superdotados

1
Cidades. 8 Brasília, quarta-feira, 18 de setembro de 2013 JORNAL DE BRASÍLIA SUPERDOTADOS Eles são acima da média No DF há 1,5 mil alunos com altas habilidades na rede pública Soraya Sobreira [email protected] Uma turma composta por 47 alu- nos com altas habilidades na área de Artes Visuais do Condomínio Pôr-do-Sol, em Ceilândia, é exem- plo de superação. Eles foram des- cobertos por familiares e professo- res e, agora, aprimoram suas habi- lidades natas. Várias crianças ca- rentes já estão, inclusive, vivendo de seus próprios talentos. E mais: 16 deles estão participando de uma mostra de artes visuais e todos fre- quentemente concorrem a prê- mios, por meio dos trabalhos con- feccionados em sala de aula. Assim como eles, existem outros tantos superdotados no DF. Eles precisam, apenas, serem descober- tos. A professora de artes plásticas Sandra Regina Machado se empe- nha em reconhecer a habilidade de crianças e adolescentes em idade escolar. Ela faz parte da equipe de profissionais do Atendimento Edu- cacional Especializado em Altas Habilidades/Su- perdotação da Secre- taria de Educação do DF (SEDF). HABILIDADES O atendimento de artes visuais da pro- fessora acontece no Centro de Ensino Funda- mental (CEF) 32 de Ceilândia e en- volve alunos em faixa etária de sete a 18 anos. Para participar, não pre- cisa ser necessariamente aluno da rede pública. “O candidato deve ter predisposição para as artes. Geral- mente, eles são trazidos por outras pessoas que percebem seus talen- tos. A partir daí, passam por um pe- ríodo de observação e depois pros- seguem matriculados em caráter FOTOS: FOTOS: ELIO RIZZO A professora Sandra Regina se diz orgulhosa com o trabalho feito com os alunos SERVIÇO efetivo”, explica a professora. O projeto tem dado tão certo que a turma frequentemente participa de concursos, passeios culturais e ex- posições. “Aqui, eles desenvolvem técnicas porque a ideia é aperfei- çoar as habilidades. Eles par- ticiparão de um concurso intitulado “Brincando com Artes”, da Code- vasf. Há sete anos, a escola participa, e sempre com desta- que. Eles também já participaram de pre- miações no Museu da Imprensa”, conta, orgulho- samente, a professora que é artista plástica. CAÇULA Ana Clara Ribeiro, 7 anos, é a ca- çula da turma. Ela cursa o 2° ano e lembra que começou a se destacar aos quatro anos. “Eu ficava trei- nando na minha casa”, relata, con- tando ainda que gosta de ler, de es- crever, de pintar e de matemática. Superdotado traz um peso que remete a uma ideia de que a pessoa é excelente em tudo que faz, isto é mito. Ângela Virgolim professora Mostra de Artes Visuais » Data: Até 1º de outubro » Local: Sesc Ceilândia (QNN 27 Área Especial Lote B , Ceilândia Norte) » Horários: Das 8h às 18h, de segunda a sexta » Informações: 3379-9586 Ajude » O CEF 32 de Ceilândia, no Condomínio Pôr do Sol pede doações de materiais artísticos, mesmo que usados, que podem ser reaproveitados nos trabalhos. » Contato: 3901-3364/ 9549-9335 » Professora: Sandra Regina Sinais aparecem muito cedo O superdotado pode estar em qualquer lugar. Segundo a profes- sora do Instituto de Psicologia do Departamento Escolar da Univer- sidade de Brasília (UnB) e PHD na área de Altas Habilidades, Ângela Virgolim, algumas características são mais presentes nas pessoas com altas habilidades. “Ainda be- bê, ele dá sinais de curiosidade, tem a percepção apurada, anda e lê mais rápido do que a média. Até mesmo a linguagem é desenvolvida com vocabulários ricos. E na medida em que vai crescendo, se percebem os destaques em certas áreas”, diz. No DF, há 1,5 mil estudantes da rede pública de educação com altas habilidades. O coordenador de Educação Inclusiva da Secretaria de Educação, Antônio Leitão, afirma que a pasta faz um trabalho suple- mentar atualmente em 12 regionais de ensino. Discriminação nas escolas ainda existe Atualmente, não existe uma concordância entre os estudiosos sobre o que seria superdotação ou altas habilidades. A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que cerca de 3,5% a 5% de toda a população mundial possua alguma categoria de alta habilidade. De acordo com a professora Ân- gela Virgolim, muitos destes estu- dantes sofrem discriminação nas escolas. “Superdotado traz um peso na palavra devido ao sufixo ‘super’, que remete a uma ideia de que a pessoa é excelente em tudo que faz. Isso é um mito. Hoje, se trabalha com as habilidades que são melho- res desenvolvidas, como as artes, esportes, entre outros. Entendemos a inteligência em diversas formas”, explica. Para a psicóloga, é essencial que o governo trabalhe em mais políticas públicas para este público. “Muitos pensam que eles podem se virar sozi- nhos, já que sabem de tudo. Vemos a exclusão do aluno, as difi- culdades emocionais e sociais. Fal- tam recursos. A escola e a sociedade não entendem as necessidades, e muitas vezes os pais é que vêm pe- dir atendimento”, observa a profes- sora, PHD na área de Altas Habili- dades. 16 alunos da turma estão inscritos para participar de uma mostra de artes Alunos desenvolvem suas habilidades em artes visuais

Upload: apahsdf

Post on 11-Jul-2015

1.545 views

Category:

Education


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Superdotados

Cidades.8 Brasília, quarta-feira,18 de setembro de 201 3JORNAL DE BRASÍLIA

S U P E R D O TA D O S

Eles são acima da médiaNo DF há 1,5mil alunoscom altashabilidadesna rede pública

Soraya Sobreirasoraia. [email protected]

Uma turma composta por 47 alu-nos com altas habilidades na áreade Artes Visuais do CondomínioPôr-do-Sol, em Ceilândia, é exem-plo de superação. Eles foram des-cobertos por familiares e professo-res e, agora, aprimoram suas habi-lidades natas. Várias crianças ca-rentes já estão, inclusive, vivendode seus próprios talentos. E mais: 16deles estão participando de umamostra de artes visuais e todos fre-quentemente concorrem a prê-mios, por meio dos trabalhos con-feccionados em sala de aula.

Assim como eles, existem outrostantos superdotados no DF. Elesprecisam, apenas, serem descober-tos. A professora de artes plásticasSandra Regina Machado se empe-nha em reconhecer a habilidade decrianças e adolescentes em idadeescolar. Ela faz parte da equipe deprofissionais do Atendimento Edu-cacional Especializado emAltas Habilidades/Su-perdotação da Secre-taria de Educação doDF (SEDF).

HABI LI DADESO atendimento de

artes visuais da pro-fessora acontece noCentro de Ensino Funda-mental (CEF) 32 de Ceilândia e en-volve alunos em faixa etária de setea 18 anos. Para participar, não pre-cisa ser necessariamente aluno darede pública. “O candidato deve terpredisposição para as artes. Geral-mente, eles são trazidos por outraspessoas que percebem seus talen-tos. A partir daí, passam por um pe-ríodo de observação e depois pros-seguem matriculados em caráter

FOTOS: FOTOS: ELIO RIZZO

A professora Sandra Reginase diz orgulhosa com o

trabalho feito com os alunos

S E RV I ÇO

efetivo”, explica a professora.O projeto tem dado tão certo que a

turma frequentementeparticipa deconcursos, passeios culturais e ex-posições. “Aqui, eles desenvolvemtécnicas porque a ideia é aperfei-

çoar as habilidades. Eles par-ticiparão de um concurso

intitulado “Br i n c an d ocom Artes”, da Code-vasf. Há sete anos, aescola participa, esempre com desta-que. Eles também já

participaram de pre-miações no Museu da

Im pre ns a”, conta, orgulho-samente, a professora que é artistaplástica.

C AÇ U L AAna Clara Ribeiro, 7 anos, é a ca-

çula da turma. Ela cursa o 2° ano elembra que começou a se destacaraos quatro anos. “Eu ficava trei-nando na minha casa”, relata, con-tando ainda que gosta de ler, de es-crever, de pintar e de matemática.

“Superdotado traz umpeso que remete a umaideia de que a pessoa éexcelente em tudo quefaz, isto é mito.Ângela Virgolim profess ora

Mostra deArtes Visuais» Data: Até 1º de outubro» Local: Sesc Ceilândia (QNN 27

Área Especial Lote B , CeilândiaNor te)

» Horários: Das 8h às 18h,de segunda a sexta

» Informações: 3379-9586

A jude» O CEF 32 de Ceilândia, no

Condomínio Pôr do Solpede doações de materiaisartísticos, mesmo que usados,que podem ser reaproveitadosnos trabalhos.

» Contato: 3901-3364/ 9549-9335» Profess ora: Sandra Regina

Sinais aparecem muito cedoO superdotado pode estar em

qualquer lugar. Segundo a profes-sora do Instituto de Psicologia doDepartamento Escolar da Univer-sidade de Brasília (UnB) e PHD naárea de Altas Habilidades, ÂngelaVirgolim, algumas característicassão mais presentes nas pessoas

com altas habilidades. “Ainda be-bê, ele dá sinais de curiosidade, tema percepção apurada, anda e lê maisrápido do que a média. Até mesmoa linguagem é desenvolvida comvocabulários ricos. E na medida emque vai crescendo, se percebem osdestaques em certas áreas”, diz.

No DF, há 1,5 mil estudantes daredepública de educação comaltashabilidades. O coordenador deEducação Inclusiva da Secretaria deEducação, Antônio Leitão, afirmaque a pasta faz um trabalho suple-mentar atualmente em 12 regionaisde ensino.

Discriminaçãonas escolasainda existe

Atualmente, não existe umaconcordância entre os estudiosossobre o que seria superdotação oualtas habilidades. A OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS) calculaque cerca de 3,5% a 5% de toda apopulação mundial possua algumacategoria de alta habilidade.

De acordo com a professora Ân-gela Virgolim, muitos destes estu-dantes sofrem discriminação nasescolas. “Superdotado traz um pesona palavra devido ao sufixo ‘super’,que remete a uma ideia de que apessoa é excelente em tudo que faz.Isso é um mito. Hoje, se trabalhacom as habilidades que são melho-res desenvolvidas, como as artes,esportes, entre outros. Entendemosa inteligência emdiversas formas”,explica.

Para a psicóloga, é essencialque o governo trabalhe emmais políticas públicas paraeste público. “Muitos pensamque eles podem se virar sozi-nhos, já que sabem de tudo.Vemos a exclusão do aluno, as difi-culdades emocionais e sociais. Fal-tam recursos. A escola e a sociedadenão entendem as necessidades, emuitas vezes os pais é que vêm pe-dir atendimento”, observa a profes-sora, PHD na área de Altas Habili-dades.

16alunos da turma

estão inscritos paraparticipar de uma

mostra dear tes

Alunos desenvolvem suas habilidades em artes visuais