substituiÇÃo do milho triturado pelo gÉrmen integral de milho … · 2016. 4. 12. · per capita...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL SUBSTITUIÇÃO DO MILHO TRITURADO PELO GÉRMEN INTEGRAL DE MILHO EM DIETAS DE VACAS LEITEIRAS MESTIÇAS Ernane Peixoto de Araújo Orientador: Profº. Dr. Juliano José de Resende Fernandes GOIÂNIA GO 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

SUBSTITUIÇÃO DO MILHO TRITURADO PELO GÉRMEN INTEGRAL DE MILHO EM DIETAS DE VACAS LEITEIRAS MESTIÇAS

Ernane Peixoto de Araújo Orientador: Profº. Dr. Juliano José de Resende Fernandes

GOIÂNIA – GO 2012

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ERNANE PEIXOTO DE ARAÚJO

SUBSTITUIÇÃO DO MILHO TRITURADO PELO GÉRMEN INTEGRAL DE MILHO EM DIETAS DE VACAS LEITEIRAS MESTIÇAS

Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre em Ciência Animal junto à Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás.

Área de concentração: Produção Animal

Orientador:

Prof. Dr. Juliano José de Resende Fernandes - UFG Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Milton Luiz Moreira Lima - UFG

GOIÂNIA – GO 2012

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho,

Aos meus pais (Reinaldo e Angelita) e a minha

irmã (Lorena), pelo amor em todas as fases de

minha vida.

À minha namorada (Ramila), pelo companheirismo,

carinho e amor em todos os momentos.

Ao Profº. Milton Luiz Moreira Lima, por toda ajuda

e confiança desde a minha entrada no mestrado.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço unicamente a Deus...

Pois foi ele o responsável por colocar, no momento certo, cada uma das

pessoas em meu caminho. Desde o Gustavo Feliciano, que me apresentou ao Profº.

Juliano, até minha namorada (Ramila) que me deu força para continuar.

Pois foi ele que fez com que cada acontecimento tenha ocorrido no seu

devido tempo. Desde a entrada no mestrado até a recuperação do meu pai.

Pois foi ele que me ajudou a superar todas as dificuldades. Desde os

problemas mais insignificantes até os que pareciam insolucionáveis.

Por isso, gostaria que todos que me ajudaram nesta caminhada sintam-se

agradecidos, em nome de DEUS. Fiquem sabendo que vocês (amigos, conhecidos,

familiares e orientadores) foram decisivos para a conclusão desta dissertação.

Muito obrigado!

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“Vitória sem luta é triunfo sem glória. Por isso,

jamais se desespere em meio às sombrias

aflições de sua vida. Lembre-se que é das

nuvens mais negras que caí à água mais

límpida e fecunda. Deste modo, espere o

melhor, prepare-se para o pior e aceite o que

vier. Porque, enquanto você não tiver

conhecido o inferno, não saberá o que é o

paraíso.”

Adaptação de três provérbios chineses e um

árabe.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS .................................................................................................viii

RESUMO ..................................................................................................................... x

ABSTRACT ................................................................................................................ xi

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 14

2.1. Gérmen integral de milho .................................................................................. 14

2.2. Importância da regulação do pH ruminal .......................................................... 16

2.3. Fornecimento de lipídios e a produção e composição do leite .......................... 19

2.4. Uso do gérmen integral de milho em rações de vacas leiteiras ........................ 26

3. OBJETIVOS .......................................................................................................... 28

4. METODOLOGIA ................................................................................................... 29

5. RESULTADOS ...................................................................................................... 35

6. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 40

7. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 48

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato

etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente

ácido (FDA), carboidratos não fibrosos (CNF) e amido do gérmen

integral de milho proveniente de diferentes publicações .................... 16

TABELA 2 – Proporção dos ingredientes das rações experimentais e seus

respectivos teores médios de material seca (MS), proteína bruta (PB),

extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em

detergente ácido (FDA), carboidratos não fibrosos (CNF), amido e

matéria mineral (MM) ......................................................................... 31

TABELA 3 – Teores médios de material seca (MS), proteína bruta (PB), extrato

etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente

ácido (FDA), carboidratos não fibrosos (CNF), amido e matéria

mineral (MM), obtidos para as três rações experimentais .................. 32

TABELA 4 – Valores médios dos consumos de matéria seca (MS), concentrado

energético (CE), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em

detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),

carboidratos não fibrosos (CNF) e amido, e dos consumos de matéria

seca e fibra em detergente neutro em percentagem do peso corporal

de vacas alimentadas com dietas contendo níveis crescentes de

substituição do milho triturado pelo gérmen integral de milho............ 36

TABELA 5 – Valores médios dos coeficientes de digestibilidade aparente da matéria

seca (MS), da proteína bruta (PB), do extrato etéreo (EE), da fibra em

detergente neutro (FDN), da fibra em detergente ácido (FDA), dos

carboidratos não fibrosos (CNF) e do amido de dietas com níveis

crescentes de substituição do milho pelo gérmen integral de milho. . 37

TABELA 6 – Valores médios de produção de leite não corrigida (PL) e corrigida para

3,5% de gordura (PLC), da eficiência de utilização da matéria seca (kg

de leite/kg de MS ingerida), e dos teores e quantidades de gordura,

proteína e lactose do leite de vacas alimentadas com dietas contendo

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ix

níveis crescentes de substituição do milho triturado pelo gérmen

integral de milho. ................................................................................ 37

TABELA 6 – Valores médios de produção de leite não corrigida (PL) e corrigida para

3,5% de gordura (PLC), da eficiência de utilização da matéria seca (kg

de leite/kg de MS ingerida), e dos teores e quantidades de gordura,

proteína e lactose do leite de vacas alimentadas com dietas contendo

níveis crescentes de substituição do milho triturado pelo gérmen

integral de milho (Conclusão). ............................................................ 38

TABELA 7 – Valores médios dos tempos de alimentação, ruminação e ócio, do

tempo total de mastigação (TMT), da eficiência de alimentação da

matéria seca (EAL), da eficiência de alimentação da fibra em

detergente neutro (EALFDN), da eficiência de ruminação da matéria

seca (ERU), da eficiência de ruminação da fibra em detergente neutro

(ERUFND), do tempo de ingestão do concentrado energético e da

eficiência de ingestão do concentrado energético de vacas

alimentadas com dietas contendo níveis crescentes de substituição do

milho triturado pelo gérmen integral de milho. ................................... 38

TABELA 8 – Valores médios do pH, da concentração de nitrogênio amoniacal

(NNH3), da concentração molar de ácidos graxos de cadeia curta

(AGCC) e da relação acetato:propionato do fluido ruminal de vacas

alimentadas com dietas contendo níveis crescentes de substituição do

milho triturado pelo gérmen integral de milho. ................................... 39

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RESUMO

Com o objetivo de avaliar a substituição do milho triturado pelo gérmen integral de

milho (GIM), nas proporções de 0, 50 e 100%, seis vacas mestiças foram

submetidas a um ensaio switchback, constituído por três períodos de 14 dias. Todas

as dietas continham relação volumoso:concentrado de 45:55, onde o volumoso foi

constituído por silagem de sorgo. A inclusão do gérmen integral de milho fez com

que a concentração dietética de extrato etéreo aumentasse de 3% para 4,2%, em

contra partida, os teores de carboidratos não fibrosos e amido reduziram, passando

de 39,6% para 35,1% nos carboidratos não fibrosos e 26,5% para 16% no amido.

Essas alterações dietéticas promovidas pela substituição do milho pelo gérmen

integral de milho não provocaram mudanças (P>0,05) no consumo de matéria seca,

no consumo de concentrado energético, no consumo de proteína bruta, no consumo

de extrato etéreo, no consumo de carboidratos não fibrosos, no consumo de fibra em

detergente neutro, na produção de leite e seus componentes, nos parâmetros do

comportamento alimentar e nos parâmetros ruminais. Da mesma forma, não foi

observada influencia (P>0,05) dessa substituição sobre todas as variáveis avaliadas

ao longo do tempo. Contudo, a inclusão de gérmen integral de milho reduziu

(P<0,05) o consumo de amido e aumentou (P<0,05) a digestibilidade da matéria

seca e dos carboidratos não fibrosos. Sendo verificado também, aumento (P<0,05)

da eficiência de ingestão do milho em relação à inclusão de gérmen. A partir disso,

verificou-se que o gérmen integral de milho pode substituir totalmente o milho

triturado na dieta de vacas em lactação.

Palavras chave: alimentação, amido, lipídios, produção de leite, subproduto

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ABSTRACT

The objective of the study was evaluating the replacement of ground corn by full fat

corn germ, in the proportions of 0, 50 and 100%. For this, six crossbred cows were

subjected to a switchback assay, constituted of three periods of 14 days. All diets

contained roughage relation concentrate 45:55, where the forage was composed of

sorghum silage. The inclusion of full fat corn germ caused the increased

concentration of dietary lipids (3, 3.6, and 4.2%), in counterpart, the levels of non-

fiber carbohydrates and starch decreased, from 39.6% to 35.1% in the non-fiber

carbohydrates and 26.5% to 16% in starch. These dietary changes promoted by

substitution of corn by full fat corn germ caused no change (P> 0.05) in dry matter

intake, in consumption of energetic concentrated, in consumption of crude protein, in

intake fat, in intake of carbohydrate non-fibrous, in consumption of neutral detergent

fiber, in milk production and its components, in the parameters of feeding behavior

and in parameters of rumen. Likewise, there was no effect (P> 0.05) of substitution

on all variables over time. However, the inclusion of full fat corn germ reduced (P

<0.05) consumption of starch, was increased (P <0.05) digestibility of dry matter and

non-fiber carbohydrates. Being also checked increase (P<0.05) of corn intake

efficiency in relation the inclusion of germ. From the foregoing it was found that the

full fat corn germ can replace fully the ground corn.

Keywords: byproduct, feeding, lipids, milk production, starch

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1. INTRODUÇÃO

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura estima

que a demanda mundial por alimentos agrícolas cresça 70% até o ano de 2050

(FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations, 2009). Esta

demanda crescente está sendo influenciada principalmente pelo aumento da renda

per capita e pelo crescimento populacional, que aumentarão, respectivamente, 211 e

34% neste mesmo período (ONU – Organization Nation United, 2011). Isto mostra a

importância do aumento da produção de alimentos, porém não faz sentido aumentá-

la utilizando insumos necessários a alimentação humana.

Neste contexto, a produção de alimentos a partir de ruminantes se

destaca, pois esses animais possuem meios para utilizar carboidratos fibrosos e

nitrogênio não protéico como fonte de energia e proteína, respectivamente.

Produzindo alimento de alta qualidade através de fontes alimentares não

competitivas com a alimentação humana. Apesar disso, o aumento da produtividade

tem mudado o perfil da alimentação fornecida às vacas leiteiras, passando de uma

dieta predominantemente a base de forragem, para outras com alta inclusão de

alimentos concentrados, principalmente grãos de milho e soja.

No Brasil, milho triturado é o principal concentrado energético da dieta de

vacas em lactação (MOREIRA LIMA et al., 2009). Porém, o crescimento da

exportação brasileira deste produto tem elevado o seu preço no mercado interno

(IICA – Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, 2010), o que

causa o aumento do custo de alimentação das fazendas leiteiras e o torna

economicamente menos competitivo como fonte de energia. Isto gera oportunidade

ao emprego de outros alimentos, principalmente subprodutos, que além de

possuírem um custo inferior, não competem com a alimentação humana.

Dentre os subprodutos, uma alternativa é o gérmen integral de milho, que

é um material obtido acessoriamente ao processo de beneficiamento do grão de

milho. Em relação à matéria prima, esse subproduto possui maiores concentrações

de proteínas, lipídios e fibras, e menores teores de carboidratos não fibrosos,

principalmente amido. Isto lhe confere característica energética, com potencial para

maximizar a ingestão calórica e minimizar a predisposição das vacas leiteiras às

variações bruscas do pH ruminal.

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Dessa forma, objetivou-se com este estudo avaliar a substituição do milho

triturado pelo gérmen integral de milho na dieta de vacas em lactação.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Gérmen integral de milho

Os grãos de milho possuem em sua matéria seca aproximadamente 9%

de proteína bruta, 4% de extrato etéreo, 10% de fibra em detergente neutro, 76% de

carboidratos não fibrosos e 74% de amido (VALADARES FILHO et al., 2006). Estes

componentes estão distribuídos de forma heterogênea em quatro estruturas físicas:

endosperma, gérmen, pericarpo e ponta. O endosperma corresponde a 82% do grão

e é constituído principalmente por amido (98%) e proteínas (74%). O gérmen

representa 11% do grão e é rico em lipídios (83%), açúcares (69%) e proteínas

(26%). Já o pericarpo e a ponta equivalem a 5% e 2% do grão de milho,

respectivamente, sendo compostos majoritariamente por fibras (PAES, 2008).

O milho pode ser industrializado através dos processos de moagem seca

ou úmida. O processamento a seco é simples e por isso o mais utilizado no Brasil,

tendo como produtos principais a canjica, o flocos, o grtiz e o fubá, sendo

subprodutos o gérmen integral de milho ou o óleo e o gérmen desengordurado. Já o

processamento úmido é bastante complexo e tem como produtos principais o amido

e o farelo de glúten de milho, tendo como subprodutos os compostos solúveis, as

fibras alimentares e o gérmen integral de milho ou o óleo e o gérmen

desengordurado (MATZ, 1991).

Na degerminação a seco o grão de milho é submetido à limpeza, à adição

de água (até 21% de umidade), á moagem em moinho de impacto ou atrito, e a

separação por peneiramento ou pelo emprego de correntes de ar, na qual ocorre a

separação do gérmen, pericarpo e ponta do endosperma pela diferença na

densidade e tamanho dessas estruturas (MATZ, 1991; GUTKOSKI et al., 1999). No

processo de extração úmida do gérmen, o grão de milho é submetido à limpeza, à

imersão em água aquecida com dióxido de enxofre, à maceração e, em seguida, a

pasta formada é degerminada por centrifugação, pois o gérmen é menos denso que

o pericarpo, a ponta e o endosperma (CRA – CORN REFINERS ASSOCIATION,

2006). A partir disso o endosperma continua no processo para obtenção dos

produtos principais e o gérmen segue para extração de óleo ou alimentação animal.

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De acordo com MOREAU et al. (2005) no processo degerminação úmida

o gérmen produzido apresenta mais de 40% de lipídios, enquanto que, no processo

de moagem á seco ele apresenta no máximo 25%. Segundo RAUSCH & BELYEA

(2006) essa discrepância se deve a ineficiência do método de extração a seco, no

qual partes do pericarpo, da ponta e do endosperma não são retiradas, resultando

em um decréscimo na concentração de lipídios.

Devido ao teor lipídico do gérmen produzido a partir do processamento

úmido, a maior parte de sua produção é destinada a extração de óleo. Enquanto que

a maior parcela do gérmen oriundo do processo de moagem a seco é utilizada na

alimentação animal (CRA, 2006). Além de possuir maior concentração de lipídios

que o milho, aproximadamente 310%, o gérmen integral de milho possui maiores

teores de proteína (70%) e fibra em detergente neutro (117%), e menores

concentrações de carboidratos não fibrosos (45%), principalmente amido (67%)

(cálculos efetuados a partir das concentrações médias do gérmen oriundo do

processamento seco, Tabela 1).

Segundo MIOTTO et al. (2009) isto lhe confere potencial para uso nas

rações de bovinos. Para MILLER et al.(2009) a principal vantagem da utilização do

gérmen integral na dieta de vacas leiteiras é a maximização da ingestão calórica,

essencial para a manutenção da produção e do escore de condição corporal desses

animais. Outra vantagem desse subproduto é a redução da concentração de

carboidratos não fibrosos da dieta, principalmente amido, o que para SANTOS et al.

(2006) e LECHARTIER & PEYRAUD (2011) pode evitar quedas bruscas no pH

ruminal e, por conseguinte, os efeitos deletérios à produção e composição do leite.

No entanto, o teor lipídico deste subproduto pode limitar a sua inclusão na

dieta de ruminantes por apresentar efeitos tóxicos aos microrganismos do rúmen,

principalmente quando na forma de ácidos graxos poliinsaturados (KOSLOZKI,

2009). Conforme BERNARDINO DE LIMA et al. (2009) e MILLER et al. (2009) a

gordura deste subproduto é altamente insaturada, composta por aproximadamente

54% de ácido linoléico (C18:2), 30% de ácido oléico (C18:1), 14% de ácido palmítico

(C16:0) e 1% de ácido linolênico (C18:3). Sendo assim, tanto a concentração quanto

a composição lipídica do gérmen integral de milho são os principais entraves para a

sua utilização na dieta de vacas lactantes.

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TABELA 1 – Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em

detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), carboidratos não fibrosos (CNF) e amido

do gérmen integral de milho proveniente de diferentes publicações

Publicação MS

(%)

PB

(%MS)

EE

(%MS)

FDN

(%MS)

FDA

(%MS)

CNF

(%MS)

Amido

(%MS)

CASTRO (2007) 83,2 12,9 15,6 21,2 4,6 46,7 -

ADBELQADER et al. (2009a) 95,0 15,8 19,9 22,8 6,0 36,0 24,2

ADBELQADER et al. (2009b) 94,0 15,8 20,0 24,5 6,5 36,0 -

CASTRO et al. (2009) 83,3 19,7 11,6 18,8 6,6 43,1 -

MIOTTO et al. (2009) 83,2 12,9 15,6 21,2 4,6 46,7 -

Média (degerminação seca) 87,7 15,4 16,5 21,7 5,7 41,7 24,2

BERNARDINO DE LIMA et al.

(2009)1 96,7 11,1 56,0 - - - -

MILLER et al. (2009)1 - 13,0 44,0 - - - -

CUSTÓDIO et al. (2010)1 95,0 11,0 55,0 - - - -

Média (degerminação úmida) 95,9 11,7 51,7 - - - -

1Gérmen integral de milho obtido pela degerminação úmida.

2.2. Importância da regulação do pH ruminal

A constante seleção genética dos rebanhos leiteiros tem aumentado

gradativamente o potencial produtivo das vacas, tornando-as cada vez mais

especializadas na produção de leite e, assim, mais exigentes nutricionalmente. Para

atender o aumento das exigências nutricionais, o perfil da dieta desses animais tem

mudado drasticamente, passando de dietas predominantemente à base de

forragem, para outras com alta inclusão de alimentos concentrados.

Em resumo, quando os ruminantes são alimentados exclusivamente com

forragens, o pH do rúmen varia de 6,5 a 7,5. Com a redução da concentração da

fibra da dieta pela inclusão de concentrados, ocorre o abaixamento do pH. Nesses

casos, os estudos in vitro revelam que a redução do pH para valores abaixo de 6,2

resulta em prejuízos sobre a digestão da fibra, abaixo de 6 ocorre a diminuição da

eficiência de síntese microbiana e abaixo de 5,8 ocorre a redução do crescimento de

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bactérias amilolíticas. Deste modo, mesmo pequenas quedas de pH típicas em

vacas leiteiras podem ser prejudiciais a síntese de proteína microbiana (STROBEL &

RUSSEL, 1986).

Segundo PALMONARI et al. (2010) o pH ruminal médio e sua variação

diária diferem consideravelmente entre as vacas e até mesmo dentro de uma

mesma vaca durante os ciclos de alimentação sucessivas. Apesar destas variações,

as vacas que tem diferentes dinâmicas de pH, podem ter semelhanças

consideráveis na composição da comunidade bacteriana. Para NAGARAJA &

TITGEMEYER (2007) isto ocorre em consequência da diferença metabólica entre as

espécies de microrganismos do ambiente ruminal. Pois a maioria dos

microrganismos tem sua atividade metabólica paralisada quando há grande

diferença entre o pH do meio e o seu pH citoplasmático. No entanto, as bactérias

acidofílicas são capazes de reduzir o pH intracelular na mesma proporção que

diminui o extracelular, mantendo um gradiente de pH entre o meio externo e o

citoplasma relativamente constante, em torno de 0,7.

Dessa forma, as espécies de bactérias que degradam fibra cessam seu

crescimento quando o pH do meio diminui a valores abaixo de 6, enquanto as

bactérias amilolíticas diminuem a taxa de crescimento, mas continuam a crescer

mesmo em pH próximos a 5. Porém, algumas espécies de bactérias (ex.

Streptococcus bovis), que em pH neutro produziam formato, acetato e etanol como

produtos metabólicos, com o decréscimo do pH do meio passam a produzir lactato

(STROBEL & RUSSEL, 1986). O acúmulo de lactato faz o pH ruminal cair mais

rapidamente, visto que esse ácido é mais forte que os outros ácidos graxos de

cadeia curta (AGCC), pois tem pKa mais baixo (3,9 vs. 4,7 – 4,9) (NAGARAJA &

TITGEMEYER, 2007).

Além disso, à medida que o pH ruminal decresce, ocorre a inibição da

população de microrganismos consumidores de lactato e realizadores da

biohidrogenação (WEIMER et al., 2010). Como resultados ocorrem reduções do

consumo de matéria seca, diminuição da digestibilidade da fibra em detergente

neutro, decréscimos da síntese de proteína microbiana e depressão da gordura do

leite (LECHARTIER & PEYRAUD, 2010).

Para manter o pH próximo a neutralidade, o rúmen possui três

mecanismos básicos de regulação, a absorção dos ácidos oriundos do processo de

fermentação, a salivação e a passagem de ácidos e outros produtos para o

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abomaso, que atuam de maneira simultânea, desempenhando maior ou menor

importância no processo de tamponamento (ALLEN, 1997). De acordo com

MAEKAWA et al. (2002) a produção de saliva é estimulada pela atividade de

mastigação, esta por sua vez é influenciada pela concentração de fibra em

detergente neutro do alimento, pelo tamanho de partícula da dieta e pela

degradabilidade ruminal da fibra. Levando em consideração esses fatores,

MERTENS (1997) propôs que são necessários pelo menos 22% de fibra em

detergente neutro efetiva (FDNe) na dieta de vacas leiteiras para que se mantenha a

atividade de mastigação, o pH ruminal acima de 6 e a percentagem de gordura do

leite. Segundo as recomendações do NRC (2001), para que se atinja essa

concentração de FDNe, são necessários que pelo menos 19% da FDN total da dieta

de vacas leiteiras sejam provenientes de forragens.

Todavia, LECHARTIER & PEYRAUD (2010) demonstraram que mesmo

em dietas que atendam os requerimentos de fibra podem ocorrer decréscimos do pH

médio e mínimo, aumento do tempo em que o pH permanece abaixo de 5,8 e

reduções do teor e produção de gordura do leite. Para que isto ocorra, basta que a

degradabilidade ruminal da matéria orgânica seja de 30% em quatro horas, o que

acarreta o aumento da produção de ácidos graxos de cadeia curta acima da

capacidade de absorção do rúmen. LECHARTIER & PEYRAUD (2011) acrescentam

que estes efeitos são agravados quando as dietas de vacas leiteiras possuam alto

teor de amido (41% da MS). Isto corrobora com as afirmações de SANTOS et al.

(2006) em que, dietas ricas em amido, com teores entre 26 e 33% da matéria seca,

predispõem o ambiente ruminal a um pH crítico à degradação da fibra e ao teor de

gordura do leite.

Para ALLEN (1997) na dieta de vacas leiteiras deve haver um ponto de

equilíbrio entre a concentração de FDN e a degradabilidade ruminal da matéria

orgânica, pois a alta concentração de fibra causa a redução da fração fermentável

no rúmen, o que pode reduzir o desempenho produtivo dos animais. Em quanto que,

a alta concentração de matéria orgânica rapidamente fermentável no rúmen pode

elevar a produção de ácidos graxos de cadeia curta acima da capacidade de

remoção do meio, levando ao decréscimo do pH ruminal e a prejuízos à produção de

leite.

Devido a isso, ANTUNES & RODRIGUEZ (2006) recomendam que devam

ser tomadas medidas para controlar o pH ruminal. Tais medidas incluem o correto

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balanceamento de carboidratos na dieta (fibrosos vs. não fibrosos), o monitoramento

do tamanho de partícula das forragens fornecidas, a adaptação gradativa do rúmen

ao aumento de concentrado na dieta e até mesmo o controle do fornecimento de

concentrado. Outra estratégia, segundo SANTOS et al. (2006), é a substituição do

amido do milho por subprodutos.

A substituição de parte do milho por subprodutos geralmente promove a

elevação do teor de fibra na dieta e mantém a adequada disponibilidade de

carboidratos degradáveis no rúmen, resultando num ecossistema ruminal mais

equilibrado, o que pode repercutir na maior produção das vacas leiteiras (NUSSIO et

al., 2002).

2.3. Fornecimento de lipídios e a produção e composição do leite

Os lipídios são compostos orgânicos insolúveis em água, mas solúveis

em solventes orgânicos, que possuem funções biológicas importantes em animais e

vegetais. Nas rações de vacas leiteiras a base de forragem os lipídios são

representados principalmente por galactolipídios e fosfolipídios, cujos quais são os

principais constituintes de membranas celulares. Quando é adicionado gordura

animal ou óleo vegetal à ração desses animais, são incluídos principalmente

triacilgliceróis, que são lipídios de reserva (CAMPBELL, 2000; NRC, 2001; SANTOS

et al., 2001; KOZLOSKI, 2009).

Os triacilgliceróis são compostos resultantes da esterificação de três

cadeias de ácidos graxos a uma molécula de glicerol. Já os galactolipídeos e os

fosfolipídios são compostos formados pela esterificação de duas cadeias de ácidos

graxos e uma molécula de galactose ou ácido fosfatídico a um glicerol. De maneira

que esses ácidos graxos podem ser saturados ou insaturados (CAMPBELL, 2000).

O fornecimento de lipídios para vacas leiteiras visa aumentar o conteúdo

energético da dieta, pois eles possuem 2,25 vezes mais energia que os

carboidratos. Assim, eles incrementam o teor energético das rações sem aumentar a

quantidade de carboidratos rapidamente fermentescíveis no rúmen, principalmente

de amido, diminuindo a predisposição dos animais à acidose ruminal (SANTOS et

al., 2001; VARGAS et al., 2002; MILLER et al., 2009).

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No rúmen os lipídios são liberados da matriz de acordo com a degradação

do alimento, posteriormente eles são hidrolisados por lípases associadas à

membrana celular microbiana, principalmente das bactérias Anaerovibrio lipolytica e

Butyrivibrio fibrisolvens (JENKINS, 1993; KOZLOSKI, 2009). Matematicamente este

processo pode ser representado pela percentagem de lipídios hidrolisados por hora,

ou seja, pela taxa de lipólise, que é um indicativo do metabolismo de lipídios no

rúmen (BEAM et al., 2000).

BEAM et al. (2000) ao avaliarem a adição de 2, 4, 6, 8 e 10% de óleo de

soja em inóculo ruminal (in vitro), observaram que a taxa de lipólise reduziu

linearmente, passando de 41,4%/h para 22,6%/h, concluindo que a taxa de lipólise é

inversamente proporcional a quantidade de lipídios do meio. Esses autores também

averiguaram que a taxa de lipólise não altera com o valor de iodo, pois ao incluírem

10% de sebo com diferentes valores de iodo (47, 50 e 53) em inóculo ruminal, não

verificaram alteração na taxa de lipólise, sendo a média de 7%/h.

Apesar disso pode-se constatar que o grau de insaturação é determinante

na taxa de lipólise, pois há uma grande diferença entre a taxa de lipólise do sebo e

do óleo de soja quando incluídos no mesmo nível (7%/h vs. 22,6%/h) (BEAM et al.,

2000). Isto demonstra uma diferença quase que proporcional ao valor de iodo do

sebo (50) e do óleo de soja (131), segundo o NRC (2001).

Após a lipólise, ocorre a liberação de glicerol, galactose, fosfato e uma

mistura de ácidos graxos de cadeia longa, saturados e insaturados. O glicerol, a

galactose e o fosfato são utilizados pelos microrganismos como fontes de energia e

mineral. Contudo os ácidos graxos não são utilizados, sendo ainda tóxicos quando

na forma insaturada (KOZLOSKI, 2009).

Nesse processo de toxidez os principais mecanismos envolvidos incluem

o recobrimento físico da fibra, os efeitos tensoativos sobre as membranas

microbianas e a diminuição na disponibilidade de cátions pela formação de sabões

(JENKINS, 1993; SILVA et al., 2007). De maneira que os microrganismos mais

suscetíveis são as bactérias, Gram positivas e metanogênicas, e os protozoários

(PALMQUIST & MATTOS, 2006). Em função disso, os ácidos graxos insaturados

são hidrogenados pela ação conjunta de bactérias, sendo as principais a Butyrivibrio

fibrisolvens e a Fusocillus sp. (POLAN et al., 1964; KEMP & LANDER, 1984;

WALLACE et al. 2006).

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O processo de biohidrogenação ocorre pela a atividade sequencial de

isomerases e redutases convertendo ambos, os ácidos linolênico (C18:3), linoléico

(C18:2) e oléico (C18:1), a esteárico (C18:0). POLAN et al. (1964) verificaram que a

prioridade da biohidrogenação é função da insaturação do ácido graxo e da sua

concentração no meio. De maneira que a hidrogenação de um isômero com menor

insaturação só será significativa quando sua concentração for maior que a do ácido

graxo mais insaturado que ele. Um exemplo é a conversão de C18:2 a ácido

esteárico, que só ocorre quando a concentração de C18:1 é superior a concentração

de C18:2.

Dessa forma, observa-se que a biohidrogenação ruminal é um

mecanismo de desintoxicação promovido pelas bactérias do rúmen. No entanto, a

capacidade de realização desse procedimento é limitada, sendo isto função da

quantidade de ácidos graxos no meio, da insaturação do ácido graxo, da fonte de

ácidos graxos, do período de adaptação das bactérias (BEAM et al., 2000), e da

quantidade de carboidratos fermentescíveis e fibra no rúmen (LOOR et al., 2004;

LOCK, 2010).

Matematicamente a biohidrogenação pode ser representada pela

percentagem de ácidos graxos hidrogenados por hora, ou seja, pela taxa

biohidrogenação, que é outro indicador do metabolismo de lipídios no rúmen. BEAM

et al. (2000) reportaram que a taxa de biohidrogenação do C18:2 é

aproximadamente duas vezes maior que no C18:1, sendo essas taxas função da

quantidade de lipídios do meio.

Ao compararem a biohidrogenação do C18:2 em níveis de 2,4,6,8 e 10%

de óleo de soja ou de um composto de ácido linoléico em inoculo ruminal, BEAM et

al. (2000) constataram redução linear na hidrogenação do C18:2 a medida que se

incluiu lipídios, resultando em uma redução de 12%/h para 8%/h no óleo de soja e

de 12%/h para 6%/h no composto de ácido linoléico. Esses autores também

compararam a taxa de biohidrogenação do C18:2 do óleo de soja, do óleo de

canola, do composto de ácido linoléico e do sebo com diferentes valores de iodo (47,

50 e 53), no nível de 10% de inclusão de lipídios, reportando que houve uma

redução na taxa de biohidrogenação desse ácido graxo no óleo de canola e no

composto de ácido linoléico.

Ao realizar os testes supra relatados na taxa de hidrogenação do C18:1,

BEAM et al. (2000) não observaram alteração desta em função do nível de inclusão,

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porém eles verificaram diferenças entre a hidrogenação do C18:1 proveniente do

composto de ácido linoléico e do óleo de soja, 2%/h vs. 5%/h, respectivamente,

evidenciando que ocorre uma inibição da enzima linoleato izomerase pelo aumento

da concentração de ácido linoléico. Porém, de acordo com POLAN et al. (1964) a

redução na taxa de biohidrogenação do C18:1 está mais relacionada com a maior

concentração de C18:2, pois somente com a redução da concentração do C18:2 a

hidrogenação do C18:1 passará a aumentar.

Em relação ao período de adaptação das bactérias, BEAM et al. (2000)

reportaram que parece haver uma adaptação dos microrganismo do rúmen em

relação à inclusão de lipídios, pois verificaram aumento das taxas de lipólise e

biohidrogenação com o passar dos dias de incubação. Já as quantidades de

carboidratos fermentescíveis e fibra no rúmen, também alteram a taxa de

biohidrogenação, isto porque quando ocorre o aumento de CNF e a redução da fibra

na dieta de vacas em lactação, o pH ruminal tende diminuir, inibindo o crescimento

de bactérias fibrolíticas. Estas por sua vez são os principais microrganismos que

hidrogenam os ácidos graxos insaturados, causando o acúmulo de intermediários do

C18:2 no rúmen (LOOR et al., 2004; LOCK, 2010).

De acordo com BAUMAN & GRIINARI (2003) a quantidade de ácidos

graxos, o tipo de cadeia dos ácidos graxos e a redução do pH ruminal, além

provocarem reduções nas taxas de lipólise e biohidrogenação, provocam alterações

nos intermediários do processo de biohidrogenação, passando a formar trans-10,cis-

12 C18:2 e o trans-10 C18:1. Segundo SHINGFIELD et al. (2009) esses isômeros

são responsáveis pela depressão da gordura do leite, pois ao infundirem, durante

cinco dias, 6g/d de trans-10,cis-12 C18:2 ou 92g/d de trans-10 C18:1 no duodeno

de vacas leiteiras, foram observadas reduções na produção de gordura do leite em

41,5% e 19,5%, respectivamente.

Dessa forma, a depressão da concentração e produção de gordura do

leite é afetada pela incompleta biohidrogenação dos ácidos graxos insaturados no

ambiente ruminal, que permite a passagem dos isômeros trans-10, cis-12 C18:2 e

de trans-10 C18:1, que na glândula mamária diminuem a expressão do gene

lipogênico e a atividade da enzima acyl transferase. Ambos estão envolvidos nas via

bioquímicas de síntese “de novo” ácido graxo, o que diminui o teor e a produção de

gordura do leite (BAUMAN & GRIINARI, 2003).

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Devido a toxidez dos ácidos graxos insaturados aos microrganismos do

rúmen, podem ocorrer efeitos negativos sobre a digestibilidade da celulose, sendo

observada também redução na produção de metano, hidrogênio e ácidos graxos de

cadeia curta, incluindo a redução da relação acetato:propionato (JENKINS, 1993).

Segundo os relatos de VARGAS et al. (2002), a redução na digestão da fibra

aumenta o tempo de retenção da digesta no trato gastro intestinal dos ruminantes,

acarretando a depressão do consumo de matéria seca.

Contudo, BATEMAN & JENKINS (1998) reportaram redução linear do

consumo de matéria seca sem haver efeito negativo à digestibilidade e a

degradabilidade da matéria seca e da fibra em detergente neutro nos níveis de 1,47;

2,98; 4,96; 6,01; e 8,35% de ácidos graxos provenientes do óleo de soja em dietas

isofibra em detergente ácido de vacas secas (30% FDA na MS). Outra observação

interessante desses autores foi que houve redução linear da digestibilidade dos

ácidos graxos, passando de 91,1% no primeiro tratamento para 59,4% no último.

HARVATINE & ALLEN (2006c) constataram reduções do consumo de

matéria seca quando foram incluídos 2,5% de ácidos graxos, saturados,

intermediários e insaturados, na dieta de vacas leiteiras (8% de ácidos graxos na

MS). Reportando também que houve redução no consumo dos animais devido ao

nível de insaturação dos ácidos graxos, verificando-se valores inferiores à medida

que se incluiu lipídios insaturados. Todavia, nesse mesmo estudo, HARVATINE &

ALLEN (2006b) não verificaram efeito deletério do teor de gordura, independente da

insaturação, sobre a digestibilidade no trato total da MS, da FDN e do amido,

havendo apenas uma redução na digestão ruminal desses componentes

nutricionais, que posteriormente, foi compensada na digestão pós ruminal.

Com os resultados de BATEMAN & JENKINS (1998) e HARVATINE &

ALLEN (2006b; 2006c) verifica-se que a redução do consumo ainda não está bem

entendida. Para ALLEN (2000), a inclusão de lipídios na dieta de ruminantes parece

comprometer o consumo por fatores metabólicos que controlam a ingestão de

alimentos, sendo os mais aceitos a inibição do esvaziamento do trato gastro

intestinal causado pela colecistoquinina e a sinalização da saciedade causada pelo

aumento da taxa de oxidação de ácidos graxos no fígado.

A preocupação com a diminuição do consumo se deve em virtude de que

sua variação explica cerca de 60 a 90% do desempenho animal (MERTENS, 1987).

Deste modo a redução do consumo pode reduzir ou até mesmo eliminar as repostas

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positivas sobre a produção de leite causada pela inclusão de lipídios na dieta de

vacas leiteiras. Contudo, ao compilar os dados de 20 publicações, JENKINS (1998)

verificou que independente da resposta sobre o consumo, houve aumento de 3,5 Kg

de leite por dia quando os teores de lipídios adicionados variaram entre 1,5 e 6,8%

da matéria seca da dieta.

DUARTE et al. (2005) observaram aumento de 2,2 kg de leite com a

inclusão de 2,66% de extrato etéreo oriundo de gordura protegida na dieta de vacas

leiteiras (6,29% de EE na MS). Já SANTOS et al. (2001) não verificaram alterações

da produção de leite de vacas leiteiras em função da inclusão de óleo ou grãos de

soja em dietas com 7% de extrato etéreo na matéria seca.

No entanto, HARVATINE & ALLEN (2006a) constataram reduções na

produção de leite e no teor e produção de gordura do leite quando foram incluídos

2,5% de ácidos graxos, saturados, intermediários e insaturados, na dieta de vacas

leiteiras (8% de ácidos graxos na MS). Reportando também que houve redução na

produção de leite dos animais devido ao nível de insaturação dos ácidos graxos,

verificando-se valores inferiores à medida que se incluiu lipídios insaturados. A partir

de várias observações como essas, o NRC (2001) propôs que o teor de extrato

etéreo das rações de vacas leiteiras não ultrapasse 7% da MS, evitando assim

prejuízos à produção de leite.

A variabilidade das respostas observadas na produção de leite levou

JENKINS (1998) a sugerir que a resposta da inclusão de lipídios possui três fases.

Na primeira fase a percentagem de lipídios adicionada na dieta de vacas em

lactação provocaria aumento da produção de leite, na segunda a percentagem de

lipídios adicionada não provocaria alteração na produção, e na terceira fase a

quantidade de lipídios adicionada provocaria redução da produção de leite.

As principais formas de estimar a quantidade de lipídios a serem

fornecidos para vacas leiteiras levam em consideração a energia metabolizável da

ração, a quantidade de lipídios excretada no leite e o teor de fibra da dieta. Segundo

os relatos de KRONFELD (1982), para que a produção de leite tenha máxima

eficiência, cerca 16% da energia metabolizável deve ser oriunda de ácidos graxos.

Para PALMQUIST et al. (1993) a quantidade de lipídios a serem adicionados às

dietas de vacas leiteiras é resultado da diferença entre o quanto é excretado e o

quanto é fornecido na ração basal.

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Outro modelo para estimar a quantidade de lipídios a serem fornecidos

para vacas leiteiras foi proposto por JENKINS (1998). Esse modelo leva em

consideração a relação entre os consumos de ácidos graxos insaturados e de fibra

em detergente ácido, onde as relações de até 0,05 tendem a aumentar a produção

de leite, sendo observadas respostas negativas a partir disso. No entanto, ele não

prediz a quantidade total de lipídios, mas sim o quanto de lipídios livres poderá ser

fornecido. Portanto, após calcular a quantidade de lipídios que devem ser

suplementados, calcula-se a quantidade de lipídios livres podem ser adicionados

pela fórmula proposta por JENKINS (1998):

A diferença entre o que será suplementado e a suplementação na forma

livre é a quantidade lipídios que deverão ser fornecidos na forma inerte. Assim

segundo JENKINS (1998) se obtêm resultados positivos da suplementação lipídica

sobre a produção de leite.

No teor de proteína do leite, a inclusão de lipídios geralmente provoca

efeitos negativos, principalmente na fração de caseína. Apesar disso, o mesmo não

acontece com a produção deste componente, sendo isso apenas um efeito de

diluição causado pelo aumento da produção de leite (NRC, 2001). Entretanto, se

ocorrer à inclusão de lipídios em uma quantidade que possa causar redução do

crescimento microbiano, a produção de proteína do leite poderá ser reduzida, pois

serão diminuídas as quantidades de animoácidos que chegam à glândula mamária,

e assim, a deficiência de um ou mais aminoácidos impedirá a formação de proteína

do leite (SANTOS et al., 2001).

Ao analisar os resultados de HARVATINE & ALLEN (2006a) pode-se

constatar que as inclusões de lipídios em até 2,5% de ácidos graxos na matéria seca

da dieta de vacas leiteiras (8% de ácidos graxos total, independente da insaturação),

não promovem alterações no teor e na produção de proteína do leite. Efeitos

semelhantes são encontrados no trabalho de DUARTE et al. (2005) que mesmo ao

observarem aumento na produção de leite com a inclusão de 2,66% de extrato

etéreo (6,29% de EE da MS) oriundo de gordura protegida, não verificaram

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alterações nas concentrações de proteína total e caseína, e na produção de proteína

do leite.

Em outros parâmetros da composição do leite, SANTOS et al. (2001)

averiguaram que a inclusão de lipídios não altera os teores de lactose, sólidos totais,

sólidos desengordurados, crioscopia, acidez e densidade do leite, quando é

fornecido até 4% de EE (7% EE na MS) oriundo de óleo ou grão de soja na dieta de

vacas lactantes.

2.4. Uso do gérmen integral de milho em rações de vacas leiteiras

Em trabalho com a inclusão de 0, 7, 14 e 21% de gérmen integral de

milho em substituição ao farelo de soja e ao milho moído em dietas de vacas

lactantes (4,8; 5,9; 7,1 e 8,2% de extrato etéreo na matéria seca da dieta),

ADBELQADER et al. (2009a) observaram efeito quadrático sobre o consumo de

matéria seca, produção e composição do leite. Dessa forma, eles concluíram que o

gérmen integral de milho (19,9% de EE) pode ser incluído em até 14% da matéria

seca da dieta de vacas leiteiras.

Outra constatação importante de ADBELQADER et al. (2009a) foi que o

aumento de gérmen integral de milho na dieta das vacas proporcionou maiores

concentrações de cis-9, trans-11 CLA no leite. Segundo KOZLOSKI (2009) o ácido

linoléico conjugado tem várias funções fisiológicas importantes e benéficas à saúde

humana, incluindo efeitos anticarcinogênicos, antiteratogênicos, imunoestimulantes,

entre outras.

MILLER et al. (2009) ao incluírem gérmen integral de milho (44% de EE)

na dieta de vacas leiteiras na proporção de 3,64% da matéria seca (5,3% de EE),

não detectaram alterações no consumo de matéria seca, e na produção de leite e

seus componentes. Sendo evidenciado, também, aumento no teor de ácidos graxos

insaturados do leite, inclusive de CLA.

Em outro trabalho ADBELQADER et al. (2009b) compararam a inclusão

de gérmen integral de milho (20% de EE) contra a inclusão de gordura inerte (2,5%),

num total de 6% extrato etéreo da matéria seca da dieta de vacas leiteiras. Ao final,

eles concluíram que o gérmen integral de milho pode ser usado com uma fonte de

gordura parcialmente protegida, pois não alterou o consumo de matéria seca e nem

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a produção e composição do leite. Sendo mais uma vez comprovado que o gérmen

integral de milho promoveu o incremento de CLA no leite.

Ao testar níveis crescentes de lipídios suplementares (0; 0,5; 1; 1,5; e 2%,

totalizando teores de extrato etéreo de 3,2; 3,7; 4,2; 4,7; e 5,2% da matéria seca)

oriundos do gérmen integral de milho na dietas de vacas leiteiras, MACHADO et al.

(2012) verificaram aumento linear na produção de leite e de proteína do leite. Em

contrapartida, observaram redução do teor de gordura do leite, porém sem haver

alteração da produção desse componente.

Com o exposto, verifica-se que o gérmen integral de milho é um

subproduto que pode contribuir para a manutenção da estabilidade do pH ruminal

pela redução dietética dos carboidratos não fibrosos, principalmente do amido.

Maximizar a ingestão calórica pelo seu teor de lipídios. E ainda, promover o aumento

de CLA no leite. No entanto, são escassos os trabalhos que relatam a qualidade

nutricional e os níveis de inclusão na dieta de vacas leiteiras, havendo a

necessidade de mais estudo para que seja usado corretamente.

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3. OBJETIVOS

Objetivou-se com esta experimentação estudar os efeitos da substituição

parcial e total do milho triturado pelo gérmen integral de milho na dieta de vacas

mestiças em lactação, avaliando:

- O consumo de matéria seca;

- O consumo de concentrado energético;

- A digestibilidade aparente;

- A produção e composição do leite;

- O comportamento alimentar;

- O comportamento ingestivo de concentrado; e

- Os parâmetros ruminais.

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4. METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido na Fazenda da Escola de Veterinária e

Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. Utilizou-se seis vacas mestiças, ½

sangue holandês x jersey, distribuídas em um ensaio switchback, constituído por

três períodos de 14 dias, cujos tratamentos foram definidos pela substituição do

milho triturado pelo gérmen integral de milho nas proporções de 0, 50 e 100%.

Esses animais foram alojados em baia coletiva do tipo loose housing,

equipadas com comedouro e bebedouro, e no inicio do experimento apresentavam

460±55 kg de peso corporal, produção de 23±4 kg de leite/dia e 80±10 dias em

lactação. As rações experimentais foram formuladas para vacas em lactação com

490 kg de peso corporal, produzindo 25 kg de leite com 3,8% de gordura, 3,3% de

proteína e 80 dias em lactação, utilizando o NRC (2001). Na Tabela 2 são

apresentadas a proporção e a composição bromatológica dos ingredientes das

rações experimentais, e na Tabela 3 pode ser visualizada a composição

bromatológica das rações experimentais.

A alimentação foi constituída por uma ração basal mais um concentrado

energético. A ração basal composta por 60% de silagem de sorgo, 22% de casca de

soja e 18% de concentrado protéico, foi fornecida diariamente às 8h da manhã, após

a pesagem e mistura manual dos ingredientes, sempre ajustando as sobras para

que ficassem entre 5 e 10% do oferecido. Já o concentrado energético (milho,

gérmen+milho e gérmen), que continha 0,2% de dióxido de titânio, foi fornecido

individualmente logo após as ordenhas, na dose de 5,5 Kg por animal/dia.

Os ingredientes das rações foram amostrados do 11º ao 13º dia e, as

sobras e as fezes amostradas do 12º ao 14º dia de cada período. As fezes foram

coletadas diretamente da ampola retal as 6 e 10 horas no primeiro dia, as 8 e 12

horas no segundo dia e as 10 e 14 horas no terceiro dia. Ao final dos períodos

experimentais as amostras foram reunidas formando-se uma amostra composta

animal/período. Essas por sua vez, foram secas em estufa de ventilação forçada, a

55°C por 72 horas, e moídas em moinho tipo Willey (Willey Mill; Arthurn H. Thomas,

Philadelphia, PA), parte a 1 mm e outra a 2 mm.

As amostras moídas a 1 mm foram utilizadas nas análises da composição

bromatológica. Nas determinações de matéria seca (MS), proteína bruta (PB),

matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE) seguiu-se as metodologias da AOAC

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(1990). Na determinação de amido usou-se o método proposto por BACH

KNUDSEN (1997). Nas determinações fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em

detergente ácido (FDA) adaptou-se o método de VAN SOEST et al. (1991) ao

sistema de digestão fechada, assim como o realizado por BERCHIELLI et al. (2001)

e VALENTE et al.( 2011), sendo incluídos o sulfito de sódio e a amilase termoestável

(Novozymes, Termamyl 2X) na determinação de FDN. Àpos essas análises efetuou-

se o cálculo do teor de carboidrato não fibroso (CNF) a partir da equação proposta

por HALL (2000):

CNF = MS – ((PB – PBuréia) + EE+ FDN + MM)

Em que: CNF é igual ao teor de carboidratos não fibrosos; MS é igual a

100; PB é igual ao teor de proteína bruta; PBuréia é igual ao teor de proteína bruta

oriunda da mistura uréia mais sulfato de amônia; EE é igual ao teor extrato etéreo;

FDN é igual ao teor de fibra em detergente neutro; MM é igual ao teor de matéria

mineral.

O consumo de matéria seca foi estimado utilizando-se o método de dois

indicadores, onde a fibra em detergente ácido indigestível (FDAi) foi utilizada para

estimar o consumo de matéria seca da ração basal e o dióxido de titânio foi utilizado

para a estimativa da excreção fecal, assim como realizado por FERREIRA et al.

(2009):

CMS (kg/dia) = [((excreção fecal * concentração de FDAi nas fezes) – consumo de FDAi via concentrado) / concentração de FDAi na ração basal] + consumo de matéria seca de

concentrado.

A concentração de fibra em detergente ácido indigestível foi obtida a partir

das amostras moídas a 2 mm. Onde seis gramas de amostra dos ingredientes das

rações, das sobras e das fezes foram acondicionados em sacos de poliamida

(14x7cm com porosidade de 50 µm), previamente secos e pesados, e incubados em

triplicata por 264 horas no rúmen de dois novilhos da raça nelore (CASALI et al.,

2008). Após a incubação, os sacos foram retirados do rúmen e lavados em máquina

automática até o total clareamento da água. Posteriormente, eles foram secos em

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estufa de ventilação forçada a 55°C por 72h, e pesados. Esses resíduos foram

submetido à determinação de FDA e, assim, considerados como FDAi.

TABELA 2 – Proporção dos ingredientes das rações experimentais e seus respectivos teores médios

de material seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN),

fibra em detergente ácido (FDA), carboidratos não fibrosos (CNF), amido e matéria mineral (MM)

Ingredientes

Silagem de sorgo

Casca de soja Concentrado

Protéico1

Gérmen integral

de milho

Milho

triturado

Rações

0% G3 45 16 13 - 26

50% G3 45 16 13 13 13

100% G3

45 16 13 26 -

Composição

MS (%) 28,0 92,5 93,0 93,8 94,3

PB (%MS) 7,8 11,2 50,8 10,8 9,3

EE (%MS) 2,3 1,8 1,5 10,4 5,6

FDN (%MS) 55,1 65,2 19,9 22,0 11,2

FDA (%MS) 36,3 51,4 10,3 7,5 4,2

CNF (%MS) 30,8 18,9 29,6 54,8 72,9

Amido (%MS) 15,1 3,0 4,6 30,8 72,0

MM (%MS) 4,0 2,9 15,1 2,2 1,0

1Composição do concentrado protéico: 79% farelo de soja; 9% premix mineral

2; 6% ureia+sulfato

de amônia; 6% calcário calcítico 2Premix contendo: 14% Ca, 8% P, 2% Mg, 22% Cl, 14% Na, 2,5% S, 100mg/kg Co, 1500mg/kg Cu,

150mg/kg I, 1000mg/kg Fe, 1250mg/kg Mn, 25mg/kg Se e 3500mg/kg Zn. 3Inclusão de gérmen integral de milho em percentagem

O teor de dióxido de titânio foi determinado nas amostras de fezes e

concentrado energético, seguindo a metodologia proposta por MYERS et al. (2004).

As amostras (0,5 g) foram digeridas por 2 horas, a 420ºC, em tubos de borossilicato

(Ø 50 x 350 mm). Após a digestão, 10 mL de H2O2 (30%) foram adicionados e o

material do tubo transferido para um béquer que foi completado com água destilada

até 100 g. Logo após esse procedimento, o material do béquer foi transferido para

balões volumétricos e mais três gotas de H2O2 (30%) adicionadas. Na digestão

foram utilizados 13 mL de ácido sulfúrico, 3,5 g de sulfato de potássio e 0,4 g de

sulfato de enxofre. As leituras foram realizadas em espectrofotômetro (SPECTRUM

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20000 uv) ajustado ao comprimento de onda de 410 nm e as concentrações

determinadas a partir de uma curva padrão de 0, 2, 4, 6, 8 e 10 mg de TiO2.

A excreção fecal foi obtida de acordo com a fórmula proposta por LE DU

& PENNING (1982):

Excreção fecal (g/dia) = g de dióxido de titânio consumido / concentração de dióxido de titânio nas fezes

Conhecendo-se o consumo e a excreção fecal de MS, PB, EE, FDN, FDA

e amido, foram calculadas as suas respectivas digestibilidades.

TABELA 3 – Teores médios de material seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em

detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), carboidratos não fibrosos (CNF), amido e

matéria mineral (MM), obtidos para as três rações experimentais

0% G

1 50% G

1 100% G

1

MS (%) 63,9 63,9 63,9

PB (%MS) 14,3 14,5 14,7

EE (%MS) 3,0 3,6 4,2

FDN (%MS) 40,8 42,1 43,5

FDA (%MS) 27,0 27,4 27,8

CNF (%MS) 39,6 37,3 35,0

Amido (%MS) 26,5 21,2 16,0

MM (%MS) 4,5 4,6 4,8

1 Inclusão de gérmen integral de milho em percentagem

As ordenhas foram realizadas às 6h e às 15h30min, sendo a produção

individual registrada a cada dois dias, e consecutivamente do 12º ao 14º dia. Para

determinação da composição do leite, foram tomadas amostras proporcionais à

produção individual por ordenha nos mesmos dias em que se mensurou a produção.

Essas amostras foram conservadas com bromopol, refrigeradas, e posteriormente

analisadas no Laboratório de Qualidade do Leite, do Centro de Pesquisa em

Alimentos, da Escola de Veterinária e Zootecnia, para determinação de gordura,

proteína e lactose. A estimativa da produção de leite corrigida (PLC) para 3,5% de

gordura foi realizada pela equação proposta por GAINES (1928):

PLC = [(0,432 + 0,1625 x % gordura do leite) x produção de leite em kg/dia]

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A avaliação do comportamento alimentar foi realizada do 10º ao 11º dia

de cada período experimental. As vacas foram observadas a cada cinco minutos,

durante 24 horas (inclusive durante as ordenhas), determinando-se os tempos

despendidos com alimentação, ruminação e ócio (MAEKAWA et al., 2002). A partir

disso, calculou-se o tempo de mastigação total por dia (TMT), a eficiência de

alimentação (EAL), a eficiência de alimentação por kg de FDN (EALFDN), a eficiência

de ruminação (ERU) e a eficiência de ruminação por kg de FDN (ERUFDN), de acordo

com os procedimentos descritos por BÜRGER et al. (2000). Os tempos de ingestão

dos concentrados energéticos foram avaliados individualmente a cada dois dias,

cronometrando-se o tempo para que os animais ingerissem todo o concentrado ou

até que cessassem o consumo. Caso as vacas não ingerissem todo o concentrado

energético, as sobras eram secas em microondas e pesadas, para que se obtivesse

o consumo em kg/min.

No 11º dia de cada período experimental, amostras do fluído ruminal

foram coletadas por sonda esofágica, duas horas após a alimentação da manhã,

para avaliação do pH e das concentrações de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC)

e nitrogênio amoniacal. Aproximadamente 200 mL de líquido ruminal foram retirados

e transferidos para um béquer. Posteriormente, essa amostra era filtrada mediante

adaptação de um tecido de algodão e dividida em três alíquotas. Logo após a coleta,

em uma das alíquotas foi determinado o pH em potenciômetro digital. As demais

alíquotas foram acidificadas (5 mL de ácido fosfórico a 25% nas alíquotas usada

para determinações de AGCC e 0,5 mL de ácido sulfúrico V1:1 nas amostras

destinadas a determinação de nitrogênio amoniacal) e cogeladas a – 20 ºC. A

determinação de AGCC foi realizada por cromatografia seguindo a metodologia de

ERWIN et al. (1961). A determinação do nitrogênio amoniacal foi feita usando a

técnica de Kjeldahl, de acordo com a metodologia descrita por FENNER (1965).

As avaliações do peso corporal e do escore de condição corporal foram

realizadas no primeiro e no último dia de cada período experimental. O peso

corporal foi obtido pela pesagem dos animais após a ordenha da manhã. A

avaliação do escore de condição corporal foi feita sempre pelo mesmo avaliador,

usando uma escala de 1 a 5 pontos, de modo que 1 representa vacas muito magras

e 5 vacas excessivamente gordas, classificadas a intervalo de 0,25 ponto, de acordo

com WILDMAN et al. (1982).

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Os dados foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o

procedimento de modelos lineares (PROC GLM) do pacote estatístico do SAS®

(SAS Institute, 2000), adotando o nível de significância de 5% (P<0,05) para a

aceitação ou rejeição do teste de hipóteses, sendo discutidas as tendências

(P<10%). Para a análise dos dados do consumo, da digestibilidade, do

comportamento alimentar, dos parâmetros ruminais e da produção e composição do

leite seguiu-se o modelo sugerido por SANDERS & GAYNOR (1987):

Yijk = µ + Ai + Pj*Ai + Pj + Tk + eijk

Em que: Yijk são as variáveis observadas; µ é a média geral; Ai é o efeito

do animal; Pj*Ai é o efeito da interação entre o período e o animal; Pj é o efeito do

período; Tk é o efeito do tratamento; e eijk são os erros associados as observações

Yijk.

Já para a análise dos dados de produção e composição do leite, e

consumo e comportamento ingestivo do concentrado energético ao longo do

experimento usou-se uma adaptação do modelo proposto por SANDERS &

GAYNOR (1987):

Yijk = µ + Dx + Ai(Dx) + Pj*Ai(Dx) + Pj(Dx) + Tk(Dx) + eijk

Em que: Yijk são as variáveis observadas; µ é a média geral; Dx é o efeito

do dia de observação; Ai(Dx) é o efeito do animal dentro do dia; Pj*Ai(Dx) é o efeito

da interação entre o período e o animal dentro do dia; Pj(Dx) é o efeito do período

dentro do dia; Tk(Dx) é o efeito do tratamento dentro do dia; e eijk são os erros

associados as observações Yijk.

Após a análise de variância utilizou-se a declaração LSMEANS para

calcular os quadrados mínimos dos tratamentos, padronizando-se o erro e o nível de

probabilidade para a hipótese com a declaração STDERR. Posteriormente inseriu-se

a declaração TDIFF que produz valores de t para todas as hipóteses e, impedindo o

ajuste para comparações múltiplas com a declaração ADJUST = t.

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5. RESULTADOS

A proporção dos ingredientes das rações experimentais e suas

respectivas composições podem ser visualizadas na Tabela 2. Observou-se que o

gérmen integral de milho possui teores médios de PB, EE e FDN superiores aos do

milho triturado, em 16, 86 e 96% respectivamente. Em contrapartida, os teores

médios de carboidratos não fibrosos e amido foram inferiores aos do milho triturado

em 25 e 57%, respectivamente.

A composição bromatológica das rações experimentais encontra-se

descrita na Tabela 3. Verificou-se que a substituição do milho triturado pelo gérmen

integral de milho aumentou os teores de FDN e EE das rações em 3 e 20% na

substituição parcial e, 7 e 40% na substituição total, respectivamente. Em

contrapartida, as concentrações de CNF e amido reduziram 6 e 20% na substituição

parcial e, 12 e 40% na substituição total do milho triturado, respectivamente.

Os valores médios referentes aos consumos diários de MS, CE, PB, EE,

FDN, CNF, FDA e amido, expressos em Kg/dia e de MS e FDN, expressos em

porcentagem do peso corporal são apresentados na Tabela 4. Os consumos de MS,

CE, PB, EE, FDN e FDA não foram alterados (P>0,05) pela substituição do milho

triturado pelo gérmen integral de milho. A ingestão de CNF tendeu a diminuir

(P<0,10) 12,5% na substituição parcial e 22,6% na substituição total do milho. Já a

ingestão de amido diminuiu (P<0,05) 25% na substituição parcial e 48% na

substituição total do milho. Nos consumos de MS e FDN expressos em porcentagem

do peso corporal não foram verificadas alterações (P>0,05). Da mesma forma a

ingestão média de concentrado energético e o consumo ao longo dos dias não

foram alterados (P>0,05), entre e dentro dos tratamentos.

Os coeficientes de digestibilidade aparente totais da MS, PB, EE, FDN,

CNF, FDA e amido encontram-se na Tabela 5. Os coeficientes de digestibilidade da

MS e dos CNF aumentaram (P<0,05) em 5,6 e 9% na substituição parcial e, 8,2 e

14% na substituição total do milho triturado. Houve também tendência de aumento

(P<0,10) no coeficiente de digestibilidade da PB. Em relação ao outros componentes

nutricionais, não houve alterações (P>0,05) de suas digestibilidades pela

substituição do milho triturado.

A produção e a composição do leite, a eficiência alimentar e seus

respectivos coeficientes de variação são encontrados na Tabela 6. A produção de

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leite não corrigida e corrigida para 3,5% de gordura, os teores e produções de

gordura, proteína e lactose do leite, e a eficiência de utilização da matéria seca das

vacas não foram influenciadas (P>0,05) pela substituição do milho triturado pelo

gérmen integral de milho. Em relação às avaliações ao longo dos dias, a produção e

a composição do leite foram iguais (P>0,05), entre e dentro dos tratamentos.

TABELA 4 – Valores médios dos consumos de matéria seca (MS), concentrado energético (CE),

proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido

(FDA), carboidratos não fibrosos (CNF) e amido, e dos consumos de matéria seca e fibra em

detergente neutro em percentagem do peso corporal de vacas alimentadas com dietas contendo

níveis crescentes de substituição do milho triturado pelo gérmen integral de milho.

0% G1 50% G

1 100% G

1 CV%

Valor de

P2

Consumo, Kg/d

MS 19,04 17,61 16,65 11,79 0,49

CE 5,01 4,55 4,50 6,45 0,17

PB 2,73 2,55 2,44 12,44 0,51

EE 0,58 0,63 0,70 14,24 0,30

FDN 7,77 7,43 7,27 11,92 0,75

FDA 5,15 4,82 4,64 11,91 0,52

CNF 7,51 6,57 5,81 11,31 0,10

Amido 4,99a

3,72b

2,60c

11,04 0,009

Peso corporal, Kg 486 472 482 2,27 0,32

Consumo, % do PV

MS 3,94 3,84 3,49 12,77 0,46

FDN 1,61 1,62 1,52 12,91 0,78

CV – coeficiente de variação; P – probabilidade. 1Nível do milho triturado pelo gérmen integral de milho.

2Valor de P≤0,05 demonstra diferença entre os tratamentos pelo teste t.

O comportamento alimentar, as eficiências de alimentação e ruminação, o

comportamento ingestivo do concentrado energético e os coeficientes de variação,

encontram-se na Tabela 7. Não foi constatado efeito (P>0,05) da substituição do

milho pelo gérmen integral de milho sobre os tempos de ruminação, ócio e tempo

total de mastigação, porém o tempo despendido com a alimentação tendeu a ser

superior (P<0,10) quando o milho foi totalmente substituído pelo gérmen integral de

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milho. Nas eficiências de alimentação e ruminação da MS e FDN não foram

verificadas alterações (P>0,05) pela substituição do milho. No comportamento

ingestivo do concentrado energético, os tempos de ingestão não foram alterados

(P>0,05), porém os animais ingeriram maior (P<0,05) quantidade de milho por

minuto, fazendo com que a ingestão de milho fosse mais eficiente do que a de

gérmen. Entretanto, nas avaliações da eficiência de ingestão de concentrado

energético ao longo dos dias, não foram encontradas essas diferenças (P>0,05).

TABELA 5 – Valores médios dos coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (MS), da

proteína bruta (PB), do extrato etéreo (EE), da fibra em detergente neutro (FDN), da fibra em

detergente ácido (FDA), dos carboidratos não fibrosos (CNF) e do amido de dietas com níveis

crescentes de substituição do milho pelo gérmen integral de milho.

0% G1 50% G

1 100% G

1 CV%

Valor de

P2

Digestibilidade, %

MS 52,98c 55,93

b 57,35ª 0,70 0,001

PB 53,28 55,59 59,92 4,23 0,06

EE 73,30 78,96 82,21 9,72 0,37

FDN 45,43 46,45 45,66 3,82 0,72

FDA 40,20 40,82 43,62 9,44 0,51

CNF 65,98c 71,94

b 75,44

a 1,04 <0,001

Amido 89,55 87,34 87,37 2,02 0,28

CV – coeficiente de variação; P – probabilidade. 1Nível do milho triturado pelo gérmen integral de milho.

2Valor de P≤0,05 demonstra diferença entre os tratamentos pelo teste t.

TABELA 6 – Valores médios de produção de leite não corrigida (PL) e corrigida para 3,5% de gordura (PLC), da eficiência de utilização da matéria seca (kg de leite/kg de MS ingerida), e dos teores e quantidades de gordura, proteína e lactose do leite de vacas alimentadas com dietas contendo níveis crescentes de substituição do milho triturado pelo gérmen integral de milho.

0% G1 50% G

1 100% G

1 CV%

Valor de

P2

Produção, Kg/d

PL 22,86 22,40 22,62 2,33 0,54

PLC 3,5% 23,78 23,69 23,42 2,63 0,72

Gordura 0,863 0,853 0,843 5,21 0,83

Proteína 0,757 0,731 0,729 3,16 0,32

Lactose 1,040 1,029 1,023 1,89 0,54

Continua

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TABELA 7 – Valores médios de produção de leite não corrigida (PL) e corrigida para 3,5% de gordura (PLC), da eficiência de utilização da matéria seca (kg de leite/kg de MS ingerida), e dos teores e quantidades de gordura, proteína e lactose do leite de vacas alimentadas com dietas contendo níveis crescentes de substituição do milho triturado pelo gérmen integral de milho (Conclusão).

Eficiência MS

Kg de leite/ Kg de MS 1,20 1,31 1,35 7,56 0,24

Composição, %

Gordura 3,78

3,85

3,76

7,47 0,90

Proteína 3,31

3,27 3,23 1,26 0,14

Lactose 4,56 4,60 4,55 1,62 0,60

CV – coeficiente de variação; P – probabilidade. 1Nível do milho triturado pelo gérmen integral de milho.

2Valor de P≤0,05 demonstra diferença entre os tratamentos pelo teste t.

TABELA 8 – Valores médios dos tempos de alimentação, ruminação e ócio, do tempo total de

mastigação (TMT), da eficiência de alimentação da matéria seca (EAL), da eficiência de alimentação

da fibra em detergente neutro (EALFDN), da eficiência de ruminação da matéria seca (ERU), da

eficiência de ruminação da fibra em detergente neutro (ERUFND), do tempo de ingestão do

concentrado energético e da eficiência de ingestão do concentrado energético de vacas alimentadas

com dietas contendo níveis crescentes de substituição do milho triturado pelo gérmen integral de

milho.

0% G1 50% G

1 100% G

1 CV%

Valor de

P2

Comportamento alimentar,

h/d

Alimentação 5:50 5:37 6:08 3,29 0,07

Ruminação 8:34 8:07 8:17 13,99 0,87

Ócio 9:35 10:18 9:38 11,54 0,65

TMT 14:25 13:44 14:25 8,30 0,68

Eficiência, Kg/h

EAL 3,35 3,16 2,77 10,65 0,18

EALFDN 1,37 1,32 1,21 10,30 0,35

ERU 2,24 2,27 2,10 9,35 0,52

ERUFDN 0,92 0,95 0,91 9,36 0,78

Ingestão de CE

Minutos 11:15 13:20 12:44 12,82 0,31

Kg/minuto 0,45a

0,36b

0,36b

7,53 0,04

CV – coeficiente de variação; P – probabilidade. 1Nível do milho triturado pelo gérmen integral de milho.

2Valor de P≤0,05 demonstra diferença entre os tratamentos pelo teste t.

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39

O pH, os teores de nitrogênio amoniacal e as concentrações de ácidos

graxos de cadeias curta do fluido ruminal são apresentados na Tabela 8. Observou-

se que não houve alteração (P>0,05) dos parâmetros do líquido ruminal em função

da substituição do milho triturado pelo gérmen integral de milho.

TABELA 9 – Valores médios do pH, da concentração de nitrogênio amoniacal (NNH3), da

concentração molar de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e da relação acetato:propionato do

fluido ruminal de vacas alimentadas com dietas contendo níveis crescentes de substituição do milho

triturado pelo gérmen integral de milho.

0% G1 50% G

1 100% G

1 CV%

Valor de

P2

pH 6,40 6,49 6,45 2,53 0,75

NNH3 mg/100mL 31,46 30,30 30,61 10,42 0,87

AGCC, [mM]

Acetato 54,94 52,69 54,32 21,90 0,96

Propionato 14,81 15,10 14,83 22,91 0,99

Butirato 8,21 7,97 8,20 22,38 0,98

Isobutirato 0,66 0,61 0,63 20,96 0,90

Valerato 0,92 0,87 0,92 25,20 0,94

Isovalerato 1,15 0,98 1,14 19,49 0,53

Total 80,69 78,22 80,04 22,00 0,98

A:P3 3,71 3,51 3,66 2,74 0,75

CV – coeficiente de variação; P – probabilidade. 1Nível do milho triturado pelo gérmen integral de milho.

2Valor de P≤0,05 demonstra diferença entre os tratamentos pelo teste t.

3Relação acetato : propionato.

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6. DISCUSSÃO

A diferença entre a composição bromatológica do milho triturado e do

gérmen integral de milho sustentou as teorias de maximização da ingestão calórica e

manutenção do pH ruminal acima de 6. Porém neste trabalho quando se estima o

conteúdo energético desses ingredientes nos softwares NRC (2001) e CPM-Dairy

V3 se obtém concentrações de energia metabolizável (EM) próximas a 2,8 Mcal de

EM/kg de MS. Isso ocorreu principalmente porque a concentração lipídica do

gérmen integral de milho foi baixa (10,4% de EE) e apenas substituiu a energia

retirada pela extração do amido no processamento. A outra teoria não foi testada,

pois todas as dietas eram ricas de FDN (>40% de FDN na MS), mas a tendência de

redução do consumo de CNF e a diminuição da ingestão de amido dão indícios de

que seja verdadeira (Tabela 4).

As alterações ocorridas na composição bromatológica das rações

experimentais, ocasionadas pela inclusão do gérmen integral de milho, promoveram

resultados semelhantes aos reportados por ADBELQADER et al. (2009a), os quais

constataram aumento linear das concentrações de FDN e EE, e reduções de CNF e

amido, quando o gérmen integral de milho foi incluído em 0, 7, 14 e 21% da matéria

seca da dieta de vacas leiteiras. Esses resultados corroboram também com as

observações de MIOTTO et al. (2009), os quais verificaram aumentos nos teores de

EE e FDN, e redução no teor de CNF, quando o gérmen integral de milho foi incluído

em 0, 15, 30 e 45% da matéria seca da dieta de touros meio sangue Nelore.

Devido às modificações ocorridas na composição bromatológica das

rações experimentais, era esperado aumento no consumo de EE, assim como

ADBELQADER et al. (2009 a) e MIOTTO et al. (2009), porém isso não ocorreu.

Havendo apenas a tendência de redução no consumo de CNF e diminuição da

ingestão de amido, na medida em que o milho foi substituído. Estas são vantagens

do GIM sobre o milho, pois menores consumos desses componentes nutricionais

podem evitar quedas bruscas do pH médio do rúmen, fazendo também com que o

tempo que o pH permanece abaixo de 6 seja menor (LECHARTIER & PEYRAUD,

2011). Evitando assim, a predisposição do ambiente ruminal a um pH crítico à

degradação da fibra e ao teor de gordura do leite (SANTOS et al., 2006).

Os resultados do consumo de matéria seca não foram alterados, assim

como os de MIOTTO et al. (2009), quando incluíram o gérmen integral de milho em

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0, 15, 30 e 45% da dieta de novilhos de corte. Efeitos semelhantes também são

relatados por MILLER et al. (2009), que não observaram alteração do consumo de

matéria seca de vacas leiteiras alimentadas com uma dieta que continha 1,6% de

extrato etéreo suplementar (5,3% de EE na MS) oriundo do gérmen integral de milho

(44% de EE). No entanto, ADBELQADER et al. (2009a) reportaram efeito quadrático

da inclusão do gérmen integral de milho sobre a ingestão de matéria seca de vacas

lactantes, pois ao fornecerem este alimento em uma proporção de 0, 7, 14 e 21% da

MS, verificaram maior consumo quando o gérmen foi fornecido na proporção de

14%, na qual a concentração de extrato etéreo suplementar atingiu 2,3% da matéria

seca (7,1% de EE na MS).

Assim, ao comparar os resultados do consumo de matéria seca do

presente estudo com os de ADBELQADER et al. (2009a) fica evidente que não

houve alteração desse parâmetro por causa do teor lipídico das rações

experimentais que foram muito inferiores aos 7,1% de EE da dieta destes autores.

Por isso, não houve diferenças significativas entre os consumos de extrato etéreo

(Tabela 4), e assim não ocorreram efeitos deletérios sobre o consumo de matéria

seca. Portanto, a substituição do milho pelo gérmen integral de milho não causou

prejuízos ao ecossistema ruminal, o que é comprovado pela digestibilidade aparente

das rações (Tabela 5), pelas concentrações de ácidos graxos de cadeia curta, pela

relação acetato: propionato (Tabela 8) (BATEMAN & JENKINS, 1998) e pela

produção e composição do leite (Tabela 6).

O aumentou da digestibilidade da matéria seca (DMS) foi provocado em

parte pela tendência de acréscimo na digestibilidade da proteína bruta. Todavia, o

principal responsável por esse efeito foi o incremento da digestibilidade dos

carboidratos não fibrosos. De acordo com os relatos de HALL (2003) a entidade

nutricional, carboidratos não fibrosos, representa as frações de ácidos orgânicos,

açúcares, amido, frutanas, substâncias pécticas, galactanas e β glucanas. Na ração

experimental cujo concentrado energético foi exclusivamente o milho, a maior parte

dessa entidade nutricional é composta por amido. No entanto, a inclusão do gérmen

integral de milho reduziu o teor de amido dessas dietas aumentando a participação

de outros carboidratos, principalmente açúcares (MATZ, 1991; PAES, 2008).

No rúmen esses açúcares são extensivamente utilizados pelos

microrganismos, aumentando deste modo, a digestibilidade total dos carboidratos

não fibrosos. VALIMONT et al. (2004) ao incubarem in vitro dietas contendo a

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inclusão de 2,5; 5 e 7,5 % de sacarose na matéria seca, em substituição ao amido

do milho, verificaram aumento da digestibilidade dos CNF quando houve a inclusão

7,5% de sacarose. Para BRODERICK et al. (2008), o aumento do teor de açúcar da

dieta pode incrementar a utilização de nitrogênio pela estimulação do crescimento

microbiano. Contudo, é possível que esse efeito não tenha ocorrido nos animais

deste experimento, pois não foram observadas reduções das concentrações de

nitrogênio amoniacal e nem aumento da concentração de ácidos graxos de cadeia

curta quando o milho foi substituído pelo gérmen integral de milho (Tabela 8).

Sobre a digestibilidade do extrato etéreo deve-se considerar que mesmo

não sendo significativa, houve aumento numérico na medida em que o gérmen

integral de milho foi incluído. Esses resultados corroborando com as observações de

FIRKINS & EASTRIDGE (1994), os quais verificaram que a digestibilidade total de

lipídios é diretamente proporcional a insaturação da fonte.

Outro dado interessante da Tabela 5 é a digestibilidade total da fibra em

detergente neutro, que além de ter baixo coeficiente de variação (3,82) não foi

alterada. Segundo JENKINS (1993) a redução da digestibilidade da fibra é um dos

parâmetros em que se evidência os efeitos tóxicos dos lipídios aos microorganismos

do rúmen. Para LEÃO et al. (2005) o fato da digestibilidade da fibra em detergente

neutro ser encarada como um indicador do metabolismo ruminal, se deve

principalmente porque cerca de 90% dela é digerida no rúmen. Assim, caso

houvesse excesso de lipídios no rúmen haveria problemas tanto da digestibilidade

da fibra quanto no consumo de matéria seca, o que não ocorreu nesta

experimentação.

Os resultados de produção de leite foram semelhantes aos descritos por

MILLER et al. (2009), que não identificaram diferenças na produção de leite de

vacas suplementadas com 1,6% de extrato etéreo oriundo do gérmen integral de

milho (5,3% de EE na MS). Contudo, esses autores verificaram redução do teor de

gordura e proteína, sem afetar a produção desses componentes, o que indica que a

inclusão de 1,6% de EE oriundo do gérmen integral de milho não interfere no

metabolismo animal.

Ao calcular o incremento de ácidos graxos da substituição do milho pelo

gérmen integral de milho (diferença entre o EE das rações experimentais), multiplicá-

lo pelo consumo de matéria seca das respectivas rações e dividi-lo pelo consumo de

fibra em detergente ácido, observa-se que a relação consumo de ácido graxos

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insaturados: consumo de fibra em detergente ácido foi de 0,02 para a substituição

parcial e 0,03 para a substituição total do milho. Segundo JENKINS (1998) relações

de até 0,05 tendem a aumentar a produção de leite. Porém isso não ocorreu nesse

estudo, o que foi ocasionado pela não alteração do conteúdo energético das dietas,

que foram de aproximadamente 2,50 Mcal de EM/ kg de MS segundo o NRC (2001)

e CPM-Dairy V3.

MACHADO et al. (2012) ao avaliarem o uso do gérmen integral de milho

como fonte de gordura suplementar na dieta de vacas leiteiras, nos níveis de 0; 0,5;

1; 1,5; e 2% (teores de extrato etéreo de 3,2; 3,7; 4,2; 4,7; e 5,2% da matéria seca),

constataram aumento linear na produção de leite e proteína do leite. Entretanto

ADBELQADER et al. (2009a) verificaram que há efeito quadrático da inclusão do

gérmen integral de milho sobre a produção de leite, a produção de leite corrigida, a

% e produção de gordura de vacas lactantes, pois ao fornecerem este subproduto

em 0, 7, 14 e 21% da MS da dieta, verificaram melhores resultados quando o

gérmen foi fornecido na porção de 14%, na qual a concentração de extrato etéreo

suplementar atingiu 2,3% (7,1% de EE na MS).

Usando as recomendações de PALMQUIST et al. (1993) e fórmula

proposta por JENKINS (1998) para calcular a quantidade lipídios suplementares

oriundos do gérmen integral de milho que poderiam ser adicionados as dietas,

obteve-se um total de extrato etéreo próximo a 2,1% da matéria seca. Verifica-se

que o teor de extrato etéreo adicional calculado é próximo ao relatado por

ADBELQADER et al. (2009a) e MACHADO et al. (2012) como teores suplementares

de lipídios, proveniente do gérmen integral de milho, que aumentaram a produção de

leite. Nesse cálculo foi considerado o teor de fibra em detergente ácido da dieta

onde o milho foi totalmente substituído (27,5%), e a concentração de ácidos graxos

insaturados da gordura do gérmen de 85%, obtida a partir da média dos trabalhos de

BERNARDINO DE LIMA et al., 2009 e MILLER et al., 2009.

A partir da concentração e produção de gordura do leite pode-se

averiguar que a gordura oriunda do gérmen integral de milho não formou

intermediários da biohidrogenação em quantidade suficiente para causar a

depressão da gordura do leite. Caso isto tivesse ocorrido, esperava-se resultados

análogos aos de SHINGFIELD et al. (2009), que observaram que a produção de

gordura do leite foi reduzida linearmente durante os cinco dias de infusão de

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trans10-cis12-CLA (6 g/d) ou de trans10-C18:1 (92 g/d), resultando em produções

desse componente 41,5% e 19,5% menores nos respectivos tratamentos.

Os resultados do comportamento alimentar mostraram influência da

substituição do milho pelo gérmen integral de milho, pois mesmo ocorrendo redução

numérica dos consumos de matéria seca e fibra em detergente neutro, verificou-se

que os tempos despendidos com alimentação, ruminação, ócio e atividade de

mastigação foram mantidos. Isto provavelmente está relacionado aos maiores teores

de fibra em detergente neutro das dietas com 50 e 100% de substituição do milho,

as quais possuíam 1,3 e 2,7 unidades percentuais a mais que o tratamento controle.

Corroborando com os resultados de DADO & ALLEN (1995), os quais verificaram

que os tempos gastos com alimentação e ruminação apresentam correlação positiva

com a concentração e o consumo de FDN.

De acordo CASTRO et al. (2009) a substituição do milho pelo gérmen

integral de milho na dieta de novilhas leiteiras causa o aumento dos tempos gastos

com alimentação e ruminação, que ocorre devido ao acréscimo no teor de fibra em

detergente neutro, aproximadamente 2,6 unidades percentuais. MACHADO et al.

(2012) não observaram diferenças nos tempos despendidos com alimentação,

ruminação e ócio ao avaliarem o uso do gérmen integral de milho como fonte de

gordura suplementar na dieta de vacas leiteiras, nos níveis de 0; 0,5; 1; 1,5; e 2%

(teores de extrato etéreo de 3,2; 3,7; 4,2; 4,7; e 5,2% da matéria seca). No entanto,

as rações experimentais destes últimos autores eram isofibrosas, reforçando a teoria

de que o acréscimo do teor de FDN promovido pelo gérmen integral de milho causa

aumento dos tempos de alimentação e ruminação.

Segundo MAEKAWA et al. (2002) a avaliação da atividade de mastigação

é importante porque ela é uma boa indicadora da saúde ruminal, pois a mastigação

estimula a produção de saliva. Esta por sua vez, fornece cerca de 70-90% do fluído

e da capacidade tampão do rúmen, sendo isso determinante para a manutenção do

pH ruminal. Essas afirmações corroboram com as observações do presente estudo,

pois verifica-se que não houve alteração do tempo de mastigação total e do pH do

rúmen duas horas após a alimentação. Contudo, segundo SALLES et al. (2003) a

coleta do liquido ruminal pela sonda esofágica permite a contaminação do fluido pela

saliva e, por isso ocorrem alterações em todos os parâmetros ruminais, por exemplo

nos valores de pH que geralmente são mais altos.

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A menor eficiência da ingestão do concentrado energético com a

substituição parcial e total do milho pode ter sido causada pelo maior teor de fibra

em detergente neutro do gérmen integral do milho. Isto dificulta ingestão do alimento

pelos animais, pois há um maior volume a ser ingerido em um mesmo espaço de

tempo. Ao realizar um teste de freqüência sobre a ingestão de concentrado

energético, constatou-se que a freqüência na qual as vacas consumiam de mais de

90% do concentrado energético foi maior quando este era composto somente por

milho triturado (dados não mostrados).

Essa informação é importante para os sistemas de produção leite que

fornecem os alimentos concentrados no momento da ordenha, pois nestas

condições a substituição do milho pelo gérmen integral de milho deverá ser feita com

cautela, por causa do risco de menor consumo de concentrado. De acordo com

NOCEK et al. (1986) o fornecimento de alimentos concentrados separadamente

reduz a ingestão de grãos em relação ao fornecimento de ração total, apesar não

reduzir a produção de leite. Porém para PESSOA et al. (2005) o fornecimento de

concentrado separadamente diminui a produção de leite corrigida para 3,5% de

gordura, por causa da diminuição consumo da energia liquida para produção de leite

dessas rações.

Os resultados do pH e das concentrações de nitrogênio amoniacal e de

ácidos graxos de cadeia curta indicam que o fato de não haver diferenças

significativas entre eles se deve ao baixo incremento do teor (Tabela 3) e consumo

de EE (Tabela 4) promovido pela substituição do milho pelo gérmen integral de

milho. Para PALMIQUIST et al. (1993) e VALINOTE et al. (2006), os lipídios

contribuem com pequenos efeitos sobre os parâmetros ruminais, desde que não

ultrapassem o total de 7% da MS da dieta.

Em relação às concentrações totais de AGCC e as proporções molares

dos ácidos, acético, propiônico e butírico, observa-se que os valores são adequados

para a manutenção da biodiversidade dos microorganismos do rúmen, sem

comprometimento da digestibilidade da fibra (BERGMAN, 1990), confirmando o

resultado não significativo dessa variável (Tabela 5).

Já as concentrações de nitrogênio amoniacal estão acima da faixa de

variação descrita por LENG & NOLAN (1984), que consideram que a faixa ideal para

a máxima síntese de proteína microbiana deve situar-se entre 15 e 20 mg de N-

NH3/100 mL de fluído ruminal. Os altos valores encontrados nessa variável se

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devem, principalmente, ao método de análise (destilação Kjeldahl) que segundo

SOUZA et al. (2012) produz estimativas atreladas a concentração de proteína

verdadeira presente no rúmen, causando uma superestimativa.

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7. CONCLUSÃO

A partir do exposto verificou-se que o gérmen integral de milho possui

valor nutritivo igual ao do milho triturado na dieta de vacas leiteiras, sendo mais

vantajosa a sua utilização por causa da redução do teor de carboidratos não fibrosos

da dieta, principalmente amido e, ainda porque não compete com a alimentação

humana. Portanto, o presente experimento permite afirmar que o milho triturado

pode ser totalmente substituído pelo gérmen integral de milho, sem haver efeito

deletério algum para a produção de leite de vacas mestiças.

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