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SUMÁRIO

D. CIVIL, EMPRESARIAL E CONSUMIDORProf. Ana Valéria Brasil

D. AMBIENTAL, D. P. CIVIL, D. TRIB. E D. ADM.Prof. Álvaro Veras

DIREITO E PROCESSO DO TRABALHOProfa. Fernanda Pereira Barbosa

D. PREVIDENCIÁRIO E DA ASSISTÊNCIA SOCIALProf. Eduardo Negreiros

INSTITUCIONALProf. Muniz Freire

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D. CIVIL, EMPRESARIAL E CONSUMIDORPROF. ANA VALÉRIA BRASIL

1 - QUESTÃO:

O adquirente do direito real de laje pode instituir sobrelevações sucessivas, porém não pode alienar e gravar de ônus suas unidade autônomas de modo livre, dependendo da aquies-cência do proprietário do imóvel base.

> RESPOSTA: ERRADO.

>> COMENTÁRIO:

O direito de laje, também chamado de direito de sobrelevação ou direito de superfí-cie de segundo grau, foi objeto de questão discursiva do concurso da DPE/RN, organizado pelo CESPE em 2015/2016. Diversos candidatos sequer tinham ouvido falar desse instituto do direito civil, o que não irá acontecer com o aluno Ouse.

Até 2016 o direito de sobrelevação era tão somente uma construção doutrinária que começava a ganhar respaldo jurisprudencial, porém com a edição da MP 759, de 22 de dezem-bro de 2016, esta espécie de direito real foi legalmente regulamentado.

O direito de laje foi desenvolvido com a finalidade de propiciar a regularização fun-diária nas áreas de favela. É bastante corriqueiro que os proprietários de uma edificação cedam a laje de suas casas para que seus filhos, parentes ou qualquer outra pessoa construam suas moradias, são os famosos puxadinhos. Portanto, antes mesmo de qualquer positivação já exis-tia a concessão de uma superfície imediatamente superior a sua propriedade para construção de moradia de um terceiro.

A doutrina sustentava a legalidade dessa cessão em razão da ausência de vedação legal e da necessidade de respeito a função social da propriedade, de modo a conferir máxima efetividade ao direito de superfície conforme enunciado 568 das Jornadas de Direito Civil:

“O direito de superfície abrange o direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na forma estabelecida no contrato, admitindo-se o direito de sobrelevação, atendida a legislação urbanís-tica.”

Após essa breve contextualização podemos conceituar direito de superfície como a possibilidade do titular da propriedade construir ou conceder a um terceiro que construa so-bre sua propriedade superfíciaria, de modo que coexistam unidade imobiliárias autônomas em

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uma mesma área. Nas palavras de Ricardo Pereira (2004, p. 151):

“Há uma tripartição de propriedades autônomas: a propriedade do solo, de titularidade do concedente; a propriedade da superfície, pertencen-te ao superficiário; e a propriedade da sobrelevação, que ingressaria no patrimônio do segundo concessionário.”

Algumas diferenças entre o direito de laje e outros institutos jurídicos:

• A locação e o arrendamento possuem caráter obrigacional e pres-supõe pagamento, já o direito de laje pode ser concedido de modo gra-tuito;• O usufruto não pode ser alienado, posto que é conferido intuito personae, já o direito de laje pode ser transmitido tanto por ato intervi-vos quanto por sucessão;• O direito de laje não se confunde com servidão porque essa exige duas propriedades com áreas distintas, de modo que uma seja domi-nante em relação a outra, já a sobrelevarão ocorre em uma única pro-priedade;• No condomínio edilício há a propriedade plena e exclusiva da uni-dade autônoma e copropriedade das áreas comuns, no direito de sobre-levação a propriedade é plena e exclusiva de cada unidade imobiliária, não existindo condomínio com o proprietário do solo.

Agora vamos analisar o item questionado. O adquirente do direito real de laje não pode instituir sobrelevação sucessivas, conforme expressa previsão legal contida no parágra-fo 5º do artigo 1.510-A, incluído no Código Civil pela MP 759/2016. Tal disposição legal tem a finalidade de garantir a segurança das edificações, o legislador ciente dos riscos de se permitir a construção de diversos “andares” em construções que em sua grande maioria são desenvol-vidas sem o auxilio de arquitetos e engenheiros limitou o direito de cessão do direito de laje a uma única vez.

Outro erro do item consiste na afirmação da impossibilidade de alienação e institui-ção de ônus sobre a unidade. Como mencionado anteriormente, o direito de laje constituirá unidades imobiliárias autônomas, que serão dotadas de matricula próprias no registro de imó-veis. Portanto, o adquirente do direito de laje possui uma propriedade autônoma em relação aquela originariamente construída sobre o solo, podendo livremente aliená-la ou gravá-la com ônus.

O aluno ouse deve ler atentamente o artigo 1.510-A do Código Civil. O direito de sobrelevação por abranger uma novidade legislativa que consolidou um posicionamento dou-trinário e jurisprudência é uma forte aposta para sua prova.

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>>> ASSERTIVA ERRADA!

2 - QUESTÃO:

Ocorre a constituição do direito de superfície por cisão hipótes quando o proprietário aliena por superfície plantação ou construção já existente no terreno.

> RESPOSTA: CERTA.

>> COMENTÁRIO:

Direitos reais novamente? Sim!! Temos ciência de que este não é um dos assuntos mais amados pelos candidatos, mas ele é cobrado de modo reiterado pelo CESPE, especialmen-te nas provas de Defensoria. Há uma predileção para aspectos mais doutrinários e jurispruden-ciais deste tema. Contudo, o candidato não deve se abster de estudar “lei seca”.

É comum certa confusão entre o direito de sobrelevação e o direito de superfície por cisão, tormenta que se dissipará nas linhas seguintes.

O direito de superfície por cisão ocorre quando o proprietário aliena uma plantação ou construção já existente no terreno. Na superfície por cisão aliena-se a superfície que já possui uma benfeitoria ( plantação ou construção).

Portanto, enquanto no direito de laje a construção antiga servirá de base para uma nova unidade imobiliária que será autônoma da construção originária, na superfície por cisão as benfeitorias já existem.

O direito de superfície por cisão pode ser ordinário quando não é possível realizar benfeitorias na construção ou na plantação já existentes ou qualificada quando o adquirente do direito de superfície é autorizado a introduzir benfeitorias na plantação ou construção já existente.

>>> ASSERTIVA CORRETA!

3 - QUESTÃO:

Segundo jurisprudência do STJ, o prazo prescricional para o ajuizamento da ação de cobran-ça da taxa condominial, ordinária ou extraordinária, constante em instrumento público ou particular é de 5 anos contados a partir do dia seguinte ao vencimento da obrigação.

> RESPOSTA: CERTO.

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>> COMENTÁRIO:

A questão aborda informativo do STJ. A Jurisprudência recente do STF e STJ certa-mente será objeto de diversas questões do certame. É imprescindível que os informativos 2015, 2016 e 2017 estejam com a leitura atualizada. Uma dica importante: acompanhe não só os infor-mativos pelo site do dizer o direito, mas também leiam ao menos semanalmente as noticias dis-ponibilizadas no site do STJ e ST. Muitas vezes eles antecipam julgados relevantes que poderão ser cobrados em sua prova, mas somente serão objeto de informativo depois de algum tempo ou até mesmo não serão veiculados nos informativos.

Antes de iniciarmos a análise da alternativa, vamos revisar alguns aspectos do con-domínio edilício.

Condomínio consiste na copropriedade simultânea sobre determinado bem, seja em decorrência de um acordo de vontade (condomínio voluntário/convencional) ou em decor-rência de uma determinação (condomínio forçado) ou em razão do estado de inevitável indivi-são do bem (condomínio necessário).

Condomínio edilício é um termo cunhado por Miguel Reale para diferenciar a co-propriedade integral do bem, das situações em que proprietários possuem a copropriedade de áreas comuns e a propriedade exclusiva de área autônoma. O condomínio edilício também pode ser chamado de condomínio horizontal ( denominação que remonta da primeira forma de condomínio edilícios, condomínios de casa, o condomínio horizontal inclui também as edifica-ções verticais, portanto se na sua prova aparecer a expressão condomínio horizontal vertical o examinador estará falando do condomínio edilício de prédios).

Os moradores dos condomínios edilícios possuem uma série de deveres que estão listados no artigo 1.336 e um deles é o dever de pagar as cotas condominiais, também cha-madas de taxas de condomínio, ou seja, cada morador deve contribuir mensalmente para o pagamento de despesas comuns do condomínio, como: salário de porteiros, contas de água e energia das áreas comuns.

Cumpre destacar que em regra as cotas condominiais serão devidas proporcional-mente porcentagem da fração ideal correspondente as áreas privativas, ex: a taxa de condomí-nio do proprietário do apartamento de 100m² deve ser o dobro daquele que possui um aparta-mento com 50m² no mesmo edifício. Atente-se que a convenção do condomínio pode dispor de modo contrario e estabelecer outras formas de divisão de despesa.

Caso o proprietário não pague as cotas ele será considerado inadimplente e estará sujeito a incidência de juros moratórios de no máximo 1% ao mês e multa de até 2%. Caso a inadimplência seja reiterada poderá a convenção prever a instituição de multa de até 5 vezes o valor da cota, caso a convenção seja omissa a assembleia condominial pode estabelecer a co-

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brança da multa por votação de 2/3 dos condôminos. Caso, a situação de inadimplência persista é ainda possível a estipulação de multa prevista no artigo 1.337 de modo cumulativo.

Existia certa celeuma acerca do prazo prescricional para cobrança da taxa condomi-nial, se seria de 5 ou 10 anos. Forte corrente afirmava que o prazo prescricional seria de 10 anos em razão de expressa previsão legal que determinasse um prazo menor, conforme artigo 205 do CC. Contudo, o STJ pacificou o entendimento acerca da incidência do prazo prescricional de 5 anos para exercício da pretensão de cobrança das taxas condominiais em atraso por meio de decisão proferida sob o rito de julgamento de demandas repetitivas.

O STJ consignou que a taxa condominial é uma obrigação liquida constituída por meio de instrumento particular (convenção ou ata condominial) com fundamento em lei, se enquadrando no inciso I do parágrafo 5º do artigo 206 do Código Civil.

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DIREITO CI-VIL. COBRANÇA DE TAXAS CONDOMINIAIS. DÍVIDAS LÍQUIDAS, PREVIA-MENTE ESTABELECIDAS EM DELIBERAÇÕES DE ASSEMBLEIAS GERAIS, CONSTANTES DAS RESPECTIVAS ATAS. PRAZO PRESCRICIONAL. O ART. 206, § 5º, I, DO CÓDIGO CIVIL DE 2002, AO DISPOR QUE PRESCREVE EM 5 (CINCO) ANOS A PRETENSÃO DE COBRANÇA DE DÍVIDAS LÍQUIDAS CONSTANTES DE INSTRUMENTO PÚBLICO OU PARTICULAR, É O QUE DEVE SER APLICADO AO CASO.1. A tese a ser firmada, para efeito do art. 1.036 do CPC/2015 (art. 543-C do CPC/1973), é a seguinte: Na vigência do Código Civil de 2002, é quin-quenal o prazo prescricional para que o Condomínio geral ou edilício (vertical ou horizontal) exercite a pretensão de cobrança de taxa condo-minial ordinária ou extraordinária, constante em instrumento público ou particular, a contar do dia seguinte ao vencimento da prestação.2. No caso concreto, recurso especial provido. STJ. 2ª Seção. REsp 1483930-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/11/2016 (re-curso repetitivo).

>>> ASSERTIVA CORRETA!

4 - QUESTÃO:

Consta no regimento interno do condomínio edilício Céu Azul que os moradores dos apar-tamentos que estejam com as taxas condominiais em atraso há mais de 3 meses serão impe-didos de utilizar a piscina e o salão de festas, apesar da irresignação de alguns moradores o regimento interno está em consonância com o ordenamento jurídico e com a jurisprudência dos tribunais superiores.

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> RESPOSTA: ERRADO.

>> COMENTÁRIO:

Como mencionado acima, o condomínio em atraso com a taxa de condomínio além da incidência de juros e multa de até 2% do valor da taxa, também está sujeito a penalidade de multa no valor de até 5 vezes a cota condominial mensal se houver previsão na convenção do condomínio ou deliberação de 2/3 dos demais condôminos, conforme parágrafo 2º do artigo 1.336 do CC.

Apesar da previsão expressa das penalidades acima mencionadas diversas conven-ções e regimentos internos previam como sanção adicional a proibição de utilização de aeras comum do condomínio aos inadimplentes. Essa forma de sanção constantemente era alvo de ações judiciais que alegavam sua arbitrariedade e violação a dignidade humana.

O STJ pacificou a celeuma em recente julgado na qual restou consignado a ilegali-dade da vedação de uso de áreas comuns do condomínio por inadimplentes. Foi consignado que o uso das aeras comuns decorre do direito à propriedade e não do pagamento das taxas condominiais.

Ademais, o Código Civil já regulamenta várias formas de sanções aos inadimplentes, de modo que é ilegal a restrição do gozo da propriedade das áreas comuns. A vedação ao uso de aeras comum expõe o proprietário e sua família a situação vexatória e humilhante perante o microssistema social do condomínio, violando a dignidade humana.

RECURSO ESPECIAL. RESTRIÇÃO IMPOSTA NA CONVENÇÃO CONDOMI-NIAL DE ACESSO À ÁREA COMUM DESTINADA AO LAZER DO CONDÔMI-NO EM MORA E DE SEUS FAMILIARES. ILICITUDE. RECONHECIMENTO. 1. DIREITO DO CONDÔMINO DEACESSO A TODAS AS PARTES COMUNS DO EDIFÍCIO, INDEPENDENTE DE SUA DESTINAÇÃO. INERÊNCIA AO INSTITUTO DO CONDOMÍNIO. 2. DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE CONTRIBUIÇÃO COM AS DESPESAS CONDOMINIAIS. SANÇÕES PECUNIÁRIAS TAXATIVAMENTE PREVISTAS NO CÓDIGO CIVIL. 3. IDÔNEOS E EFICAZES INSTRUMENTOS LEGAIS DE COERCIBILIDADE, DE GARANTIA E DE COBRANÇA POSTOS À DISPOSI-ÇÃO DO CONDOMÍNIO. OBSERVÂNCIA. NECESSIDADE.4. MEDIDA RESTRITIVA QUE TEM O ÚNICO E ESPÚRIO PROPÓSITO DE EXPOR OSTENSIVAMENTE A CONDIÇÃO DE INADIMPLÊNCIA DO CON-DÔMINO E DE SEUS FAMILIARES PERANTE O MEIO SOCIAL EM QUE RE-SIDEM. DESBORDAMENTO DOS DITAMES DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA. VERIFICAÇÃO. 5. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.1. O direito do condômino ao uso das partes comuns, seja qual for a

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D. AMBIENTAL, D. P. CIVIL, D. TRIB. E D. ADM.PROF. ÁLVARO VERAS

QUESTÕES DE DIREITO AMBIENTAL

21 - QUESTÃO:

O princípio do efeito cliquet estabelece a ideia de que as garantias de proteção ambiental, uma vez conquistada, não podem retroagir.

> RESPOSTA: CORRETO

>> COMENTÁRIO:

Segundo Adércio Sampaio Leite, é o princípio da vedação ao retrocesso, também chamado de efeito cliquet, que também apresenta outras variantes terminológicas como ‘‘não regressividade’’, ‘‘irreverbilidade’’, ‘‘effet cliquet’’, ‘‘eternity clause’’, ‘‘entrenched clause’’, ‘‘standstill clause’’, ‘‘proibição de contrarrevolução social’’ ou ‘‘evolução reacionária’’. O citado princípio traz a ideia de que as garantias de proteção ambiental, uma vez conquistadas, não podem retroagir.

Na esteira de entendimento de Ingo Sarlet e Fensterseifer, enquadra-se como um princípio constitucionalmente implícito tendo como fundamento constitucional, entre outros, o princípio do Estado democrático e social de direito, o princípio da dignidade humana e da má-xima eficácia e efetividade das normas definidoras de direitos fundamentais, além do princípio da segurança jurídica e seus desdobramentos, tendo por objetivo preservar o bloco normativo já consolidado no ordenamento jurídico.

No que tange à historicidade desse princípio, destaca-se que seu conteúdo está pre-sente no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre Direi-tos Econômicos, Sociais e Culturais, sendo ambos ratificados pelo Brasil. Segundo parte consi-derável da doutrina, o Novo Código Florestal (Lei 12.651/12), se choca frontalmente com esse princípio ao retroceder na proteção ambiental, sendo alguns de seus pontos polêmicos: a pos-sibilidade da compensação das APPs nas áreas de reserva legal; anistia para os desmatadores e eliminação da reserva legal para propriedades com menos de quatro módulos rurais.

Segundo Ingo Sarlet e Fensterseifer a fragilização da proteção ambiental ocasionada pelo aviltamento da reserva legal e da área de preservação permanente traz reflexo direto nas condições de bem-estar da população brasileira, em flagrante violação ao direito fundamental ao mínimo existencial socioambiental.

Sendo assim, respeitável doutrina entende que o Código Florestal revela-se inconsti-

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tucional em muitos pontos por violar direitos e garantias fundamentais consagrados e incorpo-rados ao ordenamento jurídico.

>>> ASSERTIVA CORRETA!!!

22 - QUESTÃO:

O reconhecimento material do direito fundamental ao meio ambiente justifica-se na medida em que tal direito é extensão do direito à vida sob os aspectos de saúde e existência digna com qualidade de vida ostentando status de cláusula pétrea.

> RESPOSTA: CORRETO

>> COMENTÁRIO:

O direito ao meio ambiente equilibrado está intimamente ligado ao direito à vida e à proteção da dignidade humana, garantindo, sobretudo, condições adequadas de qualidade de vida.

Segundo Romeu Thomé a fundamentalidade do direito ao meio ambiente ecologi-camente equilibrado não padece de dúvidas no Brasil, sendo que, o fato de não compor o título próprio de direitos e garantias fundamentais englobante dos artigos 5º ao 17, não lhe retira substância nem formalidade, uma vez que o catálogo sobre aquele título não é exauriente das situações objetivas e subjetivas relacionadas a posições jusfundamentais. Inclusive identifica-se com a concepção de uma constituição dirigente, segundo a qual a Estado deve desempenhar um papel primordial na promoção e na realização de direitos e benefícios titularizados pela coletividade.

Não é diferente a posição do STF (ADI 3540 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tri-bunal Pleno, julgado em 01/09/2005, DJ 03-02-2006 PP-00014 EMENT VOL-02219-03 PP-00528) que entende que o citado direito constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva se en-quadrando em direito de terceira geração ou novíssima dimensão fundado no princípio da so-lidariedade.

Além disso, o STJ (REsp 1.120.117-AC, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 10/11/2009 – Informativo 415, STJ) entende que, pela sua essencialidade, a qualidade do meio ambiente deve ser protegida pelo manto da imprescritibilidade.

Deve-se ressaltar ainda que para grande parte da doutrina, este princípio está direta-mente ligado ao princípio do mínimo existencial ecológico que apregoa condições mínimas de preservação dos recursos naturais para a sobrevivência de todas as espécies vivas do planeta.

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Vejamos entendimento sobre o tema:

INFORMATIVO 415 STJ. ACP. REPARAÇÃO. DANO AMBIENTAL.Cuida-se, originariamente, de ação civil pública (ACP) com pedido de reparação dos prejuízos causados pelos ora recorrentes à comunidade indígena, tendo em vista os danos materiais e morais decorrentes da extração ilegal de madeira indígena. Os recorrentes alegam a incompe-tência da Justiça Federal para processar e julgar a causa, uma vez que caberia à Justiça estadual a competência para julgar as causas em que o local do dano experimentado não seja sede de vara da Justiça Federal. Porém a Min. Relatora entendeu que a Justiça Federal, segundo a juris-prudência deste Superior Tribunal e do STF, tem competência territorial e funcional nas ações civis públicas intentadas pela União ou contra ela, em razão de o município onde ocorreu o dano ambiental não integrar apenas o foro estadual da comarca local, mas também o das varas fede-rais. Do ponto de vista do sujeito passivo (causador de eventual dano), a prescrição cria em seu favor a faculdade de articular (usar da ferra-menta) exceção substancial peremptória. A prescrição tutela interesse privado, podendo ser compreendida como mecanismo de segurança jurídica e estabilidade. O dano ambiental refere-se àquele que ofere-ce grande risco a toda humanidade e à coletividade, que é a titular do bem ambiental que constitui direito difuso. Destacou a Min. Relatora que a reparação civil do dano ambiental assumiu grande amplitude no Brasil, com profundas implicações, na espécie, de responsabilidade do degradador do meio ambiente, inclusive imputando-lhe responsabili-dade objetiva, fundada no simples risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da culpa do agente causador do dano. O direito ao pedido de reparação de danos ambientais, dentro da logici-dade hermenêutica, também está protegido pelo manto da imprescri-tibilidade, por se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essen-cial à afirmação dos povos, independentemente de estar expresso ou não em texto legal. No conflito entre estabelecer um prazo prescricional em favor do causador do dano ambiental, a fim de lhe atribuir segu-rança jurídica e estabilidade com natureza eminentemente privada, e tutelar de forma mais benéfica bem jurídico coletivo, indisponível, fun-damental, que antecede todos os demais direitos – pois sem ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer – o último prevalece, por ób-vio, concluindo pela imprescritibilidade do direito à reparação do dano ambiental. Mesmo que o pedido seja genérico, havendo elementos sufi-cientes nos autos, pode o magistrado determinar, desde já, o montante da reparação. (REsp 1.120.117-AC, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 10/11/2009).

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Observação: Não confundir o que foi tratado com a prescrição de cobrança por multa ambiental pois ela é prescritível, nos termos do entendimento do STJ – Súmula 467 - “Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da administração pública de promover a execução da multa por infração ambiental.”

Para complementar ainda mais o (grande) parênteses que abrimos nessa questão, tratemos de entendimentos jurisprudenciais que podem também aparecer na prova de vocês:

DANO AMBIENTAL. MORTANDADE. PÁSSAROS. POLUIDOR-PAGADOR. O MP estadual, recorrido, ajuizou, na origem, ação civil pública em des-favor de empresa agrícola, recorrente, sob a alegação de que essa seria responsável por dano ambiental por uso de agrotóxico ilegal, o que te-ria causado grande mortandade de pássaros. A recorrente, em contes-tação, entre outras alegações, sustentou a descaracterização do men-cionado dano, arguindo que pouco mais de 300 aves teriam morrido, sem que tenha havido efetivo comprometimento do meio ambiente. A sentença julgou procedente a ação obrigando a recorrida a pagar a im-portância de R$ 150 mil em indenização a ser revertida para o meio am-biente local, em recomposição do dano ambiental causado com a morte de 1.300 pássaros da fauna silvestre, o que se manteve em grau de ape-lação. Nesta instância especial, ao apreciar a controvérsia, consignou o Min. Relator que a existência de dano ambiental não só encerra a neces-sidade de reconstituição do meio-ambiente no que for possível, com a necessidade de punição do poluidor (princípio do poluidor-pagador), mas também traz em seu bojo a necessidade de evitar que o fato venha a repetir-se, o que justifica medidas coercitivas e punições que terão in-clusive natureza educativa. Observou não haver como fracionar o meio ambiente e, dessa forma, deve ser responsabilizado o agente pela mor-te dos pássaros em decorrência de sua ação poluidora. Quanto ao valor estabelecido na condenação, entendeu que o pleito da recorrente para que se tome como base de cálculo o valor unitário de cada pássaro não pode prosperar, já que a mensuração do dano ecológico não se exau-re na simples recomposição numérica de animais mortos, devendo-se considerar nefastos os efeitos decorrentes do desequilíbrio ecológico em face da ação praticada pela recorrente. Diante desses fundamentos a turma negou provimento ao recurso. (STJ. REsp 1.164.630-MG, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 18/11/2010). Fonte: Dizer o Direito.

INFORMATIVO 829 STF - PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO E CAMPO ELETRO-MAGNÉTICO Legitimidade dos limites fixados pela Lei 11.934/2009No atual estágio do conhecimento científico, que indica ser incerta a existência de efeitos nocivos da exposição ocupacional e da população

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em geral a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos gerados por sistemas de energia elétrica, não existem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos pela Organização Mun-dial de Saúde (OMS), conforme estabelece a Lei nº 11.934/2009. STF. Plenário. RE 627189/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/6/2016 (re-percussão geral) (Info 829). Fonte: Dizer o direito.

>>> ASSERTIVA CORRETA!!!

23 - QUESTÃO:

A proteção às comunidades quilombolas aponta para o constitucionalismo fraternal e para a incidência dos direitos humanos numa perspectiva multicultural, despontando a chama-da hermenêutica diatópica. Identificada e reconhecida área tradicionalmente ocupada por uma comunidade quilombola, verificando-se que parte da área compreende imóveis regis-trados em nome de particulares, o procedimento para identificação, reconhecimento, deli-mitação, demarcação e titulação da propriedade definitiva da área prevê que, inclusive para a medição das terras, sejam levados em consideração critérios de territorialidade indicados pelos próprios remanescentes da comunidade.

> RESPOSTA: CORRETO

ATENÇÃO – QUILOMBOLAS – TEMA IMPRESCINDÍVEL PRA DPU!

O site da Comissão Pró-índio de São Paulo traz uma didática definição acerca das co-munidades remanescentes de quilombos (http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/i_oque.html):

‘‘São grupos sociais cuja identidade étnica os distingue do restante da sociedade. É importante deixar claro que, quando se fala em identidade étnica, trata-se de um processo de auto identificação bastante dinâmi-co, e que não se reduz a elementos materiais ou traços biológicos distin-tivos, como cor da pele, por exemplo. A identidade étnica de um grupo é a base para sua forma de organização, de sua relação com os demais grupos e de sua ação política. A maneira pela qual os grupos sociais de-finem a própria identidade é resultado de uma confluência de fatores, escolhidos por eles mesmos: de uma ancestralidade comum, formas de organização política e social a elementos linguísticos e religiosos’’.

Como forma de proteger esses grupos garantindo a preservação da sua cultura, seu desenvolvimento, além de outros direitos fundamentais, foi criado o Art. 68. ADCT que traz a seguinte redação: ‘‘Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupan-

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DIREITO E PROCESSO DO TRABALHOPROFA. FERNANDA PEREIRA BARBOSA

51 - QUESTÃO:

A Lei Complementar 150, de 1º de junho de 2015, que dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico, considera como empregado doméstico aquele que presta serviços de forma con-tínua, subordinada, onerosa e pessoal, e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por 2 (dois) ou mais dias por semana.

> RESPOSTA: ERRADO.

>> COMENTÁRIO:

Ainda que de forma tardia, a Emenda Constitucional 72 de 2013, rompendo com o viés escravocrata, trouxe uma maior igualdade entre os empregados domésticos e os emprega-dos urbanos e rurais, prevendo vários direitos aplicáveis aos domésticos no parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal. Contudo, alguns dos direitos pendiam de regulamentação.

Posteriormente, a Lei Complementar 150/2015 veio para regulamentar o parágrafo único do artigo 7º da Carta Magna e, sepultando uma discussão que há muito tempo se tinha na doutrina e nos tribunais, previu expressamente que será considerado como empregado do-méstico aquele que, atendidos os demais requisitos legais, prestar serviços por mais de dois dias na semana.

A questão, portanto, está incorreta pois, caso o trabalhador preste serviços no âmbito residencial uma ou duas vezes na semana, não será considerado como empregado doméstico, não possuindo, portanto, os direitos conferidos a tal classe de empregados.

Veja o texto do artigo 1º da LC 150/2015.

Art. 1o  Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finali-dade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei. 

>>> ASSERTIVA ERRADA!!

52 - QUESTÃO:

A legislação específica permite a instituição de jornada especial de trabalho na modalidade

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12X36 diretamente pelas partes, mediante acordo escrito entre o empregado doméstico e o empregador.

> RESPOSTA: CERTO.

>> COMENTÁRIO:

A questão está certa pois o artigo 10 da Lei Complementar 150/2015 dispõe que as próprias partes, por meio de acordo escrito, podem instituir a jornada especial de trabalho na modalidade 12X36 (12 horas de trabalho e 36 horas de descanso), no que se refere ao empre-gado doméstico.

Veja o texto da lei:

Art. 10.  É facultado às partes, mediante acordo escrito entre essas, es-tabelecer horário de trabalho de 12 (doze) horas seguidas por 36 (trinta e seis) horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. 

Ressalte-se que a lei específica trouxe uma exceção à regra, haja vista que, regra geral, para que seja considerada a instituição da jornada 12X36, o TST possui entendimento sumulado no sentido de que tal jornada deve constar expressamente em lei ou em instrumento coletivo, ou seja, deve ser instituída por meio legal ou com a necessária participação do sindicato da categoria.

Veja o que dispõe a Súmula 444 do C. TST:

Súmula nº 444 do TSTJORNADA DE TRABALHO. NORMA COLETIVA. LEI. ESCALA DE 12 POR 36. VALIDADE. É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamen-te mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de tra-balho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima primeira e décima segunda horas. 

Portanto, diferentemente de como ocorre com as demais classes de empregados, no caso dos empregados domésticos, é possível a pactuação da jornada 12X36 mediante acordo escrito entre empregado e empregador, o que torna a questão correta.

>>> ASSERTIVA CORRETA!

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53 - QUESTÃO:

Conforme entendimento do Tribunal Superior do Trabalho, para que o empregado tenha direito ao adicional de insalubridade, não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial, sendo necessária a classificação da atividade como insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho.

> RESPOSTA: CERTO.

>> COMENTÁRIO:

A questão está correta, pois reproduz, ipsis literis, o texto da Súmula 448 do TST:

Súmula nº 448 do TST. ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO. PRE-VISÃO NA NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO MINIS-TÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS.  I - Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo ne-cessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial elabora-da pelo Ministério do Trabalho.II – A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano.

Verifica-se, portanto, que, como uma atividade apenas passará a ser considerada como insalubre a partir da sua caracterização como tal por meio de ato do Ministério do Traba-lho, para que haja direito ao percebimento do adicional, além da constatação da exposição do empregado a agente insalubre por meio de perícia técnica, a sua atividade deverá ser conside-rada como insalubre, constando da relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho.

>>> ASSERTIVA CORRETA!

54 - QUESTÃO:

Os empregados que operam em bomba de gasolina têm direito ao adicional de insalubrida-de.

> RESPOSTA: ERRADO.

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>> COMENTÁRIO:

A questão está incorreta pois, conforme entendimento sumulado do C. Tribunal Superior do Trabalho, os empregados que operam em bomba de gasolina, em realidade, têm direito ao adicional de periculosidade, e não de insalubridade, por estarem sujeito ao risco de explosão.

Súmula nº 39 do TST. PERICULOSIDADE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Os empregados que operam em bomba de gasolina têm direito ao adicional de periculosidade (Lei nº 2.573, de 15.08.1955).

Dispõe a CLT que são consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua nature-za ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica, roubos ou outras espécies de vio-lência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. Ressalte-se que, conforme a norma celetista, são consideradas perigosas também as atividades de trabalhador em motocicleta.

É o que se infere do disposto no artigo 193 da CLT:

Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a:      I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;        II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissio-nais de segurança pessoal ou patrimonial.       § 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao emprega-do um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acrés-cimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.  § 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido.  § 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo.        § 4o  São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta.

Portanto, por sujeitar o empregado ao risco permanente em virtude de sua exposi-ção a inflamáveis, os empregados que operam em bomba de gasolina possuem direito a rece-

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ber adicional de periculosidade, e não de insalubridade, o que torna a assertiva incorreta.

>>> ASSERTIVA ERRADA!

55 - QUESTÃO:

É vedada a contratação de aprendiz para o exercício de atividade insalubre ou perigosa.

> RESPOSTA: ERRADO.

>> COMENTÁRIO:

Embora, à primeira vista, a assertiva pareça correta, não há, em realidade, qualquer vedação de trabalho em atividades insalubres ou perigosos quando se trata de contrato de aprendizagem.

Conquanto a Constituição da República proíba o trabalho de menores de 18 anos em atividades insalubres ou perigosas, conforme consta do art. 428 da CLT, o aprendiz deve ser maior de 14 e menor de 24 anos, sendo que, com relação à pessoa com deficiência, não há limitação de idade.

Em uma interpretação sistemática, verifica-se que, caso o aprendiz possua idade igual ou superior a 18 anos, será possível o exercício de atividades insalubres ou perigosas, desde que atendidos os demais requisitos legais para a validade do contrato de aprendizagem.

Neste tocante, importante a leitura do art. 428 da CLT, in verbis:

Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. § 1o  A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, matrícula e freqüência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o ensino médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de enti-dade qualificada em formação técnico-profissional metódica. § 2o Ao menor aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário mínimo hora.§ 3o  O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais

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de 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de defi-ciência. § 4o  A formação técnico-profissional a que se refere o caput deste artigo caracteriza-se por atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho.. § 5o  A idade máxima prevista no  caput  deste artigo não se aplica a aprendizes portadores de deficiência.  § 6o  Para os fins do contrato de aprendizagem, a comprovação da es-colaridade de aprendiz com deficiência deve considerar, sobretudo, as habilidades e competências relacionadas com a profissionalização.  § 7o  Nas localidades onde não houver oferta de ensino médio para o cumprimento do disposto no § 1o  deste artigo, a contratação do aprendiz poderá ocorrer sem a freqüência à escola, desde que ele já te-nha concluído o ensino fundamental. § 8o    Para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) anos ou mais, a validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na CTPS e matrícula e frequência em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissio-nal metódica.

>>> ASSERTIVA ERRADA!

56 - QUESTÃO:

A Lei n. 7.783/89 (Lei de Greve) considera como serviços ou atividades essenciais, dentre ou-tros, assistência médica hospitalar, controle de tráfego aéreo e serviços bancários.

> RESPOSTA: ERRADO.

>> COMENTÁRIO:

A questão está errada pois os serviços bancários não são considerados, pela lei de greve, como serviços essenciais, mas apenas o serviço de compensação bancária.

Os serviços e atividades considerados como essenciais encontram-se previstos no artigo 10 da Lei 7.783/89, in verbis:

Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais:I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;II - assistência médica e hospitalar;

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III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;IV - funerários;V - transporte coletivo;VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;VII - telecomunicações;VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;X - controle de tráfego aéreo;XI - compensação bancária.

É muito comum, em provas de concursos, trocar-se o termo “compensação bancária” por “serviços bancários”, uma pegadinha que torna a questão incorreta.

Ressalte-se que o fato de um serviço ser considerado como essencial não torna a gre-ve proibida, apenas traz mais requisitos a serem observados para a sua deflagração, a exemplo do aviso prévio da paralisação, que passa a ser de 72 horas de antecedência, e não de 48 horas, como ocorre com a greve nos demais serviços não essenciais.

>>> ASSERTIVA ERRADA!

57 - QUESTÃO:

A garantia de emprego à gestante autoriza a reintegração apenas se esta se der durante o período de estabilidade. 

> RESPOSTA: CERTO.

>> COMENTÁRIO:

Trata-se de uma questão capciosa, eis que, a despeito de constar o termo “apenas” no enunciado, a questão encontra-se correta. Assim, apesar de ser importante tomar cuidado com enunciados que contenham termos como “sempre”, “nunca”, “apenas”, não se pode partir do pressuposto de que o simples fato de o enunciado conter um destes termos tornaria a ques-tão incorreta.

É consabido que a empregada gestante possui estabilidade provisória no emprego, sendo vedada a sua dispensa arbitrária desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, conforme dispõe o art. 10, II, “b”, do ADCT:

Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição:

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(...)II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato;b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.  

Efetuada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada no período estabili-tário, tal dispensa, por contrariar norma de ordem pública, será nula, e, portanto, deverá haver o retorno do status quo ante, com a reintegração da empregada aos quadros da empresa.

Contudo, nem sempre a reintegração deverá ser efetuada.

É que, caso haja a declaração judicial da nulidade da dispensa quando o período estabilitário já tiver terminado (o que é muito possível de ocorrer, tendo em vista não apenas o prazo de andamento de uma ação judicial, mas considerando que é possível que a trabalhadora já ingresse com ação judicial quando findo o período estabilitário), não mais haverá que se falar em reintegração, sendo devido apenas o pagamento do salário e demais direitos corresponden-tes ao período de estabilidade, conforme entendimento do TST abaixo:

Súmula 244 do TST. GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item III alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, “b” do ADCT).II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia res-tringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória previs-ta no art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado.

Percebe-se pelo texto da Súmula em comento que, para que haja a reintegração, a declaração da nulidade da dispensa deve ocorrer durante o período de estabilidade.

Importante mencionar que, consoante jurisprudência majoritária, inclusive do TST, mesmo que a trabalhadora ingresse com ação judicial após o término do período estabilitário, ser-lhe-ão devidos os salários e demais direitos referentes ao período, não havendo qualquer

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presunção de má-fé ou de abuso de direito que lhe retire tais direitos. Isso porque o único a trabalhadora se encontra vinculada para a propositura de ação trabalhista, aos prazos prescri-cionais de 05 e 02 anos, previstos no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal.

TST - RECURSO DE REVISTA RR 5766320125090594 (TST)Data de publicação: 12/06/2015Ementa:  I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. RECURSO DE REVISTA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. MULTA E INDENIZAÇÃO. Diante de potencial violação do art. 18, caput, do CPC, merece processamento o recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e provido. II - RE-CURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. 1. PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Quando a decisão se mostra bem lançada, com estrita observância das disposições dos arts. 93, IX, da Constituição Federal, 458 do CPC e 832 da CLT, não se cogita de nu-lidade por negativa de prestação jurisdicional. Recurso de revista não conhecido. 2. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. MULTA E INDENIZAÇÃO. O exercí-cio regular do direito de recorrer, em observância ao princípio da ampla defesa (art. 5º, LV, da CF), não caracteriza a hipótese prevista no art. 17, VII, do CPC. Recurso de revista conhecido e provido . 3. GESTANTE. IN-DENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DA GARANTIA DE EMPREGO. PARCELAS. O esgotamento do período de estabilidade, ao tempo do ajuizamento da reclamação trabalhista, não obsta o reconhecimento do direito aos sa-lários e demais direitos a ele correspondentes, como indenização, a teor do item II da Súmula 244 do TST. Recurso de revista conhecido e provi-do.

Assim sendo, apenas será devida a reintegração se o reconhecimento da estabilidade e da nulidade da dispensa ocorrerem durante o período da estabilidade.

>>> ASSERTIVA CORRETA!

58 - QUESTÃO:

A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio, ainda que indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 

> RESPOSTA: CERTO.

>> COMENTÁRIO:

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A estabilidade da gestante e suas nuances são muito comumente cobradas em con-cursos públicos.

É consabido que, mesmo nos contratos de trabalho por prazo determinado, persiste a estabilidade da trabalhadora gestante, não havendo que se falar em transmutação do contrato para prazo indeterminado. Permanece a sua natureza de contrato a termo.

O aviso-prévio integra o contrato de trabalho para todos os fins, inclusive quando in-denizado. Desta forma, ainda que a gravidez advenha no curso do aviso-prévio, incidirá a norma prevista no art. 10, II, “b”, do ADCT.

A alternativa, portanto, está correta haja vista que, mesmo que o aviso-prévio seja indenizado, e não trabalhado, irá integrar o contrato de trabalho para todos os efeitos, inclusive para fins de estabilidade. Assim, não se exige que o aviso-prévio seja trabalhado para que incida a regra da estabilidade da trabalhadora gestante.

Neste sentido é a previsão do artigo 391-A da CLT, incluído pela Lei 12.812/2013:

Art. 391-A.  A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio traba-lhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade pro-visória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

>>> ASSERTIVA CORRETA!

59 - QUESTÃO:

Prevê a Consolidação das Leis do Trabalho que não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo, deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 (trinta) dias, em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa.

> RESPOSTA: CERTO.

>> COMENTÁRIO:

É direito dos empregados o gozo de férias anuais remuneradas, com adicional de 1/3. Veja o que dispõe a Norma Constitucional:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:(...)

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D. PREVIDENCIÁRIO E DA ASSISTÊNCIA SOCIALPROF. EDUARDO NEGREIROS

76 - QUESTÃO:

O princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços entre as populações urbanas e rurais surgiu diante da preocupação do constituinte de garantir aos trabalhado-res rurais as mesmas prestações previstas aos trabalhadores urbanos, bem como a mesma sistemática de cálculo da renda mensal dos benefícios.

> RESPOSTA: CERTO.

>> COMENTÁRIO:

O artigo 194 da Constituição Federal apresenta diversos princípios da seguridade, os quais representam objetivos estabelecidos pelo constituinte. Como a seguridade social é formada pelos subsistemas da saúde, previdência social e assistência social, deve-se interpretar cada princípio de maneira independente, pois a aplicação dos objetivos em cada área levará a uma análise peculiar.

O princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços entre as popu-lações urbanas e rurais demonstra a preocupação de efetiva proteção aos trabalhadores rurais, pois, antes de 1988, havia uma grande discriminação ao acesso a benefícios e serviços da Pre-vidência Social. Assim, a uniformidade garante as mesmas prestações aos segurados urbanos e rurais e a equivalência permite o mesmo sistema de cálculo.

Cabe ressaltar que essa isonomia não se aplica a todas as categorias de trabalhadores rurais. O segurado especial, uma subespécie da referida categoria, não possui, em regra, direito à aposentadoria por tempo de contribuição, por exemplo. A sistemática de contribuição do se-gurado especial é diferente, pois recolhe apenas se comercializar a produção, conforme artigo 195, §8, da CF/88. Entretanto, se recolher como segurado facultativo, fará jus ao referido bene-fício, conforme súmula 272 do STJ.

Não se pode esquecer, ademais, que o artigo 201, §7, II, da CF/88 permite a redução de 5 anos na idade aos trabalhadores rurais de ambos os sexos quando solicitarem a aposen-tadoria por idade. Assim, um trabalhador rural pode se aposentar aos 60 anos de idade, e a trabalhadora rural pode se aposentar com 55 anos de idade, desde que cumpram a carência. Essa redução etária decorre do fato de o trabalhador rural exercer suas atividades em condições penosas, principalmente por ficarem expostos a sol e chuva.

Aplicação na Jurisprudência:

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DECISÃO: Trata-se de agravo de instrumento remetido ao tribunal de origem, por meio da decisão constante do eDOC 1, na qual determinei a devolução dos autos, para que fosse cumprido o disposto no art. 543-B do Código de Processo Civil de 1973, uma vez que, naquela oportuni-dade, entendeu-se que a discussão suscitada no recurso extraordinário seria análoga à do tema 406 da sistemática da repercussão geral, cujo acórdão paradigma é o AI 843.287, da relatoria do Min. Cezar Peluso.’ Os autos do agravo de instrumento, no entanto, foram reenviados ao STF pelo Juizado Especial da 3ª Região, ante o entendimento de que a situa-ção fática versada neste processo seria diversa da analisada no âmbito do tema 406 da sistemática da repercussão geral. A propósito do tema, asseverou o tribunal de origem o seguinte: “O feito foi devolvido pelo Supremo Tribunal Federal para aplicação, nos termos do art. 543-B do Código de Processo Civil, do entendimento adotado por aquela Corte no julgamento do AI 843287, Tema 406 da sistemática da repercussão geral, assim resumido: Agravo de instrumento interposto contra deci-são que inadmitiu recurso extraordinário em que se discute, à luz do ar.t 5º, II, da Constituição Federal, o direito, ou não, de se renunciar aos salá-rios-de-contribuição de menor expressão econômica, considerando-se o período de 48 meses previsto na Lei nº 8.213/91, uma vez que serão utilizados apenas 36 salários-de-contribuição para compor a média aritmética que servirá de base de cálculo para a renda mensal inicial do benefício a ser concedido. Entretanto, a questão posta em recurso ex-traordinário nos presentes autos diz respeito, em suma à isonomia entre trabalhadores rurais e urbanos e à revisão da renda mensal inicial (RMI) de sua aposentadoria, a ser calculada com base no salário-de-benefício, tudo de acordo com a regra descrita no art. 28, da Lei nº 8.213/1991 e nos art. 201, §3º e 202, ambos da Constituição Federal”. Decido. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão de inadmissibilida-de de recurso extraordinário em face de acórdão das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais de São Paulo que, mantendo a sentença proferida em primeiro grau de jurisdição, julgou improcedente o pedi-do do recorrente de revisão da Renda Mensal Inicial – RMI. No recurso extraordinário, interposto com fundamento no art. 102, inciso III, alínea “a”, da Constituição Federal, aponta-se violação aos artigos 1º, incisos III e IV; 5º, 6º, 7º, incisos XXIV e XXXII; 193, 194, incisos I e II; e 201, §9º, to-dos da Constituição Federal. Nas razões recursais, alega-se que a limita-ção da extensão do artigo 28 da Lei n. 8.213/91 apenas para os trabalha-dores urbanos “contraria frontalmente a Constituição Federal quando estabelece que a Previdência Social tem como objetivo a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços para as populações urbanas e rurais (art. 194, II) e que a aposentadoria é um direito dos trabalhadores

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urbanos e rurais, sem distinção de qualquer natureza do trabalho (art. 7º, XXIV e XXXII)”. Afora isso, sustenta-se que também teria o tribunal de origem incorrido em violação ao texto constitucional ao limitar o valor do benefício ao salário mínimo, “mesmo à vista da existência de contri-buições previdenciárias, hipótese em que lhe está garantido o cálculo da aposentadoria com base em todos os salários de contribuição consi-derados para o cálculo (art. 201, §3º)”. O recurso não merece prosperar. Ao examinar a existência de repercussão geral, no âmbito do AI 843.287, da relatoria do Min. Cezar Peluso, paradigma do Tema 406, o STF de-bruçou-se sobre a questão concernente à possibilidade de se renunciar aos salários-de-contribuição de menor expressão econômica, para o fim de se fixar a base de cálculo da renda mensal inicial do benefício previdenciário. Naquela oportunidade, entendeu-se que a discussão a respeito dos critérios para o cálculo da renda mensal inicial de benefício previdenciário não preenchia os requisitos mínimos de admissibilida-de no âmbito da repercussão geral. De fato, reforçou-se a jurisprudên-cia desta Corte no sentido de não se tolerar, em recurso extraordinário, “alegação de ofensa que, irradiando-se de má interpretação, aplicação, ou, até, de inobservância de normas infraconstitucionais, seria apenas indireta à Constituição da República”. Assim como no caso paradigma aventado na decisão por mim proferida, pretende-se, nestes autos, exa-tamente a reforma de decisão proferida nos graus ordinários de jurisdi-ção que, com fundamento na Lei n. 8.213/91, mais especificamente nos artigos 28, 35 e 143, considerou improcedente o pedido de revisão da renda mensal inicial. Nesse sentido, extrai-se o seguinte trecho da de-cisão impugnada: “O recorrente insurge-se contra a fundamentação da sentença que não admitiu o cômputo dos salários-de-contribuição na concessão de benefício de aposentadoria rural. Entretanto, nos autos o recorrente apresenta cópia do processo administrativo com a carta de concessão do benefício, concedido em 05/05/93, no valor de um salá-rio mínimo, em que inexistem salários-de-contribuição e memória de cálculo. Não há outra prova nos autos comprovando a remuneração do corrente como CTPS, fichas de empregados ou recibos de pagamento e de cumprimento da carência exigida no art. 142 da Lei 8.213/91. Há, apenas, um demonstrativo elaborado pelo próprio autor”. O tribunal de origem, portanto, ao decidir contrariamente ao pleito formulado de re-visão da renda mensal inicial, fundamentou-se na interpretação dos dis-positivos infraconstitucionais acima especificados. Reformar a interpre-tação do tribunal de origem quanto à aplicação, ao caso concreto, da Lei 8.213/91, não é possível em sede de recurso extraordinário. Ora, ainda que se alegue que as circunstâncias fáticas constantes do caso paradig-ma do Tema 406 não guardam relação de identidade com os fatos nar-

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rados nestes autos, há que se prevalecer o entendimento consignado naquela oportunidade, qual seja, a discussão acerca dos critérios para o cálculo da renda mensal inicial de benefício previdenciário, ao exigir o exame da aplicação das normas infraconstitucionais, não é admissível em sede de recurso extraordinário, por ausência do preenchimento dos requisitos exigidos no âmbito da sistemática da repercussão geral. Por essas razões, e reforçando a aderência do recurso extraordinário ora em exame à temática tratada no AI 843.287, da relatoria do Min. Cezar Pe-luso, reitero a observância da decisão proferida pelo STF no tema 406 da sistemática da repercussão geral. Ante o exposto, nego seguimento ao recurso (art. 932, VIII, do NCPC c/c art. 21, §1º, do RISTF), e determi-no a devolução dos autos ao tribunal de origem. Publique-se. Brasília, 21 de setembro de 2016. Ministro GILMAR MENDES Relator Documen-to assinado digitalmente. (AI 825620, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, julgado em 21/09/2016, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-225 DIVULG 20/10/2016 PUBLIC 21/10/2016)

>>> ASSERTIVA CERTA!

77 - QUESTÃO:

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa apenas dos Poderes Públicos, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à as-sistência social. Os referidos subsistemas são considerados direitos fundamentais sociais.

> RESPOSTA: ERRADO.

>> COMENTÁRIO:

A presente questão exige o conhecimento do artigo 194 da Constituição Federal, de-vendo o candidato conhecer a literalidade do dispositivo. O erro decorre do fato de a seguri-dade social compreender um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Esse tipo de abordagem do CESPE já foi objeto de questão em vários concursos, como de Juiz Federal substituto da primeira Região/2013, Defensor Público DF/2013, entre outros.

Assim, além da necessidade de se conhecer o conceito de seguridade social, é impor-tante que o candidato aprofunde os estudos quanto aos princípios da seguridade social.

Vale ressaltar que os referidos subsistemas são considerados direitos fundamentais

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sociais, já que são temas associados ao princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, além do direito à vida e à proteção social. O próprio artigo 6° da Constituição Federal consagra esse aspecto, pois aponta a saúde, a previdência e a assistência aos desamparados como di-reitos sociais. Estariam presentes, portanto, a fundamentalidade formal e a fundamentalidade material.

>>> ASSERTIVA ERRADA!

78 - QUESTÃO:

O princípio da universalidade da cobertura e do atendimento aplica-se no subsistema da saúde com mais ênfase, já que a Constituição Federal de 1988 garante atendimento integral e gratuito. Assim, caso o usuário precise de um medicamento de alto custo, terá seu direito reconhecido plenamente. O STF, recentemente, pacificou o assunto.

> RESPOSTA: ERRADO.

>> COMENTÁRIO:

O princípio da universalidade da cobertura e do atendimento possui duas dimen-sões, uma objetiva e outra subjetiva. A primeira está associada à tutela de todos os riscos sociais que possam levar o indivíduo a situações de necessidade. Já o aspecto subjetivo destaca que todas as pessoas que necessitem de prestações de segurança devem ser atendidas.

Vale lembrar que o referido princípio é da seguridade social e atinge todas as áreas de uma maneira diferente. Aplica-se com mais ênfase na saúde, já que o sistema brasileiro permite o atendimento de todos, devendo ainda ser integral e gratuito. Assim, brasileiros, estrangeiros, ricos, pobres, todos têm direito ao sistema de saúde, o qual é administrado pelo SUS. O artigo 196 da Constituição Federal assevera: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido me-diante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

O artigo 28 do Decreto 7508/2011, que regulamenta a Lei 8080/90, esclarece que o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica pressupõe estar o usuário assistido por ações e serviços de saúde do SUS e ter o medicamento sido prescrito por profissional de saúde, no exercício regular de suas funções no SUS. Assim, exige-se a prescrição formulada pelo médi-co do sistema, não havendo o reconhecimento pleno do medicamento pela simples demons-tração da necessidade, por exemplo, de médico particular do paciente.

O tema de fornecimento de medicamento de alto custo está sendo debatido no STF, conforme repercussão geral já admitida nos autos do RE 566471, o qual teve o julgamento sus-penso, no dia 15 de setembro de 2016, após pedido de vista do Ministro Luís Roberto Barroso.

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O único voto até o momento foi o do relator, ministro Marco Aurélio, que se manifestou no sen-tido de negar provimento aos recursos, por entender que nos casos de remédios de alto custo não disponíveis no sistema, o Estado pode ser obrigado a fornecê-los, desde que comprovadas a imprescindibilidade do medicamento e a incapacidade financeira do paciente e sua família para aquisição, e que o Estado não pode ser obrigado a fornecer fármacos não registrados na agência reguladora.

No RE 657718 houve a participação do Defensor Público-Geral Federal, o qual desta-cou a demora da Anvisa em concluir o registro de remédios novos (mais de 600 dias) e genéricos (mais de mil dias), não podendo a saúde do doente esperar.

Dessa forma, o tema ganha mais relevância para o concurso da DPU..

>>> ASSERTIVA ERRADA!

79- QUESTÃO:

Segundo recente entendimento do STJ, o menor sob guarda tem direito a receber a pensão decorrente de morte do seu tutor. Prevalece, portanto, o Estatuto da Criança e do Adolescen-te em detrimento da previsão negativa da Lei 8213/91.

> RESPOSTA: CERTO.

>> COMENTÁRIO:

O tema ganha mais relevância após a recente decisão do STJ (EREsp nº 1141788/RS), em que ficou estabelecido que o ECA deve prevalecer em detrimento da Lei 8213/91. Assim, os Ministros entenderam que o artigo 33 da Lei 8.069/90 deve prevalecer sobre a modificação legislativa promovida na Lei Geral da Previdência, uma vez que, nos termos do artigo 227 da Constituição Federal, “é norma fundamental o princípio da proteção integral e preferência da criança e do adolescente”.

Até o advento da MP 1523/96, posteriormente convertida na Lei 9528/97, o menor sob guarda também se equiparava a filho para fins previdenciários. Entretanto, após a referida lei, o menor sob guarda foi excluído do rol de dependentes.

Destaque-se que o referido precedente também deve ser aplicado aos regimes pró-prios.

A TNU possui alguns precedentes que se vinculam nos princípios constitucionais que regem a matéria, em especial o da proteção integral da criança e do adolescente (PEDILEF 200783005039533 e PEDILEF 00056181220104013200). Trata-se de tema atual, o qual possui

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INSTITUCIONALPROF. MUNIZ FREIRE

91 - QUESTÃO:

No tocante às ondas de acesso à justiça, oriundas do diagnóstico formulado por Cappelleti e Garth, é possível afirmar que a Defensoria Pública estaria inserida principalmente na primei-ra onda de acesso à justiça.

> RESPOSTA: CERTO.

>> COMENTÁRIO:

Os estudos de Mauro Cappeleti e Brian Garth, disseminados através do relatório ao Projeto de Florença, são considerados obra obrigatória para quem se interessa sobre acesso à justiça. Logo, é muito comum ser cobrado em provas de Defensoria Pública.

A primeira onda de acesso à justiça está atrelada a capacidade postulatória indivi-dual das pessoas que tem problemas econômicos ou culturais. De início, o conceito de acesso à justiça se limitava à proteção daqueles que comprovassem insuficiência de recursos para o pa-trocínio de suas causas. É nessa onda que está inserida principalmente a Defensoria Pública.

A segunda onda de acesso à justiça relaciona-se com a promoção, proteção e defesa dos direitos metaindividuais, ou seja, com a coletivização do processo judicial. No Brasil, apesar de já haver a previsão da Ação Popular desde a década de 1960, esse movimento começa a ga-nhar fôlego com a Lei de Ação Civil Pública e com a edição do Código de Defesa do Consumidor, diploma que, além de reger as relações de consumo, serve de base legal para a definição de direitos coletivos em sentido estrito, direitos difusos e direitos individuais homogêneos. O que é característico dessa onda renovatória é a premente necessidade de representação em juízo dos direitos metaindividuais.

Quanto à terceira geração de acesso à justiça, esta está relacionado ao denominado novo enfoque do acesso à justiça, na perspectiva de identificação, elaboração e aplicação de técnicas extrajudiciais. Nos termos utilizados pela banca CESPE, na prova da Defensoria Pública do Rio Grande do Norte, “um dos objetivos principais do método empregado pela terceira onda é a prestação de assistência jurídica de forma a prevenir disputas sociais, como foco na solução extra-judicial de conflitos”.

Ante a legitimidade da Defensoria Pública para as ações de âmbito coletivo e em razão de ser função institucional a solução extrajudicial dos conflitos, é possível afirmar que a instituição também permeia a segunda e terceira onda, mas ESSENCIALMENTE, integra a pri-

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meira onda.

>>> ASSERTIVA CERTA!

92 - QUESTÃO:

O modelo estrutural de assistência jurídica adotado pelo Brasil foi o salaried staff model, na sua primeira submodalidade.

> RESPOSTA: ERRADO.

>> COMENTÁRIO:

Conforme elenca a doutrina, pode-se mencionar a existência de três modelos de as-sistência jurídica: pro bono, juridicare e salaried staff.

No sistema pro bono, a assistência jurídica gratuita é prestada por advogados par-ticulares, que o faziam em razão de um sentimento de caridade, fraternidade ou pelo apelo sentimental. Aqui, a assistência jurídica não era entendida como um direito, tampouco havia qualquer participação estatal. Nesse sentido, ensina Cléber Francisco Alves:

Os serviços de assistência judiciária eram prestados sob o impulso de preceitos de cunho moral, como expressão de um sentimento de cari-dade ou de solidariedade, sem qualquer participação financeira do Es-tado.

No sistema judicare, o advogado responsável pela assistência jurídica gratuita passa a ser remunerado pelo Estado, podendo o cidadão necessitado escolher quem o representará dentre aqueles previamente inscritos numa lista ou ainda a de que teria que se submeter à no-meação de um advogado dativo pelo Poder Judiciário.

Apesar de não ter sido o modelo escolhido pela Constituição Federal de 1988, o siste-ma judicare ainda existe no Brasil, mormente em razão da nomeação de advogados dativos nas localidades em que não há Defensoria Pública.

O sistema do salaried staff também é marcado pela participação estatal e no reconhe-cimento da assistência jurídica gratuita como um direito, tal como ocorre no sistema judicare. Ocorre que neste não há agentes patrocinados pelo Estado que se dedicam exclusivamente à prestação de assistência jurídica aos pobres.

Segundo ensina Erik Palácio Boson, o modelo do salaried staff divide-se em duas sub-modalidades. Nos exatos termos expresso pelo citado autor: “A primeira consiste no financia-

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mento estatal de organismos não estatais para a prestação da assistência jurídica gratuita; a segun-da é a criação de um serviço público estatal especificamente destinado à prestação de assistência jurídica gratuita”.

Dessa forma, percebe-se que o modelo estrutural adotado pelo Brasil foi o salaried staff, na sua segunda submodalidade, sendo a Defensoria Pública a concretização desa escolha.

Portanto, o erro da assertiva é afirmar que o Brasil adotou o modelo do salaried staff na sua primeira submodalidade.

>>> ASSERTIVA ERRADA!

93 - QUESTÃO:

Em razão do princípio do Defensor Público Natural, não é possível substituir um Defensor Público no curso do processo.

> RESPOSTA: CERTO.

>> COMENTÁRIO:

O princípio do Defensor Público Natural obtempera que o membro responsável para atuar em determinado caso deve ser estipulado através de critérios objetivos e pré-definidos, sendo um direito do assistido ser representado pelo Defensor Público Natural, nos termos do art.4-A, inciso IV, da Lei Complementar 80/94.

O ensejo do Princípio do Defensor Público Natural é um desdobramento do princípio da impessoalidade no âmbito da Defensoria Pública, sendo imprescindível para garantir um mínimo de imparcialidade e igualdade no atendimento da institucional. Para Nestor Araruna Santiago:

O princípio do defensor natural é garantidor do status libertatis do cida-dão e essencial para o equilíbrio de forças na persecução penal: lembre--se que, na acusação feita pelo Estado, vigora o princípio do promotor natural, como mola-mestra da acusação isenta de caráter pessoal ou extraordinário. E equilibrando as forças opostas na relação processual--penal, tem-se o juiz natural, necessário a toda decisão que se quer justa e imparcial. Tudo em razão dos princípios da isonomia processual, do contraditório, da ampla defesa e da verdade processual.

Ocorre que o princípio do Defensor Público natural não obsta a alteração do Defen-sor Público no decorrer do processo. Isso porque é um desdobramento do referido princípio a

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possibilidade de substituição do membro da Defensoria Pública, desde que pautado em crité-rios objetivos para tanto. Exemplo: Um defensor público, ao tirar uma licença saúde, será subs-tituído por outro, previamente definido e fixado por critérios objetivos.

Demais disso, a possibilidade de substituição de Defensor Público no curso do pro-cesso está em consonância com os princípios institucionais da unidade e indivisibilidade. No mesmo diapasão, ensina Marília Gonçalves Pimenta:

Entende-se que a Defensoria Pública corresponde a um todo orgânico, sob uma mesma direção, mesmos fundamentos e mesmas finalidades. Permite aos membros da Defensoria Pública substituírem-se uns aos ou-tros. Cada um deles é parte de um todo, sob a mesma direção, atuando pelos mesmos fundamentos e com as mesmas finalidades.

>>> ASSERTIVA CERTA!

94 – QUESTÃO:

De acordo com a Lei Complementar nº 80, de 1994, é assegurado ao índio a designação de membro permanente da Defensoria Pública da União para prestar assistência integral e gra-tuita a suas comunidades e organizações.

> RESPOSTA: ERRADO.

>> COMENTÁRIO:

Nos termos do art.4º, inciso I, da Lei Complementar nº 80, de 1994, é função institu-cional da Defensoria Pública prestar orientação jurídica e exercer a defesa dos necessitados, em todos os graus.

Não há na Lei Complementar nº 80 nenhuma previsão específica sobre a assistência jurídica a ser promovida a população indígena, no entanto é plenamente possível que um índio seja contemplado pelo conceito de necessitado, assim como uma comunidade indígena, fato que legitima a atuação da Defensora Pública.

Demais disso, insta salientar que não é atribuição exclusiva da Defensoria Pública da União tutelar os índios. Isso porque, conforme entende o Superior Tribunal de Justiça, compete a Justiça Federal apreciar ações que envolvam direitos indígenas, de suas terras e de suas co-munidades, mas, quando a lide versar sobre direitos individuais e particulares do índio, a com-petência será da justiça estadual, cabendo a Defensoria Pública do Estado atuar. Para ilustrar, colaciona-se o seguinte julgado:

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AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO INDENI-ZATÓRIA.MORTE DE INDÍGENA DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRÂNSITO. SÚ-MULA 140/STJ. INCIDÊNCIA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTA-DUAL.1. Compete à Justiça federal processar e julgar as causas referentes a disputa sobre direitos indígenas, entre eles a organização social dos ín-dios, seus costumes, línguas, crenças e tradições, além dos direitos so-bre as terras que tradicionalmente ocupam, conforme o disposto nos arts. 109, XI, e 231 da Constituição Federal.2. Desse modo, verifica-se que é necessária uma efetiva lesão ou amea-ça aos direitos indígenas coletivamente considerados.3. No entanto, a hipótese em discussão se trata de pedido de indeniza-ção por danos morais e materiais decorrentes da morte de índio num acidente de trânsito.4. Aplica-se, portanto, o disposto na Súmula nº 140/STJ: “Compete à Jus-tiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima”.5. Agravo regimental não provido.(AgRg no CC 133.565/MS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/06/2015, DJe 01/07/2015)

Dessa feita, se a comunidade indígena ou o índio for necessitado, é missão constitu-cional da Defensoria Pública a tutela de seus interesses. Todavia, não há obrigatoriedade legal de que haja membro permanente da Defensoria Pública da União designado para a prestação de assistência jurídica aos índios.

Por conseguinte, caso um índio necessite de atendimento da Defensoria Pública da União para uma causa penal, por exemplo, ele será assistido por um dos Defensores Federais que atuam no ofício penal, não tendo nenhum membro que atue somente na tutela do índio.

Assertiva similar a essa já foi cobrada pelo CESPE na prova da Defensor Público do Estado do Espírito Santo, em 2009, da seguinte forma: “A Constituição do Estado do Espírito Santo, da mesma forma que o previsto expressamente pela CF com relação ao assunto, assegura a necessi-dade de designação de membro permanente da defensoria pública para prestar assistência integral e gratuita aos índios do estado, as suas comunidades e organizações”, tendo sido considerada in-correta pela banca examinadora.

>>> ASSERTIVA ERRADA!