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SUMÁRIO

DIREITO CONSTITUCIONALProf. Moacir Neto

DIREITO ADMINISTRATIVOProf. Moacir Neto

DIREITOS HUMANOSProf. Gabriel Travassos

DIREITO DA EXECUÇÃO PENALProf. Rodrigo Santos

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTEProf. Muniz Freire

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DIREITO CONSTITUCIONALPROF. MOACIR NETO

1 – QUESTÃO:

São características do Constitucionalismo do Futuro, exceto:

a) Verdadeb) Normas programáticas de conteúdo socialc) Consensod) Participaçãoe) Solidariedade

> RESPOSTA: Alternativa B.

>> COMENTÁRIOS:

Em breve síntese, podemos conceituar o Constitucionalismo como o movimento social, político, jurídico e ideológico a partir do qual emergem as constituições nacionais, ou seja, as normas fundamentais do ordenamento jurídico do Estado. Também é encarado como uma técnica jurídica de tutela das liberdades ou de limitação do poder com fins garantísticos.

O renomado Uadi Lammêgo Bulos apresenta como objetivos do constitucionalismo a limitação do arbítrio e do abuso do poder, e a afirmação da constituição enquanto instrumento de organização do Estado e da coordenação do poder político.

As fases de evolução do constitucionalismo segundo a doutrina são: o constitucionalismo primitivo, o constitucionalismo antigo, o constitucionalismo medieval, o constitucionalismo moderno, o constitucionalismo contemporâneo e o constitucionalismo do futuro.

Assim, a questão trata sobre tema relativamente novo: o “constitucionalismo do futuro”. Mas o que seria esse constitucionalismo do futuro? Segundo a doutrina de José Roberto Dromi, o constitucionalismo do futuro consiste numa projeção do que haveria depois do neoconstitucionalismo, após análise sobre as mudanças o cenário atual, as críticas que lhe vêm sendo feitas, e o sobrepujamento evolucionista natural do fenômeno constitucionalista. É também chamado de “constitucionalismo vindouro”, ou de “constitucionalismo por vir”, sobre

Para José Roberto Dromi, o constitucionalismo deve buscar consolidar os direitos de fraternidade e solidariedade e, portanto, as Constituições do futuro teriam sete valores fundamentais supremos: verdade, solidariedade, consenso, continuidade, participação da

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sociedade na política, integração, universalização dos direitos fundamentais para todos os povos do mundo.

• Verdade (crítica as normas programáticas) – Determina que a constituição somente poderá prever aquilo que é possível ser atingido.• Solidariedade - Se refere a igualdade sedimentada na solidariedade entre os povos, na dignidade e na justiçasocial.• Consenso (democrático) - A constituição do futuro deve ser fruto de consenso democrática.• Continuidade - Ao se reformar uma constituição não pode haver um abandono dos direitos já conquistados.• Participação - Refere-se a efetiva participação dos corpos intermediários da sociedade, consagrando-se a noção de democracia participativa e de Estado Democrática deDireito.• Integração (órgãos supranacionais) - Trata-se da previsão de órgão supranacionais para a implementação de uma integração espiritual, moral, ética e institucional entre os povos.• Universalidade (dignidade da pessoa humana) – Consagra os direitos fundamentais internacionais nas Constituições futuras, fazendo prevalecer o princípio da dignidade da pessoa humana de maneira universal e afastando, assim, qualquer forma de desumanização.

Importante destacar que a presença de normas de conteúdo programático é característica do Constitucionalismo contemporâneo e não do Constitucionalismo do Futuro. Basta observar a quantidade de normas programáticas que existem na Constituição Federal de 1988.

>>> ALTERNATIVA CORRETA: B

2 – QUESTÃO:

No que se refere aos direitos e garantias fundamentais, assinale a alternativa correta. a) Têm como núcleo essencial a dignidade humana e podem ser invocados por Brasileiros e estrangeiros, desde que estes residam no Brasil, pessoas físicas ou jurídicas e até mesmo entes despersonalizados.b) A Dimensão objetiva dos direitos fundamentais enseja um dever de proteção do Estado, pois sintetizam os valores básicos da sociedade e os expandem para toda a ordem jurídica, que os identifica como diretrizes ou vetores para a interpretação e aplicação das normas infraconstitucionais. c) Segundo a eficácia horizontal dos direitos humanos, os direitos fundamentais podem se projetar nas relações entre os cidadãos e os poderes públicos, ou seja, as atividades de na-tureza essencialmente estatal devem submeter-se integralmente aos direitos fundamentais previstos na Constituição.d) Segundo a teoria dos limites dos limites, os direitos fundamentais não podem sofrer res-

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trições, ou seja, o Estado não poderia intervir nos direitos fundamentais assegurados na Constituição Federal. e) Sendo uma das vertentes do princípio da proporcionalidade, o princípio da proibição de proteção deficiente remete à ideia de que os direitos fundamentais devem ser utilizados para assegurar um garantismo negativo contra as ações estatais.

> RESPOSTA: Letra B

>> COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Os Direitos fundamentais podem ser conceituados como direitos ou posições jurídicas que investem os seres humanos, individual ou institucionalmente conside-rados, de um conjunto de prerrogativas, faculdades e instituições imprescindíveis a assegurar uma existência digna, livre, igual e fraterna a todas as pessoas.

De fato, os direitos fundamentais têm como núcleo essencial a dignidade humana e encontram-se reconhecidos no texto da Constituição ou, por sua importância e conteúdo, são admitidos e equiparados pela própria Constituição aos direitos que formalmente reconhece, embora dela não façam parte.

De acordo com o art. 5º, caput, da CF/88, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

No entanto, não obstante a redação do citado dispositivo, importante salientar que, em relação aos estrangeiros não residentes no país, entende-se que estes são destinatários dos direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição, salvo quando a própria Constitui-ção excluir algum destes direitos.

Alternativa B: Além da classificação histórica em gerações/dimensões, importante trazer para os alunos do curso DPE/SC a classificação quanto à atuação dos direitos fundamen-tai. Perfaz-se em: dimensão subjetiva e dimensão objetiva. Vamos a elas:

1) Dimensão objetiva: os direitos fundamentais operam como elementos objetivos fundamentais que sintetizam os valores básicos da sociedade e os expandem para toda a ordem jurídica (eficácia irradiante), que os identifica como diretrizes ou vetores para a interpretação e aplicação das normas infraconstitucionais.   Enseja um dever de proteção do Estado.

2) Dimensão subjetiva: Os direitos fundamentais são posições jurídicas subjetivas essenciais de proteção da pessoa. São direitos subjetivos conferidos não apenas a pessoas físicas, mas também a pessoas jurídicas e entes despersonalizados, sempre e quando a sua natureza permita a aplicação dos direitos fundamentais, excluindo-se as pessoas jurídicas de

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direito público interno às quais se reservam competências, interesses legítimos ou direitos constitucionais, que não podem ser subsumidos sob o rótulo de direitos fundamentais.

Alternativa C: Amigos, a assertiva trocou as nomenclaturas, ou seja, conceituou a eficácia vertical. Vejamos:

a) eficácia vertical dos direitos fundamentais: os direitos fundamentais se projetam nas relações entre os cidadãos e os poderes públicos;

b) eficácia horizontal, privada ou externa dos direitos fundamentais: os direitos fundamentais se projetam nas relações entre particulares de forma indireta (mediata) ou direta (imediata), a depender da teoria adotada.

No Direito Comparado verifica-se que nos Estados Unidos da América os direitos fundamentais impõem limitações apenas para os Poderes Públicos e não atribuem aos particulares direitos frentes a outros particulares, com exceção da proibição de escravidão. Desta forma, somente as atividades de natureza essencialmente estatal (mesmo se exercidas por particulares) devem submeter-se integralmente aos direitos fundamentais previstos na Constituição.   É a chamada “teoria da state action” (da ação estatal).

Alternativa D: Os direitos fundamentais não são absolutos. No entanto, as restrições aos direitos fundamentais são limitadas e decorrem da CRFB/88. Há, portanto, a necessidade de proteger o núcleo essencial dos direitos fundamentais.

A concepção dos limites dos limites decorre da teoria absoluta do núcleo essencial, segundo a qual o núcleo essencial dos direitos fundamentais estaria protegido de qualquer intervenção do Estado, independentemente da situação concreta. Assim, haveria uma parte do conteúdo do direito fundamental suscetível a limitações pelo legislador e outra parte seria insuscetível a limitações, representando um verdadeiro “limite do limite” para a própria ação legislativa.

Importante frisar que essa ideia se contrapõe àquela defendida pelos adeptos da teo-ria relativa, segundo a qual o núcleo essencial seria aferido caso a caso, mediante processo de ponderação entre meios e fins, com base no princípio da proporcionalidade. O núcleo essencial seria aquele insuscetível de restrição com base nesse processo.

Ambas as teorias buscam assegurar maior proteção aos direitos fundamentais contra possível ação legislativa desarrazoada.

Alternativa E: Por força do princípio da proibição de proteção deficiente nem a lei nem o Estado pode apresentar insuficiência em relação à tutela dos direitos fundamentais, ou seja, ele cria um dever de proteção para o Estado (ou seja: para o legislador e para o juiz) que

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não pode abrir mão dos mecanismos de tutela, incluindo-se os de natureza penal, para assegu-rar a proteção de um direito fundamental.

O princípio da proibição de proteção deficiente emana diretamente do princípio da proporcionalidade, que estaria sendo invocado para evitar a tutela penal insuficiente.

Do voto do Ministro Gilmar Mendes impõe-se extrair o seguinte:

“Quanto à proibição de proteção deficiente, a doutrina vem apontando para uma espécie de garantismo positivo, ao contrário do garantismo negativo (que se consubstancia na proteção contra os excessos do Esta-do) já consagrado pelo princípio da proporcionalidade. A proibição de proteção deficiente adquire importância na aplicação dos direitos fun-damentais de proteção, ou seja, na perspectiva do dever de proteção, que se consubstancia naqueles casos em que o Estado não pode abrir mão da proteção do direito penal para garantir a proteção de um direito fundamental. “

Nesse sentido, ensina o Professor Lênio Streck:

“Trata-se de entender, assim, que a proporcionalidade possui uma du-pla face: de proteção positiva e de proteção de omissões estatais. Ou seja, a inconstitucionalidade pode ser decorrente de excesso do Esta-do, caso em que determinado ato é desarrazoado, resultando despro-porcional o resultado do sopesamento (Abwägung) entre fins e meios; de outro, a inconstitucionalidade pode advir de proteção insuficiente de um direito fundamental-social, como ocorre quando o Estado abre mão do uso de determinadas sanções penais ou administrativas para proteger determinados bens jurídicos. Este duplo viés do princípio da proporcionalidade decorre da necessária vinculação de todos os atos estatais à materialidade da Constituição, e que tem como conseqüência a sensível diminuição da discricionariedade (liberdade de conforma-ção) do legislador.”(Streck, Lênio Luiz. A dupla face do princípio da proporcionalidade: da proibição de excesso (Übermassverbot) à proibição de proteção defi-ciente (Untermassverbot) ou de como não há blindagem contra nor-mas penais inconstitucionais. Revista da Ajuris, Ano XXXII, nº 97, mar-co/2005, p.180)

No mesmo sentido, o Professor Ingo Sarlet:

“A noção de proporcionalidade não se esgota na categoria da proibi-

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ção de excesso, já que abrange, (...), um dever de proteção por parte do Estado, inclusive quanto a agressões contra direitos fundamentais provenientes de terceiros, de tal sorte que se está diante de dimensões que reclamam maior densificação, notadamente no que diz com os des-dobramentos da assim chamada proibição de insuficiência no campo jurídico-penal e, por conseguinte, na esfera da política criminal, onde encontramos um elenco significativo de exemplos a serem explora-dos.”(Sarlet, Ingo Wolfgang. Constituição e proporcionalidade: o direito penal e os direitos fundamentais entre a proibição de excesso e de insu-ficiência. Revista da Ajuris, ano XXXII, nº 98, junho/2005, p. 107.)

E continua o Professor Ingo Sarlet:

“A violação da proibição de insuficiência, portanto, encontra-se habi-tualmente representada por uma omissão (ainda que parcial) do poder público, no que diz com o cumprimento de um imperativo constitucio-nal, no caso, um imperativo de tutela ou dever de proteção, mas não se esgota nesta dimensão (o que bem demonstra o exemplo da descrimi-nalização de condutas já tipificadas pela legislação penal e onde não se trata, propriamente, duma omissão no sentido pelo menos habitual do termo).”(Sarlet, Ingo Wolfgang. Constituição e proporcionalidade: o direito penal e os direitos fundamentais entre a proibição de excesso e de insuficiência. Revista da Ajuris, ano XXXII, nº 98, junho/2005, p. 132.).

>>> ALTERNATIVA CORRETA: B

3 - QUESTÃO:

Assinale a alternativa incorreta:

a) É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras bibliográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes.b) Sendo a casa asilo inviolável do indivíduo, a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só poderá ocorrer em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro. c) É inconstitucional a possibilidade de um paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) pagar para ter acomodações superiores ou ser atendido por médico de sua preferência. d) O Mandado de Segurança é a garantia constitucional adequada para a obtenção dos da-dos concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constante dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais. e) Caso um empresa publique a imagem de pessoa sem sua autorização visando fim comer-

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cial, esta pessoa terá direito à indenização por danos, independentemente de qualquer pro-va de ter tido prejuízo com a referida publicação.

> RESPOSTA: Letra D

>> COMENTÁRIOS:

Alternativa A: O STF declarou que não é necessária autorização prévia para a publi-cação de biografias.

Segundo entendeu a Suprema Corte, a Constituição Federal de 1988 consagra a li-berdade de expressão em seu art. 5º, IX, prevendo que “é livre a expressão da atividade intelec-tual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.

No art. 220, § 2º, a Carta afirma que é “vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”.

Desse modo, uma regra infraconstitucional (Código Civil) não pode abolir o direito de expressão e criação de obras literárias.

Assim, para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consa-grada pela CF/88.

Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitos foram violados pela publicação, ele terá direito à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a pu-blicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc.

(STF. Plenário. ADI 4815, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/06/2015).

Alternativa B: Amigos, vejamos a redação do art. 5º, XI, da CF/88:

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo pene-trar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determina-ção judicial;

Ou seja, pela redação da CF/88, só se pode entrar na casa de alguém sem o consen-timento do morador em caso de flagrante delito, em caso de desastre, para prestar socorro ou,

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DIREITO ADMINISTRATIVOPROF. MOACIR NETO

16 – QUESTÃO:

A respeito da origem do Direito Administrativo, dos princípios e das fontes, assinale a opção correta:

a) O princípio administrativo do interesse público é um princípio implícito da administração pública.b) As fontes do Direito Administrativo se resumem às normas formais oriundas do Estado ou dos detentores do poder políticoc) São fontes do Direito Administrativo somente a lei, a jurisprudência, os precedentes administrativos e os costumes.d) O Direito Administrativo está relacionado com a consagração dos ideais da Revolução Francesa de 1789.e) De acordo com o princípio da continuidade, o serviço público deverá ser prestado de forma ininterrupta, independente de a necessidade em relação ao serviço ser relativa ou absoluta.

> RESPOSTA: LETRA D

>> COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Muita atenção! O princípio do interesse público está implícito na Constituição Federal, porém na administração pública há diversas leis que o tratam como princípio EXPLÍCITO.

Exemplo disto está no art. 2º, caput, Lei 9.784/99:

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Alternativa B: Segundo Rafael Carvalho Rezende Oliveira, as fontes do Direito Administrativo NÃO se resumem às normas formais do Estado ou dos detentores do poder político. Admite-se as fontes extraestatais como por exemplo: o direito consuetudinário, autorregulação, lex mercatória e etc.

Alternativa C: A doutrina também é uma fonte do Direito Administrativo e não consta na afirmação acima.

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Alternativa D: De fato, o Direito Administrativo está relacionado com a consagração dos ideais da Revolução Francesa de 1789.

O nascimento do Direito Administrativo está diretamente ligado a Revolução Francesa.

Com a consagração de certos ideais liberais revolucionários da burguesia, o poder estatal foi limitado e o Direito Administrativo concebido como ramo especial do Direito, tendo como objetivo regular as relações envolvendo o Estado e o exercício das atividades administrativas.

Alternativa E: A doutrina afirma que o serviço público deverá ser prestado de acordo com a necessidade da população.

Assim, necessário se faz distinguir se a necessidade da população é absoluta ou relativa.

Podemos afirmar que somente na necessidade absoluta o serviço deverá ser prestado de forma ininterrupta, uma vez que a população necessita permanentemente da disponibilidade do serviço (ex. hospitais, destruição de agua e de luz etc).

De outro modo, se a necessidade for relativa, o serviço público poderá ser prestado periodicamente, com dias e horários determinados (ex.:biblioteca pública, museus etc)

>>> ALTERNATIVA CORRETA: D

17- QUESTÃO:

Acerca das fontes do Direito Administrativo assinale a alternativa correta:

a) Por ser a doutrina uma fonte formal, esta exerce influência fática e decisiva na aplicação do Direito.b) Os costumes praeter legem são aqueles previstos ou admitidos pela lei.c) A lei deverá ser considerada em seu sentido amplo, abrangendo assim as normas constitucionais, as legislações infraconstitucionais, os regulamentos administrativos e os tratados interacionais. d) A doutrina, no Direito Administrativo Brasileiro é considerada uma fonte formal. e) O elemento objetivo dos costumes se revela a partir da convicção da sociedade em relação à obrigatoriedade da conduta.

> RESPOSTA: C

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>> COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Amigos, muito cuidado. A doutrina, compreendida como as opiniões dos estudiosos sobre institutos e normas do Direito, também deve ser considerada como fonte material (não formal) do Direito administrativo.

Ainda que as opiniões dos autores não tenham força vinculativa, certo é que elas possuem uma imperatividade lógica que influencia o administrador, o juiz e o legislador.

Por essa razão, a doutrina, ainda que não seja considerada fonte formal, exerce influência fática e decisiva na compreensão e na aplicação do Direito. Mencione-se, por exemplo, a ´´Escola do serviço público´´ ou ´´Escola de Bordeaux´´ que, no início do século XX, a partir da doutrina de Léon Duguit e Gaston Jéze, foi responsável pela teorização do serviço público, base do Direito Administrativo francês.

Alternativa B: Amigos, os costumes podem ser divididos em três espécies:1. secundum legem: que é o previsto ou admitido pela lei;2. praeter legem: aquele que preenche lacunas normativas, possuindo caráter

subsidiário;3. contra legem: contrário à norma legal

Muita atenção! A afirmativa embaralhou as espécies tentando fazer confusão na cabeça do candidato!

Alternativa C: Segundo Rafael Carvalho Rezende Oliveira:

“Em virtude do processo de constitucionalização do ordenamento jurídico, o Direito Administrativo deve ser (re)interpretado à luz do texto constitucional, fato que demonstra a necessidade de releitura de alguns institutos jurídicos clássicos para se adequarem aos direitos fundamentais e demais normas constitucionais vigentes. “

Alternativa D: A doutrina é considerada fonte MATERIAL do Direito Administrativo! Vide explicação ao item ´´a´´.

Alternativa E: Amigos, em relação aos costumes, importante consignar que a doutrina afirma existirem dois elementos inerentes aos costumes:

- Elemento objetivo: é a repetição de condutas;- Elemento subjetivo: convicção da sua obrigatoriedade.Portanto, o item errou ao afirmar que o elemento objetivo seria a convicção da sua

obrigatoriedade.

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>>> ALTERNATIVA CORRETA: C

18 – QUESTÃO:

Sobre os serviços públicos assinale a opção incorreta:

a) No Brasil, tem prevalecido a concepção ampla do serviço público. b) Toda e qualquer atividade econômica poderá ser convertida em serviço público pelo constituinte ou pelo legisladorc) Quanto a titularidade federativa, os serviços públicos são classificados em: federais, estaduais, distritais, municipais e comuns.d) Há íntima relação entre os princípios da modicidade das tarifas e da universalidade da prestação do serviço público. e) É possível apontar como tendências do serviço público a submissão do serviço público ao regime de competição e a redução das hipóteses de titularidade exclusiva do Estado.

> RESPOSTA: B

>> COMENTARIOS:

Alternativa A: A doutrina apresenta quatro sentidos para os serviços públicos. São eles: concepção amplíssima, concepção ampla, concepção restrita, concepção restritíssima. Vejamos:

1. concepção amplíssima: defendida pela Escola do Serviço Público, com algumas variações, considera serviço público toda e qualquer atividade exercida pelo Estado;

2. concepção ampla: serviço público é toda atividade prestacional voltada ao cidadão, independentemente da titularidade exclusiva do Estado e da forma de remuneração;

3. concepção restrita: serviço público abrange as atividades do Estado prestadas aos cidadãos, de forma individualizada e com fruição quantificada; e

4. concepção restritíssima: serviço público é a atividade de titularidade do Estado, prestada mediante concessão ou permissão, remunerada por taxa ou tarifa.

Importante registrar que no Brasil tem prevalecido a concepção ampla pelos seguintes fatores:

a) Distinção entre o serviço público e outras atividades estatais, o que afasta a concepção amplíssima;

b) Admissão dos serviços públicos uti universi, ao contrário do sustentado nas concepções restrita e restritíssima;

c) Ser possível serviços públicos sociais, sem que a titularidade seja excluída do Estado, mas sim compartilhada com os cidadãos, o que exclui a noção restritíssima.

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DIREITOS HUMANOSPROF. GABRIEL TRAVASSOS

21 – QUESTÃO:

A evolução histórica dos direitos humanos deve ser entendida como um processo de redefinição e relativização do espaço de soberania e discricionariedade estatal. Sobre o tema, marque a alternativa INCORRETA:

a) a Convenção de Genebra para a Melhoria da Sorte dos Feridos e Enfermos do Exército em Campanha é considerada precedente dos direitos humanos, componente do Direito Humanitário.b) a Organização Internacional do Trabalho, anterior à Declaração Universal de Direitos Humanos e à Convenção da Liga das Nações, integra os precedentes históricos dos direitos humanos ao garantir regras mínimas para a proteção dos direitos dos trabalhadores.c) O Código de Hammurabi (1792-1750 a.C) é considerado o primeiro código de normas de conduta, preceituando, em sua formulação, esboços de direitos do indivíduo, como o direito à vida, à propriedade e à honra.d) O exemplo da democracia ateniense, um marco na consagração das liberdades fundamentais de reunião e de expressão, foi fundamento no julgamento da ADPF n. 187, quando o STF garantiu o direito à manifestação e à realização de eventos públicos em favor da descriminalização das drogase) A Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e a Declaração do Bom Povo da Virgínia, de 1776, não trazem em seu bojo garantias penais e processuais penais.

> RESPOSTA: ALTERNATIVA E!

>> COMENTÁRIOS:

A assertiva que está INCORRETA é a letra E.

ALTERNATIVA A: Está correta.

Em relação à assertiva ‘a’, tem-se majoritariamente na doutrina que o Direito Humanitário, a Convenção da Liga das Nações e a Organização Internacional do Trabalho são precedentes históricos dos direitos humanos contemporâneos, cujo marco fundamental é a Declaração Universal de Direitos Humanos, de 1948, pós-II Guerra Mundial.

A Convenção das Liga das Nações (1920), surgida após a Primeira Guerra Mundial (1914-1919), conforme explica Piovesan, “continha previsões genéricas relativas aos direitos

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humanos, destacando-se as voltadas ao mandate system of the League, ao sistema das minorias e aos parâmetros internacionais do direito ao trabalho, pelo qual os Estados comprometiam-se a assegurar condições justas e dignas de trabalho para homens, mulheres e crianças”1.

O Direito Humanitário, também chamado de Direito das Guerras, são os limites pré-fixados para a garantia mínima dos direitos humanos na ocorrência de conflitos bélicos. Conforme destaca Paulo Henrique Gonçalves Portela2, a Convenção de Genebra para a Melhoria da Sorte dos Feridos e Enfermos do Exército em Campanha, em vigor até hoje, busca conferir proteção aos combatentes feridos durante os confrontos.

A redação atual, datada de 1949, é, na verdade, uma revisão da Convenção de Genebra para a melhoria da sorte dos feridos e dos enfermos dos exércitos em campanha, de 27 de julho de 1929. A Convenção se aplica em caso de guerra declarada ou de qualquer outro conflito armado que surja entre duas ou várias dos Estados Partes Contratantes, mesmo que o estado de guerra não seja reconhecido por uma delas.

Aplica-se, igualmente, em todos os casos de ocupação da totalidade ou de parte do território de um Estado Parte Contratante, mesmo que essa ocupação não encontre resistência militar.

O artigo 3º da Convenção determina que:

No caso de conflito armado sem caráter internacional e que surja no território de uma das Altas Partes Contratantes, cada uma das Partes em luta será obrigada a aplicar pelo menos, as seguintes disposições: 1) As pessoas que não participem diretamente das hostilidades, inclusive os membros de farsas armadas que tiverem deposto as armas e as pessoas que tiverem ficado fora de combate por enfermidade, ferimento, detenção, ou por qualquer outra causa, serão, em qualquer circunstância, tratadas com humanidade sem distinção alguma de caráter desfavorável baseada em raça, cor, religião ou crença, sexo, nascimento, ou fortuna, ou qualquer outro critério análogo.

ALTERNATIVA B: Está correta.

Em relação à assertiva B, ela está correta, uma vez que, conforme lições de Flávia Piovesan3 e Valério Mazzuoli4, a gênese dos direitos humanos situa-se em três fontes históricas:

1 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e Direito Constitucional Internacional. 16ª Ed. Saraiva, 2016, pp-196-197.2 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado: Incluindo Noções de Direitos Humanos e de Direito Comunitário. 8ª Ed. Salvador, JusPODIVM, p.8383 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e Direito Constitucional Internacional. 16ª Ed. Saraiva, 2016, pp-196-1974 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. 10 ª Ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribu-nais, 2016, pp. 904-905

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O Direito Humanitário, a Liga das Nações e a Organização Internacional do Trabalho.

ALTERNATIVA C: Está correta.

A assertiva C está correta. Nesse sentido, André de Carvalho Ramos aduz que:

“Do ponto de vista normativo, há tenuamente o reconhecimento de direitos de indivíduos na codificação de Menes (3100-2850 a.C.), no Antigo Egito. Na Suméria antiga, o Rei Hammurabi da Babilônia editou o Código de Hammurabi, que é considerado o primeiro código de normas de condutas, preceituando esboços de direitos dos indivíduos (1792-1750 a.C.), em especial o direito à vida, propriedade, honra, consolidando os costumes e estendendo a lei a todos os súditos do Império”5.

ALTERNATIVA D: correta.

A respeito da alternativa D, ela também está correta. Nos autos da ADPF n. 187, no qual se discutia se a “Marcha da Maconha” era conduta inserida no tipo penal do artigo 287 do CP (Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime), o Pretório Excelso julgou procedente a Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental, para dar, ao artigo 287 do Código Penal, com efeito vinculante, interpretação conforme à Constituição, “de forma a excluir qualquer exegese que possa ensejar a criminalização da defesa da legalização das drogas, ou de qualquer substância entorpecente específica, inclusive através de manifestações e eventos públicos”.

Em sua fundamentação para o voto, o Min. Marco Aurélio assentou que:

“A valorização do espaço e do debate públicos assim como a afirmação de que a realização do homem ocorre com a participação na vida pública da cidade constituem o que veio a ser rotulado por Benjamim Constant como “liberdade dos antigos”. Nesse sentido, a democracia compreende simplesmente a possibilidade de ir a público e emitir opiniões sobre os mais diversos assuntos concernentes à vida em sociedade. Embora a versão de democracia de hoje não seja idêntica à adotada pelos gregos, citada por Constant, o cerne do que se entende por governo democrático encontra-se, ao menos parcialmente, contido nessa ideia de possibilidade de participação pública. E o veículo básico para o exercício desse direito é a prerrogativa de emitir opiniões livremente”.

ALTERNATIVA E: INCORRETA.

5 RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos. 4ª Ed. São Paulo. Saraiva, 2017, p. 34.

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A assertiva E está INCORRETA, uma vez que tanto a Declaração do Bom Povo da Virgínia, de 12 de junho de 17776, como a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 27 de agosto de 1789 são precedentes normativos internacionais de garantia dos direitos humanos de primeira dimensão, voltados à proteção das liberdades fundamentais e dos direitos civis dos indivíduos.

O artigo VIII da Declaração do Bom Povo da Virgínia prediz que:

Que em todo processo criminal incluídos naqueles em que se pede a pena capital, o acusado tem direito de saber a causa e a natureza da acusação, ser acareado com seus acusadores e testemunhas, pedir provas em seu favor e a ser julgado, rapidamente, por um júri imparcial de doze homens de sua comunidade, sem o consentimento unânime dos quais, não se poderá considerá-lo culpado; tampouco pode-se obrigá-lo a testemunhar contra si próprio; e que ninguém seja privado de sua liberdade, salvo por mandado legal do país ou por julgamento de seus pares.

A Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, em seus artigos 7º, 8º e 9º, assevera que:

Art. 7º.  Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência.Art. 8º.  A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei

>>> ALTERNATIVA CORRETA: E.

22 - QUESTÃO:

A Lei n. 12.986, de 02 de junho de 2014, transformou o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) no Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH). Sobre o novo órgão instituído, marque a alternativa correta:

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a) O Conselho Nacional de Direitos Humanos tem competência para habilitar-se como assistente em ações, cíveis ou criminais, relacionadas, direta ou indiretamente, com violações de direitos humanos ou com a defesa dos bens e interesses sob sua proteção.b) A ONU reconhece o Conselho Nacional de Direitos Humanos como Instituição Nacional de Direitos Humanos, com fundamento no modelo proposto nos “Princípios de Paris”.c) Em sua composição, o CNDH conta com 01 representante do Colégio Nacional de Defensores Públicos-Gerais.d) Em harmonia com os “Princípios de Paris”, o CNDH tem competência para opinar sobre atos normativos, administrativos e legislativos de interesse da política nacional de direitos humanos e elaborar propostas legislativas e atos normativos relacionados com matéria de sua competência.e) O CNDH goza da prerrogativa de realizar ou determinar diligências investigatórias, inclusive inspeções, e tomar depoimentos de autoridades e agentes federais, estaduais e municipais para a apuração de violações de direitos humanos.

> RESPOSTA: ALTERNATIVA D!

>> COMENTÁRIO:

O Conselho Nacional de Direitos Humanos, instituído a partir da Lei n. 12.986 de 02 de junho de 2014, é um órgão colegiado cuja finalidade é a promoção e a defesa dos direitos humanos, entendidos esses como os direitos e garantias fundamentais, individuais, coletivos ou sociais, com previsão na Constituição Federal ou nos tratados e atos internacionais celebrados pelo Brasil.

Para o cumprimento de tal mister, o órgão deve dispor de ações preventivas, protetivas, reparadoras e sancionadoras das condutas e situações de ameaça ou violação dos direitos humanos.

É importante ressaltar que a atuação do Conselho independerá da provocação das pessoas ou das coletividades ofendidas.

Em sua composição, o CNDH conta com onze representantes dos órgãos públicos e onze representantes da sociedade civil. A representação pelos órgãos públicos se subdivide da seguinte forma: o Secretário Especial dos Direitos Humanos; Procurador-Geral da República; 2 (dois) Deputados Federais; 2 (dois) Senadores; 1 (um) de entidade de magistrados; 1 (um) do Ministério das Relações Exteriores; 1 (um) do Ministério da Justiça; 1 (um) da Polícia Federal; 1 (um) da Defensoria Pública da União.

Por seu turno, a representação da sociedade civil é composta por 01 (um) representante da Ordem dos Advogados do Brasil, indicado pelo Conselho Federal da entidade; 9 (nove) representantes de organizações da sociedade civil de abrangência nacional e com relevantes

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atividades relacionadas à defesa dos direitos humanos, eleitos em um encontro nacional, para um mandato de 02 (dois) anos; e 01 (um) do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União.

ALTERNATIVA C: Incorreta.

Denotem que as Defensoria Públicas dos Estados e o Colégio Nacional de Defensores Públicos-Gerais não elegem representante para a composição do Conselho Nacional de Direitos Humanos, o que é lamentável, considerando que a promoção dos direitos humanos é função institucional com assento na Constituição (Art. 134).

ALTERNATIVA B: Incorreta.

Em relação à alternativa B, ela também está errada. Os “Princípios de Paris” são resultados de oficinas realizadas pelas Organizações da Nações Unidas nos anos de 1991 a 1993, que culminaram na formulação de um documento consensual com um padrão mínimo que cada país deveria adotar para estabelecer seu órgão interno de proteção dos direitos humanos.

A partir da Res. n. 1992/54, a Comissão de Direitos Humanos (hoje Conselho de Direitos Humanos) da ONU aprovou aqueles que seriam denominados “Princípios de Paris”, os quais também foram aprovados na Res. n. 48/134 da Assembleia Geral das Nações Unidas, em dezembro de 1993.

De acordo com os Princípios de Paris, para se estabelecer uma Instituição Nacional de Direitos Humanos é necessário conferir-lhe um rol de garantias e competências que garanta a efetiva proteção e promoção dos direitos humanos, sem a ingerência governamental, uma vez que o próprio governo será objeto de atenção da INDH.

André de Carvalho Ramos define uma Instituição Nacional de Direitos Humanos como

“(...) uma instituição pública, de alcance nacional, com mandato claro e independente, com forte representatividade social e autonomia política, dotada de orçamento próprio, apta a atuar na prevenção e também nos casos de violação de direitos humanos sem ser constrangida, impedida ou ameaça nessa atuação. Caso cumpra esses requisitos de ser ao mesmo tempo um órgão público, independente, plural e de atuação livre, a instituição nacional pode pleitear seu credenciamento perante a Organização das Nações Unidas”6.

Ocorre, no entanto, que a ONU ainda não reconheceu no país uma Instituição

6 Op. Cit., p. 547.

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Nacional de Direitos Humanos, isso porque o antigo CDDPH possuía estreita vinculação com o Poder Executivo, o que comprometia a independência do órgão.

Ramos prossegue, informando que o Brasil pleiteará o reconhecimento do CNDH como INDH, mas há dificuldades para tanto, uma vez que integram o órgão diversos representantes do Poder Executivo e do Poder Legislativo com direito a voto, quando os Princípios de Paris estabelecem que:

1. A composição da instituição nacional e a nomeação dos seus membros, seja através de eleição ou de outro meio, deve ser estabelecida de acordo com um procedimento que ofereça todas as garantias necessárias para assegurar a representação pluralista das forças sociais (sociedade civil) envolvidas na promoção e proteção dos direitos humanos, particularmente através de poderes que tornem possível o estabelecimento de cooperação efetiva com, ou através da presença de, representantes de:a) Organizações não-governamentais com competência na área dos direitos humanos e do combate à discriminação racial, sindicatos, organizações sócio-profissionais interessadas, por exemplo, associações de advogados, médicos, jornalistas e cientistas; b) Correntes de pensamento filosófico ou religioso; c) Universidades e peritos qualificados; d) Parlamento; e) Departamentos do Governo (se estes forem incluídos, os seus representantes devem participar nas deliberações apenas a título consultivo).

Assim, a assertiva B também está errada.

ALTERNATIVA D: CORRETA.

Dentre as competências atribuídas pela lei ao Conselho Nacional de Direitos Humanos, encontra-se a competência de opinar sobre atos normativos, administrativos e legislativos de interesse da política nacional de direitos humanos e elaborar propostas legislativas e atos normativos relacionados com matéria de sua competência (art. 4º, IX, Lei n. 12.986/2014).

Essa competência é uma daquelas que deve estar prevista para uma Instituição Nacional de Direitos Humanos, conforme estabelecem os Princípios de Paris:

3. Uma instituição nacional terá, nomeadamente, as seguintes atribuições: a) Apresentar ao Governo, ao Parlamento ou a qualquer outro órgão

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competente, a título consultivo, seja a pedido dessas autoridades ou com base no seu poder de atuação por iniciativa própria, pareceres, recomendações, propostas e relatórios sobre quaisquer questões relativas à promoção e proteção dos direitos humanos. A instituição nacional pode decidir divulgá-los. Tais pareceres, recomendações, propostas e relatórios, bem como qualquer outra prerrogativa da instituição nacional, dirão respeito às seguintes áreas: (i) Quaisquer disposições legislativas ou administrativas, bem como disposições relativas à organização judiciária, que visem preservar e aumentar a proteção dos direitos humanos. A esse respeito, a instituição nacional apreciará a legislação e disposições administrativas em vigor, bem como projetos e propostas de diplomas, e emitirá as recomendações que considerar adequadas para assegurar que estas disposições respeitam os princípios fundamentais dos direitos humanos. Se necessário, recomendará a adoção de nova legislação, a alteração da legislação em vigor e a adaptação ou alteração de medidas administrativas;

Dessa forma, a alternativa D está CORRETA.

ALTERNATIVA A: Incorreta.

O Conselho Nacional de Direitos Humanos ainda dispõe da competência de:

a) promover medidas necessárias à prevenção, repressão, sanção e reparação de condutas e situações contrárias aos direitos humanos, inclusive os previstos em tratados e atos internacionais ratificados no País, e apurar as respectivas responsabilidades;

b) fiscalizar a política nacional de direitos humanos, podendo sugerir e recomendar diretrizes para a sua efetivação;

c) receber representações ou denúncias de condutas ou situações contrárias aos direitos humanos e apurar as respectivas responsabilidades;

d) expedir recomendações a entidades públicas e privadas envolvidas com a proteção dos direitos humanos, fixando prazo razoável para o seu atendimento ou para justificar a impossibilidade de fazê-lo;

e) articular-se com órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais encarregados da proteção e defesa dos direitos humanos;

f) manter intercâmbio e cooperação com entidades públicas ou privadas, nacionais ou internacionais, com o objetivo de dar proteção aos direitos humanos e demais finalidades previstas neste artigo;

g) acompanhar o desempenho das obrigações relativas à defesa dos direitos humanos resultantes de acordos internacionais, produzindo

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relatórios e prestando a colaboração que for necessária ao Ministério das Relações Exteriores;

h) opinar sobre atos normativos, administrativos e legislativos de interesse da política nacional de direitos humanos e elaborar propostas legislativas e atos normativos relacionados com matéria de sua competência;

i) realizar estudos e pesquisas sobre direitos humanos e promover ações visando à divulgação da importância do respeito a esses direitos;

j) recomendar a inclusão de matéria específica de direitos humanos nos currículos escolares, especialmente nos cursos de formação das polícias e dos órgãos de defesa do Estado e das instituições democráticas;

k) dar especial atenção às áreas de maior ocorrência de violações de direitos humanos, podendo nelas promover a instalação de representações do CNDH pelo tempo que for necessário;

l) representar à autoridade competente para a instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo, visando à apuração da responsabilidade por violações aos direitos humanos ou por descumprimento de sua promoção, inclusive o estabelecido no inciso XI, e aplicação das respectivas penalidades;

m) representar ao Ministério Público para, no exercício de suas atribuições, promover medidas relacionadas com a defesa de direitos humanos ameaçados ou violados;

n) representar ao Procurador-Geral da República para fins de intervenção federal, na situação prevista na alínea b do inciso VII do art. 34 da Constituição Federal;

o) representar ao Congresso Nacional, visando a tornar efetivo o exercício das competências de suas Casas e Comissões sobre matéria relativa a direitos humanos;

p) realizar procedimentos apuratórios de condutas e situações contrárias aos direitos humanos e aplicar sanções de sua competência;

q) pronunciar-se, por deliberação expressa da maioria absoluta de seus conselheiros, sobre crimes que devam ser considerados, por suas características e repercussão, como violações a direitos humanos de excepcional gravidade, para fins de acompanhamento das providências necessárias a sua apuração, processo e julgamento.

No entanto, o CNDH não tem competência para habilitar-se como assistente em ações, cíveis ou criminais, relacionadas, direta ou indiretamente, com violações de direitos humanos ou com a defesa dos bens e interesses sob sua proteção. Havia essa previsão normativa no inciso V do art. 4º da Lei, entretanto, ela foi objeto de veto presidencial. Portanto, a alternativa A está ERRADA.

ALTERNATIVA E: Incorreta.

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Para garantir o exercício dessas competências e a sua independência, o CNDH recebeu algumas prerrogativas, destacando-se o poder requisitório em relação às informações, documentos e provas necessárias às suas atividades; o poder requisitório do auxílio da Polícia Federal ou de força policial, quando necessário ao exercício de suas atribuições; e a prerrogativa de requerer aos órgãos públicos os serviços necessários ao cumprimento de diligências ou à realização de vistorias, exames ou inspeções e ter acesso a bancos de dados de caráter público ou relativo a serviços de relevância pública.

O projeto de lei enviado à sanção presidencial previa como prerrogativa realizar ou determinar diligências investigatórias, inclusive inspeções, e tomar depoimentos de autoridades e agentes federais, estaduais e municipais para a apuração de violações de direitos humanos, entretanto, também foi vetado, motivo pelo qual a alternativa E está ERRADA.

>>> ALTERNATIVA CORRETA: D.

23 – QUESTÃO:

O processo construtivo dos direitos humanos percorre uma trajetória não linear, marcada por retrocessos, como as Duas Grandes Guerras, mas também avanços, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ao longo desse período, construiu-se a atual estrutura dos direitos humanos. Sobre as suas principais características, assinale a alternativa INCORRETA:

a) A universalidade dos direitos humanos é a irradiação desses direitos pela mera condição de ser humano, sendo execrável qualquer distinção em razão de sexo, raça, religião, origem, posição política ou social. De acordo com o entendimento da Corte Interamericana de Direitos Humanos, pessoas jurídicas não são titulares de direitos humanos.b) A irrenunciabilidade e a indisponibilidade são características dos direitos humanos que impedem o indivíduo de abdicar de tais direitos ou conceber com a sua violação, como, por exemplo, o famoso caso do arremesso de anões, prática proibida na França.c) A imprescritibilidade dos direitos humanos é a característica que protege tais direitos mesmo diante da sua não utilização pelo titular. d) A indivisibilidade e a interdependência são características que traduzem o elo indissociável das dimensões de direitos para a efetiva proteção dos direitos humanos. Direitos de primeira dimensão se interligam a direitos de segunda e terceira geração de maneira ínsita. A Declaração Universal de Direitos Humanos alberga todas essas dimensões, primando pelo respeito a essas características.e) A historicidade e a inexauribilidade dos direitos humanos são a expressão da construção gradativa e progressiva do rol dos direitos protetivos da dignidade humana. Por isso, a doutrina aponta a vedação à supressão de direitos conquistados, o que se denomina princípio pro homine.

>RESPOSTA: ALTERNATIVA E.

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DIREITO DA EXECUÇÃO PENALPROF. RODRIGO SANTOS

31 - QUESTÃO:

No tocante ao trabalho do preso, é correto afirmar, segundo a Lei de Execução Penal:

a) o trabalho do preso deve ser sempre remunerado, à razão de 3/4 (três quartos) do salário-mínimo, ainda que se trate de prestação de serviços à comunidade. b) o trabalho é obrigatório, devendo ser exercido na medida das aptidões e capacidades do detento, seja ele provisório ou definitivo.c) o trabalho extramuros é admissível, independentemente do regime em que se encontre o preso, desde que cumprido um sexto da pena, podendo este requisito temporal ser afastado para os condenados em regime semiaberto, conforme expressa previsão legal.d) a prestação do trabalho externo pode ser autorizada pelo diretor do estabelecimento prisional.e) o exercício de trabalho em entidade privada independe do consentimento do preso, por ser obrigatório.

> RESPOSTA: Alternativa D.

>> COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A parte inicial do item se encontrava correta. De fato, de acordo com o art. 29 da Lei de Execução Penal, o trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário-mínimo. Contudo, o art. 30 do mesmo diploma excepciona essa necessidade de remuneração nas hipóteses de prestação de serviços comunitários, o que é extremamente razoável, visto que este último trabalho representa a pena imposta ao preso, não havendo sentido em remunerá-lo pelo mero cumprimento da sanção imposta em sentença. Item errado!

Alternativa B: De fato, o trabalho é obrigatório, conforme art. 31 da LEP. Contudo, tal obrigatoriedade somente é oposta ao preso definitivo. O preso provisório não está obrigado a trabalhar, conforme expressa previsão do parágrafo único do mesmo artigo. Vejamos:

Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade.Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento.

Alternativa C: Bastante atenção neste item! O trabalho externo é admissível somente

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para os presos definitivos, independentemente do regime em que se encontrem (preso provisório não pode trabalhar externamente). Para os presos em regime fechado, o labor extramuros somente pode ser exercido em serviços ou obras públicas realizadas por órgão da Administração Direta ou Indireta, ou em entidades privadas, desde que adotadas as cautelas contra a fuga. Para os presos em regime semiaberto, por sua vez, há uma maior liberdade na escolha do empregador.

Ultrapassado esse ponto, destaca-se que o art. 37 da LEP exige o cumprimento de 1/6 da pena para que se possa conceder ao preso o direito ao trabalho externo. Diante disso, questiona-se: é realmente necessário o cumprimento desse requisito temporal?

O Superior Tribunal de Justiça tem firme jurisprudência no sentido de que NÃO É NECESSÁRIO o cumprimento desse requisito objetivo para os presos do semiaberto. A razão para esse entendimento é muito simples: o preso que se encontra em regime semiaberto, ao cumprir um sexto da pena, terá direito, em tese, à progressão para o regime aberto, no qual o trabalho já é uma das obrigações. Assim, condicionar a concessão do direito ao trabalho externo ao cumprimento de um sexto da pena esvaziaria o poder da norma, já que perderia sua relevância prática.

Cumpre relevar, contudo, que, pelas razões acima esposadas, o STJ somente afasta o cumprimento deste requisito temporal para os presos do regime SEMIABERTO, e não para os presos do regime fechado. Diante dessa explanação, percebe-se o equívoco no item, já que a possibilidade de afastar a exigência do requisito objetivo decorre de interpretação jurisprudencial, e não de expressa previsão legal. Item errado!

Alternativa D: É a literalidade do art. 37 da Lei de Execução Penal: “art. 37. a prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena”. Assertiva corretíssima!

Alternativa E: O texto do enunciado contraria o art. 36, §3º da LEP, que diz que “a prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso do preso”. Equivocado, portanto.

>>> ALTERNATIVA CORRETA: D.

32 - QUESTÃO:

No que se refere à remição, assinale a alternativa correta:

a) A Recomendação 44/2013 do CNJ, quanto à remição pela leitura, estabelece que o preso terá o prazo de 21 (vinte e um) a 30 (trinta) dias para a conclusão da obra, apresentando

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ao final do período resenha a respeito do assunto, possibilitando, segundo critério legal de avaliação, a remição de 3 (três) dias de sua pena e ao final de até 12 (doze) obras efetivamente lidas e avaliadas, a possibilidade de remir 36 (trinta e seis) dias, no prazo de 12 (doze) meses, de acordo com a capacidade gerencial da unidade prisional;b) O condenado em regime semiaberto ou aberto poderá remir, por trabalho, parte do tempo de execução da pena.c) Os dias remidos devem ser deduzidos do tempo restante de condenação a cumprir.d) Em caso de falta grave, deve o juiz determinar a perda de 1/3 dos dias remidos. e) Presos provisórios poderão remir dias de eventual pena, seja por estudo ou por trabalho.

> RESPOSTA: Alternativa E.

>> COMENTÁRIO:

Alternativa A: É essencial a leitura da íntegra da Recomendação 44/2013 do CNJ, que trata da remição pela leitura, por constar expressamente do edital e ser tema extremamente atual. Tal ato normativo estabelece os parâmetros objetivos para cálculo da remição pela leitura, em seu art. 1º, V, e. De acordo com tal dispositivo, o preso terá direito a remir 4 (quatro) dias de pena por obra lida, podendo ser lido um livro por mês. Consequentemente, ao final de 12 (doze) meses, terá direito a remir 48 (quarenta e oito) dias de pena. Facilmente percebe-se, portanto, o equívoco do enunciado. Item errado!

Alternativa B: O condenado em regime aberto NÃO PODE remir dias de pena pelo

trabalho, a teor do art. 126 c.c. art. seu §6º, somente pelo estudo, já que para os presos em tal regime o trabalho é uma obrigação. Dessa forma, remição pelo trabalho somente para os presos em regime fechado ou semiaberto.

Alternativa C: Os dias remidos devem ser considerados pena cumprida, para todos os efeitos, nos termos do art. 128 da LEP:

Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos.

Dessa forma, os dias de remição não devem ser subtraídos do restante da pena a cumprir. Na verdade, devem ser somados aos dias de pena já cumprida. A escolha por um ou outro método afeta o cálculo dos benefícios, razão pela qual deve ser seguida a expressa disposição legal, que é mais benéfica ao apenado.

Alternativa D: Sendo praticada falta grave, o juiz pode determinar a perda de ATÉ um terço dos dias remidos, nos termos do art. 127. Dessa forma, deve o magistrado fundamentar a extensão da sanção com base na natureza, motivos, circunstâncias e consequências da falta, não havendo obrigatoriedade de a perda ser de exatamente um terço, podendo ser menor do

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que tal patamar. Vejamos:

Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.

Alternativa E: Presos provisórios PODEM remir dias de pena por estudo ou trabalho, sendo exatamente essa a previsão do art. 126, §7º da LEP, que diz que “o disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar”. Assertiva corretíssima!

>>> ALTERNATIVA CORRETA: E.

33 - QUESTÃO:

Assinale a alternativa incorreta, de acordo com a Lei 7.210/84 e a jurisprudência dos Tribunais Superiores:

a) A posse de chip de telefone celular configura falta grave, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.b) Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.c) A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto.d) A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado praticar fato definido como crime doloso, independentemente de haver trânsito em julgado em relação a este último delito.e) A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo de progressão de regime de cumprimento de pena, de acordo com previsão expressa da Lei 7.210/84.

> RESPOSTA: Alternativa E.

>> COMENTÁRIO:

Alternativa A: A Lei de Execução Penal, em seu art. 50, VII, pune com falta grave o condenado que “tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo”. Diante dessa redação legal, discutiu-se se a posse de chip de aparelho celular caracterizaria falta grave, tendo em vista que este não permite, por si só, comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. Apesar da polêmica, o Superior Tribunal de Justiça possui firme jurisprudência no sentido de que a posse de CHIP CONFIGURA FALTA GRAVE. Devemos, portanto, ficar atentos.

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DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTEPROF. MUNIZ FREIRE

35 - QUESTÃO:

As crianças e adolescentes são reconhecidas e protegidas pela normatividade internacional. Sendo assim, assinale abaixo um exemplo de diploma normativo internacional que compõe o sistema heterogêneo dos direitos humanos de criança e adolescente:

a) Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; b) Declaração Universal dos Direitos do Homem;c) Pacto Internacional sobre os direitos Civil e Políticos;d) Declaração de Genebra;e) Convenção Europeia de Direitos Humanos.

> RESPOSTA: Alternativa D

>> COMENTÁRIO:

A normativa internacional sempre se preocupou com a tutela das crianças, compreendendo que as crianças são titulares de direitos humanos, como quaisquer pessoas. Demais disso, por reconhecer a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, é possível afirmar, inclusive, que, no âmbito da normativa internacional, as crianças e adolescentes tem mais direitos que os adultos.

Os documentos internacionais que tutelam as crianças e adolescentes estão divididos em dois sistemas de proteção, quais sejam: homogêneo e heterogêneo. No sistema homogêneo, o documento internacional protege todos os seres humanos, podendo fazer disposições específicas em relação a um determinado grupo.

Conforme ensina Paulo Eduardo Lépore, no sistema homogêneo, identifica-se verdadeira universalidade, pois os direitos de todos os seres humanos são tutelados, e não de um grupo específico.

No sistema heterogêneo, o documento internacional tutela um determinado grupo, geralmente uma parcela da população que é excluída ou merece uma atenção especial, tal como ocorre como as crianças e adolescentes, mulheres, portadores de necessidades especiais.

Não se pode olvidar que, para essa proteção heterogênea, não é bastante que o grupo de seres humanos seja denominado como excluído/minoritário, o que justifica a heterogeneidade é uma situação de hipossuficiência, que caracteriza um determinado grupo

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carecedor de cuidados especiais, a exemplo das crianças e adolescentes.

Cumpre registrar que todos os diplomas constantes nas assertivas acima disciplinam/protegem de alguma forma a criança e o adolescente, diferenciando-se apenas no sistema de proteção que integram. Segue, abaixo, os apontamentos de cada item.

Alternativa A: O Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, no seu art.10, 12 e 13, enfatizou a necessidade de proteção da criança e do adolescente em relação a trabalhos nocivos à saúde. Como se trata de um diploma que protege todas as pessoas, mas tem alguns dispositivos específicos para um determinado grupo de pessoas, trata-se de uma norma que integra o sistema homogêneo de proteção. Em razão disso, a alternativa está incorreta.

Alternativa B: A Declaração Universal dos Direitos do Homem também tutela as crianças e adolescentes, uma vez que nos seus artigos 25 e 26, garante a mesma proteção social entre as crianças que são frutos do matrimônio ou não, bem como estipula a necessidade de garantir instrução (educação) às crianças. No entanto, integra o sistema homogêneo, pois não se trata de um diploma específico das crianças e adolescentes. Alternativa errada.

Alternativa C: O Pacto Internacional sobre os direitos Civil e Políticos reconhece diversos direitos às crianças e adolescentes, destacando-se a previsão do art.24.1, que estabelece que toda criança, independentemente de gênero, raça, cor, origem nacional ou social, terá direito às medidas de proteção que a sua condição de menor requer por parte de sua família, da sociedade e do Estado. No entanto, assim como as alternativas anteriores, integra o sistema homogêneo. Alternativa errada.

Alternativa D: A Declaração de Genebra, também denominada de Carta da Liga sobre a Criança, foi editada em 1924, sendo o primeiro documento de caráter amplo e genérico com relação à criança, contemplando a proteção à infância em todos os aspectos. Há uma crítica a ser feita, apesar do avanço que esse diploma internacional representou, em razão da época em que foi editado, ainda tratava a criança e o adolescente como objeto de proteção, paradigma que foi rompido em 1959, com a edição da Declaração dos Direitos da Criança. Como se trata de uma norma que visa proteger apenas as crianças e adolescentes, referido diploma integra o sistema heterogêneo de proteção, sendo a alternativa correta.

Alternativa E: A Convenção Europeia de Direitos Humanos também tutela, entre outros assuntos, a criança e o adolescente, mais especificamente na sua proteção no âmbito familiar. Em razão disso, é considerado um diploma do sistema homogêneo, tornando a alternativa incorreta.

>>> ALTERNATIVA CORRETA: D

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36 - QUESTÃO:

Sobre as disposições da resolução nº 165 do Conselho Nacional de Justiça, assinale a alternativa incorreta.

a) Guia de execução provisória é aquela que se refere ao decreto de internação cautelar. b) Guia de execução definitiva de medida socioeducativa em meio aberto é a que se refere à aplicação de prestação de serviço à comunidade ou liberdade assistida por sentença transitou em julgado; c) Guia de execução definitiva de medida socioeducativa de internação ou semiliberdade se refere à privação de liberdade decorrente de sentença ou acórdão transitados em julgado;d) Guia de execução provisória de medida socioeducativa em meio aberto é a que se refere à aplicação de prestação de serviço à comunidade ou de liberdade assistida por sentença não transitada em julgado.e) Guia unificadora é aquela expedida pelo juiz da execução com finalidade de unificar duas ou mais guias de execução em face do mesmo adolescente.

> RESPOSTA: Alternativa A.

>> COMENTÁRIO:

Dentre as resoluções do CNJ dispostas no seu edital, uma de maior relevância é a resolução nº 165, de 2012, que integra o dia a dia forense do Defensor Público com atuação na área da infância e juventude, merecendo ser conhecida não só para a resolução da sua prova, mas também para a sua atuação profissional.

Durante este curso, tratarei alguns aspectos polêmicos dessa resolução, todavia indico que os alunos façam uma leitura da literalidade de toda a resolução, bem como das demais resoluções citadas no seu edital, uma vez que, quando cobradas em primeira fase, costuma exigir-se o conhecimento da sua literalidade.

Inicialmente, cumpre registrar que a Resolução nº 165 dispõe sobre normas gerais para o atendimento, pelo Poder Judiciário, ao adolescente em conflito com a lei no âmbito na internação provisória e do cumprimento das medidas socioeducativas.

Um dos grandes pontos tratados por esta resolução consiste na normatização da guia de execução dos adolescentes em conflito com a lei. A guia de execução, nada mais é, que um documento, expedido pelo Juiz, em que constará as informações do adolescente, bem como o ato infracional que está sendo acusado ou foi julgado, além do tipo de medida socioeducativa aplicada e a data do início do seu cumprimento.

Esse documento permite fiscalizar o regular cumprimento da medida pelo

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adolescente, bem como evitar excessos de prazos e é a peça inicial do processo de execução de uma medida socioeducativa.

Cabe relembrar que, conforme estipula a lei do SINASE, as medidas socioeducativas de PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE, LIBERDADE ASSISTIDA, SEMILIBERDADE E INTERNAÇÃO (nas suas três modalidades) originam um processo de execução, a fim de acompanhar o seu cumprimento. Já as medidas de advertência e reparação de danos são executadas nos mesmos autos do processo de conhecimento.

Sendo assim, só tem sentido em falar em guia de execução das medidas de prestação de serviço à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação, já que estas, quando do seu cumprimento, originam um processo de execução.

Feito essa explicação inicial, que é necessária para entender o que é uma guia de execução e quando esta deve ser expedida, cumpre informar que, para resolver a presente questão, seria necessário que o aluno conhecesse a literalidade do art.2º da resolução em questão, senão vejamos:

Art. 2º Para os fins desta Resolução define-se que:I) Guia de internação provisória é aquela que se refere ao decreto de internação cautelar (art. 183 da Lei n. 8.069/1990); [Alterado pela Resolução nº 191,25.04.2014] II) Guia de execução provisória de medida socioeducativa internação/semiliberdade é a que se refere à internação ou semiliberdade decorrente da aplicação da medida socioeducativa decretada por sentença não transitada em julgado;III) Guia de execução provisória de medida socioeducativa em meio aberto é a que se refere à aplicação de prestação de serviço à comunidade ou de liberdade assistida por sentença não transitada em julgado;IV) Guia de execução definitiva de medida socioeducativa de internação ou semiliberdade se refere à privação de liberdade decorrente de sentença ou de acórdão transitados em julgado; V) Guia de execução definitiva de medida socioeducativa em meio aberto é a que se refere à aplicação de prestação de serviço à comunidade ou de liberdade assistida por sentença ou acórdão transitado em julgado; VI) Guia de execução de internação sanção se refereao decreto de internação previsto no art. 122, inciso III, do Estatuto da Criança e do Adolescente. VII) Guia unificadora é aquela expedida pelo juiz da execução com finalidade de unificar duas ou mais guias de execução em face do mesmo adolescente (art. 45 da Lei n. 12.594/2012).

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Passa-se ao comentário de cada alternativa.

Alternativa A: Inicialmente, cabe salientar que o decreto de internação cautelar é aquele que determina a internação provisória do adolescente, que tem duração máxima de 45 dias. Nessa situação, deverá ser expedida uma guia de execução para originar um processo de execução, a fim de acompanhar o seu cumprimento, sendo referida guia denominada GUIA DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIA, e não guia de execução provisória de medida socioeducativa, pois esta é expedida quando já transcorreu todo um processo, mas ainda não houve o trânsito em julgado da decisão.

Alternativa B: Para essa alternativa, não há maiores comentários, cabendo apenas lembrar que as medidas de meio aberto que geram um processo de execução são a prestação de serviço à comunidade e liberdade assistida, fato que acarreta que apenas seja expedida guia de execução para estas medidas de meio aberto.

Alternativa C: Também não há que se fazer maiores comentários, remetendo ao art.2º, da Resolução nº 165. Lembrar apenas que toda guia de execução, quando for definitiva, é porque teve uma sentença transitada em julgado.

Alternativa D: É possível que haja a expedição de guia provisória e que a execução da medida socioeducativa se inicie antes do trânsito em julgado da decisão, uma vez que prevalece o entendimento que o recurso de apelação em face de sentença que julga procedente a representação do Ministério Público e aplica medida socioeducativa não é dotado de efeito suspensivo. Quando a medida socioeducativa aplicada for a prestação de serviços à comunidade ou a liberdade assistida, a guia a ser expedida é a guia de execução provisória de medida socioeducativa de meio aberto.

Alternativa E: É possível que o adolescente tenha cometido mais de um ato infracional e sejam desferidas medidas socioeducativas para cada um desses atos, ocasião em que estas serão reunidas em apenas uma guia de execução, denominada GUIA UNIFICADORA, ou seja, ainda que tenha várias medidas socioeducativas para cumprir, o adolescente deve ter apenas um processo de execução com a respectiva guia unificadora. As peculiaridades da unificação de medidas socioeducativas ainda serão objeto de questionamento ao longo do curso.

>>> ALTERNATIVA CORRETA: A

37 - QUESTÃO:

A respeito do procedimento de apuração de irregularidades em entidade de atendimento, assinale a alternativa correta:

a) A competência para apuração de irregularidade em entidade de atendimento será do Juiz