcta execuo das manobras.

    VENTILAO BOCA-NARIZ

    A ventilao boca-nariz est recomendada quando impossvel ventilar pela boca, o

    que pode acontecer por:

    Impossibilidade de abrir a boca da vtima ou de conseguir resolver uma

    obstruo;

    Existncia de leses graves da face;

    Dificuldade em conseguir uma boa adaptao da boca boca da vtima;

    Se a ventilao se inicia dentro de gua, situao em que o reanimador s tem

    uma mo livre dado que a outra est a suportar o peso do corpo;

    Se o reanimador uma criana e a boca no tem dimenses suficientes para se

    adaptar boca da vtima.

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    SUPORTE BSICO DE VIDA 22

    Como proceder

    Manter a cabea da vtima inclinada para trs;

    Fechar a boca da vtima com uma mo;

    Fazer insuflaes como descrito anteriormente soprando pelo nariz;

    Abrir a boca da vtima para permitir a expirao;

    Fechar de novo a boca e repetir o procedimento.

    REANIMAO S COM COMPRESSES TORCICAS

    Vrios estudos mostram que muitos reanimadores tm relutncia em efectuar

    ventilao boca-a-boca. Nesta situao recomenda-se que sejam pelo menos

    efectuadas compresses torcicas. Ao efectuar apenas compresses torcicas

    consegue-se igualmente algum grau de ventilao. Fazer apenas compresses

    torcicas associa-se a melhores resultados que no fazer nada. Neste caso as

    compresses so efectuadas ininterruptamente a um ritmo de 100 compresses por

    minuto.

    3.4 - POSIO LATERAL DE SEGURANA

    Tal como referido anteriormente, se a vtima respira mas est inconsciente, deve ser

    em colocada em posio lateral de segurana (PLS).

    A PLS permite manter a permeabilidade da via area, garantindo a no obstruo por

    queda da lngua e permite a livre drenagem de qualquer lquido da cavidade oral,

    evitando a entrada do mesmo na via respiratria, minimizando o risco de aspirao do

    contedo gstrico.

    Existem mltiplas variaes da posio lateral de segurana. Nenhuma indicada para

    todas as vtimas. Todos elas devem ter presentes os seguintes princpios:

    Ser uma posio o mais "lateral" possvel para que a cabea fique numa posio

    em que a drenagem da cavidade oral se faa livremente;

    Deve ser uma posio estvel;

    No deve causar presso no trax que impea a respirao normal;

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    SUPORTE BSICO DE VIDA 23

    Deve possibilitar a observao e acesso fcil via area;

    Deve ser possvel voltar a vtima em decbito dorsal de forma fcil e rpida;

    No deve causar nenhuma leso vtima.

    particularmente importante no causar nenhuma leso adicional vtima com a

    colocao em PLS. Por este motivo no caso de existir suspeita de traumatismo da

    coluna cervical no est indicada a colocao da vtima em PLS.

    O ERC recomenda a seguinte sequncia para colocar a vtima em PLS

    Afastar os espectadores;

    Retirar culos e objectos volumosos (chaves, telefones, canetas etc.) dos

    bolsos da vtima;

    Alargar a gravata (se apropriado) e desapertar o colarinho;

    Ajoelhar-se ao lado da vtima e estender-lhe as duas pernas;

    Permeabilizar a via area, efectuando a extenso da cabea e elevao do

    maxilar inferior;

    Colocar o brao da vtima, mais prximo de si, dobrado ao nvel do cotovelo, de

    forma a fazer um ngulo recto com o corpo da vtima ao nvel do ombro e com a

    palma da mo virada para cima (Figura 3.14);

    Dobrar o outro brao sobre o trax e encostar a face dorsal da mo face da

    vtima do seu lado (Figura 3.15);

    Com a outra mo segurar a coxa da vtima do lado oposto, imediatamente

    acima do joelho e levant-Ia mantendo o p no cho, de forma a dobrar a perna

    da vtima ao nvel do joelho (Figura 3.16);

    Manter uma mo a apoiar a cabea e com a outra puxar a perna ao nvel do

    joelho, rolando o corpo da vtima na sua direco;

    Ajustar a perna que fica por cima de modo a formar um ngulo recto ao nvel da

    coxa e do joelho;

    Se necessrio ajustar a mo sob a face da vtima de forma que a cabea fique

    em extenso;

    Verificar se a via area se mantm permevel, certificando-se que a vtima

    respira sem fazer rudo;

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    SUPORTE BSICO DE VIDA 24

    Vigiar regularmente.

    Se a vtima tiver que ficar nesta posio mais de 30 minutos, a posio dever

    ser alterada para o lado oposto para aliviar a presso do brao inferior.

    Figura 3.14 Colocar o brao da vtima, mais prximo de si, dobrado ao nvel do cotovelo, de forma a fazer um

    ngulo recto com o corpo da vtima ao nvel do ombro e com a palma da mo virada para cima

    Figura 3.15 Dobrar o outro brao sobre o trax e encostar a face dorsal da mo face da vtima do seu lado

    Figura 3.16 Com a outra mo segurar a coxa da vtima do lado oposto, imediatamente acima do joelho e

    levant-Ia mantendo o p no cho de forma a, dobrar a perna da vtima ao nvel do joelho

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    SUPORTE BSICO DE VIDA 25

    Figura 3.17 Posio Lateral de Segurana

    Para voltar a colocar a vtima de costas

    Ajoelhar por trs da vtima; estender a perna da vtima que est por cima,

    alinhando-a com a outra;

    Retirar a mo da vtima que se encontra sob a face e colocar o brao desta

    sobre o trax; colocar uma mo na anca da vtima e a outra a apoiar a cabea;

    Com um movimento seguro e firme, puxar ao nvel da coxa da vtima, rolando-a

    sobre as prprias coxas, mantendo simultaneamente a outra mo a apoiar a

    cabea;

    Afastar-se progressivamente de forma a acompanhar o movimento da vtima at

    esta estar em decbito dorsal;

    Estender o outro brao ao longo do corpo.

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    SUPORTE BSICO DE VIDA 26

    ALGORITMO DO SUPORTE BSICO DE VIDA NO ADULTO

    *ou o numero de emergncia nacional

    Continue SBV

    RESUMO

    fundamental conhecer os riscos para o reanimador e adoptar medidas

    universais de proteco.

    O suporte bsico de vida uma medida de suporte que permite manter a vtima

    vivel at chegada do suporte avanado de vida.

    fundamental saber como e quando pedir ajuda e iniciar o mais precocemente

    as manobras de SBV.

    A colocao de uma vtima inconsciente em PLS, permite manter a

    permeabilidade da via area e minimizar o risco de aspirao do contedo

    gstrico.

    INCONSCIENTE?

    PERMEABILIZAR V.A.

    RESPIRA NORMALMENTE

    LIGAR 112*

    2 INSUFLAES

    30 COMPRESSES

    30 COMPRESSES

    TORCICAS

    CONDIES DE SEGURANA

    RESPIRA NORMALMENTE

    PLS

    AJUDA REAVALIAR

    GRITE POR AJUDA

    NO

    At chegar ajuda

    At a vitima recuperar

    At ficar exausto